INFORME DE PESQUISA 1997 – 2003 - ceplacpa.gov.br · avaliaÇÃo de clones de cacau na amazÔnia...

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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA SUPERINTENDÊNCIA DO ESTADO DO PARÁ SERVIÇO DE PESQUISA INFORME DE PESQUISA 1997 – 2003 BELÉM – PARÁ 2009

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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA

SUPERINTENDÊNCIA DO ESTADO DO PARÁSERVIÇO DE PESQUISA

I N F O R M E D E P E S Q U I S A 1997 – 2003

BELÉM – PARÁ2009

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA

SUPERINTENDÊNCIA DO ESTADO DO PARÁServiço de Pesquisa

INFORME DE PESQUISA

1997 - 2003

Belém, Pará, Brasil2009

Apresentação

O Informe de Pesquisa é um dos meios de divulgação das pesquisas realizadas pelo Serviço de Pesquisa da CEPLAC. Neste particular, reúne todos os resultados parciais das pesquisas em andamento num dado período, no Estado do pará.

Cabe ao Serviço de Pesquisa, o desenvolvimento de pesquisa e experimentação agrícola, com a finalidade precípua do aumento da eficiência e da eficácia em prol do desenvolvimento sustentável das regiões produtoras de cacau, com vista à promoção sócio-econômica dos agricultores envolvidos na atividade.

Para o alcance dos objetivos, vários subprojetos de pesquisa foram ou estão sendo executados nas mais diversas áreas do conhecimento científico, sendo aqui apresentados, resumidamente, os principais resultados obtidos no período de 1997 a 2003.

SumárioAGRONOMIA E SISTEMAS AGROFLORESTAIS.....................................................................10

LEVANTAMENTO DE DADOS CLIMÁTICOS DOS PÓLOS CACAUEIROS DA AMAZÔNIA: MEDICILÂNDIA, PARÁ......................................................................................................................11

EFEITOS DO ESPAÇAMENTO NO DESENVOLVIMENTO, PRODUÇÃO E INCIDÊNCIA DE DOENÇAS E PRAGAS DO CACAUEIRO...........................................................................................15

SISTEMA DE ENRIQUECIMENTO DE CACAUAIS SAFREIROS COM O MOGNO (Swietenia macrophylla KING.)...............................................................................................................................22

DINÂMICA DE NUTRIENTES EM AGROSSISTEMAS COM CACAUEIROS (Theobroma cacao L.) NA AMAZÔNIA ORIENTAL...............................................................................................................24

CRESCIMENTO DE ESPÉCIES EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL TIPO “ALLEY-CROPPING”, EM ALTA FLORESTA, MT....................................................................................26

FITOPATOLOGIA..........................................................................................................................28EFEITO DO ÓLEO DE Piper aduncum NO DESENVOLVIMENTO DE SINTOMAS DA VASSOURA EM MUDAS DE CACAUEIROS....................................................................................29

EFEITO DO ÓLEO DE Piper aduncum NA INFECÇÃO DE FRUTOS DE.........................................29

EFEITO INIBITÓRIO DE ALGUNS ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTAS.......................................30

EFEITO DE FONTES DE NITROGÊNIO E DE FÓSFORO APLICADAS VIA FOLIAR NO CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA EM FRUTOS DE CACAU............................................32

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS PROTETIVO E CURATIVO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Piper aduncum SOBRE A VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO,....................................................33

EFEITO DO ÓLEO DE Piper aduncum NO CONTROLE EM PÓS-COLHEITA..............................35

EFEITO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE Piper spp. SOBRE Crinipellis perniciosa, Phytophthora palmivora e Phytophthora capsici...........................................................................................................37

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE PIPERÁCEAS E DETERMINAÇÃO DE SEUS PRINCIPAIS CONSTITUINTES QUÍMICOS..................................40

INIBIÇÃO DE FUNGOS FITOPATOGÊNICOS POR MEIO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS.................42

EFEITO DE SUBPRODUTOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE Piper aduncum NO CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO......................................................................................43

EFEITO DO RESÍDUO FOLIAR DE Piper aduncum NO DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE CACAU............................................................................................................................................46

ATIVIDADE FUNGICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon nardus PARA Crinipellis perniciosa ISOLADO DO CACAUEIRO...............................................................................................49

EFEITO DO ECOLIFE-40 NO CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA......................................51

PARASITISMO DE Hypomyces sp. AO Crinipellis perniciosa.............................................................54

BIOCONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO PELO........................................56

AÇÃO DE Trichoderma stromaticum sp. nov. SOBRE A PRODUÇÃO DE BASIDIOMAS DE Crinipellis perniciosa EM VASSOURAS DE CUPUAÇUZEIRO.........................................................59

EFEITO DE Trichoderma stromaticum SOBRE A INFECÇÃO DE FRUTOS DE CACAU.................61

PODRIDÃO DE FRUTOS DE PITANGUEIRA (Eugenia uniflora L.) CAUSADA POR Mucor sp. E AVALIAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS PARA SEU CONTROLE...................................................62

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE CACAUEIRO RESISTENTES A Crinipellis perniciosa..................63

AVALIAÇÃO DE CLONES DE CACAU NA AMAZÔNIA BRASILEIRA EM RELAÇÃO À (I) PRODUÇÃO E PERDAS DE FRUTOS POR DOENÇAS E À (II) INCIDÊNCIA DE VASSOURA-DE- BRUXA EM LANÇAMENTOS E ALMOFADAS FLORAIS - QUADRAS 1 e 6 DO BAG DA CEPLAC – ERJOH................................................................................................................................64

AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE Theobroma cacao .................................................78

INTERAÇÃO ADUBAÇÃO X CONTROLE CULTURAL / QUÍMICO DA VASSOURA-DE-BRUXA NA PRODUTIVIDADE DO CACAUEIRO EM RONDÔNIA..............................................80

BACIAS HIDROGRÁFICAS COM MAIOR NÚMERO DE CLONES SELECIONADOS PARA PRODUTIVIDADE E RESISTÊNCIA..................................................................................................86

“SCREENING” PARA OBTENÇÃO DE GENÓTIPOS DE Theobroma cacao RESISTENTES À Crinipellis perniciosa, TRANSFERÊNCIA E AVALIAÇÃO NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE OURO PRETO D’OESTE (RO)............................................................................................................89

GENÉTICA.....................................................................................................................................91ANÁLISE DA DIVERSIDADE GENÉTICA DE GERMOPLASMA DE THEOBROMA CACAO L. DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR MICROSSATÉLITES..............................................................92

CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DOS RECURSOS GENÉTICOS DO CACAUEIRO.........................................................................................................................................99

FORMAÇÃO DE BANCO ATIVO DE GERMOPLASMA, AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE CUPUAÇUZEIRO Theobroma grandiflorum SCHUM.NA AMAZÔNIA BRASILEIRA.................126

SOCIOECONOMIA......................................................................................................................131CRÉDITO RURAL PARA O CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA (Crinipellis perniciosa): CUSTEIO OU INVESTIMENTO?......................................................................................................132

A AMAZÔNIA COMO SAÍDA PARA A CRISE DA CACAUICULTURA NACIONAL.................134

O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS E A CONTABILIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE.........135

COMERCIALIZAÇÃO DE CACAU EM AMÊNDOAS NA AMAZÔNIA: ECONOMIA AGRÍCOLA PARA O PEQUENO PRODUTOR......................................................................................................135

PREÇO DO CACAU EM AMÊNDOAS NO ESTADO DO PARÁ, 1989-1998: UMA ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS ESTADOS DE RONDÔNIA E BAHIA..................................................136

A CADEIA PRODUTIVA DO CACAU E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA GERAÇÃO DE EMPREGOS NA AMAZÔNIA............................................................................................................138

A CACAUICULTURA NA TRANSAMAZÔNICA VERSUS PRESERVAÇÃO AMBIENTAL......138

AVALIAÇÃO FINANCEIRA DE DOIS MODELOS DE EXPLORAÇÃO EXTRATIVISTA DE FLORESTAS DE VÁRZEA DO RIO TOCANTINS, ESTADO DO PARÁ.......................................139

CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTOR RURAL CLIENTE DO FNO/PRODEX DAS VÁRZEAS DO RIO TOCANTINS NO ESTADO DO PARÁ......................................................................................139

A CACAUICULTURA NA AMAZÔNIA ORIENTAL: UMA SÍNTESE DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS......................................................................................................................................140

A MÃO-DE-OBRA FAMILIAR COMO RESPONSÁVEL PELA CONDUÇÃO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ...................................................................................141

ADMINISTRAÇÃO DO CRÉDITO RURAL E A CACAUICULTURA NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CUSTOS E OPERACIONALIZAÇÃO..........................................................................142

A CACAUICULTURA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: POTENCIALIDADES, ABRANGÊNCIA E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO....................................................................................................144

CUSTO DE PRODUÇÃO DAS SEMENTES HÍBRIDAS PRODUZIDAS PELA CEPLAC NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL “PAULO DIAS MORELLI”, MEDICILÂNDIA, ESTADO DO PARÁ..............................................................................................................................................................146

PESQUISA EM BENEFÍCIO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS..............................................149

ESTUDO ECÔNOMICO DE QUATRO MODELOS AGROFLORESTAIS COM CACAUEIROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA................................................................................................................150

ATIVIDADES AGRÍCOLAS DAS VÁRZEAS DO TOCANTINS E SEUS INDICADORES AGROSÓCIOECONÔMICOS.............................................................................................................153

CONTABILIDADE AGRÍCOLA PARA PEQUENOS PRODUTORES: UM PROCESSO INTERATIVO DE ADMINISTRAÇÃO RURAL...............................................................................157

AVALIAÇÃO DE MODELOS DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS ESTABELECIDOS EM PEQUENAS PROPRIEDADES CACAUEIRAS SELECIONADAS NOS MUNICÍPIOS DE TOMÉ-AÇU E ACARÁ, ESTADO DO PARÁ................................................................................................158

A CACAUICULTURA AMAZÔNICA: UM NEGÓCIO INDISPENSÁVEL NO CONTEXTO NACIONAL.........................................................................................................................................161

A TRIBUTAÇÃO VIA IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS) PARA O CACAU EM AMÊNDOAS COMERCIALIZADO NO ESTADO DO PARÁ.....................161

LEILÃO ELETRÔNICO COMO FORMA DE COMERCIALIZAR CACAU NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DE CASO NOS MUNICÍPIOS DE MEDICILÂNDIA E URUARÁ NO ESTADO DO PARÁ...................................................................................................................................................162

A PRODUÇÃO DE CACAU NA REGIÃO DA TRANSAMAZÔNICA: UM ESTUDO DE CASO SOB O PONTO DE VISTA DA AGRICULTURA FAMILIAR..........................................................162

FINANCIAMENTO PARA PEQUENOS PRODUTORES DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart.) NO ESTUÁRIO DO RIO AMAZONAS E O VIÉS DO TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA -T.A.C. .................................................................................................................................................163

A AÇÃO ESPECULATIVA DOS FUNDOS HEDGE E DE COMMODITIES..................................164

A CADEIA GLOBAL DA INDÚSTRIA DE CHOCOLATE:.............................................................178

CACAU ORGÂNICO NA TRANSAMAZÔNICA: UMA VOCAÇÃO NATURAL OU CONSEQUÊNCIA DA GLOBALIZAÇÃO? ......................................................................................193

CACAUICULTURA: CONTRIBUIÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICO-SOCIAL NA ÁREA DA TRANSAMAZÔNICA NO ESTADO DO PARÁ ......................................................196

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DOPARÁ: ...............................................196

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE ACARÁ – 1999......................................................................................................................................................200

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE ALENQUER – 1999...................................................................................................................................................201

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ:...............................................201

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE BRASIL NOVO (PA) – 1999..............................................................................................................................204

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE CASTANHAL (PA) – 1999..........................................................................................................................................208

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE ITAITUBA (PA) – 1999..........................................................................................................................................208

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE MEDICILÂNDIA (PA) – 1999............................................................................................................211

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE SANTA ISABEL (PA) – 1999...........................................................................................................................215

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU (PA) – 1999..........................................................................................................................................215

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE TRAIRÃO (PA) – 1999..........................................................................................................................................219

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE TUCUMÃ (PA) – 1999..........................................................................................................................................222

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE RURÓPOLIS (PA) – 1999..........................................................................................................................................223

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO MATO GROSSO: MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA (MT) - 1999..........................................................................................................226

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO MATO GROSSO: MUNICÍPIO DE PARANAÍTA (MT) - 1999 .................................................................................................................229

PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DE EXPANSÃO DA CACAUICULTURA NO ÂMBITO DA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA AMAZÔNIA ORIENTAL - SUPOR ...............................230

SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DA CACAUICULTURA NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO ESCRITÓRIO LOCAL DE TUCUMÃ, PARÁ ............................................................................231

REGIÃO DA TRANSAMAZÔNICA: UMA ALTERNATIVA PARA RECOLOCAR O BRASIL ENTRE OS MAIORES PRODUTORES DE CACAU DO MUNDO .................................................235

SOLOS...........................................................................................................................................239MODIFICAÇÕES NOS TEORES DE NUTRIENTES NOS TECIDOS VEGETATIVOS DE Theobroma spp. INFECTADOS COM Crinipellis perniciosa..............................................................240

ASPECTO NUTRICIONAL DOS ISOLADOS DE Crinipellis Perniciosa DA AMAZÔNIA BRASILEIRA.......................................................................................................................................243

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE HÍBRIDOS DE CACACUEIRO REMANESCENTES DA ÁREA DA ERJOH......................................................................................245

EFEITO DE FERTILIZANTE COMERCIAL CONTENDO FITO-HORMÔNIOS NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE CACAUEIRO...................................................................247

SILÍCIO E Theobroma Cacao..............................................................................................................249

GUIA DE SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS DE PIMENTA–DO–REINO (Piper nigrum)................253

Deficiência de Nitrogênio.....................................................................................................................254

LEVANTAMENTO SEMIDETALHADO E APTIDÃO AGRÍCOLA DOS SOLOS DO PROJETO DE ASSENTAMENTO PROGRESSO......................................................................................................257

AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES EDÁFICAS EM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO SUBMETIDO A DIFERENTES MANEJOS.......................................................................................261

LEVANTAMENTO DE SOLOS DO CAMPO DE PRODUÇÃO DE SEMENTES DE CACAUEIROS DE TUCUMÃ, PARÁ..........................................................................................................................265

INFLUÊNCIA DA TEXTURA NA COMPACTAÇÃO DE AMOSTRAS DE LATOSSOLOS AMAZÔNICOS...................................................................................................................................270

PRODUÇÃO DE LITEIRA E TEORES DE NUTRIENTES DE TATAPIRIRICA (Tapirira guianensis Aubl.) EM UM ECOSSISTEMA DA AMAZÔNIA ORIENTAL........................................................277

FLUXO DE LITEIRA E TEORES DE NUTRIENTES DE EUCALIPTO (Eucalyptus Citriodora Hook.) EM UM ECOSSISTEMA DA AMAZÔNIA ORIENTAL.......................................................279

AGRONOMIA E SISTEMAS AGROFLORESTAIS

LEVANTAMENTO DE DADOS CLIMÁTICOS DOS PÓLOS CACAUEIROS DA AMAZÔNIA: MEDICILÂNDIA, PARÁ

Ruth Maria Cordeiro Scerne

Na década de setenta, a Amazônia foi contemplada com uma meta de expansão da cacauicultura nacional no montante de 160.000 ha, distribuídos em pólos, de acordo com critérios socioeconômicos e ambiental.

Medicilândia (PA), pela área plantada com cacaueiros, 1.356 ha, constitui-se no ponto representativo do pólo cacaueiro de Altamira, sendo o principal pólo da Amazônia Oriental. Apresentamos, a seguir, os dados climáticos relativos aos anos de 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003.O componente mais importante do clima é a precipitação pluvial, junto com a radiação global. Na Amazônia, onde as chuvas são abundantes, a precipitação pluvial se constitui no parâmetro meteorológico que apresenta a maior variação, ocorrendo um período de grande concentração de chuva, denominado estação chuvosa, e outro com menor índice pluviométrico, denominado estação seca, com ocorrência de precipitações pluviais esparsas.

A Tabela 1 apresenta os dados mensais da precipitação pluvial e o número de dias com ocorrência de chuva em Medicilândia (PA) nos anos de 1997 a 2003. Observa-se que o ano de 2000 apresentou índice pluviométrico anual mais elevado, 2.901,4 mm, coincidindo com o ano de maior ocorrência de dias com chuva, 195 dias. O ano de 1998 foi o de mais baixo total anual, 1.243,1 mm, entretanto não apresentou o menor número de dias com chuva.O ano de 2000, se comparado com toda a série de dados existentes (1983 a 2003), em índice pluviométrico anual, perde somente para o ano de 1985, o qual apresentou um total de chuva anual de 3.140,9 mm, o que pode ser verificado na Figura 1.

MÊS 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

(a) (b) (a) (b) (a) (b) (a) (b) (a) (b) (a) (b) (a) (b)

jan. 328,8 19 198,3 16 277,5 21 483,3 24 394,5 26 253,2 22 167,8 15

fev. 181,6 15 151,7 14 230,1 18 501,0 23 371,9 23 132,0 17 369,2 20

mar. 304,0 21 236,6 22 370,9 24 396,7 27 316,4 27 262,4 24 354,2 26

abr. 308,2 16 153,2 18 268,0 23 420,2 25 219,7 20 515,7 22 420,6 22

mai. 121,9 10 139,5 13 383,5 20 252,6 18 170,2 18 156,9 15 226,7 17

jun. 19,0 3 29,3 5 60,0 12 168,4 15 206,0 20 111,7 8 118,9 14

jul. 4,8 1 78,0 9 22,6 4 159,5 14 38,0 7 36,6 5 80,1 5

ago. 42,1 4 29,0 6 21,6 6 35,6 9 0,8 1 21,8 4 97,8 9

set. 52,2 5 66,1 7 99,1 11 132,9 13 158,8 12 28,6 6 112,0 10

out. 22,7 4 13,2 2 84,1 9 98,0 9 62,6 7 73,4 6 181,5 11

nov. 33,1 5 83,2 7 72,0 8 172,6 9 34,4 4 111,6 8 98,8 8

dez. 123,0 9 65,0 9 102,9 8 80,6 9 38,6 3 133,4 11 96,6 12

Total 1541,4 112 1243,1 128 1992,3 164 2901,4 195 2011,9 168 1837,3 148 2324,2 169 OBS.: Incluiram-se apenas os dias com precipitação pluvial a partir de 1,0 mm.

Tabela 1 - Valores mensais da precipitação pluvial, em milímetros, (a) e do número de dias com ocorrência de chuva (b) em Medicilândia(PA), nos anos de 1997 a 2003.

Figura 1- Total de precipitação pluviométrica nos anos de 1983 a 2003 em Medicilândia-PA

As Figuras 2 e 3 demonstram a variação mensal da precipitação pluvial média do período 1983 a 2003 e os valores absolutos máximos e mínimos mensais de chuva ocorridos ao longo desse mesmo período. Comparando com os valores absolutos mensais ocorridos nos anos de 1997 a 2003, verifica-se que no ano de 2000 a curva da chuva se manteve, ao longo dos meses, acima dos valores médios do período de 1983-2003, exceto nos meses de agosto e dezembro.A Figura 4 apresenta a variação mensal do número de dias com ocorrência de chuva, média do período de 1993-2003, comparada com os valores mensais ocorridos nos anos em estudo. Observa-se que a curva do número de dias com ocorrência de chuva referente ao ano de 2000 manteve-se

Figura 2- Variação mensal da precipitação pluvial média do período 1983-2003 comparada com os valores ocorridos nos anos de 1997, 1998 e 1999 em Medicilândia-PA.

13

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Precipitação Pluvial (mm)

MESESFigura 3 - Variação mensal da precipitação pluvial, média do período 1983-2003 comparado com os valores

ocorridos nos anos 2000, 2001, 2002 e 2003, em Medicilândia-PA

MAX

MIN

MÉDIA

2000

2001

2002

2003

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Número de dias com ocorrência de chuva

MESES

Figura 4 - Variação mensal do número de dias com ocorrência de chuva, média do período 1983-2003 comparado com os valores mensais ocorridos nos anos de 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003 em Medicilândia-PA

1997199819992000200120022003MÉDIA

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EFEITOS DO ESPAÇAMENTO NO DESENVOLVIMENTO, PRODUÇÃO E INCIDÊNCIA DE DOENÇAS E PRAGAS DO CACAUEIRO

Augusto Olimpio da Silva Santos, Jay Wallace da Silva e Mota e Moisés Moreira dos Santos

O programa de cacau na Amazônia brasileira foi estabelecido, em grande parte, com um sistema de produção adaptado daquele empregado na região cacaueira da Bahia. Os espaçamentos utilizados foram principalmente 3,0 X 3,0m, e, em alguns casos, especificamente em Rondônia e Tomé-Açu-PA, 2,5 X 2,5m.

O vigor vegetativo do cacaueiro nas conduções ambientais da Amazônia e o método de controle fitossanitário da vassoura-de-bruxa vêm provocando mudanças no sistema de manejo do cacaueiro.

A severidade da doença vassoura-de-bruxa pode ser influenciada pelo espaçamento. Resultados de experimentos realizados sobre o assunto têm provocado algumas controvérsias. Espaçamentos menores dificultam o controle da doença, enquanto que espaçamentos maiores favorecem a eficácia do controle fitossanitário. Em consequência deste fato, existe na região interesse pela adoção de maiores espaçamentos na lavoura de cacau. Por outro lado, a literatura mundial mostra uma forte tendência à utilização de espaçamentos menores, visando à obtenção de maiores produtividades nos primeiros anos da cultura.

Os cacauicultores na Amazônia, por iniciativa própria, estão adotando práticas diferenciadas de manejo, tais como desbaste de plantas para aumento do espaçamento em Tomé-Açu-PA, e eliminação do sombreamento em Rondônia. Em princípio, a eliminação do sombreamento tem provocado aumento na incidência de pragas no cacaueiro. Entretanto, os efeitos destas práticas em relação aos demais aspectos fitossanitários, produção, fenologia, custos de produção, alterações ambientais, etc., são pouco conhecidos.

O objetivo principal do projeto é determinar a influência do espaçamento no desenvolvimento, produção e estado fitossanitário do cacaueiro.

O experimento encontra-se instalado na Estação Experimental “Paulo Dias Morelli”- ESPAM, localizada no município de Medicilândia-PA. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com três repetições e sete tratamentos (espaçamentos), a seguir: 2,0 X 2,0m; 2,0 X 2,0 X 4,0m (filas duplas de 2 X 2m com intervalo de 4 m entre as mesmas); 2,0 X 4,0m; 3,0 X 3,0m; 2,5 X 2,5m; 3,0 X 4,0m; e 4,0 X 4,0m. Adicionalmente, dentro de cada tratamento, estão sendo avaliados 4 materiais genéticos que foram dispostos aleatoriamente em cada parcela ( PA-121 x MA-15; P-7 x CAB-17; P7 x SIAL-505 e MA-15 x MO- 1).

O experimento avaliará nos cacaueiros as seguintes variáveis: desenvolvimento vegetativo; produção; incidência de doenças e pragas; e custos de produção.

Efeito do espaçamento sobre a mortalidade de cacaueiros

Os dados apresentados na Figura 5 mostram uma variação de mortandade de 7,41% para cacaueiros implantados no espaçamento de 2,0 x 2,0 x 4,0m, e 19,44% para aqueles localizados no espaçamento 3,0 x 3,0m, para uma média geral de 11,64%, sendo esta última considerada bastante satisfatória para a cultura. Muito embora os dados registrados para o espaçamento 3,0 x 3,0m apresentem-se relativamente altos, resultados semelhantes foram encontrados por SANTOS (1984), quando comparou diversos métodos de sombreamento provisório no crescimento e

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desenvolvimento do cacaueiro no Pólo de Altamira-PA, registrando uma mortalidade de plantas de cacaueiros sombreados por bananeiras nos espaçamento 3,0 x 3,0m de 23%. Esta reduzida sobrevivência das plântulas de cacau estabelecidos no espaçamento 3,0 x 3,0m deve-se presumivelmente à competição por água entre as bananeiras e os cacaueiros.

Figura 5. Média geral e percentagem de replantios de plântulas de cacau por espaçamento independentemente do material genético utilizado.

Efeito do espaçamento sobre o diâmetro do caule das plântulas de cacau

A despeito do que ocorre em diversas outras espécies frutíferas, certas características do crescimento vegetativo guardam relação com a capacidade produtiva do cacaueiro, havendo indicação de que plantas vigorosas formam árvores de alta produtividade, desde que sejam proporcionados fatores ambientais e técnicos favoráveis ao seu desenvolvimento. Segundo MARIANO (1966), o diâmetro do caule tomado no segundo ano de campo a 0,30m do solo é a medida mais estreitamente relacionada com a capacidade produtiva do cacaueiro. No presente trabalho, referido parâmetro foi tomado anualmente, por um período de 3 anos, com o auxílio de um paquímetro e de conformidade com a altura acima citada.

A Figura 6 apresenta dados de diâmetro do caule de cacaueiros por um período de três anos consecutivos, e de acordo com os espaçamentos estabelecidos. Verifica-se uma tendência para maiores valores de diâmetro do caule para os espaçamentos com menor densidade de plantas, como 4,0 x 4,0m; 2,5 x 5,0m; 3,0 x 4,0m, excetuando-se apenas o espaçamento 2,0 x 4,0m, que não obstante apresentar densidade superior ao espaçamento 3,0 x 3,0m, no entanto, comparativamente, registra diâmetros maiores. Vale ressaltar que a superioridade dos espaçamentos citados em termos de diâmetro do caule mantiveram-se nos três anos registrados.

16

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

2 X 2 3 X 4 2,5 X 2,5 2 X 2 X 3 X 3 4 X 4 2 X 4

Espaçamentos

% ReplantiosMédia geral

Figura 6. Valores médios anuais de diâmetro do caule por espaçamento, independentemente do material genético.

Conforme pode-se observar na Figura 7, quando se avalia o comportamento dos materiais genéticos independentemente dos espaçamentos, o híbrido P7 x CAB 17 foi o que apresentou maior diâmetro do caule, com 3,77cm de média para os três anos registrados.

Figura 7. Valores médios de diâmetro do caule para materiais genéticos, independentemente do espaçamento.

17

3,10

3,20

3,30

3,40

3,50

3,60

3,70

3,80

3,90

PA 121XMA 15 P 7 X CAB 17 P 7 X SIAL 505 MA 15 X MO 1

Materiais geneticos

Dia

met

ro d

o ca

ule

(cm

)

Efeito do espaçamento sobre altura total das plântulas de cacau

A altura total do cacaueiro é uma característica que guarda estreita correlação positiva com o diâmetro do caule. No presente trabalho, referidos dados foram tomados anualmente, por dois anos consecutivos, registrados por meio de uma régua graduada em centímetros, abrangendo desde a base da planta no nível do solo até o ápice dos ramos plagiotrópicos da coroa.

A Figura 8 apresenta os valores médios de altura total das plântulas de cacau para a interação materiais genéticos versus espaçamentos. A exemplo do ocorrido para o diâmetro do caule, observa-se também que os espaçamentos com menor densidade de plantas, tais como 4,0 x 4,0m; 2,5 x 2,5m e 3,0 x 4,0m foram os que registraram maiores desenvolvimento em altura. Observa-se que o híbrido (P 7 x CAB 17) foi o que registrou maiores valores para o referido parâmetro nos espaçamentos 2,5 x 5,0m e 4,0 x 4,0m, com 214,17cm e 209,78cm, respectivamente. Referido híbrido, apresentou comportamento superior em quase todos os tratamentos estudados, fazendo exceção apenas para os espaçamentos 2,0 x 2,0m e 3,0 x 4,0m. Os espaçamentos 2,0 x 2,0m; 2,0 x 2,0 x 4.,0m e 3,0 x 3,0m foram os que apresentaram o pior desenvolvimento em termos de altura total. Conforme pode-se observar na Figura 9, os espaçamentos 4,0 x 4,0m e 3,0 x 4,0m foram os que apresentaram maior incremento, com valores de 71,90% e 61,09%, respectivamente, entre o primeiro e o segundo ano de campo.

A Figura 10 apresenta valores médios e incrementos anuais da altura total das plântulas de cacau para materiais genéticos independentemente do espaçamento. Conforme pode-se observar, o híbrido (P 7 x CAB 17) foi o que registrou maior incremento anual, com 54,62%, entre o primeiro e o segundo ano de dados.

Figura 8 -Valores médios de altura total das plântulas de cacau para a interação material genético x espaçamento.

18

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

2 X 2 3 X 4 2,5 X 5,0

2 X 2 X4

3 X 3 4 X 4

2 X 4 Média

Espaçamentos

Altu

ra T

otal

(cm

)

PA 121XMA 15P 7 X CAB 17P 7 X SIAL 505MA 15 X MO 1Média

Figura 9 - Valores médios e incrementos anuais da altura total das plântulas de cacau para espaçamento independentemente do material genético.

Figura 10 - Valores médios e incrementos anuais da altura total das plântulas de cacau para materiais genéticos independentemente do espaçamento.

Efeito do espaçamento sobre altura do fuste das plântulas de cacau

O crescimento em altura do eixo ortotrópico (fuste) do cacaueiro, limitado quando a sua gema apical interrompe a atividade meristemática e permite a formação de ramos plagiotrópicos (coroamento ou esgalhamento), é afetado por fatores genéticos e ecológicos. Estudos realizados em casa de vegetação dão conta de que o crescimento do fuste é reduzido quando as plântulas são cultivadas a 60% de luz, sendo ainda observado que nessa intensidade luminosa os cacaueiros esgalham mais precocemente, cerca de três meses antes que as plantas mantidas sob menores intensidades de luz.

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A determinação dos fatores que afetam o crescimento do eixo ortotrópico do cacaueiro é de importância fundamental para o perfeito manejo de novas plantações, principalmente quando se considera a necessidade de maximizar a mecanização dos tratos culturais e facilitar a execução das práticas realizadas manualmente, sobretudo o controle cultural da vassoura-de-bruxa.

Os dados apresentados na Figura 11 demonstram a superioridade do híbrido P 7 x CAB 17 relativo à altura do fuste em todos os espaçamentos estudados, com valores mais altos nos espaçamentos 2,0 x 4,0m e 2,5 x 5,0m. As plantas de cacaueiro relativas ao híbrido MA15 x MO1 foram as que apresentaram menor desenvolvimento em todos os espaçamentos.

Quando se avalia o comportamento dos espaçamentos independentemente dos materiais genéticos (Figura 12), observa-se que os espaçamentos 2,0 x 2,0m e 2,0 x 4,0m foram os que apresentaram maior valor para altura do fuste, com 124,46cm e 126,44cm, respectivamente, sendo o de menor performance o espaçamento 4,0 x 4,0m que registrou uma medida de 116,46cm.

A Figura 13, apresenta dados relativos a valores médios de altura do fuste de cacaueiros para materiais genéticos independentemente do espaçamento. Destarte, observa-se que, ao isolar-se a influência do espaçamento, denota-se que a variação no comportamento dos materiais genéticos é bem menor que a apresentada na Figura 7, em que são apresentados dados da interação espaçamento versus materiais genéticos, sendo no entanto mantida a performance do híbrido P 7 x CAB 17, com 135,92cm.

Figura 11 - Valores médios de altura do fuste de cacaueiros para interação materiais genéticos x espaçamento.

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Figura 12 - Valores médios de altura do fuste de cacaueiros para espaçamento independentemente dos materiais genéticos.

Figura 13 - Valores médios de altura do fuste de cacaueiros para materiais genéticos independentemente do espaçamento.

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SISTEMA DE ENRIQUECIMENTO DE CACAUAIS SAFREIROS COM O MOGNO (Swietenia macrophylla KING.)

Antônio Carlos Gesta de Melo

Na Amazônia, uma parte das áreas cultivadas com cacaueiros está consorciada com espécies arbóreas sem expressão econômica, não proporcionando rendas adicionais e/ou potenciais ao agricultor e algumas áreas encontram-se desprovidas de consórcio, o que além de não proporcionar rendas, provoca um aumento na demanda de mão-de-obra e de outros insumos (pesticidas, adubos, etc.).

O cacaueiro é uma das espécies mais adaptadas a sistemas agroflorestais, por ser uma planta reconhecidamente tolerante à sombra, embora ainda não usufrua, em toda extensão desejável, dos benefícios que podem propiciar as práticas agrícolas disponíveis na tecnologia agroflorestal. Essa combinação simultânea ou escalonada no tempo e no espaço tem por objetivo otimizar a produção por unidade de superfície, respeitando o princípio do rendimento contínuo.Quanto à luminosidade, a silvicultura classificou as árvores como tolerantes e intolerantes. Com o conhecimento do processo evolutivo da vegetação natural denominado sucessão secundária, organiza esse processo em diferentes grupos de espécies da floresta tropical úmida nos seguintes “status” sucessionais: pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímaxes.O mogno é uma espécie com características de secundária tardia. Os plantios de mognos estabelecidos sob sombra apresentaram sempre melhores resultados do que os efetuados a pleno aberto. Em clareiras e trilhas de arraste de exploração florestal mecanizada, Oliveira (1994) obteve com o mogno, um incremento médio satisfatório em altura, porém, em sistemas agroflorestais, a espécie apresenta crescimento significativamente superior. O mogno (Swietenia macrophylla King) é a mais valiosa espécie madeireira da Amazônia, entre as mais de 300 espécies exploradas na região. Sua madeira é valorizada por sua cor atrativa, densibilidade, estabilidade dimensional e pela facilidade de ser manuseada: em carpintaria é amplamente utilizada em móveis, painéis, portas, janelas, laminados, etc.O estudo do crescimento de espécies arbóreas multifuncionais, plantadas em áreas de cacauais safreiros é ainda incipiente, embora tenhamos conhecimento da existência de uma área expressiva já implantada na região. Alguns agricultores, principalmente na área da Transamazônica, vêm tentando implementar esse sistema em suas lavouras, utilizando espécies como o mogno, cedro (Cedrela odorata), freijó (Cordia goeldiana), tatajuba (Bagassa guianensis), etc, porém sem tratamento que proporcione um melhor comportamento silvicultural das espécies no sistema, como também sem um acompanhamento das fases de crescimento e desenvolvimento das espécies. O sistema sugerido tenta viabilizar a lavoura cacaueira sob o ponto de vista econômico e ecológico, assegurando melhor aproveitamento dos recursos naturais e elevando o grau de sustentabilidade da cacauicultura da Amazônia.

Este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento em altura do mogno, plantado sob cacaueiros safreiros submetidos a diferentes níveis de poda de abertura de suas copas e determinar a idade com que o mogno ultrapassa o dossel dos cacaueiros, a fim de transformá-la em sistema agroflorestal contínuo.

O experimento está implantado na Estação de Recursos Genéticos do Cacau “José Haroldo”, em Marituba/PA, no campo de germoplasma de cacaueiros, constituído de materiais de progênies plantadas no espaçamento de 3,0 x 3,0 m e o mogno em 9,0 x 9,0 m, no centro de quatro cacaueiros adultos, em latossolo amarelo textura média. O clima da área, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo AF, constantemente úmido, e que a pluviosidade anual atinge índices superiores a 2.000 mm; no mês mais seco, os índices superiores a 60 mm. A temperatura média anual é de

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25,9ºC e a média anual da umidade relativa do ar é de 80%, e uma insolação anual de 2.389,4 horas. Os tratamentos são formados pelo mogno associado a diferentes níveis de poda (abertura de copa) a que são submetidos os quatro cacaueiros adjacentes: (A – Poda de manutenção e fitossanitária (testemunha); B – Poda de abertura de 30 – 40% da copa; C – Poda de abertura de 50-60% da copa).

No plantio, as mudas de mogno apresentaram altura média de 0,56 m e coeficiente de variação de 18%. Nesta fase do experimento, foi avaliado somente a variável altura aos 11, 23, 30 e 36 meses de campo e observou-se um baixo nível de infestação da broca Hipsiphylla grandella e alta infestação de saúvas (Atta spp) no mogno. Aos 11 e 23 meses de campo, o teste F e o teste de Tukey não detectaram diferenças significativas entre os tratamentos ao nível de 5% de probabilidade. Na avaliação de 30 e 36 meses do mogno no campo, o teste F revelou diferenças significativas entre os tratamentos ao nível de 5% de probabilidade. Na comparação das médias aos 30 meses, o Teste Tukey detectou diferenças significativas entre o tratamento B (M = 2,78 m) e os tratamentos A (M = 1,42 m) e C (M = 1,85 m). Aos 36 meses o teste Tukey revelou diferenças significativas entre os tratamentos A (M = 1,54 m); B (M = 3,94 m) e C (M = 2,87 m) (Quadro 2).

Quadro 2 – Análise de variância de altura (m) do mogno aos 11, 23, 30 e 36 meses de idade.

Obs.: -As medidas seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente, ao nível de 5% de probabilidade.

** - Significativo ao nível de 5%.NS - Não significativo ao nível de 5%.

Conclui-se que o tratamento B revelou-se um forte indicador para proporcionar maior crescimento em altura do mogno aos 30 e 36 meses de idade, plantado sob cacaueiros safreiros, ultrapassando os 36 meses o dossel dos cacaueiros, apresentando-se como o melhor tratamento para transformar uma lavoura cacaueira safreira num sistema agroflorestal contínuo. Com relação à retidão de fuste do mogno, os tratamentos B e C apresentaram bons resultados.

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Tratamento Idade (meses)

11 23 30 36A 0,84 1,3 1,42 a 1,54 a

B 0,9 1,75 2,78 b 3,94 b

C 0,9 1,52 1,85 a 2,87 c

Média 0,88 1,52 2,02 2,78

Teste F (5%) 0,33NS 1,07NS 35,75 ** 39,18 **

DMS (Tukey 5%) 0,5 1,08 0,58 0,96

Desvio Padrão 0,17 0,37 0,2 0,33

CV % 19,32 24,18 9,9 11,87

DINÂMICA DE NUTRIENTES EM AGROSSISTEMAS COM CACAUEIROS (Theobroma cacao L.) NA AMAZÔNIA ORIENTAL.

Antônio Carlos Gesta de Melo, Antônio Carlos C. Pinto Dias, Gilberto C. Pereira.

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma espécie que vegeta naturalmente em sub-bosque, onde coabitam espécies de grande porte e grandes produtoras de biomassa. É uma das espécies tropicais mais adaptada a sistema agroflorestal, por ser reconhecidamente tolerante à sombra. Embora o seu cultivo seja ainda considerado como monocultura sob o ponto de vista econômico, não o é ecologicamente, dado o uso de plantas sombreadoras temporais e permanentes (espécies de serviço e/ou produtos) que influenciam diferentemente no agrossistema.

Em um agrossistema, a ciclagem de nutrientes poderá prejudicar-se em função das perdas ocasionadas tanto pelas sucessivas colheitas, como pelos fenômenos da erosão e lixiviação. Embora mais direcionado aos ecossistemas florestais, os estudos sobre o retorno de nutrientes têm demonstrado alta eficiência no processo de ciclagem.Este trabalho teve como objetivo medir o aporte de matéria orgânica e as alterações químicas numa área com cacaueiros sombreados com Gmelina (Gmelina arborea Roxb.), sob diferentes condições de manejo.O experimento foi desenvolvido na Estação de Recursos Genéticos do Cacau “José Haroldo”, em Marituba – PA, em área de latossolo amarelo textura média, com cacaueiros híbridos (SCA 6 x BE 10), safreiros de doze anos de idade, plantados no espaçamento de 3,0 x 3,0 m e sombreados com Gmelina no espaçamento de 12,0 x 12,0m, submetidos a quatro tratamentos de adubação: A) N0P0K0 – sem adubação; B) N2P2K2 – 120 – 120 – 120 kg/ha de N, P2O5, K2O; C) N1P1K1 – 60 – 60 – 60 kg/ha de N, P2O5, K2O; D) N1P1K1 – 60 – 60 – 60 kg/ha de N, P2O5, K2O (fracionado em aplicações quadrimestrais).

Foram delimitadas duas áreas de 1,0 m2 por tratamento, o material foi coletado quinzenalmente e classificado por tipo de litter (folha, flor, ramo e fruto de Gmelina). As análises foram efetuadas no laboratório da CEPLAC/SUPOR. O clima da região é do tipo AF (Köppen), constantemente úmido; a pluviosidade anual atinge índices superiores a 2.000 mm e nos meses mais secos índices superiores a 60 mm. A temperatura média anual é de 25,9 0C e a média anual de umidade relativa do ar é de 80% e insolação anual de 2.389,4 horas.

A produção de biomassa foi de 9.500 kg, sendo 8.100 kg para a fração foliar, que constituiu 85,26% da produção, e 1.400 kg para a fração miscelânea, que correspondeu a 14,74% da produção total da liteira (Quadro 3).

A produção de nutrientes na fração foliar foi de 106 kg/ha de Nitrogênio; 8,0 kg/ha de Fósforo; 67,0 kg/ha de Potássio; 27,0 kg/ha de Magnésio e 129,0 kg/ha de Cálcio. Na fração miscelânea, a produção de nutrientes foi de 17,0 kg/ha de Nitrogênio; 2,0 kg/ha de Fósforo; 10,0 kg/ha de Potássio; 3,0 kg/ha de Magnésio e 17,0 kg/ha de Cálcio (Figura 14).

Na variação mensal da deposição de biomassa nos diversos tratamentos, a maior deposição ocorreu no período mais seco. Embora tenha-se considerado na fração miscelânea a deposição de frutos de gmelina (3 meses do ano), a fração foliar contribuiu com mais de 80% para a formação da liteira durante o ano.

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Quadro 3 - Quantidade anual de litter e nutrientes das frações foliar e miscelânea reincorporadas à liteira de uma área de cacaueiros (Theobroma cacao L.).

FraçãoLitter(Kg)

Ca Mg K P Nkg/ha

Foliar 8.100 129 27 67 8 106

Miscelânea 1.400 17 3 10 2 17

Total 9.500 146 30 77 10 123

O Cálcio é o nutriente encontrado em maior concentração na fração foliar; o Fósforo o mais baixo. Na fração miscelânea, o Cálcio e o Nitrogênio são os de maior concentração; o Fósforo e Magnésio, os mais baixos.

A retirada de nutrientes por meio da produção é relativamente baixa; uma produção de 1.000 kg/ha de amêndoas secas não retiram mais que 50 kg de nutrientes.

Com exceção do Fósforo, os nutrientes encontrados na liteira de uma área de cacau apresentam quantidades superiores às extraídas por produções de até 1.500 kg/ha de amêndoas secas de cacau.

• A fração foliar contribuiu com mais de 80% para a formação da liteira.

• A maior deposição de biomassa para a formação da liteira ocorreu no período seco.• Na fração foliar, o Cálcio foi o elemento de maior concentração, enquanto na fração miscelânea, o Cálcio e o Nitrogênio foram os que mais se destacaram.

• Sabe-se que uma produção de 1.000 kg/ha de cacau seco não retira mais que 50 kg de nutrientes. A retirada de nutrientes por meio da exportação de amêndoas é relativamente baixa considerando-se que o casqueiro permanece na área reincorporadas à liteira de uma área de cacaueiros.

Figura 14 - Quantidade anual de litter e nutrientes das frações foliar e miscelânea

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CRESCIMENTO DE ESPÉCIES EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL TIPO “ALLEY-CROPPING”, EM ALTA FLORESTA, MT.

Antônio Carlos Gesta de Melo e Carlos Alberto Corrêa

O cultivo em agrossistema seguramente é aquele que melhor se adapta ao meio ambiente quando comparado aos de monocultivo/pastagem, haja vista suas peculiaridades: manter a capacidade produtiva dos solos, elevar a produtividade e a receita do produtor, proporcionar maior diversidade e sustentabilidade do meio, em suma, oferecer melhores alternativas de uso da terra.

O sistema “Alley-cropping” - cultivo em alamedas alternadas - foi idealizado como alternativa para conter a agricultura itinerante. Tal sistema, além da adequação estrutural e ambiental, seus componentes devem ser de elevada expressão econômica e capacidade de complementação ecológica.Este projeto visa estudar o comportamento das espécies componentes, bem como demonstrar a viabilidade de adoção por parte dos produtores rurais, nas áreas de atuação da Ceplac, está implantado na Estação Experimental Ariosto da Riva, em Alta Floresta MT. O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é AM, a temperatura média anual é de 24ºC, com amplitude térmica de 12ºC, a média anual da umidade relativa do ar é de 85% e a precipitação total anual é de 2.750 mm.O experimento é constituído de cinco tratamentos/sistemas dispostos em blocos ao acaso com quatro repetições. Cada parcela com uma área de 1.800 m2 (60 X 30m), está afastada 3,0m uma da outra e a distância entre blocos é de 4,0m. Cada tratamento é composto por quatro faixas principais alternadas por três faixas secundárias, as faixas principais de 12 X 30m, são constituídas por cultivos agrícolas perenes, consorciadas ou não com espécies florestais previamente escolhidas, as faixas secundárias de 4 X 30m são constituídas de paricá (Schyzolobium amazonicum Hub. ex Ducke) e/ou pupunheira (Bactris gasipaes H.B.K.) esta última para aproveitamento dos frutos.

Tratamentos:A. Cacaueiros (3,0 x 3,0m) + Cumaru (9,0m) + Gliricídia (3,0 x 9,0m) + Bananeiras (3,0 x 3,0m) X cafeeiros (3,0 x

2,0m) X Pupunheiras (3,0m).B. Cacaueiros + Mogno (9,0m) + Gliricídia + Bananeiras X Coqueiros (3,0 x 8,0m com uma na diagonal) X Paricá

(6,0m).C. Cacaueiros + Mogno + Gliricídia + Bananeira X Cupuaçuzeiros (4,0 x 5,0m) + Cumaru (10,0m) + Gliricídia (8,0 x

5,0m) + Bananeiras (4,0 x 2,5m) X Paricá (6,0m).D. Cupuaçuzeiros + Cumaru + Gliricídia + Bananeira X Cafeeiros X Pupunheiras E. Cupuaçuzeiros + Mogno (10,0m) + Gliricídia + Bananeira X Coqueiros X Paricá

O coqueiro (Cocos nucifera L.) foi substituído pela pupunheira devido elevada mortalidade causada por ataque de térmitas de solo.

Analisando-se o comportamento dendrométrico das espécies florestais, o mogno apresentou um incremento diamétrico médio de 1,75 cm, do sétimo ao décimo nono mês de plantado, o que correspondeu a 31,1%, enquanto que nos sete primeiros meses, o incremento médio foi de 3,88 cm o que correspondeu a 68,9% de crescimento. Com relação à altura, a maior taxa de crescimento ocorreu nos sete primeiros meses de campo, correspondendo a 62,9%. Nas avaliações realizadas não foi observado o ataque de Hypsiphylla grandella nos brotos terminais do mogno. O cumaru apresentou crescimento bem mais lento que o mogno, alcançando 1,98 m de altura aos dezenove meses de campo, o maior desempenho ocorreu entre o sétimo e o décimo quinto mês, com incremento médio de 1,0m, que representa uma taxa de 50,5%, o paricá apresentou o melhor

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desempenho dendrométrico. O cacaueiro apresentou bom crescimento tanto em altura quanto em diâmetro, não foi observado ataque de Vassoura – de – Bruxa (Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer) e nem ocorreu frutificação em nenhuma das espécies (Quadro 4, Figura 15)

Quadro 4 – Crescimento médio de diâmetro do caule e altura total das espécies.

EspéciesDiâmetro do Caule (cm) Altura total (m)

(meses) (meses)7 15 19 7 15 19

Cacaueiro 2,27 3,96 4,32 1,01 1,53 1,78

Cupuaçuzeiro 1,47 2,37 2,77 0,80 1,15 1,50

Cafeeiro 1,21 2,94 3,26 0,61 0,96 1,07

Mogno 3,88 5,34 5,63 2,37 3,21 3,77

Cumaru 1,15 1,95 2,22 0,92 1,92 1,98

Paricá 7,03 11,62 12,64 4,46 8,73 11,01

Pupunheira 4,14 10,18 11,14 1,04 2,12 2,90

27

Figura 15 – Evolução da altura das espécies agrícolas e florestais

FITOPATOLOGIA

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EFEITO DO ÓLEO DE Piper aduncum NO DESENVOLVIMENTO DE SINTOMAS DA VASSOURA EM MUDAS DE CACAUEIROS

Cleber Novais Bastos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, sendo usadas mudas de cacaueiro (variedade Catongo) com 20 dias de idade, cultivadas em sacos de polietileno contendo 3 kg de terriço. O óleo foi emulsionado em água, na dose de 0,2% e aplicado com um pulverizador manual de pressão aos 1, 2, 7 e 10 dias antes da inoculação. As mudas foram inoculadas nos pontos de crescimento vegetativo, por meio da deposição de blocos de ágar-água contendo basidiósporos de C. perniciosa e envolvidos em chumaço de algodão embebido em água destilada. Para cada tratamento óleo e testemunha, foram usadas vinte mudas.

A avaliação da eficácia do óleo foi realizada 45 dias após a última inoculação, determinando-se o número de plantas sadias e infectadas, calculando-se a seguir a percentagem de plantas infectadas.

Pelos dados relacionados no Quadro 5, verifica-se que o óleo de P. aduncum foi capaz de reduzir em 60% o número de plantas infectadas, em relação à testemunha, quando aplicado até 10 dias antes da inoculação. Provavelmente, melhores resultados poderiam ser obtidos com uma dose maior do óleo e/ou com o emprego de outro método de inoculação, visto que o método usado é muito drástico, propiciando mais vantagens para o fungo.

Quadro 5. Efeito do óleo de P. aduncum sobre C. perniciosa em casa de vegetação, expresso em percentagem de plantas infectadas*.

Plantas infectadas (%)Tratamento Dias antes da inoculação

01 02 07 10

Óleo 41,0 50,0 50,0 50,0Testemunha 100,0 91,6 91,6 83,3

* Percentagem equivalente a 20 plantas / tratamento.

EFEITO DO ÓLEO DE Piper aduncum NA INFECÇÃO DE FRUTOS DECACAUEIRO NO CAMPO

Cleber Novais Bastos & Francisco Chagas M. NetoO experimento foi conduzido na Estação Experimental Paulo Morelli (ESPAM), município de Medicilândia, PA, numa área onde não tinha sido realizada poda fitossanitária, no período compreendido entre dezembro de 1997 e outubro de 1998. No experimento, foi incluído o fungicida óxido cuproso 50% (Cobre Sandoz) como padrão comparativo e o ensaio constou dos seguintes tratamentos:

A - Pulverizações com óxido cuproso a intervalo de 30 dias, de dezembro a maio;B - Pulverizações com óleo a intervalo de 30 dias, como no tratamento A;C - Pulverizações com óleo a intervalo de 60 dias, de dezembro a abril;D - Pulverizações com óleo (uma em dezembro, duas em fevereiro e duas em maio) (intervalos

de 15 dias);E - Testemunha.

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O óxido cuproso foi aplicado na dose de 6% (3 g / planta) e o óleo na dose de 0,2%. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 5 tratamentos e 3 repetições de 16 plantas por parcela, com bordaduras duplas.

Os produtos foram veiculados em água, sendo aplicado 0,25 l / planta, com auxílio de pulverizadores costais motorizados. Para todos os tratamentos adicionou-se o espalhante adesivo na dosagem de 0,1%. No caso do óleo, este foi primeiramente emulsionado com detergente líquido neutro na dosagem de 0,1%.

As leituras de avaliações foram feitas mensalmente, e consistiram na colheita e contagem de frutos maduros sadios e infectados por C. perniciosa, calculando-se, posteriormente, a percentagem de frutos infectados. Para análise estatística, os dados percentuais foram transformados em arco seno √x/100, submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey, ao nível de 5%, para comparação das médias.

Os resultados (Quadro 6) demonstraram que houve uma redução na infecção de frutos nas parcelas tratadas com óxido cuproso e com o óleo de P. aduncum, quando comparado com a testemunha. Entretanto, não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos óleo essencial e a testemunha. Isto se deve a alta pressão de inóculo presente na copa dos cacaueiros, em face da não realização da poda fitossanitária. Com o emprego do manejo integrado (poda fitossanitária + aplicação do óleo,) os resultados de controle e produção poderão ser mais expressivos.

Quadro 6 - Efeito do óleo de Piper aduncum sobre a infecção de frutos de cacau.Tratamento Total de Frutos

colhidosInfecção de Frutos

(%)A - Óxido cuproso aplicado a intervalo de 30 dias. 1.180,6 ab* 13,3 b*

B - Óleo aplicado a intervalo de 30 dias. 1.101,0 ab 22,4 ab

C - Óleo aplicado a intervalo de 60 dias. 1.284,6 a 27,1 aD - Óleo aplicado em dezembro (uma vez), fevereiro e

maio a intervalo de 15 dias. 1.139,6 ab 24,4 ab

E - Testemunha. 883,3 b 30,6 a *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

EFEITO INIBITÓRIO DE ALGUNS ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTASMEDICINAIS SOBRE O FUNGO Cinipellis perniciosa

Cleber Novais Bastos

Foram testados contra o crescimento micelial e germinação de basidiósporos de C. perniciosa os óleos essenciais extraídos de: copaíba (Copaifera reticulata), andiroba (Carapa guianensis), eucalipto (Eucaliptus citriodora), cravo-da-índia (Eugena caryphyllata), boldo (Prunus boldus), alecrim-pimenta (Lippia siloides). Os óleos foram adquiridos em farmácias de produtos naturais.Para avaliação sobre o crescimento micelial de C. perniciosa, os óleos foram incorporados em meio de cultura de BDA, fundente, fornecendo concentrações finais variando de 5 a 20% (v/v). Após a solidificação do meio nas placas de Petri, foram transferidos discos de micélio de 0,7 cm de diâmetro, em três pontos eqüidistantes e, a seguir, as placas foram incubadas por oito dias na

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temperatura de 25 oC, em incubadora B.O.D. Foram utilizadas quatro repetições (4 placas) por tratamento. A avaliação constou da medição com um paquímetro do crescimento linear das colônias do fungo, em dois sentidos perpendiculares entre si, determinando-se a percentagem de redução do crescimento micelial, pela comparação do crescimento nas placas testemunhas.

Para avaliação sobre a germinação de basidiósporos, os óleos foram emulsionados em água destilada e esterilizada, obtendo-se as concentrações finais variando de 1 a 10% (v/v). Alíquotas de 100 µl contendo as concentrações indicadas foram pipetadas em lâminas de vidro escavadas, repetidas três vezes, sendo a seguir colocado em cada suspensão um pequeno bloco de ágar-água contendo basidiósporos. Após 24 horas de incubação em câmara úmida, com temperatura de 25 oC, foi determinada a germinação, contando-se 100 basidiósporos em cada lâmina, em diferentes campos do microscópio, no aumento 40 X.Os resultados (Quadro 7) evidenciaram que os óleos foram capazes de inibir o desenvolvimento do fungo, sendo que os óleos de eucalipto citriodora e do boldo foram os mais eficientes, inibindo 100% do crescimento em concentrações acima de 15%. Quanto à germinação de basidiósporos, os resultados mostraram inibição total na germinação para a concentração de 1% dos óleos de copaíba, eucalipto e cravo-da-índia. Por outro lado, os óleos de alecrim-pimenta e andiroba inibiram 100% da germinação em concentrações, respectivamente, de 5 e 10% (Quadro 8).

Quadro 7 - Porcentagem de inibição de crescimento micelial de Crinipellis perniciosa através de óleos essenciais de plantas medicinais*.

Concentração%

Inibição do crescimento micelial (%)

Copaíba Andiroba Eucalipto Cravo-da-índia Boldo Alecrim-

pimenta5 16.7 3.5 29.9 4.7 20.4 1.610 19.1 3.5 74.8 6.4 48.5 18.0

15 35.2 4.0 100.0 6.9 100.0 42.1

20 41.2 4.0 100.0 9.5 100.0 100.0• Médias de quatro repetições

Quadro 8 - Porcentagem de inibição de germinação de basidiósporos de Crinipellis perniciosa por meio de óleos essenciais de plantas medicinais.

Concentração%

Inibição de germinação (%)

Copaíba Andiroba Eucalipto Cravo-da-índia Boldo Alecrim-

pimenta1 100 0 100 100 0 03 100 0 100 100 0 0

5 100 0 100 100 100 100

10 100 100 100 100 100 100• Médias de três repetições.

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EFEITO DE FONTES DE NITROGÊNIO E DE FÓSFORO APLICADAS VIA FOLIAR NO CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA EM FRUTOS DE CACAU

Cleber Novais Bastos e Paulo Sérgio B. Albuquerque

O efeito da nutrição mineral das plantas é quase sempre analisado em termos de produtividade. No entanto, ela também tem efeitos na qualidade do produto colhido e na resistência a ataques de pragas e doenças.Objetivou-se, neste trabalho, avaliar os efeitos de fontes nitrogenada e fosfatada na redução de perdas de frutos de cacau, causadas pela infecção de Crinipellis perniciosa. O experimento foi conduzido na Estação de Recursos Genéticos do Cacau (ESJOH), no município de Benevides, PA, no período compreendido entre dezembro de 1995 e agosto de 1996, utilizando-se cacaueiros híbridos com mais de 12 anos de idade, estabelecidos em solo latossolo amarelo textura média, com espaçamento de 3,0 x 3,0 m. Antes do início do experimento, foi realizada em toda a área uma poda fitossanitária que consistiu na remoção de vassouras vegetativas e frutos infectados.Foram utilizados os seguintes produtos com suas respectivas doses: fosfato de potássio monobásico (1%), fosfato de potássio dibásico (1%), uréia (2%) e fosfato de amônio monobásico (2%). Os produtos foram aplicados via foliar, com pulverizador costal motorizado, sendo a primeira aplicação em dezembro de 1995, a segunda 30 dias após e a terceira 45 dias após a segunda aplicação. Cada tratamento foi composto por 25 plantas e cada planta foi considerada uma repetição. A avaliação foi realizada mensalmente, colhendo os frutos maduros sadios e afetados pela doença.

Pelos resultados (Quadro 9), pode-se verificar que todos os produtos reduziram a infecção em comparação à testemunha. Os tratamentos fosfato monobásico e uréia foram superiores aos outros, os quais não diferiram entre si quanto aos níveis de perdas de frutos. Quanto à produção de frutos, as fontes nitrogenadas, fosfato de amônio monobásico e uréia foram superiores aos demais. Verificou-se uma baixa produtividade no tratamento fosfato de potássio monobásico, provavelmente devido a alguma ação fitotóxica provocada pelo produto na dose utilizada (1%).

Em adição, foram testados os efeitos das fontes de nitrogênio e fósforo sobre o crescimento e germinação de basidiósporos de C. perniciosa "in vitro", para verificar se a possível redução da infecção dos frutos foi provocada por um efeito direto. Os compostos foram adicionados ao meio BDA fundente, de maneira a se obter as concentrações de 1% para os nutrientes fosfatados e 2% para os nitrogenados. Em seguida, o pH do meio foi ajustado para 5,8 e o meio distribuído em placas de Petri. Discos de micélio de 0,7 cm de diâmetro foram repicados para o centro das placas, que foram incubadas na temperatura de 25 oC. A avaliação do crescimento micelial constou da medição do diâmetro da colônia, realizada 12 dias após a incubação.

A germinação de basidiósporos foi avaliada em lâminas escavadas, nas quais foram colocados 100 ml dos produtos, nas mesmas concentrações acima.

Os resultados obtidos com a adição dos produtos ao meio BDA de forma a se obter as mesmas concentrações usadas no experimento "in vivo" mostraram que a uréia inibiu totalmente o crescimento micelial de C. perniciosa (Quadro 10). Resultados semelhantes foram obtidos no ensaio sobre efeito dessas mesmas fontes na germinação, em que a uréia apresentou porcentagem de inibição de 95%, enquanto os demais produtos não afetaram a germinação. Essas observações nos leva a sugerir que as fontes nitrogenadas e fosfatadas testadas podem atuar pelo menos de duas maneiras na redução da doença: i) efeito direto, por exercer ação fungitóxica a C. perniciosa; e ii) efeito indireto, por induzir resistência do hospedeiro ao patógeno.

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Quadro 9 - Efeito de fontes de nitrogênio e de fósforo no controle da vassoura-de-bruxa e produção de frutos de cacau.

Tratamento Frutos colhidos* Frutos doentes(%) **

Fosfato de potássio monobásico 95 7,7 aFosfato de potássio dibásico 224 17,8 b

Fosfato de amônio monobásico 567 14,2 ab

Uréia 359 9,5 a

Testemunha 197 32,4 c * Número de frutos de 25 plantas / tratamento registrado durante seis meses. ** Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Quadro 10 - Efeito de fontes de nitrogênio e de fósforo no crescimento micelial de Crinipellis perniciosa "in vitro".

Tratamento Diâmetro da colônia (mm)

Testemunha 71,2 aFosfato de potássio monobásico 69,5 a

Fosfato de potássio dibásico 64,2 a

Fosfato de amônio monobásico 43,2 b

Uréia 0,0 c* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5%.

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS PROTETIVO E CURATIVO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Piper aduncum SOBRE A VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO,

EM CASA DE VEGETAÇÃO

Cleber Novais Bastos

A vassoura-de-bruxa, doença do cacaueiro (Theobroma cacao L.), causada pelo fungo Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer é considerada um dos principais problemas que afetam o cultivo do cacau.

Todas as estratégias de controle, incluindo poda fitossanitária, controle químico, biológico e genético, além do controle integrado como um todo, têm sido intensivamente exploradas.

A Piperácea Piper aduncum possui entre seus princípios ativos um composto denominado óleo essencial, que pode atuar como substância fungitóxica. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos protetivo e curativo do óleo de P. aduncum contra infecção de C. perniciosa em plântulas de cacau, sob condições de casa de vegetação.

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Planta e inóculoNos experimentos, foram usadas mudas de cacau da cultivar Catongo, com 30 dias de idade, cultivadas em sacos de polietileno contendo 1,5 kg de terriço. O inóculo foi constituído de basidiósporos de C. perniciosa, coletados a partir de basidiocarpos e armazenados em nitrogênio líquido. A suspensão de basidiósporos foi obtida mediante a descongelação destes e feita a diluição em 0,25% de agar-água, à concentração de 1 x 106 basidióporos/ml, por meio de hemocitômetro.Avaliação do efeito protetivo

A mudas de cacau foram pulverizadas com o óleo de P. aduncum nas concentrações de 0, 2.500, 5.000 e 10.000 ppm e após zero, dois e seis dias foram inoculadas mediante a deposição de gotas de 30µl da suspensão de basidiósporos na gema apical. Após as inoculações, as plantas foram mantidas por 24 h em câmara climatizada, com temperatura em torno de 25 °C e umidade relativa próxima a 100%, sendo então transferidas para casa de vegetação, sob condições naturais de ambiente. Foram utilizadas 20 plantas para cada tratamento. A avaliação da eficácia do óleo foi efetuada 45 dias após a última inoculação, determinando-se o número de plantas sadias e doentes e calculando-se, a seguir, a percentagem de plantas infectadas.

Avaliação do efeito curativoPara avaliação do efeito curativo, as plantas, em número de 20 para cada tratamento, foram inoculadas e após zero, dois e seis dias foram efetuadas pulverizações com o óleo nas concentrações de 0, 2.500, 5.000 e 10.000 ppm. As inoculações e as condições de incubação foram as mesmas usadas no ensaio anterior.

Na avaliação do efeito protetivo das concentrações do óleo essencial de P. aduncum, foram observados diferentes percentuais de plantas infectadas de acordo os períodos de inoculações. A redução média no número de plantas infectadas no mesmo dia da inoculação foi de 100% para todas as concentrações testadas (Quadro 11). Pode-se observar também o efeito protetivo frente a C. perniciosa, quando o óleo foi aplicado aos dois dias antes da inoculação, resultando 20% de plantas infectadas na concentração de 2.500 ppm e de 0% nas concentrações de 5.000 e 10.000 ppm. No período de seis dias antes da inoculação, apenas a concentração de 10.000 ppm demonstrou eficiência, apresentando 30% de plantas infectadas (Quadro 11).

Quanto ao efeito curativo, todas as concentrações do óleo foram eficientes no controle da vassoura-de-bruxa, quando aplicado no mesmo dia da inoculação (Quadro 12). O efeito curativo do óleo também foi constatado até aos seis dias após a inoculação com aplicação da concentração de 10.000 ppm.

Quadro 11 - Efeito protetivo do óleo de piper aduncum sobre Crinipellis perniciosa em casa de vegetação, expresso em percentagem de plântulas infectadas1

Conc.(ppm)

Plântulas infectadas (%)Inoculação após aplicação do óleo (dias)

0 2 6

0 100 90 100

2.500 0 20 80

5.000 0 0 60

10.000 0 0 301Percentagem equivalente a 20 plantas/tratamento.

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Quadro 12 - Efeito curativo do óleo de Piper aduncum sobre Crinipellis perniciosa expresso em percentagem de plântulas infectadas1

Conc.(ppm)

Plântulas infectadas (%)Inoculação após aplicação do óleo (dias)

0 2 6

0 100 80 90

2.500 0 50 90

5.000 0 60 70

10.000 0 30 401Percentagem equivalente a 20 plantas/tratamento.

EFEITO DO ÓLEO DE Piper aduncum NO CONTROLE EM PÓS-COLHEITADE Colletotricum musae EM BANANA

Ceber Novais Bastos e Paulo Sérgio B. Albuquerque

As doenças de pós-colheita em frutos de banana (Musa spp.) são de grande importância, principalmente para as frutas destinadas à exportação, destacando-se a antracnose, causada por Colletotrichum musae (Berk. & Curtis) Arx.

Para o controle da doença vêm sendo utilizados o tratamento químico e práticas culturais, visando reduzir a quantidade de inóculo no campo. Em pós-colheita, as medidas de controle são constituídas principalmente de fungicidas. A restrição ao uso de fungicidas, devido à fitotoxicidade, efeitos residuais, espectro de ação e resistência pelo patógeno, tem levado à procura de métodos alternativos de controle, tais como uso de biofungicidas, extratos vegetais e óleos essenciais. Os resultados alcançados nessa linha de pesquisa têm se mostrado promissores para uma utilização no controle de fitopatógenos em diversas culturas.

O presente trabalho teve como objetivo verificar in vitro e in vivo o efeito fungitóxico do óleo de P. aduncum sobre C. musae, como uma forma alternativa de controle da antracnose em frutos de banana em pós-colheita.

Teste in vitro O óleo essencial foi extraído a partir de folhas secas de P. aduncum pelo método de hidrodestilação.

O isolado de C. musae foi obtido a partir de frutos de banana oriundos de supermercados da Região Metropolitana de Belém, PA. Foram realizados dois ensaios in vitro para verificação do efeito do óleo essencial de P . aduncum, em várias diluições, sobre o crescimento micelial e a germinação de conídios do patógeno. Para o teste de crescimento, alíquotas do óleo foram adicionadas ao meio de cultura BDA, fundente, e vertido em placas de Petri para as concentrações finais de 10, 50, 100 e 150 ppm. Discos de 0,5 cm de diâmetro foram retirados de colônias do

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fungo e colocados no centro das placas, que foram incubadas em câmara de crescimento com fotoperíodo de 12 h e temperatura de 25 °C.

Após oito dias de incubação, foi medido o diâmetro da colônia, sendo, posteriormente, quantificada a percentagem de inibição do crescimento micelial em relação à testemunha.

Para o teste de germinação foi preparada uma suspensão de conídios numa solução nutritiva (Tuite, 1969) na concentração de 2 x 104 conídios/ml. Alíquotas de 100 µl desta suspensão foram pipetadas em lâminas escavadas contendo óleo de P. aduncum para diferentes concentrações finais de 10, 50, 100 e 150 ppm. As lâminas foram incubadas por 48 horas em câmara úmida, sendo, a seguir, avaliadas as germinações em microscópio óptico. Foram considerados como esporos germinados aqueles que apresentaram tubo germinativo, independentemente do seu comprimento. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 4 repetições.

Teste in vivoOs frutos de banana “Prata” utilizados no ensaio foram colhidos no estádio de maturação, com a casca ainda verde, na Estação de Recursos Genéticos de Cacau “José Haroldo” (ERJOH) e lavados em solução de hipoclorito de sódio 0,5% (v/v) e duas vezes em água de torneira. Após secagem em bandejas de plástico, foi efetuado um orifício com vasador de rolha (0,5 cm de diâmetro) a uma profundidade de aproximadamente 2 mm na parte mediana dos frutos. Em cada orifício, foram colocados 20 µl de uma suspensão de conídios de C. musae (2 x 104 conídios/ml) e, em seguida, foram aplicados 20 µl das diferentes concentrações do óleo. Como testemunha, foram empregados frutos com e sem inoculações do patógeno. Como tratamento padrão, foram utilizados frutos tratados da mesma maneira, com o fungicida benomil a 0,1%. Para cada tratamento, foram empregados 10 frutos. Após as inoculações, os frutos foram incubados em caixas de papelão à temperatura de 25 °C e UR em torno de 80-85%. As avaliações foram efetuadas aos oito dias após as inoculações, mediante a determinação da incidência (número de frutos infectados em cada tratamento) e da severidade da doença (superfície externa do fruto ocupada por lesão em %).

Os resultados referentes ao efeito do óleo essencial na inibição do crescimento micelial e na germinação de conídios de C. musae são apresentados na Quadro 13. Observa-se que ocorreu 100% de inibição na germinação e no crescimento, nas concentrações de 100 ppm e 150 ppm, respectivamente. Quanto ao efeito do óleo no controle da podridão de frutos, verificou-se que todos os tratamentos reduziram a incidência e a severidade da doença, em comparação com a testemunha (Quadro 14). O melhor desempenho para o controle da doença foi obtido com o óleo a 1,0%, com controle semelhante ao fungicida benomil.

Pelo exposto, evidencia-se que o óleo essencial de P. aduncum pode ser usado como alternativa ao controle da antracnose, integrando as técnicas de pós-colheita com as técnicas de pré-colheita.

Com os resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que o óleo de P. aduncum, além de ser um produto biológico natural, apresenta potencial de uso para o controle da podridão de frutos de banana causada por C. musae em pós-colheita, com a vantagem de minimizar o uso dos fungicidas convencionais, de preservar o meio ambiente e proteção à saúde do consumidor. Neste contexto, o óleo deve ser testado em condições comerciais, visando ao controle da antracnose em pós-colheita em frutos de banana.

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Quadro 13 - Efeito do óleo essencial de Piper aduncum sobre Colletotrichum musae, in vitro (% de inibição do crescimento micelial e da germinação de conídios)1

Concentração (ppm) Inibição do crescimento micelial (%)

Inibição da germinação(%)

10 3,42 c 1,12 b50 79,4 b 83,4 a100 85,4 ab 100,0 a150 100,0 a 100,0 a

1Em relação à testemunha (0 ppm); média de 4 repetições. 2Médias seguidas por letras distintas na vertical diferem entre si pelo teste Tukey (P≤ 0,05%).

Quadro 14 - Controle da podridão causada por Colletotrichum musae em frutos de banana (Musa spp.) “ Prata ” com óleo essencial de Piper aduncum (PA)

Tratamento Incidência Severidade

Testemunha 100,0 34,9Óleo PA 0,05% 90,0 33,7

Óleo PA 0,1% 30,0 5,1*

Óleo PA 0,3% 20,0 4,9*

Óleo PA 0,5% 10,0 1,8*

Óleo PA 1,0% 0,0 0,0*

Benomil 0,1% 0,0 0,0** Tratamentos diferem significativamente da testemunha com inóculo (Teste t, P<0,01).

EFEITO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE Piper spp. SOBRE Crinipellis perniciosa, Phytophthora palmivora e Phytophthora capsici

Danielle Mariana M.H. da Silva1 e Cleber Novais Bastos1Bolsista FCAP-CNPq.

A tendência cada vez maior de buscar formas alternativas de controle de doenças e pragas das culturas de importância econômica vem estimulando as pesquisas em torno do potencial de produtos naturais de origem vegetal. Substâncias alelopáticas que possam exercer ação inibitória sobre fungos fitopatogênicos ao cacaueiro como C. perniciosa, agente causal da vassoura-de-bruxa, Phytophthora palmivora e P. capsici, causadores da podridão-parda, poderão vir a ser de grande utilidade no controle destas doenças. A atividade biológica de espécies de Piper é bastante diversificada e também muito utilizada na medicina popular para o tratamento de inúmeras doenças. Estas espécies por serem produtoras de óleos essenciais de baixa toxicidade aos mamíferos, tornam-se uma alternativa promissora no controle de doenças de plantas.

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O objetivo deste trabalho foi avaliar “in vitro” a ação fungitóxica de óleos essenciais de espécies de Piper coletadas na Amazônia, contra os fungos Crinpiellis perniciosa, Phytophthora palmivora e P. capsici. Foram usadas folhas de espécies de Piper coletadas nas áreas experimentais da Ceplac, localizadas nos municípios de Marituba (PA) e de Medicilândia (PA). Os óleos essenciais foram extraídos a partir de folhas secas das piperáceas por meio do processo de hidrodestilação em aparelhos de vidrro tipo Clevenger. Para o teste de inibição do crescimento micelial dos fitopatógenos, alíquotas dos óleos foram adicionadas ao meio de malte extrato-ágar (MEA) fundente, de modo a se obter concentrações de 100, 250, 500, 750 e 1000ppm e em seguida, vertido em placas de Petri de 9.0cm de diâmetro. Para as testemunhas, foram utilizadas placas contendo apenas MEA. Após a solidificação do meio, discos de 0,7cm de diâmetro contendo micélio de cada um dos fungos foram transferidos para o centro das placas. Estas foram incubadas em câmara de crescimento com temperatura controlada para 25 ºC e em ausência de luz. As avaliações foram feitas quando o crescimento micelial da testemunha cobriu totalmente a superfície do meio de cultura, registrando-se o valor médio das colônias dos fungos. Por comparação com as respectivas testemunha, foi calculada a porcentagem de inibição do crescimento micelial.Foram feitos testes de germinação de basidiósporos de C. perniciosa, utilizando-se lâminas escavadas, onde foram depositados 100µl das concentrações dos óleos emulsionados em água destilada esterilizada, e, a seguir, colocado 10µl de uma suspensão de basidiósporos. Após 24h de incubação, foi observada a germinação em microscópio ótico e determinada a concentração inibitória mínima (CIM), que é a mais baixa concentração necessária para causar total inibição na germinação.Os resultados obtidos demonstraram que a inibição do crescimento micelial dos fungos foi diretamente proporcional à concentração dos óleos, em que oito destes provocaram acima de 50% de inibição sobre pelo menos um dos patógenos testados. Observou-se que o crescimento micelial de C. perniciosa foi inibido em 100% a partir da concentração de 0,75µl/ml do óleo de P. callosum e na concentração de 1µl/ml do óleo de P. marginatum var. anisatum (Quadro 15). Para a ocorrência de 100% de inibição do crescimento micelial de P. palmivora, os óleos de P. callosum e P. enckea mostraram-se mais eficientes, enquanto os demais óleos testados praticamente não apresentaram ação inibitória (Quadro 16).

Quadro 15 - Porcentagem de inibição do crescimento micelial de Crinipellis perniciosa por óleos essenciais de Piper spp.

Óleos Concentrações0,1µl/ml 0, 25µl/ml 0,5µl/ml 0,75µl/ml 1µl/ml

P. dilatatum 0,0* 24,9 28,8 53,3 53,8P. cyrtopodon 0,0 0,0 6,6 8,4 9,7P. hostmannianum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0P. callosum 28,8 54,9 64,9 100,0 100,0P. tuberculatum 32,2 32,7 37,7 43,3 46,6P. marginatum var. anisatum 21,6 61,1 82,2 86,1 100,0P. enckea 19,4 28,8 52,2 84,4 93,3P. divaricatum 0,0 18,0 25,5 27,1 29,7P. nigrispicum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0P. hispidum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

* Médias de três repetições.

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O crescimento micelial de P. capsici sofreu inibição pela ação de seis óleos testados, sendo que apenas o óleo de P. callosum provocou total inibição, observada a partir de 0,75µl/ml (Quadro 17).Quanto aos testes de germinação de basidiósporos de C. perniciosa, foi verificado que as concentrações inibitórias mínimas (CIM) variaram de 0,4µl/ml 100µl/ml (Quadro 18). Pelos resultados aqui obtidos, conclui-se que o óleo essencial de P. callosum foi o que apresentou ação fungitóxica significativa contra os três fitopatógenos testados. O óleo P. marginatum var. anisatum mostrou-se mais eficiente na inibição de C. perniciosa.

Quadro 16 - Porcentagem de inibição do crescimento micelial de Phytophtora palmivor por óleos essenciais de Piper spp.

Óleos Concentrações0,1µl/ml 0, 25µl/ml 0,5µl/ml 0,75µl/ml 1µl/ml

P. dilatatum 0,0* 0,0 0,0 0,0 0,0P. cyrtopodon 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0P. hostmannianum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0P. callosum 0,0 0,0 24,4 77,7 100,0P. tuberculatum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0P. marginatum var. anisatum 0,0 0,0 0,0 29,0 32,1P. enckea 0,0 0,0 11,1 78,8 100,0P. divaricatum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0P. nigrispicum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0P. hispidum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

* Médias três repetições.

Quadro 17 - Porcentagem de inibição do crescimento micelial de Phytophthora capsici por óleos essenciais de Piper spp.

Óleos Concentrações0,1µl/ml 0, 25µl/ml 0,5µl/ml 0,75µl/ml 1µl/ml

P. dilatatum 0,0* 11,1 39,9 45,0 47,7P. cyrtopodon 0,0 0,0 0,0 0,0 12,3

P. hostmannianum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

P. callosum 40,5 63,8 88,3 100,0 100,0

P. tuberculatum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

P. marginatum var. anisatum 67,2 74,4 76,1 77,2 77,7

P. enckea 0,0 28,8 34,9 53,3 56,1

P.. divaricatum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

P. nigrispicum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

P. hispidum 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0* Médias de três repetições

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Quadro 18 - Efeito dos óleos de Piper spp. na germinação de basidiósporos de Crinipellis perniciosa.

Óleos CIM (µl/ml)*

P. dilatatum 0,4

P. cyrtopodon 30,0P. hostmannianum 30,0P. callosum 0,5P. tuberculatum 30,0P. marginatum var. anisatum 0,5P. enckea 3,0P.. divaricatum 100,0P. nigrispicum 1,0P. hispidum 70,0

*CIM = concentração inibitória mínima em µl/ml para causar total inibição da germinação.

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE PIPERÁCEAS E DETERMINAÇÃO DE SEUS PRINCIPAIS CONSTITUINTES

QUÍMICOSCleber Novais Bastos, Danielle H. M. M. da Silva, Eloísa H. A. Andrade(2) e José G. S. Maia(2)

2Museu Paraense Emílio Goeldi/CBO, Caixa Postal 399, 66040-170 Belém – PA.

Os estudos com extratos de plantas das espécies de Piper da família Piperaceae têm mostrado grande diversidade de metabólitos com atividades biológicas. Muitas dessas espécies são utilizadas na medicina popular para tratamento de inúmeras doenças. Piper aduncum L., vulgarmente conhecida como pimenta-de-macaco, é amplamente usada para tratamento de problemas uretrais, disfunções ginecológicas, estomacais e intestinais. Existem também relatos do efeito tóxico de extratos de P. aduncum contra vários patógenos humanos e de outros mamíferos.

A família Piperaceae compreende 12 gêneros e cerca de 1.400 espécies, com distribuição principalmente pantropical, sendo Piper o gênero com maior número de espécies. Espécies de Piper são grandes produtoras de óleos essenciais, que, além de outras atividades, possuem atividade antifúngica e antibacteriana.

O objetivo deste trabalho foi avaliar in vitro a atividade antibacteriana dos óleos essenciais de algumas espécies de Piper coletadas na Região Amazônica e identificar os seus componentes voláteis.

Foram usadas folhas de espécies de Piper coletadas nas áreas experimentais da Ceplac, localizadas nos municípios de Medicilândia (PA) e Marituba (PA). As folhas, depois de secas à temperatura ambiente, foram submetidas à hidrodestilação em aparelhos de vidro tipo Clevenger para separação do óleo essencial e, posteriormente, seus componentes voláteis foram identificados por cromatografia de gás acoplada à espectometria de massas. Amostras das plantas coletadas e usadas foram identificadas por especialistas do Departamento de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi e pela Dra. Elsie Guimarães, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

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Para os ensaios antibacterianos, foram utilizadas as seguintes bactérias patogênicas, responsáveis por infecções comuns: Staphylococus aureus, S. pneumoniae, Pseudomonas aeroginosa, Escherichia coli e Bacillus subtilis. As cepas foram fornecidas pelo Instituto Evandro Chagas e mantidas em meio nutriente-ágar (NA Oxoid). As bactérias foram repicadas para caldo nutriente (NB Oxoid) 24 horas antes de se iniciar os ensaios e o método utilizado foi o de difusão em ágar. Alíquotas de 20 ml da suspensão (108 ufc/ml) de cada cepa foram adicionadas individualmente em Erlenmeyer contendo 40 ml de meio NA fundente (45 C), que foram homogeneizados e, em seguida, vertidos em placas de Petri de 9 cm de diâmetro. Após a solidificação do meio, foram depositados em cada placa três discos, previamente esterilizados, de papel de filtro Whataman N 1 de 10 mm de diâmetro. Sobre os discos, foram depositados 10 µl das amostras dos óleos essenciais (Quadro 1). Foram utilizadas três placas por tratamento, as quais foram incubadas em câmara de crescimento tipo B.O.D. a 37 C e após 48 horas foi feita a avaliação, medindo-se o diâmetro do halo de inibição formado em volta dos discos.

Os resultados relativos aos componentes voláteis dos óleos essenciais de Piper spp. podem ser verificados na Quadro 19. E-cariofileno e germacreno, embora em percentuais variáveis, foram os componentes mais constantes nas amostras dos óleos. Estes álcoois sesquiterpenos são citados na literatura como compostos que apresentam propriedades bactericidas.

Quanto à atividade antibacteriana, observou-se que quase todos os óleos testados exibiram ação inibitória sobre as cepas das bactérias empregadas. As atividades antibacterianas desses óleos estão expressas na Quadro 20 e representadas por seus halos de inibição. O óleo de P. enckea foi o que apresentou o mais amplo espectro de atividade, sendo capaz de inibir todas as cinco bactérias testadas.

No óleo de P. aduncum, cujo material botânico foi coletado no município de Medicilândia, PA, o principal componente volátel é o dilapiol (96,7%). Estudos realizados sobre a composição do óleo essencial de P. aduncum, coletada em diferentes locais da Região Amazônica, apontam o dilapiol como seu componente mais abundante. O óleo dessa piperácea causou elevada inibição das bactérias (Quadro 20). Estes resultados são coincidentes com os obtidos por outros autores, que admitem a atividade bactericida do dilapiol. Em geral, os éteres fenólicos pertencem a um grupo de substâncias que tem propriedades antifúngicas e antibacterianas.

Quadro 19 - Principais componentes voláteis dos óleos essenciais das espécies de Piper.

Espécies de Piper Componentes voláteis

Piper sp. E-cariofileno (50,1%), geranil acetona (15,4%), óxido de cariofileno (10,3%)

P. callosum safrol (44,7%), metil-eugenol (10,9%)

P. enckea benzaldeído (39,1%), germacreno D (16%), alfa-zingibereno (14,2%)

P. aduncum dilapiol (96,7%)P. marginatum var. anisatum elemol (8,8%), N.i*. (22,3%)

P. cyrtopodon E-carofileno (19,2%), germacreno (10,0%), biciclogermacreno (13,0%)

P. tuberculatum alfa-pineno (11,4%), beta-pineno (10,6%), E-cariofileno (28,6%)P. hostmanianum E-cariofileno (22,8%), germacreno (13,3%)

P. divaricatum E-cariofileno (23,8%), germacreno (42,5%), espatuleno (20,8%)

• Não identificado

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Quadro 20. Atividade antibacteriana dos óleos essenciais das espécies de Piper.

Óleos essenciaisHalos de inibição das bactérias(1)

Staphylocusaureus S. pneumoniae Pseudomonas

aeroginosaEscherichia

coliBacillussubtillis

Piper sp. + + + + - - + +Piper callosum + + + - - + +P. hostmanianum - + + - + + +P. divaricatum + + + - + +P. enckea + + + + + + + +P. marginatum var. anisatum + + + + - - + +

P. cyrtopodon + + + + - + + + +P. aduncum + + + + + + + + +P. tuberculatum - - - - -

(1) + = halos de 0,8 a 16 mm; + + = halos superiores a 16 mm; - = ausência de halos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Dr. Edvaldo C. B. Loureiro, do Instituto Evandro Chagas, Belém, PA, pelo fornecimento das cepas das bactérias; às Dras. Elsie Guimarães, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Léa Maria Carreira do Museu Paraense Emílio Goeldi pela classificação e identificação das espécies botânicas.

