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INSTITUTO MATERNO INFANTIL PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA - IMIP MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO BACTERIANA INVASIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA E NEUTROPENIA FEBRIL, INTERNADOS NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DO IMIP NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2002 A JUNHO DE 2006. KALINE MARIA MACIEL DE OLIVEIRA Recife -2007

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INSTITUTO MATERNO INFANTIL

PROFESSOR FERNANDO FIGUEIRA - IMIP MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL

PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL

FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO BACTERIANA INVASIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA E NEUTROPENIA FEBRIL, INTERNADOS NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DO IMIP NO PERÍODO

DE JANEIRO DE 2002 A JUNHO DE 2006.

KALINE MARIA MACIEL DE OLIVEIRA

Recife -2007

KALINE MARIA MACIEL DE OLIVEIRA

FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO BACTERIANA

INVASIVA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM LEUCEMIA

LINFÓIDE AGUDA E NEUTROPENIA FEBRIL, INTERNADOS NO

SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DO IMIP NO PERÍODO

DE JANEIRO DE 2002 A JULHO DE 2006.

Linha da pesquisa: Saúde da criança

Dissertação apresentado ao

Colegiado do Mestrado em Saúde

Materno Infantil do IMIP como

parte dos requisitos para obtenção

do grau de Mestre em Saúde

Materno-Infantil.

Orientadores: Jailson de Barros Correia

Maria Julia Gonçalves de Mello

Recife - 2007

DEDICATÓRIAS

Aos meus pais, Severino Ribeiro e Maria das Dores e

aos meus irmãos Gustavo Henrique e Dulceana,

por representarem meu alicerce, sobre a rocha do mais verdadeiro amor e

construírem juntos comigo, o que sou hoje!

Ao meu esposo Adercio,

Pelo amor, cumplicidade, apoio e incentivo contínuos que serviram como

trampolim nas horas de indecisão.

Aos meus filhos Vinicius e Letícia

Pelo amor inocente que emana dos seus olhos e pelo sorriso aliviante nas

horas mais difíceis da minha vida

A Francisco Pedrosa,

Que através de seu exemplo me ensinou muito mais que Oncologia

Pediátrica, me ensinou a prática da “verdadeira medicina”.

A todas as crianças atendidas no Serviço de Oncologia, que através dos

seus sofrimentos e esperanças, nos ensinam os valores mais puros do ser

humano.

AGRADECIMENTOS

A minha família, exemplo de união e verdadeiros amigos, em especial a minha mãe, sempre disponível para me substituir, com amor, nas minhas tarefas de mãe. Ao CEHOPE, por todas as oportunidades oferecidas no meu enriquecimento profissional. Em especial ao Professor Francisco Pedrosa: cuja maior lição poderia ser resumida em: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”! As companheiras da Oncologia que na luta diária contra o câncer infantil oferecem o melhor de si no verdadeiro sacerdócio da medicina e que assumiram minhas tarefas na rotina diária, me dando oportunidade de cursar o mestrado. Aos meus orientadores Jailson Correia e Julia Mello que apesar do fardo pesado de responsabilidades que desempenham, ainda me dedicaram atenção, orientação e me mostraram a verdadeira importância do mestrado. Aos professores do mestrado, por todo aprendizado, em especial ao professor José Natal Figueiroa pela paciência de um monge e pela arte de um artesão ao me ensinar como lidar com as estatísticas desse trabalho. Aos jovens médicos e pesquisadores Lucas e Marta que demonstraram maturidade e responsabilidade na ajuda da coleta e digitação dos dados. A Hélio Monteiro, amigo imprescindível na ajuda da construção da dissertação. As secretárias da CEHOPE: Vanessa, Kátia e Marta, pela ajuda eficiente na busca dos prontuários. Ao serviço social do CEHOPE pela ajuda na coleta dos dados sociais. Ao Laboratório geral do IMIP, em especial a Rosário e Agenor na liberação de dados fundamentais para construção dessa dissertação. Aos colegas da turma 11 pela convivência e amizades geradas e a Odimeres pela eficiência e profissionalismo. A todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a elaboração deste trabalho. O meu sincero obrigado!

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIDPI: Atenção Integrada as Doenças Prevalentes na Infância.

CEHOPE: Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica

IMIP: Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira.

IC: Intervalo de confiança

INCA: Instituto Nacional do Câncer

LCR: Líquido cefalorraquidiano.

LLA: Leucemia linfóide aguda

MS: Ministério da Saúde

NCHS: National Center of Heaalth Statistics

PCR: Proteína C reativa

OMS: Organização Mundial de Saúde

OR: Odds ratio

QT: Quimioterapia

RMR: Região Metropolitana do Recife.

RXT: Radioterapia

SEER: Surveillance, Epidemiology and End Results

SJRCH: Saint Jude Children’s Research Hospital. SJCRH

SBI: Infecção Bacteriana Significativa

SICs: Complicações infecciosas severas

SLE: Sobrevida livre de eventos

SM: Salário mínimo

SNC: Sistema nervoso central.

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Características das 85 crianças e adolescentes com Leucemia

Linfóide Aguda (LLA), diagnosticados em 2002 e 2003, no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife

40

Tabela 2 Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e variáveis clínicas por ocasião dos 391 episódios de Neutropenia Febril que ocorreram em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internadas no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

42

Tabela 3 Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis laboratoriais iniciais dos 391 episódios de Neutropenia Febril em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

43

Tabela 4 Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis relacionadas à Leucemia Linfóide Aguda (LLA) nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes com LLA, internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

44

Tabela 5 Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis sócio-demográficas nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006

45

Tabela 6 Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a presença de cateter venoso central ao início dos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

46

Tabela 7 Fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) em 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

47

Tabela 8 Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e o tempo de hospitalização observado nos 391 episódios de Neutropenia Febril das crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

47

Página

Tabela 9 Freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções em 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

48

Tabela 10 Positividade e freqüência das principais bactérias isoladas em hemoculturas periféricas e transcatéter colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças portadores de LLA, internadas no período de janeiro de 2002 a julho de 2006, no Serviço de Oncologia do IMIP.

49

Tabela 11 Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias isoladas em hemoculturas colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com LLA internados no Serviço de Oncologia do IMIP, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

50

RESUMO INTRODUÇÃO. Crianças com câncer e neutropenia febril constituem um grupo heterogêneo quanto ao risco de infecção bacteriana invasiva (IBI). A identificação de critérios de risco para IBI possibilitaria selecionar crianças com baixo risco para uso de antibióticos orais e ou menor duração da antibioticoterapia, alta precoce e acompanhamento ambulatorial. OBJETIVOS: Determinar fatores associados à infecção bacteriana invasiva em crianças e adolescentes com leucemia linfóide aguda (LLA) e neutropenia febril, internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), no período de janeiro de 2002 a julho/2006. MÉTODOS: Realizou-se estudo tipo coorte retrospectivo de todas as crianças e adolescentes (n = 85), com diagnóstico de leucemia linfóide aguda e neutropenia febril, internados no IMIP (Recife-Brasil), no período de janeiro/2002 a julho/2006. Foram estudados 391 episódios de neutropenia febril apresentados ao longo do tratamento quimioterápico e determinados fatores associados à IBI. RESULTADOS: A mediana da idade das crianças foi de 4,6 anos, 61,2% (52/85) eram do sexo masculino, 61,2% (52/85) eram procedentes do interior ou de outros estados, 12,9% (11/85) tinham desnutrição moderada a grave e 51,8% (44/85) apresentavam alto risco para fracasso no tratamento da LLA. A maioria das mães (62,4%, 53/85) tinha mais de quatro anos de estudos completos e 67,2% (41/61) das famílias com renda conhecida tinham renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo. Onze (12,9%) das crianças faleceram durante o tratamento, todas com diagnóstico de IBI. Na análise bivariada verificou-se associação com IBI nas crianças que no início do episódio de neutropenia febril apresentavam-se com temperatura maior ou igual a 39oC, hipotensão, hemoglobina menor que 7g/dl, leucócitos menor que 1.000/mm3, plaquetas menor que 50.000/mm3, monócitos menor que 100/mm3, infiltração da medula óssea pela LLA, fase de indução do protocolo quimioterápico e portadoras de cateter venoso central. Após análise multivariada, permaneceram como fatores de risco para IBI: idade menor que 5 anos (OR ajustado 2,7; IC 95% 1,5 a 5,0), infiltração medular (OR ajustado 2,7; IC 95% 1,2 a 5,9), uso de cateter venoso central (OR ajustado 4,6; IC 95% 2,3 a 9,4), leucócitos menor que 1.000/mm3 (OR ajustado 6,3; IC 95% 3,2 a 12,4), plaquetas menor que 50.000/mm3 (OR ajustado 3,3; IC 95% 1,8 a 6,1) e hipotensão (OR ajustado 33,1; IC 95% 8,1 a 135,0). Foram isoladas 73 cepas bacterianas, com predominância dos Gram positivos, sobretudo Staphylococcus coagulase negativa oxacilina resistentes e o S. aureus. Entre as bactérias Gram negativas, destacou-se a Klebsiella sp com boa sensibilidade aos aminoglicosídeos, ciprofloxacina e a meropenema e a Pseudomonas sp com boa sensibilidade à amicacina, ceftazidima, cefepime, piperacilina-tazobactama e ao meropenema. CONCLUSÕES: As crianças desta região com diagnóstico de LLA e neutropenia febril, formam um grupo heterogêneo quanto aos riscos de IBI. As características apresentadas no início do episódio de neutropenia febril como: idade menor que 5 anos , infiltração medular pela LLA, uso de cateter venoso central, leucócitos menor que 1.000/mm3, plaquetas menor que 50.000/mm3 se mantiveram associadas à IBI após a regressão logística. Palavras-chave: câncer/epidemiologia, leucemia/criança, leucemia/adolescente, infecção, neutropenia febril, fatores de risco.

ABSTRACT INTRODUCTION. Children with cancer, fever and neutropenia represent a heterogeneous group with regard to the risk of invasive bacterial infection (IBI). The identification of risk criteria for IBI allows the selection of children with low risk for oral antibiotics intake and shorter antibiotic therapy duration, early hospital discharge and outpatient follow up.OBJECTIVES. To determine factors associated with IBI in children and adolescents with acute lymphoid leukemia (ALL), fever and neutropenia in pediatric oncology inpatients at the Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), from January 2002 to July 2006. METHODS. A retrospective cohort study of all children and adolescents (n = 85) with ALL, fever and neutropenia who were admitted to IMIP (Recife – Brazil) from January 2002 to July 2006, was performed. Three hundred and ninety one episodes of febrile neutropenia presented throughout the chemotherapeutical treatment and associated factors to IBI were studied. RESULTS. The mean age of the children was 4.6 years old, 61.2% (52/85) were male; 61.2% (52/85) were from the countryside or from other states; 12.9% (11/85) presented with moderate to severe undernutrition and 51.8% (44/85) presented high risk ALL. The majority of the mothers, 62.4% (53/85), had over four years of study and 67.2% (41/61) of the families of known income had a household per capita income inferior to half a minimum salary. Eleven children (12.9%) died during treatment, all of them diagnosed with IBI. In the bivariate analysis it was observed the association with IBI in the children who, at the beginning of the febrile neutropenia episode, presented temperature higher or equal to 39°C, hypotension, hemoglobin less than 7g/dl, leukocytes less than 1.000/mm³, platelets less than 50.000/mm³, monocytes less than 100/mm³, bone marrow infiltration through ALL, induction phase of chemotherapeutical protocol and central venous catheter. After the multivariate analysis, the following IBI risk factors remained: age less than 5 years (adjusted OR 2,7, IC 95% 1,5 a 5,0), bone marrow infiltration (adjusted OR 2,7, IC 95% 1,2 a 5,9), central venous catheter (adjusted OR 4,6, IC 95% 2,3 a 9,4), leukocyte count less than 1.000/mm³ (adjusted OR 6,3, IC 95% 3,2 a 12,4), platelet count less than 50.000/mm³ (adjusted OR 3,3, IC 95% 1,8 a 6,1) and hypotension (adjusted OR 33,0, IC 95% 8,1 a 135,0). Seventy three bacterial strains were isolated, with Gram positive predominance, especially oxacillin resistant coagulase negative Staphylococcus and S. aureus. Among the Gram negative bacteria, the following bacteria were especially noticed: Klebsiella sp with moderate to high sensitivity to aminoglycosides, ciprofloxacin and meropenem and Pseudomonas sp with good sensitivity to amicacin, ceftazidime, cefepime, piperacillin-tazobactam and to meropenem. CONCLUSIONS. The children from this region with ALL and febrile neutropenia form a heterogeneous group as far as the IBI risks go. The characteristics presented in the beginning of the febrile neutropenia episode, like: bone marrow infiltration through ALL, central venous catheter, leukocyte count less than 1.000/mm³, platelet count less than 50.000/mm³ and age less than five years old; remained associated to IBI after the logistical regression. KEYWORDS. Cancer/epidemiology, leukemia/child, leukemia/adolescents, infection, febrile neutropenia, risk factors.

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA.................................................................................................... i

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... ii

LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................. iii

LISTA DE TABELAS........................................................................................... iv

RESUMO............................................................................................................... v

ABSTRACT........................................................................................................... vi

I. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 01

II. JUSTIFICATIVA............................................................................................ 18

III. OBJETIVOS................................................................................................... 19

3.1. Objetivo Geral................................................................................................. 19

3.2. Objetivos Específicos....................................................................................... 19

IV. MÉTODOS..................................................................................................... 21

4.1 Local do estudo................................................................................................ 21

4.2. Desenho do Estudo.......................................................................................... 22

4.3. População do Estudo:...................................................................................... 22

4.4 . Amostra:........................................................................................................ 22

4.5. Período do estudo........................................................................................... 22

4.6. Critérios e procedimentos para seleção dos sujeitos...................................... 23

4.6.1. Critérios de Inclusão..................................................................................... 23

4.6.2. Critérios de Exclusão.................................................................................... 23

4.6.3. Procedimentos para seleção dos sujeitos...................................................... 23

4.7. Variáveis de análise.......................................................................................... 24

4.7.1. Variáveis independentes............................................................................... 24

4.7.2. Variável dependente...................................................................................... 25

4.8. Definições de termos e variáveis...................................................................... 25

4.8.1. Termos......................................................................................................... 25

4.8.2 Variáveis....................................................................................................... 27

4.9 Procedimentos para coleta de dados................................................................. 34

4.9.1. Período da coleta de dados............................................................................ 34

4.9.2. Instrumento de Coleta de Dados................................................................... 34

4.9.3. Procedimentos para Coleta de Dados........................................................... 34

V. LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS ......................................................... 35

VI. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................... 36

6.1. Processamento dos Dados................................................................................ 36

6.2. Análise dos Dados........................................................................................... 36

VII. ASPÉCTOS ÉTICOS................................................................................... 37

VIII. RESULTADOS ............................................................................................ 38

8.1 Caracterização da população estudada........................................................... 38

8.2 Associação entre as variáveis clínicas relacionadas ao início do episódio de

neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)...................................

41

8.3 Associação entre as variáveis laboratoriais relacionadas ao início do

episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)................

42

8.4 Associação entre as variáveis relacionadas à Leucemia Linfóide Aguda

(LLA) no início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana

Invasiva (IBI).....................................................................................................

43

8.5 Associação entre as variáveis sócio-demográficas relacionadas no início do

episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)..............

45

8.6 Associação entre a presença de catéter venoso central no início do episódio

de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)..............................

46

8.7 Associação entre a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a duração da

hospitalização......................................................................................................

47

8.8 Frequência dos diagnósticos topográficos das infecções............................... 47

8.9 Freqüência dos agentes microbianos isolados nas Hemoculturas............... 48

8.10 Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias isoladas nas

hemoculturas........................................................................................................

