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iiíi ij.iii UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA Assembléia ictica em ambientes lacustres Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piranha no município de Manacapuru, Amazonas, Brasil. LENIZI MARIA SILVA ARAÚJO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais, convênio INPA / UFAM, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração em Biologia de Água Doce e Pesca Interior. U' r' r fjCll MANAUS - AMAZONAS 2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

Assembléia ictica em ambientes lacustres Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Piranha no município de

Manacapuru, Amazonas, Brasil.

LENIZI MARIA SILVA ARAÚJO

Dissertação apresentada aoPrograma de Pós-Graduação emBiologia Tropical e RecursosNaturais, convênio INPA / UFAM,como parte dos requisitos paraobtenção do título de Mestre emCiências Biológicas, área deconcentração em Biologia de ÁguaDoce e Pesca Interior.

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MANAUS - AMAZONAS

2004

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

Assembléia ictíca em ambientes lacustres Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Piranha no município de

Manacapuru, Amazonas, Brasil.

Lenizi Maria Silva Araújo

ORIENTADORA: Dra. Nidia Noemi Fabré.

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Dissertação apresentada aoPrograma de Pós-Gradnação emBiologia Tropical e RecursosNaturais, convênio INPA / UFAM,como parte dos requisitos paraobtenção do título de Mestre emCiências Biológicas, área deconcentração em Biologia de ÁguaDoce e Pesca Interior.

FONTE FINANCIADORA: Programa PYRÁ; CNPq e WWF.

MANAUS - AMAZONAS

2004

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ARAÚJO, L. M. S.

Assembléia íctica em ambientes lacustres dentro e fora da RDS

do Piranha no município de Manacapuru, Amazonas, Brasil.

Manaus: INPA, 2004.

Dissertação de Mestrado - INPA /UFAM.

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1.Diversidade 2.Comunidade S.Ictiofauna.

RESUMO

Na Amazônia as áreas de várzea possuem grande diversidade de sistemaslacustres, importantes tanto para a manutenção da diversidade íctica, comodas populações tradicionais que ocupam esses ambientes. Nosso objetivo foiverificar diferenças entre as assembléias ícticas de lagos presentes em áreasde transição entre ambientes de água preta e branca da RDS Piranha. Foramamostrados quatro lagos, dois com maior influência de água preta do rioManacapuru e dois de água branca do rio Solimões. Foram coletados peixescom esforço amostrai padronizado utilizando baterias de malhadeiras.Paralelamente foram medidos: pH, condutividade, transparência e oxigêniodissolvido. A diversidade foi avaliada por índices de riqueza e diversidadeespecífica. Análises de agrupamento hierárquico e de componentes principaisforam utilizadas para verificar a estrutura das assembléias e sua relação comas variáveis abióticas. Foram capturados 3296 indivíduos, distribuídos em 76espécies, 5 ordens e 19 famílias. A ordem mais representada foi Characiformescom 55% das espécies, destacando-se Pygocentnis nattereri, Serrasalmuselongatuse, S. Spilopleura, da família Serrasalmidae que representaram 46%das amostras. A biodiversidade, a uniformidade e a abundância relativa foramequivalentes e maiores nos lagos Boto e Piranha, próximos do rio Solimões, ouseja, com maior influência de água branca. As análises de agrupamentocomprovaram similaridade na composição das espécies entre esses lagos,enquanto que os lagos próximos ao rio Manacapuru de água preta (Compridoe Caverna) diferenciam-se pela menor abundância relativa, e estrutura ecomposição de suas assembléias. Essas características bióticas estãorelacionadas com o pH, condutividade e oxigênio dissolvido, evidenciando umatransição entre os lagos influenciados pelo rio Manacapuru e Solimões. Alémdisso, os lagos de maior abundância e riqueza especifica também estãorelacionados com praticas de uso sustentável pelas comunidades locais daÁrea de Proteção da RDS Piranha.

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Se desejarmos a paz com a natureza, procuremos agir com ela dentro doequilíbrio com que somos por ela beneficiados.

Emmanuel

IV

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Dedico:

A Lúcia e Zito, meus pais, que sempre me acompanharam com toda1

dedicação, paciência e amor, permanecendo ao meu lado nos momentos

^ mais difíceis e também nos mais felizes de minha vida.

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SUMARIO

1. INTRODUÇÃO

2. MATERIAL E MÉTODOS 7

2.1. ÁREA DE ESTUDO 7

2.2. DESCRIÇÃO DOS LAGOS 11

2.3. COLETA DE DADOS

2.4. ANÁLISE DOS DADOS 14

2.4.1. RIQUEZA ESPECÍFICA 15

2.4.2. ESPÉCIES ABUNDÂNCIA 17

2.4.3. HETEROGENEIDADE 17

2.4.4. ÍNDICE DE ABUNDÂNCIA RELATIVA (CPUE) 18

^ 2.4.5. ANÁLISES MULTIVARIADAS 19

3. RESULTADOS 21

3.1. ASSEMBLÉIAS DOS LAGOS DO BOTO, PIRANHA, COMPRIDO E

CAVERNA 21

3.1.1. COMPOSIÇÃO ESPECÍFICA DOS LAGOS DO BOTO, PIRANHA,

COMPRIDO E CAVERNA 28

3.1.2. RIQUEZA ESPECÍFICA - CURVA DE RAREFAÇÃO 39

3.1.3. ÍNDICES DE DIVERSIDADE, COMPONENTES RIQUEZA

ESPECÍFICA E EQUITABILIDADE 41

3.1.4. MODELO DE DISTRIBUIÇÃO 43

3.2. ABUNDÂNCIA RELATIVA 47

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3.3. PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS

3.4. ANÁLISES MULTIVARIADAS

3.4.1. ANÁLISES DE CLUSTER - TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO 50

3.4.2. ANÁLISES DE COMPONENTES PRINCIPAIS 55

4. DISCUSSÃO

^ S. CONCLUSÕES%<3^ 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Lista de espécies e número de peixes capturados no período de

INÍCIO DA ENCHENTE E VAZANTE 23

Tabela 2. Número de famílias e espécies distribuídas nas ordens dos peixes

CAPTURADOS 28

^ Tabela 3. Número de espécies e indivíduos capturados nos lagos Boto,

^ Piranha, Comprido e Caverna 29

Tabela 4. Lista das espécies raras 33

Tabela 5. Rarefaçâo, índices de diversidade, variãncia associada e média

ESTIMADA DA DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES (ST) PARA OS QUATRO LAGOS

^ ESTUDADOS 42

Tabela 6. Número de indivíduos e peso (g) e Captura por Unidade de

Esforço (CPUE) em número (n) e peso (g) por lago 47

Tabela 7. Medida dos parâmetros limnológicos dos lagos Boto, Piranha,

Comprido e Caverna 49

Tabela 8. Distribuição das espécies obtida na análise de agrupamentos para

os QUATRO LAGOS ESTUDADOS 53

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Imagem de satélite localizando a área de estudo. Fonte da

imagem: Imagem LANDSAT - Laboratório de Geo-processamento da

® UFAM (CHEIA 1999) 10

Figura 2. Relação do nOmero de espécies capturadas por lago 29

Figura 3. área de estudo com gráfico do número de espécies e índice de

DIVERSIDADE DE SHANNON-WIENER POR LAGO AMOSTRADO 30

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Figura 4. Freqüência total de ocorrência das espécies provenientes das

^ COLETAS EFETUADAS NOS LAGOS BOTO, PIRANHA, COMPRIDO E CAVERNA 31

Figura 5. Freqüência de ocorrência das espécies provenientes das coletas

^ EFETUADAS NOS LAGOS DO BOTO (a) E PIRANHA (b) 37

Figura 6. Freqüência de ocorrência das espécies provenientes das coletas

EFETUADAS NOS LAGOS COMPRIDO (a) E CAVERNA (B) 38

Figura 7. Curvas de rarefaçáo estimadas para o total dos quatro lagos

ESTUDADOS 40

Figura 8. Valores de variáncia relacionada ao número esperado de

ESPÉCIES, ESTIMADOS PELO MÉTODO DE RAREFAÇÁO, E O NÚMERO DE

INDIVÍDUOS NA AMOSTRA, PARA O TOTAL DOS LAGOS ESTUDADOS 40

Figura 9. Variaçáo da biodiversidade por lago (índice de Shannon-Wiener)

E SEUS COMPONENTES (RIQUEZA CALCULADA POR MaRGALEF E

equitabilidade) 43

Figura 10. Curva de abundância em número de indivíduos (representados

EM ESCALA LOGARÍTIMICA: WHITTAKER PLOTS) DA ASSEMBLÉIA ÍCTICA PARA O

TOTAL E POR LAGO 45

Figura 11. Abundância relativa de peixes coletados nos lagos do Boto,

Piranha, Comprido e Caverna, seguindo o modelo de distribuição

LOGNORMAL DE PRESTON 46

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Figura 12. Dendrograma resultante da análise de agrupamentos com

^ DADOS DE PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ESPÉCIES PARA OS QUATRO LAGOSESTUDADOS 51

Figura 13. Dendrograma resultante da análise de agrupamentos com

DADOS DE ABUNDÂNCIA TOTAL DAS ESPÉCIES PARA OS QUATRO LAGOS

ESTUDADOS 52

Figura 14. Projeções das coordenadas dos índices das assembléias

^ ASSOCIADOS AOS PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS PARA OS QUATRO LAGOS 56

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<9 1. INTRODUÇÃO

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9A região Amazônica abriga a maior bacia hidrográfica do mundo,

(§ com aproximadamente 07 milhões de km^, respondendo por cerca de 20%

da vazão de todos os rios do planeta. Esta bacia é delimitada ao norte pelo

«ICordilheira dos Andes (Sioli, 1991 e 1984; Salati, 1983; Irion et ai, 1997).

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maciço das Guianas, ao sul pelo maciço do Brasil Central e a oeste pela

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Toda esta área está submetida a uma distribuição irregular da

precipitação variando no espaço e no tempo, com distribuição anual entre

2000 mm/ ano para a região do médio e baixo Amazonas, 2600 mm/ ano

para a região do estuário no leste do Amazonas e com maiores valores para

^ região das Cordilheiras dos Andes no noroeste da Amazônia com

aproximadamente 3600 mm/ ano (Sioli, 1991; Salati, et al. 1984).

Neste bioma é encontrada uma grande diversidade de ambientes

terrestres, aquáticos e de transição como as áreas alagáveis onde as

condições ecológicas são altamente dinâmicas, pois os ambientes oscilam

entre condições essencialmente terrestre e essencialmente aquática (Junk,

1998).

