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INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO GASPAR GIACOMII A Influência da Identificação do Fã de Futebol com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos Rio de Janeiro 2011

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INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

GASPAR GIACOMI�I

A Influência da Identificação do Fã de Futebol com a Modalidade Esportiva, com o Time

Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos

Rio de Janeiro

2011

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Giacomini, Gaspar.

A Influência da Identificação do Fã de Futebol com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos / Gaspar Giacomini. – 2011

376.: il. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Instituto Coppead de Administração, Rio de Janeiro, 2011. Orientador: Victor Manoel Cunha de Almeida 1. Marketing. 2. Administração – Teses. I. Almeida, Victor Manoel

Cunha de (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de janeiro. Instituto COPPEAD de Administração. III. Título.

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GASPAR GIACOMINI

A Influência da Identificação do Fã de Futebol com a Modalidade Esportiva, com o

Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos

Projeto de Dissertação de Mestrado apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Administração,

Instituto COPPEAD de Administração, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Administração

Aprovada em ____________________________.

________________________________________________ Prof. Victor Manoel Cunha de Almeida, D.Sc. - Orientador

(COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________ Prof. Walter Meucci Nique, D.Sc.

(EA/UFRGS)

_____________________________________________ Prof. Alexandre Medeiros Rodrigues, Ph.D.

(COPPEAD/UFRJ)

Rio de Janeiro

2011

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Dedico o presente trabalho a meus pais,

por todo o apoio recebido ao longo de tantos anos.

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AGRADECIME�TOS

Gostaria de agradecer em primeiro lugar ao meu orientador, prof. Victor Almeida. Os

conselhos e contribuições, associados à dedicação ímpar e ao rigor acadêmico, foram

essenciais para que fosse possível concluir uma pesquisa como esta. Além disso, sou grato

pela forma como o processo foi conduzido, pelo investimento de tempo e esforço no meu

desenvolvimento como aluno e como pessoa. Tudo isso fez com que o projeto de pesquisa se

transformasse em uma experiência valiosa e enriquecedora.

Gostaria de agradecer aos professores participantes da banca, prof. Walter Nique e prof.

Alexandre Rodrigues, pelas críticas e contribuições ao estudo realizado, e também ao prof.

Otávio Figueiredo, pelas sugestões oferecidas nas diversas discussões ao longo da realização

da pesquisa. Gostaria de agradecer à Simone Piletti Viscarra, doutoranda em Ciências

Políticas pela UFRGS, pela sua atuação como coordenadora geral da equipe de coleta de

dados. Sua dedicação foi essencial para superar os desafios associados à coleta presencial de

questionários, incluindo o treinamento de entrevistadores e o controle de qualidade.

Gostaria de agradece, com amor, à Raquel, pela paciência e suporte não apenas durante o

período da dissertação, mas durante todo o curso de mestrado.

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RESUMO

O presente estudo investigou a influência da Identificação do Fã do Esporte com a

Modalidade Esportiva, o Time Esportivo e a Celebridade Esportiva no Consumo do Evento

Esportivo. Utilizou-se principalmente a Social Identity Theory (TAJFEL e TURNER, 1979;

TAJFEL e TURNER, 1985) como referencial teórico. Foram formuladas seis questões de

pesquisa, desdobradas em nove hipóteses substantivas. Para operacionalizar as variáveis

foram utilizadas seis escalas identificadas na literatura, que foram traduzidas para o Português

por meio da técnica de tradução reversa. A amostra do estudo foi não-probabilística, composta

por torcedores de futebol, mediante quotas de time e gênero. Ao total, foram realizadas 1249

entrevistas, sendo 1180 observações válidas (94,5%). A análise de dados foi realizada

utilizando-se a técnica de Análise Fatorial Exploratória (AFE) e Análise Fatorial

Confirmatória (AFC), tendo sido verificadas a confiabilidade, validade convergente,

discriminante e nomológica dos construtos. Para testar as hipóteses substantivas do estudo,

utilizou-se a Modelagem de Equações Estruturais (SEM), com uso da técnica ADF. A Análise

Multigrupo foi usada para verificar o efeito moderador do gênero e da faixa etária,

considerando o time como variável de controle. Como resultado, foi possível suportar sete das

nove hipóteses substantivas. As duas hipóteses restantes foram parcialmente suportadas. Os

resultados sugerem que a Identificação do fã do esporte exerce influência significativa no

consumo do evento esportivo. Constatou-se também que o desempenho do time influencia o

comportamento de consumo do evento esportivo, porém somente para os fãs com baixa

identificação com o time. O efeito moderador do gênero e da faixa etária foram suportados

empiricamente. Além disso, identificou-se evidências que contribuem para a concepção de um

modelo reflexivo associando as “motivações” dos fãs à identificação com a modalidade

esportiva, com o time esportivo e com a celebridade do esporte. Por fim, o presente estudo

investigou de maneira exploratória a possível existência de uma relação circular entre

identificação, atitude e comportamento de consumo dos fãs do esporte. Nas conclusões, são

discutidas as implicações teóricas e gerenciais do presente estudo e apresentadas sugestões

para novos estudos.

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ABSTRACT

This study was designed to investigate the influence of sports fan identification on the sports

event attendance in Brazil. Three points of attachment were considered: fan identification

with the team, with the sport celebrities and with soccer. The theoretical background used was

mainly based on the Social Identity Theory (TAJFEL e TURNER, 1979; TAJFEL e

TURNER, 1985). Six research questions and nine substantive hypotheses were formulated

considering the Sports Marketing literature and translated into a conceptual model. A

questionnaire was designed to gather information about the sports fans, using six scales

selected from previous studies, which were translated to the Brazilian Portuguese using the

Reverse Translation technique. A stratified sample considering gender and age was taken,

summing up a total of 1249 sports fans interviewed and 1180 valid cases (94,5%). Data

analysis included several Exploratory Factor Analysis (EFA) and Confirmatory Factor

Analysis (CFA) procedures. Measures of reliability and validity were assessed to validate the

scales, including the analysis of constructs’ convergent, discriminant and nomological

validity. The measurement models were evaluated. Then the substantive hypotheses were

tested using Structural Equations Modeling (SEM) and ADF. The moderator effect of gender

and age was tested using the Multigroup method, considering sports team as a control

variable. Seven out of the nine hypothesis were fully supported, and the two remaining

hypothesis were partially supported. The findings suggest the fan identification substantially

influences sports event consumption. Team performance was also found to influence fan

attendance, however only among low identification sports fans. The moderator effect of

gender and age was supported. In addition, evidences were found for a reflexive model

conceptualization associating fan motivations and fan identification with several points of

attachment. Finally, the recursive nature of the relationship among fan identification, fan

attitude towards the stadium and attendance was assessed. The findings were promising.

Conclusions include a discussion of several theoretical and managerial implications resulting

from this study. Limitations and suggestions for future research are also presented.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: espectador versus Fã ................................ 26

Tabela 2 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: tipo versus contra-tipo .............................. 28

Tabela 3 – Tipologias da Abordagem em Níveis ..................................................................... 31

Tabela 4 – Os 5 tipos de Fã de Hunt, Bristow e Bashaw ......................................................... 33

Tabela 5 - Os 5 tipos de Fã de Smith e Stewart ........................................................................ 35

Tabela 6 – Os 3 Processos de Assimilação da Influência Social: Conformidade, Identificação e Internalização ...................................................................................................... 41

Tabela 7 - Escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva ................................. 49

Tabela 8 - Escalas de Identificação com o Time ...................................................................... 54

Tabela 9 - Escalas de Identificação do Fã com as celebridades do esporte .............................. 59

Tabela 10 - Escalas de Identificação do Fã com o esporte ....................................................... 67

Tabela 11 - Escalas de Consumo Esportivo ............................................................................. 80

Tabela 12 – Resumo das Lacunas identificadas na literatura e diferencial do presente estudo 92

Tabela 13 – Distribuição de Fãs Esportivos entre Fãs do Grêmio e do Internacional ........... 115

Tabela 14 – Desempenho dos Times durante a coleta de dados ............................................ 123

Tabela 15 – Característica da Amostra: distribuição entre grupos ......................................... 134

Tabela 16 – Local da coleta de dados ..................................................................................... 134

Tabela 17 – Diferença de média entre grupos: Gênero e Faixa Etária ................................... 137

Tabela 18 – Diferença de média entre grupos: Tipo de Fã e Time ........................................ 139

Tabela 19 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Estrutura Fatorial das escalas ........ 143

Tabela 20 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas .............................................................................................. 145

Tabela 21 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Matriz de Correlação ..................... 147

Tabela 22 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo ............................................................................ 150

Tabela 23 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo .............................................................................................................. 153

Tabela 24 – Escalas Gerais de Identificação: Estrutura Fatorial das Escalas ......................... 156

Tabela 25 – Escalas Gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial ...... 158

Tabela 26 – Escalas Gerais de Identificação: Matriz de Correlação ...................................... 160

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Tabela 27 – Escalas gerais Identificação: Estrutura Fatorial extraída pelo critério de pré-especificação do número de fatores ..................................................................... 162

Tabela 28 – Escalas gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial pelo critério de pré-especificação do número de fatores ............................................. 163

Tabela 29 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das Escalas gerais de Identificação com o Esporte ................................................................................ 167

Tabela 30 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo ............................................... 170

Tabela 31 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento .................... 172

Tabela 32 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo ............................................................................................ 174

Tabela 33 – Número de Jogos Assistidos no Estádio: comparativo entre Fãs do Grêmio e do Internacional ........................................................................................................ 178

Tabela 34 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)...................................................................................................... 182

Tabela 35 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) .................................................................... 184

Tabela 36 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Internacional) ....... 185

Tabela 37 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) ................................................... 186

Tabela 38 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Internacional) .. 188

Tabela 39 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) .............................................. 189

Tabela 40 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ......... 194

Tabela 41 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)............................................................................. 196

Tabela 42 – Teste da Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Grêmio)................ 197

Tabela 43 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ............................................................ 198

Tabela 44 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Grêmio) ........... 200

Tabela 45 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ....................................................... 201

Tabela 46 – Identificação com a Modalidade Esportiva: Estrutura Fatorial das escalas ....... 206

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Tabela 47 – Identificação com a Modalidade Esportiva: teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Drama, Beleza e Escapismo............................................ 208

Tabela 48 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva – Beleza, Drama e Escapismo ................................................................................ 211

Tabela 49 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ........................................ 214

Tabela 50 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo ............................................................................ 218

Tabela 51 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo .......... 219

Tabela 52 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo - Internacional ................................................... 220

Tabela 53 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo – Grêmio ........................................................... 220

Tabela 54 – Correlação entre a Escala de Identificação com a Modalidade Esportiva mensurada como uma variável latente de 2a ordem a partir da Beleza, Drama e e Escapismo com a Escala Geral de Identificação ................................................. 223

Tabela 55 –Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time Esportivo: de Vitória, Socialização e Informações ................................................................................. 226

Tabela 56 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das Escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ......................................................... 228

Tabela 57 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ................................................................................. 231

Tabela 58 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação no número de fatores .................................... 232

Tabela 59 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação do número de fatores .................................................................................................................. 233

Tabela 60 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação do Fã com o Time: Vitória, Socialização e Informações .......................................... 236

Tabela 61 – Teste de Dimensionalidade das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ................................................................................. 238

Tabela 62 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações ........... 240

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Tabela 63 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações ......................... 241

Tabela 64 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Internacional)...................................................................................................... 242

Tabela 65 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Grêmio ) ............................................................................................................................. 242

Tabela 66 – Estabilidade da Correlação entre a escala de Identificação com o Time concebida como variável latente de 2a ordem com a Escala geral de Identificação com o Time Esportivo .................................................................................................... 245

Tabela 67 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com as Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratitvidade............................................................ 248

Tabela 68 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com a Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratividade .................... 250

Tabela 69 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ............................................................. 252

Tabela 70 – Indicadores de Ajuste do Modelo de Mensuração da Escala de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade .................... 255

Tabela 71 – Teste de Dimensionalidade das escalas da Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ........................................... 257

Tabela 72 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ............................................................. 260

Tabela 73 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade ....................... 261

Tabela 74 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade - Internacional .................................... 262

Tabela 75 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade – Grêmio ............................................ 262

Tabela 76 – Estabilidade da correlação entre a Escala de Identificação da Celebridade Esportiva concebida como uma variável de 2a ordem e a Escala Geral de Identificação com a Celebridade Esportiva ......................................................... 265

Tabela 77 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 1 .................................................. 268

Tabela 78 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total ........................................ 269

Tabela 79 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino ................................................ 270

Tabela 80 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino .............................................. 270

Tabela 81 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 2 .................................................. 273

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Tabela 82 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total ........................................ 274

Tabela 83 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino ................................................ 275

Tabela 84 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino .............................................. 276

Tabela 85 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 1, 2, 3 e 4 .............................................. 279

Tabela 86 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Internacional ............................. 280

Tabela 87 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Grêmio ...................................... 281

Tabela 88 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 7 e 8 e 9 ................................................ 282

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo Psychological Continuum Model (PCM) ................................................. 37

Figura 2 – Relação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento ............................ 65

Figura 3 – Tipos de Consumo Esportivo .................................................................................. 77

Figura 4 – Lacuna n°1: consideração de um único elo de ligação do Fã do esporte ................ 87

Figura 5 - Lacuna n°2: não consideração do efeito mediador da Atitude ............................... 88

Figura 6 – Lacuna n°3: não consideração do efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária . 89

Figura 7 – Lacuna n°4: predominância de Modelos Formativos em detrimento de Modelos Reflexivos .............................................................................................................. 90

Figura 8 – Lacuna n°5: não consideração da relação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento ..................................................................................................... 91

Figura 9 – Modelo Conceitual e Hipóteses de Pesquisa ........................................................... 95

Figura 10 – “Herança” teórico-empírica das escalas utilizadas no presente estudo ............... 110

Figura 11 – Distribuição da Amostra por Faixa Etária ........................................................... 134

Figura 12 – Modelo de Mensuração da escala de Atitude com Estádio ................................. 148

Figura 13 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Atitude Favorável ao Comparecimento ao Estádio (CEE) com 2 dimensões ........................................ 150

Figura 14 – Modelo de Mensuração da escala de Comparecimento ao Estádio (MCE) ........ 151

Figura 15 – Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo com Atitude e Comportamento ................................................................................................... 152

Figura 16 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (IEG) .................................................................................................... 164

Figura 17 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo (ITG) .................................................................................................................... 165

Figura 18 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva (ICG) ................................................................................................... 165

Figura 19 – Modelo de Mensuração completo das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte ................................................................................................................. 166

Figura 20 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo ............................................................................ 169

Figura 38 – Sobreposição da Identificação com o Time ........................................................ 176

Figura 21 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional) ................................................... 180

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Figura 22 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio) ............................................................ 192

Figura 23 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ................................................................................ 213

Figura 24 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ........................................... 215

Figura 25 – Teste da Dimensionalidade da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo ............................................................... 216

Figura 26 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como um Construto de 2a ordem. ........................................................................................ 217

Figura 27 – Comparação do Modelo Estrutural de 2a ordem da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva com a Escala Geral de Identificação com a Modalidade 222

Figura 28 – Modelo de Mensuração da Escala Multidimensional de Identificação com o Time ............................................................................................................................. 235

Figura 29 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo .............................................................................................................. 237

Figura 30 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time Esportivo como um Construto de 2a ordem ......................................................................................... 239

Figura 31 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação com o Time Esportivo com a Escala Geral de Identificação com o Time. .............................................. 244

Figura 33 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .............................................................................................................. 254

Figura 32 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .......................................................................................... 256

Figura 33 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .......................................................................................... 258

Figura 34- Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time como Construto de 2a ordem ............................................................................................................................. 259

Figura 35 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação do Fã com a Celebridade com a Escala Geral de Identificação com a Celebridade ................ 264

Figura 36 – Modelo Alternativo 1 .......................................................................................... 267

Figura 37 – Modelo Alternativo 2 .......................................................................................... 272

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LISTA DE ABREVIATURAS

Abreviaturas de termos estatísticos

ADF Asymptotically Distribution Free

AFC Análise Fatorial Confirmatória

AFE Análise Fatorial Exploratória

CFI Comparative Fit Index

GFI General Fit Index

MLE Maximum Likelihood Estimation

RMSEA Root Mean Square Error of Approximation

Abreviaturas de escalas

IEG Identificação com o Esporte: Geral

IEB Identificação com Esporte: Beleza

IED Identificação com Esporte: Drama

IEE Identificação com Esporte: Escapismo

ITG Identificação com Time: Geral

ITI Identificação com Time: Informação Esportiva

ITV Identificação com Time: Vitória

ITS Identificação com Time: Social

ICG Identificação com a Celebridade Esportiva: Geral

ICC Identificação com Celebridade esportiva: Confiabilidade

ICE Identificação com Celebridade esportiva: Expertise

ICA Identificação com Celebridade esportiva: Atratividade.

CEE Consumo de Eventos esportivos através do comparecimento ao Estádio

CEM Consumo de Eventos esportivos através da audiência pela Mídia

MCE Métrica de Consumo Evento no Estádio

SIT Sobreposição da Identidade com o Time

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SUMÁRIO

1. I�TRODUÇÃO ............................................................................................................... 20

1.1. ORIGEM DO ESTUDO ............................................................................................. 20

1.2. RELEVÂNCIA ACADÊMICA .................................................................................. 21

1.3. RELEVÂNCIA GERENCIAL ................................................................................... 22

2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 23

2.1. O FÃ DO ESPORTE .................................................................................................. 23

2.1.1. Tipologias sobre Fãs de esporte ........................................................................ 24

2.2. A IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE ................................................................. 39

2.2.1. Teoria dos Processos de Mudança de Opinião/Atitude .................................. 39

2.2.2. Teoria da Identidade Social ............................................................................... 41

2.2.3. Teoria BIRGing e CORFing.............................................................................. 47

2.2.4. Escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva ................................... 48

2.2.5. Escalas de Identificação com o Time ................................................................ 53

2.2.6. Escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva .................................. 59

2.3. MOTIVAÇÕES DOS FÃS: CAUSA OU CONSEQUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO? .............................................................................................................. 62

2.3.1. Escalas de Motivação ......................................................................................... 66

2.4. CONSUMO ESPORTIVO ......................................................................................... 75

2.4.1. Tipos de Consumo Esportivo ............................................................................ 76

2.4.2. Escalas de Consumo Esportivo ......................................................................... 80

2.5. CONTRIBUIÇÕES BRASILEIRAS .......................................................................... 83

3. MÉTODO ......................................................................................................................... 86

3.1. PROBLEMA DE PESQUISA .................................................................................... 86

3.1.1. O Time como único ou principal elo de ligação ............................................... 87

3.1.2. O efeito Mediador da Atitude do Fã do Esporte ............................................. 88

3.1.3. O efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária........................................... 88

3.1.4. Modelos Formativos versus Modelos Reflexivos ............................................. 89

3.1.5. O Efeito Circular entre Identificação, Atitude e Comportamento ................ 91

3.2. OBJETIVOS DO ESTUDO ........................................................................................ 92

3.2.1. Questões Específicas do Estudo ........................................................................ 92

3.2.2. Delimitação do Escopo do Estudo ..................................................................... 93

3.3. NATUREZA DO ESTUDO ....................................................................................... 94

3.3.1. Técnica de Pesquisa ............................................................................................ 94

3.3.2. Unidade de Análise ............................................................................................. 94

3.4. MODELO CONCEITUAL ......................................................................................... 94

3.4.1. Variáveis do Estudo ........................................................................................... 96

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3.5. HIPÓTESES DE PESQUISA ..................................................................................... 97

3.5.1. Hipótese H1.......................................................................................................... 97

3.5.2. Hipótese H2.......................................................................................................... 98

3.5.3. Hipótese H3.......................................................................................................... 99

3.5.4. Hipótese H4........................................................................................................ 100

3.5.5. Hipótese H5........................................................................................................ 102

3.5.6. Hipótese H6........................................................................................................ 103

3.5.7. Hipótese H7........................................................................................................ 105

3.5.8. Hipótese H8........................................................................................................ 106

3.5.9. Hipótese H9........................................................................................................ 107

3.6. OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS ........................................................ 108

3.6.1. Variável dependente ......................................................................................... 111

3.6.2. Variável Mediadora ......................................................................................... 111

3.6.3. Variáveis Independentes .................................................................................. 112

3.6.4. Variáveis Moderadoras.................................................................................... 113

3.6.5. Variáveis de Controle....................................................................................... 113

3.7. POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................. 114

3.8. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .......................................................... 116

3.8.1. Tradução Reversa das Escalas ........................................................................ 117

3.8.2. Pré-teste do Questionário ................................................................................ 118

3.8.3. Modificações em decorrência do Pré-teste ..................................................... 119

3.9. COLETA DE DADOS .............................................................................................. 121

3.10. ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 124

3.10.1. Análise Preliminar.......................................................................................... 124

3.10.2. Análise Descritiva ........................................................................................... 125

3.10.3. Análise Fatorial Exploratória (AFE) ............................................................ 125

3.10.4. Análise da Confiabilidade e Validade dos Construtos ................................ 127

3.10.5. Análise Fatorial Confirmatória (AFC) ......................................................... 128

3.10.6. Análise dos Modelos de Mensuração ............................................................ 128

3.10.7. Teste das Hipóteses Substantivas do Estudo ............................................... 130

4. RESULTADOS .............................................................................................................. 132

4.1. CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA ................................................................... 132

4.2. DIFERENÇAS DE MÉDIA ENTRE GRUPOS ....................................................... 135

4.2.1. Diferenças de média entre Gêneros ................................................................ 135

4.2.2. Diferenças de média entre Faixas Etárias ...................................................... 136

4.2.3. Diferenças de média entre sócios e não-sócios ............................................... 138

4.2.4. Diferenças de média entre Times .................................................................... 138

4.3. ESCALAS DE CONSUMO DO EVENTO ESPORTIVO ....................................... 140

4.3.1. AFE: Consumo do Evento Esportivo ............................................................. 141

4.3.2. AFC: Consumo do Evento Esportivo ............................................................. 148

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4.4. ESCALAS GERAIS DE IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O ESPORTE .............. 154

4.4.1. AFE: Escalas Gerais de Identificação com o Esporte ................................... 154

4.4.2. AFC: Escalas gerais de Identificação com o Esporte .................................... 164

4.5. A INFLUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE NO CONSUMO DO EVENTO ESPORTIVO ..................................................................................................... 168

4.5.1. Análise do Modelo Estrutural ......................................................................... 168

4.5.2. Segmentação da análise: Fãs do Internacional .............................................. 179

4.5.3. Segmentação da Análise: Fãs do Grêmio ....................................................... 191

4.6. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM A MODALIDADE ESPORTIVA ...................... 203

4.6.1. AFE: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva .............................. 203

4.6.2. AFC: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva .............................. 212

4.7. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O TIME ESPORTIVO ....................................... 224

4.7.1. AFE: Identificação do Fã com o Time Esportivo .......................................... 224

4.7.2. AFC: Identificação do Fã com o Time Esportivo .......................................... 234

4.8. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM AS CELEBRIDADES ESPORTIVAS .............. 246

4.8.1. AFE: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .............................. 246

4.8.2. AFC: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva .............................. 253

4.9. RESULTADOS ADICIONAIS ................................................................................ 266

4.9.1. Modelos Alternativos ....................................................................................... 266

4.9.2. Respostas às perguntas abertas ....................................................................... 277

4.10. RESUMO DOS RESULTADOS .............................................................................. 278

5. CO�CLUSÕES .............................................................................................................. 283

5.1. SUMÁRIO DO ESTUDO ........................................................................................ 283

5.2. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ........................................................................... 286

5.2.1. Implicações Teóricas ........................................................................................ 286

5.2.2. Implicações Gerenciais .................................................................................... 298

5.3. LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................... 306

5.3.1. Limitações relativas ao Modelo Conceitual ................................................... 306

5.3.2. Limitações relativas às Escalas ....................................................................... 307

5.3.3. Limitações relativas à População-alvo e Amostra ......................................... 307

5.3.4. Limitações relativas à Coleta dos Dados ........................................................ 307

5.3.5. Limitações relativas ao Método de Análise .................................................... 308

5.4. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................... 308

5.4.1. Validação para outras Modalidades Esportivas ............................................ 309

5.4.2. Validação para outros Times Esportivos ....................................................... 309

5.4.3. Validação com outras variáveis moderadoras ............................................... 310

5.4.4. Validação para outras categorias de Consumo Esportivo ............................ 310

5.4.5. Consideração de outras Variáveis Influenciadoras ...................................... 310

5.4.6. Investigação da �atureza Circular das Relações do Modelo ....................... 311

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REFER�CIAS ................................................................................................................... 312

AP�DICES ......................................................................................................................... 320

Apêndice 1: Questionário ............................................................................................. 321

Apêndice 2: Cartões utilizados na coleta de dados..................................................... 334

Apêndice 3: Resultados do Pré-teste............................................................................ 337

Apêndice 4: Detalhamento das Escalas Avaliadas ..................................................... 341

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1. I�TRODUÇÃO

Nessa seção são apresentadas a origem do estudo, a relevância acadêmica e a relevância

gerencial da presente investigação.

1.1. ORIGEM DO ESTUDO

O Consumo de Eventos Esportivos é um fenômeno marcante da sociedade contemporânea.

Grandes Eventos Esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, são veiculados em

centenas de países, atingindo um grande público – as Olimpíadas de Beijing em 2008, por

exemplo, tiveram audiência de 4,7 bilhão de pessoas em 17 dias de competição (NIELSEN,

2010). O Esporte também desperta o interesse das pessoas no dia-a-dia, contemplando uma

legião de Fãs apaixonados. Esse interesse, atração ou paixão se expressa através de diferentes

níveis de identificação com o esporte, desde os torcedores pouco interessados até torcedores

fanáticos (WANN e BRANSCOMBE, 1993).O esporte no Brasil passa por um momento

especial. O recente ciclo de crescimento econômico do país, a melhoria de renda da população

e a paixão pelo Esporte elevaram o Brasil a uma posição de destaque no cenário internacional.

O Brasil é considerado o quinto maior mercado esportivo do mundo (DE MELO NETO e

FEITOSA, 2006). E as perspectivas para o futuro próximo são ainda melhores, tendo em vista

a realização da Copa do Mundo FIFA em 2014 e das Olimpíadas em 2016. Pela primeira vez

na história um país irá sediar dois grandes eventos como esses em um intervalo de tempo tão

curto. No momento em que “os olhos do mundo” se voltam para o Brasil, os “olhos do Brasil”

se voltam para o Esporte.

Nesse sentido, e estudo do Consumo de Eventos Esportivos no Brasil se mostra apropriado.

Embora existam diversos estudos sobre Consumo de Eventos Esportivos (WAKEFIELD e

SLOAN, 1995; MADRIGAL, 2006; ROBINSON e TRAIL, 2003), a maior parte deles foi

realizada em outros países, focalizando Modalidades Esportivas inexistentes ou com pouca

expressão no Brasil, como o Baseball, o Hockey e o Futebol Americano.

Além disso, o estudo da influência da Identificação dos Fãs do Esporte no Consumo de

Eventos Esportivos é um tema atual na área de Marketing Esportivo (FULLERTON e MERZ,

2008) (FULLERTON e MERZ, 2008). O brasileiro se identifica bastante com o futebol.

Aliás, no Brasil, o futebol é mais do que um esporte: é quase uma religião. A importância do

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futebol ultrapassa as fronteiras econômicas, pois o futebol ajudou a construir a identidade

nacional do brasileiro. A relação entre o futebol e a cultura brasileira se dá em um nível

simbólico profundo (DA MATTA, 1986). Contudo, os estudos a respeito da influência da

Identificação do Fã do Esporte no Consumo de Eventos Esportivos de Futebol no Brasil são

escassos, existindo, portanto, uma lacuna.

1.2. RELEVÂNCIA ACADÊMICA

Diversos estudos na área de Marketing Esportivo destacam a importância de se compreender

o efeito da Identificação do Fã do Esporte (WANN e BRANSCOMBE, 1993; WANN, 2002).

Com efeito, muitos estudos têm sido realizados no intuito de compreender melhor os

diferentes níveis de conexão que os Fãs estabelecem com o Esporte: (a) investigando os

diversos níveis de conexão do Fã com o Esporte (TRAIL e JAMES, 2001); (b) investigando

os diversos “elos de ligação” que conectam o Fã do Esporte, como a Identificação do Fã com

o Time Esportivo e a Identificação do Fã com as Celebridades do Esporte (TRAIL,

ROBINSON, et al., 2003; ROBINSON e TRAIL, 2003); (c) investigando as “motivações”

que explicam o suporte que os Fãs do Esporte oferecem aos seus times esportivos (WANN,

1995; SUTTON, MCDONALD, et al., 1997; WANN e BRANSCOMBE, 1995; ZHANG,

PEASE, et al., 1995; MILNE e MCDONALD, 1998; FUNK, MAHONY, et al., 2001) e (d)

investigando os diversos tipos de Consumo Esportivo (FULLERTON e MERZ, 2008;

HEERE e JAMES, 2007; WAKEFIELD e SLOAN, 1995). Contudo, há poucos estudos que

relacionem simultaneamente os focos de investigação supra citados. Existe, portanto, uma

lacuna no que se refere à compreensão da influência da Identificação do Fã do Esporte no

Consumo de Eventos Esportivos e à consideração de múltiplos elos de ligação do Fã com o

Esporte. Adicionalmente, os estudos que investigam o Consumo Esportivo geralmente não

contemplam o efeito moderador do gênero e da faixa etária, nem o efeito mediador de

aspectos atitudinais (KOWN e TRAIL, 2003). Além disso, os estudos que investigam o efeito

do Desempenho do Time Esportivo geralmente focam no processo de atribuição das vitórias e

das derrotas pelos Fãs do Esporte (WANN e BRANSCOMBE, 1990; JONES, 2000) mas não

na influência do Desempenho do Time Esportivo no Comportamento de Consumo de Eventos

Esportivos. Assim, o presente estudo explora essas lacunas teóricas, investigando a influência

desses fenômenos no contexto do futebol no Brasil.

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1.3. RELEVÂNCIA GERENCIAL

Além das contribuições teóricas, o presente estudo também apresenta implicações gerenciais

associadas ao Consumo de Eventos Esportivos, mais especificamente ao Comparecimento do

Fã do Esporte ao Estádio. Sabe-se que a Identificação do Fã com o Time Esportivo é um

antecedente do Consumo Esportivo (WANN e BRANSCOMBE, 1993), porém a maior parte

dos estudos anteriores não considera o efeito simultâneo da Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades ao investigar o Consumo

de Eventos Esportivos. O comparecimento do Fã ao Estádio é uma fonte de receita importante

para os Clubes de Futebol. Nesse sentido, o presente estudo contribui para explicar o

Consumo do Evento Esportivo. Os resultados obtidos podem ser utilizados em iniciativas para

aumento da receita de vendas de ingresso nos jogos no Estádio ou para a formulação de

estratégias para captação de sócios.

Além disso, o presente estudo investiga a influência simultânea do desempenho do Time

Esportivo e do nível de Identificação do Fã do Esporte no Comportamento de Consumo de

Eventos Esportivos. Os resultados podem ser utilizados para a formulação de Campanhas de

Marketing diferenciadas para aproveitar os momentos de “sucesso” e de “fracasso” do time,

visto que há indícios de que o público que frequenta o estádio é diferente.

Por fim, o presente estudo investiga a diferença de Comportamento de Consumo de Eventos

Esportivos entre distintos grupos de Fãs do Esporte, considerando, por exemplo, o efeito do

Gênero, da Faixa Etária, do Time, do nível de Identificação com a Modalidade Esportiva, com

o Time Esportivo e com as Celebridades do Esporte, entre outros. Foi verificada a

homogeneidade interna aos grupos e a heterogeneidade externa, o que configura um cenário

propício para a segmentação de Marketing. Portanto, os executivos de Marketing podem

aproveitar as informações e o método utilizado neste estudo tanto na realização de futuras

pesquisas gerencias junto aos Fãs dos clubes esportivos de Futebol quanto em iniciativas de

segmentação de Fãs utilizando a base de dados já existente nos clubes.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

A Revisão de Literatura é composta por 4 seções. Inicialmente, são revisados conceitos e

classificações associado(as) ao Fã de esporte, incluindo diversas tipologias que caracterizam o

Fã esportivo. Em seguida, é apresentada a Fundamentação Teórica do estudo, com destaque

para a Social Identity Theory (Teoria da Identidade Social), que é a base conceitual deste

estudo. Além disso, nessa seção são apresentadas diversas escalas de mensuração da

Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade

Esportiva. Então é apresentada uma seção sobre as motivações dos Fãs, levantando-se uma

discussão acerca da relação entre Identificação do Fã e Motivações do Fã. A quarta e última

seção versa sobre o Consumo Esportivo, com foco no Consumo do Evento Esportivo.

2.1. O FÃ DO ESPORTE

Este estudo focaliza o comportamento de consumo de eventos esportivos dos indivíduos que

se identificam com o esporte. Esses indivíduos são frequentemente chamados de “Fãs do

esporte” (sport fans) na literatura. Porém, há outras denominações comuns, como

“espectadores esportivos” (sport spectators) ou “torcedores esportivos” (sport partisans),

entre outras (STEWART, SMITH e NICHOLSON, 2003).

Alguns autores sugerem distinções conceituais entre essas denominações. O espectador

esportivo, por exemplo, poderia ser definido como o indivíduo que assiste ao evento,

enquanto o Fã esportivo poderia ser definido como todo o indivíduo que se declara Fã,

independentemente de assistir ou não aos jogos esportivos (WANN, 1995). Essa distinção

chama a atenção para o fato de nem todos os Fãs assistirem aos jogos, ou seja, nem todos os

Fãs consomem o evento esportivo. Com efeito, posteriormente Wann (2002) sugeriu que ser

Fã esportivo é um conceito autodeclarado. Ou seja: todos os indivíduos que se declaram Fã

esportivos deveriam ser considerados Fãs esportivos. Não caberia, portanto, o julgamento

externo questionando a “veracidade” do Fã, se o indivíduo assim se declarar.

Essa definição sugere que o Fã esportivo poderia ser caracterizado predominante pela sua

atitude favorável ao time. Já o espectador esportivo poderia ser caracterizado pelo seu

comportamento de assistir aos jogos. Neste estudo, embora o foco seja a investigação do

Consumo do Evento Esportivo, optou-se por estudar o Fã do esporte. Ou seja, decidiu-se

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contemplar todos aqueles que se declaram Fãs esportivos. Nesse sentido, será utilizado

também o termo “torcedor esportivo” de maneira intercambiável com o “Fã do Esporte”.

A literatura apresenta diversos termos ao discutir a relação que o Fã estabelece com o esporte.

Pode-se destacar pelo menos 7 termos: (1) identificação do Fã (WANN e BRANSCOMBE,

1993; KWON e ARMSTRONG, 2002), (2) atração do Fã (HANSEN e GAUTHIER, 1989)

(3) associação do Fã (GLADDEN, MILNE e SUTTON, 1998), (4) envolvimento do Fã

(SHANK e BEASLEY, 1998), (5) conexão do Fã (FUNK, HAUGTVEDT e HOWARD,

2000), (6) importância do Fã (FUNK e PASTORE, 2000) e (7) lealdade do Fã (MURREL E

DIETZ, 1992).

Essa diversidade de termos é utilizada, de maneira geral, para discorrer sobre diferentes graus

de “entusiasmo” que o Fã esportivo mantém com o esporte. Contudo, a existência de tantos

termos diferentes – identificação, atração, associação, envolvimento, conexão e importância –

resulta em dificuldades para se estabelecer uma diferenciação clara entre tais conceitos.

Muitos autores utilizam termos diferentes, porém definem esses conceitos de forma

semelhante. Com efeito, o estudo da relação do Fã esportivo muitas vezes se transforma em

um “exercício para desvendar as diferenças semânticas” (FUNK e JAMES, 2001).

No intuito de compreender melhor esses conceitos associados ao Fã esportivo, apresenta-se, a

seguir, diversas tipologias do esporte. Essas tipologias, ao propor critérios de segmentação

dos Fãs, proporcionam uma discussão os conceitos e definições supramencionados.

2.1.1. Tipologias sobre Fãs de esporte

Diversos autores propuseram tipologias sobre Fãs de esporte ao longo do tempo, sendo boa

parte dessas tipologias tentativas de segmentar ou classificar os Fãs esportivos. Os autores

Stewart, Smith e Nicholson (2003) realizaram uma compilação de grande parte das tipologias

apresentadas na literatura, e agruparam essas tipologias em 3 grupos considerando o tipo de

abordagem utilizada pelos autores originais: (1) a abordagem dualística, que contrasta dois

tipos opostos de Fãs; (2) a abordagem em níveis ou camadas, que considera a existência de

diversos “níveis de Fãs” ou de intensidade de entusiasmo dos Fãs, mas sempre considerando

um único aspecto ou dimensão de comparação; e (3) a abordagem multidimensional, que

considera duas ou mais dimensões, e, por isso, produz uma classificação de maior

complexidade. Essas 3 abordagens são apresentadas a seguir.

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2.1.1.1. Tipologias da Abordagem Dualística

A abordagem dualística contempla os autores que classificaram os Fãs esportivos em dois

grupos opostos. A abordagem dualística surgiu no contexto do futebol Europeu ao longo das

décadas de 70 e 80, e reflete as mudanças que impactaram o futebol europeu nessa época,

principalmente a rápida “comercialização” do esporte. Em consequência dessas mudanças,

surgiram novos tipos de Fãs, alguns deles mais apegados ao entretenimento do que ao

“espírito comunitário” vigente; outros mais interessados em utilizar o esporte para fazer

networking de negócios do que para torcer pelo time. Com isso, surgiram também

questionamentos, no esporte, de quais Fãs seriam “genuínos” e quais seriam “falsos”; quais

seriam “tradicionais” e quais seriam “modernos”, entre diversas outras classificações

(STEWART, SMITH e NICHOLSON, 2003). A abordagem dualística pode ser subdividida

em dois grupos de classificação de Fãs: (1) a contraposição “clássica” de Fãs versus

espectadores e (2) os demais trabalhos que contrapõem um tipo versus seu contra-tipo.

A contraposição “clássica” foi utilizada por uma série de autores como Pooley (1978), Sloan

(1987), Wann (1995) e Trail, Robinson et al. (2003), os quais apontaram as diferenças entre

os espectadores esportivos e os Fãs esportivos.

Pooley (1978), por exemplo, considera que os Fãs permanecem conectados ao esporte tanto

durante os jogos quanto depois. Ou seja, o efeito do envolvimento com o esporte seria

duradouro durante o dia-a-dia do Fã. Por outro lado, o espectador esportivo, apesar de se

conectar com o esporte durante os jogos, se “desconectaria psicologicamente” depois de

assistir aos jogos.

Já os autores Trail, Robinson et al. (2003) utilizam outros critérios para fazer essa

diferenciação entre os dois grupos de Fãs. Para esses autores, o Fã seria um indivíduo que

valoriza principalmente a vitória do seu time esportivo, enquanto o espectador seria motivado

principalmente pelo entretenimento associado ao evento esportivo. Dessa maneira, segundo

esses autores, o Fã poderia ser caracterizado como um indivíduo que deseja a vitória “a

qualquer custo”, não se importando tanto com a forma como a vitória é obtida – jogando bem,

jogando mal, tanto faz: “o que importa é vencer”. Já o espectador poderia ser caracterizado

como aquele indivíduo que deseja assistir um evento esportivo bonito, atribuindo “valor

artístico” ao jogo, e valorizando mais a qualidade do entretenimento do que o resultado do

jogo.

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Para ilustrar essa dicotomia, foi elaborada uma tabela-resumo. Construída a partir do estudo

de Stewart, Smith e Nicholson (2003), e complementada pela classificação proposta por

outros autores, a Tabela 1 apresenta a contraposição “clássica” de Fãs versus espectadores.

Tabela 1 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: espectador versus Fã

Espectadores Fãs Autor

Se desconectam psicologicamente do time logo após os eventos esportivos

Permanecem conectados depois dos jogos, sendo que o resultado repercute no dia-a-dia

Pooley (1978)

Motivados pelo escapismo (fuga da rotina e dos problemas do dia-a-dia) e pela beleza do jogo

Motivados principalmente pela vitória do time

Sloan (1987)

Indivíduo que assiste aos eventos esportivos ao vivo pela mídia

Indivíduo entusiasmado com algum esporte, time ou atleta

Wann (1995)

Indivíduos com baixo envolvimento, passivos, atraídos pelo entretenimento e interação social

Indivíduos com alto envolvimento, ativos, que consideravam o time central para sua identidade

Gwinner e Swanson (2003)

Busca o entretenimento através de um jogo bonito, com demonstração de habilidade dos jogadores

Busca a vitória do time, sendo que qualquer vitória serve.

Trail, Robinson et al. (2003)

Fonte: elaborado a partir de Stewart, Smith e Nicholson (2003) e complementado com outros estudos.

O segundo grupo de trabalhos contempla os estudos que contrapõem um tipo específico de

Fãs esportivos versus seu respectivo contra-tipo. Por exemplo: Clarque (1978) contrasta os

“Fãs genuínos”, que se conectariam ao esporte devido ao senso de pertencimento à

comunidade local, aos “outros Fãs”, que utilizariam o esporte para seu “mero”

entretenimento. Tal abordagem revela uma questão de “conflito de gerações” da época,

parcialmente resultante da “comercialização” do esporte, com ampla inserção no mundo do

consumo e veiculação na mídia.

Já Wann e Branscombe (1990) segmentaram os Fãs comparando o quão “oportunista” é a

ligação emocional que o Fã estabelece com o esporte: os Fãs “duros de matar” seriam aqueles

que apoiam o time na vitória e na derrota, ou seja, seu apoio é incondicional; já os Fãs “Fãs de

estação” seriam aqueles que aparecem durante a “estação de vitórias” mas desaparecem em

períodos de derrota ou insucesso do time.

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Para apresentar essa variedade de classificações, foi elaborada outra tabela-resumo.

Construída a partir do estudo de Stewart, Smith e Nicholson (2003), e complementada pela

classificação proposta por outros autores, a Tabela 2 apresenta a contraposição do segundo

grupo de estudos, que contempla a comparação de um tipo específicos de Fãs esportivos

versus seu respectivo contra-tipo.

Esses dois grupos de classificação apresentados acima, embora importantes, possuem, como

característica principal, a segmentação dos Fãs esportivos em dois grupos “opostos”. Tal

dicotomia, no contexto de marketing esportivo contemporâneo, pode parecer limitada,

principalmente por não considerar a existência de diversos níveis de intensidade com que os

Fãs se relacionam com o esporte. Se por um lado a classificação em polos opostos é clara em

termos de grupamento, por outro pode ser criticada por guardar pouca relação com a realidade

atual do marketing esportivo. Com efeito, conhecer essas tipologias é importante como ponto

de partida, porém insuficiente para responder às demandas atuais – e até “perigoso”, visto que

utilizar uma classificação dualística no contexto de marketing esportivo pode ser a receita

certa para o fracasso (STEWART, SMITH e NICHOLSON, 2003).

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Tabela 2 – Tipologia dualística de Fãs de esporte: tipo versus contra-tipo

Tipo de Fã Tradução Características Autores

Genuine Fã Genuíno Se conecta com o esporte devido ao senso de comunidade

Clarque (1978)

Corporate Outros Fãs Se conecta com o esporte pelo “mero” entretenimento

Die-hard Fã “duro de matar”

Permanece apoiando o time independentemente do resultado (vitória ou derrota)

Wann e Branscombe (1990)

Less-Loyal Fã “de estação”

Desaparece quando o time passa por uma temporada de fracasso

Expressive Fã expressivo Motivado pelo sentimento de aventura e excitação, procura expressar sua identificação com raízes étnicas e culturais através do time

Hughson (1999)

Submissive Fã submisso Altamente identificado com o time, mas sem as características do Fã expressivo

Core fans Fã com vínculo emocional

Possui verdadeiros vínculos emocionais com o time Nash (2000)

Corporate fans Fã “social” Utiliza o ambiente social esportivo para benefício próprio, como expansão da rede de contatos

Traditional Tradicional Valoriza a tradição e a história do clube e possui lealdade duradoura

Haynes (2000)

Modern Moderno Mantém uma relação efêmera baseada no prazer e no entretenimento

Irrational Fã irracional Possui conexões emocionais e inconscientes, gerando uma mentalidade tribal de pertencimento ao grupo

Quick (2000)

Rational Fã racional Ligação com o time por benefícios conscientes resultantes da identificação

High Loyalty Fã muito leal Teve uma infância com maior envolvimento com o time, apresentando maior lealdade comportamental

Bristow e Sebastian (2001)

Low Loyalty Fã pouco leal Apesar de possuir fortes atitudes em relação ao time, não apresenta lealdade comportamental

Informal Fan Fã informal Torcedor comum, que compra ingressos avulsos quando vai ao estádio

Theysohn, Hinz, Osworthy e Kirchner (2009)

Club member Sócio-torcedor

Torcedor sócio do time, que possui uma lealdade comportamental permanente, pois paga mensalidade ao clube

Fonte: elaborado a partir de Stewart, Smith e Nicholson (2003) e complementado a partir de outros estudos

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A seguir é apresentada a abordagem em níveis ou camadas. Essa abordagem considera

diversos níveis de intensidade do “entusiasmo” dos Fãs, sem, contudo, segmentá-los em

grupos opostos.

2.1.1.2. Tipologias da Abordagem em Níveis

A Abordagem em Níveis constitui o segundo grupo de tipologias identificadas por Stewart,

Smith e Nicholson (2003). Segundo os autores, ao longo da década de 90, uma série de

pesquisadores, principalmente norte-americanos, “expandiram” a análise dos Fãs esportivos

através do nível e da intensidade da ligação desse Fãs com o esporte. Isso permitiu não

somente a diferenciação entre grupos distintos de Fãs, como foi o caso da Abordagem

Dualística, mas também o “ordenamento” dos grupos de Fãs em função do nível de

identificação esportiva. A Abordagem em Níveis contempla a contribuição de diversos

autores como Wann e Branscombe (1993), Mullin, Hardy e Sutton (1993) e Funk e James

(2001), entre outros.

Wann e Branscombe (1993) segmentaram os consumidores esportivos com base na

intensidade de identificação dos Fãs com o esporte, classificando-os em grupos com baixa,

média ou alta identificação. Os autores propuseram uma escala de mensuração do nível de

identificação com o esporte chamada Sport Spectator Identification Scale (SSIS). Diferentes

características comportamentais foram atribuídas a Fãs de cada grupo. Os Fãs com baixa

identificação, por exemplo, apresentariam uma menor propensão de buscar informações

esportivas, ir aos jogos no estádio e assistir a transmissão dos jogos pela TV, enquanto Fãs de

alta identificação possuiriam uma alta propensão a ler sobre esporte, mostrar publicamente

seu “orgulho” como Fãs, utilizando roupas associadas ao seu time ou jogadores prediletos e ir

ao estádio. Dessa forma, a contribuição de Wann e Branscombe foi importante para a

concepção de um continuum com múltiplos níveis de identificação esportiva.

Mullin, Hardy e Sutton (1993) segmentaram os Fãs em três diferentes níveis de

comprometimento esportivo utilizando como um dos principais critérios a frequência de

comparecimento ao estádio.

Kahle, Kambra e Rose (1996) segmentaram os Fãs de esporte com base na internalização da

identidade esportiva, cuja teoria está baseada nos conceitos de identificação, conformidade e

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internalização propostos por Kelman (1961). Nessa classificação, os autores consideraram a

incorporação da identidade esportiva ao self do indivíduo como critério para segmentar os

grupos. Assim, o Fã “internalizado” seria aquele que possui um alto envolvimento com o

esporte, sendo que o time esportivo possui um papel essencial na autodefinição do indivíduo.

O Fã “camarada” representaria um nível intermediário: seria aquele com comprometimento

parcial com o time, motivado principalmente pelos aspectos sociais promovidos pelo esporte,

como a amizade com outros Fãs. Por fim, os Fãs “auto-expressivos” representariam o nível

mais baixo de identificação, contemplando aqueles indivíduos que buscam principalmente a

excitação e o entretenimento proporcionados pelo esporte.

Sutton, Mcdonald, Milne e Cimperman (1997) também segmentaram os Fãs em 3 grupos. Os

Fãs “sociais” seriam aqueles com baixa identificação com o time, porém com alta

identificação com o ambiente esportivo. Um segundo tipo de Fã seria o “oportunista”. Esse

grupo contemplaria aqueles indivíduos que participam de maneira engajada dos eventos

esportivos quando o time está passando por um período de vitórias, porém se afasta do clube

se o time passar por um período de fracassos. O terceiro tipo seria o Fã “apaixonado”,

constituído por aqueles Fãs altamente envolvidos com o time. Esse tipo de Fã daria um apoio

incondicional ao time.

Clowes e Tapp (1999) também segmentaram os Fãs esportivos em 3 grupos com base no

comprometimento com o clube, separando os Fãs com pouco, médio e muito

comprometimento.

Assim, a partir do estudo de Stewart, Smith e Nicholson (2003), complementado pela

contribuição de outros autores, foi elaborada a Tabela 3, que apresenta as diversas tipologias

da Abordagem em Níveis.

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Tabela 3 – Tipologias da Abordagem em �íveis

Tipo de Fã Tradução Características Autores

Low

Identification -

Commitment

Baixa Identificação - Comprometimento

Praticamente nunca vão ao estádio e conhecem pouco sobre o time.

Wann e Branscombe (1993); Mullin, Hardy e Sutton (1993) Medium

Identification -

Commitment

Média Identificação - Comprometimento

Vão ao estádio ocasionalmente e conhecem algumas coisas sobre o time.

High

Identification -

Commitment

Alta Identificação - Comprometimento

Vão ao estádio com grande frequência, conhecem mais sobre o time e possuem mais interesse em atividades afins ao time.

Camaradie

Fan

Fã “camarada” Principal motivação é a amizade com os outros Fãs; identificação mais com os outros Fãs do que com o time em si.

Kahle, Kambra e Rose (1995)

Self-expressive

Fan

Fã “Auto-expressivo”

Se identifica com o time, porém o time não é central para a identidade do indivíduo

Internalized

Fan

Fã “Internalizado” Possui um alto envolvimento e o time é central para a identidade do indivíduo

Social fans Fã “social” Baixa identificação com o time, porém atraídos pela socialização proporcionada pelo ambiente esportivo

Sutton, McDonald, Milne e Cimperman (1997) Focused fans Fã “oportunista” Apenas se envolvem emocional e financeiramente

quando o time está ganhando

Vested fans Fã “apaixonado” Alto envolvimento incondicional com o time e grande importância do time para o autoconceito individual; são os Fãs apaixonados pelo time.

Care-free

casuals

Fã pouco comprometido

Baixo comprometimento com o time. Clowes and Tapp (1999)

Committed

casuals

Fã muito comprometido

Alto grau de comprometimento psicológico com o time, porém frequentam o estádio apenas ocasionalmente

Fanatics Fanáticos Alto grau de fanatismo com o time, tendem a ir ao estádio com alta regularidade

Fonte: elaborado a partir de Stewart, Smith e Nicholson (2003) e complementado com outros estudos

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A próxima abordagem apresentada é a Abordagem Multidimensional, que considera a

existência de múltiplas dimensões que agem simultaneamente e “modelam” o comportamento

do Fã esportivo. Trata-se de uma abordagem mais complexa. Com efeito, enquanto a

abordagem dualística segmenta o Fã em dois grupos opostos e a Abordagem em Níveis em 3

grupos conforme a intensidade do “entusiasmo” dos Fãs, a Abordagem Multidimensional

frequentemente segmenta os Fãs em 4 ou 5 grupos.

2.1.1.3. Tipologias da Abordagem Multidimensional

A Abordagem Multidimensional constitui o terceiro grupo de tipologias identificadas por

Stewart, Smith e Nicholson (2003). Essa abordagem considera que o comportamento dos Fãs

é influenciado simultaneamente por diversas variáveis ou dimensões. A seguir são

apresentadas as tipologias dessa abordagem. Contudo, nesta seção, cada tipologia é

apresentada em uma tabela própria, e não de forma consolidada como nas duas abordagens

anteriores.

Os autores Hunt, Bristol e Bashaw (1999) propuseram uma classificação segmentando os Fãs

em 5 tipos, considerando, além do nível de identificação, as dimensões tempo e espaço. Os

Fãs “temporários” seriam aqueles cuja identificação dependeria do desempenho do time

esportivo nas partidas. Os Fãs “geográficos” seriam aqueles cuja motivação para filiação ao

time está relacionada ao sentimento “comunitário”. Essa categoria reflete uma situação

bastante presente no contexto esportivo norte-americano, no qual os municípios normalmente

possuem apenas um grande time para cada Modalidade Esportiva. Nesse contexto, torcer pelo

time adquire um sentido mais amplo, pois é, também, uma questão de cidadania e apoio à

comunidade local. Os Fãs “devotos” seriam aqueles altamente identificados e que atribuem ao

time uma importância muito grande, como se o time fosse uma extensão da identidade do Fã,

ou seja, uma extensão do seu self. Os Fãs “fanáticos” seriam uma continuidade dos Fãs

devotos. Os fanáticos, além de possuir as características dos devotos, seriam aqueles que

fazem questão de expressar publicamente sua devoção esportiva. Ou seja, o aspecto

comportamental dos fanáticos seria mais facilmente observável, enquanto os devotos

poderiam ser considerados como Fãs mais discretos. O quinto grupo seria o de Fãs

“disfuncionais”. Os Fãs disfuncionais representariam o grau máximo de identificação

esportiva e de comportamento associado ao esporte. Esse grupo de Fãs, além de possuir todas

as características dos fanáticos, poderiam ser caracterizados pela perda de controle emocional.

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A identificação com o time seria tão forte que provocaria a despersonalização do

comportamento desse tipo de Fã, o qual agiria, em muitos momentos, mais como membro do

grupo do que como indivíduo. Atitudes como tatuar o logotipo do time no corpo seriam uma

das características desse tipo de Fã, de tão grande a paixão que ele nutriria pelo time. Além

disso, os Fãs disfuncionais também possuiriam uma maior propensão ao comportamento

violento. A tabela 4 apresenta a tipologia proposta por Hunt, Bristol e Bashaw (1999), a

primeira tipologia da abordagem multidimensional.

Tabela 4 – Os 5 tipos de Fã de Hunt, Bristow e Bashaw

Tipo de Fã Tradução Características

Temporary fans Temporários ou “oportunistas”

Identificação depende do desempenho do time. Aproximam-se do time no momento das vitórias e se afastam nos momentos de derrota.

Local fans Geográficos ou “comunitários”

Aquele Fã que torce para o time da cidade em que ele mora. Ao se mudar, passa a torcer para um novo time.

Devoted fans Devotos Para ele, o time é tão importante que constitui uma extensão do self

Fanatical fans Fanáticos Além de devoto, esse Fã faz questão de expressar publicamente seu fanatismo pelo time através de roupas e ornamentações.

Dysfunctional fans Descontrolados O time esportivo domina a vida desse tipo de Fã, que perde o controle sobre suas emoções e sobre suas ações. Possuem propensão ao comportamento violento.

Fonte: elaborado a partir de Hunt, Bristow e Bashaw

A segunda tipologia da Abordagem Multidimensional é a de Smith e Stewart (1999). Esses

autores também classificaram os Fãs de esporte em 5 tipos, porém eles utilizaram outros

critérios para segmentar os Fãs: suas motivações, o grau de lealdade atitudinal e o grau de

lealdade comportamental. A tipologia de Smith e Stewart (1999) é fundamentada nas

contribuições teóricas propostas por Holt (1995) no âmbito da classificação das práticas de

consumo.

Os 5 tipos de Fãs de acordo com com Smith e Stewart (1999) são apresentados na Tabela 5. O

primeiro tipo é o Fã “apaixonado”. Esse tipo de Fã seria motivado principalmente pela

necessidade de afiliação ao time e possuiria alta lealdade atitudinal e alta lealdade

comportamental. Ou seja, seria aquele Fã com profunda conexão psicológica com o time

esportivo, além de um comportamento observável de suporte ao time, principalmente através

do comparecimento aos jogos. O segundo tipo de Fã é o “seguidor de campeões”. Esse Fã

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compartilharia a mesma motivação principal – afiliação ao time – , porém sua lealdade

atitudinal dependeria do desempenho do time. Ou seja, trata-se de mais um exemplo do Fã

denominado anteriormente como “oportunista”, que se aproxima do time nos momentos de

vitória e se afasta nos momentos de derrota. Por causa disso, a lealdade comportamental desse

Fã seria média, uma vez que o suporte estaria condicionado ao desempenho do time ao longo

de uma temporada, por exemplo. O terceiro tipo de Fã é o Fã “introvertido”. Esse tipo de Fã

também compartilharia a mesma motivação que os tipos anteriores, porém apresentaria uma

combinação de alta lealdade atitudinal com baixa lealdade comportamental. Ou seja, seria

aquele Fã que, apesar de se identificar com o time, não demonstra isso publicamente da

mesma forma como outros Fãs mais extrovertidos. Se fosse considerado o modelo conceitual

de Holt (1995), poder-se-ia dizer que esse tipo de Fã apresenta uma lealdade latente,

constituindo um segmento com alto potencial comercial a ser explorado, caso fosse possível

influenciar seu comportamento e aumentar seu consumo esportivo. O quarto tipo de Fã é o

“Fã de espetáculos dramáticos”. Esse grupo de Fãs possuiria uma motivação diferente: ao

invés da afiliação ao time, seriam motivados pelo drama proporcionado pelos jogos. Esse

grupo de Fãs buscaria conforto, e poderia ser caracterizado por consumir o esporte de maneira

análoga a quem consome um espetáculo de cinema ou de teatro. A lealdade atitudinal desse

tipo de Fã seria baixa, pois o Fã valorizaria principalmente o entretenimento. Porém, a

lealdade comportamental seria alta, pois trata-se de um Fã com alta propensão de consumo

esportivo. Contudo, de acordo com o modelo conceitual proposto por Holt (1995), esse grupo

poderia ser enquadrado como um segmento com “lealdade espúria”. Por fim, o quinto grupo

identificado é o de “Fãs de espetáculos estratégicos”. Esse grupo possuiria características

similares aos “Fãs de espetáculos dramáticos”, contudo, ao invés de ser motivado pelo drama

dos jogos, valorizaria principalmente a complexidade e a estratégia dos jogos. Ou seja, seria

um grupo de Fãs que valoriza a beleza do esporte e que gosta de acompanhar informações

esportivas para poder analisar o esquema de jogo com maior propriedade. A lealdade

atitudinal desse grupo poderia ser considerada baixa, pois esse grupo também busca o

entretenimento. Porém a lealdade comportamental seria alta, pois trata-se de um grupo com

alta propensão de consumo esportivo (SMITH e STEWART, 1999).

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Tabela 5 - Os 5 tipos de Fã de Smith e Stewart

Tipo de Fã Tradução Motivações Lealdade atitudinal

Lealdade comportamental

Passionate Partisan Fã apaixonado e “guerreiro”

Afiliação ao time Alta, profunda conexão emocional

Alta

Champ Follower Fã seguidor de “campeões”

Afiliação ao time Depende do desempenho do time

Média

Reclusive Partisan Fã introvertido Afiliação ao time Alta, profunda conexão emocional

Baixa

Theater-goer Fã de Fã espetáculos dramáticos

Quer conforto e jogos dramáticos

Baixa, está focado no entretenimento

Alto

Aficionado Fã de espetáculos estratégicos

Quer assistir jogos complexos e estratégicos

Baixa, está focado no entretenimento

Alto

Fonte: elaborado a partir de Smith e Stewart

Segundo Smith e Stewart (1999), o primeiro grupo da Tabela 5, os Fãs “apaixonados”,

constituiriam o tipo ideal de Fãs para um time esportivo, uma vez que a combinação de alta

lealdade atitudinal, alta lealdade comportamental e motivação oriunda da afiliação ao time

tornaria o Fã um defensor apaixonado do time, como se fosse um “guerreiro” do clube.

A terceira tipologia da Abordagem Multidimensional é a de Funk e James (2001). Esses

autores propuseram uma classificação chamada Psychological Continuum Model (PCM),

traduzida para “Modelo do Continuum Psicológico” – ou simplesmente “Modelo PCM”.

Apesar de reconhecer as contribuições das segmentações propostas anteriormente, os autores

apresentam uma crítica a esses modelos, principalmente por considerá-los muito descritivos e

pouco “explicativos”. Ou seja, apesar das tipologias anteriores descreverem o comportamento

de cada grupo, elas não propõem explicações de como esses grupos são formados – de como

os Fãs “se movimentam” de um grupo para outro. Essa crítica é apontada como relevante por

dois motivos: (1) a relação do Fã com o esporte é dinâmica e, portanto, as tipologias

acadêmicas não deveriam ser estáticas e apenas descritivas; (2) uma das principais utilidades

da segmentação de Fãs, em um contexto de Marketing Esportivo, é a atuação proativa dos

profissionais em cada segmento – o que não seria possível se os mecanismos de

“movimentação” dos Fãs de um grupo para o outro não forem compreendidos. Assim, Funk e

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James (2001) desenvolveram o Modelo PCM no intuito de segmentar os Fãs e explicar o

processo de “movimentação” dos indivíduos ao longo de suas trajetórias como Fãs esportivos.

Uma característica importante do Modelo PCM é que ele foi concebido como um continuum,

ou seja, como uma linha imaginária com diversos níveis ou gradações. A analogia feita pelos

autores é como o “modelo do elevador”. Ou seja, cada estágio ou nível de identificação do Fã

seria representado por um andar, e os indivíduos se “movimentariam” verticalmente nesse

continuum ao longo da vida, tanto para cima quanto para baixo. O Modelo PCM considera a

existência de 4 estágios de envolvimento com o esporte. Esses estágios podem ser

considerados como diferentes níveis de identificação do Fã com o esporte. São eles: (1)

Awareness, ou conhecimento; (2) Attraction, ou preferência; (3) Attachment, ou conexão; e

(4) Allegiance, ou lealdade. A Figura 1 ilustra esses estágios.

O primeiro estágio do Modelo PCM é o Conhecimento. É nesse estágio que o indivíduo tem

seu primeiro contato com esporte, seja através da prática esportiva, seja através da mídia. Esse

primeiro contato normalmente acontece durante a infância, quando agentes socializadores

como a família, os amigos, os professores e a escola influenciam a criança a conhecer ou

praticar um determinado esporte. Desde cedo, as crianças aprendem a gostar de “ídolos

esportivos”. Devido à ubiquidade do esporte, praticamente todos os indivíduos de uma

sociedade poderiam passar por esse estágio – pelo menos em relação aos esportes populares

naquele lugar. Já os esportes desconhecidos em uma determinada cultura não proporcionariam

a oportunidade de chegar ao patamar de conhecimento. Assim, nesse nível inicial de

conhecimento, o indivíduo adquire noção da existência de diversos atletas ou times esportivos

das modalidades esportivas praticadas ou consumidas no local. Ou seja, a pessoa é capaz de

reconhecer a existência de diferentes times e também adquire um nível de informação mínimo

sobre a Modalidade Esportiva em questão, como as regras esportivas, que incluem o sistema

de pontuação e as principais funções dos atletas. Contudo, no estágio de Conhecimento, o

indivíduo não possui nenhuma preferência ou conexão psicológica com algum time ou atleta.

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Figura 1 – Modelo Psychological Continuum Model (PCM) Fonte: elaborado a partir de Funk e James (2001)

Essa é justamente a diferença entre o nível 1 e o nível 2: o desenvolvimento de uma

Preferência. No 2o estágio, o indivíduo passa a ter uma preferência por algum time ou atleta,

ou seja, ele se transforma em um torcedor. Essa preferência se materializa principalmente

através do entretenimento, pois ao ingressar no 2o estágio o indivíduo passa a derivar prazer

do esporte e a se sentir atraído por algum time ou atleta. O prazer seria, portanto, um reflexo,

e não uma causa da identificação.

Entretanto, essa ligação ainda possui uma forte influência dos agentes socializadores externos.

Ou seja, a conexão com o esporte ainda é baseada em motivações extrínsecas, sejam elas

sociais ou “do ambiente”. Nesse sentido, apesar do Fã manifestar uma preferência esportiva,

essa preferência ainda é “fraca” ou vulnerável. Um exemplo dessa vulnerabilidade seria um

Fã do time “X”, que, estando no nível de Preferência, é transferido de uma cidade muito

distante, e, com isso, passa a gradativamente apreciar e torcer por um novo time – o time local

da cidade onde ele passou a morar.

Já o 3o estágio do Modelo PCM é o de Conexão. Nesse estágio, a motivação do Fã deixa de

ser extrínseca e passa a ser intrínseca. Ou seja, o Fã passa a ter uma motivação “que vem de

dentro”. No estágio de Conexão, o indivíduo passa a se conectar psicologicamente com o

esporte, atribuindo uma alta importância à identificação com o time ou com o atleta. É nesse

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estágio que o esporte passa a fazer parte da personalidade do indivíduo, pois o indivíduo

associa o seu self ao esporte. Uma característica dessa conexão psicológica que caracteriza o

estágio de conexão é a resistência à mudança. Quando um Fã de esporte chega no 3o estágio,

sua preferência se torna forte, internalizada em seu autoconceito. Passa a existir um alto

envolvimento. Assim, uma vez que ser um Fã esportivo de algum time ou atleta é uma das

coisas que o define como indivíduo, é muito difícil que o indivíduo mude de preferência. A

conexão psicológica é forte. Portanto, verifica-se um alto grau de resistência à mudança.

O 4o estágio preconizado no Modelo PCM é o de Lealdade. Nesse estágio, o indivíduo

mantém todas as características do estágio anterior, Conexão, e adiciona duas características

importante: evidências comportamentais e o “teste do tempo”. As evidências

comportamentais podem ser entendidas como o consumo esportivo contumaz. Ou seja, além

da lealdade atitudinal demonstrada no estágio de Conexão, o indivíduo passa a apresentar

lealdade comportamental, como, por exemplo, através do comparecimento frequente ao

estágio. O teste do tempo se refere à resiliência do Fã de passar por momentos difíceis, em

que sua identificação como time foi ameaçada – como é o caso de momentos de sucessivas

derrotas – , mas não se abalou. Assim, o que marca a transição do 3o estágio para o 4o estágio

é justamente o desenvolvimento da lealdade atitudinal e comportamental esportivas. No

estágio de Lealdade, o esporte está tão internalizado no autoconceito do indivíduo que a

resistência à mudança se torna muito forte. Nesse estágio, se torna muito improvável a troca

de time pelo indivíduo. Outra característica do estágio de lealdade é que o indivíduo

desenvolve vieses cognitivos em relação ao processamento de informações relacionadas ao

time. Ou seja, a percepção do Fã é alterada em função da paixão pelo esporte: ele registra

informações positivas do seu time com grande precisão, porém esquece facilmente

informações negativas; ou, então, passa a manifestar uma atitude mais positiva a determinadas

pessoas que conhece quando descobre que elas são Fãs do mesmo time que ele – e vice-versa.

Com o Modelo PCM, finaliza-se a revisão das tipologias sobre Fãs l. O próximo tópico da

revisão de literatura foca na Identificação do Fã esportivo.

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2.2. A IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE

A identificação com o esporte é um tema central na área de Marketing Esportivo. A

identificação é um conceito discutido em diversas áreas de conhecimento, como a Psicologia

“tradicional”, com foco no indivíduo, a Psicologia “Social”, com foco no “grupo dentro do

indivíduo”, e a Sociologia, com foco na relação entre grupos. Um conjunto de teorias e

escalas que representam essas diversas áreas das ciências sociais que suprem a área de

Marketing Esportivo com conceitos e definições relevantes é apresentado a seguir.

2.2.1. Teoria dos Processos de Mudança de Opinião/Atitude

Kelman (1958) sugeriu 3 processos distintos para explicar como o indivíduo assimila a

influência social: conformidade, identificação e internalização. Apesar de ter descrito esses

processos em 1958, foi apenas alguns anos depois que Kelman formalizou-os em uma teoria,

que chamou de Processes of Opinion Change, ou Teoria dos Processos de Mudança de

Opinião/Atitude (KELMAN, 1961). Essa teoria foi utilizada como base para diversas

investigações com foco no comportamento dos indivíduos no grupo, tendo sido, inclusive,

utilizada nas áreas de resolução de conflitos internacionais e estudos sobre a formação da

opinião pública (KELMAN, 1974). Segundo Kelman, Conformidade, Internalização e

Identificação são conceitos importantes para compreender a influência que os “agentes

externos” – ou seja, os outros – possuem junto ao indivíduo.

A conformidade é o processo de aceitação da influência social que não requer a aceitação

privada do comportamento sugerido pelo agente externo. Na conformidade, a principal

motivação do indivíduo é com o efeito social do comportamento adotado, e não a congruência

de valores. Portanto, o indivíduo não precisa concordar com o conteúdo exposto pelo agente

externo para agir conforme aquele conteúdo. Por isso, pode haver discrepância entre atitudes e

comportamento. A assimilação da influência social através da conformidade está associada à

constante busca de aprovação do agente externo pelo indivíduo. Para ganhar essa aprovação, o

indivíduo flexibiliza suas opiniões e ajusta seu comportamento conforme varia de

interlocutor. Porém, na ausência do agente externo, ou na presença de outro agente, o

indivíduo muda de atitude e age conforme o novo contexto. No processo de conformidade, a

fonte de poder do agente externo é o controle dos meios, que envolve as recompensas sociais

e as punições sociais associadas à adoção do comportamento induzido. Além disso, o

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comportamento induzido tende a ser observado apenas na presença “fiscalizadora” do agente

externo.

Já a assimilação da influência social através da identificação é diferente. Na identificação, o

indivíduo deriva seu autoconceito da relação que estabelece com o agente externo com o qual

se identifica. Essa relação não precisa ser real; trata-se de uma relação percebida, que é

autodefinida pelo indivíduo. Portanto, ao se identificar com alguém ou com algum grupo, não

é preciso consentimento desse alguém, tampouco é preciso haver uma relação interpessoal

direta. Quando o indivíduo adota um comportamento através da identificação, ele o faz

porque esse comportamento está associado à melhoria de autoestima. Por isso, a propensão a

adotar o comportamento do agente externo é tão maior quanto mais saliente for a relação de

identificação do indivíduo com o agente. Situações de proeminência da relação de

identificação, portanto, induzem o indivíduo a se comportar conforme o grupo de referência.

Dessa forma, na identificação, a fonte de poder do agente externo é a sua atratividade para o

indivíduo. De certa forma, pode-se dizer que, ao exaltar o grupo do qual se sente parte, o

indivíduo acaba exaltando a si mesmo e, assim, aprimorando seu autoconceito.

Por fim, a aceitação da influência social através do processo de internalização está associado à

congruência de valores. Na internalização, o conteúdo da influência social é muito relevante.

O indivíduo adota um comportamento não porque se identifica nem porque deseja entrar em

conformidade para conquistar a aprovação do agente externo, mas sim porque os valores

implícitos no comportamento induzido são intrinsecamente recompensadores e há

congruência de valores. Os valores internalizados funcionam para o indivíduo como um guia

de comportamento, sendo relativamente estáveis e profundos. Portanto, a fonte de poder do

agente externo na internalização é a sua credibilidade junto ao indivíduo. Por isso, quando a

influência social é assimilada através da internalização, não é necessária a presença

fiscalizadora do agente externo, tampouco a saliência do grupo de referência. A congruência

de valores é suficiente para que haja reprodução do comportamento induzido pelo agente

externo.

A Tabela 6 apresenta um resumo da diferenciação entre os processos de conformidade,

identificação e internalização.

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Tabela 6 – Os 3 Processos de Assimilação da Influência Social: Conformidade, Identificação e Internalização

Fonte: adaptado de Kelman (1961)

No contexto do Marketing Esportivo, as contribuições de Kelman foram utilizadas por

diversos autores. Khale, Kambara e Rose (1996), por exemplo, desenvolveram a escala FAM

com base na Teoria dos Processos de Mudança de Opinião/Atitude de Kelman (1958; 1961).

Bee e Kahle (2005) utilizaram os conceitos de Kelman em uma investigação sobre Marketing

de Relacionamento através do esporte, sugerindo estratégias para a transformação de

relacionamentos transacionais e superficiais, baseados na conformidade, em relacionamentos

relacionais e de longo prazo, baseados na identificação e internalização do objeto esportivo.

Bagozzi e Lee (2002) analisaram as múltiplas rotas da influência social utilizando os 3

processos definidos por Kelman, e sugeriram que indivíduos de diferentes culturas

apresentam maior ou menor propensão de assimilar a influência através de algum dos

processos teorizados por Kelman.

Dessa maneira, neste estudo, é utilizado o conceito de identificação proposto por Kelman:

identificação é a orientação psicológica do self de um indivíduo em termos da filiação ou

pertencimento aos grupos sociais que passam a definir esse indivíduo, sendo esse

pertencimento real ou apenas percebido (KELMAN, 1961).

2.2.2. Teoria da Identidade Social

A Social Identity Theory (SIT), ou Teoria da Identidade Social, foi desenvolvida por Tajfel e

Turner ao longo da década de 70, a partir dos resultados de diversos experimentos conduzidos

junto a pequenos grupos de indivíduos (TAJFEL, BILLIG, et al., 1971), tendo sido

formalizada em 1979 como An Integrative Theory of Intergroup conflict, ou Teoria Integrada

Atributo de comparação

Conformidade Identificação Internalização

Preocupação do indivíduo

Efeito Social do comportamento

Ancoragem Social do comportamento

Congruência de Valores

Fonte de poder do agente externo

Controle dos meios Atratividade do agente externo

Credibilidade do agente externo

Condições para observação do comportamento

Fiscalização pelo agente externo

Saliência da relação de identificação

Relevância dos Valores

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do Conflito entre Grupos (TAJFEL e TURNER, 1979). A SIT é uma das teorias mais

importantes na área de Marketing Esportivo, pois articula conceitos importantes como

identificação, autoestima, autoconceito e sua influência no comportamento dos indivíduos. A

SIT é uma teoria que surgiu a partir da tentativa dos autores de explicar fenômenos

observados em experimentos conduzidos junto a grupos de estudantes que não podiam ser

explicados pela teoria vigente.

Tajfel e Turner sugeriram que o autoconceito do indivíduo deriva de dois tipos de identidade:

(1) a identidade pessoal ou individual, que contempla as características idiossincráticas e

inerentes a cada pessoa, traços de personalidade e habilidades pessoais, que são justamente

aquelas características que tornam cada indivíduo singular, e (2) a identidade social ou

coletiva, que contempla uma série de identificações que o indivíduo estabelece com outras

pessoas e grupos, e que são características compartilhadas com o grupo e utilizadas no dia-a-

dia conforme o contexto social.

Os autores focaram nesse segundo tipo de identidade, a identidade social, que é resultado da

categorização social. Segundo a Teoria da Identidade Social, a categorização social possui

duas funções: (1) facilita a organização do contexto social para o indivíduo, o que é

geralmente feito com a ajuda dos estereótipos associados ao pertencimento a cada categoria

social, e (2) permite a ele extrair um senso de valor próprio e a localizar “seu lugar” na

sociedade através da sensação de pertencimento àquela categoria. Dessa forma, através da

identificação com uma categoria social específica, o indivíduo desenvolve um senso de

“destino comum” com o grupo, atrelando seu autoconceito pessoal ao autoconceito do grupo.

Ou seja, o indivíduo “utiliza” o pertencimento ao grupo como instrumento para definição de

sua identidade social, como se fosse um instrumento para melhoria de sua autoestima

(ASHFORTH e MAEL, 1989).

A categorização social, porém, não implica que o pertencimento aos grupos sociais deva ser

compreendido como um fenômeno dicotômico. Existem diversos níveis de identificação que

se tornam ainda mais evidentes quando a categoria social pode ser contrastada com outra

categoria. Não por acaso, grupos rivais tendem a ser utilizados como grupos de referência

para identificação (TURNER, 1985).

Ashforth e Mael (1989), sugeriram 4 princípios da identificação social: (1) a identificação é

um fenômeno cognitivo, ou seja, trata-se de uma percepção de pertencimento que requer

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apenas que o indivíduo se autodefina como membro do grupo e perceba que seu destino está

atrelado ao destino do grupo com o qual ele se identifica; (2) a identificação social inclui a

vivência dos sucessos e fracassos do grupo, e espera-se que indivíduos altamente identificados

mantenham a identificação mesmo em situações que envolvam sofrimento, perdas e derrotas;

(3) a identificação social é um conceito distinto da internalização, pois enquanto a

internalização se refere a incorporação de valores, atitudes e princípios de vida, a

identificação se refere à derivação do autoconceito do pertencimento ao grupo; (4) a

identificação com o grupo é similar à identificação com uma pessoa, pois ambas estão

associadas ao desejo de aparecer, emular ou ganhar as qualidades do outro.

A Teoria da Identidade Social emergiu a partir da proposição do Paradigma do Grupo

Mínimo, resultado dos experimentos conduzidos por Tajfel e Turner (1979) sobre a base

psicológica do comportamento entre grupos.

