Informe Psicopedagógico Do Aprendente V

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INFORME PSICOPEDAGÓGICO DO APRENDENTE V.S.R. Motivo da avaliação: A orientadora da escola de Vitor busca avaliação psicopedagógica, com o objetivo de auxilia-lo em suas dificuldades na aprendizagem. Segundo relato da orientadora e da avó, V. apresenta problemas na realização das tarefas escolares, tem dificuldades na leitura e na escrita. A avó relata que V. frequentemente apresenta mudanças de humor e comportamento inadequado ao lidar com ela, informa ainda que o menino sente muito a falta da mãe. LEITURA: Na prova de decodificação de palavras V. apresenta dificuldade acentuada. Não consegue identificar todas as sílabas, faz confusão entre as letras efetuando troca de fonemas/grafemas. Não realiza leitura silenciosa nem oral. Síntese: Dificuldade acentuada na leitura. ESCRITA: Grafia: Preensão adequada do lápis. A folha verticalmente em direção ao corpo, determinando adequada sinergia articular. V. é canhoto e apresenta bastante habilidade no uso da mão esquerda. (recorte). Ortografia: Na prova do Inventário Alfabético consegue identificar a maioria das letras com lentidão efetuando a troca do N pelo M G pelo P T pelo F A pelo O, se confunde ao escrever palavras acrescentando letras. Ao solicitar que ordenasse o alfabeto apresentou dificuldades informando ter esquecido o nome das letras. Não reconheceu as letras L e Q. Par educativo Produção textual: Solicitado a desenhar a pessoa que ensina e a pessoa que aprende, desenha: Uma professora Maria de 20 anos e Victor de 7 anos. Verbaliza que esse “Victor” não é ele, esse tem o “C” no nome, é outro menino e ele ainda não aprendeu a ler, mas vai aprender. Ambos estão no ambiente da sala de aula próximo ao quadro que não aparece no desenho, ocupa a margem inferior direita da folha para o desenho. O texto que escreve sobre o Par Educativo é o seguinte: SEM TÍTULO Não escreveu nada, apenas relatou verbalmente o que estava acontecendo. Síntese: V. apresenta dificuldades importantes no processo de leitura e escrita, bem como, trocas de letras, e a não identificação de algumas, não apresenta uma produção textual sintética. NÍVEL DE PENSAMENTO: Os dados levantados a partir de algumas técnicas piagetianas de investigação do desenvolvimento das estruturas cognitivas permitem inferir que Vitor, no que se refere à construção da noção de conservação da quantidade de matéria, apresenta respostas indicativas de um nível inicial pré-operatório intuitivo articulado, ou seja, num nível 2 - de transição, ora conserva, ora não conserva; no que se refere à seriação, observa que realiza com imprecisão, no que se refere à construção da estrutura de classificação com mudança de critério dicotomia, as condutas são intermediárias, reunindo os elementos por critério de cor e tamanho, no que se refere à inclusão de classes obtendo êxito. Qualitativamente, observou-se que Vitor realizou com presteza as atividades solicitadas, teve curiosidade sobre o material, teve um ritmo acelerado na resolução das proposições, demonstrou insegurança na realização das mesmas.

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pSICOPEDAGOGIA

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  • INFORME PSICOPEDAGGICO DO APRENDENTE V.S.R.

    Motivo da avaliao: A orientadora da escola de Vitor busca avaliao psicopedaggica, com o objetivo de

    auxilia-lo em suas dificuldades na aprendizagem.

    Segundo relato da orientadora e da av, V. apresenta problemas na realizao das tarefas

    escolares, tem dificuldades na leitura e na escrita. A av relata que V. frequentemente apresenta

    mudanas de humor e comportamento inadequado ao lidar com ela, informa ainda que o menino

    sente muito a falta da me.

    LEITURA:

    Na prova de decodificao de palavras V. apresenta dificuldade acentuada. No consegue

    identificar todas as slabas, faz confuso entre as letras efetuando troca de fonemas/grafemas. No

    realiza leitura silenciosa nem oral.

    Sntese: Dificuldade acentuada na leitura.

    ESCRITA: Grafia: Preenso adequada do lpis. A folha verticalmente em direo ao corpo,

    determinando adequada sinergia articular. V. canhoto e apresenta bastante habilidade no uso da

    mo esquerda. (recorte).

    Ortografia: Na prova do Inventrio Alfabtico consegue identificar a maioria das letras

    com lentido efetuando a troca do N pelo M G pelo P T pelo F A pelo O, se confunde ao escrever palavras acrescentando letras. Ao solicitar que ordenasse o alfabeto apresentou

    dificuldades informando ter esquecido o nome das letras. No reconheceu as letras L e Q.

    Par educativo Produo textual: Solicitado a desenhar a pessoa que ensina e a pessoa que aprende, desenha: Uma professora Maria de 20 anos e Victor de 7 anos. Verbaliza que esse

    Victor no ele, esse tem o C no nome, outro menino e ele ainda no aprendeu a ler, mas vai aprender. Ambos esto no ambiente da sala de aula prximo ao quadro que no aparece no desenho,

    ocupa a margem inferior direita da folha para o desenho.

