INFO nº03

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info TRIMESTRAL | JAN.FEV.MAR. 2005 • Nº 3 • 2 Magazine de informação da Ordem dos Engenheiros REGIÃO NORTE Velez Grilo e o “novo mundo”

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Janeiro - Março 2005 Velez Grilo e o "novo mundo"

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infoTRIMESTRAL | JAN.FEV.MAR. 2005 • Nº 3 • €2 Magazine de informação

da Ordem dos EngenheirosREGIÃO NORTE

Velez Griloe o “novo mundo”

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info

Os Engenheiros e a inovação

O engenheiro utiliza o conhecimento técnico-científico aliado àexperimentação de forma a criar, aperfeiçoar e desenvolver produtos,processos e sistemas que apresentem uma mais valia para a economiae para a sociedade. São actores cuja missão deve ter em vista amelhoria dos índices de sucesso na colocação no mercado derespostas às necessidades desse mesmo mercado. A actuação doengenheiro tem, tem tido e terá um papel particularmente importantena promoção da inovação.Recuando um século deparamo-nos com um dos maiores inovadoresna área da engenharia, Thomas Edison, com o seu mais de milhar depatentes pautou a sua vida pela pesquisa permanente de novas ideias,com viabilidade técnica e económica, potencialmente integráveis emprocessos de utilidade social. A sua lâmpada, associada à arquitecturade todo o sistema que a alimenta, é a imagem da inovação como luzpara a sociedade.Continuando a viajar no tempo encontramos outros exemplosigualmente paradigmáticos, Leonardo da Vinci cujo brilhantecurriculum, talvez falho em experimentação, dispensa qualquerdescrição ou Bill Gates cuja intervenção na sociedade tem incidido noconstante avanço e desenvolvimento da tecnologia enquantoeconomicamente eficiente.Numa Europa que pretende ser a sociedade, baseada no conhecimento,mais competitiva do mundo, a formação tem um papel crucial. Aconstrução da Área Europeia de Educação Superior, com facilidades namobilidade, reconhecimento das qualificações e comparabilidade naestrutura e nomenclatura de graus não suscita quaisquer dúvidas.Também aqui pensar inovador e sustentável tem implicações directasna oferta de produtos com vantagens para a sociedade.Mas, toda a estratégia que enquadra Bolonha só colherá sucesso sevisar uma oferta, que aposta na formação de profissionaiscompetentes, desenhada em função da procura. Ora, este raciocínionão nos conduz a uma única Bolonha. Pensar a formação não se deveesgotar na duração dos ciclos superiores. Há que pensar em qualidadepara o que também pesa a formação preparatória para esses ciclos.Talvez seja a altura para pensar num Acordo de Bolonha, porque nãodo Porto, para o ensino secundário.As vantagens indiscutíveis dos mecanismos que permitem amobilidade e comparabilidade têm que se compatibilizar com a ofertade produtos específicos como resposta às necessidades da procura. Sóassim ofereceremos à sociedade engenheiros inovadores conscientesda importância do seu contributo para a sustentabilidade.

Maria Teresa Ponce de LeãoTesoureira da OERN

índice4

12Artigos de Opinião

Notícias

Entrevista a Velez Grilo 2418

Vida Associativa

30 DestaqueHomenagem ao Professor Sampaio

32Agenda

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região NorteDirector: Luís Ramos ([email protected].)Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, FernandoAlmeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, JoaquimFerreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, HipólitoCampos de Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, AntónioFontainhas Fernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, FernandoJunqueira Martins, Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo PintoRodrigues, António Rodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.Redacção: Ana Ferreira (edição), Liliana Marques e redacção QuidNovi.Paginação: Paulo Raimundo.Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Janeiro/Fevereiro/Março – n.º 3/2005. Preço: 2,00 euros.Tiragem: 12 500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Contactos Ordem dos Engenheiros – Região NorteJorge Basílio, secretário-geral da Ordem dos Engenheiros – Região NorteSede: Rua Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222054102/ 222087661. Fax.222002876. www.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253269080. Fax. 253269114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273333808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.Delegação de Vila Real: Av. 1º de Maio, 74/1º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.

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editorial

Ficha Técnica

Page 3: INFO nº03

Caros Colegas,

Aproveitando a coincidência da publicação deste terceironúmero da INFO com este período do ano, os ÓrgãosRegionais Norte da Ordem dos Engenheiros desejam atodos os membros da Região norte desta Ordem e às

respectivas famílias, uma Páscoa feliz.

Ordem dos Engenheiros – Região Norte

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info Página 5OPINIÃO

Com uma bacia hidrográfica de mais de 97000 km2,gerando em ano médio e em regime de escoamentonatural, cerca de 23200 hm3, o rio Douro constitui omaior potencial hídrico da Península. A área da bacia épartilhada muito desigualmente pelos dois países ibéricos,correspondendo a parte portuguesa a aproximadamenteum quinto do total. Contudo, em termos do potencialhídrico efectivo, a proporção indicada altera-sesignificativamente já que a bacia portuguesa é,habitualmente, bastante mais favorecida em termos deprecipitação pluviométrica, o que conduz a um valor anualmédio gerado de cerca de 8200 hm3, ou seja, 35% dototal.Em regime de escoamento livre, os caudais do rio Douro edos seus afluentes caracterizam-se por uma irregularidadeconsiderável, traduzindo uma forte e directa dependênciada grande variabilidade das precipitações. Assim, acaudais de estiagem de valor insignificante sucedem-secaudais de Inverno de valor muito elevado que podem iraté ao ponto de causar cheias, provocando a saída daságuas do seu leito habitual e provocando danos eprejuízos de vulto às populações ribeirinhas.No sentido de se obter uma conveniente regularizaçãodos caudais e permitir um aproveitamento tanto quantopossível integral, adequado e eficaz das águas do Douro eseus afluentes, foram sendo realizadas inúmeras obrashidráulicas, particularmente na bacia espanhola, quer paraa produção de energia hidroeléctrica quer para oabastecimento das populações e satisfação das suasnecessidades básicas, bem como para a rega e para oserviço da actividade industrial.Possuidores da parte da bacia situada a montante esabendo que o escoamento das águas se processa deacordo com as leis da gravidade, os nossos vizinhoslevaram a cabo um significativo conjunto de obrashidráulicas que lhes permitem, no presente, umarmazenamento de 7500 hm3, ou seja, 50% do valor totalmédio anual gerado pela sua bacia. Este valor possibilitaclaramente os meios suficientes para suprir asnecessidades de água para uso e consumo daspopulações, bem como contribuir para a redução do nívelde poluição das águas fluviais em períodos estivais deescassez de caudais e ainda para amortecer os caudais decheia mais elevados.Em contrapartida, os portugueses adoptaram uma atitude

de singular confiança, quer no trabalho dos seus vizinhos,quer na regularidade das precipitações pluviométricas,deixando praticamente a totalidade da sua bacia emregime de escoamento livre. Esta situação, no mínimoincompreensível, tem sido e continuará a ser fonte deinúmeros problemas e de situações potencialmentecatastróficas, com elevados riscos para pessoas e bens,além de constituir um desperdício inconcebível einaceitável de um recurso endógeno fabuloso.Os cinco aproveitamentos hidráulicos realizados nadécada de 70 e até meados da de 80 no troço do DouroNacional, permitiram o estabelecimento de uma artérianavegável com mais de 200 km de extensão, entre a fozdo rio e Barca d’Alva, mas revelam-se perfeitamenteincapazes de qualquer efeito significativo em termos deregularização de caudais e, muito menos ainda, emtermos de laminagem de cheias.Para os cerca de 8200 hm3 gerados em ano médio pelabacia portuguesa do Douro, dispomos actualmenteapenas de cerca de 400 hm3 de capacidade dearmazenamento (dos quais 69 hm3 relativos aos cincoescalões do Douro Nacional), o que corresponde a menosde 5% daquele valor!... Situação chocante e confrangedora,cujos efeitos são bem visíveis, sobretudo quando ocorremperíodos de precipitações mais intensas. Recentementeviveram-se situações que, apesar de magnitude moderada,ainda estão presentes nas nossas memórias: o drama deMarço de 2001 e as aflições de Dezembro de 2002 e deJaneiro de 2003, estas, felizmente, sem vítimas a lamentar.Sublinhe-se contudo que os valores de caudais de cheiaregistados nestes períodos são muito inferiores (menosde metade) a outros verificados na segunda metade doséculo XX, particularmente em 1962 e 1978.Em 27 de Dezembro de 2002 os valores de caudaisregistados em Saucelle e em Crestuma levaminevitavelmente à conclusão que a responsabilidade pelasituação verificada nos cabe por inteiro, ao não termosdotado a nossa bacia, em especial os afluentes principaisda margem direita (Sabor, Tua, Pinhão, Corgo e Tâmega) etambém da margem esquerda (Côa e Paiva) das obrashidráulicas de que ela carecia para permitir uma gestãomínima dos caudais nela gerados. Só a ignorância ou umaclara má fé permite acusar os nossos vizinhos de nosinundarem, efectuando descargas desmedidas! Sãotambém totalmente destituídas de fundamento as

A Bacia Portuguesado Douro: um olhar crítico

acusações lançadas à EDP de uma incorrecta(economicista) gestão dos caudais turbinados edescarregados nos escalões a fio de água do Douronacional. A gestão, pura e simplesmente, não é possível!...Quem se dá ao luxo de entregar à lógica das leis dagravidade a escorrência das águas, não se pode queixardos infortúnios que tal situação inevitavelmenteacarreta!...Neste artigo pretendemos deixar um alerta para a situaçãoconfrangedora em que actualmente se encontra a baciaportuguesa do rio Douro que, a manter-se, constituirá,cada vez mais, um atentado ao interesse público e umdesperdício gritante dos nossos recursos endógenos. Estasituação traduz um elevado índice de incapacidade degarantia dos abastecimentos mínimos de água para uso econsumo das populações durante os períodos deestiagem, a par duma total impotência e inoperância emperíodos de cheia.

Cabe aqui observar que o amortecimento dos caudais deponta de cheia no leito principal do rio Douro apenas sepoderá alcançar através da construção de barragenscriando albufeiras com adequada capacidade dearmazenamento nos cinco principais afluentes. Assim,estima-se que, com pelo menos um aproveitamento emcada um desses afluentes, seria possível reduzir oscaudais de ponta de cheia em cerca de 4000 m3/s naRégua e 5500 m3/s nas zonas ribeirinhas do Porto e deVila Nova de Gaia.Do ponto de vista energético a situação encerra algo deparadoxal, uma vez que os cinco escalões do DouroNacional, do tipo fio de água, apresentam níveis deprodução muito baixos quando os caudais afluentesultrapassam os 2000 m3/s. O desnível entre as cotas demontante e de jusante reduz-se de forma drástica,conduzindo à situação clássica de “afogamento” dosrespectivos grupos. Por outro lado, durante o período de

Machado e Moura, Coordenador do Colégio de Engenharia Electrotécnica

infoPágina 4 OPINIÃO

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info Página 5OPINIÃO

Com uma bacia hidrográfica de mais de 97000 km2,gerando em ano médio e em regime de escoamentonatural, cerca de 23200 hm3, o rio Douro constitui omaior potencial hídrico da Península. A área da bacia épartilhada muito desigualmente pelos dois países ibéricos,correspondendo a parte portuguesa a aproximadamenteum quinto do total. Contudo, em termos do potencialhídrico efectivo, a proporção indicada altera-sesignificativamente já que a bacia portuguesa é,habitualmente, bastante mais favorecida em termos deprecipitação pluviométrica, o que conduz a um valor anualmédio gerado de cerca de 8200 hm3, ou seja, 35% dototal.Em regime de escoamento livre, os caudais do rio Douro edos seus afluentes caracterizam-se por uma irregularidadeconsiderável, traduzindo uma forte e directa dependênciada grande variabilidade das precipitações. Assim, acaudais de estiagem de valor insignificante sucedem-secaudais de Inverno de valor muito elevado que podem iraté ao ponto de causar cheias, provocando a saída daságuas do seu leito habitual e provocando danos eprejuízos de vulto às populações ribeirinhas.No sentido de se obter uma conveniente regularizaçãodos caudais e permitir um aproveitamento tanto quantopossível integral, adequado e eficaz das águas do Douro eseus afluentes, foram sendo realizadas inúmeras obrashidráulicas, particularmente na bacia espanhola, quer paraa produção de energia hidroeléctrica quer para oabastecimento das populações e satisfação das suasnecessidades básicas, bem como para a rega e para oserviço da actividade industrial.Possuidores da parte da bacia situada a montante esabendo que o escoamento das águas se processa deacordo com as leis da gravidade, os nossos vizinhoslevaram a cabo um significativo conjunto de obrashidráulicas que lhes permitem, no presente, umarmazenamento de 7500 hm3, ou seja, 50% do valor totalmédio anual gerado pela sua bacia. Este valor possibilitaclaramente os meios suficientes para suprir asnecessidades de água para uso e consumo daspopulações, bem como contribuir para a redução do nívelde poluição das águas fluviais em períodos estivais deescassez de caudais e ainda para amortecer os caudais decheia mais elevados.Em contrapartida, os portugueses adoptaram uma atitude

de singular confiança, quer no trabalho dos seus vizinhos,quer na regularidade das precipitações pluviométricas,deixando praticamente a totalidade da sua bacia emregime de escoamento livre. Esta situação, no mínimoincompreensível, tem sido e continuará a ser fonte deinúmeros problemas e de situações potencialmentecatastróficas, com elevados riscos para pessoas e bens,além de constituir um desperdício inconcebível einaceitável de um recurso endógeno fabuloso.Os cinco aproveitamentos hidráulicos realizados nadécada de 70 e até meados da de 80 no troço do DouroNacional, permitiram o estabelecimento de uma artérianavegável com mais de 200 km de extensão, entre a fozdo rio e Barca d’Alva, mas revelam-se perfeitamenteincapazes de qualquer efeito significativo em termos deregularização de caudais e, muito menos ainda, emtermos de laminagem de cheias.Para os cerca de 8200 hm3 gerados em ano médio pelabacia portuguesa do Douro, dispomos actualmenteapenas de cerca de 400 hm3 de capacidade dearmazenamento (dos quais 69 hm3 relativos aos cincoescalões do Douro Nacional), o que corresponde a menosde 5% daquele valor!... Situação chocante e confrangedora,cujos efeitos são bem visíveis, sobretudo quando ocorremperíodos de precipitações mais intensas. Recentementeviveram-se situações que, apesar de magnitude moderada,ainda estão presentes nas nossas memórias: o drama deMarço de 2001 e as aflições de Dezembro de 2002 e deJaneiro de 2003, estas, felizmente, sem vítimas a lamentar.Sublinhe-se contudo que os valores de caudais de cheiaregistados nestes períodos são muito inferiores (menosde metade) a outros verificados na segunda metade doséculo XX, particularmente em 1962 e 1978.Em 27 de Dezembro de 2002 os valores de caudaisregistados em Saucelle e em Crestuma levaminevitavelmente à conclusão que a responsabilidade pelasituação verificada nos cabe por inteiro, ao não termosdotado a nossa bacia, em especial os afluentes principaisda margem direita (Sabor, Tua, Pinhão, Corgo e Tâmega) etambém da margem esquerda (Côa e Paiva) das obrashidráulicas de que ela carecia para permitir uma gestãomínima dos caudais nela gerados. Só a ignorância ou umaclara má fé permite acusar os nossos vizinhos de nosinundarem, efectuando descargas desmedidas! Sãotambém totalmente destituídas de fundamento as

A Bacia Portuguesado Douro: um olhar crítico

acusações lançadas à EDP de uma incorrecta(economicista) gestão dos caudais turbinados edescarregados nos escalões a fio de água do Douronacional. A gestão, pura e simplesmente, não é possível!...Quem se dá ao luxo de entregar à lógica das leis dagravidade a escorrência das águas, não se pode queixardos infortúnios que tal situação inevitavelmenteacarreta!...Neste artigo pretendemos deixar um alerta para a situaçãoconfrangedora em que actualmente se encontra a baciaportuguesa do rio Douro que, a manter-se, constituirá,cada vez mais, um atentado ao interesse público e umdesperdício gritante dos nossos recursos endógenos. Estasituação traduz um elevado índice de incapacidade degarantia dos abastecimentos mínimos de água para uso econsumo das populações durante os períodos deestiagem, a par duma total impotência e inoperância emperíodos de cheia.

