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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 1 INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL Avenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil Website: http://brasil.ipni.net - E-mail: [email protected] - Twitter: @IPNIBrasil - Facebook: https://www.facebook.com/IPNIBrasil 1 Pesquisador, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS; e-mail: [email protected] 2 Pesquisadora, Doutora em Engenharia da Produção (Gerência da Produção e Economia da Tecnologia), Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP. 3 Pesquisador, Doutor em Fertilidade do Solo, Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS. MANEJO NUTRICIONAL DA CULTURA DO TRIGO Fabiano Daniel De Bona 1 Cláudia De Mori 2 Sirio Wiethölter 3 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS N o 154 JUNHO/2016 ISSN 2311-5904 Abreviações: Al = alumínio; B = boro; Ca = cálcio; Cl = cloro; Cu = cobre; EUN = eficiência de uso do nitrogênio; Fe = ferro; K = potássio; MEE = máxima eficiência econômica; Mg = magnésio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; P = fósforo; S = enxofre; Zn = zinco. Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana MISSÃO 1. INTRODUÇÃO E mbora o Brasil seja aclamado como potência global na produção agrícola, o país ainda é fortemente dependente das importações de trigo, cujos mon- tantes podem superar facilmente 50% do consumo nacional em determinados anos. Em termos de sistemas de produção agrícola, o trigo é uma excelente opção de cultivo para o período inver- nal, pois agrega diversificação ao sistema de rotação de culturas e gera receitas com a produção de grãos. Similar às demais grandes culturas agrícolas comerciais, como soja, milho e cana- de-açúcar, os custos de produção do trigo são muito dependentes do uso de corretivos de acidez do solo e dos fertilizantes aplicados na lavoura. Por outro lado, sabe-se que esses insumos contribuem de forma efetiva para o aumento da produção da cultura do trigo. Nesse contexto, salienta-se a importância de se buscar continu- amente aumentos da eficiência de uso de nutrientes por meio do conhecimento detalhado das demandas nutricionais da planta de trigo e da melhoria das práticas de manejo adotadas na lavoura tritícola. O presente artigo objetiva apresentar, de forma clara e resumida, aspectos fundamentais da nutrição mineral do trigo e o respectivo manejo preconizado para a cultura no campo. 2. ASPECTOS PRODUTIVOS, ECONÔMICOS E CUSTOS DE PRODUÇÃO DA CULTURA DO TRIGO 2.1. Produção mundial e brasileira de trigo O trigo possui grande relevância na dieta alimentar e é cultivado em ampla gama de ambientes e regiões geográficas. O cereal ocupa mais de 17% da terra cultivável no mundo e repre- senta aproximadamente 30% da produção mundial de grãos. Segundo dados do USDA (2016), no período de 2012 a 2016, a área média anual cultivada de trigo no mundo era de aproxima- damente 220 milhões de hectares (Tabela 1) 1 . Com rendimento médio superior a 3.200 kg ha -1 de grãos, a produção mundial supe- rou os 700 milhões de toneladas a partir de 2013/2014, atingindo 734 milhões de toneladas na safra 2015/2016. A produção mundial de trigo concentra-se no hemisfério norte, em especial nos conti- nentes asiático e europeu. No período de 2012-2016, os principais países/blocos produtores de trigo no mundo, responsáveis por mais de 60% da produção mundial, foram União Europeia, China, Índia, EUA e Rússia. A produção brasileira corresponde a cerca de 0,75% da produção mundial. 1 Valores calculados com base em dados do USDA (2016).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 1

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASILAvenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil

Website: http://brasil.ipni.net - E-mail: [email protected] - Twitter: @IPNIBrasil - Facebook: https://www.facebook.com/IPNIBrasil

1 Pesquisador, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS; e-mail: [email protected] Pesquisadora, Doutora em Engenharia da Produção (Gerência da Produção e Economia da Tecnologia), Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP.3 Pesquisador, Doutor em Fertilidade do Solo, Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS.

MANEJO NUTRICIONAL DA CULTURA DO TRIGO

Fabiano Daniel De Bona1

Cláudia De Mori2

Sirio Wiethölter3

INFORMAÇÕESAGRONÔMICAS

No 154 JUNHO/2016

ISSN 2311-5904

Abreviações: Al = alumínio; B = boro; Ca = cálcio; Cl = cloro; Cu = cobre; EUN = eficiência de uso do nitrogênio; Fe = ferro; K = potássio; MEE = máxima eficiência econômica; Mg = magnésio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; P = fósforo; S = enxofre; Zn = zinco.

Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana

MISSÃO

1. INTRODUÇÃO

Embora o Brasil seja aclamado como potência global na produção agrícola, o país ainda é fortemente dependente das importações de trigo, cujos mon-

tantes podem superar facilmente 50% do consumo nacional em determinados anos. Em termos de sistemas de produção agrícola, o trigo é uma excelente opção de cultivo para o período inver-nal, pois agrega diversificação ao sistema de rotação de culturas e gera receitas com a produção de grãos. Similar às demais grandes culturas agrícolas comerciais, como soja, milho e cana- de-açúcar, os custos de produção do trigo são muito dependentes do uso de corretivos de acidez do solo e dos fertilizantes aplicados na lavoura. Por outro lado, sabe-se que esses insumos contribuem de forma efetiva para o aumento da produção da cultura do trigo. Nesse contexto, salienta-se a importância de se buscar continu-amente aumentos da eficiência de uso de nutrientes por meio do conhecimento detalhado das demandas nutricionais da planta de trigo e da melhoria das práticas de manejo adotadas na lavoura tritícola. O presente artigo objetiva apresentar, de forma clara e resumida, aspectos fundamentais da nutrição mineral do trigo e o respectivo manejo preconizado para a cultura no campo.

2. ASPECTOS PRODUTIVOS, ECONÔMICOS E CUSTOS DE PRODUÇÃO DA CULTURA DO TRIGO

2.1. Produção mundial e brasileira de trigoO trigo possui grande relevância na dieta alimentar e é

cultivado em ampla gama de ambientes e regiões geográficas. O cereal ocupa mais de 17% da terra cultivável no mundo e repre-senta aproximadamente 30% da produção mundial de grãos. Segundo dados do USDA (2016), no período de 2012 a 2016, a área média anual cultivada de trigo no mundo era de aproxima-damente 220 milhões de hectares (Tabela 1)1. Com rendimento médio superior a 3.200 kg ha-1 de grãos, a produção mundial supe-rou os 700 milhões de toneladas a partir de 2013/2014, atingindo 734 milhões de toneladas na safra 2015/2016. A produção mundial de trigo concentra-se no hemisfério norte, em especial nos conti-nentes asiático e europeu. No período de 2012-2016, os principais países/blocos produtores de trigo no mundo, responsáveis por mais de 60% da produção mundial, foram União Europeia, China, Índia, EUA e Rússia. A produção brasileira corresponde a cerca de 0,75% da produção mundial.

1 Valores calculados com base em dados do USDA (2016).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS

NOTA DOS EDITORES

Todos os artigos publicados no Informações Agronômicas estão disponíveis em formato pdf no website do IPNI Brasil: <http://brasil.ipni.net>

Opiniões e conclusões expressas pelos autores nos artigos não re�etem necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.

N0 154 JUNHO/2016

CONTEÚDO

Manejo nutricional da cultura do trigo

Fabiano Daniel De Bona, Cláudia De Mori, Sirio Wiethölter ..................1

Uso de corretivos granulados na agricultura

Eduardo Fávero Caires; Helio Antonio Wood Joris ................................17

Divulgando a Pesquisa ...........................................................................22

IPNI em Destaque ..................................................................................23

Painel Agronômico .................................................................................25

Prêmios do IPNI Brasil - 2016 ..............................................................26

Eventos do IPNI .....................................................................................27

Cursos, Simpósios e outros Eventos .....................................................29

Publicações Recentes .............................................................................31

Ponto de Vista .........................................................................................32

FOTO DESTAQUE

Publicação trimestral gratuita do International Plant Nutrition Institute (IPNI), Programa Brasil. O jornal publica artigos técnico-científicos elaborados pela

comunidade científica nacional e internacional visando o manejo responsável dos nutrientes das plantas.

COMISSÃO EDITORIAL

EditorValter Casarin

Editores AssistentesLuís Ignácio Prochnow, Eros Francisco, Silvia Regina Stipp

Gerente de DistribuiçãoEvandro Luis Lavorenti

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE (IPNI)

Presidente do Conselho Norbert Steiner (K+S)

Vice-Presidente do ConselhoTony Will (CF Industries Holdings, Inc.)

TesoureiroDmitry Osipov (Uralkali)

PresidenteTerry L. Roberts

Vice-Presidente, Coordenador do Grupo da Ásia e ÁfricaA.M. Johnston

Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do Oeste Europeu/Ásia Central e Oriente Médio

Svetlana Ivanova

Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa eCoordenador do Grupo das Américas e Oceania

Paul E. Fixen

PROGRAMA BRASILDiretor

Luís Ignácio Prochnow

Diretores AdjuntosValter Casarin, Eros Francisco

PublicaçõesSilvia Regina Stipp

Analista de Sistemas e Coordenador AdministrativoEvandro Luis Lavorenti

Assistente AdministrativaElisangela Toledo Lavorenti

SecretáriaKelly Furlan

ASSINATURAS Assinaturas gratuitas são concedidas mediante aprovação prévia da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do IPNI:

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ISSN 2311-5904

Deficiência de magnésio em milho. Foto premiada no Concurso Fotográfico do IPNI em 2015. Mais informações na página 26.

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Tabela 1. Evolução da área colhida, rendimento, produção, consumo e exportação de trigo no mundo, no período de 2012 a 2016.

Ano Área colhida(milhões ha)

Rendimento(kg ha-1)

Produção(milhões t)

Consumo(milhões t)

Exportação(milhões t)

2012/2013 215,8 3.051 658,3 686,9 137,52013/2014 219,6 3.256 714,9 690,3 165,92014/2015 221,3 3.286 726,9 699,3 164,12015/2016 223,8 3.280 734,1 705,3 166,9

2016/2017** 219,0 3.319 727,0 708,8 163,9 2012-2016* 219,9 3.238 712,2 698,1 159,7

* Média anual do período calculada pelos autores. ** Estimativa.Fonte: Adaptada de USDA (2016).

O consumo mundial médio nos últimos cinco anos (2012-2016) foi de 698 milhões de toneladas e a quantidade mundial anual -mente transacionada de trigo é de aproximadamente 160 milhões de toneladas. No período de 2012-2016, os principais exportadores mundiais de trigo foram: União Europeia, EUA, Canadá, Rússia e Austrália. Quanto à importação, Egito, Indonésia, Argélia, Brasil e Japão são os maiores importadores mundiais do cereal. A impor-tação brasileira representa 4% do total mundial das importações do cereal (USDA, 2016).

A Figura 1 apresenta a evolução da área colhida, da produção e do rendimento de grãos de trigo no Brasil no período de 1980 a 2016. Neste período, a área semeada de trigo no Brasil oscilou entre 1,0 e 3,9 milhões de hectares e a produção nacional variou de 1,5 a 6,1 milhões de toneladas. Entre 2011 e 2015, a média anual foi de 5,4 milhões de toneladas de trigo colhidas e 2,3 milhões de hectares semeados no país.

O rendimento do cereal aumentou expressivamente nos últimos 50 anos. No mundo, o rendimento médio passou de 1.256 kg ha-1 ano-1, na década de 1960, para 3.238 kg ha-1 ano-1, no período de 2011 a 2015. No Brasil, os esforços dos programas de melhoramento genético e as melhorias nos sistemas de produção têm permitido crescente aumento de rendimento de trigo: de 771 kg ha-1 ano-1, na década de 1960, a 2.382 kg-1 ha-1 ano, no período 2011-2015. Na década de 1990, a produção de trigo sob irrigação prosperou nos estados de Minas Gerais e de Goiás e no Distrito Federal, alcançando rendimentos médios superiores a 4.000 kg ha-1. Cabe ressaltar que no hemisfério norte o uso preferencial é por genótipos invernais, de

ciclo mais longo e semeados no outono. Esses genótipos têm maior potencial de rendimento, devido ao maior período de acumulação de reservas durante a fase vegetativa. No Brasil, os materiais genéticos são primaveris, com menor ciclo de cultivo, ou seja, menor tempo para acúmulo de reservas e menor potencial de rendimento.

A produção nacional de trigo sempre esteve concentrada na Região Sul, que responde por mais de 90% da produção brasileira. Entre 2011 e 2015, o estado do Paraná representou 50% da quan-tidade total colhida de trigo no país e o estado do Rio Grande do Sul 39,7% do total da produção2. No período de 2012-2014 houve registro de produção de trigo em 938 municípios (17% do total de municípios brasileiros) sendo que 88 municípios responderam por 50% da produção nacional de trigo.

No período de 2012-2014, as microrregiões3 de Santo Ângelo, RS (7,2% da produção nacional no período), Cruz Alta, RS (5,2%), Ijuí, RS (4,1%), Guarapuava, PR (3,8%), Telêmaco Borba, PR (3,4%), Ponta Grossa, PR (3,3%) e Santiago, RS (3,2%) totalizaram 30,0% da produção de trigo do país. Os dez principais municípios produtores de trigo (que representaram 12,9% da produção nacional) foram: Tibagi, PR; Castro, PR; São Luiz Gonzaga, RS; Tupanciretã, RS; Palmeira das Missões, RS; Guarapuava, PR; Cruz Alta, RS; Giruá, RS; Muitos Capões, RS, e São Miguel das Missões, RS.

2.2. Custos de produção e uso de fertilizantes na cultura do trigo no Brasil

Em estudo realizado por De Mori et al. (2007), visando carac-terizar a produção e os custos de produção de trigo no Brasil nos anos de 2003 e 2004, foram identificados 36 diferentes sistemas de cultivo, ou seja, manejos da cultura de trigo empregando diferentes preceitos ou modelos técnicos. Classificando-se os fatores de produ-ção por importância, o fertilizante (de base e de cobertura) foi o fator de maior participação na composição dos custos, representando 24,8% do custo operacional de produção (Figura 2). Resultados de levantamentos sobre o uso de tecnologias empregadas no cultivo de trigo na safra 2009 (CAIERãO et al., 2010a, 2010b e 2010c) mostraram o predomínio da aplicação

Figura 1. Evolução da área colhida, da produção e do rendimento da cultura do trigo no Brasil, no período de 1980 a 2016.

Fonte: Elaborada com dados da CONAB (2016).

2 Valores calculados com base em dados da CO-NAB (2016).

3 Valores calculados com base em dados do IBGE (2016).

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de 150 a 200 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O na adubação de base no Rio Grande do Sul, de 150 a 250 kg ha-1 em Santa Catarina, e de 200 a 250 kg ha-1 no Paraná. Em relação à aplicação de nitrogênio (N) em cobertura, na forma de ureia, a dose mais empregada pelos produtores variou de 50 a 100 kg ha-1 no Rio Grande do Sul e no Paraná, e acima de 100 kg ha-1 em Santa Catarina.

Um estudo sobre a caracterização dos sistemas de cultivo de trigo praticados em algumas regiões dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul (De MORI et al., 2012), realizado em 2011, mostrou que a quantidade de adubo de base utilizada variou de 125 a 500 kg ha-1. Em sistemas de produção com baixo uso de insumos externos, as referências foram de menos de 200 kg ha-1, nos sistemas intermediários, de aproximadamente 250 kg ha-1, e nos sistemas com alto uso de insumos predominou a faixa de 300 a 400 kg ha-1. As formulações comerciais de N, P2O5 e K2O mais empre-gadas foram: 5-20-20, 8-16-16, 8-20-20, 8-25-20, 8-30-20, 10-15-15, 10-20-20 e 10-25-25. O estudo apontou, também, peculiaridades regionais em relação à adubação de cobertura – que variou de 0 a 200 kg ha-1 de ureia, em alguns casos feita em duas aplicações –, com referência ao uso de redutor de crescimento quando do uso de mais de 150 kg ha-1.

Pesquisas realizadas por Harger et al. (2011), visando avaliar o uso de insumos no cultivo de trigo no Paraná, apontaram uma tendência de aumento de investimento em adubação da cultura nos últimos 12 anos. Em 2002, somente em 9,8% da área total de trigo amostrada foram utilizadas doses de N, P2O5 e K2O ≥ 250 kg ha-1 na semeadura. No levantamento realizado em 2012, esse nível de adubação foi observado em 37,5% da área total de trigo amostrada (De MORI et al., 2014), e em 2014, tal nível foi empregado em 41,9% da área de trigo monitorada (De MORI et al., 2016). No levantamento realizado em 2014 (De MORI et al., 2016) foram citadas as 48 fórmulas comerciais de adubo N-P2O5-K2O mais empregadas na adubação de semeadura do trigo, destacando-se: 08-20-20, 10-15-15, 12-31-17, 08-20-15 e 14-34-00. O estudo relatou, ainda, aumento na utilização de formulações enriquecidas com outros nutrientes, especialmente zinco e enxofre.

