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EXPERIÊNCIAS ESTÉTICAS E FORMAÇÃO DE PEDAGOGOS EM AÇÕES INTEGRADAS ENTRE ENSINO E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIOS Ana Cristina de Morais Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Iranilson de Sousa Carneiro Universidade Federal do Ceará (UFC) RESUMO O presente texto reflete sobre ações interdisciplinares no currículo do curso de Pedagogia da UECE/FACEDI, particularmente as que articulam o ensino e a extensão universitária. Para a reflexão tomamos por base as experiências interdisciplinares ocorridas entre 2010 e 2011, que envolveram integrantes de dois projetos de extensão – o Núcleo de Artes Cênicas da FACEDI (NACE) e o Coral da Faculdade, bem como das disciplinas Arte- educação (2011, 7º período), Planejamento Educacional (4º período, 2010) e História do Ceará (turma mista, optativa, 2010). Realizamos dentre outras ações pedagógicas, algumas oficinas artísticas, que geraram produções plástica, musical, literária e teatral. Com isso, buscamos intencionalmente promover um processo de educação estética no âmbito da formação inicial de professores. Dentre os autores que fundamentaram as análises do objeto em foco destacamos Maheu (2008) e Moraes (2005), no que diz respeito à interdisciplinaridade; Dias (2009), no referente à necessária articulação dos elementos do tripé universitário; Loureiro (2003), Paiva (2005) e Penna (2008), que tratam de educação musical; Meira (2009), que discorre sobre educação e experiências estéticas. Ficou demonstrado que iniciativas dessa natureza são necessárias aos estudantes do Curso de Pedagogia para a ampliação de seu repertório artístico-cultural, da sua dimensão sensível e perceptiva. A iniciativa de aliar atividades de ensino e de extensão torna-se muito instigante, tanto para os estudantes como para os professores envolvidos, pois mobiliza diversas turmas em diferentes espaços, podendo promover uma maior interação entre os que fazem parte da faculdade, além de ampliar o debate e as ações educativas, que antes ficavam restritas a um pequeno grupo em sala de aula. Sentimos a necessidade de, progressivamente, aliar a estas também atividades de pesquisa, visando garantir a efetivação do tripé universitário tendo em vista a qualidade da formação profissional. Palavras-chave: Experiência estética. Educação estética. Interdisciplinaridade. 1 INTRODUÇÃO As discussões sobre formação de professores precisam integrar reflexões sobre as experiências estéticas em ações integradas entre ensino e extensão universitários. Esta reflexão discorre sobre o desenvolvimento de atividades interdisciplinares no currículo do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Ceará – UECE/Faculdade de Educação de Itapipoca – FACEDI, mais especificamente no que diz respeito às ações integradas entre ensino e extensão, referentes às artes. Analisa, ainda, experiências interdisciplinares ocorridas entre 2010 e 2011, que envolveram integrantes de dois Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade EdUECE - Livro 3 02149

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EXPERIÊNCIAS ESTÉTICAS E FORMAÇÃO DE PEDAGOGOS EM AÇÕES

INTEGRADAS ENTRE ENSINO E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIOS

Ana Cristina de Morais

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Iranilson de Sousa Carneiro

Universidade Federal do Ceará (UFC)

RESUMO

O presente texto reflete sobre ações interdisciplinares no currículo do curso de Pedagogia

da UECE/FACEDI, particularmente as que articulam o ensino e a extensão universitária.

Para a reflexão tomamos por base as experiências interdisciplinares ocorridas entre 2010

e 2011, que envolveram integrantes de dois projetos de extensão – o Núcleo de Artes

Cênicas da FACEDI (NACE) e o Coral da Faculdade, bem como das disciplinas Arte-

educação (2011, 7º período), Planejamento Educacional (4º período, 2010) e História do

Ceará (turma mista, optativa, 2010). Realizamos dentre outras ações pedagógicas,

algumas oficinas artísticas, que geraram produções plástica, musical, literária e teatral.