Cabe aqui observar que o amortecimento dos caudais deponta de cheia no leito principal do rio Douro apenas sepoderá alcançar através da construção de barragenscriando albufeiras com adequada capacidade dearmazenamento nos cinco principais afluentes. Assim,estima-se que, com pelo menos um aproveitamento emcada um desses afluentes, seria possível reduzir oscaudais de ponta de cheia em cerca de 4000 m3/s naRégua e 5500 m3/s nas zonas ribeirinhas do Porto e deVila Nova de Gaia.Do ponto de vista energético a situação encerra algo deparadoxal, uma vez que os cinco escalões do DouroNacional, do tipo fio de água, apresentam níveis deprodução muito baixos quando os caudais afluentesultrapassam os 2000 m3/s. O desnível entre as cotas demontante e de jusante reduz-se de forma drástica,conduzindo à situação clássica de “afogamento” dosrespectivos grupos. Por outro lado, durante o período de

Machado e Moura, Coordenador do Colégio de Engenharia Electrotécnica

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Pode parecer pelas notícias e comentários públicos, queestamos atrasados no que respeita a reformas no EnsinoSuperior, na sequência da declaração de Bologna. Errado.Em Portugal já estamos mais avançados em muitos dosaspectos dessas reformas do que variados outros paíseseuropeus. Por exemplo, o jornal Le Monde dava contarecentemente dos avanços das reformas em quatroUniversidades francesas “pioneiras”, as quais, dizia-se nanotícia, iniciaram já a introdução do regime semestral, dasdisciplinas de opção e do uso dos créditos! Ora emPortugal o regime semestral entrou em uso primeiro noscursos de Engenharia, há mais 30 anos e generalizou-se. Oscréditos foram introduzidos há mais de 20 anos. Asdisciplinas de opção estão por todo o lado, também hámuitos anos. Não estamos nada mal portanto naflexibilização dos curriculums. O sistema de avaliação decursos também já está a funcionar há mais de 10 anos.Quanto à profissão, os Estatutos da Ordem de 1992permitiram a introdução dos exames e da acreditação doscursos. Tive a honra, com mais 10 colegas, de preparar asalterações estatutárias da proposta que venceu o referendo.Nos anos seguintes, como Vice-Presidente da Ordem, naequipa do Bastonário João Vaz Guedes, implementámos asmudanças, incluindo o lançamento dos Colégios deEspecialidade, a acreditação dos cursos e os exames deadmissão. A acreditação de cursos pela Ordem veio ainspirar logo de seguida o processo de avaliação de cursospela Fundação das Universidades Portuguesas/CRUP, a queatrás fiz referência. Esse pioneirismo da Ordem foi bemsucedido, teve aceitabilidade social e trouxe prestígio. Aconsolidação do processo de avaliação “no terreno” ficouainda a dever muito ao empenho do bastonário seguinte, oEng. Emanuel Maranha das Neves.Recentemente, no quadro da chamada “reforma deBologna”, parece ter surgido por parte do MCIES uma certaurgência em adoptar o modelo designado por 3+2, comuma uniformidade geral considerada vantajosa. Discordobastante de que haja vantagens nessa uniformidade. Pelocontrário, a diversidade, regulada, diferencia estimula, epermite a inovação. Mas não pretendo desenvolver aquiesse tema. Recordo só que a uniformidade introduzida pelaSenhora Thatcher em Inglaterra em 1992 teve efeitos hojereconhecidos como bastante perniciosos. O que desejo

comentar agora é a proposta apresentada para a área deEngenharia pelo MCIES, através do respectivo coordenador,o Prof. Luís Soares.Trata-se de um trabalho bem documentado e que permiteelevar o nível do debate, embora o considere limitado emcertos planos da análise que faz. Mas a visão que propõepara a articulação entre as escolas, as organizaçõesprofissionais e o mercado de trabalho corresponde a umretrocesso. É defendida a correspondência completa entre 6níveis de qualificação académica (que vão da especializaçãotecnológica, curta, até ao grau de Doutor) e 6 níveis detítulo profissional (que iriam de Técnico de Engenharia atéEngenheiro-Investigador). Esta proposta é complicada,rígida e preocupante, por diversas razões que resumo aseguir.Todos reconhecemos a grande conveniência em manter aseparação entre a regulação da profissão e as qualificaçõesacadémicas, nas sociedades modernas. É essa a norma delonga data nos países anglo-saxónicos. É um pouco como aseparação de poderes no Estado. No Estado, a confusãodesses poderes dá maus resultados. A Ordem adoptou omodelo da separação, com sucesso e boa aceitação social, àluz do Decreto-Lei que aprovou os novos Estatutos em1992. A ANET, Associação Nacional de EngenheirosTécnicos, seguiu-lhe as pisadas. Não faz agora sentidovoltar “ao antigamente”, quando a carta de curso davaautomaticamente o título de Engenheiro.Usa-se habitualmente o termo “academic drift” paradescrever a aproximação do ensino de outros tipos aomodelo universitário (caso da conversão já referida dosPolitécnicos ingleses a Universidades em 1992, porexemplo). Mas no caso presente temos um “academic drift”mais inesperado: é o “academic drift” da profissão, visandoo alinhamento dos níveis profissionais com uma variedadede níveis académicos. Ora sabemos bem que o bomdesempenho escolar e o bom desempenho profissional nãosão coincidentes. A dependência proposta vai totalmenteem sentido contrário à evolução da organização social nospaíses mais competitivos.Dizer, como se diz no documento, que ao doutoramentocorresponde o título profissional de Engenheiro-Investigador (nível profissional 6) é insensato em termosprofissionais. Como se pode abrir a um jovem cientista com

Processo de Bologna: Engenharia

Contra o devaneio académico da proposta do MCIES

Luís Sousa Lobo, Representante de Portugal no Grupo de Bologna

infoPágina 6 OPINIÃO info Página 7OPINIÃO

estiagem, com caudais muito reduzidos, o nível de energiaproduzido é muito baixo. A situação que actualmenteatravessamos, apesar de estarmos em pleno Inverno, édisso um exemplo bem eloquente! Os cerca de 920 MWde potência instalados nesses cinco aproveitamentos sãoutilizados numa percentagem mínima, o que nãoaconteceria se fosse possível dispôr das reservas de águaadequadas.Que soluções são possíveis para tentar ultrapassar asituação? Diversas propostas elaboradas no passado pelasentidades com responsabilidades na matéria, foram sendosucessivamente revistas até à actualidade, mas,paradoxalmente, permaneceram praticamente semqualquer concretização visível.Com efeito, há mais de quatro décadas, no início dos anos60, a empresa Hidro-Eléctrica do Douro (HED)apresentava o Plano Geral de AproveitamentosHidráulicos do Rio Douro e seus Afluentes o qualcontemplava, para além dos 3 escalões do troçointernacional (Picote e Miranda já em exploração, eBemposta em construção) e dos 5 escalões do troçonacional, cerca de duas dezenas de aproveitamentos ainstalar nas cinco principais bacias de afluentes. Estasduas dezenas de aproveitamentos visavam, para além doseu aproveitamento energético, contribuir para a garantiados abastecimentos de água para rega e uso urbano, bemcomo para mitigar os prejuízos causados por situaçõeshidrológicas extremas (amortecimento de caudais de cheiae redução do grau de poluição das águas fluviais emperíodos críticos), possível graças aos diversos escalõesdotados de albufeira de suficiente capacidade dearmazenamento, que no seu total permitiam um valorglobal de armazenamento próximo dos 7000 hm3(destaque especial para os escalões previstos para a baciado Sabor, Quinta das Laranjeiras e Sampaio, de 1520 hm3e 1700 hm3 ), valor que representava cerca de 85% dovolume gerado em ano médio pela bacia portuguesa doDouro, o que fornecia os meios para uma gestão eficazdos caudais mesmo em situações meteorológicasextremas.A decisão de realizar prioritariamente os cinco escalõessobre o troço nacional do rio, teve o efeito perverso deadiar sucessivamente a implementação da necessária esuficiente capacidade de regularização, com excepção deescassos 115 hm3 disponibilizados em 1988, no troçoterminal do rio Tâmega, com o escalão do Torrão.Entretanto, a partir de 1970, foram sendo realizadosdiversos estudos, a nível de Inventários e de PlanosGerais, cujo objectivo era o de proceder à revisão eactualização dos esquemas previstos nos Planos Geraisque a HED realizara nos finais dos anos 50 e inícios de60, incidindo essencialmente sobre as bacias do Tâmega,

do Alto Tua, do Baixo Sabor, do Côa e do Paiva. Estesinúmeros estudos e sucessivas iterações conduziram, emmeados dos anos 80, à definição de um plano geral para abacia nacional do rio Douro em que a capacidade globalde armazenamento era apenas de 4500 hm3, surgindo jábastante reduzida quando comparada com os valoresiniciais, mas mantendo-se em níveis que permitemgarantir os meios adequados para a correcta gestãohídrica do potencial da bacia.Com o aproximar do final da década de 80, pareceu que sehavia finalmente adquirido a consciência da necessidadeimperiosa de implementar diversas albufeiras nosafluentes nacionais do rio Douro, a começar,naturalmente, pelos situados o mais a montante possível,os rios Côa e Sabor. Foi assim lançado o aproveitamentode Foz-Côa que iria constituir a primeira (e obviamente,insuficiente...) “reserva estratégica” de água a instalar noDouro Superior, à qual deveriam seguir-se outras no BaixoSabor, no Alto Côa, no Tua, no Tâmega e Paiva. A altíssimavalia, a vários níveis, daquela reserva estratégica não foino entanto suficiente para impedir uma decisão políticainfeliz tomada em Janeiro de 1996, fazendo não só oproblema regressar à estaca zero, como acarretandoelevadíssimos prejuízos materiais suportados pelo eráriopúblico.A caminho de se completar uma década sobre adesastrada e altamente discutível decisão, não serádespiciendo, recordar o compromisso, então assumido, delançar de imediato um novo aproveitamento situado namesma área geográfica, na bacia do rio Sabor, o qualcontinua ainda por cumprir. Até quando?!...É mais do que tempo de encarar de frente este desafio elançar mãos à obra de dotar a bacia portuguesa do Dourodos meios indispensáveis que permitam utilizareficazmente os seus preciosos recursos hídricos,garantindo uma melhor segurança das pessoas e bens, econtribuindo para o desenvolvimento e melhoria das suascondições de vida, a par duma valia energéticafundamental. A retoma do programa de realização dosaproveitamentos hidroeléctricos previstos para a baciaportuguesa do Douro, encarados agora numa óptica defins múltiplos, aparece não só como perfeitamentejustificável como constitui um imperativo nacional, tendoem vista contribuir para a resolução dos problemasreferidos. Impõe-se, de forma urgente, encarar comfrontalidade a realização das infra-estruturas necessárias àdisponibilização das funções hídricas e energéticasproporcionadas por aproveitamentos hidráulicos de finsmúltiplos, dotados da capacidade dearmazenamento/regularização adequada, os quaispermitiriam usufruir de enormes valências associadas ainúmeras vertentes, designadamente a sócio/económica, aambiental, a de segurança e a energética.

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Pode parecer pelas notícias e comentários públicos, queestamos atrasados no que respeita a reformas no EnsinoSuperior, na sequência da declaração de Bologna. Errado.Em Portugal já estamos mais avançados em muitos dosaspectos dessas reformas do que variados outros paíseseuropeus. Por exemplo, o jornal Le Monde dava contarecentemente dos avanços das reformas em quatroUniversidades francesas “pioneiras”, as quais, dizia-se nanotícia, iniciaram já a introdução do regime semestral, dasdisciplinas de opção e do uso dos créditos! Ora emPortugal o regime semestral entrou em uso primeiro noscursos de Engenharia, há mais 30 anos e generalizou-se. Oscréditos foram introduzidos há mais de 20 anos. Asdisciplinas de opção estão por todo o lado, também hámuitos anos. Não estamos nada mal portanto naflexibilização dos curriculums. O sistema de avaliação decursos também já está a funcionar há mais de 10 anos.Quanto à profissão, os Estatutos da Ordem de 1992permitiram a introdução dos exames e da acreditação doscursos. Tive a honra, com mais 10 colegas, de preparar asalterações estatutárias da proposta que venceu o referendo.Nos anos seguintes, como Vice-Presidente da Ordem, naequipa do Bastonário João Vaz Guedes, implementámos asmudanças, incluindo o lançamento dos Colégios deEspecialidade, a acreditação dos cursos e os exames deadmissão. A acreditação de cursos pela Ordem veio ainspirar logo de seguida o processo de avaliação de cursospela Fundação das Universidades Portuguesas/CRUP, a queatrás fiz referência. Esse pioneirismo da Ordem foi bemsucedido, teve aceitabilidade social e trouxe prestígio. Aconsolidação do processo de avaliação “no terreno” ficouainda a dever muito ao empenho do bastonário seguinte, oEng. Emanuel Maranha das Neves.Recentemente, no quadro da chamada “reforma deBologna”, parece ter surgido por parte do MCIES uma certaurgência em adoptar o modelo designado por 3+2, comuma uniformidade geral considerada vantajosa. Discordobastante de que haja vantagens nessa uniformidade. Pelocontrário, a diversidade, regulada, diferencia estimula, epermite a inovação. Mas não pretendo desenvolver aquiesse tema. Recordo só que a uniformidade introduzida pelaSenhora Thatcher em Inglaterra em 1992 teve efeitos hojereconhecidos como bastante perniciosos. O que desejo

comentar agora é a proposta apresentada para a área deEngenharia pelo MCIES, através do respectivo coordenador,o Prof. Luís Soares.Trata-se de um trabalho bem documentado e que permiteelevar o nível do debate, embora o considere limitado emcertos planos da análise que faz. Mas a visão que propõepara a articulação entre as escolas, as organizaçõesprofissionais e o mercado de trabalho corresponde a umretrocesso. É defendida a correspondência completa entre 6níveis de qualificação académica (que vão da especializaçãotecnológica, curta, até ao grau de Doutor) e 6 níveis detítulo profissional (que iriam de Técnico de Engenharia atéEngenheiro-Investigador). Esta proposta é complicada,rígida e preocupante, por diversas razões que resumo aseguir.Todos reconhecemos a grande conveniência em manter aseparação entre a regulação da profissão e as qualificaçõesacadémicas, nas sociedades modernas. É essa a norma delonga data nos países anglo-saxónicos. É um pouco como aseparação de poderes no Estado. No Estado, a confusãodesses poderes dá maus resultados. A Ordem adoptou omodelo da separação, com sucesso e boa aceitação social, àluz do Decreto-Lei que aprovou os novos Estatutos em1992. A ANET, Associação Nacional de EngenheirosTécnicos, seguiu-lhe as pisadas. Não faz agora sentidovoltar “ao antigamente”, quando a carta de curso davaautomaticamente o título de Engenheiro.Usa-se habitualmente o termo “academic drift” paradescrever a aproximação do ensino de outros tipos aomodelo universitário (caso da conversão já referida dosPolitécnicos ingleses a Universidades em 1992, porexemplo). Mas no caso presente temos um “academic drift”mais inesperado: é o “academic drift” da profissão, visandoo alinhamento dos níveis profissionais com uma variedadede níveis académicos. Ora sabemos bem que o bomdesempenho escolar e o bom desempenho profissional nãosão coincidentes. A dependência proposta vai totalmenteem sentido contrário à evolução da organização social nospaíses mais competitivos.Dizer, como se diz no documento, que ao doutoramentocorresponde o título profissional de Engenheiro-Investigador (nível profissional 6) é insensato em termosprofissionais. Como se pode abrir a um jovem cientista com

Processo de Bologna: Engenharia

Contra o devaneio académico da proposta do MCIES

Luís Sousa Lobo, Representante de Portugal no Grupo de Bologna

infoPágina 6 OPINIÃO info Página 7OPINIÃO

estiagem, com caudais muito reduzidos, o nível de energiaproduzido é muito baixo. A situação que actualmenteatravessamos, apesar de estarmos em pleno Inverno, édisso um exemplo bem eloquente! Os cerca de 920 MWde potência instalados nesses cinco aproveitamentos sãoutilizados numa percentagem mínima, o que nãoaconteceria se fosse possível dispôr das reservas de águaadequadas.Que soluções são possíveis para tentar ultrapassar asituação? Diversas propostas elaboradas no passado pelasentidades com responsabilidades na matéria, foram sendosucessivamente revistas até à actualidade, mas,paradoxalmente, permaneceram praticamente semqualquer concretização visível.Com efeito, há mais de quatro décadas, no início dos anos60, a empresa Hidro-Eléctrica do Douro (HED)apresentava o Plano Geral de AproveitamentosHidráulicos do Rio Douro e seus Afluentes o qualcontemplava, para além dos 3 escalões do troçointernacional (Picote e Miranda já em exploração, eBemposta em construção) e dos 5 escalões do troçonacional, cerca de duas dezenas de aproveitamentos ainstalar nas cinco principais bacias de afluentes. Estasduas dezenas de aproveitamentos visavam, para além doseu aproveitamento energético, contribuir para a garantiados abastecimentos de água para rega e uso urbano, bemcomo para mitigar os prejuízos causados por situaçõeshidrológicas extremas (amortecimento de caudais de cheiae redução do grau de poluição das águas fluviais emperíodos críticos), possível graças aos diversos escalõesdotados de albufeira de suficiente capacidade dearmazenamento, que no seu total permitiam um valorglobal de armazenamento próximo dos 7000 hm3(destaque especial para os escalões previstos para a baciado Sabor, Quinta das Laranjeiras e Sampaio, de 1520 hm3e 1700 hm3 ), valor que representava cerca de 85% dovolume gerado em ano médio pela bacia portuguesa doDouro, o que fornecia os meios para uma gestão eficazdos caudais mesmo em situações meteorológicasextremas.A decisão de realizar prioritariamente os cinco escalõessobre o troço nacional do rio, teve o efeito perverso deadiar sucessivamente a implementação da necessária esuficiente capacidade de regularização, com excepção deescassos 115 hm3 disponibilizados em 1988, no troçoterminal do rio Tâmega, com o escalão do Torrão.Entretanto, a partir de 1970, foram sendo realizadosdiversos estudos, a nível de Inventários e de PlanosGerais, cujo objectivo era o de proceder à revisão eactualização dos esquemas previstos nos Planos Geraisque a HED realizara nos finais dos anos 50 e inícios de60, incidindo essencialmente sobre as bacias do Tâmega,

do Alto Tua, do Baixo Sabor, do Côa e do Paiva. Estesinúmeros estudos e sucessivas iterações conduziram, emmeados dos anos 80, à definição de um plano geral para abacia nacional do rio Douro em que a capacidade globalde armazenamento era apenas de 4500 hm3, surgindo jábastante reduzida quando comparada com os valoresiniciais, mas mantendo-se em níveis que permitemgarantir os meios adequados para a correcta gestãohídrica do potencial da bacia.Com o aproximar do final da década de 80, pareceu que sehavia finalmente adquirido a consciência da necessidadeimperiosa de implementar diversas albufeiras nosafluentes nacionais do rio Douro, a começar,naturalmente, pelos situados o mais a montante possível,os rios Côa e Sabor. Foi assim lançado o aproveitamentode Foz-Côa que iria constituir a primeira (e obviamente,insuficiente...) “reserva estratégica” de água a instalar noDouro Superior, à qual deveriam seguir-se outras no BaixoSabor, no Alto Côa, no Tua, no Tâmega e Paiva. A altíssimavalia, a vários níveis, daquela reserva estratégica não foino entanto suficiente para impedir uma decisão políticainfeliz tomada em Janeiro de 1996, fazendo não só oproblema regressar à estaca zero, como acarretandoelevadíssimos prejuízos materiais suportados pelo eráriopúblico.A caminho de se completar uma década sobre adesastrada e altamente discutível decisão, não serádespiciendo, recordar o compromisso, então assumido, delançar de imediato um novo aproveitamento situado namesma área geográfica, na bacia do rio Sabor, o qualcontinua ainda por cumprir. Até quando?!...É mais do que tempo de encarar de frente este desafio elançar mãos à obra de dotar a bacia portuguesa do Dourodos meios indispensáveis que permitam utilizareficazmente os seus preciosos recursos hídricos,garantindo uma melhor segurança das pessoas e bens, econtribuindo para o desenvolvimento e melhoria das suascondições de vida, a par duma valia energéticafundamental. A retoma do programa de realização dosaproveitamentos hidroeléctricos previstos para a baciaportuguesa do Douro, encarados agora numa óptica defins múltiplos, aparece não só como perfeitamentejustificável como constitui um imperativo nacional, tendoem vista contribuir para a resolução dos problemasreferidos. Impõe-se, de forma urgente, encarar comfrontalidade a realização das infra-estruturas necessárias àdisponibilização das funções hídricas e energéticasproporcionadas por aproveitamentos hidráulicos de finsmúltiplos, dotados da capacidade dearmazenamento/regularização adequada, os quaispermitiriam usufruir de enormes valências associadas ainúmeras vertentes, designadamente a sócio/económica, aambiental, a de segurança e a energética.