As áreas alagáveis são planícies aluvionais com cerca de 20 a 100

km de largura onde corre o leito dos rios de água preta, clara e branca

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(Sioli, 1991). Segundo Junk et al. (1983), sào áreas periodicamente

inundadas pelo extravasamento lateral dos rios e lagos e/ ou pela

precipitação direta ou ainda pelo encharcamento do solo, promovendo

mudanças físico-químicas nos ambientes, resultando em uma série de

respostas diferenciadas da biota em relação a sua morfologia, anatomia,

fisiologia e outros processos. Neste sentido, o termo igapó são as áreas

^ influenciadas pelos rios de água preta e várzea são as áreas inundadas

pelos rios de água branca.

^ De acordo com Salati et al (1998), cerca de 100.000 km2 de várzea

^ são inundadas todos os anos formando uma grande área de forrageamentopara a maior parte dos peixes da região, que encontram nos frutos e

sementes sua principal fonte de alimento. A extensão dessas áreas

depende diretamente do pulso de inundação, que atua como uma variável

que conduz as oscilações entre a fase aquática e terrestre, denominada de

Zona de Transição Aquãtica/ Terrestre (ATTZ) (Junk et al, 1989; Barrella,

1997).

As planícies de inundações influenciadas pelos rios de água branca

que possuem forte processo de erosão e alta carga de sedimentos possuem

a maior proporção de ATTZ quando comparada ãs áreas influenciadas

pelos rios de água preta (Barrella, 1997; Junk et al, 1989; Salati et al,

1998; Irion et al 1997).

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Segundo Junk et al. (1989) o pulso de inundação funciona como um

importante fornecedor de alimento para a maioria dos recursos pesqueiros

da região, permitindo o acúmulo de grandes reservas de gordura pelos

peixes, provocando mudanças permanentes nas áreas inundáveis criando

uma grande heterogeneidade de habitats o que permite a co-ocorréncia de

muitas espécies com diferentes níveis e estratégias de adaptações, que

podemos entender como fator importante para explicar a alta diversidade

encontrada na bacia amazônica, principalmente quando analisamos a

ictiofauna com o número de espécies existentes variando entre 2000 e

^ 5000, o que é considerado por alguns pesquisadores como algo em torno

de 4000 espécies em toda a bacia, agrupadas em 54 famílias (Barrella et

al, 2000; Junk, 1998; Lowe-McConnell, 1999; Sioli, 1984; Salati et al,

1998).

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Dentre os ambientes encontrados nos ecossistemas de várzea e terra

firme, os lacustres sáo de grande importância para a região sendo

definidos como uma superfície de água em área aberta. Associados a estes

lagos se encontram, ambientes como as restingas que sáo constituídas por

extensas faixas contínuas de terraços mais altos, formadas pelas

partículas aluvionais de maior tamanho, que representam os materiais em

suspensão mais pesados, portanto, os primeiros a serem depositados

quando o nível das águas sobe e invade as áreas de terra em torno. As

restingas baixas sáo freqüentemente cobertas por densos capinzais.

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enquanto que as restingas altas são ocupadas pelas florestas de várzea e/

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9 ou terra firme (Fabré & Ribeiro, 2003).9

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^ pesca precisas são difíceis de serem avaliadas, principalmente quando sãoif

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Devido à alta diversidade de peixes em lagos, medidas de esforço de

utilizados diferentes tipos de aparelhos de captura; no entanto, quando

# utilizamos um único tipo de aparelho para capturar peixes em ambientes9 específicos dos lagos, algumas medidas podem ser obtidas (Welcomme,

1999).

Qualquer estratégia para conservar a diversidade biológica exige

uma quantificação das espécies existentes e como elas estão distribuídas.

Na água doce se encontra a maior densidade de espécies de peixes

(número de espécies por área), característica que pode estar relacionada

com a grande complexidade de habitats e também ao isolamento geográfico

ao qual as diferentes espécies de peixes estão expostas nestes sistemas

(Winemiller & Taphom, 1995).

Segundo Magurran (1988), o estudo da diversidade ecológica

continua sendo um tema central em ecologia e suas medidas

freqüentemente aparecem como indicadores do funcionamento dos

ecossistemas. De acordo com Soares-Gomes & Pires-Vanin (2003) o estudo

das assembléias envolve fatores ambientais e interações bióticas. A

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estrutura das assembléias pode ser analisada concentrando-se em

diferentes aspectos importantes da sua organização, utilizando parâmetros

como riqueza (número de espécies) e equitabilidade (abundância relativa

por espécie), na tentativa de resumir as informações e facilitar a

comparação entre ambientes, períodos hidrológicos entre outros.

Alem disso, Begon et al (1999) afirma que o estudo da composição

de uma assembléia não pode ser somente descrito pelo número de espécies

presentes, pois dessa forma corremos o risco de ignorar informações de

que algumas espécies são raras e outras mais comuns.

Dessa forma, as informações, como composição especifica,

diversidade e abundância, geradas sobre as assembléias ictiofaunistica

dos lagos Boto, Piranha, Comprido e Caverna, situados na Zona de

Transição entre os sistemas de água preta (rio Manacapuru) e de branca

(no Solimões), podem contribuir para uma utilização mais adequada dos

recursos destes sistemas pelas assembléias que residem na Reserva de

Desenvolvimento Sustentável Piranha (RDS Piranha).

As interações complexas envolvendo as características dos recursos,

os regimes de direitos de propriedade, arranjos institucionais e o ambiente

sócio-econõmico contribuem para o grau de sucesso do manejo. As

propriedades comunais, privadas e governamentais tém sido associadas

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tanto ao sucesso quanto ao fracasso de um plano de manejo (Diegues 85

Moreira, 2001).

Para tanto, as medidas de manejo devem atender a um conjunto de

normas e funções com o objetivo de organizar os fatores de produção,

controlando sua produtividade e eficiência como forma eficaz de obter

melhores resultados. O controle das interações existentes entre o homem,

os recursos naturais e os ambientes onde estes estão contidos, podem

possibilitar a exploração racional dos recursos de forma contínua e

duradoura.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. ÁREA DE ESTUDO

O Município de Manacapuru encontra-se localizado a 68 km de

Manaus, e abrange uma área total de 7.335 km^, dividido entre zonas

urbana e rural compreendendo um total de 73.695 habitantes (IBGE,

2000).

Este estudo foi realizado em uma Unidade de Conservação (UC)

localizada na zona rural do município de Manacapuru, distante 25 km da

zona urbana e 110 km da cidade de Manaus (Figura 1), com as seguintes

coordenadas geográficas, 03° 19' 9,7" S e 60° 50' 58,5"0. Esta U C é uma

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Municipal a RDS Piranha,

implementada pela Prefeitura de Manacapuru, pela Lei n° 009/97 de 04 de

julho de 1997, com o objetivo de gerar informações para subsidiar

programas de conservação e manejo para os ecossistemas de várzea

encontrados na região, promovendo ã preservação da natureza,

assegurando as condições e os meios necessários para a melhoria dos

modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das 59

famílias distribuídas ao longo do paraná denominado de Piranha.

Representa uma área prioritária para conservação dentro do marco do

Projeto Nacional de Corredores Ecológicos.

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_ A RDS Piranha possui aproximadamente 103.000 hectares de áreaW

^ limitada ao norte pelo Paraná do Amaná e sul pelo rio Solimões. Está

^ localizado em uma zona de transição, entre um sistema de água preta

# representado pelo rio Manacapuru e um de água branca o do rio Solimões(H

m

^ Como estratégia de para obtenção das amostras foi traçado umtransecto (Figura 1) entre os extremos de ambos os sistemas acima

m^ mencionados. No transecto foram selecionados quatro ambientes lacustres

^ seguindo critérios como acessibilidade, tipo de manejo e tipo de pesca^ praticada pelas comunidades, que são eles:

1. Lagos do Boto;

^ 2. Lago Piranha;

^ Conforme a classificação de lagos adaptada por Sousa em 2000 e

apresentada por Fabré & Ribeiro (2003), estes corpos de água podem ser

1^. classificados como lagos de várzea lateral, caracterizados por apresentar

conexões com o rio em algum período do ano e recebem água fluvial

durante a enchente escoando durante a vazante, soa de forma circular,

subcircular e elíptica.

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3. Lago Comprido; e

4. Lago Caverna.

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Os três lagos estão submetidos ao manejo comunitário com regras

de uso para os recursos pesqueiros. Estes lagos também se caracterizam

H por estarem mais próximos do sistema de água branca do rio Solimões. O

® quarto lago denominado de Caverna situa-se nas áreas de amortecimento#^ da RDS e não está submetido a manejo, e está localizado mais próximo do

^ sistema de água preta do rio Manacapuru. Todos estes lagos foram

mapeados, por meio do registro das coordenadas geográficas com auxílio

*̂ de um GPS (Sistema de Posicionamento Geográfico), em imagens deiH^ satélite LANDSAT fornecidas pelo Laboratório de Geo-processamento da® UFAM (cheia 1999).

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Figura 1. Imagem de satélite localizando a área de estudo. Fonte da

imagem: Imagem LANDSAT - Laboratório de Geo-processamento

da UFAM (cheia 1999).

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2.2. DESCRIÇÃO DOS LAGOS

Lago do Boto:

Este lago está localizado próximo ao lago do Piranha ao sul da

reserva (Figura 1), submetido sazonalmente a inundação das águas rio

^ Solimões. Constituído por ambientes de restinga baixa e alta, região que

compreende porções de terra que podem ser alagadas no período da

enchente dependendo da intensidade da subida das águas. Essas

diversas espécies de peixes. Podemos encontrar ao longo de toda sua

% restingas proporcionam ambientes de refúgio, alimentação e criação para

margem fragmentos de floresta de várzea. É um lago de forma subcircular

^ com vários canais de comunicação com outros ambientes aquáticos.

O tipo de manejo aplicado neste lago é de preservação, não sendo

permitida a exploração de qualquer recurso da área de entorno do lago,

sendo liberada apenas a pesca de subsistência para as comunidades que

vivem na RDS Piranha.

Lago do Piranha:

E o lago principal da RDS, apresenta características quanto sua

forma e padrões ambientais semelhantes ás encontradas no lago do Boto e

também sofre influência sazonal do rio Solimões. O componente principal

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que diferencia estes dois lagos é o tipo de manejo aplicado que classifica

este, como de conservação e permite atividades de pesca com fins

comerciais com sistema de quotas de pesca por pescador e pesca de

subsistência para as comunidades da reserva.

