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INTEGRANDO O SERIADO HOUSE MD E O MODELO DAS MÚLTIPLAS PERSPECTIVAS (MOMUP) PARA A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO SISTÊMICO DE DOR Ana Maria dos Anjos Carneiro-Leão, Dep. Morfologia e Fisiologia Animal e PPGEC/UFRPE,[email protected] Fernanda Muniz Brayner-Lopes, SEDUC/PE e PPGEC/UFRPE, [email protected] Zélia Maria Soares Jófili, PPGEC/UFRPE, [email protected] RESUMO A formação docente em Ciências deve privilegiar a articulação, a contextualização e a não linearidade dos sistemas, abordando os conceitos de forma processual. O Modelo das Múltiplas Perspectivas (MoMuP), apoiado pelos princípios da Teoria da Flexibilidade Cognitiva permite desenvolver essas perspectivas. Metodologicamente, um Caso (unidade complexa e plurissignificativa que pode ser representada por um filme, um capítulo de um livro e principalmente, por acontecimentos concretos do mundo real) é desconstruído em unidades plurissignificativas menores os Mini casos. Aplicando-se Comentários e Travessias Temáticas, o Caso é reconstruído, aprofundando e integrando novos elementos conceituais. O objetivo dessa pesquisa foi aplicar o MoMuP a partir do seriado televisivo HOUSE MD para construir o conceito sistêmico de dor. Participaram 6 mestrandos do PPGEC/UFRPE, com diferentes formações iniciais (Biologia, Química, Física e Pedagogia). Como resultado da Desconstrução, o Caso (Como diagnosticar dor na perna) e os Mini casos (“O fazendeiro”, “A jogadora de vôlei” e “O viciado em analgésicos”) foram identificados no episódio escolhido. Os comentários temáticos necessários à compreensão de cada Mini caso (anatomia e histologia topográficas do membro inferior, impulso nervoso, percepção do fenômeno doloroso e processo inflamatório) foram sistematizados pelas pesquisadoras. Neste ponto, observamos que o aprofundamento conceitual, as travessias temáticas permeadas pelos

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INTEGRANDO O SERIADO HOUSE MD E O MODELO DAS MÚLTIPLAS

PERSPECTIVAS (MOMUP) PARA A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO

SISTÊMICO DE DOR

Ana Maria dos Anjos Carneiro-Leão,

Dep. Morfologia e Fisiologia Animal e PPGEC/UFRPE,[email protected]

Fernanda Muniz Brayner-Lopes,

SEDUC/PE e PPGEC/UFRPE, [email protected]

Zélia Maria Soares Jófili,

PPGEC/UFRPE, [email protected]

RESUMO

A formação docente em Ciências deve privilegiar a articulação, a contextualização e a

não linearidade dos sistemas, abordando os conceitos de forma processual. O Modelo das

Múltiplas Perspectivas (MoMuP), apoiado pelos princípios da Teoria da Flexibilidade

Cognitiva permite desenvolver essas perspectivas. Metodologicamente, um Caso

(unidade complexa e plurissignificativa que pode ser representada por um filme, um

capítulo de um livro e principalmente, por acontecimentos concretos do mundo

real) é desconstruído em unidades plurissignificativas menores – os Mini casos.

Aplicando-se Comentários e Travessias Temáticas, o Caso é reconstruído, aprofundando

e integrando novos elementos conceituais. O objetivo dessa pesquisa foi aplicar o

MoMuP a partir do seriado televisivo HOUSE MD para construir o conceito sistêmico de

dor. Participaram 6 mestrandos do PPGEC/UFRPE, com diferentes formações iniciais

(Biologia, Química, Física e Pedagogia). Como resultado da Desconstrução, o Caso

(Como diagnosticar dor na perna) e os Mini casos (“O fazendeiro”, “A jogadora de vôlei”

e “O viciado em analgésicos”) foram identificados no episódio escolhido. Os comentários

temáticos necessários à compreensão de cada Mini caso (anatomia e histologia

topográficas do membro inferior, impulso nervoso, percepção do fenômeno doloroso e

processo inflamatório) foram sistematizados pelas pesquisadoras. Neste ponto,

observamos que o aprofundamento conceitual, as travessias temáticas permeadas pelos

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comentários temáticos levaram o grupo a uma culminância - Reconstrução. Como

resultado final, o grupo construiu o conceito sistêmico de dor, identificando a necessidade

de articular muitos elementos conceituais, aplicáveis de forma diferenciada nos Mini

casos estudados. O conceito sistêmico de dor requer pensamento processual, abstrato e

dinâmico, incompatível com uma relação linear causa e efeito. Concluímos que o MoMuP

é adequado à construção de conceitos abstratos, complexos e irregulares, desejável como

competência docente no ensino de Biologia.