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27 ou 28 anos, talvez a iniciar uma carreira de investigação,um lugar no topo da profissão? A carreira académica e acarreira profissional assentam em experiências ecompetências bastante diferentes.No outro extremo da tabela a que me refiro, introduz-se adesignação de “Técnico de Engenharia” para formaçõescurtas de cerca de 1 ano (tipo electricista especializado).Esta designação é desajustada e imprudente. Em breve osTécnicos de Engenharia passariam a ser designados porTécnicos-Engenheiros. Esse igualitarismo não é bom. Nassociedades modernas a igualdade dos cidadãos perante alei é indiscutível. Mas a suposta igualdade de competênciasé um erro. Todo o progresso social assenta nessasdiferenciações exigentes, competitivas, avaliadas de formaséria e independente. Esta parece ser mais outra deriva naatitude burocrática com que a reforma tem sido encarada.Vem-me à memória o aviso do colega Luís Valente deOliveira, num colóquio que teve lugar na Gulbenkian emSetembro último, para nos precavermos contra as reformasno Ensino Superior feitas com “mentalité de fonctionaire”.É o que está a acontecer. Tenho estima e consideraçãopessoal pelo Prof. Luís Soares, mas o caminho por ondenos quer levar não é bom.O sistema de graus deve ser simples e compreensível. O sistema em vigor em Portugal tem raízes fortes e regulaem grande parte as opções dos jovens e o reconhecimento

dos vários percursos pelos adultos. Qualquer mudançadeve ser cautelosa, simples, gradual. E muito “legível”. Oesquema proposto parece-me um devaneio burocrático: édemasiado complexo e confunde o sistema escolar com aregulação da profissão, que são realidades diferentes. Nãose muda aliás a sociedade por decreto, muito menos nosdias de hoje. E particularmente numa área em que estáenvolvido tanto esforço individual continuado, tanta procurade reconhecimento social e tantos sonhos que moveram emovem milhões de pessoas e fazem avançar o mundo!A articulação entre os graus académicos e oreconhecimento profissional deve continuar a basear-se naacreditação e no exame. Eventualmente, para os cursos deperfil não universitário, poderão requerer-se, para admissãona Ordem, não um mas dois exames, como nos EUA:“Fundamentals of Engineering” e “ProfessionalEngineering”. Haverá assim uma dupla garantia. O nível deconhecimentos de Matemática e Física, isto é, deconceptualização, bem como o domínio das ciências deengenharia são pré-requesitos para o perfil de Engenhariada Ordem. Desta forma a flexibilidade do sistema aumentamas a garantia de qualidade mantém-se. Na minha opiniãosão estas soluções não burocráticas, isto é, semreconhecimentos administrativos automáticos, que devemprevalecer. De contrário, quem fica favorecido são os mais“habilidosos” a lidar com as regras burocráticas, e não os

infoPágina 8 OPINIÃO info Página 9OPINIÃO

pronunciou-se sobre o documento do MCIES para asEngenharias, sublinhando o interesse em reforçar acooperação entre as associações e exprimindoconcordâncias e discordâncias. Entre as discordâncias oureparos, contam-se a reserva de competência para asassociações profissionais na definição de especialidades, amanutenção da acreditação profissional como distinta daacreditação ou avaliação académica e na oferta de umprimeiro ciclo não profissionalizante o contraria o bomsenso e o próprio texto da Declaração dos Ministros de1999 em Bologna. Subscrevo todas estas preocupações daANET. Já não subscrevo a anuência à introdução de títulosprofissionais de Mestre-Engenheiro e de Doutor-Engenheiro, pelas razões que já referi brevemente acima. AComissão Nacional FEANI, que existe já há 10 anos,constitui naturalmente a primeira base para desenvolveressa articulação.Mas é preciso reconhecer que a gestão dos níveis dequalificação dentro da Ordem dos Engenheiros, sobretudo,nos últimos seis ou sete anos, não tem sido sempre feliz.Os níveis de qualificação têm sido usados, diversas vezes,quase como condecorações honoríficas, por motivos talvezalheios ao exercício da profissão. Isso não é bom, porquese misturam relações pessoais ou notoriedade com méritoprofissional, o que pode acabar enfraquecendo o prestígiodos próprios títulos ou então modificar-lhes a natureza.Por outro lado, a Ordem tem também lidado com aacreditação dos cursos sinalizando a sua intervenção demaneira redutora em vez de acentuar perante a opiniãopública exactamente o contrário, isto é, a necessidade deconhecer e estudar bem as fragilidades da formação, darvisibilidade às soluções com sucesso, encorajar ainovação, insistir nas competências transversais quemelhor preparam para o trabalho em equipa e para aliderança.Por outro lado, nos sistemas complexos as grandesmexidas dão grandes sarilhos. É ver o caso da colocaçãode professores. No mundo de hoje, em que o poder e ainiciativa estão distribuídos, mais valem as reformasgraduais. E mais valem os sistemas orgânicos, com boaregulação da qualidade, que o centralismo, geralmenteburocráticoNão é pela colagem das carreiras profissionais ao sistemade ensino que a Ordem ganha credibilidade e afirmaçãoautónoma. Pelo contrário. Essa colagem seria um erro eum retrocesso. Não é nesse sentido que marcham associedades modernas. A regulação da profissão peloEstado, com proximidade, funciona mal e é um modelo deorganização social que pertence ao passado. A Associaçãodos Engenheiros nasceu em 1869, num momento difícil,apontando o caminho da modernidade. Teve sobressaltosem 1936 e 1956. Revigorou-se em 1981 e 1992. As liçõesdesse percurso nobre não devem perder-se.

que acumularam competências de maneira séria. Omesmo se pode dizer da propaganda que se tem feito daideia (errónea) do valor universal dos créditos ECTS,visando promover a mobilidade a qualquer preço. Mas amobilidade tem ela também que ser concorrencial eselectiva.Por outro lado, importa lembrar que o perfil de EngenheiroTécnico está valorizado no mercado. A ANET atingiu hoje,depois de muitas vicissitudes que acompanhei de perto,um grau de organização e um prestígio que a suasantecessoras não tinham atingido. E ainda bem. Assim, aarticulação entre as duas associações tem hoje melhorescondições para dar frutos. Muito recentemente a ANET

NíVEL FORMAÇÃO DIPLOMA I CARTA DE CURSO TiTULO PROFISSIONAL(1)

6 Doutoramento Doutor Engenheiro-investigador

5Curso de Especialização Diploma de Especialização

Engenheiro-especialista (2)Avançada Avançada

4 20 Ciclo Mestre Engenheiro

3Curso de Especialização Diploma de Especialização Engenheiro-técnico

Pós-Graduada Pós-Graduada especializado(2)

Licenciado?

2 10 Ciclo Bacharel? Engenheiro-técnico

Outro?

1Curso de Especialização Diploma de Especialização

Técnico de engenhariaTecnológica Tecnológica

(1) ‘Qualificações acadêmicas de referência” para acesso ao título.(2) Apenas quando a formação conduz a um aumento do nível de competências, isto é, o curso tem um carácter de aprofundamento/especialização. Não incluirá por isso os cursos de reciclagem ou reconversão.

QUADRO PROPOSTA DE ESTRUTURA DE QUALIFICAÇÕES E TíTULOS PROFISSIONAIS

( do Ministério da Ciência, Inovação e ensino Superior)

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27 ou 28 anos, talvez a iniciar uma carreira de investigação,um lugar no topo da profissão? A carreira académica e acarreira profissional assentam em experiências ecompetências bastante diferentes.No outro extremo da tabela a que me refiro, introduz-se adesignação de “Técnico de Engenharia” para formaçõescurtas de cerca de 1 ano (tipo electricista especializado).Esta designação é desajustada e imprudente. Em breve osTécnicos de Engenharia passariam a ser designados porTécnicos-Engenheiros. Esse igualitarismo não é bom. Nassociedades modernas a igualdade dos cidadãos perante alei é indiscutível. Mas a suposta igualdade de competênciasé um erro. Todo o progresso social assenta nessasdiferenciações exigentes, competitivas, avaliadas de formaséria e independente. Esta parece ser mais outra deriva naatitude burocrática com que a reforma tem sido encarada.Vem-me à memória o aviso do colega Luís Valente deOliveira, num colóquio que teve lugar na Gulbenkian emSetembro último, para nos precavermos contra as reformasno Ensino Superior feitas com “mentalité de fonctionaire”.É o que está a acontecer. Tenho estima e consideraçãopessoal pelo Prof. Luís Soares, mas o caminho por ondenos quer levar não é bom.O sistema de graus deve ser simples e compreensível. O sistema em vigor em Portugal tem raízes fortes e regulaem grande parte as opções dos jovens e o reconhecimento

dos vários percursos pelos adultos. Qualquer mudançadeve ser cautelosa, simples, gradual. E muito “legível”. Oesquema proposto parece-me um devaneio burocrático: édemasiado complexo e confunde o sistema escolar com aregulação da profissão, que são realidades diferentes. Nãose muda aliás a sociedade por decreto, muito menos nosdias de hoje. E particularmente numa área em que estáenvolvido tanto esforço individual continuado, tanta procurade reconhecimento social e tantos sonhos que moveram emovem milhões de pessoas e fazem avançar o mundo!A articulação entre os graus académicos e oreconhecimento profissional deve continuar a basear-se naacreditação e no exame. Eventualmente, para os cursos deperfil não universitário, poderão requerer-se, para admissãona Ordem, não um mas dois exames, como nos EUA:“Fundamentals of Engineering” e “ProfessionalEngineering”. Haverá assim uma dupla garantia. O nível deconhecimentos de Matemática e Física, isto é, deconceptualização, bem como o domínio das ciências deengenharia são pré-requesitos para o perfil de Engenhariada Ordem. Desta forma a flexibilidade do sistema aumentamas a garantia de qualidade mantém-se. Na minha opiniãosão estas soluções não burocráticas, isto é, semreconhecimentos administrativos automáticos, que devemprevalecer. De contrário, quem fica favorecido são os mais“habilidosos” a lidar com as regras burocráticas, e não os

infoPágina 8 OPINIÃO info Página 9OPINIÃO

pronunciou-se sobre o documento do MCIES para asEngenharias, sublinhando o interesse em reforçar acooperação entre as associações e exprimindoconcordâncias e discordâncias. Entre as discordâncias oureparos, contam-se a reserva de competência para asassociações profissionais na definição de especialidades, amanutenção da acreditação profissional como distinta daacreditação ou avaliação académica e na oferta de umprimeiro ciclo não profissionalizante o contraria o bomsenso e o próprio texto da Declaração dos Ministros de1999 em Bologna. Subscrevo todas estas preocupações daANET. Já não subscrevo a anuência à introdução de títulosprofissionais de Mestre-Engenheiro e de Doutor-Engenheiro, pelas razões que já referi brevemente acima. AComissão Nacional FEANI, que existe já há 10 anos,constitui naturalmente a primeira base para desenvolveressa articulação.Mas é preciso reconhecer que a gestão dos níveis dequalificação dentro da Ordem dos Engenheiros, sobretudo,nos últimos seis ou sete anos, não tem sido sempre feliz.Os níveis de qualificação têm sido usados, diversas vezes,quase como condecorações honoríficas, por motivos talvezalheios ao exercício da profissão. Isso não é bom, porquese misturam relações pessoais ou notoriedade com méritoprofissional, o que pode acabar enfraquecendo o prestígiodos próprios títulos ou então modificar-lhes a natureza.Por outro lado, a Ordem tem também lidado com aacreditação dos cursos sinalizando a sua intervenção demaneira redutora em vez de acentuar perante a opiniãopública exactamente o contrário, isto é, a necessidade deconhecer e estudar bem as fragilidades da formação, darvisibilidade às soluções com sucesso, encorajar ainovação, insistir nas competências transversais quemelhor preparam para o trabalho em equipa e para aliderança.Por outro lado, nos sistemas complexos as grandesmexidas dão grandes sarilhos. É ver o caso da colocaçãode professores. No mundo de hoje, em que o poder e ainiciativa estão distribuídos, mais valem as reformasgraduais. E mais valem os sistemas orgânicos, com boaregulação da qualidade, que o centralismo, geralmenteburocráticoNão é pela colagem das carreiras profissionais ao sistemade ensino que a Ordem ganha credibilidade e afirmaçãoautónoma. Pelo contrário. Essa colagem seria um erro eum retrocesso. Não é nesse sentido que marcham associedades modernas. A regulação da profissão peloEstado, com proximidade, funciona mal e é um modelo deorganização social que pertence ao passado. A Associaçãodos Engenheiros nasceu em 1869, num momento difícil,apontando o caminho da modernidade. Teve sobressaltosem 1936 e 1956. Revigorou-se em 1981 e 1992. As liçõesdesse percurso nobre não devem perder-se.

que acumularam competências de maneira séria. Omesmo se pode dizer da propaganda que se tem feito daideia (errónea) do valor universal dos créditos ECTS,visando promover a mobilidade a qualquer preço. Mas amobilidade tem ela também que ser concorrencial eselectiva.Por outro lado, importa lembrar que o perfil de EngenheiroTécnico está valorizado no mercado. A ANET atingiu hoje,depois de muitas vicissitudes que acompanhei de perto,um grau de organização e um prestígio que a suasantecessoras não tinham atingido. E ainda bem. Assim, aarticulação entre as duas associações tem hoje melhorescondições para dar frutos. Muito recentemente a ANET

NíVEL FORMAÇÃO DIPLOMA I CARTA DE CURSO TiTULO PROFISSIONAL(1)

6 Doutoramento Doutor Engenheiro-investigador

5Curso de Especialização Diploma de Especialização

Engenheiro-especialista (2)Avançada Avançada

4 20 Ciclo Mestre Engenheiro

3Curso de Especialização Diploma de Especialização Engenheiro-técnico

Pós-Graduada Pós-Graduada especializado(2)

Licenciado?

2 10 Ciclo Bacharel? Engenheiro-técnico

Outro?

1Curso de Especialização Diploma de Especialização

Técnico de engenhariaTecnológica Tecnológica

(1) ‘Qualificações acadêmicas de referência” para acesso ao título.(2) Apenas quando a formação conduz a um aumento do nível de competências, isto é, o curso tem um carácter de aprofundamento/especialização. Não incluirá por isso os cursos de reciclagem ou reconversão.

QUADRO PROPOSTA DE ESTRUTURA DE QUALIFICAÇÕES E TíTULOS PROFISSIONAIS

( do Ministério da Ciência, Inovação e ensino Superior)

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info Página 11OPINIÃO

A Escarpa

Um alpinista na escalada de uma escarpa sabe que paraavançar é preciso arriscar e lançar o seu ponto de apoio maisacima, ganhando terreno. A alternativa é deixar-se deslizar devolta à base, perdendo a possibilidade de se elevar a umaaltitude de onde possa desfrutar todo um campo de novosdesafios e oportunidades.

Para evoluir é necessário introduzir a mudança e aceitar osdesafios e os riscos, acreditando que é preferível tentar efalhar do que não ousar.

O Horizonte

Apenas a adopção de um horizonte alargado permite atomada de decisões estratégicas. Em processos queenvolvem diferentes agentes, com diferentes perspectivas eexigências de curto prazo, apenas um horizonte alargadopermite que as decisões não assumam um cariz meramentetáctico, que cumpra os interesses locais e individuais. Emcompromissos de médio e longo prazo, os diferentes agentespodem ter a percepção do ganho e a vantagem da cedênciado interesse imediato. Apenas para o médio e longo prazo épossível exercer a efectiva definição e decisão estratégica.

Lógica Gravitacional

Na decisão sobre a localização de centros de actividadeeconómica intervém um elevado número de factores. Aproximidade a toda uma infra-estrutura logística; o acessopróximo a mão-de-obra qualificada; a proximidade aoscentros financeiros e de decisão é normalmentedeterminante.

Ou seja, os modelos de desenvolvimento seguemfrequentemente uma lógica gravitacional, em que os centrosde maior dimensão atraem e acumulam cada vez maisactividade económica, e adquirem melhores condições devida para as populações.

Não é difícil prever que uma evolução deste tipo conduz, nomédio prazo, a uma menor coesão do espaço territorial e aum mais acentuado desequilíbrio no desenvolvimento.

A comunicação social anunciou, há mais de um ano, numsemanário, que em 2010 cerca de 90% da população

portuguesa estaria a viver num de dois grandes centrosurbanos. Independentemente da correcção dos númerosapresentados, esperar-se-ia que a afirmação publicadativesse suscitado, em reacção, alguma opinião.

Efectivamente, o princípio da coesão definido pela UniãoEuropeia, que se traduz na atribuição de fundos ao país,não foi acompanhado por idêntica política deinvestimento ao nível interno.

O cenário futuro de desenvolvimento corresponderá aoresultado das decisões políticas presentes e futuras.Independentemente de um juízo de valor, não é viávelevitar tomar no presente as acções coerentes com a opçãoadoptada para o cenário futuro.

Num eventual cenário de desenvolvimento quecorresponda à concentração gravitacional devem serdesde já desenvolvidas as acções que minorem asconsequências económicas e sociais futuras, queresultarão de uma desertificação de largas áreas do paísditada pela migração das suas populações na procura demelhores condições de vida.

Região do Conhecimento

Em 2000, a União Europeia identificou como objectivoconstruir na Europa, até ao ano de 2010, uma economiamais competitiva do que a dos Estados Unidos. Comopilar, a UE definiu a necessidade de construção daSociedade do Conhecimento.