Lago Comprido:

Este lago está localizado ao norte da reserva conectado ao paraná do

^ Piranha por um canal com aproximadamente 1 km de extensão (Figura 1).

• A^ Apresenta restinga baixa em todo entorno com superficie líquida em forma

^ de um canal. A classificação para este lago é de preservação, criação e

refúgio, no entanto sua localização favorece o acesso por canais originados

do rio Manacapuru, dificultando a manutenção de seus recursos.

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m

® enquanto que o acesso pelo paraná do Piranha só é facilitado no período

de águas altas.

m^ Segundo o plano de manejo adotado pela RDS neste lago não é

'' permitido qualquer tipo de uso, no entanto como citado anteriormente o

acesso fica facilitado durante boa parte do ano pelo rio Manacapuru,

exploração

região esta que se encontra fora dos limites da RDS, favorecendo sua

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#

Lago Caverna:

Este lago pertence à área norte de amortecimento da RDS Piranha é

diretamente conectado ao paraná do Amaná, que representa o limite da

várzea. Também se conecta com o rio Manacapuru, afluente de água preta

da região (Figura 1). Constituído por ambientes de restinga alta e

apresenta fragmentos de floresta ao longo de sua margem, a forma deste

^ lago é de aspecto alongado. Classificado pelas comunidades locais comom

lago de preservação, com registro de ocorrência de mamíferos aquáticos

como o peixe-boi, no entanto é utilizado para pesca de subsistência e

comercial.

* 2.3. COLETA DE DADOS

As amostragens foram realizadas entre janeiro de 2003 e fevereiro de

2004, sendo efetuadas três pescarias neste período; duas durante a

% enchente (janeiro/ fevereiro) e uma durante a vazante (agosto).

As pescarias experimentais foram padronizadas quanto ao esforço de

pesca, utilizando uma bateria de malhadeiras com tamanhos de malha

variando entre 30 e 80 mm entre nós opostos, tendo cada rede o tamanho

^ de 25 m de comprimento por 3 m de altura. A bateria de malhadeiras foi

colocada no ambiente de floresta de várzea inundada durante 16 horas,

sendo efetuadas despescas a cada 4 horas.

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Os peixes captuirados em cada coleta foram colocados em sacos

plásticos identificando local, data, malha e horário de coleta e conservados

H em gelo. De cada exemplar coletado foram tomadas medidas de peso total

ÉÉ em (g). Foram fixados, em formol a 10%, dois indivíduos de cada espéciew

^ para posterior identificação em laboratório com o aijxílio de chaves de

identificação e auxilio de especialistas da área. Logo os exemplares foram

depositados na coleção de referencia do INPA.

Em cada lago de amostragem foram tomadas medidas das variáveis

físicas profundidade, temperatura e transparência (disco de Sechii); e dasA^ variáveis físico-químicas condutividade elétrica e pH. De cada lago foram

® obtidas amostras de água que foram submetidas a posterior análise emm

laboratório para verificação do oxigênio dissolvido e DBO.

2.4. ANÁLISE DOS DADOS

©Di

<ri.

versidade

Para analisar a diversidade das associações icticas amostradas nos

quatro lagos foram utilizados três tipos de métodos (Magurran, 1998):

índices de riqueza específica e curvas de rarefação; curvas espécies-

abundáncia (série lognormal); e índice de diversidade de Shannon-Weiner

baseado na abundância proporcional das espécies (Krebs, 1989;

Magurran, 1988).

14

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2.4.1. RIQUEZA ESPECÍFICA

«

m

«

m

m

%

m

m

<n,

ff^,

«o.

n

Para estimar a riqueza específica por lago foi utilizado o índice de

Margalef (Ludwig & Reynolds, 1988), que analisa a relação entre o número

total de espécies e o número total de indivíduos observados, na formula a

seguir.

Rl =S-l

ln(K)

Onde: S = Número total de espécies na amostra.

n = Número total de indivíduos na amostra.

Um segundo método foi utilizado para avaliar a riqueza específica, a

rarefação ou curvas de rarefação desenvolvida por Sanders (Krebs, 1998),

que possui a vantagem de ser um método independente do tamanho da

amostra, além de permitir a comparação entre diferentes amostras, no

caso período e ambiente, pois depende apenas da abundância específica e

não do número absoluto de espécies.

4s,.)=t 1-/=i

N-N,

n

N

n

15

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%

Ni = número total de indivíduos da espécie i.

para padronização).

%Onde: E (Sn) = número esperado de espécies.

® S = número total de espécies na amostra.

H; N = número total de indivíduos.

m

n - número de indivíduos na amostra (número escolhido

m

m

m

•)

m

m

m

m

#

m

s

o,

p.

■o

16

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o.

2.4.2. ESPECIES ABUNDÂNCIA

As curvas espécies-abundância são medidas da heterogeneidade da

assembléia. Dentre os quatro modelos disponíveis (Ludwig 06 Reynolds,

1988), foi utilizado o modelo de distribuição lognormal de Preston do

programa de análise Ecologicál Methodology (Krebs, 1998). O modelo foi

avaliado através do padrão de organização da abundância relativa em

relação à espécie, demonstrado pela escala logarítmica de Whittaker Plots.

2.4.3. HETEROGENEIDADE

Também foram utilizadas medidas não paramétricas de

heterogeneidade que tentam medir a os componentes da diversidade:

riqueza e equitabilidade, utilizando um único valor. Neste estudo optou-se

pelo índice de diversidade de Shannon-Wiener (Ludwig & Reynolds, 1988),

com a finalidade de encontrar um valor que represente a abundância

relativa das espécies na assembléia:

^'=-Z« ''n.Ylnn,^

/=l N

17

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Onde: H'= índice de diversidade de espécies.

%

® ni = número de indivíduos da espécie i.#& N = número total de indivíduos da amostra.

s

s

K A equitabilidade foi calculada utilizando a seguinte equação:m

mIn 5

S = número de espécies presentes na amostra.

#

m

#H Onde: = índice de diversidade de Shannon-Weiner.

#

m

m

%

9'

m0^ As medidas de abundância ou densidade relativa são consideradas

importantes ferramentas de avaliação da estrutura de assembléias. Porém0

este método necessita de cuidados no momento de obtenção dos dados de

2.4.4. ÍNDICE DE ABUNDÂNCIA RELATIVA (CPUE)

modo a não promover distorções causadas pela utilização de diferentes

^ métodos ou apetrechos para captura, o que pode ser remediado pela

padronização da coleta.

Para este estudo o cálculo de abundância relativa foi utilizado para

verificar a captura obtida em relação a uma determinada unidade de

esforço que no caso é a área do apetrecho. A CPUE experimental foi

18

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i)

calculada para os quatro lagos estudados, considerando medidas das

capturas totais em peso dividido pela área da bateria de malhadeiras

multiplicada pela unidade de tempo de pesca, representado pela seguinte

equação:

Captura TotalPesoCPUE = —

AreaBateria x TempoPesca

2.4.5. ANÁLISES MULTIVARIADAS

m

#

m

0)

# objetos similares em agrupamentos ou "clusters", organizando os dados de

A técnica de classificação ou agrupamento utilizada neste trabalho

foi à análise de Cluster que tem por fundamento colocar entidades ou

forma hierárquica em um gráfico chamado dendrograma (Ludwing 85

# Reynolds, 1998).

0

característica ou associar espécies em assembléias, e com isso procura

Esta análise consiste no agrupamento de amostras de mesma

descrever de forma clara e sucinta a estrutura de um ecossistema,

determinando sua composição e a extensão de suas unidades funcionais,

^ reconhecendo entre eles um grau de similaridade que seja suficiente para

agrupá-los (Ludwing 85 Reynolds, 1998; Valentin, 2000).

A análise de agrupamento hierárquico foi feita para os lagos do Boto,

Piranha, Comprido e Caverna, para o total da amostra utilizando trés

19

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%

%

é'

%•

%■6:^ específica entre os lagos utilizando o coeficiente de associação de Jaccard.

fe utilizando o coeficiente de distancia de Bray-Curtis e a terceira matriz comm6'm

#mmm

'W metodologia estatística que tem por finalidade explicar um conjunto de#)0 dados multivariados usando "variáveis derivadas" que correspondem a

uma combinação linear das variáveis originais. A ACP tenta construir ummWJ

m

matrizes de dados. A primeira com o registro da presença e ausência das

espécies, processada para determinar a semelhança na composição

A segunda com dados do número de ocorrência dos indivíduos por espécie

os dados limnológicos. Todas as matrizes foram construídas para os

quatro lagos do estudo.

A análise dos componentes principais (ACP) é considerada uma

m

pequeno conjunto de variáveis derivadas que reduz os dados originais,

reduzindo a dimensionalidade destes, a partir de combinações lineares

(Ludwig & Reynolds, 1998).

Análise da correspondência e uma técnica de ordenação que utiliza

correspondentes ordenados de unidades amostrais e de espécies obtidos

simultaneamente, possibilitando a verificação das interrelações ecológicas

entre as unidades e as espécies em uma única análise (Ludwig 8b

^ Reynolds, 1998), foi elaborada para os dados limnológicos e medidas de

diversidade ictica obtida para os quatro lagos estudados.

20

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a

a

BOTO, PIRANHA, COMPRIDO E

^ 3. RESULTADC

«

*

^ 3.1. ASSEMBIIR

ti CAVERN

li

t'

«

#t indivíduos, distribuídos em 76 espécies. Deste total de espécies, 45m

* apenas por um único exemplar (Tabela 1). A riqueza especifica calculada#

foi de 9,315; e o índice de Shannon-Weiner foi de 3,019.

m

m

# Os resultados das coletas demonstraram que do total de 3296#

m

#

m

0 coletados no período da vazante foi muito baixo dessa forma as análises

O número total de peixes capturados nos quatro lagos foi de 3296

estiveram representadas por menos de 10 indivíduos, entre as quais 17

indivíduos capturados, o máximo de exemplares correspondeu ao período

da enchente com 3137 (Tabela 1). Portanto o número de indivíduos

estatísticas e ecológicas foram feitas apenas para a enchente.

Deste total 1499 foram de piranhas, distribuídas em 07 espécies.

^ Enquanto que espécies de importância comercial como tambaqui

(Colossoma macropomum), matrinxã (Brycon Cephalus)^ branquinhas

(Potamorhina altamazonica e P. latior), curimatã {Prochilodus nigricans),

21

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6

m

%

^ tucunaré (Cichla monoculus) e apapás (Pellona castelnaeana e P.

