INSTRUMENTALIZAÇÃO DO PROFESSOR · que a escola cumpra a sua função de ensinar, incluir e...

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INSTRUMENTALIZAÇÃO DO PROFESSOR:

A ação do pedagogo frente a diversidade escolar

Autora: Rosângela Silva Schiabel1

Orientador: Celso Davi Aoki2

RESUMO

Este artigo constitui-se numa pesquisa bibliográfica que trata de temas sobre a ação do pedagogo no intuito de ajudar o professor a encontrar de forma pedagógica os procedimentos necessários para enfrentar as diferenças humanas e sociais para incluir o aluno e fazer acontecer a aprendizagem. Os inúmeros problemas que ocorrem com alunos em sala de aula por vários motivos: dificuldade cognitiva, condições econômicas desfavoráveis, problemas psicológicos causados pelo convívio diário com pais, hiperatividade, deficiências várias, enfim diversos fatores tem exigido do professor grandes desafios para que possa realizar uma boa aula. Faz-se necessário uma aproximação maior entre pedagogo, professor e a família visando um trabalho integrado, não apenas discutindo as dificuldades existentes no contexto escolar, mas com a inserção de novos olhares para possibilitar uma ressignificação das formas e modelos de intervenção nesse contexto.

Palavras- chave: Diversidade, instrumentalização, ação pedagógica. 1 INTRODUÇÃO

O pedagogo tem perdido espaço dentro da escola por não exercer a

verdadeira função para o qual foi habilitado. As situações de conflitos tais como falta

de atenção, conversas incessantes dos alunos, bagunça, falta de limite, desrespeito

às autoridades e consequentemente a não aprendizagem tornaram foco do trabalho

do pedagogo no ambiente escolar e esta atitude não tem apresentado respaldos

positivos no sentido de solucionar o problema. As sessões de diálogo, providências

de ordem burocrática como ocorrências e encaminhamento à conselhos tutelares,

somente ameniza a situação momentaneamente e não leva a resultados

promissores. Outros procedimentos precisam ser buscados no intuito de fazer com

1 Pedagoga do Colégio Estadual “Dulce de Souza Carvalho”. Especialista em Metodologia de Ensino na UENP, campos Cornélio Procópio. Professor PDE. 2 Professor de sociologia na UENP, campus Cornélio Procópio. Doutorando em sociologia na UFPR.

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que a escola cumpra a sua função de ensinar, incluir e garantir o saber sistemático,

epistemológico e social.

O assunto diz respeito a todos os envolvidos no sistema escolar. Seria

engano pensar que tudo se resolveria a partir de uma atitude administrativa ou

determinação legislativa. A ação precisa ser discutida por todo colegiado e colocado

em prática com articulação de ações as quais exercidas de forma conjunta

chegariam ao resultado almejado que é o aluno estudando e aprendendo. O

professor dentro da sala de aula seria o elo fundamental para esse grande passo na

busca de soluções. Para isso precisaria em primeiro lugar tomar consciência do

aluno que se tem hoje, quebrar os paradigmas já solidificados na formação e

trabalhar sabendo para quem está ensinando. Fazer questionamentos sobre a forma

de atuação da escola se está condizente como estilo do estudante, da vida social

que se tem hoje? Percebe-se que todos estão diferentes, não se aceita mais nada

como se aceitava antes, não se reprime vontades como outrora se fazia, é assim

que os alunos estão se apresentado, conforme a sociedade caminha, mas a escola

tem permanecido exigindo que os alunos tenham a postura do aluno de antes. É

uma escola para uma demanda que não existe mais. Não quer dizer que a escola

deva ficar sem rumo e a mercê das mudanças decorrentes da sociedade, mas pode-

se organizar dentro de um novo contexto para não ficar em atrito constante com o

aluno e consequentemente não exercer seu papel de ensinar.

Do modo com o qual a escola tem agido em busca da solução a essas

situações não tem havido resultado.

Nas teorias pedagógicas e cursos de especializações sobre a formação

docente não encontramos abordagens sobre a atuação do professor em sala de aula

no que tange comportamento do aluno de forma a preparar o professor para

ministrar aulas. Por se tratar de uma situação freqüente em salas de aula, é curioso

não ter ainda uma literatura voltada para o tema. Precisaria incluir nos currículos dos

cursos de formação, metodologias voltadas para liderança em sala de aula e

comunicação com os alunos. Isso seria fundamental para um bom desempenho.

Encontramos professores dotados de largo conhecimento em sua disciplina e sem

nenhum preparo para a comunicação com os alunos e formas de ensino, na

utilização de meios capazes de interpor sua autoridade aos comportamentos

dispersos e até abusivos dos mesmos.

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Reconhece-se que atitudes de indisciplina dentro da sala de aula pode ser

consequência de ações vividas, habituadas fora da escola, na família ou em outros

grupos sociais. Exige-se Uma ação do pedagogo enquanto responsável pela

condução do contexto pedagógico escolar, trabalhar com os professores a questão

da comunicação, do diálogo, da conscientização da necessidade de existência de

regras e limites. Possibilitar o diálogo, a cooperação e a troca entre os professores

para que difundam aos alunos que a escola precisa de regras e normas orientadoras

e também de boa convivência entre todos.

