INFORMATIVO SÃO VICENTE - Província Brasileira da ... · semestre do ano que, ... Exercício de...
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INFORMATIVO SÃO VICENTE Boletim de circulação interna da
Província Brasileira da Congregação da Missão
Ano XLVI - No 292
Julho Setembro de 2012
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Equipe responsável pelo Informativo São Vicente - Pe. Vinícius Augusto R. Teixeira - Pe. Paulo Eustáquio Venuto - Pe. Gentil José Soares da Silva Revisão: - Pe. Paulo Eustáquio Venuto Formatação e Impressão: - Cristina Vellaco - Equipe de Mecanografia do Colégio São Vicente de Paulo
“Numa palavra, onde se en-
contra a nossa perfeição?
Ela consiste em fazer bem
todas as nossas ações: Pri-
meiro, como homens racio-
nais, tratando bem o próxi-
mo e sendo justos para com
ele. Segundo, como cristãos,
praticando as virtudes de
que Nosso Senhor nos deu
exemplo. Finalmente, como
Missionários, realizando da
melhor maneira as obras
que Cristo fez e no mesmo
espírito, tanto quanto permi-
ta nossa debilidade, que
Deus conhece tão bem”
(SV XII,77-78)
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Sumário
Editorial .................................................................................... 147
Voz da Igreja ............................................................................. 148
Palavra do Visitador .................................................................. 152
Olhar Teológico
Da prepotência à autocrítica.......................... Pe. João Batista Libânio
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Espiritualidade
Esticar as cordas da Reconfiguração e do Câmbio Sistêmico........................................... Pe. Eli Chaves dos Santos
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Vida da
Congregação
Encontro de Diretores Provinciais das Filhas da Caridade.................................................... Pe. Paulo Eustáquio Venuto
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Vida da Província
Encontro de Coirmãos Jovens da PBCM......... Pe. Luís Carlos do Vale Fundão
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Desafios da
Missão
Missão na Amazônia Paróquia Nossa Senhora de Lourdes........................................ Pe. Weliton Martins Costa e Pe. Vanderlei Alves dos Reis
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Especial
Centenário do Pe. José Moacir....................... Pe. Paulo Eustáquio Venuto
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Formação dos
Nossos
XXIX Encontro Nacional dos Estudantes Vicentinos.......................................................
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Memória
Padre Audálio Neves.......................................
Pe. Célio Maria Dell’Amore
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Homenagem
Pe. João Carneiro Saraiva...............................
187
Notícias ........................................................................ 195
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Com esse número do Informativo São Vicente, entramos no segundo
semestre do ano que, sempre, traz diversas comemorações como o Mês
Vocacional, o Mês da Bíblia, a Festa de São Vicente e outras mais. E nesse
ano, de modo especial, um acontecimento marcante e significativo para a
Província Brasileira da Congregação da Missão: o primeiro de seus mem-
bros a completar cem anos de vida – Padre José Moacir Alves Pereira.
Uma vida que tem como centralidade o serviço a Deus e aos irmãos
nos mostra “um dos rastos concretos que a Trindade deixa na história”,
de modo a nos falar da vida em Deus da qual viemos e temos saudade. Ela
se torna, assim, sacramento da presença amorosa de Deus no mundo,
principalmente lá onde o amor é negado àqueles que são os preferidos de
Deus.
Para viver com intensidade esse curto tempo de existência, cujo des-
tino é eterno, é necessário um planejamento apurado, envolvendo atitu-
des e práticas saudáveis que tragam realização pessoal numa vida cheia
de sentido com reflexos na convivência comunitária. Nada que tenha a
ver com os ditames e dogmas da modernidade ou da idolatria da eterna
juventude ou do conforto a todo preço, em cujo estilo de vida impera
uma exacerbada subjetividade, tocando as raias do individualismo, em
detrimento do bem comum e dos interesses coletivos.
Apesar da velocidade do trem da vida, somos convidados a saborear
o vinho novo do “Evangelho que, com a ação do Espírito, transforma e
torna novas todas as coisas”. “Com novas disposições, novas práticas e
novos compromissos”, nossa história pessoal e a história coletiva vão
estendendo a barraca do Reino de Deus sob cujo teto todos possam
abrigar-se, principalmente aqueles que, nesse peregrinar terrestre, de
qualquer teto ou refúgio foram alijados.
Muitas atividades nesse sentido têm sido feitas. Não faltam pessoas
que se dediquem para que se realize, o mais rápido possível, esse que pa-
rece um sonho, mas do qual temos a certeza da concretização. É só uma
questão de tempo! Mesmo que passem cem anos.
Editorial
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Mensagem aos consagrados e
às consagradas do Brasil
Amados, amadas de Deus, Irmãos e Irmãs de Vida Consagrada,
Tenho Sede!
Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil
(2011-2015), encontramos o seguinte texto: “Para uma Igreja comunida-
de de comunidades, é imprescindível o empenho por uma efetiva partici-
pação de todos nos destinos da comunidade, pela diversidade de caris-
mas, serviços e ministérios. Para isso, faz-se necessário promover: (...) o
carisma da vida consagrada, em suas dimensões apostólica e contempla-
tiva, presente em fronteiras missionárias; inserida junto aos pobres; atu-
ante no mundo da educação, da saúde, da ação social; orante em mostei-
ros e carmelos, comprometida a evangelizar por sua vida e missão” (DGAE
104b).
Voz da Igreja
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Quando aprovamos esse texto, lembramo-nos muito de vocês.
E, hoje, nós que fazemos a Comissão para os Ministérios Ordenados e a
Vida Consagrada (PV-SAV, OSIB, CNP, CND, CRB, CNIS e SBE) queremos
unir-nos a vocês na comemoração do dia do consagrado e da consagrada,
marcado na grade do mês vocacional, no dia 19 de agosto.
É nossa missão apoiar, promover, valorizar, cultivar, cuidar e animar
os carismas e mistérios na Igreja, sobretudo os das pessoas de vida consa-
grada. A vida consagrada é comunhão, vista à luz da Santíssima Trindade.
Comunhão em Deus é abertura e pericorese: o Pai está todo para o Filho;
o Pai e o Filho estão todo para o Espírito Santo; e o Espírito, Senhor que
dá a vida, procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e
glorificado: ele que falou pelos profetas. Esta abertura de uma pessoa
divina a outra é o espelho da comunhão de vocês na vida consagrada.
A confraternidade na vida consagrada é o espaço humano, habitado pela
Santíssima Trindade. A vida consagrada é, portanto, um dos rastos
concretos que a Trindade deixa na história para que os seres humanos
possam sentir o encanto e a saudade da beleza divina.
Vocês, amados, amadas de Deus, fazem parte da melhor e da mais
perfeita forma de rede de comunidades; e também pelos carismas, apos-
tólicos e contemplativos, vocês vivem a plenitude e a absoluta pertença a
Deus, na ação e na oração. Portanto, caros e caras, permitam-nos
escolher entre tantos, com o perigo que comporta qualquer escolha, os
dez sinais que, a nosso parecer, melhor se adaptam ao estilo de vida que
vocês levam e que mais chamam a nossa atenção, nesta homenagem que
fazemos a vocês:
1. Ficamos felizes por vocês nos ensinarem a viver a leveza das nossas
pesadas e letárgicas instituições eclesiais. Ensinem-nos a aliviar os
pesados fardos das nossas Igrejas.
2. Agradecemos a vocês apostarem no valor da profecia e na força do pro-
fetismo, hoje bastante escasseados, até a entrega da vida no martírio.
Que o testemunho de vocês ajude a nossa Igreja a redescobrir o amor,
a solidariedade, o serviço, a partilha e o dom da vida.
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3. Somos gratos a vocês por viverem o dom da virgindade consagrada,
através de corações indivisos, em meio a uma sociedade erotizada.
Que vocês consigam quebrar as barreiras do erotismo, do egoísmo e
do individualismo, tão presentes na sociedade atual, assumindo um
novo e diferenciado modo de vida, pela prática da castidade para
servir, mais de perto, ao Cristo Senhor e testemunhar que somos
cidadãos e cidadãs do infinito.
4. Bendizemos a Deus por nos revelar em vocês o rosto materno de Deus
e da Igreja, no cuidado dos mais pequeninos, dos restos, dos sobrantes
e dos últimos. Que todos vocês, consagrados e consagradas de vida
apostólica, monástica ou contemplativa, e membros dos Institutos
Seculares, assumam o compromisso de dedicar a vida ao serviço do
Reino de Deus, servindo aos irmãos na prática da misericórdia e da
solidariedade, na luta pela justiça e na vivência do amor fraterno.
5. Louvamos pelos votos públicos de pobreza, obediência e castidade, e
pela visibilidade da vivência radical desses conselhos evangélicos. Que
a vida e as suas ações pastorais façam transparecer, com um sorriso no
canto da boca, o rosto materno de Deus, especialmente para com os
pobres, excluídos e marginalizados da sociedade.
6. Agradecemos a vocês a mística de paixão pelo Reino, em tempos
complexos. Vivemos num mundo agitado e superficial. E que, neste
contexto, vocês, consagrados e consagradas, cultivem a oração interior
através da leitura orante da Palavra de Deus.
7. Somos profundamente gratos a vocês pela compaixão para com os po-
bres e pelo alegre testemunho de que somente Deus basta para dar
sentido à vida e preenchê-la de alegria e de significado. É esta paixão
pelo Reino que permite a vocês ouvirem a voz de Deus, deixando-O fa-
lar em todos os recantos da existência.
8. Obrigado por vocês apostarem no discipulado missionário, indo além
do mundo que nos rodeia, para além das fronteiras da fé.
A missionariedade está escrita no coração mesmo de toda a forma de
vida consagrada. Vocês de vida consagrada são missionários por exce-
lência. E, por isso, devem ajudar-nos a crescer na consciência e na coo-
peração missionárias. E que este estilo de vida deixe transparecer a
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presença e a pertença ao Deus vivo, mesmo que, muitas vezes, de
formas silenciosas.
9. Louvamos e agradecemos os projetos comuns, parcerias, partilhas e socialização dos dons e dos bens, em vista da missão e da evangeliza-ção. Que vocês ajudem a Igreja a manter aceso o fogo e o ardor missi-onários. E que vocês cultivem, cada vez mais, o amor a Jesus, apaixo-nados por Ele, fortalecidos pelos sagrados alimentos da Eucaristia e do Evangelho da vida.
10. Enfim, profundamente agradecidos por vocês serem o que são, inde-
pendentemente do que vocês fazem. Agradecemos igualmente a vocês
o dom da vida doada e consagrada, com os olhos fixos em Jesus Cristo.
Que vocês nos ajudem a crer que nossa pátria é o céu e que, portanto,
ninguém viva, aqui na terra, como se aqui tivesse morada permanente.
Que o Divino Espírito Santo, doador dos dons e carismas e mantenedor
dos serviços e ministérios, continue soprando novos e fortes ventos para
despertar e suscitar novas, boas e santas vocações à vida consagrada,
para o bem da Igreja e da humanidade.
Deus abençoe a vocês todos e todas, derramando chuvas de vida e de
graça e fecundando os jardins de suas existências.
“Amo a todos vocês no Cristo Jesus” (1 Cor 16,24).
Com minha bênção,
Dom Pedro Brito Guimarães Arcebispo de Palmas e Pres. da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
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Rio de Janeiro, 3 de setembro de 2012.
A todos os Coirmãos da PBCM, Assista-nos a graça de Nosso Senhor! Planejamento comunitário e sua avaliação.
“Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessá-rios, a fim de ver se tem com que acabá-la?” (Lc 14,28).
Fim de ano vem chegando. Já é tempo de ver e rever nossos plane-jamentos pessoais, comunitários e provinciais. Sem eles, nossa vida fica desorganizada e os trabalhos não evoluem. Neste breve artigo, abor-daremos os seguintes tópicos: 1) Re-cordação de alguns conceitos bási-cos; 2) Considerações sobre o pro-cesso de avaliação; 3) Proposta de trabalho para as Casas, incluindo al-gumas questões a serem respondi-
das e enviadas à Direção da PBCM; 4) Exercício de leitura orante de uma passagem bíblica. 1. Conceitos básicos 1.1. Planejamento é o processo de tomar decisões sobre o trabalho a ser
feito. Por meio dele, definem-se necessidades e se determina como atendê-las. Um bom Planejamento, geralmente, não se faz de uma hora para outra. Demanda tempo e dedicação. Em princípio, ele começa
Palavra do Visitador
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bem antes de se registrar qualquer coisa por escrito e não termina de-pois que elaboramos um plano de ação. Esse processo acompanha todo o trabalho e vai indicando caminhos o tempo todo.
1.2. Plano é o registro por escrito das motivações e decisões tomadas pa-
ra dar andamento ao trabalho. É um instrumento de trabalho, uma fer-ramenta. Pode ser modificado se, no decorrer das atividades previstas, for percebida necessidade de correção de decisões anteriormente to-madas. Pode até haver Planejamento sem plano, mas o registro por es-crito ajuda a organizar o pensamento, a não esquecer dados e confron-tar resultados no decorrer do processo.
