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ELABORAÇÃO DEPROJETOS

INOVADORESEM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

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FIEP- Federação das Indústrias do Estado do Paraná Rodrigo Costa da Rocha Loures Presidente

SENAI – Departamento Regional do Paraná Carlos Sérgio Asinelli DiretorRegional

Luiz Henrique Bucco DiretordeOperações

SESI - Departamento Regional do Paraná José Antonio Fares DiretorExecutivo

Orientação Profissional e Aprendizagem Industrial - COPAI Marco Antonio Areias Secco

Capacitação Técnica e Pós-graduação Tecnológica Industrial – COTEP Tadeu pabis Junior

Qualificação e Aperfeiçoamento Profissional - COQUAP José Ayrton Vidal Junior

Programa Inova SENAI / SESI Sonia Regina Hierro parolin

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Heloisa Cortiani de OliveiraSimone Luzia Maluf Zanon

Sonia Regina Hierro parolin (Organizadora)

Thaise Nardelli

Curitiba pr2006

ELABORAÇÃO DEPROJETOS

INOVADORESEM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

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2006, SENAI – Departamento Regional do paranáQualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Elaboração de projetos inovadores na educação profissional / Sonia Regina Hierro Parolin (org.); Heloisa Cortiani de Oliveira, Simone Lucia Maluf Zanon; Thaise Nardelli. – Curitiba: SESI/SENAI/PR, 2006. 118 p.: il. ; 30 cm. – (Coleção Inova ; v. 1).

1. Projetos. 2. Educação profissional – Inovações tecnológicas.

I. parolin, Sonia Regina Hierro (org.). II. Oliveira, Heloisa Cortiani de. III. Zanon, Simone Lucia Maluf. IV. Nardelli, Thaise.

CDU 331.5

SENAI – Departamento Regional do paranáAv. Cândido de Abreu, 200Centro Cívico – Curitiba – pRTel (41) 3271-9000Home page: www.pr.senai.br/inovae-mail: [email protected]

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SOBRE A COLEÇÃO INOVA

A inovação é um elemento fundamental para o desenvolvimento econômico e é no setor

produtivo que ela encontra o espaço ideal para se manifestar.

A indústria brasileira aprendeu na prática que precisa enfrentar diversos desafios nessa

área: aumentar os investimentos no desenvolvimento de produtos, renovar processos e

ainda tornar-se mais ágil para responder com rapidez às novas demandas do mercado.

Remar em outra direção traz como resultado a perda da competitividade. Por isso, cada

vez mais, as empresas buscam profissionais com capacidade de criar, iniciativa para

formular soluções e facilidade para trabalhar em equipe.

As instituições de educação têm que estar preparadas para formar profissionais com este perfil.

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Uma forte contribuição nesse sentido está sendo oferecida pela Coleção Inova. Editada

pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná, através do Programa Inova/

Senai/Sesi, irá tratar de um tema diferente a cada volume, apresentando à comunidade

acadêmica e científica, empresários e ao público em geral informações que ampliem a

compreensão do papel de cada um no esforço direcionado à inovação.

Serão discutidos assuntos relacionados à criatividade, inovação, empreendedorismo

e propriedade intelectual, de forma a contribuir para o aprimoramento da educação

profissional e para a competitividade sustentável da indústria.

A Coleção Inova também atende ao objetivo estratégico do Sistema Fiep, de desenvolver

a cultura empreendedora e um ambiente propício à inovação.

RodrigodaRochaLoures

Presidente do Sistema Federação

das Indústrias do Estado do Paraná

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APRESENTANDO ESTE VOLUME

Desde 2004 iniciamos a transformação do Senai do Paraná de uma respeitável escola

industrial, da qual nos orgulhamos, em uma escola da era do conhecimento operando na

área industrial.

Acompanhando as tendências do mercado e as novas exigências do processo produtivo,

o Senai agregou à vocação original novas ações para potencializar seus programas

educacionais, serviços técnicos e tecnológicos e iniciativas de responsabilidade social.

A Coleção Inova é uma delas. Este primeiro volume – “Elaboração de Projetos Inovadores

na Educação Profissional” – pretende não apenas incentivar as instituições de ensino a

buscar novas formas de apoio ao processo de formação, mas também instigar a cultura da

inovação nas escolas e empresas e ampliar o escopo de ação do trabalhador.

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A publicação sugere a adoção da pedagogia de projetos como instrumento para atender

a solicitação do mercado por profissionais empreendedores, pró-ativos, com capacidade para

criar e inovar. O texto orienta o professor na estruturação da pedagogia no âmbito escolar e

analisa as principais dificuldades que os alunos, normalmente, apresentam neste trabalho.

Na prática, ao desenvolver um projeto o estudante concentra energia e conhecimento na

solução de um problema concreto. Mediado pelo professor, ele transforma idéias em ação.

O método também tem o mérito de aproximar a aprendizagem do universo empresarial,

uma vez que propõe o uso da mesma ferramenta que as empresas utilizam para resolver

questões de ordem gerencial e produtiva. Ao desenvolver um projeto, os alunos têm que

sistematizar ações, definir os objetivos, dimensionar recursos, condições e equipe e, por

fim, avaliar os resultados obtidos.

Toda edificação exige planejamento e reflexão, esforço e trabalho árduo. E somente a

educação consegue erigir uma sociedade embasada no conhecimento. A elaboração de

projetos inovadores é uma importante ferramenta para aumentar a participação do aluno no

ambiente empresarial e a visão sobre o sentido do seu trabalho no contexto organizacional.

CarlosSérgioAsinelli

Diretor Regional SENAI/ PR

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 11

......1..As.exigências.de.trabalho....................................................................................... 11

2..O.Perfil.profissional.................................................................................................. 16

PARTE.1.-.O.QUE.SÃO.PROJETOS.INOVADORES.NA.EDUCAÇÃO.PROFISSIONAL............. 19

1..O.que.é.um.projeto?................................................................................................ 19

2..Utilizando.projetos.................................................................................................. 23

3..Gestão.de.projetos.................................................................................................. 2�

4..Tipos.de.projetos.................................................................................................... 3�

�..Projetos.inovadores................................................................................................. 42

6..Propriedade.intelectual,.a.informação.tecnológica.e.a.transferência.de.tecnologias....�4

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PARTE.2.-.PROJETOS.NA.ESCOLA..................................................................................... 6�

1...Ensino.por.projetos.x.aprendizagem.por.projetos................................................... 6�

2..Pedagogia.por.projetos........................................................................................... �4

3..O.papel.do.professor.na.pedagogia.de.projetos...................................................... 82

4..O.papel.do.aluno.na.pedagogia.de.projetos............................................................. 93

�..Projetos.na.Educação.Profissional........................................................................... 9�

6..Algumas.considerações.finais............................................................................... 109

REFERÊNCIAS.BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 111

CRÉDITOS........................................................................................................................ 11�

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INTRODUÇÃO

1. As Exigências do Mercado de Trabalho

No século XX as características dos trabalhadores eram determinadas pela Revolução

Industrial. Durante a primeira metade do século as idéias tayloristas foram o centro das

discussões sobre o trabalho – a mecanização do homem na esfera industrial.

Atualmente, o profissional para ser bem sucedido precisa ter seu lado relacional e

comportamental bem trabalhado e desenvolvido, de forma que possa trabalhar com

facilidade em equipe, opinar, sugerir e questionar. Este profissional deve ter como

principais qualidades a iniciativa, a proatividade e a capacidade de criar e inovar, mesmo

em pequenas cotidianas ações do dia-a-dia. Porém, nem sempre foi assim...

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No filme “Tempos Modernos”, estrelado por Charles Chaplin, há uma clara reprodução,

em forma de comédia, de ações que até poucas décadas eram extremamente comuns: a

fragmentação do produto final, uma linha de montagem onde quem aperta o parafuso do

lado esquerdo da peça faz apenas isto, com tempos e movimentos bem definidos.

Este modelo ainda não é obsoleto, muitas fábricas, como na área da confecção, por

exemplo, possuem linhas de produção nestes moldes, onde a costureira da máquina um

só faz costura reta, da máquina 2 só costura bolso e da máquina 3 só costura zíper. Esta

é uma forma de administração denominada científica, baseada no estudo e padronização

de tempos e movimentos e na padronização de ferramentas e instrumentos, resultando

na racionalização do trabalho com ênfase na produtividade resultante na minimização do

esforço muscular (MAXIMIANO, 2000).

Frederick Winslow Taylor (1856 – 1915), com base na tecnologia existente na época,

elencava o trabalho a ser desenvolvido e suas etapas, separava e criava ou estruturava as

formas de efetuá-la, distribuindo-as entre as linhas de produção. As operações eram em

sua base manuais e cartesianas, e otimizavam o tempo empregado para efetuar a ação,

os materiais utilizados, e os movimentos necessários para efetuar a ação, para que nada

fosse desperdiçado.

Nesta mesma época histórica, a escola ensinava basicamente conceitos de obediência,

pontualidade e submissão, sem questionamentos ou criticidade.

A pedagogia era centrada no professor e na exposição oral de conteúdos, onde o professor

era quem determinava o que deveria e como deveria ser ensinado. Esta pedagogia esteve

presente em todo o século XIX e em grande parte do Século XX (e por mais que a

educação tenha avançado em seus conceitos, é presente em muitas escolas ainda hoje).

A partir de 1913, Henry Ford, em sua fábrica Ford Motors e Co. , instituiu o que

atualmente chamamos de fordismo, que apesar de ter muitas semelhanças com o

método desenvolvido por Taylor, o Taylorismo, tinha uma estratégia mais abrangente “de

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organização da produção que envolve extensa mecanização, com o uso de máquinas-

ferramentas especializadas, linha de montagem e de estrutura rolante e de crescente

divisão do trabalho.” (CATTANI, 2003).

Este processo foi uma inovação para a época, pois a implantação de esteiras na linha de

produção e automação de alguns processos instituiu um novo ritmo à produção, onde o mais

importante é seguir o ritmo de produção que a empresa quer, e não o que o funcionário

pode oferecer, pois a exemplo da movimentação da esteira, ela era alterada através de um

temporizador e não do término da operação por parte do funcionário, fazendo com que ele

tivesse que apurar seu trabalho para que sua parte na fabricação do produto fosse concluída.

Como filosofia, a administração científica de Taylor também se debruçou na busca

da eficiência na área de planejamento, implantando cartões de instruções, sistema

de pagamento por desempenho e introduziu o cálculo de custos. As transformações

introduzidas por Taylor geraram o movimento da administração científica, tendo como

principais integrantes o próprio Taylor; Gilbreth, com os estudos de movimentos e fadiga

e a psicologia aplicada; Gantt, com o gráfico de Gantt e o treinamento profissionalizante;

e Munsterberg, com a psicologia industrial. Esse movimento, ao conjugar as contribuições

desses diversos estudiosos, propiciou o desencadeamento da produção em massa, tendo

no sistema Ford de produção o ícone do movimento. Com o trabalhador especializado

e a linha de montagem instalada, a expansão da atividade industrial, as tecnologias

expandiram-se na perspectiva da sofisticação dos mecanismos de controle e de eficiência,

mantendo os mesmos princípios da administração científica (MAXIMIANO, 2000).

Esta abordagem, porém, com o avanço das tecnologias e a complexidade das relações,

mostrou-se rígida e inflexível, dando espaço para as teorias focadas no lado humanístico

e relacional dos trabalhadores, humanizando e democratizando a administração, trazendo

a tona um novo repertório lingüístico e administrativo.

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Fala-se. agora. em. motivação,. liderança,. comunicação,. organização. informal,. dinâmica.de.grupo.etc..Os.conceitos.básicos.de.liderança,.hierarquia,.racionalização.do.trabalho,.departamentalização,.passam.a.ser.contestados.ou.criticados.(CHIAVENATO,.1983).

A escola também precisou se adaptar a esta mudança. E a pedagogia a ser adotada passou

a ser mais crítica, a se preocupar em ensinar a buscar informação, a se reciclar e atualizar

constantemente, formando cidadãos críticos e com visão global do trabalho e da sociedade,

capaz de construir conhecimento.

Há. necessidade. de. educar. o. indivíduo. para. enxergar. os. problemas. da. empresa,. em.horizontes. geográficos,. e. temporais. mais. amplos. que. o. instantâneo,. de. produzir. com.eficiência.para.colocar.os.produtos.no.mercado.de.trabalho.(FERRETI,.1994)

Em paralelo com todas estas mudanças no mundo do trabalho e da educação está a

evolução da tecnologia.

A tecnologia, numa visão simples, pode ser apontada aqui como o conhecimento mais a

técnica. Ela torna possível transformar o que temos de real. Esta evolução da tecnologia

tomou um grande impulso com a Revolução Industrial, e abrange não só objetos ou

técnicas, mas também técnicas que interferem na gestão dos processos.

A escola, ao incentivar o aluno a construir conhecimento, a aliar o conhecimento à

técnica, e ao instigar o aluno através de situações problema e/ou elaboração de projetos,

aproxima-o dos problemas da sociedade e do trabalho, enriquecendo e potencializando o

desempenho deste futuro profissional.

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O.principal.impacto.das.mudanças.tecnológicas.é.na.composição.da.força.de.trabalho..De.um.modo.geral,.as.novas.tecnologias.demandam.trabalhadores.mais.qualificados..Um.bom.nível.educacional.facilita.a.readaptação.da.mão-de-obra..Uma.educação.precária.dificulta.(PASTORE,.1998).

Mas como saber então se eu, enquanto profissional, possuo ou não estas características?

Para nortear este questionamento e auxiliar nesta reflexão, falaremos um pouco sobre o

perfil dos profissionais pesquisadores, inovadores e empreendedores.

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2. O Perfil Profissional

O mundo passou por várias transformações, as mudanças são dinâmicas e rápidas e o

mundo do trabalho não parou.

O final do século XX traz a Revolução do Conhecimento e, junto a ela, novas exigências

pessoais e profissionais. (Mussak, 2003).

No século XXI o mercado de trabalho busca menos produtividade e mais competitividade,

menos informação e mais conhecimento, menos treinamento e mais educação. Assim

surgem novas características do trabalhador para este século.

Mussak (2003) apresenta essas características, referendadas pela Unesco, como

qualidades e as resume em oito palavras: flexibilidade, criatividade, informação,

comunicação, responsabilidade, empreendedorismo, sociabilização, tecnologia. E o autor

as define como abaixo resumido:

A flexibilidade determina a capacidade de agir de acordo com as situações que se

apresentam, ou seja, a adaptação após a percepção das mudanças existentes.

A criatividade é o diferencial desejável, pois se trata da capacidade de processar e utilizar

as informações de forma original e inovadora.

A informação é necessária para o avanço em todas as áreas. A educação continuada é

essencial para o desenvolvimento humano.

A comunicação é uma habilidade necessária para o relacionamento interpessoal e indispensável

para a qualidade do atendimento ao cliente e para a integração de grupos de trabalho.

O mundo do trabalho exige que as pessoas sejam mais responsáveis por suas ações, pois os

cargos e funções estanques estão desaparecendo e então surgindo postos de trabalho destinados

ao cumprimento de tarefas em que a responsabilidade de execução é cada vez mais cobrada.

Simone.Lucia.Maluf.Zanon.e.Thaise.Nardelli

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O mercado busca pessoas capazes de agregar valor ao trabalho através de ousadia,

criatividade e inovação, atributo do empreendedor. Qualquer pessoa pode empreender

uma ação que vise otimizar, melhorar, agilizar, favorecer, qualificar, com vistas a criação

de um mundo melhor.

A sociabilização está ligada à capacidade de compreender, respeitar e conectar-se com

diferenças culturais, para que se possa interagir globalmente.

A capacidade de aceitar e conviver com as tecnologias emergentes agrega na construção

de competências pessoal e organizacional.

Mas para que possamos desenvolver todas estas qualidades pessoais, temos que ter

aprendido algumas coisas básicas como convivência em sociedade, raciocínio lógico,

expressão verbal e escrita, leitura crítica...

Quem nos transmite esta bagagem comportamental além de nosso ambiente social é a

escola. Na escola é que iniciamos nosso convívio com pessoas estranhas sem que elas

tenham sido escolhidas ou sequer indicadas por nós. Somos obrigados também a pensar

em coisas abstratas, assimilar conhecimentos que muitas vezes não vemos aplicabilidade

imediata, mas temos prazer em conhecer novas idéias, novos saberes, conviver com

novas pessoas e repartir com elas um bom pedaço do nosso dia.

O sistema escolar também nos proporciona os sabores e dissabores das atividades em

sala de aula, que são sistematizadas através de parâmetros que não são muito claros, mas

que no final acabam por desenvolver habilidades básicas, e cruciais para o futuro.

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PARTE 1 O QUE SÃO PROJETOS INOVADORES

NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

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1. O Que é Um Projeto?

Você já parou para pensar quando alguém lhe fala sobre um projeto o que realmente ele é?

É muito fácil. Vamos por partes.

Se você quer comprar um aparelho de som e não tem dinheiro, o que você faz?

Primeiro para e pensa: onde irá conseguir o dinheiro? O que poderá fazer para ganhar

mais dinheiro e comprar seu aparelho? Quem pode lhe ajudar? Qual é a melhor coisa

a fazer? Qual o melhor aparelho que está à venda no mercado? Você deve fazer uma

pesquisa nas lojas e ver onde é mais barato? O aparelho que você quer irá atender suas

expectativas? Será que poderá negociar um parcelamento? O aparelho terá a durabilidade

que você espera?

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Sem querer você começou a elaborar mentalmente um projeto. O projeto para a compra

do seu aparelho de som.

Não é fácil?

Veja bem, você quer um aparelho de som (esse é o seu tema), mas você tem um problema,

não tem dinheiro. O que fazer?

A partir desse problema você irá considerar no mínimo duas hipóteses: poderá comprar o

aparelho de som se conseguir o dinheiro ou não comprá-lo se não conseguir o dinheiro.

Mas para que realmente você quer esse aparelho de som? Pense e reflita, justifique

porque você precisa desse aparelho.

O que esse aparelho irá fazer por você? O som é melhor. O aparelho é bonito. Toca MP3.

Tem caixas de som incríveis. Poderá ouvir suas músicas sem precisar levantar para trocar os

CDs, pois vem com um controle remoto. Quais os seus objetivos ao comprar o aparelho?

Quais são as suas alternativas? Você pode emprestar o dinheiro para a compra do

aparelho, vender algo que não tem mais utilidade para você, trabalhar horas a mais,

economizar até conseguir a quantia necessária para a compra. Você deve encontrar um

meio para poder comprar seu aparelho. Digamos que você precisa de recursos e adotar

uma metodologia para conseguir o dinheiro e adquirir o seu bem.

Com as alternativas que você pensou, em quanto tempo terá o dinheiro suficiente para a

aquisição do aparelho? Você pode elaborar um cronograma.

Pois bem, suponhamos que sua hipótese afirmativa foi comprovada, ou seja, você

conseguiu o dinheiro e comprou seu aparelho de som. E agora? É realmente o que

você esperava? Avalie seus procedimentos, o desempenho do aparelho e o valor do seu

investimento. Valeu a pena?

Muito bem, você acabou de acompanhar os passos principais de um projeto. Viu como é fácil?

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Saiba que na sua vida muitos projetos terão que ser elaborados. Projetos de estudo,

projetos de trabalho, projetos de vida, e assim por diante.

