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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA INTERIOR Variação temporal na reprodução de espécies de caracídeos de pequeno porte (Characiformes) associadas a bancos de herbáceas aquáticas em uma área de várzea na Amazônia Central brasileira Marina Carmona Hernandes Manaus, Amazonas 05/2015

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA

INTERIOR

Variação temporal na reprodução de espécies de caracídeos de pequeno porte (Characiformes)

associadas a bancos de herbáceas aquáticas em uma área de várzea na Amazônia Central

brasileira

Marina Carmona Hernandes

Manaus, Amazonas

05/2015

Marina Carmona Hernandes

Variação temporal na reprodução de espécies de caracídeos de pequeno porte (Characiformes)

associadas a bancos de herbáceas aquáticas em uma área de várzea na Amazônia Central

brasileira

Orientadora: Sidinéia Aparecida Amadio

Coorientador: Jansen Alfredo Sampaio Zuanon

Manaus, Amazonas

05/2015

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Biologia de

Água Doce e Pesca Interior do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia,

como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em

Ciências Biológicas

Hernandes, Marina Carmona

Variação temporal na reprodução de espécies de caracídeos de pequeno porte (Characiformes) associadas a bancos de herbáceas aquáticas em uma área de várzea na Amazônia Central brasileira

Dissertação de Mestrado (INPA/BADPI) 1. História de vida 2. Várzea 3 .Characidae 4. Sazonalidade

Sinopse: Estudou-se a sazonalidade reprodutiva de espécies de peixes caracídeos de pequeno porte em ambiente de várzea na Amazônia Central, onde verificaram-se as estratégias reprodutivas utilizadas em relação à variação temporal no nível hidrométrico.

À minha família amada,

especialmente ao meu pai, pelas orientações e apoio

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, pela força e oportunidade de estudar o que amo, a

Biologia.

Ao meu pai Antônio pelo apoio emocional e financeiro para minha estadia em Manaus,

resistindo à saudade. À minha mãe Lenecy pelas vibrações, amor e bons pensamentos que me

enviou ao longo dessa jornada. Ao meu irmão André, pelo nosso amor e amizade que ultrapassa

barreiras e diferenças de horários. Ás minhas famílias “buscapé” pela união, alegria e apoio

desde o começo.

À minha orientadora Sidinéia (Sid), primeiramente pela amizade, pela inesgotável

paciência, dedicação e cuidado comigo em todas as horas, pelas inúmeras oportunidades que

me proporcionou durante o mestrado, além do imprescindível suporte técnico junto à profa.

Cláudia, a vocês meu muito obrigado pela oportunidade!

Ao meu querido coorientador Jansen Zuanon (jan jan) pela oportunidade de me ensinar

um pouco sobre as piabas tão temidas, por me auxiliar sempre com muito carinho e alegria e

me acalmar em momentos de pânico.

Àquele que conquistou meu coração, desde o início, meu nego, Otávio Peleja de Sousa,

por ter me mostrado o caminho certo a ser seguido e o certo a ser trilhado, pelas horas de

companheirismo e apoio, pelas brincadeiras, momentos de descontração, momentos de

incertezas e compreensão e por ter deixado minha passagem por Manaus com mais harmonia e

alegria. Muito obrigado por ter aparecido na minha vida Meu Amor.

À família manauara, Waldir (Dio), Miqueias (Kikito), Derek, Susana e Allana, pelos

momentos de diversão, conversas acaloradas e a cervejinha do fim de semana, indispensável na

vida acadêmica. pelos momentos de alegria, diversão, conversas acaloradas e aos happy hours

do fim de semana, indispensável na vida acadêmica. Vocês foram indispensáveis para mim!

Muito obrigado por tudo.

Aos meus amores de repúblicas, Mateus, Miquéias e Derek, que passaram e fizeram

parte da minha história amazônica.

Às meninas da casa do Sino, que amo muito, Sabrina e Luiza pela amizade,

companheirismo, muito amor e momentos felizes que levarei para sempre. Amo muito vocês

meninas.

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À Bianca e Louzinha pela amizade contagiante, momentos descontraídos e muito amor

e felicidade que se criou em dois anos incríveis!! Manaus não tem graça sem vocês!

À Cristhiana Ropke, minha coorientadora extra oficial que sempre teve um tempinho e

paciência de escutar minhas dúvidas e ideias loucas, de me auxiliar desde o início nessa jornada,

sempre com bondade, carinho e amizade. Muito obrigado mesmooo Cris!

Aos meus colegas postiços de laboratório, Fábio e Brendson que sempre estavam

comigo em dia de chuva, com e sem luz no cafofo do Bruce. Especialmente ao Brendson por

me ajudar nos momentos finais importantes. Muito obrigado. Amei fazer parte um pouquinho

da vida de vocês.

Aos meus eternos amores londrinenses e as minhas eternas grudes (Marcela e Mariane)

pelo carinho e amizade mesmo à distância!

Aos colegas do laboratório de Dinâmica Populacional de peixes, Natália, Camila,

Eurizangela, Akemi, Thathyla e seu Raimundo, pelo companheirismo, risadas, ajuda e suporte

durante a execução deste trabalho. O meu muito obrigado.

Ao Dr. Bruce Rider Forsberg por ter me cedido gentilmente o laboratório para que eu

pudesse realizar minhas análises.

Ao programa de Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, pela

concessão da bolsa no período do mestrado.

À Fundação de Amparo à Pesquisa da Amazônia (FAPEAM), pelo financiamento do

projeto, no âmbito do qual executei meu trabalho.

“Leve na sua memória para o resto de sua vida as coisas boas que surgiram no meio das

dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade em vencer as provas e lhe darão

confiança na presença divina, que nos auxilia em qualquer situação, em qualquer tempo,

diante de qualquer obstáculo”

Chico Xavier

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Resumo

As várzeas amazônicas são áreas estruturalmente complexas, com elevada

biodiversidade e forte dinâmica sazonal. Apesar da evidente importância do pulso de inundação

na dinâmica temporal das várzeas, as espécies que habitam esses ambientes apresentam

estratégias reprodutivas variadas. As estratégias reprodutivas dos peixes que habitam ambientes

sazonais na América do Sul podem ser agrupadas em três tipos: sazonal; equilíbrio e

oportunista. As espécies de caracídeos de pequeno porte, em sua maioria, estão incluídas na

estratégia oportunista. Em termos de ocupação de habitats, grande parte dos representantes da

família Characidae é encontrada em ambientes como riachos e rios de pequeno porte. No

entanto, muitos caracídeos também habitam a várzea amazônica. Assim, o objetivo deste

trabalho foi averiguar a influência do ciclo hidrométrico na reprodução de espécies de

Characidae de pequeno porte que habitam bancos de herbáceas aquáticas em uma área de várzea

na Amazônia Central. Nós hipotetizamos que esses peixes apresentam características da

estratégia reprodutiva ajustadas à sazonalidade do pulso de inundação. Assim, da mesma forma

que caracídeos de médio e grande porte, as espécies de pequeno porte tenderiam a concentrar a

atividade reprodutiva no período de enchente e cheia, que coincide com a fase de elevado

crescimento vegetativo das herbáceas aquáticas. Para tal, foram coletados mensalmente

exemplares de várias espécies de caracídeos, sendo que sete foram selecionadas para este estudo

(Aphyocharax avary, Ctenobrycon spilurus Hemigrammus diagonicus, Hyphessobrycon eques,

Moenkhausia dichroura, M. gracilima e Serrapinnus micropterus). As coletas foram feitas na

área do Catalão de dezembro/2013 a novembro/2014, em bancos de herbáceas aquáticas,

utilizando rede de cerco. Em laboratório, todos os exemplares foram triados e observados

macroscopicamente os estádios de desenvolvimento gonadal e quantidade de gordura cavitária.

Foram estimados os valores médios de gordura cavitária e relação gonadossomática (RGS) para

cada mês e período hidrométrico e, calculada a Intensidade Reprodutiva (IR) para a assembleia

do total de espécies capturados. Dentre as sete, três espécies mostraram evidências de maior

atividade reprodutiva da cheia para a vazante (H. diagonicus, H. eques e S. micropterus) e duas,

durante a enchente (M dichroura e M.gracilima). A análise do IR mostrou que a área do Catalão

pode ser considerada uma área de reprodução para a assembleia considerada. Houve correlação

significativa e inversa entre os valores de IR e a cota do rio Negro e vazão do rio Solimões e,

as regressões entre estes mostram alta relação entre as variáveis, sendo os valores de IR mais

elevados na enchente. E, apesar de não correlacionáveis, existe um padrão geral de relação

inversa do IR com as outras duas variáveis ambientais, precipitação e vazão do rio Negro. Os

resultados obtidos neste estudo indicam que as espécies analisadas apresentam características

reprodutivas de espécies cuja reprodução está vinculada a sazonalidade do rio, de maneira

similar aos peixes de médio porte dos grandes rios. Assim, os períodos de enchente e cheia são

de extrema importância para a reprodução e recrutamento dessas espécies de caracídeos de

pequeno porte que habitam nas várzeas amazônicas

Palavras-chaves: período de desova; RGS; sazonalidade do rio

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Abstract

The Amazon floodplains are structurally complex areas with high biodiversity and strong

seasonal dynamics. Despite the obvious importance of the flood pulse in the temporal dynamics

of floodplain areas, species that inhabit these environments have different reproductive

strategies that may accompany or not the seasonal variations in river levels. The reproductive

strategies of fish inhabiting seasonal environments in South America may be grouped into three

types: seasonal, equilibrium and opportunistic. Most of small characins are included in

opportunistic strategy. Most characins inhabit low predictability hydrological environments

such as streams and small rivers, however, they can also be found in the Amazon floodplain,

an environment subjected to regular and predictable seasonal variations. Thus, the objective of

this study was to investigate the influence of hydrometric cycle on the reproduction of small

characins that inhabit aquatic herbaceous banks in a floodplain area in central Amazonia. We

hypothesized that these fish have reproductive strategy according to seasonality of the flood

pulse. Thus, just as medium and large sized characids, the small species tend to concentrate the

reproductive activity during high waters (rising and flood period), which coincides with high

vegetative growth of aquatic herbaceous. Many species of characins were captured and a group

of seven species of characins were selected for this study (Aphyocharax avary, Ctenobrycon

spilurus diagonicus Hemigrammus, Hyphessobrycon eques, Moenkhausia dichroura, M.