PALAVRAS-CHAVE: Formação Docente; Modelo das Múltiplas Perspectivas;

Biologia Sistêmico-Complexa.

INTRODUÇÃO

O Modelo das Múltiplas Perspectivas (MoMuP), desenvolvido por Carvalho (2007, 2011)

trata de um conjunto de processos, metodologicamente articulados e fundamentados na

Teoria da Flexibilidade Cognitiva (TFC; SPIRO et al., 1987; FELTOVITCH et al., 1988).

Segundo Spiro e Jehng (1990), desenvolver a flexibilidade cognitiva consiste na

capacidade do sujeito ser capaz de reestruturar o conhecimento para resolver um

problema, diante de uma situação nova. Tal competência aplica-se a níveis avançados de

conhecimento, devendo-se ressaltar que tais níveis são diferentes dos níveis de

escolarização formal. Em outras palavras, podemos desenvolver um trabalho com um

grupo de doutores em determinadas áreas específicas, mas ainda em um nível introdutório

de um determinado conhecimento.

O contexto de desenvolvimento do MoMuP, a partir da TFC, fundamentou-se na

realidade de casos clínicos, a partir de três ações metodológicas, aplicadas (em geral)

sequencialmente: Desconstrução1, Travessias Temáticas2 e Reconstrução.3 Com o

objetivo de materializar essas ações através do MoMuP, utilizam-se os seguintes

princípios: o Caso, os Mini casos e os Comentários Temáticos (Quadro 1).

1 Possibilita a compreensão profunda e verticalizada do conceito. 2 Possibilita a aplicação desse conceito em diferentes contextos 3 Conexões que devem ser estabelecidas ao longo dos fragmentos dos Casos decompostos. Utilização de

Fóruns para colocar questões

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Quadro 1 - Princípios de aplicação do MoMuP, contextualizados a HOUSE MD (Temporada 1, Episódio 21)

Fonte: as autoras

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Do ponto de vista conceitual específico, ocorre uma relação permanente entre os níveis

de organização biológica, como ilustrado na Figura 1. O sujeito, trazendo uma história

clínica, é um sujeito de determinada espécie (Homo sapiens), articulado em dois níveis.

Em um momento, é parte do ecossistema, heterótrofo e consumidor (primário, secundário

ou terciário). Em outra perspectiva, ele apresenta um contexto de organização individual

em níveis, que variam desde sistema, órgãos, tecidos, células e moléculas. Tais níveis são

articulados através do ciclo da matéria e do fluxo de energia; em outras palavras, o

indivíduo troca moléculas com o meio ambiente; trocar moléculas significa interagir via

matéria (átomos) e energia (contida nas ligações químicas que mantem a estrutura

molecular).

Figura 1 – Relação entre os níveis de organização biológica.

Fonte: Carneiro-Leão (2015)

Como a maior desses fenômenos é processual e inobservável a vista desarmada e mesmo

ao microscópio óptico, os conceitos relacionados assumem uma característica de

abstração, dificultando o aspecto cognitivo de ensino-aprendizagem. Em paralelo, tais

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conceitos são considerados complexos. Este termo que pode assumir diferentes

conotações, a exemplo da Figura 2.

Figura 2 – Significados frequentes do termo complexidade.