Também pela mesma data, a União Europeia afirmou aimportância das regiões para o processo dedesenvolvimento da Sociedade do Conhecimento.

A identificação de espaços territoriais como regiõespressupõe a existência de uma identidade. Para além da identidade socio-cultural, releva a identificação com um projecto. O conceito de região – como Região do Conhecimento –permite que as políticas e os programas europeus e nacionais com repercussão no desenvolvimento possam ser interpretados e avaliados, focando-as em vectores estratégicos centrados na região, envolvendo o compromisso de todos os agentes de desenvolvimento.

Modelos de Desenvolvimento

António Guimarães Rodrigues, Reitor da Universidade do Minho

infoPágina 10 OPINIÃO

Por outro lado, mais do que a construção de novascentralidades, é fundamental que se construam malhas dedesenvolvimento que articulem valências distribuídas, quepromovam a actividade económica e actuem como elos decoesão social.

Uma Região do Conhecimento

A Norte do País, no Minho, o desenvolvimento estruturou-sesegundo sub-regiões identificadas com os vales (Ave, Cávado,Lima e Minho), e cumpriu etapas fundamentais na instalaçãode infra-estruturas básicas, tendo sido, inclusivamente, bemsucedido na definição de planos estratégicos de carácter local.

Contudo, a este modelo de desenvolvimento (“segundo osvales”) corresponde uma lógica centrípeta orientada nosentido do grande centro litoral a Norte, segmentandoartificialmente o espaço territorial. Este modelo fomentou afragilidade associada ao desenvolvimento baseado em mono-sectores tradicionais.

A construção de uma malha de desenvolvimento requer umalógica transversal ao modelo de desenvolvimento “segundo osvales”, e a implantação de eixos interiores que garantam opreenchimento sustentado do espaço territorial.

Sobre diagnósticos e perspectivas de desenvolvimento esobre as oportunidades e ameaças presentes e futuras foramdesenvolvidos vários estudos. Sendo estes estudos de grandevalidade e interesse, são muitas vezes utilizados comoreferenciais para exercícios de segmentação artificial doreconhecimento de competências e de acantonamento deoportunidades em diferentes sub-regiões.

Face à fragilidade estrutural ditada pela dependência emmono-sectores tradicionais e à ameaça de elevados níveis dedesemprego acompanhados pela deterioração das condiçõessociais em algumas regiões, e tomando em conta quer arealidade das competências nelas reunidas, quer dasoportunidades que se oferecem, alguns princípioselementares devem ser assumidos:

Necessidade de criar alternativas locais, na indústria eserviços, dando expressão e apoiando clusters alternativos.

Necessidade de estabelecer plataformas de mobilidadeacrescida que permitam aumentar o potencial de acesso aomercado de trabalho.

Necessidade de reorientar as competências associadas asectores de actividade convencionais para produtos afinscom maior valor acrescentado e mercado mais qualificado.

Necessidade de garantir a cobertura de infra-estruturas desuporte à plena utilização e desenvolvimento de indústrias eserviços suportadas pelas acessibilidades digitais.

Necessidade de reconhecer, de forma objectiva, o impacto nodesenvolvimento da actuação das instituições que produzem,preservam e propagam o conhecimento.

Necessidade de assumir modelos de discriminação positivano investimento e financiamento que reconheçam o méritobaseado em critérios normalizados não indexados ao volume,mas ao desempenho dos agentes de desenvolvimento.

A Formação e a Qualificação

Não podem ignorar-se as estatísticas: Em Portugal, napopulação com idade entre os 25 e os 64 anos, verifica-seuma percentagem de 9,3% de licenciados, contra 21,8% naUnião Europeia; apenas 11,1% da população nesse grupoetário possui uma instrução de nível secundário,contrastando drasticamente com os 42,9% da média daUnião Europeia.

A formação e qualificação, reconhecidas como pilares para acompetitividade e para o desenvolvimento sustentado, serãoefectivas se estruturadas de acordo com uma orientaçãoassociada às competências que permitem adquirir.

Estes objectivos não podem ser confundidos com a duraçãode ciclos de formação que ignorem a duração da formaçãoprévia dos jovens que acedem ao ensino superior. A duraçãodos ciclos não pode também ignorar o reconhecimento pelomercado de trabalho. Não deve corresponder apenas a maisuma etapa para um acrescido desinvestimento no ensinosuperior.

A Inovação

A inovação é a alavanca que permite suportar acompetitividade. O suporte à cadeia de valorização doconhecimento adquire carácter prioritário. À semelhançadas congéneres europeias, as Universidades Portuguesassão fonte de criação de conhecimento e de inovação. Oapoio à transposição deste conhecimento e inovação embenefício da competitividade das empresas permitiráavançar no sentido de um mercado mais qualificado. Aevolução do tecido empresarial neste sentido, traduzir-se-áno recurso a quadros qualificados, aumentando anecessidade de absorção destes quadros e garantido ajustificação de necessidades que forçarão o nível deabsorção de licenciados para valores mais próximos damédia europeia.

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info Página 11OPINIÃO

A Escarpa

Um alpinista na escalada de uma escarpa sabe que paraavançar é preciso arriscar e lançar o seu ponto de apoio maisacima, ganhando terreno. A alternativa é deixar-se deslizar devolta à base, perdendo a possibilidade de se elevar a umaaltitude de onde possa desfrutar todo um campo de novosdesafios e oportunidades.

Para evoluir é necessário introduzir a mudança e aceitar osdesafios e os riscos, acreditando que é preferível tentar efalhar do que não ousar.

O Horizonte

Apenas a adopção de um horizonte alargado permite atomada de decisões estratégicas. Em processos queenvolvem diferentes agentes, com diferentes perspectivas eexigências de curto prazo, apenas um horizonte alargadopermite que as decisões não assumam um cariz meramentetáctico, que cumpra os interesses locais e individuais. Emcompromissos de médio e longo prazo, os diferentes agentespodem ter a percepção do ganho e a vantagem da cedênciado interesse imediato. Apenas para o médio e longo prazo épossível exercer a efectiva definição e decisão estratégica.

Lógica Gravitacional

Na decisão sobre a localização de centros de actividadeeconómica intervém um elevado número de factores. Aproximidade a toda uma infra-estrutura logística; o acessopróximo a mão-de-obra qualificada; a proximidade aoscentros financeiros e de decisão é normalmentedeterminante.

Ou seja, os modelos de desenvolvimento seguemfrequentemente uma lógica gravitacional, em que os centrosde maior dimensão atraem e acumulam cada vez maisactividade económica, e adquirem melhores condições devida para as populações.

Não é difícil prever que uma evolução deste tipo conduz, nomédio prazo, a uma menor coesão do espaço territorial e aum mais acentuado desequilíbrio no desenvolvimento.

A comunicação social anunciou, há mais de um ano, numsemanário, que em 2010 cerca de 90% da população

portuguesa estaria a viver num de dois grandes centrosurbanos. Independentemente da correcção dos númerosapresentados, esperar-se-ia que a afirmação publicadativesse suscitado, em reacção, alguma opinião.

Efectivamente, o princípio da coesão definido pela UniãoEuropeia, que se traduz na atribuição de fundos ao país,não foi acompanhado por idêntica política deinvestimento ao nível interno.

O cenário futuro de desenvolvimento corresponderá aoresultado das decisões políticas presentes e futuras.Independentemente de um juízo de valor, não é viávelevitar tomar no presente as acções coerentes com a opçãoadoptada para o cenário futuro.

Num eventual cenário de desenvolvimento quecorresponda à concentração gravitacional devem serdesde já desenvolvidas as acções que minorem asconsequências económicas e sociais futuras, queresultarão de uma desertificação de largas áreas do paísditada pela migração das suas populações na procura demelhores condições de vida.

Região do Conhecimento

Em 2000, a União Europeia identificou como objectivoconstruir na Europa, até ao ano de 2010, uma economiamais competitiva do que a dos Estados Unidos. Comopilar, a UE definiu a necessidade de construção daSociedade do Conhecimento.

Também pela mesma data, a União Europeia afirmou aimportância das regiões para o processo dedesenvolvimento da Sociedade do Conhecimento.

A identificação de espaços territoriais como regiõespressupõe a existência de uma identidade. Para além da identidade socio-cultural, releva a identificação com um projecto. O conceito de região – como Região do Conhecimento –permite que as políticas e os programas europeus e nacionais com repercussão no desenvolvimento possam ser interpretados e avaliados, focando-as em vectores estratégicos centrados na região, envolvendo o compromisso de todos os agentes de desenvolvimento.

Modelos de Desenvolvimento

António Guimarães Rodrigues, Reitor da Universidade do Minho

infoPágina 10 OPINIÃO

Por outro lado, mais do que a construção de novascentralidades, é fundamental que se construam malhas dedesenvolvimento que articulem valências distribuídas, quepromovam a actividade económica e actuem como elos decoesão social.

Uma Região do Conhecimento

A Norte do País, no Minho, o desenvolvimento estruturou-sesegundo sub-regiões identificadas com os vales (Ave, Cávado,Lima e Minho), e cumpriu etapas fundamentais na instalaçãode infra-estruturas básicas, tendo sido, inclusivamente, bemsucedido na definição de planos estratégicos de carácter local.

Contudo, a este modelo de desenvolvimento (“segundo osvales”) corresponde uma lógica centrípeta orientada nosentido do grande centro litoral a Norte, segmentandoartificialmente o espaço territorial. Este modelo fomentou afragilidade associada ao desenvolvimento baseado em mono-sectores tradicionais.

A construção de uma malha de desenvolvimento requer umalógica transversal ao modelo de desenvolvimento “segundo osvales”, e a implantação de eixos interiores que garantam opreenchimento sustentado do espaço territorial.

Sobre diagnósticos e perspectivas de desenvolvimento esobre as oportunidades e ameaças presentes e futuras foramdesenvolvidos vários estudos. Sendo estes estudos de grandevalidade e interesse, são muitas vezes utilizados comoreferenciais para exercícios de segmentação artificial doreconhecimento de competências e de acantonamento deoportunidades em diferentes sub-regiões.

Face à fragilidade estrutural ditada pela dependência emmono-sectores tradicionais e à ameaça de elevados níveis dedesemprego acompanhados pela deterioração das condiçõessociais em algumas regiões, e tomando em conta quer arealidade das competências nelas reunidas, quer dasoportunidades que se oferecem, alguns princípioselementares devem ser assumidos:

Necessidade de criar alternativas locais, na indústria eserviços, dando expressão e apoiando clusters alternativos.

Necessidade de estabelecer plataformas de mobilidadeacrescida que permitam aumentar o potencial de acesso aomercado de trabalho.

Necessidade de reorientar as competências associadas asectores de actividade convencionais para produtos afinscom maior valor acrescentado e mercado mais qualificado.

Necessidade de garantir a cobertura de infra-estruturas desuporte à plena utilização e desenvolvimento de indústrias eserviços suportadas pelas acessibilidades digitais.

Necessidade de reconhecer, de forma objectiva, o impacto nodesenvolvimento da actuação das instituições que produzem,preservam e propagam o conhecimento.

Necessidade de assumir modelos de discriminação positivano investimento e financiamento que reconheçam o méritobaseado em critérios normalizados não indexados ao volume,mas ao desempenho dos agentes de desenvolvimento.

A Formação e a Qualificação

Não podem ignorar-se as estatísticas: Em Portugal, napopulação com idade entre os 25 e os 64 anos, verifica-seuma percentagem de 9,3% de licenciados, contra 21,8% naUnião Europeia; apenas 11,1% da população nesse grupoetário possui uma instrução de nível secundário,contrastando drasticamente com os 42,9% da média daUnião Europeia.

A formação e qualificação, reconhecidas como pilares para acompetitividade e para o desenvolvimento sustentado, serãoefectivas se estruturadas de acordo com uma orientaçãoassociada às competências que permitem adquirir.

Estes objectivos não podem ser confundidos com a duraçãode ciclos de formação que ignorem a duração da formaçãoprévia dos jovens que acedem ao ensino superior. A duraçãodos ciclos não pode também ignorar o reconhecimento pelomercado de trabalho. Não deve corresponder apenas a maisuma etapa para um acrescido desinvestimento no ensinosuperior.

A Inovação

A inovação é a alavanca que permite suportar acompetitividade. O suporte à cadeia de valorização doconhecimento adquire carácter prioritário. À semelhançadas congéneres europeias, as Universidades Portuguesassão fonte de criação de conhecimento e de inovação. Oapoio à transposição deste conhecimento e inovação embenefício da competitividade das empresas permitiráavançar no sentido de um mercado mais qualificado. Aevolução do tecido empresarial neste sentido, traduzir-se-áno recurso a quadros qualificados, aumentando anecessidade de absorção destes quadros e garantido ajustificação de necessidades que forçarão o nível deabsorção de licenciados para valores mais próximos damédia europeia.

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infoPágina 12 NOTÍCIAS info NOTÍCIAS

Portugal viola legislação ambientalcomunitária

Portugal foi processado pelaComissão Europeia por alegadas vio-lações da legislação ambiental comu-nitária. Duas das três acções já inter-postas pela Comissão Europeia noTribunal de Justiça da União Europeia

referem-se à conservação da natureza.Em causa estão a não designação dePortugal das zonas de protecçãoespecial em número suficiente parapreservar aves estepárias e a reduçãoda área da zona de protecção especialde aves de Moura/Mourão/Barrancos,sem uma justificação válida. O tercei-ro processo diz respeito ao atraso deum ano da transposição da directiva-quadro da água.

Além destes casos, existe a ameaçada Comissão apresentar mais trêsprocessos contra Portugal. O facto donosso país não ter concluído os estu-dos sobre o efeito do Alqueva emáreas naturais a jusante da barragem,antes do fecho das barragens consti-tui uma das ameaças. As outras duasreferem-se às falhas nas avaliações deimpacte ambiental e no inadequadotratamento de esgotos em 18 aglome-rações urbanas no país.O Ministério do Ambiente já respon-deu numa nota divulgada a 14 deJaneiro. Criticou o facto de aComissão exigir a delimitação dezonas de protecção especial para asaves sem haver financiamento comu-nitário para a sua gestão e argumen-tou que está ser analisada a validadeda desafectação da zonaMoura/Mourão/Barrancos. A lei daságuas e os estudos sobre as águasafectadas pelo Alqueva estão concluí-dos.O ministério ainda esclareceu aComissão que está a ser estudado aforma para resolver as falhas nos pro-cessos de avaliação e que esta deverápassar por uma alteração na lei dosimpactes ambientais e que na penín-sula de Setúbal, na maioria dos con-celhos alentejanos e em dois doAlgarve será efectuado o tratamentode esgotos.

Engenharia para homens

Existem menos mulheres em cargosimportantes nas áreas da ciência e daengenharia, porque as suas responsa-bilidades maternas não lhes permitemestar disponíveis para trabalhar mui-tas horas. E as mulheres têm um des-empenho inferior que os homens nas

ciências e na matemática, devido àsdiferenças genéticas.Estas afirmações são do reitor daUniversidade de Harvard, LawrenceSummers, proferidas durante umaconferência sobre o papel das mulhe-res e das minorias nas ciências e nasengenharias, promovida pelo CentroNacional de Investigação Económicanorte-americano.Académicas e cientistas manifestarama sua indignação face a estas declara-ções, houve inclusive uma participan-te a abandonar a sala em sinal de pro-testo.Em entrevista feita ao The Boston Globedepois da conferência, o reitor afirmouque: “a investigação na área da genéticacomportamental tem revelado que atitu-des tradicionalmente atribuídas à socia-lização não se devem afinal a este fac-tor”. Na sua opinião devem ser realiza-das mais investigações e ressalvou queos estudos citados podem não ser a suaopinião pessoal e que os organizadoresda conferência lhe pediram para serprovocador.

Coincidência ou não, o facto é quedesde que Lawrence Summers está àfrente da universidade cada vezmenos mulheres são contratadas.

Porto Vivo para 2005

No calendário e estratégia de acçãopara 2005, a Sociedade deReabilitação Urbana (SRU) Porto Vivopropõe nos primeiros seis mesesarrancar com a intervenção no quar-teirão da Praça Carlos Alberto, umdos cinco quarteirões-piloto definidospela sociedade. Espera-se que numfuturo próximo aqui se alberguemjovens casais e profissionais dasáreas da saúde e justiça. Esta foi umadas ideias transmitidas na conferênciade imprensa promovida pela socieda-de em Janeiro de 2005.Ainda no primeiro semestre, a PortoVivo irá recolher sugestões escritassobre o ‘masterplan’ para o centro da

cidade e em Abril será apresentada asua versão preliminar, o qual estaráem discussão pública durante 60dias. A versão definitiva do ‘masterplan’ será conhecida emJunho, bem como o gestor do centrourbano.No segundo semestre será levada acabo a recuperação de dez edifíciosno centro histórico e de propriedadeda autarquia, para serem depois ven-didos a jovens a preços que apenascubram os custos estimados para asobras, cerca de 2,5 milhões de euros.Na conferência ainda foram dadas aconhecer mais duas novas zonas deintervenção da Porto Vivo: a zonadelimitada pela Rua da Bainharia,Viela do Anjo e Rua Mouzinho daSilveira, no centro histórico, eMercado do Bolhão.A sociedade espera apresentar a ver-são definitiva do ‘masterplan’ paratoda a sua zona de acção a 30 deJulho. Este documento traçará o planode oito freguesias da cidade num totalde cinco quilómetros quadrados efixará as estratégias de cada zona deintervenção.

Tribunal Arbitral da Construção

O Tribunal Arbitral da Construção deuno início de Fevereiro um passo àfrente na sua constituição com a assi-natura do”protocolo de fundação”pela associação que ficará responsá-vel pelo processo de criação desteorganismo. IMOPPI, ordens dosEngenheiros, Arquitectos,Economistas e Advogados, LNEC,Instituto de estradas, INH, REFER,APAE, AECOPS, AICCOPN, APEMIP,AICE, ANEOP e APCMC são as enti-dades que integram o protocolo.

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Portugal viola legislação ambientalcomunitária

Portugal foi processado pelaComissão Europeia por alegadas vio-lações da legislação ambiental comu-nitária. Duas das três acções já inter-postas pela Comissão Europeia noTribunal de Justiça da União Europeia

referem-se à conservação da natureza.Em causa estão a não designação dePortugal das zonas de protecçãoespecial em número suficiente parapreservar aves estepárias e a reduçãoda área da zona de protecção especialde aves de Moura/Mourão/Barrancos,sem uma justificação válida. O tercei-ro processo diz respeito ao atraso deum ano da transposição da directiva-quadro da água.

