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CORREIO BANCÁRIO Tem início negociação com a Fenaban www.bancarios-es.com.br INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À CUT Nº 928 04/09/2014 A 25/09/2014 Começaram no dia 19 de agosto as rodadas de negociação entre Comando Nacional dos Bancários e Fenaban, na Campanha Nacional 2014. Após várias reuniões, os banqueiros negaram as reivindicações da categoria em relação à saúde e condições de trabalho e igualdade de oportunidades. Com a intransigência e falta de diálogo da Fenaban, mobilização entre a categoria aumenta. Página 3 Página 2 Artigo: luta dos Pós-98 por isonomia na Caixa ganha fôlego Página 4 Banescaixa é foco da primeira rodada de negociação com Banestes Página 5 Mesas específicas de BB e Caixa não avançam, frustrando bancários ENTREVISTA: militante feminista, Edna Martins fala sobre mulher e política. Página 6 Em clima de Campanha Salarial, Festa do Dia do Bancário reúne 1.300 pessoas Página 7 Sérgio Cardoso CB 928.indd 1 3/9/2014 16:30:47

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BancárioTem início negociação com aFenaban

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INFORMATIVO DO SINDICATO DOS

BANCÁRIOS DO ESFILIADO À CUT

Nº 928

04/09/2014 A

25/09/2014

BancárioTem início

Começaram no dia 19 de agosto as rodadas de

negociação entre Comando Nacional dos Bancários e

Fenaban, na Campanha Nacional 2014. Após várias

reuniões, os banqueiros negaram as reivindicações da

categoria em relação à saúde e condições de trabalho

e igualdade de oportunidades. Com a intransigência

e falta de diálogo da Fenaban, mobilização entre a

categoria aumenta. página 3

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Artigo: luta dos Pós-98 por isonomia na Caixa ganha fôlego

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Banescaixa é foco da primeira rodada de negociação com Banestes

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Mesas específicas de BB e Caixa não avançam, frustrando bancários

ENTREVISTA: militante feminista, Edna Martins fala sobre mulher e política.

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Em clima de Campanha Salarial, Festa do Diado Bancário reúne 1.300 pessoas página 7

Sérgio Cardoso

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Artigo

Em agosto realizamos o Encon-tro Estadual e o III Encontro Nacional de Isonomia na Caixa. Em virtude das eleições, este ano se torna decisivo para arrancar avanços nessa pauta.

Há hoje na CEF duas condições de trabalho: os Pré e os Pós-98, que já representam 70% do quadro de em-pregados da Caixa. Essa desigualdade proporcionou uma precarização sem precedentes, provando que o ataque a um seguimento reflete no conjunto dos empregados. Se por um lado os Pós-98 são enquadrados em uma estrutura que é utilizada para pressionar os salários e os direitos para baixo, por outro, os Pré-98 também são discrimi-nados, por exemplo, nos PSI’s, já que são trabalhadores “mais caros”.

Essas distorções foram criadas por FHC, quando a Caixa estava na mira das privatizações, e mantidas nos governos Lula e Dilma. A Caixa, sob a alegação de que não há trâmite legal e de que se trata de uma política do governo, não aceita negociar o tema, que tem ficado a reboque no processo negocial. Enquanto isso, a direção do movimento sindical bancário, em sua maioria ligada ao PT, sobretudo à corrente Artban/Cut, assiste a tudo con-formadamente e trata a isonomia como tem tratado as perdas do governo FHC, ou seja, como se fosse uma dívida do governo anterior, abrindo mão do seu papel de construir uma articulação nacional, com ações, produção de materiais sobre o tema, etc.

