Information as an economic good (A informação como bem económico)

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A Informação como Bem Económico André Névoa Braga - Nº61547 David Baía – Nº61553 Rui Rocha – Nº53865 Gestão de Sistemas de Informação 2013/2014 Universidade do Minho Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação

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A Informação como Bem Económico

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A Informação como Bem Económico

André Névoa Braga - Nº61547

David Baía – Nº61553

Rui Rocha – Nº53865

Gestão de Sistemas de Informação

2013/2014

Universidade do Minho

Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação

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Índice 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 3

1.1. OBJETIVOS ............................................................................................................................................ 3

1.2. ESTRUTURA .......................................................................................................................................... 3

2. A INFORMAÇÃO COMO BEM ECONÓMICO ............................................................................................. 4

3. A DIFICULDADE DE ATRIBUIR UM VALOR EXATO À INFORMAÇÃO ....................................................... 6

4. REFERÊNCIAS................................................................................................................................................. 9

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1. Introdução

A realização deste artigo encontra-se no âmbito da unidade curricular de Gestão de Sistemas de

Informação do 4º ano do Mestrado em Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação. O tema em

causa procura abordar a temática da informação como um bem económico na perspetiva de que é um

recurso muito difícil de gerir e atribuir valor, pelo que pretende-se desta forma argumentar a sua

remoção do modelo das realidades preponderantes.

1.1. Objetivos O objetivo para este artigo passa por dissertar à volta do tema “Informação como um bem

económico”, onde se pretende descrever o que é a informação, de que forma se torna um bem

económico, qual a sua importância e a dificuldade que é geri-la e atribuir-lhe um valor fixo. Pretende-

se ainda apresentar argumentos que suportem a teoria de que não se consegue, eficazmente, atribuir

um valor à informação de forma a retirar esta realidade do modelo das realidades preponderantes.

1.2. Estrutura Este artigo está dividido em quatro capítulos, onde será abordado o tema a informação como um

bem económico. Desta forma apresentamos de seguida os capítulos.

Introdução – pretende dar um breve sumário do que se trata o artigo e sobre o tema a ser

abordado e em que pontos pretende focar essa análise.

A Informação como Bem Económico – incide sobretudo na identificação de o que é e a

natureza da informação.

A dificuldade de atribuir um valor exato à informação – demonstra através de argumentos que

é muito difícil atribuir um valor concreto a informação a ser utilizada por uma organização.

Referências – listagem das diversas fontes utilizadas na construção das ideias para a escrita do

artigo.

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2. A Informação como Bem Económico

Ao longo dos tempos, e à medida que se foi desenvolvendo, o homem foi se adaptando a diversos

tipos de sociedade até chegar à que denominam hoje de sociedade de informação, sociedade do

conhecimento, onde a informação é considerada como um recurso muito importante, tal como dita a

célebre frase “Informação é poder”. Nos dias que correm, a informação já é vista como algo que deve

ser produzido, pois não existe espontaneamente na natureza, ou seja, são dados que ao serem

interpretados pelas nossas capacidades cognitivas passam a ser vistos como úteis, como informação.

Desta forma a sua produção vai afetar os recursos essenciais à produção da informação e daí ser um

bem económico, pois segundo a Teoria Económica, para que um bem seja considerado um bem

económico é necessário que este seja escasso, mas também necessário (Plummer, 1985).

A dificuldade não está na capacidade de armazenarmos essa informação mas sim em tratá-la,

interpretá-la e saber qual o seu real valor e impacto nas nossas decisões. O mesmo se passa com as

organizações de hoje que recebem informação das mais diversas formas e precisam de saber tirar

proveito a partir da gestão, de forma a tomar decisões que permitam que a organização seja o mais

próspera possível na sua atividade. No entanto nas organizações a informação pode ser vista como

algo que tem que ser produzido, pois não existe espontaneamente na natureza, que se compra com

dinheiro ou em troca de outra informação, com vista a ser utilizada para obter vantagem competitiva,

ou seja, pode ser vista como um recurso económico que precisa ser gerido.

Na sua essência a informação não tem valor, esse valor é derivado da interpretação e subsequente

utilização que se faz dela, daí o seu valor ser tão relativo. E apesar de haver esta necessidade de gerir

a informação, a verdade é que ela é um recurso muito difícil de gerir pelo facto de não existir um

mecanismo fidedigno capaz de identificar o valor a atribuir à informação em causa. E por vezes a

incapacidade de saber identificar qual o real valor que a informação pode ou não ter para a organizar

pode ter custos inesperados para organização (Verde, 1981).