50

IX. DISCUSSÃO................................................................................................ 51

X. CONCLUSÕES............................................................................................... 61

XI. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS............................................................ 63

APÊNDICES......................................................................................................... 73

ANEXOS............................................................................................................... 77

I INTRODUÇÃO

A sobrevida das crianças com câncer, em especial com leucemia linfóide aguda, tem aumentado em paralelo com os avanços do tratamento, incluindo quimioterapia intensiva. Os maiores efeitos colaterais agudos do tratamento são a neutropenia e a infecção. Durante as duas últimas décadas, o tratamento de rotina para pacientes com câncer e neutropenia febril incluía internamento hospitalar para antibioticoterapia empírica endovenosa, resultando em importante diminuição da mortalidade por infecção.1 Porém, as evidências acumuladas nos últimos anos mostram que as crianças com câncer e neutropenia febril constituem um grupo heterogêneo para o risco de infecção bacteriana invasiva.2 A busca por critérios de risco possibilita a seleção mais acurada das crianças com baixo risco para infecção bacteriana invasiva, proporcionando benefícios como menor duração da antibioticoterapia, alta precoce, uso de antibióticos orais e acompanhamento ambulatorial.3

A cada ano, mais de onze milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas com câncer, que é responsável por sete milhões de mortes por ano, representando 12,5% das causas de óbito, sendo apenas menos freqüente que os óbitos por doenças do aparelho cardiovascular e por doenças infecto-contagiosas.4

Nos Estados Unidos, são diagnosticados cerca de 12.400 casos novos por ano de câncer entre crianças e adolescentes, com cerca de 2.300 óbitos. É a primeira causa de morte entre a população da faixa etária compreendida entre um e 21 anos, excetuando-se as causas externas, sendo responsável por significativa perda de anos potenciais de vida.5

A situação do câncer pediátrico no Brasil tende a se aproximar daquela vivenciada nos países desenvolvidos, visto que com o controle das doenças imunopreveníveis e o evidente declínio da mortalidade por doenças diarréicas e infecções respiratórias agudas,6 as neoplasias já representam a terceira causa de morte por doença em crianças abaixo de 15 anos de idade. Na região Sudeste, no estado e município de São Paulo, o câncer é a primeira causa de morte entre crianças na faixa etária de 5 a 14 anos, excluindo-se as causas externas.7

Em Pernambuco, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde referentes ao

ano de 2003, o câncer infantil aparece como a segunda causa de óbito em crianças na

faixa etária de 5 a 14 anos, perdendo apenas para as causas externas.8

No entanto, o progresso observado no tratamento do câncer na infância foi

notável nas últimas quatro décadas. Atualmente cerca de 70% das crianças acometidas

de câncer podem ser curadas, se diagnosticadas precocemente e tratadas em centros

especializados.9

Leucemias agudas na infância

A leucemia aguda é a neoplasia mais freqüente na faixa etária pediátrica,

correspondendo a 30% de todas as neoplasias diagnosticadas na infância, com uma

incidência de cerca de 40 casos para cada milhão de crianças menores de 15 anos de

idade. Caracteriza-se pela proliferação de células imaturas na medula óssea, com

liberação posterior para o sangue periférico e outros órgãos.10

As causas determinantes da leucemia aguda são ainda desconhecidas. Alguns

fatores estão relacionados ao maior risco para o desenvolvimento de leucemias na

infância, como o uso de drogas, principalmente os agentes antineoplásicos e os

imunossupressores, exposições a radiações ionizantes, anormalidades cromossômicas

como as encontradas na síndrome de Down, as imunodeficiências congênitas e as

infecções por retrovírus. O mecanismo pelo qual estas condições induzem ao

aparecimento de leucemias ainda não está totalmente esclarecido, porém algumas estão

associadas a fragilidades cromossômicas e lesões do DNA.11

De acordo com a origem do clone leucêmico, a leucemia aguda pode ser

diferenciada em linfóide ou mielóide. A leucemia linfóide aguda (LLA) é a doença

maligna mais comum na criança, corresponde a um quarto de todas as neoplasias

diagnosticadas na infância e por 75% das leucemias na faixa etária pediátrica.

Aproximadamente 2.500 a 3.000 crianças são diagnosticadas com LLA a cada ano nos

EUA, o que representa três a quatro casos por 100.000 crianças. A faixa etária de maior

incidência de LLA ocorre entre os três e os cinco anos de idade, sendo um pouco mais

freqüente nos meninos e nas crianças de raça branca. 12

Entre as características laboratoriais da LLA, o elevado número de leucócitos

(maior que 10.000/mm3) ocorre em aproximadamente metade dos pacientes. Em cerca

de 20% dos casos a contagem é maior que 50.000/mm3. Neutropenia menor que 500

granulócitos/mm3 é um achado comum e está associado ao maior risco de infecções

graves.13

A identificação de determinadas características permite caracterizar as leucemias

como de melhor ou pior prognóstico. Vários são os fatores prognósticos utilizados.

Entretanto, a idade do paciente e o número de leucócitos no momento do diagnóstico,

somados à resposta terapêutica inicial, são considerados os mais importantes. Os fatores

associados a um pior prognóstico incluem: idade menor que um ano ou maior que 10

anos, hiperleucocitose, envolvimento do sistema nervoso central, má resposta ao

tratamento inicial, linhagem T e determinadas alterações citogenéticas.14,15

A experiência terapêutica da LLA transformou num período de 50 anos uma

doença fatal em uma doença com taxa de cura em torno de 80%.16

Um dos fundamentos terapêuticos mais importantes foi o reconhecimento de

que a LLA é uma doença heterogênea com muitos subtipos que necessitam tratamentos

específicos, o que deu origem aos modernos protocolos terapêuticos direcionados aos

grupos de risco. A análise cuidadosa dos fatores de risco permite classificar a LLA em

baixo ou alto risco de fracasso da terapia, direcionando o tratamento em menos

agressivo para o primeiro grupo e mais agressivo para o grupo de alto risco.17

Os modernos regimes protocolos, como o Total Therapy XIII-B Saint Jude

Children’s Research Hospital (SJCRH), dividem a terapia em quatro fases: indução da

remissão, consolidação, intensificação (reindução) e manutenção. A indução é feita nos

primeiros 30 dias de tratamento; nessa fase, o objetivo principal é induzir uma remissão

completa da população leucêmica, sendo empregados vários quimioterápicos. A

consolidação é feita imediatamente após a fase de indução, durante duas semanas com

altas doses de metotrexato; enquanto a intensificação é feita três a quatro meses após a

indução, utilizando o mesmo esquema terapêutico da indução. A manutenção, fase final

do tratamento, inicia-se após a consolidação e é feita, geralmente, por um período de

120 semanas. 18

O manejo adequado das crianças portadoras de LLA requer uma atenção

apropriada dos cuidados de suporte, incluindo o uso de hemoderivados, uma agressiva

detecção e tratamento das complicações infecciosas e metabólicas, atenção às

necessidades nutricionais, além do suporte psicológico para o paciente e sua família. 17

Infecção em crianças com câncer A febre associada à neutropenia é o evento mais comum em crianças com câncer

pós-quimioterapia.19 Apesar do considerado progresso existente atualmente no manejo

dos episódios de neutropenia febril nos pacientes com câncer, a infecção bacteriana

continua sendo a principal causa de morbi-mortalidade.20 Além das consequências

socioeconômicas dos episódios de neutropenia febril, há o retardo no tratamento do

câncer, comprometendo sua eficácia, o que exige a prevenção e tratamento de

excelência desses episódios com alta prioridade. 21

Uma série de fatores aumenta a susceptibilidade da criança portadora de LLA às

infecções. Entre eles, a própria infiltração medular compromete a produção e função dos

neutrófilos e linfócitos, afetando a imunidade celular e humoral. A neutropenia é o fator

isolado mais importante para o risco de infecção. O risco é maior quando o número de

neutrófilos cai abaixo de 500 células/mm3, e com menos de 100 células/ mm3 existe um

risco eminente de bacteremia e sepse.13,22 Em relação à duração da neutropenia, menos

de 30% dos pacientes com menos de uma semana de neutropenia tem febre ou evidência

de infecção, comparados com quase 100% dos pacientes que recebem quimioterapia e

têm neutropenia por mais de uma semana.23 Além das alterações quantitativas,

alterações qualitativas nas funções dos neutrófilos incluem: defeitos na quimiotaxia,

geração de superóxidos, fagocitose e ação bactericida.24

As drogas quimioterápicas deprimem a produção medular. Além disso, esses

medicamentos lesam a integridade do epitélio respiratório e gastrintestinal, facilitando a

penetração de microrganismos no hospedeiro. Somam-se a esses fatores o uso de

procedimentos invasivos, como sondas, cateteres e punções, comprometendo ainda mais

a integridade das barreiras mecânicas do organismo.25

Em pessoas saudáveis, a pele e mucosas são colonizadas por microbiota

bacteriana dita normal ou inócua, consistindo predominantemente por aeróbios Gram-

positivos e anaeróbios.26 Em apenas 24 horas de hospitalização, pacientes seriamente

doentes, como os portadores de câncer, sofrem mudanças na microflora endógena para

organismos aeróbios Gram-negativos27. A própria doença e a exposição aos antibióticos

podem promover alterações na aderência e na colonização bacteriana.28

Alterações nutricionais são comuns em crianças portadoras de LLA,

contribuindo para a perda da integridade da pele e mucosas e diminuindo a fagocitose, a

mobilização dos macrófagos e a função dos linfócitos.29,30,31

Para a compreensão das possíveis inter-relações entre os diversos fatores

preditivos para infecção em crianças com câncer, adaptamos o modelo causal proposto

por Pizzo et al, 2006 (Figura 1)17.

*QT/RXT – Quimioterapia - Radioterapia

INFECÇÕES

Câncer Infiltração medular Neutropenia Tratamento

QT/RXT*

Desnutrição

Tempo de hospitalização

Procedimentos invasivos -

Cateter

Lesão de pele e

mucosas

Alteração da flora

bacteriana

Antibióticos

Figura 1 – Modelo causal para fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) - Adaptado de Pizzo PA; Poplack DG. Principles and Practice of Pediatric Oncology, 5

a Ed.

Philadelphia: J.B. Lippincott Company, 2006. p 1270.

A abordagem inicial do paciente com neutropenia febril não sofreu mudanças significativas nas últimas três décadas. Uma história cuidadosa e um meticuloso exame físico são extremamente importantes. Os pacientes neutropênicos têm menor capacidade de manifestar resposta inflamatória, por isso, os mínimos sinais e sintomas devem ser considerados significantes. Em pacientes recebendo terapia citotóxica, atenção deve ser dada a locais como a orofaringe, trato respiratório, área perianal, sítio de cateter venoso central e ou qualquer sítio de procedimento invasivo.17

Visando isolar o agente etiológico, hemoculturas pareadas devem ser colhidas: sangue periférico e de cada um dos lumens dos cateteres venosos centrais. Outras culturas devem ser obtidas, baseadas nas suspeitas clínicas de infecção (urina, fezes, ferimentos ou líquido cefalorraquidiano).32 As funções renal e hepática devem ser investigadas, como cuidado de suporte para administração segura dos antimicrobianos e outras drogas.

Aproximadamente 10 a 30% de todos os pacientes portadores de câncer e

neutropenia febril têm bacteremia na apresentação.17,33 O espectro de patógenos

envolvidos nas infecções microbiologicamente documentadas tem sofrido alterações

através dos anos. Na década de 1970, os organismos aeróbios Gram-negativos,

especialmente Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa,

eram os patógenos mais freqüentemente isolados. Nos anos 80 predominaram as

bactérias Gram positivas, como os Staphylococcus coagulase negativa, principalmente o

Staphylococcus epidermidis e o Streptococcus alfa-hemoliticus. Outros patógenos Gram

positivos emergentes são Bacillus sp, Corynebacterium e Clostridium sp.34 Na década

de 1990, ressurgem os bacilos Gram-negativos como Enterobacter sp e Gram positivos

como enterococos resistentes a glicopeptídeos, além do aumento da prevalência das

infecções por fungos.35 Esta mudança no padrão das infecções é atribuída ao uso de

cateteres venosos centrais de longa permanência, profilaxia com quinolonas e as altas

doses de quimioterapias que induzem danos de mucosas, permitindo a translocação,

principalmente dos enterococos e cândidas, na corrente sanguínea.36.

Entre 85% e 90% dos patógenos documentados associados à febre em pacientes

neutropênicos são bactérias e o rápido início da antibioticoterapia empírica em pacientes

portadores de câncer que apresentam neutropenia febril tem sido o mais importante

avanço no manejo desses pacientes nas últimas décadas.37 Antes dessa rotina ser

instituída, a mortalidade das infecções por Gram negativos (especialmente

Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae) alcançava 80%.38

Com o amplo uso de antibióticos empíricos efetivos, a mortalidade geral tem caído para

10% a 40% nas infecções causadas por bactérias Gram negativas.39 Bactérias Gram

positivas ou Gram negativas ou ambas podem ser responsáveis por essas infecções e

qualquer tratamento empírico deve cobrir um amplo espectro, ter alto nível sérico

bactericida, menos toxicidade e ser simples na administração. Vários esquemas

terapêuticos geralmente têm associado uma cefalosporina, um aminoglicosídeo e uma

penicilina de amplo espectro.37 Na prática, várias opções são disponíveis para o

tratamento empírico dos pacientes neutropênicos febris. A última escolha dependerá dos

organismos predominantes, do padrão de sensibilidade aos antibióticos, custos e a

experiência do centro especializado no qual o paciente está sendo tratado.17

Tradicionalmente, o tratamento empírico para pacientes oncológicos com

neutropenia febril envolve internamento hospitalar e administração de antibióticos

endovenosos de largo espectro.32 Mais recentemente tem se tornado evidente que nem

todos os pacientes com neutropenia febril tem risco igual de morbidade ou mortalidade

devido à infecção. A identificação de um subgrupo de pacientes com baixo risco tem

permitido modificações no tratamento desse grupo, com o objetivo de menor toxicidade

relacionada ao tratamento e melhora da qualidade de vida, além da diminuição dos

custos e da indução de resistência bacteriana.40, 41

Em 1988 foi publicado um dos primeiros estudos retrospectivos realizados para

avaliação dos fatores de risco para complicações graves e morte durante episódios de

neutropenia febril, envolvendo pacientes oncológicos adultos. Foi considerado de alto

risco o grupo de pacientes que estavam internados no momento que apresentaram

neutropenia febril ou pacientes ambulatoriais que tinham comorbidades ou câncer em

progressão. O grupo de baixo risco, por exclusão, foram os pacientes ambulatoriais que

não apresentavam comorbidades ou câncer em atividade. A evolução médica entre os

dois grupos de pacientes foi significantemente diferente. O percentual de infecções

graves foi de 31% a 55% no grupo de alto risco, comparado com 2% no grupo de baixo

risco. A letalidade variou entre 14% a 23% no grupo dito de alto risco e nenhum

paciente morreu no grupo de baixo risco.40

Neutropenia prolongada associa-se a evoluções graves em pacientes com

neutropenia febril. Para avaliar as tendências à mortalidade por infecção, foram colhidos

dados em uma enfermaria oncológica entre 1986 a 1995, onde se observou que os

pacientes com neutropenia com duração superior a cinco dias tinham uma maior

incidência de febre prolongada, necessidade de modificações dos antibióticos e morte

por infecção.42

Em outro estudo com 104 crianças em tratamento quimioterápico que

desenvolveram 188 episódios de neutropenia febril foram classificados como sendo de

baixo risco para neutropenia febril aqueles que estivessem em acompanhamento

ambulatorial e tivessem menos de sete dias de duração da neutropenia quando do início

da febre; o restante dos pacientes que não preenchessem esses dois critérios foram

considerados de alto risco para neutropenia febril. Foi evidenciado persistência da

neutropenia acima de sete dias em 59% dos pacientes classificados como de alto risco e

em apenas 14% no grupo de baixo risco.43

A presença de sinais de gravidade como fator adverso tem sido demonstrada em

vários estudos. Os sinais de gravidade observados no momento do diagnóstico da

neutropenia febril incluem: hipotensão, taquipnéia, hipóxia, alterações radiográficas e

complicações da terapia antineoplásica, tais como mucosites requerendo narcóticos

endovenosos.40,19

Outros fatores também foram encontrados como preditores da evolução de pacientes com neutropenia febril. Foi realizado um estudo prospectivo sobre fatores preditivos para bacteremia, entre abril de 1994 a janeiro de 1995, no Hospital Infantil Universitário de Indiana (USA). Foram analisados 115 episódios consecutivos de febre e neutropenia em 72 crianças portadoras de câncer. Existiram 24 episódios de bacteremia (21% de todos os episódios de neutropenia febril) que foram agrupados baseados na contagem absoluta de monócitos e temperatura na admissão. Dezessete por cento dos episódios foram classificados como de baixo risco para bacteremia (monócitos > ou = 100/mm3), 65% como grupo intermediário (monócitos < 100 /mm3 e temperatura < 39o C) e 18% como de alto risco (monócitos < 100 /mm3 e temperatura > ou = 39o C). Nenhum episódio classificado como de baixo risco apresentou bacteremia, 19% do grupo de risco intermediário e 48% do grupo de alto risco foram associados à bacteremia. A classificação de risco foi validada usando dados de 57 diferentes episódios de neutropenia febril estudados retrospectivamente por um ano, antes do início do estudo prospectivo, no mesmo hospital.44.

