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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Paisagem e Vegetação do Município de Armação dos Búzios – Rio de Janeiro Heloisa Guinle Dantas 2005

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

Paisagem e Vegetação do Município de Armação dos

Búzios – Rio de Janeiro

Heloisa Guinle Dantas

2005

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

Paisagem e Vegetação do Município de Armação dos

Búzios Rio de Janeiro

Heloisa Guinle Dantas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Botânica.

Orientadores:

Prof. Dr.Haroldo C. de Lima

Prof. Dr. Claudio B. A. Bohrer

Rio de Janeiro

2005

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Paisagem e Vegetação do Município de Armação dos Búzios

Rio de Janeiro

Heloisa Guinle Dantas

Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica

Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ,

como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre.

Aprovada por:

Prof. Dr. Haroldo Cavalcante de Lima ______________________

Orientador

Prof. Dr. Dorothy Sun Dun de Araujo ______________________

Prof. Dr. Marcelo T. Nascimento ______________________

em __/__/20__

Rio de Janeiro

2005

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Dantas, Heloisa Guinle

D192p Paisagem e Vegetação do Município de Armação dos Búzios, Rio de Janeiro. – Rio de Janeiro, 2005.

xv, 82 f. : il. ; 28 cm.

Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2005.

Orientadores: Haroldo Cavalcante Lima e Cláudio B. A. Bohrer. Banca examinadora: Dorothy Sun Dun de Araujo; Marcelo T.

Nascimento Bibliografia.

1. Florística. 2 Armação dos Búzios (RJ). 3. Rio de Janeiro (Estado). I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical.

CDD 581.98153

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À Armação dos Búzios,

por existir

e aos meus queridos Bento(s) Ribeiro Dantas,

meu avô e meu pai,

por me ensinarem a amar esta terra

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AGRADECIMENTOS

Para agradecer a todas as pessoas que me ajudaram a chegar ao final desta jornada,

seria necessário uma lista enorme. Na verdade, foi um trabalho de equipe: família, amigos,

pessoas com quem trabalho, enfim, para ser objetiva, terie que me contentar com uma lista

resumida e agradecer à Deus e a todas as pessoas que tive a sorte de encontrar ao longo do

meu caminho.

Aos meus orientadores, Haroldo Lima e Claudio Bohrer, pela condução deste

processo e pelo tempo e carinho que dedicaram a esta tarefa.

Ao Claudio Bohrer, por sugerir que eu fizesse o mestrado e acreditar em mim.

À Dorothy Araujo, Miriam Cristina Alvarez Pereira e Cyl Farney Catarino de

Sá pelo incentivo, sugestões, companheirismo, pela generosidade em passar seus

conhecimentos e pela preciosa amizade.

Ao meu inseparável companheiro de campo Robson Daumas Ribeiro, pela

amizade e pela dedicação ao projeto.

Ao meu chefe e guru Fernando Magalhães Chacel, pela amizade e incentivo a este

projeto desde o começo, e aos amigos do escritório, Ary Costa, Claudia Costa e

Elizabeth Cohen, que foram muito mais do que colegas de trabalho, pela paciência e

compreensão pelas minhas faltas e correrias ao longo destes dois anos.

À Carla e Juvane Oliveira pela revisão da tese e “força “no inglês.

Aos coordenadores e professores da ENBT, pela escolha e conteúdo das disciplinas

fundamentais para o nosso amadurecimento. Especialmente a Rafaela e ao Vidal, pela

qualidade das aulas e do material didático que recebemos, e aos professores de Seminários I

e II, Renata, Denise, Fátima e Aníbal pelas preciosas sugestões

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À Escola Nacional de Botânica Tropical pelo apoio e pelo carinho de todos,

principalmente ao Abílio e a Márcia pela atenção e disposição de resolver os nossos

“problemas”.

Ao Cyl Farney Catarino de Sá e ao Marcelo da Costa Souza pelas horas de

herbário identificando as minhas plantas, apesar de estarem “enforcados com os prazos”

das respectivas teses.

À Daniele Fernandes pelas idas a campo, identificação de material e companhia

nos longos dias passados no herbário.

À Henrique Dias pela ajuda no trabalho de campo, e por fazer esta tarefa mais

divertida.

À todos que me ajudaram na identificação das plantas: Adriana Lobão, Carine

Quinet, Ronaldo Marquete, Erica Medeiros, Mario Gomes e Robson Daumas

Ribeiro.

Ao pessoal do herbário e da preparação pela paciência com as chegadas e saídas

fora de hora, e a Denise por “quebrar todos os galhos” possíveis.

À Penha da biblioteca pela confecção da ficha catalográfica.

Aos meus colegas de turma pela convivência agradável e pelos encontros e

conversas proveitosas. Especialmente ao Juan e ao Rubem, companheiros na luta da

“Ecologia de Populações” na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Aos professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fernando Fernandez

e Ricardo Iglesias pelo conteúdo e forma de ensinar ecologia.

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À Prefeitura de Armação dos Búzios, Secretaria de Meio Ambiente, pelas fotos

aéreas do município. Especialmente ao Antonio Amaral e ao Marcelo Obraczka pelo

empenho na aquisição das fotos e incentivo a este estudo.

À CAPES pela bolsa concedida para o curso.

À toda a minha família pelo amor e carinho em todos os momentos da minha vida,

especialmente ao meu filho mais velho, Felipe, pelo apoio e incentivo às minhas

“empreitadas”.

À todos MUITO OBRIGADA.

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RESUMO

O presente estudo foi realizado no município de Armação dos Búzios, localizado na Região de Cabo Frio, no litoral norte do Estado Rio de Janeiro. Esta região apresenta um clima extremamente seco, devido a diversos fatores, dentre eles, a mudança brusca de direção da linha da costa, ao afastamento da Serra do Mar e ao fenômeno da ressurgência. A vegetação reflete a especificidade do clima, apresentando uma grande diversidade, alto grau de endemismos e a ocorrência de espécies raras. Este conjunto de fatores levou a WWF/IUCN a selecionar esta área como um Centro de Diversidade Vegetal.

O município de Armação dos Búzios apresenta forma geográfica de península com relevo e formação geológica diversificados. No município existe uma das poucas populações naturais de Pau Brasil (Caesalpinia echinata) da Região de Cabo Frio, espécies endêmicas e uma grande riqueza de espécies quando comparada com outras restingas da costa sudeste. O ritmo acelerado do crescimento urbano vem causando forte impacto na paisagem, destruindo as regiões de mata no interior da península e a vegetação das áreas costeiras.

Visando fornecer uma base de dados para elaboração de projetos de preservação e recuperação da vegetação natural, bem como a atualização do mapeamento da cobertura vegetal de parte do Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio, no presente estudo foram feitos a identificação, descrição e mapeamento da paisagem e dos diferentes padrões fisionômicos da vegetação do município de Armação de Búzios, além da complementação dos dados florísticos e estruturais da vegetação arbórea.

O mapa da paisagem foi elaborado em três etapas. A partir da identificação dos padrões de cobertura do solo, através de fotos aéreas e trabalho de campo, foi feito o mapa de vegetação e uso do solo. A segunda etapa foi o mapa dos fatores físicos utilizados na diferenciação das unidades de paisagem: geologia, solo e relevo. A terceira e última etapa consistiu na superposição em meio digital dos dois mapas anteriores. A complementação dos dados florísticos e estruturais da vegetação arbórea foi feita através da análise fitossociológica em duas unidades de paisagem que não haviam sido estudadas em trabalhos anteriores. Posteriormente procedeu-se a classificação e ordenação da vegetaçãoutilizando dados estruturais e com os dados florísticas entre as parcelas amostradas. Foi feito o mesmo procedimento utilizando os dados florísticos deste estudo e outros de florestas costeiras do Rio de Janeiro.

Foram identificadas cinco unidades de paisagem baseadas nas formações geológicas do município: UP1 (Pré-Cambriano Unidade Região dos Lagos), UP2 (Pré-Cambriano Unidade Búzios), UP3 ( Formação Barreiras), UP4 (Quaternário – Planícies Litorâneas) e UP5 (Quaternário – Planícies Aluviais). Os tipos fisionômicos reconhecidos foram: Vegetação Arbórea, Vegetação Arbustiva, Vegetação herbácea com Arbustos e Vegetação Herbácea. Posteriormente foi feita a descrição da vegetação natural e as variações fisionômicas dentro de cada unidade.

No levantamento fitossociológico e nas coletas extensivas foram inventariados 1120 indivíduos distribuídos em 67 famílias e 289 morfoespécies, sendo 148 identificados ao nível de espécie. As parcelas foram estabelecidas nas Unidades de Paisagem 2 e 3, morros e tabuleiros costeiros respectivamente, totalizaram 1.000 m2. Foram amostrados 611 indivíduos, sendo 587 árvores e 24 lianas, distribuídos em 35 famílias, 99 gêneros e 118

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espécies. Na Unidade de Paisagem 2, a área de amostragem foi de 700 m2, a densidade encontrada foi de 6.071 ind/ha e a área basal 4.64 m2/ha. Na Unidade de Paisagem 3 foram amostrados 300 m2. A densidade encontrada foi de 6.200 ind/ha e a área basal 13.3 m2/ha.

Na Unidade de paisagem 2 foram amostradas 77 espécies distribuídas em 28 famílias. As famílias que apresentaram maior riqueza de espécies foram Myrtaceae (16), Leguminosae (7) e Euphorbiaceae (6). Dentre famílias amostradas nesta unidade, cerca de 44,83% contribuem com apenas uma espécie. As espécies que apresentaram maior valor de cobertura foram: Pachystroma ilicifolium, Guapira opposita e Rinorea laevigata.

Na Unidade de paisagem 3 foram amostradas 62 espécies distribuídas em 29 famílias. As famílias que apresentaram maior riqueza de espécies foram: Myrtaceae (8), Euphorbiaceae e Leguminosae com 7 cada uma. Dentre as 31 famílias amostradas, cerca de 60 % contribuem com apenas uma espécie. As espécies que apresentaram os maiores valores de cobertura foram: Pseudopiptadenia contorta, Actinostemom communis eMachaerium sp.

Na classificação e ordenação da vegetação os dados florísticos mostraram melhor as variações do meio físico, enquanto que dados estruturais se relacionam mais com fatores ambientais, como exposição aos ventos dominantes. As unidades de paisagem identificadas neste estudo formaram grupos separados, sendo que as unidades amostradas ficaram em uma posição intermediária entre as florestas semideciduais e as matas de restinga.

A comparação do mapa de vegetação e uso do solo elaborado em 1976 com o deste estudo mostrou as mudanças na cobertura vegetal ao longo dos anos. A análise dos resultados mostrou dois padrões de fragmentação da paisagem e as perdas de cobertura vegetal em cada unidade. Por fim, foram relacionadas as áreas tombadas ou de proteção ambiental e as prioridades para conservação.

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ABSTRACT

This study was carried out at Armação dos Búzios, located in the Cabo Frio region, in northern Rio de Janeiro State, Brazil. The weather here is extremely dry when compared to neighboring areas. Various factors contribute to this special climate, such as the abrupt change in coastline direction, greater distance of this area from the Serra do Mar, and the upwelling phenomenon. The local vegetation reflects this unique climate and there is high species diversity and a high degree of endemism; several rare species are found in the area. These characteristics led WWF/IUCN to name this area a Center of Plant Diversity (CPD). Armação dos Búzios municipality lies on a peninsula with highly diverse geology and terrain. One of the few natural populations of Brazilwood (Caesalpinia echinata) is found in the Cabo Frio region, as well as other endemic species and generally high species richness when compared to other sandy coastal plains (restingas) in southern Brazil. Although the vegetation is unique here, the rapid growth of urban areas is swiftly changing the landscape. Forests on the peninsula and near the ocean are being destroyed. The landscape features and various vegetation types of the Armação dos Búzios area were described and mapped The vegetation map for several sectores of the CPD was updated in an attempt to provide a comprehensive information base which will be useful for drafting preservation and vegetation recovery projects. The landscape map was drawn up in three stages. Firstly, vegetation cover patterns were identified using aerial photographs, and were then verified by field work. This stage led to the vegetation and land use map. Next the map based on geology, soil and relief was drafted and used to differentiate landscape units. The third and last stage consisted of superimposing these two maps in a digital medium. The maps drawn up in the first and second stages were on a scale of 1/40,000, while the last map was on a scale of 1/30,000. Five basic landscape units were identified based on regional geology. In addition, the natural vegetation and physiognomic variation in each of the five units was also described. A phytosociological analysis of forest vegetation in two of the landscape units not previously studied was carried out. this work adds to the database on the flora and vegetation structure of three areas. Structure and flora of the sample units was used to classify the vegetation. The same procedure was carried out using the floristic data of this study plus that of other coastal forests in Rio de Janeiro State. Based on the phytosociological sample units plus random sampling, 1120 species in 67 families and 289 morphospecies were identified, 148 to the species level. Plots were set up in landscape units 2 and 3 (coastal hills and Tertiary tablelands), totaling 1000 m2. The sample included 611 plants of which 587 were trees and 24 lianas; 118 species were found belonging to 35 families. In landscape unit 2, the sample area consisted of 700 m2, density was 6071 individuals/ha and basal area was 4.64 m2/ha. Landscape unit 3 was sampled in 300 m2; density was 6200 individuals/ha and basal area was 13.3 m2/ha. In landscape unit 2, 77 species belonging to 28 families were sampled. The most species-rich families were Myrtaceae (16 spp.), Leguminosae (7) and Euphorbiaceae (6). Some 44.8% of the families sampled in this area had only one species. The species with the highest cover were Pachystroma ilicifolium, Guapira opposite and Rinorea laevigata. In landscape unit 3, 62 species belonging to 29 families were sampled. The most species-rich families were Myrtaceae (8 spp.), Euphorbiaceae (7) and Leguminosae (7). Of the 31 families sampled, some 60% had only one species. The species with highest cover values were Pseudopiptadenia contorta, Actinostemon communis and Machaerium sp.

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For classifying the vegetation, variations in terrain were best represented by floristic data. Structural data, on the other hand, were more closely linked to factors such as wind exposure. The landscape units identified here form distinct groups. The sample units lie midway between semideciduous forests and restinga forests. Vegetation changes over time can be seen by comparing the vegetation and land-use map of this study with similar maps drawn up in 1976. These results show two patterns of landscape fragmentation as well as the degree of loss in each unit. In conclusion, a list of existing reserves in the region is presented as well as priority measures to be considered when creating other reserves.

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SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO 1

2 – CLASSIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DA VEGETAÇÃO BRASILEIRA 3

2.1 – Classificação da Vegetação 3

2.2 - Mapeamento da Vegetação 5

3 – A VEGETAÇÃO DA REGIÃO DE CABO FRIO 9

4 – ÁREA DE ESTUDO 13

4.1. – Localização 13

4..2 – Aspectos Geoclimáticos 14

4..3 – Ocupação do solo – Passado e Atual 17

5 – MÉTODOLOGIA 21

5.1 – Mapeamento 21

5.2 – Descrição da Vegetação 23

6– RESULTADOS 25

6.1 – Padrões de Cobertura do Solo 25

6.1.1 - Mapa I – Vegetação e Uso do Solo 27

6.2 – Fatores Físicos 28

6.2 .1 - Mapa II – Fatores Físicos 29

6.3 – Unidades da Paisagem 30

6.3.1 – Unidade de Paisagem 1 30

6.3.2 – Unidade de Paisagem 2 31

6.3.3 – Unidade de Paisagem 3 35

6.3.4 – Unidade de Paisagem 4 35

6.3.5 – Unidade de Paisagem 5 38

6.3.5 – Mapa III – Paisagem 42

6.4 – Aspectos Florísticos e Estruturais da Vegetação Arbórea 43

6.4.1 – Fitossociologia 43

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6.4.2 – Composição Florística 44

6.4.3 – Estrutura 48

6.4.4 – Classificação e Ordenação da Vegetação Arbórea 55

6.4.4 1 – Composição Florística dos Morros e Tabuleiros Costeiros de Armação dos

Búzios.

55

6.4.4 2 – Estrutura dos Morros e Tabuleiros Costeiros de Armação dos Búzios. 56

6.4.4 3 – Composição Florística das Florestas Costeiras do Rio de Janeiro. 58

7 – DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 61

7.1 – As Mudanças na Paisagem 61

7.2 – Vegetação Potencial 65

7.3 – Variações Fisionomicas e Variáveis Ambientais. 67

7.4 – Variações na Estrutura e Composição Florística da Vegetação Arbórea 69

7.5 – Prioridades de Conservação. 73

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 77

ÍNDICE DE TABELAS

ÍNDICE DE FIGURAS

ÍNDICE DE ANEXOS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tipos de Mapas 6

Tabela 2 – Classes de Cobertura do Solo 26

Tabela 3 – Fatores Físicos. 28

Tabela 4 – Síntese Parâmetros Florísticos e Estruturais 43

Tabela 5 – Famílias com Maior Valor de Cobertura – Unidade de Paisagem 2 44

Tabela 6 – Espécies com Maior Valor de Cobertura – Unidade de Paisagem 2 45

Tabela 7 – Famílias com Maior Valor de Cobertura – Unidade de Paisagem 3 46

Tabela 8 – Espécies com Maior Valor de Cobertura – Unidade de Paisagem 3 47

Tabela 9 – Mudanças na Paisagem 61

Tabela 10 – Vegetação Potencial 66

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização – Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio 13

Figura 2 – Mapa de Isoietas 14

Figura 3a – Diagrama climático – Ventos 15

Figura 3b - Diagrama climático – Balanço Hídrico 15

Figura 4 – Mapa de Geologia 17

Figura 5 – Mapa de Solos 20

Figura 6 – Exemplo da Metodologia de Mapeamento 22

Figura 7 – Imagem LANDSAT 25

Figura 8 – Perfil Costão Rochoso 40

Figura 9 – Perfil Praia da Gorda 40

Figura 10 - Perfil Rasa 41

Figura 11 – Perfil Tucuns 41

Figura12 – Classes de Altura Unidade de paisagem 2 50

Figura13 – Classes de Altura Unidade de paisagem 3 50

Figura14 – Diagrama de Perfil P7 51

Figura15 – Diagrama de Perfil P9 51

Figura16 – Diagrama de Perfil P2 52

Figura17 – Diagrama de Perfil P3 52

Figura 18 – Classes de Diâmetro Unidade de paisagem 2 53

Figura 19 – Classes de Diâmetro Unidade de paisagem 3 53

Figura 20– Dendrograma - Análise Florística dos Morros e Tabuleiros Costeiros

de Armação dos Búzios.

55

Figura 21 – DCA - Ordenação Florística dos Morros e Tabuleiros Costeiros de

Armação dos Búzios.

55

Figura 22 – Dendrograma - Análise Estrutura Morros e Tabuleiros Costeiros de

Armação dos Búzios.

57

Figura 23 – PCA - Ordenação Estrutura Morros e Tabuleiros Costeiros de

Armação dos Búzios.

57

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Figura 24 – Quadro de Localização das Florestas Costeiras 58

Figura 25 – Dendrograma - Análise Florística das Florestas Costeiras do Rio de

Janeiro

59

Figura 26 – DCA - Ordenação Florística das Florestas Costeiras do Rio de Janeiro 60

Figura 27 – Mudanças na Paisagem – Mapas 1976 e 2003 63

Figura 28a e 28b – Padrões de Fragmentação 65

Figura 29 – Conservação – Áreas de Proteção 75

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LISTA DE ANEXOS

Anexo I - Localização das Parcelas - Amostragem Fitossociológica

Anexo II - Lista das Espécies Inventariadas

Anexo III - Lista das Famílias - Amostragem Fitossociológica – Unidade de

Paisagem 2

Anexo IV - Lista das Espécies - Amostragem Fitossociológica – Unidade de

Paisagem 2

Anexo V - Lista das Famílias - Amostragem Fitossociológica – Unidade de

Paisagem 3

Anexo VI - Lista das Espécies - Amostragem Fitossociológica – Unidade de

Paisagem 3

Anexo VII - Lista das Espécies na Matriz de Classificação e Ordenação da

Vegetação das Florestas Costeiras do Rio de Janeiro.

Anexo VIII – Levantamento Fotográfico.

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1

INTRODUÇÃO

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos e mais ameaçados da Terra.

Apresenta uma grande biodiversidade, alto grau de endemismos e elevada taxa de

desmatamento. Estes fatores fizeram com que este bioma fosse reconhecido pela

comunidade científica mundial como área de alta prioridade para conservação (hot spot).

Apesar disto, restam hoje apenas 7% da área original destas florestas (SOS Mata Atlântica

2003).

O clima do Estado do Rio de Janeiro é predominantemente úmido, porém a leste, na

Região de Cabo Frio, onde se localiza o município de Armação dos Búzios, ocorre uma

diminuição da precipitação, de forma que esta região apresenta um clima extremamente

seco em relação às localidades vizinhas. Esta particularidade climática se deve a diversos

fatores, dentre eles a mudança brusca de direção da linha da costa, ao afastamento da Serra

do Mar e ao fenômeno da ressurgência (Barbiere, 1975). A vegetação reflete esta

especificidade do clima, apresentando uma grande diversidade, alto grau de endemismos e

a ocorrência de espécies raras (Araujo, 1997). Este conjunto de fatores levou a

WWF/IUCN a selecionar esta área como um Centro de Diversidade Vegetal - uma das 14

áreas deste tipo situadas no Brasil, com uma extensão de aproximadamente 1500 km2,

abrangendo oito municípios (Davis et al, 1997).

O município de Armação dos Búzios, apresenta forma geográfica de península,

com relevo e formação geológica diversificados. Os terrenos planos do Quaternário, os

tabuleiros da Formação Barreiras do período Terciário e os morros e colinas litorâneos de

formação geológica mais antiga abrigam uma grande variação de fisionomias vegetais. No

município existe uma das poucas populações naturais de Pau Brasil (Caesalpinia echinata)

da Região de Cabo Frio, e uma grande riqueza de espécies quando comparada com outras

restingas da costa sudeste (Fernandes, 2002).

A ocupação da região de Búzios é muito antiga (Werneck, 2002). A exploração do

Pau Brasil, que teve início com a chegada dos primeiros colonizadores, e posteriormente a

agricultura, reduziram e fragmentaram a cobertura vegetal. A partir dos anos 60, o

processo de urbanização foi bastante intensificado em toda região, e em Armação dos

Búzios de maneira particular. O crescimento urbano inicialmente se estendeu a partir das

principais vias de acesso e nas áreas mais planas, e gradativamente, foi tomando conta dos

morros e costões. O ritmo acelerado deste crescimento vem causando forte impacto na

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2

paisagem, destruindo as regiões de mata no interior da península e a vegetação das áreas

costeiras.

Apesar de estudos florísticos e fitossociológicos realizados recentemente (Araujo et

al, 1998; Farag, 1999; Fernandes & Sá, 2000; Lobão & Kurtz 2000; Fernandes, 2002),

ainda faltam informações sobre as diferentes fisionomias vegetais da península como um

todo, assim como da distribuição e estado de conservação dos fragmentos remanescentes

da cobertura vegetal natural.

O presente estudo tem como objetivos identificar, descrever e mapear a paisagem e

os diferentes padrões fisionômicos da vegetação do Município de Armação dos Búzios, e

complementar os dados florísticos e estruturais da vegetação arbórea, visando fornecer

uma base de dados para elaboração de projetos de preservação e recuperação da vegetação

natural, assim como a atualização do mapeamento da cobertura vegetal de parte do Centro

de Diversidade Vegetal de Cabo Frio.

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3

2 - CLASSIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DA VEGETAÇÃO BRASILEIRA

2.1 - CLASSIFICAÇÃO DA VEGETAÇÃO

A vegetação pode ser classificada de acordo com critérios baseados na própria

vegetação, nas condições ambientais onde ocorre esta vegetação, ou em ambos (Mueller-

Dombois, 1984).

A vegetação da costa sudeste brasileira já recebeu diversos nomes, de acordo com

os diferentes critérios e conceitos de classificação. Segue um resumo destas classificações

baseado na revisão feita por Veloso et al (1991).

A história da classificação da vegetação brasileira começou por Martius (1824), que

definiu cinco regiões florísticas diferentes e usou o nome de divindades gregas para

denominá-las. Em 1858 o mapa fitogeográfico de Martius foi anexado à flora Brasiliensis

por Grisebach. Nesta divisão, baseada em coletas botânicas, a vegetação da costa sudeste

recebeu o nome de Dryades.