Com relação à adubação nitrogenada em cobertura, realizada no Paraná, as pesquisas demonstram que houve aumento da adoção dessa prática nos últimos 15 anos, com flutuações expressivas entre as safras, ou seja: 56,4% da área de trigo abrangida no levantamento em 2000, 72% em 2005, 70,5% em 2007, 85,2% em 2012 e 74,8% em 2014 (De MORI et al., 2016). Além da ampliação do uso dessa

Tabela 2. Concentração média de macro e micronutrientes no tecido vegetal (folha bandeira) da planta de trigo no início do espigamento.

Macronutrientes Concentração (g kg-1)

Nitrogênio 20-30Fósforo 3,0-5,0Potássio 15-30Cálcio 2,0-5,0

Magnésio 1,5-5,0Enxofre 1,5-4,0

Micronutrientes Concentração (mg kg-1)

Boro 6-12Cobre 5-15Cloro 2.500-10.000Ferro 25-100

Manganês 25-100Molibdênio 0,1-0,3

Zinco 25-70

prática, os dados apontam para um aumento da dose aplicada de N, sendo que doses acima de 100 kg ha-1 de ureia foram utilizadas em 50% da área de trigo monitorada na safra de 2014. Em relação à fonte de N em cobertura, destacam-se a ureia perolada e a granulada, que foram utilizadas, respectivamente, em 44,5% e 32,1% das áreas tritícolas amostradas no levantamento da safra 2014 (De MORI et al., 2016). No entanto, o uso de outras fontes de N – sulfato de amônio, nitrato de amônio e formulações de adubo N-P2O5-K2O – tem-se ampliado, passando de 5,2% da área total de trigo monitorada no levantamento realizado em 2012 (De MORI et al., 2014) para 18,7% da área cultivada com trigo no levantamento realizado em 2014 (De MORI et al., 2016). Adicionalmente, no levantamento realizado em 2014 no Paraná, a adubação foliar com micronutrientes foi utilizada em 11,3% das áreas estudadas (De MORI et al., 2016).

3. EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DA CULTURA DO TRIGO

De modo geral, as exigências nutricionais da cultura do trigo são atendidas quando as concentrações de macro e micronutrientes no tecido vegetal coletado no início do espigamento das plantas situam-se na faixa de valores apresentados na Tabela 2.

Figura 2. Custos de produção de trigo no Brasil nos anos de 2003 e 2004. Dados médios de 36 sistemas de cultivos distintos.

Fonte: Modificada de De Mori et al. (2007).

3.1. Nitrogênio (N)A disponibilidade de N em quantidade adequada à planta é o

principal fator determinante do rendimento potencial da cultura do trigo. O N tem papel fundamental porque é o nutriente encontrado em maior concentração nos tecidos vegetativos e nos grãos, o que o caracteriza como sendo o elemento mais demandado pela planta de trigo. O N está envolvido na síntese de proteínas, clorofila, co- enzimas, fitohormônios, ácidos nucleicos e metabólitos secundá-rios (MARSCHNER, 2012). Plantas deficientes em N apresentam baixo crescimento, clorose (amarelecimento ou branqueamento) das folhas velhas e reduzida produção de grãos (Figura 3).

Considerando o acúmulo de N e de massa seca durante o ciclo da cultura do trigo, observa-se que a maior parte da absorção de N ocorre entre as fases fenológicas de alongamento do colmo e de espigamento, atingindo teor máximo acumulado na antese, que acontece próximo aos 100 dias após a emergência das plantas (Figura 4). A partir desse estádio, a absorção de N continua ocor-rendo, porém coincide com um aumento considerável de perda

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(drenos) desse elemento por meio de processos, como senescência e queda de folhas e exsudação de compostos nitrogenados pelas raízes. As alterações na demanda de N de acordo com o ciclo da planta constituem a base para o manejo eficiente da adubação nitro-genada na cultura do trigo, a qual se baseia na aplicação parcelada da dose de N total visando sincronizar a disponibilidade de N no solo com a demanda da planta (Figura 5).

A quantidade de N a aplicar na cultura do trigo varia, geral-mente, de 60 a 120 kg ha-1 de N. A dose recomendada varia em função do teor de matéria orgânica do solo, da cultura precedente

Figura 3. Sintomas visuais da deficiência de nitrogênio em trigo: (a) plantas adultas deficientes na lavoura, (b) clorose das folhas velhas e (c) plantas jovens com deficiência.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA) e Thomas County Ag (Georgia).

(gramínea ou leguminosa), da região climática e da expectativa de rendimento de grãos, a qual é definida pela interação de vários fatores de produção (características genéticas da cultivar, radiação solar, época de semeadura, água, nutrientes, insetos-praga, doen-ças, plantas invasoras, etc.). Em termos práticos, aplica-se de 15 a 20 kg ha-1 de N na semeadura (sulco de plantio), visando propiciar um crescimento inicial com vigor adequado. Quantidades exces-sivas de N não são recomendadas na semeadura, pois a planta em fase inicial de crescimento, logo após a emergência, possui baixa capacidade de absorção e reduzida capacidade fotossintética, o que implica em perdas de N por lixiviação para o ambiente, especial-mente em climas com inverno chuvoso, como os predominantes no Sul do Brasil. O restante do N deve ser aplicado em cobertura, nos estádios de perfilhamento e alongamento do colmo da cultura. Geralmente, não há razão para a aplicação de doses de N menores do que 30 kg ha-1 em cobertura. O afilhamento (ou perfilhamento) ocorre durante um intervalo de cerca de 30 dias após a emergên-cia do trigo, o qual coincide com o período compreendido entre a emissão da 4ª até a 8ª folha do colmo principal. A partir desse estádio, inicia o alongamento do colmo, quando o primeiro entrenó se torna aparente. A disponibilidade de N no início do afilhamento (4ª folha) define o número de espiguetas por espiga e, na fase final (7ª folha), determina o número de afilhos que formarão espigas férteis, ou seja, a quantidade final de espigas por unidade de área (Figura 5). De modo geral, a aplicação alternativa de N em cobertura após a fase de espigamento não aumenta o rendimento de grãos, mas pode aumentar a concentração de N e proteínas nos grãos, o que pode melhorar a qualidade tecnológica da farinha, embora esse parâmetro seja dependente de outros fatores.

A aplicação de N ao solo, no cultivo do trigo, certamente é uma das práticas de manejo da cultura mais seguras em relação ao retorno econômico, pois as pesquisas têm demonstrado que a eficiência de uso de N varia em função da dose aplicada, e seu valor oscila entre 12 (RAMOS, 1981) e 21 (WIETHöLTER et al., 2007) kg de grãos por kg de N adicionado. Esta amplitude de valores é decorrente da variação entre safras e também da varia-ção de resposta específica das cultivares ao aporte de N ao solo. Avanços na área de melhoramento genético do trigo brasileiro, bem como a melhoria dos manejos culturais, contribuíram para o incremento da eficiência de uso do N (EUN) do trigo nacional. Esse fato é ilustrado na Figura 6a, onde se observa que a máxima eficiência econômica (MEE) de cultivares de trigo semeadas em 32 experimentos conduzidos pela Embrapa Trigo, na década de 1990-2000, foi alcançada com 83 kg ha-1 N, o que produziu um rendimento de grãos e EUN médios de 3.410 kg ha-1 de grãos e 10 kg de grãos/kg de N aplicado, respectivamente. Considerando os ensaios para recomendação de uso de N em cultivares na fase pré-lançamento conduzidos em 2012 na região de Vacaria, RS (Figura 6b), verifica-se que a MEE foi atingida com a aplicação de aproximadamente 120 kg ha-1 N, o que resultou na produtivi-dade de 5.800 kg ha-1 de grãos e EUN de 19,8 kg de grãos/kg de N adicionado via adubação nitrogenada (WIETHöLTER, 2012, dados não publicados).

Os principais fertilizantes utilizados como fonte de N no trigo são ureia, nitrato de amônio (em desuso) e sulfato de amônio. As eficiências agronômicas desses fertilizantes no trigo têm sido simi-lares, sendo que ocasionais diferenças entre as fontes são resultantes de efeitos ambientais (precipitação, temperatura e volatilização de amônia). A ureia tem sido o principal fertilizante utilizado pelos tri-ticultores, pois apresenta o menor custo por unidade de N dentre os fertilizantes nitrogenados disponíveis no mercado. Convém ressaltar

Figura 4. Marcha de absorção de nitrogênio na cultura do trigo.Fonte: Modificada de Wiethölter (2011).

Dias após a emergência das plantas (DAE)

0 20 40 60 80 100 120 140

140

120

100

80

60

40

20

0

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

0

N a

bsor

vido

(kg

ha-1) M

atéria seca (kg ha-1)

Antese (≈ 100 DAE)

N absorvidoMatéria seca

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6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

que o momento ideal para a aplicação de ureia é até um dia antes de precipitação pluvial de média intensidade (10 a 20 mm), pois a dissolução dos grânulos e o transporte de N para o interior do solo e para as raízes serão rápidos, evitando-se, assim, perdas de N por volatilização de amônia (NH3).

3.2. Fósforo (P) e potássio (K)A correção da deficiência de P no solo é um dos aspectos

primordiais para o estabelecimento da cultura de trigo porque o nutriente está envolvido nos processos energéticos vitais da planta. A adequada disponibilidade de P no solo auxilia a planta em estádio inicial de crescimento e desenvolvimento na recuperação do efeito subletal de temperatura baixa (FOWLER, 2002), razão pela qual se recomenda sempre o uso de uma dose de P no sulco de semeadura, mesmo que o teor do solo seja considerado satisfatório pela análise química do solo. A deficiência de P é detectada principalmente nos estádios iniciais de crescimento da cultura do trigo e caracteriza-se pelo bronzeamento ou pigmentação de cor púrpura no colmo e nas

folhas velhas, evoluindo da ponta para a base da folha. O avanço da deficiência de P causa secamento das folhas mais velhas, baixo crescimento da planta e redução no número de afilhos (Figura 7).

Após o N, o K é o elemento que está em maior concentração no tecido vegetativo e nos grãos do trigo. Isso evi-dencia a alta demanda de K pela cultura do trigo e, por consequência, justifica o cuidado que se deve ter com o manejo da adubação potássica. Além de atuar na osmorregulação (controle das concen-trações de sais nos tecidos ou células) e na resistência da planta de trigo à seca, o K também atua em funções importantes, como enchimento de grãos e qualidade final do produto (BARKER; PILBEAM, 2015). Nas plantas de trigo, a deficiência de K se expressa inicialmente nas folhas mais velhas, as quais tornam-se amare-ladas na região do ápice e, em seguida, apresentam necrose ou secamento da região apical da folha em formato de “V” invertido (Figura 8).

A análise química do solo é o principal instrumento para diagnosticar e monitorar o grau de disponibilidade de P e de K no solo, bem como para decidir quanto à necessidade da aplicação de fer-tilizantes contendo esses nutrientes para a cultura do trigo. Análogo à adubação com N, o suprimento de P e de K baseia-se no conceito de produtividade variável, de modo que o montante a ser aplicado é proporcional ao rendimento esperado da cultura do trigo. Prioriza-se aplicar toda a dose de P recomendada em dose única diretamente no sulco de semea-dura (disposta 2,5 cm ao lado e abaixo da semente) (Figura 5), usando como fonte os fertilizantes fosfatados simples ou a fórmula NPK. Devido às características

dos argilominerais e a presença de óxidos de ferro e de alumínio nos solos das regiões nas quais tradicionalmente se cultiva o trigo no Brasil, não se recomenda a adubação de P a lanço em cobertura. Considerando a adubação potássica, também recomenda-se aplicar todo o K na linha de semeadura (disposto 2,5 cm ao lado e abaixo da semente), desde que as doses requeridas não sejam excessivas (< 100 kg ha-1 de K2O). Quando as doses forem muito altas (> 100 kg ha-1 de K2O), recomenda-se aplicar parte do K antes da semeadura ou em cobertura nas fases iniciais de crescimento e desen-volvimento da cultura. Na semeadura, usa-se a formulação NPK, e em cobertura geralmente opta-se pelo cloreto de potássio (Figura 5).

3.3. Cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S)Dentre os macronutrientes, as demandas nutricionais

da cultura do trigo pelos elementos essenciais Ca, Mg e S são menores quantitativamente se comparados principalmente ao N e K (Tabela 2). A maior parte dos solos brasileiros que têm recebido adequado manejo da correção da acidez do solo utilizando calcário

Legenda: *O potássio somente necessita ser aplicado em cobertura quando a dose total exceder 100 kg ha-1 de K2O.

Figura 5. Manejo nutricional e fenologia da cultura do trigo. Fonte: modificada de Pires et al. (2011).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 7

dolomítico ou magnesiano não apresenta limitações quanto aos teores de Ca e de Mg para o crescimento e desenvolvimento da cultura do trigo, principalmente se for considerada a camada de solo de 0-10 cm. No entanto, em solos cultivados por longo tempo sob sistema plantio direto, no qual a aplicação de calcário ocorre na superfície do solo, tem-se verificado baixos teores de Ca em subsuperfície (camada de 10-20 cm), os quais, associados à pre-sença de acidez e alumínio tóxico, podem ser muito prejudiciais ao crescimento das raízes e à produção do trigo. A formação e o crescimento do sistema radicular da planta dependem da presença de teores satisfatórios de Ca (Figura 9) em todo o perfil do solo, pois esse nutriente é fundamental na síntese de células novas da região apical da raiz (meristemas) ao atuar na composição da estrutura da parede celular (MARSCHNER, 2012). Por outro lado, sabe-se que o Ca é pouco móvel no solo e, portanto, depende do mecanismo de contato íon-raiz (interceptação radicular) para ser absorvido pelas raízes. Além disso, há perda da capacidade de absorção celular de Ca com o aumento da idade da célula e formação da lamela média.

Embora pouco comum, a deficiência de Ca no trigo é carac-terizada pelo amarelecimento dos ápices das folhas mais novas (folhas superiores em pleno crescimento), que evolui para enrola-mento e necrose da ponta e deformações das margens do restante da folha – folhas com margens retorcidas (Figura 9). Como o Mg está envolvido na constituição da clorofila, a sua deficiência em trigo é caracterizada pela coloração verde-amarelada (clorose) nas folhas mais velhas e/ou manchas com coloração amarelo-amarronzadas espalhadas no limbo foliar (Figura 10).

Teores satisfatórios de S no solo são muito importantes para o êxito da lavoura de trigo porque a disponibilidade adequada desse nutriente aumenta a eficiência de uso do N (síntese de proteínas)

Figura 6. Rendimento de grãos de trigo e máxima eficiência econômica (MEE) de cultivares de trigo adubadas com doses de nitrogê-nio: (A) 32 experimentos realizados no estado do RS durante a década de 1990-2000 e (B) cinco cultivares de trigo em fase de pré-lançamento cultivadas na região de Vacaria, RS.

Fonte: modificada de Wiethölter (2011).

Figura 7. Sintomas visuais de deficiência de fósforo em trigo: (a) plantas deficientes com folhas exibindo pigmentação púrpura, (b) plan-tas deficientes apresentando pigmentação púrpura no caule e (c) plantas no campo com deficiência prolongada.

Crédito das fotos: Yara United Kingdom e Real Agriculture.

Figura 8. Sintomas visuais de deficiência de potássio em trigo: (a) plantas adultas no campo com folhas velhas cloróticas e necróticas, (b) clorose e secamento das folhas velhas devido à deficiência prolongada e (c) redução no tamanho da espiga em plantas deficientes em potássio.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA) e International Potash Institute (IPI).