Com isso, buscamos intencionalmente promover um processo de educação estética no

âmbito da formação inicial de professores. Dentre os autores que fundamentaram as

análises do objeto em foco destacamos Maheu (2008) e Moraes (2005), no que diz

respeito à interdisciplinaridade; Dias (2009), no referente à necessária articulação dos

elementos do tripé universitário; Loureiro (2003), Paiva (2005) e Penna (2008), que

tratam de educação musical; Meira (2009), que discorre sobre educação e experiências

estéticas. Ficou demonstrado que iniciativas dessa natureza são necessárias aos estudantes

do Curso de Pedagogia para a ampliação de seu repertório artístico-cultural, da sua

dimensão sensível e perceptiva. A iniciativa de aliar atividades de ensino e de extensão

torna-se muito instigante, tanto para os estudantes como para os professores envolvidos,

pois mobiliza diversas turmas em diferentes espaços, podendo promover uma maior

interação entre os que fazem parte da faculdade, além de ampliar o debate e as ações

educativas, que antes ficavam restritas a um pequeno grupo em sala de aula. Sentimos a

necessidade de, progressivamente, aliar a estas também atividades de pesquisa, visando

garantir a efetivação do tripé universitário tendo em vista a qualidade da formação

profissional.

Palavras-chave: Experiência estética. Educação estética. Interdisciplinaridade.

1 INTRODUÇÃO

As discussões sobre formação de professores precisam integrar reflexões

sobre as experiências estéticas em ações integradas entre ensino e extensão universitários.

Esta reflexão discorre sobre o desenvolvimento de atividades interdisciplinares no

currículo do Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual do Ceará – UECE/Faculdade

de Educação de Itapipoca – FACEDI, mais especificamente no que diz respeito às ações

integradas entre ensino e extensão, referentes às artes. Analisa, ainda, experiências

interdisciplinares ocorridas entre 2010 e 2011, que envolveram integrantes de dois

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projetos de extensão – o Núcleo de Artes Cênicas da FACEDI (NACE) e o Coral da

Faculdade, bem como das disciplinas Arte-educação (2011, 7º período), Planejamento

Educacional (4º período, 2010) e História do Ceará (turma mista, optativa, 2010).

Mediados pelas referidas disciplinas, realizamos dentre outras ações pedagógicas,

algumas oficinas artísticas, gerando produções plástica, musical, literária e teatral em

meio à reflexões pertinentes ao campo educativo. Com isso, buscamos intencionalmente

promover um processo de educação estética no âmbito da formação inicial de professores.

Consideramos tais iniciativas de fundamental importância, pois acreditamos

que os estudantes de licenciatura necessitam ampliar seu repertório artístico-cultural e

dilatar sua dimensão sensível e, consequentemente, perceptiva, afinal, serão estes sujeitos

que poderão atuar como professores de crianças e de adolescentes em diversos espaços

sócio-educativos e a eles cabe a grandiosa tarefa de exercer seu trabalho com muita

criatividade e riqueza de saberes.

2 AÇÕES INTERDISCIPLINARES NA MOBILIZAÇÃO DO TRIPÉ

UNIVERSITÁRIO: EXPERIMENTAÇÕES ESTÉTICAS E ARTÍSTICAS COMO

CAMINHO

No processo de desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico (PPP), do

curso de Pedagogia da UECE/FACEDI, em 2008, vislumbram-se algumas intenções

interdisciplinaresi, que buscam integrar tanto atividades disciplinares, no âmbito do

ensino, como também atividades de pesquisa e de extensão. Dentre essas intenções,

podemos citar algumas das ações que vem sendo implementadas no referido curso.

A partir de 2008, com a implantação do novo PPP da Pedagogia, que está

embasado nas Diretrizes Curriculares Nacionais Para os Cursos de Pedagogia (2006),

implantamos, por exemplo, um conjunto de disciplinas sequenciais denominadas

Pesquisa e Prática Pedagógica – PPPs, que tem a intenção de articular saberes teórico-

práticos através do ensino da disciplina, aliado ao estudo de campo como prática de

pesquisa e à integração dos temas de diferentes disciplinas do mesmo semestre. Tal ação

não constitui tarefa fácil, posto que a mesma requer uma atitude interdisciplinar por parte

dos professores e um esforço de proporcionar diálogos e interações contínuas entre

professores e estudantes. A mesma vem se constituindo como um instrumento importante

de aprendizagem coletiva, já que a lógica de currículo interdisciplinar não é algo comum,

muito menos tão simples de ser implementada.

O novo currículo instituiu ainda atividades complementares, medidas que

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também estão prescritas nas citadas Diretrizes Para os Cursos de Pedagogia (2006) e que

tendem a favorecer a criação de uma cultura interdisciplinar. Essas atividades podem ser

materializadas em forma de eventos acadêmicos – congressos, seminários, cursos de curta

duração, oficinas etc. – e contabilizam parte dos créditos obrigatórios dos estudantes. As

atividades complementares tendem a mobilizar saberes diversos que transcendem o

espaço da sala de aula.

