INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: UM DESAFIO PARA A AÇÃO … · RESUMEN: La inserción de nuevos...

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INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: UM DESAFIO PARA A AÇÃO DOCENTE MARILUCI STELMAKI DE ANDRADE 1 TERESA KAZUKO TERUYA 2 RESUMO: A inserção de novos recursos tecnológicos nas escolas do Paraná e a história da implantação da informática educativa, desde a década de 80, adquire relevância na formação do educador para o uso adequado destas tecnologias. O objetivo deste artigo é analisar o impacto da informática na educação e os desafios para os professores. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo com um grupo de professores do Colégio Estadual Marechal Costa e Silva – EF e M de Cidade Gaúcha, Estado do Paraná, sobre utilização das mídias na educação, em especial, o uso do computador com acesso à internet. Na coleta de dados, foi aplicado um questionário semi-estruturado para obter o perfil dos sujeitos. Em seguida, foi oferecido uma oficina com a finalidade de verificar o interesse deste grupo de professores na busca do conhecimento técnico operacional e principalmente do conhecimento pedagógico, em relação à utilização do computador e da internet. Os dados empíricos indicam a existência de um grande interesse por parte dos professores pela informática educativa e a necessidade de uma formação continuada em relação às tecnologias. A conclusão obtida foi de que o amparo técnico e pedagógico da SEED deve contemplar uma consciência crítica das tecnologias de informação e comunicação, porque sem uma metodologia adequada não há uma melhoria na qualidade de ensino e de aprendizagem na escola pública. Palavras-chave: Formação de professores. Informática na educação. Concepções pedagógicas. Trabalho docente. RESUMEN: La inserción de nuevos recursos tecnológicos en las escuelas de Paraná y la historia de la implementación de la informática educativa, desde la década de 80, adquiere relevancia en la formación del educador para que este haga uso adecuado de las tecnologías. El objetivo de este artigo es analizar el impacto de la informática en la educación y los desafíos a los maestros. Para eso, fue realizada una investigación con un grupo de maestros de Ciudad Gaucha, Estado de Paraná, sobre la utilización de las tecnologías en la educación, en especial, el uso del ordenador con acceso de la Internet. Para la reunión de los dados, fue aplicado un cuestionario estructurado para obtener el perfil de los maestros. Después, fue ofrecida una ayuda para ellos, sobre conocimiento técnico operacional y principalmente técnico pedagógico con relación a la utilización del ordenador y de la Internet, para verificar la gana que los maestros tenían en aprender. Los dados resultantes indican un gran interés de los maestros por la informática educativa y la necesidad de una formación tecnológica continuada para ellos. La conclusión obtenida fue que al suporte técnico y pedagógico de la SEED debe contemplar una 11 Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – 2007/2008 – Cidade Gaúcha, Paraná, Brasil. e-mail: [email protected] 2 Docente do Departamento de Teoria e Prática da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná. e-mail: [email protected] 2

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INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO: UM DESAFIO PARA A AÇÃO DOCENTE

MARILUCI STELMAKI DE ANDRADE1

TERESA KAZUKO TERUYA2

RESUMO: A inserção de novos recursos tecnológicos nas escolas do Paraná e a história da implantação da informática educativa, desde a década de 80, adquire relevância na formação do educador para o uso adequado destas tecnologias. O objetivo deste artigo é analisar o impacto da informática na educação e os desafios para os professores. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo com um grupo de professores do Colégio Estadual Marechal Costa e Silva – EF e M de Cidade Gaúcha, Estado do Paraná, sobre utilização das mídias na educação, em especial, o uso do computador com acesso à internet. Na coleta de dados, foi aplicado um questionário semi-estruturado para obter o perfil dos sujeitos. Em seguida, foi oferecido uma oficina com a finalidade de verificar o interesse deste grupo de professores na busca do conhecimento técnico operacional e principalmente do conhecimento pedagógico, em relação à utilização do computador e da internet. Os dados empíricos indicam a existência de um grande interesse por parte dos professores pela informática educativa e a necessidade de uma formação continuada em relação às tecnologias. A conclusão obtida foi de que o amparo técnico e pedagógico da SEED deve contemplar uma consciência crítica das tecnologias de informação e comunicação, porque sem uma metodologia adequada não há uma melhoria na qualidade de ensino e de aprendizagem na escola pública.

Palavras-chave: Formação de professores. Informática na educação. Concepções pedagógicas. Trabalho docente.