Renunciar à isonomia é desistir de nós mesmos. Já defender a igual-dade de direitos é resistir à exploração, é o fundamento do enfrentamento de classe. Nossa luta pela igualdade de direitos deve ser do tamanho da nossa indignação com as condições de trabalho. Passemos, pois, à construção da igualdade e que venha a isonomia pelas nossas mãos!

renata garcia é bancária pós-98 e diretora do Sindibancários/ES

Hora de colocar o bloco na rua pela isonomia

Passadas duas das quatro roda-das de negociação da Campa-nha Nacional 2014, a Fenaban

já deixou clara qual será sua postura no processo negocial deste ano. Ne-gativa e silêncio se revezam frente às reivindicações da categoria, em tom de desrespeito com os bancários e bancárias. Fim das metas, fim do assédio moral e contratação de mais empre-gados – reivindicações que ganham destaque na pauta de saúde e condi-ções de trabalho – ficaram de lado. A negociação de igualdade de oportu-nidades também terminou frustrada, com avanço específico na elaboração de uma campanha conjunta contra o assédio sexual nos bancos. Mas o posicionamento dos banqueiros não é novo, ao contrário, se repete ao longo dos anos; começa

estático, irredutível, e só se modifica diante de uma ação direta e forte da categoria. O que não pode permane-cer estático, portanto, são os traba-lhadores. A resposta dos bancários deve vir de forma unificada, unísso-na e esmagadora. São os bancários e bancárias os responsáveis pelo funcionamen-to do sistema financeiro nacional e pelo lucro dos banqueiros. É na Campanha Nacional da categoria a hora de mostrar o tamanho e a força desse conjunto. Ampliar a mobiliza-ção, fortalecer a greve e forçar uma negociação positiva para os bancá-rios na mesa unificada e nas mesas específicas nos bancos estaduais e bancos públicos federais é mais que necessário. O movimento é inerente às conquistas. E não é hora de ficar parado!

Pra mostrar oque queremos

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BancárioInformativo do Sindicato dos Bancários do Espírito SantoRua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória/ES - 29016-340 Tel: (27) 3331-9999 Colatina (3722-2647), Cachoeiro (3522-7975) e Linhares (3371-0092)

Coordenador Geral: Carlos Pereira de Araújo Diretor de Imprensa: Jonas Freire Santana

Editoras: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES, Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES e Ludmila Pecine - MTb 2391-ESEstagiária: Lorraine PaixãoEditoração: Jorge Luiz - MTb 041/96-ESImpressão: Gráfi ca Espírito SantoE.mail: [email protected]: 10.000 exemplaresDistribuição gratuita

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Banqueiros frustram primeiras rodadas

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Campanha Nacional 2014

Nas primeiras rodadas de negocia-ção entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Na-

cional dos Bancos (Fenaban), iniciadas no último dia 19, a intransigência e o descaso da Fenaban com as revindica-ções da categoria impediram avanços na garantia dos direitos dos trabalhadores.

A apresentação da pauta da Cam-panha Nacional foi dividida nos temas: “Saúde e condições de trabalho”, “Igual-dade de oportunidades e segurança ban-cária”, “Emprego e remuneração” e “Re-muneração (índice, PLR, auxílios)”.

“Não queremos apenas salário. Nossa luta é por condições de trabalho adequadas, fim das metas, do assédio moral, e outras reivindicações. A Fena-ban se mantém intransigente, se recu-sa a debater as propostas e adia nego-ciações importantes. O que vai garantir novas conquistas será a mobilização e pressão da categoria”, afirma o coorde-nador geral do Sindibancários/ES, Car-los Pereira de Araújo (Carlão).

Saúde e condiçõeS de trabalho

Já na primeira rodada, a Fena-ban se negou a discutir o fim das metas e do assédio moral, dois dos principais problemas que adoecem a categoria. Os banqueiros alegam que a definição de metas faz parte da gestão de cada banco e não cabe interferência.

Mas, segundo dados do INSS, apre-sentados pelo Comando, 18.671 bancários foram afastados do trabalho em 2013 por motivo de doença, um crescimento de 41%

A Campanha Salarial Nacional 2014 iniciou no último dia 13 de

agosto e bancários e bancárias entraram na

luta com a bandeira “A gente não

quer só salário”.

em relação aos últimos cinco anos.

igualdade de oportunidadeS

O Comando também apresen-tou propostas de combate ao assédio sexual, democratização do acesso de mulheres, negros, indígenas, homoa-fetivos e deficientes nas contratações e de respeito à igualdade de gênero nos processos seletivos internos.