Os projetos são elaborados para conseguir a solução de algum problema, quer seja um

problema imediato, a curto, médio ou a longo prazo. Um projeto surge em resposta a um

problema concreto. Portanto, elaborar um projeto é contribuir para a solução de problemas,

transformando idéias em ações.

Quando você transforma suas idéias em ações, você está projetando. Assim, o projeto é

um documento onde você descreve tudo o que é necessário para o desenvolvimento de

um conjunto de atividades a serem executadas. É mais fácil e prático colocar tudo no

papel, seguindo uma ordem lógica para que você possa analisar e seguir passo a passo.

Ao organizar suas idéias projetando-as num papel e transformando-as em um projeto,

você estará sistematizando todo o trabalho em etapas a serem cumpridas, os objetivos,

quais os meios que serão utilizados para atingi-los, quais recursos serão necessários,

onde serão obtidos e como serão avaliados os resultados.

O projeto também lhe auxiliará na identificação de algumas falhas, na superação de

deficiências, no apontamento de meios mais adequados para atingir os objetivos.

Agora que você já sabe que os projetos fazem parte de sua vida, vamos conhecer alguns

conceitos?

Leia e reflita sobre o que os conceitos apresentados abaixo têm em comum.

“Projetos.é.todo.o.trabalho.que.fazemos.de.uma.vez..Seja.projetar.uma.aeronave,.construir.o.balcão.de.uma.padaria.ou.criar.a.logomarca.de.um.negócio,.todo.projeto.produz.resultados,.e.todo.projeto.tem.um.começo.e.um.fim..“.(ERIC.VERZUH,.2000,.p..19).

“Projeto.é.um.empreendimento.não. repetitivo,.caracterizado.por.uma.seqüência.clara.e.lógica.de.eventos,.com.início,.meio.e.fim,.que.se.destina.a.atingir.um.objetivo.claro.e.definido,.sendo.conduzido.por.pessoas.dentro.de.parâmetros.predefinidos.de.tempo,.custo,.recursos.envolvidos.e.qualidade.”.(RICARDO.VARGAS,.2003,.p..�).

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“O.projeto.é.entendido.como.um.conjunto.de.ações,.executadas.de.forma.coordenada.por.uma.organização.transitória,.ao.qual.são.alocados.os.insumos.necessários.para,.em.um.dado.prazo,.alcançar.um.objetivo.determinado.”.(DALTON.L,.VALERIANO,.1998,.p..19).

“Projeto.é.um.conjunto.coerente.e.integral.de.atividades,.destinado.a.alcançar.objetivos.específicos,.que.contribuem.para.atingir.um.certo.desenvolvimento,.num.determinado.período,. com. insumos. e. custos. definidos.”. (Definição. de. projeto. da. Organização.Internacional.do.Trabalho.–.OIT,.citada.por.PAULO.CÉSAR.LEITE.ESTEVES,.200�,.p..1�).

“Entende-se.por.projeto,.neste.contexto,. como.um.conjunto.organizado.e.encadeado.de.ações.de.abrangência.e.escopo.definidos,.que.focaliza.aspectos.específicos.a.serem.abordados.num.período.de.tempo,.por.pessoas.associadas.e.articuladoras.das.condições.promotoras.de.resultados,.com.um.determinado.custo”..(LüCk,.2003,.p..2�).

“A.elaboração.de.projetos.constitui-se.no.processo.de.canalização.e.concentração.de.inteligência,.esforços.e.condições.necessárias.para.garantir.resultados.e.transformações.desejados”.(LüCk,.2003,.p..28).

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2. Utilizando Projetos

Os projetos são utilizados em toda e qualquer área do conhecimento, bem como no

cotidiano pessoal de cada indivíduo.

A engrenagem principal de um projeto está em seu planejamento. Você faz planos, mas

tem dificuldades de colocar em prática seus objetivos. Sabe por quê? Porque seus planos

podem estar dispersos entre seus pensamentos.

Se você planejou algo é porque tem um objetivo e, para alcançá-lo, muitas idéias lhe

ocorrerão, algumas absurdas, outras utópicas, idealistas, práticas, etc. E assim, muitas

vezes, você desiste de seus planos, seja no âmbito pessoal ou profissional.

Uma dica muito importante: NÃO DESISTA NUNCA. Trace seus planos, deixe as idéias

fluírem, anote todas, analise uma a uma, esboce um projeto, encontre a coerência, avalie

o que será necessário.

Leia e reflita:

“Quando.criamos.na.mente.uma.idéia.perfeita.e.agimos.com.beleza.e.amor,.ou.seja,.com.lógica,.determinação,.habilidade,.competência.e.ética,.temos.toda.a.condição.de.torná-la.realidade.”.(MUSSAk,.2003,.p..190)

Os projetos têm sido utilizados como referencial tanto nas escolas como nas empresas.

Nas escolas, os projetos são um referencial para o desenvolvimento de competências, pois

ensinam os alunos a pensarem, a agirem e decidirem, além de promover a mobilização de

saberes e conhecimentos adquiridos, desenvolver a cooperação, a inteligência coletiva, a

autonomia, a capacidade de fazer escolhas e negociá-las.

A competência não pertence ao mundo empresarial, nem ao mundo do trabalho, afirma

Perrenoud (1994), mas se faz presente em toda ação humana, seja individual ou coletiva.

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Observa também que o aluno freqüenta a escola para poder utilizar o que aprendeu tanto

na vida pessoal como política, cultural, associativa, econômica, profissional.

A pedagogia de Projeto, método de trabalho com projetos nas escolas, promove a interação

do aluno com o meio, possibilitando oportunidades que experienciem situações nas diversas

áreas do conhecimento, além de promover o desenvolvimento das múltiplas inteligências.

Você verá uma abordagem mais completa sobre esse assunto na segunda parte deste livro.

No âmbito das empresas, os projetos marcam um referencial competitivo. Clientes

vêm exigindo produtos melhores e serviços mais rápidos. Para atender a velocidade do

mercado são necessários profissionais com capacidade de prever os prazos e custos das

atividades, bem como os riscos envolvidos.

Os projetos podem ser criados em todos os níveis de uma organização e geralmente são

componentes estratégicos para seus negócios, pois garantirão o desenvolvimento de ações

que visam o alcance dos objetivos almejados.

Para a elaboração de projetos numa organização é preciso que os mesmos estejam alinhados à sua

missão e objetivos estratégicos. Esta afirmativa pode ser constatada por Drucker (2001, p. 131).

Cada.participante.da.empresa.contribui.com.algo.diferente,.mas.todos.devem.contribuir.para.um.objetivo.comum..Todos.os.seus.esforços.devem.ser.feitos.na.mesma.direção,.e.suas.contribuições.devem.se.ajustar.para.produzir.um.todo.harmonioso.sem.lacunas,.sem.atritos,.sem.duplicação.desnecessária.de.esforços.

Contribuir com o todo harmonioso a que Drucker se refere é saber exatamente o que a

empresa quer e como está sua situação competitiva no mercado.

Sabe-se que para a sobrevivência de uma empresa nos dias de hoje é necessário o

lançamento de novos produtos, uma boa estratégia de marketing, a implementação de

novos processos, remodelar estruturas. Tais requisitos são exemplos de projetos. Mas

para a empresa atingir seus objetivos é preciso que seus projetos sejam gerenciados

adequadamente, que alguns passos sejam bem definidos.

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3. Gestão de Projetos

Ao falarmos sobre gestão de projetos ou gerenciamento de projetos não pretendemos

abordar como se dá tal gerenciamento, para isso você poderá consultar os autores citados

nas referências apresentadas. O que pretendemos é enfatizar a importância dos projetos

dentro das organizações, a necessidade deles e suas características.

A globalização exige um potencial competitivo, mas como conquistar a competitividade?

Para que uma organização retenha sua competitividade no mercado ela necessita ser vista

como detentora de uma vantagem competitiva. A competitividade deve ser entendida

como a capacidade que a organização deve ter de formular e implementar estratégias,

concorrências que permitam sua atuação e sustentabilidade no mercado (COUTINHO

APUD GOMES; BRAGA, 2001).

A estratégia empresarial deve ser entendida como um conjunto de alternativas utilizadas para

o alcance de seus objetivos, o que conseqüentemente gera o planejamento estratégico.

No planejamento estratégico os acontecimentos futuros são antecipados de forma que as

ações sejam implementadas para atingir os objetivos organizacionais.

Muito bem, vimos que as organizações necessitam de estratégias para competir no

mercado, assim utiliza-se do planejamento estratégico onde ações são previstas para o

alcance dos objetivos propostos. Mas estamos falando desde o início sobre projetos, onde

eles entram nessa história?

O projeto, segundo Esteves (2005, p. 47) é parte integrante do processo decisório do

planejamento organizacional, pois atua como um realimentador de todo o processo. Dessa

forma, os projetos devem estar vinculados aos objetivos e metas da empresa.

De que maneira o projeto auxilia no processo de planejamento estratégico? O projeto visa

à verificação da viabilidade, ou seja, passa a ser um modelo da realidade.

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O planejamento estratégico necessita ser permanentemente revisado e como as

organizações se encontram cada vez mais orientadas ao melhoramento contínuo de

seus processos, sempre visando à competitividade, demandam inúmeros projetos como:

melhoria de produtos, desenvolvimento de novos produtos, melhorias internas, mudanças

organizacionais, gestão estratégica, entre outros.

Sobre a utilização de projetos como estratégia de transformação de realidade, encontramos

em Lück (2003, p. 58):

. ...as. práticas. orientadas. pelo. hábito,. pelo. modo. vigente. e. costumeiro. de. fazer. as.coisas,. pelo. já. conhecido,. evidenciam-se. como. sendo. extremamente. limitadas,.pobres,. conservadoras. e. caracterizadas. pelo. desperdício.. A. perspectiva. da. realidade.dinâmica,.que.já.esta.marcando.uma.serie.de.transformações.desta.realidade,.das.suas.instituições,. das. empresas. e. das. pessoas,. já. é,. por. si,. transformadora,. uma. vez. que.no.contexto. inevitável. do. seu.movimento,.gera.propulsão.e.energia..A.ótica. futurista.focaliza,.portanto,.de.forma.prospectiva.e.estratégica,.a.possibilidade.de.criação.de.uma.nova.realidade,.a.partir.da.realização.de.projetos...

Como diferenciar uma rotina de um projeto?

Segundo Menezes (2003), no caso de uma solução-padrão a empresa utiliza abordagens

metodológicas e ferramentas específicas para sua implantação e, no caso de uma solução

inovadora, procede-se uma análise como se a solução a ser implementada fosse um projeto.

Segundo Vargas (2003, p.16), todo projeto tem início, meio e fim. Um projeto que não tem

término não é um projeto, é uma rotina.

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O ambiente global e competitivo em que as organizações se encontram é dinâmico e como

tal, é necessário que as empresas possuam capacidade de mudança para adaptar-se a esse

cenário, bem como adotar postura estratégica de alteração de seus processos, padrões

administrativos, habilidades de negociação, entre outros. Segundo Verzuh (2000, p.18):

Vivemos.em.um.mundo.no.qual.as.mudanças.–.e.sua.velocidade.–.crescem.cada.vez.mais..Para.sobreviver.e.prosperar,.as.organizações.precisam.modificar.constantemente.seus. produtos. e. serviços.. Os. projetos. são. o. meio. pelo. qual. essas. inovações. são.efetivadas..Quanto.maior.a.mudança,.mais.inovações.e.mais.projetos.surgem.

Para Harold R. Reeve – Project Management Institute, citado por Vargas (2003) “com a atual

onda de competitividade global, o desenvolvimento de um novo produto, a implementação

de uma nova tecnologia ou uma mudança organizacional obrigam as corporações a achar

uma maneira melhor, mais rápida e mais barata de atingir seus objetivos.”

Harold está se referindo ao gerenciamento de projetos como chave para o crescimento e

o sucesso organizacional.

O gerenciamento de projetos é visto como uma ferramenta gerencial através da qual a

empresa desenvolve um conjunto de habilidades destinadas ao controle de seus projetos,

obedecendo aos fatores predeterminados como tempo, custo, qualidade, etc.

De acordo com o “A Guide to the Project Management Body of Knowledge” – 2000

Edition, o gerenciamento de projetos é composto por cinco grupos de processos:

iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento – e em nove áreas do

conhecimento: Gerenciamento da Integração do Projeto, Gerenciamento do Escopo do

Projeto, Gerenciamento do Tempo do Projeto, Gerenciamento dos Custos do Projeto,

Gerenciamento da Qualidade do Projeto, Gerenciamento dos Recursos Humanos do

Projeto, Gerenciamento da Comunicação do Projeto, Gerenciamento dos Riscos do

Projeto, Gerenciamento dos Fornecimentos de Bens e Serviços do Projeto.

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Iniciação/Concepção: é a fase inicial do projeto. Nesta fase ocorrerá:

A identificação de necessidades e/ou oportunidades;

Caracterização e definição de um problema a partir das necessidades e/ou

oportunidades;

Determinação dos objetivos e metas a serem alcançados;

Análise do ambiente do problema;

Definir o escopo (produto ou subproduto do projeto);

Análise dos recursos disponíveis;

Avaliação da viabilidade de atingimento dos objetivos;

Estimativa dos recursos necessários;

Elaboração da proposta do projeto.

Planejamento: é a fase em que ocorre a estruturação e viabilização operacional do

projeto. O planejamento tem que garantir a consistência entre os objetivos estabelecidos

e os recursos disponíveis. Nesta fase encontramos como atividades mais comuns que

abaixo discriminamos:

Detalhamento das metas e objetivos a serem alcançados;

Definição do gerente do projeto;

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Programação das atividades e elaboração de um cronograma (tempo necessário

para a execução das atividades previstas);

Determinação dos resultados tangíveis a serem alcançados durante a execução

do projeto;

Programação dos recursos financeiros e humanos, bem como dos materiais

necessários ao gerenciamento e execução do projeto;

Delineamento dos procedimentos de acompanhamento e controle do projeto;

Estruturação do sistema de comunicação.

Execução (implementação): esta fase é onde o trabalho propriamente dito é realizado.

Trata-se da fase onde as etapas previstas e programadas são executadas. Quanto melhor

for o planejamento realizado, melhor será o resultado no período de execução.

Na fase de execução as principais ações são:

Verificar o escopo;

Ativar a comunicação entre os participantes do projeto;

Garantir a disponibilidade de recursos;

Mobilizar equipes, materiais e equipamentos;

Assegurar a qualidade;

Monitorar o uso de recursos;

Gerar alternativas de ação e reprogramar atividades, quando necessário.

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Controle: as ações de controle devem garantir proativamente às atividades planejadas,

devem acontecer como planejadas, e as não planejadas serão avaliadas e introduzidas

ao projeto se necessário. As ações devem garantir também reativamente, correções

relativas às variações ocorridas no decorrer do projeto.

A fase de controle é responsável pelo monitoramento dos processos (acompanhar fisicamente

a execução de todas as atividades planejadas), análise das distorções, apresentação de

alternativas de solução e o replanejamento do projeto (MENEzES, 2003, p. 196).

Conclusão (encerramento): esta fase corresponde ao término do projeto. Um projeto

pode ser classificado como encerrado quando se obtém a certeza de que todas as

metas foram atingidas. No encerramento de um projeto deve ser efetuada a avaliação

do desempenho final, a partir dos indicadores de desempenho.

Características.dos.projetos

As principais características de um projeto, segundo Vargas (2003, p. 15), são a

temporariedade, individualidade do produto ou serviço a ser desenvolvido pelo projeto,

complexidade e incerteza.

Por temporariedade entende-se que um projeto possui um início e um fim, ou seja, possui

um ciclo de vida, é temporal.

A individualidade garante a inovação, ou seja, o desenvolvimento de um produto ou

serviço que não tinha sido realizado antes.

A complexidade determina a clareza dos objetivos, a condução do projeto, os recursos a

serem utilizados.

A incerteza é referente aos parâmetros utilizados, os quais são impossíveis de estabelecer

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com precisão: valores para prazos, custos, pessoal, material e equipamento envolvidos,

bem como a qualidade desejada para o projeto.

Para Lück (2003, p.70-80), projetos que funcionam apresentam características

importantes para os resultados finais como:

Clareza: ter a percepção clara do foco do projeto; utilizar uma linguagem

simples; não detalhar mais do que o necessário;

Objetividade: percepção e descrição da realidade tal como ela é;

Especificidade: delimitar o foco da atenção, não utilizar questões genéricas;

Visão estratégica: ter uma visão de futuro. Buscar resultados positivos e não

apenas possíveis;

Aplicabilidade: condições de viabilidade, ou seja, executáveis;

Criatividade: um olhar novo sobre a realidade. “A elaboração de projetos deve

ser marcada por espírito atilado e original que visualiza o diferente e agrega

valor a produtos e serviços, atribuindo-lhes o diferencial competitivo”;

Flexibilidade: capacidade de prever a necessidade de adaptações, cursos

alternativos de ação. Nos projetos podem ocorrer situações imprevistas, e para

tal é necessário ter alternativas;

Consistência: buscar uma boa fundamentação, estabelecer um aprofundamento

teórico-conceitual dos elementos que compõem o projeto;

Coerência: estabelecer uma unidade do foco em todos os segmentos do

projeto, ou seja, os objetivos devem ser coerentes ao problema, à metodologia

e às demais etapas do projeto. Todos os segmentes devem ter uma unidade

temática;

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Globalidade: estabelecer uma relação equilibrada entre o todo e as partes do

projeto;

Unidade: estabelecer o vínculo entre os elementos conceituais do projeto.

Superar visões dicotômicas, fragmentadas e confusas. A unidade está

diretamente associada à coerência;

Responsabilização: estabelecer responsabilidades. A orientação das ações

das pessoas envolvidas no projeto é que constitui o foco principal.

Ciclo.de.vida.de.um.projeto

Você já sabe que todo projeto tem um início e um fim determinados. Basicamente, isso

caracteriza o ciclo de vida de um projeto.

As etapas do ciclo de vida de um projeto podem ser representadas por suas principais

atividades (grupos de processos): Iniciação/Concepção, Planejamento, Execução,

Controle e Conclusão.

O.papel.do.gerente.de.projeto

O projeto, em todo o seu ciclo de vida, deve ser acompanhado por uma gerência ativa.

O objetivo do gerenciamento de projetos, segundo Menezes (2003), é alcançar o seu

controle, assegurando o cumprimento dos prazos e orçamento determinados, obtendo

uma conclusão com a qualidade estipulada.

A principal responsabilidade do gerente do projeto, segundo Esteves (2005) é fazer com que o

projeto alcance a meta para o qual foi proposto, e deverá apresentar as seguintes habilidades:

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Comunicação: ouvir, persuadir;

Organização: planejar, estabelecer metas, analisar;

Formação de equipes: possuir empatia, criar motivação;

Liderança: estabelecer exemplos, possuir energia, ser visionário, delegar, ser

positivo;

Convivência: ser flexível, criativo, paciente, persistente;

Tecnologia: possuir experiência, conhecimento de projetos.

Para desempenhar o papel de gerente de projeto, ou de integrante de equipes de projeto,

as pessoas devem assimilar uma compreensão básica dos processos e das áreas de

conhecimento que são comuns a todos os projetos.

Benefícios.do.gerenciamento.de.projetos

Você teve uma noção do que se trata o gerenciamento de projetos. Agora vamos saber

quais são os benefícios desse gerenciamento.

