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INSTITUTO ESTADUAL DE FLORESTAS
DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS
GERÊNCIA DE CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS
PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DE PARACATU
BELO HORIZONTE, OUTUBRO DE 2010
Organização: Fellipe Pinheiro Chagas (Biólogo)
Mariana Gontijo (Bióloga)
Sumário:
1- Introdução
2- Características Gerais
3- Caracterização física
3.1- Clima
3.2- Recursos hídricos
3.3- Solo
3.4- Topografia
4- Caracterização biológica
4.1- Cobertura vegetal e flora
4.2- Fauna
5- Influência antrópica e pressões de impacto
6- Situação fundiária
7- Relevância da área para a conservação, justificativa para a sua inclusão na
categoria de manejo e origem do nome
8- Laudo Fotográfico
9- Bibliografia
10- Mapas
1- Introdução:
Este documento pretende subsidiar tecnicamente a criação da unidade
de conservação denominada Parque Estadual de Paracatu, na região
noroeste do Estado de Minas Gerais. A área situa-se no município de Paracatu,
na bacia do Rio São Francisco, onde atualmente encontra-se a Área de
Proteção Especial Santa Isabel e Espalha (APE). Os dados aqui apresentados
foram baseados no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA) do Projeto Expansão III – Mina Morro do Ouro, e no
Relatório de Controle Ambiental (RCA) do empreendimento denominado Linha
de Transmissão 230 kV SE Paracatu 4 – SE RPM, ambos sob
responsabilidade da Rio Paracatu Mineração S/A – RPM, tendo este último
parte da sua extensão confrontando com os limites da APE Santa Isabel e
Espalha. Foram realizadas visitas ao local para identificação e confirmação dos
dados (meios biótico, abiótico e antrópico), assim como a definição dos limites
mais adequados para a unidade de conservação.
Para a criação da nova Unidade, partiu-se do atual perímetro da Área de
Proteção Especial Santa Isabel e Espalha, englobando parte deste e,
abrangendo também fragmentos que se encontravam fora dos limites da APE
buscando preservar as tipologias vegetais que ainda existem na região.
Pretende-se garantir a preservação dos recursos hídricos, necessários ao
abastecimento de água da cidade de Paracatu, assim como assegurar a
manutenção da biodiversidade local, proporcionando regiões de corredores e
refúgio para a fauna local. Grande e necessária torna-se tal proteção, dada a
fragmentação da paisagem da região.
As Áreas de Proteção Especial no Estado de Minas Gerais foram
legalmente instituídas com classificação baseada na Lei Federal 6.766 de
19/12/1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano. Entretanto, as
APEs não se encontram formalizadas em categorias de manejo constantes do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei 9.985 de 18/07/00 e
Decreto Federal 4.340 de 22/08/2002), e, portanto, não são Unidades de
Conservação (UC). Contudo, essas áreas destinam-se à proteção de
mananciais, patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico (vide
Art.13 inciso I da Lei 6.766 de 1979), apresentando significativa relevância
ambiental, especialmente no que diz respeito à captação de água para
abastecimento das populações. Grande é a preocupação com tais áreas uma
vez que não existe uma política formalizada para o seu manejo. Percebe-se
que no caso da APE Santa Isabel e Espalha, devido a uma restrição imposta
na legislação de criação (Decreto n.º 29.587 de 08/06/1989), declarando de
preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação, parte da
cobertura vegetal da área encontra-se preservada. Teme-se, porém, que tal
integridade esteja ameaçada, uma vez que a pressão sobre o cerrado que
resta naquela região, especialmente no que diz respeito à agropecuária e a
mineração que avança em direção aos remanescentes restantes.
Considerando que incumbe ao Poder Público definir espaços territoriais
para a proteção do meio ambiente, assegurando a preservação de seus
atributos bióticos e abióticos, propõe-se, em consonância com as Constituições
Federal e Mineira, e de acordo com os dispositivos legais do Sistema Nacional
de Unidades de Conservação, a criação de uma unidade de conservação de
proteção integral da categoria de manejo Parque Estadual.