Outro elemento que compõe o PPP da Pedagogia hoje são as temáticas de

articulação, que constituem grandes temas definidos mediante um planejamento

participativo no processo de elaboração do Projeto Político Pedagógico da FACEDI, que

são as seguintes: Arte-Educação, Educação Especial, Política Educacional, Trabalho e

Movimentos Sociais, Educação Ambiental, Alfabetização e Letramento. Essas temáticas

devem perpassar o currículo de modo transversal, sendo contempladas tanto em

disciplinas obrigatórias como em diversas atividades acadêmicas – pesquisas, atividades

de extensão, seminários e ações interdisciplinares. “A ideia por trás da

interdisciplinaridade e transversalidade é construir um currículo onde possamos, junto

com o aprendizado científico, favorecer o inesperado, o criativo e o aperfeiçoamento de

atitudes e valores [...]” (MORAES, 2005, p. 38).

A perspectiva interdisciplinar, tão conclamada nas últimas décadas, caminha

ainda, a nosso ver, a passos lentos, efetivando-se de modo processual em alguns cursos

de licenciatura requerendo uma disposição para a atitude coletiva de abertura à

aprendizagem, ao diálogo e à experimentação. Consideramos que tal atitude é de grande

relevância, por possibilitar ações integradoras no exercício do currículo. Isto aponta para

a lógica do pensar complexo, hoje tão necessário:

[...] o projeto interdisciplinar viabiliza uma aprendizagem por meio da

prática e permite uma integração das disciplinas que facilita a apreensão

pelos alunos de um pensamento complexo, hoje indispensável em face

da tarefa do educador num mundo cujos maiores problemas (o

aquecimento global, a extinção das espécies, as consequências da

globalização etc.) não podem ser resolvidos por uma perspectiva

monodisciplinar. (MAHEU, 2008, p. 169).

Vemos que a efetivação de um currículo interdisciplinar não constitui tarefa

fácil, tanto pela complexidade de ações interligadas requerida, como pela persistência da

lógica disciplinar, fragmentada e engessada que invade nossos currículos na atualidade.

Ao refletir sobre a importância da inserção da temática Arte-educação como

eixo articulador do currículo de Pedagogia passamos a compreender ainda mais que a

experiência estética representa um elemento essencial no processo formativo de

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professores, por contribuir com o processo de ensino-aprendizagem destes e,

posteriormente, com o processo de ensino-aprendizagem de seus alunos no âmbito da

Educação Básica. Como realça Meira (2009, p. 32), a dimensão cognitiva das pessoas é

mobilizada quando a dimensão sensível destas é estimulada e isto é uma grande

justificativa, se queremos fundamentar a defesa de uma proposta educativa pela via da

experiência estética. Para a autora:

A experiência estética coloca a cognição em permanente desconstrução

e reconstrução, pela vulnerabilidade aos acontecimentos, estados de

espírito, relações com a cultura, saberes múltiplos vindos do corpo e de

abstrações, além do que a mente elabora a partir de paisagens do corpo,

do ambiente, da memória e da ficção. (p. 32)

Proporcionar momentos de experimentações estéticas tanto no âmbito da

apreciação, como da produção e da análise de obras artísticas no processo de formação

inicial de professores significa ampliar o arsenal de saberes culturais destes, o que é

essencial ao desenvolvimento de seu trabalho educativo, pois como um professor pode

gerar processos educativos criativos, antenados com a diversidade sociocultural

(globalizada) se não possui experiências, saberes, percepções sobre a realidade? A esse

respeito, Read (2001, p. 292) reforça que cabe ao professor criar, no âmbito do processo

de ensino, uma “atmosfera de iniciativa criadora”, pois nela “[...] a sensibilidade estética

é despertada, o hábito da apreciação se forma”. A defesa da educação pela arte é aqui

assumida por considerarmos que a mobilização das artes em meio à formação de

professores é um modo potente para o desencadeamento de uma formação estética dos

professores. Os mesmos precisam ter o acesso às artes como elemento imprescindível a

tal formação, pois: “[...] o prazer da apreciação artística é a maneira mais valiosa de

adquirirmos nossos hábitos de apreensão estética” (READ, 2001, p. 291).

