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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG, Brasil. Berenice Chiavegatto Campos 2005 I

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de JaneiroEscola Nacional de Botânica Tropical

A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrados de

altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG,

Brasil.

Berenice Chiavegatto Campos

2005

I

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de JaneiroEscola Nacional de Botânica Tropical

A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrado de

altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG,

Brasil.

Berenice Chiavegatto Campos

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa dePós-Graduação em Botânica, Escola Nacional deBotânica Tropical, do Instituto de Pesquisas JardimBotânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitosnecessários a obtenção do título de Mestre em Botânica.

Orientador: José Fernando A. Baumgratz

Rio de JaneiroAgosto 2005

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A família Melastomataceae nos campos rupestres e cerrados de altitude

do Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, MG, Brasil.

Berenice Chiavegatto Campos

Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical,Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dosrequisitos necessários a obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

Prof.______________________ - Dr. José Fernando A. Baumgratz(titulação)

Prof. _____________________- Dra. Rosana Romero(titulação)

Prof. _____________________ - Dra. Rafaela Compostrini Forzza(titulação)

Rio de Janeiro2005

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“ Ninguém deve surpreender-se com o fato de permanecerem obscuros

tantos pontos relacionados com a origem das espécies e variedades,

desde que se dê o devido desconto a nossa profunda ignorância quando

às inter-relações existentes entre todos os seres vivos que nos circundam.

Quem poderia explicar porque determinada espécie tem habitat amplo e

é muito numerosa, enquanto que outra espécie afim é mais rara e vive em

habitat restrito? Entretanto, tais relações são da mais alta importância,

pois determinam nossa situação atual e, conforme acredito, as futuras

modificações e adaptações positivas de todos os habitantes deste mundo.

(...)”

Charles Darwin – Origem das Espécies – 1859.

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Dedico essa Dissertação de Mestrado aos meu pais, Wanderson e Rita,

pelo incentivo, pelo apoio, por valorizar meu sonho e, sobre tudo, por

seu amor incondicional.

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Agradecimentos

Ao meu avô Dr. Hermenegildo Campos pela inspiração.

Aos meus irmãos, Valéria e Wanderson Jr., pela ajuda e atenção nos estudos fundamentais.

Aos meus sobrinhos, João Paulo e Júlia, pelo fascínio pela ciência e pelos olhinhos brilhantes

ao me ouvirem falar.

Às professoras e amigas Fiorella, Viviane e Luciana, pela iniciação na botânica, pela

confiança no meu trabalho como monitora e auxílio na minha formação profissional.

À professora Dra. Fátima Salimena (Fatinha), por acreditar no meu potencial e por me

mostrar a paixão pela botânica e pela taxonomia, além de me mostrar a beleza do Parque Estadual

do Ibitipoca.

À professora Dra. Rafaela Forzza, pelo incentivo, por me ensinar a importância de um

herbário, pela confiança e pela oportunidade de estar no Jardim Botânico.

A todos os professores do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de

Fora, pelas belas aulas e formação de bióloga.

Ao professor José Carlos, pelas aulas de Sistemática Filogenética, Evolução e lições de vida.

Aos grandes amigos Carolina, Daniel, Leila, Roberto, Sandro e Valquiria, pela presença na

minha vida

Ao amigo Luis, pela ajuda com as fotografias.

À minha amiga Micheline, por todas as dicas e conselhos e, pela paciência nas conversas.

A todos os companheiros dos herbários CESJ e RB, da UFJF e da pós-graduação Escola

Nacional de Botânica Tropical.

À Diretoria e a Coordenação da Escola Nacional de Botânica Tropical.

À CAPES pela bolsa concedida.

Ao Programa Mata Atlântica pela ajuda com mapas.

Aos professores Dr. Sérgio Ricardo e Dra. Luciana do Laboratório de Biologia Molecular de

Plantas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pela ajuda e paciência no trabalho de biologia

molecular. Ainda ao Dr. Sérgio pelas lindas fotos no campo.

À Dra. Marli Pires Morim, pela revisão desta dissertação.

Á Dra. Rosana Romero da Universidade Federal de Uberlândia, pela revisão das

identificações das espécies dos gêneros Microlicia e Siphanthera e por aceitar fazer parte da banca

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de avaliação desta dissertação.

Ao Dr. Paulo José Guimarães pela revisão das identificações de espécies do gênero

Tibouchina.

Aos professores da Escola Nacional de Botânica, que me ensinaram a importância da

pesquisa.

Ao professor, orientador e amigo, José Fernando Baumgratz, pelo cuidado tanto com o

trabalho, como pela minha formação profissional e pelo modo paternal com o qual me mostrou o

“Mundo Maravilhoso” das Melastomataceae.

Ao Elisson, pelas discussões, companheirismo, atenção, carinho, paciência, por fazer com

que tudo ficasse mais fácil ao seu lado e por me fazer tão feliz.

A Deus, por estar aqui.

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Resumo

Apresenta-se o estudo taxonômico da família Melastomataceae nas vegetações campestres do

Parque Estadual do Ibitipoca, uma Unidade de Conservação situada no município de Lima

Duarte, MG, entre 800-1.784m altitude, e abrangendo 1.488 ha. Objetivando o conhecimento

sobre a diversidade e aspectos florísticos desta família na paisagem destas formações campestres

de altitude. Observa-se que constitui um dos grupos mais diversificados na área, representado

por 10 gêneros e 28 espécies, assim distribuídas: Chaetostoma DC., Marcetia DC. e Siphanthera

Pohl (monoespecíficos); Cambessedesia DC., Lavoisiera DC., Microlicia D.Don e Trembleya

DC. (2 spp. cada); Miconia Ruiz e Pav. (5 spp.); Leandra Raddi (6 spp.) e Tibouchina Aubl. (7

spp.). Dentre as características morfológicas mais marcantes para a identificação destes táxons

pode-se destacar o hábito, as dimensões e coloração das folhas, os tipos de indumento, a

coloração das pétalas, a cor e forma dos estames e os tipos de fruto e formas das sementes.

Apresenta-se uma chave analítica, seguida de descrições morfológicas e ilustrações, além de

dados sobre distribuição geográfica, comentários gerais e análise dos padrões de distribuição

geográfica. As Melastomataceae são encontradas nas três fitofisionomias campestres

reconhecidas na área: o campo rupestre sensu stricto, o campo rupestre arbustivo e o cerrado de

altitude. No contexto geral dessas formações, a família não é específica a nenhuma destas

fitofisionomias. Entretanto, algumas espécies são endêmicas dos campos rupestres ou restritas

aos campos rupestres e cerrados de altitude. O campo rupestre arbustivo concentra o maior

número de espécies (27), sendo oito exclusivas; o cerrado de altitude, 17 espécies, e o campo

rupestre senso stricto, sete espécies, sendo Leandra eichleri Cogn. a única exclusiva desta

formação. Em relação aos padrões de distribuição, 14 espécies têm ampla distribuição no

neotrópico, ocorrendo em diferentes formações vegetacionais; seis espécies apresentam o padrão

disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de altitudes, enquanto sete são restritas aos

campos rupestres e cerrados, e cinco endêmicas de campo rupestre, sendo Siphanthera arenaria

Cogn. e Tibouchina vauthieri Cogn. endêmicas de Minas Gerais.

Palavras chave: Melastomataceae, taxonomia, florística, Parque Estadual do Ibitipoca, campos

rupestres, cerrados de altitude.

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Abstract

The taxonomic study of Melastomataceae family in “campos rupestres” and “cerrados de altitude”

of Parque Estadual do Ibitipoca is presented. This area is located on Lima Duarte district, Minas

Gerais State, between 800-1.784mts. high and ranging 1.488 ha. The main objectives are the

knowledge of the taxonomic diversity and floristic aspects of this family in the landscape of these

altitude vegetation. It is observed that Melastomataceae constitutes one of the more diversified

group in the area and it´s represented by 10 genus and 28 species: Chaetostoma DC., Marcetia DC.

e Siphanthera Pohl (monospecifics); Cambessedesia DC., Lavoisiera DC., Microlicia D.Don e

Trembleya DC. (2 spp. each); Miconia Ruiz e Pav. (5 spp.); Leandra Raddi e Tibouchina Aubl. (6

spp.). The main morphological characteristics for the identification of these taxa are the size and

color of the leaves, the indument types, the color of the petals, the color and shape of the stamens

and the fruit types and seeds shapes. An analytical key is presented, followed by morphological

descriptions and illustrations, besides on geographical distribution data, comments and analysis of

the geographical distribution patterns. The species occur in three vegetation types recognized in the

area: “campos rupestres sensu stricto”, “campos rupestres arbustivos” and “cerrados de altitude”,

but the family is not exclusive of any one of them. Otherwise, some species are endemic of “campos

rupestres” or restricted to “campos rupestres” and “cerrados de altitude”. The “campo rupestre

arbustivo” includes the largest number of species (27), being 8 exclusive; “cerrado de altitude”, 17

species, and “campo rupestre senso stricto”, 7 species, where Leandra eichleri Cogn. is the only

exclusive species. Four distibution patterns are recognized: species widely distributed in Neotropic,

occuring in different vegetation types (14 species); disjuction between “campos rupestres/cerrados”

and “campos de altitude” (6 species); restricted to “campos rupestres” and “cerrados” (7 species);

and endemic of “campos rupestres” (5 species). Siphanthera arenaria Cogn. and Tibouchina

vauthieri Cogn. are the only species endemics of Minas Gerais State.

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Sumário

Introdução ..................................................................................................................................... 1

Revisão de Literatura .................................................................................................................... 5

O Parque Estadual do Ibitipoca ................................................................................................ 10

Metodologia ................................................................................................................................ 13

Resultados e Discussão ............................................................................................................... 16

As Melastomataceae nas fitofisionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca ......

.............................................................................................................................. 16

Tratamento Taxonômico ................................................................................................. 32

A Família Melastomataceae ................................................................................ 32

Chave de Identificação para as espécies de Melastomataceae ............................ 33

Cambessedesia .................................................................................................... 40

Cambessedesia espora ............................................................................. 40

Cambessedesia hilariana ......................................................................... 42

Chaetostoma ........................................................................................................ 44

Chaetostoma pungens .............................................................................. 44

Lavoisiera ............................................................................................................ 49

Lavoisiera compta ................................................................................... 49

Lavoisiera sp. ........................................................................................... 50

Leandra ............................................................................................................... 54

Leandra aurea ......................................................................................... 54

Leandra eichleri ...................................................................................... 57

Leandra erostrata ................................................................................... 59

Leandra foveolata .................................................................................... 61

Leandra pennipilis ................................................................................... 63

Leandra salicina ...................................................................................... 65

Marcetia .............................................................................................................. 73

Marcetia taxifolia .................................................................................... 73

Miconia ................................................................................................................ 76

Miconia chartacea ................................................................................... 76

Miconia corallina .................................................................................... 78

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Miconia sellowiana .................................................................................. 80

Miconia theazans ..................................................................................... 82

Miconia sp ............................................................................................... 83

Microlicia ............................................................................................................ 91

Microlicia fulva ....................................................................................... 91

Microlicia isophylla ................................................................................. 93

Siphanthera ......................................................................................................... 95

Siphanthera arenaria ............................................................................... 95

Tibouchina ......................................................................................................... 100

Tibouchina collina ................................................................................. 100

Tibouchina frigidula .............................................................................. 103

Tibouchina heteromalla ......................................................................... 105

Tibouchina hieracioides ........................................................................ 107

Tibouchina martiusiana ......................................................................... 109

Tibouchina semidecandra ...................................................................... 111

Trembleya .......................................................................................................... 116

Trembleya parviflora ............................................................................. 116

Trembleya phlogiformis ......................................................................... 118

Padrões de Distribuição Geográfica .............................................................................. 121

Considerações Finais e Perspectivas ......................................................................................... 129

Lista de coleções ....................................................................................................................... 132

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 135

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Lista de Figuras

Figura 1: Localização do Parque Estadual do Ibitipoca no estado de Minas Gerais .................. 12

Figura 2: Mapa de vegetação do Parque Estadual do Ibitipoca .................................................. 30

Figura 3: Fitofisionomias do Parque Estadual do Ibitipoca ........................................................ 31

Figura 4: Cambessedesia hilariana e detalhe da flor; Cambessedesia espora; Chaetostoma

pungens ....................................................................................................................... 47

Figura 5: Ilustração: Cambessedesia espora; Cambessedesia hilariana; Chaetostoma pungens

..................................................................................................................................... 48

Figura 6: Lavoisiera compta: ramo na paisagem; ramo florífero; detalhe da flor ...................... 52

Figura 7: Ilustração: Lavoisiera compta; Lavoisiera sp. ............................................................ 53

Figura 8: Ilustração: Leandra aurea, Leandra erostrata ............................................................ 67

Figura 9: Ilustração: Leandra eichleri ........................................................................................ 68

Figura 10: Ilustração: Leandra foveolata, Leandra salicina ...................................................... 69

Figura 11: Ilustração: Leandra pennipilis ................................................................................... 70

Figura 12: Leandra aurea: Variação foliar ................................................................................. 71

Figura 13: Leandra aurea: ramo frutífero; ramo florífero .......................................................... 71

Figura 14: Leandra eichleri; Leandra erostrata; Leandra foveolata; Leandra pennipilis; Leandra

salicina ...................................................................................................................... 72

Figura 15: Ilustração: Marcetia taxifolia .................................................................................... 75

Figura 16: Ilustração: Miconia chartacea, Miconia corallina .................................................... 87

Figura 17: Ilustração: Miconia sellowiana, Miconia theazans ................................................... 88

Figura 18: Ilustração: Miconia sp. .............................................................................................. 89

Figura 19: Miconia chartacea; Miconia corallina; Miconia sellowiana; Miconia sp. nova

hábito e detalhe da inflorescência ............................................................................ 90

Figura 20: Ilustração: Microlicia fulva; Microlicia isophylla; Siphanthera arenaria ................ 98

Figura 21: Microlicia fulva; Siphanthera arenaria na paisagem e detalhe da flor ..................... 99

Figura 22: Ilustração: Tibouchina vauthieri; Tibouchina heteromalla; Tibouchina frigidula ........

................................................................................................................................ 113

Figura 23: Ilustração: Tibouchina martiusiana; Tibouchina hieracioides; Tibouchina

semidecandra ......................................................................................................... 114

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Figura 24: Tibouchina semidecandra; Tibouchina frigidula; Tibouchina heteromalla;

Tibouchina hieracioides; Tibouchina vauthieri; Trembleya parviflora

...................................115

Figura 25: Ilustração: Trembleya parviflora; Trembleya phogiformis ...................................... 120

Figura 26: Mapa de Distribuição geográfica das espécies ......................................................... 126

Lista de Tabelas e Gráficos

Tabela 1: Distribuição das espécies de Melastomataceae nas fitofisionomias campestres do

Parque Estadual do Ibitipoca ....................................................................................... 19

Tabela 2: Distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae dos campos rupestres e

cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca ............................................... 127

Tabela 3: Padrões de distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes nos

campos rupestres do Parque Estadual do Ibitipoca ................................................... 128

Gráfico 1: Porcentagem de ocorrência das espécies de Melastomataceae por padrão de

distribuição em relação as fitofisionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca

...................................................................................................................................... 28

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I- Introdução

As Melastomataceae constituem uma numerosa família pantropical, com cerca de 1.500

espécies no Brasil, tropicais e/ou subtropicais, distribuídas em 67 gêneros, sendo Leandra Raddi,

Miconia Ruiz & Pav. e Tibouchina Baill, os gêneros mais representativos na flora brasileira

(BAUMGRATZ 1985) e cuja importância e riqueza na constituição e estrutura da vegetação de

diferentes ecossistemas brasileiros têm sido assinaladas em recentes estudos. Em áreas florestais

remanescentes, como no bioma Mata Atlântica, podem ser encontrados, ainda, importantes

centros de endemismos, onde as espécies, incluindo da família Melastomataceae, com este

padrão de distribuição geográfica, evidenciam a riqueza desses refúgios e a necessidade de

conservá-los, estimulando a realização de estudos florístico-taxonômicos e análise acurada do

grau de conservação das espécies (BAUMGRATZ & SOUZA 1995, BAUMGRATZ 1997,

GIULIETTI et al. 1987, LIMA & GUEDES-BRUNI 1994, LIMA & GUEDES-BRUNI 1997 e

ROMERO & NAKAJIMA 1999).

No estado de Minas Gerais essa família também é muito diversificada, ocorrendo em

diferentes ecossistemas, desde florestas pluviais, semidecíduas, de neblina e ciliares, até

cerrados, campos rupestres e capões de mata.

Em algumas regiões, observa-se que, integrado ao bioma Mata Atlântica ocorrem

peculiares formações vegetacionais com características ecológicas e florísticas próprias e que

têm sido identificandas como um tipo distinto de ecossistema ou fitocória (PRANCE 1994a, b).

Nesse contexto, destacam-se os campos rupestres, que se distinguem pela vegetação campestre,

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constituída principalmente de gramíneas, ervas e subarbustos, associada a solos rasos, rochas

quartizíticas e alta incidência solar.

PRANCE (1982, 1989, 1994a, b) tem proposto uma divisão da América do Sul em

províncias florísticas ou fitocórias, baseando-se mais na distribuição de espécies do que em tipos

de vegetação e definindo-as, principalmente, como áreas em que ocorre um grande número de

espécies endêmicas. Uma das categorias florísticas é o Centro de Endemismo do Tipo

Arquipélago, na qual as espécies têm distribuições descontínuas, ocorrendo em topos de

montanhas isoladas. Nessa categoria, distingue a fitocória Arquipélago Campo Rupestre, com

várias espécies endêmicas.

Os campos rupestres estão geralmente integrados a Unidades de Conservação, podendo-se

destacar o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA e MG), o Parque Nacional do Caraça

(MG), o Parque Nacional da Serra do Cipó (MG), o Parque Nacional da Serra da Canastra (MG),

o Parque Nacional do Caparaó (MG e ES) e o Parque Estadual do Ibitipoca (MG). Alcançam seu

nível máximo de diversidade nas partes elevadas da Cadeia do Espinhaço. Contudo, não existe

atualmente um mapeamento completo desse tipo de vegetação no Brasil. Trabalhos de campo

mais detalhados, compreendendo publicações de inventários florísticos, são necessários para

melhor compreender seus limites geográficos (HARLEY 1995).

Nessas áreas, onde há importantes remanescentes campestres e florestais, a família

Melastomataceae já tem sido assinalada como uma das mais importantes, tanto em número de

espécies como em caracterizações fitofisionômicas (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE

1988; HARLEY & SIMMONS 1986; HARLEY 1995; ROMERO & MARTINS 2002;

ROMERO & NAKAJIMA 1999). Podem ser observaros, também, diferentes estádios de

conservação e sucessão de comunidades vegetais, porém ainda carentes de informações mais

específicas quanto a diversidade taxonômica de grupos vegetais.

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Nesse contexto, são poucos os estudos sobre a família Melastomataceae na flora do estado

de Minas Gerais e, de modo geral, os resultados têm sido apresentados sob a forma de listas de

espécies (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE 1988; HARLEY & SIMMONS 1986;

RODELA 1999; ROMERO & NAKAJIMA 1999) e raros no âmbito de estudos florístico-

taxonômicos (ROMERO & MARTINS 2002). Apesar de já se observar a riqueza do grupo em

diferentes formações vegetacionais, não só no nível de gênero, como também no de espécies,

sendo alguns táxons endêmicos de formações de campos rupestres (CAMPOS & SALIMENA

2003; GIULIETTI et al., 1987; SALIMENA et al. 1996), a representatividade de floras de

Unidades de Conservação de regiões mineiras ainda se mostra incompleta em coleções de

herbários.

Existem ainda, dificuldades em se estabelecer limites e definir as fitofisionomias em uma

determinada região onde, pois encontradas zonas de transição e variações dentro de uma mesma

formação vegetacional. Essas áreas transicionais podem ser observadas no Parque Estadual do

Ibitipoca, como também destaca RODELA (1999), que estudou o domínio Campo Rupestre,

assinalando delimitações complexas entre as formações de campo rupestre e as de cerrado de

altitude.

Por essas razões, propõe-se o estudo florístico-taxonômico das Melastomataceae nos

campos rupestres e cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, onde trabalho nenhum

dessa natureza foi até o momento, desenvolvido. Nessa proposta, objetivou-se enfocar a

diversidade taxonômica e nos aspectos ecológicos das Melastomataceae na paisagem,

apresentando também uma chave analítica para identificação das espécies, bem como descrições

morfológicas, ilustrações, dados fenológicos e de distribuição geográfica e uma análise dos

padrões de distribuição geográfica das espécies.

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Essa família, além de ser muito numerosa, apresenta ainda diversos problemas relativos a

delimitação de táxons genéricos e específicos. Assim, o estudo taxonômico desse grupo em

floras locais através da análise e descrições detalhadas dos táxons, incluindo exemplares tipo, e

elaboração de chaves analíticas para identificação, tem auxiliado na resolução dos problemas

mencionados, auxiliando no conhecimento geral do grupo (BAUMGRATZ et al. 1995b, 2001;

SOUZA & BAUMGRATZ, inédito, ROMERO & MARTINS 2002).

O presente estudo possibilita um melhor conhecimento da diversidade da família nessa

região campestre, destaca sua importância na composição florística local e como divulga dados

inéditos sobre a flora do estado de Minas Gerais. Contribui também para uma avaliação do

potencial desta Unidade de Conservação no tocante a riqueza de táxons genéricos e específicos

de Melastomataceae e, através dos estatus de conservação nos quais as espécies se classificam,

possibilita futuras análises comparativas entre áreas vegetacionais semelhantes no território

brasileiro.

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II- Revisão de Literatura sobre Estudos em Campos Rupestres

Segundo GIULIETTI et al. (1987), os primeiros coletores e botânicos interessados na flora

brasileira tiveram, normalmente, passagem obrigatória por Minas Gerais, revelando grande

admiração pela riqueza da flora da Cadeia do Espinhaço e suas disjunções, como Spix &

Martius, em 1823, Saint-Hilaire, em 1833 e Gardner, em 1846. Os estudos nesta área foram

reiniciados nos primórdios de 1900 e prosseguem até os dias atuais, podendo-se destacar o de

Barreto, em 1935, que cita 16 espécies de Melastomataceae para a Serra do Cipó.

De acordo com GUEDES & ORGE (1998), o campo rupestre é uma vegetação aberta,

incluída geralmente no domínio cerrado, que ocorre em elevações acima de 1.000 m, nos estados

de Goiás, Bahia e Minas Gerais. Diferem do cerrado por ocorrerem em solos com afloramentos

rochosos quartizíticos, estarem em elevadas altitudes e possuírem uma flora com subarbustos.

A denominação “campos rupestres” foi empregada visando a substituir o termo

controverso “campos alpinos”, que vinha sendo utilizado por diversos autores. Os campos

rupestres correspondem a fisionomias montanhosas raras de vegetação atípica de cerrado, ou

sub-unidades de cerrados, dominantemente compostas por mosaicos de arbustos e ervas, onde

são encontrados endemismos específicos que refletem condições ecológicas diferentes daquelas

da vegetação regional ao seu redor, indicando um isolamento antigo (RODELA 1999;

URURAHY et al. 1993).

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De acordo com GIULIETTI et al. (1987), a vegetação dos campos rupestres é formada em

parte por espécies autóctones, selecionadas pelas condições do clima e especialmente dos solos

e, em parte, pela redução na distribuição geográfica de espécies que, no passado, eram

amplamente distribuídas. O maior ciclo de especiação das montanhas está relacionado com

condições edáficas, pois se sabe que rochas e areias expostas nos altos das montanhas estão entre

as combinações mais extremas de condições ambientais.

Segundo HARLEY (1995), áreas montanhosas, nas quais se encontram os campos

rupestres, são comparáveis a ilhas separadas pelas condições ecológicas muito diferentes que

existem nas terras baixas, atuando como barreiras para migração. Disto resulta um sistema ideal

e de grande interesse do ponto de vista biológico, no que concerne ao estudo da fauna e da flora

e das características adaptativas que possibilitaram seu estabelecimento e sucesso ecológico no

ambiente de altitude, explicando-se assim, o grande número de táxons endêmicos nesses

ambientes.

De acordo com esse autor, tais cadeias montanhosas atuam como moderadores das

mudanças climáticas, permitindo a migração altitudinal e fornecendo refúgios durante períodos

adversos sob forma de uma ampla gama de habitats. Além disso, fornecem um gradiente

fisiográfico que permite a fragmentação e posterior fusão das populações causadas pelas

oscilações climáticas, criando o fenômeno de “bomba geradora de espécies”. É provável que

processos recentes de isolamento e hibridação tenham contribuído sobremaneira para formar o

atual quadro de diversidade da flora nos campos rupestres.

Acrescenta ainda que, levando em conta o passado climático e a história geológica, as

montanhas podem ser também consideradas centros de concentração de biodiversidade e

consequentemente áreas de grande importância do ponto de vista da preservação ambiental.

XIX

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O complexo mosaico de tipos de vegetação que caracteriza a região dos campos rupestres

(GIULIETTI & PIRANI 1988; HARLEY & SIMMONS 1986) é resultado de variações na

topografia, declividade e fisionomia, além da natureza do substrato e do micro-clima

encontrados no local. Flutuações diárias extremas da temperatura e umidade e o efeito dos

ventos, além de altos níveis de insolação em certos locais, podem ser substituídos por condições

mais amenas em locais protegidos e, em algumas áreas, o impacto da estação seca pode ser

amortecido através da captação de umidade da neblina. Esse mosaico vegetacional é resultado do

encontro da vegetação típica dos afloramentos rochosos dos campos rupestres com outros tipos

de vegetação, como os cerrados, as florestas de galeria e as matas nebulares (PIRANI et al.

1994).

De acordo com SALIMENA (1996), no século XIX a diversidade florística da Serra do

Ibitipoca jà havia chamado a atenção do naturalista Saint-Hilare que em 1822 percorreu a região

coletando inúmeras plantas, na grande maioria novas espécies para a Ciência. Os estudos

botânicos recentes na Serra do Ibitipoca foram iniciados por Leopoldo Krieger, professor do

Departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora, na dácada de 1960.

URURAY (apud ARAÚJO 2003) refere-se à Serra do Ibitipoca como um Refúgio

Ecológico Alto-Montano de vegetação arbustiva, situando-se na transição entre dois domínios

vegetacionais, originalmente compostos pelas matas estacionais semideciduais e savanas

(cerrados).

Nesse contexto, o Parque Estadual do Ibitipoca possui uma paisagem individualizada,

constituída pela ocorrência tanto de espécies da floresta estacional semidecídua, quanto dos

cerrados, além de uma expressiva vegetação endêmica de campos rupestres, que a qualifica

como área singular. Trata-se de uma localidade onde se diferenciam ou se misturam os cerrados

XX

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e as florestas, em um mosaico complexo, com componentes das áreas periféricas entre as duas

principais regiões fitogeográficas locais (RODELA 1999).

Com base no trabalho de ARAÚJO (2003), observa-se que é evidente essa distribuição

para as espécies de Melastomataceae. Aquelas encontradas nas florestas são preferencialmente

dos gêneros Leandra, Miconia e Tibouchina, grupos com espécies geralmente de ampla

distribuição. Já nos ambientes campestres, os gêneros mais representativos são Cambessedesia,

Chaetostoma, Lavoisiera, Marcetia, Microlicia e Trembleya, com espécies geralmente de

distribuição mais restrita. Nestes ambientes, também foram encontradas espécies de Leandra,

Miconia e Tibouchina, porém, menos representativas. ARAÚJO (l. c.), ainda menciona que, para

os ambientes campestres, a família Melastomataceae pode ser considerada indicadora do tipo de

vegetação.

Alguns gêneros de Melastomataceae são abundantes nos campos rupestres da Cadeia do

Espinhaço e serras adjacentes, tais como Microlicia, Marcetia e Tibouchina, sendo que os dois

últimos podem chegar até as montanhas da Venezuela.

A família Melastomataceae é, também, muito representativa em outros ambientes

mineiros, como exemplificado por PEDRALLI (1997), onde a família representa 8,22% das

espécies encontradas em um levantamento florístico da Estação Ecológica de Tripuí, em Ouro

Preto, no domínio de floresta estacional semidecidual submontana. De acordo com este autor,

este dado é condizente com o de outros estudos feitos para várias regiões de florestas em Minas

Gerais, como no Parque Nacional da Grota Funda, em Atibaia, na Estação Ecológica do Panga,

em Uberlândia, na Reserva Biológica do Poço Bonito, em Lavras, no Alto do Rio Grande, em

Bom Sucesso e na Serra do Cipó, de um modo geral.