gracilima and Serrapinnus micropterus). Sampling were carried out at a monthly basis (from

December/2013 to November/2014) at Catalão area, in banks of aquatic herbaceous using small

net. In the laboratory, all specimens were weighed, measured and had their gonadal and cavity

fat information registered. Mean gonadosomatic (RGS) and fat index for each month and

hydrometric period were estimated and Reproductive intensity (IR) was calculated for the

assembly. Three species showed evidence of higher reproductive activity sometime between

flood and receding water level (H. diagonicus, eques H. and S. micropterus) and two during

the rising of the water (M. dichroura and M.gracilima). This pattern was confirmed by all

analysis used. The IR analysis showed that the area of Catalão may be considered a

reproduction area for the species considered. There were significant inverse correlation between

the IR and the Negro River water level quota and the Solimões River flow. The regressions

between the IR and the flow of the Solimões River and Negro River water level showed high

correlation between the variables. Although not significant, there is a general pattern of inverse

IR relationship with the other two environmental variables, precipitation and flow of the Negro

River. The results of this study indicate that the species analyzed have reproductive

characteristics of species whose reproduction is linked to seasonality of the river, similar to

medium-sized fish of the great rivers. Thus, the rising and flood periods are extremely important

for reproduction and recruitment of small characins that live in the Amazonian floodplains.

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Lista de Figuras

Figura 1 – Localização do Catalão em relação à América do Sul (à esquerda), rios

Negro e Solimões (à direta). A seta branca indica o local das coletas na área do

Catalão. O quadro ao lado representa as fases do ciclo hidrométrico no ano do

estudo, indicando a ausência de um período de seca

típico.......................................................................................................................22

Figura 2 – Relação entre Relação Gonadossomática (RGS) e a cota mensal do rio

Negro no período de dezembro/2013 a novembro/2014, com os respectivos valores

de fêmeas mensais, para as sete espécies; valores de RGS mensais estão

representados pelos círculos pretos e a cota do rio pelos quadrados cinzas. Pontos

sem número de fêmeas correspondem a meses sem representantes da espécie no

mês..........................................................................................................................31

Figura 3 – Distribuição de valores médios de RGS por período hidrométrico para

as sete espécies de Characidae de pequeno porte, coletadas na área do Catalão entre

dezembro/2013 e novembro/2014. ...............................................................32

Figura 4 – Distribuição mensal de frequências relativas de fêmeas maduras para as

sete espécies de Characidae de pequeno porte, coletadas na área do Catalão entre

dezembro/2013 e novembro/2014. Os números acima das colunas correspondem ao

número absoluto de fêmeas

maduras...................................................................................................................34

Figura 5 – Distribuição mensal dos valores de RGS e valores médios de gordura

cavitária da categoria 3 para as sete espécies de Characidae de pequeno porte,

coletadas na área do Catalão entre dezembro/2013 e novembro/2014...................36

Figura 6 - Distribuição de valores médios relativos de gordura cavitária por estádio

de maturação gonadal (1=imaturo; 2= em maturação; 3= maduro) para as sete

espécies de Characidae de pequeno porte, coletadas na área do Catalão entre

dezembro/2013 e novembro/2014..........................................................................37

Figura 7 - Distribuição dos valores mensais do IR da assembleia e das variáveis

ambientais vazão dos rios Negro e Solimões, precipitação e cota do rio

Negro......................................................................................................................39

Figura 8 - Relação entre o índice de Intensidade Reprodutiva (IR), a cota média do

rio Negro em Manaus, e a vazão do rio Solimões, próximo à Manaus, no período de

12

dezembro de 2013 e novembro de

2014........................................................................................................................39

Figura 9 (Anexo 1)- Distribuição de frequência de ocorrência de exemplares por

classe de comprimento padrão (mm) para sete espécies de Characidae de pequeno

porte na área do Catalão, entre dezembro de 2013 e novembro de

2014........................................................................................................................54

Figura 10 (Prancha 1)- Representação das sete espécies

estudadas.................................................................................................................55

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Sumário

Apresentação .................................................................................................................................... 15 Objetivo Geral ............................................................................................................................................... 15 Objetivos específicos.................................................................................................................................... 15

Capítulo 1 .......................................................................................................................................... 17

Resumo ............................................................................................................................................... 17

Introdução ......................................................................................................................................... 18

Material e Métodos ......................................................................................................................... 20 Área de estudo ............................................................................................................................................... 20 Coleta de dados ............................................................................................................................................. 23 Seleção de espécies para o estudo .............................................................................................................. 24 Obtenção dos dados biológicos ................................................................................................................... 24 Análise de dados ........................................................................................................................................... 25

Estrutura populacional em tamanho ................................................................................................................ 25 Período de maior atividade reprodutiva das espécies ............................................................................... 26 Influência de fatores abióticos na reprodução da assembleia de caracídeos .................................... 26

Resultados ......................................................................................................................................... 27 Estrutura populacional em tamanho ................................................................................................................ 27 Período de maior atividade reprodutiva das espécies ............................................................................... 29 Influência de fatores abióticos na reprodução da assembleia de caracídeos .................................... 38

Discussão ............................................................................................................................................ 40

Agradecimentos................................................................................................................................ 44

Referência .......................................................................................................................................... 44

Anexo 1 ............................................................................................................................................... 54

Anexo 2 ............................................................................................................................................... 56

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Apresentação

Este trabalho segue as normas de formatação do Programa de Pós-Graduação em

Biologia de Água Doce e Pesca Interior do INPA, bem como aquelas do periódico pretendido

para publicação do artigo científico decorrente. O trabalho aborda a reprodução de espécies de

peixes de pequeno porte da família Characidae em relação à dinâmica sazonal dos grandes rios

amazônicos. Previamente, sete espécies de pequenos caracídeos (Prancha 1, em anexo)

habitantes de bancos de herbáceas aquáticas foram estudados em uma área de várzea na região

de confluência dos rios Negro e Solimões, próximo a Manaus, Amazonas. A assembleia de

caracideos de pequeno porte habitantes da região foram analisadas posteriormente. Por meio da

análise de informações sobre características reprodutivas das espécies, período de desova e

outras informações biológicas e ecológicas, o presente trabalho busca entender as interações

entre esse conjunto de espécies de peixes habitantes de bancos de herbáceas aquáticas, as

estratégias por estes apresentadas e a dinâmica desses ambientes, em comparação com espécies

de peixes de médio e grande porte que ocorrem na mesma área.

O trabalho é apresentado na forma de artigo científico a ser submetido para publicação

no periódico Freshwater Biology, e teve os seguintes objetivos:

Objetivo Geral

Avaliar o efeito do nível hidrométrico na atividade reprodutiva de sete espécies de

peixes (Characidae) de pequeno porte que habitam bancos de herbáceas aquáticas em uma área

de várzea na Amazônia Central brasileira.

Objetivos específicos

- Verificar se a atividade reprodutiva de espécies de caracídeos de pequeno porte que

habitam bancos de herbáceas aquáticas apresenta dinâmica temporal associada ao pulso

de inundação; e

- Verificar se as variações temporais na intensidade reprodutiva da assembleia podem ser

explicadas por variáveis ambientais.