Mas a única concessão dos bancos foi sobre o combate ao assé-dio sexual. A Federação aceitou reali-zar uma campanha, com as entidades sindicais, de combate a essa violên-cia, com distribuição de cartilhas, debates e palestras. O pedido de in-clusão de uma cláusula sobre o tema na Convenção Coletiva de Trabalho não foi aceita pela Federação.

Segurança

No primeiro semestre de 2014, 32 pessoas foram assassinadas em as-saltos a bancos, segundo dados da Pes-quisa Nacional de Mortes em Assaltos a bancos, feita pela Contraf e CNTV, com apoio do Dieese. Essas instituições, jun-to com a Fetravisp, também fizeram a Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, que revelou o número de 1.693 ocorrên-cias no primeiro semestre do ano.

Apesar dos números alarman-tes, apresentados pelo Comando na segunda rodada, a Fenaban se recu-sou a negociar a pauta da categoria e questionou as pesquisas, apresentando uma estatística semestral da Febraban que apurou apenas 186 ocorrências no mesmo período. As rodadas terminam no próximo dia 11 de setembro.

3 Criação de 20% de cotas para contratação de negros.

3 Transporte especial, acessibilidade e capa-citação para bancários com deficiência.

3 Isonomia de direitos para os bancários afas-tados do trabalho por acidente de trabalho e motivo de saúde.

3 Fim das demissões e concessão de estabili-dade no emprego para as vítimas de assal-tos e sequestros por 36 meses.

3 Mais equipamentos de segurança e medi-

das de prevenção à violência. 3 Ampliação da assistência às vítimas de as-

saltos, sequestros e extorsões. 3 Pagamento do adicional de periculosidade

de 30% dos salários para quem trabalha em agências, postos de atendimento e áre-as de tesouraria.

3 Cumprimento da lei nº 7.102/83, que prevê no mínimo dois vigilantes por estabeleci-mento bancário, inclusive no intervalo de almoço.

Confira outras reivindiCações não atendidas

PrimeirA reuNião de

NegoCiAção eNtre ComANdo

NACioNAl doS bANCárioS e

feNAbAN, em São PAulo

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PLENÁRIA DE MULHERES IIO espaço é para discutir as reivindicações das mulheres na minuta da Campanha Salarial.

PLENÁRIA DE MULHERES

No dia 11 de setembro, às 17h, haverá Plenária de Mulheres no auditório do Sindicato.

ramal Órgão

9955.................. Administração9956.................. Administração9951.................. Coordenação de Políticas Permanentes9953.................. Informática9959.................. Relações Sindicais9990.................. Relações Sindicais9965.................. Relações Sociais9957.................. Esportes9962 - 9968 ...... Sala dos diretores suplentes9960.................. Finanças9961.................. Finanças9971.................. Imprensa9972.................. Imprensa9988.................. Jurídico9989.................. Jurídico9966.................. Coordenação Geral9991.................. Secretaria (3º andar)9992.................. Secretaria (3º andar)9997.................. Recepção 9977.................. Cultura9977.................. Formação9980.................. Saúde9967.................. Secretaria Geral9954.................. Assuntos Socioeconômicos9993.................. Fax

Quando voCÊ LiGar Para o sindiCato, disQue 3331 e oraMaL deseJado.Confira:

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Tempo na fi la de banco tem limite! Queremos a contratação

de mais bancários!

Banescaixa é foco de negociação

Banestes

Acomissão de negociação dos em-pregados do Banestes, coordena-da pelo Sindicato dos Bancários/

ES, reuniu-se com a diretoria do banco para duas rodadas de negociação es-tadual, ocorridas no dia 28 de agosto e 02 de setembro, no Palas Center, em Vitória. Um dos temas principais foi a Banescaixa. A comissão cobrou a revi-são da forma de contribuição do plano de saúde, com maior aporte de recurso pelo banco.