Esta família está representada no Parque Nacional da Serra da Canastra, MG, com 95

espécies, distribuídas em 17 gêneros, sendo que destas, nove são espécies novas para Ciência

XXI

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(ROMERO 2000). Na Serra do Cipó essa família corresponde a terceira maior em número de

espécies, com 90 espécies distribuídas em 10 gêneros (GIULIETTI et al. 1987). No

levantamento vegetacional da Serra do Ambrósio, MG é a quinta maior família em número de

espécies, com 12 espécies distribuídas em seis gêneros (PIRANI et al., 1994). No levantamento

realizado no Morro do Pai Inácio e Serra da Chapadinha, Chapada Diamantina, BA, encontrram,

respectivamente, 28 e 22 espécies de Melastomataceae (GUEDES & ORGE, 1998). HARLEY &

SIMMONS (1986) mencionam, para Flórula do Mucugê, que Melastomataceae é uma das mais

expressivas famílias em número de espécies, estando representada por nove gêneros e 34

espécies. Na Flora do Pico das Almas (STANNARD, 1995) foram levantados 11 gêneros de

Melastomataceae e 67 espécies. Em número de espécies, é a segunda maior família,

compreendendo mais de 6% da flora.

XXII

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II.1- O Parque Estadual do Ibitipoca

O Parque Estadual do Ibitipoca situa-se na Serra do Ibitipoca, no sudeste do estado de

Minas Gerais, abrangendo áreas dos municípios de Lima Duarte e de Santa Rita do Ibitipoca,

aproximadamente entre as coordenadas 21º 40’-44’ S e 43º 52’-55’ W, com 1.488 ha. (figura 1).

A área é legalmente protegida desde 1965, sob a responsabilidade do Instituto Estadual de

Florestas (IEF-MG), tendo sido transformada em Unidade de Conservação em 1973

(SALIMENA 1996).

A Serra do Ibitipoca forma uma área montanhosa isolada das demais áreas de campo

rupestre, apresentando uma flora diferenciada da Cadeia do Espinhaço propriamente dita, sendo

considerada uma disjunção em relação a esta Cadeia (GIULIETTI & PIRANI 1988).

Geomorfologicamente, a Serra do Ibitipoca integra o complexo da Serra da Mantiqueira,

cujo relevo é caracterizado por escarpas altas ou colinas, com altitudes variando entre 1.200 e

1.800 m (CETEC 1983), e considerada uma parte isolada desta serra na região mineira. A

altitude máxima registrada na Serra do Ibitipoca é de 1.784 m, no ponto geográfico conhecido

como pico da Lombada.

XXIII

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Geologicamente, a Serra do Ibitipoca é formada por litotipos pertencentes ao Ciclo

Deposicional Andrelândia e composta basicamente por quartzitos finos micáceos e biotita-xistos.

O entorno da serra é formado por gnaisses e biotita-xistos (ARAÚJO 2003).

Segundo MACIEL & ROCHA (2000), os solos da área do Parque pertencem às classes

cambissolo, neossolo litólico, neossolo quartzarênico, complexo afloramento + neossolo litólico

além de afloramentos de rocha. DIAS (2003), resalva que a vegetação de complexo rupestre de

altitude apresenta maior porte em locais com condições pedoclimáticas mais favoráveis e solos

mais desenvolvidos.

Segundo RODELA (1999), dados meteorológicos detalhados ainda não foram obtidos para

a região do Parque, podendo ser caracterizada pelo clima Cwb segundo a classificação de

Köppen, ou seja, mesotérmico úmido com invernos secos e verões amenos. Dados

pluviométricos adicionais, fornecidos pelo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

(DNAEE), coletados no distrito de Conceição de Ibitipoca, município de Lima Duarte, no

período de 1942 a 1993, indicam uma precipitação anual média igual a 1.532 mm (desvio padrão

= 351 mm).

A área apresenta expressiva diversidade não só da vegetação, como da fauna, das formas

de relevo, dos solos e dos microclimas (RODELA 1999). Em relação a vegetação, FONTES

(1997) distingue cinco tipos básicos - cerrado de altitude, campos rupestres, mata ciliar, capão de

mata e uma área de mata ombrófila, conhecida localmente como “mata-grande”. De acordo com

URURAHY & al. (1993), o Parque encontra-se inserido entre dois domínios regionais de

vegetação, originalmente compostos pelas matas estacionais semidecíduas e savanas (cerrados).

Atualmente, grande parte do entorno da região onde se situa o Parque é constituída por pastagens

e lavouras (ARAÚJO 2003).

XXIV

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Estudos sobre a flora do Parque Estadual do Ibitipoca têm demonstrado sua riqueza e

diversidade, despertando interesse em vários botânicos para o conhecimento taxonômico de

diferentes famílias. Esses trabalhos, em colaboração com o IEF-MG, tem auxiliado à elaboração

de uma proposta de manejo sustentável para a Unidade de Conservação, uma vez que algumas

áreas já têm sofrido impacto de natureza antrópica (ARAÚJO 2003; CAMPOS & SALIMENA

2002, 2003; RODELA 1998; SALIMENA et al. 1996).

XXV

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Figura 1: Localização do Parque Estadual do Ibitipoca no estado de Minas Gerais. Fonte: DIAS et al. 2002.

III- Metodologia

XXVIFonte: Dias et al. 2002.

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Na elaboração desta dissertação utilizaram-se os procedimentos usuais para estudos

taxonômicos, como: levantamento bibliográfico, consulta a herbários nacionais e do exterior,

coletas, observações de campo e análise dos caracteres em laboratório.

Levantou-se obras clássicas e revisões taxonômicas recentes sobre a família

Melastomataceae, além de trabalhos referentes a campos rupestres e a flora de Minas Gerais.

Tais trabalhos foram obtidos a partir de consultas em diversas bibliotecas nacionais, bem como,

via web, principalmente em portais como Periódicos CAPES, Google, Scielo e NCBI.

Foi realizado um levantamento completo de espécimes referentes ao Parque Estadual do

Ibitipoca nos herbários da Universidade Federal de Juiz de Fora (CESJ) e do Instituto de

Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB).

Os herbários do Instituto de Botânica de São Paulo (SP), da Universidade de São Paulo

(SPF), Herbarium Bradeanum (HB) e Herbário da Universidade Federal de Viçosa (VIC), foram

visitados e espécimes coletados recentemente no Parque Estadual do Ibitipoca foram

identificados por comparação e analisados. Quando necessário, exemplares tipo ou fotografias

dos herbários B, C, F e P foram também analisados.

Foram realizadas coletas bimestrais durante o período de doze meses, percorrendo todas as

fitofisionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca. Esta atividade sistemática

complementou as coleções já representadas nos herbário CESJ e RB, obtidas desde a década de

70 e intensificadas a partir da década de 90.

As técnicas utilizadas nas coletas seguiram os procedimentos usuais de trabalhos de campo

pertinentes aos estudos taxonômicos. Amostras, tanto de partes vegetativas quanto florais e

frutíferas, foram fixadas em etanol a 70%, para posteriores estudos morfológicos e ilustrações.

Foram obtidas fotografias dos habitats, hábitos e de detalhes vegetativos, florais e

frutíferos das espécies observadas em campo.

XXVII

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Anotaram-se dados relativos aos ambientes onde ocorrem as espécies, aspectos

fisionômicos das populações, época de floração e frutificação, coloração das partes vegetativas e

reprodrutivas, tamanho dos indivíduos, coordenadas geográficas e altitudinais e distribuição no

Parque Estadual do Ibitipoca.

Observou-se também a existência de variações intra e interpopulacionais e possíveis

associações entre espécies.

O material coletado foi herborizado segundo as técnicas convencionais e incorporado nos

herbários CESJ e RB, havendo, ainda, duplicatas para posteriores permutas.

As descrições morfológicas das espécies foram feitas a partir da análise de todas as

coleções botânicas examinadas. Adotaram-se os conceitos de RADFORD & al. (1974) para as

descrições morfológicas. As caracterizações do tipo de fruto e formas das sementes basearam-se

no trabalho de BAUMGRATZ (1985).

O material examinado, tanto herborizado quanto conservado em etanol a 70%, é restrito às

coletas no Parque. Quando necessário utilizou-se material adicional, complementando a análise

morfológica.

As mensurações de comprimento e largura de estruturas foliares, florais e frutíferas foram

obtidas pelo maior eixo apresentado por cada amostra, incluindo, quando presente, o apículo.

Quando houver somente uma medida mencionada nas descrições, esta estará se referindo ao

comprimento da estrutura.

Na lâmina foliar, as medidas de comprimento do quanto as nervuras acródromas laterais se

individualizam da nervura acródroma central acima da base foram obtidas do par mais interno de

nervuras acródromas laterais.

A proporção de quanto o ovário encontra-se aderido ao hipanto foi obtida através da

relação entre os valores de comprimento total do ovário e de sua porção soldada.

XXVIII

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Após a descrição morfológica de cada espécie, é listado o material examinado, ordenado

como se segue: município; localidade e ambiente em que o espécime foi encontrado no Parque;

coletor e número (quando da ausência do número de coleta, colocou-se o número de tombo do

exemplar no respectivo herbário); data de coleta; dados fenológicos, sendo as abreviações fl.

(flor) e fr. (fruto); sigla do herbário onde o material está depositado.

Uma chave para identificação das espécies foi elaborada, utilizando-se tanto caracteres

vegetativos quanto florais e frutíferos. Os táxons estão dispostos em ordem alfabética no texto.

A análise da distribuição geográfica dos táxons foi feita com base na literatura e em dados

de etiqueta do material de herbário.

A área e o enquadramento dos indivíduos nas diferentes fitofisionomias baseou-se no

trabalho de RODELA (1999) e em FONTES (1997), com modificações, e também com base em

recentes observações de campo e dados de etiqueta.

A definição de campos rupestres e cerrados de altitude seguiu os trabalhos de RODELA

(1999), URURAHY et al. (1993) e HARLEY (1995).

Para todas as espécies são apresentadas ilustrações de hábito, detalhes dos ramos, folhas,

estruturas florais e de frutos e sementes, cujos desenhos originais foram feitos com auxílio de

microscópio estereoscópio acoplado à câmara clara.

IV- Resultados e Discussão

IV.1 - As Melastomataceae nas fitofisionomias campestres do Parque Estadual do

Ibitipoca

Inúmeros pesquisadores brasileiros, individualmente ou em grupos, têm procurado definir

claramente quais os tipos de vegetação ocorrentes no Brasil e seus limites. Tal esforço não é

XXIX

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recente, sendo que as primeiras tentativas concretas de classificação da vegetação brasileira

ocorreram a partir do século XIX. Os atuais recursos tecnológicos de sensoriamento remoto têm

permitido um grande salto na investigação sobre delimitações fitofisionômicas. No entanto,

devido ao fato da transição entre tipos de vegetação ser freqüentemente de modo gradual e não

abrupto e poder ocorrer extensa variação dentro de um mesmo tipo vegetacional, há ainda

discordâncias entre as diferentes classificações existentes. Os fitogeógrafos estão constantemente

enfrentando a dificuldade de elaborarem um sistema de classificação simples, mais objetivo e

adequado, sem um número excessivo de categorias, mas que ao mesmo tempo corresponda à

realidade existente nos ecossistemas (BERG 2000).

Nesse contexto, também se evidenciam dificuldades para se caracterizar fitofisionomias

em áreas amostrais mais restritas, como, por exemplo, o Parque Estadual do Ibitipoca, onde são

encontradas zonas de transição e variações dentro de uma mesma fitofisionomia (RODELA

1999). Com base nesta autora que utilizou dados edáficos, de umidade, de microclima e de

vegetação, em FONTES (1997) e em HARLEY (1995) e a partir das observações feitas no

desenvolvimento dessa dissertação, pode-se evidenciar, no Parque, três formações vegetacionais

de fisionomia campestre entremeadas entre si e situadas entre 800 e 1784 m de altitude (figura 2)

– o campo rupestre sensu stricto (CR), o campo rupestre arbustivo (CA) e o cerrado de altitude

(Ce).

Nas vegetações campestres do Parque Estadual do Ibitipoca, a família Melastomataceae é a

terceira em número de espécies, depois de Poaceae e Asteraceae (SALIMENA et al. 1996),

estando representada por 10 gêneros e 28 espécies. As Melastomataceae são encontradas em

todas as formações vegetacionais, tanto em áreas campestres, abertas e totalmente ensolaradas,

com solos rasos e/ou sobre afloramentos de rochas, quanto em matas ciliares e interior de matas

de neblina, em locais úmidos, sombreados e com solos mais profundos e nutritivos.

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No domínio de campo rupestre, incluindo o campo rupestre propriamente dito e cerrado de

altitude, a família Melastomataceae tem sido assinalada como um importante componente

florístico, estando entre as cinco famílias com maior riqueza de espécies e com expressiva

densidade de indivíduos (GIULIETTI et al. 1987; GUEDES & ORGE 1988; HARLEY 1995;

HARLEY & SIMMONS 1986; RODELA 1999; ROMERO & MARTINS 2002). As espécies

variam de ervas a subarbustos até arvoretas, estando distribuídas por todas as fitofisionomias,

tanto em ambientes campestres, onde predominam as dos gêneros Cambessedesia, Chaetostoma,

Lavoisiera, Marcetia, Microlicia, Siphanthera e Trembleya, quanto florestais, onde as mais

representativas pertencem a Clidemia, Leandra, Miconia, Ossaea e Tibouchina.

De modo geral, as Melastomataceae podem ser facilmente reconhecidas em paisagens de

formações florestais, principalmente pelas folhas com padrão de nervação curvinérveo e

nervuras secundárias transversais e pelas flores geralmente vistosas, com corola simetricamente

radiada, colorida, e estames retilíneos ou sigmóides, com anteras falciformes ou levemente

curvas (BAUMGRATZ et al., inédito). Entretanto, em formações campestres, um outro grupo

dessa família, com hábito herbáceo a subarbustivo, não se destaca na paisagem por esses

atributos vegetativos, uma vez que possuem folhas com dimensões muito reduzidas,

obscurecendo totalmente o característico padrão de nervação. Esses espécimes, pelas folhas

geralmente lineares e apiculadas, adpressas aos ramos delgados e uninérveas, não só encontram-

se camufladas pela formação graminosa, como podem-se assemelhar a indivíduos de Asteraceae

ou Lythraceae.

Por outro lado, nesses ambientes campestres, as Melastomataceae podem apresentar

características morfológicas que parecem evidenciar adaptações à condições mais adversas

(solos rasos e arenosos e constante insolação), como o hábito arbustivo ou subarbustivo,

cespitoso, ramos e entrenós curtos, delgados e decorticantes, folhas pequenas, espessas, pilosas e

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adensadas no ápice dos ramos, e flores relativamente grandes, geralmente isoladas, terminais,

vistosas e atrativas, ou pequenas e alvas, podendo liberar leve odor adocicado e comumente

adensadas nas inflorescências.

Por apresentarem flores com um colorido peculiar, variando de alvas a amarelas e roséas à

púrpuras, estas plantas destacam-se na paisagem, contrastando com o tom cinza das rochas

quartizíticas e verde a castanho das formações campestres e florestais. Mesmo na época de

frutificação, podem ser distinguidas pela cor dos frutos, sendo os carnosos de vinosos a

atropurpúreos ou alaranjados e os capsulares de tonalidade paleácea a castanha. De acordo com

MANHÃES (2003) e Pedro Henrique Nobre (com. pess. Universidade Federal de Juiz de Fora),

os frutos carnosos de algumas Melastomataceae, como por exemplo, de Leandra aurea, Miconia

chartacea, M. sellowiana e M. theaezans, são comidos por pássaros e morcegos, atuando

provavelmente como dispersores. Também de acordo com MANHÃES (2003), algumas espécies

de Tibouchina têm suas pétalas comidas por pássaros.

As Melastomataceae estão presentes nas três fitofisionomias campestres evidenciadas no

Parque, não sendo, portanto, exclusivas de nenhuma em particular (figuras 2 e 3). Entretanto,

considerando-se as espécies individualmente, observam-se diferentes padrões de distribuição, em

que algumas ocorrem de modo restrito a uma determinada fitofisionomia, enquanto outras

espécies são encontradas em duas ou nas três formações (Tabela 1).

Tabela 1: Distribuição das espécies de Melastomataceae nas fitofisionomiascampestres do Parque Estadual do Ibitipoca. CR - Campo rupestresensu stricto, CA - Campo rupestre arbustivo; Ce - Cerrado dealtitude.

Espécies OcorrênciaCambessedesia espora CA, Ce

Cambessedesia hilariana CR, CAChaetostoma pungens CR, CA, Ce

Lavoisiera compta CR, CA, CeLavoisiera sp. CALeandra aurea CA, Ce

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Leandra eichleri CRLeandra erostrata CA, CeLeandra foveolata CA, CeLeandra pennipilis CR, CA, CeLeandra salicina CAMarcetia taxifolia CAMiconia chartacea CA, CeMiconia corallina CA, Ce

Miconia sellowiana CA, CeMiconia theaezans CA, Ce

Miconia sp. CA, CeMicrolicia fulva CA, Ce

Microlicia isophylla CA, CeSiphanthera arenaria CR, CA, Ce

Tibouchina collina CR, CA, CeTibouchina frigidula CA, Ce

Tibouchina heteromalla CR, CATibouchina hieracioides CATibouchina martiusiana CA

Tibouchina semidecandra CR, CA, CeTrembleya parviflora CA, Ce

Trembleya phlogiformis CA

Os campos rupestres sensu stricto (incluindo campos sujos encharcáveis e campos com

cactáceas) possuem fisionomia com aspecto xeromórfico e composta por grande diversidade de

ervas, que se distribuem sobre afloramentos de rochas quartizíticas e solos incipientes, rasos e

arenosos, recebendo alta incidência solar. Porém, algumas áreas, durante o verão, tornam-se

encharcadas com as chuvas. Em poucos locais, nota-se uma concentração de cactáceas, que

também podem ocorrer nos campos rupestres arbustivos, mas de modo bem mais esparso e,

aparentemente, em menor número.

Nessa formação, a paisagem mostra um estrato herbáceo contínuo e um tanto uniforme,

constituído de gramíneas, ciperáceas e plantas subarbustivas e arbustivas. São encontradas nove

espécies de Melastomataceae (Tabela 1), sendo Leandra eichleri a única exclusiva e ocorrendo

em um microambiente restrito, com solos com pouca umidade. Entretanto, devido ao hábito

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prostrado, ocorre sob a forração graminosa, estando protegida da alta incidência solar e do vento

constante. Seu reconhecimento no ambiente é facilitado não só pelo tipo de hábito, como pelas

folhas pilosas, com base cordada e margem ciliado-vinosa e flores alvas, com estames róseos.

Tibouchina heteromalla, uma espécie arbustiva comum na área, é encontrada tanto

isoladamente quanto formando pequenas moitas. É reconhecida pelo indumento viloso-seríceo e

alvo-vinoso na face abaxial das folhas, que reflete uma tonalidade geralmente prateada, além das

flores grandes, com hipanto verde-vinoso e pétalas roxas, porém alvas a vinosas na porção basal

ungüiculada, variação esta decorrente da maturação da estrutura.

Cambessedesia hilariana pode ser reconhecida pelo porte muito pequeno, folhas

diminutas, aparentemente fasciculadas, e pétalas bicolores (metade-inferior amarela e metade-

superior vermelha a alaranjada). Seus indivíduos ocorrem também no campo rupestre arbustivo,

principalmente, em trilhas, estando, por essa razão, sujeitos periodicamente ao pisoteio. Tem

sido notada, nos últimos cinco anos, uma acentuada redução de suas populações na área,

provavelmente decorrente do uso mais freqüente das trilhas por um maior número de visitantes

ou também por atividades rotineiras de manutenção das trilhas.

As demais seis espécies são comuns as duas outras fitofisionomias campestres, sendo que a

maioria apresenta flores coloridas e atrativas visualmente, o que destaca os indivíduos na

paisagem.

Chaetostoma pungens e Siphanthera arenaria ocorrem em locais com acúmulo de água ou

próximas a cursos d’água. Enquanto a primeira é um subarbusto cespitoso, formando touceiras,

com ramos decorticantes, com folhas rígidas, côncavas, imbricadas e ápice pungente, flores

róseas, com estames totalmente amarelos e estilete róseo, S. arenaria é facilmente reconhecida

pelo seu hábito herbáceo, porte extremamente pequeno, possuindo ramos e folhas vinosos, com

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tricomas glandulares, flores tetrâmeras, róseas, com anteras amarelas e filetes e conectivos

róseos.

Lavoisiera compta é uma espécie subarbustiva, cujos indivíduos eretos e cespitosos

formam pequenas moitas, principalmente em locais com acúmulo de água ou próximas a cursos

d’água. Na época de floração, os indivíduos com flores hexâmeras, pétalas róseas e estames e

gineceu amarelos dão à paisagem um aspecto de um vasto “canteiro de jardim florido”. Além

disso, é o único gênero da família cujas cápsulas maduras abrem-se da base para o ápice,

possibilitando uma identificação imediata no campo.

Leandra pennipilis, Tibouchina collina e Tibouchina semidecandra são espécies arbustivas

encontradas por toda a extensão campestre, principalmente em campo rupestre arbustivo,

ocorrendo desde as áreas em altitudes mais baixas até o ponto mais elevado da área, no Morro da

Lombada. Leandra pennipilis é reconhecida pelas folhas discolores, com a face adaxial verde

brilhante e a abaxial totalmente revestida por indumento de cor alva a creme. Como L. eichleri,

se destaca das demais Melastomataceae nessa formação vegetacional pelas flores pequenas e

alvas reunidas em inflorescências e pelos frutos carnosos. Já Tibouchina collina e T.

semidecandra são identificadas pelas inflorescências paucifloras, flores grandes e muito vistosas,

com pétalas purpúreas, sendo a base ungüículada de alva a vinosa, e estames e gineceu alvos a

lilases. Tibouchina collina apresenta as folhas com a face adaxial bulada e base cordada e

conectivo dos estames ante-pétalos geniculado, enquanto T. semidecandra apresenta folhas com

a face abaxial reticulada e base aguda e conectivo dos estames ante-pétalos não geniculados.

Os campos rupestres arbustivos distribuem-se sobre afloramentos de rochas quartizíticas,

onde arbustos e arvoretas existem em maior quantidade e com portes mais desenvolvidos,

tornando-se fisionomicamente similar ao cerrado de altitude, mas diferenciando-se deste pela

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ausência de solo, ou este raso e arenoso e com maior espaçamento entre as plantas em geral,

além de haver predominância de espécimes de candeia [Vanillosmopsis erythropappa (DC.) Sch.

Bip.].

Nessa formação vegetacional é onde ocorre o maior número (27) de espécies de

Melastomataceae, representando todos os gêneros levantados para a área (Tabela 1), sendo seis

exclusivas - Lavoisiera sp., Leandra salicina, Marcetia taxifolia, Tibouchina hieracioides, T.

martiusiana e Trembleya phlogiformis.

As espécies podem ser reunidas em dois grupos distintos: um constituído por espécimes

subarbustivos e arbustivos e outro pelos espécimes arbóreos (arvoretas), neste caso, representado

apenas pelas espécies de Miconia. No primeiro grupo, destacam-se as espécies de Leandra, pelas

flores alvas e pequenas e frutos carnosos e, as de Trembleya parviflora, com flores alvo-rosadas,

mas com anteras amarelas e vinosas e frutos secos. As demais possuem flores grandes e

coloridas, com pétalas variando de róseas a roxas ou púrpuras.

Dentre as sete espécies restritas, Lavoisiera sp. apresenta os mesmo hábito que L. compta,

se diferindo desta pelo tamanho dos tricomas na margem das lacínias do cálice. Já Trembleya

phlogiformis é uma espécie amplamente distribuídas por toda a região de campo rupestre

arbustivo, pode ser identificada pelos numerosos tricomas glandulares que a tornam pegajosa ao

tato. Segundo informações locais, os ramos desta espécie são fervidos em água para a extração

de uma tinta amarelada, usada para tingir lã destinada à confecção de colchas e tapetes.

Leandra salicina é encontrada apenas às margens de cursos d´água, entre rochas, em áreas

de transição entre o campo rupestre arbustivo e matas ciliares. Mostra-se uma espécie adaptada a

substratos mais úmidos e alagados durante a estação chuvosa, quando pode ser parcialmente

recoberta pelas águas. As folhas discolores, com a face adaxial verde-escura e abaxial alvo-

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esverdeada, contrastam nitidamente com o indumento castanho-vinoso e as flores alvas, com

estames róseos.

Marcetia taxifolia também ocorre em regiões mais úmidas, geralmente em locais

sombreados, com solos um pouco mais profundos. O indumento um tanto pegajoso ao tato, as

folhas diminutas e as flores dispostas nos ápices dos ramos, isoladas, axilares, tetrâmeras, com

pétalas alvas e estames amarelos, auxiliam seu reconhecimento no campo.

Tibouchina martiusiana e Tibouchina hieracioides apresentam uma distribuição ocasional

ou rara no Parque, em locais sombreados, com solos mais profundos. A primeira, um arbusto

ramificado, possui folhas verdes e brilhantes, flores grandes e vistosas, com pétalas roxas,

estames e gineceu róseos, sendo muito semelhante a T. frigidula, mas diferenciando-se desta,

principalmente, pelos ramos muito ramificados nas porções apicais e menores dimensões dos

profilos e lacínias do cálice. Tibouchina hieracioides é reconhecida pelo hábito herbáceo de

pequeno porte, com indumento constituído de tricomas longos e nigrescentes e por ser a única

espécie do gênero, que possui estames amarelos. Encontra-se geralmente camuflada pela

formação de gramíneas, o que dificulta sua visualização no campo, mesmo quando em floração.

Além dessas espécies exclusivas, são encontradas 13 espécies que ocorrem tanto nos

campos rupestres arbustivos quanto nos cerrados de altitude. Destas, Cambessedesia espora,

Microlicia fulva e M. isophylla se diferenciam na paisagem pelos ramos muito delgados e folhas

de dimensões muito reduzidas, pois as demais possuem um porte mais robusto, incluindo as

arvoretas, com folhas mais expandidas, podendo-se visualizar o característico padrão de

nervação foliar curvinérveo das Melastomataceae.

Cambessedesia espora ocorre freqüentemente nas vertentes erodidas que margeiam trilhas,

sendo, portanto, muito suscetível às ações antrópicas predatórias. Também tem sido notada uma

diminuição nas populações nos últimos cinco anos e muito provavelmente em decorrência dessa

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sua localização na área. Destaca-se na vegetação pelo hábito subarbustivo, ereto, pouco

ramificado, não formando touceiras ou moitas e flores com pétalas totalmente amarelas.

Microlicia fulva e M. isophylla são subarbustos típicos de campos rupestres, que formam

touceiras, possuindo flores com pétalas róseas, estames amarelos e conectivos róseos. Ocorrem

geralmente em locais úmidos, com acúmulo de água ou próximos a cursos d’água.

Essas três espécies, juntamente com as Tibouchina e Trembleya parviflora são as que

possuem frutos secos. Tibouchina heteromalla apresenta as características citadas anteriormente,

enquanto T. frigidula é representada por arbustos pouco ramificados, ocorrendo próxima a

trilhas, em solos mais profundos. Pode ser reconhecida na vegetação pelas folhas verdes e

brilhantes, com disposição geralmente ternada, às vezes também oposta, e flores com pétalas

róseas.

Trembleya parviflora, é representada por arbustos com pétalas alvas e estames amarelos e

róseos, é uma espécie muito comum, principalmente no cerrado de altitude, formando em

determinadas áreas um “corredor de Trembleya”. Possivelmente, neste caso, tratam-se de clones

naturais, originados a partir de propagação vegetativa. Semelhante característica para esta

espécie foi observada por J.F.A. Baumgratz (com. pess.) na região serrana de Macaé de Cima, no

estado do Rio de Janeiro, em floresta pluvial montana.

As espécies de Leandra e Miconia são as únicas que possuem frutos carnosos, estando as

do primeiro gênero representadas por arbustos e as do segundo por arvoretas, neste caso, com um

fuste bem definido e delgado.

Leandra aurea, L. erostrata e L. foveolata são espécies típicas de locais sombreados, com

solos mais profundos, possuindo flores com pétalas alvas e estames róseos e/ou alvos e frutos

atropurpúreos. Leandra erostrata, com folhas verde-paleáceas, coriáceas e de base cordada, é um

arbusto de menor porte e menos freqüente do que as outras duas, estando muitas vezes encoberto

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pela vegetação graminosa. Devido à grande plasticidade fenotípica, principalmente de L. aurea,

que ocorre também nas áreas mais abertas e ensolaradas, esta espécie e L. foveolata mostram-se

muito próximas e, às vezes, de difícil distinção, principalmente no campo. Além de possuírem o

mesmo porte, têm parte do indumento e características das superfícies foliares muito

semelhantes. Entretanto, L. aurea distingue-se pelo indumento viloso-hirtelo na face abaxial da

lâmina foliar, enquanto em L. foveolata é do tipo setoso-setuloso. Ambas encontram-se

distribuídas de modo disperso, com os indivíduos isolados uns dos outros, não formando moitas.