O problema da informação, e da gestão da informação, não é a quantidade com que ela nos chega,

mas sim o que fazer com ela. Não é fácil organizarmos a informação de uma organização, trata-la de

forma a tirar o máximo proveito dela, a informação é subjetiva, está dependente do contexto em que

se insere, assim como a sua utilização. A informação não é um recurso quantificável de forma

tradicional, não pode ser avaliada unicamente pela sua escassez, no seio de uma organização, muita

informação é criada, mas o seu valor não é proporcional à sua abundância, mas sim ao uso que os

decisores fazem dela, daí a sua gestão desempenhar um papel fulcral no sucesso das organizações, e

ser um processo tão difícil de ser executado. Decidir que informação é útil, como a considerar útil,

são processos complicados e que necessitam de algum conhecimento prévio por parte dos decisores.

Todo o ciclo de vida da informação é abrangido pelo processo de gestão da mesma, desde a sua

criação à sua entrega aos interessados, numa organização, diversos problemas são encontrados este

ciclo, desde a criação da informação correta e adequada ao contexto, a captura de informação inerente

aos processos da organização e aos responsáveis pela sua implementação, após termos a informação,

temos de decidir o que fazer com ela, como a organizar, guardar e tornar acessível a todos os que

podem beneficiar dela, não existe uma fórmula mágica de como tratar a informação, da melhor forma

de guardar ou de a partilhar, não existem métodos universalmente aceites de como fazer a gestão da

informação, não há consenso, pela sua natureza subjetiva e pela sua inconstância, a informação vive em

perpétua mudança, a forma como a recolhemos, criamos, guardamos ou partilhamos muda diariamente,

muda em função da evolução tecnológica, muda em função dos utilizadores e dos contextos em que

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se insere, daí ser impossível atualmente criar um método universalmente aceite de gerir informação

(Verde, 1981).

Desta forma este artigo pretende apontar argumentos que procuram retirar a realidade informação

como um bem económico do modelo das realidades preponderantes, não porque a informação não

seja um bem económico, mas sim pela inexistência de formas exatas de lhe atribuir valor e que

permitam saber quando é esta melhor usada.

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3. A dificuldade de atribuir um valor exato à informação

É bem aceite que informação correta nunca tem um valor negativo no entanto pode ser difícil

perceber realmente o valor desta e o impacto que pode ter no processo de tomada de decisão, outra

grande dificuldade está no rótulo de informação correta, em boa verdade uma informação só pode ser

considerada correta depois de provada a sua utilidade, o que regra geral só acontece depois da tomada

de decisão.

É muito complicado gerir a informação, um problema logo levantado é o seu valor. Como medir

então o valor da informação? No contexto organizacional, informação e gestão andam de mãos dadas,

uma exige a outra constantemente, mas dar um valor à informação não é tarefa fácil, ao longo dos

tempos diversas teorias foram desenvolvidas e aplicadas, no entanto nunca uma foi universalmente

aceite e adotada.

É ponto assente que o valor da informação deve ter duas vertentes, um valor objetivo, como

expressão da capacidade de um bem para produzir ou para trocar e um valor subjetivo, como

expressão da utilidade direta para o consumidor (Oliveira, 1996). Ou seja a informação deve ser

valorizada consoante a utilização que o utilizador lhe vai dar, ou melhor, de acordo com a importância

que o utilizador imputa a essa informação. A informação só por si não tem valor, quando a retiramos

do seu contexto deixa de fazer sentido ou de ter valor. Por exemplo, analisemos a informação “Preço

da grama de ouro”, esta informação não teria qualquer valor para um talhante ou para um advogado,

no entanto para uma joalharia ou para uma loja de venda de ouro esta informação ganha muito mais

importância e pode ser-lhe atribuído um valor, o valor de uma informação será sempre o valor que

alguém está disposto a pagar por ela.

Outro problema é avaliar a qualidade da informação, em comparação direta como podemos afirmar

que a informação A tem mais valor do que a informação B? Sendo que ambas visam o conhecimento

sobre um dado acontecimento e estão a ser avaliadas no mesmo contexto pelo mesmo utilizador.

