Intel Capital: venture capital corporativo para desenvolvimento de ecossistema

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CASO DE INOVAÇÃO INTEL CAPITAL: VENTURE CAPITAL CORPORATIVO PARA DESENVOLVIMENTO DE ECOSSISTEMA Carlos Arruda, Afonso Cozzi, Érika Penido e Guilherme Souza A CF1206 “A Intel Capital se molda à estratégia da Intel. Criada com o objetivo de investir no ecossistema em volta da tecnologia da Intel, visa ajudar as áreas da empresa a desenvolver novos negócios.” Ricardo Arantes, diretor de investimentos para a América Latina da Intel Capital Intel Capital, braço de investimentos estratégicos da fabricante de processadores Intel, já investiu US$ 9,8 bilhões em mais de 1,1 mil startups de 48 países desde a sua criação em 1991. Até hoje, a organização foi responsável por 258 fusões/aquisições e 189 empresas do portfólio tornaram-se públicas no mundo. Em 2010, os investimentos somaram US$ 327 milhões, incluindo 119 investimentos em todo o mundo. Nesse ano, aproximadamente 44% dos fundos da Intel Capital foram investidos internacionalmente (fora dos EUA e do Canadá), com a maior concentração na Ásia. Seu portfólio na América Latina, que representa 3% do total, inclui 11 investimentos, sendo 8 no Brasil. (Anexo 1) Logo no início das suas atividades, a Intel percebeu que inovação tecnológica não era suficiente para assegurar o seu sucesso. O crescimento do mercado de microprocessadores dependia do desenvolvimento de todo um ecossistema de produtos e serviços de suporte. A Intel tem pouco contato com o seu cliente final; o usuário de computadores pessoais, mas precisa que softwares, redes, hardware e outros atores funcionem bem para que os chips fabricados pela Intel possam atingir todo seu potencial –, explica Ricardo Arantes. Segundo o diretor, a tecnologia de processadores muda a cada 9 a 12 meses, enquanto um sistema operacional tem um ciclo de vida de 3 a 3 anos e meio, o que exemplifica a necessidade de investimentos da Intel no seu ecossistema. A Intel Capital foi criada com o objetivo de investir em tecnologias estratégicas para a Intel e financeiramente viáveis, complementando recursos internos já investidos pela companhia em pesquisa e desenvolvimento e em operações. Originalmente, esses investimentos eram vistos como uma função de desenvolvimento de negócios, sendo cada unidade de negócios responsável pelos seus próprios investimentos. Muitos tinham o objetivo de preencher lacunas na linha de produtos e garantir o suprimento das necessidades tecnológicas e de equipamentos da Intel. Em meados dos anos 90, a perspectiva de investimentos da empresa expandiu para todo o seu ecossistema e a Intel começou a investir em empresas que complementavam suas ofertas, em qualquer estágio de desenvolvimento. Nesse momento, os investimentos atingiram volumes significativos, enquanto o crescimento da Intel gerava complexidade. Em consequência, buscou- se uma abordagem centralizada para esses investimentos através da Intel Capital. Antes da criação da Intel Capital, a inovação na Intel ocorria, mas ficava à mercê dos

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CASO DE INOVAÇÃOINtEl CApItAl: VENturE CApItAl COrpOrAtIVO pArA DESENVOlVImENtO DE ECOSSIStEmACarlos Arruda, Afonso Cozzi, Érika Penido e Guilherme Souza

A

CF1206

“A Intel Capital se molda à estratégia da Intel. Criada com o objetivo de investir no ecossistema em volta da tecnologia da Intel, visa ajudar as áreas da empresa a desenvolver novos negócios.”