1.3. Cronograma é a lista de ações a serem realizadas, com seus prazos,
agentes e destinatários. Muitas vezes, por não se compreender bem o processo de planejamento, os Planos são mal usados, ignorados ou mesmo esquecidos no curso da ação. Contudo, são feitos para serem manuseados com frequência, consultados, anotados, revistos. Devem ser como o mapa de um viajante que se encontra em país desconheci-do: tem de ser usado a toda hora.
1.4. Avaliação consiste em verificar se os objetivos foram atingidos. Esse
é o ponto central. Mas não nos regulamos pela chamada “política de resultados”. Nossos resultados sempre terão muito a ver com qualida-de humana, santificação, autenticidade, desenvolvimento de pessoas, etc. Além do resultado final (meta), não podemos perder de vista o processo vivido durante o trabalho. Este é também parte essencial da avaliação.
2. Considerações sobre o processo de avaliação
É comum fazermos avaliação no fim do ano ou ao término de um projeto maior. Mas avaliação, na verdade, se faz o tempo todo. Não po-demos esperar o fim do processo, porque pequenos desvios podem se avolumar se não forem corrigidos a tempo. Tomemos como exemplo a atitude de uma boa cozinheira: ela não espera que a comida esteja na mesa para verificar se deu tudo certo. Enquanto prepara a receita, vai provando de vez em quando, verificando o tempero, o ponto do cozimen-to, etc. e tomando as providências necessárias, em tempo hábil, para que o prato mereça justo elogio.
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Além da avaliação progressiva que vamos fazendo enquanto agimos, existe também a avaliação global, que se faz ao término de uma etapa. Uma coisa completa a outra. A avaliação serve para melhorar o processo, aprofundando o que dá certo, aproveitando as descobertas feitas durante o trabalho e detectando erros para não serem repetidos. Ela tem pelos menos três utilidades: 2.1. Identificar problemas e acertos durante a execução dos trabalhos;
2.2. Comparar o resultado obtido com o que tinha sido proposto nos obje-tivos;
2.3. Procurar descobrir as causas das falhas, a fim de superá-las, levando essa experiência para os próximos passos do Planejamento. Os fins estão intimamente ligados aos meios. Por isso, avaliamos, entre outras coisas:
2.3.1. As relações interpessoais desenvolvidas durante o processo;
2.3.2. A qualidade da participação, a partilha, o crescimento do espírito comunitário;
2.3.3. A solidez dos resultados medida não só por sua quantidade, mas também por sua qualidade.
2.3.4. As descobertas feitas durante o trabalho;
2.3.5. Nossa eficiência, lembrando sempre que ser eficiente não é traba-lhar demais e sim trabalhar bem, de tal modo que se consiga o máximo possível sem desperdício de esforço;
2.3.6. O grau de satisfação ou insatisfação das pessoas envolvidas no que foi realizado;
2.3.7. As novas necessidades que percebemos a partir do que deu certo e do que deu errado;
2.3.8. Fidelidade à mística subjacente a todo o trabalho.
Feita a avaliação é preciso que ela tenha consequências: se algo está errado, se há deficiências, alguma ação nova há de acontecer para tentar sanar o problema. Cansamos de ouvir queixas que se repetem frequen-temente sem que se modifique coisa alguma. Ocorre com bastante fre-
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quência culparmos o despreparo, má vontade, desinteresse das pessoas envolvidas e fica tudo como antes ou pior ainda. Agir com lucidez e com-petência é melhor do que passar a vida resmungando contra o que não corresponde às nossas boas intenções. Por exemplo, numa sala escura, debelam-se as trevas não com vassouradas, mas, sim, acendendo uma luz. 3. Trabalho para as Casas 3.1. O Superior ou Coordenador convoque a Comunidade para um exercí-
cio de leitura atenta dos seguintes textos:
3.1.1. Projeto Comunitário de sua própria Casa;
3.1.2. Projetos Comunitários enviados por outras casas ou setores de tra-
balho na PBCM;
3.1.3. Planejamento Provincial 2011-2013;
3.1.4. Documentos da 41ª Assembleia Geral da Congregação da Missão.
3.2. Feita a leitura, cada Comunidade ou Casa responda às cinco questões
seguintes:
3.2.1. Que proveito tiramos da leitura dos textos indicados acima?
3.2.2. Quais os elementos que merecem destaque?
3.2.3. Que avanços significativos estão acontecendo ou estão prestes a
acontecer?
3.2.4. Que avanços importantes e necessários não estão acontecendo?
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3.2.5. Nossas atividades são norteadas por objetivos claros que contribu-
em para que os mesmos sejam atingidos satisfatoriamente?
Observações 1ª) As respostas sejam enviadas à secretaria da PBCM até o final de outu-bro de 2012; 2ª) Onde não for possível realizar este trabalho em comunidade, cada Co-irmão poderá fazê-lo individualmente, enviando em seguida as respostas à secretaria da PBCM.
4. Leitura Orante de Mt 7,3-5
Inspirados neste texto evangélico, conversem em comunidade sobre o que precisamos corrigir para trabalhar e viver melhor em vez de respon-sabilizar os outros por aquilo que não tem dado certo?
Contando com a colaboração de todos e de cada um, despeço-me agradecido.
Fraternalmente,
Pe. Geraldo Ferreira Barbosa, C. M.
Visitador Provincial
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Da prepotência à autocrítica
Pe. João Batista Libanio, SJ
De muitas maneiras, a moderni-
dade se defronta com a nova onda
cultural que tem recebido o nome de
pós-modernidade. Palavra imprópria,
porque a pós-modernidade não deixa
a modernidade para trás. Antes lhe
reafirma alguns dos dogmas funda-
mentais, sobretudo por meio da exa-
cerbação da subjetividade, o avanço
científico em vários campos. O capitalismo moderno permanece vigoroso.
A forma globalizada e financeira não o converteu em novo modelo.
No entanto, a modernidade está a perder a certeza das vitórias, o
orgulho das conquistas, a razão lógica e segura de si. Cede lugar para
momento principiante de autocrítica. Cabe aproveitar tal chance para fa-
zê-la caminhar em perspectiva humanista.
Assalta-nos a sensação da novidade. O presente impõe-se-nos. Traz
consigo o gosto de que nos esperam contínuas surpresas. Os mais velhos
olham-nas com suspeita e preocupação. O trem da vida desloca-se em
alta velocidade deixando o espectador, colado ao vidro, a ver sucessão de
imagens. Conjuga o presente fugaz com a percepção de que o amanhã
não passa de um hoje prolongado e mais bonito.
O presentismo pós-moderno arrefece a sede criativa da modernida-
de. Reserva os imprevistos não para ações grandiosas do ser humano,
mas unicamente para a tecnologia, especialmente no campo da comuni-
Olhar Teológico
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cação eletrônica, na farmacêutica de ansiolíticos, na medicina e na terrível
indústria armamentista.
No campo social e na política, reina o marasmo. As ideologias libertá-
rias morreram. As utopias se encurtaram. A corrupção, o oportunismo, a
falta de ética e de visão da sociedade desfizeram as esperanças nos
políticos.
A autocrítica da modernidade trouxe-lhe o benefício de valorizar o
menor, o pequeno, o cotidiano. Desperta a sensibilidade das pessoas pelo
limitado. Corrige as pretensões de grandeza que os modernos do capita-
lismo ainda mantêm na acumulação de riquezas incomensuráveis. Tem
toque bíblico jesuano de olhar os lírios do campo, as aves do céu em vez
de consumir-se em preocupações (Mt 6, 25-34). Falta, porém, o pano de
fundo da frase de Jesus: a confiança e entrega a Deus.
As bem-aventuranças do Novo Testamento aproximam-se mais da
atitude de liberdade, de contemplação, de vivência do presente que de
pretensões de construção de futuros grandiosos. Ao rico insensato, que
depois de colheita abundante, demole os celeiros, para construir outros
maiores para aí guardar o trigo e os bens, Jesus coloca na boca de Deus:
"Tolo! Ainda nesta noite, tua vida te será retirada. E para quem ficará o
que acumulaste?" (Lc 12, 20). O afã moderno de acumular fortunas, de
produzir quantidades gigantescas, de construir silos monstruosos para os
próprios bens, não bate com a mensagem de Jesus. E a pós-modernidade,
por outras vias, esbarra na lição de sobriedade, de realismo do presente
que o Cristianismo propõe, porque divisa horizonte escatológico mais
amplo.
Vale a autocrítica que a pós-modernidade provoca na modernidade a
fim de repensar a concepção conquistadora e prepotente em vista de cri-
ar sociedade comunicativa, solidária, cujo presente se veste de humani-
dade.
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“Esticar as Cordas da Reconfiguração e do
Câmbio Sistêmico”
Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M. Assistente Geral (Roma)
Mc 2, 18-22
A pessoa e a proposta de Jesus
constituem uma boa nova. Uma no-
vidade que gera mudança, ruptura e
cria novas atitudes e realidades. Nes-
te texto, algumas pessoas questiona-
vam porque os discípulos de Jesus
não jejuavam, como os de João Ba-
tista e como os judeus. Sabemos que
o jejum era uma prática com sentido
penitencial, juntamente com súplicas
a Deus para que viesse salvar seu po-
vo. Jesus recorre aos profetas que
haviam anunciado as “bodas de
Deus” com seu povo, onde Deus o desposará e torna-lo-á fecundo e revi-
gorado. Jesus se apresenta como o noivo, aquele que vem desposar o po-
vo para torná-lo novo e fecundo. Por isso, há que se alegrar, não é hora
de jejum e sim hora de saborear o vinho novo, que requer barris novos.
Certamente, o vinho novo é o Evangelho que, com a ação do Espírito,
transforma e torna novas todas as coisas. Como tal, requer barris novos,
ou seja, novas disposições, novas práticas e novos compromissos. Os ju-
deus, ao se fecharem em suas práticas tradicionais, privam-se dessa novi-
dade, dessas bodas de Deus que em Jesus vem, desposa e salva o povo. O
medo de mudar e o apego ao velho impedem de acolher a novidade de
Deus em Jesus.
Espiritualidade
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“Vinhos novos em odres novos” esta é dinâmica da presença e atua-
ção de Deus entre nós. Assim entenderam os santos que se abriram à no-
vidade do Evangelho e deixaram-se transformar pela sua proposta nova
de vida e de seguimento de Jesus. Essa mesma dinâmica é que percorre a
história, onde o Espírito de Deus fala, indica e propõe novas formas e ho-
rizontes para a vivência do evangelho. É isso que torna o projeto de Cris-
to, também sua Igreja, sempre atuais e não uma peça de museu. Quanto
mais capacidade de abrir-se à novidade do vinho novo e quanto mais se
fizer barril novo, a Igreja, suas instituições, as congregações e as pessoas
poderão ser mais fiéis e significativamente viver e testemunhar o Evange-
lho de forma nova e atualizada.
a) É nesse dinamismo evangélico que as congregações querem se co-
locar quando falam de refundação ou de busca de fidelidade criativa. E é
neste movimento que a Congregação, na Assembléia, busca se colocar e
nos convida a um processo de reconfiguração. Trata-se, na linha da re-
fundação, de uma busca de novas formas, expressões e métodos para vi-
vência do carisma, diante da nova conjuntura da vida consagrada e dos
desafios dos tempos atuais.
Para muitos, a reconfiguração é uma realidade estranha ou mesmo
um conceito ainda não muito claro. O texto Síntese diz: “A reconfiguração
é uma resposta criativa quando orienta o pessoal e os recursos para uma
missão e uma caridade mais eficazes, e não é apenas uma simples manu-
tenção ou consolidação de estruturas e programas que foram comprova-
damente ineficazes. Encontra justificativa não só por utilizar melhor os re-
cursos, mas também por fortalecer um sentido revitalizado de pertença à
comunidade e um sentido renovado de plenitude entre Coirmãos, inclusive
quando diminui o numero deles”.
Comentando a descrição que o Pe. Nieto1 faz, podemos dizer que a reconfiguração é um processo de transformação profunda, uma mudança sistêmica, de uma instituição, de uma unidade, de uma atitude, que afe-ta muitas ou todas as suas dimensões (apostólica, comunitária, instituci-onal, administrativa...) e a converte em uma realidade nova dentro da
1 NIETO, José María. La reconfiguración en la C.M. Vincentiana, Roma, n.3, p. 349, julio-septiembre 2010.
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CM (uma nova província, união de províncias, novas obras, novas atitu-des, etc), mediante um processo de discernimento vicentino, comunitá-rio e dialogal. Este processo tem duas vertentes; por expansão, quando implica em criação, ampliação e novos frutos (criação de uma nova pro-víncia, aumento de ação-nova obra, novas propostas de ampliação) – esta traz alegria e gozo. E reconfiguração por redução ou contração (fusão de províncias, revisão de obras, fechamento de casas, mudança de práticas e estratégias, etc.) – costuma ser um pouco mais dolorosa.