Além disso, foram apresentados os eixos centrais da minuta de reivin-dicações, como redução dos níveis de classificação de agências; realização de seleção interna sob aviso; aumen-to de seis dias de abono assiduidade; função gratificada para os funcioná-rios que trabalham com fechamento contábil; aumento no percentual da contribuição do patrocinador de 7% para 15% para a Fundação Banestes e reposição das perdas acumuladas desde 1994.

“Temos perdas acumuladas des-

de 1994. E esse é um dos motivos pelos quais temos que garantir um aumento salarial significativo para os banestia-nos. O banco tem alcançado resultados muito positivos e sólidos, conquistados a partir do trabalho e empenho de seus empregados. No primeiro semestre des-te ano o lucro foi de R$ 67,8 milhões, um valor 35,40% maior em compara-ção ao mesmo período em 2013. Não há justificativa para manter o arrocho salarial”, ressalta o diretor do Sindica-to, Jessé Alvarenga.

O Banestes alegou que não pode repor as perdas salariais e que, em re-lação às cláusulas econômicas, seguirá apenas a proposta da Fenaban.

“O posicionamento do Ban-co deixa claro que vamos precisar de muita mobilização para conquistar re-sultados positivos nessa Campanha e garantir o respeito e a valorização que os funcionários merecem”, diz Jonas Freire, diretor do Sindibancários/ES.

As negociações continuam nas próximas semanas.

Sérgio Cardoso

eNtregA dA miNutA eSPeCÍfiCA de reiViNdiCAção do bANeSteS,

em 13 de AgoSto

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Negociações específicas

COMPROMISSO IIIMauro Ribeiro (PCB) e Roberto Carlos (PT) sinalizaram que vão assinar. Paulo Hartung não se posicionou.

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Caixa recusa propostas e emperra negociações

COMPROMISSO IICamila Valadão (PSOL) e Renato Casagrande (PSB) já assinaram o termo de compromisso.

COMPROMISSO

O Sindicato cobrou o compromisso dos candidatos ao governo do Estado com o Banestes público.

Saúde e condições de trabalho é tema da 1ª rodada do BBCom o tema Saúde e Condições

de Trabalho, foi realizada a primeira rodada de negociação com o Banco do Brasil, no último dia 22, em Brasília. Os representantes do BB declararam que as propostas do banco serão apre-sentadas somente na próxima rodada.

“O debate foi muito importan-te, mas a direção do BB tem que ser objetiva. Eles adiam a apresentação das propostas e essa postura do banco dificulta o processo de negociação. É

preciso mobilização para pressionar o banco a ser mais objetivo e apresentar as propostas”, enfatiza a diretora do Sindibancários/ES, Goretti Barone.

Durante a reunião, o Coman-do Nacional dos Bancários cobrou do BB mais contratações e solução para o aprimoramento dos processos do GEDIP. “No ano passado o BB se comprometeu a contratar mais 3 mil funcionários e não cumpriu com o combinado. A falta de funcionários

tem ocasionado adoecimento para os bancários devido à sobrecarga de trabalho”, diz a diretora do Sindicato, Maristela Corrêa. Em relação à licença saúde e descomissionamento, os sin-dicalistas reivindicaram a criação de maior proteção aos trabalhadores em licença saúde quando do seu retorno. No que diz respeito à Cassi e plano de saúde, a principal reivindicação é que não haja discriminação aos funcioná-rios oriundos de bancos incorporados.

Aintransigência marcou as pri-meiras rodadas de negociação específicas com a Caixa. Além de

não aceitar as reivindicações dos traba-lhadores, o banco não apresentou con-trapropostas durante as duas reuniões, realizadas em 21 e 29 de agosto, em Brasília.

Uma das principais reivindica-ções foi o fim da implantação do Pro-grama de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP). Instrumento da prática de assédio moral, o GDP foi imposto unilateralmente pela direção do banco e fere os princípios coletivos da relação de trabalho.

“A Caixa continua intransigen-te nas negociações. O lucro do banco cresce de forma acelerada, às custas do adoecimento dos empregados. Somente com a mobilização dos bancários vamos romper com essa prática e com o silên-

cio do banco. Por isso, convidamos a todos a ir à luta e a participar das atividades da Campanha Nacional”, enfatiza a diretora do Sindibancários/ES, Rita Lima.