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Capítulo 1

Hernandes et al. “Variação temporal na atividade

reprodutiva de sete espécies de peixes de pequeno

porte (Characiformes: Characidae) habitantes de

bancos de herbáceas aquáticas em uma área de

várzea na Amazônia central”. Manuscrito

formatado para Freshwater Biology

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Capítulo 1

Variação temporal na atividade reprodutiva de espécies de peixes de pequeno porte

(Characiformes: Characidae) habitantes de bancos de herbáceas aquáticas em uma área de

várzea na Amazônia central

Hernandes, M.C. 1; Amadio, S.A1; Zuanon, J. 1;.Ropke, C.P. 1; Sousa, O.P. 1; Deus, C.P. 1

1. PPG BADPI/INPA

Resumo

As várzeas amazônicas são áreas estruturalmente complexas, com elevada

biodiversidade e forte dinâmica sazonal. Apesar da evidente importância do pulso de inundação

na dinâmica temporal das várzeas, as espécies que habitam esses ambientes apresentam

estratégias reprodutivas variadas. As estratégias reprodutivas dos peixes que habitam ambientes

sazonais na América do Sul podem ser agrupadas em três tipos: sazonal; equilíbrio e

oportunista. As espécies de caracídeos de pequeno porte, em sua maioria, estão incluídas na

estratégia oportunista. Em termos de ocupação de habitats, grande parte dos representantes da

família Characidae é encontrada em ambientes como riachos e rios de pequeno porte. No

entanto, muitos caracídeos também habitam a várzea amazônica. Assim, o objetivo deste

trabalho foi averiguar a influência do ciclo hidrométrico na reprodução de espécies de

Characidae de pequeno porte que habitam bancos de herbáceas aquáticas em uma área de várzea

na Amazônia Central. Nós hipotetizamos que esses peixes apresentam características da

estratégia reprodutiva ajustadas à sazonalidade do pulso de inundação. Assim, da mesma forma

que caracídeos de médio e grande porte, as espécies de pequeno porte tenderiam a concentrar a

atividade reprodutiva no período de enchente e cheia, que coincide com a fase de elevado

crescimento vegetativo das herbáceas aquáticas. Para tal, foram coletados mensalmente

exemplares de várias espécies de caracídeos, sendo que sete foram selecionadas para este estudo

(Aphyocharax avary, Ctenobrycon spilurus Hemigrammus diagonicus, Hyphessobrycon eques,

Moenkhausia dichroura, M. gracilima e Serrapinnus micropterus). As coletas foram feitas na

área do Catalão de dezembro/2013 a novembro/2014, em bancos de herbáceas aquáticas,

utilizando rede de cerco. Em laboratório, todos os exemplares foram triados e observados

macroscopicamente os estádios de desenvolvimento gonadal e quantidade de gordura cavitária.

Foram estimados os valores médios de gordura cavitária e relação gonadossomática (RGS) para

cada mês e período hidrométrico e, calculada a Intensidade Reprodutiva (IR) para a assembleia

do total de espécies capturados. Dentre as sete, três espécies mostraram evidências de maior

atividade reprodutiva da cheia para a vazante (H. diagonicus, H. eques e S. micropterus) e duas,

durante a enchente (M dichroura e M.gracilima). A análise do IR mostrou que a área do Catalão

pode ser considerada uma área de reprodução para a assembleia considerada. Houve correlação

significativa e inversa entre os valores de IR e a cota do rio Negro e vazão do rio Solimões e,

as regressões entre estes mostram alta relação entre as variáveis, sendo os valores de IR mais

elevados na enchente. E, apesar de não correlacionáveis, existe um padrão geral de relação

inversa do IR com as outras duas variáveis ambientais, precipitação e vazão do rio Negro. Os

resultados obtidos neste estudo indicam que as espécies analisadas apresentam características

reprodutivas de espécies cuja reprodução está vinculada a sazonalidade do rio, de maneira

similar aos peixes de médio porte dos grandes rios. Assim, os períodos de enchente e cheia são

de extrema importância para a reprodução e recrutamento dessas espécies de caracídeos de

pequeno porte que habitam nas várzeas amazônicas.

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Introdução

Fatores como o tamanho corporal, características filogenéticas, disponibilidade de

recursos, tipo de habitat, precipitação pluviométrica, predação e competição, podem influenciar

a determinação da época e duração do evento reprodutivo das populações de peixes (Kramer,

1978; Alkins-Koo, 2000; Veregue & Orsi, 2003; Oliveira & Sánchez- Vázquez, 2010). O

regime de chuvas é um dos fatores que mais influencia o período reprodutivo de muitas espécies

de peixes. Isto ocorre porque nos períodos de maior pluviosidade geralmente ocorre uma

expansão do habitat aquático e, consequentemente, uma maior disponibilidade de recursos,

como alimento, abrigos e espaço (Lowe-Mcconnell, 1999; Lorenço et al., 2007).

Variações ambientais podem delimitar, portanto, o período e o sucesso reprodutivo dos

organismos (Vazzoler, 1996; Silva-Ribeiro & Guimarães-Moreira, 2012). Em ambientes

tropicais, como a Amazônia, as variações decorrentes do ciclo hidrométrico exercem efeito

sobre o ciclo reprodutivo dos peixes (Vazzoler et al., 1997), sincronizando eventos da

reprodução e possibilitando o aproveitamento dos recursos sazonalmente disponíveis no

ambiente (Cushing, 1990; Wootton, 1990; Agostinho et al., 2004; Oliveira & Sánchez-

Vázquez, 2010). Em sistemas fluviais formados por grandes rios e suas planícies de inundação,

os efeitos das variações ambientais decorrentes do pulso unimodal e previsível dos rios no

período de enchente e cheia são percebidos na atividade reprodutiva dos organismos, regulando

fortemente os ciclos biológicos da fauna e flora associadas (Piedade et al., 2010).

O estudo do sincronismo entre os períodos reprodutivos e as características ambientais

abióticas e bióticas é essencial para a compreensão dos mecanismos que permitem às espécies

de peixes ocuparem determinados tipos de ambientes (Gonçalves et al., 2013). Amadio, Ropke

& Neves (2012), comparando uma área de reservatório com uma área de várzea não impactada,

encontraram modificações nas táticas reprodutivas dos peixes, indicando que as espécies

estudadas foram capazes de ajustar as táticas reprodutivas e se adaptar ao novo ambiente

formado. Neste sentido, as estratégias reprodutivas tendem a ser evolutivamente flexíveis,

permitindo maximizar o sucesso reprodutivo em variados ambientes e resistir às variações nas

características ambientais locais (Sternberg & Kennard, 2014). Dourado & Benedito-Cecílio

(2005) também ressaltam que as características observadas nas populações podem refletir

aspectos adaptativos às condições bióticas e abióticas do ambiente onde os organismos

encontram-se inseridos. Essa variação nas táticas reprodutivas também foi relatada para peixes

19

de água doce da Austrália (Sternberg & Kennard, 2014) e Estados Unidos (Mims & Olden,

2013), onde os autores verificaram que algumas espécies apresentavam características

intermediárias entre as três categorias (oportunista, equilíbrio e sazonal) propostas por

Winemiller (1989).

Nas várzeas amazônicas, um dos habitats mais importantes para a ictiofauna são os

bancos de herbáceas aquáticas (Henderson & Hamilton, 1995; Sánchez-Botero & Araújo-

Lima, 2001; Sánchez-Botero et al., 2007; Prado et al., 2010), cuja composição, abundância e

fases fenológicas variam de acordo com o nível da água e períodos sazonais: seca, enchente,

cheia e vazante (Junk et al., 1989; Junk, 2000; Bittencourt & Amadio, 2007). Na enchente–

cheia, devido ao alto crescimento vegetativo e ocupação de grandes áreas das várzeas, os bancos

de herbáceas proporcionam maior disponibilidade de alimento e abrigo para a ictiofauna (Junk

& Wantzen, 2004; Piedade et al., 2010), representando uma época favorável ao

desenvolvimento e reprodução dos peixes (Cushing, 1990; Wootton, 1990). Já na vazante–seca,

há uma fase de redução de cobertura e senescência da maioria das herbáceas que compõem os

bancos, resultando em uma menor disponibilidade de recursos, maiores taxas de predação e –

possivelmente – de competição entre as espécies (Junk et al., 1989; Junk & Wantzen, 2004;

Piedade et al., 2010). Os ambientes formados pelos bancos de herbáceas também podem

funcionar como dispersores de fauna, ao transportar passivamente organismos rio abaixo

(Schiesari et al., 2003).

Os bancos de herbáceas são habitados por uma elevada diversidade de espécies de

peixes, tanto sazonalmente, em especial por indivíduos jovens de espécies de médio e grande

porte, quanto permanentemente, por espécies de pequeno porte. Dentre essas últimas se

destacam as piabas (Characiformes: Characidae), de diversos gêneros (Casatti et al., 2003;

Milani et al., 2010; Costa et al., 2011; Soares, 2014). Em ambientes de riachos (denominados

de igarapés na Amazônia brasileira), onde a ictiofauna é dominada por peixes de pequeno porte

(Buckup, 1999; Castro, 1999), os peixes apresentam características reprodutivas

predominantemente do tipo oportunista (sensu Winemiller, 1989), sincronizando eventos de

desova com a precipitação e períodos de expansão lateral rápida do ambiente aquático (Espirito-

Santo et al., 2013; De Fex-Wolf, 2014). Neste sentido, os caracídeos de pequeno porte

habitantes de bancos de herbáceas na várzea poderiam ter suas estratégias reprodutivas

influenciadas predominantemente por fatores filogenéticos, ou seja, utilizando uma estratégia

do tipo oportunista, como a maioria das espécies de pequenos caracídeos (Kramer, 1978;

Winemiller, 1989; Azevedo, 2010). Por outro lado, poderiam responder diretamente ao pulso

20

de inundação, neste caso, exibindo uma estratégia reprodutiva do tipo sazonal, como as espécies

de caracídeos de porte médio como as sardinhas Triportheus spp. e matrinxãs Brycon spp.

(Winemiller, 1989; Menezes & Vazzoler, 1992; Gomiero & Braga, 2007; Martins-Queiroz et

al., 2008).

Deste modo, nós hipotetizamos que os pequenos caracídeos das várzeas amazônicas

sejam capazes de ajustar suas estratégias reprodutivas em função do pulso de inundação. Assim

como as espécies de caracídeos de maior porte, estes pequenos peixes também tenderiam a

concentrar sua atividade reprodutiva no período de enchente, associada ao ciclo fenológico das

herbáceas aquáticas. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar se o ciclo hidrométrico

influencia a reprodução de espécies de Characidae de pequeno porte que habitam bancos de

herbáceas aquáticas em uma área de várzea na Amazônia Central brasileira.