2.2.2.1. Paradigma do Grupo Mínimo

Tajfel e Turner investigaram as condições mínimas para existência de favoritismo entre

membros do mesmo grupo e discriminação entre membros de grupos distintos, observando

que a simples categorização dos indivíduos em 2 grupos distintos foi suficiente para gerar

identificação do indivíduo com seu próprio grupo, e, com isso, favoritismo para com os

membros do próprio grupo e discriminação para com os membros do outro grupo. Essas

observações não puderam ser explicadas pelas teorias vigentes sobre conflito entre grupos,

como a Teoria do Conflito Real entre Grupos (Realistic Conflict Theory, ou RCT) de Sherif

(1966). A RCT supunha que seria o real conflito de interesses dos grupos que causaria o

conflito entre grupos. Ou seja, a competição entre grupos seria motivada por interesses

simultâneos em recursos escassos, gerando oposição entre os grupos, enquanto a cooperação

entre grupos seria motivada quando os objetivos fossem comuns e passíveis de trazer

resultados positivos para todos. Além disso, o conflito entre grupos não apenas criaria uma

relação antagônica entre os grupos, como também fortaleceria a identificação de membro com

o seu grupo (TAJFEL e TURNER, 1979).

Todavia, ao conduzir experimentos eliminando o “conflito real” entre os grupos, Tajfel e

Turner desafiaram a teoria vigente. Eles categorizaram os participantes do experimento

aleatoriamente em 2 grupos, informando, individualmente, cada participante como membro

do grupo “A” ou do grupo “B”, de maneira com que os participantes não soubessem quem

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eram os membros do seu próprio grupo ou do grupo oposto. Com isso, foi eliminado o viés

resultante do conhecimento prévio entre os participantes. E, a partir de um exercício em que

os participantes realizaram uma atividade e depois atribuíram pontos para cada participante,

os quais posteriormente poderiam ser convertidos em dinheiro individualmente, os

pesquisadores observaram que essa simples categorização em grupos distintos era suficiente

para que fosse observado favoritismo intragrupo e discriminação entre grupos. Assim, foi

observada identificação com o grupo mesmo sem que houvesse conflitos reais entre membros

do grupo nem conflitos resultantes de interações pessoais. Tajfel e Turner chamaram esse

fenômeno de Paradigma do Grupo Mínimo (Minimal Group Paradigm), sugerindo que a

identificação com o grupo poderia ser resultado da categorização das pessoas em grupos, e

que a identificação com o grupo no nível cognitivo – considerado o nível mínimo – já seria

suficiente para provocar mudanças de atitude e comportamento (TAJFEL, BILLIG, et al.,

1971). A Teoria da Identidade Social tem suas raízes na proposição do Paradigma do Grupo

Mínimo.

2.2.2.2. Premissas e Princípios da Teoria da Identidade Social

A Teoria da Identidade Social prevê que não apenas a incompatibilidade de interesses entre

grupos não é suficiente para gerar conflito entre grupos, como também sugere que tal

incompatibilidade de interesses ou objetivos não é uma condição necessária para o

desenvolvimento da competição entre grupos, favoritismo intragrupo e discriminação entre

grupos. O favoritismo intragrupo é compreendido como uma característica onipresente das

relações entre grupos, ou seja, a simples categorização dos indivíduos em dois grupos

distintos já é suficiente para provocar a discriminação entre grupos e favorecimento

intragrupo. Assim, a identidade social, compreendida como aqueles aspectos da autoimagem

do indivíduo que derivam das categorias ou grupos sociais dos quais ele se sente parte, possui

3 premissas (TAJFEL e TURNER, 1979). Em primeiro lugar, os indivíduos se esforçam para

manter ou melhorar sua autoestima. Ou seja, eles estão sempre em busca de manter um

autoconceito positivo. Em segundo lugar, os grupos sociais estão associados a juízos de valor

positivos ou negativos. Portanto, a identidade social positiva ou negativa, de acordo com as

avaliações dos grupos que contribuem para a identidade social do indivíduo. Em terceiro

lugar, a avaliação que um indivíduo faz de um grupo do qual se sente parte é determinada de

maneira relativa a outros grupos de comparação em alguma dimensão ou atributo comparável.

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Discrepâncias positivas resultam em alto prestígio e status, enquanto discrepâncias negativas

resultam em baixo prestígio.

A partir das premissas elencadas acima, Tajfel e Turner (1979) propuseram 3 princípios gerais

para a Teoria da Identidade Social. Em primeiro lugar, os indivíduos buscam manter uma

identidade social positiva. Em segundo lugar, essa identidade social positiva é baseada em

grande parte na escolha de grupos de comparação que possuam vantagens comparativas em

alguma dimensão ou atributo relevante. O indivíduo busca a superioridade comparativa e, por

isso, tende a escolher um grupo de comparação que tenha alguma desvantagem, mais fraco,

porém que seja um grupo relevante. Em terceiro lugar, quando a identidade social é negativa

ou insatisfatória, o indivíduo tende a reagir, podendo iniciar um processo de dissociação do

grupo e ingresso em um novo grupo que confira ao indivíduo uma identidade social positiva.

2.2.2.3. Reações à Identidade Social ameaçada

A Teoria da Identidade social considera o status social não como um recurso escasso ou

commodity, mas como o resultado do processo de comparação entre os grupos pelos

indivíduos. O status social reflete a posição relativa de um grupo em relação aos demais

grupos de comparação. O indivíduo que se identifica com um grupo busca sempre fazer

comparações favoráveis, de maneira a perceber a superioridade relativa do grupo do qual se

sente parte em relação aos demais, e, assim, adquirir uma identidade social positiva. Porém,

isso nem sempre é possível. Por vezes, a identidade social do indivíduo pode ser ameaçada se

o grupo passar a ter uma posição de inferioridade comparativa com os demais grupos de

comparação. Essa imagem negativa do grupo contamina o autoconceito do indivíduo,

provocando a sua reação. Tajfel e Turner identificaram diversos tipos de reação à identidade

social ameaçada: (1) mobilidade individual, que envolve a dissociação do grupo com baixo

prestígio e filiação a um novo grupo com alto prestígio, (2) criatividade social, que envolve a

mudança na dimensão de comparação desfavorável, mudança no valor atribuído à dimensão

de comparação desfavorável ou até mudança do grupo de comparação, e (3) competição

social, que envolve o acirramento do conflito entre os grupos de comparação (TAJFEL e

TURNER, 1979).

A mobilidade individual é uma solução que o indivíduo encontra para manter seu

autoconceito positivo quando o grupo do qual ele se sente parte passa a ser visto de maneira

negativa, transferindo baixo prestígio a seus membros. Reagir à essa situação através da

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mobilidade individual significa dissociar sua imagem do grupo com baixo prestígio e buscar

uma identificação com um grupo de maior prestígio. Contudo, esse tipo de solução é

individualista, pois a situação dos demais membros do grupo permanece inalterada.

A criatividade social é uma solução que afeta o grupo como um todo. Os membros do grupo

buscam eliminar os aspectos negativos da comparação entre grupos que ameaçam o

autoconceito de seus membros através da alteração dos elementos de comparação. Tajfel e

Turner identificaram pelo menos 3 formas de criatividade social: (1) escolha de uma nova

dimensão de comparação que seja favorável aos membros do grupo, deslocando, assim, o

baixo prestígio resultante de uma comparação desfavorável para a superioridade resultante de

um ponto favorável; (2) alteração no valor atribuído à dimensão de comparação desfavorável,

de forma que a inferioridade naquele atributo de comparação passe a ter pouca ou nenhuma

importância para os membros do grupo em desvantagem; (3) mudança do grupo de

comparação, mantendo a dimensão de comparação inicialmente desvantajosa com alta

importância, porém escolhendo um grupo de comparação com inferioridade nessa dimensão,

e, assim, reestabelecer o autoconceito dos membros. Dessa forma, esses processos de

criatividade social permitem que os membros do grupo mantenham um autoconceito positivo

sem se dissociarem do grupo. Tais processos representam uma solução coletiva, e não

individual (como o processo de mobilidade individual).

A competição social é outra solução que os indivíduos com sua identidade social ameaçada

podem recorrer para mudar de situação. Nesse processo, os membros do grupo se engajam

numa competição direta e acirrada com os membros do outro grupo, na busca de reverter a

situação desfavorável que vem trazendo baixo prestígio ao grupo e prejudicando o

autoconceito dos indivíduos. Como resultado desse acirramento na competição entre os

grupos, os membros do grupo em situação desfavorável, em caso de “vitória”, saem com seu

autoconceito fortalecido, aumentando a coesão entre membros e a identificação com o grupo.

Porém, em caso de derrota, o acirramento da competição provoca desilusão aos membros, de

forma que eles tendem a, então, passar pelo processo de mobilidade individual ou criatividade

social.

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2.2.3. Teoria BIRGing e CORFing

Diversos pesquisadores observaram a importância que os Fãs atribuem à vitória do time.

Cialdini, Borden, Torner, Walker e Freeman (1976) estudaram a propensão dos Fãs de

realizar uma “atribuição interna” das vitórias – como se eles mesmos tivessem vencido – , e

de realizar uma “atribuição externa” às derrotas. Essa diferença de atribuições estaria ligada a

um mecanismo de proteção do autoconceito dos Fãs esportivos: uma vez que a identificação

com o esporte faria parte do self dos Fãs esportivos, eles tenderiam a utilizar os momentos de

vitória para enaltecer seus autoconceitos, porém tenderiam a “separar” esse autoconceito nos

momentos de derrota, atribuindo a derrota a “agentes externos”. Esse conjunto de ideias foi

então chamado de Basketing in Reflected Glory (BIRGing), ou seja, a “exaltação da glória

refletida” e Cutting Off Reflected Failure (CORFing), ou seja, a “separação das derrotas”

(CIALDINI, BORDEN, et al., 1976).

A partir da teoria BIRGing e CORFing, Jones (2000) observou que, nos momentos de

fracasso, além do Fã esportivo utilizar o processo de CORFing para proteger seu

autoconceito, pode haver um processo de deslocamento da identificação do Fã para outros

elos de ligação do Fã. Ou seja, em momentos de derrota, o Fã esportivo pode diminuir sua

identificação com o time e aumentar sua identificação com os atletas esportivos, ou

simplesmente com a Modalidade Esportiva. Além disso, os Fãs esportivos podem criar

processos de racionalização que justificam a derrota e, assim, diminuem o impacto do

fracasso em seu autoconceito. Um exemplo disso seria um Fã do Esporte que, após uma

derrota, racionalizaria o fato, pensando: “perdemos, mas perdemos com estilo” (JONES,

2000).

A Teoria BIRGing e CORFing estimulou o desenvolvimento de outros conceitos associados à

ideia original de Cialdini, Borden et al. (1976). Campbell, Aiken e Kent (2004), por exemplo

propuseram uma extensão da teoria original, incluindo dois novos “processos” de

identificação dos Fãs esportivos: Basking in Spite off Reflected Failure (BIRF), ou “exaltação

apesar do fracasso refletido” e Cutting off Reflected Success (CORS), ou “desligando-se do

sucesso refletido”. Esses pesquisadores observaram fatos contraditórios, como o caso dos Fãs

esportivos que, em momentos de fracasso, acabariam “se unindo” uns aos outros e

intensificariam sua identificação com o time, justamente para apoiar o time num momento

difícil. Esse processo, chamado de BIRFing, estaria associado a uma atitude de suporte

incondicional, em que os “verdadeiros Fãs” emergiriam. Por outro lado, Campbell, Aiken e

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Kent também observaram que alguns Fãs diminuem o grau de identificação com o time em

momentos de sucesso, o que, a princípio, seria também contraditório. Esse processo seria o

CORSing. A explicação para tal fenômeno poderia ser atribuída ao fato de não concordância

com a “maneira de jogar” do time ou com “as decisões comerciais” tomadas pela diretoria

dos clubes. Esses Fãs não desejariam a “vitória a qualquer custo”, mas sim valorizariam o

esforço e a “forma” com que as vitórias seriam obtidas. O Fã do Esporte, portanto, teria uma

propensão a se desvincular desses sucessos alcançados por meios “impróprios”. O processo de

CORS, segundo os autores, refletiria, também um sentimento de nostalgia desse grupo de Fãs

(CAMPBELL, AIKEN e KENT, 2004).

2.2.4. Escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva

Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de identificação do Fã com

a Modalidade Esportiva.

Destaca-se, contudo, que diversas escalas apresentadas nesta seção utilizam em seus nomes o

termo “envolvimento”. O envolvimento foi definido por Zaichkowsky (1985) como

relevância pessoal que um objeto tem para um indivíduo com base em suas necessidades,

valores e interesses. Ou seja, o envolvimento reflete a importância percebida do objeto,

situação ou ação na vida do indivíduo. Diversas escalas “de envolvimento” com o esporte,

com efeito, sugerem dimensões como a centralidade e a importância pessoal do esporte para o

indivíduo. Contudo, a análise da formulação dos itens de cada escala – que pode ser verificada

nos Apêndices apresentados ao final do estudo – permite agrupar as escalas de envolvimento

juntamente com as escalas de identificação com o time. Aliás, apesar das diferenças

conceituais entre envolvimento e Identificação, diversas escalas “de envolvimento” são

utilizadas em estudos sobre a Identificação dos Fãs do Esporte, o que pode gerar, a princípio,

dificuldade em relação aos termos utilizados. Com efeito, conforme discutido anteriormente, a

literatura da área de Marketing Esportivo contempla o uso de diversos termos como

envolvimento, interesse, identificação, ligação e conexão do Fã esportivo de maneira

intercambiável, de forma que a revisão de estudos nessa área, por vezes, pode tornar-se um

exercício de identificação de “diferenças semânticas” (FUNK e JAMES, 2001).

A Tabela 7 mostra um resumo das escalas apresentadas a seguir. Destaca-se que a maioria

dessas escalas é multidimensional. Assim, muitas delas contemplam não apenas a

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identificação com a Modalidade Esportiva, mas também a identificação com o time e com as

celebridades esportivas – além de outras dimensões.

Tabela 7 - Escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva

Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)

1992 SAI Sport Activity Involvement McIntyre e Pigram

1998 DI Domain Involvement Fisher e Wakefield

2001 SSII Sport Spectator Interest Inventory Funk, Mahony et al

2002 SFQ Sport Fandom Questionnaire Wann

2003 PAI Points of Attachment Index Robinson e Trail

Fonte: elaborado pelo autor

2.2.4.1. Escala SAI

A escala Sport Activity Involvement (SAI) foi proposta por McIntyre e Pigram (1992) com o

objetivo de mensurar o grau de envolvimento dos indivíduos com a atividade recreativa

esportiva. Desenvolvida a partir de um estudo junto a pessoas que costumavam participar de

acampamentos. Inicialmente proposta com 5 dimensões, a escala SAI foi então adaptada para

Fãs esportivos por Alexandris, Tsaousi e James (2007). A escala SAI considera que o

envolvimento com o esporte possui 2 dimensões: (1) atração, que reflete o grau em que a

atividade esportiva desperta o interesse do indivíduo, e (2) centralidade, que se refere à

importância daquele esporte para o indivíduo. Medida através de uma escala intervalar tipo

Likert com 8 pontos, a escala SAI incui itens como “assistir aos jogos de futebol é uma das

atividades mais prazerosas que existem”, “o futebol é uma parte importante da minha vida” e

“a maior parte dos meus amigos está relacionada com o futebol de alguma forma”. Um estudo

posterior junto a Fãs de basquete profissional utilizou a escala SAI e encontrou bons

indicadores de confiabilidade para as 2 dimensões propostas (ALEXANDRIS, TSAOUSI e

JAMES, 2007). A escala SAI é apresentada no Apêndice 1-10.

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2.2.4.2. Escala DI

A escala Domain Involvement (DI), ou envolvimento com o domínio (esportivo), foi proposta

por Fisher e Wakefield em 1998, com o objetivo de medir a profundidade da conexão que o

indivíduo estabelece com a Modalidade Esportiva. A escala DI reflete, portanto, o grau de

relevância que o esporte possui para o indivíduo, tendo sido desenvolvida a partir da escala

PII, de Zaichowsky (1985). Segundo Fisher e Wakefield, o envolvimento com a Modalidade

Esportiva está relacionado à identificação com o time. Além disso, o envolvimento com a

modalidade é especialmente importante para indivíduos cujo time passa por momentos de

derrota, uma vez que permite ao indivíduo se proteger da ameaça à autoestima através da

saliência de aspectos não relacionados ao desempenho do time, como os valores e interesses

pessoais. A escala DI foi proposta como uma escala unidimensional, com 5 itens, como “o

futebol é uma parte essencial da minha vida”, “sempre que posso vejo notícias sobre futebol”

e “eu penso em futebol o tempo todo”. Posteriormente, a escala DI foi utilizada em uma

investigação junto a Fãs de esporte universitário, tendo sido adaptada a outra Modalidade

Esportiva, apresentando bons indicadores (GWINNER E SWANSON, 2003). A escala DI é

apresentada no Apêndice 1-11.

2.2.4.3. Escala SII

A escala Sport Interest Inventory (SII) foi proposta por Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa

(2001) para mensurar as motivações dos Fãs do Esporte. Proposta a partir de uma pesquisa

realizada com Fãs presentes nos jogos da Copa do Mundo de Basquete Feminino dos Estados

Unidos, a escala SII foi proposta inicialmente com 10 dimensões. Contudo, ao longo dos

anos, a escala SII foi sendo ajustada, primeiramente com a adição de 4 dimensões (MAHONY

e RIDINGER, 2002) e depois com a adição de mais 4 (FUNK, RIDINGER e MOORMAN,

2004).

A última versão da escala SII, de 2004, contempla um total de 18 dimensões das motivações

dos Fãs do Esporte: (1) Sport, ou esporte, referente à identificação do Fã com a Modalidade

Esportiva; (2) Team, ou Time, referente à identificação do Fã com o Time Esportivo; (3)

Player, ou jogadores, referente à identificação do Fã com os atletas do Time; (4) Bonding with

Friends, ou conexão com os amigos, referente ao aspecto de convivência social com amigos

por meio do esporte; (5) Bonding with Family, ou conexão com a família, referente ao aspecto

de estreitamento dos laços familiares por meio do esporte; (6) Drama, ou drama, referente ao

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desejo do Fã de assistir um jogo bem disputado e difícil; (7) Community Support, ou suporte à

comunidade, referente ao espírito de “cidadania esportiva” do Fã em apoiar o time local; (8)

Support Woman’s Sport, ou suporte ao esporte feminino, referente à motivação de suporte às

mulheres, especialmente importante para a pesquisa realizada, que utilizou coleta de dados em

jogos femininos de basquete nos Estados Unidos; (9) Role Model, ou Exemplo, referente à

influência do exemplo das jogadoras no comportamento de crianças e jovens; (10)

Socialization, ou Socialização, referente à interação social com outros Fãs durante os jogos;

(11) Aesthethics, ou Estética, referente ao “estilo” e beleza das jogadas executadas pelas

atletas; (12) Customer Service, ou Serviço ao Cliente, referente aos serviços de alimentação,

cortesia dos funcionários e tratamento geral que o Fã recebe no estádio; (13) Excitement, ou

Excitação, referente ao entusiasmo associado aos jogos esportivos; (14) Entertainment Value,

ou Entretenimento, referente à relação custo-benefício do evento esportivo como opção de

entretenimento; (15) Sport Knowledge, ou Conhecimento Esportivo, referente à busca por

informações esportivas pelos Fãs; (16) Vicarious Achievement, ou Realização com a Vitória,

referente à importância que o Fã atribui à vitória, além da assimilação da vitória do time como

uma vitória “pessoal”, que traz reflexos positivos à autoimagem do Fã; (17) Wholesome

Environment, ou Ambiente, referente aos ao “clima” do estádio nos dias de jogos,

contemplando a diversão e a percepção de ambiente agradável; e (18) Escape, ou Escapismo,

referente à utilização do esporte como meio de fugir da rotina ou dos problemas do dia-a-dia,

ou seja, o uso do esporte como “válvula de escape”. A escala SII é apresentada no Apêndice

4-5.

2.2.4.4. Escala SFQ

A escala Sport Fandom Questionnaire (SFQ) foi proposta por Wann (2002) com o objetivo de

ser uma medida do grau de identificação esportiva do indivíduo. Proposta como uma escala

unidimensional com apenas 5 itens, a escala SFQ se propõe a mensurar o autoconceito que o

indivíduo possui de si mesmo enquanto Fã do esporte. Nesse sentido, a escala SFQ se

diferencia de escalas como a SSIS, a qual foca na conexão psicológica que o indivíduo

estabelece com o time. Para Wann, uma diferença importante da escala SFQ é que ela

considera que “Fã esportivo” é um conceito autodefinido. Tal conceito fica evidente em itens

como “eu me considero um Fã do esporte ‘X”, ou então “meus amigos me consideram um Fã

do esporte ‘X”.

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Wann utilizou a escala SFQ para explicar o nível de consumo esportivo dos Fãs – leitura de

revistas esportivos, uso de roupas esportivas, horas gastas assistindo esporte na TV, entre

outros. Além disso, o autor também mensurou o grau de identificação com o time através da

escala SSIS. Wann pode então testar a correlação da escala SFQ com a SSIS. Os coeficientes

de correlação foram relativamente altos e estatisticamente significativos. Adicionalmente,

Wann avaliou o poder preditivo das escalas SFQ e SSIS em relação ao consumo esportivo.

Um estudo posterior que investigou a relação entre identificação com o esporte e a saúde

psicológica dos Fãs junto a estudantes universitários, também apresentou uma correlação

significativa entre a identificação com o esporte, mensurada através da escala SFQ, e a

identificação com o time, mensurada através da escala SSIS (WANN, DUNHAM, et al.,

2004). A escala SFQ é apresentada no Apêndice 4-12.

2.2.4.5. Escala PAI

A escala Points of Attachment Index (PAI) foi proposta por Robinson e Trail (2003) a partir

de um estudo que investigou a relação entre os motivos dos Fãs e os diversos elos de ligação

com o esporte. Robinson e Trail identificaram 7 possíveis “elos de ligação”: time, Modalidade

Esportiva, jogadores, técnico, comunidade, universidade e nível do esporte (profissional,

amador e universitário). Assim, a escala PAI foi concebida com 7 dimensões, uma para cada

elo de ligação do Fã com o time. Cada dimensão foi operacionalizada com 3 itens.

Posteriormente, a escala foi replicada em um estudo junto a espectadores da liga universitária

de basquete e futebol americano, apresentando bons indicadores para a escala PAI. Contudo,

foi verificada uma relação fraca entre time e celebridades esportivas (ROBINSON e TRAIL,

2005).

Ainda em 2005, outro estudo focou na avaliação das propriedades psicométricas da escala

PAI. Nessa avaliação, a escala PAI apresentou bons resultados, com alta confiabilidade de

construto. Esse estudo, por outro lado, reportou uma relação moderada e significativa entre a

Modalidade Esportiva e as celebridades esportivas; por outro, verificou uma forte relação

entre a Modalidade Esportiva e o time (KWON, TRAIL e ANDERSON, 2005).

A escala PAI foi utilizada em diversos outros estudos, nem sempre com todas as dimensões

originalmente propostas. Um estudo recente no contexto de endosso de celebridades

esportivas do tênis utilizou uma versão revisada da escala PAI, com itens levemente

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modificados, contemplando apenas as dimensões Sport e Athlete (BRAUNSTEIN, ZHANG e

TRAIL, 2011). Essa escala foi denominada PAI-r.

A escala PAI é apresentada no Apêndice 4-13, e a escala PAI-r no Apêndice 4-14.

2.2.4.6. Escala PAI-r

A escala PAI-r (BRAUNSTEIN, ZHANG e TRAIL, 2011) foi utilizada em um estudo sobre

patrocínio esportivo, tendo sido proposta como uma adaptação da escala PAI.

Na investigação em que foi utiliza a PAI-r, os autores decidiram utilizar apenas duas das 5

dimensões originais da PAI: Celebridade (Atleta) e Modalidade Esportiva. As demais

dimensões foram eliminadas da escala, uma vez que o contexto desse estudo – realizado com

o Tênis e utilizando como celebridade a tenista Maria Sharapova – não fazia adequada a

utilização das demais dimensões.

Os autores adaptaram os itens da PAI e acrescentaram um item na dimensão Atleta, que foi

mensurada com 4 itens. Assim, a escala PAI-r foi proposta com 7 itens e 2 dimensões.

Os itens da escala original são apresentados no Apêndice 4-14.

2.2.5. Escalas de Identificação com o Time

Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de identificação com o time

utilizadas na área de Marketing Esportivo. A Tabela 8 apresenta um resumo das escalas

apresentadas a seguir. É importante observar, contudo, que algumas dessas escalas utilizam

termos diferentes de “identificação” em seu nome, como é o caso da escala TL, que utiliza

“lealdade” , ou a escala PCT, que utiliza “comprometimento psicológico”. De toda sorte, ao

revisar o objetivo de mensuração de cada dimensão e a formulação dos itens da escala, pode-

se perceber que há uma sobreposição entre elas e, por isso, resolveu-se incluí-las na revisão.

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Tabela 8 - Escalas de Identificação com o Time

Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)

1993 SSIS Sport Spectator Identification Scale Wann e Branscombe

1995 TL Team Loyalty Wakefield e Sloan

1998 GI Group Identification Fisher e Wakefield

2000 PCT Psychological Commitment to Team Funk, Mahony e Howard

2002 STI Sport Team Identification Kwon e Armostrong

2007 TEAM*ID Team ID Heere e James

2008 ALTS Attitudinal Loyalty to Team Scale Heere e Dickson

Fonte: elaborado pelo autor

2.2.5.1. Escala SSIS

A escala Sport Spectator Identification Scale (SSIS) foi uma das primeiras escalas de

identificação com o time publicadas na área do Marketing Esportivo. Publicada em 1993 por

Wann e Branscombe, a escala SSIS foi utilizada em dezenas de estudos, sendo uma das

escalas com maior número de citações nos estudos revisados.

A escala SSIS foi proposta a partir de dois estudos que relacionaram a identificação de Fãs de

esporte universitário com o time esportivo com as atribuições internas e externas feitas pelos

Fãs nas vitória e nas derrotas do time. O primeiro estudo mostrou um bom grau de

confiabilidade da escala e apontou sua unidimensionalidade. O segundo estudo foi realizado

após um ano, compreendendo o procedimento de teste-reteste, e validou os bons indicadores

encontrados no primeiro estudo. Depois disso, a escala foi utilizada em diversas outras

investigações.

Composta por 7 itens, a SSIS foi operacionalizada como uma escala intervalar tipo Likert. A

escala SSIS inclui itens como “quão importante é a vitória do seu time?”, “quão importante é

para você ser Fã do seu time?” e “quão intensamente você desgosta do maior rival do seu

time?”, entre outros. Contudo, a escala SSIS também inclui alguns itens associados ao

consumo do evento esportivo, como, por exemplo “quão frequentemente você utiliza

publicamente roupas com o logotipo do seu time?”. A escala SSIS é apresentada no Apêndice

4-15.

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2.2.5.2. Escala TL

A escala Team Loyalty (TL) foi proposta por Wakefield e Sloan (1995) com o objetivo de

mensurar a lealdade dos Fãs ao time esportivo. Desenvolvida a partir de um estudo que

procurou investigar os fatores antecedentes do consumo do evento esportivo, a escala TL é

uma das mais populares na literatura de Marketing Esportivo em número de citações.

A escala TL foi proposta como uma escala unidimensional, com 3 itens, como “eu gosto que

as outros saibam que eu sou um Fã do meu time” e “na vitória ou na derrota, eu sempre serei

um Fã do meu time” .Wakefield e Sloan (1995) reportaram bons indicadores de

confiabilidade interna da escala TL. Posteriormente, a escala TL foi utilizada por Wakefield e

Wann em investigação sobre o “lado negro” do comportamento dos Fãs, apresentando bons

indicadores novamente (WAKEFIELD e WANN, 2006).

Segundo Wakefield e Sloan (1995), a lealdade do Fã do Esporte ao Time Esportivo,

justamente com outros fatores, como as características do estádio esportivo – como limpeza,

estacionamento, opções de alimentação e comportamento dos Fãs – são bons preditores da

intenção do comparecimento dos Fãs aos eventos esportivos no estádio.

A escala TL é apresentada no Apêndice 4-16.

2.2.5.3. Escala GI

A escala Group Identification (GI) foi proposta por Fisher e Wakefield (1998) com o objetivo

de mensurar o nível de identificação do indivíduo com o grupo – no caso, a afiliação ao time

esportivo. No estudo original, os autores investigaram a identificação de Fãs de dois times

distintos, sendo um time com histórico recente de vitórias, e o outro time com histórico

recente de derrotas. Fisher e Wakefield observaram que os Fãs do time que passava por um

momento de fracasso passaram a apresentar um menor grau de identificação com o time.

Portanto, eles sugeriram que o desempenho do time efetivamente influencia no nível de

identificação do Fã com o Time Esportivo. Porém, ao mesmo tempo, observaram também que

o nível de identificação do Fã com os atletas esportivos aumentou. Ou seja, ao mesmo tempo

em que se observou um efeito negativo das derrotas no nível de identificação com o time,

observou-se um aumento do nível de identificação com os atletas – especialmente os

considerados “mais esforçados”. Assim, os autores sugeriram que nos momentos de derrota

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pode haver um “deslocamento” da identificação com o time para a identificação com os

atletas.

A escala GI foi proposta como uma escala unidimensional com 5 itens, como, por exemplo:

“apoiar meu time é importante para mim”, “uma das coisas que eu diria aos outros sobre mim

é que sou Fã do meu time” e “ser Fã do meu time é uma parte importante de quem eu sou”.

Os itens da escala GI foram mensurados através de escala intervalar de concordância de 7

pontos, apresentando boa confiabilidade interna. A escala GI é apresentada no Apêndice 4-17.

2.2.5.4. Escala PCT

A escala Psychological Commitment to Team (PCT) foi proposta por Mahony, Madrigal e

Howard (2000) com o objetivo de mensurar a lealdade atitudinal dos Fãs aos times esportivos.

Desenvolvida com base no Paradigma de Lealdade de Backman e Crompton (1991), a escala

PCT foca nos processos psicológicos do Fã, especialmente o “comprometimento

psicológico”.

Mahony, Madrigal e Howard (2000) argumentaram que muitas escalas anteriores que

objetivaram mensurar a lealdade focaram demasiadamente nos aspectos observáveis e os

aspectos comportamentais, negligenciando boa parte dos aspectos atitudinais. Para

desenvolver a escala PCT, Mahony, Madrigal e Howard se basearam na escala Psychological

Commitment Index (PCI) de Pritchard, Havitz e Howard (1999).

Assim, a escala PCT foi proposta como uma escala unidimensional com 14 itens, como “eu

poderia deixar de ser Fã do meu time se o time frequentemente apresentasse um desempenho

ruim”, “eu jamais poderia trocar de time, mesmo que meus melhores amigos virassem Fãs de

outro time” e “ser um Fã do meu time é importante para mim”. No estudo original, a escala

PCT apresentou boa confiabilidade interna. Posteriormente, um estudo mostrou que a escala

PCT estava altamente correlacionada com a escala SSIS (WANN, 2003). Porém, Kwon e

Trail (2003) utilizaram a escala PCT e identificaram problemas na validade de construto, uma

vez que a análise fatorial apontou a existência de 2 dimensões. A escala PCT é apresentada

no Apêndice 4-18.

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2.2.5.5. Escala STI

A Sport Team Identification (STI) foi proposta por Kwon e Armstrong (2002) como uma

adaptação da Organizational Identification (OID), de Mael e Ashforth (1992), para o contexto

esportivo.

A escala OID havia sido proposta originalmente por Mael e Ashforth (1992) como uma escala

de identificação “organizacional”. Os autores mensuraram o grau de identificação dos alunos

com a instituição de ensino. Mael e Ashforth (1992), de certa forma, introduziram a Social

Identity Theory à área de Comportamento Organizacional através desse artigo.

A escala STI, portanto, consistiu numa adaptação da escala OID por Kwon e Armstrong

(2002). A escala STI foi proposta inicialmente com 10 itens, incluindo itens como “os

sucessos do meu time são meus próprios sucessos”, “quando falo com alguém sobre meu time

normalmente falo ‘nós’ ao invés de ‘eles’ ” e “quando alguém critica meu time, sinto como se

fosse um insulto pessoal”. Contudo, dois anos depois de propor a escala STI, os próprios

autores sugeriram a retirada de 4 itens da escala, pois alguns itens estariam relacionados a

estados emocionais do indivíduo e não aos aspectos cognitivos. Assim, a escala STI acabou

reduzida a 6 itens. A escala STI é apresentada no Apêndice 4-19.

2.2.5.6. Escala TEAM*ID

A escala TEAM*ID foi desenvolvida por Heere e James (2007) com o objetivo de ser uma

escala multidimensional de identificação com o time esportivo. Baseada principalmente em

Luthanen e Crocker (1992) e Ashmore et al (2004), Heere e James utilizaram os construtos

identificados anteriormente por esses autores e operacionalizaram as variáveis, alterando e

incluindo itens.

Heere e James depuraram a escala TEAM*ID, optando por 27 itens em 6 dimensões: (1)

Public Evaluation, referente à percepção do Fã da opinião pública sobre o time esportivo,

com itens como “as pessoas geralmente possuem opiniões favoráveis ao meu time”; (2)

Private Evaluation, referente à percepção individual que o Fã tem do time, envolvendo o

orgulho e satisfação de ser Fã do time, com itens como “eu me sinto bem a respeito do meu

time”; (3) Interconnection of Self, referente à conexão entre o autoconceito do Fã e o time

esportivo, equivalente ao termo attachment, com itens como “quando alguém critica meu

time, sinto como se fosse um insulto pessoal”; (4) Behavioral Involvement, referente ao

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envolvimento comportamental do Fã, ou seja, o consumo esportivo, com itens como “eu

participo de atividades de apoio ao meu time, como ir aos treinos ou ao jogos no estádio”; (5)

Sense of Interdependence, referente à sensação do conexão de ligação entre o Fã e o time,

com itens como “meu destino pessoal está amarrado ao destino do meu time”; (6) Cognitive

Awareness, referente ao conhecimento cognitivo, mensurando as percepções do Fã sobre a

tradição e desempenho do time através da cognição, com itens como “eu conheço os sucessos

e fracassos do meu time”. A escala TEAM*ID é apresentada pelo Apêndice 4-20.

2.2.5.7. Escala ALTS

A escala Attitudinal Loyalty to Team Scale (ALTS) foi proposta por Heere e Dickson em

2008 com o objetivo de mensurar a lealdade ao time. O foco dos autores foi a concepção da

resistência à mudança como principal elemento de comprometimento atitudinal do Fã de

esportes com seu time.

Heere e Dickson propuseram a separação do construto da lealdade atitudinal da dimensão de

comprometimento psicológico. Segundo os autores, esses construtos possuem naturezas

distintas. O comprometimento psicológico com o time possuiria origem interna ao indivíduo,

enquanto a lealdade atitudinal ao time possuiria origem externa ao indivíduo – seria uma força

“do ambiente”.

Assim, a escala ALTS foi proposta como uma escala unidimensional, com 8 itens. Contudo,

cada item dessa escala foi formulado em referência a uma dimensão específica das escalas

anteriormente propostas: a escala ALTS possui um item para beleza do jogo, um para

fanatismo pelo time, uma para identificação com estrelas esportivas, um para família, um para

realização com a vitória, um para os aspectos sociais com outros Fãs, um para habilidade

física dos jogadores e um para o comprometimento psicológico. A escala contempla itens

como “meu comprometimento com o meu time diminuiria se os jogos fossem ruins de

assistir”, “eu não abandonaria meu time, mesmo que minha família passasse a torcer por outro

time” e “meu comprometimento com o meu time seria menor se o time passasse por um longo

período de derrotas”. A escala ALTS é apresentada pelo Apêndice 4-21.

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2.2.6. Escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva

Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de identificação com os

atletas ou celebridades esportivos utilizadas na área de Marketing Esportivo. A tabela 9

apresenta as escalas que são discutidas a seguir.

Tabela 9 - Escalas de Identificação do Fã com as celebridades do esporte

Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)

1991 SC Source Credibility Ohanian

1998 GMA Group Member Attractiveness Fisher e Wakefield

2001 SSII Sport Spectator Interest Inventory Funk, Mahony et al

2003 PAI Points of Attachment Index Robinson e Trail

2006 FANDIM FA5DIM Mahony

2010 SASP Scale of Star Atletic Power Braunstein, Zhang e

Fonte: elaborado pelo autor

2.2.6.1. Escala SC

A escala Source Credibility (SC) foi proposta por Ohanian (1991) com o objetivo de mensurar

a influência do endosso de celebridades. Embora não tenha sido desenvolvida com o

propósito específico de aplicação no contexto do Marketing Esportivo, foi utilizada em alguns

estudos esportivos nessa área.

A escala SC considera que o endosso das Celebridades é um fenômeno multidimensional. Ou

seja, ao realizar o endosso de propagandas ou campanhas publicitárias, as celebridades podem

“emprestar” 3 atributos: (1) Trustworthiness, ou Confiabilidade; (2) Expertise; e (3)

Attractiveness, ou Atratividade. A Confiabilidade está ligada à capacidade do endossante de

transmitir confiança no produto. Para que isso seja possível, é preciso, antes, que ele,

endossante, seja percebido como alguém em quem se pode confiar. A dimensão de Expertise

está ligada à percepção de competência técnica do endossante. Ou seja, se o endossante for

uma pessoa admirada por possuir uma habilidade técnica diferenciada, essa percepção de

Expertise poderá então ser transmitida ao produto ou serviço endossado. Por fim, a dimensão

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de Atratividade está ligada à beleza física, elegância e sex appeal que o endossante

“empresta” aos produtos endossados.

E escala SC foi concebida, portanto, como tridimensional, totalizando 15 itens – 5 para cada

dimensão. A escala SC foi originalmente operacionalizada através de diferencial semântico, e

é apresentada pelo Apêndice 4-22.

2.2.6.2. Escala GMA

A escala Group Member Attractiveness (GMA) foi proposta por Fisher e Wakefield em 1998

para mensurar as características aspiracionais de membros do grupo de referência, no caso, os

atletas esportivos para os Fãs. A escala foi elaborada com base no estudo de Cialdini, Borden

et al. (1976).

Cialdini, Borden et al. haviam sugerido que os Fãs esportivos se sentem como parte integrante

do time. Ou seja, apesar de não “entrarem em campo”, os Fãs, em sua fantasia, muitas vezes

agem ou raciocinam como se o time fosse uma extensão de seu self.

A escala GMA foi proposta como uma escala unidimensional, com 4 itens, como “os

jogadores possuem características que os outros admiram” e “os jogadores possuem um estilo

de vida que muita gente gostaria de ter”. No estudo original, a escala apresentou uma

confiabilidade interna aceitável.

A escala GMA é apresentada pelo Apêndice 4-23.

2.2.6.3. Escala SII

A escala Sport Interest Inventory (SII), proposta por Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa

(2001), incluiu a dimensão “Athlete”, referente à identificação do Fã com o time esportivo.

Essa dimensão foi mensurada a partir de 3 itens, como “eu assisto aos jogos por causa de

jogadores específicos mais do que por causa do time” e “a maior razão pela qual eu assisto

aos jogos é para poder torcer pelos meus jogadores prediletos”.

A escala SII já foi apresentada anteriormente na seção 2.2.4.3, e está também disponível no

Apêndice 4-5. Assim, essa escala não será apresentada novamente nesta seção. Entretanto,

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julgou-se importante fazer registrar que essa escala contempla uma dimensão para

mensuração da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva.

2.2.6.4. Escala PAI

A escala Points of Attachment Index (PAI) proposta por Robinson e Trail (2003) inclui uma

dimensão “Player”, referente à identificação do Fã com as celebridades esportivas. A escala

PAI mensurou a Identificação do Fã do Esporte com as Celebridades Esportivas a partir de 3

itens, como “eu me identifico com os jogadores individuais do time” e “eu me considero mais

Fã de alguns jogadores do que do time como um todo”.

Como a escala PAI já foi apresentada na seção 2.2.4.5, ela não será reapresentada nesta seção.

Os itens originais da escala estão disponíveis no Apêndice 4-13.

2.2.6.5. Escala SASP-CP

A escala Sport Athletic Star Power (SASP-CP) foi proposta por Braunstein e Zhang (2005)

com o objetivo de examinar as dimensões que as “estrelas do esporte” (Celebridades

Esportivas) aportam quando endossam campanhas publicitárias. Neste estudo, os autores

focaram na influência dessas celebridades esportivas no consumo esportivo de jovens

consumidores da “geração Y”.

A escala SASP-CP inclui 40 itens distribuídos em 5 dimensões: (1) Professional

Trustworthiness, ou Confiabilidade Profissional, referente à percepção de que o atleta é

alguém em quem se pode confiar; (2) Likeability Personality, ou Personalidade Agradável,

referente às características agradáveis da personalidade dos atletas, associada principalmente

com atitudes admiráveis: (3) Athletic Expertise, ou Expertise Esportiva, referente à

competência técnica e às habilidades esportivas do atleta; (4) Social Attractiveness, ou

Atratividade social, referente aos aspectos de beleza física do atleta; e (5) Characteristic Style,

ou simplesmente Estilo, referente aos aspectos de beleza não-física, como a elegância no

modo de se vestir e se comportar. Essas 5 dimensões foram testadas como elementos

antecedentes do consumo esportivo de eventos esportivos e produtos esportivos, tendo

apresentado um bom poder preditivo.

A escala SASP-CP é apresentada no Apêndice 4-24.

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2.2.6.6. Escala FANDIM

A escala FANDIM, proposta por Madrigal (2006), incluiu a dimensão “Personalities”,

referente à atenção do Fã às celebridades esportivas, com itens como “eu presto atenção

apenas nos atletas mais famosos” e “eu me concentro nas celebridades esportivas mais

proeminentes”. Além disso, a escala FANDIM também contempla a dimensão “Physical

Attraction”, referente à Atratividade dos jogadores, com itens como “eu admiro o porte físico

dos atletas enquanto eles jogam” e “eu foco no sex appeal dos atletas enquanto eles

competem”.

A escala FANDIM é apresentada com maiores detalhes na seção 2.3.1.10. Seus itens estão

disponíveis no Apêndice 4-9.

2.3. MOTIVAÇÕES DOS FÃS: CAUSA OU CONSEQUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO?

Diversos autores investigaram as Motivações dos Fãs de esporte (SLOAN, DAVIS e

SCHWEIGER, 1987; WANN, 1995; ZHANG, PEASE, et al., 1995; KAHLE, KAMBARA e

ROSE, 1996; MILNE e MCDONALD, 1998; TRAIL e JAMES, 2001; FUNK, MAHONY, et

al., 2001; BRISTOW e SCHNEIDER, 2003; MADRIGAL, 2006). A maior parte desses

autores propuseram escalas multidimensionais para mensurar as motivações que levariam os

Fãs a se conectarem com o esporte. Esses estudos sugerem que diversos motivos “explicam” o

envolvimento ou a identificação dos Fãs: beleza percebida da Modalidade Esportiva;

entretenimento proporcionado pelos jogos; drama das partidas; escapismo associado à fuga da

rotina; participação em apostas esportivas; redução do estresse, entre outros. Alguns desses

estudos não apenas identificam os motivos, como também sugerem que esses motivos

influenciam o consumo esportivo – compreendendo desde a compra de artigos esportivos, até

o comparecimento ao estádio. Verifica-se, contudo, que predomina uma abordagem causal

formativa, sugerindo que esses “motivos” levariam o Fã do Esporte a se identificar com o

time, e que a identificação com o time levaria ao Consumo Esportivo.

Contudo, essa abordagem apresenta algumas contradições com as noções estabelecidas na

Social Identity Theory, que serve como referencial teórico para a maior parte desses estudos.

Reed (2002), por exemplo, realizou um estudo de revisão de literatura acerca das origens,

modificações e uso atual da Social Identity Theory e sugeriu que os fenômenos classificados

como “motivações” poderiam ser considerados consequências da Identificação, e não suas

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causas. Com efeito, Kelman (KELMAN, 1958; KELMAN, 1961) utilizou na sua tipologia

sobre a influência social o termo identificação para descrever as situações em que um

indivíduo adota uma atitude específica por meio da assimilação da influência exercida pelo

agente externo com quem o indivíduo se identifica. A motivação para adotar uma atitude

específica é que essa atitude estabelece uma relação auto-definidora positiva. Tajfel e Turner

(1979; 1985) investigaram os processos cognitivos associados à Identificação, observando

que um simples reconhecimento como membro de uma categoria social seria suficiente para

gerar um viés favorável aos demais membros daquela categoria social. Ainda de acordo com

os autores, a categorização social implicaria em muito mais do que uma série de processos

cognitivos de classificação de eventos, objetos e pessoas, uma vez que contempla valores,

cultura e representações associadas ao indivíduo e ao grupo.

Com efeito, a Social Identity Theory reconhece explicitamente a importância de se considerar

tanto aspectos motivacionais quanto aspectos cognitivos (REED, 2002). Ao discutir a relação

entre a Identificação do indivíduo em um contexto de consumo esportivo, Madrigal (2001)

sugere que, para que a identificação exerça uma influência significativa no comportamento do

consumidor, ele precisa apresentar uma Identificação Social significativa com o objeto,

pessoa ou grupo de referência, e, além disso, a Identidade Social em questão precisa ser

importante para o consumidor.

Assim, a “ativação” da Identidade Social do consumidor é um elemento importante para se

observar o comportamento esperado em termos de consumo. Com efeito, a partir da Social

Identity Theory, observa-se que o comportamento do consumidor pode ser influenciado pela

Identificação que ele mantém, por exemplo, com celebridades esportivas. Esse consumo,

contudo, não compreende apenas bens materiais, como o consumo de artigos esportivos ou o

consumo de eventos esportivos; contempla, também, as relações sociais, as fantasias do Fã do

Esporte e os elementos psicológicos associados ao esporte, os quais são “consumidos” por

meio da Identificação do Fã do Esporte (REED, 2002).

Nesse sentido, Madrigal (2006), por exemplo, concebeu o Consumo do Evento Esportivo

como uma experiência multidimensional, que poderia ser mensurada a partir de construtos de

2a ordem como o Autotelismo e a Auto-apreciação. Madrigal utilizou uma abordagem

reflexiva, hipotetizando que alguns elementos de Identificação derivam do Consumo do

Evento, ao invés da abordagem tradicional formativa. Com efeito, essa questão da concepção

formativa ou reflexiva dos modelos conceituais utilizados enseja uma discussão mais ampla

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na área de Marketing, visto que não se trata de uma questão específica da área de Marketing

Esportivo.

Jarvis, Mackenzie e Podsakoff (2003) realizaram uma ampla investigação sobre a utilização

de modelos reflexivos e modelos formativos em estudos que utilizaram Modelagem por

Equações Estruturais na área de Marketing, contemplando 178 artigos publicados entre 1982 e

2000 nos 4 periódicos mais bem conceituados da área de Marketing (Journal of Consumer

Research, Journal of Marketing, Journal of Marketing Research e Marketing Science) com o

objetivo de analisar o erro de especificação dos modelos conceituais. Os autores

primeiramente discutiram as características teóricas de modelos formativos e de modelos

reflexivos, incluindo aspectos como covariância, implicação da eliminação de itens de

variáveis latentes, validade nomológica dos construtos, interindependência dos indicadores,

entre outros, resiliência dos indicadores de ajuste do modelo como GFI, CFI, RMSEA frente à

ocorrência de “falsos positivos”; depois sugeriram um “guia prático” com critérios e “regras

de decisão” para orientar os pesquisadores sobre abordagem mais adequada; e, por fim,

investigaram 1.192 construtos em 178 artigos, julgando a adequação da abordagem utilizada

em cada construto individualmente. O resultado encontrado foi que a abordagem de

especificação utilizada foi correta em 71% dos casos e equivocada em 29% dos casos. Dentre

o universo de 839 construtos que os autores julgaram ter sidos especificados corretamente,

810 haviam sido especificados como construtos reflexivos, enquanto os 29 restantes deveriam

ter sido modelados como formativos. Por outro lado, dentro o universo de 353 construtos

modelados incorretamente, 336 eram construtos modelados como reflexivos, mas que

deveriam, segundo os autores, terem sido modelados como formativos.

Esse estudo chama a atenção para a dificuldade de escolha da abordagem do modelo

conceitual utilizado em investigações que utilizam Modelagem por Equações Estruturais. E,

mais do que isso, alerta para o fato de que boa parte da literatura publicada nos melhores

periódicos de Marketing podem conter erros de especificação, conforme suportado por Jarvis,

Mackenzie e Podsakoff (2003).

A dificuldade de escolha da abordagem reflexiva ou formativa no contexto da discussão dos

processos de Identificação, Atitude e Comportamento pode estar associada à dificuldade de se

estabelecer uma hierarquia de ocorrência entre os fenômenos tipicamente estudados. Ou seja,

ao conceber um modelo conceitual para ser testado empiricamente, hipotetizando relações

causais, o pesquisador precisa especificar a ordem de influência entre as relações de

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Identificação, Atitude e Comportamento.

que é causa e o que é consequência?

Além disso, em situações em que a atitude

experiências coletivas do indivíduo, estabelecer um ponto “inicial” pode se tornar ainda mais

difícil. Nesse contexto, Klandermans, Sabucedo, Rodriguez e Weerd

influência da sensação de identidade coletiva na participação em ações coletivas

um estudo longitudinal. Ou seja, o efeito da identificação no comportamento. Os autores

observaram que determinadas situações ou contextos podem trazer à tona a identidade

coletiva de um grupo de pessoas, tornando mais saliente a identificação com o grupo. Essa

saliência, então, influencia os indivíduos a agir como membros do grupo, como por exemplo

nos casos de protestos ou passeatas. O estudo s

influencia uma pré-disposição ou atitude em relação

essa atitude então influencia o

defendem, porém, que o componente comportamental

identificação com o grupo influencia

ações coletivas influenciaria

por esse estudo, foi elaborada a Figura 2, que ilustra a recur

Identificação, Atitude e Comportamento.

Figura 2 – Relação

Fonte: elaborado a partir de Klandermans

Essa noção de recursividade entre relações tipicamente

também foi discutida no contexto do Marketing Esportivo.

investigou a relação de causalidade entre

comparecimento dos Fãs ao estádio

Identificação, Atitude e Comportamento. Com efeito, cabe perguntar: o que vem primeiro? O

que é causa e o que é consequência?

Além disso, em situações em que a atitude individual é significativamente influenciada pelas

experiências coletivas do indivíduo, estabelecer um ponto “inicial” pode se tornar ainda mais

Nesse contexto, Klandermans, Sabucedo, Rodriguez e Weerd (2002)

de identidade coletiva na participação em ações coletivas

. Ou seja, o efeito da identificação no comportamento. Os autores

observaram que determinadas situações ou contextos podem trazer à tona a identidade

grupo de pessoas, tornando mais saliente a identificação com o grupo. Essa

saliência, então, influencia os indivíduos a agir como membros do grupo, como por exemplo

otestos ou passeatas. O estudo suportou que o senso de identidade coletiva

disposição ou atitude em relação a execução de uma ação específica, e que

então influencia o comportamento ou engajamento na ação coletiva. Os autores

defendem, porém, que o componente comportamental pode agir em duas direçõ

identificação com o grupo influenciaria a participação em ações coletivas e a participação em

ria a identificação com o grupo. A partir dos resultados suportados

por esse estudo, foi elaborada a Figura 2, que ilustra a recursividade da relação entre

Identificação, Atitude e Comportamento.

elação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento

Fonte: elaborado a partir de Klandermans et al (2002)

Essa noção de recursividade entre relações tipicamente modeladas como unidirecionais

também foi discutida no contexto do Marketing Esportivo. Horowitz

investigou a relação de causalidade entre desempenho do time e a frequência de

ao estádio. A autora realizou o procedimento Granger

65

Com efeito, cabe perguntar: o que vem primeiro? O

individual é significativamente influenciada pelas

experiências coletivas do indivíduo, estabelecer um ponto “inicial” pode se tornar ainda mais

(2002) investigaram a

de identidade coletiva na participação em ações coletivas por meio de

. Ou seja, o efeito da identificação no comportamento. Os autores

observaram que determinadas situações ou contextos podem trazer à tona a identidade

grupo de pessoas, tornando mais saliente a identificação com o grupo. Essa

saliência, então, influencia os indivíduos a agir como membros do grupo, como por exemplo

uportou que o senso de identidade coletiva

uma ação específica, e que

omportamento ou engajamento na ação coletiva. Os autores

agir em duas direções: a

participação em ações coletivas e a participação em

a identificação com o grupo. A partir dos resultados suportados

sividade da relação entre

entre Identificação, Atitude e Comportamento

s como unidirecionais

Horowitz (2007), por exemplo,

do time e a frequência de

edimento Granger-causality,

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utilizando uma série histórica com resultados de público no estádio e desempenho de 29 times

da liga principal de Baseball dos Estados Unidos. O estudo suportou a hipótese de que a

relação entre o desempenho do time e a frequência de comparecimento dos Fãs é bi-

direcional, ou seja: quanto melhor o desempenho do Time Esportivo, maior será a frequência

dos Fãs Esportivos; quanto maior a frequência dos Fãs do Esporte, melhor é o desempenho do

Time Esportivo. Ou seja, ambas as hipóteses foram suportadas, sugerindo, mais uma vez, um

questionamento acerca da concepção unidirecional dos fenômenos sociais associados à

Identificação, Atitude e Comportamento.

Em suma, existe uma lacuna clara na literatura de Marketing Esportivo no que tange à decisão

de se conceber a “motivação” dos Fãs do Esporte como causa da Identificação (modelos

formativos) ou como consequência (modelos reflexivos) da Identificação.

Essa questão conceitual pode ser evidenciada a partir da avaliação crítica de alguns itens

extraídos das escalas de mensuração de “motivações” dos Fãs do Esporte: (a) o sentimento de

realização proporcionado pela vitória do time (escala SNAPS); (b) a consideração de um

evento esportivo na forma de arte (escala SFMS); (c) a necessidade psicológica de

pertencimento ao grupo de Fãs do Esporte (escala MSC); (d) a busca de informações

esportivas pelo Fã (escala SII); (e) a valorização pelo Fã dos aspectos históricos do time ou da

tradição do esporte (escala SFMS-2); (f) a utilização do esporte como meio de interação com

outros Fãs (escala SCM); ou ainda (g) a valorização ou reconhecimento do esforço do time,

independentemente do resultado da partida (escala SCM). Todos esses itens seriam

mensuradores de causas (motivações) para a Identificação do Fã do Esporte ou, ao contrário,

seriam manifestações, reflexos, consequências da identificação do Fã do Esporte?

A seguir, são apresentadas as principais escalas de mensuração de “motivação” dos Fãs do

Esporte identificadas na literatura.

2.3.1. Escalas de Motivação

Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de motivação utilizadas na

área de Marketing Esportivo. A Tabela 10 mostra um resumo das escalas apresentadas a

seguir, em ordem cronológica.

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Tabela 10 - Escalas de Identificação do Fã com o esporte

Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)

1987 SNAPS Sports 5eeds for Achievement and

Power Scale Sloan, Davis e Schwieger

1995 SFMS Sport Fan Motivation Scale Wann

1995 SDMI Sport Decision Making Inventory Zhang, Pease, Hui e Michaud

1996 FAM Fan Attendance Motivations Kahle, Kambara e Rose

1998 MSC Motivations od the Sport Consumer Milne e McDonald

2001 MSSC Motivation Scale for Sport Consumption Trail e James

2001 SII Sport Interest Inventory Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa

2003 SFMS-2 Sport Fan Motivation Scale Bristow e Schneider

2003 SCM Sport Consumption Motives James e Ross

2006 FANDIM FA5DIM Madrigal

Fonte: elaborado pelo autor

2.3.1.1. Escala SNAPS

Uma das primeiras escalas para mensuração das motivações do Fã de esportes foi a Sports

5eed for Achievement and Power Scale (SNAPS) proposta por Sloan, Davis e Schwieger, em

1987 (IZZO, MUNTEANU, et al., 2010). Sloan et al. (1987) investigaram os motivos que

explicariam o engajamento dos Fãs com o esporte e sugeriram 5 dimensões: (1) Salubrius

Effects, ou alívio físico e mental, resultado tanto da prática esportiva quanto do engajamento

como espectador esportivo; (2) Stress and Stimulation Seeking, ou alívio do estresse e busca

de excitação, que seria, por um lado, o uso do esporte como um “gerador de adrenalina” , e,

por outro, como “absorvedor de estresse”; (3) Agression and Catharsis, ou canalização da

violência, representando o uso potencial do esporte para absorver os instintos violentos

sublimados ou reprimidos no dia-a-dia, os quais, através do esporte, poderiam ser “liberados”,

principalmente nos estádios; (4) Entertainment, ou Entretenimento, que seria a derivação de

prazer do envolvimento com o esporte, estando associada principalmente à beleza do esporte

e ao seu valor artístico; e (5) Vicarious Achievement, ou Realização com a Vitória, que seria a

importância dada pelo Fã à vitória do time esportivo para o qual ele torce. Assim, a escala

SNAPS configurou uma das primeiras tentativas de mensuração das motivações dos Fãs

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esportivos utilizando diversas motivações – ou seja, uma abordagem multidimensional.

Contudo, a escala SNAPS teve uma repercussão muito limitada na literatura, tendo sido

utilizada ou citada em poucos estudos.

2.3.1.2. Escala SFMS

A escala Sport Fan Motivation Scale (SFMS) foi proposta por Wann (1995) a partir de um

estudo conduzido junto a estudantes de graduação. A escala foi proposta para contemplar as

motivações associadas ao consumo esportivo. O autor sugeriu a existência de 8 “motivos”:

(1) Eustress, uma forma positiva de estresse, referente à busca de estímulo e excitação através

do esporte, contendo itens como “eu gosto dos estímulos que sinto assistindo esportes”; (2)

Entertainment, ou entretenimento, com itens como “para mim, assistir esportes é

simplesmente uma forma de entretenimento”; (3) Escape, ou escapismo, referente à fuga da

rotina e esquecimento dos problemas do dia-a-dia, com itens como “um dos maiores motivos

pelos quais eu assisto, leio e discuto esportes é porque me dá uma oportunidade de

temporariamente esquecer os problemas da vida”; (4) Self-Steem Benefits, ou benefícios para

a autoestima, com itens como “um dos maiores motivos pelos quais eu assisto, leio e discuto

esportes é porque fazer isso me faz sentir bem quando o meu time vence”; (5) Aesthetics, ou

beleza do jogo, referente ao valor artístico do esporte, com itens como “eu gosto de assistir a

eventos esportivos porque para mim eles são uma forma de arte”; (6) Group Affiliation, ou

Afiliação ao Grupo, com itens como “um dos maiores motivos por que assisto, leio ou discuto

esportes é porque eu sou o tipo de pessoa que gosta de estar junto com outras pessoas”; (7)

Economic, ou dimensão Econômica, referente a participação em apostas ou “bolões”, com

itens como “ganhar apostas e ganhar dinheiro é a parte mais prazerosa de ser um Fã de

esportes”; (8) Family, ou Família, com itens como “eu gosto de assistir, ler e discutir esportes

porque isso me dá uma oportunidade de estar com minha família”.

A Escala SFMS contempla 8 dimensões, totalizando 23 itens, medidos através de uma escala

de concordância com 8 pontos, com âncoras em polos opostos “isso não me descreve em

nada” e “isso me descreve muito bem”. Wann também incluiu a mensuração do nível de

identificação dos Fãs e encontrou uma relação alta e estatisticamente significativa entre as

motivações dos Fãs e a identificação com o esporte. O autor testou diversas modalidades

esportivas nesse estudo e identificou que cada modalidade apresentou escores diferentes para

cada uma das 8 dimensões motivacionais. Com base nesses resultados, Wann sugeriu que os

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Fãs de cada Modalidade Esportiva atribuem importâncias “diferentes” às dimensões

propostas. O futebol americano, por exemplo, apresentou o maior coeficiente de Estímulo e

Excitação, o Golf o maior de Beleza Artística e o Boxe o maior de Apostas. A escala SFMS é

apresentada no Apêndice 4-1.

2.3.1.3. Escala SDMI

Zhang, Pease, Hui e Michaud, (1995) investigaram os fatores motivadores para o

comparecimento dos espectadores esportivos aos jogos da liga norte-americana de basquete, a

NBA. Os autores conduziram inicialmente um estudo exploratório e identificaram diversos

motivos potenciais. Então, conduziram um estudo para propor a escala Sport Decision Making

Inventory (SDMI), que após a depuração dos itens, foi proposta com 4 dimensões: (1) Game

Promotions, ou Promoções relacionadas ao jogo, referente a itens como o preço do ingresso;

(2) Home Team, ou o “time da casa”, referente ao entusiasmo do Fã em relação ao seu time –

incluindo a percepção de “qualidade”; (3) Opposing Team, ou “time adversário”, referente à

percepção de qualidade do time adversário, o que constituiria um indicador da importância e

potencial de “espetáculo” do evento esportivo; e (4) Schedule Convenience, ou conveniência

da data do jogo, com itens relacionados à data e horário do jogo – por exemplo, se o evento

seria realizado num dia de semana ou final de semana, e em qual horário.

Assim, a escala SDMI foi proposta com um total de 14 itens e testada como potencial

preditora das motivações do Fã do Esporte para comparecer ao evento esportivo. A escala

SDMI diferencia-se da escala SFMS por focar em dimensões situacionais, ou seja,

relacionadas a características do evento esportivo em si – como a questão da conveniência e a

percepção de “espetáculo” – , enquanto a escala SFMS contempla motivações intrínsecas ao

Fã, relacionadas a características psicológicas ou sociais do Fã – como a dimensão de

Escapismo e a Realização com a Vitória. A escala SDMI é apresentada no Apêndice 4-2.

2.3.1.4. Escala FAM

Kahle, Kambara e Rose (1996) desenvolveram uma escala para mensurar os motivos que

levam os Fãs de futebol americano a comparecer aos eventos esportivos no estádio, utilizando

como referência teórica a Teoria da Atitude de Kelman (1958; 1961), que versa sobre os 3

processos de assimilação da influência social pelo indivíduo: internalização, identificação e

conformidade. Assim, Kahle, Kambara e Rose (1996) propuseram uma escala de motivações

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com 7 dimensões: (1) Compliance, ou conformidade, com itens como “eu apenas vou ao

estádio quando meus amigos vão”; (2) Obligation, referente ao sentimento de obrigação do

Fã, com itens como “as pessoas possuem uma obrigação de oferecer suporte ao time de

futebol local”, associados principalmente ao senso de comunidade ou “cidadania esportiva”

norte-americana; (3) Camaraderie, ou camaradagem, referente à integração social entre os

Fãs, com itens como “eu teria uma maior propensão a assistir aos jogos ao vivo se houvessem

mais atividades integradoras e que contribuíssem para o espírito do jogo”; (4) Internalization,

referente ao processo de assimilação da influência social através da internalização da

Identidade Esportiva, com itens como “futebol é um bom entretenimento”; (5) Unique Self-

Expression Experience, ou Experiência Autoexpressiva do Fã, relacionada ao desejo dos Fãs

de utilizar o esporte como uma maneira de viver sua vida “do seu jeito”, atribuindo

características de realização pessoal e excitação ao esporte, com itens como “assistir futebol

ao vivo no estádio é mais excitante do que assistir pela TV”; (6) Identification with Winning,

ou Identificação com a vitória, relacionada ao efeito positivo da vitória do time no

autoconceito individual do Fã, com itens como “eu teria uma maior propensão a ir aos jogos

se o time tivesse um histórico de vitórias melhor”; e (7) Self-Defining Experience, ou

Experiência Autodefinidora, referente à experiência proporcionada pelo evento esportivo,

associada à criação de fantasias na mente do Fã, com itens como “quando eu assisto a jogos

de futebol americano, imagino que eu mesmo estou competindo”.

A escala FAM foi operacionalizada utilizando uma escala de concordância com 9 pontos. Das

7 dimensões propostas, três seriam construtos de 1a ordem (Camaradagem, Internalização e

Experiência Autoexpressiva), e as 4 restantes seriam fatores antecedentes. Kahle, Kambara e

Rose aferiram um poder preditivo da escala e sugeriram que a dimensão com maior poder

preditivo do comparecimento dos Fãs ao estádio é a Internalização. Além disso, afirmaram

que os Fãs que vão ao estádio motivados pelo desejo de uma autodefinição positiva e buscam

principalmente a vitória do time, excitação e celebridades do esporte, não possuem uma alta

lealdade atitudinal. A escala FAM é apresentada no Apêndice 4-3.

2.3.1.5. Escala MSC

Milne e McDonald (1998) identificaram diversos motivos que atraem os espectadores e os

praticantes do esporte e propuseram a escala Motivations of the Sport Consumer (MSC). A

escala MSC foi desenvolvida utilizando como referencial teórico a teoria da Hierarquia das

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Necessidades de Maslow (1943). Milne e McDonald identificaram13 potenciais fatores

motivacionais: (1) Physical Fitness, ou Condicionamento Físico, referente ao envolvimento

com o esporte em virtude das melhorias resultantes da prática esportiva, que seria a principal

motivação para o praticante esportivo; (2) Risk Taking, referente às emoções que o Fã pode

sentir ao se envolver com esportes “desafiadores”, principalmente os esportes “radicais”,

como asa-delta, paraquedas ou outros; (3) Stress Reduction, ou redução do estresse, associado

ao aproveitamento do esporte como meio para “liberação do estresse”; (4) Agression, que

poderia ser traduzido para “agressão”, embora o sentido da dimensão esteja mais próximo à

questão da canalização da violência ou do instinto agressivo dos Fãs através do esporte; (5)

Affiliation, ou afiliação, referente à necessidade “psicológica” de pertencimento ao grupo; (6)

Social Facilitation, ou simplesmente social, referente à interação social proporcionada pelo

esporte, principalmente pelo contato com outros Fãs ou praticantes esportivos; (7) Self-

Esteem, ou autoestima, relacionada aos benefícios que a prática esportiva pode trazer à

autoestima e também aos benefícios que a identificação com um time vitorioso pode trazer ao

autoconceito do Fã; (8) Competition, ou competição, referente principalmente ao engajamento

dos praticantes esportivos em campeonatos esportivos, mas também inclui a entusiasmo dos

Fãs pelos campeonatos; (9) Achievement, ou realização, referente principalmente à

necessidade de auto-realização pessoal, associada ao efeito da vitória do time no autoconceito

do indivíduo; (10) Skill Mastery, ou domínio das habilidade, referente à habilidade dos

jogadores, conceito esse associado à habilidade das celebridades esportivas; (11) Aesthethics,

ou Estética, relacionada à beleza do jogo e seu valor artístico; (12) Value Development,

referente a questão de crescimento pessoal proposto por Maslow; e (13) Self-actualization,

igualmente referente ao “topo da pirâmide” da Hierarquia das Necessidades.

Milne e McDonald conduziram uma Análise fatorial exploratória para verificar a estrutura

fatorial das dimensões e encontraram apenas 4 dimensões, visto que diversos construtos “se

uniram”. A estrutura fatorial dos itens sugeriu, portanto, a classificação das motivações em 4

fatores: (1) bem-estar físico e mental; (2) necessidades sociais; (3) necessidades esportivas; e

(4) necessidades pessoais. A escala MSC é apresentada no Apêndice 4-4.

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2.3.1.6. Escala SII

A escala Sport Interest Inventory (SII), proposta por Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa

(2001), incluiu a dimensão “Sport”, referente à identificação do Fã com a Modalidade

Esportiva. Essa escala já foi apresentada anteriormente (vide seção 2.2.4.3), e também está

disponível no Apêndice 4-4. Por isso, a escala SII não será reapresentada nesta seção.

Contudo, julgou-se importante fazer este registro.

2.3.1.7. Escala MSSC

A escala Motivation Scale for Sport Consumption (MSSC), ou Motivações para o Consumo

Esportivo, foi proposta por Trail e James (2001) a partir da revisão crítica de 3 escalas

anteriores: (1) a escala SFMS, de Wann (1995), (2) a escala MSC, de Milne e McDonald

(1998), e (3) a escala FAM, de Kahle, Kambara e Rose (1996). Trail e James testaram a

validade dessas 3 escalas através de uma pesquisa junto a Fãs de baseball nos Estados

Unidos. A partir desses dados, questionaram as propriedades psicométricas dessas escalas,

identificando diversos problemas na formulação de itens e discriminação dos construtos.

Propuseram, então, a escala MSSC, que seria um “aperfeiçoamento” das escalas anteriores.

A escala MSSC foi proposta com 9 fatores motivacionais: (1) Achievement, ou Realização

com a Vitória, referente à importância dada pelo Fã às vitórias do time, uma vez que o Fã

tenderia a perceber as vitórias do time como “suas próprias vitórias”; (2) Aesthethics, ou

beleza do jogo, referente à percepção de valor “artístico” da Modalidade Esportiva em

questão; (3) Drama, ou drama, referente à preferência por jogos difíceis e disputados, que

proporcionem ao Fã sentir “emoção” da partida, como no caso das partidas definidas “nos

últimos minutos”; (4) Escape, ou escapismo, referente à fuga da rotina e uso do esporte como

válvula-de-escape do Fã; (5) Knowledge, ou Conhecimento Esportivo, referente à busca por

informações esportivas pelo Fã, relacionada à aquisição de conhecimento das regras,

estratégias e estatísticas do time; (6) Physical Skills, ou Habilidade Física, referente à

valorização da habilidade dos jogadores, ou seja, sua desempenho; (7) Physical Attraction, ou

Atratividade Física, referente à atratividade física dos jogadores, ou seja, sua beleza ou sex

appeal ; (8) Social Interactions, ou Interação Social, referente aos relacionamentos que o Fã

desenvolve com outros Fãs, ou seja, o convívio social viabilizado por meio do esporte; e (9)

Family, ou Família, referente ao estreitamento dos laços familiares por meio do esporte.

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Trail e James (2001) compararam os resultados da escala MSSC em relação às escalas

anteriores. Os resultados indicaram que as propriedades psicométricas da escala MSSC seriam

melhores do que as escalas anteriores. Além disso, os autores apresentaram o resultado de

testes não realizados em outros estudos, como o de validade discriminante e validade

convergente dos construtos – defendendo a escala MSSC como uma escala “purificada”,

embora ainda passível de aprimoramento. A escala MSSC é apresentada no Apêndice 4-6.

2.3.1.8. Escala SFMS-2

Bristow e Schneider (2003) propuseram a escala Sport Fan Motivation Scale (SFMS-2) em

um estudo no qual investigaram os motivos que levam os Fães a comparecer aos eventos

esportivos. O estudo foi ralizado junto a estudantes universitários Fãs de hockey amador.

Embora reconheçam a importância de muitas dimensões “motivadoras” identificadas por

outros autores na literatura, Bristow e Schneider optaram por testar empiricamente apenas 3

dimensões, as quais exerceriam uma maior influência no consumo dos eventos esportivos: (1)

Winning, ou Realização com a Vitória, referente ao desejo dos Fãs de presenciar a vitória do

time, dimensão essa que estaria relacionada aos benefícios que a vitória traria à autoestima

dos Fãs, com itens como “uma das coisas que mais importa quando vou a um jogo de hockey

é que o meu time vença o jogo”; (2) Social, dimensão essa relacionada ao convívio social

viabilizado através do esporte, com itens como “para mim, ir a jogos de hockey é uma boa

maneira de passar um tempo com amigos e com minha família”; e (3) History and Tradition,

ou História e Tradição, referente à valorização pelo Fã dos aspectos históricos do time ou a

tradição do esporte, com itens como “fazer parte da tradição de jogos de hockey é um dos

motivos importantes que me levam a comparecer aos jogos de hockey”. A escala SFMS-2 é

apresentada no Apêndice 4-7.

2.3.1.9. Escala SCM

James e Ross (2003) investigaram as motivações dos Fãs de esporte universitário, com foco

em modalidades esportivas com baixa receita oriunda de ingressos (nonrevenue sports), como

atletismo, por exemplo. James e Ross propuseram a escala Sport Consumption Motives

(SCM), com 10 dimensões: (1) Empathy, ou empatia, que mensura o humor do Fã depois das

derrotas do time, ou seja, o desgosto com a derrota; (2) Social Interactions, ou Interações

Sociais, referente a utilização do esporte como meio de interação social com amigos e outros

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74

Fãs; (3) Family, ou Família, referente à utilização do esporte para estreitamento dos laços

familiares; (4) Team Effort, ou “garra”, referente à valorização e reconhecimento do esforço

do time, independentemente do resultado da partida; (5) Team Affiliation, ou Identificação

com o Time, referente à importância atribuída pelo Fã ao time como um elemento integrante

de seu autoconceito; (6) Achievement, ou Realização com a Vitória, referente à importância

atribuída às vitórias; (7) Entertainment, ou Entretenimento, referente ao uso do esporte como

um “passatempo” divertido, contemplando seus aspectos lúdicos; (8) Skill, ou habilidade dos

jogadores, referente à admiração da destreza esportiva dos atletas; (9) Drama, referente à

experiência de emoções fortes durante o jogo; e (10) Escape, ou escapismo, referente à

utilização do esporte como válvula-de-escape das atividades do dia-a-dia pelo Fã.

Os resultados dessa investigação apontaram que o interesse de muitos Fãs esportivos pode

estar mais relacionado às dimensões ligadas à Modalidade Esportiva – como drama e

entretenimento – do que às dimensões relacionados ao time. A escala SCM é apresentada no

Apêndice 4-8.

2.3.1.10. Escala FANDIM

Madrigal (2006) investigou a multidimensionalidade do consumo de eventos esportivos e

propôs um conjunto de construtos relacionados a esse consumo, os quais deram origem à

escala FANDIM. Desenvolvida principalmente a partir das proposições de Holt (1995), a

escala FANDIM considera que o consumo de eventos esportivos seria composto por 6

dimensões gerais de 2a ordem, as quais se agregariam em 2 dimensões de 1a ordem:

autotelismo e apreciação. O autotelismo se refere aos aspectos de consumo que teriam

finalidade em si mesmos e a apreciação nos elementos de desempenho do evento,

contemplando as pessoas, atletas e ações do espetáculo esportivo.

As dimensões do autotelismo foram concebidas como elementos do estado psicológico dos

Fãs esportivos capazes de produzir um comportamento constante ou estável no Fã. Ou seja,

não dependeriam de estímulos externos para serem verificados. Assim, a experiência

autotélica estaria relacionada a 3 estados “psicológicos” dos Fãs: (1) Flow, ou desconexão,

referente à sensação de desconexão proporcionada pelo esporte, ou seja, a absorção e a perda

da “noção do tempo”, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos, fico tão

absorvido que perco a noção do tempo”; (2) Fantasy, ou fantasia, relacionado ao escapismo,

prazer e relaxamento proporcionados pelo esporte – incluindo a fantasia inconsciente de

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muitos Fãs de que eles próprios fazem parte do espetáculo esportivo, projetando-se em

campo, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos, sonho acordado como se eu

mesmo estivesse em campo”; (3) Evaluation, ou avaliação, referente às expectativas dos Fãs

em relação ao espetáculo esportivo, às normas ou critérios de avaliação e aos juízos de valor

que o Fã faz do evento, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos, avalio

criticamente o desempenho do time e/ou dos atletas”.

Já as dimensões de Apreciação, ao invés de focar nos elementos interativos do Fã com o

esporte, enfatizam o consumo do “valor artístico” da Modalidade Esportiva em questão, além

das características pessoais dos atletas que “executam” o desempenho esportivo: (4)

Aesthethics, ou Estética, referente à beleza inerente à Modalidade Esportiva, com itens como

“quando assisto aos jogos esportivos, admiro a beleza do esporte”; (5) Personalities, ou

celebridades esportivas, referente à proeminência de atletas famosos, com itens como “quando

assisto aos jogos esportivos, presto atenção naqueles atletas que são mais conhecidos”; e (6)

Physical Attractiveness, ou Atratividade dos Jogadores, referente à admiração pela beleza

física ou atratividade dos jogadores, com itens como “quando assisto aos jogos esportivos,

admiro o porte físico dos atletas”.

Madrigal realizou 5 estudos para purificar e validar a escala FANDIM. Na forma final, a

escala ficou com 6 dimensões, totalizando 24 itens. A escala FANDIM é apresentada no

Apêndice 4-9.

Assim, finalizou-se a apresentação das escalas de “motivação” dos Fãs esportivos. A seguir,

discute-se a questão do Consumo Esportivo, destacando-se o Consumo do Evento Esportivo.

2.4. CONSUMO ESPORTIVO

O Consumo Esportivo é um dos temas mais importante na área de Marketing Esportivo,

constituindo um dos assuntos de maior relevância gerencial nessa área. Com efeito, um dos

principais objetivos dos pesquisadores nas suas investigações tem sido explicar a relação entre

o consumo esportivo e seus fatores antecedentes (HANSEN e GAUTHIER, 1989; KWON e

ARMSTRONG, 2002; ALI, CORNWELL, et al., 2006; KWAK e KANG, 2009; BAUER,

STOKBURGER-SAUER e EXLER, 2008). Nesta seção, serão apresentados primeiramente os

tipos de consumo esportivo e, depois, algumas escalas de mensuração do consumo esportivo.

