InfoSMS 01 Dez2013
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Boletim Informativo mensal para os clientes da SMS Consultores Associados
I n f o
SMS
Dezembro de 2013 Ano 1, número 1
Números
Dez acidentes
graves ocorreram
nos estádios da
Copa, além de dois
em outros estádios
Seis acidentes
fatais registrados
nas obras dos
estádios da Copa do
Mundo desde 2011,
Seis outros
acidentes com
feridos
Nove dos 12
estádios para a
Copa registraram
acidentes de
trabalho
Doze acidentes
graves ocorreram
nestes estádios
desde 2011
Dois estádios
interditados pelo
Ministério Público do
Trabalho (Itaquerão
e Arena Amazônia)
Oito guindastes
interditados pelo
MTe no Itaquerão
R$ 10 bi é o custo
total estimado das
obras dos estádios
Acidentes nas Obras da Copa: Tragédia Anunciada? Gustavo Alcântara*
Faltam pouco mais de 100 dias para
o início da Copa do Mundo do Brasil,
que terá seu pontapé inicial no
estádio do Itaquerão, na zona leste
de São Paulo. Além dos tão
propalados atrasos e das quantias
nababescas investidas em obras de
infraestrutura e nos estádios das
cidades-sede, o que tem chamado
muito a atenção da opinião pública
nas últimas semanas são os graves
acidentes do trabalho ocorridos nas
obras das arenas que serão usadas
nos jogos.
Aos acidentes fatais ocorridos neste
mês e em março na Arena Amazônia, em Manaus (um operário morreu após
cair de uma altura de 35 metros, outro teve um mal súbito e ainda houve
uma queda de andaime) e no já citado Itaquerão, em novembro (queda de
um guindaste, que atingiu e matou dois trabalhadores), somam-se outros
ocorridos em junho de 2012 em Brasília, no estádio Mané Garrincha (queda
da cobertura do estádio), no Mineirão em julho de 2012 (mal súbito), além de
outras ocorrências graves no Maracanã (explosão de um barril, um ferido), no
Mané Garrincha (queda de estrutura de concreto, cinco feridos), na Arena
Pantanal (incêndio, sem feridos), na Arena Fonte Nova (queda de parte da
cobertura, sem feridos) e na Arena da Baixada (incêndio em subestação
elétrica, sem feridos). Somam-se a estes acidentes na Arena Palmeiras
(queda em altura de viga, um morto) e na Arena Grêmio (descarga elétrica na
troca de uma luminária, uma fatalidade).
Saldo total: 12 acidentes graves, que vitimaram 12 trabalhadores, seis deles
mortalmente nos últimos três anos. E isto tudo foi realmente devido a uma
série de “coincidências”, ou foi a crônica de uma tragédia anunciada?
Exceção... Ou Confirmação da Regra?
Mas será que estes acidentes tem realmente alguma conexão entre si, alguma
causa em comum? Mesmo com a evolução das técnicas, materiais e
equipamentos envolvidos na construção de grandes estádios, os acidentes
fatais nesse tipo de obra não são uma ocorrência rara, infelizmente.