INIBIÇÃO DE FUNGOS FITOPATOGÊNICOS POR MEIO DOS ÓLEOS ESSENCIAISDE Piper aduncum E Piper marginatum

Cleber Novais Bastos e Danielle Mariano H. da Silva

O objetivo do presente trabalho foi avaliar in vitro a ação fungitóxica dos óleos essenciais de Piper aduncum e P. marginatum sobre o crescimento micelial de fungos causadores de doenças em diferentes cultivos.

A extração dos óleos foi realizada por meio de hidrodestilação por arraste a vapor, usando aparelho de vidro tipo Clavenger. Alíquotas dos óleos foram adicionadas ao meio BDA, fundente, para obter concentrações que variaram de 10µg/ml a 1500µg/ml e, a seguir, vertido em placas de Petri. Discos de micélio (5 mm de diâmetro) dos fungos foram implantados em três pontos eqüidistantes e, em seguida, as placas foram incubadas por 3 a 5 dias a 25 °C e fotoperíodo de 12 horas. Como controle utilizou-se apenas BDA com discos das culturas.

A avaliação da fungitoxicidade dos óleos foi realizada por meio da determinação da concentração inibitória mínima (CIM), que é a concentração mais baixa necessária para causar total inibição do crescimento micelial.

Os resultados obtidos revelaram que o óleo de P. aduncum foi mais eficiente que o óleo de P. marginatum na inibição in vitro do crescimento micelial dos fungos fitopatogênicos (Quadro 21). O óleo essencial de P. aduncum apresentou um amplo espectro fungicida, provocando total inibição do crescimento dos fungos, em concentrações variando de 50 µg/ml a 100 µg/ml. Por outro lado, o óleo essencial de P. marginatum inibiu em 100% o crescimento micelial dos fungos testados somente nas concentrações acima de 500 µg/ml.

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Pelo exposto, concluiu que o óleo essencial de P. aduncum demonstrou acentuada atividade antifúngica, evidenciando, assim, uma alternativa promissora para o controle de fitomoléstias de etiologia fúngica.

Quadro 21 - Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) dos óleos essenciais de Piper aduncum (Pa) e P. marginatum (Pm) sobre o crescimento micelial de fungos fitopatogênicos.

FungosÓleo Pa

CIM(µg/ml)1

Óleo Pm

CIM (µg/m)

Crinipellis perniciosa 50 1000

Fusarium oxysporum 1000 >1500

F. solani 100 500

F. solani f. sp. piperis 100 500

Colletotrichum sp. 100 1500

C. gloeosporioides 100 1500

C. musae 100 1500

Pythium piriidium 100 1000

Cylindrocladium scoparum 50 100

C. parasiticum 100 1000

P. capsici 100 1500

P. palmivora 100 >1500

P. drechsleri 100 1000

Phomopsis sp. 100 1500

Cladosporium herbarium 500 1000

Penicillium digitatum 500 >1500

(1) CIM = Concentração inibitória mínima em µg/ml para causar total inibição do crescimento micelial.

EFEITO DE SUBPRODUTOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE Piper aduncum NO CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO

Cleber Novais Bastos

Piper aduncum L. é uma piperáceae de grande utilização na medicina popular e ampla distribuição no Brasil. A planta é conhecida sob os nomes populares de pimenta-de-macaco, aperta-ruão, jaborandi-falso, jaborandi do mato.

Estudos realizados sobre a composição do óleo essencial de P. aduncum, coletada em diferentes locais da Região Amazônica, apontam o dilapiol, um éter fenílico, como seu componente mais abundante. Os componentes químicos dessa piperácea têm apresentado ação eficaz no controle de fitopatógenos. Extratos de matéria orgânica, preparada pela mistura compostada ou não e água, têm mostrado seu potencial no controle de vários fitopatógenos e para o fornecimento de nutrientes. Quando efetivo, é uma alternativa, potencialmente atrativa, em contraste aos fungicidas, sendo indicado na agricultura sustentável.

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Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a influência dos subprodutos obtidos da extração do óleo, na incidência de vassoura-de-bruxa do cacaueiro, nas condições de casa de vegetação e de campo.

Obtenção dos subprodutos O resíduo sólido (RS) e o resíduo líquido (RL) foram obtidos durante o processo de extração do óleo essencial de P. aduncum, feita pelo método de arraste a vapor. Depois de coletado o óleo, o hidrolato (RL) e o resíduo foliar (RS) foram coletados, separadamente. O resíduo foliar foi secado à sombra por 15 a 20 dias e, depois de secos, foram embalados em sacos plásticos. O RL foi armazenado em frascos escuros com capacidade para um litro, que foram mantidos em condições de ambiente até sua utilização.

Experimento casa de vegetação

Neste experimento, foram usadas mudas de cacau var. PA 195 com 30 dias de idade, cultivadas em número de duas, em cada vaso de plástico com capacidade para 3 kg de terriço. O RL na concentração de 50% (v/v) foi aplicado por meio de pulverização com auxílio de um pulverizador manual de pressão até o ponto de escorrimento. O RS foi aplicado na superfície do solo na dosagem de 150 gramas por vaso. Para cada tratamento, foram empregadas 24 plantas. O RL foi aplicado três vezes, a intervalos de 30 dias, e o RS foi aplicado duas, a intervalos de 60 dias. Após 30 dias da última aplicação dos tratamentos, foram efetuadas as inoculações das plantas com basidiósporos de Crinipellis perniciosa.

Do inóculo de 1 x 105 basidiósporos viáveis/ml em suspensão de ágar-água a 0,25%, depositou-se uma gota de 30 µl da suspensão no ápice apical de cada planta. Após a inoculação, as mudas permaneceram 24 horas em câmara climatizada, com temperatura de 25 °C e umidade relativa do ar de aproximadamente 100%, sendo então transferidas para casa de vegetação.

A avaliação foi efetuada 60 dias após a inoculação, por meio da observação dos sintomas de vassoura-de-bruxa e calculando-se a percentagem de plantas doentes.

Experimento de campo

O experimento foi conduzido na ERJOH, numa área com plantio formado por uma mistura de híbridos suscetíveis à vassoura-de-bruxa. Nas plantas que constituíram as parcelas, foi realizada uma poda fitossanitária em outubro/2001 (estação não chuvosa), que consistiu na remoção das vassouras vegetativas e frutos infectados.

O ensaio constou de 3 tratamentos, sendo cada tratamento representado por 10 plantas úteis separadas por uma bordadura de seis fileiras de cacaueiros, dos quais não foram removidas as vassouras e serviram de fonte natural de inóculo. Os tratamentos foram: A) – Aplicação de RS (800g/planta) a lanço e em cobertura num raio de 1,0 m do tronco da planta; B) – Pulverização do RL, sem diliur, (500 mL/planta) com auxílio de um pulverizador costal motorizado; e C) – Testemunha, sem aplicação de subprodutos. Os tratamentos tiveram início em dezembro/2002 e foram efetuadas três aplicações a intervalos de 60 dias. Após quatro meses da última aplicação dos tratamentos, foi realizada a avaliação, que constou da contagem do número de vassouras vegetativas (verdes e necróticas) em cada tratamento.

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Os resultados obtidos no ensaio de casa de vegetação mostraram que as aplicações dos RS e RL antes da inoculação com C. perniciosa induziram uma redução na percentagem de plantas infectadas, em relação à testemunha (Quadro 22), que tiveram 25%, 37,5% e 87,5%, respectivamente. No experimento de campo, foi verificada que a incidência do número de vassouras nos tratamentos RS e RL foi significativamente inferior à da testemunha (Figura 16) . O efeito fungitóxico dos componentes presentes no óleo essencial de P. aduncum e C. perniciosa, pode ser o mecanismo de atuação desses resíduos sobre o patógeno. Esses componentes não seriam totalmente extraídos das folhas durante o processo de extração do óleo nem do hidrolato no processo de separação do óleo.

Quadro 22 - Incidência de vassoura-de-bruxa em mudas de cacau tratadas com subprodutos da extração do óleo de Piper aduncum antes da inoculação por Crinipellis perniciosa.

Tratamento % incidência de vassoura-de-bruxa* % de plantas sadias**

Resíduo sólido 25,0 a 71,4Resíduo líquido 37,5 a 57,1Testemunha 87,5 b 0,0

*Dados são médias de 3 repetições, 8 plantas por repetição; Médias seguidas da mesma não diferem entre si (Tukey 5%).

** Porcentagem de plantas sadias em relação à testemunha. O aproveitamento de subprodutos da extração do óleo essencial de P. aduncum poderia vir a ter a sua disponibilidade como defensivos alternativos num sistema de agricultura ecológica, com ganhos consideráveis, pelo aumento da resistência do cacaueiro ao ataque da vassoura-de-bruxa e também para o meio ambiente, já que se evitará a contaminação.

Figura 16. Redução da incidência de vassouras vegetativas em cacaueiros tratados com resíduos da extração de óleo de P. aduncum. A) Resíduo sólido; B) Resíduo liquido; C) Testemunha.

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EFEITO DO RESÍDUO FOLIAR DE Piper aduncum NO DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULAS DE CACAU

Cleber Novais Bastos

O preparo de mudas de cacau tem sido feito com a utilização do terriço, material orgânico retirado da camada superficial de solos cobertos com matas ou cacaueiros. Geralmente são substratos de baixa fertilidade natural ou com características físicas desfavoráveis, que são corrigidas com aplicação de fertilizantes e corretivos.

Este trabalho foi efetuado com o objetivo de determinar o efeito nutricional do resíduo foliar de Piper aduncum, após a extração do seu óleo essencial, sobre o desenvolvimento de plântulas, em condições de casa de vegetação.

O material botânico coletado, folhas e galhos de P. aduncum, foi processado da seguinte maneira: foi secado à temperatura ambiente, com ventilação natural durante 5 a 7 dias; pesado e submetido a hidrodestilação por arraste, usando-se aparelho de vidro Clevenger para separação do óleo essencial. Depois de coletado o óleo, o hidrolato e a parte aquosa do resíduo foliar foram descartados. O resíduo foliar foi secado à sombra po15 a 20 dias, triturado sob a forma de grânulos e armazenados em sacos plásticos vedados até a sua utilização. O ensaio foi realizado em casa de vegetação, utilizando o clone “Catongo”plantado em sacos de polietileno de 10 x 20 cm, contendo 1 kg de terriço como substrato. Cada saco recebeu uma plântula de cacau.

O resíduo foliar de P. aduncum nas doses de 0,3% e 5% em relação ao peso do terriço por saco, foi adicionado na superfície do terriço, quando as mudas estavam com 16 dias de idade. Foram usadas 10 plantas por tratamento, sendo uma planta representada por uma testemunha.

O experimento foi concluído quatro meses após a semeadura, ocasião em que foram tomadas as medidas do diâmetro do caule e a altura das plantas. O diâmetro foi medido no coleto por meio de paquímetro e a altura foi tomada partindo-se do nó cotiledonar do caule até o ápice terminal da planta, por meio de régua milimetrada. A seguir, as plantas foram seccionadas na altura do coleto, separando o sistema radicular da parte aérea. As raízes foram lavadas em água corrente para eliminação do terriço, sendo, posteriormente, as raízes e partes aéreas (folha e caule) acondicionadas, separadamente, em sacos de papel. Todo o material foi secado em estufa a 60 C até atingir peso constante.

A análise química do resíduo foliar e do terriço para determinação do pH e dos nutrientes, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e alumínio, foi efetuada segundo metodologia descrita por Santana et al. (1977).

Os resultados relativos ao efeito do resíduo foliar de P. aduncum no desenvolvimento das plântulas de cacau (Figura 17) mostram que, com a adição do resíduo nas doses de 3% e 5%, as plântulas apresentaram-se mais altas, não havendo, entretanto, diferença entre si, mais diferindo da testemunha.

Quanto à produção de matéria seca (parte aérea e raízes), o substrato do resíduo,’ mesmo na dose de 5%, não favoreceu o desenvolvimento do sistema radicular, mas registrou maior produção de massa seca, quando comparado com a testemunha (Figura 18).

A análise química de amostras do resíduo foliar (Quadro 23) revelou que os níveis de Potássio (K), Cálcio + Magnésio (Ca + Mg) e Fósforo (P) foram mais elevados do que a testemunha terriço,

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incrementando a produção de biomassa das plântulas de cacau. Os efeitos benéficos observados com a incorporação do resíduo foliar de P. aduncum podem ser atribuídos à melhoria nas propriedades físicas e químicas do substrato utilizado.

Pelo exposto, admite-se que, pelos efeitos benéficos apresentados (Figura 19), deve-se disponibilizar o aproveitamento desses resíduos na formação de mudas de cacau.

Figura 17 - Efeito do resíduo foliar de Piper aduncum no desenvolvimento de mudas de cacau. As barras representam o erro padrão das médias.

Figura 18 - Efeito do resíduo foliar de Piper aduncum na produção de matéria seca da parte aérea e raízes de plântulas de cacau. As barras representam o erro padrão das médias.

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

A B C

Numero médio de vassouras vegetativas

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Test 3% 5%

Tratamentos

Peso

sec

o (g

r)

Part.aéreaRaiz

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

Test 3% 5%

Tratamentos

Peso

sec

o (g

r)

Part.aéreaRaiz

Quadro 23 - Propriedades químicas do resíduo foliar de Piper aduncum.

Figura 19 - Desenvolvimento de mudas de cacau em substrato contendo resíduo foliar de Piper aduncum: T (Testemunha), apenas terriço, e as outras duas plantas em substrato contendo 3% e 5% do resíduo foliar.

REFERÊNCIA CITADA

SANTANA, M. B. M.; PEREIRA, G. C. & MORAIS, F. I. Métodos de análise de solos, plantas e água utilizados no laboratório do Setor de Fertilidade do CEPEC. Ilhéus, CEPEC, 1977. 28p.

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Tratamento pHmEq/100g P

(ppm)Al Ca + Mg K

Resíduo foliar 8,9 0,0 11,8 7,40 176

Testemunha (terriço) 6,0 0,2 1,3 0,03 9

ATIVIDADE FUNGICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DE Cymbopogon nardus PARA Crinipellis perniciosa ISOLADO DO CACAUEIRO

Cleber Novais Bastos1, Eloísa H. A. Andrade2 e José G. S. Maia2.1Ceplac/Supor/Erjoh, C. Postal 46, 67105-970, Marituba – PA.

2Museu Emílio Goeldi/CBO, C. Postal 399, 66040-170, Belém - PA

Os objetivos deste trabalho foram avaliar in vitro e in vivo o efeito fungitóxico do óleo essencial de Cymbopogon. nardus contra o fungo Crinipellis perniciosa e, em caso positivo, identificar os seus componentes voláteis.

Folhas de C. nardus, depois de secas à temperatura ambiente, foram submetidas a hidrodestilação em aparelhos de vidro tipo Clevenger para separação do óleo essencial e, posteriormente, seus componentes voláteis foram identificados por cromatografia de gás acoplada à espectrometria de massas (Maia et al., Plantas aromáticas na Amazônia e seus óleos essenciais).

O efeito inibitório do óleo, em diferentes concentrações, sobre a germinação de basidiósporos foi determinado em lâminas escavadas mantidas em câmara úmida e, após 24 horas, a avaliação foi feita em microscópio ótico, verificando-se a porcentagem de germinação dos esporos. A inibição do crescimento micelial foi determinada aos 10 dias, após a transferência de discos de micélio ao meio de cultura de extrato de malte ágar (EMA), contendo diferentes concentrações do óleo.

Em casa de vegetação, foi avaliada a atividade fungitóxica do óleo sobre o fitopatógeno, usando-se plântulas de cacau, as quais foram inoculadas com uma suspensão de basidiósporos preparada em 0,25% de agar-água, contendo 5000 ppm do óleo, imediatamente à preparação da solução (tempo zero) e, após 15 e 30 minutos.

Nos ensaios in vitro, foi observada inibição de 34% e 100% na germinação, nas concentrações de 500 ppm e 1000 ppm, respectivamente. Quanto ao crescimento micelial, constatou-se que na concentração de 250 ppm ocorreu 49,4%, e 100% de inibição nas concentrações acima de 500 ppm (Quadro 24).

Visando verificar o efeito fungistático ou fungicida do óleo, os discos de micélio que não se desenvolveram nas concentrações de 500 ppm e 1000 ppm foram transferidos para placas contendo EMA. Após observações diárias e até aos seis dias de incubação, foi constatada a inviabilidade do micélio, a qual é atribuída, possivelmente, à presença de componentes voláteis com atividade fungicida, presentes no óleo essencial de C. nardus.

A aplicação do óleo à suspensão de basidiósporos de C. perniciosa em diferentes períodos de tempo antes da inoculação de plântulas de cacau provocou 0% de infecção em todos os tratamentos testados, enquanto a testemunha apresentou 100% de plantas infectadas (Quadro 25).

Análise química do óleo essencial de C. nardus revelou a presença dos monoterpenos oxigenados geraniol (29,1%), citronelal (22,5%), citronelol (14,6%), neral (6,3%) e geranial (4,3%) como seus componentes majoritários.

Considerando os resultados aqui obtidos, o óleo essencial de C. nardus apresenta promissor potencial fungicida à C. perniciosa, indicando a necessidade da realização de testes em casa de vegetação e campo, e a possibilidade do seu uso no controle integrado da vassoura-de-bruxa.

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Quadro 24 - Porcentagem de inibição de germinação e de crescimento in vitro de C. perniciosa, por meio do óleo essencial de C. nardus em diferentes concentrações.

Concentração Inibição da germinação Inibição do crescimento micelial1

(ppm) (%) (%)

50 0,0 14,0

100 0,0 18,2

250 0,0 49,4

500 34,0 100,0

1000 100,0 100,01 Em relação à testemunha (0 ppm), quando o crescimento atingiu o diâmetro da placa de Petri (85 cm).

Quadro 25 - Efeito fungicida do óleo de C. nardus, em função do tempo de exposição com a suspensão de basidiósporos de C. perniciosa, na infecção de plântulas de cacau.

Tempo (min) para inoculação Plantas sadias Plantas infectadas % infecção1

Imediatamente (0) 10,0 0,0 0,015 minutos após 10,0 0,0 0,030 minutos após 10,0 0,0 0,0

Testemunha 0,0 10,0 100,01 Valores correspondentes a 10 plantas por tratamento.

EFEITO DO ECOLIFE-40 NO CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA (Crinipellis perniciosa) DO CACAUEIRO

Cleber Novais BastosA vassoura-de-bruxa causada pelo basidiomiceto Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer é a doença mais destrutiva do cacaueiro (Theobroma cacao L.), podendo ocasionar perdas de até 100% da produção (Almeida & Andebrhan, 1987).

Vários trabalhos já foram efetuados na tentativa de controlar a doença com o emprego de fungicidas protetores convencionais à base de cobre e de sistêmicos (Bastos, 1989; Evans, 1981; Laker & Ram, 1992). Contudo, o uso destes produtos nem sempre é econômico, tão grande é a necessidade da realização de pulverizações freqüentes, num curto espaço de tempo. Isto devido ao crescimento contínuo e rápido dos tecidos alvos da infecção, aliado ao regime de chuvas abundantes, que favorecem o desenvolvimento do patógeno e lixiviam da copa das árvores os fungicidas aplicados. Assim sendo, faz-se necessário testar novos produtos, principalmente os de ação sistêmica e que tenham capacidade de induzir resistência ao fungo.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do Ecolife-40 na inibição de C. perniciosa em laboratório e no controle da vassoura-de-bruxa em casa de vegetação. O Ecolife-40 é um produto de origem natural, revigorante e anti-estresse para plantas, de ação polissinergética, capaz de melhorar o vigor das plantas e resistência destas às doenças.

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Efeito in vitro do Ecolife sobre a germinação de basidiósporos de C. perniciosa

A avaliação da germinação dos basidiósporos foi realizada a partir de esporos acondicionados em tubos plásticos com capacidade para 2 ml e armazenados em nitrogênio líquido a uma temperatura de -196 °C.

O produto Ecolife foi empregado nas concentrações de 0, 10, 50, 100, 250 e 500 ppm, sendo todas as diluições feitas a partir de uma solução estoque na concentração de 1000 ppm do p. c. Alíquotas de 100 µl contendo as concentrações indicadas foram pipetadas em lâminas escavadas, repetidas três vezes e, a seguir, depositadas em cada diluição 10 µl de uma suspensão de basidiósporos. As lâminas foram incubadas em câmara úmida à temperatura de 25 °C por 24 horas, quando foi determinada a percentagem de esporos germinados amostrando-se ao acaso 100 basidiósporos/cavidade.

Efeito do Ecolife sobre o crescimento micelial de C. perniciosa

O produto foi adicionado ao meio de extrato de malte ágar (EMA), fundente (45-50 °C), nas concentrações de 0, 10, 50, 100 250 e 500 ppm ( p. c.) e distribuído em placas de Petri de 9 cm de diâmetro, sendo quatro placas para cada concentração. No centro de cada placa foi depositado um disco de 0,7 cm de diâmetro contendo micélio de C. perniciosa, retirado de bordas de colônias do fungo. As placas foram incubadas em câmara de crescimento, à temperatura de 25°C, na ausência de luz. Após 10 dias, determinou-se o diâmetro médio das colônias, em duas direções perpendiculares e, por comparação com o crescimento das colônias nas placas testemunhas que receberam meio de cultura sem Ecolife, calculou-se a percentagem de inibição do crescimento micelial.

Efeito do Ecolife no desenvolvimento de vassoura-de-bruxa em mudas de cacau em casa de vegetaçãoMudas de cacau cultivar “Catongo” com dois meses de idade foram pulverizadas com o produto nas dosagens de 0, 3000 e 5000 ppm (p.c.) aos 6 e 12 dias antes da inoculação.

Do inóculo contendo 1 x 105 basidiósporos viáveis/ml em suspensão de ágar-água a 0,25%, depositou-se uma gota de 30 µl da suspensão no ápice apical de cada planta.. Após a inoculação, as mudas permaneceram 24 horas em câmara climatizada, com temperatura em torno de 25 °C e umidade relativa do ar de aproximadamente 100%, sendo então transferidas para a casa de vegetação sob condições normais de ambiente. Foram utilizadas 15 plantas para cada tratamento. A avaliação foi efetuada 45 dias após a inoculação, por meio da observação dos sintomas de vassoura-de-bruxa e calculando-se a percentagem de plantas doentes.

Efeito sistêmico do Ecolife no controle da vassoura de bruxa em mudas de cacauO efeito sistêmico do produto foi avaliado em 20 mudas de cacau do cultivar “Catongo” com 2 meses de idade, cultivadas em sacos de polietileno contendo 3 kg de terriço, as quais foram pulverizadas com 5000 ppm (p.c.). Outras 20 plantas não pulverizadas foram usadas como testemunha. Após 15 dias da aplicação, os ápices dos brotos vegetativos de todas as plantas foram removidos com uma tesoura de poda, a fim de formarem brotações novas, onde o produto não foi aplicado. Decorridos 35 dias da poda apical, todas as mudas foram inoculadas nos novos brotos como descrito anteriormente. A avaliação da incidência da vassoura-de-bruxa foi efetuada 45 dias após a inoculação.

Avaliação da absorção e persistência de Ecolife em plântulas de cacau

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A absorção e a persistência foram avaliadas aos 6, 12 e 18 dias após a aplicação de Ecolife na concentração de 5000 ppm do p.c. Folhas de plântulas tratadas e não tratadas (testemunhas) foram coletadas, lavadas em água corrente de torneira e macerada ( 5 gr/20 mL de etanol), com auxílio de um gral de porcelana. O extrato obtido foi filtrado através de papel de filtro e concentrado a um volume de aproximadamente 5 ml num rotoevaporador. Os extratos foram adicionados a 20 ml de BDA fundente e, após autoclavagem por 5 minutos, o meio foi vertido em quatro placas de Petri de 5 cm de diâmetro (Bastos, 1987). Procedimento semelhante foi realizado com a testemunha, não pulverizada com Ecolife. No centro de cada placa, foi colocado um disco de micélio de C. perniciosa de 3 mm de diâmetro e, em seguida, as placas foram incubadas a 25 °C, na ausência de luz. Decorridos 6-8 dias da incubação, quando a colônia do fungo no tratamento testemunha apresentou desenvolvimento médio equivalente ao raio da placa (5 cm) foi então, determinado o diâmetro das colônias desenvolvidas. Por comparação com o crescimento do fungo nas placas testemunhas, foi calculada a percentagem de inibição do crescimento micelial.

O Ecolife apresentou ação fungicida sobre a germinação de basidiósporos e sobre o crescimento micelial de C. perniciosa, promovendo 100% de inibição na germinação e no crescimento nas concentrações de 100 e 500 ppm, respectivamente (Quadro 26).

A aplicação de Ecolife nas dosagens e épocas testadas antes da inoculação com C. perniciosa induziu uma redução na percentagem de plântulas infectadas em relação à testemunha, que variou de 38,4 a 92,3% (Quadro 27). Obteve-se uma maior proteção contra a infecção do patógeno quando a aplicação de Ecolife foi realizada 6 dias antes da inoculação (Quadro 22), independentemente da dosagem utilizada.

A ação sistêmica do produto foi constatada, quando plantas tratadas e posteriormente podadas e inoculadas nos novos brotos apicais formados apresentaram menor percentual de plantas infectadas, quando comparado com a testemunha (Quadro 28). Isto indica que as novas brotações foram parcialmente protegidas, mesmo quando o Ecolife foi aplicado aos 15 dias antes da poda e 35 dias após as inoculações. Os resultados relativos à absorção e à persistência de Ecolife mostraram que substâncias tóxicas ou induzidas pelo produto em plântulas de cacau foram capazes de inibir o crescimento micelial de C. perniciosa em 57,7% após 6 dias da aplicação e 100% aos 12 e 18 dias (Quadro 29).

Com os resultados promissores obtidos aqui, mais ensaios deverão ser realizados em casa de vegetação e sob condições de campo, onde ocorrem inoculações naturais.

Quadro 26 - Efeito de doses de Ecolife na inibição da germinação de basidiósporos e do crescimento micelial de C. perniciosa in vitro.

Dosagem de Ecolife(ppm)

% de inibição da germinaçãode basidiósporos*

% de inibição do crescimento micelial**10 0,0 0,0

50 75,0 0,0100 100,0 34,6250 100,0 74,1500 100,0 100,0

* % inibição em relação à testemunha; Médias de 3 repetições ** % inibição em relação à testemunha; Médias de 4 repetições

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Quadro 27 - Incidência da vassoura-de-bruxa em mudas de cacau (Theobroma cacao) pulverizadas com duas dosagens de Ecolife-40 em dois períodos antes da inoculação com C. perniciosa.

Período de pulverização(dias)

Dosagens(ppm)

% Incidênciavassoura-de- bruxa*

% Plantassadias**

63000 13,3 84,6

5000 6,6 92,3

123000 53,3 38,4

5000 46,6 46,1

Testemunha 0 86,6 0,0* Valores correspondentes a 15 plantas/tratamento. ** % de plantas sadias em relação à testemunha.

Quadro 28 - Efeito sistêmico do Ecolife-40 (5000 ppm) na redução da incidência de vassoura-de-bruxa em novas brotações de mudas de cacau (Theobroma cacao)*

Tratamento Plantas sadias Plantas infectadas % plantas infectadas

Ecolife** 14 6 30

Testemunha 8 12 60* Valores correspondentes a 20 plantas/tratamento. ** Ecolife aplicado 15 dias antes da remoção dos brotos apicais e inoculações dos novos brotos 35 dias após.

Quadro 29 - Efeito do resíduo fungitóxico de Ecolife extraído de folhas de plântulas de cacau sobre a inibição do crescimento de C. perniciosa in vitro.

Tratamento Inibição (%) do crescimento micelial

Dias após a aplicação

6 12 18

Ecolife 57,5* 0,0 0,0

Testemunha 45,0 45,0 45,0

* Média de quatro repetições.

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PARASITISMO DE Hypomyces sp. AO Crinipellis perniciosa

Cleber Novais Bastos e José Luiz Bezerra1

1CEPLAC/CEPEC/SEFIT, C. P. 07, 45.600-000,Itabuna-BA

A vassoura-de-bruxa do cacaueiro (Theobroma cacao L), causada por Crinipellis perniciosa, é um dos mais sérios problemas da cacauicultura, sendo responsável por grandes prejuízos nas áreas onde ocorre. Devido à alta incidência e ausências de medidas mais efetivas no controle desta doença, muitos agricultores nas regiões produtoras de cacau da Amazônia e Bahia já tiveram suas lavouras completamente dizimadas.

Um dos métodos mais utilizados no controle da vassoura-de-bruxa consiste na remoção, nas épocas certas, das partes afetadas pelo fungo (vassouras vegetativas, frutos e almofadas florais infectadas). A importância econômica da doença, portanto, constitui-se no maior estímulo à busca de métodos alternativos de controle, a fim de evitar-se ou, pelo menos, minimizar os prejuízos que a doença tem ocasionado. O controle biológico tem-se mostrado promissor, podendo ser mais uma opção para o manejo integrado, com a vantagem do baixo custo e da redução da poluição do ambiente, em relação ao controle químico.

Sobre ramos de bambuzeiro, foi constatada a presença do basidiomiceto Hohenbuehelia sp., cujos basidiomas se apresentavam parasitados por um fungo identificado como Hypomyces sp.

Este trabalho teve como objetivo determinar a capacidade parasitária de Hypomyces sp. contra basidiomas de C. perniciosa.Produção do inóculo de Hypomyces O fungo foi cultivado em frascos Erlenmeyer de 500 ml contendo 100 ml do meio líquido extrato de levedura (5g), mel de cana-de-açúcar (25g), água (1l ml) durante 10-12 dias, sem agitação, em condições de laboratório (25-27 °C). Obteve-se a suspensão de inóculo homogeneizando em liquificador a massa fúngica e o meio de cultivo. A suspensão foi diluída pela adição de água destilada esterilizada, obtendo-se a concentração de 5x105 esporos/ml.

Teste de parasitismo Para determinar a ação parasitária de Hypomyces sp. a C. perniciosa, a suspensão de esporos foi atomizada com pulverizador manual (1l) em vassouras secas (50) contendo basidiomas em diferentes estágios de desenvolvimento, penduradas em vassoureiro telado (câmara indutora de basidiomas). Para manter a turgidez dos basidiomas e fornecer condições de umidade favoráveis para o antagonista, as vassouras foram periodicamente aspergidas com água

O fungo Hypomyces sp. apresentou ação de hiperparasitismo contra C. perniciosa (Figura 20), sendo capaz de parasitar mais de 90% de seus basidiomas. Estes, uma vez colonizados pelo micélio do hiperparasita, ficavam impedidos de liberarem os basidiósporos.

Paralelamente, verificou-se que os novos basidiomas que se formaram nas vassouras tratadas foram parasitados. Possivelmente devido à disseminação dos esporos a partir dos basidiomas colonizados e/ou da capacidade do antagonista sobreviver saprofiticamente nas vassouras secas, na ausência de basidiomas.

Pela constatação da ação de hiperparasitismo de Hypomyces sp. a C. perniciosa, conclui-se que existem boas perspectivas para pesquisas, visando ao controle biológico do inóculo do patógeno da vassoura-de-bruxa.

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Figura 20 - Basidiomas de Crinipellis perniciosa parasitados por Hypomyces sp.

BIOCONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA DO CACAUEIRO PELOUSO DE Clonostachys sp. (= Gliocladium sp.)

Cleber Novais Bastos

O controle biológico de doenças de plantas cultivadas tem, cada vez mais, sido visto como uma das maneiras de redução do uso de produtos químicos na agricultura. O uso de agroquímicos apresenta risco tanto ao pessoal de campo que trabalha com sua aplicação como aos consumidores. Além disso, seu uso é, em determinados casos, antieconômico, em decorrências das inúmeras pulverizações, onerando o custo de produção e trazendo conseqüências ambientais indesejáveis. O uso de organismos para o controle biológico tem menor restrição quanto ao impacto ambiental e dificilmente o patógeno desenvolverá resistência a ele e, também, o risco de contaminação é reduzido.O presente trabalho teve por objeto testar, sob condições de casa de vegetação e de campo, a ação antagonista de Clonostachys sp. (= Gliocladium sp.) visando o controle da vassoura-de-bruxa no cacaueiro.

Origem dos isolados de Clonostachys sp. Os isolados do antagonista (G1 e G2) foram obtidos, respectivamente, a partir de vassoura seca e de muda de cacaueiro infectada por Crinipellis perniciosa. Os isolamentos foram feitos a partir das estruturas esporógenas desenvolvidas na superfície dos tecidos, as quais foram retiradas por método direto, com auxílio de uma agulha histológica flambada sob microscópio estereoscópico e transferidas para tubos contendo meio BDA.

Para obtenção do inóculo, os antagonistas foram cultivados em BDA, em placas de Petri durante oito dias, à temperatura de 25 °C, na ausência de luz. Discos de 7 mm de diâmetro foram retirados das bordas de colônias de cada isolado e transferidos para frascos Erlenmeyer de 250 ml contendo como substrato 25 g de grãos de sorgo sacarino, autoclavado. Os frascos foram mantidos à

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temperatura ambiente do laboratório (25 ± 28 °C), e, após 10-12 dias, o inóculo foi suspenso em água; esta suspensão foi filtrada e diluída até atingir a concentração de conídios desejada.

Experimento em casa de vegetação Sementes de cacau var. PA 195 suscetíveis a C. perniciosa foram plantadas em sacos de polietileno com capacidade para 2 kg de solo e mantidos em casa de vegetação. Quando as plantas estavam com 40 dias de idade foram aspergidas com suspensões de conídios dos isolados G1 e G2 de Clonostachys sp. (1.5 x 108 conídios/ml) com auxílio de um pulverizador manual de pressão. Após 15 e 36 dias da aplicação, as plantas foram inoculadas com basidiósporos de C. perniciosa, em câmara climatizada, com temperatura em torno de 25 °C e umidade relativa próxima a 100%. A inoculação consistiu na deposição de uma gota de 30µl de uma suspensão de basidiósporsos (1 x 105 basidióporos/ml) na gema apical de cada planta. As plantas permaneceram por 24 h na câmara, sendo, posteriormente, transferidas para casa de vegetação sob condições normais de ambiente. Para cada tratamento foram 25 plantas.

As avaliações foram realizadas 45 dias após cada período de inoculação, através da observação dos sintomas de vassoura-de-bruxa, determinando-se, a seguir, a incidência (%) de plantas doentes.

Determinação da ação endofítica de Clonostachys sp.Para verificar a ação endofítica do antagonista, mudas de cacau (PA 195) com 30 dias de idade tiveram os brotos terminais protegidos com sacos plásticos e as suspensões de conídios foram aplicadas apenas na folhagem. Após 12 dias da aplicação, efetuaram-se as inoculações com basidiósporos de C. perniciosa, usando-se a mesma concentração e os mesmos procedimentos do ensaio anterior. Adicionalmente, discos de 10mm de diâmetro, retirados de folhas, depois de lavadas e desinfetadas superficialmente, foram colocados em placas de Petri contendo BDA e incubadas a 25 °C na ausência de luz.

Experimento de campo Este experimento foi conduzido na ERJOH, numa área com plantio formado por uma mistura de híbridos suscetíveis à vassoura-de-bruxa. Nas plantas que constituíram as parcelas, foi realizada uma poda fitossanitária que consistiu na remoção das vassouras vegetativas e frutos infectados. O ensaio constou de 3 tratamentos, sendo cada tratamento representado por 10 plantas úteis separadas por bordaduras de cacaueiros, dos quais não foram removidas as vassouras, que serviram de fonte natural de inóculo. Os tratamentos foram: A) – Aplicação da suspensão de conídios por meio de injeção no tronco. Para tanto, foi feito um orifício de 10 mm de diâmetro por 10 cm de profundidade no tronco com auxílio de um vazador de rolhas; B) – Pulverização da suspensão de conídios na copa dos cacaueiros; C) – Testemunha, sem aplicação do antagonista.

Os tratamentos tiveram início em dezembro/2002, sendo efetuadas quatro aplicações de suspensão de conídios do isolado G2: a segunda aplicação foi feita 60 dias após a primeira e as demais a intervalos de 30 dias.

No tratamento A (aplicação no tronco), foram aplicados em cada orifício/aplicação 10 ml da suspensão de conídios (1 x 108 conídois/ml). As pulverizações no tratamento B foram feitas com auxílio de um pulverizador costal motorizado.

A avaliação foi realizada seis meses após a última aplicação, determinando-se o número de vassouras vegetativas (secas e necróticas) em cada tratamento.

Os resultados referentes ao experimento de casa de vegetação mostraram que os isolados C1 e C2 de Clonostachys sp. foram eficientes no controle da vassoura-de-bruxa em mudas de cacau quando comparado à testemunha. Aos 15 dias da inoculação com C. perniciosa, os isolados C1 e C2 propiciaram, respectivamente, média de incidência de plantas doentes de 24% e 12%, enquanto na

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testemunha foi de 76%. Aumentando-se o intervalo de tempo-inoculação para 36 dias, a incidência de plantas doentes foi de 28%, 4% e 72% para C1, C2 e testemunha, respectivamente (Figura 21).

Nos resultados obtidos para avaliar o mecanismo de ação do agente de biocontrole, foram evidenciadas a penetração do antagonista no hospedeiro e a proteção contra infecção por C. perniciosa (Figura 22). Isolamento do antagonista in vitro, a partir de discos de folhas das mudas 12 dias após as aplicações, demonstraram que os isolados têm ação endofítica no cacaueiro.Antibiose e indução de resistência possivelmente sejam os mecanismos de ação de Clonostachys sp. contra C. perniciosa. Enzimas líticas produççzidas por Clonostachys sp. têm sido relatadas no controle biológico de fitopatógenos. Com isso, sugere-se a participação dessas enzimas no mecanismo de defesa nas mudas do cacaueiro.

Os resultados obtidos no experimento de campo estão apresentados na Figura 23. A incidência de vassouras vegetativas foi de 30,8% e 16,7%, respectivamente, para aplicação do antagonista no tronco e pulverização na copa do cacaueiro, enquanto na testemunha foi de 57,2%.

Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que os isolados de Clonostachys sp. são agentes potenciais para o controle da vassoura-de-bruxa pela atividade protetiva apresentada contra infecções do patógeno e pela capacidade de indução de resistência. Trabalhos posteriores serão conduzidos para comprovação da eficácia no controle da doença e identificação das espécies.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

T C1 C2

76

24

12

72

124

15 Dias 36 Dias

Figura 21 - Incidência de vassoura-de-bruxa em mudas de cacau pulverizadas com suspensão de conídios de dois isolados de Clonostachys sp. (C1 e C2), 15 e 36 dias antes da inoculação com Crinipellis perniciosa.

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Figura 22 - Efeito dos isolados de Clonostachys sp. (C1 e C2) na infecção de mudas de cacau, quando aplicados apenas nas folhas 12 dias antes da inoculação com Crinipellis perniciosa

Figura 23 - Efeito do antagonista Clonostachys sp. na redução de vassouras vegetativas em cacaueiros sob condições de campo.

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AÇÃO DE Trichoderma stromaticum sp. nov. SOBRE A PRODUÇÃO DE BASIDIOMAS DE Crinipellis perniciosa EM VASSOURAS DE CUPUAÇUZEIRO

Cleber Novais Bastos

O cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. Ex. Spreng.) Schum.), da família Sterculiaceae, é uma das fruteiras mais populares da Amazônia. De comprovado potencial econômico, vem conquistando mercado em outras regiões do país e do exterior, devido ao exótico sabor da polpa de seus frutos, largamente utilizada na fabricação de sorvetes, sucos, compotas, geléia, licor, iogurte e doces. As amêndoas fermentadas são utilizadas na fabricação de chocolate conhecido como“cupulate”, produto com propriedades semelhantes às do chocolate de cacau, que pode ser produzido na forma de pó e em tabletes dos tipos meio-amargo, ao leite e branco.

Em relação aos problemas fitossanitários, tem sido observado que a vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, é a doença que acarreta os maiores prejuízos aos ciclos vegetativos e produtivos do cupuaçuzeiro. Tentativas de controle da doença nos plantios vêm sendo feitas por meio da poda fitossanitária, que consiste na remoção dos ramos afetados. A importância econômica da doença tem incentivado o desenvolvimento de métodos alternativos de controle. Dentre as alternativas, o controle biológico pode ser mais uma opção viável para o manejo integrado da vassoura-de-bruxa.

O antagonista Trichoderma stromaticum sp. nov., isolado a partir de vassouras secas de cacaueiros e identificado inicialmente como T. viride, comprovadamente eficaz como agente de biocontrole do inóculo de C. perniciosa em vassouras de cacaueiros, pode se constituir numa alternativa adicional no controle da doença em roças de cupuaçu, tal como já se pratica no controle integrado da vassoura-de-bruxa do cacaueiro na Bahia.

Este trabalho teve por objetivo avaliar em condições de “vassoureiro” telado e de campo a ação de T. stromaticum sobre a produção de basidiomas de C. perniciosa em vassouras secas de cupuaçuzeiro, em estádio de esporulação.

O agente biológico foi cultivado em frascos Erlenmeyer de 1000 ml contendo 200 ml de meio líquido de batata-caldo de cana (BCC), durante 10-12 dias sem agitação, em condições de laboratório (25-27 C). Obteve-se a suspensão homogeneizando-se a massa fúngica e o meio de cultivo em liqüificador. Preparou-se o inóculo (5 x 106 conídios/ml), adicionando-se água, 0,05% de Tween 80 e 1,0% de sacarose, sendo, posteriormente, a suspensão submetida à agitação até homogeneização completa.

A suspensão do inóculo de T. stromaticum foi aplicada com auxílio de um pulverizador de pressão com capacidade para 5 litros, usando-se os seguintes tratamentos: i) pulverização da suspensão do inóculo em 50 vassouras secas mantidas no “vassoureiro” telado (indutor na produção de basidiomas), sendo as vassouras aspergidas diariamente durante 4 a 6 horas, para induzir a esporulação de C. perniciosa; ii) pulverização da suspensão do inóculo em 50 vassouras secas penduradas por meio de um fio de arame sob a copa de cupuaçuzeiros. O tratamento testemunha teve igual número de vassouras. As pulverizações tiveram início em dezembro de 2000, sendo efetuadas duas aplicações a intervalo de 15 dias, uma em dezembro e outra em janeiro. A avaliação foi realizada por meio da quantificação da frutificação de C. perniciosa, contando-se duas vezes por semana os basidiomas produzidos nas vassouras, no período de dois meses. Observou-se que após este período as vassouras colonizadas pelo antagonista paralisaram definitivamente a frutificação do patógeno.

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Em adição, foram coletadas vassouras tratadas e não tratadas com o antagonista, as quais foram desinfetadas superficialmente com álcool a 70% e retirados, assepticamente, pequenos fragmentos, que foram transferidos para placa de Petri contendo meio seletivo para isolamento de C. perniciosa (8), para se verificar a viabilidade do micélio do patógeno. Nos isolamentos efetuados a partir das vassouras colonizadas por T. stromaticum não houve desenvolvimento do patógeno no meio, indicando a perda de viabilidade das hifas causada pela ação parasitária do antagonista. Por outro lado, nos isolamentos efetuados a partir de vassouras testemunhas, o patógeno desenvolveu formando colônias miceliais. Estes resultados corroboram com àqueles obtidos em vassouras de cacaueiro parasitadas por esse antagonista.

O fungo T. stromaticum demonstrou ser um potencial agente biológico para o controle do inóculo de C. perniciosa do cupuaçuzeiro. As vassouras tratadas com o antagonista apresentavam-se, após uma semana da aplicação, cobertas por massas esporógenas brancas, provocando, posteriormente, total inibição na formação de basidiomas; em contraste, as vassouras testemunhas produziram basidiomas normalmente, até o término do experimento (Figura 24).

Considerando os resultados aqui obtidos, o fungo T. stromaticum apresentou promissor potencial antagônico ao agente da vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro, indicando a possibilidade do seu uso no controle integrado desse importante fitopatógeno. De modo geral, o principal efeito do antagonista como agente biocontralador concentra-se na redução do inóculo (basidiomas) de C. perniciosa. Necessário se torna a realização de experimentos sob condições de campo para comprovação da ação antagônica do agente biológico e, consequentemente, redução de infecções em ramos vegetativos e em frutos.

Figura 24 - Efeito de Trichoderma stromaticum sobre a produção de basidiomas de Crinipellis perniciosa em vassouras de cupuaçuzeiro.

60

Basidiomas produzidos

Testemunha

T. stromaticum

VassoureiroCampo

180

160

140

120

100

80

60

40

20

0

EFEITO DE Trichoderma stromaticum SOBRE A INFECÇÃO DE FRUTOS DE CACAUNA REGIÃO TRANSAMAZÔNICA

Cleber Novais Bastos e Fancisco Chagas M. Neto

O experimento foi conduzido na ESPAM, município de Medicilândia, PA, numa área com alto índice de vassouras vegetativas e elevadas perdas de frutos. O ensaio era constituído de 2 tratamentos e 4 parcelas inteiramente casualizadas, sendo cada parcela constituída por 16 plantas, separadas por bordaduras de 5 fileiras de cacaueiros.

O agente de biocontrole Trichoderma foi cultivado em meio líquido de batata-mel de cana-de-açúcar e, após o crescimento e esporulação, a biomassa foi homogeneizada em liquidificador, embaladas em sacos plásticos hermeticamente fechados com um selador elétrico e despachado para o local de aplicação dentro de um isopor.

Nas pulverizações, foram usados quatro litros de suspensão de conídios + fragmentos de micélio em caldo nutritivo veiculados em 16 litros de água, perfazendo um total de 20 litros de inóculo, que foi aplicado com um pulverizador costal motorizado. As aplicações eram dirigidas para as vassouras secas, tronco, ramos e folhagens, sendo feitas em intervalos de 30 dias, durante os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março. Os frutos maduros foram colhidos 12 semanas após a primeira aplicação e as colheitas continuaram sendo feitas, mensalmente, até 20 semanas depois da última aplicação. Os frutos maduros foram classificados como infectados por C. perniciosa ou sadios, baseado em observações visuais dos sintomas externos.

Os resultados foram avaliados em termos de percentagem de frutos infectados e número total de frutos colhidos.

Os resultados (Quadro 30) demonstraram que o tratamento Trichoderma reduziu infecções em frutos comparado com a testemunha. Também observou-se que o tratamento Trichoderma apresentou maior número de frutos colhidos. Embora tenha havido uma diminuição no percentual de frutos atacados pela vassoura-de-bruxa, houve ainda elevada perda de frutos, causada principalmente pelo inóculo proveniente da área vizinha (testemunha). Também outro fator que deve ter influenciado foi a possível perda da viabilidade de alguns propágulos do agente biológico, em função das condições de armazenamento e transporte.

Quadro 30 - Efeito de Trichoderma stromaticum no controle da vassoura-de-bruxa e produção de frutos de cacau.

TratamentoTotal de frutos

colhidos

Frutos infectados

(%) *

Trichoderma 1.525 38.8

Testemunha 1.346 47.9

* Médias de 3 repetições; 16 plantas por repetição.

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PODRIDÃO DE FRUTOS DE PITANGUEIRA (Eugenia uniflora L.) CAUSADA POR Mucor sp. E AVALIAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS PARA SEU CONTROLE.

Cleber Novais BastosA pitangueira (Eugenia uniflora L.), também conhecida por ginja, é originária do Brasil e encontra-se espalhada em quase toda a América do Sul e em algumas ilhas do Caribe, América Central e Sul da Flórida (E. U. A.). O fruto de pitangueira, quando bem maduro é comido simplesmente como fruta fresca ou em forma de salada, sendo também muito apreciado para fabricação de geléias, sorvetes e sucos. No Estado do Pará, é uma fruteira pouco cultivada, entretanto não raro é encontrada espontaneamente, podendo os frutos serem encontrados à venda em diversos mercados. Em setembro de 2002, constatou-se num plantio de pitangueira implantado na Estação de Recursos Genéticos do Cacaueiro (ERJOH) da CEPLAC, município de Marituba, PA, a ocorrência, em alta incidência, de uma doença causando podridão mole nos frutos. Sobre os frutos, pode-se observar macroscopicamente a presença de estruturas de frutificação do fungo. Sob binocular estereoscópico, estruturas de frutificação do fungo foram retiradas diretamente de frutos infectados e implantados em tubos de ensaio contendo meio de cultura BDA. Por meio de observações microscópicas e com auxílio de ilustrações e chaves taxonômicas, foi possível identificar como sendo o fungo Mucor sp. O teste de patogenicidade foi realizado, mediante a imersão de frutos previamente perfurados com estilete esterilizado, numa suspensão de esporos por 30 segundos. Os frutos testemunhas foram imersos apenas em água destilada. Logo após a inoculação, os frutos foram mantidos em câmara úmida, a 25±27 C e o aparecimento dos sintomas ocorreu a partir do 4 dia da inoculação. Reisolamentos obtidos de frutos inoculados apresentaram as mesmas características das culturas originais, comprovando ser Mucor sp. o agente causal da doença.

Visando verificar a eficiência de óleos essenciais no controle de Mucor sp., foi avaliado in vitro o efeito dos óleos extraídos das seguintes plantas: Cymbopogon nardus, Alpinia speciosa, Piper hispidineivium, P. pillosum, P. aduncum e P. marginatum.

Para avaliação da atividade biológica, alíquotas dos óleos foram incorporadas, em condições assépticas, ao meio de cultura BDA fundente (50 C), para se obter as concentrações finais de 0, 100, 500 e 1000 ppm. O fungicida benomil, nas mesmas concentrações, foi empregado como padrão para comparação. A testemunha foi representada por placas contendo BDA sem óleos. Um disco de BDA com 0,7 cm de diâmetro, contendo cultura do fungo com 5 dias de desenvolvimento, foi colocado no centro de cada placa de Petri. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D. a 25 C, na ausência de luz. Foram utilizadas 4 repetições (4 placas) por tratamento. A avaliação do crescimento micelial radial foi realizada medindo-se dois diâmetros transversais de cada colônia e calculando-se, a seguir, a porcentagem de inibição em comparação com a testemunha.

Os resultados mostraram que, com exceção do óleo de P. hispidinervium, todos os demais óleos reduziram significativamente o crescimento micelial de Mucor sp., quando adicionados ao meio de cultura (Quadro 31). Entretanto, os óleos de P. aduncum e A. speciosa foram os mais eficientes, sendo capazes de causar 100% de inibição do crescimento micelial nas concentrações de 100 ppm e 500 ppm, respectivamente. Esses resultados com óleo de P. aduncum vêm comprovar a sua atividade de amplo espectro. Pelos resultados obtidos no presente trabalho, admite-se que existe potencial da utilização dos óleos essenciais no controle de Mucor sp. em pré e pós-colheita de frutos de pitangueira e possivelmente de outras fruteiras. Quadro 31 - Avaliação da eficiência de óleos essenciais na inibição do crescimento micelial de Mucor sp., in vitro.

Tratamentos Inibição no crescimento micelial (%)1001 500 1000

C. nardus 02 90,5 100A. speciosa 0 100 100P. aduncum 100 100 100P. pillosum 0 0 100

P. marginatum 0 57 100P. hispidinevum 0 0 0

Benomil 0 55,5 801ppm; 2Médias de 4 repetições e porcentagem de inibição em relação à testemunha (0 ppm).

62

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE CACAUEIRO RESISTENTES A Crinipellis perniciosaPaulo S. B. de Albuquerque, Cleber N. Bastos, Stela, S.D.M. Silva1, Edna D. M. Luz1 e Benedita E. G. Gomes2.

1Ceplac/Cepec; 2Bolsista ACRI

O atual programa da CEPLAC para obtenção de novas fontes de resistência a Crinipellis perniciosa tem se baseado na avaliação dos quase 3000 genótipos de cacaueiro que compõem os bancos de germoplasma localizados na Bahia e Amazônia. A seleção destes materiais tem sido realizada tanto em plantas adultas em condições de campo, como em mudas em condições de casa de vegetação.Este trabalho teve como objetivo avaliar os níveis de resistência a C. perniciosa, de diferentes progênies de cacaueiros, em condições de campo e casa de vegetação.O experimento foi realizado na Estação Experimental da Ceplac ERJOH, Marituba-PA, de janeiro a abril de 1999. Foram avaliados 11 cruzamentos entre os clones CAB 197 X CAB 342, CAB 324 X CAB 197, CAB 324 X CAB 333, CAB 324 X CAB 244, CAB 195 X CAB 324, CAB 196 X CAB 270, RB 36 X CAB 196, RB 36 X CAB 214, CAB 214 X X RB 36, CAB 332 X CAB 165 e CAB 341 X CAB 158. Como testemunha suscetível, utilizou-se o material Catongo. Os materiais foram obtidos a partir de polinizações controladas e inoculadas 20 dias após o plantio. Para inoculação, utilizou-se 1 ml por planta de uma suspensão de basidiósoros de C. perniciosa na concentração de 1 x 105 esporos/ml. As plantas foram inoculadas utilizando-se o processo desenvolvido por Frias (1987), sendo, posteriormente, mantidas por 24 horas em câmara de incubação com 100% de umidade relativa. Foram utilizadas 30 plantas por cruzamento divididos em 5 repetições. As avaliações foram realizadas 40 dias após as inoculações utilizando-se as variáveis incidência de plantas infectadas com vassoura terminal, com vassoura axilar, com engrossamento, com pecíolo inchado e com pulvino inchado.Pelos resultados obtidos, observou-se que todos os genótipos avaliados apresentaram menores índices de infecção quando comparados com a testemunha suscetível Catongo. Entretanto, os que mais se destacaram em relação à resistência a C. perniciosa foram as progênies originadas a partir dos cruzamentos RB 36 X CAB 214, CAB X 214 X RB 36, RB 36 X CAB 196, CAB 196 X CAB 270, CAB 195 X CAB 324, CAB 324 X CAB 197 e CAB 341 X CAB 158. .

Verificou-se ainda que os cruzamentos com clones CAB 214, 270, 195, 196 e RB 36 apresentaram os menores níveis de infecções, sendo que a maioria dos sintomas evidenciados por estas progênies se caracterizava pelo aparecimento de pequenos inchaços no caule (engrossamento), pulvino e pecíolo. A baixa incidência de sintomas mais agressivos da doença como as vassouras terminais e axilares pode caracterizar uma reação de resistência dos genótipos ao fungo.Pelo exposto, pode-se concluir que os genótipos avaliados comportaram-se, de um modo geral, como promissores e podem representar possíveis fontes de resistência a C. perniciosa.

AVALIAÇÃO DE CLONES DE CACAU NA AMAZÔNIA BRASILEIRA EM RELAÇÃO À (I) PRODUÇÃO E PERDAS DE FRUTOS POR DOENÇAS E À (II) INCIDÊNCIA DE

VASSOURA-DE- BRUXA EM LANÇAMENTOS E ALMOFADAS FLORAIS - QUADRAS 1 e 6 DO BAG DA CEPLAC – ERJOH

Sérgio Eduardo Abud FonsecaProdução e perdas de frutosOs genótipos clonais do banco de germoplasma de Theobroma cacao L. vêm sendo avaliados desde 1990. Resultados de incidência de Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer até 1994, na Quadra 1 do banco de germoplasma, foram publicados parcialmente em Informe de Pesquisa (1996) e

63

Conferência Internacional de Pesquisas do Cacau (1997), contribuindo de forma significativa para a seleção de plantas testadas em pesquisas posteriores realizadas por vários autores.Após os trabalhos iniciais, restritos à incidência de vassora-de-bruxa em lançamentos e almofadas florais, novos dados foram sendo coletados visando aumentar a segurança das informações e incluir novos parâmetros de avaliações.A capacidade produtiva dos genótipos foi avaliada inicialmente usando-se o número total de frutos produzidos por parcelas clonais (10 plantas), número de frutos sadios e média de frutos por planta (Figuras 25 e 25a) nas quadras 1 e 6 na Estação Experimental José Haroldo, em Benevides, PA.

Figura 25 - Total de frutos, frutos sadios e média de frutos por planta. Quadra 1.

Figura 25a - Total de frutos, frutos sadios e média de frutos por planta. Quadra 6.

64

0,1

1

10

100

1000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Clones

Frutos

TFC Frut. Sadios Frut / Pl

0,1

1

10

100

1000

0 50 100 150 200 250 300 350

Clones

Frutos

Frut / Pl Frut. Sadios TFC

Confirmando o já observado quando a incidência de vassoura-de-bruxa foi avaliada, os dados de produção mostram uma enorme diversidade, permitindo a seleção de genótipos altamente produtivos (na situação da ERJOH). As maiores médias de frutos/planta observadas foram de 53,00 e 53,20 nas Quadras 1 e 6, respectivamente.

As perdas de frutos por doenças e outras causas estão representadas nas Figuras 26 e 26a em cada quadra.

Interessante notar que a podridão-parda provocou maiores perdas que a vassoura-de-bruxa. As outras causas de perdas de frutos não foram devidamente identificadas, sugerindo que se determine corretamente o(s) agente(s) responsável(veis) pela(s) perda(s) em futuras colheitas.

Figura 26 - Perdas de frutos Quadra 1.

Figura 26a - Perdas de frutos Quadra 6.

65

FrutosVB 19%

FrutosPP 22% FrutosOC

59%

Vassoura 10%

Podridão 15%

Outras 75%

As médias de peso úmido das sementes representadas nas Figuras 27 e 27a confirmam a possibilidade da seleção de plantas para esta característica. Os resultados devem levar em consideração que os solos da estação experimental são de baixa fertilidade e que o manejo da plantação não foi adequado no período avaliado.Os Quadros 32 e 33 mostram a média anual de frutos sadios por planta clonal nas quadras 1 e 6 do banco de germoplasma. Deve-se considerar que a condição dos solos da estação experimental, onde está instalado o banco de germoplasma, não é indicada como uma área própria / adequada para o cultivo do cacaueiro.

Figura 27 - Média de peso úmido (kg) das sementes por planta. Quadra 1.

Figura 27a - Média de peso úmido (kg) das sementes por planta. Quadra 6.

66

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

0 50 100 150 200 250 300 350

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

0 90 180 270 360 450 Clones

Quadro 32 - Média anual de frutos sadios por planta clonal por ano e origem. Quadra 1.

CLONES Nº Frutos Sadios / Planta /ano ORIGEM

CAB0309 53,00 BAIXO JAPURÁSE1 52,88 ITUXI

CAB0184 48,90 TARAUACACAB0145 48,20 ACRE

CA3 47,60 SOLIMOESCAB0193 45,90 PURUSCAB0151 43,80 ACRECAB0056 39,78 SOLIMOESCAB0157 38,60 ACRECAB0202 37,40 TARAUACA

PA13 36,40 ALIENIGENACAB0148 34,70 ACRECAB0186 30,90 TARAUACA

MA14 30,67 SOLIMÕESCAB0318 29,80 BAIXO JAPURÁCAB0200 28,00 TARAUACÁ

SC13 28,00 ALIENÍGENACAB0181 27,75 TARAUACACAB0371 26,10 JAMARÍCAB0135 24,80 ACRECAB0253 24,00 JAMARÍCAB0298 23,70 BAIXO JAPURÁ

RB46 23,63 ACRERB33 23,60 ACRE

CAB0271 23,00 SOLIMÕESCAB0187 22,78 TARAUACÁCAB0005 22,60 SOLIMÕESCAB0502 22,50 JAPURÁCAB0280 22,22 BAIXO JAPURÁCAB0058 22,20 SOLIMÕESCAB0198 21,75 PURUSCAB0380 21,70 JAMARÍCAB0321 21,50 SOLIMÕESCAB0329 21,40 SOLIMÕESCAB0154 21,40 ACRECAB0088 21,25 IACOCAB0283 20,50 BAIXO JAPURÁ

RB37 20,40 ACRECAB0310 20,20 BAIXO JAPURÁAB0311 20,00 BAIXO JAPURÁ

CAB0007 19,70 SOLIMÕESCAB0320 19,60 BAIXO JAPURÁ

67

Continuação do Quadro 32

CLONES Nº Frutos Sadios / Planta /ano ORIGEMCAB0120 19,44 ACRECAB0213 19,38 PURUSCAB0082 19,33 IACOSA029 19,14 PLANTACÕESCAB0247 19,00 JAMARÍCAB0209 18,71 PURUSCAB0203 18,70 TARAUACÁCAB0150 18,57 ACREPA195 18,50 ALIENÍGENACAB0013 18,00 JI-PARANÁCAB0028 17,80 SOLIMÕESCAB0171 17,70 ACRECAB0531 17,67 BAIXO JAPURÁCAB0499 17,50 JAPURÁCAB0275 17,13 BAIXO JAPURÁSA042 17,00 PLANTACÕESCAB0333 17,00 SOLIMÕESC.SUL9 17,00 JURUÁCAB0303 16,89 BAIXO JAPURÁCAB0406 16,86 JAMARÍCAB0214 16,80 PURUSMA12 16,50 SOLIMÕESCAB0383 16,50 JAMARÍTSA654 16,44 JAMARÍCAB0287 16,33 BAIXO JAPURÁCAB0115 16,10 ACRECAB0264 15,90 BAIXO JAPURÁCAB0492 15,75 JAPURÁCA2 15,70 SOLIMÕESCAB0268 15,50 BAIXO JAPURÁCAB0307 15,50 BAIXO JAPURÁCAB0188 15,33 TARAUACACAB0319 15,20 BAIXO JAPURAMA11 15,13 SOLIMOESCAB0155 15,10 ACREBE8 15,00 MARAJOPA16 15,00 ALIENIGENA

68

Quadro 33 - Média anual de frutos sadios por planta clonal por ano e origem, quando conhecida. Quadra 6.

CLONES Nº FRUTOS SADIOS / PLANTA /ANO ORIGEMPA310 53,20 ALIENÍGENA

CAB0846 41,70 -AMAZON3 40,00 -

PA121 39,67 ALIENÍGENACAB5017/10 39,20 SOLIMÕES

CAB0840 35,13 -CAB0904 33,30 -CAB0914 32,20 -

CEPEC526 30,88 -CAB0523 30,70 BAIXO JAPURÁCAB0808 29,38 PARINTINSCAB0908 28,20 -

CAB0329/5 27,30 SOLIMÕESCAB0831 25,14 -

CAB5001/17 24,88 ACARÁCAB0853 23,40 -CAB0925 23,30 -CAB0515 23,20 BAIXO JAPURÁCAB0524 22,00 BAIXO JAPURÁCAB0890 21,33 -CAB0841 21,30 -CAB0830 21,10 -CAB0901 20,78 -CAB0931 20,50 -CAB0850 20,50 -TSA774 20,00 -

CEPEC508 19,40 -CAB0924 19,30 -CAB0842 19,10 -

BE8A 19,00 MARAJÓCEPEC60 18,63 -

TA20 18,60 -CAB5010/20 18,38 MAICURÚ

CAB0820 18,11 -CAB0857 17,50 -CAB0393 17,22 -

IMC76 17,20 -CAB0862 17,11 -CAB0929 16,60 -CAB0917 16,56 -

UF242 16,56 -CAB0483 16,56 JAPURÁCAB0495 16,00 JAPURÁCAB0242 16,00 JAMARÍCAB0851 15,90 -

PA215 15,80 -CAB0906 15,70 -CAB0825 15,60 -CAB0517 15,56 BAIXO JAPURÁCAB0513 15,40 JAPURÁ

69

Incidência de vassoura-de-bruxa.Os resultados de incidência de vassoura-de-bruxa em lançamentos e almofadas florais realizados na quadra 1 até 1994 permitiram a seleção de 30 (trinta) clones considerados resistentes / tolerantes à C. perniciosa. Entre 1996 e 1999, novas avaliações foram realizadas abrangendo as quadra 1 e 6 do banco de germoplasma.Os resultados apresentados combinam os levantamentos realizados entre 1994 e 1999. As Figuras 28 e 28a apresentam o número máximo de incidência de vassouras vegetativas por planta, critério mais usado para seleção de genótipos resistentes para a vassoura-de-bruxa.

Figura 28 - Número máximo de vassouras vegetativas por planta clonal. Quadra 1.

Figura 28a - Número máximo de vassouras vegetativas por planta clonal. Quadra 6.

A infecção de almofadas florais está representada nas Figuras 29 e 29a.70

1

10

100

1000

Max. VV 96 Max. VV 94

1

10

100

1000

Max.VV 99 Max.VV96

Figura 29 - Número máximo de almofadas florais infectadas por planta clonal. Quadra 1.

Figura 29a - Número máximo de almofadas florais infectadas por planta clonal. Quadra 6.

Utilizando-se dos mesmos critérios para seleção em áreas altamente infectadas, determinados pelo autor (plantas com até 10 vassouras vegetativas, 10 almofadas florais infectadas e pelo menos cinco plantas vigorosas por clone com baixa infecção), da primeira avaliação (1994) para a quadra 1, foram selecionados, na segunda avaliação, 20 (vinte) clones como resistentes (1996). Confirmando a validade desta forma de seleção para resistência, todos os clones selecionados se fazem presentes em ambas as avaliações. A coincidência de resultados só não foi maior em decorrência da morte ou condição vegetativa sofrível de algumas plantas.Para a quadra 6, os critérios de avaliação, também determinados pelo autor, tiveram que ser mais rigorosos em decorrência da baixa incidência do patógeno. Foram selecionados clones que apresentaram até 2 (duas) vassouras vegetativas e até 2 (duas) almofadas florais infectadas em pelo menos cinco plantas vigorosas.. Esse critério permitiu a seleção de 11 clones como resistentes. No Quadro 34 está a relação dos clones, produção e origem.

71

1

10

100

1000

Max. AI 96 Max. AI 94

Visando informar o real potencial de inóculo de Crinipellis perniciosa no banco de germoplasma, os Quadros 35 e 36 mostram os clones mais suscetíveis identificados na mesma época para as quadras 1 e 6, respectivamente.

Conclusões:

Os genótipos selecionados como resistentes são os melhores do banco de germoplasma e devem ser imediatamente trabalhados. Sugerimos sua imediata multiplicação e transferência para todas as estações experimentais da CEPLAC e início imediato de programas de melhoramento.O potencial de produção dos clones resistentes é baixo, obrigando que os programas de melhoramento incluam os clones mais produtivos também relacionados nesse trabalho e que também devem ser multiplicados e transferidos para os mesmos locais e incluídos para melhoramento.Estudos de compatibilidade devem ser imediatamente implementados.Quadro 34 - Média anual de frutos sadios por planta clonal selecionada como resistente e origem. Quadras 1 e 6.

CLONES Nº FRUTOS SADIOS / PLANTA /ANO ORIGEM

CAB0165 1,50 ACRERB36 5,50 ACRE

CAB0804 0,17 ALENQUERCCN10 7,60 ALIENÍGENA

CAB5084/01 0,00 IACOCAB0233 5,60 JAMARÍCAB0244 5,33 JAMARÍCAB0255 4,71 JAMARÍCAB0260 0,00 JAMARÍCAB0394 4,80 JAMARÍCAB0374 6,00 JAMARÍCAB0393 17,00 JAMARÍCAB0180 1,60 JI-PARANÁCAB0808 29,37 PARINTINSCAB0124 2,57 PURUSCAB0130 0,00 PURUSCAB0196 5,20 PURUSCAB0197 1,40 PURUSCAB0211 4,60 PURUSCAB0212 4,50 PURUSCAB0214 16,80 PURUS

CAB5259/05 3,22 PURUSCAB5263/20 3,43 PURUSCAB5266/20 10,80 PURUS

CAB0196 5,20 PURUSCAB0324 7,22 SOLIMÕESCAB0332 0,14 SOLIMÕESCAB0341 1,10 SOLIMÕESCAB0342 0,44 SOLIMÕES

CAB5336/19 10,90 SOLIMÕESCAB0521 11,00 SOLIMÕES

Legenda: Azul – Quadra 1 Verde – Quadra 6

72

Quadro 35 - Clones mais suscetíveis e pontos de infecção. Quadra 1.

Clone N°. MAX. VAS.VEG. CLONE N°. Max. Alm. Inf.BE10 125 AB1 164BE2 200 BE2 200BE8 111 CA2 217CA2 144 CA3 217CA3 146 CA4 101CA4 198 CAB0018 121CA5 132 CAB0045 300CA6 102 CAB0057 230

CAB0016 277 CAB0079 300CAB0018 334 CAB0082 116CAB0019 186 CAB0092 198CAB0021 500 CAB0098 115CAB0022 104 CAB0102 233CAB0023 500 CAB0117 293CAB0027 263 CAB0119 178CAB0028 125 CAB0120 338CAB0029 265 CAB0142 107CAB0033 115 CAB0143 172CAB0039 122 CAB0153 158CAB0045 142 CAB0154 212CAB0046 225 CAB0155 120CAB0057 165 CAB0171 157CAB0058 115 CAB0176 121CAB0059 244 CAB0181 163CAB0080 121 CAB0184 300CAB0082 112 CAB0186 110CAB0091 108 CAB0187 137

CAB0092 394 CAB0188 126CAB0117 138 CAB0193 200CAB0120 135 CAB0194 185CAB0170 119 CAB0198 117CAB0268 120 CAB0202 300CAB0271 162 CAB0206 132CAB0272 200 CAB0207 300CAB0279 200 CAB0208 132CAB0283 115 CAB0210 200CAB0321 105 CAB0262 161

CJ2 200 CAB0268 200EET59 137 CAB0271 200MA11 138 CAB0272 200MA14 168 CAB0273 122

73

CONTINUAÇÃOQuadro 35 - Clones mais suscetíveis e pontos de infecção. Quadra 1.

CLONE N°. MAX. VAS.VEG. CLONE N°. MAX. ALM. INF.MOC1 107 CAB0277 200MOC2 126 CAB0279 200PA13 144 CAB0283 200PA15 176 CAB0296 300

PA150 185 CAB0298 121PA16 275 CAB0300 145

PA169 120 CAB0302 300PA195 184 CAB0303 117PA30 108 CAB0305 112PA46 137 CAB0311 200PA81 156 CAB0314 300SA006 154 CAB0316 200SA012 145 CAB0318 200SA019 109 CAB0319 200SA022 141 CAB0320 200SA028 113 CAB0321 200SA042 122 CAB0322 105SA043 300 CAB0329 200SA045 172 CAB0331 200SCA12 220 CAB0364 113

- - CAB0371 200- - CAB0492 200- - MA13 183- - MA14 128- - NA34 300- - PA13 119- - PA15 182- - PA150 225- - PA16 300- - RB33 256- - SA004 134- - SA006 104- - SA022 127- - SA041 300- - SA043 152- - SCA12 300- - SE01 147- - TSA644 185

Legenda: Azul – Quadra 1 Verde Quadra 6

74

Quadra 1.

60 clones apresentaram infecção em lançamento considerada alta.

78 clones apresentaram infecção em almofada floral considerada alta.

Total de 114 clones suscetíveis.

Quadro 36 - Clones mais suscetíveis e pontos de infecção. Quadra 6.

CLONE NO. MAX. VAS.VEG. CLONE NO. MAX.

ALM.INFEC.BE8A 132 CAB0329/05 65BE9 63 CAB0479 200

CAB0329/05 90 CAB0517 42CAB0479 38 CAB0823 31CAB0496 62 CAB0825 112CAB0509 38 cab0846 74CAB0729 39 CAB0851 58CAB0730 32 CAB0911 42CAB0734 78 CAB0931 120CAB0810 33 CAB5336/16 30CAB0812 80 CEPEC26 56CAB0814 35 MARACUJÁ 200CAB0816 35 MATA FOME 39CAB0825 36 PA215 65CAB0827 31 - -CAB0838 46 - -CAB0841 46 - -CAB0844 52 - -CAB0846 38 - -CAB0847 48 - -CAB0848 56 - -CAB0851 34 - -CAB0852 58 - -CAB0902 32 - -CAB0911 78 - -CAB0919 36 - -CAB0922 40 - -CAB0930 30 - -CAB0931 85 - -CAB15/B 36 - -

CAB5000/08 62 - -CAB5001/06 46 - -CAB5003/26 96 - -CAB5003/28 47 - -CAB5004/08 36 - -CAB5010/20 58 - -

75

CONTINUAÇÃOQuadro 36 - Clones mais suscetíveis e pontos de infecção. Quadra 6.

CLONE NO. MAX. VAS.VEG. CLONE NO. MÁX.

ALM.INFEC.CAB5044/15 43 - -CAB5053 B 53 - -CEPEC26 57 - -

CEPEC508 42 - -CEPEC59 30 - -CEPEC60 35 - -EET397 62 - -IMC20 33 - -

MARACUJÁ 52 - -MATA FOME 63 - -

PA121 33 - -SA23 38 - -TA20 30 - -TA33 42 - -

Quadra 6.

50 clones apresentaram infecção em lançamento considerada alta.

14 clones apresentaram infecção em almofada floral considerada alta.

Total de 54 clones suscetíveis.

Quadro 37 - Síntese dos resultados apresentados.

DISCRIMINAÇÃO Quadra 1 Quadra 6Total de clones na quadra 521 371Total de clones avaliados 374 327Clones perdidos 20 30Clones replantados / raquíticos / emponteirados 127 14Clones Resistentes 20 11Clones altamente suscetíveis 114 65Clones com infecção intermediária 240 251Total de plantas avaliadas 3.510 2430Clones com 1 a 3 plantas 30 35Clones com 4 a 6 plantas 52 85Clones com 7 a 9 plantas 121 128Clones com 10 plantas 298 93

76

AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE Theobroma cacao PARA PRODUÇÃO DE FRUTOS

Sérgio Eduardo Abud Fonseca

As seleções para resistência que foram realizadas nas quadras 1 e 6 do banco de germoplasma, no período de 1994 a 1999, permitiram a identificação de plantas com baixos níveis de infecção natural por Crinipellis perniciosa. Entretanto, como normalmente acontece nessas seleções, a produtividade das plantas selecionadas como resistentes foi muito baixa, inviabilizando sua utilização antes de um programa de melhoramento que possibilite aumento da sua capacidade produtiva.

Visando identificar as plantas mais produtivas, colheitas mensais por planta foram realizadas após as avaliações de resistência, verificando-se grandes diferenças entre os genótipos clonais.

As Figuras 30 e 30a mostram o número mensal médio de frutos por clone por mês (30 melhores clones das quadras 1 e 6, exceto agosto, com variação de 0,0 a 24,8 e de 0,0 a 30,1 respectivamente.

Figura 30 - Número médio de frutos / mês / clone / mês. Quadra 1.

Figura 30a - Número médio de frutos / mês / clone / mês. Quadra 6.

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As figuras 31 e 31a mostram o máximo mensal de frutos das melhores plantas dos 30 clones selecionadas por mês nas quadras 1 e 6, respectivamente.

Figura 31 - Número máximo de frutos / mês da melhor planta dos clones selecionados. Quadra 1.

Figura 31a - Número máximo de frutos / mês da melhor planta dos clones selecionados. Quadra 6.

A Figura 32 mostra a média anual de frutos dos clones (quadra 1 e 6) selecionados como resistentes com variação de 0,0 a 29,4 frutos no ano. A produtividade, exceto para três clones, é baixa comparada com as dos clones mais produtivos.

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Figura 32 - Médias de frutos/ano de clones selecionados para resistência/ano/origem Quadras 1 e 6.

INTERAÇÃO ADUBAÇÃO X CONTROLE CULTURAL / QUÍMICO DA VASSOURA-DE-BRUXA NA PRODUTIVIDADE DO CACAUEIRO EM RONDÔNIA

Sérgio Eduardo Abud Fonseca; Raimundo Carlos Moia Barbosa; Luiz Carlos de Almeida e Antonio de Almeida Lima.

Rondônia ocupava a segunda posição entre os Estados produtores de cacau do Brasil, com uma produção estimada de 60.000 toneladas / ano. A cacauicultura do Estado enfrentou problemas comuns aos da outras regiões produtoras do país, diferenciando-se pelo nível de perdas na produção em decorrência da vassoura-de-bruxa, o mais alto da Região Amazônica brasileira.

A partir do início da década de 1990, a produção caiu significantemente, seja pela erradicação de plantações seja pela baixa produtividade. Nos últimos anos, também foi levantada a possibilidade, especialmente em plantios em solos de média fertilidade, de que as quedas contínuas nas colheitas seriam decorrentes do empobrecimento do solo.

O controle cultural da vassoura-de-bruxa ainda é a forma mais eficaz de controle da doença. Entretanto, em plantios com baixa produtividade, os custos são proporcionalmente mais altos, desestimulando sua correta aplicação visando exclusivamente diminuir a porcentagem de frutos infectados pela doença.

O controle químico não tem sido recomendado na região em função de resultados experimentais que demonstraram a inexistência de retorno econômico viável, em decorrência principalmente dos baixos preços predominantes no período.

A utilização de fertilizantes também não foi estimulada, seja pelos preços do produto ou do cacau.

Visando identificar as verdadeiras causas da queda de produtividade, aumentá-la e diminuir a porcentagem de infecção de frutos pela associação do controle cultural, controle químico e adubação, o experimento foi instalado em janeiro de 1996 em plantio comercial de cacaueiros, sombreados com mogno (10 X 10 m) (Figura 33), com 20 anos de idade no município de Ouro Preto d’Oeste, RO, em solos de média fertilidade natural (podzólico vermelho amarelo mesotrófico), onde as perdas decorrentes da enfermidade vassoura-de-bruxa são normalmente

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Clones

superiores a 50%. A plantação é próxima de outra na mesma propriedade, que é vizinha a outras áreas de cultivo do cacaueiro.

Figura 33 - Área experimental sombreada com mogno.

O delineamento experimental é em blocos inteiramente casualizados, com arranjo de tratamentos em fatorial 5 x 2 (cinco níveis de adubação x com ou sem aplicação de fungicida), cada tratamento com três repetições e 20 plantas úteis por parcela. O controle cultural é aplicado em todos os tratamentos. Os cinco níveis de adubação aplicados a lanço anualmente são: Testemunha, P (superfosfato triplo – 40g/planta), PK (superfosfato triplo e cloreto de potássio – 130g/planta), NPK (uréia, superfosfato triplo e cloreto de potássio – 190g/planta) e NPK + Micronutrientes (250g/planta a cada três anos). As aplicações de fungicida cúprico (6g/planta) são cinco, de dezembro a abril, dirigidas ao tronco e ramos do cacaueiro, visando bloquear o possível crescimento micelial e esporulação do patógeno sobre a casca da árvore (hipótese ainda não confirmada).As avaliações de produção são feitas mensalmente, e a contagem de pontos de infecção em ramos e almofadas florais, anualmente (setembro). Análises de solos e folhas são realizadas semestralmente.Os resultados apresentados correspondem ao período de abril / 1996 a dezembro / 2000. A partir dessa data, o experimento foi submetido a uma instituição financiadora que, aprovando o projeto, permitiu sua continuidade até 2005. Relatórios semestrais têm sido enviados regularmente à financiadora.Visando isolar o efeito aplicação de fungicida, já que em todos os tratamentos é realizado o controle cultural da doença, a Figura 34 mostra o número total de frutos sadios colhidos por ano no período de 1996 a 2000, nos tratamentos que receberam ou não receberam pulverizações com óxido cuproso. A maior quantidade de frutos sadios nos tratamentos com aplicação de fungicida evidencia o efeito das pulverizações.

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Figura 34 - Número de frutos sadios em tratamentos com (preto) e sem pulverizações (cinza).

Na Figura 35 estão os totais de frutos colhidos nos mesmos tratamentos anteriores. Verifica-se que não existem diferenças entre os tratamentos, evidenciando mais uma vez o benefício da aplicação de fungicida.

Figura 35. Número total de frutos nos tratamentos com (preto) e sem pulverizações (cinza).

As porcentagens de para frutos infectados também mostram o efeito das pulverizações na incidência da vassoura-de-bruxa. Verifica-se de forma mais pronunciada, na Figura 36, a tendência de diminuição da infecção de frutos ano a ano.

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Como esperado, o efeito do controle na porcentagem de infecção de frutos foi pronunciada somente após o segundo ano.

Figura 36 - Porcentagem de frutos infectados nos tratamentos com (preto) e sem (cinza) pulverizações.

Contrariando as expectativas, por se tratar de um experimento localizado em plantação comercial de cacaueiros implantada há mais de 20 anos, em solos de média fertilidade e sem receber nenhum tipo de adubação / correção durante todo o período de cultivo, o efeito dos fertilizantes aplicados não foi significativo até o momento (Figura 37).

As únicas diferenças observadas comparando-se as análises de solos iniciais e finais foram; a) leve aumento no pH e b) diminuição do teor de alumínio.

Possíveis explicações para os resultados foram levantadas: a) a característica de preservação dos solos do cultivo do cacaueiro; b) a quantidade de fertilizantes aplicados não ter sido adequada, mesmo sendo determinada por análises prévias do solo e c) embora se observe tendência de aumento na produtividade nos tratamentos com adubação, o tempo decorrido do experimento não permitiu ainda a sua máxima expressão.

A produtividade da área experimental (Figura 38) confirma a eficiência do controle cultural da vassoura-de-bruxa e da sua associação com o controle químico. Até que ponto essa associação é viável economicamente, vai depender da significância do aumento da produtividade associada ao custo de aplicação do fungicida e ao preço do produto recebido pelo agricultor. Isso implica que decisões sobre a forma de controle da doença a ser recomendada leve em consideração as condições citadas e principalmente o estado geral da plantação (condições vegetativas, stand de plantas, fitossanidade).

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Figura 37 - Efeito da adubação na produção de frutos entre 1996 e 2000.

A produtividade atingida no experimento superou todas as expectativas iniciais. Considerando que a produtividade média da região é inferior a 500,0 kg/ha, caso da área escolhida para o experimento, e que os cultivares plantados são aqueles trazidos do Estado da Bahia, os resultados confirmam o cultivo do cacaueiro como uma das atividades mais promissoras para a região.

Ressaltamos que os plantios de cacaueiros mais recentes devem facilitar o controle da vassoura-de-bruxa, seja pela eliminação de genótipos que se apresentaram como altamente suscetíveis nos plantios iniciais seja por sua substituição por cultivares produzidos na Amazônia.

Figura 38 - Produtividade (kg/ha) nos tratamentos com (preto) e sem (cinza) aplicação de fungicida.

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As Figuras 39 e 40 mostram as médias de pontos de infecção, vassouras vegetativas e almofadas florais infectadas por planta no período do experimento.

Partindo-se de números iniciais elevados, mais de 200 pontos de infecção por árvore, os resultados são altamente promissores, como esperado.

Figura 39 - Médias de vassouras vegetativas / planta nos tratamentos com (verde) e sem (marrom) aplicação de fungicida.

Figura 40 - Médias de almofadas florais infectadas / planta nos tratamentos com (verde) e sem (marrom) aplicação de fungicida.

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Fig. 7. Médias de vassouras vegetativas / planta

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Fig. 8. Médias de almofadas infectadas / planta

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BACIAS HIDROGRÁFICAS COM MAIOR NÚMERO DE CLONES SELECIONADOS PARA PRODUTIVIDADE E RESISTÊNCIA.

Sérgio Eduardo Abud Fonseca

Tendo como objetivo relacionar os genótipos avaliados para produtividade e resistência com as bacias hidrográficas de origem, selecionou-se 129 clones de T. cacao que apresentaram as maiores médias de frutos / planta e 31 clones mais resistentes nas Quadras 1 e 6 do banco de germoplasma da ERJOH.

Os clones selecionados para produção apresentaram médias que variaram de 15 a 53 frutos / planta (Quadro 38) Para seleção de plantas resistentes (Quadro 39), o número de vassouras vegetativas e de alomofadas florais foram estabelecidos conforme descrito em em trabalho anterior do mesmo autor. Acreditamos que, em locais com melhores condições de cultivo, a capacidade produtiva das árvores será mais evidenciada. Entretanto, consideramos que a seleção é perfeitamente apropriada para o programa de melhoramento em andamento.

Quadro 38 - Bacias hidrográficas e nº de clones selecionados para produtividade.

Origens / Bacias Hidrográficas Nº ClonesBaixo Japurá 20Solimões 16Acre 14Alienígena 11Jamarí 8Tarauacá 8Japurá 6Purus 5Iaco 2Plantacões 2Marajó 2Acará 1Ituxí 1Ji-paraná 1Juruá 1Maicurú 1Parintins 1CAB a determinar origem 25CEPEC 3Outros 1

A Figura 41 mostra a distribuição dos clones de acordo com a origem. Evidenciamos a grande concentração de clones produtivos nas bacias Solimões / Japurá e clones resistentes nas bacias Purus / Jamari.

O resultado permite que futuras coletas de cacau nativo sejam direcionadas para a característica avaliada.

Os clones selecionados deverão receber toda a atenção possível para sua preservação, multiplicação e utilização imediata para o programa de melhoramento.

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Quadro 39 - Origens/Bacias hidrográficas e número de clones selecionados para resistência.

Origens / Bacias Hidrográficas N° Clones

Purus 10Jamarí 07Solimôes 06Acre 02Ji-Paraná 01Parintins 01Alenquer 01Iaco 01Alienígena 01

Figura 41 - Número de clones com maior produtividade (vermelho) e resistência (azul) coletados por bacia hidrográfica.

Na Figura 42, podemos comparar as origens dos clones selecionados para produção e resistência. Verifica-se, na maioria dos casos, que há uma dissociação dos parâmetros levantados quanto à origem.