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2.4.1. Tipos de Consumo Esportivo

Os Fãs esportivos podem expressar sua conexão com o esporte através da lealdade atitudinal e

da identificação com o esporte. Contudo, a maior expressão dos Fãs se dá através do consumo

esportivo, pois a própria cultura esportiva é construída através de atividades de consumo,

como é o caso dos padrões atuais de suporte que o Fã oferece ao esporte. Assim, manifestar

interesse ou assistir a um Evento Esportivo pode envolver diversos tipos de padrões de

consumo, como assistir a eventos esportivos “ao vivo” no estádio, assistir a Eventos

Esportivos por meio da TV, acompanhar a programação esportiva no Rádio, ler jornais ou

revistas esportivas e pesquisar informações esportivas por meio da Internet. Além disso, o

envolvimento com o esporte inclui outros tipos de consumo associados ao esporte, como, por

exemplo, frequentar bares ou restaurantes com amigos para assistir a eventos esportivos

(CRAWFORD, 2004).

Fullerton e Merz (2008) identificaram 4 “domínios” do Marketing Esportivo, utilizando como

critérios dois elementos de consumo esportivo: (1) o tipo de produto (que pode ser esportivo e

não-esportivo) e (2) o tipo de estratégia de marketing (que pode ser através da propaganda

tradicional, ou através do patrocínio esportivo). Fullerton e Merz, então, propuseram o

“cruzamento” desses dois elementos, sugerindo os 4 domínios do Consumo no Marketing

Esportivo: (1) domínio baseado no tema, que inclui o uso da propaganda tradicional

promovendo produtos não-esportivos através da associação com o esporte; (2) domínio

baseado no alinhamento, que contempla o uso do patrocínio esportivo para promoção de

produtos não-esportivos; (3) domínio baseado no produto, que aborda o uso da propaganda

tradicional para promover produtos relacionados à prática esportiva; e (4) domínio baseado no

esporte, que utiliza o patrocínio esportivo para promoção de produtos esportivos. Além disso,

os autores ressaltam a importância de se diferenciar o marketing de produtos esportivos (como

ingresso para os jogos, roupas esportivas, equipamentos para a prática de esportes e artigos

licenciados) do marketing de produtos não-esportivos através do esporte (todos os bens não

relacionados a esportes, mas que são promovidos junto aos Fãs através do patrocínio

esportivo e do endosso de celebridades esportivas).

Essa segmentação do consumo esportivo proposta por Fullerton e Merz (2008) é apresentada

na Figura 3.

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Assim, o consumo esportivo não deveria ser compreendido apenas como um produto final

resultante de um processo de produção, mas também como um processo com participação

ativa do Fã na produção de significados simbólicos associados à construção da identidade do

indivíduo (CRAWFORD, 2004). O nível de identificação dos Fãs é um fator antecedente do

consumo esportivo, e pode ser considerando como um bom preditor (WANN e

BRANSCOMBE, 1993).

Figura 3 – Tipos de Consumo Esportivo

Fonte: Elaborado a partir de Fullerton e Merz (2008)

O Consumo Esportivo, portanto, poderia ser classificado em 4 tipos: (1) consumo de eventos

esportivos, seja através do comparecimento ao estádio, seja através da transmissão pela mídia;

(2) consumo de informações esportivas, que compreende revistas esportivas, jornais, rádio e

busca de informações esportivas na Internet; (3) compra de produtos esportivos, como os

artigos esportivos licenciados pelo time, seja para a prática esportiva seja para o uso casual; e

(4) consumo de produtos não-esportivos porém que utilizam patrocínio esportivo.

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2.4.1.1. O consumo do Eventos Esportivos

O Evento Esportivo é frequentemente utilizado como a principal variável dependente nos

estudos sobre identificação do Fã com o esporte ou das motivações dos Fãs esportivos. A

maior parte dos estudos utiliza o Attendance, ou “comparecimento ao estádio”, como

indicador de consumo do evento esportivo, utilizando como métrica o número de jogos que o

Fã assistiu no estádio em uma temporada. O evento esportivo, porém, também pode ser

consumido por meio da Mídia. Na verdade, a maior parte das pessoas “consome” o evento

esportivo por meio da TV, rádio ou Internet. Os grandes eventos esportivos, como a Copa do

Mundo FIFA e as Olimpíadas, chegam a alcançar uma audiência de mais de um bilhão de

pessoas. Esse tipo de consumo está associado ao “estilo” de consumo da sociedade atual, que

pode ser considerada uma sociedade com alta demanda pelo “espetáculo” (CRAWFORD,

2004).

É importante considerar que o consumo esportivo não envolve necessariamente um “consumo

material”. Por isso, a audiência pela mídia pode ser considerada um ato de consumo. Além

disso, os Fãs também consomem o esporte quando participam de atos, manifestações ou

torcidas esportivas, produzindo ou “consumindo” músicas, hinos e se engajando nos rituais

associados à cultura esportiva (CRAWFORD, 2004).

2.4.1.2. O consumo de produtos esportivos licenciados

O consumo esportivo também envolve a compra de produtos esportivos licenciados,

conhecidos como Licensed Sports Merchandise (LSM). Os produtos licenciados utilizam o

logotipo ou o nome do clube esportivo ou de atletas esportivos na sua estratégia de promoção.

Assim, os clubes ou as celebridades esportivas recebem um percentual da venda de produtos

que incluem desde camisetas até mercadorias como souvenir (KWON, TRAIL e JAMES,

2007)

Os produtos esportivos licenciados são uma classe de produtos esportivos bastante suscetível

à compra por impulso. Uma pesquisa sobre a compra por impulso de artigos esportivos

licenciados junto a estudantes universitários mostrou que os artigos esportivos licenciados

possuem diversas características típicas de compra não-planejada: tamanho pequeno, fáceis de

carregar, fáceis de armazenar e leves. Além disso, a compra de artigos esportivos licenciados

com o logotipo, nome ou cores do time, é uma demonstração visível da atitude positiva do Fã

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em relação ao time, tangibilizando seu grau de identificação com o time (KWON e

ARMSTRONG, 2002).

2.4.1.3. O consumo de Artigos Esportivos

O esporte é uma experiência que é consumida de diversas maneiras, incluindo a mídia,

conversas, redes sociais, presença nos jogos e artigos esportivos. O consumo de Sport Related

Consumer Goods, ou Produtos Relacionados ao Esporte, e Sportswear, ou vestuário esportivo

específico, é um aspecto importante do consumo esportivo. Essas categorias de consumo

incluem produtos utilizados para a prática esportiva, como tênis, chuteiras, camisetas e

acessórios, além de roupas e vestimentas utilizadas no dia-a-dia pelo seu valor fashion, ou de

moda (CRAWFORD, 2004).

O consumo de artigos esportivos é considerado um elemento fundamental do Marketing

Esportivo. Com efeito, Fullerton e Merz (2008), ao segmentar os domínios do Marketing

Esportivo, consideraram duas áreas fundamentais: o Marketing de Produtos Esportivos e o

Marketing de Produtos não-esportivos através do Esporte. A área de Produtos esportivos,

segundo os autores, compreende 3 categorias: (1) Spectator Sports, ou Eventos Esportivos,

referente a todo tipo de consumo que envolve a compra de ingressos para assistir a uma

desempenho esportiva no estádio e também a compra de direitos de transmissão pelo

consumidor, como no caso da audiência por meio de canais esportivos por meio da mídia; (2)

Participation Sport, ou Praticantes Esportivos, referente à pratica de diversas modalidades

esportivas, e (3) Sporting Goods, ou Artigos Esportivos, referente a produtos como tênis,

roupas e acessórios esportivos.

2.4.1.4. O consumo de produtos não-esportivos, mas que utilizam patrocínio esportivo

Essa categoria de consumo inclui produtos não esportivos, como, por exemplo,

eletroeletrônicos, alimentos e até serviços financeiros, os quais não guardam relação direta

com o esporte, porém utilizam o esporte como plataforma para promoção dos produtos, na

maior parte das vezes através do patrocínio esportivo. A utilização do esporte como

“plataforma” comercial é uma estratégia bastante presente na sociedade de hoje

(FULLERTON e MERZ, 2008).

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2.4.2. Escalas de Consumo Esportivo

Nesta seção, é feita uma breve apresentação das principais escalas de Consumo Esportivo

utilizadas na área de Marketing Esportivo. A Tabela 11 apresenta as escalas que são

discutidas a seguir.

Tabela 11 - Escalas de Consumo Esportivo

Ano Abrev. �ome da escala Autor(es)

1998 GSM Group Support Measures Fisher e Wakefield

2005 ISCBC Intention for Sport Consumption Behavior Scale Trail, Anderson e Fink

2005 SPI Sponsorship-linked Purchase Intent Cornwell e Coote

2006 FISC Formative Index of Sport Consumption Cornwell, Nguyen e Coote

2008 BL Behavioral Loyalty Bauer, Stokburger-Sauer e Exler

Fonte: elaborado pelo autor

2.4.2.1. Escala GSM

A escala Group Support Measures (GSM) foi proposta por Fisher e Wakefield (1998)

juntamente com as escalas Domain Involvement (DI) e Group Member Attraction (GMA)

com o objetivo de constituir uma medida do suporte que os membros oferecem ao seu grupo,

no caso, o suporte dos Fãs de esporte ao time. A escala GSM inclui itens em 3 categorias de

consumo esportivo: (1) comparecimento ao estádio, (2) itens relacionados ao comportamento

do Fã no estádio e (3) posse de artigos licenciados do time. O comparecimento ao estádio foi

mensurado através de variável contínua que indica o número de partidas assistidas no estádio.

Os itens da categoria de comportamento do Fã no estádio estão relacionados ao uso de roupas

ou adereços que demonstram publicamente a identificação do Fã com o time, e são

mensurados por variáveis dicotômicas (tipo “sim” e “não”). Por fim, a categoria de compra de

produtos licenciados indica o comprometimento financeiro do Fã com o time, sendo

mensurados por variáveis contínuas. A escala GSM foi operacionalizada através 9 itens e é

apresentada pelo Apêndice 4-25

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2.4.2.2. Escala PB-BI

A escala Present Behavior (PB) foi proposta por Fink, Trail e Anderson (2002) juntamente

com a escala Behavioral Intentions (BI) para mensurar diversos aspectos do Consumo

Esportivo. A escala PB foi proposta como uma escala do Consumo corrente do Fã esportivo,

enquanto a escala BI como uma escala de Intenção de Compra futura.

A Escala PB foi proposta contemplando 5 categorias de consumo: (1) Merchandise

Consumption, ou mercadorias, referente a roupas e acessórios de vestuário do time; (2) Print

Media Consumption, ou Consumo de Mídia Impressa, referente à leitura de revistas e jornais

esportivos; (3) TV Media Consumption, ou Consumo de Mídia pela TV, referente à audiência

esportiva através da TV; (4) Wearing Team Paraphernalia, ou Uso de Parafernália do Time,

referente ao uso de roupas e acessórios com o logotipo ou nome do time nos eventos

esportivos; (5) Tracking Statistics, ou Busca de Informações Estatísticas, referente à procura

frequente de informações esportivas sobre o time e os jogadores.

A escala BI foi proposta no mesmo estudo que a PB, com o objetivo de mensurar a intenção

de envolvimento comportamental futuro. Essa escala foi constituída de 3 classes de perguntas:

(1) Continued Loyalty, referente à disposição do Fã de continuar suportando o time; (2)

Attendance Intentions, referente à intenção do Fã de ir aos jogos no estádio; e (3)

Merchandise Consumption Intentions, referente às intenções de consumo de “mercadorias”

ou artigos esportivos, incluindo roupas e acessórios esportivos.

As escalas PB-BI são apresentadas no Apêndice 4-30.

2.4.2.3. Escala FISC

A escala Formative Index of Sport Consumption (FISC) foi proposta por Ali, Cornwell,

Nguyen e Coote (2006) em um estudo que investigou os produtos relacionados ao consumo

esportivo de Fãs de rúgbi. Para investigar o consumo esportivo, os autores propuseram uma

escala do tipo índice com 12 itens escolhidos a partir de entrevistas em profundidade, como

“eu frequentemente compareço a eventos esportivos”, “eu já comprei artigos esportivos do

meu time” e “eu participo de apostas esportivas”.

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Na etapa de purificação da escala, 8 itens não apresentaram significância estatística. Logo,

esses itens foram eliminados da escala. Os 4 itens restantes foram mantidos. A escala FISC é

apresentada no Apêndice 4-26.

2.4.2.4. Escala SPI

A escala Sponsorship-linked Purchase Intent (SPI) foi proposta por Cornwell e Coote (2005)

para medir a intenção de compra de produtos patrocinados associados ao esporte. A escala

SPI busca mensurar o grau de apoio que o Fã esportivo oferece ao patrocinador esportivo.

Unidimensional, a escala SPI foi formulada com 5 itens, como, por exemplo, “quando um

novo patrocinador passa a apoiar [a corrida] eu mudo minha preferência de compra para

apoiar o novo patrocinador”. A escala SPI é apresentada no Apêndice 4-28.

2.4.2.5. Escala BL

A Escala Behavioral Loyalty (BL) foi proposta por Bauer, Stokburger-Sauer e Exler (2008)

em um estudo que investigou a Imagem da Marca e a Lealdade dos Fãs de times esportivos

profissionais. Combinando medidas de lealdade à marca utilizadas anteriormente por

Homburg e Giering (1999) e medidas relacionadas ao esporte utilizadas por Fink, Trail e

Anderson (2002), a escala BL foi proposta como sendo uma escala unidimensional, com 6

itens. Cada item pode ser utilizado, flexionando o verbo para o presente (para refletir o

consumo atual informado pelo respondente) ou para o futuro (para refletir a intenção de

compra futura), como, por exemplo, o item “eu tenho ido ao estádio ver os jogos do meu time

favorito”, o qual pode ser flexionado para “eu pretendo ir ao estádio ver os jogos do meu time

favorito”.

A escala BL é apresentada no Apêndice 4-29.

2.4.2.6. Escalas GSC-SSC

Braunstein e Zhang (2011) propuseram as escalas General Sport Consumption (GSC) e

Specific Sport Consumption (SSC) no mesmo estudo exploratório em que propuseram a escala

de Identificação com a Celebridade Esportiva SASP-CP. As escalas GSC e SSC foram

utilizadas para mensurar o nível de consumo esportivo “geral” e “específico”

respectivamente. A escala GSC foi proposta com 12 itens e a SSC com 21 itens, ambas

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medidas através de uma escala intervalar tipo Likert com 9 pontos e âncoras de frequência em

“nunca” e “sempre”.

Ambas as escalas foram propostas como unidimensionais. A escala GSC incluiu itens

referentes ao consumo do esporte através da mídia pela TV, revistas e compras de

equipamentos, além do comparecimento ao evento esportivo. Já a escala SSC incluiu itens

referentes ao consumo esportivo diretamente associado ao uso de celebridades esportivas

como endossantes de propagandas.

As escalas GSC e SSC são apresentadas no Apêndice 4-31.

2.5. CONTRIBUIÇÕES BRASILEIRAS

Teiltenbaum (1997) realizou um estudo exploratório sobre o Marketing Esportivo, focando na

relação entre os clubes de Futebol e as empresas que utilizam o Patrocínio Esportivo como

estratégia de Marketing. Os resultados obtidos por meio de um estudo de casos múltiplos

sugere que um dos principais objetivos das empresas para se engajar nesse tipo de relação é a

obtenção da preferência do consumidor, enquanto para os times é o aumento da receita.

Costa, Rocha e Oliveira (2008) realizaram um estudo sobre os fatores antecedentes e

consequentes da identificação do torcedor com o Futebol no contexto do Patrocínio Esportivo.

Nesse estudo, os autores replicaram no Brasil o modelo conceitual proposto por Gwinner e

Swanson (2003). Os resultados sugeriram que a Identificação do torcedor com o Time

Esportivo influencia positivamente a atitude e o conhecimento em relação aos patrocinadores.

Contudo, os autores identificaram a inexistência de relação entre envolvimento do torcedor

com a Modalidade Esportiva e a Identificação com o Time. Esses resultados, contudo,

contrariam o mainstream teórico de diversos estudos anteriores que suportaram a relação

entre Identificação com a Modalidade Esportiva, Time Esportivo e Celebridade do Esporte

(WANN, 1995; MCDONALD e MILNE, 1997; MADRIGAL, 2006; JAMES e RIDINGER,

2002; HEERE e JAMES, 2007)

Santana e Sobrinho (2008) realizaram um estudo sobre o “amor à marca” no contexto do

Futebol e propuseram um modelo conceitual mensurando a influência do Amor à Marca

(clube de futebol) na Lealdade Comportamental dos Fãs do Esporte e na Comunicação Boca-

a-boca. Nesse estudo, os autores consideraram também a existência de uma variável

mediadora (Lealdade Atitudinal) entre a variável independente e as variáveis dependentes.

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Contudo, apesar de formular as hipóteses de pesquisa, os autores não testaram o modelo

proposto, e sugeriram que estudos futuros procurassem suportar empiricamente o modelo

sugerido.

Dos Santos (2008) realizou um estudo sobre as torcidas de futebol dos principais clubes

brasileiros e analisou a relação entre o desempenho dos Times Esportivos nos jogos

“clássicos” e a bilheteria e venda de ingressos para esses jogos. Assim, a partir dos dados de

boletins financeiros dos jogos do Campeonato Brasileiro entre 2004 e 2007, o autor propôs

um modelo para valoração das torcidas de futebol, com base no conceito de Customer Equity

Além disso, o autor sugere que o desempenho do time e os jogos clássicos seriam variáveis

mediadoras do Comportamento de Consumo do Evento Esportivo, mais especificamente a

compra de ingressos.

Cáceres (2010) realizou um estudo exploratório sobre paixão e fanatismo por futebol,

investigando a influência do alto envolvimento do Fã do Esporte com o Time Esportivo no

Consumo do Esporte. O autor usou uma definição abrangente de consumo, considerando não

apenas o consumo material, como também o consumo da experiência. Nesse sentido, o autor

destaca diversos tipos de experiências associadas ao Consumo Esportivo, como as

experiências afetivas (emoções), experiências sociais, experiências cognitivas (aprendizado e

descobertas), experiências de identificação (conexão com o time e os outros Fãs) e a

experiência de assistir jogos no Estádio, que proporciona uma experiência holística ao Fã.

Além disso, os resultados sugerem diferenças entre os torcedores “apaixonados” e os

torcedores “fanáticos”. Os torcedores “fanáticos” – aqueles com o nível máximo de

envolvimento com o time – valorizam mais a compra de produtos oficiais ou licenciados,

apresentando um sentimento de orgulho e satisfação por apoiar o clube por meio do consumo.

Além disso, os torcedores fanáticos dariam extrema importância não só ao clube com o qual

se identificam, mas também ao clube rival do seu time, acompanhando os resultados de

ambos os times. Para os torcedores fanáticos, o time tem uma importância muito forte para a

identidade do indivíduo, sendo um aspecto central da sua vida.

Borges e Añaña (2010) investigaram a relação entre Imagem e Marca e a Lealdade dos

torcedores de clubes de futebol. Nesse estudo, os autores replicaram no Brasil o modelo

conceitual proposto por Bauer, Sauer e Exler (2008), relacionando a imagem do clube, o

comprometimento psicológico do torcedor como Time Esportivo e a Lealdade

Comportamental. Os resultados indicaram que a imagem da marca influencia na Atitude do

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torcedor (grau de comprometimento psicológico com o Time Esportivo) porém não influencia

diretamente no Comportamento do torcedor (concebido como Consumo Esportivo). Portanto,

nesse estudo foi suportada a existência da Atitude do Fã como variável mediadora da relação

entre Imagem da Marca e Consumo Esportivo.

Szuster e Sauerbronn (2010) realizaram um estudo exploratório sobre o Consumo Esportivo

junto a Fãs de Futebol jovens, identificando que o consumo de artigos esportivos do Time

pode ser consumido de três formas: uso esportivo, uso social ou peças de coleção.

Fagundes, Sampaio, Souza e Lara (2010) realizaram uma pesquisa bibliográfica sobre estudos

de Marketing Esportivo publicados no Brasil e concluíram que a publicação no país é

pequena, focada em estudos exploratórios.

Reale (2011) realizou um estudo de inspiração etnográfica para avaliar como a relação entre

os produtores de marketing e os torcedores de futebol influencia o Consumo Esportivo. Os

resultados do estudo sugeriram que a paixão pelo Time Esportivo deveria ser considerada

como a geradora (a causa) do desejo de consumo, e não sua manifestação (consequência).

Nesse sentido, os resultados encontrados pelo autor foram diferentes daqueles propostos por

Belk, Ger e Askegaard (2003).

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3. MÉTODO

Este capítulo tem por objetivo apresentar o método e especificar detalhadamente os

procedimentos utilizados para a realização deste estudo. Inicialmente, é apresentada a

delimitação do escopo do estudo através da formulação do problema de pesquisa e das

lacunas identificadas na literatura. Então é apresentado o projeto do estudo, contemplando a

abordagem utilizada, a técnica escolhida e o modelo conceitual proposto. Em seguida, é

apresentada a formulação das hipóteses derivadas da literatura. Então é discutida a

operacionalização das variáveis e os procedimentos de coleta de dados. Por fim, são descritos

os procedimentos para a análise dos dados.

3.1. PROBLEMA DE PESQUISA

O presente estudo pretende contribuir para uma melhor compreensão do fenômeno de

Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as

Celebridades do Esporte, bem como sobre os efeitos da Identificação na atitude e no

comportamento do Fã do esporte em relação ao consumo de eventos esportivos.

Embora já existam diversos estudos sobre a identificação do Fã do esporte (CIALDINI,

BORDEN, et al., 1976; WANN e BRANSCOMBE, 1990; WANN e BRANSCOMBE, 1993;

TRAIL, ANDERSON e FINK, 2005; TRAIL, ROBINSON, et al., 2003) e sobre o consumo

de Eventos Esportivos (WAKEFIELD e SLOAN, 1995; TRAIL, ANDERSON e FINK, 2000;

ROBINSON e TRAIL, 2003; RIDINGER e FUNK, 2006) o presente estudo se torna oportuno

em virtude das seguintes lacunas identificadas na literatura: (a) utilização da Identificação do

Fã com o Time Esportivo como único ou principal elo de ligação do Fã com o esporte,

negligenciando-se, por vezes, a influência da Identificação do Fã com as Celebridades

Esportivas ou a Identificação com a Modalidade Esportiva; (b) predominância de modelos

que consideram apenas a influência direta da Identificação do Fã no comportamento por meio

do Comparecimento ao Estádio, negligenciando o efeito mediador da atitude em relação ao

comparecimento ao Estádio; (c) apesar de diversos estudos identificarem a existência de

diferenças significativas de gênero e faixa etária, essas diferenças são normalmente analisadas

apenas por meio de testes de diferença de médias, sem investigar o potencial efeito moderador

do gênero e da faixa etária na influência da Identificação no Consumo do Evento Esportivo;

(d) utilização típica de modelos formativos que consideram que construtos como Drama,

Beleza, Vitória, Socialização, entre outros, seriam fatores antecedentes da Identificação,

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negligenciando a possibilidade

maior parte dos estudos considera apenas a influência unidireciona

Consumo do Evento Esportivo,

seja, a influência do Consumo do Evento Esportivo no nível de Identificação do

apresenta-se, a seguir, uma breve discussão de

3.1.1. O Time como único ou principal elo de ligação

Tipicamente, os modelos utilizados nos estudos de Marketing Esportivo concebem a

Identificação do Fã com o Time como único ou principal elo de ligação

Embora diversos elos de ligação já tenham sido identificados na literatura

Modalidade Esportiva, Celebridade Esportiva, Técnico, entre outros

de escalas de mensuração para cada um deles, divers

absorveram tais contribuições; outr

elos de ligação do Fã com o esporte, apesar das evidências empíricas e do suporte teórico para

tais considerações. Assim, verifica

Time como principal ou único elo entre o

desta pesquisa, hipotetizar a

ligação potencialmente relevantes no co

abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores consid

literatura.

Figura 4 – Lacuna

negligenciando a possibilidade de que tais construtos sejam reflexos da Identificação;

considera apenas a influência unidirecional da Identificação do

Consumo do Evento Esportivo, negligenciando a teoria que pode suportar o efeito oposto,

seja, a influência do Consumo do Evento Esportivo no nível de Identificação do

se, a seguir, uma breve discussão de cada uma dessas lacunas.

Time como único ou principal elo de ligação

os modelos utilizados nos estudos de Marketing Esportivo concebem a

com o Time como único ou principal elo de ligação

Embora diversos elos de ligação já tenham sido identificados na literatura

, Celebridade Esportiva, Técnico, entre outros – incluindo a proposição

de escalas de mensuração para cada um deles, diversos estudos ignoram ou a

absorveram tais contribuições; outros até questionam a necessidade de se considerar múltiplos

com o esporte, apesar das evidências empíricas e do suporte teórico para

tais considerações. Assim, verifica-se a predominância do uso da Identificação do

Time como principal ou único elo entre o Fã e o esporte. Julgou-se adequado, no contexto

a influência do Time, sem, contudo, negligenciar os demais elos de

ligação potencialmente relevantes no contexto do futebol. A Figura 4

abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores consid

Lacuna n°1: consideração de um único elo de ligação do Fã

87

de que tais construtos sejam reflexos da Identificação; (e) a

l da Identificação do Fã no

negligenciando a teoria que pode suportar o efeito oposto, ou

seja, a influência do Consumo do Evento Esportivo no nível de Identificação do Fã. Assim,

cada uma dessas lacunas.

os modelos utilizados nos estudos de Marketing Esportivo concebem a

com o Time como único ou principal elo de ligação com o esporte.

Embora diversos elos de ligação já tenham sido identificados na literatura – como Time,

incluindo a proposição

ignoram ou ainda não

s até questionam a necessidade de se considerar múltiplos

com o esporte, apesar das evidências empíricas e do suporte teórico para

uso da Identificação do Fã com o

se adequado, no contexto

do Time, sem, contudo, negligenciar os demais elos de

ilustra a diferença na

abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores considerados na revisão de

Fã do esporte

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88

3.1.2. O efeito Mediador da Atitude do Fã do Esporte

A segunda lacuna identificada se refere à predominância de modelos conceituais que

consideram apenas a influência direta da Identificação do Fã no comportamento de

Comparecimento ao Estádio, negligenciando o efeito mediador da Atitude do Fã na relação

entre Identificação e Comparecimento ao Estádio.

Com efeito, foram encontrados poucos estudos que consideram o efeito Mediador da Atitude

para o Comparecimento ao Estádio. E os estudos que consideram a mediação da atitude, ou

contemplam apenas aspectos psicológicos da conexão do Fã com o esporte, sem focalizar o

Consumo do Evento Esportivo como variável dependente (MAHONY, MADRIGAL e

HOWARD, 2000; HEERE e DICKSON, 2008; HEERE e DICKSON, 2008), ou então

focalizam o Consumo do Evento Esportivo, porém não o relacionam com os diversos elos de

ligação do Fã com o esporte, contemplando aspectos mais relacionados às características do

Estádio (WAKEFIELD e SLOAN, 1995), fora do escopo da Social Identity Theory. A Figura

5 ilustra a abordagem do presente estudo em relação aos estudos anteriores considerados.

Figura 5 - Lacuna n°2: não consideração do efeito mediador da Atitude

3.1.3. O efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária

A terceira lacuna se refere ao efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária. Apesar de

diversos estudos identificarem a existência de diferenças significativas de gênero e faixa

etária no contexto da Identificação do Fã e do Consumo de Evento Esportivo (JAMES e

RIDINGER, 2002; WANN, SCHINNER e KEENAN, 2001; TRAIL, ROBINSON e KIM,

2008), essas diferenças são tipicamente analisadas só por meio de testes de diferença de

médias, sem investigar o potencial efeito moderador do gênero e da faixa etária na influência

da Identificação do Fã no Consumo do Evento Esportivo.

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89

A Figura 6 apresenta a abordagem deste estudo versus a abordagem tradicionalmente

encontrada na literatura.

Figura 6 – Lacuna n°3: não consideração do efeito Moderador do Gênero e da Faixa Etária

3.1.4. Modelos Formativos versus Modelos Reflexivos

A quarta lacuna se refere à discussão entre o uso de Modelos Formativos ou Reflexivos na

concepção da Identificação do Fã. Verifica-se na literatura um padrão de utilização de

modelos formativos na concepção da Identificação do Fã com o esporte. Com efeito, diversas

dimensões sabidamente associadas à Identificação do Fã com o esporte, tais como Drama,

Escapismo, Realização com a Vitória ou ainda Socialização, são frequentemente modeladas

como fatores antecedentes da Identificação. Nesses estudos, essas dimensões são

frequentemente denominadas “motivações” do Fã.

Não foram identificados estudos que testassem a hipótese de se conceber tais construtos como

variáveis latentes de 2a ordem. Todavia, identificou-se que a discussão sobre a dificuldade de

decidir por modelos formativos e reflexivos está presente na área de Marketing como um

todo, já havendo inclusive estudos que catalogaram a preferência por um tipo de modelo ou

outro (JARVIS, MACKENZIE e PODSAKOFF, 2003).

Assim, questiona-se, no contexto do presente estudo, se tais dimensões associadas à

Identificação com o esporte seriam efetivamente “motivações” que precedem a identificação.

Segundo Jarvis, Mackenzie e Podsakoff (2003), existem diferenças nas abordagens

tradicionalmente utilizadas na área de Administração e na área da Psicologia. Enquanto a área

de Administração tipicamente utiliza modelos formativos, a área da Psicologia

tradicionalmente explora modelos reflexivos. Assim, verifica-se um potencial dilema para a

concepção dos modelos conceituais, uma vez que ao mesmo tempo em que a área de

Marketing Esportivo busca relevância gerencial, que poderia favorecer o uso de modelos

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90

reflexivos, boa parte do referencial de literatura utilizado está baseado na Psicologia, como no

caso da Social Identity Theory, o que poderia sugerir a adequação de modelos reflexivos.

Poder-se-ia argumentar, ainda, que Kelman (1958; 1961), ao conceituar os três processos de

mudança de atitude – Identificação, Internalização e Conformidade, conceitua o processo de

Identificação como aquele em que o indivíduo deriva seu autoconceito da relação que

estabelece com a pessoa, celebridade ou grupo de referência com quem se identifica. O autor

sugeriu que o processo de identificação envolve a exaltação da pessoa ou grupo com quem o

indivíduo se identifica. E, ao exaltar essa pessoa ou grupo, o indivíduo, na verdade, acaba

exaltando a si mesmo. Ou seja, o processo de identificação estaria associado à busca do

aprimoramento do autoconceito. Portanto, se isso é verdade, então é razoável conceber a

Identificação como fator antecedente de outros construtos de 2a ordem, suportando, dessa

forma, a concepção de um modelo reflexivo.

Além disso, diversos estudos suportam a existência dos processos de BIRGing e CORFing no

contexto esportivo (CIALDINI, BORDEN, et al., 1976; WANN e BRANSCOMBE, 1990;

FISHER e WAKEFIELD, 1998). Ou seja, a “exaltação da glória refletida” por meio da

identificação do Fã com o esporte é um processo bastante discutido e aceito na literatura.

Chama a atenção, contudo, o fato de, apesar de tal teoria ser eminentemente reflexiva – ao

ponto de utilizar o termo “Reflected Glory” – , diversos autores conduziram investigações

baseadas nessa teoria, porém concebendo modelos formativos – o que poderia ser considerado

uma contradição. A figura 7 apresenta a abordagem observada neste estudo versus a

abordagem tradicionalmente encontrada na literatura.

Figura 7 – Lacuna n°4: predominância de Modelos Formativos em detrimento de Modelos Reflexivos

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91

3.1.5. O Efeito Circular entre Identificação, Atitude e Comportamento

A quinta lacuna se refere ao efeito circular entre Identificação, Atitude e Comportamento do

Fã (Comparecimento ao Estádio).

A maior parte dos estudos considera apenas a influência unidirecional da Identificação do Fã

no Consumo do Evento Esportivo. Contudo, existe suporte teórico para hipotetizar o efeito

oposto: a influência do Consumo do Evento Esportivo na Identificação do Fã. Ou seja, se, por

um lado, se admite que é porque o Fã se identifica com o esporte que ele vai ao estádio, por

outro, também é razoável admitir que, uma vez que o Fã vai ao estádio, ele passa a se

identificar ainda mais com o esporte. Ou seja, pode-se argumentar que existe uma relação

circular de causa e efeito, a qual é pouco discutida na literatura.

Não foram encontradas investigações que concebessem o teste de modelos alternativos,

considerando a recursividade da relação entre Identificação e Consumo do Evento. Por isso,

em virtude do caráter transversal do presente estudo, concebeu-se um modelo conceitual de

acordo com o mainstream teórico que considera o efeito da Identificação no Consumo

Esportivo. Todavia, de forma exploratória, buscou-se discutir o efeito da retroalimentação

potencialmente gerada pelo Comparecimento ao Estádio no grau de Identificação do Fã.

A Figura 8 apresenta esse lacuna, destacando a diferença do presente estudo em relação aos

estudos anteriores.

Figura 8 – Lacuna n°5: não consideração da relação circular entre Identificação, Atitude e Comportamento

Dessa forma, o presente estudo identificou 5 lacunas na literatura de Marketing Esportivo, as

quais são resumidamente apresentadas na Tabela 12.

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Tabela 12 – Resumo das Lacunas identificadas na literatura e diferencial do presente estudo

# Elemento de comparação Abordagem dos estudos

anteriores Abordagem utilizada no presente estudo

(1) Elos de ligação do Fã com o esporte

Foco no Time Consideração do Time, Modalidade Esportiva e Celebridade Esportiva

(2) Influência da Identificação no Consumo Esportivo

Direta Direta e Indireta (por meio da Atitude em relação ao Estádio)

(3) Concepção das dimensões Drama, Escapismo, etc.

Formativa (antecedentes da Identificação)

Reflexiva (reflexos da Identificação)

(4) Teste das diferenças de gênero e faixa etária

Teste de diferenças de média Teste Multi-Grupos do efeito Moderador

(5) Relação entre Identificação e Consumo do Evento

Unidirecional, da Identificação para o Consumo

Circular entre Identificação, Atitude e Consumo do Evento, porém considerando a direção da Identificação para o Consumo.

3.2. OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo geral do presente estudo foi formulado da seguinte forma: em que medida a

Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a

Celebridade do Esporte influencia a Atitude e o Comportamento de Consumo do Evento

Esportivo do Fã do Esporte.

Esse objetivo geral pode ser traduzido em 6 questões específicas, as quais são apresentadas a

seguir.

3.2.1. Questões Específicas do Estudo

O problema de pesquisa supra enunciado foi decomposto nas seguintes questões específicas:

Questão 1: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o

Time e com a Celebridade Esportiva influencia a Atitude e o Comportamento de

Consumo de Eventos Esportivos?

Questão 2: O Desempenho do Time Esportivo influencia o Comportamento de

Consumo de Eventos Esportivos?

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Questão 3: O Gênero e a Faixa Etária do Fã do Esporte influenciam a

Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos?

Questão 4: A Identificação do Fã do Esporte com o Time influencia o sentimento

de realização com a vitória do time, o prazer proporcionado pela socialização

com outros Fãs do Time e a busca de informações esportivas sobre o time?

Questão 5: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva

influencia a percepção da beleza, a apreciação do drama e o sentimento de

escapismo proporcionados pelo Consumo do Evento Esportivo?

Questão 6: A Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva

influencia a percepção de confiabilidade, expertise e atratividade da Celebridade

Esportiva?

3.2.2. Delimitação do Escopo do Estudo

Apresenta-se, nesta seção, a delimitação do escopo deste estudo. Para definir as fronteiras do

estudo, foram consideradas 4 restrições.

Em primeiro lugar, decidiu-se restringir o estudo a uma Modalidade Esportiva específica, no

caso, o Futebol, sabidamente o esporte mais popular do Brasil. Adicionalmente, focalizou-se

o Futebol masculino profissional, considerando-se apenas os times da série “A” do

Campeonato Brasileiro como universo de escolha de possíveis times.

Em segundo lugar, decidiu-se entrevistar apenas os indivíduos que se declararam torcedores

de times específicos. Ou seja, não foram abordados indivíduos que pudessem apresentar

comportamento de consumo do evento esportivo, porém que não tivessem uma ligação

emocional ou atitudinal com o time.

Em terceiro lugar, não foram considerados outros fatores antecedentes do Consumo do Evento

Esportivo que não os associados à Identificação do Fã do esporte com a Modalidade, com o

Time e com a Celebridade Esportiva. Assim, não foram considerados elementos específicos

dos Eventos Esportivos, como os aspectos de promoção do evento, conveniência da data ou

horário dos jogos, “atratividade” do time adversário (ZHANG, PEASE, et al., 1995).

Tampouco foram considerados elementos do Estádio, que sabidamente influenciam a atitude e

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comportamento de Consumo do Evento Esportivo, como a facilidade de estacionamento,

limpeza, segurança, serviços associados (WAKEFIELD e SLOAN, 1995).

Em quarto lugar, não foram considerados outras variáveis sócio-demográficas que não o

Gênero e a Faixa Etária, como, por exemplo, o nível sócio-econômico do Fã.

3.3. NATUREZA DO ESTUDO

3.3.1. Técnica de Pesquisa

O presente estudo adotou a abordagem causal. A abordagem causal caracteriza-se por

explicitar as premissas, variáveis utilizadas e relacionamentos hipotetizados. Com isso,

minimiza a ambiguidade em relação às proposições do pesquisador. Essa abordagem também

confere um certo grau de precisão ao esforço de proposição teórica e permite o pesquisador a

representar melhor processos sociais e psicológicos complexos, aproximando-os da realidade

social. A abordagem causal está alinhada à corrente de pensamento hipotético-dedutiva, a

qual destaca a formulação prévia de hipóteses de pesquisa, para, só depois, realizar a escolha

das variáveis e a coleta de dados. Assim, é seguido um processo de pesquisa científico que

contempla tanto a face de ciência teórica, com a proposição de hipóteses e teorias, quanto a

face de ciência descritiva, que registra os fatos (BAGOZZI, 1980). Dada a natureza

explicativa deste estudo, adotou-se a técnica de Survey para a coleta de dados.

3.3.2. Unidade de Análise

O que se pretende investigar por meio deste estudo é a percepção do indivíduo sobre o seu

nível de Identificação com a Modalidade Esportiva, Time Esportivo e Celebridade Esportivas,

além de sua atitude e comportamento em relação ao Consumo de Eventos Esportivos. Logo, a

unidade de análise deste estudo é o indivíduo. O Referencial Teórico utilizado neste estudo

tem origem principalmente na Psicologia e na “Psicologia social”, cujo o foco é o indivíduo.

3.4. MODELO CONCEITUAL

Para responder às perguntas formuladas no presente estudo, foi proposto um modelo

conceitual de pesquisa (ver Figura 9), elaborado com base no Referencial Teórico.

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Figura 9 – Modelo Conceitual e Hipóteses de Pesquisa

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3.4.1. Variáveis do Estudo

O presente estudo articula 5 tipos de variáveis: (a) variáveis dependentes, (b) variáveis

mediadoras, (c) variáveis independentes (d) variáveis moderadoras e (e) variáveis de controle.

A variável dependente do estudo é o Consumo do Evento Esportivo por meio do

Comparecimento do Fã do esporte ao Estádio.

A Atitude em relação ao Estádio, no presente estudo, foi modelada como variável mediadora

entre a Identificação do Fã do esporte e o Consumo do Evento Esportivo.

Foram consideradas três variáveis independentes: (a) a Identificação do Fã com a Modalidade

Esportiva; (b) a Identificação do Fã com o Time Esportivo; e (s) a Identificação do Fã com as

Celebridades Esportivas.

As variáveis demográficas consideradas, gênero e faixa etária, foram modeladas neste estudo

como variáveis moderadoras da influência da Identificação do Fã do esporte na Atitude e no

Comparecimento ao Estádio.

Uma vez que o contexto de vitórias ou derrotas de um time esportivo pode exercer influência

no nível de identificação do Fã do esporte (WANN e BRANSCOMBE, 1990) e ainda no seu

comportamento de Consumo de Eventos Esportivos (FISHER e WAKEFIELD, 1998;

WAKEFIELD e SLOAN, 1995), no presente estudo, o Time Esportivo foi considerado como

variável de controle da amostra.

Além disso, uma vez que estudos anteriores também sugerem a existência de diferenças entre

distintas modalidades esportivas (WANN, GRIEVE, et al., 2008), decidiu-se controlar a

variável Modalidade Esportiva. Dessa forma, embora o modelo conceitual proposto tenha sido

formulado com o intuito de se adequar a diversas modalidades esportivas, no presente estudo

optou-se pelo controle da amostra, restringindo-se a coleta de dados a Fãs de futebol, a fim de

se garantir a homogeneidade da amostra.

Já a variável de controle utilizada foi o time. Essa escolha foi feita para “isolar” o efeito da

diferença de desempenho dos dois times utilizados na amostra no grau de identificação do

torcedor ou nos elos de ligação.

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97

3.5. HIPÓTESES DE PESQUISA

Conforme ilustrado na Figura 9, o modelo conceitual elaborado a partir da revisão de

literatura foi elaborado com 9 hipóteses de pesquisa, as quais são descritas a seguir.

3.5.1. Hipótese H1

A primeira hipótese de pesquisa está relacionada à associação entre a Identificação do

Torcedor com o Esporte e a Atitude em relação ao Consumo Esportivo. Considera-se,

portanto, o efeito mediador da Atitude na relação entre da Identificação e o Consumo do

Evento Esportivo.

Gwinner e Swanson (2003) investigaram os efeitos da identificação do Fã do esporte no

contexto do patrocínio esportivo e propuseram um modelo, considerando que a Identificação

com o Time influencia a Atitude do Fã em relação aos patrocinadores, encontrando resultados

estatisticamente significativos. Assim, os autores suportaram que a Identificação influencia

elementos atitudinais no contexto do Consumo Esportivo. Em outro estudo, Gwinner e Bennet

(2008) investigaram o efeito da Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva e

elaboraram um modelo, utilizando a atitude do torcedor como uma variável mediadora entre a

relação da percepção de ajuste (fit) evento-patrocinador e a intenção de compra dos produtos

patrocinados, também suportando a existência do efeito mediador da atitude no contexto do

Consumo Esportivo.

Funk e James (2004) investigaram as propriedades da atitude do Fã do esporte e sugeriram

que a internalização do esporte precede a formação de uma atitude em relação ao esporte. A

atitude, então, influenciaria o comportamento. Ou seja, a atitude exerceria um efeito mediador

entre a Identificação com o Esporte e “consequências Atitudinais” como persistência,

resistência à mudança e elementos comportamentais associados ao consumo esportivo.

Focando especificamente no comparecimento ao estádio, Hill e Green (2000) sugeriram que a

lealdade do torcedor ao time e o envolvimento com o esporte são fatores que influenciam

significativamente a intenção de comparecimento dos torcedor no estádio, juntamente com a

percepção do torcedor das características do estádio. Os autores sugeriram que a pré-

disposição do torcedor de ir aos jogos no Estádio é influenciada pela intensidade de ligação do

torcedor com o esporte. Ou seja, o grau de Identificação do torcedor influenciaria a Atitude.

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Assim, formulou-se a primeira hipótese de pesquisa:

H1: O nível de Identificação do Fã do Esporte influencia positivamente a

Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

Considerando que a Identificação do Fã do esporte pode compreender diversos elos de ligação

entre o torcedor e o esporte –Identificação com a Modalidade Esportiva, Identificação com o

Time Esportivo e Identificação com as Celebridades Esportivas – , decidiu-se desdobrar a

primeira hipótese em 3 hipóteses adicionais:

H1a: O nível de Identificação do Fã do esporte com a Modalidade Esportiva

influencia positivamente a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H1b: O nível de Identificação do Fã do esporte com o Time Esportivo

influencia positivamente a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H1b: O nível de Identificação do Fã do esporte com as Celebridades Esportivas

influencia positivamente a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

3.5.2. Hipótese H2

A segunda hipótese de pesquisa está relacionada à associação direta entre a Identificação do

Fã do esporte e o Consumo do Evento Esportivo por meio do Comparecimento ao Estádio.

Diversos estudos consideram o efeito da Identificação do Fã do esporte no Consumo

Esportivo, sugerindo que a identificação influencia a compra de artigos licenciados e o

comparecimento do torcedor ao estádio (FISHER e WAKEFIELD, 1998; FULLERTON e

MERZ, 2008; KWON, TRAIL e JAMES, 2007; KWON e ARMSTRONG, 2002).

Assim, formulou-se a segunda hipótese de pesquisa:

H2: O nível de Identificação do Fã do Esporte influencia positivamente o

Consumo do Evento Esportivo.

Alguns estudos sugerem que construtos como Drama, Beleza, Escapismo, Socialização,

Realização com a Vitória, entre outros, estão associados ao Consumo do Evento Esportivo.

Funk Mahony e Ridinger (2001), por exemplo, constataram que o grau de Identificação do Fã

do esporte com o Futebol (Identificação com a Modalidade Esportiva) e com o Time são

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variáveis que influenciam significativamente o Comportamento de Consumo do Evento

Esportivo. Outros estudos investigam as “motivações” do Fã do Esporte sugerem uma relação

significativa entre dimensões como a Identificação do Fã com a Modalidade, com o Time

Esportivo e com a Celebridade Esportiva (WANN, 1995; FUNK, MAHONY, et al., 2001;

TRAIL e JAMES, 2001). Portanto, considerou-se adequado desdobrar a segunda hipótese

considerando esses 3 elos de ligação do Fã do Esporte. Assim, a segunda hipótese de pesquisa

foi desdobrada em 3 hipóteses adicionais:

H2a: O nível de Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva

influencia positivamente o Consumo de Eventos Esportivos.

H2b: O nível de Identificação do Fã do Esporte com o Time Esportivo

influencia positivamente o Consumo de Eventos Esportivos.

H2b: O nível de Identificação do Fã do Esporte com as Celebridades Esportivas

influencia positivamente o Consumo de Eventos Esportivos.

3.5.3. Hipótese H3

A terceira hipótese de pesquisa está relacionada à associação entre a Atitude do Fã do Esporte

em relação ao Comparecimento ao Estádio e o Comportamento de Consumo do Evento

Esportivo.

Wakefield e Sloan (1995) investigaram os fatores antecedentes do Comparecimento do

torcedor ao Estádio e propuseram um modelo focado na importância de determinadas

características do Estádio para atrair o torcedor – como acessibilidade, conforto, lotação,

estacionamento, entre outros. Nesse modelo, os autores consideraram que diversas

características do Estádio influenciam a Atitude do torcedor em relação ao Estádio, e essa

Atitude influencia, então, a resposta comportamental do torcedor. Os autores defenderam a

existência da mediação de uma “resposta emocional” (atitudinal) entre os fatores antecedentes

considerados e o Comportamento de Consumo Esportivo propriamente dito.

Kwon, Trail e James (2007) também investigaram o efeito mediador da atitude do torcedor.

Os autores testaram 3 modelos, mensurando o efeito mediador da dimensão atitudinal de

Valor Percebido entre a influência da Identificação do Fã do esporte com o Time e o

Consumo Esportivo – no caso, focando na Intenção de Compra de Artigos Esportivos

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100

licenciados pelo torcedor do time. O primeiro modelo considerava apenas o efeito direto da

Identificação do torcedor no Consumo Esportivo, o segundo a mediação total da atitude e o

terceiro a mediação parcial da atitude. Os autores constataram que o modelo, considerando

apenas o efeito direto, não apresentou indicadores aceitáveis de ajuste, tendo sido, por isso,

descartado. Os outros dois modelos apresentaram indicadores de ajuste aceitáveis, porém o

modelo que considerou a mediação parcial da atitude apresentou indicadores de ajuste

melhores, tendo sido o modelo escolhido pelos autores. Em outras palavras, o estudo suportou

que elementos atitudinais exercem um efeito mediador estatisticamente significativo entre a

Identificação do Fã do esporte com o Time e o Consumo Esportivo.

Assim, formulou-se a terceira hipótese de pesquisa:

H3: A Atitude do Fã do esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio

influencia positivamente o Consumo do Evento Esportivo, exercendo um efeito

mediador entre a Identificação do Fã do esporte e o Consumo de Eventos

Esportivos.

3.5.4. Hipótese H4

A quarta hipótese de pesquisa se refere à influência simultânea do desempenho do time e do

nível de identificação do Fã do esporte com o Time no Consumo de Eventos Esportivos.

Diversos autores propõem distintas formas de categorização do Fã de esportes. Alguns tipos,

como os “Fã duro de matar” (WANN e BRANSCOMBE, 1990), “Fã leal” (BRISTOW e

SEBASTIAN, 2001) ou o “Fã altamente identificado” (MULLLIN, HARDY e SUTTON,

1993), apresentariam maior propensão de comparecimento ao Estádio do que seus contratipos.

Ou seja, o nível de identificação ou lealdade influenciaria a frequência de ida ao estádio. Funk

e James (2001), ao discorrer sobre os diversos “estágios” de conexão psicológica do Fã do

esporte, sugeriram que a lealdade comportamental evidenciada pelo consumo esportivo está

relacionada ao nível de lealdade atitudinal e/ou ao grau de conexão psicológica que o Fã

estabelece com o time.

Além disso, os Fãs esportivos possuiriam uma propensão a atribuir a vitória do time a causas

internas, “regozijando-se na glória refletida” – processo BIRGing – e, por outro lado,

propensão de atribuir as derrotas à causas externas, de maneira a proteger seu autoconceito –

processo CORFing (CIALDINI, BORDEN, et al., 1976). Segundo os autores, tais processos

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poderiam ser considerados como “estratégias” psicológicas (inconscientes) dos indivíduos de

auto-apresentação: eles buscariam aumentar a proximidade de seu self com indivíduos ou

grupos bem sucedidos e diminuir tal proximidade com grupos mal sucedidos ou fracassados

até mesmo nas associações mais triviais. Esses processos também estariam associados ao

desempenho do time. Wann e Branscombe (1990) realizaram um estudo sobre a propensão

dos Fãs esportivos com baixa e alta identificação com o time de realizar BIRGing ou

CORFing, observando que Fãs com alta identificação com o time demonstraram maior

propensão de BIRGing e baixa propensão de CORFing; por outro lado, Fãs com baixa

identificação com o time demonstraram baixa propensão de BIRGing e alta propensão de

CORFing.

Assim, a quarta hipótese foi formulada da seguinte maneira:

H4: O consumo de Eventos Esportivos é influenciado simultaneamente pelo

Desempenho do Time e pela Identificação do Fã do esporte com o Time.

Sutton, McDonald, Milne e Ciperman (1997) segmentaram os Fãs em grupos e sugeriram a

existência de diversos grupos, entre eles os “Fãs apaixonados”, que apresentariam apoio

incondicional ao time, indo aos jogos no estádio independentemente do desempenho do time,

e “Fãs oportunistas”, que deixariam de apoiar o time nos momentos de derrota. Wann e

Branscombe (1990) sugerem que os Fãs com baixa identificação são mais suscetíveis ao

desempenho do time, podendo “desaparecer” do Estádio nos momentos de derrota ou

desempenho aquém do esperado, enquanto os Fãs altamente identificados apresentariam um

suporte incondicional ao time na vitória e na derrota.

A quarta hipótese também foi desdobrada em hipóteses adicionais:

H4a: O desempenho do Time influencia positivamente o Consumo de Eventos

Esportivos para os Fãs do esporte.

H4b: O desempenho do Time não influencia o Consumo de Eventos Esportivos

para os Fãs do esporte que apresentam alto nível de identificação.

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102

3.5.5. Hipótese H5

A quinta hipótese de pesquisa está relacionada à influência de diferenças de Gênero no

contexto do Marketing Esportivo.

Diversos estudos sugerem a existência de diferenças de gênero. Fink, Trail e Anderson

(2002), por exemplo, identificaram a existência de diferenças entre respondentes masculinos e

femininos em três grupos de questões: percepção dos elementos “ambientais” associados aos

jogos, contemplando percepção sobre o preço do ingresso, promoções e família;

comportamento atual, contemplando o comparecimento ao estádio, consumo do evento por

meio da audiência pela mídia e compra de artigos licenciados; e intenção de comportamento

futuro, contemplando a intenção de comparecimento ao estádio e intenção de compra de

artigos licenciados. Os autores realizaram testes de diferenças de média e análise de variância

entre Fãs do gênero masculino e feminino e verificaram diferenças estatisticamente

significativas para diversas variáveis. Como sugestão de estudos futuros, os autores

recomendaram uma investigação mais aprofundada das diferenças de gênero.

Outros autores também investigaram diferenças de gênero no Consumo Esportivo e

constataram diferenças estatisticamente significativas entre Fãs masculinos e femininos

(KWON e ARMSTRONG, 2002; JAMES e RIDINGER, 2002; RIDINGER e FUNK, 2006).

Alguns autores sugerem que o gênero possa exercer um efeito moderador na relação entre a

Identificação do Fã do esporte e a variável dependente considerada no estudo, contudo não

foram encontrados estudos que apresentassem o teste do efeito moderador do gênero na

influência da Identificação do Fã do esporte no Consumo do Evento Esportivo. Assim,

formulou-se a quinta hipótese de pesquisa:

H5: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte no

Consumo do Evento Esportivo.

E como no presente estudo o Consumo do Evento Esportivo foi considerado como um

fenômeno de dois estágios, com a dimensão atitudinal influenciando a dimensão

comportamental, a quinta hipótese foi desdobrada inicialmente em três hipóteses adicionais,

uma relacionada à Atitude (H5a), uma relacionada ao Comportamento (H5b), e outra

relacionada à influência da relação entre Atitude e Comportamento (H5c):

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H5a: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte na

Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H5b: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte no

Consumo do Evento Esportivo.

H5c: O Gênero modera a influência entre a Atitude em relação ao

Comparecimento ao Estádio e o Consumo do Evento Esportivo.

Além disso, como a Identificação do Fã do esporte no presente estudo foi considerada como

um fenômeno que contempla a Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, com o Time

Esportivo e com as Celebridades Esportivas, cada uma dessas hipóteses adicionais foi

desdobrada novamente em 3 hipóteses mais específicas:

H5a1: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a

Modalidade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H5a2: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com o

Time Esportivo na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H5a3: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a

Celebridade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H5b1: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a

Modalidade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.

H5b2: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com o

Time Esportivo no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.

H5b3: O Gênero modera a influência da Identificação do Fã do esporte com a

Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.

3.5.6. Hipótese H6

A sexta hipótese de pesquisa está relacionada à influência de diferenças de Faixa Etária no

contexto do Marketing Esportivo.

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Embora diversos estudos na área de Marketing Esportivo suportem empiricamente a

existência de diferenças entre grupos, a maior parte dessas investigações foca exclusivamente

nas diferenças de gênero. Todavia, existem estudos qualitativos que suportam teoricamente

que a Identificação com o Esporte e o Consumo Esportivo sofrem mudanças significativas ao

longo do ciclo de vida do Fã do esporte (FUNK e JAMES, 2001). Ou seja, à medida que o Fã

do esporte passa por diferentes estágios – infância, adolescência, vida adulta, maturidade e

senioridade – a atitude e o comportamento em relação ao esporte podem mudar.

Contudo, verifica-se na literatura de Marketing Esportivo uma grande quantidade de estudos

que utilizam amostras de estudantes universitários nas investigações sobre Identificação com

o Esporte e Consumo Esportivo. Consequentemente, os resultados quantitativos obtidos na

maior parte dos estudos refletem as respostas de amostras de jovens estudantes. Dessa forma,

não é surpreendente que não tenham sido encontrados estudos que investiguem o potencial

efeito da faixa etária do torcedor. Por essa razão, resolveu-se investigar essa possibilidade, a

qual foi hipotetizada conforme apresentado a seguir:

H6: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte no

Consumo do Evento Esportivo.

E, da mesma forma como apresentado anteriormente na formulação da quinta hipótese, como

no presente estudo o Consumo do Evento Esportivo foi considerado como um fenômeno de

dois estágios, com a dimensão atitudinal influenciando a dimensão comportamental, a sexta

hipótese foi desdobrada inicialmente em três hipóteses adicionais, uma relacionada à Atitude

(H6a), uma relacionada ao Comportamento (H6b) e outra relacionada à influência da Atitude

no Comportamento (H6c).

H6a: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte na

Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H6b: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte no

Consumo do Evento Esportivo no Estádio.

H6c: A Faixa Etária modera a influência da Atitude em relação ao

Comparecimento ao Estádio no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.

Além disso, como a Identificação do Fã do Esporte no presente estudo foi considerada como

um fenômeno que contempla a Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time

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Esportivo e com as Celebridades Esportivas, cada uma dessas hipóteses foi desdobrada

novamente em 3 hipóteses mais específicas:

H6a1: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com

a Modalidade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H6a2: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com

o Time Esportivo na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H6a3: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com

a Celebridade Esportiva na Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

H6b1: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com

a Modalidade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio

H6b2: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do Fã do esporte com

o Time Esportivo no Consumo do Evento Esportivo no Estádio

H6b3: A Faixa Etária modera a influência da Identificação do torcedor com a

Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo no Estádio.

3.5.7. Hipótese H7

A sétima hipótese de pesquisa está relacionada à abordagem utilizada na concepção do

modelo conceitual.

Conforme apresentado anteriormente, verifica-se na literatura de Marketing Esportivo a

dominância do uso de modelos formativos em detrimento de modelos reflexivos. Construtos

como Drama, Beleza, Escapismo e Busca de Informações como causas da Identificação,

alguns estudos modelam tais construtos como variáveis latentes de 2a ordem. Trail, Robinson,

Gillentine e Dick (2003), por exemplo, conceberam um modelo reflexivo do espectador

esportivo. Apesar dessa abordagem incomum, os autores sugeriram que estudos futuros

deveriam testar o modelo proposto em outros contextos esportivos.

Segundo Jarvis, Mackenzie e Podsakoff (2003), a predominância de modelos formativos,

contudo, estaria associada a uma “tradição” da área de Management, que privilegia esse tipo

de modelagem, enquanto os modelos reflexivos são mais utilizados na área da Psicologia.

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Porém, uma vez que a maior parte das investigações que abordam a Identificação do torcedor

com o Esporte estão baseadas na Teoria da Identidade Social, egressa da Psicologia,

questiona-se que motivos justificariam a não utilização de modelos reflexivos.

Dessa maneira, a partir da revisão teórica e da análise dos itens das escalas tradicionalmente

utilizadas como “motivações” do torcedor, verificou-se que alguns desses construtos estariam

associados mais à Identificação com a Modalidade Esportiva, outros à Identificação com o

Time Esportivo e outros, ainda, à Identificação com a Celebridade Esportiva, o que originou a

sexta, sétima e oitava hipóteses.

A partir dessa análise dos itens das escalas e da descrição do conteúdo de cada construto

segundo os autores que os propuseram, julgou-se que dimensões Beleza, Drama e Escapismo

estariam associadas à Modalidade Esportiva. Ou seja, quando se fala da Beleza do Esporte, na

verdade, fala-se da beleza do futebol, do basquete, do vôlei, do baseball – ou de qualquer

outra Modalidade Esportiva. Da mesma forma, hipotetizou-se que Drama e que o Escapismo

também estariam relacionados à modalidade.

Assim, a sétima hipótese de pesquisa foi elaborada da seguinte forma:

H7: A Identificação do torcedor com a Modalidade Esportiva pode ser

concebida como uma variável latente de 2a ordem que pode ser mensurada a

partir de 3 dimensões: da Beleza, do Drama e do Escapismo.

3.5.8. Hipótese H8

De maneira análoga à sétima hipótese, a oitava hipótese de pesquisa considerou que outras

dimensões estariam mais associadas à Identificação do torcedor com o Time Esportivo.

O mesmo tipo de análise dos itens das escalas e da descrição do conteúdo de cada construto

levou à hipótese de que dimensões Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e

Busca de Informações Esportivas estariam predominantemente associadas à Identificação com

o Time. Com efeito, a formulação de diversos itens desses construtos deixa clara que o

domínio do construto está vinculado ao Time esportivo.

Assim, a oitava hipótese de pesquisa foi elaborada da seguinte forma:

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H8: A Identificação do torcedor com o Time Esportivo pode ser concebida como

uma variável latente de 2a ordem que pode ser mensurada a partir de 3

dimensões: Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca de

Informações Esportivas.

3.5.9. Hipótese H9

A nona hipótese de pesquisa está relacionada às dimensões associadas à influência da

Identificação da Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo.

Diversas investigações consideram que a Identificação do torcedor com as Celebridades

Esportivas influencia o Consumo do Evento Esportivo. Boa parte dessas investigações foi

proposta no contexto do estudo do efeito do Patrocínio Esportivo, considerado por alguns

autores como o 5o “P” de Marketing.

Embora a maior parte das investigações mensurem a Identificação com a Celebridade

Esportiva através de escalas unidimensionais, conforme apresentado na Revisão de Literatura,

existe teoria que suporta a multidimensionalidade do Endosso de Celebridades Esportivas no

Patrocínio Esportivo. Ohanian (1990 ; 1991), por exemplo, suportou que as Celebridades

Esportivas, quando endossam algum produto ou serviço, podem “emprestar” três atributos:

Confiabilidade, Expertise e Atratividade. Ohanian propôs e validou a Escala da Credibilidade

da Fonte para mensurar esse efeito muldimensional do Endosso de Celebridades. Contudo, a

autora utilizou um modelo formativo, considerando que esses três construtos seriam fatores

antecedentes da Identificação do torcedor com o a Celebridade.

Contudo, no contexto deste estudo, questiona-se a direção causal utilizada anteriormente. Ou

seja, questiona-se se é porque o torcedor confia na celebridade esportiva que ele se identifica

com ela, ou se não seria mais adequado pensar o contrário: é porque o torcedor se identifica

com a celebridade que ele confia nela. Assim, ao considerar a formulação da oitava hipótese,

decidiu-se preservar a natureza reflexiva do modelo conceitual proposto.

Assim, a nona hipótese de pesquisa foi elaborada da seguinte forma:

H9: A Identificação do torcedor com as Celebridades Esportivas pode ser

concebida como uma variável latente de 2a ordem que pode ser mensurada a

partir de 3 dimensões: Confiabilidade, Expertise e Atratividade.

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Assim, concluída a formulação das hipóteses, partiu-se para a Operacionalização das

Variáveis.

3.6. OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Foram identificadas cerca de 30 escalas associadas às variáveis-chave do presente estudo,

principalmente aquelas de alguma forma relacionadas aos construtos de Identificação do Fã

com o Esporte (Vide Apêndice 4). Portanto, a operacionalização das variáveis foi realizada

privilegiando a utilização de escalas pré-existentes, que já tivessem sido testadas no contexto

esportivo. Com efeito, todas as variáveis de Identificação do Fã com o Esporte – Identificação

com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades Esportivas –

foram operacionalizadas a partir das escalas MSSC, PAI e PAI-r, avaliadas como as escalas

mais adequadas para este estudo.

Já as escalas utilizadas para mensurar o Consumo do Evento Esportivo foram adaptadas de

outros estudos especificamente para este estudo. As escalas de Atitude do Fã do Esporte em

relação ao Consumo do Evento Esportivo foram baseadas nas escalas EFASA-SCB e PB. Já a

escala para mensurar o Comportamento de Consumo do Evento Esportivo foi baseada no uso

da frequência de comparecimento ao Estádio – o attendance utilizado em diversos estudos.

Destaca-se que, neste trabalho, optou-se pela utilização de uma abordagem de modelo

conceitual reflexivo, ao invés de uma abordagem formativa. Consequentemente, as

dimensões da escala MSSC foram operacionalizadas como reflexo da Identificação do Fã do

Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com as Celebridades do

Esporte, e não como seus fatores antecedentes.

Ao se operacionalizar as dimensões reflexivas da Identificação do Fã com o Esporte, foram

utilizadas apenas 6 dimensões da escala MSSC e 3 dimensões originais da escala PAI. Essa

escolha foi feita por 2 motivos: (1) considerou-se que algumas dimensões não fariam sentido

no contexto esportivo brasileiro, como é o caso das dimensões Nível do Esporte (Level) e

Comunidade (Comunity) da escala MSSC, e (2) os resultados estatísticos obtidos em estudos

anteriores indicam que algumas dimensões adicionam uma contribuição apenas marginal ao

modelo (TRAIL e JAMES, 2001; TRAIL, ANDERSON e FINK, 2005).

A dimensão Nível do Esporte da escala MSSC, por exemplo, foi originalmente concebida no

contexto norte-americano, em que o nível amador e o nível universitário são bem

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109

estabelecidos, com jogos, torneios e Fãs. Já no Brasil, apenas o nível profissional está bem

estabelecido, justificando, portanto, a exclusão dessa dimensão. De maneira análoga, a

dimensão Comunidade da Escala MSSC contempla uma característica inerente à realidade

norte-americana, que é o apoio do torcedor ao “time da cidade”, onde torcer por um time

esportivo local possui uma conotação de cidadania. Trata-se de uma realidade muito diferente

da Brasileira, em que, em geral, as grandes cidades possuem mais de um time expressivo,

como é o caso das maiores capitais Brasileiras. Assim, julgou-se que não faria sentido utilizar

uma dimensão que concebe que o torcedor é motivado pelo “espírito de comunidade de apoio

à cidade” quando vai ao estádio.

Adicionalmente, algumas dimensões foram excluídas do modelo devido aos resultados

estatísticos obtidos nos estudos anteriores terem sido ruins. Um exemplo disso é a dimensão

“Família” da escala MSSC, que, em estudos anteriores, apresentou baixa correlação com os

demais construtos, além de contribuição marginal à variância explicada.

A Figura 10 apresenta de forma sintética a trajetória da “herança” teórico-empírica de cada

uma das escalas utilizadas no presente estudo.

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Figura 10 – “Herança” teórico-empírica das escalas utilizadas no presente estudo

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3.6.1. Variável dependente

A variável dependente do presente estudo é o Consumo do Evento Esportivo, mensurado por

meio do Comparecimento do Fã do Esporte ao Estádio. Para operacionalizar a variável

dependente, decidiu-se utilizar uma variável métrica mensurando a frequência de

comparecimento do torcedor ao estádio. Essa escala foi adaptada do attendance utilizado por

Wann (1995). Na adaptação da escala, decidiu-se utilizar 3 itens: um para mensurar a

frequência de comparecimento do torcedor ao Estádio no ano anterior à realização da

pesquisa; um para mensurar a frequência de comparecimento do torcedor ao Estádio durante a

temporada em curso durante a coleta de dados, contemplando apenas os jogos assistidos no

estádio até o dia da coleta de dados; e uma para mensurar a intenção de comparecimento ao

estádio até o fim do ano em que foi realizada a coleta de dados. Essa escala foi denominada

Métricas de Consumo do Evento Esportivo no Estádio (MCE), e contém dois itens que

refletem o comportamento no passado e um item que reflete a intenção de comportamento do

torcedor no futuro.

3.6.2. Variável Mediadora

Foi considerada como variável mediadora a Atitude do Fã do Esporte em relação ao Consumo

do Evento Esportivo. Para operacionalizar essa variável, foram utilizadas duas escalas: PB

(FINK, TRAIL e ANDERSON, 2002) e EFASA-SCB (TRAIL, FINK e ANDERSON, 2003).

O plano original do presente estudo foi utilizar duas variáveis mediadoras: Atitude em relação

ao Consumo do Evento Esportivo no Estádio e Atitude em relação ao Consumo do Evento

pela Mídia. Assim, essas duas escalas foram elaboradas para o presente estudo a partir das

escalas PB e EFASA-SCB e utilizadas no questionário. A escala de Atitude em relação ao

Consumo do Evento Esportivo no Estádio foi denominada CEE e apresentou bons

indicadores, tendo sido utilizada no Modelo Estrutural. Contudo a escala de Atitude em

relação ao Consumo do Evento Esportivo pela Mídia, denominada CEM, não apresentou boas

características psicométricas. Portanto, a escala CEM não foi utilizada no Modelo Estrutural.

De qualquer modo, para dar transparência aos resultados obtidos, os indicadores da escala

CEM foram mantidos na Análise dos Resultados.

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3.6.3. Variáveis Independentes

Foram consideradas como variáveis independentes as variáveis latentes que representam a

Identificação do Fã do Esporte, incluindo a Identificação com a Modalidade Esportiva, a

Identificação com o Time Esportivo e a Identificação com a Celebridade Esportiva.

3.6.3.1. Identificação com a Modalidade Esportiva

Para operacionalizar a Identificação com a Modalidade Esportiva foram utilizadas 4 escalas.

Inicialmente, a Identificação com a Modalidade foi operacionalizada por meio da dimensão

Sport da escala PAI-r (BRAUNSTEIN, ZHANG e TRAIL, 2011). Essa dimensão foi

denominada como Identificação com Esporte Geral (IEG), sendo referenciada também como

escala geral de Identificação com a Modalidade Esportiva ao longo do trabalho.

Adicionalmente, a Identificação com a Modalidade Esportiva também foi concebida como

uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir de 3 construtos: Beleza (IEB), Drama

(IED) e Escapismo (IEE). Esses construtos foram operacionalizados a partir da escala MSSC

(TRAIL e JAMES, 2001).

3.6.3.2. Identificação com o Time Esportivo

Para operacionalizar a Identificação com o Time Esportivo foram utilizadas 4 escalas.

Inicialmente, a Identificação com o Time foi operacionalizada por meio da dimensão Team da

escala PAI (ROBINSON e TRAIL, 2003). Essa dimensão foi denominada como Identificação

com o Time Geral (ITG), sendo referenciada também como escala geral de Identificação com

o Time Esportivo ao longo do trabalho. Adicionalmente, a Identificação com o Time

Esportivo também foi concebida como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir de

3 construtos: Realização com a Vitória (ITV), Socialização com outros Fãs (ITS) e Busca de

Informações Esportivas (ITI). Esses construtos foram operacionalizados a partir da escala

MSSC (TRAIL e JAMES, 2001).

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3.6.3.3. Identificação com as Celebridades Esportivas

Para operacionalizar a Identificação com a Celebridade Esportiva foram utilizadas 4 escalas.

Inicialmente, a Identificação com a Celebridade foi operacionalizada por meio da dimensão

Athlete da escala PAI-r (BRAUNSTEIN, ZHANG e TRAIL, 2011). Essa dimensão foi

denominada como Identificação com a Celebridade Geral (ICG), sendo referenciada também

como escala geral de Identificação com a Celebridade Esportiva ao longo do trabalho.

Adicionalmente, a Identificação com a Celebridade Esportiva também foi concebida como

uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir de 3 construtos: Confiabilidade da

Celebridade Esportiva (ICC), Expertise da Celebridade Esportiva (ICE) e Atratividade da

Celebridade Esportiva (ICA). Esses construtos foram operacionalizados a partir da escala SC

(OHANIAN, 1990).

3.6.4. Variáveis Moderadoras

Foram consideradas duas variáveis moderadoras no presente estudo: Gênero e Faixa Etária.

Para operacionalizar essas variáveis, foi solicitado aos entrevistadores para registrar o gênero

dos entrevistados sem perguntar. Já a idade foi perguntada e registrada como variável

numérica. Posteriormente, a idade foi transformada em uma variável dicotômica, a Faixa

Etária, que foi utilizada para segmentar os Fãs do Esporte em dois grupos, considerando como

critério de corte a mediana.

3.6.5. Variáveis de Controle

Como variáveis de controle foram utilizadas a Modalidade Esportiva, restringindo-se os

entrevistados apenas a Fãs Esportivos do futebol, e o Time Esportivo, restringindo-se os

entrevistados a Fãs Esportivos de dois times (Grêmio e Internacional). Decidiu-se utilizar esse

controle em virtude de estudos anteriores apontarem diferenças entre Fãs de diferentes

esportes (JAMES e ROSS, 2003) e entre Fãs de diferentes times (WAKEFIELD e SLOAN,

1995) (WAKEFIELD e SLOAN, 1995). A utilização da variável de controle time foi adotada

para isolar possíveis efeito da diferença de desempenho dos times no grau de identificação ou

de Consumo Esportivo.

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3.7. POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população pode ser definida como o conjunto de todos os objetos que possuem

características comuns no contexto do problema de pesquisa abordado no estudo (KUMAR,

AAKER e DAY, 1999). A população-alvo deste estudo são os Fãs do Esporte, mais

especificamente os Fãs de Futebol da cidade de Porto Alegre, RS.

Foi coletada uma amostra de Fãs dos dois times de Porto Alegre: Grêmio Foot-ball Porto

Alegrense e Sport Club Internacional. Essa amostra foi escolhida devido ao fato de Porto

Alegre contar com exatamente dois times de grande porte, o que permitiria o benefício da

comparação dos resultados entre Fãs de diferentes times, sem aumentar excessivamente o

tamanho da amostra. Se o estudo fosse realizado no Rio de Janeiro, por exemplo, seria

necessário entrevistar o dobro de fãs para se manter as características de comparabilidade

entre grupos, já que o Rio de janeiro possui 4 grandes times. Além disso, a familiaridade do

pesquisador com a dinâmica dos fãs de futebol gaúchos e o menor custo de se realizar a

pesquisa no sul do Brasil contou a favor da escolha de Porto Alegre. A população-alvo,

portanto, é constituída dos fãs de futebol do Grêmio e do Internacional residentes na cidade de

Porto Alegre.

Diferentemente de estudos anteriores, optou-se por entrevistar uma amostra abrangente, que

incluísse os distintos perfis de Fãs. Boa parte dos estudos anteriores utilizou amostras de

estudantes universitários, com coleta de dados por conveniência, em sala-de-aula. Julgou-se

que essa abordagem, apesar de útil e prática, introduz um viés considerável na pesquisa, por

direcionar a coleta de dados a um público jovem e com alto grau de instrução – não

representativo do universo de Fãs de um time de futebol. Outros estudos utilizam a coleta em

estádios de futebol. Contudo, tal escolha também introduz um viés na amostra, uma vez que

apenas são entrevistados os fãs que já vão ao estádio. Essas escolhas facilitam a realização da

pesquisa, contudo, possuem implicações acerca da generalização dos resultados obtidos

nessas amostras (de estudantes ou fãs que vão ao estádio) para a população. Assim, o presente

estudo se diferencia por contemplar uma amostra heterogênea e mais representativa do

universo de fãs, incluindo torcedores com variados níveis econômicos, distintos graus de

instrução e diversas faixas etárias, frequentadores ou não do estádio.

Assim, optou-se pela técnica de amostragem não-probabilística, com quotas de time e gênero.

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Primeiramente, decidiu-se pela quota de time: 50% dos entrevistados deveriam ser Fãs

Gremistas e 50% Fãs do Internacional. Essa decisão foi tomada para manter o equilíbrio do

“peso” das duas torcidas nos resultados estatísticos, e pode ser amparada pela característica de

equilíbrio entre o número de Fãs de cada um dos dois clubes na região de Porto Alegre.

Diversas fontes de dados secundários apontam para esse equilíbrio, conforme ilustrado pela

Tabela 13. Percebe-se, pelos dados da tabela, que, apesar de o Grêmio possuir um percentual

de Fãs um pouco superior ao do Internacional quando o nível de abrangência da pesquisa é o

Estado do Rio Grande do Sul, quando a pesquisa é limitada à região de Porto Alegre, verifica-

se um equilíbrio quase exato.

Tabela 13 – Distribuição de Fãs Esportivos entre Fãs do Grêmio e do Internacional

Fonte Grêmio Internacional Ano Abrangência

Datafolha 56,9% 43,1% 2009 Rio Grande do Sul

IBOPE 59.6% 40.4% 2010 Rio Grande do Sul

EA/UFRGS 52.7% 47.3% 2009 Porto Alegre

TNS 50.5% 49.5% 2007 Porto Alegre

Fonte: elaborado a partir de dados do TNS (2007), Datafolha (2009), EA/UFRGS (2009) e IBOPE (2010)

Em segundo lugar, decidiu-se pela quota de gênero: cada time deveria possuir 50% do total de

observações para cada gênero. Assim, o número total de Fãs do Esporte do Gênero feminino

do Grêmio deveria ser igual ao número de Fãs do Esporte do Gênero feminino do

Internacional.

Além disso, optou-se pela utilização de 3 questões de filtro na amostra: (1) idade, (2)

autodeclaração do entrevistado como torcedor de um dos times escolhidos e (3) cidade de

residência.

Com relação à idade, optou-se por restringir a amostra a entrevistados de 16 a 65 anos de

idade. A idade mínima de 16 anos foi escolhida em virtude de essa ser a idade considerada

pela Justiça Brasileira em que o indivíduo já possui consciência de seus atos e pode responder

por eles. De fato, é considerada a idade mínima para se votar nas eleições – embora não seja a

idade mínima para responder criminalmente no Brasil. A idade máxima de 65 anos foi

utilizada como critério de corte em virtude de se estar investigando a variável de consumo do

evento esportivo no estádio – e de se considerar que os indivíduos poderiam sofrer de alguma

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limitação física para ir ao estádio em virtude da idade, o que poderia introduzir um viés na

pesquisa.