RESUMEN: La inserción de nuevos recursos tecnológicos en las escuelas de Paraná y la historia de la implementación de la informática educativa, desde la década de 80, adquiere relevancia en la formación del educador para que este haga uso adecuado de las tecnologías. El objetivo de este artigo es analizar el impacto de la informática en la educación y los desafíos a los maestros. Para eso, fue realizada una investigación con un grupo de maestros de Ciudad Gaucha, Estado de Paraná, sobre la utilización de las tecnologías en la educación, en especial, el uso del ordenador con acceso de la Internet. Para la reunión de los dados, fue aplicado un cuestionario estructurado para obtener el perfil de los maestros. Después, fue ofrecida una ayuda para ellos, sobre conocimiento técnico operacional y principalmente técnico pedagógico con relación a la utilización del ordenador y de la Internet, para verificar la gana que los maestros tenían en aprender. Los dados resultantes indican un gran interés de los maestros por la informática educativa y la necesidad de una formación tecnológica continuada para ellos. La conclusión obtenida fue que al suporte técnico y pedagógico de la SEED debe contemplar una

11Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – 2007/2008 – Cidade Gaúcha, Paraná, Brasil. e-mail: [email protected] 2Docente do Departamento de Teoria e Prática da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná. e-mail: [email protected]

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conciencia critica de las tecnologías de información y comunicación, pues sin una metodología adecuada no hay mayor calidad de enseñanza y aprendizaje en la escuela pública.

Palabras llave: Formación de maestros, informática en la educación. Concepciones pedagógicas. Trabajo docente.

INTRODUÇÃO

Este artigo propõe uma discussão sobre os recursos da tecnologia de informática

como ferramenta pedagógica no espaço escolar. A instalação de computadores com

acesso a internet na totalidade das escolas públicas estaduais do Paraná, através do

Programa Paraná Digital, iniciado em 2003 e tendo como auge o ano de 2008, tem

provocado preocupação e entusiasmo entre educadores e educandos da escola.

As possibilidades do uso da Informática na Educação, no Brasil, tem sido objeto

de estudo de pesquisadores, mestrandos e doutorandos desde a década de 70, anterior

à do Programa de Informática na Educação iniciado oficialmente na década de 80.

Na Universidade Estadual de Maringá – UEM, já havia pesquisadores

interessados nessa área desde a década de 1980 e desenvolveram projetos de

formação de professores para trabalhar com a informática na educação.

Nas últimas décadas, o processo de informatização no setor produtivo tem

provocado mudanças sociais, econômicas e culturais significativas, configurando uma

sociedade do conhecimento e da informação. Estas mudanças estão presentes

também na sala de aula que reclama pela atualização e capacitação de professores

para lidar com as novas mídias.

Na perspectiva crítica, Newton Duarte (2001) argumenta que a denominada

sociedade do conhecimento é uma ideologia produzida pelo capitalismo e que a

democratização do acesso ao conhecimento pela internet é mais uma das ilusões desta

sociedade.

Este artigo apóia-se nas teorias de pesquisadores da área pedagógica, que

relacionam especialmente educação com tecnologia. Segundo Teruya (2006), a

contribuição do computador como mídia educacional na construção do saber é uma

questão aberta que nos remete a uma série de reflexões sobre o que esperamos da

informática na educação de nossa sociedade. A revolução tecnológica tem influenciado

na maneira de ser e de pensar dos indivíduos, no modo de perceber o mundo e no

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modo de expressar-se em relação à sociedade e a si próprio.

Na formação de professores, Valente (1997) aponta a necessidade de uma

avaliação permanente dos aspectos lógicos, psicopedagógicos e socioculturais do uso

do computador nas escolas.

A didática proposta por Gasparin (2005) é uma alternativa para a prática

pedagógica em uma perspectiva do materialismo dialético de elaboração do

conhecimento científico.

A utilização do computador como recurso pedagógico da instituição escolar, não

garante a melhoria do desempenho escolar. Isso significa que para melhorar a

qualidade do ensino é necessário formar os professores para a utilização da tecnologia

em uma perspectiva crítica.

A necessidade do uso adequado desta ferramenta pedagógica, que por si só não

garante a melhora da qualidade do ensino, justifica uma análise do conhecimento e do

interesse do educador, responsável direto pela inclusão digital, adequada ou não da

maioria da população estudantil de escola pública.

A participação no processo de construção de uma nova sociedade, na qual todos

possam usufruir os benefícios proporcionados pelas conquistas científicas, no âmbito

da escola, pressupõe o conhecimento das inúmeras possibilidades oferecidas pelas

tecnologias. Esses recursos têm implicações positivas e negativas que necessitam de

averiguação e conhecimento do educador, uma vez que muitos jovens utilizam o

computador apenas como entretenimento.

Após a instalação do Laboratório de Informática em nossa escola, foi realizada

uma pesquisa de campo junto a um grupo de professores. Para investigar o

conhecimento e o interesse de cada docente em se apropriar da informática na

educação como ferramenta pedagógica, foi aplicado um questionário semi-estruturado

para quarenta e oito professores da Escola Estadual Marechal Costa e Silva no

município de Cidade Gaúcha, estado do Paraná, quando vinte e nove responderam e

se dispuseram a participar da pesquisa. Utilizamos a metodologia descritiva e

exploratória de cunho qualitativo, para realizar uma intervenção pedagógica. Após a

aplicação do questionário, oferecemos uma oficina com duração de 20 horas/aula, com

o intuito de realizar uma observação direta, estabelecer diálogo e trocar experiências

acerca da proposta de implementação da informática na educação.