Material e Métodos

Área de estudo

O estudo foi realizado na área da Ponta do Catalão, situada próxima à confluência dos

rios Solimões (água branca) e Negro (água preta). O Catalão, localizado aproximadamente a 5

km da cidade de Manaus (30.08’ – 30.14’S e 59.0 53’ -59.058’W), sofre a influência da variação

sazonal do nível da água dos dois rios. Embora seja considerado um sistema de águas mistas,

estudo realizado por Brito et al. (2014) sobre a limnologia local indica que o sistema é

influenciado principalmente pelas águas brancas do rio Solimões, sendo, portanto, um ambiente

com características típicas de várzea (Figura 1).

Durante a estação chuvosa, a área alagada do Catalão se expande, invadindo a floresta

circundante e ocorre a formação de extensos bancos de herbáceas aquáticas, compostos por

diversas espécies, principalmente Eichornia polystachia e Paspalum repens (Junk & Piedade

1997). Nesse período, há uma maior influência do rio Solimões cujas águas apresentam-se mais

correntes, túrbidas e alcalinas (Brito et al., 2014). Na época de seca, a área alagada restringe-se

a uma pequena região mais profunda, diminuindo ou mesmo cessando a conexão com o rio

Solimões, havendo também uma drástica redução (quase desaparecimento) dos bancos de

herbáceas aquáticas (Caraballo et al., 2014).

A variação do nível de água do Catalão é determinada pelo regime hidrológico dos rios

Solimões e Negro (Schmidt, 1973). Sendo assim, devido à necessidade de definir os quatro

períodos hidrológicos para aquela área, para fins analíticos, Bittencourt & Amadio (2007)

propuseram uma categorização, baseada no nível da água do rio Negro medido no Porto de

21

Manaus, como segue: enchente (cota entre 20 e 26 m, nível ascendente), cheia (acima da cota

26 m), vazante (cota entre 26 e 20 m, nível descendente) e seca (abaixo da cota 20 m). Em anos

típicos, as fases do ciclo hidrométrico são bem definidas; porém, o ano da realização das coletas

do presente estudo foi considerado atípico, por não ter apresentado uma seca característica

(níveis abaixo de 20 m). Assim, a área estudada permaneceu, ao menos parcialmente, inundada

durante todo o período das coletas, com ocorrência de bancos de herbáceas aquáticas todo o

ano. Na Tabela 1 estão apresentadas as informações sobre a cota do nível da água e o período

hidrométrico correspondente aos meses de coleta deste estudo.

22

Figura 1: Localização do Catalão em relação à América do Sul (à esquerda), rios Negro e Solimões (à direita). A seta branca indica o local das coletas na área do Catalão. O

quadro à direita representa as fases do ciclo hidrométrico, retiradas do porto de Manaus no ano do estudo, indicando a ausência de um período de seca típico.

10km

Rio Negro

Rio Solimões

Manaus

Rio Negro

23

Tabela 1: Informações sobre o ciclo hidrométrico para o período entre dezembro/2013 e novembro/2014.

Meses Cota (m) Período hidrométrico

Dezembro 21 Enchente

Janeiro 22 Enchente

Fevereiro 23 Enchente

Março 24 Enchente

Abril 25 Enchente

Maio 28 Cheia

Junho 29 Cheia

Julho 29 Cheia

Agosto 29 Cheia

Setembro 28 Cheia

Outubro 21 Vazante

Novembro 21 Vazante

Coleta de dados

Amostras de peixes em bancos de herbáceas foram realizadas mensalmente entre

dezembro de 2013 e novembro de 2014, abrangendo um ciclo hidrométrico completo. As

coletas foram padronizadas em três locais do Catalão (“lago do Padre”, “Pirapora”, “paraná do

Xiborena”). Em cada local e mês de coleta, foram realizados três lances com uma rede de cerco

(redinha) com 11 metros de comprimento, 5 metros de altura e 5 mm entre nós opostos,

envolvendo porções de bancos de herbáceas aquáticas constituídos predominantemente por

capim-membeca Paspalum repens.

Após circundar um banco de herbáceas, a rede de cerco foi retirada da água e os peixes

coletados foram transferidos para sacos plásticos contendo informações sobre o local e data da

coleta. Imediatamente após, os peixes foram sacrificados com uma dose letal do anestésico

Eugenol (óleo de cravo sintético), depositados em recipientes com solução de formol a 10% e

transportados para o Laboratório de Dinâmica Populacional de Peixes no Instituto Nacional de

Pesquisa da Amazônia/INPA, Manaus, onde foram triados, identificados taxonomicamente e

contados. O presente estudo insere-se no âmbito do projeto “Ecologia e Conservação de Peixes

de Água Doce”, que conta com autorização do Comitê de Ética no uso de animais do INPA

(032/2013).

Para o mesmo período do estudo foram obtidos dados mensais de precipitação

pluviométrica (mm3) referente ao rio Negro (base 360001), e de vazão (m3/s) dos rios Negro

(base 14911000) e Solimões (base 14100000), obtidos na página na internet da Agência

Nacional de Águas (www.hidroweb.ana.gov.br) e gerenciados pelo Serviço Geológico do

24

Brasil (CPRM). Os dados sobre o nível da água do rio Negro são tomados diariamente no Porto

de Manaus.

Seleção de espécies para o estudo

Dentre os táxons de peixes que ocorrem nos bancos de herbáceas do Catalão, foram

selecionadas espécies da ordem Characiformes (por ser a mais abundante) e da família

Characidae, por apresentar muitas espécies de pequeno porte, ciclo de vida curto e estratégia

de história de vida descrita principalmente como do tipo oportunista (sensu Winemiller, 1989).

Dentre essas, foram selecionadas as nove espécies mais abundantes e frequentes nas amostras

obtidas nos bancos de herbáceas: Aphyocharax avary Fowler, 1913, Ctenobrycon spilurus

(Valenciennes, 1850), Hemigrammus diagonicus (Mendonça & Wosiacki, 2011),

Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882), Moenkhausia dichroura Kner, 1858,

Moenkhausia gracilima Eigenmann, 1908 e Serrapinnus micropterus (Eigenmann, 1907).

Obtenção dos dados biológicos

Em laboratório, os peixes foram triados, sendo cada espécie separada em sacos com

identificação dos locais de coletas e, acondicionados em potes com álcool 70%. As amostras

de cada local de coleta foram analisadas separadamente, e de cada exemplar foram registrados:

1) Comprimentos padrão (Cp) e total (Ct) em milímetros; 2) peso total (Pt) em gramas; 3) peso

das gônadas (femininas e masculinas) (Pg) em gramas; 4) estádio de maturação das gônadas e

5) quantidade de gordura cavitária.

Para as medidas de comprimento, utilizou-se paquímetro digital (Mitutoyo 200mm). O

peso total do exemplar e das gônadas foi mensurado com uso de balança de precisão, com cinco

casas decimais (Shimadzu AW220). Posteriormente, com uso de um microscópio

estereoscópico (Zeiss, modelo Stemi DV4), foram registrados os estádios de maturação das

gônadas, verificado macroscopicamente segundo os critérios propostos por Vazzoler (1996) e

Brown-Peterson (2011), descritos abaixo:

Estádio 1(Imaturo): Os ovários são muito pequenos, filamentosos, translúcidos, sem sinais de

vascularização. O diâmetro do oviduto é reduzido e os ovócitos não são perceptíveis a olho nu.

Os testículos são pequenos, sempre claros e filiformes.

Estádio 2 (Maturação): Os ovários são mais vascularizados, sendo que o oviduto apresenta-se

como uma lâmina delgada em forma de tubo, transparente e vazia. Pequenos ovócitos opacos

25

são perceptíveis a olho nu. Os testículos são pequenos, mas fáceis de identificar, principalmente

pela coloração esbranquiçada.

Estádio 3 (Maduro): Os ovários apresentam-se túrgidos, vascularização intensa, com um grande

número de ovócitos grandes, visíveis a olho nu, opacos ou translúcidos. Ao final desta fase, os

ovócitos atingem seu desenvolvimento pleno e já começam a ser liberados, sob leve pressão

abdominal. Os testículos são largos e firmes, têm coloração branco-leitosa e o sêmen pode ser

liberado com leve pressão no abdômen.

Estádio 4 (Esvaziado): Os ovários apresentam-se flácidos, de tamanho relativamente grande,

mas não volumosos, com membranas distendidas. Apresentam zonas hemorrágicas e poucos

ovócitos em processo de absorção. Os testículos apresentam-se flácidos e pequenos, sem

secreção quando pressionado o abdômen.

Estádio 5 (Regeneração): Fase muito similar à primeira; os ovários apresentam tamanho

reduzido, porém são maiores que os imaturos. São translúcidos, com fraca vascularização, não

sendo observados ovócitos a olho nu. Os testículos são pequenos e geralmente filiformes

A quantidade de gordura cavitária foi avaliada macroscopicamente e enquadrada em

uma escala que variou de 0 a 3 (0= 0%; 1= preenchendo aprox. 25% do espaço entre os órgãos

internos; 2= aprox. 50%; 3= 100%) (cf. Rocha, et.al.; 2010).