Lucas et al, retrospectivamente, estudaram os episódios de febre e neutropenia em crianças oncológicas e encontraram que aqueles pacientes que não apresentavam sinais de sepse durante o internamento, que ficaram afebris e que tinham contagem absoluta de neutrófilos maior que 100/mm3 com 48 horas de hospitalização, foram consideradas como baixo risco de complicações graves e poderiam receber alta hospitalar precoce.19

Em 1997, um estudo realizado no Children’s Hospital of Eastern Ontario no

Canadá, envolvendo pacientes pediátricos oncológicos, analisou a relação dos fatores

preditivos para infecção bacteriana significativa (SBI), definida por qualquer cultura de

sangue ou urina positiva para bactéria, radiografia de tórax com consolidação lobar ou

intersticial ou morte inesperada por infecção documentada em 43 de 227 episódios de

neutropenia febril. Os pacientes que apresentavam o número de monócitos maior que

100 células/mm3 e ausência de comorbidades ou alterações na radiografia de tórax,

foram considerados de baixo risco para infecção bacteriana significante. Nesses

pacientes a possibilidade de apresentar SBI foi excluída com 84% de sensibilidade (IC

95%, 61% a 100%), 42% de especificidade (IC = 95%, 38% a 46%) e valor preditivo

negativo de 92% (IC 95%, 76% a 100%) 45.

Um estudo prospectivo multicêntrico em cinco hospitais de Santiago, Chile, foi

realizado para avaliar fatores de risco para Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) definida

pela presença de bacteremia; cultura positiva para bactéria em líquido geralmente

estéril: LCR, urina; síndrome séptica ou envolvimento de órgão com instabilidade

hemodinâmica. No período de 17 meses, um total de 447 episódios de neutropenia febril

ocorreram em 257 crianças portadoras de câncer. Cinco variáveis foram estatisticamente

independentes como fatores de risco para IBI: proteína C reativa igual ou superior a 90

mg/L, presença de hipotensão, recaída da leucemia, número de plaquetas inferior ou

igual a 50.000/mm3 e quimioterapia recente (igual ou inferior a sete dias).2,46 Os

mesmos autores validaram as cinco variáveis do estudo anterior analisando 263

episódios de neutropenia febril, 140 foram IBI positivas. A sensibilidade,

especificidade, e o valor preditivo positivo e negativo foram de 92%, 76%, 82% e 90%,

respectivamente.47 Com o objetivo de comparar os resultados e custos do tratamento

hospitalar “versus” ambulatorial de crianças com neutropenia febril de baixo risco para

IBI (utilizando os mesmos critérios descritos acima), os mesmos autores estudaram em

seis hospitais de Santiago, Chile, 390 episódios de neutropenia febril de junho de 2000 a

fevereiro de 2003. Desses, 161 (41%) foram classificados como de baixo risco para IBI,

dos quais 149, após 24 a 36 horas de hospitalização, foram randomizados para receber

tratamento ambulatorial (n = 78) ou internados (n = 71). Os resultados foram favoráveis

em 74 (95%) das 78 crianças tratadas ambulatorialmente e em 67 (94%) das 71 tratadas

hospitalizadas. A média de custo para cada episódio foi de US $638 e US $903 para o

grupo ambulatorial e hospitalar, respectivamente. 48

Baseados nas estratificações de risco, existem evidências que no subgrupo de

pacientes com neutropenia febril classificados como de baixo risco o tratamento com

antibiótico oral é seguro e efetivo. Em um ensaio clínico randomizado, comparando o

tratamento hospitalar com ceftazidima endovenosa e ciprofloxacino associado à

amoxacilina/sulbactama oral em crianças portadoras de câncer e neutropenia de baixo

risco, mostrou que o tratamento oral era seguro e eficiente.49

Outros estudos realizados com pacientes de baixo risco para IBI, através do

tratamento ambulatorial com antibióticos endovenosos ou orais, têm evidenciado

respostas clínicas semelhantes e eficazes, além de menor custo ao sistema de saúde.50, 51,

52

No Brasil, apesar da escassez de publicações sobre este tema, estudos realizados

em São Paulo, na década de 1980, foram baseados na estratificação de risco para

complicações infecciosas graves em crianças portadoras de câncer e neutropenia febril.

53, 54

O estudo inicial incluiu todos os pacientes com câncer menores de 15 anos com

neutropenia grave (neutrófilos menor que 500/mm3), internados no Serviço de

Oncologia do Hospital A.C. Camargo, São Paulo, durante o período de agosto de 1983 a

dezembro de 1986. Os pacientes incluídos foram divididos em dois grupos

prospectivos: o primeiro grupo foi tratado inicialmente de forma empírica com

cefotaxima, amicacina e carbenicilina (CAC) e o segundo grupo foi tratado com

ceftriaxoma e amicacina (CEA). Após 72 horas do início dos antibióticos, os pacientes

foram distribuídos em três grupos: grupo um: Infecção clinicamente documentada;

grupo dois: Infecção microbiologicamente documentada e grupo três: febre de origem

indeterminada (FOI). Estes pacientes foram estratificados em grupos de risco, segundo

o número de neutrófilos no sétimo dia de tratamento empírico, se persistia com

neutrófilos menor que 500/mm3 ou alcançara número superior (alto ou baixo risco,

respectivamente). O esquema empírico foi suspenso ao sétimo dia nos pacientes com

FOI de baixo risco, desde que afebris por no mínimo 48 h; caso contrário continuou-se

o esquema antibiótico inicial até que o número de neutrófilos estivesse maior que

1.000/mm3. Para os pacientes com FOI de alto risco a conduta variou de acordo com a

ausência ou presença de febre ao sétimo dia. No primeiro caso, se continuou com o

tratamento até completar duas semanas, no segundo caso a terapia inicial foi

modificada, sendo adicionada anfotericina B. Durante o período de estudo, foram

tratadas 120 crianças (que apresentaram 148 episódios de neutropenia febril) com

esquema antibiótico CAC e 106 crianças (que apresentaram 151 episódios de

neutropenia febril) com esquema CEA. A análise estatística mostrou que a

probabilidade de um paciente com o câncer em atividade evoluir para óbito foi 9 vezes

maior que quando o câncer estava em remissão. Nenhum dos pacientes de baixo risco

morreu, enquanto que 30% dos pacientes de alto risco do grupo CAC e 4,4% dos

pacientes do grupo CEA faleceram. Controlando a variável tipo de neoplasia, verificou-

se que um paciente do grupo CAC tinha probabilidade 1,8 vezes maior de fracasso

terapêutico que um paciente do grupo CEA.53

O segundo trabalho realizado no hospital A C. Camargo (São Paulo), incluiu

todos os pacientes com câncer menores de 15 anos, registrados no período de outubro

de 1988 a novembro de 1989. Foram selecionados dois diferentes regimes empíricos:

ceftriaxona (1 vez ao dia) para o grupo de pacientes de baixo risco (BR): tumores

sólidos e linfomas estádios I e II, e imipenem para o grupo de alto risco (AR): leucemias

e linfomas estádios III e IV. Foram estudados 121 episódios de neutropenia febril em

pacientes de BR e 119 em pacientes de AR. A frequência de hemoculturas positivas foi

21% para o grupo AR e 8,3% para o grupo BR. O tempo médio de neutropenia foi 11,5

dias no grupo AR e 6,7 dias no grupo BR. As modificações do esquema antibiótico

inicial (associação de anfotericina B, vancomicina e amicacina) ocorreram em 45,4%

(AR) e 14,5% (BR). Os índices de sucesso terapêutico foram de 97,6% (BR) e 94,2%

(AR). O estudo reforçou a possibilidade de se utilizarem esquemas antibióticos distintos

de acordo com o risco de infecção grave, o que permite oferecer vantagens em termos

de eficácia, diminuição da indução de resistência às drogas, custo do tratamento e

conforto para os pacientes.54

O mesmo autor realizou um estudo na Escola Paulista de Medicina, envolvendo

70 crianças entre 3 a 20 anos, portadoras de tumores sólidos ou linfoma não-Hodgkin

estádios I/II, admitidas com neutropenia febril de novembro de 1993 a dezembro de

1995. Foram estudados 138 episódios de neutropenia febril e, em cada um desses, os

pacientes foram randomizados para receber ciprofloxacina oral ou ceftriaxona

endovenosa. A terapia foi considerada de sucesso (sem modificação do esquema

antibiótico inicial) em 83% e 75% dos episódios, respectivamente. Nenhum efeito

colateral foi observado nos ossos ou articulações e todos os pacientes sobreviveram,

evidenciando que terapia ambulatorial com ciprofloxacina em pacientes portadores de

tumores sólidos ou linfomas estádios I/II é efetiva e segura.55

Apesar de todo o sucesso no tratamento da LLA, os países em desenvolvimento,

onde vivem cerca de 80% das crianças do mundo, vivenciam uma realidade à parte

daquela encontrada nos países desenvolvidos. No Instituto Materno Infantil Fernando

Figueira (Recife-Brasil), apesar da melhora nos cuidados de suporte e sobrevida livre de

eventos na última década, a sobrevida livre de doença em cinco anos para pacientes com

LLA é de 63% comparados a 81% no hospital St Jude (Memphis-EUA), com o mesmo

regime quimioterápico (Total XIIIB). As causas de fracasso do tratamento da LLA em

países de recursos limitados incluem: recaída, abandono do tratamento e morte por

toxicidade.56

Grande parte das mortes por toxicidade em pacientes de Recife se deve às

infecções, sendo essas responsáveis por longos períodos de hospitalização que retardam

a terapia direcionada ao câncer e conseqüentemente comprometem a sobrevida geral. O

presente estudo torna-se particularmente importante pela necessidade de conhecermos o

perfil epidemiológico, clínico e laboratorial das crianças com leucemia linfóide aguda e

neutropenia febril, além da descrição dos fatores associados à infecção bacteriana

invasiva e sua letalidade em crianças com LLA, de uma região com recursos limitados.

O presente estudo pretende servir também como estímulo para estudos prospectivos

com proposta da separação de dois diferentes grupos de pacientes para

antibioticoterapia mais direcionada ao risco, proporcionando boa efetividade,

diminuição da indução de resistência bacteriana, menor toxicidade e melhor qualidade

de vida as estas crianças, além da diminuição dos custos ao sistema de saúde.

II. JUSTIFICATIVA

As infecções bacterianas continuam sendo as complicações mais freqüentes,

figurando entre as causas de óbito na LLA infantil, embora os pacientes com câncer e

neutropenia febril representem um grupo heterogêneo. Vários fatores de risco para

infecção bacteriana invasiva (IBI) em crianças com câncer têm sido apontados na

literatura mundial, contribuindo para o uso mais criterioso da antibioticoterapia

empírica e seleção de pacientes para tratamento ambulatorial ou hospitalar. Entretanto,

poucos estudos enfocam o grupo específico de crianças com LLA. Por outro lado, há

escassez de estudos que incluam crianças de regiões com recursos limitados, onde a

morbimortalidade por infecção é potencialmente maior. Este é o primeiro estudo a

enfocar os fatores associados à IBI na criança com LLA e neutropenia febril no Brasil.

III. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral:

Determinar fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva em crianças e

adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e neutropenia febril, internados no

Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP, no período de janeiro de 2002 a julho de

2006.

3.2. Objetivos Específicos:

Em crianças e adolescentes com diagnóstico de leucemia linfóide aguda e

neutropenia febril:

1. Descrever as características biológicas (idade, sexo, estado nutricional,

estadiamento da LLA) e sócio-demográficas (procedência, escolaridade

materna, renda familiar per capita)

2. Determinar a associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as

características relacionadas ao início do episódio de neutropenia febril como:

- Características clínicas (estado nutricional, temperatura, hipotensão, episódio

prévio de neutropenia febril e episódio prévio de infecção bacteriana

invasiva).

- Características laboratoriais (duração da neutropenia, níveis de hemoglobina e

contagem de leucócitos, neutrófilos, monócitos e plaquetas).

- Características relacionadas à LLA (infiltração leucêmica da medula óssea,

estadiamento, fase do tratamento, dias desde a última QT e origem-

acompanhamento prévio do paciente)

- Características sócio-demográficas (idade, sexo, procedência, escolaridade da

mãe e renda familiar per capita).

- Presença de cateter venoso central

- Tempo de hospitalização

3. Determinar a freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções (febre de

origem obscura, mucosite, lesões de pele infectadas, infecção respiratória alta

e/ou baixa, infecção gastrintestinal, infecção urinária, meningite, sepse e outras).

4. Descrever a freqüência dos agentes microbianos isolados nas hemoculturas e a

susceptibilidade desses aos antimicrobianos.

IV. MÉTODOS

4.1 Local do estudo:

O estudo foi realizado na unidade de oncologia pediátrica do Instituto Materno

Infantil Prof. Fernando Figueira (IMIP).

IMIP O IMIP é uma entidade não-governamental, sem fins lucrativos e de utilidade

pública, que desenvolve ações em assistência médico-social, ensino, pesquisa e

extensão comunitária, totalizando 500.000 atendimentos por ano em todos os

departamentos.

Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP O serviço de oncologia pediátrica do IMIP foi fundado em 1994 e atende

crianças e adolescentes com suspeita ou diagnóstico de câncer. A equipe é formada por

pediatras onco-hematologistas, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais com

especialização e treinamento no atendimento de doenças oncológicas. O serviço de

oncologia pediátrica admite cerca de 180 novos casos de câncer por ano. Destes, cerca

de 30% tem diagnóstico de leucemia aguda. O Serviço possui 35 leitos de enfermaria e

6 leitos na unidade de terapia intensiva. O atendimento ambulatorial e de hospital-dia é

realizado no Centro de Hematologia e Oncologia Pediátrica (CEHOPE), cuja equipe é

constituída pelos mesmos profissionais do serviço de oncologia pediátrica do IMIP, e

realiza cerca de 1.100 atendimentos por mês.

4.2. Desenho do Estudo

Foi realizado um estudo do tipo coorte com coleta de dados retrospectiva.