Em concordância a estes questionamentos Aquino (1996, p.45) analisa que:

(...) Esta estruturação refere-se a introjeção de determinados parâmetros morais apriorísticos, tais como: permeabilidade a regras comuns, partilha de responsabilidades, cooperação, reciprocidade, solidariedade etc.Trata-se pois, do reconhecimento da alteridade enquanto condição sine qua non para a convivência em grupo e consequentemente para o trabalho em sala de aula.

Um caminho seria a promoção de uma ação articulada ao colegiado para

estudar a situação e traçar ações preventivas com temas transversais abordados

nos planejamentos curriculares e concomitantemente no plano de ação diário e ação

direta do professor.

Por estar sempre a solucionar problemas de indisciplina dos alunos em sala

de aula falta ao pedagogo espaço para trabalhar com o professor questões

pedagógicas, métodos de ensino, formas de avaliação e outros elementos que

podem auxiliar na solução para grande parte do problema.

Nesse estudo abordamos a importância dos limites na escola e na família, o

planejamento escolar e a organização do trabalho pedagógico, aproveitamento da

hora atividade para uma discussão coletiva na escola, reuniões pedagógicas, trocas

cotidianas com os pares, relações profissionais virtuais, vídeo, enfim tudo que possa

colaborar para melhor atuação do professor junto aos alunos.

2 CONTEXTO ESCOLAR

2.1 FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

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A formação em pedagogia apresenta um vasto conhecimento capaz de ser

adotado em muitos setores da sociedade onde exige uma intenção de educar. A

Pedagogia é uma área do conhecimento que investiga a realidade educativa no

geral e no particular. A investigação de forma científica tem como objetivo encontrar

formas de intervenção, método apropriado para a transmissão do conhecimento e o

pedagogo atua aos modos de ação (LIBÂNEO, 2010).

De acordo com Libâneo (2010) a atuação do Pedagogo escolar é

imprescindível na ajuda aos professores, no aprimoramento do seu desempenho na

sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas, formas de organização da classe), na

análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos

teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas do conhecimento pedagógico e o

trabalho de sala de aula

Admito e concluo o pensamento de Libâneo (2010): o pedagogo é o

elemento dentro da instituição escolar de apoio ao corpo docente, tanto na

organização do ambiente como na interação com os alunos para melhor

desenvolvimento da aula. Acato ainda a questão do conhecimento pedagógico que

deve oferecer ao professor articulação entre as áreas.

Porém, o profissional pedagogo tem perdido espaço dentro da escola por

não exercer a verdadeira função para o qual foi habilitado.

Na escola quando surgem problemas dentro da sala de aula de indisciplina

ou dispersão do aluno por outros motivos o professor o encaminha para o pedagogo,

muitas vezes para resolver questões que poderiam ser resolvidas dentro da própria

sala.

Atualmente tem sido atribuída ao pedagogo escolar a denominação de

“bombeiro” por estar sempre a solucionar questões de indisciplina, conflitos, os

“incêndios” (termo pejorativo para descrever confusões) dos alunos.

Serve-se também como professor substituto quando acontece a falta do

professor.

O papel do pedagogo como especialista na escola está descrito na LDB e no

PPP (Projeto Político Pedagógico) que também é denominado de Proposta

Pedagógica das escolas.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96), no

artigo 15, concedeu à escola progressivos graus de autonomia pedagógica,

administrativa e de gestão financeira. Isso significa ter autonomia, construir um

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espaço de liberdade e de responsabilidade para elaborar seu próprio plano de

trabalho, definindo seus rumos e planejando suas atividades de modo a responder

às demandas da sociedade, ou seja, atendendo ao que a sociedade espera dela. A

autonomia permite à escola a construção de sua identidade, e à equipe escolar uma

atuação que a torna sujeito histórico de sua própria prática.

Na LDBEN (1996, p.34), artigo 12, § I, o artigo vem sendo chamado o “artigo

da escola”. A Lei dá aos estabelecimentos de ensino a incumbência de elaborar e

executar sua Proposta Pedagógica e define como incumbência da escola

administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros.

LDBEN (1996, p. 35), artigo 14, § l, são definidos os princípios da gestão

democrática, a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto

pedagógico da escola.

O Projeto Político Pedagógico – PPP (2011) do Colégio Estadual Dulce de

Souza Carvalho-Ensino Fundamental e Médio, situado no distrito de Congonhas,

município de Cornélio Procópio, apresenta assim a função do Pedagogo:

A atividade é mediadora, devendo favorecer o estabelecimento de um vínculo de relacionamento entre o aluno e o professor. Pode-se dizer que a equipe de pedagogos é a articuladora do presente projeto, organizando a sua reflexão, participação e os meios para a concretização do mesmo, de tal forma que a escola possa cumprir sua tarefa de proporcionar que todos os alunos aprendam e se desenvolvam como seres plenos, partindo do pressuposto de que todos têm direito e são capazes de aprender (PPP, 2011, p.13).

O núcleo de articulação é o pedagógico e em especial, o processo de

ensino, de aprendizagem e as questões que envolvem a avaliação e o processo de

recuperação dos educandos. Como tal, a equipe deve estar no combate a tudo o

que desumaniza a escola: a reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo, o

conhecimento desvinculado da realidade, a evasão, a exclusão, a repetência ou a

aprovação sem apropriação do saber, bem como a discriminação social.

2.2 RELACIONAMENTO PROFESSOR E ALUNO

É necessário que se desenvolva um programa de relacionamento entre o

professor e aluno de forma a conseguir fazê-lo se sentir envolvido e assim possa a

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escola através da atuação do pedagogo aprimorar com mais eficácia os projetos e

métodos de ensino para atender às necessidades pedagógicas.