Gonzaga Campos (1926) propôs uma classificação não mais baseada na florística,

mas sim no aspecto fisionômico-estrutural da vegetação. Dividiu a vegetação em três

grandes grupos: florestas, campos e caatingas. Dentro das florestas, sob o nome de Floresta

Atlântica, definiu duas divisões: as Florestas das Encostas e dos Pinheiros.

Sampaio (1940), usando a florística como base para classificar a flora brasileira,

distinguiu dois grandes grupos: Flora Amazônica e Flora Geral ou Extra Amazônica. Entre

as seis divisões deste segundo grupo, estão diferenciadas a Zona das Matas Costeiras e a

Zona Marítima.

A primeira divisão fitogeográfica elaborada com base em características

fisionômicas foi apresentada por Santos (1943). Para este autor, a flora brasileira está

dividida em três grandes formações: Formações Florestais, onde estaria incluída a Mata

Atlântica como uma das seis subdivisões deste grupo, Formações Arbustivas e Herbáceas,

e Formações Complexas, subdividida em Formações Litorâneas e Formação do Pantanal.

Em 1960, Kuhlman usou critérios baseados no clima e na estrutura da vegetação,

separando as Florestas de Restinga e as Florestas Costeiras.

Andrade-Lima (1966) na sua proposta de classificação com base florística,

reconheceu seis �domínios� fitogeográficos para o Brasil. O Domínio das Florestas

abrange as florestas Atlântica e a Amazônica. Para subdividir as formações florestais usou

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critérios estrutural-ecológicos, e termos regionalistas para formações não florestais. No

mapa que representa esta classificação foram criadas duas legendas para a Região de Cabo

Frio: a primeira é Florestas Esclerófilas, Caatingas Amazônicas e Florestas de Restinga, e a

segunda Florestas Costeiras. Em um ponto entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo o autor

identificou uma interrupção nas Florestas Costeiras a qual deu o nome de Florestas

Mesófilas.

Veloso (1966) usando um sistema de classificação semelhante ao de Andrade-Lima

(1966), indicou a presença de Floresta Estacional Tropical e Floresta Caducifolia Tropical

no Brasil sudeste. Definiu uma faixa estreita e comprida, ao longo de todo litoral, com o

nome de Mangue e Dunas, dentro de uma divisão maior denominada Tipos Edáficos.

Rizzini (1979), identificou dois grandes grupos, a Floresta Amazônica e a Floresta

Atlântica, com subdivisões dentro de cada grupo. A Floresta Atlântica é divida em dois

�Conjuntos Vegetacionais Heterogêneos�, um com tipos próprios de vegetação e outro sem

tipos próprios. Dentro deste último está o Complexo de Restinga, para todo o litoral.

Seguindo Rawitscher (1944 apud Rizzini 1979), dividiu o litoral brasileiro em três

formações topográfico-edáfico-botânicas: litoral rochoso, arenoso e limoso. O litoral

arenoso por sua vez é dividido em dunas móveis e fixas. Usou termos como thicket, para

definir a vegetação herbáceo-arbustiva tanto dos costões rochosos quanto das dunas fixas,

restinga típica, para definir a �vegetação arboriforme� de locais de areia já mais

compactada, com certo teor de matéria orgânica, e o termo mata de restinga, para definir

uma formação arbórea com dossel entre 8 e 12 metros, com indivíduos emergentes em

torno de 15 metros.

O Projeto RADAMBRASIL fez uma análise das classificações fitogeográficas

mundiais e propôs uma nova subdivisão para o Brasil, tentando uniformizar a

nomenclatura com a que estava sendo utilizada internacionalmente. O sistema proposto é

uma divisão em Regiões Fitoecológicas, aqui entendida como �área de florística típica e de

formas biológicas características, que se repetem dentro de um mesmo clima, podendo

ocorrer em terrenos de litologia variada, mas com relevo bem marcado� (Veloso & Góes-

Filho, 1982). A estruturação do sistema de classificação foi feita em duas etapas: a

primeira utilizando imagens de radar � que mostravam diretamente os ambientes,

hierarquizados pelas formas de relevo e pela litologia, e a segunda com base na revisão

bibliográfica. Alguns conceitos fitogeográficos foram importantes na classificação

proposta, como o de Zonas Florísticas (Engler & Diels, 1914), a classificação dos

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territórios florísticos (Drude, 1889), o conceito de formações de Grisebach (1872), e o

espectro biológico de Raunkiaer (1935), além das divisões de Ellenberg e Mueller-

Dombois (1965/66).

O sistema de classificação de Veloso et al (1991) foi utilizado para elaboração do

mapa de vegetação brasileira, editado pelo IBGE em 1993. Neste sistema, as formações

vegetais da Mata Atlântica são: as Florestas Ombrófila Aberta e Densa, as Florestas

Estacional Semidecidual e Decídua e as Formações Pioneiras, onde estão incluídas as

restingas.

2.2 –MAPEAMENTO DA VEGETAÇÃO

Os mapas de vegetação são na verdade uma forma de trazer o objeto de estudo para

uma escala humana (Zonneveld, 1988). Ou seja, a cobertura vegetal de uma grande área ou

uma comunidade vegetal específica será �reduzida� de maneira a possibilitar o

entendimento do observador. A escala, quer dizer, o quanto será reduzido o objeto

observado, está diretamente ligado ao tamanho da área e aos objetivos do estudo.

Os mapas podem ser classificados de acordo com a escala em três tipos. Os mapas

de escala pequena ou muito pequena são os mapas exploratórios, usados para estudos que

envolvem a vegetação global; Os mapas de escala intermediária são usados para análise de

áreas grandes, como continentes ou países inteiros, e os mapas de escala grande, que

podem ainda ser divididos em mapas de semidetalhe e de detalhamento, usados para

descrever a vegetação de áreas pequenas, como áreas de preservação, parques ecológicos,

locais de interesse especial (Küchler, 1988; Zonneveld, 1988; Mueller-Dombois, 1984). A

tabela 1 apresenta as escalas e os tipos de mapas de vegetação segundo três diferentes

autores.

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Tabela 1 � Tipos de mapas de acordo com a escala segundo três autores.

Autor Tipo de Mapa Escala

Escala exploratória 1/1milhão

Escala de reconhecimento 1/100.000 a 1/1milhão

Escala de semidetalhamento 1/25.000 a 1/100.000

Küchler (1988)

Escala de detalhamento 1/25.000

Escala exploratória 1/500.000

Escala de reconhecimento 1/75.000 a 1/500.000

Escala de semidetalhamento 1/25.000 a 1/75.000

Zonneveld (1988)

Escala de detalhamento 1/25.000 a 1/10.000

Escala muito pequena 1/10milhões

Escala pequena 1/10milhões a 1/1milhão

Intermediária ou regional 1/1milhão a 1/100.000

Mueller-Dombois (1984)

Escala grande 1/10.000

A escolha da escala vai depender diretamente do objetivo para o qual o mapa foi

feito, podendo inclusive mapas de escalas diferentes serem usados para representar etapas

distintas de um mesmo trabalho.

Os mapas de escala pequena, muito pequena ou exploratória, são usados para

representar a vegetação potencial em uma visão global. Os sistemas de classificação da

vegetação representados nesta escala levam em conta fatores climáticos (temperatura e

precipitação), e as formas de vida como critérios na definição dos tipos vegetacionais.

Mueller-Dombois (1984) apresenta uma revisão das propostas de classificação da

vegetação mundial que foram representadas por mapas, exposta aqui de forma sucinta.

Brockman & Gerosh (1978 apud Mueller-Dombois, 1984), usando um mapa de

vegetação na escala de 1/100milhões, representaram 10 tipos de vegetação diferentes. Já

Whittaker, (1970, 1975, apud Mueller-Dombois, 1984) com um mapa na escala de 1/50

milhões, identificou 25 tipos para a terra. Porém, formações como florestas alagadas e os

manguezais, só puderam ser representadas na escala de 1/25milhões, no mapa de

Schmithüsen (1968, apud Mueller-Dombois, 1984), onde foram identificados 144 tipos

diferentes de vegetação para o mundo. Assim, à medida que aumentamos a escala,

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aumentamos o nível de detalhamento do objeto observado. Padrões vegetacionais que

ocupam áreas pouco extensas são identificáveis apenas em escalas maiores.

Nos mapas de escala intermediária ou regional, tanto a vegetação potencial como a atual

pode ser representada. As imagens de satélite possibilitam o uso do albedo e da textura

para delimitação dos padrões fisionômicos, o que permite que outros parâmetros da

estrutura da vegetação sejam usados, como percentagem de cobertura do solo, altura dos

componentes dominantes, ou ainda fatores fisiológicos, como a peridiocidade da vegetação

(Mueller-Dombois, 1984). Nesta escala, a composição florística faz sentido, o que não

acontece numa escala global, onde a limitação da distribuição geográfica das espécies não

permite generalizações, principalmente quando se trata de áreas tropicais, onde a

diversidade é muito grande (Ricklefs, 1996). Exemplos de mapas de vegetação recentes

usando esta escala são os mapas da SOS Mata Atlântica (2003), da Fundação CIDE (2001)

e do CPRM (1995).

Não só a escala determina a definição dos padrões mapeáveis, mas também os

métodos usados para gerar o mapa. Na primeira classificação brasileira (Martius, 1824

apud Velloso et al, 1991) foram definidas cinco grandes regiões florísticas para todo

Brasil, num mapa onde a delimitação destas unidades foi feita através de campanhas de

campo.

Com o uso das imagens de sensoreamento remoto e o aprofundamento do

conhecimento do funcionamento dos ecossistemas e das relações ecológicas entre os

componentes da biota, outros termos foram surgindo para classificar os padrões agora

identificáveis. Como exemplo atual de um mapa usando a escala regional, podemos citar

os mapas de vegetação do projeto RADAMBRASIL (1983). Para fazer a delimitação

regional do sistema de classificação proposto, foram usadas a relação ombrotérmica �

quantidade de dias secos por ano, a litologia, para separar solos arenosos e argilosos, as

formas de relevo e imagens de radar, na escala 1/250. 000. Para ajustar os limites, foi

necessária a verificação no campo. Num segundo passo, a separação da cobertura vegetal

remanescente foi feita por critérios fisionômicos nas áreas campestres (usando imagens de

radar) e por critérios topográficos (usando cartas altimétricas) para as áreas florestais, que

no passo seguinte foram subdividas de acordo com a fisionomia. Assim, na costa atlântica,

aonde havia sido delimitada uma região � Dryades � foi possível diferenciar doze

formações.

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Os mapas de detalhamento são ideais para representar as relações da comunidade

vegetal com o meio físico (Küchler & Zonneveld, 1988). As bases usadas para estes mapas

são fotos aéreas ou satélites de alta resolução, como o IKONOS, por exemplo. Aspectos

estruturais e florísticos, além das características mapeáveis do solo, podem ser usadas para

delimitar e caracterizar os padrões da vegetação.

Os objetivos de mapeamentos deste tipo podem variar muito. Alguns dos exemplos que

podemos citar é o que tem sido feito na Amazônia, para identificação de clareiras

(Sobrinho, 2003), e para monitorar os �limites� da floresta (Araujo L.S. et al, 2003), ou em

Minas Gerais, onde Moreira (2003) estudou os efeitos das características fenotípicas para o

mapeamento. Para fazer a descrição e classificação dos tipos de vegetação da restinga de

Carapebus, Henriques et al (1986) geraram um mapa das formações vegetais usando como

base preliminar fotos aéreas na escala 1/60.000. Num segundo momento, observações dos

tipos de vegetação no campo foram feitas através de excursões ao local. Em uma área de

6.364 ha foram identificadas sete formações vegetais, pertencentes a quatro tipos de

vegetação natural.

A legenda de um mapa vai corresponder à classificação de uma determinada

vegetação quando este mapa for a representação gráfica desta classificação. Neste caso os

parâmetros usados para definição das unidades do mapa não são baseados em

características específicas locais, mas sim em conceitos que possam ser generalizados,

como o clima, precipitação, etc. Porém, um mapa pode representar a vegetação existente

de uma determinada área especificamente. Através das imagens de satélite ou de fotos

aéreas, podemos observar o formato, padrão, tamanho e distribuição da cobertura vegetal.

Os padrões observados irão corresponder às unidades do mapa. Neste caso, a

legenda é a descrição desta unidade, que pode ser homogênea, ou composta por outras

subunidades. Nos mapas em pequena escala, estas unidades são heterogêneas e podem ser

divididas posteriormente em outras. Já nos mapas de grande escala, as unidades tendem a

ser homogêneas. Na verdade, quanto menor a escala, menor o nível de detalhe e mais

heterogênea é a unidade (Zonneveld, 1988).

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3 - A VEGETAÇÃO DA REGIÃO DE CABO FRIO

O primeiro trabalho sobre a vegetação de Cabo Frio foi feito por Ule (1967), que

diferenciou quatro comunidades vegetais: halófita, da costa não salgada, das matas e dos

montes argilosos. A primeira comunidade, halófita, é a que ocorre sobre as dunas, mais

exposta ao salsugem. A segunda, a comunidade da costa não salgada, é composta pelas

restingas de Ericaceae, vegetação arbustiva, não muito densa, já em solo mais estável

apesar de arenoso; pela restinga de Myrtaceae, arbustiva também, mais densa e mais rica

em espécies que a anterior; pela restinga de Clusia, formada por vegetação mais alta e

densa, podendo chegar a 10 metros de altura; e pela restinga paludosa, que ocorre em

locais periodicamente inundados. A terceira comunidade descrita foi à comunidade das

matas, composta pôr matas paludosas e matas de restinga. Esta última seria composta das

mesmas espécies lenhosas que ocorrem nas formações anteriores, com porte maior, e de

espécies exclusivas desta comunidade. Na quarta descreve as comunidades dos montes

argilosos e de plantas ruderais, relacionando cada uma destas formações com suas espécies

características.

No sistema de classificação da vegetação do projeto RADAMBRASIL (1983), onde a

flora brasileira é dividida em Regiões Ecológicas, foram mapeadas três diferentes unidades

para a Região de Cabo Frio. As Áreas das Formações Pioneiras, definidas como áreas de

acumulações quaternárias recentes, sedimentadas ao longo do litoral, nas margens dos

cursos d�água e ao redor de pântanos e lagoas, com solos instáveis devido à constante

deposição de sedimentos. A segunda unidade mapeada foi a Região da Floresta Estacional

Semidecidual. Dentro desta região, define como Florestas de Terras Baixas a vegetação

que se encontra cobrindo os tabuleiros costeiros do Terciário do Grupo Barreiras, bem

como as terras de litografia do Pré cambriano, entre 5 e 50 metros de altitude. A terceira

denominação utilizada, Estepe Arbórea, se refere a vegetação que cobre os costões

rochosos, com predominância de cactáceas e gramíneas.

Araujo e Henriques (1984) fizeram uma análise florística das restingas do Rio de

Janeiro, e dividiram o litoral do Estado de acordo com as semelhanças fisiográficas. A área

estudada estaria entre a segunda divisão: região entre Macaé e Cabo Frio � até o Rio Una

(Município de Armação de Búzios), e a terceira divisão � região entre Cabo Frio e a Baía

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de Guanabara. Reconhecem doze comunidades vegetais baseadas na distribuição dos

grupos florísticos.

Ururahy et al (1987) baseando-se no padrão fisionômico da vegetação do Pontal de

Cabo Frio, nos fatores climáticos e geológicos e na composição do solo da região,

consideraram a área como uma formação fisionômico-ecológica disjunta da estepe

nordestina.

A Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, (FEEMA, 1988), realizou

um trabalho sobre a importância da biota da região de Cabo Frio, onde foram estudados os

morros de Búzios. Separa a vegetação primeiramente pelo tipo de ambiente: planícies

fluvio marinha, fluvio lacustre, planícies arenosas e vegetação dos maciços rochosos. Cada

um destes tipos de vegetação foi subdividido em formações, de acordo com as formas de

vida predominantes. Neste trabalho os autores destacam a importância ecológica da região

estudada devido à riqueza da flora, as ligações fitogeográficas e as diversas espécies

endêmicas.

Sá (1993), no estudo da Reserva Ecológica de Jacarepiá, município de Saquarema,

usou os termos Mata Paludosa, para matas sobre áreas alagadas periódica ou

permanentemente, e Floresta Seca, para as matas de relevo plano ou suave, com cotas

próximas às do nível do mar.

Em um levantamento preliminar da flora do Centro de Diversidade Vegetal de

Cabo Frio realizado por Araujo et al (1998), foi ressaltado que �a cobertura vegetal da

região está hoje em dia, aparentemente condicionada pela história paleoevolutiva e pelo

clima atual�. Segundo Ab�Saber, 1974 (apud Araujo et al, 1998), a vegetação atual é um

remanescente de períodos glaciais do pleistoceno, mais frios e mais secos �.

Bohrer (1998) em um estudo sobre as relações entre as diferentes florestas do

sudeste brasileiro, evidenciou a necessidade de incrementar o conhecimento da estrutura e

da composição florística dos diferentes tipos de florestas do Domínio Atlântico. Nas

análises multivariadas, Búzios não apresenta similaridade forte com as matas adjacentes,

ficando na maior parte das análises, junto com as restingas e a Mata Semidecidual.

Farag (1999) estudou a estrutura do estrato arbóreo da localidade de José

Gonçalves, em Armação dos Búzios. Propôs que esta vegetação fosse tratada como

Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas ou Florestas Secas de Terras Baixas.

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Este local vem a ser um dos poucos onde ainda se podem encontrar populações nativas de

Pau Brasil.

Lima (2000), fez uma análise da riqueza, padrões de distribuição geográfica e

similaridades das Leguminosas arbóreas da Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Na

terminologia empregada neste estudo, no município de Armação dos Búzios, as formações

vegetais foram categorizadas como Floresta de Planície Não Inundada, Floresta

Submontana e Floresta de Planície sobre Depósito Marinho. Ficou evidenciado que

algumas espécies que ocorrem tanto no semiárido brasileiro como na Região de Cabo Frio,

reforçam a idéia de antigas ligações relacionadas ao máximo climático seco do

Pleistoceno. O autor chama a atenção para a fragilidade dos poucos remanescentes destas

florestas sazonais, bem como da necessidade de atualização do mapeamento da cobertura

vegetal do Estado.

Oliveira Filho & Fontes (2000), usaram a denominação para as matas de Cabo Frio

de Floresta Semidecidual de Terras Baixas. Ressaltaram que no norte do Estado do Rio de

Janeiro, as florestas deciduais alcançam a costa, formando um enclave na floresta pluvial.

Para estes autores as Florestas Semideciduas são um subconjunto das florestas ombrófilas,

extraindo-se as espécies capazes de enfrentar uma estação seca prolongada.

Fernandes & Sá (2000), no estudo florístico das restingas remanescentes do

município de Armação dos Búzios, encontraram 15 espécies como primeiro registro de

ocorrência para o litoral fluminense, apesar das áreas não serem extensas.

A Fundação CIDE (2001) classificou a vegetação do município de Restinga

Arbórea, restinga arbustiva e vegetação de baixada. O último estudo publicado por esta

Fundação revelou que Búzios perdeu 4.7% da sua cobertura florestal nos últimos 30 anos.

Araujo (2000), buscando esclarecer as relações florísticas entre tipos fisionômicos

equivalentes, classificou a vegetação dos locais estudados usando três critérios: posição

topográfica, posição em relação ao mar e fisionomia vegetacional. Assim, usou as

denominações Mata seca, Mata inundada, Arbustiva fechada, Arbustiva aberta, e

Herbácea, cada uma destas formações com subdivisões, por exemplo: Mata seca do cordão

externo, Mata seca do cordão interno, etc.

Para as restingas do Estado do Rio de Janeiro, constatou que a região de Cabo Frio

abriga 65% das espécies indicadas como endêmicas do Estado do Rio de janeiro, e que as

matas secas têm um maior número de espécies exclusivas do que outros tipos fisionômicos.

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Lobão e Kurtz (2000) fizeram um estudo na Praia da Gorda, em um trecho estreito

de mata de restinga, e constataram que esta vegetação se encontra fortemente impactada.

No estudo florístico e fitossociológico feito por Fernandes (2002) num trecho de

mata de restinga na Praia de Manguinhos, em Armação dos Búzios, foi encontrado um

número de famílias botânicas superior as demais áreas de restinga da costa sudeste.

Fonseca-Kruel (2002) fez um trabalho de etnobotânica na mata de restinga da

Enseada de Tucuns, no município de Arraial do Cabo. Os resultados revelaram que esta

mata pode estar em um estágio inicial de sucessão, e que apesar de reduzida, esta

vegetação tem diversos usos para os pescadores artesanais locais.

Rezende (2004) estudou um trecho de mata de restinga no município de Cabo Frio,

em uma localidade denominada Estação de Rádio da Marinha de Campos Novos. Segundo

a autora esta vegetação está bem preservada e apresenta uma grande diversidade. Neste

trabalho foram registradas 26 novas ocorrências para as restingas fluminenses.

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4 - ÁREA DE ESTUDO

4.1 – LOCALIZAÇÃO

O município de Armação dos Búzios, localizado na costa sudeste brasileira, fica a

aproximadamente 190 Km do Rio de Janeiro, nas coordenadas 22°44'4"e 41°52'54"e

possui uma área de 71.7 Km2 . Apresenta a forma geográfica de península e faz parte da

chamada Região dos Lagos, tendo como limite o município de Cabo Frio (Figura 1).

ARARUAMA

SAQUAREMA

ARMAÇÃO DOS BÚZIOSCABO FRIO

ARRAIAL DO CABO

42°30' W 42°00' W

23°00'S

22°40'S

IGUABA SÃO PEDRO DA ALDEIA

N

VEGETAL DE CABO FRIOLIMITE DO CENTRO DE DIVERSIDADE

OCEANO ATLÂNTICO

0

1km

5km

10kmESCALA GRÁFICA

GRANDE

Figura 1 � Localização do município de Armação dos Búzios no Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio (WWF & IUCN, 1997), Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Fonte: IBGE, (1993a)

Rio de Janeiro

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4.2 – ASPECTOS GEOCLIMÁTICOS

A Região de Cabo Frio possui um clima diferente das localidades vizinhas . Ao

observarmos o mapa de isoietas (Figura 2), vemos que há um decréscimo na pluviosidade

da Serra do Mar em direção à costa. Segundo Barbiere (1975), esta particularidade

climática se deve ao afastamento da Serra do Mar em relação à linha da costa, à condição

de cabo (projeção da planície mar a dentro), à presença da grande Lagoa de Araruama, à

mudança brusca de direção da linha da costa, e ainda ao fenômeno da ressurgência.

O clima é do tipo Bsh � clima árido quente, com temperaturas médias anuais em

torno de 25º podendo chegar a 40º no verão, precipitações pluviométricas em torno de 800

mm/ano, com cinco meses de seca. A alta taxa de insolação e regime predominantemente

de ventos fortes, do quadrante norte�leste, resulta numa alta taxa de evapotranspiração

potencial (Barbiére 1975, Duarte, 1998). As medições feitas pela FIDERJ (1978) na

estação de Álcalis em Arraial do Cabo durante 40 anos corroboram com esta afirmação. Os

gráficos que representam a direção e velocidade média dos ventos neste período revelam

que os ventos são predominantemente de nordeste, com velocidade média em torno de

6m/seg e apenas 12% do ano de calmaria (Figura 3a). O balanço hídrico utilizando o

método de Thornthwaite e Mather no mesmo período, mostra um déficit hídrico no solo de

317.1mm/ano (Figura 3b).

Armação dos Búzios

Arraial do Cabo

Figura 2 � Distribuição de isoietas em parte do Estado do Rio de Janeiro mostrando o decréscimo pluviométrico da Serra do Mar em direção à costa (Fonte: Fernandez, 1999, modificado por Barbieri, 2003).

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3a) 3b)

Em termos geológicos a península de Búzios é muito diversa, abrigando terrenos de

formação muito antiga, como a Serra das Emerencias e os maciços na parte leste da

península, que datam de 520 a 495 milhões de anos atrás, os depósitos Terciários da

Formação Barreiras e as planícies litorâneas do período Quaternário (Figura 4).