^ JTavipinnis) representaram 1046.6

é

it

m

m

#

#

22

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#

A

A

Tabela 1. Lista de espécies e número de peixes capturados no período de

início da enchente e vazante.

Lista Taxonômica Enchente Vazante Total

Global

OSTEICHTHYES

1. CLXJPEIFORMES

1.1. CLUPEIDAE

TZisha amazônica (Miranda Ribeiro, 1923) 01 - 011.2. PELLONIDAE

Pellona castelnaeana (Valencienes, 1847) 47 _ 47

Pellona flavipinnis (Valencienes, 1847) 168 - 168

0 2. OSTEOGLOSSIFORMES

^ 2.1. OSTEOGLOSSIDAE

Osíeog/ossum bicírrhostim (Vandelli, 1829) 90 01 91

3. CHARACIFORMES

m

0 3.1. ANOSTOMIDADE

# Anostomoides laticeps (Eigenmann, 1912) 06 - 06

Leporínus fnderíci {Bloch, 179^) 08 - 08

Leponnus ín/asciaíus (Steindachner, 1876) 08 - 08

Rhytiodus microlepis (Kner, 1859) 01 - 01

Schizodon fasciatum {Agsissizy 1829) 10 01 11

m 3.2.CHARACIDAE

Acestrorhynchus falcatus (Bloch, 1794) 01 - 01

■ Acestrorhynchus falcirostris (Cuvier, 1819) 06 - 06

^ Sn/con cephaZus (Gunther, 1869) 37 01 38

fi, Chalceus erythrurus (Colpe, 1870) 06 - 06(A Lycengraulis grossidens (Gunthev, 1868) 10 - 10

Píerqphi/ZZum scaZare (Lichtenstein, 1823) 04 - 04

Triportheus albus (Cope, 1872) 04 01 05

Triportheus elongatus (Gunthev, 1864) 05 - 05

23

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Continuação. Tabela 1.

#

0^'

n

Lista Taxonômica Enchente VazanteTotal

Global

93

03 - 03

3.2. CHARACIDAE

Triportheusflaims {Cope, 1871) 09 . 09

3.3. CURIMATIDAE

Curimatella meyeri (Steináa.chner, 1SS2) 01 - 01

Potamorhina altamazonica (Cope, 1878) 384 - 384

Potamorhina latior (Spix, 1829) 93

Potamorhina pristigaster

(Steindachner, 1876)

Psectrogaster amazônica (Eigenmann 85^ 26 - 26^ Eigenmann, 1889)0^ Psectrogaster rutüoídes [Kner, 1859) 04 04 08

m 3.4. CYNODONTIDAE

Rhaphiodon vulpinus (Kner, 1859) 04 04

3.5. ERYTHRINIDAE

Hoplerythrinus unítaeniatus (Kner, 1859) 02 04 06

0) Hoplias malabaricus (Kner, 1859) 16 04 20

# 3.6. HEMIODONTIDAE

Anodus melanopogon (Spix, 1829) 01 - 01

Hemiodus microlepís (Kner, 1859) 01 - 01

Hemiodus sp. 03 - 03

^ Hemiodus unimaculatus (Bloch, 1794) 01 - 01

3.7. PROCHILODONTIDAE

Prochilodus nigricans (Agassiz, 1829) 49 01 50

Semaprochilodus insignis

(Schomburgk, 1841)

Semaprochilodus taeniurus

^ (Steindachner, 1882)

57 - 57

11 - 11

24

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Continuação. Tabela 1.

%

m-

#

#

0

m

n

Lista Taxonômica Bnchente VazanteTotal

Global

3.8. SERRASALMIDAE

Caíoprion menío (Cuvier, 1819) 08 - 08

Co/ossoma macrqpomum (Cuvier, 1817) 100 02 102

Myleus torquatus {Kner, 1860) 06 - 06

Mylossoma duriventre (Cuvier, 1817) 24 02 26

Píaracíiís brachj/pomws (Eigenmann, 1903) 14 - 14

Pygocentrus nattereri (KneVy 1860) 703 56 759

Serrasa/mus ca/mom (Steindachner, 1908) 151 - 151

Serrasalmus eigenmanni (Norman, 1929) 83 - 83

Serrasalmus elongatus {Kner, 1860) 230 05 235

^ SerrasaZmus rhombeus (Linnaeus, 1766) 61 20 81

# Serrasalmus sp. 03 - 03

Serrasalmus spilopleura (Kner, 1860) 168 19 187

4. SILURIFORMES

4.1. AGENEIOSIDAE

fí, Ageneiosus brevifilis (VaXencienneSy IS^O) 01 - 01

# Ageneiosus sp. 01 - 01

^ 4.2. AUCHBNIPTERIDAE

Parauchenipterus galeatus {Linna.eus, 1766) 04 - 044.3. CALLICHTHYIDAE

Hoplostemum litoralle [Hancocky 182S) 15 01 16

4.4. DORADIDAE

Psedodoras mper (Valenciennes, 1821) 03 - 03

Píerodoras/eníípinosws (Eigenmann, 1917) 01 - 01

4.5. HYPOPHTHALMIDAE

Hypophthalmus edentatus (Spix, 1829) 03 - 03

25

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Continuação. Tabela 1

Lista Taxonômica Enchente Vazante Total

Global

04 - 04

4.6. LORICARIIDAE

Hypostomus emarginatus

(Valenciennes, 1840)

Lzposarcusparda/is (Castelnau, 1855) 95 32 1274.7. PIMELODIDAE

Calophysus macropterus (Lichtenstein, 1819) 02 - 02

Píme/odus bZochiz (Valenciennes, 1840) 03

Pinirampus pirinampu (Spix, 1829) d

Platysilurus barbatus (Haseman, 1911) Qi __ qI

5. PERCIFORMES

03

01

m

0 5.1. CICHLIDAE

# Acarichthys heckellii (Muller 85 Troschel,

# 1849)

Acaroma nassa (Heckel, 1840) 10 _ 10

0 Aequidens tetramems {Heckel, 1840) 01 - 010 Astronotus crassipinis (Heckel, 1840) 57 . 57

0 Caígrueíaza specíabz7is (Steindachner, 1875) 02 - 02

^ Chaetobranchopsis orbicularis® (Steindachner, 1875)^ Chaetobranchus flavescens {Heck.é[j 1840) 56 - 56

Czch/a monocuZus (Spix, 1831) 163 01 164

^ Cichlasoma amazonarum (Kullanáer, 1983) 02 - 02

^ Cremcich/a reízciíZaía (Heckel, 1840) 01 - 01Crenicichla sp. 01 - 01

Geophagus proximus (Csistelnau, 1855) 01 - 01

Heros sp. 37 04 41

26

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Continuação. Tabela 1.

m

#

m

m

#

#

#•

#

m

m

rs

n

Lista Taxonômica Enchente VazanteTotal

Global

5.1. CICHLIDAE

Satanopercajuruparí(Heckel, 1840) 13 13

í/aru amphiacanthoides (Heckel, 1840)02 02

5.2. SCIANIDAE

Plagioscion montei (Soares and Casatti,

2000) 01 01

Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840)02 02

3137 159 3296

O total de peixes coletados e identificados foram distribuídos em 05

ordens e 19 famílias (Tabela 2). A ordem com maior representação, em

número de famílias, foi a Characiformes compreendendo 08 famílias,

seguida pelos Siluriformes com 07. Quanto ao número de espécies a ordem

Characiformes continuou sendo a maior registrando 42, seguida pelos

Perciformes com 17 e os Siluriformes com 13 espécies. Também foram

registrados indivíduos nas ordens Clupeiformes com uma família e trés

espécies e Osteoglossiformes com apenas uma família e uma espécie.

27

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m

m

m

n

Tabela 2. Número de famílias e espécies distribirídas nas ordens dos peixes

capturados.

ZZIn® % n® %

Characiforme s 08 42,10 42 55,26

Siluriformes 07 36,84 13 17,10

Perciformes 02 10,52 17 22,36

Clupeiformes 02 5,26 03 3,94

mOsteoglossiformes 01 5,26 01 1,31

Total Global 20 76

9 3.1.1. COMPOSIÇÃO ESPECÍFICA DOS LACK)S DO BOTO, PIRANHA,# '^ COMPRIDO E CAVERNA.

A estrutura das assembléias encontradas nos lagos do Boto,

^ Piranha, Comprido e Caverna, se encontram na Tabela 3 e Figura 2.

Constata-se que o número de espécies, em relação aos quatro lagosestudados, apresenta uma tendência de aumento á medida que se

aproximava dos lagos localizados mais próximos da influência do rio

Solimões, como podemos verificar no lago do Boto que apresentou o maior

^ número de espécies e indivíduos seguido pelo Piranha, Comprido e

Caverna (Figura 3).

28

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m

m

#

m

#

a

r?

o

.n

Tabela 3. Número de espécies e indivíduos capturados nos lagos Boto,

Piranha, Comprido e Caverna.

LagosNúmero de

Espécies

Número de

Indivíduos

Boto 54 1644

Piranha 49 953

Comprido 36 310

Caverna 24 230

60 n10

22•vH

^8 50Pi(OV

® 40

oU0)30

a

!l20

54

♦ 49

36

24

Boto Piranha Comprido Caverna

Figura 2. Relação do número de espécies capturadas por lago.

29

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\f-'4Í

-'rff

"iSSêêK

v^.5-«l

i.

s _ " '■-'

B^Ã>^^fe:v:' .03"^ 10"'

Figura 3. Área de estudo com gráfico do número de espécies e índice de

diversidade de Shannon-Wiener por lago amostrado.

A composição específica total das assembléias dos lagos estudados

(Figura 4) esteve dominada por cinco espécies: Pygocentrus nattereri

(piranha caju) com 23,03 %, Potamorhina altamazonica (branquinha) com

11,65 %, Serrasalmus elongatus e S. spilopleum (piranhas) 12,80 % e

Pellona JTavipinnis (apapá) 5,09 %, que representaram 52,57 % do total das

capturas. Na Figura 4 não estão listadas as espécies representadas por

apenas um individuo.

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cr. mctcroptcrvis

C. sj9&ctcíhitis

U. cmrtpfyiaccaxthtoiáoa

C. amaxonetmm

A.* }'\jccH^llii

R, priAtigcator

Scrretacdmu9 9j9.

O. rxiger

P. 9Cívtam»9Í99irrxusi

P, Mc>c?xH

/-/. ociontattua

p/cmíoci XU9 9J9.