Todas as ações a serem desenvolvidas pelo pedagogo têm o propósito de

instrumentalizar o professor para que desenvolva uma boa aula. Essas ações são

descritas também no Regimento Escolar das escolas.

Os professores vivem uma angústia dentro da sala de aula pela falta de

modos e com costumes liberais dos alunos, sem atenção às aulas,sem respeito para

com o professor e os colegas.

A base desse estudo foi feita através de uma pesquisa realizada em

2011caracterizada por um questionário de natureza exploratória. A entrevista foi

realizada com sete professores de escola pública, todos com formação superior e

especialização na área de atuação: Língua Portuguesa, Geografia, História,

Ciências, Arte, Matemática e Inglês. Como procedimento para a coleta dos dados

foram formuladas 21 questões fechadas sobre cenas do contexto escolar tais como

discriminação, intrigas, indisciplina, depois proposta discussão destas através de

reunião para exposição dos dados coletados e análise das respostas.

A seguir, estão sistematizados os principais argumentos citados pelos

professores que compuseram a amostra desta investigação:

Questões:

1) Como é abordada a questão da discriminação racial na escola?

Gráfico 1:

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2) O trabalho com os alunos tem sido feito:

Gráfico 2:

3) Quanto à disposição das carteiras em sala?

Gráfico 3:

8

4) Qual o tipo de problema mais comum no relacionamento entre alunos?

Gráfico 4:

5) As situações de desigualdade e discriminação presentes na escola?

Gráfico 5:

9

6) As aulas tem planejamento contemplando a diversidade a qual a sala se

apresenta?

Gráfico 6:

7) A escola possui espaço físico e instrumentos para atividades as quais possibilite

aos alunos entretenimento fora da sala de aula evitando ficarem ociosos e gerar

conflitos.

Gráfico 7:

10

8) O comportamento fora da sala de aula interfere na atenção do aluno durante as

aulas?

Gráfico 8:

9) Quanto à expressão verbal?

Gráfico 9:

11

10) Por quais motivos o professor encaminha o aluno para o pedagogo?

Gráfico 10:

11) Quanto ao trabalho escolar?

Gráfico 11:

12

12) Qual ação do pedagogo você acredita que fará o aluno melhorar?

Gráfico 12:

13) Quanto à biblioteca?

Gráfico 13:

13

14) Quanto à capacidade dos professores sobre a questão social, interação e

relacionamento humano?

Gráfico 14:

15) Quanto à capacidade dos professores sobre a questão social, interação e

relacionamento humano?

Gráfico 15:

14

16) Há nas salas de aula do colégio alunos que rotulam os colegas?

Gráfico 16:

17) Qual a reação do aluno quando é chamado pelo rótulo?

Gráfico 17:

15

18) Você acha que apelidos e rótulos para os alunos podem ser contornados pelo

professor?

Gráfico 18:

19) Quais os alunos que são constantemente rotulados?

Gráfico 19:

16

20) Na sua opinião os professores também rotulam?

Gráfico 20:

21) No seu ponto de vista qual seria o papel da escola diante desses

comportamentos?

Gráfico 21:

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Consideramos que as respostas destes profissionais acabaram por revelar

suas convicções sobre o comportamento do aluno.

A pesquisa não teve objetivo de chegar a uma conclusão e sim obter dados

para análise da visão dos professores sobre a questão da insubordinação do aluno

em sala de aula e atitudes que poderiam ser tomadas para saná-las evitando assim

que cheguem até o pedagogo.

Percebe-se que alguns profissionais ainda se colocam apáticos ao

problema, outros administram de maneira espontânea e imediatista o que pode levar

à resultados ruins.

Entretanto um olhar mais profundo sobre esses dados parece apontar para a

busca de diálogos e posturas educacionais que consigam, se não resolver o

problema, trabalhar de forma menos desgastante.

2.3 RELAÇÃO PEDAGOGO E PROFESSOR - INTERAÇÃO DO GRUPO DE

TRABALHO EM REDE (GTR)

Ao longo do desenvolvimento da pesquisa houve oportunidade de contar

com a participação de pedagogos no Grupo de Estudo em Rede (GTR).

Alguns depoimentos relatam experiências relevantes. Considerando a

análise desses profissionais a pesquisa se tornou mais direta uma vez que os

pontos cruciais a serem estudados foram abordadas de diferentes modos de pensar

o que colaborou para melhor compreensão.

Veja-se a título de exemplificação o que diz a participante A:

Atualmente, os professores sofrem uma sobrecarga de trabalho muito grande em sala de aula, além das atividades inerentes a sua função, como planejamento das aulas, desenvolvimento e acompanhamento das atividades dos alunos, organização de diferentes estratégias de ensino, ainda depara-se com uma imensa diversidade, desde a indisciplina, dificuldades e até distúrbios de aprendizagem e outros fatores extra-escolares que dificultam a ação do professor. Diante deste quadro de inseguranças e incertezas que nos cercam, o pedagogo pode auxiliar ao desenvolver ações voltadas aos professores e também aos alunos para favorecer que a aprendizagem aconteça em sala de aula. Ações como acompanhamento do professor em sua hora-atividade para reestruturação do planejamento, auxílio na elaboração de estratégias para a recuperação de estudos e na diversificação de metodologias de ensino, podem ser vistas como positivas na tentativa de unir esforços para melhorar a realidade que hoje tão bem conhecemos.