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Figura 42 - Número de clones de T. cacao selecionados para produção e resistência à C. perniciosa.

O Quadro 40 mostra a relação entre os clones selecionados para produção e resistência de acordo com a origem. O índice de correlação para os resultados é considerado baixo (0,17).

Quadro 40 - Origens/Bacias hidrográficas e nº de clones selecionados para produtividade e resistência.

Clones Clones para produção

Clones Para resistência

Baixo Japurá 20 0Solimões 16 6Acre 14 3Jamarí 8 7Tarauacá 8 0Alienígena 11 1Japurá 6 0Purus 5 10Iaco 2 1Plantações 2 0Acará 1 0Ituxí 1 0Ji-Paraná 1 1Juruaá 1 0Maicurú 1 0Marajo 2 0Parintins 1 1Alenquer 0 1CAB 25 0CEPEC 3 0Orig. Des. 1 0

Correlação = 0,17

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Bacias Hidrográficas

Nº C

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Clones Prod. Clones Resist.

“SCREENING” PARA OBTENÇÃO DE GENÓTIPOS DE Theobroma cacao RESISTENTES À Crinipellis perniciosa, TRANSFERÊNCIA E AVALIAÇÃO NA

ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE OURO PRETO D’OESTE (RO)

Sérgio Eduardo Abud Fonseca

A Amazônia brasileira é responsável por cerca de 35% da produção anual de cacau (Theobroma cacao L.) do Brasil. O estado de Rondônia disputa com o Pará a segunda posição de maior produtor com cerca 50.000 t/ano e grandes pespectivas de elevar esta produção em decorrência do aumento do número de novas plantações e novos produtores que estão se instalando no estado.Dentre as doenças que afetam a cacauicultura, a vassoura-de-bruxa, causada pelo fungo Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, é a mais importante, pois está presente nas principais regiões produtoras do país e, quando não controlada, pode ocasionar perdas de até 80% da produção (Laker & Mota, 1990).

O controle mais eficaz para esta doença é por meio da poda fitossanitária associada a variedades de cacaueiro resistentes ao patógeno. Ampla base genética é apontada como uma das estratégias para obtenção de uma resistência durável quando se utiliza resistência incompleta / horizontal ou não específica como forma de controle de doenças em plantas perenes (Prhabu & Morais, 1993). Trabalhos vêm sendo realizados para o desenvolvimento de variedades de cacaueiro resistentes a vassoura-de-bruxa. Novas fontes de resistência têm sido sistematicamente pesquisadas em países como Equador, Colômbia (Allem, 1987) e Brasil (Fonseca & Wheller, 1990). A identificação de fontes de resistência não específica normalmente requer um programa de seleção massal em larga escala, utilizando-se para isso uma grande população de plantas jovens e adultas no campo e/ou casa de vegetação. Avaliações utilizando-se plantas jovens foram realizadas no Brasil, Equador e em Trinidad baseadas principalmente na inoculação de plântulas e mudas, utilizando-se blocos com ágar-água com alta pressão de basidiósporos, sem resultados animadores. (Fonseca, S. E. A.; Andebrhan, T. e Almeida, L. C. de 1982 ; Holliday, 1955). Silva, F.da (1999) avaliou 143 progênies em relação ao total de frutos colhidos, peso das sementes e índice de tolerância à C. perniciosa em frutos e verificou variações que permitem direcionar futuras seleções de acordo com o caráter procurado.Em ensaios de "screening" recentemente realizados no Brasil uma grande quantidade de plantas tem sido avaliada, utilizando-se metodologia descrita por Frias (l987), que tem permitido a detecção de materiais promissores quanto à resistência a Crinipellis perniciosa.Dos 18.000 genótipos (clones e progênies) de cacaueiros nativos da Amazônia Brasileira atualmente existentes no Banco de Germoplasma de T. cacao, cerca de 900 foram avaliados por Fonseca e Albuquerque (1996, 1998). Os resultados têm demonstrado a existência de materiais altamente promissores quanto à resistência a vassoura-de-bruxa. Fonseca & Albuquerque (1996) selecionaram, em condições de infecção natural de campo, clones altamente promissores quanto à resistência à Crinipellis perniciosa. Altos níveis de resistência têm sido observados na maioria destes clones e suas progênies quando inoculados sob condições controladas em casa de vegetação.Preparo da área experimental: Na Estação Experimental de Ouro Preto d´Oeste, RO, foi preparado 1,0 ha com plantio de sombreamento provisório (bananeira, 3,0 x 3,0 m) e definitivo (bandarra, 20,0 x 20,0 m). Clones de T. cacao (Quadro 41) foram selecionados no banco de germoplasma, em Benevides (PA), de acordo com resultados das avaliações de resistência. Entretanto, em decorrência do pobre estado vegetativo das plantas da coleção, os genótipos selecionados não correspondem inteiramente

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àqueles selecionados pelo autor como os mais resistentes em duas avaliações feitas no banco de germoplasma.

Quadro 41 - Relação dos genótipos selecionados para avaliação em Rondônia.

CAB0156 CAB0244 CAB0211 CAB0169 CAB0067CAB0146 CAB0155 CAB0202 CAB0310 CAB0148CAB0015 CAB03241 CAB0213 CAB0130 CAB00923

CAB0157 CAB0186 CAB0342 CAB0301 CAB0719CAB0415 CAB01961 CAB0332 CAB03193 CAB0275CAB0149 CAB0212 CAB02331 CAB0114 ICS – 12

CAB0150 CAB0197 CAB0253 TSA654 SCA – 62

CAB0195 CAB0289 CAB0309 CAB0124 Sel. Local 12

CAB0032 CAB0165 CAB0158 CAB0090 Sel. Local 22

CAB0365 CAB02551 CAB0214 CAB0151 Sel. Local 32

Legenda:1. Clones selecionados como resistentes em duas avaliações.2. Clones selecionados resistentes na primeira avaliação.3. Clones não selecionados nas duas avaliações para resistência mas que apresentavam, a época

de retirada de borbulhas, aspecto vigoroso e pouca incidência do patógeno.

O plantio foi realizado em delineamento inteiramente casualizado, com 5 repetições e 4 plantas por parcela (total de 1.000 plantas). Avaliações mensais de infecção natural por C. perniciosa estão em andamento. Os genótipos ICS – 1 e SCA- 6 foram incluídos como indicadores. As três seleções locais foram selecionadas como resistentes em plantios comerciais.

Os genótipos selecionados são provenientes de várias origens geográficas, o que permitirá aumentar a base genética a ser utilizada em programas de melhoramento (Quadro 42).

Quadro 42. Origens dos clones transferidos para Rondônia.

Origens CloneACARÁ CAB0032.

ACRE CAB0114, CAB0146, CAB0148, CAB0149, CAB0150, CAB0151, CAB0155, CAB0156 CAB0157, CAB0158, CAB0165 e CAB0169.

BAIXO JAPURÁ CAB0275, CAB0289, CAB0301, CAB0309, CAB0310 e CAB0319.IÇÁ CAB0365.IACO CAB0067.JAMARÍ CAB0233, CAB0244, CAB0253 e CAB0255.JI-PARANÁ CAB0415 e CAB0719.

PURÚS CAB0124, CAB0130, CAB0195, CAB0196, CAB0197, CAB0211, CAB0212, CAB0213 e CAB0214.

SOLIMÕES CAB0324, CAB0332 e CAB0342.TARAUACÁ CAB0186 e CAB0202.TOCANTINS CAB0090 e CAB0092.XERIUINI CAB0015.ALIENÍGENA TSA654

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GENÉTICA

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ANÁLISE DA DIVERSIDADE GENÉTICA DE GERMOPLASMA DE Theobroma cacao L. DA AMAZÔNIA BRASILEIRA POR MICROSSATÉLITES.

Jay Wallace da Silva e MotaNa Amazônia Brasileira, maior área de ocorrência natural e de variabilidade genética do cacaueiro (Theobroma cacao L.), a CEPLAC, desde 1965, vem executando um programa de coleta, introdução e conservação de recursos genéticos da espécies e afins, estabelecendo bancos de germoplasma em suas unidades de pesquisa na Bahia e na Amazônia. Atualmente, somente a Estação de Recursos Genéticos do Cacau “José Haroldo” (ERJOH) já reúne, em Marituba/PA, cerca de 1800 acessos provenientes de 36 bacias hidrográficas da Amazônia, o que já constitui o maior banco de germoplasma da espécie no mundo (Almeida et al., 1995).O crescimento contínuo das coleções e conseqüentes custos, associados a orçamentos escassos, têm limitado consideravelmente novas prospecções e coletas aumentando os riscos de erosão genética ante a crescente pressão antrópica na região. Por outro lado, a falta de melhor conhecimento acerca dos padrões de diversidade e diferenciação das populações naturais na região dificulta a adoção de estratégias racionais de manejo e coleta de recursos genéticos. Portanto, a utilização de marcadores moleculares altamente polimórficos, como microssatélites, constitui recurso dos mais adequados à caracterização e manejo da variabilidade existentes nas coleções, além de facilitar a identificação de progenitores divergentes, visando a produção de híbridos superiores.Desse modo, tendo por base o polimorfismo característico dos locos microssatélites, esse estudo tem por objetivos i) estabelecer a relação genética entre 172 acessos clonais coletados em diferentes bacias hidrográficas da Amazônia; ii) caracterizar a estrutura genética de subpopulações naturais de cacau, a partir de acessos coletados em diferentes bacias hidrográficas da Amazônia; ii) Estimar a contribuição relativa de cada subpopulação à variabilidade total; e iv) Estimar as distâncias genéticas entre as subpopulações e caracterizar o padrão de agrupamento associado a essas medidas.Foram utilizados 170 clones representantes de amostras de 16 subpopulações, coletadas em diferentes micro-regiões hidrográficas da Amazônia Brasileira, (Figura 1). Acrescentaram-se, ainda, dois acessos alienígenas, o clone SCA-6, originário do Equador, e o clone ICS-1, material Trinitário. Para efeito de análise considerou-se subpopulação, a unidade amostral representativa da respectiva bacia hidrográfica e como populações (ou grupos) a reunião das amostras das subpopulações do Acre, Rondônia, Amazonas e Baixo Amazonas. Esta última, assim denominada pela inclusão de de subpopulações do Pará e do Amapá.O DNA de folhas foi extraído conforme Doyle & Doyle (1990), com modificações. Nas amplificações dos microssatélites, realizadas em termocicladores Perkin Elmer (GeneAmp PCR System 9600), .utlizou-se volume total de 13 μL, contendo Tris-HCl 10 mM, pH 8, KCl 50 mM, MgCl2 1,0 mM), 100 μM de cada desoxirribonucleotídeos (dATP, dTTP, dGTP e dCTP, 0,2 μM de cada primer, uma unidade da enzima Taq polimerase e 30 ng de DNA molde. Os fragmentos, separados em gel desnaturante de poliacrilamida a 7 %, contendo 32 % de formamida/5,6 M de uréia, em TBE 1X, conforme Litt et al. (1993), foram detectados com Brometo de Ethidium (0,5 μg/mL ), sob radiação ultravioleta (Eagle Eye) (Figura 2). A relação genética entre os genótipos foi avaliada pelo índice de similaridade para variáveis multicategóricas, através do programa Genes versão Windows 2001 (Cruz, 2001), utilizando-se o programa MEGA, ver 2,1 (Kumar et al, 2001), para a representação em dendrograma circular, e o programa GENETIX, ver. 4.02 para a dispersão bidimensional (análise de correspondência).

A variabilidade dentro das subpopulações foi caracterizada com o program Popgene ver. 1.32 e a riqueza alélica foi calculada conforme El-Mousadik & Petit (1996). Para avaliar a diferenciação entre as subpopulações e grupos de subpopulações empregou-se os índices de fixação de Wiright (1969), estimados pelas estatísticas globais de Nei (1987) e Weir & Cockerhan (1984), através do

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program Fstat, ver.2.9.3 (Goudet, 2001). As distâncias genéticas entre as subpopulações foram medidas pelos estimadores de distância D de Nei (1987), DL de Reynolds et al. (1983) e δμ2 de Goldstein (1995), sendo a topologia dos respectivos dendrgramas avaliadas a paratir das rotinas NEIGHBOR e CONSENSE do pacote de programas PHYLIP 3.5c de Felsenstein (1993).

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Figura 2. Exemplo de polimorfismo detectado pelo primer mTcCIR-12, mostrando diferentes acessos de três subpopulações, em fotografia original (superior) e negativo (inferior). As letras abaixo dos acessos codificam alelos detectados no gel. P5-P9 correspondem às trilhas com marcadores de peso molecular (10 pb).

Foram detectados 187 alelos a partir de 30 locos microssatélites, dos quais 29 apresentaram polimorofismo, seletivamente neutros e independentes, permitindo identificar 169 (98,3%) genótipos distintos e apenas três genótipos repetidos (CAB 731, CAB 732 e CAB 734), oriundos da bacia do Rio Uatumã-AM. Os genótipos agrupararam-se segundo suas origens geográficas (Figuras 3 e 4), com a dissimilaridade variando de 0,0 a 0,79 e média de 0,59. Foram identificados 68 alelos raros, dos quais 23 exclusivos, destacando-se as bacias do Acre e do Alto Amazonas com maior número de alelos privados, corroborando suas maiores riquezas alélicas. Todas as subpopulações apresentaram boa diversidade genética, exceto as de Rondônia que mostraram menor variabilidade para todos os indicadores utilizados. A diversidade genética total foi 0,658 contra uma heterozigosidade observada de 0,295, observando-se défict de heterozigosidade em todas as amostras, caracterizado por um coeficiente de endogamia de 0,408 e taxa de fecundação cruzada de 42 %. As subpopulações apresentaram forte estruturação, com significativa diferenciação (GST‘= 0,292 e FST = 0,290) e alto coeficiente de parentesco (REL = 0,367) dos indivíduos dentro das subpopulações.

A análise das amostras agrupadas (Acre, Alto Amazonas, Rondônia e Baixo Amazonas) mostra 66,6% da variabilidade genética dentro das subpopulações, 14,9 % entre subpopulações dentro dos grupos e 18,5% entre os quatro grupos (Tabela 1). As populações do Alto Amazonas se destacaram em termos de contribuição relativa à diversidade e riqueza alélica total. No acre, a despeito da alta diversidade e riqueza alélica, apenas a bacia do Rio Tarauacá apresenta contribuição relativa positiva. As demais demonstram redundância na composição alélica, com contribuições relativas negativas (Fig. 5).

93

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

-2000 -1500 -1000 -500 0 500 1000Dimensão 1

Dim

ensã

o 2

Rio Acará-PA

Maicuru-PA

Rio Tocantins-PA

Rio Jari-AP

Rio Acre-Ac

Rio Iaco-AC

Rio Chandless-Ac

Rio Purus-AC

Rio Tarauacá-AC

Rio Jamari-RO

Ji-Paraná-RO

Japurá-AM

Solimões-AM

Sol. Bx Jaourá-AM

Rio Uatamã/Balb-AM

Rio Xeriuni/Branco-RR

SCA-6

ICS-1

RONDÔNIA

ACRE

PA, AP e RR

AMAZONAS

Figura 3. Dispersão dos 172 genótipos de cacau obtida por análise fatorial de correspondência utilizando os 29 locos microssatélites. Auto-valores (Fator 1 = 0,2825, perc = 6,94; Fator 2 = 0,2605, perc = 6,4).

5.

O dendrograma de distância genética D de Nei apresentou topologia mais robusta que δμ2 e DL (-ln(1-FST), confirmando o agrupamento das subpopulações do Acre e Alto Amazonas e destacando a elevada divergência da bacia do Rio Jamari em relação às demais (Fig. 6).

O padrão de agrupamento observado, tanto de indivíduos (Figuras 3 e 4), como das subpopulações (Figura 5), associado à distribuição da diversidade dentro e entre as subpopulações e populações agrupadas, enfatiza o papel desempenhado pelos rios na divergência alopátrica das populações naturais de cacau da Amazônia, já reconhecido por diversos autores(Pound, 1938; Almeida et al.,

94

CA

B 7

32 C

AB

734

CA

B 7

31 C

AB

730

CA

B 4

78 C

AB

091

CA

B 0

92 C

AB

014

CA

B 0

15 C

AB 0

36 C

AB 0

39 C

AB 0

06 C

AB 0

20 C

AB 0

16 C

AB 0

20b

CJ

03 C

AB 2

71 C

AB 3

16 IC

S-1

CAB

056

CAB 5

09 C

AB 513

CJ

05

CJ 0

8

CJ 0

9

CJ 10

CJ 11

CJ 07

CJ 06

CJ 02

CJ 04

CAB 046

CAB 022

CAB 058

CAB 035

CAB 017

CAB 019

CAB 029

CAB 024

CAB 018

CAB 007

CAB 028

CAB 008

CAB 012 CAB 013 CAB 011 CAB 177 CAB 179 CAB 178 CAB 415 CAB 009 CAB 023 CAB 221 CAB 398 CAB 253 CAB 247 CAB 388 CAB 410 CAB 232 CAB 233

CAB 374 CAB 396

CAB 258 CAB 406

CAB 255 CAB 260

CAB 184

CAB 185

CAB 183

CAB 187

CAB 182

CAB 102

CAB 120

SCA-6

CAB 236

CAB 082

CAB 126

CAB 203

CAB 200

CAB 202

CAB 201

CAB

128

CAB

131

CA

B 130

CA

B 132

CA

B 206

CA

B 123

CA

B 127

CA

B 095

CA

B 1 01

CA

B 0 94

CA

B 096

CA

B 098

CA

B 119C

AB

071

CA

B 0

72

CA

B 0

80

CA

B 0

81

CA

B 1

11

CAB

067

CAB

064

CAB

070

CAB

121

CAB

079

CAB

076

CAB

077

CAB

135

CAB

136

CAB 0

68

CAB 0

88

CAB 1

10

CAB 063

CAB 176

CAB 191

CAB 167

CAB 104

CAB 105CAB 146

CAB170CAB 148

CAB 108CAB 117CAB 147CAB 114CAB 171CAB 107CAB 153CAB 113CAB 151CAB 155CAB 160CAB 484

CAB 487CAB 486CAB 499CAB 481CAB 493CAB 492CAB 500CAB 511

CAB 512

CAB 497

CAB 282

CAB 066

CAB 181

CAB 002

CAB 004

CAB 003

CAB 005

CAB 324

CAB 325

CAB 283

CAB 270

CAB 330

CAB 280

CAB 517

CAB 514

CAB 529

CAB 327

CAB 312CAB 001

CAB 337CAB 326

CAB 331C

AB 279C

AB 308C

AB 302C

AB 306C

AB 266C

AB 275C

AB 304C

AB 313 0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

Rio Sol/Japurá-Am

Rio Japurá-Am

Balbina-Am

Rio Purus-Ac

Rio Acre-Ac

Rio Iaco-Ac

Rio Acará-Pa

Rio Maicuru-Pa

Rio Tocantins-Pa

Rio Jari-Ap

Rio Xeriuni-Rr

Rio Solimões-Am

Rio Chandless-Ac

Rio Tarauacá-Ac

Rio Jamari-Ro

Rio Ji-Paraná-Ro

SCA-6

ICS-1Figura 4. Dendrograma de dissimilaridade entre genótipos de cacau baseado no coeficiente de coincidência simples de 29 microssatélites, método UPGMA.

1987; Young, 1994; Dias et al., 2003a; Sereno, 2001). Semelhante associação entre diversidade e cursos d’água tem sido reportado para outras espécies amazônicas como Hevea brasiliensis (Seguin et al., 1999) e Elaeis oleifera (Barcelos, 1998) (ambos citado por Motamayor et al., 2002). Esse padrão de diferenciação tem sido freqüentemente associado à teoria do refúgio (Haffer, 1969; Simpson & Haffer, 1978). Essa teoria propõe que fortes alterações climáticas impostas pela glaciação no Pleistoceno provocaram ciclos de fragmentação e coalescência de áreas da floresta, constituindo refúgios isolados onde as espécies associadas evoluíam alopatricamente sob seleção natural e deriva genética. Desse modo, populações isoladas de cacaueiros em tais refúgios, provavelmente constituindo florestas de galeria ao longo de cursos d’água dispersos, podem ter atravessado períodos climáticos adversos, durante o Quaternário, evoluindo alopatricamente antes da subseqüente expansão da floresta, conforme sugerem Lanaud (1987) e Young (1994). A mesma teoria tem sido argüida por Lachenaud (1997) para a evolução de populações de cacau nativo na Guiana Francesa.

Tabela 1. Análise de variância para os grupos de subpopulações segundo Weir & Cockerhan (1984), seguindo Excoffier et al.(1992)

Fonte de Variação GL Soma dequadrados

Componentesda variância

% de variação

Entre grupos(populações) 3 494,303 1,70549 Va 18,52

Entre subpopulaçõesdentro dos grupos 7 309,891 1,36828 Vb 14,86

Dentro deSubpopulações 295 1809,470 6,13380 Vc 66,62

Total 305 2.613,663 9,20756

Índices de FixaçãoFst: 0,3338 (P-valor p/ 10023 permutações = 0,0000)Fsc: 0,1824 (P-valor p/ 10023 permutações = 0,0000)Fct: 0,1852 (P-valor p/ 10023 permutações = 0,0000)

95

Figura 5. Contribuição relativa (CTR %), dos componentes diversidade e diferenciação à diversidade total (A) ou à riqueza alélica total, de cada sub-população.

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

Jar-

Ap

Mai

-Pa

Acr

-Ac

Iac-

Ac

Pur-

Ac

Tar-

Ac

Jam

-Ro

JiP-R

o

Jap-

Am

Sol-A

m

SBJ-

Am

Populações

CTR

%

1,5

2,5

3,5

4,5

5,5

6,5

7,5

Riqu

eza

Al.

Tota

l

CdrCsrRiq Al TotalCt

-3,0

-2,0

-1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

Jar-

Ap

Mai

-Pa

Acr

-Ac

Iac-

Ac

Pur-

Ac

Tar-

Ac

Jam

-Ro

JiP-R

o

Jap-

Am

Sol-A

m

SBJ-

Am

Populações

CTR

%

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

Dive

rsid

ade

Tota

l

Cd(k)Cs(k)Div TotalCt(k)

A forte divergência revelada pelo coeficiente de diferenciação (Tabela 1), mesmo entre amostras coletadas em bacias adjacentes, parece reforçar o papel dos refúgios na evolução das populações nativas de cacau na Amazônia. Entretanto, a alta divergência entre as populações de Rondônia (Jamari e Ji-Paraná) parece resultar de eventos mais recentes. As amostras coletadas naquelas áreas, além de muito próximas, são em sua maioria provenientes de florestas de terra firme, constituindo vastas comunidade sem qualquer barreira geográfica aparente, levando Almeida (1982) a sugerir tratar-se de um só complexo gênico. Entretanto, a julgar pela alta uniformidade interna dessas subpopulações, é provável que a sua divergência resulte da intervenção humana através de cultivos e seleção. Concentrações espontâneas de cacau em áreas de até 10 ha na região de Mirante da Serra, incluída na amostra de Ji-Paraná-RO, são indícios da participação humana através de cultivos (Almeida, 2001). Por outro lado, vestígios de ocupação humana na forma de fragmentos de cerâmica e ferramentas etc., têm sido registrados às proximidades de algumas populações silvestres amostradas na bacia do Jamari-RO, sugerindo intervenção de comunidades indígenas primitivas na dispersão e estabelecimento de populações de cacau nessa região (Almeida, 1982).

A grande variabilidade e riqueza alélica dentro das subpopulações, bem como a grande ocorrência de alelos raros e exclusivos (raros ou dispersos), associado à considerável divergência entre as amostras estudadas, permitirá nortear estratégias de novas coletas visando incrementar a variabilidade genética das coleções de germoplasma à disposição de melhoristas. Os resultados realçam a importância de novas coletas visando aumentar a representatividade das subpopulações com maior riqueza alélica e, ao mesmo tempo agregar o máximo de novas bacias visando recolher o máximo alelos raros e/ou exclusivos, antes que a ação antrópica destrutiva os alcancem. Por outro lado, o padrão de diversidade associado às bacias e a grande ocorrência de alelos comuns (freqüência > 0,05) abre perspectivas para a constituição de coleções nucleares maximizando a utilização dos recursos genéticos e minimizando os custos de manutenção dos bancos de germoplasma.

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CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DOS RECURSOS GENÉTICOS DO CACAUEIRO

Romão Satio Kobayashi, Augusto Olímpio da Silva Santos e Jailson Alves Santos

A caracterização dos recursos genéticos do cacaueiro, programado para ser desenvolvida por tempo indeterminado, porque trata-se de uma atividade permanente de um Banco Ativo de Germoplasma, com meta anual de 100 acessos, nas estações ERJOH e ESPAM, mas, devido à falta de recursos financeiros e mão-de-obra, foi realizado apenas na ERJOH.A caracterização em andamento na ERJOH está sendo utilizando 9 descritores para frutos e sementes de cacau. Peso de Frutos (PF); Número de Sementes por Fruto (NSF); Peso de Sementes Mole por Fruto (PSMF); Peso de Cotilédones Úmidos (PCU); Peso de Cotilédones Seco (PCS); Peso de Casca por Fruto (PCF); Largura (LCS); Comprimento (CCS) e Espessura (ECS) de Cotilédones Seco.Os descritores permitem a diferenciação morfológica, quantitativa e genética dos acessos existentes no Banco Ativo de Germoplasma de Theobroma cacao, (BAGTc), proporcionando a disponibilidade das informações sobre os genótipos. No período foram trabalhados 69 acessos clonais e 100 acessos seminais. Os resultados preliminares referentes aos 69 acessos clonais são apresentados nos Quadros 43 a 51 e as progênies nos Quadros 52 a 57.

Frutos

Para caracterização parcial dos frutos, foram destacados dois descritores básicos: PF e PCF.

Nos clones, a variação média máxima para PF e PCF foi da ordem de 704,12 e 518,08 g por fruto e a variação média mínima foi de 191,61 e 129,96 g por fruto respectivamente. Nas progênies, a média máxima para PF e PCF foi da ordem de 540,32 e 402,87 g por fruto e a variação média mínima foi de 183,18 e 122,72 g por fruto, respectivamente.

Sementes

Para caracterização de sementes, foram utilizados 7 descritores: Número de Sementes por Fruto, (NSF); Peso de Sementes Moles por Fruto (PSMF), Peso de Cotilédone Úmido, (PCU); Peso de Cotilédone Seco (PCS ); Largura de Cotilédones Secos (LCS); Comprimento de Cotilédones Secs (CCS); Espessura de Cotilédones Secos (ECS).

Nos clones, a variação média máxima e mínima para o número de sementes por fruto foi de 48 e 30 unidades, respectivamente. Nas progênies, a variação média máxima e mínima para o número de sementes por fruto foi de 49 e 23 unidades, respectivamente. As médias máxima e mínima de PSM, PCU e PCS nos clones foram 4,0; 2,0; 1,2; e 1,3; 0,6; 0,4 g, respectivamente. Nas progênies, as médias máxima e mínima de PSM, PCU e PCS foram 4,0; 2,0; 1,1; e 2,0; 1,0; 0,4; g, respectivamente. As médias máxima e mínima da LCS; CCS e ECS nos clones foram 12,52; 26,23; 8,37 e 8,22; 15,41; 5,49 mm, respectivamente. Nas progênies, as médias máxima e mínima da LCS; CCS e ECS foram 12,89; 22,95; 8,27 e 8,35; 15,06; 5,97 mm, respectivamente.

É importante ressaltar que, dos 169 genótipos entre clones e progênies, apenas 6 clones e uma progênie atendem às especificações de tamanho e peso exigidas pela indústria chocolateira: clones CAB 919; 485; 817; 852; 349; 276; e a progênie 5003/3.

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Frutos

Nos clones, o fruto que apresentou a menor média de peso de casca foi o CAB 0393, com 129,96 g, e a maior média de peso de casca coube ao CAB 0276, com 518,08 g. O CAB 393 é um fruto pequeno, de casca fina e espessura de 4 mm, o que não acontece com o CAB 0276, que é um fruto grande e casca cuja espessura é de 8 mm. Nas progênies, o CAB 5697-10 apresentou o menor média de peso de casca com 122,72 g e a maior média coube ao CAB 5000-06, com 402,87 g. O CAB 5697-10 é um fruto relativamente pequeno, medindo 8,5mm de espessura, e o CAB 5000/06, embora apresente peso de casca elevado, não é fruto grande, é tamanho de médio, com casca bastante espessa, medindo 9,5mm de espessura.

Quadro 43 - Caracterização de frutos para PF de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira.

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de fruto utilizando 10 frutos/plantaAcesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0393 191,61 35,93 18,75CAB 0931 222,47 39,68 17,84CAB 0818 246,70 65,06 26,37CAB 0825 258,18 61,64 23,87CAB 0251 258,53 78,13 30,22CAB 0212 271,96 77,21 28,39CAB 0210 272,18 54,70 20,10CAB 0929 283,77 55,89 19,70CAB 0201 284,69 41,46 14,56CAB 0211 292,25 72,20 24,70CAB 0204 292,98 82,42 28,13CAB 0916 297,18 71,84 24,18CAB 0917 303,55 98,70 32,51CAB 0076 309,18 119,52 38,66CAB 0924 309,74 90,26 29,14CAB 0115 311,93 59,94 19,21CAB 0928 318,35 57,26 17,99CAB 0872 322,61 105,43 32,68CAB 0865 324,22 60,61 18,69CAB 0102 338,17 98,90 29,25CAB 0822 342,37 54,56 15,94CAB 0920 342,53 90,69 26,48CAB 0925 344,49 98,88 28,70CAB 0823 350,52 81,83 23,35CAB 0926 356,29 70,58 19,81CAB 0860 370,37 112,78 30,45CAB 0036 370,44 130,26 35,16CAB 0827 371,75 76,01 20,45CAB 0903 373,67 57,47 15,38CAB 0912 379,46 90,54 23,86CAB 0871 381,05 108,68 28,52CAB 0533 382,87 104,24 27,23CAB 0832 383,71 98,58 25,69CAB 0922 389,30 75,62 19,42CAB 0875 389,85 110,97 28,46

99

Quadro 43 - Caracterização de frutos para PF de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação)

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de fruto utilizando 10 frutos/plantaAcesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0888 394,06 61,34 15,57CAB 0826 394,79 185,01 46,86CAB 0336 401,68 66,42 16,53CAB 0509 404,52 99,10 24,50CAB 0487 411,34 104,59 25,43CAB 0343 431,65 92,75 21,49CAB 0815 434,93 116,47 26,78CAB 0339 435,92 126,83 29,09CAB 0829 441,10 64,05 14,52CAB 0512 441,43 109,61 24,83CAB 0868 446,54 168,61 37,76CAB 0529 457,10 104,39 22,84CAB 0852 457,32 95,93 20,98CAB 0365 459,18 70,03 15,25CAB 0715 466,39 160,17 34,34CAB 0368 472,02 83,24 17,64CAB 0320 473,97 97,64 20,60CAB 0911 478,43 163,55 34,18CAB 0364 494,08 75,46 15,27CAB 0859 495,40 108,06 21,81CAB 0878 497,28 74,85 15,05CAB 0819 502,91 132,43 26,33CAB 0813 507,08 120,47 23,76CAB 0345 510,40 92,55 18,13CAB 0485 514,48 144,77 28,14CAB 0919 542,72 119,91 22,09CAB 0344 551,17 130,65 23,70CAB 0349 578,79 202,16 34,93CAB 0346 589,43 106,76 18,11CAB 0369 600,33 177,12 29,50CAB 0522 635,51 147,43 23,20CAB 0817 638,75 152,62 23,89CAB 0861 660,76 134,33 20,33CAB 0276 704,12 182,28 25,89

Quadro 44 - Caracterização de casca de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira.Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de casca utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 0393 129,96 27,81 21,40CAB 0931 135,57 25,15 18,55CAB 0916 165,55 56,11 33,89CAB 0825 165,77 40,78 24,60CAB 0818 175,46 50,97 29,05CAB 0251 179,82 68,12 37,88

100

Quadro 44 - Caracterização de casca de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de casca utilizando 10 frutos/plantaAcesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0210 185,56 39,03 21,03CAB 0929 194,78 34,96 17,95CAB 0201 194,89 34,93 17,92CAB 0917 195,09 74,30 38,09CAB 0204 199,07 53,42 26,83CAB 0928 203,64 48,99 24,06CAB 0924 211,13 67,57 32,00CAB 0212 212,41 69,56 32,75CAB 0533 214,79 118,89 55,35CAB 0076 215,27 88,04 40,90CAB 0925 217,52 66,01 30,35CAB 0115 218,79 52,01 23,77CAB 0822 220,01 36,04 16,38CAB 0865 221,61 40,42 18,24CAB 0872 224,31 72,94 32,52CAB 0211 230,48 60,22 26,13CAB 0912 241,44 65,14 26,98CAB 0926 241,70 47,93 19,83CAB 0102 242,69 67,19 27,69CAB 0903 243,39 36,93 15,17CAB 0827 247,22 54,46 22,03CAB 0871 251,18 71,35 28,40CAB 0832 253,55 82,03 32,35CAB 0920 254,13 78,73 30,98CAB 0922 255,92 52,22 20,40CAB 0888 256,54 42,89 16,72CAB 0823 258,15 67,67 26,21CAB 0036 259,55 108,27 41,72CAB 0829 267,40 45,43 16,99CAB 0826 267,73 86,20 32,20CAB 0487 275,21 84,24 30,61CAB 0509 280,35 88,72 31,65CAB 0875 286,74 91,20 31,81CAB 0911 287,27 116,17 40,44CAB 0512 290,15 99,92 34,44CAB 0852 291,79 69,16 23,70CAB 0815 295,63 77,77 26,30CAB 0336 312,93 57,79 18,47CAB 0860 318,38 145,73 45,77CAB 0878 318,89 58,21 18,25CAB 0529 321,03 75,13 23,40CAB 0715 321,25 108,83 33,88CAB 0819 323,74 89,99 27,80CAB 0343 327,14 100,03 30,58CAB 0339 327,56 125,34 38,27CAB 0813 328,40 88,20 26,86CAB 0320 328,87 74,40 22,62CAB 0365 344,44 55,40 16,08CAB 0868 345,06 132,91 38,52CAB 0859 348,02 94,85 27,26CAB 0485 371,66 103,19 27,76CAB 0368 382,48 71,67 18,74

101

Quadro 44 - Caracterização de casca de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de casca utilizando 10 frutos/plantaAcesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0919 385,05 99,26 25,78CAB 0345 385,10 78,11 20,28CAB 0349 386,72 166,42 43,03CAB 0364 390,68 69,47 17,78CAB 0817 432,38 121,19 28,03CAB 0344 435,83 122,84 28,18CAB 0346 449,30 91,16 20,29CAB 0369 491,74 154,91 31,50CAB 0861 496,70 111,28 22,40CAB 0522 510,50 134,34 26,31CAB 0276 518,08 157,59 30,42

Quadro 45 - Caracterização de número de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira.

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do número de sementes por frutos (média 10 frutos)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0920 30 5,92 19,61CAB 0929 31 8,15 26,55CAB 0924 31 4,01 12,76CAB 0211 32 5,32 16,41CAB 0919 33 7,48 22,72CAB 0926 33 5,78 17,57CAB 0911 33 10,89 32,71CAB 0860 34 7,34 21,53CAB 0917 34 7,70 22,51CAB 0212 34 3,50 10,18CAB 0115 35 7,88 22,83CAB 0865 35 5,27 15,19CAB 0036 35 4,11 11,74CAB 0925 35 8,86 25,09CAB 0903 36 4,81 13,56CAB 0509 36 7,58 21,18CAB 0715 36 6,15 16,93CAB 0823 37 5,93 16,25CAB 0826 37 10,53 28,61CAB 0251 37 8,78 23,60CAB 0872 38 9,74 25,76CAB 0368 38 3,38 8,87CAB 0487 38 3,92 10,23CAB 0813 38 9,80 25,52CAB 0827 38 6,72 17,50CAB 0393 39 6,69 17,37CAB 0076 39 12,54 32,32CAB 0818 39 10,71 27,40CAB 0928 39 7,18 18,31CAB 0832 39 6,15 15,61CAB 0922 39 4,74 12,04CAB 0522 40 10,23 25,91CAB 0339 40 3,66 9,24CAB 0888 40 3,80 9,58CAB 0931 40 3,74 9,39

102

Quadro 45 - Caracterização de número de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (CONTINUAÇÃO).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do número de sementes por frutos (média 10 frutos)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0204 40 10,55 26,38CAB 0859 40 6,00 15,00CAB 0102 40 12,24 30,53CAB 0815 41 3,18 7,77CAB 0485 41 10,63 25,86CAB 0825 41 4,72 11,40CAB 0822 42 5,36 12,91CAB 0868 42 10,72 25,83CAB 0533 42 8,17 19,63CAB 0875 42 8,24 19,80CAB 0344 42 3,58 8,57CAB 0364 42 2,85 6,76CAB 0916 42 6,00 14,19CAB 0369 43 5,42 12,76CAB 0819 43 5,58 13,14CAB 0512 43 6,07 14,18CAB 0878 43 4,18 9,78CAB 0817 43 10,56 24,61CAB 0861 43 7,33 16,97CAB 0345 43 4,62 10,67CAB 0871 44 7,66 17,57CAB 0365 44 3,63 8,24CAB 0529 44 6,71 15,21CAB 0336 45 4,03 9,07CAB 0201 45 4,74 10,60CAB 0852 45 5,22 11,62CAB 0210 46 9,43 20,73CAB 0276 46 4,44 9,70CAB 0320 46 4,28 9,33CAB 0829 46 6,59 14,36CAB 0346 48 3,31 6,95CAB 0343 49 4,83 9,89CAB 0912 46 7,06 15,44CAB 0349 48 9,37 19,43

Quadro 46 - Caracterização de peso mole de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira.

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso mole de sementes /fruto utilizando 10 frutos/plantaAcesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0393 52,08 7,47 14,35CAB 0212 59,55 9,65 16,21CAB 0211 61,77 12,77 20,67CAB 0920 70,15 15,91 22,68CAB 0818 70,56 18,65 26,42CAB 0929 71,75 25,45 35,47CAB 0115 73,99 12,46 16,84CAB 0251 73,99 27,85 37,64CAB 0931 76,08 14,83 19,49CAB 0872 76,71 27,83 36,28CAB 0102 77,12 26,12 33,86

103

Quadro 46 - Caracterização de peso mole de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso mole de sementes/fruto utilizando 10 frutos/plantaAcesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0204 77,89 26,22 33,66CAB 0860 78,06 24,55 31,44CAB 0917 78,37 22,62 28,86CAB 0076 79,14 28,72 36,29CAB 0825 84,22 17,75 21,07CAB 0926 84,27 18,50 21,95CAB 0210 86,62 18,55 21,42CAB 0924 87,71 23,32 26,59CAB 0865 87,92 21,23 24,15CAB 0336 88,75 12,50 14,08CAB 0368 89,54 18,86 21,07CAB 0036 91,11 22,40 24,59CAB 0823 93,20 19,03 20,42CAB 0201 94,61 13,94 14,73CAB 0928 96,25 17,48 18,16CAB 0715 100,20 23,44 23,39CAB 0343 100,72 15,40 15,29CAB 0815 100,78 18,83 18,69CAB 0827 100,91 23,39 23,18CAB 0875 101,83 21,96 21,56CAB 0925 102,48 30,76 30,02CAB 0922 102,98 18,15 17,62CAB 0339 103,06 18,54 17,99CAB 0364 103,40 8,95 8,65CAB 0509 105,45 21,21 20,11CAB 0871 106,97 33,14 30,98CAB 0903 107,72 19,73 18,31CAB 0822 108,36 25,46 23,50CAB 0369 108,59 25,92 23,87CAB 0832 110,75 28,70 25,91CAB 0916 111,32 25,86 23,23CAB 0919 111,38 27,09 24,32CAB 0911 111,40 53,20 47,76CAB 0533 114,15 33,17 29,06CAB 0365 114,74 19,19 16,73CAB 0344 115,34 23,81 20,64CAB 0529 116,11 32,35 27,86CAB 0826 120,54 60,88 50,51CAB 0522 121,29 28,00 23,09CAB 0487 122,78 24,66 20,08CAB 0859 123,91 24,92 20,11CAB 0345 124,00 20,49 16,53CAB 0912 126,71 18,59 14,67CAB 0829 130,07 26,52 20,39CAB 0485 130,85 46,70 35,69CAB 0819 132,21 35,18 26,61CAB 0512 134,43 17,32 12,88CAB 0868 136,42 45,74 33,53CAB 0861 138,13 24,58 17,79CAB 0813 139,36 35,08 25,17CAB 0346 140,13 22,15 15,80CAB 0888 141,13 21,23 15,04

104

Quadro 46 - Caracterização de peso mole de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso mole de sementes/fruto utilizando 10 frutos/plantaAcesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0320 145,10 26,31 18,13CAB 0878 145,55 21,04 14,46CAB 0817 148,66 42,03 28,27CAB 0852 150,54 22,91 15,22CAB 0349 168,56 43,27 25,67CAB 0276 186,04 31,63 17,00

Quadro 47 - Caracterização de peso de 20 cotilédones úmidos de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de cotilédones úmidos/fruto (10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0393 12,10 2,30 19,01CAB 0102 15,87 1,44 9,11CAB 0251 16,59 2,97 17,92CAB 0212 17,00 2,57 15,14CAB 0211 17,85 0,99 5,53CAB 0343 18,91 1,52 8,04CAB 0872 19,55 4,34 22,22CAB 0871 19,77 3,55 17,94CAB 0204 19,91 1,35 6,78CAB 0931 20,37 1,92 9,43CAB 0210 20,55 2,34 11,40CAB 0336 21,54 2,46 11,44CAB 0832 21,98 2,71 12,31CAB 0818 22,08 4,93 22,31CAB 0201 22,33 1,81 8,11CAB 0926 22,38 1,86 8,31CAB 0115 22,64 3,63 16,04CAB 0364 23,06 2,08 9,04CAB 0076 23,26 4,26 18,29CAB 0529 23,63 2,17 9,19CAB 0875 24,16 3,10 12,82CAB 0917 24,70 5,02 20,31CAB 0715 24,90 6,39 25,26CAB 0036 25,08 3,95 15,73CAB 0320 25,16 3,38 13,45CAB 0339 25,16 3,31 13,16CAB 0369 25,34 2,69 10,60CAB 0368 25,35 3,23 12,75CAB 0920 25,76 3,82 14,83CAB 0865 25,78 4,37 16,96CAB 0825 25,80 5,37 20,82CAB 0822 26,66 3,86 14,47CAB 0365 26,69 2,78 10,40CAB 0487 26,72 3,87 14,48CAB 0829 27,00 5,45 20,18CAB 0928 27,08 4,89 18,07CAB 0868 27,19 4,18 15,38CAB 0344 27,26 5,12 18,78CAB 0878 27,64 4,26 15,43

105

Quadro 47 - Caracterização de peso de 20 cotilédones úmidos de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de cotilédones úmidos/fruto (10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0903 27,88 2,17 7,79CAB 0815 27,92 6,46 23,13CAB 0925 28,05 2,60 9,27CAB 0861 28,19 3,53 12,50CAB 0533 28,23 4,85 17,20CAB 0345 28,63 4,85 16,94CAB 0912 28,89 6,03 20,86CAB 0827 28,93 6,60 22,82CAB 0860 29,33 7,41 25,25CAB 0859 29,78 3,50 11,77CAB 0346 30,06 3,20 10,66CAB 0817 30,17 5,41 17,92CAB 0813 30,33 3,26 10,74CAB 0512 30,50 4,71 15,45CAB 0916 30,62 8,46 27,63CAB 0922 30,90 7,80 25,24CAB 0819 31,00 7,82 25,24CAB 0509 31,00 3,64 11,75CAB 0522 31,20 4,36 13,98CAB 0929 31,25 6,10 19,53CAB 0888 31,54 3,61 11,46CAB 0911 31,66 5,01 15,83CAB 0924 32,11 6,20 19,31CAB 0826 33,93 3,53 10,40CAB 0852 33,97 2,73 8,03CAB 0919 34,25 3,34 9,76CAB 0349 34,34 7,93 23,09CAB 0823 34,45 4,91 14,26CAB 0485 35,02 6,22 17,77CAB 0276 38,99 5,91 15,16

Quadro 48 - Cacterização de peso de 20 cotilédones seco de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de cotilédones secos/fruto ( 10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0393 7,81 1,50 19,20CAB 0251 9,50 1,49 15,72CAB 0102 10,35 0,84 8,15CAB 0212 10,79 1,35 12,48CAB 0211 11,22 0,54 4,81CAB 0931 11,57 1,20 10,39CAB 0343 11,88 0,91 7,64CAB 0818 12,07 1,54 12,75CAB 0204 13,02 1,37 10,49CAB 0872 13,11 2,27 17,29CAB 0825 13,32 1,73 12,99CAB 0865 13,61 1,98 14,58CAB 0201 13,65 0,97 7,14

106

Quadro 48 - Cacterização de peso de 20 cotilédones seco de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de de cotilédones secos/fruto ( 10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0210 13,68 1,34 9,82CAB 0822 13,78 1,84 13,32CAB 0320 13,84 2,90 20,94CAB 0871 13,99 2,38 17,02CAB 0336 14,02 1,10 7,86CAB 0715 14,43 3,75 25,99CAB 0832 14,48 1,89 13,05CAB 0916 14,56 2,35 16,14CAB 0364 14,65 1,04 7,07CAB 0115 14,74 1,94 13,17CAB 0369 14,76 2,00 13,54CAB 0076 14,83 2,72 18,32CAB 0533 15,11 2,67 17,66CAB 0339 15,14 2,71 17,89CAB 0929 15,34 3,64 23,71CAB 0917 15,48 2,75 17,78CAB 0926 15,49 2,12 13,67CAB 0529 15,73 1,85 11,74CAB 0036 15,78 2,34 14,85CAB 0860 15,89 3,02 19,00CAB 0922 15,94 3,04 19,05CAB 0823 16,05 1,78 11,10CAB 0827 16,14 2,20 13,61CAB 0365 16,32 1,64 10,03CAB 0815 16,49 2,10 12,71CAB 0875 16,56 1,69 10,18CAB 0924 16,88 2,95 17,45CAB 0487 16,93 2,56 15,12CAB 0928 16,98 3,63 21,35CAB 0912 17,06 3,05 17,85CAB 0920 17,08 2,30 13,48CAB 0925 17,14 2,37 13,81CAB 0868 17,17 2,98 17,38CAB 0829 17,18 1,37 7,99CAB 0368 17,32 1,54 8,89CAB 0512 17,32 3,13 18,05CAB 0911 17,68 3,64 20,61CAB 0861 18,04 2,59 14,37CAB 0344 18,21 3,06 16,79CAB 0903 18,24 1,41 7,74CAB 0509 18,36 4,03 21,93CAB 0859 18,39 2,93 15,91CAB 0345 18,46 3,63 19,65CAB 0826 18,65 4,04 21,67CAB 0813 19,15 4,45 23,24CAB 0888 19,33 1,94 10,04CAB 0878 19,37 1,38 7,12CAB 0819 19,46 2,10 10,80CAB 0522 19,76 2,33 11,78CAB 0346 19,86 2,40 12,08CAB 0919 20,41 2,24 11,00CAB 0485 20,66 4,45 21,56

107

Quadro 48 - Cacterização de peso de 20 cotilédones seco de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de de cotilédones secos/fruto ( 10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0817 22,30 1,92 8,59CAB 0852 22,51 1,72 7,63CAB 0349 22,85 5,08 22,24CAB 0276 24,20 3,83 15,81

Quadro 49 - Caracterização de largura de cotilédones secos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira.

Média, desvio padrão e coeficiente de variação da largura de cotilédone seco ( 10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0393 8,22 0,58 7,07CAB 0251 8,79 0,58 6,59CAB 0212 9,13 0,31 3,40CAB 0211 9,15 0,21 2,33CAB 0822 9,52 0,57 6,03CAB 0364 9,90 0,35 3,51CAB 0201 10,13 0,38 3,72CAB 0818 10,15 0,34 3,36CAB 0871 10,19 0,57 5,57CAB 0825 10,21 0,37 3,59CAB 0343 10,27 0,42 4,11CAB 0861 10,42 0,19 1,85CAB 0210 10,47 0,42 4,03CAB 0204 10,52 0,59 5,59CAB 0872 10,57 0,48 4,54CAB 0832 10,66 0,45 4,24CAB 0865 10,72 0,31 2,86CAB 0336 10,72 0,32 2,94CAB 0115 10,73 0,44 4,08CAB 0868 10,78 0,41 3,82CAB 0529 10,97 0,72 6,54CAB 0522 11,15 0,81 7,26CAB 0829 11,17 0,45 4,00CAB 0345 11,19 0,87 7,78CAB 0339 11,29 0,84 7,46CAB 0827 11,39 0,44 3,88CAB 0369 11,50 0,40 3,48CAB 0344 11,52 0,71 6,17CAB 0533 11,53 1,06 9,23CAB 0823 11,53 0,27 2,31CAB 0859 11,59 0,28 2,37CAB 0817 11,60 0,60 5,16CAB 0815 11,68 0,67 5,72CAB 0860 11,69 0,86 7,37CAB 0819 11,73 0,51 4,32CAB 0826 11,84 0,57 4,83CAB 0320 11,92 0,42 3,56CAB 0368 11,95 0,75 6,30CAB 0346 12,00 0,54 4,48CAB 0813 12,03 0,37 3,05

108

Quadro 49 - Caracterização de largura de cotilédones secos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação da largura de cotilédone seco ( 10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 0509 12,10 0,39 3,22CAB 0487 12,25 0,80 6,53CAB 0365 12,29 0,25 2,02CAB 0512 12,60 0,49 3,88CAB 0852 12,90 0,40 3,13CAB 0276 13,33 0,76 5,71CAB 0485 13,35 0,97 7,29CAB 0102 9,77 0,30 3,08CAB 0926 9,87 0,54 5,42CAB 0715 10,51 1,35 12,84CAB 0917 10,77 0,81 7,53CAB 0076 10,96 0,49 4,47CAB 0924 11,02 0,44 3,98CAB 0912 11,09 0,63 5,65CAB 0920 11,20 0,24 2,18CAB 0931 11,25 0,52 4,62CAB 0925 11,25 0,52 4,65CAB 0916 11,33 1,03 9,13CAB 0036 11,36 0,69 6,08CAB 0903 11,42 0,52 4,52CAB 0875 11,46 0,24 2,13CAB 0878 11,54 0,44 3,79CAB 0922 11,79 0,42 3,59CAB 0911 11,79 0,52 4,43CAB 0349 12,05 0,52 4,29CAB 0919 12,35 0,41 3,33CAB 0929 12,46 1,02 8,16CAB 0888 12,48 0,61 4,87CAB 0928 12,52 0,86 6,86

Quadro 50 -. Caracterização de comprimento de cotilédones seco de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira .Média, desvio padrão e coeficiente de variação do comprimento de cotilédone seco/fruto (10 ftutos)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 0393 15,41 0,73 4,76CAB 0336 17,05 0,67 3,92CAB 0251 17,74 0,44 2,48CAB 0339 17,89 2,32 12,96CAB 0368 18,06 1,14 6,33CAB 0211 18,45 0,55 2,99CAB 0872 18,55 1,41 7,61CAB 0865 18,58 0,51 2,72CAB 0212 18,69 1,12 6,02CAB 0512 19,55 1,12 5,72CAB 0832 19,59 1,25 6,37CAB 0860 19,59 1,53 7,80CAB 0818 19,60 1,03 5,26CAB 0871 19,72 0,91 4,61CAB 0204 19,75 1,88 9,53CAB 0343 19,75 0,91 4,59CAB 0825 19,76 0,90 4,57

109

Quadro 50 -. Caracterização de comprimento de cotilédones seco de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).Média, desvio padrão e coeficiente de variação do comprimento de cotilédone seco/fruto (10 ftutos)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 0815 19,89 1,07 5,35CAB 0369 19,92 1,08 5,42CAB 0210 19,95 0,87 4,37CAB 0868 20,03 1,23 6,12CAB 0827 20,16 0,85 4,22CAB 0822 20,21 1,40 6,92CAB 0201 20,40 1,28 6,28CAB 0859 20,44 1,13 5,54CAB 0509 20,48 1,34 6,53CAB 0364 20,59 0,43 2,09CAB 0115 20,66 1,33 6,42CAB 0365 20,80 1,10 5,30CAB 0823 20,81 1,02 4,91CAB 0533 20,86 1,36 6,54CAB 0522 20,87 1,36 6,54CAB 0344 21,15 1,67 7,91CAB 0346 21,45 0,78 3,63CAB 0861 21,53 1,14 5,29CAB 0485 21,54 1,87 8,68CAB 0529 21,59 1,39 6,44CAB 0487 21,88 0,91 4,15CAB 0345 22,01 1,29 5,86CAB 0320 22,26 1,38 6,19CAB 0819 22,33 0,96 4,29CAB 0826 22,72 1,41 6,22CAB 0829 23,04 1,25 5,42CAB 0852 23,29 1,21 5,21CAB 0813 23,33 1,10 4,70CAB 0817 23,37 1,25 5,35CAB 0276 23,94 1,28 5,37CAB 0102 17,23 1,32 7,68CAB 0931 18,62 1,05 5,66CAB 0922 18,63 1,21 6,50CAB 0924 18,91 1,04 5,49CAB 0920 19,11 0,86 4,50CAB 0925 19,65 1,55 7,90CAB 0875 19,95 1,03 5,17CAB 0926 20,05 1,20 5,97CAB 0036 20,40 1,32 6,49CAB 0916 20,43 1,39 6,81CAB 0917 20,47 1,21 5,90CAB 0911 20,47 1,45 7,10CAB 0903 20,61 1,21 5,85CAB 0076 20,98 1,52 7,24CAB 0912 21,12 1,56 7,38CAB 0715 21,54 1,72 8,00CAB 0929 21,77 1,73 7,94CAB 0928 22,14 1,29 5,83CAB 0888 22,36 0,65 2,91CAB 0919 22,91 1,00 4,37CAB 0878 22,99 1,08 4,68CAB 0349 26,23 2,66 10,16

110

Quadro 51 - Caracterização de espessura de cotilédones secos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira. Média, desvio padrão e coeficiente de variação da espessura de cotilédone seco (10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 0343 5,49 0,25 4,59CAB 0210 6,28 0,48 7,61CAB 0818 6,35 0,46 7,30CAB 0320 6,36 0,53 8,31CAB 0825 6,39 0,51 8,05CAB 0251 6,42 0,65 10,07CAB 0533 6,43 0,71 10,99CAB 0393 6,47 0,70 10,77CAB 0204 6,50 0,76 11,64CAB 0212 6,56 0,39 5,90CAB 0201 6,72 0,44 6,57CAB 0872 6,78 0,75 11,02CAB 0365 6,80 0,42 6,18CAB 0823 6,84 0,45 6,53CAB 0211 6,87 0,33 4,85CAB 0115 6,88 0,70 10,16CAB 0369 6,92 0,40 5,78CAB 0829 7,01 0,51 7,28CAB 0487 7,02 0,61 8,76CAB 0815 7,13 0,60 8,44CAB 0827 7,14 0,70 9,85CAB 0364 7,24 0,51 7,07CAB 0871 7,31 0,65 8,86CAB 0276 7,35 0,79 10,74CAB 0865 7,36 0,44 5,92CAB 0529 7,36 0,62 8,38CAB 0832 7,37 0,52 7,11CAB 0345 7,41 0,78 10,48CAB 0336 7,43 0,50 6,76CAB 0344 7,43 0,74 9,99CAB 0822 7,44 0,54 7,29CAB 0339 7,54 0,96 12,79CAB 0852 7,55 0,59 7,88CAB 0512 7,56 0,88 11,61CAB 0346 7,59 0,58 7,71AB 0860 7,65 0,76 9,92

CAB 0826 7,68 0,77 10,08CAB 0368 7,74 0,79 10,23CAB 0819 7,82 0,73 9,40CAB 0485 7,91 0,79 10,04CAB 0813 7,95 0,80 10,01CAB 0509 8,03 0,89 11,04CAB 0522 8,08 0,46 5,70CAB 0817 8,09 0,69 8,54CAB 0868 8,26 0,96 11,63CAB 0859 8,54 0,77 9,05CAB 0861 8,71 0,59 6,80CAB 0931 5,94 0,30 5,07CAB 0102 6,50 0,44 6,80CAB 0916 6,80 0,82 12,05CAB 0076 6,85 0,91 13,22CAB 0036 6,88 0,82 11,99

111

Quadro 51 - Caracterização de espessura de cotilédones secos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação da espessura de cotilédone seco (10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 0928 6,94 0,66 9,51CAB 0715 7,01 0,49 7,03CAB 0875 7,05 0,37 5,29CAB 0929 7,09 0,52 7,35CAB 0888 7,14 0,51 7,18CAB 0912 7,15 0,65 9,09CAB 0349 7,18 0,84 11,76CAB 0917 7,26 0,59 8,07CAB 0878 7,65 0,38 4,92CAB 0911 7,75 0,67 8,71CAB 0903 7,97 0,60 7,47CAB 0919 7,98 0,86 10,77CAB 0922 7,99 0,43 5,37CAB 0924 8,13 0,45 5,50CAB 0920 8,21 0,50 6,04CAB 0926 8,29 0,48 5,80CAB 0925 8,37 0,52 6,25

Quadro 52 - Caracterização de frutos para PF de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira. Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de fruto utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5697-10 183,18 36,92 20,15CAB 5697-10 183,18 36,92 20,15CAB 5577-05 190,37 40,88 21,47CAB 5680-17 195,73 41,12 21,01CAB 5577-01 200,02 28,62 14,31CAB 5696-09 202,79 32,36 15,96CAB 5679-04 209,11 38,97 18,64CAB 5579-06 223,44 46,12 20,64CAB 5697-01 226,66 62,25 27,46CAB 5633-10 234,77 51,35 21,87CAB 5667-14 237,31 111,35 46,92CAB 5667-14 237,31 111,35 46,92CAB 5801-34 238,19 66,94 28,10CAB 5667-20 240,53 63,76 26,51CAB 5667-20 240,53 63,76 26,51CAB 5577-09 241,83 56,92 23,54CAB 5679-10 242,18 49,08 20,27CAB 5635-08 243,45 51,94 21,33CAB 5570-09 244,59 69,15 28,27CAB 5637-08 245,11 68,00 27,74CAB 5635-04 245,17 58,93 24,04CAB 5696-05 253,26 53,75 21,22CAB 5169-01 257,23 49,72 19,33CAB 5637-04 257,59 64,51 25,04CAB 5705-11 258,80 68,48 26,46CAB 5610-03 260,47 67,00 25,72CAB 5635-20 260,97 63,22 24,22CAB 5667-24 263,11 73,15 27,80CAB 5667-24 263,11 73,15 27,80

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Quadro 52 - Caracterização de frutos para PF de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de fruto utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5577-02 264,82 31,49 11,89CAB 5705-01 265,55 43,82 16,50CAB 5569-10 265,56 68,27 25,71CAB 5792-35 266,85 80,40 30,13CAB 5667-04 268,34 55,65 20,74CAB 5667-04 268,34 55,65 20,74CAB 5570-01 269,37 79,89 29,66CAB 5635-24 270,22 74,36 27,52CAB 5801-31 270,52 47,80 17,67CAB 5637-01 271,25 63,25 23,32CAB 5697-08 273,36 53,47 19,56CAB 5635-17 276,47 48,01 17,37CAB 5812-10 277,25 49,25 17,76CAB 5697-04 280,16 109,37 39,04CAB 5705-12 281,96 84,48 29,96CAB 5702-08 284,03 72,23 25,43CAB 5696-02 284,17 69,93 24,61CAB 5702-06 285,85 91,64 32,06CAB 5801-16 285,98 32,50 11,36CAB 5792-32 286,73 50,04 17,45CAB 5701-08 287,47 87,33 30,38CAB 5801-27 288,58 71,93 24,93CAB 5638-03 290,40 52,70 18,15CAB 5669-15 291,28 94,65 32,49CAB 5669-15 291,28 94,65 32,49CAB 5697-06 297,35 80,03 26,92CAB 5697-06 297,35 80,03 26,92CAB 5666-06 303,10 86,88 28,67CAB 5570-10 303,10 58,42 19,27CAB 5700-04 304,06 77,84 25,60CAB 5635-13 305,69 46,00 15,05CAB 5635-09 309,14 54,38 17,59CAB 5635-01 310,75 78,08 25,12CAB 5637-08 311,21 81,32 26,13CAB 5801-14 311,77 85,47 27,42CAB 5161-01 312,65 72,13 23,07CAB 5570-04 313,85 60,73 19,35CAB 5801-36 316,73 90,77 28,66CAB 5569-08 317,39 76,09 23,97CAB 5638-04 323,13 66,45 20,56CAB 5705-10 323,66 72,54 22,41CAB 5792-29 325,34 67,30 20,69CAB 5756-06 325,91 80,99 24,85CAB 5792-40 327,87 65,14 19,87CAB 5792-26 333,41 76,52 22,95CAB 5792-36 338,00 71,83 21,25CAB 5702-09 345,39 97,35 28,19CAB 5702-09 345,39 97,35 28,19CAB 5811-03 345,70 64,87 18,76CAB 5792-33 352,37 62,95 17,87CAB 5802-21 353,12 57,60 16,31CAB 5702-02 358,62 103,74 28,93

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Quadro 52 - Caracterização de frutos para PF de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de fruto utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5702-02 358,62 103,74 28,93CAB 5701-06 360,44 85,16 23,63CAB 5788-17 370,00 83,67 22,61CAB 5668-23 370,40 96,41 26,03CAB 5756-13 379,48 88,13 23,23CAB 5800-10 380,95 108,17 28,39CAB 5792-30 382,74 67,04 17,52CAB 5701-05 390,92 128,69 32,92CAB 5701-05 390,92 128,69 32,92CAB 5772-42 394,52 62,36 15,81CAB 5756-12 396,10 68,62 17,32CAB 5792-34 400,05 114,91 28,72CAB 5860-01 424,76 105,41 24,82CAB 5792-38 425,87 88,18 20,71CAB 5788-27 436,72 83,06 19,02CAB 5756-19 448,68 84,68 18,87CAB 5003-03 501,27 147,90 29,50CAB 5000-06 533,70 77,34 14,49CAB 5000-02 540,32 102,92 19,05

Quadro 53 - Caracterização de peso de casca de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira. Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de cascas utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5697-10 122,72 26,04 21,22CAB 05697-10 122,72 26,04 21,22CAB 5577-05 124,55 29,41 23,61CAB 5680-17 127,73 32,74 25,63CAB 5577-01 133,65 20,06 15,01CAB 5696-09 135,63 22,59 16,66CAB 5679-04 138,30 28,23 20,41CAB 5801-34 145,49 40,85 28,08CAB 5579-06 147,31 33,26 22,58CAB 5697-01 151,75 51,45 33,91CAB 5610-03 159,55 44,23 27,72CAB 5577-09 161,63 43,75 27,07CAB 5570-09 161,82 57,78 35,71CAB 5667-20 163,06 52,40 32,14CAB 05667-20 163,06 52,40 32,14CAB 5633-10 163,45 41,85 25,60CAB 5792-32 164,17 26,82 16,34CAB 5679-10 164,28 34,26 20,85CAB 5792-35 164,36 51,62 31,41CAB 5569-10 167,96 73,56 43,80CAB 5801-27 169,56 46,95 27,69CAB 5667-14 170,28 91,77 53,90CAB 05667-14 170,28 91,77 53,90CAB 5812-10 171,45 37,20 21,70CAB 5696-05 173,53 37,25 21,47

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Quadro 53 - Caracterização de peso de casca de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de casca utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5635-08 175,30 36,64 20,90CAB 5577-02 175,37 23,01 13,12CAB 5635-04 176,32 47,55 26,97CAB 5570-01 177,09 56,11 31,68CAB 5705-01 177,30 30,92 17,44CAB 5667-04 177,33 44,31 24,99CAB 05667-04 177,33 44,31 24,99CAB 5801-16 177,45 21,08 11,88CAB 5705-11 178,13 47,41 26,61CAB 5667-24 178,24 55,03 30,87CAB 05667-24 178,24 55,03 30,87CAB 5801-31 180,87 45,96 25,41CAB 5637-08 188,17 59,48 31,61CAB 5637-04 188,92 55,33 29,29CAB 5697-08 189,13 45,90 24,27CAB 5169-01 189,26 39,54 20,89CAB 5635-20 190,39 49,91 26,21CAB 5697-04 191,67 74,26 38,74CAB 5705-12 191,97 59,20 30,84CAB 5635-24 192,37 61,02 31,72CAB 5696-02 192,82 51,95 26,94CAB 5697-06 193,98 59,47 30,66CAB 05697-06 193,98 59,47 30,66CAB 5792-40 197,66 49,28 24,93CAB 5702-06 200,93 71,70 35,69CAB 5635-17 201,49 37,81 18,76CAB 5637-01 201,96 53,30 26,39CAB 5701-08 202,91 61,75 30,43CAB 5801-14 203,87 54,34 26,65CAB 5161-01 206,55 50,35 24,38CAB 5801-36 207,48 61,72 29,75CAB 5792-33 207,66 39,97 19,25CAB 5702-08 207,95 66,10 31,78CAB 5756-06 210,61 63,67 30,23CAB 5635-13 211,03 37,54 17,79CAB 5669-15 211,04 61,48 29,13CAB 05669-15 211,04 61,48 29,13CAB 5666-06 211,66 73,71 34,82CAB 5570-10 211,99 51,30 24,20CAB 5638-03 213,91 37,86 17,70CAB 5792-29 214,23 38,75 18,09CAB 5792-36 215,58 53,78 24,95CAB 5792-26 219,15 57,41 26,20CAB 5570-04 222,39 51,89 23,33CAB 5705-10 224,48 60,50 26,95CAB 5569-08 227,93 64,06 28,10CAB 5635-09 230,64 36,89 15,99CAB 5811-03 232,08 48,59 20,94

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Quadro 53 - Caracterização peso de casca de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso de casca utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5700-04 235,37 66,49 28,25CAB 5635-01 235,58 62,20 26,40CAB 5637-08 236,25 70,34 29,77CAB 5802-21 238,41 48,00 20,13CAB 5792-30 240,10 50,36 20,97CAB 5638-04 240,58 59,56 24,76CAB 5702-09 247,46 74,44 30,08CAB 05702-09 247,46 74,44 30,08CAB 5668-23 247,81 66,58 26,87CAB 5756-12 253,54 52,94 20,88CAB 5800-10 262,89 88,07 33,50CAB 5788-17 262,93 65,35 24,86CAB 5701-06 263,35 67,00 25,44CAB 5702-02 264,78 78,11 29,50CAB 05702-02 264,78 78,11 29,50CAB 5792-34 267,09 68,22 25,54CAB 5860-01 274,16 74,27 27,09CAB 5756-13 283,00 87,41 30,89CAB 5701-05 286,16 100,57 35,14CAB 05701-05 286,16 100,57 35,14CAB 5772-42 289,20 41,23 14,26CAB 5792-38 291,60 66,03 22,64CAB5756-19 297,05 75,55 25,43CAB 5788-27 325,76 60,89 18,69CAB 5003-03 331,05 113,04 34,15CAB 5000-02 396,28 76,26 19,24CAB 5000-06 402,87 69,70 17,30

Quadro 54 - Caracterização de número de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira. Média, desvio padrão e coeficiente de variação do número de sementes utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5700-04 23 2,79 12,29CAB 5637-01 27 4,97 18,69CAB 5637-08 29 6,02 21,13CAB 5635-04 29 4,55 15,91CAB 5637-08 30 6,23 20,64CAB 5701-08 31 5,62 18,43CAB 5811-03 31 7,28 23,78CAB 5169-01 31 7,72 24,84CAB 5697-08 31 4,57 14,61CAB 5637-04 32 4,94 15,53CAB 5697-04 32 7,69 23,74CAB 5697-10 33 4,90 15,04CAB 05697-10 33 4,90 15,04CAB 5579-06 33 4,99 15,26

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Quadro 54 - Caracterização de número de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do número de sementes utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5000-06 33 8,06 24,50CAB 5638-04 33 3,40 10,30CAB 5702-02 33 6,43 19,26CAB 05702-02 33 6,43 19,26CAB 5570-10 34 5,36 16,00CAB 5635-09 34 8,05 24,01CAB 5638-03 34 7,05 20,86CAB 5701-05 34 9,06 26,63CAB 05701-05 34 9,06 26,63CAB 5696-05 34 7,27 21,26CAB 5702-06 34 4,94 14,44CAB 5570-09 34 7,26 21,16CAB 5666-06 34 5,27 15,37CAB 5635-08 34 5,42 15,76CAB 5705-11 34 8,49 24,67CAB 5633-10 35 8,29 23,88CAB 5702-08 35 8,56 24,68CAB 5003-03 35 9,52 27,26CAB 5635-24 35 5,25 15,00CAB 5635-01 35 7,50 21,29CAB 5697-06 35 6,41 18,21CAB 5801-31 35 5,29 15,02CAB 05697-06 35 6,41 18,21CAB 5667-20 35 6,72 19,03CAB 05667-20 35 6,72 19,03CAB 5635-20 35 5,08 14,35CAB 5577-09 36 6,69 18,84CAB 5702-09 36 8,30 23,32CAB 05702-09 36 8,30 23,32CAB 5788-27 36 6,33 17,72CAB 5667-14 36 5,12 14,29CAB 05667-14 36 5,12 14,29CAB 5696-09 36 7,13 19,82CAB 5161-01 36 7,09 19,65CAB 5705-10 36 4,58 12,69CAB 5577-01 36 7,39 20,37CAB 5705-12 36 8,17 22,49CAB 5570-04 37 5,30 14,47CAB 5696-02 37 5,25 14,35CAB 5792-36 37 10,87 29,63CAB 5000-02 37 5,59 15,14CAB 5668-23 37 9,74 26,33CAB 5577-02 37 6,42 17,30CAB 5701-06 37 5,38 14,51CAB 5800-10 37 9,16 24,69CAB 5801-14 37 9,40 25,12CAB 5569-08 38 4,50 11,93CAB 5569-10 38 6,30 16,68

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Quadro 54 - Caracterização de número de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do número de sementes utilizando 10 frutos/planta

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5610-03 38 8,28 21,84CAB 5577-05 38 7,05 18,59CAB 5679-10 38 4,89 12,81CAB 5667-24 39 4,43 11,50CAB 5801-36 39 8,28 21,50CAB 05667-24 39 4,43 11,50CAB 5570-01 39 5,85 15,12CAB 5680-17 39 5,90 15,16CAB 5788-17 39 7,79 19,97CAB 5667-04 39 3,28 8,39CAB 05667-04 39 3,28 8,39CAB 5801-16 39 5,71 14,57CAB 5801-27 39 7,14 18,11CAB 5635-17 40 8,61 21,79CAB 5697-01 40 6,59 16,63CAB 5705-01 40 5,89 14,83CAB 5792-29 40 10,06 25,21CAB 5792-38 40 8,57 21,48CAB 5801-34 40 7,52 18,85CAB 5756-13 40 8,77 21,92CAB 5635-13 40 3,99 9,94CAB 5792-35 40 7,91 19,69CAB 5792-32 41 9,06 22,31CAB 5802-21 41 9,93 24,34CAB 5669-15 41 6,69 16,28CAB 5669-15 41 6,69 16,28CAB 5812-10 42 5,52 13,14CAB 5679-04 43 8,54 20,00CAB 5756-06 44 5,08 11,65CAB 5792-40 44 6,94 15,80CAB 5772-42 45 8,39 18,68CAB 5792-33 45 5,03 11,13CAB 5792-34 46 10,54 22,72CAB 5860-01 47 6,75 14,52CAB 5756-12 47 4,47 9,46CAB5756-19 47 3,03 6,38CAB 5792-30 49 2,63 5,39CAB 5792-26 49 5,77 11,73

Quadro 55 - Caracterização de peso mole de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira. Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso mole de sementes/fruto (10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5637-08 45,58 11,66 25,58CAB 5637-01 49,90 17,11 34,28CAB 5577-01 52,42 18,12 34,57CAB 5697-10 52,72 10,82 20,53CAB 5697-10 52,72 10,82 20,53

118

Quadro 55 - Caracterização de peso mole de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira.

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso mole de sementes/fruto (10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 5697-10 52,72 10,82 20,53CAB 5577-05 54,58 14,55 26,65CAB 5635-04 54,63 12,98 23,77CAB 5700-04 54,82 11,68 21,31CAB 5667-14 56,08 18,18 32,41CAB 5667-14 56,08 18,18 32,41CAB 5667-14 56,08 18,18 32,41CAB 5696-09 57,04 10,17 17,84CAB 5680-17 57,28 9,77 17,05CAB 5635-08 58,23 13,72 23,55CAB 5637-04 58,42 14,88 25,48CAB 5169-01 58,65 13,72 23,40CAB 5635-20 59,28 14,31 24,15CAB 5638-03 59,86 15,53 25,94CAB 5637-08 60,29 12,61 20,92CAB 5633-10 60,57 12,04 19,87CAB 5635-17 60,60 12,15 20,05CAB 5679-04 61,53 12,91 20,99CAB 5667-20 61,57 13,18 21,40CAB 5667-20 61,57 13,18 21,40CAB 5667-20 61,57 13,18 21,40CAB 5635-01 63,32 17,19 27,14CAB 5579-06 64,05 12,32 19,24CAB 5569-10 64,09 14,93 23,29CAB 5577-09 65,01 15,32 23,56CAB 5638-04 65,28 8,94 13,70CAB 5635-24 65,51 12,38 18,90CAB 5635-09 67,12 18,60 27,72CAB 5696-05 68,25 16,83 24,65CAB 5667-24 68,47 16,30 23,81CAB 5667-24 68,47 16,30 23,81CAB 5667-24 68,47 16,30 23,81CAB 5570-09 70,02 15,62 22,32CAB 5697-04 70,29 36,59 52,06CAB 5701-08 70,50 21,75 30,85CAB 5679-10 71,68 15,06 21,01CAB 5570-10 71,83 16,97 23,63CAB 5702-06 71,88 19,30 26,85CAB 5705-01 72,55 12,84 17,69CAB 5705-12 72,75 20,34 27,96CAB 5697-01 72,86 15,95 21,89CAB 5702-08 73,04 20,40 27,93CAB 5577-02 73,17 10,16 13,89CAB 5569-08 73,19 16,88 23,07CAB 5705-11 73,39 21,31 29,04CAB 5697-08 73,43 12,76 17,38CAB 5667-04 74,83 11,59 15,48CAB 5667-04 74,83 11,59 15,48

119

Quadro 55 - Caracterização de peso mole de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação).

Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso mole de sementes/fruto (10 frutos/planta)Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de Variação

CAB 5667-04 74,83 11,59 15,48CAB 5792-35 75,19 25,42 33,80CAB 5696-02 75,42 16,31 21,63CAB 5570-04 76,12 11,93 15,67CAB 5666-06 77,88 12,90 16,57CAB 5702-09 80,34 24,80 30,87CAB 5702-09 80,34 24,80 30,87CAB 5702-09 80,34 24,80 30,87CAB 5635-13 80,39 9,15 11,38CAB 5801-34 81,07 26,54 32,74CAB 5570-01 82,04 23,79 29,00CAB 5161-01 82,62 16,90 20,45CAB 5701-06 83,88 23,41 27,91CAB 5705-10 84,07 15,00 17,84CAB 5801-31 86,13 14,69 17,06CAB 5702-02 87,17 17,82 20,44CAB 5702-02 87,17 17,82 20,44CAB 5702-02 87,17 17,82 20,44CAB 5788-17 87,81 18,62 21,21CAB 5801-16 88,45 11,62 13,13CAB 5697-06 88,47 23,55 26,62CAB 5697-06 88,47 23,55 26,62CAB 5697-06 88,47 23,55 26,62CAB 5788-27 89,06 18,98 21,31CAB 5610-03 89,15 23,20 26,02CAB 5701-05 89,34 25,18 28,18CAB 5701-05 89,34 25,18 28,18CAB 5701-05 89,34 25,18 28,18CAB 5801-14 91,15 28,36 31,11CAB 5792-29 92,00 31,36 34,09CAB 5772-42 92,95 20,27 21,81CAB 5000-06 93,18 32,58 34,96CAB 5669-15 94,02 16,88 17,95CAB 5669-15 94,02 16,88 17,95CAB 5669-15 94,02 16,88 17,95CAB 5801-36 94,13 28,15 29,91CAB 5802-21 94,34 17,46 18,51CAB 5812-10 94,94 15,81 16,66CAB 5800-10 95,48 22,01 23,05CAB 5811-03 95,85 17,93 18,71CAB 5792-36 96,02 29,92 31,16CAB 5756-06 99,29 16,64 16,75CAB 5756-13 99,35 23,18 23,33CAB 5801-27 101,70 25,02 24,60CAB 5668-23 103,02 31,57 30,64CAB 5792-26 104,12 21,10 20,26CAB 5792-32 105,84 24,35 23,01CAB 5000-02 107,35 18,49 17,22

120

Quadro 55 - Caracterização de peso mole de sementes de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso mole de sementes/fruto (10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5792-38 108,05 28,60 26,47CAB 5792-40 113,58 20,27 17,85CAB 5756-19 120,36 12,84 10,67CAB 5792-30 122,15 18,17 14,88CAB 5756-12 123,72 14,72 11,90CAB 5792-33 124,90 23,07 18,47CAB 5860-01 127,01 30,31 23,86CAB 5792-34 130,62 35,14 26,90CAB 5003-03 136,77 29,21 21,35

Quadro 56 - Caracterização de peso de 20 cotilédones úmidos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira. Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso cotilédones úmidos/fruto ( 10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5577-05 11,00 2,32 21,05CAB 5680-17 12,50 3,74 29,93CAB 5679-04 12,63 3,81 30,16CAB 5577-01 12,75 3,41 26,77CAB 5667-14 12,80 2,33 18,22CAB 5667-14 12,80 2,33 18,22CAB 5667-24 13,61 1,96 14,40CAB 5667-24 13,61 1,96 14,40CAB 5635-17 13,75 3,56 25,90CAB 5667-20 13,81 3,16 22,89CAB 5667-20 13,81 3,16 22,89CAB 5633-10 13,84 3,44 24,83CAB 5635-20 14,13 3,54 25,05CAB 5577-02 14,14 3,38 23,93CAB 5705-01 14,67 2,05 13,97CAB 5635-08 14,72 3,47 23,61CAB 5577-09 14,89 3,38 22,71CAB 5635-01 14,95 3,43 22,91CAB 5696-09 15,02 3,64 24,25CAB 5667-04 15,04 2,90 19,27CAB 5667-04 15,05 2,91 19,32CAB 5637-08 15,17 3,62 23,86CAB 5697-10 15,22 1,91 12,54CAB 5697-10 15,22 1,91 12,54CAB 5697-01 15,33 3,57 23,26CAB 5569-10 15,59 3,37 21,65CAB 5635-24 15,73 3,52 22,35CAB 5635-09 15,94 3,48 21,84CAB 5705-11 15,95 4,45 27,88CAB 5635-13 15,96 3,52 22,03CAB 5635-04 15,99 3,44 21,52CAB 5638-03 16,26 3,63 22,34CAB 5792-35 16,53 2,84 17,16

121

Quadro 56 - Caracterização de peso de 20 cotilédones úmidos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso cotilédones úmidos/fruto ( 10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5579-06 16,81 3,38 20,08CAB 5570-01 16,89 3,38 20,01CAB 5637-08 16,92 3,57 21,12CAB 5679-10 17,08 3,68 21,53CAB 5637-01 17,20 3,54 20,60CAB 5669-15 17,29 2,25 13,03CAB 5669-15 17,31 2,27 13,12CAB 5702-09 17,43 1,72 9,86CAB 5702-09 17,43 1,72 9,86CAB 5696-02 17,44 3,53 20,27CAB 5697-04 17,44 3,49 20,01CAB 5637-04 17,47 2,17 12,43CAB 5569-08 17,64 3,36 19,05CAB 5702-06 17,67 4,00 22,66CAB 5705-12 17,68 3,99 22,57CAB 5756-06 17,82 3,78 21,23CAB 5696-05 17,93 3,60 20,08CAB 5638-04 18,16 3,67 20,19CAB 5570-09 18,21 3,42 18,77CAB 5702-08 18,39 4,03 21,92CAB 5610-03 18,40 3,41 18,55CAB 5570-04 18,50 3,41 18,42CAB 5702-02 18,60 2,10 11,30CAB 5702-02 18,60 2,10 11,30CAB 5666-06 19,21 3,74 19,45CAB 5705-10 19,25 4,12 21,41CAB 5700-04 19,33 3,61 18,66CAB5756-19 19,35 1,66 8,57CAB 5668-23 19,42 3,76 19,34CAB 5701-08 19,48 3,92 20,12CAB 5697-06 19,55 2,79 14,27CAB 5697-06 19,55 2,79 14,27CAB 5801-34 19,59 2,56 13,08CAB 5697-08 19,61 3,49 17,80CAB 5801-16 19,72 1,18 5,96CAB 5701-06 19,94 3,76 18,88CAB 5570-10 20,87 3,44 16,49CAB 5801-14 20,95 2,87 13,69CAB 5756-13 21,44 1,93 9,01CAB 5756-12 21,51 2,90 13,47CAB 5792-32 21,58 2,75 12,75CAB 5772-42 21,59 3,12 14,46CAB 5801-36 21,75 2,34 10,77CAB 5792-26 21,85 3,36 15,40CAB 5802-21 22,01 2,49 11,33CAB 5701-05 22,21 3,60 16,19CAB 05701-05 22,21 3,60 16,19CAB 5169-01 22,82 3,44 15,06

122

Quadro 56 - Caracterização de peso de 20 cotilédones úmidos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso cotilédones úmidos/fruto ( 10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5801-27 23,18 2,10 9,07CAB 5800-10 23,34 3,17 13,60CAB 5792-29 23,35 2,33 9,99CAB 5788-17 23,81 1,59 6,66CAB 5801-31 23,99 3,02 12,59CAB 5792-38 24,46 2,94 12,00CAB 5161-01 24,52 3,57 14,58CAB 5792-34 25,13 1,22 4,84CAB 5792-30 25,19 2,69 10,70CAB 5000-06 25,39 4,72 18,61CAB 5812-10 25,53 2,82 11,03CAB 5792-33 25,56 3,85 15,06CAB 5792-40 25,83 2,83 10,97CAB 5860-01 26,05 3,02 11,60CAB 5788-27 28,61 5,83 20,38CAB 5000-02 29,58 4,85 16,41CAB 5811-03 30,49 3,95 12,96CAB 5792-36 30,73 3,75 12,20CAB 5003-03 37,74 4,60 12,20

Quadro 57 - Caracterização de peso de 20 cotilédones secos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira. Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso cotilédones secos/fruto ( 10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5577-05 7,23 1,61 22,24CAB 5667-14 8,42 1,35 16,01CAB 5667-14 8,42 1,35 16,01CAB 5577-01 8,43 0,60 7,16CAB 5680-17 8,58 0,89 10,32CAB 5679-04 8,63 0,89 10,34CAB 5667-24 8,95 1,36 15,20CAB 5667-24 8,95 1,36 15,20CAB 5635-17 9,01 1,20 13,30CAB 5577-09 9,05 1,56 17,24CAB 5667-20 9,05 2,50 27,59CAB 5667-20 9,05 2,50 27,59CAB 5577-02 9,17 1,19 13,00CAB 5635-01 9,35 0,87 9,31CAB 5635-20 9,56 1,46 15,25CAB 5705-01 9,58 0,78 8,10CAB 5635-08 9,63 1,35 13,96CAB 5696-09 9,95 1,23 12,32CAB 5637-08 10,00 1,20 12,03CAB 5697-10 10,03 1,60 15,95CAB 5697-10 10,03 1,60 15,95CAB 5569-10 10,18 1,74 17,14CAB 5635-04 10,24 1,25 12,21

123

Quadro 57 - Caracterização de peso de 20 cotilédones secos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso cotilédones secos/fruto ( 10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5705-11 10,30 1,97 19,16CAB 5667-04 10,34 3,02 29,25CAB 5667-04 10,34 3,02 29,25CAB 5697-01 10,42 0,79 7,60CAB 5635-24 10,46 1,24 11,86CAB 5638-03 10,52 1,71 16,21CAB 5792-35 10,55 2,01 19,09CAB 5635-09 10,71 0,99 9,25CAB 5579-06 10,74 1,16 10,76CAB 5570-01 10,75 1,16 10,77CAB 5635-13 10,95 0,40 3,69CAB 5705-12 10,99 2,94 26,74CAB 5679-10 11,06 1,39 12,54CAB 5697-04 11,10 2,06 18,57CAB 5637-08 11,13 1,36 12,25CAB 5756-06 11,15 3,13 28,08CAB 5696-02 11,25 0,75 6,63CAB 5637-04 11,29 1,44 12,77CAB 5669-15 11,33 1,48 13,04CAB 5669-15 11,33 1,48 13,04CAB 5610-03 11,69 1,61 13,78CAB 5637-01 11,72 1,77 15,08CAB 5668-23 11,81 1,50 12,66CAB 5570-04 11,83 1,70 14,37CAB 5702-09 11,85 1,22 10,26CAB 5702-09 11,85 1,22 10,26CAB 5569-08 11,95 1,79 14,95CAB 5702-06 12,03 2,03 16,88CAB 5570-09 12,07 1,53 12,67CAB 5696-05 12,09 1,85 15,32CAB 5705-10 12,11 0,66 5,41CAB 5702-08 12,13 1,92 15,82CAB 5638-04 12,26 1,13 9,21CAB 5697-08 12,48 1,09 8,71CAB 5702-02 12,49 1,43 11,42CAB 5702-02 12,49 1,43 11,42CAB 5701-08 12,50 2,07 16,56CAB 5801-34 12,71 2,20 17,29CAB5756-19 12,77 1,29 10,11CAB 5701-06 12,86 1,78 13,84CAB 5570-10 12,91 1,23 9,56CAB 5801-16 12,99 1,01 7,76CAB 5700-04 13,01 1,04 7,97CAB 5666-06 13,03 2,30 17,66CAB 5697-06 13,07 1,98 15,15CAB 5697-06 13,07 1,98 15,15CAB 5801-14 13,17 2,53 19,23CAB 5756-13 13,41 1,12 8,37

124

Quadro 57 - Caracterização de peso de 20 cotilédones secos de germoplasma de cacaueiro silvestre da Amazônia brasileira (Continuação). Média, desvio padrão e coeficiente de variação do peso cotilédones secos/fruto ( 10 frutos/planta)

Acesso Média Desvio Padrão Coeficiente de VariaçãoCAB 5772-42 13,53 1,30 9,62CAB 5756-12 13,60 1,98 14,58CAB 5792-26 13,61 1,56 11,43CAB 5802-21 13,82 1,36 9,83CAB 5633-10 13,84 1,67 12,06CAB 5801-36 13,94 1,53 10,96CAB 5756-12 13,60 1,98 14,58CAB 5792-26 13,61 1,56 11,43CAB 5802-21 13,82 1,36 9,83CAB 5633-10 13,84 1,67 12,06CAB 5801-36 13,94 1,53 10,96CAB 5792-32 14,13 1,96 13,88CAB 5169-01 14,33 1,78 12,40CAB 5701-05 14,46 2,36 16,31CAB 5701-05 14,46 2,36 16,31CAB 5792-29 14,75 1,66 11,24CAB 5000-06 14,87 3,84 25,81CAB 5801-31 14,94 1,87 12,49CAB 5801-27 15,15 2,50 16,50CAB 5800-10 15,56 2,19 14,09CAB 5788-17 15,62 1,21 7,73CAB 5161-01 15,63 1,52 9,70CAB 5792-38 15,95 2,08 13,03CAB 5792-33 16,13 2,31 14,35CAB 5860-01 16,20 3,07 18,95CAB 5812-10 16,29 1,86 11,43CAB 5792-40 16,48 1,98 12,00CAB 5792-30 16,51 1,69 10,26CAB 5792-34 16,72 1,11 6,65CAB 5788-27 18,24 4,17 22,84CAB 5792-36 18,58 2,00 10,77CAB 5000-02 18,72 0,82 4,38CAB 5811-03 19,90 2,17 10,91CAB 5003-03 21,68 4,06 18,70

FORMAÇÃO DE BANCO ATIVO DE GERMOPLASMA, AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE CUPUAÇUZEIRO Theobroma grandiflorum SCHUM.NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Romão Satio Kobayashi, Sebastião Geraldo Augusto, Augusto Olímpio da Silva Santos, Luiza Hitomi Igarashi Nakayama e Luiz Antônio dos Santos Dias.