Além destes casos, existe a ameaçada Comissão apresentar mais trêsprocessos contra Portugal. O facto donosso país não ter concluído os estu-dos sobre o efeito do Alqueva emáreas naturais a jusante da barragem,antes do fecho das barragens consti-tui uma das ameaças. As outras duasreferem-se às falhas nas avaliações deimpacte ambiental e no inadequadotratamento de esgotos em 18 aglome-rações urbanas no país.O Ministério do Ambiente já respon-deu numa nota divulgada a 14 deJaneiro. Criticou o facto de aComissão exigir a delimitação dezonas de protecção especial para asaves sem haver financiamento comu-nitário para a sua gestão e argumen-tou que está ser analisada a validadeda desafectação da zonaMoura/Mourão/Barrancos. A lei daságuas e os estudos sobre as águasafectadas pelo Alqueva estão concluí-dos.O ministério ainda esclareceu aComissão que está a ser estudado aforma para resolver as falhas nos pro-cessos de avaliação e que esta deverápassar por uma alteração na lei dosimpactes ambientais e que na penín-sula de Setúbal, na maioria dos con-celhos alentejanos e em dois doAlgarve será efectuado o tratamentode esgotos.

Engenharia para homens

Existem menos mulheres em cargosimportantes nas áreas da ciência e daengenharia, porque as suas responsa-bilidades maternas não lhes permitemestar disponíveis para trabalhar mui-tas horas. E as mulheres têm um des-empenho inferior que os homens nas

ciências e na matemática, devido àsdiferenças genéticas.Estas afirmações são do reitor daUniversidade de Harvard, LawrenceSummers, proferidas durante umaconferência sobre o papel das mulhe-res e das minorias nas ciências e nasengenharias, promovida pelo CentroNacional de Investigação Económicanorte-americano.Académicas e cientistas manifestarama sua indignação face a estas declara-ções, houve inclusive uma participan-te a abandonar a sala em sinal de pro-testo.Em entrevista feita ao The Boston Globedepois da conferência, o reitor afirmouque: “a investigação na área da genéticacomportamental tem revelado que atitu-des tradicionalmente atribuídas à socia-lização não se devem afinal a este fac-tor”. Na sua opinião devem ser realiza-das mais investigações e ressalvou queos estudos citados podem não ser a suaopinião pessoal e que os organizadoresda conferência lhe pediram para serprovocador.

Coincidência ou não, o facto é quedesde que Lawrence Summers está àfrente da universidade cada vezmenos mulheres são contratadas.

Porto Vivo para 2005

No calendário e estratégia de acçãopara 2005, a Sociedade deReabilitação Urbana (SRU) Porto Vivopropõe nos primeiros seis mesesarrancar com a intervenção no quar-teirão da Praça Carlos Alberto, umdos cinco quarteirões-piloto definidospela sociedade. Espera-se que numfuturo próximo aqui se alberguemjovens casais e profissionais dasáreas da saúde e justiça. Esta foi umadas ideias transmitidas na conferênciade imprensa promovida pela socieda-de em Janeiro de 2005.Ainda no primeiro semestre, a PortoVivo irá recolher sugestões escritassobre o ‘masterplan’ para o centro da

cidade e em Abril será apresentada asua versão preliminar, o qual estaráem discussão pública durante 60dias. A versão definitiva do ‘masterplan’ será conhecida emJunho, bem como o gestor do centrourbano.No segundo semestre será levada acabo a recuperação de dez edifíciosno centro histórico e de propriedadeda autarquia, para serem depois ven-didos a jovens a preços que apenascubram os custos estimados para asobras, cerca de 2,5 milhões de euros.Na conferência ainda foram dadas aconhecer mais duas novas zonas deintervenção da Porto Vivo: a zonadelimitada pela Rua da Bainharia,Viela do Anjo e Rua Mouzinho daSilveira, no centro histórico, eMercado do Bolhão.A sociedade espera apresentar a ver-são definitiva do ‘masterplan’ paratoda a sua zona de acção a 30 deJulho. Este documento traçará o planode oito freguesias da cidade num totalde cinco quilómetros quadrados efixará as estratégias de cada zona deintervenção.

Tribunal Arbitral da Construção

O Tribunal Arbitral da Construção deuno início de Fevereiro um passo àfrente na sua constituição com a assi-natura do”protocolo de fundação”pela associação que ficará responsá-vel pelo processo de criação desteorganismo. IMOPPI, ordens dosEngenheiros, Arquitectos,Economistas e Advogados, LNEC,Instituto de estradas, INH, REFER,APAE, AECOPS, AICCOPN, APEMIP,AICE, ANEOP e APCMC são as enti-dades que integram o protocolo.

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Rapidez no processode Entre-os-Rios

Rapidez no processo de Entre-os-Rios éo apelo da Ordem dos Engenheiros(OE) que mais uma vez realça a convic-ção de que os seis engenheiros acusa-dos pelo Ministério Público e pronun-ciados em meados de Janeiro do

corrente ano pelo Tribunal da Relaçãodo Porto não são responsáveis pelaqueda da Ponte de Hintze Ribeiro.No comunicado da instituição lê-se:“exige-se que seja feita justiça de formacélere, ilibando os inocentes e, atenden-do às conclusões do relatório da comis-são de inquérito, apurando os verdadei-ros responsáveis pelo colapso daponte”.

Os arguidos são acusados do crimede infracção de regras de construção,incorrendo numa pena de um a oitoanos e se o perigo estiver associado anegligência podem estar sujeitos aum máximo de cinco anos de prisão.A pena pode ser agravada, tendo emconta a morte de 59 pessoas queseguiam num autocarro e em trêsautomóveis quando ocorreu o colapsoda estrutura.

Mais de 70.000empregos perdidos

O sector da construção civil e dasobras públicas perdeu 71 mil e 200postos de trabalho nos anos de 2003e 2004. Esta é uma das conclusõesapresentada pela Associação deConstrução Civil e Obras Públicas(AICCOPN) em Fevereiro do correnteano. Contra as expectativas, o ano de 2004não foi de retoma, mas de queda doemprego, apesar do sector ter assisti-do a uma recuperação ao nível deindicadores como o ValorAcrescentado Bruto e da FormaçãoBruta de Capital Fixo em relação aoano anterior. Albano Ribeiro, presidente doSindicato de Construção do Norte,perante estes números afirmou:“afinal, vêm confirmar o drama para oqual se tem vindo a alertar nosúltimos anos”. Prevê que nospróximos três meses irão “algunsmilhares de trabalhadores para ofundo de desemprego”, e muitosdeles “nem a esse apoio terão direito,porque os seus patrões não lhefaziam descontos”.O ano de 2005, segundo a AICCOPN,começou sem manifestar sinais demudança, podendo ainda não ser esteo ano da retoma.

Casa da Música abre as portas

Está marcada a abertura da Casa daMúsica para o dia 14 de Abril, colo-cando um ponto final nas derrapa-gens financeiras e nas polémicas quea envolveram desde a sua integraçãono projecto Porto 2001 – Capital

Europeia da Cultura.Para a inauguração estão previstas asactuação de Lou Reed, da Mariza e daOrquestra Nacional do Porto.A Casa da Música dispõe de um auditório com uma área total de 1100metros quadrados, para 1238 lugares,com excelentes condições acústicas etécnicas. Ainda tem à disposição umpequeno auditório, sala vip, espaço

cibermúsica, área destinada ao servi-ço educativo, centro de documenta-ção, restaurante e bar, zona comer-cial, salas de ensaio e estúdios de gra-vação e parque de estacionamento.

Fisco de olho na construção

Os serviços tributários até ao fim domês de Fevereiro irão avaliar mais de100 mil imóveis vendidos no ano de2004, de forma a detectar eventuaissituações de subfacturação, e no casode se verificarem irregularidades osector da construção e dos promoto-res imobiliários deverá pagar maisIRC do que no ano passado. Se foremdetectadas discrepâncias nos valoresdeclarados nas vendas de imóveis, adiferença poderá entrar na contabili-dade dos vendedores referente à acti-vidade de 2004.

Albergaria produz painéis solares

A Solco Europe, a primeira fábrica deprodução de painéis solares emPortugal, foi oficialmente inauguradano dia 28 de Janeiro em Albergaria-a-Velha, apesar de estar a funcionardesde Novembro de 2004. O investimento, que conta com capi-tais nacionais e estrangeiros, rondaos 1,5 milhões de euros e o objectivoé abastecer a Europa, sobretudo omercado ibérico, com painéis solaresfabricados sob licença de patente etecnologia concebidas pela australia-na Solco Industries Pty.A sua capacidade de produção anual éde 15 mil metros quadrados de áreade colector solar, o equivalente acerca de três mil unidades.

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Rapidez no processode Entre-os-Rios

Rapidez no processo de Entre-os-Rios éo apelo da Ordem dos Engenheiros(OE) que mais uma vez realça a convic-ção de que os seis engenheiros acusa-dos pelo Ministério Público e pronun-ciados em meados de Janeiro do

corrente ano pelo Tribunal da Relaçãodo Porto não são responsáveis pelaqueda da Ponte de Hintze Ribeiro.No comunicado da instituição lê-se:“exige-se que seja feita justiça de formacélere, ilibando os inocentes e, atenden-do às conclusões do relatório da comis-são de inquérito, apurando os verdadei-ros responsáveis pelo colapso daponte”.

Os arguidos são acusados do crimede infracção de regras de construção,incorrendo numa pena de um a oitoanos e se o perigo estiver associado anegligência podem estar sujeitos aum máximo de cinco anos de prisão.A pena pode ser agravada, tendo emconta a morte de 59 pessoas queseguiam num autocarro e em trêsautomóveis quando ocorreu o colapsoda estrutura.

Mais de 70.000empregos perdidos

O sector da construção civil e dasobras públicas perdeu 71 mil e 200postos de trabalho nos anos de 2003e 2004. Esta é uma das conclusõesapresentada pela Associação deConstrução Civil e Obras Públicas(AICCOPN) em Fevereiro do correnteano. Contra as expectativas, o ano de 2004não foi de retoma, mas de queda doemprego, apesar do sector ter assisti-do a uma recuperação ao nível deindicadores como o ValorAcrescentado Bruto e da FormaçãoBruta de Capital Fixo em relação aoano anterior. Albano Ribeiro, presidente doSindicato de Construção do Norte,perante estes números afirmou:“afinal, vêm confirmar o drama para oqual se tem vindo a alertar nosúltimos anos”. Prevê que nospróximos três meses irão “algunsmilhares de trabalhadores para ofundo de desemprego”, e muitosdeles “nem a esse apoio terão direito,porque os seus patrões não lhefaziam descontos”.O ano de 2005, segundo a AICCOPN,começou sem manifestar sinais demudança, podendo ainda não ser esteo ano da retoma.

Casa da Música abre as portas

Está marcada a abertura da Casa daMúsica para o dia 14 de Abril, colo-cando um ponto final nas derrapa-gens financeiras e nas polémicas quea envolveram desde a sua integraçãono projecto Porto 2001 – Capital

Europeia da Cultura.Para a inauguração estão previstas asactuação de Lou Reed, da Mariza e daOrquestra Nacional do Porto.A Casa da Música dispõe de um auditório com uma área total de 1100metros quadrados, para 1238 lugares,com excelentes condições acústicas etécnicas. Ainda tem à disposição umpequeno auditório, sala vip, espaço

cibermúsica, área destinada ao servi-ço educativo, centro de documenta-ção, restaurante e bar, zona comer-cial, salas de ensaio e estúdios de gra-vação e parque de estacionamento.

Fisco de olho na construção

Os serviços tributários até ao fim domês de Fevereiro irão avaliar mais de100 mil imóveis vendidos no ano de2004, de forma a detectar eventuaissituações de subfacturação, e no casode se verificarem irregularidades osector da construção e dos promoto-res imobiliários deverá pagar maisIRC do que no ano passado. Se foremdetectadas discrepâncias nos valoresdeclarados nas vendas de imóveis, adiferença poderá entrar na contabili-dade dos vendedores referente à acti-vidade de 2004.

Albergaria produz painéis solares

A Solco Europe, a primeira fábrica deprodução de painéis solares emPortugal, foi oficialmente inauguradano dia 28 de Janeiro em Albergaria-a-Velha, apesar de estar a funcionardesde Novembro de 2004. O investimento, que conta com capi-tais nacionais e estrangeiros, rondaos 1,5 milhões de euros e o objectivoé abastecer a Europa, sobretudo omercado ibérico, com painéis solaresfabricados sob licença de patente etecnologia concebidas pela australia-na Solco Industries Pty.A sua capacidade de produção anual éde 15 mil metros quadrados de áreade colector solar, o equivalente acerca de três mil unidades.

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Segundo o director técnico da empre-sa, Miguel Sousa, este tipo de produ-to começa a ser novamente procura-do, recuperando o sucesso de há 15ou 20 anos atrás e o descrédito dosúltimos anos devido aos defeitos queapresentava.“Produzimos um painel duradouro,em peça única e com garantia vitalíciacontra ferrugem e corrosão, que sãoproblemas típicos de produtos simila-res, afirma o director. “Actualmente,perante factores como o custo doscombustíveis e as questões ambien-tais, há uma série de preocupaçõesque este produto respeita. É umaenergia limpa, não poluente”, acres-centa.A Solco Europe pretende conquistar omercado pelos preços praticados,visto serem “20 a 30 por cento maiseconómicos do que os praticadospelas outras empresas do ramo”,assegura Miguel Sousa.

Fiscalização de obraspara os privados

O vereador do Urbanismo da Câmarado Porto, Paulo Morais, pretendecolocar, sob a forma de concessão,

nas mãos de empresas privadas parteda actividade de fiscalização de obrasparticulares na cidade, de acordo cominformações apuradas em Janeiro.Esta decisão tem como base a recentesindicância a que a Divisão deFiscalização do Urbanismo da Câmarado Porto foi submetida entre Outubrode 2003 e Julho de 2004, solicitadapelos responsáveis autárquicos. Osdados apresentados revelaram índicesde ineficácia elevados dos serviços nademolição de edificações clandestinase um número considerável de funcio-nários municipais a elaborar projectospara o sector privado e a apresentá-los na câmara com outro nome.Face a esta solução, pretende-se queas empresas privadas acelerem a acti-vidade de fiscalização das obras noPorto e aumentem o número de fisca-lizações efectuadas sem que sejanecessário ter mais funcionários aoserviço da autarquia.Paulo Morais ainda prevê que no futu-ro 60 por cento dos serviços de fisca-lização sejam realizados por essesmesmos privados.Além desta decisão, foi também apre-sentada a vontade em estabelecernovas regras para as actividades fisca-

lizadoras, nomeadamente o poder emser activadas por ordens superiores,por motivos de reclamações, queixas,denúncias e ainda amostragens. Asempresas privadas poderão aindaefectuar inspecções e vistorias àsobras, de forma a detectarem opera-ções urbanísticas ilegais.O objectivo principal da Divisão deFiscalização das Obras Particularesserá assim a detecção de operaçõesurbanísticas ilegais e a reposição dalegalidade, contando para isso com oapoio da Polícia Municipal na execu-ção dos embargos.

Consequências da nova lei dos alvarás

Cinco mil empresas perderam alvará e1600 desceram de classe, estas sãoas consequências da entrada em vigorda Lei 12/2004. Numa entrevista ao jornal Público,publicada a 24 de Janeiro de 2005, opresidente do Instituto de Mercado deObras Públicas e Particulares e doImobiliário (IMOPPI), Hipólito Poncede Leão, considera que mesmo assimo mercado continua desregulado eque há um longo caminho a percorrer.“Mas devo fazer uma ressalva: onúmero está sobredimensionado,mas não quer dizer que a força queexiste não seja necessária para o sec-tor. O que acho é que a organizaçãonão devia ser esta. Neste momento,com a quantidade de empresas queexiste, não sei se não era de se junta-rem para poderem trabalhar. Estou afalar de fusões, e não estou a pensarnas empresas de classe 9, como éhabitual. Estou a pensar nas empre-sas de classe 1 e 2, que são a grandemaioria”, explica.Quanto à tomada dessa medida, queé aliás discutida há algum tempo,

Hipólito Ponce de Leão afirma: “nósfazemos o que podemos. Por exem-plo, com a aplicação de novos indica-dores económicos e com o aumentodas exigências. O mercado já sabeque no próximo ano, na revalidaçãodos alvarás para 2006, as empresasaté à classe 5 terão de apresentar umaautonomia financeira de oito porcento, e as empresas até à classe 9terão de ter autonomia de dez porcento”.Quanto à crise do sector dos últimostrês anos, o presidente do IMOPPI res-ponde: “sem irmos impondo metas, esermos ambiciosos nelas, o sectornunca ficará regularizado. Nós ameniza-mos as exigências, diminuímos os crité-rios que estavam até expressos na Lei61/99, a pensar nas empresas e a dar-lhes tempo para se prepararem. É o quevamos continuar a fazer”.

Associações apoiamperdas de alvarás

As associações representativas dosector da construção apoiam a deci-são de retirar alvarás a mais de cincomil empresas, num universo dasquase 25 mil que no ano de 2003estavam habilitadas ao exercício daactividade.Manuel Agria, da Associação Nacionalde Empreiteiros de Obras Públicas(ANEOP), considera: “nós só pode-mos aplaudir esse facto, porque umdos problemas do sector é estar enxa-meado de pseudo-empresas”. Na suaopinião, os preços praticados poressas empresas não só promoviam aconcorrência desleal como prejudica-vam a economia do sector e a nacio-nal. “O prejuízo que elas traziam aopaís e à economia é bem superior aoimpacto que agora vai haver”.

Para Rui Viana, presidente daAssociação dos Industriais deConstrução Civil e Obras Públicas(AICCOPN), esta medida já estavaanunciada há muito tempo, não cons-tituindo, por isso, nenhuma surpresa.