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Os dados obtidos possibilitaram a visualização do perfil dos professores sobre a

informática na educação formal. Destacamos o interesse dos educadores na utilização

de computadores e a euforia dos alunos para manusear os equipamentos.

A conclusão aponta as potencialidades das tecnologias de informação e

comunicação como um desafio para a ação docente, porque a consciência crítica sem

uma metodologia adequada, não garante a aprendizagem de educadores e educandos

em relação à contradição existente e nem garante que a informação se converta em

conhecimento efetivo.

Breve histórico da informática na Educação

No Brasil, as primeiras iniciativas datam no início da década de 70 do século XX,

quando as universidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul,

mobilizaram ações e projetos para pensar o uso do computador na educação. A

implantação do programa de informática na educação iniciou-se oficialmente na década

de 80, através do I e II Seminário Nacional de Informática na Educação – 1981 e 1982,

respectivamente.

A informática na educação no Paraná iniciou-se oficialmente a partir de 1987

com a implantação de um Centro de Informática Educativa – CIED, no Núcleo Regional

de Maringá, a partir do Programa Nacional de Informática Educativa - PRONINFE,

desenvolvido pelo MEC em l984. Este centro atuou até o ano de 1992, quando foi

transferido para Curitiba para o Centro de Treinamento do Magistério do Paraná –

CETEPAR. Hoje já é referência na América Latina, destacando-se por suas iniciativas,

especialmente na implantação de software livre nas escolas públicas.

Desde o final da década de 1980, ocorreram movimentos de informática

educativa no Estado do Paraná, inclusive na Universidade Estadual de Maringá – UEM.

Atualmente os trabalhos na área de informática e educação, tanto em projetos de

pesquisa quanto na formação de professores são desenvolvidos pelo Programa de

Informática Aplicada à Educação (PIAE) e o Grupo de Estudos e Pesquisas em

Informática Aplicada à Educação – GEPIAE, junto ao Departamento de Teoria e Prática

da Educação (DTP) e ao Programa de Pós-graduação em Educação (PPE) da

Universidade Estadual de Maringá.

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Em 2003, é lançado pela Secretaria Estadual de Educação, o Programa Paraná

Digital e o Portal Dia-a-Dia Educação. Em 2004, foi criada a Coordenação Estadual de

Tecnologia na Educação e em conseqüência, as Coordenações Regionais de

Tecnologia na Educação – CRTEs, nos 32 (trinta e dois) Núcleos Regionais de

Educação, os quais ficaram responsáveis pela pesquisa, capacitação e publicação de

informações a respeito da utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação –

TICs, no contexto escolar público do estado do Paraná.

Estes programas ampliaram o conhecimento a respeito da Informática na

Educação e despertou maior interesse da comunidade escolar, com o apoio do governo

estadual, que tem acompanhado e viabilizado a implantação das referidas propostas.

Assim, gradativamente há uma difusão da cultura do uso pedagógico das TICs,

nas escolas do Paraná.

Bases Pedagógicas da Informática

Para consolidar a incorporação de computadores no Sistema Educacional

estadual, é necessário que as lideranças educacionais continuem criando condições

para a implantação e disseminação da Informática na Educação, no que tange ao apoio

técnico e principalmente ao apoio pedagógico.

O foco principal na educação escolar deve ser a criação de ambientes de

aprendizagem para que ocorra a assimilação da informação que leve à concretização

do conhecimento capaz de promover a aprendizagem significativa dos conteúdos.

Em oposição às bases conceituais do tecnicismo, após 20 anos de pesquisas em

Informática na Educação, no início da década de 1980, surgiu nos Estados Unidos, a

linguagem de programação Logo e sua metodologia criados por Seymour Papert, com

fins educacionais. (VALENTE; ALMEIDA, 1997).

Essa nova linguagem propõe superar a abordagem instrucionista baseada no

tecnicismo, para propor uma abordagem construcionista baseada no construtivismo

piagetiano. O uso da tecnologia na abordagem construcionista objetiva a participação

ativa do aluno no processo de construção do conhecimento, para o desenvolvimento de

habilidades como a iniciativa pessoal, comunicação e trabalho em grupo, com a

participação do professor como facilitador da aprendizagem.

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Entendemos que a função do professor é o de “ensinar”, tendo como premissa a

efetiva aprendizagem dos alunos. Os resultados do processo educativo estão

intimamente relacionados com a prática pedagógica desenvolvida pelo docente. O que

ensinar? Para quê e quem ensinar? Como ensinar? Para responder a estas questões é

necessário conhecer as teorias educacionais e assumir um posicionamento consistente

com uma corrente de pensamento educacional. Conhecer o papel da escola, a função

do professor e sua prática educativa de acordo com uma teoria, contribuem na melhoria

do processo de ensino e de aprendizagem.