Em relação às espécies de Miconia, dois grupos podem ser distinguidos pela cor das

folhas: um representado pelas espécies com folhas discolores (M. chartacea, M. corallina e

Miconia sp.) e o outro, por folhas concolores ou subconcolores (M. sellowiana e M. theaezans).

No primeiro grupo, a face adaxial da lâmina foliar pode ser verde e/ou castanha e a abaxial

variando de pardacenta a castanha em M. chartacea, alvo-amarelada a pardacenta, com nervuras

castanhas a ferrugíneas, em M. corallina, e verde-clara a pardacenta em Miconia sp. As duas

primeiras espécies ainda se destacam na paisagem pelos ramos com indumento de castanho a

ferrugíneo, cujas tonalidades tornam-se muito mais acentuadas com a incidência da radiação

solar. Além disso, M. chartacea e Miconia sp. podem ser reconhecidas pelos frutos maduros

atropurpúreos, enquanto em M. corallina estes são alaranjados. Para esta espécie, soma-se a

esses atributos, as folhas com base cordada, inflorescências com ramos espiciformes e flores

tetrâmeras que exalam um leve odor adocicado, sendo freqüentemente visitadas por coleópteros.

Para M. chartacea, destacam-se também as folhas com base agudo-atenuada, as nervuras

acródromas suprabasais e as inflorescências de glomérulos. Pode-se observar que estas duas

espécies ocorrem também em formações florestais do Parque e, neste caso, possuindo maior

porte e maiores dimensões das folhas.

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Miconia sp. é comum, principalmente, em locais de transição entre o cerrado de altitude e a

mata de neblina, mas também foram observados alguns indivíduos em uma determinada região

de campo rupestre arbustivo, neste caso, com portes bem menores e aspecto arbustivo, porém

com fuste definido e delgado. É uma espécie facilmente reconhecida por suas folhas discolores

buladas, inflorescências de glomérulos e número variado de lacínias do cálice e estames.

Miconia sellowiana e M. theaezans, embora sejam espécies freqüentes nas matas de

neblina, são encontradas também nos ambientes campestres. As folhas com margem serreada e

domácias marsupiformes na face abaxial, as anteras com um poro amplo e inclinado

ventralmente e os frutos jovens amarelos, passando a atropurpúreos quando maduros, destacam

M. sellowiana na vegetação. Por sua vez, M. theaezans apresenta uma coloração vinosa nos

ramos jovens, pecíolos e nervuras na face abaxial das folhas, estas com margem serrada para o

ápice, e anteras com quatro poros. Quando em floração, foi observada a visitação por espécies de

Diptera e Vespoidea para coleta de pólen.

O cerrado de altitude corresponde a uma vegetação de transição entre os cerrados mineiros

e os campos rupestres, ocorrendo nos níveis superiores das serras, geralmente acima de 900m de

altitude, estando entremeado com formações de campos rupestres. No cerrado de altitude são

encontradas plantas morfologicamente muito semelhantes às do cerrado mineiro, contendo

gêneros e espécies tanto de cerrado quanto de campo rupestre, além de endemismos específicos à

flora de campos rupestres mesclados a espécies de cerrado. Os solos são mais profundos, com

maior acúmulo de nutrientes e mais úmidos, proporcionando a ocorrência de arbustos com maior

porte e, conseqüentemente, garantindo sombreamento ao estrato subarbustivo e graminoso. Esta

fitofisionomia se destaca pela coloração avermelhada do solo em contraste ao solo alvo-arenoso

ou rochoso do campo rupestre.

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Todas as 13 espécies de Melastomataceae ocorrentes nesta formação campestre também

ocorrem nos campos rupestres arbustivos, sendo seis também encontradas nos campos rupestres

senso stricto (Tabela 1). De modo geral, essas espécies se apresentam com o mesmo tipo de

hábito, porém com portes mais desenvolvidos e são encontradas geralmente em condições

ambientais semelhantes aos descritos anteriormente, sejam áreas mais abertas e ensolaradas ou

um pouco mais sombreadas, e na composição do estrato arbustivo-arbóreo, como Leandra aurea,

L. foveolata, L. pennipilis, Tibouchina semidecandra, T. collina e Trembleya parviflora e as

espécies de Miconia.

Nessa formação campestre, essas espécies de Miconia podem formar pequenos

agrupamentos de indivíduos ou ocorrerem de modo esparso, às vezes bem isolados, sendo mais

comumente encontradas em locais de transição entre o cerrado de altitude e a mata de neblina.

Miconia sp., quando ocorre de modo mais isolado na vegetação aberta, apresenta não só um

porte menor, como uma copa mais arredondada, com o sistema de ramificação adensando-se na

extremidade do fuste, dando um aspecto de um “buquê folhoso”.

De acordo com a Tabela 1, observa-se que as espécies de Melastomataceae podem

apresentar padrões de distribuição em relação às próprias fitofisionomias campestres do Parque,

com algumas ocorrendo de modo muito restrito à determinada formação vegetacional, conforme

já destacado anteriormente. O Gráfico 1 sintetiza o percentual de espécies para os cinco padrões

encontrados na área: (a) Espécies exclusivas de campo rupestre sensu stricto; (b) Espécies

exclusivas de campo rupestre arbustivo; (c) Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto e

campo rupestre arbustivo; (d) Espécies comuns ao campo rupestre arbustivo e cerrado de

altitude; (e) Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto, campo rupestre arbustivo e

cerrado de altitude;

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Gráfico 1:

Porcentagem de ocorrência de Melastomataceae por padrão de distribuição em relação as fitofidionomias campestres do Parque Estadual do Ibitipoca

4%

21%

21%

7%

47%

CR CA CR/CA/Ce CR/CA CA/Ce

Apenas Leandra eichleri se encontra no padrão Espécies exclusivas de campo rupestre

sensu stricto, correspondendo a 4% do total de espécies de Melastomataceae na área.

No padrão Espécies exclusivas de campo rupestre arbustivo são encontradas seis

espécies, correspondendo a 21% do total - Lavoisiera sp, Leandra salicina, Marcetia taxifolia,

T. martiusiana, T. hieracioides e Trembleya phlogiformis.

Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto, campo rupestre arbustivo e cerrado

de altitude somam 21% do total, estando representado por Chaetostoma pungens, Lavoisiera

compta, Leandra pennipilis, Siphanthera arenaria, Tibouchina collina e Tibouchina

semidecandra.

Somente Cambessedesia hilariana e Tibouchina heteromalla enquadram-se no padrão

Espécies comuns ao campo rupestre sensu stricto e campo rupestre arbustivo, totalizando

7%. Nessas duas formações pode-se observar semelhanças ecológicas, principalmente em

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relação ao solo arenoso, raso e pobre nutricionalmente, além de áreas de afloramentos rochosos.

Entretanto, o campo rupestre arbustivo pode possuir, em certas áreas, solos mais profundos e

com maior acúmulo de serrapilheira, o que possibilita uma vegetação com indivíduos de maior

porte, e conseqüentemente, sombreamento para o estrato subarbustivo e herbáceo. Nos campos

rupestres arbustivos, estas duas espécies ocorrem em locais abertos, estando expostas a uma

maior insolação, o que torna seus espécimes semelhantes àqueles encontrados nos campo

rupestres sensu stricto.

A maioria das espécies de Melastomataceae estudadas (47%) integra o padrão Espécies

comuns ao campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude (Cambessedesia espora, Leandra

aurea, L. erostrata, L. foveolata, Miconia chartacea, M. corallina, M. sellowiana, M. theaezans,

Miconia sp. nova, Microlicia fulva, M. isophylla, Tibouchina frigidula e Trembleya parviflora).

Este padrão de distribuição pode ser atribuído não só às semelhanças fisionômicas destas

fitofisionomias em relação ao acúmulo de nutriente nos solos e sombreamento do estrato

subarbustivo, como a própria adaptação das espécies às variações ambientais, não exigindo

condições ecológicas extremamente específicas, principalmente as edáficas, pois os cerrados de

altitude possuem solos mais ricos em nutrientes e com maior profundidade.

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Figura 2: Mapa de vegetação do Parque Estadual do Ibitipoca. Fonte: ARAÚJO 2003.

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Figura 3: Fitofisionomias do Parque Estadual do Ibitipoca: a- Campo Rupestre sensu stricto; b-Cerrado de Altitude; c- Campo Rupestre Arbustivo.

XLVI

a

a

b

a

c

a

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IV.2- Tratamento Taxonômico

IV.2.1- Melastomataceae Juss.

Árvores, arbustos, subarbustos ou ervas. Indumento variado constituído de tricomas

simples e/ou ramificados, glandulares ou não, às vezes ausentes. Folhas simples, decussadas,

raramente verticiladas, desprovidas de estípulas, sésseis ou pecioladas, com nervuras acródromas

de desenvolvimento perfeito ou imperfeito, basais ou suprabasais, unidas por nervuras

secundárias transversais e subparalelas entre si, ou pararelódromas. Inflorescências ou flores

solitárias, terminais ou axilares. Brácteas e profilos presentes ou ausentes. Flores 4-6-meras, com

cores e tamanhos variados, diclamídeas, gamossépalas, dialipétalas, diplostêmones, às vezes

polistêmones, perígenas a epígenas; hipanto campanulado ou tubuloso; zona do disco glabro a

pilosa, cálice persistente ou caduco, lacínias uni ou bilobadas; pétalas de ápice agudo a

arredondado; estames iguais a desiguais em tamanho e/ou forma, anteras poricidas, conectivo

prolongado ou não abaixo das tecas, com apêndices variados na forma e tamanho ou

inapendiculado; ovário livre no interior do hipanto ou parcialmente concrescido a este, dois ou

mais lóculos, poucos a numerosos óvulos, placentação axilar. Frutos capsulares, ou bacáceos de

subtipos variados, sementes cocleares, obpiramidais, ovadas ou oblongas.

XLVII

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IV.2.2- Chave de identificação das espécies de Melastomataceae do P. E. do Ibitipoca

1. Arvoretas (1-4,5 m alt.).

2. Lâmina foliar verde, concolor ou subconcolor, com domácias marsupiformes na face

abaxial, axilar-primárias, com membrana unindo as nervuras acródromas ou esta ausente,

bacáceos polispérmicos.

3. Ramos furfuráceo-estrelados, lâmina foliar com 5 nervuras acródromas; cálice

circuncisamente caduco; anteras uniporadas, poro ventral amplo, oblíquo; conectivo

inapendiculado ................................................................................ Miconia sellowiana

3. Ramos glanduloso-pontuados; lâmina foliar com 3 nervuras acródromas; cálice

persistente, anteras 4-poradas, poros terminais; conectivo com apêndice dorsal

calcarado ........................................................................................... Miconia

theaezans

2. Lâmina foliar discolor, face adaxial verde ou castanha, face abaxial verde-pardacenta,

alvo-amarelada, pardacenta ou castanha, desprovida de domácias, bacáceos

oligospérmicos.

4. Lâmina foliar com a face adaxial bulada, face adaxial com indumento revestindo

parcialmente a superfície epidérmica, tricomas caducos; flores com 4-6 lacínias do

cálice, 12-19 estames .................................................................................. Miconia

sp.

4. Lâmina foliar com a face adaxial plana, face abaxial com indumento revestindo

totalmente a superfície epidérmica, tricomas persistentes; flores com 4- ou 5- lacínias

do cálice, 8 ou 10 estames.

5. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescência e

hipanto lepidoto-estrelado; lâmina foliar com base agudo-cuneada e nervuras

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acródromas suprabasais; tirsóides de glomérulos; flores sésseis; sementes com

superfície levemente sulcada .................................................... Miconia chartacea

5. Indumento dos ramos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescência e hipanto

viloso-estrelado; lâmina foliar com base arredondada a cordada, nervuras

acródromas basais; panículas com ramos espiciformes; flores pediceladas;

sementes com superfície lisa ...................................................... Miconia corallina

1. Ervas, subarbustos ou arbustos (0,17-2,5 m alt.).

6. Lacínias do cálice bilobadas; estames com conectivos providos de apêndices dorsais ou

inapendiculados; frutos carnosos.

7. Indumento dos ramos, folhas, inflorescências e hipanto com tricomas simples,

nunca ramificados (dendríticos, estrelados ou papilosos) .............. Leandra salicina

7. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescências e

hipanto com tricomas simples e/ou ramificados (dendríticos, estrelados ou

papilosos).

8. Indumento apenas dendrítico-tomentoso, não furfuráceo-estrelado, hirtelo,

hirsuto ou viloso, nem tricomas papilosos ............................... Lendra

pennipilis

8. Indumento furfuráceo-estrelado e/ou hirtelo, hirsuto ou viloso ou também com

tricomas papilosos.

9. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescências,

hipanto e cálice furfuráceo-estrelado e constituído de tricomas papilosos.

10. Subarbustos suberetos, rastejantes; cimóides 3,5-4,5 cm compr.; flores

sésseis; pétalas reflexas, ápice assimétrico, unilateralmente unilobado

.......................................................................................... Lendra eichleri

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10. Arbustos eretos; tirsóides 7,5-9 cm compr.; flores pediceladas; pétalas

eretas, ápice assimétrico, não lobado .......................... Leandra erostrata

9. Indumento dos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar, inflorescências,

hipanto e cálice furfuráceo-estrelado e constituído de tricomas simples, não

papilosos.

11. Face abaxial da lâmina foliar também viloso-hirtela ....... Leandra aurea

11. Face abaxial da lâmina foliar também setoso-setulosa ..............................

..................................................................................... Leandra foveolata

6 Lacínias do cálice unilobadas; estames com conectivos providos de apêndices ventrais;

frutos secos.

12. Flores solitárias.

13. Flores 6-meras, sésseis; ovário 6-locular; frutos do tipo ruptídio.

14. Lacínias do cálice 4-5mm compr., com margem setuloso-ciliolada, tricomas

até ca. 0,3mm compr. ....................................................... Lavoisiera compta

14. Lacínias do cálice 5-7mm compr., com margem setoso-ciliada, tricomas 2-

3mm compr. ............................................................................. Lavoisiera sp.

13. Flores 4- ou 5-meras, pediceladas; ovário 3- ou 4-locular; frutos do tipo cápsula

loculicida.

15. Indumento nos ramos, folhas e hipanto hirtelo-glanduloso; profilos

presentes; flores 4-meras; pétalas alvas; conectivo não prolongado,

espessado dorso-basalmente; ........................................... Marcetia taxifolia

15. Indumento ausente, glanduloso-granuloso, glanduloso-pontuado e/ou

pubescente-glanduloso; profilos ausentes; flores 5-meras; pétalas róseas ou

purpúreas; conectivo prolongado abaixo das teças.

L

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16. Ramos pubescente-glandulosos nos nós, hipanto esparsamente piloso-

glanduloso, face abaxial das folhas glabra; folhas com 5-7 nervuras

paralelódromas; cálice piloso-glanduloso formando uma coroa de

tricomas abaixo das lacínias; anteras amarelas .... Chaetostoma pungens

16. Ramos e hipanto glanduloso-granuloso, face abaxial das folhas

glanduloso-pontuada; folhas com 3 nervuras acródromas; cálice

desprovido de coroa de tricomas; anteras amarelas nos estames ante-

sépalos e vinosas nos antepétalos.

17. Planta não cespitosa; indumento, além de moderado a esparsamnete

pubescente, glanduloso-granuloso nos ramos e hipanto e glanduloso-

pontuado nas folhas; folhas 3-4mm de larg., 3 nervuras acródromas;

pétalas 8-9 x 5-6mm; ................................................ Microlicia

fulva

17. Planta cespitosa; indumento somente glanduloso-granuloso nos

ramos e hipanto e glanduloso-pontuado nas folhas; folhas 1-2mm

larg., 1 nervura acródroma; pétalas 5-7 x 4-3mm; ...............................

............................................................................. Microlicia

isophylla

12. Flores reunidas em inflorescências.

18. Indumento densamente viloso-ferugíneo nas porções prostradas e esparsamente

piloso-glanduloso nas porções eretas; flores 4-meras; ovário 2-locular; sementes

oblongo-obovadas, testa costado-reticulada ......................... Siphanthera

arenaria

LI

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18. Indumento de outros tipos; flores 5-meras; ovário 3- ou 5-locular; sementes

obtriangulares, cocleares ou oblongas, testa granulosa ou alveolada.

19. Folhas com nervuras acródromas de desenvolvimento imperfeito; brácteas

ausentes; pétalas amarelas ou amarelas e vermelhas; conectivo com apêndice

dorsal; ovário 3-locular; sementes obtriangulares.

20. Folhas verdes concolores, base truncada a cordada, margem esparsamente

ciliado-glandulosa; lacínias do cálice com margem ciliado-glandulosa;

pétalas totalmente amarelas .................................... Cambessedesia espora

20. Folhas discolores, face adaxial verde, face abaxial vinosa, base agudo-

atenuada a arredondada, margem não ciliada; lacínias do cálice com

margem não ciliada; pétalas ½ inferior amarelo e ½ superior vermelho

............................................................................. Cambessedesia hilariana

19. Folhas com nervuras acródromas de desenvolvimento perfeito; brácteas

presentes; pétalas róseas, alvas ou roxas; conectivo com apêndice ventral;

ovário 5-locular; sementes cocleares ou oblongas, neste caso, curvas no ápice.

21. Indumento dos ramos e hipanto setuloso-glanduloso ou pubescente-

glanduloso e glanduloso-pontuado, nunca hirsuto; pétalas alvas, às vezes

alvo-rosadas; cálice sempre persistente; anteras com ápice levemente

estreitado formando um tubo terminal; apêndice do conectivo dos estames

antessépalos espatulados; ovário livre no interior do hipanto; sementes

oblongas testa alveolada.

22. Indumento dos ramos, inflorescência e hipanto pubescente-glanduloso

e glanduloso-pontuado; folhas com pecíolo igual ou maior que 0,7cm

compr., lâmina discolor, face adaxial verde, face abaxial canescente,

LII

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densamente revestida de tricomas glanduloso-papiliformes, margem

inteira; 3 nervuras acródromas basais; cápsula loculicida

............................................................................. Trembleya parviflora

22. Indumento dos ramos, inflorescência e hipanto moderadamente

setuloso-glanduloso; folhas sésseis ou peciolos até ca. 0,1cm compr.,

lâmina verde concolor, face abaxial setuloso-glandulosa, margem

serrulada para o ápice e inteira para base; 5 nervuras acródromas

suprabasais; ruptídios ..................................... Trembleya phogiformis

21. Indumento dos ramos e hipanto estriguloso, híspido, hirsuto, seríceo e/ou

glanduloso, se pubescente-glanduloso, também hirsuto-glanduloso; pétalas

roxas, às vezes róseo-arroxeadas; cálice geralmente caduco, raro

persistente; anteras com ápice subulado, não-abrubto-estreitado; apêndice

do conectivo dos estames antessépalos bilobulado, bilobado, biauriculado,

ou biligulado; ovário parcialmente adnato ao hipanto; sementes cocleares,

testa granulosa.

23. Ervas; brácteas e/ou profilos rosulados na base dos agrupamentos

florais; cálice persistente; filetes glabros, anteras amarelas ...................

........................................................................ Tibouchina hieracioides

23. Arbustos ou subarbustos; brácteas e profilos involucrais; cálice

cacuco; filetes piloso-glandulosos, anteras lilases e roxas.

24. Indumento da face adaxial da lâmina foliar seríceo a hispídulo-

setuloso e da face abaxial viloso-seríceo e hispídulo-seríceo ao

longo das nervuras acródromas; apêndice do conectivo dos

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estames antessépalos com tricomas setuloso-glandulosos; estilete

densamente setuloso; ruptídios ................ Tibouchina heteromalla

24. Indumento da face adaxial da lâmina foliar estriguloso, seríceo

e/ou hirsuto e da face abaxial nunca hispídulo ou viloso; apêndice

do conectivo dos estames antessépalos glabro; estilete glabro ou

esparsamente pubescente-glanduloso; velatídios.

25. Folhas sésseis, ou pecíolo até ca. 0,2mm, ternadas e opostas,

face adaxial glabra; filetes com tricoma glandulos na base, face

adaxial.

26. Ramos simples, raramente ramificados nas porções apicais;

profilos 10-12 x 7-8mm; lacínias do cálice 8-16 x 7-10mm

............................................................ Tibouchina

frigidula

26. Ramos muito ramificados nas porções apicais; profilos 5-6

x 4-5mm; lacínias do cálice 5-6 x 3-4mm ............................

..................................................... Tibouchina

martiusiana

25. Folhas com pecíolo 2-8mm, opostas; face adaxial estrigosa, ou

estrigulosa; filetes com tricomas glandulosos em ambas as

faces.

27. Indumento dos ramos estriguloso-seríceo; face abaxial da

lâmina foliar reticulado-foveolada quando jovem,

pontuado-escavada quando adulta; lacínias do cálice 13-

LIV

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15mm, pétalas 23-25 x 28-30mm; conectivo dos estames

ante-pétalos não geniculado; estilete 23-25mm ....................

.................................................. Tibouchina semidecandra

27. Indumento dos ramos hirsuto- e pubescente-

glanduloso; face abaxial da lâmina foliar com depressões,

não reticulada; lacínias do cálice 4-5mm compr.; pétalas

15-17 x 16-18mm; conectivo dos estames ante-pétalos

geniculado; estilete ca. 6-7mm compr. .................................

............................................................... Tibouchina collina

VI.2.3-Cambessedesia DC., Prodrr. 3: 112. 1828.

Subarbustos. Indumento setuloso-glanduloso, ás vezes ausente ou também pubescente-

glanduloso, estes geralmente entre as lacíneas e caducos. Ramos subcilíndricos, decorticantes

nas porções basais, comoso-pubescentes nos entrenós, nodosos e áfilos para base. Folhas

decussadas, aparentemente dispostas em pseudo-fascículos pela presença de ramos axilares

reduzidos, sésseis a subsésseis, cartáceas, margem esparsamente denteada, face adaxial glabra; 3-

nervuras acródromas basais, de desenvolvimento imperfeito, insconspícuas em ambas as faces.

Inflorescências terminais; brácteas ausentes, profilos presentes. Flores 5-meras, pediceladas;

hipanto 10-estriado; zona do disco glabra; cálice persistente, tubo inconspícuo, lacínias reflexas

ou eretas, unilobadas, triangulares; pétalas amarelas ou ½-inferior amarelo, ½-superior vermelho;

oblongas a elípticas; 10 estames, amarelos, filetes pubescente-glandulosos na base, anteras

curvas, poro terminal-ventral, conectivos espessados, apêndice dorsal calcarado; ovário livre no

interior do hipanto, 3-locular, pubescente-glanduloso no ápice, estilete pubescente-glanduloso na

base, estigma punctiforme. Velatídios ou cápsulas loculicidas, polispérmicos; sementes

obtriangulares, testa granulosa.

LV

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Ambas as espécies integram a seção Cambessedesia por serem subarbustivas, com

indumento desprovido de tricomas estrelados e ovário com três lóculos (MARTINS 1984).

Cambessedesia espora ssp. ilicifolia (Schrank et Mart. ex DC.) A.B. Martins, Rev.

Tax. Gên. Cambes., p. 51-52, fig. 14. 1984.

Figs.: 4- a; 5-a-h.

Subarbustos 15-60cm, eretos. Indumento nos ramos, na face abaxial das folhas,

inflorescências, pedicelos, hipanto e cálice esparsamente setuloso-glanduloso. Ramos com

entrenós 0,3-0,8mm. Folhas sésseis a ca. 0,3mm pecioladas; lâmina 3-4 x 1-2mm, verde

concolor, ovada a ovado-cordada, base truncada a cordada, ápice acuminado, margem denteada,

esparsamente ciliado-glandulosa. Tirsóides de cimas 2-3-flores ou mônades, 2-5cm; profilos ca.

2 x 1mm, foliáceos. Flores com pedicelo 1-1,5mm; hipanto 4-5 x 3-4mm, tubuloso; lacínias do

cálice ca. 1 x 0,7mm, ápice acuminado, margem ciliado-glandulosa; pétalas ca. 6 x 3mm,

amarelas, ápice acuminado; estames subisomórficos, subiguais em tamanho, filetes ca. 3mm,

anteras 4-3mm, conectivo prolongado 3-4mm, calcar dorsal ca. 0,5mm; ovário ca. 2 x 2mm,

estilete 7-8mm. Velatídios, 3-4 x 3-4mm, levemente urceolados; sementes ca. 0,5 x 0,3mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, campo, U. Confúcio s.n.

30.IX.1970, fl., fr., (CESJ 9419); no caminho para a Gruta do Monjolinho, S. M. S. Verardo

CESJ 25377, 12.IX.1991, fl., fr., (CESJ); próxima a estrada para o Centro de Informações, B.

Chiavegatto et al. 10, 01.XII.2001, fl., fr., (CESJ);

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Cambessedesia espora é endêmica do Brasil, ocorrendo no Distrito Federal e nos estados

de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo, em ambientes preferenciais de campos

rupestres e cerrados.

No Parque, é encontrada em barrancos e em locais erodidos ao longo de trilhas, associada a

solos arenosos, expostas ao sol, às vezes com presença de musgos. Exemplares com flores e

frutos foram coletados nos meses de setembro a dezembro.

As folhas decussadas, aparentemente dispostas em pseudo-fascículos pela presença de

ramos axilares reduzidos e as pétalas amarelas representam características diagnósticas para esta

espécie. No fruto capsular do tipo velatídeo, o hipanto se mantém íntegro mesmo após a

liberação das sementes.

Sinônimos e ilustrações são encontrados em MARTINS (1984).

Cambessedesia hilariana (Kunth.) DC., Prodr. 3: 111. 1828.

Rhexia hilariana A. St.-Hil.& Bonpl. in Bonpl., Rhex. 2, p. 147. 1823.

Figs: 4- b-b’; 5- i-n.

Subarbustos 6-40cm, eretos a semi-prostrados. Indumento nos ramos, face abaxial das

folhas, inflorescência, pedicelo, hipanto e cálice, muito esparsamente setuloso-glandular, às

vezes ausente. Ramos subcilíndricos a tetragonais, costados a sub-alados; nós comoso-

glandulosos. Folhas sésseis a 1mm pecioladas; lâmina 3-18 x 1-6mm, discolor, face adaxial

verde, abaxial vinosa, ovada, elíptica a lanceolada, base agudo-atenuada a arredondada, ápice

agudo, margem denteada, não ciliada, revoluta. Dicásios simples ou compostos, de cimas 2-3-

flores 3-12cm, ou flores solitárias; profilos ca. 3 x 2mm, ovados, ápice agudo, margem denteada.

Flores com pedicelo 1-1,5mm; hipanto 5-8 x 3-4mm, campanulado; lacínias do cálice ca. 1 x

1mm, ápice agudo, margem inteira a denteada, não ciliada; pétalas 6-7 x 3-4mm, bicolores ½-

inferior amarelo e ½-superior vermelho a alaranjado, ápice agudo; estames de dois tamanhos,

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dimórficos, menores antepétalos, filetes 6-7mm, anteras 4-6mm, maiores antessépalos, filetes 6-

7mm, anteras 6-8mm, ambos com anteras lobadas na base, conectivo prolongado ca. 3-4mm;

ovário ca. 3 x 2mm, estilete 10-15mm. Cápsulas loculicidas, 5-8 x 3-4mm, hipanto

membranáceo subtranslúcido, sementes ca. 0,5 x 0,5mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger

s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8567); J. A. Silva s.n., 12.V.1987, fr., (CESJ 14944); sobre a Ponte

de Pedra, M. Eiterer 30, 22.II.1992, fl., fr., (CESJ); próxima ao aceiro do Parque, F. S. Araújo et

al. 20, 09.II.2001, fl., (CESJ, RB); subida para o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 13, 01.XII.2001,

fl., fr., (CESJ); ao lado das Casas de Pesquisa, B. Chiavegatto et al. 45, 03.II.2002, fl., fr.,

(CESJ); trilha para a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al 49, 23.III.2002, fl., (CESJ); próxima

ao camping, B. Chiavegatto et al. 59, 24.III.2002, fl., (CESJ); trilha Ponte de Pedra – Cachoeira

dos Macacos, R. C. Forzza et al. 3307, 31.III.2004, fl., fr., (RB);

Cambessedesia hilariana é amplamente distribuída pelo neotrópico, ocorrendo no Distrito

Federal e nos estados de Goiás, Piauí, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná,

principalmente nos ambientes de campo rupestre e cerrado, além da Bolívia.

No Parque é encontrada sobre solos arenosos, com alta incidência solar, principalmente, ao

longo de trilhas, estando totalmente exposta ao pisoteio e atividades de rocio. Vem sendo

observada uma redução de populações desde 2000, provavelmente em conseqüência dessas

ações antrópicas, mesmo que involuntárias. Exemplares com flores e frutos foram coletados nos

meses de dezembro a maio.