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e a qualidade tecnológica do grão, o que agrega valor comercial ao produto final (BYERS; FRANKLIN; SMITH, 1987). A classificação comercial do trigo brasileiro não leva em consideração o conteúdo proteico total dos grãos, porém, considera, para efeitos de segregação de compra, a quantidade total (e proporções) das proteínas formadoras do glúten (gliadina e glutenina), expressa pelo parâmetro reológico força de glúten (W) (BRASIL, 2010). A gliadina e a glutenina são proteínas do grão de trigo que conferem ao glúten a viscosidade e

a elasticidade necessárias para o desenvolvimento e a formação de uma massa de pão com boa capacidade para suportar a fermenta-ção (retenção do gás carbônico) e o amassamento, sendo, por isso, determinantes da qualidade reológica do glúten, e apresentam relação direta com a qualidade de panificação (SGARBIERI, 1996). Tanto a gliadina como a glutenina têm a sua biossíntese dependente do S porque são compostas por aminoácidos, como cistina, cisteína e metionina, e possuem ligações dissulfeto inter e intramolecula-res, além de grupos sulfidrilas livres, na composição da rede do glúten (WIESER, 2007). Assim, plantas de trigo deficientes em S produzem farinha com baixa qualidade tecnológica para fins de panificação (Figura 11).

Figura 9. Sintomas visuais de deficiência de cálcio em trigo: (a) necrose dos pontas das folhas, (b) enrolamento da folha, (c) deformações foliares e (d) atrofiamento e deformações dos meristemas da raiz devido à falta de cálcio.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA) e Yara Australia.

Figura 10. Sintomas visuais de deficiência de magnésio em trigo: (a) clorose na bainha foliar, (b) detalhes da clorose em manchas de coloração amarela e amarronzadas e (c) planta adulta com folhas velhas cloróticas.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA) e Yara Australia.

Para fins práticos, considera-se o teor de 10 mg dm-3 de solo como o teor crítico de S disponível no solo (enxofre na forma de sulfato determinado pelo método turbidimétrico) abaixo do qual ocorre o aparecimento de sintomas de deficiência na cultura do trigo. A deficiência de S no trigo se caracteriza pela clorose generali-zada das folhas mais novas (Figura 12). O avanço da deficiência de S pode ocasionar amarelecimento generalizado das folhas de trigo, o que pode ser confundido facilmente com a deficiência de N. Uma vez detectado o baixo teor de S na análise química do solo, sugere-se a aplicação de 10 a 20 kg ha-1 de S por meio de fertilizantes contendo o elemento na formulação (fórmulas NPK, sulfato de amônio, superfosfato simples, sulfato de potássio, etc.) ou pelo uso de gesso agrícola.

3.4. MicronutrientesOs solos da região produtora de trigo do Sul do Brasil rara-

mente apresentam problemas relacionados à falta de micronutrientes, excetuando-se situações de solos muito arenosos. Geralmente, a recomendação de adubação com micronutrientes para essas regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná somente é realizada quando a análise do solo indicar baixa concentração disponível do micronutriente e o potencial de rendimento de grãos da cultura do trigo for alto. Os solos da região tropical do Brasil, especialmente os do Cerrado, podem apresentar, com mais frequência, baixa disponibilidade de alguns micronutrientes para o crescimento e desenvolvimento normal da cultura de trigo. Dentre as limitações de micronutrientes mais comuns destaca-se a deficiência de zinco, especialmente em áreas com excesso de adubação fosfatada.

Figura 11. Qualidade do pão em função da farinha de trigo obtida de plantas cultivadas com alto, médio e baixo teor de enxofre na adubação, o que originou distintas concentrações de enxofre e relação nitrogênio/enxofre (N/S) na farinha.

Fonte: modificada de Byers, Franklin e Smith (1987).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 9

A seguir são apresentados os aspectos gerais da nutrição com micronutrientes para a cultura do trigo e a descrição dos sintomas visuais de sua deficiência.

3.4.1. Boro (B)O B tem suas funções na planta associadas ao metabolismo

dos ácidos nucléicos, biossíntese de carboidratos, fotossíntese, metabolismo de proteínas e estabilidade da membrana celular (BARKER; PILBEAM, 2015). A adequada nutrição de B é preco-nizada para o trigo, pois esse nutriente afeta diretamente o rendi-mento da cultura ao favorecer a fertilização e germinação do grão de pólen e atuar diretamente no processo de enchimento dos grãos da espiga, o que aumenta o número e a massa dos grãos colhidos. A deficiência de B no trigo se caracteriza pela deformação e morte dos meristemas apicais, bem como pela deformação das folhas novas, que apresentam rasgaduras próximas à nervura central associadas a alterações estruturais nas margens da bainha, com aspecto de “dentes de serra”. No que diz respeito às estruturas reprodutivas, a planta de trigo deficiente em B apresenta inflorescências pouco desenvolvidas ou deformadas (similar à deficiência de cobre), com alta esterilidade e grande número de grãos com má formação ou chochos (Figura 13). A adubação com B pode ser realizada com a aplicação via foliar ou no solo. Esse elemento possui boa mobilidade no solo. A dose de B aplicada não deve exceder certos limites, pois a elevação demasiada dos teores no solo pode ocasionar toxidez de B na cultura.

3.4.2. Cloro (Cl)O Cl é um elemento que não causa preocupação quanto

à sua disponibilização para as culturas agrícolas, pois ele é fornecido como nutriente acompanhante em diversos adubos de uso comum nas lavouras, como, por exemplo, o cloreto de

potássio. No entanto, vale a pena destacar que esse micronutriente desempenha diversas funções fundamentais no metabolismo das plantas relacionadas à fotossíntese, osmorregulação e ativação de enzimas (BARKER; PILBEAM, 2015). A planta de trigo pode exibir valores de concentração de Cl que variam de 200 a 22.000 mg kg-1 de matéria seca (ELGHARABLY, 2011), sendo que o conteúdo do nutriente no tecido vegetal varia com o ambiente e as práticas de manejo. Os sintomas visuais da deficiência de Cl aparecem nas folhas velhas (maduras) de trigo, as quais exibem clorose em forma de manchas amarelas ou amarronzadas e bainha foliar retorcida (Figura 14).

Figura 12. Sintomas visuais de deficiência de enxofre em trigo: (a) deta-lhes da clorose na bainha foliar das folhas novas, (b) planta apresentando deficiência na forma de clorose nas folhas novas e (c) deficiência severa no campo, com clorose generalizada.

Crédito das fotos: R. Taylor e Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA).

Figura 13. Sintomas visuais de deficiência de boro em trigo: (a) chocha-mento de grãos em plantas deficientes, (b) detalhe do bordo da bainha foliar serrilhado ou “dentado” e (c) morte dos meristemas apicais.

Crédito da foto: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA).

Figura 14. Sintomas visuais de deficiência de cloro em trigo: (a) clorose em manchas nas folhas, (b) folhas normais e folhas de planta deficiente em cloro e (c) aspecto das plantas deficientes no campo.

Crédito das fotos: International Potash Institute (IPI).

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10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

3.4.3. Cobre (Cu)O Cu é fundamental para a formação do pólen e para a

biossíntese da clorofila e da parede celular (lignificação) da planta. A deficiência desse micronutriente causa esterilidade do pólen da espiga do trigo, o que acarreta má formação dos grãos e perdas de produtividade (BARKER; PILBEAM, 2015). Plantas de trigo deficientes em Cu caracterizam-se pela morte do meristema apical e pelo murchamento, clorose, enrolamento e posterior secamento (necrose) da ponta das folhas novas (Figura 15). Essa necrose avança até aproximadamente metade da folha, sendo que a outra parte pode permanecer com coloração verde normal. De modo geral, as folhas velhas da planta de trigo deficientes em Cu mantém-se verdes, embora essa coloração seja mais pálida do que a normal. Após o espigamento, a lavoura de trigo com deficiência de Cu caracteriza-se pelas espigas com porções esbranquiçadas e por plantas com clorose e amadurecimento desuniforme (retardamento da maturação). Além do aspecto esbranquiçado, as espigas de trigo deficientes em Cu podem ficar retorcidas e/ou manchadas, sem grãos (chochamento) ou com grãos atrofiados, que se desprendem da ráquis com facilidade.

pois o elemento é relativamente imóvel no solo. Solos com alto teor de matéria orgânica podem apresentar limitação de Cu devido ao processo de complexação do elemento com as moléculas orgânicas (SPARKS, 2003), o que indisponibiliza o nutriente para a planta. As elevações dos teores de Cu do solo são alcançadas prioritariamente com o uso da adubação do elemento no sulco de semeadura.

3.4.4. Ferro (Fe)A essencialidade do Fe às plantas é comprovada pela sua

ação no metabolismo de proteínas de estrutura heme e não heme ou na coordenação de estruturas proteicas, sendo que esses com-postos atuam como enzimas (por exemplo, catalases, peroxidases) ou como transportadores de elétrons no processo da fotossíntese (ferredoxina, citocromo) e nas rotas metabólicas de assimilação de outros nutrientes na planta (N e S) (BARKER; PILBEAM, 2015). O envolvimento do Fe nos processos fotossintéticos e na síntese de clorofila faz com que a sua limitação no solo cause clorose generalizada das folhas novas (somente as nervuras da bainha permanecem verdes – “reticulado fino”) da maioria das culturas agrícolas, incluindo o trigo (Figura 16). Geralmente, essas deficiên-cias ocorrem quando a planta de trigo se encontra nas fases iniciais de crescimento, com sistema radicular pequeno e baixo potencial de absorção de nutrientes. A deficiência de Fe é muito rara nos solos brasileiros, pois a maioria deles possui em sua composição grande quantidade de argilominerais ricos em ferro (por exemplo, óxidos de ferro: hematita, goethita). Esporadicamente, podem ocorrer sintomas de deficiência de Fe em plantas de trigo crescendo sob condições de déficit hídrico no solo, mas que desaparecem tão logo

Figura 15. Sintomas visuais de deficiência de cobre em trigo: (a) folhas deformadas pela deficiência, (b) chochamento e perda da quali-dade dos grãos, (c) necrose das folhas e espigas esbranquiçadas, e (d) aspecto visual da deficiência no campo, com plantas adultas.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA) e Yara Australia.

Figura 16. Sintomas visuais de deficiência de ferro em trigo: (a) início da clorose das folhas novas, (b) clorose internerval e nervuras ver-des – “reticulado fino” e (c) avanço da clorose na bainha foliar.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA).

As adubações com Cu, efetuadas para sanar as deficiências da planta de trigo e do solo, podem ser realizadas via aplicação foliar (efetiva somente para a safra corrente) e no sulco de semeadura. A aplicação via foliar é ineficaz quando realizada após o florescimento da cultura, pois as mais altas demandas do nutriente coincidem com o período de pré-florescimento e visam o desenvolvimento do grão de pólen. Adubações com Cu em cobertura também são ineficazes,

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 11

a umidade do solo seja restabelecida. Caso necessária, pode-se efetuar a a aplicação foliar de Fe, sendo esse o modo mais eficiente de suprimento do nutriente à planta. Análogo ao Zn, o Fe também tem destaque nos programas de biofortificação dos grãos de trigo, visando o enriquecimento nutricional da farinha e seus derivados.

3.4.5. Manganês (Mn)O Mn desempenha importantes funções metabólicas na

planta relacionadas à fotossíntese, respiração, síntese de proteínas e ativação de hormônios (BURNELL, 1988). Nos cereais, como o trigo, a limitação de Mn afeta a qualidade e o rendimento de grãos, pois a deficiência desse nutriente faz com que ocorra redução no número e no peso dos grãos produzidos, o que possivelmente está associada à combinação de baixa fertilidade do grão de pólen e de diminuição do suprimento de carboidratos para o processo de enchimento de grãos (LONGNECKER; MARCAR; GRAHAM, 1991; SHARMA et al., 1991). Embora não seja muito comum nas áreas tritícolas do Brasil, a deficiência de Mn em trigo pode ocorrer com mais frequência em solos arenosos e/ou com pH alcalino, que favorecem a sua oxidação química ou microbiológica e a conse-quente indisponibilidade do nutriente para a absorção pela planta (RENGEL, 2000). A ocorrência de déficit hídrico no solo também pode promover baixa disponibilidade temporária de Mn para as plantas. A deficiência de Mn na cultura do trigo se caracteriza pelo aparecimento de clorose internerval (as nervuras e parte da bainha adjacente às mesmas permanecem verdes – “reticulado grosso”) nas folhas novas e nas folhas do terço médio da planta (recém- expandidas). Geralmente, a clorose internerval avança para a forma-ção de manchas estriadas necróticas de cor branco-acinzentadas ou marrons nas referidas folhas (Figura 17). No estádio avançado de deficiência, as folhas do cereal exibem aspecto retorcido ou dobrado e acabam secando totalmente. Na lavoura, as plantas de trigo deficien-tes em Mn apresentam-se cloróticas e com crescimento prejudicado (plantas pequenas, sem vigor). Para amenizar os efeitos prejudiciais da limitação do nutriente às plantas, que ocorreram durante o ciclo da cultura, o suprimento de Mn pode ser realizado via aplicação foliar. No entanto, visando a correção efetiva dos teores de Mn disponíveis do solo, deve-se realizar a adubação com fonte de Mn diretamente no sulco de semeadura na implantação da próxima cultura agrícola.

3.4.6. Molibdênio (Mo)Apesar de geralmente ser o nutriente com a menor concen-

tração no tecido vegetal, o Mo tem funções importantes relacionadas à ativação de importantes enzimas (por exemplo, Mo cofator) que metabolizam outros elementos essenciais à planta (por exemplo, N, S) (BARKER; PILBEAM, 2015). A sua deficiência é de difícil diagnóstico no campo, pois os sintomas visuais são semelhantes aos da deficiência causada por baixa disponibilidade de N. Assim, a deficiência de Mo em trigo geralmente ocorre antes do espigamento, e as plantas apresentam crescimento reduzido e clorose generalizada das folhas (Figura 18). Sob condições de adubação nitrogenada ele-vada, as plantas deficientes em Mo apresentam clorose generalizada das folhas localizadas a partir do terço médio até o topo da planta (metabolismo e assimilação de N prejudicados pela limitação de Mo). Com o avanço da deficiência de Mo no trigo, as pontas das folhas tornam-se necróticas e secam. Devido aos baixos teores requeridos pela planta, o suprimento de Mo pode ser realizado via aplicação foliar (medida paliativa) e/ou tratamento de semente. Como o Mo é pouco móvel no solo, as adubações devem ser realizadas no sulco de semeadura, para facilitar o contato e a absorção do nutriente pela raiz da planta de trigo. O uso em excesso de Mo deve ser evitado

Figura 17. Sintomas visuais de deficiência de manganês em trigo: (a) clorose internerval que evoluiu para manchas necróticas; (b) clorose internerval nas folhas novas; (c) necrose e secamento das folhas; e (d) aspecto visual da deficiência no campo.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA), Yara United Kingdom e R. Taylor (University of Delaware).

em trigo de duplo-propósito, pois altas concentrações do nutriente no tecido vegetal (> 10 mg kg-1 de Mo na matéria seca) ingerido pelos animais pode causar intoxicação por Mo em ruminantes, denominada molibdenose (SMITH; BROWN; DEUEL, 1987).

3.4.7. Zinco (Zn)As importantes funções metabólicas do Zn nas plantas estão

ligadas à sua alta capacidade de formar complexos tetraédricos com ligantes de N, oxigênio, e particularmente S. Esses complexos fazem com que o Zn participe ativamente como catalisador e agente estrutural de diversas reações enzimáticas na planta (VALLEE; AULD, 1990). A limitação de Zn nos solos com cultivo de trigo ocorre especialmente nas áreas de Cerrado e nos solos com alto pH ou que receberam excesso de adubação fosfatada. A deficiência de Zn afeta severamente o trigo nos estádios iniciais de crescimento e desenvolvimento, sendo que as plantas deficientes apresentam coloração clorótica (clorose internerval por toda a extensão da bai-nha foliar) nas folhas novas; a estatura é baixa, pelo encurtamento

Figura 18. Sintomas visuais de deficiência de molibdênio em trigo: (a) clo-rose das folhas e (b) aspecto das plantas deficientes no campo.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA).

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12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

dos entrenós, e o caule é frágil e fino (Figura 19). Nas folhas mais maduras de trigo, a clorose internerval avança para a formação de lesões necróticas amarronzadas, com margens escuras. Comumente, o agravamento da deficiência de Zn faz a necrose se espalhar no terço médio da bainha, causando o secamento dessa área. O supri-mento de Zn durante o ciclo da cultura do trigo pode ser realizado via aplicação foliar como medida paliativa, sabendo-se que essa aplicação deve ser feita nos estádios iniciais do crescimento da planta para que haja tempo de se reverter total ou parcialmente os efeitos da deficiência. Aplicações em cobertura não são reco-mendadas, devido à pouca mobilidade do elemento no solo. É indispensável que seja realizada a adubação com Zn no sulco de semeadura da cultura subsequente para a elevação dos teores de Zn do solo até o valor adequado. A habilidade do grão de trigo de acumular Zn fez com que esse cereal fosse incluído em diversos programas de biofortificação com o objetivo de enriquecer os ali-mentos derivados do trigo para a melhoria da qualidade nutricional da alimentação humana.