As áreas a oeste da Serra das Emerencias fazem parte da unidade geológica Região

dos Lagos, composta predominantemente de rochas graníticas. Segundo Schmitt (2001) o

processo de formação destas rochas começou há dois bilhões de anos. No período de 1900

a 550 milhões de anos atrás, tiveram início intemperismos naturais que provocaram a

erosão das montanhas continentais, e a deposição de sedimentos nas bacias sedimentares.

Estes depósitos sedimentares formaram as unidades geológicas Palmital e Búzios. A esta

última pertencem os maciços da parte leste da península. Há 525 milhões de anos atrás,

ainda segundo a mesma autora, houve uma colisão de grande magnitude, envolvendo

África, América, Austrália, Índia e Antártica, resultando na formação do paleocontinente

Godwana. A Região dos Lagos neste período fazia parte de uma grande cordilheira de

montanhas. Como as datações foram feitas em Búzios, este evento chamou-se Orogenia

Búzios.

Figura 3a � Os ventos na Região de Cabo Frio são predominantemente de nordeste, com 12% do ano de calmaria ( FIDERJ, 1978). Figura 3b � O balanço hídrico, utilizando o método de Thornthwaite e Mather (1955 apud FIDERJ 1978) mostra deficiência de água no solo.

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Muito mais tarde, já com o oceano Atlântico formado, no período Terciário são

formados os depósitos de sedimentos continentais costeiros, denominados Grupo ou

Formação Barreiras devido a disposição formando �barreiras� ao longo da costa

(RADAMBRASIL, 1983). Estes tabuleiros costeiros são paralelos à praia, atrás de uma

faixa de restinga, compostos por terrenos argilosos, de forte declividade na face voltada

para o mar e declividade mais suave na face voltada para o interior. Esta formação típica

da costa norte do Brasil, chega até ao norte do Estado do Rio de Janeiro. Esta formação

geológica ocorre na Região de Cabo Frio em duas áreas vizinhas: na Praia da Gorda, no

município de Búzios e na Praia de Barra de Una, que pertence ao município de Cabo Frio.

Os terrenos arenosos de origem mais recente, do quaternário, podem ser divididos

em três tipos: cordões de praia constituídos por areias quartzosas; depósitos de planícies de

inundação constituídas por material argilo arenoso, com ou sem matéria orgânica, e

restingas constituídas de areias quartzosas, localmente misturadas com matéria orgânica

(DRM, 1982).

O relevo da península é diversificado como a geologia. Os maciços da unidade

geológica Búzios, que predominam na parte leste da Península, apresentam relevo suave

nas faces voltadas para o interior, raramente passando de 20% de declividade. Nas faces

voltadas para o mar, porém, os morros apresentam uma declividade mais acentuada, na

forma de costões rochosos que terminam no mar. A altitude média destes morros varia em

torno de 30 metros, podendo chegar a 80m perto da Praia Brava e Praia do Forno. O ponto

mais alto do município, a Serra das Emerencias, apresenta declividade acentuada,

atingindo 180m de altitude. Os terrenos a oeste da Serra das Emerencias são levemente

ondulados ou quase planos, apresentando maior declividade nas faces voltadas para o mar

e em alguns morrotes isolados perto da localidade da Rasa.

Os solos de Búzios (Figura 5) são predominantemente eutróficos, sendo que os

solos argilosos estão na sua maioria distribuídos na parte oeste, enquanto que os solos

litólicos predominam na parte leste da península. Observando o mapa de solos do

município, podemos verificar que os solos litólicos e argilosos formam manchas �isoladas�

pelos sedimentos aluviais e os litorâneos.

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4.3 - USO DO SOLO – PASSADO E ATUAL

A exploração dos recursos florestais do Brasil pelos portugueses, e posteriormente

por outros europeus, teve como primeiro produto o Pau Brasil, que ocorria basicamente em

três pontos do litoral brasileiro. Na costa fluminense a ocorrência desta espécie estava

concentrada em Cabo Frio (Dean, 1996). Assim, a história da Região de Cabo Frio,

começa junto com a história do descobrimento do Brasil. Segue um breve histórico da

península de Búzios, baseado nas obras de Ramos & Machado (1985), Werneck (2002) e

Martinho (s/data).

A ocupação da península é muito antiga, e quando os primeiros colonizadores aqui

chegaram, por volta de 1504, os Tupinambás já habitavam a região. A primeira expedição

naval portuguesa de reconhecimento da costa denominou de Baía Formosa a praia que hoje

é chamada parte Manguinhos e parte Rasa. Alguns seguem chamando esta área de Baia

Formosa. A extração do Pau Brasil era o principal atrativo para portugueses, holandeses,

franceses e ingleses e a partir de 1580 esta atividade foi intensificada. Em 1617 a cidade de

Cabo Frio teve seu primeiro governador, Estevão Gomes, que se aliou aos Goitacazes e

derrotou os Tupinambás, que eram aliados dos piratas franceses. A partir desta época, as

lavouras começaram a surgir em toda região, desde Barra de São João até Araruama. O

desembarque de negros africanos para servir de mão de obra nestas lavouras se deu em

vários pontos, e acredita-se que Búzios tenha sido um deles, podendo ter sido esta a

primeira ocupação da Rasa.

No período de 1720 a 1768 a Fazenda Campos Novos tinha uma extensa criação de

gado além do plantio de mandioca, na área da Ferradura e da extinta Lagoa da Ferradura.

Assim, as terras planas e de relevo suave do interior da península tiveram sua cobertura

vegetal substituída por pastos. Mais tarde, a instalação de pequenas plantações e

manufaturas de corantes, além da criação de gado também na área da Rasa, acabou por

juntar as áreas antropizadas, fragmentando decisivamente a paisagem natural. Ao mesmo

tempo, a urbanização a partir da Praia da Armação começa a ser intensificada, pela

atividade que deu nome à Praia e ao município � Armação das Baleias de Búzios. A pesca

e a extração do óleo de baleia gerava montes de restos de ossos, dando o nome à praia onde

eram depositados estes restos de Praia dos Ossos, como é até hoje conhecida. Em 1850 as

plantações de café se estendiam da Rasa até a Ferradura, e nas áreas da Emerencias e Rasa

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era intenso o tráfico de escravos. O nome da Praia de José Gonçalves foi o de um traficante

de escravos que foi preso quando este comércio passou a ser ilegal. Com o declínio do

regime escravo, e conseqüentemente da mão de obra, e o desenvolvimento de Cabo Frio,

Búzios passa por um período de esquecimento.

Muito mais tarde, por volta de 1915, um grande empreendedor decide se instalar

em Búzios, adquirindo a Fazenda Campos Novos. Inicia então uma enorme plantação de

bananas, que ia da Rasa, José Gonçalves, São José até Geribá, inclusive com a instalação

de uma fábrica de farinha de banana e mariola na área então conhecida como Fazendinha.

Em 1935 um incêndio destruiu praticamente toda a propriedade, e o dono de todas aquelas

terras abandonou completamente o local.

Nos anos 50 as antigas Fazendas foram cedendo espaço as casas de veraneio. A

Praia da Ferradura, toda a parte de trás da Armação, Ossos, José Fernandes, até Praia

Brava, Forno, as terras foram loteadas, ruas foram abertas e calçadas, e a fragmentação da

paisagem se tornou definitiva. A ocupação urbana existente foi consolidada e cresceu,

ocupando inicialmente as áreas de acesso mais fácil e progressivamente os locais de relevo

mais acentuado.

Nos anos oitenta a região da Rasa que estava "esquecida", foi objeto de um grande

projeto imobiliário � a criação da Marina Porto Búzios. Para possibilitar a abertura de

canais, toda drenagem dos terrenos adjacentes foi modificada, eliminando qualquer

cobertura vegetal que tivesse se recuperado no breve período de tempo entre o abandono

das plantações e o empreendimento. Pequenas roças e grandes Fazendas de gado, muitas

invasões de terra, assim está hoje a ocupação desta área.

Atualmente a ocupação do município na parte oeste, até o limite com o município

de Cabo Frio é ainda predominantemente rural, enquanto que as áreas central e leste são

urbanas.

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5– METODOLOGIA

5.1 – MAPEAMENTO

Através da superposição dos mapas de geologia, solo, relevo, da interperetação de fotos

aéreas, e o do trabalho de campo foram elaborados três mapas: fatores físicos (geologia, solo e

relevo), vegetação e uso do solo (fotos aéreas e trabalho de campo) e o mapa da paisagem,

com informações dos dois mapas anteriores.

As fotos aéreas cedidas pela prefeitura de Armação dos Búzios foram feitas em 2003 e

digitalizadas no mesmo ano, na escala 1/2000, de forma a gerar a base cadastral do Município.

Por este motivo, as imagens já estavam georeferenciadas e com as curvas de nível

representadas. Estas fotos, setenta ao todo, foram unidas em meio digital para obter uma

imagem que abrangesse todo o município.

As fotografias aéreas permitem o reconhecimento das formas do terreno (relevo e

padrões de drenagem), da cobertura do solo (vegetação, construções, áreas de solo exposto) e

dos padrões do campo como pastagens e plantações (Gils & Wijngaarden, 1984). Assim,

foram identificadas as formas predominantes do relevo e suas variações, bem como os

diferentes padrões de cobertura do solo.

A cobertura vegetal foi subdividida de acordo com as diferentes texturas que

apresentavam na imagem. Tais texturas observadas na imagem estão relacionadas com as

diferentes fisionomias da cobertura vegetal. O reconhecimento destas fisionomias e dos limites

entre elas foi feito através de excursões de campo e auxílio de GPS.

A etapa seguinte do mapeamento foi a delimitação em ambiente digital, usando o

programa Autocad 2000, de cada padrão observado na forma de polígonos (Figura 7). Cada

padrão foi desenhado num layer ou camada, de forma que cada legenda do mapa equivale a

um layer. Posteriormente, estes layers foram passados para o programa ArcView3, onde

foram calculadas as áreas de cada padrão. Foi elaborado um mapa de vegetação preliminar

para verificação de campo, onde foram estabelecidos pontos de controle para ajustar o mapa e

as fotos aéreas.

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As bases cartográficas utilizadas foram: mapa de geologia (DRM 1980), na escala

1:50.000 adaptado por Dantas & Bohrer (2001), e mapa de solos EMBRAPA (2003), escala

1:100.000. As escalas foram compatibilizadas sobre base cadastral digital do município de

1991 na escala 1:2.000. O ajuste das fotos aéreas foi feito sobre a mesma base cadastral. A

escala final de impressão dos mapas de Fatores Físicos e Vegetação e Uso do Solo foi

1:40.000, e para o Mapa de Paisagem, 1:30.000.

Praia da Tartaruga

Figura 6 � A figura mostra parte de uma das fotos aéreas utilizadas como base para a elaboração do Mapa de Vegetação. Os padrões observados, edificações, áreas de solo exposto, costão rochoso, praias, a cobertura vegetal e suas variações tiveram seus limites desenhados em meio digital.

Praia deManguinhos

Praia daTartaruga

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5. 2 – DESCRIÇÃO DA VEGETAÇÃO

Unidades da Paisagem

A paisagem é um mosaico das diferentes formas da terra, tipos de vegetação e usos da

terra (Urban, 1987). Unidades de paisagem em geral são definidas utilizando os atributos do

terreno e padrões de cobertura do solo. A escolha dos atributos utilizados para a definição das

unidades da paisagem é função do objetivo e do tipo de mapa que se pretende (Gils, 1989). No

presente estudo as unidades de paisagem foram definidas como espaços geográficos, que

reunem um conjunto de componentes naturais condicionados pelos vários atributos do terreno.

As unidades da paisagem foram delimitadas a partir das características geológicas, que foram

assumidas como os fatores físicos preponderantes na distribuição dos padrões de cobertura do

solo.

Vegetação

A legenda do mapa de vegetação não equivale a uma classificação, mas sim a uma

descrição das fisionomias observadas. Para o mapeamento e descrição da vegetação foram

feitas observações e coleta de material botânico em vinte e três pontos diferentes da península,

visando um levantamento de dados gerais sobre as variações fisionômicas, espécies vegetais

mais representativas e grau de impacto antrópico. Os tipos fisionômicos foram definidos de

acordo com hábito dos elementos dominantes:

1. Vegetação arbórea: espécies lenhosas 3 m de altura

2. Vegetação arbustiva: espécies lenhosas 3 m de altura

3. Vegetação herbácea com arbustos: espécies herbáceas dominantes com espécies

lenhosas esparsas ou formando agrupamentos

4. Vegetação herbácea: espécies herbáceas dominantes

Para a obtenção de dados estruturais e florísticos da vegetação arbórea, foram feitas 10

parcelas de 2x50 m, distribuidas em diferentes formações geológicas do município de Búzios

(Ver mapa anexo 1). Nas formações geológicas as parcelas foram estabelecidas onde a

vegetação aparentemente apresentava variações fisionômicas. Todos os indivíduos com DAP

(diâmetro a altura do peito) igual ou maior a 2.5 cm a 1.30 de altura do solo foram marcados

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com fita plástica e prego de cobre. Os parâmetros fitossociológicos foram calculados

utilizando a metodologia de Vuonno (2002).

Os perfís esquemáticos foram elaborados a partir do levantamento das alturas da

vegetação ao longo de uma transecção e posteriormente plotadas sobre as curvas de nível do

terreno.

Todo material coletado foi tratado com as técnicas habituais para posterior

identificação, e depositado no herbário do Jardim Botânico (RB). A identificação do material

foi feita através de comparação com espécies do herbário e consulta a especialistas.

A classificação e a ordenação da vegetação arbórea foram realizadas utilizando os

dados florísticos e estruturais das parcelas e dados florísticos procedentes dos estudos de Sá

(1993), Farag (1999), Fernandes (2002), Silva e Nascimento (2001), Fonseca-Kruel (2002) e

Rezende (2004). Os parâmetros estruturais utilizados na análise entre as parcelas foram: área

basal, densidade, porcentagem de caules perfilhados, altura média, DAP médio e número de

indivíduos mortos em pé. Para análise dos dados florísticos tanto entre as parcelas quanto

entre este e os demais estudos citados foi utilizada a presença e ausência das espécies.

Na análise de agrupamento utilizou-se o método pela associação média de grupo �

UPGMA (Gauch, 1982) com aplicação de distância Euclidiana para os dados estruturais e do

índice de Soerensen para os dados florísticos. Para a ordenação dos dados estruturais foi

utilizado o APC � Análise dos Componentes Principais, enquanto para os dados florísticos foi

utilizado o DCA � Análise de Correspondência. A tabulação dos dados e a elaboração dos

dendrogramas e dos gráficos foram realizados com o auxílio do programa PCORD.

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6 - RESULTADOS

6.1. PADRÕES DE COBERTURA DO SOLO

Observando a imagem de satélite LANSAT TM de 1996 (Figura 7) é possível reconhecer

os diferentes padrões de cobertura do solo. Os tons de vermelhos e marrons representam a

cobertura vegetal arbórea e arbustiva alta, os pastos e áreas com predominância de plantas

rasteiras aparecem em verde claro, as áreas alagadas em verde escuro e as áreas urbanizadas

em azul esverdeado.

t

Vegetação arbórea ou arbustiva alta

Áreas Urbanizadas

Terrenos Hidromórficos

N

Figura 7 � Na imagem de satélite pode-se observar os diferentes padrões de cobertura do solo. Imagem: LANDSAT TM (1996) composição colorida, Bandas 452 (RGB).

Vegetação arbórea ou arbustiva alta

Vegetação arbórea ou arbustiva alta

Áreas Urbanizadas

Terrenos Hidromórficos

N

Vegetação arbórea ou arbustiva alta

Vegetaçãoherbácea

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A interpretação das fotos aéreas e o trabalho de campo permitiram o detalhamento na

delimitação dos padrões ou classes de cobertura, resultando no mapa de Vegetação e Uso do

Solo (Mapa I). Na legenda deste mapa foram diferenciados dois grupos: áreas antrópicas e

áreas naturais. No primeiro grupo estão incluídas as áreas urbanizadas e a cobertura vegetal

antrópica, isto é, pastos e áreas com predomínio de espécies exóticas e/ou invasoras. No

segundo grupo estão os corpos hídricos, as áreas alagadas e a cobertura vegetal natural, que foi

subdividida em quatro tipos, conforme a fisionomia predominante: (1) vegetação arbórea, (2)

vegetação arbustiva, (3) vegetação herbácea com arbustos e (4) vegetação herbácea.

A tabela 2 apresenta as áreas das classes de cobertura de solo mapeadas e a porcentagem

de cada uma em relação à área do Município. Pode-se observar que as áreas urbanizadas e a

vegetação antrópica cobrem cerca de 57% da área do município.

Tabela 2 � Classes de cobertura do solo, extensão e porcentagem da área ocupada no município de Armação dos Búzios. Mapa I � escala 1:40.000.

LEGENDA ÁREA (ha) ÁREA (%)Área antrópica 4058 57 Área urbanizada 1042 14 Cobertura Vegetal antropizada 3015 42 Área natural 3109 43 Corpos hídricos 110 1 Áreas alagadas 284 4 Vegetação arbórea 2509 35 Vegetação arbustiva 79 1 Vegetação herbácea com arbustos 122 2 Vegetação herbácea 5 1

A cobertura vegetal natural é composta predominantemente pela vegetação arbórea,

enquanto que a vegetação herbácea é a fisionomia que ocupa menor extensão. Esta última

fisionomia é pouco significativa na cobertura vegetal do município e apenas um pequeno

fragmento na Praia de Tucuns pode ser mapeado � ver Mapa I.

A extensão e a forma dos corpos hídricos e das áreas alagadas, principalmente destas

últimas, variam de acordo com a precipitação do ano em que foram feitas as fotos aéreas que

serviram de base ao mapeamento.

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6.1.2 MAPA I – VEGETAÇÃO E USO DO SOLO

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6.2. FATORES FÍSICOS

O cruzamento de informações cartográficas de geologia, solo e relevo, resultaram em

um mapa em que as diferentes manchas representam as variações dos atributos do terreno do

município de Búzios (Mapa II). Foram representadas cinco formações geológicas, quatro

formas de relevo e nove tipos de solo. Pode-se observar que os terrenos planos e as colinas do

Pré-Cambriano Unidade Região dos Lagos representam mais de 50% da área do município. As

planícies arenosas e as aluviais separam estes terrenos daqueles de relevo mais acentuado, os

morros costeiros, do Pré-Cambriano Unidade Búzios. Nota-se também que os solos eutróficos

são predominantes na península, independente da formação geológica. A tabela 3 mostra uma

síntese da geologia, relevo e dos tipos de solo do município de Búzios, bem como a extensão e

porcentagem de área ocupada.

Tabela 3 �Variações de geologia, relevo e solo, bem como extensão e porcentagem da área ocupada no município de Armação dos Búzios. Fontes: DRM/CPRM (1982) e EMBRAPA (2003). Mapa II � escala 1:40.000.

FORMAÇÃO GEOLÓGICA RELEVO SOLO ÁREA (ha) ÁREA (%)

Colinas Argisolo vermelho eutrófico 499 7 Colinas Argisolo amarelo distrófico 1167 16 Pre-Cambriano Unidade

Região dos Lagos Planícies

Planosolo hidromórfico eutrófico 2192 31

3859 54 Morros Neosolo regolítico eutrófico 901 13

Morros Latosolo amarelo distrófico 213 3 Pré-Cambriano Unidade Búzios

ColinasArgisolo amarelo distrófico latosólico 267 4

1381 19

Formação Barreiras TabuleirosArgisolo vermelho amarelo

distrófico 31 0,5 31 0,5

Planícies Sedimentos Litorâneos Planície - Restinga Neosolo Quartzarenico 535 7

535 7 Planícies Sedimentos Aluviais Planícies de inundação Gleissolo háplico eutrófico 1360 19

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6.2. 1 MAPA II – FATORES FÍSICOS

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6.3 UNIDADES DA PAISAGEM

No mapa da paisagem resultante (Mapa III) da superposição das classes de cobertura

(Mapa I) e dos atributos do terreno (Mapa II) foram representadas cinco unidades de

paisagem. Segue uma descrição das unidades de paisagem e das fisionomias vegetais.

6.31 UNIDADE 1 (UP 1)

Esta unidade de paisagem corresponde à formação geológica Pré-Cambriano Unidade

Região dos Lagos, ocupa uma área de 3859 ha, o equivalente a 54 % do município, e está

distribuída na parte oeste da península. Apresenta terrenos de relevo plano ou levemente

ondulado formando colinas, enquanto que os solos podem variar de terrenos hidromórficos nas

áreas planas aos solos argilosos eutróficos ou distróficos nas áreas de relevo ondulado.

Os pastos representam 52 % desta unidade de paisagem, enquanto que a vegetação natural

cobre 40 %, sendo o restante ocupado por áreas urbanizadas.

A cobertura vegetal natural ocupa uma área de 1560 ha, o equivalente a 22 % da área do

município, composta predominantemente por vegetação arbórea. Esta formação apresenta

aspecto acinzentado devido à grande proporção de espécies caducifólias, principalmente nos

meses secos. A vegetação arbórea que ocorre sobre os solos eutróficos seja das planícies ou

dos terrenos ondulados, apresenta um dossel contínuo, em torno de 10 metros, com indivíduos

emergentes com cerca de 17 metros. Dentre as espécies mais altas estão Guapira opposita,

Joannesia princeps, Caesalpinia echinata, Parapiptadenia pterosperma, Acosmium

lentiscifolium e outras Leguminosas. Várias Mirtáceas e Euforbiáceas são comuns entre as

espécies arbóreas de menor altura. Phylira brasiliensis, Actinostemon communis e Rinorea

laevigata são espécies de porte arbustivo, em torno de 2 metros, freqüentemente encontradas

nestas matas. No subosque é comum a presença de Bromélias de grande porte, podendo atingir

três metros de diâmetro, principalmente nas áreas mais planas. Nas áreas mais próximas à

Serra das Emerencias, o subosque é formado por Aráceas e Marantáceas, além de

Broméliaceas.

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A vegetação arbórea que ocorre sobre terrenos com solos distróficos apresenta o mesmo

porte, porém a floresta é mais aberta, com ocorrência de espécies como Cariniana sp,

Zanthoxylum tingoassuiba e Abarema cochliacarpos dentre os indivíduos com 8 a 10 metros.

O subosque é composto predominantemente por Aráceas e Marantáceas, porém com

freqüência menor de bromélias.

A mancha de vegetação a sudoeste da Serra das Emerencias representa o maior

remanescente florestal do município, embora nos últimos anos a expansão das áreas

urbanizadas venha fragmentando e reduzindo esta vegetação. Já a vegetação arbórea que cobre

solos distróficos encontra-se bastante reduzida, não só em função do uso continuado destes

terrenos como pastagens, mas também em função do aumento do número de ruas e

construções. Além disto, muitas das áreas vizinhas às construções são jardins e pomares,

freqüentemente compostos por espécies exóticas, que nas fotos aéreas e, portanto no

mapeamento, são impossíveis de serem diferenciadas da vegetação natural.

6.3.2 UNIDADE 2 (UP 2)

Esta unidade de paisagem corresponde à formação geológica Pré-Cambriano Unidade

Búzios e ocupa cerca de 19 % da área do município, distribuída de forma descontínua, em três

pontos distintos da península: na Serra das Emerencias, na Ponta do Pai Vitório e na parte

leste da península. Apresenta terrenos predominantemente litólicos e eutróficos nos morros de

relevo mais acentuado, e solos argilosos e distróficos nas colinas de relevo mais suave. O

morro entre a Praia de Manguinhos e a Praia da Tartaruga tem características que diferem das

demais áreas desta formação geológica, apresentando solos argilosos e distróficos e relevo

acentuado.

A cobertura vegetal natural cobre 59 % desta unidade de paisagem, enquanto que a

vegetação antropizada ocupa 9 % da área. Esta vegetação é composta por espécies arbustivas e

herbáceas invasoras, que ocupam os terrenos ao longo das ruas e demais áreas onde a

vegetação natural foi eliminada. Os pastos não ocupam grande extensão, não só em função do

relevo, mas também da concentração das áreas urbanizadas que representam 32% do total da

área desta unidade de paisagem.