Construtora do Tâmega liderou adjudicações em 2004

A Construtora do Tâmega, somando ovalor de 137,9 milhões de euros, lide-rou as adjudicações em 2004, subindoquatro lugares na tabela anual. Aindade acordo com os dados daAssociação das Empresas deConstrução Civil e Obras Públicas(AECOPS), do valor total de adjudica-

ções, 110,5 milhões resultaram deobras adjudicadas a consórcios inte-grados por essa construtora. Com estes resultados, a empresa supe-rou a Somague que acabou o ano com117,9 milhões de euros em obras adjudi-cadas e a líder da tabela de 2003, aTeixeira Duarte, a qual desceu para osétimo lugar, totalizando 52,9 milhõesde euros em obras adjudicadas, isto é,aproximadamente metade que no anoanterior. Destacam-se ainda nas primeiras posi-ções a Zagope com 107,7 milhões deeuros, a Construtora do Lena com 83,2milhões de euros e a Camilo deAmorim, a quem foram adjudicadasobras no valor de 79,3 milhões deeuros.Dos dados apresentados pela AECOPSé ainda de referir que a ConstrutoraLena liderou com 51 adjudicações emnúmero de concursos ganhos.

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Segundo o director técnico da empre-sa, Miguel Sousa, este tipo de produ-to começa a ser novamente procura-do, recuperando o sucesso de há 15ou 20 anos atrás e o descrédito dosúltimos anos devido aos defeitos queapresentava.“Produzimos um painel duradouro,em peça única e com garantia vitalíciacontra ferrugem e corrosão, que sãoproblemas típicos de produtos simila-res, afirma o director. “Actualmente,perante factores como o custo doscombustíveis e as questões ambien-tais, há uma série de preocupaçõesque este produto respeita. É umaenergia limpa, não poluente”, acres-centa.A Solco Europe pretende conquistar omercado pelos preços praticados,visto serem “20 a 30 por cento maiseconómicos do que os praticadospelas outras empresas do ramo”,assegura Miguel Sousa.

Fiscalização de obraspara os privados

O vereador do Urbanismo da Câmarado Porto, Paulo Morais, pretendecolocar, sob a forma de concessão,

nas mãos de empresas privadas parteda actividade de fiscalização de obrasparticulares na cidade, de acordo cominformações apuradas em Janeiro.Esta decisão tem como base a recentesindicância a que a Divisão deFiscalização do Urbanismo da Câmarado Porto foi submetida entre Outubrode 2003 e Julho de 2004, solicitadapelos responsáveis autárquicos. Osdados apresentados revelaram índicesde ineficácia elevados dos serviços nademolição de edificações clandestinase um número considerável de funcio-nários municipais a elaborar projectospara o sector privado e a apresentá-los na câmara com outro nome.Face a esta solução, pretende-se queas empresas privadas acelerem a acti-vidade de fiscalização das obras noPorto e aumentem o número de fisca-lizações efectuadas sem que sejanecessário ter mais funcionários aoserviço da autarquia.Paulo Morais ainda prevê que no futu-ro 60 por cento dos serviços de fisca-lização sejam realizados por essesmesmos privados.Além desta decisão, foi também apre-sentada a vontade em estabelecernovas regras para as actividades fisca-

lizadoras, nomeadamente o poder emser activadas por ordens superiores,por motivos de reclamações, queixas,denúncias e ainda amostragens. Asempresas privadas poderão aindaefectuar inspecções e vistorias àsobras, de forma a detectarem opera-ções urbanísticas ilegais.O objectivo principal da Divisão deFiscalização das Obras Particularesserá assim a detecção de operaçõesurbanísticas ilegais e a reposição dalegalidade, contando para isso com oapoio da Polícia Municipal na execu-ção dos embargos.

Consequências da nova lei dos alvarás

Cinco mil empresas perderam alvará e1600 desceram de classe, estas sãoas consequências da entrada em vigorda Lei 12/2004. Numa entrevista ao jornal Público,publicada a 24 de Janeiro de 2005, opresidente do Instituto de Mercado deObras Públicas e Particulares e doImobiliário (IMOPPI), Hipólito Poncede Leão, considera que mesmo assimo mercado continua desregulado eque há um longo caminho a percorrer.“Mas devo fazer uma ressalva: onúmero está sobredimensionado,mas não quer dizer que a força queexiste não seja necessária para o sec-tor. O que acho é que a organizaçãonão devia ser esta. Neste momento,com a quantidade de empresas queexiste, não sei se não era de se junta-rem para poderem trabalhar. Estou afalar de fusões, e não estou a pensarnas empresas de classe 9, como éhabitual. Estou a pensar nas empre-sas de classe 1 e 2, que são a grandemaioria”, explica.Quanto à tomada dessa medida, queé aliás discutida há algum tempo,

Hipólito Ponce de Leão afirma: “nósfazemos o que podemos. Por exem-plo, com a aplicação de novos indica-dores económicos e com o aumentodas exigências. O mercado já sabeque no próximo ano, na revalidaçãodos alvarás para 2006, as empresasaté à classe 5 terão de apresentar umaautonomia financeira de oito porcento, e as empresas até à classe 9terão de ter autonomia de dez porcento”.Quanto à crise do sector dos últimostrês anos, o presidente do IMOPPI res-ponde: “sem irmos impondo metas, esermos ambiciosos nelas, o sectornunca ficará regularizado. Nós ameniza-mos as exigências, diminuímos os crité-rios que estavam até expressos na Lei61/99, a pensar nas empresas e a dar-lhes tempo para se prepararem. É o quevamos continuar a fazer”.

Associações apoiamperdas de alvarás

As associações representativas dosector da construção apoiam a deci-são de retirar alvarás a mais de cincomil empresas, num universo dasquase 25 mil que no ano de 2003estavam habilitadas ao exercício daactividade.Manuel Agria, da Associação Nacionalde Empreiteiros de Obras Públicas(ANEOP), considera: “nós só pode-mos aplaudir esse facto, porque umdos problemas do sector é estar enxa-meado de pseudo-empresas”. Na suaopinião, os preços praticados poressas empresas não só promoviam aconcorrência desleal como prejudica-vam a economia do sector e a nacio-nal. “O prejuízo que elas traziam aopaís e à economia é bem superior aoimpacto que agora vai haver”.

Para Rui Viana, presidente daAssociação dos Industriais deConstrução Civil e Obras Públicas(AICCOPN), esta medida já estavaanunciada há muito tempo, não cons-tituindo, por isso, nenhuma surpresa.

Construtora do Tâmega liderou adjudicações em 2004

A Construtora do Tâmega, somando ovalor de 137,9 milhões de euros, lide-rou as adjudicações em 2004, subindoquatro lugares na tabela anual. Aindade acordo com os dados daAssociação das Empresas deConstrução Civil e Obras Públicas(AECOPS), do valor total de adjudica-

ções, 110,5 milhões resultaram deobras adjudicadas a consórcios inte-grados por essa construtora. Com estes resultados, a empresa supe-rou a Somague que acabou o ano com117,9 milhões de euros em obras adjudi-cadas e a líder da tabela de 2003, aTeixeira Duarte, a qual desceu para osétimo lugar, totalizando 52,9 milhõesde euros em obras adjudicadas, isto é,aproximadamente metade que no anoanterior. Destacam-se ainda nas primeiras posi-ções a Zagope com 107,7 milhões deeuros, a Construtora do Lena com 83,2milhões de euros e a Camilo deAmorim, a quem foram adjudicadasobras no valor de 79,3 milhões deeuros.Dos dados apresentados pela AECOPSé ainda de referir que a ConstrutoraLena liderou com 51 adjudicações emnúmero de concursos ganhos.

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O que é o avanço?

Francisco Correia Velez Grilo, Engenheiro Electrotécnico

infoPágina 18 ENTREVISTA

Francisco Correia Velez Grilo, um engenheiroelectrotécnico que passou a maior parte da sua vida entrefolhas de contas, réguas de cálculo e frequênciasmoduladas, questiona aos 83 anos o que se passa emredor com a mesma facilidade e impulsividade que faziaquando era mais novo. O facto de ter assistidoatentamente ao aparecimento de novos meios einstrumentos que provocaram alterações bemsignificativas na população mundial e na economia, leva-oa interrogar-se sobre as “voltas que o mundo dá”.O invento criado por Bell em 1876, o telefone, já pertencea um passado muito remoto. Até mesmo o aparecimentodo telefone móvel, em 1973, parece ter sido há muitotempo, visto já existirem os telefones móveis da terceirageração. Actualmente, não se fala em analógico, mas sim

em digital, nem em redes fixas, mas em redes móveis. É um ‘novo mundo’ ao qual o engenheiro se temadaptado, rejeitando ficar para trás na ‘carruagem doprogresso’. Os números sempre foram a sua paixão, astelecomunicações o seu trabalho. Razões mais do quesuficientes para apanhar esta ‘carruagem’ com satisfação.Tem no seu escritório de casa: um Macintosh e um IBM,as suas ferramentas actuais de trabalho, a acrescentar àcaneta que nunca dispensa para sarrabiscar letras enúmeros. E perante a pergunta “qual prefere?”, responde:

Como “a palavra foi dada ao homem para seenganar”, Velez Grilo nunca se compromete compalavras como invenção, desenvolvimento, avanço ecerteza, pois estas podem ser incertas.

Texto de Ana Ferreira • Fotos de Alfredo Pinto

info Página 19ENTREVISTA

“depende do que se quer fazer. É uma questão de análise.Têm filosofias diferentes”. O primeiro é para evitar fazercontas e o segundo é para fazer contabilidade, explica oengenheiro electrotécnico. Assiste maravilhado com o que se faz com a electricidade,mas “o que é evoluir? É só mudar de posição”, “o que écriar? É arrumar o existente numa maneira diferente.” e “oque é investigação? É trazer para um meio coisasdesconhecidas nesse meio”. Como “a palavra foi dada ao homem para se enganar”,nunca se compromete com palavras como invenção,desenvolvimento, avanço e certeza, pois estas podem serambíguas, incertas, equívocas, ou seja, podem não definiro que realmente se pretende afirmar. Por isso, o melhor éter cuidado com elas. Todas as perguntas merecem uma explicaçãoesclarecedora e um caso prático que sustente a resposta,daí a dificuldade em ser sucinto e em fazer afirmaçõescurtas e simples. “Tenho a preocupação em provar comcasos concretos que a afirmação tem a sua viabilidade emser válida. Posso trocar as informações, talvez por ser umcanhoto contrariado”, explica. O engenheiro recorre frequentemente a citações depessoas especiais com quem cruzou no percurso pessoale profissional.Ao longo da entrevista, manteve um bloco de folhas àfrente, onde escrevia palavras-chave das perguntas esarrabiscos. Sarrabiscos esses que desenvolviam eacompanhavam o raciocínio.

Os números“O gosto de fazer contas foi sempre o meu motorprincipal. Eu estudei Electrotecnia, porque foi a partir delaque aprendi a fazer mais contas e durante 46 anosleccionei, ultimos 30 como catedrático, Electrotecnia, combase nas contas. E continuo a fazer contas e a aprender afazer contas”.E foi a paixão pelos números que conduziu Velez Grilo daaldeia alentejana de Ervedal, onde nasceu a 28 de Agostode 1921, para o liceu de Évora e, mais tarde, para aUniversidade do Porto, onde obteve a licenciatura emEngenharia Electrotécnica, em 1947.Mas antes de ir para o Porto, de onde nunca mais saiu,permaneceu em Coimbra a fazer os preparativos paraEngenharia. O fascínio pela Universidade de Coimbraderiva do contacto com uns estudantes coimbrões emÉvora e a opção pela Electrotécnica surgiu “um dia, jáestava em Coimbra, um estudante de Engenharia disse-me: «a electrotecnia, aquilo é que é ciência» e eu fui atrásdessa frase. Não me arrependo, mas não digo que aquiloé que é ciência, mas também não digo que não seja”.Já aposentado dos diversos cargos que exerceu ao longoda carreira profissional, ainda hoje o engenheiro só fazcontas. Além disso, precisa de as fazer para actualizar a

Teoria Vectorial do Sinal livro que está a preparar, maisuma vez, em parceria com António Manuel E. S. Casimiroe João António Correia Lopes. Tendo sido publicada a 2ªedição em Dezembro de 1989, é necessária a actualização.Velez Grilo recorre a uma frase do professor Pacheco deAmorim, mestre de Coimbra, para definir a sua paixão:“matemática não é fazer contas, isso é contabilidade.Matemática é evitar fazer contas.” E para o engenheirofazer contas não é mais do que saber trabalhar comgráficos e estudá-los.Quanto à definição de engenheiro, Velez Grilo lembra oprofessor Almeida Garrett, o homem que introduziu ocimento armado em Portugal: “um engenheiro para serbom tem de ter bom senso em primeiro lugar, emsegundo lugar também deve ter bom senso e depois tem

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O que é o avanço?

Francisco Correia Velez Grilo, Engenheiro Electrotécnico

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Francisco Correia Velez Grilo, um engenheiroelectrotécnico que passou a maior parte da sua vida entrefolhas de contas, réguas de cálculo e frequênciasmoduladas, questiona aos 83 anos o que se passa emredor com a mesma facilidade e impulsividade que faziaquando era mais novo. O facto de ter assistidoatentamente ao aparecimento de novos meios einstrumentos que provocaram alterações bemsignificativas na população mundial e na economia, leva-oa interrogar-se sobre as “voltas que o mundo dá”.O invento criado por Bell em 1876, o telefone, já pertencea um passado muito remoto. Até mesmo o aparecimentodo telefone móvel, em 1973, parece ter sido há muitotempo, visto já existirem os telefones móveis da terceirageração. Actualmente, não se fala em analógico, mas sim

em digital, nem em redes fixas, mas em redes móveis. É um ‘novo mundo’ ao qual o engenheiro se temadaptado, rejeitando ficar para trás na ‘carruagem doprogresso’. Os números sempre foram a sua paixão, astelecomunicações o seu trabalho. Razões mais do quesuficientes para apanhar esta ‘carruagem’ com satisfação.Tem no seu escritório de casa: um Macintosh e um IBM,as suas ferramentas actuais de trabalho, a acrescentar àcaneta que nunca dispensa para sarrabiscar letras enúmeros. E perante a pergunta “qual prefere?”, responde:

Como “a palavra foi dada ao homem para seenganar”, Velez Grilo nunca se compromete compalavras como invenção, desenvolvimento, avanço ecerteza, pois estas podem ser incertas.

Texto de Ana Ferreira • Fotos de Alfredo Pinto

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“depende do que se quer fazer. É uma questão de análise.Têm filosofias diferentes”. O primeiro é para evitar fazercontas e o segundo é para fazer contabilidade, explica oengenheiro electrotécnico. Assiste maravilhado com o que se faz com a electricidade,mas “o que é evoluir? É só mudar de posição”, “o que écriar? É arrumar o existente numa maneira diferente.” e “oque é investigação? É trazer para um meio coisasdesconhecidas nesse meio”. Como “a palavra foi dada ao homem para se enganar”,nunca se compromete com palavras como invenção,desenvolvimento, avanço e certeza, pois estas podem serambíguas, incertas, equívocas, ou seja, podem não definiro que realmente se pretende afirmar. Por isso, o melhor éter cuidado com elas. Todas as perguntas merecem uma explicaçãoesclarecedora e um caso prático que sustente a resposta,daí a dificuldade em ser sucinto e em fazer afirmaçõescurtas e simples. “Tenho a preocupação em provar comcasos concretos que a afirmação tem a sua viabilidade emser válida. Posso trocar as informações, talvez por ser umcanhoto contrariado”, explica. O engenheiro recorre frequentemente a citações depessoas especiais com quem cruzou no percurso pessoale profissional.Ao longo da entrevista, manteve um bloco de folhas àfrente, onde escrevia palavras-chave das perguntas esarrabiscos. Sarrabiscos esses que desenvolviam eacompanhavam o raciocínio.

Os números“O gosto de fazer contas foi sempre o meu motorprincipal. Eu estudei Electrotecnia, porque foi a partir delaque aprendi a fazer mais contas e durante 46 anosleccionei, ultimos 30 como catedrático, Electrotecnia, combase nas contas. E continuo a fazer contas e a aprender afazer contas”.E foi a paixão pelos números que conduziu Velez Grilo daaldeia alentejana de Ervedal, onde nasceu a 28 de Agostode 1921, para o liceu de Évora e, mais tarde, para aUniversidade do Porto, onde obteve a licenciatura emEngenharia Electrotécnica, em 1947.Mas antes de ir para o Porto, de onde nunca mais saiu,permaneceu em Coimbra a fazer os preparativos paraEngenharia. O fascínio pela Universidade de Coimbraderiva do contacto com uns estudantes coimbrões emÉvora e a opção pela Electrotécnica surgiu “um dia, jáestava em Coimbra, um estudante de Engenharia disse-me: «a electrotecnia, aquilo é que é ciência» e eu fui atrásdessa frase. Não me arrependo, mas não digo que aquiloé que é ciência, mas também não digo que não seja”.Já aposentado dos diversos cargos que exerceu ao longoda carreira profissional, ainda hoje o engenheiro só fazcontas. Além disso, precisa de as fazer para actualizar a

Teoria Vectorial do Sinal livro que está a preparar, maisuma vez, em parceria com António Manuel E. S. Casimiroe João António Correia Lopes. Tendo sido publicada a 2ªedição em Dezembro de 1989, é necessária a actualização.Velez Grilo recorre a uma frase do professor Pacheco deAmorim, mestre de Coimbra, para definir a sua paixão:“matemática não é fazer contas, isso é contabilidade.Matemática é evitar fazer contas.” E para o engenheirofazer contas não é mais do que saber trabalhar comgráficos e estudá-los.Quanto à definição de engenheiro, Velez Grilo lembra oprofessor Almeida Garrett, o homem que introduziu ocimento armado em Portugal: “um engenheiro para serbom tem de ter bom senso em primeiro lugar, emsegundo lugar também deve ter bom senso e depois tem

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info Página 21ENTREVISTAinfoPágina 20 ENTREVISTA

episódio recente com uma estudante que encontrou noautocarro e que estava a tirar especialização emGeometria: “esperava que me dissesse algo que ainda nãosoubesse, quando para meu espanto ela nunca tinhaouvido falar de outras geometrias para além de geometriaeucladiana. Não quer dizer com isto que não saibaGeometria ou que não seja capaz de resolver osproblemas, mas por concepções diferentes”.