Como observado na espécie anterior, as folhas opostas aparentam ser fasciculadas, devido

a presença de ramos reduzidos axilares. A característica mais diagnóstica nesta espécie são as

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pétalas ½-superior vermelho a alaranjado e ½-inferior amarelo, que a torna de fácil determinação

no campo.

Pode-se observar também, nos estames que o conectivo se prolonga além dos lobos livres

das tecas.

MARTINS (1984) reconhece quatro agrupamentos para C. hilariana, espécie

comprovadamente polimórfica. Alguns caracteres entendidos outrora, como diagnósticos, são

muito variáveis e de limites frágeis, impossibilitando a delimitação de táxons infraespecíficos.

Sinônimos e ilustrações são encontrados em MARTINS (1984).

IV.2.4- Chaetostoma DC., Prodr. 3:112. 1828.

Chaetostoma pungens DC., Prodr. 3: 112. 1828.

Figs.: 4- c; 5- o-w.

Subarbustos 20-40cm, eretos, cespitosos. Ramos corimbosos, cilíndricos, decorticantes,

áfilos e nodosos para base; gemas vegetativas denticuladas, intra-peciolares persistentes ou

tardiamente caducas; entrenós 0,2-0,3mm, canaliculados, esparsamente pubescente-glandulosos

nas regiões intrapeciolares, glabro no restante. Folhas sésseis, 4-6 x 2-3cm, semi-amplexicaules,

côncavas, imbricadas, coriáceas, triangulares a triangular-lanceoladas, ápice agudo a acuminado,

pungente, margem serrulado-ciliada desde a base até 2/3-superiores, face adaxial com diminutos

e esparsos tricomas glandulares nas nervuras, face abaxial com nervura central calosa para o

ápice, glabra; 5-7 nervuras paralelódromas basais. Brácteas e profilos ausentes. Flores solitárias,

5-meras; pedicelo 1-1,5mm; hipanto 2-3 x 1-1mm, vinoso, campanulado, esparsamente piloso-

glanduloso, levemente estriado; zona do disco glabra; cálice vinoso, tubo 0,3-0,5mm,

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esparsamente piloso-glanduloso, formando uma coroa de tricomas, lacínias ca. 3 x 1mm, eretas,

persistentes, triangulares, ápice acuminado, pungente, margem serrulado-ciliolada, face adaxial

esparsamente pubescente-glandulosa, abaxial glabra; pétalas 8-10 x 4-5mm, róseas, obovadas,

ápice arredondado-acuminado, apiculado ou não, assimétrico; 10 estames, amarelos,

subisomórficos, desiguais em tamanho, maiores antessépalos, filetes 6-7mm, anteras 3-4mm,

menores ante-pétalos, filetes 3-4mm, anteras 2-3mm, ambos com anteras linear-subuladas, rostro

ca. 0,3mm, poro ventral, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndices ventrais lobados ou

truncados, assemelhando-se a uma bainha; ovário 2-3 x 1-2mm, livre no interior do hipanto, 3-4

locular, glabro; estilete 5-6mm, róseo, glabro; estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas 4-5 x 4-

5mm, campanuladas, polispérmicas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm, oblongas, com porção distal

encurvada para baixo, testa foveolada.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, sobre arenito, L. Krieger

s.n., 15.V.1970, fl., (CESJ 8559); Morro da Lombada, L. G. Rodela Q3-60, 11.II.1996, fl.,

(CESJ); Morro da Lombada, M. A. Heluey et al. 02, 03.XI.2000., fl., (CESJ);trilha para a

Lombada, R. C. Forzza et al. 1772, 08.II.2001, fl., (CESJ); Morro da Lombada, M. A. Heluey et

al. 60, 24.III.2001, fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 130, 22,VI.2001, fl., (CESJ); solo úmido, M.

A. Heluey et al. 150, 23.VI.2001, fl., fr., (CESJ); próxima ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 14,

01.XII.2001, fl., fr., (CESJ); na Prainha, B. Chiavegatto et al. 29, 02.II.2002, fl., (CESJ); atrás da

Cachoeira dos Macacos, B. Chiavegatto et al. 53, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); subida para o Pico

do Pião, R. C. Forzza et al. 3098, 10.III.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 97,

16.VI.2004, fl., fr., (RB);

LX

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Chaetostoma pungens é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Minas

Gerais, São Paulo e Paraná, em ambientes de campo rupestre, campo de altitude, campo limpo e

cerrado, com preferência por solos rasos, pobres, arenosos e úmidos, em afloramentos rochosos.

No Parque ocorre em áreas de solos rasos, úmidos, arenosos, com alta incidência solar.

Espécie arbustiva que forma touceiras, apresentando folhas imbricadas. Chaetostoma pungens é

a única espécie do gênero que ocorre na área de estudo. Exemplares com flores e frutos foram

coletados nos meses de novembro a junho.

O mesmo tipo de tricoma glandular encontrado nos nós, é observado circundando o

pedicelo. A quantidade de tricomas na região do tubo do cálice (coroa) pode variar em

quantidade em um mesmo indivíduo, estando às vezes presente somente logo abaixo das lacínias.

De acordo com ROMERO (2000), o padrão de nervação de C. pungens pode ser

considerado paralelódromo, onde as nervuras estão dispostas de modo paralelo entre si.

No fruto há rompimento do hipanto, mas não para a liberação das sementes. De acordo

com BAUMGRATZ (1985), os frutos de espécies de Chaetostoma são do tipo velatídio, em que

o ovário maduro fica protegido pelo hipanto. Já KOSCHNITZKE (1997) observou que os frutos

de Chaetostoma são cápsulas loculicidas.

De acordo KOSCHNITZKE (1997), os espécimes de C. pungens observados possuem

folhas subsésseis, porém nos espécimes ocorrentes no Parque as folhas são totalmente sésseis.

Embora assinalado pela autora, não se observa, para os espécimes da área, que os entrenós estão

revestidos por expansões semi-amplexicaules, conforme definido por MARTINS (1989) para o

gênero Marcetia. O que se nota é que após a queda das folhas, em virtude do processo de

senescência caulinar, os entrenós apresentam um aspecto de dessecamento, com os sulcos

medianos tornando-se mais profundos e as faces laterais salientes principalmente para o ápice,

assemelhando-se a duas membranas semi-amplexicaules.

LXI

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KOSCHNITZKE (1997) assinala ainda que, os espécimes de C. pungens ocorrentes no

Pico das Almas possuem tricomas na face adaxial das folhas e lacínias, o mesmo pode ser

observado nos espécimes ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca.

LXII

a’

b

b’

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Figura 4: a- Cambessedesia espora ssp ilicifolia; b-b’- Cambessedesia hilariana e detalhe da flor; c-Chaetostoma pungens.

LXIII

a

c

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Figura 5: Cambessedesia espora ssp. ilicifolia: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d- estameantessépalo; e-e’- estame ante-pétalo e detalhe do respectivo poro; f- estilete e secção longitudinal do ovário; g-cápsula loculicida; h- sementes (B.Chiavegatto et al. 10). Cambessedesia hilariana: i- ramo florífero; j- folha: faceabaxial; k- flor; l- hipanto e cálice; m-m’- estame antessépalo e detalhe do respectivo poro; n-n’- estame ante-pétaloe detalhe do respectivo poro; (B.Chiavegatto et al. 59). Chaetostoma pungens: o- ramo florífero; p- folha: faceabaxial com entre-nó; q- flor; r- hipanto e cálice; s- estame antessépalo; t- estame ante-pétalo; u- secção longitudinaldo ovário; v- cápsula loculicida, com cálice removido; w- semente; (B.Chiavegatto et al. 97). Escalas - 1cm: a, i, o;2mm: c, g, j, l, k, p, r, t, v; 1mm: b, d, p, u; 0,5mm: h, w.

LXIV

a

b

c

de

e’

f g h

i

j

k

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m‘

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n’

o

p

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r

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u

vw

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IV.2.5- Lavoisiera DC., Prodr. 3: 102. 1828.

Subarbustos eretos, cespitosos. Ramos cilíndricos, decorticantes, áfilos e nodosos para a

base, com diminutos e esparsos tricomas setuloso-glandulosos nas regiões intra-axilares. Folhas

sésseis, coriáceas, ovadas, côncavas, imbricadas, ápice agudo a acuminado, mucronado, margem

inteira, calosa, ciliada; face abaxial com tricomas setosos sobre a única nervura acródroma

evidente. Brácteas e profilos ausentes. Flores 6-meras, solitárias, terminais, sésseis; hipanto

campanulado, setoso-glanduloso no ápice, levemente 10-estriado; zona do disco glabra; cálice

vinoso, lacínias eretas, oblongas a lanceoladas, ápice arredondado-apiculado; pétalas róseas,

obovadas a oblongas, ápice arredondado-apiculado, margem setuloso-glandulosa; 12 estames,

amarelos, desiguais, dimórficos, anteras rostradas, poro terminal-ventral, conectivo prolongado

abaixo das tecas, apêndice dorsal; ovário 3/5- a 5/6-ínfero, 6-locular, glabro, prolongamento

apical presente, estilete glabro, estigma capitado. Ruptídios polispérmicos; sementes ovado-

oblongas, testa foveolada.

Os arbustos cespitosos formam conspícuas touceiras. A disposição das folhas imbricadas

proporciona um aspecto quadrangular ao ramo. O merisma floral é um caráter diagnóstico para o

gênero na área, pois possui apenas flores hexâmeras.

Lavoisiera compta DC., Prodr. 3: 103. 1828.

Figs.: 6; 7- a-i.

Subarbustos 20-80cm. Ramos com entrenós 1,5-2mm. Folhas 5-7 x 4-5mm. Flores com

hipanto 2-2,5 x 2-2,5mm; cálice com tubo 1,5-2mm, lacínias 4-5 x 3-4, margem setuloso-

ciliolada, tricomas até ca. 0,3mm; pétalas 17-20 x 8-9mm; estames menores ante-pétalos, filetes

3-4mm, anteras 2-2,5mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, estames maiores

LXV

b

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ante-sépalos, filetes 4-5mm, anteras 2-2,5mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongadado 3,5-

4mm; ovário 2,5-3 x ca. 3mm, prolongamento apical ca. 0,5mm, estilete 6-7mm. Ruptídios 4-5 x

3-4 mm; sementes ca. 1 x 0,5mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger

s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8634); sobre arenito, L. Krieger s.n., 15.V.1970, fl., fr., (CESJ

8559); campo arenoso, L. Krieger s.n., 01.XI.1977, fl., (CESJ 13162); Monjolinho, F. R.

Salimena s.n., 19.V.1991, fl., (CESJ 24666); J. A. Silva s.n., 12.III.1997, fl., fr., (CESJ 14939);

entre rochas, R. C. Forzza et al. 1791, 08.II.2001, fl., fr., (CESJ); próxima ao Morro da Cruz, M.

A. Heluey et al. 103, 24.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al 116, 19.V.2001, fl., fr.,

(CESJ); em solo encharcável sazonalmente, M. A. Heluey et al. 137, 22.VI.2001, fr., (CESJ);

próxima ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al.17, 01.XII.2001, fr., (CESJ); caminho para Lagoa

Seca, B. Chiavegatto et al. 26, 02.XII.2001, fl., fr., (CESJ); na trilha para a Ponte de Pedra, B.

Chiavegatto et al. 48, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al.

62, 24.III.2002, fl., (CESJ); próximidades da Cantina, R. C. Forzza et al. 3086, 09.III.2004, fl.,

(RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 96, 16.VI.2004, fl., fr., (CESJ);

Lavoisiera compta é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Goiás, Minas Gerais,

Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes de campo rupestre, campo de altitude e cerrado.

No Parque, ocorre formando extensas populações em locais mais úmidos, com solos rasos,

arenosos, sob alta incidência solar. É também comum em solos encharcados sazonalmente.

Coletada com flores e frutos nos meses de novembro a junho.

LXVI

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Lavoisiera sp.

Figs.: 7- j-q

Subarbustos 40-50cm; entrenós 2-3mm. Folhas 6-8 x 4-5 mm. Flores com hipanto 2,5-3 x

1,5-2mm; cálice com tubo ca. 1,5mm, lacínias 5-7 x 3,5-4mm, margem setoso-ciliada, tricomas

2-3mm; pétalas 14-18 x 7-9mm; estames menores ante-pétalos, filetes 3-4mm, anteras 2-2,5mm,

rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, estames maiores antessépalos, filetes ca. 5mm,

anteras 2,5-3mm, rostro ca. 0,5mm, conectivo prolongado 3,5-4mm; ovário 2,5-3 x 2-3mm,

prolongamento apical ca. 0,5mm, estilete 6-7mm. Ruptídios 3-4 x 2-3mm; sementes ca. 1 x

0,5mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, F. R. G. Salimena CESJ

32690, XII.2000, fl., fr., (CESJ, RB); caminho para a Janela do Céu, N. Marquete et al. 357,

27.IX.2001, fr., (RB);

Lavoisiera sp. ocorre no Parque em ambientes mais úmidos, com solos rasos, arenosos, sob

alta incidência solar. Coletada com flores e frutos nos meses de novembro e dezembro.

Os exemplares desta espécies haviam sido equivocadamente identificados como L. compta.

A partir de uma análise mais detalhada, foi possível observar uma diferença significativa entre as

duas espécies, principalmente por Lavoisiera sp. possuir lacínias do cálice com margem

nitidamente setoso-ciliada, cujos tricomas medem 2-3mm de comprimento, enquanto que L.

compta apresenta margem setulosa-ciliolada com tricomas de 0,1-0,3mm. Esta característica é

perceptível inclusive no campo.

LXVII

a

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Figura 6: Lavoisiera compta: a- ramo na paisagem; b- ramo florífero; c- detalhe da for.

LXVIII

a

b

c

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Figura 7: Lavoisiera compta: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d- hipanto e cálice; e-e’- estameantessépalo e detalhe do respectivo poro; f-f’- estame ante-pétalo e detalhe do respectivo poro; g- secçãolongitudinal do ovário; h- cápsula loculicida; i- sementes. (B.Chiavegatto et al. 96); Lavoisiera sp: j- ramo frutífero;k- folha: face abaxial; l- flor; m- lacínea do cálice; n- estame ante-pétalo; o- estame antessépalo; p- ruptídio; q-sementes. (N.Marquete et al. 357; flor, F.R.G.Salimena CESJ 32690). Escalas- 1cm: a, j; 4mm: c; 2mm: e, f, l;1mm: b, d, e, g, h, k, m; 0,5mm: i, q.

LXIX

a b

c

d

e

e’

f

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hg

i

j

k

l

m

n o p

q

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IV.2.6-Leandra Raddi in Mem. Mod. Fis. 18: 385. 1820.

Arbustos a subarbustos. Indumento nos ramos, pecíolos, folhas, inflorescências, brácteas,

profilos, hipanto e cálice, constituído de tricomas glandulares sésseis, vinosos, diminutos, cedo

caducos. Ramos cilíndricos. Folhas pecioladas; lâmina com nervuras primárias e secundárias

impressas na face adaxial e proeminentes na face abaxial. Brácteas e profilos persistentes. Flores

5-meras; cálice persistente, lacínias bilobadas, lobos externos maiores em comprimento que os

internos; pétalas alvas, ápice acuminado ou agudo; 10 estames, isomórficos, subiguais em

tamanho, filetes achatados, conectivo espessado no dorso ou não, prolongado abaixo das tecas,

antera com poro terminal ou terminal-dorsal; ovário parcialmente adnato ao hipanto, estilete

glabro, subulado no ápice, estigma capitado. Bacídios ou bacáceos atropurpúreos, urceolados ou

subglobosos a globosos, polispérmicos; sementes obtriangulares, testa granulada a papilosa.

Leandra aurea (Cham.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 142-143. 1886.

Clidemia aurea Cham., Linnaea 10: 47. 1835.

Figs.: 8- a-i; 12; 13.

Arbustos 1-2m. Indumento nos ramos, pecíolos, brácteas, profilos, hipanto e cálice,

esparso a densamente furfuráceo-estrelado, tricomas caducos, simples, não papilosos, hirtelo a

hirsuto, tricomas alvos a ferrugíneos. Folhas com pecíolo 0,5-1,5cm, sulcado na face abaxial;

lâmina 1,9-4 x 4-9,3cm, verde concolor, cartácea, elíptica, lanceolada, ovada ou oblonga, base

obtusa ou arredondada a cordada, ápice agudo a acuminado, margem inteira, ciliolada, face

adaxial plana a bulada, moderadamente setosa, face abaxial foveolado-reticulada ou não, esparsa

a densamente viloso-hirtela e furfuráceo-estrelada; 5-7 nervuras acródromas basais ou até ca.

1mm suprabasal, par marginal tênue. Tirsóides 12-15cm, terminais ou axilares; pedúnculo 5-

7cm; brácteas 1-2 x 2-3mm, profilos 0,3-0,5 x 0,5mm, ambos elípticos, ápice agudo, margem

LXX

c

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inteira, ciliolada. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 4-5mm, tubuloso a campanulado; zona do disco

setulosa; cálice com tubo 0,8-1mm, lacínias reflexas, as internas reduzidas, as externas filiformes

0,5-1 x 1-2mm, ápice apiculado; pétalas 2-3 x 3-4cm, oblongo-triangulares, eretas; estames

róseos, filetes 3-4mm, conectivo prolongado ca. 0,2mm, inapendiculado, anteras 3-5mm; ovário

1-2 x 2-3mm, 1/3-ínfero, 3-locular, setoso no ápice, estilete 7-8mm. Bacídios 5-7 x 5-9mm;

sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na mata de galeria,

Márcio s.n., 16.VII.1977, fl., fr., (CESJ 17395), campo rupestre, L. G. Rodela s.n., VIII.1998, fr.,

(CESJ 36542); campo rupestre, L. G. Rodela s.n., IX.1998, fr., (CESJ 36543); na borda da Mata

Grande, M. A. Manhães 39, IX.1999, fr., (CESJ); caminho para o Pião, N. Marquete et. al. 338,

29.IX.2001, fl., fr., (RB); estrada para o Centro de Informações, B. Chiavegatto et al. 08,

01.XII.2001, fr., (CESJ); subida para Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1052,

19.V.2002, fr., (CESJ); entre o Lago dos Espelhos e Prainha, L. Minini Neto et al. 32, 18.X.2003,

fl., fr., (RB); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3024, 09.III.2004, fr. (RB); trilha

Lanchonete – Ponte de Pedra, R. C. Forzza et al. 3298, 31.III.2004, fr., (RB); trilha Prainha –

Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 80, 15.VI.2004, fl., (RB); trilha Prainha – Monjolinho, B.

Chiavegatto et al. 81, 15.VI.2004, fl. (RB); Prainha, B. Chiavegatto et al. 108, 23.XI.2004, fl.,

(RB); Prainha, B. Chiavegatto et al. 109, 23.XI.2004, fl., (RB); na subida para o Monjolinho, B.

Chiavegatto et al. 111, 23.XI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et

al. 112, 23.XI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 113, fl., fr.,

(RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et. al. 117, 24.XI.2004, fl., fr., (RB);

na trilha para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 118, 24.IX.2004, fl. fr., (RB);

LXXI

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Leandra aurea é uma espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo nos estados

da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

em planícies, vales e locais montanhosos de altitude, áreas brejosas, campestres, de cerrado,

interior e encosta de matas, beiras de estrada, locais abertos e ensolarados e, ainda, na Bolívia.

No Parque, pode ser encontrada em campo rupestre arbustivo, em em cerrado de altitude e

em áreas dessa formação limítrofes com as matas de neblina, geralmente em locais mais

sombreados por candeias ou outros arbustos e arvoretas de maior porte. Foram coletados

espécimes com flores e frutos durante o ano todo.

Espécie com ampla plasticidade fenotípica, principalmente em relação à densidade e

dimensões dos tricomas, forma, textura, dimensões e ondulações das superfícies foliares. Essa

variação morfológica torna muito difícil distingui-la de duas espécies muito afins, L. lacunosa

Cogn.e L. lancifolia Cogn., conforme já destacaram SOUZA & BAUMGRATZ (inédito). Estes

autores discutem esse complexo taxonômico e a variação gradativa desses caracteres vegetativos,

identificando não só dois padrões morfológicos extremos, como também padrões morfológicos

intermediários.

Leandra lacunosa se diferenciaria, principalmente, pelos tricomas longos e esparsos e

folhas mais largas, com a face abaxial foveolada, enquanto L. lancifolia poderia ser distinta,

particularmente, pelo formato lanceolado das folhas. Entretanto, no Parque observam-se também

espécimes com padrões morfológicos intermediários entre esses extremos, havendo combinações

entre essas características, o que evidencia a fragilidade desses atributos morfológicos como

diagnósticos para diferenciação desses táxons. Os espécimes característicos do extremos de

“lacunosa” (Manhães 39 e Márcio s.n. CESJ 17395), apresentam a face abaxial da lâmina foliar

mais reticulada, com tricomas mais esparsos.

LXXII

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Devido a essas semelhanças, NAUDIN (1851) considerou L. lacunosa e L. lancifolia

variedades de L. aurea, enquanto COGNIAUX (1886-1888) e CHAMISSO (1834) as trataram

como três espécies distintas. Contudo, os dados obtidos no presente estudo refutam as hipóteses

destes dois autores e provavelmente, esses táxons correspondem a uma só espécie, L. aurea, cujo

nome pelo Princípio da Prioridade, deve ser adotado.

De acordo com REIS et al. (2004), que estudaram a vascularização foliar e anatomia do

pecíolo de espécies de Melastomataceae, não existem diferenças no padrão de nervação e nem

nas características morfoanatômicas do pecíolo dessas três espécies. De acordo com as autoras,

L. aurea e L. lacunosa possuem nervação acródroma basal, três nervuras primárias e quatro

nervuras secundárias, rede de nervação laxa, nervação última marginal em arco e auréolas

completas. Analisam ainda, que estas espécies possuem contorno do pecíolo elíptico, epiderme

com cutícula, tricoma tector ramificado, ausência de tricoma glandular e distribuição dos feixes

vasculares em arco. Todas essas características parecem corroborar a hipótese apresentada

anteriormente, de que esses táxons sejam uma única espécie.

Leandra eichleri Cogn. in Mart; & Eichler, Fl. bras. 14(4): 140, t. 1. 1886.

Figs.: 9; 14- a.

Subarbustos até 30cm, suberetos, rastejantes; raízes adventícias presentes. Indumento nos

ramos, folhas, inflorescências, hipanto e tubo do cálice, face abaxial das brácteas, profilos e

lacínias do cálice, ferrugíneo denso a esparsamente furfuráceo-estrelado, tricomas caducos ou

não, e inflorescência, hipanto e cálice, hirsuto, papiloso, vinoso nos ramos jovens. Folhas com

pecíolo 0,5-1cm; lâmina 2,8-5,5 x 1,8-4cm, verde concolor, cartácea, elíptica, largo-ovada a

suborbicular, base arredondada a cordada, ápice agudo a arredondado, margem crenulada,

ciliado-hirsuta, face adaxial levemente bulada, face abaxial levemente reticulada; 5 nervuras

LXXIII

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acródromas basais a 2-2,5mm suprabasais. Cimóides de glomérulos, umbeliformes ou não, 3,5-

4,5cm, terminais, sésseis; brácteas foliáceas 1-2,8 x 0,5-2cm; brácteas crassas 4-5 x 6-8mm,

profilos 1-2 x 1-2mm, ambos oblongos a estreito-elípticos, ápice longo-apiculado, margem

ciliada. Flores sésseis; hipanto 3-5 x 4-5cm, curto-tubuloso; lacínias do cálice patentes a eretas,

as externas 3-3,5 x 0,8-1mm, crassas, triangulares, ápice agudo-apiculado, margem ciliolada,

face adaxial glabra, as internas 1,8-2 x 1-1,5mm, largamante triangulares, ápice acuminado; zona

do disco glabra; pétalas 3,3-4 x 2,2-2,5mm, reflexas, oblongo-triangulares a ovadas, ápice

acuminado, assimétrico, unilateralmente unilobado, face abaxial papilosa; estames com filetes 2-

2,5mm, alvos, anteras 2-2,5mm, estreito-ovadas, curto-subuladas, extrosamente curvas, alvas à

róseas, conectivo com cálcar dorsal 0,1-0,2mm; ovário 2-3 x 2-4mm, prolongamento apical ca.

0,5mm, ½ ínfero, 3-locular, costado, setuloso e furfuráceo-estrelado no ápice, estes caducos,

estilete 6-7mm. Bacáceos 4-5 x 4-5mm; sementes 0,7-1 x ca. 0,5mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, campo rupestre

encharcado, B. Chiavegatto et al. 16, 01.XII.2001, fl., fr., (CESJ); entre a Gruta das Bromélias e

o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 120, 24.XI.2004, fl., (RB); entre a Gruta das Bromélias e o

Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 121, 24.XI.2004, fl. (RB).

Material adicional: Rio de Janeiro, Itatiaia, nos campos, Glaziou 8694, 23.I.1873, fl., fr.,

(C - Holótipo).

Leandra eichleri é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de

Janeiro e Paraná, principalmente em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.

LXXIV

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No Parque Estadual do Ibitipoca, ocorre somente no campo rupestre stricto sensu,

totalmente encoberta por gramíneas, sendo possível encontrá-las somente se estas forem

removidas. Local com solos rasos, úmidos, arenosos, mas, devido às gramíneas, sombreado.

Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de outubro e novembro.

Nesta espécie, os cimóides estão constituídos de três eixos, sendo que o central (raque) é o

menos desenvolvido e com menos flores, podendo estar reduzido a um único glomérulo, ou flor.

Não há supressão de folha. Esta redução na inflorescência e até mesmo o aspecto umbeliforme

podem ser consequência de uma adaptação ao hábito rastejante.

Apresenta tricomas papilosos glandulares com cabeça vinosa no sulco das nervuras

acródromas na face adaxial das folhas e brácteas, inserção das flores e profilos.

Sua coleta no Parque representa uma nova ocorrência para a espécie no Brasil.

Leandra erostrata (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 139. 1886.

Clidemia erostrata DC., Prodr. 3: 160. 1828.

Figs.: 8- j-p; 14- b.

Arbustos a subarbustos 50-80cm, eretos. Indumento nos ramos, pecíolos, inflorescências,

brácteas, profilos, hipanto e cálice, esparso a moderadamente hirtelo, tricomas papilosos e

densamente furfuráceo-estrelado. Folhas com pecíolo 0,5-1 cm, cilíndrico; lâmina 3-5,5 x 2,5-

4cm, discolor, face adaxial alvo-esverdeada, face abaxial pálido-amarelado a ferrugínea,

levemente reticulada, cartácea a subcoriácea, elíptica ou ovada a suborbicular, base arredondada

a cordada, ápice arredondado-acuminado, margem denticulado-ciliolada, revoluta, face adaxial

moderadamente furfuráceo-estrelada, face abaxial hirtelo-vilosa, tricomas farpados e densamente

furfuráceo-estrelada; 5-7 nervuras acródromas basais. Tirsóides de glomérulos 7,5-9cm,

terminais, sésseis; brácteas foliáceas 3,5-5 x 1,5-2,5cm, nos primeiros e segundos nós proximais;

LXXV

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profilos 3-4 x ca. 1mm, lineares, apiculados. Flores com pedicelo 0,5-1mm; hipanto 3-4 x 3-

4mm, tubuloso; zona do disco glabra; cálice com tubo inconspícuo, lacínias eretas, as externas 1-

2 x 1-2mm, as internas 1-1,7 x 0,4-0,6mm, ambas triangulares, apiculadas, margem ciliada;

petálas 3-4 x 1-1,5mm, eretas, estreito-triangulares, ápice acuminado-apiculado, assimétrico, não

lobado; estames com filetes ca. 2mm, alvos, anteras ca. 2mm, róseas, conectivo prolongado ca.

0,2mm, apêndice dorsal calcarado; ovário 1-2 x 1-2mm, ½-ínfero, 2-3-locular, piloso no ápice,

estilete 6-7mm. Bacídios 4-5 x 4-5mm; sementes ca. 1 x 0,5mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, M. A. Manhães 75,

I.2000, fl., fr., (CESJ); subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 21, 02.XII.2001, fl.,

(CESJ); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 32, 02.II.2002, fl., (CESJ); subida para

Gruta das Bomélias, B. Chiavegatto et al. 44, 03.II.2002, fl., (CESJ); trilha Monjolinho – Lagoa

seca, F. M. Ferreira et al. 709, 30.III.2004, fr., (RB);na subida para o Monjolinho, B.

Chiavegatto et al. 110, 23.XI.2004, fr., (RB); na subida para Gruta das Bromélias, B.

Chiavegatto et al. 114, 24.XI.2004, fl. (RB);

Leandra erostrata é uma espécie de distribuição ampla no neotrópico, ocorrendo no Brasil,

nos estados do Amazonas e Minas Gerais, em ambientes de campos limpos, campos sujos e

cerrado e, ainda, na Bolívia e Argentina.