4.3. População do Estudo

Foram incluídos todos os pacientes admitidos no serviço de oncologia

pediátrica do IMIP em 2002 e 2003, com diagnóstico de Leucemia Linfóide Aguda

(LLA). Esses foram acompanhados durante todo tratamento quimioterápico,

correspondendo a cerca de 2 anos e 6 meses. Foram incluídos todos os internamentos

por neutropenia febril apresentadoS por esses pacientes de janeiro de 2002 a julho de

2006.

4.5 . Amostra

Pacientes com idade entre um mês e 19 anos incompletos, admitidos no serviço de

oncologia pediátrica do IMIP, diagnosticados com Leucemia Linfóide Aguda no

período de janeiro de 2002 a dezembro de 2003. Foram registrados todos os

internamentos por neutropenia febril apresentados por esses pacientes, de janeiro de

2002 a dezembro de 2006, correspondendo a todo período do protocolo quimioterápico

Total XIII-B (SJCRH).

4.5. Período do estudo:

O estudo compreendeu o período entre janeiro de 2002 a julho de 2006.

4.6. Critérios e procedimentos para seleção dos sujeitos

4.6.1. Critérios de Inclusão

• Diagnóstico confirmado de Leucemia Linfóide Aguda admitido inicialmente no

serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP no período de janeiro de 2002 a dezembro

de 2003;

• Idade entre um mês e 19 anos incompletos.

• Internamentos por neutropenia febril durante o período de tratamento com o

protocolo Total XIII-B (SJCRH). Neste estudo, neutropenia febril foi definida como

presença de febre acompanhada da contagem de neutrófilos inferior a 500/mm3 ou

número total de leucócitos menor que 1.000/ mm3.

4.6.2. Critérios de Exclusão

• Leucemias congênitas (diagnosticadas nas primeiras quatro semanas de vida).

• Internamento por febre, sem neutropenia acompanhada.

4.6.3. Procedimentos para seleção dos sujeitos

A seleção foi realizada a partir de um banco de dados existente no serviço de oncologia pediátrica, identificando-se os registros dos pacientes com leucemias linfóides agudas atendidos no serviço no período do estudo. Com os números de registro, foram selecionados os prontuários, que foram então revisados pela pesquisadora, e cada internamento por neutropenia febril foi registrado.

Esses prontuários fazem parte do arquivo específico do serviço de Oncologia Pediátrica.

4.7. Variáveis de análise

4.7.1. Variáveis independentes

a) Características biológicas

• Idade

• Sexo

• Estado nutricional

b) Características sócio-demográficas

• Procedência

• Escolaridade materna

• Renda familiar per capita

c) Características da LLA

• Infiltração leucêmica da medula óssea

• Fase de tratamento – Protocolo Total XIII-B (SJCRH)

• Estadiamento.

d) Características do episódio de neutropenia febril

• Acompanhamento prévio hospitalar ou ambulatorial

• Dias desde a última quimioterapia

• Uso de cateter venoso central

• Temperatura máxima

• Hipotensão

• Concentração de hemoglobina

• Grau e duração da neutropenia

• Contagem de leucócitos, neutrófilos, monócitos e plaquetas.

• Diagnósticos topográficos das infecções.

• Tempo de hospitalização

• Episódio de neutropenia febril prévio.

• Episódio de infecção bacteriana invasiva prévia.

4.7.2. Variável dependente

• Infecção Bacteriana Invasiva (IBI)

4.8. Definições de termos e variáveis

4.8.1. Termos

• Leucemia Linfóide aguda:17

Caracterizadas pela proliferação de precursores imaturos (blastos) de origem

linfóide em percentual maior ou igual a 25% da celularidade da medula óssea,

detectado através do mielograma.

• Leucopenia:17

Contagem absoluta de leucócitos menor ou igual a 1000/mm3

• Neutropenia:17

Contagem absoluta de neutrófilos menor ou igual a 500/mm3

• Febre:17

Temperatura axilar igual ou maior que 38o C em uma aferição, ou igual ou maior

que 37,8oC em duas aferições consecutivas em um intervalo mínimo de uma

hora.

• Infecção Bacteriana Invasiva (IBI):2

a) IBI – Demonstrada: Se um ou ambos dos seguintes critérios abaixo foram

encontrados:

1- Bacteremia: definida por uma ou mais hemoculturas positivas para bactéria.

2- Cultura positiva para bactéria obtida de um sítio geralmente estéril (urina,

líquido cefalorraquidiano).

b) IBI – Provável: Na ausência de cultura positiva, um ou ambos dos seguintes

critérios foram encontrados:

1- Achados clínicos e laboratoriais de síndrome séptica.

2- Disfunção de órgão em uma criança com instabilidade hemodinâmica.

• Instabilidade hemodinâmica:57

Considerada como hipotensão definida por pressão sanguínea sistólica abaixo do

percentil cinco para idade:

< 60 mmHg em recém-nascidos (0 a 28 dias)

< 70 mmHg em crianças (um mês a 12 meses)

< 70 mmHg + (2 x idade em anos) em crianças de um a 10 anos

< 90 mmHg em crianças > 10 anos de idade

• SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica): 57

Presença de no mínimo dois dos seguintes critérios (sendo que um deles deve ser

alteração da temperatura ou da contagem de leucócitos).

1- Temperatura axilar > 38o C ou < 36o C.

2- Taquicardia: freqüência cardíaca acima de dois desvios-padrões do normal

para idade.

3- Taquipnéia: freqüência respiratória acima de dois desvios-padrões do normal

para idade.

4- Leucocitose (> 12.000) ou leucopenia (<4.000) ou presença de mais de 10%

de neutrófilos imaturos.

• Síndrome séptica:57

Sepse (SIRS na presença infecção suspeitada ou comprovada) + um dos

seguintes critérios: Disfunção cardiovascular ou síndrome do desconforto

respiratório ou duas ou + disfunções de órgão (Organ dysfuction criteria –

consenso 2005 – Anexo 4)

4.8.2 Variáveis

• Idade – idade da criança em anos completos no início de cada episódio de

neutropenia febril. Variável quantitativa, contínua, recodificada para análise em

menor que 2 anos e maior ou igual a 2 anos.

• Sexo – variável categórica, dicotômica: masculino ou feminino.

• Estado nutricional – estado nutricional da criança, avaliado no início de cada

episódio de neutropenia febril, através dos seguintes indicadores de escore z de:

peso/idade, altura/idade e peso/altura, utilizando como padrão à curva do National

Center of Health Statistics (NCHS). Para análise, o estado nutricional foi codificado

em duas categorias: desnutrição moderada ou grave (< -2 escore z) e eutrófico ou

desnutrição leve (> -1 escore z).

• Procedência – estado e município de residência da família no momento do

diagnóstico da LLA. Variável categórica policotômica incluindo as diversas cidades

de Pernambuco e outros estados. Esta variável foi recategorizada para análise como

Recife e Região Metropolitana do Recife (RMR) e outras localidades.

• Escolaridade materna – corresponde a anos concluídos e aprovados de estudo

no momento do diagnóstico da leucemia, conforme informação do responsável pela

criança. Variável quantitativa, discreta, categorizada para análise em período de

estudo menor ou igual a quatro anos e maior que quatro anos.

• Renda familiar per capita – corresponde à renda total da família dividida pelo

número de pessoas vivendo no mesmo domicílio, conforme informação dos pais

(registrada em prontuário), no momento do diagnóstico da LLA. Variável

quantitativa, contínua, expressa em reais, categorizada para análise em menor que ½

salário mínimo per capita e maior ou igual a ½ salário mínimo per capita.

• Protocolo terapêutico Total XIIIB SJCRH: (Anexo 2)

Protocolo do Saint Jude Children’s Research Hospital (SJCRH) para tratamento

do paciente portador de LLA.

- Fases do protocolo:

1- Indução: Período inicial do tratamento, composto por várias drogas

quimioterápicas e corticóides, com duração de 60 dias.

2- Manutenção: Período do tratamento, iniciando após a consolidação, com

quimioterapias semanais e duração de 120 semanas.

3- Reindução ou Intensificação: Período do tratamento, semelhante à fase de

Indução, iniciando na semana 16 da fase de manutenção, com duração de seis

semanas.

• Infiltração leucêmica da medula óssea17:

Avaliada através do último mielograma realizado antes do episódio de neutropenia

febril e definida pela presença de mais de 5% de blastos infiltrando a medula óssea.

Variável categórica dicotômica (sim ou não).

• Estadiamento: (Anexo 2)

Variável categórica dicotômica, definida ao diagnóstico da LLA como:

1- Alto Risco: Presença de qualquer um ou mais dos critérios abaixo:

- Idade menor que um ano e maior que 10 anos.

- Presença de infiltração leucêmica no sistema nervoso central (SNC)

- Presença da translocação (9;22): através da Biologia molecular.

- Número de leucócitos total maior que 25.000/mm3

2- Baixo Risco:

Todos os outros pacientes, exceto os que tiverem qualquer um dos critérios

de alto risco (acima).

• Acompanhamento prévio hospitalar ou ambulatorial (origem):

Variável categórica dicotômica definida por:

1- Acompanhamento hospitalar: o paciente já estava internado quando

iniciou o episódio de neutropenia febril ou até 72 horas após alta hospitalar.

2- Acompanhamento ambulatorial: o paciente estava sendo acompanhado a

nível ambulatorial quando iniciou o episódio de neutropenia febril.

• Dias desde a última quimioterapia:

Variável quantitativa, contínua, em dias. Compreendida entre o intervalo

transcorrido desde a última administração de quimioterapia e o início do episódio

de neutropenia febril. Categorizada para análise em menor ou igual a sete dias e

maior que 7 dias.

• Uso cateter venoso central:

Variável categórica, dicotômica (sim ou não). Definida pelo uso de cateter venoso

central quando iniciou o episódio de neutropenia febril.

• Temperatura máxima:

Definida como a mais alta temperatura axilar aferida em casa ou na admissão

hospitalar. Variável quantitativa contínua, em graus Celsius, categorizada em menor que

39oC e maior ou igual a 39oC.

• Hipotensão:57

Considerada como hipotensão definida como pressão sanguínea abaixo do percentil 5

para idade, aferida na admissão hospitalar. Variável categórica dicotômica (sim e não).

• Concentração de hemoglobina:

Variável quantitativa contínua em g/dl, categorizada para análise em menor que 7

g/dl e maior ou igual a 7 g/dl, na admissão hospitalar.

• Contagem de leucócitos:

Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em menor

que 1.000/mm3 e maior ou igual a 1.000/mm3.

• Contagem absoluta neutrófilos:

Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em menor

que 100/mm3 e maior ou igual a 100/mm3.

• Contagem absoluta monócitos:

Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em menor

que 100/mm3 e maior ou igual a 100/mm3.

• Contagem de plaquetas:

Variável quantitativa contínua em células/mm3, categorizada para análise em

menor que 50.000/mm3 e maior ou igual a 50.000/mm3.

• Dias de neutropenia:

Intervalo de tempo compreendido entre o dia quando foi realizado o hemograma

e detectada a neutropenia até o dia do início do episódio de neutropenia febril. Variável

quantitativa contínua em dias, categorizada para análise em menor ou igual a sete dias e

maior que sete dias.

• Diagnósticos topográficos das infecções:

Febre sem localização: Definida pela presença de febre sem comprovação de processo

infeccioso.

Infecção da cavidade oral (boca, língua ou gengiva): Definida pela presença de cultura

positiva de secreção purulenta de tecido da cavidade oral ou evidência de abscesso

ou outra infecção ao exame direto ou histopatológico.

Lesão infectada de pele ou tecido mole: Definida pela presença de drenagem purulenta,

pústula ou vesícula ou bolha, ou 2 dos seguintes critérios clínicos: dor, calor, rubor

ou edema local mais 1 dos seguintes critérios laboratoriais: hemocultura positiva

e/ou cultura positiva de secreção.

Infecção respiratória:

- Sinusite: Definida por exame de imagem positivo mais a presença de um dos

seguintes critérios clínicos: febre, dor nas cavidades para-nasais, cefaléia, obstrução

nasal e/ou drenagem purulenta do seio.

- Otite: Definida pela presença de cultura positiva de secreção do canal auditivo ou

2 dos seguintes sinais/sintomas: febre, otalgia, rubor ou opacificação da membrana

timpânica.

- Pneumonia: Definida pela presença na radiografia de tórax de infiltrado,

consolidação, cavitação ou pneumatocele mais três dos seguintes critérios clínicos

ou laboratoriais: febre, leucopenia (< 4.000 leucócitos/mm3); tosse, dispnéia, apnéia

ou taquipnéia; aparecimento de escarro purulento ou mudanças nas características

do escarro ou aumento das secreções respiratórias; roncos ou estertores brônquicos;

aumento da necessidade de O2 ou dos parâmetros de ventilação do respirador.

5 Gastroenterite: Definida pela presença de diarréia aguda com fezes líquidas por mais de 12 horas com ou sem vômitos e sem provável causa não-infecciosa.

6 Infecção urinária: Definida pela presença de urocultura com 100.000 ou mais

colônias/dl.

7 Meningite: Definida pela presença de cultura de líquido cefalorraquidiano (LCR)

positiva ou 1 dos seguintes critérios clínicos: febre, cefaléia, rigidez de nuca e sinal

meningeo, mais 1 dos seguintes critérios laboratoriais: microrganismos na

coloração de Gram no LCR, perfil citoquímico (aumento da proteína e/ou

diminuição da glicose e celularidade do LCR compatível com infecção) e

hemocultura positiva.

Sepse: Definida pela presença de SIRS na presença de infecção comprovada ou

suspeita.

• Tempo de hospitalização:

Variável quantitativa, contínua, em dias. Compreendida entre o intervalo

transcorrido desde o primeiro dia do internamento por neutropenia febril até o último

dia desse internamento.

• Episódio prévio de neutropenia febril:

Existência de episódio prévio de neutropenia febril antecedendo o episódio atual.

Variável categórica (sim e não).

• Episódio prévio de Infecção bacteriana invasiva:

Existência de episódio prévio de infecção bacteriana invasiva antecedendo o

episódio atual. Variável categórica (sim e não).

4.9 Procedimentos para coleta de dados

4.9.1. Período da coleta de dados:

A coleta de dados foi realizada no período de outubro de 2005 a julho de 2006.

4.9.2. Instrumento de Coleta de Dados:

Os dados foram coletados utilizando-se formulários pré-codificados para entrada dos dados em computador (Apêndices 1 e 2). O banco de dados utilizado foi o prontuário médico do paciente, o qual é informatizado, contendo as informações da história, exame físico e laboratoriais do paciente, tanto na admissão na Oncologia (após a confirmação diagnóstica da leucemia), como também em cada internamento por neutropenia febril, durante a evolução de todo protocolo quimioterápico (Total XIII-B). Também foram coletadas informações sociais dos pacientes, através de consulta das fichas preenchidas pelo serviço social do setor (Anexo 3), assim como os resultados de culturas, através dos livros de registros do laboratório de microbiologia do IMIP.

4.9.3. Procedimentos para Coleta de Dados:

A coleta de dados foi realizada pela mestranda, que consultou os prontuários e fichas sociais dos pacientes e anotou as informações disponíveis nos formulários da pesquisa. Todos os prontuários foram identificados com etiquetas autocolantes coloridas com o nome da pesquisa, facilitando o acesso às informações em qualquer momento.

Após o preenchimento dos formulários, esses foram cuidadosamente revisados pela mestranda e arquivados em pasta específica da pesquisa, dentro do serviço de Oncologia Pediátrica.

V. LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS

Em se tratando de um estudo retrospectivo, os dados foram extraídos de

prontuários, não sendo possível o resgate de algumas informações. Por exemplo, o

leucograma através de leitura automática, com o aparelho utilizado, não realizava a

contagem diferencial quando o número de leucócitos era igual ou menor que 1000/

mm3. No entanto, a contagem total de neutrófilos poderia ser feita através da leitura

manual por pessoa treinada. Outros dados laboratoriais analisados por outros

pesquisadores, como a proteína C reativa, não fazia parte da rotina do serviço.