Através dos projetos, desde que bem planejados, controlados e geridos de forma adequada,

as empresas conseguem os resultados almejados.

O gerenciamento de projetos não é restrito a projetos gigantescos, complexos e de alto

custo. Pode ser aplicado em empreendimentos de qualquer complexidade, tamanho,

orçamento e linha de negócios.

Ao utilizar metodologias estruturadas, o gerenciamento de projetos permite desenvolver

diferenciais competitivos e novas técnicas e adaptar os trabalhos ao mercado consumidor e aos

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clientes. Sendo os projetos bem estruturados, conseguimos antecipar situações desfavoráveis e

promover ações preventivas e corretivas antes que essas situações se tornem um problema.

Alguns projetos podem não obter sucesso e as principais causas, segundo Vargas

(2003), podem decorrer do mau estabelecimento de metas e objetivos. A inclusão de

muitas atividades e pouco tempo para sua realização, sistema de controle inadequado,

estimativas financeiras pobres e incompletas, dados insuficientes e inadequados, falta de

integração entre os agentes que participam do projeto, falta de conhecimento necessário

para a execução das atividades planejadas, gerenciamento inadequado ou inexistente.

Uma das principais fases do projeto é seu planejamento. Conforme afirmação de Verzuh

(1998, p. 107) “o maior desafio da gestão de projeto é fazer a coisa certa no tempo certo.” Para

que isso aconteça o projeto deve começar com um bom planejamento e com certeza terminará

bem se houver um controle eficaz onde ações corretas e rápidas são realizadas ao longo do

ciclo de vida do projeto.

Você percebeu a importância dos projetos como recurso estratégico para as empresas?

Percebeu também que o projeto deve ser bem planejado, estruturado, controlado e

gerenciado, para que os resultados sejam alcançados?

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4. Tipos de Projeto

Pode parecer uma pergunta estranha, pois já mencionamos que os projetos são utilizados para

solução de problemas. Assim, você poderá responder que existe uma infinidade de projetos.

É isso mesmo. Os projetos podem ser elaborados e aplicados no cotidiano das pessoas,

das empresas e de diversas outras instituições, ou seja, os projetos são utilizados em

todas as áreas do conhecimento humano. Vargas ( 2003, p. 8), cita os seguintes exemplos

de projetos:

Instalação de uma nova planta industrial;

Redação de um livro;

Reestruturação de um determinado setor ou departamento da empresa;

Elaboração de um plano de marketing e publicidade;

Lançamento de um novo produto ou serviço;

Informatização de um determinado setor da empresa;

Construção de uma casa;

Realização de uma viagem.

Complementando sua lista, Vargas cita exemplos reais de projetos:

Construção das pirâmides de Gisé;

Muralha da China;

Reconstrução dos campos de petróleo do Kuwait devastados pela Guerra do Golfo;

Planejamento e preparação para os jogos olímpicos de Sydney;

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Construção da usina nuclear de St. Lucie, Flórida;

Desenvolvimento de respostas aos tremores de terra no estado da Califórnia, EUA;

Estudo do desastre aéreo do ônibus espacial Challenger;

Construção do novo edifício do congresso nacional da Austrália;

Construção do sambódromo do Rio de Janeiro em 1983, dentro de um cenário

político-econômico incerto.

Em Esteves (2005, p.17), encontramos uma lista adaptada de projetos, baseada em Casarotto

Filho (1999), que classifica projetos em três áreas: prestação de serviços, indústria e

infra-estrutura. A seguir, apresentamos a classificação estruturada pelo autor:

a. Projetos da área de prestações de serviços:

Assistência técnica: são projetos de serviços associados à solução de

problemas de engenharia que compreendem coleta, interpretação e análise

de dados e informações, seguidos de preparação de relatório com conclusões

e recomendações.

Estudos técnicos: são projetos de serviços associados ao aperfeiçoamento

e/ou desenvolvimento de tecnologias ou de outros estudos, inclusive os de

natureza multidisciplinar, cuja finalidade seja definir a viabilidade técnica

e/ou econômica de uma tecnologia ou de um empreendimento.

Projetos de engenharia: são projetos de serviços associados à elaboração de

um conjunto de documentos, constituído de especificações, lista de materiais

e desenho de detalhes. Esses indicam, esclarecem e justificam todos os

critérios de dimensionamento, hipóteses de cálculos técnicos, de execução e

custos de uma utilidade física (unidade ou sistema).

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Compras técnicas: são projetos que compreendem o cadastramento de

fabricantes; seleção de equipamentos, máquinas, componentes, materiais de

construção, etc.; preparação de documentos de licitação; coleta e avaliação de

propostas; contratação e efetivação de compras; expedição e armazenamento

no canteiro; obtenção, registro e recuperação de catálogos, desenhos, dados

de desempenho, etc.

Construção e montagem: são projetos de atividades associadas à execução,

propriamente dita de obras civis, instalações e montagem industrial.

Gerência de projetos: são projetos mediante planejamento e controle efetivos,

permite que todas as fases de execução do empreendimento sejam realizadas

de modo que sejam atingidos os objetivos quanto a qualidade, funcionalidade e

segurança dos respectivos projetos, dentro do cronograma e orçamento previstos.

Serviços especiais: são os projetos de aerofotogrametria, geomorfologia e

geodesia, topografia a batimetria, oceanografia, geotecnia, hidrotecnia, etc.

Desenvolvimento de software: são projetos que compreendem atividades

referentes a análise, projeto (design) codificação e teste de programas e

tecnologias de computador.

Pesquisa e desenvolvimento: são projetos que compreendem atividades

referentes à pesquisa e tecnologias, em instituições públicas ou privadas.

Pesquisas de mercado: são projetos de serviços associados à determinação da

demanda de um produto por segmentos do mercado.

Campanhas publicitárias: são projetos de serviços associados à elaboração,

desenvolvimento e execução de campanhas publicitárias de lançamento de

um produto ou serviço, em agências de publicidade, explorando o segmento

de mercado a que se destina.

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b. Projetos da área de indústria:

Implantação, reforma e ampliação, são projetos que compreendem atividades

tais como projetos de engenharia, compras técnicas, construção e montagem,

gerenciamentos de projetos, etc.

Manutenção de máquinas, equipamentos e sistemas: são projetos de serviços

associados à manutenção corretiva ou preventiva, efetuados de maneira programada.

Lançamento de novos produtos: são projetos que compreendem atividades

de pesquisa de mercado, estudos de engenharia, projeto de produto, compras

técnicas, campanha publicitária, fabricação e montagem, etc.

Produção sob encomenda: são projetos que compreendem atividades de

compras técnicas, fabricação e montagem de produtos conforme especificações,

prazo e preço previamente determinados.

Desenvolvimento e implantação de sistemas computacionais: são projetos que

compreendem atividades de análise, design, codificação, testes e implantação

de sistemas computacionais.

Pesquisa e desenvolvimento: são projetos que compreendem atividades de

pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, processos e tecnologias,

executadas em departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento – P & D.

c. Projetos da área de infra-estrutura:

Saneamento: são projetos de redes de distribuição ou captação, estações de

tratamento, estações de recalque, emissários oceânicos, etc.

Edificações: são projetos de hospitais, terminais de transporte, silos de

armazenagem, conjuntos habitacionais, etc.

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Transporte: são projetos de aeroportos, portos, terminais, rodovias, ferrovias,

túneis, pontes, etc.

Planejamento urbano e regional: são projetos de estudos locais, sistemas de

transporte, recursos naturais, distritos industriais, núcleos habitacionais, etc.

Energia: são projetos de geração convencional (hidro, termo e nuclear); geração

não convencional (biomassa, solar, eólica, etc), subestações, transmissão,

distribuição, etc.

Comunicações: são projetos de sistemas de transmissão (rádio, tv, dados, etc),

centrais de comutação (telefone, dados), redes telefônicas (cabos e dutos), etc.

Já em Valeriano (1998, p. 34) encontramos a definição dos seguintes tipos de projetos:

a. Projeto de pesquisa

O projeto de pesquisa consiste na busca sistematizada de novos conhecimentos,

podendo situar-se no campo da ciência (projeto de pesquisa científica ou básica)

ou no da tecnologia (projeto de pesquisa tecnológica ou aplicada). Os projetos

de pesquisa científica ou básica não têm um direcionamento intencional para

o mercado. Os resultados da pesquisa científica são divulgados livremente,

enquanto aqueles obtidos no campo da tecnologia têm valor comercial, sendo

considerados mercadoria.

b. Projeto de desenvolvimento

O projeto de desenvolvimento objetiva a materialização de um produto ou

processo, por meio de protótipo ou instalação piloto ou modelo, tendo como

ponto de partida suas especificações preliminares.

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c. Projeto e engenharia

O projeto de engenharia consiste na elaboração e consolidação de informações

destinadas à execução de uma obra, á fabricação de um produto, ou ao

fornecimento de um serviço ou execução de um processo.

Poderíamos abordar muitos autores e muitos outros exemplos de projetos, mas você deve ter

observado aqui, que todos os tipos de projetos são destinados a uma finalidade, ou seja, algum

tipo de implementação, adaptação, inovação, construção, pesquisa, desenvolvimento, etc.

Todo e qualquer projeto precisa ter definição clara de seus objetivos, analisar os recursos

necessários, a facilidade para se conseguir tais recursos (sejam materiais, financeiros ou

humanos), o tempo para a realização das atividades planejadas, os riscos envolvidos, a

forma de monitorar as etapas propostas. Em suma, fazer o planejamento adequado.

Sobre planejamento, Mussak (2003, p. 92) apresenta alguns passos para elaborar um

planejamento mais eficiente, respondendo a seis perguntas básicas: o quê?, por quê?, como?,

quando?, quanto? e com que recursos?

São seis passos estratégicos e que seguem uma lógica de raciocínio, pois o primeiro passo

do planejamento é saber exatamente o quê se deseja. O segundo passo é saber por que você

deseja algo – qual a finalidade de seu desejo? – A que se destina? Qual será sua contribuição?

O terceiro passo é fundamental, pois você terá que responder como fará para alcançar o seu

objetivo. O quarto passo corresponde ao prazo, ao tempo necessário para atingir o objetivo

proposto - é o “quando”. O quinto passo irá proporcionar a resposta de quanto será necessário

investir. E o último e sexto passo, quais os recursos necessários - os materiais, humanos e até

mesmo, as fontes de recursos financeiros.

Com um planejamento adequado e tendo claros os objetivos, a próxima “investida” é vender

sua idéia, ou seja, justificar a implantação do projeto – as vantagens que serão obtidas com o

sucesso do projeto.

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Todos os projetos são únicos e possuem um ciclo de vida próprio, o qual poderá ser de dias,

meses e até anos. Lembre-se sempre disso, pois se não tiver início e fim determinados,

não será um projeto e sim uma atividade de rotina.

Ao elaborar um projeto você precisa ter também definido o seu público-alvo, o cliente

a quem se destina o atendimento das necessidades relacionadas em seu projeto.

Se um projeto se destina a solucionar algum tipo de problema, isso quer dizer que

alguém necessita de algum produto ou serviço, e você poderá atendê-lo. Sabe como?

Proporcionando a solução ideal - apresentando algo inovador.

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5. Projetos Inovadores

O que são projetos inovadores?

Podemos iniciar dizendo o que não são projetos inovadores: são projetos meramente

formais que não agregam ou promovem qualquer tipo de mudança, e que na maioria das

vezes, são elaborados somente para legitimar decisões já tomadas.

Em Lück (2003, p. 26) encontramos a abordagem sobre projetos como orientação articulada

de inovação, melhoria e transformação:

Considerando.que.toda.situação.de.trabalho.e.dinâmica.é.inter-relacionada.a.múltiplos.fatores,. deve-se. entender. a. elaboração.de.projetos. como. um. processo.de. resolução.de. problemas. e. criação. de. novas. e. melhores. situações,. processo. esse. igualmente.complexo,.dinâmico.e.interativo.e.que.envolve.atores,.como.agentes.transformadores.

Com base na abordagem de Lück temos algumas palavras-chave que respondem o que são projetos

inovadores: CRIAÇÃO – NOVA – DINÂMICO – INTERATIVO – TRANSFORMADORES.

Um projeto inovador é aquele capaz de transformar, inovar, revolucionar, causar algum tipo de

impacto, proporcionar uma alternativa não pensada antes.

E o porquê de projetos inovadores?

Estamos frente à globalização, essa multiplicidade de fenômenos sociais que redefine as relações

internacionais no âmbito da economia, cultura, religião, tecnologia, educação, etc. Neste contexto,

inovação é sinônimo de competitividade, pois a capacidade em lançar novos produtos e serviços

com maior velocidade, menor custo e com maior segurança no atendimento às necessidades do

mercado coloca qualquer empresa no rol da competitividade e ao alcance do mercado externo.

Assim, podemos concluir que projetos inovadores são aqueles que apresentam o “diferencial”.

Sim, isso mesmo; inovar é fazer diferente e para tanto, é necessário pensar diferente.

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Mas como pensar diferente e obter uma capacidade inovativa? A resposta parece óbvia:

através do conhecimento. A aquisição de novos conhecimentos, a busca permanente de

atualizações, o processo de aprendizagem continuada, contribuem para o pensar inovativo, a

gerar novas idéias, a ser criativo.

Segundo Bastos (1991, p. 74), a aprendizagem é “um meio de preparar o indivíduo para

enfrentar situações novas e é requisito indispensável para a solução de problemas globais”.

As instituições de ensino, tanto básico como profissionalizantes ao compreender o processo de

inovação necessário no contexto globalizado e competitivo, estão repensando sua organização

curricular. Por possibilitar que o processo ensino-aprendizagem torne-se mais dinâmico,

interdisciplinar, flexível, atualizado constantemente e com concentração de atividades que

estimulam a criatividade e o empreendedorismo, a aprendizagem por projetos é uma opção

para a organização curricular.

As empresas já se conscientizaram que promover a inovação tornou-se imprescindível para

aumentarem sua competitividade e rentabilidade. Mas a empresa precisa ter competência

para inovar, o que exige qualificação de seus recursos humanos, planejamento, equipes

multidisciplinares, ferramentas diferenciadas de gestão, entre outros fatores.

Mochkalev e Pimenta (2001, p. 49), consideram alguns aspectos importantes para criar

condições necessárias para inovação em uma empresa. O primeiro é o clima organizacional,

compreendendo o ambiente de trabalho e a motivação da equipe. O segundo trata das

recompensas adequadas, as quais estimulam a criatividade individual e coletiva. Por

fim, a seleção de pessoal, o treinamento do potencial criativo, da iniciativa, da autonomia

e da capacidade de trabalhar em equipe. Apresentam, também (p.56), alguns fatores

condicionantes de um clima favorável à inovação numa empresa:

Tolerância para as idéias e as atitudes novas (mesmo que não sejam bem

formuladas ainda);

Tolerância para os possíveis erros;

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Estímulos para desenvolvimento de flexibilidade intelectual e liberdade na

busca de soluções novas;

Estímulos para a propagação de idéias novas dentro das empresas, através de vários

canais de comunicação, voltados a interação entre os funcionários (especialmente

envolvendo pessoas com acentuado potencial criativo);

Incentivos e treinamentos para trabalhar eficientemente em equipes.

Para Staub (2001, p.5), “não resta dúvida que a economia contemporânea se move em

função da geração e incorporação de inovações. Com efeito, inovar tornou-se a principal

arma de competição entre empresas e entre países”.

E como gerar idéias inovadoras?

A geração de idéias inovadoras nas organizações está relacionada diretamente ao

ambiente de trabalho. Se tais idéias são aceitas e encorajadas, o pensamento criativo

tende a aumentar e disseminar.

O contrário pode ocorrer em organizações marcadas por uma gestão altamente burocrática,

com normas rígidas, limitações de recursos, tomada pelo conformismo, pela acomodação,

inflexibilidade e com profunda centralização de poder. Alencar (1996, p. 101) apresenta

algumas maneiras de uma organização eliminar idéias inovadoras:

Ignorando-as;

Mudando de assunto quando perceber que um membro da equipe vai

apresentar uma nova idéia;

Mencionando que idéia apresentada nunca foi tentada antes e se fosse boa, já

teria sido certamente colocada em prática;

Produzindo 20 boas razões para justificar porque a idéia não vai funcionar;

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Encorajando o autor da idéia a procurar por uma outra melhor;

Nomeando uma comissão para examinar o valor e utilidade da idéia;

Dizendo que a idéia já foi tentada antes, mas não funcionou.

Não é característico de acomodação e conformismo e sem perspectiva alguma de inovação

e criação? Como tal organização pode sobreviver? Será que ela está tendo alguma visão

de futuro? Não está observando as mudanças que estão ocorrendo?

Não é o objetivo deste volume discutir a estratégia de gestão para a inovação e suas práticas

mais relevantes.

Mas para uma empresa ser inovadora e criativa, seus profissionais devem possuir um conjunto

de competências necessárias referente à capacidade de pensar diferente, originalidade na

resolução de problemas e implementação de novas ações (ALENCAR, 1996).

A formação desses profissionais não compete somente às instituições de ensino

profissionalizante ou superior. Ao referirmo-nos à formação queremos abordar a formação

do indivíduo tanto pessoal, social e profissional. Assim a responsabilidade por sua

formação é de competência da escola, desde as séries iniciais.

As escolas que continuam com o ensino enfatizado na reprodução e memorização do

conhecimento, assim como na educação propiciada pelos padres jesuítas, cujo objetivo

era o desenvolvimento de virtudes e não de competências, vem tolhendo a capacidade

criativa de seus alunos, cultivando bloqueios, gerando insegurança e levando a um enorme

desperdício de talento e potencial para produzir novas idéias (ALENCAR, 1996).

Alguns vícios da educação, além da continuidade de uma educação com base jesuíta,

foram observados por Mussak (2003). A formação para a obediência, concebida pela

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Revolução Industrial que enfatizava a formação dos hábitos de pontualidade, obediência

e trabalho repetitivo, o ensinar a fazer provas, decorrente da necessidade de aprovação

nos testes de vestibular e o excesso da prática retórica, o professor fala o aluno se cala,

sem oportunidade alguma de questionamento.