Figura 19. Sintomas visuais de deficiência de zinco em trigo: (a) lesão necrótica com borda amarronzada em folha velha, (b) clorose internerval e necrose inicial nas folhas, (c) necrose e secamento do terço médio das bainhas das folhas e (d) crescimento preju-dicado e clorose nas folhas novas.

Crédito das fotos: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA) e Yara United Kingdom.

4. BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES NA CULTURA DO TRIGO

Conforme relatado no início desse artigo, a cultura do trigo tem grande parte dos custos de produção atribuída aos corretivos e fertilizantes. No entanto, vale a pena enfatizar que esses insumos também são responsáveis por grandes incrementos na produtividade das lavouras tritícolas, seja por propiciar o cultivo do cereal em solos com limitações de fertilidade, seja por suprir as demandas nutricionais da planta, necessárias para expressar seu potencial genético de rendimento de grãos. Nessa equação de ganhos e cus-tos, deve-se buscar práticas de manejo que maximizem a eficiência de uso dos nutrientes, resultando na mais alta produção de trigo possível mediante o mais baixo custo de corretivos e fertilizantes aplicados. A Figura 20 apresenta, de maneira esquemática, algumas

boas práticas agrícolas que podem ser utilizadas com o objetivo de aumentar a eficiência de uso dos corretivos e fertilizantes e garantir a produção satisfatória da cultura do trigo.

O conhecimento do histórico da área e de sua aptidão eda-foclimática para o cultivo do trigo é de suma importância quando se pretende cultivar o cereal em determinado local da propriedade (Figura 20). As áreas de recomendação para plantio do trigo no Brasil são divididas em quatro regiões homogêneas, de acordo com o zoneamento climático da cultura (Figura 21): Região 1 (fria e úmida), Região 2 (moderadamente quente e úmida), Região 3 (quente e moderadamente seca) e Região 4 (quente e seca – Cerrado). Devido às características específicas da planta de trigo (necessidade de frio) e do regime hídrico de cada local, tem-se um potencial de rendimento de grãos da cultura (sem uso de irrigação), decrescente da Região 1 para a Região 4, embora existam cultivares de trigo sele-cionadas e recomendadas para cada um dos ambientes. Analisando a Figura 22 constata-se, pelos dados históricos de mais de 25 anos (safras agrícolas), que as produções de trigo nos locais pertencentes à Região 1 (Vacaria, RS; Campos Novos, SC; Ponta Grossa, PR) geralmente foram maiores, se comparadas às produções de lavouras pertencentes à Região 2 (Santa Rosa, RS; Chapecó, SC; Cascavel, PR) e Região 3 (Dourados, MS). Assim, ao se manejar a adubação da cultura do trigo, deve-se levar em consideração se a resposta pretendida por meio de suprimento de nutrientes não está limitada pelas características intrínsecas ambientais da região de cultivo da planta (zoneamento agrícola).

O planejamento da lavoura requer análise detalhada da área de cultivo. A análise pormenorizada do solo sob plantio direto envolve a coleta de amostras de solo nas camadas superficial (0-10 cm) e subsuperficial (10-20 cm), e uma avaliação visual (ou com equipamentos) das condições físicas do perfil de 0-20 cm de profun-didade. A avaliação física tem o objetivo de verificar a presença de camadas adensadas ou compactadas do solo. A compactação do solo pode ser detectada a campo, com a abertura de uma minitrincheira de 0-20 cm de profundidade no solo e a posterior inspeção da lateral da trincheira com uma faca. Camadas adensadas ou compactadas apresentam resistência à penetração do instrumento cortante (faca). Indícios de compactação também podem ser visualizados na arqui-tetura do sistema radicular das plantas, o qual estará concentrado na camada superficial do solo, e a posição das raízes tenderá à horizontalidade (ângulo reto). Um solo compactado é muito danoso à planta, pois impede que o sistema radicular explore as camadas mais profundas do solo. A exploração da camada mais profunda do solo pelas raízes garante maior teor de água disponível (resistência a limitações hídricas, como seca ou veranico) e aumenta a capaci-dade de absorção de nutrientes e, por consequência, a recuperação e aproveitamento do fertilizante aplicado.

Na análise química do solo deve-se observar cuidadosamente os resultados referentes a pH e à concentração de alumínio (Al), Ca e P, especialmente na camada subsuperficial do solo (10-20 cm). A toxidez por Al, que surge com o pH baixo (< 5,5), afeta severamente o crescimento radicular do trigo (Figura 23), sendo que essas injú-rias nas raízes comprometem a capacidade de absorção de água e nutrientes e causam, na parte aérea da planta, o fenômeno chamado crestamento. Segundo Paiva (1942), crestamento é o conjunto de sintomas visuais que englobam coloração violácea e queima das folhas e definhamento da planta. Além do Al tóxico, baixos teores de Ca e de P não permitem o crescimento das raízes em profundidade, o que prejudica seriamente o estabelecimento da lavoura de trigo.

Nesse contexto, quando uma área destinada ao cultivo do trigo, conduzida sob plantio direto, exibe baixo pH, alto teor de

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Figura 20. Representação esquemática das principais práticas agrícolas a serem empregadas na cultura do trigo visando aumentar a eficiência de uso dos fertilizantes. Abreviação: m = saturação por alumínio da CTC efetiva do solo.

Figura 21. Zoneamento climático para a cultura do trigo no Brasil.Fonte: Cunha et al. (2006).

Al tóxico, baixos teores de Ca e P em subsuperfície associados à compactação do solo e baixa produtividade das culturas (Figura 20), recomenda-se a correção total do solo na profundidade de 0-20 cm mediante a aplicação de corretivos de acidez, com dose recomendada para atingir pH em água = 6,0 em toda a camada, motivo pelo qual o referido corretivo deverá ser incorporado ao solo com equipamento

Figura 22. Rendimento histórico de grãos de trigo em lavouras localizadas nas Regiões 2 e 3 (esquerda) e na Região 1 (direita) de acordo com o zoneamento agroclimático da cultura.

Fonte: Pires, Cunha e Pasinato (2004).

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adequado (arado, grade e outros). O procedimento de incorporação do corretivo na camada de 0-20 cm do solo também deve ser usado quando o agricultor decidir iniciar o sistema plantio direto.

Na ausência de alumínio tóxico na camada superficial do solo, o critério de decisão para a escolha do manejo corretivo do solo na pré-semeadura da cultura do trigo deve ser a presença de compactação no solo e de gradiente de fertilidade (teores do nutriente muito altos na superfície e muito baixos na subsuperfície). Assim, não havendo compactação e gradiente de fertilidade na camada de 0-20 cm, opta-se por corrigir a acidez do solo mediante a adição dos corretivos na superfície do solo. Por outro lado, caso exista compactação ou gradiente acentuado de fertilidade (especialmente de P) na referida camada, deve-se utilizar práticas mecânicas, como escarificação ou uso de semeadoras equipadas com facões sulcadores, para descompactar parcialmente o solo e deslocar nutrientes (adubos) e corretivos de acidez para as camadas subsuperficiais do solo.

Idealmente, ações de manejo que visam a melhoria das carac-terísticas químicas e físicas do solo devem ser acompanhadas por práticas de conservação de solo e de água, como o terraceamento (Figura 24), no intuito de reduzir as perdas de solo e de nutrientes. A falta de cuidado com práticas conservacionistas de água e solo faz com que se perca, por meio de enxurradas originárias de chuvas torrenciais típicas de clima tropical e subtropical, parte considerável dos fertilizantes e corretivos aplicados nas lavouras de todo o Brasil (Figura 25). Tal processo é duplamente danoso, pois se perde parte

Figura 23. Toxidez de alumínio em trigo: (a) sintomas de crestamento no campo e (b) injúrias e atrofiamento do sistema radicular com o aumento da concentração do elemento no meio.

Fonte: Department of Agriculture and Food, Western Australia (DAFWA) e Washington State University.

da fertilidade construída do solo e se contamina os mananciais de água com nutrientes oriundos das lavouras.

Após as ações de correção do solo (Figura 20), iniciam-se as práticas relacionadas diretamente ao manejo da cultura do trigo. A adubação deve ser realizada seguindo rigorosamente a análise de solo e a expectativa de rendimento da cultivar esco-lhida. Recomenda-se adicionar somente o nutriente limitante detectado na análise química de solo. É importante lembrar que a interpretação dos teores de nutrientes, expressos no laudo de análise química do solo, quanto ao nível de fertilidade de cada elemento no solo, deve ser realizada com base nos manuais ou indicações técnicas para adubação e calagem específicos para distintas regiões do país.

A expectativa de rendimento da cultivar determina a quanti-dade de nutrientes a ser suprida. Novamente, deve-se salientar que esse potencial de rendimento da cultivar de trigo é dependente do fator local (condições edafoclimáticas). Além da adubação de manutenção, para rendimento superior a 3.000 kg ha-1, adiciona-se 20-30 kg ha-1 de N, 15 kg ha-1 de P2O5 e 10 kg ha-1 de K2O por tonelada adicional de grãos a ser produzida (CQFS-RS/SC, 2004).

De modo geral, a adubação NPK e micronutrientes é reali-zada no sulco de semeadura e o suprimento de N é complementado com duas aplicações em cobertura: uma na fase de perfilhamento e a outra na fase de alongamento do colmo (Figura 5 e Figura 20). Quando altas doses de N são requeridas e a cultivar de trigo utilizada é suscetível ao acamamento, recomenda-se a aplicação de produtos

Figura 24. Práticas de manejo e conservação do solo e da água: (a) cons-trução de terraço e (b) área com terraceamento estabelecido.

Crédito das fotos: Fabiano Daniel de Bona e José Eloir Denardin (Embrapa Trigo).

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 15

Figura 25. Evidências da erosão hídrica em lavouras manejadas sem prá-ticas adequadas de conservação do solo e da água.

Crédito da foto: José Eloir Denardin (Embrapa Trigo).

Figura 26. Acamamento da cultura do trigo.Crédito da foto: John Eveson (http://johneveson.photoshelter.com/image/I00008tKo6g3j35c).

reguladores de crescimento à base de hormônios vegetais no início do afilhamento, o que deixará a planta com estatura mais baixa e menos propensa ao acamamento (Figura 26).

O monitoramento das práticas de manejo de solo e da cul-tura pode ser realizado por meio da análise foliar do trigo. Embora seja complementar à análise de solo, a avaliação da nutrição da planta por meio da análise do tecido vegetal é o indicador-mestre de todas as práticas realizadas na lavoura e reflete a interação solo- planta-atmosfera. Na planta de trigo, a análise foliar é realizada

Figura 27. Folha-bandeira da cultura do trigo na fase de florescimento/antese – ponto ideal para coleta do tecido vegetal para a aná-lise foliar.

Crédito da foto: Dave Mengel (K-State Research and Extension).

coletando-se amostras de folhas-bandeira da cultura na fase de florescimento/antese (Figura 27). Geralmente, coletam-se de 40 a 50 folhas-bandeira de forma aleatória na lavoura, as quais devem ser enviadas a um laboratório credenciado e certificado para a realização de análises de tecido vegetal.

As boas práticas de manejo do solo preconizam que, após a colheita do trigo, deve-se semear na área o mais rapidamente possível uma nova cultura agrícola, de forma a reduzir o tempo que o solo fica exposto (sem plantas) à chuva e à erosão hídrica (Figura 25). A diversificação de culturas deve ser realizada nas lavouras em que se cultiva trigo no inverno, especialmente com espécies que possuam vasto e vigoroso sistema radicular, pois a planta de trigo tem pouca massa radicular (Figura 28) para adicionar matéria orgânica diretamente na matriz do solo, o que aumenta a probabilidade de adensamento e compactação do solo.

Figura 28. Sistema radicular de diversas culturas agrícolas aos 60 dias após a germinação.

Crédito da foto: José Eloir Denardin (Embrapa Trigo).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fatos demonstram que grande parte do território brasileiro possui características propícias de clima e de solo para a ampla expansão da área cultivada com trigo. Sob o ponto de vista da

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nutrição da cultura, conclui-se que as melhores e mais responsivas tecnologias para o aumento da eficiência de uso dos nutrientes estão relacionadas aos processos adequados de manejo nutricional das plantas. Esses processos devem ser fundamentados no conhecimento do potencial climático da região escolhida para o plantio do cereal, em práticas de manejo do solo visando adequar e/ou manter carac-terísticas químicas e físicas satisfatórias para o bom desempenho da cultura, no manejo conservacionista do solo, e no suprimento das demandas nutricionais do trigo com a aplicação correta do nutriente limitante, na dose certa, no local certo e no momento certo do ciclo de crescimento e desenvolvimento da planta.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 17

USO DE CORRETIVOS GRANULADOSNA AGRICULTURA

Eduardo Fávero Caires1

Helio Antonio Wood Joris2

Abreviações: Al = alumínio; Ca = cálcio; CaO = óxido de cálcio; CO2 = gás carbônico; CaCO3 = carbonato de cálcio; H2O = água; HCO3- = íon bicarbonato;

MAPA = Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Mg = magnésio; MgCO3 = carbonato de magnésio; MgO = óxido de magnésio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; N = nitrogênio; P = fósforo; PN = poder de neutralização; PRNT = poder relativo de neturalização total; RE = reatividade; S = enxofre; SFS = superfosfato simples; SFT = superfosfato triplo.

1 Professor Associado do Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, Ponta Grossa, PR, Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq; e-mail: [email protected]

2 Professor Adjunto do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade, Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, Ponta Grossa, PR, Ex-bolsista de Pós-Doutorado da CAPES – Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UEPG; e-mail: [email protected]

1. INTRODUÇÃO

A acidez do solo limita a produção agrícola em consi-deráveis áreas do mundo. Os maiores problemas de fertilidade dos solos tropicais são a falta de fósforo

(P) e a acidez excessiva. A deficiência de cálcio (Ca) e a toxidez provocada por alumínio (Al) e manganês (Mn) são os fatores que mais têm causado limitação na produtividade das culturas em solos ácidos de regiões tropicais e subtropicais.

Os problemas gerados pela acidez dos solos são comumente corrigidos por meio da aplicação de calcário. A calagem reduz ou elimina os efeitos tóxicos de Al e Mn, aumenta a disponibilidade de nitrogênio (N), P, Ca, magnésio (Mg), enxofre (S) e molibdênio (Mo) no solo e também aumenta a atividade microbiana. A calagem pode ser considerada a prática que mais contribui para o aumento da eficiência do uso de fertilizantes. Mesmo assim, tal prática tem sido, muitas vezes, negligenciada, sendo empregadas quantidades de calcário insuficientes para promover adequada correção da acidez e aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. Isso tem ocorrido de forma ainda mais generalizada com o crescimento da área cultivada em sistema plantio direto no Brasil.

A calagem é um investimento realizado na busca de máximo retorno econômico por meio da utilização de um corretivo que seja eficiente e traga benefícios para o solo e para a produtividade das culturas. Devido a problemas de ordem logística e também relacio-nados à aplicação dos corretivos da acidez, tem crescido o interesse pela utilização de produtos granulados na agricultura. Produtos à base de carbonatos, silicatos e óxidos de Ca e Mg, associados ou não a sulfato de Ca (gesso agrícola), na forma granulada, têm surgido no mercado, gerando facilidades de transporte, manuseio e distri-buição. A maior parte desses produtos tem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como fertili-zantes minerais simples ou mistos, os quais podem disponibilizar Ca, Mg ou S, dependendo de sua composição, quando aplicados a lanço ou no sulco de semeadura. Porém, como esses produtos são formulados com componentes de corretivos da acidez, por vezes, eles têm sido utilizados na agricultura como alternativa ao calcário agrícola para melhorar as condições de acidez do solo. Os produtos

são variados e originários de diferentes processos de granulação. O corretivo peletizado contém calcário finamente moído compactado em grânulos por um agente de ligação à base de lignina, o que permite distribuição uniforme e mais precisa do material, evitando problemas de poeira no manuseio. Como o calcário peletizado e outros corretivos granulados têm um custo bem mais elevado em relação às fontes convencionais, em várias situações tais produtos têm sido comercializados como sendo muito mais eficazes do que o calcário agrícola, isto é, necessitando de doses bem mais baixas para corrigir a acidez do solo em relação às fontes convencionais. Será isso verdadeiro? O que, de fato, se conhece sobre esse assunto?