M. cmca'girxcitXA9

P. gcd<3Citxj.9

P. acalara

/?. l/Utj9ÍTXtl9

T*. albu9

T. 9l9njgatxA9

M. torej uaZ U9

hi. xAnitciarx.iatxj.9

C. 9ryt}\rLirxi9

A. ycdoiroatri9

A. Iextie9j99

C. manto

P. rutiloid99

L,. fridcrid

trifa9cicetvi9

T. JICU/IÁ9

L,. gro99icÍ9fX9

A. noa a a

S. tcusrtiurtia

S. yaaciettum

«S. Jvinuj^ctri

P. brachtypomLia

M. litoreãlo

M. mal abaric tua

O. orbictdletria

M. durfi/ontro

P, ctmaaiorxicei

B. caphxalxxa

hfaroa ap.

P. cexa tal naaana

P. nigricarta

O. JlcLuaacana

S. inaigrxia

A. craaaipinia

S. rhxomboLia

S. oiganmcuxni

O. biairrHoaum

P. Icstior

O. macropomum

I0. pardcUia

S. ccUmoni

O. monoGvilua

P. flcLuipinrUa

S. apiloplatircL

S. alongcxtXÀ^

P. edtesmetxorxÍGCL

P. nattorori

F^o«iu Anoto. 1^1

Figura 4. Freqüência total de ocorrência das espécies provenientes das

coletas efetuadas nos lagos Boto, Piranha, Comprido e Caverna.

31

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(• 1

Nas Figuras 5 e 6, apresentamos a freqüência de ocorrência das

espécies por lago, nas mesmas figuras não estão incluídas aquelas

espécies constituídas por apenas um indivíduo em cada lago amostrado,

as quais foram organizadas por lago na Tabela 4, onde podemos verificar

que apenas duas espécies Hoplerythrinus unitaeniatus e Psectrogaster

rutiloides ocorreram em mais de um lago, enquanto que as demais listadas

foram representadas por apenas um indivíduo no total global da amostra,

isto é, considerando o total de espécies para os quatro lagos estudados as

espécies listadas podem ser classificadas como raras para as assembléias

dos lagos estudados.

32

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BlBLlOítCA Gü m

Tabela 4. Lista das espécies raras.

Espécies

Boto

Lagos

Piranha Comprido Caverna

Aequidens tetramerus

Ageneiosus brevifilis

Ageneiosus sp.

Anodus melanopogon

Astronotus crassipinis

Chalceus erythrurus

Crenicichla reticulata

Crenicichla sp.

Geophagus proximus

Hemiodus microlepis

Hemiodus unimaculatus

Hoplerythrinus unitaeniatus

Hypostomus emarginatus

Ilisha amazônica

Leporinus trifasciatus

Mylossoma duríventre

Osteoglossum bicirrhosum

Psedodoras níger

■Jtuí-rii .-Ai

33

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Continuação. Tabela 4.

Espécies

Parauchenipterus galeatus

Pinirampus pirinampu

Plagioscion squamosissimus

Platy silurus barbatus

Psectrogaster amazônica

Psectrogaster rutiloídes

Pterodoras lentíginosus

Rhytiodus microlepis

Semaprochílodus taeniurus

Serrasalmus eigenmanni

Triportheus elongatus

Uaru amphíacanthoídes

Plagioscion montei

Curimatella meyeri

Total de espécies raras

Lagos

Boto Piranha Comprido Caverna

Onde: ocorreNão

ocorre

34

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Na seqüência temos a Figura 5 que ilustra os dados coletados para

os lagos do Boto (Figura 5a) e Piranha (Figura 5b), onde as espécies

dominantes foram: Pygocentrus nattereri (piranha caju) com

aproximadamente 22% e 26%. No Boto (Figura 5a), a segunda espécie foi

PotcLTnorhina altcLTncizoTiicci (branquinha) com 17%. As espécies de valor

comercial como Cichla monoculus (tucunaré) e Colossoma macropomum

(tambaqui) apresentaram aproximadamente 4% de ocorrência cada.

No lago do Piranha (Figura 5b) temos as piranhas Serrasalmus

eignmanni com 11% e S. spilopleura com 6% como segunda e quarta

espécie em número de indivíduos. Representando as espécies comerciais

temos o tucunaré com aproximadamente 9% e Pellonas castelnaeana e P.

flavipinnis (apapás) com aproximadamente 4% cada.

A piranha caju permaneceu como a espécie de maior ocorrência no

lago do Comprido (Figura 6a) representando 19% do total coletado para o

lago no período da enchente, seguida por Chaetobranchus flavescens e

Serrasalmus calmoni ambas com aproximadamente 8%. Como espécies de

valor comercial temos Osteoglossum bicirrhosum (aruanã), Liposarcus

pardalis (bodó) e Brycon cephalus (matrinxã) com respectivamente 6%, 5%

e 4%. O lago Caverna (Figura 6b), apresentou padrão diferenciado dos

demais, tendo como espécies dominantes Pellona flavipinnis (apapá) e

Potamorhina áltamazonica (branquinha) ambas com aproximadamente

35

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m

m

20 seguidas por Potamorhina latior com aproximadamente 15%,

enquanto que a piranha caju apareceu em quarto lugar com apenas 12%

do total capturado. Como espécie mais representativa considerada de valor

comercial temos o tambaqui com cerca de 10%.

36

J

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S. rhombeus

P . squomos taa imus

C. eryth

A. hcckclUi

P. blochti

L. frtderici

H.. eücntatus

T. flavua

T. elongatua

R. vulntnua

M. tiloraUe

A. falctroslns

A. taticcpa

P. brochypotn

P . caa tetnocana

L. Irtfa seta tua

P. latíor

A. naaaa

S. juruparí

B. ocphalua

C. orbtcularia

bbaríc ua

M. tlurivcnire

C. flavcac

P ■ nígric

S. otgcnmann

A. craaaipinta

L. pa rela lia

O. bÍGtrrhoaufn

C. macropomum

S spiloplcuni

P. fbviptnnta

S.cio ngatus

S. calmoni

llcrcri

P íranha

8 Kl 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Froqufinda (*Ki|

T. atbus

S. juruparí

O.nigcr

C. spcciabüis

A. ralcirostris

Scrrasaimus sp

S. lacníurus

H. Ittorallc

S. rascíatum

P. scalarc

C. orbicularis

r. (lavus

P. brachypomus

M. durivcntrc

P. amazônica

C. macro pomum

A. crassipínís

Meros sp

P. nigrícans

O. btctrrhosum

Lgrossidcns

B. ccphaius

msignis

S. calmoni

L pardalís

P. riavtpinnis

P. castclnacana

S. etgcnmanni

S. rhombeus

P.altamazonica

P. latbr

S. s pilo pie ura

C. monocuius

S. elongatus

P. naticrcrí

8 (O 12 14 16

Freqüência (%)

20 22 24 26 2K

Figura 5. Freqüência de ocorrência das espécies provenientes das coletas

efetuadas nos lagos do Boto (a) e Piranha (b).

37

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Co mprído (a)T. albus

S. íaenturus

P. brachypo m us

H. emarginatus

P.pristigaster

P. aliam azo nica

P. gale a tus

M. duriventie

H. lito txílle

C. crythmms

Lfride fiei

M, to txtualus

S. mombeus

C. macropomum

C. mento

S. insignis

C.monoculus

r. nigricans

Heros sp

A. crassipinis

B, cephalus

L. patdalis

S.spilopleura

S. elongatus

O. bicinhosum

S, calmoni

C.flavescens

P. nattereri

o 2 4 6 8 10 12 M 16 18 20 22 24 26 2S

Freqüência (%)

Caverna (b)

S. spitopleum

P. amazônica

C. macroptenis

C, monocuius

C. jiavescena

Heros sp.

S, rhombeus

P. casteínaeana

H. htorzdie

C. orbtcutaris

S. eioenmanní

u pardalis

C. macropomum

P. noffensn

P, laitor

P. altamazonica

P. jJavtpinnis

O 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Freqüência (%)

Figura 6. Freqüência de ocorrência das espécies provenientes das coletas

efetuadas nos lagos Comprido (a) e Caverna (b).

38

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3.1.2. RIQUEZA ESPECÍFICA - CURVA DE RAREFAÇÃO

Utilizando as curvas de rarefação para avaHar a riqueza especifica

para o total de peixes coletados por lago (Figura 7), podemos verificar que o

lago com maior riqueza especifica foi o lago do Boto seguido pelo Hranha.

O lago Comprido mostra a mesma tendência de aumento, no entanto, a

riqueza não alcançou o mesmo nível, o que pode ser explicado pelo baixo

número de indivíduos amostrados para este lago. Por outro lado, o lago

Caverna mostra um padrão diferenciado, apresentando tendência a um

baixo valor de riqueza.

o padrão observado na comparação do número de espécies em uma

amostra de 200 indivíduos, número escolhido por representar os quatro

lagos envolvidos no estudo, mostra que os lagos apresentaram valores

esperados de riqueza especifica semelhante, sendo menor apenas no

Caverna. A curva deste lago foi a menor dos quatro estudados, indicando

que provavelmente o aumento do tamanho da amostra não implica no

aumento do número de espécies.

A variância relacionada ao número esperado de espécies e o número

de indivíduos na amostra diminuem à medida que aumenta o número de

indivíduos, sendo máxima para 200 indivíduos para os lagos Boto e

Piranha (Figura 8).

39

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60(0

S.8 50e«w4)

V 40•a

10)o*

s 20

ãS 10

o 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Número de indivíduos na amostra

—Boto --«--Piranha $ Comprido -..a-- - Caverna

Figura 7. Curvas de rarefaçào estimadas para o total dos quatro lagos

estudados.

8 -

7

I 6a

•8

100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Número de indivíduos na amostra

—«— Boto — ■— Piranha — ■ Comprido Caverna

Figura 8. Valores de variáncia relacionada ao número esperado de

espécies, estimados pelo método de rarefação, e o número de

indivíduos na amostra, para o total dos lagos estudados.

40

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3.1.3. ÍNDICES DE DIVERSIDADE, COMPONENTES RIQUEZA

ESPECÍFICA E EQUITABILIDADE

Na Figura 9 encontramos os valores de diversidade, riqueza e

equitabilidade por lago demonstrando que os valores do índice de

diversidade de Shannon-Wiener são semelhantes ao resultado observado

mnas curvas de rarefação (Figura 7).

m

m

^ Para o total amostrado verificamos o aumento da diversidade na

^ assembléia de peixes entre o lago do Boto e Caverna (Tabela 5; Figura 9).

m Quando comparamos os lagos Boto e Piranha os valores dos índices são

^96

^ praticamente iguais, aumentando em seguida no lago Comprido.