Na sala de aula, os processos educativos assumem diversas funções e formatos,

influenciados pela realidade social e econômica vivenciada em cada época da história.

É necessário buscar uma prática que atenda a realidade social, econômica, política e

cultural do atual momento histórico.

Para Newton Duarte (2001), nenhuma prática pedagógica reproduz uma teoria

na sua forma pura, mas entende também que a prática pedagógica não ocorre sem a

influência de uma teoria, mesmo que não se tenha esta consciência. O trabalho

pedagógico não é neutro, portanto, para se pensar e executar uma prática pedagógica

é necessário o conhecimento e o debate das teorias educacionais. A tecnologia

educacional, como parte de um processo histórico, político e social, também sofre as

influências pedagógicas relacionadas a cada época.

Nesse contexto, a prática educacional está inserida em uma sociedade

essencialmente capitalista, da qual nós somos frutos. Ser reprodutor de conteúdos

vazios ou construir conteúdos significativos, depende da teoria em que se está

embasada a prática pedagógica. É preciso entender, eleger e ser coerente com a

educação que se quer e que se faz, porque toda prática se fundamenta em uma teoria

e reproduz uma ideologia.

Se a ação docente no processo de ensino e de aprendizagem tem a intenção de

promover a formação humana comprometida com uma transformação social, política e

econômica, a prática pedagógica deve ser coerente com uma teoria que argumenta em

favor do senso crítico.

De acordo com Newton Duarte, existe a possibilidade de a educação atingir seus

objetivos mais nobres, contempladas nas pedagogias que visam a socialização do

conhecimento historicamente acumulados pela humanidade.

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O método dialético de elaboração do conhecimento científico proposto por

Gasparin (2005), busca uma alternativa para a prática pedagógica. É uma possível

resposta para a aprendizagem significativa decorrente de um envolvimento intelectual e

afetivo com o conhecimento sistematizado.

O método dialético com base no materialismo histórico e na teoria histórico-

cultural de Vygotski, que sustentam o conceito de zonas de desenvolvimento,

fundamenta a pedagogia histórico cultural. Gasparin (2005) se apropria dos cinco

passos da Pedagogia Histórico-Crítica proposto por Saviani (2005) para elaborar uma

didática dentro desta perspectiva teórica.

O objetivo principal da proposta histórico-cultural é a apropriação do

conhecimento científico para a transformação social. Os objetivos específicos devem

focar duas dimensões: aprender o quê? Aprender para quê? Essas questões também

são abordadas na avaliação, sejam elas formais ou informais.

A metodologia de ensino é considerada o elemento-chave da proposta, porque

segue o método dialético de elaboração do conhecimento científico e o movimento

prática-teoria-prática.

O planejamento do processo de ensino e de aprendizagem é essencial e deve

ser elaborado de acordo com os cinco passos da Pedagogia Histórico-crítica, tendo o

conteúdo como a base da prática social do grupo. (SAVIANI, 2005).

O primeiro passo é a prática social comum a professor e aluno; o segundo, é a

identificação dos principais problemas da prática social; o terceiro, é a

instrumentalização teórica e prática; o quarto é catarse ou incorporação dos

instrumentos culturais que contem os elementos de transformação social e o quinto

passo é a prática social final. (SAVIANI, 1995)

Gasparin (2005) apresenta o desenvolvimento deste processo didático-

pedagógico como um desafio para o professor, que deve:

[...] assumir o desafio de conhecer teoricamente a proposta e criar condições para implantar essa mudança didático-pedagógica na escola: pôr em prática a nova didática para a pedagogia histórico-crítica, iniciando pela nova forma de planejar os conteúdos e as atividades escolares, executando-os com os alunos. (GASPARIN, 2005, p.123).

O autor ressalta ainda, que este desafio não é tão simples, e não depende de

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boas intenções, e sim de muito estudo, dedicação e experimentação por parte do

educador.

Possibilidades e Contradições da Informática na Educação

O computador e a Internet são produtos da indústria cultural que se constituem

em instrumentos da sociedade capitalista, cujo acesso ainda é de poucos. Assim, a

informática na educação é indispensável, neste momento histórico de desenvolvimento

tecnológico, para o processo de democratização da escola pública, porque se entende

que a desigualdade de oportunidades educacionais pode ter como conseqüência a

desigualdade econômica e social. Neste sentido, o uso das tecnologias pode contribuir

para a inclusão digital dos alunos de ensino básico da rede pública.

Faz-se necessário que a escola pública ofereça o acesso a esta realidade

tecnológica, não para engrossar a massificação cultural imposta pela mídia, mas como

ferramenta educacional mediado pelo docente. Para isso, a formação de professores

capazes de utilizar os recursos da informática de forma crítica é fundamental para

transformar as informações disponíveis em conhecimento para os alunos.