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Essas condições de trabalho desafiam o papel dos educadores e do

pedagogo. Se o primeiro não consegue manter os alunos em sala organizados e

aprendendo, o segundo preso às ocorrências não encontra tempo para auxiliar o

professor, verificar metodologia empregada, sugerir estratégias para melhorar a

atenção e consequentemente a aprendizagem dos alunos.

A busca de soluções torna-se cada vez mais complexa.

Veja-se o depoimento da participante B:

(...) O pedagogo sobre esse meu ponto de vista precisa, convidar os professores a refletir sobre seus conceitos construídos, para que esses possam olhar para uma turma e enxergar as diferenças, e aproveitar essas diferenças para mostrar a beleza da diversidade. Tanto professores, como pedagogos, tem muita dificuldade em trabalhar com as diferenças, com a heterogeneidade presente nas salas de aula, advinda de diversos fatores, sejam eles de ordem social, física, psicológica ou emocional. Tal afirmação se respalda pela retrospectiva de nossa formação nos cursos de graduação, como também nos atuais cursos de formação continuada ofertados continuamente. Aprendemos no passado a ser professores para o coletivo, para o aluno ideal, idealizando que apenas o domínio do conteúdo daria conta de resolver todos os “problemas” que enfrentaríamos no dia a dia da sala de aula. Em seu trabalho afirma exatamente isso quando nos coloca que “o professor acredita que lecionará em uma sala de alunos interessados, pouco numerosa, com oportunidades até para atendimento individual.”

Estamos todos partilhando de grandes mudanças na educação. Isto torna um

grande desafio. Desafio para o pedagogo, para o professor, para os pais, para o diretor em

fim para todos. O depoimento dessa participante aponta para a Importância dos cursos de

formação de professores os quais devem estar voltados para o alunado atual.

Esses conhecimentos advindos das experiências determinam a necessidade da

reconstrução e organização das propostas escolares, talvez reinventar a nós mesmos e o

nosso fazer docente.

A participante C enfatiza o seguinte:

Sabemos que a realidade hoje é muito diferente, pois temos no interior da escola, inúmeros problemas, a violência, a exclusão, falta de valores morais, a formação precária do professor, a indisciplina, a desqualificação do papel do pedagogo, a legislação que amplia os direitos, a teoria desvinculada da prática, o desinteresse pelos conteúdos curriculares, o bullyng, que acrescentado às atividades burocráticas diárias, (notas, bimestres, livros de chamada) ruins condições de trabalho, tornam a escola um local de cumprimento de tarefas, sem nos trazer nenhum tipo de satisfação profissional.(...) Para um eficiente trabalho na escola o pedagogo deve partir do entendimento que é possível transformar a realidade, envolvendo o coletivo escolar, há necessidade de diagnosticar os principais problemas, refletindo sobre as causas e principalmente, o enfrentamento desta realidade com ações possíveis de serem realizadas.(...) o professor é

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o agente de maior contato com o aluno, e cabe a ele a ação inicial e final”, que, respaldados pelo pedagogo, possam garantir ações que tragam melhorias para a aprendizagem dos alunos que temos a responsabilidade de educar. É necessário que o professor crie um vínculo afetivo para que possa compreender as necessidades e o comportamento dos alunos bem como suas limitações. (...) Essa interação pode ser a mais importante de todas as interações sociais que ocorrem no ambiente escolar, pois é o grande meio pelo qual se realiza o processo ensino-aprendizagem.

A análise dessa pedagoga traz uma experiência ligada à mudança de

atitudes através de um projeto. Participante C afirma:

Trabalhei em uma escola com muitas carências tanto em nível social, como cultural, não muito diferente da realidade que vocês devem conhecer. O coletivo de profissionais percebeu que, em uma comunidade com tantas carências, era necessário trabalhar outras questões além do conteúdo específico de cada disciplina. Então, pensamos em alternativas aplicáveis à realidade que tínhamos, nos organizamos e desenvolvemos o projeto “Vivendo Valores na Escola” que trouxe resultados muito positivos: Todo mês, a equipe pedagógica preparava atividades relacionadas a um tema específico (ética, cidadania, valores, responsabilidade, cultura da paz, etc.), previamente discutidas com os professores em reuniões pedagógicas. Cada professor, independente da disciplina, ficou responsável em aplicá-lo em uma turma. Utilizamos dinâmicas de sensibilização, textos, músicas, poemas, painéis ilustrados, recortes de noticiários e trabalhamos também com o filme “A corrente do bem”. Os professores iam guardando todo o material produzido, e ao final do ano, elaboramos uma exposição com as atividades realizadas. Atualmente não estou mais nesta escola, mas refletindo sobre o projeto que realizamos, sei que nem todos os problemas foram resolvidos, nem era essa a intenção, porém, foram sementes plantadas, e tenho a satisfação de ter contribuído com minha parte para melhorar as condições de vida daqueles alunos. Espero que hoje eles estejam em algum lugar, talvez inconscientemente vivendo os valores que trabalhamos com eles.

Síntese das contribuições:

A característica observada em vários textos e afirmações são comuns:

Necessidade de mudança, postura do professor em relação a forma de

conduzir o ensino, dedicação da escola, preocupação com o problema e tomada de

atitudes organizadas.