As reivindicações relativas à

PoSição dA CAiXA APoNtA PArA PoSSÍVel greVe, Como em 2013

Funcef, aposentados e isonomia de direi-tos, apresentadas pelo Comando Nacional dos Bancários, também foram negadas pelo banco.

As próximas rodadas serão nos dias 08 e 12 de setembro, com discussão sobre “condições de trabalho, segurança, contra-tação e terceirização” e “carreira, jornada, Sistema de Ponto Eletrônico e organização do movimento”, respectivamente.

aconteceu no sábado, 30, em Bra-sília, o 3º encontro nacional de isonomia. Com o tema “Conquistando uma só Caixa para todos os empregados”, o evento reu-niu trabalhadores e trabalhadoras de todo o país com o objetivo de lutar pela igualdade de direitos e benefícios.

entre as principais deliberações do en-contro estão a realização do dia de Luta pela isonomia em 11 de setembro e destacar a iso-nomia como eixo principal de luta dos Pós-98.

isonoMia eM deBate

Sérgio Cardoso

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A presença da mulher na política

Sérg

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Diálogoedna martins

edna martins é militante do movimento

feminista e Popular, coordenadora do

fórum de mulheres do espírito Santo e da

Articulação de mulheres brasileiras. Nesta

edição, ela fala sobre o papel da mulher

nos espaços de poder.

as mulheres são maioria no eleitorado brasileiro, com 52,1% do total de eleitores. Mas essa propor-ção não é refletida na representa-ção feminina em processos eleito-rais. por quê?

Uma das influências para essa sub-representação deve-se aos papéis de gênero tradicionais e a divisão sexual do trabalho, onde nosso único espaço de poder é a casa. Isso afasta as mulheres da política, que exige quase atuação ex-clusiva e é mais compa-tível com os homens do que com as mulheres, que têm dupla ou até tripla jornada. Desde a década de 90, algu-mas ações afirmativas foram implementadas. Mas os partidos investem muito pouco na formação política das mulheres e não dividem igualmente espaços nas suas instâncias, impondo dificuldades às mu-lheres para serem sujeitos de sua atua-ção nos partidos. Muitos dirigentes par-tidários culpabilizam as mulheres pela não participação, mas esses mesmos dirigentes não investem no crescimento do espaço político para as mulheres.

desde 2009 é obrigatória nas eleições a reserva de 30% das can-didaturas de cargos proporcionais (deputado federal, estadual e dis-trital e vereador) às mulheres. Qual a importância dessa medida?

A política de cotas traz mais oportunidades para as mulheres ao forçar os partidos e, por conseguinte, a sociedade, a refletir sobre a ausência das mulheres na política. Além disso,

obriga, em certa medida, a abertura de espaços para as mulheres. Infelizmen-te, muitos partidos preenchem as cotas com candidatas “laranjas”, inclusive com a anuência das mulheres. Ao agir assim, essas mulheres prestam um des-serviço à luta pela democratização do poder, incentivam o não investimento na organização feminina nos partidos e reforçam a sub-representação. Por isso, é necessária uma reforma política que amplie a presença feminina nos espa-

ços de poder e a democracia participa-tiva, com paridade no processo eleito-ral. Até que isso ocorra, é fundamental preservar as cotas para que haja avan-ços na democratização do poder.

em 2010 foi eleita a primeira mulher à presidência da república no brasil. esse ano, três mulheres – dilma roussef (pt), luciana genro (pSol) e Marina Silva (pSb) – disputam o car-go. Mas basta ser mulher para garan-tir que as pautas femininas sejam re-conhecidas pelo poder público?

Não basta ser mulher para ter compromisso com a transformação da realidade feminina e mudar a política brasileira. Muitas mulheres ainda têm uma visão e prática conservadoras na política. É necessário verificar como se posicionam diante das bandeiras da luta feminina e, se já tiveram atuação

pública, quais foram os compromissos com a transformação da realidade de opressão em que vivem as mulheres. E o mais importante: é necessário per-guntar quem cada uma representa. Ao obtermos essas respostas, podemos de-cidir nosso voto.