No fundo, a reconfiguração, em âmbito de fé, não é simplesmente um modismo, ou uma simples ação administrativa de caráter funcional, mas um procedimento pascal, de morte e ressurreição, para melhor viver e testemunhar o carisma. A reconfiguração aponta uma verdade e uma atitude indispensáveis para viver o carisma: Mudanças são necessárias pa-ra responder com mais autenticidade aos desafios dos tempos, para bus-car respostas mais apropriadas ao desenvolvimento da missão. “Vinho novo em odres novos”, novos tempos, com novos problemas e novas exi-gências, exigem reformações e busca de novas mediações para viver o ca-risma congregacional.
A inflexibilidade pode se constituir um desserviço à missão. E a Con-gregação constata novas situações e problemas, tais como o envelheci-mento e a diminuição de membros em algumas províncias, a necessidade de novas estratégias na formação e na missão, as novas pobrezas que exi-gem novas iniciativas missionárias, as necessidades financeiras das pro-víncias em países pobres, a inquietação com a grande presença de Coir-mãos nas paróquias, etc... Questões como essas e outras requerem mu-danças institucionais, pastorais, pessoais e comunitárias, em nível congre-gacional, provincial e local. A reconfiguração é uma necessidade de revita-lização e a sua recusa pode levar à desatualização e perda da credibilidade do carisma.
b) Na mesma linha de busca de novas formas de viver a missão vicen-tina, a Assembléia propôs a metodologia do Câmbio sistêmico como novo instrumento para nosso serviço aos pobres. No esforço de melhor desen-volver a dimensão da caridade no trabalho missionário vicentino, cresce a consciência e o esforço em direção a uma pratica pastoral que busca romper o ciclo da pobreza em suas causas e que capacita o pobre para ser agente responsável de seu próprio destino. Ações e projetos de serviço aos pobres com a metodologia de mudança de estruturas (câmbio sistê-mico) são um marco para a caridade organizada e eficaz. Abre a rica pos-
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sibilidade de um trabalho em rede, requer uma maior atenção aos sinais dos tempos, proporciona uma evangelização integral e libertadora...
O amor inventivo ao infinito, na expressão de São Vicente, exige não permanecer num serviço missionário convencional, que não possibilita um verdadeiro e integral desenvolvimento humano. À luz do pensamento de São Vicente, que propunha um serviço ao pobre “material e espiritual”, “afetivo e efetivo”, “em palavras e ações”, com toda a FV, somos convi-dados e desafiados a assumir a metodologia do câmbio sistêmico como uma grande força de crescimento para a revitalização e desenvolvimento do carisma vicentino.
Esta metodologia consiste em compreender o serviço aos pobres de modo integral, articulando os serviços da caridade e da palavra, conside-rando todas as dimensões da vida, tendo o pobre como sujeito e não ob-jeto da ação missionário-caritativa e visando uma transformação da reali-dade e das causas geradoras de pobreza. Nesta perspectiva de ação, ela apresenta elementos metodológicos concretos que possibilitam uma ação organizada, transformadora e integral de serviço aos pobres. A metodolo-gia baseada no “câmbio sistêmico” aponta para a necessidade de se de-senvolver uma evangelização a partir dos pobres em suas necessidades concretas e que promova ações transformadoras, em vista de uma vida mais digna e justa, sinal da vida nova testemunhada por Cristo.
Reconfiguração e metodologia do câmbio sistêmico são duas impor-tantes cordas que a C. M. hoje discerne e nos propõe para vincular e man-ter nossa vida e trabalho bem atados e coerentes com as exigências e apelos dos pobres. Falando sobre a criatividade ministerial disse: “o servi-ço missionário e caritativo deve se colocar na incerteza, sem a certeza de tudo, para gerar e assumir o risco do novo”. Pensar e desenvolver a mis-são e a caridade a partir do pobre significa criar novas relações, novas práticas e atitudes. O amor não pode ficar preso a esquemas e respostas prontos, seguros, baseados na eficiência material e produtiva. “Eis que faço novas todas as coisas”, esta é a dinâmica da ação de Deus que exige de nós “barris novos para vinhos novos”.
As propostas da reconfiguração e do câmbio sistêmico nos põem nesta dinâmica de busca, de ruptura e de geração do novo. Requerem, em âmbito pessoal, comunitário, provincial e interprovincial, uma avaliação, um discernimento profundo de nossas atitudes, práticas, instituições e programas de trabalho. Talvez fosse importante lembrar aqui que “avali-ar” é dar valor; e, com isso, fazer emergir um novo valor. Discernir é bus-car o apelo de Deus que, pelo seu Espírito, renova todas as coisas. Não
163
basta fazer bem o que todos fazem (promoção social, escolas, creches, atendimento de idosos, cursos profissionalizantes...). Isso é bom, mas não suficiente! Não basta que a instituição funcione bem. Precisamos estar atentos para não cair na tentação de uma avaliação meramente quantita-tiva e funcionalista. Cuidado com a preocupação atual dos Relatórios sociais, sempre preocupados com resultados e quantificações! Qual o novo, quais os valores e sinais de vida nova que estamos criando? Qual o alcance e limites de nossos trabalhos e instituições para efetivamente servir os pobres, ajudando-os solidariamente a uma qualidade humana e cristã melhor?
As cordas da reconfiguração e da metodologia do câmbio sistêmico nos permitem manter hoje bem esticada sobre nós a lona do espírito de Cristo Evangelizador dos pobres. Precisamos saber esticá-las, usá-las bem, sem isso não poderemos experimentar a atualidade e pertinência de nossa vocação vicentina. Rezemos essa proposta que a Assembleia nos apresenta!
RREEZZEEMMOOSS CCOOMM SSÃÃOO VVIICCEENNTTEE,, Ah! Senhor, atraí-nos a Vós, dai-nos a graça de imitar o vosso exemplo e seguir a nossa Regra, que nos leva a procurar o Reino de Deus e sua justiça, e a nos abandonar a Ele em tudo o mais; concedei que vosso Pai reine em nós e Vós reineis também, fazendo que nós reinemos em vós pela fé, pela esperança e pelo amor, pela humildade, pela obediência e pela união com vossa digna Majestade. Agindo assim, temos razão de esperar que, um dia, reinaremos na vossa glória, que nos merecestes por vosso sangue precioso. É isso, meus irmãos, que lhe devemos pedir na oração; e durante todo o dia, desde o despertar, dizer a mim mesmo: “como agirei para fazer que Deus reine de modo soberano em meu coração? Como farei também para estender por todo o mundo o conhecimento e o amor de Jesus Cristo? Meu bom Jesus, ensinai-me a realizar isso e fazei que eu o faça!” Quando soar o relógio, renovemos esta prece e a resolução de trabalhar nisso, e sobretudo na santa missa, instituída para reconhecer, de forma soberana, a suprema Majestade de Deus e para nos alcançar as graças necessárias, a fim de vivermos e de morrermos sob o reino glorioso de seu Filho eterno. Amém.
164
"Procurar a glória de Deus, seu Reino, sua justiça, significa antes de mais nada, interessar-se por uma vida interior que se manifeste na fé, na espe-rança e na caridade, numa atitude de entrega a Deus, tanto no trabalho, quanto no desejo de querer difundir o Reino de seu amor misericordioso" (S.V.P.).
Leia, medite e reze:
Sl 111(110)
Mt 5,13-16; Lc 12, 13-34
De que modo posso colaborar para que, pessoal, comunitária e provin-cialmente, as propostas da reconfiguração e da metodologia do câmbio sistêmico possam avançar entre nós e produzir abundantes frutos de revi-talização da missão vicentina?
-“A reconfiguração é uma resposta criativa quando orienta o pessoal e os recursos para uma missão e uma caridade mais eficazes, e não é apenas uma simples manutenção ou consolidação de estruturas e programas que foram comprovadamente ineficazes”.
- “A mudança dos sistemas de estruturas é um marco para a caridade or-ganizada e eficaz. Implica uma relação entre a proclamação da Palavra de Deus, as atividades pastorais e o compromisso com sistemas que afetam os Pobres” (Síntese, 10.11).
165
Encontro de Diretores Provinciais das
Filhas da Caridade
Pe. Paulo Eustáquio Venuto, C. M. Pe. Francisco Ermelindo Gomes, C. M.
De 1º a 14 de julho último, aconteceu em Paris o Encontro de todos
os Diretores provinciais das Filhas da Caridade. Éramos cerca de 63 coir-
mãos, vindos dos cinco continentes. Da nossa Província estávamos os Pa-
dres Francisco Ermelindo e Paulo Venuto. Acompanhavam-nos, o tempo
todo, a Ir. Evelyne Franc com as Irmãs do Conselho Geral, o Padre Gregory
Gay, Superior Geral, e o Padre Patrick Griffin, Diretor Geral das Filhas da
Caridade.
Foi enriquecedor ver tantos coirmãos envolvidos, com alegria, com
seriedade e consciência da importância de seu ministério junto das Irmãs.
Vida da Congregação
166
Como foi edificante ver Coirmãos, já avançados em idade e com muitos
anos de dedicação, narrando sua experiência ou fazendo sua intervenção,
preocupados em melhor servir as Irmãs. Não me esqueço do Padre Ian
Van Aert, um velhinho holandês que vive há 50 anos em Taiwan, grande
parte desse tempo dedicado ao acompanhamento das Irmãs como Dire-
tor. Também nos impressionava saber que o Padre Amado Caballero, fili-
pino de nascimento, trabalha com as Irmãs no Japão. Ou que o simpático
norte americano Padre Gilberto Walker se identifica na alegria e na
simplicidade com os cubanos, enquanto Diretor das Filhas da Caridade em Cuba. Ou, ainda, que o Padre John Prager, outro norte americano grande conhecedor da espiritualidade vicentina, exerce o mesmo serviço no Equador. E que o italiano Padre Vittorio Pacitti se empenha, numa cultura e numa língua que lhe é totalmente estranha, a acompanhar as Irmãs da Albânia e Kosovo. Nem é necessário falar dos vários espanhóis que, além de missionários nas Américas Central ou do Sul, dedicam seu ministério junto delas.
O tema do encontro foi “O Diretor Provincial: Animar, Acompanhar e Formar Filhas da Caridade”. No primeiro dia, pela manhã, iniciamos os trabalhos com um retiro. Nos dias restantes, pela manhã e pela tarde, aconteciam as palestras que, ora eram as Irmãs que faziam, ora eram al-guns padres especialistas naquele assunto. Dentro da programação, hou-
167
ve também a exposição de experiências sobre determinado aspecto do serviço do Diretor, feita em plenário por alguns Diretores, previamente solicitada. Não faltaram trabalhos em grupos linguísticos a respeito das mais diversas preocupações e dos muitos desafios que encontramos mundo afora.
Um encontro como esse não só nos enriquece pelos assuntos deba-tidos e reflexões como pela convivência que se estabelece entre os parti-cipantes. Ali, não nos distinguiam a nossa procedência ou o idioma que falávamos. Uniam-nos nossa identidade de Padres da Missão e o serviço que prestamos à Companhia das Filhas da Caridade. Com elas formáva-mos um corpo só, dentro da fraternidade e do serviço aos Pobres que São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac sempre quiseram como carisma.
Ao terminar o encontro, na missa de encerramento, Padre Gregory, em suas palavras finais da homilia, exortou-nos sobre o que e como fazer para bem ajudar às Irmãs: “Faça algo prático e possível em cada área para melhorar a qualidade de vida apostólica e comunitária das Filhas da Cari-dade confiadas aos seus cuidados. Seja um animador da unidade e do bom humor; ofereça apoio ao acompanhar as Irmãs em todas as fases de sua caminhada e ajude a formar as Irmãs que estão sob os seus cuidados – incluindo as que estão no governo – à imagem e semelhança de Jesus, Vicente e Luísa no apostolado e na comunidade”.
168
Encontro de Coirmãos Jovens da PBCM
Pe. Luís Carlos do Vale Fundão, C. M.
Entre os dias 24 e 26 de ju-lho de 2012, realizou-se, em Belo Horizonte (MG), mais um Encontro de Coirmãos Jovens da PBCM. Neste Encontro, esti-veram presentes 8 Coirmãos.
Na manhã do dia 25, cele-bramos juntos a Eucaristia, lou-vando a Deus na festa de São Tiago Maior e agradecendo pela oportunidade de estarmos reu-nidos para este momento im-portante de fraternidade e par-
tilha. Aproveitamos para oferecer nossas orações pela Congregação da Missão e, de modo especial, por nossa Província, pedindo a Deus que lhe conserve o ardor missionário, a fidelidade ao carisma, fortalecendo-lhe o espírito de fraternidade.