2- Características Gerais da Unidade:
Superfície: 6359,0197 ha (Seis mil trezentos e cinqüenta e nove hectares, um
are e noventa e sete centiares)
Perímetro: 53.331,19 m (Cinquenta e três mil, trezentos e trinta e um metros e
dezenove centímetros)
Localização: Está inserida no município mineiro de Paracatu, entre as
coordenadas 47°10’00’’ W e 46°52’40’’ W, 17°03’30’’ S e 17°22’35’’S.
3- Caracterização física:
3.1- Clima
A região de Paracatu de acordo com a classificação de Koppen esta
inserida em região de clima tropical, tipo Aw, com estação seca de inverno e
temperaturas elevadas com chuva no verão. Segundo essa classificação, o
clima é megatérmico. A média de precipitação anual para a região no período
de janeiro a dezembro de 2007 foi entre 1200 e 1300 mm. A Média de
temperatura anual para o mesmo período ficou entre 24°C e 25°C, sendo a
média máxima entre 27°C e 28°C e a mínima entre 20°C e 21°C (SIMGE MG).
A temperatura media do mês mais frio (julho) é superior a 18ºC e as
temperaturas mais altas ocorrem geralmente em setembro, precedendo o
período chuvoso, com médias entre 28 e 31ºC.
Verificam-se duas estações bem distintas, uma úmida, que corresponde
ao verão, e outra seca, que corresponde ao inverno. A umidade relativa media
anual chega a 71,6% e coeficiente de variação da precipitação anual 37,1%.
Fonte: http://www.simge.mg.gov.br Fonte: http://www.simge.mg.gov.br
Figura 1: Temperatura Media (ºC) Anual - 2007 Figura 2: Total de Precipitação (mm) Anual - 2007
3.2- Recursos hídricos
O principal rio de Paracatu da nome a cidade e pertencente à bacia do
Rio São Francisco. Também há o Rio São Marcos, divisor interestadual com o
município goiano de Cristalina que deságua, juntamente com seus afluentes na
Bacia do Prata. A área de estudo compreende as microbacias do Ribeirão
Santa Isabel e Córrego do Espalha.
Predomina a topografia plana ou levemente ondulada. Quanto ao padrão
da hidrografia local verificam-se vales encaixados, seguindo o padrão de
drenagem dendrítico, com varias ramificações.
Figura 3: Unidades de Planejamento e gestão de Recursos Hídricos do Estado de Minas
Gerais - 2007
Fonte: http://www.igam.mg.gov.br/
3.3- Solo
Em nível regional, área de estudo está inserida no interior da Formação
Paracatu (Fp), pertencente ao Grupo Canastra (Gc). São rochas do
Proterozóico médio-superior onde predominam filitos claros, filitos carbonosos
e quartizitos.
Entre os solos que ocorrem na área de estudo merece destaque os
Neossolos, presentes nos topos dos vales que cercam a bacia do ribeirão
Santa Rita. Originados de rochas filíticas, são solos muito rasos e em geral
cobertos por vegetação de pequeno porte, com exceção das zonas de fraturas
intensas onde os mantos de alteração são mais profundos, favorecendo a
vegetação de maior porte. Estes solos são predominantemente distróficos e a
textura predominante varia de muito argilosa a argilosa.
As classes de solos são as seguintes: Solos com horizonte B latossólico
(Latossolos Vermelhos), Solos pouco evoluídos e sem horizonte B diagnóstico
(Neossolos Litólicos e Neossolos Flúvicos) (Golder Associates, 2004). As
cristas têm sua direção condicionada pela foliação NW-SE e suas superfícies
são revestidas por uma cascalheira coluvial com espessura média de 15 cm,
onde são mais freqüentes os fragmentos de quartzo e filito. O campo cerrado e
o cerrado alternam-se na superfície da crista, provavelmente em função da
maior ou menor pedregosidade da mesma e da profundidade de alteração da
rocha. Os Neossolos Litólicos ocorrem sobre as cristas filíticas e nos trechos
remanescentes de vertentes da Unidade Morro do Ouro. São caracterizados
principalmente pelo horizonte A com menos de 40 cm de espessura, assente
diretamente sobre a rocha ou sobre um horizote C ou Cr (Golder Associates,
2004). Sobre eles está instalada uma vegetação de campo cerrado. Nas partes
baixas da vertente do Morro do Ouro, próximo ao ribeirão Santa Rita, os
Neossolos Litólicos foram removidos pelo garimpo.