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A cobertura vegetal natural ocupa uma área de 814 ha, cerca de 11 % da área do

município, e apresenta diferentes fisionomias em função do relevo, da profundidade do solo e

da exposição aos ventos dominantes. A Serra das Emerencias, o ponto mais alto do município,

apresenta vertentes recortadas de declividade acentuada e algumas áreas de solo exposto. A

cobertura vegetal pode variar de herbácea nas faces voltadas para o mar até arbórea, que é a

fisionomia predominante. A Ponta do Pai Vitório e os morros da parte leste da Península

apresentam relevo suave nas faces voltadas para o interior até encontrar terrenos levemente

ondulados ou colinosos. A vegetação arbórea neste trecho apresenta um dossel contínuo e

denso. Nas faces mais expostas, voltadas para o mar, a declividade pode ser bastante

acentuada, formando costões rochosos. Estes costões podem apresentar o gradiente de padrões

fisionômicos de herbáceo até arbóreo (Corte 1 - figura 8). Nos locais onde o solo é constituído

por uma camada pouco espessa sobre a rocha ocorrem apenas plantas herbáceas, em geral

tolerantes às condições físicas do meio, ou seja, solos rasos, exposição ao vento e à salinidade.

A vegetação arbórea ocupa uma área de 644 ha, o equivalente a 9 % da área do município.

Esta vegetação apresenta em geral porte menor nas áreas mais expostas aos ventos dominantes

e maior porte nas áreas mais protegidas. Esta fisionomia florestal é sempre fechada com as

copas formando um dossel contínuo. Nas florestas de menor porte, nas vertentes voltadas para

o norte e nordeste ou no alto dos morros, o estrato arbóreo tem cerca de 4 metros de altura,

com indivíduos emergentes em torno de 6 metros, e com predominância de caules finos. A

ocorrência de um grande número de arbustos escandentes e trepadeiras, principalmente nas

bordas e clareiras, e a grande densidade de indivíduos arbóreos formam um emaranhado

denso, sendo muitas vezes difícil caminhar nestes locais. As epífitas são pouco abundantes e o

subosque é composto pela regeneração das espécies do dossel e poucas herbáceas,

basicamente bromélias, que por vezes formam extensos agrupamentos no solo.

Nas áreas mais protegidas, na concavidade dos morros, nas grotas formadas entre as

vertentes ou nos terrenos de declividade mais suave, o dossel destas florestas atinge cerca de 6

metros, com indivíduos emergentes variando entre 8 e 10 metros. Na Serra das Emerencias

esta vegetação pode atingir maior porte, mostrando características do dossel semelhantes às

áreas descritas na Unidade de Paisagem 1, onde as espécies mais altas chegam a 17 metros.

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Nas fisionomias florestais que ocorrem em locais mais expostos, é comum a presença de

espécies como Clusia fluminensis e Myrsine parvifolia. Entre as espécies arbustivas e arbóreas

de menor porte, observa-se a ocorrência de Sebastiania nervosa e Capparis flexuosa, de várias

Mirtáceas como: Eugenia repanda, E. neonítida, entre outras. Phylira brasiliensis,

Actinostemon communis e Rinorea laevigata também são espécies encontradas nos morros,

sendo que esta última é comum em áreas mais degradadas. Entre os indivíduos de porte entre

6 e 8 metros são comuns Pachystroma ilicifolium, Guapira opposita, Zolernia glabra, entre

outras. Na Ponta do Pai Vitório entre os indivíduos de maior porte destacam-se Caesalpinia

echinata e C. ferrea. Neste local também é comum a ocorrência de Eschweilera compressa

(Lecitidácea). Em outros trechos mais expostos, como no morro entre a Praia da Tartaruga e a

Praia de Manguinhos são encontradas entre as espécies arbóreas de menor porte, Trichilia

casareti e Erythroxylum pulchrum, além de várias Mirtáceas como: Eugenia olivacea,

Eugenia repanda, E. tinguiensis, Myrciaria floribunda, entre outras. As Rubiáceas também

são comuns, em geral com altura entre 2 e 3 metros, como Coussarea capitata e Rudgea

umbrosa. Os indivíduos emergentes aparentemente mais comuns são Lonchocarpus

virgilioides, Aspidosperma ramiflorum, Machaerium pedicelatum e Sideroxylon obtusifolium.

Nas fisionomias florestais de áreas mais protegidas as espécies mais comuns no dossel são

Guapira opposita, Aspidosperma pyricolum, A. ramiflorum, Pachystroma ilicifolium e

Lonchocarpus virgilioides. Algumas espécies só foram coletadas nestas áreas, como

Chrysophyllum januariensis e a Annonaceae Hornschuchia alba.

A cobertura vegetal arbórea apresenta diferentes graus de impacto causado pela ação

antrópica, mas de uma maneira geral as áreas em melhor estado de preservação são locais de

difícil acesso. Desta forma, a vegetação dos morros geralmente estão mais preservadas nas

faces voltadas para o mar. As vertentes voltadas para o interior e os terrenos colinosos que

apresentam declividade mais suave são ocupados com áreas urbanizadas.

A vegetação arbustiva desta unidade de paisagem ocorre nos costões rochosos da

península e ocupa uma área de 52 ha, equivalente a 0,7 % do município. Esta fisionomia é

sempre fechada e densa, com altura variando entre 1 a 3 metros e uma grande quantidade de

trepadeiras que se entrelaçam nestas espécies arbustivas. A riqueza dessa forma de vida realça

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ainda mais os aspectos compactos desta vegetação, que nas faces dos morros mais expostas

aos ventos dominantes, apresenta aspecto modelado.

Quanto à composição florística da fisionomia arbustiva pode-se destacar: Jacquinia

armillaris, Erythroxylum subrotundum, Capparis flexuosa, Sebastiania brasiliensis. Algumas

espécies arbóreas muito comuns em toda península, como Schinus terebinthifolius, Eugenia

uniflora e Sideroxylon obtusifolium, que ocorrem nos costões com o hábito arbustivo, em geral

não ultrapassando 1-2 metros de altura. Espécies aparentemente menos comuns são Pradosia

lactescens e as Mirtáceas Plinia ilhensis, P. glazioviana e Eugenia neosilvestris. Na maior

parte das encostas, principalmente nas faces dos morros voltadas para norte e nordeste, é

comum a ocorrência de grandes cactus colunares, emergindo do dossel contínuo formado pela

vegetação arbustiva. Estas espécies, Pilosocereus ulei e P. arrabidea atingem muitas vezes 4

ou 5 metros de altura, conferindo a esta paisagem um aspecto peculiar. Dentre as espécies de

trepadeiras são comuns Serjania sp, Paulínia sp, Vanilla sp e Arrabidaea agnus-castus, além

de outras Bignoniáceas (Figura 8).

A vegetação herbácea com arbustos ocorre nos costões rochosos, acima da linha das marés

mais altas, ocupando uma área de 118 ha, o equivalente a 0,3 % do município. Forma-se um

gradiente no sentido mar interior, onde a fisionomia nas áreas mais expostas é herbácea, com

predominância de gramíneas ou de bromélias. Onde o solo é mais profundo ocorrem arbustos,

com aspecto modelado pelo vento, com uma grande proporção de espécies decíduas, dando a

esta vegetação um aspecto acinzentado. Dentre as espécies herbáceas freqüentes nestes locais

estão Neoregelia cruenta, Bromelia antiacantha e Streptocalyx sp. Entre as espécies

arbustivas destacam-se Sideroxylon obtusifolium, Pereskia aculeata, Erythroxylum pulchrum,

além de Myrtáceas como Plinia ilhensis, Eugenia uniflora, E. repanda, entre outras. As

Cactáceas Pilosocereus ulei e Pilosocereus arrabidea predominam de forma esparsa em

muitas áreas, principalmente nas faces dos morros voltadas para o norte/ nordeste.

Os costões são locais em geral de difícil acesso e por isto a vegetação herbácea encontra-se

em melhor estado de conservação, porém em algumas áreas já se nota a abertura de trilhas e

construções, ficando nestes locais a vegetação reduzida à ocorrência de gramíneas ou de

espécies invasoras.

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35

6.3. 3 – UNIDADE 3 (UP 3)

Esta unidade de paisagem corresponde à Formação Barreiras, localizada na parte

noroeste da península, no limite com Cabo Frio. Ocupa uma área de 30 ha, o equivalente a 0,4

% da área do município.

Apresenta a forma de relevo característica desta formação geológica, tabuleiros

costeiros paralelos à praia, atrás de uma faixa de restinga, com declividade acentuada nas faces

voltadas para o mar (Figura 9), o topo achatado, praticamente plano e relevo mais suave nas

faces voltadas para o interior, compostos por terrenos argilosos e distróficos.

A cobertura vegetal natural ocupa 65 % da área desta unidade de paisagem, enquanto

que a vegetação antropizada, composta predominantemente por espécies arbóreas e herbáceas,

ocupam 35 % da área total.

A cobertura vegetal natural ocupa uma área de 20 ha, o equivalente a 0,29 % da área

do município, composta predominantemente por vegetação arbórea. Esta formação apresenta

dossel fechado, de porte menor na face voltada para o mar, portanto mais íngreme, e maior nas

áreas de declividade mais suave (Figura 9).

A vegetação das áreas de relevo mais forte e mais exposta apresenta uma grande

densidade de indivíduos, com altura variando entre 4 a 6 metros, com predominância de caules

finos e ocorrência freqüente de lianas e trepadeira. O subosque em geral é composto por

Bromeliáceas e Aráceas, além de indivíduos jovens das espécies do dossel. Nas áreas mais

planas, esta floresta apresenta dossel em torno de 6 metros e indivíduos emergentes com cerca

de 12 metros, com uma densidade menor de indivíduos arbóreos e ocorrência de troncos mais

grossos. O subosque em geral apresenta formação de serrapilheira mais espessa e maior

cobertura do estrato herbáceo.

A composição florística desta fisionomia florestal apresenta uma grande diversidade de

espécies de Leguminosas. Dentre as espécies mais comuns podemos citar: Caesalpinia

echinata, C. ferrea, Machaerium lanceolatum, M. oblongifolium, Chamaecrista ensiformis,

Swartizia glaziouviana, entre outras. Estas espécies, além de outras também comuns como

Guapira opposita e Pachystroma ilicifolium, em geral destacam-se na composição do dossel.

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Dentre as espécies de menor porte podemos citar Actinostemon communis, Annona acutifolia,

Erythroxylum subrotundum, além de várias Mirtáceas. Em áreas mais abertas é comum a

ocorrência de Myrsine parvifolia e Clusia fluminensis. Entre as espécies de trepadeiras

podemos destacar Bauhinia smilacina, B. microstachyia, Smilax sp, e espécies menos

freqüentes, coletadas apenas nesta área, como Chondrodendrom platyphyllum

(Menispermácea).

A única área remanescente de cobertura vegetal natural nesta unidade de paisagem não

está fragmentada, porém os terrenos adjacentes sofrem constantes queimadas e o processo de

urbanização é crescente nas áreas de entorno.

6.3. 4- UNIDADE 4 (UP 4)

Esta unidade de paisagem corresponde às planícies de sedimentos litorâneos do

Quaternário, localizada na parte noroeste e central da península. Ocupa uma área de 535 ha, o

equivalente a 7,5 % da área do município.

Apresenta terrenos arenosos com teor de matéria orgânica variável - cordões de praia e

restingas, cobertos predominantemente por áreas urbanizadas que cobrem 63 % desta unidade,

enquanto que a cobertura vegetal natural ocupa uma área de 197 ha, o que representa 37 % da

área da unidade.

As fisionomias da vegetação natural formam um gradiente de altura na direção mar �

interior, apresentando variações desde fisionomia herbácea, arbustiva, arbustiva alta, passando

a arbóreo, formando as matas de restinga. Acima da linha da maré, ocorre a vegetação

característica de restinga, composta por espécies herbáceas e arbustivas, com adaptações

necessárias para sobreviver em terrenos instáveis e expostos ao salsugem. Nas praias voltadas

para o norte e para o nordeste, em virtude da predominância de ventos fortes nesta direção

durante todo o ano, é muito comum esta vegetação apresentar aspecto modelado. Tanto a

vegetação arbustiva como a arbórea é densa, sem um limite evidente entre estes dois tipos

fisionômicos.

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A vegetação arbórea está distribuída na parte noroeste da península e ocupa uma área

de 160 ha, o equivalente a 2.23 % da área do município. Esta floresta apresenta dossel

contínuo, com altura em torno de 5 metros, com indivíduos emergentes de cerca de 9 metros,

com predominância de caules finos e perfilhados. Outra característica desta formação é a

grande quantidade de trepadeiras e arbustos escandentes, formando um emaranhado denso.

Entre as espécies que compõe o dossel destacam-se Schinus terebinthifolius, Trichilia

casaretii, Guapira opposita e Eugenia uniflora. Entre os indivíduos emergentes, são

freqüentes Joannesia princeps e Parapitadenia pterosperma. O subosque é formado por

indivíduos jovens das espécies do dossel, por arbustos típicos deste estrato como Justicia

brasiliana e por espécies herbáceas, como Anthurium harrisii e Streptocalyx floribundus.

A vegetação arbustiva das planícies arenosas ocupa uma área de 27 ha, o equivalente a 0,38

% da área do município, com distribuição restrita a poucos locais na Península. Na Praia da

Gorda, Praia Rasa e na Praia de Tucuns podemos observar os remanescentes desta vegetação.

Esta fisionomia apresenta um porte intermediário entre a vegetação arbórea e a herbácea,

apresentando aspecto fechado e denso devido a grande densidade de indivíduos arbustivos e

de trepadeiras.

Na composição florística desta vegetação é freqüente a ocorrência das mesmas espécies

descritas para a fisionomia anterior, com porte menor. Foram observadas: Zollernia glabra,

Machaerium lanceolatum, Guapira aff pernambucensis e várias Mirtáceas, além de espécies

que são próprias desta formação, como Ouratea cuspidata, Scutia arenicola, Jacquinia

armillaris, Celtis sp e Psychotria cartaginensis. Dentre as espécies de trepadeiras podemos

citar Manetia fimbriata, Cratylia hypargirea e Bauhinia microstachya.

A vegetação herbácea com arbustos ocupa uma área de apenas 5 ha, distribuída em

cinco praias na península. Esta fisionomia apresenta cobertura de estrato herbáceo maior do

que a do estrato arbustivo, de aspecto fechado, com até 1metro de altura, e modelado pelo

vento nas áreas mais expostas. É comum a ocorrência de espécies espinescentes e de grande

quantidade de trepadeiras.

Na composição florística desta fisionomia são comuns: Jacquinia armillaris, várias

Mirtáceas, como Eugenia uniflora, E. neonitida e Campomanesia schechtendaliana. Outra

espécie comum formando esta massa arbustiva é Heteropteris chrisophylla. Entre as espécies

herbáceas destacam-se Bromelia antiacantha, Streptocalyx sp, Bilbergia amoena, entre outras.

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A Cactácea Pilosocereus arrabidae e a palmeira Alagoptera arenaria também são encontradas

em praticamente todos os remanescentes desta formação.

A vegetação herbácea das praias também é encontrada hoje em uma pequena extensão,

ocupando 5 ha, o equivalente a 0,07 % da área do município. Esta vegetação ocorre acima da

linha das marés, em terrenos instáveis e expostos ao vento e ao salinidade. É composta por

gramíneas e outras espécies, como a Ipomea pescaprae, Acicarpa spathulata e Althernantera

maritma. Espécies também comuns nesta área são a palmeira Alagoptera arenaria,

Bromeliáceas, Cactáceas como Pilosocereus arrabidea, além de trepadeiras.

Esta unidade de paisagem é uma das mais impactadas pelo uso, já que as praias são o

maior atrativo do município, tanto para a população local quanto para o turismo. Além disto,

as planícies arenosas coincidem com as áreas mais densamente urbanizadas.

6.3. 5 UNIDADE 5 (UP 5)

Esta unidade da paisagem corresponde às planícies de inundação, formadas por

sedimentos aluviais quaternários, ocupando uma área de 1360 ha, o equivalente a 19 % da área

do município, e está distribuída na parte oeste de Armação dos Búzios.

Os pastos predominam esta unidade de paisagem, ocupando 66,65 % da área total. As

áreas alagadas e os corpos hídricos representam 20,6 % e a vegetação natural arbórea cobre

9%, sendo o restante ocupado por áreas urbanizadas.

A vegetação arbórea apresenta um dossel que varia 6 a 8 metros de altura, em geral

com serrapilheira de espessura entre 10 e 15 cm e um estrato herbáceo contínuo.

As espécies arbóreas são muitas vezes comuns as unidades de paisagem adjacentes,

como Schinus terebinthifolius, Inga laurina e Trichilia casaretii. São freqüentes também

Swartzia glaziouviana, Cordia sp., Joannesia princeps e Allophylus puberulus dentre as

espécies mais altas. Espécies como Coutarea hexandra e Eugenia tinguiensis estão entre os

indivíduos com cerca de 4 m de altura. O estrato herbáceo é composto predominantemente

por Anthurium sp e Marantha sp. A vegetação herbácea característica das áreas inundadas e

das margens dos corpos hídricos só é encontrada em poucos pontos no município de Búzios.

Além da efemeridade destas áreas em função da baixa pluviosidade com estações secas

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marcadas, os brejos e pequenas lagoas do município encontram-se em áreas predominadas por

pastagens ou adjacentes a estradas e áreas urbanizadas. Pode-se observar nestes locais a

ocorrência de Typha sp, Acrosticum sp e Blechum sp. As demais áreas brejosas são dominadas

por gramíneas e ciperáceas. Ao nível do mapeamento não é possível separar estas áreas das

áreas de pastos. Em alguns locais como a Praia Rasa (Figura 10) e a Praia de Tucuns (Figura

11) pode-se obeservar a transição entre as planícies arenosas e estas áreas alagadas.

A drenagem dos terrenos nas planícies aluviais está muito alterada, devido

principalmente à construção de marinas e aterros. Estes impactos ocasionaram a

descacterização de grande parte da cobertura vegetal natural nesta unidade de paisagem.

No Anexo VIII estão fotografias que ilustram as diferentes unidades de paisagem do

município de Armmação dos Búzios.

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Figura 8 � Corte 1 (UP2) mostrando o gradiente de crescimento no sentido mar interior (Localização � Mapa Anexo I). A= Vegetação herbácea com arbustos; B= Vegetação arbustiva e C= Vegetação arbórea.

Figura 9 � Corte 2 (UP3) mostrando a transição entre as unidades de paisagem 4 e 3. A= Vegetação herbácea com arbustos, C= Vegetação arbustiva alta e arbórea de restinga (UP4), D= Vegetação arbórea sobre solos da Formação Barreiras. 1= Solo arenoso; 2= Solo argiloso. (Localização � Mapa Anexo I)

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Figura 10 � Corte 3: (1) praia, (2) planície de sedimentos litorâneos �UP4, (3) planície de sedimentos aluviais e (4) lagoa�UP5. A=Vegetação herbácea; B=Vegetação herbácea com arbustos; C=arbustiva; D=Vegetação arbórea sobre sedimentos litorâneos - UP4. (Localização � Mapa Anexo I)

Figura 11 � Corte 4 � mostrando o cordão de praia (UP4) e as áreas alagadas no interior (UP5). . A=Vegetação herbácea; B=Vegetação herbácea com arbustos; C= Vegetação arbórea com gramíneas. (Localização � Mapa Anexo I)

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6.3.6 MAPA III – PAISAGEM

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6.4 ASPECTOS ESTRUTURAIS E FLORÍSTICOS DA VEGETAÇÃO ARBÓREA

O trabalho de campo resultou no inventario de 1120 indivíduos distribuídos em 67 famílias

e 289 morfoespécies, sendo 148 identificados ao nível de espécie. Ficaram sem identificação

22 exemplares. A baixa proporção de identificação ao nível específico é decorrente da grande

quantidade de material estéril. Na tabela em anexo (Anexo II) estão listadas todas as espécies

inventariadas no presente estudo na península de Búzios.

6.4.1 ORGANIZAÇÃO DA COMUNIDADE

As parcelas estabelecidas nas Unidades de Paisagem 2 e 3 (Ver mapa anexo I), morros e

tabuleiros costeiros respectivamente, totalizaram 1.000 m2. Foram amostrados 611 indivíduos,

sendo 587 árvores e 24 lianas, distribuídos em 35 famílias, 99 genêros e 118 espécies . Além

destes foram encontrados 20 indivíduos mortos em pé e 17 lianas sem folhas que não puderam

ser identificados e não foram considerados nas análises fitossociológicas. Na Unidade de

Paisagem 2, a área de amostragem foi de 700 m2, a densidade encontrada foi de 6.071 ind/ha e

a área basal 13,3 m2/ha. Na Unidade de Paisagem 3 foram amostrados 300 m2. A densidade

encontrada foi de 6.200 ind/ha e a área basal 4,64 m2/ha. A tabela 4 mostra uma síntese dos

parâmetros florísticos e estruturais em cada parcela.

Tabela 4 � Síntese dos dados florísticos e estruturais. Onde P= parcela. NºFAM=nº de famílias, Nº SP= nº de espécies e NºIND= nº de indivíduos nas diferentes classes de diâmetro. ALTm= altura média em metros, AB= área basal e CP=porcentagem de caules perfilhados.UP=unidades de paisagem. Nº DE ESPÉCIES Nº DE INDIVÍDUOS

P NºFAM NºSP 2,5 / 5 ³ 5 ³ 10 NºIND 2,5 / 5 ³ 5 ³ 10 ALTm AB m2/ha %C.P

1 18 30 23 16 6 80 55 25 5 5,5 6,89 33% 2 9 18 10 12 10 41 20 21 12 7 10,25 22% 3 15 29 19 15 9 65 39 26 11 5 22,93 55% UP3 29 62 186 114 72 28 13,3 4 14 22 14 17 6 77 45 32 8 4,5 4,22 21% 5 10 12 5 8 4 60 32 28 6 4,5 3,84 50% 6 14 18 15 12 7 89 57 32 11 5,5 5,29 17% 7 15 24 8 20 8 46 17 29 10 6,7 4,83 26% 8 14 18 12 11 6 44 25 19 9 5,5 4,55 16% 9 9 18 14 10 5 80 58 22 11 5 3,83 18% 10 10 14 7 11 12 29 9 20 9 5 5,90 28% UP2 28 77 425 243 182 64 4,64

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6.4.2 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA

As dez famílias com maior número de indivíduos dentre as parcelas da Unidade 2 foram:

Euphorbiaceae, Rubiaceae, Leguminosae Papilonoideae, Violaceae, Nyctaginaceae,

Myrtaceae, Bombacaceae, Sapindaceae, Capparaceae e Bignoniaceae. Estas famílias somam

355 indivíduos, o equivalente a 83 % do total desta Unidade.

As famílias com maior riqueza de espécies na Unidade 2 foram: Myrtaceae (16),

Leguminosae (7), Euphorbiaceae (6), Bignoniaceae (6), Rubiaceae (5), Sapindaceae, Rutaceae

e Capparaceae (3), somando 275 indivíduos, o que representa 65% do total. Dentre as 28

famílias amostradas, cerca de 45% contribuem com apenas uma espécie.

As famílias que apresentaram os maiores valores de cobertura foram Euphorbiaceae,

Leguminosae Papilonoidea e Rubiaceae. A Tabela 5 mostra a representatividade das 10

famílias com maior índice de valor de cobertura na Unidade 2 (Lista completa das famílias

amostradas � Anexo III).

Tabela 5 �As 10 famílias que apresentam maior IVC, onde NºIND � número de indivíduos; NºSP- número de espécies; DR � densidade relativa; DoRi � dominância relativa e IVC � índice de valor de cobertura. UNIDADE DE PAISAGEM 2 FAMÍLIA Nind Spp Dri DoRi VCEuphorbiaceae 79 6 18,59 23,21 41,79 Leg. Pap 51 7 12,00 16,61 28,61 Rubiaceae 62 5 14,59 7,84 22,42 Nyctaginaceae 27 2 6,35 15,54 21,89 Violaceae 48 1 11,29 4,35 15,64 Myrtaceae 25 16 5,88 7,84 13,72 Bombacaceae 18 2 4,24 3,92 8,15 Sapindaceae 17 3 4,00 3,67 7,67 Apocynaceae 10 1 2,35 3,95 6,30 Bignoniaceae 13 5 3,06 1,94 5,00

Na lista no Anexo IV são apresentados os resultados da análise fitossociológica das

espécies da Unidade de Paisagem 2. As dez espécies com maior número de indivíduos foram:

Rinorea laevigata, Rudgea umbrosa, Actinostemom communis, Guapira opposita,

Pachystroma ilicifolium, Acosmium lentiscifolium, Coussarea capitata, Pterocarpus rohri,

Pseudobombax grandiflorum, Capparidastrum brasilianum, totalizando 258 indivíduos, o

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equivalente a 61% da amostra. Dentre as 77 espécies amostradas, cerca de 43 % estão

representadas por apenas um indivíduo.