Quando analisamos os componentes da diversidade, riqueza

específica e equitabilidade, observamos que os lagos mais representativos

foram o Boto e o Piranha, relacionado com os maiores valores da riqueza

uma vez que a equitabilidade se manteve constante. O lago Comprido

apresentou um leve aumento da diversidade quando comparado com os

lagos anteriores apesar de diminuição da riqueza, isto pode ser explicado

pela pequena variação na equitabilidade para este lago. Já o lago Caverna

registrou o menor índice de diversidade que pode ser explicado pela

diminuição da riqueza, pois a equitabilidade permaneceu praticamente

constante.

41

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Tabela 5. Rarefação, índices de diversidade, variãncia associada e média estimada da distribuição das

espécies (ST) para os quatro lagos estudados.

Obs. Modelo Lognormal Rarefaçãoíndice de

Riqueza

Lago S N Média Var ST

ES

(200)

VarS

(200)Margalef Shannon Equitabilidade

Boto 54 1644 30,44 2,63 61 31 6,47 7,15 2,83 0,71

Piranha 49 953 19,45 2,42 62 30 6,07 6,99 2,79 0,71

Comprido 36 310 8,61 1,31 37 32 2,34 6,10 3,03 0,84

Caverna 24 230 9,58 1,68 28 23 0,82 4,22 2,42 0,76

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m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

«17

6

5

4

3

2

1-

0-^ ̂

Boto Hranha Onpido Cssíjecm

Sianixn-■-Bijitahmdaífe Rlqj22a

Figura 9. Variação da biodiversidade por lago (índice de Shannon-Wiener)e seus componentes (riqueza calculada por Margalef e

equitabilidade).

3.1.4. MODELO DE DISTRIBUIÇÃO

^ 6 mostra os dados utilizados para os cálculos das curvasde rarefação, modelo de distribuição lognormal e os índices de diversidade

para o total de capturas obtidas nos quatro lagos.

43

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Os índices de diversidade podem ser analisados utilizando a

distribuição individual dos dados, possibilitando a visualização da

disposição dos indivíduos entre as espécies das assembléias estudadas.

Na Figura 10 encontramos as curvas de componente de dominãncia

ou Whittaker ploty que estão colocadas de modo a permitir uma análise

comparativa entre o total obtido nas coletas e os quatro lagos estudados. A

figura apresenta ajuste ao modelo lognormal para o total das coletas e

para os diferentes lagos, revelando uma tendência de maior uniformidade

entre os lagos. A disposição das curvas tende a uma menor inclinação

significando uma alta equitabilidade e um aumento na riqueza das

espécies. Esta figura também nos mostra que a dominãncia das espécies

mais abundantes não ocorre de forma acentuada nos lagos estudados.

Os valores observados e estimados pelo modelo de distribuição de

Preston servem para confirmar o que ocorreu nas curvas de Whittaker

plots para o total de amostras com os diferentes lagos (figura 10).

Podemos verificar que as assembléias dos lagos do Boto, Comprido e

Caverna se ajustam ao modelo de distribuição lognormal (Figura 11),

observando-se a presença de espécies raras e dominantes. No entanto, e

especificamente para o lago do Piranha, a curva de abundância mostra

uma tendência ao padrão da série logarítmica, acentuando-se a

44

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m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

a

a

ã

r>

dominância de algumas espécies, a diminuição da equitabilidade indicada

pela maior inclinação da curva. Aplicando o teste do não foram

identificadas diferenças significativas para os dados de distribuição

esperada e observada para cada lago do estudo.

Boto

73

W) r>O

(0O

•Ü ^

•dd

0)•d

2 1

Piranha

Comprido

Caverna

Total

^eeo—\v.^ v.^ vW

(KXX

21 26 31 36

Espécies ordenadas

41 46 51

Figura 10. Curva de abundância em número de indivíduos

(representados em escala logarítimica: Whittaker plots) da

assembléia íctica para o total e por lago.

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#

m

m

m

m

m

m

#

#

m

m

m

#

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

m

Esperada

• Observada

O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13Oitavas - Indivíduos por espécie

Comprido

Esperada

• Observada

9 10

8 9 10 11 12 13

Piranha

Esperada

Observada

14

O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Oitavas - Indivíduos por espécie

Caverna

Esperada

• Observada

O 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Oitavas - Indivíduos por espécie Oitavas - Indivíduos por espécie

Figura 11. Abundância relativa de peixes coletados nos lagos do Boto,

Piranha, Comprido e Caverna, seguindo o modelo de distribuição

lognormal de Preston.

46

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3.2. ABUNDÂNCIA RELATIVA

A captura por unidade de esforço expressa em numero de

indivíduos e peso indica um aumento da abundancia relativa em lagos

mais próximos ao rio Solimões.

Tabela 6. Número de indivíduos e peso (g) e Captura por Unidade de

Esforço (CPUE) em número (n) e peso (g) por lago.

CPUE

Lago Ind.

Peso

(g)

n g

Boto 1644 294223 0,228 40,864

Piranha 953 135488 0,132 18,818

Comprido 310 51735 0,043 7,185

Caverna 230 32343 0,032 4,492

Total 3137 513789 0,436 71,360

O esforço amostrai foi de 450 m^ de malhadeira por 16 horas de pesca.

47

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0

0

0

0

0

0

3.3. PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS

Os fatores abióticos apresentaram valores diferenciados para os

quatro lagos estudados (Tabela 7). Os valores medidos de profundidade

para todos os lagos variaram entre 3 e 6 metros na enchente, tendo a

maior média registrada para o lago Caverna. Os valores médios maiores de

transparência da coluna d'água, avaliada através da profundidade do disco

de Secchi foram observados no lago Piranha.

O lago Caverna registrou a menor temperatura (29,7 OC), enquanto

que no lago do Piranha ocorreu a maior (32,9 oC). A condutividade elétrica

apresentou valores característicos de lagos de água branca com resultados

variando entre 27 pS/cm no lago Caverna e 126 pS/cm no lago Comprido.

A variação de pH ocorreu entre os valores 5,48 no lago do Botoe

0 6,78 no lago Comprido. As concentrações de oxigênio dissolvido oscilaram

^ acentuadamente entre os lagos, com resultados variando desde próximos

0 anoxia, nos lagos Comprido (1,51 mg/L) e Caverna (1,65 mg/L), até valores0^ de 9,51 mg/L no lago do Boto.

48

M

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Tabela 7. Medida dos parâmetros limnológicos dos lagos Boto, Piranha,

Comprido e Caverna.

Boto

m

•>

AmostraProf.

(m)Transp.(m)

Temp.(°C)

Condut.

(pS.cm-^)PH

O2DBO

1 3,10 1,45 30,1 111 6,29 7,44 3,60

# 2 5,25 1,60 30,5 43 6,76 8,68 4,10

m 3 3,30 1,30 30,5 100 6,58 9,51 3,30#

m

#

#A

Média 3,88 1,45 30,3 84 6,54 8,54 3,66

Piranha

AmostraProf.

(m)Transp.(m)

Temp.(«C)

Condut.

(juS.cm-^)pH O2

DBO

1 3,70 1,75 30,2 31 6,75 7,44 3,20

2 3,55 1,50 30,3 95 6,78 7,72 4,00

3 3,10 1,50 31,1 127 6,82 6,62 2,90

#

#

Média 3,45 1,58 30,5 84 6,78 7,26 3,36

Comprido

AmostraProf.

ím)Transp.(m)

Temp.(«Cl

Condut.

ÍpS.cm-^)pH O2

DissolvidoDBO

1 3,75 1,25 30,2 12 5,80 2,48 0,30

m

m

2 3,60 1,60 29,9 13 5,85 1,51 0,30

3 3,00 1,35 29,8 13 5,35 2,06 0,40

Média 3,45 1,40 29,9 12 5,66 2,01 0,33

Caverna

AmostraProf.

(m)

Transp.ím)

Temp.(°C)

Condut.

(]LiS.cm-i)pH O2

DissolvidoDBO

1 3,25 0,75 29,9 39 4,97 2,06 0,70

2 6,00 0,65 29,6 17 5,50 3,31 0,80

3 4,00 1,15 29,7 27 5,99 1,65 0,80^1 Média 4,41 0,85 29,7 27 5,48 2,34 0,76

49

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3.4. ANALISES MULTIVARIADAS

3.4.1. ANÁLISES DE CLUSTER - TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO

O primeiro dendrograma (Figura 12) representa a similaridade entre

os quatro lagos em relação às espécies em comum analisada a partir da

matriz de presença e ausência das espécies que compuseram as

assembléias amostradas. Este agrupamento indicou a formação de dois

grupos um representado pelo lago Caverna e um segundo pelos lagos Boto,

Piranha, Comprido, contudo observa-se que há uma semelhança de 53%

na composição especifica dos lagos do Boto e Piranha, enquanto que o

Comprido tem características intermediárias.

A análise de agrupamento dos dados do número de indivíduos por

espécie para os quatro lagos utilizou a abundância total das espécies

medida pela raiz quadrada (Figura 13), mostrou o padrão de distribuição

hierárquica das espécies iniciando com Leporinus friderici e Hypophtalmus

emarginatus e finalizando com Acarichtys heckellii.

50

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#Análise de Cluster - Jaccard

m

«

*

#

m

#

m

m

m

m

m

m

m

(•)

m

^•í

Caverna

Comprido

Piranha

Boto

O % Similaridade 50 100

Figura 12. Dendrograma resultante da análise de agrupamentos com

dados de presença e ausência de espécies para os quatro lagos

estudados.