O cultivo do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum Schum.), é uma excelente alternativa econômica no contexto da Amazônia brasileira. A cultura do cupuaçuzeiro desponta como um importante produto agrícola, tanto para consumo interno como para exportação, com ampla perspetivas de mercado. Sua utilização é vasta, podendo ser usado em mais de 70 modalidades de produtos industrial e culinárias, e nas sementes e polpa são encontrados diversos elementos

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químicos importantes, como ferro, vitaminas, proteínas, cálcio, fósforo, potássio, entre outros. Contudo a produção ainda é insuficiente para atender à crescente demanda, além do que o cupuaçuzeiro apresenta-se ainda como uma espécie em domesticação, com poucos estudos que tornem possível o seu cultivo racional e em escala econômica. No contexto da ecologia na Região Amazônica, é de suma importância a grande potencialidade que essa cultura apresenta, podendo ser explorada por meio de sistema de policultivos (consórcios) ou ser introduzida na composição de sistemas agroflorestais, viabilizando o desenvolvimento de uma agricultura auto-sustentável e menos agressiva ao ambiente.

O cultivo do cupuaçuzeiro tem grande parte de suas possibilidades de incremento de produção e qualidade fundadas na prática do melhoramento genético. Para o adequado desenvolvimento de um programa de obtenção de variedades superiores, é preciso que os melhoristas tenham à sua disposição uma ampla variabilidade genética. Assim, faz-se necessário um trabalho continuo e ordenado de coleta, introdução, preservação, seleção, caracterização e avaliação de genótipos da Amazônia brasileira e plantações comerciais.

As principais finalidades deste projeto são preservar a variabilidade genética da espécie, enriquecer o banco de genes por meio de coleta de populações silvestres devido à erosão genética acelerada, e tornar utilizáveis os fatores genéticos responsáveis por atributos procurados em programas de melhoramento, principalmente aqueles que contribuem para a elevada produtividade, resistência às doenças e pragas, e qualidade do produto.

Deverão ser realizadas pelo menos 2 expedições botânicas anuais na Amazônia brasileira para coleta de 100 acessos, perfazendo aproximadamente 450 genótipos e replicação de 150 acessos.

A variação dos caracteres apresentados pelos genótipos de cupuaçuzeiro coletados é bastante significativo, pois foram introduzidos indivíduos que apresentam resistência às doenças e pragas, peso de frutos, sementes e formatos bem diferenciados, inclusive mutações, e peso de polpa mínimo de 700 g e máximo de 3 kg.

Os resultados iniciais de coleta e introdução estão descritos nos Quadros 58 e 59 a seguir:

Quadro 58 - Clones de cupuaçu plantados no Bag

CÓDIGO DE PLANTIO ORIGEM CÓD. PROVISÓRIO DEFINITIVO00001C PARÁ ANDIRÁ -00002C PARÁ TGA 0000100003C PARÁ TGA 0000200004C PARÁ TGA 0000900005C PARÁ TGA 0002500006C PARÁ TGA 0003200007C PARÁ SS -00008C PARÁ Cristal quadrado. TGA 0800009C PARÁ TG 01 00001 - St. Ma00010C PARÁ TG 02 00002 - St. Ma00011C PARÁ TG 03 00003 - St. Ma00012C PARÁ TG 04 00004 – St. Ma00013C AMAZONAS TG – 01 e 02 0002 - MBRAPA00014C AMAZONAS TG - 004 0004 - MBRAPA00015C AMAZONAS TG - 005 0005 - MBRAPA00016C PARÁ TGA - 035 0003500017C PARÁ Q4 – P1 -00018C PARÁ PRATA – 003 0000300019C PARÁ TGA - 004 00004

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Quadro 58 - Clones de cupuaçu plantados no Bag

CÓDIGO DE PLANTIO ORIGEM CÓD. PROVISÓRIO DEFINITIVO00020C PARÁ TGA - 007 0000700021C PARÁ TGA- 010 0001000022C PARÁ PRATA - 001 0000100023C PARÁ Q4 – P2 -00024C PARÁ TGA – 030 0003000025C PARÁ TGA – 005 0000500026C PARÁ TGA – 006 0000600027C PARÁ TGA – 003 0000300028C PARÁ TGA - 028 0002800029C PARÁ PÉROLA – 01 -00030C PARÁ PEROLA - 05 -00031C PARÁ PÉROLA – 04 -00032C PARÁ PEROLA - 03 -00033C PARÁ PEROLA - 02 -00034C PARÁ 530 – 56 -00035C AMAZONAS Cristal - 01 -00036C PARÁ Briguente 10 -00037C PARÁ Briguente 19 -00038C PARÁ Briguente 13 -00039C PARÁ DNM-1 -00040C PARÁ ESPAM-1 -00041C PARÁ ESPAM-2 -00042C PARÁ ESPAM-3 -00043C PARÁ Paulo Suzuki (PS) 5 -00044C PARÁ Paulo Suzuki (PS) 7 -00045C PARÁ H 06 -00046C PARÁ H 07 -00047C PARÁ TGA 36 -00048C PARÁ H 01 -00049C PARÁ H 02 -00050C PARÁ H 03 -00051C PARÁ H 04 -00052C PARÁ H 05 -00053C PARÁ Paulo Suzuki (PS) 1 -00054C PARÁ Paulo Suzuki (PS) 2 -00055C PARÁ Paulo Suzuki (PS) 3 -00056C PARÁ Paulo Suzuki (PS) 4 -00057C PARÁ Paulo Suzuki (PS) 6 -00058C PARÁ Briguente 01 -00059C PARÁ Briguente 02 -00060C PARÁ Briguente 03 -00061C PARÁ Briguente 06 -00062C PARÁ Briguente 09 -00063C PARÁ Briguente 10 -00064C PARÁ Briguente 12 -00065C PARÁ Briguente 14 -00066C PARÁ Briguente 16 -00067C PARÁ Briguente 18 -00068C PARÁ Briguente 20 -00069C PARÁ Barcarena - 1 -

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Quadro 59 - Seminais de cupuaçu plantados no Bag

CÓDIGO DE PLANTIO ORIGEM CÓD. PROVISÓRIO

0001S PARÁ 000010002S PARÁ 000020003S PARÁ 000070004S PARÁ 000090005S PARÁ 000250006S PARÁ 000320007S PARÁ -0008S PARÁ -0009S PARÁ -0010S PARÁ -0011S PARÁ -0012S PARÁ -0013S PARÁ -0014S PARÁ Híbrido0015S PARÁ 000040016S PARÁ -0017S PARÁ 000360018S PARÁ 000050019S PARÁ H 04 – Hamilton Benfica0020S PARÁ Americano Sta. Isabel0021S PARÁ Tião0022S PARÁ Alemão 1 ERJOH0023S PARÁ Alemão 2 ERJOH0024S PARÁ Alemão 3 ERJOH0025S PARÁ Alemão 4 ERJOH0026S PARÁ TGA 08 – ERJOH0027S PARÁ -

RESULTADOS INICIAIS ALCANÇADOS EM 2002/2003

Coleta, Introdução, Conservação na ERJOH:

ACESSOS SEMINAIS 27GENÓTIPOS 216

ACESSOS CLONAIS 69GENÓTIPOS 69

TOTAL DE GENÓTIPOS: CLONES + PROGENIES 285

TOTAL EM RELAÇÃO À META: 18 %

128

Caracterização quanto a compatibilidade de cacaueiros silvestres da amazônia brasileira

Como parte das atividade do projeto de caracterização, está sendo desenvolvido o estudo de compatibilidade dos genótipos de cacaueiros dos Bancos de Germoplasma de Cacaueiros da Amazônia Oriental. Os trabalhos de polinização possuem três linhas de atividades:

1 – Polinização para detectar se os genótipos de cacaueiros são Autocompatíveis.2 – Polinização para detectar se os genótipos de cacaueiros são Intercompatíveis.3 – Polinização para detectar se as cultivares melhoradas são Auto ou Intercompatíveis.

1 – Polinização para detectar se os genótipos de cacaueiros são Autocompatíveis.

Os resultados se apresentam em duas informações: parcial ou em andamento e concluídos.A. Resultado parcial de autocompatibilidade: FASE – 1.

Do total de 55 clones de cacaueiros silvestres e 12 alienígenas que estão sendo trabalhados, não concluídos, os resultados preliminares apresentam os seguintes indicativos:

(a) 24 clones indicaram ser autoincompatíveis. CAB (517; 5009/05/4; 5001/22/9; 528; 521; 5000/8/1; 830; 823; 820; 825; 822; 522; 5175/03/2; 5027/1); CEPEC (533; 528); PA (16; 310;); IMC (76; 20); SA 48; AMAZON 312; CCN 12; TSH 516;.

(b) 23 clones indicaram indícios de autocompatibilidade. CAB (5009/05/6; 5001/22/9; 528; 524; 532; 529; 5000/12/4; 5001/3/3; 509; 535; 5000/10/8; 5000/7/6; 5001/17/1; 5000/17/4; 5029/2/8; 5162/1/10; 5161/1/2; 5027/1/3; 5003/1/2; 831; 833). PA 121; EET 62;

(c) 8 clones são autocompatíveis. CAB (5001/22/7; 5001/9/3; 224; 829;) BE 8; EET 96; CCN 1; UF 242.

B. Resultados concluídos:

As polinizações estão sendo feitas o ano todo, pois, desta forma, poderemos mapear os genótipos que apresentam fertilização ao longo do ano. Os resultados iniciais estão demonstrados a seguir:

Do total de 101 clones trabalhados, 39,6% (grupo A: CAB0014; 20; 69; 76; 78; 80; 82; 95; 102; 111; 114; 116; 120; 145; 149; 153; 154; 155; 157; 158; 181; 191; 195; 203; 268; 274; 288; 296; 297; 321; 486; 492; 499; 501; 502; 517; 519; 523; 528; 531) indicaram ser autoincompatíveis, 17,8% (grupo B: CAB0018; 22; 64; 115; 148; 157; 169; 171; 191; 196; 198; 209; 213; 264; 265; 283; 500; 524) tiveram uma flor fertilizada, indicando indícios mínimos de autocompatibilidade; 14,85% (grupo C: CAB0067; 182; 214; 265; 341 e D: CAB0088; 200; 208; 263; 301; E: CAB007; 160; 262; 270) apresentaram indícios médios de autocompatibilidade, com 2 a 4 flores fetilizadas aos 3 dias, sem formar frutos; 29,79% (grupos: F: (CAB211; G: 212; 267; 522; H: CAB0150; I: CAB0101; J: CAB0124; K: CAB0197; 233; 271; 287; 309; 332; L: CAB0274; 520; M : CAB:0342; N: CAB0282) apresentaram fortes indícios de autocompatibilidade, com flores fertilizadas variando de 5 a 25 sem frutos formados; 7,95% (grupo O: CAB0208; 207; 311; 113; 331; 232; 310; 280) são autocompativeis, produzindo frutos.

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SOCIOECONOMIA

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CRÉDITO RURAL PARA O CONTROLE DA VASSOURA-DE-BRUXA (Crinipellis perniciosa): CUSTEIO OU INVESTIMENTO?

Fernando Antonio Teixeira Mendes

Especificamente, este trabalho trata da inserção da vassoura-de-bruxa como um problema econômico nos plantio originários do PROCACAU na Amazônia e as suas possibilidades de controle via crédito rural frente à atual conjuntura de preços pagos aos produtores desta importante região.

A maior experiência Amazônica no controle da vassoura-de-bruxa ocorreu na primeira metade da década de oitenta no Estado de Rondônia, por meio do Plano de Ação para controle da Vassoura-de-bruxa em Rondônia - 1982/85. O diagnóstico que orientou a realização deste planejamento mostrou uma desaceleração gradativa no nível de infecção até 1985, estabilizando neste patamar até 1989.

Partindo-se do princípio de que a prática de recuperação de áreas atacadas pela vassoura-de-bruxa visa retornar aos níveis de produtividade economicamente rentáveis e, pelo que têm demonstrado as pesquisas já citadas, existem francas possibilidades de isso acontecer, torna-se fundamental que se estenda a análise, acrescentando o lado econômico deste processo.

Usando-se os índices dos insumos recomendados pela CEPLAC (SILVA, et al., 1995), pode-se projetar um orçamento capaz de inferir as despesas referentes à recuperação de uma área, nas condições em que está sendo tratada neste trabalho, norteando a análise econômica a posteriori.Da mesma forma, usando-se os dados da evolução de produtividade, pode-se elaborar a tabela de receita, custo e margem bruta e o benefício incremental líquido antes do financiamento, levando-se em consideração, para efeito da contabilização das receitas, o preço do produto a R$ 1,00/ kg.

Para efeito dos cálculos financeiros, usou-se a metodologia desenvolvida no Fundo Constitucional do Norte - FNO, em sua modalidade denominada crédito especial, por se tratar de miniprodutor cuja principal fonte de mão-de-obra é a familiar. Neste caso, o juro embutido no programa é de 6% a.a., acrescido da taxa de juros de longo prazo - TJLP. Determinou-se, com base no orçamento e nas receitas potenciais, o fluxo de caixa e a capacidade de pagamento de um projeto com as características propostas, estando seus resultados expressos no Quadro 60.

Quadro 60 - Fluxo de caixa e capacidade de pagamento para um projeto de recuperação de área atacada pela vassoura-de-bruxa nível 3.

ITEM \ ANO 1 2 3 4 5 6 7 8I - Receita 0,00 600,00 900,00 1200,00 1500,00 1500,00 1500,00 1500,00

II - Custo operacional 2,00 2,00 2,00 550,00 600,00 600,00 600,00 600,00III - Fluxo operacional (I-

II)-2,00 598,00 898,00 650,00 900,00 900,00 900,00 900,00

IV - Inversões Projetadas 824,80 434,80 442,80V - Fluxo do Projeto (III-

IV)-826,80 163,20 455,20 650,00 900,00 900,00 900,00 900,00

VI - Financiamento 824,80 434,80 442,80VII - Fluxo bruto -2,00 598,00 898,00 650,00 900,00 900,00 900,00 900,00

VIII - Serviço da dívida 390,00 540,00 540,00 540,00 281,84IX - Fluxo líquido (VII-

VIII)-2,00 598,00 898,00 260,00 360,00 360,00 360,00 618,16

OBS.: Para efeito do cálculo do serviço da dívida, considerou-se apenas a disponibilidade de 60% do fluxo bruto.

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a) Benefício Incremental Líquido (BIL)Admitindo-se que somente por meio de crédito de investimento é possível executar-se um projeto para controle da vassoura-de-bruxa em nível 3 de infecção(ALBUQUERQUE et al., 1995, pág. 46) e, baseando-se nos dados das tabelas 5 e 6, empregou-se a metodologia proposta por SANTANA (1995, pág. 15), que envolve o cálculo do benefício incremental líquido (BIL), que é a diferença entre o benefício líquido com projeto (BLCP) e o benefício líquido sem o projeto (BLSP), apurado nas situações antes e depois do financiamento, cuja vantagem é a comparação da situação com e sem a implantação do projeto. Segundo o mesmo autor, se na avaliação não se levar em conta esta metodologia, certamente não estaremos determinando o benefíco líquido gerado pelo projeto, mas o benefíco conjunto da fazenda como um todo, procedimento errado, pois o investimento deverá ser liberado para o projeto (identificando o seu mérito) e não para a fazenda.

b) Período de Recuperação do Investimento (PRI)Refere-se ao período de tempo necessário para que os recursos investidos no projeto sejam integralmente recuperados, sendo operacionalizado, matematicamente, por:

PRI = ( I / BL ), onde:I = investimentoBL = benefício líquido de um ano base (ano de estabilização do projeto).SANTANA (1995, pág. 20) recomenda que, para o BL seja usado a sua média, a partir do período de sua estabilização, dado que este método tem certa fragilidade para tomada de decisão. Assim, utilizando-se os dados do projeto deste estudo, tem-se uma média do BL de R$ 509,00 e o investimento é de R$ 1.702,24. Com estes valores, obtem-se um PRI = 3,3 anos.

c) Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR)Definido como o valor atual do fluxo de benefícios incrementais líquidos, é com o seu cáculo que se chega da forma mais rápida ao valor ou mérito de um projeto. Sua interpretação, quando a taxa de juros reflete o custo de oportunidade do capital (usou-se a taxa de remuneração da cardeneta de poupança), representa o valor atual dos benefícios gerados por um investimento e, quando o seu cálculo apresenta valores maiores que zero, diz-se que o projeto apresenta viabilidade econômica; matematicamente, temos:

VPLB C

it t

tt

n

=−

+=∑ ( )11

onde:

Bt = benefício em cada ano do projeto;Ct = custo em cada ano do projeto;n = número de anos do projeto;i = taxa de juros (t = 1, 2, 3, ..., n).

Fazendo-se também uso do fluxo de benefícios líquidos pode-se encontrar a taxa de juros que torne o VPL deste fluxo igual a zero, ou seja, a TIR, que em última análise é o juro máximo que um projeto pode pagar pelos recursos utilizados, caso sedeje-se remunerar todos os custos efetuados. Um projeto é viável quando a TIR supera o custo de oportunidade do capital (SANTANA, 1995), o qual, como já foi evidenciado, utilizou-se a taxa de remuneração da caderneta de poupança (6%).

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Quadro 61 - Cálculo do BIL, VPL e TIR de um projeto para recuperação de área cacaueira atacada por vassoura-de-bruxa nível 3.

ano I - Receita II - Custo operacional

III - Fluxo operacional (I-II)

Fluxocorrigido (6%)

BIL

0 200,00 96,00 104,00 104,00 0,001 0,00 824,00 -824,00 -777,36 -881,362 600,00 435,00 165,00 146,85 42,853 900,00 442,00 458,00 384,55 280,554 1200,00 940,00 260,00 205,94 101,945 1500,00 1140,00 360,00 269,01 165,016 1500,00 1140,00 360,00 253,79 149,797 1500,00 1140,00 360,00 239,42 135,428 1500,00 881,84 618,16 387,84 283,84

VPL = R$ 1.110,04 R$ 665,83 R$ 206,31TIR = 34% 26% 12%

OBS.: No custo operacional, a partir do 4º ano, estão incluídas as despesas com o serviço da dívida, pois a pressuposição é que os investimentos dos três primeiros serão financiados.

A AMAZÔNIA COMO SAÍDA PARA A CRISE DA CACAUICULTURA NACIONALFernando Antonio Teixeira Mendes.

Este trabalho faz um retrospecto da cacauicultura brasileira apartir do surgimento da CEPLAC como instituição responsável por este cultivo. Mostra como o PROCACAU modificou o perfil da cacauicultura nacional, ampliando o eixo da produção quando incluiu a Amazônia no pólo de expansão do plantio deste cultivo. Apresenta os indicadores da crise da cacauicultura nacional, centralizando aqueles que contribuíram para agudizar o problema no sul da Bahia. Finaliza mostrando como a Amazônia, via vantagens comparativas estruturais e conjunturais, pode inverter as tendências, colocando o Brasil num caminho mais seguro na produção de cacau.Passados 41 anos da primeira intervenção governamental para o fortalecimento da cacauicultura nacional e 22 anos do lançamento do PROCACAU, esta atividade se depara com mais um momento de impasse. O Brasil segue lento na ultrapassagem da crise econômica que se instalou no País a partir da década de 80. A cacauicultura baiana volta a renegociar a dívida dos produtores em face de sua total insolvência. Completando este quadro de desalento, a principal doença amazônica (vassoura-de-bruxa) instalou-se nos cacaueiros da Bahia a partir de 1989, alterando toda a estrutura produtiva prevalecente; hoje perde-se muito, em termos de produto e estímulo, devido a esta doença. Perigosamente, o Brasil caiu da sua posição de 2º para 4º na produção mundial de cacau na última safra agrícola. A representação econômica da cultura do cacau na balança comercial brasileira vem decrescendo seriamente, passando de 3,77% em 1975 para 0,67% em 1993 (Boletim Informativo do Banco Central), com os valores sendo atribuídos ao complexo cacau - amêndoas, liquor, manteiga e torta. Mesmo com esse quadro, não se pode desprezar tão importante produto, é fundamental que medidas reconstituidoras sejam agilizadas para possibilitar maiores investidas no mercado internacional, principalmente, no que se refere à renovação de plantações velhas e/ou improdutivas, bem como a retomada na implantação de novas áreas.

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Os indicadores aqui apresentados habilitam a Amazônia, no mínimo, a um grande debate sobre a viabilidade da cacauicultura em termos nacionais, colocando-a como uma das primeiras alternativas econômicas, sociais e ecológicas.Tal ação se constituirá numa demonstração brasileira em relação à preocupação com o desenvolvimento interno, sem prejudicar os acordos internacionais de preservação e conservação do meio ambiente, principalmente o amazônico.

O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS E A CONTABILIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Fernando Antonio Teixeira Mendes e Ariel Abderraman Ortiz Lopez.

Este trabalho tenta mostrar a ineficiência do Produto Interno Bruto (PIB) como um dos indicadores padrão na mensuração do desenvolvimento, já que seu cálculo baseia-se na contabilidade nacional da atividade produtiva anual que cada país realiza. Baseia-se na análise das três formas recomendadas pela literatura atual (adição de contas novas dentro do mesmo sistema; construção de contas "satélites" separadas, e a substituição completa do sistema convencional de contabilidade nacional, cuja fundamentação teórica encaminha-se pela análise da matriz de insumo-produto.

Nós consideramos que, para o caso do Brasil, dadas as limitações de informações estatísticas e as restrições orçamentárias, poder-se-á começar pela inclusão ou separação das contas relacionadas com o ambiente; logo, a correção do problema de double counting, para, posteriormente, tentar a ampliação do sistema, considerando a inclusão de um setor adicional em que entraria o ambiente e os recursos naturais (erosão do solo, poluição da água, etc.).

COMERCIALIZAÇÃO DE CACAU EM AMÊNDOAS NA AMAZÔNIA: ECONOMIA AGRÍCOLA PARA O PEQUENO PRODUTOR.

João Marivaldo Silva de Sousa e Fernando Antonio Teixeira MendesFez-se um breve histórico das principais formas de comercialização de cacau levadas a efeito na Amazônia, indicando seus procedimentos e, quando fosse o caso, a região de uso. Especificamente, detalharam-se as formas de comercialização via Bolsa de Mercadorias do Estado do Pará e Leilão Eletrônico do Banco do Brasil, realizadas por pequenos produtores da Transamazônica e Tomé-Açu nos anos de 1992 e 1995, comprovando o ganho significativo em termos de preços pagos aos produtores, além de contribuir decisivamente para a melhoria da qualidade do cacau amazônico.1- O processo de comercialização de cacau na Amazônia tem como principais entraves as suas características infra-estruturais (vias de acesso e número de compradores locais) e a organização da produção.2- A melhoria da qualidade do cacau em amêndoas está diretamente relacionada a um preço compatível ao custo de beneficiamento.3- As formas alternativas de comercialização de cacau via Bolsa de Mercadorias e/ou Leilão Eletrônico trouxeram ganhos substanciais aos produtores participantes do sistema, além de sugerir que a mobilização de produtores, formal ou informalmente, pode alterar a atual cunjuntura de preços locais.4- É fundamental que esta modalidade de comercialização seja divulgada maciçamente, para que um maior número de produtores possam avaliar a proposta e, ao fim, engajarem-se nela.

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5- O mercado nacional e internacional de cacau está propício para vendas em grandes volumes e com qualidade, podendo ser bem aproveitado pelos produtores amazônicos, desde que sejam capazes de reunir o máximo possível da produção e vendê-la em uma ou nas duas modalidade(s) analisadas neste trabalho.

PREÇO DO CACAU EM AMÊNDOAS NO ESTADO DO PARÁ, 1989-1998: UMA ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE OS ESTADOS DE RONDÔNIA E BAHIA

Fernando A. Teixeira Mendes, João Marivaldo da Silva de Sousa e Sylvan Martins dos Reis

O trabalho tem como objetivo mostrar e analisar as diferenças percentuais dos preços pagos aos produtores de cacau em amêndoas no Estado do Pará, comparando com aqueles pagos em Rondônia e Bahia. Numa análise dos dez últimos anos, verificou-se que a estrutura de comercialização, bem como a organização da produção têm funcionado como um forte determinante para um deságio nos preços pagos aos produtores da Amazônia (Pará e Rondônia). Estimou-se que, em média, no Estado do Pará os cacauicultores recebem somente 70% dos preços pagos àqueles da Bahia.Por meio dos dados de preços médios pagos aos produtores no Pará, Rondônia, Bahia e bolsa de New York, num período de 144 meses (janeiro/1989 a dezembro/1998), constata-se que, na prática, existe um deságio embutido nos preços de comercialização na Amazônia quando comparados aos da Bahia.As explicações sugeridas a cerca dessas diferenças incidem, principalmente, na estrutura de comercialização estabelecida para cada uma das regiões. Na Bahia, o sistema concorrencial é mais evidente, existindo muitos compradores distribuídos por toda a região cacaueira. A indústria de transformação, também, concorre no mercado de amêndoas secas, possibilitando que os preços não se afastem muito daqueles estabelecidos na Bolsa de N. York. O nível de informação entre os produtores é facilitado, tendo em vista uma rede bem instalada nos 93 municípios produtores de cacau. Outra variável importante diz respeito às vias de acesso que fazem a interligação do campo com a cidade, muito bem conservadas e, na grande maioria, asfaltadas, levando com facilidade o produto às cooperativas e armazéns centrais, localizados próximos ao porto de exportação (porto do Malhado, em Ilhéus).

Na Amazônia, representada principalmente pelo Pará e Rondônia, todo esse aparato que facilita a comercialização no sul baiano é muito frágil: as cooperativas não têm capital e infra-estrutura suficientes para competir com a iniciativa privada; as vias de acesso são precaríssimas e todas sobre piçarra (exceto em Rondônia onde a rodovia BR-364, que corta toda a região produtora, é asfaltada); 80% da comercialização da safra é feita apenas por dois compradores, facilitando a colocação de um preço incompatível com a realidade; o porto de exportação mais próximo, em Belém, fica a pelo menos, 24 horas por via terrestre do principal centro convergente da produção no Pará, que é o município de Altamira (Transamazônica). O centro produtor de Rondônia escoa sua produção para São Paulo (porto de Santos), que se acha a 48 horas, também por via terrestre; a situação agrava-se quando fica clara a desorganização dos produtores em torno de qualquer forma associativismo que possa representá-los e/ou protegê-los.A Figura 43 permite uma visualização de como variam os preços nas regiões produtoras em relação àqueles cotados na bolsa de N. York1. Percebe-se, claramente, que quanto maior for o aperfeiçoamento da estrutura de comercialização, no que se refere à concorrência, mais próximas estarão as regiões do formador de preço (N. York). Assim, na Bahia, consegue-se pagar preços melhores do que em Rondônia e neste, melhor do que no Pará.

1 Os preços foram atualizados pelo IGP-DI/FGV, fazendo DEZ/89 = 100 e a conversão de dólar para cruzeiro pela taxa de câmbio (média ponderada), ambos publicados pela revista Conjuntura Econômica da FGV.

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m ê s / a n o

0 , 0 0

1 0 , 0 0

2 0 , 0 0

3 0 , 0 0

4 0 , 0 0

5 0 , 0 0

6 0 , 0 0

P A

R O

B A

N . Y

Figura 43 - Preços médios pagos aos produtores de cacau no Pará, Rondônia, Bahia e bolsa de N. York.

Em termos de variação percentual, a região sul baiana apresenta taxas médias que, na maioria dos meses analisados, ficaram em 24%, ocorrendo alguns casos (janeiro, fevereiro, abril e dezembro/82 e janeiro/89) de valores negativos, significando que, neste momento, a Bahia pagou melhor do que a cotação na bolsa de N. York. Esse episódio pode ser explicado pela necessidade que os comerciantes (exportadores) têm em cumprir seus contratos, adquirindo parte do produto a preços maiores que aqueles estabelecidos no mercado, no sentido de manterem o mesmo tipo de comportamento, já que a exigência contratual no mercado internacional está diretamente ligada a compromissos futuros. Quanto às regiões produtoras do Pará e Rondônia, obtiveram, em média, variações de 47% e 42%, respectivamente.

Até hoje permanece vigente a existência de estudos sobre comercialização de cacau na Amazônia, constitui preocupação técnica e institucional no sentido de previsão da viabilidade dos programas implantados, principalmente, quanto aos aspectos relacionados às condições de mercado.

Mesmo contando com uma longa história no comércio de cacau, a Amazônia ainda sofre algumas restrições, sejam aquelas inerentes à qualidade do produto frente à comunidade internacional, sejam aqueles relacionados à infra-estrutura ineficiente e ineficaz que permeia por toda a região produtora, principalmente na Transamazônica.

Evidentemente, o fato do marcante monopsônio instalado na Amazônia, penaliza o esforço desenvolvido pelos produtores em alcançar melhores preços com diferenciais, inclusive, interno (Rondônia maior do que no Pará). Deste modo, a estrutura do mercado assume características cuja organização se dá apenas no lado dos compradores, em que se percebe que a influência é, praticamente, inexistente.Dentre os conceitos mais importantes da comercialização e que enfatizam a estrutura do mercado, pode-se dizer que na Amazônia o número de vendedores é muito grande, cerca de dez mil (produtores de cacau) e o de compradores não passa de cinco; o produto é homogêneo, inclusive na qualidade (de regular para ruim); e a entrada de novos competidores é francamente dificultada por aqueles que já estão estabelecidos. Quanto à conduta, verifica-se que a fixação do preço de compra

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tem como balizamento aquele cotado na bolsa de N. York, porém, o estabelecimento do que vai ser pago ao produtor segue regras próprias, no qual a "aposta" maior é feita sobre a desorganização, necessidade e desinformação dos produtores. Por enquanto, não se percebe qualquer avanço no estímulo à produção de cacau com aprimoramento na qualidade, pois paga-se, sem diferenciação, o mesmo valor tanto para amêndoas tipo exportação como para o refugo.Toda essa argumentação não justifica preços tão baixos quanto aqueles pagos aos produtores amazônicos. A partir do momento em que um forte movimento organizativo dos produtores tomar corpo, espera-se que, rapidamente, todo esse processo sofra transformações que venham beneficiar quem produz. As poucas (quatro) investidas feitas nesse sentido em 1993, quando foram comercializadas partidas de cacau por meio da bolsa de mercadorias do Pará, conseguiu-se preços significativos, ao ponto de superarem os cotados na Bahia (informação pessoal do autor).Finalmente, pode-se afirmar que a cacauicultura amazônica, dada, principalmente, a qualidade intrínseca de suas amêndoas, poderá vir a ser uma grande fonte supridora deste produto no mercado internacional. Insiste-se que a organização será um fator decisivo na consecução deste objetivo.

A CADEIA PRODUTIVA DO CACAU E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA GERAÇÃO DE EMPREGOS NA AMAZÔNIA

Sylvan Martins dos Reis, Fernando A. T. Mendes e João Marivaldo S. de Sousa

Este trabalho objetivou fornecer os primeiros indicadores de empregos gerados pela cadeia produtiva do cacau na Amazônia. Levantaram-se estes indicadores em nível de empregos diretos e indiretos no setor de produção e comercialização de amêndoas de cacau, desde as unidades de produção até sua chegada à indústria e/ou exportador. Concluiu-se que no setor de produção gera-se um emprego direto para cada 2,5 hectares de cacaueiros cultivados e no setor de comercialização, os Estados do Pará e Mato Grosso são responsáveis pela geração de 415 empregos diretos e 4.570 indiretos.

A CACAUICULTURA NA TRANSAMAZÔNICA VERSUS PRESERVAÇÃO AMBIENTALFernando Antonio Teixeira Mendes e Sylvan Martins dos Reis

Este estudo identifica a contribuição da atividade cacaueira na manutenção do meio ambiente amazônico. Usaram-se dados primários coletados para o Diagnóstico da Cacauicultura na Amazônia realizado em 1997, isolando-se somente aqueles relativos aos quatro principais municípios da Transamazônica (Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruara), tendo em vista serem responsáveis por 65% da área plantada de cacaueiros na Amazônia Oriental. Quantificou-se percentualmente quanto da área original recebida pelos agricultores, via colonização oficial, ainda permanece inalterada, principalmente aquela relativa à mata nativa. A pesquisa concluiu que, em média, dos 100 hectares recebidos pelo Programa de colonização administrado pelo INCRA, 41% da mata original ainda estava intacta, sendo que o município de Uruara apresentou a maior taxa de preservação (61,8%). Detectou-se também que as atividades agrícolas mais exploradas são o cacaueiro, a pecuária de corte e os cultivos de subsistência (arroz, feijão, milho e mandioca). Levando-se em consideração que o processo de implantação do cacaueiro na região estudada iniciou-se em 1971, passados 29 anos, a taxa de desmatamento nestas propriedades é de 1,4% que, considerando as características conservacionistas desta atividade, pode-se afirmar que a cacauicultura tem sido a responsável pela manutenção e preservação do ambiente amazônico com rendimento econômico e melhoria social.

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AVALIAÇÃO FINANCEIRA DE DOIS MODELOS DE EXPLORAÇÃO EXTRATIVISTA DE FLORESTAS DE VÁRZEA DO RIO TOCANTINS, ESTADO DO PARÁ

Sylvan Martins dos Reis, Fernando A. Teixeira Mendes e João Marivaldo S. de Sousa

A subsistência dos pequenos agricultores das várzeas do rio Tocantins, no Estado do Pará, depende da pesca artesanal e da exploração de espécies nativas de valor econômico que compõem as florestas de várzea. O objetivo deste trabalho foi analisar a viabilidade financeira de dois modelos de manejo florestal sustentável, visando a exploração de espécies nativas de valor econômico. O primeiro modelo consiste na exploração do açaí (Euterpe oleracea Mart), enriquecido com cacau de várzea (Theobroma cacao L.), andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e ucuúba (Virola surinamensis); o segundo modelo consiste na exploração do cacau de várzea, enriquecido com açaí, andiroba e ucuúba. Para a análise, utilizou-se o método de orçamento de capital, usando-se os principais indicadores de rentabilidade financeira para projetos agropecuários (taxa interna de retorno, valor presente líquido, relação custo/ benefício e “pay back” econômico). Os indicadores de cada modelo foram comparados entre si, e ambos submetidos aos critérios de financiamento utilizados pelo programa de crédito rural FNO/PRODEX (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte/Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo Vegetal), o qual financia projetos dessa natureza na região Norte. Os resultados obtidos permitiram observar que o modelo açaí enriquecido proporcionou maior remuneração ao produtor, sendo melhor que o modelo cacau enriquecido, e que ambos são viáveis para financiamento por meio do FNO/PRODEX, em que as taxas internas de retorno desses modelos foram bem superior ao custo de oportunidade do capital (3,2% a.a.) usado no FNO/PRODEX.

CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTOR RURAL CLIENTE DO FNO/PRODEX DAS VÁRZEAS DO RIO TOCANTINS NO ESTADO DO PARÁ

Sylvan Martins dos Reis, Fernando A. Teixeira Mendes e João Marivaldo S. de Sousa

Uma das formas de promover a preservação ambiental na Amazônia é o incentivo ao manejo sustentável das florestas dessa região, oferecendo melhores condições de vida para seus habitantes, por meio das políticas públicas disponíveis. O Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), por intermédio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo Vegetal (PRODEX), atende especificamente a este tipo de público, financiando projetos de manejo florestal. O objetivo deste trabalho foi identificar e caracterizar o cliente tomador desse crédito e quais as principais atividades financiadas na região de várzeas do rio Tocantins, no município de Cametá, estado do Pará. A pesquisa foi realizada com 100 agricultores já beneficiados pelo Programa em 1999. O método de análise dos dados foi feita por meio de tabelas simples e médias. Os resultados obtidos mostraram que a clientela é composta por miniprodutores que vivem basicamente do extrativismo vegetal, explorando espécies de valor comercial numa área de floresta de várzea inferior a 8 hectares, onde a maioria não tem o direito de propriedade assegurado, somente a posse; a receita média mensal é inferior a 3 salários mínimos e a força de trabalho se restringe à família. Os financiamentos se deram, prioritariamente, às espécies nativas de açaí (Euterpe oleracea Mart.), cacau (Theobroma cacao L.), seringueira (Hevea brasiliensis), andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e ucuúba (Virola surinamensis).

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A CACAUICULTURA NA AMAZÔNIA ORIENTAL: UMA SÍNTESE DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS

Fernando A. Teixeira Mendes, Edson Lopes Lima, João Marivaldo S. de Sousa e Sylvan Martins dos Reis

Este estudo faz uma síntese do “Diagnóstico da Cacauicultura”, realizado em 1997, que levantou os dados de campo tabulando os aspectos mais relevantes que caracterizam o sistema de produção de cacau na Amazônia Oriental em quinze municípios (13 no Estado do Pará e 2 no Mato Grosso), sob a administração da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira/Superintendência da Amazônia Oriental (CEPLAC/SUPOR). Quantificaram-se e qualificaram-se as variáveis relacionadas ao Programa Cacau da Amazônia, desde o grau de satisfação dos clientes, passando pelo desempenho agroeconômico das propriedades até a identificação do padrão tecnológico das lavouras (Quadro 62)

Quadro 62 - Valores médios percentuais obtidos para cada uma das variáveis selecionadas para análise, relacionando-as com os municípios estudados.

LOCAL RUR ITA ALE TRA ACA SIZA TUC TAC CAS ALT BNO URU MED AFL PAR MInsatisfação CEPLAC 57 56 39 6 94 100 60 78 89 68 58 68 80 52 25 62

Pub. AT Prog. Cacau 41 11 67 40 6 0 45 23 45 23 47 24 23 67 50 34Trein. AR 2 6 6 0 6 20 15 5 22 6 2 4 15 8 25 9Eletri. Rural 89 94 83 84 53 0 75 56 55 80 79 83 67 35 50 66Mat. Genético 88 96 54 76 80 97 81 100 95 96 83 96 98 100 89Produtividade 285 136 60 100 409 330 627 388 116 497 473 523 596 162 193 326Abandonada 8 13 6 19 12 76 3 7 32 6 4 13 4 1 1 14Erradicada 21 22 24 17 1 14 10 18 38 10 6 9 6 23 16 16Falhas 18 23 29 25 32 42 9 30 30 15 17 24 15 17 15 23VB NI 9 28 61 9 41 0 2 25 11 56 50 41 37 60 38 31VBNII 41 39 17 50 53 80 0 62 0 38 40 45 54 27 38 39VBNIII 50 33 17 41 6 20 0 13 89 4 10 14 9 8 24 23CVB 11 22 6 9 29 20 100 29 11 36 31 40 90 38 12 32P. parda 93 90 70 98 70 59 60 55 78 44 80 50 34 48 62 66AdubaçãoNF 98 100 100 100 82 100 80 90 89 94 94 82 91 88 100 93 Perdas produção 30 54 39 63 20 83 14 30 67 14 21 25 17 27 39 36Recuperar 37 22 17 16 24 20 12 11 11 8 0 8 22 15 50 18formar pasto 48 33 33 24 0 0 15 8 0 12 3 12 4 10 12 14plantar cacau 32 11 17 0 18 32 85 22 11 28 42 34 24 12 12 25Financiamento IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCE IBCEMeios comunicação SU SU SU SU SU SU SU SU SU SU SU SU SU SU SUQualidade I I I I I I 37%s I I I I I I I IInf. Mercado PRE PRE PRE PRE INE PRE PRE PRE PRE PRE PRE PRE PRE PRE PREComercializ. DES DES DES FRA FRA FRA FRA FRA FRA FRA FRA FRA FRA FRA FRASetor DES DES DES DES DES DES DES DES DES DES DES DES DES DES DESIBCE = Insuficiente, burocrático, caro e extemporâneo; SU = sem uso; P = pouco; PRE = precário; Fra = frágil; DES = desarticulado; R = regular; Ru = ruim; B = bom; I = inferior; INE = ineficienrte; % s = percentual de amêndoas classificadas como superior; M = média

Como principais resultados, verificou-se que é inquestionável o trabalho que a CEPLAC já fez na Amazônia. Hoje, talvez, a única Instituição dos trópicos úmidos que conseguiu estabelecer, com sucesso, um programa para cultura perene. Entretanto, o estudo adverte para a necessidade de

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implementar ações mantenedoras e/ou desenvolvedoras de um padrão de atendimento desse público sem confundir “efeitos globais positivos” com “efeitos globais dispersivos”:

1) Reverter a baixa taxa de credibilidade na prestação dos serviços de pesquisa e extensão rural, detectada no campo a partir de informações dos clientes.

2) A assistência e orientação técnica devem ser direcionadas para os fins realmente requeridos. Existe uma dispersão de esforços, em que as regiões mais importantes são niveladas àquelas consideradas periféricas, cujo atendimento poderia ser feito do tipo assessoramento.

3) Os dados estatísticos de acompanhamento do Programa mostram inconsistência, prejudicando a credibilidade institucional.

4) A expansão das fronteiras agrícolas não segue parâmetros técnicos e o insumo agrícola para renovação e/ou ampliação das lavouras (sementes híbridas), na sua grande maioria, é perdido antes mesmo de ser enviveirada.

A MÃO-DE-OBRA FAMILIAR COMO RESPONSÁVEL PELA CONDUÇÃO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ

Fernando A. Teixeira Mendes, Sylvan Martins dos Reis e Mario M. Amin

O estudo objetivou identificar o tipo de mão-de-obra utilizada no cultivo do cacaueiro, tendo em vista a dúvida se esta atividade na Amazônia é tipicamente familiar ou se o assalariamento é indispensável para manutenção da cacauicultura em níveis aceitáveis de produção e, por conseguinte, capaz de proporcionar renda suficiente para o produtor e sua família. Os dados utilizados neste estudo fazem parte do Diagnóstico da Cacauicultura na Amazônia, levantamento de campo realizado durante o ano de 1997. A abrangência deste trabalho limitou-se aos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará, dado que são responsáveis por 65% da área plantada de cacaueiros no Estado do Pará. Comparou-se, quantitativamente, a mão-de-obra familiar que tomou posse da propriedade com a existente na época do levantamento para examinar se, ao longo do tempo de exploração desta atividade, somente a família tem conseguido conduzir o empreendimento. A pesquisa detectou que a área média explorada com cacau nos municípios estudados é de 15,3 hectares e, para esse quantitativo, são necessários 5,1 trabalhadores permanentes. Entretanto, de um número médio dos componentes da família original de 4,6 pessoas, atualmente só permanecem na propriedade 2,7, conferindo uma necessidade de contratação de mão-de-obra assalariada na ordem de 47%. Isto somente na atividade cacau, que representa 29,2% do total de atividades exploradas, sendo a pecuária a mais importante, por representar 59,5% da área agrícola explorada. Conclui o estudo que, ao se constatar a contratação média de 54% além da existente, esta ainda é insuficiente para manter os trabalhos rotineiros das propriedades estudadas, evidenciando-se que, para os municípios pesquisados, a cacauicultura não pode ser enquadrada como uma atividade explorada somente pela família.

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ADMINISTRAÇÃO DO CRÉDITO RURAL E A CACAUICULTURA NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CUSTOS E OPERACIONALIZAÇÃO

Fernando Antonio Teixeira Mendes, Sylvan Martins dos Reis e Raymundo da Silva Mello Jr.

Um dos fatores que mais influenciou no desenvolvimento da cacauicultura na Amazônia foi, sem dúvida alguma, o crédito rural. Sem o apoio financeiro das Instituições bancárias e dos órgãos federais, encarregados de orientar o processo de implantação, o cacau não seria uma das principais fontes de renda do setor rural e uma das mais importantes atividades agrícolas da Região Amazônica.

Segundo os dados descritos no Quadro 63, o Estado do Pará, durante a execução do Programa de Diretrizes para Expansão da Cacauicultura Nacional – 1976 a 1985 (PROCACAU), foi aquele que menos usou o crédito na implantação de cacau (33,5%). Nessa época, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), por intermédio da sua Superintendência Regional da Amazônia Oriental (SUPOR), trabalhava com apenas 12 municípios do Estado.

Quadro 63 - PROCACAU 1976 A 1985 - Área cacaueira Implantada com e sem financiamento.Estados Financiado N financiado Total F/T % NF/T %

RO 33188,10 5187,80 38375,90 86,5 13,5PA 19652,20 13525,75 33177,95 59,2 40,8

AC 484,50 27,00 511,50 94,7 5,3

AM 343,00 138,00 481,00 71,3 28,7

MT 4938,00 1391,00 6329,00 78,0 22,0

Total Est. 58605,80 20269,55 78875,35 74,3 25,7Fonte: Adaptado de Amin, 1988.

A questão que sempre inquietou os atores responsáveis pelo desenvolvimento rural foi a prestação de um serviço de assistência técnica capaz, eficiente e presente, sempre que fosse requisitado. Neste contexto, o acompanhamento do rendimento da assistência técnica, via relação técnico:produtor, sempre foi um indicador usado para medir o grau de presença deste serviço no campo.

O que não se pode perder de vista é o fato do pioneirismo que circunscrevia toda a ação do PROCACAU no Estado do Pará. Afinal, era mais uma tentativa de se implantar na Amazônia um Programa de culturas perenes capaz de ocupar seus grandes vazios demográficos, fixar o homem à terra e, ao mesmo tempo, garantir renda para aqueles que ali chegassem. Esta característica não permitiria outra forma que não fosse a assistência técnica integral e constante.

Desde o encerramento do PROCACAU, ao final de 1985, e, mais particularmente, a partir de 1982, até o advento dos Fundos Constitucionais em 1989, nenhum Programa de crédito tinha sido implementado com vistas ao desenvolvimento da Amazônia.

Com a chegada do FNO, novas demanda de crédito passaram a fazer parte do planejamento dos escritórios de extensão da CEPLAC na Amazônia Oriental. Este alento ao produtor rural, mesmo considerando sua fase inicial de ajustes quantitativo e qualitativo, pega a CEPLAC num processo de

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depressão em seu quadro de recursos humanos (a última contratação oficial de técnicos para o serviço de extensão rural e pesquisa deu-se em 1987).Outro agravante nesse sistema cumulativo de assistência técnica que a CEPLAC se encontra é o acréscimo de produtores atendidos. Além dos 5.560 produtores assistidos no Programa cacau, somam-se a estes os 5.461 assistidos no Programa de Diversificação Agroeconômica da Propriedade Cacaueira. Desde 1993, quando a CEPLAC incluiu entre os seus programas de trabalho o da Diversificação, a relação técnico : produtor saltou de uma média de 1:104, quando se atendia apenas cacau (entre 1990 a 1993), para 1:150, a partir da inclusão dos produtores da diversificação. Deve-se ressaltar que a cessão de técnicos para a CEPLAC via Prefeitura, não tem segurança nenhuma, dado o caráter temporário e circunscrito às opções políticas do gestor municipal; a qualquer momento este quadro de pessoal passa a inexistir, retornando a relação para o patamar de 1:252.

Em todo esse contexto, há de se considerar o fato do grande contingente de novos agricultores incorporados aos Programas da CEPLAC/SUPOR nos últimos anos. Isto implica, evidentemente, a necessidade de um acompanhamento mais próximo de todo o processo de instalação e orientação dos projetos contratados. Ou seja, independentemente de qualquer nova medida a ser implementada, existe um ponto fundamental: não há mais espaço para uma postura metodológica que se oriente, basicamente, em visitas individualizadas.

Nas condições atuais de trabalho, em que as características ambientais de cada uma das regiões atendidas pela assistência técnica se refletem, principalmente, na precariedade das vias de acesso da área rural, dão como resultado um período propício de aproximadamente 7 meses de acesso às propriedades. Ou seja, além das dificuldades já mencionadas de pessoal, existe a variável tempo, em que a natureza regula sem a possibilidade de controle antrópico. Nessas circunstâncias, a experiência indicou que são possíveis apenas duas supervisões por dia.

Os custos envolvidos na prestação do serviço de assistência técnica são representados, principalmente, por: diária de campo (R$ 17,40), salário (R$ 50,00/dia), combustível (ponderando cada tipo de veículo resulta R$ 6,75/dia) e a depreciação (linear) dos veículos (ponderando cada tipo de veículo resulta R$ 4,10/dia), os quais, somados, totalizam R$ 78,25/dia de supervisão e/ou orientação técnica. Considerando o máximo de duas supervisões por dia, esses custos são reduzidos pela metade (R$ 39,12/dia).

De acordo com o estabelecido nas normas referentes à prestação de serviços via projetos agropecuários, são repassados aos órgãos de assistência técnica 1,5% do valor referente ao orçamento do projeto. Tal valor, evidentemente, deveria ser suficiente para manter uma assistência regular, com três visitas anuais e durante todo o período de vigência do projeto (em média 4 anos de carência e 6 anos de amortização).

Os dados obtidos pela CEPLAC/SUPOR quanto ao número de projetos contratados e respectivos valores, segundo cada um dos escritórios regionais de extensão rural em 1999, demonstram o quanto longe de cobrirem os custos reais estão os repasses feitos à assistência técnica (Quadro 64).

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Quadro 64 - Número de projetos de crédito rural, valor total e por projeto segundo cada um dos escritórios regionais de extensão rural em 1999 e valor estimado por supervisão realizada pela CEPLAC/SUPOR.

Regional A B C Repasse R$ porsupervisãoNº Projetos Valor (R$) B/A B * 1,5%

TRAN 879 16.572.259,83 18.853,54 282,80 9,43MEAN 207 1.355.414,10 6.547,89 98,22 3,27BRAG 674 5.442.235,40 8.074,53 121,12 4,04Total 1760 23.369.909,33 13.278,36 199,18 6,64

Fonte: Adaptado do Relatório Anual de Extensão 1999 - CEPLAC/SUPOR.Obs.: No cálculo realizado para encontrar o valor por supervisão, levou-se em consideração o tempo médio de 10 anos para cada projeto e três supervisões por ano.

Sem sombra de dúvidas, qualquer que seja o escritório de supervisão regional, mesmo considerando a média geral, o valor repassado para cada supervisão é 5,9 vezes menor do que aquele efetivamente gasto pelo serviço de extensão da CEPLAC/SUPOR (R$ 39,12).

A CACAUICULTURA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: POTENCIALIDADES, ABRANGÊNCIA E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO

Fernando Antonio Teixeira Mendes

Não é de hoje que a Amazônia vem sendo alvo das mais inquietantes questões, tanto locais como nacionais. Dos muito estudos produzidos sobre a Amazônia, não raro, retrata-se a sua realidade física, enfocando as maravilhas da sua vasta bacia hidrográfica, a exuberância e diversidade da maior floresta tropical úmida do mundo e seus indígenas que, ainda em seu modo nativo, podem ser encontrados com facilidade na floresta. Entretanto, já começa a se constituir em preocupação no dia-a-dia das mais diversas comunidades científicas o estudo da problemática amazônica estando nele está inserido o homem. Aqui estão incluídos os amazônidas de origem e os adotados, migrantes de todos os cantos, brasileiros que estão ajudando a povoar esta imensa região.Uma das alternativas utilizadas para dar sustentação a toda esta movimentação desenvolvimentista, foi o surgimento, em 1976, do Programa Brasileiro do Cacau, por meio das Diretrizes para Expansão da Cacauicultura Nacional - PROCACAU, que tinha como meta para os próximos dez anos seguintes o plantio de 300 mil hectares de cacaueiros, sendo 160 mil na Amazônia e o restante no sul da Bahia e Espírito Santo. O objetivo principal era garantir para o Brasil o primeiro lugar na produção mundial de cacau, que, após quinze anos, atingiria 700 mil toneladas.Referindo-se especificamente aos municípios plantadores de cacau no Estado do Pará, os dados fornecidos pela CEPLAC/SUPOR/SEREX (1999) indicam uma área plantada de aproximadamente 51 mil hectares, onde a região denominada de Transamazônica2 detém cerca 30 mil hectares.No caso da Amazônia, tal circunstância, quando agregado o fator inexperiência do agricultor ao caráter cíclico do mercado internacional do cacau, provocou o comprometimento das lavouras cacaueiras instaladas, já que a diminuição dos tratos culturais indispensáveis à perfeita manutenção produtiva das plantas teve que ser uma decisão compulsória ante a própria sobrevivência da família do produtor.Na Amazônia, dada a conjuntura atual para os produtos agrícolas, a alternativa econômica com base na cacauicultura aparece como uma das mais importantes. A história recente de explorar esta

2 Compreende os municípios de Pacajá, Anapu, Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará.143

atividade na forma de monocultivo tem levado os produtores a ficar à mercê do mercado e, nos períodos prolongados de preços baixos, causa sérios dilemas quanto à continuidade neste cultivo, implicando abandono da área e mesmo substituição por outros cultivos.O enriquecimento das lavouras cacaueiras, por meio dos modelos de consórcios e em sistemas agroflorestais, reconhecidamente como os que dão retorno econômico, ainda são pontuais entre os plantadores, porém vistas como alternativa de aumento da renda sem alterar o ambiente, além de permitir maior diversificação na apropriação de receitas em uma mesma área, fazendo parte da estratégia para novos plantios de cacaueiros na Amazônia desde 1996. A utilização da polpa e subprodutos do cacau, bem como de outras espécies vegetais, também se apresenta como uma oportunidade de diversificação da economia da propriedade cacaueira, pelos seus reflexos positivos no aumento da receita do produtor, que deve ser estimulada, principalmente, numa conjuntura de recursos escassos e demanda crescente por produtos oriundos da floresta amazônica.Autores afirmam que o processamento primário e mesmo a agroindustrialização geram quantidades apreciáveis de diversos subprodutos e resíduos potencialmente exploráveis. Esse expressivo potencial de biomassa encontra-se disponível na unidade produtora para uso racional de alimentos na forma de geléia, geleado, suco, vinagre, licor, polpa, chocolate caseiro, adubo, ração animal, etc. Segundo o Fórum Nacional de Agricultura no seu Grupo Temático do Cacau (1997), a cadeia produtiva do cacau concentra, atualmente, investimentos na ordem de R$ 2,5 bilhões, sendo que R$ 2,0 bilhões no setor primário. É da mesma fonte a informação de que se o Brasil recuperar a produção de 10 anos atrás, o número de empregos gerados, a participação do setor no PIB nacional, as exportações de cacau in natura e industrializado poderão ser dobradas e até mesmo triplicadas.A cadeia produtiva do cacau apresenta-se com algumas ramificações, tendo em vista as diversas opções de subprodutos decorrentes da sua exploração.Basicamente, o processo tem seu início com a decisão do produtor de plantar. Durante essa fase, as indústrias de insumos modernos (principalmente adubos e agroquímicos) e a prestação de serviço por meio da contratação de mão-de-obra, são seus principais intervenientes. Neste ponto, podemos caracterizar a fase "antes da porteira" em que o produto mais importante é a amêndoa de cacau seca. Em seguida, surge a fase que pode ser denominada "dentro da porteira", que se caracteriza pela fase de comercialização do produto gerado na fase anterior. Por fim, vem a fase chamada "depois da porteira" em que os atributos de industrialização são requeridos. Nesta fase, são produzidos o liquor, a manteiga de cacau, a torta de cacau, o pó de cacau e também o chocolate. Estes poderiam ser classificados como os produtos mais comumente trabalhados pela cadeia produtiva.As indústrias de moagem de cacau em amêndoas estão localizadas no sul da Bahia, principalmente no município de Ilhéus. Segundo Nagai (1997), no Brasil, as maiores processadoras são a Cargil (36%), Joanes Industrial (31%) e Chadler Industrial da Bahia (16%), responsáveis por uma capacidade instalada para processar 112.000 toneladas, anualmente, o que corresponde a mais de 1/3 da capacidade total do Brasil, que está em torno de 260.000 toneladas. Na industrialização de produto acabado, tem-se a Nestlé, Lacta e Garoto que, juntas, são responsáveis pela venda de 90% do chocolate no Brasil.Segundo o IBGE (1997), os resultados apurados no Censo Agropecuário - 1995/96, referente ao Estado do Pará, mostram que das 15 lavouras3 mais importantes em termos de contribuição, a partir do seu valor de produção (somente aquelas com valor da produção maior que R$ 1.000.000,00), a cultura do cacau foi a terceira, com R$ 10.870.348,00, depois da banana (R$ 18.994.722,00) e pimenta-do- reino (R$ 17.788.103,00).

3 Banana, cacau, laranja, pimenta do reino, coco, açaí, dendê, café, caju, mamão, manga, maracujá, cupuaçu, limão, tangerina.

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As vantagens amazônicas de uma estrutura de produção montada na pequena propriedade, ausência de débitos de crédito rural por parte dos produtores, grandes extensões de terra com solos de alta fertilidade natural e a facilidade de convivência com a vassoura-de-bruxa e custos médios de produção equivalentes à metade dos praticados na Bahia, fazem com que nesta região existam francas possibilidades para desenvolver-se estudos que indiquem alternativas impulsionadoras da cacauicultura regional.Atualmente, a busca de produtos naturais criou o nicho dos “orgânicos”. Sabe-se que o cacau cultivado nos diferentes pólos cacaueiros da Amazônia prima pela quase ausência de agrotóxicos e adubação. Além disso, o credenciamento desta cultura como eminentemente preservacionista facilita a abertura de mercados mais exigentes a este tipo de condição.Na região cacaueira da Transamazônica, a realidade da sua produção anual de 24.000 toneladas produzidas) a credencia para instalação de uma processadora do tamanho da Itaisa-Itabuna Industrial S/A, que tem capacidade para processar 15.000 toneladas anualmente.O incentivo deste tipo de indústria trás como benefícios imediatos a ampliação de riqueza e renda das áreas de produção, por meio dos incentivos fixos que realiza, geração de empregos, treinamento de mão-de-obra, financiamento à própria produção do cacau e os impostos pagos. Outro benefício é o incentivo na melhoria da qualidade do produto brasileiro.Infelizmente, a situação por que passa a cacauicultura baiana, muito embora já se encontre em curso o plano de recuperação desta atividade por meio de plantios clonais, invariavelmente, espera-se uma redução na área plantada daquela região, onde especula-se números entre 200 e 300 mil hectares.Esta lacuna precisa ser preenchida. A Amazônia já está pronta. A consistência do planejamento estará sustentada se, rapidamente, forem desenvolvidos, minimamente, pesquisas nas áreas de: estudo e estratégia de mercado, marketing, custo de produção, previsão de safras, agroindústria, processamento e cadeia produtiva do cacau na Amazônia. Para esta última indicação, os trabalhos deverão estar concentrados na competitividade econômica, ecológica, social e agrícola.Pode parecer pouco, mas, até o momento, avançou-se muito nas questões “da porteira para dentro” das propriedades; em termos de tecnologia agrícola, poucos são os “gargalos”. Entretanto, apoiar o produtor até o mercado, inclusive o gerenciamento da produção, sob bases sustentáveis, constitui-se no desafio a ser perseguido, sob pena de vermos, mais uma vez, um produto genuinamente amazônico deixar de contribuir para que o Brasil volte a ser um importante exportador de cacau.

CUSTO DE PRODUÇÃO DAS SEMENTES HÍBRIDAS PRODUZIDAS PELA CEPLAC NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL “PAULO DIAS MORELLI”, MEDICILÂNDIA,

ESTADO DO PARÁFernando Antonio Teixeira Mendes e Francisco das Chagas de M. Costa

A hibridação com cacau começou em 1951 e, na Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), os estudos foram iniciados em 1964, a partir da criação do Centro de Pesquisa da CEPLAC (CEPEC). Foi também deste Centro que saíram as primeiras sementes híbridas que constituíram a parte do Programa brasileiro de cacau sob a responsabilidade da Amazônia.Contudo a necessidade de melhor adaptação às condições amazônicas, bem como a busca na eficiência da produção deste insumo, fez com que a CEPLAC optasse pela implantação dos campos de produção de sementes híbridas (CPSH), por meio das suas estações experimentais em Ouro

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Preto do Oeste (RO)-ESEOP, Medicilândia (PA) - ESPAM e, mais recentemente, em Alta Floresta (MT) - ESALF.

Uma característica comum no processo produtivo de sementes na CEPLAC, além de buscar a eficiência, é a distribuição gratuita aos produtores interessados, a partir da sua inscrição nos escritórios do serviço de extensão rural.

Objetivamente, este estudo pretendeu mostrar que a comercialização das sementes híbridas produzidas pela ESPAM, destinadas àqueles produtores interessados em implantar novas e/ou expandir áreas cacaueiras, poderá ser uma importante fonte de receita, principalmente para fazer frente aos seus custos de manutenção.

Em 1998, tendo em vista a decisão da CEPLAC, via Superintendência Regional da Amazônia Oriental (SUPOR), em priorizar recursos financeiros para os trabalhos inerentes à produção de sementes híbridas, foi possível contabilizar os seus custos variáveis, considerando os gastos com: mão-de-obra contratada para realização dos trabalhos de roçagem, poda fitossanitária, adubação, descarte, polinização, aplicação de herbicida / inseticida / fungicida, desbrota e colheitas; aquisição de material de consumo, tais como: podão, facão para roçagem, lima, esmeril, facão para poda, combustível, herbicida, inseticida, fungicida, adubo e sacaria. Não foram incluídos os custos fixos, ou seja, os relacionados a salários dos funcionários pertencentes à CEPLAC. Os valores são nominais e contabilizados em Reais (R$ 1,00), referentes ao ano de 1998, conforme discriminados no Quadro 65.

Quadro 65 - Estimativa dos custos (R$ 1,00) para produção de sementes híbridas na Estação Experimental "Paulo Dias Moreli", em 1998.

TAREFA JORNADAS VALOR/um VALOR TOTALRoçagem 100 12,00 1200,00Poda Fitossanitária 330 12,00 3960,00Repasse da Poda 120 12,00 1440,00Adubação 60 12,00 720,00Descarte de frutos 64 12,00 768,00Polinização 1320 12,00 15840,00Aplicação de Herbicida 30 12,00 360,00Aplicação de Inseticida 10 12,00 120,00Desbrota 50 12,00 600,00Colheita 900 12,00 10800,00Aplicação de Fungicida 60 12,00 720,00Total 1 36528,00

MATERIAIS QUANTID. VALOR/um VALOR TOTALPodão 30 unid. 2,50 75,00Facão para Roçagem 25 unid. 13,00 325,00Lima 2 caixas 45,00 90,00Esmeril 3 caixas 15,00 45,00Facão para Poda 30 unid. 4,50 135,00Combustível 1500 lit. 0,50 750,00Herbicida 6 galões 50,00 300,00Inseticida 2 litros 25,00 50,00Fungicida 20 kg 3,50 70,00Adubo 125 sc. 26,00 3250,00Sacaria 4000 sc. 0,50 2000,00Total 2 7090,00TOTAL GERAL 43618,00

Fonte: ESPAMObs: Para conversão dos valores em Reais para Dólar, deve-se usar a taxa de câmbio média de janeiro a novembro/1998 = R$ 1,16, ocasião do fechamento do orçamento.

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Os dados foram coletados na Estação Experimental "Paulo Dias Morelli", que está localizada no Km 100 da BR-230 (Transamazônica), município de Medicilândia (PA), mais especificamente no travessão Bom Jesus, com uma área total de 505 hectares, dos quais 10 são reservados ao campo de produção de sementes híbridas.

A partir do conhecimento dos gastos com a produção de sementes e da quantidade produzida em 1998, determinou-se os custo unitário total (CUT) e de repasse total (CTR):

Foram acrescentados aos custos com o pagamento da mão-de-obra contratada os impostos regulamentares, quais sejam: ISS, 5%; IAPAS, 15% e IRPF, 27,5% (descontados R$ 360,00). Estes impostos são obrigatórios, dado que os custos referem-se à rubrica contábil denominada Serviços de Terceiros Pessoa Física.

No ano de análise, o CPSH foi responsável pela produção de 10.787.000 sementes híbridas de cacau, sendo que 1.291.815 foram consideradas inaproveitáveis por conterem qualquer injúria e/ou doenças; 502.180 foram fermentadas, tendo em vista a inoportunidade para distribuição; e 8.993.005 foram efetivamente entregues ao Serviço de Extensão Rural da CEPLAC/SUPOR para distribuição entre os agricultores, conforme discriminado no Quadro 66.

Quadro 66 - Distribuição Mensal de Sementes Híbridas pela ESPAM ao Serviço de ExtensãoRural, segundo cada Município na Amazônia Oriental em 1998.

MUNICÍPIO JAN JUN JUL AGO SET OUT NOV TOTALAltamira 7000 448350 124950 201600 243250 31500 15750 1072400B. Novo 2000 151900 100800 25200 279900Medicilândia 200900 252350 516635 162820 24080 34650 1191435Uruará 30000 200900 80850 501200 154700 22050 989700Anapu 171500 302400 42000 515900Pacajá 500850 500850N. Repartimento 50400 50400Tucumã 1002050 1011500 400400 2413950Bragantina 201600 201600Santarém 15750 15750M. Alegre 63700 63000 126700Rurópolis 60025 352800 450450 863275Itaituba 0Trairão 201600 47250 248850Placas 151200 151200Manaus 45000 45000Alta Floresta 252000 252000

TOTAL 144025 850150 2200100 4268985 1229970 102830 122850 8918910

O cálculo do CUT nos revela um valor de R$ 4,04 / mil sementes. Já o CTR indica um custo de R$ 4,85 / mil sementes.

Para o cálculo definitivo do custo do milheiro das sementes híbridas, foi necessário acrescentar aos custos com mão-de-obra os impostos devidos, conforme discriminação no Quadro 67. Este procedimento, atende ao dispositivo legal que prevê o ressarcimento de tributos à União, quando forem executadas despesas para pagamento de pessoa física com ou sem registro em carteira.

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Sendo assim, e levando em consideração que os contratos para a prestação dos serviços são feitos com os contratados a preço líquido, ou seja, eles nem sabem destes impostos, faz-se necessário acrescentar aos custos com mão-de-obra seus valores equivalentes.

A diferença entre o Total gasto com mão-de-obra e o Total gasto com as tarefas relativas à produção das sementes é de R$ 12.786,60, que devem ser acrescidos àqueles já obtidos sem a contabilização dos impostos. Ao se dividir os custos relativos aos impostos pagos pelo total de sementes produzidas (entregues aos produtores e total geral), obteremos o acréscimo que deverá ser contabilizado aos custos da produção de sementes híbridas sem os impostos, ou seja: R$ 1,18 / mil sementes (total geral) e R$ 1,43 / mil sementes (somente aquela entregue aos produtores).

Quadro 67 - Estimativa do custo total (R$ 1,00) com mão-de-obra para produção de sementes híbridas na Estação Experimental "Paulo Dias Morelli", em 1998.

TAREFA VALOR(da Tarefa)

ISS(5%)

IAPAS(15%)

IRFP(15% ou 27,5%)

TOTALM. Obra

Roçagem 1.200,00 60,00 180,00 45,00 1.485,00Poda Fitossanitária 3.960,00 198,00 594,00 729,00 5.481,00Repasse da Poda 1.440,00 72,00 216,00 81,00 1.809,00Adubação 720,00 36,00 108,00 ISENTO 864,00Descarte de frutos 768,00 38,40 115,20 ISENTO 921,60Polinização 15.840,00 792,00 2.376,00 2016,00 21.024,00Aplicação de Herbicida 360,00 18,00 54,00 ISENTO 432,00Aplicação de Inseticida 120,00 6,00 18,00 ISENTO 144,00Desbrota 600,00 30,00 90,00 ISENTO 720,00Colheita 10.800,00 540,00 1.620,00 2.610,00 15.570,00Aplicação de Fungicida 720,00 36,00 108,00 ISENTO 864,00TOTAL 36.528,00 1.826,40 5.479,20 5.481,00 49.314,60

Após encontrarmos o custo relativo aos impostos, chegamos a um custo final da produção de mil sementes híbridas:

1. Custo total (desconsiderando as descartadas) = R$ 5,22 (US$ 4.50).2. Custo da semente entregue = R$ 6,28 (US$ 5.41).

PESQUISA EM BENEFÍCIO DOS SISTEMAS AGROFLORESTAISFernando Antonio Teixeira Mendes

Estimular pessoas a fazer pesquisa no Brasil parece não ser coisa muito fácil. Não porque exista carência de gente habilitada para desincumbir tal tarefa. O que os indicadores apontam é para um forte desequilíbrio entre a distribuição dos recursos humanos, financeiros e materiais nos diversos Estados da federação.

Segundo a Resenha Estatística do CNPq 1995-2000, publicada no site www.cnpq.br/servicos/ estatisticas / resenha95-00.pdf, dos R$ 2,9 bilhões aplicados no período, a divisão percentual regional teve a seguinte ordem: região Sudest, 59,91%; região Sul, 16,51%; região Nordeste, 13,82%; região Centro-oeste, 7,29%, e região Norte, com 2,47%. Também é da mesma fonte a informação de que no período compreendido entre os anos de 1997 e 2000, os investimentos somente com bolsa e fomento à pesquisa somaram pouco mais de R$ 1 bilhão, sendo que a Universidade de São Paulo ficou com 13,57%; a Universidade Federal do Rio de Janeiro, com

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8,91%; a Universidade Estadual de Campinas, com 5,41%; a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com 5,37% e a Universidade Federal de Minas Gerais com 3,84%, ou seja,: as cinco primeiras classificadas “levaram” 37,10% do total deste recurso. Somente por curiosidade, a mais bem classificada do Nordeste é a Universidade Federal de Pernambuco, em 9º lugar (2,95%); a Universidade Federal da Bahia está em 15º lugar (1,61%) e a CEPLAC em 176º lugar (0,034%).

A pergunta que surge é: Qual é o problema? Por acaso as Instituições mais bem classificadas não merecem o que foi recebido?

Evidentemente, é inquestionável que, pelo número de pesquisadores concentrados nas regiões mais bem aquinhoadas e, conseqüentemente, pelo volume da produção científica, conclui-se que é justo. Segundo o censo realizado pelo CNPq no ano de 2000, usando como fonte o diretório de grupos de pesquisa estabelecidos e cadastrados no Brasil, dos 43.232 mestres e doutores recenseados, 54,5% estão na região Sudeste, com um investimento médio por pesquisador de R$ 11,1 mil; 20,4% na região Sul, com R$ 8,2 mil; 15,2%, na região Nordeste, com R$ 9,2 mil; 6,6%, na região Centro-Oeste, com R$ 11,1 mil; e os 3,3% restantes estão na região Norte, com investimento médio aplicado de R$7,5 mil por pesquisador.

Nas discrepâncias apresentadas, não estão incluídas aquelas representadas pelos diferentes “pisos” salariais recebidos por tais profissionais. Neste pormenor, as diferenças chegam a ser constrangedoras. Do ponto de vista da adminsitração strcito senso, o grande motivador atitudinal para o fazer diz respeito a estar fazendo aquilo que gosta. Então, morre-se de fome pesquisando? Claro que não. Sempre existirá um limite para o qual fazer o que se gosta será substituído por viver com dignidade.

ESTUDO ECÔNOMICO DE QUATRO MODELOS AGROFLORESTAIS COM CACAUEIROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Fernando Antonio Teixeira Mendes

Neste estudo, pretendeu-se simular por meio de análise econômica os modelos agroflorestais que mais se adaptam ao sistema de cultivo de cacaueiros, levando em consideração a sua sustentabilidade econômica, social e ambiental. Foi conduzido a partir de dados do município de Uruará, no Estado do Pará, situado no quilômetro 180 da BR-230, denominada rodovia Transamazônica.

Realizou-se uma sondagem composta de um levantamento de dados de uma amostra de 50 agricultores por meio de entrevista com cada família, em que se obteve um conhecimento mais profundo de todos os aspectos que a envolve: sócioeconômicos, agrícolas, infra-estruturais e culturais. O instrumental básico para este processo foi o questionário em que se enumeraram questões que permitissem dar indicativos aos modelos agrossilviculturais imaginados pelo público envolvido na pesquisa.

Foram feitas as montagens dos modelos agroflorestais teóricos, levando em consideração as áreas cacaueiras selecionada, fazendo-se as análises econômicas rotineiras. Seguiu-se a linha de raciocínio desenvolvida por Nogueira et al. (1991), que diz ser importante para a tomada de decisão a respeito da implantação de culturas perenes a avaliação do mercado consumidor atual e, principalmente, de suas potencialidades de ampliação ou de saturação.

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Para montar os modelos agroflorestais teóricos, seguiu-se a orientação de Raintree, em que se levou em consideração que "um bom desenho agroflorestal precisa elevar a produtividade do sistema, melhorando determinados índices de eficiência econômica, tais como: o aumento da produção das culturas, a redução do uso de insumos, o acréscimo da eficiência do trabalho, a diversificação da produção, entre outras medidas. Além disso, deve estabelecer metas conservacionistas buscando a melhoria na sustentabilidade dos sistemas de produção, sem contudo esquecer que estas devem estar diretamente relacionadas à necessidade de aumento da renda dos agricultores e, finalmente, não ter como premissa o perfeito esquadrejamento do desenho agroflorestal". O importante é que a tecnologia propostas se ajuste, o mais que possível, às características ambientais e sociais onde vai ser instalado. Neste sentido, a participação dos agricultores constantes da amostra deste estudo qualificou os modelos propostos tendo em vista que estes discutiram suas indicações, resultando no atendimento dos critérios de produtividade, sustentabilidade e adaptabilidade, por meio de quatro modelos, envolvendo como essências florestais o cumaru (Dipteryx odorata) e o mogno (Swietenia macrophylla), como fruteiras o cacau (Theobroma cacao), o cupuaçu (Theobroma grandiflorum) e a pupunheira (Guilielma speciosa). Em cada um dos modelos, usaram-se as áreas úteis disponíveis no primeiro ano com o arroz (Oriza sativa), conforme os arranjos a seguir:

cumaru x cacau x cupuaçu x pupunha x arroz (I)mogno x cacau x cupuaçu x pupunha x arroz (II)cumaru x cacauE4 x cupuaçu x pupunha x arroz (III)mogno x cacauE x cupuaçu x pupunha x arroz (IV)

Os modelos I e II atendem aos requisitos de novos plantios, pois, como trata-se de implantação, os híbridos de cacaueiros a serem semeados serão os de melhores valor genético desde a sementeira. Os modelos III e IV referem-se àqueles cujos cacaueiros já encontram-se instalados. Para subsidiar esta alternativa, fez-se um levantamento por caminhamento nas propriedades selecionadas pela amostra, encontrando-se que as árvores raquíticas e improdutivas representam cerca de 80% das plantas, portanto passíveis de serem substituídas. Como, em média, existem 900 plantas/ha5, em vez de se realizar os cálculos com as 180 plantas remanescentes, optou-se por reduzi-las a 145 para ficar semelhante ao modelo de novos plantios. Assim, os modelos agroflorestais ficaram com a mesma configuração dos dois anteriores, apenas aplicando nos cacaueiros remanescentes a técnica da enxertia com borbulhas de híbridos selecionados.

Para a análise econômica, levou-se em consideração o fato de os modelos propostos referirem-se a uma alternativa de investimento; a análise fundamentou-se na avaliação financeira do investimento, sendo os benefícios e custos quantificados a preços reais, pressupondo-se que, se houver inflação, esta incidirá em todos os setores da economia.

O horizonte de análise teve como parâmetro o ciclo econômico do cacau, cuja recomendação da CEPLAC propõe 25 anos. O custo de oportunidade do capital utilizado foi de 8%, que reflete aquela utilizada em contratos de investimento pelos bancos de desenvolvimento no Estado do Pará.

Quanto aos indicadores econômicos, usaram-se aqueles disponíveis para o processo de avaliação de projetos que são: a relação benefício-custo (RBC), o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR) e “payback” econômico (PBE), Completando a metodologia, usou-se a análise de sensibilidade para determinar em que medida um erro ou modificação de uma das variáveis pode modificar os resultados finais do projeto. Para o presente trabalho optou-se pela taxa de desconto e

4 E:indica cacau enxertado.5 Se as áreas fossem totalmente planas e sem fontes de água natural (igarapés), deveriam existir 1.111 árvores. As

falhas decorrem dos acidentes topográficos e falhas na implantação.150

os custos como as variáveis mais importantes no que se refere ao estudo das suas variações, buscando identificar os efeitos no resultado final nos cálculos dos indicadores econômicos do modelo que apresentou o melhor desempenho. Assim, além dos cálculos efetuados ao nível de 8% para a taxa de desconto, testaram-se as modificações para 10%, 12%, 14%, 15% e 16%. Da mesma forma, testaram-se também variações nos custos na ordem de 20%, 30% e 40%.

O Quadro 68 contém o resumo dos resultados obtidos pelos indicadores econômicos. Fica clara a superioridade do modelo III em relação aos demais e para todos os indicadores. Evidentemente, o fato de este modelo contar com a antecipação de produção, dada a enxertia em cacaueiros já instalados, lhe confere esta vantagem. Entretanto, deve-se evidenciar o modelo I como o mais promissor no caso de implantação de áreas cacaueiras. Em ambos modelos o cumaru é o diferenciador do sistema, pois o seu objetivo é a semente e não a madeira, como no mogno.

Quadro 68 - Valores dos indicadores de decisão calculados para os modelos agroflorestais selecionados no estudo.

ModelosIndicador Limite I II III IVRBC (um) > 1 1,44 1,23 1,51 1,30

VPL (R$/ha) > 0 5.277,38 2.645,53 6.193,80 3.559,98TIR (%) ≥ 8 33 26 35 29

PBE (anos) ≤ 12 5 5 5 5Fonte: Mendes, 1997.

Na análise de sensibilidade, utilizou-se o modelo agroflorestal de melhor desempenho nos indicadores econômicos, ou seja, aquele constituído por cumaru, cacau enxertado, cupuaçu, pupunha e arroz. Os resultados encontram-se descritos nos Quadros 69 e 70.

Quadro 69 - Estimativa do indicadores econômicos (VPL, RBC e TIR) segundo a variação na taxa de desconto para o modelo agroflorestal de melhor desempenho econômico dentre aqueles estudados em Uruará, Pará, 1996.

Taxa de Desconto (%)Indicadores 8 10 12 14 15 16

VPL (R$/ha) 6194,00 4133,00 3258,00 2573,00 2286,00 2030,00RBC (um) 1,51 1,41 1,38 1,34 1,32 1,31TIR (%) 35 21 19 16 15 14

FONTE: Mendes, 1998.

Os valores observados para cada um dos indicadores mostra que, mesmo dobrando-se o valor da taxa de desconto, o modelo permanece consistente, dando-se amplas possibilidades para optar pela sua viabilidade como investimento agrícola.

Entretanto, quando se analisa o modelo sob o ponto de vista da variação nos custos, verifica-se que sua sensibilidade começa a ficar mais tênue a partir de acréscimos superiores a 30%. Deste ponto em diante, quando a TIR passa a se igualar à taxa de desconto usada como indicativo de viabilidade, é necessário cuidado na indicação do modelo agroflorestal como investimento. A alternativa de prever aumento nos custos iguais ou maiores que 40% determinam por inviabilizar o modelo como alternativa econômica, devido, principalmente ao baixo valor da TIR (3%), muito aquém do limite estabelecido para o estudo (8%). Além disso, a RBC fica muito próxima da unidade.

151

Quadro 70 - Estimativa do indicadores econômicos (VPL, RBC e TIR) segundo a variação nos custos para o modelo agroflorestal de melhor desempenho econômico dentre aqueles estudados em Uruará, Pará, 1996.

Variação nos Custos (%)Indicadores 20 30 40

VPL (R$/ha) 2895,00 1708,00 521,00BC (um) 1,20 1,11 1,03TIR (%) 13 8 3

FONTE: Mendes, 1997.

Uma última simulação, constituiu-se em comparar os resultados dos indicadores econômicos do modelo de melhor desempenho com aqueles observados pelos sistema de cacaueiros em monocultivo. Para se chegar aos resultados, usaram-se os dados de receita e custos para 1,0 hectare de cacaueiros neste sistema, atualizando-se os valores à mesma taxa de desconto usada para os sistemas agroflorestais (8%).

No Quadro 71, verifica-se que se obtiveram indicadores econômicos, no sistema em monocultivo, consistentes, porém inferiores àqueles obtidos no modelo de pior desempenho quando em sistema agroflorestal.

Quadro 71 - Comparação entre os resultados obtidos nos indicadores econômicos (VPL, TIR e RBC) pelo modelo com melhor desempenho no estudo (III) contra aqueles obtidos pelo sistema tradicional de exploração dos cacaueiros na Amazônia brasileira (monocultivo).

Indicadores Sistema Agroflorestal- Modelo III

Cacau emmonocultivo

VPL (R$) 6.193,80 2.033,64

TIR (%) 35 15

RBC (um) 1,51 1,22FONTE: Mendes, 1997.

Em relação ao sistema de plantio, a opção por monocultivo é a menos indicada, pois sua contribuição para a renda do agricultor é inferior a qualquer uma das opções avaliadas neste estudo. Os plantios de cacaueiros em sistemas agroflorestais mostraram ser os mais rentáveis economicamente.

ATIVIDADES AGRÍCOLAS DAS VÁRZEAS DO TOCANTINS E SEUS INDICADORES AGROSÓCIOECONÔMICOS

Fernando Antonio Teixeira Mendes, Aureliano Tavares de Góes Filho, Tyto Lys Batista de Souza e Pedro Corrêa dos Santos

Os Programas de incentivos agrícolas, baseados no crédito rural, particularmente o de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo Vegetal (PRODEX), não dispõem de reforço teórico quanto às possibilidades agroeconômicas das espécies extrativas, limitando-se a informações pontuais, com pouca ou nenhuma constatação de campo.