Abaixo apresentamos uma abordagem sobre o sistema educacional que formou muitos de

nós, e pedimos que ao lê-la, reflita sobre o que é necessário fazer:

....aquele.modelo.que.sempre.foi.muito.mais.parecido.com.um.programa.de.treinamento,.cuja. finalidade. principal. era. passar. um. conjunto. de. informações. chamado. “conteúdo.programático”,.a.ser.depois.cobrado.na.prova..Fomos.educados.para.aprender.aquilo.que.os.professores.sabiam..E. tínhamos.de. ficar.quietos.em.nossa.carteira.por.horas,.todos.os.dias,.aprisionando.o.impulso.natural.de.querer.conhecer.o.mundo.real,.e.não.o.texto.do.livro..Preferiríamos.saber.o.que.ia.cair.na.vida,.e.não.o.que.ia.cair.na.prova.–.só.que.não.sabíamos.disso..Ficar.quieto.e.não.fazer.muitas.perguntas.era.a.receita.do.aluno.aplicado,.educado,.bonzinho,.que.em.geral. ia.bem.nas.provas.e.era.elogiado.pelos. professores.. Os. inquietos,. curiosos,. irreverentes,. transgressores. eram. punidos,.inclusive,.com.reprovações..O.modelo.educacional.que.os.formou,.com.puçás.exceções,.teve.o.demérito.de.bloquear.nossa.criatividade,.uma.vez.que.não.atendeu.a.dois.dos.mais. saudáveis. anseios. infantis:. . desejo. de. atender. o. mundo. através. do. exercício.da. curiosidade.e. o. desejo.de.mudar. o.mundo.através.da. transgressão.construtiva.. E.agora,.adultos,.conscientes.e.responsáveis,.nos.restam.duas.opções..A.primeira.é.nos.conformar.com.essa.situação,.não.tentar.mudar.nada.e.ainda.dizer.algo.como:.“Eu.sou.assim.porque.foi.assim.que.me.fizeram”..Essa.atitude.é.a.do.conformismo.definitivo,.a.de.achar.que.não.podemos.mudar.para.melhor.a.não.ser.através.de.um.esforço.grande.demais,. quase. desumano.. É. a. atitude. dos. deterministas,. daqueles. que. têm. certeza.que.o.destino.de.cada.um.já.está.selado.e.pronto.e.pouco.podemos.fazer.para.mudar.“o.que.está.escrito”..A.segunda.atitude.é.a.dos.que,.com.o.aumento.da.consciência,.resolvem.recuperar.o.tempo.perdido.e.se.põem.em.ação.para.mudar.tudo..E.começam.pelo.princípio,.pela.recuperação.de.suas.qualidades.inatas,.adormecidas.pelo.tempo:.a.curiosidade.e.a.transgressão,.ou.seja,.a.criatividade.(MUSSAk,.2003,.p..161).

Portanto, sempre é hora de inovar e usar da criatividade.

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Caracterizando.“Inovação”

Você sabe o que significa o termo inovação? Seria a concepção de algo novo?

Veremos...

INOVAÇÃO - É a introdução no mercado de produtos, processos, métodos ou sistemas

não existentes anteriormente ou com alguma característica nova e diferente da até então

em vigor. (GUIMARÃES, 2000).

INOVAÇÃO - Significa a solução de um problema tecnológico, utilizada pela primeira

vez, descrevendo o conjunto de fases que vão desde a pesquisa básica até o uso prático,

compreendendo a introdução de um novo produto no mercado, em escala comercial

tendo, em geral, fortes repercussões socio-econômicas. (LONGO, 1996).

INOVAÇÃO INCREMENTAL- É a introdução de qualquer tipo de melhoria em um

produto, processo ou organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na

estrutura industrial. (LEMOS, 2000).

INOVAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL - Criação de tecnologias, processos

e metodologias originais que possam vir a se constituir em propostas de novos modelos e

paradigmas para o enfrentamento de problemas sociais, combate à pobreza e promoção

da cidadania (FINEP, 2000).

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Percebe-se pelos conceitos acima, que a inovação permeia todos os aspectos sociais,

econômicos e organizacionais. Assim, visando promover um conjunto de definições

coerentes e universais sobre os distintos tipos de inovação e atividades de inovação, O

Manual de Oslo (2004)1 , apresenta as seguintes definições internacionalmente aceitas e

comparáveis. Todas as informações abaixo foram extraídas deste Manual.

Como Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos (TPP), o Manual de Oslo (2004,

p. 54) define como:

“(...).compreendem.as.implantações.de.produtos.e.processos.tecnologicamente.novos.e.substanciais.melhorias.tecnológicas.em.produtos.e.processos..Uma.inovação.TPP.é.considerada.implantada.se.tiver.sido.introduzida.no.mercado.(inovação.de.produto).ou.usada.no.processo.de.produção.(inovação.de.processo)..Uma.inovação.TPP.envolve.uma.série.de.atividades.científicas,. tecnológicas,.organizacionais,. financeiras.e.comerciais..Uma. empresa. inovadora. em. TPP. é. uma. empresa. que. tenha. implantado. produtos. ou.processos.tecnologicamente.novos.ou.com.substancial.melhoria.tecnológica.durante.o.período.em.análise”.

Importante salientar que o Manual indica que a exigência mínima é que o produto ou

processo deve ser novo para a empresa, não sendo exigido que seja necessariamente

novo para o mundo. E o termo “produto” é usado para cobrir tanto bens como serviços.

Desta forma, os principais componentes as Inovações TPP são discriminadas no Manual

entre produtos e processos e por grau de novidade da mudança introduzida em cada

caso e inclui inovações relacionadas com atividades primárias e secundárias, bem como

inovações de processos em atividades consideradas ancilares.

1“O Manual de Oslo” é a principal fonte internacional de diretrizes para coleta e uso de dados sobre atividades inovadoras da indústria. Está disponível para download no site www.pr.senai.br/inova

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As inovações tecnológicas em produtos são definidas e classificadas de duas formas

(p.55-56):

a. Produtos tecnologicamente novos: apresenta características tecnológicas ou usos

pretendidos que diferem daqueles dos produtos produzidos anteriormente. “Podem

envolver tecnologias radicalmente novas (ex: primeiros microprocessadores), podem

basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos (ex: primeiro toca-fitas

protátil), ou podem ser derivadas do uso de novo conhecimento”.

b. Produtos tecnologicamente aprimorados: ocorre quando um produto existente tem

seu desempenho significativamente aprimorado ou elevado, (em termos de melhor

desempenho ou menor custo) através da introdução de componentes (introdução de

freios ABS nos carros) ou materiais de desempenho melhor (substituição por plástico nos

equipamentos de cozinha), ou um produto complexo que consista em vários subsistemas

técnicos integrados pode ser aprimorado através de modificações parciais em um dos

subsistemas. Produtos tecnologicamente aprimorados podem ter grandes e pequenos

efeitos na empresa.

As inovações tecnológicas em processos são definidas no Manual (p.56) como: “a adoção

de métodos de produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de

entrega dos produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na

organização da produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso

de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos

tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues

com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar a produção ou

eficiência na entrega de produtos existentes”.

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Outra importante orientação apontada no Manual é que em algumas indústrias de

serviço, a distinção entre processo e produto pode ser nebulosa. O documento apresenta

alguns exemplos que o leitor interessado poderá deter-se um pouco mais. Um exemplo

apontado no documento é sobre a introdução de sistemas de transmissão digital em

empresas de correio e telecomunicações. Essa inovação gerou uma simplificação na rede

de telecomunicações pela redução do número de níveis na rede, com o uso de menos

centrais de comutação, com nível de automação mais alto.

De uma forma bem didática, o Manual de Oslo (2004) resume da seguinte maneira o grau

de novidade de uma inovação e sobre suas variáveis em termos técnicos ou de mercado:

a.Produtostecnologicamenteinovadores:

a.1. produtos tecnologicamente novos: são aqueles cujas as características

tecnológicas e usos pretendidos diferem dos produtos produzidos anteriormente.

Tais inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas, (ex: Lâmpada

elétrica para substituir o lampião a gás; DVD para substituir o Videocassete;

Fax para substituir o Telex; utilização de fibra ótica em vez de metal nas

comunicações); podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em

novos usos (ex:Telefone celular para utilização móvel; Walkman como toca-fitas

portátil; Aspirina como anti-coagulante); ou podem ser derivadas do uso de novo

conhecimento (ex.: painel solar a partir do conhecimento da fotoeletricidade,

reator nuclear a partir do conhecimento da fissão atômica, microeletrônica de

estado sólido a partir do conhecimento de semicondutores).

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a.2. produtos tecnologicamente aprimorados: ocorre quando um produto existente tem

seu desempenho significativamente aprimorado ou elevado, (em termos de melhor

desempenho ou menor custo) através da introdução de componentes (ex: introdução

de flúor nas pastas de dente para prevenir cáries; introdução de fécula de mandioca na

composição da massa do pão para reduzir custo do trigo; idem para o álcool na gasolina)

ou materiais de desempenho melhor (ex: substituição por plástico nos equipamentos

de cozinha; idem para os tubos de encanamentos; substituição de metal por fibra

de vidro igualmente resistente e mais leve nos aviões, nos automóveis etc.); ou um

produto complexo que consista em vários subsistemas técnicos integrados pode ser

aprimorado através de modificações parciais em um dos subsistemas (ex: modificação

parcial nos freios dos carros para frenar sem travamento total da roda: freios ABS;

introdução de ícones funcionais no Windows com a mesma função de comandos

teclados do DOS; idem para o lápis eletrônico nos PDAs). Produtos tecnologicamente

aprimorados podem ter grandes e pequenos efeitos na empresa.

b.Processostecnologicamenteinovadores:

ocorre quando da adoção de métodos de produção novos (ex: novo método de purificação

de água para uso doméstico, como água potável; novo método de montagem com auxílio

de robôs; de impressão gráfica a partir de imagem digitalizada sem necessidade de

fotolitos ou negativos; de transmissão de voz e imagem pela internet - VOIP ), ou

significativamente melhorados (ex: melhorados com entregas JIT/ Just in Time para

redução de estoque; auxílio de softwares integrados para planejamento e controle da

produção; auxílio de automação de funções auxiliares); incluindo métodos que podem

envolver mudanças no equipamento (ex:mecânico para eletrônico) na organização da

produção (ex: de registros manuais para computadorizados). O resultado da adoção de

processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado deve ser significativo

em termo do nível e da qualidade do produto ou dos custos de produção.

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Pode-se classificar as demais inovações, desde que contemplem os requisitos de

novidade, diferenciação e utilidade ou aplicabilidade. Ou seja, desde que o cerne da

inovação possa ser identificado pela sua utilidade e geração de valor. Uma inovação sem

utilidade não é inovação é invenção (SIMANTOB; LIPPI, 2003). Pode-se ter inovações

em design (ex: caixa de sabão em pó com dosador ou estação de trabalho ergonômica);

inovações em gestão (ex: Embraer, com a gestão de projetos articulados por contratos de

redes de parceiros); ou inovações em negócios (ex: Monsanto, com o desenvolvimento da

biotecnologia agrícola).

a. Classificação por tipo de novidade em termos de mercado

nova apenas para a empresa;

nova para a indústria no país ou para o mercado em que a empresa opera;

nova no mundo.

b. Classificação pela natureza da inovação

aplicação de uma descoberta científica revolucionária;

substancial inovação técnica;

melhoria ou mudança técnica;

transferência de técnica para outro setor;

ajuste de um produto existente a um novo mercado.

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As classificações apresentadas acima são úteis na elaboração de projetos e auxiliam

na sua classificação perante editais de fomento (que subsidiarão os projetos aceitos),

apresentação de projetos em bancas examinadoras (projetos de conclusão de cursos de

Aprendizagem Industrial, Técnicos, Tecnólogos, Graduação, Mestrados, Doutorados...) ou

para projetos aplicados a situações empresariais. Esses conceitos também são exigidos em

editais de chamada de projetos em pré-incubadoras, hotéis tecnológicos e incubadoras.

Faça uma análise criteriosa dos conceitos abordados e empregue seus conhecimentos

para inovar em seus projetos.

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6. Propriedade Intelectual, a Informação Tecnológica e a Transferência de Tecnologias

Heloisa.Cortiani.de.Oliveira

A Propriedade Intelectual compreende o conjunto de direitos resultantes da atividade

intelectual nos diversos âmbitos do conhecimento, tais como: industrial, científico,

literário e artístico. É um instituto jurídico dirigido ao bem comum, pois, ao mesmo tempo

em que resguarda os direitos do criador, torna público o invento ou a obra, contribuindo

para o desenvolvimento tecnológico, científico e cultural de toda a sociedade.

A Propriedade Intelectual é dividida em dois âmbitos de proteção: a Propriedade

Industrial e os Direitos Autorais.

A Propriedade Industrial se refere às patentes de invenção, aos modelos de utilidade, aos

desenhos industriais, às marcas, às indicações geográficas e à repressão à concorrência

desleal.

Os Direitos Autorais estão relacionados às criações expressas por qualquer meio ou

fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no

futuro (art. 7. º da Lei n. º 9.610/98). Abrange as obras literárias e artísticas, incluindo

os programas de computador.

Destaca-se que, quando se deseja obter a propriedade intelectual de uma criação, é

necessário buscar o órgão competente para tanto. No caso dos direitos de propriedade

industrial, o órgão competente é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI. Já

as obras literárias devem ser registradas na Biblioteca Nacional. Isso quer dizer que nem

todas as criações protegidas por direitos autorais são registradas na BN. Os programas de

computador, por exemplo, são da competência do INPI.

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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Existem também tipos de criações intelectuais que não são protegidas pelas formas

tradicionais. São as topografias de circuitos integrados, cujo tratado que estabelece

suas normas ainda não entrou em vigor; e as cultivares, regidas pela Lei de Proteção de

Cultivares, devendo ser registradas no Ministério da Agricultura e Abastecimento, por

meio do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares - SNPC.

O.Sistema.Brasileiro.de.Propriedade.Industrial

A propriedade industrial vem assumindo papel fundamental no cenário econômico atual,

tendo em vista os padrões elevados de competitividade do mercado. Obter a propriedade

industrial de um produto ou processo representa um diferencial competitivo, tanto para a

empresa, como para o inventor independente, ou pertencente a uma instituição de pesquisa

e/ou ensino, que deseje transferir os seus direitos de comercialização. O titular de direitos

de propriedade industrial pode impedir que terceiros reproduzam, usem, coloquem à venda

ou importem o produto ou processo protegido. Muitas vezes, a pesquisa e o desenvolvimento

para elaboração de novos produtos e processos requerem grandes investimentos.

Proteger esse produto através de uma patente, por exemplo, significa prevenir-se de que

competidores copiem e vendam esse produto a um preço mais baixo, uma vez que eles

não foram onerados com os custos da pesquisa e desenvolvimento do produto1. Ou ainda,

impedir que os falsificadores fabriquem produtos piratas, com as mesmas características,

utilidades e, principalmente, a marca original, mas com materiais de pouca qualidade, que

podem causar danos ao consumidor e prejudicar a imagem do produto.

O titular pode, ainda, optar por ceder ou licenciar o direito de exploração de sua invenção

e lucrar com os royalties obtidos em Contratos de Transferência de Tecnologia.

Dessa forma, constata-se a importância do Sistema de Propriedade Industrial, cuja principal

função é permitir o avanço tecnológico da sociedade, sendo justo com aquele que propiciou

esse desenvolvimento, contribuindo para o crescimento econômico do país.

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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O Sistema Brasileiro de Propriedade Industrial, disciplinado pela Lei 9.279/96, contempla,

para as criações no campo industrial, as seguintes formas de proteção (art 2o):

I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;

II - concessão de registro de desenho industrial;

III - concessão de registro de marca;

IV - repressão às falsas indicações geográficas;

V - repressão à concorrência desleal.

Em 1970, foi criado o Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, que é uma

Autarquia Federal cuja finalidade principal é executar, no âmbito nacional, as normas

que regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social, econômica,

jurídica e técnica. É responsável pela concessão de patentes e de registro de marcas,

averbação dos contratos de transferência de tecnologia e, posteriormente, pelo registro

de programas de computador, contratos de franquia empresarial, registro de desenho

industrial e de indicações geográficas1.

Patente

É um privilégio legal, outorgado por força de lei pelo Estado aos inventores ou autores, ou

outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação, que lhes confere

a exclusividade de exploração do objeto de uma invenção patenteada. Esse privilégio é

concedido por determinado período de tempo, em contrapartida pelo acesso do público

ao conhecimento detalhado de todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente.

Findo o prazo do privilégio concedido, a invenção patenteada cai em domínio público.

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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Há dois tipos de patente: de invenção e de modelo de utilidade.

A invenção é uma concepção resultante do exercício da capacidade de criação do

homem, que represente uma solução para um problema técnico específico, dentro de um

determinado campo tecnológico, e que possa ser fabricado ou utilizado industrialmente.

Ex: aparelho capaz de emitir e reproduzir sons através de um cabo elétrico, o telefone1.

A vigência da patente de invenção é de 20 anos.

O modelo de utilidade constitui uma nova forma ou disposição introduzida em objeto

de uso prático, ou em parte deste, suscetível de aplicação industrial e que envolva ato

inventivo, resultando em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Ex: a

mudança de forma e estrutura de um aparelho telefônico inicialmente utilizado, em que

a modificação consistiu em integrar o transmissor e o receptor numa só peça, visando seu

uso prático2. A vigência do modelo de utilidade é de 15 anos.

Existe também o certificado de adição que é o pedido requerido pelo depositante ou

titular de patente de invenção, para proteger o aperfeiçoamento ou desenvolvimento

introduzido no objeto da invenção. Deve fazer parte do mesmo conceito inventivo do

pedido original e não é necessário possuir atividade inventiva. Sua vigência acompanha

a da patente-mãe ( art. 76 LPI).

Segundo o art.10 da Lei 9.279/06, Lei de Propriedade Industrial, não são consideradas

invenções nem modelos de utilidade:

descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;

concepções puramente abstratas;

esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros,

educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;

as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação

estética;

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006. 2 Fonte: Idem

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programas de computador em si;

apresentação de informações;

regras de jogo;

técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos

ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal;

o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na

natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de

qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

As invenções, para serem protegidas por patentes, devem atender aos seguintes

requisitos:

novidade;

utilização ou aplicação industrial;

suficiência descritiva.

Além dos requisitos acima relacionados, as invenções devem apresentar atividade

inventiva, e os modelos de utilidade, ato inventivo e melhoria funcional.

De acordo com a Lei de Propriedade Industrial, destacamos os conceitos a seguir:

Novidade: a invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não

compreendidos no estado da técnica. O estado da técnica é constituído por tudo aquilo

tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição

escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior (art. 11).

Atividade Inventiva: a invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico

no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (art.13).

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Ato inventivo: o modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico

no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica (art.14).

Aplicação Industrial: a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis

de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de

indústria (art. 15).

O requisito da suficiência descritiva diz respeito à redação do pedido de patente, em que

a criação deve ser descrita de forma perfeitamente clara e completa de modo a permitir

sua reprodução por um técnico no assunto (art. 24 LPI).

A patente será concedida dentro do período de cinco a oito anos após a data do pedido,

mas a criação já estará protegida desde a data do depósito no INPI. Isso quer dizer, por

exemplo, que se terceiro comercializar um produto sem a autorização do depositante ou

titular da patente, este terá direito a indenização.

Registro.de.Desenho.Industrial

O desenho industrial é a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental

de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo

e original na sua configuração externa, e que possa servir de tipo de fabricação industrial

(art. 95 LPI). Além da novidade e da aplicação industrial, é necessário o requisito da

originalidade para o registro, que exige que do desenho industrial resulte uma configuração

visual distintiva, em relação a outros objetos anteriores (art. 97 LPI). A vigência do registro de

desenho industrial é de 10 anos prorrogáveis por três períodos sucessivos de 5 anos cada.

Marca

Marca, segundo a LPI, é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica

e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como

certifica a conformidade destes com determinadas normas ou especificações técnicas1.1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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Quanto à natureza, as marcas podem ser (art. 123 LPI):

De produto ou serviço: usadas para distinguir produto ou serviço de outro igual,

semelhante ou afim, de origem diversa;

Decertificação: usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com

determinadas normas ou especificações técnicas;

Coletiva: usada para identificar produtos ou serviços provindos de entidades filiadas

a uma mesma coletividade.

O depósito do pedido de registro deve ser feito a partir do preenchimento de formulário

de requerimento do INPI, acompanhado dos documentos necessários a cada caso.