“Saber é poder”Durante a carreira de docente, Velez Grilo transmitiu aosseus alunos a importância em adquirir conhecimentos deuma forma incessante. Para ele “saber é poder” e, por isso,também em si alimentou a curiosidade em saber mais e emviver diferentes experiências profissionais. Além de ter sido professor do ensino superior, assumiucargos administrativos universitários, chegando a ser directorda Faculdade de Engenharia, de 1980 a 1982, e vice-reitoreleito da Universidade do Porto, de 1982 a 1985. O seu percurso profissional esteve muito ligado à rádiocomo consultor técnico, podendo-se bem dizer que foi um

homem da rádio. Passou pelas Rádio Club do Centro, RádioPress, Rádio Satélite e Rádio Festival. Mas onde a suacolaboração foi mais intensa foi nos Emissores do NorteReunidos. Trabalhou ali desde 1955 até à nacionalização daRádio, depois passou a director técnico da Rádio DifusãoNacional até 1986.Aceitou missões especiais, como a sua nomeação peloMinistério dos Negócios Estrangeiros para representanteportuguês do Grupo de Peritos de Telecomunicações, quetrabalhou em Bruxelas, no estudo das possibilidades deCooperação no Domínio da Investigação Científica eTecnológica, em 1970. Nesse ano foi também nomeado vogaldo Conselho Geral dos CTT, em representação do Ministroda Educação Nacional. Destacou-se no domínio da gestão de investigação, tendoassumido, por exemplo, a responsabilidade do projectoOPEX-OLYMPUS em Portugal na área da investigação epropagação das ondas electromagnéticas a frequênciassuperiores a 10 GHz.A profissão permitiu-lhe viajar muito, principalmente quandotrabalhava na área investigação da Comunidade Europeia. Foi

representante português no grupo de peritos deTelecomunicações da COST/CEE, cooperação no domínio dainvestigação científica e tecnológica, desde a sua fundaçãoem 1970 e, posteriormente, no seu sucessor, o GrupoTécnico de Telecomunicações , durante vários anos. “Nesta altura, as telecomunicações estavam bem atrasadasem relação aos Estados Unidos e ao Japão. A ComunidadeEuropeia convidou todos os países que faziam parte dacomunidade e outros que iriam ser. Portugal ainda não faziaparte e nomeou-me para integrar o grupo de peritos, noinício da década de 70. Depois dentro do grupo ainda haviavários projectos, nos quais os diferentes países seinscreviam. A certa altura eu fui vice-presidente deste grupo deTelecomunicações e, em Portugal, a Junta Nacional deInvestigação criou a COCEDE, equivalente à COST, quereuniu representantes dos diferentes ministérios. Propus ecriou-se na COCEDE o grupo de peritos de telecomunicaçõesportuguês. Convidei as instituições interessadas emtelecomunicações para o integrar: os CTT, o ServiçoMeteorológico Nacional, a Marconi, o instituto superior

de ser bom técnico”. Steve Jobs da Macintosh e SamPalmisano da IBM são exemplos disso.Na sua opinião há diferenças entre cientistas eengenheiros que devem ser realçadas. Sabino Domingues,amigo de infância que o acompanhou até ao fim dafaculdade, uma vez perguntou-lhe: “já reparaste quequando queremos resolver um problema nunca estão noslivros?” - É nesta perspectiva que reside a diferença: “hojeé uma confusão tremenda. Os cientistas querem serengenheiros e estes querem ser cientistas. E aí está a artedas aproximações, que é efectivamente a Engenharia. Maspara resolver um problema temos de saber que naEngenharia há estratificações, embora aja intercâmbio”,explica o engenheiro.O seu orientador de investigação da Universidade deBirmingham – experiência que realizou durante apreparação de doutoramento na Universidade do Porto,terminado em 1954 – dizia: “quando estamos a fazer ocurso só há certezas, quando passamos para ainvestigação só há dúvidas”. Velez Grilo comprovou que de facto é assim e anos maistarde, numa visita ao Instituto de Tecnologia deMassachussets (MIT), conheceu um professor quereforçou essa ideia: “the absolute certaintly is a privilegeof the uncultural mind” (“a certeza absoluta é umprivilégio das mentes incultas”). Afirmação à qualresponde: “só há duas entidades neste mundo que nuncaerram: Nosso Senhor, porque é uma identidade perfeita, eos burros, porque têm sempre certezas, sabem sempretudo”.Regressando à definição de engenheiro, considera quetambém existem diferenças entre o génio e o talento, oespírito sintético e o espírito analítico. “Ao longo da minhacarreira dei 19 valores a dois alunos: um que depois veio aser reitor da Universidade do Minho, e o outro professor daFaculdade de Ciências. O mais oposto possível, ao ponto deum deles ser o mais talentoso e o outro o mais genial. Oprofessor Pacheco de Amorim dizia: «basta-me cincominutos para fazer um exame a um aluno.» Ao talentosopodia-se fazer qualquer pergunta que ele respondia, mas seperguntasse mais alguma coisa para além da matéria dadanas aulas, não abria a boca. Ao outro perguntava qualquercoisa e começava a pensar o que seria ‘se’ou seja, ia umpouco mais além e colocava perguntas nas dúvidas. Ia atrásdos seus ‘feelings’ de uma forma extraordinária. Qual deles éo melhor? Ambos eram muitíssimo bons.”Um dos homens mais extraordinários que o engenheiroconheceu foi o professor Corrêa de Barros: “ele era otalento máximo, mas também não se pode deixar de dizerque era um génio”. Este foi o docente que leccionou amatéria do curso que mais gostou: Medidas Eléctricas. Noensino de esta disciplina e de outras, o engenheiro veio asuceder o seu “mestre”. A propósito do ensino e do programa curricular, conta um

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episódio recente com uma estudante que encontrou noautocarro e que estava a tirar especialização emGeometria: “esperava que me dissesse algo que ainda nãosoubesse, quando para meu espanto ela nunca tinhaouvido falar de outras geometrias para além de geometriaeucladiana. Não quer dizer com isto que não saibaGeometria ou que não seja capaz de resolver osproblemas, mas por concepções diferentes”.

“Saber é poder”Durante a carreira de docente, Velez Grilo transmitiu aosseus alunos a importância em adquirir conhecimentos deuma forma incessante. Para ele “saber é poder” e, por isso,também em si alimentou a curiosidade em saber mais e emviver diferentes experiências profissionais. Além de ter sido professor do ensino superior, assumiucargos administrativos universitários, chegando a ser directorda Faculdade de Engenharia, de 1980 a 1982, e vice-reitoreleito da Universidade do Porto, de 1982 a 1985. O seu percurso profissional esteve muito ligado à rádiocomo consultor técnico, podendo-se bem dizer que foi um

homem da rádio. Passou pelas Rádio Club do Centro, RádioPress, Rádio Satélite e Rádio Festival. Mas onde a suacolaboração foi mais intensa foi nos Emissores do NorteReunidos. Trabalhou ali desde 1955 até à nacionalização daRádio, depois passou a director técnico da Rádio DifusãoNacional até 1986.Aceitou missões especiais, como a sua nomeação peloMinistério dos Negócios Estrangeiros para representanteportuguês do Grupo de Peritos de Telecomunicações, quetrabalhou em Bruxelas, no estudo das possibilidades deCooperação no Domínio da Investigação Científica eTecnológica, em 1970. Nesse ano foi também nomeado vogaldo Conselho Geral dos CTT, em representação do Ministroda Educação Nacional. Destacou-se no domínio da gestão de investigação, tendoassumido, por exemplo, a responsabilidade do projectoOPEX-OLYMPUS em Portugal na área da investigação epropagação das ondas electromagnéticas a frequênciassuperiores a 10 GHz.A profissão permitiu-lhe viajar muito, principalmente quandotrabalhava na área investigação da Comunidade Europeia. Foi

representante português no grupo de peritos deTelecomunicações da COST/CEE, cooperação no domínio dainvestigação científica e tecnológica, desde a sua fundaçãoem 1970 e, posteriormente, no seu sucessor, o GrupoTécnico de Telecomunicações , durante vários anos. “Nesta altura, as telecomunicações estavam bem atrasadasem relação aos Estados Unidos e ao Japão. A ComunidadeEuropeia convidou todos os países que faziam parte dacomunidade e outros que iriam ser. Portugal ainda não faziaparte e nomeou-me para integrar o grupo de peritos, noinício da década de 70. Depois dentro do grupo ainda haviavários projectos, nos quais os diferentes países seinscreviam. A certa altura eu fui vice-presidente deste grupo deTelecomunicações e, em Portugal, a Junta Nacional deInvestigação criou a COCEDE, equivalente à COST, quereuniu representantes dos diferentes ministérios. Propus ecriou-se na COCEDE o grupo de peritos de telecomunicaçõesportuguês. Convidei as instituições interessadas emtelecomunicações para o integrar: os CTT, o ServiçoMeteorológico Nacional, a Marconi, o instituto superior

de ser bom técnico”. Steve Jobs da Macintosh e SamPalmisano da IBM são exemplos disso.Na sua opinião há diferenças entre cientistas eengenheiros que devem ser realçadas. Sabino Domingues,amigo de infância que o acompanhou até ao fim dafaculdade, uma vez perguntou-lhe: “já reparaste quequando queremos resolver um problema nunca estão noslivros?” - É nesta perspectiva que reside a diferença: “hojeé uma confusão tremenda. Os cientistas querem serengenheiros e estes querem ser cientistas. E aí está a artedas aproximações, que é efectivamente a Engenharia. Maspara resolver um problema temos de saber que naEngenharia há estratificações, embora aja intercâmbio”,explica o engenheiro.O seu orientador de investigação da Universidade deBirmingham – experiência que realizou durante apreparação de doutoramento na Universidade do Porto,terminado em 1954 – dizia: “quando estamos a fazer ocurso só há certezas, quando passamos para ainvestigação só há dúvidas”. Velez Grilo comprovou que de facto é assim e anos maistarde, numa visita ao Instituto de Tecnologia deMassachussets (MIT), conheceu um professor quereforçou essa ideia: “the absolute certaintly is a privilegeof the uncultural mind” (“a certeza absoluta é umprivilégio das mentes incultas”). Afirmação à qualresponde: “só há duas entidades neste mundo que nuncaerram: Nosso Senhor, porque é uma identidade perfeita, eos burros, porque têm sempre certezas, sabem sempretudo”.Regressando à definição de engenheiro, considera quetambém existem diferenças entre o génio e o talento, oespírito sintético e o espírito analítico. “Ao longo da minhacarreira dei 19 valores a dois alunos: um que depois veio aser reitor da Universidade do Minho, e o outro professor daFaculdade de Ciências. O mais oposto possível, ao ponto deum deles ser o mais talentoso e o outro o mais genial. Oprofessor Pacheco de Amorim dizia: «basta-me cincominutos para fazer um exame a um aluno.» Ao talentosopodia-se fazer qualquer pergunta que ele respondia, mas seperguntasse mais alguma coisa para além da matéria dadanas aulas, não abria a boca. Ao outro perguntava qualquercoisa e começava a pensar o que seria ‘se’ou seja, ia umpouco mais além e colocava perguntas nas dúvidas. Ia atrásdos seus ‘feelings’ de uma forma extraordinária. Qual deles éo melhor? Ambos eram muitíssimo bons.”Um dos homens mais extraordinários que o engenheiroconheceu foi o professor Corrêa de Barros: “ele era otalento máximo, mas também não se pode deixar de dizerque era um génio”. Este foi o docente que leccionou amatéria do curso que mais gostou: Medidas Eléctricas. Noensino de esta disciplina e de outras, o engenheiro veio asuceder o seu “mestre”. A propósito do ensino e do programa curricular, conta um

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um meio indispensável: máquina de escrever, fazeroperações, estudos e previsões. Grande auxiliar de trabalho,é indiscutivelmente a grande inovação do século XX utilizadapor todos. Mas o computador apareceu quando? Eu fiz comuma régua de cálculo todos as contas que precisava duranteo meu curso, hoje não há nenhuma operação que não fossefeita na altura. Mas os meios é que são diferentes”. Reportando-se novamente ao avanço tecnológico, desta vezrefere-se ao papel que Portugal poderá assumir no mercadointernacional no sector das Telecomunicações. “Há coisasespantosas em Portugal e feitas por portugueses. Na FEUPárea das Telecomunicações há grandes técnicos”. Naopinião do engenheiro, o problema reside nos milhões deprogramadores indianos que estão ao serviço de empresasnorte-americanas, constituindo para estas uma mão-de-obrabarata.Contrariando, assim, a ideia de que no sector nacional dasTelecomunicações não existem meios técnicos e humanoseficazes, Velez Grilo vai mais além e manifesta a suaconfiança no trabalho feminino.Não concorda em absoluto com as afirmações do reitor daUniversidade de Harvard, Lawrence Summers, segundo as

quais os homens são detentores de um raciocínio matemáticomais desenvolvido e que estão mais ligados às áreas deengenharia e matemática. “Um dos espíritos mais científicos, mais extraordinários nestemundo foi Marie Curie. Na minha experiência comoestudante e professor de Medidas Eléctricas comprovei quemadame Curie para cada medida magnética que tinha defazer criava um processo novo e eficiente”. Pela sua própria experiência, quer profissional quer pessoal, oengenheiro acredita que a mulher possui um grande potencialpara comandar. A história mundial prova a existência demulheres que assumiram papéis relevantes, porém nemsempre visíveis. Este poder feminino deriva, segundo Velez Grilo, ao facto deser ela quem assegura a conservação da espécie, doindivíduo. “As mulheres é que tomam conta dos filhos e dessarelação cria-se um laço íntimo”.Al Capone é um bom exemplo. “Ele é o maior génio doponto de vista negativo, porque o Governo norte-americanonão foi capaz de o condenar por qualquer crime, a não serpor fuga aos impostos, e a mãe mandava e ele obedeciacegamente”.

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técnico, a televisão (RTP), o exército e, fui mais longe, econvidei representantes da marinha. Tivemos um projectomuito interessante para Portugal, mas não foi possívelrealizá-lo: o trabalho com bóias de escuta submarinhas, queeram as mais valiosas de toda a Europa”. Com orgulho, Velez Grilo explica o projecto mais importantee o primeiro da COST: a previsão do tempo a médio prazo.Foi feito um grande investimento, que implicou a criação dosdois computadores mais potentes da Europa, um colocadona Alemanha e o outro no Reino Unido. A importância desteprojecto reflectiu-a na aviação, na agricultura e em outrasáreas, “com uma rentabilidade prevista de 1 para 20”.Além destes desempenhos profissionais, o engenheiro aindateve tempo para fazer muito mais. Foi inclusive membro daComissão de Admissão e Qualificação da Ordem dosEngenheiros de 1985 a 1988. Fez ainda parte de júris de concurso em várias universidades,participou em congressos, e é autor de publicaçõescientíficas e didácticas.

“Nihil nove sub sole”“Nihil nove sub sole” (“Nada de novo debaixo do sol”) é aresposta de Velez Grilo quando questionado sobre as novastecnologias. “Com que verdade é que eu falo da inovação?Todos brigam por causa da inovação. É questionável se é ounão inovação”. “Nós vivemos da experiência do passado, embora hajampessoas que pensam que o mundo nasceu ontem. Já notempo do Sócrates e de Aristóteles se ponham problemasque se colocam agora. No século XIX usavam-se osinstrumentos de cálculo que se usam hoje, as matrizes”. A investigação do telefone móvel, por exemplo, que temcomo ano de aparecimento 1973, já estava a ser feita hámuito tempo, mas depois acrescenta-se a criatividade e surgealgo novo. Para Velez Grilo: “dizer que o telemóvel não éuma grande realização, é uma loucura. Agora sobre oprocesso de funcionamento, já o meu professor me ensinavaem 1940 quando estudava as modulações, as frequências. Oprocesso eu já sabia, mas antigamente usavam-se válvulas,depois transístor, mais tarde fizeram-se milhões detransístores numa cápsula. Do ponto de vista do fabrico demeios houve uma evolução”.Lembrando que em 2005 celebra-se o primeiro centenário dotrabalho da Teoria da Relatividade de Einstein, o engenheirorealça: “o instrumento de cálculo de Einstein era o cálculotensorial e é natural que todos os cientistas que falam deEinstein que trabalhassem no tensor, mas ninguém fala maisdo tensor.” Novas técnicas surgem para desenvolver o que já está a serinvestigado há algum tempo, “mas às vezes está-se a fazerum retrocesso, quando se julga estar a avançar”, alerta. Eaqui reporta-se à teoria de Oswald Spengler (1880-1936)sobre a decadência da Europa, sem dúvida, um grandecontributo para a teoria social. Em traços gerais, o filosofo

alemão defendia quatro idades culturais do mundo, que sedesenvolveriam como organismos biológicos, com oito fasesidênticas em cada uma: mítica, mística, reformista, pré-filosófica, matemática, religiosa, racionalista e materialista.Concluiu que a cultura ocidental avança para o estádio final.A cultural atinge a maturidade com a civilização – indústrias,máquinas e falta de religião – e assim é destruída a tradiçãocultural. “Será que a Europa está efectivamente nesse caminho? Estateoria não passa de uma teoria. Não é experimentalmenteverificável.”O futuro das Telecomunicações passa obrigatoriamente poralguns caminhos, mas Velez Grilo não sabe quais são.“Ninguém sabe, só Deus, não me vou armar em profeta.Quando se fala do rumo a tomar é porque não se sabe o quese deve fazer e há duas respostas possíveis. Tinha umprofessor que dizia: «quando não se sabe o que fazer háduas hipóteses e se não sabe é porque estas sãoessencialmente iguais por isso qualquer uma delas é boa,mas, às vezes, nem se sabe quais são as hipóteses, que é ocaso do que se vai passar no futuro, não se sabe quais são asopções». Eu quando não sei o que hei-de fazer trabalho. A pessoahumana é uma máquina tão perfeita que não há uma gota desuor que seja perdida. Ou a outra norma que o meu professor Corrêa de Barrosdizia: «há uma grande maneira de não errar que é não fazernada, mas esse é o pior dos erros. Esforçemo-nos para cadadia fazer melhor do que fizemos ontem, porque nessa alturaestamos a fazer o bem»”.De facto, o engenheiro não prevê os caminhos do avanço,mas tem uma certeza: não lhe é possível fugir. Quanto à existência ou não de um controlo do avanço, esse écomplicado. “Esses avanços tecnológicos estão a dar origem àpossibilidade de explodir uma bomba em qualquer lado, comum simples carregar no botão.A liberdade poderá causar perigos. Mas o mal não é ter umavião ou uma arma, o mal é o uso que se dá. Há, porém,uma ‘arma’ importante: a formação de carácter. Tudotambém depende do lugar onde se trabalha”.Na sua opinião o computador é um instrumentoindispensável, mas admite que, por vezes, é utilizadoincorrectamente. Aponta como outro exemplo de métodopouco seguro, o uso da retina nos computadores dosaeroportos para identificação individual. Mesmo sabendo que podem ser utilizados para fins errados,Velez Grilo desde pequeno que está maravilhado com o quese faz com a electricidade, como, por exemplo, com ostelemóveis e as televisões. Pedindo-lhe para eleger um objecto surgido no século XX,responde com rapidez: a caneta, o seu instrumento decálculo para fazer contas. De seguida, escolhe umrelacionado com a sua área profissional. “O computador é