Nos campos rupestres do Parque é encontrada encoberta por gramíneas de porte mais alto,

o que dificulta sua visualização. Ocorre principalmente nas área de campo rupestre arbustivo,

podendo ser também encontrada nos cerrados de altitude. Foram coletados exemplares com

flores e frutos nos meses de novembro a março.

LXXVI

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Ocorre simpatricamente com L. aurea e L. foveolata, mas apresenta menor porte que estas,

folhas geralmente de menores dimensões e mais espessas, o que facilita sua identificação no

campo.

Leandra foveolata (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(4): 100-101. 1886.

Clidemia foveolata DC., Prodr 3: 163. 1828.

Figs.: 10- a-g; 14- d.

Arbustos 50-80cm. Indumento nos ramos, pecíolos, inflorescências, profilos, brácteas,

hipanto e cálice, moderadamente hirsuto e furfuráceo-estrelado, estes com tricomas geralmente

caducos, tricomas simples não papilosos. Folhas com pecíolo 1-1,8cm, cilíndrico; lâmina 6-10 x

3-5cm, verde concolor, cartácea, elíptica, ou oblonga a ovada, base obtusa a arredondada, ápice

agudo a acuminado, margem levemente sinuosa, ciliolada, face adaxial esparsa a densamente

setoso-setulosa, bulada, face abaxial foveolado-reticulada, esparsamente setoso-setulosa e

furfuráceo-estrelada, tricomas caducos; 5-7 nervuras acródromas basais ou até ca. 4mm

suprabasais. Tirsóides 5-15cm, terminais; pedúnculo 5-7cm; brácteas foliáceas 2,4-9 x 0,4-1mm;

profilos 3-4 x ca. 1mm, filiformes, apiculados. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 2-3mm, tubuloso;

zona do disco setulosa; cálice com tubo ca. 1mm, lacínias reflexas, as externas 0,7-1 x 2-3mm,

estreito-triangulares, ápice apiculado, margem ciliolada, as internas ca. 0,5 x 1,5mm,

triangulares, ápice apiculado, margem ciliolada; pétalas 3-4 x 2-3mm, reflexas, ovais, ápice

agudo; estames com filete 3-4mm, alvos, anteras 3-4mm, róseas, conectivo não prolongado,

apêndice dorsal obsoleto; ovário 1-2 x 1-2mm, ½-ínfero, 3-locular, esparsamente setuloso,

costado, estilete 8-10mm. Bacídios 6-7 x 5-6mm; sementes ca. 1 x 1mm.

LXXVII

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Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, borda da Mata Grande,

M. A. Manhães 74, I.2000, fr., (CESJ); na borda do Rio do Salto, F. R. G. Salimena CESJ 32759,

11.XII.2000, fl., (CESJ); estrada para o centro de informações, B. Chiavegatto et al. 05,

01.XII.2001, fr., (CESJ); na estrada para o Centro de Informações, B. Chiavegatto et al. 09.

01.XII.2001, fl., (CESJ); caminho entre a Portaria e o Centro de Informações, B. Chiavegatto et

al. 35, 03.II.2002, fl., (CESJ); na estrada para Portaria, borda da mata, B. Chiavegatto et al. 58,

23.III.2002, fr., (CESJ); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3034, 09.III.2004, fr.,

(RB); mata em frente a entrada do Parque, R. C. Forzza et al 3075, 09.III.2004, fr., (RB);

bifurcação Monjolinho – Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 83, 15.VI.2004, fl., (RB); Janela

do Céu, B. Chiavegatto et al. 93, 16.VI.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 94,

16.VI.2004, fl., fr., (RB); mata próxima às Casas de Pesquisa e Centro de Informações, B.

Chiavegatto et al. 104, 17,VI.2004, fl., (RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B.

Chiavegatto et al. 115, 24.XI.2004, fl., fr., (RB); na trilha para a Gruta das Bromélias, B.

Chiavegatto et al. 116, 24.XI.2004, fl., fr., (RB);

Leandra foveolata é uma espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo no Brasil

nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, em formações de matas de altitude,

bordas e capões de matas e campos rupestres e, ainda, na Guiana.

No Parque, esta espécie ocorre no campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude, em locais

sombreados e com solos mais profundos, simpatricamente com L. aurea e L. erostrata. Foram

coletados exemplares com flores e frutos nos meses de dezembro a junho.

Assemelha-se aos espécimes com características de um dos padrões morfológicos extremos

de L. aurea (L. lacunosa), principalmente quando herborizada. No campo, é possível diferenciá-

las principalmente, pelo indumento da face abaxial da lâmina foliar setuloso-setoso, nunca

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viloso-hirtelo. Além disso, pode auxiliar essa distinção os tricomas vinosos das inflorescências e

ramos jovens e pelas folhas mais acentuadamente buladas que as de L. aurea.

Em folhas de rebroto, em áreas mais antropofizadas do Parque, o indumento hirsuto da

face adaxial da lâmina foliar mostra-se extremamente escasso e até mesmo ausente (B.

Chivegatto et al. 104).

Leandra pennipilis Cogn. in Mart & Eichler, Fl. bras. 14(4): 140. 1886.

Figs.: 11; 14-c.

Arbustos 0,4-2m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial das folhas, brácteas,

profilos, hipanto e cálice, alvo pardacento, dendrítico-tomentoso, com tricomas não papilosos.

Folhas com pecíolo 0,5-1,2cm; lâmina 2,1-7 x 1-2,4cm, discolor, face adaxial verde brilhosa,

face abaxial alvo-esverdeada a creme, coriácea, estreiro-elíptica, oblonga a ovada, base obtusa a

arredondada, ápice agudo a acuminado, margem ondulada, revoluta, ciliolado-estrigulosa, face

adaxial estrigulosa; 5 nervuras acródromas 2-2,5mm suprabasais. Tirsóides de glomérulos 3-

10cm, terminais; pedúnculo 2-5cm, às vezes ausente; brácteas 4-5 x 12-15mm, crassas,

estrigosas, ápice agudo apiculado; profilos 1-2 x ca. 2mm, estreito-triangulares, ápice agudo

apiculado. Flores com pedicelo 0,3-0,5mm; hipanto 3-5 x 4-5cm, campanulado; tubo do cálice

0,2-0,3mm, lacínias reflexas, as internas 1-1,5 x 1,3-1,5mm, estreito-triangulares, ápice agudo-

apiculado, margem ciliolada, face adaxial glabra, as externas 2-4 x 1-2mm, crassas, ápice

acuminado apiculado; zona do disco setulosa; pétalas 2-4 x 1-4mm, reflexas, oblongo-

triangulares, ápice acuminado, assimétrico, unilateralmente unilobado; estames com filetes 3-

4mm, alvos, anteras 2-3mm, triangulares, curto-subuladas, extrorsamente curvas, róseas,

conectivo prolongado 0,1-0,2mm, inapendiculado; ovário 1-3 x 1-4mm, prolongamento apical

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ca. 0,5mm, ½-1/3-ínfero, 3-locular, estrigoso no ápice, estilete 5-9mm. Bacídios 4-6 x 4-5mm;

sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Pião, P. I.

Braga 1890, 28.IX.1970, fl., (RB); no campo arenítico, L. Krieger s.n., 03.XI.1973, fl. fr., (CESJ

13216, RB);trilha sobre a Ponte de Pedra, M. Eiterer s.n., 27.VIII.1991, fl., fr., (CESJ 24888,

RB); em cerrado de encosta, M. Brügger s.n., 30.XI.1991, fl., fr., (CESJ 26094); campo cerrado,

L. G. Rodela s.n., IX.1998, fl., (CESJ 36544); na borda da mata nebular, R. M. Castro et al. 214,

25.III.2001, fl., fr., (CESJ, RB); próximo ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 15, 01.XII.2001, fl.,

fr., (CESJ); próximo ao Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 18, 01.XII.2001, fl. fr., (CESJ); Janela do

Céu, B. Chiavegatto et al. 90 16.VI.2004, fl., (RB); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 92,

16.VI.2004, fl., (RB); Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 101, 17.VI.2004, fl., (RB); Ponte de

Pedra, B. Chiavegatto et al. 102, 17.VI.2004, fl., (RB); Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 103,

17.VI.2004, fl., (RB); caminho para a Cantina, B. Chiavegatto et al. 105, 23.XI.2004, fl., (RB);

próxima à bifurcação Pião – Lagoa Seca, B. Chiavegatto et al. 126, 25.XI.2004, fl. (RB);

Leandra pennipilis é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia e Minas Gerais e

típica de ambientes de campos rupestres.

No Parque, é característica de campos rupestres arbustivos, em solos mais profundos,

podendo estar exposta ao sol. Foram coletados materiais com flores e frutos durante todo o ano.

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Leandra salicina (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. Bras. 14(4): 150-151. 1886.

Melastoma salicinum DC., Prodr. 3: 199. 1828.

Figs.: 10- h-p; 14- e.

Subarbustos 20-42cm. Indumento nos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos,

hipanto e cálice, setoso-adpresso, castanho, tricmomas simples, não ramificados. Folhas com

pecíolo 0,4-0,7cm, cilíndrico; lâmina 3,5-7 x 0,5-1,8cm, verde discolor, face adaxial verde-

escura, brilhosa, plana, face abaxial alvo esverdeada a prateada, plana, cartácea, estreito-elíptica

a oblonga, base aguda, ápice agudo, margem inteira, ciliolada, revoluta; 3-5 nervuras acródromas

basais. Tirsóides ou botrióides 4-9cm, terminais; pedúnculo 2-5cm; brácteas ca. 5 x 1mm,

estreito-oblongas, ápice agudo, margem ciliolada, face adaxial glabra; profilos 2-3 x 1-2mm,

triangulares, ápice agudo, margem ciliolada, face adaxial glabra. Flores sésseis; hipanto 3-4 x 2-

3cm, tubuloso; zona do disco glabra; cálice com tubo ca. 1mm, lacínias reflexas, as internas 1-

1,5 x 1mm, triangulares, ápice arredondado, margem inteira, as externas 2-2,4 x 0,5-1mm,

estreito-triangulares, ápice acuminado; pétalas 4-5 x 1-2mm, reflexas, elípticas, ápice agudo,

assimétrico, unilateralmente unilobado; estames com filetes 4-5mm, alvo-amarelados, anteras 2-

3mm, alvas, triangulares, extrorsamente curvas, conectivo prolongado ca. 0,2mm,

inapendiculado; ovário 2-3 x 2-3mm, prolongamento apical ca. 1mm, 4/5-ínferos, 3-locular,

glabro, estilete 7-9mm. Bacídios, 5-6 x 8-9mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Prainha, próxima ao

curso d’água, B. Chiavegatto 107, 23.XI.2004, fl., fr., (RB).

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Leandra salicina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Goiás, Minas Gerais, Rio

de Janeiro e São Paulo, em Floresta Ombrófila Densa, campos de altitude e campos rupestres,

em margens de rios e locais muito úmidos.

Esta espécie é um subarbusto rupícula, encontrado no Parque exclusivamente sobre rochas

próximas a cursos d´água, cujas áreas podem ser consideradas de transição entre o campo

rupestre arbustivo e matas ciliares. É provável que em períodos chuvosos do ano a espécie seja

parcialmente recoberta pela água. Foram coletados espécimes com flores e frutos no mês de

novembro.

Leandra salicina possui ovário quase que totalmente adnato ao hipanto, estando livre

somente o seu prolongamento apical.

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Figura 8: Leandra aurea a- ramo; b-b’indumento do ramo e variação; c- folha: variação da forma; d-d’- folha:variação do indumento da face abaxial; e- hipanto e cálice; f- zona do disco e lacínias do cálice; g- pétala; h- estame;i- secção longitudinal do ovário; (B.Chiavegatto et al. 108). Leandra erostrata j- ramo; k- indumento do ramo; l-hipanto e cálice; m- zona do disco e lacínias do cálice; n- pétala, o- estame; p- secção longitudianl do ovário;(M.A.Manhães 75). Escalas- 1cm: a, j; 2mm: b, c, d; 1mm: e, f, g, h, i, k, l, m, n, o, p.

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Figura 9: Leandra eichleri: a- ramo; b- detalhe do indumento; c-d folha: face adaxial e abaxial; e- detalhe doindumento; f- profilo; g- flor; h- zona do disco e lacínias do cálice; i- pétala; j- estames; k- secção longitudinal doovário, l- fruto, m- sementes; (B.Chiavegatto et al. 16). Escalas: 1cm: a; 2mm: c, d, g, l; 1mm: b, e, f, h, i, j, k.

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Figura 10: Leandra foveolata: a – ramo florífero; b – detalhe do indumento do ramo; c - hipanto e cálice; d - zonado disco e lacínias do cálice; e - pétala; f - estame; g - secção longitudinal do ovário (B. Chiavegatto et al. 83).Leandra salicina: h – ramo florífero; i – detalhe do indumento do ramo; j - hipanto e cálice; k - zona do disco elacínias do cálice; l - pétala, m - estame; n - secção longitudinal do ovário e estilete; o - fruto; p - semente (B.Chiavegatto et al. 107). Escalas: 1cm: a, h; 2mm: b, c, o; 1mm: d, e, f, g, i, j, k, l, m, n; 0,5mm: p.

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a

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Figura 11: Leandra pennipilis: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c - folha: variação da forma;d-e - folha: faces adaxial e abaxial; f - detalhe do tricoma da face abaxial da lâmina foliar; g - profilo; h - flor; i -zona do disco e lacínias do cálice; j - pétala; k - estame; l - bacídio; m - sementes (B. Chiavegatto et al. 126).Escalas: 1cm: a; 2mm: b, g, h, i, l; 1mm: c, d, e, f, j, k, m.

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h

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k

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a

b

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g

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Figura 12: Leandra aurea: Variação morfológica da lâmina foliar

Figura 13: Leandra aurea: a- ramo frutífero; b- ramo florífero.

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a

a

d b

ab

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Figura 14: a- Leandra eichleri; b- Leandra erostrata; c- Leandra pennipilis; d- Leandra foveolata; e-Leandra salicina

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a b

c

d e

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IV.2.7- Marcetia DC., Prodr. 3: 124. 1828.

Marcetia taxifolia (A.St.-Hil.) DC., Prodr. 3: 124. 1828.

Rhexia taxifolia A.St.-Hil., in Humb. & Bompl., Monog. de Melast., Rhexies, 2: 150.

1823.

Fig: 15.

Subarbustos a arbustos 0,3-1m, eretos. Indumento nos ramos, folhas, profilos, pedicelo,

hipanto e cálice, moderadamente hirtelo-glanduloso. Ramos quadrangulares, 4-costados,

decorticantes e áfilos para base. Folhas sésseis ou até 0,3mm pecioladas; lâmina 6-7 x 2-3mm,

cartácea, imbricada, estreito-elíptica, base cordado-lobada, ápice acuminado, margem inteira,

ciliolada, revoluta; 3 nervuras acródromas basais de desenvolvimento imperfeito, nervuras

tênues em ambas as faces. Profilos 1,6-2 x 0,2mm, lineares, ápice acuminado, margem inteira,

ciliolada, revoluta, persistentes. Flores 4-meras, solitárias, axilares; pedicelo ca. 1,5mm; hipanto

2-3 x 2-3mm, tubuloso, levemente urceolado; zona do disco glabra; cálice verde, persistente,

tubo inconspícuo, lacínias 1-1,5 x ca. 0,5mm, unilobadas, triangulares, eretas, ápice acuminado,

margem inteira, ciliolada; pétalas 3-4 x 2-3mm, alvas, oblongo-elípticas, ápice curto-acuminado;

8 estames, isomórficos, de dois tamanhos, amarelos, menores ante-pétalos, filetes ca. 3mm,

glabros, anteras ca. 3mm, maiores antessépalos, filetes 3-4mm, anteras ca. 4mm, ambos com

poro terminal-ventral, conectivo espessado no dorso e base, apêndice ventral levemente

bilobulado; ovário 1,5-2 x 1,5-2mm, livre no interior do hipanto ou até ¼-ínfero, 4-locular,

estilete 6-7mm, alvo, glabro, estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas 2-3 x 2-3mm, levemente

urceoladas, polispérmicas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm, cocleares, testa foveolada.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger

s.n., 14.V.1970, fr. (CESJ 8582); no campo, L. Krieger s.n., 21.V.1970, fl., (CESJ 8632); sobre

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arenito, P. I. Braga s.n., 10 VII.1986, fl., (CESJ 21224); entre candeias, M. Eiterer s.n.,

08.VIII.1990, fl., (CESJ 25196); M. A. Heluey et al. 140, 22.VI.2001, fl. fr., (CESJ); próximo ao

Lago das Miragens, R. C. Forzza et al. 2450, 19.X.2003, fl., fr., (RB); janela de Céu, B.

Chiavegatto et al. 95, 16.VI.2004, fr., (RB);

Marcetia taxifolia apresenta distribuição geográfica muito ampla, ocorrendo no Distrito

Federal e nos estados de Roraima, Ceará, Paraíba, Sergipe, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Goiás,

Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, além da Colômbia, Guiana e

Venezuela. Ocorre principalmente em ambientes de campos rupestres e cerrados, indo até a

caatinga, mas pode apresentar uma ampla variação altitudinal, desde locais montanhosos até

3.000 m/s.m até restingas, ao nível do mar.

No Parque, esta espécie foi encontrada somente no campo rupestre arbustivo, em regiões

mais úmidas, geralmente em locais sombreados por candeias ou outros arbustos maiores. Estes

ambientes possuem solos mais profundos e com maior riqueza de nutrientes. Foram coletados

espécimes com flores e frutos nos meses de maio a outubro.

Marcetia taxifolia apresenta flores isoladas, axilares, dispostas nos ápices dos ramos

simulando inflorescências racemiformes folhosas.

De acordo com MARTINS (1989), esta espécie possui grandes variações morfológicas

(plasticidade fenotípica), principalmente no que se refere às folhas e aos tricomas. Entretanto,

para os espécimes da área, observou-se uma constância dessas estruturas. Ainda, neste trabalho,

a autora sinonimizou 49 binômios em M. taxifolia.

XC

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Figura 15: Marcetia taxifolia: a- ramo florífero; b- folha: face abaxial; c- flor; d-d’- estame antepétalo edetalhe do poro; e-e’- estame ante-sépalo e detalhe do conectivo; f- secção longitudinal do ovário; g-fruto; h- sementes; ( P.I.Braga CESJ 21224). Escalas: 1cm: a; 1mm: b, c, d, e, f, g; 0,5mm: d’, e’, h;

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IV.2.8- Miconia Ruíz & Pav. Trans. Linn. Soc. Bot. 28: 102. 1871.

Arvoretas. Folhas pecioladas, face adaxial com nervuras primárias e secundárias

impressas, face abaxial com nervuras primárias e secundárias proeminentes. Brácteas e profilos

persistentes, raros estes ausentes. Inflorescências terminais. Cálice persistente ou caduco,

lacínias bilobadas, lobos internos maiores em comprimento que os externos; pétalas alvas,

obovadas, ápice arredondado, assimétrico e irregularmente emarginado; estames isomórficos,

subiguais em tamanho, filetes glabros, anteras com poro ventral; ovário parcialmente adnato ao

hipanto, glabro, estilete glabro. Bacóides oligospérmicos.

Miconia chartacea Triana, Trans. Linn. Soc. Bot. 28: 119. 1871.

Figs.: 16- a-i; 19- b.

Arvoretas 2-3m. Indumento nos ramos, pecíolo, face abaxial da lâmina foliar,

inflorescências, brácteas, profilos, hipanto e cálice, densamente lepidoto-estrelado, castanho a

ferrugíneo. Ramos achatados para o ápice, subcilíndricos para base, sulcados. Folhas com

pecíolo 1,2-2,5cm, estriado; lâmina 4-22 x 2,5-9,5cm, discolor, face adaxial verde a castanha,

face abaxial pardacenta a castanha, cartácea, elíptica, base agudo-cuneada, ápice acuminado,

margem levemente sinuosa, revoluta, face adaxial esparsamente lepidoto-estrelada, tricomas

cedo caducos, face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica,

tricomas persistentes; 5 nervuras acródromas 5-10mm suprabasais; domácias ausentes. Tirsóides

de glomérulos 10,5-20,2cm, 2-4 ramos por nó, os acessórios, mais curtos, geralmente caducos na

frutificação; brácteas ca. 1 x 0,5mm, profilos ca. 0,5 x 0,5mm, ambos crassos, linear-oblongos,

ápice agudo, muito cedo caducos. Flores 5-meras, sésseis; hipanto 2-3 x 2-3mm, obcônico a

campanulado; zona do disco glabra; cálice circuncisamente caduco, inflexo, aparentemente

truncado, tubo e lacínias inconspícuos; pétalas 1-2 x 1-2mm, reflexas, obovadas, papilosas; 10

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estames, alvos, filetes 1-2mm, reflexos, anteras 1-2mm, linear-obovadas; conectivo prolongado

1mm, apêndice dorsal calcarado, inconspícuo, ovário 0,8-1 x ca. 0,5mm, prolongamento apical

0,2mm, ¾-ínferos, 2-3-locular, estilete 4-5mm, levemente estreitado no ápice, estigma truncado.

Bacáceos, 3-4 x 3-4mm, atropurpúreos; 1-2(3) sementes, 2-3 x 2-4mm, lenticulares, superfície

levemente sulcada longitudinalmente.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, bosque próximo à área de

Camping, M. A. Manhães 03, 16.IV.1999, fr., (CESJ); na borda da mata, F. R. G. Salimena s.n.,

11.XII.2000. fl., (CESJ 32676); próximo à entrada da Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al.

11, 01.XII.2001, fl., (CESJ); próximo à entrada da Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al.

1045, 18.V.2002, fr., (CESJ); proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3040,

09.III.2004, fr., (RB);

Miconia chartacea é endêmica do Brasil, ocorrendo no Distrito Federal e nos estados da

Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, em ambientes de cerrado,

campos rupestres e formações florestais.

Amplamente distribuída nos campos rupestres arbustivos do Parque e, geralmente, em

áreas limítrofes com matas de neblina, sendo encontrada também nas bordas destas matas.

Apresenta potencial ornamental devido aos seus ramos, inflorescências e face adaxial das folhas

vistosos e castanhos e as flores alvas. Ocorre simpatricamente com M. corallina. Foram

coletados espécimes com flores e frutos nos meses de dezembro a maio.

As flores pequenas muito adensadas nas inflorescências e as pétalas reflexas possibilitam

que os estames estejam nitidamente destacados durante a floração.

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Miconia corallina Spring, Flora 20 (2): 77. 1837.

Figs.: 16- j-p; 19- a.

Arvoretas 1,5-3m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar,

inflorescências, brácteas, profilos, 2/3-superiores do hipanto e cálice, densamente viloso-

estrelado ferrugíneo a castanho-nigrescente, tricomas pedicelados. Ramos quadrangulares para o

ápice e sub-cilíndricos para a base. Folhas com pecíolos 1,5-4cm, quadrangulares, sulcados na

face adaxial; lâmina 3,5-13,5 x 3,2-10,8cm, discolor, face adaxial verde, face abaxial alvo-

amarelada a pardacenta, nervuras castanhas a ferrugíneas, cartácea a subcoriácea, ovada a

elíptica, ás vezes suborbicular, base arredondada a cordada, ápice agudo a acuminado, ás vezes

obtuso, margem levemente ondulada, face adaxial esparsamente viloso-estrelada, cedo

glabrescente, face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica,

tricomas persistentes; 5 nervuras acródromas basais. Panículas com ramos espiciformes de

glomérulos adensados, 9,8-19,5cm, terminais; brácteas ca. 1 x 2mm, extremamente reduzidas e

totalmente cobertas pelo indumento denso, crassas, largo-ovadas; profilos ausentes. Flores 4-

meras; pedicelo ca. 0,5mm; hipanto 1-2 x 1-2mm, obcônico-cuneado, 1/3-inferior glabro ou

subglabro; zona do disco glabra; cálice circuncisamente caduco, tubo e lacínias inconspícuos;

pétalas 1-2 x ca. 1mm, patentes, obovadas, papilosas no ápice; 8 estames, alvos a amarelos,

filetes 2-3mm, reflexos, sigmóides, anteras 1-2mm, eretas, conectivo prolongado ca. 0,5mm,

com inconspícuas projeções ventrais lobuladas na base; ovário ca. 1 x 1mm, prolongamento

apical 0,2mm, ½-ínfero, 8-costado, 2-3-locular, estilete 4-5mm, levemente estreitado no ápice,

estigma truncado. Bacáceos 2-4 x 2-3mm, alaranjados; 2-3 sementes, 1-3 x 1-3mm,

suborbiculares a sublenticulares, angulosas na face ventral, superfície lisa.

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Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, borda da Mata Grande,

M. A. Manhães 62, XI.1999, fl., (CESJ); Portaria, R. C. Forzza et al. 1817, 09.II.2001, fr.,

(CESJ, RB); no campo rupestre arbustivo, R. M. Castro et al. 205, 25.III.2001, fr., (CESJ, RB);

entre a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 07, 01.XI.2001, fl., (CESJ); entre

a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B. Chiavegatto et al. 43, 03.II.2002, fr., (CESJ); trilha para

Cachoeira dos Macacos, B. Chiavegatto et al. 51, 23.III.2002, fr., (CESJ); próxima à estrada para

Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1046, 18.V.2002, fr. (CESJ); proximidades do Rio do

Salto, R. C. Forzza et al. 3044, 09.III.2004, fr., (RB);

Miconia corallina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo, em ambientes campestres e florestais.

Amplamente distribuída pelo Parque em de campo rupestre arbustivo, podendo ser

encontrada também no campo rupestre sensu stricto, cerrado de altitude e em borda de mata

nebular e mata ciliar. Ocorre simpatricamente com M. chartacea. Foram coletados indivíduos

com flores e frutos nos meses de novembro a março.

Apresenta potencial ornamental devido aos seus ramos, inflorescências e face adaxial das

folhas vistosos e castanhos a ferrugíneos que se contrastam com as densas inflorescências de

flores alvas.

As flores pequenas, adensadas nas inflorescências com pétalas reflexas possibilitam que os

estames estejam nitidamente destacados durante a floração, quando ocorre a visitação de

coleópteros. O indumento está constituído por tricomas estrelados com raios longos e

entrelaçados entre si. As lacínias do cálice estão completamente revestidas pelos tricomas,

tornando-as quase indistinta na flor e as anteras apresentam um septo residual bem evidente na

região do poro.

XCV

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Miconia sellowiana Naud., Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 3- 16 (4): 206. 1851.

Figs.: 17 a-i; 19- c.

Arvoretas 2-4m. Indumento nos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos, hipanto e

cálice, moderadamente ou esparsamente furfuráceo-estrelado, cedo caduco ou não. Ramos

cilíndricos, decorticantes quando adultos. Folhas com pecíolo 0,5-1cm, caniculado na face

adaxial; lâmina 2,8-9,1 x 0,8-2,3cm, verde concolor, membranácea a cartácea, elíptica a

lanceolada, base aguda, ápice atenuado-acuminado, margem serreada, ambas as faces cedo

glabrescentes; 5 nervuras acródromas ca. 0,3mm suprabasais, par marginal tênue; domácias

marsupiformes, axilar-primária, no par mais interno membrana na face abaxial conspícua ou não.

Tirsóides 3,5-10cm, terminais, com dois ramos por nó; brácteas 1,5-2 x ca. 2mm, crassas,

lanceoladas, cedo caducas; profilos 0,5-1 x ca. 1mm, crassos, lineares, cedo caducos. Flores 5-

meras; pedicelo 1-2mm; hipanto 2-3 x 2-3mm, campanulado; cálice circuncisamente caduco,

tubo inconspícuo, lacínias eretas, as externas crassas, incosnpícuas, denticuladas, as internas 1-2

x 1-2mm, membranáceas, largo-triangulares, ápice obtuso, margem irregularmente ciliolada no

ápice; pétalas 2-3 x 2-3mm, patentes, obovadas; 10 estames, filetes 1-2mm, anteras 2-3cm,

amarelas, obovadas, uniporadas, base cuneada, poro ventral amplo, oblíquo, conectivo

inconspicuamente prolongado, inapendiculado; ovário 2-3 x 1-2mm, ½-ínfero, 3-locular; estilete

3-4mm, espessado no ápice, estigma truncado. Bacáceos 3-6 x 3-6mm, 10-costados, amarelos

quando jovens, atropurpúreos quando maduros; 3-8 sementes, 1-2 x 1-2mm, obovado-angulosas,

lenticulares ou obovado-cuneadas, superfície lisa.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, L. Krieger s.n.,

15.V.1970, fl., fr., (CESJ 8648); na beira do mato, L. Krieger s.n., 27.IX.1970, fr., (CESJ 9243);

na mata de galeria, U. Confúcio s.n., 29.IX.1970, fl., (CESJ 9365); no campo arenítico ao lado da

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mata, L. Krieger s.n., 01.XI.1973, fl., (CESJ 13167, RB); no campo encharcável, M. A. Heluey et

al. 30, 08.II.2001, fl., fr., (CESJ,RB); no campo rupestre, R. M. Castro et al. 201, 25.III.2001, fr.,

(CESJ, RB); em mata ciliar na Prainha, B. Chiavegatto et al. 20, 02.XII.2001, fr., (CESJ);

estrada para o Monjolinho próxima ao curso d’água, B. Chiavegatto et al. 24, 02.XII.2001, fr.,

(CESJ); mata ciliar próxima a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 50, 23.III.2002, fr., (CESJ);

proximidades do Rio do Salto, R. C. Forzza et al. 3043, 09.III.2004, fr., (RB);

Miconia sellowiana é endêmica do Brasil, ocorrendo no Distrito Federal e nos estados de

Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,

principalmente, em ambientes de cerrados, campos rupestres, campos de altitudes e formações

florestais diversas.