Análise de dados

Estrutura populacional em tamanho

Informações sobre a estrutura da população em tamanho, para cada espécie, são

apresentadas de forma descritiva por meio da distribuição da frequência de ocorrência de

exemplares por classe de comprimento padrão, sendo que o número de classes de comprimento

foi definido de acordo com o método de Sturges (1926). As premissas de normalidade e

homogeneidade dos dados foram testadas por meio de comparações das médias e medianas dos

comprimentos padrão para cada espécie, análise de resíduo e, associado a estas, cada curva foi

contrastada com uma curva padrão normal. Para as análises sobre reprodução, foram utilizados

somente os dados obtidos das fêmeas por apresentarem-se mais homogêneos e frequentes.

26

Período de maior atividade reprodutiva das espécies

O período reprodutivo das sete espécies estudadas foi determinado pela distribuição

temporal da relação gonadossomática (RGS= Wo/Wt x 100 onde Wo = peso dos ovários; Wt =

peso total) e da frequência relativa de fêmeas maduras (estádio 3) (Vazzoler, 1996).

Considerou-se como a época de desova o período imediatamente posterior àquele que

contemplou os maiores valores do RGS e a maior frequência de fêmeas maduras. Além disso,

foi analisada a variação temporal do RGS considerando cada período hidrométrico (enchente,

cheia e vazante) por meio de estatística não paramétrica de Kruskal-Wallis.

A gordura cavitária também foi utilizada para auxiliar na identificação do padrão de

formação das gônadas e indiretamente, o tipo de desova da espécie. Para tanto foi considerado

valores médios mensais da quantidade de gordura cavitária em associação à variação mensal

do RGS, assim como sua variação em exemplares nos vários estádios de desenvolvimento

gonadal.

Influência de fatores abióticos na reprodução da assembleia de caracídeos

A Intensidade Reprodutiva (IR) representa a proporção dos indivíduos e de espécies em

uma assembleia, espécies relacionadas filogenética e ecologicamente, que estão em atividade

reprodutiva em um determinado momento. Assumindo que os Characidae de pequeno porte,

em ambiente de várzea, têm área de uso restrita aos bancos de herbáceas, a IR foi estimada a

partir da frequência de exemplares com gônadas classificadas macroscopicamente como “em

reprodução” (fêmeas no estádio 3) segundo expressão proposta por Vazzoler et al. (1997).

Onde, N- número de espécies que ocorrem em cada nível; C1- frequência de indivíduos em

reprodução igual ou maior que 25% (peso 3); C2- frequência entre 10 e menor que 25% (peso

2); C3- frequência maior que zero e menor que 10% (peso 1); C4- frequência de indivíduos em

reprodução igual a 0% (peso 0).

O valor de IR pode variar entre zero (0) e três (3,0), correspondendo, respectivamente,

às situações extremas de nenhuma ou todas as espécies reproduzirem-se no nível C1. A

distribuição dos valores de IR foi utilizada para determinar as variações temporais (mensal e

por período hidrométrico) na intensidade reprodutiva da assembleia.

Após o cálculo do IR, foi elaborada uma matriz de correlações de Pearson considerando

27

a IR e as variáveis ambientais: vazão dos rios Negro e Solimões, precipitação pluviométrica e

cota do rio Negro. Após avaliação das correlações, realizou-se uma regressão linear simples

entre as variáveis ambientais e o IR. Para tal análise, assumiu-se que a atividade reprodutiva da

assembleia é independente entre os meses.

Resultados

Estrutura populacional em tamanho

No total, foram capturados 3.362 espécimes das sete espécies selecionadas, sendo 107

exemplares de A. avary, 456 de C. spilurus, 1292 de H. diagonicus, 483 de H. eques, 255 de

M. dichroura, 166 de M. gracilima e 603 exemplares de S. micropterus.

As amplitudes de variação com os respectivos valores médios e desvios-padrão de

comprimento e peso por espécie estão contidos na Tabela 2. Exemplares de M. dichroura e C.

spilurus apresentaram os maiores comprimentos médios (32,42±9,11 e 28,99±6,57mm

respectivamente) e pesos médios (1,1±0,99 e 0,8±0,53g respectivamente) ao contrário de

exemplares de H. eques e S.micropterus que foram os menores (20,04±2,65mm/0,2±0.09g e

19,01±2,77mm/0,2±0,09g respectivamente)

As distribuições de classe de tamanho foram consideradas normais para todas as

espécies. Das sete espécies consideradas, verificou-se duas tendências gerais de distribuição de

tamanho (Anexo 1): bimodal para M. dichroura e M. gracilima e unimodal para as demais

espécies. As duas espécies de Moenkhausia apresentaram a maior amplitude de variação em

tamanho, com maior representatividade de exemplares menores (entre 20 e 22mm), em

particular M. gracílima. Ao contrário, H.diagonicus teve amplitude mais restrita de tamanho e

maior quantidade de exemplares maiores (entre 22 e 26mm). As populações das demais

espécies apresentaram amplitudes de tamanho menores, exceto para C. spilurus, e foram

representadas por exemplares de tamanhos intermediários.

28

Tabela 2: Número de exemplares coletados por sexo com respectivos tamanho e peso, para sete espécies de

Characidae coletadas em bancos de herbáceas aquáticas no Catalão (Amazonas, Brasil), entre dezembro/2013 e

novembro/2014. Cp = Comprimento padrão; Pt = Peso total, DP = Desvio-padrão da média, Max-Min = valores

máximo e mínimo.

Espécie Sexo N de

exemplares

Cp (mm)

Max-Min Média ± DP

Pt (g)

Max-Min Média ± DP

Aphyocharax

avary

Indeterminado 15 25,2-14,39 22,6±4,3 0,80-0,07 0,2±0,16

Fêmea 59 31,02-18,11 25,3±2,8 0,67-0,13 0,4±0,12

Macho 33 30,46-16,83 24,2±2,8 0,59-0,10 0,3±0,12

Total 107 35,21-14,39 24,6±3,1 0,80-0,07 0,3±0,13

Ctenobrycon

spilurus

Indeterminado 79 40,49-21,48 22,39±5,71 1,56-0,03 0,3±0,30

Fêmea 194 43,89-14,10 29,96±6,89 2,90-0,09 0,9±0,62

Macho 183 42,59-17,26 30,81±4,54 2,22-0,14 0,8±0,38

Total 456 43,89-14,10 28,99±6,57 2,90-0,03 0,8±0,53

Hemigrammus

diagonicus

Indeterminado 164 27,58-8,93 20,08±4,74 0,56-0,01 0,2±0,13

Fêmea 646 27,91-10,10 21,87±3,64 0,57-0,02 0,2±0,12

Macho 482 27,74-8,93 21,50±3,11 0,57-0,01 0,2±0,10

Total 1292 27,91-8,93 21,51±3,66 0,57-0,01 0,2±0,12

Hyphessobrycon

eques

Indeterminado 62 20,35-10,41 17,07±2,32 0,24-0,02 0,1±0,04

Fêmea 246 26,13-12,53 20,00±2,39 0,51-0,04 0,2±0,09

Macho 175 28,80-15,53 21,15±2,27 0,51-0,09 0,2±0,09

Total 483 28,80-10,41 20,04±2,65 0.51-0.02 0,2±0.09

Moenkhausia

dichroura

Indeterminado 55 31,45-12,56 21,61±2,65 0,76-0,03 0,2±0,11

Fêmea 90 53,62-19,34 34,84±10,33 4,59-0,12 1,5±1,29

Macho 110 47,57-22,72 35,85±5,22 2,81-0,26 1,3±0,60

Total 255 53,62-12,56 32,42±9,11 4,59-0,03 1,1±0,99

Moenkhausia

gracilima

Indeterminado 85 30,59-14,75 21,56±2,95 0,57-0,07 0,2±0,09

Fêmea 48 53,94-19,25 33,57±9,67 4,53-0,14 1,2±1,10

Macho 33 54,19-14,24 33,96±9,89 4,50-0,06 1,2±0,90

Total 166 54,19-14,24 27,50±9,34 4,53-0,06 0,7±0,86

Serrapinnus

micropterus

Indeterminado 115 23,69-11,74 18,13±2,55 0,35-0,03 0,1±0,05

Fêmea 292 32,16-12,07 19,09±2,71 1,02-0,04 0,2±0,10

Macho 196 30,77-12,07 19,37±2,89 0,65-0,03 0,2±0,09

Total 603 32,16-11,74 19,01±2,77 1,02-0,03 0,2±0,09

29

Período de maior atividade reprodutiva das espécies

A distribuição mensal dos valores de RGS para fêmeas evidencia, para a maioria das

espécies, um aumento gradativo dos valores de RGS que inicia em dezembro (início da

enchente) e vai até fevereiro (C. spilurus), março (H. eques), abril (A. avary e H. diagonicus)

ou maio (S. micropterus), correspondendo à enchente e início da cheia. Quanto a M. dichroura

e M. gracilima, os maiores valores de RGS estão em dezembro, com queda nos meses

subsequentes (Figura 2). Ainda, é possível observar três grupos de espécies com distribuições

distintas de RGS: o primeiro é composto por H. diagonicus, H. eques e S. micropterus, que

apresentam dois picos de queda nos valores de RGS, sendo o primeiro, para as respectivas

espécies, entre abril e maio (início da cheia), março e abril (final da enchente) e entre maio e

junho/julho (cheia). O segundo pico corresponde a uma queda mais pronunciada nos valores de

RGS, ocorrendo entre setembro e outubro (início da vazante) para a primeira espécie e entre

agosto e setembro (final da cheia) para as outras duas (Figura 2). Portanto, os períodos de

desova dessas espécies ocorrem ao final da enchente/cheia e final da cheia/vazante.