152

Isso posto, é fundamental que se estabeleçam os parâmetros de sustentabilidade para uma região que explora recursos naturais ainda de forma extrativa, porém capaz de manter o desenvolvimento local, sem causar grandes impactos ambientais. Em regiões como Cametá, historicamente, verifica-se a prática de uma cultura agrícola que, em muitos aspectos, se assemelha a alguns pressupostos agroecológicos. Contudo, trata-se de evidências empíricas que necessitam da devida fundamentação científica e que, a partir daí, poderá contribuir para o embasamento de outros estudos voltados à implementação de políticas públicas.

Objetivou-se, de um modo geral, determinar os indicadores agrosócioeconômicos das principais atividades agrícolas das várzeas do Tocantins, particularizando-se o município de Cametá no Estado do Pará.Foi feita uma sondagem a partir de uma amostra dos agricultores, utilizando-se como ferramenta a entrevista estruturada aplicada a cada um dos agricultores selecionados, na qual obteve-se um conhecimento mais profundo de todos os aspectos que a envolve, convergindo para as variáveis que interessam mais de perto ao estudo. Para a amostra, usou-se o cadastro de produtores da CEPLAC específico do pólo cacaueiro de Cametá. Neste estudo, foi considerado, para fins de cálculo da amostra, somente os agricultores que têm área da propriedade até 10 há, pois, segundo Reis et al. (2000), 36% das propriedades cadastradas e administradas pela CEPLAC/SUPOR em Cametá são menores ou iguais a 5 hectares e que 50% estão situadas na faixa entre 5,1 e 10 hectares, mostrando que 86% das propriedades possuem área de até 10 hectares. Dadas as dimensões amazônicas (onde na maioria das colonizações agrícolas oficiais o menor lote têm 25 hectares de área), pode-se considerá-las como minipropriedades.

As informações foram analisadas pelo método de análise tabular, compostas pela distribuição de frequência absoluta e relativa, bem como pelas medidas de tendência central, tais como: média, desvio padrão e variância, de modo que se consiga caracterizar o produtor, a propriedade rural, as atividades econômicas e, principalmente, os indicadores e coeficientes técnicos pretendidos pelo estudo.

Os principais resultados alcançados pela pesquisa estão resumidos a seguir (Quadros 72 , 73 e 74):

Quadro 72 - Principais espécies vegetais exploradas economicamente pelos produtores rurais das várzeas do município de Cametá, sua concentração e produção.

Espécie Nome Científico Concentração(pés/ha) Produção Receita (R$/ano)

Açaí Euterpe oleraceae 16.700 700 latas 962,00Andiroba Carapa guianensis 1.800 14 litros 53,00Banana Musa domestica 500 - 0,00Buriti Mauritia flexuosa 700 1.000kg 200,00Cacau Theobroma cacao 700 31kg 135,00

Jenipapo Jenipa americana 300 - 0,00Seringueira Hevea sp. 1.500 - 0,00

Virola Virola surinamensis 1.900 - 0,00Outras (palmito) - 1.300 250cab. 237,00

Total 1.587,00 (132,25/mês)Custo/família/mês= R$ 197,00

153

Quadro 73 - Composição familiar da amostra e média de filhos e filhas por família da área estudada.

Pai 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1Mãe 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Filhos (Média de 3,5)H < 14 0 4 3 0 0 1 0 2 0 5 0 1

H >14<40 3 0 0 0 4 2 3 3 0 3 0 5H > 40 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1Total H 3 4 3 0 4 3 3 5 1 9 1 7

Filhas (Média de 3,2)M < 14 0 2 3 1 0 1 0 3 1 5 0 0

M >14<40 5 0 0 0 2 1 2 1 0 3 0 2M > 40 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 1 2Total M 5 2 3 1 2 3 2 4 2 9 1 4

Total da Família (Média de 8,7)Total H+M 10 8 8 3 8 8 7 11 5 20 4 13

Fonte: dados de campo.

Quadro 74 - Composição familiar da amostra e média de filhos e filhas por família da área estudada que efetivamente trabalham na propriedade.

Pai 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1Mãe 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Filhos (Média de 1,8)H < 14 0 2 2 0 0 1 0 0 0 0 0 1

H >14<40 0 0 0 0 1 2 3 3 0 3 0 2H > 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1Total H 0 2 2 0 1 3 3 3 0 4 0 4

Filhas (Média de 1,4)M < 14 0 1 1 1 0 1 0 1 1 0 0 0

M >14<40 0 0 0 0 0 1 2 0 0 3 0 2M > 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2Total M 0 1 1 1 0 2 2 1 1 4 0 4

Total da Família (Média de 5,2)Total H+M 2 5 5 3 3 7 7 6 3 10 2 10

Fonte: dados de campo.

154

155

Figura 43 - Área média (ha) por propriedade na amostra usada pela pesquisa de campo

Figura 44 - Renda bruta (R$) e área média dos agricultores de várzeas do município de Cametá, Pará

0

2

4

6

8

10

12

Áre

a da

Pro

prie

dade

(ha)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Agricultores que Participaram da Amostra

Gráfico 1. Área Média (ha) por Propiedade na Amostra usada pela Pesquisa de Campo

Gráfico 2. Renda Bruta (R$) e Área Média dos Agricultores da Várzea do Município de Cametá, Pará.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Agricultores

Val

ores

em

R$

1,00

0

2

4

6

8

10

12

Áre

a da

Pro

prie

dade

(ha)

Renda

Área

CONTABILIDADE AGRÍCOLA PARA PEQUENOS PRODUTORES: UM PROCESSO INTERATIVO DE ADMINISTRAÇÃO RURAL

Fernando Antonio Teixeira Mendes

A literatura tem se mostrado farta em modelos de contabilidade agrícola, como uma das atividades que envolve a administração da propriedade rural. Várias, também, foram as tentativas de se implantar tais modelos de acompanhamento, mesmo aqueles relativos somente às receitas e despesas, nas pequenas propriedades da Amazônia brasileira. Entretanto, em face da metodologia básica aplicada, cujo princípio é o de captar dados via preenchimento de formulários, verificou-se que raras foram as investidas bem-sucedidas no campo.

Na maioria das oportunidades tentadas, a fase inicial do processo (seleção de produtores, apresentação e treinamento para preenchimento dos formulários e instalação do projeto) normalmente era concluída. Contudo, a partir da coleta das primeiras informações, começa-se a sentir problemas nas anotações por parte dos agricultores selecionados, justificadas pelo esquecimento e/ou falta de tempo. Assim sendo, e analisando criticamente a metodologia até então empregada, percebe-se que o sistema é excessivamente burocratizado (múltiplos formulários), totalmente inadequado à forma de vida do pequeno produtor, justificando os fracassos anteriores.

Deste modo, a continuidade do processo com tais características acaba por não fornecer dados suficientes para uma aferição confiável dos resultados financeiros da propriedade rural ao final do exercício agrícola, acarretando prejuízos à instituição de pesquisa dado um projeto abortado, bem como técnico, por ter assumido um compromisso que, independentemente das circunstâncias, não revelou para o agricultor os objetivos preconizados.

Neste estudo, testou-se um sistema de contabilidade simplificada, a partir da coleta de dados da propriedade rural, relativas aos gastos e recebimentos de cada uma das atividades exploradas pelo produtor, capaz de orientá-lo na expansão ou diminuição de seus investimentos, segundo uma análise econômico-financeira realizada pelo escritório de extensão rural, tendo por base um programa computacional (software) idealizado, exclusivamente, para este fim.

Foi selecionado um grupo de produtores que representasse a média de uma determinada população de cacauicultores, segundo o perfil determinado pelo órgão de assistência técnica local.

Para efetivação do processamento dos dados, foi desenvolvido um programa de computação interativo, capaz de ser alimentado por qualquer pessoa com um mínimo de treinamento na área.

Os relatórios descritivos fornecidos pelo sistema informam os resultados das RECEITAS e DESPESAS por atividade agrícola, bem como das variáveis contábeis (mão-de-obra, insumos, arrendamentos etc.), indicando, em um dado momento, qual delas forneceu o melhor (pior) resultado operacional.

156

AVALIAÇÃO DE MODELOS DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS ESTABELECIDOS EM PEQUENAS PROPRIEDADES CACAUEIRAS SELECIONADAS NOS MUNICÍPIOS

DE TOMÉ-AÇU E ACARÁ, ESTADO DO PARÁ

Fernando Antonio Teixeira Mendes

Este projeto objetivou, além de identificar o estado da arte da exploração agroflorestal nos municípios de Tomé Açu e Acará, quantificar, economicamente, a contribuição deste tipo atividade na renda agrícola dos pequenos agricultores do nordeste paraense.

Em termos gerais, o objetivo do estudo foi comparar, sob o ponto de vista socioeconômico, o uso de sistemas agroflorestais nas propriedades cacaueiras no município de Tomé-Açu e Acará, no Estado do Pará, como uma das alternativas para reduzir o grau de dependência de uma única fonte de renda (o cacau), mensurando-se o acréscimo do valor agregado, incorporando à economia de cada produtor.

Para uma perfeita percepção do encadeamento metodológico da pesquisa, optou-se por segmentá-la em fases, conforme descritas a seguir:

Na Fase 1, desenvolveu-se um estudo preliminar da região e da população envolvida no projeto, objetivando identificar a estrutura social do município e da população pesquisada, na tentativa de descobrir o universo vivido por ela, bem como dos principais acontecimentos de sua história. Tais dados foram obtidos de fontes secundárias. Na fase 2, fez-se uma sondagem, composta de um levantamento de dados a partir de uma amostra de agricultores por meio de entrevista com cada produtor, na qual se obtém um conhecimento mais profundo de todos os aspectos que a envolve: socioeconômics, agrícolas, infra-estruturais e culturais. O instrumental básico neste processo foi o questionário. A definição do universo de produtores que foram considerados para os trabalho incluíram todos aqueles constantes do cadastro da CEPLAC no seu Escritório Local de Extensão Rural dos dois municípios selecionados para o estudo. Para fazer frente às necessidades no cumprimento da Fase 2, tornou-se imprescindível calcular a amostra do tipo aleatória simples e usou-se a metodologia de Cochran (1965) para sua determinação. Na fase 3, foram feitas as montagens dos modelos agrossilviculturais mais freqüentes entre os agricultores selecionados pela pesquisa. Aos modelos reais foram feitas as análises econômicas rotineiras6.Uma análise completa dos dados pode ser verificada no artigo completo7. Apresenta-se a seguir um resumo dos principais resultados (Quadros 75, 76 e 77).

6 Serão feitos os fluxos de receitas e custos e, a partir destes, serão calculados os indicadores da relação benefício-custo (B/C), valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR)

7 Avaliação de modelos simulados de sitemas agroflorestais em pequenas propriedades cacaueiras selecionadas nos municípios de Tomé-Açu e Acará, no Estado do Pará. Belém : UNAMA, 2003. (Série Relatório de Pesquisa).

157

Quadro 75 - Espécies agrícolas e combinação de cultivos mais freqüentemente encontradas nas propriedades rurais de Tomé-Açu.

Espécies Combinações mais freqüentes OcorParicá X X X X 4Mogno X X X X X X 6Cumaru X 1Castanha X X X X X X X X 8Freijó X X X X X 5Maçaranduba X 1Cacau X X X X X X X X X X X X X X X 15Cupuaçu X X X X X X X X X X X X X 13Açai X X X X X 5Seringueira X X X 3Acerola X 1Graviola X 1Bacuri X 1Mangostão X X 2Taperebá X 1Manga X 1Limão X 1Pimenta X X X 3Banana X X 2Maracujá X X X X 4Andiroba X X X 3Combinações 3 2 2 2 2 3 2 2 4 3 2 2 4 4 3 2 5 4 2 4 4 2 2 4 2 4 4 2 -

Fonte: Dados de Campo.

Quadro 76 - Receita Bruta e Líquida Média (anual e mensal) e respectivos custos médios informados pelos agricultores do município de Tomé-açu, Pará, 2001.

Intervalo de Receita Bruta (R$

1.000/ano)%

Receita Bruta Média Mensal (R$)

Custo Médio Mensal de Manutenção (40%

RB)

Receita Líquida Média Mensal (R$)

Até 50 36,3 3.250,00 1.300,00 1.950,00> 50 ≤ 100 27,3 7.500,00 3.000,00 4.500,00> 100 ≤ 150 18,2 11.250,00 4.500,00 6.750,00> 150 ≤ 200 18,2 16.500,00 6.600,00 9.900,00

Fonte: Pesquisa de Campo

158

Quadro 77 - Resultado dos Indicadores Econômicos para Diferentes Taxas de Desconto Custos Baseados no Fluxo de Caixa do Modelo de SAF Sugeridos pelos Agricultores pesquisados em Tomé-Açu, Pará.

Indicador Variação dos Custos (%)

Variação Percentual na Taxa de Desconto8 10 12 14 16

RBC (um)20 1,56 1,54 1,52 1,49 1,4730 1,44 1,42 1,40 1,38 1,3640 1,34 1,32 1,30 1,28 1,26

VPL (R$)20 11.858,03 10.554,51 9.406,94 8.393,28 7.495,0130 10.100,50 8.924,42 7.888,32 6.972,57 6.160,6040 8.342,96 7.294,33 6.369,71 5.551,85 4.826,19

TIR (%)20 61 61 61 61 6130 51 51 51 51 5140 42 42 42 42 42

Tomando como balizador os objetivos determinados no presente estudo, chegou-se à seguinte conclusão:Para a média dos SAFs atualmente em uso nos dois municípios, ficou claro que aqueles que têm o cacaueiro como planta Pivot proporcionam desempenho financeiro melhor que os demais: cacau x paricá x açaí em Tomé-Açu e cacau x andiroba no Acará, podendo-se inferir como os melhores, portanto viáveis e reproduzíveis.A concepção de um sistema agrofloretal está muito bem assentada entre os agricultores de Tomé-Açu. Não só pela diversificação de combinações de espécies, mas, sobretudo, pela prudência na escolha dos elementos que comporão o modelo.Ao contrário de Tomé-Açu, os agricultores de Acará não incluíram no modelo para simulação o cacaueiro como planta Pivot, deixando essa tarefa para a pimenta-do-reino, pois, no modelo sugerido ele entra como substituto da pimenta-do-reino.Do ponto de vista da indicação dos produtores para um SAF, mais uma vez o amadurecimento dos agricultores de Tomé-Açu para essa questão revelou pela simulação que o sistema mogno x sastanha-do-brasil x cacau x cupuaçu x pimenta-do-reino x maracujá, proporciona, no longo prazo, os melhores retornos líquidos; ao contrário do SAF sugerido pelos agricultores do Acará, que não deve ser implementado por incorporar prejuízo ao fluxo de caixa.Em Tomé-Açu, a técnica de policultivos, quer em associação numa mesma área da propriedade quer em monocultivos, está muito mais desenvolvida do que no Acará.Comparando-se o desempenho financeiro dos melhores modelos “tradicionais” atualmente em uso nos municípios selecionados nesse estudo, em Tomé-Açu o sistema cacau x açaí x paricá é 1,7 vezes melhor do que aquele do Acará (cacau x andiroba).Percebeu-se que, a despeito da recorrência do problema de doenças no cultivo da pimenta-do-reino (fusariose), levando a sua extinção no prazo máximo de seis anos, tanto em Tomé-Açu quanto no Acará, estas ainda são duas atividades agrícolas que sistematicamente fazem parte do contexto de exploração agrícola da propriedade. Evidentemente que fatores relacionados à tradição com a cultura e altos rendimentos financeiros no curto prazo são os que estão determinando esse comportamento.

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A CACAUICULTURA AMAZÔNICA: UM NEGÓCIO INDISPENSÁVEL NO CONTEXTO NACIONAL

Fernando Antonio Teixeira Mendes e Edson Lopes Lima

Este trabalho tem como principal objetivo discutir a questão da cacauicultura na Amazônia, mais especificamente durante o Seminário Internacional de Cacau realizado em Porto Velho, Rondônia, Brasil.

Trata-se de uma compilação de quatro outros textos dos autores, apresentados em Congressos da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (SOBER, 1998 e 2000), quais sejam: A cadeia produtiva do cacau e a sua contribuição para geração de empregos na Amazônia; Transamazônica: uma alternativa para recolocar o Brasil entre os maiores produtores de cacau do mundo; A Cacauicultura na Amazônia Brasileira: potencialidades, abrangência e oportunidades de negócio; A mão-de-obra familiar como responsável pela condução da cacauicultura no Estado do Pará.Na visão dos autores os Governos Federal, Estadual e Municipal não podem abdicar da participação da Amazônia no processo de recuperação da cacauicultura nacional. Esta região pouca atenção tem merecido dos poderes públicos. Apesar disso, esta atividade tem contribuído fortemente para a preservação do meio ambiente, viabilização de outros produtos agrícolas e, sobretudo, impedido que milhares de famílias façam parte das estatísticas de problemas sociais graves nas áreas urbanas. É prudente pensar racionalmente sobre isto.Finalmente, é na Amazônia que existe o maior potencial para formar uma cacauicultura forte, espacialmente maior que muitos países concorrentes e economicamente independente da dominação capitalista dos grandes cartéis do cacau.

A TRIBUTAÇÃO VIA IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS) PARA O CACAU EM AMÊNDOAS COMERCIALIZADO NO ESTADO DO PARÁ

João Marivaldo S. de Sousa, Sylvan Martins dos Reis e Fernando Antonio Teixeira Mendes

Este trabalho avalia, mensura e analisa o atual sistema de arrecadação do ICMS sobre as operações com cacau em amêndoas no estado do Pará, entre os anos de 1993 e 2000, por se constituir o período de maior consistência das informações sobre as variáveis que servirão de suporte para a análise desta pesquisa. Em geral, a taxação do ICMS é bastante complexa, dada a existência de múltiplas alíquotas impostas sobre uma variedade de produtos agrícolas e insumos, além da interpretação e aplicabilidade da lei que rege o assunto. Tomou-se como base para seleção dos municípios estudados o decreto governamental n.º 3787 de 07 de dezembro de 1995 que atualiza a jurisdição das regiões fiscais do Estado do Pará, composta em 17 regiões. Os critérios para essa seleção foram:I) a representatividade do recolhimento do imposto; e II) comporem os principais pólos de produção de cacau assistidos pela CEPLAC/SUPOR. Concluiu-se que o cacau é um produto potencial que gera grande receita para o Estado, uma vez que as taxas de crescimento são positivas para a arrecadação do ICMS sobre o cacau comercializado no Estado no período estudado; o período de maior arrecadação de ICMS coincide com o da safra de cacau no Estado; a 10ª região fiscal foi a que mais arrecadou imposto, respondendo por cerca de 85% do total arrecadado do estado; e, alguns municípios perdem recursos do ICMS devido à concentração da comercialização (em mãos de poucos agentes), assim como pela falta de maior controle local da produção e pela inexistência ou ineficiência do sistema de arrecadação localizado nesses municípios.

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LEILÃO ELETRÔNICO COMO FORMA DE COMERCIALIZAR CACAU NA AMAZÔNIA: UM ESTUDO DE CASO NOS MUNICÍPIOS DE MEDICILÂNDIA E

URUARÁ NO ESTADO DO PARÁ.João Marivaldo Silva de Sousa, Armando Yoso Sasaki e Fernando Antonio Teixeira Mendes

Este estudo tem como objetivo registrar os indicadores de comercialização de amêndoas secas de cacau, resultantes da Experiência Piloto realizada na Transamazônica, no período de maio a setembro do ano em curso, a partir da modalidade do Leilão eletrônico. Avança na verificação do padrão de produção tecnificada a partir da utilização de recursos financeiros para a colheita e beneficiamento da safra 2002, por meio de Custeio Agrícola e Cédula de Produto Rural – Financeira (CPRF), bem como tenta identificar a possibilidade de agregação de valor, segundo a tipagem do produto. O estudo teve como principal conclusão que a partir dessa experiência piloto comercial é possível transformar cacauicultores de meros produtores a empresários rurais, utilizando as formas diferenciadas de comercialização como Instrumento de Gestão Empresarial, nas quais os seus atores devem ser eficientes, incorporando a tecnologia como elemento indutor efetivo de mudança de procedimentos e resultados.

A PRODUÇÃO DE CACAU NA REGIÃO DA TRANSAMAZÔNICA: UM ESTUDO DE CASO SOB O PONTO DE VISTA DA AGRICULTURA FAMILIAR.

Anicio Bechara Arero e Fernando Antonio Teixeira Mendes

Objetivamente esta pesquisa pretendeu investigar se a tipologia de exploração agrícola do cacaueiro utilizada na Região Transamazônica, especificamente nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará, é familiar.Em termos gerais, procurou-se caracterizar a agricultura familiar em relação à produção de cacau na Região da Transamazônica e, especificamente, descrever a propriedade cacaueira típica em cada um dos municípios selecionados; analisar em que proporção as variáveis que caracterizam a agricultura familiar estão incluídas nos municípios selecionados e distinguir, entre os municípios selecionados, os que são (ou estão) tipicamente de agricultura familiar.Estabeleceu-se como metodologia a análise tabular e de correlação de 17 variáveis: Renda, Idade do agricultor, Naturalidade, estado civil, Procedência, Atividade anterior, Ocupação principal, Escolaridade do agricultor, Área total da propriedade, Situação fundiária, Área total da propriedade inexplorada, Área total da propriedade explorada com cacaueiros, Tipo de mão-de-obra, Idade dos membros da família, Índice de diversificação, Destino da MOF e Planejamento do agricultor.Concluiu-se que a tipologia agrícola predominante nos municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará é familiar, entretanto observaram-se preocupações quanto ao futuro dessa tipologia nos municípios em estudo, quando compara, a quantidade de hectare explorada com cacaueiro e o número de mão-de-obra do tipo familiar existente em cada propriedade.

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FINANCIAMENTO PARA PEQUENOS PRODUTORES DE AÇAÍ (Euterpe oleracea Mart.) NO ESTUÁRIO DO RIO AMAZONAS E O VIÉS DO TERMO DE

AJUSTAMENTO DE CONDUTA -T.A.C.

Carlos Alberto CorrêaO presente trabalho visa contribuir na discussão que envolve os pequenos produtores ribeirinhos de açaí, devido a uma leitura pura e simples da lei, impedindo o acesso desses atores aos programas criados para alavancar esta atividade, sem considerar a especificidade e as particularidades daquela porção de brasileiros que têm nesta lavoura o seu mais importante ganha-pão.Os produtores familiares que trabalham com açaizeiro para a obtenção de fruto nas várzeas do estuário amazônico, cuja área média é de 5 (cinco) ha, são donos apenas de fato e não de direito das terras que ocupam, já que na maioria das vezes aquele pedaço de chão passa simplesmente de pai para filho, o que lhes dificulta o acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo Vegetal (PRODEX), amparados com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), devido a exigência do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), segundo interpretação estreita e desumana da Medida Provisória 2.166 – 67 de 24 de agosto de 2.001, Art. 160 parágrafo 100.O PRONAF/PRODEX tem como objetivos: (i) promover mudanças no perfil da economia das áreas dependentes do extrativismo vegetal; (ii) induzir o uso de SAF (sistemas agroflorestais) em áreas tradicionais de extrativismo vegetal; (iii) propiciar oportunidades de trabalho às famílias extrativistas como meio de mitigar o êxodo rural; (iv) incentivar a verticalização da produção das áreas extrativistas; (v) induzir os extrativistas a racionalizar o uso dos recursos naturais; e (vi) estimular práticas agroflorestais que potencializem os serviços ambientais das áreas extrativistas. A Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965 – Código Florestal Brasileiro – conceitua o que é RESERVA LEGAL, cuja mais recente definição é expressa no parágrafo 20, inciso III da M.P. 2.166 – 67: “área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas ”.Historicamente os ribeirinhos enfrentam contratempos de toda ordem. Para se ter uma idéia, estão distantes dos centros mais populosos, têm dificuldades de acesso à saúde, educação, obtenção de documentos pessoais (Carteira de Identidade, CIC) e desconhecem os meandros para regularização de suas terras, além do que os órgãos ditos responsáveis, GRPU, INCRA e ITERPA, têm dificuldades de atuação naquelas áreas, seja por não possuírem recurso humano suficiente, seja por não estar claro de quem é a responsabilidade de atuação ou pela crônica falta de recurso financeiro: o certo é que a somatória de contratempos atrapalha a sobrevivência daquela porção significativa de brasileiros que visualizaram com o advento do PRONAF/PRODEX, a possibilidade de conseguir algum recurso para tocar com menos sacrifícios a sua lavoura principal, ou seja, o cultivo (manejo) do açaizeiro para produção de fruto, mas, apesar de todos os esforços empregados, pouco se avançou. É importante enfatizar que essa atividade, dentre outras coisas:

• Cumpre a função social conforme o Art. 1860 da Constituição Federal;

• Contribui para o cumprimento do Art. 20 da Lei 4.771;Não provoca impacto ambiental significativo;

• É direcionado à pequena produção extrativista familiar organizada;• Não requer derrubada, queima, agrotóxico, nem insumos químicos;

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• Facilita o incremento de espécies de valor econômico como o açaizeiro, cacaueiro e cupuaçuzeiro, etc.;

• Contribui para o incremento de essências florestais típicas de várzea, tais como a andiroba, virola, samaumeira, seringueira, etc.;

• Ajusta-se à macroestratégia governamental de desenvolvimento sustentável (Agenda 21);Constitui-se na principal atividade geradora de emprego e renda para a população ribeirinha;

• Contribui significativamente para mitigar e/ou reverter o êxodo rural;Proporciona segurança alimentar, por fazer parte da dieta das populações ribeirinhas;

• O portuniza o agronegócio envolvendo a cadeia produtiva do açaí;• Contribui com cerca de 25.000 empregos só na capital do Estado;• Contribui para a recuperação e manutenção da flora e fauna nativas;• Caracteriza e valoriza os ativos da área manejada;• Disciplina e otimiza o uso da floresta;• Fortalece o exercício de cidadania da família ribeirinha;• Estimula o associativismo e a economia solidária;• Funciona como banco ativo de germoplasma.

É da maior importância repensar a adequação dos dispositivos legais ao disciplinamento ambiental, particularmente o TAC, relacionado com a atividade de manejo de açaizais nativos amparada pelo PRONAF/PRODEX. A aplicação do conceito de Reserva Legal aos beneficiários do PRODEX, mantendo-se o modus faciendi igual ao propósito da Lei, sem considerar a natureza substancialmente diferente desse Programa, bem como as características dos atores envolvidos, tem impedido o acesso das famílias rurais ribeirinhas a essa modalidade de crédito, impedindo a consecução de seus objetivos e implicando a necessidade de reflexões mais profundas para fazer atuar, com adequação e justiça, a aplicação desse dispositivo legal. Embora haja indiscutível consenso no meio técnico e político da importância das práticas ambientais, com profundo efeito social, ecológico e econômico, percebe-se a dificuldade de adequação da matéria por parte dos órgãos administrativos regionais, mormente aqueles responsáveis pela temática fundiária, no deslanche do manejo sustentado dos açaizais nativos do estuário amazônico.

Considerando os dispositivos legais existentes: Constituição Federal, Art. 1860; Lei 4.771 de 15/09/1965 Art. 20; MP 2.166-67, Art. 10 § 10, 20 inciso I, inciso V, alíneas “a”, e “b”, Art. 160, § 20, 30, bem como as características específicas de manejo do recurso aqui referido, entendemos ser dispensável, até ulterior deliberação, a exigência do Termo de Ajustamento de Conduta, por dificultar a obtenção do crédito FNO/PRONAF/PRODEX e a atividade dele decorrente, prejudicando sobremaneira os ribeirinhos envolvidos, ou seja, aqueles que seriam os beneficiários finais do referido programa.

A AÇÃO ESPECULATIVA DOS FUNDOS HEDGE E DE COMMODITIESNOS MERCADOS FUTUROS DE CACAU

Mário M. Amin

Não existe, no âmbito da economia mundial, um setor de negócios mais controversial do que os mercados futuros. A controvérsia decorre da própria natureza das atividades que são realizadas nas Bolsas de futuros. Os mercados futuros são vistos, em geral, como peças fundamentais no processo de risk mangament por meio do hedging, assim como no processo de price discovery das commodities (Schwager, 1984; Montezano, 1987; Forbes, 1991; Teixeira, 1992; Rotella, 1992; Edwards & Ma, 1992).

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Existe, entretanto, por trás dessas duas funções básicas, uma figura muito criticada: a participação do especulador. Os especuladores são considerados indispensáveis nas operações a futuro (Hull, 2000; Williams, 1999; Alexander, 1992), uma vez que “... eles assumem os riscos que outros (produtores, intermediários, e consumidores) tentam evitar, dando ao mercado a liquidez necessária à viabilização dos negócios. Ao assumir os riscos transferidos pelos hedgers, na expectativa de realizar lucros, apoiados em variações previstas de preços, os especuladores colaboram decisivamente para a criação de mercados líquidos...” (BMF, 1986).

Os Mercados Futuros e seus Participantes

As expectativas sobre a demanda e oferta das commodities têm um papel importante na definição dos preços. A situação social, política e econômica dos países produtores exercem, também, uma influência indireta. Existem, entretanto, algumas atividades diárias nos mercados futuros de Nova York que têm um forte efeito na determinação dos preços internacionais das commodities. Dentre estas destacam-se (Amin, 1995):

• compras/vendas das indústrias;• hedging de produtores, exportadores, processadores e indústrias;• liquidações especulativas em curto e longo prazos;• compras/vendas especulativas devido a algum aumento/queda de preço em outras

commodities;• compra/venda especulativa dos Fundos;• arbitragem de mercado;• arbitragem cambial.

Observa-se, portanto, que a formação diária dos preços internacionais, nos mercados futuros, decorre, além da contribuição dada pelas tradicionais forças do mercado, de três atividades conjuntas: a) a “administração do risco” pelos hedgers; b) a “especulativa”, decorrente da atuação de um seleto grupo de agentes altamente especializados; e c) da “arbitragem”, que aproveita a diferença entre os mercados futuros.

- Hedgers

Neste grupo, podem ser incluídos produtores, traders, processadores, distribuidores, exportadores, importadores e indústrias. Teixeira (1992) define as atividades dos hedgers como ... clientes ou usuários que buscam, através de operações de compra e venda a futuro, eliminar o risco de perdas decorrentes das variações de preços das commodities com que trabalham. A atividade econômica básica de um hedger consiste na produção, na distribuição, no processamento ou na estocagem do produto....

– EspeculadoresEste grupo é bastante amplo e mais ativo que os hedgers. Fazem parte dele pessoas físicas, corretoras, empresas, instituições filantrópicas e instituições educativas. Fazem parte, também, deste grupo os poderosos Fundos, cuja participação no mercado é fator determinante no processo de definição dos preços internacionais. Os Fundos mais fortes e mais ativos nos mercados futuros são os de Hedge e os de Commodities. Em geral, este grupo é formado por agentes à procura de uma rápida diversificação do portfólio de aplicações financeiras.

Os especuladores, segundo Forbes (1991), são ... os que, dependendo de suas previsões acerca dos movimentos dos preços futuros, ou compram ou vendem contratos futuros... o especulador quase nunca tem qualquer interesse em ser proprietário ou possuir a commodity física...”. O Glossário de Investimentos editado pelo New York Stock Exchange Market – NYSE esclarece que “... a

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principal preocupação do especulador é aumentar seu capital, não sua receita de dividendos. Ele tanto pode comprar e vender no mesmo dia, quanto especular com um empreendimento de que não espere lucros durante muitos anos... (apud, Forbes, 1991).

- Arbitragem

Processo muito utilizado nos mercados futuros de moedas e derivativos, a arbitragem está presente, também, nos negócios realizados nos mercados futuros de commodities. A arbitragem é considerada uma forma de especulação, uma vez que aproveita a diferença entre dois mercados ou ativos, para a realização de lucros. Schwager (1984) define arbitragem como ... a compra e venda de produtos similares em dois mercados diferentes a fim de aproveitar a vantagem na diferença de preços....

Teixeira (1992) comenta, também, que ... o arbitrador colabora para uma eficiente formação do preço futuro, o que é fundamental para o funcionamento do mercado e a atuação do hedger...

Com relação ao risk management nas aplicações, Teixeira (1992, p: 26) explica que ... as arbitragens geralmente apresentam níveis de risco menores do que a especulação simples, pois as posições ficam de certa forma “travadas” em dois segmentos do mercado....

Os Fundos e a sua Importância

Grande parte dessa controvérsia nas operações de futuros é resultado da significativa parcela de participação do Fundos na chamada redistribuição de risco por meio das posições assumidas nos pregões da Bolsa. A sua atividade especulativa chega a ser desaprovada pela forma de atuar nos mercados, bem como, pelos efeitos negativos que a sua participação exerce no desempenho do mercado e, especialmente, na formação dos preços internacionais das commodities.

A maioria dos textos especializados, entretanto, indica a presença e participação dos especuladores no mercado como “indispensável” para assumir os riscos do mercado (hedgers) e, mais importante ainda, para fornecer a liquidez necessária ao mercado, garantindo, assim, o processo de price discovery das diversas commodities negociadas nos mercados futuros.

Teixeira (1992), por exemplo, menciona que o especulador ... ao atuar ativamente no mercado, ele se torna a contraparte não só dos outros especuladores, mas também de hedgers, sejam de compra sejam de venda. Ao participar do mercado futuro, o especulador está chamando para si todo o risco de variação de preços, qu, por definição, pode lhe ser benéfico ou não. Esse lhe é transferido pelo hedger, que não deseja carregá-lo....

Edwards & Ma (1992) são mais firmes em sua opinião a respeito da função que os especuladores desempenham nos mercados futuros. Os autores enfatizam que ... the charge that greater speculation increases risk premiums in futures markets by increasing price volatility does not appear to fit the facts…Speculators play a vital role in futures markets. Without them markets could not exist. Further, the more the speculative activity, the better futures markets perform their critical social functions of providing hedging and price discovery services. It is important, therefore, that speculators be encouraged to participate in futures markets….

A Ação Especulativa dos Fundos

Grande porcentagem dos preços internacionais é mais o resultado das atividades de troca de contratos futuros, entre um seleto grupo de Fundos (large speculators), do que o resultado das esperadas atividades produtivas e econômicas do próprio mercado. Esta posição fundamenta-se no acompanhamento, durante muitos anos, do comportamento dos preços futuros, bem como nos

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comentários apresentados, na seção de Mercadorias da Gazeta Mercantil, sobre as cotações das commodities nas Bolsas Internacionais.

À guisa de exemplo, citam-se alguns comentários recentemente publicados sobre a situação do mercado internacional de cacau, no Coffee, Sugar and Cocoa Exchange Market – CSCE, de Nova York:

• ... os contratos de cacau para entrega em maio foram negociados a US$ 1.491 a tonelada, na Bolsa de Nova York, ligeiro recuo de 0,26% sobre o pregão anterior. O baixo volume de negócios e vendas especulativas derrubaram as cotações... (Gazeta Mercantil, 05 de março, 2002).

• ... os contratos de cacau para entrega em maio fecharam a US$ 1.524 a tonelada, em Nova York, ligeiro aumento de 0,19% sobre o pregão de quinta-feira. Os preços estão sustentados pelas compras de especuladores, tradings e pelas indústrias... (Gazeta Mercantil, 11 de março, 2002).

• ... pelo terceiro pregão consecutivo os preços futuros de cacau caíram no mercado internacional.... venda de fundos e especuladores têm derrubado as cotações da amêndoa no pregão nova-iorquino... (Gazeta Mercantil, 20 de março, 2002).

Essas informações não são privilégio só do cacau. Comentários parecidos podem ser encontrados para outras commodities como café, açúcar, soja, suco de laranja, algodão, assim como para produtos minerais e petróleo. Produtos esses bastante representativos na pauta de exportação da maior parte dos países do terceiro mundo.

Edward & Ma (1992), analisando o volume de especulação, como porcentagem das posições abertas (open interest) em mercados futuros selecionados, em 1989, encontraram os seguintes resultados:

• mercado de suínos 80,9• soja 54,1• aveia 53,5• trigo 51,9• milho 47,9• açúcar 35,9• franco suíço 62,2• yen japonês 53,3• marco alemão 50,4• óleo cru 38,1

A magnitude da especulação nos produtos agrícolas surpreende. Sendo a maior parte fonte de receita para muitos produtores, as discrepâncias incorporadas na formação do preço final nos mercados futuros deve refletir, de certa forma, no nível da renda recebida pelos agricultores.

Integrante das atividades financeiras nos mercados futuros de Nova York - CSCE e Londres - LIFFE, o cacau é exposto, também, ao processo de arbitragem praticamente todos os dias.

Dependendo do estado da economia dos Estados Unidos, o dólar se valoriza ou se desvaloriza contra todas as outras moedas. Como existe uma estreita relação entre ambos os mercados, qualquer variação cambial, entre o dólar e a libra, tem um efeito imediato no volume de vendas e compras especulativas. A variação diária na cotação monetária se reflete, fortemente, na formação dos preços internacionais de cacau (Amin, 1995).

Atenção especial que deve ser dada ao impacto dos especuladores, na formação dos preços internacionais de cacau, decorre da alta participação que a produção e exportações de cacau representam para um grande número de países. A instabilidade incorporada na formação dos preços diários, pela atividade especulativa dos Fundos nos mercados futuros de Nova York, contribui

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somente para aumentar a incerteza em relação ao bem-estar dos produtores e ao futuro das economias dos países produtores de cacau.

As Distorções no Mercado Internacional de Cacau

- A Instabilidade nos Preços Internacionais

Em decorrência do processo especulativo, inerente ao próprio funcionamento dos mercados futuros, o cacau é considerado, entre todas as commodities negociadas, como o produto que apresenta o maior índice de instabilidade na formação dos preços internacionais.

Coppock, citado por Schutjer e Ayo (1967), ao analisar o mercado de commodities selecionadas, identificou o cacau como o produto apresentando o mais alto índice de instabilidade nos preços de exportação: 49,4%. Outros produtos como borracha, café e açúcar apresentaram índices de 46,2%, 25,3% e 25,0%, respectivamente.

O trabalho de Singh (1977) mostrou que os preços de cacau estão sujeitos às maiores variações que produtos como açúcar e óleo de soja. O cacau mostrou uma variação de 15,2%, enquanto o açúcar e o óleo de soja apresentaram índices de 12,4% e 10,6%, respectivamente.

Herman (1983), em um estudo específico sobre a instabilidade dos preços no mercado internacional de cacau, verificou que, durante o período de 1960 a 1980, o Brasil teve o mais alto índice de instabilidade (28,7%), seguido por Nigéria (21,1%), Camarões (20,8%), Gana (20,7%) e Costa do Marfim (19,4%).

Em geral, esses estudos identificam, como a causa principal pelos freqüentes “altos e baixos” dos preços internacionais, os problemas de caráter estrutural e conjuntural que afligem periodicamente as economias dos principais países produtores. Problemas esses que refletem, posteriormente, no volume disponível de cacau, no mercado internacional.

Outros autores têm associado, de forma mais direta, as flutuações dos preços internacionais de cacau às atividades especulativas exercidas, nos mercados futuros, por traders mais especializados. La-Ayane (1970), estudando a relação existente entre o alto nível de volume trocado e a atividade especulativa encontrou ... um incremento significativo no volume trocado durante 1960 a 1965, assim como, um aumento paralelo nos níveis de estoques no mesmo período. A causa mais importante para isto, foi o aumento no interesse especulativo...”. Em suas conclusões, o autor passa a enfatizar que “... o uso do mercado de futuros de cacau tem crescido desde 1954. A razão principal deste alto nível de atividade é decorrente do aumento no interesse especulativo....

Weymar (1968), em extenso estudo sobre a Dinâmica do Mercado Mundial de Cacau, indica que as variações dos preços, em curto prazo, são conseqüência das ondas alternantes do “entusiasmo especulativo” com relação ao estado bullish ou bearish do mercado internacional de cacau. Weymar (1968, p: 175) ainda explica que ... no curto prazo, os preços de cacau são também influenciados por fatores técnicos relacionados com a atividade especulativa nos Mercados de Nova York e Londres...

Stern (1971), em artigo sobre o mercado futuro de moedas, mostra como a ação especulativa influência significativamente o nível dos preços. Segundo o autor, os “especuladores de moedas”, querendo fugir do processo inflacionário, encontraram nos mercados de futuros um refúgio para seus investimentos especulativos. Esta mudança de opções, explica Stern, trouxe como resultado

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violentas flutuações nos preços das commodities e graves distorções para os mercados. O autor indica que commodities como açúcar, café, cacau e minérios como prata, cobre e ouro foram sempre os preferidos para as aplicações especulativas.

Amin (1995), utilizando os preços diários da segunda posição cotada, no CSCE de Nova York, durante o período de 1964 a 1991, estimou por meio do Modelo de Decomposição Sazonal X-11 a participação média dos componentes de sazonalidade, tendência/ciclo e irregular, como sendo de 5,24%, 25,6% e 62,68%, respectivamente. Foi possível inferir que, dada a ausência de condições anormais e inesperadas na demanda e oferta de cacau no mercado internacional, no período analisado, grande parte do valor do componente irregular estimado, foi o resultado das atividades especulativas.

O esforço desses autores em quantificar a atividade especulativa dos Fundos de Hedge e dos Fundos de Commodities, nos mercados futuros de cacau, decorre da importância econômica e social que os preços internacionais representam para milhares de produtores na África, Ásia e América Latina.

- Turn-over (Volume Trocado)

A particularidade do cacau expressa nos comentários da Gazeta Mercantil reside, basicamente, na forma como os mercados de futuros de Nova York e Londres operam. Por meio dos relatórios emitidos pelas agências especializadas, corretoras e especialmente pela Commodities Futures Trading Commission – CFTC e Coffee, Sugar and Cocoa Exchange Market – CSCE, de Nova York, é possível extrair a informação necessária para entender o funcionamento dos mercados futuros. Três variáveis importantes podem ser obtidas: o preço final, o volume trocado (volume traded) e o número de contratos em aberto (open interest).

O volume trocado pode ser considerado como a variável mais relevante na formação dos preços internacionais de cacau. Ele representa a quantidade total de contratos trocados num determinado dia. Pode ser apresentado como o número de contratos ou volume físico trocado. O volume mede a atividade de troca no mercado, como também a intensidade da demanda e oferta da commodity (Teweles, 1975, Schwager, 1984, Edwards & Ma, 1992, Rotella, 1992). As mudanças no volume trocado medem as pressões de compra e venda, que, ao serem associadas às oscilações dos preços e open interest, assumem grande importância estatística para a determinação do comportamento do mercado (Amin, 1995; Hull, 1996; Kaufman, 1999).

A verdadeira relação entre o volume de contratos trocados e a atividade especulativa no mercado de futuros de cacau só pode ser analisada por meio de uma análise comparativa entre a produção mundial de cacau e o turn-over dos contratos. Divergências dramáticas emergem ao comparar-se essas duas variáveis.

Amin (1995) verificou que o volume de contratos trocados anualmente pode chegar a representar até quatro vezes a produção mundial de cacau. Caso os mercados de Nova York e Londres sejam combinados, a diferença aumenta para quase dez vezes a produção mundial. Em termos mais específicos, isso significa que, dada à produção mundial de 3 milhões de toneladas de cacau, em 1999, nos mercados futuros de Nova York e Londres, foi realizado um turn-over de 30 milhões de toneladas, no “processo de determinação do preço internacional de cacau”.

A aceitação da atividade especulativa como recurso necessário para a realização de risk management e price Discovery, nos mercados futuros de cacau, contrasta dramaticamente com a situação de pobreza e exclusão social que atinge a maior parte dos produtores dos países africanos, responsáveis por 70% da produção mundial.

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As economias de Gana, Costa do Marfim, Camarões e Nigéria, na África, dependem, em grande parte, das exportações de cacau para financiamento dos programas de desenvolvimento econômico e social. Outros países como Indonésia e Malásia, na Ásia, e Brasil, Colômbia e Equador, na América do Sul, dependem mais em termos regionais do que termos nacionais, das exportações de cacau. A economia do cacau, portanto, constitui-se num importante fator de geração de renda e emprego para milhares de produtores nas regiões tropicais.

Entre os produtos de origem tropical, o cacau pode ser considerado como a commodity mais representativa de uma agricultura de subsistência para milhares de produtores e assume, ao mesmo tempo, um caráter estratégico na elaboração e implementação de políticas de planejamento e desenvolvimento econômico. O crescimento da economia dos países produtores sempre esteve “amarrada”, por dizer assim, ao comportamento de uma simples variável: o preço internacional de cacau.

Preocupados com as fortes variações nos preços internacionais de cacau e de seus impactos nas economias dos países produtores, a maior parte dos estudos centram esforços em explicar as alterações no mercado por meio dos tradicionais fundamentos técnicos: demanda e oferta. Parte integral da teoria econômica, esse enfoque explica, parcialmente, o comportamento do mercado. Existem outras forcas, porém, que, como participantes do mercado, exercem uma poderosa influência na formação dos preços finais.

O estudo visa, por meio da disponibilidade de informações mais completas em termos de volume e qualidade sobre o movimento diário nos mercados futuros de cacau de Nova York, identificar a participação, posição e o nível de influência dos Fundos de Hedge e Fundos de Commodities, na formação dos preços internacionais de cacau.

Para atingir o objetivo do estudo, foram usadas duas fontes de informação. A primeira é a Coffee, Sugar and Cocoa Exchange Market – CSCE, de Nova York, que fornece relatórios diários sobre preços futuros cotados para os meses de março, maio, julho, setembro e dezembro, em dólares por tonelada. A unidade negociada no mercado de cacau é de 10 toneladas métricas, sendo um US$ 1 por tonelada métrica e US$ 10 por contrato.

As informações referentes ao volume de hedging e, mais importante ainda, ao volume especulativo negociado nos mercados futuros de cacau de Nova York foram obtidas dos relatórios emitidos, todas as terças-feiras, pela Commodities Futures Trading Commission – CFTC. Os relatórios chamados de Commitments of Traders in Futures fornecem as posições em aberto (open interest) mantidas pelos especuladores e hedgers, assim como um grande número de informações adicionais que permitem identificar o comportamento dos Fundos de Hedge e de Commodities, nos mercados futuros de cacau.

A disponibilidade de informações semanais on-line permitiu que a análise fosse realizada abrangendo o período de julho de 1992 a dezembro de 2001. A redução do período de publicação dos relatórios da CFTC, de mensal (1986-1990) para quinzenal (1990-1992), e finalmente para semanal, a partir de julho de 1992, dá a oportunidade de se chegar mais perto da atividade especulativa dos Fundos e de poder mostrar se exercem, efetivamente, alguma influência na formação dos preços internacionais de cacau.

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Conceitos Básicos

- Os Traders nos Mercados FuturosAs informações da CFTC diferenciam os traders em função de sua participação e atividade econômica, nos mercados futuros, em dois grupos. O primeiro grupo inclui os non-commercial traders e os small traders. A diferença básica entre os dois está relacionada ao nível de “influência” que cada um exerce sobre a formação dos preços futuros e, especialmente, em relação à forma de declarar as posições mantidas em aberto (open interest), diariamente.

O grupo de non-commercial traders é integrado, em grande parte, pelos Fundos de Hedge e Fundos de Commodities que, classificados como large speculators, são obrigados, pelas normas do CFTC, a declarar as posições assumidas nos pregões diários.

Os Fundos de Hedge são associações que mantêm e negociam uma ampla variedade de investimentos, incluindo moedas, letras do tesouro, mercadorias, imóveis e contratos futuros. Possuidores de uma grande quantidade de recursos e famosos por sua extrema volatilidade nas aplicações, os Fundos de Hedge têm sido manchetes nos últimos anos ao serem acusados como responsáveis pelo colapso das economias da Ásia, em 1997, e de intervir, especulativamente, nas moedas do Brasil, Argentina e México.

O caso do Fundo de Hegde, LMC, que entrou em concordata em 1998, é tido como um exemplo do poder que representa esse tipo de Fundo nos mercados futuros, ao ter que reunir, em 24 horas, o Banco Central dos Estados Unidos – FED, recursos de 30 Bancos internacionais para cobrir o rombo deixado pelo Fundo e evitar, assim, um colapso do sistema financeiro mundial.

Os Fundos de Commodities podem ser divididos em públicos e privados. Os públicos são aqueles cujas ações podem ser compradas pelo público em geral, enquanto que os privados reúnem um grupo de acionistas limitado a menos de 35 membros (Edwards & Ma, 1992). A sua participação nos mercados futuros é mais regulada pela legislação do Estados Unidos, contribuindo, assim, para reduzir os abusos nas aplicações.

Os samall traders, ao contrário dos non-commercial traders, não precisam declarar as suas posições, uma vez que, sendo considerados como pequenos especuladores, a sua participação não é vista como tendo grande influência na determinação dos preços (Edwards & Ma, 1992).

Formam outro grupo de traders os classificados como commercial traders, que usam contratos futuros para realizar hedging visando proteger-se de um risco ou prejuízo. Do mesmo modo que os large speculators, são obrigados, pelas normas do CFTC, a declarar as posições assumidas. Nesse processo, Teixeira (1992) indica que ... que os hedgers podem ser divididos, em hedgers de venda e hedgers de compra. Os primeiros buscam defesa contra possível queda nos preços da commodity. Por esse motivo, procuram vendê-la antecipadamente garantindo um preço de venda. Os hedgers de compra tentam defender-se contra possível alta nos preços das commodities pelas quais têm interesse de compra....

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- Classificação por Tipo de Posição

As estatísticas semanais apresentadas nos Commitments of Traders in Futures, da CFTC, permitem identificar as posições assumidas pelos especuladores (non-commercial e small traders) e pelos hedgers (commercial traders), num determinado período.

Existem duas posições que refletem o tipo de compromisso assumido: long e short. Diz-se que o especulador está long (short) quando assumiu uma posição de compra (venda). Da mesma forma, o hedger pode apresentar uma posição long ou short. É importante mencionar que, pela lógica do processo dos mercados futuros, no final de todo pregão, o número de posições long deve ser igual ao número de posições short.

Uma vez identificadas as posições long e short, o ponto chave da análise consiste em estimar o valor da net long position e da net short position, tanto dos especuladores como dos hedgers. Usando-se esse processo, foram estimadas três séries: uma para os non-commercial (representando a atividade dos Fundos de Hedge e de Commodities), outra para os small traders e a última para os commercial traders ou hedgers.

De posse dessas séries históricas, neste caso de julho de 1992 a dezembro de 2001, é possível identificar-se a influência da atividade especulativa dos Fundos, na formação dos preços internacionais de cacau, nos mercados futuros de Nova York.

As informações disponíveis na CSCE e na CFTC, sobre as atividades nos mercados futuros de cacau, permitem obter uma estimativa do nível de participação e grau de influência que os Fundos de Hedge e de Commodities exercem na determinação final dos preços de cacau.

Para facilitar a compreensão da participação de cada trader, nos mercados futuros de cacau, a análise será dividida em duas partes. A primeira apresenta o comportamento dos non-commercial traders (Fundos), dos commercial traders e dos small traders de forma separada, isolando, assim, as posições semanais, net long ou net short, de cada trader, de julho de 1992 a dezembro de 2001 (Figuras 1, 2 e 3).

A segunda parte focaliza a atividade especulativa dos traders e sua influência na formação dos preços de cacau, no período de janeiro de 1997 a dezembro de 2001. A escolha desse período decorre da forte variação apresentada nos preços internacionais de cacau nos mercados futuros de Nova York (Figuras 4 e 5).

Comportamento net long e net short

A separação das posições mantidas nos mercados futuros de cacau evidencia, rapidamente, a situação semanal dos non-commercial traders, dos commercial traders e dos small traders. Para a pessoa pouco acostumada com a análise dos mercados futuros, talvez os gráficos não representem muita coisa. Observando-se, entretanto, com muita atenção o comportamento das posições, nota-se como os non-commercial traders (Fundos) mantiveram, de 1992 até meados de 1998, grande parte de suas posições como net long (compra). Nesse período, os Fundos chegaram próximos dos 30 mil contratos, mas reduzindo gradativamente suas posições até meados de 1995. Mostrando, posteriormente, altos e baixos nas posições, mas sem atingir os níveis anteriores (Figura 45). A partir de 1998, porém, os non-commercial traders passam a assumir posições net short (venda).

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Figura 45 - Posições net long e net short dos non-commercial traders, 1992 a 2001.

Esse comportamento contrasta com as posições dos hedgers (produtores, exportadores e indústrias) que mantiveram, em geral, uma posição net short (venda) durante a maior parte do período. Enquanto os non-commercial mantiam posições altas, os hedgers chegaram, no segundo semestre de 1992, bem próximos dos 43 mil contratos vendidos (Figura 46). Apenas durante 1998 e parte de 2001, os commercial traders assumiram posições net long (compra).

Figura 46 - Posições net long e net short dos commercial traders, 1992 a 2001.

As Figuras 45 e 46 mostram, também, uma relação muito importante na interpretação das posições dos traders. Enquanto os non-commercial estavam net long, entre 1992 e 1998, os commercial permaneceram net short. Entre 1998 e meados de 1999, porém, a posição é invertida, mas passando ambos, no final de 1999 e início de 2000, para uma posição net short. Durante o ano de 2001, houve alterações nas posições, mas sem mostrar uma tendência definida. Esse período foi marcado por notícias “muito desencontradas” sobre as tendências e perspectivas da safra de cacau para a temporada 2001-2002.

Enquanto os non-commercial e commercial traders assumiram posições net short, a partir de 1999, os small traders passaram a fortalecer, de forma bastante significativa, as posições net long. Com uma participação modesta dentro do volume total de contratos em abertos (open interest), nos fundos futuros, os small traders chegaram, entre 1999 e 2001, muito perto da marca dos 25 mil contratos net long (Figura 47).

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Figura 47 - Posições net long e net short dos small traders, 1992 e 2001. Para entender esse aspecto, é importante lembrar que, para cada posição long assumida pelos non-commercial traders (Fundos), deve existir, ao mesmo tempo, uma posição short assumida pelos hedgers. Para cada compra realizada num setor, deve existir uma venda em outro setor. Este ponto é crucial no entendimento do poder especulativo que os Fundos de Hedge e os Fundos de Commodities exercem nos mercados futuros de qualquer tipo de commodity.

Usando-se apenas o período de 1992 a 1998 como exemplo, é possível observar a dinâmica que as transações tomaram nos mercados futuros de cacau de Nova York. Observa-se, na Figura 1, que o nível mais alto aconteceu quando os Fundos chegaram a manter, na posição net long, cerca de 30 mil contratos.

Essa análise permite inferir o seguinte: “alguém” deve ter ficado net short, no mesmo período, para “fechar” a negociação nos mercados futuros de cacau. De outra forma, seria impossível a operação. Daí surge a pergunta: quem foi esse “alguém” que teve de assumir a posição net short para manter o mercado em andamento?.

A resposta a essa indagação é simples. Para que os Fundos tenham podido ficar net long ou comprados, os hedgers tiveram que ficar net short ou vendidos, na quantidade de 30 mil contratos. Posto de outra forma, os Fundos estabeleceram suas posições a “custas” dos produtores/exportadores e das indústrias chocolateiras, que tiveram que “cobrir” esse volume de contratos, por meio do aumento das forward sales e pela redução nas forward purchases, na mesma proporção.

A Posição dos Traders

A segunda parte dos resultados concentra-se na análise da “correlação” existente entre a atividade especulativa dos Fundos de Hedge e os Fundos de Commodities e a formação dos preços internacionais de cacau. Para atingir esse fim, foram utilizadas as informações publicadas pela CSCE, referentes à segunda posição cotada dos preços de cacau, nos mercados futuros de Nova

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York, bem como as informações publicadas pela CFTC, relacionadas com as posições long (compra) e short (venda), mantidas pelos Fundos e hedgers, de janeiro de 1997 a dezembro de 2001.

Apresenta-se, na Figura 4, as posições mantidas em aberto (open interest) pelos non-commercial traders (Fundos), o grupo composto pelos commercial traders ou hedgers e o grupo formado pelos small traders. Destaca-se, imediatamente, a significativa presença dos Fundos, na negociação diária de contratos futuros de cacau.

Identificam-se, na Figura 48, cinco fases muito bem definidas quanto à participação dos Fundos de Hedge e de Commodities, bem como do grupo formado pelos hedgers. O primeiro momento abrange grande parte de 1997, terminando em meados de 1998. Nesse período, os non-commercial ou Fundos, alternam posições net long, chegando a manter cerca de 25 mil contratos net long, no segundo semestre de 1997, mas reduzindo gradativamente a sua posição a partir de 1998, para posteriormente assumir uma posição net short.

Figura 48 - Posições net long e net short mantidas pelos Fundos e Hedgers nos mercados futuros de cacau de Nova York, 1997 a 2001.

Os commercial traders ou hedgers, entretanto, assumiram posições net short, chegando a cerca de 33 mil contratos na segunda metade de 1997, mas dirigindo as suas expectativas para assumir posições de compra a partir de junho de 1998. É importante notar aqui como as posições de ambos os grupos guardam alta similaridade quanto à variação do volume dos contratos e aos meses de ocorrência. A posição dos small traders é declinante nesse período, mas mantendo sempre as posições net long (compra).

O segundo momento, definido a partir do segundo semestre de 1998 até o primeiro semestre de 1999, é caracterizado por uma inversão bem marcante nas posições dos Fundos (non-commercial traders) e dos hedgers (commercial traders). Os hedgers passam a assumir uma posição net long, enquanto os Fundos assumem a posição oposta: net short. Outro ponto que chama a atenção, nesse período, é a drástica redução no volume de contratos futuros que foram negociados, chegando a algo em torno de 15 mil contratos para cada grupo. Ao passar de net long para net short, os Fundos fizeram, como é normal, uma venda especulativa de contratos para a realização de lucros. Ao mesmo tempo, os hedgers (indústrias e outros) assumiram posições de compra. Os small traders permaneceram flutuando entre net long e net short, mas sem mostrar alguma tendência predominante.

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A terceira fase é bem singular quanto ao comportamento dos Fundos e hedgers nos mercados futuros de cacau de Nova York. Observa-se na Figura 4, os dois grupos de traders mantendo posições net short (de venda) que foram cobertas pelos small traders ao assumirem posições net long (compra). Numa espetacular troca de posições, os small traders passaram, do final de 1998 para o início de 1999, de praticamente pouca atividade especulativa para algo em torno de 25 mil contratos em abril de 2000. A sua alta participação no mercado durou quase dois anos e meio. Não se podendo prever o que iria acontecer com relação aos níveis de oferta mundial de cacau, os especuladores e hedgers passaram a assumir uma postura “neutra” nos mercados futuros de cacau.

Esse período coincide com os momentos de incerteza experimentados pelo mercado internacional de cacau, em decorrência das exigências do Banco Mundial e do FMI para que os países produtores da África (Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões) adotassem a política de “free trade”. A situação de incerteza experimentada pelos traders veio refletir, de forma direta, no comportamento dos mercados futuros de cacau.

A quarta fase, segundo semestre de 2000 até junho de 2001, foi marcada por um mercado altamente indefinido, tanto por parte do Fundos de Hedge e de Commodities, quanto por parte dos hedgers e dos small traders. O mercado estava superando e assimilando os efeitos gerados pelas exigências do Banco Mundial e FMI.

Uma vez superada a preocupação dos traders, o mercado futuro de cacau passa, no segundo semestre de 2001, a apresentar uma tendência mais definida. Os Fundos de Hedge e de Commodities iniciam novamente a tomada de posições net long, enquanto que os hedgers começam a assumir posições net short. Dada essa situação, o mercado internacional de cacau passa a iniciar uma tendência bullish, ao passar os preços internacionais de US$ 750 a tonelada em abril de 2000 para US$ 1.300 em dezembro de 2001. Continuando essa tendência bullish, os preços estão no momento em torno de US$ 1.500 a tonelada.

A Atividade Especulativa e Preços Internacionais de Cacau

A análise anterior relacionando as posições net long mantidas pelos Fundos, que determinam o nível de atividade especulativa nos mercados futuros, e as posições net short dos hedgers teria pouca relevância econômica caso não fosse correlacionada ao comportamento dos preços internacionais de cacau.

Usando-se as informações publicadas pelo CSCE, durante o mesmo período de tempo utilizado na análise anterior - janeiro de 1997 a dezembro de 2001 - é possível se obter uma visão mais concreta sobre a participação e o nível de influência que os large speculators (Fundos) exercem na definição dos preços de cacau.

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Na Figura 49, apresenta-se a segunda posição cotada nos mercados futuros de Nova York. Acompanhando as cinco fases anteriormente identificadas, observa-se claramente o impacto que as posições net long ou net short, assumidas pelos Fundos de Hedge e pelos Fundos de Commodities, assim como as posições net long ou net short mantidas pelos hedgers, exercem na formação do preços diários de cacau.

Figura 49 - Preços de cacau e posições mantidas pelos Fundos e Hedgersnos mercados futuros de Nova York, 1997 a 2001.

A primeira fase foi caracterizada por um alto volume de contratos na posição net long (compra). Alternando posições especulativas, os Fundos “pressionaram” os preços de cacau para patamares perto dos US$ 1.800 a tonelada. A tendência bullish foi mantida desde janeiro de 1997 até abril de 1998, quando, em função de “supostas previsões de uma maior oferta mundial de cacau e da incerteza em relação à implantação das políticas de free trade nos países produtores da África”, houve uma drástica reversão nas posições do Fundos de net long para net short.

Por trás dessa mudança, existe algo de caráter mais “estratégico” do que a conhecida e muito usada “culpa” de imprevisibilidade do mercado. Os non-commercial ou Fundos operam de maneira muito simples: atingidos os níveis dos preços esperados para a realização de lucros, todas as atenções são dirigidas, imediatamente, para a liquidação de contratos. Foi exatamente isso que aconteceu entre maio de 1998 até julho de 1999, quando, ao assumirem os Fundos posições net short (venda), contribuíram para manter a tendência de queda prolongada nas cotações de cacau.

Mesmo tendo assumido, os commercial traders ou hedgers, posições net long, entre 1999 e 2000, em resposta à liquidação de contratos dos Fundos, pouca “força” tiveram para reverter a queda nos preços internacionais de cacau. O mercado passou, então, de uma tendência bullish (alta nos preços) para a chamada tendência bearish associada a uma queda prolongada de preços. Observa-se, na Figura 5, os preços passando de US$ 1.800 a tonelada para cerca de US$ 700 a tonelada no primeiro semestre de 2000.

O período relacionado com as incertezas estruturais do mercado de cacau (quarta e quinta fases) criaram, ao longo de 2000, um clima de indefinição que foram traduzidas numa pequena recuperação nos preços de cacau, mas sem chegar a criar uma tendência definida. Só a partir do final de 2001, o mercado começa a reagir em função da retomada das posições net long (compras

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NON-COMER - LONGCOMER - SHORT(posições neutras)

especulativas) por parte dos Fundos. Situação gerada, novamente, pela “incerteza” acerca dos embarques da safra 2001-2002 do maior produtor mundial de cacau: a Costa do Marfim.

Esses resultados contrariam, geralmente, a lógica da teoria econômica que se fundamenta na demanda e oferta do produto como fator determinante do preço final. É comum encontrar nas publicações especializadas sobre a economia do cacau comentários justificando essas variações nos preços internacionais como resultado das incertezas sobre a oferta mundial de cacau.

Não existe, entretanto, uma commodity no mercado internacional que apresente uma regularidade tão especial em sua quantidade disponível todo ano como o cacau. Esse fato constitui-se num fator altamente explorado pelos especuladores para diversificar suas aplicações nos mercados futuros de cacau. Saber que todo ano haverá um determinado volume disponível no mercado torna-se um fator de garantia para que os Fundos possam programar seus investimentos antecipadamente.

Os resultados da análise do comportamento dos preços internacionais de cacau, nos mercados futuros de Nova York, demonstram que grande parte das oscilações ocorridas nos preços, de 1992 a 2001, é decorrente da significativa presença dos Fundos de Hedge e dos Fundos de Commodities nos mercados futuros.

A diversificação atual no portfólio dos Fundos e o acesso a um grande número de mercados, em função das inovações tecnológicas no campo das comunicações e do novo paradigma da globalização da economia mundial, dão margem à ampliação das aplicações financeiras, em termos espaciais e temporais.

Dessa forma, os Fundos deixam de ser “parceiros” permanentes, passando apenas a “usar” o mercado futuro de cacau no momento em que os indicadores econômicos e tendências dos preços sinalizem uma alternativa de aplicação mais rentável.

No entanto, os especuladores são considerados como agentes importantes no risk management e no processo de price Discovery; assim como na geração de liquidez para a existência dos mercados futuros, pouco se discute sobre o impacto que a atividade especulativa tem na determinação do preço final.

Estando expostas as economias dos países produtores de cacau às violentas variações nos preços internacionais, motivadas pela atividade especulativa dos Fundos, programas compensatórios, dirigidos a estimular as exportações de outros produtos de importância econômica deveriam ser incentivados, visando melhorar a geração de renda e emprego.

A CADEIA GLOBAL DA INDÚSTRIA DE CHOCOLATE:AS TRANSNACIONAIS E NOVAS FORMAS DE GOVERNANÇA

Mário M. Amin

A produção, industrialização, distribuição e comercialização das comodities têm-se tornado, durante as duas últimas décadas, geograficamente mais integrada. Dicken (1998, p. 1) explica que isso foi possível em virtude do resultado de um “aumento na internacionalização e, discutivelmente, do aumento na globalização das atividades econômicas”. A importância dessa argumentação decorre da distinção feita pelo autor entre esses dois importantes conceitos.

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Dicken talvez seja o único autor que explica, da melhor forma, a origem da tão discutida globalização. Para ele, “a globalização é um complexo conjunto de processos inter-relacionados, ao invés do que algo final”. Ao tomar esse enfoque orientado nos processos, Dicken (1998, p. 5) faz uma importante distinção entre o processo de internacionalização e o processo de globalização. Para o autor:

• o processo de internacionalização envolve a simples extensão das atividades econômicas através das fronteiras nacionais. É, essencialmente, um processo quantitativo que leva a um padrão geográfico de atividade econômica mais extensiva;

• os processos de globalização são qualitativamente diferentes dos processos de internacionalização. Eles envolvem não somente a extensão geográfica da atividade econômica através das fronteiras nacionais, mas também, mais importante, a integração funcional dessas atividades internacionalmente dispersas.

Dentro desse novo conceito de globalização, as Transnacionais (TNCs) assumem um papel de grande relevância econômica. Para Dicken (1998, p. 177), as TNCs são “the primary ´movers and shapers´ of the global economy”.

Um mercado que tem sido, historicamente, “movido e desenhado” pela atuação das TNCs é o de chocolate. Para a indústria de chocolate, o fator de maior importância estratégica é o consumidor. Por ser o consumidor o fator condicionante da estrutura da governança do mercado, as TNCs foram forçadas a adotar uma forma de integração e desempenho diferenciado dentro da global commodity chain (GCC) ou cadeia global produtiva.

Nesse contexto, a cadeia global de chocolate tem sofrido mudanças radicais quanto à sua estrutura internacional e formas da governança. A nova configuração da indústria de chocolate tem sido o resultado de alianças, fusões e aquisições. Empresas como a Gill&Dufus, Berisford and Sucden, que durante muitos anos dominaram o comércio de cacau, foram substituídas, no cenário internacional, pela Barry-Callebaut, Cargill, Archer Daniels Midland (ADM), dentre outras. Comparadas com as empresas antigas, essas empresas são mais poderosas, mais diversificadas em suas operações e, principalmente, mais verticalizadas.

A dinâmica organizacional adotada pelas TNCs da indústria de chocolate contribuiu para descentralizar, significativamente, as operações administrativas e para redefinir o mapa de localização dos processos de produção, industrialização e logística de comercialização. O aparecimento de novas formas de governança destaca a participação das empresas líderes do setor e a maneira como as estratégias direcionadas à conquista de novos mercados são definidas. Algumas atividades econômicas, como a moagem das amêndoas de cacau, que durante muito tempo foram uma função exclusiva dos países desenvolvidos, passaram a ser realizadas, recentemente, por empresas subsidiarias das TNCs ou por joint-ventures nos principais países produtores de cacau, como Costa do Marfim, Gana, Indonésia e Brasil.

Nesse tipo de estrutura de mercado, geograficamente mais disperso, as vantagens competitivas estão fundamentadas no conhecimento dos negócios, no rápido acesso a insumos e informação, na implantação de novas tecnologias e, principalmente, na criação de novas e mais fortes relações inter e intra-setoriais. A adequação de um setor às novas regras de competitividade depende da redução de custos e da diferenciação do produto, que, no final, determina o ambiente competitivo das empresas (Porter, 1994).

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O objetivo do trabalho é avaliar as alterações ocorridas, durante as duas últimas décadas, na estrutura da governança da indústria de chocolate decorrente da globalização das diversas atividades econômicas das TNCs.

O trabalho está organizado em duas partes. Na primeira parte, abordam-se os conceitos teóricos de GCC, de estrutura organizacional das TNCs e de formação de networks ou redes que servem como fundamentação analítica para atender aos objetivos do trabalho. Na segunda parte, apresentam-se os resultados em que se discute a maneira, como as TNCs determinam a forma da estrutura da governança da cadeia internacional de chocolate.

Conceitualização Teórica

A descentralização das operações de acesso aos insumos, industrialização e comercialização dos produtos finais passou a determinar os padrões de competição na indústria chocolateira.

As estratégias das firmas da indústria de chocolate passaram a ser condicionadas, dentro do novo contexto da economia mundial, no sucesso de inserção competitiva na cadeia global.

A especialização das funções passou a ser realizada num processo de maior eficiência, no qual as diversas atividades da cadeia global de chocolate passaram a determinar o poder oligopolístico de concentração da produção, industrialização e controle do mercado consumidor.

A bem definida segmentação da cadeia global de chocolate em suas etapas de produção, trading, processamento, industrialização e comercialização do produto final permite que novos conceitos teóricos sejam usados para analisar a reestruturação e forma da governança resultante da complexa interação entre os diferentes atores que atuam ao longo do mercado internacional de chocolate.

Nesse contexto, o conceito de Global Commodity Chain é um importante marco de referência para compreender a configuração específica da cadeia global de chocolate, a sua distribuição espacial, assim como suas relações de agregação de valor dentro do complexo mercado internacional de redes.

- “Global Commodity Chain”

A teoria de Global Commodity Chain (GCC), elaborada e difundida amplamente por Gereffi (1994, 1994a, 1994b) para analisar a cadeia global de vestuário, tem sido, em função de sua aplicabilidade e utilidade analítica, muito utilizada para estudar, também, outros setores de reconhecida importância internacional, como o de calçados, automóveis, aviões, microeletrônica e computadores. O conceito de GCC contribuiu para facilitar a identificação das relações existentes entre os participantes, a estrutura, o nível de integração e a governança das cadeias produtivas.

A abordagem teórica de Gereffi (1994a) concebe a cadeia global produtiva como uma network of productive processes em que cada um dos segmentos está intimamente ligado e integrado em suas operações e funções empresariais e não apenas restrito a uma determinada firma, produto ou região como anteriormente assumido, pelo enfoque clássico, na análise das cadeias produtivas.

A incorporação do conceito de network ou rede, na análise das transações internacionais, contribuiu para destacar a importância dos elos diretos e indiretos entre as atividades econômicas espalhadas nas mais diversas regiões do mundo (Dicken, 1998). As redes passaram a ser parte integrante da economia global em que um grande número de atores, movidos pelo mesmo desejo de maximização dos lucros, lutam por consolidar seu espaço ou território de atuação, definindo, assim, o poder de controle e hierarquia dentro da estrutura da governança da cadeia global produtiva.

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Partindo desse pressuposto, Gereffi et al. (1994b, p.2) definiram a Global Commodity Chain da seguinte forma:

A GCC consists of sets of interorganizational networks clustered around one commodity or product, linking households, entreprises, and states to one another within the world economy. These networks are situationally specfic, socially constructed, and locally integrated …Specific processes or segments within a commodity chain can be represented as boxes or nodes, linked together in networks...The analysis of a commodity chain show how production, distribution and consumption are shaped by the social relations (including organizations) that characterize the sequential stages of input acquisition, manufacturing, distribution, marketing and consumption..

A nova configuração da economia mundial, como apresentada por Gereffi, estruturada sob a noção de networks, elimina, de certa forma, o enfoque individualista da análise econômica do mercado, fundamentada historicamente no individuo, na família, na empresa, na indústria, na região e na nação. Passa agora, portanto, a ser incorporada na análise econômica do mercado, o “princípio de interligação ou conexão” das atividades econômicas, ao mesmo tempo em que se geram novos instrumentos teóricos para explicar a estrutura global do capitalismo. O modelo de GCC, segundo Gereffi (1994a), apresenta quatro importantes dimensões analíticas:

1) a estrutura de insumo-produto: um número de produtos e serviços conectados numa seqüência de atividades de agregação de valor; 2) a territorialidade: mapeia a dispersão ou concentração espacial da produção e redes de comercialização que compreende empresas de diferentes tamanhos e tipos;3) a estrutura da governança interna: o poder e as relações de autoridade que determinam como os recursos financeiros, materiais e humanos serão alocados na cadeia;4) o ambiente institucional: que pode ser local, nacional, regional ou global.

Das quatro dimensões indicadas por Gereffi, a relacionada com a estrutura da governança interna, tem recebido o maior grau de atenção por parte dos pesquisadores internacionais. Sua aplicabilidade e utilidade empírica está relacionada com a própria argumentação de Gereffi, mostrando como a estrutura da governança da cadeia global evoluiu em decorrência da forma como os grandes grupos TNCs coordenam e participam nos sistemas produtivos internacionais (Gereffi 1994a, p. 97).

O sucesso do pressuposto teórico de Gereffi, que explica a estrutura da governança da cadeia global produtiva, fundamenta-se na identificação empírica da forma como as TNCs atuam dentro do comércio internacional. Gereffi identificou duas formas dominantes de estruturas de governança: a producer-driven commodity chain e a buyer-driven commodity chain.

A producer-driven commodity chain é aquela em que grandes corporações transnacionais controlam sistemas de produção altamente integrados, especialmente em indústrias intensivas em capital e tecnologia. Neste grupo, estão as indústrias de computadores, de aviões e automóveis.

A buyer-driven commodity chain, por outro lado, é aquela em que o poder de organização das cadeias depende essencialmente de grandes grupos varejistas, grandes marcas internacionais e empresas especializadas em trading. Neste caso, as empresas não controlam nenhuma parte do processo produtivo. A sua função é apenas a de coordenar um amplo sistema de redes de empresas independentes localizadas em diferentes regiões do mundo. Exemplos deste grupo são as empresas de vestuários, calçados, brinquedos e componentes eletrônicos, dentre outras.

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Na Figura 50, mostram-se os elos primários e secundários que determinam a dinâmica das cadeias produtivas globais num sistema de networks ou redes, em que a estrutura organizacional das empresas define a extensão territorial na produção de bens e serviços. A forma de governança, como definida por Gereffi, permite separar as transformações ocorridas na economia mundial, em função da organização institucional das diferentes cadeias produtivas globais.

A importância analítica da separação do tipo de estrutura da governança vigente na economia mundial, em duas cadeias globais bem diferentes quanto à sua formação, coordenação e finalidade econômica, serviu para esclarecer e dar mais relevância à enorme diferença entre o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos países da América Latina e aquele que foi adotado pelos chamados Tigres Asiáticos.

Enquanto os países Latinos concentraram-se em fortalecer o modelo de producer-driven commodity chain, por meio da implantação de um parque industrial liderado por grandes grupos de TNCs, os Tigres Asiáticos orientaram as suas políticas de industrialização para a buyer-driven commodity chain, voltada toda para a produção de produtos de exportação.

O conceito de GCC, como elaborado por Gereffi (1994a), permite, portanto, entender a estrutura da governança da economia global de chocolate em suas relações mais complexas dentro dos processos de trading, processamento e industrialização, cujo resultado final é uma commodity: o chocolate.

Empresas Nacionais, Filiais Estrangeiras e

Subcontracting MERCADOS MERCADOS EXTERNOS DOMÉSTICOS

PRODUCER-DRIVEN BUYER-DRIVEN COMMODITY CHAIN COMMODITY CHAIN

Elos primários Elos secundários

Fonte: Gereffi, 1994a. Figura 50 - Estrutura da governança, como definida na Global Commodity Chain.

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TradersFabricantesEmpresas com Marcas

Traders Fábricas

Varejistas

CompradoresEstrangeiros

Varejistas

As Transnacionais no Contexto da Global Commodity Chain

Os pressupostos teóricos propostos por Gereffi para estudar as mudanças ocorridas nas estruturas de governança, dos mais diversos setores da economia mundial, têm como referência principal a análise, a atuação e participação das TNCs.

Os poderes econômico e político das TNCs no desenho e a formação da economia global transcendem qualquer modelo econômico que possa ser imaginado. A concentração de poder e controle global exercido pelas TNCs tem servido para dominar um grande número de cadeias produtivas de alimentos.

A indústria internacional de chocolate é um exemplo desse processo de controle e concentração do mercado num pequeno grupo de TNCs. Os elementos teóricos apresentados por Gereffi, em relação à análise da GCC, facilita o entendimento do comportamento que caracteriza as atividades econômicas da indústria internacional de chocolate.

Como mencionado anteriormente, a indústria internacional de chocolate segue uma forma organizacional e institucional que estabelece relações de mercado como identificadas na producer-driven commodity chain. A estrutura da governança passa, portanto, a ser definida pelo tipo de estratégias empregadas pelas firmas líderes para penetrar e dominar o mercado internacional.

O marco teórico fornecido por Gereffi serve muito bem aos propósitos iniciais do trabalho. Contudo, a complicada estrutura da governança presente na indústria internacional de chocolate, para ser melhor explicada e entendida em sua forma integral, requer que outras alternativas analíticas sejam incorporadas, permitindo, assim, se ter uma visão mais completa da forma e extensão da governança existente.

Dicken (1998, p. 215), estudando a intrincada organização geográfica das unidades produtivas das TNCs, identificou quatro padrões que, em função das necessidades de localização e aplicação em C&T, define a forma de atuação, concentração e poder econômico da maior parte das TNCs.

Dicken indica que, em termos gerais, as TNCs estão organizadas da seguinte maneira:

produção globalmente concentrada (globally concentrated production): toda a produção ocorre numa determinada localização. Os produtos são exportados para os mercados internacionais.

produção para mercado local (host-market production): cada unidade de produção produz um determinado número de produtos e atende ao mercado nacional, no qual está localizado. Vendas não são realizadas para outros países. O tamanho da planta é definido pelo tamanho do mercado local.

produção especializada para o mercado regional ou global (product especialization for a global or regional market): cada unidade produtiva produz somente um produto para venda nos diferentes países do mercado regional.

integração vertical das transnacionais (transnational vertical integration): segundo a estratégia e organização produtiva, as TNCs são classificadas em dois grupos: 1) cada unidade de produção realiza uma função em uma seqüência separada de processos produtivos. As unidades estão integradas por meio das fronteiras numa “forma de cadeia”: o produto de uma planta é o insumo de uma outra planta; 2) cada unidade produtiva executa operações diferentes num processo produtivo e envia seu produto para a planta matriz, em outro país.

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A organização das unidades produtiva das TNCs, como discutidas por Dicken (1998), pode ser mais bem visualizada na Figura 51. A localização geográfica das TNCs é ditada e, de certa forma, determinada pela estrutura da governança do mercado em que atua. O tipo de commodity define o padrão organizacional, assim como os ajustes internos e externos que devem ser realizados para manter a posição competitiva no setor.

PRODUÇAO GLOBALMENTE PRODUÇÃO PARA O CONCENTRADA MERCADO LOCAL

PRODUÇÃO ESPECIALIZADA PARA UM MERCADO REGIONAL OU GLOBAL

INTEGRAÇÃO VERTICAL DAS TRANSNACIONAIS

Fonte: DICKEN, (1998).

Figura 51. Organização geográfica das unidades de produção das Transnacionais.

Duas commodities ilustram a organização geográfica das TNCs, como apresentada por Dicken: banana e abacaxi. O comércio internacional desses produtos é controlado por um pequeno grupo de TNCs com operações produtivas dispersas geograficamente na África, Ásia e América Latina. A Dole, Del Monte e Chiquita Brand controlam cerca de 80% do mercado internacional desses produtos que abrange uma completa verticalização, iniciando-se com a produção em suas próprias plantations, o processamento das frutas e o transporte em navios refrigerados para os principais centros de consumo dos Estados Unidos e Europa.

Os padrões de organização corporativa, identificados por Dicken, fornecem a base teórica para determinar a influência do controle exercido, pelas TNCs, ao longo da cadeia global produtiva.

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Esse enfoque teórico permite examinar o processo evolutivo das estratégias globais adotadas pela indústria internacional de chocolate, em sua adequação às novas regras de competitividade da economia internacional.

Networks: Uma Nova Dimensão da Cadeia Produtiva

Hopkins & Wallerstien (1994, p. 17) definem a commodity chain como …a network of labor and production processes whose end result is a finished commodity… Gereffi et al. (1994b, p. 2) complementam a definição de Hopkins & Wallerstien ao propor que toda commodity chain está composta por nodes ou segmentos, conectados num sistema de networks ou redes.

Cada segmento, na cadeia produtiva, envolve a organização no uso de insumos, mão-de-obra, transporte, industrialização, distribuição e consumo. Cada segmento forma, portanto, uma cadeia que está conectada a outros segmentos envolvidos em atividades semelhantes seja em nível local, regional ou internacional.

Decorrente desse processo, Dicken (1998, p. 201) explica que, ao tratar as TNCs de coordenar, configurar e consolidar a sua posição nas cadeias globais produtivas, uma complicada e complexa “rede de inter-relações” entre e dentro das TNCs é estabelecida.

Dicken (1998, p. 201) identifica três formas de inter-relações. Na primeira, as TNCs formam parte de uma rede de relações internalizadas, em que a estrutura das redes, seja organizacional ou geográfica, muda à medida que as estratégias básicas são alteradas. Na segunda forma, as TNCs exercem suas atividades econômicas dentro de um sistema de redes caracterizado por relações externalizadas, em que as funções de outsourcing e subcontracting passam a ser parte das estratégias de produção, industrialização e comercialização do setor. Finalmente, a participação das redes, seja nos grupos caracterizados por relações internalizadas ou relações externalizadas, servem para mapear o espaço geográfico de atuação e definição do poder das TNCs.

As atividades econômicas das TNCs passaram, portanto, a ser organizadas e reorganizadas por meio de relações dinâmicas entre as redes, de tal forma que a cadeia global produtiva passou a ser o resultado de uma articulada série de estruturas e configurações geográficas, determinando assim, a forma final da estrutura da governança.

Os aportes teóricos, de Gereffi e Dicken, fornecem os elementos necessários para avaliar as alterações ocorridas, durante as duas ultimas décadas, na estrutura da governança da indústria internacional de chocolate, tendo em vista a “internacionalização dos fluxos de produção” e a nova integração espacial entre os diversos componentes da cadeia global produtiva de chocolate

Seguindo essa linha de análise, é possível, portanto, avaliar a cadeia global da indústria de chocolate em suas diferentes etapas e identificar, assim, quais os fatores que mais influenciam na formação hierárquica da estrutura da governança na disputa pelo poder do controle do mercado, coordenação das atividades econômicas e padrões de concorrência.

O modelo de GCC, como elaborado por Gereffi (1994a), permite analisar as mudanças acontecidas na estrutura interna da governança da indústria internacional de chocolate, durante as duas últimas décadas, ao distinguir dois tipos básicos de estruturas de governança nas cadeias produtivas: a producer-driven commodity chain e a buyer-driven commodity chain. No caso da indústria de chocolate, o primeiro tipo de cadeia fornece os elementos analíticos para avaliar a estrutura da governança do setor.

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A estrutura da governança da indústria internacional de chocolate tem sido o alvo de profundas transformações decorrentes dos ambientes organizacional e institucional que têm caracterizado a economia mundial nos últimos anos. Grandes grupos, geralmente TNCs, passaram a exercer um papel central na coordenação e realização das transações ao longo dos segmentos de trading, processamento, industrialização e distribuição do chocolate e derivados. O instrumental analítico proposto por Gereffi (1994a) para avaliar a estrutura da governança de uma cadeia global produtiva facilita o entendimento das relações e inter-relações de poder e concentração das TNCs, nos diversos setores do comércio internacional de chocolate. Organização e Estrutura da Cadeia

A cadeia global de chocolate está composta por empresas bem diferenciadas em função do tamanho, da organização institucional e da atividade econômica que desempenham no setor.Caracterizada a cadeia global produtiva, entre o produtor de cacau e o consumidor do chocolate, por um grupo de oligopólios exercendo atividades especificas, identificam-se três segmentos bem separados geográfica e hierarquicamente: o grupo formado pelos traders, o grupo responsável pelo processamento das amêndoas (algumas empresas fabricam chocolate) e as poderosas empresas produtoras e distribuidoras do produto final, o chocolate.Em cada um desses setores, as empresas respondem pelas seguintes funções:

trading: empresas especializadas na importação e no transporte das amêndoas de cacau para os diversos centros de processamento e industrialização;

processamento: empresas cuja função é a moagem das amêndoas de cacau para a produção de licor, manteiga, torta de cacau e pó. Neste segmento, algumas empresas executam as funções de processamento e industrialização;

industrialização: o segmento mais importante da cadeia global produtiva em que as empresas passam a industrializar o chocolate, nos mais diversos produtos para consumo final.