3.4- Topografia
No contexto morfoestrutural de Minas Gerais, a região noroeste
encontra-se na "Faixa de Dobramentos Brasília", orientada na direção norte-
sul, na maioria dos casos, cujo relevo é constituído basicamente, de extensos
planaltos e amplas depressões. A região de Paracatu-MG situa-se no Planalto
Central Brasileiro, no Domínio Morfoclimático do Cerrado. O Planalto Central
Brasileiro é um grande platô que se estende pelos estados de Goiás, Minas
Gerais e porções dos estados de Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul. É uma das regiões brasileiras atualmente mais visadas para a ocupação
humana, especialmente voltada para a atividade agrícola em grande escala.
A região em estudo encontra-se na Unidade Cristas de Unaí, que possui,
em escala mais local, o predomínio dos seguintes compartimentos
geomorfológicos: planalto residual (chapada) planícies aplainadas e onduladas
(interplanáltica) e morros residuais pelíticos e dolomíticos. Este relevo é
subdividido de acordo com sua morfologia, posição topográfica e processos
atuantes.
4- Caracterização Biológica:
4.1- Cobertura Vegetal e Flora
A vegetação é constituída por cerrados representados por seus vários
tipos, desde campos a cerradões e florestas ciliares subperenifólias,
principalmente, nas proximidades dos rios, desenvolvida sobre solos derivados
de basalto (GOLFARI, 1975).
Do ponto de vista fitogeográfico, esta região é formada por um Mosaico
de formações vegetais onde predominam a biota típica do bioma Cerrado,
sendo que a tipologia cerrado sentido estrito é bem representada. As
subtipologias são bastante condicionadas pelo relevo das sub-bacias, formadas
por extensos planaltos ondulados com depressões amplas e pouco acentuadas
e com seus divisores de águas formados por cristas extensas.
A vegetação de cerrado (s.s.) aparece nas partes mais aplainadas onde
os solos são mais desenvolvidos, é entrecortada por cabeceiras de drenagem
mais ou menos profundas (com grande quantidade de cabeceiras pouco
profundas), acompanhadas por vegetação florestal em suas margens.
Nas partes mais inferiores do relevo, em geral acompanhando córregos
ou ribeirões, encontra-se formação florestal pertencente à Mata de Galeria,
Ciliar ou Cerradão, que pode ganhar grande amplitude, quando a inclinação do
relevo for bastante suave. (Estudo de Impacto Ambiental RPM – Rio Paracatu
Mineração)
O campo limpo mostra uma flora predominantemente herbácea, com a
presença de arbustos disseminados sobre um tapete formado por graníneas,
destacando–se espécies como; Paspalum eucomum, Aristida recurvata,
Echinolaema inflexa e Panicum campestre por sua grande presença e a
cyperáceae barba de bode (Bulbostyles cf. junciformes), por seu aspecto
peculiar na forma de um pequeno tufo e por ocorrer predominantemente em
encostas de maior inclinação.
Também vale destacar a presença do cajuzinho-do-campo (Anacardium
nanum), por sua importância na oferta de frutos para a fauna e por também
poder ser consumido por pessoas. Apesar da predominância do estrato
herbáceo, é comum a presença de algumas pequenas árvores, com altura de
até 1,5-2m, a exemplo da mangaba (Hancornia speciosa), do murici
(Byrsonima crassa), do pau-santo-rosa (Kielmeyera rosea) e da chapadinha
(Acosmium dasycarpum). Com o aumento da densidade dessas espécies vai-
se caracterizando o campo-cerrado
O campo cerrado apresenta-se com extrato arbóreo e arbustivo pouco
denso, com árvores esparsas. Árvores de pau-santo-rosa (Kielmeyera rubra),
sambaíba (Curatela americana), pau-doce (Vochysia elliptica) e pau-terrinha
(Qualea parviflora) são comuns nesse ambiente.