Ricardo Arantes, diretor de investimentos para a América Latina da Intel Capital

Intel Capital, braço de investimentos estratégicos da fabricante de processadores Intel, já investiu US$ 9,8 bilhões em mais de 1,1 mil startups de 48 países desde a sua criação em 1991. Até hoje, a organização foi responsável por 258 fusões/aquisições e 189 empresas do portfólio tornaram-se públicas no mundo. Em 2010, os investimentos somaram US$ 327 milhões, incluindo 119 investimentos em todo o mundo. Nesse ano, aproximadamente 44% dos fundos da Intel Capital foram investidos internacionalmente (fora dos EUA e do Canadá), com a maior concentração na Ásia. Seu portfólio na América Latina, que representa 3% do total, inclui 11 investimentos, sendo 8 no Brasil. (Anexo 1)

Logo no início das suas atividades, a Intel percebeu que inovação tecnológica não era suficiente para assegurar o seu sucesso. O crescimento do mercado de microprocessadores dependia do desenvolvimento de todo um ecossistema de produtos e serviços de suporte.

A Intel tem pouco contato com o seu cliente final; o usuário de computadores pessoais, mas precisa que softwares,

redes, hardware e outros atores funcionem bem para que os chips fabricados pela Intel possam atingir todo seu potencial –, explica Ricardo Arantes.

Segundo o diretor, a tecnologia de processadores muda a cada 9 a 12 meses, enquanto um sistema operacional tem um ciclo de vida de 3 a 3 anos e meio, o que exemplifica a necessidade de investimentos da Intel no seu ecossistema.

A Intel Capital foi criada com o objetivo de investir em tecnologias estratégicas para a Intel e financeiramente viáveis, complementando recursos internos já investidos pela companhia em pesquisa e desenvolvimento e em operações. Originalmente, esses investimentos eram vistos como uma função de desenvolvimento de negócios, sendo cada unidade de negócios responsável pelos seus próprios investimentos. Muitos tinham o objetivo de preencher lacunas na linha de produtos e garantir o suprimento das necessidades tecnológicas e de equipamentos da Intel. Em meados dos anos 90, a perspectiva de investimentos da empresa expandiu para todo o seu ecossistema e a Intel começou a investir em empresas que complementavam suas ofertas, em qualquer estágio de desenvolvimento. Nesse momento, os investimentos atingiram volumes significativos, enquanto o crescimento da Intel gerava complexidade. Em consequência, buscou-se uma abordagem centralizada para esses investimentos através da Intel Capital.

Antes da criação da Intel Capital, a inovação na Intel ocorria, mas ficava à mercê dos

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seus clientes, que tinham contato com os clientes finais. (...) O nosso objetivo é acelerar a adoção de tecnologias. Em 99,9% dos casos a Intel Capital é investidora minoritária. Comumente vendemos nossas participações, porém eventualmente a Intel adquire uma ou outra empresa de seu portfolio [Recentemente, em setores em que estamos entrando, como Smartphone e tablets, adquirimos algumas de nossas empresas do portfólio, então esta última frase pode ficar um pouco contraria a atual política] – explica Ricardo Arantes.

Composta por um pool de invest idores especializados por unidade de negócio (UN) ou por geografia, a estrutura da Intel Capital é enxuta, com cerca de 100 investidores e 100 profissionais de backoffice no mundo. Os investimentos por geografia ocorrem em diversos setores, sempre alinhados a uma unidade de negócio da empresa. A Intel Capital do Brasil conta com três diretores de investimentos, um analista da corporação com base nos EUA e estagiários e um Managing Director.

Segundo Ricardo Arantes, “a Intel Capital está estruturada para extrair o máximo possível da parte estratégica.” Cada diretor de investimentos é mais ou menos autossuficiente para gerar negócios, analisar e fazer due diligence. Entretanto, cada negócio precisa ser aprovado por um comitê de investimentos, localizado nos EUA, em duas etapas (análise de conceito–Deal Concept Meeting e aprovação–Investment Project Authorization). Esse comitê reúne-se semanalmente e é composto pelo presidente da Intel Capital, um ou dois Managing Directors (responsáveis pelas unidades de negócio da Intel), uma pessoa da área legal e uma pessoa de tesouraria.