A separação estrutural das atividades das empresas é um importante atributo na avaliação da estrutura da governança, uma vez que permite identificar o poder e concentração que determinadas empresas vêm, historicamente, exercendo na cadeia global da indústria de chocolate.A participação das TNCs não se restringe a um só setor. Observa-se, na Quadro 78, que algumas empresas executam operações estratégicas em diversos segmentos, configurando o que Gereffi chama de Global Commodity Chain ou um processo de atividades econômicas num sistema de networks ou redes.

Quadro 78 - TNCs participantes nos diversos segmentos da cadeia global de chocolate.

TNCs Trading Processamento Industrialização OrigemADM (Grace Cocoa) x x x E.U.Cargill x x E.U.E.D.&F.Man x x U.K.Phibro x U.K.Nobel Group x H.K.Barry Callebaut x x x FrançaNestlé x x Suíça Mars x x E.U.Hershey x x E.U.Cadbury-Schweppes x x U.K.Krafts Foods Jacobs x x E.U.Ferrero x x Itália

Fonte: ICCO, 2002.

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Os avanços tecnológicos associados a uma nova logística de transporte, sistemas especializados de produção, distribuição e marketing são fatores que tendem a incentivar maior concentração das atividades na indústria de chocolate. Observa-se, no Quadro 78, que, numa indústria que movimenta cerca de US$ 60 bilhões por ano, poucas são as empresas que participam do trading, processamento e industrialização do cacau.

A seguir, analisa-se cada um dos principais setores da indústria internacional de chocolate visando avaliar as transformações ocorridas na estrutura da governança, durante as últimas duas décadas.

Trading

O cacau, como a maior parte das commodities, tem sua produção concentrada nos países da periferia. Os países africanos da Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões concentram cerca de 70% da produção mundial. Indonésia, Malásia, Brasil e Equador respondem por 25%, ficando o resto da produção com alguns países do Caribe e América Central (ICCO, 2002). Viet Nan deve ser considerado um importante produtor e exportador nos próximos anos. Hoje é o segundo maior exportador de café, com cerca de 12 milhões de sacas. Volume esse alcançado em apenas 15 anos.

Sendo o transporte de cacau uma operação muito especializada em função do tratamento e cuidados que devem ser dados às amêndoas de cacau em sua etapa inicial de industrialização, explica-se, de certa forma, a tendência de que somente firmas proprietárias de uma logística de transporte muito avançado em termos operacionais e tecnológicos controlem um grande percentual do setor.

Os importadores ou traders exercem um papel de intermediação ao longo da cadeia global da indústria de chocolate. Com uma função bem específica de fornecimento de cacau para empresas processadoras e fabricantes de chocolate, 80% do trading, no mercado de cacau, é realizado por seis firmas: as americanas Archer Daniels Midland Company (ADM) e Cargill, a inglesa Phibro, a francesa Barry Callebaut (recente fusão da Barry e Callebaut), a Nobel Group, de Hong Kong e a Trading Organization, da Holanda. A inglesa ED&F Man, historicamente, um dos principais traders de cacau, foi incorporada pelo grupo ADM, em 1997.

ProcessamentoNesta etapa, o processamento incorpora as atividades de transformar a amêndoa de cacau em nibs, licor, manteiga, torta e pó, que, posteriormente, serão usados como insumos, nas diversas formas, para a produção de chocolate e derivados. Em cada uma dessas atividades, a amêndoa passa por uma série de tratamentos muito específicos. Como resultado disso, cada operação exige uma tecnologia especial, o que torna os custos operacionais um fator importante na decisão das empresas em competir nesse setor.

O alto nível tecnológico envolvido nessas atividades e os custos operacionais necessários para manter um padrão competitivo no mercado internacional têm reduzido a oportunidade de que os principais países produtores de cacau passem a implementar política dirigida a dar maior agregação de valor à sua produção.

Buscando aumentar as margens de lucro, e forçados pela necessidade de manter a posição competitiva no mercado internacional, algumas TNCs como a ADM e a Cargill passaram, recentemente, a implantar fábricas de beneficiamento de cacau nos dois maiores países produtores: Costa do Marfim e Gana.

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A concentração deste segmento tem sido a regra geral. Até início dos anos 90, três empresas dominavam 75% do mercado internacional de cacau: a Gill&Duffus, a Berisford e a Sucden. O restante do mercado era controlado pela Cargill, a Volkart, a Sucre et Denrees, a Cocoa Barry e a Philipp Brothers, muito conhecida nos meios internacionais de operações financeiras por suas famosas e desastradas intervenções no mercado de futuros (UNCTAD, 2001). A partir de 1990, começaram a surgir novas empresas mais especializadas na atividade de processamento do cacau. O segundo grande oligopólio da cadeia global produtiva é formado por três firmas dos Estados Unidos: a Cargill, ADM e Kraft Foods International. A Kraft Foods International foi comprada, recentemente, pela transnacional de cigarros Philip Morris para formar um dos maiores grupos de negócios no setor de alimentos. As outras duas firmas são a Cadbury-Schweppes (Inglaterra) e a Barry-Callebaut (Suíça). Este grupo, que controla 70% do processamento de cacau tem como principal atividade fornecer a matéria-prima às gigantes do setor industrial de chocolates. Três grandes empresas merecem destaque no setor de processamento: a ADM, a Cargill e Barry-Callebaut.A ADM, que se considera o “supermarket of the world”, é uma das maiores processadoras do mundo de óleos, milho, trigo e soja. Ao adquirir, recentemente, a Grace Cocoa, reconhecida como maior processadora de amêndoas de cacau do mundo (10% do total processado), a ADM passou, de sua antiga função de simples trader, para uma completa verticalização de suas operações. Suas atividades, no setor de commodities, estão espalhadas pelos quatro pontos do planeta (ADM, 2002).A Cargill, por meio de várias aquisições bem-sucedidas conseguiu manter-se atuante no mercado internacional. Hoje é a maior TNCs de capital privado dos Estados Unidos. Atuando no mercado internacional de cereais e industrialização de commodities, a Cargill opera em mais de 50 países por meio de suas 800 subsidiárias (Cargill, 2002).

A Barry-Callebaut, resultado da fusão da Cocoa Barry com a Balleaut, é responsável pelo processamento de 14% da produção mundial de amêndoas. A empresa especializou-se na produção de chocolate e compound coating, chegando a abastecer 34% do mercado mundial (Barry-Callebaut, 2002).

O significado econômico da concentração internacional das moagens das amêndoas de cacau, num pequeno grupo de TNCs, pode ser dimensionado através das estatísticas apresentadas, pela ICCO, para o período de 1994/95 (Quadro 79).

Quadro 79 - Ranking das TNCs por volume de moagens, 1994/95.

Até 400 milton. de cacau

Até 250 milton. de cacau

Até 150 milton. de cacau

Até 100 milton. de cacau

Até 50 milton. de cacau

DM Cocoa(Incluindo

ED&F Man)

Barry-Callebaut Cargill Nestlé

Hamester Blommer Hershey Cadbury

Philips Morris

UnicaoFerreroChadler

Schokinag Mars

Stollwerck Cantalou

Portem-Ghana

Fonte: ICCO, 2002.Obs.: A ED&F Man foi comprada pela ADM, em 1997.

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O relatório indica que, de 2.500.000 toneladas de cacau processadas pela indústria, em 1994/95, 17 empresas foram responsáveis pelo uso de 1.795.000 toneladas, representando esse volume cerca de 70% do total. As “quatro grandes” dominam o mercado de processamento ao serem responsáveis por cerca de 1,1 milhão de toneladas/ano.

Industrialização

Nesta etapa, é que as amêndoas de cacau, depois de terem passado pelo setor de processamento, são transformadas nas delícias de milhões de consumidores.

O licor, a manteiga, o açúcar e o leite são misturados em determinadas proporções para produzir os mais refinados e especiais tipos de chocolate, assim como diversos tipos de cobertura que, posteriormente, serão utilizados pelas mesmas empresas ou por outras, na produção de doces e bombons.

Numa economia bilionária, as estimativas das vendas no varejo indicam que os consumidores americanos gastaram, em 1999, um total de US$ 12,5 bilhões em produtos de chocolate. Na Inglaterra, as vendas de produtos derivados de chocolate chegaram a representar, em 2000, 3,5 milhões de libras (U.S.D.C.2000). Estudo da FAO (2000) projeta o consumo mundial de cacau, para 2005, em cerca de 3 milhões de toneladas. Isso significa um crescimento de 1,6% ao ano. O estudo indica que o consumo continuará concentrado nos países desenvolvidos, que deverão responder por 72% do total da demanda em 2005. A demanda, nesses países, deverá aumentar a uma taxa anual de 1,0%, que, em termos de quantidade de amêndoas de cacau, significa passar de 1,9 milhão de toneladas, em 1993/95, para 2,1 milhões de toneladas, em 2005.

A expectativa de um mercado altamente favorável para os próximos cinco anos nos países ricos tem servido para motivar, na indústria de chocolate, uma onda de fusões e aquisições. Um dos principais alvos da indústria é o mercado asiático, onde a China projeta-se como um consumidor de grande potencial.

Para alcançar esses mercados potencialmente lucrativos, a indústria conta com as maiores transnacionais do comércio internacional. O mais poderoso segmento da cadeia global da indústria de chocolate está composto por seis empresas que controlam 80% da fabricação e vendas de chocolates no mundo. Fazem parte desse seleto oligopólio três empresas americanas: Hershey, Mars e a Kraft Foods International; uma empresa inglesa, a Cadbury-Schweppes; uma empresa italiana, a Ferrero e a mais famosa transnacional do mundo, a suíça Nestlé.

A transnacional Nestlé é a maior companhia do mundo no setor de alimentos. Líder mundial na produção de café (Nescafé) e de água mineral com as marcas Perrier e Vittel, a empresa é uma importante fornecedora de produtos de chocolate por meio de suas 800 fábricas localizadas em 80 países (Nestlé, 2002).

Mars é conhecida mundialmente por suas marcas M&M’s, Snickers, Milk Way, Three Musketeers. A Mars tem fábricas de confecção de chocolates em mais de 60 países, sendo seus produtos consumidos em mais de 100 países (Mars, 2002).

A Hershey supera a Mars na produção de candies no mercado dos Estados Unidos. Dona das famosas marcas de chocolates Hershey’s Kisses, Reese’s Peanut Butter Cups, Twizzlers Licorice e

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Jolly Rancher, a Hershey exporta seus produtos derivados do cacau para mais de 90 países (Hershey, 2002).

Uma das mais famosas e tradicionais empresas na indústria de chocolate é a Cadbury-Swcheppes. Considerada uma das maiores fabricantes e distribuidoras de chocolates do mundo, a empresa é a terceira maior produtora de soft-drinks, atrás apenas da Coca-Cola e Pepsicola. Seus principais produtos são 7 UP, Dr. Pepper, Hawaiian Punch e Cadbury Créme Eggs (Cadbury-Swcheppes, 2002).

A Ferrero, de origem Italiana, conseguiu por mrio de uma forte campanha de marketing de seus produtos, nos principais centros de consumo, uma posição privilegiada dentro da cadeia global. Suas marcas, Kinder Surprise Eggs, Nutella, Mon Cheri, dentre outras, assumiram uma posição de destaque nos gostos e preferências dos consumidores dos Estados Unidos e da Europa. A Ferrero opera através de 16 plantas distribuídas por todas as regiões do mundo (Ferrero, 2002).

O poder econômico das TNCs

A globalização dos processos produtivos tem sido, durante os últimos 20 anos, uma das principais forças de crescimento da economia mundial. Por trás desse crescimento está a organização institucional e operacional das TNCs, que, amplamente integradas num sistema de redes, desenvolveram uma estrutura da governança que passou a configurar o controle e poder econômico da cadeia global de chocolate.

A facilidade atual de acesso aos Financial Reports das empresas permite emitir conclusões relacionadas sobre a atual situação financeira e a posição de liderança, de cada transnacional, no mercado mundial de cacau.

Para fins deste estudo, a análise se concentrará nos dois últimos grupos, haja vista a importância que representam dentro da cadeia global produtiva, assim como pela influência que exercem na formação dos preços internacionais de cacau. Também, algumas das empresas realizam atividades múltiplas, em ambos os segmentos de processamento e fabricação de chocolates.

Apresenta-se no Quadro 80, a situação das empresas no ano fiscal de 2000, como aparecem nos relatórios da revista Forbes. Embora todas as empresas atuem em algum segmento da cadeia, é importante ressaltar a participação da Cadbury-Schweppes, Hershey, Ferrero e Mars na confecção e venda de chocolates.

Quadro 80 - Posição das principais TNCs da indústria de chocolate, 2000.

Indústriasprocessadoras

ReceitaUS$mil.

Valor no Númerosempregados

Ranking RankingForbes 500

RankingmercadoUS$mil.

Forbes 500 Private

Forbes Inal. 800

ADM 14.283 5.509 22.753 No. 120 Barry-Callebaut nd Nd Nd Cargill 48.000 Nd 85.000 No. 1Indústrias deChocolate Cadbury-Schweppes 6.832 13.470 37.400 No. 371 Ferrero 4.148 Nd 14.000 Hershey 3.970 5.668 15.300 No. 403 Kraf Foods* 8.071 Nd 33.000 Mars 15.300 Nd 30.000 No. 4 Nestlé 47.158 73.592 230.900 No. 32Fonte: Forbes 500, 2001. Obs.: *Subsidiária da Philips Morris.

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Algumas empresas, como a Nestlé e Kraft, têm desenvolvido certo grau de especialização na fabricação de produtos de alto valor agregado. Outras, como a Cargill e Cadbury-Schweppes, têm se concentrado no setor de processamento, enquanto que outras, como, a ADM e Barry-Callebaut, têm adotado ambas estratégias. Cada uma das TNCs, em seu setor de especialização, exerce uma forte influência dentro da estrutura da governança da cadeia global da indústria de chocolate.

Localizadas na maioria dos países produtores de cacau, a poderosa estrutura oligopolística dessas empresas permite a diversificação dos empreendimentos administrativos e produtivos, ao beneficiar-se da compra de matéria-prima relativamente barata dos países do terceiro mundo.

Fusões e Aquisições

O conceito de GCC, como proposto por Gereffi (1994a), não consiste apenas de uma relação de canais de comercialização. A GCC consiste de um sistema de networks ou redes em que as decisões tomadas pelos agentes administrativos têm um forte impacto na composição e produção da cadeia.

A consolidação do sistema de redes, no âmbito da produção e comércio internacional de commodities, só foi possível por mrio do amplo processo de fusões e aquisições que tomou conta da economia mundial, nas últimas duas décadas. Dicken (1998, p. 222) explica que as fusões e aquisições “são particularmente importantes mecanismos de ajuste corporativo e crescimento”. O processo que teve seu início nos países desenvolvidos durante os anos 70 tem se expandido, recentemente, para outras regiões do mundo, tornando-se a mais rápida forma de crescimento, expansão do poder e concentração do mercado.

A indústria internacional de chocolate tem sido um importante setor de fusões e aquisições nos últimos dez anos. A sua estrutura de governança, como resultado desse processo, mudou radicalmente. O controle atual da cadeia produtiva global está nas mãos de um grupo mais poderoso e diversificado daquele que dominava o mercado de chocolate nos anos 80.

Uma idéia do significativo processo de concentração na indústria de chocolate foi apresentada pela International Cocoa Organization (ICCO), na sua edição da Cocoa Newsletter, de agosto de 1998. De 1993 a 1998, houve, entre fusões e aquisições, no setor de trading e processamento, 19 processos liderados pelas quatro gigantes da indústria: Barry-Callebaut, Cargill, Archer Daniels Midland (ADM) e ED&F Man. No mesmo período, no setor de industrialização e comercialização do chocolate, houve 28 incorporações lideradas pela Philips Morris (10), Nestlé (9), Cadbury-Schweppes (6) e Hershey (3).

A Barry-Callebaut, por exemplo, surgiu da fusão, em julho de 1996, da Cacao Barry e a Callebaut, que, sob a propriedade da Klaus J. Jacobs Holding, passou formar a maior trader de cacau.

A ADM é considerada uma das mais importantes processadoras de amêndoas da indústria de cacau. Para chegar a esse patamar, adquiriu, entre 1997 e 1998, nove firmas atuando no mercado internacional de cacau. Dentre as principais aquisições estão: a Soboca (Franca), a Kascho (Alemanha), a Cacao de Zaaa (Holanda), e a Grace Cocoa (Estados Unidos). Em uma importante negociação, a ADM comprou da ED&F Man, em 1997, seis fábricas processadoras de cacau: cinco localizadas na Inglaterra, e a Joanes, localizada em Ilhéus (Bahia).

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No Brasil, a Hershey passou, recentemente, a aumentar a sua parcela de mercado ao adquirir a Lacta. Para não ficar atrás, a Nestlé, numa aquisição muito discutida durante 2002, deve passar a controlar a tradicional fábrica nacional de chocolates, Garoto. A discussão está focada no tamanho do controle do mercado de chocolates (mais de 50%) que a transnacional exercerá no país.

A análise anterior mostrou que a estrutura da governança da indústria de chocolate alterou-se substancialmente durante as últimas duas décadas. Nos anos 80, o setor era caracterizado por um grande número de empresas, operando, ao longo da cadeia global produtiva, nas mais diversas atividades econômicas. Atualmente, a maior parte das atividades passaram a ser executadas por um reduzido número de TNCs, que, devido a seu tamanho e poder financeiro, dominam as operações estratégicas tanto do lado da demanda como do lado da oferta de cacau.

Três fatores básicos contribuíram para que, dentro do processo de globalização da economia, a estrutura da governança da cadeia global da indústria de chocolate fosse redimensionada em quase todos os segmentos de trading, processamento e industrialização. Isso só foi possível porque as TNCs passaram a ter:

• a coordenação e controle de vários estágios das cadeias produtivas, dentro de e entre, diferentes países;

• uma maior capacidade potencial para tomar vantagem das diferenças geográficas na distribuição dos fatores de produção e nas políticas dos países;

• um maior potencial de flexibilidade geográfica, permitindo transferir seus recursos e operações entre localidades, em nível internacional, ou mesmo, global (Dicken, 1998, p. 177).

O padrão do comércio internacional da indústria de chocolate passou a ser condicionado por uma ”forte integração” geográfica dos processos de produção, trading, processamento e industrialização de cacau, dando origem, assim, a um sistema global de networks ou redes. A produção internacional de chocolate deixou de ser local para ser global.

Criar e manter vantagens competitivas, numa economia globalizada exige que as empresas administrem os elos da cadeia global produtiva de maneira sistêmica e integrada. Visto sob essa ótica, a estrutura da governança da indústria internacional de chocolate foi fortemente influenciada pelas exigências impostas, ao ter que realizar parte de suas atividades da cadeia produtiva fora dos países de origem.

Tendo em vista que o objetivo final da indústria de chocolate é a satisfação do consumidor altamente selecionado, em função do nível de renda e localização geográfica, a diferenciação entre as TNCs quanto à capacidade de rápido abastecimento da matéria-prima, flexibilidade na industrialização e diferentes estratégias de comercialização tende a definir o poder de controle e concentração neste setor.

O grande mercado consumidor de chocolates garante lucros fantásticos a empresas como Hershey, Mars, Ferrero, Nestlé e Cadbury-Swcheppes que, tendo como base de seus produtos o cacau, podem agregar valor na obtenção de ganhos de produtividade e de redução de custos. A crescente demanda mundial por produtos derivados de cacau impulsiona as vendas, sinalizando perspectivas altamente favoráveis para as transnacionais.

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CACAU ORGÂNICO NA TRANSAMAZÔNICA: UMA VOCAÇÃO NATURAL OU CONSEQUÊNCIA DA GLOBALIZAÇÃO?

Edson Lopes Lima e Fernando Antonio Teixeira Mendes.

Vários fatores exercem influência sobre o padrão tecnológico na agricultura, dentre eles o mais importante é o seu custo de produção, visto que, como qualquer atividade, o objetivo é o lucro. Com a advento do processo de globalização dos mercados, os consumidores passaram a exercer uma pressão crescente por produtos que não comprometam a saúde e também não causem qualquer dano ao meio ambiente. Desta forma, estão exercendo uma influência muito forte sobre as formas de produção. A produção de alimento por meio do aporte de insumos químicos é cada vez mais rejeitada entre os consumidores, principalmente dos países desenvolvidos. Em contrapartida, é crescente a demanda por produtos ditos limpos, ou seja, menos dependente do uso de fertilizantes e defensivos químicos. A cacauicultura da Transamazônica nasceu, assim, com o aporte de todos os ingredientes reclamados pelos consumidores de produtos orgânicos. Dessa forma, a cacauicultura da Transamazônica talvez seja uma das que detém maiores condições de ser a supridora desse mercado crescente e exigente.

A presente investigação aborda a problemática da produção de alimentos orgânicos, de forma especial os produtos que têm como matéria-prima o cacau. Num primeiro momento, faz uma abordagem dos determinantes do padrão tecnológico nas sociedades regidas pelo sistema capitalista. Mostra também a influência do processo de globalização dos mercados na produção agrícola. Faz uma referência à demanda dos produtos originários de uma agricultura sustentável. Ressalta a crescente demanda de produtos orgânicos originários da cacauicultura. O processo produtivo da cacauicultura brasileira e as influências dos preços internacionais do produto sobre a sua viabilidade. Finalmente faz uma abordagem sobre o cacau produzido na Transamazônica e o mercado de cacau orgânico.

Muitas são as abordagens acerca dos determinantes do progresso técnico. Mas, é razoável pensar que nas sociedades capitalistas o custo de produção sempre foi o principal fator desencadeador das mudanças do padrão tecnológico, pois isto é imanente à própria natureza do seu modo de produção e, qualquer que seja a explicação para as causas que as motivaram, traz sempre subjacente a questão da lucratividade. Com o processo de globalização, observa-se que, apesar de persistir ainda a busca da lucratividade, o padrão tecnológico tem sofrido transformações devido às pressões de natureza não-econômicas, fruto de uma nova percepção da sociedade, às mudanças do comportamento do hábito das populações, cada vez mais exigentes em relação à qualidade dos produtos, e à forma de produção.

Agricultura sustentável, agroecologia, produtos orgânicos etc. serão apenas modismo que de tempos em tempos surgem na literatura técnica e que já nasce com seus dias contados, ou algo concreto que tem uma base de sustentação? A expansão do mercado de orgânicos está associada em grande parte ao aumento dos custos da agricultura convencional, à degradação do meio ambiente e à crescente exigência dos consumidores por produtos limpos ou livres de agrotóxicos. O mercado mundial de orgânicos é estimado em 23,5 bilhões de dólares. Além disso, no mundo, a agricultura orgânica cresce em média 20% ao ano e os seus preços são em média 20% maiores que dos produtos convencionais, logo se constitui numa alternativa viável para aumentar a rentabilidade do setor agropecuário.

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Da mesma forma que outros tipos de alimentos, os consumidores de chocolate também começam a exigir um padrão de alimento em que o processo de produção da matéria-prima não comprometa a sua saúde, tampouco agrida o meio ambiente.

O comércio de chocolate orgânico tem crescido em todo, o mundo principalmente nos países desenvolvidos, conforme depoimento de chocolateiros de marcas famosas. Whinney (2000), presidente da Organic Commodity Products (OCP), diz que a venda de seu chocolate orgânico cresceu de US$ 100,000 em 1995 para US$ 3,000,000 este ano. Grace Marroquin (2000), presidente da Marroquin International Organic Commodity Services Inc., diz que chocolate orgânico é o produto orgânico cuja produção cresce mais rapidamente no mercado.

O impacto dos baixos preços do cacau no mercado internacional impôs mudanças no padrão tecnológico da cacauicultura brasileira, notadamente na redução do uso de fertilizantes e defensivos de natureza química. Na região Sul da Bahia, de acordo com a Fundação Centro de Pesquisas e Estudos – CPE, citada por Mascarenhas (1999), a área adubada sofreu um decréscimo de 15%; o uso de inseticidas, que abrangia 83% da área total, foi reduzida para 21% e o controle de doenças através da utilização de fungicidas decresceu de 36% para 5%. A conseqüência imediata disto foi a queda dos níveis de produção e produtividade. A mesma fonte observa no entanto, que naquela região, a partir de 1995, com o surgimento de novos financiamentos direcionados para o controle da vassoura-de-bruxa, o uso de fungicidas cúpricos só em 1996 teve um incremento de 143% em relação ao ano de 1994 e de 42% para o ano de 1995.

Como pode ser observado, o sistema de cacauicultura da Bahia, durante os períodos de baixa dos preços se assemelha aos padrões exigidos para a produção de orgânicos internacionalmente, no entanto, observou-se ainda que, devido às condições intrínsecas daquela região, a ausência de aporte de insumos químicos durante um longo período de tempo compromete a sua produtividade. O processo de produção de orgânicos na Bahia demandará tempo na busca de uma tecnologia que substitua o atual padrão tecnológico. Acredita-se que nas regiões produtoras de cacau em que a rentabilidade é dependente do uso de padrão tecnológico baseado em insumos químicos e/ou externos, em decorrência da baixa fertilidade dos solos, baixo nível pluviométrico, material genético de baixa produtividade, ocorrência endêmica de pragas e doenças etc., a oscilação dos preços do produto no mercado internacional tende a inviabilizar a realização das práticas agrícolas de manutenção da atividade nos períodos de baixa. E, por conseguinte, torna-se inviável suprir as crescentes demandas internacionais por produtos orgânicos.

Na cacauicultura da Transamazônica no Pará (compreendendo os municípios de Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará), os baixos preços praticados no mercado internacional, pouca influência exerceu no seu padrão tecnológico, pois devido as suas especificidades: implantação da lavoura em solos de alta fertilidade natural, material botânico mais tolerante à doenças; pequenos agricultores descapitalizados etc., ensejou uma menor procura e aplicação dos insumos modernos (Quadro 81)

No que tange à fertilização, segundo Lima (2000), aqui a lavoura cacaueira foi implantada em sua maior dimensão em solos de média e alta fertilidade naturais e em razão disto 70% das áreas nunca foram adubadas quimicamente e, na atualidade, o percentual de fertilização artificial é de apenas 8,4%.

Em relação ao controle de insetos, pelo pouco uso de inseticidas ao longo dos anos, parece que houve um equilíbrio destes com seus inimigos naturais, visto que os danos causados são de pequena monta e somente 17% dos produtores fazem uso de inseticidas (Quadro 82).

Quanto às doenças, em particular a vassoura-de-bruxa, o controle é realizado através da remoção dos tecidos infectados e, em apenas 1,5% da área, faz-se o uso de fungicidas cúpricos como forma de dominar a doença (Quadro 83).

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Quadro 81 – Adubação na cacauicultura da Transamazônica em termos percentuais de agricul-

tores por localidade.

Práticas agrícolas

Percentual de produtores por localidade

Altamira Brasil Novo Uruará Medicilândia

Aduba 6,4 5,7 9,0 12,5

Não aduba 93,6 94,3 91,0 87,5

Nunca adubou 78,9 2,8 50,0 77,3 Fonte: Diagnóstico da cacauicultura na SUPOR – 1999.

Quadro 82 – Controle de pragas na cacauicultura da Transamazônica em termos percentuais de

agricultores por localidade.

Práticas agrícolas Percentual de produtores por localidade

Altamira Brasil Novo Uruará Medicilândia

Controle químico 16,0 10,0 27,0 15,0

Não controla 84,0 90,0 73,0 85,0 Fonte: Diagnóstico da cacauicultura na SUPOR – 1999.

Quadro 83 – Controle de doenças na cacauicultura da Transamazônica em termos percentuais e

agricultores por localidade.

Práticas agrícolas Percentual de produtores por localidade

Altamira Brasil Novo Uruará Medicilândia

Controle cultural 100,0 100,0 96,0 98,0

Controle químico 0,0 0,0 4,0 2,0 Fonte: Diagnóstico da cacauicultura na SUPOR – 1999.

Pelo que foi exposto, a cacauicultura da Transamazônica no Pará está inserida numa região de vocação agrícola natural para exploração dessa cultura, em face dos seguintes fatores: região de matas primárias; clima quente e úmido; período seco bem definido; solos de alta fertilidade natural; uso restrito de fertilizantes e defensivos químicos; os fatores externos pouca influência tiveram no seu padrão tecnológico. Assim, as variações dos preços internacionais pouco afetaram a sua produtividade, que varia de 596 kg/ha a 3 030 kg./ha. De acordo com as exigências do padrão internacional de produtos orgânicos, pode-se afirmar que a cacauicultura da Transamazônica, desde sua implantação em 1974, já apresentava uma qualidade orgânica na maior parte de sua produção.

Acredita-se que a cacauicultura da Transamazônica em relação aos outros produtores internacionais terá grande vantagem comparativa como supridor desse crescente e restrito (devido às exigências, poucos são os que têm condições de atendê-las) mercado consumidor .

194

Cabe somente aos poderes constituídos promoverem uma campanha de Marketing em nível internacional, divulgando a natureza orgânica da cacauicultura da Transamazônica, bem como as qualidades intrínsecas de suas amêndoas que, além de alto ponto de fusão, apresentam também maior rendimento industrial, haja vista seu teor de gordura ser o mais elevado do mundo (61,7).

CACAUICULTURA: CONTRIBUIÇÃO PARA A SUSTENTABILIDADE ECONÔMICO-SOCIAL NA ÁREA DA TRANSAMAZÔNICA NO ESTADO DO PARÁ

Edson Lopes Lima; Fernando Antonio Teixeira Mendes e Sylvan Martins dos Reys.

A face mais visível do desemprego rural é a marginalização urbana e suas conseqüências. Mas, há, também, os problemas residuais na origem: improdutividade, perda de renda, agressão ambiental, etc. Estes resíduos geram um ciclo vicioso de causa-efeito que se alterna entre os meios rural e urbano. Pouco valorizado, este processo ainda continua ativo; só entre 1989 e 1998 a variação do desemprego rural no Brasil foi 474,3%. A presente inveestigação trata da influência da cacauicultura sobre estes fenômenos. Foram utilizados dados do Diagnóstico da Cacauicultura da SUPOR, na região da Transamazônica no Pará, compreendendo 20% do universo dos agricultores assistidos pela CEPLAC.

A análise foi feita por meio de tabulações simples e testes de médias.Os resultados preliminares apontam que o progresso técnico na cacauicultura, diferentemente das outras culturas, manteve e/ou aumentou o nível de emprego, média de três ou mais empregos indiretos por hectare.

A faixa salarial variou de um a dois mínimos.

Em 98% das fazendas, não se fez uso de agrotóxicos para combate às pragas e doenças. Ainda em relação à questão ambiental, 68% da mata original continua intacta.

No que tange à qualidade de vida, nas propriedades cacaueiras, a oferta de habitação foi de 12,0 m2

por habitante.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DOPARÁ: MUNICÍPIO DE URUARÁ (PA) - 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 05 de maio de 1988, por força da Lei no 5.435, o município de Uruará está localizado na Mesorregião Sudoeste Paraense, Microrregião de Altamira, no interflúvio dos rios Xingu, Amazonas e Tapajós, entre os quilômetros 130 e 235 da BR 230 (Transamazônica), sentido Altamira-Itaituba; coordenadas geográficas 03o42’54“ de latitude sul e 53o44’24” de longitude a oeste de Greenwich. O relevo é irregular, apresentando ondulações variáveis entre 50 e 200 metros acima do nível do mar. Os solos de maior ocorrência são os latossolos amarelos distróficos de textura média, argilosa e muito argilosa. Concessionários Lateríticos Indiscriminados distróficos textura argilosa. Podzólicos Vermelho-Amarelo distróficos textura argilosa. Podzólicos Vermelho-Amarelo equivalente eutrófico textura argilosa. Solos Litólicos distróficos textura indiscriminada e afloramentos rochosos. O clima predominante, segundo a classificação de Köppen, é Ami, ou seja, tropical quente e úmido; a temperatura média é de 25,6oC e a precipitação anual em torno de 2000 mm. Limita-se ao norte com os municípios de Prainha e Medicilândia, ao sul com Altamira, a leste

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com Medicilândia e Altamira, e a oeste com o município de Santarém. Ocupa uma área de 10.666,28 km2, com uma população de 37.395 habitantes, o que corresponde a uma densidade de 3,51 hab. /Km2. As principais atividades econômicas são: agricultura, pecuária e extrativismo.

90,4% das propriedades assistidas pelo escritório de Uruará estão dentro da área geográfica do município de Uruará e 9,6%, no município de Placas. A localização delas é um facilitador para o serviço de assistência técnica, haja vista a proximidade da sede do município, uma vez que a distância média é de 25 km e 75% estão compreendidas entre 13 e 35 km. de distância. A área média das propriedades é de 241 ha, mas a maior freqüência é de 100 ha. E os extremos estão compreendidos entre 10 e 6.750 ha. A situação fundiária do município é também um facilitador, pois apenas 2,3% dos agricultores não possuem documentação.

A exploração agropecuária do município é bastante diversificada, pelo menos 27 atividades são exploradas, com destaque para as culturas perenes. A área média por exploração é de 16,0 ha. Entre os cacauicultores (Quadro 84), as explorações mais importantes são a pecuária e a cacauicultura, que ocupam mais de 90% das áreas exploradas. Ainda em relação ao Quadro 84, pode-se observar a busca dos produtores em maximizar os lucros por meio da exploração diversificada por unidade de área.

Sob o ponto de vista preservacionista, os cacauicultores ainda conservam inexploradas 66,2% de suas terras, sendo que 93,4% são matas primárias, 6,2% com capoeiras e o restante com áreas impróprias para agricultura e prediais.

Segundo dados do IBGE e tabulados pelo IDESP/CEE, os principais rebanhos existentes no município nos anos de 1993 e 1994 eram constituídos principalmente por bovinos, suínos e aves.

Quadro 84 – Relação das culturas exploradas em Uruará (PA) em termos de percentual de área – 1997.

Discriminação Fazendas (%)Açaí 0,2Banana 0,2Cacau 25,2Café 1,5Café x cupuaçu 0,003Cana-de-açúcar 0,02Coco 0,1Coco x café 0,07Coco x cupuaçú 0,09Cupuaçu 1,8Guaraná 0,08Lavoura branca 4,4Mamão 0,009Pastagem 65,2Pimenta-do-reino 0,4Pomar 0,3Seringueira 0,2Laranja x limão 0,1Melancia 0,04Abacaxi 0,009Amendoim 0,004Bacaba 0,002Café x cacau 0,009Coco x cupuaçu x açaí 0,009Cacau x cupuaçu 0,1Manga 0,03Tomate 0,05

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Na atualidade, entre os cacauicultores, aquela situação se repete, em termos de atividades desenvolvidas pelos produtores do município: 65% criam aves; 82% exploram a bovinocultura, com predominância para a atividade de corte, utilizando animais mestiços e, finalmente, 21% se dedicam à suinocultura, por meio da exploração de animais mestiços.

O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município de Uruará foi o ano de 1973, em que foi implantado 1ha, por iniciativa de um produto, e 1997 marca a realização da última implantação (Quadro 85). Nos catorze primeiros anos, foram implantados 88,3% da área total do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). A média de área implantada, por agricultor por ano foi de 8,8 há, a mínima 0,1 ha e a máxima 100 há. Em 83,4% das áreas implantadas, o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC e em 16,6%, filhos de híbridos, por iniciativa dos próprios produtores.

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1988 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. Como conseqüência, a situação atual das áreas implantadas está configurada nos Quadros 85 e 86.

Quadro 85 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total Implantada em Uruará (PA) – 1997.

Ano Percentuais1973 0,041974 0,271975 2,131976 2,361977 3,801978 5,941979 5,121980 8,861981 5,961982 6,391983 4,951984 8,341985 12,551986 11,511987 9,981988 3,411989 2,741990 1,741991 0,441992 0,661993 0,701994 -1995 -1996 1,971997 0,06

197

Quadro 86 – Situação atual das áreas implantadas em Uruará (PA) – 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 9,3

Abandonadas 12,6Trabalhadas 78,1

A cultura do cacau no município de Uruará (Tabela 87) apresenta um baixo padrão de produtividade, pois, em 90% das propriedades ficou abaixo dos 800 kg/ha estimados. A média de produtividade encontrada foi 443,0 kg/há,. quando se considerou toda a área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação e subiu para 523,3 kg/ha quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

Não se pode afirmar, sem um estudo aprofundado das evidências, qual o fator determinante da estagnação da cacauicultura de Uruará, porém algumas questões podem ser associadas a esse desfecho, segundo a opinião dos produtores. Para quem erradicou, os principais motivos alegados foram: vassoura-de-bruxa (28,1%); o baixo preço não proporciona retorno financeiro (3,1%); solo inadequado (3,1%); baixa produtividade (3,1%); falta de mão-de-obra (3,1%): falta de recursos financeiros (3,1%) estiagem (6,3%); plantar outra cultura (12,5%); e fogo acidental (37,5%). As justificativas para os abandonos são similares aos da erradicação: vassoura-de-bruxa (26,3%); solo inadequado (5,3%); baixa produtividade (21,0%); preço do produto (5,3%); e descapitalização (42,1%). A reversão dessa situação é pouco provável, pois apenas 41,2% estão dispostos a recuperar as áreas abandonadas; 41,2% foram taxativos em dizer não; 17,6% só trabalham se for com crédito.

Quadro 87- Produtividade por fazendas em Uruará (PA) – 1997

Classes de produtividade (kg/ha) Fazendas (%)Até 400,0 50,8

401,0 a 800,0 42,5801,0 a 1200,0 3,31201,0 a 1600,0 1,71601,0 a 1700,0 1,7

As principais doenças que afetam a cacauicultura brasileira se fazem presentes nas áreas de Uruará. As mais importantes são a vassoura-de-bruxa, presente em todas as propriedades, seguida da podridão-parda, que ocorre em 97,8% dos estabelecimentos. A análise dos dados do Quadro 88 permite a antevisão de uma situação pouco favorável ao desenvolvimento da cacauicultura, caso permaneça inalterada a atual conjuntura econômica que afeta a cacauicultura de modo particular. . As áreas com nível dois representam a metade da área existente e a tendência dessas é evoluírem para o nível três. Quadro 88 – Níveis de incidência de vassoura-de-bruxa em Uruará (PA) - 1997.

Níveis PercentuaisI 40,8II 44,8III 14,4

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Atividade cacaueira – No decorrer da pesquisa, constatou-se que 18,4% dos produtores relacionados não existiam como cacauicultores e uma área correspondente a 8,2% também só existia nas estatísticas da CEPLAC. Estas divergências supõem-se que ocorrem em decorrência dos escritórios considerarem como integrantes do universo todos aqueles que receberam sementes, apesar de parte deles nunca terem implantado suas áreas. Dos 5.748,0 ha de cacau implantados no município de Uruará, hoje esta área está reduzida a 4.742,0 ha, dos quais apenas 3.604 ha estão efetivamente ocupados com cacaueiros, em decorrência do elevado percentual de falhas existentes, em torno de 24%. Da área existente, 12,6% encontram-se abandonadas e 78,1% estão sendo exploradas com baixo nível tecnológico, sendo que a maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Uruará resulta numa baixa produtividade (523 kg/ha), com tendência declinante, pois, gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle de vassoura-de-bruxa.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE ACARÁ – 1999

Edson Lopes Lima

O Município de Acará pertence ao Estado do Pará e está localizado na Mesorregião de Belém, Microrregião Leste Paraense e Microrregião Homogênea de Tomé-Açú. Coordenadas geográficas 01º57´36 de latitude sul e 38º11`51 de longitude a oeste de Greenwich.

A classe produtora rural do município de Acará é constituída em grande parte por egressos do movimento migratório internacional (47,1%), ressaltam-se as migrações japonesas, que tiveram como ponto de partida a Região de Ken (62,5%).

Alguns fatores evidenciam a relação estreita dessa população com o mundo rural: 100% dos produtores residem em suas fazendas; 5,9% eram trabalhadores rurais; 70,6% já eram proprietários rurais em suas regiões de origem e 94,1% têm como atividade principal a agropecuária. O nível de escolaridade dos produtores é bastante satisfatório, quando comparado com a situação rural brasileira, apenas 11,8% de analfabetismo.

A atividade agropecuária do município é bastante diversificada; na agricultura, destacam-se a cacauicultura e a pipericultura; na pecuária, a bovinocultura, a suinocultura e a avicultura. No que concerne à agricultura, dois fatores são marcantes; o cultivo de culturas exóticas e a exploração consorciada, notadamente de atividades perenes.

Apesar dos fatores facilitadores para uma gestão eficiente, a cacauicultura pouco se desenvolveu e estagnou a partir de 1987, mas, mesmo assim, dois aspectos são relevantes: o pequeno percentual de erradicações e o desejo firme de recuperação das áreas abandonadas.

Alguns fatores podem explicar a estagnação da cacauicultura de Acará: os baixos preços do produto no mercado internacional, solos de baixa fertilidade (embora exista no município cacauicultores sob as mesmas condições ganhando dinheiro, haja vista os altos níveis de produtividade) e principalmente a ineficiência da assistência técnica.

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DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE ALENQUER – 1999

Edson Lopes Lima

Esta pesquisa objetivou mostrar a realidade da cacauicultura do município de Alenquer, por meio da análise dos fatores que mais diretamente exercem influência no seu processo de desenvolvimento social, econômico e ambiental. Alenquer está localizada na Mesorregião do Baixo Amazonas, Microrregião de Itaituba, coordenadas geográficas 04º16´24´´ de latitude sul e 55º59´09´´ de longitude a oeste de Greenwich. O município apresenta uma nítida vocação para as atividades primárias, destacando-se a pecuária, o extrativismo vegetal, a pesca e a agricultura, respectivamente por ordem de importância. No que concerne à agricultura, o cacau e as lavouras brancas se destacam como as principais atividades em termos de áreas exploradas.

A cacauicultura, apesar de ser a mais antiga (1947) assistida pela CEPLAC no Estado do Pará, não tem expressão espacial e nem econômica. Se for tomado como referência o ano de 1979, como marco inicial da atividade no município, a média de implantação anual é de 27,4 ha, o que demonstra a sua pequena importância em face da magnitude das áreas propícias para a cacauicultura. A produtividade é a mais baixa da cacauicultura do Pará, com média de 60 kg/ha. E os preços pagos aos produtores, também são os mais baixos praticados em todo o território nacional.

A baixa performance da cacauicultura de Alenquer pode ser fruto da falta de tradição dos cacauicultores aliada ao insucesso de grandes empreendimentos locais, cujas causas até hoje não foram suficientemente explicadas.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE ALTAMIRA – 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 06 de novembro de 1911, por força do Decreto Legislativo de no 1.234, o município de Altamira está localizado na Mesorregião Sudoeste Paraense, Microrregião de Altamira, coordenadas geográficas 03°12’00” de latitude sul e 52°13’45” de longitude a oeste de Greenwich. Várias classes de solos predominam no município. Grandes manchas de Latossolos Amarelos textura média e argilosa; Latossolos Vermelho-Amarelos textura média e argilosa; Podzólicos Vermelho-Amarelos textura média e argilosa e equivalente Eutrófico e terra roxa Estruturada. O clima predominante é o tropical quente e úmido, a temperatura média anual é de 26 °C e a precipitação anual em torno de 1.680 mm. As principais atividades econômicas são a agricultura, a pecuária e a mineração.

A classe produtora rural do município de Altamira é constituída notadamente de egressos do movimento migratório brasileiro (91%); ressaltam-se as migrações que tiveram como ponto de partida a Região Nordeste (55%), em especial o Estado da Bahia. A exploração é bastante diversificada, pelo menos 31 atividades são exploradas, com destaque para as culturas perenes. Entre os cacauicultores (Quadro 89), as explorações mais importantes são a pecuária e a cacauicultura, que ocupam mais de 90% das áreas exploradas. Ainda em relação ao Quadro 89, pode-se observar a busca dos produtores em maximizar os lucros através da exploração diversificada por unidade de área

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Quadro 89 – Relação das culturas exploradas em Altamira (PA) em termos de percentual de área – 1997.

Discriminação Fazendas (%)Açaí 0,02

Banana 0,40Cacau 26,10Café 1,00

Cana-de-açúcar 0,10Coco 0,10

Coco x café 0,02oco x cupuaçu 0,08

Cupuaçu 0,10Lavoura branca 4,10

Mamão 0,03Pastagem 66,30

Pimenta-do-reino 0,10Pomar 0,20

Laranja x limão 0,02Laranja 0,05Abacaxi 0,30

Café x cacau 0,13Coco x cupuaçu x banana 0,10

Cacau x seringueira 0,42Manga 0,01Urucu 0,20Caju 0,02

Guaraná x cupuaçu 0,02Maracujá 0,02Mogno 0,02

Atividade cacaueira - O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município de Altamira foi o ano de 1972, em que foram implantados 26,0 há, por iniciativa de quatro produtores, e 1997 marca a realização da última implantação (Quadro 90). Nos doze primeiros anos, foram implantados 54,6% da área total do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). A média de área implantada por agricultor por ano foi de 5,8 ha, a mínima, 0,5 ha e a máxima, 25,0 ha.

201

Quadro 90 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total implantada, em Altamira (PA) – 1997.

Anos Percentuais1972 1,61973 1,21974 4,81975 1,71976 3,11977 3,51978 6,51979 7,41980 6,61981 3,81982 6,31983 2,61984 5,31985 6,91986 4,71987 8,91988 7,21989 6,71990 4,91991 0,91992 2,01993 0,81994 2,21995 0,21997 0,3

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1990 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio da erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. Como consequência, a situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 91, em que o conceito de áreas trabalhadas, na maioria das vezes, é traduzido apenas pela realização da colheita.

Quadro 91 – Situação atual das áreas implantadas em Altamira (PA) – 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 9,9Abandonadas 6,4Trabalhadas 83,7

Comparada às projeções feitas em 1985 para a produtividade de cacaueiros adultos na Amazônia, tecnicamente conduzidos, cujas estimativas estariam entre os limites de 1.500 kg/ha e 2.100 kg/ha e; mais recentemente, em 1995, em que se projeta a produtividade de 800 kg/há para o Programa de Revitalização da Cacauicultura da Amazônia-1996-2005. A cultura do cacau no município de Altamira (Quadro 92) apresenta um baixo padrão de produtividade, pois, em 85,6% das propriedades, ficou abaixo dos 800 kg/ha estimados. A média de produtividade encontrada foi 462,0 kg/ha, quando se considerou toda a área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação e subiu para 497,0 kg/ha quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

202

Quadro 92 - Produtividade por fazendas em Altamira (PA) – 1997.

Classes de produtividade (kg/ha) Fazendas (%)Até 400,0 45,9

401,0 a 800,0 40,5801,0 a 1200,0 12,61201,0 a 2250 0,9

Dos 4.791,0 ha de cacau implantados no município de Altamira, hoje esta área esta reduzida a 4.316,6 ha, dos quais apenas 3.656,2 ha estão efetivamente ocupados com cacaueiros, em decorrência do elevado percentual de falhas existentes, em torno de 15,3%. Da área existente, 6,4% encontram-se abandonadas e 83,7% estão sendo exploradas através de baixo nível tecnológico, sendo que, na a maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Altamira resulta numa baixa produtividade (497,0 kg/ha), com tendência declinante, pois gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle de vassoura-de-bruxa.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE BRASIL NOVO (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 13 de dezembro de 1991, por força do Decreto Legislativo de no 5.692, o município de Brasil Novo está localizado na Mesorregião Sudoeste Paraense, Microrregião de Altamira, coordenadas geográficas 03o18’00” de latitude sul e 52o32’00” de longitude a oeste de Greenwich. O relevo predominante é plano, mas, ao sul do município, há ocorrência de regiões serranas (Serra Grande das Araras e Serra do Iriri). Há predomínio de Podzólicos Vermelho-Amarelos textura média e a ocorrência de terra Roxa Estruturada. O clima predominante, segundo a classificação de Köppen, é Am e Aw, ou seja, tropical quente e úmido, a temperatura média é de 26,0 oC e a precipitação anual em torno de 2.000 mm. Limita-se ao norte com o município de Porto de Moz, ao sul e a leste com o município de Altamira, e a oeste com os municípios de Medicilândia. Ocupa uma área de 6.303,7 km2 , com uma população de 13.990 habitantes, o que corresponde a uma densidade de 2,06 hab./km2. As principais atividades econômicas são agricultura, pecuária e extrativismo vegetal.

A classe produtora rural do município de Brasil Novo é constituída notadamente de egressos do movimento migratório brasileiro (97,1%); ressaltam-se as migrações que tiveram como ponto de partida a Região Nordeste (51,4%), em especial os Estados do Ceará e Bahia. (Figura 53). O processo migratório deu-se segundo o movimento regular no país, ou seja, o migrante realizou várias migrações até chegar ao local presumidamenete definitivo. O Pará, Ceará e Espírito Santo foram os estados de onde partiram a maioria dos atuais cacauicultores de Brasil Novo (37,1%). Merecem destaque, também, os Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Paraná

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Figura 53 – Origem dos produtores de Brasil Novo (PA).

Alguns fatores evidenciam a relação estreita dessa população com o mundo rural: 94,3% residem nas fazendas; 11,4% eram trabalhadores rurais; 52,9% já eram proprietários rurais em suas regiões de origem, e 98,6% têm como atividade principal a agropecuária (Quadro 93).

Quando se observam os dados de escolaridade de adultos na zona rural do município, a situação é preocupante (Quadro 94), pois mais da metade da população estudada é constituída de analfabetos e por aqueles que só cursaram algumas séries do primário. Como conseqüência, torna-se mais difícil o salto qualitativo na condição de vida dos agricultores, visto que, devido às dificuldades atuais do serviço de extensão (recursos financeiros, humanos e materiais), a assistência aos produtores tende a ser processada por meio de enfoques modernos de alcance massais e, neste caso, a escolaridade mais elevada é fator imprescindível.

Quadro 93 – Atividades profissionais anteriores dos cacauicultores de Brasil Novo (PA) – 1997.Atividades Proprietários (%)

Proprietário rural 52,9Trabalhador rural 11,4Vendedor Ambulante 1,4Empregada doméstica 1,4Comerciante 1,4Estudante 4,3Nenhuma 4,3Não responderam 22,9

Quadro 94 – Nível de escolaridade dos cacauicultores de Brasil Novo (PA) - 1997.

Escolaridade Produtores (%)Analfabetos 22,3Primário incompleto 30,0Primário completo 27,1Ginásio incompleto 12,9Ginásio completo 2,9Científico completo 1,4Não responderam 2,9

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0

10

20

30

40

50

60

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

A exploração agropecuária do município é bastante diversificada, pelo menos dezoito atividades são exploradas, com destaque para a pecuária e a cacauicultura que, juntas ocupam mais de 91% da área (Quadro 95). No Quadro 95, pode-se observar a busca dos produtores em maximizar os lucros por meio da exploração consorciada.

Quadro 95 – Relação das culturas exploradas em Brasil Novo (PA) em termos de percentuais de áreas – 1997.

Discriminação Fazendas (%)Açaí 0,3Lavoura branca 4,1Banana 0,02Cacau 23,2Café 2,3Coco 0,05Pimenta 0,02Seringueira 0,1Pastagem 68,4Pomar 0,6Cana-de-açúcar 0,1Coco x cupuaçu 0,07Coco x cupuaçu x café 0,05Guaraná 0,03Laranja 0,05Urucu 0,3Café x cupuaçu x mogno 0,2Cupuaçu x urucu 0,09

Segundo dados do IBGE e tabulados pelo IDESP/CEE, os principais rebanhos existentes no município nos anos de 1993 e 1994 eram constituídos principalmente por bovinos, suínos e aves.

Na atualidade, entre os cacauicultores, aquela situação se repete, 45,7% criam aves; 67,1% exploram a bovinocultura, com predominância para a atividade de corte, utilizando animais mestiços e, finalmente, 11,4% se dedicam à suinocultura, por meio da exploração de animais mestiços.

O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município do Brasil Novo foi o ano de 1971, em que foram implantados os primeiros 3,6 ha, por iniciativa de um produtor, e 1995 marca a realização da última implantação. O auge das implantações deu-se no período entre 1977 e 1986, em que foram implantadas 76,2% da área total de cacau do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). Em 96% das áreas implantadas, o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC, e em 4%, filhos de híbridos. Na evolução da implantação da cacauicultura, observou-se que ela foi realizada segundo um critério de pequenas áreas para poucos produtores, assim é que a área média implantada por ano foi

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1988 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio

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das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. Como conseqüência, a situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 96. Quadro 96 – Situação atual das áreas implantadas em Brasil Novo (PA) - 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 6,4

Abandonadas 3,8Trabalhadas 89,8

A produtividade da cultura no município de Brasil Novo (Quadro 97) apresenta um padrão de produtividade aquém do mínimo estimado como econômico, mais de 90% das propriedades apresentaram produtividades cujo limite superior foi menor que 800,0 kg/ha. A média de produtividade encontrada foi 453 kg/ha, quando se considerou toda a área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação e subiu para 473 kg/ha, quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

Quadro 97 - Produtividade por fazendas em Brasil Novo (PA) – 1997.

Classes de produtividades Fazendas (%)Até 100,0 kg/ha 5,7

101,0 a 200,0 kg/ha 10,0201,0 a 300,0 kg/ha 14,3301,0 a 400,0 kg/ha 24,3401,0 a 500,0 kg/ha 12,8501,0 a 600,0 kg/ha 8,5601,0 a 700,0 kg/ha 10,0701,0 a 800,0 kg/ha 5,7801,0 a 900,0 kg/ha 2,9901,0 a 1000,0 kg/ha 2,9

>1000,0 kg/ha 2,9

Não se pode afirmar, sem um estudo aprofundado das evidências, qual o fator determinante da estagnação da cacauicultura de Brasil Novo, porém, algumas questões podem ser associadas a esse desfecho, segundo a opinião dos produtores. Para quem erradicou, os principais motivos alegados foram: vassoura-de-bruxa (10,5%); fogo acidental (42,1%); solo inadequado (5,3%); baixa produtividade (5,3%); estiagem (5,3%); mão-de-obra (5,3%); e grande número de falhas (26%). As justificativas para os abandonos são similares aos da erradicação: vassoura-de-bruxa (20%); solo inadequado (20%); baixa produtividade (20%); descapitalização (20%); e desestímulo do produtor (20%). A reversão dessa situação é pouco provável, devido aos condicionantes impostos pelos produtores que, na sua maioria, sinaliza para mudanças estruturais pouco prováveis de realização a curto prazo, tais como melhoria do preço do produto e financiamento com baixas taxas de juros, além disso, 50% não pretendem recuperar.

As principais doenças que afetam a cacauicultura brasileira se fazem presentes nas áreas de Brasil Novo. As mais importantes são a vassoura-de-bruxa, presente em todas as propriedades, seguida da podridão-parda que ocorre em 90% dos estabelecimentos. A análise dos dados do Quadro 98 permite a antevisão de uma situação pouco favorável ao desenvolvimento da cacauicultura, caso permaneça inalterada a atual conjuntura econômica que afeta a cacauicultura de modo particular.

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A presumida área total de 3.264,1 ha, implantada por 312 produtores, hoje resume-se a 2.710,0 ha de propriedade de 266 produtores. Vale salientar, ainda, que, em decorrência do percentual de falhas (17%), a área efetivamente ocupada com cacau é de 2.249,3 ha. Da área existente, 3,8% encontram-se abandonadas e 89,8% estão sendo exploradas com baixo nível tecnológico, sendo que, a maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Brasil Novo resulta numa baixa produtividade, com tendência declinante, pois gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle da vassoura-de-bruxa.

Quadro 98 – Incidência de vassoura-de-bruxa em Brasil Novo (PA) - 1997.

Níveis PercentuaisI 50,0II 40,0III 10,0

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE CASTANHAL (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

O município de Castanhal está localizado na Mesorregião Metropolitana de Belém, Microrregião de Castanhal, coordenadas geográficas 01°17´42´´ de latitude sul e 47°55´05´´ de longitude a oeste de Greenwich. As principais atividades econômicas são a agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e o setor de serviços.

A cacauicultura de Castanhal é o modelo típico das regiões de baixa vocação para a atividade cacaueira. Devido à ocorrência de solos de baixa fertilidade natural, a sua manutenção é exigente no aporte de insumos modernos, fator de forte incremento nos custos de produção. Os preços praticados no mercado internacional no final dos anos 80 e começo dos anos 90, aliados aos elevados custos dos insumos, inviabilizou a produção de cacau. Em Castanhal, a ocorrência dessas variáveis resultou no comprometimento da cacauicultura local. Os seguintes dados sintetizam a situação reinante: 37,9% das áreas foram erradicadas, 31,5% foram abandonadas e 30,6% estão sendo conduzidas por meio de baixo nível tecnológico. Em termos absolutos, a área remanescente é de apenas 152,8 ha sendo que 77,5 ha estão abandonados e em 75,3 ha a única prática realizada é a colheita dos frutos.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE ITAITUBA (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 15 de dezembro de 1852, por força da Lei de no 290 o município de Itaituba está localizado na Mesorregião Sudoeste Paraense, Microrregião de Itaituba, coordenadas geográficas 04o16’24“ de latitude sul e 55o59’09” de longitude a oeste de Greenwich. A topografia do município é movimentada, com altitudes que ultrapassam os 300 metros. Há predomínio

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Latossolos, Podzólico Vermelho Amarelo textura argilosa. Em menor proporção aparecem os Solos Litólicos distróficos textura indiscriminada, Areias Quartzozas, Gleis e Aluvial Eutrófico textura indiscriminada. O clima predominante é Ami, com média mensal mínima superior a 18 ºC., e a precipitação anual em torno de 2.000 mm. Limita-se ao norte com Aveiro, a leste com os municípios de Altamira e Petrópolis, a oeste com o Estado do Amazonas e ao sul com o Estado do Mato Grosso. Ocupa uma área de 58.860,64 km2, com uma população de 97.630 habitantes, o que corresponde a uma densidade de 1,66 hab./km2. As principais atividades econômicas são agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineração.Das propriedades assistidas pelo escritório de Itaituba, 50% estão dentro da área geográfica do município do mesmo nome e 50% em Aveiro. A localização delas é problemática para o serviço de assistência técnica, haja vista a distância média, que é de 73,7 km. A área média das propriedades é de 72,9 ha, mas a maior freqüência é de 100,0 ha. E os extremos estão compreendidos entre 11,0 e 134,0 ha. A situação fundiária do município é um facilitador, pois apenas 11,1% dos agricultores não possuem documentação.

A exploração agropecuária do município é bastante diversificada, pelo menos 16 atividades são exploradas, com destaque para as culturas perenes. Entre os cacauicultores (Quadro 99), as explorações mais importantes são: em primeiro lugar a pecuária, seguida da cacauicultura.

Quadro 99 – Relação das culturas exploradas em Itaituba (PA) em termos percentuais de áreas – 1997.

Discriminação ÁreaCacau 25,4Café 1,5Banana 1,1Cana-de-açúcar 0,1Pastagem 59,4Cupuaçú 0,5Coco 0,4Pimenta-do-reino 0,1Urucu 0,2Lavoura branca 8,6Laranja 0,3Pomar 1,0Abacaxi 0,4Mogno 0,4Abacate 0,2Coco x pimenta x cupuaçu 0,2

Sob o ponto de vista preservacionista, os cacauicultores ainda conservam inexploradas 65,5% de suas terras, sendo que 83,0% são matas primárias e 17% com capoeiras.

Segundo dados do IBGE e tabulados pelo IDESP/CEE, os principais rebanhos existentes no município nos anos de 1993 e 1994 eram constituídos principalmente por aves, bovinos e suínos.

Na atualidade, entre os cacauicultores, um grande o número de produtores exploram aquelas atividades; 83,3% criam aves; 83,3% exploram a bovinocultura com predominância para a

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atividade de corte, utilizando animais mestiços e, finalmente, 16,7% se dedicam à suinocultura, por meio da exploração de animais mestiços.

O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município de Itaituba foi o ano de 1977, em que foram implantados 3,8% da área, por iniciativa de 5,6% dos produtores, e 1995 marca a realização da última implantação (Quadro 100). Entre os anos de 1977 e 1984, foram implantadas 64,6% da área total do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). A média de área implantada por agricultor por ano foi de 4,5 ha, a mínima 0,5 ha e a máxima 10,0 ha. Em 96,2% das áreas implantadas o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC; em 3,8%, filhos de híbridos, por iniciativa dos próprios produtores.

Quadro 100 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total implantada, em Itaituba (PA) - 1997.

Anos Percentuais1977 3,81979 15,21980 6,31981 14,61982 12,01983 10,81984 1,91986 8,21987 4,21988 1,31989 5,21990 4,41991 4,41992 1,01993 0,61994 1,11995 1,3

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1990 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. A situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 101.

Quadro 101 – Situação atual das áreas implantadas em Itaituba (PA) - 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 21,7

Abandonadas 12,9Trabalhadas 65,4

A cultura do cacau no município de Itaituba (Quadro 102) apresenta um baixo padrão de produtividade, pois em 100% das propriedades ficou abaixo dos 800 kg/ha estimados. A média de produtividade encontrada foi 113,3 kg/ha. quando se considerou toda a área de cacau existente, ou

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seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação, e subiu para 135,7 kg/ha quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

Quadro 102 - Produtividade por fazendas em Itaituba (PA) – 1997

Classes de produtividade (kg/ha) Fazendas (%)Até 400,0 94,4

401,0 a 429,0 5,6

Não se pode afirmar, sem um estudo aprofundado das evidências, qual o fator determinante da estagnação da cacauicultura de Itaituba, porém algumas questões podem ser associadas a esse desfecho, segundo a opinião dos produtores. Para quem erradicou, os principais motivos alegados foram: fogo acidental (44,4%); vassoura-de-bruxa (11,1%); preço do produto (33,3%); e já estava erradicado quando adquiriu a propriedade (11,1%). As justificativas para os abandonos são: preço do produto (42,9%); fogo acidental (14,3%); baixa produtividade (14,3%); falta de recursos (14,3%); e outra atividade (14,3%). A reversão dessa situação é pouco provável, pois 57% dos produtores não estão dispostos a recuperar as áreas abandonadas.

Atividade cacaueira – A presumida área total de 631,0 ha, implantada por 73 produtores, hoje resume-se a 494,0 ha de propriedade de 65 produtores. Vale salientar, ainda, que, em decorrência do percentual de falhas (24,3%), a área efetivamente ocupada com cacau é de 374,0 ha. Da área existente, 16,5% encontram-se abandonadas e 83,5% estão sendo exploradas com baixo nível tecnológico, sendo que, na maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Itaituba resulta numa baixa produtividade, com tendência declinante, pois gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle da vassoura-de-bruxa.

A relação preço/qualidade do produto tem gerado um ciclo vicioso que pode ser um dos fatores de maior relevância para o estágio atual da cacauicultura do município. Pela ótica do produtor, a qualidade é má, porque o preço é baixo, e o preço é baixo porque o produto não tem boa qualidade, argumenta o comprador. Essa situação pode ser devida à qualidade da informação de preços que o produtor detém e a estrutura do mercado local, que é do tipo monopsônico.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE MEDICILÂNDIA (PA) – 1999.

Edson Lopes Lima

A classe produtora rural do município de Medicilândia é constituída notadamente de egressos do movimento migratório brasileiro (98%); ressaltam-se as migrações que tiveram como ponto de partida a Região Nordeste (51%), em especial o Estado da Bahia, e a irrelevante contribuição da população Amazônida (1,4%), inferior à das demais regiões brasileiras.

As propriedades assistidas pelo escritório de Medicilândia estão todas dentro da área geográfica do município do mesmo nome. A localização delas é um facilitador para o serviço de assistência técnica, haja vista a proximidade da sede do município: a distância média é de 18 km e 75% estão compreendidas entre 2 e 22 km de distância. A área média das propriedades é de 96 ha, mas a maior

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freqüência é de 100 ha. E os extremos estão compreendidos entre 3 e 130 ha. A situação fundiária do município é também um facilitador, pois apenas 3% dos agricultores não possuem documentação.

A exploração agropecuária do município é bastante diversificada, pelo menos 26 atividades são exploradas, com destaque para as culturas perenes. A área média por exploração é de 14,0 ha.

Segundo dados do IDESP (1990), cacau, café e cana-de-açúcar são as principais atividades agrícolas do município e, em relação ao estado, Medicilândia ocupa o primeiro lugar na exploração dessas culturas. Entre os cacauicultores (Quadro 104), a situação citada anteriormente não se repete, pois as explorações mais importantes são: em primeiro lugar a cacauicultura, seguida da pecuária, cana-de-açúcar e cafeicultura. Ainda em relação ao Quadro 104, pode-se observar a busca dos produtores em maximizar os lucros por meio da exploração diversificada por unidade de área. A exploração consorciada representa 30% das atividades. A cultura do coco é a que mais aparece nos consórcios duplos e também nos de triplos cultivos. Hoje 14% dos produtores de cacau de Medicilândia utilizam o processo de exploração consorciada das culturas perenes, como forma de maximização dos lucros.

Quadro 104 – Relação das culturas exploradas em Medicilândia (PA) em termos de percentuais de áreas – 1997.

Discriminação Fazendas (%)Açaí 0,40Acerola 0,02Banana 0,50Cacau 42,30Café 4,40Café x cupuaçu 0,05Café x guaraná 0,20Cana-de-açúcar 8,20Coco 0,01Coco x cacau 0,01Coco x café 0,01Coco x café x cacau 0,01Coco x cupuaçú 0,20Coco x cupuaçu x café 0,02Cupuaçu 0,02Guaraná 0,07Lavoura branca 2,00Mamão 0,01Pastagem 41,10Pimenta-do-reino 0,03Pomar 0,10Seringueira 0,30Urucu 0,01

Sob o ponto de vista preservacionista, os cacauicultores ainda conservam inexploradas 50% de suas terras, sendo que 40% são matas primárias; 36%, com capoeiras, e o restante, com áreas impróprias para agricultura e prediais.

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Segundo dados do IBGE e tabulados pelo IDESP/CEE, os principais rebanhos existentes no município nos anos de 1993 e 1994 eram constituídos por bovinos, suínos e aves. Na atualidade, entre os cacauicultores, aquela situação se repete, em termos de atividades desenvolvidas pelos produtores do município: 81,4% criam aves; 47,7% exploram a bovinocultura, com predominância para a atividade de corte, utilizando animais mestiços, e, finalmente, 21,9% se dedicam à suinocultura, por meio da exploração de animais mestiços.O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município de Medicilândia foi o ano de 1973, em que foram implantados os primeiros 17 ha, por iniciativa de seis produtores, e 1997 marca a realização da última implantação (Quadro 105). Nos dez primeiros anos, foram implantadas 70% da área total do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). A média de área implantada por agricultor por ano foi de 7 ha, a mínima 1,0 ha e a máxima 45 ha. Em 96% das áreas implantadas, o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC e em 4%, filhos de híbridos, por iniciativa dos próprios produtores.

Quadro 105 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total Implantada em Medicilândia (PA) - 1997.

Anos Percentuais1973 0,61974 2,01975 2,21976 3,51977 7,61978 13,31979 12,51980 8,31981 6,91982 8,51983 5,41984 3,71985 7,61986 2,21987 4,81988 2,21989 1,81990 1,31991 0,91992 0,71993 1,71994 1,11995 0,91996 0,51997 0,2

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1988 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. Como conseqüência, a situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 106.

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Quadro 106 – Situação atual das áreas implantadas em Mediclilândia (PA) - 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 6,5Abandonadas 4,6Trabalhadas 88,9

Comparada às projeções feitas em 1985 para a produtividade de cacaueiros adultos na Amazônia, tecnicamente conduzidos, cujas estimativas estariam entre os limites de 1.500 kg/ha e 2.100 kg/ha e mais recentemente, 1995, que se projeta produtividade de 800 kg/ha, para o Programa de Revitalização da Cacauicultura da Amazônia - 1996-2005. A cultura do cacau no município de Medicilândia (Quadro 107) apresenta um baixo padrão de produtividade, pois em 78,1% das propriedades ficou abaixo dos 800 kg/ha estimados. A média de produtividade encontrada foi 566,5 kg/ha, quando se considerou toda a área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação, e subiu para 596,2 kg/ha, quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

Quadro 107 - Produtividade por fazendas em Medicilândia (PA) – 1997.

Classes de produtividade (kg/ha) Fazendas (%)Até 400,0 35,7

401,0 a 800,0 49,3801,0 a 1200,0 12,81201,0 a 1600,0 1,41601,0 a 2000,0 0,02001,0 a 2400,0 0,02401,0 a 2800,0 0,7

Não se pode afirmar, sem um estudo aprofundado das evidências, qual o fator determinante da estagnação da cacauicultura de Medicilândia, porém algumas questões podem ser associadas a esse desfecho, segundo a opinião dos produtores. Para quem erradicou, os principais motivos alegados foram: vassoura-de-bruxa (8,1%); o baixo preço não proporciona retorno financeiro (4%); solo inadequado (10,2%); baixa produtividade (2%); ausência da CEPLAC (2%); estiagem (26,5%); plantar outra cultura (4%); ataque de roedores (2%); e fogo acidental ((41%). As justificativas para os abandonos são similares aos da erradicação: vassoura-de-bruxa (6,2%); solo inadequado (6,2%); baixa produtividade (6,2%); estiagem ((18,7%); preço do produto (6,2%); problema de saúde do proprietário (6,2%); mão-de-obra (6,2%); descapitalização (25%); não conhece a cultura (6,2%) e quando comprou já estava abandonada (12,5%). A reversão dessa situação é pouco provável, pois apenas 37% estão dispostos a recuperar as áreas abandonadas; 52% foram taxativos em dizer não; 7% só trabalham se for com crédito e 4% não decidiu ainda.

Atividade cacaueira – No decorrer da pesquisa, 83 produtores selecionados para serem entrevistados tiveram que ser substituídos em decorrência de 50% deles terem erradicado suas áreas com cacau e os 50% restantes afirmaram nunca ter implantado nenhuma área com cacau. Pode-se deduzir disto, que as estatísticas da CEPLAC consideravam como área implantada o total de sementes distribuídas. Dessa forma, observou-se que 486,8 ha, tidos como implantados, jamais existiram. A presumida área total de 9.016 ha, implantada por 590 produtores, hoje resume-se a 7.418,3 ha de propriedade de 507 produtores. Vale salientar, ainda, que em decorrência do percentual de falhas (15%), a área efetivamente ocupada com cacau é de 6.305,5 ha. Da área

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existente, 4,6% encontram-se abandonadas e 88,9% estão sendo exploradas com baixo nível tecnológico, sendo que a maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Medicilândia resulta numa baixa produtividade, com tendência declinante, pois gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle da vassoura-de-bruxa.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE SANTA ISABEL (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 1934, por força do Decreto Legislativo de no 1.110 o município de Santa Isabel está localizado na Mesorregião de Belém, Microrregião de Castanhal, coordenadas geográficas 01°18´09´´ de latitude sul e 48°09´44´´ de longitude a oeste de Greenwich. A topografia é plana e a altitude máxima é de 35 metros. Os solos preponderantes são Latossolos. O clima é megatérmico úmido com temperaturas elevadas e a precipitação anual em torno de 2.350 mm. As principais atividades econômicas são a agricultura, pecuária e o extrativismo vegetal.

A agricultura do município é bastante diversificada entre os cacauicultores; merecem destaque: pimenta, cupuaçu, graviola, maracujá, açaí, mamão, cacau e seringa. No que concerne à pecuária, a bovinocultura e a avicultura são as mais exploradas.

No que concerne à cacauicultura, esta atividade nunca teve expressão em termos de área. Historicamente a cacauicultura tecnificada teve seu início no ano de 1972 e, entre este ano e 1975, foram implantados 85% da área total do município. A produtividade é uma das mais baixas registradas nas cacauicultura do Pará, 40kg/ha, quando se considera a área total e sobe para 329 kg/ha quando se leva em consideração apenas as áreas que estão sendo mantidas tecnicamente. De qualquer sorte é uma produtividade que fica muito aquém do proposto pela CEPLAC. A vassoura-de-bruxa é dos principais fatores responsáveis pela baixa performance da cacauicultura do município, pois em 80% das áreas foi destectado níve II, e III no restante da área.

A situação reinante na cacauicultura de Santa Isabel é ser uma atividade sem nenhuma expressão econômica para o município, visto que 88% das áreas remanescentes estão abandonadas e em 12% apenas a colheita dos frutos maduros é realizada.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 17 de março de 1959, por força do Decreto Legislativo de no 1.725 o município de Tomé-Açu está localizado na Mesorregião Nordeste Paraense, coordenadas geográficas 02o25’10“de latitude sul e 48o 00’09” de longitude a oeste de Greenwich. A topografia do município é plana, a altitude máxima é 28 metros. Há predomínio de Latossolos Concrecionários Lateríticos. O clima predominante é megatérmico úmido com temperaturas elevadas, estando a máxima em torno de 25 ºC e a precipitação anual em torno de 2.250 mm. Limita-se ao norte com o município

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de Concórdia do Pará, ao sul e leste com município de Ipixuna do Pará, e a oeste com Acará e Tailândia. Ocupa uma área de 5.044,93 km2, com uma população de 45.066 habitantes, o que corresponde a uma densidade de 8,93 hab/Km2. As principais atividades econômicas são: agricultura, pecuária e extrativismo vegetal.

A classe produtora rural do município de Tomé-Açu é constituída em sua maior parte de egressos do movimento migratório brasileiro (30,6%) e internacional (27,9%); ressaltam-se as migrações que tiveram como ponto de partida a Região Nordeste (28,8%), em especial o Estado da Bahia.

Das propriedades assistidas pelo escritório de Tomé-Açu, 100% estão dentro da área geográfica do município do mesmo nome. A localização delas é um facilitador para o serviço de assistência técnica, haja vista a proximidade da sede do município; a distância média é de 23 km. A área média das propriedades é de 63,4 ha mas a maior freqüência é de 25,0 ha. E os extremos estão entre 15,0 e 2.300,0 ha. A situação fundiária do município é também um facilitador, pois apenas 7,2 dos agricultores não possuem documentação.

A exploração agropecuária do município é bastante diversificada, pelo menos 28 atividades são exploradas, com destaque para as culturas perenes. Entre os cacauicultores (Quadro 108), as explorações mais importantes são: em primeiro lugar a pecuária, seguida da cacauicultura e cupuaçucultura.

Quadro 108 – Relação das culturas exploradas em Tomé-Açu (PA) em termos de percentuais de áreas – 1997.

Discriminação Fazendas (%)Cacau 22,3Café 0,1Seringueira 2,2Açaí 1,6Pastagem 56,2Acerola 0,6Banana 0,03Guaraná 0,2Lavoura branca 5,0Laranja 0,01Cupuaçu 4,9Pomar 0,4Coco 0,2Pimenta 2,8Dendê 0,2Pupunha 0,04Mangostão 0,1Limão 0,03Graviola 0,6Goiaba 0,02Cupuaçu x pimenta 0,03Cupuaçu x açaí 0,1Cacau x seringueira 0,4Mangueira 0,1Caju 0,1Maracujá 1,6Abacate 0,2Andiroba 0,1

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Sob o ponto de vista preservacionista, os cacauicultores ainda conservam inexploradas 63,2% de suas terras, sendo que 51,8% são matas primárias, 45,2% com capoeiras e o restante com áreas impróprias para agricultura e prediais.

Segundo dados do IBGE e tabulados pelo IDESP/CEE, os principais rebanhos existentes no município nos anos de 1993 e 1994 eram constituídos principalmente por bovinos, suínos e aves. Na atualidade, entre os cacauicultores, aquelas atividades são pouco desenvolvidas: 2,7% criam aves; 13,5% exploram a bovinocultura, com predominância para a atividade de corte, utilizando animais mestiços; e, finalmente, 9,0% se dedicam à suinocultura, por meio da exploração de animais mestiços.

O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município de Tomé-Açu foi o ano de 1966, em que foram implantados 0,3% da área, por iniciativa de 1,8% dos produtores, e 1994 marca a realização da última implantação (Quadro 109). Entre os anos de 1976 e 1983, foram implantadas 54,3% da área total do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito

era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). A média de área implantada por agricultor por ano foi de 3,2 ha, a mínima 0,2 ha e a máxima 12,4 ha. Em 81,3% das áreas implantadas, o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC e em 18,7%, filhos de híbridos, por iniciativa dos próprios produtores.

Quadro 109 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total Implantada em Tomé-Açu (PA) - 1997.

Anos Percentuais1966 0,31967 0,021968 0,031969 4,31970 1,21971 3,21972 2,21973 4,21974 5,01975 9,61976 16,01977 6,21978 12,31979 4,11980 4,61981 4,61982 5,21983 1,31984 1,91985 3,41986 2,01987 1,61988 0,71989 1,01990 0,41991 1,31992 0,11994 0,1

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1987 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio

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das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. A situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 110.

Quadro 110 – Situação atual das áreas implantadas em Tomé-Açú (PA) - 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 18,5

Abandonadas 7,1Trabalhadas 74,4

Comparada às projeções feitas em 1985 para produtividade de cacaueiros adultos na Amazônia, tecnicamente conduzidos, cujas estimativas estariam entre os limites de 1.500 kg/ha e 2.100 kg/ha, e, mais recentemente, 1995, em que se projeta produtividade de 800 kg/ha, para o Programa de Revitalização da Cacauicultura da Amazônia - 1996-2005. A cultura do cacau no município de Tomé-Açu (Quadro 111) apresenta um baixo padrão de produtividade, pois em 91,7% das propriedades ficou abaixo dos 800 kg/ha estimados. A média de produtividade encontrada foi 354,0 kg/ha, quando se considerou toda a área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação, e subiu para 388,0 kg/ha, quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

Quadro 111 - Produtividade por fazendas em Tomé-Açú (PA) – 1997.

Classes de produtividade (kg/ha) Fazendas (%)Até 400,0 67,6

401,0 a 800,0 27,0801,0 a 1300,0 6,4

Não se pode afirmar, sem um estudo aprofundado das evidências, qual o fator determinante da estagnação da cacauicultura de Tomé-Açu, porém algumas questões podem ser associadas a esse desfecho, segundo a opinião dos produtores. Para quem erradicou, os principais motivos alegados foram: vassoura-de-bruxa (8,3%); o baixo preço não proporciona retorno financeiro (11,1%); estiagem (2,8%); perdas naturais (5,6%); plantar outra cultura (8,3%); baixa produtividade (2,8%); custo alto (2,8%); falta de orientação (2,8%); e fogo acidental (55,6%). As justificativas para os abandonos são similares aos da erradicação: vassoura-de-bruxa (5,6%); preço do produto (44,4%); descapitalização (11,1%); sem conhecimento da cultura (5,6%); desestímulo (5,6); custo alto (11,1%); outra atividade (5,6%); e já estava abandonada. A reversão dessa situação é pouco provável, pois apenas 26,1% estão dispostos a recuperar as áreas abandonadas; 43,5% foram taxativos em dizer não; 17,4% só trabalham se for com crédito e 13% se o preço melhorar.

Atividade cacaueira – Levantamento preliminar nos arquivos do escritório local mostra que o universo de 629 produtores e 3.696,0 ha, reduziu-se para 523 produtores e 3.096 ha, em decorrência de erradicações, conforme informações dos técnicos locais. Desta população, retirou-se uma amostra aleatória de 21,2%, o que correspondeu a 111 produtores. No decorrer da pesquisa, observou-se que 27,2% dos produtores já não possuíam cacau ou nunca tiveram; assim o universo sofreu novo recuo, ou seja, 380 produtores e 2.796,0 ha. Pode-se deduzir disto que as estatísticas da CEPLAC consideravam como área implantada o total de sementes distribuídas. A área atual corresponde a 2.278,7 ha, e o número de produtores, 380. Vale salientar, ainda, que, em decorrência do percentual de falhas (29,8%), a área efetivamente ocupada com cacau é de 1.600 ha. Da área existente, 8,7% encontram-se abandonadas e 91,3% estão sendo exploradas com baixo nível

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tecnológico, sendo que, na maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Tomé-Açu resulta numa baixa produtividade, com tendência declinante, pois gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle da vassoura-de-bruxa

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE TRAIRÃO (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 05 de maio de 1988, por força da Lei no 5.435, o município de Uruará está localizado na Mesorregião Sudoeste Paraense, Microrregião de Altamira, no interflúvio dos rios Xingu, Amazonas e Tapajós, entre os quilômetros 130 e 235 da BR 230 (Transamazônica), sentido Altamira-Itaituba; coordenadas geográficas 03o42’54“ de latitude sul e 53o44’24” de longitude a oeste de Greenwich. O relevo é irregular, apresentando ondulações variáveis entre 50 e 200 metros acima do nível do mar. Os solos de maior ocorrência são os latossolos amarelos distróficos de textura média, argilosa e muito argilosa. Concressionários Lateríticos Indiscriminados distróficos textura argilosa. Podzólicos Vermelho-Amarelos distróficos textura argilosa. Podizólicos Vermelho-Amarelos equivalente eutróficos textura argilosa. Solos Litólicos distróficos textura indiscriminada e afloramentos rochosos. O clima predominante, segundo a classificação de Köppen, é Ami, ou seja, tropical quente e úmido, a temperatura média é de 25,6 oC e a precipitação anual em torno de 2000 mm. Limita-se ao norte com os municípios de Prainha e Medicilândia, ao sul com Altamira, a leste com Medicilândia e Altamira e a oeste com o município de Santarém. Ocupa uma área de 10.666,28 km2 com uma população de 37.395 habitantes, o que corresponde a uma densidade de 3,51 hab. /Km2. As principais atividades econômicas são: agricultura, pecuária e extrativismo.

A classe produtora rural do município de Trairão é constituída notadamente de egressos do movimento migratório brasileiro (97%); ressaltam-se as migrações que tiveram como ponto de partida a Região Nordeste (78%), em especial o Estado do Ceará, e a irrelevante contribuição da população Amazônida (3%), inferior à das demais regiões brasileiras. Uma característica marcante da população rural do município é sua diferenciação em relação ao caminho percorrido pelo movimento regular no país, pois neste, realiza-se por meio de migrações intermediárias até o local presumidamente definitivo, enquanto que naquele deu-se, na sua maior parte, de forma direta, origem-destino (84%).

As propriedades assistidas pelo escritório de Trairão estão todas dentro da área geográfica do município do mesmo nome. A localização delas é um facilitador para o serviço de assistência técnica, haja vista a proximidade da sede do município, a distância média é de 11 km, e as mais distantes, maior que 20 km são apenas 6%. A área média das propriedades é de 102 ha, mas, a maior freqüência é de 100 ha. A situação fundiária do município é também um facilitador, pois 97% dos agricultores possuem título definitivo.

A exploração agropecuária do município é típica da pequena empresa familiar, bastante diversificada, ocupando pequenas áreas e seguindo a tendência da experiência rural anterior dos produtores. As culturas de subsistência são as que ocupam as maiores áreas (IDESP, 1995). Entre os cacauicultores (Quadro 112), a situação citada anteriormente não se repete, pois as explorações mais importantes são: em primeiro lugar a pecuária, o cacau como segunda opção e a banana em terceiro, as demais se equivalem.

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Quadro 112 – Relação das culturas exploradas em Trairão (PA) em termos de percentuais e áreas – 1997.

Discriminação Fazendas (%)Açaí 2,8Lavoura branca 4,6Banana 6,2Cacau 28,0Café 0,6Coco 0,6Limão 0,1Melancia 0,1Pastagem 56,6Pomar 0,5

Sob o ponto de vista preservacionista, os cacauicultores ainda conservam intactas 56% de matas, 31% estão ocupados com cultivos e o restante entre capoeiras, impróprias e prediais.Segundo dados do IBGE e tabulados pelo IDESP/CEE, os principais rebanhos existentes no município nos anos de 1993 e 1994 eram constituídos principalmente por bovinos, suínos e aves. Na atualidade, entre os cacauicultores, aquela situação se repete, em termos de atividades desenvolvidas pelos produtores do município: 81,2% criam aves; 65,6% exploram a bovinocultura, com predominância para a atividade de corte, utilizando animais mestiços, e, finalmente, 43,7% se dedicam à suinocultura, por meio da exploração de animais mestiços.

O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município do Trairão foi o ano de 1978, em que foram implantados os primeiros 18ha, por iniciativa de três produtores, e 1994 marca a realização da última implantação (Quadro 113). O auge das implantações deu-se no período entre 1978 e 1984, em que foram implantadas 80,4% da área total de cacau do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). Em 96% das áreas implantadas o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC e em 4%, filhos de híbridos, por iniciativa dos próprios produtores. Na evolução da implantação da cacauicultura, observou-se que ela foi realizada segundo um critério de pequenas áreas para poucos produtores, assim é que a área média implantada por ano foi de 4,9ha por produtor e os extremos variaram de 2,0 a 10,0 ha.