Com relação à autodeclaração como torcedor, tal questão foi introduzida como critério de

filtro para que a amostra efetivamente contemplasse apenas Fãs dos dois times escolhidos.

Dessa forma, uma pessoa que, por ventura, torcesse para outro time, ou não torcesse para time

algum, foi excluída da amostra.

Com relação à cidade de residência, optou-se por considerar apenas os indivíduos residentes

na cidade de Porto Alegre, não considerando os moradores de cidades vizinhas ou da zona

rural do município. Tal decisão foi motivada principalmente para minimizar o efeito da

distância da residência do fã ao local do estádio na propensão de comparecimento ao estádio.

Ou seja, julgou-se que se a abrangência da amostra fosse estendida de maneira a incluir outros

municípios da região metropolitana de Porto Alegre, ou até de todo o Estado do Rio Grande

do Sul, a parcela de Fãs que moram em municípios distantes da capital poderiam apresentar

uma menor propensão de ir ao estádio. Entendeu-se que a dinâmica que poderia explicar o

comparecimento dos fãs de outros municípios teria características diferentes, pois envolveria

uma viagem. Assim, a restrição da amostra a moradores de Porto Alegre objetivou eliminar

esse efeito resultante da necessidade de transporte intermunicipal. Por outro lado, sabe-se que,

ainda assim, a questão da facilidade de acesso associada ao transporte dentro do mesmo

município poderia afetar os resultados. Porém, uma vez que os Estádios Olímpico (Grêmio) e

Beira-Rio (Internacional) situam-se muito próximos um do outro (cerca de 2 Km),

considerou-se que o efeito “transporte” na propensão de comparecimento do torcedor ao

estádio, se existir, seria muito similar para os dois estádios, variando apenas entre os fãs de

cada time (e a distância ao estádio). Logo, esse efeito não precisaria ser incluído como critério

de filtro e composição da amostra.

O tamanho da amostra foi dimensionado em 1.200 observações. Esse estimativa foi realizada

com base no número mínimo de casos recomendados para cada estrato de análise,

considerando o número de parâmetros livres do modelo a ser estudado, bem como a técnica

escolhida para estimar o modelo.

3.8. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O questionário utilizado para a coleta de dados contemplou 6 blocos de informações.

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No primeiro bloco, são apresentadas as perguntas de filtro da amostra. No segundo bloco, são

apresentadas 12 perguntas relacionadas à Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade

Esportiva, incluindo as subdimensões hipotetizadas no modelo reflexivo. No terceiro bloco,

são apresentadas 12 perguntas relacionadas à Identificação do Fã do Esporte com o Time

Esportivo, incluindo as subdimensões associadas. No quarto bloco, são apresentadas 19

perguntas relacionadas à identificação do Fã do Esporte com a Celebridades do Esporte,

incluindo as subdimensões associadas. No quinto bloco, são apresentadas 13 perguntas

associadas ao consumo do eventos esportivos através do comparecimento do torcedor ao

estádio e através da audiência pela mídia. No sexto bloco, foi apresentada a pergunta de

sobreposição da identidade do Fã do Esporte com o Time. No sétimo e último bloco, são

apresentadas duas perguntas abertas: (1) “Por que razão você não vai ao estádio com maior

frequência?” e (2) “Na condição de torcedor, você gostaria de dar alguma sugestão ao

[Grêmio/Internacional]?”.

Para a coleta de dados foram geradas 4 versões do questionário, considerando as quotas de

Gênero (Masculino/Feminino) e Time (Grêmio/Internacional). A diferença entre os

questionários do Grêmio e do Internacional foi mínima, alterando-se apenas expressões como

“gremista” e “colorado”. Já a diferença entre os questionários para Fãs masculinos e

femininos foi um pouco maior, devido à identificação, durante o pré-teste, que os Fãs do

gênero masculino apresentavam uma dificuldade de responder as questões da dimensão

“Atratividade” das Celebridades do Esporte. As 5 perguntas relativas a essa dimensão foram

refraseadas para os respondentes do Gênero masculino, conforme apresentado no Apêndice 3.

3.8.1. Tradução Reversa das Escalas

Este estudo priorizou a utilização de escalas pré-existentes, já testadas na literatura. Contudo,

não foram encontrados estudos no Brasil que tivessem utilizado as escalas escolhidas para

este estudo. Por isso, foi necessário traduzir as escalas do Inglês para o Português falado no

Brasil. Essa tradução foi realizada seguindo o procedimento de Tradução Reversa. Nesse

procedimento, os itens das escalas são inicialmente traduzidos da língua estrangeira para a

língua nativa, e posteriormente retraduzidos da língua nativa para a língua estrangeira por

outra pessoa. No final, verifica-se a convergência entre os itens originais e os itens traduzidos.

Nesse processo de tradução, buscou-se manter proximidade do sentido interpretativo dos

itens, e não apenas realizar a tradução literal de cada pergunta. Ou seja, priorizou-se a

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equivalência semântica em relação à tradução literal. Julgou-se adequado proceder dessa

forma, pois muitos itens continham expressões idiomáticas características do país de origem

da escala, ou então referências a elementos específicos de Modalidades Esportivas pouco

difundidas no Brasil (futebol americano, hockey, baseball etc). De toda sorte, decidiu-se

manter todos os itens, preservando as características das escalas originais e, com isso,

mantendo a comparabilidade dos resultados do presente estudo com os estudos de referência.

Contudo, se, por um lado, manteve-se o benefício da comparabilidade, por outro, introduziu-

se uma limitação no presente estudo, visto que não seria possível garantir a priori a

importância e/ou adequação dos itens propostos em outro contexto cultural para a realidade do

futebol brasileiro.

Assim, para dar transparência a esse processo de tradução, o resultado obtido em cada etapa

do processo de tradução reversa, assim como os ajustes realizados na tradução dos itens, são

apresentados no Apêndice 3, que apresenta detalhadamente os itens originais de cada escala, a

tradução para o Português, e a consequente tradução “de volta” para o inglês.

3.8.2. Pré-teste do Questionário

Foram realizadas 2 ondas de Pré-Teste do instrumento de coleta de dados.

A primeira onda foi realizada na Cidade do Rio de Janeiro, com 17 respondentes de diferentes

níveis econômicos, profissões, graus de instrução e times (Flamengo, Botafogo, Vasco e

Fluminense). Nesse pré-teste, foi solicitado para que os entrevistados fossem francos em

relação às perguntas, deixando-os à vontade para criticá-las. Tomou-se o cuidado para

considerar não apenas a linguagem falada dos entrevistados, como também a linguagem

corporal e expressões faciais. Assim, a primeira onda do pré-teste constituiu um trabalho

minucioso, que incluiu tanto a participação de respondentes do Gênero Masculino quanto

Feminino. Foram identificadas diversas oportunidades de melhoria de expressões utilizadas na

primeira versão do questionário.

Foi então elaborada uma segunda versão do questionário e realizada a segunda onda do pré-

teste. Essa segunda onda também foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, e contemplou 12

respondentes de perfis igualmente heterogêneos. Considerou-se que os ajustes realizados

durante o pré-teste melhoraram bastante a fluidez da aplicação do questionário, diminuindo o

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tempo de coleta dos dados e eliminando questionamentos sobre a formulação dos itens. Em

decorrência do pré-teste, foram realizadas diversas modificações no questionário.

3.8.3. Modificações em decorrência do Pré-teste

Questão 11: alguns entrevistados disseram que “nem todo jogo é bonito de se ver”. Essa

observação mostrou que o item não estava claro para alguns entrevistados, uma vez que o

objetivo era perguntar sobre a beleza do esporte enquanto Modalidade Esportiva em geral, e

não de partidas específicas. Por isso, a palavra “jogo” foi alterada para “esporte”.

Questões 16, 17 e 18: houve dúvidas se “jogos de futebol” se referia a assistir jogos de futebol

ou a jogar futebol; portanto, foi adicionada a palavra “assistir” antes de “jogos de futebol”.

Questões 07, 08, 19, 20, 21, 22, 23, 24: essas questões estavam flexionadas para respondentes

masculinos e, por isso, foram reformuladas incluindo a flexão para o feminino.

Questão 60: foi adicionado nível nulo de identificação, representado pelo zero, para manter a

escala com 8 pontos, similar à escala original de Bagozzi e Lee (2002). Além disso, foi

melhorada a instrução de preenchimento que o entrevistador deveria oferecer ao respondente.

Além disso, foi observado na aplicação do questionário que a troca de escala prejudicou a

fluidez do questionário. Por isso, decidiu-se por alterar a ordem dessa questão.

Questões 26 e 27: alguns Fãs que não vão ao estádio tiveram dificuldade de responder.

Provavelmente isso se deve ao fato de a escala original ter sido aplicada em uma amostra

restrita aos Fãs do Esporte que vão ao estádio, in loco. Portanto, considerou-se necessário

ajustar os itens retirando a palavra estádio, mas permanecendo com a dimensão de interação

social com outros Fãs. Com efeito, a interação social com outros Fãs não está restrita ao

estádio, mas está presente em bares, no trabalho, na escola e um muitos ambientes de

encontro. Por isso, foi retirada a palavra “estádio”, de maneira a focar o construto apenas nas

interações sociais entre Fãs do mesmo time – onde quer que elas ocorram.

Questão 29: alguns entrevistados disseram que lembravam apenas das vitórias importantes e

esqueciam das derrotas do time – e, por isso, ficaram em dúvida sobre o que deveriam marcar.

Com efeito, trata-se de um problema comum com afirmativas que inclui o conector “ou”.

Portanto, decidiu-se pela eliminação do conectivo “ou” e também da polarização entre vitórias

e derrotas, visto que o objetivo do item é mensurar em que medida o torcedor busca

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informações esportivas. Alterou-se o item “eu geralmente lembro das vitórias e derrotas do

[Grêmio/Internacional]” para “eu procuro conhecer os detalhes sobre o resultado das

partidas”.

Questão 30: foi considerada repetitiva por alguns entrevistados. Por isso, a palavra

“informações” foi substituída por “notícias”.

Questão 33: identificou-se que a sentença estava muito incisiva, pois as respostas não estavam

convergindo com o resto da escala. Para recuperar o equilíbrio da escala, foi adicionada a

sentença “um dos motivos” antes da oração principal para atenuar a formulação do item.

Questões de 35 a 49: alguns entrevistados questionaram se deveriam responder considerando

o que o jogador é dentro de campo (seu papel de jogador) ou fora de campo (seu papel como

cidadão e/ou pessoa humana), na sociedade. Para resolver essa dúvida, foi melhorada a

instrução antes da apresentação da escala, solicitando o respondente a pensar no jogador como

pessoa.

Questão 44: o adjetivo “informado” foi interpretado por alguns entrevistados como “nível de

instrução”. Porém essa interpretação não é o objetivo da escala, que, na verdade, busca medir

o grau de expertise atribuído à Celebridade do Esporte. Por isso, o item foi trocado por

“habilidoso”, que é uma das traduções alternativas para “expert” no contexto do esporte.

Questões de 44 a 49: alguns entrevistados do Gênero masculino manifestaram desconforto

para responder sobre a atratividade dos jogadores. Esse desconforto foi observado por risadas,

gestos de dúvida e até mesmo reações mais intensas. Em uma entrevista específica, o

entrevistado, ao ser perguntado sobre esses itens de atratividade em relação ao jogador que ele

havia escolhido, “El loco” Abreu, do Botafogo, disse o seguinte ao entrevistador: “Olha, todo

mundo sabe que o Loco Abreu é um cara bonito, um galã. Mas isso quem acha são as

mulheres. 5ão se pode perguntar essas coisas pra homem, porque homem não acha outro

homem bonito”. Com base nessa resposta, decidiu-se testar uma nova formulação para esses

itens durante o pré-teste, utilizando uma técnica projetiva. Assim, ao invés de perguntar “o

que você acha do jogador X” passou-se a perguntar “o que você acha que as mulheres acham

do jogador X”. Os resultados foram animadores, eliminando o desconforto e o viés de não-

resposta dos itens dessa escala.

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Questão 49: apresentou problemas de não-resposta junto a respondentes do gênero masculino

por causa da palavra “sensual”. Decidiu-se trocar o item por um sinônimo: charmoso, que é

uma possível tradução do termo “sex appeal”.

Questão 51: alguns entrevistados que não frequentam o estádio ficaram sem saber o que

responder. Porém, um dos objetivos dessa escala é medir também a propensão de ir ao estádio

através da crença sobre o quão prazeroso é ir ao estádio. Por isso, o item foi alterado

utilizando o condicional “quando”, passando de “o tempo que eu passo no estádio é

prazeroso” para “quando vou ao estádio, o tempo que passo lá é prazeroso”.

Questões 50 e 55: a expressão “normalmente assisto” foi modificada para “costumo assistir”

para simplificar a construção da frase, eliminando o advérbio de modo por uma expressão

mais comum à linguagem falada.

Assim, com base nessa primeira onda do pré-teste, foi gerada a versão 2.0 do questionário,

que foi aplicada a 12 entrevistados com perfis igualmente heterogêneos. Nessa segunda onda,

o único problema que persistiu foi a questão relativa à Identificação do Torcedor com a

Celebridade Esportiva utilizando a cartela de sobreposição entre a identidade do torcedor e a

do jogador. Em virtude de a desempenho desse item ter se mostrado de difícil resposta para

alguns entrevistados, optou-se pela eliminação do item. Dessa forma, com exceção do item

exposto acima, não foram identificados outros problemas na formulação dos itens.

Considerou-se, portanto, o trabalho de pré-teste satisfatório, e partiu-se para a aplicação da

versão 2.0 do questionário para a amostra escolhida.

3.9. COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada por meio da técnica de coleta presencial assistida por

entrevistadores. Devido ao tamanho da amostra desejada (1.200 respondentes), optou-se pela

contratação de uma equipe de entrevistadores. A equipe de coleta de dados consistiu em 13

entrevistadores, 3 supervisores de campo e 1 coordenador geral.

Uma decisão adotada nesta pesquisa foi a escolha apenas de entrevistadoras do gênero

feminino. Tal decisão foi tomada em virtude da dificuldade identificada durante o pré-teste

junto a alguns respondentes do gênero masculino que demostraram dificuldade de responder

às questões da dimensão “atratividade” das Celebridades do Esporte. Entendeu-se que tal

dificuldade estava relacionada principalmente a uma questão cultural: homens não falam

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sobre beleza masculina abertamente com facilidade. Com efeito, das 17 entrevistas da 1a onda

do pré-teste, 12 foram realizadas com homens. Dessas, 7 foram realizadas por um

entrevistador masculino e 5 por entrevistador feminino. Percebeu-se que os respondentes do

Gênero masculino apresentaram um grau de desconforto superior quando entrevistados por

homens, e inferior quando entrevistados por mulheres. Por outro lado, não foi verificada

nenhuma diferença de atitude dos respondentes quando o entrevistador era do gênero

feminino. Portanto, optou-se por utilizar somente mulheres como entrevistadoras na etapa

principal da coleta de dados.

A coleta foi realizada entre os dias 14 e 27 de Junho de 2011, ao longo de 14 dias

consecutivos. Foram coletados dados tanto em dias úteis quanto em finais-de-semana. Ao

total, foram coletados 1.249 questionários durante o período, com quantidades diárias

relativamente homogêneas ao redor de 90 questionários por dia. A equipe de 13

entrevistadores trabalhou de maneira alternada. Em média, a fase de campo contou com 4

pesquisadores trabalhando simultaneamente por dia.

Uma preocupação nessa etapa de coleta de dados foi não introduzir viés de perfil dos

entrevistados. Assim, buscou-se escolher “lugares neutros” para realizar a coleta de dados,

diversificando-se o número de bairros em que se realizou coleta de dados. Além disso,

buscou-se abordar os entrevistados de maneira aleatória. Contudo, como não foi utilizado o

processo de sorteio de residências, não foi possível assegurar o caráter probabilístico.

Optou-se por não realizar a coleta de dados nas proximidades dos estádios de futebol em dias

de jogos – técnica bastante utilizada nos estudos publicados – justamente em virtude de se

considerar que, ao entrevistar os Fãs que vão ao estádio, já se introduz um viés na amostra,

visto que esses Fãs que vão ao estádio podem apresentar um grau de identificação maior,

inclusive muitos deles sendo sócios-torcedores. De maneira análoga, foram excluídos locais

privados, como clubes ou shopping centers, os quais, sabidamente, concentram públicos com

características sócio-econômicas específicas.

Nessa escolha por locais “neutros”, optou-se pela coleta em lugares públicos e com alto

tráfego de pessoas. Decidiu-se por um plano de coleta considerando 3 princípios: (1) coletar

cerca de 1/3 dos questionários em um bairro comercial com alto tráfego de pessoas. Para isso,

foi escolhido o Centro de Porto Alegre, mais especificamente a região próxima à Rua dos

Andradas e ao Mercado Público, pois sabe-se que são locais com alto tráfego de pessoas de

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diferentes níveis sociais, de todas as faixas etárias, e com distintas ocupações (profissionais

autônomos, funcionários públicos, executivos, estudantes, desempregados); (2) coletar cerca

de 1/3 dos questionários em bairros residenciais, diversificando os bairros selecionados o

máximo possível para diversos perfis socioeconômicos, além de Fãs cuja residência tivesse

uma alta variação de distância em relação aos estádios Olímpico e Beira-Rio; (3) coletar

cerca de 1/3 dos dados em parques públicos em finais-de-semana. Tal medida foi tomada para

viabilizar a coleta em finais-de-semana, quando o Centro de Porto Alegre fica “vazio”, ao

mesmo tempo em que se julgou que alguns parques escolhidos, como o parque da Redenção,

no bairro Bom Fim, constitui um espaço social cujos frequentadores possuem perfis bastante

diversificados.

Um último cuidado que se teve na coleta de dados foi a questão da época da coleta. Para

minimizar a influência de o desempenho recente de algum time influenciar o resultado do

estudo, a coleta foi realizada logo no início do Campeonato Brasileiro de Futebol, entre a 4a e

a 6a rodada de 2011. Assim, buscou-se minimizar o potencial efeito da diferença de

desempenho entre os times. Com efeito, na época da coleta de dados, os times do

Internacional e do Grêmio haviam logrado resultados similares, estando na mesma “zona de

classificação” na tabela de pontos do Campeonato Brasileiro, sendo que o Internacional

estava apenas 2 pontos à frente do Grêmio, conforme apresentado pela Tabela 14. Dessa

forma, acredita-se que não haveria razões para acreditar que desempenho dos times nessa fase

inicial do primeiro turno do campeonato pudesse introduzir um viés significativo nos

resultados da pesquisa.

Tabela 14 – Desempenho dos Times durante a coleta de dados

Rodada Período Resultados do Grêmio Resultados do Internacional

1a rodada 21 a 22 de Maio Derrota para Corinthians Empate com Santos

2a rodada 28 a 29 de Maio Vitória contra Atlético-PR Derrota para Ceará

3a rodada 04 a 8 de Junho Vitória contra Bahia Vitória contra América

4a rodada 11 a 12 de Junho Derrota para São Paulo Empate com Palmeiras

5a rodada 18 a 19 de Junho Empate com Vasco Empate com Curitiba

6a rodada 25 a 26 de junho Derrota para Botafogo Vitória contra Figueirense

Desempenho resumido

Total das 6 rodadas 2 vitórias

1 empates

2 vitórias

3 empates

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3 derrotas 1 derrota

Fonte: CBF

Contudo, apesar desse cuidado de controle do momento da coleta de dados no curto prazo, é

importante salientar que, se for considerado um horizonte de médio prazo, o desempenho

recente dos dois times na última década foi bastante diferente. Enquanto na década de 90 o

time do Grêmio conquistou significativamente mais títulos do que o Internacional, na década

seguinte essa relação se inverteu, tendo sido estabelecida uma vantagem favorável ao

Internacional, que conquistou o Campeonato Mundial Interclubes em 2006, a Libertadores da

América em 2006 e 2010, a taça Superamericana em 2008, e obteve uma colocação média

superior à do Grêmio no Campeonato Brasileiro na história recente. Essa consideração é

importante, pois a literatura sugere que o desempenho do time influencia o grau de

Identificação do Fã do Esporte e o nível de Consumo do Evento Esportivo.

3.10. ANÁLISE DOS DADOS

Foram coletadas 1.249 observações. Ao realizar a tabulação dos dados, verificou-se que 49

destas observações apresentaram alguma falha de preenchimento, predominando alguma

questão não respondida. Devido ao grande número de observações, decidiu-se descartar esses

casos, ao invés da substituição dos missing values. Assim, a amostra final totalizou 1.180

casos (94,5%). Para realizar a análise exploratória dos dados, foi utilizado o software SPSS

versão 18.0 (PASW). Para a validação das escalas e teste das Hipóteses Substantivas do

estudo foi utilizado o software AMOS versão 18.0.

3.10.1. Análise Preliminar

Com o objetivo de familiarização com a base de dados, iniciou-se a análise verificando a

distribuição, média e distribuição de cada variável individualmente. Esse procedimento

permitiu observar que, em geral, as variáveis possuíam distribuição assimétrica, com maior

número de casos nos pontos mais altos das escalas do que nos baixos, sugerindo que a

distribuição não foi homocedástica – o que já era esperado em virtude da utilização da

pergunta de filtro (“você é torcedor do Grêmio/Internacional?”).

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Foi então feita uma busca por casos anômalos e outliers. Para os casos anômalos, foi utilizado

tanto o algoritmo de detecção automática de casos não usuais do SPSS conjuntamente com a

inspeção visual por meio de histogramas – principalmente para as variáveis métricas. Foram

inicialmente identificados 12 casos. Foram então recuperados os questionários em papel para

comparar os dados tabulados com as respostas dos questionários. Em 4 casos houve falha na

tabulação de uma variável, a qual foi corrigida. Os 8 casos remanescentes estavam

corretamente registrados, e, em geral, se referiam a Fãs com indicadores muito altos de

frequência ao estádio. Esses casos foram então analisados individualmente, considerando-se

as respostas para cada variável. Constatou-se que se tratava de casos de Fãs altamente

identificados, cujas respostas de alta frequência atual e intenção futura de comparecimento ao

estádio, apesar de muito acima do intervalo comum, foram coerentes com o grau de

identificação, também muito acima do padrão de respostas de outros torcedores. Assim, com

base em uma análise individual desses 8 casos, verificou-se que, embora atípicos, a

manutenção desses casos teria justificativa conceitual. Adicionalmente, verificou-se que a

manutenção dos casos não influenciaria as médias ou variâncias, visto que o efeito dos 8

casos ficaria diluído nas 1180 observações. Assim, a base de dados foi validada e iniciou-se a

Análise Descritiva.

3.10.2. Análise Descritiva

Primeiramente, foram realizadas diversas análises univariadas, com o objetivo de caracterizar

a amostra e extrair os resultados descritivos do perfil dos respondentes. Foram primeiramente

investigadas frequência, média e desvio-padrão. Em seguida, foi realizado o teste “t” de

diferença de médias para todas as variáveis intervalares do tipo Likert e para as variáveis

métricas, considerando-se 4 critérios na formação de grupos: gênero (masculino ou feminino),

faixa etária (menos de 30 anos ou mais de 30 anos), torcedor (sócio ou não sócio) e time

(Grêmio ou Internacional). Após extraídos esses resultados, deu-se início à Análise

Multivariada.

3.10.3. Análise Fatorial Exploratória (AFE)

Foi então realizada a operacionalização dos construtos, contemplando diversos procedimentos

de análise característicos da Análise Fatorial Exploratória (AFE).

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Inicialmente foi realizada a extração dos fatores considerando o critério do autovalor

(Eigenvalue) para todas as escalas. O autovalor indica a variância explicada por cada fator.

Espera-se que os fatores respondam, no mínimo, pela variância de uma variável. Por isso, a

extração por meio do critério de corte de autovalor igual a 1 (HAIR, BLACK, et al., 1999).

Uma vez que havia a expectativa de que os construtos apresentassem correlação entre si,

conforme suportado pelo Referencial Teórico, foi utilizada a Rotação Oblimin, que ajusta a

extração da estrutura fatorial subjacente aos dados considerando a covariância entre os

construtos. Foram então avaliados os indicadores de adequação da utilização da AFE, como o

KMO e o Índice de Esfericidade de Bartlett. Considera-se que a AFE é adequada quando o

KMO está entre 0,5 e 1,0 . Já o índice de Esfericidade de Bartlett examina a hipótese nula de

que as variáveis não estão correlacionadas na população, portanto, para testar a adequação da

AFE é preciso rejeitar essa hipótese nula. Portanto, espera-se um p-valor <0,05 nesse teste.

Foi então avaliada a estrutura fatorial subjacente aos dados. Inicialmente, foi verificado se os

fatores de carga de cada variável apresentaram carga alta nos construtos esperados,

analisando-se também a carga residual nos demais construtos. A significância dos fatores de

carga foram avaliados utilizando-se como critério o poder estatístico (HAIR, BLACK, et al.,

1999). Foi considerado o limite mínimo esperado de 0,50 para os fatores de carga. Além

disso, foi também avaliada a comunalidade das variáveis. A comunalidade indica a variância

que uma variável compartilha com as demais, indicando quanto de variância do item está

sendo utilizado na solução fatorial. Foi considerado como limite mínimo esperado uma

comunalidade de 0,50.

A AFE foi realizada utilizando-se o método de Fatoração dos Eixos Principais bem como o

método de Componentes Principais. A AFE com Componentes Principais considera a

variância total ao extrair a estrutura fatorial, direciona a maior parte da variância para o menor

número possível de fatores. Já a AFE com Fatoração dos Eixos Principais considera apenas a

variância comum. Optou-se por utilizar ambos os procedimentos para avaliar com maior rigor

a estrutura fatorial subjacente. Em geral, os resultados foram convergentes.

A estabilidade da estrutura fatorial foi testada por meio da segmentação da amostra em grupos

e reaplicação do procedimento de extração da AFE. Identificou-se que em alguns casos a

solução fatorial apresentou um único fator pela extração livre. Como esse fato poderia estar

relacionado à alta correlação entre as variáveis, nesses casos, foi realizado o procedimento

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127

adicional de extração considerando um número pré-especificado de fatores, conforme

indicado pela Literatura.

3.10.4. Análise da Confiabilidade e Validade dos Construtos

Foi então avaliada a Confiabilidade dos Construtos. Essa análise foi realizada analisando-se o

alfa de Cronbach, que é uma medida amplamente utilizada para avaliar a consistência interna

de cada escala. Espera-se um limite mínimo de 0,70 para o Alfa. Contudo, ressalta-se que o

indicador é bastante sensível ao número de itens incluídos na escala, de forma que a inclusão

de muitos itens pode “inflar” artificialmente o alfa (HAIR, BLACK, et al., 1999). No contexto

deste estudo, contudo, a maior parte das escalas foi mensurada com apenas 3 itens – o número

mínimo sugerido. De toda sorte, avaliou-se também os coeficientes de correlação item-total

corrigida das escalas. Para esses coeficientes, espera-se um limite mínimo de 0,50 (HAIR,

BLACK, et al., 1999, p. 125).

Em seguida foi gerada a Matriz de Correlação para cada conjunto de escalas. Contudo,

considerando que os construtos foram operacionalizados por meio de escalas intervalares do

tipo Likert com 7 pontos, optou-se por utilizar a Matriz de Correlação de Postos de Spearman

ao invés da Matriz de Correlação de Pearson. O uso da Matriz de Correlação por Postos de

Spearman é mais adequado nesses casos, pois o cálculo da correlação é baseado em técnica

não-paramétrica que não impõe suposição alguma sobre a distribuição de frequência das

variáveis.

A Matriz de Correlação de Postos de Spearman foi então utilizada para avaliar a Validade

Convergente e a Validade Discriminante dos construtos. Validade Convergente foi avaliada

por meio do exame da correlação entre as variáveis componentes de cada construto. A

Validade Discriminante foi avaliada por meio da correlação entre as variáveis pertencentes a

distintos construtos. Foi também avaliada a Validade Nomológica das escalas por meio do

exame da significância e do sinal das relações entre os construtos. Esse teste permitiu

identificar potenciais problemas com variáveis específicas na AFE, de maneira a antecipar a

busca e redobrar a atenção para certas variáveis na posterior fase de Análise Fatorial

Confirmatória.

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3.10.5. Análise Fatorial Confirmatória (AFC)

Superada a Análise Fatorial Exploratória, iniciou-se a etapa de Análise Fatorial Confirmatória

(AFC). A escolha da técnica para realização da AFC levou em consideração o critério da

multidimensionalidade das variáveis.

A Verificação da multinormalidade das variáveis foi realizada por meio dos indicadores de

simetria da distribuição das variáveis. Verificou-se a normalidade das variáveis por meio dos

indicadores de Curtose item-a-item e de Curtose Multivariada (Multivariate Kurtosis).

Embora todos itens tenham apresentado valores individuais de Curtose dentro do limite

esperado de 2,00, o indicador de Curtose Multivariada excedeu o limite esperado de 7,00.

Portanto, como não foi observada multinormalidade dos dados, optou-se pela realização da

AFC através da técnica de ADF (Asymptotic Distribution Free) ao invés do uso tradicional de

MLE (Maximum Likelihood Estimate). A MLE não foi escolhida pois tem como premissa a

distribuição normal dos dados (Curtose Multivariada normalmente distribuída). Destaca-se,

ainda, que só foi possível utilizar a técnica ADF em virtude do tamanho da amostra. A ADF

requer amostras grandes, em geral entre 200 e 500 observações (KLINE, 2005). Um dos

motivos pelos quais o presente estudo foi projetado com uma amostra grande foi justamente

esse, pois considerou-se improvável obter uma distribuição normal mensurando as respostas

de respondentes autodeclarados como Fãs.

3.10.6. Análise dos Modelos de Mensuração

Os Modelos de Mensuração das escalas foram especificados e tratados em termos da

qualidade de ajuste, bem como no que diz respeito à Confiabilidade, Validade Convergente e

Validade Discriminante dos construtos.

Considerou-se um conjunto de indicadores de ajuste do modelo, incluindo medidas de ajuste

absoluto, como o Qui-quadrado (χ2), o índice Qui-Quadrado Normado, (χ2/gl), o GFI

(Goodness-of-Fit) e o RMSEA, e medidas de ajuste incremental, como o CFI (Comparative

Fit index).

O Qui-quadrado (χ2) é um dos indicadores absolutos mais utilizados para avaliar o ajuste do

modelo. Tipicamente a obtenção de χ2 não significativo sugere um bom ajuste do modelo.

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Contudo, o χ2 é afetado negativamente pelo número de observações. Assim, para amostras

maiores do que 400 casos, dificilmente o p-valor do χ2 será não significativo, sendo então

necessário avaliar o ajuste do modelo por meio de outros indicadores. Além disso, o χ2

também é afetado negativamente pela intensidade das correlações entre as variáveis do

modelo e pela quantidade de parâmetros estimados. Por isso, o χ2 também é analisado de

maneira relativa ao número de graus de liberdade (χ2/gl). Tipicamente se considera que uma

relação χ2/gl < 3,0 como um bom indicador de ajuste do modelo. Contudo há controvérsias a

respeito do limite máximo esperado, sendo que alguns autores sugerem que modelos com

χ2/gl < 5,0 também podem ser considerados bem ajustados (HAIR, BLACK, et al., 1999). De

toda sorte, o indicador χ2/gl também carrega os problemas associados ao χ2. Nesse sentido, a

avaliação conjunta de outros indicadores como o GFI, CFI, o RMSEA e o PCLOSE se mostra

fundamental.

O GFI é o indicador que sugere a qualidade do modelo. Tipicamente, modelos de mensuração

com GFI > 0,9 indicam um bom ajuste do modelo. Já o CFI é um indicador incremental que

compara o modelo especificado a um modelo nulo, e “penaliza” o modelo pelo número de

parâmetros estimados. De maneira análoga, espera-se um CFI < 0,9 para modelos com um

bom ajuste aos dados.

O RMSEA é raiz quadrada do erro médio de aproximação, constituindo uma medida absoluta

baseada na não centralidade dos parâmetros. Tipicamente, espera-se um RMSEA <0,05 para

modelos com bom ajuste. Contudo, há controvérsia em relação ao limite máximo esperado,

havendo autores que sugerem que o limite RMSEA <0,08 é aceitável, ou até mesmo RMSEA

< 0,10. O PCLOSE é um indicador associado ao RMSEA. O PCLOSE realiza um teste

unicaudal da hipótese nula de que o RMSEA é igual a 0,05, sendo utilizado para indicar a

“qualidade” do RMSEA encontrado. Tipicamente espera-se um PCLOSE > 0,50.

Assim, após analisar esses indicadores de ajuste dos modelos de mensuração, foi realizado o

teste de dimensionalidade das escalas multidimensionais de Identificação do Fã com a

Modalidade, com o Time e com a Celebridade Esportiva. Para isso, foram especificados

modelos considerando todas as variáveis como pertencentes a uma única dimensão, e então

comparados os indicadores de ajuste do modelo unidimensional ao modelo multidimensional.

Esse teste permitiu suportar a multidimensionalidade dessas escalas.

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Foi também realizada uma análise crítica das variáveis que apresentaram indicadores aquém

do esperado na AFE ou na AFC. Para fazer essa avaliação, foram avaliados principalmente os

MIs (Modification Index) entre as variáveis observáveis, variáveis latentes e erros. Foram

avaliados também os resíduos padronizados da Matriz de Covariância (Standardized Residual

Covariance Matrix). Com base nesses indicadores, foram encontrados indícios da adequação

de se eliminar algumas variáveis. A eliminação de poucas variáveis de algumas escalas

permitiu melhorar consideravelmente os indicadores do modelo. Por isso, foram gerados

modelos reespecificados dos modelos de mensuração, e contrastados os indicadores de ajuste

do modelo reespecificado com o modelo original.

Em sequência à reespecificação dos Modelos de Mensuração, avaliou-se a Confiabilidade dos

construtos usando o indicador Construct Reliability (CR) que é dado pela relação entre o

somatório das cargas das variáveis do construto e a soma das cargas, mais a soma dos erros

de mensuração dos indicadores. O limite esperado para o indicador CR é de 0,70 (HAIR,

BLACK, et al., 1999). Avaliou-se também a Validade Convergente dos Construtos, mediante

a análise dos coeficientes padronizados dos indicadores de cada construto, bem como por

meio da Análise da Variância Média Extraída (AVE) de cada variável latente. A AVE é dada

pela relação do quadrado da soma das cargas das variáveis do construto e o quadrado da soma

das cargas mais a soma dos erros de mensuração dos indicadores, sendo recomendável que

esteja acima de 0,50 (HAIR, BLACK, et al., 1999). Avaliou-se ainda a Validade

Discriminante dos construtos mediante a análise da correlação entre os construtos, que não

deve superar o limite de 0,85 (KLINE, 2005) bem como por meio do teste proposto por

Fornell e Larcker (1981), o qual sugere que o quadrado da correlação entre dois construtos

deve ser menor do que a Variância Média Extraída de cada um dos dois construtos.

Finalmente, a Validade Nomológica foi examinada por meio da análise da significância e

direção das relações entre os construtos (BEARDEN e NETEMEYER, 1999).

3.10.7. Teste das Hipóteses Substantivas do Estudo

Para realizar o teste das hipóteses substantivas do estudo foi utilizada a técnica de Modelagem

de Equações Estruturais (Structural Equations Modeling, SEM).

A SEM pode ser descrita como uma técnica que utiliza uma série de equações de regressão

múltipla separadas, mas independentes, simultaneamente. A SEM permite estimar as relações

de dependência múltipla inter-relacionadas e estimar variáveis latentes, explicando, desse

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modo, o erro de mensuração no processo de estimação. Ou seja, essa técnica permite avaliar

em que medida as variáveis observáveis não representam perfeitamente as variáveis latentes

consideradas no modelo, considerando, também, o erro de mensuração da variáveis latentes

(HAIR, BLACK, et al., 1999).

Assim, para testar as hipóteses foram avaliados os paths (ou caminhos) hipotetizados no

modelo conceitual por meio da SEM. Considerou-se como critério para suportar as hipóteses

um p-valor <0,05. Com relação às hipóteses que contemplam o efeito da moderação do

Gênero e da Faixa Etária, utilizou-se a técnica de Análise Multi-grupos. A verificação do

efeito das variáveis moderadoras foi feita por meio dos testes de cross-validation e da

invariância do modelo para os distintos grupos, mediante o exame da significância do

indicador χ2 entre os modelos (HAIR, BLACK, et al., 1999).

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4. RESULTADOS

Nesta seção são apresentados os resultados da pesquisa. Inicialmente, é feita uma breve

caracterização da amostra dos 1.180 participantes da pesquisa. Depois, apresentam-se as

estatísticas descritivas com os testes de diferenças de média entre os grupos (gênero, faixa

etária e time). Então, apresentam-se os resultados das escala do Consumo do Evento

Esportivo e das escalas gerais de Identificação geral com o Esporte. Com isso, são

apresentados os resultados do Modelo Estrutural proposto, hipotetizando a influência da

Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo – incluindo os teste de

moderação do gênero e da faixa etária primeiramente para a amostra total e posteriormente

segmentando essa análise para Fãs do Grêmio e Fãs do Internacional. Em seguida são

apresentados os resultados da concepção da Identificação com a Modalidade, com o Time e

com a Celebridade como construtos de 2a ordem mensurados a partir dos construtos de

Beleza, Drama, Escapismo, Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs, Busca de

Informações Esportivas, Confiabilidade das Celebridade Esportivas, Expertise e Atratividade.

Por fim, são apresentados resultados adicionais com o teste de recursividade do Modelo

Estrutural por meio da apresentação de modelos alternativos, e do resultado qualitativo das

perguntas abertas feitas no final do questionário.

4.1. CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

Foram coletados 1249 questionários. Desse total, 59 observações (4,7%) foram descartadas

devido a falhas de preenchimento e 10 observações (0,8%) foram descartadas devido à

impossibilidade dos respondentes de completar a pesquisa após o início do preenchimento.

Assim, a taxa de observações válidas altamente satisfatória (94,5%), totalizando 1180

questionários.

Conforme especificado no capítulo do método, foi utilizada uma amostra não-probabilística

por quotas de time e gênero. Assim, das 1180 observações, 50% corresponde a torcedores(as)

do Grêmio (N=590) e 50% a torcedores(as) do Internacional (N=590). Para cada time foram

coletadas 305 observações do gênero masculino e 285 do gênero feminino. Dessa forma, a

amostra total é composta por 610 questionários coletados com homens (51,7%) e 570

questionários coletados com mulheres (48,3%). A tabela 15 apresenta um resumo desses

resultados.

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Com relação à faixa etária, foram entrevistadas pessoas de 16 a 65 anos, conforme questões

de filtro especificadas no método. A pirâmide etária da amostra é apresentada pela Figura X.

Destaca-se a representatividade de Fãs esportivos em todas as faixas estarias.

A idade média da amostra é de 33,4 anos. Trata-se de uma amostra relativamente “madura”,

principalmente se este estudo for comparado com investigações anteriores no contexto do

Marketing Esportivo. Tradicionalmente, as pesquisas utilizam amostras com estudantes,

principalmente estudantes universitários, obtendo amostras com perfil significativamente mais

jovem. A mediana da amostra total foi de 31 anos, próximo ao valor da média, o que indica

uma distribuição simétrica. Assim, a idade de 30 anos foi considerada como critério de corte.

Com relação ao tipo de torcedor (sócio ou não sócio), observou-se, na amostra, uma presença

significativa de sócio-torcedores: 266 (22,5%) do total de entrevistados declararam ser sócios

de algum dos clubes investigados. Essa proporção foi considerada relativamente alta, levando-

se em conta que o Internacional possui cerca de 120.000 sócios e o Grêmio 90.000. Contudo,

essa proporção não surpreende considerando que os dados foram coletados na capital Porto

Alegre (população de cerca de 1,5 milhão de habitantes), a qual possui uma proporção de

sócios maior do que a do interior do Estado. Além disso, observou-se uma maior proporção

de sócios do internacional do que do Grêmio, o que está de acordo com os dados divulgados

pelos clubes.

Com relação ao local de coleta dos dados, foi atingido o objetivo do plano de coleta

especificado no capítulo do método. Observa-se que 486 (39,7%) entrevistas foram realizadas

no Centro de Porto Alegre, sabidamente um local com alto tráfego de pessoas de distintos

perfis econômicos, sociais e faixa etária. O segundo bairro com maior número de observações

é o Bom Fim (N=157; 13,3%), uma vez que os questionários coletados no Parque da

Redenção, que fica neste bairro, foram codificados nesse domínio. As demais 555 entrevistas

foram distribuídas em 35 bairros. Foi atingido o objetivo de se diversificar a amostra em

diversos bairros residenciais. O bairro Alto Petrópolis, que foi o bairro com maior número de

observações depois do Centro e do Bom fim, por exemplo, representou apenas 4,5% do total

da amostra, evidenciando a dispersão da amostra em diversos bairros.

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Tabela 15 – Característica da Amostra: distribuição entre grupos

Gênero Faixa Etária Torcedor

Geral Feminino Masculino Até 30 anos + de 30 anos Não Sócio Sócio

N % N % N % N % N % N % N %

Internacional 590 50.0% 285 50.0% 305 50.0% 276 47.5% 314 52.4% 447 48.9% 143 53.8%

Grêmio 590 50.0% 285 50.0% 305 50.0% 305 52.5% 285 47.6% 467 51.1% 123 46.2%

Total 1180 100.0% 570 48.3% 610 51.7% 581 49.2% 599 50.8% 914 77.5% 266 22.5%

Tabela 16 – Local da coleta de dados

Local Coleta de Dados

N % % acumulado

Centro 468 39.7% 39.7%

Bom Fim 157 13.3% 53.0%

Cidade Baixa 84 7.1% 60.1%

Alto Petrópolis 53 4.5% 64.6%

Chácara das Pedras 52 4.4% 69.0%

Cristal 47 4.0% 73.0%

IAPI 38 3.2% 76.2%

Tristeza 36 3.1% 79.2%

Floresta 30 2.5% 81.8%

Outros 215 18.2% 100.0%

Total 1180 100.0%

Figura 11 – Distribuição da Amostra por Faixa Etária

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4.2. DIFERENÇAS DE MÉDIA ENTRE GRUPOS

Inicialmente, foi realizada a análise de diferença de médias entre grupos, considerando a

amostra total. Observaram-se diferenças estatisticamente significativas entre gênero, faixa

etária, e “tipo” de torcedor (sócios versus não sócios).

4.2.1. Diferenças de média entre Gêneros

Considerando a variável gênero, observam-se diferenças estatisticamente significativas entre

homens e mulheres em 13 das 14 escalas pesquisadas, conforme apresentado pela Tabela 17.

Verifica-se, por exemplo, que as médias da Identificação dos Fãs masculinos com a

Modalidade, Time – e suas dimensões de 2a ordem – são maiores do que as médias entre

respondentes do gênero feminino. A diferença nas médias de Identificação dos construtos de

Beleza (IEB), Drama (IED), Escapismo (IEE), Vitória (ITV), Socialização (ITS) e Busca de

Informações (ITI) foi consistente e sistemática, apresentando sempre médias maiores para os

homens.

Além disso, as duas escalas de Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo (CEE e

CEM) também apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre Fãs masculinos e

femininos. Com efeito, dos 10 itens entre as variáveis CEE_50 e CEE_59, nove apresentaram

p-valor menor do que 0,001. Os indivíduos do gênero masculino também apresentaram

médias superiores às dos respondentes do gênero feminino, sugerindo que os homens

possuem uma maior propensão ao Consumo do Evento Esportivo, como era esperado. Nessas

escalas, destaca-se, ainda, a significância prática dos resultados, visto que a diferença entre

médias é relativamente maior do que nas outras escalas, ao redor de 1 ponto de diferença.

As escalas de Identificação do Torcedor com a Celebridade Esportiva, por outro lado,

apresentaram um resultado misto: tanto a escala geral (ICG) quanto as dimensões

Confiabilidade (ICC) e Expertise (ICE) não apresentaram diferenças de média entre gêneros.

Ou seja, não se pode afirmar que homens e mulheres tenham médias diferentes para essas

variáveis. A exceção foi a dimensão Atratividade da Identificação do torcedor com a

Celebridade Esportiva (ICA), em que se observou diferença estatisticamente significativa

entre as médias, que foram mais altas entre mulheres.

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4.2.2. Diferenças de média entre Faixas Etárias

Para analisar o efeito da Faixa Etária, foi necessário segmentar a amostra em dois grupos,

visto que a variável idade foi registrada como um valor numérico na coleta de dados. Como

critério de corte, decidiu-se utilizar a mediana. Assim, a amostra foi dividida em dois grupos

com praticamente o mesmo número de observações: respondentes com menos de 30 anos

(N=581) e com mais de 30 anos de idade (N=599).

O teste de diferença entre médias utilizando-se a Faixa Etária sugere menos diferenças do que

o teste de diferenças utilizando o Gênero. Com efeito, quando se analisa a Faixa Etária,

apenas uma dimensão apresentou resultados estatisticamente significativos de forma

consistente e sistemática para todas as variáveis: a Atitude em relação ao Estádio. Para essa

dimensão, verifica-se claramente que a pré-disposição dos Fãs com menos de 30 anos de ir ao

Estádio é maior do que a dos Fãs com mais de 30 anos. Já a escala de Atitude em relação ao

Consumo do Evento pela Mídia (CEM) apresentou apenas dois itens estatisticamente

significativos. De toda sorte, esses itens apresentaram médias de Atitude em relação à Mídia

maiores para Fãs com mais de 30 anos, sugerindo que, à medida que a idade avança, a pré-

disposição de ir ao Estádio pode diminuir, porém aumenta a pré-disposição de assistir ao jogo

pela Mídia.

No que tange às dimensões de Identificação do Torcedor com a Modalidade Esportiva e com

o Time esportivo, por exemplo, não foram encontradas diferenças sistemáticas entre

respondentes com menos de 30 anos e respondentes com mais de 30 anos. Em alguns casos,

até houve diferenças estatisticamente significativas em alguns itens, como no caso do item

IEE_17, contudo a diferença entre as médias, na prática, foi pequena: 4,4 para respondentes

até 30 anos e 4,6 para respondentes acima de 30 anos.

Além disso, também foram encontradas diferenças estatisticamente significativas de faixa

etária para as dimensões Atratividade (ICA) e Confiabilidade (ICC) das escalas de

Identificação do torcedor com as Celebridades Esportivas. Dos 5 itens da Atratividade (ICA),

4 apresentaram p-valor de 0,000. Nesse construto, as médias maiores foram as dos

respondentes com mais de 30 anos. Esse resultado poderia sugerir que as pessoas com mais

idade valorizam um pouco mais a Atratividade das Celebridades Esportivas do que as com

menos de 30 anos. Contudo, a significância prática foi relativamente pequena.

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Tabela 17 – Diferença de média entre grupos: Gênero e Faixa Etária

Gênero Faixa Etária Média Teste t Média Teste t

Item Média DP Fem. Masc. t p-valor Até 30 anos

+ de 30 anos

t p-valor

IEG_07 5.18 1.772 4.7 5.7 -9.82 *** 5.2 5.2 0.58 0.563 IEG_08 4.43 1.917 4.0 4.8 -8.00 *** 4.5 4.4 0.66 0.508 IEG_09 5.13 2.048 4.5 5.8 -11.47 *** 5.2 5.1 0.84 0.398 IEB_10 5.61 1.544 5.4 5.8 -5.16 *** 5.5 5.7 -2.93 0.003 IEB_11 5.49 1.529 5.2 5.7 -5.62 *** 5.4 5.5 -1.36 0.175 IEB_12 4.88 1.709 4.6 5.2 -5.76 *** 4.8 5.0 -1.52 0.129 IED_13 5.12 1.860 4.7 5.5 -6.92 *** 5.4 4.8 5.22 *** IED_14 5.89 1.419 5.7 6.1 -4.96 *** 5.9 5.8 1.23 0.218 IED_15 5.05 1.799 4.9 5.2 -3.63 *** 5.2 4.9 2.40 0.017 IEE_16 4.10 2.095 3.6 4.6 -8.46 *** 4.0 4.2 -0.96 0.337 IEE_17 4.48 1.925 4.4 4.6 -1.45 .148 4.4 4.6 -2.19 0.029 IEE_18 4.18 1.933 3.9 4.4 -4.42 *** 4.1 4.2 -0.92 0.360 ITG_19 5.92 1.469 5.6 6.2 -6.42 *** 5.9 5.9 0.13 0.898 ITG_20 4.86 2.101 4.6 5.1 -4.11 *** 4.9 4.8 1.03 0.303 ITG_21 5.17 1.816 4.9 5.4 -5.34 *** 5.1 5.2 -0.43 0.666 ITV_22 5.84 1.500 5.7 6.0 -3.76 *** 5.7 6.0 -2.70 0.007 ITV_23 5.43 1.784 5.2 5.7 -5.03 *** 5.4 5.5 -1.39 0.164 ITV_24 5.95 1.463 5.8 6.1 -2.88 .004 5.9 6.0 -1.93 0.054 ITS_25 5.16 1.844 4.9 5.4 -4.58 *** 5.3 5.0 3.12 0.002 ITS_26 5.01 1.895 4.5 5.5 -8.63 *** 5.0 5.0 0.42 0.676 ITS_27 5.07 1.840 4.8 5.3 -5.06 *** 5.1 5.0 0.45 0.656 ITI_28 4.52 2.010 3.9 5.1 -9.80 *** 4.5 4.5 0.32 0.747 ITI_29 5.56 1.731 5.1 6.0 -9.56 *** 5.6 5.6 0.14 0.891 ITI_30 5.35 1.809 4.8 5.9 -10.85 *** 5.3 5.4 -0.49 0.621 ICG_32 3.43 1.963 3.7 3.2 4.04 *** 3.5 3.4 1.08 0.281 ICG_33 4.46 1.805 4.3 4.6 -2.46 .014 4.6 4.4 1.83 0.068 ICG_34 5.18 1.657 5.2 5.2 0.55 .585 5.2 5.2 0.41 0.684 ICC_35 5.33 1.483 5.3 5.3 0.22 .824 5.2 5.4 -1.93 0.054 ICC_36 5.19 1.463 5.2 5.2 -0.27 .790 5.1 5.3 -2.38 0.017 ICC_37 5.26 1.459 5.2 5.3 -0.57 .569 5.2 5.4 -2.41 0.016 ICC_38 5.09 1.468 5.1 5.1 -0.48 .630 5.0 5.2 -1.79 0.073 ICC_39 5.35 1.432 5.3 5.4 -1.01 .311 5.2 5.5 -2.81 0.005 ICE_40 5.82 1.253 5.7 5.9 -2.77 .006 5.8 5.9 -1.42 0.155 ICE_41 5.92 1.263 5.9 6.0 -1.52 .128 5.9 6.0 -1.30 0.194 ICE_42 5.57 1.386 5.5 5.7 -2.18 .029 5.4 5.7 -4.03 0.000 ICE_43 6.08 1.100 6.0 6.2 -2.76 .006 6.0 6.1 -1.58 0.115 ICE_44 6.13 1.112 6.1 6.1 -0.02 .984 6.1 6.2 -1.09 0.276 ICA_45 4.08 2.009 4.6 3.6 8.93 *** 3.9 4.2 -2.46 0.014 ICA_46 4.26 1.890 4.8 3.8 9.05 *** 4.1 4.4 -3.46 0.001 ICA_47 4.03 2.047 4.6 3.5 9.08 *** 3.9 4.1 -1.95 0.051 ICA_48 4.10 1.924 4.6 3.6 8.81 *** 4.0 4.2 -2.67 0.008 ICA_49 3.73 2.028 4.3 3.2 8.82 *** 3.7 3.8 -1.12 0.264 CEE_50 3.65 2.183 3.0 4.2 -9.56 *** 3.9 3.4 4.15 *** CEE_51 4.90 2.248 4.3 5.4 -8.41 *** 5.2 4.6 4.05 *** CEE_52 4.50 2.329 4.0 4.9 -7.04 *** 4.9 4.1 5.42 *** CEE_53 3.98 2.317 3.4 4.5 -7.82 *** 4.3 3.7 4.63 *** CEE_54 4.57 2.262 4.1 5.0 -6.42 *** 4.9 4.3 4.37 *** CEM_55 5.47 1.527 5.2 5.7 -5.79 *** 5.4 5.5 -0.49 0.626 CEM_56 4.40 1.914 3.8 5.0 -11.17 *** 4.4 4.4 -0.30 0.764 CEM_57 3.68 2.023 3.9 3.5 2.99 .003 3.3 4.0 -6.50 *** CEM_58 4.80 1.823 4.3 5.2 -8.96 . *** 4.7 4.9 -1.90 0.058 CEM_59 3.91 2.048 4.0 3.8 1.20 .231 3.6 4.2 -5.88 ***

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138

4.2.3. Diferenças de média entre sócios e não-sócios

Considerando a variável “tipo de torcedor” (sócios versus não-sócios), observou-se diferença

entre médias em 13 das 14 dimensões investigadas. Ou seja, todas as dimensões, exceto a

dimensão Atratividade (ICA) da escala de Identificação do Torcedor com a Celebridade

Esportiva, apresentaram diferenças estatisticamente significativas. Essa diferença foi

sistemática. Via-de-regra, os sócios apresentaram médias de identificação superiores aos não-

sócios para todas as variáveis. Tal resultado era esperado, uma vez que se associar ao clube,

em si só, pode ser considerado um manifesto de identificação do torcedor.

Destaca-se que a significância prática entre as médias de sócios e não-sócios foi bastante alta.

Tome-se, por exemplo, a variável ITV_23: a média dos sócios foi 1 ponto inteiro maior do

que a dos não sócios. As demais variáveis dessa escala apresentaram resultados similares. No

caso da Atitude em relação ao Consumo do Evento esportivo no Estádio (CEE), a diferença

prática entre médias foi ainda maior. Para a variável CEE_54, por exemplo, essa diferença

chegou a 2,0 pontos na escala de 1 a 7.

O Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo pela Mídia (CEM) apresentou

resultados mistos. Embora 4 dos 5 itens tenham apresentado diferenças estatisticamente

significativas entre as médias, 2 itens foram com média maior a favor dos não-sócios

(CEM_57 e CEM_59), e os outros 2 itens com média maior a favor dos sócios (CEM_56 e

CEM_58). Esses resultados dificultam a interpretação para essa dimensão, além de sugerir

indícios iniciais de possíveis problemas na confiabilidade dessa escala.

4.2.4. Diferenças de média entre Times

No que tange à diferença entre médias, considerando a amostra total de Fãs do Grêmio e Fãs

do Internacional, foi encontrada diferença em apenas uma dimensão: Identificação com a

Celebridade Esportiva (Atratividade). Os resultados são apresentados na Tabela 18.

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139

Tabela 18 – Diferença de média entre grupos: Tipo de Fã e Time

Tipo de Fã Time Média Teste t Média Teste t

Item Média DP Não-sócio

Sócio t p-valor Inter-

nacional Grêmio t p-valor

IEG_07 5.18 1.772 4.9 6.3 -14.80 *** 5.2 5.2 0.49 0.622 IEG_08 4.43 1.917 4.1 5.6 -14.92 *** 4.4 4.4 0.18 0.856 IEG_09 5.13 2.048 4.8 6.3 -14.95 *** 5.2 5.1 1.41 0.159 IEB_10 5.61 1.544 5.5 6.1 -6.97 *** 5.7 5.6 1.21 0.228 IEB_11 5.49 1.529 5.3 6.1 -7.79 *** 5.6 5.4 2.06 0.040 IEB_12 4.88 1.709 4.7 5.4 -6.75 *** 5.0 4.8 2.10 0.036 IED_13 5.12 1.860 5.0 5.6 -5.32 *** 5.1 5.2 -0.70 0.481 IED_14 5.89 1.419 5.8 6.3 -6.49 *** 5.9 5.9 0.33 0.743 IED_15 5.05 1.799 4.9 5.4 -4.27 *** 5.0 5.1 -0.73 0.467 IEE_16 4.10 2.095 3.8 5.1 -10.17 *** 4.2 4.0 1.21 0.227 IEE_17 4.48 1.925 4.5 4.5 -0.44 0.657 4.6 4.4 1.50 0.134 IEE_18 4.18 1.933 4.0 4.8 -6.10 *** 4.3 4.1 2.05 0.040 ITG_19 5.92 1.469 5.7 6.7 -13.08 *** 6.0 5.8 1.90 0.057 ITG_20 4.86 2.101 4.5 6.0 -13.46 *** 4.8 4.9 -0.43 0.668 ITG_21 5.17 1.816 4.9 6.2 -14.66 *** 5.2 5.1 1.03 0.305 ITV_22 5.84 1.500 5.7 6.4 -10.30 *** 5.9 5.8 0.97 0.332 ITV_23 5.43 1.784 5.2 6.2 -10.76 *** 5.4 5.4 -0.02 0.987 ITV_24 5.95 1.463 5.8 6.6 -10.96 *** 6.0 5.9 0.95 0.340 ITS_25 5.16 1.844 4.9 6.1 -13.36 *** 5.3 5.0 2.02 0.043 ITS_26 5.01 1.895 4.7 6.0 -13.13 *** 5.0 5.0 0.69 0.490 ITS_27 5.07 1.840 4.9 5.8 -8.28 *** 5.2 4.9 2.81 0.005 ITI_28 4.52 2.010 4.2 5.7 -13.67 *** 4.5 4.5 0.39 0.696 ITI_29 5.56 1.731 5.3 6.6 -15.76 *** 5.6 5.5 0.98 0.330 ITI_30 5.35 1.809 5.1 6.4 -15.27 *** 5.4 5.3 1.08 0.281 ICG_32 3.43 1.963 3.4 3.6 -1.36 0.173 3.5 3.4 0.55 0.583 ICG_33 4.46 1.805 4.3 5.2 -8.48 *** 4.5 4.5 0.15 0.885 ICG_34 5.18 1.657 5.0 5.7 -7.24 *** 5.2 5.1 0.95 0.343 ICC_35 5.33 1.483 5.2 5.6 -4.26 *** 5.3 5.4 -0.98 0.327 ICC_36 5.19 1.463 5.1 5.5 -3.99 *** 5.1 5.2 -1.17 0.240 ICC_37 5.26 1.459 5.2 5.5 -3.23 0.001 5.2 5.3 -0.98 0.328 ICC_38 5.09 1.468 5.0 5.4 -3.49 *** 5.0 5.1 -1.15 0.250 ICC_39 5.35 1.432 5.3 5.7 -4.38 *** 5.3 5.4 -1.55 0.122 ICE_40 5.82 1.253 5.7 6.2 -6.09 *** 5.8 5.8 -0.56 0.577 ICE_41 5.92 1.263 5.9 6.2 -3.66 *** 5.9 5.9 0.25 0.800 ICE_42 5.57 1.386 5.5 5.9 -5.12 *** 5.5 5.6 -0.78 0.437 ICE_43 6.08 1.100 6.0 6.4 -7.33 *** 6.1 6.1 0.19 0.853 ICE_44 6.13 1.112 6.1 6.4 -4.52 *** 6.1 6.1 0.31 0.754 ICA_45 4.08 2.009 4.1 3.9 1.49 0.135 3.9 4.2 -2.98 0.003 ICA_46 4.26 1.890 4.3 4.1 1.85 0.065 4.1 4.4 -2.91 0.004 ICA_47 4.03 2.047 4.1 3.8 1.70 0.089 3.8 4.3 -4.15 *** ICA_48 4.10 1.924 4.1 3.9 1.56 0.119 3.9 4.3 -3.10 0.002 ICA_49 3.73 2.028 3.8 3.5 2.05 0.040 3.6 3.9 -2.20 0.028 CEE_50 3.65 2.183 3.0 5.9 -27.77 *** 3.7 3.6 0.63 0.531 CEE_51 4.90 2.248 4.5 6.4 -18.32 *** 5.0 4.8 1.48 0.140 CEE_52 4.50 2.329 4.0 6.2 -19.38 *** 4.6 4.4 1.66 0.096 CEE_53 3.98 2.317 3.4 5.9 -21.49 *** 4.0 3.9 0.98 0.327 CEE_54 4.57 2.262 4.1 6.1 -17.92 *** 4.7 4.5 1.55 0.123 CEM_55 5.47 1.527 5.5 5.5 -0.27 0.785 5.5 5.5 0.04 0.970 CEM_56 4.40 1.914 4.2 5.1 -7.66 *** 4.4 4.4 0.35 0.727 CEM_57 3.68 2.023 4.0 2.6 11.82 *** 3.6 3.7 -0.75 0.455 CEM_58 4.80 1.823 4.7 5.1 -3.65 *** 4.9 4.7 1.58 0.114 CEM_59 3.91 2.048 4.2 3.0 8.58 *** 3.9 3.9 0.40 0.691

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140

Conforme apresentado na Tabela 18, verifica-se que praticamente não se observam diferenças

no nível de Identificação entre os Fãs do Grêmio e os Fãs do Internacional, com exceção da

Identificação com a Celebridade (Atratividade), cujas médias foram maiores para os Fãs do

Grêmio.

Ressalta-se que o procedimento de coleta de dados não pré-especificou uma Celebridade

Esportiva para cada time. Pelo contrário, foi perguntado, a cada entrevistado, o jogador do

time com o qual ele mais se identificava, e, então, todas as perguntas relacionadas à

Identificação com a Celebridade Esportiva foram ancoradas no jogador escolhido pelo

entrevistado. No Grêmio destaca-se a escolha de Victor, citado como principal ídolo dos Fãs

do Grêmio, enquanto no Internacional os resultados sugerem divisão dos Fãs entre dois

jogadores: D’Alessandro e Guiñazu.

Assim, a diferença de média encontrada entre Fãs do Grêmio e do Internacional no grau de

Identificação com a Celebridade (Atratividade) pode sugerir diversas interpretações. Uma

delas seria o efeito do desempenho percebido do Time no nível de Identificação do Fã com o

Time, com a Modalidade e com as Celebridades do Esporte. Com efeito, conforme

apresentado anteriormente na Revisão de Literatura, Jones (2000) sugeriu que a Identificação

do Fã com o Esporte pode se “deslocar” ao longo do tempo, sendo em alguns momentos mais

forte o elo de ligação do Fã com o Time, em outros o elo de ligação do Fã com a Celebridade

Esportiva ou a Modalidade. Com efeito, Jones realizou um estudo em que suportou o efeito

do desempenho percebido do time no “deslocamento” da Identificação do Fã, sugerindo que,

em momentos de derrota ou desempenho desfavorável na percepção do Fã, a Identificação

com o Time pode cair, porém o grau de Identificação com a Celebridade tende a aumentar.

Ou seja, devido à covariância entre os construtos de Identificação do Fã com o Esporte,

haveria um efeito de “compensação” e/ou deslocamento entre os elos de ligação.

4.3. ESCALAS DE CONSUMO DO EVENTO ESPORTIVO

Nesta seção são analisadas as 3 escalas associadas ao Consumo do Evento Esportivo: (1)

escala da atitude do Fã em relação ao Consumo do Evento através da Mídia (CEM), (2) escala

da atitude do Fã em relação ao Consumo do Evento no Estádio (CEE) e (3) escala de Métrica

de Consumo do Evento através do comparecimento do Fã ao estádio (MCE).

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141

Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, os

resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Por último, são apresentados os Testes

de Diferenças Multi-grupo.

4.3.1. AFE: Consumo do Evento Esportivo

Na Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Consumo do Evento Esportivo, são

apresentados 3 tipos de análise: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a verificação

da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura Fatorial,

contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3) análise da

Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente, Validade Discriminante e Validade

Nomológica.

4.3.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais

As escalas gerais de consumo do evento esportivo foram inicialmente submetidas à Análise

Fatorial Exploratória através do método de extração pelo autovalor (Eigenvalue), com rotação

Direct Oblimin, utilizando-se tanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de

Componentes Principais. O resultado é apresentado na Tabela 19.

Inicialmente, pode-se verificar que a adequação da análise fatorial para esse conjunto de

dados é boa: o indicador KMO foi de 0,894 e o indicador de Esfericidade de Bartlett de 11762

(p-valor < 0,000). Além disso, todos os itens apresentaram um MSA satisfatório; o menor

MSA foi 0,775. A comunalidade dos itens foi boa, com exceção do item CEM_55, que

apresentou indicador de comunalidade de 0,464 na extração através da Fatoração dos Eixos

Principais – abaixo do limite esperado de 0,50.

Verificou-se que a estrutura fatorial apresentou 3 fatores, conforme esperado: um para a

escala de consumo de eventos esportivos através do comparecimento ao estádio (CEE), um

para a escala de consumo de eventos esportivos através da audiência pela mídia (CEM) e um

para a escala numérica de comparecimento ao estádio, que incluía perguntas relativas ao

passado recente (quantas vezes o Fã tinha efetivamente ido ao estádio no ano anterior e no

ano corrente, além da intenção futura de comparecimento ao longo do ano presente).

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142

Os fatores de carga, destacados em negrito, apresentaram coeficientes bons. Contudo, foram

identificados dois problemas: duas variáveis apresentaram coeficiente de carga abaixo de 0,50

em suas respectivas escalas e fator de carga acima do limite máximo esperado fora de seus

respectivos “lugares” na escala de consumo do evento esportivo através da mídia – CEM_57 e

CEM_59. Essas variáveis utilizaram uma formulação idêntica às questões CEE_52 e CEE_54

(estádio), porém focando a mídia ao invés do estádio. Com efeito, foi justamente no fator de

consumo através do comparecimento ao estádio que essas variáveis (CEM_57 e CEM_59)

“carregaram”, porém com sinal negativo.

Utilizando-se a técnica de Fatoração dos Eixos principais, verificou-se que a variância total

explicada foi de 70,2%, e utilizando-se Componentes Principais, 76,9%. A estrutura fatorial

permaneceu bidimensional em ambos os métodos de extração.

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143

Tabela 19 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Estrutura Fatorial das escalas

Fatoração Eixos Principais Componentes Principais

Cod. Item Estádio Mídia Métrica Comun. Estádio Mídia Métrica Comun. MSA CEE_50 Eu costumo ir ao estádio para assistir jogos de futebol. .559 .167 .359 .731 .555 .172 .401b .765 .917

CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso.

.793 .246 -.007 .710 .820 .267 -.008 .764 .945

CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV, Rádio ou Internet).

.850 .091 .023 .765 .860 .106 .037 .799 .927

CEE_53 Eu vou a jogos de futebol no estádio sempre que posso. .696 .180 .215 .764 .695 .189 .245 .789 .921

CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.

.822 .117 .011 .714 .851 .133 .011 .767 .943

CEM_55 Eu costumo assistir futebol através da mídia (TV, Radio ou Internet)

.000 .685 -.035 .464c .001 .801 -.066 .632 .775

CEM_56 Eu gosto de passar o tempo na frente da TV assistindo futebol.

.147 .717 .121 .607 .139 .778 .132 .702 .871

CEM_57 Eu prefiro assistir futebol através da mídia (TV, Radio e Internet) do que no estádio.

-.731b .400a -.051 .696 -.776b .405a -.041 .759 .849

CEM_58 Eu assisto jogos de futebol na mídia (TV, Radio e Internet) sempre que posso.

.092 .812 .005 .680 .089 .857 .000 .752 .781

CEM_59 Não existe forma melhor de assistir a um jogo de futebol do que sentado confortavelmente na frente da TV.

-.588b .464a -.055 .559 -.666b .505a -.027 .673 .828

MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?

-.008 -.027 .929 .849 .002 -.034 .942 .882 .873

MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?

-.070 -.017 .958 .842 -.062 -.027 .975 .885 .870

MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?

.053 .027 .827 .745 .029 .015 .895 .832 .920

Variância explicada 45.6% 16.0% 8.5% 47.6% 19.1% 10.2%

Variância total explicada 70.2% 76.9%

KMO 0,894

Bartlett (sig) 11762 (0,000) Nota: a o fator de carga foi inferior ao limite mínimo esperado de 0,5; b o item apresentou fator de carga superior ao limite esperado de 0,5; c comunalidade abaixo do limite mínimo esperado de 0,5.

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144

4.3.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos

Para verificar a estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados, foi realizado o teste de

diferença da estrutura entre grupos, considerando-se gênero, faixa etária, tipo de Fã (sócio ou

não-sócio) e time. O método utilizado foi de extração através do autovalor (Eigenvalue), com

Rotação Direct Oblimin, e técnica de Componentes Principais. O resultado é apresentado na

Tabela 36.

Verifica-se que a adequação da Análise Fatorial Exploratória para todos os grupos é alta: o

KMO foi superior ao limite mínimo esperado (0,7) para todos os grupos. Com efeito, o menor

KMO foi 0,839 (sócios).

Verificou-se que a estrutura fatorial realizando o teste entre grupos não variou. Ou seja, foi

verificada a estabilidade da estrutura fatorial sugerida anteriormente pela Tabela 20.

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Tabela 20 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas

Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)

Gênero Faixa Etária Fã Time

Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos

> 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio

CEE_50 Eu costumo ir ao estádio para assistir jogos de futebol.

.535 .538 .457a .619 .569 .693 .510 .602

CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso.

.833 .765 .722 .881 .811 .813 .805 .836

CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV, Rádio ou Internet).

.836 .874 .810 .875 .856 .858 .864 .861

CEE_53 Eu vou a jogos de futebol no estádio sempre que posso.

.721 .644 .606 .751 .706 .708 .656 .730

CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.

.837 .856 .786 .887 .852 .859 .826 .877

CEM_55 Eu costumo assistir futebol através da mídia (TV, Radio ou Internet)

.823 .750 .782 .825 .788 .755 .784 .815

CEM_56 Eu gosto de passar o tempo na frente da TV assistindo futebol.

.787 .784 .781 .776 .772 .815 .796 .757

CEM_57 Eu prefiro assistir futebol através da mídia (TV, Radio e Internet) do que no estádio.

.446a .343a .332a .460a .480a .473a .384a .434a

CEM_58 Eu assisto jogos de futebol na mídia (TV, Radio e Internet) sempre que posso.

.852 .866 .850 .857 .851 .834 .882 .829

CEM_59 Não existe forma melhor de assistir ao futebol do que sentado confortavelmente na frente da TV.

.549 .428a .429a .573 .568 .582 .473a .540

MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?

.924 .936 .941 .942 .931 .899 .939 .944

MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?

.980 .969 .973 .975 .951 .924 .984 .956

MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?

.847 .897 .885 .926 .842 .891 .884 .907

N 570 610 581 599 914 266 590 590

KMO .881 .893 .881 .894 .880 .839 .881 .895

Bartlett 5426 5831 5368 6387 7856 1919 5678 6238

Variância Explicada 76.3% 75.5% 75.0% 78.4% 74.1% 70.1% 76.0% 78.0%

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146

4.3.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante

Inicialmente, avaliou-se a confiabilidade das escalas gerais de identificação com a

modalidade, com o time e com as celebridades esportivas através do alfa de Cronbach. As 3

escalas apresentaram indicadores satisfatórios, com alfas acima de 0,70 – o que pode ser

considerado um bom indicador, principalmente se for considerado que cada escala possuía

apenas 3 itens. Dos 9 itens analisados, apenas 1 item (ITG_19) aumentaria a alfa se fosse

excluído.

A validade convergente pode ser claramente verificada nos coeficientes de correlação. Esta

análise também utilizou a Correlação por Postos de Spearman, uma vez que as variáveis

foram medidas utilizando uma escala intervalar tipo Likert com 7 pontos.

Por outro lado, verificou-se, também, que os coeficientes de correlação “fora da região dos

triângulos” também foram altos, alguns deles com coeficientes próximos a 0,60. Isso explica

o fato de a Análise Fatorial Exploratória inicial, com extração das dimensões utilizando-se o

autovalor ter apresentado uma estrutura bidimensional.

Decidiu-se, então, realizar uma Análise Fatorial Exploratória utilizando como critério de

extração a especificação prévia do número de fatores, no caso 3 fatores, apresentada na

Tabela 21.

Um ponto importante de ser destacado foram as correlações negativas da escala CEM, que

sugerem baixa qualidade dessa escala.

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Tabela 21 – Escalas de Consumo do Evento Esportivo: Matriz de Correlação

Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)

Estádio Mídia Numérica

α = 0,931 α = 0,730 α = 0,882

Cod Item Média DP 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 61 62 63 CEE_50 Eu costumo ir ao estádio para assistir jogos de futebol. 3.7 2.18 1

CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso.

4.9 2.25 .688 1

CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV, Rádio ou Internet).

4.5 2.33 .692 .724 1

CEE_53 Eu vou a jogos de futebol no estádio sempre que posso. 4.0 2.32 .821 .720 .724 1

CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.

4.6 2.26 .647 .692 .753 .716 1

CEM_55 Eu costumo assistir futebol através da mídia (TV, Radio ou Internet)

5.5 1.53 .020 .167 .065 .080 .070 1

CEM_56 Eu gosto de passar o tempo na frente da TV assistindo futebol.

4.4 1.91 .372 .385 .292 .359 .287 .487a 1

CEM_57 Eu prefiro assistir futebol através da mídia (TV, Radio e Internet) do que no estádio.

3.7 2.02 -.457 -.474 -.610 -.510 -.574 .196a .050a 1

CEM_58 Eu assisto jogos de futebol na mídia (TV, Radio e Internet) sempre que posso.

4.8 1.82 .215 .301 .145 .232 .205 .578 .637 .161a 1

CEM_59 Não existe forma melhor de assistir a um jogo de futebol do que sentado confortavelmente na frente da TV.

3.9 2.05 -.332 -.346 -.456 -.375 -.439 .246a .146a .744 .258a 1

MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?

5.3 7.99 .802 .634 .642 .735 .589 .034 .339 -.477 .168 -.365 1

MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?

2.2 3.78 .739 .542 .578 .664 .531 -.014 .290 -.436 .122 -.351 .820 1

MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?

4.5 6.06 .718 .594 .628 .698 .598 .084 .360 -.448 .198 -.360 .809 .759 1

Correlação item-total corrigida 0.81 0.80 0.82 0.85 0.80 0.55 0.44 0.42 0.57 0.50 0.86 0.87 0.82

Alfa se o item for excluído 0.91

6 0.91

7 0.91

4 0.90

8 0.91

9 0.669 0.702

0.713

0.653 0.678 0.830 0.867 0.789

Nota: a o coeficiente de correlação ficou abaixo do limite mínimo esperado de 0,5

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148

4.3.2. AFC: Consumo do Evento Esportivo

Na Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Consumo do Evento Esportivo, são

apresentados os resultados de 4 tipos de análise: (1) análise do Modelo de Mensuração

individual de cada escala, contemplando o Teste da Dimensionalidade das escalas de atitude

em relação ao Consumo do Evento Esportivo; (3) análise do Modelo de Mensuração do

Consumo do Evento Esportivo; (4) análise do Modelo de Mensuração Reespecificado dessas

escalas; e (5) análise do Modelo Estrutural do Consumo do Evento Esportivo

4.3.2.1. Modelo de Mensuração individual de cada escala

Inicialmente, foi realizada a AFC individual do Modelo de Mensuração de cada Escala. Para

isso, as escalas de Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo por meio do

Comparecimento ao Estádio (CEE) e Comparecimento ao Estádio (MCE) foram especificadas

individualmente no AMOS.

Ao analisar a escala CEE, verifica-se inicialmente que os fatores de carga para as 5 variáveis

observáveis foram altos, sendo o menor coeficiente o da CEE_51 (0,84) e o maior o da

CEE_53 (0,93), conforme ilustrado pela Figura 12.

Figura 12 – Modelo de Mensuração da escala de Atitude com Estádio

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149

Foram então investigados os indicadores de ajuste desse modelo, cujos resultados são

apresentados pela Tabela 22.

Verificou-se que, apesar do GFI e do CFI terem apresentado bons indicadores de ajuste,

acima do limite esperado de 0,90, os demais indicadores de ajuste apresentaram evidências de

falta de ajuste. O χ2/gl do Modelo de Mensuração unidimensional com as 5 variáveis

originalmente propostas foi 17,2 – muito acima do limite esperado. O RMSEA foi 0,11, acima

do limite esperado de 0,05, com um PCLOSE muito baixo, de 0,000. Portanto, a partir dessas

evidências, foi feita uma análise crítica da formulação dos itens de cada uma das 5 variáveis

utilizadas na escala de atitude CEE.

Ao verificar criticamente as variáveis utilizadas, pode-se perceber que duas variáveis

(CEE_50 e CEE_53), na verdade, possuem uma formulação mais próxima de um

comportamento do que de atitude. A formulação da variável CEE_50, por exemplo, “Eu

costumo ir ao estádio para assistir a jogos de futebol”, sugere mais um hábito de consumo do

que de atitude. De maneira análoga, a formulação da variável CEE_53, “Eu vou a jogos de

futebol no estádio sempre que posso” também sugere um hábito de consumo, e possivelmente

está mais associada a um comportamento do que a uma atitude. Assim, apesar de as variáveis

CEE_50 e CEE_53 terem apresentado um alto fator de carga no mesmo construto que as

demais variáveis da escala CEE, a análise de conteúdo dos itens sugere falta de validade

nomológica do construto, a qual é evidenciada pelos indicadores de ajuste do modelo

unidimensional com alguns coeficientes aquém do esperado. Para resolver esse problema,

decidiu-se especificar um novo modelo de mensuração da escala CEE, separando as variáveis

CEE_50 e CEE_53 em uma dimensão separada, conforme ilustrado pela Figura 13. Os

indicadores de ajuste também são apresentados na Tabela 22.