Há uma comunicação fluida entre a Intel Capital e as unidades de negócio da Intel, o que favorece a troca de conhecimentos sobre novas tecnologias. Ocasionalmente, ocorre tensão entre elas, pois um determinado negócio pode interessar à Intel Capital e não necessariamente às unidades de negócio. Parte desse atrito se dá pois a unidade de negócios tem demandas de curto prazo, quando a Intel Capital está olhando tecnologias que poderão gerar frutos em 3 anos ou mais. O contrário também pode ocorrer. Nesse caso, o diretor de investimentos trabalha para a corporação e busca o melhor deal para a unidade de negócio.

prOCESSO DE INVEStImENtO

A busca por negócios na Intel Capital ocorre através de esforços ativos do diretor de investimentos e de diversas formas reativas. A empresa encoraja empreendedores a enviarem business plans para [email protected]. Informações sobre tendências de negócios e tecnologia também são obtidas através das áreas de marketing e de programas internos de pesquisa. Informalmente, os gerentes e engenheiros da empresa possuem uma rede de relacionamentos nas comunidades financeira e tecnológica, o que permite que se mantenham atentos a novos desenvolvimentos de interesse da Intel. “As áreas de vendas e marketing da Intel trazem leads para a Intel Capital”, destaca Ricardo Arantes.

Muitos negócios surgem dentro da Intel. É muito claro para as pessoas da empresa como as coisas tecnológicas vão acontecer. We take technology for granted. A Intel cria as tecnologias que vão desenvolver os serviços lá na frente. Assim, todo mundo vem à Intel e a empresa mantém-se informada sobre o que está acontecendo em seu ecossistema – explica Ricardo Arantes.

Enquanto as fontes de ideias para investimentos variam, o desenvolvimento e a implementação de negócios da Intel Capital seguem um processo formal. A análise do investimento começa com o business plan do empreendedor, que pode ser algo pouco estruturado, mais informal. “Não queremos 100 páginas. Algumas empresas contratam um consultor para auxiliar a fazer o business plan. Isso ajuda, mas é um interlocutor a mais para as decisões – explica Ricardo Arantes.

DEAl CONCEpt mEEtINg (DCm)

Com uma ideia ou uma empresa interessante em vista, é realizada a análise do conceito do negócio, em que se discutem as razões e possíveis formas do investimento. As DCMs incluem estudo de viabilidade, do mercado e dos concorrentes, o alinhamento estratégico e a expectativa de

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retorno. Algumas questões abordadas na DCM são: “Faz sentido?”, “Por que nessa região?”, “Qual é a expectativa de valuation?”.

“As DCMs discutem questões estratégicas das empresas. Elas podem ser mais ou menos estruturadas. Às vezes uma conversa é suficiente; às vezes é apresentado um term-sheet.1” – explica Ricardo Arantes.

A prioridade das DCMs é entender como o negócio contribui para a estratégia da Intel. Por exemplo, em 2003/2004 a Intel precisava investir em redes de internet sem fio, de modo a garantir a colocação dos seus chips em notebooks. Os investimentos da Intel em empresas jovens desse setor criaram competição entre as empresas e aceleraram a chegada do benefício ao consumidor.

Outro objetivo importante é a perspectiva de retornos financeiros. A Intel insiste que seus investimentos tenham um retorno financeiro significativo, apesar de que, quando necessário, esse retorno pode ser comprometido em prol de um interesse estratégico.

Com a participação do comitê de investimentos e de quem está apresentando o negócio, as DCMs fornecem ao diretor de investimentos autorização para negociar o investimento.

A avaliação de conceito raramente gera um simples não na Intel Capital. Em geral, um negócio pode ser bom se algum critério for atendido. (Por exemplo, se tiver um coinvestidor local). Então o conceito pode ser reavaliado se conseguir atender ao critério – revela Ricardo Arantes.