Fonte: elaborado pelas autoras, a partir de

1 http://conceito.de/complexo#ixzz3vIDy7l68; 2 MORIN (2003), MARIOTTI (2008)

Portanto, um aspecto relevante nessa proposta é considerar a natureza dos conceitos em

construção. A TFC foi proposta a partir de um trabalho desenvolvido na Faculdade de

Medicina de Harvard – inúmeros casos de falha no diagnóstico e consequentes processos

de mal prática médica demandaram um esforço para compreender quais os problemas na

formação médica inicial. O trabalho de um médico requer, antes de tudo, abstração e

articulação de inúmeros conceitos, apoiados numa tríade de ações: anamnese (história

clínica), exame físico e métodos complementares de diagnóstico (testes bioquímicos dos

fluidos corporais, análise de amostras de tecidos e exames de imagem, a exemplo da

ultrassonografia e da ressonância nuclear magnética, entre outros). Entretanto,

considerando a variabilidade dos sistemas biológicos e o princípio da incerteza

(MARIOTTI, 2008), existe a possibilidade de um dado conjunto de informações

representar diagnósticos diferentes e, consequentemente, abordagens terapêuticas

diferentes e prognósticos variáveis.

Finalmente, existe ainda um outro aspecto – a irregularidade conceitual. Ainda que se

considere um “conceito único”, a exemplo de dor, diabetes mellitus ou obesidade, nem

sempre todos os intervenientes apresentarão o mesmo “peso” nos casos clínicos

individuais. Esse aspecto exige, sem dúvida, uma perspectiva paradigmática não linear e

incompatível com o paradigma cartesiano.

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Para aplicar o MoMuP, além dos pontos referidos, é necessário considerar os seguintes

aspectos, resumidos no Quadro 2.

ASPECTO

CONTEXTUALIZAÇÃO NO

CASO “DOR NA PERNA”4

1 Nível

Avançado de

Conhecimento

Requer cuidados especiais, exigindo mais

que uma simples exposição do assunto ou do

que a aquisição de um conhecimento

superficial. Deve-se alcançar uma

compreensão profunda do assunto para futura

aplicação em diferentes contextos.

Contextos da dor na perna

2 Domínio

Complexo

Caracteriza-se por um grande número de

elementos ou conceitos que interagem de

diferentes modos, sendo necessário atentar no

todo e na sua interação com o contexto.

Contextos da

dor na perna do

fazendeiro pela

mordida do

cachorro, dor na

perna da

jogadora de vôlei e a dor na perna do

viciado em analgésicos

3 Domínio Pouco

Estruturado

Quando vários conceitos (interagindo entre

si) são pertinentes na aplicação a um caso e a

combinação desses conceitos é inconsistente

em casos do mesmo tipo.

Inflamação,

perda de

massa

muscular,

infecção,

amputação,

são situações presentes na dor na

perna, porém não podem diagnosticar

todas as pessoas com dor na perna.

Quadro 2 – Aspectos necessários para aplicação do MoMuP.

Fonte: Carvalho (2007, 2011) adaptado por Brayner-Lopes (2015)

De acordo com Khun (1996, p. 225), um paradigma é “... a constelação de crenças, valores

e técnicas partilhados pelos membros de uma comunidade científica”. Assim, pode-se

compreender o mundo e a Ciência de acordo com paradigmas, representados

esquematicamente na Figura 3.

4 No contexto da série HOUSE MD, Temporada 1, Episódio 21.

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Figura 3 – Representação dos paradigmas da Ciência e suas principais características

Fonte: Brayner-Lopes (2015)

E qual a relação entre MoMuP, casos clínicos e seriados televisivos? Estes foram

considerados por muito tempo como um subproduto midiático. Entretanto essa

perspectiva tem mudado, sendo entendidos atualmente como um “um complexo

multidimensional constituído por signos pertencentes a diferentes sistemas

potencialmente semióticos: o texto falado e/ou escrito, a imagem em movimento, a

música de fundo e os efeitos acústicos” (AGNETTA, 2015). Entre os dramas médicos em

exibição e os já finalizados, o objetivo de cada episódio de HOUSE MD (FOX, 2005-

2012) é a investigação das questões clínicas. O protagonista – Dr. Gregory House

(interpretado pelo ator britânico Hugh Laurie), é sem dúvida controverso – sarcástico,

misantropo, descrente da natureza humana (“Everybody lies”5), adicto no uso de

analgésicos; contudo, desenvolve raciocínios clínicos brilhantes, em geral chegando a um

prognóstico positivo. Gomide (2013) discute essa relação ao traçar o percurso do seriado

House MD, discutindo a inspiração do enredo em Edgar Allan Poe, com incursões à

semiótica e estabelecendo um caminho em que “... o autor vai do enigma à construção da

dedução, da ideia à imagem” (p. 77).