Quanto ao valor de cobertura (VC), as espécies que apresentaram os valores mais altos

(expressos em porcentagem) foram: Pachystroma ilicifolium (12%), Guapira opposita

(10,69%), Rinorea laevigata (8 %), Acosmium lentiscifolium (7 %), Rudgea umbrosa

(6,33%), Actinostemon communis (5 %), Pterocarpus rohrii (3%), Pseudobombax

grandiflorum (3,25%), Aspidosperma ramiflorum (3 %) e Alseis pickelli (2 %). A tabela 6

mostra as 10 espécies com maior valor de cobertura.

Tabela 6� Parâmetros fitossociológicos � As dez espécies com maior valor de cobertura, onde NºIND � número de indivíduos; NºSP - número de espécies; DR � densidade relativa; DoRi � dominância relativa e VC � valor de cobertura.

UNIDADE DE PAISAGEM 2 FAMÍLIA ESPÉCIE NIND Dri DoRi VCEuphorbiaceae Pachystroma ilicifolium 23 5,41 18,57 23,98 Nyctaginaceae Guapira opposita 25 5,88 15,49 21,37 Violaceae Rinorea laevigata 48 11,29 4,35 15,64 Leg Pap Acosmium lentiscifolium 21 4,94 8,99 13,93 Rubiaceae Rudgea umbrosa 43 10,12 2,54 12,66 Euphorbiaceae Actinostemom communis 41 9,65 1,44 11,08 Leg Pap Pterocarpus rohri 16 3,76 3,04 6,81 Bombacaceae Pseudobombax grandiflorum 13 3,06 3,44 6,50 Apocynaceae Aspidosperma ramiflorum 10 2,35 3,95 6,30 Rubiaceae Alseis pickelii 1 0,24 4,47 4,71

Na Unidade 3 as dez famílias com maior número de indivíduos foram: Leguminosae

Papilonoideae, Euphorbiaceae, Myrtaceae, Olacaceae, Myrsinaceae, Nyctaginaceae,

Sapindaceae, Leguminosae Mimosoideae, Lauraceae e Clusiaceae. Estas famílias somam 152

indivíduos, o equivalente a 82% do total desta Unidade.

As famílias com maior riqueza de espécies na Unidade 3 foram: Myrtaceae (8),

Euphorbiaceae, Leguminosae (7), Sapindaceae e Rutaceae (3), somando 108 indivíduos, o

que representa 59% do total. Dentre as 29 famílias amostradas, cerca de 60 % contribuem com

apenas uma espécie.

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As famílias que apresentaram os maiores valores de cobertura foram Leguminosae

Mimosoideae, Leguminosae Papilonoideae, Euphorbiaceae, Olacaceae, Myrtaceae,

Nyctaginaceae, Myrsinaceae, Sapindaceae, Rutaceae e Lauraceae. A Tabela 7 mostra a

representatividade das 10 famílias com maior índice de valor de cobertura na Unidade 3 (Lista

completa das famílias amostradas Anexo V).

Na lista no Anexo VI são apresentados os resultados da análise fitossociológica das

espécies da Unidade de Paisagem 3. As dez espécies com maior número de indivíduos foram:

Actinostemom communis, Machaerium sp, Acosmium lentiscifolium, Guapira opposita,

Heisteria periantomega, Myrsine parvifolia, Zollernia glabra, Eugenia sp4, Pachystroma

ilicifolium e Pseudopiptadenia contorta, totalizando 107 indivíduos, o equivalente a 57% da

amostra. Dentre as 62 espécies amostradas, cerca de 60 % estão representadas por apenas um

indivíduo.

Tabela 7� As 10 famílias que apresentam maior VC, onde NºIND � número de indivíduos; NºSP- número de espécies; DR � densidade relativa; DoRi � dominância relativa e VC �valor de cobertura.

UNIDADE DE PAISAGEM 3 FAMÍLIA Nind Nspp Dri DoRi VCLeg Mim. 6 2 3,23 39,67 42,90 Leg. Pap 44 7 23,66 14,20 37,85 Euphorbiaceae 39 7 20,97 10,43 31,40 Olacaceae 13 2 6,99 5,74 12,72 Myrtaceae 13 8 6,99 2,93 9,92 Nyctaginaceae 10 1 5,38 3,90 9,28 Myrsinaceae 10 1 5,38 3,20 8,57 Sapindaceae 7 3 3,7634 4,36 8,13 Rutaceae 4 3 2,15 5,63 7,78 Lauraceae 5 2 2,69 1,81 4,50

Quanto ao valor de cobertura as espécies que apresentaram os valores mais altos

(expressos em porcentagem) foram: Pseudopiptadenia contorta (16%), Actinostemom

communis (9%), Machaerium sp (7,10 %), Parapiptademia pterosperma communis (5%),

Acosmium lentiscifolium (5%), Guapira opposita (5%), Heisteria periantomega (4%),

Myrsine parvifolia (4%), Pachystroma ilicifolium (4 %) e Zollernia galbra (3 %). A tabela 8

mostra as 10 espécies com maior VC.

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Tabela 8� Parâmetros fitossociológicos �onde NºIND � número de indivíduos; NºSP - número de espécies; DR � densidade relativa; DoRi � dominância relativa e VC �de valor de cobertura.

UNIDADE DE PAISAGEM 3 FAMÍLIA ESPÉCIE Nind Dri DoRi VCLeg Mim, Pseudopiptadenia contorta 5 2,69 29,1582 31,85 Euphorbiaceae Actinostemom communis 25 13,44 3,7578 17,20 Leg Pap Machaerium sp 17 9,14 5,0614 14,20 Leg Mim, Parapiptademia pterosperma 1 0,54 10,5159 11,05 Leg Pap Acosmium lentiscifolium 11 5,91 4,1150 10,03 Nyctaginaceae Guapira opposita 10 5,38 3,9037 9,28 Olacaceae Heisteria periantomega 10 5,38 3,6498 9,03 Myrsinaceae Myrsine parvifolia 10 5,38 3,1960 8,57 Euphorbiaceae Pachystroma ilicifolium 5 2,69 5,6509 8,34 Leg. Pap Zollernia galbra 8 4,30 1,0535 5,35

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6.4.3 ARQUITETURA

Nas 10 parcelas amostradas foram encontrados 587 indivíduos arbóreos e 24 lianas. Na

Unidade 2 a parcela P6 foi a que apresentou o maior número de lianas, dez indivíduos; as

parcelas P7 e P8 duas cada uma e P9 uma. Nas parcelas da Unidade 3, na P3 foram

encontradas 3 lianas. Os resultados mostraram que 41% do total de espécies arbóreas

apresenta altura no intervalo entre 2,5 e 4,5 metros e apenas cerca de 10% tem altura superior

a 7,5 metros, enquanto que os indivíduos emergentes têm em torno de 13 metros.

Os gráficos das figuras 12 e 13 mostram a distribuição de classes de altura nas parcelas

das Unidades 2 e 3 respectivamente. Dentre as parcelas amostradas existem variações na

distribuição das classes de altura, embora a maior concentração dos valores esteja entre as

classes mais baixas. Dentre as parcelas da Unidade 2, as parcelas P7 (Figura 14) e P10

apresentaram indivíduos maiores que 9,5 metros, enquanto que as parcelas 4 e 9 (Figura 15)

foram às fisionomias de menor porte. Na Unidade 3 a P2 (Figura 16) é a parcela com

indivíduos mais altos, em torno de 12, 5 metros, seguida de P1 com indivíduos entre 8,5

metros e 9,5 metros e P3 (Figura 17) com espécies até 8,5 metros de altura.

Dentre as espécies de maior porte na Unidade 2 podemos citar: Aspidosperma

ramiflorum, Lonchocarpos virgilioides e Machaerium leocopterum. As espécies Acosmium

lentiscifolium, Guapira opposita e Pachystroma ilicifolium são freqüentes nas duas Unidades,

enquanto que Ezembeckia grandiflora e Banara aff brasiliensis só foram encontradas nas

parcelas da Unidade 3.

As parcelas das Unidade 2 e 3 apresentam predominância de indivíduos nas menores

classes de diâmetro. Dentre os 611 exemplares inventariados, incluindo árvores e lianas, 357

tem diâmetro entre 2,5 e 5cm. Na Unidade 2, com exceção das parcelas P7 e P10, que

apresentam respectivamente 37% e 31% dos indivíduos entre 2,5 e 5cm, todas apresentam

mais de 50% dos exemplares amostrados nesta classe de diâmetro. Na Unidade 3, a P2

apresenta 49%, e as demais mais de 60% dos indivíduos entre 2,5 e 5cm. (Tabela 5).

O gráfico da figura 18 mostra a distribuição de classes de diâmetro nas parcelas da

Unidade 2. As parcelas P7, P8 e P10 apresentam indivíduos maiores, enquanto que as demais

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49

parcelas apresentam os mesmos valores médios, com maior concentração nos valores mais

baixos até o intervalo de 20 a 25 cm.

O gráfico da figura 19 mostra a freqüencia das classes de diâmetro das parcelas da

Unidade 3. A parcela P3 apresenta um indivíduo com diâmetro igual a 62 cm, ou seja, muito

maior que a classe que antecede este intervalo, 40 a 45 cm, considerando todas as parcelas das

duas Unidades amostradas.

Dentre as espécies que apresentam as maiores classes de diâmetro podemos citar

Pachystroma ilicifolium e Guapira opposita, que podem ser observadas em todo município.

Aspidosperma ramiflorum, Maytenus obtusifolia e Machaerium pedicelatum estavam entre as

espécies de maior diâmetro na Unidade 2, enquanto que Parapiptadenia pterosperma e

Pseudopiptadenia contorta foram às espécies de maior diâmetro na Unidade 3.

Outra característica da vegetação amostrada é a grande proporção de caules perfilhados

(Ver tabela 4). Dos 611 indivíduos amostrados 169 apresentaram esta característica,

totalizando 28% da amostra. Na Unidade 2, a parcela P5 apresentou a maior proporção de

espécies com caules múltiplos, 50% em relação ao total da parcela, exclusivamente de Rinorea

laevigata. Na Unidade 3, a parcela P3 foi a que apresentou a maior porcentagem de caules

perfilhados, predominantemente Machaerium sp e Actinostemon communis. É comum em todo

o município a ocorrência de várias espécies de Myrtacea com esta característica.

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50

Figura 12- Distribuição das classes de altura nas parcelas da Unidade 2 � P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10.

Figura 1 3� Distribuição das classes de altura nas parcelas da Unidade 3 � P1, P2 e P3

0

5

10

15

20

1,5 a 2,5

4,5 a 5,5

7,5 a 8,5

10,5 a 11,50

5

10

15

20

25

30

35NÚMERO DE INDIVÍDUOS

CLASSES DE ALTURA

NÚMERO DE INDIVÍDUOS

CLASSES DE ALTURA

CLASSES DE ALTURA UNIDADE 3

CLASSES DE ALTURA UNIDADE 2

PARCELAS

PARCELAS

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51

Figura 14 � Diagrama de perfil de parte da parcela P7 � Unidade de paisagem 2 .

1 � Pachystroma ilicifolium; 2 � Mirocarpus fastigiatus; 3 � Aspidosperma ramiflorum; 4 – Phyllanthus sp;

5 � Lonchocarpus virgilioides; 6 � Machaerium pedicelatum; 7 � Rollinia sp; 8 � Opuncia brasiliensis; 9 �

Capparidastrum brasilianum; 10 � Machaerium leocopterum.

Figura 15 � Diagrama de perfil de parte da parcela P9 � Unidade de paisagem 2 .

1 � Actinostemon communis; 2 � Machaerium pedicelatum; 3 � Capparidastrum brasilianum; 4 – Eugenia

sp 1; 5 � Acosmium lentiscifolium; 6 � Amnonaceae indet 1; 7 � Eugenia copacabanensis; 8 �

Chrysolpilum luscentifolium; 9 � Aspidosperma ramiflorum; 10 � Rollinia sp; 11 � Rutaceae indet 1.

m

m

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52

Figura 16 � Diagrama de perfil de parte da parcela P2 � Unidade de paisagem 3 .

1 � Pachystroma ilicifolium; 2 � Machaerium sp; 3 � Guapira opposita; 4 � Banara aff brasiliensis; 5 –

Euphorbiaceae indet 5; 6 - Acosmium lentiscifolium; 9 � Sebastiania brasiliensis;

Figura 17� Diagrama de perfil de parte da parcela P3 � Unidade de paisagem 3 .

1 � Parapiptadenia pterosperma; 2 � Myrtaceae indet 3; 3 � Heisteria perianthomega; 4 � Machaerium

oblongifolium; 5 – Zollernia glabra 1; 6 � Actinostemon communis; 7 � Guapira opposita 1; 8 - Acosmium

lentiscifolium; 9 � Chrysobalanaceae indet1; 10 � Talisia sp; 11 � Opuntia brasiliensis; 12 � Hipocrataeceae

indet 1; 13 � Myrocarpus fastigiatus; 14 � Euphorbiaceae indet 3; 15 � Pseudopiptadenia contorta; 16 �

Cupania sp.

m

m

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53

2.5a 5

5 a10

10a15

15a20

20a25

25a30

30a35

35a40

60a65

P4

P7

P10

0

10

20

30

40

50

60

2.5 a5

5 a10

10 a15

15 a20

20 a25

25 a30

30 a35

35 a40

60 a65

P1

P30

10

20

30

40

50

60

Figura 18 � Distribuição das classes de diâmetro � Unidade de paisagem 2

Figura 19 � Distribuição das classes de diâmetro � Unidade de paisagem 3

CLASSES DE DIÂMETROUNIDADE DE PAISAGEM 3

PARCELAS

CLASSES DE DIÂMETRO

Nº DE INDIVÍDUOS

CLASSES DE DIÂMETRO UNIDADE 2

CLASSES DE DIÂMETRO

PARCELAS

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54

6.4.4 CLASSIFICAÇÃO E ORDENAÇÃO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA

6.4.4. 1 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA – MORROS E TABULEIROS COSTEIROS DE ARMAÇÃO DOS BÚZIOS

O dendrograma de classificação resultante da análise das 10 parcelas (Figura 20)

mostra 3 grupos distintos. O grupo 1 formado pelas parcelas da Unidade 3 (P1, P2 e P3) e os

grupos 2 e 3 formados pelas parcelas da Unidade 2 com similaridade maior que 50% entre

eles. O grupo 1 apresenta uma divisão formada pelas parcelas P1 e P3. A parcela P2 está

ligada a este subgrupo porém com menos de 50% de similaridade. Observando as listas das

espécies inventariadas nas parcelas (Anexos V e VII) e o dendrograma resultante, é possível

verificar quais as espécies que poderiam explicar a formação destes grupos.

As parcelas que compõe o grupo da Unidade 3 tem em comum Machaerium sp, que é

exclusiva deste grupo. As parcelas P1 e P3 têm em comum Cupania sp1, Eugenia sp4,

Heisteria perianthomega e Zollernia glabra, que não estão presentes em P2.

O grupo 2, formado por P4, P5 e P6, corresponde às parcelas voltadas para a direção

norte / nordeste. Este grupo têm em comum as espécies: Zanthoxylum tinguassuiba, Rinorea

laevigata, Pseudobombax grandiflorum e Paulinia racemosa, sendo esta última exclusiva

destas parcelas. As parcelas P4 e P6 tem em comum a espécie Clusia fluminensis, que não está

presente em P5. O grupo 3 é formado por P7 e P8 com similaridade de 100 %, e por P9 e P10,

ligadas as duas primeiras com similaridade em torno de 50%. As espécies Capparidastrum

brasilianum e Pachystroma ilicifolium são comuns as quatro parcelas. As parcelas P7 e P8 têm

as espécies Phyllanthus sp e Lonchocarpus virgilioides exclusivas destas parcelas, enquanto

que nas parcelas P9 e P10 a espécie exclusiva é Eugenia copacabanensis.

O gráfico resultante da Análise de Correspondencia (DCA) utilizando o mesmo

conjunto de espécies (Figura 21), mostra com clareza os três grupos: as parcelas da Unidade

3 (P1, P2 e P3), e os grupos formados pelas parcelas da Unidade 2: P7, P8, P9 e P10, e P4, P5

e P6. Acima do eixo 1 a direita ficaram as parcelas das áreas mais protegidas, voltadas para o

sul, enquanto que abaixo deste eixo estão áreas voltadas para o norte/nordeste. Na área

esquerda acima do eixo 1, as parcelas da Formação Barreiras (Unidade 3) formaram um grupo.

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Figura 20 � Dendograma resultante da análise de similaridade do conjunto de espécies das dez parcelas amostradas usando Índice de Søresen.

P1P2

P3

P4

P5

P6

P7

P8

P9

P10

10

10

30 50 70 90

30

50

70

90

Dados Florísticos Parcelas UP2 e UP3

Axis 1

Dados Florísticos Parcelas UP2 e UP3

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

1,5E-01

100

9,2E-01

75

1,7E+00

50

2,5E+00

25

3,2E+00

0

P1P3P2P4P6P5P7P8P9P10

Figura 21 � Gráfico resultante da ordenação DCA mostra os três grupos formados pelas parcelas das Unidades 2 e 3.

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6.4.4 2 ESTRUTURA – MORROS E TABULEIROS COSTEIROS DE ARMAÇÃO DOS BÚZIOS

O dendrograma produzido através da classificação dos dados estruturais de todas as

parcelas ( Unidade de Paisagem 2 e 3) pelo método UPGMA (Figura 22), demonstrou que as

parcelas amostradas formam claramente dois grupos. O grupo 1 é formado por P2, P8, P7 e

P10, que correspondem a fisionomias florestais de porte mais alto, com valores médios de

diâmetro mais altos e menor densidade de indivíduos. O grupo 2 é formado por P1, P4, P9 e

P6. A parcela P5 aparece ligada a este grupo, um pouco mais distante, porém com uma boa

similaridade. A parcela P3 também está ligada a este segundo grupo, porém com similaridade

já próxima de 50 %. As áreas do segundo grupo correspondem a fisionomias de menor porte,

que apresentam menores valores médios de diâmetro e maior densidade.

Os mesmos dados estruturais foram utilizados para fazer a ordenação da vegetação

através da Análise dos Componentes Principais (ACP). O gráfico da figura 23 mostra a

relação das variáveis ambientais e os dados estruturais. Os grupos separados no dendrograma

se mantêm, com P3 e P5 bem distantes si, em relação aos dois eixos. No eixo 1 do gráfico

representa maior exposição ao vento e a salinidade, enquanto que o eixo 2 representa um

gradiente de umidade no solo. Assim, P1, P4, P9 e P6 formam um grupo, localizado nas áreas

mais expostas aos ventos e à salsugem, enquanto que P2, P7, P10 e P8 formam um grupo de

áreas mais protegidas, com mais umidade no solo e subosque apresentando uma cobertura

maior do estrato herbáceo, bem como formação de serrapilheira mais espessa. A parcela P5

está numa posição mais exposta e de solo mais seco, praticamente sem estrato herbáceo. A

parcela P3 ficou isolada provavelmente por apresentar a média de classe de diâmetro muito

acima do restante, pela ocorrência de um indivíduo de Parapiptadenia contorta com 64 cm de

DAP, ou seja, bem acima da classe anterior que é de 35 a 40 cm.

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Figura 22 � Dendrograma produzido pela análise de agrupamento usando distancia Euclidiana. Observa-se dois grupos bem definidos. Localização das parcelas � ver mapa em anexo I.

Figura 23 - O gráfico de ordenação - ACP - apresenta no eixo 1possivelmente um gradiente relacionado com áreas mais expostas ao vento e a salinidade enquanto que o eixo 2 pode estar relacionado com um aumento de umidade no solo.

ESTRUTURA EUCLIDIANA

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

1,1E+01

100

1,6E+03

75

3,2E+03

50

4,7E+03

25

6,3E+03

0

P1P4P9P6P5P3P2P8P7P10

P 1

P 2

P 3

P 4

P 5

P 6

P 7

P 8

P 9

P 10

0

0

40 80

40

80

ESTRUTURA

A xis 1

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6.4.4 3 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA – FLORESTAS COSTEIRAS DO RIO DE JANEIRO

Para comparar florísticamente entre si as áreas estudadas em Búzios, bem como avaliar

a similaridade com áreas próximas, foi feita uma nova análise com dados obtidos em três

trabalhos realizados em Búzios (presente estudo; Farag, 1999; Fernandes, 2002), em três

localidades do Centro de Diversidade Vegetal de Cabo Frio ( Resende, 2004; Fonseca-Kruel,

2002; Sá, 1993), e em uma área de Tabuleiro da Formação Barreiras no norte do Estado (Silva

& Nascimento, 2001), que apesar de estar mais distante, foi apontada por Bohrer (1998) e por

Lima (2000) como próxima florísticamente das florestas de Cabo Frio (Figura 24). O conjunto

de espécies inventariadas no presente estudo foi dividido nos dois grupos de acordo com a

unidade de paisagem correspondente (UP3 e UP2). Para classificação e ordenação da

vegetação foram eliminadas do conjunto de espécies do presente estudo, aquelas que foram

coletadas somente nas outras unidade de paisagem (UP1, UP4 e UP5).

Código Tipo de Vegetação Local Autor

UP2

Vegetação arbórea dos morros costeiros

Armação dos Búzios Presente trabalho

UP3 Vegetação arbórea dos tabuleiros costeiros

Armação dos Búzios Presente trabalho

BZ2 Floresta Semidecidual Armação dos Búzios Farág, 1999 BZ3 Floresta de Restinga Armação dos Búzios Fernandes, 2002 CN Floresta de Restinga Cabo Frio Rezende, 2004 AR Floresta de Restinga Arraial do Cabo Fonseca-Kruel, 2002 JP Floresta de Restinga Saquarema Sá, 1993

CV Floresta Semidecidual São Francisco de Itabapoana

Silva & Nascimento, 2001

Figura 24 � Lista das áreas utilizadas na classificação e ordenação da vegetação.

As listas florísticas destes trabalhos resultaram em uma matriz (presença/ausência) com

408 espécies (Anexo VII). No dendrograma de classificação resultante (Figura 25) foram

diferenciados dois grupos com mais de 50 % de similaridade. O grupo 1 formado por UP3,

UP2, BZ2 e JP, e o grupo 2, dividido em dois subgrupos: BZ3 e CN. As áreas de Arraial do

Cabo (AR) e a Mata do Carvão (CV) , mostraram baixa similaridade florística com as outras

áreas no que se refere ao conjunto de espécies estudado.

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O gráfico resultante da ordenação através do DCA (Figura 26), usando o mesmo

conjunto de espécies, mostra uma divisão no eixo 1 entre as matas de restinga, vegetação

sobre solos arenosos, e as matas sobre solos argilosos ou litólicos. As áreas referentes as

unidades UP2 e UP3 estão numa posição intermediária entre BZ2, e as matas de restinga.

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Figura 25 � Dendrograma resultante da análise de agrupamento para um conjunto de 408 espécies.

26� O gráfico resultante da ordenação, usando o DCA, mostra uma divisão no eixo 1 entre as matas de restinga e as demais fisionomias florestais.

Dados Florísticos AREAS

Distance (Objective Function)

Information Remaining (%)

1,1E-01

100

6,6E-01

75

1,2E+00

50

1,7E+00

25

2,3E+00

0

UP3UP2BZ2JPBZ3CNARCV

UP3UP2

BZ2

BZ3

CN

AR

JP

CV10

10

30 50 70 90

30

50

70

Dados Florísticos AREAS

Axis 1

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7. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

7.1. AS MUDANÇAS NA PAISAGEM

Uma reportagem no jornal O Globo em 30/12/2004 aponta Armação dos Búzios como um

dos dez municípios do Estado do Rio de Janeiro que mais cresceram no período de 1991 a

2000, com uma taxa de aumento populacional de 6.33%. O crescimento urbano vem reduzindo

drasticamente a cobertura vegetal natural nos últimos anos. Comparando o mapa de vegetação

e uso do solo feito com base em fotos aéreas de 1976 (Dantas & Bohrer, 2001) com o mapa

elaborado no presente estudo baseado em fotos feitas em 2003, pode-se observar as mudanças

nas diferentes manchas que compõe o mosaico da paisagem (Figura 27). As áreas alagadas, os

corpos hídricos e a vegetação natural ocupavam cerca de 55 % da área do município, enquanto

que hoje ocupam em torno de 43% (Tabela 9).