51

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l^pormus £ndertci .Hraostòmvts «mauinatusçi^^e tooranchus irave scensTriporthetis albusParj^uchenipferus eeleatus^wimateUií meyerip tunqrhina,tn^ t^asterlatysiiurus BaAaCucMylévs torquatiu!CfenjctcHrarsp.Catoprion mentoÁnoous t^janopqgonuã^ anmhiacaãtifoideÇalopbysus macropteruseenãiosus sp.S^asalmus rhonibeusotamo^na latior

avus

e.llbnã castelnaeanartheus. uavoras niget;

— isajmus eigeiunaimiotrasaimus sraopleuragpcsntrus nátterertliT^eJmus eloneatuschia monocvuusrrasaunus .sp.,/tiodus flucrolqpis

tnçphylIum.sjcaUireemirâmbvv; pirmanmuycengrãultir erosstoeni

Iftsha amasotucaHemipous unimaculatios

aque

: Semaprochiloãus.taemumis.^posarcus pardalis^ íj^« «P- .Bíy«Chalce^ «ythrurusycoo cephhius

„ hchtlodus.n^icansSem^rocKloc^ lasignisPiaraétus WachypoRVX&.arrasalmvis caunoniJcmlãíyt&mus. VhiraeniatusOsmoflqssum bimrhosumAstroiiDtus crassspims;

fCtroK^t^ am&zpmca[osscnna durnnnve ..amormna altamaraaica

Psectrocaster rutiloidecÇolos«<naa maçropomximchizodqn ias.ciatum'èUon^ilavmtnnis . . . .^h^etopranchopsis orbiculanrmortheus aioneatusatanjcmerca luiiwart—ormus trifasciatijs-loscMn ffõuamqsissunus

irhyacMus. lalcirostns; malabaricus

n moplei^ anvuipinustertxdoras len^mosusanelqdus blocBli

thalmtis ed

anaozgi.loo lahçeps

»tos ttó breviCliifqvudpns tetramarus

Ããí83ía,?l1S?ckaUÜ

edentatusH^mfòduff srp.Hemiodus zmcrolepisCicHia

o % SimilaridadelOO

Figura 13. Dendrograma resultante da análise de agrupamentos com dados de abundância total das espécies

para os quatro lagos estudados.

52

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Tabela 8, temos a relação das espécies por lago, obedecendo a

distribuição registrada na análise de agrupamentos que utilizou dados de

abundância total das espécies.

Tabela 8. Distribuição das espécies obtida na análise de agrupamentos

para os quatro lagos estudados.

EspéciesBoto Piranha

LagosComprido

Leporinus friderici X XHypostomus emarginatus XCkaetobranchus fia vescens X XTriportheus albus X XParauchenipterus galeatus X XCurimatella meyeri XPotamorhina pristigaster XPlatysilurus barbatus XMyleus torquatus X

Crenicichla sp. X

Catoprion mento XAnodus melanopogon XUaru amphiacanthoides X XCalophysus macropterus XAgeneiosus sp. XSerrasalmus rhombeus X X X XPotamorhina latior X X XPellona castelnaeana X X XTriportheus fíavus X X

Oxydoras niger X X

Serrasalmus eigenmanni X X X XSerrasalmus spilopleura X X X XPygocentrus nattereri X X X XSerrasalmus elongatus X X XCichla monoculus X X X XSerrasalmus sp. X

Rhytiodus microlepis XPterophyllum scálare X

Pinirampus pirínampu X

Lycengraulis grossidens X

Risha amazônica X

53

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Continuação. Tabela 8.

EspéciesBoto

LagosPiranha Comprido Caverna

Hemiodus unimaculatus XGeophagus proximus XCrenicichla reticulata XCaquetaia spectabilis XAcestrorhynchus falcatus XHoplostemum litoralle X X X XSemaprochilodus taeniurus X X X XLiposarcus pardalis X X X XHeros sp. X X X XChalceus erythrurus X X XBrycon cephalus X X XProchilodus nigricans X X XSemaprochilodus insignís X X XPiaractus brachypomus X X XSerrasalmus calmoni X X XHoplerythrínus unitaeníatus X X XOsteoglossum bícirrhosum X X X XAstronotus crassipinis X X X XPsectrogaster rutíloides X X X XColossoma macropomum X X X XSchizodon fasciatum X X XPellona flavípínnís X X X

Chaetobranchopsis orbicularis X X XTriportheus elongatus X X

Satanoperca trífasciatus X X

Plagioscion montei X

Rhaphiodon vulpinus X

Pterodoras lentiginosus X

Pimelodus blochii X

Hypophthalmus edentatus X

Hemiodus sp. X

Hemiodus microlepis X

Cichlasoma amazonarum X

Ageneiosus brevifílis X

Aequidens tetramerus X

Acaronia nassa X

Acarichtys heckéílii X

Onde X indica a ocorrência da espécie.

54

j

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3.4.2. ANÁLISES DE COMPONENTES PRINCIPAIS9

^ A análise de componentes principais foi elaborada utilizando dados

^ limnológicos: profundidade, transparência, temperatura, pH,

^ condutividade elétrica, oxigênio dissolvido e DBO nos lagos Boto, Piranhamm Comprido e Caverna. E ainda os índices de riqueza específica calculados

® por Margalef e pelo método das curvas de rarefação, o índice de

diversidade de Shannon-Wiener e equitabilidade.

m

m

Na Figura 14 temos os dados das variáveis limnológicas e dem

m0 diversidade distribuídas para os quatro lagos do estudo, onde ê possível

observar que as variáveis limnológicas representadas pela temperatura.

pelas variáveis de diversidade, índice de Shannon-Wiener e riqueza

#

m

# pH, condutividade, oxigênio dissolvido e DBO são as que explicam o

^ primeiro componente com 66,14%, enquanto que o segundo ê explicado

m

m^ calculada pelas curvas de rarefação com 27,31% da variação dos dados.

m

m

0^

m

55

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1,0

SS 0.5x—<

kO

\DCQ

Óí

íi

Oííi

no

U

0.Ü

-0.5

-1,0

Shannon ■

ii^

Ran^açãoEquits^ilidade

' Rií^yesa Transp (m)

T^C)

PH

02 «pPUE; ^DBO, Condutividade

Prof [m]♦

-1.0 1.Ü-0,5 0.0 0,5

Componente 1: 66,23%

Figura 14. Projeções das coordenadas dos índices das assembléias

associados aos parâmetros limnológicos para os quatro lagos.

56

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4. DISCUSSÃO

Em um sentido amplo o conceito de comunidade biológica ou

biocenoses pode ser entendido como o resultado da reunião de populações

em um espaço delimitado, dessa forma a comunidade representa a parte

viva do ecossistema (Margaleff, 1983). Os ecossistemas de várzea de

interesse do presente estudo caracterizam-se por uma enorme diversidade

de ambientes, produto da dinamica sazonal determinada pelos ciclos de

enchente (Fabré & Ribeiro, 2003).

Nas várzeas amazônicas os lagos constituem um dos ambientes

aquáticos mais diversificados e complexos. Este fato limita os estudo das

biocenoses icticas. Nesse sentido Rappy-Py-Daniel & Leão (1991),

destacam que a grande diversidade existente nos corpos de água da

Amazônia exige igual diversidade de apetrechos de pesca, para que a

ictiofauna possa ser integralmente inventariada. No presente estudo

somente foram empregadas malhadeiras para captura das amostras, de tal

forma que os resultados obtidos se referem a uma parcela da comunidade

relacionada a uma técnica de amostragem ou unidade operacional

padronizada, esta parcela da comunidade é entendida como assembléia

(Margalef, 1982), sendo este conceito utilizado no presente trabalho.

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Dos atributos ou propriedades emergentes (Laroca, 1995) foram

analisados para definir de forma comparativa a estrutura das assembléias

ícticas de quatro lagos de várzea, localizados em uma zona de transição na

Amazônia Central que compreende dois sistemas de águas, representados

aqui pelo rio Solimões com suas águas brancas e o rio Manacapuru com

suas águas pretas, como citado na descrição da área de estudo. Esta

região também abriga a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piranha.

O acesso aos lagos do Boto, Piranha e Comprido foi possível somente

no período de inicio da enchente quando as primeiras águas do ciclo da

cheia do rio Solimões invadiam o canal do Piranha, e no período de inicio

da vazante enquanto existia ligação dos lagos com o canal principal de

acesso. Enquanto que o lago Caverna localizado próximo ao canal do rio

Manacapuru mantém ligação permanente.

A fim de entender a estrutura das assembléias pertencentes aos

lagos acima citados, deve-se primeiramente conhecer a unidade amostrai

global, a qual esteve representada por um total de 3296 indivíduos

distribuídos nos quatro lagos selecionados. Deste total cerca de 55% das

espécies pertencem à ordem dos Characiformes, sendo principalmente

representados pelas famílias Serrasalmidae, Characidae e Curimatidae. A

segunda ordem mais representativa foi a de Siluriformes com 17% das

espécies onde destacamos as famílias Pimelodidae, Loricariidae e

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Doradidae. Estes são resultados semelhantes aos encontrados em outros

estudos com Lowe-McConnell (1999) e Roberts (1972) que agruparam as

espécies em 54 famílias constituídas basicamente pelas ordens

Characiformes com 43% de ocorrência, seguida pelos Siluriformes com

39%.

A análise da composição das assembléias dos quatro lagos

possibilita o conhecimento das espécies de peixes que utilizam estes

ambientes e a forma como estão distribuídas. Do total de captura, as

espécies mais abundantes foram as pertencentes ã família Serrasalmidae,

representando aproximadamente 46%, destacando Pygocentrus nattereri,

Serrasalmus élongotus e S. spilopleura, espécies consideradas de médio

porte que chegam a alcançar 25 cm de comprimento, formadoras de

cardumes e altamente piscívoras. De maneira similar Saint-Paul (1993) e

Fabré (1999) identificaram Pygocentrus nattereri e Serrasalmus spilopleura

representantes de espécies abundante no lago do Inácio, e Merona e

Bittencourt (1993) para o lago do Rei.

Na seqüência, temos Potamorhina altamazonica pertencente à familia

Curimatidae como espécie mais abundante para esta família, também uma

espécie de porte médio podendo alcançar 30 cm de comprimento; e Pellona

flavipinnis da família Clupeidae considerada uma espécie de grande porte

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que pode atingir 50 cm, ambas formadoras de cardume e de importância

comercial para a região de acordo com Ferreira et al (1998).

As cinco espécies citadas dominaram as capturas totais

representando mais da metade do total obtido (52,57 %). Em contrapartida

cerca de 42 % do total de espécies corresponderam aquelas com apenas

um exemplar coletado, constituindo as espécies raras da amostra.

Na saída do canal do Lago do Rei, as espécies dominantes foram

Triportheus albus, Mylossoma aureum, Potamorhina latior (Cox-Fernandes,

1997). No lago Camaleão, na Ilha da Marchantaria, as espécies

dominantes foram Pellona spp, Pristigaster cayana, Anodus melanopogom,

Triportheus albus (Junk et al 1983). Todos estes ambientes pertencem a

ecossistemas de várzea, inclusive localizados em áreas relativamente

próximas, contudo os lagos do Rei e Camaleão, apesar de serem lagos de

várzea, estão localizado em ilhas fluviais do rio Solimões. Portanto, apesar

de serem ambientes lacustres semelhantes, as espécies chaves,

representadas pelas que dominam a assembléia são diferentes.