No último depoimento percebe-se a tomada de decisão da escola num todo,

planejamento a curto, médio e longo prazos, aplicações com avaliações constantes,

atualização na metodologia aplicada, interdisciplinaridade, comprometimento de

todos, trabalho sério, harmônico com previsão de resultados que beneficiaria aos

alunos, pais, professores e todos integrante da escola.

Partindo das condições existentes será preciso descobrir como o pedagogo

pode atuar junto ao professor, a fim de auxiliá-lo para realizar bem sua função.

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2.4 REGIMENTO ESCOLAR

É o Regimento escolar que estrutura e normatiza as ações do coletivo

escolar. Deve estar em concomitância com a LDB9394/96, Estatuto da Criança e

adolescente (ECA, 1990) e Conselho Federal de Educação (CFE)

É o documento administrativo e normativo de uma unidade escolar que, fundamentado na proposta pedagógica (PPP), estabelece a organização e o funcionamento da escola e regulamenta as relações entre os participantes do processo educativo (CENTRAL DE ATENDIMENTO DA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO-REGIMENTO ESCOLAR, 2010, p.11).

Diante dessa realidade o Regimento Escolar do Colégio Estadual Dulce de

Souza Carvalho (2011, p.18, art. 34) cita que cabe a pedagoga:

• Orientar o processo de elaboração dos Planos de Trabalho Docente junto ao coletivo de professores do estabelecimento de ensino;

• Promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico visando à elaboração de propostas de intervenção para a qualidade de ensino para todos;

• Participar da elaboração de projetos de formação continuada dos profissionais do estabelecimento de ensino, que tenham como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar;

• Organizar, junto à direção da escola, a realização dos Pré-Conselhos e dos Conselhos de Classe, de forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico desenvolvido no estabelecimento de ensino;

• Coordenar a elaboração e acompanhar a efetivação de propostas de intervenção decorrentes das decisões do Conselho de Classe;

Subsidiar o aprimoramento teórico-metodológico do coletivo de professores do estabelecimento de ensino, promovendo estudos sistemáticos, trocas de experiência, debates e oficinas pedagógicas;

• Proceder à análise dos dados do aproveitamento escolar de forma a desencadear um processo de reflexão sobre esses dados, junto à comunidade escolar, com vistas a promover a aprendizagem de todos os alunos;

• Participar do Conselho Escolar, quando representante do seu segmento, subsidiando teórica e metodologicamente as discussões e reflexões acerca da organização e efetivação do trabalho pedagógico escolar;

• Promover a construção de estratégias pedagógicas de superação de todas as formas de discriminação, preconceito e exclusão social;

• Acompanhar o processo de avaliação institucional do estabelecimento de ensino;

• Orientar, coordenar e acompanhar a efetivação de procedimentos didático-pedagógicos referentes à avaliação processual e aos processos de classificação, reclassificação, aproveitamento de estudos.

O regimento enumera ações de cunho pedagógico ligadas ao corpo docente

em detrimento da melhoria e qualidade do ensino. Cabe ao pedagogo refletir sobre

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os problemas enfrentados e buscar junto aos professores, direção e família,

alternativas de soluções e assim enfrentar os problemas de ordem pedagógica e

conduzi-los da melhor forma com o coletivo escolar: professores, pais, direção e

Conselho Escolar.

A maioria das vezes muito do que se faz em prol do educador são

fundamentados em textos de estudiosos o que leva a uma ansiedade na tentativa de

aplicação concreta em sala de aula e obtenção de resultados.

Afirma Libâneo (2010):

[...] o professor não precisa ser envolvido com teorias, com reflexão sobre a sua prática uma vez que seu trabalho requer, sobretudo desempenho técnico, ou seja ser capaz de dominar modos de fazer, técnicas didáticas, procedimentos; não precisa de teorias precisa de oficinas... (LIBÂNEO (2010, p.196).

É comum escutarmos professores, após um curso de capacitação,

mencionarem esta mesma afirmação de Libâneo (2010) dizendo que a teoria é uma

e a prática é outra e que as capacitações deveriam ser feitas com receitas de como

exercer a prática pedagógica. Ressalto, porém, que é necessário refletir sobre a

prática. Porque só através da descoberta de falhas é que se pode aprimorar.

Sabe-se que não existe nenhuma receita com modos precisos para lidar

com o aluno e tão pouco cair-se na ilusão de que só falar e constatar a realidade

tudo irá se resolver. Essas questões são subjacentes à prática da escola e

concomitantemente do professor. Tomadas de decisões coletiva, com o

compromisso de vencer aplicando alternativas aos modos os quais os problemas

vão aparecendo pode ser uma saída.

O professor dentro do estabelecimento de ensino está como o principal

elemento condutor para o entendimento do conteúdo. Sua ação está diretamente

ligada ao aluno. A condução do ensino e toda atividade escolar dentro da sala de

aula depende da forma com a qual este profissional lidera sua turma. Com objetivos

bem traçados e domínio o professor conduz através de atitudes apropriadas à sala

em que atua.

Freire (1996, p.97) explica a importância das atitudes do professor em

relação ao aluno. O procedimento adotado de acordo com o momento. Atitudes que

colabora para uma mudança de comportamento e tornar o ambiente em sala de aula

mais harmônico.

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[...] Precisamos aprender a compreender a significação de um silêncio, ou de um sorriso ou de uma retirada da sala. O tom menos Cortez com que foi feita uma pergunta. Afinal o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito. Neste sentido quanto mais solidariedade existe entre o educador e educandos no trato deste espaço, tanto mais possibilidades de aprendizagem democrática se abrem na escola.