Espécie muito comum no Parque sendo encontrada, principalmente, nas áreas de campo

rupestre arbustivo, nas áreas de transição entre campo rupestre arbustivo e áreas florestais e

também, no interior das matas ciliares, onde é encontrada em locais mais sombreados e

apresentando maior porte. Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de outubro

a maio.

Esta espécie pode ser facilmente identificada pelas domácias marsupiformes nas axilas das

nervuras acródromas, na face abaxial das folhas e pelas anteras com um poro amplo, oblíquo e

inclinado ventralmente.

Nas coleções analisadas para a área foram encontradas poucas sementes por fruto (4-8) e

muitas sementes abortadas (diminutas e atrofiadas até ca. 1mm), enquanto GOLDENBERG

(2000) observou até 18 sementes por fruto.

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Miconia theaezans (Bonpl.) Cogn. in Mart & Eichler. Fl. bras 14(4): 419. 1888.

Melastoma theaezans Bonpl., Melast. P. 17, tab 9. 1816.

Figs.: 17- j-r;

Arvoretas 2-4,5m. Indumento nos ramos, folhas, brácteas, profilos, inflorescência, hipanto

e cálice, esparsamente glanduloso-pontuado, tricomas caducos ou não. Ramos quadrangulares,

decorticantes quando adultos. Folhas com pecíolo 1-1,5cm, vermelho-vinoso, sulcado na face

adaxial; lâmina 2-12 x 1,2-3,5cm, verde concolor, cartácea, oblongo-elíptica a obovada, base

aguda, ápice agudo a acuminado, margem 2/3-superiores serrilhados e 1/3-inferior inteiro,

revoluta; 3 nervuras acródromas 0,5-5mm suprabasais; domácias marsupiformes, membrana na

face abaxial inconspícua ou ausente, axilar-primária. Tirsóides 8-16,5cm, terminais; brácteas ca.

1,5 x 1,5mm, crassas, lanceoladas, cedo caducas; profilos ca. 0,5 x 1mm, crassos, lineares, cedo

caducos. Flores 5-meras; pedicelo ca. 1mm, estrigoso; hipanto 1-2 x 1-2mm, urceolado; zona do

disco glabra; cálice persistente, tubo inconspícuo, lacínias eretas, crassas, as externas ca. 0,5 x

1mm, denticuladas, ápice agudo, as internas ca. 1 x 1mm, oblatas, ápice arredondado; pétalas 1-

1,5 x 1-1,5mm, patentes, obovadas, 10 estames, alvos, filetes 1-2mm, sigmóides, anteras 1-2mm,

obovadas, 4-poradas, poros terminais, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice dorso-

basalmente calcarado; ovário ca. 1 x 1mm, 1/3-ínfero, 5-locular, estilete ca. 3mm, espessado no

ápice, estigma capitado. Bacídios ca. 2 x 2-3mm, atropurpúreos, polispérmicos; sementes 0,3-

0,5mm, obovadas, superfície granulada.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, beira de mata, U.

Confúcio s.n., 28.IX.1970, fl., (CESJ 9342); no bosque próximo à área de Camping, M. A.

Manhães 04, 16.IV.1999, fr., (CESJ); na borda do Rio do Salto na Cachoeira do Cinema, F. R.

G. Salimena s.n., 11.XII.2000, fl., (CESJ 32758, RB); trilha para a Lombada, R. C. Forzza et al.

XCVIII

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1786, 08.II.2001, fr., (CESJ, RB); trilha entre a Lombada e o Pico do Pião, R. C. Forzza et al.

3248, 11.III.2004, fl., fr., (RB); trilha da Lagoa Seca para o Monjolinho, R. C. Forzza et al.

3554, 26.VII.2004, fr., (RB);

Miconia theazans é uma espécie de ampla distribuição no Neotrópico, ocorrendo desde a

América Central até Santa Catarina, em áreas brejosas, florestais, de campo rupestre e de

cerrado.

Ocorre ocasionalmente no Parque, sendo encontrada em campo rupestre arbustivo, cerrado

de altitude e também na borda de mata de neblina e mata ciliar. Foram coletados espécimes com

flores e frutos nos meses de dezembro a julho.

No campo é possível observar uma coloração vinosa nos ramos jovens, pecíolos e nervuras

das lâminas foliar. Foi observada a visitação por Diptera e Vespoidea durante o período de

floração.

Um caráter diagnóstico para esta espécie são as tecas biesporangiadas, formando anteras

tetraporadas.

Os tricomas glandulares são difíceis de ser visualizados nos ramos e face adaxial da lâmina

foliar devido a coloração escura das mesmas que se mesclam com a coloração do próprio

tricoma.

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Miconia sp. nova

Figs.: 18; 19- d.

Arvoretas 2,5-3m alt.; indumento dos ramos, folhas, inflorescências, brácteas, profilos,

hipanto, face adaxial das lacínias do cálice e frutos densa a esparsamente estrelado-tomentoso,

tricomas pedicelados e sésseis, caducos. Ramos jovens achatados, adultos cilíndricos. Pecíolo

0,7-1,4cm compr.; lâmina 4,6-16,5 x 2-7,3cm, discolor, face adaxial verde-escura a castanha,

bulada, face abaxial verde-clara a pardacenta, nitidamente reticulada, superfície epidérmica

exposta, não totalmente recoberta pelo indumento, cartácea, elíptica, oblongo-elíptica ou

estreito-ovada, base obtusa a arredondada, às vezes aguda, margem ondulada a denticulada,

espessa, revoluta, ápice agudo, acuminado ou atenuado-acuminado; 5 nervuras acródromas

basais ou as mais internas até 1mm suprabasais, estas e nervuras secundárias transversais

nitidamente proeminentes na face abaxial. Tirsóides de glomérulos 6-10cm compr., terminais,

oblongos; pedúnculo 1,3-2,4cm compr.; brácteas foliáceas 3,5-4 x 1,5-2cm, estreito-elípticas à

oblongas, pecioladas; brácteas não foliáceas crassas, ca. 12 x 3mm, involucrais, estreito-

triangulares, ápice acuminado, margem ondulada, persistentes ou tardiamante caducas; profilos

ca. 3,5 x 2,5mm, crassos, involucrais, obovados, ápice obtuso a arredondado, persistentes ou

tardiamente caducos. Flores com pedicelo 2-3mm compr.; hipanto 4-4,5 x 4,5-5cm,

campanulado; zona do disco glabra; cálice de tetrâmero a hexâmero, tardia e circuncisamente

caduco, lacínias bilobadas, eretas, lobos externos ca. 0,5 x 0,5mm, inconspicuamente

denticulados, obscurecidos pelo indumento, lobos internos ca. 1,7 x 1,7mm, triangulares, ápice

agudo, face adaxial glabra; corola pentâmera, pétalas 3-3,2 x 2-2,5mm, alvas, reflexas, obovadas,

ápice arredondado a emarginado, assimétrico, unilateralmente unilobada, papilosas; 12-19

estames, alvos, subisomórficos, subiguais em tamanho, filetes 3-4mm, filiformes, anteras 3-4mm

compr., oblongas, poro terminal-ventral, conectivo prolongado 1-1,5mm abaixo das tecas,

C

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geralmente inapendiculados, às vezes com apêndice lateralmente bilobulado; ovário 2-2,5 x 2-

2,5mm, ½-ínfero, globoso, 3-locular, glabro; estilete 12-13mm, dilatado no ápice; estigma

capitado. Bacáceos 4-6 x 4-5mm, atropurpúreos, subglobosos, polispérmicos; sementes 21-25,

ca. 2,5 x 2mm, sublenticulariformes a obovadas, às vezes obovado-triangulares, superfície lisa.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha entre a Lombada e

o Pico do Pião, R. C. Forzza et al. 3250, 11.III.2004, fr., (RB); trilha para o Monjolinho, B.

Chiavegatto et al. 85, 15.VI.2004, fl. (RB); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 87,

15.VI.2004, fl., fr., (RB); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 123, 25.XI.2004,

fl., (RB);

Miconia sp. nova é uma espécie restrita ao Parque Estadual do Ibitipoca, onde ocorre,

geralmente, em áreas de transição entre o campo rupestre e formações florestais e floresce e

frutifica de novembro a junho.

As principais características diagnósticas desta espécie são a face adaxial da lâmina foliar

bulada, inflorescências em glomérulos, brácteas crassas e profilos involucrais, persistentes ou

tardiamente caducos, nítida variação do número de lacínias do cálice, de 4 a 6, e dos estames, 12

a 19, além do conectivo inapendiculado na maioria das anteras e, às vezes, com dois lóbulos

laterais. Provavelmente, foi a superfície bulada da face adaxial da folha que induziu a

identificação de exemplares coletados no Parque (Fontes 1997) como sendo de Miconia

urophylla DC., uma espécie da seção Hypoxanthus (DC.) Hook. f. (= seção Chaenanthera

(Naudin) Cogn., Goldenberg 2004). Entretanto, suas inflorescências não em glomérulos, brácteas

e profilos não involucrais e a deiscência das anteras como um poro amplo, prolongado para a

base à semelhança de uma rima, a diferencia nitidamente de Miconia sp. nova.

CI

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Por apresentar anteras oblongas, com base atenuada, uniporadas e conectivo geralmente

inapendiculado, esta espécie enquadra-se mais adequadamente na seção Glossocentrum. Das

espécies desta seção, aproxima-se de M. cinnerascens Miquel pela lâmina foliar com margem

crenulada a denticulada, face abaxial com indumento constituído de tricomas estrelados e cinco

nervuras acródromas, inflorescências de glomérulos, flores com cinco lacínias no cálice e cinco

pétalas. Entretanto, esta espécie difere, principalmente, pela lâmina foliar com a face adaxial não

bulada e a face abaxial com indumento revestindo totalmente a superfície epidérmica, brácteas e

profilos não involucrais, flores sésseis, cálice e corola 5-6-meros, 10-12 estames e menor

comprimento (ca. 4mm) do estilete.

Entretanto, observa-se uma inconsistência das circunscrições das seções estabelecidas por

(COGNIAUX (1887-1888), pois características diagnósticas de algumas seções mostram-se

incongruentes com descrições de espécies nelas enquadradas, à semelhança do que

BAUMGRATZ & SOUZA (2004), GOLDENBERG (2004) e WURDACK (1962) salientaram

para esse gênero. Desse modo, pelas inflorescências com ramos não espiciformes, flores

dispostas em glomérulos e anteras oblongas, uniporadas, com conectivo às vezes bilobulado na

base, poderia ser integrada à seção Miconia ser. Glomeratiflorae, próxima a Miconia

warmingiana Cogn., principalmente, pelos pecíolos curtos (0,7-1,4cm), lâmina foliar oblonga,

ápice agudo a atenuado-acuminado, com a face abaxial estrelado-tomentosa e cálice caduco.

Entretanto, esta espécie difere pela face adaxial das folhas não bulada, brácteas e profilos não

involucrais, flores sésseis, pétalas de dimensões menores (1,5-2 x ca. 1mm), cálice pentâmero,

com lobos internos arredondados, estames em número de 10, menor comprimento dos filetes (ca.

2mm), anteras (1,-1,7mm) e estilete (3-4mm) e frutos oligospérmicos.

CII

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Figura 16: Miconia chartacea: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c - flor; d - hipanto, cálice eestilete; e - zona do disco e lacínias do cálice; f - estame; g - secção longitudinal do ovário; h - bacáceo; i - sementes(B. Chiavegatto et al. 11; ramo, R.C. Forzza et al. 3044). Miconia corallina: j – ramo florífero; k - detalhe doindumento do ramo; l - flor; m - hipanto, cálice e estilete; n - zona do disco e lacínias do cálice; o - estame; p -secção longitudinal do ovário (B. Chiavegatto et al. 43). Escalas: 2cm: a; 1cm: j; 2mm: b, k; 1mm: c, d, e, f, g, h, i, l,m, n, o, p.

CIII

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Figura 17: Miconia sellowiana: a - ramo florífero; b - folha: face abaxial com domácias; c - flor; d -profilo, hipanto e cálice; e - zona do disco e lacínias do cálice; f- lacínias do cálice; g -g´- estame e detalhe do poro;h-h’ - bacáceo; i - semente (B. Chiavegatto et al. 24). Miconia theaezans: j – ramo florífero; l-m - folha: faceabaxial - base e margem; n - profilo e flor; o - hipanto e cálice; p-p’ - estame e detalhe do poro; q - secçãolongitudinal do ovário; r - bacídio; s- semente (R.C. Forzza et al. 1786). Escalas: 1cm: a, k; 1mm: b, c, d, e, f, h, i, j,k, l, m, n, o, p, q, r; 0,5mm: g, s;

CIV

ab

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d

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gg’ h

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Figura 18: Miconia sp. nova: a – ramo florífero; b - detalhe do indumento do ramo; c-d – folha: facesadaxial e abaxial; e – detalhe de um glomérulo, com brácteas involucrais; f - profilo; g - flor; h - pétala; i - estame; j– variação morfológica da base do conectivo; k - estigma; l - secção longitudinal do ovário; m - bacáceo; n -sementes (B. Chiavegatto et al. 123). Escalas: 1cm: a; 2mm: b, c, d, f, g, h; 1mm: i, j, k, l, m; 0,05: p.

CV

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Figura 19: a- Miconia corallina; b- Miconia chartacea; c- Miconia sellowiana; d-d’- Miconia sp. novahábito e detalhe da inflorescência, respectivamente.

CVI

a

b

c

dd’

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IV.2.9- Microlicia D. Don, in Mem. Wern. Soc. 4: 301. 1823.

Subarbustos eretos. Indumento nos ramos, hipanto e cálice granuloso-glanduloso e nas

folhas, glanduloso-pontuado. Ramos corimbosos, jovens quadrangulares, adultos cilíndricos

decorticantes e áfilos para base. Folhas sésseis, cartáceas, eretas ou patentes, base atenuada.

Brácteas e profilos ausentes. Flores 5-meras, solitárias; zona do disco glabra; hipanto vinoso,

estreito-campanulado; cálice vinoso, persistente, desprovido de coroa de tricomas, tubo

inconspícuo, lacínias triangular-subuladas, ápice acuminado-apiculado, margem inteira; pétalas

róseas a purpúreas, oblongo-ovadas, ápice arredondado, curto-apiculado; 10 estames, dimórficos,

menores ante-pétalos, anteras vinosas, conectivo prolongado, apêndice ventral inconspícuo-

bilobulado, vinoso, maiores antessépalos, anteras amarelas, conectivo prolongado, apêndice

ventral espatulado, ápice truncado, amarelo, ambos com filetes vinosos, glabros, anteras com

ápice rostrado, poro ventral; ovário livre no interior do hipanto, 3-locular, glabro no ápice,

estilete sigmóide, estigma punctiforme. Cápsulas loculicidas; sementes oblongas, levemente

curvas no ápice, testa foveolada.

Microlicia fulva (Spreng) Cham., Linnaea 9: 391. 1834.

Rhexia fulva Spreng., Neve Entd. 1 301. Syst. Veget. 2. 308. 1825.

Figs.: 20- a-h; 21- a.

Subarbustos 20-40cm, não cespitosos; entrenós 4-6mm. Indumento nos ramos, folhas,

hipanto e cálice, moderado a esparsamente pubescente. Folhas 2-3 x 3-4mm, oblíquas

ascendentes, não adpressas, oblongas, elípticas, ápice obtuso, curto-apiculado, margem inteira,

ciliolada; 3 nervuras acródromas basais, ambas as faces com nervura central evidente e nervuras

laterais inconspícuas. Flores terminais; pedicelo 2-3mm; hipanto 2-3 x ca. 2mm; lacínias do

cálice 3-4 x 1-2mm, margem ciliada; pétalas 8-9 x 5-6mm; estames ante-pétalos com filetes ca.

CVII

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2,5mm, anteras ca. 1,5mm, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ca. 0,5mm, estames

antessépalos com filetes ca. 2,5mm, anteras ca. 2mm, conectivo prolongado ca. 2mm, apêndice

ca. 1mm; ovário ca. 2 x 3mm, estilete 4-5mm. Cápsulas loculicidas 3-4 x 4-5mm; sementes ca.

0,5 x 0,5mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, subida para o

Monjolinho, F. R. Salimena s.n., 19.V.1991, fl., fr., (CESJ 24683); proximidade da Cantina, R.

C. Forzza et al. 3095, 09.II.2004, fl., fr., (CESJ); entre a Ponte de Pedra e o Camping, R. C.

Forzza et al. 3285, 30.III.2004, fl. fr., (RB); bifurcação Monjolinho e Ponte de Pedra, B.

Chiavegatto et al. 82, 15.VI.2004, fl., fr., (RB);

Microlicia fulva é endêmica do Brasil, ocorre no Distrito Federal e nos estados da Bahia e

Minas Gerais, em ambientes de campo rupestre e cerrado.

No Parque Estadual do Ibitipoca pode ser encontrada em campo rupestre arbustivo e em

cerrado de altitude, em solos arenosos, rasos, úmidos e com exposição direta do sol. Foram

encontrados espécimes com flores e frutos nos meses de fevereiro a junho.

Nas folhas de M. fulva, os tricomas glandulares pontuados parecem estar situados em

depressões na epiderme. Os tricomas pubescentes são muito diminutos, sendo difícil sua

visualização à vista desarmarda.

No fruto, o hipanto rompe-se irregularmente, mesmo antes do rompimento do ovário

maduro, devido a sua consistência membranáceo-translúcida.

Esta espécie difere de M. isophylla principalmente, pelo indumento pubescente, com

tricomas simples, maior largura das folhas e diferentes valores de comprimento dos entrenós em

relação ao comprimento das folhas.

CVIII

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Microlicia isophylla DC. Prodr. 3: 120. 1828.

Figs.: 20- i-p;

Subarbustos 60-80cm, cespitosos; entrenós 3-3,5mm. Folhas 3-5 x 1-2mm, imbricadas pela

extremidade apical ou não, estreito-elípticas, ápice agudo a acuminado, margem inteira,

levemente crenulada; 1 nervura acródroma basal, evidente em ambas as faces. Flores axilares, às

vezes terminais; pedicelo 1-2mm; hipanto 1-2 x 2-3mm; lacínias do cálice 1-1,5 x 2-3mm;

pétalas 3-4 x 5-7mm, estames ante-pétalos com filetes 2-3mm, anteras 1-1,5mm, conectivo

prolongado ca. 1mm, apêndice ca. 0,5mm, estames ante-sépalos com filetes ca. 2,5mm, anteras

ca. 2mm, conectivo prolongado ca. 2,5mm, apêndice ca. 1mm; ovário 2-2,5 x 2-2,5mm, estilete

4-5mm. Cápsulas loculicidas 2-3 x 2-3mm, vinosas; sementes ca. 0,5 x 0,5mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger

s.n., 14.V.1970, fl., fr., (CESJ 8650); sob candeia, R. C. Oliveira s.n., 08.VII.1990, fl., fr., (CESJ

25195); na trilha para a Ponte de Pedra, M. Eiterer et al. 18, 22.XI.1992, fl., (CESJ); campo

rupestre, L. G. Rodela s.n., VIII.1998, fl., fr., (CESJ 36545); aceiro leste, R. C. Forzza et al.

1808, 09.II.2001, fl., (RB); na estrada próxima a Gruta dos Coelhos, B. Chiavegatto et al. 28,

22.II.2002, fl., (CESJ); caminho para o Pico do Pião, R. C. Forzza et al. 2440, 18.X.2003, fl., fr.,

(RB); atrás do prédio da Polícia Florestal, L. Menini Neto et al. 100, 04.II.2004, fl., (RB);

Microlicia isophylla é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo, principalmente em ambientes de campo rupestre, campo de altitude e

cerrado.

CIX

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No Parque, esta espécie pode ser encontrada em campo rupestre arbustivo e cerrado de

altitude, em solos arenosos, rasos, úmidos e com alta incidência solar. Foram coletados

espécimes com flores e frutos nos meses de outubro a agosto.

Microlicia isophylla difere de M. fulva, principalmente, por apresentar somente tricomas

glandulares sésseis. É reconhecida pelo padrão de distribuição das folhas ao longo dos ramos, em

que as folhas apresentam o mesmo comprimento ou são um pouco maiores que os entre-nós.

A flor terminal pode parecer corresponder a flor central de um dicásio, porque logo abaixo

das flores axilares adjacente ao pedicelo, o ramo continua seu crescimento indeterminado.

CX

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IV.2.10- Siphanthera Pohl, Pl. Bras. Ic. 1: 102, t. 84, 85. 1827.

Siphanthera arenaria (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. Bras. 14(3): 193. 1883.

Meisneria arenaria DC. Prodr. 3: 114. 1828.

Figs.: 20- q-y; 21- b.

Ervas 9-40cm, parcialmente prostradas e eretas, às vezes cespitosas; geralmente com raízes

adventícias. Indumento nas porções prostradas dos ramos a até cerca de 1/5-inferior da porção

ereta, densamente viloso, ferrugíneo, esparsamente piloso glanduloso vináceo, nas porções eretas

dos ramos, folhas, hipanto e cálice, cabeça glandular ás vezes caduca. Ramos tetragonais, 4-

subcostados. Folhas sésseis ou até 1,6mm pecioladas, neste caso restritas às porções prostradas

dos ramos até ca. 1/5-inferior da porção ereta; lâmina 3-16 x 1-10mm, discolor, ou não, face

adaxial verde, face abaxial vinosa, membranácea, ovada a elíptica, base arredonda a obtusa,

ápice agudo, glanduloso-apiculado, margem levemente serreada; 3 nervuras acródromas basais,

as laterais de desenvolvimento imperfeito, inconspícuas na face adaxial e tênues na face abaxial.

Tirsóides de cimeiras 5-18cm, terminais, bracteosos ou também com flores isoladas; pedúnculo

1,5-4cm; brácteas foliáceas 4-8 x 3-6mm, elípticas, ápice agudo, margem levemente serreada,

persistentes; profilos ausentes. Flores 4-meras; pedicelo 3-4mm, hipanto 3-4 x 3-4mm, vinoso,

tubuloso; zona do disco glabra; cálice vinoso, persistente, lacínias 2-3 x 3-4mm, largo-

triangulares, ápice acuminado, glandular-apiculado; pétalas 4-5 x 4-5mm, róseas, obovadas; 8

estames, amarelos, de dois tamanhos, dimórficos, ante-pétalos menores, filetes ca. 2mm, glabros,

anteras ca. 2mm, ápice com rostro curto cilíndrico, poro terminal, conectivo prolongado ca.

1mm, apêndice ventral bilobulado, antessépalos maiores, filetes ca. 3mm, glabros, anteras ca.

3mm, ápice com rostro cilíndrico, poro terminal, conectivo inconspícuamente prolongado,

apêndice ventral bilobulado; ovário 2-3mm, livre no interior do hipanto, 2-locular, glabro,

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estilete 4-5mm, amarelo, glabro, estigma capitado. Velatídios 4-5 x 4-5mm; sementes ca. 0,5 x

1mm, oblongo-obovadas, testa costado-reticulada.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, Monjolinho, F. R.

Salimena et al. s.n., 19.V.1991, fl., fr., (CESJ 24669); caminho para Cachoeira dos macacos, F.

R. S. Pires et al. s.n., 29.VI.1991, fl., (CESJ 25335); na trilha para Cachoeirinha, M. Eiterer et

al. 74, 23.II.1992, fl., fr., (CESJ); no campo rupestre encharcável sazonalmente, L. G. Rodela

Q8-184, III.1996, fl., fr., (CESJ); na Lagoa Seca, M. A. Heluey et al. 12, 10.XII.2000, fl., fr.,

(CESJ); no campo encharcável, M. A. Heluey et al. 54, 10.II.2001, fl., fr., (CESJ); próxima à

Lagoa Seca, R. C. Forzza et al. 1838, 10.II.2001, fl., (CESJ); próxima ao Morro da Cruz, M. A.

Heluey et al.101, 24.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 118, 19.V.2001, fl., (CESJ); M.

A. Heluey et al. 128, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ); em solo encharcável sazonalmente, M. A.

Heluey et al. 143, 19.V.2001, fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 63,

24.III.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 89, 16.VI.2004, fl., (RB); no

alto da Cachoeirinha, E. Medeiros et al. 322, 30.VI.2004, fl., fr., (RB);

Siphanthera arenaria é uma espécie endêmica dos campos rupestres de Minas Gerais,

sendo registrada pela primeira vez no Parque Estadual do Ibitipoca, onde são encontradas,

principalmente, em campo rupestre arbustivo, próximas aos cursos d’água, em solo raso,

arenoso, úmido, com alta incidência solar e também freqüentemente em locais encharcados

sazonalmente. Foram coletados espécimes com flores e frutos nos meses de dezembro a junho.

São, geralmente, plantas herbáceas, prostradas e eretas, podendo ser cespitosas, com ramos

e folhas vinosos, com presença de tricomas glandulares e vilosos.

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Siphanthera arenaria apresenta propagação vegetativa formando clones, aparentemente

através de rizomas que se formam predominantemente na porção basal, onde se observa a

abundância do indumento viloso.

Esta espécie enquadra-se na seção Mesneria (DC.) Hooker, pelas flores pediceladas, com

oito estames, sendo quatro menores e pelo conectivo prolongado abaixo das tecas.

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Figura 20: Microlicia fulva: a – ramo florífero; b - folha; c - flor; d - hipanto e cálice; e-e’ - estame ante-pétalo edetalhe do poro; f – estame antessépalo; g - secção longitudinal do ovário; h – cápsula loculicida (B. Chiavegatto etal. 82). Microlicia isophylla: i – ramo florífero; j - folha; k - flor; l - profilo, hipanto e cálice; m - estame ante-pétalo; n – estame antessépalo; o - fruto; p - semente (B. Chiavegatto et al. 28). Siphanthera arenaria: q - ramoflorífero; r - folha; s - flor; t - hipanto e cálice; u - estame ante-pétalo; v – estame antessépalo e detalhe do poro; w -secção longitudinal do ovário; x - velatídio; y - semente (B. Chiavegatto et al. 97). Escalas: 1cm: a, i, q; 2mm: b, c,d, o, 1mm: e, f, g, h, j, k, l, m, n, q, r, s, t, u, v, x; 0,5mm: p, y.

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Figura 21: a- Microlicia fulva; b-b’- Siphanthera arenaria na paisagem e detalhe da flor,respectivamente.

CXV

a

b

b’

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IV.2.11- Tibouchina Aubl. Pl. Gui. 1: 445. t. 177. 1775.

Arbustos ou ervas. Folhas pecioladas, nervuras acródromas basais, estas e nervuras

secundárias impressas na face adaxial, proeminentes na face abaxial. Brácteas e profilos caducos.

Inflorescências ou flores solitárias, terminais. Flores 5-meras; hipanto campanulado; zona do

disco glabra; lacínias do cálice unilobadas; pétalas roxas, ás vezes róseo-arroxeadas, obovadas,

ápice arredondado, assimétrico ou também levemente emarginado e curto apiculado; 10 estames,

de dois tamanhos, maiores antessépalos, menores ante-pétalos, subisomórficos ou dimórficos,

anteras rugosas, ápice subulado, não abruptamente estreitado, poro ventral, conectivo prolongado

abaixo das tecas, apêndices ventrais; ovário 5-locular parcialmente adnato ao hipanto através de

septos para o ápice. Frutos capsulares, dos tipos velatídio ou ruptídio, polispérmico; sementes

cocleares, testa granulosa.

Tibouchina collina (Naudin) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 318. 1885.

Lasiandra collina Naudin, Ann. Sci. Nat., ser. 3, 13(3): 148. 1850.

Figs.: 22- a-j; 24- e.