Neste mesmo dia, após a celebração, à luz do Evangelho, partilhamos nossas experiências missionárias e ministeriais, com as alegrias e dificul-dades inerentes a cada uma. Foi um momento rico e edificante, mas, ao mesmo tempo, ficaram em nossos corações algumas preocupações que dizem respeito ao nosso dia a dia nos lugares em que estamos, tais como: a qualidade de nossos trabalhos em favor dos pobres, a fragilidade huma-na de algumas de nossas Comunidades, a auto-sustentação de algumas de nossas Obras, a dificuldade de alguns Coirmãos em aderir aos compromis-sos provinciais, etc.
Agradecemos a Deus pela oportunidade que nos foi dada de poder estreitar os laços de amizade e dividir a vida, bem como os momentos de lazer que tivemos num lugar privilegiado pela natureza.
Sobre a eleição ou nomeação dos articuladores do próximo Encontro de Coirmãos Jovens, que deverá acontecer em 2014, preferimos deixar para a ocasião da próxima Assembleia Provincial de 2013, quando tere-mos maior número maior de Coirmãos jovens presentes.
Vida da Província
169
Missão na Amazônia
Paróquia Nossa Senhora de Lourdes
Pe. Weliton Martins Costa, C. M. Pe. Vanderlei Alves dos Reis, C. M.
Atenta à moção do Espírito de Deus, a Província Brasileira da Con-
gregação da Missão assume com coragem o apelo da Igreja no Brasil no
projeto Missionários(as) para a Amazônia.
O Documento do episcopado da Amazônia, a Igreja se faz carne e
arma sua tenda na Amazônia, clama: “Estreitamos nossa comunhão com
todas as Igrejas no Brasil, comunicando-lhes as riquezas de nossa cami-
nhada. Ao mesmo tempo, reiteramos o nosso apelo aos outros Regionais,
Desafios da Missão
170
para que venham em socorro à Igreja na Amazônia pelos seus desafios
pastorais, pela sua extensão e importância no cenário mundial”.
Esse apelo foi respondido pela PBCM em comunhão com o projeto
das Filhas da Caridade de atender esse chamado da Igreja no Brasil. Abrir
uma casa de missão na região amazônica no espírito de família vicentina.
Que graça de Deus!
“Na Amazônia, a nossa Igreja é pobre, e seus pastores são pessoas
simples e conscientes de seus limites. Para cumprir a missão que Deus lhe
confia, precisam que toda a Igreja seja missionária e participativa”. O lu-
gar indicado pelo Espírito é o estado de Rondônia, na Igreja Particular de
Porto Velho. O chão a ser “missionado” é Itapuã do Oeste, paróquia Nossa
Senhora de Lourdes.
Chegamos de Belo Horizonte à cidade de Porto Velho no dia 3 de fe-
vereiro deste ano e fomos conduzidos à casa vocacional Dom Helder Câ-
mara, casa de formação, onde passamos a noite. No dia 4 tivemos a opor-
tunidade de participar do Conselho Pastoral Arquidiocesano. Conhecemos
e fomos bem acolhidos pelo então arcebispo Dom Moacir Grecchi assim
como pelos padres, irmãs e leigos(as) do CPA.
171
Chegamos no mesmo dia, no fim da tarde, em Itapuã do Oeste. Pas-
samos a primeira noite na nossa nova casa paroquial. Já no dia 5 voltamos
para Porto Velho a fim de participar do encontro de formação para novos
missionários (as) na Amazônia, promovido pelo regional noroeste da
CNBB. Reunidos, dos dias 5 a 18 de fevereiro no Centro Arquidiocesano de
Pastoral, leigos e leigas, irmãos e irmãs, padres e bispo tiveram a oportu-
nidade de estudar, conhecer, partilhar a realidade social, econômica, geo-
gráfica, ecológica e religiosa da Amazônia. Foi também um espaço para a
partilha de vida e experiência missionária. Uma partilha breve de Dom
Moacyr neste encontro nos marcou muito: “chegando nesta terra, junto
do povo devemos primeiro amar, amar e amar”.
Neste período inicial tivemos três eventos: 1) a alegria de celebrar a
festa da padroeira da paróquia de Itapuã do Oeste, Nossa Senhora de
Lourdes (dia 11). 2) O aniversário da cidade que completava vinte anos de
emancipação (dia 13). 3) E a ordenação diaconal do seminarista Márcio
Pacheco (dia 18). Neste mesmo dia, encerrado o encontro promovido pa-
ra novos(as) missionários(as), pisamos definitivamente em Itapuã.
Itapuã do Oeste é um município que dista 116 quilômetros da capital
Porto Velho e 86 quilômetros de Ariquemes. Com uma população de
8.566 habitantes, tem uma área territorial de 4.081,587 quilômetros qua-
drado. Boa parte da área do município é de preservação ambiental onde
abriga o Instituto Chico Mendes. É formada por migrantes vindos de di-
versas regiões do Brasil, com predominância de paranaenses. Tem como
grande atividade econômica as serrarias na cidade e a pecuária na área
rural.
Os primeiros meses foram de adaptação a uma nova realidade multi-
cultural: Com religiosidade marcadamente protestante. O clima é quente
e úmido ao longo do tempo, conhecendo as pessoas e as comunidades o
processo de adaptação foi se tornando muito mais fácil.
No dia 10 de março recebemos das mãos de Dom Esmeraldo Barreto
de Farias (empossado bispo da Igreja de Porto Velho no dia 03 de março
deste ano) posse e provisão como pároco e vigário na paróquia sendo
172
este uns dos primeiros atos de Dom Esmeraldo à frente da Arquidiocese,
que tem uma história belíssima e também alguns desafios como, por
exemplo, a formação do clero. A Arquidiocese de Porto Velho tem somen-
te dois padres rondonienses. Os demais vieram de outras dioceses e con-
gregações. A paróquia Nossa Senhora de Lourdes é formada por dezesse-
te comunidades. Até então estava sem padre residente. Faz fronteira com
as paróquias de Nossa Senhora da Conceição (Candeias do Jamari) e Nos-
sa Senhora Auxiliadora (Alto Paraíso). Temos uma comunidade na área
urbana e as demais em área rural. Os acessos são fáceis, pois a topogra-
fia(da planície) favorece as estradas, que por sinal estão bem conserva-
das. Tem-se na Igreja a consciência de rede de comunidades e de(cebs).
É marcante o protagonismo dos leigos.
Algumas pastorais tem uma boa caminhada e história na paróquia.
Haja vista como a Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde e Pastoral da
Pessoa Idosa. Já existe trabalho social, porém esta precisa ser apoiado pa-
ra melhor atender ao povo de Deus. As demais pastorais (catequese, li-
turgia, juventude, grupo de reflexão, dízimo) estavam como que estagna-
das pela pouca presença do pároco e equipe missionária. Apesar do pou-
co tempo, já demos passos significativos junto a essas atividades de servi-
173
ço aos fiéis. Exemplo disso foi a celebração da Crisma de 58 jovens no dia
25 de agosto. Outras atividades são urgentes como a pastoral familiar,
dos pescadores e dos migrantes. Quanto a isso vamos caminhando à luz
do Espírito que nos impulsiona.
O que é marcante nessa nova missão da Província é a iniciativa de
um trabalho em conjunto com as irmãs Filhas da Caridade. Elas compõem
uma comunidade de três irmãs – uma de cada província do Brasil (Ir. Jeny,
Província do Rio de Janeiro; Ir. Úrsula, Província de Curitiba e Ir. Lenice,
Província de Fortaleza). Trabalhamos a missão em conjunto, formando
uma Equipe Missionária. Temos momentos de oração comum e reuniões
para pensar juntos o agir pastoral. Essa experiência está sendo uma rique-
za para a missão.
Com a convivência, o contato, as visitas e ouvindo o povo de Deus, já
nestes seis meses, vamos descobrindo as diversas formas de pobreza des-
se chão amazônico e sonhando com uma bela missão vicentina a ser vivi-
da. Sabemos que estamos dando os primeiros passos para muitos que nos
seguirão. Aqui estamos aprendendo mais que ensinando, evangelizando e
sendo evangelizados.
Para os corações missionários ressoa o apelo do 12º Intereclesial das
CEBs acontecido em Porto Velho: “Do ventre da terra, o grito que vem da
Amazônia”.
174
Centenário do Pe. José Moacir, C. M.
No dia 02 de
setembro, o do-
mingo foi todo es-
pecial. A aglomera-
ção à frente do San-
tuário da Medalha
Milagrosa era gran-
de. Aos poucos, ele
ia se enchendo para
a missa das 10 ho-
ras, a celebração
em ação de graças pelos 100 anos de vida do Padre José Moacir Alves Pe-
reira. Para presidir a Eucaristia Dom Orani J. Tempesta designou o seu re-
presentante, Dom Luís Henrique. Concelebrando estavam, além do jubi-
lando, o Vigário Episcopal para a Zona Norte, Pe. Claudio, o Pároco da Pa-
róquia de São Sebastião, Frei Paulo, o Visitador, Pe. Geraldo Barbosa, o
Reitor do Santuário, Pe. Luís de Oliveira Campos, e os coirmãos Pe. Juarez,
Pe. Agnaldo, Pe. Wander, Pe. Sebastião Carvalho, Pe. Francisco Ermelin-
do, Pe. Alexandre e Pe. Paulo Venuto. Também estavam presentes a D.
Abigail, irmã do Pe. Moacir, e outros familiares.
Várias foram as manifestações durante a celebração: a coreografia
das Irmãs do Seminário na entrada da Palavra, a procissão das ofertas
com as crianças da catequese e a homenagem do Pe. Geraldo Barbosa e
da Irmã Cristina d’Abruzzo, no momento de Ação de graças. Foi emocio-
nante o momento em que o Sr. Bispo pediu para todos se ajoelharem, e
ele próprio foi o primeiro a fazê-lo, para receberem a bênção do decano.
Especial
175
Após a missa,
houve, na quadra do
antigo Instituto São
Vicente, o almoço
festivo para convi-
dados de perto e de
longe. A alegria se
estampava no rosto
do jubilando e de
todas aquelas pes-
soas que lhe querem
muito bem.
Eis o texto da homenagem que o Pe. Geraldo Barbosa prestou ao
Pe. Moacir:
- Excelentíssimo Dom Luiz Henrique da Silva Brito; - Reverendíssimos Padres, Diáconos e Seminaristas; - Caríssimas Irmãs Filhas da Caridade, Religiosos e Religiosas; - Prezados fiéis, amigos, amigas e familiares do Pe. José Moacir; - Querido Padre Moacir.
O Salmista nos diz: “Setenta anos é o tempo total de nossa vida, os mais fortes chegam aos oitenta. A maior parte deles, sofrimento e vaida-de, porque o tempo passa depressa e desaparecemos” (Sl 90/89,10).
Biblicamente, a longevidade é sinal da benevolência divina. Os ami-
gos de Deus vivem muito tempo. Se para o salmista alguém chegar aos oi-tenta já é fato notável, então que dizer do Padre Moacir que chegou aos cem? É uma graça que pouca gente alcança.
Por um lado, vemos neste fato um evidente carinho de Deus com Pe.
Moacir. Sua vida sempre foi e continua sendo um dom divino. Por outro lado vemos que Pe. Moacir soube, ao longo destes anos, acolher cuidado-samente este dom com pureza de coração, fazendo dele uma dádiva em sua vida sacerdotal na Congregação da Missão de São Vicente de Paulo.
176
Viver muito é importante. Contudo, viver bem é mais importante ainda. Pe. Moacir chega aos cem anos lúcido, alegre, saudável, jovial. A qualidade de sua vida nos atesta o quanto é bom viver assim. E não é por acaso que isto acontece. É porque ele sempre soube manter bons re-lacionamentos com as pessoas e cultivar boas amizades. O que ele plan-tou está colhendo agora nesta bela celebração. Seu rosto estampa a ale-gria de alguém feliz da vida. Serve de exemplo e de estímulo para todos nós.
Pe. Moacir, o senhor, além de estar completando um século de vida,
neste ano, está comemorando também 75 anos de ordenação sacerdotal, 81 de emissão de votos perpétuos e 83 de vocação. Temos, portanto, mo-tivos de sobra para rendermos a Deus profunda ação de graças.
Em nome dos Padres, Irmãos e Seminaristas da Província Brasileira
da Congregação da Missão desejo-lhe:
Felizes Aniversários!
Sua alegria e felicidade são também nossa alegria e nossa felicida-de. Continue feliz o tanto que já é e cada vez mais.
Amém, assim seja.
Rio de Janeiro, 02 de Setembro de 2012
Pe. Geraldo Ferreira Barbosa, C. M.
177
O menino centenário
Com menos de 01 ano, quando
tinha 11 meses de idade, sua família
deixou Rio Manso, hoje Couto
Magalhães de Minas, para morar
em Diamantina. Isso em 1913. Pelas
ruas do Bonfim, da Romana e do Jo-
go da Bola ele foi conhecendo a vida
e aquele mundo de casarões, de
igrejas e de histórias fantasiosas.