Quais as principais reivindi-cações do movimento feminista atu-almente e que medidas as mulheres esperam do próximo governo?

Acompanhamos o surgimento de uma grave ofensi-va conservadora, que tenta impor princípios religiosos e retrocessos na questão dos direi-tos humanos. Em 2012, pautas importantes como a legalização do

aborto e a união civil homoafetiva foram sequestradas por setores reacionários e usadas como moeda de troca pelas prin-cipais candidaturas. Nessa eleição não será diferente, mas é necessário enfren-tar o debate sobre o Estado laico.

Queremos uma reforma política que democratize o Estado, acabe com a influência direta do poder econômico sobre as eleições, aprovando o finan-ciamento público de campanha, e que implemente o sistema de listas alterna-das para as eleições, com a presença de 50% de mulheres. Nossa luta é ainda por políticas de mobilidade urbana; creches em horário estendido; fortalecimento do SUS e o retorno de uma política de saú-de da mulher livre do fundamentalismo; e pelo aumento de recursos nos orça-mentos que garanta, de fato, políticas públicas para as mulheres.

“Não basta ser mulher para ter compromisso com a transformação

da realidade feminina e mudar a política brasileira.”

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Perfil

BANDES

No dia 18 de agosto foi entregue à direção do Bandes a minuta de reivindicações específica dos empregados.

POSSE

Delegados sindicais do BB eleitos nas eleições complementares tomaram posse no dia 26 de agosto.

“Se você é capaz de tremer de indignação a cada

vez que se comete uma injustiça no mundo, então

somos companheiros”

ernesto Che guevara

Silvia bettio

Silvia bettio, 44, bancária da agência bNH banestes em Cachoeiro de itapemirim, participa

de corridas de rua há seis anos e nos fala um

pouco sobreesse hobby.

há quanto tempo você par-ticipa de corridas?

Há seis anos participo de cor-ridas. Já participei por seis vezes das 10 Milhas Garoto, participei também da Corrida Faesa, Corrida Santa Lú-cia, Corrida 10 km Banescard. Sem-pre que tem alguma competição de corrida eu participo. Na última 10 Milhas Garoto, fiz um tempo de 1h39.

Qual a motivação em parti-cipar de corridas?

Em primeiro lugar, pela minha saúde. A corrida é um dos exercícios aeróbicos mais saudáveis e prazero-sos que existem. Em segundo, porque é uma forma que encontrei para me desestressar, é tanto estresse no dia a dia, e correr ajuda um pouco a relaxar.

Já foi premiada em alguma das competições?

Em 2010, na Corrida 10 km Banescard, eu fiquei em primeiro lu-gar na categoria funcionários do Ba-nestes. Fiz um tempo de 54’02”.

Ao som de Guilherme Lemos - Tribu-to à Legião Urbana e do Trio Forro-são, bancários e bancárias come-

moraram o dia dedicado à categoria, no Ilha Shows, em Vitória. Com o tema “Valo-rização, conquistas e novas lutas”, a festa foi realizada no dia 23 de agosto e reuniu cerca de 1.300 bancários e convidados.

O evento foi espaço de confra-ternização da categoria e de fortale-cimento da Campanha Salarial 2014. “Comemoramos uma data que é tra-dição nacional da luta da nossa cate-goria. Estamos em Campanha Salarial e somente por meio da mobilização vamos conquistar nossos direitos. Não queremos apenas salário. Queremos condições de trabalho adequadas, dig-nidade e um sistema financeiro a servi-

Festa marca datadedicada à categoria

28 de agosto - Dia do Bancário e da Bancária

ço da vida”, falou o coordenador geral do Sindibancários/ES, Carlos Pereira de Araújo (Carlão), durante a abertura.

integraçÃo

A comemoração teve consuma-ção liberada, almoço e roda de boteco. “A festa foi ótima. Essa interação é o que promove o crescimento dos bancá-rios junto ao Sindicato, pois conhece-mos pessoas diferentes”, disse a bancá-ria do Banco do Brasil, Deise Cavalierie.