Arbustos 1-2m. Ramos quadrangulares, ramificados, decorticantes quando adultos,

densamente hirsuto e pubescente-glandulosos, cabeça glandular cedo caduca. Folhas com

pecíolos 2-3mm, sulcados na face adaxial; lâmina 8-28 x 6-29mm, subcoriácea a coriácea,

estreito ovada a orbicular, base cordada a arredondada, ápice agudo-arredondado, curto-

acuminado ou não, margem crenulada, estriguloso-ciliolado-adpressa, revoluta, face adaxial

granuloso-glandulosa entre os sulcos das nervuras e bulado-estrigulosa, tricomas

pluriramificados na base, ramificações adpressas, face abaxial hirsuta e pubescente-glandulosa,

com depressões, não reticulada; 5-7 nervuras acródromas basais. Cimas de dicásios, dicásios

simples ou flores solitárias, terminais, sésseis, ou pedúnculo 5-11cm; brácteas 2-3 x 2-3cm,

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involucrais, vinosas, cuculadas, obovadas, face adaxial densamente hirsuto e pubescente-

glandulosa, cabeça glandular cedo caduca, face abaxial glabra. Flores com pedicelo ca. 2mm;

hipanto 4-5 x 8-10mm, região mediana estriguloso-glandulosa, cabeça glandular caduca; cálice

vinoso, tubo ca. 1mm, lacínias 4-5 x 4-5mm, triangulares, ápice agudo-apiculado, margem

ciliado-glandulosa, face adaxial na região mediana estriguloso-glandulosa, cabeça glandular

caduca, para os bordos hirsuto-glandulosa, face abaxial glabra; pétalas 15-17 x 16-18mm,

margem esparsamente pubescente; estames antessépalos, filetes 6-7mm, pubescente-glandulosos,

anteras 3-4mm, oblongas, ápice arredondado, conectivo prolongado ca. 2mm, curvo, apêndice

ventral inconspicuamente lobulado, estames ante-pétalos com filetes 3-4mm, pubescente-

glandulosos, anteras 3-4mm, oblongas, ápice obtuso, conectivo prolongado ca. 1mm, geniculado,

apêndice ventral nitidamente biauriculado; ovário 3-6 x 5-8mm, ½-1/3-ínfero, seríceo-

glanduloso no ápice, estilete 6-7mm, glabro ou esparsamente pubescente-glanduloso, estigma

punctiforme. Velatídios 7-8 x 8-10mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger

s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8671); nos campos altos, L. Krieger s.n., 24.II.1977, fl., fr., (CESJ

14585, RB); M. Brügger s.n., 14.VII.1977, fl., (CESJ 17409); Morro da Lombada, L. G. Rodela

Q4-84, 16.II.1996, fl., (CESJ); área do Camping, M. A. Manhães 26, 06.VII.1999, fl., fr.,

(CESJ); próxima ao Pico do Pião, M. A. Heluey et al. 53, 10.II.2001, fl., fr., (CESJ, RB); no

campo encharcável, M. A. Heluey et al. 115, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ, RB); no caminho entre o

Pico do Pião e a Pedra do Gavião, R. M. Castro et al. 366, 19.V.2001, fl., fr., (CESJ); acima da

entrada da Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 12, 01.XII.2001, fl., (CESJ); acima da

Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 40, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); em frenta a Casa de

Pesquisa, B. Chiavegatto et al. 46, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); na Ponte de Pedra, B. Chiavegatto

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et al. 56, 23.III.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 88, 16.VI.2004, fl.,

(CESJ);

Material Adicional: Serra do Ibitipoca e Serra Negra, A. St-Hilaire 236, fl. (P, Síntipo),

Serra do Ibitipoca e Serra Negra, A. St-Hilaire 67, fl., (P, Parátipo).

Tibouchina collina é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais e São

Paulo, principalmente em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.

Amplamente distribuída por toda região de campo rupestre arbustivo e cerrado de altitude

no Parque, ocorrendo em solos rasos e arenosos a até sobre solos mais profundos, com muita

inscidência solar ou raramente em locais sombreados. Foram coletados espécimes com flores e

frutos nos meses de dezembro a julho.

No campo, T. collina pode se facilmente identificada pela base de suas folhas cordadas e

inflorescências com poucas flores grandes e vistosas. Foi observado que as pétalas são ingeridas

por pássaros.

A coleção estudada estava equivocadamente identificada como Tibouchina cardinalis, da

qual se distingue pelo tipo de indumento glanduloso, face adaxial da lâmina foliar bulada,

estames dimórficos, pelo estilete curto, glabro ou esparsamente pubescente-glanduloso e brácteas

involucrais e de maiores dimensões.

Os espécimes tipos representativos de T. collina foram coletados no Parque Estadual do

Ibitipoca por St. Hilaire e Langsdorff de acordo com COGNIAUX (1883-88) na Flora

Brasiliensis.

Tibouchina collina é muito afim de T. vauthieri Cogn. sendo distinta por características

pouco consistentes, de limites frágeis que geralmente se sobrepõem, como por exemplo número

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de nervuras acródromas e forma da base da lâmina foliar e tipo de indumento. As características

observadas nos espécimes do Parque estão de acordo com exemplares tipo de T. collina

analisados (P). Defende-se que essas duas espécies possam corresponder a um único táxon, mas

somente após análise da coleção tipo de T. vauthieri, poderá ser efetivada uma sinonimização.

Tibouchina frigidula (DC.) Cogn. in Mart. & Eicher, Fl. bras. 14(3): 328. 1885.

Lasiandra frigidula DC., Prodr. 3: 127. 1828.

Figs.: 22- s-w; 24- b.

Arbustos ou subarbustos 0,4-1m. Indumento nos ramos, inflorescência, profilos e hipanto,

nervuras acródromas na face abaxial da lâmina foliar e porção basal e mediana das lacínias do

cálice, esparsamente adpresso estriguloso, tricomas ramificado na base, Ramos quadrangulares a

subcilíndricos ou 3-angulosos para base, simples, raramente ramificadas nas porções apicais.

Folhas freqüentemente ternadas, quando opostas próximas à base da inflorescência, sésseis a ca.

1mm pecioladas; lâmina 1,5-10 x 0,8-6,5cm, elíptica a oblonga, às vezes estreito-obovada, base

arredondada a subcordada, ápice agudo a acuminado, margem crenulada, estrigoso-adpressa,

espessada, revoluta, face adaxial glabra, face abaxial setuloso-adpressa; 3(5) nervuras

acródromas basais, par marginal inconspícuo e confluente ou não ao par interno na base.

Tirsóides de dicásios, díades e/ou mônades 3,5-20cm, ramos opostos ou ternados, terminais,

sésseis; brácteas ausentes, profilos 10-12 x 7-8mm, vinosos, oblongo-elípticos, navicular-

cuculados, face abaxial glabra. Flores com pedicelo 3-4mm; hipanto 6-7 x 7-8mm; cálice

caduco, tubo ca. 1mm, lacínias 8-16 x 7-10mm, oblongo-obovadas, ápice arredondado, estrigosa

na porção mediana, margem ciliolada; pétalas 10-23 x 8-18mm, margem levemente ciliolada;

estames lilases, antessépalos com filetes 10-11mm, anteras 10-11mm, ante-pétalos com filetes 7-

8mm, anteras 7-8mm, ambos com filetes setuloso-glandulosos na face adaxial, anteras linear-

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subuladas, falciformes, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ventral biauriculado; ovário 5-6

x 5-6mm, ½-ínfero, setuloso no ápice, estilete 16-17mm, glabro, estigma subcapitado. Velatídios

6-7 x 4-5mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na trilha para a Ponte de

Pedra, M. Eiterer et al. 44, 22.II.1992, fl., (CESJ); na subida para o Monjolinho, B. Chiavegatto

et al. 22, 02.XII.2001, fr., (CESJ); trilha para o Monjolinho, B. Chiavegatto et al. 31, 02.II.2002,

fl., (CESJ); subida para a Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 37, 03.II.2002, fl., (CESJ);

subida para Gruta das Bromélias, B. Chiavegatto et al. 38, 03.II.2002, fl., (CESJ);subida para a

Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al. 1049, 19.V.2002, fr., (CESJ); subida para Gruta das

Bromélias, F. R. Salimena et al. 1050, 19.V.2002, fr., (CESJ); subida para Gruta das Bromélias,

F. R. Salimena et al. 1051, 19.V.2002, fl., fr., (CESJ);

Tibouchina frigidula é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio de

Janeiro, São Paulo e Paraná em ambientes de campo rupestre, cerrado e campo de altidude.

Ocorre ocasionalmente no Parque, encontrada no campo rupestre arbustivo e cerrado de

altitude, geralmente em solos mais profundos e locais sombreados. Foram coletados espécimes

com flores e frutos nos meses de dezembro a maio.

Muito semelhante à T. martiusiana, principalmente pelo tipo de indumento, características

do estame, gineceu e fruto. Entretanto, T. frigidula difere, a princípio, pela nítida ramificação dos

ramos nas porções apicais, principalmente quando em floração, cujo conjunto floral complexo

pode ser caracterizado como uma sinflorescência terminal, e pelas menores dimensões dos

profilos, lacínias do cálice e pétalas. Analisando-se outras coleções do herbário RB para as duas

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espécies, pode-se reforçar o comentário acima, uma vez que essas características diagnósticas

para a distinção das espécies têm se mantido.

A fragilidade nos limites das circunscrições dessas duas espécies também pode ser

observada no trabalho de COGNIAUX (1885), onde os caracteres usados para distinguí-las,

como filotaxia e pilosidade, se sobrepõem. Por esta razão, futuros estudos com base em material

tipo devem ser conduzidos, a fim de se reavaliar a autonomia de ambos os táxons.

Alguns espécimes estavam identificados equivocadamente como T. melastomoides, espécie

muito distinta, principalmente, pela densidade dos tricomas e pelo conjunto de brácteas. Esta

espécie pertence à seção Pleroma, diferentemente de T. frigidula integrada na seção

Involucrales.

Tibouchina heteromalla (D.Don) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 336. 1885.

Melastoma heteromalla D.Don, Bot. Regist, tab. 644. 1823.

Figs.: 22.: k-r; 24- c.

Arbustos 0,5-2m. Indumento nos ramos, brácteas, inflorescências, profilos, hipanto e

cálice, híspido-seríceo, tricomas adpressos, vinosos nos ramos jovens. Ramos tetragonais,

angulosos, ramificados. Folhas com pecíolos 0,3-2,8cm, sulcados; lâmina 5,5-12,5 x 3,0-6,5cm,

discolor, face adaxial verde-escura, face abaxial verde-clara, cartácea, elíptica, ápice agudo a

arredondado, base arredondada a subcordada, raramente obtusa, margem crenulado-ciliolada,

face adaxial bulada, densamente serícea a hispídulo-setulosa, tricomas alvos, vinosos adpressos

na margem, face abaxial foveolado-reticulada, viloso-serícea, hispídulo-seríceo ao longo das

nervuras, tricomas alvos, adpressos; 5 nervuras acródromas basais. Tirsóides 12-24cm,

terminais; pedúnculo 10-12cm; brácteas 7-8 x 4-5mm, involucrais nos botões, lanceoladas,

côncavas, ápice agudo; profilos 3-4 x 2-3mm, cuculados, lanceolados, ápice agudo. Flores com

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pedicelo 3-4mm; hipanto 8-9 x 4-7mm, densamente seríceo-adpresso; tubo do cálice ca. 1mm,

lacínias 6-7 x 4-5mm, triangulares, ápice acuminado; pétalas 13-17 x 12-15mm, base

unguiculada, alva a vinosa, margem levemente ciliolada; estames roxos, antessépalos com filetes

6-7mm, anteras 6-7mm, conectivo prolongado ca. 1mm, setuloso-glandular, apêndice ventral

biauriculado, ante-pétalos com filetes 5-6mm, anteras 4-5mm, conectivo prolongado ca. 0,5mm,

apêndice ventral geniculado, inconspícuo bilobulado, ambos com filetes setulosos na base,

anteras linear-subuladas; ovário 7-9 x 3-6mm, 1/3-ínfero, seríceo no ápice, estilete 5-8mm,

setuloso, curvo na extremidade apical, estigma capitado. Ruptídios 10-15 x 6-8cm; sementes ca.

0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo, L. Krieger

s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8633); no campo, L. Krieger s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8671);

lugares mais abrigados, M. Brügger s.n., 23.III.1978, fl., (CESJ 17410); no campo rupestre, F. R.

Salimena s.n., 19.V.1991, fl., (CESJ 24675); trilha para a Cahoeirinha, M. Eiterer et al. 75,

23.II.1992, fl., (CESJ); campo rupestre, L. G. Rodela 2C1, VIII.1998, fl., (CESJ); campo

rupestre em solo arenoso com encharcamento sazonal, L. G. Rodela (1c-6), XII.1998, fr., (CESJ,

RB); F. S. Araújo et al. 16, 09.II.2001, fl., (CESJ); campo encharcado, F. S. Araújo et al. 35,

10.II.2001, fl., (CESJ); próxima à Cantina, B. Chiavegatto et al. 19, 02.XII.2001, fl., (CESJ);

próxima ao Camping, B. Chiavegatto et al. 34, 03.II.2002, fl., (CESJ); subida para o Lago dos

Espelhos, B. Chiavegatto et al. 60, 24.III.2002, fl., (CESJ);

Tibouchina heteromalla é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados do Ceará, Paraíba,

Pernambuco, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes

campestres e florestais.

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No Parque, esta espécie ocorre amplamente distribuída por toda região de campo rupestre e

cerrado de altitude, geralmente em solos rasos, arenosos, com alta incidência solar. Foram

coletados materiais com flores e frutos nos meses de agosto a março.

Tibouchina heteromalla pode ser facilmente reconhecida pelo indumento viloso-seríceo na

face abaxial das folhas, produzindo um reflexo prateado que, juntamente com os tricomas

vinosos e as flores roxas, fazem com que os espécimes se destaquem na paisagem.

O material havia sido identificado equivocadamente como T. adenostemom e T.

holosericea, sendo o primeiro nome sinônimo de T. heteromalla. Esta espécie difere de T.

holosericea pelo tamanho do pecíolo e pela presença de tricomas glandulares no conectivo,

enquanto T. holosericea possui folhas subsésseis e conectivo glabro, além de ter sido

sinonimizada sob T. clavata.

Tibouchina hieracioides (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 389-390.

1885.

Chaetogastra hieracioides DC., Prodr 3: 133. 1828.

Figs.: 23- h-m; 24- d.

Ervas 28-40cm; raízes adventícias presentes. Indumento nos ramos, folhas, inflorescência,

brácteas, hipanto e cálice, moderada a densamente hirsuto e/ou hirsuto-glanduloso, nigrescente,.

Ramos tetragonais, costados, simples, não ramificados. Folhas sésseis até 4mm pecioladas;

lâmina 2,5-7 x 2,8-3,7cm, membranácea, elíptica a ovada, base subcordada a arredondada, ápice

agudo, margem inteira, hirsuto-ciliada; 5-7 nervuras acródromas basais. Cimóides de dicásios e

mônades, 4,8-9,5cm, terminais; pedúnculo 9-10cm, com invólucro de brácteas e/ou profilos

rosulados na base dos agrupamentos florais; brácteas foliáceas 15-20 x 8-15mm; profilos 4-5 x

2-3mm, lanceolados, margem inteira, ciliada. Flores com pedicelo ca. 4mm; hipanto 8-10 x 6-

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7mm; cálice persistente, tubo ca. 1mm, lacínias 4-5 x 3-4mm, vinosas a róseas, triangulares,

ápice acuminado, margem inteira, ciliada; pétalas 16-18 x 15-16mm, róseo-arroxeadas, margem

ciliolada; estames antessépalos com filetes 7-8mm, anteras 8-9mm, conectivo prolongado ca.

1mm, apêndice ventral biauriculado, estames ante-pétalos com filetes 7-8mm, anteras 6mm,

conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice ventral bilobado, ambos com filetes roxos, glabros,

anteras amarelas, linear-subuladas; ovário 3-4 x 3-4mm, 1/3-¼-ínfero, setuloso no ápice, estilete

14-15mm, flexuoso, roxo, glabro, estigma capitado. Ruptídios 10-12 x 6-7mm, urceolados;

sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na trilha para a gruta das

Bromélias, M. Eiterer et al. 15, 22.II.1992, fl., fr., (CESJ); acima da Gruta das Bromélias, B.

Chiavegatto et al. 42, 03.II.2002, fl., fr., (CESJ); na subida para a Gruta das Bromélias, B.

Chiavegatto et al. 119, 24.XI.2004, fl., (RB); entre a Gruta das Bromélias e o Cruzeiro, B.

Chiavegatto et al. 122, 24.XI.2004, fl., (RB);

Material adicional: Minas Gerais, entre São João D’El Rey e Piedade, E. Pereira & Pabist

3175, 26.IV.1957, fl., fr., (RB); Cachoeira do Campo, Schawacke 10031, XII.1893, fl., fr., (RB);

Carandaí, campo seco, A. P. Duarte s.n., 25.XI.1940, fl., fr., (RB 60427); Campos Posto 516,

XII.1916, fl., fr., (RB); Cachoeira do Campo, Schwacke 9946, XII.1893, fr., (RB);

Tibouchina hieracioires é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Rio

de Janeiro e São Paulo, principalmente em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.

Espécie encontrada muito esporadicamente no Parque, apenas em região de campo

rupestre arbustivo, mais especificamente, na trilha para a Gruta das Bromélias, sobre solos mais

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profundos e em local sombreado. Geralmente está camuflada por gramíneas, o que dificulta sua

localização, sendo visível somente no período de floração, pelo contraste de suas pétalas roxas e

anteras amarelas com o verde da vegetação ao redor. Foram encontrados espécimes com flores

nos meses de novembro a fevereiro e frutos nos meses de fevereiro a março.

Planta herbácea, facilmente reconhecida por seu pequeno porte, indumento nigrescente e

pelos estames com anteras amarelas.

Foi observado no campo e em material de herbário, que T. hieracioides apresenta

propagação vegetativa, formando clones aparentemente por meio de rizomas.

Tibouchina martiusiana (DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 327. 1885.

Lasiandra martiusiana DC., Prodr. 3: 127. 1828.

Figs.: 23- a-g.

Arbustos 1-2 m. Indumento nos ramos, inflorescência, profilos, hipanto, face abaxial

sobre as nervuras acródromas das folhas e brácteas foliáceas e porção basal e mediana das

lacínias do cálice, esparsamente estriguloso-adpresso, tricomas com ramificação na base. Ramos

subcilíndricos para base e subtetragonais para o ápice, ramificados nas porções apicais. Folhas

opostas, sésseis a ca. 0,2mm pecioladas; lâmina 1,2-5 x 0,8-2,7cm, cartácea, elíptica a ovada,

raramente oblonga, base arredondada a subcordada, ápice agudo a obtuso, margem crenulada,

espessada, estriguloso-adpressa, face adaxial glabra, face abaxial setuloso-adpressa; 3-5 nervuras

acródromas basais, par marginal inconspícuo e confluente ao par interno na base.

Sinflorescências de metabotrióides, 6-16cm, terminais; pedúnculo 5-8cm; brácteas foliáceas 7-10

x 4-15mm, persistentes ou tardiamente caducas, face adaxial glabra; profilos 5-6 x 4-5mm,

elíptico-ovados, côncavos, margem ciliada, face adaxial glabra. Flores com pedicelo 7mm;

hipanto 6-7 x 5-6mm; cálice caduco, tubo ca. 1mm, lacínias 5-6 x 3-4mm, vinosas, ovado-

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oblongas, ápice arredondado, margem ciliolada; pétalas 10-12 x 10-12mm, margem ciliolada;

estames lilases, antessépalos com filetes 10-11mm, anteras 10-11mm, ante-pétalos com filetes 7-

8mm, anteras 7-8mm, ambos com filetes setuloso-glandulosos na base, antera linear-subulada,

falciformes, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice ventral biauriculado; ovário 4-5 x 4-5mm,

½-ínfero, setuloso no ápice, estilete 16-17mm, glabro, estigma subcapitado. Velatídios 6-7 x 5-

6mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, L. Krieger s.n.,

14.V.1970, fl., fr., (CESJ 8532, RB); na subida para a Pedra do gavião, R. M. Castro et al. 368,

19.V.2001, fl., fr., (CESJ, RB); trilha para a Ponte de Pedra, B. Chiavegatto et al. 47,

23.III.2002, fl., (CESJ);

Tibouchina martiusiana é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais,

Rio de Janeiro e São Paulo, em ambientes de campo rupestre e campo de altitude.

Esta espécie é esporádica no Parque, em região apenas de campo rupestre arbustivo. Foram

encontrados espécimes com flores e frutos nos meses de março a maio.

Aproxima-se à T. frigidula como já citado anteriormente nos comentário desta espécie.

Foi observado muito raramente, em outras coleções do RB, com espécimes não coletados

no Parque, folhas ternadas, e quando isto ocorre, estas estão nas porções mais basais dos ramos.

O tipo de tricoma com uma ramificação basal assemelhando-se a um cálcar encontrado

nesta espécie, foi também encontrado em outras espécies de Tibouchina BAUMGRATZ et al.

inédito)

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Tibouchina semidecandra (Schrank & Mart. ex DC.) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl.

bras. 14(3): 309-310. 1885.

Lasiandra semidecandra Schrank & Mart. ex DC. Prodr 3: 129. 1828.

Figs.: 23- n-t; 24- a.

Arbustos 1-3m. Indumento nos ramos, pecíolo, face abaxial das brácteas, hipanto e lacínias

do cálice, densamente estriguloso-seríceo, creme-amarelado. Ramos tetragonais, ramificados, 4-

angulosos, decorticantes quando adultos. Folhas opostas, pecíolos 0,3-0,8cm; lâmina 2-6,2 x 1-

3,2cm, discolor, face adaxial rósea a vinosa, face abaxial verde, elíptica a ovada, base obtusa a

arredondado-truncada, ápice agudo a acuminado, margem crenulada, estriguloso-ciliolada,

tricomas adpressos, esparsamente glanduloso-pontuado, face adaxial densamente bulado, setoso

ao longo das nervuras acródromas, setuloso-estrigosa no restante da lâmina, face abaxial

reticulado-foveolada quando jovem, pontuado-escavada quando adulta; 5-nervuras acródromas

par interno basal, par marginal suprabasal e confluente ao par interno. Flores isoladas, ás vezes

aparentemente reunidas em cimóides trifloros, terminais; brácteas, 8-9 x 9-10mm, involucrais,

vinosas, cuculadas, ovadas a orbiculares, ápice arredondado, margem inteira ciliolada, face

adaxial glabra. Flores com pedicelo 7-8mm; hipanto 9-8 x 5-10mm; tubo do cálice ca. 2mm,

lacínias 13-15 x 6-8mm, oblongo a levemente obovada, acentuadamente assimétricas, ápice

subfalcado; pétalas 23-25 x 28-30mm, margem ciliolado-glandulosa, base unguiculada alva,

estames antessépalos com filetes 16-17mm, moderadamente setuloso e pubescente-glandulosos,

anteras 10-11mm, lanceolado-subuladas, sigmóides, conectivo prolongado ca. 1mm, apêndice

biligulado, antepétalos, com filetes 10-11mm, moderadamente setuloso e pubescente-

glandulosos, anteras ca. 10mm, lanceolado-subuladas, sigmóides, conectivo prolongado ca.

1mm, apêndice ventral biauriculado, não geniculado; ovário 8-9 x 3-5mm, ½-ínfero, setuloso no

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ápice, estilete 23-25mm, lilás, setuloso-glanduloso para base, estigma capitado. Velatídios 10-12

x 15-16mm; sementes ca. 0,5 x 1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, próximo ao Pico do Pião,

L. G. Rodela (Q8-180), 22.III.1996, fl., (CESJ); campo rupestre, L. G. Rodela (3d-2), IX.1998,

fr., (CESJ, RB); no campo encharcável, Morro da Lombada, M. A. Heluey et al. 69, 24.III.2001,

fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 121, 19.V.2001, fr., (CESJ, RB); solo úmido, M. A. Heluey et

al. 153, 23.VI.2001, fl., (CESJ); mata ciliar, no Piscinão, B. Chiavegatto et al. 54, 23.III.2002,

fl., fr., (CESJ); no Lago dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 61, 24.III.2002, fl., (CESJ); no Lago

dos Espelhos, B. Chiavegatto et al. 64, 24.III.2002, fl., (CESJ); trilha entre a gruta do Fugitivo e

Cascatinha, R. C. Forzza et al. 3189, 11.III.2004, fl., (RB);

Tibouchina semidecandra é Endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Minas Gerais,

Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, principalmente, em ambientes de campo rupestre e

campo de altitude.

No Parque, ocorre de modo esparso, em campo rupestre stricto sensu, geralmente acima

de 1000m/s.m., em solos rasos, arenosos, com alta incidência solar. Pode ocorrer também em

áreas com encharcamento sazonal. Foram coletados exemplares com flores e frutos nos meses de

setembro a maio.

Alguns exemplares desta espécie estavam equivocadamente determinados como T.

vauthieri.

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Figura 22: Tibouchina collina: a - ramo florífero; b – lâmina foliar: detalhe da face adaxial; c- botão floral ebrácteas; d - hipanto e cálice; e -e’ - estame antessépalo e detalhe do poro; f-f’ - estame ante-pétalo e detalhe doporo; g - secção longitudinal do ovário; h - secção transversal do ovário; i - velatídio; j - semente (B. Chiavegatto etal. 88). Tibouchina heteromalla: k – ramo florífero; l - botão floral e brácteas; m - flor; n - hipanto e cálice; o -estame antessépalo; p – estame ante-pételo; q - estilete; r - ruptídio (B. Chiavegatto et al. 60). Tibouchina frigidula:s– ramo florífero; t - botão floral e brácteas; u - hipanto e cálice; v - estame antessépalo; w– estame ante-pétalo (B.Chiavegatto et al. 38). Escalas: 2cm: a, r; 1cm: j; 3mm: b, l; 2mm: c, d, e, f, g, g, i, k, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w.

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Figura 23: Tibouchina martiusiana: a – ramo florífero; b - botão floral e brácteas; c - hipanto, cálice e estilete; d-d’ - estame antessépalo e detalhe do poro; e – estame ante-pétalo; f - velatídio; f - semente (B. Chiavegatto et al. 47).Tibouchina hieracioides: h – ramo florífero; i - bráctea; j - hipanto e cálice; k - estame ante-pétalo; l – estameantessépalo; m - secção longitudial do ovário e estilete (B. Chiavegatto et al. 119). Tibouchina semidecandra: n –ramo florífero; o – detalhe do indumento da face abaxial da lâmina foliar; p - bráctea; q - estame ante-pétalo; r –estame antessépalo; s- velatídio; t - semente (B.Chiavegatto et al. 64). Escalas: 2cm: h; 1cm: a, n; 3mm: q, r; 2mm:b, c, d, e, f, g, i, j, k, l, m, n, o, p, s,; 0,5mm: t.

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IV.2.12- Trembleya DC. Prodr. 3: 125. 1828.

Arbustos. Ramos jovens quadrangulares, adultos subcilíndricos, nodosos, 4-costados,

decorticantes. Folhas face adaxial com nervuras acródromas impressas e secundárias pouco

evidentes, face abaxial com nervuras acródromas salientes. Inflorescências terminais; brácteas e

profilos persistentes. Flores 5-meras; zona do disco glabra; hipanto campanulado, membranáceo,

translúcido; cálice persistente, tubo ca. 1mm, lacínias unilobadas; pétalas obovadas, alvas a alvo-

rosadas; 10 estames, de dois tamanhos, dimórficos, maiores antessépalos, menores ante-pétalos,

filetes glabros, anteras com ápice rostrado, poro terminal, conectivo prolongado abaixo das teças,

apêndices ventrais; ovário 5-locular, livre no interior do hipanto, glabro, estilete glabro, estigma

punctiforme. Frutos capsulares dos tipos cápulas loculicida e ruptídio, polispérmicos; sementes

oblongas, curvas para o ápice, superfície alveolada.

Trembleya parviflora (D.Don) Cogn. in Mart. & Eichler, Fl. bras. 14(3): 127. 1883.

Meriania parviflora D.Don, Men. Wern. Soc. 4(2): 323. 1823.

Figs.: 24- d; 25- a-h.

Arbustos 0,5-2,5m. Indumento nos ramos, pecíolos, face abaxial da lâmina foliar,

inflorescências, brácteas, profilos, hipanto e cálice, pubescentes glanduloso-pontuado. Folhas

com pecíolos 7-11mm, sulcados na face adaxial; lâmina 13-58 x 8-23mm, discolor, elíptica, face

adaxial verde, face abaxial canescente, oblonga a obovada, cartácea, base aguda, ápice

arredondado a obtuso, margem inteira, revoluta, face abaxial também densamente revestida de

tricomas glandulosos-papiliformes; 3 nervuras acródromas basais. Sinflorescências de dicásios,

39-44mm, frondo-bracteosas; pedúnculo 2-5mm; brácteas 3-6 x 1-2mm, espatuladas, ápice

arredondado, margem inteira; profilos 2-2,5 x 1-1,5mm, linear-obovados, ápice arredondado,

margem inteira. Flores com pedicelo ca. 2mm; hipanto 3-4 x 3-4mm, 10-estriado; lacínias do

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cálice 2-3 x 2-3mm, triangulares, ápice apiculado-acuminado; pétalas 5-6 x 5-6mm, ápice

arredondado, margem glanduloso-ciliolada, tricomas caducos; estames ante-pétalos com filetes

ca. 4mm, amarelos, anteras ca. 2mm, amarelas, conectivo prolongado ca. 2mm, amarelo,

espatulado, ápice emarginado, estame antessépalo com filetes ca. 4mm, amarelos, anteras ca.