Seu pai, homem religioso e tendo
sido seminarista, logo conseguiu um
trabalho junto do Bispado como
gerente do jornal que D. Joaquim
Silvério de Souza tinha fundado,
“Estrela Polar”. Entre batinas, faixas, solidéu e o latim das rezas, o menino
foi crescendo. Dom Joaquim, quando saía em visita pastoral, recomenda-
va ao seu pai para dormir no palácio, levando o menino. Aquele ambiente
e o próprio Bispo lhe eram muito familiares.
As primeiras letras aprendeu com Dona Júlia, a mãe do Juscelino, na
Rua do Bonfim. Depois, na Rua da Romana, com Dona Carmelita Tameirão
aprendeu a lição da tolerância e da convivência com a diferença. Causa-
lhe espanto até hoje o fato de a professora colocar, naqueles tempos, la-
do a lado nas carteiras, menina e menino. Na sua escola concluiu os pri-
meiros estudos. As férias tinham um gosto especial. Junto com os irmãos,
seguia para a fazenda do avô, no Cafundó, próximo a Rio Manso. Era di-
vertida aquela caminhada que um empregado do avô acompanhava com
toda a paciência, atendendo aos desejos das crianças de pegar uma guabi-
roba ou um araçá, no mato. Com isso, a viagem de três léguas levava qua-
se um dia.
No Cafundó, o avô, “sistemático” segundo ele, da porta da casa,
chamava a mula que, docilmente, obedecia a seu dono, colocando-se no
lugar adequado para ele montar. Já o cachorro, só entrava em casa quan-
178
do chamado para comer! Como era divertido apanhar ingá ou jambo, jo-
gando-os no rego do monjolo para pegá-los na porta da cozinha por onde
as suas águas passavam! Sempre guardou a imagem do tio João saindo a
cavalo, no meio da madrugada das primeiras sextas feiras, para alcançar a
missa pela manhã em Diamantina. São recordações que ainda povoam a
imaginação do menino diamantinense.
Aos 12 anos, o pai conseguiu que fosse estudar no Seminário, onde o
Padre Pio de Freitas o recebeu. De sua turma não se esquece da figura do
Emanuel Gandra, avantajado em tamanho e adiantado em idade em rela-
ção aos outros companheiros. Aí, a vida mudou. Agora, o latim era para
valer e a batina era a vestimenta de todo dia. A disciplina era rígida e os
estudos tinham que ser levados a sério. Nada que o impedisse de jogar
gude com o “Zé Pedro”, mais tarde elevado ao episcopado como Dom Jo-
sé Pedro Costa. As muitas peripécias dessa fase o Padre Gaspar, como
Prefeito da disciplina, acolhia com aquele sorriso paternal que não lhe sai
da lembrança.
Quando já se iam dois anos de internato, o pai morre, no dia de São
João, quando, com outros companheiros, apanhava canela de ema para a
179
fogueira. Todos, sensibilizados, sentiram junto com ele perda tão doloro-
sa. A mãe, para poder prover a casa e educar os filhos, muda-se para Belo
Horizonte, deixando o menino aos cuidados dos Padres no Seminário e
das Irmãs de Caridade do Orfanato da Rua das Mercês. Essas lhe provi-
denciavam o que fosse necessário, até uma “roupa estranha” para usar
nas férias e que o pai do Joaquim Sales substituiu por outra mais decente!
Nas férias, como não dispunha de meios para estar com a mãe e os ir-
mãos em Belo Horizonte, juntava-se ao colega Joaquim Sales que o levava
para sua casa no Serro. A viagem a cavalo consumia dois dias de travessia
das serras, do rio Jequitinhonha e das muitas léguas que separavam a Ci-
dade dos diamantes da Vila do Príncipe. O pernoite era em São Gonçalo
ou em Milho Verde, cujas imagens ele conserva em suas retinas cansadas.
O tempo foi passando e, em 1929, conclui os estudos do Seminário
Menor. Sob o acompanhamento do Padre Avelar, decide-se seguir para
Petrópolis para ingressar no Seminário Interno da Congregação da
Missão. Era preciso comunicar ao Bispo essa mudança de rumo. Dirige-se
ao Palácio, que tanto conhecia, para falar com Dom Joaquim de quem de-
pendia como seminarista diocesano. Ao ouvi-lo, D. Joaquim não titubeou
em dizer-lhe: “Já desconfiava de sua grande amizade com o Joaquim Sa-
les! Mas, se é para ser lazarista, tem a minha bênção. Eles trabalham em
nossa Diocese.” Joaquim Sales já o tinha precedido em Petrópolis, com a
mesma decisão de ser filho de São Vicente de Paulo.
Ao menino que ainda mora no Padre Moacir
Pe. Paulo Eustáquio Venuto
180
XXIX Encontro Nacional dos
Estudantes Vicentinos
De 16 a 21 de julho de 2012, nós – Adalberto, Lucas, Paulo Velozo e Walter Fabían
– participamos do XXIX Encontro Nacional dos Estudantes Vicentinos (ENEV), orga-
nizado pela Congregação da Missão Província do Sul (CMPS), na cidade de Curitiba
(PR). Nessa oportunidade, abordamos o tema: “A Dimensão Missionária na Con-
gregação da Missão, à luz dos 50 anos de abertura do Concílio Vaticano II”, asses-
sorado por Geraldo Frencken. O Encontro foi enriquecido com a partilha de experi-
ências missionárias dos Padres da CMPS. Visitamos o Projeto Makon, cujo objetivo
é assistir e promover pessoas em situação de rua. Participamos ainda de uma sábia
e pertinente palestra de Leonardo Boff, que discutiu a realidade ecológica no mun-
do contemporâneo. Enfim, neste ENEV, tivemos espaço para reflexão, espirituali-
dade, convivência e lazer. Somos gratos à CMPS pela acolhida generosa e fraterna e
à PBCM pela disponibilidade em contribuir com nossa formação. Por fim, recorda-
mos que o XXX EVEV será sediado por nossa Província, de 15 a 20 de julho de 2013,
tendo como principal temática: “Juventudes”.
Estudantes da PBCM participantes do XXIX ENEV
Aos 16 dias do mês de ju-
lho de 2012, às 8h30, o
XXIX Encontro Nacional
dos Estudantes Vicentinos
(ENEV) deu início às suas
atividades com a celebra-
ção eucarística, no Semi-
nário Vicentino de Filosofia
Nossa Senhora das Graças,
em Curitiba (PR). A Missa
de abertura foi presidida pelo Visitador da Congregação da Missão Pro-
víncia do Sul (CMPS), Pe. Fabiano Spisla, e concelebrada pelos Padres Ilson
Luis Hübner, CM (Formador da Filosofia), e Marcos Gumieiro, CM (Forma-
dor do Propedêutico). Nessa oportunidade, o Visitador da CMPS acolheu
Formação dos Nossos
181
os estudantes das Províncias, a saber: Província Brasileira da Congregação
da Missão (PBCM) – Adalberto Silva Costa, Lucas de Souza Santos, Paulo
Cézar Velozo e Walter Fabían Prieto Méndes; Província de Fortaleza da
Congregação da Missão (PFCM) – Antonio Machado e Arthur Ricardo Ma-
cena; e da CMPS – Camilo Alexandre Jablonski, Éder Fabrício Lourenço,
Eliéser Okonoski, Ir. Henrique Celson Fitz, Jackson Barbosa, Joadir João Bi-
ernaski, Leandro Maeski e Luís Rodrigo Lopes. Às 10h30, reunimo-nos pa-
ra fazer os encaminhamentos práticos do Encontro. Nesse momento, o
assessor, Geraldo Frencken, expôs a metodologia do conteúdo que seria
desenvolvido e cada participante se apresentou. Às 12h15, dirigimo-nos
ao refeitório para o almoço. Às 14h, retornamos para apresentação de
cada Província e das experiências dos estudantes no processo de forma-
ção. Depois, refletimos em grupos sobre duas perguntas, a partir da reali-
dade de cada Província, quais sejam:
1. O que você considera como prática inspiradora para o modo de ser
da Congregação da Missão no Brasil, hoje?
2. Que características das três Províncias podemos observar a partir das
colocações feitas?
Destarte, apontamos algumas iniciativas das três Províncias e algu-
mas de suas limitações. À noite, participamos de uma palestra sábia, per-
tinente e provocadora, proferida por Leonardo Boff, que discutiu a reali-
dade ecológica no mundo contemporâneo.
A 17 de julho, iniciamos nossas atividades às 7h15, com a oração de
Laudes. Em seguida, reunimo-nos para o estudo deste XXIX ENEV, cujo
tema é “A Dimensão Missionária na Congregação da Missão, à luz dos 50
anos de abertura do Concílio Vaticano II”. Num primeiro momento, refle-
timos a seguinte temática: “O mundo dos Pobres e nós”. Nessa perspecti-
va, procuramos evidenciar o conceito de pobreza, cujo significado é am-
plo e ambíguo. De igual maneira, tentamos elucidar as estruturas que es-
tão na gênese da desigualdade entre os seres humanos. Finalizando essa
parte, partilhamos algumas de nossas experiências de convivência com os
pobres. Às 14h, prosseguimos em nossa reflexão, tendo como tema: “Vi-
182
cente de Paulo e a Congregação da Missão”. O assessor apresentou o con-
texto histórico e eclesial em que São Vicente estava inserido e como a op-
ção pelo seguimento de Jesus Cristo, evangelizador dos Pobres, foi se
concretizando, cada vez mais, em sua vida e vocação. Assim, buscamos
esclarecer quais os pilares imprescindíveis do nosso carisma. Por fim, o
palestrante assinalou os aspectos fundamentais de uma missão vicentina,
tendo como eixos de análise o passado e a atualidade.
A 18 de junho, demos início ao terceiro dia do nosso encontro, ele-
vando a Deus nossos primeiros louvores na oração da manhã. Nesse dia, a
conferência versou sobre “Reinado de Deus... Mundo... Igreja”. Nessa
perspectiva, aprofundamos o sentido e o alcance mais relevantes da prá-
tica messiânica de Jesus. O assessor apresentou também as causas histó-
ricas que influenciaram o Concílio Vaticano II, ressaltando alguns aspectos
circunstanciais desse evento e as matrizes doutrinárias decorrentes dele.
Assim, abordamos a eclesiologia e a missiologia surgidas a partir do Concí-
lio Vaticano II e suas incidências principais na Igreja da América Latina,
como as Conferências Episcopais Latino-Americanas de Medellín e Puebla.
Às 18h30, assistimos o filme “Santo Rebelde”, que relata a vida e missão
de Dom Hélder Câmara. As atividades foram encerradas com o jantar.
No dia 19 de julho, após a oração de Laudes, nosso encontro foi enri-
quecido com a partilha das experiências missionárias dos Padres Germano
Nalepa, CM, e Arno Miguel Longo, CM, os quais desenvolvem um trabalho
na pastoral rodoviária. Primeiro, Pe. Arno falou-nos da realidade política,
eclesial, cultural, econômica e social da população que mora na transama-
zônica, salientando a dinâmica da Missão naquela região. Em seguida,
fomos convidados a conhecer os caminhões da Pastoral Rodoviária. De-
pois, Pe. Germano expôs o trabalho que realiza, apontando para os desa-
fios e alegrias de sua atividade nas rodovias do Brasil. À tarde, o assessor
abordou uma temática pertinente e necessária: “Missão Vicentina”. A
partir de reflexões em grupos, procuramos evidenciar as características
fundamentais da missão vicentina. Recolhendo nossas conclusões, o pa-
lestrante apresentou elementos para uma nova missiologia, diretamente
atrelada às reais necessidades dos pobres. À noite, realizamos um passeio
183
em dois pontos turísticos de Curitiba: Ópera de Arame e Parque Tanguá.
Encerrando nossas atividades, participamos da celebração eucarística na
Paróquia Sant’Ana. Em seguida, confraternizamo-nos na casa paroquial.
No dia 20 de julho, avaliamos, pela manhã, este XXIX ENEV, a partir
da consideração de pontos positivos e negativos. O resultado da avaliação
foi o seguinte:
Que bom: assessoria, tema, simplicidade nos relacionamentos, horário,
acolhida, presença e testemunho dos padres, dinâmica, alimentação,
conhecimento mútuo e a participação;
Que pena: faltou comida mineira e carioca e a presença espontânea
dos padres;
Que tal: que a cada dois anos o ENEV envolva todos os estudantes das
três Províncias do Brasil, estender os contatos eletronicamente, escre-
ver artigos nos periódicos provinciais, transmitir o conteúdo do ENEV
aos demais estudantes e fortalecer o EREV e o EREL.