Para um bem económico tradicional, o seu valor é determinado pela necessidade que o consumidor

tem de o utilizar assim como pelo reconhecimento da utilidade para a satisfação de uma necessidade

(Correia, 2000). Mas o caso da informação é mais específico, fatores como a relevância, custo, precisão

(Verde, 1981), usabilidade, fiabilidade (Robson, 1991) entre outros, devem ser tidos em conta. A

diferença da informação para os restantes bens económicos é que estes fatores não são fáceis de

determinar. A precisão de uma informação tida em conta numa tomada de decisão só é possível de

determinar depois de analisados os resultados dessa decisão, o custo da produção de informação está

dependente de diversos fatores, desde os custos com a recolha de dados, aos recursos humanos para

os tratar, ao software utilizado para esse tratamento e ainda consumíveis como papel energia e

instalações (Correia, 2000), e mesmo sabendo isto, é correto afirmar que o custo de produção da

informação é uma simples soma destes valores? Voltando ao problema inicial, dadas duas informações

distintas sobre o mesmo acontecimento, como escolher a melhor, a que tem mais valor? Não há um

método universal capaz de dar resposta a este problema, em grande parte esta escolha vai depender

muito da capacidade e do conhecimento que o decisor tem sobre o acontecimento em questão. Não

restam dúvidas que a informação tem valor, e é um bem económico, pode ser produzida e trocada,

mas não podemos colocar um número na informação, esse valor está dependente do contexto em que

será utilizada e do consumidor que a utilizará.

Sendo assim, pretende-se com os seguintes argumentos corroborar a hipótese de retirar a

realidade informação como um bem económico, do modelo das realidades preponderantes, não por

não ser uma perspetiva a ter em conta pela organização, mas sim por se acreditar que não há maneira

eficaz de a gerir.

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A informação deve ter como um dos seus objetivos primordiais diminuir o nível de risco numa

tomada de decisão. Vejamos a seguinte hipótese, em que uma organização pretende adquirir

informação por um determinado preço. Admitindo que a informação que é vendida é de qualidade

uniforme, a verdade é que a organização não deixa de sentir incerteza face ao nível de qualidade da

informação que lhe estão a tentar vender. Esta incerteza influencia qual o valor certo a pagar por

determinada quantidade informação e as expectativas da organização no que toca ao retorno esperado,

por norma esta incerteza estará ligada a situações de alto risco e potencialmente mais vantajosas, mais

lucrativas, assim, espera-se que quanto maior for essa incerteza maior será então a expectativa em

receber lucros mais elevados. Desta forma e dada esta incapacidade de perceber a verdadeira qualidade

da informação que se está a adquirir, torna ineficiente a gerir o valor da informação que estamos a

adquirir, e perceber se esta informação pode diminuir o nosso risco numa determinada situação

(Plummer, 1985).

Outro aspeto a ter em conta é o facto de se aceitar que só se consegue saber o valor da informação

assim que esta tiver sido utilizada. Esta hipótese admite que o valor real da informação depende da

interpretação de quem a vai usar e do subsequente uso que lhe é dada, tornando até por vezes

informação que aparentemente podia parecer que não seria de grande revelo, em informação crucial

que acabaria por dar grandes retornos para a organização (Bates, 1990).

No entanto, e avançando desta perspetiva determinística, que tenta prever o valor da informação

antes de ser usada, para uma perspetiva probabilística seria possível saber o valor da informação,

expressando-o como o valor que se espera ganhar do uso da informação. Este valor esperado

permitiria aos analistas de uma organização trabalhar com um valor fixo, no entanto este estaria sempre

sujeito a variações inerentes a essa conceptualização do valor da informação, já que esta acaba por

estar sempre dependente da contextualização e preferências de quem a vai utilizar (Bates, 1990).

Ainda que à partida informação, desde que correta, pareça ser sempre útil, a realidade é que

quando se encontra em maior abundância, deixa de o ser, o excesso de informação não só diminui a

sua utilidade como lhe retira valor. O aumento da abundância de informação e a sua utilidade não têm

comportamentos uniformes, até certa medida a utilidade aumenta com a quantidade de informação.

Até chegar a um ponto de estagnação, então a utilidade começa a diminuir. Dada a existência de tanta

informação, começa a ser um embaraço. É da natureza humana não se conseguir lidar com tanta

informação, o nosso cérebro apenas processa uma determinada quantidade de informação, e mesmo

as tecnologias de informação possuem um limite até onde nos podem ajudar sem esquecer, que no

final a decisão será sempre do Homem. Daí a dificuldade das organizações em gerir a informação, não

basta perceber o valor a lhe atribuir, mas é necessário também saber exatamente a quantidade de

informação que compensa adquirir e utilizar numa decisão, para que não tenha gastos desnecessários

em informação que depois não será útil, mas pelo contrário só gerará confusão e incerteza (Plummer,

1985).