As DCMs contribuem para a próxima fase do processo de investimentos: o due-diligence. Feito interna ou externamente à Intel Capital, o due diligence inclui a análise dos riscos do negócio. Também é feito um due diligence tecnológico, com pessoas internas ou externas.

1Um term-sheet aborda direitos e proteções dos investidores. Consiste na estruturação do negócio e é utilizado para negociações com o empreendedor.

INVEStmENt prOjECt AuthOrIzAtION (IpA)

O progresso nas negociações de um investimento conduz a uma reunião denominada IPA na Intel, que aborda tópicos tais como a gestão da empresa alvo, concorrência e condições do negócio. Nessa ocasião são formalizadas respostas a três perguntas a que cada investimento precisa responder: “O que ganhamos? O que fornecemos? Qual é a medida de sucesso estratégico para esse investimento?”

O IPA consiste em uma discussão mais financeira e uma apresentação mais densa do que a das DCMs para o mesmo grupo de decisores. Nessa oportunidade, busca-se arrumar o que é preciso para o negócio. É apresentada uma modelagem financeira mais detalhada – explica Ricardo Arantes.

Também é apresentada no IPA uma proposta (expectativa) de saída da Intel Capital do negócio, com um prazo previsto de maturação. “Temos acertado na maioria dos IPAs. Muitas vezes erramos o timing, mas acertamos os retornos.”– destaca Ricardo.

gEStÃO DO pOrtFólIOApós iniciar o investimento, ocorre a gestão do portfólio. Gerentes de portfólio nos EUA auxiliam nas questões de processos societários. Envolvidos nas vendas das empresas e em Initial Public Offers (IPOs), eles fazem o link entre os investidores da Intel Capital e a estrutura da corporação Intel, garantindo o controle da carteira de investimentos.

A influência da Intel Capital nas empresas onde investe é similar à dos fundos de Venture Capital (VC) em seus investimentos. Normalmente, a Intel Capital possui um assento de observador no Conselho das empresas nas quais investe, o que permite a sua influência através de sugestões para ajudar nos negócios e proteger seus investimentos.

A Intel Capital sempre ajuda no Conselho de Administração, mesmo quando possui apenas assento de observador. Como as decisões geralmente são tomadas por consenso nessas empresas, o fato

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de o assento ser de observador não importa. A influência depende do estágio do negócio: se a empresa está mais ou menos estruturada e profissionalizada.– explica Ricardo Arantes.

O controle do portfólio é feito trimestralmente com a coleta de informações financeiras das empresas e a realização de uma estimativa do valor do portfólio. Todos os documentos são arquivados por empresa em um sistema informatizado.

Os investimentos são medidos em termos de retorno e comparados a benchmarks de fundos de VC. A Intel Capital está quase sempre nos TOP 25 na classificação de fundos de VC em termos de retornos por ano. Algumas premiações recentes demonstram o seu bom desempenho. Em 2010, foi nomeada VC do ano pela Entrepreneurs Foundation, e em 2009, um dos 5 fundos de VC mais ativos, pela VC Circle.

Enquanto o controle do desempenho financeiro é feito de forma bem estruturada, o controle da razão estratégica dos negócios é feito de forma ad-hoc pelas unidades de negócio da Intel. “Não há uma medição clara disso, mas o meu objetivo é auxiliar na estratégia da Intel. É feita uma análise quase semestral da estratégia na Intel Capital através de revisões de portfólio pelos managing directors (MDs).” – explica Ricardo Arantes.

Mudanças na estratégica da Intel refletem diretamente nos negócios da Intel Capital. Por exemplo, quando a Intel sai de um determinado negócio, pode ocorrer de algumas empresas da Intel Capital deixarem de ser estratégicas para a empresa. Em consequência, a Intel Capital optará por sair desse negócio, buscando, entretanto, um momento financeiramente oportuno.

INVEStINDO COm A INtEl CApItAlO funcionamento da Intel Capital é muito similar ao de um fundo de Venture Capital. A diferença é o objetivo de agregar tecnologia para o desenvolvimento do ecossistema da Intel.