Nos encaminhamentos práticos, estabelecemos que o XXX ENEV será
realizado em Belo Horizonte, sob a responsabilidade da PBCM, de 15 a 20
de julho de 2013, tendo como tema: “Juventudes”. Às 10h, encerramos o
XXIX ENEV com a celebração da Eucaristia, na qual estiveram presentes os
Padres Arno, Edilson, Ilson e Marcos. À tarde e início da noite, participa-
mos do projeto Makon, cujo objetivo é promover os moradores de rua e
assisti-los em suas necessidades mais urgentes. Às 20h30, fizemos um
passeio pelo Parque Barigui.
No sábado pela manhã, dia 21 de julho, após a leitura da ata, saímos
para conhecer o Jardim Botânico, as dependências da Faculdade Vicentina
(FAVI) e a Casa Central da CMPS. Almoçamos na casa de formação do
propedêutico. À tarde, os estudantes começaram as viagens de retorno.
184
Padre Audálio Neves, C. M. Centenário de nascimento 1912-2012
Decênio de falecimento 2002-2012
Pe. Célio M. Dell’Amore, C. M.
Jubilosos, celebremos a lembrança
desse nosso coirmão e, saudosos, recor-
demos o seu passamento para a eternida-
de. Festejemos tais datas com gratidão pe-
los muitos feitos dele em nossa Província.
A memória dos justos e bons operários é
perpétua.
Nasceu Pe. Audálio em Diamantina
(MG), em 25 de janeiro de 1912, de rica
família. Seus pais eram José Neves Sobri-
nho e Luísa Antonieta de Lana Neves. Nobre estirpe. Bela mansão naquela
bonita cidade mineira. Tinha tudo para se tornar um galã na sociedade.
Mas renunciou a todo o conforto humano para ingressar no Seminário da
Sede Arquiepiscopal e se fazer sacerdote da Igreja Católica. Foi um espan-
to chocante, isso em 1925. Concluído o curso de Humanidades (1º e 2º
graus), tudo deixou de conforto e riqueza para imitar outros colegas que
escolheram seguir as pegadas de São Vicente de Paulo, indo para Petró-
polis (RJ), onde foi recebido a 14 de abril de 1930. Lá, deixou a bela batina
com faixa de gorgurão para vestir-se do hábito simples e humilde de mis-
sionário, na terra das hortênsias, e plasmar-se na simplicidade dos operá-
rios do Senhor, Evangelizador dos Pobres. Pronunciou os Santos Votos,
após o Seminário Interno, em lágrimas abundantes e generosa grandeza
de alma, em 15 de agosto de 1932. Era um modelo de piedade e dedica-
ção nos mais humildes serviços e trabalhos no Seminário de Petrópolis,
varrendo e lavando a casa, com imenso espírito de cooperação. Exemplar
e inteligente aluno nos estudos de Filosofia e Teologia, destacava-se pela
Memória
185
disposição em bem servir em tudo na Comunidade. Findo este período de
preparação, recebe o sacramento da Ordem das mãos de Dom João Batis-
ta Cavati, CM, antigo diretor do Seminário Interno e recentemente sagra-
do bispo de Caratinga (MG). A Ordenação foi celebrado a 8 de dezembro
de 1938, na antiga capela de Nossa Senhora das Dores, só para os Coir-
mãos da Casa. Foi celebrar suas primícias sacerdotais e rever os seus em
Diamantina, após oito anos de ausência. Findas as férias, recebe sua pri-
meira colocação em Curitiba (PR), em 1939. Professor de matemática e
diretor diocesano da Federação Mariana. Transferido, em 1942, para For-
taleza (CE), como mestre em Filosofia e Teologia no Seminário Maior. Em
1946, vai lecionar no Seminário de Salvador (BA) e tem o ofício de Ecô-
nomo, além das aulas de matemática e outras. Recebe ainda o encargo de
diretor das Damas da Caridade e Capelão Militar. Fez belo trabalho missi-
onário e agitou os acomodados. Este bom desempenho valeu-lhe a trans-
ferência para o Rio de Janeiro (RJ), em 1954, com várias atividades e Ca-
pelão do Sagrado Coração de Maria.
Em 1960, torna-se Diretor Nacional das Senhoras da Caridade e das
Filhas de Maria, tarefa que lhe deu asas para animar estes movimentos
com muito êxito. Conservando tais atividades, passou, em 1962, a ser o
Pároco da linda capela do Colégio da Imaculada Conceição, no Botafogo,
convertida, agora, mediante contrato entre as Filhas da Caridade e a Mi-
tra Arquidiocesana, em paróquia. Com esmero e carinho, zelou pelo belo
edifício, restaurando pinturas ornamentais, construindo no subsolo lindo
salão para festas e anexando casa paroquial, ao fundo da igreja, sem lhe
tirar o estilo. Passou, porém, por dois sustos. Um, foi o roubo dos pneus
de seu carro, deixado sem rodas sobre cavaletes e o outro, dos 7 sinos
carrilhões, sem que ninguém soubesse como foram descidos da torre.
Depois, repôs tudo no lugar, mas com material nacional, já que os primei-
ros vieram da França.
Em 1971, ocupou, interinamente, o cargo de Ecônomo Provincial,
conservando todos os ofícios anteriores. Teve espaço para fazer pós-
graduação em Direito Canônico e ser professor desta disciplina, de Pasto-
ral, além de diretor espiritual do Seminário São José da Arquidiocese.
186
Era homem de extrema confiança do Cardeal Eugênio Sales, há pouco
falecido.
Padre Audálio foi um homem de estudos e bom escritor, deixando
vários livros escritos para os pósteros, fazendo ainda cursos de especiali-
zação em Orientação Educacional, comunicação de rádio e TV. Ganhou o
primeiro lugar nestes, o que lhe valeu uma bolsa de estudos na Universi-
dade da Sorbonne, em Paris. Bacharel em Filosofia e Teologia, além do
Doutorado em Direito Canônico. Verdadeiro filho de São Vicente de Pau-
lo, que pedia para seus Missionários fossem sábios e santos, como tesou-
ro da Congregação. Homem de visão e bom administrador de bens mate-
riais, tinha imensa e santa alegria de entregar gordos cheques para o Ecô-
nomo provincial, no tempo em que ocupei aquele cargo. Era Coirmão de-
dicado e acolhedor. Fazia belos programas impressos para a festa da Pa-
droeira da Paróquia e selecionava bons pregadores para os sermões da
novena. Criou rivalidades e certas dificuldades com a direção do Colégio
anexo, ou seja, com as Filhas da Caridade, proprietárias do conjunto. Na-
da tão complicado que não se resolvesse com franco diálogo entre as par-
tes.
Já debilitado pela muita idade e sem avisar, entregou a Paróquia ao
Cardeal amigo, o que desgostou bastante à Dupla Família de Padres e Ir-
mãs, e se recolheu à Casa Provincial no Cosme Velho (RJ). Faleceu de Par-
kinson, em 29 de novembro de 2002, com todos os sacramentos e o bom
atendimento dos Coirmãos que o cercaram de carinho e amparo nos últi-
mos meses de vida. Foi sepultado no Cemitério São João Batista, Botafo-
go. Serve de modelo para a nova geração e cada um dos Coirmãos. Des-
cansa na paz de Deus e no seio da Virgem Maria, nossa Mãe, a quem ele
muito amou e louvou com seus escritos.
187
Pe. João Carneiro Saraiva
1925-2012 Nascimento: Januária – MG, 20/12/1925 Filiação: João Carneiro Saraiva e Júlia Carneiro de
Matos
Vocação: Petrópolis, 6/2/1945
Votos: Petrópolis, 28/9/1951
Diaconato: Petrópolis, 17/2/1952
(Dom José Pereira Alves)
Presbiterato: Petrópolis, 12/10/1952
(Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra)
Falecimento: 19/9/2012
Colocações:
1953 Caraça – MG (Seminário)
1960 Fortaleza – CE (Seminário)
1964 Diamantina – MG (Seminário)
1964 Rio de Janeiro – RJ (ISPAC)
1965 Assis – SP (Seminário)
1971 Brasília – DF (Seminário)
1972 Campina Verde – MG (Colégio e Paróquia)
1983 Iturama – MG (Paróquia)
1986 Nazaré – Belo Horizonte – MG (Paróquia)
1988 Engenho – Caraça – MG (Seminário)
1994 Campina Verde – MG (Seminário)
1995 Engenho – Caraça – MG (Seminário)
1996 Carinhanha - BA (Missões)
1996 Serra do Ramalho – BA (Missões)
2000 Campina Verde – MG (Paróquia)
2009 Belo Horizonte – MG (Casa Dom Viçoso)
Homenagem
188
Em 19/09/12, João Bosco de Miranda escreveu: Boa tarde, Companheiros e Companheiras das Trilhas Caracenses!
Ontem, alegria! Abria-se um Porta do
Céu”... boas notícias! Ontem, convocação
para festa a dos aniversariantes! Alegria!
Hoje, a alegria cede lugar para uma triste-
za: O Caraça Educandário perde mais um
dos seus baluartes, nome marcante na vi-
da de quem passou pelo Caraça dos mea-
dos da década de 50 até a década de 60:
faleceu, aqui em Belo Horizonte, o PADRE
JOÃO CARNEIRO SARIVA. Padre Saraiva,
ou João Saraiva, como a gente falava, fez
história na Congregação da Missão. Nem
é hora de contar e listar suas realizações
missionária como autêntico e assumido missionário, genuinamente vicen-
tino, a começar pela simplicidade e humildade radiantes. É hora de reali-
zar as lembranças boas da convivência com ele, elevar preces de agrade-
cimento a Deus, à Senhora Mãe dos Homens e a São Vicente de Paulo, por
nos terem permitido conviver com o Padre Saraiva e pedir que Eles o re-
cebam para a premiação do discípulo fiel e comprometido. É hora de nos
despedir do corpo do Padre Saraiva, que começa a ser velado agora, aqui
em Belo Horizonte, na Capela da Casa Dom Viçoso, no Trevo, no Bairro
São Francisco. Amanhã cedo, às oito horas, haverá missa de corpo presen-
te, seguida do sepultamento. A missa será lá, mesmo, na capela da Casa
Dom Viçoso. Nós, colegas, companheiros, amigos, parentes, ex-alunos e
confidentes do Padre João Carneiro Saraiva nos entristecemos, mas nos
alegramos, concomitantemente, pela certeza de que Padre Saraiva com-
bateu o bom combate, manteve e defendeu a Fé, exercitou a Caridade e
se entrelaça, agora, com Deus, a Senhora Mãe dos Homens, a Senhora das
Graças, e São Vicente de Paulo, sua grande Esperança.
A luz perpétua estará com ele. Amém.
Pela AEALAC/Bosco.
189
Ivan Oliveira escreveu:
Com o Pe. Saraiva vai um pouco de nós. Um pedacinho da história do
Caraça. Estão vivas em minha memória as lembranças de um Disciplinário
severo, porém com instinto protetor, quase paternal. Menos de seis meses
após minha chegada ao Caraça, em 1955, por um equívoco, que agora não
vem ao caso, cheguei a ser expulso, pelo Pe. Clóvis Duarte Passos. E,
graças ao Pe. Saraiva, minha expulsão foi anulada. Ele acreditara em mim.
Intercedera por mim. E tive o privilégio de ser disciplinado por ele.
Lembro-me das poucas vezes em que ele me fez ficar em pé, debaixo do
sino, por ter cometido alguma indisciplina. Mas ele o fazia com ternura,
como lembra o João Batista. Era discreto. O sorriso, contido. Ele estava
sempre no meio de nós. Durante o recreio. Nas partidas de futebol, na
Varginha. Com uma varinha na mão, apressando os retardatários, durante
os passeios, as caminhadas pelas trilhas caracenses. Ou bem cedinho, na
beira do rio, apitando para que todos saíssem daquela água gelada, para
se ensaboar e voltar a mergulhar. Por seis anos, tive o privilégio de
conviver com ele. Muito do pouco que hoje sou, devo ao Pe. Saraivinha.
Obrigado, Pe. Saraiva! Interceda junto a Deus, por mim, por todos nós que
o admiramos, que o amamos, para que, um dia - breve, quem sabe? -,
voltemos a encontrar-nos, diante do Senhor e de Nossa Senhora Mãe dos
Homens.
Ivan
João Batista Ferreira escreveu:
Adeus, até breve, Pe. João Saraiva. Muitas saudades! A notícia chegou
como trovão. É triste saber da morte. Visitei-o, no Trevo, há dois anos
atrás, acompanhado do meu inseparável amigo, Rômulo Mota. Recebeu-
nos com o indefectível sorriso. De sempre. O mesmo. Não tossia como o
irmão, mas mantinha o "heim?" para qualquer pergunta, esperando pela
segunda edição. A bondade, nunca a abandonou. Foi mestre, disciplinário
e amigo. Sou grato a ele pelas três extraordinárias marcas. Autêntico ho-
mem de Deus. Foi duro comigo, enquadrou-me como pôde, e sou gratís-
simo pela ternura com que o fez.
Vá em paz, Pe. João Saraiva!
Seu, João
190
José Lino de Araújo escreveu:
Homens da estirpe de Joãozinho Saraiva não morrem, mudam de casa.