Atenção e sensibilidade aos fatos que ocorrem na sala, a observação e

direção dos relacionamentos no espaço da sala de aula.

A situação de desinteresse pelos conteúdos curriculares do nosso ensino

costuma-se responder com métodos mais apropriados ou aumentando o tempo de

frequência à escola (GADOTTI, 2004, p.118).

Com tal comentário o autor leva-nos a crer que a utilização de uma

metodologia apropriada conduz o aluno a um entendimento. Conforme afirma

também Saviani o conteúdo bem entendido transpõe a atividade escolar e colabora

no crescimento intelectual do aluno.

Com essas considerações de Saviani (2008, p. 75) persiste na ideia de que

o papel da escola é possibilitar o acesso do homem ao mundo do saber

sistematizado, científico, metódico, para isso não pode existir sem conteúdo

programado, planejamento e na eficácia da execução eliminar o índice de repetência

pela inclusão. A escola precisa ser para ensinar, não para brincar, até as

brincadeiras na escola precisam ter propósitos.

Segundo Saviani (2008, p.28) “faz-se necessário retomar o discurso crítico

que se empenha em explicitar as relações entre a educação e seus

condicionamentos sociais,evidenciando a determinação recíproca entre a prática

social e a prática educativa”.

Todos os professores, alunos, equipe pedagógica, direção, pais e

colaboradores, devem ter os mesmos propósitos. Propósitos estes elaborados pelos

mesmos e traçados no Projeto Político Pedagógico (PPP do Colégio Est. Dulce de

Souza Carvalho, 2011, p.19)

• Retratar a identidade da escola, com todos os seus envolvidos (pais, alunos, professores e funcionários), descrevendo a realidade vivenciada e buscando alternativas através do estabelecimento de diretrizes básicas e uma linha de ação e envolvimento da comunidade;

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• Verificar se a prática pedagógica da escola está realmente comprometida com a melhoria da qualidade de ensino e se resulta na transformação da sociedade;

• Promover a inclusão social com ensino de qualidade, combatendo a evasão e a repetência;

• Formalizar um compromisso assumido coletivamente, em torno de um mesmo projeto educacional.

Não contribui para a efetivação do trabalho pedagógico, as afirmações

constantes de que faltam pré requisitos ao aluno, faltam princípios, limites e que

tudo isso é intransponível em fim que os hábitos de alguns alunos não condizem

com a instituição “escola”. Tudo isso desencadeia uma série de problemas que já se

solidifica como normais e que não tem jeito e acaba-se tomando o aluno como

empecilho para uma ação educativa com êxito.

Julio Groppa Aquino, em “Diferenças e preconceito na escola” (1998, p.141)

aborda a temática sobre a forma em que o aluno tem sido visto pela escola. Conduz

ao questionamento, porque alguns alunos considerados “problemas” são

considerados empecilhos para o trabalho pedagógico, não se consegue pensar

estes alunos como parceiros do trabalho do professor e não como obstáculos.

Reporto para a experiência que adquiri com a prática a essa identificação,

além do desafio para lecionar o aspecto burocrático que permeia as ações da escola

torna o trabalho bastante complexo. Seria como se tudo que estivesse sendo

registrado fosse assegurando o ensino realizado, o dever cumprido. Não importam

os resultados desde que esteja tudo registrado, frequência, avaliação, recuperação

paralela, reposição de aulas e tantas outras atitudes burocráticas.

Concordo ainda que se precise rever, valores e crenças modificadas, para

com mais convicção do real papel da escola comunicar com esse aluno global.

Quando se refere à solidificação de crenças e valores, a ruptura com paradigmas já

impregnados em nossa cultura poderá facilitar a ação para uma pedagogia docente

mais democrática, menos discriminatória e com intenção de realmente descobrir no

outro seu potencial.

É inevitável que numa escola pública onde exista uma grande diversidade

tanto cultural como comportamental não surjam problemas. O pedagogo numa ação

junto aos professores precisa estudar e compreender essa dinâmica para atuar

melhor.

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Mas o que seria necessário fazer na escola para preparar o aluno para sua

realidade, para viver melhor em comunidade. De que forma conduzir os conteúdos

para que haja mais participação e envolvimento nas aulas?

Refletindo o texto de Jacira Pinto da Roza em “Formação de professores,

abordagens contemporâneas” (2008, p.26), trata-se da ideia da superação do

“fazer”, da mera transmissão de saberes através da imposição à produção e a

“compreensão”. É necessário que as instituições organizem suas propostas

pedagógicas, mais ativas. A pedagogia contemporânea entende que o processo de

construção do conhecimento remete a aprendizagem, a uma educação que visa a

formação intelectual e cidadã do sujeito, efetivando-se no espaço pedagógico,

através de processos interativos de reflexão, discussão, permanentes

questionamentos, promoção de situações que permitam ao acadêmico mobilizar

seus conhecimentos, ressignificá-los e contextualizá-los frente aos novos

conhecimentos.

Essas reflexões levam-nos a crer que o conhecimento se faz através, da

interação com o aluno, valorização do seu saber, do seu dizer, através da pesquisa

e discussão que vamos encontrar alternativas para ensinar melhor. Isso é, também

respeito à forma de ser de cada um.

A explicação se faz na teoria o que é tão difícil na prática. Reconhecer o

outro como ser independente de todo preconceito, ter tolerância aos

comportamentos que instigam a ira é um grande desafio e necessário se torna

treiná-lo por que só assim conseguiremos desenvolver nosso papel de educador.