Nesse trabalho são discutidos aspectos relacionados à efi-ciência do uso de corretivos granulados na correção da acidez do solo, mediante uma abordagem dos estudos realizados sobre esse tema, com aplicações a lanço e no sulco de semeadura.

2. ENTENDENDO A CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO

Os corretivos da acidez do solo mais utilizados na agricul-tura são as rochas calcárias moídas, constituídas por misturas de minerais, como a calcita e a dolomita, que contêm, em suas compo-sições, carbonatos de cálcio (CaCO3) e/ou de magnésio (MgCO3). São menos utilizadas as rochas calcárias calcinadas, que contêm óxidos de cálcio (CaO) e de magnésio (MgO), compostos bem mais solúveis que os carbonatos (QUAGGIO, 1986). Os silicatos de Ca e de Mg também podem ser utilizados como corretivos da acidez.

A pequena dissolução dos carbonatos (CaCO3 e MgCO3), que ocorre em presença de água (H2O) e de gás carbônico (CO2), é suficiente para desencadear uma série de reações, representadas a seguir, que resultam na neutralização da acidez do solo:

CaCO3 + H2O Ca2+ + HCO3– + OH–

MgCO3 + H2O Mg2+ + HCO3– + OH–

H+ + OH– H2O

H+ + HCO3– H2O + CO2

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18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

A hidroxila (OH–) reage com o íon H+ da solução do solo, formando água. O bicarbonato (HCO3

–) reage também com o H+, originando CO2 e H2O. Dessa forma, a reação desloca-se para a direita, enquanto houver íons H+ em solução. Deve-se lembrar que a acidez ativa em solução está em equilíbrio com a acidez potencial (H + Al). Isso permite que a acidez potencial do solo seja grada-tivamente neutralizada, inclusive o íon Al3+, que é precipitado na forma de Al(OH)3 (RAIJ, 1991).

É importante destacar que a neutralização da acidez ocorre pela presença dos ânions (OH– e HCO3

–), que são receptores de prótons, sem os quais a eliminação da acidez não seria possível. Os íons Ca2+ e Mg2+ ocuparão o lugar dos cátions com caráter ácido (H e Al) no complexo de troca catiônica do solo. A neutralização da acidez potencial do solo ocorre na proporção de 1 t ha-1 de CaCO3 para cada 10 mmolc dm-3 de H + Al, na camada de 0-20 cm.

A neutralização da acidez deve levar em conta o conteúdo de neutralizantes do corretivo e, no caso de rochas calcárias moídas, a granulometria. Assim, a avaliação da eficiência dos calcários tem sido feita com base no poder relativo de neutralização total (PRNT), índice que congrega o poder de neutralização (PN), em função do conteúdo de neutralizantes equivalente em CaCO3, e a reatividade (RE), que depende da granulometria, de acordo com a expressão:

BATAGLIA, 1982; MORELLI et al., 1992; OLIVEIRA; PARRA; COSTA, 1997), em cultivos perenes estabelecidos (CHAVES; PAVAN; IGUE, 1984; PAVAN, 1994; SILVA et al., 2007) e no sistema plantio direto (OLIVEIRA; PAVAN, 1996; CAIRES; BAN-ZATTO; FONSECA, 2000; CAIRES et al., 2008, 2015).

3. CONHECENDO A EFICIÊNCIA DOS CORRETIVOS GRANULADOS

Como os corretivos da acidez constituídos de partículas mais finas possuem maior RE, eles apresentam maior velocidade de reação no solo. A velocidade de reação é muito importante para os agricultores que buscam maior retorno de seu investimento. Porém, a desvantagem da utilização de partículas muito finas de calcário consiste na dificuldade de sua aplicação no solo. Na forma peletizada (calcário finamente moído compactado em grânulos), o corretivo é protegido da deriva do vento, o que permite distribuição mais uni-forme e eficiente. A propriedade mais atraente do calcário peletizado é que ele pode ser espalhado uniformemente com precisão, utilizando equipamento convencional de distribuição, tornando-se uma opção mais conveniente para os agricultores. Aglutinantes sintéticos, tais como lignossulfonatos, mantém os grânulos finamente moídos juntos, os quais se dissolvem em contato com a água da chuva ou solução do solo, rompendo-se por solubilização ou ação microbiana. Os grânulos são resistentes o suficiente para resistir ao transporte, e o mínimo de poeira é criado com a sua distribuição.

O calcário peletizado, quando usado nas doses recomenda-das, tem um custo proibitivo porque ele é bem mais caro do que o calcário agrícola convencional. Sendo assim, alguns produtores têm considerado o uso de 200 a 400 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado, a lanço ou no sulco de semeadura, como uma alternativa de mais baixo custo para a sua aplicação. Embora as pesquisas sobre esta prática sejam limitadas, especialmente no Brasil, estudos publicados têm demonstrado que o uso de calcário peletizado em quantidades inferiores à necessidade de calagem não neutraliza a acidez do solo para os níveis desejados e resulta apenas em ligeiras alterações no pH do solo (PIERCE; WARNCKE, 2000; GODSEY et al., 2007; LENTZ et al., 2010; HIGGINS; MORRISON; WATSON, 2012; LOLLATO; EDWARDS; ZHANG, 2013).

A velocidade de reação do calcário peletizado foi avaliada em um estudo realizado na Universidade do Kentucky (EUA). Quando aplicado na mesma equivalência de conteúdo de neutrali-zantes, o calcário peletizado reagiu mais lentamente do que qual-quer outra rocha calcária moída estudada (MURDOCK, 1997). As investigações sobre as possíveis causas desse efeito são limitadas, mas um atraso na quebra da ligação do lignosulfonato foi dado como uma possível explicação (MURDOCK, 1997). O agente de ligação é fundamental quando se considera a taxa de reatividade dos correti-vos peletizados. Em um estudo em laboratório, o calcário peletizado não reagiu tão rapidamente quanto o calcário agrícola convencional devido à insolubilidade do agente de ligação (WARNCKE; PIERCE, 1997). Apesar do pequeno tamanho das partículas dos corretivos, o agente de ligação pode afetar negativamente a solubilidade do grânulo, retardando a sua velocidade de reação no solo.

Em outro estudo realizado na Irlanda do Norte, Higgins, Morrison e Watson (2012) verificaram que não houve diferença na velocidade de reação do calcário peletizado quando comparada à do calcário agrícola convencional, a partir da mesma fonte. Além disso, a aplicação de pequenas quantidades de calcário peletizado anual-mente (175, 350 e 525 kg ha-1 ano-1) em uma pastagem permanente, utilizada para produção de silagem, não se mostrou uma alternativa

PN x RE 100

PRNT (%) =

O PN indica o potencial químico do corretivo em neutra-lizar a acidez, ao passo que a RE indica a velocidade de ação do corretivo na correção da acidez do solo. O cálculo admite uma correção para o PN do corretivo conforme a granulometria, sendo atribuída eficiência zero para o material retido na peneira ABNT no 10 (2 mm), 20% para o material retido na peneira ABNT no 20 (0,84 mm), 60% para o material retido na peneira ABNT no 50 (0,30 mm) e 100% para o material que passa na peneira ABNT no 50. A adequada interpretação do PRNT é fundamental para a avaliação da eficiência técnica dos corretivos da acidez, lembrando que partículas finas de calcário conferem maior RE, indicando maior velocidade de ação do corretivo na correção da acidez do solo, porém menor efeito residual. O aumento do PRNT dos corretivos pode ser obtido pela moagem mais fina ou pela calcinação (transformação de carbonatos em óxidos ou hidróxidos): no primeiro caso, ocorre somente aumento na RE e, no segundo, ocorre aumento de PN e RE. Por isso, em geral, quanto maior o PRNT, maior será a RE do corretivo. Mas será que o PRNT constitui uma avaliação absoluta da eficiência de um corretivo? O conceito de eficiência está ligado à lucratividade, isto é, o corretivo mais eficiente é aquele que propor-ciona maior lucro ao produtor. Para isso, é necessário levar em conta aspectos técnicos e econômicos (ALCARDE, 2005).

Por causa da baixa solubilidade dos carbonatos (CaCO3 e MgCO3), recomenda-se que o calcário seja distribuído de modo uni-forme em área total sobre a superfície do solo, e que suas partículas sejam intimamente misturadas com o solo para aumentar a superfície de contato e a sua ação neutralizante. A ação do calcário é sempre mais acentuada no local de sua aplicação no solo. A neutralização da acidez do subsolo é dificultada pelo aumento da retenção de cátions, que ocorre em função da geração de cargas elétricas variáveis negativas com a elevação no pH do solo. Entretanto, dependendo da dose de calcário empregada, do tempo de reação, das condições de clima e de manejo do solo, a calagem pode ter efeito também em camadas mais profundas do solo, conforme constatado em vários trabalhos realizados em sistema convencional de cultivo anual e semiperene (CAIRES; ROSOLEM, 1993; QUAGGIO; MASCARENHAS;

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 19

rentável durante o período de três anos. Os autores comentam, nesse estudo, que o custo global da aplicação de pequenas quantidades anuais de calcário peletizado seria consideravelmente maior do que aquele obtido com uma única aplicação, em dose mais elevada, de calcário agrícola convencional, a cada 8-10 anos.

Na região do Corn Belt americano, um estudo foi realizado para avaliar a capacidade de neutralização da acidez do solo por meio da utilização de baixas doses de calcário peletizado em comparação com o uso de calcário agrícola convencional (LENTZ et al., 2010). Verificou-se que a incorporação de doses de calcário abaixo da necessidade de calagem não elevou o pH do solo (0-15 cm) ao nível desejado (6,8), independentemente da fonte de calcário empregada (Figura 1). Além disso, o calcário agrícola convencional apresentou reação mais rápida no solo do que o calcário peletizado. A aplicação de calcário peletizado em dose baixa proporcionou produtividades de milho semelhantes às do tratamento controle (sem calagem). Os resultados desse estudo revelaram que a aplicação de baixas doses de calcário não corrige adequadamente a acidez do solo, e que a aplicação de calcário peletizado não neutraliza a acidez de forma mais rápida do que o calcário agrícola convencional. É muito improvável que a aplicação de qualquer corretivo da acidez (peletizado ou não) abaixo da necessidade de calagem proporcione a mudança desejada no pH do solo. Esse estudo é um exemplo do risco que o produtor corre ao aplicar calcário em uma dose consideravelmente mais baixa do que a recomendada. Esse risco é ainda maior quando se utiliza calcário granulado, que pode não reagir tão rapidamente quanto o calcário agrícola convencional.

Em um trabalho recente e bastante minucioso, Lollato, Edwards e Zhang (2013) avaliaram, de forma inédita, a distribuição espacial do pH no perfil do solo após a aplicação de calcário agrícola convencional incorporado (2,25 e 4,50 t ha-1) e de calcário peletizado no sulco de semeadura (225 e 450 kg ha-1 ano-1). As alterações no pH do solo pela aplicação de calcário peletizado no sulco ficaram

restritas a uma região de, aproximadamente, 1,27 cm em torno do grânulo, enquanto a aplicação de calcário agrícola aumentou o pH em toda a profundidade incorporada (Figura 2). A falta de difusão do calcário peletizado ficou evidente quando foram abertas trincheiras no perfil do solo e os grânulos puderam ser vistos no mesmo local onde foram aplicados, aproximadamente 220 dias após a aplicação (Figura 3). Nesse estudo, o crescimento do trigo nas parcelas com calcário peletizado não foi diferente do tratamento controle, indicando que não houve nenhuma vantagem do uso de calcário peletizado no sulco de semeadura para a correção da acidez do solo. Os resultados desse trabalho mostraram que a aplicação de calcário peletizado no sulco comporta-se como grandes grânulos de calcário, ocasionando melhoria no pH do solo somente ao redor do local de sua aplicação.

Como a magnitude de alteração no pH do solo é uma função da quantidade de calcário aplicada, pequenas alterações no pH do solo causadas pela aplicação anual de doses baixas de calcário granulado têm sido documentadas na literatura. Higgins, Morrison e Watson (2012), por exemplo, mostraram que a aplicação de 175, 350 e 525 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado resultou numa média de aumento no pH do solo de 0,07; 0,09 e 0,25 unidades, respec-tivamente, aproximadamente 21 meses após a aplicação. Lollato, Edwards e Zhang (2013) verificaram que a aplicação de 225 e 450 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado aumentou o pH do solo em 0,10 e 0,18 unidades, respectivamente, no primeiro ano do estudo. No entanto, a vantagem da aplicação de calcário peletizado no sulco, em relação ao tratamento controle, desapareceu nos anos seguintes, provavelmente devido aos efeitos localizados da aplicação no sulco. Em outro estudo realizado com os calcários granulados de conchas, com ou sem gesso agrícola, e dolomítico, no sulco de semeadura em sistema plantio direto, Escosteguy et al. (2015) observaram que os corretivos granulados, na dose calculada para fornecer 83 kg ha-1 de Ca, aumentaram o pH do solo na ordem de 0,36 unidades, entre 40 e 50 dias após a aplicação, independentemente da fonte.

pH d

o so

lo

Calcário (t ha-1)

Figura 1. Efeito de doses de calcário agrícola convencional ( ) e de calcário peletizado ( ) no pH do solo, depois de 20, 40, 60, 140, 200 e 500 dias da aplicação.

Fonte: Adaptada de Lentz et al. (2010).

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20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

Figura 2. Distribuição do pH ao longo do perfil do solo em junho de 2011 e junho de 2012 em função de estratégias de correção da acidez do solo (* P < 0,05 e *** P < 0,001).

Fonte: Lollato, Edwards e Zhang (2013).

Junho 2011 Controle Junho 2012 Controle

225 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado 225 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado

450 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado 450 kg ha-1 ano-1 de calcário peletizado

2,25 t ha-1 de calcário agrícola convencional 2,25 t ha-1 de calcário agrícola convencional

4,50 t ha-1 de calcário agrícola convencional 4,50 t ha-1 de calcário agrícola convencional

pH do solo

5,0

5,0-6,0

6,0

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 21

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os trabalhos documentados na literatura mostram de forma bastante clara três aspectos importantes quando o intuito é corrigir a acidez do solo de forma adequada por meio do uso de corretivos agrícolas:

(i) O calcário não é um produto para ser aplicado no sulco de semeadura devido à baixa solubilidade dos corretivos da acidez. O calcário deve ser distribuído uniformemente em área total e misturado ao solo para aumentar a superfície de contato e a ação dos neutralizan-tes. No caso do sistema plantio direto, o calcário deve ser incorporado no solo, na camada mais profunda possível, no estabelecimento do sistema e, depois disso, a calagem deve ser feita na superfície, sem incorporação, adotando-se critérios de recomendação adequados para a estimativa da dose e a frequência de aplicação.

(ii) O calcário peletizado (calcário finamente moído com-pactado em grânulos), quando utilizado nas doses recomendadas, tem um custo proibitivo porque é bem mais caro do que o calcário agrícola convencional e não apresenta reação mais rápida do que qualquer outra rocha calcária moída de boa qualidade.

(iii) A aplicação de qualquer corretivo da acidez (granulado ou não) abaixo das doses recomendadas não proporciona adequada correção da acidez do solo e pode comprometer a produtividade das culturas.

A aplicação de produtos granulados à base de gesso agrícola em doses relativamente baixas (200 a 400 kg ha-1) deve se limitar ao fornecimento de Ca e S para as plantas, pois não se devem esperar efeitos na melhoria das condições químicas do subsolo com a sua aplicação em curto prazo. Os efeitos da adição de baixas doses de gesso agrícola granulado em longo prazo ainda não foram estuda-dos e, portanto, não são conhecidos. Como o P é o nutriente mais empregado na adubação de plantas em solos tropicais, em decorrência da carência em P e da alta capacidade de adsorção de P dos solos altamente intemperizados, cabe aqui uma reflexão sobre a viabilidade

econômica de se utilizar, na adubação, gesso agrícola granulado ao invés de superfosfato simples (que contém gesso em sua composição). Destaca-se que o trabalho pioneiro que deu início aos estudos sobre o uso de gesso para a melhoria do subsolo ácido no Brasil foi plane-jado, inicialmente, para comparar fontes de P [superfosfato simples (SFS) e superfosfato triplo (SFT)] na região do Cerrado (RITCHEY et al., 1980). Nesse estudo, durante um período de estresse hídrico, os pesquisadores observaram que as plantas de milho adubadas com doses elevadas de SFS apresentaram desenvolvimento muito melhor e estavam muito mais vigorosas do que aquelas adubadas com doses baixas de SFS ou com qualquer dose de SFT. A abertura de tricheiras seguida de análises químicas em diferentes camadas no perfil do solo revelou a presença de maior teor de Ca, menor concentração de Al e maior quantidade de raízes nas camadas mais profundas do solo, nas parcelas que haviam recebido as mais altas doses de SFS. Assim, é possível que o uso continuado de doses relativamente altas de SFS possa ocasionar melhoria no ambiente radicular do subsolo em longo prazo, especialmente em solos tropicais ou subtropicais com baixa capacidade de troca catiônica.