3 HISTÓRIAS DO CEARÁ EM AÇÃO INTERDISCIPLINAR ENVOLVENDO

ARTES

A disciplina História do Ceará, componente curricular optativo no Curso de

Pedagogia da FACEDI/UECE, foi por nós ministrada em 2011.1, com uma perspectiva

de mobilizar saberes sobre a história pessoal de cada estudante, sobre a história local dos

municípios da microrregião de Itapipoca e, também, sobre o Estado do Ceará e do Brasil,

tendo a arte como eixo articulador.

Além de leituras e produções textuais específicas do tema da disciplina,

trabalhamos com análises de imagens, de filmes e documentários, produções artísticas –

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teatrais e literárias, bem como, leituras e análises de obras da literatura cearense e

brasileira. Dentre os filmes e documentários propostos elencamos “O povo brasileiro”,

“Juvenal Galeno”, “O pagador de promessas”, “Canudos”, “Milagre em Juazeiro”,

“Batismo de sangue”ii. Alguns destes, vimos trechos em sala de aula e desenvolvemos

discussões coletivas aliando aos aspectos políticos, econômicos e culturais cearenses.

Outros ficaram como indicações para que os estudantes os assistissem em momento

posterior. Quanto ao filme “O pagador de promessas” fizemos uma sessão especial dentro

da programação de atividades de um projeto de extensão da Faculdade, o “Cine

itinerante”, realizado no auditório da FACEDI, que reuniu estudantes de diversas turmas.

Após a exibição do filme, fizemos uma reflexão sobre sincretismo e diversidade religiosa

no Brasil, sobre alienações causadas pelo dogmatismo religioso e ainda sobre a situação

social, econômica e cultural do povo brasileiro. Este momento significou um esforço pela

ampliação dos debates para um público mais amplo, o que tenderia a se restringir a um

pequeno grupo em sala de aula, caso esta atividade fosse desenvolvida apenas no âmbito

da disciplina de História do Ceará.

Outra atividade muito interessante também, citada pelos estudantes em relatos

avaliativos ao final da disciplina, foi a leitura de obras literárias cearenses ou que

retratavam aspectos da História do Ceará e do Nordeste referentes à educação, aos

períodos de secas, às questões políticas e culturais. As obras foram: “A Normalista”, de

Adolfo Caminha; “A Fome”, de Rodolfo Teófilo; “Frei Tito”, de Regis Lopes; “Padaria

Espiritual”, de Gleudson Cardoso e “O Quinze”, de Raquel de Queiroz. Os livros

indicados foram espontaneamente escolhidos de acordo com o interesse de cada

estudante, que se agregaram em grupos de acordo com a obra escolhida. Após esta

seleção, as equipes leram o livro e organizaram uma forma criativa de apresentá-lo e de

levantar reflexões em sala de aula. A equipe que leu o livro “A Fome”, por exemplo,

apresentou uma cena teatral, com fundo musical de Luiz Gonzaga, que ilustrou um dos

capítulos da obra; todas as outras elaboraram também um modo diferenciado de expor a

obra lida para a turma. Foi uma atividade muito envolvente e que despertou a atenção dos

estudantes. Alguns deles até comunicaram que, após este trabalho, leram pelo menos mais

um livro dentre os indicados e passaram a gostar e a querer conhecer o rico universo de

saberes acerca da História do Ceará.

Desenvolvemos a disciplina na perspectiva da História Social Crítica, que alia

aspectos das histórias dos indivíduos com as do contexto social mais amplo e que valoriza

a atuação destes na construção cotidiana da história. A orientação dada aos alunos foi para

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que eles percebessem suas próprias histórias inseridas num contexto mais amplo.

Ele [o aluno] é um homem de seu tempo, e isso é uma determinação

histórica. Porém, dentro do seu tempo, dentro das limitações que lhe

são determinadas, ele possui a liberdade de optar. Sua vida é feita de

escolhas que ele, com grau maior ou menor de liberdade, pode fazer,

como sujeito de sua própria história e, por conseguinte, da História

Social do seu tempo. [...] Quanto mais o aluno sentir a História como

algo próximo dele, mais terá vontade de interagir com ela, não como

uma coisa externa, distante, mas como uma prática que ele se sentirá

qualificado e inclinado a exercer. O verdadeiro potencial transformador

da História é a oportunidade que ela oferece de praticar a “inclusão

histórica” (PINSKY & PINSKY, 2003, p. 28).