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Tabela 22 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo Mensuração Atitude Unidimensional

86,0 ,000 17,2 ,980 ,955 ,117 ,000

Mensuração Reespecificado Atitude Bidimensional

21,4 ,000 5,3 ,995 ,990 ,061 ,208

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.

Figura 13 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Atitude Favorável ao Comparecimento ao Estádio (CEE) com 2 dimensões

Verificou-se que a separação das variáveis CEE_50 e CEE_53 em uma 2a dimensão

contribuiu significativamente para a melhoria dos indicadores de ajuste do modelo. O χ2

apresentou uma drástica redução de cerca de 4 vezes, implicando a queda do χ2/gl do Modelo

de Mensuração de 17,2 para 5,3. O RMSEA caiu 0,06, próximo ao limite esperado de 0,05, e

abaixo do limite “aceitável” de 0,08. Os indicadores de GFI e CFI também melhoraram. Ou

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151

seja, a segregação da variáveis CEE_50 e CEE_53 das demais variáveis se mostrou

apropriada, pois julgou-se que tais variáveis refletem comportamento, e não atitude.

Porém, como a dimensão de comportamento já havia sido mensurada por meio da escala

métrica MCE, que perguntou a frequência de comparecimento ao estádio ao Fã e a intenção

de comparecimento futura, optou-se por eliminar as variáveis CEE_50 e CEE_53 do Modelo

de Mensuração, e prosseguir utilizando a escala CEE com apenas 3 variáveis: CEE_51,

CEE_52 e CEE_54.

Foi então avaliado o Modelo de Mensuração do Comparecimento ao Estádio, considerando a

avaliação individual da escala métrica MCE, a qual mede a frequência de ida do Fã ao

estádio. O modelo é apresentado pela Figura 14. Ao analisar a escala de Comparecimento ao

Estádio (MCE), verifica-se inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis

observáveis foram bons, sendo o menor coeficiente o da MCE_63 (0,74) e o maior o da

MCE_61 (0,85).

Figura 14 – Modelo de Mensuração da escala de Comparecimento ao Estádio (MCE)

Assim, após analisar as escalas individualmente, foi especificado e analisado o Modelo de

Mensuração correlacionando a Atitude do Fã em relação ao estádio com o Comparecimento

do Fã ao Estádio.

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152

4.3.2.2. Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo

O Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo associando a escala de Atitude

em relação ao Estádio (CEE) e a escala de Comportamento por meio do Comparecimento ao

Estádio (MCE) foi especificado no AMOS, conforme ilustrado pela Figura 15.

Verificou-se que os coeficientes de carga das variáveis observáveis foram muito bons. O

menor coeficiente foi de 0,82 (variável CEE_51) e o maior de 0,90 (variáveis CEE_54 e

MCE_61). A correlação entre as duas dimensões também se mostrou alta (r=0,60) e altamente

significativa (p<000).

Em seguida foram analisados os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração do

Consumo Esportivo considerando atitude e comportamento como variáveis latentes

correlacionadas. Os resultados são apresentados pela Tabela 23.

Figura 15 – Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo com Atitude e Comportamento

Verifica-se que o modelo apresentou indicadores muito bons. O χ2/gl foi de 2,7, com um GFI

e CFI altos, e um RMSEA baixo 0,038 associado a um PCLOSE alto. Foi realizado o teste da

estabilidade dos indicadores de ajuste, replicando a extração dos indicadores para diversos

estratos da amostra (gênero, faixa etária e time). Esses resultados também são apresentados

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153

pela Tabela 23. Verificou-se que o modelo apresentou indicadores ainda melhores quando

avaliado por meio de grupos, o que suporta a estabilidade dos indicadores de ajuste do modelo

especificado e sua adequação aos dados.

Tabela 23 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo

Modelo χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo Mensuração 21,5 ,006 2,7 ,992 ,987 ,038 ,830

Feminino 22,5 ,004 2,8 ,988 ,977 ,057 ,307

Masculino 9,0 ,340 1,1 ,992 ,998 ,014 ,943

Até 30 anos 19,4 ,013 2,4 ,983 ,973 ,050 ,460

> 30 anos 22,2 ,004 2,7 ,989 ,980 ,055 ,346

Internacional 17,3 ,026 2,1 ,988 ,982 ,045 ,577

Grêmio 15,2 ,055 1,9 ,990 ,987 ,039 ,689

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

Assim, foi validado o Modelo de Mensuração do Consumo do Evento Esportivo, especificado

com duas dimensões – atitude e comportamento - , cada uma com 3 variáveis observáveis. Em

seguida são apresentados os resultados da análise das escalas gerais de Identificação do Fã

com o Esporte.

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154

4.4. ESCALAS GERAIS DE IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O ESPORTE

Nesta seção são analisadas as 3 escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte: (1)

escala geral de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (IEG), (2) escala geral de

Identificação do Fã com o Time Esportivo (ITG) e (3) escala geral de Identificação do Fã com

as Celebridades Esportivas (ICG).

Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, os

resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC).

4.4.1. AFE: Escalas Gerais de Identificação com o Esporte

Na Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com o Esporte, são

apresentados 3 tipos de análise: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a verificação

da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura Fatorial,

contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3) análise da

Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente e Validade Discriminante.

4.4.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais

As escalas gerais de identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, time esportivo e

celebridades esportivas foram inicialmente submetidas à Análise Fatorial Exploratória através

do método de extração pelo autovalor (Eigenvalue), com rotação Direct Oblimin, utilizando-

se tanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes Principais. O

resultado é apresentado na Tabela 24.

Inicialmente, pode-se verificar que a adequação da análise fatorial para esse conjunto de

dados é boa: o indicador KMO foi de 0,879 e o indicador de Esfericidade de Bartlett de 6229

(p-valor < 0,000). Além disso, todos os itens apresentaram um alto MSA; o menor MSA foi

0,818, alto. A comunalidade dos itens foi satisfatória, com exceção do item ITG_32, que

apresentou indicador de comunalidade de 0,390 na extração através da Fatoração dos Eixos

Principais – abaixo do limite esperado de 0,50.

Entretanto, verificou-se que, utilizando o método de autovalor, a estrutura fatorial

considerando a amostra total apresentou-se bidimensional. As escalas de identificação com a

Modalidade Esportiva e de identificação com o time se uniram considerando a amostra total.

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155

Os fatores de carga, destacados em negrito, apresentaram coeficientes bons. Nenhum item

apresentou um fator de carga abaixo do limite esperado de 0,50.

Utilizando-se a técnica de Fatoração dos Eixos principais, verificou-se que a variância total

explicada foi de 60,2%, e utilizando-se Componentes Principais, 69,4%. A estrutura fatorial

permaneceu bidimensional em ambos os métodos de extração.

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Tabela 24 – Escalas Gerais de Identificação: Estrutura Fatorial das Escalas

Fatoração Eixos Principais Componentes Principais

Cod. Item Modalidade

e Time Celebridade Comun.

Modalidade e Time

Celebridade Comun. MSA

IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .867 -.043 .715 .879 -.026 .754 .875

IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.

.827 -.005 .680 .848 .010 .726 .895

IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .725 -.051 .491 .798 -.080 .591 .916

ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.

.719 .077 .579 .774 .071 .649 .932

ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].

.744 .047 .591 .793 .043 .659 .864

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.

.845 .039 .748 .857 .053 .775 .859

ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador].

-.094 .667 0,390a -.159 .883 .690 .818

ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador] . .096 .737 .624 .144 .772 .708 .855

ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador]. .136 .699 .603 .179 .743 .693 .859

Variância explicada 50.0% 10.2% 54.1% 15.3%

Variância Total Explicada 60.2% 69.4%

KMO 0.879

Bartlett (sig) 6229 (0,000)

Nota: a comunalidade abaixo do limite mínimo sugerido de 0,5

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157

4.4.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos

Para verificar a estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados, foi realizado o teste de

diferença da estrutura entre grupos, considerando-se gênero, faixa etária, tipo de Fã (sócio ou

não-sócio) e time. O método utilizado foi de extração através do autovalor (Eigenvalue), com

Rotação Direct Oblimin, e técnica de Componentes Principais. O resultado é apresentado na

Tabela 25.

Verifica-se inicialmente que a adequação da Análise Fatorial Exploratória para todos os

grupos é alta: o KMO foi superior ao limite mínimo esperado (0,7) para todos os grupos. Com

efeito, o menor KMO foi 0,811 (sócios).

Verificou-se que a estrutura fatorial realizando o teste entre grupos não variou. Ou seja, foi

verificada a estabilidade da estrutura bidimensional sugerida anteriormente. As dimensões

das escalas gerais de identificação com a Modalidade Esportiva e de identificação com o time

permaneceram unidas, separadas da identificação com as celebridades esportivas.

Assim, verificou-se que a estrutura fatorial apresentou estabilidade quando realizado o teste

entre grupos. A união das 2 dimensões ao se considerar a amostra total e a análise de

diferenças entre grupos foi compreendida como um indício de alta correlação entre as

dimensões Modalidade Esportiva e time.

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Tabela 25 – Escalas Gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial

Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)

Gênero Faixa Etária Fã Time

Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio

IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol.

.874 .854 .897 .849 .878 .803 .885 .868

IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.

.818 .847 .857 .831 .845 .731 .850 .843

IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .781 .758 .849 .723 .786 .723 .737 .848

ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a]) de verdade.

.735 .797 .775 .778 .740 .723 .768 .777

ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].

.792 .825 .791 .816 .767 .712 .774 .814

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.

.871 .866 .842 .884 .836 .806 .849 .862

ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o <nome do jogador> .

.881 .875 .882 .879 .868 .808 .884 .882

ICG_33 Eu me identifico com o <nome do jogador> . .808 .789 .762 .785 .792 .816 .791 .749

ICG_34 Eu sou um grande Fã do <nome do jogador> . .763 .710 .735 .755 .756 .790 .721 .757

N 570 610 581 599 914 266 590 590

KMO .872 .882 .882 .873 .871 .811 .869 .882

Bartlett

(sig)

2996 (0,000)

3094 (0,000)

3240

(0,000) 3017

(0,000)

4567 (0,000)

907 (0,000)

2825

(0,000) 3445

(0,000)

Variância Explicada 68.5% 68.9% 71.1% 67.8% 68.0% 60.7% 67.3% 71.5%

Nota: todas as escalas apresentaram estrutura fatorial bidimensional na extração pelo Eigenvalue, com a união das escalas de Time e Modalidade

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159

4.4.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante

Inicialmente, avaliou-se a confiabilidade das escalas gerais de identificação com a

modalidade, com o time e com as celebridades esportivas através do alfa de Cronbach. As 3

escalas apresentaram indicadores satisfatórios, com alfas acima de 0,70 – o que pode ser

considerado um bom indicador, principalmente se for considerado que cada escala possuía

apenas 3 itens. Dos 9 itens analisados, apenas 1 item (ITG_19) aumentaria a alfa se fosse

excluído.

A validade convergente pode ser claramente verificada nos coeficientes de correlação. Esta

análise também utilizou a Correlação por Postos de Spearman, uma vez que as variáveis

foram medidas utilizando uma escala intervalar tipo Likert com 7 pontos.

Por outro lado, verificou-se, também, que os coeficientes de correlação fora da região

demarcada na tabela também foram altos, alguns deles com coeficientes próximos a 0,60. Isso

explica o fato de a Análise Fatorial Exploratória inicial, com extração das dimensões

utilizando-se o autovalor ter apresentado uma estrutura bidimensional.

Decidiu-se, então, realizar uma Análise Fatorial Exploratória utilizando como critério de

extração a especificação prévia do número de fatores, no caso 3 fatores, apresentada na

Tabela 26.

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Tabela 26 – Escalas Gerais de Identificação: Matriz de Correlação

Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)

Esporte Time Celebridade

α = 0,871 α = 0,875 α = 0,760

Cod Item Média DP 7 8 9 19 20 21 32 33 34

IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. 5.2 1.77 1

IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.

4.4 1.92 .758 1

IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. 5.1 2.05 .683 .623 1

ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.

5.9 1.47 .615 .557 .488 1

ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].

4.9 2.10 .569 .560 .431 .659 1

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.

5.2 1.82 .624 .642 .516 .689 .795 1

ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador] .

3.4 1.96 .186 .233 .133 .151 .167 .195 1

ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador]. 4.5 1.81 .371 .374 .294 .358 .367 .390 .478 1

ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] . 5.2 1.66 .376 .355 .285 .392 .365 .406 .461 .604 1

Correlação item-total corrigida 0.80 0.77 0.70 0.71 0.79 0.84 0.53 0.64 0.62

Alfa se o item for excluído 0.784 0.805 0.868 0,885 a 0.815 0.751 0.757 0.628 0.654

Nota: a a exclusão do item aumenta o alfa.

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Verificou-se uma alta adequação da Análise Fatorial Exploratória utilizando a extração com

número pré-especificado de fatores. O indicador KMO foi de 0,879 e o Índice de Esfericidade

de Bartlett foi de 6229 (p-valor < 0,000). A variância total explicada foi alta: 66% utilizando a

técnica de Fatoração dos Eixos Principais e 77,4% utilizando a técnica de Componentes

Principais. Além disso, todos os itens apresentaram valores satisfatórios de comunalidade,

com exceção da variável ITG_32, que apresentou uma comunalidade de 0,398, abaixo do

limite mínimo esperado de 0,50. De toda sorte, o MSA foi bastante alto: o item com menor

valor apresentou MSA de 0,818.

Verificou-se que, nessa extração através da pré-especificação de 3 fatores, todos os 9 itens

“carregaram” exatamente nas escalas em que se esperava. Os coeficientes de carga,

destacados em negrito na Tabela 27, apresentaram altos valores, não havendo nenhum item

abaixo do limite mínimo esperado de 0,50. Esse resultado sugere que as 3 dimensões

hipotetizadas existem, de fato. Contudo, devido ao fato de a identificação com a Modalidade

Esportiva e a identificação com o time esportivo estarem altamente correlacionadas entre si, a

técnica de extração pelo autovalor (Eigenvalue) não foi capaz de separar essas dimensões.

Então foi realizado o teste da estabilidade da estrutura fatorial através da análise de diferença

de cargas fatoriais entre grupos, conforme apresentado pela Tabela 28. A estrutura mostrou-se

estável, com altos valores de carga para os itens. A única exceção foi o item ITG_19, cujo

fator de carga ficou em 0,355, abaixo do limite mínimo esperado de 0,50.

De uma maneira geral, julgou-se a estrutura fatorial satisfatória. o KMO e Índice de

Esfericidade de Bartlett foram altos para todos os grupos, evidenciando a adequação da

Análise Fatorial Exploratória. Além disso, a variância explicada pelos construtos foi bastante

similar entre os diversos grupos, ao redor de 75%.

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Tabela 27 – Escalas gerais Identificação: Estrutura Fatorial extraída pelo critério de pré-especificação do número de fatores

Fatoração Eixos Principais Componentes Principais

Cod. Item Esporte Time Celebri-

dade Comuna-

lidade. Esporte Time

Celebri-dade

Comuna-lidade

MSA

IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol.

.895 -.013 -.003 .817 .770 .191 .018 .820 .875

IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.

.764 -.089 .038 .728 .751 .177 .053 .792 .895

IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .793 .041 -.011 .574 .967 -.107 -.011 .815 .916

ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a]) de verdade.

.191 -.572 .074 .591 .110 .766 .047 .732 .932

ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].

-.056 -.901 .001 .740 -.003 .905 .006 .821 .864

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.

.059 -.883 .002 .866 .173 .794 .032 .849 .859

ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o <nome do jogador> .

-.012 .091 .674 0,398a .056 -.218 .891 .725 .818

ICG_33 Eu me identifico com o <nome do jogador> . .045 -.056 .740 .626 .037 .143 .764 .708 .855

ICG_34 Eu sou um grande Fã do <nome do jogador> . -.006 -.153 .694 .601 -.068 .293 .722 .705 .859

Variância explicada 50.8% 4.8% 10.5% 8.0% 54.1% 15.3%

Variância total explicada 66.0% 77.4%

KMO 0.879

Bartlett (sig) 6229 (0,000)

Nota: a comunalidade abaixo do limite mínimo sugerido de 0,5

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Tabela 28 – Escalas gerais de Identificação: teste da estabilidade da Estrutura Fatorial pelo critério de pré-especificação do número de fatores

Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)

Gênero Faixa Etária Fã Time

Cod. Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de

futebol. .752 .773 .818 .729 .772 .765 .807 .738

IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.

.737 .777 .830 .683 .741 .746 .767 .746

IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .962 .910 .907 .983 .959 .939 .946 .973

ITG_19 Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.

.835 -.640 -.761 .738 .773 -0,354a .713 .824

ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do[Grêmio/ Internacional].

.920 -.765 -.786 .947 .924 -.911 .915 .879

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Internacional] é muito importante para mim.

.782 -.721 -.696 .826 .806 -.811 .767 .811

ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador].

.886 .846 .918 .874 .887 .798 .877 .905

ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador].

.807 .805 .717 .790 .786 .811 .787 .736

ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] .

.750 .733 .660 .762 .731 .790 .717 .717

N 570 610 581 599 914 266 590 590

KMO .872 .882 .882 .873 .871 .811 .869 .882

Bartlett (sig) 2996

(0,000) 3094

(0,000)

3240 (0,000)

3017 (0,000)

4568

(0,000) 907

(0,000)

2825 (0,000)

3445 (0,000)

Variância Explicada 77.3% 76.7% 78.3% 76.8% 76.6% 70.5% 76.0% 78.9%

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164

4.4.2. AFC: Escalas gerais de Identificação com o Esporte

A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã com o Esporte

contempla 4 tipos de análise: (1) Modelo de Mensuração individual de cada escala,

contemplando o teste de unidimensionalidade, e (2) análise do Modelo de Mensuração

completo das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte.

4.4.2.1. Modelo de Mensuração individual das escalas de Identificação do Fã com o Esporte

Inicialmente, foi realizada a AFC individual do Modelo de Mensuração de cada uma das três

escalas gerais de Identificação com o Esporte – Identificação com a Modalidade (IEG),

Identificação com o Time (ITG) e Identificação com a Celebridade Esportiva (ICG) – foi

analisada individualmente. Para isso, as escalas foram especificadas individualmente no

AMOS.

Ao analisar a escala de Identificação com a Modalidade Esportiva (IEG), verifica-se

inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis observáveis foram bons, sendo o

menor coeficiente o da IEG_09 (0,76) e o maior o da IEG_07 (0,90), conforme ilustrado pela

Figura 16.

Figura 16 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (IEG)

Ao analisar a escala de Identificação com o Modalidade Time Esportivo (ITG), verifica-se

inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis observáveis foram bons, sendo o

menor coeficiente o da ITG_19 (0,75) e o maior o da ITG_21 (0,94), conforme ilustrado pela

Figura 17.

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Figura 17 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo (ITG)

Ao analisar a escala de Identificação com a Celebridade Esportiva (ICG), verifica-se

inicialmente que os fatores de carga para as 3 variáveis observáveis foram aceitáveis, sendo o

menor coeficiente o da ICG_32 (0,61) e o maior o da ICG_33 (0,80), conforme ilustrado pela

Figura 18.

Figura 18 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva (ICG)

Assim, a AFC individual das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte apresentou

bons indicadores de coeficientes de carga, sugerindo aa adequação de se prosseguir a análise

por meio da especificação do Modelo de Mensuração correlacionando as 3 variáveis latentes.

4.4.2.2. Modelo de Mensuração das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte

Foi então especificado o Modelo de Mensuração das escalas gerais de Identificação do Fã

com o Esporte, compreendendo as escalas IEG, ITG e ICG, conforme apresentado pela Figura

19.

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166

Figura 19 – Modelo de Mensuração completo das escalas gerais de Identificação do Fã com o Esporte

O Modelo de Mensuração com as escalas IEG, ITG e ICG correlacionadas apresentou bons

fatores de carga para as variáveis observáveis. Percebe-se que a maior parte dos fatores de

carga da cada variável observável do Modelo de Mensuração completo apresenta uma

pequena diferença em relação aos Modelos de Mensuração individuais em virtude da

correlação. A variável IEG_09, por exemplo, quando analisada individualmente, apresentou

fator de carga de 0,90; já no modelo completo com as 3 escalas correlacionadas, apresentou

fator de carga de 0,89. A verificação de diferenças mínimas dos fatores de carga é uma

evidência inicial da estabilidade das variáveis utilizadas.

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167

Foram então extraídos e analisados os indicadores de ajuste do modelo. Os resultados são

apresentados pela Tabela 29.

Verificou-se que os indicadores de ajuste do modelo aos dados é bom. O GFI e o CFI ficaram

acima do limite mínimo esperado. Considerando a amostra total, percebe-se que o RMSEA

(0,058), embora tenha ficado ligeiramente acima do limite esperado de 0,05, ficou dentro do

limite aceitável de 0,08. Da mesma forma, o χ2/gl ficou acima do limite esperado de 4,9,

porém ainda dentro do limite aceitável de 5,0.

Tabela 29 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das Escalas gerais de Identificação com o Esporte

Modelo χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo Mensuração 117,5 ,000 4,9 ,971 ,924 ,058 ,109

Feminino 60,6 ,000 2,5 ,977 ,952 ,052 ,401

Masculino 77,9 ,000 3,2 ,957 ,894 ,061 ,111

Até 30 anos 75,6 ,000 3,1 ,965 ,919 ,061 ,114

> 30 anos 70,4 ,000 2,9 ,967 ,927 ,057 ,215

Internacional 72,2 ,000 3,0 ,964 ,916 ,058 ,171

Grêmio 76,7 ,000 3,1 ,968 ,921 ,061 ,108

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.

Para testar a estabilidade do modelo, o procedimento de análise foi replicado para diversos

estratos da amostra (gênero, faixa etária e time). Os indicadores de ajuste do modelo de cada

estrato são apresentados conjuntamente com os indicadores do Modelo de Mensuração geral

na Tabela 29. Ao segmentar a análise em estratos, verifica-se que os indicadores de ajuste

melhoram sensivelmente, refletindo a melhoria esperada quando se analisa um estrato mais

homogêneo. Os indicadores de ajuste para o estrato masculino, por exemplo, melhoraram

sensivelmente: o χ2/gl caiu de 4,9 para 3,2; para o estrato feminino, o χ2/gl melhorou ainda

mais, caindo para 2,5. A segmentação por time e faixa etária também apresenta melhorias de

ajuste similares. Assim, foi verificado que o modelo especificado se ajusta bem aos dados.

Assim, uma vez suportada a validade do Modelo de Mensuração das escalas gerais de

Identificação do Fã com o Esporte (escalas IEG, ITG e ICG), prosseguiu-se a análise com a

especificação de um modelo completo, integrando o Modelo de Mensuração das escalas

gerais de Identificação com o Esporte com o Modelo de Mensuração do Consumo do Evento

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168

Esportivo validado anteriormente. A próxima seção, portanto, apresenta os resultados da

influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo por meio

do Comparecimento ao Estádio.

4.5. A INFLUÊNCIA DA IDENTIFICAÇÃO COM O ESPORTE NO CONSUMO DO

EVENTO ESPORTIVO

Nesta seção são apresentados os resultados da análise do Modelo Estrutural hipotetizando que

a Identificação do Fã com o Esporte influencia o Consumo do Evento Esportivo. Como as

escalas utilizadas no Modelo Estrutural proposto já foram avaliadas por meio da Análise

Fatorial Exploratória e da Análise Fatorial Confirmatória, conforme resultados apresentados

anteriormente, nesta seção se avalia diretamente o Modelo Estrutural. A seção está dividia em

3 partes: inicialmente apresentam-se os resultados considerando a amostra total de 1180 Fãs.

Depois, segmenta-se a amostra em dois estratos, considerando o time como variável de

controle.

4.5.1. Análise do Modelo Estrutural

Inicialmente, apresentam-se os resultados considerando a amostra total de 1180 Fãs. Esses

resultados foram divididos em 3 análises: (1) análise do Modelo de Mensuração da Influência

da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo, (2) Confiabilidade,

Validade Convergente e Validade Discriminante do modelo, e (3) Teste das Hipóteses do

Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento

Esportivo.

4.5.1.1. Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo

do Evento Esportivo

O modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do

Evento Esportivo foi especificado no AMOS, conforme apresentado pela Figura 20.

Verifica-se inicialmente que os fatores de carga das variáveis observáveis permaneceram

bastante similares àqueles apresentados anteriormente no Modelo de Mensuração das escalas

gerais de Identificação com o Esporte e no Modelo de Mensuração do Consumo Esportivo,

atestando a estabilidade dos indicadores.

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169

Figura 20 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo

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170

Ao analisar a variável dependente foco do estudo, o Comparecimento ao Estádio (MCE),

verifica-se que as variáveis antecedentes consideradas no modelo conseguem explicar 40% da

variância da MCE. Destaca-se que a influência das variáveis latentes de Identificação do Fã

com o Esporte (IEG, ITG e ICG) foi modelada de maneira a apresentar tanto um efeito direto

sobre o Comparecimento ao Estádio quanto um efeito indireto, nesse através do efeito

mediador da Atitude do Fã com o Estádio. Conseguiu-se explicar 38% da variância da Atitude

do Fã com o Estádio considerando as variáveis de Identificação como antecessoras da Atitude

com o Estádio.

Foram então extraídos e analisados os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da

Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo. Os resultados

são apresentados na Tabela 30.

Verifica-se inicialmente um excelente ajuste do Modelo Estrutural considerando a Amostra

Total, com um GFI de 0,952, um CFI de 0,904, um RMSEA de 0,048 e um PCLOSE de 0,683

– indicadores todos acima do limite mínimo esperado. O χ2/gl foi de 3,7 – um pouco acima

do limite esperado, porém ainda dentro do limite aceitável de 5,0.

Para testar a estabilidade da estrutura fatorial, foi realizado o procedimento de replicação dos

indicadores de ajuste considerando diversos estratos da amostra (gênero, faixa etária e time).

Os resultados também são apresentados na Tabela 30.

Tabela 30 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo

Modelo Estrutural χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Amostra Total 299.2 .000a 3.7a .952 .904 .048 .683

Feminino 165.2 .000a 2.1 .965 .943 .043 .878

Masculino 200.0 .000a 2.5 .936 .899a .050 .513

Até 30 anos 285.3 .000a 3.6 .920 .840a .067a .001a

> 30 anos 208.1 .000a 2.6 .949 .920 .052a .356a

Internacional 224.1 .000a 2.8 .941 .888a .055a .148a

Grêmio 191.3 .000a 2.4 .948 .917 .049 .590

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.

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Verifica-se que, em geral, os indicadores de ajuste do modelo apresentam melhoria ao se

segmentar a amostra, o que pode ser considerado um reflexo da seleção de grupos com

comportamento mais homogêneo. Ao analisar o estrato de Fãs do gênero masculino, por

exemplo, o χ2/gl cai de 3,7 para 2,5; para as Fãas do gênero feminino o χ2/gl cai ainda mais:

vai para 2,1.

Assim, verificou-se que os indicadores de ajuste do modelo são estáveis, apresentando

pequenas diferenças, as quais foram compreendidas como uma consequência natural da

diferença entre grupos – diferenças essas que foram testadas e são apresentadas

posteriormente.

4.5.1.2. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo de

Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento

Esportivo

Uma vez validada a estabilidade da estrutura fatorial do Modelo de Mensuração da Influência

da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo, foram avaliados os

indicadores de Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo

Estrutural. A Confiabilidade foi analisada através do CR de cada escala. A Validade

Convergente foi avaliada pelos fatores de carga apresentados por cada variável observável no

construto esperado e também pelos coeficientes de correlação. A Validade Discriminante foi

avaliada por meio da comparação do Quadrado das Correlações entre os itens e o a Variância

Extraída (AVE) de cada escala. Todos esses indicadores são apresentados na Tabela 31.

Verifica-se inicialmente que o CR das escalas foi bom. Todas as escalas apresentaram um CR

acima do limite mínimo esperado de 0,700. As escalas de Consumo Esportivo apresentaram

CRs altos: a Atitude com o Estádio (CEE) apresentou um CR de 0,902 e o Comparecimento

ao Estádio (MCE) apresentou um CR de 0,919. As escalas de Identificação também

apresentaram CRs adequados. Considerando a amostra total, a escala com o pior CR em

relação às demais foi a escala de Identificação do torcedor com a Celebridade Esportiva.

Entendeu-se que isso poderia decorrer principalmente do efeito da variável ICG_32, a qual,

conforme indicadores apresentados anteriormente na AFE, teve desempenho um pouco ruim.

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Tabela 31 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento

Escalas Gerais de Identificação com o Esporte Escalas de Consumo Esportivo

Modalidade Time Celebridade Atitude com

Estádio

Comparecimento ao Estádio

Cod. Item CR = .880 CR =.884 CR =.779 CR =.902 CR =.919 IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .760 IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim. .767 IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .605 ITG_19 Eu me considero um(a) Gremista/Colorado de verdade. .590 ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do

Grêmio/Internacional. .723

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do Grêmio/Internacional é muito importante para mim.

.846

ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador] .

.382

ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador]. .664 ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador]. .582 CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso. .707 CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV,

Rádio ou Internet). .823

CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.

.736

MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?

.817

MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano? .774 MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste

ano? .780

Modalidade .711 .793 .487 .602 .518

Time .629 .720 .491 .551 .446

Celebridade .237 .241 .543 .384 .354

Atitude em relação ao Estádio .362 .304 .147 .755 .591

Comparecimento ao Estádio .268 .199 .125 .349 .790

�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.

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Apesar disso, decidiu-se manter a variável ICG_32 no modelo, de maneira a preservar a

escala original ao longo da análise. Além disso, como a escala original só contém 3 itens, a

exclusão de um item com desempenho ruim não seria recomendada, uma vez que a variável

latente passaria a ser mensurada com apenas 2 itens. Em uma análise a posteriori, considerou-

se que uma possível razão para a desempenho aquém do esperado da ICG_32 foi sua

formulação parece ser mais ajustada para esportes individuais, como o tênis, do que para

esportes coletivos, como o futebol.

Foi então analisada a Validade Convergente. Verificou-se que os fatores de carga, em geral,

foram razoáveis. Para as escalas de Consumo do Evento Esportivo, todos os itens

apresentaram fatores de carga bons, acima de 0,700. O melhor item da escala CEE (CEE_54),

por exemplo, apresentou fator de carga de 0,823, enquanto o pior item (CEE_51) apresentou

fator de carga de 0,707. O melhor item da escala MCE (MCE_61) apresentou fator de carga

de 0,817, enquanto o pior item (MCE_62) 0,780. Por outro lado, as escalas gerais de

Identificação com o Esporte, apresentaram itens com desempenho relativamente pior.

Considerou-se que isso poderia ser um efeito da variabilidade entre os times, visto que a

presente análise considera os resultados da amostra total.

Foi feita então a análise da Validade Discriminante. Para isso, foram considerados os

indicadores apresentados na matriz da parte inferior da tabela, cuja diagonal principal

apresenta o AVE das escalas. Percebe-se que o Quadrado das Correlações é sempre inferior

ao AVE. Além disso, apesar das correlações estatisticamente significativas e com intensidade

relativamente alta – no patamar entre 0,30 e 0,60 - , percebe-se que nenhuma correlação

ultrapassa o limite máximo de 0,85.

Assim, a análise desses indicadores sugere que os itens de mensuração utilizados no Modelo

Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo

possui Validade Convergente, Validade Discriminante e Confiabilidade.

Dessa forma, deu-se prosseguimento à análise, investigando os paths entre as variáveis

latentes, os quais contemplam o teste das hipóteses de pesquisa.

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4.5.1.3. Teste das Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o

Esporte no Consumo do Evento Esportivo

O teste das hipóteses de pesquisa foi realizado por meio da análise dos paths entre as

variáveis latentes de Identificação e as variáveis latentes de Consumo do Evento Esportivo.

Os paths foram analisados considerando os coeficientes não-padronizados, os coeficientes

padronizados, o CR e o p-valor. Os resultados são apresentados pela Tabela 32.

Todos os paths apresentaram influência estatisticamente significativa (p-valor<0,05), com

exceção da influência da Celebridade Esportiva diretamente no Comparecimento ao Estádio.

Nesse caso, considerando a amostra total, percebe-se que a Identificação do Fã com a

Celebridade não levaria o Fã ao estádio diretamente, porém influenciaria significativamente

sua Atitude ao Estádio, possuindo, portanto, um efeito indireto.

Tabela 32 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esportiva

.522 .419 8.049 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

.213 .172 3.238 .001

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esportiva

.154 .095 2.789 .005

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esportiva

.752 .231 4.511 ***

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

-.048 -.015 -.293 .769

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esportiva

.356 .084 2.494 .013

Comparecimento ao Estádio

<--- Atitude em relação ao Estádio

1.116 .428 14.734 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Todas as demais variáveis apresentaram caminhos significativos. Destaca-se a intensidade da

influência da Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio (coeficiente padronizado

= 0,428), o que sugere efetivamente que a Atitude exerce um papel mediador entre a

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Identificação do Fã com o Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Contudo, esse efeito de

mediação é parcial, uma vez que os paths de Identificação com o Esporte também influenciam

o Comparecimento ao Estádio diretamente, como é o caso da Identificação com a Modalidade

Esportiva (coeficiente padronizado = 0,231).

Assim, considerando a amostra total, foi possível suportar as hipóteses H1a, H1b, H1c, H2a, H2c

e H3.

De toda forma, como a revisão de literatura sugeriu que diferenças na percepção de

desempenho do time pelo Fã pode ter um efeito no elo de identificação do Fã, deslocando a

Identificação do Time para a Celebridade em momentos de derrota (JONES, 2000), e os

resultados observados nesta pesquisa mostraram evidências de diferenças de média entre Fãs

do Grêmio e do Internacional – a média dos itens do construto de Identificação com a

Celebridade Esportiva (dimensão atratividade foi maior para Fãs do Grêmio do que para do

Internacional – decidiu-se investigar um possível efeito do “momento” de cada time nos

resultados. Ou seja, será que, apesar do cuidado em realizar a coleta de dados logo no início

do Campeonato Brasileiro, de maneira a minimizar a influência de possíveis diferenças de

desempenho entre os times (que era de apenas 2 pontos durante a coleta), o grau de

identificação com o Time entre Fãs do Grêmio e do Internacional seria o mesmo?

Adicionalmente, será que o nível de identificação com o Time do Fã do Grêmio e do

Internacional influenciaria o número de jogos assistidos no Estádio?

Assim, para responder a essas perguntas, decidiu-se realizar uma análise do efeito do grau de

Identificação do Fã com o Time no Comparecimento ao Estádio.

4.5.1.4. Efeito da Baixa/Alta Identificação no Comparecimento ao Estádio

Para analisar o efeito do grau de Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio

decidiu-se separar os Fãs do Grêmio e do Internacional em dois grupos: Baixa e Alta

Identificação com o time.

Para isso, decidiu-se utilizar a variável de mensuração do grau de sobreposição da Identidade

do Fã com a Identidade do Time (SIT_60), mensurada conforme sugerido por Bagozzi (2001),

para segmentar a amostra em dois grupos. Assim, inicialmente analisou-se a distribuição da

variável, que é apresentada pela Figura 38.

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176

Figura 38 – Sobreposição da Identificação com o Time

A variável SIT_60 apresentou média de 4,30 e mediana de 5 (amostra total). Observa-se pela

Figura 38 que a distribuição da SIT_60 não se aproxima de uma distribuição normal,

apresentando significativamente mais observações de Fãs altamente identificados com o time.

Esse resultado já era esperado, uma vez que se utilizou como pergunta de filtro no

questionário a autodeclaração do entrevistado como torcedor. Apesar disso, a distribuição de

Fãs por cada nível da escala foi similar entre Fãs do Grêmio e do Internacional, sendo que

todos os pontos da escala lograram um número razoável de observações. Considerando essa o

perfil de distribuição da variável, decidiu-se utilizar como critério de corte para a formação de

dois grupos a Mediana da SIT_60.

Assim, considerando a Mediana, foram gerados dois grupos de Fãs: Alta e Baixa Identificação

com o Time.

Para mensurar o Comparecimento ao Estádio nessa análise, optou-se por utilizar tanto uma

variável referente ao Consumo do Evento Esportivo no passado recente (MCE_61) quanto

uma variável de intenção futura de Consumo do Evento Esportivo (MCE_63). Essa decisão

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177

foi tomada em consonância com a literatura, conforme apresentado na discussão da escala de

Consumo Esportivo PB.

Assim, foram então realizados testes de diferenças de médias do número de jogos assistidos

no Estádio para os Fãs do Internacional e do Grêmio, considerando-se três grupos: o total de

Fãs de cada time, os segmento de Fãs com baixa identificação e o segmento com alta

identificação de cada time. Os resultados são apresentados pela Tabela 33.

Verifica-se que os Fãs do Internacional assistiram, na média, 5,38 jogos em 2010, enquanto os

do Grêmio assistiram 5,15 jogos. O teste de diferenças entre médias apontou que essa

diferença não é estatisticamente significativa. Da mesma forma, o teste de médias para a

intenção de comparecimento ao Estádio ao longo do restante do ano de 2011 não apresentou

diferenças significativas entre os grupos, tendo sido de 4,99 jogos para o Internacional e de

4,44 para o Grêmio. Ou seja, ao considerar os Fãs de cada time como um grupo homogêneo,

não foram verificadas diferenças.

Foi então realizado o teste de médias segmentando os Fãs do Internacional e do Grêmio em

grupos de Baixa e Alta Identificação. Ao fazer isso, obteve-se um resultado interessante:

embora não haja diferenças entre os Fãs altamente identificados do Grêmio e do Inter, foram

observadas diferenças entre os Fãs com Baixa Identificação do Grêmio e do Inter. Enquanto

os Fãs com baixa Identificação do Internacional foram, em média, a 2,44 jogos no Beira-Rio,

os Fãs com baixa Identificação do Grêmio foram, em média, a apenas 1,65 jogos. Essa

diferença é destacada pelas Figuras 39 e 40. A diferença entre os times considerando a

variável de intenção de comparecimento futuro ao Estádio (MCE63) também foi significativa

entre os Fãs do Grêmio e do Internacional.

Assim, observa-se que, apesar dos Fãs altamente Identificados com o Time do Grêmio e do

Internacional apresentarem um comportamento idêntico de frequência de comparecimento ao

Estádio, quando se comparam apenas os Fãs com baixa identificação com o time os resultados

entre Fãs do Grêmio e do Internacional são distintos.

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Tabela 33 – �úmero de Jogos Assistidos no Estádio: comparativo entre Fãs do Grêmio e do Internacional

N° de jogos assistidos no Estádio em 2010 (variável MCE_61)

N° de jogos que pretende assistir no Estádio até o final de 2011 ( variável MCE_63)

Internacional Grêmio

Teste t Internacional Grêmio

Teste t

t p-valor t p-valor

Geral 5.38 5.15 0.499 0.618 4.59 4.44 0.437 0.662

Baixa Identificação 2.44 1.65 2.266 0.024 2.17 1.68 1.959 0.051

Alta Identificação 8.32 8.29 0.034 0.973 7.02 6.92 0.169 0.866

Teste t t -9.566 -11.110 -10.522 -11.701

p-valor *** *** *** ***

Nota: *** Significativo ao nível de 0,001.

6

7

8

9

Internacional Grêmio

MCE 61 Alta Identificação

MCE63 Alta Identificação

0

1

2

3

Internacional Grêmio

MCE 61 Baixa Identificação

MCE63 Baixa Identificação

Figura 40 – �° de Jogos Assistidos –Baixa Identificação Figura 39 – �° de Jogos Assistidos –Alta Identificação

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179

Conforme apresentado na Revisão de Literatura, Fisher e Wakefield (1998) já haviam

detectado que o nível de identificação do Fã pode “se deslocar” de um elo de ligação para

outro (como, por exemplo, do Time para a Celebridade Esportiva) em função do desempenho

do time. Com efeito, ao verificar essas diferenças entre dois times considerados nesse estudo,

os autores decidiram apresentar os resultados de cada time separadamente para destacar as

diferenças de cada time.

Assim, com base nos resultados encontrados neste estudo, e considerando a sugestão de

Fisher e Wakefield (1998), decidiu-se prosseguir a análise, separando a amostra entre Fãs do

Grêmio e do Internacional. Foram então replicados os diversos procedimentos de Análise do

Modelo de Mensuração, Confiabilidade, Validade Convergente, Validade Discriminante para

Fãs do Grêmio e do Internacional. Decidiu-se, também, testar as hipóteses de pesquisa para

cada um desses grupos, no intuito de detectar possíveis diferenças. Além disso, em virtude

das diferenças entre os Fãs dos dois times, os testes de moderação do efeito do Gênero e da

Faixa Etária não foram realizados para a amostra total, mas sim considerando o grupo de Fãs

do Grêmio e do Internacional isoladamente.

4.5.2. Segmentação da análise: Fãs do Internacional

Após apresentar os resultados para amostra total de 1180 Fãs, nesta seção é reproduzida a

análise anterior, porém restringindo os dados ao estrato de Fãs do Internacional (N=590).

Esses resultados foram divididos em 3 análises: (1) análise do Modelo de Mensuração da

Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo, (2)

Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do modelo, e (3) Teste das

Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do

Evento Esportivo, (4) Efeito Moderador do Gênero (5) Efeito Moderador da Faixa Etária.

4.5.2.1. Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo

do Evento Esportivo (Internacional)

O modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do

Evento Esportivo considerando apenas os Fãs do Internacional foi especificado no AMOS,

conforme apresentado pela Figura 21.

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Figura 21 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)

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181

Verifica-se que, mesmo quando considerado o estrato da amostra apenas com Fãs do

Internacional, os fatores de carga das variáveis observáveis permaneceram bastante similares

àqueles apresentados anteriormente no Modelo de Mensuração das escalas gerais de

Identificação com o Esporte e no Modelo de Mensuração do Consumo Esportivo, atestando a

estabilidade dos indicadores.

Ao analisar a variável dependente foco do estudo, o Comparecimento ao Estádio (MCE),

verifica-se que as variáveis antecedentes consideradas no modelo conseguem explicar 44% da

variância da MCE – um pouco a mais do que o resultado obtido para a amostra total (40%).

Além disso, conseguiu-se explicar 41% da variância da Atitude do Fã com o Estádio

considerando as variáveis de Identificação como antecessoras da Atitude com o Estádio.

Os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração segmentados por time já foram

apresentados anteriormente .Para o Internacional, o χ2/gl foi de 2,8; o GFI de 0,941, o CFI

0,888, o RMSEA 0,055 e o PCLOSE 0,148.

4.5.2.2. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo de

Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento

Esportivo (Internacional)

De maneira análoga aos testes realizados com a amostra total, foram avaliados os indicadores

de Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo Estrutural.

Esses indicadores são apresentados na Tabela 34.

Verifica-se inicialmente que o CR das escalas foi bom. Todas as escalas apresentaram um CR

acima do limite mínimo esperado de 0,700. As escalas de Consumo Esportivo apresentaram

CRs altos. As escalas de Identificação também apresentaram CRs adequados.

Verificou-se, contudo, que, ao segmentar a amostra por time, o desempenho da variável

ICG_32 melhorou bastante, suportando a decisão anterior de se manter a variável ICG_32 no

modelo.

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Tabela 34 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)

Escalas Gerais de Identificação com o Esporte Escalas de Consumo Esportivo

Modalidade Time Celebridade Atitude com

Estádio

Comparecimento ao Estádio

Cod. Item CR =.880 CR =.874 CR =.759 CR =.913 CR =.899 IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .890 IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim. .854 IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .780 ITG_19 Eu me considero um(a) Colorado(a) de verdade. .790 ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do

Internacional. .812

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do Internacional é muito importante para mim. .901 ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do

jogador] . .602

ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador]. .817 ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] . .721 CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso. .818 CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia (TV,

Rádio ou Internet). .938

CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio. .887

MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado? .877 MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano? .862 MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano? .856

Modalidade .710 .770 .477 .630 .544

Time .593 .698 .511 .525 .480

Celebridade .228 .261 .517 .406 .446

Atitude em relação ao Estádio .397 .276 .165 .779 .610

Comparecimento ao Estádio .296 .230 .199 .372 .748

�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.

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183

Foi então analisada a Validade Convergente. Verificou-se que os fatores de carga, em geral,

foram boas, apresentando uma pequena melhora em relação à amostra total. Para as escalas de

Consumo do Evento Esportivo, todos os itens apresentaram fatores de carga bons, acima de

0,800. O melhor item da escala CEE (CEE_52), por exemplo, apresentou fator de carga de

0,938, enquanto o pior item (CEE_51) apresentou fator de carga de 0,818. O melhor item da

escala MCE (MCE_61) apresentou fator de carga de 0,877, enquanto o pior item (MCE_63)

0,856. Ao segmentar a amostra, as escalas gerais de Identificação com o Esporte apresentaram

indicadores melhores. Houve melhora em praticamente todos os fatores de carga.

Foi feita então a análise da Validade Discriminante. Para isso, foram considerados os

indicadores apresentados na matriz da parte inferior da tabela, cuja diagonal principal

apresenta o AVE das escalas. Percebe-se que o Quadrado das Correlações é sempre inferior

ao AVE. Além disso, apesar das correlações estatisticamente significativas e com intensidade

relativamente alta percebe-se que nenhuma correlação ultrapassa o limite máximo de 0,85.

Assim, a análise desses indicadores sugere que os itens de mensuração utilizados no Modelo

Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo

possui Validade Convergente, Validade Discriminante e Confiabilidade.

Dessa forma, deu-se prosseguimento à análise, investigando os paths entre as variáveis

latentes, os quais contemplam o teste das hipóteses de pesquisa.

4.5.2.3. Teste das Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o

Esporte no Consumo do Evento Esportivo

O teste das hipóteses de pesquisa foi realizado por meio da análise dos paths entre as

variáveis latentes de Identificação e as variáveis latentes de Consumo do Evento Esportivo.

Os paths foram analisados, considerando os coeficientes não-padronizados, os coeficientes

padronizados, o CR e o p-valor. Os resultados são apresentados pela Tabela 35.

Cinco dos oito paths apresentaram influência estatisticamente significativa (p-valor<0,05). Os

paths não significativos foram (1) influência da Identificação com o Time na Atitude com o

Estádio e (2) influência Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio. Esse

resultado sugere que, para os Fãs do Internacional, no momento da pesquisa, o time não é elo

de ligação mais importante para o Fã, mas sim a Modalidade Esportiva. Com efeito, a

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184

influência da Modalidade na Atitude em relação ao Estádio apresentou indicador com maior

intensidade (coeficiente não padronizado de 0,53).

Tabela 35 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esportiva

.732 .530 8.348 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

.076 .052 .744 .457

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esportiva

.249 .127 2.679 .007

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esportiva

.483 .166 2.030 .042

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

.145 .047 .600 .548

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esportiva

.732 .176 2.777 .005

Comparecimento ao Estádio

<--- Atitude em relação ao Estádio

.864 .409 8.776 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

A intensidade da influência da Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio

(coeficiente padronizado = 0,409) sugere que a Atitude exerce um papel mediador entre a

Identificação do Fã com o Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Contudo, esse efeito de

mediação é parcial, uma vez que os paths de Identificação com o Esporte também influenciam

o Comparecimento ao Estádio diretamente.

4.5.2.4. Efeito Moderador do Gênero (Internacional)

Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da

Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do

Internacional.

Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados

são apresentados na Tabela 36.

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185

Tabela 36 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Internacional)

Teste da Equivalência

χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor

Feminino 175.5 0.000 2.2 0.940 0.895 0.065 0.031

Masculino 173.0 0.000 2.2 0.927 0.890 0.062 0.061

Equivalência Estrutura Fatorial

348.6 0.000 2.2 0.934 0.893 0.045 0.909

Equivalência de Fator de Carga

390.1 0.000 2.3 0.927 0.875 0.047 0.790 41.5 10 ***

Equivalência de Fator de Covariância

427.1 0.000 2.4 0.920 0.857 0.049 0.572 37.0 6 ***

Equivalência de Variância de Erro

537.3 0.000 2.8 0.899 0.804 0.055 0.064 110.3 17 ***

Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05

Conforme indicadores apresentados na tabela 36, o p-valor do teste de Equivalência de Fator

de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2

de 41,5). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.

Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do

gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste

do efeito moderador do gênero, cujos resultados são apresentados pela Tabela 37.

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Tabela 37 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)

Modelo Path

Feminino Masculino Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do

∆χ2 p-valor Coeficientes Coeficientes

χ2 gl

∆χ2 ∆gl

n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig

Livre sem restrições

CEE <--- Modalidade 0.599 0.426 *** 0.763 0.461 ***

348.6 160

CEE <--- Time 0.014 0.01 0.899 0.058 0.037 0.653

CEE <--- Celebridade 0.528 0.26 *** 0.295 0.188 0.002

MCE <--- Modalidade -0.06 -0.035 0.709 0.271 0.057 0.561

MCE <--- Time 0.083 0.05 0.461 0.578 0.13 0.169

MCE <--- Celebridade 0.56 0.226 0.01 1.245 0.275 ***

MCE <--- CEE 0.575 0.47 *** 1.106 0.383 ***

Coeficientes dos caminhos

iguais

CEE <--- Modalidade 0.661 0.762 *** 0.661 0.38 ***

397.1 167

48.5 7

14.070 ***

CEE <--- Time 0.032 0.024 0.693 0.032 0.021 0.693

CEE <--- Celebridade 0.375 0.165 *** 0.375 0.258 ***

MCE <--- Modalidade -0.237 -0.11 0.164 -0.237 -0.064 0.164

MCE <--- Time 0.218 0.106 0.083 0.218 0.067 0.083

MCE <--- Celebridade 0.953 0.273 *** 0.953 0.308 ***

MCE <--- CEE 0.784 0.509 *** 0.784 0.368 ***

Liberando um caminho por

vez

CEE <--- Modalidade 0.604 0.816 *** 0.777 0.444 *** 394.7 166 2.4 1 3.840 0.119

MCE <--- Modalidade -0.389 -0.210 0.035 1.018 0.247 *** 364.3 166 32.8 1 3.840 ***

CEE <--- Time -0.046 -0.035 0.613 0.149 0.095 0.139 393.9 166 3.2 1 3.840 0.074

MCE <--- Time 0.055 0.03 0.637 1.295 0.366 *** 366.1 166 31.0 1 3.840 ***

CEE <--- Celebridade 0.312 0.137 0.023 0.396 0.271 *** 396.9 166 0.3 1 3.840 0.617

MCE <-- Celebridade 0.317 0.116 0.106 2.030 0.493 *** 375.9 166 21.2 1 3.840 ***

MCE <--- CEE 0.565 0.443 *** 1.328 0.499 *** 368.5 166 28.6 1 3.840 ***

Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.

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187

Verificou-se que o gênero modera a influência de 4 caminhos: (1) Identificação com a

Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (2) Identificação com o

Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time), Identificação com a Celebridade no

Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade) e (4) Atitude favorável ao Estádio no

Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE). Esses caminhos em que se verificou o efeito

estatisticamente significativo da moderação de gênero foram destacados em negrito na Tabela

37.

Percebe-se que, para esse estrato da amostra, o efeito moderador do gênero foi significativo

em todos os caminhos que ligam a Identificação diretamente ao Comparecimento ao Estádio

(MCE). Ou seja, não foi verificado efeito de moderação de gênero em relação à Atitude com o

Estádio (CEE).

Além disso, para todos os 4 caminhos em que se verificou a moderação do gênero, a

intensidade do efeito moderador foi maior para os respondentes do gênero masculino. O efeito

moderador do gênero na influência da Identificação com a Modalidade no Comparecimento

ao Estádio (MCE <--- Modalidade), por exemplo, foi maior para os homens (coeficiente não

padronizado de 1,018) do que para as mulheres (-0,389). O efeito moderador do gênero na

influência da Identificação com o Time Esportivo no Comparecimento ao Estádio (MCE <---

Time) também foi maior para os homens (coeficiente não padronizado de 1,295) do que para

as mulheres (0,055). O efeito moderador do gênero na influência da Identificação da

Celebridade Esportiva no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade) foi maior para

os homens (coeficiente não padronizado de 2,03) do que para as mulheres (0,317). Por fim, o

efeito moderador do gênero na influência da Identificação da Celebridade Esportiva no

Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE) foi maior para os homens (coeficiente não

padronizado de 1,328) do que para as mulheres (0,565).

Esses resultados sugerem que, embora a influência da Identificação com o Esporte (IEG, ITG

e ICG) no Consumo do Evento Esportivo tenham um poder de explicação razoável

considerando o conjunto amplo de Fãs (homens e mulheres), o efeito dessa Identificação é

potencializado junto aos Fãs do gênero masculino.

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4.5.2.5. Efeito Moderador da Faixa Etária (Internacional)

Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da

Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do

Internacional.

Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados

são apresentados na Tabela 38.

Tabela 38 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Internacional)

Teste da Equivalência

χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor

Até 30 anos 262,3 0,000 3,3 0,896 0,795 0,091 0,000

Mais do que 30 anos

156,6 0,000 2,0 0,950 0,919 0,055 0,237

Equivalência Estrutura Fatorial

419,0 0,000 2,6 0,925 0,859 0,052 0,247

Equivalência de Fator de Carga

454,4 0,000 2,7 0,919 0,845 0,053 0,172 35,4 10 ***

Equivalência de Fator de Covariância

460,0 0,000 2,6 0,918 0,845 0,052 0,244 5,6 6 0,468

Equivalência de Variância de Erro

553,8 0,000 2,9 0,902 0,803 0,056 0,028 93,8 17 ***

Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05

Conforme indicadores apresentados na tabela 38, o p-valor do teste de Equivalência de Fator

de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2

de 35,4). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.

Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do

gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste

do efeito moderador da faixa etária, cujos resultados são apresentados pela Tabela 39.

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Tabela 39 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Internacional)

Modelo Path

Até 30 anos Mais que 30 anos Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do

∆χ2 p-valor Coeficientes Coeficientes

χ2 gl

∆χ2 ∆gl

n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig

Livre sem restrições

CEE <--- Modalidade 0,411 0,290 0,003 0,843 0,552 ***

418,9 160

CEE <--- Time 0,256 0,189 0,075 0,019 0,013 0,864

CEE <--- Celebridade 0,251 0,154 0,012 0,292 0,149 0,013

MCE <--- Modalidade 1,485 0,352 *** 0,486 0,175 0,055

MCE <--- Time -0,154 -0,038 0,621 0,312 0,120 0,070

MCE <--- Celebridade 0,911 0,188 0,001 0,207 0,058 0,339

MCE <--- CEE 0,551 0,185 *** 0,680 0,374 ***

Coeficientes dos caminhos

iguais

CEE <--- Modalidade 0,649 0,811 *** 0,649 0.427 ***

443.0 167

24.083 7

14.070 ***

CEE <--- Time 0.133 0.093 0.126 0.133 0.093 0.126

CEE <--- Celebridade 0.327 0.181 *** 0.327 0.165 ***

MCE <--- Modalidade 1.045 0.263 *** 1.045 0.327 ***

MCE <--- Time 0.062 0.016 0.702 0.062 0.021 0.702

MCE <--- Celebridade 0.545 0.109 0.003 0.545 0.131 0.003

MCE <--- CEE 0.570 0.206 *** 0.570 0.271 ***

Liberando um caminho por

vez

CEE <--- Modalidade 0.501 0.784 *** 0.830 0.513 *** 429.6 166 13.3 1 3.840 *** MCE <--- Modalidade 1.324 0.303 *** 0.587 0.222 0.005 435.9 166 7.1 1 3.840 0.008 CEE <--- Time 0.369 0.091 0.101 -0.013 -0.005 0.936 436.2 166 6.9 1 3.840 0.009 MCE <--- Time 0.369 0.091 0.101 -0.013 -0.005 0.936 440.5 166 2.5 1 3.840 0.113 CEE <--- Celebridade 0.161 0.097 0.079 0.516 0.247 *** 435.8 166 7.1 1 3.840 0.007 MCE <-- Celebridade 1.020 0.203 *** 0.193 0.052 0.359 438.1 166 4.8 1 3.840 0.027 MCE <--- CEE 0.454 0.169 *** 0.657 0.297 *** 441.1 166 1.9 1 3.840 0.170

Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.

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190

Verificou-se que a faixa etária modera a influência de 5 caminhos: (1) Identificação com a

Modalidade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade), (2) Identificação com a

Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (3) Identificação com o

Time na Atitude com o Estádio (CEE <--- Time), (4) Identificação com a Celebridade na

Atitude com Estádio (CEE <--- Celebridade) e (5) Identificação com a Celebridade no

Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade). Esses caminhos em que se verificou o

efeito estatisticamente significativo da moderação da faixa etária foram destacados em negrito

na Tabela 39.

Percebe-se que, para esse estrato da amostra, o efeito moderador da faixa etária foi

significativo em caminhos diferentes daqueles analisados na moderação por gênero. O efeito

moderador da faixa etária foi verificado tanto em caminhos que associam a Identificação

(IEG, ITG e ICG) à Atitude em relação ao Estádio (CEE) quanto em caminhos que associam a

Identificação diretamente ao Comparecimento ao Estádio (MCE).

Diferentemente da análise do efeito moderador do gênero, na análise do efeito moderador da

faixa etária verificou-se que a intensidade da influência nem sempre é maior para os Fãs do

gênero masculino. O efeito moderador da faixa etária na influência da Identificação com a

Modalidade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade) foi maior para respondentes

maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,830) do que para respondentes menores

do que 30 anos (0,501). O efeito moderador da faixa etária na influência da (2) Identificação

com a Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade) foi menor para

respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,587) do que para

respondentes menores do que 30 anos (1,324). O efeito moderador da faixa etária na

influência da (3) Identificação com o Time na Atitude com o Estádio (CEE <--- Time) foi

maior para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,230) do que

para respondentes menores do que 30 anos (-0,027). O efeito moderador da faixa etária na

influência da (4) Identificação com a Celebridade na Atitude com Estádio (CEE <---

Celebridade) foi maior para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de

0,516) do que para respondentes menores do que 30 anos (0,161). O efeito moderador da

faixa etária na influência da (5) Identificação com a Celebridade no Comparecimento ao

Estádio (MCE <--- Celebridade) foi menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente

não padronizado de 0,193) do que para respondentes menores do que 30 anos (1,020).

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191

É interessante destacar que todos os caminhos em que se verificou efeito moderador da faixa

etária na Influência da Identificação (IEG, ITG, ICG) diretamente o Comparecimento ao

Estádio (MCE) contemplam Fãs menores do que 30 anos. Por outro lado, todos os caminhos

em que se verificou efeito moderador da faixa etária na Influência da Identificação (IEG, ITG,

ICG) na Atitude em relação ao Estádio (CEE) contemplam Fãs maiores do que 30 anos.

Esses resultados sugerem que, para Fãs menores de 30 anos, o efeito moderador da faixa

etária possui um efeito direto no Comparecimento ao Estádio. Ou seja, entre os Fãs mais

jovens, a Identificação com o Esporte leva mais facilmente ao estádio. Por outro lado, para

Fãs maiores de 30 anos, o efeito moderador da faixa etária possui um efeito indireto no

Comparecimento ao Estádio. Ou seja, para os Fãs mais jovens, a Identificação com o Esporte

leva principalmente a uma Atitude favorável ao Estádio, e é a Atitude em relação ao Estádio

que, depois, leva o Fã ao Estádio.

4.5.3. Segmentação da Análise: Fãs do Grêmio

4.5.3.1. Modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo

do Evento Esportivo (Grêmio)

O modelo de Mensuração da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do

Evento Esportivo considerando apenas os Fãs do Grêmio foi especificado no AMOS,

conforme apresentado pela Figura 22.

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192

Figura 22 – Modelo Estrutural da Influência da Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)

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193

Verifica-se que, mesmo quando considerado o estrato da amostra apenas com Fãs do Grêmio,

os fatores de carga das variáveis observáveis permaneceram bastante similares àqueles

apresentados anteriormente no Modelo de Mensuração das escalas gerais de Identificação

com o Esporte e no Modelo de Mensuração do Consumo Esportivo, atestando a estabilidade

dos indicadores.

Ao analisar a variável dependente foco do estudo - o Comparecimento ao Estádio (MCE) -

verifica-se que as variáveis antecedentes consideradas no modelo conseguem explicar 38% da

variância da MCE – um pouco inferior ao resultado obtido para a amostra total (40%). Além

disso, conseguiu-se explicar 37% da variância da Atitude do Fã com o Estádio considerando

as variáveis de Identificação como antecessoras da Atitude com o Estádio.

Os indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração segmentados por time já foram

apresentados anteriormente. Para o Grêmio, o χ2/gl foi de 2,4; o GFI de 0,948, o CFI 0,917, o

RMSEA 0,049 e o PCLOSE 0,590.

4.5.3.2. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo de

Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento

Esportivo (Grêmio)

De maneira análoga aos testes realizados com a amostra total, foram avaliados os indicadores

de Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante do Modelo Estrutural.

Esses indicadores são apresentados na Tabela 40.

Verifica-se inicialmente que o CR das escalas foi bom. Todas as escalas apresentaram um CR

acima do limite mínimo esperado de 0,700. As escalas de Consumo Esportivo apresentaram

CRs altos. As escalas de Identificação também apresentaram CRs adequados.

Com relação à variável ICG_32, verificou-se que, da mesma como visto com o estrato de Fãs

do Internacional, o desempenho da variável ICG_32 melhorou bastante quando analisado o

estrato de Fãs do Grêmio, suportando a decisão anterior de se manter a variável ICG_32 no

modelo.

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194

Tabela 40 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)

Escalas Gerais de Identificação com o Esporte Escalas de Consumo Esportivo

Modalidade Time Celebridade Atitude com

o Estádio

Comparecimento ao Estádio

Cod. Item CR =.895 CR =.909 CR =.785 CR =.908 CR =.933 IEG_07 Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol. .877 IEG_08 Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim. .905 IEG_09 O futebol é meu esporte favorito. .795 ITG_19 Eu me considero um(a) Gremista de verdade. .797 ITG_20 Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor

do Grêmio .892

ITG_21 Ser um(a) torcedor(a) do Grêmio é muito importante para mim. .939 ICG_32 Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do

jogador] . .635

ICG_33 Eu me identifico com o [nome do jogador] . .799 ICG_34 Eu sou um grande Fã do [nome do jogador] . .782 CEE_51 Quando vou ao estádio, o tempo que eu passo lá é prazeroso. .851 CEE_52 Eu prefiro assistir futebol no estádio do que através da mídia

(TV, Rádio ou Internet). .923

CEE_54 Não existe lugar melhor para assistir a um jogo de futebol do que o estádio.

.852

MCE_61 Aproximadamente quantas vezes você foi ao estádio no ano passado?

.926

MCE_62 Aproximadamente quantas vezes você já foi ao estádio este ano?

.882

MCE_63 Quantas vezes você ainda pretende ir ao estádio até o final deste ano?

.914

Modalidade .740 .807 .519 .571 .467

Time .651 .771 .490 .579 .438

Celebridade .269 .240 .551 .355 .251

Atitude em relação ao Estádio .326 .335 .126 .767 .593

Comparecimento ao Estádio .218 .192 .063 .352 .824

�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.

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195

Foi então analisada a Validade Convergente. Verificou-se que os fatores de carga, em geral,

foram boas, apresentando uma pequena melhora em relação à amostra total. Para as escalas de

Consumo do Evento Esportivo, todos os itens apresentaram fatores de carga bons, acima de

0,900. O melhor item da escala CEE (CEE_52), por exemplo, apresentou fator de carga de

0,923, enquanto o pior item (CEE_51) apresentou fator de carga de 0,851. O melhor item da

escala MCE (MCE_61) apresentou fator de carga de 0,926, enquanto o pior item (MCE_63)

0,882. Ao segmentar a amostra, as escalas gerais de Identificação com o Esporte apresentaram

indicadores melhores. Houve melhora em praticamente todos os fatores de carga.

Foi feita então a análise da Validade Discriminante. Para isso, foram considerados os

indicadores apresentados na matriz da parte inferior da tabela, cuja diagonal principal

apresenta o AVE das escalas. Percebe-se que o Quadrado das Correlações é sempre inferior

ao AVE. Além disso, apesar das correlações estatisticamente significativas e com intensidade

relativamente alta percebe-se que nenhuma correlação ultrapassa o limite máximo de 0,85.

Assim, a análise desses indicadores sugere que os itens de mensuração utilizados no Modelo

Estrutural da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo

possui Validade Convergente, Validade Discriminante e Confiabilidade para os Fãs do

Grêmio.

Dessa forma, deu-se prosseguimento à análise, investigando os paths entre as variáveis

latentes, os quais contemplam o teste das hipóteses de pesquisa.

4.5.3.3. Teste das Hipóteses do Modelo Estrutural da Influência da Identificação com o

Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)

O teste das hipóteses de pesquisa foi realizado por meio da análise dos paths entre as

variáveis latentes de Identificação e as variáveis latentes de Consumo do Evento Esportivo.

Os paths foram analisados considerando os coeficientes não-padronizados, os coeficientes

padronizados, o CR e o p-valor. Os resultados são apresentados pela Tabela 41.

Quatro dos oito paths apresentaram influência estatisticamente significativa (p-valor<0,05).

Os paths não significativos foram (1) influência da Identificação com a Celebridade na

Atitude com o Estádio, (2) influência Identificação com o Celebridade no Comparecimento ao

Estádio e (3) influência da Identificação com o Time no Estádio. Esse resultado sugere que,

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196

para os Fãs do Grêmio, a Identificação com a Modalidade possui uma influência menor no

Comparecimento ao Estádio do que em relação ao Fãs do Internacional.

Tabela 41 – Caminhos do Modelo da Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esportiva

.321 .280 3.884 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

.367 .329 4.609 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esportiva

.071 .048 1.028 .304

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esportiva

.610 .190 3.368 ***

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

.058 .019 .344 .731

Comparecimento ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esportiva

-.115 -.028 -.691 .490

Comparecimento ao Estádio

<--- Atitude em relação ao Estádio

1.357 .484 13.590 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

A intensidade da influência da Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio

(coeficiente padronizado = 0,484) sugere novamente que a Atitude exerce um papel mediador

entre a Identificação do Fã com o Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Contudo, esse

efeito de mediação é parcial, uma vez que os paths de Identificação com o Esporte também

influenciam o Comparecimento ao Estádio diretamente.

4.5.3.4. Efeito Moderador do Gênero (Grêmio)

Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da

Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do Grêmio.

Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados

são apresentados na Tabela 42.

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Tabela 42 – Teste da Equivalência da Estrutura Fatorial para o Gênero (Grêmio)

Teste da Equivalência

χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor

Feminino 174.1 0.000 2.176 0.947 0.914 0.064 0.036

Masculino 159.7 0.000 1.996 0.930 0.899 0.057 0.172

Equivalência Estrutura Fatorial

333.8 0.000 2.086 0.940 0.908 0.043 0.963

Equivalência de Fator de Carga

411.6 0.000 2.421 0.926 0.871 0.049 0.580 77.8 10 ***

Equivalência de Fator de Covariância

441.3 0.000 2.507 0.921 0.859 0.051 0.421 29.6 6 ***

Equivalência de Variância de Erro

653.7 0.000 3.387 0.883 0.755 0.064 0.000 212.5 17 ***

Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05

Conforme indicadores apresentados na tabela 42, o p-valor do teste de Equivalência de Fator

de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2

de 77,8). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.

Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do

gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste

do efeito moderador do gênero, cujos resultados são apresentados pela Tabela 43.

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Tabela 43 – Efeito Moderador do Gênero na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)

Modelo Path

Feminino Masculino Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do

∆χ2 p-valor Coeficientes Coeficientes

χ2 gl

∆χ2 ∆gl

n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig

Livre sem restrições

CEE <--- Modalidade 0.225 0.175 0.06 0.222 0.176 0.222

333.8 160

CEE <--- Time 0.426 0.424 *** 0.541 0.443 0.002

CEE <--- Celebridade 0.037 0.027 0.649 0.087 0.057 0.365

MCE <--- Modalidade 0.071 0.054 0.561 -0.624 -0.126 0.253

MCE <--- Time 0.026 0.026 0.802 1.105 0.23 0.029

MCE <--- Celebridade 0.162 0.115 0.103 0.142 0.024 0.642

MCE <--- CEE 0.647 0.634 *** 1.977 0.503 ***

Coeficientes dos caminhos

iguais

CEE <--- Modalidade 0.278 0.762 *** 0.278 0.25 ***

421.1 167

87.3 7

14.070 ***

CEE <--- Time 0.377 0.388 *** 0.377 0.339 ***

CEE <--- Celebridade 0.068 0.05 0.202 0.068 0.05 0.202

MCE <--- Modalidade 0.194 0.121 0.061 0.194 0.075 0.061

MCE <--- Time -0.009 -0.007 0.927 -0.009 -0.003 0.927

MCE <--- Celebridade 0.055 0.03 0.557 0.055 0.017 0.557

MCE <--- CEE 0.855 0.634 *** 0.855 0.366 ***

Liberando um caminho por

vez

CEE <--- Modalidade 0.198 0.716 0.037 0.352 0.307 *** 418.6 166 2.5 1 3.840 0.111 MCE <-- Modalidade 0.032 0.022 0.811 1.248 0.348 *** 391.8 166 29.3 1 3.840 *** CEE <--- Time 0.364 0.381 *** 0.465 0.405 *** 420.1 166 1.0 1 3.840 0.306 MCE <--- Time -0.057 -0.05 0.562 1.223 0.328 *** 385.2 166 35.9 1 3.840 *** CEE <--- Celebridade -0.031 -0.023 0.679 0.153 0.107 0.043 418.6 166 2.5 1 3.840 0.111 MCE <-- Celebridade -0.035 -0.02 0.749 1.040 0.287 *** 412.9 166 8.3 1 3.840 0.004 MCE <--- CEE 0.629 0.610 *** 2.157 0.560 *** 343.6 166 77.5 1 3.840 ***

Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.

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199

Verificou-se que o gênero modera a influência de 4 caminhos: (1) Identificação com a

Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (2) Identificação com o

Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time), Identificação com a Celebridade no

Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Celebridade) e (4) Atitude favorável ao Estádio no

Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE). Esses caminhos em que se verificou o efeito

estatisticamente significativo da moderação de gênero foram destacados em negrito na Tabela

43.

Percebe-se que, para esse estrato da amostra, o efeito moderador do gênero foi significativo

em todos os caminhos que ligam a Identificação diretamente ao Comparecimento ao Estádio

(MCE). Ou seja, não foi verificado efeito de moderação de gênero em relação à Atitude com o

Estádio (CEE). Destaca-se que os caminhos em que se verificou efeito significativo da

moderação de gênero para os Fãs do Grêmio foram exatamente os mesmos do que os dos Fãs

do Internacional.

De maneira análoga aos resultados encontrados para o Internacional, para todos os 4

caminhos em que se verificou a moderação do gênero no estrato com Fãs do Grêmio, a

intensidade do efeito moderador foi maior para os respondentes do gênero masculino.

O efeito moderador do gênero na influência da Identificação com a Modalidade no

Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), por exemplo, foi maior para os homens

(coeficiente não padronizado de 1,248) do que para as mulheres (0,032). O efeito moderador

do gênero na influência da Identificação com o Time Esportivo no Comparecimento ao

Estádio (MCE <--- Time) também foi maior para os homens (coeficiente não padronizado de

1,223) do que para as mulheres (-0,057). O efeito moderador do gênero na influência da

Identificação da Celebridade Esportiva no Comparecimento ao Estádio (MCE <---

Celebridade) foi maior para os homens (coeficiente não padronizado de 1,040) do que para as

mulheres (-0,035). Por fim, o efeito moderador do gênero na influência da Atitude em relação

ao Estádio no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE) foi maior para os homens

(coeficiente não padronizado de 2,157) do que para as mulheres (0,629).

Esses resultados sugerem que o gênero modera a relação entre a Identificação com o Esporte

no Consumo do Evento Esportivo, exercendo um efeito moderador mais intenso junto aos Fãs

do gênero masculino.

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200

4.5.3.5. Efeito Moderador da Faixa Etária (Grêmio)

Decidiu-se, então, testar a existência do efeito moderador do gênero na Influência da

Identificação do Fã com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo para os Fãs do (Grêmio).

Antes, porém, foi verificada a Equivalência da Estrutura Fatorial do Modelo. Os resultados

são apresentados na Tabela 44.

Tabela 44 – Teste de Equivalência da Estrutura Fatorial para Faixa Etária (Grêmio)

Teste da Equivalência

χ2 p-valor χ2/gl GFI CFI RMSEA PCLOSE ∆χ2 ∆gl p-valor

Até 30 anos 266.3 0.000 3.329 0.904 0.849 0.088 0.000

Mais do que 30 anos

180.8 0.000 2.260 0.943 0.904 0.067 0.018

Equivalência Estrutura Fatorial

447.1 0.000 2.794 0.925 0.874 0.055 0.076

Equivalência de Fator de Carga

517.2 0.000 3.042 0.913 0.848 0.059 0.006 70.1 10 ***

Equivalência de Fator de Covariância

575.5 0.000 3.270 0.903 0.825 0.062 0.000 58.3 6 ***

Equivalência de Variância de Erro

644.3 0.000 3.338 0.891 0.803 0.063 0.000 68.8 17 ***

Limites esperados < possível > 0,05 < 3,0 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5 < possível > 0,05

Conforme indicadores apresentados na tabela 44, o p-valor do teste de Equivalência de Fator

de Carga foi significativo ao nível de 0,001 (a piora do modelo foi significativa, com um ∆χ2

de 70,1). Portanto, foi suportada a Equivalência da Estrutura Fatorial – e tão somente ela.

Assim, uma vez que a estrutura fatorial se mostrou equivalente tanto para respondentes do

gênero feminino quanto para respondentes do gênero masculino, seguiu-se adiante com o teste

do efeito moderador da faixa etária, cujos resultados são apresentados pela Tabela 45.

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201

Tabela 45 – Efeito Moderador da Faixa Etária na Influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo (Grêmio)

Modelo Path

Até 30 anos Mais que 30 anos Ajuste do Modelo Efeito na Relação valor crítico do ∆χ2

p-valor Coeficientes Coeficientes χ2 gl

∆χ2 ∆gl

n-padr. padr. sig n-padr. padr. sig

Livre sem restrições

CEE <--- Modalidade 0.078 0.073 0.418 0.411 0.322 ***

447.1 160

CEE <--- Time 0.714 0.699 *** 0.383 0.313 ***

CEE <--- Celebridade -0.140 -0.116 0.065 0.141 0.083 0.246

MCE <--- Modalidade 0.132 0.038 0.601 0.355 0.134 0.045

MCE <--- Time 0.981 0.299 0.007 -0.012 -0.005 0.931

MCE <--- Celebridade -0.654 -0.168 0.013 -0.024 -0.007 0.897

MCE <--- CEE 1.154 0.360 *** 1.050 0.507 ***

Coeficientes dos caminhos

iguais

CEE <--- Modalidade 0.273 0.823 *** 0.273 0.210 ***

475.0 167

27.9 7

14.070 0.000

CEE <--- Time 0.509 0.477 *** 0.509 0.411 ***

CEE <--- Celebridade 0.125 0.099 0.037 0.125 0.073 0.037

MCE <--- Modalidade 0.481 0.149 *** 0.481 0.154 ***

MCE <--- Time 0.081 0.027 0.542 0.081 0.027 0.542

MCE <--- Celebridade -0.024 -0.007 0.835 -0.024 -0.006 0.835

MCE <--- CEE 1.156 0.410 *** 1.156 0.483 ***

Liberando um caminho por

vez

CEE <--- Modalidade 0.184 0.806 0.008 0.585 0.459 *** 464.5 166 10.5 1 3.840 *** MCE <--- Modalidade 0.728 0.215 *** 0.293 0.107 0.052 468.6 166 6.3 1 3.840 0.012 CEE <--- Time 0.554 0.513 *** 0.490 0.403 *** 474.5 166 0.5 1 3.840 0.484 MCE <--- Time 0.473 0.149 0.005 -0.053 -0.021 0.700 464.7 166 10.3 1 3.840 0.001 CEE <--- Celebridade -0.240 -0.213 *** 0.307 0.179 0.002 461.8 166 13.2 1 3.840 *** MCE <--- Celebridade 0.043 0.012 0.766 -0.127 -0.032 0.450 474.4 166 0.5 1 3.840 0.471 MCE <--- CEE 1.481 0.489 *** 1.033 0.493 *** 468.2 166 6.7 1 3.840 0.009

Nota: *** o efeito moderador é significativo ao nível de 0,001.

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202

Verificou-se que a faixa etária exerce um efeito moderador na influência de 5 caminhos: (1)

na Identificação com a Modalidade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade), (2) na

Identificação com a Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), (3)

na Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time), (4) na

Identificação com a Celebridade na Atitude com o Estádio (CEE <--- Celebridade) e (5) na

Atitude com o Estádio no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- CEE). Esses caminhos em

que se verificou o efeito estatisticamente significativo da moderação de gênero foram

destacados em negrito na Tabela 45.