Tabela 9 � Variações nas classes de cobertura do solo nos últimos 27 anos. Como vegetação antropizada foram consideradas não só as áreas de pastagens, mas também aquelas com predomínio de espécies exóticas ou invasoras.

Ano Cobertura do Solo 1976 2003 Variação

Área Urbanizada 5,27% 14,54% 9,28%

Cobertura Vegetal Antropizada 39,26% 42,07% 2,81%

Corpos Hídricos 1,94% 1,53% -0,40%

Áreas Alagadas 7,39% 3,96% -3,43%

Cobertura Vegetal Natural 46,14% 37,89% -8,26%

No presente estudo considerou-se, para efeito de mapeamento, a vegetação ou cobertura

vegetal antropizada tanto os pastos como áreas com predominância de espécies exóticas ou

invasoras. Como se pode observar comparando os dois mapas da figura 27, os pastos não

apresentaram aumento de área, porém ocorreu um acréscimo das áreas com espécies invasoras

causada pela abertura de ruas, ou seja, entre o meio fio das ruas e a vegetação remanescente,

onde o solo exposto foi invadido por espécies oportunistas como o capim colonião, por

exemplo. Assim, além da perda da cobertura vegetal natural de 8.26% , ocorreu a

fragmentação da vegetação remanescente, não revelada através destes números, com o

conseqüente aumento das áreas de borda.

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Observando o Mapa de Paisagem (Mapa III) é possível identificar dois padrões de

fragmentação. No primeiro padrão os pastos e as áreas edificadas formam uma superfície

�única� - a matriz1; e os fragmentos de vegetação remanescentes formam manchas isoladas

(Figura 28 a). Este é o padrão de fragmentação de duas unidades de paisagem - a vegetação

arbórea que ocorre sobre as colinas de litografia do Pré-Cambriano Unidade Região dos

Lagos (UP1) e a vegetação arbórea sobre Planícies de Sedimentos Litorâneos (UP4). Neste

tipo de fragmentação matriz e mancha tendem a convergir, ou seja, se o distúrbio que

gerou a matriz deixar de existir, matriz e mancha evoluem para uma situação diferente da

anterior. Neste caso poderia haver o desenvolvimento de uma fisionomia florestal, mas

com estrutura distinta da mancha remanescente. Porém, quanto mais tempo o distúrbio que

origina a matriz permanece, mais as manchas se mantêm isoladas e a tendência passa a ser

destas manchas regredirem, com a expansão da matriz.

O isolamento e a diminuição das manchas leva gradativamente a perda das espécies

originais, principalmente as espécies raras (Formam & Godron, 1986). Considerando que

espécies raras são aquelas que apresentam uma baixa densidade populacional, em tese

teríamos, com base nos dados de Fernandes (2002), 44% das espécies da fisionomia

florestal das planícies litorâneas (UP4) potencialmente ameaçadas de extinção na

península. Uma estimativa para a fisionomia florestal da Unidade 1 pode ser feita com base

nos dados de Farág (1999), onde foi encontrada uma porcentagem de 17,74% de espécies

raras.

O segundo padrão de fragmentação é aquele que ocorre na parte leste do município,

nos terrenos mais baixos pertencentes à unidade de paisagem 2. A matriz é a própria

vegetação arbórea, cortada por ruas (Figura 28b). A manutenção da largura ou a expansão

das áreas de borda, e conseqüentemente, a diminuição do fragmento remanescente da

vegetação arbórea vai depender do uso e da manutenção que tiverem estas áreas. Neste

caso, a perda de área da cobertura vegetal natural também pode significar a perda de

espécies raras. Na amostragem feita nas parcelas estabelecidas nos morros costeiros (UP2),

59,68% das 62 espécies amostradas estão representadas por um só indivíduo.

1 Entende-se por matriz o elemento da paisagem com maior extensão (Formam & Godron, 1986).

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64

Desta forma, apesar da distancia entre os fragmentos ser maior no primeiro padrão de

fragmentação descrito, a matriz (pastagem) ainda possui cobertura vegetal, ao passo que no

segundo caso as áreas de transição entre um fragmento e outro são menores, mas formam

verdadeiras barreiras entre os remanescentes de vegetação, já que são constituídas por ruas

e construções. Além disto, a tendência esperada com a expansão da urbanização é da

vegetação arbórea deixar de ser a matriz e se converter em manchas, sendo a nova matriz

constituída pela área construída, uma vez que as áreas atualmente cobertas por vegetação

arbórea são lotes urbanos.

7.2. VEGETAÇÃO POTENCIAL

A perda da cobertura vegetal arbórea na península ocorreu de forma diferenciada,

em função de diversos fatores. Observando-se o Mapa Síntese dos Atributos do Terreno

(Mapa I) e o Mapa de Paisagem (Mapa III), pode-se verificar a diferença entre a área

potencial e a área atualmente ocupada por cada tipo de vegetação. A tabela 10 mostra uma

síntese das áreas referentes à legenda de cada mapa.

A) B)

Figura 28 � Padrões de fragmentação da paisagem . A) Pasto e vegetação arbórea são respectivamente matriz e mancha; B) A vegetação arbórea é cortada por linhas � corredores urbanos, que neste caso funcionam também como barreiras entre as manchas.

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65

Tabela 10 � As cinco unidades de paisagem (UP) e as respectivas áreas. A área referente a cobertura vegetal natural da UP5, 403ha se refere a área com cobertura vegetal e as áreas alagadas.

Área Potencial Cobertura Vegetal Natural UP Área (ha) Área (ha) % UP1 3859 1560 40,44% UP2 1381 814 58,90% UP3 31 20 65,83% UP4 535 197 36,78% UP5 1360 403* 29,63%

7166 2591

As planícies de sedimentos litorâneos (UP4) e as planícies aluviais (UP5) são as

unidades de paisagem que apresentam maior discrepância entre a área potencial e cobertura

vegetal natural. Além disto, atualmente é impossível precisar os limites entre uma unidade

de paisagem e outra devido a alteração destes terrenos. Nos anos 80, com a construção de

marinas e a abertura de ruas estes terrenos foram muito modificados. Assim, na região de

contato destas duas unidades são encontradas elevações e áreas rebaixadas, com formas

retilíneas, como se fossem canais rasos e alagadiços. Apesar das diferenças observadas no

campo (Ver capítulo 6, item 3.5), ao nível do mapeamento os limites entre estas duas

unidades de paisagem são arbitrários, ou seja, estão baseados na geologia e no tipo de solo,

mas não são reconhecíveis nas imagens, já que apresentam a mesma forma de relevo e a

mesma fisionomia vegetal. O mesmo ocorre com os limites entre as matas das planícies

aluviais (UP5) e as fisionomias florestais do Pré-Cambriano Região dos Lagos (UP1), no

limite oeste do município.

Os terrenos de relevo mais acentuado, os morros e tabuleiros costeiros (UP2 e UP3)

são áreas de difícil acesso e provavelmente por isto, apresentam uma relação melhor entre

área �potencial� e cobertura vegetal natural do que as planícies, já que estas últimas

coincidem com áreas densamente urbanizadas ou utilizadas como lavoura e pastagem

desde o início da ocupação da região.

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7.3. VARIAÇÕES FISIONÔMICAS E VARIÁVEIS AMBIENTAIS

Os fatores condicionantes das variações na fisionomia e na estrutura da vegetação

podem ser considerados em três escalas (Bohrer, 1998): o clima e a geologia são fatores

condicionantes em uma escala regional. Na escala local, devem ser considerados o relevo e

o tipo solo, e no caso da península de Búzios, também a exposição aos ventos dominantes.

Ao nível da comunidade vegetal, a ecologia das espécies que compõe esta comunidade e o

grau de ação antrópica são condicionantes importantes na variação das fisionomias

vegetais.

O clima particularmente seco da Região de Cabo Frio, onde se localiza o município de

Armação dos Búzios, faz com que estas fisionomias florestais se diferenciem das florestas

ombrófilas predominantes na costa sudeste brasileira. Esta diferenciação, entre florestas

estacionais e florestas ombrófilas, é florísticamente consistente e está fortemente

relacionada com o regime de chuvas (Oliveira Filho & Fontes, 2000). As florestas secas

estacionais ocorrem onde à precipitação é igual ou menor que 1300 mm ao ano e

apresentam uma estação seca de 5 ou 6 meses, com menos do que 100mm (Gentry, 1995;

Graham & Dilcher, 1995 apud Pennington et al, 2000;).

Na Região de Cabo Frio a precipitação anual média é de 800mm, com uma estação

seca marcada. Esta condição climática se reflete na fisionomia da vegetação, que apresenta

um aspecto acinzentado, causado pela deciduidade de boa parte das espécies do dossel,

principalmente nos meses de seca. Além do aspecto seco das fisionomias florestais, a

predominância de grandes cactos colunares nas faces mais expostas dos costões, fez com

que esta vegetação fosse classificada como uma disjunção fisionômica da estepe nordestina

(Ururahy et al, 1987).

Segundo Araujo et al (1998) �a cobertura vegetal da Região de Cabo Frio está hoje

aparentemente condicionada pela história paleoevolutiva e pelo clima atual�, que mantém a

vegetação remanescente de uma época em que o clima era mais frio e mais seco, durante

os períodos glaciais do Pleistoceno (Ab�Saber, 1994 apud Araujo, 1997).

Vários estudos apontam para ligações florísticas entre as florestas da Região de Cabo

Frio, e do Espírito Santo e sul da Bahia, sugerindo que houve em outros tempos uma

cobertura vegetal única ligando estas áreas, embora não hajam dados que comprovem de

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forma decisiva esta hipótese (Bohrer, 1998; Araujo, 2000; Lima, 2000; Oliveira Filho &

Fontes, 2000).

Para outros autores esta vegetação é considerada como uma disjunção da caatinga, que

se aproxima da costa nesta região de baixa pluviosidade, formando uma �interrupção�, ou

enclave de vegetação seca, nas florestas pluviais (Pennington et al, 2004). Na classificação

da vegetação brasileira feita pelo Projeto RADAMBRASIL (Veloso et al, 1991) as

florestas que compõe esta �interrupção� foram classificadas como Floresta Estacional

Semidecidual e Savana Estépica (Caatinga).

Considerando a escala local, as fisionomias florestais variam de acordo com o relevo e

o tipo de solo. No levantamento preliminar da flora do Centro de Diversidade Vegetal de

Cabo Frio, (Araujo et al, 1998) abrangendo os maciços litorâneos (de Arraial do Cabo,

Cabo Frio e Armação dos Búzios), a planície alúvio-coluvial (próximo da Serra das

Emerencias) e a Serra de Sapiatiba, foram observadas as variações fisionômicas e

florísticas da vegetação arbórea e arbustiva ao longo de um gradiente de relevo e exposição

aos ventos e à salsugem.

No município de Armação dos Búzios observa-se que as matas das planícies arenosas

ou matas de restinga (Fernandes, 2002) apresentam um dossel mais baixo, com

predominância de caules finos, e grande quantidade de lianas e trepadeiras, resultando num

emaranhado denso. As matas das planícies constituídas por terrenos hidromórficos

eutróficos, (Farág, 1999) ou os poucos fragmentos remanescentes das matas sobre

planícies aluviais, apresentam porte mais alto, com maior cobertura do estrato herbáceo, e

apesar do dossel contínuo, têm um aspecto menos denso do que as primeiras. Porém, a

diferença do grau de impacto por ação antrópica dificulta a interpretação das variações

entre estas duas fisionomias florestais.

As florestas que ocorrem nos morros e nos tabuleiros costeiros apresentam de forma

geral, um porte intermediário entre as matas de restinga e das demais planícies. Nos

costões, principalmente nas vertentes voltadas para o norte e nordeste, a vegetação arbórea

é densa, apresenta dossel baixo (entre 4 e 6 metros) e composto predominantemente de

troncos finos. Nas faces dos morros voltadas para o sul e nas concavidades formadas pelas

vertentes, as matas apresentam maior porte (entre 7 e 9 metros). Nas faces dos morros

voltadas para o interior a declividade é mais suave, e a expansão da urbanização vem

descaracterizando esta vegetação. Além disto, estas áreas foram utilizadas para agricultura

e pastagens até os anos 30, enquanto que as áreas mais expostas coincidem com terrenos de

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declividade mais acentuada, de difícil acesso. Porém, nos remanescentes florestais destas

áreas mais planas é comum encontrar espécies arbóreas isoladas com o mesmo porte das

florestas das planícies de solos hidromórficos.

As restingas da região de Cabo Frio apresentam o maior número de espécies endêmicas

do litoral fluminenses (Araujo, 1997, Araujo & Maciel, 1998 Araujo, 2000). No município

de Armação dos Búzios, as praias não apresentam grande extensão e as planícies arenosas

subseqüentes encontram-se fortemente impactadas pela ação antrópica. Apesar disto, em

um levantamento florístico realizado nas restingas do município (Fernandes & Sá, 2000),

foram encontradas 15 espécies como primeiro registro de ocorrência para as restingas

fluminenses, além de espécies endêmicas locais e para o Estado.

A vegetação arbustiva e herbácea, tanto dos morros como das restingas, apresentam

variações na composição floristica, com a ocorrência de muitas espécies comuns,

provavelmente pela proximidade entre os dois ambientes (Fernandes & Sá, 2000). No caso

das restingas, a composição florística desta vegetação vai variar em função principalmente

do grau de conservação dos remanescentes (Araujo & Henriques, 1984).

No município de Búzios nota-se, avaliando visualmente, que as áreas perturbadas

tendem a apresentar grandes áreas dominadas por poucas espécies. Por exemplo, a Praia do

Canto e da Tartaruga tiveram esta vegetação praticamente eliminada, hoje se observa na

primeira à dominância da Leguminosa Caesalpinia bonduc enquanto que na Praia da

Tartaruga, Sebastiania nervosa forma um dossel baixo e uniforme, onde sobressaem

indivíduos isolados de Pilosocereus arrabidea e outros de Jacquinia anularis. É comum

observar nos terrenos que tiveram a vegetação eliminada pelo fogo, a regeneração de

Alagoptera arenaria de forma exclusiva.

7.4. VARIAÇÕES NA ESTRUTURA E NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA VEGETAÇÃO

ARBÓREA

A composição florística das fisionomias florestais do município de Armação dos

Búzios apresenta as famílias Myrtaceae e Leguminosae como as mais ricas em espécies,

fato comum entre as florestas da Mata Atlântica (Peixoto & Gentry, 1990), não só nas

florestas ombrófilas (Lima & Guedes � Bruni, 1994) como também para as demais

formações florestais (Morellato, 1992; Araujo, 2000). Outra característica desta vegetação

é a riqueza da família Euphorbiaceae e a baixa frequencia de Lauraceae, fato este já

observado por Araujo et al (1998) para a Região de Cabo Frio como um todo.

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A estrutura da vegetação arbórea amostrada difere, em relação a alguns parâmetros,

dos estudos anteriores realizados em Búzios (Farág, 1999; Lobão & Kurtz, 2000;

Fernandes, 2002). A vegetação dos morros e dos tabuleiros costeiros amostrada neste

trabalho apresentou densidade muito maior que as matas de restinga (UP5). Lobão &

Kurtz, (2000), em trabalho realizado na Praia da Gorda, encontraram 3.120 ind/ha e

Fernandes (2001) 3.570 ind/ha, enquanto que no presente estudo, usando o mesmo

parâmetro de inclusão (DAP 2,5 cm) a densidade encontrada na Unidade 2 foi de 6.071

ind/ha, e na Unidade 3 de 6.200 ind/ha.

A distribuição de classes de diâmetro pode explicar a diferença de densidade entre

as duas áreas. Fernandes (2002) encontrou uma proporção de 44% dos indivíduos

amostrados com diâmetros entre 2.5 e 5cm, enquanto que neste estudo a proporção foi de

57 % na UP2 e de 61% na UP3. No caso das matas sobre terrenos hidromórficos (UP1), a

densidade de indivíduos encontrada por Farág (1999) foi de 2426 ind/ha, utilizando como

parâmetro de inclusão DAP 5 cm. No presente estudo, considerando este mesmo

parâmetro as densidades encontradas foram de 2.600 ind/ha na UP2 e 2400 ind/ha na UP3.

Neste ponto, esta vegetação e a amostrada no presente estudo, são estruturalmente

semelhantes.

Considerando outras fisionomias florestais da Região de Cabo Frio, a vegetação

arbórea de restinga do município de Armação dos Búzios (Lobão & Kurtz, 2000;

Fernandes, 2002) apresenta valor intermediário entre as matas de restinga de Jacarepiá (Sá,

1993) e Arraial do Cabo (Fonseca � Kruel, 2002), e a floresta de restinga da estação da

Marinha de Campos Novos (Rezende, 2004). Nas duas primeiras áreas os valores

encontrados foram 2.756 ind/ha e 2.960 ind/ha respectivamente, enquanto que para na

última área mencionada foram encontrados 4.140 ind/ha Em todos os estudos a maior

densidade encontrada está na primeira classe de diâmetro, entre 2,5 e 5 cm.

Comparando a densidade encontrada para a vegetação arbórea de tabuleiros

costeiros do presente estudo (UP3) com a mata de Linhares, Espírito Santo (Peixoto &

Gentry, 1990), nota-se que a densidade na classe de diâmetro entre 2,5 e 5 cm é bem maior

na vegetação arbórea de Búzios (6.200 ind/ha) do que em Linhares (4.443 ind/ha). Já para

indivíduos acima de 10 cm de diâmetro, o valor encontrado em Búzios foi de 933 ind/ha,

próximo ao valor encontrado em Linhares, 990 ind/há. Na floresta sobre tabuleiros no

norte do Estado do Rio de Janeiro estudada por Silva & Nascimento (2001), a densidade

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encontrada foi de 564 ind/há. Porém, este valor muito alto de Búzios pode ter influencia

da metodologia da amostragem, pois as parcelas, 3x100 m2, não eram eqüidistantes, e sim

sorteadas em uma área total de 20 ha.

Os resultados indicam que os morros e tabuleiros costeiros de Búzios apresentam

uma densidade total maior do que as demais áreas, tanto do município como fora do

mesmo, concentrada nas primeira classes de diâmetro.

Nas florestas de restinga parece ser comum a ocorrência de troncos perfilhados,

geralmente a partir de rebrota, o que pode ser considerado uma vantagem competitiva por

conquista de espaço, na medida em que estas plantas precisam investir menos em raízes. O

corte raso origina este tipo de rebrota, e já que nem todas espécies apresentam esta

característica, o ambiente recolonizado pode ser muito diferente do original (Sá, 1993).

No presente estudo foi encontrada uma proporção de caules perfilhados em torno de

24% na UP2 e de 38% na UP3, enquanto que Fernandes (2002) encontrou 0,33% na UP5.

Nas parcelas amostradas a proporção de indivíduos com esta característica é muito variada.

As parcelas que apresentaram maior proporção de indivíduos com troncos múltiplos foram

P5 (UP2) e P3 (UP3). A primeira é uma área exposta, voltada para o norte/nordeste e é a

mais impactada pela ação antrópica das áreas amostradas. A parcela P3 também é uma área

exposta e deve ter sofrido corte seletivo de madeira no passado, fato denunciado pela

presença de alguns indivíduos remanescentes com diâmetros muito maiores do que os

demais, considerando todas as parcelas.

Na Região de Cabo Frio como um todo e em Búzios particularmente, os fatores

ambientais não propiciam a formação de florestas de grande porte. (Farág, 1999;

Fernandes, 2001). Dentre as áreas estudadas, as matas sobre planícies constituídas por

terrenos hidromórficos eutróficos (UP1) são as de maior porte, com a média de altura em

torno de 10 metros, com indivíduos emergentes em torno de 17 metros (Farág, 1999). A

mata de restinga (UP5) estudada por Fernandes (2002) apresenta maior concentração de

freqüência de altura entre 3,5 e 4,5m, com indivíduos emergentes em torno de 9,5m.

Considerando as duas Unidades de paisagem amostradas, a parcela P2, localizada

em uma área mais plana no topo do tabuleiro da Formação Barreiras, foi a que apresentou

melhor distribuição de classes de altura e indivíduos mais altos, enquanto que a P5,

estabelecida em uma área fortemente impactada, apresentou 50% dos indivíduos

amostrados com altura entre 2,5 e 3,5m.

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Na análise de agrupamento entre as parcelas e na ordenação da vegetação

amostrada (Figuras 22 e 23), as parcelas aonde a vegetação atinge maior porte, que

correspondem às áreas mais protegidas do vento e melhor preservadas, ficaram separadas

das outras de menor porte, em áreas mais expostas e mais impactadas. É importante

observar dois pontos: a parcela P2 apesar de aparentemente estar em uma área mais

exposta, voltada para o norte, foi estabelecida em um local mais distante da borda. O

segundo ponto é relativo à parcela P3, também na Formação Barreiras, porém em um local

mais exposto. No gráfico resultante da ordenação indireta (Figura 23), esta parcela fica

isolada, provavelmente devido à ocorrência de um único indivíduo com o diâmetro duas

vezes maior do que o maior diâmetro de todas as parcelas. Este fato pode indicar que esta

fisionomia florestal � sobre solos da Formação Barreiras (UP3) � deveria ter um porte

maior no passado, superior as matas dos morros costeiros e das matas de restinga, se

igualando a vegetação estudada por Farág (1999) e provavelmente as florestas

semideciduais do norte do Estado sobre solos do Grupo Barreiras (Silva & Nascimento,

2001).

As florestas secas e as semideciduais podem ser diferenciadas pela riqueza de

espécies que apresentam. Segundo Gentry (1995), considerando indivíduos com diâmetro a

1,30 do solo 2,5 cm em uma área de 0,1ha, as florestas secas têm entre 50 e 70 espécies e

as semideciduais entre 100 e 150 espécies usando os mesmos parâmetros. Foram

realizados quatro estudos fitossociológicos em Búzios até a presente data. Farág (1999),

num trecho de floresta de planície em terrenos hidromórficos (UP1) relata que o número de

espécies encontrado está entre 50 e 70; Já Fernandes (2002) em uma mata sobre planícies

arenosas encontrou 74 espécies. Lobão & Kurtz, (2000) também estudaram um trecho de

mata semelhante ao de Fernandes (UP5) encontraram 25 espécies, porém a área amostrada

segundo os autores mostrava-se muito impactada por antropismos.

No presente estudo, considerando a área total amostrada, foram encontradas 118

espécies. Apesar deste resultado não ser comparável diretamente com os anteriores devido

a disposição das parcelas, este número pode ser encarado como um dado preliminar da

riqueza destas fisionomias florestais. Assim, considerando as Unidades e as respectivas

áreas amostrais, na UP2 foram encontradas 77 espécies em 700m2, enquanto que na UP3

foram inventariadas 62 espécies em 300m2.

Os resultados das análises de agrupamento e ordenação da vegetação com os dados

de composição florística apresentaram uma relação maior com o tipo de solo do que as

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análises feitas com os dados estruturais. No dendrograma e no gráfico resultante da

ordenação (Figura 20 e 21), pode-se ver que as parcelas da UP3, sobre solos distróficos da

Formação Barreiras ficaram separadas das demais parcelas. As parcelas da Unidade de

paisagem 2 ficaram divididas nos mesmos grupos (ordenação usando dados estruturais), as

parcelas localizadas nas áreas voltadas para o norte daquelas voltadas para o sul.

Nas análises de agrupamento e ordenação feitas com dois estudos realizados em

Búzios (Farág, 1999; Fernandes, 2002) além do presente, outras áreas do Centro de

Diversidade Vegetal de Cabo Frio, (Sá 1993; Fonseca-Kruel, 2002; Resende, 2004), e a

Mata do Carvão (Silva & Nascimento, 2001), as unidades de paisagem consideradas no

presente estudo foram diferenciadas, evidenciando a relação entre os fatores físicos e a

vegetação.