Para o bancário da Caixa, Dimitri Salviato Rodrigues, a festa foi momento de unir os bancários para a Campanha. “Essa é a primeira festa que participo e gostei muito. Comida e música boa. É um ótimo momento de integração dos bancários, unir todos para a luta que vem aí”, disse.

A ANimAção

dA feStA

fiCou Por

CoNtA

do trio

forroZão e

guilHerme

lemoS.

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Bancário

A diplomacia internacional tem tido pouco sucesso na intermediação do conflito. Até o momento, não há ne-nhuma decisão da ONU que criminali-ze ou caracterize a ação de Israel como um genocídio, fato fortemente criticado por Andrade.

“Os Estados Unidos se opuseram no Conselho de Segurança à proposta de caracterizar como crime de guerra as ações de Israel. Há uma impunida-de, um acordo velado da ONU – que é controlada pelos Estados unidos – so-bre as ações de Israel. Ou seja, a ONU é conivente com o genocídio”, diz.

A maioria das vítimas é de civis pa-lestinos, com grande número de crianças, adolescentes e mulheres. Até o fim de agosto, foram mor-

tos 2.100 palestinos e 70 israelenses, dos quais 64 eram militares e seis eram civis. Os números mostram a des-proporção bélica entre Israel e Pales-tina, caracterizando o conflito mais como um massacre do que como uma guerra. Os grandes veículos de imprensa mundial reproduzem um discurso pró-Israel, de que o governo de Benjamin Netanyahu estaria respondendo às ações violen-tas do Hamas, taxado como organiza-ção fundamentalista e terrorista. Para o professor de história social da Universi-dade Estadual da Bahia (UNEB), Elizi-ário Andrade, contudo, o Hamas é um grupo legítimo de resistência do povo

o conflito entre israel e Palestina já deixou mais

de dois mil mortos no oriente médio.

palestino, que luta contra o genocídio praticado por Israel.

“O Hamas é uma organização política eleita democraticamente pelo povo palestino e que, diante das ações de genocídio de Israel, foi forçada a se organizar militarmente para fazer a defesa do povo da

Palestina. O Estado de Israel deveria ser a última nação, do ponto de vista moral e ético, a qualificar qualquer organização como terrorista, já que é um estado que age desobedecendo qualquer lei internacional, invadindo países – como aconteceu recentemente com a Síria – e praticando genocídios, a exemplo das milhares de crianças que foram assassinadas na Palestina. O Ha-mas é uma organização político e mili-tar de resistência do povo palestino; é

legítima, e conta com o apoio de diversas forças e orga-

nizações inter-nacionais”.

“ONU é coniventecom o genocídio”

Ofensiva de Israel contra Palestina mata mais de 2 mil

Sionismo e imperialismo se unemIsrael justifica seu projeto ex-

pansionista no sionismo, tese segundo a qual os judeus teriam direito sagrado ao território palestino. Porém, além dos aspectos religiosos, existem questões econômicas e políticas que sustentam o conflito, que se relacionam com um projeto imperialista na região. Os Esta-dos Unidos (EUA), por exemplo, apóiam a ofensiva israelense sobre o Hamas, financiando a compra de armas da in-dústria militar americana. Segundo Eli-ziário, “esmagar o Hamas e o Hezbollah no Oriente Médio faz parte de uma po-lítica de expansão e controle do Oriente Médio por parte dos americanos”.

“Há uma crise da política ameri-cana imperialista no Oriente Médio. Israel faz o papel de testa de ferro, de peão mili-tar imperialista na região. É o Estado mais armado, mais tecnologicamente sofistica-do e tem um grande exército. A Palestina é uma nação que resiste há anos, que busca a autonomia política daquela região den-tro de um projeto de independência do imperialismo. Israel se sente ameaçado pelos palestinos e propõe liquidar a ação da palestina, principalmente a resistência armada. Essa resistência, que irradia para todo o Oriente Médio, vai contrastar com as perspectivas de expansão e controle americano na região”.

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