A linguagem é uma atividade constitutiva dos sujeitos, das relações sociais e das

formas de organização da sociedade, por isso o modo de se relacionar entre as

pessoas e as formas de organização da sociedade estão em permanente

transformação, em um caminho sem volta e de imprevisíveis efeitos. “Supõe-se que

uma nova tecnologia provoca o surgimento de uma nova linguagem, e esta afeta as

condições de exercício do pensamento” (LUZ, 1999, p. 50).

Atualmente, quem não está familiarizado com as tecnologias de informação e

comunicação é considerado um “analfabeto tecnológico”. Inúmeras publicações em

jornais e em revistas especializadas tratam o computador como ferramenta

indispensável ao processo de ensino e de aprendizagem. Libâneo (1999) ressalta a

indispensável formação do professor. Neste sentido, é importante que esta formação

possibilite a apropriação das diferentes linguagens existentes no mundo midiático, de

maneira crítica.

Para inovar a metodologia do professor e superar o analfabetismo tecnológico, é

preciso investir na formação de educadores para assumir uma postura ética na

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sociedade e na vida profissional. A participação no processo de construção de uma

nova sociedade, na qual todos possam usufruir os benefícios das conquistas científicas,

no âmbito da escola, deve ser uma reivindicação da comunidade escolar.

Nesta era de informação virtual, surge a cultura do excesso (TERUYA, 2006). O

enorme fluxo de informações disponíveis na internet exige a capacidade de os

professores saberem avaliar as informações acessadas para trabalhar na sala de aula.

Para utilizar este recurso é preciso saber o que se quer e saber onde e como

encontrar. Para tanto, é fundamental a presença do educador munido de uma

fundamentação teórico-metodológica e com conhecimento do conteúdo objetivado, a

fim de trabalhar pedagogicamente no ambiente informatizado, pois o acesso à

informação não significa acesso ao conhecimento.

É preciso garantir uma relação entre educador-educando com o conhecimento,

em uma constante articulação dos conteúdos com a prática social no processo de

apropriação, reprodução e produção do conhecimento. Uma consciência crítica em

relação ao uso das tecnologias pode proteger educadores e educandos dos malefícios

que a ideologia capitalista traz no bojo de sua dualidade. Não se pode cair na armadilha

de se tornar mero consumidor, mas sim usufruir das vantagens que esta tecnologia

pode proporcionar.

A mediação no processo de apropriação do conhecimento, utilizando os

computadores como instrumento, abre um leque de possibilidades, dentre as quais

podemos citar:

⇒ a interação com uma grande quantidade de informações, de maneira atrativa e

motivadora, que favorece a aprendizagem ativa e cooperativa;

⇒ possibilidades de problematizar situações, simular reações de alguns conteúdos,

por meio de programas específicos;

⇒ a reflexão sobre o resultado das ações desenvolvidas, aprendendo a criar novas

soluções, provocando o desenvolvimento de processos meta cognitivos;

⇒ a realização de cálculos complexos e recursos que permitem a construção de

objetos virtuais, imagens digitalizadas, que favorecem a leitura e construção de

representações espaciais;

⇒ múltiplas revisões e correções no texto, com inserção de objetos novos e

recursos variados em um hipertexto.

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Se a informática é uma tecnologia que pode contribuir para ampliar o acesso à

informação, a tarefa dos professores é conhecer essa ferramenta e utilizá-la para

desenvolver no aluno as percepções da realidade social.

No universo escolar, a utilização das mídias deve viabilizar a leitura da realidade concreta, não enquanto mero recurso facilitador, mas como um instrumento que permite a visualização de um conteúdo cultural. O trabalho docente deve organizar um debate crítico para estimular a curiosidade, problematizar o conteúdo fragmentado da mídia e confrontar as teorias sociológicas com as idéias e opiniões que contemplam a cultura dominante de valores, modismos e ideologias que circulam nos meios de comunicação. (TERUYA, 2006, p.79).

O trabalho docente precisa ser exercido com competência. A inclusão digital nas

escolas não pode se limitar a colocar computadores na sala de aula, mas deve ter

como objetivo a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. A formação de

cidadãos críticos, capazes de compreender as implicações positivas e negativas das

tecnologias de informação e comunicação deve ser uma meta de todos os profissionais

da educação.

Nessa perspectiva, observa-se a utilização de computadores para promover o

debate sobre a melhoria das condições de ensino de uma comunidade escolar e propõe

uma oficina com um grupo de professores da Escola Estadual Marechal Costa e Silva

no município de Cidade Gaúcha, estado do Paraná.

Proposta de Implementação

Ao investigar a prática dos professores com o uso do computador, a professora

PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) teve como preocupação o processo

e não o resultado em si, com a intenção de verificar como este aprendizado se dá e

como se manifesta nas atividades e interações do cotidiano da escola.

As atividades previstas foram realizadas com um número variável de

professores, pois a participação na proposta de implementação de informática

educativa no laboratório de Informática da escola, dependida da disponibilidade de

horário de cada professor.

10

ETAPA

S

ATIVIDADES INSTRUMENTOS PARTICIPAN

TES (Nº.)