Com isso, intentamos potencializar a percepção crítica e interventiva dos

estudantes em nosso contexto sócio-histórico, que requer muitos sujeitos capazes de

sonhar e de se esforçar para construir outra realidade, mais humanizada e digna para

todos.

4 COLCHAS DE RETALHOS: COSTURANDO REFLEXÕES SOBRE

PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E ARTE-EDUCAÇÃO

A ideia de compor coletivamente uma colcha de retalhos foi inspirada,

inicialmente, no filme homônimo “Colcha de Retalhos”iii. O enredo do filme dá ênfase à

metáfora de uma colcha sendo tecida coletivamente por um grupo de mulheres, que se

reúnem constantemente para tecer temas que se relacionem com fatos ocorridos no

decorrer de suas próprias vidas. A história revela o quanto as vidas das pessoas estão

entrelaçadas e o quanto cada um precisa contribuir para a composição de paisagens ou

contextos diversos. O filme também traz à tona o tema da pesquisa como atividade que

exige escolha, dedicação e centramento por parte do pesquisador e que também retoma a

metáfora da colcha de retalhos, no sentido de que um foco de estudo eleito pelo

pesquisador traz em si diversos elementos da história de vida deste, bem como vai se

delineando, sendo tecido, assim como a colcha, de acordo com as vivências, modos de

pensar e de sentir deste, ao longo do processo investigativo.

A primeira experiência vivenciada no referente à construção coletiva de uma

colcha de retalhos se deu por conta de uma atividade avaliativa num curso de mestrado

em educação onde, numa dada disciplina, assistimos ao filme, debatemos sobre o mesmo

e nos inspiramos para compor a colcha. Cada estudante elaborou criativamente uma peça

da colcha em casa e no último dia da disciplina foi apresentada individualmente e

costurada no decorrer da aula. Tal atividade curricular representou um momento marcante

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na formação dos estudantes e nos inspirou para compor outras colchas em diferentes

cursos e turmas posteriormente.

No âmbito do curso de Pedagogia da UECE/FACEDI, duas colchas foram

propostas e construídas pelos estudantes das disciplinas Planejamento Educacional e

Arte-educação. Na primeira, a ideia da colcha foi executada com a perspectiva de

desenvolvermos a compreensão do tema “Educação no mundo globalizado”. Cada

estudante leu um texto previamente com este mesmo título e recebeu um retalho

retangular para levar para casa, ler o texto e compor criativamente uma imagem, com

diferentes materiais a seu critério e trazer a peça elaborada para a sala de aula. A discussão

do tema se deu a partir da mostra das peças da colcha. Posteriormente a esta atividade

reflexiva, cada peça foi recolhida e levada para uma costureira montar a colcha, que ficou

muito bonita e apreciada por todos. Outra colcha foi elaborada por conta da disciplina

Arte-educação e teve como tema “A educação pela arte”. Ao final da disciplina, após

diversas discussões e produções referentes à mesma, os estudantes compuseram uma

colcha com o mesmo desenvolvimento da disciplina anterior. Esta colcha, que também

ficou muito bem elaborada e bela, foi doada para a Faculdade e está exposta até hoje, na

sala da recepção da diretoria da FACEDI.

Algumas aprendizagens tidas a partir das produções dessas colchas, em

diferentes momentos formativos, reforçam ainda mais a vontade de desenvolver

atividades prazerosas e inspiradoras nos processos de formação de professores, pois tais

atividades tendem a se multiplicar e envolver outros aprendizes. Além disso, percebemos,

cada vez mais a necessidade da arte nos processos educativos, contribuindo para o que

Read defende, inspirado em Platão, que “a arte deve ser a base da educação” (READ,

2001, p. 1).

5 UM EXPERIMENTO EM MÚSICA PERCUSSIVA INTEGRANDO

ATIVIDADES DE ENSINO E DE EXTENSÃO

Mediada pela disciplina Arte-educação, realizamos uma vivência de educação

musical, a partir da oficina de percussão como prática formativa e experimentação de

timbres e ritmos gerados pelos instrumentos percussivos. Valendo-se da ideia de

indissociabilidade do tripé universitário, esta foi mais uma ação que buscou integrar

atividades de extensão e de ensino no processo de formação de professores. O objetivo

da mesma foi possibilitar tal articulação, integrando reflexões e experimentações

artísticas dos estudantes. Esta atividade envolveu alunos de três cursos: Biologia,

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Pedagogia e Química, além de jovens da comunidade local, que participavam das

atividades de extensão. Abrangendo momentos de estudos e reflexões teóricas e de

vivências artísticas, a oficina de percussão contou com a presença de um

baterista/percussionista da cidadeiv, que instigou os participantes a escolherem um

instrumento percussivo para a criação coletiva de músicas, executando ritmos como o

maracatu e o baião.