No dendrograma resultantes da classificação (Figuras 25) e no gráfico de ordenação

(Figuras 26) pode-se observar que as fisionomias florestais dos morros e tabuleiros

costeiros estão numa posição intermediária entre as matas de restinga ou matas sobre solos

arenosos e as matas semideciduais da Formação Barreiras (CV) e dos terrenos

hidromórficos eutróficos (BZ2). Esta posição intermediária pode ser explicada pela

proximidade geográfica com as matas de restinga e pelos fatores ambientais, como vento e

salinidade, que são comuns, e ao mesmo tempo, a geologia e o tipo de solo, aproxima as

matas dos morros e tabuleiros das matas semideciduais (BZ2). Porém, como a ação

antrópica altera a estrutura e a composição florística da vegetação, para uma análise mais

aprofundada de similaridade entre as matas dos tabuleiros de Búzios e aquelas do norte do

Estado, é necessário um estudo específico para esta fisionomia florestal.

7.5. PRIORIDADES DE CONSERVAÇÃO

Existem hoje duas Áreas de Proteção Ambiental (APA) e uma área Tombada no

município de Armação dos Búzios (Figura 29). A APA do Pau Brasil foi decretada em

6/6/2002, e está ainda sendo regulamentada. Abrange uma área de 9940 ha km2 e extrapola

os limites de Búzios, constituindo-se no maior remanescente de cobertura vegetal natural

do município. Porém, o crescimento da urbanização está fragmentando esta vegetação,

isolando a Serra das Emerencias das planícies a oeste. Além da fisionomia arbórea,

ocorrem formações arbustivas e herbáceas típicas de restinga, que até a presente data não

foram estudadas. A heterogeneidade e a importância da vegetação, que abriga espécies

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ameaçadas e endêmicas (Farág, 1999), requerem um estudo que inclua o mapeamento das

diferentes fisionomias, levantamento florístico da cobertura vegetal e um plano de manejo

para toda área.

A APA da Azeda, na Praia de mesmo nome, apesar de ter sido aprovada pela

câmara em 19 de agosto de 1998, ainda não foi efetivada a regulamentação nem os limites

definidos até o momento. Apesar de abrigar espécies endêmicas, como Pilosocereus ulei, e

espécies ameaçadas de extinção como a bromélia Neoregelia cruenta entre outras, esta

área encontra-se fortemente impactada, podendo-se observar no local a presença de lixo e

de diversas trilhas. Um projeto que vise à recuperação e a proteção da vegetação

remanescente é imperativo para a preservação e manejo desta área.

Quanto às áreas tombadas, os critérios para o uso os limites efetivos das mesmas

não estão claros ainda. Estas áreas abrangem as encostas dos morros voltadas para o

oceano e abrigam várias fisionomias vegetais, além de espécies (Ver lista anexo II) que

não foram ainda citadas para a Região de Cabo Frio (Araujo et al, 1998; Farag, 1999;

Fernandes, 2002; Resende, 2004; Fonseca-Kruel, 2002; Sá, 1993). Apesar da declividade

acentuada que predomina nestas áreas dificultar o acesso as mesmas, existem ruas

periféricas em toda extensão que estão isolando as manchas remanescentes de vegetação

através da expansão das áreas de borda criadas por estas ruas. A efetivação das áreas de

tombamento, assim como de outras medidas que visem à recuperação e preservação desta

vegetação é fundamental para manutenção da paisagem natural do município.

Os morros e tabuleiros costeiros no limite noroeste do município abrigam uma das

poucas populações naturais de Pau Brasil (Caesalpinia echinata). Apesar da vegetação

remanescente da Formação Barreiras estar relativamente protegida � ZCVS � Zona de

Conservação da Vida Silvestre, os terrenos vizinhos são pastos, que são constantemente

queimados ou áreas que estão sendo urbanizadas.

A vegetação arbórea sobre solos arenosos não tem hoje qualquer tipo de proteção, e

os últimos fragmentos remanescentes desta fisionomia estão em áreas residenciais, onde a

lei não exige nenhuma área de manutenção da vegetação dentro dos lotes. As fisionomias

vegetais que ocorrem nas praias, apesar de estarem protegidas teoricamente, na prática o

uso e a instalação de quiosques eliminaram boa parte da vegetação. Apesar disto,

Fernandes e Sá (2000) encontraram 15 espécies como primeiro registro de ocorrência para

as restingas fluminenses.

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Figuara 29 � Áreas de preservação e de tombamento.

Os estudos de paisagens fragmentadas objetivam responder a perguntas de ordem

prática, relativos a sua conservação (Rodrigues et al, 2003). Assim, buscou-se neste

trabalho levantar dados que possibilitem a execução de planos de recuperação e

preservação da vegetação natural do município. Desta forma, as diferentes fisionomias da

vegetação foram identificadas, descritas e mapeadas. Os dados resultantes da análise da

estrutura e da composição florística dos morros e tabuleiros costeiros, somados aos estudos

Áreas Tombadas

N

APA do Pau Brasil

APA da Azeda Área

Tombada

Áreas Tombadas

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anteriores, referentes às planícies arenosas (Fernandes, 2002) e as planícies sobre solos de

formação mais antiga (Farág, 1999), possibilitaram uma visão da vegetação da península

como um todo, bem como do seu estado de conservação.

Além do mapa de vegetação, que por si só traz informações necessárias para a

execução de um projeto de conservação, o mapa da paisagem possibilita um entendimento

mais completo das fisionomias vegetais, na medida em que informa sobre os fatores físicos

que podem estar influenciando ou possibilitando o desenvolvimento da vegetação. Através

dos mapas gerados foi possível uma avaliação das mudanças na paisagem nos últimos 20

anos, bem como a visualização dos padrões de fragmentação resultantes da ação antrópica.

Para complementar o conhecimento da vegetação da península de Búzios e

adjacências, dois projetos deveriam ser feitos: o mapeamento da vegetação da APA do Pau

Brasil e o levantamento florístico das matas da Formação Barreiras, ambos projetos

extrapolam os limites do município.

Além das questões colocadas, os projetos de recuperação e preservação da

vegetação remanescente do município, devem incluir planos de educação ambiental, no

sentido da valorização estética e paisagística do patrimônio natural.

Esperamos que este trabalho seja efetivamente uma base para ações de conservação

no município, e que seja capaz de despertar em outros pesquisadores, o fascínio necessário

para execução de trabalhos futuros na península de Búzios e na Região de Cabo Frio.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ii

ANEXO II – Lista de todas as espécies coletadas. UP= Unidade de Paisagem. Espécies*= não mencionada nos estudos anteriores no Município de Armação dos Búzios e nas florestas costeiras analisadas no presente estudo.

Família Espécie UP

Acanthaceae Justicia brasiliana Roth 3;Pseuderanthenus sp. 1; 3;

Achatocarpaceae Achatocarpos sp 4;Amaranthaceae Alternanthera brasiliana (L.) O.Ktze 4;

Annonaceae Annona acutifolia (Mart.) Safford 3;Hornschuchia alba Nees * 2; 3;

Rollinia sp 2;Annonaceae indet 1 2;

Anacardiaceae Astronium graveolens Jacq. 2; 3; Astronium sp1 3;

Schinus terebinthifolius Raddi 1; 2; 3; 4; 5 Tapirira guianensis Aubl. 3;

Apocynaceae Aspidosperma pyricollum Muell. Arg. 3;Aspidosperma ramiflorum Muell. Arg. 2;

Apocynaceae indet 1 4; Apocynaceae indet 2 4;

Arecaceae Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze 2; 4 Asclepiadaceae Asclepiadaceae sp 4;

Asteraceae Vernonia scorpioides (Lam.) Pers. 2; 3; Asteraceae indet 1 5;

Asteraceae indet 2 2; Bignoniaceae Adenocalymma comosum Bur. 1; 3;

Arrabidea agnus castus D.C. 1; 2; 3;

Tabebuia chrysotricha (Mart.) Standl. 1; 2; Tabebuia roseo-alba (Ridley) Sandw. 2;

Bignoniaceae indet 1 2; 3;

Bignoniaceae indet 2 4; Bignoniaceae indet 3 2;

Bignoniaceae indet 4 2; 4;

Bignoniaceae indet 5 2; Bignoniaceae indet 6 4;

Bombacaceae Chorisia speciosa A. St.-Hil. 3; Pseudobombax grandiflorum (Cav.) Robyns 1; 2; 3; Quararibea turbinata (Sw.) Poir. 2;

Boraginaceae Tournefortia sp 3;

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iii

ANEXO II – Continuação

Família Espécie UP Boraginaceae Cordia sp 1 2;

Cordia sp 2 4;Bromeliaceae Aechemea bromelifolia (Rudge) Baker 4; Cactaceae Opuntia brasiliensis (Willd.) Haw. 2;

Pereskia aculeata Mill. 2;4; Pilosocereus ulei (K. Schum.) Byles & Rowley 2; Pereschia aff aculeata 2;

Calyceraceae Acicarpha spathulata Pers * 4; Capparaceae Capparaceae indet 1 2;

Capparidastrum brasilianum (DC) Hutch 1; 2; 3; 4; 5 Capparis flexuosa Vell. 1; 2; 3; 4; 5 Capparis lineata Pers. 5; Crataeva tapia L. 4;Capparis sp 1 2;Capparis sp 2 2;

Celastraceae Celastraceae indet 1 4; Celastraceae indet 2 3; Maytenus obtusifolia Mart. 2;Maytenus sp 1 2;4; Maytenus sp 2 2;4;

Chrysobalanaceae Chrysobalanaceae indet 3;Clusiaceae Clusia fluminensis Planch. & Triana 1; 2; 3; 4;

Kielmeyera membranacea Casar. 1; 2; 4; Commelinaceae Dichorisandra sp 1; 2; Connaraceae Connarus nodosus Baker 3;Dioscoreacae Dioscorea sp. 3;Ebanaceae Diospyros inconstans (Jacq.) Griseb. 1; 2; 3; 4; 5 Eleocarpaceae Sloanea monosperma Vell. 3; Erythroxylaceae Erythroxylum aff passerinum Mart. 3; 4;

Erythroxylum ovalifolium Peyer 4;Erythroxylum pulchrum St. Hil. 2;Erythroxylum subrotundum St. 2; 3;

Euphorbiaceae Actinostemon communis (Muell.Arg.) Pax 1; 2; 3; 4; 5 Actinostemon concolor (Spreng.) Muell. Arg. 1; 2; 3; 5 Croton floribundus Spreng. 1; 2; 3; 4; Maniinot tripartita (Spreng.) Muell. Arg. 2; Margaritaria nobilis L. f. 2;Pachystroma ilicifolium (Nees) Muell Arg. 1; 2; 3; 4; 5

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iv

ANEXO II – Continuação

Família Espécie UP Euphorbiaceae Phylira brasiliensis Muell Arg. 2;

Phyllanthus sp 2; 3; Sebastiania brasiliensis Spreng. 1; 3; Sebastiania nervosa Müll Arg 1; 2; 3; 4; Euphorbiaceae indet 1 2; Euphorbiaceae indet 2 2; 3; Euphorbiaceae indet 3 4; Euphorbiaceae indet 4 3;

Flacourtiaceae Banara aff brasiliensis (Schott) Benth. 2; 3; 5 Casearia aff silvestris Sw. 5;

Herreriaceae Herreria sp 2;Hippocrateaceae Hippocrateaceae indet 1 3; 4;

Hippocrateaceae indet 2 2; Hippocrateaceae indet 3 3; Hippocrateaceae indet 4 3;

Indeterminada 1 3; Indeterminada 2 3; Indeterminada 3 3; Indeterminada 4 4; Labiata Labiata indet 1 2; Lauraceae Ocotea sp 3; Lauraceae indet 1 3; Lecythidaceae Cariniana legalis (Mart.) Kuntze 1;

Eschweilera compressa (Vell) Miers 3;Leg Caes Bauhinia microstachya (Raddi) 2; 3;

Bauhinia raddiana Bong. 3; Bauhinia smilacina* (Schott.) Steudel 2; 3; 4; Caesalpinea echinata Lam. 1; 3; Caesalpinea ferrea Mart. 1; 3; Chamaecrista ensiformis (Vell.) I. & B. 2; 3; Copaifera lucens Dwyer. 3;Peltogyne discolor Vog. 2;

Leg Pap Acosmium lentiscifolium Spreng. 2; 3; Machaerium brasiliense Vog. 3;Machaerium incorruptile (Vell.) Fr. All. 1; 5; Machaerium lanceolatum (Vell.) Macbr. 3; 4; Machaerium leucopterum Vog. 2;Machaerium oblongifolium Vog. 3;

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v

ANEXO II – Continuação

Família Espécie UP Leg Pap Machaerium pedicellatum Vog. 2;

Machaerium sp 3;Dalbergia frutescens (Vell.) Britton 3;Galactia sp. 2; 3; 4;

Lonchocarpus virgilioides Benth 2;Myrocarpus fastigiatus Fr. All. 2; 3; Platymicium floribundum var. nitens (Vog) Klitgaard 2; Platymiscium floribundum var floribundum Vog. 2;Pterocarpus rohrii Vahl 2; 3; Sophora tomentosa L. 4;

Swartzia glazioviana Taub 3;Zollernia glabra (Spreng.) Yakovlev 2; 3;

Leg. Mim Abarema cochilicarpos (Gomes) Barn. & Grimes* 1; 3; 5; Albizia polycephala (Benth.) Killip 3; 5; Inga laurina Willd 2; 4; Inga maritima Mart. 4; 5; Mimosa bimucronata (Taub.) Barneby 2;

Parapiptadenia pterosperma (Benth.) Brenan 1; 3; Pseudopiptadenia contorta (DC.) Lew. & Lima 1; 3;

Loganaceae Strychnos parvifolia A DC. 2; 4; Malpighiaceae Byrsonima sericea DC. 2; 4;

Heteropteris chyisophylla (Lam.) Kunth. 4; Malpighiaceae indet 1 2; 4; Malpighiaceae indet 2 3; Malpighiaceae indet 3 2;

Malpighiaceae indet 4 3; Malpighiaceae indet 5 2; Malpighiaceae indet 6 5;

Malvaceae Abutilon purpurascens K. Schum. 2; 3; Melastomataceae Tibouchina sp 2;Meliaceae Trichilia casaretti C. DC. 2; 3;

Trichilia pseudostipularis (A Juss) C. DC. 4;

Trichilia sp 2; 3; Menispermaceae Chondrodendron platyphyllum (A. St. Hil. ) Miers. 3;

Menispermaceae indet1 2; Moraceae Ficus cf clusiifolia Schott 4;

Ficus sp 4;Sorocea sp 3;

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vi

ANEXO II – Continuação

Família Espécie UP Moraceae Moraceae indet 1 1; 5;

Moraceae indet 2 1; 5; Moraceae Moraceae indet 3 3; Myrsinaceae Myrsine parvifolia DC. 2; 3; Myrtaceae cf Calyptrantes sp 2;

Campomanesia schlechtendaliana (Berg) Nied 2; 3; 4; Eugenia aff.copacabanencis Kidersk. 2; Eugenia arenaria Camb. 2; 3; 4; Eugenia copacabanensis Kiaersk. 2;Eugenia neonitida Sobral * 1; 2; 4; Eugenia neosilvestris Sobral * 2;

Eugenia olivacea Berg * 2; 3; Eugenia repanda Berg. 2; Eugenia rotundifolia Casar. 2; 3;

Eugenia tinguyensis Cambess. * 2; 3; Eugenia uniflora L. 1; 2; 3; 4; 5 Eugenia sp1 2;Eugenia sp2 2;Eugenia sp3 2;Eugenia sp4 2; 3; Eugenia sp5 2; 4; Eugenia sp6 2;Myrcia aff ovata Cambess. 2; 3; Myrcia aff pubipetala Mq. 3; Myrcia sp1 2;Myrciaria floribunda (West) Berg 2;Myrciaria glazioviana (Kiaresk.) G.M.Barroso 2;Myrciaria glomerata O. Berg. 3; Myrciaria aff trucifolia O. Berg. 2; Myrciaria sp 1 2;Plinia glazioviana Kiarersk. 2; Plinia ilhensis G.M. Barroso 2; 4; Plinia sp 2;Psidium cattleyanum Sabine 2;Psidium guineensis Swartz 3;Psidium sp 2;

Myrtaceae indet 1 2; 4; Myrtaceae indet. 2 3;

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vii

ANEXO II – Continuação

Família Espécie UP Myrtaceae Myrtaceae indet 3 4; Myrtaceae indet 4 2; Myrtaceae indet 5 3; 4; Myrtaceae indet 6 2; 3; Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz 1; 2; 3; 4; 5

Pisonia aculeata L. 4;Guapira aff opposita 2;Guapira aff pernambucensis (Casar.) Lundell 4;

Ochnaceae Ouratea cuspidata (A. St. Hil.) Engl. 4;Ouratea sp 2;

Olacaceae Cathedra rubricaulis Miers 4; Heisteria perianthomega (Vell.) Sleumer 3;Olacaceae indet1 3;

Opiliaceae Agonandra exelsa Grisebach 2; Passifloraceae Passiflora alata Dryand 2; 3; Piperaceae Peperomia nitida * Dahlst. 2;

Piper amalago (Jacq.) Yunker 4; 5; Poaceae Raddia brasiliensis Bertold 2; 3; Polygalaceae Polygalaceae indet 1 2;

Polygalaceae indet 2 3; Polygonaceae Coccoloba alnifolia Cas. 3;

Coccoloba sp1 2;Poligonum sp 2;Polygonaceae indet 1 2;

Polygonaceae indet 2 2; Rhamnanaceae Colubrina retusa (Pittier) R. S. Cowan * 2;

Condalia buxifolia Reissek 1; 2; 4; Scutia arenicola (Cassar) Reissek 4;Ramnaceae sp1 3;

Rubiaceae Alseis involuta Schum. 2;Alseis pickelii Pilger & Schmale 2;Coussarea capitata (Benth.) Müll. Arg. 2; Coutarea hexandra (Jacq.) Schum. 5;Faramea campanularis Muell. Arg.* 2; 3; Mannetia fimbriata Cham. & Schltdl. * 4; Melanopsidium nigrum Cels 3;Psychotria carthaginensis Jacq. 4;Randia armata (Sw.) DC. 2; 3;

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viii

ANEXO II – Continuação

Família Espécie UP Rubiaceae Rudgea coronata (Vell.) Muell. Arg. 2;

Rudgea umbrosa Muell. Arg. 2; Simira sp 2;

Rutaceae Alimeidea sp 3;Almeidea rubra A. St. Hil. 3; Conchocarpos aff ovatus (A. St.-Hil. & Tul.) Kallunki & Pirani 2;

Rutaceae Esenbeckia grandiflora Mart. 3;Metrodorea brevifolia Engl 2;

Rutaceae indet 2; Zanthoxylum rhoifolium Lam. 3;Zanthoxylum tingoassuiba A. St. Hil. * 2; 3;

Sapindaceae Allophylus puberulus Radlk. 1; 2; 3; 4; 5 cf Dijania sp 3; Cupania racemosa (Vell.) Radlk. 3;Cupania sp1 3; 5; Paullinia racemosa Wawra 2;Paulinia sp1 2; 3; Paullinia sp2 3;cf Ryania sp 3; Serjania sp 1 3;

Sapotaceae Talisia intermedia Radlk 3;Chrysophyllum januariense Eichl. 2;Chrysophyllum lucentifolium Cronq. 2;Manilkara salzmanii (A. DC.) Lam. 2;Pouteria grandiflora (A. DC.) Baehni 4;Pouteria sp 1 2;Pouteria sp 2 3;Pradosia lactescens (Vell.) Radlk. 3;Pradosia aff latescens 2;Sideroxylon obtusifolium Humb. exRoem. & Schult.)T.D.Penn 1; 2; 3; 4;

Sapotaceae indet 1 3; Sapotaceae indet 2 2;

Simaroubaceae Picramnia ramiflora Planchon 3;Picramia aff. ramiflora Planchon 3;Picramia sp 3;

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ix

ANEXO II – Continuação

Família Espécie Smilacaceae Smilax sp. Solanaceae Solanaceae sp1

Solanum spTheophrastaceae Jacquinia armillaris JacqTrigoniaceae Trigonia aff eriosperma (Lam.) Fromm & Santos Ulmaceae Celtis sp

Trema micrantha (L.) BlumeVerbenaceae Petrea sp Verbenaceae indet1 Violaceae Rinorea laevigata (Sol. Ex Ging.) HekkingVitaceae Cissus paullinifolia Vell.

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x

ANEXO III

Lista das famílias amostradas na Unidade 2 ordenadas por ordem decrescente de Valor de

Cobertura (VC). Nind = número de indivíduos; Spp = número de espécies; Dri =

densidade relativa; DoRi = dominância relativa;

UNIDADE DE PAISAGEM 2 FAMÍLIA Nind Spp Dri DoRi VCEuphorbiaceae 79 6 18,59 23,21 41,79 Leguminosae Papilonoidea 51 7 12,00 16,61 28,61 Rubiaceae 62 5 14,59 7,84 22,42 Nyctaginaceae 27 2 6,35 15,54 21,89 Violaceae 48 1 11,29 4,35 15,64 Myrtaceae 25 16 5,88 7,84 13,72 Bombacaceae 18 2 4,24 3,92 8,15 Sapindaceae 17 3 4,00 3,67 7,67 Apocynaceae 10 1 2,35 3,95 6,30 Bignoniaceae 13 5 3,06 1,94 5,00 Rutaceae 13 3 3,06 1,46 4,52 Capparaceae 15 3 3,53 0,49 4,02 Meliaceae 9 1 2,12 0,84 2,96 Amnonaceae 5 2 1,18 1,73 2,90 Celastraceae 3 2 0,71 2,13 2,84 Cactaceae 5 2 1,18 0,91 2,08 Clusiaceae 3 2 0,71 1,08 1,79 Anacardiaceae 5 1 1,18 0,46 1,64 Polygonaceae 3 2 0,71 0,45 1,15 Sapotaceae 3 2 0,71 0,44 1,14 Opiliaceae 1 1 0,24 0,59 0,82 Erythroxylaceae 2 1 0,47 0,16 0,63 Leg. Mim 2 1 0,47 0,13 0,60 Indeterminada 4 1 1 0,24 0,13 0,36 Menispermaceae 1 1 0,24 0,05 0,29 Loganaceae 1 1 0,24 0,04 0,28 Ramnaceae 1 1 0,24 0,04 0,27 Vitaceae 1 1 0,24 0,03 0,26 Ocnaceae 1 1 0,24 0,02 0,26

425 77 100 100 200

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xi

ANEXO IVLista das espécies amostradas na Unidade 2 ordenadas por ordem decrescente de Valor de Cobertura (VC).