Para começar, a maioria das obras foi realizada em toque de caixa (mesmo
sendo executadas pelas maiores construtoras do Brasil), pois deveriam estar
prontas ainda em 2013, por ocasião da Copa das Confederações. Milhares de
trabalhadores foram contratados para que o cronograma (e o orçamento) das
obras fosse cumprido, a grande maioria deles sem a devida qualificação e
experiência, especialmente em obras de grande porte. Essa necessidade de
SMS CONSULTORES ASSOCIADOS
MISSÃO
Agregar valor para nossos
clientes através de soluções
sustentáveis em Saúde, Meio
Ambiente e Segurança (SMS),
fazendo disto um diferencial
competitivo para a empresa,
clientes e para a sociedade
VISÃO
Sermos percebidos e
reconhecidos como uma
empresa diferenciada na
prestação completa de serviços
de Saúde, Meio Ambiente e
Segurança em Montes Claros e
no Norte de Minas Gerais
VALORES
Ética e Integridade
Responsabilidade
Foco na Necessidade do Cliente
Qualidade, Inovação e Diferenciação
Melhoria Contínua
Auto-sustentabilidade
Unidade Montes Claros
Rua Edmundo Dias 60, Centro
Montes Claros (MG)
CEP 39.400-099
Tel.: (38)3084- 7344
3082 9207 / 9198-7271
Unidade Janaúba
Av. Marechal Deodoro da
Fonseca 266, Centro
Janaúba (MG)
CEP 39.440-000
Tel.: (38)3821-3156
9868-9200
www.smsconsultores.com.br
contratação em massa certamente diminuiu o rigor da seleção da mão de
obra, o que por si só é um fator importante no que tange a segurança. Além
disso, greves por melhores condições de trabalho ocorreram em quase todos
os estádios, o que afetou significativamente os já apertados cronogramas.
Ademais, a necessidade de uma rápida contratação desta grande (e em sua
maioria, desqualificada) massa trabalhadora também exige que a capacitação
de segurança seja efetiva, o que não é o usual. São exigidos, por exemplo,
treinamentos da NR-06, NR-18 (6 h/a) e NR-35 (8 h/a), e ainda treinamentos
específicos: treinamento customizado por máquina/equipamento (NR-12),
para Espaços Confinados (NR-33, 16 h/a ou 40 h/a) e para Segurança em
Eletricidade (NR-10, 40 h/a). Fora as exigências de treinamento das outras
normas e em procedimentos internos.
Os órgãos públicos atuaram em todas as obras, mas o descumprimento às
normas de segurança também foi generalizado. Para se ter uma noção, só na
Arena Amazônia houve 184 autos de infração desde 2010, e 63 dos 64 itens
do TAC assinado com o MPT foram descumpridos. Houve ainda jornadas
prolongadas (por exemplo, o operador do guindaste que tombou no Itaquerão
chegou a trabalhar 18 dias ininterruptos durante a obra; na Arena Amazônia,
as jornadas se estendiam em até 18 horas de trabalho/dia!).
Recomendações da SMS para nossos clientes
Considerar, como parte do processo de Recrutamento e Seleção dos
trabalhadores, a análise do perfil de segurança do candidato,
realizando exames médicos (ocupacionais e de capacitação) específicos
para cada cargo, inclusive com avaliação de fatores psicossociais;
Garantir a realização do treinamento de integração para os novos
contratados, respeitando a carga horária mínima regulamentar,
inclusive com treinamento conceitual e prático, quando necessário;
Elaborar o PCMAT da obra de forma consistente e integrada às
atividades de gestão de produção, com foco em i) papéis e
responsabilidades; ii) projetos de proteções coletivas e especificações
de proteções individuais, considerando inclusive inovações
tecnológicas; iii) inventário de fatores de risco; e iv) Plano de SSO da
Obra (PSSO), em conformidade com o cronograma físico de execução;
Elaborar Análises de Riscos (ARs) para todas as atividades críticas;
igualmente elaborar ARs para a operação de cada máquina /
equipamento, com uma sistemática de inspeção e manutenção destes;
Estabelecer uma matriz de treinamentos de segurança por
cargo/função, levando em consideração tais Análises de Riscos;
Garantir a presença sistemática de profissionais de SSO na área de
trabalho (shopfloor), para acompanhamento e orientar a força de
trabalho e a liderança, em especial nas atividades mais críticas;
Controle rigoroso de jornadas de trabalho, evitando horas extras e
trabalho noturno e aos finais de semana;
Estabelecer um sistema efetivo de qualificação de segurança para
empresas contratadas, incluindo análise documental e avaliação de
desempenho in loco;
Implantar sistemática de auditorias técnicas de SSO, para avaliar o
atendimento aos requisitos legais e outros requisitos de SSO na obra.
*Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, Coordenador Técnico da SMS Consultores Associados.
Na próxima edição: A polêmica em torno da NR-12