REFERÊNCIASALCARDE, J. C. Corretivos da acidez dos solos: características e interpretações técnicas. São Paulo: ANDA, 2005. 24 p. (Boletim Técnico, 6)

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GODSEY, C. B.; PIERZYNSKI, G. M.; MENGEL, D. B.; LAMOND, R. E. Changes in soil pH, orga-nic carbon, and extractable aluminum from crop rotation and tillage. Soil Science Society of America Journal, v. 71, p. 1038-1044, 2007.

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LENTZ, E. M.; DIEDRICK, K. A.; DYGERT, C. E.; HENRY, D. C.; MULLEN, R. W. Soil pH and corn grain yield response to low rates of pelletized lime and typical aglime. Journal of the NACAA, v. 3, p. 1-4, 2010.

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MORELLI, J. L.; DALBEN, A. E.; ALMEIDA, J. O. C.; DEMATTÊ, J. L. I. Calcário e gesso na produti-vidade da cana-de-açúcar e nas características químicas de um Latossolo de textura média álico. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 16, p. 187-194, 1992.

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WARNCKE, D. D.; PIERCE, F. J. Pelletized lime reacts slower than dolomitic aglime. Crop and Soil Sciences Newsletter, v. 23, p. 4-6, 1997.

Figura 3. Trincheiras abertas em junho de 2011 (A) e junho de 2012 (B) mostrando a falta de difusão do calcário peletizado ao longo do perfil do solo, com grânulos visíveis e praticamente não modi-ficados após aproximadamente 220 dias da aplicação.

Fonte: Lollato, Edwards e Zhang (2013).

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22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

DIVULGANDO A PESQUISA

ADUBAÇÃO NITROGENADA EM COBERTURA PARA O CULTIVO DE MILHO COM ALTO POTENCIAL PRODUTIVO EM

SISTEMA DE PLANTIO DIRETO DE LONGA DURAÇÃO 1Eduardo Fávero Caires, 2Robert Milla. Bragantia, Campinas, v. 75, n. 1, p. 87-95, 2016.

1 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Agrícola, Ponta Grossa (PR).2 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Curso de Agronomia, Ponta Grossa, PR.

A intensificação da produção para elevar a produti-vidade de milho tem aumentado a demanda por fertilizantes nitrogenados. Com o objetivo de ava-

liar a acidificação do solo e definir as doses de máxima eficiência técnica (MET) e econômica (MEE) de N-ureia em cobertura para obtenção de alta produtividade de milho, realizou-se um experi-mento no município de Candói (PR), em um Latossolo Vermelho de textura argilosa sob plantio direto de longa duração (30 anos). Os tratamentos, dispostos em blocos ao acaso com 4 repetições, constaram de 5 doses de nitrogênio (N), na forma de ureia: 0, 90, 180, 270 e 360 kg ha-1, aplicadas em cobertura no estádio de desenvolvimento V4. O milho, híbrido P1630, foi cultivado após aveia-preta, em 2012, com 65 kg ha-1 de N na semeadura.

Conclusões:• A aplicação de 100 kg ha-1 de N, na forma de ureia,

reduziu o pHCaCl2, os teores de Ca2+ + Mg2+ trocáveis, a capacidade de troca de cátions (CTC) efetiva e a saturação por bases do solo.

• Os teores de N nas folhas e nos grãos, a altura das plantas e da inserção da espiga, o número de grãos por fileira, a massa de grãos por espiga, a massa de 1.000 grãos e a exportação de N pelos grãos de milho aumentaram linear-mente com as doses de N em cobertura. Embora a maior estatura das plantas possa favorecer o seu acamamento, no presente estudo não ocorreu acamamento das plantas com as doses de N aplicadas.

• A produtividade de milho aumentou com as doses de N, de acordo com o modelo Linear Response Plateau (Figura 1). A dose de 209 kg ha-1 de N em cobertura proporciona máxima eficiência técnica e econômica para produtividade de 19,6 t ha-1 de milho, cultivado após aveia-preta, em sistema plantio direto de longa duração. Tomando-se como base os preços médios da região de Candói (PR) dos últimos 5 anos, de R$ 2.640,00 por t de N-ureia e R$ 338,20 por t de grãos de milho, o retorno econômico com a adubação nitrogenada seria de R$ 2,50 por kg N por hectare aplicado em cobertura até a dose de 209 kg ha-1, resultando numa receita líquida de R$ 522,50 por ha com a aplicação da dose que ocasionou maior produtividade (209 kg ha-1).

• Considerando-se a produtividade relativa (PR) de 100% para a máxima produtividade de grãos alcançada com a

dose de 209 kg ha-1 N em cobertura (19,6 t ha-1), a PR de 95% (18,6 t ha-1) seria obtida com a dose de 144 kg ha-1 de N em cobertura. De acordo as equações ajustadas para concentração de N nas folhas e nos grãos de milho em fun-ção das doses de N empregadas em cobertura, é possível inferir que as concentrações de N nas folhas e nos grãos de milho seriam de 23,8 e 14,0 g kg-1, respectivamente, para PR de 100%, e de 22,8 e 13,1 g kg-1, respectivamente, para PR de 95%. Admitindo-se o intervalo de suficiência nutricional entre 95 e 100% da PR, a faixa adequada de teores de N para altos tetos de produtividade de grãos de milho seria de 22,8 a 23,8 g kg-1 nas folhas e de 13,1 a 14,0 g kg-1 nos grãos.

Figura 1. Produtividade de grãos (a) e exportação de N pela cultura do milho (b), considerando-se as doses de N, na forma de ureia, aplicadas em cobertura no sistema plantio direto. As doses de N foram aplicadas no estádio V4 de desenvolvimento da cultura do milho. **p < 0,01.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 23

EM DESTAQUE

IPNI NO CONGRESSO VIRTUAL BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO

Dr. Luís Prochnow, Diretor do IPNI Brasil, foi um dos prin-cipais oradores no Congresso Virtual Brasileiro de Ciência do Solo. O foco de sua palestra foi o uso eficiente de fósforo na agricultura. Este tema tem recebido muita atenção ultimamente no Brasil, especialmente quando relacionado à localicação de fertilizantes. Ele também apresentou dois webinars para consultores agrícolas da COPACOL, Cooperativa Agropecuária de prestígio localizada no estado do Paraná. Igualmente, a palestra abordou a localização adequada de P no solo.

NITROGÊNIO E POTÁSSIO EM ALGODOEIRO ADENSADO

Informações sobre o manejo de fertilizantes em sistema de cultivo de algodoeiro adensado são escassas no Brasil. Estu-dos são necessários para melhorar o manejo de nutrientes em tal sistema. Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, em conjunto com pesquisadores da Fundação MT, apresentaram os resultados de uma pesquisa realizada para avaliar os efeitos da aplicação de nitrogênio e potássio na produtividade e qualidade da fibra de algodão cultivado em sistema adensado. Em experimento de campo, conduzido por 3 anos, foram utilizadas quatro doses de N e K e um tratamento controle, não fertilizado, e analisados os parâmetros de produção e qualidade da fibra de algodão. Observou-se, no sistema de cultivo adensado, que o rendimento de algodão em pluma foi positivamente afetado pelas aplicações de N e K. Em relação às aplicações de K, a produção de algodão não dependeu das doses de N. A aplicação de K aumentou o índice micronaire e a resistência da fibra, enquanto as altas doses de N reduziram a sua resistência.

IPNI NA NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA EM RONDÔNIA

Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI, percorreu a nova fronteira agrícola no estado de Rondônia em companhia do Dr. Anderson Bergamin, parceiro local e professor da Unir, em visita a propriedades dedicadas à produção de soja, milho e arroz. “Alguns dos agricultores já são produtores de grãos há algum tempo e outros estão na atividade há menos de 5 anos, contudo, todos enfrentam os mesmos desafios como pioneiros em uma nova fronteira agrícola, procurando desenvolver sistemas de cultivo sustentáveis em suas propriedades”, disse Dr. Francisco. “Eles estão ávidos por informações sobre pesquisas locais a respeito não só do manejo de nutrientes, mas também sobre o manejo das culturas como um todo”. As atividades do IPNI em Rondônia estão focadas na difusão de informações acerca do manejo eficiente de nutrientes e das práticas agrícolas susten-táveis. Durante a visita, Dr. Francisco ministrou palestra sobre o manejo de nutrientes em sistema de produção soja/milho em Rolim de Moura, Rondônia.

Dr. Eros Francisco com produtor de soja em Rondônia.

DIAS DE CAMPO PARA PRODUTORES DE MILHO E SOJA

Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, par-ticipou de dias de campo realizados no estado do Maranhão, dirigidos a produtores regionais de soja e milho. O evento foi organizado pela i9 Consultoria. Dr. Casarin discutiu as questões técnicas sobre nutrição vegetal junto aos participantes, focando principalmente os temas: adubação nitrogenada para a soja, aplicação superficial de fósforo e preparação adequada do solo. Um problema grave observado nas lavouras foi o efeito do déficit hídrico, devido à pouca pluviosidade, o que proporcionou redu-ções na produção de soja na ordem de 30% a 50%. A estação seca também resultou em graves ataques de pragas na lavoura.

Dr. Casarin em dia de campo de soja, avaliando os resultados da região.

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24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

IPNI EM DIA DE CAMPO DE CAFÉ

Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, participou do dia de campo realizado na Fazenda Movimento, localizada no município de Areado, Minas Gerais. Dra. Athena Birkenberg, da Universidade de Hohenheim, Alemanha, iniciou as atividades com uma palestra sobre sistemas de sequestro de carbono em fazendas produtoras de café. A pesquisa está sendo desenvolvida no Brasil. Mais tarde, os participantes visitaram a Fazenda, onde o café é cultivado em consórcio com a bra-quiária. Esta gramínea fornece grandes benefícios ao sistema como auxiliar no aumento da produtividade do cafeeiro e na melhoria das condições físicas do solo, devido ao seu extenso sistema radicular e alto sequestro de carbono, além de promover maior qualidade do café. Por meio dessa técnica de manejo, o produtor tem reduzido as doses de alguns nutrientes, herbici-das e pesticidas. Também estiveram presentes no dia de campo os engenheiros agrônomos Luiz Fernando Ribeiro de Lima (proprietário), Homero Vieira (Assistência Técnica e Extensão Rural), Eduardo Sampaio (UTZ Certified, representante no país) e Mariana Del Guerra, consultora independente, interessada na classificação do café quanto à qualidade decorrente da nutri-ção e do processamento. Del Guerra está usando a técnica da condutividade elétrica em café verde para medir a integridade física dos grãos em relação ao clima e à nutrição das culturas.

Dia de Campo de Café: vista do cafezal em consórcio com a braquiária.

MANEJO DE NITROGÊNIO E FÓSFORO EM PASTAGENS EM RONDÔNIA

Dr. Eros Francisco, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, ministrou palestra sobre adubação nitrogenada e fosfatada de pastagens a alunos do curso de Agronomia da Universidade Federal de Rondônia. “O estado de Rondônia é um importante produtor de carne bovina destinada ao consumo interno no Brasil. O estado abriga o sexto maior rebanho bovino do país e uma grande extensão de terra é usada para pastagem”, disse Dr. Fran-cisco. Dentre os estudantes, vários vivem em fazendas ou têm relação direta com os produtores, porém, nem sempre estão cons-cientes do importante papel da nutrição de plantas no aumento da produção de carne bovina, ou não têm conhecimento sobre como manejar adequadamente as aplicações de fertilizantes em pastagens. Desta forma, é importante educá-los e incentivá-los a utilizar corretamente os nutrientes. Após a palestra, Dr. Francisco visitou uma fazenda local que recentemente utilizou fertilizante fosfatado pela primeira vez, em décadas, e na qual a produção de biomassa de forragem aumentou significativamente.

IPNI NO SHOW SAFRA

Dr. Luís Prochnow, Diretor do IPNI Brasil, dedicou boa parte de sua carreira ao estudo do uso eficiente de fósforo na agricultura. Ele foi convidado a participar de muitos eventos para discutir esse tema, com foco especial na localização do fósforo no solo. Durante o Show Safra, em Lucas do Rio Verde, MT, ele discursou para mais de 500 participantes. Atualmente, a principal questão relacionada à nutrição de plantas diz respeito à eficácia da aplicação de P a lanço. Os agricultores querem aplicar o fósforo antes da semeadura por causa da logística operacional (mais rápido e mais fácil). Dr. Prochnow abordou esse assunto ao discutir ambos os aspectos da questão, agronômico e ambiental.

Dr. Prochnow durante sua palestra no Show Safra.

IPNI NO SIMPÓSIO SOBRE CAFEICULTURA

Dr. Valter Casarin, Diretor Adjunto do IPNI Brasil, apresentou a palestra “Uso eficiente de fertilizantes na cultura do café” durante o XX Simpósio de Cafeicultura das Matas de Minas, realizado em Manhuaçu (MG), em março último. O estado é líder na produção de café no Brasil, sendo responsável por 51% da safra nacional. A região de Matas de Minas ocupa a segunda posição na produção, com 31% do café colhido no estado de Minas Gerais. O programa incluiu eventos, cursos de curta duração, palestras, debates e demonstração de máquinas de cultivo de café. O simpósio contou com a participação de produ-tores, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e exportadores.

Plateia do XX Simpósio de Cafeicultura das Matas de Minas.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 25

PAINEL AGRONÔMICO

SERINGAIS PAULISTAS SÃO OS MAIS PRODUTIVOS DO MUNDO

O Estado de São Paulo tem os seringais mais produtivos do mundo, com produtividade superior a 1.300 kg ha-1 de bor-racha, ao ano, frente aos 1.100 kg ha-1 da Tailândia, 1.000 kg ha-1 da Malásia e 800 kg ha-1 da Indonésia – países heveicultores tradicionais. A competência paulista nesta área tem como base a pesquisa agrícola desenvolvida pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, que desenvolve pesquisas de melhoramento genético, manejo, tratos culturais e adubação e nutrição em seringueira.

O principal objetivo do Programa do IAC é obter clones de seringueira adaptados às diferentes condições edafoclimáticas do Estado de São Paulo, com características de alto potencial de produção e vigor. Nos lançamentos mais recentes, o IAC conseguiu esse perfil aliado à precocidade. Nos novos materiais desenvolvi-dos pelo Instituto Agronômico, a extração do látex pode ser feita em cinco anos a partir do plantio, isto é, dois anos antes do que normalmente ocorre. Este perfil precoce está presente em quatro, dos 15 clones lançados pelo Instituto. São eles: IAC 505, IAC 507, IAC 511 e IAC 512 “Começar a sangrar com tempo 30% menor significa antecipar ganhos para pagar o investimento”, explica Paulo de Souza Gonçalves, pesquisador líder do Programa Seringueira do Instituto Agronômico.

Todos os 15 novos clones selecionados pelo IAC têm tam-bém maior produtividade do que o material mais plantado em São Paulo, atualmente, o importado da Ásia, RRIM 600, que produz em torno de 1.250 kg ha-1 ao ano. O novo IAC 500 – o mais produtivo dos selecionados – produz 1.731 kg ha-1 de látex, 38% superior que o mais plantado. São ganhos de 500 kg de borracha seca por ano.

“As pesquisas do IAC envolvem 51 experimentos de campo distribuídos em todo o Estado (aproximadamente 95 mil hectares) e um total de 500 novos clones avaliados”, afirma Paulo de Souza Gonçalves.

A cultura da seringueira é reconhecida como grande geradora de emprego. Para cada cinco hectares, uma pessoa é contratada. Nos 95 mil hectares plantados em São Paulo são gerados mais de 19 mil empregos diretos no campo. A mão de obra não é conside-rada “pesada”, de acordo com Gonçalves, possibilitando que toda a família possa trabalhar na área.

Outra vantagem do cultivo é a produção ao longo de todo o ano, possibilitando renda contínua ao produtor e diluição do risco, principalmente quando comparada com as culturas anuais, em que qualquer problema climático ou fitossanitário compromete a renda durante o ano.