O cerrado possui um extrato arbóreo mais desenvolvido, para o cerrado
típico, a densidade arbórea segundo Ecodinâmica (1993) é de
450árvores/hectare, enquanto no cerrado denso, apesar de não avaliado, é
possível que seja o dobro desse valor.
A maior parte das espécies arbóreas são comuns aos dois ambientes,
sendo que no cerrado denso existem algumas árvores comuns aos cerradões e
matas. Por outro lado, o cerrado típico possui muitas espécies arbustivas e
herbáceas comuns aos campos-cerrados. Árvores de sambaíba (Curatella
americana), pau-terra (Qualea grandiflora), pauterrinha (Qualea parviflora),
murici (Byrsonima verbascifolia), pau-pereira (Aspidosperma macropodon) e
cabelo-de-nego (Erythroxyllum suberosum) são comuns nos cerrados típicos.
Já no cerrado denso, além da sambaíba e do pau-terra, destacam-se a
sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), a pindaíba pimenta-de-macaco (Xylopia
aromatica), a jurema (Mimosa lactifera) e o vinhático (Platymenia reticulata).
O cerradão caracteriza-se pela presença do barú (Dipterix alata) e do
carvoeiro (Sclerolobium paniculatum), associados ao pequizeiro (Caryocar
brasiliense), ao caqui-do-mato (Diospyrus hispida) e à sucupira-preta
(Bowdichia virgilioides). Muitas árvores atingem 10 m de altura e suas copas se
tocam.
A mata ciliar apresenta árvores com altura de, até, 15 metros. Sua
composição é variada, tendo espécies mais características. Nele estão
presentes árvores como o ingá (Inga edulis), landi (Calophyllum brasiliensis),
taúba (Guarea guidonea), grão-de-galo (Celtis brasiliensis), jacarandábico-de-
pato (Machaerium nyctitans) sangra d’água (Croton urucurana), genipapo
(Genipa americana), aroeirinha (Lithraea molleoides) e a embaúba-formiga
(Cecropia pachystachia). Estas duas últimas, além de serem freqüentes em
ambientes ciliares em estágio de capoeira, também podem ocorrer como
colonizadoras de demais áreas alteradas.
Nas áreas de pastagens predominam espécies como capim braquiarão
(Brachiaria brizantha), mas também estão presentes a grama-batatais
(Paspalum notatum) e o capim provisório (Hyparrhenia rufa).
Apesar de todas as espécies vegetais possuírem alguma importância
ecológica, algumas se destacam por seu maior potencial produtivo para a
fauna e/ou para as pessoas, outras por seu potencial paisagístico, ou por
serem consideradas ameaçadas de extinção e algumas por mais de uma
destas razões. (Estudo de Impacto Ambiental RPM – Rio Paracatu Mineração)
Além da aroeira (Myracrodruon urundeuva), que é referida como
ameaçada de Extinção na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas de
Extinção da Flora do Estado de Minas Gerais (Fundação Biodiversitas &
Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte, 2002), também são encontradas na
área em estudo, espécies declaradas como imunes de corte, como o pequi
(Caryocar brasiliensis) - Lei Estadual 10833 de out./1992 e Portaria IBDF n. 54
de 5/03/1987; o gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium) - Portaria Ibama n.083
de set/1991; e todos os ipês (Tabebuia spp.) Lei Estadual 9743 de dez/1988.
Pelo potencial paisagístico, além da contribuição para o suporte
alimentar e de abrigos para a fauna, tem-se, principalmente, as espécies de
ipês.
Como de interesse científico, pode-se considerar todas estas espécies
citadas acima e ainda as demais, pois qualquer uma delas possui relações
ecológicas específicas e poderão vir a ser objeto de estudos variados,
dependendo do foco da pesquisa.