“Ao contrário da maioria dos fundos, não temos tempo limite para sair de um negócio, o que nos dá bastante flexibilidade para escolher o momento certo de vender, contudo comumente nossos desinvestimentos levam de 4 a 5 anos.” –revela Ricardo Arantes. Os mecanismos de

saída da Intel Capital incluem a venda do investimento e ofertas públicas das ações das empresas (IPOs).

Apesar de concorrer eventualmente com outros fundos de VC, a Intel Capital realiza muitos negócios em conjunto com esses fundos, a partir de leads que podem ser originados de ambas as partes. Essa parceria favorece a identificação de oportunidades de investimento.

Atualmente o mercado do Brasil está aquecido e estão entrando novos fundos de investimento estrangeiros no país. Eles têm nos ajudado a identificar potenciais empresas para nossos investimentos. Por outro lado, os preços estão subindo.– destaca Ricardo Arantes.

A fim de acelerar grandes investimentos, a Intel Capital criou seu próprio sindicato de coinvestidores. Esse sindicato é global e abrangente, composto por fundos grandes e pequenos. (Anexo 2) Dessa forma, a Intel Capital acrescenta visibilidade para o fluxo de negócios.

Em comparação com outros fundos, a Intel Capital considera-se mais ágil.

Só temos a Intel Corporation como investidora na Intel Capital. Investimos dinheiro do caixa da Intel, em investimentos que estão tanto em estágios iniciais e finais de desenvolvimento. Não precisamos fazer fund raising, como os fundos de investimentos independentes. Estamos concentrados na busca e realização dos negócios.– explica Ricardo Arantes.

Para o empreendedor e fundos de VC parceiros, a Intel Capital se diferencia por trazer ao negócio outros benefícios além do dinheiro, tais como a sua marca, atuação global, expertise tecnológica, acesso e apresentações a potenciais clientes/parceiros. Algumas vezes essas apresentações acontecem formalmente através de workshops e encontros de CEOs, e outras vezes através de networking informal. Dentre os eventos de networking promovidos para as empresas do portfólio da Intel Capital está o Intel Capital CEO Summit, que ocorre anualmente. Com duração de 2 dias e meio, o CEO Summit tem a participação de cerca de 200 profissionais de empresas do portfólio da Intel Capital, 200 profissionais de empresas da indústria da Intel (ex.: IBM, Accenture, clientes das empresas do portfólio) e 200 profissionais da Intel.

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“Hoje o CEO Summit tem muito prestígio. Todos querem participar. Nessa ocasião tenta-se “casar” as empresas do portfólio.”, destaca Ricardo Arantes.

Outros eventos relevantes promovidos pela Intel Capital são os ITDs (Intel Capital Technology Days). Em 2010, foram realizados 50 ITDs com clientes da Intel em todo o mundo. Um ITD padrão traz cerca de 10 empresas do portfólio da Intel Capital para clientes em potencial durante um dia, em que as empresas são apresentadas aos clientes e podem demonstrar as suas tecnologias e produtos. “A porcentagem de empresas do portfólio que recebem algum follow-up após os ITDs é maior que 60%.” – revela Ricardo Arantes.

A Intel Capital também abre portas para a utilização do conhecimento tecnológico da Intel, tanto na realização de due diligence tecnológico como no desenvolvimento de padrões tecnológicos relevantes.

“O dinheiro da Intel Capital é um dinheiro mais inteligente para o empreendedor.” – conclui Ricardo Arantes.

Apesar de acrescentar valor a muitos dos seus negócios, alguns investidores consideram desafiador trabalhar com a Intel, por questões legais e pelo porte da empresa. A tendência de investir em empresas concorrentes é outra preocupação. Reforçando a perspectiva de desenvolvimento do seu ecossistema, a Intel Capital frequentemente aposta em uma tecnologia, ao invés de uma empresa específica. O investimento em empresas concorrentes prejudica a possibilidade de suporte aos empreendedores.