Sendo um estudo retrospectivo, não foi possível identificar o momento em que

ocorreu a infecção bacteriana invasiva (IBI) com relação à admissão por neutropenia

febril; não permitindo, portanto, saber se o tempo de hospitalização neste episódio foi

determinante de maior risco para IBI. Esta associação deve ser estudada em estudo

prospectivo com especial cuidado em determinar o momento de surgimento dos sinais e

sintomas de IBI. Ainda outras associações podem ser verificadas com infecções graves,

entre elas a dosagem da proteína C reativa (PCR) e da interleucina 8 e a contagem

absoluta dos neutrófilos e monócitos.

Como todo estudo de base hospitalar apresenta limitações relacionadas à

influência externa pelas características inerentes à população e a forma de atendimento

próprias do Serviço.

VI. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

6.1. Processamento dos Dados

A digitação foi realizada em dupla entrada, em planilha “microsoft” excel 2003,

na medida em que foram sendo preenchidos os formulários.

Uma vez terminada a digitação de todos os formulários nos dois bancos de

dados, esses foram comparados, obtendo-se uma versão definitiva após correção das

diferenças encontradas. A seguir, obteve-se a listagem de todas as variáveis e foram

realizados testes de consistência, checando-se e corrigindo eventuais erros e

incongruências. Em seguida, o banco de dados revisado foi utilizado para análise

estatística.

6.2. Análise dos Dados

Os dados numéricos foram resumidos através de medidas de tendência central e

de dispersão. Os dados categóricos foram resumidos através de freqüências absolutas e

relativas. O teste qui-quadrado foi utilizado para testar a associação entre cada variável

preditora e Infecção Bacteriana Invasiva (IBI). A intensidade da associação foi avaliada

através do “odds-ratio”. Em seguida realizou-se uma análise multivariada para avaliar o

efeito independente das variáveis explanatórias. Para isso foi usado o método da

regressão logística. No modelo inicial foram envolvidas aquelas variáveis explanatórias

que na análise bivariada apresentaram valor p menor ou igual a 0,20. Através do método

“stepwise” foram retiradas as variáveis que não apresentavam associação significante

com a IBI. No modelo final ficaram as variáveis explanatórias significantes ao nível de

0,05 ou que apresentaram efeito de confundimento com as variáveis significantes. Foi

adotado o nível de significância de 5% para os testes de hipóteses realizados ao longo

da análise. A análise dos dados foi realizada com “software” Stata 9.2.

VII. ASPÉCTOS ÉTICOS

O presente estudo obedeceu aos postulados da Declaração de Helsinque

emendada em Hong-Kong (1989), bem como às normas da resolução 196/96 do

Conselho Nacional de Saúde, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do

IMIP. Em se tratando de um estudo observacional, não houve interferência às condutas

adotadas pela Instituição, não se verificando danos ou agravos à saúde dos participantes.

Solicitou-se a dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido, em virtude de se

tratar de pesquisa retrospectiva em prontuários, que não envolveu o contato com os

pacientes. Em todas as etapas foi mantida a confidencialidade das fontes de dados, sem

identificação dos pacientes.

VIII RESULTADOS

8.1 - Caracterização da população estudada:

Foram identificadas 91 crianças registradas no Serviço de Oncologia Pediátrica

do IMIP nos anos de 2002 e 2003, com diagnóstico confirmado de LLA. Dessas, 85

crianças preencheram os critérios de elegibilidade. Seis crianças não foram incluídas

porque três delas foram a óbito no primeiro mês de tratamento por outras causas, tais

como: hemorragias, fenômenos de leucostase ou síndrome de lise tumoral, antes mesmo

de apresentarem episódio de neutropenia febril. As outras três crianças tiveram

excelente tolerância ao tratamento quimioterápico e não apresentaram nenhum episódio

de neutropenia febril. (Fig. 2)

Onze (12,9%) dos 85 pacientes que participaram do estudo foram a óbito durante

o tratamento quimioterápico. Todos morreram durante episódio de neutropenia febril e

tiveram diagnóstico de IBI.

Registro de diagnósticos da LLA

Listagem de 91 crianças com diagnóstico de LLA (janeiro 2002 a dezembro 2003)

Prontuários localizados e revisados durante toda quimioterapia

Não preencheram os critérios de

inclusão = 6 crianças Preencheram os

critérios de inclusão = 85

crianças

Participantes da pesquisa = 85 crianças

(391 episódios de neutropenia febril)

Fig. 2 – Fluxograma de relação dos sujeitos de pesquisa.

Os 85 pacientes do estudo apresentaram 391 episódios de neutropenia febril

durante o curso da quimioterapia, variando entre um a 17 episódios por paciente, com

mediana de 4,6.

Entre as 85 crianças acompanhadas, 33 não apresentaram infecção bacteriana

invasiva (IBI) e as 52 crianças restantes apresentaram 90 episódios IBI, sendo 31 (34%)

episódios de IBI provável e 59 (66%) episódios de IBI demonstrada.

A idade das crianças ao diagnóstico variou de 10 meses a 15 anos, com média de

5,5 + 3,2 anos e mediana de 4,6 anos. A maior parte delas (54,1%) era menor de cinco

anos. Observou-se predominância (61,2%) do sexo masculino. (Tabela 1).

O estado nutricional foi avaliado através dos três índices: peso/altura, peso/idade

e altura/idade; considerando-se como desnutridos os pacientes com escore Z <-2 em

qualquer um dos três índices, 11 pacientes eram desnutridos, o que correspondeu a

12,9% da população do estudo. De acordo com o estadiamento da LLA, 41 (48,2%)

crianças foram consideradas de baixo risco, sendo 44 (51,8%) de alto risco. Trinta e

três pacientes (38,8%) eram procedentes do Recife e região metropolitana e 52 (61,8%)

pacientes eram do interior ou de outros estados. Observou-se que 32 (37,7%) mães

tinham até 4 anos de estudo, 13 (15,3%) eram analfabetas e apenas 3 (3,53%)

apresentavam curso superior. A renda familiar per capita não pôde ser avaliada em 24

pacientes, cujas famílias tinham apenas renda eventual. Em relação aos 61 pacientes

restantes, cujas famílias tinham renda regular, verificou-se que 41 (67,2%) tinham renda

familiar per capita inferior a meio salário mínimo.

Tabela 1 - Características das 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), diagnosticados em 2002 e 2003, no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife. Variável n % Idade < 5 anos 46 54,1 ≥ 5 anos 39 45,9 Sexo Masculino 52 61,2 Feminino 33 38,8 Desnutrição moderada a grave

Sim 11 12,9 Não 74 87,1 Estadiamento da LLA Baixo risco 41 48,2 Alto risco 44 51,8 Procedência Recife/RMR 33 38,8 Outras localidades 52 61,2 Escolaridade da mãe ≤ 4 anos 32 37,7 > 4 anos 53 62,4 Renda familiar per capita (pc) < ½ SM*/ pc 41 67,2

≥ 1/2 SM*/ pc 20 32,8

SM = Salário mínimo

8.2 - Associação entre as variáveis clínicas relacionadas ao início do

episódio de neutropenia febril e à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI).

Em relação às características clínicas dos episódios de neutropenia febril dos pacientes estudados, não houve associação estatisticamente significante entre o estado nutricional (conceituando desnutridos aqueles com escore Z < -2) com IBI (Tabela 2).

Foi encontrado um risco 70% maior de IBI nos episódios em que as crianças apresentavam temperatura maior ou igual a 39º C, tendo sido também verificada uma forte associação da hipotensão no início do episódio de neutropenia febril com a presença de IBI. A IBI estava presente em 80% dos 16 episódios com hipotensão e em apenas 20% daqueles com pressão arterial normal (p < 0,001) (Tabela 2).

Não foi verificada associação estatisticamente significativa em relação à ocorrência de infecção bacteriana invasiva (IBI) quando havia antecedente de pelo menos um episódio de neutropenia febril ou de IBI prévia em relação ao episódio estudado.

Tabela 2 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e variáveis clínicas por ocasião dos 391 episódios de Neutropenia Febril que ocorreram em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internadas no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

IBI Variáveis

Sim Não

Total OR IC 95% p

Desnutrição moderada a grave

Sim 14 (28,0%) 36 (72,0%) 50 1,4 0,7 a 2,8

Não 76 (22,3%) 265 (77,7%) 341 1,0 0,37

Temperatura

> 39º C 37 (29,4%) 89 (70,6%) 126 1,7 1,0 a 2,7

< 39º C 53 (20,0%) 212 (80,0%) 265 1,0 0,041

Hipotensão

Sim 16 (80,0%) 4 (20,0%) 20 16,0 5,2 a 49,4

Não 74 (20,0%) 297 (80,0%) 371 1,0 < 0,001

Episódio prévio de NF*

Sim 69 (22,5%) 237 (77,5%) 306 0,9 0,49 a 1,62

Não 21 (24,7%) 64 (75,3%) 85 1,0 0,676

Episódio prévio de IBI**

Sim 39 (24,4%) 121 (75,6%) 160 1,1 0,69 a 1,88

Não 51 (22,1%) 180 (77,9%) 231 1,0 0,596

* Neutropenia Febril, **Infecção Bacteriana Invasiva. 8.3 - Associação entre as variáveis laboratoriais relacionadas ao início

do episódio de neutropenia febril e à Infecção Bacteriana Invasiva

(IBI).

Quando foram analisadas as características laboratoriais no início dos episódios

de neutropenia febril e IBI, encontrou-se associação estatisticamente significante em

relação à hemoglobina e monócitos, sendo essa associação mais forte quanto ao número

de leucócitos (<1.000/mm3) e plaquetas (<50.000/mm3) com p < 0,001, demonstrada na

Tabela 3.

Tabela 3 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis laboratoriais iniciais dos 391 episódios de Neutropenia Febril em 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

IBI

Variáveis

Laboratoriais

Sim Não

Total

OR

IC 95%

p

Hemoglobina < 7 g/dl 12 (38,7%) 19 (61,3%) 31 2,3 1,1 a 4,9 > 7 g/dl 78 (21,7%) 282 (78,3%) 360 1,0 0,032

Leucócitos

< 1000/dl 62 (35,8%) 111 (64,2%) 173 3,8 2,3 a 6,3

> 1000/dl 28 (12,8%) 190 (87,2%) 218 1,0 < 0,001

Neutrófilos*

< 100/mm3 10 (15,4%) 55 (84,6%) 65 1,5 0,6 a 3,6

>100/mm3 17 (12,0%) 125 (88,0%) 142 1,0 0,499

Duração da neutropenia

< 7 dias 46 (20%) 184 (80%) 230 1,5 0,9 a 2,4

> 7 dias 44 (27,3%) 117 (72,7%) 161 1,0 0,091

Monócitos*

< 100/mm3 14 (17,7%) 65 (82,3%) 79 1,3 0,9 a 5,9

>100/mm3 7 (7,6%) 85 (92,4%) 92 1,0 0,045

Plaquetas

< 50,000/mm3 55 (36,9%) 94 (63,1%) 149 3,5 2,1 a 5,6

> 50,000/mm3 35 (14,5%) 207 (85,5%) 242 1,0 < 0,001

*A contagem de neutrófilos e monócitos estava disponível em 207 e 171 episódios, respectivamente.

8.4 - Associação entre as variáveis relacionadas à Leucemia Linfóide

Aguda (LLA) no início do episódio de neutropenia febril e à Infecção

Bacteriana Invasiva (IBI).

Na tabela 4, analisaram-se as associações das características da LLA em relação

à IBI. Observou-se presença de IBI em 35,5% dos episódios de neutropenia febril em

pacientes com medula óssea infiltrada e em apenas 20% dos episódios em que os

pacientes não tinham essa infiltração. Também foi encontrada uma associação

significante quanto à fase do tratamento, sendo o maior risco de IBI na fase de indução

e reindução (p = 0,017).

As crianças que estavam em acompanhamento hospitalar apresentaram IBI com

maior freqüência em relação às que estavam em acompanhamento ambulatorial, porém

esta diferença não foi estatisticamente significativa.

O estadiamento da LLA, o intervalo de dias entre a última QT e o início do

episódio de neutropenia febril não apresentaram uma associação estatística significante

com a presença de IBI.

Tabela 4 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis relacionadas à LLA nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes com

Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

IBI Variáveis relacionadas à LLA

Sim Não

Total

OR

IC 95%

p

Infiltração da medula

Sim 27 (35,5%) 49 (64,5%) 76 2,2 1,3 a 1,8

Não 63 (20,0%) 252 (80,0%) 315 1,0 0,004

Estadiamento da LLA

Alto risco 51 (26,4%) 142 (73,6%) 193 1,5 0,9 a 2,3 0,120

Baixo risco 39 (19,7%) 159 (80,3%) 198 1,0

Fase do tratamento

Indução/Reindução 43 (29,7%) 102 (70,3%) 145 1,8 1,1 a 2,9

Manutenção 47 (19,1%) 199 (80,9%) 246 1,0 0,017

Dias desde a última QT

< 7 dias 75 (22,3%) 262 (77,7%) 337 1,3 0,7 a 2,6

> 7 dias 15 (27,9%) 39 (72,1%) 54 1,0 0,371

Origem

Hospital 21 (30,9%) 47 (69,1%) 68 1,6 0,9 a 2,9

Ambulatório 69 (21,4%) 254 (78,6%) 323 1,0 0,090

8.5 - Associação entre as variáveis sócio-demográficas relacionadas no

início do episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana

Invasiva (IBI).

Quando se analisaram as características sócio-demográficas apresentadas pelas

crianças durante os episódios de neutropenia febril, como idade, sexo, procedência,

escolaridade materna e renda familiar per capita, não foram encontradas associações

estatisticamente significantes com a IBI (tabela 5).

Tabela 5 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e as variáveis sócio-demográficas nos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentadas em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), ), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

IBI Variáveis Sócio-demográficas

Sim Não

Total

OR

IC 95%

P

Idade

< 5 anos 38 (28,0%) 98 (72,0%) 136 1,5 0,9 a 2,4

≥ 5 anos 52 (20,4%) 203 (79,6%) 255 1,0 0,091

Sexo

Masculino 49 (20,8%) 187 (79,2%) 236 1,3 0,8 a 2,2

Feminino 41 (26,4%) 114 (73,6%) 155 1,0 0,191

Procedência

Recife e RMR* 35 (21,6%) 127 (78,4%) 162 1,0

Outras localidades 55 (24,0%) 174 (76%) 229 1,1 0,7 a 1,8 0,577

Escolaridade da mãe

≤ 4 anos 37 (25%) 111 (75%) 148 1,2 0,7 a 1,9

> 4 anos 53 (21,8%) 190 (78,2%) 243 1,0 0,467

Renda familiar per capita

< 1/2 SM**/ pc 46 (22,8%) 156 (77,2%) 202 0,9 0,5 a 1,8

≥ 1/2 SM** /pc 17 (23,6%) 55 (76,4%) 72 1,0 0,885

*RMR = Região metropolitana do Recife **SM = Salário mínimo

8.6 - Associação entre a presença de cateter venoso central no início do

episódio de neutropenia febril e a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI).

Outra análise realizada neste estudo foi a associação da presença de cateter

venoso central no início do episódio da neutropenia febril e a IBI. Encontrou-se IBI em

35,5% das 27 crianças portadoras de cateter e em apenas 20% das que não tinham

cateter (tabela 6).

Tabela 6 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a presença de cateter venoso central ao início dos 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em 85 crianças e adolescentes, com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

IBI Variável

Sim Não

Total

OR

IC 95%

P

Cateter venoso central

Sim 27 (35,5%) 49 (64,5%) 76 2,1 1,3 a 3,4

Não 63 (20,0%) 252 (80,0%) 315 1,0 0,004

Após a realização da análise multivariada, as variáveis que apresentaram efeito

independente estatisticamente significante foram: idade menor que cinco anos,

infiltração da medula óssea pela LLA, uso de cateter venoso central, leucócitos abaixo

de 1.000/mm3, plaquetas abaixo de 50.000/mm3 e hipotensão. Além destas, foram

acrescentadas à interação de catéter e leucócitos, por apresentar associação significante.