2mm, vinosas, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice vinoso, bilobulado; ovário 3-4 x 2,5-

3mm, estilete ca. 3mm, vinoso. Cápsulas loculicidas 3-4 x 3,5-4,5mm; sementes ca. 0,05 x

0,1mm.

Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, na beira da mata, L.

Krieger s.n., 12.V.1970, fl., fr., (CESJ 8670); campo, L. Krieger s.n., 24.II.1977, fl., fr., (CESJ

14544); beira da mata e campo, L. Krieger CESJ, 14.VII.1977, fl., fr., (CESJ 17411); sobre

arenito, P. I. Braga s.n., 10.VIII.1986, fl., fr., (CESJ 21222); na beira da mata, R. C. Oliveira

s.n., 08.VII.1990, fl., (CESJ 25197); Monjolinho, F. R. Salimena CESJ 24677, 19.V.1991, fl.,

(CESJ); trilha para o Pico do Pião, M. Eiterer et al. 54, 23.II.1992, fl., (CESJ); no campo

rupestre, F. R. Salimena s.n., 13.X.1993, fl., (CESJ 27412); campo cerrado, L. G. Rodela 7b-3,

IX.1998, fl., fr., (CESJ);próximo ao Pico do pião, M. A. Heluey et al. 49, 10.II.2001, fl., fr.,

(CESJ); no campo rupestre arbustivo, M. A. Heluey et al. 114, 25.III.2001, fl., fr., (CESJ); no

campo encharcável, M. A. Heluey et al. 108, 25.III.2001, fl., fr., (CESJ); M. A. Heluey et al. 122,

19.V.2001, fl., fr., (CESJ); solo úmido, M. A. Heluey et al. 155, 23.VI.2001, fl., fr., (CESJ); na

borda da mata nebular, M. A. Heluey et al. 217, 25.III.2001, fl. (CESJ); à esquerda do atalho que

sobe do Centro de Informações em direção à Gruta das Bromélias, F. R. Salimena et al 1042,

18.V.2002, fl., fr., (CESJ); Janela do Céu, B. Chiavegatto et al. 91, 16.VI.2004, fl., (RB);

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Tremblaya parviflora é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Goiás,

Distrito Federal, Minas Gerais, espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, em campo

rupestre, campo de altitude, cerrado e em florestas pluviais.

Encontrada em todas as formações campestres do Parque, principalmente no cerrado de

altitude e, além de também em campos rupestres arbustivos e campo rupestre sensu stricto,

formando grandes populações. Apresenta propagação vegetativa formando clones por meio de

estruturas subterrâneas, possivelmente rizomas. Foram coletados espécimes com flores e frutos

comcomitantemente durante todo o ano.

Trembleya phlogiformis DC., Prodr. 3: 126. 1828.

Fig.: 25- i-p.

Arbustos a subarbustos 0,5-0,8m. Indumento nos ramos, folhas, inflorescência, brácteas,

profilos, hipanto, cálice, moderadamente setuloso-glanduloso tricomas pedicelados. Folhas

sésseis a ca. 1mm pecioladas; lâmina 15-51 x 2,5-11mm, verde concolor, membranácea, linear-

elíptica, base aguda a obtusa, ápice agudo, margem serrulada para o ápice e inteira para base; 5

nervuras acródromas ca. 4mm suprabasais, par marginal tênue, evidente na base. Dicásio simples

15mm, sésseis; brácteas 5-7 x 1-3mm, elípticas, ápice agudo, margem inteira; profilos 1-3 x 1-

2mm, crassos, elípticos, ápice agudo, margem inteira. Flores com pedicelo ca. 2mm; hipanto 2-3

x 2-3mm, urceolado na frutificação; lacínias 3-5 x 1-2mm, triangular-subuladas, ápice

estreitamente agudo; pétalas 7-8 x 3-4mm; estames ante-pétalos com filetes ca. 4mm, amarelos,

anteras ca. 2mm, amarelas, conectivo prolongado ca. 2mm, apêndice espatulado, ápice

emarginado, amarelo, estames antessépalos com filetes ca. 4mm, amarelos, anteras ca. 2mm,

vinosas, conectivo prolongado ca. 0,5mm, apêndice bilobulado, vinoso; ovário 2-3 x 2-3mm,

estilete ca. 4mm. Ruptídios, sementes ca. 0,05 x 0,1mm.

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Material examinado: Lima Duarte, Parque Estadual do Ibitipoca, no campo arenoso, L.

Krieger s.n., 25.II.1977, fl., fr., (CESJ 14587); M. Eiterer et al. 122, 23.II.1992, fl., fr., (CESJ);

Material adicional: Minas Gerais: Barreiro de Cima, Serra do Curral, L. Roth s.n.,

27.II.1955, fl., fr., (CESJ 1525); Antonio Carlos, L. Krieger s.n., 07.II.1972, fr., fr., (CESJ

11473).

Trembleya phlogiformis é endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados da Bahia, Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro São Paulo e Paraná.

No Parque, é encontrada apenas em campos rupestres arbustivos, com solos rasos,

arenosos, sob alta incidência solar. Foram coletados espécimes com flores e frutos no mês de

fevereiro.

Apresenta como caráter diagnóstico,principalmente os tricomas glandulares pedicelados.

Os ramos são fervidos, extraindo-se tinta de cor amarela usada para tingir lã para

confeccionar colchas e tapetes pela população local.

Durante o desenvolvimento deste estudo as tentativas de recoleta no Parque foram

infrutíferas.

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Figura 25: Trembleya parviflora: a - ramo florífero; b - detalhe do indumento da face abaxial da lâmina foliar; c -flor; d - profilos, hipanto, cálice e estilete; e - estame ante-pétalo; f-f’ - estame antessépalo e detalhe do poro; g -cápsula loculicida; h - semente; (L. Krieger CESJ 8670). Trembleya phlogiformis: i - ramo florífero; j - detalhe doindumento da face abaxial da lâmina foliar; k – flor; l - profilo; m-m’ - estame antessépalo e detalhe do poro; n -estame ante-pétalo; o - ruptídio jovem; p – semente (L. Krieger CESJ 14587). Escalas: 1cm: a, i; 2mm: d, g, k, m, n,o, 1mm: b, c, e, f, j, l; 0,5mm: f’, h, m’, p.

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VI.3 - Padrões de Distribuição Geográfica

Análises de padrões de distribuição geográfica para espécies ocorrentes em campos

rupestres e cerrados de altitude tem sido feitas para algumas regiões da Bahia (HARLEY 1995) e

Minas Gerais (GIULIETTI & PIRANI 1988). Estes autores têm reconhecido cinco padrões de

distribuição: (a) espécies amplamente distribuídas nos Neotrópicos; (b) espécies disjuntas entre a

Serra do Espinhaço e serras adjacentes e os tepuis do norte da América do Sul, nas Guianas, e na

Venezuela; (c) espécies disjuntas entre a Serra do Espinhaço e serras adjacentes e as restingas do

leste do Brasil; (d) espécies disjuntas entre a Serra do Espinhaço e serras adjacentes e os campos

rupestres de Goiás; (e) espécies endêmicas da Serra do Espinhaço e/ou serras adjacentes.

De acordo com ROMERO (2002), as Melastomataceae encontradas em campos rupestres

podem ser reunidas em dois grupos. O primeiro é formado por espécies de Cambessedesia,

Chaetostoma, Lavoisiera, Marcetia, Microlicia, Trembleya e Svitramia, gêneros praticamente

restritos às cadeias de montanhas do Brasil Central, que têm espécies também com distribuição

restrita. Neste grupo está a maioria das espécies com grande expressividade na flora dos campos

rupestres e que constituem elementos fortemente característicos dessa formação campestre. O

outro grupo é formado, principalmente, por espécies de Leandra, Miconia, Ossaea e Tibouchina,

freqüentemente com distribuição mais ampla no Brasil e América do Sul e Central, cuja maioria

das espécies apresenta também uma distribuição geográfica mais ampla, sendo encontradas,

preferencialmente, em formações florestais e de cerrado.

Uma síntese da distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae que ocorrem nos

campo rupestres e cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca é apresentada na Tabela

2. Observa-se que enquanto algumas espécies têm ampla distribuição no Neotrópico, podendo

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ocorrer também em outros países sulamericanos, como Venezuela, Guiana, Colômbia, Bolívia e

Argentina, outras têm distribuição mais restrita à determinada região do Brasil ou são endêmicas

de uma de suas unidades federativas, às vezes com ocorrência pontual somente no Parque

Estadual do Ibitipoca. Para essas espécies pode-se identificar seis padrões de distribuição (Tabela

3).

Ampla distribuição no Neotrópico: A maioria das espécies apresenta este padrão de

distribuição, ocorrendo em várias regiões do território brasileiro ou também em outros países da

América do Sul, estando presentes também em formações florestais, além das campestres

(campo rupestre, cerrado e campo de altitude). Mostram-se extremamente plásticas, possuindo

grande variação morfológica, principalmente em termos de altura dos indivíduos, indumento e

dimensões das estruturas vegetativas.

Este padrão foi reconhecido também como um dos padrões gerais de espécies estudados

por HARLEY (1995) e GIULIETTI & PIRANI (1988) e pode, ainda, ser subdividido em dois

subpadrões:

1. Ampla distribuição na América do Sul: figura 26: a. espécies que ocorrem além

dos limites do território brasileiro, como Cambessedesia hilariana, Leandra aurea, L. erostrata,

L. foveolata, Marcetia taxifolia e Miconia theaezans. Excetuando-se Cambessedesia hilariana,

as demais espécies não são típicas de ambientes campestres. De acordo com MARTINS (1987),

Marcetia taxifolia apresenta uma distribuição ampla e disjunta, ocorrendo em campos rupestres,

serras da América do Sul, cerrados, bordas de matas ciliares e restingas.

2. Ampla distribuição no Brasil: figura 26: b. espécies restritas ao território

brasileiro, ocorrendo nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e/ou Sul, em mais de um

ambiente fitogeográfico. Enquadram-se nesse padrão Leandra salicina, Miconia chartacea, M.

corallina, M. sellowiana, Tibouchina heteromalla, Trembleya parviflora e T. phogiformis. De

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acordo com MARTINS (1995), T. parviflora ocorre em cerrados com disjunção nos campos

rupestres, campos de altitude, florestas montanas e bordas de matas ciliares.

Disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de altitude: espécies ocorrendo de

modo disjunto nestas formações campestres de altitude. Observa-se que os campos rupestres e os

cerrados de altitude, em áreas mais interioranas do país, podem estar distribuídos de modo

contínuo e, às vezes, entremeados entre si, como já assinalado por HARLEY (1995). Dois

subpadrões podem ser distinguidos:

1. Disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos de altitude: figura 26: c.

As únicas espécies que apresentam este padrão são Chaetostoma pungens, Lavoisiera compta e

Tibouchina frigidula, ocorrendo nos estados de Goiás, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São

Paulo.

2. Disjunção entre campos rupestres e campos de altitude: figura 26: d.

Apresentam este padrão Leandra eichleri, Microlicia isophylla, Tibouchina hieracioides, T.

martiusiana e T. semidecandra, sendo encontradas tanto em ambientes campestres de altitude

mais para o interior do país, como campos rupestres em Minas Gerais, quanto em campos de

altitude mais a leste e sul, nos estados do Rio de Janeiro e Paraná. Este padrão tem sido

assinalado para espécies de Melastomataceae, como dos gêneros Marcetia (MARTINS 1984) e

Trembleya (MARTINS 1997).

Restrito a campos rupestres e/ou cerrados: o campo rupestre e o cerrado podem ser

formações vegetacionais contínuas ou, às vezes, dispondo-se como um mosaico, entremeadas

entre si. Dois subpadrões podem ser reconhecidos:

1. Restrito a campo rupestres e cerrados: figura 26: e. Apresentam este padrão

apenas Cambessedesia espora, Microlicia fulva e Tibouchina collina. Algumas espécies dos

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gêneros Marcetia (MARTINS 1984) e Trembleya (MARTINS 1997) também apresentam este

padrão de distribuição geográfica.

2. Restrito a campos rupestres: figura 26: f. Apresentam este padrão Leandra

pennipilis, Siphanthera arenaria, Tibouchina hieracioides e. Destas, apenas S. arenaria é

endêmica dos campos rupestres de Minas Gerais. Este padrão, além de já comentado por

ROMERO (2002) para espécies de Melastomataceae, foi observado também em outros gêneros,

como Behuria (TAVARES 2005), Huberia (BAUMGRATZ 1997), Marcetia (MARTINS 1984)

e Trembleya (MARTINS 1995).

Nesse contexto, nota-se que algumas espécies de Melastomataceae estudadas mostram-se

específicas a essas formações campestres, podendo ser classificadas numa categoria de espécies

“especialistas”. Outros táxons, por sua vez, são considerados como “generalistas”, habitando

diferentes formações florestais e, neste caso, podendo ocorrer não só além dos limites do

território brasileiro, no domínio da floresta amazônica, quanto em formações de restinga e mata

atlântica, neste caso, incluindo florestas estacionais e semi-caducifolias e campos de altitude.

Semelhantes interpretações têm sido abordadas por LIMA (2000) e MORIM (2002), que

caracterizaram espécies de Leguminosae nessas duas categorias.

Considerando as similaridades ecológicas dos ambientes de campo rupestre e cerrado, a

ocorrência de áreas de transição entre essas formações contíguas ou entremeadas entre si e as

similaridades morfológicas das espécies estudadas, podem ser assinaladas como especialistas as

espécies de Melastomataceae com distribuição restrita aos campos rupestres e/ou cerrados,

conforme destacado na Tabela 3. Estas espécies apresentam, geralmente, hábito de pequeno

porte, indumento de partes vegetativas e florais denso, ramos delgados, decorticantes, com

entrenós curtos, áfilos em direção à base, folhas imbricadas, com dimensões muito reduzidas,

neste caso, obscurecendo totalmente o característico padrão de nervação curvinérveo, lâminas

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espessas, com margem revoluta, e inflorescências paucifloras ou reduzidas a flores solitárias, de

cores chamativas e vistosas, com estames também coloridos. Além disso, a maioria possui frutos

secos, cuja dispersão das sementes pelo vento e/ou chuva é um fenômeno característico de

ambientes mais abertos, como o campestre. Excetuam-se nesse grupo de espécies Leandra

eichleri e L. pennipilis, principalmente pelas folhas nitidamente expandidas, flores com pétalas e

estames alvos e frutos carnosos, dispersos por animais.

Por outro lado, as demais espécies de Melastomataceae, que ocorrem também em

formações florestais e/ou de restinga e apresentam um padrão de distribuição mais amplo na

América do Sul ou no Brasil, podem ser caracterizadas como generalistas, adaptadas a diferentes

condições ecológicas.

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Figura 26: Mapas ilustrando a representação dos padrões de distribuição geográfica das espécies deMelastomataceae ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca, MG. a – Ampla distribuição na América doSul; b – Ampla distribuição no Brasil; c – Disjunção entre campos rupestres/cerrados e campos dealtitude; d – Disjunção entre campos rupestres e campos de altitude; e – Restrito a campos rupestres ecerrados; f – Restrito a campos rupestres.

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Tabela 3: Padrões de distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes noscampos rupestres do Parque Estadual do Ibitipoca, MG. *- Endêmica do Estado de Minas Gerais;CR – campo rupestre stricto sensu; CA – campo rupestre arbustivo; Ce – cerrado.

EspéciesAmpla Distribuição

NeotrópicoDisjunta Restrita

Am. Sul Brasil CR/Ce e CA CR/CA CR/Ce CRCambessedesia espora X

Cambessedesia hilariana XChaetostoma pungens X

Lavoisiera compta XLeandra aurea X

Leandra eichleri XLeandra erostrata X

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Leandra foveolata XLeandra pennipilis XLeandra salicina XMarcetia taxifolia XMiconia chartacea XMiconia corallina X

Miconia sellowiana XMiconia theaezans X

Microlicia fulva XMicrolicia isophylla X

Siphanthera arenaria* XTibouchina collina* XTibouchina frigidula X

Tibouchina heteromalla XTibouchina hieracioides XTibouchina martiusiana X

Tibouchina semidecandra XTrembleya parviflora X

Trembleya phlogiformis X

VI- Considerações Finais e Perspectivas

Durante a realização deste trabalho sobre as Melastomataceae nos campos rupestres e

cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, foram encontradas 28 espécies pertencentes

a 10 gêneros, incluindo-se uma nova espécie de Miconia. Tais dados indicam como estudos

taxonômicos e florísticos podem ser um excelente meio para se analisar quali-quantitativamente

a diversidade vegetal de remanescentes no país.

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Foram analisados 233 espécimes, incluindo amostras recém coletadas, exemplares-tipo e

coleções dos herbários B, C, CESJ, F, P e RB. Os espécimes de Leandra eichleri e L. salicina

foram coletados pela primeira vez no Parque, ampliando a representatividade das

Melastomataceae nessas coleções científicas e o conhecimento sobre a diversidade da família na

área e no domínio dos campos rupestres.

As espécies de Melastomataceae podem ser encontradas nas fitofisionomias campestres do

Parque, sendo algumas exclusivas de determinada fitofisionomia e as demais ocorrendo em mais

de uma. Além disso, existem espécies, principalmente dos gêneros Miconia e Leandra, que

ocorrem também em áreas de transição com mata de neblina e matas ciliares e algumas poucas

podem ser encontradas no interior destas formações florestais.

Existe um fundamento teórico para se distinguir os campos rupestres dos cerrados de

altitudes, no qual características edáficas, climáticas e de vegetação são utilizados por RODELA

(1999) e HARLEY (1995). Embora as fitofisionomias “campos limpos encharcados” e “campos

rupestres com cactáceas” tenham sido igualmente reconhecidas RODELA (1999) para o Parque,

estas mostram-se de limites muito frágeis para uma identificação precisa e segura no campo,

principalmente ao se considerar o aspecto fisionômico da paisagem e a presença de elementos

florísticos. Nesse contexto, espécies de Melastomataceae não se mostram restritas a essas

formações, ocorrendo de modo disperso nesses ambientes. Além disso, 17 espécies desta família

são comuns aos campos rupestres e cerrados de altitude, razão pela qual se depreende que essa

família não deve ser utilizada para se diferenciar fitofisionomias campestres no Parque.

O registro de Melastomataceae, principalmente como elementos dominantes em

fitofisionomias assinalado por RODELA (1999), deve ser interpretado com cuidado ou

restrições, uma vez que se observaram não só equívocos de identificação, como problemas

nomenclaturais em relação aos nomes de algumas espécies. Além disso, não se encontrou até o

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momento qualquer exemplar de algumas espécies citadas nas listagens desse trabalho, tanto em

herbários quanto no campo, impossibilitando integrar esses táxons no estudo atual.

Em relação ao estado de conservação das espécies abordadas, nenhuma encontra-se em

risco ou ameaçada de extinção de acordo com as categorias da IUCN. Porém, para se consolidar

essa informação ainda é necessário realizar levantamentos florísticos em outras áreas de campos

rupestres e de cerrados no país, a fim de se constatar a ocorrência mais ampla ou ratificar a

distribuição restrita das espécies.

Um dado muito importante e que deve ser discutido, refere-se à redução das populações de

Cambessedesia no Parque nos últimos cinco anos. Provavelmente, isto se deve ao fato dos

espécimes estarem muito próximos ou ao longo das trilhas e portanto, sujeitos ao pisoteio ou ao

trabalho de rocio para limpeza e manutenção da área. Isto, aliado a ausência de um Plano de

Manejo adequado e o constante aumento no número de visitantes, pode levar uma redução

drástica e até mesmo, irreversível das populações desta espécie na área.

Como já discutido anteriormente, as espécies de Melastomataceae podem ser

caracterizadas, em relação a suas preferências de habitats, como espécies “especialistas”, cujas

exigências ambientais específicas proporcionam suas ocorrências exclusivas a campos rupestres

e cerrados de altitude, às vezes, também em campos de altitude. Todos esses ambientes

campestres são formações vegetacionais abertas, com solos rasos e pobres nutricionalmente,

onde as plantas estão sujeitas freqüentemente à alta incidência solar e sob estresse hídrico.

Durante o levantamento das coleções de herbários, foram encontradas algumas amostras de

Melastomataceae coletadas pelo padre Leopoldo Krieger durante as décadas de 1960-70,

períodos em que era professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e curador do Herbário

CESJ. Porém, essas coletas antecedem a criação do Parque Estadual do Ibitipoca e nas etiquetas

consta apenas à indicação Serra do Ibitipoca como local de coleta. Deste modo, a ausência

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precisa da citação dessas localidades e a indisponibilidade de coletas recentes nas áreas

campestres do Parque impossibilitaram incluir no presente estudo essas coleções, inclusive de

outras espécies que não foram até o presente coletadas dentro dos limites da área de estudo.

Considerando-se o Parque como um todo, ou seja, o conjunto de todas as formações

vegetacionais nele encontrado, os resultados ora obtidos representam um marco inicial para o

conhecimento da diversidade taxonômica das Melastomataceae nessa Unidade de Conservação.

Certamente, a continuação desses estudos abrangendo também as peculiares formações florestais

de altitude, como as matas de neblina e ciliares e os capões de mata, não só ampliará o

conhecimento quali-quantitativo desse grupo botânico na área, como irá corroborar a

importância dessa família como elemento fundamental na composição e estrutura vegetacional

desses ecossistemas de altitude ocorrentes no país.

VII- Lista de coleções das espécies estudadas

Abaixo estão listados os coletores e as espécies das Melastomataceae do Parque Estadual

do Ibitipoca.

B. Chiavegatto et al. 10, Cambessedesia espora; 13, 45, 49, 59, Cambessesesia hilariana;

14, 29, 53, 97, Chaetostoma pungens; 17, 26, 48, 62, 96, Lavoisiera compta; 08, 80, 81, 108,

109, 111, 112, 113, 117, 118, Leandra aurea; 16, 120, 121, Leandra eichleri; 21, 32, 44, 110,

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114, Leandra erostrata; 05, 09, 35, 58, 83, 93, 94, 104, 115, 116, Leandra foveolata; 15, 18, 90,

92, 101, 102, 103, 105, 126, Leandra pennipilis; 107, Leandra salicina; 95, Marcetia taxifolia;

11, Miconia chartacea; 07, 43, 51, Miconia corallina; 20, 24, 50, Miconia sellowiana; 85, 87,

123, Miconia sp; 82, Microlicia fulva; 28, Microlicia isophylla; 63, 89, Siphanthera arenaria;

54, 61, 64, Tibouchina semidecandra; 22, 31, 37, 38, Tibouchina frigidula; 19, 60, 34,

Tibouchina heteromalla; 42, 119, 122, Tibouchina hieracioides; 47, Tibouchina martiusiana; 12,

40, 46, 56, 88, Tibouchina collina; 91, Trembleya parviflora;

E. Medeiros 322, Siphanthera arenaria;

F. M. Ferreira et al. 709, Leandra erostrata;

F. R. Salimena CESJ 24666, Lavoisiera compta; CESJ 32690, Lavoisiera sp.; 1052,

Leandra aurea; CESJ 32759, Leandra foveolata; CESJ 32676, 1045, 3040, Miconia chartacea;

1046, Miconia corallina; CESJ 32758, Miconia theaezans; CESJ 24683, Microlicia fulva; CESJ

24669, CESJ 25335, Siphanthera arenaria; 1049, 1050, 1051, Tibouchina frigidula; CESJ

24675, Tibouchina heteromalla; CESJ 27412, CESJ 24677, 1042, Trembleya parviflora;

F. S. Araújo et al. 20, Cambessesesia hilariana; 16, 35, Tibouchina heteromalla;

J. A. Silva CESJ 14944, Cambessesesia hilariana; CESJ 8559, Chaetostoma pungens;

CESJ 14939, Lavoisiera compta;

L. G. Rodela Q3-60, Chaetostoma pungens; CESJ 36542, CESJ 36543, Leandra aurea;

CESJ 36544, Leandra pennipilis; CESJ 36545, Microlicia isophylla; 184, Siphanthera arenaria;

3d-2, 180, Tibouchina semidecandra; 2c1, 1c6, Tibouchina heteromalla; 84, Tibouchina collina;

L. Krieger CESJ 8567, Cambessesesia hilariana; CESJ 8559, CESJ 8634, CESJ 13162,

Lavoisiera compta; CESJ 13216, Leandra pennipilis; CESJ 8582, CESJ 8632, Marcetia

taxifolia; CESJ 8648, CESJ 9243, CESJ 13167, Miconia sellowiana; CESJ 8633, CESJ 8671,

Tibouchina heteromalla; CESJ 8532, Tibouchina martiusiana; CESJ 14585, CESJ 8671,

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Tibouchina collina; CESJ 8670, CESJ 17411, CESJ 14544, Trembleya parviflora; CESJ 14587,

Trembleya parviflora;

L. Menini Neto 32, Leandra aurea; 100, Microlicia isophylla;

M. A. Heluey et al. 02, 60, 130,150, Chaetostoma pungens; 103, 116, 137, Lavoisiera

compta; 140, Marcetia taxifolia; 30, Miconia sellowiana; 12, 54, 101, 118, 128, 143,

Siphanthera arenaria; 69, 121, 153, Tibouchina semidecandra; 53, 115, Tibouchina collina; 49,

108, 114, 122, 155, 217, Trembleya parviflora;

M. A. Manhães 39, Leandra aurea; 75, Leandra erostrata; 74, Leandra foveolata; 03,

Miconia chartacea; 62, Miconia corallina; 04, Miconia theaezans; 26, Tibouchina collina;

M. Brügger CESJ 17395, Leandra aurea; CESJ 26094, Leandra pennipilis; CESJ 17408,

Marcetia taxifolia; CESJ 17410, Tibouchina heteromalla; CESJ 17409, Tibouchina collina;

M. Eiterer 30, Cambessesesia hilariana; CESJ 24888, Leandra pennipilis; CESJ 25196,

Marcetia taxifolia; 18, Microlicia isophylla; 74, Siphanthera arenaria; 44, Tibouchina frigidula;

75, Tibouchina heteromalla; 15, Tibouchina hieracioides; 54, Trembleya parviflora; 122,

Trembleya phogiformis;

N. Marquete et al. 357, Lavoisiera sp.; 338, Leandra aurea;

P. I. Braga 1890, Leandra pennipilis; CESJ 21224, Marcetia taxifolia; CESJ 21222,

Trembleya parviflora;

S. M. S. Verardo CESJ 25377, Cambessedesia espora;

R. C. Forzza et al. 3307, Cambessesesia hilariana; 1772, 3098, Chaetostoma pungens;

1791, 3086, Lavoisiera compta; 3024, 3298, Leandra aurea; 3034, 3075, Leandra foveolata;

2450, Marcetia taxifolia; 3044, 1817, Miconia corallina; 3043, Miconia sellowiana; 1786, 3248,

3554, Miconia theaezans; 3250, Miconia sp; 3095, 3285, Microlicia fulva; 1808, 2440,

Microlicia isophylla; 1838, Siphanthera arenaria; 3189, Tibouchina semidecandra;

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R. M. Castro 214, Leandra pennipilis; 205, Miconia corallina; 201, Miconia sellowiana;

368, Tibouchina martiusiana; 366, Tibouchina collina;

U. Confúcio CESJ 9419, Cambessedesia espora; CESJ 9365, Miconia sellowiana; CESJ

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Tabela 2: Distribuição geográfica das espécies de Melastomataceae ocorrentes nos campos rupestres e cerrados de altitude do Parque Estadual do Ibitipoca, mun. Lima Duarte, MG (Brasil, por siglas do Distrito Federal e estados; demais países, abreviados).

Espécies AM RO PI PB CE PE SE AL BA GO DF

MT MS MG ES RJ SP PR SC RS Ven Gui Col Bol Arg

Cambessedesiaespora

x x x x x

C. hilariana x x x x x x x x x

Chaetostomapungens

x x x x

Lavoisiera compta x x x x

Leandra aurea x x x x x x x x

L. erostrata x x x x x x x x x

L. foveolata x x x x

L. salicina x x x x

L. eichleri x x x

L. pennipilis x

Marcetia taxifolia x x x x x x x x x x x x x x x x x

Miconia chartacea x x x x x x

M. corallina x x x

M. sellowiana x x x x x x x

M. theaezans x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x

Microlicia fulva x x x

M. isophylla x x x

Siphantheraarenaria

x

Tibouchina collina x x

T. frigidula x x x x

T. heteromalla x x x x x x x x

T. martiusiana x x x

T. hieracioides x

T. semidecandra x x x x

Trembleyaparviflora

x x x x x

T. phlogiformis x x x x x x x

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