Quadro 113 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total implantada em Trairão (PA) - 1997.

Anos Percentuais1978 5,41979 3,01980 10,51981 13,41982 28,41983 9,01984 10,81985 2,11986 5,51987 7,91988 2,21989 1,21994 0,6

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O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1988 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. A situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 114.

Quadro 114 – Situação atual das áreas implantadas em Trairão (PA) - 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 17,0

Abandonadas 19,0Trabalhadas 64,0

Os cacauicultores envolvidos no processo de erradicação correspondem a 31% do total e, das áreas erradicadas, 83% tinham idades entre 14 e 19 anos de idade. A produtividade da cultura no município de Trairão (Quadro 115) apresenta um padrão de produtividade aquém do mínimo estimado como econômico, mais de 80% das propriedades apresentaram produtividades cujo limite superior foi 100,0 kg/ha. A média de produtividade encontrada foi 76,4Kg/ha, quando se considerou toda á área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação, e subiu para 99,2kg/ha, quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

Quadro 115 - Produtividade por fazendas em Trairão (PA) – 1997.

Classes de produtividades Fazendas (%)Até 50,0 kg/ha. 46,8

51,0 a 100,0 kg/ha. 34,4101,0 a 150,0 kg/ha 6.2151,0 a 200,0 kg/ha 3,1201,0 a 250,0 kg/ha 6,2251,0 a 300,0 kg/ha 3,1

Não se pode afirmar, sem um estudo aprofundado das evidências, qual o fator determinante da estagnação da cacauicultura de Trairão, porém algumas questões podem ser associadas a esse desfecho segundo a opinião dos produtores. Para quem erradicou, os principais motivos alegados foram: vassoura-de-bruxa (22%); o baixo preço não proporciona retorno financeiro (30%); formar pastagem (26%); plantar outra cultura (9%); descapitalização (9%); e falta de tecnologia para vassoura-de-bruxa (4%). As justificativas para os abandonos são similares aos da erradicação: vassoura-de-bruxa (29%); sem retorno financeiro (52%); baixa produtividade (3%); e descapitalização (17%). A reversão dessa situação é pouco provável, devido aos condicionantes impostos pelos produtores que, na sua maioria, sinaliza para mudanças estruturais pouco prováveis de realização a curto prazo, tais como melhoria do preço do produto e financiamento com baixas taxas de juros e, além disso, 11% não pretendem recuperar, 21% ainda não decidiram o que fazer e somente 11% foram taxativos: pretendem promover a recuperação.

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As principais doenças que afetam a cacauicultura brasileira se fazem presentes nas áreas de Trairão: As mais importantes são a vassoura-de-bruxa, presente em todas as propriedades, seguida da podridão-parda, que ocorre em 34% dos estabelecimentos. A análise dos dados do Quadro 116 permite a antevisão de uma situação pouco favorável ao desenvolvimento da cacauicultura, caso permaneça inalterada a atual conjuntura econômica que afeta a cacauicultura de modo particular.

Quadro 116 – Incidência de vassoura-de-bruxa em Trairão (PA) - 1997.

Níveis PercentuaisI 9,0II 50,0III 41,0

Atividade cacaueira - Os 974,4 ha de cacau implantados no município de Trairão hoje estão reduzidos a 808,8 ha, dos quais apenas 608,7 ha estão efetivamente ocupados com cacaueiros, em decorrência do elevado percentual de falhas existentes, em torno de 25%. Da área existente, 22,9% encontram-se abandonadas e 77,1% estão sendo exploradas com baixo nível tecnológico, sendo que, na maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada.

No estágio atual, em decorrência da baixa produtividade, 99,2 kg/ha, a contribuição da cacauicultura para a manutenção dos 105 produtores é em torno de 4,4 salários mínimos anuais. É importante ressaltar que se a mesma produção fosse comercializada noutra praça, distante apenas 120 km, a renda para cada um dos produtores subiria para 7,3 salários mínimos por ano.

O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura do Trairão resulta numa baixa produtividade, com tendência declinante, porque gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes como o controle da vassoura-de-bruxa. Mesmo sem o devido manejo, a produção bruta gira em torno de 170 toneladas, pois a produção líquida é resultado de 63% das perdas de pós-produção. É curioso que o responsável pelo maior percentual de perdas não figure na literatura científica como causador importante de danos à cultura – o macaco.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE TUCUMÃ (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

O município de Tucumã está localizado na Mesorregião Sudeste Paraense, coordenadas geográficas 06°15´00´´ de latitude sul e 51°45´00´´ de longitude a oeste de Greenwich.

Grandes manchas de Podzólicos Vermelho-Amarelos textura média e Terra Roxa Estruturada ocorrem em todo o município. O clima predominante é o tropical quente e úmido.

As principais atividades econômicas são a agricultura, a pecuária e a mineração.

A cacauicultura e a bovinocultura são as atividades primárias que mais se destacam, embora mais atividades agropecuárias sejam desenvolvidas.

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Dados estatísticos sobre a cacauicultura de Tucumã apontam para um futuro bastante promissor devido aos seguintes fatores:

a. Extensas áreas com solos de alta fertilidade naturais. Só ocorrência de Terra Roxa Estruturada, segundo levantamento efetuado pela SUDAM em 1976, são 210 000 ha;

b. Áreas predominantemente de nível familiar;

c. Baixo nível de analfabetismo;

d. Baixo índice de vassoura-de-bruxa; em 97,5% das áreas não foi registrada nenhuma ocorrência da doença. Somente em 2,5% das áreas foram detectadas a presença do fungo causador da enfermidade e mesmo assim, em nível 1;

e. Maior produtividade média da cacauicultura do Pará, 627 kg/ha.

Apesar das condições positivas enumeradas acima, a cacauicultura de Tucumã sofre a influência de dois fatores que obstaculizam o seu desenvolvimento pleno:

a. 60% dos produtores estão insatisfeitos com a assistência técnica prestada pela CEPLAC;

b. Sistema de comercialização, em que só um comprador atua na região.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO PARÁ: MUNICÍPIO DE RURÓPOLIS (PA) – 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 10 de maio de 1988, por força do Decreto Legislativo de no 5.446 o município de Rurópolis está localizado na Mesorregião Hiléia Paraense, Microrregião de Tapajós, coordenadas geográficas 04o05’45“ de latitude sul e 54o54’33” de longitude a oeste de Greenwich. A topografia do município é bastante variada, por exemplo, a sede municipal fica situada a uma altitude de 80 metros, enquanto, ao sul, ocorrem elevações com mais de 150 metros. Há predomínio de Latossolos textura média; ocorrem também os Podzólicos Vermelho-Amarelos e as Areias Quartzosas e pequenas quantidades de terra Roxa Estruturada. O clima predominante, segundo a classificação de Köppen, é Ami, definido como clima em que a média mensal das mínimas é superior a 18 ºC, uma estação seca de pequena duração e uma amplitude térmica inferior a 5 ºC, e a precipitação anual em torno de 2.000 mm. Limita-se ao norte com os municípios de Aveiros e Santarém, ao sul com os municípios de Altamira e Itaituba, a oeste com os municípios de Aveiros e Itaituba, e a leste com Santarém e Altamira. Ocupa uma área de 6.922,96 km2 com uma população de 24.122 habitantes, o que corresponde a uma densidade de 3,48 hab/km2.As principais atividades econômicas são agricultura, pecuária e extrativismo vegetal.

33,3% das propriedades assistidas pelo escritório de Rurópolis, estão dentro da área geográfica do município do mesmo nome, e, 66,7%, no município de Placas. A localização delas dificulta o trabalho da assistência técnica haja vista a distância média das fazendas para a sede do município, em torno de 57 km. A área média das propriedades é de 99,1 ha, mas, a maior freqüência é de 100 ha. A situação fundiária do município é também um facilitador, pois 71,7% dos agricultores possuem título definitivo; licença de ocupação 15,1%; escritura pública 3,8% e título provisório 9,4%.

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A exploração agropecuária do município é bastante diversificada, pelo menos doze atividades são exploradas, com destaque para a pecuária e a cacauicultura, que juntas ocupam mais de 85% da área (Quadro 117). No Quadro 117, pode-se observar a busca dos produtores em maximizar os lucros por meio da exploração consorciada.

Quadro 117 – Relação das culturas exploradas em Rurópolis (PA) em termos de percentuais de áreas – 1997.

Discriminação Área(%)Lavoura branca 8,3

Banana 0,8Cacau 27,5Café 1,8Pimenta 1,7Pastagem 58,1Pomar 0,01Coco x cupuaçu x café 0,05Laranja 0,02Urucu 1,6

Sob o ponto de vista preservacionista, os cacauicultores ainda conservam intactas 52,4% de matas; 34,5% ocupados com cultivos e o restante entre capoeiras, impróprias e prediais.

Segundo dados do IBGE e tabulados pelo IDESP/CEE, os principais rebanhos existentes no município nos anos de 1993 e 1994 eram constituídos principalmente por bovinos, suínos e aves. Na atualidade, entre os cacauicultores, aquela situação se repete, 87% criam aves; 55,6% exploram a bovinocultura, com predominância para a atividade de corte, utilizando animais mestiços; e finalmente, 31,5% se dedicam à suinocultura, por meio da exploração de animais mestiços.

O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município de Rurópolis foi o ano de 1970, em que foram implantados os primeiros 22,0 ha, por iniciativa de um produtor, e 1995 marca a realização da última implantação (Quadro 118).

O auge das implantações deu-se entre 1977 e 1987, em que foram implantados 85,7% da área total de cacau do município: esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). Em 88% das áreas implantadas, o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC e em 12%, filhos de híbridos.

Na evolução da implantação da cacauicultura, observou-se que ela foi realizada segundo um critério de pequenas áreas para poucos produtores, assim é que a área média implantada por ano foi de 6,8 ha por produtor e os extremos variaram de 1,0 a 35,0 ha.

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Quadro 118 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total implantada em Rurópolis (PA) - 1997.

Anos Percentuais1970 3,51975 1,11976 2,11977 15,01978 3,61979 7,61980 8,81981 5,51982 6,51983 3,21984 2,41985 1,81986 16,61987 14,71988 1,81989 1,61990 0,61991 0,71992 0,51993 1,61995 0,8

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1988 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. A situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 119.

Quadro 119 – Situação atual das áreas implantadas em Rurópolis - 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 21,2

Abandonadas 8,8Trabalhadas 70,0

Comparada às projeções feitas em 1985 para produtividade de cacaueiros adultos na Amazônia, tecnicamente conduzidos, cujas estimativas estariam entre os limites de 1.500 kg/ha e 2.100 kg/ha, e, mais recentemente, 1995, que projeta a produtividade de 800 kg/ha para o Programa de Revitalização da Cacauicultura da Amazônia - 1996-2005; a produtividade da cultura no município de Rurópolis (Quadro 120) apresenta um padrão de produtividade aquém do mínimo estimado como econômico, mais de 98% das propriedades apresentaram produtividades cujo limite superior foi menor que 800,0 kg/ha. A média de produtividade encontrada foi 254 kg/ha, quando se considerou toda a área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação, e subiu para 285 kg/ha, quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

224

Quadro 120 - Produtividade por fazendas em Rurópolis (PA) – 1997.

Classes de produtividades Fazendas (%)Até 100,0 kg/ha. 33,8

101,0 a 200,0 kg/ha 28,3201,0 a 300,0 kg/ha. 11,4301,0 a 400,0 kg/ha 15,0401,0 a 500,0 kg/ha -501,0 a 600,0 kg/ha 9,5601,0 a 700,0 kg/ha 1,9

701,0 a 1000,0 kg/ha. 1,9

Não se pode afirmar, sem um estudo aprofundado das evidências, qual o fator determinante da estagnação da cacauicultura de Rurópolis, porém algumas questões podem ser associadas a esse desfecho, segundo a opinião dos produtores. Para quem erradicou, os principais motivos alegados foram: vassoura-de-bruxa (17,2%); fogo acidental (17,2%); solo inadequado (3,4%); estiagem (3,4%); ausência da CEPLAC (3,4%); substituição por outra cultura (10,3%); preço do produto (24,1%); falta de recursos financeiros (6,9%); já estava erradicado quando comprou (10,3%); e agricultor desestimulado (3,4%). As justificativas para os abandonos são similares aos da erradicação: vassoura-de-bruxa (32, %); solo inadequado (4,0%); baixa produtividade (4,0%); preço do produto (34,0%); doença na família (2,0%); falta de mão-de-obra (6,0%); falta de recursos financeiros (12,0%); excesso de falhas (4,0%); e excesso de erva-de-passarinho. A reversão dessa situação é pouco provável, devido aos condicionantes impostos pelos produtores que, na sua maioria, sinaliza para mudanças estruturais pouco prováveis de realização a curto prazo tais como: melhoria do preço do produto e financiamento com baixas taxas de juros e, além disso, 19,0% não pretendem recuperar.

Atividade cacaueira - No decorrer da pesquisa, observou-se que o universo de produtores era menor que 21,9% em decorrência de erradicações e também por cacauicultores constarem nas estatísticas da CEPLAC sem que tenham implantado nenhuma área de cacau. Pode-se deduzir disto que as estatísticas da CEPLAC consideravam como área implantada o total de sementes distribuídas. A presumida área total de 3.279,91 ha, implantada por 342 produtores, hoje resume-se a 2.155,5 ha de propriedade de 267 produtores. Vale salientar, ainda, que em decorrência do percentual de falhas (18,2%), a área efetivamente ocupada com cacau é de 1.763,2 ha. Da área existente, 11,1% encontram-se abandonadas e 88,9% estão sendo exploradas com baixo nível tecnológico, sendo que, a maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Rurópolis resulta numa baixa produtividade, com tendência declinante, pois gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle da vassoura-de-bruxa.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO MATO GROSSO: MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA (MT) - 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 18 de dezembro de 1979 por força da Lei no 4 157, o município de Alta Floresta possui coordenadas geográficas 09°11´00” de latitude sul e 58°30´00” de longitude a oeste de Greenwich. Os solos predominantes são os Podzólicos Vermelhos textura argilosa. As temperaturas giram em torno dos 26 ºC em média e a precipitação anual é de 2.400mm. As principais atividades econômicas são a agricultura, a pecuária e os extrativismos vegetal e mineral.A classe produtora rural do município de Alta Floresta é totalmente constituída de egressos do movi

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mento migratório brasileiro (100%): ressaltam-se as migrações que tiveram como ponto de partida a Região Sudeste (40,4%), em especial o Estado de Minas Gerais (Figura 54).

Figura 54 – Origem dos produtores de Alta Floresta (MT).

Alguns fatores evidenciam a relação estreita dessa população com o mundo rural: 98% residem nas fazendas; 19,1% eram trabalhadores rurais; 55,3% já eram proprietários rurais em suas regiões de origem e, 100% têm como atividade principal a agropecuária.

60,4% das propriedades assistidas pelo escritório de Alta Floresta estão dentro da área geográfica do município do mesmo nome e 39,6%, no município de Carlinda. A localização delas é um facilitador para o serviço de assistência técnica, haja vista a proximidade da sede do município, a distância média é de 35 km e 60% estão compreendidas entre 4 e 35 km de distância. A área média das propriedades é de 104,0 ha, mas a maior freqüência é de 100 ha. E os extremos estão compreendidos entre 5,2 e 7.000 ha. A situação fundiária do município é também um facilitador, pois todos os agricultores possuem documentação.

A exploração agropecuária do município é bastante diversificada, pelo menos 12 atividades são exploradas, com destaque para as culturas perenes. Entre os cacauicultores (Quadro 121), as explorações mais importantes são: em primeiro lugar a pecuária, seguida da cacauicultura e cafeicultura.

Quadro 121 – Relação das culturas exploradas em Alta Floresta (MT) em termos de percentuais de áreas – 1997.

Discriminação Fazendas (%)Cacau 16,7Café 8,3Pastagem 65,0Guaraná 1,4Lavoura branca 5,9Pastagem 65,0Guaraná 1,4Lavoura branca 5,9Soja 2,2Castanha 0,05Pomar 0,2Coco 0,1Acerola 0,01Cana 0,01Pupunha 0,003

226

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Nordeste Sul Sudeste

O marco histórico do desenvolvimento da cacauicultura do município de Alta Floresta foi o ano de 1974, em que foram implantados 1,7% da área, por iniciativa de 2,1% dos produtores, e 1992 marca a realização da última implantação (Quadro 122). Nos dez primeiros anos, foram implantadas 88,4% da área total do município; esse período coincide com o momento em que a oferta de crédito era abundante, baixas taxas de juros e, ainda, a contrapartida do Fundo Rotativo para Expansão da Cacauicultura (FUSEC). A média de área implantada por agricultor por ano foi de 12,1 ha, a mínima 1,8 ha e a máxima 70,5 ha. Em 98% das áreas implantadas, o material genético utilizado foi a mistura de híbridos distribuída pela CEPLAC e em 2%, filhos de híbridos, por iniciativa dos próprios produtores.

Quadro 122 – Anos de implantação e percentuais relativos à área total implantada, em Alta Floresta (MT) - 1997.

Anos Percentuais1974 1,71977 0,41978 42,71979 7,21980 33,91982 2,21984 0,31985 1,31986 3,31987 3,01988 0,31989 2,21990 0,71991 0,31992 0,5

O crescimento da cacauicultura perdeu o ímpeto inicial a partir de 1982 e, desse ponto em diante, assistiu-se a uma desaceleração das implantações, acompanhada de decréscimo espacial por meio das erradicações de plantios e redução do número de práticas agrícolas. A situação atual das áreas implantadas está configurada no Quadro 123.

Quadro 123 – Situação atual das áreas implantadas em Alta Floresta - 1997.

Situação atual Áreas (%)Erradicadas 23,1

Abandonadas 0,6Trabalhadas 76,3

A cultura do cacau no município de Alta Floresta (Quadro 124) apresenta um baixo padrão de produtividade, pois, em 91,7% das propriedades, ficou abaixo dos 800 kg/ha estimados. A média de produtividade encontrada foi 161,0 kg/ha. quando se considerou toda a área de cacau existente, ou seja, áreas abandonadas e mais aquelas com um mínimo de tecnificação e subiu para 162,0 kg/ha quando não se levou em consideração as áreas abandonadas.

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Quadro 124 - Produtividade por fazendas em Alta Floresta (MT) – 1997.

Classes de produtividade (Kg/ha) Fazendas (%)Até 400,0 72,9401,0 a 800,0 18,8801,0 a 1300,0 8,3

A presumida área total de 1.797,5 ha implantada por 226 produtores, hoje resume-se a 1.374 ha de propriedade de 216 produtores. Vale salientar, ainda, que, em decorrência do percentual de falhas (16,7%), a área efetivamente ocupada com cacau é de 1.144,5 ha. Da área existente, 0,8% encontra-se abandonada e 99,2% estão sendo exploradas com baixo nível tecnológico, sendo que a maior parte, a colheita é a única prática agrícola realizada. O baixo nível de tecnologia dispensado à cacauicultura de Alta Floresta resulta numa baixa produtividade, com tendência declinante, pois gradativamente os produtores estão deixando de realizar as práticas agrícolas, desde as mais simples até as mais complexas e importantes, como o controle da vassoura-de-bruxa.

DIAGNÓSTICO DA CACAUICULTURA NO ESTADO DO MATO GROSSO: MUNICÍPIO DE PARANAÍTA (MT) - 1999

Edson Lopes Lima

Criado em 13 de maio de 1988, por força da Lei de no 5 004, o município de Paranaíta está situado na região norte do Mato Grosso, tendo como coordenadas geográficas, 09°11´00” de latitude sul e 55º30´10” de longitude a oeste de Greenwich. Ocupa uma área de 5.000,00 km², com uma população se 13.053 habitantes. As principais atividades econômicas são agricultura, pecuária e os extrativismos vegetal e mineral.

A cacauicultura teve um rápido desenvolvimento, haja vista a taxa de crescimento das áreas implantadas, média 73,8 ha/produtor/ano, além disso, alguns fatores, tais como o bom nível de escolaridade dos produtores; elevada experiência na atividade agropecuária; o nível de renda sinalizavam que num curto período de tempo, a lavoura cacaueira se firmaria como a atividade agrícola mais importante do município. Isto não se concretizou, pois a taxa crescente de áreas implantadas perdeu seu ímpeto a partir de 1978 e o que se assistiu foi a diminuição das áreas cacaueiras quer pela erradicação quer pelo não ingresso de novos produtores na atividade. O que resta é uma área em torno de 650 ha, conduzida com baixo nível tecnológico.

Alguns fatores podem estar correlacionados com a baixa performance da cacauicultura de Paranaíta, entre eles, a predominância de solos de baixa fertilidade, escassez de mão-de-obra (em decorrência dos garimpos de ouro) e comercialização do cacau por meio de sistema monopsônico, o que tem determinado baixos preços para a remuneração do produto.

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PERSPECTIVAS E POSSIBILIDADES DE EXPANSÃO DA CACAUICULTURA NO ÂMBITO DA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA AMAZÔNIA ORIENTAL - SUPOR

Edson Lopes Lima

Para tentar opinar sobre a questão, é necessário remetermos a um passado recente (1976 - 1985), para não termos de ir aos primórdios da Cacauicultura Nacional:

As oportunidades perdidas: Este relato mostra que a situação atual da cacauicultura brasileira é o resultado da implementação de um programa nacional (PROCACAU), que, devido à falta de visão estratégica, abstraiu variáveis importantes do processo, redundando em equívocos, cujos reflexos se fizeram notar não somente na Bahia, mas também no programa da Amazônia (Estado do Pará). O método utilizado baseou-se em análise crítica das metas programadas e oportunidades desperdiçadas, sob quatro momentos importantes da cacauicultura nacional: i) Vigência do PROCACAU (1976 – 1985): objetivava colocar o Brasil como primeiro produtor mundial de cacau, cuja base era uma demanda insatisfeita e a manutenção dos preços médios internacionais em alta. Estabeleceu-se implantar 300.000 ha (Bahia 110.000 ha, Espírito Santo 20.000 ha, Pará 50.000 ha, Rondônia 100.000 ha, Amazonas 10.000 ha e outros Estados 10.000 ha) e renovar 150.000 ha somente no Estado da Bahia. Sem critérios convincentes, as metas foram reprogramadas em 1981 e 1982 e, nestes momentos, as incontestáveis vantagens do Estado do Pará (solos de alta fertilidade natural, clima de custo produção), foram desprezadas. O PROCACAU cumpriu 74,6% das metas de implantação e 26% de renovação; ii) Pós-PROCACAU (1986-1989): nesse período, os preços entraram em declínio e o retraimento da economia brasileira elevou os custos de produção. Caracterizou-se também pela inércia da CEPLAC em termos de planejamento e isto redundou na queda de produção nacional, pelo abandono e erradicação de áreas de cacau. Contudo, apesar de os preços pagos aos produtores no Estado do Pará serem 40% menores do que os praticados na Bahia, conseguiam remunerar seus investimentos. iii) Advento da vassoura-de-bruxa na Bahia (1989 - 2002): aqui a cacauicultura nacional experimentou a maior crise de sua história, a produção caiu para níveis de 100.000 toneladas e o abandono das fazendas é generalizado. Novamente falta à CEPLAC visão estratégica, pois o planejamento tem como foco apenas a lavoura baiana. Apesar da disponibilidade de recursos financeiros provenientes do Buffer Stock, não foi delineado um plano que permitisse ao Estado do Pará externar a sua pujança na produção de cacau. iv) Recuperação dos preços internacionais (2002 – 2003): constitui-se numa proposição para nortear as novas ações em decorrência da elevação dos preços, para que sejam valorizadas as áreas com vocação natural. Conclui-se que só com a implementação de um plano estratégico realístico o Brasil poderá alcançar melhores posições no cenário internacional.

O potencial do Pará: Quando instalada em área de vocação natural, pode ser a mais competitiva do mundo, vejamos o exemplo a seguir. A Cacauicultura de Medicilândia no Estado do Pará, instalada em solos de Terra Roxa Eutrófica Estruturada comparada à sua congênere nacional, Bahia, é a que apresenta maior capacidade de suportar os mais baixos níveis de preços do produto praticados no mercado internacional; períodos de inflação crescente; elevadas taxas de juros e, mesmo assim, remunerar o capital investido. Isto se deve à presença concomitante no seu ecossistema de fatores que lhe conferem elevada produtividade e baixo custo de produção. Ao analisar-se uma série histórica de 20 anos com os preços praticados na Bahia, Pará e Bolsa de Nova Iorque. Comparou-se a quantidade necessária de cacau na Bahia e Medicilândia para pagar os custos das práticas agrícolas (roçagem, desbrota, poda, calagem, adubação, controle de pragas, controle de doenças e colheita), usadas no processo de produção, sob diferentes níveis de preços do produto praticados nas duas localidades e também utilizando-se os preços praticados no mercado

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internacional em US$ por tonelada. Os resultados mostraram que a Cacauicultura de Medicilândia consegue ser mais competitiva que a da Bahia, mesmo quando se leva em consideração a época em que os preços pagos aos cacauicultores da Amazônia sofriam um deságio de até 45% em relação aos da Bahia. Da conclusão, depreende-se que, para a revitalização da cacauicultura nacional, não se pode prescindir do concurso da cacauicultura da Amazônia, de modo particular das áreas com vocação natural para a cultura, como Medicilândia. Outra questão que reforça a desejabilidade da Cacauicultura em determinadas áreas do Pará é a ameaça do desemprego.

Geração de empregos - A questão do desemprego, em particular o desemprego no meio rural, em face do progresso técnico na agropecuária, mostra que algumas especificidades da cacauicultura restringem a dominação capitalista sobre o trabalho, em decorrência de que seu desenvolvimento tecnológico, diferentemente de outras atividades rurais, se opera notadamente por meio de inovações dos componentes químicos, físicos e biológicos em detrimento das inovações mecânicas, responsáveis pelas mudanças na intensidade e no ritmo da jornada de trabalho e por conseguinte no processo de liberação de mão-de-obra. Sugere que a implantação de novas áreas de cacau utilizando-se terra roxa estruturada Eutrófica, associada com materiais botânicos de alta performance, implicará altos rendimentos por unidade de área a baixos custos e em requerimentos crescentes de mão-de-obra. Pode-se inferir, ainda, que, se a cacauicultura tomada isoladamente tem sido capaz de manter a sustentabilidade social por meio da fixação do homem no campo e por dedução evitando-se sua marginalização na periferia das grandes cidades, então, sua utilização por meio de sistemas agroflorestais não só maximizará a produção global da área, como também mudará o caráter da sazonalidade do emprego em atividade permanente, além de contribuir para a manutenção do equilíbrio ecológico da região e assegurar aos produtores e trabalhadores rurais a sustentabilidade econômica e social nos períodos de preços baixos dos produtos. Pode-se acrescentar, ainda, que nestas áreas a possibilidade de produção de orgânicos é realística e isto significa pelo menos 30% de acréscimo nos preços. A disponibilidade de 80.000 ha de Terras roxas na Transamazônica, 77.000 ha em Tucumã e 134.000 ha em São Félix, além de mais de 1.000.000 ha de solos férteis, porém não tão-nobres como os mencionados, aliados a uma demanda insatisfeita de 400.000 toneladas de cacau no Mercado Nacional e a possibilidade de crescimento no Mercado Internacional, não tenho a menor dúvida em utilizarmos todas essas vantagens. Se formos pensar em superprodução, sucedâneos, como sempre tem ocorrido - lembrem-se da Malásia, Indonésia e a própria Costa do Marfim, que partiu de menos de 230 000 toneladas e hoje é crescente 1.350.000 toneladas. Além disso o Vietnã é uma realidade – 100.000 ha. Por tudo isto vamos à luta.

SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DA CACAUICULTURA NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO ESCRITÓRIO LOCAL DE TUCUMÃ, PARÁ

Edson Lopes Lima

Objetiva-se mostrar a situação atual da cacauicultura regional, por meio da análise dos principais componentes que exercem influência direta ou indiretamente no seu processo produtivo. Analisa-se os fatores sob a ótica de oportunidades/ameaças que permeiam o ambiente operacional interno e externo da CEPLAC. Para tanto, evidencia-se a qualidade e os impactos negativos e/ou positivos decorrentes da prestação de serviço pelo nosso grupamento de extensão. Evidencia-se também as potencialidades regionais sob a ótica da cacauicultura e, também, pelas atividades agropecuárias mais marcantes. Por fim, à guisa de conclusão, sugerem-se medidas que objetivam fazer face aos principais problemas, bem como para explorar o potencial local, de forma a traduzir-se em bens socialmente desejáveis.

230

Área de abrangência Esta é uma das questões que mais comprometem a efetividade da assistência técnica da CEPLAC, visto que o raio de ação é muito grande, o que impossibilita um atendimento adequado aos produtores e, desta forma, agricultores sem nenhuma experiência com a lavoura cacaueira buscam na auto-aprendizagem a solução dos seus problemas. Deve-se levar em conta que, além das distâncias entre os municípios, a dispersão dos produtores dentro das áreas de atuação e a infra-estrutura viária concorrem também para agudizar o problema. Dos municípios atendidos (Tucumã, Ourilândia do Norte, São Félix do Xingu, Cumaru do Norte e Água Azul do Norte), Tucumã é o que apresenta as melhores condições de atuação sob os dois aspectos levantados, haja vista que a distância máxima é de 100 km a partir do Escritório Local e as estradas são transitáveis em qualquer época do ano. Ourilândia do Norte dista 8 km da cidade de Tucumã; no tocante as suas condições, foi possível detectar a dispersão dos produtores e também que só por meio de motocicleta é possível alcançar as áreas de atuação. São Félix do Xingu, das áreas visitadas, é a mais problemática, pois, além da precariedade dos acessos, a dispersão é muito grande, existindo áreas de atendimento acima de 270 km de distância. Os demais municípios atendidos, não nos foi possível visitá-los, porém nos foi relatado que, além do exíguo número de produtores, algumas áreas distam mais de 400 km.

Recursos financeirosA falta de recursos financeiros tem acarretado dificuldades para a operacionalizacão das unidades, haja vista que não tem sido possível a elaboração do planejamento das atividades, comprometendo a eficiência e eficácia institucional.

Veículos disponíveis

O número de veículos é insuficiente e, além disso, a manutenção é bastante precária, o que, além de colocar em risco a integridade física dos ocupantes, mantém sempre abaixo da necessidade o quantitativo de veículos em condições de uso e assim limita a capacidade operacional das unidades de extensão.

Pessoal técnico No que tange aos aspectos quantitativos e nível de preparo dos profissionais à disposição do programa, estas são questões crônicas que já se arrastam há mais de dezesseis anos. O quadro de pessoal é bastante exíguo e não tem condições de fazer face às demandas regionais. No tocante ao nível de conhecimento técnico da cultura, a situação é preocupante, pois os profissionais pertencentes ao quadro da CEPLAC já há muito tempo necessitam de reciclagem técnica. Quanto ao pessoal ligado às parcerias, parte teve uma semana de convivência com a cultura na ERJOH e os demais jamais tiveram qualquer treinamento. Esta debilidade das parcerias, parece-me que compromete mais a instituição, pois pode dar a falsa impressão de contingente adequado em termos numéricos, porém deixa dúvida quanto à qualidade do atendimento.

Produtores envolvidos É crescente o número de produtores que a cada ano ingressam no programa e, nos últimos dois anos em função dos preços do cacau praticados no mercado internacional, a demanda tem crescido não apenas nas áreas já trabalhadas, mas também em municípios onde não existe nenhum estudo de viabilidade técnica para a cacauicultura. A seleção de agricultores não tem sido confirmada através de critérios técnicos, mas tão somente por meio dos pedidos de sementes. Isto se constitui num sério complicador, pois pode-se estar induzindo o agricultor a um negócio sem retorno financeiro em decorrência de implantações sem a devida qualificação.

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Área implantadaO programa de implantação da cacauicultura na região de influência de Tucumã, começou na década de 80 por meio de processo de cooperação técnica da CEPLAC com a Empresa de Colonização da Andrade Gutierrez. Para tanto, antecederam os estudos exploratórios e ficou demarcada como apta para a cultura a área do município de Tucumã. Nos últimos cinco anos (informação pessoal de técnicos), expandiu-se a cultura para municípios vizinhos sem definição de uma área de atuação e sem critérios de seleção, mas atendendo notadamente aos requerimentos de Programas de Crédito Rural. Até 2002, foram implantados 5.500,0 ha de cacaueiros, com variação entre os extremos de 0,8 a 50,0 ha; média de 5,5 há e moda 3,0 ha. O Quadro 125, a seguir, mostra o perfil de cada município em relação à área implantada.

Quadro 125 - Área implantada por município, em termos absolutos, por critérios de área confirmadas, nao-confirmadas e totais.

Municípios Áreas implantadas em haConfirmada Nao-confirmada Totais

Tucumã (PA) 2 339,0 254,0 2 593,0Ourilandia (PA) 821,0 160,0 981,0São Félix (PA) 1 214,0 405,0 1 619,0Cumaru (PA) 247,5 - 247,5

Água Azul (PA) 10,0 - 10,0Totais 4 721,5 819,0 5 540,5

Manejo da cacauicultura

Em Tucumã as áreas visitadas foram implantadas em solos de média a alta fertilidade natural, todas com produtividade acima de 1.200 kg/ha, apesar do sistema de condução: plantas bastante altas, auto-sombreamento, diferenciação de vigor genético, ataque de insetos, principalmente monalônio e já a presença de vassoura-de-bruxa.

Potencial A região se caracteriza em termos sociais como de permanente estado de conflito, motivados principalmente:

a) pelo grande potencial agropecuário; b) número de fazendas improdutivas; c) grandes projetos pecuários; d) riqueza mineral; e) apoio governamental, notadamente em termos creditícios e incentivos fiscais, aos grandes investidores; f) a organização social dos sem-terras, etc.

O potencial agropecuário da região se traduz, no entanto, pelas amplas possibilidades rurais em função de clima e solo (Quadros 126 e 127).

No que tange à cacauicultura, podemos destacar as excelentes possibilidades para os Município de Tucumã e São Félix, relatadas nos trabalhos de SUDAM (1976) e Neves (1997).

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Quadro 126 - Descrição das unidades taxonômicas, níveis de fertilidade e tamanho das áreas de solos levantadas no Município de Tucumã (PA).

UNIDADE TAXONÔMICA FERTILIDADE ÁREA em ha

Podzólico vermelho-amarelo distrófico, textura argilosa Média 160.000Terra roxa estrutura eutrófica + Podzólico vermelho amarelo distrófico textura argilosa Alta 77.000

Quadro 127 - Descrição das unidades taxonômicas, localização, níveis de fertilidade e tamanho das áreas de solos levantadas no Município de São Félix do Xingu (PA).

UNIDADE TAXONÔMICA LOCALIZAÇÃO FERTILI-DADE ÁREA ha

Podzólico vermelho- amarelo distrófico, textura argilosa

Margem direita do Rio Fresco, entre o Igarapé Carapanã e o rio Branco. Margens do Rio Xingu, ao norte da Vila Triunfo

Média 72 000

Podzólico vermelho- amarelo textura argilosa

Norte do Igarapé Tiborno; margem direita do rio Xingu; ao longo do igarapé Carapanã e entre os rios Fresco e Branco

Média 50 000

Podzólico vermelho- amarelo textura argilosa

Ao longo do Igarapé Triunfo, entre os Igarapés Carapanã e Maguari e ao Sul de São Félix Média 100 000

Podzólico vermelho- amarelo álico textura argilosa

Entre a serra do velho Guilherme e o rio Fresco; margem direita do rio Fresco e Xingu Média 80 000

Terra roxa estrutura eutrófica Sul de São Félix, nas nascentes do igarapé Preto e ao longo dos Igarapés Triunfo e Tiborno Alta 34 000

Terra roxa estrutura eutrófica + Podzólico vermelho-amarelo distrófico textura argilosa

Entre o Igarapé Carapanã e as nascentes do Igarapé Maguari; leste da Serra do Velho Guilherme e ao Norte da Vila do Triunfo

Alta 60 000

Terra roxa estruturada distrófica, textura argilosa + Litólicos distróficos, textura indiscriminada

Sul de São Félix; sul da Serra da Mutuca; nas nascentes do Igarapé Preto e na serra entre os igarapés Maguarari e Araraquara

Alta 40 000

Total 436 000

Conclusão

O Pólo Cacaueiro de Tucumã é bastante promissor em decorrência principalmente de fatores, tais como: solos de alta fertilidade natural; módulo de pequenas áreas, 82,5% menores que 10,0 ha (Lima, 1999); a administração da propriedade em 82% dos casos é feita pelo próprio proprietário e a facilidade de escoamento da produção por meio das malhas rodoviárias (federal e estadual), além das possibilidades por meio do sistema Araguaia-Tocantins. Algumas medidas têm que ser efetivadas no curto e médio prazos para que o empreendimento tenha ganhos em termos de eficiência, eficácia e principalmente no caráter efetividade. Assim sugerem-se :

• Aumentar o efetivo de pessoal da CEPLAC;• Treinar imediatamente todo o pessoal técnico, tanto da CEPLAC como das conveniadas.• Necessidade imediata: identificação de solos aptos para cacau e manejo da cultura;• Estabelecer o sistema de planejamento da unidade:• Escolher um regional para a área, que tenha conhecimento técnico da função, seja dinâmico e saiba

controlar situações adversas;• Reformular o calendário agrícola para a Região;• Gerenciar a tumultuada relação entre CEPLAC e Associações de produtores;• Normalizar o fluxo de recursos financeiros para a unidade;

233

• Mapeamento de solos da Região;• Levantamento de dados climáticos da Região;•Efetivar o uso de cacau em sistemas agroflorestais, como forma de minimizar os problemas de

sementes e maximizar o uso e a rentabilidade por unidade de área;•Reestruturar os termos do Convênio CEPLAC/Prefeitura;•Levantar as condições necessárias para implantar o Escritório de São Félix;•Denunciar a parceria CEPLAC/COOPATIORÔ;•Fazer gestões para que a CEPLAC passe a dar assistência ao produtores ligados ao PRONAF, haja vista

a possibilidade de arrecadação de 8% de cada projeto elaborado;•Compatibilizar o número de veículos com o número de técnicos;•Formalizar convênio com o INCRA, para prestação de assistência técnica aos agricultores de áreas de

assentamentos no Município de São Félix.

REGIÃO DA TRANSAMAZÔNICA: UMA ALTERNATIVA PARA RECOLOCAR O BRASIL ENTRE OS MAIORES PRODUTORES DE CACAU DO MUNDO

Edson Lopes Lima; Fernando Antonio Teixeira Mendes; Mário Miguel Amin Garcia Herreros e Sylvan Martins dos Reis

A presente investigação traça um panorama da cacauicultura mundial, salientando não apenas o momento atual, mas as tendências dos principais indicadores dos mais importantes elos da sua cadeia produtiva. Mostra possíveis contradições de cenários apontadas por importantes integrantes desse elo, notadamente em termos de suprimento futuro de amêndoas. Num primeiro momento, faz-se uma breve incursão no panorama mundial do agribusiness do cacau, ressaltando as estatísticas em termos de oferta; demanda; preços etc. Também mostra as estratégias dos chocolateiros para cada vez mais aumentarem seus lucros, por meio da redução dos custos de produção. Este procedimento tem seu relevo, pois sua realidade tem reflexos imediatos em todos os países produtores. No segundo momento, busca-se desvelar a situação da cacauicultura brasileira, notadamente a da Bahia, evidenciando-se os seus motivadores, segundo a ótica dos seus principais atores. Num terceiro momento, traça-se um paralelo entre a cacauicultura baiana e a da Transamazônica em torno dos fatores que mais refletem as maiores oportunidades em face das tendências do negócio global. Por último, procura-se evidenciar em que proporção cada região pode contribuir para o soerguimento da cacauicultura nacional. ou seja, em que cenário (excesso de produto ou escassez, qual alternativa, qual a região que melhor se encaixa).

Segundo previsão da ICCO (1999), a produção mundial de cacau para o biênio 1999/2000 sofrerá um acréscimo de 6%, ou seja, 162.000 toneladas a mais em relação ao período anterior. Isto eqüivale dizer que para este período estima-se um superávit de produção da ordem de 50.000 toneladas. Contraditoriamente, esta mesma instituição foi uma das signatárias juntamente com vários representantes da indústria de cacau e chocolate, grupos governamental e não-governamental e comunidade científica, de um documento elaborado em Paris, em março de 1999, intitulado “The future of cocoa: Declaration of intent”. Este documento sela um acordo para a implementação de um programa de trabalho intitulado: “International Sustainable Cocoa Program”. A visão dos idealizadores do programa projeta uma grande demanda por produtos de chocolate e, ao mesmo tempo, prevê a falta de cacau, devido à devastação de áreas de produção por vários fatores, tais como: pragas e doenças e adversidades climáticas. Então, com o intuito de assegurar um adequado suprimento de amêndoas de cacau e a preços condizentes para suas fábricas, as indústrias de chocolate apóiam, financeiramente, pesquisas científicas em cacau e chocolate em áreas-chave como: produção; manejo integrado de pragas; controle de doenças; conservação de germoplasma e biotecnologia. O programa se baseia em cinco pontos fundamentais, com seus respectivos objetivos: a) Agroecológico: até 2005 elucidar mecanismo que possa promover o cultivo de cacau como maximizador da biodiversidade e sustentabilidade dos ecossistemas tropicais; b) Novos

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plantios: em dez anos, a partir de 2000, colocar o Vietnã, Panamá e Peru, por meio de pequenos produtores, em nível de produção comercial; c) Economia da pequena produção: aumentar a renda do pequeno produtor, através de tecnologia de baixo custo; d) Gestão integrada de produção: estabelecer até 2008 total integração regional da gestão de produção de cacau, em harmonia com os objetivos regionais ecológicos como meta de aumentar a produção global em 50%; e) Melhoramento: estabelecer globalmente um programa integrado de melhoramento para obtenção de variedades de alta produtividade e resistente a pragas.Dois ingredientes a mais são apresentados para aumentar as dúvidas quanto à realidade dos cenários da cacauicultura mundial delineados principalmente pelos moageiros. O primeiro refere-se aos preços futuros na Bolsa de New York, que, na perspectiva de baixa para o cacau, registra a menor cotação para o produto desde 1973, US$ 834 por tonelada (ICCO, Op. cit.). Outra questão que certamente ensejará reflexos nos preços é a aprovação pela Comissão de Meio Ambiente, Higiene e Consumo do Parlamento Europeu de uma lei que permite a fabricação de chocolate que contenha até 5% de gorduras diferentes das de cacau, pelo países comunitários, isto eqüivale a uma redução na demanda global por cacau, em até 200 mil toneladas ou 7% do consumo mundial (Gazeta Mercantil, 2000). Tafani (1999) faz referência à síntese de Hertmann acerca da introdução de gorduras vegetais substitutas da manteiga de cacau na produção de chocolate: “A ampliação de uso de gorduras adulterantes no chocolate é um processo irreversível, baseado em interesses econômicos de um influente setor industrial transnacional...” Esta situação sugere que, se mantidas invariáveis as condições de preços e demanda do produto, para se manter no negócio, os países produtores de cacau têm que ser competitivos e a eficiência de produção o objetivo a ser perseguido. Em face deste cenário, indaga-se quais as reais possibilidades de o Brasil recuperar sua posição neste mercado competitivo e pleno de interesses, no momento em que sua principal região produtora, o sul da Bahia, encontra-se numa situação de quase insolvência?A partir do momento em que foi constatada a presença do fungo Crinipellis perniciosa na cacauicultura da Bahia em 1989, desenvolveu-se um sentimento nacional de creditar à vassoura-de-bruxa a responsabilidade pela redução de 62,6% da produção (217.000 toneladas), falências, êxodo rural, desemprego, erradicações de cacaueiros e importações de cacau, na região Sul-Baiana. Deve-se ressaltar, no entanto, que nesta explicação foram abstraídas variáveis importantes que contribuíram sobremaneira para maximizar os efeitos da vassoura-de-bruxa. A idade e a baixa produtividade das plantações, a falta de reinvestimento no processo produtivo, e administração da propriedade. Segundo Alvim (1997), a Bahia é a região produtora de cacau que detém a maior área de plantações decadentes, estimada em 300.000 ha com mais de 60 anos de idade, segundo dados da CEPLAC (1987). Em 1976, o PROCACAU já sinalizava uma meta de renovação de 150.000 ha na Bahia em vista da baixa produtividade, cerca de 20 arrobas por hectare (300 kg) Outra variável que merece destaque é a falta de reinvestimento no processo produtivo e, finalmente, o sistema de administração rural vigente, em que os administradores, além de insuficientemente treinados, tinham limitado poder de decisão. Baiardi e Rocha (1998) dizem que a competitividade da cacauicultura baiana no mercado internacional tem sido de natureza espúria: dependente da baixa remuneração da força de trabalho e dos subsídios via crédito de custeio, que artificialmente reduziam o custo de produção. Concluem que, de modo inequívoco, as causas da “débâcle” da cacauicultura baiana são explicadas pelo conservadorismo e tradicionalismo dos produtores.

A queda dos preços do cacau no mercado internacional tem afetado a economia de muitos dos países produtores, mesmo aqueles em que a importância do produto é pequena na pauta de exportação. Basta observar o caso do Brasil, onde o cacau representa apenas 0,2%, mas que tem afetado a economia da região sul da Bahia. Estudo levado a efeito por Tafani (1998) concluiu que, em decorrência da baixa produtividade da lavoura, derivada da enfermidade vassoura-de-bruxa, bem como da elevação dos custos de produção pela necessidade de combate à doença e

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considerando a proporção de preços recebida pelo produtor (90% do preço FOB de exportação), os preços do cacau na Bahia deveriam ser da ordem de US$ 2.000/tonelada a US$ 2.100/tonelada para viabilizar a atividade. Historicamente os preços pagos aos produtores da Transamazônica sempre foram menores que os pagos aos produtores da Bahia e Espirito Santo, diferencial de preços de até 36% e taxas de inflação elevada mesmo assim a região sempre foi ser competitiva. Maior razão hoje, abril de 2000, com inflação baixa e preços equivalentes aos da Bahia (R$ 1.500/tonelada).

Os diferenciais de lucratividade das propriedades residem nos níveis de eficiência e eficácia com que são administradas e, quando a administração é realizada por aquele que detém o poder de decisão, maiores são as probabilidades de êxito. Sob este prisma a cacauicultura da Transamazônica apresenta grande probabilidade de êxito, visto que em 85,2% dos casos o administrador é próprio proprietário e 83,2 % residem na propriedade. Já na Bahia, em 73% dos casos a gerência é realizada por um administrador com limitados poderes de decisão (CENEX).. Outros pontos que diferenciam a cacauicultura da Bahia da Transamazônica são: nesta região, os cacaueiros foram tecnicamente formados; as plantas têm porte que facilita a remoção das vassouras; a idade média dos plantios é 18 anos; a área média, 15,3 ha; existência de um período seco bem definido; e a base genética dos plantios com predominância do material SCA-6 (Scavina).A economia cacaueira da Bahia, devido ao seu modelo primário-exportador e monoeconômico, tornou-se integrante do agrobusiness internacional e atrelado a um arranjo político, cultural, institucional e tecnológico, que sempre lhe conferiu um elevado grau de fragilidade e/ou vulnerabilidade às crises. Na transamazônica, a agricultura é bastante diversificada, média de 25 atividades, mas o mais importante é que em todasas propriedades suas atividades são diversificadas, com um limite inferior de três atividades e o superior de vinte e cinco. As mais importantes são cacau, pecuária, café, coco, cana-de-açúcar, seringueira, guaraná, pimenta-do-reino e as culturas de subsistência. Outra prática que está sendo adotada pelos produtores é a consorciação de culturas, com vistas à maximização dos lucros por unidade de área, destacam-se: cacau x mogno, cacau x seringueira, coco x cupuaçu x café, cacau x cupuaçu x açaí, entre outras.Com a crise do cacau, houve uma redução na utilização de produtos químicos nas fazendas da Bahia, no entanto, a partir de 1995, com o surgimento de novos financiamentos direcionados ao controle da vassoura-de-bruxa, feito com fungicidas cúpricos, a demanda por este produto cresceu, só nos primeiros cinco meses de 1996 (Figura 55), 143% em relação a 1994. De 1981 a 1989, a área adubada caiu de 25% para 10%; o combate às pragas reduziu-se de 83% para apenas 21% (Fundação Centro de de Pesquisas e Estudos, citada por Mascarenhas, Op. cit.). Na Transamazônica, a maioria das áreas de cacau foram implantadas em solos de média a alta fertilidade; em razão disto, 70% dos produtores nunca adubaram e, na atualidade, apenas 9,7% estão adubando seus cacauais. No que tange aos insetos, pelo pouco uso de inseticidas ao longo dos anos, parece que atingiu um nível de equilíbrio com seus inimigos naturais, visto que os danos são de pequena monta, apenas 17% dos produtores fazem uso de inseticidas. Quanto às doenças, em particular a vassoura-de-bruxa, o controle é feito em quase a totalidade por meio da poda fitossanitária (98,5%) e apenas 1,5% utiliza produtos químicos (Lima, Op., cit.).The Cocoa Chocolate and Confectionary Alliance (CCCA), citada por DÁvila e Dias (1993), enumera os principais requisitos que devem ter as amêndoas de cacau para atender às exigências dos fabricantes de chocolate: teor de manteiga de 56 a 58% no “nib”; elevado ponto de fusão; ácidos graxos livres com menos de 1% e teor de testa de 11% a 12%. Ribeiro (1987), em estudo desenvolvido na Amazônia sobre qualidade de cacau, verificou que na região da Transamazônica as amêndoas apresentavam qualidades intrínsecas muito boas, principalmente em relação ao teor de gordura (variação de 59,3% a 64,0%) e ao ponto de fusão, média de 35,09%.

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Figura 55 - Vendas de sais de cobre para agricultura em municípios da Região Sudoeste da Bahia.Fonte: Dados da Seção de Socioeconomia - CEPLAC/CEPEC.

O Quadro 128 evidencia que o cacau da Transamazônica se constitui num tipo à parte, que supera com vantagens para a indústria os principais parâmetros teor de gordura e ponto de fusão) do cacau tido como modelo.

Quadro 128 - Comparativo entre as características do cacau da Transamazônica e da Bahia em relação ao tipo padrão idealizado pelos fabricantes de chocolate, em termos médios.

Parâmetros Unid. Padrão Transamazônica BahiaPeso médio da amêndoa g 1,0 1,06 1,0Teor de gordura % 56,0 a 58,0 61,7 54,5Rendimento % 47,8 45,2 44,5Ponto de Fusão 0 C África Ocid. 34,6 33,6

Relatório da ICCO (1990), acerca dos custos de produção de sete países produtores de cacau, assegura que na Bahia não há mais disponibilidade de áreas para expansão da lavoura cacaueira. Já na Transamazônica, segundo Mendes (1998), só em solos de média e alta fertilidade, há disponibilidade de mais de 80 mil ha, afora mais de 1.000.000 de ha em matas nativas, na extensão da Transamazônica, de Altamira a Itaituba, e trinta quilômetros de cada lado.

Pelo que foi visualizado nas várias etapas deste trabalho, fica claro que a cacauicultura da Bahia não tem condições de sozinha retomar a posição de destaque que o Brasil perdeu.

Os Governos Federal, Estadual e Municipal não podem abdicar da participação da Amazônia neste processo de recuperação da cacauicultura nacional. A Transamazônica tem recebo pouca atenção dos poderes públicos, no entanto a cacauicultura desta região tem contribuído fortemente para a preservação do meio ambiente, viabilização de outros produtos agrícolas e, sobretudo, impedido que milhares de famílias façam parte das estatísticas de problemas sociais graves nas áreas urbanas. È bom pensar racionalmente sobre isto. Afora tudo isto, a Transamazônica tem potencial para formar uma cacauicultura forte, espacialmente maior que muitos países concorrentes e economicamente independente da dominação capitalista dos grandes cartéis do cacau. Isto é possível por meio da viabilização de duas atividades existentes na região: a produção de leite, que não tem mercado, e a recuperação séria da produção açucareira do Pacal. As três atividades interligadas darão lugar a um grande parque chocolateiro na região. A cacauicultura da região da Transamazônica dispõe de recurso que nunca foi explorado, as qualidades intrínsecas do seu cacau, que supera em muito o das outras regiões do Brasil e ganha em determinados parâmetros do cacau padrão mundial – o africano. É preciso elaborar uma campanha de marketing no exterior acerca das qualidades intrínsecas e, também, a produção sem uso de agrotóxicos em 83% de sua área. Há uma demanda muito forte por este produto e é uma forma de se agregar valor à produção.

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SOLOS

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MODIFICAÇÕES NOS TEORES DE NUTRIENTES NOS TECIDOS VEGETATIVOS DE Theobroma spp. INFECTADOS COM Crinipellis perniciosa

M.M.F. Batista1, R de C.L. da Silva1, L.H.I. Nakayama2 e T. Andebrhan3

1Alunas de PG em SNP-FCAP, Belém-PA; 2CEPLAC/SUPOR, C.P. 046, 67.105-970, Marituba-PA; 3Virginia State University P.O. Box 9061, Petersburg VA 23 806

A vassoura-de-bruxa do cacaueiro, causada pelo basidiomiceto Crinipellis perniciosa é a principal doença que limita o desenvolvimento das culturas no Brasil e nos demais países produtores.

O estado nutricional das plantas e das interações fisiológicas e bioquímicas entre T. cacao e C. perniciosa são poucos conhecidos. Os nutrientes minerais exercem importantes funções no metabolismo vegetal, influenciando o crescimento e a produção das plantas, além de aumentar ou reduzir a resistência destas a determinados patógenos. O conhecimento do conteúdo nutricional das espécies de Theobroma poderá fornecer subsídios para melhor entendimento da relação patógeno com a reação da planta, visto que na coleção de germoplasma existem espécies de Theobroma que não apresentam sintomas de infecção e/ou vários graus de infecções.

Os objetivos da pesquisa foram determinar a dinâmica de nutrientes em Theobroma spp e Herrania durante processo de infecção do Crinipellis perniciosa e avaliar o efeito do nutriente nas interações Theobroma spp e Crinipellis perniciosa.

Os experimentos foram desenvolvidos na Estação de Recursos Genéticos José Haroldo (ERJOH) da CEPLAC/ SUPOR, localizado em Marituba – PA.

Da coleção de germoplasma, foram coletados ramos sadios e ramos com vassouras vegetativas de T. bicolor, T. cacao, T. grandiflorum, T. obovatum, T. subincanum, , T. silvestris, T. spp. e Herrania mariae. Os ramos foram separados em folhas e caule, lavados com água destilada e secados em estufa a 70 ºC. As amostras secas foram moídas e submetidas à digestão para determinação de macro e micronutrientes, segundo Malavolta (1997).

A partir dos resultados nutricionais, o manganês foi o nutriente mais afetado pela infecção. Assim, este experimento foi conduzido em casa de vegetação, utilizando mudas de T. obovatum e T. cação de reação susceptível ao C. perniciosa. As sementes de polinização aberta foram plantadas em sacos de polietileno com 2,5 kg de capacidade e utilizou misturas de terra e composto orgânico na proporção de 3:1, acrescido de 60g de calcário dolomítico e 23g de superfosfato simples, respectivamente. Após dois meses, as mudas receberam as doses de manganês de 0, 250, 500, 1000, 1500 e 2000 mgMn/L, como sulfato de manganês. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, sendo utilizadas 15 mudas por tratamento, e cada muda foi considerada como repetição. A inoculação nos lançamentos foi realizada 35 dias após a aplicação do manganês, com bloco de ágar utilizando os basidiósporos do isolado de T. cacao de Belém. As taxas de infecção foram registradas 42 dias após a inoculação.

Existe variação nos teores de macro e micronutrientes nas folhas dos ramos sadios e ramos com vassoura vegetativa das espécies analisadas. De maneira geral, nasfolhas de ramos sadios, o teor de Ca é alto, enquanto que o N e K são baixos, quando comparados ao cacaueiro, com exceção do nitrogênio no T. obovatum e Theobroma spp (Quadros 129 e 130). Os teores médios de P, K, B, Cu e Zn foram maiores nas folhas de ramos com vassoura vegetativa do que nas folhas de ramos sadios. Transformando os teores de cada nutrientes em percentagem dos tecidos sadios, verificou-se que, nas folhas de ramos infectados, ocorreu diminuição de N, Ca, Mg, Fe e Mn, em 5%, 22%, 5% e 39%, respectivamente. As quedas nos teores de Mn, Fe e N podem estar afetando a resistência

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do hospedeiro, haja vista que, no cacaueiro, o clone SCA 6 de reação tolerante apresentou teor mais alto destes nutrientes nas partes infectadas. Assim como o baixo teor de Ca propicia a desorganização dos tecidos das paredes, além de aumentar os teores de açúcares e aminoácidos. Existe um efeito interativo do Mn e N, e ambos estão intimamente envolvidos na fotossíntese, síntese de carboidratos, fenóis e outros compostos associados com a defesa da planta aos patógenos.

Considerando os teores totais de nutrientes encontrados nas folhas e caule, os dados indicam que o patógeno provocou queda nos teores de manganês e cálcio em mais de 80% do T. grandiflorum e mais de 50% nas espécies de T. subincanum, T. silvestres e T. obovatum. No cacaueiro, os teores totais de nutrientes, excetuando o Mg, Fe e Mn, encontram-se muito baixo em relação aos teores considerados adequados. Houve aumento de macro e micronutrientes nas partes doentes.

Quadro 129 - Teores de macronutrientes nas folhas de ramos sadios (FRS) e ramos com vassouras vegetativas (FRV).

EspécieTeor de nutrientes nas folhas (g/kg)

N P K Ca MgFRS FRV FRS FRV FRS FRV FRS FRV RS RV

T. subincanum 8,1 7,6 1,3 1,4 7,0 12,9 6,5 4,1 2,9 2,5Herrania mariae 7,8 8,4 1,3 1,9 6,2 14,3 13,0 3,6 3,5 2,6T. grandiflorum 8,1 7,8 0,9 1,4 5,3 10,5 6,5 1,6 3,5 1,9T. bicolor 8,1 8,4 2,3 1,2 5,9 6,2 3,9 6,8 1,6 2,9T. silvestres 8,1 9,0 1,3 1,8 4,7 10,7 3,3 2,0 2,2 2,5T. obovatum 19,6 17,8 1,0 1,5 6,0 9,5 5,3 2,8 2,5 1,8T. spp (híbrido) 18,8 17,9 0,7 1,2 9,0 13,9 5,0 6,5 2,4 2,7T. cacao 13,7 10,6 1,0 2,2 13,7 13,5 3,4 9,2 3,7 5,9

Quadro 130 - Teores de micronutrientes nas folhas de ramos sadios (FRS) e ramos com vassouras vegetativas (FRV).

EspécieTeor de nutrientes nas folhas (mg/kg)

B Cu Fe Mn ZnFRS FRV FRS FRV FRS FRV FRS FRV FRS FRV

T. subincanum 5 8 15 15 278 288 329 128 62 62Herrania mariai 11 14 5 5 483 529 290 103 70 64T. grandiflorum 8 5 10 18 62 213 358 59 39 43T. bicolor 14 14 11 10 195 167 397 304 41 34T. silvestres 14 11 10 15 269 260 378 157 38 62T. obovatum 5 6 8 13 269 186 216 108 49 49T. spp 8 8 6 13 223 223 574 559 61 77T. cacao 14 21 10 10 213 204 123 196 34 59

No caule de ramos com vassoura vegetativa, ocorreu diminuição nos teores de Ca, Mg, Fe, Mn e Zn (Quadros 131 e 132). A folha é a parte da planta que mais bem expressa os teores de nutrientes das espécies em teste.As espécies de Theobroma e Herrania possuem necessidade nutricional distintas e conseguem extrair os nutrientes em quantidades diferenciadas, mesmo implantadas no Latossolo Amarelo distrófico de textura média e visualmente apresentam quadro distinto de infeção natural no campo.

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Quadro 131 - Teores de macronutrientes em caule de ramos sadios (RS) e ramos com vassouras vegetativas (RV).

EspécieTeor de nutrientes nos caules (g/kg)

N P K Ca MgRS RV RS RV RS RV RS RV RS RV

T. subincanum 3,6 5,3 0,5 1,6 5,7 17,3 8,6 4,2 2,9 2,4H. mariae 2,8 5,0 0,8 1,6 3,8 11,3 13,0 2,7 2,6 1,8T. grandiflom 3,6 5,6 0,9 1,2 4,8 12,1 11,9 1,8 5,7 2,2T. bicolor 3,6 3,4 0,9 1,1 8,2 7,0 8,6 3,4 2,7 1,4T. silvestres 4,2 8,4 0,6 1,8 6,6 11,1 6,2 2,3 1,4 2,5T. obovatum 10,9 11,5 1,3 1,4 9,2 11,5 7,1 3,7 2,5 1,5T. spp 7,0 12,6 0,6 1,3 8,3 18,9 13,9 6,2 4,3 3,0T. cacao 5,6 9,8 0,9 3,0 4,7 21,5 5,9 7,1 5,8 6,0

Quadro 132 - Teores de micronutrientes em caules de ramos sadios (RS) e ramos com vassouras vegetativas (RV).

EspécieTeor de nutrientes nos caules (mg/kg)

B Cu Fe Mn ZnRS RV RS RV RS RV RS RV RS RV

T. subincanum 7 9 13 15 223 213 182 108 67 51H. mariae 7 8 6 6 399 213 113 98 82 44T. grandiflorum 6 5 10 19 381 195 196 49 57 43T. bicolor 9 7 13 11 158 158 250 236 110 102T. silvestres 7 11 10 15 241 130 304 172 74 54T. obovatum 7 5 11 15 213 186 123 98 64 54T. spp 5 7 6 15 176 176 422 363 92 62T. cacao 9 12 5 21 139 186 108 88 33 52

O índice de infecção nas mudas de T. obovatum foi baixo (Quadro 133). Entretanto, observa-se uma diminuição no índice de infecção à medida que aumenta as doses de Mn e modificação nos tipos de sintomas. O índice de infecção nas mudas de Catongo utilizada como testemunha foi de 87%.

Quadro 133 - Efeito das doses de manganês na reação das mudas de T. obovatum e T. cacao

Doses mg Mn/kg

No. pl. vassoura terminal

No. pl. caule inchado

I. I. %

0* 13 - 870 3 1 2725 3 0 20500 - 1 01000 - 1 01500 - 1 02000 - 1 0

• Mudas de cacaueiro Catongo

Com base nos resultados, conclui-se que:1. As espécies de Theobroma e Herrania têm necessidade nutricional distintas; 2. Os teores de N, Ca, Mg, Fe e Mn diminuíram nas partes afetadas pelo patógeno; 3. O patógeno diminuiu o manganês e cálcio dos tecidos das espécies de Theobroma em 50- 80%;4. O manganês influencia nas interações das espécies de Theobroma e C. perniciosa.

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ASPECTO NUTRICIONAL DOS ISOLADOS DE Crinipellis Perniciosa DA AMAZÔNIA BRASILEIRA.

L.H.I. Nakayama1, T. Andebrahan2 e A.E. Boaretto3

1CEPLAC/SUPOR, C.P. 046, 67.105-970, Marituba-PA 2Virginia State University P.O.Box 9061, Petersburg VA 23 806, 3CENA/USP, C.P. 96, 13400-970,.

Crinipellis perniciosa infecta os gêneros Theobroma e Herrania e outros hospedeiros das famílias Solanaceae, Bixaceae e Malpighiaceae, indicando alta variabilidade genética do patógeno. A multiplicação de C. perniciosa é sexuada e isto facilita as trocas genéticas do patógeno dentro dos tecidos infectados do hospedeiro, favorecendo o aparecimento das variações genéticas entre os isolados. O conhecimento sobre a necessidade nutricional dos isolados de C. perniciosa poderá fornecer subsídios para melhor entendimento na relação patógeno e hospedeiro e na produção in vitro de basidiocarpos. Até o momento não se tem informação quantitativa dos conteúdos de nutrientes dos isolados de C. perniciosa.

Objetivou-se determinar o estado nutricional dos isolados de C. perniciosa de diferentes hospedeiros e os conteúdos de macro e micronutrientes em vassouras secas.

Utilizaram-se dezoito isolados provenientes de várias áreas geográficas e de oito hospedeiros dos gêneros Theobroma, Herrania e da família Malpighiaceae (Quadro 134). Culturas de cada isolado foram estabelecidas por meio da coleta de basidiósporos em ágar-água, provenientes de vassouras secas ou de tecidos infectados e não necrosados, e posterior transferência para meio líquido de batata e dextrose, em frasco de Erlenmeyer (250 ml), que continha 100 ml do meio. Cada frasco recebeu três disco de micélio de 0,9 cm e com crescimento pleno, após o micélio ocupar toda a superfície. Cada isolado teve cinco frascos e cada frasco foi considerado como repetição. O material micelial de cada frasco foi lavado com água destilada e seco em estufa de circulação de ar, na temperatura de 65 oC por 48 horas e triturado no almofariz. As vassouras secas provenientes de áreas comerciais de várias localidades foram secas e moídas em moinho tipo Willey. As amostras micelial e das vassouras secas foram submetidas à digestão sulfúrica e nitro perclorica e quantificados segundo a metodologia de Malavolta et al. (1997).

O estado nutricional dos isolados de C. perniciosa é variado e muito dependente do hospedeiro (Quadro 134). O hospedeiro, por sua vez, depende do sistema edáfico e da genética da planta. Os isolados TC9102, TC6501, TC6903-01, TG9101, Tsi9101 e HM9101 apresentaram alto teor de N e maior que 22 g/kg. Todos os isolados, com exceção do TB9101, possuem alto teor de P e maior que o cacaueiro (1,5 – 1,8 g/kg). Todos os isolados apresentaram maior teor de Mg do que de Ca e ambos os teores são menores que nas plantas, e, também, maior teor de Fe do que de Mn, sendo que, neste, o teor médio de Mn nos isolados é 10 vezes menor que na planta. O isolado TC9201 e MS9201 se diferenciam somente no teor de Mn, no final o isolado de cacau apresenta mais do dobro. Em termo de teores de nutrientes, existe similaridade para os isolados TC6903-02 e TC6901. Os isolados, da mesma área, TC6903-01 e TC6903-02 (crescimento mais lento) diferenciam-se, principalmente, quanto ao teor maior de B e Mn, encontrado no isolado de crescimento mais lento.Os isolados de Theobroma spp e Herrania apresentaram teores nutricionais diferenciados, apesar de estarem nas mesmas condições edafoclimáticas. Nessa condição de solo pobre e ácido, ainda assim, a infecção parece funcionar como um dreno de nutrientes para o patógeno, haja vista os teores adequados de nutrientes encontrados nas vassouras secas (Quadro 135).

Por meio da relação existente entre Fe e Mn poderá ser estabelecido um índice de patogenicidade dos isolados. Utilizando-se desse índice, é possível estabelecer que quanto menor a relação Fe/Mn, maior poderá ser o índice de infecção do hospedeiro no campo. De maneira geral, todos os isolados

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apresentaram maiores teores de N, P e Fe do que os seus respectivos hospedeiros (vassoura seca), excetuando os isolados de TG9101, TO9101 e HM9101, cujos hospedeiros apresentaram maior teor de Fe. Todos os hospedeiros conseguiram suprir as necessidades nutricionais dos isolados em K, Ca, Mg, B, Cu, Mn e Zn (Quadro 136).

Quadro 134 - Relação dos isolados de C. perniciosa em função dos hospedeiros, origem geográfica e fontes.

Código do isolado Hospedeiros Área Geográfica Local/Estado Fonte do IsoladoTC9101-01-001 T. cacao Belém – PA MultibasidiósporosTC9102-01-001 T. cacao Medicilândia – PA MultibasidiósporosTC9201-01-001 T. cacao Manaus – AM MultibasidiósporosTC9201-01-002 T. cacao Manaus – AM MultibasidiósporosTC6501-01-001 T. cacao Alta Floresta – MT MultibasidiósporosTC6901-01-001 T. cacao Ariquemes – RO MultibasidiósporosTC6902-01-001 T. cacao Jarú – RO MultibasidiósporosTC6903-01-001 T. cacao Ouro Preto D’Oeste – RO MultibasidiósporosTC6903-02-001 T. cacao Ouro Preto D’Oeste – RO Vassoura verdeTC6904-02-001 T. cacao Ji-Paraná – RO Vassoura verdeTC6904-02-002 T. cacao Ji-Paraná – RO Vassoura verdeTG9101-02-001 T. grandiflorum Belém – PA Vassoura verdeTB9101-02-001 T. bicolor Belém – PA Vassoura verdeTO9101-02-001 T. obovatum Belém – PA Vassoura verdeTSi9101-02-001 T. silvestris Belém – PA Vassoura verdeTSu9101-02-001 T. subincanum Belém – PA Vassoura verdeHM9101-02-001 Herrania mariae Belém – PA Vassoura verdeMS9201-01-001 Mascagnia cf. sepium Manaus – AM Multibasidiósporos

Quadro 135 - Teores de macro e micronutrientes nos micélios dos isolados de C. perniciosa das espécies de Theobroma, Herrania e cipó.

Código do isolado

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn Fe/Mn

g/kg mg/kgTC9101-01-001 15,37 2,97 13,00 0,47 0,87 2,44 2,25 11,32 33,00 5,44 24,36 6TC9102-01-001 28,19 4,71 14,00 0,74 1,06 1,58 4,29 19,30 321,28 19,75 44,68 16TC9201-01-001 18,36 2,91 12,51 0,51 0,74 1,28 4,93 5,32 88,65 17,31 23,75 5TC9201-01-002 17,78 3,60 16,80 1,00 2,30 1,26 5,72 15,00 74,00 7,00 48,00 11TC6501-01-001 33,43 4,78 18,46 0,82 1,12 1,92 7,68 6,32 153,74 10,17 42,32 11TC6901-01-001 19,37 2,88 12,51 0,28 0,86 0,93 55,93 1,58 35,34 17,12 30,59 15TC6902-01-001 22,74 3,68 9,53 0,45 0,87 1,22 1,75 3,35 84,99 9,83 28,41 2TC6903-01-001 22,52 3,32 14,00 0,33 1,03 1,36 6,83 6,47 138,07 12,60 30,35 9TC6903-02-001 18,79 3,09 11,51 0,30 0,85 1,11 39,42 2,83 36,23 16,35 26,97 11TC6904-02-001 10,36 2,40 11,30 0,60 0,80 1,12 1,56 5,00 195,00 25,00 41,00 2TC6904-02-002 9,52 2,50 11,10 0,60 1,50 1,10 4,14 5,00 167,00 15,00 43,00 13TG9101-02-001 25,10 2,38 11,51 0,35 0,98 1,55 4,72 6,92 70,32 20,93 30,97 11TB9101-02-001 14,85 1,36 12,51 0,10 0,57 1,06 1,40 6,48 125,69 7,36 20,84 1TO9101-02-001 12,04 2,56 12,01 0,12 0,94 1,23 2,50 4,81 53,22 14,75 24,46 3TSi9101-02-001 26,90 2,61 13,00 0,63 1,06 1,64 8,74 10,31 262,46 12,34 37,23 17TSu9101-02-001

18,29 2,65 14,00 0,43 0,95 1,20 8,10 6,01 80,04 11,55 21,51 4

HM9101-02-001

25,89 3,50 14,99 0,22 1,05 1,61 7,89 4,24 49,96 35,07 39,16 21

MS9201-01-001 17,21 2,67 12,01 0,48 0,67 1,16 6,62 3,57 78,25 6,77 20,21 7

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Quadro 136. Teores de macro e micronutrientes nas vassouras secas das espécies de Theobroma, Herrania e cipó.

Código N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zng/kg mg/kg

TC9101 14,49 0,78 21,63 3,17 3,28 1,23 16,73 20,71 78,71 51,28 16,50TC9102 19,88 1,77 28,52 1,65 2,36 1,65 21,13 18,04 66,95 32,25 40,01TC9201 13,18 1,15 28,03 3,85 3,68 1,26 19,04 21,19 33,48 59,01 58,47TC6501 14,28 1,22 31,97 5,11 3,44 1,15 16,11 21,53 57,91 126,46 45,11TC6903 15,42 1,32 25,91 3,99 3,60 1,18 20,38 19,57 91,24 62,22 56,95MS9201 22,31 1,73 14,99 8,65 3,85 2,70 16,36 10,01 80,03 24,52 14,31HM9101 16,14 2,79 25,41 2,51 4,05 2,28 13,18 25,44 171,98 84,27 67,75TG9101 15,21 0,55 9,03 3,00 2,70 1,08 12,12 19,77 219,59 84,50 33,07TB9101 17,00 1,46 10,52 2,81 2,95 1,09 12,76 8,74 60,91 96,60 35,31TO9101 12,98 0,83 8,53 2,09 1,77 1,21 12,97 16,26 460,03 52,76 36,31Tsi9101 13,56 1,09 15,48 0,64 1,43 1,26 8,53 9,08 87,33 23,46 24,12Tsu9101 15,06 1,42 16,48 1,77 2,85 1,30 10,22 10,48 73,29 51,47 27,82

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE HÍBRIDOS DE CACACUEIRO REMANESCENTES DA ÁREA DA ERJOH

L. H. I. Nakayama

A Estação de Recurso Genético do Cacau “José Haroldo” (ERJOH) está localizada na BR 316, Km 17, em Marituba/PA, onde abriga o maior Banco de plantas vivas de cacaueiro do mundo e estão cultivadas em um Latossolo Amarelo distrófico de textura média. Este solo é caracterizado quimicamente como sendo ácido e pobre em nutrientes e fisicamente por possuir má drenagem.Por meio do programa da Genética e Melhoramento do cacaueiro, vários experimentos de ensaios regionais foram implantados e conduzidos na ERJOH e, dentre eles, destaca-se o de “Avaliação Preliminar de Cultivares”, instalado em dezembro de 1984 a fevereiro de 1985. Em parte, o baixo desempenho das cultivares para produção ficou muito relacionado, na prática, com os fatores químicos e físicos do solo e também com o da fitossanidade que deterioram o potencial genético almejado (Machado et al.,1991), entretanto os cruzamentos de alguns clones da Amazônia brasileira (CA 6, MA 15, CAB 21 e CAB 28), de alta variabilidade para produção, se destacaram para o referido caráter.Apesar da sazonalidade dos dados e resultados, observa-se que, entre vários cruzamentos híbridos, algum mantém o mesmo número de plantas inicial dentro da parcela, vegetando bem no solo de baixa fertilidade e apresentando pouca incidência de doenças na parte vegetativa. Assim, por meio das observações nas Quadras, dos dados dos Informes de pesquisa e do último levantamento realizado em campo, no período 1999, objetivou-se realizar o diagnóstico nutricional nos híbridos e avaliar a fertilidade atual do solo das quadras 8 e 9. A partir da introdução do experimento de Avaliação preliminar de cultivares em 1982, conduzido num único local (ERJOH), com um grande número de híbridos (255) que se destacaram na avaliação preliminar de outros experimentos, utilizando menor número de plantas por tratamento (48 plantas), sem repetição de parcelas e plantadas no espaçamento de 3,0 x 3,0m.

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O diagnóstico nutricional foi realizado em 17 híbridos remanescentes, contendo 48 plantas na parcela. De cada parcela, foi coletada aleatoriamente das plantas, em cada quadrante da copa, o ramo de lançamento exposto a pleno sol e retirada a terceira folha recém-amadurecida. Cada parcela foi composta de 10 plantas, totalizando 40 folhas para cada material híbrido.

Quanto à amostragem do solo, o procedimento foi realizado da seguinte forma: de cada parcela, foram retirados aleatoriamente, utilizando trado sonda, cinco amostras nas profundidades de 0-20cm e 20-40cm e posteriormente foram misturadas com as coletas de outras parcelas dentro de cada profundidade para formar amostra composta e única das Quadras 8 e 9. As amostras (folhas e solo) foram encaminhadas para o laboratório de análise do departamento de Ciência do Solo, ESALQ/USP, em Piracicaba, respectivamente para determinar macro e microntrientes foliar e análise de rotina e micronutrientes no solo.

O resultado de análise química do solo, apresentada na Quadro 137, indica que os solos das Quadras 8 e 9 são extremamente ácidos com pH em CaCl2 de 3,9 a 4,1 e teor de Al e H+Al, altos até na profundidade de 40cm, teor muito baixo de K, Ca e Mg trocáveis e Mn e Zn disponíveis, teor médio em P disponível, teor bom em S-SO4 e alto em Fe. Para corrigir a acidez do solo das Quadras 8 e 9 necessitaria aplicar 4,0 ton/ha de calcário dolomítico, em média, possibilitando também o suprimento adequado de nutriente ás plantas de cacaueiro.

Quadro 137 – Resultados da análise química de solos.

IDENT pH M.O P S K Ca Mg Al H+Al SB T V m B Cu Fe Mn Zn CaCl2 gdm-3 mg dm-3 mmol dm-3 % mg dm-3 Q8 0-20 3,9 27 20 20 0,8 4 1 8 42 5,8 47,8 12 58 0,27 0,2 167 0,8 0,3 Q820-40 4,1 22 4 29 0,5 2 1 10 42 11,6 53,6 8 74 0,21 - 60 0,2 0,1 Q9 0-20 4,1 30 20 24 0,6 8 3 4 42 11,6 53,6 22 26 0,24 1,1 161 1,0 0,3 Q920-40 4,2 19 5 32 0,5 2 1 12 47 3,5 50,5 7 77 0,19 0,1 51 0,2 0,3

Aliada ao fato de as quadras possuírem sombreamento permanente malformado, provocando o aparecimento de ramos com nós curtos e em tufos e da desfolha e necrose das ponteiras dos ramos, debilitando as plantas remanescentes, e diante da pobreza e da acidez elevada do solo, existe a possibilidade de os clones destes cruzamentos possuírem alta capacidade genética de conviver neste ambiente com mecanismos para tolerância a acidez do solo e/ou que consigam reciclar nutrientes e/ou possuam baixa necessidade nutricional e/ou alta capacidade fisiológica de adaptação.

O Quadro 138 mostra os teores foliares de macro e micronutrientes em cada cruzamento. Todos os materiais apresentam teor adequado de fósforo, baixo em cobre e ferro (exceto no cruzamento P 7 x CAB 60) e teor de Mn adequado para alto.

Para os demais nutrientes (N, K, Ca, Mg, S, B e Zn), houve uma variação acentuada na otimização dos teores para cada híbrido. Dos materiais analisados, 70% apresentaram teor adequado de N, 41% para K, 59% para Ca, 82% para Mg, 35% para S e 65% para B. Devido às circunstâncias do experimento, em termo da dificuldade de manejo da sombra, manejo da adubação química e orgânica, drenagem e outras, observa-se que um percentual grande de híbridos consegue manter teor foliar elevado de N e B (solo com textura média com baixa retenção de anions e de capa orgânica, onde o processo de lixiviação de nutrientes se intensifica) e teor foliar elevado de Ca e

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Mg (solo com baixo teor destes cátions e acidez elevada), provavelmente pela alta eficiência no processo de ciclagem de nutrientes do solo.

Estudos fisiológicos, rizográficos e de fitossanidade, entre outros, deveriam ser realizados para elucidar melhor o comportamento dos 17 híbridos analisados, haja vista estarem com mais ou menos 20 anos de idade e sem sofrer qualquer substituição no stand, podendo até servir na recomendação de cultivo como clones para áreas da região Bragantina e até da transamazônica.

Quadro 138 - Teores foliares de macro e micronutrientes em combinações híbridas de cacaueiro.

TRATAM.N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zn

g/kg Mg/kgP7XCAB28 18,3 1,7 17,4 6,7 5,2 1,8 28 8 43 118 68

RB40XMA15 17,8 2,0 17,7 8,5 6,3 1,6 35 8 46 171 98P7XCAB47 18,8 1,9 11,2 8,5 6,3 1,9 35 8 55 125 57P7XCAB60 19,8 1,8 14,4 8,9 5,5 1,9 32 8 216 247 52P12XPA150 19,5 2,1 20,0 5,8 4,7 1,6 28 8 43 198 56

CAB27XMA15 18,7 1,8 16,0 8,4 3,7 1,4 30 8 45 156 50SPA7XPA150 20,3 1,8 17,3 6,9 6,0 1,7 30 5 58 281 32TSH516XCA2 19,5 1,8 15,9 8,7 5,7 1,5 32 5 45 231 52UF242XCA6 18,5 2,2 14,0 13,6 4,0 1,5 33 6 44 296 56

EET397XCA2 21,2 2,1 15,0 9,1 6,9 1,7 31 6 54 203 63RB49XICS6 21,1 1,8 15,9 9,2 4,5 1,5 27 6 50 200 44

SCA6XCAB5007-8 19,7 1,8 18,5 8,8 4,4 1,8 31 6 47 271 57CAB21XCAB29 17,1 1,7 15,4 6,9 5,2 1,3 26 5 49 185 54CAB25XCAB27 18,4 1,7 14,4 9,5 6,4 1,4 31 6 65 216 49CAB27XCAB28 18,8 1,7 20,3 7,2 3,5 1,6 25 7 48 223 55PA15XCAB25 19,2 1,8 21,1 7,8 2,9 1,4 26 6 59 204 46

CAB23XCAB28 19,4 2,0 12,3 8,6 6,3 2,0 36 8 49 135 60Teor adequado 19/23 1,5/1,8 17/20 9/12 4/7 1,7/2 30/40 10/15 150/200 50/200 50/70

EFEITO DE FERTILIZANTE COMERCIAL CONTENDO FITO-HORMÔNIOS NO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE CACAUEIRO

L. H. I. Nakayama

A identificação de fatores que reduzem a taxa de reprodução do patógeno é de fundamental importância na diminuição da epidemia no campo. Segundo Andebrhan et al. (1998), o clima (principalmente quantidade e freqüência de precipitação), os isolados geográficos do patógeno, além da constituição genética do hospedeiro e outros fatores ainda não conhecidos, influem na produção de basidiocarpos.Para o bom estabelecimento das mudas seminais ou clonais em determinados tipos de solo, há necessidade de utilizar insumos para a melhoria química, física e físico-química, de forma a minimizar os problemas nutricionais e de estresse hídrico que são freqüentes em períodos de estiagem. O vigor das mudas de cacaueiro seminal e clonal têm efeito direto no estabelecimento dos mesmos no campo. Por outro lado, a interação genética e do ambiente interfere na produtividade do cacaueiro. Dentre os fatores ambientais, a nutrição mineral tem papel importante no vigor e no aumento da produção do cacaueiro.

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As kinetinas são hormônios sintetizados no ápice da raiz e translocados pelo xilema para o caule. A utilização de fertilizante contendo hormônio ativa os sistemas enzimáticos das plantas, promovendo o desenvolvimento vegetativo rápido e vigoroso e aumento do sistema radicular, proporcionando um melhor aproveitamento dos nutrientes, tão necessário para o florescimento e produção de sementes e frutos. O objetivo da pesquisa foi determinar a melhor dose e forma de aplicação dos fertilizantes contendo fito-hormônios no desenvolvimento de mudas seminais.Foi utilizada semente de polinização aberta ou mistura de híbridos da área de produção de sementes. As mudas foram plantadas em sacos de polietileno e, logo após a queda dos cotilédones, receberam os seguintes tratamentos: a) Aplicação única dos produtos no solo (Grupo Green Tyme), contendo kinetina (0,35%, 0,52% e 0,75%) e giberelina (0,5%, 0,75% e 1,0%); b) Aplicação foliar dos produtos contendo kinetina (0,35%, 0,52% e 0,75%) e giberelina (0,5%, 0,75% e 1,0%) e c) água (testemunha). As mudas receberam três aplicações foliares no intervalo de sete dias. O delineamento foi inteiramente casualizado e cada tratamento teve 20 mudas e cada muda foi considerada uma repetição. As mudas tratadas foram comparadas fenologicamente aos tratamentos nas seguintes avaliações: peso fresco e seco da parte aérea, peso fresco e seco da raiz, diâmetro de caule e altura de planta. No final do experimento, foi coletada folha +3 de cada planta para formar amostra composta para cada tratamento, que foram lavadas, secas em estufas a 65 oC, moídas e analisadas para macro e micronutrientes, segundo Malavolta et al.,1997.

Os dados do experimento encontram-se no Quadro 139. Preliminarmente, os dados de diâmetro de caule e altura das plantas aumentaram com as doses, fontes e forma de aplicação dos produtos portadores de hormônios. O produto contendo Kinetina, quando aplicado no solo, aumenta o diâmetro do caule, quando comparado com a aplicação foliar, indicando que num prazo de tempo mais curto é possível obter mudas para enxertia ou para plantio. Houve também maior crescimento da parte vegetativa das mudas. Os produtos contendo Giberelina e Kinetina, quando aplicados foliarmente, produzem plantas com mesmo diâmetro de caule e crescimento vegetativo e ambos são superiores à testemunha.

Quadro 139 - Dados de diâmetro de caule e altura de plantas de cacaueiro 30 dias após a aplicação dos tratamentos (média de 20 plantas).