(Tabela 7).

Tabela 7 - Fatores associados à Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) em 391 episódios de Neutropenia Febril apresentados em crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

Variável

aOR

IC 95%

bOR

IC 95%

P

Infiltração medular 2,2 1,3 a 1,8 2,7 1,2 a 5,9 0,012

Cateter 2,1 1,3 a 3,4 4,6 2,3 a 9,4 <0,001

Leucócitos < 1.000/mm3 3,8 2,3 a 6,3 6,3 3,2 a 12,4 <0,001

Plaquetas <50.000/mm3 3,5 2,1 a 5,6 3,3 1,8 a 6,1 0,001

Hipotensão 16,0 5,2 a 49,4 33,1 8,1 a 135,0 <0,001

Idade < 5 anos 1,5 0,9 a 2,4 2,7 1,5 a 5,0 0,002

Cateter*leucócitos 2,5 1,3 a 4,8 0,005

Ho: OR ajustado= 1; aOR = Odds ratio bruto; bOR = Odds ratio ajustado

8.7 Associação entre a Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e a duração

da hospitalização.

Observou-se que em 84,4% dos 76 episódios com diagnóstico de IBI as crianças

permaneceram mais de sete dias de internadas (OR = 13,4).

Tabela 8 - Associação entre Infecção Bacteriana Invasiva (IBI) e o tempo de hospitalização observado nos 391 episódios de Neutropenia Febril das crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006.

Tempo de hospitalização

Variável

> 7 dias < 7 dias

Total

OR

IC 95%

P

IBI

Sim 76 (84,4%) 14 (15,6%) 90 13,4 7,2 a 24,9

Não 87 (28,9%) 214 (71,1%) 301 1,0 <0,001

8.8 - Freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções.

A tabela 9 sumariza a freqüência dos principais diagnósticos topográficos das

infecções apresentadas pelas 85 crianças nos 391 episódios de neutropenia febril,

durante todo o curso da quimioterapia. Destacaram-se como os mais freqüentes: febre

sem localização de infecção, pneumonia, infecção de pele ou tecido mole e

gastrenterites e sepse.

Tabela 9 - Freqüência dos diagnósticos topográficos das infecções em 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA), internados no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP – Recife, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. Diagnóstico

n

%1

Febre sem localização de infecção Pneumonia

190 61

48,6 15,6

Infecção de pele ou tecido mole 55 14,0 Gastroenterite 48 12,3 Sepse 34 8,7 Infecção respiratória alta 28 7,2 Infecção da cavidade oral 20 5,1 Infecção trato urinário 1 0,26 Outros* 31 7,93 * Infecções virais (inclusive varicela zoster) ou infecções fúngicas.

8.9 - Freqüência dos agentes microbianos isolados nas hemoculturas

Dos 391 episódios de neutropenia febril foram colhidas 387 hemoculturas em

veia periférica com positividade em torno de 14%. Entre as 55 cepas bacterianas

isoladas, 40% eram Gram-negativas predominando a Klebsiella sp. e 60% Gram-

positivas, com predomínio de estafilococos coagulase negativa. (Tabela 11).

Em 200 episódios de neutropenia febril os pacientes não tinham cateter venoso

central e em três pacientes a hemocultura transcateter não foi colhida por dificuldade

técnica. No total foram colhidas 184 hemoculturas transcateter com positividade em

torno de 18,5%. Entre as 34 cepas bacterianas isoladas, 47,1% eram Gram-negativas

predominando a Klebsiella sp. e Pseudomonas sp. e 52,9% Gram-positivas, com

predomínio de estafilococos coagulase negativa.

Considerando os resultados positivos das 184 hemoculturas pareadas (periférica

e transcateter) houve concordância no isolamento da mesma bactéria em 14 desses

resultados. No total foram isoladas 73 cepas bacterianas nas hemoculturas colhidas nos

391 episódios de neutropenia febril. Em 8 episódios de neutropenia febril o

estafilococos coagulase negativa foi isolado em amostra única de sangue periférico em

pacientes sem cateter venoso central, não sendo possível determinar se era o agente

etiológico responsável pela infecção, já que classicamente seria necessário o isolamento

em duas hemoculturas em momentos diferentes.

Tabela 10 - Positividade e freqüência das principais bactérias isoladas em hemoculturas periféricas e transcateter colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças portadores de LLA, internadas no período de janeiro de 2002 a julho de 2006, no Serviço de Oncologia do IMIP. Hemocultura

Periférica Transcateter

Periférica + transcateter

N % n % N % Negativa 332 85,8 150 81,5 482 84,4 Positiva 55 14,2% 34 18,5 73* 15,6** Bactérias Gram-negativas 22 40,0 16 47,1 30 41,1

� BGN não fermentador 0 2 2 2,7 � Acinetobacter baumanni 1 0 1 1,4 � Acinetobacter ewoffii 1 0 1 1,4 � Escherichia coli 4 2 5 6,8 � Klebsiella sp 11 6 13 17,8 � Pseudomonas aeruginosa 5 6 8 11,0

Bactérias Gram-positivas 33 60,0 18 52,9 43 58,9 � Gaffyka tetragena 0 1 1 1,4 � micrococcus sp 1 1 2 2,7 � Staphylococcus aureus 7 1 7 9,6 � Staphylococcus coag. neg. 20 14 27 37,0 � Streptococcus alfa hemolitico 3 1 4 5,5 � Streptococcus do grupo B 1 0 1 1,4 � S. pneumoniae 1 0 1 1,4

Total 387 184 571

* 89 bactérias isoladas, porém 14 hemoculturas pareadas isolaram a mesma bactéria, 2 hemoculturas positivas com crescimento de 2 bactérias **Corresponde soma da positividade das hemoculturas periféricas + transcateter.

8.10 - Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias

isoladas nas hemoculturas.

Em relação ao antibiograma pelo método de difusão em disco dos principais

agentes microbianos isolados, observamos que cerca de 65% dos estafilococos

coagulase negativa foram resistentes à oxacilina. A Klebsiella sp apresentou resistência

às cefalosporinas de terceira geração, porém com sensibilidade acima de 80% aos

aminoglicosídeos e à ciprofloxacina e de 100% ao meropenem. Embora com apenas 6

isolados, a Pseudomonas sp não demonstrou ser multi-resistente com perfil de

sensibilidades, chegando a 100% em relação à amicacina, ceftazidima, cefepima,

piperacilina/tazobactama e meropenemo.

Tabela 11 - Sensibilidade aos antimicrobianos das principais bactérias isoladas em hemoculturas colhidas durante 391 episódios de neutropenia febril apresentados por 85 crianças e adolescentes com LLA internados no Serviço de Oncologia do IMIP, no período de janeiro de 2002 a julho de 2006. ANTIMICROBIANOS

BACTÉRIAS

AM

ICA

CIN

A

CE

FO

XIT

INA

CE

FT

AZ

IDIM

A

CE

FO

TA

XIM

A

CE

FE

PIM

A

CIP

RO

FL

OX

AC

INO

CL

IND

AM

ICIN

A

GE

NT

AM

ICIN

A

ME

RO

PE

NE

MA

OX

AC

ILIN

A

PIP

ER

AC

ILIN

A

+

TA

ZO

BA

CT

AN

PE

NIC

ILIN

A

�� ��S

UL

FA

TR

IM

VA

NC

OM

ICIN

A

Gram- negativas

Klebsiella sp.

84,6 (13)

61,5 (13)

16,6 (12)

15,4 (13)

15,4 (13)

92,3 (13)

---

61,5 (13)

100 (10)

----

30 (10)

-----

23,1 (13)

---

Pseudomonas sp.

100 (6)

---

100 (5)

---

100 (5)

83,3 (6)

---

66,7 (6)

100 (6)

---

100 (4)

-----

-----

----

Gram- positivas

Staphylococcus coagulase negativa

78,5 (14)

---

----

------

------

85,7 (14)

90,1 (11)

69,2 (13)

-----

35,7 (14)

----

21,4 (14)

42,8 (14)

100 (14)

�SULFATRIM = SULFAMETOXAZOL + TRIMETROPIM Os números apresentados na tabela são em percentuais ( ) Número de amostras testadas

IX. DISCUSSÃO

A neutropenia febril é uma complicação freqüente e grave durante o tratamento

quimioterápico em pacientes com câncer. Tradicionalmente, a terapia antimicrobiana

empírica tem implicado em internamento hospitalar de urgência e administração de

antibióticos de largo espectro por via intravenosa.32

Entretanto, assim como neste estudo, os mais recentes artigos têm evidenciado

que os pacientes com neutropenia febril não formam um grupo homogêneo em relação

aos riscos para complicações infecciosas graves e óbito.2, 37, 46- 48, 58

A primeira fase do presente estudo teve como objetivo descrever características

clínicas e sócio-demográficas dos pacientes com LLA. Observou-se que a faixa etária

mais acometida foi abaixo dos 5 anos de idade, havendo predominância do sexo

masculino, concordando com os conhecimentos prévios da literatura.12

Evidenciou-se um percentual de crianças desnutridas (12,9%), já relatado em

estudos anteriores sobre esta região, como também em outros países com recursos

limitados.31, 59 Reflexo também, da pobre condição socioeconômica encontrada em

67,2% de nossos pacientes, com renda familiar per capita abaixo de meio salário

mínimo, ou seja, abaixo da linha da pobreza. 61.

Cerca de 60% das crianças procediam do interior de Pernambuco e até de outros

estados, o que pode ser entendido como reflexo de ser o IMIP um centro de referência

para o tratamento do câncer infantil.

Para estudar fatores associados à infecção bacteriana invasiva (IBI), foi realizado

um seguimento desde o diagnóstico inicial da LLA, até um mês após a conclusão do

protocolo quimioterápico, que compreendeu um período de cerca de dois anos e seis

meses a três anos de acompanhamento para cada criança.

Entre as variáveis clínicas estudadas, verificou-se uma forte associação da

ocorrência da IBI quando se identificou hipotensão no início do episódio de neutropenia

febril, assim como, temperatura maior ou igual a 39ºC. A importância dessas variáveis

clínicas como fatores preditores para o diagnóstico de IBI foram anteriormente referidas

em estudos multicêntricos prospectivos.2, 46,62 No entanto, a forte associação com

hipotensão pode ser atribuída a um sinal associado ao diagnóstico de IBI,

principalmente nas crianças com choque séptico descompensado, implicando em

urgência terapêutica57.

A desnutrição em crianças com câncer tem sido associada ao maior risco de

morbi-mortalidade durante o tratamento quimioterápico.29-31,60 Neste estudo, a

desnutrição moderada e grave não esteve associada ao maior risco de infecção

bacteriana grave em crianças com câncer. Vale ressaltar que a partir do momento em

que se faz o diagnóstico de LLA, o serviço social da oncologia, através do NACC

(Núcleo de Assistência à Criança com Câncer), se ocupa com as condições de moradia

do paciente tentando melhorá-las, principalmente em relação às condições de higiene

pessoal e alimentar, como também fornecendo cestas alimentares básicas. É certamente

uma das razões para esse achado.

Quando analisamos a presença de ao menos um episódio prévio de neutropenia

febril ou de IBI em relação ao episódio estudado, não encontramos associação quanto a

maior risco para IBI. Estudos prospectivos devem ser realizados na tentativa de uma

melhor análise e caracterização dessa associação.

Quanto às características laboratoriais encontradas no início do episódio de

neutropenia febril, observou-se que os pacientes com leucopenia grave (<1.000

leucócitos/mm3) e plaquetopenia abaixo de 50.000/mm3 foram mais susceptíveis à IBI.

A associação com leucopenia grave foi estabelecida desde os primeiros estudos

realizados sobre fatores de risco em pacientes com câncer e confirmada nos mais

recentes trabalhos.2,13, 46, 65

Outras variáveis foram associadas à IBI, como o nível de hemoglobina abaixo de

7 g/dl e o número de monócitos abaixo de 100/mm3, confirmando achados

anteriores2,45,46, podendo significar um maior acometimento da medula óssea pela

doença de base (LLA) ou ser secundária à maior toxicidade do tratamento

quimioterápico, influenciando em uma deficiente resposta orgânica às infecções.

Nos últimos anos, confirmaram-se as evidências sobre o grau e a duração da

neutropenia como fatores principais no desenvolvimento de infecção em pacientes com

câncer. Sabe-se que o risco de infecção é grande quando o número de neutrófilos cai

abaixo de 500/mm3, e com menos de 100/mm3 existe um risco alto e iminente de

bacteremia e sepse.20,59,66 No entanto, no presente estudo essa associação não foi

significante (p = 0,499), provavelmente porque em 184 episódios de neutropenia febril

não foi determinado o número exato de neutrófilos, devido à limitação técnica do

aparelho contador de células automático, que não conseguiu realizar a contagem

diferencial dos leucócitos, quando esta era inferior a 1000/mm3. Compreende-se que nos

episódios em que os leucócitos estavam abaixo de 1000/mm3 eram também aqueles em

que o número de neutrófilos deveria estar inferior a 500/mm3. Não se pode deixar de

relatar que, em se tratando de um estudo retrospectivo, os dados foram extraídos de

prontuários, não sendo possível o resgate dessas informações através da leitura manual

dos leucócitos por pessoa treinada.

Uma das características laboratoriais associada ao risco de IBI, encontrada em

nosso estudo, foi a duração da neutropenia acima de sete dias, embora essa associação

não tenha sido estatisticamente significativa. Implicando em uma maior duração da

susceptibilidade dos pacientes aos agentes patógenos, como as bactérias e fungos.

Conforme evidenciado em estudo prévio, onde após classificação dos pacientes com

neutropenia febril em alto e baixo risco de infecções graves, observou-se a persistência

da neutropenia acima de sete dias em 59% dos pacientes classificados como de alto

risco e em apenas 14% no grupo de baixo risco. 43

Em nosso estudo, evidenciou-se alta associação da infiltração medular por

células leucêmicas e o maior risco de IBI, característica esta encontrada naqueles

pacientes que ainda não tinham atingido a remissão da LLA. Sabemos que a infiltração

medular por blastos pode refletir um maior comprometimento da medula óssea, o que

dificulta a formação das células normais do sangue, como as hemácias, plaquetas e os

leucócitos, levando a um estado de imunossupressão, facilitando o surgimento de

infecções graves12.

Ocorreram mais IBI nos pacientes com episódios de neutropenia febril durante

as fases de indução da remissão e reindução, o que se pode explicar devido a maior

intensidade dos quimioterápicos utilizados nessas fases24. Em estudo recente,

envolvendo 610 episódios de infecção em pacientes com LLA, observou-se que a

maioria das infecções ocorreu na fase de manutenção (57%)67. Este difere do nosso

estudo, onde o objetivo foi analisar a fase do tratamento mais associada ao risco para

infecções graves como a IBI e não apenas a maior freqüência de infecções de modo

geral.

O acompanhamento hospitalar ou ambulatorial do paciente, não mostrou

associação significativa com risco para IBI, em comparação com estudo anterior onde

os pacientes que estavam internados no momento que apresentavam neutropenia febril

foram classificados como de alto risco, apresentando alto percentual (de 31% a 55%) de

infecções graves em relação a apenas 2% do grupo de baixo risco, acompanhados

ambulatorialmente.40 Nossos resultados podem ser explicados devido à rotina

empregada no serviço de oncologia pediátrica do IMIP, na qual os pacientes com

neutropenia são acompanhados diariamente a nível ambulatorial, sendo semelhante a

um sistema de hospital dia com coleta de sangue, punções de cateteres, administração

de medicações e hemotransfusões.