Quando inves t imos em empresas concorrentes, geralmente tentamos consolidá-las. Isso acontece em geografias separadas, em um mesmo negócio. Se ocorrer isso em uma mesma geografia, pessoas diferentes vão ocupar o Conselho de Administração das empresas, para não gerar conflito. –, explica Ricardo Arantes.

pOrtFólIO, DESEmpENhO E pErSpECtIVAS DA INtEl CApItAl NO BrASIl

O portfólio da Intel Capital no Brasil inclui hoje 11 empresas de diversos subsetores, tais como softwares, comunicação móvel e mídia social. São elas: Automatos, Certisign, InfoServer, Neovia, Vostu, Boo-box e TecTotal, Pixeon, Coquelux, Fashion.me e Minha Vida

Em 10 anos no Brasil, a Intel Capital já vendeu seis investimentos. Alguns exemplos de saída recente no Brasil são a injeção de capital do Goldman Sachs e da NEA na Spring Wireless, a aquisição da Yavox pela Compera (hoje Movile), e a aquisição da Telecom Net (também conhecida como Ativi) pela Euronet. (Anexo 3).

Em uma avaliação subjetiva de Ricardo Arantes, a unidade do Brasil está na média da Intel Capital em termos da sua contribuição estratégica para a Intel. [Não tenho como provar isto].

Quanto às perspectivas de investimentos da Intel Capital globalmente, o segmento de mobilidade é o principal alvo. Novos investimentos já estão sendo realizados com o objetivo de estimular a inovação contínua nos ecossistemas de hardware, softwares móveis e aplicativos. Seis novos investimentos anunciados em 2011 referem-se a empresas que desenvolveram tecnologias inovadoras para melhorar a experiência do usuário em diversos dispositivos inteligentes, incluindo celulares, tablets e notebooks, rodando inúmeros sistemas operacionais.

À medida que mais dispositivos contam com capacidade de processamento e conexão à Internet, é criada uma oportunidade para fornecer novas capacidades para usuários finais ao oferecer suporte para o desenvolvimento de infraestrutura, aplicativos, serviços e componentes móveis para plataformas baseadas na arquitetura Intel – explica Arvind Sodhani, vice-presidente da Intel Capital.

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Outros setores potenciais para investimentos da Intel Capital são data center e computação em nuvem, casa digital, internet para consumidores, software e serviços, tecnologia limpa e manufatura/memória.

No Brasil, onde são injetados recursos em 1 a 2 novos negócios por ano, o portfólio de investimentos tem sido diversificado para o segmento de mídia social, projetos de TVs inteligentes, tablets e

smartphones. Computação em nuvem, tecnologias de varejo eletrônico e ponto de venda, segurança, TVs e dispositivos embarcados também estão na mira de investimentos da empresa.

“Pretendemos aumentar o número de investimentos da Intel Capital no Brasil e estamos aproveitando o aquecimento do mercado brasileiro para vender parte do nosso portfólio.”– destaca Ricardo Arantes.

Anexo 1- Portfólio da Intel Capital América Latina (Março 2011) [envio atualizado]

Empresa Subsetor Descrição País

Software e Soluções

A Automatos é uma empresa de software focada em Gestão de infraestrutura de Tecnologia e Segurança da Informação.

www.automatos.com

Brasil

Software e Soluções

Com a mais avançada tecnologia para gestão do ciclo de vida e uso de Certificados Digitais, fornece soluções, produtos, consultoria e treinamentos que garantem autenticidade, sigilo, integridade e validade jurídica aos documentos eletrônicos.

www.certisign.com.br

Brasil

OutroA Digitron é a maior fabricante de placas-mãe para computadores do Brasil.

www.digitron.com.brBrasil

Software e Soluções

A Infoserver é uma empresa de serviços e produtos em Tecnologia da Informação, focada em Serviços FInanceiros, Varejo e Manufatura. Os produtos incluem Soluções de Mobilidade e Segurança.