Considerando o aspecto ambiental, a seringueira auxilia na fixação de gás carbônico no solo. Em setembro de 1996, foi con-siderada pelo Ministério do Meio Ambiente como uma espécie para reflorestamento. “Ao término da vida útil dos seringais, aos 35 anos, o produtor terá ainda a renda pela venda da madeira, já bem aceita pela indústria moveleira dos mercados orientais e dos Estados Unidos, com preço de mercado em torno de US$ 200 o m³”, afirma. (IAC Notícias)

NOVO SELO BUSCA VALORIZAR O “VALE DO SILÍCIO DO CAMPO”

Pesquisadores e empreendedores do agronegócio lançaram oficialmente o AgTech Valley – Vale do Piracicaba, primeiro selo de denominação de um polo brasileiro de tecnologia voltado exclusi-vamente à inovação agrícola. A intenção é aproveitar o ambiente de conhecimento do município paulista – fomentado pelo campus da Escola de Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/ USP) – e as empresas agrícolas já instaladas na região para criar uma marca capaz de gerar valor aos produtos e serviços desenvolvidos.

"Estamos entre as cinco melhores faculdades do mundo em estudos de agricultura tropical e temos hoje no vale do rio Piraci-caba dezenas de empresas de inovação pesquisando desde etanol de segunda geração até microrganismos que capturam carbono. Somos o "Vale do Silício do agronegócio". Precisamos usar isso a nosso favor", afirma Mateus Modin, professor do Departamento de Genética da Esalq e um dos idealizadores da iniciativa.

Um levantamento inicial realizado pelo professor Modin identificou a presença de 89 empresas agrícolas no vale, incluindo startups incubadas na Esalqtec e grandes empresas como a Raízen, também representada no Parque Tecnológico. Mas há mais delas, e outra vantagem do selo será juntar pontas, apresentar fornecedores e compradores e criar uma rede local de inovação e de negócios. (Valor Econômico)

PODA AUMENTA EM ATÉ 30% PRODUTIVIDADE DE CAFEEIROS CANÉFORA

Nova técnica sistematizada pela Embrapa Rondônia, chamada poda de formação, pode fazer com que os cafeeiros da espécie canéfora (Conilon e Robusta) apre-sentem aumento de até 30% de produtividade na primeira safra. A prática ainda permite a padroni-zação das podas de pro-dução, já que as hastes formadas apresentarão a mesma idade. A poda dos cafeeiros é praticada por alguns cafeicultores, porém sem critérios e de forma empírica. A sistematização traz embasamento técnico e comprovação de resultados.

A poda é realizada de forma manual, utilizando-se como ferramenta uma tesoura de poda, e consiste de duas etapas: (a) a poda do ponteiro e limpeza do caule das plantas; (b) a seleção de brotos e a limpeza do caule das plantas. O primeiro passo é a eliminação de todos os ramos de produção, folhas baixeiras e gema apical (olho do cafeeiro). Cerca de 45 a 90 dias após a poda apical, deve ser realizada a desbrota, eliminando-se o excesso de brotos conforme a expectativa do número de hastes que se pretende manter por planta. Dessa forma, mantém-se de três a quatro brotos por planta, dando preferência para os brotos inseridos na parte mais baixa do caule. No momento da desbrota, devem ser eliminados os ramos de produção do baixeiro que tenham surgido após a poda. (Embrapa Rondônia)

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26 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

PRÊMIO IPNI BRASIL EM NUTRIÇÃO DE PLANTAS – 2016

PESQUISADOR SÊNIOR E JOVEM PESQUISADOR

O Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas tem por objetivo reconhecer pesquisadores do país que contribuem com pes-quisas relevantes em assuntos relacionados à missão do Instituto. A premiação conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS). Este ano, o prêmio será entregue na FERTBIO 2016, a ser realizada em Goiânia, GO, de 16 a 20/10/2016. Este prêmio é anual e contempla os pesquisadores em duas categorias: Pesquisador Sênior e Jovem Pesquisador.

• Pesquisador SêniorA indicação do premiado é feita por sócios da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), sendo o julgamento dos indi-cados realizado por comissão sugerida pela SBCS.

• Jovem PesquisadorSão candidatos ao Prêmio os alunos que submetem ao evento (Fertbio em anos pares e Congresso Brasileiro de Ciência do Solo em anos ímpares) trabalhos científicos relacionados às áreas de Fertilidade do Solo, Nutrição de Plantas e/ou Adubos e Adubação.

Inscrições e informações sobre o Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas estão disponíveis no site: http://info.ipni.net/Premio_Brasil

Premiados na categoria Pesquisador Sênior nos últimos anos:

(2015) Dr. Godofredo Cesar Vitti, ESALQ/USP (2014) Dr. Victor Hugo Alvarez Venegas, UFV (2013) Dr. Alfredo Scheid Lopes, UFLA(2012) Dra. Janice Guedes de Carvalho, UFLA(2011) Dr. Ibanor Anghinoni, UFRGS (2010) Dr. Bernardo van Raij, IAC (2009) Dr. Segundo S. Urquiaga Caballero, Embrapa Agrobiologia

Premiados na categoria Jovem Pesquisador nos últimos anos:

(2015) Luíz Paulo Figueredo Benício, UFV (2014) Lívia Pereira Horta, UFMG (2013) Roger Borges, UFPR(2012) Fernando Viero, UFRGS (2011) Carlos Alberto Casali, UFSM (2010) Gelton Geraldo Fernandes Guimarães, UFV (2009) Tancredo Augusto Feitosa de Souza, UFPB

O International Plant Nutrition Institute (IPNI) continuará, em 2016, a promover o concurso fotográfico sobre deficiências nutricionais com o objetivo de incentivar a observação de campo e aumentar a compreensão sobre as deficiências nutricionais nas plantas.“Esperamos que esse concurso estimule aqueles que trabalham na produção agrícola e em pesquisas”, disse Dr. Terry Roberts, Presidente do IPNI. “Pesquisadores envolvidos em trabalho sob condições controladas também são convidados a enviar suas fotos. Nós encorajamos consultores, agricultores e outros interessados a fotografar e documentar as deficiências nutricionais nas culturas”.Os vencedores serão anunciados e notificados no primeiro trimestre de 2017, e os resultados serão publicados no site do IPNI: www.ipni.net.Prazo: as fotos e as informações adicionais devem ser en-viadas até 6 de Dezembro de 2016 (até às 23:00 h)

Os prêmios são os seguintes:1° Prêmio: US$ 250 para a melhor fotografia entre todas as categorias.1° Prêmio: US$ 150 e 2° Prêmio: US$ 100 para a melhor fotografia dentro de cada uma das quatro categorias (Nitro-gênio, Fósforo, Potássio e Outros Nutrientes).

Além disso, todos os premiados receberão um USB com uma cópia de nossa mais recente coleção de imagens. Mais detalhes sobre o concurso são encontrados no ende-reço: https://www.ipni.net/photocontest/learn Deficiência de fósforo em nabo. Foto vencedora em 2015.

CONCURSO FOTOGRÁFICO DO IPNI

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 27

30/AGOSTO/2016 – TERÇA-FEIRA

08:30-09:00 h Abertura

PERíODO I – Moderador: Dr. Eros Francisco, IPNI Brasil, Rondonópolis, MT

09:00-10:00 h Palestra 1: Dinâmica de nutrientes no sistema solo- planta visando as boas práticas para uso eficiente de fertilizantes (BPUFs). Dr. Valter Casarin, IPNI Brasil, Piracicaba, SP

10:00-10:30 h Coffee break

10:30-11:30 h Palestra 2: Manejo da acidez do solo como fundamento para BPUFs. Dr. Eduardo Fávero Caires, UEPG, Ponta Grossa, PR

11:30-12:00 h Perguntas sobre as Palestras 1 e 2

12:00-14:00 h Almoço

PERíODO II – Moderador: Dr. Luís de Sousa Freitas, UFRA Campus Paragominas

14:00-15:00 h Palestra 3: Otimização na aplicação de fer-tilizantes e corretivos agrícolas. Dr. Pedro Henrique de Cerqueira Luz, FZEA/USP, Piras-sununga, SP

15:00-16:00 h Palestra 4: Ferramentas da agricultura de pre-cisão como suporte para as BPUFs. Dr. Leandro Maria Gimenez, ESALQ/USP, Piracicaba, SP

16:00-16:30 h Coffee break

16:30-17:30 h Palestra 5: Manejo das condições físicas do solo como boa prática para uso de fertilizantes. Dr. Anderson Cristian Bergamin, UNIR, Rolim de Moura, RO

17:30-18:00 h Perguntas sobre as Palestras 3, 4 e 5

IX SIMPÓSIO REGIONAL IPNI BRASIL SOBRE BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES

31/AGOSTO/2016 – QUARTA-FEIRA

PERíODO III – Moderadora: Dra. Elaine Maria Silva Guedes Lobato, UFRA Campus Paragominas, PA

08:00-09:00 h Palestra 6: BPUFs em pastagens. Dr. Adilson de Paula Almeida Aguiar, FAZU/Consupec, Uberaba, MG

09:00-09:15 h Perguntas sobre a Palestra 609:15-09:30 h Momento BPUFs - Conceito 4C de nutrição de

plantas. Dr. Eros Francisco, IPNI Brasil, Rondo-nópolis, MT

09:30-10:00 h Coffee break10:00-11:00 h Palestra 7: BPUFs na cultura do milho. Dr. Aildson

Pereira Duarte, IAC, Campinas, SP11:00-11:30 h Palestra 8: BPUFs na cultura do milho no sul do

Pará. Engº Agrº Basilio Wesz Carloto, Coopernorte, Paragominas, PA

11:30-12:00 h Perguntas sobre as Palestras 7 e 8

12:00-14:00 h Almoço

PERíODO IV – Moderador: Dr. Valter Casarin, IPNI Brasil, Piracicaba, SP

14:00-15:00 h Palestra 9: BPUFs na cultura da soja. Dr. Adilson de Oliveira Jnior, Embrapa Soja, Londrina, PR

15:00-15:30 h Palestra 10. BPUFs na cultura da soja no sul do Pará. Dr. Dirceu Klepker, Embrapa Cocais, Balsas, MA

15:30-16:00 h Perguntas sobre as Palestras 9 e 1016:00-16:30 h Coffee break16:30-17:30 h Palestra 11: Sistemas de produção e eficiência

agronômica de fertilizantes. Dr. Carlos Alexandre Costa Crusciol, UNESP, Botucatu, SP

17:30-17:45 h Perguntas sobre a Palestra 1117:45-18:00 h Momento BPUFs - Balanço de nutrientes na pro-

priedade: como fazer e para que serve? Dr. Eros Francisco, IPNI Brasil, Rondonópolis, MT

18:00-18:15 h Considerações finais e encerramento.

PROGRAMA

Local: Sindicato Rural de Paragominas, Rodovia PA 125, s/n, Paragominas, PA

Data: 30 e 31 de Agosto de 2016Inscrições: Somente através do website do IPNI Brasil:

http://brasil.ipni.net

Informações: International Plant Nutrition Institute - IPNI BrasilContato: Kelly FurlanTelefone/fax: (19) 3433-3254 ou (19) 3422-9812Email: [email protected]

EVENTOS DO IPNI

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28 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

SIMPÓSIO IPNI BRASIL SOBRE BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES EM CAFEEIRO

27/SETEMBRO/2016 – TERÇA-FEIRA

08:30-09:00 h Abertura

PERíODO I – Moderador: Dr. Tiago Tezotto, UNIFEOB, São João da Boa Vista, SP

09:00-09:30 h Palestra 1: Boas práticas para uso eficiente de fertilizantes na cultura do café. Dr. Valter Ca-sarin, IPNI Brasil, Piracicaba, SP

09:30-10:30 h Palestra 2: Construção da fertilidade do solo no ambiente Cerrado. Carlos Alberto Silva, UFLA, Lavras, MG

10:30-11:00 h Coffee break

11:00-11:45 h Palestra 3: Manejo nutricional no programa de podas do cafeeiro. Engº Agrº Alysson Vilela Fagundes, Fundação Procafé, Varginha, MG

11:45-12:15 h Perguntas sobre as Palestras 1, 2 e 3

12:15-14:00 h Almoço

PERíODO II – Moderador: Dr. Paulo Lazzarini, UNIFEOB, São João da Boa Vista, SP

14:00-15:00 h Palestra 4: O atual sistema de manejo do solo garante uma nutrição para altas produtivida-des de café? Dr. José Laércio Favarin, ESALQ/USP, Piracicaba, SP

15:00-15:15 h Perguntas sobre a Palestra 4

15:15-16:15 h Palestra 5: Manejo da calagem e da gessagem em café. Dr. André Guarçoni, INCAPER/ES, Vitória, ES

16:15-16:30 h Perguntas sobre a Palestra 5

16:30-17:00 h Coffee break

17:00-18:00 h Palestra 6: Manejo da fertilidade do solo em café de montanha. Engº Agrº João Carlos Peres Romero, Consultor, Ouro Fino, MG

18:00-18:15 h Perguntas sobre a Palestra 6

PROGRAMA

Local: Espaço Cultural da Urca (Salão Nobre), Praça Getúlio Vargas s/n, acesso pela Avenida João Pinheiro ou Avenida Francisco, Poços de Caldas, MG

Data: 27 e 28 de Setembro de 2016Inscrições: Somente através do website do IPNI Brasil:

http://brasil.ipni.net

Informações: International Plant Nutrition Institute - IPNI BrasilContato: Kelly FurlanTelefone/fax: (19) 3433-3254 ou (19) 3422-9812Email: [email protected]

28/SETEMBRO/2016 – QUARTA-FEIRA

PERíODO I – Moderador: Dr. Luís Ignácio Prochnow, IPNI Brasil, Piracicaba, SP

08:00-08:45 h Palestra 7: Agricultura de precisão como ferra-menta para Boas Práticas de Uso de Fertilizan-tes no cafeeiro. Dr. José Paulo Molin, ESALQ/USP, Piracicaba, SP

08:45-09:00 h Perguntas sobre as Palestra 709:00-09:45 h Palestra 8: Novas fontes de fertilizantes. Dr. Heitor

Cantarella, IAC, Campinas, SP9:45-10:00 h Perguntas sobre a Palestra 810:00-10:30 h Coffee break10:30-11:15 h Palestra 9: O uso de fertilizantes organo-mine-

rais na cultura do cafeeiro. Engº Agrº Gilberto Tozatti, Consultor, Araras, SP

11:15-11:30 h Perguntas sobre a Palestra 911:30-12:15 h Palestra 10: Uso de fertirrigação em café. Dr.

André Luís T. Fernandes, UNIUBE/FAZU, Ube-raba, MG

12:15-12:30 h Perguntas sobre a Palestra 1012:30-14:00 h Almoço

PERíODO II – Moderador: Dr. Valter Casarin, IPNI Brasil, Piracicaba, SP

14:00-14:45 h Palestra 11: Atualidades sobre a nutrição com macro e micronutrientes em café. Roberto Santinato, MAPA/Procafé, Varginha, MG

14:45-15:00 h Perguntas sobre a Palestra 1115:00-15:45 h Palestra 12: Nutrição com magnésio em café. Dr.

Kaio Gonçalves de Lima Dias, UFLA, Lavras, MG15:45-16:00 h Perguntas sobre a Palestra 1216:00-16:30 h Coffee break16:30-17:15 h Palestra 13: A nutrição mineral como ferramen-

ta para melhorar a qualidade da bebida. Dra. Herminia Emilia Prieto Martinez, UFV, Viçosa, MG

17:15-17:30 h Perguntas sobre a Palestra 1317:30-18:00 h Considerações finais e encerramento.