A oficina de música teve como foco conhecer os instrumentos de percussão e

bateria: suas vozes, suas histórias, bem como aprender a tocar ritmos, tais como o baião

e a ciranda. O ensino desses instrumentos, assim como de todos os outros instrumentos

musicais, permanece atualmente como atividade extracurricular (nos currículos de

formação de pedagogos), mesmo com a existência da Lei 9.769/08, que torna obrigatório

o ensino de música nas escolas (lei sancionada pelo governo de Luís Inácio Lula da Silva).

E uma de nossas intenções também foi a de divulgar a existência desta lei sobre tal prática

de ensino na formação inicial dos professores que atuarão na educação básica, difundindo

o ensino de música nas escolas e na formação de professores, para que as pessoas possam

conhecer os valores que existem neste ensino e possam também ser multiplicadoras do

fazer artístico, da prática da educação musical, pois consideramos que a mesma é uma

prática que possibilita desenvolvimento estético, além de um entendimento do mundo

através do conhecimento musical.

Em contato com a música, as pessoas aprendem a conviver melhor entre si,

as relações podem se tornar mais harmoniosas, o que contribui para uma relação

interpessoal mais promissora e para o aprimoramento de sua formação social e cultural.

Pode ainda melhorar sua atuação no âmbito do aprendizado de outras disciplinas e

também potencializar virtudes humanas como o senso de colaboração, respeito,

responsabilidade e confiança.

Os alunos, em um total de trinta e cinco, participaram durante quatro horas

das atividades que foram desenvolvidas nesta oficina. Elaboramos uma apostila voltada

especialmente para a aula, contendo informações/conceitos sobre os ritmos do Brasil, tais

como o frevo, o maracatu, o forró, a ciranda e o baião. Priorizamos também a descrição

dos principais instrumentos de percussão brasileiros, como a caixa, o pandeiro e o

triângulo, classificando-os a partir das características da forma e da sonoridade, como por

exemplo, o triângulo, que é um instrumento musical de percussão feito de metal usado no

folclore português, e também em ritmos brasileiros como o forró.

Os ritmos populares brasileiros são de uma riqueza cultural única e

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acreditamos que os arte-educadores que atuam também na área de música devem

incentivar cada vez mais a sua disseminação, para que todos possam ter acesso a nossa

música que é tão valorizada no mundo inteiro pela sua diversidade, criatividade e suingue.

Com a carência de autores que se debruçam nos estudos relacionados a estes

instrumentos, recorremos em particular a Paiva (2005) que desenvolveu estudos sobre o

ensino de percussão, enfatizando as relações entre ensino e aprendizagem, bem como a

autores como Loureiro (2003), Penna (2008) e Santos (2011), que refletem sobre as

questões curriculares para o ensino de Música, defendendo este ensino como fundamental

para o desenvolvimento e formação dos sujeitos. Paiva (2005, p. 1189) também menciona

a falta de material de pesquisa no âmbito do ensino da percussão, pois para ele: “Além

dos problemas levantados com relação aos métodos de ensino, observa-se também a

carência de produção acadêmica no Brasil a respeito da prática e da sistematização de

propostas para o ensino na área de percussão.”

Os instrumentos de percussão são de início, barulhentos, produzem

sonoridades que, em desarmonia, podem incomodar bastante. Baseando-se neste aspecto,

as instituições de ensino, para receber o ensino desses instrumentos dentro de seus

espaços educativos, precisariam passar por transformações no âmbito de suas estruturas

físicas, ou seja, acreditamos que no mínimo, seria de fundamental necessidade a

construção de estúdios musicais dentro do espaço escolar, favorecendo dessa forma não

apenas o ensino de percussão como também de bateria, guitarra, contrabaixo e outros

instrumentos.