www.infoserver.com.br

Brasil

Software e Soluções

Middleware que combina Arquitetura Orientada para Serviços e AJAX em uma platafforma Web 2.0, que permite a criação de ‘mashups’ e a troca de informações.

www.jackbe.com

México

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Empresa Subsetor Descrição País

Comunicação móvel

Oferece serviços de conexão Internet banda larga sem fio no Estado de São Paulo (frequências licenciadas e não licenciadas). Pioneira na oferta comercial da tecnologia WiMAX, o novo padrão de transmissões wireless (sem fio) para longas distâncias.

www.neovia.com.br

Brasil

Software e Soluções

Desenvolve tecnologia para comunicação por e-mail, intercâmbio e assinatura digital de documentos.

www.Tralix.com.mx

México

Redes sociais & Mídia Social

A Vostu é uma plataforma de redes sociais para o público da América Latina, com foco no Brasil e no México.

www.vostu.com

Argentina, Brasil

Comunicação móvel

Empresa mexicana de comunicação móvel com tecnologia WiMax, que transmite voz e dados em frequências licenciadas de 2.5 GHz. Planeja operar serviços triple play (voz, dados e imagem).

www.mvs.com.mx

México

Mídia social e publicidade

A boo-box é a primeira empresa brasileira de tecnologia de publicidade e mídias sociais. A empresa exibe 2 bilhões de anúncios por mês para 34 milhões de pessoas no Brasil em mais de 50 mil blogs e sites.

www.boo-box.com

Brasil

Software e Soluções

Pioneira e líder de mercado, a TecTotal atua nos principais varejistas e provedores de serviços com oferta de instalação, configuração, integração e suporte técnico para equipamentos e serviços digitais, nas áreas de informática, TV & Áudio e Celular & Smartphone em todo Brasil.

www.tectotal.com.br

Brasil

Fonte: Intel Capital Latin America

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Anexo 2 – Sindicato de coinvestidores da Intel Capital na América Latina [tenho que checar se estes nomes são todos publicos]

Fonte: ARANTES, Ricardo. Intel Capital: Investing in Global Innovation. Apresentação na Fundação Dom Cabral, Junho, 2011.

Anexo 3 – Exemplo de saídas recentes da Intel Capital no Brasil

Serviços e apl icações móveis para empresas

Saída em 2008 - Venda Privada (Goldman e NEA) - A Spring Wireless é líder da América Latina na oferta de plataformas de aplicações móveis para empresas, baseado em modelo ponta a ponta único.

Serviços de c o n t e ú d o móvel

Saída em 2009 – F&A (Naspers/Movile) – A empresa era uma integradora e agregadora de conteúdo móvel, com um leque de serviços amplo em SMS. Foi adquirida pela Compera Ntime – hoje denominada Movile.

Serviços de c o n t e ú d o móvel

Saída em 2010 F&A (Euronet) - Telecom Net (aka Ativi) é uma distribuidora de créditos digitais. Focada em recarga de celulares pré-pagos, foi adquirida pela e-Pay, divisão da Euronet.

Fonte: Intel Capital Latin America

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rEFErÊNCIAS

Entrevista com Ricardo Arantes, diretor de investimentos para a América Latina da Intel Capital.

ARANTES, Ricardo. Intel Capital: Investing in Global Innovation. Apresentação na Fundação Dom Cabral, junho, 2011.

LANE, D. Intel Capital: The Berkeley Networks Investment. Harvard Business School. Case 9-600-069, junho, 2000.

YOFFIE, D.; MACK, B. Intel Capital, 2005 (A). Harvard Business School. Case 9-705-408, abril, 2007.

BRAUN, D. Intel Capital amplia portfólio de invest imentos no Bras i l . Valor Onl ine, 19/11/2010.

Investimentos da Intel Capital buscam ampliar o ecossistema móvel. Mobile World Congress, 15/02/2011.