O segundo grupo, composto por M dichroura e M.gracilima, mostra valores máximos

de RGS em dezembro (enchente) com quedas bruscas em janeiro/fevereiro (enchente),

aumentando novamente em março e nova queda, possivelmente em abril (final da enchente).

Vale ressaltar que, apesar do baixo número ou ausência de exemplares dessas espécies em

vários meses de coleta, ambas espécies parecem ter dois picos de desova dentro do mesmo

período hidrométrico (enchente), o primeiro entre dezembro e janeiro e o segundo entre março

e abril (Figura 2).

O terceiro grupo inclui A. avary e C. spilurus, sendo que não foi possível determinar o

período de desova para A. avary pela ausência de exemplares nas capturas a partir de maio.

Para C. spilurus, os resultados indicam que a espécie pode ter um período mais longo de desova

(enchente/cheia) devido aos valores gonadossomáticos baixos encontrados nos meses finais,

outubro e novembro, mesmo com ocorrência relativa de fêmeas (41 fêmeas e 14 fêmeas,

respectivamente) (Figura 2).

Optou-se pela apresentação da distribuição temporal do RGS por período hidrométrico

também, para evidenciar o padrão observado anteriormente para algumas espécies (Figura 3).

Os testes indicaram não haver diferença significativa para nenhuma espécie considerada,

entretanto as tendências das variações temporais podem auxiliar na confirmação desses

padrões. Como visto para o primeiro grupo de espécies, H.diagonicus, H. eques e S.

30

micropterus, que é possível observar um padrão de queda dos valores de RGS na vazante,

corroborando a indicação do período de desova acontecer entre final da cheia e vazante. Para

os outros dois grupos de espécies, a tendência é de queda entre a enchente e a cheia, indicando

que o período de desova ocorre nesse período. Essa análise, entretanto, mascara o observado

acima, de possível desova em dois picos para as espécies M. dichroura e M.gracilima. Ainda,

a associação dos dois resultados auxilia na indicação de que A. avary desova entre a enchente

e cheia e que C. spilurus pode ter um período de desova mais longo, tendo em vista que o valor

de RGS durante a cheia é intermediário do correspondente à enchente e vazante (Figura 3).

31

Figura 2: Distribuição mensal dos valores de RGS das fêmeas (círculos pretos) e da cota do rio Negro (quadrados

brancos) para o período de dezembro/2013 a novembro/2014, paras as sete espécies coletadas na área do Catalão.

Os números correspondem à quantidade de fêmeas capturadas; pontos sem número de indicam ausência de captura.

C. spilurus

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

18

20

22

24

26

28

30

A. avary

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

-1

0

1

2

3

4

5

6

18

20

22

24

26

28

30

H. diagonicus

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

-1

0

1

2

3

4

5

6

18

20

22

24

26

28

30

H. eques

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

18

20

22

24

26

28

30

M. dichroura

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

-2

0

2

4

6

8

10

12

18

20

22

24

26

28

30

S. micropterus

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

18

20

22

24

26

28

30

M. gracilima

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

18

20

22

24

26

28

30

Figura 3: Relação entre Relação Gonadossomática (RGS) e a cota mensal do Rio Negro em Manaus (em metros)

no período de dezembro de 2013 a novembro de 2014, com os respectivos valores de fêmeas mensais, para as sete espécies; valores de RGS mensais estão representados pelos círculos pretos e a cota do rio pelos quadrados cinzas.

Pontos sem número de fêmeas correspondem a meses sem representantes da espécie no mês.

1

18 21

13

6

1 90

28

1

7 8

3 41

14

98

95

76

46 21

34

9

46

36 52

100 33

2

81

63

46

22

3 6

5

11 7

41

21

17

6

1 1 2

1

16

11

2

3 16

36 48

36

15 41 10

8

4

23

68 3

Cota rio

Neg

ro (m

)

RG

S

32

Figura 3: Distribuição de valores médios de RGS das fêmeas (quadrados brancos), com desvios (linhas pretas) por

período hidrométrico para as sete espécies de Characidae de pequeno porte, coletadas na área do Catalão entre

dezembro/2013 e novembro/2014.

S. micropterus

enchente cheia vazante-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

M. gracilima

enchente cheia vazante-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

M. dichroura

enchente cheia vazante-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

H. eques

enchente cheia vazante-4

-2

0

2

4

6

8

10

12H. diagonicus

enchente cheia vazante-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

C. spilurus

enchente cheia vazante-4

-2

0

2

4

6

8

10

12A. avary

enchente cheia vazante-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

33

A distribuição mensal de fêmeas maduras também auxiliou na confirmação dos

períodos de desova, para os três tipos descritos acima. A ocorrência de fêmeas maduras para as

espécies que compõem o primeiro grupo, H. diagonicus, H. eques e S. micropterus, foi alta ao

longo do ano, exceto para os meses de outubro e novembro, indicando que a vazante

corresponde ao período de maior atividade reprodutiva para essas espécies (Figura 4). O

segundo grupo de espécies, M dichroura e M.gracilima, apresenta uma distribuição mensal de

fêmeas maduras que evidencia, apesar do número baixo de exemplares, os dois picos de desova

dentro do mesmo período hidrométrico (início da enchente) (Figura 4). Quanto ao terceiro

grupo de espécies, a baixa ocorrência de exemplares de A. avary ao longo do ano dificulta a

determinação do período de desova para esta espécie, mas a maior quantidade de fêmeas

maduras em abril nos indica que a desova ocorra ao final da enchente. Quanto a C. spilurus, os

resultados estão de acordo com o que foi anteriormente observado, indicando um período mais

longo de desova, com o período de maior atividade em final da cheia (Figura 4).

34

Figura 4: Distribuição mensal de frequências relativas de fêmeas maduras para as sete espécies de Characidae de

pequeno porte, coletadas na área do Catalão entre dezembro/2013 e novembro/2014. Os números acima das

colunas correspondem ao número absoluto de fêmeas maduras.

Fre

qu

êcia

rel

ativ

a(%

)

35

A distribuição temporal da gordura cavitária, para a maioria das espécies, apresenta um

padrão de valores altos em dezembro, queda nos meses subsequentes, aumentando novamente

nos últimos meses, setembro/outubro ou novembro, dependendo da espécie considerada (Figura

5). A associação desta distribuição com a da RGS permite observar uma tendência geral inversa

da quantidade de gordura cavitária e de valores de RGS. Entretanto vale ressaltar que esse

padrão modifica, como no caso de H. eques e S. micropterus em julho e agosto e M. dichroura

e M. gracilima em dezembro, quando a quantidade de gordura cavitária aumenta com o

aumento do RGS (Figura 5).

A análise da quantidade de gordura cavitária por estádio de desenvolvimento gonadal

mostrou um padrão de diminuição da gordura em fêmeas maduras em quatro das sete espécies

consideradas (H. diagonicus, H. eques, S. micropterus e A.avary) (Figura 6). Ao contrário, para

M dichroura e M. gracílima, o padrão foi de aumento da gordura em fêmeas maduras em

relação a imaturas e não houve variação entre os exemplares em maturação e maduros, pelo

menos para M. Dichroura. Não foram coletadas fêmeas no estádio em maturação de M.

gracílima. A quantidade de gordura cavitária em fêmeas de C. spilurus em todos os estádios de

desenvolvimento gonadal não variou (Figura 6).

36

Figura 5: Distribuição mensal dos valores de RGS (círculos pretos) e valores médios de gordura cavitária

(quadrados brancos) para as sete espécies de Characidae de pequeno porte, coletadas na área do Catalão entre

dezembro/2013 e novembro/2014. Meses sem pontos correspondem a ausência de captura.

Valo

res méd

ios d

e go

rdu

ra

RG

S

S. micropterus

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

M. gracilima

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0,81,01,21,41,61,82,02,22,42,62,83,03,2

M. dichroura

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

-2

0

2

4

6

8

10

12

-0,20,00,20,40,60,81,01,21,41,61,82,02,2

H. eques

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

-0,20,00,20,40,60,81,01,21,41,61,82,02,22,4

H. diagonicus

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

-1

0

1

2

3

4

5

6

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

C. spilurus

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0A. avary

Dez

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

-1

0

1

2

3

4

5

6

0,00,20,40,6

0,81,01,21,41,61,82,02,22,4

37

A. avary

2 3

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Go

rdu

ra (

%)

C spilurus

1 2 30.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Gord

ura

(%

)

H. eques

1 2 30.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Gord

ura

(%

)

S. micropterus

1 2 30.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

Gord

ura

(%

)

H. diagonicus

1 2 30,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Go

rdu

ra (

%)

M. dichroura

1 2 30,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Gord

ura

(%

)

M. gracilima

1 30,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Gord

ura

(%

)

Figura 6: Distribuição de valores médios de gordura cavitária por estádio de maturação gonadal (1=imaturo; 2= em

maturação; 3= maduro) para as sete espécies de Characidae de pequeno porte, coletadas na área do Catalão

(Amazônia Central) entre dezembro/2013 e novembro/2014.