O registro será expedido em aproximadamente cinco anos após o pedido, mas a marca já estará

protegida, desde o depósito, contra eventual utilização por terceiros não autorizados.

A concessão do registro será publicada na Revista de Propriedade Industrial e, a partir deste

momento, vigorará por 10 anos, podendo obter renovação por iguais períodos sucessivos.

O registro da marca assegura ao seu titular uso exclusivo em todo o território nacional. O

titular pode ainda ceder seu registro ou pedido, e licenciar seu uso.

Indicação.Geográfica

A indicação geográfica visa estabelecer uma ligação entre o produto ou serviço e o seu

local de origem, conferindo a eles uma identidade que os distingue de outros disponíveis

no mercado. A indicação geográfica só poderá ser utilizada pelos membros daquela

localidade que produzem ou prestam serviço de maneira homogênea.

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Repressão.à.concorrência.desleal

O INPI, assim como outros órgãos do governo (CADE, Ministério da Justiça através do

Conselho Nacional de Combate à Pirataria), tem buscado reprimir os atos de concorrência

contrários aos usos éticos e honrados em matéria de indústria e de comércio. O objetivo

é reprimir os competidores que se utilizam de artifícios para captar a clientela de outras

empresas, induzindo o público em erro quanto às características de um produto e/ou meio de

produção, prejudicando as indústria nacionais e os consumidores.

O Conselho Nacional de Combate à Pirataria, por exemplo, realiza esse trabalho adotando

as seguintes medidas:

Educativas: conscientização dos consumidores quanto aos prejuízos que podem

causar os produtos falsificados;

Repressivas: maior condenação das fraudes;

Econômicas: estudos sobre alternativas para diminuir a diferença de preços entre os

produtos originais e os piratas.

Programas.de.Computador

A Lei 9.609/98 define programa de computador como sendo: “a expressão de um conjunto

organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico

de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da

informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica

digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados”(art. 1o).

O programa de computador tem natureza jurídica de Direito Autoral como já mencionado,

mas a competência para o registro é do INPI de acordo com o Decreto no 2.556, de 1998. O

registro é uma forma de assegurar ao seu autor direitos de exclusividade na produção, uso e

comercialização da criação.

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Destacam-se, ainda, outras duas características adicionais do registro de “software”:

a proteção goza de abrangência internacional;

o título do programa é protegido concomitantemente com o programa “em si”.

A validade dos direitos para quem desenvolve um programa de computador, e comprova a sua

autoria, é de 50 (cinqüenta) anos, contados de 01 de janeiro do ano subseqüente ao da sua

“data de criação”, que é aquela na qual o programa torna-se capaz de executar a função para

a qual foi projetado1.

Informação.Tecnológica

Informação Tecnológica é todo tipo de conhecimento sobre tecnologias de fabricação, de projeto

e de gestão que favoreça a melhoria contínua da qualidade e a inovação no setor produtivo. 1

Com a globalização e a disseminação de conhecimentos através da Internet, possuir e

acessar informação tecnológica tornou-se uma necessidade estratégica para obter vantagem

competitiva e permanecer no mercado.

A informação tecnológica é revelada por meio do Sistema de Patentes e através de artigos

científicos. Ocorre que, a divulgação da invenção por meio de artigos científicos, feiras e

congressos impedem a concessão da patente, a menos que esteja dentro do período de graça, e,

por isso, muitos a mantêm em sigilo, pois há países que não reconhecem esse período de graça.

O Sistema de Patentes contém milhões de documentos de patentes concedidas e

depositadas, abrangendo todos os campos tecnológicos. Grande parte da tecnologia

gerada tem divulgação exclusiva por documentos de patentes.

Dessa forma, a busca de informação tecnológica é um instrumento que deve ser utilizado, não

só no momento do depósito da patente, mas também para identificar o estágio da evolução

tecnológica, suas tendências e mercados potenciais, bem como para monitorar a concorrência.

Constitui ainda importante instrumento de marketing e de reserva de mercado.

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006. 2Fonte: Glossário Geral de Ciência da Inovação. Brasília, CID/UNB, 2004.

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O acesso à informação tecnológica possibilita a “imitação criativa”, termo usado pelo

professor Roberto Nicolsky, baseado na obra de Linsu Kim. “Da Imitação à Inovação”,

Editora Unicamp, 2005. Nessa obra, Linsu Kim, fala sobre a rápida industrialização na

Coréia que ocorreu graças à imitação, e explica que a imitação não implica necessariamente

a falsificação ou clonagem de mercadorias importadas. As imitações criativas visam à

geração de cópias de produtos, mas com novas características de desempenho. Explicita

ainda que a cópia pode ser uma atividade legal que não envolve nem a violação de

patentes, nem a pirataria. São produtos parecidos com os produtos originais não

protegidos por propriedade intelectual, ou que já estejam em domínio público, e que

são comercializados com as próprias marcas, a preços bem mais baixos. Assim, muitos

esforços e investimentos em Pesquisa e Desenvolvimentos podem ser poupados.

Não se pode esquecer, no entanto, que as bases de dados possuem a limitação do período

em que os documentos ficam em sigilo, ou seja, a base de dados só recuperará os

documentos que já tenham sido publicados.

Há diversos tipos de bases de dados para realização de buscas de informação tecnológica:

arquivos dos bancos de patentes dos escritórios nacionais e internacionais, contendo

documentos em papel ou digitalizados, CD-ROM e DVD, e as bases eletrônicas gratuitas

e comerciais (pagas).

As bases eletrônicas gratuitas são ferramentas rápidas e práticas de acesso a documentos

de patentes do mundo inteiro. As mais utilizadas são:

Base de Patentes do INPI, para documentos nacionais (www.inpi.gov.br);

Base do Escritório Europeu de Patentes, para documentos do mundo inteiro

(http://ep.espacenet.com);

Base do Escritório Americano de Marcas e Patentes (http://www.uspto.gov/

patft/index.htm).

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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Transferência.de.Tecnologia

A aquisição de tecnologia pelas empresas tornou-se fator determinante para o aumento da

competitividade e do valor da empresa no mercado. A tecnologia pode ser produzida pela

própria empresa ou adquirida de terceiros. Para se ter uma idéia clara do que significa

transferência de tecnologia, é importante primeiramente definir o significado do termo

tecnologia. Entende-se tecnologia como sendo um conjunto de conhecimentos organizados

aptos a serem empregados na produção e comercialização de bens e serviços.

A transferência de tecnologia caracteriza o processo pelo qual esse conjunto de

conhecimentos, técnicas e processos é transferido de uma organização a outra, por meio

de uma transação de caráter econômico, que visa proporcionar a quem recebe o aumento

do valor agregado de seus produtos e/ou serviços e, conseqüentemente, o incremento da

participação da empresa no mercado. Ao mesmo tempo, a transferência de tecnologia

pode proporcionar benefícios também para quem a concede que pode receber royalties

oriundos da exploração da tecnologia concedida e utilizar o aperfeiçoamento da tecnologia

operada pelo adquirente.

A comercialização desses bens intangíveis é instrumentalizada através de um contrato de

transferência de tecnologia.

A averbação dos contratos de transferência de tecnologia no INPI é importante para obter

os seguintes efeitos: legitimar pagamentos para o exterior, permitir, quando for o caso, a

dedutibilidade fiscal para a empresa cessionária dos pagamentos contratuais efetuados;

e gerar efeitos perante terceiros1.

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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São averbáveis no INPI os seguintes contratos:

Exploração de Patentes: contratos que objetivam o licenciamento de patente

concedida, ou pedido de patente depositado junto ao INPI;

UsodeMarcas: contratos que objetivam o licenciamento de uso de marca registrada,

ou pedidos de registros depositados junto ao INPI;

FornecimentodeTecnologia: contratos que objetivam a aquisição de conhecimentos

e de técnicas não amparados por direitos de propriedade industrial, destinados à

produção de bens industriais e serviços Ex: segredo industrial;

Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Científica: contratos que estipulam

as condições de obtenção de técnicas, métodos de planejamento e programação, bem

como pesquisas, estudos e projetos destinados à execução ou prestação de serviços

especializados;

Franquia: contratos que se destinam à concessão temporária de direitos que envolvam,

uso de marcas, prestação de serviços de assistência técnica, combinadamente ou não,

com qualquer outra modalidade de transferência de tecnologia necessária à consecução

de seu objetivo1.

Mais informações sobre Propriedade Intelectual estão nos sites www.inpi.gov.br e www.bn.br,

e no SENAI/PR, através do Núcleo de Orientações de Propriedade Intelectual/NOPI, no site

www.pr.senai.br/inova.

1Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Disponível em <http://www.inpi.gov.br>. Acesso em junho 2006.

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1. Ensino por Projetos x Aprendizagem por Projetos

Para iniciarmos nossa conversa sobre os projetos na escola, é interessante expor alguns

pontos de vista e alinhar alguns pensamentos. Gostaríamos de iniciar fazendo o seguinte

questionamento: pode haver ensino sem aprendizagem?

Parece claro e lógico que, se há alguém ensinando, há alguém aprendendo, ou que se

quando se ensina algo a alguém, este indivíduo “absorve” uma boa parte do assunto

tratado, mas, na prática, o dia-a-dia muda um pouco esta concepção.

Se em sala de aula, o docente está projetando o conteúdo no quadro branco através

de um aparelho de projeção multimídia, um aluno com dificuldades visuais, ainda não

identificadas pela família ou pelo docente, conseguirá acompanhar o ritmo da turma e

aprender da mesma forma que os demais?

PARTE 2 PROJETOS NA ESCOLA

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Partiremos de um exemplo bem simples: pense em um colega de turma seu ou alguém

com quem você já estudou. Pensou? Agora lembre de alguma situação de aprendizagem

sala de aula. Você e seu colega aprendem exatamente da mesma maneira? Gostam ou tem

facilidade com as mesmas coisas?

Thomas Armstrong, em seu livro “Inteligências Múltiplas em Sala de Aula” descreve que

cada indivíduo possui 8 inteligências, algumas mais outras menos desenvolvidas, que nos

facilitam a aprendizagem através de coisas ou estímulos com os quais nossas inteligências

mais desenvolvidas se identificam. As 8 inteligências, segundo ARMSTRONG (2001) podem

ser resumidos conforme segue:

Inteligência lingüística: a capacidade de utilizar as palavras de forma

efetiva quer oralmente (por exemplo, como contador de histórias, orador ou

político), quer escrevendo (por exemplo, como poeta, dramaturgo, editor ou

jornalista). Esta inteligência inclui a capacidade de manipular a sintaxe ou a

estrutura da linguagem, a semântica ou os significados da linguagem. Alguns

desses usos incluem a retórica (usar a linguagem para convencer os outros a

seguirem um curso de ação específica). A mnemônica(usar a linguagem para

lembrar de informações), a explicação (usar a linguagem para informar) e a

metalinguagem (usar a linguagem para falar sobre ela mesma);

Inteligência lógico-matemática: A capacidade de usar os números de forma

efetiva (por exemplo, como matemático, contador ou estatístico) e para

raciocinar bem (por exemplo, como cientista, programador de computador ou

lógico). Essa inteligência inclui sensibilidade a padrões e relacionamentos

lógicos, afirmações e proposições, funções e outras abstrações relacionadas

aos tipos de processos usados a serviço da inteligência lógico-matemática

incluem: categorização, classificação, inferência, generalização, cálculo e

testagem de hipóteses;

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Inteligência espacial: a capacidade de perceber com precisão o mundo

visuo-espacial (por exemplo, como caçador, escoteiro ou guia) e de realizar

transformações sobre essas percepções (por exemplo, como decorador

de interiores, arquiteto, artista ou inventor). Essa inteligência envolve a

sensibilidade à cor, linha, forma, configuração e espaço, e as relações existentes

entre esses elementos. Ela inclui a capacidade de visualizar, de representar

graficamente idéias visuais ou espaciais e de orientar-se apropriadamente em

uma matriz espacial;

Inteligência corporal-cinestésica: perícia no uso do corpo todo para expressar idéias

e sentimentos (por exemplo, como ator, mímico, atleta, dançarino) e facilidade no

uso das mãos para produzir ou transformar coisas (por exemplo, como artesão,

escultor, mecânico ou cirurgião). Esta inteligência inclui habilidades físicas

específicas, tais como coordenação, equilíbrio, destreza, força, flexibilidade e

velocidade, assim como capacidades perspectivas, táteis e hápticas;

Inteligência musical: a capacidade de perceber (por exemplo, como aficionados

por música), discriminar (como um crítico de música), transformar, (como

compositor) e expressar (como musicista) formas musicais. Essa inteligência

inclui sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, e timbre de uma peça musical.

Podemos ter um entendimento figural ou “geral” da música (global intuitivo),

um entendimento formal ou detalhado (analítico técnico), ou ambos;

Inteligência interpessoal: a capacidade de perceber e fazer distinções no

humor, intenções, motivações, e sentimentos das outras pessoas. Isso pode

incluir sensibilidade a expressões faciais, voz, gestos, a capacidade de

discriminar muitos tipos diferentes de sinais interpessoais. A capacidade de

responder efetivamente esses sinais de uma maneira pragmática (por exemplo,

influenciar um grupo de pessoas que sigam esta linha de ação);

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Inteligência intrapessoal: Autoconhecimento e capacidade de agir

adaptativamente com base neste conhecimento. Essa inteligência inclui

possuir uma imagem precisa de si mesmo (das próprias forças e limitações),

consciência dos estados de humor, intenções, motivações, temperamento e

desejos e a capacidade de autodisciplina, auto-entendimento e auto-estima;

Inteligência naturalista: perícia no reconhecimento e classificação das

numerosas espécies – a flora e a fauna – do meio ambiente do indivíduo.

Inclui também sensibilidade a outros fenômenos naturais, (por exemplo, a

formação de nuvens e montanhas) e, no caso das pessoas que cresceram num

meio ambiente urbano, a capacidade de discernir entre seres inanimados

como: carros, tênis e capa de CDs musicais.

Depois desta breve conversa sobre as Inteligências Múltiplas voltemos a nos imaginar

em sala de aula e a relembrar os nossos amigos de turma. Nós mesmos e todos os nossos

amigos da escola temos uma combinação diferente destas inteligências; algumas mais

outras menos desenvolvidas, e esta é uma combinação única, peculiar a cada indivíduo.

Esta combinação é um dos fatores que faz com que, em um trabalho em equipe, alguém

goste mais de pesquisar, outro de apresentar o trabalho para a turma e outro, ainda,

de entrevistar pessoas na rua. Faz também com que uns aprendam melhor quando o

professor coloca uma música, outros quando a explanação do tema é oral, e outros quando

temos que pesquisar na biblioteca da escola. Por isso não podemos dizer que em uma

mesma aula todos os alunos aprenderam todas as partes do assunto tratado.

O papel do professor neste processo é o de alternar as diversas estratégias didáticas,

conjugando-as ou não, para garantir que toda turma aproveite ao máximo a aula.

O aluno, por sua vez, também tem um papel importante neste processo: ele deve ser um

parceiro do professor nesta escolha e um ator ativo da aprendizagem. Pois além de ajudar

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o professor, através do diálogo e do interesse, a descobrir as potencialidades de cada

aluno, precisa antes se conhecer e perceber quais são suas facilidades e seus pontos

fracos e ainda busca complementar aquilo que aprendeu.

Voltemos aos exemplos práticos: quem nunca escutou ou participou de uma cena como

esta: seu docente, todo empolgado e enfático chega à sala de aula e conta que a partir

daquele dia até a semana seguinte, nas aulas de ciências, a turma irá trabalhar com o

projeto “solo”, ou com o projeto “meio ambiente”, enfim, qualquer que seja o tema.

A turma então fica responsável por pesquisar, cada aluno ou grupo com uma parte do

tema ou com um local para pesquisar. Depois de mais ou menos uma semana todos se

juntam e “analisam” o que foi encontrado, juntando as partes como um grande quebra-

cabeça, que logo após é resumido e transformado em um cartaz feito em cartolina que é

colocado no corredor da escola.

Até aí tudo parece cristalino, obvio e normal, mas será que isso é ensinar através de projetos?

Sendo um projeto, segundo Gardner (1994, p.189), capaz de fornecer “uma oportunidade

para os estudantes disporem de conceitos, habilidades previamente dominadas, a serviço

de uma nova meta ou empreendimento”, como podemos analisar o exemplo de “projeto”

anteriormente citado?

A começar pela introdução do tema pelo docente, vale a pena nos questionarmos: De

onde veio o tema? Quem é o real interessado em saber maiores detalhes sobre o tema?

Pelo fato do docente já chegar com o tema definido e com a estratégia predeterminada,

ou a idéia surgiu de uma reunião pedagógica ou este será o tema do próximo capítulo do

livro de ciências. Isto nos faz pressupor que os alunos pouca ou nenhuma interferência

tiveram sobre a definição do tema, sobre o que realmente querem aprender e aprofundar,

o que realmente é significativo para eles.

E qual é o objetivo desta atividade e como irá ser alcançado? Será que este objetivo está

claro para os alunos? E será que este objetivo é realmente significativo?

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E onde fica a inovação neste processo? Não falamos aqui de uma grande inovação, mas

daquelas pequenas inovações do dia-a-dia da escola, aquela inovação que faz com que o

aluno sinta o desejo de voltar à aula no dia seguinte, que busque novas formas de aprender.

Levantemos outra hipótese então: o professor precisa repassar aquele tópico do currículo e quis

inovar transformando aquele tópico em um projeto. Para tanto, como ficava difícil abrir uma grande

discussão sobre o tema em sala de aula, o professor decidiu chegar com o tema pronto e acabado,

para buscar trabalhá-lo em conjunto. Não podemos julgar esta atitude como errada ou impossível

de ser realizada, desde que o professor contextualize o tema e o torne atrativo ao aluno.

Se o tema é bem trabalhado, antes de iniciar a pesquisa em livros, internet, periódicos,

museus, enfim, em toda e qualquer fonte que se fizer necessária, o aluno se interessará

pelo assunto e procurará realmente saber do que se trata.

Aí começa o diferencial de aprender por projetos e aprender por conteúdos ou pela

seqüência lógica do livro e da apostila.

Quando o aluno busca algo que realmente lhe interessa, que tem um significado, ele irá

buscar o conhecimento, informações realmente significativas e “gostosas”, que dêem prazer

na leitura e na aquisição do conhecimento.

Quando os alunos trazem o retorno para o professor também é importante um trabalho para

discutir e analisar as informações que chegaram e sua real importância para o tema, como unir

os conhecimentos de diferentes fontes e como citar essas fontes de forma correta e significativa.

Desta forma o próximo passo fica muito mais fácil que é o de priorizar os dados mais

significativos e divulgá-los aos demais alunos da escola.

Ensinar por projetos exige uma atenção especial aos alunos, que precisam ser orientados

a buscar o conhecimento de forma adequada, ler o que encontraram com atenção,

entender como se dá a sistemática de busca pela informação fidedigna, compilar toda

informação pesquisada e recebida. Exige tempo, dedicação e paciência, pois os alunos

possuem ritmos diferentes de aprendizagem e o trabalho terá como plano de fundo as

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dificuldades de alguns e o brilhantismo de outros em cada um dos aspectos que norteiam

esse trabalho.