5 Todo mundo mente (Tradução nossa)

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Ao analisarmos as ações e raciocínios de Gregory House sob a perspectiva dos

paradigmas da Ciência, observamos alguns pontos interessantes: (A) House se contrapõe

a uma equipe de médicos assistentes “especialistas” (Allison Cameron – imunologista;

George Foreman – neurologista; e Robert Chase, intensivista e cirurgião) e a colegas de

nível hierárquico equivalente ou superior (o oncologista James Wilson e a diretora Lisa

Cuddy); (B) Seguindo uma perspectiva frequente na formação médica inicial, o

paradigma de Ciência da equipe e dos colegas é, essencialmente, cartesiano. Em outras

palavras, valoriza-se o enciclopedismo, a linearidade, a causalidade imediata e,

especialmente, o princípio do terceiro excluído; (C) Os diagnósticos de House são

possíveis por ele atender a outras perspectivas paradigmáticas, não-lineares,

correspondentes ao pensamento Sistêmico (CAPRA, 2002, 2007) e ao paradigma

Complexo (MORIN, 2003; MARIOTTI, 2008).

O episódio escolhido para desenvolver este trabalho (Three Stories, Temporada 1,

Episódio 21) discorre sobre uma queixa frequente nos consultórios médicos, a dor.

Segundo Sousa (2002, p. 446)

A dor pode ser definida como uma experiência subjetiva que pode estar

associada a dano real ou potencial nos tecidos, podendo ser descrita

tanto em termos desses danos quanto por ambas as características.

Independente da aceitação dessa definição, a dor é considerada como

uma experiência genuinamente subjetiva e pessoal. A percepção de dor

é caracterizada como uma experiência multidimensional,

diversificando-se na qualidade e na intensidade sensorial, sendo afetada

por variáveis afetivo-motivacionais.

Assim, a temática escolhida e a natureza do conceito, como referido, atendem à

possibilidade de integração teórico metodológica com o MoMuP com o objetivo de

construir o conceito sistêmico de dor.

METODOLOGIA

Esta foi uma pesquisa qualitativa, privilegiando a subjetividade do processo, assim como

a observação da realidade e a reflexão crítica sobre a ação dos participantes e do

pesquisador. Buscou reduzir a distância entre a teoria e os dados, o contexto e a ação,

analisando detalhadamente o objeto em estudo em seu contexto histórico, de modo que a

análise ocorreu simultaneamente à coleta dos dados, podendo a primeira influenciar a

segunda (GODOY, 2005; CRESWUELL, 2007).

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Sujeitos da Pesquisa e Contexto - Participaram deste estudo seis professores de

diferentes formações iniciais (Física, n = 1; Química, n = 3, Biologia, n = 2; Pedagogia,

n = 1), cursando o Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ensino das Ciências da

UFRPE. As atividades foram desenvolvidas no contexto de uma disciplina optativa

(Tópicos de Pesquisa em Ensino de Biologia: TFC e Conceitos Abstratos), com carga

horária de 30 h/a.

Mídias - O episódio 21 da 1ª Temporada (Three Stories) do seriado televisivo HOUSE

MD (FOX, 2005-2012) foi utilizado como recurso didático para desenvolver o MoMuP.

Outras mídias foram utilizadas como comentários temáticos: processo inflamatório

(https://youtu.be/ggfaVr3aCsI e https://youtu.be/5mmzDyrL-Ng), resposta a dor

(https://youtu.be/PFpc9nAHmBQ) e ressecção de osteossarcoma

(https://youtu.be/xBPB0bEXM2U). As etapas do procedimento metodológico estão

esquematizadas na Figura 3.

Instrumentos - As concepções dos participantes foram investigadas antes da

apresentação do episódio e durante a reconstrução final do Caso, utilizando-se Esquemas

Conceituais em parking lot (ECPL; MACÊDO, 2014; MACÊDO et al., 2014), adaptados

dos mapas conceituais em parking lot (NOVAK e CAÑAS, 2010). Esses esquemas são

representações diagramáticas articuladas, flexíveis, não hierárquicas, permitindo o uso de

palavras ou imagens, ilustrando uma estrutura em rede. Paradigmaticamente, o ECPL é

uma representação que atende aos princípios do pensamento sistêmico-complexo:

nenhum conceito é mais ou menos importante, posto que todos apresentam a mesma

significância. Após a construção de cada esquema, com registro em áudio, os

participantes explicitaram a elaboração do esquema.