38

Influência de fatores abióticos na reprodução da assembleia de caracídeos

Os maiores valores de índice reprodutivo (IR) foram registrados em dezembro e janeiro

(2,21 e 2,11, respectivamente) compreendendo a enchente, e o menor em novembro (0,05), na

vazante. Os valores da matriz de correlação de Pearson considerando o IR e as variáveis

ambientais: vazão dos rios Negro e Solimões, cota média do rio Negro e precipitação estão

apresentados na Tabela 3.

Tabela 3: Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis ambientais e a Intensidade Reprodutiva (IR) da

assembleia. As correlações significativas estão destacadas em negrito.

A vazão do rio Solimões apresenta correlação significativa positiva com a vazão e cota

do rio Negro e negativa com a IR, e a cota do rio Negro apresenta correlação negativa com a

IR. Apesar de somente a cota do rio Negro (71%) e a vazão do rio Solimões (82%) apresentarem

relações significativas, ambas negativas com os valores do IR, existe um padrão geral de relação

inversa do IR com as outras duas variáveis ambientais: precipitação e vazão do rio Negro (Fig.

7). As regressões entre o IR e a vazão do rio Solimões (p = 0,002; r2 = 0,67) e a cota do rio

Negro (p = 0,0009; r2 = 0,77) mostram alta correlação entre as variáveis (Figura 8)

Variáveis

Vazão R.

Solimões

(m3/s)

Vazão R.

Negro (m3/s)

Precipitação

média (mm)

Intensidade

Reprodutiva

(IR)

Cota R.

Negro (m)

Vazão R.

Solimões

(m3/s)

1 0,7004 -0,1586 -0,8196 0,9472

Vazão R.

Negro (m3/s)

0,7004 1 -0,5914 -0,4549 0,5938

Precipitação

média (mm) -0,1586 -0,5914 1 0,1213 -0,0048

Intensidade

Reprodutiva

(IR)

-0,8196 -0,4549 0,1213 1 -0,7089

Cota R. Negro

(m) 0,9472 0,5938 -0,0048 -0,7089 1

39

Figura 7: Distribuição dos valores mensais do IR da assembleia e das variáveis ambientais vazão dos rios Negro e

Solimões, precipitação e cota do rio Negro.

Figura 8: Relação entre o índice de Intensidade Reprodutiva (IR), a cota média do rio Negro em Manaus em

metros, e a vazão do rio Solimões, próximo à Manaus, no período de dezembro de 2013 e novembro de 2014.

Dez

emb

ro

Jan

eiro

Fev

erei

ro

Mar

co

Ab

ril

Mai

o

Jun

ho

Julh

o

Ag

ost

o

Set

emb

ro

Ou

tub

ro

No

vem

bro

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4IR

18

20

22

24

26

28

30

Co

ta R

io N

egro

(m

)

IR

Cota (m)

Dez

emb

ro

Jan

eiro

Fev

erei

ro

Mar

co

Ab

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Mai

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Jun

ho

Julh

o

Ag

ost

o

Set

emb

ro

Ou

tub

ro

No

vem

bro

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

IR

-2

0

2

4

6

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12

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16

18

Pre

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(m

m)

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Chuva média (mm)

Dez

emb

ro

Jan

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Fev

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Mar

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No

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bro

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0,4

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1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

IR

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

110.000

120.000

130.000

140.000

150.000

Vaz

ão R

io S

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m3/s

)

IR

Vazão (m3/s)

Dez

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Jan

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Mai

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Jun

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Set

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1,2

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1,6

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2,0

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2,4

IR

-10.000

0

10.000

20.000

30.000

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70.000

Vaz

ão R

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)

IR

Vazão (m3/s)

18 20 22 24 26 28 30

Cota (m)

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0,2

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2,0

2,2

2,4

IR

r = -0,8762; p = 0,0009; r2 = 0,7678

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

110.000

120.000

130.000

140.000

150.000

Vazão Rio Solimões (m3/s)

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

IR

r = -0,8196; p = 0,0020; r2 = 0,6718

40

Discussão

A maioria das espécies consideradas nesse estudo mostraram evidências, por meio dos

vários indicadores utilizados, que o período de maior atividade reprodutiva aconteceu durante

a enchente e entre o final da cheia e a vazante, corroborando a hipótese de que a variação sazonal

do rio (ciclo hidrométrico) é o principal fator seletivo que atua no desenvolvimento das táticas

reprodutivas dos peixes habitantes de grandes rios e suas planícies de inundação (Vazzoler &

Amadio, 1990; Jimenez-Segura et al., 2010; Neves dos Santos et al., 2010).

Os caracídeos de pequeno porte constituem uma grande porção da ictiofauna que habita

os bancos de herbáceas aquáticas dos grandes rios (Sanchez-Botero & Araujo Lima, 2001;

Casatii et al., 2003; Dibble & Pelicice, 2010; Prado et al., 2010; Suarez, 2013). De acordo com

Rezende et al. (2005), Costa et al. (2011) e Soares et al. (2014), dentre os caracídeos, espécies

dos gêneros Hemigrammus, Moenkhausia, Ctenobrycon e Hyphessobrycon são frequentes e

abundantes nesses ambientes, concordando com o que foi observado no presente trabalho, onde

H. diagonicus (34,4%), H. eques (12,9%), C. spilurus (12,1%) e S. micropterus (16,1%), juntos,

representaram 75,5% da captura total durante o período de coleta em herbáceas aquáticas na

área do Catalão.

A família Characidae inclui muitas espécies de pequeno porte, dessa forma, o processo

de miniaturização pode ter tido um papel importante na determinação das suas características

biológicas e ecológicas, resultante da combinação da seleção do ambiente onde vivem e

aspectos da história natural dessas espécies (Weitzman & Vari, 1988; Hanken & Wake, 1993;

Azevedo, 2010; Oliveira et al., 2011). Muitas espécies de Characidae habitam riachos (p.ex.

igarapés de terra firme amazônicos) e apresentam características de história de vida fortemente

associadas a condições ambientais variáveis e pouco previsíveis, sendo afetados diretamente

pelas chuvas locais e sincronizando os eventos reprodutivos com os períodos de maior

pluviosidade (Carvalho et al., 2007; De Fex-Wolf, 2014).

Deste modo, diversos trabalhos descrevem a história de vida de caracídeos de pequeno

porte como sendo tipicamente oportunistas, por apresentarem alta capacidade de adaptação e

sobrevivência em ambientes com mudanças pronunciadas, e exibindo geralmente períodos

longos de reprodução (Winemiller & Rose, 1992; Mirande, 2009; Vogel, 2012). Mas, como

constatado por Winemiller (1989) e Azevedo (2010), alguns representantes dessa família não

obedecem a esse suposto padrão, apresentando algumas características similares às de espécies

com estratégia de reprodução periódica, com um período de reprodução mais curto e fortemente

41

influenciado pela sazonalidade regional.

Essa variação do suposto padrão pode ser observado para as sete espécies de Characidae

de pequeno porte observadas neste estudo, habitantes da planície de inundação. As sete espécies

apresentaram períodos reprodutivos associados à variação hidrométrica do rio e de sua planície

de inundação. Dentre elas, três apresentaram maiores valores gonadossomáticos no período de

cheia com queda abrupta no início da vazante (H. diagonicus, H. eques e S. micropterus), mas

com presença de fêmeas maduras ao longo de todo o ano, sendo proporcionalmente as mais

abundantes nos bancos de herbáceas. Pelicice et al. (2005) encontraram igual proporção de

predominância desses gêneros para o reservatório de Rosana no rio Paranapanema.

Para três das espécies estudadas (A. avary, M. dichroura e M. gracilima), a enchente foi

a principal época de reprodução, assim como período com a maior distribuição de fêmeas

maduras. Moenkhausia dichroura e M.gracilima apresentaram aparentemente dois picos de

desova dentro do período de enchente, assim como visto por Lourenço et al. (2007) para o

mesmo gênero na região do Pantanal. E, C. spilurus apresentou uma época reprodutiva mais

longa com queda de valores gonadossomáticos na vazante.

Os valores de gordura corpórea apresentado por cinco das sete espécies, a qual

provavelmente é utilizada no processo de maturação gonadal, apresentou-se alto, na maioria

dos casos, antes dos picos reprodutivos. Esse fator pode ser evidenciado pela concentração de

gordura da maioria das espécies associada aos estádios anteriores à reprodução, sendo esta

possivelmente utilizada para a formação das gônadas (Chellappa et al., 1995; Arrington et al.,

2006; Neves dos Santos et al., 2010). Apesar da concentração de gordura para as duas espécies

de Moenkhausia acompanharem os valores gonadossomáticos no primeiro pico de reprodução,

observou-se uma tendência das mesmas utilizarem a gordura no segundo pico de reprodução,

assim como para S. micropterus, cujo incremento de gordura no final da cheia, destinou-se à

reprodução no início da vazante, sendo, portanto, possível que a gordura seja utilizada para a

formação das gônadas de ambas as espécies (Chellappa et al., 1995).