CARACTERÍSTI

CA DA

ATIVIDADE1ª Levantamento sobre o conhecimento e interesse

dos professores em relação à informática

educativa

Aplicação de um

questionário

29 individual

2ª Apresentação da proposta de implementação,

diálogo sobre a importância e possibilidades de

utilização dos recursos do Laboratório de

Informática

Diálogo com os

participantes da

pesquisa e

convidados

18 coletiva

3ª Troca de experiências em relação ao sistema

Linux, divulgação e utilização do site

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

Oficina com

computadores

22 individual

4ª Acompanhamento do professor nas aulas com

seus alunos, no Laboratório de Informática

Participação 9 Individual e

coletiva

Quadro 1 – Dados sobre as atividades que foram realizadas com os professores que participaram da proposta de Implementação do PDE.

Aplicou-se um questionário com questões fechadas e abertas para coleta de

dados pessoais; opiniões a respeito dos aspectos positivos e negativos da informática

na escola; conhecimento pedagógico e técnico operacional do sistema Linux; a

utilização do computador e a disponibilidade em participar da proposta de

implementação do projeto do professor PDE na escola - 2007/2008.

O questionário foi entregue para quarenta e oito educadores do corpo docente do

Colégio Estadual Marechal Costa e Silva - E.F.M. Este é o único Colégio da rede

estadual do município de Cidade Gaúcha e atende aproximadamente 1.300 alunos do

Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries) e Ensino Médio, distribuídos nos turnos matutino,

vespertino e noturno. Do total de quarenta e oito questionários, doze foram respondidos

até o dia solicitado, dezessete foram entregues após o início das oficinas, somando um

total de 29 questionários respondidos, conforme o gráfico 1.

Gráfico 1 – Questionários entregues

11

25%

35%

40%

Respondidos emtempo

Respondidoscom atraso

Não respondidos

Os dezenove questionários não respondidos podem indicar, em primeiro lugar, a

falta de interesse do professor em participar desta atividade proposta, por não gostar de

lidar com o computador ou por não ter disponibilidade de tempo. Devemos levar em

consideração que nem todos os educadores sentem a necessidade de usar o

computador na escolar, por outro lado, a carga horária do professor vai além do período

dentro do espaço escolar. Muitas tarefas intermináveis são realizadas no lar que muitas

vezes impedem o investimento do profissional na própria formação e na reflexão de

temas contemporâneos da educação.

A seguir um perfil dos professores participantes do questionários e da oficina.

NÚMERO DE PARTICIPANTES

Áreade

Ensino

Comunicaçãoe Expressão

15

Ciências Físicase Biológicas

10

História e Geografia

04

NÚMERO DE PARTICIPANTES

Idade (anos)

20 a 30 anos 0231 a 40 anos 1041 a 50 anos 1251 a 60 anos 05

NÚMERO DE PARTICIPANTES

Sexo feminino 24masculino 05

NÚMERO DE PARTICIPANTES

12

Atuaçãono

magistério

01 a 10 anos 0311 a 20 anos 1621 a 33 anos 10

Quadro 2 - Perfil dos professores participantes do projeto de implementação.

Os vinte e nove professores participantes da pesquisa afirmaram que a utilização

do computador pode contribuir no processo de ensino, o que demonstra credibilidade

ao Programa Paraná Digital.

Gráfico 2 - O computador conectado à internet pode contribuir para o processo de ensino e de

aprendizagem?

100%

Sim

Do total de vinte e nove participantes, vinte e sete professores avaliaram o seu

próprio desempenho em relação ao uso do computador, como básico, expressando a

vontade de melhorar.

Vinte e cinco professores afirmaram usar o computador na realização de

atividades pedagógicas.

Gráfico 3 – Utilização de computador na realização de atividades pedagógicas

13

86%

14%

Utilizam

Não utilizam

Dos vinte e cinco professores que afirmaram utilizar o computador, um professor

só utilizava na escola, dezessete só utilizava em casa e sete utilizavam na escola e na

residência.

A maioria desse grupo diz utilizar os computadores para digitação de textos,

realização de atividades e avaliações para os alunos e a internet para pesquisa de

conteúdos escolares. Apenas três professores afirmaram que utilizam a internet para

atividades desenvolvidos em cursos e contato com alunos.

Gráfico 4 – Local de utilização do computador na realização de atividades pedagógicas.

68%4%

28%Em casa

Na escola

Em casa e naescola

Esse dado indica que a maioria dos professores possui computador, embora a

utilização ainda seja restrita.

Dos vinte e nove professores, vinte afirmaram que não utilizam computador com

os alunos e apenas dois professores não consideraram o Sistema Operacional Linux,

difícil para a realização de atividades escolares.

14

Gráfico 5 – Sobre a utilização do sistema Linux.

86%

14%

Dificuldades

Facilidade

A maioria dos professores, ou seja, 86%, afirmou ter dificuldade na utilização

deste software livre e aguarda a capacitação oferecida pela SEED, através dos CRTEs

do Núcleo Regional de Educação, para superar as dificuldades e sugestões para a

utilização com os alunos.