4.2- Fauna
Estudos para licenciamentos da Rio Paracatu Mineração (RPM) na
região de Paracatu, são relatados importantes registros da fauna. De acordo
com estes estudos foram registradas mais de 40 famílias de aves, distribuídas
em pelo menos três fitofisionomias (Formações Florestais, Campo Limpo e
Brejo). Destas, algumas espécies estão em categorias de ameaçadas de
extinção em Minas Gerais: a ema (Rhea americana) e a arara-canindé (Ara
ararauna), o aquático polícia-inglesa (Leistes militaris); cinco espécies
endêmicas, como a gralha-do-cerrado, tucano-toco, barranqueiro e a saíra-
galega; além de 12 espécies consideradas raras e 15 que realizam movimentos
migratórios ou deslocamentos sazonais. A mastofauna foi representada
também por mais de 40 espécies sendo que 11 são mamíferos de pequeno
porte como o gambá-orelha-branca, catita, cuíca e ratos do mato. Mamíferos
de médio e grande porte como a mão-pelada, anta, capivara, paca, lobo-guará,
tatu-galinha e tamanduá-mirim foram catalogados também. Há relatos de que a
mastofauna já foi mais evidente no passado e que a principal causa do declínio
é a caça ilegal. Foram identificadas espécies ameaçadas como o tamanduá-
mirim (Tamandua tetradactyla), jaguatirica (Leopardus pardalis), tatu-canastra
(Priodontes maximus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), lobo-
guará (Chrysocyon brachyurus) e o gato do mato (Leopardus tigrinus). A
herpetofauna é menos significativa, porém, importante. Foram relatados um
total de 10 espécies de anuros e poucas serpentes. E, com relação à
ictiofauna, foram capturadas 16 espécies em córregos da região. Os cursos
d’água na área pertencem à bacia do Rio São Francisco. Duas destas espécies
são consideradas exóticas (trairão e pacu) e seis são peixes que realizam
migrações reprodutivas como os piaus, curimbatá e a tabarana.
5- Influência antrópica e pressões de impacto:
Na região noroeste de Minas, a cidade de Paracatu é considerada das
mais bem equipadas do Interior. A pecuária é a maior força econômica,
juntamente com outras atividades, como produção de laticínios diversos,
serraria, marcenaria, grãos. No lugar chamado Morro Agudo, há mineração de
zinco e chumbo. A cidade possui ainda inúmeros atrativos naturais, com
destaque para as cachoeiras ribeirão da Prata, Ascânio e Deus me Livre e as
grutas Lagoa Rica e Santa Fé, além de sítios históricos e arqueológicos.
Com 8.232 km², Paracatu é o município com o maior contingente
populacional de sua microregião, representando 40% de toda sua população,
com 79.739 habitantes, segundo Censo de 2007. Deste total, a grande maioria
se encontra na área urbana. A economia da microregião de Paracatu é
diferente da economia estadual, pois o setor agropecuário possui relevância
bem mais significativa se comparada à relevância que este possui no estado
em geral. Desta forma, torna-se mais uma grande pressão para a supressão
dos fragmentos de vegetação nativa restantes, como é o caso da área
potencial para criação da UC.
Percebe-se, na área de estudo para a criação da unidade de
conservação, pastagens e lavouras, atualmente inseridas no perímetro da APE
Santa Isabel e Espalha. Tais atividades contribuem para a fragmentação da
paisagem, comprometendo a manutenção do equilíbrio hidrológico e ecológico
na região, ameaçando as nascentes e cursos d’água. Este talvez seja um dos
desafios na implantação da nova unidade, pois foi necessário incluir áreas
passíveis de recuperação ambiental com vistas à composição de um contínuo
florestal.