O docente deve estar preparado para mais do que acompanhar, usar seu tempo com qualidade,

sua paciência, seus conhecimentos e pesquisar junto com os alunos. Precisa complementar os

conhecimentos encontrados dominar bem o assunto do projeto, para interagir com os alunos,

sanar suas dificuldades e interagir com outros docentes, turmas ou cursos.

O ensino por projetos deve ser significativo para o aluno, e para que isto aconteça o docente

tem papel crucial. É o docente que deve ensinar o aluno a interagir com o conhecimento,

e não apenas pensar sobre os assuntos predefinidos em reuniões pedagógicas.

Estas atividades têm também sua importância e não devem ser desmerecidas. Porém,

se um projeto é realização de uma proposta, de um planejamento sonhado por uma

pessoa ou por um grupo, será possível sonhar ou realizar sonhos de terceiros com mesma

intensidade e significação que fazemos com os nossos próprios sonhos? Onde ficará a

inovação e o desenvolvimento das potencialidades das pessoas se elas forem tolhidas de

sonhar até os sonhos possíveis?

Ensinar por projetos é também e ainda, ensinar nossos alunos, independente de idade,

sexo, raça, cor, escola, classe social ou curso, a visualizar algo que realmente se deseja

fazer ou conhecer e sistematizar os conhecimentos e ações possíveis para que isto se

realize. Ensinar por projetos é ensinar que conquistas, mudanças, idéias e inovações,

para serem efetivas precisam de um objetivo, de uma estrutura e de uma significação.

Aprender por projetos, por sua vez é aproveitar a possibilidade que se tem de buscar e

analisar conhecimentos, das mais diversas fontes, sob os mais diferentes pontos de vista,

conversar sobre, discutir, repensar, recriar, inovar!

O ensino e a aprendizagem por projetos são uma grande fonte de inovação quando

trabalhados da forma correta, quando direcionados ao novo, a um novo olhar, um novo

ponto de vista, uma nova possibilidade, um novo horizonte, um novo conhecimento.

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2. Pedagogia de Projetos

Quando o docente ensina conhecimentos aos alunos a partir de projetos, ele tem ao seu

redor uma série de fatores para levar em consideração, e esses fatores atingem o ambiente

educacional como um todo, pois devem estar articulados a uma gama de conhecimentos

que precisam ser transmitidos àquela série ou àquele curso, contar com a orientação

constante do professor e com o interesse e motivação dos alunos.

Os projetos trazem uma riqueza de articulações e detalhes, que, como descreve Lück

(2003, p. 16), são amplamente vistos e desejados no mundo do trabalho, pois segundo a

autora possibilitam:

1. Em seu sentido mais elementar, sistematizar e integrar conjuntos organizados, ações

que, do contrário, permaneceriam desarticuladas e até mesmo conflitantes entre si;

2. Definir claramente, e com visão realista, os resultados pretendidos pelas ações, de

modo a maximizar os esforços para a consecução de resultados mais significativos;

3. Agir a parte de situações claramente entendidas;

4. Dimensionar, articular e organizar recursos, as condições, a energia e o talento da

equipe para sua efetivação;

5. Oferecer condições de retroalimentação e melhoria contínua das ações;

6. Compreender, pela reflexão a partir do monitoramento e da avaliação, a relação

entre processos e resultados.

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Para tanto, os projetos são uma excelente ferramenta para que os alunos passem a entender

os conhecimentos com uma visão global, para que saiam para o mercado de trabalho com

uma visível articulação entre teoria e prática.

Ao docente cabe valorizar as experiências anteriores dos alunos e a visão multi e

interdisciplinar. É o uso de atividades norteadas por situações problema e/ou da metodologia

de projetos de trabalho, que resignificam os espaços de aprendizagem, valorizam a

participação dos educandos e do professor no momento de ensino-aprendizagem. Pois,

segundo Perrenuod (2000, p. 58), “a escolaridade só tem sentido se o essencial do que nela

se aprende possa ser investido fora dela, paralelamente ou mais tarde”.

Difícil diferenciar estas duas formas de resignificar os conteúdos sem realizar uma análise

aprofundada das peculiaridades destas formas de contextualizar o conhecimento, que não

são as únicas, mas que são amplamente divulgadas e utilizadas nos sistemas educativos.

Nosso foco principal será na Metodologia de Projetos de Trabalho. Essa metodologia

pode ser descrita inicialmente como:

Uma.proposta.de.investigação.pedagógica.que.dá.à.atividade.de.aprender.um.sentido.novo.. Permitindo. ao. aluno. viver. experiências. positivas. . de. confrontos,. de. decidir,. de.comprometer-se.com.a..escolha,.de.projetar-se.no.tempo,.mediante.planejamento.de.suas.ações.e.seus.aprendizados.como.agente.na.construção.do.próprio.conhecimento,.quando.as.necessidades.de.aprendizagem.afloram.na.perspectiva.de.resolver.situações.problemáticas.e.diversificadas.(PEGORETTE;.SOUZA;.CHAVES,.2003,.p.16).

Saliente-se que as situações problemáticas e diversificadas acima são diferentes do

trabalho como atividades norteadas por situações problema. Os projetos de trabalho

passam por etapas mais complexas, dinâmicas e participativas do que as atividades

norteadas por situações problemas, principalmente no que diz respeito a sua concepção

e às fases pelas quais cada um deles deve percorrer.

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Essa.modalidade.de.articulação.dos.conhecimentos.é.uma.forma.de.organizar.a.atividade.de.ensino.e.aprendizagem,.que.implica.em.considerar.que.tais.conhecimentos.não.se.ordenam.para.sua.compreensão.de.forma.rígida,.nem.em.função.de.algumas.referências.disciplinares.preestabelecidas.ou.de.uma.homogeneização..de.alunos..A.função.dos.projetos.é.favorecer.a.criação.de.estratégias.de.organização.de.conhecimentos.escolares.em.relação.a:.1..tratamento.da.informação,.e.2).a.relação.entre.os.diferentes.conteúdos.em.torno.de.problemas.ou.hipóteses.que.facilitem.aos.alunos.a.construção.de.seus.conhecimentos,.a. transformação. da. informação. procedente. dos. diferentes. saberes. disciplinares. em.conhecimento.próprio.(HERNÀNDEZ;.VENTURA,..1996,.p..61).

A metodologia de projetos de trabalho é complementar e de significativa importância

em metodologias dinâmicas como a de formação e certificação por competências, pois

estimula a aquisição e desenvolvimento de diversas habilidades, devido ao fato de unir

aspectos importantíssimos no processo de ensino aprendizagem.

Essa metodologia também diminui a “onipotência” do professor sobre os conteúdos, pois

uma das chaves do sucesso dos projetos de trabalho é o envolvimento dos alunos desde o

início da concepção dele, opinando e participando de forma ativa de todas as etapas que

perpassam essa metodologia.

Assim sendo, o tema não dependerá apenas da escolha do professor, pois em conjunto com os alunos

ele decide e ambos se comprometem com o que foi escolhido para trabalhar, fazendo com que o

aluno torne-se sujeito de sua própria aprendizagem, que com certeza será muito significativa.

Desta. forma.o. tema.pode.pertencer.ao.currículo.oficial,.proceder.de.uma.experiência.comum,. originar-se. de. um. fato. da. atualidade,. surgir. de. um. problema. proposto.pela. professora. ou. emergir. de. uma. questão. que. ficou. pendente. em. outro. projeto..(HERNANDÈZ;.VENTURA,.1996,.p..6�).

Após a escolha do tema do projeto, cabe ao professor realizar uma busca prévia de

informações a respeito do tema para que fique mais fácil nortear o trabalho de organização

e definição das etapas do projeto, que também ocorre de forma conjunta com os alunos.

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Na formação profissional, esta ação de decisão coletiva é muito importante. Pois, quando o aluno

ingressar no mercado de trabalho, deverá ter noções quanto à sua capacidade de participação e

de decisão nos projetos do qual fará parte, bem como assumir as responsabilidades pelas quais

se comprometeu ou serão que inerentes a sua função ou cargo.

Elaborar. projetos. caracteriza-se. como. um. processo. de. construção. de. conhecimentos. e.compreensão.de.uma.realidade..Esta.é.uma.das.razões.pelas.quais.o.que.orienta.a.elaboração.de.projetos.é.o.espírito.científico,.sempre.aberto.e.questionador.das.pessoas.envolvidas.e.não,.simplesmente,.esquemas.formais.de.sua.elaboração..(LüCk,.2003,.p..28)

Após a definição do tema ou do problema a ser estudado, parte-se para o planejamento,

tanto do professor de forma individual quanto para o coletivo, onde o grupo poderá opinar

com relação à forma, etapas, cronogramas e atividades.

Deve-se analisar o que se tem disponível para a elaboração do projeto – número de

pessoas, equipamentos, livros, fontes de pesquisa, orçamento para visitas técnicas, e o

que mais se julgar necessário para embasar o planejamento das ações.

Na fase inicial ainda não é o momento de definir detalhes, apenas faz-se necessário o primeiro

esboço das atividades. É importante ressaltar que este planejamento é aberto a mudanças, pois

no decorrer da execução podem surgir imprevistos que modifiquem a estrutura do trabalho,

modificando assim o que foi planejado. Pode alterar, inclusive o cronograma estipulado.

No planejamento já deve estar contemplada a etapa de divulgação dos resultados, pois o

andamento e a conclusão do projeto devem ser do conhecimento de todos.

A questão da abertura e flexibilidade do planejamento merece atenção por parte dos

envolvidos no projeto, alerta Pegorette et al (2003) ao nos relatar que:

. “O. perigo. da. excessiva. interferência. do. docente,. que. preocupado. com. o. programa.previamente.estabelecido.chega.a.transformar.o.projeto.em.uma.coordenação.de.lições.em. torno.de.um. tema.determinado,.de.pouco. interesse.para.os.alunos. (PEGORETTE;.SOUZA;.CHAVES,.2003,.p..34).

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Outra questão importante e que deve ser lembrada, é que nem sempre um projeto ou

um planejamento de ações que deu certo em uma turma, ou em uma escola, pode dar

certo em outra realidade. Cada grupo tem suas áreas de interesse e suas características

pessoais, o que deu certo para um grupo pode ser extremamente entediante para outro.

Envolver os alunos no planejamento das etapas do projeto aumenta o comprometimento

de todos, respeita as limitações e o ritmo do grupo e traz para ao projeto um pouco da

realidade empresarial. Pois no mundo do trabalho,

planejar.envolve.operações.mentais.múltiplas,.orientadas.pelo.espírito.científico,.dentre.as.quais.destacam-se.as.de.identificação,.análise,.comparação,.extrapolação,.classificação,.dedução,.indução,.avaliação,.síntese,.previsão,.dentre.outras.(LüCk,.2003,.p..6�).

Na formação profissional, um projeto de trabalho que envolva equipes de trabalho,

terá como resultado o desenvolvimento e aprimoramento de de inúmeras habilidades

tais como: pessoal, social, técnica, cultural e reflexiva, reproduzindo um ambiente de

resolução de problemas que os alunos encontrarão no mercado de trabalho, facilitando o

entendimento das relações interpessoais, inteligentes e produtivas.

Esse trabalho favorece a existência de novas relações na escola, na sala de aula e do

aluno com o conhecimento dos conteúdos e de suas capacidades e potencialidades.

Partindo. da. perspectiva. geral. de. toda. . escola,. os. Projetos. geram. um. alto. grau. de.autoconsciência.e.de.significatividade.nos.alunos.com.respeito.à.sua.própria.aprendizagem.(HERNÀNDES;.VENTURA,.1996,.p..�2).

A proposta dos projetos de trabalho tem a finalidade de organizar os conteúdos de

uma forma que solucione os problemas inicialmente levantados. É possível trabalhar,

em princípio, com qualquer tema. Porém, é importante ter a visão de que nem tudo, e

não em todos os casos, pode ser trabalho por projetos, pois as pessoas aprendem das

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mais variadas maneiras. A magia dos projetos encontra-se na possibilidade do trabalho

contextualizado através da aprendizagem.

O próximo passo diz respeito à problematização do tema, ou seja, no momento em que acontece

o levantamento das questões e dúvidas a respeito do tema. Nesta etapa, além de esgotar as

questões referentes ao tema escolhido pelo grupo, o professor pode utilizar o momento para

identificar a profundidade do conhecimento que seus alunos têm a respeito do assunto.

Trabalhar com algumas questões norteadoras também facilita a obtenção de um eixo central

do projeto, aquele ao qual nos remetemos quando o assunto começa a ficar por demais

abrangente ou específico (Qual o nosso propósito? O que sabemos sobre o tema? O que

queremos saber sobre o tema?). A partir desses questionamentos, é possível elaborar uma

justificativa, ou seja, o porquê do projeto, estabelecer os objetivos, e para quê.

A problematização, os objetivos e a justificativa serão o ponto de partida para a pesquisa,

sistematização, produção e resignificação dos conhecimentos em torno do tema do projeto

proposto. Nesta fase, o papel do professor é o de facilitador do processo de aprendizagem.

O.docente.nunca.deverá.ensinar.respostas.“certas”,.nem.tampouco.corrigir.as.“erradas”..Ele.deverá.incentivar.o.aluno.a.ter.sua.própria.opinião.e.deixá-lo.decidir.por.outra.resposta,.quando.esta.lhe.parecer.mais.adequada..As.idéias.“erradas”.não.podem.ser.eliminadas.pelo.docente..Elas.devem.ser.modificadas.pelos.alunos,.que.com.certeza,.chegarão.à.resposta.correta,.se.discutirem.o.suficiente.entre.eles,.favorecido.por.sua.intervenção.“maiêutica”.e.inteligente..(PEGORETTE;.SOUZA;.CHAVES,.2003,.p..22)....

Todas as atividades relacionadas ao projeto devem ter: datas, registros, descobertas,

dúvidas e avanços, para que ao final a turma possa ter um dossiê e elabore um relatório

que sistematize e compile os dados coletados e as conclusões a que chegaram.

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Esses dados devem ser divulgados, seja através de cópias do relatório elaborado ou de uma

exposição para a escola, pais e/ou comunidade. Depende muito da característica do grupo e

da criatividade do professor. O importante é que estes resultados sejam divulgados, para a

valorização do trabalho desenvolvido.

Um projeto, em sua real conotação, deve ser criado e gerido pelo grupo onde foi pensado

e será aplicado, ou seja, por seus maiores interessados. Quando a proposta foge destas

características, ou seja, quando é uma coisa pronta, ou semipronta, que vem de fora do

grupo, passa a ter um viés de atividade, e não de projeto.

É importante salientar quando falamos da importância do trabalho com projetos na

educação profissional, que no entanto, a história das organizações tem evidenciado que

somente a ação inteligente é capaz de transformar problemas em soluções e que a falta

dela transforma soluções em problemas (LÜCK, 2003, p.17).

As empresas voltaram seus olhares para o capital humano, o que gerou uma demanda por

um novo tipo de profissional. Esta realidade faz com que as escolas, tanto de formação para

o trabalho quanto as de ensino regular, necessitam mudar sua forma de educar, e adequar-

se a esta nova tendência do mercado de trabalho, que persiste até o momento atual.

É.de.domínio.comum.que,.hoje,.a.formação.do.trabalhador.não.deve.ser.apenas.regulada.por.tarefas.relativas.a.postos.de.trabalho..O.mundo.do.trabalho.exige.cada.vez.mais.um.profissional.que.domine.não.apenas.um.conteúdo.técnico.específico.à.sua.atividade,.mas.que,.igualmente,.detenha.capacidade.crítica,.autonomia.para.gerir.seu.próprio.trabalho,.habilidade.para.atuar.em.equipe.e.solucionar.criativamente.situações.desafiadoras.em.sua.área.profissional.(SENAI,.2002,.p..0�).

Neste contexto, um profissional focado apenas no saber-fazer já não traz as contribuições

esperadas às empresas, sendo também facilmente substituído por máquinas. Aí entra o

papel e a importância da escola na formação e educação do ser humano: ela não pode em

hipótese alguma estar alienada e/ou desvinculada dos avanços tecnológicos e do perfil de

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empregado desejado pelo mercado de trabalho, que segundo Lück, “exige de profissionais

em geral e de gestores em especial, tanto muita agilidade e criatividade quanto elevado

espírito de organização e planejamento inteligente aplicado a seu trabalho e a projetos

sob sua responsabilidade”(LÜCK, 2003, p.09).

A busca por uma educação capaz de desenvolver a “trabalhabilidade” das pessoas,

que segundo Depresbiteres e Deffune, é definida como “o conjunto de competências e

capacidades que são desenvolvidas tornando o profissional apto para o desempenho de

atividades com ou sem vínculo empregatício”. É crescente, tendo a escola a obrigação de

corresponder a estas expectativas, desenvolvendo nos indivíduos estas aptidões desejadas

pelo mercado de trabalho e pela sociedade.

Requerem-se. novas. aptidões. e. os. sistemas. educativos. devem. dar. resposta. a. esta.necessidade.não.só.assegurando.os.anos.de.escolarização.ou.de.formação.profissional.estritamente.necessários,.mas.formando.cientistas,. inovadores.e.quadros.técnicos.de.alto.nível.(DELLORS,.2001,.p..�1).

Na Formação para o Trabalho um dos maiores desafios encontrados consiste em articular

os conteúdos de forma a desenvolver no educando as competências necessárias para

seu ingresso ou permanência no mercado de trabalho de forma prática e tecnicamente

embasada. Também permeia esta realidade o fato do trabalhador necessitar de mais do que

a instrução formal para o seu posto de trabalho. Ele deve deter uma capacidade crítica e ter

autonomia para gerir seu trabalho, tendo facilidade no trabalho em equipe e na solução de

problemas, o que nos faz compreender que nosso real desafio é traduzir para o mundo da

educação as competências profissionais demandadas pelo mundo do trabalho.

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3. O Papel do Professor na Pedagogia de Projetos

Projetos.não.podem.ser.aplicados.de.maneira.generalizada.e.seguindo.ímpeto.inovador.sem. desvirtuá-los.. Não. porque. exijam. um. complexo. acúmulo. de. saberes,. mas. sim.porque.requerem.uma.vontade.de.mudança.na.maneira.de.fazer.do.professorado.e.um.assumir.o.risco.que.implica.em.adotar.uma.inovação.que.traz.consigo,.sobretudo,.uma.mudança.de.atitude.profissional.(HERNANDEZ,.VENTURA,.1996,.p..10).

Fica clara a importância do professor, como um facilitador da aprendizagem neste processo

de transferência de conhecimento. Segundo o autor Perrenoud (2000), é ele quem terá o

papel de facilitar a transmissão dos conhecimentos formais para o mundo real, e é ele que

irá fazer com que o aluno repasse o que aprendeu para o mundo do trabalho e para a vida.

Para.exercitar.a.transferência,.o.ideal.seria.reconstituir,.durante.a.escolaridade,.situações.próximas.daquelas.do.mundo.do.trabalho,.da.vida.fora.da.escola,.quer.seja.das.crianças,.adolescentes.ou.dos.adultos.que.se.tornarão..Essas.situações.não.são.mais.reais.que.as.situações.escolares.clássicas,.mas.não.são.criadas.e.controladas.pela.escola,.o.que.faz.toda.a.diferença.(PERRENOUD,.2000,.p..6�).

Questões.metodológicas

Na pedagogia de projetos, e não só nela, o professor tem um papel essencial: o de ser o

mediador entre o conhecimento e o aluno.