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Figura 3 – Representação esquemática das etapas metodológicas desenvolvidas.

Fonte: as autoras

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As séries médicas e os programas de entretenimento baseados no

discurso científico e na expertise (medicina forense, criminologia,

sexualidade, sociabilidade, rotinas carcerárias, procedimentos ultra

especializados nos mais distintos campos da ciência) são cada vez mais

discutidos no espaço público midiático e também apropriados pelo

senso comum (BENTES, 2010, p. 291)

O senso comum ainda traduz a concepção de mídia como sinônimo de imprensa, grande

imprensa, jornalismo, meio de comunicação ou veículo, sendo ainda recorrente a

perspectiva de que não oferece grandes possibilidades para a transformação da realidade

(MENDONÇA, 2006). Entre as mídias que emergiram no século XX, a televisão tem sido

considerada como um mero fenômeno de massa e transmissora de produtos de baixa

qualidade, sucedendo o cinema nessa posição de menor valia em relação aos textos

literários. Gomide (2012), Peláez-Paz (2013) e Pavón (2013) discutem essa relação ao

traçar o percurso do seriado House MD (FOX, 2005-2012), cujas premissas são inspiradas

no herói protagonista, segundo Edgar Allan Poe e Artur Conan Doyle.

Este seriado fundamenta-se na

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... personalidade controversa e rabugenta de Gregory House, o

personagem principal que vive repetindo a frase ‘Todo o mundo

mente’; os casos de pacientes com doenças raras ou de difícil

diagnóstico; e também os recursos visuais feitos com animação digital

e acompanhados de efeitos sonoros, que recriam o interior do corpo

humano para mostrar como os medicamentos agem e como as doenças

reagem às medicações (GRACINO, 2010, p. 291).

Cada episódio pode ser compreendido como

... a tentativa de descobrir o diagnóstico que levou o paciente a House.

Paralelamente há o desenvolvimento das relações entre as personagens

principais, com seus conflitos particulares, necessários para o

esclarecimento das personalidades e, por último, um caso

extemporâneo, normalmente outro paciente com uma doença comum

atendido no Pronto Socorro do Princeton-Plainsboro. Todo este enredo

se entrelaça para se levar ao insight do desvendamento do diagnóstico

da história mãe (GOMIDE, 2013, p. 81).

Em face de sua grande popularidade e riqueza nos aspectos discursivos verbais e não

verbais (BENTES, 2010; GRACINO, 2010), é possível desenvolver sequências de

ensino-aprendizagem. Cordeiro et al. (2015) utilizaram tais características e a lógica

socrática do episódio The Occam’s Edge6 para sensibilizar e discutir os paradigmas da

Ciência com professores de Ciências em formação inicial e continuada. A dinâmica de

trabalho entre House e sua equipe transita constantemente entre o raciocínio

linear/cartesiano (pontuada pela equipe de médicos assistentes) e a perspectiva sistêmico-

complexa do protagonista, permitindo identificar o abraço entre o cartesiano e o

sistêmico, característico do pensamento complexo (MARIOTTI, 2008).

No presente trabalho, optou-se por trabalhar com o 21º episódio desta temporada,

intitulado “Três histórias”. Neste episódio, o principal conceito biológico abordado é a

dor, cujo conceito optamos em trabalhar, considerando a diversidade do grupo e pela fácil

identificação dos participantes da pesquisa com a temática, considerada o quinto sinal

vital, de acordo com Sousa (2002).

Ainda que frequentemente ocorra uma relação causal entre dano celular e dor (SOUSA,

2002), existem evidências de que nem sempre essa relação ocorra. Sugere-se, nesses

casos, a hipótese de alterações neuro funcionais no âmbito molecular e de sinalização

celular (ROCHA, 2007). Portanto, evidenciamos as características necessárias para a

proposição de um Caso: abstração, complexidade, irregularidade conceitual e ocorrência

no mundo real.