A respeito do ensino-aprendizagem de percussão ressaltamos a importância

das “questões musicais de caráter mais amplo, como as capacidades de performance em

grupo, improvisação, criação, apreciação e crítica musical” (Paiva, 2005 p. 1188). As

aulas de percussão devem acontecer observando os pré-requisitos acima descritos, pois

eles podem proporcionar um aprendizado mais consistente, onde poderemos avaliar as

diversas possibilidades de criação musical, avaliar o desempenho do grupo a partir da

harmonia entre cada instrumento, como também a performance individual de cada

aluno/percussionista. Acreditamos que uma aula de percussão só poderá acontecer

mediante a prática de conjunto. Para isso é necessário encontrar ou desenvolver métodos

de ensino que antevejam estas necessidades. Para Paiva (2005, p. 1189):

A prática de conjunto [...] foi uma das principais lacunas encontradas

com relação aos métodos de percussão. Sem a prática de conjunto, a

aplicação dos conceitos estudados em situações coletivas de prática

musical deixa de ser proporcionada, não havendo a troca de

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experiências e interação com outros alunos.

Considerando que a prática de conjunto é um dos exercícios mais peculiares

do ensino de percussão, pois qualquer aluno que toque outro instrumento, como por

exemplo bateria, violão e teclado pode desenvolver um estudo individual no sentido de

aprimorar suas técnicas musicais, constatamos que ela é primordial para grupos que se

caracterizam por formarem um conjunto, como é o caso das orquestras, bandas, baterias

de escolas de samba e dos grupos de percussão.

Os instrumentos utilizados na oficina foram: 2 zabumbas, 3 caixas, 3 alfaias

(tambores de corda e madeira), e instrumentos de percussão “pequena” como caxixi,

agogô, triângulo, ganzá, tamborim e xequerê. Antes de começarmos a utilizar os

instrumentos falamos de nossa trajetória e teorizamos um pouco sobre a música e a

relação que temos com este ramo da arte. Logo depois, convidamos todos os alunos para

um momento de apreciação artística: o grupo de percussão Ponta de Lançav realizou uma

apresentação, no sentido de contribuir inicialmente para a visualização dos instrumentos

e dos ritmos de uma maneira mais direta. Consideramos que a apreciação é um modo

importante de fazer com que o aluno iniciante possa observar a maneira que o músico

toca e sua relação com o instrumento, com o outro e com a música. Na sequência

apresentamos um exercício que denominamos como o “ritmo da bola”, onde os alunos

ficam em círculo e o professor cria uma dinâmica corporal e rítmica. É um exercício

interessante para ajudar no sincronismo entre mente e corpo, para incorporar o ritmo. O

resultado obtido foi positivo. A maioria dos alunos conseguiu manter o ritmo, a sincronia

entre tempo e espaço/mente e corpo. Buscamos também aprofundar a temática da

interdisciplinaridade, trabalhando-a em um sentido amplo, a partir do conhecimento dos

instrumentos de percussão, com a participação dos estudantes, mostrando a eles a

importância de se aprender a música percussiva, que possibilita uma absorção do ritmo,

trazendo para a mente e para o corpo o movimento ritmado, realizando um aprendizado

musical e corporal que dialoga também com outros cursos, pois se a música pode ensinar

o homem a desenvolver suas qualidades estéticas ou sensíveis, então estas qualidades

podem ser aproveitadas em outras disciplinas ou em outros momentos de nossas vidas.

Partimos então para a parte prática da oficina. Dividimos os instrumentos para os alunos,

pedindo que escolhessem o que mais lhe chamasse a atenção ou aquele com o qual se

identificou mais. Formou-se então um círculo onde iniciamos os comandos, mostrando

os timbres de cada instrumento e seus respectivos toques dentro dos ritmos da ciranda, do

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baião e do maracatu. Ao final da oficina, o grupo saiu do auditório e se dirigiu ao pátio

da Faculdade para executar diversas músicas previamente ensaiadas onde fez também

uma grande ciranda.

Dentre alguns resultados observados, percebemos certa articulação entre

estudantes e jovens da comunidade, bem como a curiosidade em aprender a tocar o

instrumento. Sentimos que a oficina, apesar de pontual, gerou aprendizagens

significativas e diversos estudantes manifestaram a vontade de dar continuidade ao

trabalho com música percussiva na faculdadevi.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A iniciativa de aliar atividades de ensino e de extensão torna-se muito

instigante, tanto para os estudantes como para os professores envolvidos, pois mobiliza

diversas turmas em diferentes espaços, podendo promover uma maior interação entre os

que fazem parte da faculdade, além de ampliar o debate e as ações educativas que antes

ficariam restritas a um pequeno grupo em sala de aula. Sentimos a necessidade de,

progressivamente, aliar a estas, também atividades de pesquisa visando garantir a

efetivação do tripé universitário, tendo em vista a qualidade da formação profissional.