Sobre os benefícios oferecidos pelos recursos da informática na educação foram

citados pelos professores, os seguintes: 1) a motivação para alunos e professores; 2)

informações atualizadas e favorecimento do autodidata; 3) possibilidade de informações

variadas sobre qualquer assunto; 4) possibilidade de conhecimento on-line de lugares e

culturas diferentes; 5) o acesso a cursos superiores e técnicos na modalidade EAD

(Ensino à distância); 6) intercâmbio de experiências; 7) facilidade de comunicação,

promoção e desenvolvimento do aluno e 8) inclusão na realidade tecnológica.

Sobre os aspectos negativos, as respostas ora se referiram a professores e ora a

alunos, tais como: 1) dificuldade de controle dos alunos a acessos inadequados; 2)

acomodação em relação à leitura de livros e pesquisas; 3) pouco aproveitamento diante

de tantas possibilidades; 4) informações não confiáveis e mau uso das pesquisas; 5)

risco de incentivar o aluno ao uso solitário do computador; 6) descaracterização da

língua portuguesa; 7) falta de conhecimento do professor (capacitação básica)

principalmente em relação ao Sistema Linux; 8) uso sem planejamento; 9) resistência

ao uso; 10) falta de apoio técnico e pedagógico permanente; 11) desafio do professor

no desenvolvimento do senso crítico e na transformação de informações em

conhecimento; 12) invasão da privacidade e perda de valores éticos e morais.

Estas respostas indicam a existência do interesse por parte dos professores em

relação à melhoria de sua formação profissional e capacitação continuada, bem como

manifestam preocupações com as formas de utilização do computador e da internet na

15

escola.

Após a aplicação do questionário, os professores que manifestaram interesse e

disponibilidade, participaram da apresentação da proposta de implementação. Esta

explanação foi realizada em forma de diálogo sobre a importância e possibilidades de

utilização dos recursos disponibilizados pelo programa Paraná Digital. Os encontros

ocorreram no período matutino e vespertino.

Dos doze professores que entregaram o questionário em tempo hábil para

participar do encontro coletivo, quatro disseram que não tinham disponibilidade de

tempo. É importante ressaltar que na mesma semana alguns professores tiveram

compromisso com os jogos escolares e outros com um curso de Libras com

certificação.

Nesta segunda etapa do projeto, foram convidados os funcionários da escola

para participar do encontro. Dez funcionários participaram, sendo oito auxiliares

administrativos e dois auxiliares de serviços gerais.

Na ocasião, foram apresentado os estudos realizados na UEM, pela professora

PDE, que participou dos cursos oferecidos pelo programa e apresentou a proposta de

implementação e o projeto de investigação. Houve uma interação a respeito dos sites

governamentais, principalmente o dia a dia da educação e a divulgação de sites

educativos e de pesquisas.

O diálogo estabelecido expressou a preocupação de todos sobre a questão

pedagógica e também a preocupação com aqueles que ainda não conheciam o

computador. Os auxiliares administrativos informaram o funcionamento do SERE,

utilizado na secretaria, o qual não era do conhecimento dos professores e também

demonstraram preocupação com a concepção pedagógica para o uso da informática na

educação.

Todos participaram das discussões, apresentaram opiniões e sugestões,

contribuindo com troca de experiências que reafirmou as expectativas iniciais.

Dos vinte e nove professores voluntários da pesquisa de campo, vinte e sete

manifestaram interesse em participar da oficina oferecida pela professora PDE para

troca de experiências em subsídios teóricos e práticos sobre a Informática na

Educação, atualização dos recursos existentes no sistema Linux, auxílio no

planejamento de aulas e com os alunos no Laboratório de Informática. No entanto não

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foi possível a participação de todos, por indisponibilidade no horário.

Nestes encontros, referentes à terceira etapa da proposta, ocorridos no período

de agosto a novembro de 2008, atentou-se para uma criteriosa observação, atendendo

as solicitações e dúvidas do professor. O posicionamento de professores da escola,

durante as aulas no Laboratório de Informática, se tornou objeto de análise dessa

investigação.

Inicialmente o foco principal das oficinas, foi a questão da formação didático-

pedagógica do professor, porém a expectativa em relação ao uso técnico do

computador foi muito forte. Os professores relataram a cobrança dos alunos em relação

a aulas no Laboratório de Informática e uso da TV-pendrive. A necessidade do

conhecimento técnico direcionou as atividades da oficina, apesar da dificuldade que a

própria professora PDE encontrou no sistema Linux. Fato entendido como parte do

processo de capacitação do professor.

O encantamento da descoberta superou o medo e a insegurança e a troca de

experiências fluiu no decorrer da oficina, que contou com o apoio de funcionários

administrativos. A partir das experiências pessoais, a capacitação está acontecendo por

tentativas e erros, demonstrando a boa vontade dos professores na troca de

experiências. Alguns professores passaram a utilizar o Laboratório de Informática para

ministrar as aulas.