Nind = número de indivíduos; Dri = densidade relativa; DoRi = dominância relativa;

UNIDADE DE PAISAGEM 2 ESPÉCIE NIND Dri DoRi VCPachystroma ilicifolium 23 5,41 18,57 23,98 Guapira opposita 25 5,88 15,49 21,37 Rinorea laevigata 48 11,29 4,35 15,64 Acosmium lentiscifolium 21 4,94 8,99 13,93 Rudgea umbrosa 43 10,12 2,54 12,66 Actinostemom communis 41 9,65 1,44 11,08 Pterocarpus rohri 16 3,76 3,04 6,81 Pseudobombax grandiflorum 13 3,06 3,44 6,50 Aspidosperma ramiflorum 10 2,35 3,95 6,30 Alseis pickelii 1 0,24 4,47 4,71 Coussarea capitata 16 3,76 0,78 4,54 Eugenia rotundifolia 3 0,71 3,47 4,18 Chrysophilum cf lucentifolium 6 1,41 2,75 4,16 Zanthoxylum tinguassuiba 9 2,12 1,33 3,45 Capparidastrum brasilianum 12 2,82 0,34 3,16 Trichilia sp 9 2,12 0,84 2,96 Paulinia racemosa 9 2,12 0,70 2,82 Machaerium pedicelatum 5 1,18 1,61 2,78 Phylira brasiliensis 7 1,65 1,08 2,73 Maytenus obtusifolia 2 0,47 2,10 2,57 Tabebuia roseo alba 5 1,18 1,39 2,56 Phyllanthus 5 1,18 1,04 2,21 Machaerium leocopterum 4 0,94 1,25 2,19 Rollinia sp 4 0,94 1,14 2,08 Lonchocarpus virgilioides 3 0,71 1,33 2,04 Eugenia copacabanensis 3 0,71 1,14 1,84 Guaribea turbinata 5 1,18 0,48 1,66 Astronium graveolens 5 1,18 0,46 1,64 Euphorbiaceae sp2 2 0,47 1,06 1,53 Clusia fluminensis 2 0,47 1,03 1,50 Opuncia arborea 4 0,94 0,43 1,37 Myrtaceae indet1 3 0,71 0,54 1,25 Bignoniaceae sp9 4 0,94 0,28 1,22 Eugenia tinguyensis 2 0,47 0,40 0,87 Myrcia aff ovata 2 0,47 0,39 0,86 Agonandra 1 0,24 0,59 0,82 Amnonaceae indet1 1 0,24 0,59 0,82 Conchocarpos aff ovatus 3 0,71 0,11 0,81 Cocoloba sp1 2 0,47 0,28 0,75 Plinia sp 1 0,24 0,50 0,73 Campomanesia schechtendaliana 2 0,47 0,26 0,73

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xii

ANEXO V

Lista das famílias amostradas na Unidade 3 ordenadas por ordem decrescente de Valor de

Cobertura (VC). Nind = número de indivíduos; Spp = número de espécies; Dri =

densidade relativa; DoRi = dominância relativa;

UNIDADE DE PAISAGEM 3 FAMÍLIA Nind Nspp Dri DoRi VCLeguminosae Mimosoidea 6 2 3,23 39,67 42,90 Leguminosae Papilonoidea 44 7 23,66 14,20 37,85 Euphorbiaceae 39 7 20,97 10,43 31,40 Olacaceae 13 2 6,99 5,74 12,72 Myrtaceae 13 8 6,99 2,93 9,92 Nyctaginaceae 10 1 5,38 3,90 9,28 Myrsinaceae 10 1 5,38 3,20 8,57 Sapindaceae 7 3 3,7634 4,36 8,13 Rutaceae 4 3 2,15 5,63 7,78 Lauraceae 5 2 2,69 1,81 4,50 Clusiaceae 4 1 2,15 0,52 2,67 indet 3 3 1 1,61 0,62 2,23 Bignoniaceae 2 2 1,08 1,07 2,14 Sapotaceae 2 2 1,08 0,95 2,03 Bombacaceae 3 2 1,61 0,33 1,95 Amnonaceae 3 1 1,61 0,22 1,83 indet 1 1 1 0,54 1,22 1,76 Flacourtiaceae 1 1 0,54 1,06 1,60 Rubiaceae 2 2 1,08 0,26 1,33 Erythroxylaceae 2 1 1,08 0,15 1,22 Anacardiaceae 1 1 0,54 0,48 1,02 Celastraceae 1 1 0,54 0,24 0,78 Anacardiaceae 1 1 0,54 0,21 0,75 Loganaceae 1 1 0,54 0,14 0,68 Chrysobalanaceae 1 1 0,54 0,13 0,67 Simaroubaceae 1 1 0,54 0,10 0,63 Meliaceae 1 1 0,54 0,08 0,62 indet 2 1 1 0,54 0,07 0,60 Hipocrateaceae 1 1 0,54 0,07 0,60 Cactaceae 1 1 0,54 0,05 0,59 Apocynaceae 1 1 0,54 0,04 0,58 Verbenaceae 1 1 0,54 0,13 0,67

186 62 100 100 200

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xiii

ANEXO V - Continuação

UNIDADE DE PAISAGEM 2ESPÉCIE NIND Dri DoRi VC Pilosocereus ulei 1 0,24 0,48 0,71 Allophyllus puberulus 2 0,47 0,22 0,69 Myrciaria floribunda 1 0,24 0,45 0,68 Bignoniaceae indet1 2 0,47 0,21 0,68 Erythroxylum subrotundum 2 0,47 0,16 0,63 Albizia policephala 2 0,47 0,13 0,60 Pouteria sp1 2 0,47 0,12 0,59 Capparis flexuosa 2 0,47 0,11 0,58 Eugenia sp1 1 0,24 0,34 0,57 Chrysophilum januariensis 1 0,24 0,31 0,55 Guapira aff opposita 2 0,47 0,05 0,52 Myrocarpus fastigiatus 1 0,24 0,27 0,51 Polygonaceae indet2 1 0,24 0,17 0,40 Indeterminada 4 1 0,24 0,13 0,36 Platymicium nitens 1 0,24 0,11 0,35 Myrcia sp1 1 0,24 0,10 0,34 Eugenia sp3 1 0,24 0,09 0,32 Kielmeyeria 1 0,24 0,06 0,29 Myrtaceae indet6 1 0,24 0,06 0,29 Menispermaceae indet1 1 0,24 0,05 0,29 Strichynus sp 1 0,24 0,04 0,28 Bignoniaceae indet5 1 0,24 0,04 0,27 Capparaceae indet1 1 0,24 0,04 0,27 Eugenia repanda 1 0,24 0,04 0,27 Colubrina retusa 1 0,24 0,04 0,27 Bignoniaceae indet3 1 0,24 0,03 0,26 Maytenus sp2 1 0,24 0,03 0,26 Eugenia sp4 1 0,24 0,03 0,26 Randia armata 1 0,24 0,03 0,26 Rutaceae indet1 1 0,24 0,03 0,26 Cissus sp 1 0,24 0,03 0,26 Margaritaria sp 1 0,24 0,02 0,26 Eugenia sp2 1 0,24 0,02 0,26 Myrtaceae cf indet3 1 0,24 0,02 0,26 Ouratea sp 1 0,24 0,02 0,26 Faramea campanularis 1 0,24 0,02 0,26

425 100 100 200

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xiv

ANEXO VI Lista das espécies amostradas na Unidade 3 ordenadas por ordem decrescente de Valor de Cobertura (VC).

Nind = número de indivíduos; Dri = densidade relativa; DoRi = dominância relativa;

UNIDADE DE PAISAGEM 3 ESPÉCIE Nind Dri DoRi VC

Pseudopiptadenia contorta 5 2,69 29,1582 31,85 Actinostemom communis 25 13,44 3,7578 17,20 Machaerium sp 17 9,14 5,0614 14,20 Parapiptademia pterosperma 1 0,54 10,5159 11,05 Acosmium lentiscifolium 11 5,91 4,1150 10,03 Guapira opposita 10 5,38 3,9037 9,28 Heisteria periantomega 10 5,38 3,6498 9,03 Myrsine parvifolia 10 5,38 3,1960 8,57 Pachystroma ilicifolium 5 2,69 5,6509 8,34 Zollernia galbra 8 4,30 1,0535 5,35 Pterocarpus rohri 3 1,61 3,5901 5,20 Zanthoxylum tinguassuiba 1 0,54 4,4538 4,99 Eugenia sp4 6 3,23 1,4013 4,63 Olacaceae indet1 3 1,61 2,0858 3,70 Ocotea sp 4 2,15 1,2757 3,43 Talisia sp. 1 0,54 2,8801 3,42 Cupania sp1 3 1,61 1,1823 2,80 Clusia fluminensis 4 2,15 0,5174 2,67 Indeterminada 3 3 1,61 0,6156 2,23 Esembeckia grandiflora 2 1,08 0,9068 1,98 Actinostemom concolor 3 1,61 0,3064 1,92 Allophyllus puberulus 3 1,61 0,3001 1,91 Anona acutiflora 3 1,61 0,2153 1,83 Swartizia glaziouviana 3 1,61 0,1749 1,79 Indeterminada 1 1 0,54 1,2230 1,76 Banara aff brasiliensis 1 0,54 1,0598 1,60 Bignoniaceae indet6 1 0,54 0,9565 1,49 Pradosia aff latescens 1 0,54 0,8727 1,41 Pseudobombax grandiflorum 2 1,08 0,2789 1,35 Myrtaceae sp6 1 0,54 0,8119 1,35 Sebastiania brasiliensis 2 1,08 0,2587 1,33 Euphorbiaceae indet3 2 1,08 0,1755 1,25 Erythroxylum subrotundum 2 1,08 0,1464 1,22 Lauraceae indet1 1 0,54 0,5361 1,07 Tapirira guianensis 1 0,54 0,4829 1,02 Eugenia rotundifolia 1 0,54 0,2650 0,80 Alimeidea sp 1 0,54 0,2650 0,80

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xv

ANEXO VI - Continuação

Celastraceae indet2 1 0,54 0,2414 0,78 Astronium sp1 1 0,54 0,2146 0,75 Melanopsidium nigrum 1 0,54 0,1780 0,72 Campomanesia schechtendaliana 1 0,54 0,1696 0,71 Euphorbiaceae sp5 1 0,54 0,1490 0,69 Myrocarpus fastigiatus 1 0,54 0,1490 0,69 Strichynus sp 1 0,54 0,1382 0,68 Chrysobalanaceae indet 1 0,54 0,1334 0,67 Euphorbiaceae sp2 1 0,54 0,1322 0,67 Myrtaceae indet. 2 1 0,54 0,1298 0,67 Verbenaceae indet1 1 0,54 0,1298 0,67 Tabebuia sp 1 0,54 0,1119 0,65 Picramia sp 1 0,54 0,0954 0,63 Trichilia sp 1 0,54 0,0801 0,62 Randia armata 1 0,54 0,0801 0,62 Sapotaceae indet1 1 0,54 0,0801 0,62 Indeterminada 2 1 0,54 0,0666 0,60 Hipocrateaceae indet1 1 0,54 0,0662 0,60 Myrcia aff ovata 1 0,54 0,0662 0,60 Chorizia speciosa 1 0,54 0,0537 0,59 Opuncia arborea 1 0,54 0,0537 0,59 Machaerium oblongifolium 1 0,54 0,0537 0,59 Aspidosperma pyricolum 1 0,54 0,0424 0,58 Eugenia tinguyensis 1 0,54 0,0424 0,58 Myrtaceae sp5 1 0,54 0,0424 0,58

186 100 100 200

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xvi

ANEXO VII

Matriz utilizada na classificação e ordenação da vegetação das florestas costeiras.

UP3 e UP2 = Unidades de paisagem 3 e 2 do presente estudo; BZ2 = Farag (1999); BZ3 =

Fernandes (2002); CN = Rezende (2004); AR = Fonseca - Kruel (2002); JP = Sá (1993) e

CV = Silva e Nascimento (2001)

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Abarema cochiliacarpos X Abutilon purpuracens X X Acacia lacerans X Acacia plumosa X Acacia polycephala X Acacia polyphylla X Acacia pteridifolia X Acosmium lentiscifolium X X X X Actinostemon communis X X X Actinostemon concolor X X X Actinostemon verticillatus X Adenocalymma comosum X X Adenocalymma trifoliatum X Aechemea sphaerocephala X Aegiphila sellowiana X Agonandra exelsa X X Albizia polycephala X X X X X Alchornea triplinervia X Algegornia obovata X Allagoptera arenaria X Allamanda cathartica X Allophylus puberulus X X X X X Almeida rubra. X X Alseis involuta X X X Alseis pickelii X X Amaioua intermedia X X Ampelocera glabra X Andira fraxinifolia X Andira legalis X Andradea floribunda X X

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xvii

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Annona acutifolia X X X X Anturium harrisi X X X Anturium pentaphyllum X Arrabidea agnuscastus X Arrabidea chica X Arrabidea conjugata X X Arrabidea subincana X Aspidosperma ilustre X Aspidosperma multiflorum X Aspidosperma olivaceum X Aspidosperma parvifolium X X X Aspidosperma pyricollum X X X X Aspidosperma ramiflorum X X Asterostigma lombardii X Astronium graveolens X X X X X X Aureliana fasciculata X Bactris setosa X Banisteriopsis sellowiana X Bauhinia microstachia X X X X Bauhinia radiata X Bauhinia smilacina X Billbergia amoena X X Billbergia pyramidalis X X Billbergia zebrina X Bombacopsis stenopetala X X Bougainvillea spectabilis X X X X Bredemeyera kunthiana X X Brosimum guianensis X X Byrsonima sericea X X Caesalpinea bonduc X Caesalpinea echinata X X X Caesalpinea ferrea X X X Calathea tuberosa X Calathea widgrenii X Calophyllum brasiliensis X Calycorectes riedelianus X Campomanesia guaviroba X

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xviii

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Campomanesia guazumaefolia X X Campomanesia schechtendaliana X X X Capparidastrum brasilianum X X X X Capparis cynophalophora X Capparis flexuosa X X X X X X X Cariniana legalis X Carpotroche brasiliensis X Casearia decandra X Casearia oblongifolia X Casearia sylvestris X X X Cathedra rubricaulis X Ceiba erianthos X Centrolobium sclerophyllum X Cereus pernambucensis X Cestrum laevigatum X X Chamaecrista ensiformis X X X Cheiloclinium cognatum X Chloroleucon tortuum X X X Chondrodendrom platyphyllum X Chorizia speciosa X Chrysophyllum januariense X X Chrysophyllum lucentifolium X X X Cissus paullinifolia X X Clavijia spinosa X Cleome affinis X Clusia fluminensis X X X Coccoloba alnifolia X X Coffea arabica X Colubrina retusa X X Colubrina rufa X Condalia buxifolia X X X Connarus nododsus X X Copaifera lucens X X Couepia schottii X Couratari macrosperma X Coussarea cuspidata X

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xix

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Coussarea obscura X Coutarea hexandra X X Crataeva tapia X X X X Cratylia hypargirea X X Croton floribundus X X X Cupania emarginata X Cupania furfuracea X Cupania racemosa X Cupania vernalis X Cusparia heterophylla X Dalbergia ecastophylla X Dalbergia frutescens X X Dalbergia sampaioana X Dichorisandra thyrsiflora X Diguetia riedeliana X Diospyros inconstans X X X X X Duguetia rhizantha X Dulacia papillosa X Dulacia singularis X Endlicheria paniculata X Eriotheca candolleana X Eriotheca pentaphylla X Erythroxylum cuspidifolium X Erythroxylum glazioui X X Erythroxylum ovalifolium X X X X Erythroxylum passerinum X Erythroxylum pulchrum X X X X X Erythroxylum sobrotundum X X Eschweilera compressa X X X Esenbeckia grandiflora X X Eugenia arenaria X X X Eugenia bahiensis X Eugenia compactiflora X Eugenia condolleana X Eugenia copacabanensis X X X Eugenia exechusa X X Eugenia neonitida X

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xx

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Eugenia neosilvestris X Eugenia nitida X X Eugenia olivacea X X Eugenia ovalifolia X Eugenia prasina X Eugenia pulcherrima X Eugenia punicifolia X Eugenia racemulosa X Eugenia repanda X X Eugenia rotundifolia X X X X Eugenia stictosepala X Eugenia tinguyensis X X Eugenia umbelliflora X Eugenia uniflora X X X X X Eupatorium inulaefolium X Exostyles venusta X Faramea brachyloba X Faramea campanularis X X Ficus hirsuta X Ficus luschnatiana X Forsteronia cordata X X Forsteronia lepocarpa X Galipea simplicifolia X Garcinia brasiliensis X X Gaylussacia brasiliensis X Genipa americana X Gomidesia fenzliana X Gomidesia martiana X Guapira opposita X X X X X X Guapira pernambucensis X Guararibea turbinata X X X Guarea guidonia X Guazuma ulmifolia X Guettarda viburnioides X X X Heisteria perianthomega X X X Heteropteris chrisophylla. X X

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xxi

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Heteropteris coleoptera X Heteropteris fluminensis X Hieronima oblonga X Hirtella triandra X Hornschuchia alba X Humiria balsamifera X Hyeronima oblonga X Hyperbaena dominguensis X Ilex paraguariensis X Inga capitata X Inga laurina X X X Inga maritima X X X X Inga subnuda X X Jacaranda bracteata X Jacaranda jasminoides X Jacaratia heptaphylla X Jacquinia anularis X X X Joannesia princeps X X X X X Justicia brasiliana X X X Kielmeyera membranacea X X Lafoensia replicata X Lecythis lurida X Lecythis pisonis X Leucaster canflorus X Licania hoehnei X Licania tomentosa X Lithraea brasiliensis X X Lonchocarpus virgilioides X X Luehea conwentzii X X Luehea divaricata X Machaerium acutifolium X Machaerium brasiliense X Machaerium hirtum X Machaerium incorruptile X X Machaerium lanceolatum X X X X Machaerium leucopterum X X Machaerium oblongifolium X X

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xxii

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Machaerium pedicelatum X X Machaerium stipitatum X Maclura tinctoria X Manihot tripartita X Manilkara salzmanii X X Manilkara subsericea X X Margaritaria nobilis X X X Marlierea schotii X Matayba guianensis X Maytenus aquifolium X Maytenus brasiliensis X Maytenus communis X Maytenus macrodonta X Maytenus obtusifolia X X X X Melanopsidium nigrum X X Metrodorea brevifolia X X X Metrodorea nigra X X Metterchia principes X X Mikania stipulacea X Mimosa bimucronata X X Mollinedia glabra X Myrcia fallax X Myrcia maritma X Myrcia multiflora X Myrcia ovata X Myrcia racemosa X X X Myrcia recurvata X Myrciaria floribunda X X Myrciaria glazioviana X X X Myrciaria glomerata X Myrciaria tenella X Myrocarpus fastigiatus X X X Myrocarpus frondosus X Myrrhinium atropurpureum X X Myrsine parvifolia X X Myrsine umbellata X Neomitranthes obscura X

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xxiii

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Neoraputia alba X Oceoclades maculata X Ocotea diospyrifolia X Ocotea notata X Ocotea tenuiflora X Oncidium puberum X Oncidium pumilum X Opuntia brasiliensis X X X X X X X X Opuntia vulgaris X Ormosia arborea X X Ouratea arborea X Ouratea cuspidata X X X X Ouratea parviflora X Oxandra nitida X X X Pachystroma ilicifolium X X X X X X Panicum maximum X Parapiptadenia pterosperma X X X X X X Paratecoma peroba X Passiflora alata X X X Passiflora farneyi X Passiflora racemosa X Paullinia meliaefolia X Paullinia racemosa X X X X X X Paullinia ternata X Paullinia trigonia X Paullinia weinmanniifolia X X Pavonia alnifolia X Peltogyne discolor X X X Peperomia nitida X Peperomia rubricaulis X Pera glabrata X Pera leandri X Pereskia aculeata X X X X X X Pereskia grandiflora X Pharus lappulaceus X Phylira brasiliensis X X Phyllanthus juglandifolius X

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xxiv

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Picramnia bahiensis X Picramnia gardneri X Picramnia ramiflora X X Pilososcereus arrabidae X X Pilososcereus ulei X X Piper amalago X X X Piptadenia trisperma X X Pisonia aculeata X X Platymiscium floribundum X X X Platymiscium luteum X Platymiscium nitens X Platypodium elegans X Plina grandiflora X Plinia cauliflora X Plinia glazioviana X Plinia ilhensis X Plumbago escandens X Poecilanthe falcata X X Polyandrococos caudescens X Polygala cyparissias X Polygala pulcherrima X Porcelia macrocarpa X Posoqueria latifolia X Pouteria grandiflora X X Pouteria psammophila X Pouteria reticulata X X Pradosia lactescens X X X X Prestonia coalita X Pseudobombax grandiflorum X X X X X X Pseudopiptadenia contorta X X X Psidium cattleyanum X X Psidium guineensis X Psychotria alba X Psychotria astrellantha X Psychotria bahiensis X Psychotria carthaginensis X X X Pterocarpus rohrii X X X X X

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xxv

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Pterygota brasiliensis X Raddia brasiliensis X X X Randia armata X X X X X X Rhipsalis baccifera X Rhipsalis neves-armondii X Ricinus communis X Rinorea laevigata X X Rudgea coronata X Rudgea tinguana X Rudgea umbrosa X Ruelia solitaria X Ruggea ovalis X Ruprechtia lundii X X Salacia anomala X Salacia arborea X Salacia elliptica X Salacia silvestris X Sapindus saponaria X Sapium glandulatum X X X Sarantthe composita X Schinus terebinthifolius X X X X X X Scutia arenicola X X X Sebastiana glandulosa X Sebastiania brasiliensis X X X X Sebastiania nervosa X X X X Seguieria americana X Selenicereus setaceus X Senepheldera multiflora X Senna angulata X Senna australis X Senna pendula X X X Serjania dentata X Serjania fluminensis X Serjania thoracoides X Sideroxylon obtusifolium X X X X Simaba floribunda X Simarouba amara X

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xxvi

ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Simira sampaioana X Skytanthus hancorniaefolius X X Sloanea monosperma X Smilax hilariana X Solanum americanum X Solanum inaequale X X Solanum insidiosum X Spondias vernulosa X X Sterculia chicha X Streptocalix floribundus X X Strychnos parvifolia X X X X Swartzia acutifolia X Swartzia apetala X X X X Swartzia glazioviana X X X X Syzygium jambos X Tabebuia chrysotricha X X X Tabebuia roseo-alba X Tabebuia serratifolia X Tabernaemontana laeta 0 X Talisia coriacea X Talisia intermedia X X Tapirira guianensis X X X Terminalia januariensis X Terntroemia brasiliensis X Tibouchina trichopoda X Tillandsia stricta X X Tocoyena bullata X Trema micrantha X X X X Trichilia casaretti X X X X X Trichilia pseudoestipularis X X Trigonia eriosperma X Trigonia villosa X X X Trigoniodendrum spiritusanctese X Triplaris macrocalyx X Trixis antimenorrhoea X Urera baccifera X X Urvillea rufenscens X

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ANEXO VII – Continuação

ESPÉCIE UP3 UP2 BZ2 BZ3 CN AR JP CV Vernonia escorpioides. X Vitex megapotamica X Vitex rufescens X Xylopia sericea X Zanthoxylum arenaria X Zanthoxylum rhoifolium X X Zanthoxylum tingoassuiba X X Ziziphus platycarpa X Zollernia glabra X X X X X Zollernia ilicifolia X TOTAL - 408 ESPÉCIES 93 68 128 88 93 37 143 57

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ANEXO VIII - FOTOGRAFIAS

Figura 1 – A vegetação arbórea da UP1 atinge grande porte.

Figura 2 – A vegetação arbórea da UP1 sobre solos distróficos – grande porte e menos densa.

Figura 3 – A vegetação arbórea da UP1 Subosque com adensamento de bromélias.

Figura 4 – A APA do Pau Brasil – UP1 – Em primeiro plano a Praia das Caravelas e ao fundo a Serra das Emerencias.

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ANEXO VIII

Figura 5 – UP2 – Nas concavidades formadas pelos morros a vegetação arbórea atinge maior porte.

Figura 6 – UP2 Vegetação arbustiva dos costões..

Figura 7 – UP2 Vegetação herbácea com arbustos.

Figura 8 – UP2 – Vegetação arbórea sobre o morro da Azeda (APA da Azeda).

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ANEXO VIII

UP3

UP4

Figura 9 – UP3 – Vegetação arbórea sobre tabuleiros costeiros, atrás da faixa de restinga. Nas faces voltadas para o mar, a declividade é acentuada enquanto que no topo o terreno é plano ou levemente ondulado. Fonte: My Zoom fotografias aéreas.

Figura 9 – UP3 – Detalhe do interior da mata, perto da P1.

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ANEXO VIII

Figura 10 – UP4 – Vegetação herbácea , arbustiva, e arbórea formando um gradiente de crescimento no sentido mar – interior.

Figura 11 – UP5 – As áreas alagadas (área alaranjada) apresentam muitas vezes a predominancia de Thypha sp. Ao fundo as matas na transição entre as unidades 4 e 5.

Figura 12 – UP5 – Os corpos hídricos apresentam em sua maioria alto grau de impacto antrópico, sendo ainda possível observar o Acrosticum sp. (área verde escuro).

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ANEXO VIII

Figura 13 – Em primeiro plano a Praia da Gorda, com uma faixa de vegetação de restinga nas áreas mais planas e os tabuleiros da Formação Barreiras atrás. A esquerda vê-se a Ponta do Pai Vitório e ao fundo, os terrenos levemente ondulados compostos por solos distróficos (UP1).Fonte: My Zoom fotografias aéreas.

UP2

UP3

UP4

UP1

UP4 UP2

Figura – 14 – Outro angulo da foto anterior, mostrando a Ponta do Pia Vitório em primeiro plano. A praia a esquerda é a Praia Rasa.

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