As transformações sociais ocorreram no desenvolvimento da história do

mundo. As guerras, a revolução industrial, a revolução tecnológica, todos esses

episódios ocasionaram consequências no comportamento da sociedade e

influências nas políticas governamentais.

Direitos sobre diversidade são assegurados na lei de Diretrizes da

Educação. Encontra-se tal afirmação na LDB 9.394/96, Art. 26, a qual incorpora aos

currículos no ensino Fundamental e Médio uma parte diversificada para atender às

diferenças regionais, além da obrigatoriedade da educação indígena, do campo e

afro-descendente (BRASIL, 1996, p.38).

Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional

comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento

25

escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais

da sociedade, da cultura, da economia e da clientela (LDB 9.394/96, Art. 26, p.38).

Na gestão democrática a utilização dessa autonomia citada na Lei se faz

presente concomitantemente ás discussões juntamente com o corpo docente e todo

colegiado.

Problemas como saúde, alimentação, valores, convivência com o outro,

família e fatores sócio econômico, interferem de maneira direta na aprendizagem e

acabam exigindo do professor e pedagogo ações inovadoras de atendimento

conforme carência detectada. No intuito de assegurar a permanência do aluno na

escola o governo desenvolve uma série de programas na expectativa de tornar o

alunado mais interessado e atento às tarefas escolares. Bolsa-escola Vale gás, leite

das crianças.

Para Valente (2005) o aspecto social tem interferido na função real da escola

e consequentemente na aprendizagem:

[...] a escola é cada vez menos portadora de sentido. Ao se tornar uma máquina de inserir jovens, para melhorar sua posição potencial de trabalho, a instituição escolar não difunde sentido, não é portadora de um projeto social, uma concepção de vida, de sociedade, de mundo que forneça esse sentido, porque é mais importante sobreviver na escola do que aprender o conhecimento acumulado pela humanidade (VALENTE, 2005, p.70).

A reflexão sobre este aspecto leva a perceber a preocupação em manter o

aluno na escola independente de seu desenvolvimento cognitivo e intelectual. O

aluno portador de problemas disciplinares, recuperações paralelas, tentativas de

reforço, advertências mau comportamento, diálogo com os pais sem resultado, induz

a escola a promover esse aluno sem aprendizagem tornando a educação sem

sentido, simplesmente fazendo-o sobreviver na escola mesmo sem aprender. É

necessário incentivá-lo a continuar, se ele resolve desistir a escola tem que ir buscá-

lo para assegurar-lhe o direito de educação.

De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

apud Aquino (1996, p.44), nunca é demais relembrar o artigo 205 da Carta

Constitucional que reza que a Educação é Direito de todos e dever do Estado e da

família, e deve ser promovido com a colaboração da sociedade, visando o pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

26

A Constituição do Brasil (1988) assegura os direitos, mas faltam aos

profissionais subsídios para fazer-se cumprir a lei na íntegra, uma vez que o maior

interessado em seu cumprimento que deveria ser o aluno, muitas vezes não

corresponde ao que é exigido para sua concretude (vontade de estudar e estar na

escola)

Descreve Gatti (2008):

Não podemos ignorar a tensão que está hoje colocada nos sistemas educacionais pelas condições socioculturais e científicas que vivenciamos. Gestores e professores diante de crianças e jovens bem diversificados, com pensamentos, atitudes e comportamentos construídos num contexto social complexo, em que a novidade, a moda, o fugaz, o passageiro, assumem papel determinante, tanto pelo sistema de consumo que temos hoje como pelo sistema das mídias, através do qual o desejo de ter é permanentemente estimulado e onde a tragédia humana é tomada como filme ou novela, onde os deslizes morais e violências perdem sua concretude e passam a ser tomadas como virtuais (GATTI, 2008, p.12-13).

As considerações citadas talvez expliquem o extravio das atenções que

precisariam estar na escola e dissiparam para outros atrativos. Por isso se torna

necessário descobrir práticas mais coerentes com a sociedade atual.

Sabe-se que não existe nenhuma receita com modos precisos para lidar

com o aluno e tão pouco cair-se na ilusão de que só falar e constatar a realidade

tudo irá se resolver. É preciso atitudes e estas só conseguirão êxitos se respaldas

pelo coletivo da escola, aplicando alternativas aos modos os quais os problemas vão

aparecendo.

Em razão do emprego de atitudes que não se adéquam ao conceito atual de

educação, o problema vem aumentando nas escolas. Numa sala de aula era comum

termos dois ou três alunos com comportamento diverso ao necessário e com razões

para serem retidos na série em que se encontravam. Atualmente deparamos com

uma realidade em que é comum encontrarmos uma sala de aula em que a metade

dos alunos se encontram com bom aproveitamento

A indisciplina tem prejudicado muito o trabalho do professor. E

consequentemente dos pedagogos. Os professores têm dificuldade em administrar

um ato indisciplinado, não sabem se repreende ou compreende. Nesse

comportamento do aluno a ação do pedagogo se torna imprescindível como

implementador de alternativas a serem discutidas para a efetivação da ação

pedagógica e juntamente com o professor e todos que compõem a escola

27

instrumentalizar ações para o enfrentamento dos obstáculos que impedem o efetivo

desempenho do ensino.