    O texto que escreve sobre o Par Educativo o seguinte:

    SEM TTULO

    No escreveu nada, apenas relatou verbalmente o que estava acontecendo.

    Sntese: V. apresenta dificuldades importantes no processo de leitura e escrita, bem como, trocas de

    letras, e a no identificao de algumas, no apresenta uma produo textual sinttica.

    NVEL DE PENSAMENTO: Os dados levantados a partir de algumas tcnicas piagetianas de investigao do

    desenvolvimento das estruturas cognitivas permitem inferir que Vitor, no que se refere construo

    da noo de conservao da quantidade de matria, apresenta respostas indicativas de um nvel

    inicial pr-operatrio intuitivo articulado, ou seja, num nvel 2 - de transio, ora conserva,

    ora no conserva; no que se refere seriao, observa que realiza com impreciso, no que se

    refere construo da estrutura de classificao com mudana de critrio dicotomia, as

    condutas so intermedirias, reunindo os elementos por critrio de cor e tamanho, no que se

    refere incluso de classes obtendo xito. Qualitativamente, observou-se que Vitor realizou com

    presteza as atividades solicitadas, teve curiosidade sobre o material, teve um ritmo acelerado na

    resoluo das proposies, demonstrou insegurana na realizao das mesmas.

  • Concluindo, os dados apontam para construes que se situam predominantemente num

    nvel de transio entre o pr-operatrio e operatrio-concreto. Isso tambm se evidencia na

    realizao dos clculos matemticos.

    Sntese: Nas provas de nvel de pensamento V. apresentou desempenho num nvel intermedirio, as

    respostas apresentam oscilaes, instabilidade ou no so completas. Em um momento conserva em

    outro no.

    MATEMTICA: No teste de problemas matemticos de Stein, que envolvem distratores lingusticos,

    demonstrou pequenas falhas na realizao das operaes de adio, as respostas no foram corretas

    pelos problemas nos clculos.

    Sntese: Demonstra interesse e gosto pelos nmeros e pelas contas, porm ainda apresenta

    dificuldades na construo do nmero.

    DESEMPENHO ESCOLAR: De acordo com a anlise do material escolar evidencia-se, falta de cuidado com seus

    cadernos, apresentam desenhos coloridos, adesivos, alguns espaos em branco e orelhas nos

    cadernos, letra variada, omisses de letras e trocas. Realiza cpia do quadro e por falta de

    organizao espacial e temporal comete falhas e apresenta atividades incompletas. No realiza os

    temas de casa.

    CONDUTA DURANTE A AVALIAO: Demonstrou-se sempre participativo e disponvel. Ora entusiasmo, ora apreensivo, apesar de

    no revelar suas emoes.

    SNTESE: Indica-se atendimento psicopedaggico voltado s questes de lecto-escrita e

    desenvolvimentos das habilidades de construo do clculo.

    6. PROPOSTA DE INTERVENO

    Aps ter realizado as sesses diagnsticas e o fechamento do diagnstico em um segundo

    momento a criana/jovem poder ser submetido ao tratamento que varia de acordo com a origem do

    problema. Assim sendo possvel que se torne necessrio apenas a interveno psicopedaggica, ou

    tambm a interveno de outros profissionais, a exemplo de psiclogos, de fonoaudilogos, e

    demais especialistas. Outra possibilidade unir o acompanhamento psicopedaggico a um desses

    profissionais ou a mais de um. importante ressaltar que em alguns casos os pais e ou a famlia

    tambm devem passar por algum processo teraputico.

    O acompanhamento psicopedaggico parte das questes investigadas no diagnstico. Atravs

    de atividades variadas pretende-se vencer os obstculos que se impem ao processo de

    aprendizagem para que a criana possa retom-lo com maior autonomia e sucesso. O trabalho

    psicopedaggico visa desencadear novas necessidades, de modo a provocar o desejo de aprender e

    no somente uma melhoria no rendimento escolar. Durante o acompanhamento so estabelecidos

    contatos peridicos com a equipe escolar (coordenador e professores) e responsveis pela criana,

    visando maior integrao entre terapeuta-escola-famlia.

    Segundo Feurstein, Rand, Hoffman e Miller (1980), as experincias vividas durante o

    processo de mediao permitem criana modificar as suas estruturas cognitivas, e,

    consequentemente, adaptar-se a novos modos de funcionamento. A plasticidade cognitiva varia em

    grau de uma criana para outra, e est diretamente relacionada capacidade individual de se

    beneficiar da ajuda recebida durante o processo de mediao.

    A interveno psicopedaggica dirigida criana com dificuldade de aprendizagem visa

    promover ajuda continuada criana, na medida em que representa uma situao protegida de

  • ensino-aprendizagem, com objetivo de dessensibilizar a criana, diminuindo a ansiedade frente

    tarefa de aprender e propiciar o desenvolvimento de habilidades e transmitir conhecimentos

    (Linhares, 1998b). Dessa forma, a interveno psicopedaggica pode ampliar a possibilidade de

    detectar recursos potenciais cognitivos da criana, muitas vezes encobertos por situaes aversivas

    de ensino experimentadas anteriormente.