6 Em português, “A Navalha de Occam” (1ª Temporada, episódio 4)

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Como referido anteriormente, o MoMuP fundamenta-se em três processos, tratados

metodologicamente de forma separada (Desconstrução, Travessias Temáticas e

Reconstrução) e para desenvolve-los, utilizam-se o Caso, os Mini casos e os

Temas/Perspectivas (CARVALHO, 2011).

Como, então, contextualizar o episódio escolhido ao MoMuP? A narrativa ocorre em

torno de uma aula hipotética (e não planejada), ministrada pelo protagonista Gregory

House. Após levantar as concepções prévias do grupo de estudantes de Medicina sobre a

etiologia da dor, ele narra três casos clínicos, cujas características estão sumarizadas no

Quadro 3. Portanto, a partir da temática “Dor”, os participantes identificaram o Caso -

“Dor na perna” e elegeram os três casos clínicos narrados – “O Fazendeiro”, “A jogadora

de vôlei” e “O viciado em analgésicos”, como os Mini casos para a Desconstrução (Figura

4).

Os comentários temáticos foram desenvolvidos pelas pesquisadoras em 8 h/a abordando

os níveis de organização biológica e suas articulações na perspectiva sistêmica, utilizando

mídias e textos: (A) Do macro ao microuniverso: a perna, suas estruturas e relações; (B)

Relações entre os níveis de organização biológica e suas articulações na perspectiva

sistêmica (CARNEIRO-LEÃO et al., 2013); (C) Processo inflamatório (BRASILEIRO-

FILHO, 2013) e (4) Impulso nervoso/dor. Esta etapa ocorreu em ambiente colaborativo,

de modo a favorecer a socialização e a interação entre os pares.

Os temas/perspectivas são comuns aos Mini casos, ressaltando que alguns se sobressaem

a outros, na compreensão de um dado Mini caso. Os temas “sistema nervoso” e “impulso

nervoso” foram igualmente significativos para a compreensão de cada Mini caso e para a

Reconstrução Articulada do Caso. Havendo explicitado os conceitos (através dos

Comentários Temáticos), as Travessias Temáticas ocorreram naturalmente ao se

reconhecer e respeitar a diversidade de perspectivas em um grupo com importantes

diferenças de formação inicial.

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MINI CASO DADOS

PACIENTE

QUEIXA

INICIAL

HD* DF** TRATAMENTO

O

FAZENDEIRO

Masculino,

idade entre 45

e 55 anos,

trabalhador

rural

Dor súbita

na

panturrilha

e perda do

controle

muscular

Mordedura

de cobra

Mordedura

canina

agravada por

infecção

bacteriana

secundária

Amputação

parcial do

membro, com uso

de prótese

A JOGADORA

DE VÔLEI

Feminino,

idade entre 15

e 18 anos,

atleta

Dor súbita

no joelho

Tendinite Sarcoma

ósseo

Excisão cirúrgica

do tumor

O VICIADO EM

ANALGÉSICOS

Masculino,

idade entre 45

e 55 anos,

médico

Dor aguda

e intensa na

região

lateral da

perna

direita

Dor

muscular

agravada

pelo uso

abusivo de

analgésicos

Trombose

venosa

profunda

seguida por

infarto

muscular

Ressecção parcial

do tecido

muscular

necrosado

* HD, hipótese diagnóstica; ** DF, diagnóstico final

Quadro 3 – Súmula dos Mini casos analisados a partir dos elementos clínicos descritos

no episódio Three Stories

Fonte: as autoras

Figura 4 – Relação entre os processos chave do MoMuP e os elementos apresentados em

House MD (Temporada 1, Episódio 21).

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À medida que a Desconstrução ocorria, os grupos socializaram o material sistematizado.

Deste modo, todos participaram da Desconstrução do Caso, de um modo mais amplo,

ainda que seus objetivos imediatos fossem a compreensão do Mini caso eleito por seu

próprio grupo. Nossa expectativa, então, era de que os grupos identificassem, com

autonomia, os Temas/Perspectivas necessários para compreender os aspectos biológicos

da dor de acordo com cada Mini caso.