Não se observou associação significante em relação ao estadiamento da LLA

(baixo ou alto risco de fracasso do tratamento da LLA), como também em relação ao

intervalo menor de sete dias da última QT até o início da neutropenia febril. Essa

observação difere da literatura, que relata um maior risco de IBI em pacientes

submetidos à QT com intervalo menor que sete dias. O presente estudo reforça o

conhecimento prévio que a maioria das drogas antineoplásicas tem seu maior efeito

imunossupressor após sete dias, o que corrobora com o maior risco para infecções. 46

A idade foi estratificada em abaixo e acima de cinco anos, tendo como base a

mediana das idades de 4,6 anos e a comparação a estudos prévios quando se verificou a

associação da idade com a presença infecções graves e óbitos.63,67 Em nosso estudo,

não se encontrou associação estatisticamente significativa dessa variável com IBI na

análise bivariada. No entanto, após o modelo final de regressão logística, a força da

associação de IBI com idade menor que cincos anos foi demonstrada, coincidindo com

achados recentes da literatura, onde foram observados fatores de risco para

complicações infecciosas severas (SICs), definidas como septicemia ou choque séptico,

bacteremia ou funguemia, sendo encontrado um risco 2,2 vezes maior para SICs em

crianças abaixo de 5 anos de idade.67

Apesar de haver maior incidência de meninos com LLA, não houve diferença

estatisticamente significante para o risco de IBI quando se analisou o sexo, conforme

relatos anteriores. 46, 64

Nesse estudo não se encontrou associação entre IBI e baixa escolaridade

materna, apesar de ter sido encontrado um percentual alto (37,7%) de mães com menos

de quatro anos de estudos completos. Achados prévios, descritos por Santolaya et al,

encontraram na análise bivariada uma diferença estatisticamente significativa, que não

foi, porém, confirmada na análise multivariada.46

Confirmando as nossas observações, cerca de 60% dos nossos pacientes eram

procedentes do interior e de outros estados e a grande maioria (67,2%) tinha renda

familiar per capita abaixo de meio salário mínimo e, no entanto, essas variáveis não

influenciaram o risco maior de IBI. Para explicar isso, ressaltamos o importante trabalho

informativo, realizado pela equipe da oncologia (médicos, enfermeiras, psicólogos e o

serviço social) já na ocasião do diagnóstico da LLA, levando a conscientização sobre a

doença de base, quanto aos riscos da neutropenia e às complicações do tratamento.

Além disso, temos a participação ativa do NACC, que oferece suporte aos pacientes e

seus acompanhantes procedentes de interior, disponibilizando estadia, alimentação e

transporte, facilitando assim o encaminhamento imediato ao hospital quando do

surgimento da neutropenia febril. Vale salientar que os pacientes com neutropenia pós-

QT não são liberados, pela equipe médica, para viajar a interiores com distância

superior a cem quilômetros do Recife, ficando a maioria desses pacientes hospedados

no NACC.

O uso de cateter venoso central de demora tem sido de grande importância para

o melhor tratamento de pacientes com leucemia, tendo em vista os mais agressivos

regimes quimioterápicos vigentes. No entanto, infecções severas são as complicações

mais freqüentemente associadas à presença dos cateteres venosos centrais em portadores

de câncer, pois a sua presença implica em quebra da barreira da pele e maior

susceptibilidade à penetração de microrganismos potencialmente patógenos para estas

crianças.69,70 Alguns estudos demonstraram uma baixa incidência de infecção em

cateteres venosos semi ou totalmente implantados.68 Rotineiramente, no nosso serviço,

são usados os cateteres totalmente implantados, porém nesse estudo a presença desses

cateteres teve associação significativa com IBI, inclusive confirmada como fator

independente na análise multivariada. Observamos a ocorrência de IBI em 35,5% dos

pacientes portadores de cateter e em apenas 20% dos que não o possuíam, o que se

assemelha a dados já relatados em outros estudos prévios.69,70 Esses resultados devem

implicar em uma análise e certamente modificação de algumas condutas, como evitar os

implantes destes cateteres em pacientes com neutropenia, ter maiores cuidados com a

anti-sepsia, assim como o uso de antibioticoterapia profilática.

Após a análise multivariada, as variáveis que permaneceram com associação

estatisticamente significante com maior risco de IBI foram: idade menor que cinco anos,

infiltração medular pela LLA, presença de cateter venoso central, leucócitos abaixo de

1.000/mm3, plaquetas abaixo de 50.000/ mm3 e a presença de hipotensão.

Em estudo realizado em Toronto, Canadá, foi constatado que a neutropenia

febril é a principal causa de internamento hospitalar em pacientes oncológicos

pediátricos, perdendo apenas para as admissões por quimioterapias. Esse fato reflete não

só no aumento dos custos hospitalares, mas principalmente na qualidade de vida dessas

crianças.45. No presente estudo, verificou-se que 84,4% dos pacientes com IBI tiveram

tempo de hospitalização acima de sete dias e apenas 28,9% dos pacientes sem IBI. Esta

associação foi bem relatada em um estudo realizado de 1995 a 2002, envolvendo 12.446

pacientes menores que 21 anos portadores de câncer, quando se determinou como fator

de risco para período de hospitalização prolongada, as complicações infecciosas como:

bacteremia, pneumonia e infecções fúngicas.63

Em nosso estudo encontrou-se um maior percentual de febre sem localização de

infecção (48,6%), como o principal diagnóstico nos 391 episódios de neutropenia febril,

seguido por infecções respiratórias altas (sinusite, amigdalite e otite), infecção de pele

ou tecidos moles e pneumonia. Esses achados já foram descritos não só na literatura

estrangeira47, 71, como também no nosso país.72,73

Observou-se que apesar da alta morbidade relacionada à neutropenia febril, a

mesma teve baixa mortalidade, em torno de 2,8%, que aumenta para 12,2% na presença

de IBI. Reflexo também das complicações oriundas das infecções como septicemia e

hipotensão, já bem descritos como fatores de risco para o óbito em crianças com

câncer.63

A busca pelo diagnóstico etiológico, através de culturas de sangue, urina e outras

fontes, segue como rotina no atendimento das nossas crianças com câncer e neutropenia

febril. Foram realizadas 387 hemoculturas periféricas e 184 hemoculturas transcateter,

sendo encontrada positividade de 14,2% e 18,5%, respectivamente. Essa baixa

positividade coincide com dados de trabalhos prévios,2,46,74,75 o que pode refletir a

necessidade de maior investimento para o diagnóstico laboratorial, através de

treinamento de pessoal para coleta de espécimes, manipulação das mesmas, meios de

semeio específicos e aparelhagem de melhor tecnologia.

Entre as bactérias Gram-positivas, a maior freqüência de isolados foi

Staphylococcus coagulase negativa e o S. aureus, enquanto entre as Gram-negativas foi

a Klebsiella sp., Pseudomonas e E. coli. Observou-se, conforme achados de outros

autores, que a etiologia da bacteremia em pacientes com neutropenia febril tem mudado

nas últimas décadas, levando a maior incidência de bactérias Gram-positivas. Entre as

razões para tal mudança assinala-se o maior uso de cateteres venosos centrais de

demora, uso de quimioterapias mais agressivas, levando a maior toxicidade para pele e

mucosas e uso de antibióticos profiláticos.72, 74

Em paralelo às mudanças na freqüência das principais bactérias isoladas nos

últimos anos, os padrões de resistência aos antimicrobianos também tem sido alterado.

Pesquisas anteriores mostram prevalência dos Staphylococcus coagulase negativa

meticilina-resistentes, que foi também confirmado por nosso estudo, onde essa

resistência foi aproximadamente de 65%. No entanto, prevalece a sensibilidade das

bactérias Gram-positivas à vancomicina, não tendo sido possível estabelecer os de

sensibilidade intermediária. Já existe uma preocupação sobre os riscos no surgimento

enterococos resistentes, sendo o uso de vancomicina como antibiótico de primeira linha,

indicada apenas nos casos de pacientes com suspeita de infecção por bactérias Gram-

positivas76,77.

Entre as bactérias Gram-negativas, a Klebsiella sp apresentou resistência às

cefalosporinas de terceira geração, porém com sensibilidade acima de 80% aos

aminoglicosídeos e à ciprofloxacina e de 100% ao meropenem, fato que corrobora com

estudos mais recentes.74,75 Observou-se, assim, que o padrão epidemiológico das

infecções bacterianas, corresponde não só a tendência mundial, mas principalmente a

realidade local, que se considerada, levará a um melhor uso dos recursos terapêuticos

vigentes, diminuindo o surgimento de resistências e consequentemente maior benefício

global.

Finalmente, esse estudo possibilitou a identificação de fatores independentes

associados ao risco de IBI em crianças com LLA e neutropenia febril. Baseando-se nos

conhecimentos adquiridos, sugere-se que estudos prospectivos sejam realizados em

nossa região, na tentativa de uma melhor estratificação das crianças com câncer e

neutropenia febril quanto ao risco de infecções graves; quando poderão ser incluídas

como parâmetros de risco a dosagem da proteína C reativa (PCR) e da interleucina 8, já

relatadas em estudos mais recentes.46,47,58 Desta forma, com a utilização da

antibioticoterapia mais direcionada ao risco de IBI, as crianças selecionadas como de

baixo risco seriam beneficiadas com menor duração da antibioticoterapia, alta precoce,

uso de antibióticos orais e acompanhamento ambulatorial; proporcionando menor custo

para o sistema de saúde, diminuição da indução de resistência bacteriana, além da

melhora na qualidade de vida dessas crianças, já tão sofridas pela enfermidade de base.

X. CONCLUSÕES

Em crianças e adolescentes com diagnóstico de leucemia linfóide aguda e

neutropenia febril internadas no serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP:

1- A idade variou de 10 meses a 15 anos, com mediana de 4,6 anos, sendo 12,9%

desnutridas, 61,2% do sexo masculino e a maioria procedente do interior ou de outros

estados. De acordo com o estadiamento da LLA, 51,8% eram de alto risco. Cerca de um

terço das genitoras tinham menos de quatro anos de estudos completos e 67,2% das

crianças tinham renda familiar per capita inferior a meio salário mínimo.

2- Na análise bivariada não houve associação com a infecção bacteriana invasiva (IBI)

quanto à idade, sexo, procedência da criança (Recife/RMR ou outros locais),

escolaridade materna, renda familiar per capita, origem do acompanhamento do

paciente (ambulatorial ou hospitalar), dias desde a última QT, estadiamento da LLA,

episódios prévio de neutropenia febril ou de IBI, quanto ao número de neutrófilos ou à

duração da neutropenia.

3- Verificou-se maior risco de infecção bacteriana invasiva (IBI) quando, no início do

episódio de neutropenia febril, as crianças apresentavam infiltração da medula óssea

pela LLA, estavam na fase de indução do protocolo quimioterápico, a temperatura era

maior ou igual a 39oC, havia presença de hipotensão, o nível de hemoglobina era menor

que 7g/dl, leucócitos menor que 1.000/mm3, monócitos menor que 100/mm3 e plaquetas

abaixo de 50.000/mm3 e presença de cateter venoso central.

4- A análise multivariada demonstrou que idade menor a cinco anos, infiltração

medular, uso de cateter venoso central, leucócitos menor que 1.000/mm3, plaquetas

menor que 50.000/mm3 e presença de hipotensão foram fatores de risco independentes

para a IBI.

5- Das 85 crianças acompanhadas, 33 não tiveram IBI e as 52 crianças restantes

apresentaram 90 episódios de IBI, sendo 31 episódios de IBI provável e 59 episódios de

IBI demonstrada.

6- A Letalidade dos episódios de neutropenia febril foi de 2,8% (11/391) e a letalidade

dos episódios de IBI foi de 12,2% (11/90).

6- Observou-se que o tempo de hospitalização foi maior quando era diagnosticada a IBI.

7- Entre os diagnósticos topográficos das infecções, destacou-se por ordem de

freqüência: febre sem localização de infecção, pneumonia, infecções de pele ou tecido

mole, gastrenterites e sepses.

8- Foram isoladas 73 cepas bacterianas nos 391 episódios de neutropenia febril, com

predominância dos Gram-positivos, entre eles o Staphylococcus coagulase negativa e o

Staphylococcus aureus. Entre as bactérias Gram-negativas, destacou-se a Klebsiella e

Pseudomonas sp.

9- Observou-se que mais de 65% dos Staphylococcus coagulase negativa são oxacilina-

resistentes. A Klebsiella sp. apresentou resistência às cefalosporinas, porém com boa

sensibilidade aos aminoglicosídeos, à ciprofloxacina e ao meropenem. As

pseudomonas apresentaram boa sensibilidade à amicacina, ceftazidima, cefepime,

piperacilina-tazobactama e ao meropenema.

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APÊNDICE 1

FORMULÁRIO GERAL

(1a admissão na Oncologia = Diagnóstico da LLA)

PESQUISA:

Fatores associados à infecção bacteriana invasiva em crianças portadoras de Leucemia Linfóide Aguda e neutropenia febril, admitidas no Serviço de Oncologia Pediátricas do IMIP, no período de janeiro/2000 a janeiro/2003.

Pesquisadora: Kaline Maciel

Formulário-Geral Número: __ __ __ Data da coleta: _____________ Data da digitação: ___________________

Identificação:

Nome do paciente: ______________________________________________ Registro CEHOPE: __________________ Data de nascimento: _________________ Data do diagnóstico (LLA): _________________ Características biológicas: Sexo: 1. masculino 2. feminino Estado nutricional: Peso __________ Kg Estatura: _________ cm Estadiamento da LLA: 1. Baixo risco 2. Alto risco Características sócio-demográficas: Procedência: 1. Recife 2. RMR 3. Interior 4. Outros estados (especificar: ______________________ Distância ___________km) Escolaridade materna (por série máxima estudada e aprovada): 1. analfabeta 2. alfabetizada 3. 1a a 4a série 4. 5a a 8a série 5. 1o ao 3o ano 6. nível superior Renda Familiar: R$ __________ /mês No habitantes no domicílio: ______ (-9 = renda eventual) Port cath – inclusão: __________ retirada: ___________ Número de episódios de NF: _____________

APÊNDICE 2

FORMULÁRIO ADICIONAL (Internamentos por neutropenia febril)

PESQUISA:

Fatores associados à infecção bacteriana invasiva em crianças portadoras de Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e neutropenia febril, admitidas no Serviço de Oncologia Pediátrica do IMIP, no período de janeiro/2000 a janeiro/2003.