Padre Saraivinha, como seu irmão Padre Saraivão, deixa no coração de
quem o conheceu uma grande saudade, porque tanto um como o outro
foram grandes homens, amigos, conselheiros, diretores e, sobretudo, in-
signes Filhos de São Vicente. Agradeço a Deus por tê-los conhecido e ca-
minhado pelos caminhos que me apontaram. Combateram o bom comba-
te, viveram plenamente sua fé no carisma vicentino: evangelizare paupe-
ribus, e já receberam, assim, a mais justa recompensa em sua nova mora-
da, a Casa do Pai. Deixaram para todos nós ex-caracenses um grande
exemplo.
Aos amigos e Coirmãos, Padres Lazaristas, por esta perda, meus sentimen-
tos.
Com amizade fraterna.
Lino
Cláudio Costa escreveu:
Presto minha homenagem ao Padre "Joãozinho", irmão do Padre
"Saraivão"... disciplinário no meu tempo de Caraça... risonho e exigente,
acolhedor e severo, misto de padre, pai, tiozão, amigo, professor...
Solidariedade aos colegas e amigos, bem como aos Padres Lazaristas.
Não estarei presente, por motivo de viagem.
Cláudio Costa.
José Amilar da Silveira escreveu:
J. Bosco, notícia triste. Lamento a morte do Pe. João Saraíva. Minha solida-
riedade aos familiares e à Congregação da Missão.
J. Amilar
Geraldo Miguel Silva escreveu:
Sem dúvida, não há quem o tenha conhecido (nem digo convivido mais
proximamente com ele) que, por momentos, não resgate o sorriso largo e
tão fácil, exato, espontâneo daquele homem magro, bom de bola (como
eu gostava de vê-lo na Varginha, de batina empinada à cintura, correndo
solene e elegante, distribuindo o jogo e fazendo gols discretamente...). E,
191
à noite, silenciando-nos o cansaço, com seus passos mágicos por entre
camas e corredores, enquanto pelas janelas penetravam sabores de pês-
sego, laranja e uivos de algum cão de guarda... Nunca nos faltaram a sua
magnitude, bondade e empatia. Lembro-me de quando, em 1956, o pe.
Clóvis nos chamou, a mim e ao Pedro, para anunciar a morte de meu pai,
foi ele, o Pe. Saraiva, quem me consolou, abraçou-me carinhosamente e
eu, com 12 anos, o senti sensibilizado, verdadeiramente sensibilizado.
Nunca me esqueci de sua figura grande, magra, pela primeira vez de sorri-
so escondido, a me aquietar as lágrimas. Lembro-me dele, no final de ano,
retirando do painel de medalhas e colocando quase todas elas no peito do
meu brilhante Zé Pedro, e eu lá, ao lado do pe. Saraiva ajudando-o na dis-
tribuição das medalhas... Pe. Saraiva, estendo a ti um trecho do poema de
Cecília Meireles, que caracteriza bem o que foste: "... Foste o solo e o oce-
ano dócil que sustentou jardins e embalou tanta viagem, que distribuiu o
amor, e mostrou a beleza, dando e buscando sempre a sua própria ima-
gem".
Obrigado, Pe. Saraiva!
Miguel.
Otoni Caribé escreveu:
Acabei de chegar de BH, onde fui para uma reunião da UFMG. Que pena
que não pude programar uma visita. Convivi com o Padre Saraiva, lá no
seu quartinho/laboratório escuro onde acompanhava e ajudava o seu tra-
balho de revelação de fotos. O pouco que aprendi com ele foi suficiente
para gostar de fotografia. Vá, Padre Saraiva, segure nas mãos de Deus e vá.
Ajude-nos a também chegar ai. Guarde o nosso cantinho.
Os meus sentimentos aos integrantes da família Caraça e Saraiva.
Otoni José Pedro Araújo Silva escreveu:
Como dói deixar de viver! É o caminho de todos nós, dirão! No caso do
Padre Saraiva, sabia que não estava bem. Nas duas últimas vezes em que
estive em Beagá, planejei vê-lo. Circunstâncias adversas mo impediram.
Foi sempre assim. Houve outras vezes antes, mas o desejo de um encontro
192
foi adiado, até por certo comodismo. Confiteor! Vi-o pela última vez,
quando completou 85 anos: 20/12/2010. Naquele dia, vi-me criança diante
do meu disciplinário, de meu professor, de um amigo pelas boas
lembranças que deixou cravadas na alma e que a vida não conseguiu
apagar. Fiz-lhe, na época, uma crônica: tanta foi a emoção.
Padre Saraiva, padre Saraivinha, padre João, padre João Saraiva, pouco
importa como o chamávamos, lembrava-me sempre como deveria ser um
verdadeiro padre. Sempre foi uno, sempre voltado para o seu interior
espiritual. Sempre firme. Às vezes, até mal compreendido. Assim que o
sempre via – e verei – enquanto eu estiver por aqui. Que pena ser preciso
morrer! Padre Saraiva é um daqueles que eu diria: não poderia morrer.
Havia algo nele que refletia alegria só ao olhá-lo. Obrigado, Senhor, por
tudo o que o padre Saraiva foi e representou para mim! Agradeço-lhe,
Senhor, ter colocado no meu caminho um de seus Anjos!
Descanse em paz, padre Saraiva! Vá ocupar o lugar que lhe é de direito
junto ao Pai! À Congregação da Missão, a todos os seus Coirmãos, ao
padre superior da Casa Dom Viçoso, Pe. Sebastião Carvalho, aos familiares
e a todos os que se sentem solidários nessa partida do padre Saraiva, meu
fraternal e caracense abraço!
José Pedro (velho caracense de 1953-1958)
Pe. Lauro Palú escreveu:
Caro Bosco, obrigado por esta mensagem, que veio prontamente, seguin-
do logo a do “Porta”. Que Deus lhe pague por sua atenção e seu carinho
com o Pe. Saraivinha. Muitos ex-Alunos terão a oportunidade de prestar-
lhe sua homenagem e a caridade de sua oração, graças ao aviso pronto de
você. Um abraço.
Eu conheci um santo!
Hoje, 19 de setembro de 2012, aqui em Paris, recebi a dolorosa notícia do
falecimento do Pe. João Carneiro Saraiva, CM. Foi ele que, há doze anos,
me recebeu na Congregação, como meu primeiro formador. Para mim,
uma nova experiência de orfandade. Passado o impacto da notícia e en-
193
xugadas as primeiras lágrimas, reúno forças
para expressar o que sinto por meio do que
posso fazer estando tão longe: deixar o cora-
ção transbordar em palavras de gratidão e re-
conhecimento por tudo o que recebi deste
homem de Deus, cuja existência se consumiu
como um círio, ao longo de 87 anos, ilumi-
nando e aquecendo com a tenacidade de sua
fé, a proporção infinita de sua bondade, a au-
tenticidade de sua humildade, a leveza de seu
espírito de serviço, a serenidade com que en-
frentou o sofrimento dos últimos anos. Dons,
virtudes, talentos com que Deus enriqueceu o bom Pe. João e que ele fez
frutificar na travessia de uma existência feita oferta, rica em humanidade,
incansável em fazer o bem, esquecida de si, simples e alegremente volta-
da para os outros, numa irrestrita disponibilidade. Podemos, então, repe-
tir com o evangelista: “Houve um homem enviado por Deus. Seu nome é
João...” (Jo 1,6). É momento, portanto, de ação de graças, de cantarmos
um solene Deo gratias por tudo o que o Senhor realizou na vida do Pe. Jo-
ão e, por meio dele, em nossas vidas, nós que o conhecemos e o amamos,
que por ele fomos ajudados, orientados e estimulados, seus Coirmãos e
amigos, os de ontem e os de hoje. É assim, consternados e agradecidos,
que depositamos nas mãos do Pai das misericórdias e Deus de toda con-
solação o que dele mesmo recebemos: a vida fecunda do querido Pe. João
Saraiva.
Mas “somos humanos – como disse, certa vez, Adélia Prado, – precisamos
de um tempo para que o luto tenha mudado em claro dia sua cor de cre-
púsculo”. A saudade começa a doer em nosso peito. Sentiremos muito tua
falta, Padre João. Hoje, queremos agradecer a integridade de tua vida, a
transparência de tuas palavras, a simplicidade de tua oração, a profundi-
194
dade de teus conselhos, o vigor de teu zelo apostólico, a dádiva de tua
existência consagrada. Não tenho dúvidas de que já escutaste: “Muito
bem, servo bom e fiel... Entra agora na alegria do teu Senhor” (Mt 25,21).
Palavras são sempre insuficientes quando são profundas as emoções que
nos invadem. Neste dia, muitos de nós nos sentimos órfãos. Foi-se o ami-
go, o formador, o confessor, o coirmão, o pai. Ficará para sempre a feliz
recordação de sua vida exemplar de homem de Deus e servidor incansá-
vel de seus irmãos. Doravante, posso dizer que, por imerecida graça, co-
nheci e pude conviver com um santo. O que não sou capaz de expressar,
porém, tomado pela emoção, deixo ecoar nas sentidas palavras com que
São Vicente quis noticiar a passagem para a Missão do Céu de um de seus
mais valorosos Missionários: “Agora, ele está no céu, enquanto ainda pe-
regrinamos na terra; ele chegou ao porto, nós continuamos em meio à
agitação das ondas; ele está em segurança, enquanto estamos apreensi-
vos; ele já goza dos frutos das virtudes das quais nos deixou exemplos. Se
imitarmos sua conduta, haveremos de acompanhá-lo na recompensa” (SV
VII, 124). Até o Céu, querido Pe. João!
Com afeto filial,
Pe. Vinícius Augusto R. Teixeira, C. M.
Paris, 19 de setembro de 2012
195
I – Notícias do Visitador
1. Além de várias visitas informais a diversas Casas da Província, fiz visita
de ofício (Visita Canônica) a duas Comunidades de Coirmãos: a) Mis-
são-Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, Itapuã do Oeste (RO), de 23 a
26/6/12; b) Missão-Paróquia São José, Carinhanha (BA), de 1 a 3/8/12.
2. Pe. Dejair Roberto De Rossi, em julho deste ano, encerrou seu 3º
mandato como superior da Comunidade de Coirmãos da Paróquia São
José do Calafate, em Belo Horizonte. Para o mesmo ofício, foi nomeado
Pe. Célio Maria Dell’Amore.
3. Pe. Geraldo Eustáquio Mól Santos, que estava na Missão-Paróquia São
José Operário, em Serra do Ramalho (BA), foi transferido para o Santu-
ário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, Caraça (MG).
4. Pe. Gentil José Soares da Silva, que estava no Santuário de Nossa
Senhora Mãe dos Homens, Caraça, foi transferido para a Missão-
Paróquia São José Operário, em Serra do Ramalho (BA).
5. Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, no início do mês de agosto, começou
seu curso de Pedagogia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do
Rio de Janeiro.
6. Pe. Osmar Rufino Dâmaso, que estava de licença para viver fora de
uma Casa da Província, casou-se no civil com Cristiane Alves Fernan-
des. Tendo recebido sua Certidão de Casamento, pudemos dar início a
seu processo de Demissão Canônica da Congregação da Missão.
7. Pe. Evilásio Amaral Júnior, em julho deste ano, tendo encerrado seu 1º
mandato de Coordenador da Casa ad instar domus de Carinhanha (BA),
aceitou ser renomeado para um 2º mandato.
Notícias
196
II – Centro Social
No dia 29 de junho, às
15h, no Centro Social Padre
Raimundo Gonçalves, acon-
teceu a formatura de mais
uma turma do projeto pro-
vincial Informática São Vi-
cente de Paulo (ISVIP). Fo-
ram 25 formandos que, de
fevereiro a junho de 2012,
receberam noções básicas de informática e cidadania, conforme orienta-
ções do CDI/MG. Trata-se de mais um trabalho da PBCM que procura, na
sua dinâmica de ação missionária, encarnar o Evangelho na vida das pes-
soas, empenhando-se para que o nosso povo tenha vida em plenitude.
Pe. Luís Carlos do Vale Fundão, C. M.
III – Retiros das Casas de Formação
1. Instituto São Vicente de Paulo
Nos dias 10, 11 e 12 de agosto de 2012, a comunidade do Instituto
São Vicente de Paulo, casa destinada às etapas formativas do Propedêuti-
co e da Filosofia, reuniu-se em retiro no Recanto Vicente de Paulo, em
Igarapé (MG). Nesse lugar, em que arte, natureza e silêncio conjugam-se
numa delicada harmonia, sentimos a graça de Deus resplandecer no hori-
zonte do nosso existir. O assessor, Pe. Getúlio Mota Grossi, CM, conduziu-
nos à meditação a partir de quatro provocadoras reflexões, quais sejam:
Oração, por quê? Como Orar? A procura de sentido e o desafio da fé;
O sentido de uma vida: São Vicente e o Pobre. Nas celebrações eucarísti-
cas, penetramos no sentido mais profundo de nossa vocação batismal e
de nossa condição humana, cuja precariedade impele-nos à prece. Na
contemplação dos mistérios do terço, descobrimos em Maria o protótipo
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da discípula fiel
e da missionária
alegre e disponí-
vel. Experimen-
tamos, na cele-
bração peniten-
cial, o suave to-
que da miseri-
córdia do Pai em
nossas vidas. Nas
orações da ma-
nhã, elevávamos à Trindade Santa um hino de louvor pelo dia que se inici-
ava. Por fim, agradecemos a Deus por essa oportunidade de revitalizar as
forças, redirecionar o caminho, redimensionar prioridades e fortalecer o
vínculo de união com Ele.