Tratamento Aplicação foliar Aplicação no soloD.Caule (cm) Alt. Pl (cm) D. Caule (cm) Alt. Pl (cm)

Testemunha 7,60 41,68 7,53 43,25TG 1 7,78 40,64 7,60 44,25TG 2 8,26 40,22 8,55 47,52TG 3 8,01 45,27 8,78 47,52TK 1 7,80 41,47 8,57 47,65TK 2 8,55 43,30 9,17 48,52TK 3 8,56 47,50 9,54 47,15

Os dados do Quadro 140 indicam que o produto contendo giberelinas, quando aplicado no solo, favorece o aumento do teor de potássio, boro e ferro, quando comparado à aplicação foliar. Enquanto o produto contendo kinetina, quando aplicado no solo, aumenta somente o teor foliar de ferro, quando comparado com a aplicação foliar. Ambos produtos, ao aumentar o teor de ferro na folha poderá melhorar e aumentar o mecanismo da fotossíntese, favorecendo principalmente o crescimento do diâmetro do caule e da parte aérea vegetativa

Com base nos resultados, conclui-se que o produto à base de kinetina tem melhor eficiência para promover o crescimento do diâmetro de caule e da altura de planta. Os dois produtos portadores de

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hormônios são mais eficientes quando aplicados no solo. Além disso, ambos produtos não conseguem suprir nitrogênio às plantas de cacaueiro.

Quadro 140 - Teor foliar de macro e micronutrientes na terceira folha de cacaueiro.

TRATAM. N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Zng/kg mg/kg

TEST 10,8 2,7 28,5 5,2 7,7 2,3 84 10 98 25 70TGS1 12,3 2,0 22,3 5,9 6,9 2,1 92 7 147 34 66TGS2 11,0 2,5 20,5 5,2 8,2 2,4 81 7 200 27 68TGS3 11,5 2,7 25,1 4,9 7,4 2,0 85 9 136 25 68TKS1 10,7 2,8 23,2 5,1 6,9 1,8 74 8 111 20 64TKS2 11,7 2,2 20,3 6,7 7,6 2,0 85 7 191 37 72TKS3 11,7 1,8 19,8 7,3 5,5 2,0 77 39 199 25 65TEST 11,0 3,0 18,4 5,2 7,8 1,8 70 6 81 20 66TGF1 12,2 2,4 19,6 5,7 6,7 2,0 66 12 103 20 64TGF2 12,5 2,6 19,8 6,9 7,7 2,3 76 7 102 24 67TGF3 11,8 2,5 23,7 6,5 6,8 2,1 92 7 86 21 71TEST 11,3 2,9 20,8 5,5 7,9 2,0 72 6 78 18 57TKF1 11,7 2,3 12,8 10,7 7,9 2,0 81 7 152 31 77TKF2 11,2 2,1 21,2 6,0 5,6 2,0 73 8 124 24 57TKF3 11,1 2,1 17,7 8,5 7,1 2,4 80 6 121 23 70

SILÍCIO E Theobroma Cacao

Luiza H. I. Nakayama 1, Teklu Andebrhan 2 e Gaspar H. Körndofer 3

2 Virginia State University, P.O.Box 9061, Peterburg, VA, 23806 USA3 Universidade Federal de Uberlândia, C.P. 593, 38.400-902 Uberlândia, MG, Brazil

A doença vassoura-de-bruxa, causada pelo Crinipellis perniciosa, é um dos principais fatores que limita a produção do cacaueiro nos países da América do Sul e do Caribe. Estima-se que o patógeno seja responsável pela queda de 30-40% da produção. O Brasil e o Equador são países que possuem grandes áreas afetadas pela vassoura-de-bruxa.

Desde a sua descoberta em Suriname em 1895, muitos países como Trinidad e Tobago, Equador e recentemente o Brasil têm contribuído com os estudos para um melhor entendimento do ciclo da doença. As estratégias de controle, tais como químico, biológico, fitossanitário, resistência e práticas de manejo integrado estão sendo utilizadas.

A análise da dinâmica do patógeno, incluindo a produção de inóculo em todos os tecidos infectados, tem sido demonstrado que o melhor método de controle da doença é o fitossanitário. Este método envolve a remoção de todos os tecidos infectados, no período da estação seca. O período e a freqüência desta prática variam de acordo com as condições climáticas de cada região do País (Andebrhan, 1984). Atualmente o controle fitossanitário é a medida mais efetiva disponível para o agricultor, mas a adoção desta é estritamente dependente do preço do produto no mercado internacional. Para o controle fitossanitário ser efetivo, tem que ser realizado pela grande maioria dos agricultores da região.

A estratégia de seleção de genótipos resistentes ao patógeno depende de germoplasma com alta diversidade genética e o Brasil possui a maior coleção de germoplasma do mundo. Contudo, o maior problema em melhoramento genético de cacaueiro é o conhecimento limitado sobre o modo

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de herança, a diversidade genética do patógeno e a necessidade de se ter maior tempo para avaliar as características de interesse agronômicas.Outros métodos alternativos de controle da doença necessitam ser pesquisado, haja vista que o estado nutricional das plantas e as interações fisiológicas e bioquímicas entre T. cacao e C. perniciosa são pouco conhecidos e são alternativas viáveis que, no contexto atual, não podem ser descartadas.A resistência do hospedeiro a um patógeno pode ser definida sob aspecto fisiológico como a capacidade da planta em atrasar ou evitar a entrada e/ou a subseqüente atividade de um patógeno em seus tecidos (Goodman at al., 1986; Heitefuss e Williams, 1976). Para atingir esse objetivo a planta utiliza-se de fatores de resistência ou mecanismos de resistência pré-formados, presentes na planta antes do contato com o patógeno e capazes de reduzir germinação e penetração deste mesmos e pós-formados, que se mostram ausentes ou presentes em baixos níveis antes da infecção, sendo produzidos ou ativados em resposta à presença do patógeno (Hosfall e Cowling, 1980; Misaghi, 1982).Existem alguns estudos realizados com a finalidade de relacionar o estado nutricional do cacaueiro com a incidência da vassoura-de-bruxa (Quintana, 1971; Andebrhan, 1981; Bastos & Pereira, 1994; Nakayama, 1996). Os efeitos de nutrientes em relação à produção e a doenças são pouco conhecidos. Sabe-se que o silício promove resistência a doenças por regular reações enzimaticas envolvidas no “sinal” para mecanismos de defesa, além de fazer parte do processo estrutural das plantas e formação de produtos fungistáticos, como os fenóis. Neste estudo, estamos relatando os efeitos do silício na biologia de C. perniciosa e na indução de resistência e tentando correlacionar o teor de silício em folhas de cacaueiro adulto com reação à doença no campo.

1. Crescimento micelial

Utilisou-se quatorze isolados provenientes de várias áreas geográficas e de hospedeiros de espécies de Theobroma e cipó (Quadro 141). Cultura de cada isolado foi estabelecido por meio de isolamento de basidiósporos provenientes de vassouras secas ou de tecidos infectados. Placa de Petri contendo BDA foi inoculada no centro, utilizando disco de micélio de 9 mm e incubados a 25+ 1 oC. Cada tratamento teve 5 placas e cada placa foi considerada como repetição. O registro de crescimento foi realizado por meio das tomadas de diâmetro (cm), num intervalo de 3 dias, por um período de 12 dias.

Quadro 141 - Hospedeiros, origem geográficas e fontes dos isolados de C. perniciosaHospedeiro Área Geográfica Fonte do Isolado

T. cacao Belém - PA Multibasidiosporos T. cacao Medicilândia – PA Multibasidiosporos T. cacao Manaus – AM Multibasidiosporos T. cacao Alta Floresta – MT Multibasidiosporos T. cacao Ariquemes – RO Multibasidiosporos T. cacao Jarú - RO Multibasidiosporos T. cacao* Ouro Preto D’Oeste - RO Multibasidiosporos T. cacao** Ouro Preto D’Oeste - RO Vassoura verde

Mascagnia cf. sepium Manaus – AM MultibasidiosporosHerrenia mariae Belém – PA Vassoura verdeT. grandiflorum Belém - PA Vassoura verde

T. bicolor Belém – PA Vassoura verdeT. obovatum Belém - PA Vassoura verde

T. subincanum Belém - PA Vassoura verde

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2. Germinação de basidiosporos de C. perniciosa

Para determinar o efeito do sílício na germinação de C. perniciosa, foram utilizados basidiósporos frescos e colocados em Tubos de Eppendorff contendo soluções de 0, 50, 100, 0, 250, 500, 750 e 1000 mg/L de Si por um período de 12 hs. As suspensões de esporos foram agitadas no vórtex e amostras foram retiradas e adicionadas o corante azul de algodão e observada em microscópio. Os efeitos foram registrados em função de percentagem e tamanho dos tubos germinativos.

3. Efeito das interações de dose de silício e tempo de germinação no índice de infecção.

Mudas de cacaueiro de SIC 831 de autopolinização controlada e de reação susceptível foram utilizadas. Os basidiósporos do isolado de Belém foram preparados de acordo com a metodologia de Frias (1987) e Andebrhan (comunicação pessoal). Amostras de basidiósporos em cada dose de silício foram misturadas a ágar-ágar a 0,25% nas doses de 50, 100, 250 e 500 mg Si/L, incluindo a testemunha. Após 3, 7, 24 e 32 hs de germinação, efetuaram-se as inoculações nos lançamentos e mantidas em câmara úmida por 48 hs. A avaliação dos índices de infecção foi realizada 57 dias após a inoculação.

4. Relação entre nível nutricional de genótipos clonais

Por meio da condição de infeção natural, foram identificados na Estação de Recursos Genéticos José Haroldo/SUPOR/CEPLAC vários genótipos com reação de resistência a C. perniciosa. Lançamentos aparentemente sadios de genótipos resistentes e susceptíveis foram coletados para análise de nutrientes. Dos ramos aparentemente sadios, foram coletados lançamentos até 5 cm de comprimento e submetidos à análise química de macro e micronutrientes, segundo as metodologias descritas em Malavolta et al. (1997).

O crescimento micelial dos 14 isolados variou em termos das doses de silício: Nos isolados de T. cacao, o silício na dose de 100 mg/Kg favoreceu o crescimento micelial dos isolados de Belém, Medicilândia, Manaus, Alta Floresta, Ouro Preto* e Ariquemes (Quadro 142). Já o outro isolado de Ouro Preto** teve um crescimento micelial diferenciado e maior na dose de 50 mg Si/Kg, enquanto para o isolado de Jaru ,o silício teve efeito depressivo no crescimento micelial. Com relação aos isolados de Ouro Preto, oriundos de plantas cultivadas no mesmo tipo de solo e contendo 68 mg /dm3 de silício disponível, apresentaram crescimento micelial diferenciado, indicando que esses isolados possuem necessidades nutricionais distintos. O isolado de Manaus cresceu ate 750 mg Si/kg.

Dos isolados de Theobroma sp., o T. bicolor apresentou melhor crescimento micelial na dose de 50 mg Si/kg, e, nos T. grandiflorum e M. cf. sepium, o melhor crescimento ocorreu na dose de 100 mg Si/kg, enquanto que para o T. obovatum, foi de 150 mg Si/kg. Os isolados de H. mariae, T. sylvestres e T. subincanum tiveram o crescimento suprimido na presença do silício (Quadro 143). Os isolados de T. cacao, T. bicolor, T. grandiflorum, H. mariae, T. sylvestres e T. subincanum de mesma localização geográfica e solo apresentaram comportamento diferenciado, inferindo-se que cada isolado provavelmente tem necessidade nutricional diferenciado em função do hospedeiro (apesar de não ter sido realizada a análise química).

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Quadro 142 - Efeito de doses de silício no crescimento micelial dos isolados de C. perniciosa, em percentagem da testemunha de cada isolado, aos 12 dias.

Isolados 100 250 500 750 1000mg Si/Kg

Cp – Bel +9,8 -43 -41 -49 -54Cp – Med +8,4 +5,6 0 -2,8 -12,7Cp – MA +8,0 +5,3 +4,0 +2,7 -5,3Cp – AF +3,6 -34 -40 -40 -55Cp – Tg* +9,1 -36 -36 -45 -45Cp-Cipó** +7,3 -62 -62 -63 -78

* Theobroma grandiflorum ** Mascagnia cf. sepium

Quadro 143 - Dados sobre o efeito de doses de silício no crescimento micelial dos isolados de C. perniciosa, em percentagem da testemunha de cada isolado, aos 12 dias.

Isolados Área Geog 50 100 125 150 200mg Si/Kg

T. cacao Jaru -2 -9 -18 -20 -20T. cacao OP* +49 +51 +39 +31 +12T. cacao OP** +3,6 -7,3 -9,1 -9,1 -14T. cacao Ariquemes +2,6 +6,6 +6,6 +6,6 +6,6T. bicolor Belém +25 +17 +5,8 -2 -17H. mariae Belém -3,8 -21 -21 -26 -28T. obovatum Belém -9,6 -7,7 +3,8 +11 +9,6T. sylvestres Belém -44 -49 -36 -24 -12T. subincanum Belém -45 -39 -45 -24 -26

* Isolado 1 ** Isolado 2,

O silício até a dose de 100 mg/kg não afetou a germinação dos basidiósporos e o crescimento do tubo germinativo. Entretanto, a partir da dose de 200 mg Si/kg, observou-se um aumento das quantidades de basidiósporos não germinados e viáveis.

Observa-se, no Quadro 144, o efeito do silício na patogenicidade de C. perniciosa em mudas de cacaueiro. O silício na dose de 250 mg/kg promoveu um maior percentual de infeção, apresentando sintomas típicas de vassoura terminal, principalmente nos períodos de tempo de 3 e 7 horas. Baker and Holliday (1957) relataram que os basidiósporos não são infectivos após germinados e estes resultados demonstram que, após 7 horas de germinação, ainda os tubos germinativos são viavéis. Quadro 144 - Efeito de doses de silício e do tempo no índice de infeção vegetativa.

Doses % Índice de Infeçãomg Si/kg 3 hs 7 hs 24 hs 32 hs

0 50 60 50 4050 40 30 50 20100 70 20 40 10250 90 80 50 30500 40 50 40 10

Os dados do Quadro 145 mostram os teores médios de macro e micro nas folhas de lançamentos: todos os nutrientes, com exceção do Ca, estão em nível alto, apesar de não se ter classe de teores

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para este tipo de folhas. O teor de Si disponível no solo foi de 3 mg/dm3 (baixo) e provavelmente a variação no teor foliar de Si se deve à capacidade de extração de cada clone.

As correlações no teor de nutriente realizadas entre os diferentes genótipos de cacaueiro indicam que existe correlação significativa entre N x P; N x Mg; N x S; N x Mn; P x Mg; P x S; K x Mg; Mg x Ca; Mg x S; Mg x Si; Mg x Mn; Si x Mg .

Na correlação entre Si x Mg, destacaram-se os clones CAB 193 (4,15 g Si/kg), CAB 214 (6,20 g Si/kg), CAB 271 (4,66 g Si/kg) RB 36 (5,60 g Si/kg) e CAB 197 (3,90 g Si/kg), considerados tolerantes a C. perniciosa e por apresentarem os maiores teores de Si nas folhas de lançamentos.

Quadro 145 - Análise estatística simples para 24 genótipos clonais de cacaueiro avaliados pela concentração de nutrientes em amostras de folhas de lançamentos.

Nutrientes Média Desvio Mínimo MáximoN 33.79 3.67 27.90 42.50P 4.23 0.39 3.30 5.20K 24.30 2.78 19.20 30.70Ca 2.09 0.60 0.93 4.24Mg 4.44 0.60 3.43 5.81S 2,59 0.30 2.00 3.10Si 3.37 1.02 2.10 6.90B 32.17 8.01 21.37 56.73Cu 24.95 5.75 14.42 35.95Fe 67.78 23.74 41.79 152.09Mn 96.13 26.02 49.10 151.29Zn 73.35 9.28 55.64 96.39

Desta forma, conclui-se que:As exigências nutricionais dos isolados testados em silício variam em função do hospedeiro;Cada isolado tem dose ótima que estimula o crescimento dos micélios; O silício parece afetar a germinação e a patogenecidade dos basidiósporos;Existe possibilidade de se utilizarem os teores foliares de silício como indicador de tolerância à vassoura-de-bruxa (> 5,5 g Si/Kg).

GUIA DE SINTOMAS DE DEFICIÊNCIAS DE PIMENTA–DO–REINO (Piper nigrum)Luiza H. I. Nakayama e Sebastião G. Augusto

A cultura da pimenta–do–reino é extremamente exigente em nutrientes e responde bem à adubação orgânica (Albuquerque e Conduru, 1971) e química (Kato, 1978). Esta cultura, no Estado do Pará, é praticamente a única de exportação que tem recebido regularmente adubação de formação e de produção. Ela é propagada vegetativamente, possuindo sistema radicular do tipo fasciculado superficial, importante para a absorção dos nutrientes. A má localização na aplicação dos fertilizantes pode acarretar problema de deficiência, desequilíbrio e/ou de toxidez de nutrientes.Existe um agravante no Estado decorrente da oferta de produtos fertilizantes desbalanceados em termos de macronutrientes, que são extremamente ricos em fósforo (P) e com baixa concentração em nitrogênio (N) e potássio (K) e isenta de micronutrientes nas formulações. Soma-se a isso o fato de que os pipericultores utillizam muito pouco a análise de solo e de folhas para fins de recomendação de calagem e adubação, o que, no conjunto, causam deficiência e/ou desequilíbrio de nutrientes na planta.

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Assim, apesar de ser uma cultura em que se usam quantidades relativamente grandes de fertilizantes, é comum observar plantações comerciais, em vários estádios de desenvolvimento, com sintomas visuais de deficiências de alguns macros e micronutrientes. Com relação ao fósforo (P), os sintomas de deficiência têm sido pouco encontrados nas plantações comerciais. Isto pode ser devido ao fato de que a maioria dos adubos formulados disponíveis no Estado do Pará serem extremamente ricos com esse nutriente.Muitas deficiências podem ser corrigidas, prontamente, mediante a adubação foliar e/ou adubação via solo. Por se tratar de cultura perene, é interessante adotar as medidas curativas em qualquer instância do ciclo da cultura.Devido aos meses (dezembro a maio) em que os pipericultores mais adubam suas plantações e que coincide com o período de chuvas é conveniente proceder a um maior parcelamento nas aplicações dos fertilizantes e, sempre que possível, enterrar superficialmente a quantidade aplicada.

Deficiência de NitrogênioFolhas inferiores ou basais com clorose uniforme até atingir coloração amarelo – laranja, folhas pequenas, queda de folhas e redução nas brotações. As folhas mais novas ficam mais claras. Baixo desenvolvimento vegetativo, lançamento dos ramos de produção e de crescimento e engrossamento do caule. Sistema radicular pouco desenvolvido.Normalmente ocorre em períodos chuvosos, pós-colheita e quando se usa adubo orgânico pouco curtido ou não estabilizado.

Figura 56 – Sintomas da deficiência de Nitrogênio.

Deficiência de PotássioOs sintomas aparecem nas folhas mais velhas ou basais, com clorose internerval das pontas e margens e que progride para amarelo-bronzeado, formando um V verde ao longo da nervura principal. Com o tempo, a margem das folhas ficam necrosadas. Redução no tamanho das folhas e no engrossamento do caule. Normalmente é provocado pela alta exigência da cultura nos estádios de crescimento e nos períodos de enchimento de grãos e desbalanceamento nas relações entre cálcio e magnésio.

Figura 57 – Sintomas da deficiência de Potássio.

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Deficiência de MagnésioOs sintomas aparecem na folhas medianas, com clorose internerval das pontas que progride pelas margens até atingir toda a folha de cor amarelo-laranja, que, com o tempo, ficam necrosadas. Queda acentuada das folhas. Normalmente é provocado pelo desbalanceamento em relação ao maior fornecimento de nitrogênio (N) e menor de potássio (K).

Figura 58 – Sintomas da deficiência de Magnésio.

Deficiência de Enxofre

Os sintomas aparecem nas folhas novas, com clorose uniforme e redução no tamanho das folhas. Com o tempo as folhas ficam amarelo-esbranquiçadas. Baixo desenvolvimento vegetativo, lançamento dos ramos e engrossamento do caule.

Figura 59 – Sintomas da deficiência de enxofre.

Deficiência de Boro

Os sintomas aparecem nas folhas basais, folhas menores, de formas bizarras, malformadas e sem pontas, grossas, nervuras suberizadas e salientes e com coloração verde-escuro.

Figura 60 – Sintomas da deficiência de boro.

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Deficiência de Ferro

Os sintomas aparecem nas folhas novas, clorose, nervuras em reticulado verde fino, isto é, todas as nervuras permanecem verdes, porém o limbo foliar fica amarelado, até o branqueamento e redução no tamanho das folhas. Normalmente coincide com o período chuvoso.

Figura 61 - Sintomas da deficiência de ferro.

Deficiência de Manganês

Os sintomas aparecem nas folhas novas de tamanho normal, amarelecimento entre as nervuras, saliente e em reticulado verde grosso. A cultivar Guajarina apresenta a deficiência de forma pronunciada durante a fase de crescimento.

Figura 62– Sintomas da deficiência de manganês.

Deficiência de Zinco

Os sintomas aparecem nas folhas novas, pequenas, lanceoladas, clorose internerval com amarelecimento entre as nervuras até tornar-se branco-leitoso e atingir a margem da folha. A clorose, com o tempo, progride para necrose. Ramos com encurtamento dos internódios, falha na granação e cachos pequenos. Normalmente acentuam em períodos secos e podem ser provocados pela alta adubação fosfatada.

Figura 63– Sintomas da deficiência de zinco.

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LEVANTAMENTO SEMIDETALHADO E APTIDÃO AGRÍCOLA DOS SOLOS DO PROJETO DE ASSENTAMENTO PROGRESSO

Carlos Alberto Corrêa; José Hamilton F. Galvão; Raimundo C. M. Barbosa e Cléber S. Dias1

1INCRA, Marabá

Os levantamentos e mapeamentos dos solos são instrumentos considerados essenciais no planejamento da ocupação e utilização das terras, adotados tanto para subsidiar políticas públicas de colonização ou desenvolvimento rural e até urbano, como também, num nível mais detalhado, servem aos proprietários rurais, ajudando-os nas decisões do que e onde plantar.

A gerência do INCRA em Marabá, preocupada com o futuro dos assentamentos instalados na área da antiga fazenda Bamerindus, em Eldorado do Carajás (PA), propôs uma parceria com a CEPLAC/SUPOR, no sentido de realizar estudos, primeiramente no Projeto de Assentamento Progresso (PA Progresso) e, futuramente, nos demais assentamentos da fazenda ocupada. Dentre esses estudos, estão o levantamento e o mapeamento dos solos existentes, bem como a avaliação da aptidão agrícola das terras, com o intuito de oferecer alternativas de uso sustentável do solo, minimizando efeitos negativos ao ambiente. Este estudo também objetiva avaliar o potencial de expansão da lavoura cacaueira, já presente em vários lotes de assentados.

Na primeira etapa do trabalho, fez-se o reconhecimento da área em seus aspectos de vias de acesso, rede de drenagem, condições de apoio local, levantamento bibliográfico e cartográfico. Foi realizada também uma amostragem preliminar dos solos nos diferentes ecossistemas encontrados, tendo as amostras sidas analisadas em laboratório para facilitar a classificação dos solos, objeto da etapa final do projeto.

A metodologia seguida é a preconizada pelo Serviço Nacional de Pesquisa de Solos e EMBRAPA, para levantamentos semidetalhados, constantes do Soil Survey Manual (ESTADOS UNIDOS, 1984); Procedimentos Normativos de Levantamentos Pedológicos (EMBRAPA, 1995) e Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999).

A partir das folhas SB.22-Z-B (mosaico semicontrolado de radar), com suas respectivas faixas estereoscópicas na escala 1:250.000, foi feita a fotointerpretação, gerando um mapa preliminar, o qual posteriormente, em mesa digitalizadora, usando-se tecnologia disponível de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), o mapa preliminar foi digitalizado, com georeferenciamento por coordenadas geográficas sobre imagem de satélite Landsat 7 ETM + WRS 223/064 de junho de 2001, usando-se como base cartográfica a planta topográfica do assentamento elaborada na escala 1:50.000. Esse produto (Figura 65) fornece uma visão macro dos solos da área, bem como da vegetação, relevo, rede de drenagem, estradas e a divisão do assentamento em lotes numerados.

As prospecções definitivas acontecerão na segunda etapa do trabalho de campo, quando serão detalhadas as descrições morfológicas dos perfis nas trincheiras pedológicas. Informações complementares à descrição visual serão obtidas a partir de análises de amostras de solo de cada horizonte ou camada dos perfis, seguindo-se os procedimentos constantes do Manual de Método de Trabalho de Campo (LEMOS & SANTOS, 1973). As cores dos horizontes e camadas de cada perfil serão determinadas em campo pelo método comparativo com a Munsell Soil Color Charts (MUNSELL COLOR, 2000).

A avaliação da aptidão agrícola terá por base os critérios preconizados no Sistema de Avaliação da Aptidão Agrícola das Terras (RAMALHO FILHO et al., 1983) e serão consideradas, de acordo com os sistemas de manejo, as potencialidades dos solos para os diversos tipos de uso, como lavoura, pastagem, silvicultura, pastagem natural e preservação ambiental, levando em conta as condições ambientais e os fatores limitantes ao uso das terras, como deficiência de fertilidade, deficiência ou excesso de água, suscetibilidade à erosão e impedimento à mecanização.

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O estudo climatológico da área constará de um balanço hídrico expresso em planilha e gráfico, para três níveis de armazenamento de água no solo, adotando-se as metodologias de classificações climáticas de Köppen e de Thornthwaite (1955), citadas por Reichardt (1995).

Com base na legenda preliminar, nos resultados obtidos e na pesquisa de campo, será feita uma reinterpretação das imagens de sensores e preparada a legenda e mapa final de solos e de aptidão agrícola, ambos na escala 1:50.000. Será também apresentado um relatório final completo, contendo ainda o balanço hídrico da área, com texto explicativo e informações técnicas sobre o estudo realizado.

Foram coletadas, na primeira fase do trabalho, 31 amostras, as quais foram analisadas no laboratório de solos do Serviço de Pesquisa da CEPLAC/SUPOR, constando de granulometria com determinações das frações areia grossa, areia fina, areia total, silte, argila total, argila natural e grau de floculação da argila. Os resultados permitiram, com a utilização do triângulo textural, a determinação das respectivas classes e grupamentos texturais (Quadro 146).

As mesmas amostras foram analisadas quimicamente, determinando-se seus valores de pH e teores de carbono, matéria orgânica, alumínio, hidrogênio, cálcio, potássio, magnésio e fósforo. A partir dos resultados analíticos, foram calculados outros indicadores, como a capacidade de troca de cátions (CTC), a saturação por bases (V%) e saturação por alumínio (m) (Quadro 146).

As observações de campo somadas às análises químicas e físicas das amostras coletadas permitiram confirmar a predominância dos LATOSSOLOS na área estudada, identificando-se as seguintes classes: LATOSSOLO AMARELO (LA), LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO (LVA) e LATOSSOLO VERMELHO (LV). Também se verificou a presença, em menor escala, de ARGISSOLO VERMELHO (PV).

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Figura 65 - Imagem de satélite da área do PA Progresso com lotes demarcados.

Quadro 146 - Dados analíticos dos solos de Novo Repartimento, Pará

Nº LTcm g/kg

Texturag/dm3

pHÁgua

cmolc/dm3 mg/dm3 CTC % SOLO

PROF. AreiaGrossa

AreiaFina

AreiaTotal Silte Arg.

Total C MO Al H+Al Ca Mg K P V m

01 172 0 - 20 - - - - - - 0,5 1 6,4 0,0 2,99 1,61 1,91 0,55 1,21 7,1 57,65 0,00 LV

02 172 20 - 40 305,21 246,67 551,88 274,05 174,06 fr.aren. 0,4 1 6,1 0,0 4,00 1,21 1,31 0,55 1,21 7,1 43,42 0,00 LV

03 159 0 - 20 96,81 94,52 191,33 405,54 403,13 fr.arg.silt. 1 2 3,8 4,0 10,75 0,41 0,41 0,24 1,22 12 8,98 79,05 LA

04 159 20 - 30 216,84 108,39 325,23 323,93 350,84 fr.arg. 0,8 1 4,3 3,3 10,75 0,51 0,20 0,20 1,21 12 7,80 78,38 LA

05 155 0 - 20 176,50 154,15 330,65 254,52 414,83 argila 0,6 1 5,5 0,1 3,63 2,00 1,90 0,38 3,20 7,9 54,11 2,28 LVA

06 155 20 - 40 221,00 141,18 362,18 173,42 464,40 argila 0,5 1 5,0 0,8 4,00 1,61 0,90 0,28 1,61 6,8 41,09 22,28 LVA

07 140 0 - 20 354,34 226,13 580,47 107,83 311,70 fr.arg.aren. 1,1 2 4,1 1,3 5,67 0,71 0,30 0,19 1,61 6,9 17,47 52,00 LA

08 140 20 - 40 276,61 199,65 476,26 114,08 409,66 arg.aren. 0,5 1 4,0 1,7 5,68 0,30 0,20 0,14 1,62 6,3 10,13 72,65 LA

09 346 0 - 20 157,42 88,11 245,53 140,86 613,60 argila 1,7 3 6,2 0,0 4,09 3,93 3,20 0,29 2,07 12 64,47 0,00 LV

10 346 20 - 40 142,30 75,47 217,77 76,27 705,96 argila 1,1 2 5,6 0,3 6,29 1,91 1,70 0,21 2,97 10 37,78 7,28 LV

11 346 40 - 60 148,10 70,08 218,18 88,98 692,83 argila 0,8 1 5,2 0,7 6,12 1,03 0,52 0,17 1,24 7,8 21,94 28,93 LV

12 ANG 0 - 20 125,88 112,36 238,24 568,80 192,96 fr.siltosa 0,1 0 5,0 1,2 2,32 0,30 0,10 0,04 1,21 2,8 15,94 73,17 LA

13 ANG 20 - 40 108,95 123,39 232,34 635,13 132,53 fr.siltosa 0 0 5,2 1,2 2,31 0,20 0,20 0,05 1,21 2,8 16,30 72,73 LA

14 VVC 0 - 20 174,16 121,84 296,00 106,92 597,07 argila 2,5 4 4,0 1,7 14,31 0,83 0,21 0,10 1,23 15 7,38 59,86 LV

15 VVC 20 - 40 168,06 106,35 274,41 40,34 685,25 argila 1,9 3 4,0 1,3 10,89 0,83 0,21 0,13 1,23 12 9,70 52,63 LV

16 VV 40 - 60 144,57 104,55 249,12 90,26 660,62 argila 1,2 2 5,0 0,8 9,84 0,82 0,21 0,07 1,23 11 10,05 42,11 LV

17 06 0 - 20 125,65 223,08 348,73 244,47 406,80 argila 1 2 6,0 0,0 4,02 2,24 1,12 0,09 1,22 7,5 46,18 0,00 LVA

18 06 20 - 40 107,71 86,19 193,90 298,14 507,96 argila 0,8 1 5,7 0,0 4,03 1,73 0,82 0,09 1,22 6,7 39,58 0,00 LVA

19 06 40 - 60 85,11 138,31 223,42 191,42 585,16 argila 0,6 1 5,5 0,0 3,03 0,61 0,72 0,03 1,23 4,4 30,98 0,00 LVA

20 186 0 - 20 89,52 97,11 186,63 356,85 456,51 argila 1,3 2 6,5 0,0 0,67 4,28 3,36 0,60 6,11 8,9 92,48 0,00 LVA

21 186 20 - 40 76,83 89,95 166,78 355,23 477,99 argila 0,7 1 6,2 0,0 3,35 2,64 2,95 0,40 3,85 9,3 64,13 0,00 LVA

22 69 0 - 20 136,53 349,83 486,36 320,10 193,54 franca 0,3 1 4,7 2,8 4,65 0,91 0,50 0,09 2,02 6,2 24,39 65,12 LA

23 69 20 - 40 137,61 313,25 450,86 341,08 208,06 franca 0,7 1 5,0 1,4 5,66 1,92 0,51 0,33 2,02 8,4 32,78 33,65 LA

24 69 80 - 100 138,12 198,96 337,08 346,93 315,89 fr.argilosa 0,1 0 5,0 11,4 20,17 0,20 0,20 0,02 1,22 21 2,04 96,45 LA

25 71 0 - 20 271,29 383,30 654,59 248,93 96,48 fr.arenosa 0,5 1 5,1 1,0 3,97 0,90 0,40 0,10 5,23 5,4 26,07 41,67 LA

26 71 20 - 40 246,68 374,84 621,52 272,05 106,42 fr.arenosa 0,4 1 4,7 1,2 3,64 0,80 0,30 0,10 4,02 4,8 24,79 50,00 LA

27 362 0 - 20 188,62 346,33 534,95 240,83 224,22 fr.arg.aren. 0,8 1 6,2 0,0 2,33 5,05 1,31 0,13 1,21 8,8 73,58 0,00 LVA

28 362 20 - 40 180,06 315,55 495,61 236,95 267,43 fr.arg.aren. 0,8 1 6,2 0,0 2,34 4,86 0,41 0,11 1,22 7,7 69,69 0,00 LVA

29 236 0 - 20 143,75 526,51 670,26 248,48 181,26 fr.arenosa 0,3 1 5,3 1,0 3,98 1,31 0,40 0,07 1,20 5,8 30,90 35,97 PV

30 236 20 - 40 111,65 342,29 453,94 255,18 290,88 fr.argilosa 0,2 0 4,5 2,3 4,99 0,71 0,51 0,06 2,02 6,3 20,41 64,25 PV

31 236 80 - 100 86,36 278,54 364,90 271,37 363,73 fr.argilosa 0,1 0 5,2 1,7 5,69 1,02 0,81 0,09 1,22 7,6 25,23 46,96 PV

Obs: Amostras coletadas no PA Progresso - Set/2003.

ANG: Ramal Angico

VVC: Vicinal Viveiro/Carumbé

LA: LATOSSOLO AMARELO

LVA: LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO

LV: LATOSSOLO VERMELHO

PV: ARGISSOLO VERMELHO

258

AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES EDÁFICAS EM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO SUBMETIDO A DIFERENTES MANEJOS

José Hamilton F. Galvão, R. Cosme de O. Junior, João Roberto V. Corrêa, Edson P. dos Reis e Kleper José B. Guimarães

O Campo Experimental voltado ao curso de Engenharia Agrícola do Instituto Luterano de Ensino Superior de Santarém (ILES), em Santarém–PA, estabelecimento de ensino da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), possui solos predominantemente de textura arenosa ou que possuem horizonte superficial arenoso, sobre os quais diversas culturas estão sendo implantadas experimentalmente ou como parte da infra-estrutura de apoio ao ensino agrícola.

O conhecimento das características desses solos é então indispensável para a manutenção dos plantios existentes, adequando-se manejos apropriados às suas características químicas e físicas, de modo a evitar-se não só o insucesso desses plantios, como também para mitigar prováveis efeitos erosivos ao solo.

O planejamento das futuras utilizações das áreas do Campo Experimental deve igualmente estar embasado no conhecimento das peculiaridades de cada classe de solo encontrada, o que deve ser atendida pela elaboração de um levantamento pedológico detalhado em toda a extensão de suas terras. No caso da ordem NEOSSOLO especificamente, cuidados adicionais devem ser tomados para evitar-se futuramente a ocorrência de áreas degradadas, com real prejuízo ao ambiente, levando em conta a fragilidade dos ecossistemas por ele formados.

De um modo geral, sabe-se que, quando um solo é submetido a um determinado manejo, quebrando o ecossistema natural onde está inserido, ocorrem modificações em suas propriedades físicas e químicas. O conhecimento do nível dessas alterações é um indispensável subsídio para decisões acerca do manejo mais adequado a ser utilizado nessas áreas.

LOCALIZAÇÃO: O Campo Experimental da ULBRA/ILES está situado na porção centro-oeste do município de Santarém, estado do Pará, distando 37 quilômetros de sua sede. Pertence a mesorregião do Baixo Amazonas, microrregião de Santarém, ocupando uma área aproximada de 2.000,00 hectares.

CLIMA: De acordo com a classificação de Köppen, a microrregião de Santarém apresenta o tipo climático Am, caracterizado por apresentar total pluviométrico anual elevado e moderado período de estiagem. A precipitação pluviométrica se constitui no principal indicativo usado na classificação, ou mais precisamente a existência e a duração do período de estiagem, já que as temperaturas médias, máximas e mínimas pouco variam dentro da região.

GEOLOGIA: Geologicamente, o município de Santarém está situado na porção central da Bacia Sedimentar do Amazonas, aflorando na maior parte do seu território (70%), a seção superior da Formação Alter do Chão (Cretáceo / Terciário). Essa unidade está constituída, predominantemente, por arenitos finos a grossos, esbranquiçados a avermelhados, friáveis, cauliníticos, com freqüentes estratificações cruzadas, apresentando intercalações de argilas avermelhadas a mosqueadas, estratificadas em bancos. A Formação Alter do Chão tem ampla ocorrência nas porções leste, sul e oeste do município.

Foram selecionadas três áreas em solos de textura arenosa, sendo uma com pastagem, outra com cultivos anuais e uma terceira ocupada com capoeirão, representando um ecossistema natural, que serviu como comparativo. Por meio de trincheiras pedológicas de dimensão padrão, foram descritos os perfis dos solos nas áreas selecionadas, os quais após as devidas caracterizações morfológicas, físicas e químicas foram classificados como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico (EMBRAPA, 1999).

259

As coletas de amostras para análises físicas e químicas seguiram normas preconizadas no Soil Survey Manual (1951), Munsel Soil Color Chart (2000) e Manual de Método de Trabalho de Campo (Lemos & Santos, 1973).

Foram também coletadas amostras indeformadas, utilizando-se anéis volumétricos de 100 cm³, com o objetivo de se fazer determinações da densidade do solo. Essas determinações foram realizadas no próprio laboratório do ILES/ULBRA, em Santarém. Da mesma forma, obtiveram-se resultados de umidade gravimétrica atual, sendo que, para isso, as amostras, secas em estufa à temperatura de 105ºC, foram pesadas e, a partir dos resultados, calculou-se por diferença de massa úmida e seca a umidade gravimétrica das amostras (Reichardt, 1987).

As densidades das amostras (densidade do solo) foram determinadas dividindo-se a massa da amostra seca em estufa pelo volume do cilindro coletor (EMBRAPA, 1997). As demais amostras foram analisadas nos laboratórios da EMBRAPA e CEPLAC, em Belém, conforme os métodos descritos por EMBRAPA (1997).

As análises físicas realizadas foram: granulometria em terra fina, feita com solução de NaOH, nas frações areia grossa, areia fina, silte e argila; umidade gravimétrica; densidade do solo (Ds); e porosidade Total (P), calculada pelo método indireto (Reichardt, 1987), dado pela fórmula P = [ 1 – Ds/Dp ] x 100, onde se considerou Dp (densidade de partículas) = 2,65 g cm-3

As análises químicas envolveram as seguintes determinações: pH em H2O; bases trocáveis (Ca, Mg e K); acidez extraível, representada pelos cátions de alumínio; eores de matéria orgânica e fósforo assimilável.

Os resultados de granulometria que permitiram a classificação do solo como NEOSSOLO QUARTZARÊNICO órtico (Quadro 147) mostram um forte predomínio da fração areia nos três perfis estudados.

Quadro 147 – Granulometria das amostrasAMOSTRA HOR/CAM PROF. (cm) GRANULOMETRIA (g/kg)

AR. GROSSA AR. FINA SILTE ARGILA

ÁREA A(PASTAGEM)

Ap 0-6 750 180 10 60A2 6-14 740 210 10 40A3 14-27 720 210 10 60AC 27-37 750 190 0 60CA 37-62 700 240 0 60C1 62-98 690 230 20 60C2 98-122 650 250 20 80C3 122-200 670 250 0 80

ÁREA B(CAPOEIRÃO)

A1 0-9 610 330 30 30A2 9-20 560 320 80 40AC 20-34 530 320 80 70C1 34-48 540 290 80 90C2 48-83 520 320 80 80C3 83-128 540 300 70 90C4 128-180 520 340 80 60

ÁREA C(CULTIVO)

AP 0-7 700 190 20 90A2 7-26 710 210 10 70A3 26-43 680 220 20 80AC 43-55 660 220 40 80CA 55-66 690 210 30 70C1 66-104 660 25 20 70C2 104-121 670 230 10 90C3 121-162 640 250 20 90C4 162-200 680 230 10 80

260

Esta classe de solos é pobre em minerais alteráveis (menos resistentes ao intemperismo), com ausência de horizonte B diagnóstico. A fração areia é constituída por 95% ou mais de quartzo, calcedônia e opala (EMBRAPA, 1999), que são minerais primários altamente resistentes à ação dos agentes formadores do solo. Apresentam, freqüentemente, uma seqüência de horizontes do tipo A e C, podendo ser subdivididos em A1, C1, C2 e C3. Do ponto de vista de suas características físicas, os resultados granulométricos e as características morfológicas, bem como a natureza do seu material de origem, evidenciam que esta classe de solo possui uma drenagem excessiva, baixíssima retenção de umidade, alta porosidade, as quais, associadas ao seu desenvolvimento estrutural, evidenciam que esta classe de solo não possui características físicas satisfatórias para sua introdução ao sistema produtivo. São solos que devem ser mantidos com cobertura vegetal permanente devido a sua suscetibilidade à erosão eólica.

Em função de sua textura arenosa, são solos de baixa reserva de nutrientes essenciais às plantas, não apresentando aptidão boa para uso com culturas. Assim sendo, são solos muito pobres em nutrientes e com acidez elevada, comprovados pelos resultados analíticos (Quadro 148) das amostras representativas dos perfis estudados, em que, porém, se pode perceber pequenas distorções no conjunto de dados, como é o caso do fósforo, que apresentou uma maior concentração nas camadas superiores das áreas de pastagem e de cultivo, provavelmente decorrente ainda do processo de preparo de área (queima) e de sua propriedade de imobilização no solo, o que, embora sendo próprio de horizontes superficiais argilosos, pode ter também contribuído para essa ocorrência (DEMATTÊ, 1988).

PROF. pH MO P K Ca Mg Alcm Água g/dm 3 m g/dm 3 cm olc/kg

Ap 0-6 4,9 9,60 13 0,06 0,5 0,2 0,9A2 6-14 4,8 12,20 8 0,08 0,5 0,6 0,9A3 14-27 5,0 9,60 2 0,06 0,4 0,3 0,8AC 27-37 5,0 10,70 2 0,04 0,3 0,2 0,8CA 37-62 5,0 7,60 2 0,06 0,3 0,5 0,5C1 62-98 5,0 5,90 2 0,04 0,4 0,6 0,3C2 98-122 5,0 3,30 3 0,06 0,3 0,3 0,0C3 122-200 5,6 1,70 2 0,06 0,3 0,2 0,0A1 0-9 4,9 13,20 2 0,12 0,4 0,2 0,5A2 9-20 4,6 11,50 2 0,12 0,3 0,2 0,7AC 20-34 4,7 18,20 2 0,27 0,3 0,1 0,6C1 34-48 5,2 16,80 2 0,08 0,2 0,0 0,4C2 48-83 5,2 12,70 2 0,08 0,2 0,1 0,3C3 83-128 5,3 11,70 3 0,08 0,2 0,0 0,2C4 128-180 5,4 8,40 4 0,08 0,2 0,1 0,1AP 0-7 4,8 9,80 9 0,10 1,0 0,6 0,7A2 7-26 4,8 10,00 11 0,11 0,9 0,5 0,6A3 26-43 4,8 15,00 3 0,07 0,6 0,5 0,7AC 43-55 5,0 10,00 3 0,05 0,4 0,3 0,7CA 55-66 4,9 8,20 1 0,08 0,5 0,1 0,4C1 66-104 5,0 6,10 2 0,06 0,4 0,2 0,2C2 104-121 5,0 7,30 2 0,06 0,4 0,1 0,2C3 121-162 5,0 6,40 2 0,06 0,2 0,3 0,1C4 162-200 5,2 3,10 2 0,06 0,2 0,3 0,1

Quadro 148 - Resultados analíticos das amostras.

ÁREA C(CULTIVO)

cm olc/dm 3

ÁREA A(PASTAGEM)

ÁREA B(CAPOEIRÃO)

AMOSTRA HOR/CAM

261

Amostras indeformadas, coletadas nas camadas mais superficiais de cada perfil, foram utilizadas para avaliar o grau de compactação do solo sob os três sistemas de manejo. Para isso, foram realizadas determinações da densidade do solo, cujos resultados (Quadro 149) mostram que, comparados aos valores encontrados na área com vegetação natural (capoeirão), as duas demais áreas apresentaram certo nível de compactação, causada pelo manejo do solo, sendo que na área de pastagem essa ocorrência só se verificou na camada mais superficial. Quadro 149 – Indicadores físicos

Área Camada Ds Ug Atual P(Prof. em cm) (g cm-3) (%) (%)

ÁREA A(PASTAGEM)

0 - 14 1,49 3,5 4414 - 27 1,14 11,5 57

ÁREA B(CAPOEIRÃO)

0 - 20 1,18 9 5520 - 37 1,22 12,5 54

ÁREA C(CULTIVO)

0 - 10 1,45 9,2 4510 - 20 1,38 10,4 48

Valores médios de três repetiçõesDs: Densidade do soloUg: Umidade gravimétricaP: Porosidade totalObs: Considerou-se no cálculo de P, o valor de 2,65 g cm-3 para a densidade de partículas.

Os valores de densidade do solo mostram-se compatíveis com os níveis de matéria orgânica verificados (Quadro 149), observando-se uma maior concentração desta fração na área B (capoeirão), favorecida pelas condições desse ecossistema que propicia uma maior atividade biológica, tanto pela quantidade de biomassa presente quanto por oferecer uma melhor proteção ao solo, garantindo melhores condições de temperatura e umidade para a ação de microrganismos, confirmando FASSBENDER (1984), quando afirma que a matéria orgânica favorece o aumento do espaço poroso, diminui a densidade do solo e aumenta a capacidade de retenção de água.

Percebe-se, também, pela análise dos resultados analíticos, que há uma tendência de concentração de matéria orgânica nas camadas intermediárias do solo, provavelmente influenciado pela textura “frouxa” que facilita a descida por percolação desse material.

Com base nos resultados, conclui-se que:

Pelas características físicas e químicas apresentadas, o solo estudado não tem aptidão para utilização na agropecuária, devendo ser recomendado preferencialmente para áreas de preservação

As qualidades textural e estrutural deste solo levam a deficiências na retenção de umidade, quando perturbado seu ecossistema natural;

A maior concentração de matéria orgânica nas camadas subsuperficiais é decorrente da textura excessivamente arenosa do solo, favorecendo a descida desse material para as camadas inferiores;

A maior concentração de fósforo nas camadas superficiais das áreas de pastagem e de cultivo pode ter como causa o preparo da área (queima) e a característica de imobilidade desse elemento no solo.

262

LEVANTAMENTO DE SOLOS DO CAMPO DE PRODUÇÃO DE SEMENTES DE CACAUEIROS DE TUCUMÃ, PARÁ

José Hamilton F. Galvão, Raimundo Carlos M. Barbosa e Carlos Alberto Corrêa

Um dos principais insumos que sustentam a cacauicultura no Estado do Pará, as sementes híbridas de cacau, são produzidas e fornecidas diretamente pela CEPLAC aos agricultores interessados. A demanda, entretanto, tem superado a capacidade produtiva da Estação Experimental “Paulo Morelli”, localizada no município de Medicilândia na região da Transamazônica, única estação com campo de produção de sementes para atender às necessidades de todo o estado.

A região sul do Estado do Pará apresenta-se com enorme potencial para expansão da lavoura cacaueira. Presentemente, a CEPLAC mantém escritórios nos municípios de Tucumã e São Félix do Xingu, e, mesmo enfrentando dificuldades operacionais, notadamente pela carência de pessoal técnico, presta um atendimento satisfatório aos agricultores da região. A vocação da região para a cacauicultura fica demonstrada pela crescente demanda de sementes híbridas para implantação de novos cacauais.

Por determinação da chefia do Serviço de Pesquisa, deslocamo-nos de 06 a 16 de julho de 2004 aos municípios de Tucumã e Ourilândia do Norte, com o objetivo de pesquisar áreas propícias ao estabelecimento de um campo de produção de sementes para atender à demanda da região sul do Estado do Pará.

Tanto a prefeitura municipal de Tucumã, como a de Ourilândia do Norte disponibilizaram áreas em seus municípios para o objetivo referido. Em Tucumã, o local colocado à disposição foi o campo experimental, já existente e com razoável infra-estrutura, onde foram observados requisitos, como tamanho, localização, infra-estrutura e qualidade dos solos. Da mesma forma, a prefeitura de Ourilândia do Norte disponibilizou, dentro do Projeto Casulo, uma área de assentamento, que igualmente foi avaliada sob vários aspectos.

Contatos anteriores apontavam também para soluções alternativas em áreas particulares, por meio de compra, doação ou qualquer outra forma de parceria com produtores da região, igualmente interessados em que a pesquisa da CEPLAC se estabeleça na região e resolva o problema da escassez de sementes de cacau para distribuição aos agricultores interessados em investir na cultura.

A metodologia usada no presente trabalho baseou-se no reconhecimento das vias de acesso às áreas propostas, verificação in loco das características morfológicas e físicas dos solos encontrados, por meio de perfis em barrancos ou trincheiras pedológicas, com coleta de amostras em várias profundidades dos perfis, para posteriores análises químicas e físicas, de forma a se opinar com segurança sobre o aspecto da fertilidade natural e textura, bem como, nos casos necessários, fornecer parâmetros para a correta classificação, de acordo com o que preceitua o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.

Os locais de coleta, as instalações do campo experimental de Tucumã e as áreas de cacau e seringueira existentes dentro deste foram georeferenciadas com auxílio de aparelho receptor GPS, por meio do qual foi possível ainda a elaboração do mapa (Figura 66) do referido campo experimental com as inserções citadas.

Foram visitadas também algumas propriedades de produtores para se ter uma idéia do comportamento da cultura em relação às diversas classes de solo presentes na região, correlacionados principalmente com produtividade e desenvolvimento vegetativo.

Figura 66 - Mapa topográfico do Campo Experimental de Tucumã-PA.

Amostras coletadas

Nas vias internas do projeto foram coletadas as seguintes amostras:

Amostra nº 01 – propriedade de João Pereira Gomes, com coordenadas: 6º46’38,6”S e 50º51’39,4”W. Amostra nº 02 - barranco à margem do ramal, com coordenadas 06º46’46,1”S e 50º51’26,5”W.Amostra nº 03 (0-20cm e 20-40cm).Amostra nº 04 - em barranco próximo à cachoeira, com coordenadas geográficas 06º47’11,5”S e 50º51’02,1”W.Amostra nº 05 – área de cacau com 19 anos, na localização 06º44’30”S e 51º08’49,9”W.Amostra nº 06 – profundidades de 0-20cm e 20-40cm, às proximidades da horta .Amostra nº 07 – área de seringal. Coordenadas de 06º44’26”S e 51º08’45,1”W .Amostras nº 08; 8-A e 09 .Amostra nº 10 - área de relevo suave ondulado.Amostra nº 11 -Amostra nº 12 - coordenadas geográficas: 06º46’48,1”S e 51º07’06,5”W .Amostra nº 13 - coordenadas geográficas: 06º47’13,7”S e 51º06’57,6”W .Amostra nº 15 - local de coordenadas 06º47’12,7”S e 51º07’01,7”W.Amostra nº 16 - local de coordenadas 06º47’10,9”S e 51º51’0,08”W.Amostra nº 17 - local de coordenadas 06º47’07,8“S e 51º51’07,8”W.Amostra nº 18.- coordenadas 06º46’58,1“S e 50º51’12,6”W.Amostra nº 19 - local de coordenadas 06º47’01,3“S e 50º51’14,3”W.Amostra nº 20 - coletada na vicinal zero, distante 8 km à direita da rodovia PA-279, no sentido Ourilândia/Xinguara, na propriedade de Eutimio Lipaus (fazenda Boa Fé). Local de coordenadas geográficas 06º50’16,9“S e 51º02’05,6”W.

Descrição das classes de solos

NITOSSOLO VERMELHO

Solos com matiz 2,5 YR ou mais vermelho na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA). Pertencem ao grupamento de solos com horizonte B nítico, com argila de atividade baixa, imediatamente abaixo do horizonte A ou dentro dos primeiros 50 cm do horizonte B. Corresponde pela antiga classificação brasileira à Terra Roxa Estruturada. Compreende solos constituídos por material mineral, textura argilosa ou muito argilosa, estrutura em blocos subangulares, angulares ou prismática moderada ou forte, com superfícies dos agregados reluzentes, relacionada à cerosidade e/ou superfícies de compressão.

Estes solos apresentam horizonte B bem expresso em termos de desenvolvimento de estrutura e cerosidade, mas com inexpressivo gradiente textural. São solos profundos, bem drenados, de coloração variando de vermelho a brunada. Apresentam transição clara ou gradual do horizonte A para o B e difusa entre suborizontes do B.

São, em geral, moderadamente ácidos a ácidos, com saturação por bases baixa a alta, às vezes álicos, com composição caulinítico–oxídica e por conseguinte com argila de atividade baixa.

Distroférricos: Solos com saturação por bases baixa (V<50%) e teores de fe2O3 (pelo H2SO4) de 15% a <36%, na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).

Distróficos: Solos com saturação por bases baixa (V<50%), na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).Eutroférricos: Solos com saturação por bases alta (V≥50%) e teores de fe2O3 (pelo H2SO4) de 15% a <36%, na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).

Eutróficos: Solos com saturação por bases alta (V>50%), na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).

ARGISSOLOS

Compreende solos constituídos de material mineral que têm como características diferenciais argilas de atividade baixa e horizonte B textural, imediatamente abaixo de qualquer horizonte superficial (A), com exceção do hístico, ou de horizonte E.

São solos de profundidade variável, desde forte a imperfeitamente drenados, de cores avermelhadas ou amareladas, e mais raramente brunadas ou acinzentadas. A textura varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo incremento de argila do A para o B.

Apresentam acidez de forte a moderada e saturação por bases alta ou baixa, predominantemente cauliníticos e com relação molecular Ki variando de 1,0 a 2,3, em correlação com a baixa atividade das argilas.

Correspondem aos solos classificados pela antiga classificação brasileira como Podzólicos Vermelho-Amarelo com argila de atividade baixa, Podzólico Vermelho-Escuro com B textural e Podzólico Amarelo.

ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO

Solos com matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que 2,5YR na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA). Podem ser: Alumínicos: Com caráter alumínico nos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).Distróficos: Com saturação por bases baixa (V<50%), na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).Eutróficos: Com saturação por bases alta (V>50%), na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).

ARGISSOLO ACINZENTADO

Solos com matiz mais amarelo que 5YR e valor 5 ou maior e croma < 4 na maior parte dos primeiros 100 centímetros do horizonte B (inclusive BA), podendo ser:Distróficos: Solos com saturação por bases baixa (V<50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).Eutróficos: Outros solos com saturação por bases alta (V>50%), na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).

LATOSSOLO VERMELHO AMARELO

São LATOSSOLOS que apresentam matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que 2,5 YR, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA).

Os LATOSSOLOS são constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico, imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial, dentro de 200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o horizonte A tiver mais de 150 cm de espessura.São típicos de regiões equatoriais e tropicais, ocorrendo em superfícies planas ou suave-onduladas, embora possam também estar presentes em relevos mais acidentados.

Os LATOSSOLOS são em geral fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou álicos, podendo ocorrer, todavia, solos com média e até mesmo alta saturação por bases, encontrados geralmente em regiões que apresentam estação seca pronunciada, semi-áridas ou não, ou quando formados a partir de rochas básicas.

Conclusões.

Com base nos resultados apresentados, conclui-se que:

Dentre as alternativas de locais para implantação do campo de produção de sementes híbridas de cacau nos municípios de Tucumã e Ourilândia do Norte, recomendamos a utilização do campo experimental de Tucumã, não só pela excelente qualidade dos solos ali encontrados, como também pela sua ótima localização.

A disposição da prefeitura municipal em repassar para a CEPLAC aquele patrimônio vem bem ao encontro das pretensões da nossa instituição, que busca o atendimento da demanda da região.

O campo experimental já conta com duas áreas de cacau implantadas, sendo uma com 0,51 ha e outra com 3,12 ha com idades de 19 e 15 anos, respectivamente, ambas com espaçamento 3 x 3 m. Existem também duas áreas de seringueiras, sendo a primeira de 1,32 ha, consorciada com cupuaçu em espaçamento irregular e a segunda de 2,25 ha, plantada no espaçamento de 7 x 3 m.

O campo experimental de Tucumã também dispõe de uma infra-estrutura básica, que embora em estado de semi-abandono, pode ser recuperada ou aproveitada para diversos fins. Foram observadas as seguintes instalações: refeitório, depósito, viveiro, caixa d’água, barcaça, aviário, aprisco, pocilga e guarita.

Fazem parte também das instalações encontradas uma estação hidrometeorológica, com placa da Agência Nacional de Águas (ANA) e uma casa de farinha, construída recentemente com recursos do PRONAF, para ser usada pelos agricultores, mas que ainda vem tendo utilização precária.

Existem ainda duas represas de água. Uma poluída, que recebe os rejeitos de um laticínio vizinho e outra de onde caminhões pipa levam água para abastecer a cidade.

Um inconveniente verificado é a existência de um “lixão” próximo às áreas de cacau e seringueira, mas que o prefeito municipal prometeu retirar tão logo se acerte o repasse da área para a CEPLAC.

O solo predominante encontrado no campo experimental foi classificado como ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO eutrófico, com ótimas características físicas e químicas.

Como segunda opção para implantação do campo de produção de sementes, colocamos as áreas passíveis de negociação, localizadas na vicinal P-1, nas propriedades de Angelim Orio e Gilberto Dalmolim, às proximidades da cidade de Tucumã, onde foram encontrados também NITOSSOLO VERMELHO que, pela proximidade e acesso fácil, se prestam perfeitamente aos objetivos e interesses da CEPLAC.

Outras áreas na vicinal P-2, do mesmo ou de outros proprietários, também se prestariam à implantação do campo experimental da CEPLAC, entretanto a distância de mais de vinte quilômetros da sede municipal e o relevo fortemente ondulado são fatores contrários.Nas áreas prospectadas do município de Ourilândia do Norte, tanto no projeto Casulo como em outras áreas, foram encontrados solos com boas características químicas, entretanto, a maioria apresentando fatores impeditivos de natureza física, tanto nas camadas superficiais como subsuperficiais dos perfis estudados, como é o caso da presença constante de cascalhos, calhaus e concreções grosseiras (fases pedregosa e epipedregosa), o que sobretudo viria a onerar muito o orçamento para a concretização do projeto da CEPLAC.

Somos de opinião, também, que com a utilização de uma área dentro do projeto Casulo para fins de pesquisa ou produção de sementes, poderíamos vir a ter problemas gerenciais e operacionais, pela quantidade de pessoas envolvidas, em uma unidade de assentamento ainda não totalmente consolidada econômica e politicamente, onde se observou sinais de desunião e opiniões conflitantes internamente.

Durante a permanência nos municípios visitados, contamos sempre com a colaboração da equipe técnica local, por meio da qual tivemos a oportunidade de visitar diversas propriedades e conversar com vários agricultores. Constatamos que a cultura do cacau é a que mais desperta o interesse dos produtores, evidenciado pela enorme procura por sementes híbridas de cacau. Entretanto, pudemos também observar o nível preocupante de vassoura-de-bruxa presente nas roças visitadas, cujo controle deve ser tido como ação prioritária para que a cacauicultura tenha, de fato, um futuro promissor na região.

INFLUÊNCIA DA TEXTURA NA COMPACTAÇÃO DE AMOSTRAS DE LATOSSOLOS AMAZÔNICOS

José Hamilton F. Galvão e Antonio Carlos C. P. Dias

A compactação dos solos se constitui no principal tipo de deformação, não só por ser o mais comum, como também por estar diretamente ligado ao tipo de manejo empregado, portanto, estreitamente relacionado à ação dos técnicos e dos próprios agricultores.

O conhecimento dos fatores que afetam este fenômeno é, portanto, de fundamental importância, principalmente na prevenção de problemas futuros que a compactação pode vir a causar, especialmente nas áreas onde se utilizam máquinas e implementos agrícolas em maior escala. Cultivos como o da soja, que requerem o uso intensivo de mecanização, devem merecer uma atenção especial, de forma a pelo menos minimizar os efeitos da compactação. Essa preocupação é especialmente válida para a Amazônia, sem grande tradição com mecanização, onde estão se formando pólos importantes de produção de grãos, notadamente arroz e soja, com centros geográficos nos municípios de Paragominas e Santarém no sudeste e oeste do Pará, respectivamente.

É, assim, de fundamental importância procurar-se adequar o tipo de manejo, baseado no conhecimento dos princípios e fatores da compactação, em que destacamos como objetivo deste trabalho a influência que a textura do solo desempenha no processo de compactação e suas relações com os outros fatores, principalmente com a umidade, os quais devem nortear o planejamento da época e manejo das práticas de cultivo.

O material utilizado na pesquisa foi constituído de cinco amostras de Latossolo Amarelo de diferentes classes texturais, a saber:

Amostra nº 1: Proveniente do horizonte A1, classe textural areia franca, com 7% de argila, coletado na região bragantina – nordeste paraense.Amostra nº 2: Proveniente do horizonte BA, classe textural franco-arenosa, com 15% de argila, coletado na região bragantina – nordeste paraense.Amostra nº 3: Proveniente do horizonte Bw1, classe textural franco-argilo-arenosa, com 22% de argila, coletado na região bragantina – nordeste paraense.Amostra nº 4: Proveniente do horizonte Bw, classe textural franco-argilo-arenosa, com 30% de argila, coletado na região bragantina – nordeste paraense.Amostra nº 5: Proveniente do horizonte AB, classe textural muito argilosa, com 75% de argila, coletado às proximidades de Manaus, no Estado do Amazonas.

O preparo dessas amostras seguiu a metodologia tradicional de coleta em campo, secagem ao ar, destorroamento, após o que foram passadas em peneira de 2 mm de malha. A caracterização física foi feita por meio de análise granulométrica pelo método internacional da pipeta, bem como foram determinadas as densidades de partículas, usando-se o método do balão volumétrico com álcool etílico (EMBRAPA, 1979).

Para cada amostra, foi feita uma estimativa da capacidade de campo, necessária como guia para indicar os níveis de umidade apropriados para os testes de compactação. Para isso, as amostras foram colocadas em pequenos cilindros, pesadas, postas para saturar em água e em seguida colocadas para drenar o excesso, ficando retida apenas a água dos microporos. O peso nesse estado, subtraindo-se o peso seco, indicava a quantidade de água retida e a respectiva umidade referente à capacidade de campo (Reichardt, 1987).

Os testes de compactação das amostras foram realizados com auxílio de um equipamento denominado compactômetro (Bruce, 1955), composto de uma base de ferro para colocação das amostras e uma haste também de ferro que serve de guia para a queda de um peso de 1 kg a uma altura de 20 cm.

Para facilitar a colocação e retirada de amostras, utilizou-se dentro da base do compactômetro um conjunto de dois cilindros porta-amostras, em PVC rígido de 5,4 cm de diâmetro interno e alturas de 3 e 5 cm.

Inicialmente, para cada amostra, foi determinada a densidade do solo em estado de 0% de umidade, aqui chamada massa seca inicial por unidade de volume (Ms) (Hillel, 1980). Essa determinação foi feita a partir de 100 gramas de TFSE de cada amostra, compactadas com uma energia de 0,80 kgm, equivalente a quatro impactos, segundo a fórmula (Bowles, 1979):E = M x h x n – onde:E = energia (kgm); M = massa da carga móvel (1 kg); h = altura da queda (0,2 m); n = número de impactos

Em seguida, procedeu-se à determinação das curvas características de compactação de cada amostra (Caputo, 1981; Hillel, 1980). Para isso, tomou-se cinco subamostras de 100 gramas de cada amostra trabalhada, as quais foram colocadas em recipientes plásticos, adicionando-se quantidades variáveis de água, necessária para atingir cinco níveis pré-determinados de umidade, tendo como referencial a capacidade de campo das amostras.

Depois de homogeneizadas, cada subamostra foi colocada nos cilindros porta-amostras no interior do compactômetro e submetida à compactação sob uma energia de 0,8 kgm. Após compactado, os cilindros porta-amostras eram separados, sendo o da base, de volume igual a 68,7 cm3, pesado e, em seguida, o solo nele contido transferido para um recipiente de alumínio, de peso conhecido, e

determinados os seguintes indicadores físicos, os quais sofrem alteração em decorrência da compactação:

Massa seca compactada por unidade de volume (Msc) (Bowles, 1979) – ou densidade do solo: Este índice é o principal indicador da compactação. Foi calculado dividindo-se a massa do solo seco em estufa pelo volume de 68,7 cm3 que ocupava depois de compactado.

Umidade gravimétrica (Ug): O referencial inicial foi dado ainda na preparação da subamostra, pela relação entre a massa de água adicionada e a massa de 100 gramas de TFSE. De forma definitiva, usou-se a relação entre a massa de água, determinada pela diferença entre as pesagens antes e após a secagem do material em estufa e a massa do solo seco (Reichardt, 1987).

Porosidade (Vo%): A porosidade das amostras compactadas em cada nível de umidade foi obtida utilizando-se a fórmula (JORGE, 1986):

Vo% = (1 – Msc/Dp) * 100 - onde:

Msc = densidade do solo e Dp = densidade de partículas

Saturação com água (S%): Foi obtido dividindo-se a umidade volumétrica encontrada na amostra pela sua porosidade (JORGE, 1986).

Umidade volumétrica (Uv%): encontrada por meio da relação entre o conteúdo de água e o volume ocupado pela amostra, podendo também ser calculado por meio da fórmula (Reichardt, 1987):Uv% = Ug% * Msc

As classes texturais e os resultados das análises granulométricas das cinco amostras de solo pesquisadas, bem como seus respectivos valores de densidade de partículas e densidade global, esta última obtida sob uma condição de compactação a 0% de umidade, aqui chamada, para efeito de demonstração de resultados, de massa seca inicial do solo por unidade de volume (Ms), encontram-se detalhados na Quadro 150.

Quadro 150 - Características físicas das amostras de solo pesquisadas.

Nº daamostra

ClasseTextural

Ms(g.cm-3)

Dp(g.cm-3)

Granulometria (%)

Ar. Grossa Ar. Fina Silte Argila

1 Areia Franca 1,31 1,31 52 29 12 7

2 Franco-Arenoso 1,29 2,48 43 27 15 15

3 Franco-Argilo-Arenoso 1,26 2,51 44 22 12 22

4 Franco-Argilo-Arenoso 1,18 2,57 53 14 3 30

5 Muito Argiloso 0,88 2,49 8 2 15 75

Ms – densidade global ou massa seca inicial do solo por unidade de volume, compactado a 0% de umidade; Dp – densidade de partículas.

Conforme se observa no Quadro 150, os resultados de Ms, ou seja, a densidade do solo compactado a 0% de umidade, foi menor nas amostras com maior teor de argila, variando esses resultados de 1,31 g.cm-3 na amostra menos argilosa (7% de argila) a 0,88 g.cm-3 na amostra mais argilosa (75% de argila).

Um dos fatores determinantes da compactação do solo é sua textura, a qual representa o tamanho e distribuição de suas frações granulométricas. Esse fator, juntamente com a energia ou força compactiva e a umidade presente no solo, determinarão uma maior ou menor compactação, a qual é indicada basicamente pela análise da densidade do solo.

Essa afirmativa é corroborada por estudos de vários autores. Hillel (1980), Marshal e Holmes (1979) afirmam que, quando um solo é submetido a um determinado esforço de compactação ou stresse, a densidade global alcançada depende da textura e do seu conteúdo de água.

Fernandes (1982), citado por Camargo (1983), diz que, quando um solo é submetido à pressão, como a parte sólida do solo é rígida e praticamente indeformável, a compactação ocorre às expensas da diminuição do volume de poros total, com conseqüente aumento da densidade global.

Davies et al (1977) ressalta que a importância da textura está relacionada ao tamanho e extensão do sistema de poros entre as unidades estruturais.

Segundo Jorge (1986), quando um solo sofre uma pressão, ocorre uma deformação, com movimentação das partículas sólidas e da fase líquida, levando a uma diminuição no seu volume. Esse rearranjo ou movimentação das partículas depende das características de cada solo e ocorre de maneira que as fases sólida e líquida tomam parte do espaço destinada à fase gasosa. Tratando-se de solos argilosos, constituídos de partículas menores, portanto com uma porosidade total maior, o efeito da pressão é mais severo, dando origem a maiores problemas de compactação do que os solos arenosos.

A água favorece o aumento da compactação até um nível de saturação na faixa de 80 a 90%, quando se dá o ponto de máxima compactação, chamado de “compactação ótima”, que corresponde a um nível de umidade chamado também de “umidade ótima de compactação”, própria de cada solo, de acordo com sua textura.

O Quadro 151 apresenta os resultados obtidos, referentes às amostras de números 1, 2, 3, 4 e 5, em ordem crescente de conteúdo de argila, submetidas à mesma compactação em cinco níveis de umidade gravimétrica

Esses resultados mostram uma significativa redução dos valores de densidades do solo nas amostras com maiores teores de argila. Observa-se também que houve um aumento das densidades com a elevação dos níveis de umidade, até atingir um máximo, a partir do qual o incremento de água provocou uma redução da compactação, o que pode ser mais bem visualizado observando-se as Figuras 67, 68, 69, 70 e 71, que mostram as curvas de compactação de cada solo analisado.

Segundo Caputo (1981), a curva de compactação de um solo é a curva de variação das densidades globais, obtidas sob diferentes condições de umidade e para uma determinada energia de compactação. Para cada solo, sob uma dada energia de compactação, existe, então, uma umidade “ótima” para uma densidade global máxima.

Quadro 151 - Variação da densidade do solo (Msc), da porosidade e da saturação, nas amostras de solo estudadas, em níveis crescentes de umidade gravimétrica, sob uma energia compactiva de 0,8 kgm.

AmostrasUmidade

gravimétrica (%)

Msc (g.cm-3)

Porosidade (%)

Saturação (%)

Amostra Nº 1(7% argila)

6 1,51 35 29

10 1,72 32 54

13 1,80 29 82

16 1,70 33 84

20 1,58 37 85

Amostra Nº 2(15% argila)

8 1,42 43 27

12 1,60 36 54

16 1,67 33 82

18 1,61 35 83

20 1,55 38 83

Amostra Nº 3(22% argila)

12 1,33 47 34

15 1,46 42 52

18 1,61 36 81

20 1,56 38 82

24 1,45 42 82

Amostra Nº 4(30% argila)

15 1,11 57 29

20 1,27 51 50

25 1,44 44 82

30 1,33 48 83

35 1,25 51 85

Amostra Nº 5(75% argila)

25 0,90 64 35

30 1,12 55 61

35 1,20 52 81

40 1,13 55 83

45 1,07 57 85

Fig. 1: Curva de Compactação-Amostra com 7% de Argila

1,45

1,50

1,55

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

1,85

0 5 10 15 20 25

Umidade Gravimétrica (%)

Dens

idad

e do

Sol

o (g

.cm

-3)

Fig. 2: Curva de Compactação - Amostra com 15% de Argila

1,4

1,45

1,5

1,55

1,6

1,65

1,7

0 5 10 15 20 25

Umidade Gravimétrica (%)

Dens

idad

e do

Sol

o (g

.cm

-3)

Figura 67 – Curva de compactação da amostra com 7% de argila.

Figura 68 – Curva de compactação da amostra com 15% de argila.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

0 10 20 30

Umidade Gravimétrica (%)

Densidade d o Solo (g.cm-3)

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 10 20 30 40

Umidade Gravimétrica (%)

Densidade do Solo (g.cm-3)

Figura 69 – Curva de compactação da amostra com 22% de argila.

Figura 70 – Curva de compactação da amostra com 30% de argila.

As figuras acima apresentadas mostram o comportamento das amostras estudadas, por meio de suas curvas de compactação obtidas em função da umidade em que se deu cada teste. Em todas elas, usou-se uma mesma energia compactiva de 0,8 kgm. Pode-se observar que as amostras com predomínio de fração arenosa alcançaram os maiores índices de densidades e em menores níveis de umidade, enquanto que as amostras com maior conteúdo de argila necessitaram de maiores quantidades de água para atingirem seus pontos de máxima compactação, confirmando trabalho de DIAS (1983), o qual considerou que, para qualquer intensidade de energia aplicada ao solo a uma determinada umidade, a densidade obtida é maior à proporção que aumenta o conteúdo de partículas mais grosseiras (areia) na textura do solo.

As amostras estudadas apresentaram variação nos testes de compactação em decorrência de suas classes texturais, sendo que:

a) Os Latossolos com menores teores de argila alcançaram, após compactados, maiores valores de densidade do solo, enquanto que as amostras mais argilosas apresentaram esses valores mais baixos.

b) Os Latossolos com menores teores de argila necessitam de menor quantidade de água para atingir o ponto de máxima compactação.

c) Os Latossolos com maiores teores de argila necessitam de maior umidade para alcançar a “compactação ótima”.

d) Cada tipo textural de solo, submetido a uma mesma energia compactiva, apresenta sua “compactação ótima” a um determinado grau de umidade.

PRODUÇÃO DE LITEIRA E TEORES DE NUTRIENTES DE TATAPIRIRICA (Tapirira guianensis Aubl.) EM UM ECOSSISTEMA DA AMAZÔNIA ORIENTAL

Carlos Alberto Corrêa e Francisco de Assis Oliveira

A maior parte da Amazônia brasileira é recoberta pela floresta tropical. Esta massa vegetal é mais dependente do clima do que das condições químicas dos solos. O suprimento mais importante de nutrientes para a floresta provém da decomposição dos próprios resíduos vegetais caídos. Este material acumula-se na manta orgânica e, devido ao calor, umidade e a ação dos decompositores, os elementos químicos ali contidos são mobilizados e reabsorvidos, incorporando-se novamente ao sistema, dando início a novo ciclo.

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

0 10 20 30 40 50

Umidade Gravimétrica (%)

Densidade do Solo (g.cm-3)

Figura 71 – Curva de compactação da amostra com 75% de argila.

As pesquisas sobre ciclagem de nutrientes objetivam entender os mecanismos que interagem e permitem a auto-suficiência nutricional dentro dos compartimentos que formam um ecossistema florestal. Tais processos se verificam por meio da água da chuva e da matéria orgânica contida nos resíduos vegetais.

O conhecimento da espécie Tatapiririca (Tapirira guianensis Aubl.) como fornecedora de matéria-prima ou como componente de ecossistemas é incipiente, provavelmente em virtude da oferta de outras espécies mais conhecidas. Entretanto já começa haver uma certa preocupação em se conhecer o comportamento fenológico desta espécie.

O presente trabalho objetiva determinar a produção de serrapilheira e a composição química, no que se refere aos nutrientes N, P, K, Ca e Mg depositados no período de um ano, visando oferecer subsídios a futuras pesquisas com esta espécie.

A pesquisa foi desenvolvida no município de Barcarena (1º30’ S e 48º42’ W), Estado do Pará, microrregião de Belém, às proximidades da rodovia PA 481 e do igarapé Água Verde em um povoamento de Tatapiririca (Tapirira guianensis Aubl.). No ecossistema, foi delimitada uma área de 400 m2, onde foram instaladas 10 bandejas ou coletores, distribuídos aleatoriamente para receber o fluxo da biomassa produzida pelas árvores ao longo do ano de 1993.

A coleta do material foi feita a cada 15 dias entre janeiro e dezembro, recolhido manualmente de cada coletor, separado por fração folhas, ramos/galhos e miscelânea - todo material não enquadrado nas frações anteriores, acondicionados em sacos de papel de 2 kg com as devidas etiquetas. No laboratório foi retirado excesso de umidade e submetido a secagem em estufa a uma temperatura de 60 0C até peso constante. A análise química dos elementos foi feita nos laboratórios da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará - FCAP e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, para determinação dos teores de Nitrogênio, Fósforo, Potássio, Cálcio e Magnésio. O Nitrogênio foi determinado por meio da digestão sulfúrica em bloco digestor por aproximadamente 3 horas a 300 - 350 ºC, em seguida foi submetido ao microdestilador Kjeldahl e finalmente à titulação ácida. O Fósforo foi determinado em Fotocolorímetro no comprimento de onda de 660 nm. O Potássio, o Cálcio e o Magnésio foram determinados no Espectrofotômetro de Absorção Atômica, os resultados das análises foram transformados para percentagem.

Conforme Quadro 152, a fração folhas respondeu pela maior quantidade de biomassa retornada ao solo com 3.698,10 kg/ha, distribuídos ao longo do ano. A variável ramos/galhos apresentou uma deposição anual de 82,34 g/m2, com uma média mensal de 6,86 g/m2, representando a segunda maior quantidade de biomassa retornada ao solo, com 823,40 kg/ha.

A quantidade de miscelânea apresentou um total de 30,71 g/m2, com uma média mensal de 2,56 g/m2. Esta fração foi responsável pelo menor retorno, 307,10 kg/ha, e variou entre os meses independentemente do semestre. Em termos gerais, a deposição de biomassa alcançou 4.828,60 kg/ha.

Com relação à produção de nutrientes, o Nitrogênio foi responsável pela segunda maior quantidade depositada, ou seja, 42,57 kg/ha; a variável folhas respondeu pela maior quantidade com 25,39 kg/ha; a fração ramos/galhos, com 13,71 kg/ha, foi a segunda maior quantidade, considerando as três frações. A terceira e última fração, miscelânea, respondeu por 3,47 kg/ha. O Fósforo foi o elemento que respondeu pela menor deposição com 1,05 kg/ha; as frações folhas, miscelânea e ramos/galhos, nesta ordem, responderam por 0,75 kg/ha, 0,18 kg/ha e 0,12 kg/ha, respectivamente. O Potássio respondeu pela penúltima deposição; as frações folhas, ramos/galhos e miscelânea, nesta ordem, obtiveram 6,17 kg/ha, 1,91 kg/ha e 1,27 kg/ha, respectivamente.

Quadro 152 - Produção de biomassa e de nutrientes no ecossistema Tatapiririca.

O Cálcio foi o elemento que alcançou a maior quantidade, com 93,61 kg/ha; as frações folhas, ramos/galhos e miscelânea obtiveram 77,60, 11,63 e 4,38 kg/ha, respectivamente. O magnésio alcançou 12,93 kg/ha, ou seja, a terceira maior quantidade; a fração folhas respondeu pela maior participação, com 10,85 kg/ha. Com relação à espécie Tatapiririca pode-se estabelecer a seguinte ordem percentual de distribuição: Cálcio, 58,68 %; Nitrogênio, 26,70%; Magnésio, 8,10%; Potássio, 5,86% e, finalmente, o Fósforo, com 0,66%.

FLUXO DE LITEIRA E TEORES DE NUTRIENTES DE EUCALIPTO (Eucalyptus Citriodora Hook.) EM UM ECOSSISTEMA DA AMAZÔNIA ORIENTAL.

Carlos Alberto Corrêa e Francisco de Assis Oliveira

Os ecossistemas florestais acumulam sobre o solo uma camada de resíduos orgânicos resultante da queda de folhas, flores, cascas, ramos e galhos; a queda deste material é influenciada pela idade, espécie, época do ano e situação geográfica.

O suprimento mais importante de nutrientes para a floresta provém da decomposição destes resíduos vegetais caídos. Este material acumula-se na manta orgânica e, devido ao calor, umidade e a ação dos decompositores, os elementos químicos ali contidos são mobilizados e reabsorvidos, incorporando-se novamente ao sistema, dando início a novo ciclo.

As pesquisas sobre ciclagem de nutrientes objetivam entender os mecanismos que interagem e permitem a auto-suficiência nutricional dentro dos compartimentos que formam um ecossistema florestal. Tais processos se verificam por meio da água da chuva e da matéria orgânica contida nos resíduos vegetais.

O trabalho foi realizado em uma área no município de Barcarena (1º30’ S e 48º42’ W), Estado do Pará, às proximidades da rodovia PA 481 e do igarapé Água Verde, área de influência do Complexo Albrás-Alunorte, com o objetivo de avaliar a produção de liteira e os teores de nutrientes em um plantio de Eucalipto (Eucalyptus citriodora Hook.).

Os solos da região são classificados como Latossolo Amarelo Álico Podzólico A moderado textura argilosa, Latossolo Amarelo Álico Podzólico A moderado textura média, Concrecionários

Frações Biomassa Nutrientes (kg/ha) (kg/ha) N P K Ca Mg

Folhas

3.698,10

25,39

0,75

6,17

77,60

10,85

Ramos/Galhos 823,40

13,71

0,12

1,91

11,63

1,41

Miscelânea

307,10

3,47

0,18

1,27

4,38

0,67

Total

4.828,60

42,57

1,05

9,35

93,61

12,93

Lateríticos Álicos A moderados, Areias Quartzosas Álicas, Areias Quartzosas Hidromórficas Álicas e Glei Pouco Húmico Distrófico.

O regime climático, de acordo com a classificação de Köppen, é Afi e se caracteriza pela presença de dois períodos: um mais chuvoso durante os meses de janeiro a maio, e outro menos chuvoso, em junho e dezembro.

No plantio, foi delimitada uma área de 400 m2, onde foram instaladas 10 bandejas ou coletores, para receber o fluxo da biomassa produzido ao longo do ano de 1993. A coleta foi feita a cada 15 dias entre janeiro e dezembro, separada por fração: Folhas, Ramos/galhos e Miscelânea – material não enquadrado nas frações anteriores – acondicionada em sacos de papel de 2 kg, com as devidas etiquetas. No laboratório foi retirado o excesso de umidade, submetida a secagem em estufa a uma temperatura de 60 oC até peso constante, pesada em balança de precisão, moída e homogeneizada, após o que, foi retirada amostra para as análises química.

As análises foram feitas nos laboratórios da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará – FCAP e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC; o Nitrogênio foi determinado por meio da digestão sulfúrica em bloco digestor por aproximadamente 3 horas, à temperatura que variava de 300 a 350 oC, em seguida submetido ao destilador Kjeldahl e finalmente à titulação ácida. O Fósforo foi determinado em fotocolorímetro no comprimento de onda de 660 nm. O Potássio, o Cálcio e o Magnésio foram determinados no espectrofotômetro de absorção atômica. A quantidade de biomassa retornada ao solo foi da ordem de 2.643,60 kg (Quadro 153); a variável Folhas, com 1.335,10 kg/ha, foi a que apresentou a maior deposição; a variável Miscelânea aparece em seguida, com 704,20 kg/ha; e, finalmente Ramos/galhos, com 604,30 kg/ha. Com relação à produção de nutrientes, o Cálcio foi responsável pela maior quantidade depositada, ou seja, 29,50 kg/ha; a variável Folhas respondeu com 17,62 kg/ha; Ramos/galhos com 7,20 kg/ha, e a terceira e última fração, Miscelânea, respondeu por 4,68 kg/ha.

Quadro 153 – Produção de biomassa e de nutrientes de Eucalipto durante o ano de 1993.

Frações Biomassa (kg/ha) Nutientes (kg/ha)

N P K Ca MgFolhas 1.335,10 12,36 0,36 3,73 17,62 1,93Ramos/Galhos 604,30 2,97 0,08 1,05 7,20 0,57Miscelânea 704,20 2,85 0,08 0,82 4,68 0,65Total 2.643,60 18,18 0,52 5,60 29,50 3,15

O Nitrogênio foi responsável pela segunda maior quantidade depositada, ou seja, 18,18 kg/ha; a variável folhas respondeu pela maior quantidade, com 12,36 kg/ha; Ramos/galhos, com 2,97 kg/ha, foi a segunda maior quantidade, considerando as três frações. O Potássio respondeu pela terceira deposição, 5,60 kg/ha. As frações Folhas, Ramos/galhos e Miscelânea, nesta ordem, alcançaram 3,73, 1,05 e 0,82 kg/ha, respectivamente. O magnésio alcançou 3,15 kg/ha; a Fração folhas 1,93 kg/ha; Miscelânea, 0,65 kg/ha, e Ramos/galhos 0,57 kg/ha. O Fósforo, respondeu pela menor deposição com 0,52 kg/ha, sendo 0,36 Folhas; Ramos/galhos e Miscelânea, 0,08 kg/ha, respectivamente. Do total de biomassa, a fração Folhas contribuiu com a maior quantidade, em seguida vem a fração Miscelânea, finalmente a fração Ramos/galhos. Os nutrientes de maior retorno ao solo foram Cálcio e Nitrogênio, sendo que a distribuição dos elementos químicos obedece à seguinte ordem percentual: Ca, 51,80%; N, 31,92%; K, 9,83%; Mg, 5,53% e P, 0,92%.