As ações podem ser tomadas de forma preventiva. Em geral atitudes de

indisciplina são tratadas na escola de forma imediatista, quando ocorrem os fatos.

As aulas desenvolvidas num ambiente de interação do professor com o aluno e do

aluno com os colegas conduz ao envolvimento feito com valorização da participação

de todos, sem discriminação e acentuação dos que têm mais facilidade. Isso pode

colaborar para um trabalho mais harmônico.

De acordo com Aquino (1996, p.39) é comum também verem a indisciplina

na sala de aula como reflexo da pobreza e violência, presente de um modo geral na

sociedade e fomentado, de modo particular, nos meios de comunicação,

especialmente a TV. Nessa perspectiva, parecem compartilhar a ideia de que os

alunos são o retrato de uma sociedade injusta, opressora e violenta e a escola, por

decorrência, vítima dos alunos se torna ineficaz uma vez que continua ensinando

aos modos tradicionais aos alunos atuais.

O aluno recebe influências internas e externas da sociedade e essa

consequentemente repercutem na escola.

Começa-se a ter receio da ocorrência de violência sem nem mesmo

acontecer, outros ficam muito na defesa e tudo é motivo para rebate. Uma palavra

mal interpretada, a mão que esbarra em algum material que cai. Tudo passa a ser

motivo para rebater com violência. Começa-se a ter receio da ocorrência de

violência sem nem mesmo acontecer (figura 1).

Figura 1: Influência da mídia sobre a violência. Fonte: Ziraldo (2011).

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O profissional pedagogo precisa se colocar exatamente como prescreve sua

função no PPP e Regimento Escolar. Como pesquisador de alternativas. Sua função

está no desempenho de seu trabalho tendo como objeto o professor e a ação

pedagógica.

Com apoio estudo, envolvimento e comprometimento, o pedagogo interage

com os professores e vão em frente para uma escola pública de inclusão com

menos desajustados.

O professor é o agente de maior contato com o aluno na escola. Todas as

outras instâncias podem colaborar com essa atuação, mas cabe a ele a ação inicial

e final.

3 CONCLUSÃO

Os desafios não são poucos. Os textos que apresento neste artigo mostram

o quanto são vários os aspectos a serem enfrentados tanto de ordem social como de

ordem profissional. Fui instigada a desenvolver esse trabalho, pois considero a

atuação do pedagogo fator básico para um desempenho mais eficaz por parte dos

educadores tendo em vista a intervenção pedagógica.

As citações dos autores aqui reunidas procuram explicitar de forma interligada

fatores fundamentais para o bom desempenho do pedagogo, visto que o professor

ciente de seu papel, planejamento, comunicação e liderança em sala de aula fará o

pedagogo voltar a atenção ao pedagógico e assim assessorá-lo no desenvolvimento

do currículo. O instrumento primordial para este desempenho é o PPP (projeto

Político Pedagógico) da escola.

Este viabiliza a organização planejada da escola, funções e atribuições,

projetos, avaliações toda dinâmica da escola conforme instâncias. O ponto de

partida é o aluno, sua inserção na sociedade através do conhecimento adquirido.

Todas as demais estratégias estão vinculadas a ele. Dentre elas destaca-se o

planejamento coletivo e socializado.

Na leitura percebe-se o pedagogo sem espaço definido. Torná-lo real e

percebível é o nosso desafio. Trata-se de um tema aberto ao debate e por isso ao

diálogo crítico.

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4 REFERÊNCIAS BRASIL, CONGRESSO NACIONAL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. In: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: texto na íntegra. São Paulo: Editora Saraiva, 1996. AQUINO, J. G. Indisciplina na escola: Alternativas Teóricas e Práticas. 12 ed. São Paulo: Summus Editorial, 1996. AQUINO, J. G. Diferenças e preconceito na escola. 6 ed. São Paulo: Summus Editorial, 1998. ESCOLA EXPERIMENTAL ADRIANA. Disponível em: <http:www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php>. Acesso em 18 de julho de 2011 às 16h29min. FOLHA UOL. Disponível em: <http:www.uol.com.br/folha/educacao/>. Acesso em 15 de julho 2011 ás 14h03min. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 31 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GADOTTI. M.; ROMÃO, E. J. (orgs) Autonomia da escola. 6 ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2004. GATTI, B.A. Sobre formação de professores e contemporaneidade. In: Formação de professores: abordagens contemporâneas. KRONBAUER, S.C.G.; SIMIONATO, M.F. São Paulo: Paulinas, 2008. GRÁFICO ESTATÍSTICO. Colégio Estadual Dulce de Souza Carvalho. Ensino Fundamental e Médio, 2011. KRONBAUER, S. C.G.; SIMIONATO, M. F. (orgs). Formação de professores. 1. ed. São Paulo: Editora Paulinas, 2008. LIBÂNEO, J.C. Pedagogia e pedagogos para quê? 12 ed. São Paulo: Cortez editora, 2010, 206 p. LOPES, K.C; TORMAN. R. O educador frente às diversidades da contemporaneidade. São Paulo: Summus, 1998 KRONBAUER, S.C.G.; SIMIONATO, M.F. Formação de professores. São Paulo: Paulinas, 2008. MARRAFON, A.M.A. Família e escola unidas pela educação. Mundo jovem: um jornal de ideias, p. 11, mar. 2011. PPP - Projeto Político Pedagógico. Colégio Estadual Dulce de Souza Carvalho. Ensino Fundamental e Médio, 2011.

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