Percebe-se que, para os Fãs do Grêmio, os caminhos em que se verificou o efeito moderador

da faixa etária foram diferentes daqueles em que se verificou o efeito moderador do gênero.

Porém, comparando os resultados da moderação de faixa etária entre os times, verifica-se que

os caminhos significativos para Fãs do Grêmio foram similares com dos Fãs do Internacional.

A principal diferença foi que, para os Fãs do Grêmio, não foi encontrado o efeito moderador

de faixa etária na Influência do Time (ITG) na Atitude em relação ao Estádio (CEE),

tampouco influência da ITG no Comparecimento ao Estádio (MCE).

O efeito moderador da faixa etária na influência da Identificação com a Modalidade na

Atitude com o Estádio (CEE <--- Modalidade) foi maior para respondentes maiores de 30

anos (coeficiente não padronizado de 0,585) do que para respondentes menores do que 30

anos (0,184). O efeito moderador da faixa etária na influência da Identificação com a

Modalidade no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Modalidade), por outro lado, foi

menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de 0,293) do que

para respondentes menores do que 30 anos (0,728). Já o efeito moderador da faixa etária na

influência da Identificação com o Time no Comparecimento ao Estádio (MCE <--- Time) foi

menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de -0,053) do que

para respondentes menores do que 30 anos (0,473). O efeito moderador da faixa etária na

influência da Identificação com a Celebridade na Atitude em relação ao Estádio (CEE <---

Celebridade) foi maior para os respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado

de 0,307) do que para os menores de 30 anos (-0,240). O efeito moderador da faixa etária na

influência da Atitude em relação ao Estádio (CEE) no Comparecimento ao Estádio (MCE <--

- CEE) foi menor para respondentes maiores de 30 anos (coeficiente não padronizado de

1,033) do que para respondentes menores do que 30 anos (1,481).

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203

É interessante destacar que todos os caminhos em que se verificou efeito moderador da faixa

etária na Influência da Identificação do Fã com o esporte diretamente o Comparecimento ao

Estádio (MCE) contemplam Fãs menores do que 30 anos. Por outro lado, todos os caminhos

em que se verificou efeito moderador da faixa etária na Influência da Identificação do Fã

como esporte na Atitude em relação ao Estádio (CEE) contemplam Fãs maiores do que 30

anos.

Esses resultados sugerem que, para Fãs menores de 30 anos, o efeito moderador da faixa

etária possui um efeito direto no Comparecimento ao Estádio. Ou seja, entre os Fãs mais

jovens, a Identificação com o Esporte leva mais facilmente ao estádio, sem passar pela

mediação da Atitude. Por outro lado, para Fãs maiores de 30 anos, o efeito moderador da

faixa etária possui um efeito indireto no Comparecimento ao Estádio. Ou seja, para os Fãs

com mais de 30 anos, a Identificação com o Esporte leva principalmente a uma Atitude

favorável ao Estádio, sugerindo que o efeito mediador da atitude é mais importante para que

esses Fãs compareçam ao Estádio.

4.6. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM A MODALIDADE ESPORTIVA

Nesta seção são apresentados os resultados da concepção da Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva como um fenômeno multidimensional de 2a ordem, composto por 3

dimensões: (1) escala da Beleza da Modalidade Esportiva (IEB), (2) escala do Drama da

Modalidade Esportiva (IED) e (3) escala do Escapismo da Modalidade Esportiva (IEE).

Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, são

apresentados os resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Por último, são

apresentados os Testes de Diferenças Multi-grupo.

4.6.1. AFE: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva

A Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com a Modalidade

Esportiva foi segmentada em 3 etapas: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a

verificação da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura

Fatorial, contemplando as estatísticas descritivas de teste de diferença de médias entre os

grupos; e (3) análise da Confiabilidade dos Construtos, da Validade Convergente, da Validade

Discriminante.

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204

4.6.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais

As escalas de identificação do Fã com a Modalidade Esportiva foram inicialmente submetidas

à Análise Fatorial Exploratória (AFE) através do método de extração pelo autovalor

(Eigenvalue) com rotação Direct Oblimin. A escolha da rotação Direct Oblimin foi feita em

virtude da expectativa de correlação significativa entre os fatores, suportada na literatura a

partir de estudos anteriores. Além disso, a extração dos fatores foi realizada tanto através da

técnica de Fatoração dos Eixos Principais, que considera apenas a variância comum, quanto

da técnica de Componentes Principais, que considera a variância total. O resultado é

apresentado na Tabela 46.

Inicialmente, verificou-se a adequação da realização da AFE para esse conjunto de dados.

Esse teste foi feito utilizando dois indicadores: (1) o indicador de Esfericidade de Bartlett e

(2) o KMO. O indicador de Esfericidade de Bartlett testa a hipótese nula de que as variáveis

não estão correlacionadas. A AFE é considerada adequada quando é possível rejeitar a

hipótese nula, uma vez que se espera associação entre as variáveis. Portanto, espera-se um

alto score neste teste, acompanhado de uma significância baixa (p-valor < 0,05). Já o KMO é

um indicador que compara a magnitude dos coeficientes de correlação observados aos

coeficientes das correlações parciais. Um KMO entre 0,50 e 1,00, sugere que se pode

prosseguir com a AFE.

As escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva apresentaram um KMO de

0,783 e um indicador de Esfericidade de Bartlett de 4069 (p-valor < 0,000). Portanto, como

foi verificada a adequação da Análise Fatorial Exploratória, prosseguiu-se com a análise.

Foram então verificados os indicadores MSA de cada variável. Todos os itens apresentaram

um MSA alto – sendo o menor MSA o da variável IED_15 (MSA=0,717), que pode ser

considerado alto.

Foi então verificada a comunalidade de cada variável. A comunalidade é a quantidade de

variância que uma variável compartilha com todas as demais. Ou seja, a comunalidade indica

o quanto da variância de uma variável está sendo utilizada na solução fatorial. Na AFE,

busca-se uma alta comunalidade, acima de 0,50. Analisando as variáveis das escalas de

Identificação com a Modalidade, verifica-se que, em geral, a comunalidade foi alta.

Entretanto, duas variáveis (IED_14 e IEE_17) apresentaram comunalidade abaixo do

esperado.

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205

A estrutura fatorial subjacente aos dados foi inicialmente verificada através da extração

através do autovalor (Eigenvalue). O autovalor indica a variância total explicada por cada

fator, e utiliza um critério de corte de 1,00 – uma vez que se espera que cada fator contemple,

no mínimo, pela variância de uma variável. A extração dos fatores subjacentes às variáveis da

Escala de Identificação com a Modalidade Esportiva sugeriu a existência de 3 fatores,

conforme o esperado. As cargas fatoriais de cada variável apresentaram uma distribuição

adequada, conforme pode ser identificado pelos valores em negrito na Tabela X. Foi utilizada

extração tanto pela Fatoração dos Eixos Principais como por Componentes Principais.

Verificou-se que a maioria das variáveis apresentaram fatores de carga satisfatórios – ao redor

de 0,80. Alguns itens apresentaram carga bastante elevada, como a variável IEE_18 (0,966).

Contudo um item apresentou um fator de carga abaixo do limite esperado de 0,50: IED_14

(carga=0,462).

A extração dos fatores através da técnica de Fatoração dos Eixos principais indicou uma

variância total explicada foi de 58,5% e a extração utilizando Componentes Principais 71,4%.

Essa diferença era esperada, uma vez que a técnica de Componentes Principais considera a

variância total (incluindo o erro), enquanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais

considera apenas a variância comum entre os itens. De qualquer forma, as variâncias extraídas

apresentaram indicadores satisfatórios.

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Tabela 46 – Identificação com a Modalidade Esportiva: Estrutura Fatorial das escalas

Fatoração Eixos Principais Componentes Principais

Cod. Item Beleza Drama Escapismo Comun. Beleza Drama Escapismo Comun. MSA

IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol.

.840 .015 -.007 .711 .879 .022 -.004 .789 .814

IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. .866 -.016 .004 .742 .891 -.004 -.019 .802 .799

IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. .734 .006 .064 .586 .836 -.011 -.059 .728 .859

IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. .045 .687 .011 .504 .020 .810 -.023 .676 .760

IED_14 Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.

.232 ,462 b -.004 0,349 a .258 .623 .052 .538 .877

IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.

-.134 .795 .022 .575 -.168 .889 -.042 .736 .717

IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.

.145 .124 .625 .568 .180 .132 -.708 .694 .797

IEE_17 Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.

-.053 .000 .589 ,323 a -.133 -.035 -.855 .666 .780

IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.

.021 -.070 .966 .910 .115 -.020 -.857 .801 .722

Variância explicada 37.0% 10.3% 11.3% 41.1% 14.9% 15.5%

Variância total explicada 58.5% 71.4%

KMO 0.793

Bartlett (sig) 4069 (0,000)

Nota: a Comunalidade inferior ao limite mínimo esperado de 0,5; b Fator de Carga inferior ao limite mínimo esperado de 0,5.

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207

Em suma, os resultados iniciais da Estrutura Fatorial indicaram que a estrutura subjacente aos

dados foi igual àquela hipotetizada para a pesquisa. De uma maneira geral, as variáveis

apresentaram indicadores muito bons. Além disso, nenhuma variável apresentou fator de

carga elevado fora do construto esperado, o que sugere inicialmente a existência de validade

discriminante entre os construtos. Contudo, as variáveis IED_14 e IED_17 apresentaram

comunalidade abaixo dos limites esperados, além de fatores de carga relativamente menores

do que os das demais variáveis, resultados esses que sugerem atenção para essas variáveis na

etapa de Análise Fatorial Confirmatória.

4.6.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos

Uma vez que a análise das estatísticas descritivas apontou a existência de diferenças de

médias estatisticamente significativas entre os grupos (gênero, idade, time e sócio-torcedor),

decidiu-se pela verificação da estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados. Dessa

forma, repetiram-se os procedimentos utilizados na seção anterior, porém utilizando, agora,

apenas estratos da amostra (grupos) para a AFE. As técnicas utilizadas foram as mesmas:

extração através do autovalor com Rotação Direct Oblimin. Porém, como os resultados

iniciais da AFE indicaram adequação da estrutura fatorial tanto por meio da utilização da

Fatoração por Eixos Principais quanto por Componentes Principais, no teste da estabilidade

da estrutura fatorial optou-se pela extração apenas por meio da técnica de Componentes

Principais. O resultado é apresentado na Tabela 47.

Verificou-se que a estrutura fatorial é estável. A extração considerando estratos separados da

amostra – apenas respondentes masculinos, femininos, com idade até 30 anos, com idade

maior que 30 anos, sócios e não-sócios – apresentou sempre 3 dimensões.

Os indicadores de adequação da AFE para os grupos foram bons, com altos indicadores para o

KMO e para o Índice de Esfericidade de Bartlett. Apenas o grupo de não-sócios

(KMO=0,643) apresentou um indicador ligeiramente abaixo do limite esperado de 0,700.

Contudo, esse resultado para esse grupo pode ser atribuído à quantidade reduzida de

observações de não-sócios (N=266) em comparação com os sócios (N=914).

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208

Tabela 47 – Identificação com a Modalidade Esportiva: teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Drama, Beleza e Escapismo

Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)

Gênero Faixa Etária Fã Time

Cod. Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de

futebol. .877 -.869 .890 .861 .878 .877 .875 .880

IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. .921 -.848 .891 .890 .900 .814 .876 .900

IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. .842 -.820 .835 .839 .840 .784 .824 .848

IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. .810 .817 .830 .776 .826 .731 .824 .781

IED_14 Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.

.617 .624 .644 .603 .589 .715 .617 .621

IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.

.899 .844 .891 .892 .892 .781 .891 .889

IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.

.682 .768 -.683 .734 .741 .720 -.708 -.715

IEE_17 Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.

.898 .793 -.876 .829 .835 .853 -.846 -.849

IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.

.802 .897 -.843 .872 .848 .918 -.850 -.869

N 570 610 581 599 914 266 590 590

KMO 0.814 0.732 0.789 0.794 0.799 ,643 a 0.772 0.802

Variância Explicada 73.4% 68.3% 72.8% 70.3% 71.8% 66.5% 70.6% 72.5%

Nota: a KMO inferior ao limite esperado de 0,7.

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209

Em suma, verificou-se que a estrutura fatorial subjacente aos dados é estável, não tendo sido

necessário realizar o procedimento de extração por meio da pré-especificação do número de

fatores. Além disso, a variância explicada se mantém estável entre os grupos, ao redor de

70%.

4.6.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante

Uma vez verificada a estabilidade da estrutura fatorial, deu-se prosseguimento à AFE.

Decidiu-se verificar a os indicadores de Confiabilidade das escalas. Isso foi feito por meio do

Alfa de Cronbach. O Alfa é uma medida frequentemente utilizada para verificar a

confiabilidade interna de uma escala, indicando a consistência das medidas psicométricas

utilizadas para a estimativa das variáveis latentes. Alfas maiores do que 0,700 são

considerados bons. Contudo, como o Alfa considera a correlação entre os itens de cada

dimensão, escalas com muitas variáveis podem “inflar” esse indicador. Contudo, esse não é o

caso das escalas de utilizadas nesta pesquisa. Com exceção das escalas de Identificação com a

Celebridade Esportiva e de Atitude em relação ao Consumo do Evento Esportivo pela Mídia e

pelo Estádio, que foram mensuradas com 5 itens para cada dimensão, todas as demais

dimensões foram mensuradas com apenas 3 itens – ou seja, o número mínimo de itens

recomendados para estimar uma variável latente.

As três escalas – Beleza, Drama e Escapismo – apresentaram indicadores satisfatórios, com

Alfas acima de 0,700. Além disso, dentre as 9 variáveis utilizadas para mensurar as 3

dimensões da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, apenas a variável IEE_17

aumentaria o Alfa de sua dimensão se fosse excluída. Isso sugere um potencial

comportamento problemático da variável IEE 17, ainda que a contribuição que a exclusão do

dessa variável para o Alfa da escala seja marginal.

Uma vez verificada a Confiabilidade das Escalas, partiu-se para a verificação da Validade

Convergente e Discriminante das variáveis. Essa verificação foi feita através análise da Matriz

de Correlação entre as variáveis.

Para verificar a Validade Convergente e Discriminante, analisou-se a intensidade dos

coeficientes de correlação (1) entre variáveis de uma mesma dimensão e (2) entre as variáveis

de uma dimensão específica e as variáveis das demais dimensões. Para que haja Validade

Convergente, espera-se uma alta correlação entre as variáveis de uma mesma dimensão. De

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210

maneira análoga, para que haja Validade Discriminante, espera-se que a intensidade dos

coeficientes de correlação entre variáveis de uma dimensão específica sejam menores do que

os coeficientes entre os itens que pertencem a uma mesma dimensão. Para facilitar a

visualização da Validade Convergente e Discriminante, cada dimensão foi marcada através de

traços pontilhados que formam “triângulos”. Verifica-se, portanto, que, via-de-regra, os

coeficientes de correlação entre as variáveis “dentro” de um triângulo são maiores do que

entre essas mesmas variáveis e aquelas “fora” do triângulo.

Em suma, a análise da Matriz de Correlação sugere a existência tanto de Validade

Discriminante quanto de Validade Convergente para a Escala de Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva. Contudo, verificou-se que as variáveis IED_14 e IEE_17

apresentaram coeficientes piores do que os das outras variáveis. A Variável IED_14, por

exemplo, apresentou uma correlação relativamente baixa com a IED_15 (r=0,395) e com a

IED_13 (r=0,431). Já a variável IEE_17 apresentou uma correlação relativamente baixa com a

IEE_16 (r=0,402). Esses resultados sugerem indícios adicionais de potenciais problemas

dessas variáveis na fase posterior de Análise Fatorial Confirmatória.

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211

Tabela 48 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva – Beleza, Drama e Escapismo

Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)

Beleza Drama Escapismo

α = 0,860 α = 0,700 α = 0,780

Cod. Item Média DP 10 11 12 13 14 15 16 17 18

IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol.

5.6 1.54 1

IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. 5.5 1.53 .698 1

IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. 4.9 1.71 .619 .616 1

IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. 5.1 1.86 .294 .261 .279 1

IED_14 Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.

5.9 1.42 .343 .332 .269 .431 1

IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.

5.0 1.80 .133 .160 .148 .526 .395 1

IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.

4.1 2.10 .374 .379 .362 .317 .267 .253 1

IEE_17 Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.

4.5 1.92 .157 .160 .183 .144 .095 .117 .402 1

IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.

4.2 1.93 .307 .316 .336 .188 .202 .180 .684 .538 1

Correlação item-total corrigida 0.75 0.76 0.70 0.56 0,45 a 0.56 0.62 0.51 0.73

Alfa se o item for excluído 0.794 0.781 0.838 0.556 0.688 0.553 0.701 0,812 b 0.572

Nota: a Correlação item-total corrigida inferior ao limite sugerido de 0,5; b A exclusão do item aumenta o alfa.

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212

4.6.2. AFC: Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva

Nesta seção é feita a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã

com a Modalidade Esportiva, contemplando 5 tipos de análise: (1) análise do Modelo de

Mensuração das dimensões da Escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva; (2)

análise do Modelo de Mensuração Reespecificado dessas escalas; (3) Teste da

Dimensionalidade das escalas de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva (4) análise

do Modelo Estrutural considerando a Identificação do Fã com o Esporte como um fenômeno

multidimensional de 2a ordem; e (5) Comparação do Modelo Estrutural de 2a ordem com a

Escala Geral de Identificação com a Modalidade Esportiva.

4.6.2.1. Modelo de Mensuração da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva

Assim, passou-se a avaliar o Modelo de Mensuração especificado, apresentado pela Figura

23. O modelo de Mensuração contempla as 3 dimensões hipotetizadas para a Identificação do

Fã com a Modalidade Esportiva: a Beleza, o Drama e o Escapismo. Cada variável latente é

graficamente representada por um círculo, enquanto as variáveis observáveis são

representadas por retângulos. No Modelo de Mensuração hipotetizado, foram estabelecidas

covariâncias entre as variáveis latentes, ilustradas pelas linhas flechas em ambas as

extremidades.

Para avaliar o modelo, foram considerados diversos indicadores de ajuste, como o Qui-

Quadrado (χ2), o p-valor χ2, o Qui-Quadrado dividido pelos graus de liberdade (χ2/gl), o

Índice de Qualidade de Ajuste do Modelo (GFI), o CFI, a Raiz do Erro Quadrático médio de

Aproximação (RMSEA) e o PCLOSE. Esses indicadores são apresentados pela Tabela 49.

O Modelo de mensuração apresentou um χ2 de 160,9, com um χ2/gl de 3,847, GFI de 0,951,

CFI de 0,883 e RMSEA de 0,07. Esses indicadores de ajuste ficaram um pouco aquém dos

limites esperados. Contudo, em virtude dos indícios de potenciais problemas sugeridos

durante a Análise Fatorial Exploratória, especialmente com as variáveis IED_14 e IEE_17,

tais resultados já eram esperados.

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213

Figura 23 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo

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Tabela 49 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo Mensuração 160,9 ,000ª 3,8ª ,951 ,883ª ,070ª ,001ª

Mensuração Reespecificado 34,9 ,000ª 3,1ª ,989 ,977 ,043 ,742

Feminino 42,3 ,000ª 3,8ª ,976 ,941 ,071ª ,058ª

Masculino 26,4 ,006ª 2,4 ,980 ,967 ,048 ,517

Até 30 anos 18,8 ,064 1,7 ,988 ,986 ,035 ,805

> 30 anos 24,7 ,010ª 2,2 ,986 ,972 ,046 ,579

Internacional 22,6 ,020ª 2,0 ,986 ,979 ,042 ,661

Grêmio 31,6 ,001ª 2,8 ,981 ,959 ,057ª ,289ª

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

Partiu-se, então, para a avaliação individual das estimativas de cada variável incluída no

Modelo de Mensuração. Essa avaliação foi realizada analisando-se principalmente os MIs

(Modification Indices) entre as variáveis observáveis, as variáveis latentes e os erros, além dos

resíduos padronizados da Matriz de Covariância (Standardized Residual Covariance Matrix).

Os indicadores avaliados sugeriram que a exclusão das variáveis IED_14 e IEE_17 poderiam

aumentar o ajuste do modelo. As variáveis então foram excluídas uma-a-uma, uma vez que a

cada exclusão de variável todos os indicadores são recalculados, tornando-se necessário

avaliar todos os indicadores novamente – agora sem o efeito da variável excluída. Optou-se

inicialmente pela exclusão da variável IEE_17, aparentemente a mais “danosa” para o

modelo. A eliminação da variável IEE_17 (“assistir futebol é uma mudança de ritmo em

relação ao que faço normalmente”) da dimensão Escapismo contribuiu significativamente

para a melhoria de ajuste do modelo. Os indicadores, porém, continuaram a sugerir a

eliminação da variável IED_14 (“eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo

fácil”) da dimensão Drama. Assim, foi realizada a exclusão dessas duas variáveis. Após isso,

o Modelo de Mensuração Reespecificado da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva

ficou com um total de 7 variáveis e passou a apresentar um bom ajuste, conforme resultados

apresentados na tabela 49.

Com a exclusão das variáveis IED_14 e IEE_17, χ2 do modelo caiu de 160,9 para 34,9. Além

disso, o CFI, que antes havia ficado abaixo do limite esperado (CFIantes=0,883) passou a

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215

apresentar um ótimo ajuste (CFIdepois=0,977), e o RMSEA passou a ficar dentro do limite

esperado de 0,05. O Modelo de Mensuração Reespecificado é apresentado pela Figura 24.

Figura 24 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo

4.6.2.2. Teste da Dimensionalidade da Escala

Para confirmar a existência das 3 dimensões da Escala de Identificação com a Modalidade

Esportiva sugerida na AFE, foi realizado o procedimento confirmatório de especificação de

um modelo de mensuração com todas as variáveis observadas atreladas a uma única

dimensão. Caso esse modelo unidimensional fosse mais apropriado do que o modelo com 3

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216

dimensões, seus indicadores de ajuste do modelo deveriam ser melhores do que os do Modelo

de Mensuração Reespecificado anteriormente; caso esses indicadores piorassem

significativamente, ficaria confirmada a multidimensionalidade sugerida pela AFE.

O modelo de Teste da Dimensionalidade é apresentado pela Figura 25. Verifica-se que os

fatores de carga dos itens, quando “forçados” a carregar em uma única dimensão,

apresentaram queda – embora ainda estejam em patamares relativamente elevados. Contudo,

conforme era esperado, os indicadores de ajuste do modelo de Teste pioraram

significativamente: o χ2 passou de 34,9 para 390,1; o χ2/gl passou de 3,1 para 27,8; o CFI

passou de 0,977 para 0,632; e o RMSEA de 0,043 para 0,151. Os novos indicadores de ajuste

do modelo unidimensional são apresentados na Tabela 50. Verifica-se que todos os

indicadores do modelo de Teste ficaram todos fora dos limites aceitáveis, enquanto os

indicadores do Modelo de Mensuração Reespecificado com 3 construtos de 1a ordem haviam

sugerido um excelente ajuste do modelo. Portanto, foi confirmada a multidimensionalidade da

escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva.

Figura 25 – Teste da Dimensionalidade da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo

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217

4.6.2.3. Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como

construto de 2a ordem

Uma vez confirmada a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva, foi elaborado então um Modelo Estrutural considerando a

Identificação com a Modalidade como um construto de 2a ordem composto por ter construtos

de 1a ordem: Beleza, Drama e Escapismo. Esse modelo é apresentado pela Figura 26.

Figura 26 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como um Construto

de 2a ordem.

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218

Assim, ao conceber a Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva como um construto de

2a ordem composto por 3 dimensões – Beleza, Drama e Escapismo – observou-se o mesmo

nível ajuste do modelo em relação ao Modelo de Mensuração com 3 construtos de 1a ordem

correlacionados. Os resultados são apresentados na Tabela 50.

A Figura 26 apresentou bons fatores de carga para as variáveis observáveis, confirmando os

bons indicadores vistos anteriormente. Além disso, pode-se verificar que o Modelo Estrutural

apresenta paths com coeficientes bastante altos, principalmente para Beleza e Escapismo. A

dimensão Drama foi a que apresentou o menor path. De toda sorte, todos os coeficientes

mostraram-se adequados em intensidade e estatisticamente significativos (p-valor<0,000).

Tabela 50 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Beleza <--- Identificação com a Modalidade .957 .714 14.042 ***

Drama <--- Identificação com a Modalidade .586 .534 8.578 ***

Escapismo <--- Identificação com a Modalidade 1.052 .732 13.559 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Além dos paths, foram analisados os indicadores de CR, AVE, correlação e quadrado da

correlação, que são apresentados pela Tabela 51.

Verificou-se bons indicadores de CR para os construtos de 1a ordem – Beleza, com

CR=0,869; Drama, com CR=0,716; e Escapismo, com CR=0,827). Além disso, o construto

de 2a ordem também apresentou um CR satisfatório de 0,701 – o qual foi um pouco

prejudicado pelo construto Drama, cujos indicadores foram relativamente inferiores às

dimensões de Beleza e Escapismo. A Tabela 51 também apresenta outros indicadores da

qualidade do Modelo Estrutural proposto. Destaca-se o valor do AVE, em negrito na diagonal

principal da parte inferior da tabela, com valores de 0,716 para o Construto de 2a ordem;

0,831 para a dimensão Beleza; 0,707 para a dimensão Escapismo; e 0,565 para a dimensão

Drama.

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219

Tabela 51 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com a Modalidade Esportiva: Beleza, Drama e Escapismo

Identificação com a Modalidade (Construtos de 1a ordem)

Beleza Drama Escapismo Construto de 2a

ordem

Cod. Item CR = .869 CR = .716 CR = .827 CR = .701

IEB_10 Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol. .838

IEB_11 O futebol é um esporte bonito de se ver. .861

IEB_12 Eu aprecio a elegância do futebol. .789

IED_13 Eu gosto de jogos de futebol dramáticos. .870

IED_15 Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.

.611

IEE_16 Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.

.925

IEE_18 Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.

.747

Beleza .831 .381 .522 .714

Drama .145 .565 .391 .534

Escapismo .272 .153 .707 .732

Identificação com a Modalidade (Construto de 2a ordem)

.510 .285 .536 .716

�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.

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220

Decidiu-se verificar também os caminhos do Modelo Estrutural segmentado a análise pela

variável de critério “time” para verificar as diferenças entre Fãs do Grêmio e do Internacional,

conforme apresentado pelas Tabelas 52 e 53.

Tabela 52 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo - Internacional

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Beleza <--- Identificação com a Modalidade 1.021 .765 15.249 ***

Drama <--- Identificação com a Modalidade .477 .430 6.363 ***

Escapismo <--- Identificação com a Modalidade .896 .677 11.841 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Verifica-se na Tabela 52 (Internacional) que as dimensões mais influenciadas pela

Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva foram a Beleza e o Escapismo. Esses

resultados foram similares àqueles verificados para a amostra total.

Foram então gerados os coeficientes para os Fãs do Grêmio, conforme apresentado pela

Tabela 53. Verifica-se que as dimensões mais influenciadas pela Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva no estrato com Fãs do Grêmio também foram a Beleza e o Escapismo.

Esses resultados foram similares àqueles verificados para a amostra total e para os Fãs do

Internacional. Assim, de maneira geral, suportou-se a influência da Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva.

Tabela 53 – Caminhos do Modelo de Mensuração da escala de Identificação com a Modalidade Esportiva como uma variável latente de 2a ordem mensurada a partir da Beleza, Drama e Escapismo – Grêmio

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Beleza <--- Identificação com a Modalidade .988 .745 15.723 ***

Drama <--- Identificação com a Modalidade .755 .637 10.074 ***

Escapismo <--- Identificação com a Modalidade 1.109 .730 15.294 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

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221

4.6.2.4. Comparação do Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Modalidade

Esportiva como construto de 2a ordem com o Escala Geral de Identificação com a

Modalidade Esportiva.

Após confirmar a adequação do Modelo Estrutural concebendo a Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3

dimensões – Beleza, Drama e Escapismo – , decidiu-se testar o grau de convergência do

construto multidimensional de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação com a

Modalidade Esportiva, que é apresentada na literatura como uma escala unidimensional, com

3 itens. Essa convergência foi testada através da correlação entre essas duas variáveis latentes,

e é apresentada pela Figura 27.

Verificou-se um altíssimo grau de correlação (r=0,97). Esse teste sugere que ambas as escalas

medem o mesmo fenômeno, porém de maneira diferente – e com grau de detalhamento

diferente. Ou seja, a escala multidimensional do Modelo Estrutural de 2a ordem, com 3

dimensões e 7 itens, possui uma alta convergência com a Escala Geral, com 1 dimensão e 3

itens, o que sugere a qualidade das propriedades psicométricas de ambas as escalas.

Uma vez verificado esse resultado, decidiu-se investigar a estabilidade desse alto coeficiente

de correlação, segmentando a amostra em grupos (Gênero, Faixa Etária e Time). Os

resultados são apresentados na Tabela 54.

Verificou-se com esse teste de estabilidade que o coeficiente de correlação se manteve estável

entre todos os estratos da amostra quando analisados individualmente. O menor coeficiente de

correlação entre o Modelo Estrutural de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva de

2a Ordem e a Escala Geral de Identificação com a Modalidade Esportiva foi para o grupo de

indivíduos do gênero feminino (r=0,938), e o maior para o grupo de indivíduos do gênero

masculino (r=0,991), conforme ilustrado pela Tabela 54.

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Figura 27 – Comparação do Modelo Estrutural de 2a ordem da Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva com a Escala Geral de Identificação com a Modalidade

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223

Tabela 54 – Correlação entre a Escala de Identificação com a Modalidade Esportiva mensurada como uma variável latente de 2a ordem a partir da Beleza, Drama e e Escapismo com a Escala Geral de Identificação

Covariância

Estimativa não

padronizada C.R. p-valor

Correlação

Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem 1.655 33.666 ***

.974

Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Feminino) 1.503 25.403 ***

.938

Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Masculino) 1.538 18.332 ***

.991

Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Até 30 anos) 1.616 24.504 ***

.948

Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (mais que 30 anos)

1.665 25.342 ***

.992

Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Internacional) 1.646 23.668 ***

.981

Escala Geral (IEG) <--> Identificação com a Modalidade - construto 2a ordem (Grêmio) 1.708 26.810 ***

.974

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

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224

4.7. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM O TIME ESPORTIVO

Nesta seção são apresentados os resultados da concepção da Identificação do Fã com o Time

Esportivo como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3 dimensões: (1)

escala da Realização do Fã com a Vitória do time (ITV), escala da Socialização do Fã com

outros Fãs do time (ITS) e escala da Busca por Informações Esportivas pelo Fã (ITI).

Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE), Depois, os

resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC), Por último, são apresentados os Testes

de Diferenças Multi-grupo.

4.7.1. AFE: Identificação do Fã com o Time Esportivo

A Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com o Time

Esportivo foi realizada em 3 fases: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a

verificação da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura

Fatorial, contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3)

análise da Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente e Validade Discriminante.

4.7.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais

De maneira análoga aos procedimentos de análise utilizados anteriormente na AFE para a

Escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, a Escala de Identificação do Fã

com o Time Esportivo foi inicialmente submetidas à AFE através do método de extração pelo

autovalor (Eigenvalue), com rotação Direct Oblimin, utilizando-se tanto a técnica de

Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes Principais. O resultado é apresentado

na Tabela 55.

Inicialmente, verificou-se a realização da AFE é adequada para a Escala de Identificação com

o Time: o indicador KMO foi 0,909, considerado bastante alto, e o indicador de Esfericidade

de Bartlett foi 8333 e altamente significativo (p-valor < 0,000). Portanto, foi dado

prosseguimento à EFA.

Foram então verificados os indicadores de MSA de cada variável individualmente. Os

indicadores de MSA foram muito bons. Com efeito, o menor MSA (variável ITI_30) foi

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225

0,878, ou seja, a variável com “pior” desempenho relativo já apresentou um indicador em

patamar bastante elevado.

Em seguida foi verificada a comunalidade de cada variável. Apenas a variável ITS_27

apresentou comunalidade abaixo do valor esperado de 0,500. Na extração através da

Fatoração dos Eixos Principais a ITS_27 apresentou comunalidade de 0,415 e na extração

através de Componentes Principais comunalidade de 0,480.

A verificação da estrutura fatorial subjacente aos dados foi realizada através da extração

utilizando o método de autovalor. O resultado da AFE da escala de Identificação do Fã com o

Time para a amostra total surpreendeu, pois a estrutura fatorial através da extração pelo

autovalor apresentou-se unidimensional. Ou seja, todos os itens apresentaram um alto fator de

carga para um único construto. Esse resultado inicial sugere a existência de alta correlação

entre os itens, conforme apresentado pela Tabela 54.

Os fatores de carga extraídos apresentaram bons indicadores, sendo que a maioria dos itens

apresentou coeficientes bastante acima do patamar mínimo esperado de 0,50. A variância

extraída através da técnica de Fatoração dos Eixos principais foi de 60,3%, considerada

satisfatória, e a variância extraída através da técnica de Componentes Principais foi 64,6%.

Em ambas as técnicas de extração a estrutura fatorial para a amostra total se apresentou

unidimensional.

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226

Tabela 55 –Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time Esportivo: de Vitória, Socialização e Informações

Fatoração Eixos Principais Componentes Principais

Cod. Item Fator Comunalidade Fator Comunalidade MSA

ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem. .779 .607 .807 .651 .906

ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.

.790 .623 .816 .665 .905

ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha. .759 .576 .790 .625 .917

ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].

.763 .583 .795 .632 .904

ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].

.838 .702 .853 .728 .918

ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.

.645 ,416a .693 ,480a .938

ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].

.779 .607 .807 .651 .942

ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].

.805 .647 .827 .684 .891

ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter]. .815 .664 .835 .697 .878

Variância total explicada 60.3% 64.6%

KMO 0.909

Bartlett (sig) 8333 (0,000)

Nota: na extração utilizando o critério de Eingenvalue a estrutura fatorial mostrou-se unidimensional para a amostra total. a comunalidade abaixo do limite mínimo sugerido de 0,5

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227

4.7.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos

Assim, os resultados iniciais da AFE para a escala de Identificação do Fã com o Time

Esportivo não apresentaram indícios de desempenho ruim para variável alguma. Contudo,

esperava-se obter 3 fatores na extração (Vitória, Socialização e Busca de Informações), e

obteve-se inicialmente apenas um. Por isso, para testar a estabilidade dessa estrutura

unidimensional, foi realizado um teste de extração para os diversos grupos (gênero, faixa

etária, time e sócios) individualmente. O método utilizado foi de extração através do autovalor

(Eigenvalue), com Rotação Direct Oblimin, e técnica de Componentes Principais. Os

resultados são apresentados pela Tabela 56.

Verificou-se que a AFE se mostrou adequada para todos os grupos, pois o KMO e o Índice de

Esfericidade de Bartlett apresentaram valores acima dos limites esperados. Com efeito, o

menor KMO foi 0,825 (sócios). Entretanto, verificou-se que a dimensionalidade da estrutura

fatorial extraída pelo critério de autovalor variou significativamente entre os grupos.

Analisando a diferença entre gêneros, verificou-se que, para os respondentes do gênero

feminino, a estrutura fatorial apresentou 2 fatores. Nesse caso, a dimensão Realização com a

Vitória (ITV) separou-se das demais. Contudo, para os respondentes do gênero masculino, a

estrutura permaneceu unidimensional. Analisando o critério de faixa etária, não foi verificada

diferença alguma de estrutura fatorial entre respondentes com menos de 30 anos e com mais

de 30 anos. Para ambos os grupos a estrutura permaneceu unidimensional. Analisando a

diferença entre sócios e não-sócios, porém, verificou-se diferenças significativas: para os

sócios a estrutura fatorial apresentou 3 dimensões, conforme esperado; para os não-sócios, a

estrutura fatorial apresentou-se unidimensional. Analisando a diferença entre times,

novamente foi verificada uma diferença: para os Fãs do Internacional, a estrutura fatorial

apresentou-se unidimensional; contudo, para os Fãs do Grêmio, a estrutura apresentou-se

bidimensional, pois a dimensão Realização com a Vitória (ITV) separou-se das demais. Ou

seja, não foi possível comprovar a estabilidade da estrutura unidimensional inicialmente

sugerida para a amostra total. Pelo contrário, esse teste de diferença da estrutura subjacente

aos dados segmentando-se os grupos sugeriu a existência de diversas dimensões.

Como a extração da AFE está relacionada à intensidade da associação entre as variáveis,

decidiu-se prosseguir investigando a Matriz de Correlação a Confiabilidade dos construtos.

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228

Tabela 56 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das Escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações

Componentes Principais (rotação Direct Oblimin)

Gênero Faixa Etária Fã Time

Cod Item Feminino b Masculinoa Até 30 anos a > 30 anos a Não-sócio a Sócio c Inter a Grêmio b

ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.

-.885 .812 .811 .808 .803 .893 .813 -.906

ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.

-.884 .829 .813 .820 .813 .944 .815 -.871

ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.

-.926 .819 .793 .790 .777 .865 .792 -.916

ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].

.823 .821 .810 .789 .789 .899 .790 .804

ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].

.808 .833 .872 .834 .849 .711 .840 .783

ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.

.875 .677 .686 .701 .698 .857 .742 .896

ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].

.822 .801 .814 .800 .800 -.690 .803 .763

ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].

.682 .819 .831 .822 .821 -.965 .824 .733

ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].

.724 .833 .856 .812 .822 -.785 .835 .728

N 570 610 581 599 914 266 590 590

KMO 0.900 0.909 0.910 0.904 0.907 0.825 0.917 0.897

Bartlett 3864 4247 4251 4131 6231 1256 3929 4478

sig. Bartlett 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Variância Explicada 74.0% 65.0% 65.8% 63.7% 63.7% 76.8% 65.0% 75.9%

Nota: a Estrutura Unidimensional; b Estrutura Bidimensional; c Estrutura Tridimensional

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229

4.7.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante

Depois de ter sido verificada a falta de estabilidade da estrutura fatorial utilizando a extração

por meio do critério do autovalor, decidiu-se analisar a Confiabilidade, Validade Convergente

e Validade Discriminante da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo.

A Confiabilidade das foi inicialmente avaliada através do alfa de Cronbach. As 3 escalas –

Realização com a Vitória, Socialização e Busca de Informações Esportivas – apresentaram

indicadores satisfatórios, com alfas acima de 0,700, os quais podem ser considerados bons

principalmente se for considerado que cada escala foi medida com apenas 3 itens. Das 9

variáveis analisadas, apenas uma (a ITI_28) aumentaria a alfa caso fosse excluída.

A Validade Convergente e a Validade Discriminante foram verificadas por meio da análise

dos coeficientes de correlação apresentados na Matriz de Correlação, conforme apresentado

pela Tabela 57. De maneira análoga à análise anterior da escala de Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva, decidiu-se utilizar novamente a Matriz de Correlação por Postos de

Spearman para a escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo, visto que as variáveis

de Identificação com o time também foram medidas utilizando escala intervalar do tipo Likert

com 7 pontos.

Analisando os coeficientes de correlação entre os itens de cada dimensão, verificou-se que os

dados apresentam validade convergente. Os itens da dimensão Vitória (construto ITV), por

exemplo, apresentaram coeficientes de correlação entre si bastante altos, no patamar de 0,75.

Os coeficientes de correlação que indicam Validade Convergente foram destacados através de

uma linha achurada, formando “triângulos”.

A Validade Discriminante dos construtos foi verificada através da comparação dos

coeficientes de correlação das variáveis de uma dimensão com as variáveis das outras

dimensões. Ou seja, visualmente comparou-se a intensidade de associação dos coeficientes de

dentro da região dos triângulos com as variáveis “fora” dos triângulos. Embora essa

correlação entre variáveis de dimensões já fosse esperada, verificou-se que o grau de

intensidade de associação se mostrou bastante alto. Dessa forma, essa alta intensidade de

associação entre variáveis de diferentes dimensões ajuda a explicar por que a AFE através da

extração pelo autovalor não resultou na extração de 3 dimensões, conforme era esperado.

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230

Além disso, esses resultados de alta correlação entre todas as variáveis oferece indícios de que

as 3 dimensões hipotetizadas efetivamente fazem parte de um mesmo fenômeno

multidimensional. Ou seja, há indícios de que a Vitória, a Socialização e a Busca por

Informações Esportivas a podem ser compreendidas como dimensões de 1a ordem de uma

variável latente de 2a ordem.

Esses resultados com correlações com alta intensidade, entretanto, dificultaram a análise da

Validade Discriminante entre as dimensões. Em função disso, decidiu-se prosseguir a Análise

Fatorial Exploratória alterando-se o critério de extração. Ao invés do critério de autovalor,

realizou-se uma nova extração considerando a especificação prévia do número de fatores. O

procedimento de análise foi então replicado considerando a especificação de 3 fatores a

priori, conforme sugerido pela literatura e hipotetizado nesta pesquisa. Os resultados dessa

nova extração “forçando” 3 fatores são apresentados pela Tabela 58 e pela Tabela 59.

Novamente, a AFE apresentou-se adequada. Utilizando a extração com número pré-

especificado de fatores, obteve-se um KMO foi de 0,909 e o Índice de Esfericidade de

Bartlett foi de 8333 (p-valor < 0,000). A variância total explicada foi alta: 74,8% utilizando a

técnica de Fatoração dos Eixos Principais e 83,1% utilizando a técnica de Componentes

Principais. Além disso, todos os itens apresentaram valores satisfatórios de comunalidade, e o

MSA foi bastante alto (o item com menor valor apresentou MSA de 0,878).

Verificou-se que, nessa extração através da pré-especificação de 3 fatores, todos os 9 itens

“carregaram” exatamente nas escalas em que se esperava que apresentassem alto fator de

carga. Os coeficientes de carga foram altos, não havendo nenhum item abaixo do limite

mínimo esperado de 0,50.

Dessa forma, a AFE utilizando o critério de extração de pré-especificação do número de

fatores sugere a existência das 3 dimensões hipotetizadas. Contudo, devido à alta correlação

entre os itens, a AFE com extração pelo critério de autovalor não havia permitido verificar

inicialmente a validade discriminante entre os construtos. Já com a extração com pré-

especificação de 3 fatores, foi possível verificar indícios de Validade Discriminante dos

Construtos por meio dos fatores de carga. Esses indícios serão posteriormente analisados na

Análise Fatorial Confirmatória.

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231

Tabela 57 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações

Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)

Vitória Social Informação

α = 0,904 α = 0,865 α = 0,901

Cod Item Média DP 22 23 24 25 26 27 28 29 30

ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.

5.8 1.50 1

ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.

5.4 1.78 .766 1

ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.

5.9 1.46 .743 .749 1

ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].

5.2 1.84 .528 .520 .522 1

ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].

5.0 1.90 .575 .574 .543 .758 1

ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.

5.1 1.84 .422 .412 .397 .648 .632 1

ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].

4.5 2.01 .505 .543 .493 .572 .669 .479 1

ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].

5.6 1.73 .565 .557 .567 .564 .633 .474 .699 1

ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].

5.3 1.81 .555 .569 .572 .537 .624 .456 .723 .803 1

Correlação item-total corrigida 0.83 0.82 0.80 0.78 0.76 0.68 0.75 0.82 0.85

Alfa se o item for excluído 0.853 0.865 0.873 0.771 0.791 0.863 0,909 a 0.847 0.821

Nota: a A exclusão do item aumenta o alfa.

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232

Tabela 58 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação no número de fatores

Fatoração Eixos Principais Componentes Principais

Cod. Item Vitória Social Inform. Comun. Vitória Social Inform. Comun. MSA

ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.

-.898 .015 -.029 .789 -.925 .026 -.025 .853 .906

ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.

-.867 .030 -.005 .783 -.896 .031 .008 .846 .905

ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.

-.860 -.038 .035 .738 -.931 -.040 .011 .838 .917

ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].

-.033 .901 -.056 .783 -.106 .795 .060 .811 .904

ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].

-.057 .688 .192 .777 -.104 .585 .318 .798 .918

ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.

.008 .728 .012 .534 .040 .961 -.063 .813 .938

ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].

-.011 .225 .626 .660 .044 .117 .838 .785 .942

ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].

-.038 .014 .847 .784 -.030 -.028 .921 .853 .891

ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].

-.009 -.068 .981 .883 -.034 -.053 .948 .881 .878

Variância explicada 7.3% 5.5% 61.9% 10.1% 8.4% 64.6%

Variância total explicada 74.8% 83.1%

KMO 0.909

Bartlett (sig) 8333 (0,000)

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233

Tabela 59 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações – pré-especificação do número de fatores

Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)

Gênero Faixa Etária Fã Time

Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos > 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio

ITV_22 Eu me sinto realizado quando o [Grêmio/Inter] joga bem.

-.907 .943 -.900 -.940 -.915 .893 .873 -.940

ITV_23 Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo tivesse vencido.

-.903 .911 -.915 -.874 -.875 .944 .856 -.910

ITV_24 Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] ganha.

-.926 .899 -.924 -.933 -.935 .865 .904 -.940

ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].

.817 .769 .744 .816 .810 .899 .818 .774

ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].

.601 .623 .521 .642 .594 .711 .597 .589

ITS_27 Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.

.953 .958 .967 .952 .946 .857 .886 .974

ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].

.849 -.785 .828 .842 .825 -.690 .804 .862

ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].

.891 -.951 .959 .883 .903 -.965 .872 .938

ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].

.947 -.914 .947 .944 .956 -.785 .890 .971

N 570 610 581 599 914 266 590 590

KMO 0.900 0.909 0.910 0.904 0.907 0.825 0.917 0.897

Variância Explicada 82.7% 82.2% 83.4% 82.9% 82.5% 76.8% 81.4% 84.9%

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234

4.7.2. AFC: Identificação do Fã com o Time Esportivo

Na Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã com o Time

Esportivo, são apresentados os resultados de 4 tipos de análise: (1) análise do Modelo de

Mensuração; (2) Teste da Dimensionalidade das escalas de Identificação do Fã com o Time

Esportivo; (3) análise do Modelo Estrutural considerando a Identificação do Fã com o Time

Esportivo como um fenômeno multidimensional de 2a ordem e (4) comparação do Modelo

Estrutural de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação com o Time.

4.7.2.1. Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo

A primeira análise realizada após especificar o Modelo de Mensuração no AMOS foi a de

normalidade dos dados. Foram verificados os indicadores de Curtose item-a-item e de Curtose

Multivariada. Como não foi possível atestar a multinormalidade dos dados, ao invés do

tradicional uso da técnica de MLE, optou-se pela realização da Análise Fatorial Confirmatória

(AFC) por meio da técnica de ADF, que não requer distribuição normal.

Foi então avaliado o Modelo de Mensuração, especificado com 3 dimensões de 1a ordem

correlacionadas: Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca de

Informações Esportivas – conforme apresentado pela Figura 28.

Para avaliar o modelo, foram considerados diversos indicadores de ajuste, como o Qui-

Quadrado (χ2), o p-valor χ2, o Qui-Quadrado dividido pelos graus de liberdade (χ2/gl), o

Índice de Qualidade de Ajuste do Modelo (GFI), o CFI, a Raiz do Erro Quadrático médio de

Aproximação (RMSEA) e o PCLOSE.

O Modelo de mensuração apresentou um χ2 de 91,9, com um χ2/gl de 3,8, GFI de 0,952, CFI

de 0,920 e RMSEA de 0,049. Esses indicadores de ajuste indicaram que o Modelo de

Mensuração possui um bom ajuste aos dados, não sendo necessário reespecificar o modelo

por meio da exclusão de variáveis. Os indicadores de ajuste são apresentados pela Tabela 60.

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235

Figura 28 – Modelo de Mensuração da Escala Multidimensional de Identificação com o Time

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236

Tabela 60 – Indicadores de ajuste do Modelo de Mensuração das escalas de Identificação do Fã com o Time: Vitória, Socialização e Informações

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo Mensuração 91,9 ,000ª 3,8a ,952 ,920 ,049 ,542

Feminino 70,7 ,000ª 2,9 ,950 ,918 ,059ª ,173ª

Masculino 47,8 ,003 1,9 ,935 ,917 ,040 ,817

Até 30 anos 59,7 ,000ª 2,4 ,937 ,909 ,051 ,446ª

> 30 anos 57,2 ,000ª 2,3 ,946 ,930 ,048 ,549

Internacional 62,2 ,000ª 2,5 ,941 ,912 ,052ª ,392ª

Grêmio 65,5 ,000ª 2,7 ,934 ,914 ,054ª ,308ª

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,

Partiu-se, então, para a avaliação das estimativas de cada variável incluída no Modelo de

Mensuração. Essa avaliação foi realizada analisando-se principalmente os MIs (Modification

Indices) entre as variáveis observáveis, as variáveis latentes e os erros, além dos resíduos

padronizados da Matriz de Covariância (Standardized Residual Covariance Matrix). Embora

tenha sido verificado que a exclusão de algumas variáveis poderia aumentar o ajuste do

modelo, optou-se por não eliminar variável alguma, visto que o ajuste do Modelo de

Mensuração original se mostrou satisfatório.

Adicionalmente, foi realizado o cálculo do ajuste do modelo considerando diversos estratos da

amostra (segmentados pelos critérios de gênero, faixa estaria e time). Esse cálculo foi

realizado para testar a estabilidade dos indicadores de ajuste do modelo. Os resultados, que

também são apresentados na Tabela 60, indicaram que o ajuste se mostrou estável,

apresentando indicadores de ajuste melhores para os estratos do que para a amostra total.

Esses resultados eram esperados, uma vez que, ao segmentar a amostra em grupos mais

homogêneos, o ajuste do modelo tende a ser mais elevado. Destaca-se, por exemplo, o ajuste

para os respondentes do gênero masculino, cujo χ2 de foi de 47,8, com um χ2/gl de 1,9, GFI de

0,935, CFI de 0,917 e RMSEA de 0,040. Assim, observa-se que o Modelo de Mensuração

possui um bom ajuste aos dados coletados. Decidiu-se então prosseguir a análise com o Teste

de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo.

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237

4.7.2.2. Teste de Dimensionalidade Fatorial da escala de Identificação do Fã com o Time

Esportivo

Para confirmar a existência das 3 dimensões da Escala de Identificação do Fã com o Time

Esportivo, foi realizado o procedimento de especificação do Modelo de Mensuração com

todas as variáveis observadas atreladas a um único construto. O teste é apresentado pela

Figura 29.

Figura 29 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com o Time Esportivo

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238

Verificou-se que os fatores de carga das 9 variáveis, quando “forçadas” a carregar em um

único construto, permaneceram altas, com exceção da variável ITS_27. Contudo, ao avaliar os

indicadores de ajuste do Modelo de Teste, apresentados pela Tabela 61, verificou-se que todos

os indicadores pioraram significativamente: o χ2 disparou de 91,9 para 307,5, o χ2/gl subiu de

3,8 para 11,3, o GFI caiu de 0,952 para 0,836 e o RMSEA aumentou de 0,049 para 0,094.

Como os indicadores de ajuste do modelo unidimensional pioraram muito, situando o modelo

aquém dos limites esperados de ajuste, foi confirmada a estrutura fatorial multidimensional

com 3 construtos, conforme verificado anteriormente na AFE com extração por meio do

critério de pré-especificação do número de construtos.

Tabela 61 – Teste de Dimensionalidade das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Um construto de 1a ordem 307,5 p-valor 11,39a ,838a ,668a ,094a ,000a

Três construtos de 1a ordem correlacionados

91,9 ,000ª 3,829a ,952 ,920 ,049 ,542

Um construto de 2a ordem 91,9 ,000ª 3,829a ,952 ,920 ,049 ,542

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.

4.7.2.3. Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time Esportivo como um

fenômeno multidimensional de 2a ordem.

Uma vez confirmada a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva, foi elaborado um Modelo Estrutural considerando a Identificação com

o Time como um construto de 2a ordem, composto por três construtos de 1a ordem:

Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca por Informações Esportivas.

Esse modelo é apresentado pela Figura 30. Os indicadores de ajuste desse modelo de 2a ordem

foram equivalentes aos indicadores do Modelo de Mensuração com 3 construtos de 1a ordem

correlacionados.

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239

Figura 30 – Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time Esportivo como um Construto de 2a ordem

Ao avaliar os fatores de carga apresentados pela Figura 30, verifica-se a existência de

coeficientes excelentes para todas as variáveis, com exceção da ITS_27, cujo coeficiente não

está num patamar inferior (0,73) aos demais, porém ainda satisfatório.

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240

Além disso, pode-se verificar que o Modelo Estrutural apresenta paths com coeficientes

bastante altos para as 3 dimensões. A dimensão Socialização apresentou o maior path. De

toda forma, todos os coeficientes mostraram-se adequados e estatisticamente significativos,

conforme é apresentado pela Tabela 61.

Tabela 62 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Vitória <--- Identificação com o Time 1,024 ,816 20,3 ***

Social <--- Identificação com o Time 1,206 ,915 23,9 ***

Informação <--- Identificação com o Time 1,481 ,895 30,3 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Após a análise dos paths, foram analisados os indicadores de CR, AVE, correlação e

quadrado da correlação, conforme é apresentado pela Tabela 63.

Observa-se inicialmente que os indicadores de CR para os construtos de 1a ordem foram

muito bons, confirmando os resultados obtidos anteriormente na AFE. As dimensões Vitória e

Informação por exemplo, apresentaram um CR de 0,91 – tendo sido mensuradas com apenas

3 itens cada. Além disso, o construto de 2a ordem também apresentou um CR muito alto

(0,908).

De uma maneira geral, os indicadores apresentados pela Tabela 63 confirmam a qualidade do

Modelo Estrutural hipotetizado. Destacam-se os valores de AVE, em negrito na diagonal

principal da parte inferior da tabela, todos acima do patamar de 0,800.

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241

Tabela 63 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Identificação com o Time: Vitória, Socialização e Informações

Identificação com o Time (construtos de 1a ordem)

Vitória Social Informação Construto de 2a.

ordem

Cod. Item CR = .918 CR = .880 CR = .917 CR = .908

ITV_22 Eu me sinto realizado(a) quando o [time] joga bem. .899

ITV_23 Quando o [time] vence, sinto como se eu mesmo(a) tivesse vencido. .890

ITV_24 Eu me sinto orgulhoso(a) quando o [time] ganha. .875

ITS_25 Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [time]. .852

ITS_26 Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [time]. .936

ITS_27 Torcer pelo [time] é uma maneira de socializar com outros Fãs. .732

ITI_28 Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [time].

.844

ITI_29 Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [time]. .901

ITI_30 Eu acompanho as notícias sobre o time do [time]. .916

Vitória .859 .747 .730 .816

Social .558 .838 .819 .915

Informação .533 .671 .859 .895

Identificação com o Time (Construto de 2a. ordem) .666 .837 .801 .854

�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.

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242

Adicionalmente, foram extraídos e analisados os caminhos considerando a segmentação da

amostra em dois grupos utilizando a variável de critério “time”. Os resultados são

apresentados pela Tabela 64 (Internacional) e pela Tabela 65 (Grêmio).

Tabela 64 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Internacional)

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Vitória <--- Identificação com o Time .901 .906 12.994 ***

Social <--- Identificação com o Time 1.090 .893 15.193 ***

Informação <--- Identificação com o Time 1.277 .911 19.357 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Tabela 65 – Caminhos da escala de Identificação com o Time concebida como um construto de 2a Ordem mensurado a partir da Vitória, Socialização e Informações (Grêmio )

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Vitória <--- Identificação com o Time 1.153 .925 17.986 ***

Social <--- Identificação com o Time 1.006 .902 15.175 ***

Informação <--- Identificação com o Time 1.457 .929 23.790 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

4.7.2.4. Comparação Modelo Estrutural de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação

com o Time.

Após confirmar a qualidade do Modelo Estrutural hipotetizando a Identificação do Fã com o

Time Esportivo como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3 dimensões

– Vitória, Socialização e Informações - , decidiu-se testar o grau de convergência do construto

multidimensional de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação com o Time Esportivo.

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243

Esse teste de convergência foi realizado através da verificação da correlação entre as duas

variáveis latentes, e é apresentada pela Figura 31.

Verificou-se um altíssimo grau de correlação entre as duas variáveis latentes (r=0,95; p-

valor<0,000). Isso sugere que ambas as escalas medem o mesmo fenômeno. Ou seja, apesar

de a Identificação com o Time Esportivo poder ser considerada como um fenômeno

multidimensional, ela também pode ser medida através de uma escala unidimensional. O teste

sugere uma alta qualidade das propriedades psicométricas de ambas as escalas.

Assim, depois de se verificar esse alto grau de convergência, decidiu-se investigar a

estabilidade do coeficiente de correlação observado entre as variáveis latentes, segmentando a

amostra em diversos estratos (gênero, faixa etária e time). Os resultados são apresentados pela

Tabela 66.

Observou-se com esse teste de estabilidade do coeficiente de correlação que o grau de

associação entre as variáveis latentes se manteve estável e num patamar muito elevado. O

menor coeficiente de correlação foi entre respondentes com faixa etária maior do que 30 anos

(r=0,917) e o maior coeficiente foi entre os Fãs do Grêmio.

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244

Figura 31 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação com o Time Esportivo com a Escala Geral de Identificação com o Time.

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Tabela 66 – Estabilidade da Correlação entre a escala de Identificação com o Time concebida como variável latente de 2a ordem com a Escala geral de Identificação com o Time Esportivo

Covariância

Estimativa não

padronizada C.R. p-valor

Correlação

Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (construto 2a ordem) 1.497 35.253 ***

.946

Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Feminino) 1.488 27.548 ***

.932

Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Masculino) 1.358 20.712 ***

.946

Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Até 30 anos) 1.497 35.253 ***

.946

Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (mais que 30 anos) 1.457 24.678 ***

.917

Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Internacional) 1.265 20.674 ***

.929

Escala Geral (ITG) <--> Identificação com o Time (Grêmio) 1.609 29.185 ***

.966

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

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246

4.8. IDENTIFICAÇÃO DO FÃ COM AS CELEBRIDADES ESPORTIVAS

Nesta seção são apresentados os resultados da concepção da Identificação do Fã com as

Celebridades Esportivas como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3

dimensões: (1) Confiabilidade da Celebridade Esportiva (ICC), Expertise da Celebridade

Esportiva (ICE), e (3) Atratividade da Celebridade Esportiva (ICA).

Inicialmente, apresentam-se os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE). Depois, os

resultados da Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Por último, são apresentados os Testes

de Diferenças Multi-grupo.

4.8.1. AFE: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva

A Análise Fatorial Exploratória (AFE) das escalas de Identificação do Fã com a Celebridade

Esportiva incluiu 3 tipos de análise: (1) análise da Estrutura Fatorial, contemplando a

verificação da dimensionalidade dos construtos; (2) análise da Estabilidade da Estrutura

Fatorial, contemplando as estatísticas descritivas para teste de diferença entre grupos; e (3)

análise da Confiabilidade dos Construtos, Validade Convergente e Validade Discriminante.

4.8.1.1. Estrutura Fatorial: resultados iniciais

As escalas de Identificação do Fã com as celebridades esportivas foram inicialmente

submetidas à AFE através do método de extração pelo autovalor, com rotação Direct Oblimin,

utilizando-se tanto a técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes

Principais. O resultado é apresentado na Tabela 67.

Inicialmente verificou-se a adequação de realização da AFE analisando os indicadores de

KMO e de Esfericidade de Bartlett. Observou-se um KMO alto, de 0,922; o indicador de

Esfericidade de Bartlett foi 17021 (p-valor < 0,000), bastante alto. Assim, uma vez suportada

a adequação de se realizar AFE, prosseguiu-se para a análise de outros indicadores.

Verificou-se o MSA de cada variável individualmente. Todos os MSAs apresentaram

coeficientes muito bons. Com efeito, o menor MSA foi 0,877 (variável ICE_43), que já pode

ser considerado muito bom. O maior MSA foi 0,968 (variável ICC_35). Adicionalmente,

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247

verificou-se também a comunalidade de cada variável. Todas as variáveis apresentaram

indicadores de comunalidade satisfatórios, bem acima do limite mínimo esperado de 0,50.

Então foi verificada a estrutura fatorial subjacente aos dados, utilizando tanto a extração

através da técnica de Fatoração dos Eixos Principais quanto de Componentes Principais. Em

ambos os casos, utilizou-se a técnica de extração pelo autovalor, e observou-se que a estrutura

fatorial se mostrou multidimensional com 3 dimensões, conforme esperado. As cargas

fatoriais ficaram distribuídas adequadamente em seus respectivos construtos, conforme os

indicadores destacados em negrito na Tabela 67.

A estrutura fatorial apresentou fatores de carga muito bons, com exceção da variável ICE_42,

que apresentou carga fatorial de 0,551 para a extração através da Fatoração de Eixos

Principais. Contudo, apesar da ICE_42 apresentar um valor relativamente mais baixo do que

as demais variáveis, sua carga fatorial ainda permaneceu acima do limite mínimo esperado de

0,500. Por outro lado, diversos itens apresentaram carga fatorial acima de 0,900, como, por

exemplo, a variável ICA_47, com fator de carga de 0,951 na extração por meio de Fatoração

dos Eixos Principais. Nenhum item apresentou um fator de carga abaixo do limite esperado de

0,500.

A variância extraída dos dados foi alta. A extração por meio da Fatoração dos Eixos

principais sugeriu uma variância total explicada de 75,1%; já a extração por meio da técnica

de Componentes Principais sugeriu uma variância explicada de 79,9%.

Nenhuma variável apresentou fator de carga significativo “fora” do construto esperado, o que

sugere, junto com os demais indicadores analisados, indícios da alta qualidade psicométrica

da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva.

Assim, uma vez que os resultados iniciais da estrutura fatorial se mostraram satisfatórios,

decidiu-se testar a estabilidade da estrutura fatorial segmentando a extração em grupos.

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Tabela 67 – Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com as Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratitvidade

Fatoração Eixos Principais Componentes Principais

Cod. Item Conf. Expert. Atrat. Comun. Conf. Expert. Atrat. Comun. MSA

ICC_35 Eu acredito que o [nome do jogador] é digno de confiança.

.788 .077 -.017 .692 .854 .049 -.027 .764 .968

ICC_36 Eu acredito que o [nome do jogador] é honesto. .946 -.028 .010 .870 .944 -.017 .016 .884 .916

ICC_37 Eu acredito que o [nome do jogador] é confiável. .954 -.021 .001 .886 .948 -.008 .008 .895 .915

ICC_38 Eu acredito que o [nome do jogador] é sincero. .932 -.054 .022 .825 .947 -.053 .025 .859 .932

ICC_39 Eu acredito que o [nome do jogador] é alguém em que se pode acreditar.

.824 .103 -.005 .790 .858 .093 -.006 .830 .951

ICE_40 Eu acredito que o [nome do jogador] é um especialista.

.137 .703 .025 .642 .150 .740 .023 .704 .939

ICE_41 Eu acredito que o [nome do jogador] é experiente. -.014 .788 -.043 .594 -.032 .864 -.049 .700 .931

ICE_42 Eu acredito que o [nome do jogador] é inteligente. .231 .551 .095 .561 .244 .596 .097 .626 .962

ICE_43 Eu acredito que o [nome do jogador] é qualificado. -.039 .930 -.038 .808 .009 .904 -.039 .813 .883

ICE_44 Eu acredito que o [nome do jogador] é habilidoso. -.065 .769 .039 .549 -.106 .868 .042 .676 .910

ICA_45 Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente. a -.032 -.007 .927 .838 -.031 -.006 .942 .867 .886

ICA_46 Eu acredito que o [nome do jogador] tem classe. a .110 -.006 .806 .720 .109 -.010 .846 .784 .920

ICA_47 Eu acredito que o [nome do jogador] é bonito. a -.017 -.017 .947 .879 -.013 -.016 .951 .890 .877

ICA_48 Eu acredito que o [nome do jogador] é elegante. a .011 .036 .900 .834 .015 .035 .916 .863 .901

ICA_49 Eu acredito que o [nome do jogador] é sensual. a -.063 .000 .904 .781 -.069 .001 .933 .833 .932

Variância explicada 46.3% 20.6% 8.2% 47.9% 22.0% 10.1%

Variância total explicada 75.1% 79.9%

KMO / Bartlett (sig) 0,922 / 17021 (0,000) Nota: a formulação dos itens para respondentes do gênero feminino. Para os respondentes masculinos, a frase "eu acredito que o ..." foi substituída por "eu acredito que as mulheres acham..."

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249

4.8.1.2. Estabilidade da Estrutura Fatorial: teste entre grupos

Para verificar a estabilidade da estrutura fatorial subjacente ao dados, foi replicado o

procedimento anterior de AFE, porém restringindo-se a extração a diversos estratos da

amostra (gênero, faixa etária, time e Fã). O método utilizado foi de extração através do

autovalor, com Rotação Direct Oblimin, por meio de Componentes Principais. O resultado é

apresentado na Tabela 68.

Foi observada a adequação da AFE para cada um dos grupos por meio do KMO e do

indicador de Esfericidade de Bartlett. Esses indicadores se mostraram satisfatórios para todos

os grupos.

Observou-se também que a estrutura fatorial se mostrou estável, apresentando 3 dimensões

para todos os grupos. As cargas fatoriais ficaram adequadamente distribuídas em seus

respectivos construtos. Nenhuma variável apresentou fator de carga significativo “fora” do

construto esperado, e os valores de carga fatorial dos itens foram elevados. A variância

explicada se manteve estável conforme se comparam os grupos, ao redor de 80%.

Dessa forma, verificou-se que a estrutura fatorial apresentou estabilidade e bons indicadores.

Em seguida, foram analisados os indicadores de Confiabilidade, Validade Convergente e

Validade Discriminante.

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Tabela 68 – Teste da Estabilidade da Estrutura Fatorial das escalas de Identificação com a Celebridades Esportivas: Confiabilidade, Expertise e Atratividade

Componentes Principais (Rotação Direct Oblimin)

Gênero Faixa Etária Fã Time

Cod Item Feminino Masculino Até 30 anos

> 30 anos Não-sócio Sócio Inter Grêmio

ICC_35 Eu acredito que o [jogador] é digno de confiança.

.799 .878 .852 .854 .846 .885 .870 .821

ICC_36 Eu acredito que o [jogador] é honesto. .956 .936 .950 .937 .953 .909 .935 .952

ICC_37 Eu acredito que o [jogador] é confiável. .939 .949 .940 .954 .944 .944 .944 .947

ICC_38 Eu acredito que o [jogador] é sincero. .948 .946 .941 .950 .951 .918 .931 .967

ICC_39 Eu acredito que o [jogador] é alguém em que se pode acreditar.

.885 .841 .826 .889 .850 .885 .847 .874

ICE_40 Eu acredito que o [jogador] é um especialista. .705 .748 .753 .724 .737 .714 .684 .810

ICE_41 Eu acredito que o [jogador] é experiente. .907 .806 .860 .868 .881 .739 .814 .899

ICE_42 Eu acredito que o [jogador] é inteligente. .523 .635 .583 .616 .586 .589 .552 .654

ICE_43 Eu acredito que o [jogador] é qualificado. .930 .873 .903 .901 .913 .851 .866 .955

ICE_44 Eu acredito que o [jogador] é habilidoso. .910 .820 .871 .863 .874 .786 .828 .884

ICA_45 Eu acredito que o [jogador] é atraente. .940 .934 .952 .930 .944 -.935 .949 .932

ICA_46 Eu acredito que o [jogador] tem classe. .767 .873 .864 .824 .847 -.830 .844 .846

ICA_47 Eu acredito que o [jogador] é bonito. .963 .938 .946 .956 .958 -.924 .956 .942

ICA_48 Eu acredito que o [jogador] é elegante. .883 .925 .923 .908 .917 -.906 .893 .939

ICA_49 Eu acredito que o [jogador] é sensual. .948 .915 .940 .921 .932 -.936 .949 .913

N 570 610 581 599 914 266 590 590

KMO .924 .903 .914 .920 .924 .881 .898 .930

Bartlett 8772

(0,000) 8200

(0,000)

8442 (0,000)

8613 (0,000)

13569 (0,000)

3294 (0,000)

8048

(0,000) 9226

(0,000) Variância Explicada 81.4% 78.0% 80.0% 79.8% 80.6% 75.1% 77.5% 82.2%

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251

4.8.1.3. Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante

Após verificada a estabilidade da estrutura fatorial, foram analisados os indicadores de

Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante da escala de Identificação do

Fã com a Celebridade Esportiva.

A Confiabilidade da escala foi inicialmente verificada por meio do Alfa de Cronbach.

Observou-se que as 3 escalas – Confiabilidade, Expertise e Atratividade – apresentaram

indicadores satisfatórios, bastante acima do limite esperado de 0,700. Os resultados são

apresentados pela Tabela 69.

A Validade Convergente e a Validade Discriminante foram verificadas através dos

coeficientes de correlação. De maneira análoga aos procedimentos realizados na EFA da

escala de Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva e da escala de Identificação do Fã

com o Time Esportivo, foi utilizada a Matriz de Correlação de Postos de Spearman.

Os coeficientes de correlação entre as variáveis de uma mesma dimensão foram destacados

em negrito na Tabela 69. Assim, verifica-se que os coeficientes entre variáveis de um mesmo

construto – região “dentro” dos triângulos – foram bastante altos, sugerindo a validade

convergente dos construtos. A Validade Discriminante foi verificada analisando os

coeficientes de correlação entre as variáveis “fora” da região dos triângulos. Esses

coeficientes apresentaram coeficientes menores, sugerindo existência de Validade

Discriminante. Contudo, observa-se que os coeficientes de correlação dos itens das escalas de

Expertise (ICE) e Confiabilidade (ICC) apresentaram coeficientes relativamente altos,

sugerindo um intensidade de associação relativamente alta entre essas duas escalas.

Em suma, a AFE da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva apresentou

indícios de alta qualidade das propriedades psicométricas dos construtos.

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Tabela 69 – Matriz de Correlação das escalas de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade

Correlação entre as variáveis (Postos de Spearman)

Confiabilidade Expertise Atratividade

α = 0,954 α = 0,883 α = 0,953

Cod Item Média DP 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 ICC_35 Eu acredito que o [jogador] é digno de

confiança. 5.3 1.48 1

ICC_36 Eu acredito que o [jogador] é honesto. 5.2 1.46 .760 1

ICC_37 Eu acredito que o [jogador] é confiável.

5.3 1.46 .783 .866 1

ICC_38 Eu acredito que o [jogador] é sincero. 5.1 1.47 .719 .820 .814 1

ICC_39 Eu acredito que o [jogador] é alguém em quem se pode acreditar.

5.3 1.43 .741 .762 .797 .792 1

ICE_40 Eu acredito que o [jogador] é um especialista.

5.8 1.25 .465 .480 .486 .421 .468 1

ICE_41 Eu acredito que o [jogador] é experiente.

5.9 1.26 .383 .367 .395 .341 .412 .616 1

ICE_42 Eu acredito que o [jogador] é inteligente.

5.6 1.39 .455 .500 .490 .509 .539 .528 .530 1

ICE_43 Eu acredito que o [jogador] é qualificado.

6.1 1.10 .418 .399 .432 .382 .444 .640 .628 .583 1

ICE_44 Eu acredito que o [jogador] é habilidoso.

6.1 1.11 .350 .326 .328 .297 .379 .551 .531 .480 .678 1

ICA_45 Eu acredito que o [jogador] é atraente. 4.1 2.01 .224 .264 .265 .246 .236 .190 .073 .222 .107 .149 1

ICA_46 Eu acredito que o [jogador] tem classe.

4.3 1.89 .295 .344 .343 .354 .311 .258 .134 .307 .176 .167 .747 1

ICA_47 Eu acredito que o [jogador] é bonito. 4.0 2.05 .229 .267 .276 .281 .255 .191 .082 .240 .121 .141 .887 .760 1

ICA_48 Eu acredito que o [jogador] é elegante. 4.1 1.92 .262 .303 .297 .309 .286 .250 .133 .292 .159 .172 .793 .824 .835 1

ICA_49 Eu acredito que o [jogador] é sensual. 3.7 2.03 .171 .217 .206 .224 .203 .156 .076 .222 .088 .108 .819 .704 .834 .794 1

Correlação item-total corrigida 0.81 0.90 0.91 0.88 0.86 0.74 0.72 0.67 0.82 0.68 0.89 0.82 0.91 0.89 0.86

Alfa se o item for excluído 0.954 0.939 0.937 0.943 0.946 0.852 0.858 0.873 0.838 0.867 0.940 0.952 0.936 0.940 0.945 Nota: a formulação dos itens para respondentes feminino. Para os respondentes masculinos, a frase "eu acredito que o ..." foi substituída por "eu acredito que as mulheres acham..."

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253

4.8.2. AFC: Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva

A Análise Fatorial Confirmatória (AFC) das escalas de Identificação do Fã com a Celebridade

Esportiva contemplou 4 tipos de análise: (1) análise do Modelo de Mensuração das escalas de

Confiabilidade, Expertise e Atratividade das Celebridades Esportivas; (2) análise do Modelo

de Mensuração Reespecificado dessas escalas; (3) análise do Modelo Estrutural considerando

a Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva como um fenômeno multidimensional de

2a ordem e (4) Teste da Dimensionalidade das escalas de Identificação do Fã com a

Celebridade Esportiva.

4.8.2.1. Modelo de Mensuração da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva

Após especificar o Modelo de Mensuração no AMOS, a primeira análise realizada foi a do

teste de normalidade dos dados. Foram verificados os indicadores de Curtose item-a-item e de

Curtose Multivariada. Como não foi possível atestar a multinormalidade dos dados optou-se

pela técnica de ADF – que não requer distribuição normal – para o restante da AFC.

Foi então avaliado o Modelo de Mensuração, especificado com 3 dimensões de 1a ordem

correlacionadas: Confiabilidade, Expertise e Atratividade – conforme apresentado pela Figura

X. Para avaliar o Modelo de Mensuração, foram considerados diversos indicadores de ajuste,

como o Qui-Quadrado (χ2), o p-valor χ2, o Qui-Quadrado dividido pelos graus de liberdade

(χ2/gl), o Índice de Qualidade de Ajuste do Modelo (GFI), o CFI, a Raiz do Erro Quadrático

médio de Aproximação (RMSEA) e o PCLOSE.

O Modelo de mensuração apresentou um χ2 de 422, com um χ2/gl de 4,8, GFI de 0,880, CFI

de 0,823 e RMSEA de 0,057. Esses indicadores indicaram que o Modelo de Mensuração

apresentou um pouco abaixo dos limites esperados. Os indicadores de ajuste são apresentados

pela Tabela 70.

Assim, embora as cargas fatoriais apresentadas pela Figura 33 tenham se apresentado

excelentes, optou-se por avaliar os benefícios de se reespecificar o Modelo de Mensuração.

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Figura 33 – Modelo de Mensuração da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva

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255

Tabela 70 – Indicadores de Ajuste do Modelo de Mensuração da Escala de Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo Mensuração 422,0 ,000ª 4,8ª ,880ª ,823ª ,057ª ,015ª

Mensuração Reespecificado 44,5 ,007ª 1,8 ,984 ,987 ,027 ,999

Feminino 24,3 ,441 1,0 ,982 ,999 ,005 ,999

Masculino 55,6 ,000ª 2,3 ,965 ,962 ,047 ,615

Até 30 anos 43,4 ,009ª 1,8 ,975 .979 ,037 ,876

> 30 anos 37,7 ,037ª 1,5 ,973 .981 ,031 ,959

Internacional 52,1 ,001ª 2,1 ,973 ,974 ,045 ,682

Grêmio 43,2 ,009ª 1,8 ,966 ,970 ,037 ,885

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,

Foi realizada então a avaliação das estimativas de cada variável incluída no Modelo de

Mensuração. Essa avaliação foi realizada analisando-se principalmente os MIs entre as

variáveis observáveis, as variáveis latentes e os erros, além dos resíduos padronizados da

matriz de covariância. Esses indicadores sugeriram que a exclusão de algumas variáveis

poderiam aumentar o ajuste do modelo aos dados, uma vez que os erros dessas variáveis

apresentaram correlação com os erros de outras variáveis ou então correlação com os erros

das variáveis latentes. Assim, embora na AFE tenha sugerido bons indicadores para

praticamente todas as variáveis, a alta correlação observada entre variáveis de diferentes

construtos – principalmente entre as variáveis das escalas de Expertise e Confiabilidade – se

mostrou potencialmente problemática na AFC. Analisando-se os MIs e a Matriz dos resíduos

da Covariância, observou-se que a eliminação das variáveis ICC_39, ICC_40, ICE_42,

ICE_45, ICA_46 e ICA_48 se mostrou potencialmente promissora.

As variáveis então foram excluídas uma-a-uma, uma vez que a cada exclusão de variável

todos os indicadores são recalculados. Assim, as 6 variáveis acima foram eliminadas do

modelo, resultando em indicadores de ajuste muito superiores, sem alteração significativa das

propriedades da escala – tampouco no conteúdo / domínio de cada construto. Os indicadores

de ajuste do Modelo de Mensuração Reespecificado são apresentados pela tabela 67; o

modelo em si é apresentado pela Figura 32.