Gonçalves et al. (2013), estudando espécies do gênero Hyphessobrycon em ambientes

com e sem sazonalidade marcada (lagos marginais e reservatório no rio Paraná), perceberam

que as espécies que habitam ambientes sazonais apresentaram estratégia de reprodução

periódica, apresentando desovas únicas, enquanto aquelas presentes em ambientes lênticos

apresentaram período reprodutivo longo e desovas múltiplas aproximando-se de uma estratégia

do tipo oportunista. Esse tipo de resposta adaptativa pode ser observado para espécies do gênero

Hyphessobrycon que habitam igarapés amazônicos, onde apresentam período reprodutivo

42

longo e táticas reprodutivas do tipo oportunista (Espírito-Santo et al., 2013; De Fex-Wolf,

2014); entretanto, como visto no presente trabalho, quando em ambiente sazonal, espécies de

Hyphessobrycon podem apresentar uma estratégia reprodutiva regida pela sazonalidade. Essas

respostas à condição ambiental local foram detectadas também para espécies de outros gêneros

incluídas neste estudo, como Hemigrammus e Moenkhausia, que apresentaram longos período

de reprodução em ambientes de igarapés (Cardoso, 2012) e reservatórios (Rodrigues et al.,

1991; Casimiro et al., 2011), e períodos curtos de reprodução, associados à sazonalidade de

grandes rios, como visto neste trabalho.

Diferenças no comportamento reprodutivo de espécies de Characidae de pequeno porte

foram estudadas por Kramer (1978) e Oliveira et al. (2011), que propõem que essas espécies

dependeriam do aumento da temperatura e da mudança no fotoperíodo para a reprodução. Para

esses autores, isso representaria padrões comportamentais e reprodutivos vinculados à

características basais do clado, derivadas de um ancestral comum a todos os Characidae, e que

apresentaria reprodução sazonal. Entretanto, as características apresentadas pelas sete espécies

estudadas podem estar relacionadas diretamente às pressões ambientais locais e/ou regionais,

como relatado por Agostinho & Júlio Júnior (1999) e Godinho (2010).

O ambiente de planície de inundação (várzea), no qual as espécies de peixes estudadas

estão inseridas, tem características muito marcantes, decorrentes do pulso anual de inundação,

o que pode ter moldado as estratégias de vida das espécies ao longo do tempo (Southwood,

1977). Assim, mesmo na existência de uma tendência filogenética forte em direção de uma

estratégia reprodutiva do tipo oportunista, os pequenos caracídeos estudados apresentaram

características biológicas de espécies sazonais, sincronizando a desova com as épocas de

enchente-cheia de grandes rios. Assim, pode-se inferir que as mudanças macroregionais (no

caso, o pulso de inundação) influenciam mais que aquelas atuando em pequena escala espacial

(chuva local, por exemplo). Neste caso, a elevação gradual do nível de água do rio, associada

com as mudanças físico-químicas do ambiente aquático decorrentes desse processo, podem

exercer maior influência do que a chuva em ambientes sazonais (Southwood, 1988).

As estratégias exibidas pelas espécies estudadas podem ser resultado de adaptações que

proporcionam uma redução nos custos energéticos com a sua manutenção e o aumento do

investimento energético na reprodução, maximizando o fitness individual na forma de um maior

número de descendentes viáveis deixados no ambiente (Potts & Wootton, 1984; Stearns, 1989;

Jobling, 1995; Agostinho, 2007). Certos grupos de espécies são capazes de reproduzir com

sucesso em uma variedade de habitats e sob uma vasta gama de condições ambientais (Vogel,

43

2012). Assim, as espécies ajustam suas táticas às condições de pressões ambientais impostas,

buscando o equilíbrio entre o custo-benefício da atividade reprodutiva na época escolhida, ao

sincronizar o período reprodutivo com momentos de grande disponibilidade de abrigo e,

posteriormente, maior oferta de alimento para sua prole (Agostinho et al., 2004). No Lago

Catalão, as espécies sincronizaram seus períodos reprodutivos a momentos onde há grande

disponibilidade de bancos de herbáceas aquáticas (Junk & Piedade, 1997), que proporcionam

maior disponibilidade de abrigo e alimento para peixes de pequeno porte (Röpke et al., 2014).

A forte sazonalidade do período reprodutivo das espécies de pequenos caracídeos

também foi avaliada em conjunto, ao ser considerada como uma assembleia de espécies

relacionadas filogenética e ecologicamente. A concentração do esforço reprodutivo no período

onde a quantidade de água no sistema é menor (medida pela vazão do rio Solimões e cota do

rio Negro) e quando ocorre o início da estação chuvosa na região, demonstra que o início do

processo de subida das águas é de suma importância para a reprodução e recrutamento dessas

espécies. A oferta previsível e crescente de abrigo e alimento pode representar uma condição

mais propícia para a sobrevivência da prole (Pusey, 2001; Vogel, 2012).

Padrões observados nas táticas reprodutivas em peixes são provocadas por vários

fatores, tais como, as mudanças nas características abióticas locais, características físicas como

o pulso de inundação (Vazzoler, 1996), por efeitos de distúrbios antrópicos como a sobrepesca

(Lowe-McConnell, 1999), e a construção de barragens (Mims & Olden, 2013). Assim, as

divergências encontradas no período reprodutivo indicam que a assembleia de peixes estudada

responde às condições ambientais sazonais de forma diferente daqueles caracídeos de igarapés

e riachos (Rondineli & Braga, 2010; Espírito-Santo et al., 2013; Ortega et al., 2014),

apresentando características diferentes, visando menores custos para as condições vigentes.

O ambiente é o principal fator selecionando a adaptação das características de história

de vida das espécies (Olden & Kennard, 2010). Os resultados deste estudo corroboram a

hipótese de que a principal força seletiva que atua no desenvolvimento das táticas reprodutivas

de peixes amazônicos habitando os sistemas formados por grandes rios e suas planícies de

inundação é o ciclo hidrométrico. Em épocas de águas altas (final da enchente e cheia), há

grande concentração de bancos de herbáceas na área de várzea estudada, o que possivelmente

permite que os pequenos caracídeos invistam uma grande quantidade de energia em reprodução,

como já evidenciado para espécies de médio e grande porte em diferentes porções da bacia

Amazônica (Vazzoler & Amadio, 1990; Ruffino & Isaac, 1995; Santos & Ferreira, 1999;

44

Torrente-Vilara et al., 2008; Jimenez-Segura et al., 2010; Neves dos Santos et al., 2010).

Apesar da existência de alguns estudos enfocando espécies de peixes de pequeno porte,

incluindo representantes de Characidae (e.g., Barbieri et al., 1982; Silvano et al., 2003; Cunha

et al., 2005; Carvalho et al., 2007; Rondineli & Braga, 2010; Espírito-Santo et al., 2013), ainda

há uma enorme lacuna no conhecimento sobre a biologia reprodutiva e história de vida dessas

espécies. Neste sentido, estudos sobre a diversidade de táticas reprodutivas de pequenos

caracídeos e suas relações com as características dos diversos ambientes que essas espécies

ocupam são de suma importância para a compreensão da evolução da história de vida e sua

plasticidade fenotípica dentro da família.

Agradecimentos

Agradecemos ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) pela infra-estrutura, ao

Dr. Bruce Rider Forsberg por ceder o Laboratório de Ecossistemas Aquáticos (LEA) para

algumas análises, à FAPEAM pelo financiamento do projeto e ao CNPq pela concessão da

bolsa.

Referência

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Rhinelepis aspera (Agassiz, 1829) (Osteichthyes, Loricariidae) do rio Paranapanema, PR.

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54

Anexo 1

0

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M. gracilima

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H. eques

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H. diagonicus

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C. spilurus

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A. avary

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M. dichroura

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S. micropterus

Fre

qu

ênci

a d

e oco

rrên

cia

(%)

Classes de tamanhos (mm)

Distribuição de frequência de ocorrência de exemplares por classe de comprimento padrão (mm) para sete espécies

de Characidae de pequeno porte na área do Catalão, entre dezembro/2013 e novembro/2014.

55

Prancha 1: Fotos representativas das sete espécies de Characidade de pequeno porte estudadas, coletadas em

bancos de herbáceas do Catalão, entre dezembro/2013 e novembro/2014.

Ctenobrycon spilurus Cp máx: 63 mm

Hemigrmmus diagonicus Cp máx: 43 mm

Hyphessobrycon eques Cp máx: 32 mm

Moenkhausia dichroura Cp máx: 80 mm

Moenkhausia gracilima Cp máx: 80 mm

Serrapinnus micropterus Cp máx: 37 mm

Aphyocharax avary Cp máx: 59 mm

56

Anexo 2

Tabela 4: Lista das espécies de Characidae de pequeno porte utilizadas para o cálculo da Intensidade Reprodutiva

(IR) da assembleia de peixes em bancos de herbáceas do Catalão, coletadas entre dezembro/2013 e

novembro/2014.

Espécies

Aphyocharax avary Fowler, 1913

Aphyocharax sp2

Ctenobrycon spilurus (Valenciennes, 1850)

Hemigrammus diagonicus (Mendonça & Wosiacki, 2011)

Hemigrammus haraldi Géry, 1961

Hemigrammus lunatus Durbin, 1918

Hemigrammus sp.falso marginatus (Ota, 2010)

Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882)

Hyphessobrycon troemneri

Iguanodects spilurus (Günther, 1864)

Moenkhausia collettii (Steindachner, 1882)

Moenkhausia dichroura Kner, 1858

Moenkhausia gracilima Eigenmann, 1908

Moenkhausia lepidura (Kner, 1858)

Odontostilbe fugitiva Cope, 1870

Prionobrama filigera (Cope, 1869)

Roeboides bisserialis (Garman, 1890)

Roeboides myersii Gill, 1870

Serrapinnus micropterus (Eigenmann, 1907)