Mas essa mediação não pode ser meramente reprodutivista ou autoritária, deve estar cercada

de atributos que garantem um processo de aprendizagem gostoso, assertivo e inovador.

Nos capítulos anteriores já comentamos a importância de um bom direcionamento por

parte dos professores nas atividades e projetos, para que os alunos trabalhem de forma

segura e realmente atingindo os objetivos de aprendizagem.

Simone.Lucia.Maluf.Zanon.e.Thaise.Nardelli

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Cada planejamento do professor deve ser encarado como um pequeno projeto, dentro do

período letivo, e deve familiarizar os alunos neste contexto de projetar, planejar, desejar

um futuro e planejar da melhor forma possível, com a maior riqueza de detalhes e projetar

para que se torne real.

Mas para que isto seja efetivo e reflita na prática pedagógica do professor em sala de

aula, os alunos devem sentir neste planejamento uma inovação intrínseca a este processo,

que aos poucos se torna natural em seu dia-a-dia e que faz com que os alunos tenham

vontade de fugir da rotina na hora de buscar conhecer e conhecer.

Para facilitar o planejamento docente, listamos abaixo algumas dicas, em forma de passos,

para auxiliar a prática docente.

Primeiro.passo:.O.que.eu.estou.fazendo.aqui?.Quem.sou.eu.neste.processo?

Parece estranho levantar questionamentos que à primeira vista parecem tão óbvios, porém não

são. Muitos são os fatores que levam um profissional à sala de aula, desde o amor incondicional

à profissão até “fatalidades” do destino. A partir do momento que o docente assume quem ele

é dentro do contexto, fica fácil o desenrolar de suas atividades, por que ele se admite também,

competente ou não, feliz ou infeliz, conhecedor ou não de suas ações.

O principal é que, quando o professor se sentir deslocado ou incompetente para o desafio a

ele proposto, perceba-se também como um aprendiz, e alguém passível de errar. Mas que

tem à sua volta uma gama enorme de fontes de conhecimento e pessoas mais experientes,

ou com maior motivação, que podem servir de estímulo e espelho para suas ações.

A busca constante pelo autoconhecimento e pelo conhecimento do que está a nossa volta

é de fundamental importância na educação e na vida, pois é o que nos faz crescer como

profissional e pessoa.

O ponto de partida pode ser um olhar crítico sobre a realidade que nos cerca, e um

feedback que demonstre o quanto já evoluímos desde o início de nossa caminhada, e o

quanto podemos inovar a cada dia.

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Segundo.passo:.Quem.são.os.meus.alunos?

Esta é a chave para o sucesso de um planejamento educacional em qualquer local, a

qualquer tempo. É sabido que os alunos vêm para a escola com uma bagagem construída

em sua vida, com conhecimentos, habilidades e atitudes desenvolvidas dentro e fora da

escola, na interação constante com o mundo e a sociedade que o cercam. Para tanto, faz-

se importante o conhecimento de quem são eles, de onde vem, qual é a realidade que

permeia seu dia-a-dia, e o que eles esperam do professor e da escola.

Isso alicerça o trabalho docente. Pode ser conjugada com uma avaliação diagnóstica,

para que se construa o ponto de partida seguro e eficiente para a prática docente.

Terceiro.passo:.O.que.tenho.que.ensinar?

Também de fundamental importância é o conhecimento do programa, dos conhecimentos,

habilidades e atitudes que tenho que desenvolver em meu aluno. De nada adianta entrar na

sala de aula apenas com a cara e a coragem, sem um domínio do que estou ensinando.

Ao receber o desafio, o professor deve analisar passo a passo o que deve ensinar e, principalmente,

onde pode inovar. A inovação tem que ser palavra de ordem na prática docente, pois os alunos

estão sedentos de novidades nas escolas, e não daquela mera reprodutibilidade.

E não precisa reinventar a roda para conseguir inovar. Podemos até citar vários exemplos, como, por

que falar apenas em uma aula expositiva de flores, se podemos plantá-las no jardim da escola? Por

que falar de como acontece um processo produtivo em uma empresa se podemos marcar uma visita

técnica para ver inlocus, ou chamar uma pessoa da própria empresa para dar uma palestra?

Para que isto seja possível, o professor tem que analisar item por item do que é de sua

responsabilidade ensinar, para que seu planejamento seja feito com antecedência e tenha

condições de buscar um patrocínio para um passeio, ou agendar a data da visita técnica

na empresa, ou até para ir comprar as sementes de flores.

A base de um bom processo de ensino-aprendizagem também está no planejamento.

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Quarto.passo:.Quais.são.os.meus.objetivos?.Onde.quero.chegar.com.esta.atividade?

Apesar de tão difundida, muitos professores ainda resistem e questionam sobre a

importância e o sentido da elaboração dos planos de aula.

Os planos de aula são planejamentos passo a passo do que se pretende fazer em sala de

aula, o que é importantíssimo. E o objetivo é o que norteia esta elaboração.

O professor não pode trabalhar um assunto simplesmente por trabalhar; precisa saber

aonde quer chegar para saber que artifícios irá utilizar para chegar lá.

Se meu objetivo é que meus alunos aprendam o que é um marisco, tenho que ter clareza

do que se fará necessário para que isso aconteça.

O professor deverá olhar à sua volta e reconhecer os desafios e oportunidades que tem

pela frente para ensinar o que são os mariscos, onde vivem, como se reproduzem, como

consumi-los, huum! Que tal uma receita com marisco? Uma viagem ao litoral? Fotos de

cultivo de mariscos no mar? Conversar com um maricultor?

Viu só como pode ser simples? De um pequeno conteúdo fictício já conseguimos pensar

em diversas idéias fora da rotina.

Mas, se viagem à praia nem pensar, que tal ir até a peixaria e comprar mariscos? Abri-los

em sala de aula e depois trabalhar interdisciplinarmente, e cozinhar com os alunos os

mariscos. Quem sabe eles até trocam receitas e o professor consegue montar um livro com

estas receitas e transformar isso em uma produção escrita da turma?

Nunca se esqueçam: “para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”, já diz

um ditado popular, mas se não queremos que os alunos desconsiderem todo o conhecimento

que queremos passar, devemos saber bem para aonde queremos ir, e contar isso a eles!

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Quinto.passo:.O.que.preciso.para.alcançar.meu.objetivo?

Agora chega a hora de desdobrar aquele primeiro objetivo, que é geral, em objetivos

específicos, que nos mostram a seqüência, o grau de importância de cada uma das etapas

que devo cumprir para atingir meus objetivos educacionais.

Vamos tomar como base um objetivo fictício, mas muito presente nos cursos de formação

profissional.

O professor está montando seu plano de aula e, ao final da unidade curricular, conteúdo e

ou tópico, o aluno deverá ser capaz de: Organizar o ambiente de trabalho de acordo com

as normas de segurança vigentes.

Para que seja possível o desenvolvimento desta competência, vamos precisar dividir este

objetivo em partes.

O que este aluno precisa saber para ser capaz de organizar seu ambiente de trabalho de

acordo com as normas de segurança vigentes:

quais são as normas de segurança vigentes;

para que elas servem;

onde encontrar a versão atualizada dessas normas;

quem as determina e por quê;

como posso aplicá-las ao meu local de trabalho;

o que compõe o ambiente de trabalho da profissão;

quais equipamentos, máquinas e ferramentas que merecem uma atenção ou

cuidados especiais;

como se portar no ambiente de trabalho;

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há obrigatoriedade de uso e Equipamentos de Proteção Individual – EPIs

nesta área/local de trabalho;

quais são os equipamentos ou comportamentos de proteção que devem ser adotados.

Enfim, poderíamos ainda enumerar diversos itens, porém com esses já fica possível

montar nosso objetivo geral e os específicos de uma atividade:

Objetivo geral: (o aluno deverá ser capaz de ...)

Organizar o ambiente de trabalho, de acordo com as normas de segurança

vigentes.

Objetivos específicos:

Reconhecer o ambiente de trabalho, as máquinas, equipamentos e ferramentas

que o compõem;

Conhecer as normas de segurança vigentes e onde encontrá-las;

Aplicar as normas de segurança vigentes no ambiente de trabalho, de acordo

com a realidade da empresa;

Utilizar equipamentos de proteção individual adequadamente e sempre que

necessário.

A partir desta elaboração do destino, podemos partir para o sexto passo, que nos mostrará

como chegar.

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Sexto.Passo:.Como.chego.em.meus.objetivos?

Neste passo a criatividade tem que ser o ponto alto.

Os conhecimentos listados subjetivamente nos objetivos, precisam se tornar realidade.

Isto não é difícil e pode ser feito das mais diversas formas, cabe ao professor, agora mais

do que em qualquer etapa do processo, definir se isto será uma aventura do conhecimento

para o aluno ou apenas mais um capítulo do livro ou da apostila.

Vamos colocar a imaginação para funcionar:

Que conteúdos / assuntos / conhecimentos / informações os alunos devem ter?

Citemos alguns:

Normas de segurança no trabalho correlatas à sua profissão;

Tipos e função dos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs.

Eles podem ser ensinados através de conteúdos, pura e simplesmente com a leitura da

apostila, ou através de uma visita técnica em uma empresa, onde aplique as normas de

segurança em seus ambientes de trabalho, e utilizem EPIs.

Esta escolha é única e exclusivamente do professor, porém os principais atores neste

processo são os alunos.

Uma forma diferente de se pensar a prática destes temas em sala de aula pode ser a seguinte:

Como tarefa de casa, os alunos serão orientados a pesquisar, em qualquer meio de

informação, o que são as Normas Regulamentadoras - NRs e para que servem.

Na data marcada, abre-se uma mesa redonda, onde os alunos devem expor o que

encontraram e onde encontraram, construindo assim uma teia de conhecimentos e fontes

de informações.

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Constrói-se em conjunto, em com a orientação do docente, uma lista dos tópicos mais

importantes ditos na mesa redonda, para que se faça um registro para consultas futuras,

conceituando o tema também.

Na seqüência, o professor pode distribuir as NRs referentes à área de formação dos

alunos para que eles analisem e em grupos dêem sugestões de aplicabilidade prática.

Após, pode ser organizada uma visita técnica a uma empresa, onde os alunos devem

tomar nota das ações que a empresa aplica, ou deixa de aplicar em prol da segurança dos

funcionários e do atendimento às NRs.

Depois disso, para finalizar, cada equipe deve apontar os pontos positivos e negativos

vistos na empresa, os positivos devem ser citados fazendo correlação com a parte da

norma de onde foi retirado, e os pontos negativos, devem, apontar as soluções mais

adequadas para o atendimento à norma.

Pode-se ao final, socializar as informações e analisar a viabilidade das soluções apontadas

no grande grupo.

E assim montamos a metodologia a ser utilizada para alcançar este objetivo geral e os específicos.

Sétimo.Passo:.Do.que.eu.preciso.para.tornar.isto.realidade?

Voltando ao passo anterior, é possível listar item por item o que é necessário prover,

comprar ou planejar para que a metodologia possa ser aplicada. Em planejamentos

escolares freqüentemente encontramos esta etapa com o nome de recursos necessários,

recursos físicos, materiais e humanos, ou apenas recursos.

Nesta etapa, devem ser listados desde o pincel atômico necessário para escrever um

cartaz até o custo que terá para levar os alunos à visita técnica.

Desta forma fica possível rever os planos iniciais ou colocá-los em prática com mais

segurança e propriedade, pois haverá a previsibilidade das ações e dos recursos.

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Caso a escola não disponha destes recursos, haverá tempo de buscá-los com parceiros,

solicitar compra por parte dos alunos, improvisar ou até mesmo mudar um pouco a rota. E

neste caso, como há um deslocamento, externo à escola e que depende da disponibilidade

de uma empresa em recebê-los, tudo deve ser visto com mais antecedência ainda.

Oitavo.passo:.De.quanto.tempo.preciso?

Vamos falar do tempo para todas as etapas.

O planejamento deve ser feito no mínimo com duas semanas de antecedência. Parece

exagero, mas não é. E duas semanas é um tempo pequeno comparado ao tanto de detalhes

que um planejamento bem preparado vai exigir para preparar sua execução.

Sem contar que, em sala de aula, aplica-se um planejamento após o outro, muitas vezes

cada planejamento é equivalente a uma semana de execução, então eles muitas vezes irão se

sobrepor, pois a cada semana o professor deverá estar executando um novo planejamento.

Quanto ao tempo de execução, deve estar de acordo com a complexidade do assunto e do

ritmo da turma, ou que se quer dar a ela.

O ideal é não atropelar os acontecimentos e alternar planejamentos que exijam mais e

menos recursos, para que haja um fôlego entre as ações dos professores, porém nossa dica

maior é: não atropele a construção do conhecimento e não deixe tudo para a última hora.

Nono.passo:.Como.identifico.se.meus.alunos.aprenderam?

No segundo passo – quem são meus alunos – colocamos a observação de que é

interessante fazer uma avaliação diagnóstica do aluno, uma avaliação inicial, antes de

iniciar a atividade. Ela pode ser feita em uma conversa com a turma, um exercício, uma

dinâmica, um pequeno trabalho.

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Nesta avaliação o professor percebe quem são os alunos que possuem maior ou menor

conhecimento do tema, maior ou menor dificuldade de expressão, síntese ou interesse.

A partir desta visão, é importante e primordial acompanhar passo a passo os avanços e o

dia a dia dos alunos, as pequenas evoluções, os insights, e o lado atitudinal dos alunos,

avaliando-os no cotidiano.

Ao final do período ou da atividade, é necessário realizar uma atividade de fechamento

sempre, para revisão e fixação dos pontos mais importantes da etapa cumprida, realizando

também uma avaliação final.

Esta avaliação final servirá de parâmetro comparativo com a avaliação diagnóstica feita no início

do processo, e enriquecida com todas as análises realizadas no decorrer das atividades.

O que não deve acontecer é a avaliação apenas de um momento estanque do aluno, ou

seja, apenas uma forma de avaliação em um único momento, pois ela servirá apenas como

uma fotografia de como ele estava naquele dia, naquele momento, ignorando toda uma

trajetória de construção do conhecimento.

Décimo.passo:.O.que.e.como.devo.registrar.tudo.isso?

O registro é uma ferramenta vital para o processo educacional. Ele permite a realização

com muita segurança do que está se planejando e permite ainda uma avaliação completa

de tudo o que foi desenvolvido até o final da atividade, servindo como um aprendizado e

como uma fonte de pesquisa, de reconstrução, de acompanhamento e de socialização.

O planejamento pode, e muitas vezes deve, ser registrado em planos de aula.

Via de regra, os planos de aula contêm assunto, carga horária, objetivo geral e específicos,

metodologia, recursos necessários e avaliação.

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Alguns ainda sugerem o registro da forma como se dará a articulação com o próximo tema

a ser trabalhado, ou ainda, um relato do desenvolvimento dos alunos ou uma descrição de

como foi a atividade, avaliando-a.

Quanto maior a riqueza dos registros, mais ingredientes o professor tem para avaliar e

reavaliar sua prática diária.

Além do plano de aula, os trabalhos, atividades e provas dos alunos são, além de fontes

de avaliação, registros. Podem ser guardados junto com o planejamento da atividade, ou

ter seu conceito ou nota inseridos junto aos registros referentes à atividade.

Um relato elaborado pelo professor, que contenha uma avaliação da atividade, contando os

erros e acertos nas etapas desenvolvidas, serve de histórico e possibilita uma socialização

e uma reedição mais assertiva da atividade, compartilhando não só a idéia, mas também

a crítica e a realidade encontrada na execução.

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4. O Papel do Aluno na Pedagogia de Projetos

Quando o aluno inicia um projeto, inicia também um ciclo de dúvidas e incertezas, de

desespero, de recortar e colar, de buscar diversas fontes e de se perder nas escolhas.

Porém, este processo não precisa ser assim. Nas próximas páginas entenda como é possível realizar

um projeto de forma sistematizada, sem ficar preso à literatura, buscando também a inovação.

Por.onde.começo?

Focalize seu desafio, pense em todos os aspectos que rodeiam seu desafio e o que você já

sabe a respeito dele. Anote em forma de tópicos aquilo que vem à sua cabeça, podem ser

coisas como: locais onde pesquisar, pessoas com quem pode falar, onde conseguir dados,

o que você já sabe, o que você pretende abordar...

O importante é ver seu projeto como um desafio, e você é o Indiana Jones desta aventura!

A personagem Indiana Jones foi o protagonista de 3 filmes na década de 80, nos quais

enfrentava bandidos e situações inusitadas, o que exigia uma postura criativa e inovadora

para vencer seus desafios, e é por isso que nos projetos e na resolução de situações

problema é preciso também ter um espírito de Indiana Jones.

O.que.e.como?

Não tem como fugir: se o seu projeto é comprar um aparelho de som ou construir um

foguete para a NASA, você terá obrigatoriamente que ler muito, sejam as especificações

técnicas dos aparelhos de som para escolher a marca e o modelo, ou estudar as leis da

física a fundo para construir o foguete. Mas a leitura sempre estará presente nos projetos,

sejam eles conservadores ou inovadores.

Simone.Lucia.Maluf.Zanon.e.Thaise.Nardelli

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O que ler e como ler é de fundamental importância para os projetos, pois o conhecimento do que

já existe é a base para a inovação, para a resolução de um problema, para as descobertas.

Na etapa anterior você listou tudo o que tinha a mão sobre o projeto, entre eles estão

livros e revistas que falem sobre o tema.

Se houver, o primeiro passo é verificar a data da publicação e se isso influencia no

seu trabalho. Se a pesquisa for baseada em fatos históricos, esta data não impactará

tanto. Porém, em algumas áreas como ciência e tecnologia, em menos de um ano o

conhecimento poderá estar ultrapassado.

Então você corre para a internet, abençoada facilidade! Aí é só entrar em um site de busca, digitar

o tema de sua pesquisa, apertar o enter e, como num passe de mágica, milhares de resultados

aparecem na tela, e quem sabe até, um trabalho inteirinho, bem aquilo que você precisa.

Resista à tentação! De forma alguma copie e cole simplesmente e integralmente da Internet.

Para começar, você sabe quem escreveu? Com base em que conhecimentos? Se é verdade

o que está escrito? Se você pode usar o que está escrito?

Mas não se apavore você pode e deve sim usar a internet, mas vá com calma.

Comece entrando em sites de pesquisa e lendo, sem compromisso o que aparece sobre

o tema que está procurando. Assim você terá uma idéia dos termos utilizados, da

quantidade de pesquisas que já existem nesta área ou a respeito do seu tema e dos

autores/pesquisadores que tratam disto.

Outra boa opção é perguntar a docentes da área, dicas de bons autores que tratem do

tema, com certeza eles saberão indicar bons livros e autores.

O próximo passo é conseguir o material para ler. Aí vale emprestar do vizinho, da

biblioteca, do professor, procurar artigos destes autores que estejam disponíveis na

internet, porém sempre em sites confiáveis, buscar em jornais, revistas e periódicos.

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Na hora da pesquisa é que separamos o conhecimento empírico do conhecimento

científico, pois a pesquisa necessariamente deve trabalhar com dados sólidos, confiáveis,

para que seja assertiva e fidedigna.

Definidos os objetos de leitura, vamos à leitura propriamente dita.