Lucas de Souza Santos (2º ano de filosofia)
2. Teologado São Justino de Jacobis
A comunidade do Teo-
logado esteve em retiro espi-
ritual, entre os dias 10, 11 e
12 de agosto deste ano, no
Cenáculo, em Venda Nova
(BH). O retiro foi orientado
pelo Fráter Nicácio Huis-
kamp, da Congregação dos
Fráteres de Nossa Senhora,
Mãe de Misericórdia. As re-
flexões transcorreram num
ambiente de simplicidade e
silêncio, possibilitando-nos a
vivência do deserto. As temáticas apresentadas por Fráter Nicácio versa-
ram sobre Fraternidade e Misericórdia, com destaque para a busca de
Deus, o seguimento de Jesus, a compaixão e a vida comunitária. Dentro
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das motivações, orações e reflexões, sempre estiveram presentes a Pala-
vra do Senhor e o espírito de São Vicente. Segundo os participantes, as
meditações propiciaram o aprofundamento da vocação, da vida comuni-
tária e da oração, convidando cada um a revitalizar suas relações consigo
mesmo, com os outros, com a natureza e com Deus.
Walter Fabián Prieto Méndez (1º ano de Teologia)
IV – Família Vicentina – Regional BH: Missão e Pós-Missão
Teve início,
em Coronel Murta
(MG), uma nova
etapa das Santas
Missões Populares
Vicentinas. Trata-
se da Pós-Missão,
cuja finalidade é
promover a forma-
ção das lideranças
locais, com base
nas prioridades estabelecidas pela Paróquia após as Missões de janeiro de
2012. Até janeiro de 2013, serão 4 finais de semana de formação e espiri-
tualidade, um em cada mês, conforme cronograma abaixo. Assim, espe-
ramos reunir e envolver maior número de lideranças das comunidades ru-
rais e urbanas. Ir. Ana Rocha, FC, dá notícia da rica e proveitosa experi-
ência que vivenciou no último mês de agosto, juntamente com a Sra. Dei-
se Santana, assistente social da PBCM.
“Conforme programação feita pela Coordenação Regional da Família Vicentina em parceria com a Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora, da cidade de Coronel Murta, Diocese de Araçuaí, foi realizado, nos dias 17 a 19 de agosto de 2012, o primeiro Encontro de Capacitação de Lideranças, com a participação de todas as Comunidades da Paróquia (urbanas, rurais e distritos). O total de participantes foi de 89, conforme lista de assinaturas.
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O tema proposto: Formação da Consciência Crítica, na linha dos direitos e deveres de cidadania. Esse tema foi abordado a partir dos aspectos indicadores do relatório elaborado pelos missionários, em janeiro de 2012, no qual fizeram sobressair as diferentes carências do povo e a inoperância do atendimento público do município no que diz respeitos às Políticas So-ciais, em especial saúde, educação e assistência social. No campo da espi-ritualidade, fizemos a “Leitura Orante da Palavra”, também com dinâmi-cas das danças circulares sagradas, cantos, filmes e outros recursos que pudessem ajudar os participantes na construção da desejada consciência crítica e no conhecimento de seus direitos e deveres. Esta primeira etapa da Pós-Missão foi assessorada por mim, Irmã Ana Alves da Rocha, Filha da Caridade, e Deise Santana, Assistentes Sociais da Associação São Vicente de Paulo e da Província Brasileira da Congregação da Missão, respectivamente”.
A Coordenação Regional da Família Vicentina aproveita o ensejo para
externar sua mais viva gratidão a Ir. Ana Rocha e a Sra. Deise Santana pela
qualificada e apreciada colaboração nesta obra missionária, impulsionan-
do a formação da consciência crítica das pessoas e comunidades daquela
Paróquia que se tornou nossa “terra de missão”.
17-19 agosto/12 Formação da Consciência Crítica
Ir. Ana Rocha e Deise
28-30 setembro/12 Formação Litúrgica Pe. Luís Carlos e Érik
12-14 outubro/12 Formação Bíblica Pe. Agnaldo e Ir. Emília
13-20 janeiro/13 Visita às Comunidades e Retiro Paroquial
Coordenação
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A Providência tem se ocupado da FV-BH com muita solicitude. A
Formação Teológico-Missionária foi aberta, no último dia 19 de agosto,
com chave de ouro, tanto por causa da expressiva participação de nossos
leigos quanto pela qualificada abordagem do Pe. Manoel Godoy, que dis-
correu sobre a herança do Concílio Vaticano II.
As Santas Missões Populares Vicentinas 2013 estão confirmadas para
a Paróquia de Bom Jesus do Monte, Furquim, distrito de Mariana (MG). A
primeira visita foi feita a 13 de agosto p.p., quando foi possível reunir as
lideranças e o pároco para explicitar a proposta das SMPV’s. Todos muito
abertos, animados e predispostos. Recomendamos oração constante, ca-
pacitação dos missionários locais e sensibilização de toda a comunidade
paroquial.
Pe. Vinícius Augusto R. Teixeira, C. M.
V – Assembleia da CRB-BH
A CRB do Regional de Belo Horizonte realizou, nos dias 11 e 12 de agosto de 2012, sua 42ª Assembleia Ordinária Eletiva, com a presença de mais de 100 participantes, entre superiores(as), delegados(as), membros da diretoria e representantes de grupos. A Assembleia teve os seguintes objetivos:
1º Avaliar o triênio 2009-2012; 2º Tomar conhecimento de várias realizações da CRB Nacional; 3º Eleger a nova diretoria para o triênio 2012-2015.
O primeiro dia se iniciou com a Santa Missa, às 8h30. Em seguida, houve um descontraído café. A partir das 10h, a presidente nacional da CRB, Ir. Márian Ambrosio, IDP, conduziu os trabalhos, levando-nos ao aprofundamento da 6ª prioridade da CRB Nacional: “Buscar maior leveza e agilidade institucional da VRC e ampliar as fronteiras congregacionais, por meio da intercongregacionalidade, da partilha do carisma com outras pessoas e grupos de redes e parceiros”. Ir. Márian, com muita habilidade, provocou e fez a Assembleia refletir sobre esta prioridade, abordando o seguinte tema: “Vida Religiosa Consagrada, a serviço da vida e do Reino”. E com o lema: Leveza e compromisso: “Ele está no meio de nós”.
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No segundo e último dia da Assembleia, depois da oração e do café, a presidente da CRB-Regional BH, Ir. Solange de Fátima Damião, CRSD, expos o relatório do seu mandato, mostrando que foi um período de mui-tas realizações e que a maioria das atividades agendadas foi cumprida com satisfação. Agradeceu as muitas colaborações que recebeu em sua gestão e afirmou que deixa a diretoria com o sentimento de ter cumprido satisfatoriamente o seu dever. Em seguida Ir. Márian apresentou uma sín-tese da caminhada da CRB Nacional, informou sobre as assembleias que acontecerão nos demais regionais, destacou os próximos eventos da CRB em nível nacional, principalmente a Assembleia de julho de 2013, e lem-brou que cada Regional deve enviar 2 delegados para este evento. Por fim, como última atividade da pauta de trabalhos, realizou-se a eleição da nova diretoria do Regional BH, para o mandato de 2012 a 2015: Presidente: Ir. Eudinéia Costa de Oliveira, Irmãs de Nossa Senhora Menina; Diretoria: Ir. Maria Aparecida Rosa, Sacramentinas de Nossa Senhora; Pe. Lotário José Niederle, Missionários da Sagrada Família; Ir. Delice Maria Machado Rodrigues, Filhas de Maria Imaculada; Ir. Natalino Guilherme de Souza, Maristas.
E, para coroar e encerrar todos os trabalhos, foi celebrada a Santa Missa, dentro da qual se agradeceu à diretoria cessante pelo trabalho rea-lizado e foi empossada a nova diretoria.
Pe. Wander Ferreira, C. M.
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VI - Construindo e Preparando o Futuro no Médio Jequitinhonha, Minas Gerais.
a) Chapada do Norte - MG
E de repente o resumo de tudo é uma chave. Carlos Drummond de Andrade
As palavras não po-dem dar conta da experi-ência, assim nos alerta Clarice Lispector, essas poucas linhas aparecem como tentativa de criar ponte, passagem, para os eventos do CPF na cidade de Chapada do Norte, lo-calizada no alto-médio Je-quitinhonha, em Minas Gerais. Município que teve sua origem em decorrên-cia da descoberta e exploração de ouro, hoje enfrenta desafios para lidar com a seca, migração de seus habitantes para outros estados, a escassez de recursos humanos, materiais e financeiros para atender à demanda da educação.
Para concretizar o 1º Módulo: Mobilização, Sensibilização e Entrosa-mento, de 22 a 27 de julho de 2012, estiveram reunidos 190 professores da cidade de Chapada do Norte e 11 voluntários do Projeto CPF, do RJ e MG, desenvolvendo um trabalho preocupado em oferecer instrumental capaz de desencadear nos grupos vivências valiosas e construções de co-nhecimentos.
Pudemos aprender, sobretudo, ouvir os professores e o modo de manifestarem sua ação pedagógica, as potencialidades de ampliação e constituição de novos saberes e suas possíveis aplicações.
A grande lição que todos estamos recebendo se resume na fala dos professores com histórico de trabalho árduo no corte de cana: A escola me salvou.
Apontamos e dizemos: lá longe, onde o céu e mar se encon-tram numa sutura, lá está o horizonte. Mas, o horizonte não é a linha da diferença. É a profundidade da identidade.
(trecho do diálogo entre Diana e Heráclito).
Mariza Aparecida Domingos
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b) Jenipapo de Minas – MG Após nove
módulos em qua-
tro anos e meio,
encerrou-se (ao
menos por en-
quanto) no último
mês de julho a
experiência mis-
sionária – pasto-
ral, social e peda-
gógica – em Jeni-
papo de Minas
realizada por membros da Comunidade Educativa do Colégio São Vicente
de Paulo do Rio de Janeiro. Nessa nossa última permanência, foram reali-
zados minicursos e oficinas interdisciplinares de Língua Portuguesa, Ma-
temática, Ciências e Geografia, construídos junto aos professores da cida-
de, além de cursos e atividades para jovens, adolescentes e crianças en-
gajadas na Paróquia.
É impressionante perceber o quanto de mudança estrutural tal expe-
riência é capaz de gerar, em nosso Colégio e na prática didática e paro-
quial de lá. Como resultado objetivo, fica o grande avanço da colocação
do Município nos índices que avaliam seu desempenho escolar. Para nós,
do são Vicente do Rio de janeiro, restam os vínculos estabelecidos com
nossos “senhores e mestres”, o maior envolvimento dos Alunos e ex-
alunos na proposta de formação de agentes de transformação social e as
imensas saudades.
Hélcio França Alvim
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C) Francisco Badaró – MG
Na última
semana do mês de
julho deste ano,
um grupo de pro-
fessores, alunos,
ex-alunos e pais
foram à cidade de
Francisco Badaró,
Vale do Jequiti-
nhonha, trabalhar
com a juventude
local, num projeto
de iniciativa do Colégio São Vicente de Paulo.
Éramos em torno de oito pessoas, e cada um era responsável por
uma oficina. As oficinas apresentadas forma: Relações Huma-
nas/Empreendedorismo, Artes Plásticas, Teatro, Música e Criação para as
crianças.
Nosso objetivo principal é proporcionar uma maior aproximação e
integração entre a juventude local, sugerindo um olhar mais apurado uns
sobre os outros. Desenvolver a noção de confiança no seu mais amplo
aspecto, assim como a dimensão do “confiar”: em que confiamos, porque
confiamos, que fatores escolhemos para compor nossa concepção de
confiança. Além disso, visamos despertar a consciência política dos
jovens pela terra natal e incentivá-los a permanecer nessa terra para que
haja desenvolvimento, já que muitos saem para o trabalho sazonal do
corte de cana, por não terem oportunidades de trabalho local.
Desejamos incentivar o desenvolvimento da cultura local, respeitan-
do a pluralidade e ampliando os horizontes e expectativas da população
através das Artes Plástica, Teatro e Música, despertando o interesse dos
jovens por estas práticas e causando neles uma redescoberta pessoal.
Maria Eleonora Caldeira