Page 29: INFORMAÇÕES AGRONÔMICASipni.net/.../$FILE/Jornal-154.pdfINFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 3 Tabela 1. Evolução da área colhida, rendimento, produção, consumo

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 29

CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS

9. INTERNATIONAL CITRUS CONGRESS - ICC 2016

Local: Mabu Thermas & Resort, Foz do Iguaçu, PR Data: 18 a 23/SETEMBRO/2016Informações: F&B Eventos

Email: [email protected] Website: http://www.icc2016.com

8. III ENCONTRO NACIONAL DA SOJA

Local: Parque de Exposições Ney Braga, Recinto Milton Alcover, Londrina, PR

Data: 8 e 9/SETEMBRO/2016Informações: FEALQ

Email: [email protected] Website: http://www.fealq.org.br

12. FERTBIO 2016

Local: Centro de Convenções de Goiânia, Goiânia, GO Data: 16 a 20/OUTUBRO/2016Informações: F&B Eventos

Email: [email protected] Website: http://www.eventosolos.org.br/fertbio2016/home/

3. II SIMPÓSIO SOBRE DESAFIOS DA FERTILIDADE DO SOLO NA REGIÃO DO CERRADO

Local: Centro de Eventos Pantanal, Cuiabá, MTData: 20 a 22/JULHO/2016Informações: GAPE - ESALQ

Email: [email protected] Website: http://www.simposiocerrado.com

1. XXVII JORNADA DE ATUALIzAÇÃO EM AGRICULTURA DE PRECISÃO

Local: Departamento de Engenharia da ESALQ/USP, Piracicaba, SP

Data: 11 a 15/JULHO/2016Informações: FEALQ

Email: [email protected] Website: http://www.fealq.org.br

6. SIMPÓSIO - CAMINHOS PARA IMPLANTAÇÃO E MANEJO DO SISTEMA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA - ILP

Local: Sede do CREA-MS, Campo Grande, MSData: 12/AGOSTO/2016Informações: FEALQ

Email: [email protected] Website: http://www.fealq.org.br

2. II WORKSHOP INTERNACIONAL SOBRE CADEIA SUCROENERGÉTICA

Local: Anfiteatro da Engenharia, ESALQ/USP, Piracicaba, SPData: 20 e 21/JULHO/2016Informações: FEALQ

Email: [email protected] Website: http://www.fealq.org.br

4. AMAzON SOIL 2016 – II ENCONTRO REGIONAL DE CIêNCIA DO SOLO NA AMAzÔNIA ORIENTAL

Local: Auditório Frei Leônidas Vavassori, Capanema, PAData: 10 a 13/AGOSTO/2016Informações: Pauta Eventos

Email: [email protected] Website: http://amazonsoil2016.com.br

5. I CONGRESSO BRASILEIRO ONLINE DE AGRICULTURA

Local: Plataforma Online do Portal Ciência do SoloData: 7 a 13/AGOSTO/2016Inscrição: gratuitaInformações: Luiz Tadeu Jordão - Portal Ciência do Solo

Email: [email protected] Website: www.cboa.com.br

7. VIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM SOLOS

Local: Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, Cidade Universitária, São Paulo, SP

Data: 7 a 10/SETEMBRO/2016Informações: Comisão Organizadora

Email: [email protected] Website: http://viiisbes.fflch.usp.br/node/6

10. 15º ENCONTRO NACIONAL DE PLANTIO DIRETO NA PALHA

Local: Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO

Data: 20 a 22/SETEMBRO/2016Informações: Win Eventos

Email: [email protected]: http://www.15enpdp.com.br

11. XXXI CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO

Local: Bento Gonçalves, RSData: 25 a 29/SETEMBRO/2016Informações: Embrapa Milho e Sorgo

Email: [email protected]: http://www.abms.org.br/cnms

Page 30: INFORMAÇÕES AGRONÔMICASipni.net/.../$FILE/Jornal-154.pdfINFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 3 Tabela 1. Evolução da área colhida, rendimento, produção, consumo

30 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

27/SETEMBRO/2016 – TERÇA-FEIRA

7:00 h Entrega de materiais8:00 h Abertura

8:15 h BLOCO 1 - Adubação de pastagens: onde estamos e para onde vamos

A oferta de fertilizantes: o que tenho para com-prar? José Francisco da Cunha, Tec-Fértil

O MAPA das pastagens no Brasil. Dr. Laerte Guimarães Ferreira Junior, LAPIG, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO

Solo: a chave da produtividade das pastagens. Dr. João Kluthcouski, Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antonio de Goiás, GO10:00 h Intervalo 10:30 h Práticas corretivas na implantação, manuten- ção e recuperação de pastagens. Dr. Godofredo César Vitti, ESALQ/USP, Piracicaba, SP10:55 h Debate12:00 h Almoço

14:00 h BLOCO 2 - IPNI – Boas práticas para o uso eficiente de fertilizantes em pasta-gens

Manejo 4C na adubação de pastagens. Dr. Eros Francisco, IPNI Brasil, Rondonópolis, MT Construção do perfil do solo na reforma de pastagens. M.Sc. Dirceu Luiz Broch, MS Integra- ção, Maracajú, MS Adubação de pastagens irrigadas. Dr. Luís Cesar

Dias Drumond, Universidade Federal de Viçosa, Rio Parnaíba, MG

15:30 h Intervalo 16:00 h Casos de sucesso – Recuperação de pastagens via adubação Até onde há viabilidade econômica? Eng. Agr.

Joel Hillesheim, Somaagro, Rondonópolis, MT Caso de sucesso 1. Eng. Agr. Maxwell Costa Padin,

Rural Business, Rondonópolis, MT Caso de sucesso 2. Eng. Agr. Daniel de Castro Mar-

tins, Lírio Agropecuária, Presidente Prudente, SP17:00 h Debate

ENCONTRO DE ADUBAÇÃO DE PASTAGENS

28/SETEMBRO/2016 – QUARTA-FEIRA

8:00 h BLOCO 3 - Terminação intensiva a pasto

Suplementação, a melhor aliada na redução da pressão de pastejo. Dr. Ricardo Reis, Facul- dade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP Manejo da adubação de pastagens para altas

produtividades. Dr. Moacyr Corsi, ESALQ/USP, Piracicaba, SP

Inovações em adubação de pastagens: aduba- ção foliar, fixação biológica de nitrogênio e biorreguladores. Dr. Leandro Martins Barbero, Universidade Federal de Uberlândia, MG9:30 h Intervalo10:00 h Caso de sucesso Minha consultoria de intensificação de pasta- gens de maior sucesso até hoje. Dr. Adilson de Paula Almeida Aguiar, FAZU/CONSUPEC, Ube- raba, MG 10:30 h Debate12:00 h Almoço

14:00 h BLOCO 4 - Antena ligada, o mercado é sobe-rano e a gestão é sua aliada

Mercado do boi gordo e a capacidade de compra do criador. Alex Santos Lopes da Silva e Hyberville Neto, Scot Consultoria, Bebedouro, SP

A oferta de fertilizantes: qual o melhor momento de compra? Rafael Ribeiro de Lima Filho, Scot Consultoria, Bebedouro, SP

Reposição, o mercado vai virar? Gustavo Aguiar, Scot Consultoria, Bebedouro, SP

Gestão de patrimônio, quando a sucessão se faz necessária. Daniel Pagotto, Tratto Consultoria, Bauru, SP

15:55 h Intervalo16:25 h Raio X da gestão: o que, como, quando, onde e por que controlar? Guilherme Reis, Prodap, Belo Horizonte, MG16:45 h Debate18:00 h Encerramento

PROGRAMA PRELIMINAR

Local: Centro de Eventos do Ribeirão Shopping, Ribeirão Preto, SPData: 27 e 28 de Setembro de 2016Organizadores: Scot Consultoria e Tec-fértilApoio e participação: IPNI

Informações: Scot ConsultoriaTelefone: (17) 3343-5111Email: [email protected]: https://www.scotconsultoria.com.br/loja/evento/78/encontro-dos-encontros-da-scot- consultoria

Page 31: INFORMAÇÕES AGRONÔMICASipni.net/.../$FILE/Jornal-154.pdfINFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 3 Tabela 1. Evolução da área colhida, rendimento, produção, consumo

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 31

PUBLICAÇÕES RECENTES

1. GUIA DE FERTILIDADE DO SOLO - Versão Web 4.0 atualizada e ampliada

Autores: Alfredo Scheid Lopes; Luiz Roberto G. Guilherme; 2016.

Conteúdo: Histórico; solo; calagem; nutrientes; diagnose; eco-nomicidade. O Guia de Fertilidade do Solo, Versão Web 4.0 2016, é uma edição ampliada e atualizada da antiga versão em DOS lançada pelos mesmos autores em 1992 e das versões Windows lançadas em 1998 e 2004. A estrutura teve como base o International Soil Fertility Manual, publicado pelo Potash and Phosphate Institute (PPI) em 1995 e traduzido pelo primeiro autor. Foram acrescentados novos concei-tos envolvendo a fertilidade do solo e princípios de manejo, bem como exemplos e resultados de pesquisa específicos para as condições brasileiras. São mais de 700 páginas de informações básicas pertinentes ao tema, incluindo: glossário com 314 palavras, 133 gráficos, 201 tabelas, 124 fotos coloridas, 43 fichas sobre temas relevantes, 28 painéis de cál-culos para situações específicas, 2 fertigramas, 486 perguntas de revisão e 131 referências bibliográficas; tudo isso interligado na mais avançada tecnologia multimídia.

Preço: R$ 100,00 (profissionais), R$ 50,00 (estudantes)Número de páginas: 700Editor: Polaris-UFLA

Email: [email protected]: http://alfredao.com.br/propaganda

3. BOLETIM DE RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA A CONSERVAÇÃO DO SOLO NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR

Autores: Vitti et al.; 2016.Conteúdo: Legislação; solos e levantamento do meio físico;

clima; zoneamento agroambiental para a cana-de- açúcar; sistemas de produção no cultivo da cana- de-açúcar; planejamento da ocupação do solo; pla-nejamento da conservação do solo; tratamento das inovações.

Preço: gratuito, disponível para downloadNúmero de páginas: 83Editor: Instituto Agronômico – IAC

Website: http://www.iac.sp.gov.br

4. TÓPICOS EM SUSTENTABILIDADE AGRíCOLA

Autores: João Antonio Galbiatti et al.; 2015.Conteúdo: A obra em questão reúne textos que discutem a

recuperação ambiental do solo e da água para fins agrícolas e apresentam também o conceito de desenvolvimento sustentável, abordando a questão da vulnerabilidade, termo que indica o ponto onde a sustentabilidade pode ser comprometida. Portanto, para evidenciar indicadores quem revelem as rela-ções entre os sistemas de produção e meio ambiente, novas tecnologias devem ser criadas, avaliadas e adaptadas para aumentar a oferta de ações e compor-tamentos que busquem a sustentabilidade.

Preço: R$ 60,00Número de páginas: 349Editor: FUNEP

Website: http://www.funep.org.br/listar_livros.php?form_tipo=nome&form_buscar=T%F3picos%20em%20sustentabilidade%20agr%EDcola

5. NUTRIÇÃO MINERAL DO FEIJOEIRO

Autores: Fageria, N. K.; Stone, L. F.; Santos, A. B. dos; Carvalho, M. da C. S.; 2015.

Conteúdo: Este livro aborda temas relevantes sobre a cultura do feijoeiro, como o manejo de nutrientes, a caracteri-zação dos solos onde se cultiva essa leguminosa e a fisiologia da produção. Apresenta, ainda, o estado da arte na área de nutrição mineral e a discussão sobre os resultados de pesquisa desenvolvida na região do Cerrado, local de maior área cultivada com o fei joeiro. Trata-se, portanto, de uma obra de interesse para professores, pesquisadores, estudantes de agronomia, extensionistas e produtores.

Preço: R$ 28,00Número de páginas: 394Editor: FUNEP

Website: http://www.funep.org.br/visualizar_livro.php?idlivro=3387

2. MANUAL DE BIOSSEGURANÇA DA EMBRAPA MEIO AMBIENTE: BOAS PRÁTICAS NA MANIPULAÇÃO E CONDUÇÃO DE EXPERIMENTOS COM ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM), DO GRUPO 1 E SEUS DERIVADOS

Autores: Capalbo, D. M. F.; Jonsson, C. M.; Mendes, R.; Penteado, A. L.; Prado, S. de S.; Moltocaro, R. C. R.; 2016.

Conteúdo: Responsabilidades; a CIBio da Embrapa Meio Ambiente; áreas e Laboratórios com CQB; riscos envolvidos nos trabalhos de pesquisa e sua classi-ficação; regras gerais de segurança no laboratório; regras básicas para o trabalho em laboratório que possua Certificado de Qualidade em Biossegurança - CQB - NB1; regras básicas para o trabalho em casa de vegetação que possua CQB - NB; procedimentos de emergência; gerenciamento de resíduos químicos e biológicos; transporte de OGM; dúvidas mais frequentes.

Preço: gratuito, disponível para downloadNúmero de páginas: 59Editor: Embrapa Meio Ambiente

Website: http://www.embrapa.br/meio-ambiente

Page 32: INFORMAÇÕES AGRONÔMICASipni.net/.../$FILE/Jornal-154.pdfINFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016 3 Tabela 1. Evolução da área colhida, rendimento, produção, consumo

32 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 154 – JUNHO/2016

Ponto de Vista

Terry L. Roberts1

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTEAvenida Independência, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142

Fone/Fax: (19) 3433-3254 / 3422-9812 - CEP 13416-901 - Piracicaba (SP) - Brasil

LUíS IGNáCIO PROCHNOW - Diretor, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net

VALTER CASARIN - Diretor Adjunto, Engo Agro, Engo Florestal, Doutor em Ciência do SoloE-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net

EROS FRANCISCO - Diretor Adjunto, Engo Agro, Doutor em AgronomiaE-mail: [email protected] Website: http://brasil.ipni.net

NOVO RELATÓRIO AFIRMA QUE OS ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS SÃO SEGUROS

• Agrium Inc.• Arab Potash Company• BHP Billiton• CF Industries Holding, Inc. • Compass Minerals Plant Nutrition• International Raw Materials Ltd.• K+S KALI GmbH• Kingenta Ecological Engineering Group Co., Ltd.• LUXI Fertilizer Industry Group• OCP S.A.

• PhosAgro• PotashCorp• Shell Sulphur Solutions• Simplot• Sinofert Holdings Ltd.• SQM• The Mosaic Company• Uralchem, JSC• Uralkali• Yara International ASA

MEMBROS DO IPNI MEMBROS AFILIADOS AO IPNI

• Arab Fertilizer Association (AFA)• Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA)• Fertiliser Association of India (FAI)• Fertilizer Canada• International Fertilizer Industry Association (IFA)• International Potash Institute (IPI)• The Fertilizer Institute (TFI)• The Sulphur Institute (TSI)

Quando as pessoas me perguntam sobre a minha profissão e respondo que estou envolvido com a pesquisa e educação sobre os nutrientes das plan-

tas, o próximo passo, muitas vezes, é indagarem sobre as culturas geneticamente modificadas, ou seja, Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Muitas pessoas estão preocupadas com o fato dos alimentos transgênicos não serem seguros. Há um movimento crescente no sentido de dizer que os OGMs podem causar problemas de saúde e danos ambientais. Muitos países europeus já proibiram o cultivo de plantas geneticamente modificadas.

As culturas geneticamente modificadas foram projetadas, ou artificialmente manipuladas, para apresentar características dese-jáveis, as quais não existiriam de outra forma, como resistência a insetos e herbicidas. Há 12 culturas transgênicas cultivadas em todo o mundo, porém as mais comuns são milho, algodão, soja, canola e beterraba. A mídia está repleta de desinformação sobre os OGMs, a qual promove o medo, e os críticos querem que todos os alimen-tos que contenham ingredientes transgênicos sejam rotulados. As pessoas têm preocupações legítimas, mas elas normalmente estão mal informadas pelos críticos, com sua agenda particular.

Um relatório recém-lançado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA (U.S. National Academies of Sciences) deve dis-sipar esses temores. O relatório, intitulado "Culturas geneticamente modificadas: experiências e perspectivas", afirma que as culturas transgênicas são seguras para a alimentação dos seres humanos e

animais e não causam aumento nos índices de câncer, obesidade e outras doenças, como alegam os oponentes. O relatório possui mais de 400 páginas e constitui uma revisão sistemática completa da ciência, realizada por um comitê diversificado de cientistas. A equipe analisou dados epidemiológicos sobre a incidência de câncer e outros problemas de saúde humana ao longo do tempo e não encontrou provas de que os alimentos provenientes de culturas transgênicas sejam menos seguros do que os alimentos provenientes de culturas não transgênicas.

Não tenho dúvida de que os céticos e os críticos julgarão o relatório e rejeitarão a ciência – eles costumam fazê-lo caso ela não apoie a sua narrativa. Como cientista, confio nas conclusões baseadas em dados. Não estou preocupado com os efeitos nocivos das culturas geneticamente modificadas. Ao contrário, sou grato pela tecnologia que proporciona melhor genética das culturas que contribuem para a segurança alimentar global. Os agricultores pre-cisam da melhor tecnologia disponível nas sementes utilizadas em seus campos de produção. Eles também necessitam de fertilizantes e de outras boas práticas agronômicas. O que eles não precisam é de um público mal informado, ainda que bem intencionado, que está tentando prejudicar sua capacidade de produzir alimentos ao impedir a utilização da tecnologia GM.

1 Presidente do IPNI, Norcross, EUA.