Pesquisadora: Kaline Maciel

Formulário-Adicional Número:_____ - ______

Data da coleta: _________________ Data da digitação: _______________ Identificação:

Iniciais do paciente: __________________ Registro CEHOPE: _____________ Data do internamento atual: : ____________ Características biológicas: Estado nutricional: Peso _____________ Kg Estatura: _______ cm Características relacionadas a LLA: Infiltração leucêmica da medula óssea: 1. Sim 2. Não Dias desde a última quimioterapia: _______ dias Acompanhamento prévio (origem): 1. Hospitalar 2. Ambulatorial Fase do tratamento: 1. Indução 2. Manuteção (Semana _____) 3. Reindução Características clínico-laboratoriais: Temperatura: ________o Celsius Hipotensão: 1. Sim 2. Não Uso de cateter venoso central: 1. Sim 2. Não 3. Não informado Hemoglobina: _______ g% Leucócitos: ________________ / mm3 Neutrófilos: ______________ / mm3

Monócitos: _________ /mm3

Plaquetas: __________________ / mm3

Duração da neutropenia - admissão: _______ dias Durante internamento: ________

RX tórax : 1. Normal 2. Pneumonia Topografia da infecção: (na alta)

1- Febre de origem obscura e/ou 2- Infecção da cavidade oral e/ou

3- Lesões infectadas de pele ou tecido mole e/ou 4- Infecção respiratória alta (sinusite/otite) e/ou 5- Pneumonia e/ou 6- Gastroenterite e/ou 7- Infecção urinária e/ou 8- Meningite e/ou 9- Sepse e/ou

10- outras (especificar: _____________________________)

Infecção bacteriana Invasiva: 1. Sim 2. Não Se sim, 1. Demonstrada 2. Provável

Desfecho: 1. Alta 2. Óbito Data: : ____________ Tempo de permanência hospitalar: ________ dias. Culturas resgatadas ___________

APÊNDICE 3

DISPENSA DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Ao Comitê de ética em Pesquisa Venho, através desta, solicitar dispensa do consentimento livre e esclarecido para a pesquisa “Fatores associados à infecção bacteriana invasiva em crianças portadoras de Leucemia Linfóide Aguda e neutropenia febril, admitidas no Serviço de Oncologia Pediátricas do IMIP, no período de janeiro/2000 a janeiro/2003, pelos seguintes motivos: 1- Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo com consultas em prontuários. 2- O estudo incluiu o período de jan/2002 a dez/2003, tento todos os pacientes finalizados o tratamento, só retornando ao Serviço periodicamente para consultas de revisão e outros foram a óbito. Desta forma, teremos grande dificuldade para localização destas famílias pelo fato de a maioria residir no interior e mesmos os pacientes que residem na cidade apresentarem grande mobilidade, o que dificulta a obtenção do termo. Recife, ____/ ____/ _____ ______________________________________ Responsável pela pesquisa

ANEXO 1 ���� CENTRO DE HEMATOLOGIA E ONCOLOGIA PEDIÁTRICA ���� SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA - IMIP LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA - LLA PESO: Nome: Registro: ALT: Sexo: SC: Cor: Idade: Data Nascimento: Procedencia: Estado: Data Diagnóstico: Tipo Citológico: Avaliacao Prognóstico: Apresentação Inicial da Doença: Mielograma= Leucocitos= /mm3 Blastos = % Hemoglobina= /g% Plaquetas= /mm3 Albumina: Citoquimica: Imunofenotipagem: Índice DNA: Biologia Molecular: Citogenética: LCR= Baço= /cm do RCE Figado= /cm do RCD Mediastino= Esqueleto= SNC= Varicela: Linfonodos= DHL= Rx Torax= USG Abdominal= Mielograma 14 dia= Mielograma final indução( Dia 43): Esquema Terapêutico= Data Inicio= Data Fim= Data RC: OBS:

ANEXO 2 ���� CENTRO DE HEMATOLOGIA E ONCOLOGIA PEDIÁTRICA - CEHOPE ���� SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA - IMIP ESTUDO XIIIB – SJCRH/IMIP - LLA As leucemias linfoides agudas (LLA), são classificadas em dois grandes subgrupos: RISCO STANDARD (RS) ALTO RISCO (AR) São considerados de RS todos os pacientes com as seguintes características: Idade: > 1 ano < 10 anos Leucocitos:< 25.000 /mm3 Linhagem B SNC: Ausência de paralisias, LCR normal tipo (1) São considerados de AR, todos os demais pacientes que apresentem uma ou mais das características acima citadas, e que não apresentem uma boa resposta terapêutica com mais de 5% de blastos na medula do dia 15. São considerado de maior Risco de desenvolverem neuroleucemia os pacientes com as seguintes características: Leucocitos > 50.000 /mm3 Cromossomo Ph+

Células T LCR: O exame do citocentrifugado classifica os pacientes de acordo com o número de células e blastos em: SNC (1) = Ausência de blastos SNC (2) = Presença de blastos e contagem de células < 5 SNC (3) = Presença de blastos e contagem de células > 5 Punções limpas (não traumáticas) são consideradas aquelas com < 10 hemacias.

ESQUEMA TRATAMENTO

INDUÇÃO/CONSOLIDAÇÃO = 8 SEMANAS MANUTENÇÃO = 120 SEMANAS RE-INDUÇÃO = NAS SEMANAS 16 à 21 TRATAMENTO: INDUÇAO RE-INDUÇÃO MANUT LLA-RS: SNC (1) LLAIND1 LLAREIN1 LLAMAN1 LLA-AR: LEUC<50.000 e SNC (1) LLAIND1 LLAREIN1 LLAMAN2 LLA-AR: LEUC>50.000, ou Cels T, ou SNC (2) LLAIND2 LLAREIN2 LLAMAN3 LLA-AR: SNC (3) LLAIND2 LLAREIN2 LLAMAN4

ESQUEMA TERAPÊTICO: LLAIND1 DROGAS DOSAGENS/VIA DOSES ESQUEMA Prednisona 40 mg/m2/Dia em 3 doses 29 Dias 1 à 29 Oncovin 1.5 mg/m2/IV/Sem 4 Dias 1-8-15-22 Daunoblastina 25 mg/m2/IV/Sem 2 Dias 1-8 Asparaginase 10000 U/m2/IM 9 Dias 2-4-6-8-10-12 Vepeside 300 mg/m2/IV em 1 hora 3 Dias 22-25-29 Aracytin 300 mg/m2/IV em 2 horas 3 Dias 22-25-29 HDMTX 2 G/m2/IV (Vide Administ) 2 Dias 44-51 Purinetol 75 mg/m2/Oral 14 Diariamente MADIT De acordo c/idade 4 Dias 1-22-43-51 LLAIND2

DROGAS DOSAGENS/VIA DOSES ESQUEMA Prednisona 40 mg/m2/Dia em 3 doses 29 Dias 1 à 29 Oncovin 1.5 mg/m2/IV/Sem 4 Dias 1-8-15-22 Daunoblastina 25 mg/m2/IV/Sem 2 Dias 1-8 Asparaginase 10000 U/m2/IM 9 Dias 2-4-6-8-10-12 Vepeside 300 mg/m2/IV em 1 hora 3 Dias 22-25-29 Aracytin 300 mg/m2/IV em 2 horas 3 Dias 22-25-29 HDMTX 2 G/m2/IV (Vide Administ) 2 Dias 44-51 Purinetol 75 mg/m2/Oral 14 Diariamente MADIT De acordo c/idade 6 Dias 1-8-15-22-43-51 LLAREIND1 Será feita entre as semanas 16-21, mesmo esquema da indução (1) exceto: VP-16 e Aracytin dias 25 e 29 (Doses 2 e 3). Fará MADIT dia 36 LLAREIND2 Igual ao LLAREIND1 com MADIT dia 1 e 36 MANUTENÇÃO: Duração 120 semanas LLAMAN1: HDMTX (8) MADIT (9) LLAMAN2: HDMTX (8) MADIT (11) LLAMAN3: HDMTX (8) MADIT (16) + RADIOTERAPIA 1800 cGY LLAMAN4: HDMTX (8) MADIT (16) + RADIOTERAPIA 2400 CGY Manutenção1 - MP+MTX, com pulsos a cada 4 semanas com DEXA+VCR. HDMTX 8 doses e 9 MADIT. Manutenção2 - Quatro pares de drogas alternados semanalmente: VP+CICLO, MP+MTX, MTX+ARAC, DEXA+VCR. HDMTX 8 doses e 11 MADIT Manutenção3 - Mesmos pares de drogas, mais 8 HDMTX, 16 MADIT e radioterapia do crânio com 1800 cGY na semana 56. Manutenção4 - Igual a manutenção3 porem a radioterapia é 2400 cGY. DROGAS: Dosagens - Esquemas - Vias de Administração Prednisona 40 mg/m2 /Oral em três tomadas

Vincristine 1.5 mg/m2 /IV - < 1 ano ou menos de 10 Kg fazer 0.05 mg/kg. Dose máxima 2 mg Daunoblastina 25 mg/m2 /IV em 2 horas Asparaginase 10000 U/m2 /IM Vepeside 300 mg/m2 /IV em 1 hora Aracytin 300 mg/m2 /IV em 2 horas HDMTX 2 G/m2 /IV em 2 horas (Ver esquema aplicação} MADIT De acordo com idade (Ver esquema) Ciclofosfamida 300 mg/m2/ IV em 2 horas MTX 40 mg/m2 /IM ou IV Purinetol 75 mg/m2/Oral Dexametasona 8 mg/m2 /Oral em três tomadas Para pacientes menores de 1 ano o Vincristine será feito na dose de

0.05 mg/kg

ANEXO 3

Ficha de Identificação Social

I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Prontuário: _____________ IMIP:______________ Convênio ______________

A. Criança/Adolescente

Nome ___________________________________________________________________ Data de Nascimento _____ / _____ / _____ CPF : ______________________ RG : ____________________ Nº da Certidão de Nascimento _________________ Livro nº ___________ Fls _________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Endereço _________________________________________________________________ Ponto de referência _________________________________________________________ Telefones de Contato: _______________________________________________________ Religião: _________________________________________________________________ Escolaridade: _____________________________________________________________ Estuda Sim ( ) Não ( ) Série _____________________________________ Colégio: __________________________ Telefone do colégio: ____________________ Repetência: ( ) Sim, série: _____________ ( ) Não

B. Filiação

Pai _____________________________________________________________________ CPF: _____________________ RG : ____________________ Estado civil atual: Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Separado/Divorciado ( ) Escolaridade (anos concluídos) : __________________ Idade: _____________________ Estuda Sim ( ) Não ( ) Série _______________________________ Lê e escreve Sim ( ) Não ( ) Endereço do trabalho ________________________________________________________

FOTO

3x4

Profissão: __________________________ Atividade atual: _________________________ Vínculo previdenciário Sim ( ) Não ( ) Mãe _____________________________________________________________________ CPF: __________________ RG : ____________________ Estado civil atual: Solteira ( ) Casada ( ) Viúva ( ) Separada/Divorciada ( ) Escolaridade (anos concluídos) : __________________ Idade: _____________________ Estuda: Sim ( ) Não ( ) Série _____________________________________ Lê e escreve Sim ( ) Não ( ) Endereço do trabalho ________________________________________________________ Profissão: __________________________ Atividade atual: _________________________ Vínculo previdenciário Sim ( ) Não ( ) Programas do Governo: (colocar se está cadastrado em algum programa e o valor que recebe) Bolsa Escola: ______________________________________________________________ Bolsa Alimentação: _________________________________________________________ Vale Gás: _________________________________________________________________ Outros: ___________________________________________________________________

II. DADOS RELATIVOS À SAÚDE DA CRIANÇA / ADOLESCENTE

Hospital: IMIP Diagnóstico _______________________________________________________________ CID: _________________ Início do Tratamento:_____/_____/_____ Abandonou o tratamento: Sim ( ) Não ( X ) Justificativa: ------------------------------------------------------------------------------------ Data ---- /--- / ---- Quantas pessoas estão disponíveis para acompanhar a criança / adolescente durante o tratamento? _____ Nome e grau de parentesco __________________________________________________ CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICO

Nome Parentesco Idade Instrução Profissão Renda

Renda familiar ( ) Sem renda ( ) Até 1 salário ( ) De 1 a 3 salários ( ) De 4 a 7 salários ( ) De 8 a 11 salários ( ) Renda Esporádica Responsável financeiro pela família: ___________________________________________ Possui parente(s) residente(s) no Recife? Sim ( ) Não ( ) Nome: ___________________________________________________________________ Parentesco: ______________________________________________________________ Endereço: _________________________________________________________________

Fone ____________________________________________________________________

IV. HABITAÇÃO

A. Imóvel

( ) Próprio ( ) Alugada valor R$ ________ ( ) Cedida Por quem? _________ ( ) Invasão Estrutura: ( ) Alvenaria concluída ( ) Alvenaria em fase de acabamento ( ) Taipa ( ) Outros _____________________ Possui banheiro: ( ) Sim ( ) Não ( ) Interno ( ) Externo ( ) com vaso sanitário Número de cômodo(s): ( ) quarto ( ) sala ( ) cozinha ( ) outros Fácil acesso: ( ) Sim ( ) Não Infra-Estrutura básica: Instalação elétrica: ( ) Sim ( ) Não ( ) Clandestina ( ) Outros __________ Instalação sanitária: Dejetos ( ) Esgoto ( ) Limpeza pública ( ) Fossa ( ) Incinerado ( ) Saneamento ( ) Enterrado ( ) Outros Instalação hidráulica: ( ) Encanada ( ) Poço ( ) Outros: ___________________ Piso: ( ) Chão batido ( ) Cimento liso ( ) Cerâmica ( ) Outros _________ Teto: ( ) Telha comum ( ) Telha brasilit ( ) Laje ( ) Outros__________ Mobília: Sofá ( ) Sim ( ) Não Mesa de Jantar ( ) Sim ( ) Não

Cadeiras ( ) Unidades Camas ( ) Unidades Guarda-roupas ( ) Unidades _____

Mobília Completa ( ) Sim

Eletrodomésticos: ( ) Geladeira ( ) Liquidificador ( ) Fogão ( ) Ferro de passar ( ) Ar condicionado ( ) Som ( ) Ventilador ( ) Televisão ( ) Vídeo Cassete ( ) Rádio ( ) DVD ( ) Celular ( ) Telefone Convencional

Eletrodomésticos Completo ( ) Sim

Roupagem de Cama e Banho: ( ) Lençóis ( ) Toalhas ( ) Travesseiro ( ) Mosquiteiros ( ) Fronhas

Roupagem Completa ( ) Sim ( ) Não

B. Condições de salubridade e localização

Água p/ beber: ( ) filtro ( ) mineral ( ) compesa ( ) outros ___________ Vizinho próximo: ( ) Sim ( ) Não Próximo a terreno baldio: ( ) Sim ( ) Não Próximo a depósito de lixo: ( ) Sim ( ) Não Próximo a depósito de fábricas: ( ) Sim ( ) Não ____________________________ Terreno Alagado: ( ) Sim ( )Não

Programa fornecido pelo município de origem:

TFD : ( ) Sim ( ) Não Meio de Transporte para Recife: ( ) Transporte da Prefeitura ( ) Ônibus comercial

V. CARACTERIZAÇÃO PSICO-SOCIAL DA FAMÍLIA

( ) Uso de bebida Alcoólica ( ) Uso de drogas ( ) Uso de cigarro ( ) Pais Falecidos ( ) casos de doença crônica na família / Quais? __________________________________________________________________________________

Situação Conjugal dos Genitores: ( ) Casados _____ anos ( ) Convivem Maritalmente _____ anos ( ) Separados: Tempo de convivência ___________, tempo de separação __________ ( ) Bom relacionamento entre os membros da família OBS:_____________________________________________________________________________ OBS: As informações acima foram fornecidas pelo responsável do paciente à assistente social na ocasião de sua admissão na Oncologia Pediátrica do IMIP.

Recife, _____/_____/_____ _____________________________ Assistente Social da Oncologia Pediátrica do IMIP CONDUTA DO SERVIÇO SOCIAL ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CADASTRO DE BENEFÍCIOS DO NACC: ( ) CESTA BÁSICA ( ) SUPLEMENTO ALIMENTAR ( ) VALE TRANSPORTE ( ) ALBERGUE ( ) AUXÍLIO TRANSPORTE ( ) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO ( ) FISIOTERAPIA ( ) FONOAUDIOLOGIA ( )CLASSE HOSPITALAR

EVOLUÇÃO DO CASO ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

____ Certidão de Nascimento do Paciente ____/____

____ Resumo Social ____/____

____ Ficha Social NACC ____/____

____ Encaminhamento TFD ____/____

____ Encaminhamento para o Benefício de Prestação Continuada ____/____

____ Encaminhamento ao HEMOPE ______/______ (_____) encaminhamentos

Acompanhantes do Paciente

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Data da admissão multidisciplinar: ____/____/_____ Familiares presentes na admissão multidisciplinar : ________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________

ANEXO 4

Tabela – Critérios de disfunção orgânica – Consenso 2005