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Figura 32 – Modelo de Mensuração Reespecificado da escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva

Conforme apresentado pela Tabela 70, o Modelo de Mensuração Reespecificado apresentou

indicadores de ajuste muito superiores ao Modelo de Mensuração original. O χ2 caiu de 422,0

para 44,5 ; o χ2/gl caiu de 4,8 para 1,8; o GFI aumentou de 0,880 para 0,984 e o RMSEA caiu

de 0,057 para 0,027. Dessa forma, decidiu-se utilizar o Modelo de Mensuração

Reespecificado.

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257

4.8.2.2. Teste de Dimensionalidade Fatorial das escalas de Identificação do Fã com a

Celebridade Esportiva

Assim, uma vez reespecificado o Modelo de Mensuração, decidiu-se proceder com a

realização do Teste de Dimensionalidade Fatorial da escala de Identificação do Fã com a

Celebridade Esportiva. A AFE já havia apontado a existência de 3 dimensões por meio da

extração através do critério do autovalor. Portanto, na AFC, foi realizado o procedimento

confirmatório de especificação de um modelo de mensuração com todas as variáveis

observadas atreladas a uma única dimensão.

O modelo de Teste da Dimensionalidade é apresentado pela Figura 33. Observou-se que os

fatores de carga dos itens, quando “forçados” a carregar em uma única dimensão,

apresentaram pequena queda. Conforme era esperado, os indicadores de ajuste do modelo de

Teste pioraram significativamente quando todos os itens foram atribuídos a uma única

dimensão: o χ2 passou de 44,5 para 973,3; o χ2/gl passou de 1,8 para 34,7; o CFI passou de

0,987 para 0,399; e o RMSEA de 0,027 para 0,169. Esses resultados são apresentados na

Tabela 71.

Assim, a comparação dos indicadores de ajuste do novo modelo (construto de 1a ordem)

comparado ao Modelo de Mensuração Reespecificado (três construtos de 1a ordem

correlacionados) confirmou a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com a

Celebridade Esportiva.

Tabela 71 – Teste de Dimensionalidade das escalas da Identificação com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Um construto de 1a ordem

973.384 .000 34.764 .657 .399 .169 .000

Três construtos de 1a ordem correlacionados

44.538 .007 1.856 .984 .987 .027 .999

Um construto de 2a ordem

44.538 .007 1.856 .984 .987 .027 .999

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados.

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Figura 33 – Teste de Dimensionalidade Fatorial da Escala de Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva

Portanto, uma vez confirmada a multidimensionalidade da escala de Identificação do Fã com

a Celebridade Esportiva, foi elaborado um Modelo Estrutural considerando a Identificação

com a Celebridade como um construto de 2a ordem, composto por três construtos de 1a

ordem: Confiabilidade, Expertise e Atratividade.

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259

4.8.2.3. Modelo Estrutural da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva como um

fenômeno multidimensional de 2a ordem

O Modelo Estrutural de 2a ordem foi então especificado no AMOS e é apresentado pela

Figura 34.

Figura 34- Modelo Estrutural da Identificação do Fã com o Time como Construto de 2a ordem

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Ao avaliar os fatores de carga apresentados pela Figura 34, verifica-se a existência de

coeficientes de carga excelentes para todas as variáveis. Contudo, ao analisar os paths do

Modelo Estrutural, verifica-se uma discrepância significativa entre as 3 dimensões: enquanto

o path entre o construto de 2a ordem e a dimensão Realização com a Confiabilidade foi

extremamente alto (0,97) o path entre o construto de 2a ordem e a dimensão Atratividade foi

bem menor (0,32). Os coeficientes dos paths do Modelo Estrutural são apresentados pela

Tabela 72.

Tabela 72 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Confiabilidade <--- Identificação com a Celebridade 1,296 ,974 14,0 ***

Expertise <--- Identificação com a Celebridade ,482 ,566 8,1 ***

Atratividade <--- Identificação com a Celebridade ,559 ,315 8,9 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Após a análise dos paths, foram analisados os indicadores de CR, AVE, correlação e

quadrado da correlação, conforme é apresentado pela Tabela 73.

Observa-se inicialmente que os indicadores de CR para os construtos de 1a ordem foram

muito bons, confirmando os resultados obtidos anteriormente na AFE. A dimensões

Confiabilidade, por exemplo, apresentou um CR de 0,956 - tendo sido mensurada com apenas

3 itens. Contudo, verificou-se que o construto de 2a ordem apresentou queda significativa no

CR em relação às variáveis de 1a ordem, quando analisada a amostra total. Além disso, pode-

se verificar que o AVE do construto de 2a ordem também apresentou queda (AVE=0,456).

De toda forma, os indicadores apresentados pela Tabela 73 sugerem que o Modelo Estrutural

hipotetizado é satisfatório.

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Tabela 73 – Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante das escalas de Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade

Identificação com a Celebridade (construtos de 1a ordem)

Confiabilidade Expertise Atratividade Construto de 2a

ordem

Cod. Item CR = .956 CR = .851 CR = .947 CR = .678

ICC_36 Eu acredito que o [jogador] é honesto. .907

ICC_37 Eu acredito que o [jogador] é confiável. .957

ICC_38 Eu acredito que o [jogador] é sincero. .948

ICE_41 Eu acredito que o [jogador] é experiente. .774

ICE_43 Eu acredito que o [jogador] é qualificado. .913

ICE_44 Eu acredito que o [jogador] é habilidoso. .736

ICA_45 Eu acredito que o [jogador] é atraente. .879

ICA_47 Eu acredito que o [jogador] é bonito. .960

ICA_49 Eu acredito que o [jogador] é sensual. .936

Confiabilidade .879 .551 .307 .974

Expertise .304 .658 .178 .566

Atratividade .094 .032 .857 .315

Construto de 2a ordem .949 .320 .099 .456

�ota: Valores na diagonal referem-se à variância média extraída; valores acima da diagonal referem-se à correlação; valores abaixo da diagonal referem-se ao quadrado da correlação.

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262

Em seguida, decidiu-se analisar os caminhos do modelo segmentando a amostra conforme a

variável de controle “time”. Os resultados são apresentados pela Tabela 74 (Internacional) e

pela Tabela 75 (Grêmio).

Tabela 74 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade - Internacional

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Confiabilidade <--- Identificação com a Celebridade .959 .750 15.041 ***

Expertise <--- Identificação com a Celebridade .375 .518 6.553 ***

Atratividade <--- Identificação com a Celebridade .743 .387 8.977 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Tabela 75 – Caminhos do Modelo da Identificação do Fã com a Celebridade Esportiva: Confiabilidade, Expertise e Atratividade – Grêmio

Coeficiente não-

padronizado Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Confiabilidade <--- Identificação com a Celebridade 1.214 .885 21.297 ***

Expertise <--- Identificação com a Celebridade .688 .786 10.954 ***

Atratividade <--- Identificação com a Celebridade .659 .419 9.780 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Verifica-se nas Tabelas 74 e 75 que os coeficientes apresentaram algumas diferenças. Por

exemplo, entre Fãs do Internacional, a influência da Identificação com a Celebridade na

percepção de Confiabilidade (0,750) foi muito maior do que nos outros construtos de 2a

ordem – a influência na Expertise foi de 0,518. Já entre Fãs do Grêmio, por exemplo, a

influência da Identificação do Fã com a Celebridade na percepção na Expertise (0,786) foi

similar à influência na Confiabilidade (0,885).

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263

4.8.2.4. Comparação Modelo Estrutural de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação

com a Celebridade Esportiva

Após confirmar a adequação do Modelo Estrutural hipotetizando a Identificação do Fã com a

Celebridade Esportiva como um fenômeno multidimensional de 2a ordem composto por 3

dimensões – Confiabilidade, Expertise e Atratividade – , decidiu-se testar o grau de

convergência do construto multidimensional de 2a ordem com a Escala Geral de Identificação

com a Celebridade Esportiva. Esse teste de convergência foi realizado através da verificação

da correlação entre as duas variáveis latentes, e é apresentada pela Figura 35.

Verificou-se um alto grau de correlação entre as duas variáveis latentes (r=0,81; p-

valor<0,000). Isso sugere que ambas as escalas medem o mesmo fenômeno. Ou seja, apesar

de a Identificação com a Celebridade Esportiva ser um fenômeno multidimensional, ela

também pode ser medida razoavelmente por meio de uma escala unidimensional com apenas

3 itens.

Assim, depois de se verificar esse alto grau de convergência, decidiu-se investigar a

estabilidade do coeficiente de correlação observado entre as variáveis latentes, segmentando a

amostra em diversos estratos (gênero, faixa etária e time). Os resultados são apresentados pela

Tabela 76.

Observou-se com o teste de estabilidade do coeficiente de correlação que o grau de associação

entre as variáveis latentes se manteve estável e num patamar muito elevado. O menor

coeficiente de correlação foi entre respondentes com faixa etária maior do que 30 anos

(r=0,78) e o maior coeficiente foi entre os respondentes com faixa etária menor do que 30

anos (r=0,88).

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264

Figura 35 – Comparação da Escala Multidimensional de Identificação do Fã com a Celebridade com a Escala Geral de Identificação com a Celebridade

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Tabela 76 – Estabilidade da correlação entre a Escala de Identificação da Celebridade Esportiva concebida como uma variável de 2a ordem e a Escala Geral de Identificação com a Celebridade Esportiva

Covariância

Estimativa não

padronizada C.R. p-valor

Correlação

Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (construto 2a ordem) 1.069 20.879 ***

.805

Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Feminino) 1.093 15.639 ***

.837

Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Masculino) 1.133 16.464 ***

.806

Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Até 30 anos) 1.056 16.210 ***

.885

Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (mais que 30 anos) 1.056 16.156 ***

.785

Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Internacional) 1.011 14.094 ***

.846

Escala Geral (ICG) <--> Identificação com a Celebridade (Grêmio) 1.179 17.789 ***

.806

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

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266

4.9. RESULTADOS ADICIONAIS

4.9.1. Modelos Alternativos

Conforme discutido anteriormente, apesar de o Modelo Conceitual principal ter sido

concebido considerando que a Identificação influencia a Atitude e a Atitude influencia o

Comportamento (Identificação ---> Atitude ---> Comportamento), há suporte teórico para

defender a recursividade dessas relações. Ou seja, à medida que o Fã já possui uma Atitude

favorável ao Estádio e frequenta o Estádio comparecimento ao Estádio pode influenciar seu

grau de Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade

Esportiva.

Assim, no intuito de aproveitar os dados coletados e apresentar resultados adicionais ao foco

principal do trabalho, foram elaborados dois Modelos Alternativos para testar a recursividade

do Modelo. O primeiro modelo parte da Atitude em Relação ao Estádio e vai até a

Identificação (Atitude ---> Comportamento ---> Identificação). O segundo modelo parte do

Comparecimento ao Estádio (comportamento) e vai até à Atitude sendo influenciada pela

Identificação (Comportamento ---> Identificação ---> Atitude).

4.9.1.1. Modelo Alternativo 1

O primeiro modelo parte da Atitude em Relação ao Estádio e hipotetiza caminhos até a

Identificação do Fã com a Modalidade Esportiva, o Time e a Celebridade (Atitude --->

Comportamento ---> Identificação), sendo ilustrado pela Figura 36.

Verifica-se inicialmente que os fatores de carga das variáveis observáveis mantiveram-se

altos, indicando similaridade em relação ao modelo principal. Por outro lado, a variância

explicada das variáveis latentes apresentou diferenças significativas. Nesse modelo

alternativo, a variância explicada do Comparecimento ao Estádio foi de 62%, superior à

variância explicada no Modelo Estrutural principal. A variância explicada das dimensões de

Identificação com a Modalidade Esportiva e com o Time Esportivo também apresentaram

aumento significativo, com coeficientes de 80% e 77% respectivamente.

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267

Figura 36 – Modelo Alternativo 1

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268

Partiu-se então para a análise dos indicadores de Ajuste do Modelo, os quais são apresentados

na Tabela 77. Verifica-se que os indicadores são razoáveis, porém ficaram abaixo dos limites

esperados em praticamente todos os critérios. Para o Modelo considerando a amostra total,

por exemplo, o GFI ficou em 0,929 acima do limite esperado, e o RMSEA em 0,059, abaixo

do limite esperado mas ainda dentro do limite aceitável de 0,080. Os demais indicadores,

porém ficaram abaixo dos limites aceitáveis, como, por exemplo o CFI, que ficou em 0,845,

ou χ2/gl, que ficou em 5,1.

Para testar a estabilidade dessa estrutura fatorial foi replicado o procedimento de extração dos

indicadores de ajuste do modelo para diversos estrato da amostra (gênero, faixa etária e time).

Verifica-se que os indicadores de ajuste apresentam alguma melhora quando se consideram

estratos mais homogêneos. O χ2/gl, por exemplo, cai de 5,1 para 3,1 para o estrato feminino e

3,5 para o estrato masculino. Contudo, em nenhum estrato o CFI apresenta indicadores acima

do limite esperado de 0,900.

Tabela 77 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 1

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo com amostra total 441.6 .000 5.1 .929 .845 .059 .003

Feminino 264.3 .000 3.1 .943 .881 .060 .019

Masculino 301.2 .000 3.5 .904 .819 .064 .002

Até 30 anos 371.4 .000 4.3 .895 .777 .076 .000

> 30 anos 372.5 .000 4.3 .909 .821 .075 .000

Internacional 284.7 .000 3.3 .926 .846 .063 .005

Grêmio 438.9 .000 5.1 .881 .735 .083 .000

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,

Assim, esses indicadores sugerem que o ajuste do modelo aos dados é pior do que os

indicadores encontrados no Modelo Estrutural principal, porém isso já era esperado. Como o

principal interesse dessa análise é a verificação dos paths entre as variáveis latentes – teste da

recursividade do modelo – decidiu-se seguir a análise nesse sentido.

Foram então extraídos os coeficientes dos paths para o Modelo Alternativo 1 considerando a

amostra total. Os resultados são apresentados pela Tabela 78.

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269

Verifica-se que todos os paths apresentaram coeficientes estatisticamente significativos, com

um p-valor menor do que 0,001. Além disso, destaca-se a intensidade dos coeficientes

padronizados, todos acima de 0,70. Para a amostra total, a influência do Comparecimento ao

Estádio na Identificação com o Time e com a Modalidade Esportiva apresentaram

coeficientes similares, enquanto a influência do Comparecimento ao Estádio sobre a

Identificação com a Celebridade Esportiva apresentou um coeficiente relativamente menor.

Tabela 78 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Comparecimento ao Estádio

<--- Atitude com o Estádio

1.205 .790 18.290 ***

Identificação com o Time Esportivo

<--- Comparecimento ao Estádio

.494 .879 18.070 ***

Identificação com a Celebridade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.260 .595 12.972 ***

Identificação com a Modalidade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.503 .895 17.888 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Decidiu-se então investigar a diferenças nos paths considerando-se a diferença de gênero. Os

resultados são apresentados pelas Tabelas 79 (Feminino) e 80 (Masculino).

Todos os paths para o estrato feminino se mostraram estatisticamente significativos. Os

coeficientes também apresentaram indicadores altos. O menor coeficiente padronizado, por

exemplo, foi o da influência do Comparecimento ao Estádio na Identificação com a

Celebridade Esportiva, que foi de 0,649, o qual sugere que o comparecimento ao estádio

influencia e ajuda a explicar o grau de identificação das mulheres com as Celebridades

Esportivas do futebol. De uma maneira geral, verifica-se que os paths para estrato feminino

apresentaram coeficientes similares aos resultados verificados na amostra total.

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270

Tabela 79 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Comparecimento ao Estádio

<--- Atitude com o Estádio

.590 .801 10.741 ***

Identificação com o Time Esportivo

<--- Comparecimento ao Estádio

1.025 .856 11.231 ***

Identificação com a Celebridade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.596 .649 9.701 ***

Identificação com a Modalidade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.926 .881 11.190 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Verificou-se, então, os resultados do Modelo Alternativo 1 para o estrato masculino. Os

resultados são apresentados pela Tabela 80.

Tabela 80 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Comparecimento ao Estádio

<--- Atitude com o Estádio

3.965 .559 12.565 ***

Identificação com o Time Esportivo

<--- Comparecimento ao Estádio

.049 .498 8.672 ***

Identificação com a Celebridade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.038 .281 6.169 ***

Identificação com a Modalidade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.045 .429 7.969 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Novamente, observou-se que todos os coeficientes foram estatisticamente significativos.

Destaca-se, porém que a intensidade dos coeficientes padronizados mudou bastante em

relação aos respondentes do gênero feminino. Para os respondentes masculinos, a influência

do Comparecimento ao Estádio na Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time e

com a Celebridade foi menor do que para os respondentes femininos. Por exemplo: para os

homens, a influência do Comparecimento ao Estádio na Identificação com a Celebridade

Esportiva apresentou um coeficiente padronizado de 0,281 – enquanto para as mulheres havia

sido 0,649.

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271

Esses resultados novamente suportam a existência de diferenças de gênero. Mas, mais do que

isso, esses resultados sugerem que o Comparecimento ao Estádio influencia a Identificação do

Fã com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade, tanto para respondentes

masculinos quanto para femininos, porém com intensidade diferentes.

Partiu-se, então, para a avaliação de um 2o modelo alternativo para a avaliar a recursividade

da relação entre Identificação com o Esporte, Atitude com Estádio e Comparecimento ao

Estádio.

4.9.1.2. Modelo Alternativo 2

Foi então especificado um segundo modelo alternativo, conforme ilustrado pela Figura 37. O

Modelo Alternativo 2 considerou que o Comparecimento ao Estádio influencia a Identificação

do Fã com o Esporte, e então a Identificação influencia a Atitude em relação ao Estádio.

Foram então replicados os procedimentos de análise utilizados na avaliação do Modelo

Alternativo 1. Os resultados são apresentados na Tabela 81.

Verifica-se que os indicadores do Modelo Alternativo 2 são similares aos do Modelo

Alternativo 1. Os indicadores de GFI, χ2/gl e RMSEA razoáveis, porém o CFI e o PCLOSE

ficaram abaixo dos limites mínimos esperados. Analisando a estabilidade dos indicadores de

ajuste do modelo em diferentes estratos da amostra, verifica-se que a consideração de estratos

mais homogêneos contribui para a melhoria de alguns indicadores, porém, de uma maneira

geral, o ajuste ainda fica aquém do esperado.

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272

Figura 37 – Modelo Alternativo 2

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273

Tabela 81 – Indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 2

Modelo χ2 p-valor χ2 / gl GFI CFI RMSEA PCLOSE

Modelo Alternativo 2 470.5 .000 5.6 .925 .831 .062 .000

Feminino 284.1 .000 3.4 .939 .866 .065 .002

Masculino 306.1 .000 3.6 .902 .813 .066 .001

Até 30 anos 372.0 .000 4.4 .895 .775 .077 .000

> 30 anos 360.9 .000 4.3 .912 .827 .074 .000

Internacional 287.0 .000 3.4 .925 .842 .064 .002

Grêmio 450.7 .000 5.4 .878 .725 .086 .000

Limites esperados < possível > 0,05 < 3 > 0,9 > 0,9 < 0,05 > 0,5

�ota: a Indicadores de ajuste fora dos limites esperados,

Portanto, os indicadores de ajuste do Modelo Alternativo 2 sugerem que o ajuste dados é pior

do que os encontrados no Modelo Estrutural principal. De toda sorte, como o principal

interesse dessa análise é a verificação dos paths entre as variáveis latentes, partiu-se para essa

análise.

Foram então extraídos os coeficientes dos paths para o Modelo Alternativo 2 considerando a

amostra total. Os resultados são apresentados pela Tabela 82.

Verifica-se que todos os paths apresentaram coeficientes estatisticamente significativos.

Adicionalmente, destaca-se a intensidade de alguns coeficientes padronizados, como, por

exemplo, a influência do Comparecimento ao Estádio na Identificação do Fã com o Time e

com a Modalidade Esportiva, ambos acima de 0,90. Já os paths que mensuram a influência da

Identificação na Atitude em relação ao Estádio apresentaram coeficientes menores, porém

estatisticamente significativos. A Identificação com a Modalidade Esportiva e com o Time

Esportivo foram as variáveis que mais influenciaram a Atitude do Fã com o Estádio, e a

Identificação com a Celebridade apresentou uma influência relativamente menor.

Esses resultados considerando a amostra total sugerem indícios que suportam a hipótese da

recursividade das relações entre Identificação, Atitude com Estádio e Comportamento por

meio do Comparecimento ao Estádio.

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274

Tabela 82 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Amostra Total

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Identificação com o Time Esportivo

<--- Comparecimento ao Estádio

.515 .900 17.437 ***

Identificação com a Celebridade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.268 .602 12.995 ***

Identificação com a Modalidade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.513 .904 17.276 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esp.

.162 .104 2.915 .004

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esp.

.530 .433 7.613 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

.368 .303 5.299 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Partiu-se então a verificação das diferenças nos paths considerando-se a diferença de gênero.

Os resultados são apresentados pelas Tabelas 83 (Feminino) e 84 (Masculino).

Com exceção da influência do Identificação com a Celebridade na Atitude em relação ao

Estádio, todos os demais paths para o estrato feminino se mostraram estatisticamente

significativos. Os coeficientes foram altos.

Destacam-se os coeficientes padronizados da influência do Comparecimento ao Estádio na

Identificação das Fãs com a Modalidade Esportiva (0,917), com o Time (0,856) e com as

Celebridades (0,654).

Esses resultados sugerem, por exemplo, que a ida ao Estádio reforça a Identificação das

mulheres com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade.

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275

Tabela 83 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Feminino

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Identificação com o Time Esportivo

<--- Comparecimento ao Estádio

1.079 .856 10.439 ***

Identificação com a Celebridade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.630 .654 9.324 ***

Identificação com a Modalidade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

1.012 .917 10.586 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esp.

.118 .083 1.601 .109

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esp.

.544 .441 5.754 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

.334 .309 4.467 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

Partiu-se então para a avaliação dos paths do Modelo Alternativo 2 para os respondentes

masculinos. Os resultados são apresentados na Tabela 84.

Verifica-se que todos os paths foram significativos, sem exceção. Contudo, ao comparar os

coeficientes padronizados do estrato masculino com o feminino, percebe-se que os

coeficientes do estrato masculino são menores do que os do estrato feminino: a influência do

Comparecimento ao Estádio na Identificação dos Fãs com a Modalidade Esportiva foi de

0,493, com o Time de 0,634 e com as Celebridades de 0,285.

Esses resultados sugerem que, para os homens, a influência do Comparecimento ao Estádio

possui uma influência menor na Identificação com a Modalidade Esportiva, com o Time e

com as Celebridades. Contudo, tais resultados devem ser interpretados com ressalvas, visto

que, possivelmente, esse efeito menor da influência do Comparecimento ao Estádio na

Identificação pode ter sido menor nas mulheres em virtude delas possuírem, em geral, um

nível de identificação menor do que os homens, conforme verificado no teste de diferenças de

médias.

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276

Tabela 84 – Caminhos do Modelo Alternativo 1 – Masculino

Coeficiente

não-padronizado

Coeficiente Padronizado

C.R. p-valor

Identificação com o Time Esportivo

<--- Comparecimento ao Estádio

.060 .634 11.089 ***

Identificação com a Celebridade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.037 .285 6.313 ***

Identificação com a Modalidade Esportiva

<--- Comparecimento ao Estádio

.056 .493 9.660 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Celebridade Esp.

.199 .104 2.587 .010

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com a Modalidade Esp.

.846 .382 7.405 ***

Atitude em relação ao Estádio

<--- Identificação com o Time Esportivo

1.362 .513 8.129 ***

�ota: *** Significativa ao nível de 0,001.

De toda forma, esses resultados dos paths dos Modelos Alternativos 1 e 2 suportam

inicialmente a recursividade da relação entre Identificação com o Esporte, a Atitude em

relação ao Estádio e o Comparecimento ao Estádio. Isso sugere que, apesar de ser necessário

tomar uma decisão em relação ao modelo conceitual a ser utilizado, a relação entre as

variáveis não deveria ser interpretada como absolutamente linear, mas sim como recursiva ou

retroalimentada.

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277

4.9.2. Respostas às perguntas abertas

A coleta de dados incluiu duas perguntas abertas ao final do questionário. O primeira pergunta

foi “por que razão você não vai ao Estádio com maior frequência?”, e a segunda pergunta foi

“na condição de Fã, você faria alguma recomendação ao [Grêmio/Internacional]?”.

Conforme discutido anteriormente, essas duas questões foram adicionadas ao questionário em

caráter exploratório, visando capturar outros aspectos que influenciam a Atitude em relação

ao Estádio e o Comparecimento do Fã ao Estádio que não a Identificação do Fã com a

Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade Esportiva.

Com relação à primeira pergunta aberta, verificou-se uma grande variedade de razões, como:

• Medo da violência no Estádio, falta de segurança;

• Excesso de gente, tumulto;

• Dificuldade de acesso, dificuldade de deslocamento, engarrafamento na saída dos

jogos, falta de estacionamento;

• Falta de companhia para ir junto;

• Desempenho ruim do time não motiva a ir ao Estádio;

• Preço do ingresso alto demais;

• Preferência por assistir os jogos pela Mídia;

• Falta de conforto no Estádio;

• Não vai mais para poder passar tempo com a família;

• Falta de tempo, outras prioridades;

• Não vai mais por não ser sócio-torcedor.

É interessante destacar que boa parte dessas respostas estão associadas às características do

Estádio, da região de entorno ou da facilidade de acesso. Tais respostas, portanto, convergem

com aspectos explorados por autores que investigam a influência das características do

Estádio (WAKEFIELD e SLOAN, 1995; HILL e GREEN, 2000).

Com relação à segunda pergunta aberta, também observou-se uma grande variedade de razões

declaradas pelos Fãs, como:

• Investir na formação de atletas das equipes de base;

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278

• Contratar novos jogadores, preferencialmente alguns que valorizem o clube e não

apenas o dinheiro;

• Trocar de técnico;

• Trocar a diretoria e/ou dirigentes;

• Focar menos na política e mais no futebol;

• Reduzir o valor dos ingressos;

• Melhorar a organização da venda dos ingressos, reduzir a fila de venda de ingressos;

• Tornar o ambiente do estádio mais adequado para poder levar a família;

• Melhorar o conforto do Estádio.

• Reforçar o policiamento no entorno do Estádio.

Essas respostas à segunda pergunta aberta também foram recorrentes e se repetem bastante.

Destaca-se que parte delas se refere a questões associadas ao Estádio, porém outra parte se

refere a questões mais específicas ligadas ao quadro de jogadores, técnico, time – ou, ainda,

ao preço dos ingressos.

Esses resultados exploratórios sugerem que tais aspectos também contribuem para explicar a

Atitude do Fã com o Estádio e o efetivo Comparecimento ao Evento Esportivo.

4.10. RESUMO DOS RESULTADOS

Nesta seção é apresentado um resumo dos resultados. Foram elaboradas 4 tabelas que

sintetizam os resultados de todo o capítulo de análise com os dados referentes às hipóteses

substantivas do estudo. A Tabela 85 sintetiza o resultado do teste das hipóteses 1, 2, 3 e 4. A

Tabela 86 sintetiza o resultado do teste das hipóteses 5 e 6 para os Fãs do Internacional. A

Tabela 87 sintetiza o resultado das hipóteses 5 e 6 para os Fãs do Grêmio. A Tabela 88

sintetiza os resultados das hipóteses 7, 8 e 9.

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279

Tabela 85 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 1, 2, 3 e 4

Hipótese

#Hip Relação

Amostra Total (N=1180)

Internacional (N=590)

Grêmio (N=590)

Coeficiente p-valor Result. Coeficiente

p-valor Result. Coeficiente

p-valor Result. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad.

H1: A Identificação com o Esporte influencia a Atitude em relação ao Estádio Resultado Geral: Suportada

H1a CEE ���� IEG

.522 .419 *** Sup.

.732 .530 *** Sup.

.321 .280 *** Sup.

H1b CEE ���� ITG

.213 .172 .001 Sup.

.076 .052 .457 Ñ-sup.

.367 .329 *** Sup.

H1c CEE ���� ICG

.154 .095 .005 Sup.

.249 .127 .007 Sup.

.071 .048 .304 Ñ-sup.

H2: A Identificação com o Esporte influencia o Comparecimento no Estádio Resultado Geral: Parcialmente Suportada

H2a MCE ���� IEG

.752 .231 *** Sup.

.483 .166 .042 Sup.

.610 .190 *** Sup.

H2b MCE � ITG

-.048 -.015 .769 Ñ-sup.

.145 .047 .548 Ñ-sup.

.058 .019 .731 Ñ-sup.

H2c MCE ���� ICG

.356 .084 .013 Sup.

.732 .176 .005 Sup.

-.115 -.028 .490 Ñ-sup.

H3: Atitude em relação ao Estádio influencia o Comparecimento ao Estádio Resultado Geral: Suportada

H3 MCE ���� CEE

1.116 .428 *** Sup.

.864 .409 *** Sup.

1.357 .484 *** Sup.

#Hip Relação p-valor

MCE61 p-valor MCE63

Result. Média MCE61

Média MCE63

Média MCE61

Média MCE63

H4: O Consumo de Eventos Esportivos é influenciado simultaneamente pelo desempenho do Time e pela Identificação do Fã com o Time. Resultado Geral: Parcialmente Suportada

H4a MCE �SIT alta

0.973 0.866 Ñ-sup.

8.32 7.02

8.29 6.92

H4b MCE ���� SIT baixa 0.024 0.051 Sup.

2.44 2.17

1.65 1.68

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Tabela 86 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Internacional

Hipótese #Hip Relação

Internacional (N=590)

Feminino Masculino Teste Moderação

Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result

H5: O gênero modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo. Resultado Geral: Parcialmente Suportada

H5a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: �ão Suportada

H5a1 CEE � IEG

0.604 0.816 ***

0.777 0.444 ***

2.0 0.119 Ñ-sup.

H5a2 CEE � ITG

-0.389 -0.21 0.035

1.018 0.247 ***

3.2 0.074 Ñ-sup.

H5a3 CEE � ICG

-0.046 -0.035 0.613

0.149 0.095 0.139

0.3 0.617 Ñ-sup.

H5b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Suportada

H5b1 MCE ���� IEG

0.055 0.03 0.637

1.295 0.366 ***

32.8 *** Sup.

H5b2 MCE ���� ITG

0.312 0.137 0.023

0.396 0.271 ***

31.0 *** Sup.

H5b3 MCE ���� ICG

0.317 0.116 0.106

2.03 0.493 ***

21.2 *** Sup.

H5c: relação entre Ati-tude e Comp. R: Sup.

H5c MCE ���� CEE

0.804 0.507 *** 0.804 0.378 *** 28,6 *** Sup.

#Hip Relação Menos de 30 anos Mais de 30 anos Teste Moderação

Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result

H6: A Faixa Etária modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo Resultado Geral: Parcialmente Suportada

H6a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: Suportada

H6a1 CEE ���� IEG

0.501 0.784 ***

0.830 0.513 ***

13.3 *** Sup.

H6a2 CEE ���� ITG

0.369 0.091 0.101

-0.013 -0.005 0.936

6.9 0.009 Sup.

H6a3 CEE ���� ICG

0.161 0.097 0.079

0.516 0.247 ***

7.0 0.007 Sup.

H6b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Parcial-mente Suportada

H6b1 MCE ���� IEG

1.324 0.303 ***

0.587 0.222 0.005

7.1 0.008 Sup.

H6b2 MCE � ITG

0.369 0.091 0.101

-0.013 -0.005 0.936

2.5 0.113 Ñ-sup.

H6b3 MCE ���� ICG

1.020 0.203 ***

0.193 0.052 0.359

4.8 .027 Sup.

H6c: relação entre Ati-tude e Comp. R: Ñ-sup.

H6c MCE � CEE

0.454 0.169 *** 0.657 0.297 ***

1,9 0,170 Ñ-sup.

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Tabela 87 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 5 e 6 – Grêmio

Hipótese #Hip Relação

Grêmio (N=590)

Feminino Masculino Teste Moderação

Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result

H5: O gênero modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo. Resultado Geral: Parcialmente Suportada

H5a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: �ão Suportada

H5a1 CEE � IEG

0.198 0.716 0.037

0.352 0.307 ***

2.5 0.111 Ñ-sup.

H5a2 CEE � ITG

0.364 0.381 ***

0.465 0.405 ***

1.0 0.306 Ñ-sup.

H5a3 CEE � ICG

-0.031 -0.023 0.679

0.153 0.107 0.043

2.5 0.111 Ñ-sup.

H5b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Suportada

H5b1 MCE ���� IEG

0.032 0.022 0.811

1.248 0.348 ***

29.3 *** Sup.

H5b2 MCE ���� ITG

-0.057 -0.05 0.562

1.223 0.328 ***

35.9 *** Sup.

H5b3 MCE ���� ICG

-0.035 -0.02 0.749

1.040 0.287 ***

8.3 0.004 Sup.

H5c: Gênero modera relação entre Atitude e Comportamento. Resultado: Suportada

MCE ���� CEE

0.629 0.61 *** 2.157 0.560 ***

77,5 *** Sup.

#Hip Relação Menos de 30 anos Mais de 30 anos Teste Moderação

Ñ-pad pad. p-valor Ñ-pad pad. p-valor ∆χ2 p-valor Result

H6: A Faixa Etária modera a influência da Identificação com o Esporte no Consumo do Evento Esportivo Resultado Geral: Suportada

H6a: indiretamente, influenciando a atitude com o Estádio. Resultado: Parcial-mente Suportada

H6a1 CEE ���� IEG

0.184 0.806 0.008

0.585 0.459 ***

10.5 *** Sup.

H6a2 CEE � ITG 0.554 0.513 *** 0.490 0.403 *** 0.5 0.484 Ñ-sup.

H6a3 CEE ���� ICG

-0.240 -0.213 ***

0.307 0.179 0.002

13.2 *** Sup.

H6b: diretamente, influenciando o Comparecimento ao Estádio. Resultado: Suportada

H6b1 MCE ���� IEG

0.728 0.215 ***

0.293 0.107 0.052

6.3 0.012 Sup.

H6b2 MCE ���� ITG

0.473 0.149 0.005

-0.053 -0.021 0.700

10.3 0.001 Sup.

H6b3 MCE ���� ICG

0.043 0.012 0.766

-0.127 -0.032 0.450

0.5 0.471 Sup.

H6c: Faixa Etária modera relação entre Atitude e Compor-tamento. Result: Suportada

MCE ���� CEE

1.481 0.489 *** 1.033 0.493 ***

6,7 0,009 Sup.

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282

Tabela 88 – Resumo dos Resultados das Hipóteses 7 e 8 e 9

Hipótese

#Hip Relação

Amostra Total (N=1180)

Internacional (N=590)

Grêmio (N=590)

Coeficiente p-valor Result. Coeficiente

p-valor Result. Coeficiente

p-valor Result. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad. Ñ-pad pad.

H7: A Identificação com a Modalidade influencia a Beleza, o Drama e o Escapismo Resultado Geral: Suportada

H7a IEB ���� IEG

.957 .714 *** Sup. 1.021 .765 *** Sup. .988 .745 *** Sup.

H7b IED ���� IEG

.586 .534 *** Sup. .477 .430 *** Sup. .755 .637 *** Sup.

H7c IEE ���� IEG

1.052 .732 *** Sup. .896 .677 *** Sup. 1.109 .730 *** Sup.

Correlação com a escala geral de Identif. c/ Mod.

.974 *** Sup. .981 *** Sup. .974 *** Sup.

H8: A Identificação com o Time influencia a Realização com a Vitória, Socialização e Busca de Informações. Resultado Geral: Suportada

H8a ITV ���� ITG

1,024 ,816 *** Sup. .901 .906 *** Sup. 1.153 .925 *** Sup.

H8b ITS ���� ITG

1,206 ,915 *** Sup. 1.090 .893 *** Sup. 1.006 .902 *** Sup.

H8c ITI ���� ITG

1,481 ,895 *** Sup. 1.277 .911 *** Sup. 1.457 .929 *** Sup.

Correlação com a escala geral de Identif. c/ Time

.946 *** Sup. .929 *** Sup. .966 *** Sup.

H9: A Identificação com a Celebridade influencia a percepção de Confiabilidade, Expertise e Atratividade. Resultado Geral: Suportada

H9a ICC ���� ICG

1,296 ,974 *** Sup. .959 .750 *** Sup. 1.214 .885 *** Sup.

H9b ICE ���� ICG

,482 ,566 *** Sup. .375 .518 *** Sup. .688 .786 *** Sup.

H9c ICA ���� ICG

,559 ,315 *** Sup. .743 .387 *** Sup. .659 .419 *** Sup.

Correlação com a escala geral de Identif. c/ Celeb.

.805 *** Sup. .846 *** Sup. .806 *** Sup.

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283

5. CO�CLUSÕES

A seção com as conclusões foi estruturada em 5 partes. Inicialmente é apresentado um

sumário do estudo. Depois, são apresentadas as respostas às questões de pesquisa,

destacando-se as implicações teóricas dos resultados deste estudo. Em seguida, são

apresentadas as implicações gerenciais. Então, são apresentadas as limitações do estudo. Por

fim, apresentam-se as sugestões para estudos futuros.

5.1. SUMÁRIO DO ESTUDO

O presente estudo investigou as relações existentes entre a Identificação do Fã do Esporte

com a Modalidade Esportiva, o Time Esportivo e a Celebridade Esportiva e o Consumo do

Evento Esportivo. Mais especificamente, o estudo objetivou: (1) investigar a influência da

Identificação com a Modalidade, Time e Celebridade no Comparecimento do Fã do Esporte

ao Estádio, tanto diretamente, quanto indiretamente – considerando o efeito mediador da

Atitude do Fã do Esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio; (2) investigar o efeito

do gênero e da faixa etária dos Fãs do Esporte na relação entre a Identificação do Fã do

Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time e com a Celebridade e o Consumo do

Evento Esportivo; e (3) investigar se a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade

Esportiva, o Time e a Celebridade Esportiva poderiam ser concebidas como construtos de 2a

ordem mensurados a partir de dimensões de 1a ordem, respectivamente: (a) Beleza, Drama e

Escapismo; (b) Realização com a Vitória, Socialização com outros Fãs e Busca de

Informações Esportivas; (c) Confiabilidade, Expertise e Atratividade das Celebridades do

Esporte.

A revisão de literatura proporcionou a identificação de 31 escalas de mensuração dos

construtos relacionados com o fenômeno estudado. Destas, 6 escalas foram escolhidas e

traduzidas para o Português por meio do procedimento de Tradução Reversa. Foi então

elaborado um questionário, o qual foi pré-testado em duas ondas e ajustado até se chegar à

versão final para a fase de coleta de dados.

Foi utilizada uma amostra não-probabilística, com quotas de time esportivo e gênero. Metade

dos Fãs esportivos são Fãs do Grêmio e metade do Internacional. A amostra foi composta por

Fãs de diversas faixas etárias, tendo-se restringido a amostra exclusivamente a Fãs maiores de

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284

16 anos. Diferentemente da maior parte dos estudos da área de Marketing Esportivo, os quais

consideram amostras compostas exclusivamente por estudantes de instituições de ensino

superior, a amostra utilizada foi bastante heterogênea, contemplando pessoas de diferentes

profissões e classes socioeconômicas. Embora não tenha sido estabelecida quota para a

variável gênero, verificou-se uma composição similar de respondentes do gênero masculino e

feminino para cada um dos times.

Os dados foram coletados através de uma survey, cujo questionário estruturado foi

administrado com a assistência de uma equipe treinada para esse fim. Foram utilizados 13

entrevistadores, os quais foram supervisionados por 3 coordenadores de campo e um

coordenador geral. Foram coletadas observações em cerca de 40 bairros da cidade de Porto

Alegre, RS. Foram obtidos 1.249 questionários no período compreendido entre 14 e 27 de

Junho de 2011, ao longo de 14 dias consecutivos. Do total de 1.249 questionários coletados,

1.080 (94,5%) foram considerados válidos. Os 5,5% de questionários restantes foram

eliminados por falhas de preenchimento ou questões deixadas em branco.

Foi proposto, a partir do Referencial Teórico, um modelo conceitual hipotetizando a

influência da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time

Esportivo e com a Celebridade Esportiva no Consumo do Evento Esportivo. Foram

formuladas 9 hipóteses substanciais de pesquisa – todas desdobradas em hipóteses adicionais.

Procedeu-se uma análise descritiva dos dados coletados e em seguida realizou-se o

procedimento de validação das escalas gerais de Identificação do Fã do Esporte com a

Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo, com a Celebridade do Esporte, além das

Escalas de Consumo do Evento Esportivo, de Atitude do Fã do Esporte em relação ao

Comparecimento ao Estádio e de Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.

Após a validação das escalas gerais, foram validadas as escalas de 2a ordem Beleza, Drama,

Escapismo, Vitória, Socialização, Informações, Confiabilidade, Expertise e Atratividade. Para

estimular a resposta em relação às dimensões associadas à Identificação do Fã do Esporte com

a Celebridade Esportiva, foi solicitado aos respondentes indicar o jogador do time com o qual

eles mais se identificavam. Depois, todas as perguntas associadas à Celebridade Esportiva

foram ancoradas no jogador escolhido pelo Fã.

Assim, foram validadas as dimensões de interesse das escalas Points of Attachment Index

(PAI), proposta por Robinson e Trail (2003); Points of Attachment Index revised (PAI-r),

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285

revisada por Braunstain, Zhang e Trail (2011); Motivations Scale of the Sport Consumer

(MSSC), de Trail e James (2001). Além disso, foram testadas e validadas as escalas Atitude

do Fã do Esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio (CEE) e Comportamento de

Consumo do Evento Esportivo (MCE), as quais foram adaptadas a partir de Fink, Trail e

Anderson (2002).

Para validar as escalas foram utilizados procedimentos de Análise Fatorial Exploratória

(AFE), verificação da Confiabilidade, Validade Convergente e Validade Discriminante dos

construtos. Para testar as hipóteses do estudo, utilizou-se a técnica de Modelagem de

Equações Estruturais (SEM). Mais especificamente, realizou-se a análise fatorial

confirmatória (AFC) para confirmar as subdimensões dos modelos avaliados e a análise SEM

de múltiplos grupos, para verificar a existência e a força do efeito moderador do gênero e da

faixa etária. O Time Esportivo foi utilizado como variável de controle.

Os resultados do presente estudo possibilitaram suportar que a Identificação do Fã do Esporte

influencia no Consumo do Evento Esportivo, tendo sido suportado tanto o efeito direto da

Identificação no Comportamento de Consumo do Evento Esportivo quanto o efeito indireto

por meio da Atitude do Fã do Esporte em relação ao Estádio. Contudo, esses resultados gerais

apresentaram diferenças quando se analisou diferentes estratos da amostra. Verificou-se

também o efeito moderador do Gênero e da Faixa Etária na relação entre a Identificação do Fã

do Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Adicionalmente, constatou-se que o

Comportamento de Consumo do Evento Esportivo pode ser influenciado simultaneamente

pelo Desempenho do Time e pela Identificação do Fã com o Time. Contudo somente os Fãs

do Esporte com baixa Identificação com o Time apresentaram diferenças de Comportamento

de Consumo do Evento Esportivo quando se contrastou a frequência média de

Comparecimento ao Estádio entre Fãs do Grêmio e do Internacional. Foram também

suportados (a) a influência da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva na

percepção de beleza do jogo, na experiência do drama e no escapismo; (b) a influência da

Identificação do Fã do Esporte com o Time na realização com a vitória, na socialização com

outros Fãs e na busca de informações esportivas; e (c) a influência da Identificação do Fã do

Esporte com a Celebridade Esportiva na percepção de Confiabilidade, Expertise e

Atratividade dos jogadores. Foi suportada a utilização de um modelo reflexivo considerando

as dimensões supra citadas, sugerindo-se a possibilidade de se mensurar a Identificação do Fã

do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade do

Esporte a partir de construtos de 2a ordem. Por fim, foi explorada e suportada a relação

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circular entre Identificação do Fã do Esporte, Atitude em relação ao comparecimento ao

Estádio e Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.

5.2. CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

Esta seção apresenta as Contribuições do Estudo. Essas contribuições são abordadas sob duas

perspectivas: as contribuições acadêmicas, discutidas na seção de Implicações Teóricas, e as

contribuições práticas para os profissionais que atuam na área de Marketing Esportivo,

discutidas na seção de Implicações Gerenciais.

5.2.1. Implicações Teóricas

Nesta seção são apresentadas as respostas às questões de pesquisa.

5.2.1.1. Primeira Questão

A primeira questão de pesquisa diz respeito ao efeito da Identificação do Fã do Esporte no

Consumo do Evento Esportivo.

Questão 1: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva, com o

Time Esportivo e com a Celebridade Esportiva influencia a Atitude e o

Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos?

Pode-se dizer que que a resposta é “sim”, a Identificação do fã do esporte influencia

significativamente o Consumo do Evento Esportivo.

Esse resultado está alinhado com estudos anteriores que suportaram a influência da

Identificação do fã com o time no Consumo Esportivo (GWINNER e SWANSON, 2003;

GWINNER e BENNET, 2008). Cabe realçar que o efeito da Identificação do Fã do Esporte

com a Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade Esportiva na

Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio e no Consumo de Eventos Esportivos é

distinto, ou seja, alguns desses elos de ligação do fã com o esporte apresentaram maior

“força” do que outros. Além disso, verifica-se que a influência da identificação do Fã do

Esporte no Consumo de Eventos Esportivos pode ser direta ou indireta.

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Os resultados do presente estudo sugerem que não é só a Identificação do Fã do Esporte com

o Time Esportivo que influencia o Consumo do Evento Esportivo, mas que também a

Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva e a Identificação do Fã do

Esporte com a Celebridade do Esporte exercem uma influência significativa no Consumo do

Evento Esportivo. Assim, pode-se dizer que a primeira contribuição do presente estudo se

refere à observação de que múltiplos elos de ligação do fã do esporte influenciam

simultaneamente o Consumo do Evento Esportivo. Robinson e Trail (2003) já haviam

defendido a existência de múltiplos elos de ligação do Fã do Esporte, porém eles haviam

articulado a relação desses elos de ligação apenas com as “motivações” do Fã do Esporte. O

presente estudo diferencia-se por estender tal articulação para o contexto do Consumo do

Evento Esportivo, mais especificamente ao Comparecimento ao Estádio, avançando a

fronteira “motivacional” e investigando o efeito da Identificação no domínio comportamental

do Fã do Esporte. Além disso, os resultados do presente estudo sugerem que cada elo de

ligação do fã com o esporte – Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade, com o Time

Esportivo e com a Celebridade do Esporte – apresenta uma intensidade de influência diferente

no Consumo do Evento Esportivo. Nesse sentido, pode-se dizer também que resultado do

presente estudo é coerente com o conceito de “deslocamento” dos elos de ligação dos Fãs do

Esporte apontado por Fisher e Wakefield (1998). De acordo com esses autores, um

desempenho insatisfatório do time poderia levar a uma diminuição da identificação com o

time, que seria compensada por um aumento da importância da atratividade dos jogadores e

do envolvimento do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva.

A segunda contribuição do presente estudo reside no suporte ao efeito mediador da Atitude

em relação ao Comparecimento ao Estádio na relação entre Identificação do Fã do Esporte e o

Consumo do Evento Esportivo. Com efeito, estudos anteriores já haviam destacado a

importância de se considerar aspectos atitudinais ao investigar o Consumo Esportivo

(KWON, TRAIL e JAMES, 2007; FISHER e WAKEFIELD, 1998). O estudo de Fisher e

Wakefield (1998) focou no efeito mediador da lealdade ao time na relação entre os aspectos

que compõem a experiência do estádio (conforto dos assentos, a facilidade de acesso, o

estacionamento e serviços de alimentação, entre outros) e a intenção de frequentar o estádio.

O estudo de Kwon, Trail e James (2007) investigou o efeito mediador do valor percebido pelo

consumidor na relação entre a identificação com o time e a intenção de compra de artigos

esportivos licenciados. Os autores testaram 3 modelos, um com mediação total, um com

mediação parcial e outro sem mediação alguma, tendo constatado o melhor ajuste do modelo

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com mediação total da variável atitudinal. Os resultados do presente estudo corroboram a

existência da mediação da variável atitudinal, porém sugerem que tal efeito mediador pode

não ser significativo para todos os grupos de Fãs do Esporte.

5.2.1.2. Segunda Questão

A segunda questão de pesquisa se refere ao efeito do Desempenho Percebido do Time

Esportivo no Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.

Questão 2: O Desempenho do Time Esportivo influencia o Comportamento de

Consumo de Eventos Esportivos?

Pode-se dizer que a resposta é “sim”, o Consumo do Evento Esportivo pode ser influenciado

pela percepção de Desempenho do Time Esportivo. Contudo, constatou-se que a influência do

Desempenho do Time não é uniforme para grupos de Fãs do Esporte com níveis distintos de

Identificação com o Time Esportivo.

Estudos anteriores sugerem que o desempenho do time ou a percepção de desempenho do

time pelo Fã do Esporte podem influenciar o Consumo de Eventos Esportivos. Horowitz

(2007), por exemplo, realizou um estudo utilizando uma série histórica de jogos de Baseball

nos Estados Unidos que incluía o número de ingressos vendidos a cada jogo, constatando a

influência do “desempenho real” do time esportivo no Comportamento de Consumo do

Evento Esportivo. Fisher e Wakefield (1998) realizaram um estudo avaliando a percepção de

desempenho do time esportivo e constataram que essa percepção também pode influenciar o

comportamento de consumo esportivo e o grau de identificação com o time.

Os resultados do presente estudo sugerem que ao se analisar o comportamento de Consumo

do Evento Esportivo entre times diferentes, comparando-se os Fãs do Time com melhor

Desempenho versus os Fãs do Time com pior Desempenho, pode-se observar diferenças de

frequência ao Estádio conforme o grau de Identificação do Fã do Esporte com o Time: (a)

entre os Fãs com baixa Identificação com o Time, observou-se que o Desempenho do Time

apresenta uma influência positiva e estatisticamente significativa no comportamento de

Consumo do Evento Esportivo, em outras palavras, os Fãs do Time com o melhor

Desempenho apresentaram maior frequência de Comparecimento ao Estádio do que os Fãs do

Time com o pior Desempenho; (b) já entre os Fãs com alta Identificação com o Time, pode-se

observar que a média de frequência ao Estádio dos Fãs do time com o pior Desempenho não

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apresenta diferença em relação à média de frequência ao Estádio dos Fãs do Time com o

melhor Desempenho. Ou seja, só foi observada diferença no comportamento de Consumo do

Evento Esportivo entre os Fãs do Esporte com baixa Identificação com o Time. Assim, a

terceira contribuição do presente estudo se refere à constatação de que a percepção de

Desempenho do Time só afeta o comportamento de Consumo do Evento Esportivo dos Fãs do

Esporte com baixa Identificação com o Time Esportivo, pois os Fãs do Esporte com alta

Identificação com o Time apresentam um Comportamento de Consumo Esportivo

“indiferente” à variação de Desempenho do Time. Acredita-se que essa “indiferença” entre os

Fãs do Esporte com alta Identificação com o Time possa ser explicada em virtude desses Fãs

do Esporte já estarem em um estágio avançado de conexão psicológica com o time (FUNK e

JAMES, 2001), possivelmente já tendo internalizado o time no seu self (KELMAN, 1958;

KELMAN, 1961).

Ao se analisar o comportamento de Consumo do Evento Esportivo entre os Fãs do mesmo

time, comparando-se os Fãs do Esporte com baixa Identificação versus os Fãs do Esporte com

alta Identificação do mesmo time, também foram observadas diferenças de frequência ao

Estádio. Com efeito, a diferença de média de frequência de Comparecimento ao Estádio foi

significativa: os Fãs do Esporte com alta Identificação com o Time apresentaram, em média,

uma frequência de Comparecimento ao Estádio cerca de 4 vezes maior do que a dos Fãs do

Esporte com baixa Identificação com o Time. Esse resultado já era esperado e está alinhado

com a literatura. Diversos estudos anteriores já haviam sugerido que os Fãs do Esporte com

alta Identificação com o Time apresentam um Comportamento de Consumo do Evento

Esportivo significativamente maior do que o dos Fãs com baixa Identificação com o Time,

tanto que esses Fãs com alta Identificação com o Time são frequentemente chamados de “fãs

verdadeiros” ou “duros de matar” por apresentarem um apoio incondicional ao time, enquanto

que os Fãs com baixa Identificação com o Time são frequentemente chamados de “fãs

temporários” ou “fãs de estação” por apresentarem uma propensão de diminuir o suporte ao

Time em momentos de baixo desempenho (WANN e BRANSCOMBE, 1990; BRISTOW e

SEBASTIAN, 2001; MULLLIN, HARDY e SUTTON, 1993; FUNK e JAMES, 2001).

5.2.1.3. Terceira Questão

A terceira questão de pesquisa está relacionada à influência do Gênero e da Faixa Etária no

Consumo do Evento Esportivo.

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Questão 3: O Gênero e a Faixa Etária do Fã do Esporte influenciam o

Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos?

Pode-se dizer que a resposta é “sim”, o Consumo do Evento Esportivo é influenciado pelo

Gênero e pela Faixa Etária.

Diversos estudos já haviam destacado a existência de diferenças de Gênero e/ou de Faixa

Etária entre Fãs do Esporte (KWON e ARMSTRONG, 2002; JAMES e RIDINGER, 2002;

RIDINGER e FUNK, 2006). O presente estudo corrobora a importância de se considerar o

efeito do Gênero e da Faixa Etária ao se investigar a Identificação do Fã do Esporte e o

Consumo de Eventos Esportivos. Contudo, apesar dos estudos anteriores terem constatado

diferenças de Gênero e Faixa Etária, tais estudos não verificaram o possível efeito moderador

dessas variáveis na relação entre a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade

Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade do Esporte no Comportamento de

Consumo de Eventos Esportivos. Além disso, o presente estudo também se diferencia por ter

mensurado simultaneamente (a) o efeito direto da Identificação do Fã do Esporte com a

Modalidade, com o Time e com a Celebridade no Comportamento de Consumo do Evento

Esportivo e (b) o efeito indireto por meio da Atitude do Fã do Esporte em relação ao

Comparecimento ao Estádio. Os resultados sugerem que, enquanto a Faixa Etária exerce tanto

um efeito moderador direto quanto indireto no Consumo do Evento Esportivo, o Gênero

exerce apenas um efeito indireto, moderando apenas a relação entre a Identificação do Fã do

Esporte e a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

Dessa forma, a quarta contribuição do presente estudo se refere ao avanço na compreensão do

efeito do Gênero, visto que foi constatado que o efeito moderador do Gênero foi significativo

na relação entre a Identificação do Fã do Esporte e o Comportamento de Consumo do Evento

Esportivo, porém não foi significativo na relação entre a Identificação do Fã do Esporte e a

Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio. Observou-se que a influência da

Identificação dos Fãs do Esporte no Consumo do Evento Esportivo foi maior entre os

respondentes masculinos do que entre os respondentes femininos. O efeito moderador do

Gênero junto a Fãs do Grêmio e do Internacional foi similar, variando apenas de intensidade.

Já o efeito moderador da Faixa Etária apresentou também diferenças de significância em

algumas relações: no Internacional, o efeito moderador da Faixa Etária só não foi significativo

na relação entre Identificação do Fã com o Time e o Comportamento de Consumo do Evento

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Esportivo; no Grêmio, o efeito moderador da Faixa Etária só não foi significativo na relação

entre Identificação do Fã com o Time e a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio.

Pode-se questionar por que motivo os estudos anteriores não constataram diferença entre

grupos com faixas etárias distintas como as identificadas no presente estudo. Uma possível

explicação reside na diferença do perfil da amostra utilizada nos estudos anteriores em relação

àquela utilizada no presente estudo. Tipicamente os estudos quantitativos na área de

Marketing Esportivo são realizados com dois tipos de amostra: (a) junto a estudantes

universitários, com coleta de dados em sala-de-aula ou no campus da universidade; e (b) junto

a espectadores esportivos, com coleta de dados na entrada ou saída dos jogos no Estádio.

Acredita-se que, em ambos os casos, o perfil da amostra pode introduzir um viés que pode

dificultar ou até mesmo impossibilitar a observação de diferenças entre grupos. Portanto, cabe

perguntar: como o pesquisador poderia detectar diferenças de faixa etária se utilizar amostras

apenas com estudantes universitários, cuja idade varia em geral entre 17 e 25 anos? Ou então:

como o pesquisador poderia detectar diferenças na frequência de comparecimento ao estádio

se utiliza apenas amostra com espectadores esportivos que já possuem alta frequência de

comparecimento ao estádio? Portanto, atribui-se a observação dessas diferenças entre grupos

ao avaliar o efeito mediador da atitude ao perfil da amostra utilizado na presente pesquisa,

decorrente da estratégia adotada na coleta de dados: (a) foi utilizada uma amostra não-

probabilística, contemplando fãs entre 16 e 65 anos, sendo que 50% das observações foram de

fãs com mais de 30 anos de idade; e (b) a coleta de dados foi realizada em cerca de 40 bairros

distintos, ao invés de ser concentrada no estádio em dias de jogos. Essa estratégia de coleta de

dados certamente contribuiu para a obtenção de uma amostra mais heterogênea, cuja

variabilidade permitiu observar diferenças não detectadas nos estudos anteriores.

5.2.1.4. Quarta Questão

A quarta questão está relacionada à Identificação do Fã do Esporte com elementos

tipicamente considerados como “motivações”, porém concebidos nesta pesquisa como reflexo

da Identificação do Fã do Esporte com o Time.

Questão 4: A Identificação do Fã do Esporte com o Time influencia o sentimento

de realização com a vitória do time, o prazer proporcionado pela socialização

com outros torcedores do time e a busca de informações esportivas sobre o time?

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Pode-se especular que a resposta é “sim”, a Identificação do Fã do Esporte com o Time

Esportivo pode influenciar o sentimento do Fã de realização com a Vitória do Time, o prazer

proporcionado pela Socialização com os outros Fãs e a Busca de Informações esportivas sobre

o Time Esportivo. Ao oferecer suporte empírico a essa influência, o presente estudo distingue-

se de estudos anteriores que utilizaram uma abordagem formativa, sugerindo que dimensões

Vitória, Socialização e Busca de Informações seriam fatores antecedentes da Identificação do

Fã com o Time Esportivo (FINK, TRAIL e ANDERSON, 2002; TRAIL, ROBINSON, et al.,

2003). As implicações teóricas dessa mudança de abordagem são profundas. Assim, a quinta

contribuição teórica do presente estudo reside na discussão da utilização da abordagem

reflexiva em detrimento da formativa. Defende-se, neste estudo, que a abordagem reflexiva é

mais coerente com o Referencial Teórico dos estudos de Identificação do Fã do Esporte no

Contexto Esportivo do que a abordagem formativa, considerando-se os conceitos da Social

Identity Theory (KELMAN, 1958; KELMAN, 1961) e o efeito BIRGing e CORFing

(CIALDINI, BORDEN, et al., 1976; WANN e BRANSCOMBE, 1990; JONES, 2000).

Para iniciar essa discussão, tome-se, por exemplo, o sentimento de realização do Fã do

Esporte diante da Vitória do Time Esportivo. Tipicamente, tal construto é concebido como

fator antecedente da Identificação com o Time. Convém, contudo, perguntar: como poderia o

indivíduo sentir-se realizado com a vitória do time esportivo antes de se identificar com o

time? Por que o indivíduo haveria de buscar informações esportivas sobre o time sem, antes,

se identificar com o time? Como poderia um indivíduo retirar prazer da socialização com

torcedores do time sem, antes, se identificar com o time? Será que é razoável conceber a

Realização com a Vitória, a Busca de Socialização com Torcedores e a Busca de Informações

como fatores antecedentes da Identificação do Fã do Esporte com o Time? Ou será que não

seria mais coerente conceber a Realização com a Vitória, a Socialização com Torcedores e a

Busca de Informações como reflexos (consequências) da Identificação do Fã do Esporte com

o Time?

A Social Identity Theory sugere que a Identificação é um processo em que o indivíduo se

identifica com alguma pessoa ou grupo de maneira a melhorar ou aprimorar seu autoconceito

(TAJFEL e TURNER, 1979). Trata-se de um processo cognitivo, pois, uma vez que o

indivíduo se considera “membro” de um grupo (self-categorization), ele passa a demonstrar

um viés favorável aos membros desse grupo e um viés desfavorável às pessoas externas ao

grupo (TAJFEL, BILLIG, et al., 1971; TAJFEL, 1982). Esse viés é cognitivo, pois a

identificação com o grupo é capaz de “distorcer” o processamento de informações pelo

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indivíduo, processo esse denominado in-group bias and out-group prejudice (TAJFEL e

TURNER, 1985). Portanto, cabe perguntar: se o indivíduo primeiro precisa considerar-se

membro de um grupo para então demonstrar um viés favorável aos membros do grupo, será

razoável imaginar que a busca pela socialização com outros fãs do Time antecede a

Identificação com o Time? Ou será que é porque o indivíduo se identifica com um Time

específico que ele busca a socialização com esses fãs?

O Efeito BIRGing e CORFing sugere que os indivíduos tendem a atribuir a Vitória do Time

Esportivo a causas internas e as derrotas do Time Esportivo a causas externas. Essa atribuição

estaria ligada à busca de proteção ao autoconceito do indivíduo. (CIALDINI, BORDEN, et

al., 1976). Quando o Time Esportivo vence, o Fã do Esporte costuma dizer “nós vencemos”, o

que seria uma forma de aproximação do self do indivíduo de um objeto de sucesso, com

implicações positivas na autoestima do Fã do Esporte. Por outro lado, quando o Time

Esportivo perde, o Fã do Esporte costuma dizer “o time perdeu”, o que seria uma forma de

distanciamento do self do indivíduo de um objeto de fracasso. Dessa forma, o indivíduo

protegeria seu autoconceito, ainda que inconscientemente (WANN e BRANSCOMBE, 1990).

Esse fenômeno está ligado à teoria da atribuição (WEINER, 1980) e explica porque as

derrotas do time geralmente são atribuídas a causas externas. Com efeito, ao fazer o CORFing

(Cutting of Reflected Failure), o Fã do Esporte está justamente “afastando seu self” do objeto

fracassado, para, assim, proteger seu autoconceito. Um exemplo prático de CORFing ocorre

quando, após a derrota do time, o Fã do Esporte reage da seguinte forma: “perdemos porque

esse juiz é ladrão e o nosso técnico é burro”.

Os indivíduos com maior identificação com o Time teriam uma maior propensão a fazer

BIRGing enquanto os indivíduos com menor identificação teriam uma menor propensão de

fazer BIRGing (JONES, 2000). Portanto, cabe perguntar: se os indivíduos com maior

Identificação com o Time possuem uma maior propensão a fazer BIRGing, será que então a

Identificação com o Time não deveria ser considerada o fator antecedente que influencia o

BIRGing? Cabe até mesmo uma interpretação semântica dos termos utilizados: o efeito

BIRGing se refere à Basketing in Reflected Glory (regozijar-se na glória refletida). O termo

Reflected cunhado por Cialdini e Borden (1976), portanto, não poderia ser considerado, por si

só, um indício de que essa teoria foi conceitualmente elaborada como reflexiva?

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Dessa forma, ao revisitar o Referencial Teórico à luz dos resultados encontrados no presente

estudo, propõe-se que a adoção de uma abordagem reflexiva é mais coerente com as teorias

apresentadas.

Além disso, no presente estudo, a Identificação do Fã do Esporte com o Time Esportivo foi

modelada alternativamente como um construto de 2a ordem, mensurado a partir das

dimensões Vitória, Socialização e Busca de Informações, concebidas como construtos de 1a

ordem. Esse modelo de mensuração foi testado e validado, tendo apresentado indicadores de

ajuste adequados. Essa variável latente de 2a ordem foi, então,correlacionada à escala geral de

Identificação com o Time, tipicamente utilizada em diversos outros estudos, tendo sido

encontrada uma correlação muito alta e estatisticamente significativa. Esse resultado sugere

que essas escalas podem mensurar o mesmo fenômeno, porém de maneiras distintas. Portanto,

a sexta contribuição teórica do presente estudo se refere à constatação de que é possível

mensurar o grau de Identificação do Fã do Esporte com o Time Esportivo a partir das

dimensões de Vitória, Socialização e Busca de Informações.

A quinta e a sexta questões também utilizaram a mesma lógica de abordagem reflexiva,

porém focalizando a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva e a

Identificação do Fã do Esporte com as Celebridades do Esporte.

5.2.1.5. Quinta Questão

A quinta questão também está relacionada à Identificação do Fã do Esporte com elementos

tipicamente considerados como “motivações”, porém concebidos nesta pesquisa como reflexo

da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva – no caso, o futebol.

Questão 5: A Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva

influencia a percepção da beleza, a apreciação do drama e o sentimento de

escapismo associados ao Consumo do Evento Esportivo?

Pode-se especular que a resposta é “sim”, a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade

Esportiva pode influenciar a percepção de beleza do esporte, a experiência do drama e o

sentimento de escapismo associados ao Consumo do Evento Esportivo.

A justificativa teórica para a utilização da abordagem reflexiva já foi apresentada e discutida

na resposta à quarta questão. A argumentação permanece a mesma, ou seja: como poderia o

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Fã do Esporte apreciar a beleza do esporte, experimentar a emoção dramática das partidas e

exibir um sentimento de escapismo por meio do Consumo do Evento Esportivo sem, antes,

estar identificado com a Modalidade Esportiva?

Tome-se, por exemplo, o sentimento do Fã do Esporte de contemplação da beleza do esporte.

Tipicamente, tal construto é concebido como fator antecedente da Identificação com a

Modalidade Esportiva. Convém, contudo, perguntar: como poderia o indivíduo apreciar a

beleza de uma partida de baseball antes de se identificar com esse esporte? Por que o

indivíduo haveria de experimentar a emoção dramática proporcionada por um perfect game

em um jogo de baseball sem, antes, se identificar com o esporte? Como poderia um indivíduo

usar um jogo de baseball como um instrumento de escapismo sem, antes, se identificar com o

esporte? Será que é razoável conceber a Beleza do Esporte, o Drama do Esporte e o

Escapismo como fatores antecedentes da Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade

Esportiva? Ou será que não seria mais coerente conceber a Beleza do Esporte, o Drama do

Esporte e o Escapismo como reflexos (consequências) da Identificação do Fã do Esporte com

a Modalidade Esportiva?

Assim, defende-se também neste caso a utilização da abordagem reflexiva. Essa abordagem

implica pensar da seguinte forma: “é porque o indivíduo se identifica com a modalidade

esportiva que ele passa a perceber a beleza do esporte, experimentar a emoção proporcionada

pelo aspecto dramático dos jogos e o sentimento de escapismo”.

Além disso, no presente estudo, a Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva

foi modelada alternativamente como um construto de 2a ordem, mensurado a partir das

dimensões Beleza, Drama e Escapismo, concebidas como construtos de 1a ordem. Esse

modelo de mensuração foi testado e validado, tendo apresentado indicadores de ajuste

adequados. Essa variável latente de 2a ordem foi então correlacionada à escala geral de

Identificação com a Modalidade, tipicamente utilizada em diversos outros estudos, tendo sido

encontrada uma correlação muito alta e estatisticamente significativa. Esse resultado sugere

que essas escalas podem mensurar o mesmo fenômeno, porém de maneiras distintas. Portanto,

a sétima contribuição teórica do presente estudo se refere à constatação de que é possível

mensurar o grau de Identificação do Fã do Esporte com a Modalidade Esportiva a partir das

dimensões de Beleza, Drama e Escapismo.

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5.2.1.6. Sexta Questão

A sexta questão de pesquisa associa a Identificação do Fã do Esporte com construtos

tipicamente considerados como formativos em estudos sobre a Identificação do Fã do Esporte

com a Celebridade Esportiva.

Questão 6: A Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva

influencia a percepção de confiabilidade, expertise e atratividade da Celebridade

Esportiva?

Pode-se especular que a resposta é “sim”, a Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade

do Esporte pode influenciar a percepção de Confiabilidade, Expertise e Atratividade

associados à Celebridade Esportiva.

A justificativa teórica para a utilização da abordagem reflexiva já foi apresentada e discutida

na resposta à quarta questão. A argumentação permanece a mesma, ou seja: como poderia o

Fã do Esporte valorizar a confiabilidade, expertise e atratividade da celebridade sem, antes,

estar identificado com a Celebridade Esportiva?

Tome-se, por exemplo, a dimensão Confiabilidade, que mensura em que medida o Fã do

Esporte julga que a Celebridade do Esporte com a qual ele se identifica é alguém em quem se

pode confiar. Sugere-se que a interpretação mais adequada da relação de causalidade seja a

seguinte “é porque o Fã do Esporte se identifica com a Celebridade Esportiva que ele confia

nela”, e não o contrário. A Social Identity Theory (TAJFEL e TURNER, 1979; TAJFEL,

1982; TAJFEL e TURNER, 1985) sugere que a identificação é um processo

predominantemente cognitivo. Dessa forma, o indivíduo, ao se identificar com alguma pessoa

ou grupo, passaria a processar as informações sobre aquela pessoa ou grupo com quem se

identifica de forma “distorcida”. Com efeito, um estudo realizado por Dietz, End, Demakakos,

Dickirson e Grantz (2002) sobre a reação dos Fãs do Esporte a Celebridades Esportivas que

infringiram a Lei, sugeriu que os Fãs do Esporte tendem a minimizar e relativizar os atos

ilegais cometidos pelas Celebridades Esportivas do seu Time com as quais se identificam,

perdoando-as, porém tendem a ser severos com as Celebridades Esportivas dos Times rivais,

condenando-as pelos mesmos atos. Ou seja, para o Fã do Esporte, haveria “dois pesos e duas

medidas”: ao julgar uma mesma infração cometida por duas Celebridades, uma mereceria o

perdão (aquela com quem o Fã do Esporte se identifica) e a outra mereceria a punição (aquela

Celebridade Esportiva com quem ele não se identifica). Esses resultados reforçam o caráter

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cognitivo da Social Identity Theory, e sugerem que a Identificação do Fã do Esporte pode

influenciar a percepção de Confiabilidade da Celebridade Esportiva.

Tome-se como outro exemplo a dimensão “Atratividade” da escala de Identificação com a

Celebridade Esportiva. Em princípio, a percepção de Atratividade de um indivíduo é

respaldada por convenções sociais acerca da beleza, de quais traços podem ser considerados

belos dentro dos limites de uma determinada sociedade ou cultura. Com efeito, não é preciso

se identificar com alguém para reconhecer se essa pessoa é bonita; as pessoas são capazes de

fazer esse julgamento simplesmente olhando uma foto da pessoa em questão, o que pode ser

considerado suficiente para avaliar se a pessoa pode ser considerada bonita ou não. Contudo,

de acordo com a Social Identity Theory, se o indivíduo se identifica com alguém, ele passa a

apresentar um viés favorável no processamento de informações acerca daquela pessoa com

quem se identifica, “distorcendo” os fatos favoravelmente em prol do objeto de sua

identificação. Portanto, no contexto deste estudo, argumenta-se que a Identificação poderia

levar o Fã do Esporte a perceber como atrativas as Celebridades do Esporte que, se fossem

simplesmente julgadas pelas regras ou convenções sociais sobre a beleza, não seriam

consideradas atraentes. No presente estudo, um dos jogadores mais mencionados pelos Fãs do

Esporte do Internacional foi o Guiñazu. Pode-se perguntar se esse jogador seria considerado

tão atraente pelos Fãs do Grêmio. Como se trata de uma Celebridade do Esporte para muitos

Fãs do Internacional, esses Fãs atribuem um grau de atratividade a esse jogador que pode ser

resultado da influência de outros traços do próprio jogador, como por exemplo a sua expertise

(talento). A título anedótico, pode-se alegar que a concepção reflexiva utilizada no presente

estudo encontra paralelo no universo das fábulas de La Fontaine “quem ama o feio, bonito lhe

parece”.

Além disso, no presente estudo, a Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva

foi modelada alternativamente como um construto de 2a ordem, mensurado a partir das

dimensões Confiabilidade, Expertise e Atratividade, concebidas como construtos de 1a ordem.

Esse modelo de mensuração foi testado e validado, tendo apresentado indicadores de ajuste

adequados. Essa variável latente de 2a ordem foi então correlacionada à escala geral de

Identificação com a Celebridade, tipicamente utilizada em diversos outros estudos, tendo sido

encontrada uma correlação muito alta e estatisticamente significativa. Esse resultado sugere

que essas escalas podem mensurar o mesmo fenômeno, porém de maneiras distintas. Portanto,

a oitava contribuição teórica do presente estudo se refere à constatação de que é possível

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mensurar o grau de Identificação do Fã do Esporte com a Celebridade Esportiva a partir das

dimensões de Confiabilidade, Expertise e Atratividade.

5.2.2. Implicações Gerenciais

Os resultados obtidos no presente estudo apresentam diversas implicações gerenciais para os

profissionais que trabalham com o Marketing Esportivo.

5.2.2.1. Qual é o público-alvo de um Clube de Futebol?

Os resultados do presente estudo sugerem que os Fãs com alta Identificação com o Time

apresentam uma frequência de comparecimento ao estádio cerca de 4 vezes maior do que os

Fãs com baixa identificação com o Time, enquanto os primeiros apresentaram uma frequência

média de comparecimento ao estádio de 8 jogos por ano, os últimos apresentaram uma

frequência média de apenas 2 jogos por ano. Adicionalmente, os Fãs com alta identificação

demonstraram ser relativamente “imunes” ao desempenho do time quando se trata de apoiar o

time por meio do comparecimento ao estádio: ou seja, os Fãs com alta identificação apoiam o

time tanto nos momentos em que o time apresenta alto desempenho quanto nos momentos em

que o time apresenta baixo desempenho. O apoio dos Fãs com alta identificação com o time é

incondicional. Com efeito, a literatura classifica esses torcedores como “Fãs verdadeiros” ou

“duros de matar”. Esse apoio incondicional possivelmente ocorre porque esses Fãs com alta

identificação já internalizaram o time. Por outro lado, quando o time apresenta baixo

desempenho, os Fãs com baixa identificação tendem a reduzir seu comparecimento ao

estádio. Esse comportamento reflete a fragilidade da lealdade comportamental dos Fãs com

baixa identificação. Com efeito, a literatura classifica esses torcedores como “Fãs de estação”

ou “fãs oportunistas”.

Uma vez que os resultados indicam que os Fãs altamente identificados apoiam o time tanto na

vitória quanto na derrota, torna-se oportuno perguntar: qual seria o público-alvo preferencial

para as ações de marketing dos clubes de futebol? Os Fãs que já possuem alta identificação

com o time ou os Fãs que possuem baixa identificação com o time?

De certa forma, torna-se evidente a oportunidade que a “conversão” de parte dos Fãs com

baixa identificação para Fãs com alta identificação poderia representar para o clube em termos

de comparecimento ao estádio, no entanto, em geral as ações de marketing dos clubes de

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futebol, de forma deliberada ou não, são planejadas ou executadas de tal maneira que

tipicamente acabam por atingir principalmente o Fã com alta identificação. Desta forma,

sugere-se que:

Os clubes de Futebol deveriam estabelecer os Fãs com baixa

identificação com o time como público-alvo preferencial de suas ações

de marketing.

É oportuno, portanto, perguntar: por que motivo os clubes de Futebol tenderiam a focar mais

nos Fãs altamente identificados do que nos Fãs com baixa identificação?

Os Fãs altamente identificados com o time constituem o grupo que “faz mais barulho”, que é

mais impaciente, que mais “pressiona” o clube por mudanças e que dificilmente fica

satisfeito. Provavelmente é muito difícil resistir aos anseios desse grupo de torcedores. E é

muito difícil também responder à altura, uma vez que só há uma maneira de satisfazer esses

Fãs: vencer sempre. Trata-se, portanto, de um objetivo inalcançável.

Uma das características mais marcantes na gestão dos clubes de futebol brasileiros é a

rotatividade dos técnicos. Em poucos países com tradição forte no futebol os técnicos ficam

tão pouco tempo à frente do clube como no Brasil. Trata-se de um fenômeno paradoxal: por

um lado, sabe-se que os técnicos precisam de um tempo mínimo para treinar a equipe, colocar

em prática seu estilo de trabalho, definir um esquema tático, treinar jogadas ensaiadas, e, com

isso, tornar o time competitivo. Por outro lado, os Fãs altamente identificados são os

primeiros a pedir a demissão do treinador após curta sequencia de jogos sem vitória. Muitas

vezes, o treinador assume um time desequilibrado, mal treinado, e é demitido em poucos

meses ou até mesmo semanas, antes mesmo de ter tido tempo hábil de desenvolver o seu

trabalho.

Sabe-se que esse fenômeno pode ser explicado à luz da Teoria da Atribuição. O Fã altamente

identificado atribui a culpa da derrota a uma causa externa. Esse tipo de Fã atribui a derrota a

4 motivos, tipicamente ligados à incompetência ou desvio moral: (a) do árbitro; (b) do

técnico; (c) dos jogadores; ou (d) dos dirigentes.