Não existe uma fórmula mágica, que diga que é melhor ler rápido ou devagar, de manhã

ou à noite, no ônibus ou na escrivaninha. O que realmente importa é conhecer o seu ritmo

de leitura, o local ideal para você ler, o horário mais adequado. Podemos dar algumas

dicas para auxiliá-lo nesta tarefa:

Procure um ambiente calmo e confortável, com uma boa iluminação e com o

nível de silêncio necessário à sua leitura, à sua capacidade de concentração;

Dê preferência a ler sentado, em pé você pode ter dificuldades de concentração

e, deitar-se para ler, pode desencadear sonolência com mais facilidade;

Tenha com você sempre papel e caneta, para anotar na hora idéias que posam

surgir durante a leitura e/ou partes do texto relevantes à sua pesquisa;

Tenha como foco, sempre, a idéia mestra do seu trabalho, e o que exatamente

você procura naquela leitura;

Tome cuidado na hora de sublinhar os textos para não exagerar. Devemos

sublinhar apenas o que nos traz idéias chaves ou detalhes importantes;

Faça de suas anotações um esquema de cada leitura realizada, anote páginas

interessantes e separe estas anotações por livro ou por assunto, assim, na hora

de construir seu texto, ficará tudo bem mais fácil.

Agora é hora de produzir o seu texto, sim, o SEU TEXTO!

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O.que.eu.faço.com.tudo.isso?

Hora de fazer uma síntese de tudo o que foi lido, mas principalmente do que é relevante

para a sua pesquisa, ao seu projeto.

Antes de qualquer coisa, lembre-se da regra básica: você está escrevendo para que outras

pessoas leiam e entendam suas idéias, pensamentos e pesquisas. Para tanto, seja claro,

objetivo e sucinto, para que a leitura se torne clara e agradável.

Releia suas anotações e, em um rascunho, monte um pré-sumário de seu texto, um

esqueleto, a forma que você quer dar a ele.

Separe suas anotações e/ou textos por item de seu sumário, e aí é só começar a escrever,

a contar a todos o que de mais interessante você descobriu, pesquisou e selecionou.

Lembre-se sempre que toda a transcrição, fiel ou adaptada de textos publicados deve

estar obedecendo às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas-ABNT,

citando-se sempre a fonte.

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5. Projetos na Educação Profissional

O ambiente escolar é muito fértil para criação e estruturação de projetos, é onde iniciamos nossas

experiências sistematizando aquilo que pensamos, pesquisamos, planejamos ou elaboramos.

Somos introduzidos no mundo dos projetos a partir de projetos de pesquisa, que tem como base

pesquisas bibliográficas. Depois, aos poucos, começamos a realizar algumas pesquisas de campo

para nos aprofundarmos na arte de criar projetos com mais autonomia e mais completos.

Mesmo os projetos de pesquisa mais simples exigem uma estruturação e uma organização que

tenha minúcia e praticidade ao mesmo tempo, ou seja, que cerque todos os aspectos, porém de

forma clara e objetiva.

Para que o trabalho siga estas orientações, cada passo deve ser elaborado com base em alguns

elementos e pensamentos fundamentais, que trabalharemos de forma mais aprofundada agora.

Normas.para.a.elaboração.de.projetos

No Brasil existe atualmente um órgão que centraliza as normatizações técnicas, a fim de

padronizar a formatação de documentos, criação de produtos, execução de serviços, a Associação

Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

Por este motivo as instituições de ensino, cada vez mais cedo, têm solicitado a entrega de

trabalhos e pesquisas de acordo com as normas da ABNT. Estas normas são usadas não só

no meio acadêmico, como na apresentação de relatórios e documentos empresariais. Não é

necessário decorá-las, porém é importante e necessário ter uma fonte confiável de consulta, pois

as normas alteram-se com determinada freqüência.

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Elementos.Básicos.de.um.Projeto.

Quando elaboramos um projeto, seja de pesquisa ou planejamento de algo que pode ser colocado

em prática ou produzido, temos que ter em mente que a versão escrita e os acompanhamentos

desse projeto não serão pertencentes exclusivamente a uma pessoa, com certeza o conhecimento e a

organização elaboradas serão lidas por quem detém algum tipo de interesse no assunto abordado.

Para tanto, a primeira regra básica para a elaboração de um projeto pode ser ressaltada como

“seja claro”. A clareza na escrita e na montagem das etapas facilita o entendimento por parte do

leitor e do executor, ajuda na busca por informações e no registro dos progressos.

Antes de iniciar um projeto, é necessário refletir sobre os seguintes questionamentos:

Para que serve um projeto?

A intenção de um projeto é a solução de um problema, uma dificuldade ou um desafio proposto.

Para que serve um projeto de pesquisa?

Um projeto de pesquisa tem como intuito aprofundar os conhecimentos a respeito de um

determinado tema e estimular à busca por informações confiáveis e fidedignas, proporcionando

um enriquecimento na capacidade de síntese e no conhecimento adquirido.

Para que serve um projeto com base em uma situação problema?

Têm como premissa estimular a mobilização dos conhecimentos, habilidades e atitudes já

adquiridos durante o processo escolar e vivências anteriores, e a busca por conhecimentos que

complementem este conjunto, a fim de solucionar o problema lançado.

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E um projeto de final de curso?

Constitui uma oportunidade única para que os alunos, antes de terminar o curso, possam pôr em

prática os conhecimentos adquiridos.

Um projeto de final de curso induz o aluno a consolidar os conhecimentos adquiridos, bem como

estimula sua capacidade criativa, autocrítica, de auto-aprendizado, empreendedora e gestora.

O aluno deve demonstrar sua capacidade de reflexão, investigação e sistematização sobre um objeto

de estudo pertinente ao curso, desenvolvido mediante supervisão, orientação e avaliação docente.

Para facilitar a elaboração de um projeto, algumas questões preliminares poderão ser utilizadas

para a sua construção:

O quê?

Por quê?

Como?

Quando?

Com que?

Em seguida, uma esquematização prévia é recomendável:

Como vou solucionar um problema ou desafio que tenho e mudar uma solução para melhor?

Ou, qual inovação quero investigar e desenvolver? Esta minha “idéia” é inovativa? Lembre-

se de que as informações tecnológicas contidas nas patentes podem ajudar neste momento de

pesquisa e decisão.

PROJETO

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O que vou fazer para solucionar o problema?

Para solucionar o problema, em quantas partes irei dividi-lo?

Por que preciso resolver este problema?

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

JUSTIFICATIVA

OBJETIVO GERAL

Quem será beneficiado ou modificado para melhor? Esta solução é inovadora? Mais uma vez,

lembre-se que o banco de patentes pode e deve ser consultado.

DESTINO/FINALIDADE/PÚBLICO-ALVO

Que características terá o produto do meu esforço? Pode ser patenteado?

ASPECTOS qUALITATIVOS qUANTO qUANTITATIVOS

Como solucionarei cada parte? O que farei?

METODOLOGIA/PROCEDIMENTO/DESCRIÇÃO DE TAREFAS

Quantas coisas terei que fazer e em que tempo para alcançar os objetivos?

FASES / ETAPAS Prévia, preparatória, implementação,

conclusiva

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Quanto tempo levarei fazendo cada parte?

O que precisarei? Como farei? Quanto gastarei? O que já tenho?

Como saberei se os objetivos foram atingidos? Como evitar falhas e não cometer os mesmos erros?

Qual o material necessário para fundamentar minhas soluções e resolver o meu problema?

Qual a viabilidade econômica? É possível realizar transferência de tecnologia ao meio industrial?

Após a esquematização prévia, o projeto deverá ser formalizado na seguinte estrutura, seguindo

as Normas ABNT:

a. título do projeto;

b. justificativa;

c. objetivos;

d. desenvolvimento/funcionamento;

e. inovação (vide item 5.1, Parte I):

CRONOGRAMA

RECURSOShumanos, materiais, físicos e

financeiros)

AVALIAÇÃO

MODELOS, NORMAS, LEIS, FORMULáRIOS, ETC.

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classificação por tipo de inovação: produtos inovadores ou processos inovadores;

descrição da inovação principal: breve descrição sobre a inovação do novo

produto ou processo, ou do produto ou processo modificado, ou a combinação

de quaisquer das inovações.

f. esquemas e desenhos, quando for o caso;

g. aplicabilidade: na indústria ou na comunidade;

h. tempo estimado de execução/ apresentação do funcionamento, quando for o caso;

i. especificações do material a ser utilizado;

j. recursos humanos e financeiros;

k. bibliografia consultada.

Construindo.o.conhecimento.através.de.situações.problemas.

As situações problemas são excelentes formas de mobilizar conhecimentos, habilidades e

atitudes indispensáveis para a formação profissional dos alunos, pois cria a condição ideal

para que todo o conhecimento adquirido seja colocado em prática, com uma pitada de atitude,

iniciativa e proatividade.

Na educação profissional, as situações problemas devem:

Refletir uma situação real que acontece ou pode acontecer em uma

organização;

Prever que tipo de conhecimentos, habilidades e atitudes a situação real irá

requer do aluno, como input ao processo;

Ser relacionada à área de formação do curso;

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Considerar o nível de aprendizado técnico em que a turma se encontra e as

experiências anteriores da turma;

Ajustar a linguagem à realidade da turma e gerar uma empatia, para que os

alunos realmente se vejam naquela situação;

Ser apresentada de forma simples, clara, sucinta e precisa.

Para identificar, ou mesmo criar uma situação problema com estas características, o primeiro

passo consiste em conhecer a realidade em que o aluno está inserido.

Podemos tomar como base os seguintes questionamentos:

a. Quantos alunos eu tenho na turma?

Dependendo do tamanho que tem a turma, o horizonte de possibilidades aumenta ou diminui.

Se a turma for muito grande, por exemplo, fica difícil trabalhar com a resolução individual de

situações problema, alguns motivos que inviabilizariam esta ação são: o trabalho demanda

muito tempo e dedicação por parte do docente e do discente, se for utilizada uma situação

problema para cada aluno o professor dificilmente terá condições de orientar bem a todos ou ter

conhecimento pleno de todas as situações e possíveis resoluções.

b. Qual a faixa etária?

Cada faixa etária de alunos tem um tipo de interesse e/ou uma experiência de vida diferenciada.

É importante analisar este aspecto para auxiliar na possibilidade de assertividade da situação

problema proposta, adequando a linguagem e a sistemática de proposição, acompanhamento e

execução da proposta.

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c. Quantos alunos são do sexo feminino e quantos do sexo masculino?

d. Quantos estão trabalhando?

e. Em que tipos de empresa estão trabalhando?

f. Como é o desempenho da turma de alunos no dia-a-dia?

g. Quais são os assuntos que mais chamam a atenção da turma?

h. Quais são os recursos disponíveis e possíveis de utilização?

i. Qual é o tempo disponível para o trabalho com a situação proposta?

j. Qual é a importância do projeto para a formação dos alunos?

k. Quais são os pontos de maior relevância no projeto?

l. O que deve ficar mais presente no aprendizado dos alunos ao final da atividade proposta?

m. Como a metodologia de gestão por projetos pode nos auxiliar?

n. Como os conhecimentos sobre inovação e patentes podem auxiliar na identificação da situação

problema?

o. Como o conhecimento sobre as inteligências múltiplas pode subsidiar as minhas ações?

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O segundo passo é, a partir desses questionamentos encontrar o ponto necessário para

contextualizar a situação problema, tendo como intuito:

criar. uma. situação. motivadora. para. a. aprendizagem. e. relacionar. teoria. com. prática,.mostrando.o.que.o.conjunto.de.saberes.envolvidos.no.desafio. tem.a.ver. com.a.vida.(pessoal,.profissional.e.social),.porque.eles.são.importantes.e.como.aplicá-los.em.uma.situação.real..Para.isso,.é.preciso.vincular.conhecimentos,.habilidades.e.atitudes.a.serem.desenvolvidos.aos.lugares.e.momentos.onde.serão.aplicados..(SENAI,.Coordenadoria.de.Qualificação.Profissional/.COQUAP,.200�,.p..02).

Esta contextualização deve vir seguida do terceiro passo, o questionamento base da situação

problema a qual deverá refletir uma situação uma organização, que exija uma análise e busca

de alternativas variáveis de solução.

Deve-se lançar a situação problema como um desafio, algo que instigue a busca por novos

conhecimentos que auxiliem na resolução da problemática apresentada. Este desafio deve levar

à elaboração de um produto, processo, bem ou serviço.

Para tanto, deverá ser observado os “3Cs”:

Condição: representa as condições que serão disponibilizadas para que o

educando resolva a situação-problema.

Comportamento: representa a ação que será observada com a resolução da

situação-problema.

Critério: representa o padrão de desempenho esperado ou os indicadores que

serão utilizados para aferir o alcance da competência. (SENAI-DN)

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O trabalho com situações problemas, exige alguns critérios (SENAI/DN):

Na proposição do problema:

1. Propor tarefas abertas que admitam vários caminhos possíveis de resolução e, inclusive,

várias soluções possíveis, evitando as tarefas fechadas.

2. Modificar o formato ou a definição dos problemas, evitando que o aluno identifique uma

forma de apresentação com um tipo de problema.

3. Diversificar os contextos nos quais se propõem a aplicação de uma mesma estratégia,

fazendo com que o aluno trabalhe os mesmos tipos de problemas em diferentes momentos

do currículo, diante de conteúdos conceituais diferentes.

4. Propor tarefas não só com um formato acadêmico, mas também dentro de cenários

cotidianos e significativos para o aluno, procurando fazer com que o aluno estabeleça

conexões entre ambos os tipos de situações.

5. Adequar à definição do problema, as perguntas e a informação proporcionada aos

objetivos da tarefa, usando, em diferentes momentos, formatos mais ou menos abertos, em

função desses mesmos objetivos.

6. Usar os problemas com fins diversos durante o desenvolvimento ou seqüência didática

de um tema, evitando que as tarefas práticas apareçam como ilustração, demonstração ou

exemplificação de alguns conteúdos previamente apresentados ao aluno.

Durante a solução do problema:

1. Habituar o aluno a adotar as suas próprias decisões sobre o processo de resolução, assim

como a refletir sobre esse processo, dando-lhe uma autonomia crescente nesse processo de

tomada de decisões.

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2. Fomentar a cooperação entre os alunos na realização das tarefas, mas também incentivar

a discussão e os pontos de vista diversos, que obriguem a explorar o espaço do problema

para comparar as soluções ou caminhos de resolução alternativos.

3. Proporcionar aos alunos a informação que precisarem durante o processo de resolução,

realizando um trabalho de apoio, dirigido mais a fazer perguntas ou a fomentar nos alunos o

hábito de perguntar-se do que a dar resposta às perguntas dos alunos.

Após proposta a situação problema, inicia-se o trabalho de estruturação do projeto:

Analisar a situação problema proposta;

Elencar os aspectos relevantes do problema;

Analisar o contexto no qual está inserido o problema;

Hipóteses de caminhos para solução;

Fundamentação técnica/teórica;

Parecer técnico de viabilidade das hipóteses levantadas;

Resultado escolhido;

Etapas planejamento e implantação desta solução;

Construção da solução ou da dinâmica do produto e/ou simulação do serviço;

Implantação ou encaminhamento da solução para a empresa.

Na avaliação do problema:

1. Avaliar mais os processos de resolução seguidos pelo aluno do que a correção final da

resposta obtida. Ou seja, avaliar mais do que corrigir.

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2. Valorizar especialmente o grau em que esse processo de resolução envolve um

planejamento prévio, uma reflexão durante a realização da tarefa e uma auto-avaliação pelo

aluno do processo seguido.

3. Valorizar a reflexão e a profundidade das soluções alcançadas pelos alunos e não a

rapidez com que são obtidas.

Condução.de.trabalho.com.situação.problema.–.um.exemplo.proposto:

O professor, em conjunto com seus alunos, elege um tema para estudo, que pode ser um objeto

ou um processo de uma área de conhecimento correlata ao curso.

Após a eleição do tema, que chamaremos de tema gerador, a turma de alunos elencará os

possíveis pontos de vista sobre o tema, tais como curiosidades, formas de elaboração/fabricação,

etc., que chamaremos de tópico.

Então, será gerada uma equipe para cada tópico, que ficará responsável por pesquisar, analisar

e formular uma maneira interessante de ensinar aos demais como acontece o tópico.

O professor acompanhará cada etapa das pesquisas e da elaboração das oficinas/demonstrações

de cada tópico, e quando as pesquisas já estiverem bem avançadas, prepara-se um seminário, a

fim de que cada equipe socialize suas descobertas e planos.

Neste momento as equipes poderão se fundir ou se separar, dependendo das pesquisas e do

direcionamento que estiverem tomando cada uma das pesquisas de tópicos.

A partir deste momento, o professor deve estimular os alunos a refletir sobre as inovações

pesquisadas nos tópicos, a importância delas e qual inovação poderia ser proposta para produto/

processo/serviço, a ser projetado e elaborado.

Esta inovação será gerada e gestada pelos alunos, contando sempre com a mediação do professor,

e ao final, os projetos poderão ser expostos para a comunidade em geral, podendo optar por uma

exposição, feira de projetos, entre outros.

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Trabalhar com realidades estanques, fragmentadas, isoladas, dificultam a apropriação do con-

hecimento pelos alunos. A construção de uma visão contextualizada, a qual lhes permita uma

percepção sistêmica da realidade é uma abordagem muito mais própria, principalmente na edu-

cação profissional.

Nesse sentido, o docente deve lembrar-se que seu papel é o de mediador entre os ideais e as práticas,

bem como o de reconstrutor do conhecimento por meio de aprendizagens significativas e relevantes.

O docente, ao planejar o processo de ensino, deve prever, antecipar situações específicas e

considerar os interesses dos alunos. Segundo Weisz (2002), as atividades propostas pelo docente

devem reunir condições em que:

Os alunos utilizem e aprimorem seus conhecimentos;

Os alunos terão condições de resolver e tomar decisões em função do que se

propõem a produzir;

As competências trabalhadas devem manter suas características de objeto

sociocultural real, envolvendo a aprendizagem significativa e o contexto onde

os alunos estão inseridos.

O pressuposto “problemas a resolver” e “decisões a tomar”, tem como base a crença de que o

aluno só consegue avançar na sua aprendizagem quando tem bons problemas sobre os quais

pensar; portanto, aprende resolvendo problemas (SENAI/DN, 2006).

Trabalhar com situações problema e com projetos é ter consciência da incompletude do ser

humano, é projetar no mundo as próprias possibilidades, é fazer acontecer, é instigar a busca por

melhorias, pela inovação, pela solução de problemas.

6. Algumas Considerações FinaisSimone.Lucia.Maluf.Zanon.e.Thaise.Nardelli

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CRÉDITOS

Programa Inova SENAI/SESI

Coordenação - MSc. Sonia Regina Hierro Parolin

Técnico responsável por Ações de Empreendedorismo - MSc. Maricilia Volpato

Técnico responsável por Ações de Propriedade Intelectual - Heloisa Cortiani de

Oliveira

Consultor interno- Dr. Gilson Monteiro B. Fonseca

FIEP PR – Diretoria de Tecnologia de Gestão da Informação

Pedro Carlos Carmona Gallego

Coordenação de Educação a Distância

Roberto De Fino Bentes

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Equipe Técnica de elaboração

Revisão Geral – Tânia Regina Rover Virmond

Revisão – Profo José Carlos Klocker Vasconcellos Filho

Designers – Ana Célia Souza França

Priscila Bavaresco

Editoração – Ana Célia Souza França

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