Nesta fase, cada grupo construiu um Esquema Conceitual em parking lot, que funcionou

como um registro das articulações realizadas. O principal aspecto observado foi a

fragmentação conceitual e a perspectiva antropocêntrica dos participantes, enfatizada

pelo uso da palavra HOMEM, seja pelo uso da imagem (ícone das pernas) na área central

do EC. Os demais conceitos estão agregados em conjuntos, possivelmente por associação.

Esta, vale ressaltar, parece ter sido estabelecida pelo uso do senso comum, entendida neste

caso como o conhecimento geral adquirido ao longo da escolarização.

Uma vez que o paradigma cartesiano predomina na perspectiva de muitos professores

formadores, é natural que as concepções formadas sejam fragmentadas e desarticuladas

(CARNEIRO-LEÃO et al., 2010). Ainda que trabalhando com conceitos da área de

Biologia, os participantes não estabeleceram relações entre o macro e o microuniverso,

ou seja, os níveis de organização dos seres vivos. Quanto à dor, pouco foi demonstrado

sobre como e porque acontece.

Os Comentários Temáticos apresentados na fase de sistematização ampliaram essa

percepção, permitindo que Travessias Temáticas ocorressem. Sobre isto, observamos que

a Reconstrução foi desenvolvida de forma gradual, ou seja, dos Temas aos Mini casos e

destes, ao Caso. A culminância desse processo foram dois EC. O primeiro foi dedicado

às relações entre os conceitos específicos per se. Evidenciaram-se três blocos conceituais

melhor articulados entre si: (A) O Homem e o Ambiente; (B) Aspectos Macroscópicos

do Organismo Humano; (C) Microuniverso. O termo ANALGÉSICOS não está

relacionado a nenhuma dimensão, estando apenas conectado à dor, de forma negativa

(“ação paliativa”). A etiologia e os processos de geração do impulso nervoso e percepção

da dor ainda permaneceram insatisfatórias, considerando que havia a necessidade de

conhecimentos prévios da Biofísica, Bioquímica e Fisiologia (apenas dois participantes

tinham formação inicial em Ciências Biológicas) e também porque cada grupo se ateve

às questões específicas de seu Mini Caso. Entretanto, nos três Mini casos (casos clínicos

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narrados no episódio), a ocorrência da inflamação foi fundamental. No Mini caso “O

Fazendeiro”, ocorreu uma infecção secundária, o que agravou e prolongou esse processo,

intensificando a dor.

Um segundo EC foi construído, resumindo o que os participantes compreenderam como

irregularidade conceitual (Figura 5). A figura representa um Caso, cujo foco é o conceito

de dor, desconstruído em três Mini casos. Em laranja, estão destacadas as relações

estabelecidas pelo grupo quanto ao Mini caso 1 - “O Fazendeiro”. As linhas contínuas

representam os conceitos e articulações mais relevantes para a compreensão deste Mini

caso, enquanto as linhas pontilhadas se referem aos aspectos menos relevantes.

Figura 6 – Esquema conceitual sistematizando a compreensão sobre irregularidade

conceitual.

Considerações Finais

A integração entre mídias televisivas como o seriado House MD e o MoMuP, em

atividades de sala de aula, com o objetivo da construção de significados na perspectiva

sistêmico-complexa da Biologia pode ser uma ferramenta de grande valia, uma vez que

aborda problemáticas do mundo real, de forma lúdica.

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A coleta de concepções dos estudantes, através dos Esquemas Conceituais, permite

reflexão diante de temas/perspectivas adequados e articulados com o Caso a ser estudado,

no processo de Desconstrução. A sistematização desses temas entre os grupos, e destes

com o docente, geralmente, promove um aprofundamento conceitual realizado nas

travessias temáticas e, consequentemente, favorece uma reelaboração das articulações

desses temas/perspectivas, no processo de Reconstrução.

Um ponto importante nesse processo de Desconstrução, Travessia Temática com

utilização de Comentários Temáticos e Reconstrução, foi ter ocorrido com os estudantes

distribuídos em grupos, pois, foi um exercício de reconhecer a importância da

participação do outro nessa construção, exercitando dessa forma, valores sociais e morais,

tão necessários à formação do indivíduo.

Finalmente, concluímos que o MoMuP é adequado à construção de conceitos abstratos,

complexos e irregulares, desejável como competência docente no ensino de Biologia.

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