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Quando analisadas as estruturas das assembléias por lago verifica-

se que a riqueza específica, assim como, o número de indivíduos foi maior

nos lagos localizados mais próximos do rio Solimões. Observa-se que o

lago do Boto e o lago do Piranha encontram-se unidos durante uma parte

do ano formando uma grande superfície líquida que invade as florestas de

várzea que separam estes do canal principal do rio Solimões. De acordo

com Junk (1997) essas áreas são favorecidas pelo pulso de inundação que

influência toda a região e permite a intercomunicação de organismos,

biomassa e energia.

No caso da análise das assembléias por lago, foi verificado que para

os lagos do Boto, Piranha e Comprido Pygocentrus nattereri (piranha caju)

continuou sendo a espécie dominante diminuindo sua abundância a

medida em que á distância destes lagos para o rio Solimões aumentava. No

que se refere ao lago Caverna, posicionado ao norte da RDS, portanto

distante do rio Solimões e próximo ao rio Manacapuru, a espécie

dominante foi a Pellona flavipinnis (apapá), semelhante ao encontrado por

Fabré (1999) para o lago Inácio, indicando que a assembléia ictica do lago

Caverna tem comportamento similar ao encontrado no lago do Inácio

quanto à dominância das espécies.

61

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De acordo com Margalef (1982) os índices de diversidade de

Shannon-Wiener das assembléias ícticas podem variar entre 1 e 3,5,

comparando este com os valores encontrados para os quatro lagos

amostrados, verificamos que os lagos Boto, Piranha e Comprido podem ser

considerados ambientes com uma alta diversidade, respectivamente 2,85,

2,74 e 3,06.

Na análise da diversidade de espécies em assembléias considerando

o número total de espécies e a equitabilidade, Saint-Paul (1993) encontrou

índice de Shannon-Wiener com valores de 2,9 para lagos de água branca

(lago Inácio) e 3,8 para lagos de água preta (lago do Prato). Neste estudo os

índices oscilaram entre 2,48 e 3,06 para o total de lagos.

Os resultados encontrados relacionados à diversidade de peixes nos

lagos estudados permaneceram abaixo do estimado, que pode ser

explicado pelo fato de não terem sido utilizados diferentes apetrechos nas

coletas, pois a finalidade era manter a padronização das coletas

permitindo assim a comparação entre as assembléias dos diferentes lagos.

Entretanto, esta metodologia apresenta alguns problemas de amostragem,

justamente pelo fato de não tornar representativos os diferentes habitats

existentes em um ambiente lacustre, bem como o modo de vida de

algumas espécies.

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Apesar disso, a padronização das coletas permite inferir que os lagos

do Boto e Piranha apresentam características similares entre si e

diferentes dos lagos Comprido e Caverna. O fato dos dois primeiros lagos

permanecerem conectados durante boa parte do ano, explica as

semelhanças encontradas quanto à estrutura de suas assembléias. Já o

lago Comprido, permanece sem ligação com o canal principal durante

aproximadamente seis meses, enquanto que Caverna independentemente

do ciclo das águas na região mantém-se unido durante todo o ano ao rangi

do rio principal mais próximo.

Neste trabalho os diferentes lagos quando analisados pelo

componente de dominância, mostraram um padrão similar, atestando que

mesmo com grandes variações de diversidade as assembléias estão

estruturadas de forma equilibrada nestes ambientes, ou seja, existem

aquelas espécies dominantes (Pygocentrus nattereri, Liposarcus pardalis e

Pellona flavipinnis), as raras (Acestrorhynchus fálcatus, Aequidens

tetrameruSj Curimatella meyeri e Risha amazônica) e da mesma forma

existem aquelas espécies com graus intermediários de abundância (Cichla

monoculus, Liposarcus pardalis^ Colossoma macropomum e Astronotus

crassipinis).

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Com o objetivo de comparar as capturas de diferentes lagos foi

utilizada a Captura por Unidade de Esforço (CPUE) como um índice de

abundancia relativa. Onde é possível comparar ambientes de água branca

que apresentam valores de CPUE por peso e número de indivíduos

supenores aos encontrados nos ambientes de água preta apresentados no

quadro a seguir.

AMBIENTE CPUE FONTE

Lago do Prato (água preta) (g/m2/24 horas) Saint-Paul (1993)

Lago Inácio (água branca) 41 (g/m2/24 horas) Saint-Paul (1993)

Lago Poção e Padre 54,43 e 64,37 (g/m2/24 horas) Do Vale (2003)

Rio Mapuera (água preta) 57,25 (g/m2/24 horas) Ferreira (1993)

Lago Boto (água branca) 61,29 (g/m2/24 horas) Araújo (2004)

Lago Caverna (água preta)horas) Araújo (2004)

Lago Poção e Padre 0,80 e 0,95 (ind/m2/24 horas) Do Vale (2003)

Rio Mapuera (água preta) 0,21 (ind/m2/24 horas) Ferreira (1993)

Lago Boto 0,33 (ind/m2/24 horas) Araújo (2004)

Lago Caverna 0,04 (ind/m2/24 horas) Araújo (2004)

Devemos considerar que os maiores valores de CPUE ocorreram nos

lagos localizados mais próximos do rio Solimões, Boto e Piranha, onde a

abundância relativa de peixes foi mais alta equivalente aos valores de

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abundância relativa que sã.o maiores para lagos com influência de água

branca.

Na análise de agrupamento efetuada para a presença e ausência das

espécies, comprovamos a similaridade entre os lagos do Boto e Piranha

para este componente, enquanto que os lagos Comprido e Caverna

distanciam-se dos dois primeiros, modificando seu comportamento

evidenciando diferenças nas assembléias. Bstas mudanças sugerem a

importância dos ambientes na composição das assembléias ícticas que

pode ser resultado do efeito da zona de transição em que estes lagos se

encontram (quadro a seguir).

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K.: 03^ 10*

: -v

p

Baseado nos resultados obtidos das análises multivariadas foi

constatado que existem diferenças entre os lagos de estudo, uma vez que

foi possível identificar a formação de um grupo para os lagos Comprido e

Caverna e outro para os lagos Boto e Piranha, quanto a diversidade das

espécies nos lagos. A partir desta informação podemos afirmar que os

lagos do Boto e Piranha são lagos semelhantes no aspecto íctico somando

isto com a proximidade do rio Solimões, entendemos que ambos estão

sendo influenciados pelas águas brancas do rio Solimões, o quê reflete em

suas assembléias. E que os lagos Comprido e Caverna são diferentes por

estarem mais próximos do rio Manacapuru e conseqüentemente mais

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distante do rio Solimões, além disso, são lagos que podem estar sendo

explotados pela pesca comercial e portanto suas assembléias podem estar

sofrendo o efeito desta prática sem o manejo adequado e por isso esse

comportamento diferenciado dos demais lagos.

Os resultados das análises para os diferentes lagos indicam que os

lagos do Boto e Piranha podem fornecer melhores condições para

exploração do que os lagos Comprido e Caverna. Os dois primeiros

apresentam vantagens quanto à composição das espécies, características

ambientais e também quanto às condições limnológicas encontradas, que

podem favorecer a manutenção da diversidade destes ambientes. Aliado a

isso, temos os resultados da CPUE que indicam melhor captura por

esforço de pesca para estes lagos.

Ê importante entendermos que as assembléias de peixes aqui

retratadas constituem apenas uma imagem possivelmente inclinada pela

amostragem de um grupo especifico de peixes que podem ter sido

capturados em um ambiente em particular, assim como em um

determinado tempo (Saint-Paul, 1993).

Considerando todas as informações obtidas com este trabalho

podemos indicar que os lagos Boto e Piranha suportariam melhor a

explotação do que os lagos Comprido e Caverna. Pois estes lagos poderiam

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representar uma capacidade de suporte maior, ou seja, suas assembléias

teriam maior possibilidade de recuperação, de retomar e se adaptar

novamente as condições do ambiente original mesmo depois de explotadas.

No entanto, é necessário o uso de políticas de manejo que facilitem a

conservação e manutenção dos recursos encontrados nestes lagos.

Considerando que os lagos do Boto e Piranha apresentam tipos de uso

pelas comunidades locais diferenciado, pois o primeiro é tido como área de

preservação não sendo permitida a utilização de seus recursos, enquanto

que o lago do Piranha é o ambiente principal de uso, que pode explicar o

menor índice para este lago. Enquanto que o lago Comprido, pode estar

sendo utilizado de forma diferente do previsto no plano de manejo da RDS,

o que estaria respondendo pelo comportamento da assembléia para este

lago semelhante a estmtura encontrada no lago de terra firme. Caverna.

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5. CONCLUSÕES

- A diversidade encontrada pode estar evidenciando a transição dos

ambientes, isto e, a medida em que o lago se aproxima da influência do

sistema de águas pretas, representadas pelo rio Manacapuru, a

abundância e a diversidade de espécies diminui. Corroborado pelos valores

encontrado para os lagos Caverna e Comprido.

- Os lagos do Boto e Piranha, que se encontram mais próximos do

sistema de água branca, apresentam valores maiores de diversidade. A

abundância das espécies também caracteriza essa diferenciação entre os

lagos Boto e Piranha e os lagos Comprido e Caverna.

- Quanto à composição das assembléias dos lagos Boto, Piranha,

Comprido e Caverna, estes nâo diferem dos demais lagos de várzea no que

diz respeito ao nível de ordens e famílias.

- Os lagos do Boto e Piranha apresentam características bastante

similares quanto à composição especifica de suas assembléias,

caracterizados pelas semelhanças nas suas estruturas e localização.

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- o Comprido passa a ser um lago de características diferenciadas,

considerando o fato de passar boa parte do ano sem conexão com o canal

principal do rio, que pode estar influenciado na sua baixa diversidade.

- O lago Caverna caracterizou-se como sendo um lago com mais

tendência para lago de águas pretas por apresentar menor produtividade

biológica quando comparado com os lagos do Boto e Piranha.

Os componentes analisados permitiram diferenciar

significativamente os grupos de lagos e que esses grupos estão

esclarecendo a transição de ambientes que ocorre na área de estudo.

- Dessa forma, a RDS Piranha se apresenta como uma unidade de

conservação da biodiversidade na região, devendo estabelecer práticas de

manejo adaptadas para cada tipo de lago, observando sua localização,

diversidade biológica e ambiental, e promover políticas de conservação da

diversidade e sua manutenção quando destina a explotação.

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