A nosso ver, essas experiências contribuíram para a inovação das atividades

curriculares através da articulação efetiva entre diferentes ações curriculares, projetos de

extensão e disciplinas, gerando um dinamismo da proposta formativa disciplinar, já que

a ideia partiu da demanda de tais disciplinas. Além disso, ter a arte atravessando o

currículo como temática de articulação possibilita a promoção da formação estética de

professores no âmbito da formação inicial. Dentre alguns resultados observados nessas

iniciativas, citamos a vivacidade e o envolvimento nas atividades, bem como a articulação

entre estudantes de diferentes cursos e de jovens da comunidade local em meio a

curiosidade em aprender.

Apesar de terem sido ações pontuais no decorrer do ano letivo, avaliamos que

as mesmas constituíram-se como ações significativas, onde havia muita gente

participando e expressando vontade de continuidade, num desejo de que tais iniciativas

se ampliem e que suas formações se expandam. Em outros termos, percebemos um desejo

de beleza no construto de suas próprias vidas, no que Read descreve: “[...] a arte deveria

dominar nossas vidas de tal forma que pudéssemos afirmar: não existem mais obras de

arte, mas apenas arte. Pois a arte, então, será a maneira de viver” (READ, 2001, p. 293).

Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade

EdUECE - Livro 302159

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REFERÊNCIAS

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- Vol. I, Nº01, p.37-52, Agosto, 2009.

LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental.

Campinas: Papirus, 2003.

MAHEU, Eric. Interdisciplinaridade na formação inicial de professores. In: VEIGA, I.

Passos. Profissão docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas: Papirus, 2008.

MEIRA, Marly Ribeiro. Filosofia da Criação: reflexões sobre o sentido do sensível.

Porto Alegre: Mediação, 2009.

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temáticos. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP). Brasília: Instituto

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Dez 2005, nº 213-214, p. 38-54.

PAIVA, Rodrigo Gudim. Percussão: uma abordagem integradora nos processos de ensino

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1195.

PENNA, Maura. Música(s) e seu ensino. Porto Alegre: Sulina, 2008.

PINSKY, Jaime/ PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma História Prazerosa e Consequente.

In: KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas.

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READ, Herbert. A educação pela arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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espaços de educação musical. Porto Alegre: Sulina, 2011.

UECE/FACEDI. Projeto Político-Pedagógico (Curso de Pedagogia). Itapipoca,

Mimeo, 2008.

i

Para uma concepção de interdisciplinaridade, legitimamos aqui a ideia de Moraes (2005,

p. 39), que afirma: “Definimos interdisciplinaridade como uma abordagem epistemológica que nos permite ultrapassar

as fronteiras disciplinares e nos possibilita tratar, de maneira integrada, os tópicos comuns às diversas áreas. O intuito

Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade

EdUECE - Livro 302160

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da interdisciplinaridade é superar a excessiva fragmentação e linearidade no currículo. Mediante o estudo de temas

comuns, estabelece-se um diálogo entre disciplinas, embora sempre considerando a especificidade de cada área, com

seu saber acumulado que deriva do olhar especializado”. ii “O povo brasileiro” (direção: Isa Grinspum Ferraz, 2000); “Juvenal Galeno” (TV

Assembléia); “O pagador de promessas” (direção: Anselmo Duarte, 1962); “Canudos” (direção: Sérgio Rezende, 1997);

“Milagre em Juazeiro” (direção: Wolney Oliveira, 1999); “Batismo de sangue” (direção: Helvécio Rattón, 2007). iii Filme dirigido por Jocelyn Moorhouse, com autoria de Whitney Otto. Lançado em 1995.

Produção norte-americana. iv O mesmo também é um dos autores deste texto. v O grupo Ponta de Lança foi o sujeito de pesquisa de um dos autores deste artigo, na

graduação onde defendeu a monografia “Música na Escola: o ensino de percussão e sua contribuição para o

desenvolvimento sociocultural do aluno” e que agora está dando continuidade à pesquisa no âmbito do mestrado. vi Recentemente foi criada a “Banda de Lata” da FACEDI (2013) e alguns alunos que

fizeram esta oficina de percussão hoje dela fazem parte.

Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade

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