As dificuldades encontradas pelos professores durante as atividades com alunos

no Laboratório de Informática, foi relacionada a problemas técnicos, bastante

freqüentes, inviabilizando muitas vezes a aplicação da aula planejada. Problemas

simples como inicialização do computador; funcionamento de mouse, senha de alunos,

dificuldade no acesso a internet; sites educativos indisponível; dificuldade na

recuperação de trabalhos, entre outras de cunho didático pedagógico como alunos

tentando acessos não permitidos e programando impressões não permitidas. O

problema técnico fica agravado pela dificuldade de assistência do funcionário

responsável, uma vez que este não é exclusivo do Laboratório.

Até o final de novembro de 2008, foi superada pela maioria dos professores,

parte das dificuldades em relação ao sistema Linux, num processo onde a troca de

informações entre colegas se tornou o ponto mais importante.

Na observação sobre o posicionamento de professores e alunos, durante as

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aulas de Informática, destacam-se aspectos positivos e negativos. Entendidos como

parte do processo de construção de um conhecimento.

Uma das professoras que já estava ministrando aulas com auxílio do

computador, relatou que após 4 aulas, percebeu que seus alunos aprenderam a usar o

e-mail para enviar as pesquisas solicitadas. No entanto de acordo com a sua avaliação,

o conteúdo não foi apreendido. Isto nos leva a concluir que o aprendizado técnico faz

parte do processo de aquisição da informática como ferramenta pedagógica, mas é

importante avaliar constantemente a prática e os resultados, como o fez a professora

em questão.

Foi relevante observar o despertar de uma professora com mais de vinte e cinco

anos de magistério, procurando compreender as implicações pedagógicas para a

utilização do computador e da internet, para valorizar suas aulas. Fica registrada

também a sua dedicação no atendimento individual aos alunos.

As atividades realizadas pelos professores da Sala de Apoio à Aprendizagem,

foram significativas. No início, havia um número reduzido de alunos, apenas 15, porque

o atendimento individual foi melhor e consequentemente obteve-se melhor

aproveitamento do conteúdo. Os alunos motivados pela ferramenta pedagógica

reduziram o número de faltas, bastante comum em salas de apoio. Foi possível

observar a satisfação dos professores com o trabalho realizado.

Considerações Finais

Para compreender a formação dos professores no uso do computador, foi

oferecida uma oficina, a fim de ampliar o debate sobre essa questão e desenvolver

algumas habilidades práticas com o software livre. As atividades desenvolvidas pela

professora PDE, provocaram reflexão e troca de experiência. Houve o interesse de um

grupo de educadores na mudança da prática pedagógica, utilizando as tecnologias

como ferramentas pedagógicas.

No entanto, a formação de professores e alunos faz parte de um processo de

crescimento individual e coletivo, e como tal, demanda tempo e apoio permanente. Por

isso, é recomendável que pesquisas sejam realizadas dentro das escolas, para analisar

a influência destas tecnologias na melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem,

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respeitando a realidade de cada escola.

Dos inúmeros problemas que envolvem o processo educativo, destaca-se a

responsabilidade do professor em relação à formação continuada, como determinante.

No entanto, observa-se que o trabalho realizado com um número reduzido de alunos,

como os da sala de apoio, produz melhores resultados em menor espaço de tempo.

Os desafios que os educadores enfrentam com a sua preparação e condição de

trabalho vai além da capacitação pessoal. É necessário apoio permanente da SEED

(Secretaria de Educação do Paraná), para garantir a continuidade do processo de

assimilação das tecnologias como ferramenta educacional. Ciente do vulto do

investimento financeiro e do comprometimento com a qualidade de ensino por parte de

nossos governantes, a professora PDE sugere e justifica algumas medidas que julga

necessária para melhor utilização dos recursos tecnológicos disponibilizados.

⇒ Apoio técnico e pedagógico permanente no Laboratório de Informática de

nossas escolas, com um funcionário devidamente capacitado para tal, buscando

um melhor aproveitamento do tempo hora/aula.

⇒ Disponibilidade de um tempo maior na hora/atividade do professor, porque esta

tecnologia demanda maior tempo na preparação das aulas, projetos de interação

entre escolas e atendimento e orientação para alunos que não possuem

computador domiciliar.

⇒ Número maior de salas de aulas, para ser possível a redução no número de

alunos por turma, o que certamente melhora a qualidade de ensino e de

aprendizagem em todos os aspectos.

⇒ Vagas na demanda escolar para funcionários exclusivos na resolução de

problemas de indisciplina, uma vez que estes estão afetando a disponibilidade

de orientação pedagógica.

Enfim, se ao educador cabe apropriar-se das ferramentas necessárias

para favorecer a melhoria da qualidade de ensino, em uma constante capacitação, à

SEED cabe garantir o permanente apoio e qualificação necessária a esta

apropriação.

REFERÊNCIAS

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