Assim, os Fãs altamente identificados acabam pressionando o clube por mudanças sempre que

o time apresenta um desempenho abaixo do esperado para esse grupo de Fãs. Convém

perguntar: os Fãs altamente identificados são a maioria?

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De acordo com os resultados do presente estudo, os Fãs altamente identificados com o time

representam 19,2% do conjunto de torcedores (extremidade superior da escala de

Identificação com o Time). Constituem a minoria que mais comparece ao Estádio. São a

minoria que mais faz barulho, que mais reclama, que mais pressiona os dirigentes do clube.

Contudo, de acordo com a pesquisa publicada pela Casual Auditores a maior parte das

receitas dos grandes clubes brasileiros de futebol não vem da bilheteria do Estádio, mas sim

da transferência de jogadores, comercialização dos direitos de imagem, do patrocínio e da

publicidade. Portanto, cabe questionar mais uma vez: quem deveria ser o público-alvo das

ações de marketing dos clubes de futebol?

5.2.2.2. O desafio do Curto Prazo versus o Longo Prazo

O questionamento levantado no tópico anterior remete à discussão das estratégias de curto e

longo prazo no contexto dos clubes de futebol. Os clubes deveriam nortear suas decisões

estratégicas, reagindo às pressões imediatistas da minoria de Fãs altamente identificados?

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que, em se tratando do futebol – uma paixão nacional

– pode ser muito difícil manter a racionalidade na tomada de decisões, quando os

“consumidores” (ou os Fãs do time) agem basicamente movidos pelas emoções.

Feita essa ressalva, é preciso discutir a necessidade de uma gestão nos clubes de futebol que

reconheça e compreenda os aspectos psicológicos que envolvem a dinâmica do

comportamento dos Fãs do Esporte. Nesse sentido, é importante considerar o efeito suportado

empiricamente no presente estudo de “deslocamento” dos “elos de ligação” dos Fãs.

Tipicamente, quando um time apresenta um desempenho insatisfatório, os Fãs deslocam sua

identificação de “elos de ligação” como as Celebridades do Esporte para outros elos como o

Time Esportivo e vice-versa.

Esse “deslocamento” da identificação do Fã do Esporte se apresenta aos dirigentes e

executivos dos clubes de futebol na forma de um desafio: Como administrar as demandas de

curto prazo em um clube de futebol sem perder de vista os objetivos de longo prazo?

Sugere-se que, para vencer esse desafio, os executivos considerem o efeito efêmero da

atribuição das derrotas a causas externas pelos Fãs do time. Além disso, é preciso considerar o

efeito do “deslocamento” da Identificação dos Fãs ao longo do tempo, de maneira a não tomar

decisões precipitadas de curto prazo para agradar uma parcela de Fãs altamente identificados

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quando essas decisões podem comprometer os objetivos de longo prazo. Desta forma, sugere-

se que:

Os dirigentes e executivos de clubes de futebol não deveriam ceder tão

facilmente à pressão dos Fãs altamente identificados. Os clubes não

deveriam sacrificar os objetivos de longo prazo para atender demandas

imediatistas dos Fãs altamente identificados.

O efeito de deslocamento da identificação foi verificado na análise dos resultados do Grêmio

versus Internacional. Os Fãs do Grêmio, por exemplo, ao serem questionados sobre com qual

jogador mais se identificavam, concentraram as respostas no goleiro Victor (51,8%). Já os Fãs

do Internacional distribuíram sua identificação entre muitos jogadores diferentes, destacando-

se D’Alessandro (21,4%), Guiñazu (20,5%) e Leandro Damião (14,4%). Esses resultados não

acontecem por acaso. Nos momentos de bom desempenho, como no caso do time do

Internacional, os Fãs reconhecem as características positivas de muitos jogadores, e se

identificam com muitos deles. Já em momentos de desempenho aquém do esperado, como no

caso do time do Grêmio, os Fãs tendem a reduzir sua identificação com os jogadores.

Nesse sentido, pode-se especular sobre a importância do papel que o goleiro pode

desempenhar na canalização da Identificação dos Fãs com as Celebridades do Esporte. Um

dos possíveis motivos para a alta identificação dos Fãs com o goleiro pode advir do fato de

que, via-de-regra, os goleiros apresentam menor rotatividade nos times do que os atacantes.

Não raro os goleiros permanecem vários anos no mesmo clube, enquanto os jogadores de

outras posições, especialmente os atacantes, trocam de clube com uma frequência maior.

Assim, possivelmente o goleiro seja percebido pelos Fãs como um ícone do jogador “que

veste a camisa”, pois “defende” o clube há muito mais tempo. Dessa forma, esse viés de

“fidelidade” do goleiro ao clube pode proporcionar um “halo” de proteção da imagem dele

nos momentos difíceis de derrota. É oportuno lembrar que, nos períodos de derrota, os Fãs

altamente identificados possuem uma propensão maior de pedir a troca do técnico ou a troca /

contratação de reforços de atacantes do que solicitar a troca do goleiro. O goleiro, de certa

forma, apresenta certa “imunidade” à fúria dos Fãs altamente identificados.

Por fim, pode-se dizer que diferentemente da crença anedótica que prega que “o cliente

sempre tem razão”, no futebol, como o único cliente que tem voz é o Fã altamente

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identificado com o time e ele “está contaminado pela emoção”, muitas vezes, a melhor

decisão sob o ponto de vista de gestão pode ser ignorar suas “razões”.

5.2.2.3. A hora certa de abdicar de receitas é o momento de sucesso

O presente estudo investigou de maneira exploratória a possível relação circular existente

entre a Identificação do Fã do Esporte, a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio e

o Comportamento de Consumo de Eventos Esportivos. Evidências empíricas apontam para a

influência multidirecional da relação entre essas variáveis. Ou seja, embora tipicamente o

pensamento seja estruturado de maneira a se conceber que a “identificação do fã do esporte

leva a uma atitude positiva, e essa atitude então leva a um comportamento”, é possível – e

desejável – pensar também da forma inversa: “o comportamento de consumo leva a uma

maior identificação, que, por sua vez, leva a uma atitude positiva”. As implicações gerenciais

dessa mudança de ordem são diversas.

Ao focar na explicação do Comportamento de Consumo do Evento Esportivo, o presente

estudo buscou identificar maneiras de compreender melhor o Fã do Esporte, em especial sua

atitude e comportamento em relação ao comparecimento ao Estádio. Contudo, resta uma

pergunta: se os Fãs que mais frequentam o Estádio são os altamente identificados, e esses Fãs

já frequentam o Estádio, o que o Clube de Futebol poderia fazer para aumentar o Consumo do

Evento Esportivo?

Uma das respostas possíveis para essa questão está baseada justamente na relação circular

entre Identificação, Atitude e Comportamento de Consumo do Evento Esportivo. Se

assumirmos como verdadeiro que a Identificação do Fã do Esporte leva ao Comportamento, e

que o Comportamento também leva à Identificação do Fã do Esporte, por que então não

utilizar a experiência de assistir a jogos no Estádio como “estratégia de indução” de maior

identificação dos Fãs do time?

Sugere-se que os executivos dos clubes considerem a possibilidade de utilizar, no contexto do

Futebol, estratégias promocionais bastante comuns no contexto do Marketing, especialmente

no que tange à atração de novos clientes, como, por exemplo, por meio de “amostras grátis”.

Trata-se de uma estratégia simples, embora custosa. Se bem aplicada, contudo, pode gerar

retorno sobre o investimento no longo prazo.

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Propõe-se, ainda, que os executivos dos clubes avaliem a possibilidade e conveniência de

utilizar essa lógica de “amostra grátis” junto aos Fãs com baixa identificação. O objetivo é

claro: “transformar” os Fãs com baixa identificação (e baixa lealdade comportamental) em

Fãs com alta identificação (e alta frequência de comparecimento ao Estádio). Uma das

possíveis maneiras de fazer isso é proporcionando a “experiência do Estádio” aos Fãs com

baixa identificação. Conforme o preconizado pela teoria e demonstrado nos Modelos

Alternativos apresentados no capítulo dos Resultados, o Comparecimento ao Estádio pode

influenciar a Identificação do Fã do Esporte. Portanto, ao atrair o Fã com baixa identificação

para o Estádio por meio de uma ação promocional de Marketing que envolva a distribuição de

ingressos parcial ou totalmente subsidiados, o clube estaria fazendo um investimento nesse

Fã, de maneira a aumentar seu nível de identificação, e, dessa, forma, a propensão desse Fã de

retornar ao Estádio na condição de pagante.

Contudo, pergunta-se: qual seria o melhor momento para distribuir ingressos parcial ou

totalmente subsidiados para Fãs com baixa identificação?

O momento mais oportuno para executar ações de Marketing para

atração de Fãs com baixa identificação ao Estádio é o momento de

vitória. É justamente quando o Estádio está mais lotado que os Clubes

de Futebol deveriam fazer esse “investimento” com a eventual renúncia

de resultados de curto prazo em prol do objetivo de aumento dos

resultados futuros por meio de uma base maior de Fãs com alta

identificação.

A melhor ocasião para a execução de ações promocionais é o momento de sucesso, das

vitórias. Isso porque os Fãs com baixa identificação tendem a se afastar “psicologicamente”

do time quando o time apresenta desempenho ruim. Portanto, se o ingresso fosse oferecido a

um Fã com baixa identificação em um momento em que o time está passando por um período

de derrotas, provavelmente ele não iria aproveitar a promoção, mesmo se o ingresso fosse

gratuito. Nesse caso, poderia, talvez, repassar o ingresso para algum amigo ou colega

altamente identificado com o time. E, mesmo que esse Fã com baixa identificação fosse ao

estádio com esse ingresso, essa experiência dificilmente seria “transformadora”, uma vez que

o “clima” do estádio, em um momento de derrotas, seria de lamúria, reclamações e

xingamentos. Por outro lado, o momento de vitórias é completamente diferente: é um

momento em que o Estádio tende a estar mais cheio, a torcida mais vibrante, e o “clima” do

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estádio muito mais propício para acolher Fãs com baixa identificação de maneira a

transformá-los em Fãs com Alta Identificação.

5.2.2.4. A influência da Faixa Etária: foco nos jovens.

O presente estudo investigou o efeito moderador da Faixa Etária e identificou que tal efeito é

significativo. Ou seja, a Faixa Etária influencia a relação entre a Identificação do Fã e o

Consumo do Evento Esportivo. Essa influência é diferente entre Fãs com menos de 30 anos e

Fãs com mais de 30 anos. Entre os Fãs com menos de 30 anos, verificou-se que a

Identificação do Fã do Esporte influencia diretamente o Comportamento de Consumo de

Eventos Esportivos. Já entre os Fãs com mais de 30 anos, a Identificação possui uma

influência indireta, mediada pela Atitude do Fã em relação ao Comparecimento ao Estádio.

Esses resultados podem sugerir que os jovens possuem um perfil de comportamento mais

“impulsivo”, pois, possivelmente, não atribuem tanto valor ou não fazem muitas

considerações acerca das características associadas ao Estádio. Pode-se especular que o Fã

mais maduro valoriza mais os atributos associados ao estádio, como estacionamento, conforto

dos assentos, entre outros, de forma que a Identificação influencia em primeiro lugar a atitude

favorável ao Estádio, e então essa atitude é que pode levar à decisão de comparecer ou não ao

estádio. Possivelmente, na condição de variável mediadora, a Atitude em relação ao

Comparecimento ao Estádio é influenciada também por outros aspectos relacionados ao

estágio de vida e à família. Desta forma, sugere-se que:

Os fãs mais jovens representam um segmento com alto potencial a ser

explorado em ações promocionais de Clubes de Futebol. Esse grupo de

Fãs deveria ser considerado um segmento-foco, visto que nesse

segmento, a maior Identificação do Fã com a Modalidade, com o Time e

com a Celebridade influenciam diretamente o Consumo do Evento

Esportivo.

5.2.2.5. A influência do Gênero: a diferença entre mulheres torcedoras e mulheres que

gostam de futebol.

O presente estudo suportou a existência do efeito moderador do Gênero. Como era esperado,

os homens apresentam maior nível de Consumo de Eventos Esportivos. Contudo, os

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resultados do estudo sugerem que enquanto a influência da Identificação no Consumo do

Evento Esportivo para os homens é significativa nos 3 “elos de ligação” considerados –

Identificação com a Modalidade Esportiva, Identificação com o Time Esportivo e

Identificação com a Celebridade Esportiva – entre as mulheres apenas a Identificação com a

Modalidade Esportiva apresentou significância prática.

Em outras palavras, poder-se-ia dividir as mulheres em dois grupos: as que gostam e as que

não gostam de futebol. É interessante notar, entretanto, que existem mulheres que torcem para

o time mesmo sem gostar de futebol. E não são poucas. Isso sugere que o grau de conexão

que tais torcedoras mantêm com o Esporte á baixo, provavelmente insuficiente para “acionar”

o comportamento de Consumo Esportivo dessas Fãs. Desta forma, sugere-se que:

Ao planejar e executar ações de Marketing orientadas ao público

feminino, não se deveria focar simplesmente nas mulheres que se

declaram torcedoras, pois há indícios de que o que efetivamente

influencia o Comportamento de Consumo do Evento Esportivo entre as

mulheres é a Identificação com a Modalidade Esportiva, ou seja, o gosto

pelo Futebol.

A questão que se impõe então é: como transformar essas Fãs do Esporte, torcedoras do Time

Esportivo, que não gostam do Futebol, em torcedoras que gostam do Futebol? A resposta

talvez seja a mesma, ou seja, proporcionando a essas mulheres a oportunidade de viver a

experiência do Futebol por meio do comparecimento ao estádio em um momento de vitória do

time.

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5.3. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O presente estudo apresenta algumas limitações como consequência das escolhas

metodológicas, mais especificamente, relativas (a) ao modelo conceitual; (b) à

operacionalização das escalas; (c) à população-alvo e amostra; (d) à coleta dos dados; e (e) ao

método de análise dos dados.

5.3.1. Limitações relativas ao Modelo Conceitual

O modelo conceitual proposto contempla diversas variáveis antecedentes do Consumo do

Evento Esportivo variáveis de controle, variáveis mediadoras e variáveis moderadoras da

relação entre a Identificação do Fã do Esporte e o Consumo do Evento Esportivo. Sabe-se,

contudo, que esse modelo não contempla todas as variáveis que poderiam influenciar de

alguma maneira o fenômeno em estudo. Possivelmente outros aspectos influenciam positiva

ou negativamente a Atitude dos Fãs de frequentar ou não o Estádio. Variáveis como os

atributos específicos de cada jogo, como a qualidade do time adversário, conveniência da data

e horário do jogo, aspectos promocionais, preço dos ingressos (ZHANG, PEASE, et al., 1995)

e as características do Estádio, como o conforto dos assentos, a facilidade de acesso, a

percepção de segurança, os serviços de alimentação, limpeza dos banheiros (WAKEFIELD e

SLOAN, 1995) são apontados na literatura como fatores antecedentes importantes do

Consumo do Evento Esportivo. Contudo, tais fatores não foram contemplados no modelo

conceitual deste estudo, uma vez que o recorte do estudo foi centrado na influência da

Identificação do Fã no Consumo do Evento Esportivo.

Adicionalmente, o modelo não reflete as relações bidirecionais ou o possível efeito de uma

relação circular entre a variável dependente (Comportamento de Consumo do Evento

Esportivo) e as variáveis independentes (Identificação do Fã do Esporte), ou ainda, entre a

variável dependente (Comportamento de Consumo do Evento Esportivo) e a variável

mediadora (Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio). Esse possível efeito circular

é discutido por Klandermans, Sabucedo, Rodriguez e Weerd (2002), porém em outro

contexto.

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5.3.2. Limitações relativas às Escalas

Todas as escalas utilizadas no presente estudo foram traduzidas para o Português por meio de

um processo de Tradução Reversa. Apesar de todos os cuidados observados nesse processo, a

técnica não assegura que as escalas resultantes não apresentem problemas decorrentes de

diferenças de significado quando aplicadas a um contexto cultural distinto daquele em que

foram propostas (MALHOTRA, 2001). Com efeito, a decisão de manter todos os itens das

escalas originais, com o objetivo de preservar a comparabilidade dos resultados deste estudo

com os estudos anteriores, acarreta, como consequência, uma possível inadequação cultural

de alguns itens. Buscou-se amenizar essa inadequação por meio da busca de equivalência

semântica na tradução reversa (e não simplesmente tradução literal).

5.3.3. Limitações relativas à População-alvo e Amostra

O presente estudo utilizou uma amostra de Fãs de dois Times de futebol rivais: Grêmio e

Internacional. Foram realizadas 1180 entrevistas, utilizando-se amostragem aleatória em cerca

de 40 bairros do município de Porto Alegre. Assim, os resultados do presente estudo podem

ser generalizados para a população estudada, contudo não deveriam ser extrapolados para os

Fãs do Grêmio e do Internacional residentes em outros municípios, tampouco para outros

Times Esportivos, visto que uma parte importante dos resultados obtidos é dependente do

Time Esportivo, variável utilizada como controle nesse estudo.

5.3.4. Limitações relativas à Coleta dos Dados

Para realizar a coleta de dados foi utilizada uma equipe de entrevistadores treinados. Como a

coleta de dados foi realizada utilizando a técnica de coleta assistida, em que o entrevistador

faz as perguntas oralmente aos entrevistados e então registra a resposta no questionário, é

preciso reconhecer a influência da variabilidade das características pessoais de cada

entrevistador nas respostas dos entrevistados. Características como o tom de voz, ânimo ou

até mesmo a possibilidade de maior ou menor empatia do respondente com o entrevistador

podem influenciar a resposta (MALHOTRA, 2001). De toda sorte, diversas medidas foram

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tomadas para minimizar esse tipo de influência, como o treinamento, a supervisão de campo e

a restrição de entrevistadores do gênero feminino, conforme discutido no capítulo do método.

5.3.5. Limitações relativas ao Método de Análise

Para o teste das hipóteses substantivas do estudo, foi escolhido o método de Modelagem de

Equações Estruturais. Essa escolha deveu-se em virtude da possibilidade de explorar uma

série de relações de dependência múltipla inter-relacionadas e estimar variáveis latentes,

explicando, desse modo, o erro de mensuração no processo de estimação – permitindo avaliar

em que medida as variáveis observáveis não representam perfeitamente as variáveis latentes

consideradas no modelo, considerando, também, o erro de mensuração da variáveis latentes

(HAIR, BLACK, et al., 1999). No entanto, a técnica supõe a existência de relações lineares

entre as variáveis, o que não se pode garantir no presente estudo.

Outra restrição do método é a pressuposição de multinormalidade. No presente estudo, não se

esperava multinormalidade das variáveis independentes, pois como a autodeclaração do

indivíduo como torcedor do time esportivo foi utilizada como pergunta de filtro, não seria

possível esperar que a amostra proporcionasse característica homocedástica às escalas. Essa

restrição foi contornada utilizando-se a técnica ADF, que relaxa essa exigência. No entanto,

exige amostras bem maiores para os extratos (KLINE, 2005). Embora o tamanho da amostra

no presente estudo possa ser considerado alto (N=1180), algumas análises não puderam ser

realizadas em virtude do tamanho do estrato se tornar muito pequeno ao se realizar diversas

“quebras” (por exemplo: mulheres coloradas com menos de 30 anos e com baixa identificação

com o time). Assim, não foi possível verificar o efeito moderador distintivo entre Gênero e

Faixa etária para os torcedores de cada um dos Times da amostra.

5.4. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

O modelo conceitual proposto neste estudo pode ser testado e validado para outras

Modalidades Esportivas e outros Times Esportivos. Pode-se testar ainda o possível efeito

moderador de outras variáveis sócio demográficas e considerar outras categorias de Consumo

Esportivo além do comparecimento ao estádio. Adicionalmente, o modelo conceitual pode ser

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estendido para incluir outras variáveis que influenciam direta ou indiretamente o Consumo

Esportivo. Finalmente, sugere-se a realização de testes para suportar empiricamente a

presença de relações circulares entre as variáveis do modelo.

5.4.1. Validação para outras Modalidades Esportivas

O presente estudo investigou a influência da Identificação do Fã do Esporte com a

Modalidade Esportiva no Consumo de Eventos Esportivos no contexto do Futebol

Profissional no Brasil. Em virtude de estudos anteriores sugerirem que Fãs Esportivos de

diferentes Modalidades Esportivas apresentam diferentes “motivações” e distintos perfis

(WANN, GRIEVE, et al., 2008), no presente estudo optou-se pelo controle da amostra,

restringindo-se a coleta de dados aos torcedores de futebol. Assim, sugere-se que estudos

futuros validem o modelo conceitual proposto no presente estudo para outras Modalidades

Esportivas de esportes coletivos, tais como Futsal, Basquete ou Vôlei, entre outras.

5.4.2. Validação para outros Times Esportivos

No presente estudo optou-se pelo controle da amostra, restringindo-se a coleta de dados aos

torcedores de futebol, ambos pertencentes à primeira divisão do Futebol Brasileiro, com sede

no Município de Porto Alegre, RS. Assim, sugere-se que estudos futuros validem o modelo

conceitual proposto no presente estudo para outros Times Esportivos, com sede em outras

cidades, em outras Unidades da Federação ou até mesmo em outros países. Adicionalmente,

convém notar que no presente estudo escolheu-se Porto Alegre como locus da pesquisa em

virtude da presença de apenas dois times rivais, que praticamente dividem a torcida em dois

segmentos de mesmo tamanho. Sugere-se, portanto, o teste do modelo conceitual em cidades

com mais de dois times, por exemplo, São Paulo ou Rio de Janeiro; ou ainda o teste do

modelo para times esportivos de cidades distintas, por exemplo, Flamengo e Corinthians.

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5.4.3. Validação com outras variáveis moderadoras

O gênero e a faixa etária do Fã do Esporte foram usados no presente estudo como variáveis

moderadoras da relação entre a Identificação do Fã do Esporte e o Consumo do Evento

Esportivo. Todavia, inúmeros estudos na área de Marketing sugerem que diversas outras

variáveis sociodemográficas do consumidor influenciam seu comportamento de consumo, tais

como a classe econômica, estágio de vida, grau de instrução, ocupação, entre outras. Futuros

estudos sobre o Consumo de Eventos Esportivos poderiam considerar o efeito dessas outras

variáveis, testando, inclusive, se elas exercem efeito moderador na relação entre a

identificação do Fã e o Comportamento de Consumo.

5.4.4. Validação para outras categorias de Consumo Esportivo

O presente estudo investigou a Atitude em relação ao Comparecimento ao Estádio e o

Comportamento de Consumo do Evento Esportivo. Assim, embora a frequência de

comparecimento ao Estádio seja uma categoria de Consumo Esportivo importante, há

diversos outros tipos de Consumo Esportivo que poderiam ter sido utilizados como variável

dependente. Sugere-se que estudos futuros testem a validade do presente modelo conceitual

para outras categorias de Consumo Esportivo, por exemplo seguindo as categorias propostas

por Fullerton e Merz (2008).

5.4.5. Consideração de outras Variáveis Influenciadoras

O modelo testado no presente estudo foi capaz de explicar entre 38% (Grêmio) e 44%

(Internacional) da variância do Comportamento de Consumo do Evento Esportivo. Julgou-se

que a variância explicada no presente estudo foi bastante alta, tendo em vista que diversos

outros aspectos relevantes para o Consumo do Evento Esportivo no Estádio não foram

considerados no escopo deste estudo. Dessa forma, sugere-se que estudos futuros considerem

outros aspectos relevantes para explicar o Consumo do Evento Esportivo, principalmente: (a)

os atributos específicos de cada jogo, como a qualidade do time adversário, conveniência da

data e horário do jogo, aspectos promocionais, preço dos ingressos (ZHANG, PEASE, et al.,

1995) e (b) as características do estádio que influenciam a experiência do Consumo do Evento

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Esportivo, como o conforto dos assentos, a facilidade de acesso do Estádio, a percepção de

segurança, os serviços de alimentação, limpeza dos banheiros, entre outros (WAKEFIELD e

SLOAN, 1995).

Além disso, é importante reconhecer que as escalas utilizadas não abordam, de maneira

profunda e/ou completa, o efeito que períodos de supremacia de um time rival sobre o outro –

como no caso do Grêmio e do Internacional – podem ter sobre o fã. Na população-alvo, esse

efeito de polarização é por vezes denominado de “efeito gangorra”: enquanto um time está

bem, o outro está mal, e vice-versa. Acredita-se que esse fenômeno tem influência não apenas

na escolha do time ou assimilação da identidade esportiva durante a infância, como também

na ativação da paixão pelo esporte na vida adulta do torcedor. Contudo, esse efeito de

“décadas de vitória” ou supremacia de um time rival sobre o outro não foi capturado

diretamente pelas escalas utilizadas.

5.4.6. Investigação da �atureza Circular das Relações do Modelo

O presente estudo investigou a influência simultânea da Identificação do Fã do Esporte com a

Modalidade Esportiva, com o Time Esportivo e com a Celebridade do Esporte na Atitude do

Fã do Esporte em relação ao Comparecimento ao Estádio e no Comportamento de Consumo

do Evento Esportivo. O modelo estrutural foi concebido de sorte a considerar uma sequência

de efeitos iniciando-se com a Identificação do Fã do Esporte, passando pela Atitude e

culminando no Comportamento de Consumo. Contudo, conforme apresentado no Referencial

Teórico, estudos anteriores que se apoiaram na Social Identity Theory em outros contextos

sugerem um efeito circular entre Identificação, Atitude e Comportamento. Por isso, no

presente estudo, foram modelados, em caráter exploratório, dois modelos conceituais

alternativos. Os resultados de ajuste dos modelos alternativos oferecem indícios iniciais que

sugerem a circularidade da relação entre Identificação, Atitude e Comportamento no contexto

esportivo. Contudo, para validar essa relação de circularidade, será preciso que estudos

futuros investiguem essa proposição, possivelmente utilizando-se de uma técnica de pesquisa

longitudinal, ou então de experimentos. Alternativamente, sugere-se o uso de técnicas capazes

de estimar a relação de causa e efeito em relações circulares, como a técnica de System

Dynamics.

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AP�DICES

Apêndice 1 Questionário

Apêndice 2: Cartões utilizados na coleta de dados

Apêndice 3: Resultados do Pré-teste

Apêndice 4: Detalhamento das Escalas

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Apêndice 1: Questionário

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Apêndice 2: Cartões utilizados na coleta de dados

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335

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Apêndice 3: Resultados do Pré-teste

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Apêndice 3-1 – Identificação com a Modalidade Esportiva: formulação original dos itens, tradução e alterações no pré-teste

Escala e autores

Dimensão Formulação original dos itens Tradução do Inglês para o Português

Tradução reversa do Português para o Inglês

Formulação final após o Pré-teste

Escala PAI-r, Braunstein, Zhang e Trail (2011)

Sports

Identification, ou Identificação com o Esporte

First and foremost, I consider

myself a soccer fan.

Em primeiro lugar, eu me considero um Fã do futebol.

Above all else, I consider myself a

soccer fan.

Acima de tudo, me considero um(a) Fã de futebol.

Being a fan of soccer is very

important to me.

Ser um Fã do futebol é muito importante para mim.

Being a soccer fan is very

important to me.

Ser um(a) Fã de futebol é muito importante para mim.

Soccer is my favorite sport. O futebol é meu esporte favorito. Soccer is my favorite sport. O futebol é meu esporte favorito. Escala MSSC, Trail e James (2001)

Aesthethics, ou Beleza do Jogo

I appreciate the beauty inherent

in the game.

Eu apreciou a beleza inerente ao jogo de futebol.

I appreciate the beauty of the

game of soccer.

Eu aprecio a beleza de um bom jogo de futebol.

There is a certain natural beauty

to the game.

Existe uma certa beleza natural ao jogo de futebol.

Soccer is a beautiful game to

watch.

O futebol é um esporte bonito de se ver.

I enjoy the gracefulness

associated with the game.

Eu apreciou o encantamento do jogo de futebol.

I appreciate the elegance of a

soccer match.

Eu aprecio a elegância do futebol.

Drama,

ou Drama I enjoy dramatic games. Eu aprecio jogos de futebol

dramáticos. I like dramatic soccer matches. Eu gosto de jogos de futebol

dramáticos. I prefer a close game rather than

a one-sided game.

Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado do que um jogo fácil.

I prefer a well-disputed “close”

game of soccer rather than a one-

sided game.

Eu prefiro um jogo de futebol bem disputado a um jogo fácil.

A game is more enjoyable to me

when the outcome is not decided

until the very end.

Um jogo de futebol é mais gostoso quando o resultado só é decidido nos últimos minutos.

I prefer matches where the

outcome is determined in the final

minutes of the game

Eu gosto mais de um jogo de futebol quando o resultado é decidido nos últimos minutos.

Escape, ou Escapismo

Games represent an escape for

me from my day-to-day activities.

Para mim os jogos de futebol representam uma válvula de escape das minhas atividades diárias.

To me, soccer games represent an

escape from stress and every day

worries.

Para mim, assistir ao futebol é uma válvula de escape das atividades do dia-a-dia.

Games are a great change of

pace from what I regularly do.

Os jogos de futebol são uma mudança de ritmo do eu regularmente faço.

Soccer games offer me a change

of pace from what I normally do.

Assistir futebol é uma mudança de ritmo em relação ao que faço normalmente.

I look forward to the games

because they are something

different to do.

Eu gosto dos jogos de futebol porque eles são algo diferente para se fazer.

I like soccer because it breaks

routine. Eu gosto de assistir jogos de futebol porque isso me permite sair da rotina.

Fonte: elaborado pelo autor

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Apêndice 3-2 - Identificação com o Time: formulação original dos itens, tradução e alterações no pré-teste

Escala e autores

Dimensão Formulação original dos itens Tradução do Inglês para o Português

Tradução reversa do Português para o Inglês

Formulação final após o Pré-teste

Escala PAI, Robinson, Trail e Kwon (2003)

Team

Identification, ou Identificação com o Time

I consider myself to be a “real”

fan of [team name].

Eu me considero um verdadeiro Fã do time do [Grêmio/Inter].

I consider myself a true [team

name] fan.

Eu me considero um(a) [Gremista/Colorado(a)] de verdade.

I would experience a loss if I had

to stop being a fan of [team name].

Eu experimentaria uma perda se tivesse que deixar de ser Fã do [Grêmio/Inter].

I would feel lost if I had to stop

being a [Grêmio/Inter] fan.

Eu me sentiria perdido(a) se tivesse que deixar de ser torcedor do [Grêmio/Inter].

Being a fan of [team name] is very

important to me.

Ser um Fã do [Grêmio/Inter] é muito importante para mim.

Being a [Grêmio/Inter] supporter

is very important to me.

Ser um(a) torcedor(a) do [Grêmio/Inter] é muito importante para mim.

Escala MSSC, Trail e James (2001)

Achievement, ou Realização com a Vitória

I feel a personal sense of

achievement when the team does

well.

Eu sinto um sentimento de realização pessoal quando o [Grêmio/Inter] joga bem,

I feel a sense of accomplishment

when [Grêmio/Inter] plays well.

Eu me sinto realizado(a) quando o [Grêmio/Inter] joga bem.

I feel like I have won when the

team wins.

Eu sinto como se eu tivesse vencido quando o [Grêmio/Inter] vence.

When [Grêmio/Inter] wins, I feel

as if I have won too.

Quando o [Grêmio/Inter] vence, sinto como se eu mesmo(a) tivesse vencido.

I feel proud when the team plays

well.

Eu me sinto orgulhoso quando o [Grêmio/Inter] joga bem.

I feel proud when [Grêmio/Inter]

plays well.

Eu me sinto orgulhoso(a) quando o [Grêmio/Inter] ganha.

Knowledge, ou Busca de Informação

I regularly track the statistics of

specific players.

Eu frequentemente acompanho as estatísticas de alguns jogadores.

I look for information on the

performance of some of the

[Grêmio/Inter] players.

Eu busco informações sobre o desempenho de alguns jogadores do [Grêmio/Inter].

I usually know the team’s win/loss

record.

Eu conheço o histórico de vitórias e derrotas do [Grêmio/Inter].

I usually remember the wins and

losses of [Grêmio/Inter].

Eu procuro me informar sobre os resultados das partidas do [Grêmio/Inter].

I read the box scores and team

statistics regularly.

Eu leio a pontuação e as estatísticas do [Grêmio/Inter] regularmente.

I regularly follow information

about [Grêmio/Inter].

Eu acompanho as notícias sobre o time do [Grêmio/Inter].

Social

Interactions, ou Interações Sociais

Interacting with other fans is a

very important part of being at

games.

Interagir com outros Fãs é uma parte muito importante de ir ao estádio.

I like going to stadiums to cheer

along with other fans.

Gosto de me encontrar com outros Fãs para torcer pelo [Grêmio/Inter].

I like to talk to other people sitting

near me during games.

Eu gosto de conversar com outras pessoas que sentam próximo de mim no estádio.

I love to chat with other fans sitting

near me at the stadium.

Gosto de conversar com outros Fãs sobre o desempenho do [Grêmio/Inter].

Games are great opportunities to

socialize with other people.

Ir ao estádio é uma ótima oportunidade de socialização com outras pessoas.

The stadium is a great place to

interact with other fans.

Torcer pelo [Grêmio/Inter] é uma maneira de socializar com outros Fãs.

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Apêndice 3-3 – Identificação com as celebridades esportivas: formulação original dos itens, tradução e alterações no pré-teste

Escala e autores

Dimensão Formulação original dos itens Tradução do Inglês para o Português

Tradução reversa do Português para o Inglês

Formulação final após o Pré-teste

Escala PAI-r, Braunstein, Zhang e Trail (2011)

Athlete

Identification, ou Identificação com o Jogador

I follow soccer because I am fan

of [athlete name].

Eu acompanho futebol por causa do [nome do jogador].

I follow soccer because of [athlete

name].

Um dos motivos pelos quais acompanho futebol é o [nome do jogador].

I identify with [athlete name]. Eu me identifico com o [nome do jogador].

I identify with [athlete name]. Eu me identifico com o [nome do jogador].

I am a big fan of [athlete name]. Eu sou um grande Fã do [nome do jogador].

I am a big fan of [athlete name]. Eu sou um grande Fã do [nome do jogador].

Escala Source

Credibility, Ohanian (1990)

Trustworthi-

ness, ou Confiabili-dade

Dependable – Undependable Eu acredito que o [nome do jogador] é digno de confiança.

I believe that [name of player] is

trustworthy.

Eu acredito que o [nome do jogador] é digno de confiança.

Honest – dishonest [...]a é honesto. […]c is honest. [...]a é honesto.

Reliable – Unreliable [...]a é confiável. […]c is reliable. [...]a é confiável.

Sincere – Insincere [...]a é sincero. […]c is sincere. [...]a é sincero.

Trustworthy – Untrustworthy [...]a é alguém em que se pode acreditar.

[…]c is someone we can believe. [...]a é alguém em que se pode

acreditar. Expertise Expert – 5ot an expert Eu acredito que o [nome do jogador]

é um especialista. I believe [name of player] is an

expert.

Eu acredito que o [nome do jogador] é um especialista.

Experienced – Inexperienced [...]a é experiente. […]c has experience. [...]a é experiente.

Knowledgeable –

Unknowledgeable

[...]a é inteligente. […]c is well informed. [...]a é inteligente.

Qualified – Unqualified [...]a é qualificado. […]c is qualified. [...]a é qualificado.

Skilled – Unskilled [...]a é habilidoso. […]c is skilled. [...]a é habilidoso.

Attractiveness, ou Atratividade (respondentes gênero feminino)

Attractive – Unattractive Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente.

I believe [name of player] is

attractive.

Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente.

Classy – 5ot Classy [...]a tem classe. […]c has class. [...]a tem classe.

Beautiful – Ugly [...]a é bonito. […]c is handsome. [...]a é bonito.

Elegant – Plain [...]a é elegante. […]c is elegant. [...]a é elegante.

Sexy – 5ot Sexy [...]a é sensual. […]c is sexy. [...]a é sensual.

Attractiveness, ou Atratividade (respondentes gênero masculino)

Attractive – Unattractive Eu acredito que o [nome do jogador] é atraente.

I believe [name of player] is

attractive.

Eu acredito que em geral as mulheres acham que o [nome do jogador] é atraente.

Classy – 5ot Classy [...]a tem classe. […]c has class. [...]b tem classe.

Beautiful – Ugly [...]a é bonito. […]c is handsome. [...]b é bonito.

Elegant – Plain [...]a é elegante. […]c is elegant. [...]b é elegante.

Sexy – 5ot Sexy [...]a é sensual. […]c is sexy. [...]b é sensual.

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Apêndice 4: Detalhamento das Escalas Avaliadas

(1) Escala SFMS – Sport Fan Motivation Scale

Autor: Daniel Wann

Artigo: Preliminary Validation of the Sport Fan Motivation Scale, Journal of Sport and Social Issue (1995)

Síntese: a escala SFMS foi proposta como uma escala para mensurar diversas motivações dos Fãs de esporte. Foi uma das primeiras escalas apresentadas na literatura para esse fim, e é uma das mais citadas nos estudos de Marketing Esportivo. A SFMS contempla 8 dimensões e totaliza 23 itens.

Dimensão Itens

Eustress

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that I get pumped up when I am watching my favorite teams.

One of the main reasons that I watch, read and/or discuss sports is that I enjoy being physiologically aroused by the competition.

I like the stimulation I get from watching sports.

Self-Steem Benefits

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that doing so makes me feel good when my team wins.

I enjoy watching sports because it increases my self esteem.

To me, my favorite team´s successes are my successes and their losses are my losses

Escape

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that doing so gives me the opportunity to temporarily escape life´s problems.

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that doing so allows me to forget about my problems.

To me, watching, reading, and/or discussing about sports is like daydreaming because it tales me away from life´s hassles.

Entertainment

I enjoy sports because of their entertainment value.

I enjoy watching, reading, and/or discussing sports simply because it is a good time.

To me, sports spectating is simply a form of recreation.

Economic

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is so I can bet on the sporting events.

Sports are enjoyable only if you can bet on the outcome.

Making wagers is the most enjoyable aspect of being a sport fan.

Aesthethics

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is for the artistic value.

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is that I enjoy the beauty and grace of sports.

I enjoy watching sport events because to me sports are a form of art.

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342

Group Affiliation

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is because most of my friends are sports fans.

One of the main reasons I watch, read and/or discuss sports is I am the kind of person who likes to be with other people.

I enjoy watching sports more when I am with a large group of people

Family

I like to watch, read and/or discuss sports because doing so fives an opportunity to be with my spouse.

I like to watch, read and/or discuss sports because doing so fives an opportunity to be with my family.

.

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343

(2) Escala SDMI – Sport Decision Making Inventory

Autor: Zhang, Pease, Hui e Michaud

Artigo: Variables affecting the spectator decision to attend 5BA games, Sport Marketing Quarterly (1995)

Síntese: a escala SDMI foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs na decisão de comparecimento às arenas de basquete da NBA. A SDMI foca em atributos relativos ao Evento Esportivo, ou seja, foca nas características do jogo – como os aspectos promocionais, a conveniência do horário da partida e a qualidade/atratividade do time adversário – o que a diferencia de diversas escalas de motivação que focam nas motivações “de longo prazo” do Fã. A escala SDMI ontempla 4 dimensões e totaliza 14 itens.

Dimensão Itens

Game Promotion

Advertising

Publicity

Direct mail & notification

Good Seats

Giveaway/prize

Ticket Discount

Home Team

Win/loss records

League standing

Superstars

Overall Team Performance

Opposing Team Overall Team Performance

Superstar

Schedule

Convenience

Game time (evening)

Game time (weekend)

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(3) Escala FAM – Fan Attendance Motivation

Autor: Lynn Kahle, Keneeth Kambara, Gregory Rose

Artigo: A functional Model of Fan Attendance Motivation for College Football, Sport Marketing Quarterly

(1996)

Síntese: a escala FAM foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs, com base na teoria dos 3 Processos de Mudança de Atitude – Identificação, Internalização e Conformidade – propostos por Kelman (1958). A escala FAM contempla 7 dimensões.

Dimensão Itens

Compliance

I only go to football games when my friends go.

I’d be more likely to attend if visiting friends and relatives were allowed to sit with me in the student section.

Obligation People have an obligation to support their local football team.

The football team represents me and the university.

Camaraderie

I’d be more likely to attend if there were a pep rally a day before the game.

I’d be more likely to attend if there were more activities to make students feel integrated and contributory to the spirit of the game.

I’d be more likely to attend if there were more fun things to do while sitting in the stands.

Identification with winning

I’d be more likely to attend if the team consistently had a better won-loss record.

I’d be more likely to attend if the team style of play were more exciting.

Self Defining Experience

When I watch football games, I Imagine myself competing in Sporting events.

I feel a sense of accomplishment when the team wins a football game.

Watching football game of [NCAA division I] caliber appeals to me.

Unique self-expressive experience

Football allows me to spend a few hours on a Saturday in different atmosphere than where I spend my time on weekdays.

Attending a football game live is more exciting than watching it on television

Internalization I enjoy “the game” at football games.

I consider myself more Knowledgeable than most students.

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345

(4) Escala MSC – Motivations of the Sport Consumer

Autor: Milne, McDonald

Livro: Managing the Exchange Process (1999)

Síntese: a escala MSC foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações que levam o Fã a se envolver com o Esporte. A escala MSC foi proposta com 12 dimensões. Porém, a Análise Fatorial Exploratória realizada pelos autores suportou a existência de apenas 4 dimensões.

Dimensão Itens

Factor 1

Helps me develop and grow as a person.

Helps me accomplish things I thought I never could accomplish.

Helps me to reach my potential as an individual.

Makes me feel that I am a successful person.

Gives me a feeling of self-assurance.

Gives me a feeling of personal pride.

Can help me develop values that will help me in life.

Has helped teach me the value of hard work and dedication.

Teaches me lessons that I may not learn anywhere else

Factor 2

Because it gives me a chance to meet new people.

Watching… with a group leads to improved social relations.

Watching… gives a chance to spend time with my friends.

Is based on having other people share the experience.

I feel connected to people with whom I watch my favorite sport.

Makes me feel like I belong to a special group.

There is certain camaraderie with the people I watch.

Factor 3

Is enhanced knowing the high level of skill required by the players.

I enjoy watching a highly skilled player perform.

I enjoy watching… because it is a difficult sport to master.

My favorite sport can be a beautiful sport to watch.

I enjoy watching the artistry of my favorite sport.

My favorite sport should be considered an art form.

Is an excellent remedy for me if I am tense, irritable and anxious.

Helps me to get away from daily pressures.

Makes me feel less stressed than I did before I watched.

Factor 4

Because it involves a good deal of risk to the athletes.

Is exciting because the athletes are always in danger of being injured.

Part of the fun is watching is the danger involved to the athletes.

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346

Watching my favorite sport can bring out my aggressive nature.

I enjoy watching my favorite sport when it reflects an aggressive style.

I am free to express my aggressive feeling while watching.

Helps me develop a competitive ethic.

The main reason I watch my favorite sport is for the competition.

The more intense the rivalry, the more I enjoy playing my favorite sport.

The success of my favorite team/athlete is important to me.

I feel elated for hours after a victory by my favorite team/athlete.

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347

(5) Escala SII - Sport Interest Inventory

Autor: Funk, Mahony, Nakazawa e Hirakawa

Artigo: Development of the Sport Interest Inventory (SII): implications for measuring unique consumer motives

at team sport Events, International Journal of Marketing and Sponsorship (2001)

Síntese: a escala SII foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs. Como essa escala foi elaborada para a ocasião do campeonato feminino de Basquete WNBA nos Estados Unidos a escala SII contempla algumas dimensões especificamente relacionadas à presença de torcedoras para apoiar o movimento das mulheres nessa Modalidade Esportiva. A escala SII foi proposta com 18 dimensões e 54 itens

Dimensão Itens

Sport

My interest in [football] sparked my interest in the team

I attend games because [football] is my favorite sport

First and foremost, I consider myself a fan of [football]

Team

I consider myself a fan of the whole team more than a fan of a single player

I come to games to support the whole team

I am a fan of the entire team

Player

I watch games because of individual players more than of the team competing

I am more of a fan of individual players than I am a fan of the entire team

The main reason why I attend is to cheer for my favorite player

Bonding with Friends

Attending games gives me a chance to bond with my friends.

I enjoy sharing the experience of attending a game with friends.

An important reason I attend games is to spend quality time with my friends.

Bonding with Family

Attending games gives me a chance to bond with my family.

I enjoy sharing the experience of attending a game with my family members.

An important reason I attend games is to spend quality time with my family

Drama

I prefer watching a close game rather then a one-sided game.

I like game where the outcome is uncertain.

A close game between two teams is more enjoyable than a blowout

Community Support

My connection to the community is why I like the team.

I support the team because the team enhances the status of the city.

I attend games to support the city´s team.

Support Woman’s Sport

I attend games because I think is important to support women´s sport.

My support for the team is a reflection of my support for women´s sport.

Attending games demonstrates my support for women´s sport in general.

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Role Model

Players provide inspiration for girls and boys.

I think the players are good role models for you girls and boys.

The players provide inspiration for young people.

Socialization

I enjoy interacting with other spectator and fans when attending games.

Games have given me a chance to meet other people with similar interest to mine.

I like to talk with other people sitting near me at games.

Aesthethics

The style of play of the WNBA provides me with a more enjoyable form of entertainment in comparison with NBA.

I like women´s basketball because their style of play emphasizes strategy and the traditional aspects of the game.

The WNBA style of basketball is a more pure form of basketball compared to the NBA´s style.

Customer Service

The staff is always helpful and courteous to me as a fan/customer.

I enjoy the games because the staff is friendly and available to me as a customer.

I feel customer satisfaction is important to the game day staff.

Excitement

I like the excitement associated with the games.

I enjoy the excitement surrounding the games.

I find the games very exciting.

Entertainment Value

The games provide affordable entertainment.

Games are great entertainment for the price.

I attend games because it is an entertaining event for a reasonable price.

Sport Knowledge

Knowing the rules of basketball helps me to enjoy the games.

I enjoy basketball games because I know a lot about the game of basketball.

I feel my understanding of the game of basketball adds to my enjoyment of watching the team.

Vicarious Achievement

I feel like I have won when the team wins.

I feel a sense of accomplishment when the team wins.

When the team wins, I feel a personal sense of achievement.

Wholesome Environment

I like attending a game because it is good, clean fun.

There is a friendly, family atmosphere at the games.

The friendly environment of the games is an important reason to attend.

Escape

I like attending games because provide me with a distraction from my daily life for a while.

I like attending games because provide me with an opportunity to escape the reality of my daily life for a while.

Getting away from the routine of everyday life is an important reason why I would attend a game.

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(6) Escala MSSC – Motivation Scale for Sport Consumption

Autor: Trail e James

Artigo: The Motivation Scale for Sport Consumption - Assessment of the Scale Psychometric Properties, Journal

of Sport Behavior (2001)

Síntese: a escala MSSC foi proposta a partir da revisão crítica das propriedades psicométricas das escalas SFMS, FAM e MSC por Trail e James. Assim, a escala MSSC representa uma revisão das motivações dos Fãs de esporte. A MSSC foi proposta com com 8 dimensões e 24 itens.

Dimensão Itens

Achievement

I feel a personal sense of achievement when the team does well.

I feel like I have won when the team wins.

I feel proud when the team plays well.

Aesthetics

I appreciate the beauty inherent in the game of basketball.

I enjoy the natural beauty in the game of basketball.

I enjoy the gracefulness associated with the game of basketball.

Drama

I enjoy the drama of close game.

I prefer watching a close game rather than a one-sided game.

I enjoy it when the outcome is not decided until the very end.

Escape

The game provides an escape for me from my day-to-day routine.

Going to the game is a change of pace from what I regularly do.

The game provides a diversion from life´s little problems to me

Knowledge

I increase my knowledge about basketball at the game.

I increase my understanding of basketball strategy by watching the game.

I can learn about the technical aspects of basketball by watching the game.

Physical Skills

The athletic skills of the players are something I appreciate.

I enjoy watching a well-executed athletic performance.

I enjoy a skillful performance by the team.

Social Interactions

I enjoy interacting with other spectators at the game.

I enjoy talking with others at the game.

I enjoy socializing with people sitting near me at the game.

Family

The game provides an opportunity for me to spend time with my family.

The game provides an opportunity for me to spend time with my spouse.

The game provides an opportunity for me to spend time with my children.

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(7) Escala SFMS-2 – Sport Fan Motivation Scale

Autor: Bristow e Schneider

Artigo: The Sports Fan Motivation Scale: Development and Testing, Marketing Management Journal (2003)

Síntese: a escala SFMS-2 foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar motivações dos Fãs, tendo sido proposta com 3 dimensões e um total de 12 itens. Essa escala se diferencia de outras escalas por apresentar uma dimensão de Tradição.

Dimensão Itens

Winning

When I go to a [*] [**] game, it matters to me that [*] win the game.

I am happier when I leave the [*] stadium if the [*] win that game.

An important thing about an [*] [**] game it that the [*] win the game.

A major reason why I attend the [*] [**] games is to see the [*] win.

Socialization

Being with people I like is an important reason why I go to [*] games.

One of the best parts of going to a [*] game is to relax and enjoy the people I am with.

For me, going to a [*] game is a good chance to spend time with my family or friends.

Having fun with my friends or family is a major reason I go to [*] games.

Tradition

Being part of the tradition of the game of [**] is an important reason why I go to [*] games.

Attending a [*] game gives me a sense of ** tradition and history.

I go to [*] games because I like the game of college [**].

I go to [*] games to see [**] played at the Division I level.

* The appropriate team name would complete these blanks in the SFM Scale

** The appropriate sport would complete these blanks in the SFM Scale

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(8) Escala SCM – Sport Consumer Motivations

Autor: Jeffrey James e Stephen Ross

Artigo: Comparing Sport Consumer Motivations Across Multiple Sports, Sports Marketing Quarterly (2004)

Síntese: a escala SCM foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs similar às escalas MCS, SFMS, FAM e MSSC. Contudo, possui poucas referências de uso na literatura.

Dimensão Itens

Empathy

Right after a(n) [team name] loss I feel sad.

I feel upset as I leave the stadium/arena after a(n) [team name] loss.

When the [team name] lose a big game, I feel like I have lost.

Social Interaction

I enjoy [team name] games/matches because they provide an opportunity to be with my friends.

Wanting to spend time with my friends is one reason I go to [sport name] games.

Having a chance to see friends is one thing I enjoy about [sport name] games

Family

Being with my family is why I enjoy [sport name] games.

The opportunity to spend time with my family is something I like about attending games.

I enjoy [team name] games because they are a good family activity.

Team effort

I support the [team name] because the team gives 100% every game.

One reason I am a(n) [team name] fan is because the team plays hard all the time.

The effort by the players to always do their best is a primary reason why I follow [sport name].

Team affiliation

I want to feel like I am a(n) [team name].

It is important for me to feel connected to the [team name].

I come to [sport name] games so what I feel like part of the team.

Achievement

When the [team name] win I feel like I have won.

I feel a personal sense of achievement when the team does well.

I feel proud when the team plays really well.

Entertainment

The main reason I like [team name] games is because [sport name] is a good entertainment.

I like going to [team name] games because watching [sport name] is fun.

[team name] games are a fun way to spend my time.

Skill

One reason I like [team name] games is being able to see well-executed players.

Getting to see the superior skill of college athletes is why I enjoy [team name] games.

I like [team name] games because I value seeing some of the top college [sport name] players.

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Drama

I enjoy watching [sport name] because of the dramatic turn of events that a game can take.

An important reason why I go to games is the excitement of two team “battling” to the end.

I like the suspense of a game where the lead changes back and forth.

Escape

For me, [sport name] games are an escape from my day-to-day activities.

I enjoy [team name] games because they are a great change from what I regularly do.

I like going to games because when I’m there I forget about all mu troubles and cares.

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(9) Escala FANDIM

Autor: Robert Madrigal

Artigo: Measuring the mutidimensional 5ature of Sport Event Performance Consumption, Journal of Leisure

Research (2006)

Síntese: a escala FANDIM foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas dimensões das motivações dos Fãs associadas ao Consumo do Esporte. Essa escala diferencia-se das demais por adotar uma abordagem reflexiva. A Escala FANDIM foi proposta com 2 dimensões de 2a orde, e 6 dimensões de 1a ordem, totalizando 24 itens.

Dimensão Itens

Flow

I Get so “lost” in the action that time seems to be altered

I Get so into the action that I lose touch with what is happening around me

I Feel as if time is standing still because I´m so focused on the action

I Am so “zoned into” the action that I lose sense of time

Fantasy

I Imagine that I am one of the athletes

I Fantasize that I am participating in the action

I Daydream that I am competing in the contest

I Envision myself as one of the competitors

Evaluation

I Critically evaluates the performance of the teams/athletes

I Analyze the performance of the teams/athletes

I Make value judgments about the quality of the teams/athletes´s performance.

I Critique the quality if a team/athlete´s performance.

Aesthetics

I Admire the artistry displayed in the sport.

I Admire the beauty of the sport.

I Am moved by the gracefulness of the sport.

I Focus on the elegance of sport.

Personalities

I Pay attention to only those athletes who are most well known.

I Focus only on those athletes who are most famous.

I Am attentive only to those athletes with the most notoriety.

I Concentrate on only those athletes who are most prominent.

Physical Attraction

I Admire the physiques of athletes while they are performing.

I Focus on the “sex appeal” of the athletes as they compete.

I Admire the bodies of the athletes as they compete.

I Am captivated by the appeal of the athletes´ bodies as they perform.

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(10) Escala SAI – Sport Activity Involvement

Autor: McIntyre e Pigram

Artigo: Recreation specialization reexamined: The case of vehicle-based campers, Leisure Sciences (1992)

Síntese: a escala SAI foi proposta como uma escala com duas dimensões para medir o envolvimento com o Esporte. Com 5 itens, a escala SAI foi proposta a partir da literatura sobre envolvimento, e não sobre identificação.

Dimensão Itens

Attraction Watching [basketball] games is important to me.

Watching [basketball] games is one of the most enjoyable activities.

Centrality

[basketball] is an important part of my life.

Most of my friends are in some way connected with [basketball].

To me, there is no other sport like [basketball].

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(11) Escala DI – Domain Involvement

Autor: Robert Fisher e Kirk Wakefield

Artigo: Factors Leading to Group Identification: A Field Study of Winners and Losers, Psychology & Marketing (1992)

Síntese: a escala DI foi proposta como uma escala unidimensional de envolvimento com o Grupo. Foi proposta em um estudo que investigou o envolvimento da Fãs de hockey.

Dimensão Itens

Domain

Involvement

[Hockey] is an essential part of my life.

I love all levels of [hockey] (pro, college, amateur).

I watch or read media about [hockey] whenever I can.

I know a lot about the rules of [hockey].

[Hockey] is very important to me.

I think about [hockey] all the time.

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(12) Escala SFQ – Sport Fandom Questionnaire

Autor: Daniel Wann

Artigo: Preliminary Validation of the Sport Fandom Questionnaire, International Journal of Sport Management

(2002)

Síntese: a escala SFQ foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar a identificação do indivíduo como Fã. Ao propor a escala, Wann destacou que ser Fã é um conceito auto-declarado, e, por isso, se um indivíduo se declara Fã, deveria ser considerado Fã. Assim, trata-se de uma escala relativamente simples, com 1 dimensão e apenas 5 itens, porém bastante citada na literatura de Marketing Esportivo.

Dimensão Itens

Sport Fandom

I consider myself to be a [sport x] fan.

My friends see me as a [sport x] fan.

I believe that following [sport x] is the most enjoyable form of entertainment.

My life would be less enjoyable if I were not able to follow [sport x].

Being a [sport x] fan is very important to me.

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(13) Escala PAI – Points of Attachment Index

Autor: Robinson e Trail

Artigo: Motives and Points of Attachment: Differences between college football, men´s basketball, and women´s

basketball spectators (2003)

Síntese: a escala PAI foi proposta para identificar os “elos de ligação” do torcedor com o esporte – como o time, os jogadores, o técnico, a Modalidade Esportiva, etc. Nesse estudo, os autores associaram os diversas motivações dos Fãs – como Drama, Escapismo e Beleza – com os elos de ligação identificados.

Dimensão Itens

Identification with Players

I identify with the individual players on the team.

I am a big fan of specific players more than I am a fan of the team.

I consider myself a fan of certain players rather than a fan of the team.

Identification with the team.

I consider myself to be a “real” fan of the [team name] team.

I would experience a loss if I had to stop being a fan of the [team name] team.

Being a fan of [team name] is very important to me.

Identification with the coach

I am a fan of Coach [name].

I follow the [team name] because I like coach [name].

I am a fan of the [team name] because they are coached by Coach [name].

Identification with the Community

One reason I am a fan of [team name] is because it increases the status of our community.

I am a fan of the [team name] because it enhances the community image.

The reason I am a [team name] fan is because the team improves the nation’s perception of the [state of the team].

Identification with Sport

First and foremost I consider myself a [specific sport, eg. Football] fan.

[specific sport] is my favorite sport.

I am a [specific sport] fan at all levels [high school, college, professional].

Identification with the University

I identity with the university rather than with any specific university team.

I am a fan of all the university’s teams and not just [specific sport].

I support the university as a whole, not just its athletic teams.

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(14) Escala PAI-r – Revised Points of Attachment Index

Autor: Braustain, Zhang e Trail

Artigo: Athlete Endorser Effectiveness: model development and analysis, Sport, Business and Management: an

International Journal (2011)

Síntese: a escala PAI-r foi utilizada em um estudo sobre a influência do endosso da celebridade esportiva no patrocínio esportivo, representando uma revisão da escala PAI-r. Nesse estudo, os autores utilizaram apenas 2 dimensões da PAI “original”, tendo alterado os itens. A dimensão de Identificação com as Celebridades Esportivas foi mensurada com um item a mais na PAI-r. Além disso, observa-se que todos os itens tiveram sua formulação ligeiramente alterada e adaptada ao contexto do estudo.

Dimensão Itens

Identification Athlete

I follow tennis because I am a big fan od Maria Sharapova.

I identity with Maria Sharapova.

When Maria Sharapova loses, it feels like a personal failure.

I am a big fab of Maria Sharapova.

Identification Sport

First and foremost I consider myself a tennis fan.

Being a fan of tennis is very important to me.

Tennis is my favorite sport.

I am a tennis fan at all levels and tours.

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(15) Escala SSIS – Sport Spectator Identification Scale

Autor: Daniel Wann e Nyla Branscombe

Artigo: Sports Fans: Measuring the degree Identification with their Team, International Journal of Sport Psychology (1993)

Síntese: a escala SSIS foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de identificação do Fã com o time. A SSIS é uma das escalas mais citadas na literatura de Marketing Esportivo, sendo frequentemente utilizada para segmentar conforme o nível de identificação.

Dimensão Itens

Level of Team Identification

How important to you is that [team x] wins?

How strongly do you see yourself as a fan of [team x]?

How strongly do your friends see you as a fan [team x]?

During the season, how closely do you follow [team x] via any of the following: in person or on television, on the radio, or television news or a newspaper?

How important is being a fan [team x] to you?

How much do you dislike [team x] greatest rivals?

How often do you display the [team x] name or insignia at your place of work, where you live or on your clothing?

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(16) Escala TL – Team Loyalty

Autor: Kirk Wakefield e Hugh Sloan

Artigo: The effect of Team Loyalty and Selected Stadium Factors on Spectator Attendance, Journal of Sport Management (1995)

Síntese: a escala TL foi proposta como uma dimensão para mensurar o grau declarado de lealdade do Fã com o time. Essa escala foi utilizada juntamente com outras dimensões associadas às características do Estádio conforme apresentado pelo Sportscape Model. Os autores suportaram que enquanto a lealdade ao time mensurada a partir da escala TL influencia o Comparecimento ao Estádio diretamente, os demais construtos associados às características do Estádio influenciam a atitude em relação ao estádio.

Dimensão Itens

Team Loyalty

I am a loyal [team name] team fan.

I like to let people know that I´m a [team name] fan.

Win or lose, I´ll always be a [team name] fan.

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(17) Escala GI – Group Identification

Autor: Robert Fisher e Kirk Wakefield

Artigo: Factors Leading to Group Identification: A Field Study of Winners and Losers, Psychology & Marketing

(1998)

Síntese: a escala GI foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de identificação com o Grupo. Embora a escala não tenha sido elaborada especificamente para o contexto esportivo, foi utilizada e validada inicialmente em um estudo sobre a Identificação de alunos com o time esportivo da Instituição de Ensino.

Dimensão Itens

Group Identification

It´s important to me to maintain strong ties to the team.

Supporting the team is important to me.

One of the things I´d tell others about myself is that I am a fan of the team.

Being a team fan is an important part of who I am.

I almost think of myself as part of the team.

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(18) Escala PCT – Psychological Commitment to Team

Autor: Daniel Mahony, Robert Madrigal e Dennis Howard

Artigo: Using the Psychological Commitment to Team Scale to Segment Sport Consumers based on Loyalty,

Sport Marketing Quarterly (2000)

Síntese: a escala PCT foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de comprometimento psicológico dos Fãs com o time, focando no grau de resistência de mudança do torcedor como indicador do nível de identificação do Fã. A Escala PCT foi proposta com14 itens.

Dimensão Itens

Level of Psychological Commitment

I might rethink my allegiance to my favorite team IF this team consistently performs poorly.

I would watch a game featuring my favorite National Football League team regardless of which team they are playing.

I might rethink my allegiance to my favorite team if management traded away its best players.

Being a fan of my favorite NFL team is important to me.

Nothing could change my allegiance to my favorite NFL team.

I am a committed fan of my favorite NFL team.

I would not affect my loyalty to my favorite NFL team if management hired a head coach that I disliked very much.

I could easily be persuaded to change my favorite NFL team preference.

I have been a fan of my favorite NFL team since I began watching professional football.

I could never switch my loyalty from my favorite NFL team even if my closest friends were fans of another team.

It would be unlikely for me to change my allegiance from my current favorite NFL team to another.

It would be difficult to change my beliefs about my favorite NFL team.

You can tell a lot about a person by their willingness to stick with a team that is not performing well.

My commitment to my favorite NFL team would decrease if they were performing poorly and there appeared little chance their performance would change.

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(19) Escala STI – Sport Team Identification

Autor: Hyungil Kwon e Ketra Armstrong

Artigo: Factors influencing Impulse Buying of Sport Team Licensed Merchandise, Sport Marketing Quarterly

Síntese: a escala STI foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de identificação do Fã com o Time. Foi proposta com 10 itens. Contudo, essa escala apresenta poucas citações na literatura.

Dimensão Itens

Level of Team Identification

[The university´s sports team´s] successes are my successes.

When someone praises [the university´s sports teams] it feels like a personal compliment.

When someone criticizes [the university´s sports team´s] it feels like a personal insult.

[The university´s sports team´s] failures are my failures.

I am very interested in what others think about [the university´s sports teams]

When I talk about [the university´s sports team], I usually say “we” rather than “they”.

I act like a [the university´s sports teams] fan to a great extent.

I am proud to tell others that I am part of [the university´s sports team]

I tell my friends that [the university] us a great institution in which to study

I feel a sense of “ownership” for [the university´s sports teams] rather than being just a student.

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(20) Escala TEAM*ID

Autor: Bob Heere e Jeffrey James

Artigo: Stepping Outside the Lines: Developing a Multi-dimensional Team Identity Scale based on Social

Identity Theory, Sport Management Review (2007)

Síntese: a escala TEAM*ID foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar a Identificação dos Fãs com o Time. Foi proposta com 6 dimensões, totalizando 27 itens.

Dimensão Itens

Public Evaluation

Most people have a negative view of my college football team, compared to other teams.

In general, others think the college football team I am a fan of is unworthy of support.

Overall, my college football team is viewed positively by others.

In general, others respect the college football team I am a fan of.

Overall, people hold a favorable opinion about my college football team.

Private Evaluation

I feel good about my college football team.

In general, I am glad to be a fan of my college football team.

I am proud to think myself as a fan of my college football team.

I often regret supporting my college football team.

Attachment: interconnection of Self

I have a strong sense of belonging to my college football team.

I have a strong attachment to my college football team.

When someone criticizes my college football team, it feels like a personal insult.

I am very interested in what others think about my college football team.

The college football team´s successes are my successes

When I talk about my college football team, I usually say “we” rather than “they”

Attachment: sense of interdependence

My destiny is tied to the destiny of the college football team.

The behavior of my college football team can affect me personally.

What happens to my college football team will influence what happens in my life.

What happens to my college football team will have an impact on my own life.

Behavioral Involvement

I am active in organizations that include mostly fans of my college football team.

I participate in activities supporting my college football team, such as tailgating or attending games.

I do not participate I activities with other fans of my college football team.

I am actively involved in team-related activities.

Cognitive Awareness

I am aware of the tradition and history of my college football team.

I know the ins and outs of my college football team.

I know the rituals that go with being a fan of my college football team.

I have knowledge of the successes and failures of my college football team.

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(21) Escala ALTS – Attitudinal Loyalty do Team Scale

Autor: Bob Heere e Geoff Dickson

Artigo: Measuring Attitudinal Loyalty: Separating the Terms of Affective Commitment and Attitudinal Loyalty,

Journal of Sport Management (2008)

Síntese: a escala ALTS foi proposta como uma escala unidimensional para mensurar o grau de lealdade atitudinal do Fã ao time.

Dimensão Itens

Atitudinal loyalty to team

My commitment to the [team x] would decrease if the games would be ugly to watch.

Nothing could change my allegiance to the [team x].

I would still be committed to the [team x] regardless of the lack of any star players.

I would not give up my loyalty to the [team x] even though my family stops supporting the team.

My commitment to the [team x] would decrease if they were performing badly on a continuous basis.

I could never switch my loyalty from the [team x] even if my close friends were fans of another team.

I would still be committed to the [team x] regardless of the lack of physical skill among the players.

I would be difficult to change my beliefs about the [team x].

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(22) Escala SC - Source Credibility

Autor: Ohanian

Artigo: Construction and Validation of a scale to Measure Celebrity Endorser's Perceived Expertise,

Trustworthiness and Attractiveness, Journal of Advertising (1990)

Síntese: A escala Source Credibility foi proposta e testada por Ohanian (1990; 1991) com o objetivo de mensurar as dimensões da credibilidade das celebridades utilizadas no endosso de produtos e serviços em campanhas publicitárias. A escala foi proposta com 3 dimensões. A escala SCdDiferencia-se de outras escalas por ser de diferencial semântico.

Dimensão Itens

Expertise

Expert – Not an expert

Experienced – Inexperienced

Knowledgeable – Unknowledgeable

Qualified – Unqualified

Skilled – Unskilled

Trustworthiness

Dependable – Undependable

Honest – dishonest

Reliable – Unreliable

Sincere – Insincere

Trustworthy – Untrustworthy

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(24) Escala SASP-CP – Star Athletic Power Scale

Autor: Jessica Braunstein e James Zhang

Artigo: Dimensions of athletic star power associated with Generation Y sports consumption, International

Journal of Sports Marketing & Sponsorship (2010)

Síntese: a escala SDMI foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs na decisão de comparecimento às arenas de basquete da NBA. A SDMI contempla 4 dimensões e totaliza 14 itens.

Dimensão Itens

Professional Trustworthiness

He/she is responsible

He/she is well spoken

He/she is intelligent

He/she is dignified

I agree with his/her lifestyle

He/she is positive

He/she is ethical

I agree with his/her way of life

He/she serves the community

He/she is friendly

I agree with his/her behavior

Likeable Personality

He/she is charitable

He/she is modest

He/she is funny

He/she is very charming

He/she is humorous

He/she is personable

He/she gas an ability to connect with his/her fan base

He/she is honest

He/she displays morality

He/she is approachable

He/she is charismatic

He/she is kind

Athletic Expertise

He/she has superior athletic skills

He/she is aggressive when he/she plays/coaches

He/she is a team player

He/she is an extremely talented athlete/coach

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He/she shows leadership abilities

He/she is goal oriented

He/she is at the peak of his/her career

He/she is a hard worker

Social Attractiveness

He/she has a lot of media exposure

He/she is recognizable

He/she is physically attractive

He/she is physically fit

He/she is outgoing

He/she is energetic

Characteristic Style

He/she is controversial

He/she is flamboyant

He/she is worldy

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(25) Escala GSM – Group Support Measures ; Escala GMA – Group Member Attractiveness

Autor: Wakefield e Sloan (WAKEFIELD e SLOAN, 1995) (WAKEFIELD e SLOAN, 1995)

Artigo: The Effects of Team Loyalty and Selected Stadium Factors on Spectator Attendance, Journal of Sport

Management

Síntese: as escalas GSM e GMA foram utilizadas por Wakefield e Sloan em um estudo sobre a influência de características específicas da experiência de Consumo do Evento Esportivo no Estádio no Comportamento de Consumo do Evento Esportivo.

Dimensão Itens

Game Behaviors

(GB)

At this (or a recent game), did you: Wear a team cap or hat?

At this (or a recent game), did you: Wear a team jersey, shirt, sweater or jacket?

At this (or a recent game), did you: Bring a team poster, sign, placard, etc.?

At this (or a recent game), did you: Use noisemakers or megaphones to support team?

Purchase of

Licensed Products

How many licensed Jerseys do you personally own?

How many licensed T-shirts / Sweatshirts do you personally own?

How many licensed Jackets or coats do you personally own?

How many licensed Caps or hats do you personally own?

Perceived Group Performance

This team will win more games this year than most.

The team is ranked highly compared to other teams.

Unless something unusual happens, this team will contend for the title.

This is one of the best teams in the league.

Group Identification

(GI)

It’s important to me to maintain strong ties to the team.

Supporting the team is important to me.

One of the things I’d tell others about myself is that I’m a fan of the team.

Being a team is an important part of who I am.

I almost think of myself as part of the team.

Domain Involvement (DI)

Hockey is an essential part of my life.

I love all levels of hockey (pro, college, amateur).

I watch or read media about hockey whenever I can.

I know a lot about the rules of hockey.

Hockey is very important to me. I think about hockey all the time.

Group Member Attractiveness (GMA)

Players on the team are liked by others.

Players on the team have characteristics that others admire.

Players on the team have a life that others would like to lead.

Players on the team have a high status.

Group-Supportive Measures (GSM)

How many times have you attended games played by this team this season?

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(26) Escala FISC – Formative Index for Sport Consumption

Autor: Czafrann Ali; Bettina T Cornwell; Doan Nguyen; Leonard Coote.

Artigo: Exploring the usefulness of a consumer activity indez in the sponsorship-linked marketing, International

Journal of Sports Marketing & Sponsorship (2006)

Síntese: a escala FISC foi proposta como uma escala do tipo índice de atividade de consumo para ser utilizada no contexto do patrocínio esportivo. Essa escala objetivou compreender a experiência ampliada de consumo do esporte, considerando 12 itens. Segundo os autores, por ser uma escala do tipo índice, a FISC não deveria ser julgada pela sua dimensionalidade.

Dimensão Itens

Formative Index for Sport Consumption

I frequently visit team/event websites

I regularly read newspaper and/or listen to radio and TV reports about teams and events.

I attend tours regarding the event, it team or its venues.

I have purchased event/team merchandise.

I am familiar with the songs and slogans linked with events or teams.

I pay attention to activities during pre-event and half-time sessions.

I participate in fan clubs and other activities related to the teams or events.

When attending an event, I do all the spectator participation activities.

When not specifically looking for it, I have come across information about teams and events on retailing environments, mailing and on the internet.

I participate on betting.

I pay attention on the different ticket purchase options available for an event.

I engage in social activities as parties before and after the event.

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(27) Escala ISCBS - Intention for Sport Consumption Behavior Scale

Autor: Trail, Anderson e Fink

Artigo: Consumer Satisfaction and Identity Theory: a Model of Sport Spectator Conative Loyalty, Sport Marketing Quarterly (2005)

Síntese: a escala Intention for Sport Consumption Behavior Scale (ISCBS) foi proposta por Trail, Anderson e Fink (2005) no mesmo estudo em que foi testada a escala Points of Attachment Index (PAI). A escala ISCBS é uma escala unidimensional de Intenção de Compra, com 4 itens.

Dimensão Itens

I am more likely to attend future games

I am more likely to purchase the team´s merchandise

I am more likely to buy [*] team clothing

I am more likely to support the [*] team

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(28) Escala SPI – Sponsorship-linked Purchase Intent

Autor: Cornwell e Coote

Artigo: Corporate sponsorship of a cause: the role of identification in purchase intent, Journal of Business

Research (2005)

Síntese: a escala SPI foi utilizada por Cornwell e Coote em um estudo sobre a intenção de compra de artigos esportivos no contexto do Patrocínio Esportivo.

Dimensão Itens

When choosing brands and retailers, I choose those that sponsor [the Race].

I would drive out of my way to buy from a sponsor of [the Race].

When a new sponsor joins [the Race], I switch my buying to support them.

I would choose to buy from a sponsor of [the Race], even if the prices of competitors were lower.

When choosing brands and retailers, it makes little difference to me if they are sponsors of [the Race].

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(29) Escala BL – Behavioral Loyalty

Autor: Trail, Fink e Anderson (2003)

Artigo: Sport Spectator Consumption Behavior, Sport Marketing Quarterly

Síntese: a escala BL foi utilizada para mensurar a intenção de compra futura dos Fãs do Esporte em um estudo que relacionou Identificação do Fã, “motivações” e BIRGIng e CORFing.

Dimensão Itens

I have often attended games of my favorite team live in the stadium.

I will often attend games of my favorite team in the stadium.

I have watched games of my favorite team on TV.

I will watch games of my favorite team on TV.

I have often followed reports about my favorite team´s players, coaches, managers etc in the media

I will often follow reports about my favorite team´s players, coaches, managers etc in the media.

I have purchased a lot of club-related merchandise.

I will purchase a lot of club-related merchandise.

I often wore the colors and/or the logo of my favorite team.

I will often wear the colores and/or the logo of my favorite team.

I have often participated in discussions about my favorite team.

I will often participate in discussions of my favorite team.

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(30) Escala PB-BI – Present Behavior – Behavioral Intentions

Autor: Janet Fink, Galen T. Trail e Dean F. Anderson

Artigo: Environmental Factors Associated with Spectator Attendance and Sport Consumption Behavior: Gender

and Team Diferences, Sport Marketing Quarterly (2002)

Síntese: a escala SDMI foi proposta como uma escala multidimensional para mensurar diversas motivações dos Fãs na decisão de comparecimento às arenas de basquete da NBA. A SDMI contempla 4 dimensões e totaliza 14 itens.

Dimensão Itens

Merchandise Consumption

I buy Cyclone clothing (T-shirts, caps, etc)

I buy Cyclone apparel for other people.

I can easily find “licensed” Cyclone merchandise

Print Media Consumption

I read about the basketball team in the daily sport pages

I read magazines that have articles on the Cyclone basketball team

TV Media Consumption When I cannot attend a Cyclone game, I watch it on television if possible

I watch TV for news about the team

Wearing team paraphernalia

I wear Cyclone clothing when I attend a game

I wear Cyclone apparel on a regular basis

I wear Cyclone paraphernalia even when I’m not at a game

Tracking Statistics I regularly track the statistics of specific Cyclone basketball players

I follow the team’s statistics on a regular basis

Continued Loyalty

Regardless of whether they win or lose, I will continue to support the team.

I will continue to back the team even if they do not win the conference title.

Even if the team’s winning percentage is below . 500, I will still be a fan

Attendance Intentions I am more likely to attend future games

Merchandise Consumption Intentions

I am more likely to purchase the team’s merchandise

I am more likely to buy Cyclone clothing.

I am more likely to support the Cyclones.

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(31) Escala GSC-SSC – General Sport Consumption e Specific Sport Consumption

Autor: Braunstein e Zhang

Artigo: Dimensions of athletic star power associated with Generation Y Sports Consumption, International

Journal of Sports Marketing & Sponsorship (2011)

Dimensão Itens

General Sport Consumption

[...] Attend Sporting Events

[...] Participate in Sports

[...] Read books on Sports and Athletes

[...] Participate in Sport List serves on the Internet

[...] Watch sports on Television

[...] Read the Sports Pages of my newspaper

[...] Watch Sports Information Programming

[...] Read Magazines on Sports and Athletes

[...] Visit Websites that focus on Sports/Athletes

[...] Purchase Merchandise with Team/Brand Logo

[...] Purchase Sports Equipment

[...] Make the Purchase Decision on Sports Products

Specific Sport Consumption

I know what sport this athlete/coach is associated with

I am a fan of this sport

I am a fan of this athlete/coach

I attend his/her Sporting events

I participate in his/her sport

I watch him/her or his/her sport on Television

I watch sports information programming about his/her sport

I read about him/her or his/her sport

I read magazines on him/her sport

I visit websites that focus on him/her or his/her sport

I purchase sports merchandise with his/her team/brand logo

I purchase sports equipment for his/her sport

I like products that he/she endorses

I have purchased products that he/she endorses

I intend to purchase products that he/she wears

I intend to purchase products that he/she wears

I believe that he/she has a positive image

I believe that he/she has a positive impact his/her sport

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