O maior empreendimento na região do município de Paracatu é a Mina
do Morro do Ouro, projeto da Rio Paracatu Mineração uma empresa do Grupo
Kinross. A RPM iniciou suas atividades em meados de 1985, com uma
capacidade de processamento de cerca de 5 milhões de toneladas por ano de
minério com produção de 3 toneladas de ouro. Atualmente, na fase de
expansão do empreendimento, a empresa espera alcançar o beneficiamento
de 61 milhões de toneladas por ano de minério. Nesta nova fase de expansão
a RPM terá a geração de um maior volume de material estéril, a construção de
uma nova barragem de rejeitos e a instalação de uma linha de transmissão.
7- Relevância da área para a conservação, justificativa para a sua inclusão
na categoria de manejo e origem do nome:
O Cerrado Brasileiro têm sido concebido como uma alternativa ao
desmatamento da Amazônia. Por esse motivo, somados à relevância biológica,
ecológica e cênica do Cerrado, vários setores da paisagem savânica são
considerados “Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade de Minas
Gerais” (Fundação Biodiversitas, 2005). O município de Paracatu situa-se
dentro de um destes setores denominado “Região de Paracatu (34)” e
concebido como uma “Área de Importância biológica muito alta”, para a qual
são recomendadas investigações científicas. Para a avifauna ele foi
considerado de extrema importância biológica, com recomendação de se criar
Unidades de Conservação. Para o grupo dos invertebrados a região em estudo
apresenta grande potencial solicitando-se realização de inventários.
Esta região também se insere em uma “Área Prioritária para
Conservação da Biodiversidade do Cerrado e Pantanal” de acordo com
estudos da Funatura, concebida como Paracatu/Três Marias (2004), na
categoria de “Área de Importância Biológica Muito Alta”, para a qual é
recomendada a criação de Unidades de Conservação.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação orienta que “a
denominação de cada unidade de conservação deverá basear-se,
preferencialmente na sua característica natural mais significativa, ou na sua
denominação mais antiga, dando-se prioridade, neste último caso, às
designações indígenas ancestrais.” (SNUC, Decreto 4.340, capítulo I, Art. 3º,
2002).
Propõe-se a criação de um Parque Estadual pela possibilidade de
preservar os ecossistemas naturais da área aliados à realização de pesquisas
científicas e ao desenvolvimento do turismo ecológico e atividades de
educação e interpretação ambiental na região.
8- Laudo Fotográfico
Imagens 01 e 02: Vegetação típica do Cerrado na área proposta para criação do P.E. Paracatu
Imagens 05 e 06: Vegetação típica do Cerrado – com capões – na área proposta para criação
do P.E. Paracatu
09- Bibliografia:
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. SNUC - Sistema Nacional de Unidades
de Conservação. Lei 9.985 de 18 de julho de 2000.
PRESIDENCIA DA REPÚBLICA – Casa Civil. Lei 6.766 de 1979 – dispõe
sobre o Solo Urbano e dá outras providências. 19 de dezembro de 1979.
ESTADO DE MINAS GERAIS. Decreto n.º 29.587 de 1989 – Definição de
Área de Proteção Especial situada no município de Paracatu, para fins de
preservação de mananciais, para abastecimento de água na cidade de
Paracatu. 08 de junho de 1989.
SIMGE - MG. In: http://www.simge.mg.gov.br/. Acesso em 20/09/2010.
IGAM – MG: Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos de
Minas Gerais. In: http://www.igam.mg.gov.br/. Acesso em 20/09/2010.
GOLFARI, L., Zoneamento ecológico do estado de Minas Gerais para
reflorestamento. PNUD/FAO/IBDF – BRA/71/545, 1975. 65p. (Série Técnica
no 3).
BRANDT MEIO AMBIENTE. Estudo de Impacto Ambiental RPM – Rio
Paracatu Mineração, Mina Morro do Ouro. Agosto de 2006.
DRUMMOND, GLÁUCIA MOREIRA et al (Org). Biodiversidade em Minas
Gerais: um atlas para sua conservação. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação
Biodiversitas, 2005. 222p
MENDONCA, & LINS, (org).
adas de extinc .
Fundac ; Prefeitura Belo Horizonte &Fundac -Botanica de
Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2000.