O facto de a informação não ser intemporal é outro fator que altera o seu valor. Uma organização

pode, por vezes, adquirir informação que em um determinado dia é útil, e no seguinte deixa de o ser,

isto porque as organizações sofrem as influências do ambiente em que estão inseridas. Para tirar o

maior valor possível da informação é preciso saber a altura certa para a aplicar e esse timing requer

experiência e conhecimento. Por isso, devido ao valor da informação variar ao longo do tempo é difícil,

ou até quase impossível, determinar valores fixos a atribuir à informação, bem como valores que

possam oscilar ao longo do tempo (Bates, 1990).

A possibilidade de a informação ser reproduzida um número infinito de vezes é outro fator que

condiciona o valor que esta pode ter para uma organização. Se duas organizações da mesma área de

atividade adquirirem a mesma informação e a utilizarem, os retornos financeiros poderão não ser os

mesmos, como seria de esperar, pelo facto de existir concorrência com o mesmo conhecimento.

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Outra fator decisivo é a forma como cada organização gera a informação, a mesma informação

não gera necessariamente o mesmo tipo de retorno, mais uma vez atestamos a subjetividade do valor

da informação e a dificuldade e importância que a sua gestão acarreta. Desde logo, aquisição de

informação que já existe no mercado pode fazer o valor da informação variar, descendo à medida que

há mais organizações a usar a mesma informação, ou subindo quando o número de organizações a usar

a informação se torna mais escasso. Este valor pode igualmente ser inflacionado pelo retorno

conseguido com ela, se a organização A conseguiu gerar um bom retorno com a informação X, é

provável que a organização B, esteja disposta a atribuir um valor superior a esta informação, na

esperança de atingir o mesmo retorno, o que como já vimos não é necessariamente verdade. Como

podemos concluir, o valor da informação e a sua gestão influenciam-se mutuamente, é de notar

particularmente que a forma como gerimos uma informação influencia o seu valor, desta forma,

podemos então perceber que o valor da informação, o seu real valor, só é atribuído aquando do cálculo

do retorno gerado por essa informação. Até esse ponto o que temos são estimativas de valor,

projeções, que podem ser melhores ou piores, mas não deixam de ser projeções (Bates, 1990).

A perceção que diferentes empresas podem ter da mesma informação também é relativa e depende

da atividade das organizações e quão útil pode ser a informação a adquirir para o seu negócio. Por

exemplo, uma empresa de informática vai à falência, no entanto possuí informação, conhecimento

valioso. Esse conhecimento pode ser interessante adquirir para outras empresas, e é aqui que o valor

da informação se torna relativo. Enquanto para outra empresa de informática a informação da empresa

falida pode ser valiosa e está disposta a pagar um determinado preço, para uma empresa de

contabilidade essa informação ainda que possa ser útil não a saberá aplicar da mesma forma e por isso

estará disposta a pagar um preço inferior. Assim igual informação aos olhos de diferentes organizações,

com diferentes interpretações, tem um valor também diferente (Bates, 1990).

A incerteza da qualidade da informação, a subjetiva interpretação e modo de aplicação, a sua

temporalidade, devido às flutuações do valor ao longo do tempo, a natureza probabilística do valor, as

diferentes perceções de várias organizações face à mesma informação, a quantidade de informação são

tudo fatores que condicionam o valor da informação, e que causam estas enormes dificuldades em

gerir a informação. Daí admite-se que não se deve tentar ver a informação como um recurso

económico comum, porque não o é. A melhor perspetiva para avaliar o valor da informação terá

sempre de ser a probabilística e não determinística, porque esta depende sempre dos retornos futuros

da sua utilização.

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4. Referências Bates, Benjamin J. "Information as an economic good: A re-evaluation of theoretical

approaches." Mediation, information, and communication. Information and behavior 3 (1990): 379-

394.

Plummer, Mark L. "BUREAU OF ECONOMICS FEDERAL TRADE COMMISSION WASHINGTON, DC 20580." (1985).

Oliveira, A. – Informática e Tecnologias da Informação e da Comunicação. Algumas questões

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Oliveira, A. – O valor potencial dos sistemas de Informação, Estados de Gestão, 1996

Oliveira, A. – O valor da Informação, Sistemas de Informação, 1996

Verde, Raul, (1981), Gestão de Projetos Informáticos. Dinalivro, 1ª ed, Dezembro, Lisboa

ROBINSON, J. Mala direta eficaz. São Paulo: Makron Books, 1991.

Correia, P. (2000). A Problemática do Valor da Informação. Revista da ESGHT/UAL, 7, pp.

15-19.