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um meio indispensável: máquina de escrever, fazeroperações, estudos e previsões. Grande auxiliar de trabalho,é indiscutivelmente a grande inovação do século XX utilizadapor todos. Mas o computador apareceu quando? Eu fiz comuma régua de cálculo todos as contas que precisava duranteo meu curso, hoje não há nenhuma operação que não fossefeita na altura. Mas os meios é que são diferentes”. Reportando-se novamente ao avanço tecnológico, desta vezrefere-se ao papel que Portugal poderá assumir no mercadointernacional no sector das Telecomunicações. “Há coisasespantosas em Portugal e feitas por portugueses. Na FEUPárea das Telecomunicações há grandes técnicos”. Naopinião do engenheiro, o problema reside nos milhões deprogramadores indianos que estão ao serviço de empresasnorte-americanas, constituindo para estas uma mão-de-obrabarata.Contrariando, assim, a ideia de que no sector nacional dasTelecomunicações não existem meios técnicos e humanoseficazes, Velez Grilo vai mais além e manifesta a suaconfiança no trabalho feminino.Não concorda em absoluto com as afirmações do reitor daUniversidade de Harvard, Lawrence Summers, segundo as

quais os homens são detentores de um raciocínio matemáticomais desenvolvido e que estão mais ligados às áreas deengenharia e matemática. “Um dos espíritos mais científicos, mais extraordinários nestemundo foi Marie Curie. Na minha experiência comoestudante e professor de Medidas Eléctricas comprovei quemadame Curie para cada medida magnética que tinha defazer criava um processo novo e eficiente”. Pela sua própria experiência, quer profissional quer pessoal, oengenheiro acredita que a mulher possui um grande potencialpara comandar. A história mundial prova a existência demulheres que assumiram papéis relevantes, porém nemsempre visíveis. Este poder feminino deriva, segundo Velez Grilo, ao facto deser ela quem assegura a conservação da espécie, doindivíduo. “As mulheres é que tomam conta dos filhos e dessarelação cria-se um laço íntimo”.Al Capone é um bom exemplo. “Ele é o maior génio doponto de vista negativo, porque o Governo norte-americanonão foi capaz de o condenar por qualquer crime, a não serpor fuga aos impostos, e a mãe mandava e ele obedeciacegamente”.

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técnico, a televisão (RTP), o exército e, fui mais longe, econvidei representantes da marinha. Tivemos um projectomuito interessante para Portugal, mas não foi possívelrealizá-lo: o trabalho com bóias de escuta submarinhas, queeram as mais valiosas de toda a Europa”. Com orgulho, Velez Grilo explica o projecto mais importantee o primeiro da COST: a previsão do tempo a médio prazo.Foi feito um grande investimento, que implicou a criação dosdois computadores mais potentes da Europa, um colocadona Alemanha e o outro no Reino Unido. A importância desteprojecto reflectiu-a na aviação, na agricultura e em outrasáreas, “com uma rentabilidade prevista de 1 para 20”.Além destes desempenhos profissionais, o engenheiro aindateve tempo para fazer muito mais. Foi inclusive membro daComissão de Admissão e Qualificação da Ordem dosEngenheiros de 1985 a 1988. Fez ainda parte de júris de concurso em várias universidades,participou em congressos, e é autor de publicaçõescientíficas e didácticas.

“Nihil nove sub sole”“Nihil nove sub sole” (“Nada de novo debaixo do sol”) é aresposta de Velez Grilo quando questionado sobre as novastecnologias. “Com que verdade é que eu falo da inovação?Todos brigam por causa da inovação. É questionável se é ounão inovação”. “Nós vivemos da experiência do passado, embora hajampessoas que pensam que o mundo nasceu ontem. Já notempo do Sócrates e de Aristóteles se ponham problemasque se colocam agora. No século XIX usavam-se osinstrumentos de cálculo que se usam hoje, as matrizes”. A investigação do telefone móvel, por exemplo, que temcomo ano de aparecimento 1973, já estava a ser feita hámuito tempo, mas depois acrescenta-se a criatividade e surgealgo novo. Para Velez Grilo: “dizer que o telemóvel não éuma grande realização, é uma loucura. Agora sobre oprocesso de funcionamento, já o meu professor me ensinavaem 1940 quando estudava as modulações, as frequências. Oprocesso eu já sabia, mas antigamente usavam-se válvulas,depois transístor, mais tarde fizeram-se milhões detransístores numa cápsula. Do ponto de vista do fabrico demeios houve uma evolução”.Lembrando que em 2005 celebra-se o primeiro centenário dotrabalho da Teoria da Relatividade de Einstein, o engenheirorealça: “o instrumento de cálculo de Einstein era o cálculotensorial e é natural que todos os cientistas que falam deEinstein que trabalhassem no tensor, mas ninguém fala maisdo tensor.” Novas técnicas surgem para desenvolver o que já está a serinvestigado há algum tempo, “mas às vezes está-se a fazerum retrocesso, quando se julga estar a avançar”, alerta. Eaqui reporta-se à teoria de Oswald Spengler (1880-1936)sobre a decadência da Europa, sem dúvida, um grandecontributo para a teoria social. Em traços gerais, o filosofo

alemão defendia quatro idades culturais do mundo, que sedesenvolveriam como organismos biológicos, com oito fasesidênticas em cada uma: mítica, mística, reformista, pré-filosófica, matemática, religiosa, racionalista e materialista.Concluiu que a cultura ocidental avança para o estádio final.A cultural atinge a maturidade com a civilização – indústrias,máquinas e falta de religião – e assim é destruída a tradiçãocultural. “Será que a Europa está efectivamente nesse caminho? Estateoria não passa de uma teoria. Não é experimentalmenteverificável.”O futuro das Telecomunicações passa obrigatoriamente poralguns caminhos, mas Velez Grilo não sabe quais são.“Ninguém sabe, só Deus, não me vou armar em profeta.Quando se fala do rumo a tomar é porque não se sabe o quese deve fazer e há duas respostas possíveis. Tinha umprofessor que dizia: «quando não se sabe o que fazer háduas hipóteses e se não sabe é porque estas sãoessencialmente iguais por isso qualquer uma delas é boa,mas, às vezes, nem se sabe quais são as hipóteses, que é ocaso do que se vai passar no futuro, não se sabe quais são asopções». Eu quando não sei o que hei-de fazer trabalho. A pessoahumana é uma máquina tão perfeita que não há uma gota desuor que seja perdida. Ou a outra norma que o meu professor Corrêa de Barrosdizia: «há uma grande maneira de não errar que é não fazernada, mas esse é o pior dos erros. Esforçemo-nos para cadadia fazer melhor do que fizemos ontem, porque nessa alturaestamos a fazer o bem»”.De facto, o engenheiro não prevê os caminhos do avanço,mas tem uma certeza: não lhe é possível fugir. Quanto à existência ou não de um controlo do avanço, esse écomplicado. “Esses avanços tecnológicos estão a dar origem àpossibilidade de explodir uma bomba em qualquer lado, comum simples carregar no botão.A liberdade poderá causar perigos. Mas o mal não é ter umavião ou uma arma, o mal é o uso que se dá. Há, porém,uma ‘arma’ importante: a formação de carácter. Tudotambém depende do lugar onde se trabalha”.Na sua opinião o computador é um instrumentoindispensável, mas admite que, por vezes, é utilizadoincorrectamente. Aponta como outro exemplo de métodopouco seguro, o uso da retina nos computadores dosaeroportos para identificação individual. Mesmo sabendo que podem ser utilizados para fins errados,Velez Grilo desde pequeno que está maravilhado com o quese faz com a electricidade, como, por exemplo, com ostelemóveis e as televisões. Pedindo-lhe para eleger um objecto surgido no século XX,responde com rapidez: a caneta, o seu instrumento decálculo para fazer contas. De seguida, escolhe umrelacionado com a sua área profissional. “O computador é

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info Página 25DESTAQUE

foram mais chegados ao homenageado: os ProfessoresÁlvares Ribeiro, Guedes Coelho e Conceição Nunes e oEngenheiro Esteves Ferreira. Todas as intervenções, que de uma forma ou de outrarelataram uma ligação ao homenageado, comoveram aplateia que encheu o Auditório da FEUP. Sentada na fila dafrente estava a companheira de mais de 50 anos doProfessor, Srª. D. Palmira da Rocha Pinto e Sampaio, comquem casou a 24 de Outubro de 1951. Outros familiares, amigos, colegas de profissão nãoquiseram faltar ao evento para mais uma vez recordar a vidae o trabalho do Professor Sampaio. E os presentes quenunca conviveram com ele muito terão aprendido nestacerimónia. Todos os discursantes foram unânimes emrealçar o “espírito prático” do “engenheiro de corpo inteiro”,cuja “perda é enorme e insubstituível”. Até aspectos maispitorescos do engenheiro foram salientados, como o usodiário do chapéu para tapar a calvície. A sessão de homenagem foi enriquecida pela projecção deum slide-show, ao mesmo tempo que decorriam osdiscursos. Eram exibidas imagens do engenheiro em váriosmomentos da sua vida e alguns dos seus trabalhos deconstrução e reabilitação na área de Engenharia Civil, como,por exemplo, o Campanário da Igreja da Senhora da Hora, oInstituto Politécnico de Portalegre (em co-autoria) e a

reabilitação do Castelo de Vila da Feira e do Mosteiro deGrijó. O slide-show era ainda constituído por fotografias referentesao ensaio de carga da ponte móvel do Porto de Leixões entreMatosinhos e Leça da Palmeira (1959); ao ensaio docomportamento da pista do Aeroporto do Porto (1961); aoensaio de carga do viaduto da Rua Gonçalo Cristóvão e daRua de Camões no Porto (1962); e ao ensaio de carga dapassagem inferior do caminho-de-ferro em Custóias da linhada Póvoa de Varzim (1982), entre outras.Após os depoimentos no auditório, os presentes foramconvidados a dirigir-se ao Laboratório de Ensaios deMateriais da FEUP para assistir ao descerramento de umaplaca de homenagem ao professor Sampaio, outro ponto altoda cerimónia de homenagem. Este evento também serviu de pretexto para o lançamento de“Memórias – Joaquim Sampaio”, uma biografia e umacompilação de depoimentos de familiares, amigos e colegasdo homenageado. A referir ainda que nesta obra pode ler-seum extracto da última lição proferida pelo professor, naFEUP, a 1 de Junho de 1994. O livro está à venda na OERN e é o primeiro volume de umacolecção, que esta ordem profissional se propõe lançar sobrea memória de engenheiros portugueses que se notabilizaramno exercício da profissão.

Professor Sampaio Homenageado na FEUP

infoPágina 24 DESTAQUE

A Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OREN) e oDepartamento de Engenharia Civil da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto (FEUP), com o apoioda Associação dos Industriais de Construção Civil e ObrasPúblicas (AICCOPN) e da Associação dos Antigos Alunos deEngenharia Civil da FEUP (AEC-FEUP), promoveram, no dia14 de Janeiro, no Auditório da FEUP, uma homenagem aoProfessor Joaquim da Conceição Sampaio, uma das maisilustres personalidades da Engenharia Civil portuguesa,falecida a 14 de Outubro de 2004. Uma oportunidade ímpar para se prestigiar o percurso devida de um homem que nasceu em Ramalde a 15 deFevereiro de 1924 – embora o seu nascimento só tenha sidoregistado a 14 de Junho –, e que se tornou num exemplopara todos os que fazem da Engenharia a sua área detrabalho.Desde a passagem pela escola primária já se podia adivinharque Joaquim Sampaio viria a ser bem sucedido quando sefizesse homem, não só pelo empenho e dedicação que ocaracterizavam, mas pelas elevadas qualidade humanas. Licenciou-se em Engenharia Civil na FEUP a 19 deNovembro de 1948, mantendo-se vinculado a estainstituição desde essa época até Junho de 1994, data da suajubilação. Passou por Paris, onde realizou um estágio em1953, doutorou-se em Engenharia Civil dois anos mais tardee, posteriormente, dedicou-se à investigação – tornando-senum especialista na área de comportamento das peças debetão armado e betões e ligantes hidráulicos –, ao ensino e,a par da carreira académica, desenvolveu actividade na áreada Engenharia Civil. Estes foram alguns dados biográficos do Professor Sampaioreferidos pelos discursantes na sessão de homenagem.Além destes factos, também não foi esquecido o importantepapel que desempenhou no Laboratório de Ensaio deMateriais da FEUP, do qual foi director de 1974 a 1997 – aele ligado mais de 40 anos, tendo tornado as suas visitasmenos assíduas por motivos de saúde – e a sua colaboraçãocomo consultor de empresas como a Tecnopor e Soares daCosta. A cerimónia contou com a presença de inúmeras figuraspúblicas, das quais se destacaram o Secretário de Estadodas Obras Públicas, Engenheiro Jorge Costa, o Reitor daUniversidade do Porto, Professor Novais Barbosa, e oDirector do Departamento de Engenharia Civil e orepresentante do Director da FEUP, Professor José Ferreira

Lemos. A OERN fez-se representar pelo seu Presidente daMesa da Assembleia, Engenheiro Luís Braga da Cruz, o qualtambém proferiu algumas palavras. Na mesa da sessão ainda se encontravam o Presidente doCSOPT, Engenheira Natércia Cabral, o Presidente daAssociação dos Antigos Alunos de Engenharia Civil – FEUP,Engenheiro João Porto, o Presidente da AICCOPN, Rui Viana,o Presidente do IMOPPI, Engenheiro Ponce de Leão, e oProfessor Catedrático jubilado da FEUP, Joaquim Sarmento. Além dos testemunhos de algumas individualidades queconstituíam a mesa – dos quais são apresentados extractosnas páginas seguintes –, ainda discursaram nomes que

O Professor Sampaio foi um especialista na área decomportamento das peças de betões armado e hidráulicos.

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info Página 25DESTAQUE

foram mais chegados ao homenageado: os ProfessoresÁlvares Ribeiro, Guedes Coelho e Conceição Nunes e oEngenheiro Esteves Ferreira. Todas as intervenções, que de uma forma ou de outrarelataram uma ligação ao homenageado, comoveram aplateia que encheu o Auditório da FEUP. Sentada na fila dafrente estava a companheira de mais de 50 anos doProfessor, Srª. D. Palmira da Rocha Pinto e Sampaio, comquem casou a 24 de Outubro de 1951. Outros familiares, amigos, colegas de profissão nãoquiseram faltar ao evento para mais uma vez recordar a vidae o trabalho do Professor Sampaio. E os presentes quenunca conviveram com ele muito terão aprendido nestacerimónia. Todos os discursantes foram unânimes emrealçar o “espírito prático” do “engenheiro de corpo inteiro”,cuja “perda é enorme e insubstituível”. Até aspectos maispitorescos do engenheiro foram salientados, como o usodiário do chapéu para tapar a calvície. A sessão de homenagem foi enriquecida pela projecção deum slide-show, ao mesmo tempo que decorriam osdiscursos. Eram exibidas imagens do engenheiro em váriosmomentos da sua vida e alguns dos seus trabalhos deconstrução e reabilitação na área de Engenharia Civil, como,por exemplo, o Campanário da Igreja da Senhora da Hora, oInstituto Politécnico de Portalegre (em co-autoria) e a

reabilitação do Castelo de Vila da Feira e do Mosteiro deGrijó. O slide-show era ainda constituído por fotografias referentesao ensaio de carga da ponte móvel do Porto de Leixões entreMatosinhos e Leça da Palmeira (1959); ao ensaio docomportamento da pista do Aeroporto do Porto (1961); aoensaio de carga do viaduto da Rua Gonçalo Cristóvão e daRua de Camões no Porto (1962); e ao ensaio de carga dapassagem inferior do caminho-de-ferro em Custóias da linhada Póvoa de Varzim (1982), entre outras.Após os depoimentos no auditório, os presentes foramconvidados a dirigir-se ao Laboratório de Ensaios deMateriais da FEUP para assistir ao descerramento de umaplaca de homenagem ao professor Sampaio, outro ponto altoda cerimónia de homenagem. Este evento também serviu de pretexto para o lançamento de“Memórias – Joaquim Sampaio”, uma biografia e umacompilação de depoimentos de familiares, amigos e colegasdo homenageado. A referir ainda que nesta obra pode ler-seum extracto da última lição proferida pelo professor, naFEUP, a 1 de Junho de 1994. O livro está à venda na OERN e é o primeiro volume de umacolecção, que esta ordem profissional se propõe lançar sobrea memória de engenheiros portugueses que se notabilizaramno exercício da profissão.

Professor Sampaio Homenageado na FEUP

infoPágina 24 DESTAQUE

A Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OREN) e oDepartamento de Engenharia Civil da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto (FEUP), com o apoioda Associação dos Industriais de Construção Civil e ObrasPúblicas (AICCOPN) e da Associação dos Antigos Alunos deEngenharia Civil da FEUP (AEC-FEUP), promoveram, no dia14 de Janeiro, no Auditório da FEUP, uma homenagem aoProfessor Joaquim da Conceição Sampaio, uma das maisilustres personalidades da Engenharia Civil portuguesa,falecida a 14 de Outubro de 2004. Uma oportunidade ímpar para se prestigiar o percurso devida de um homem que nasceu em Ramalde a 15 deFevereiro de 1924 – embora o seu nascimento só tenha sidoregistado a 14 de Junho –, e que se tornou num exemplopara todos os que fazem da Engenharia a sua área detrabalho.Desde a passagem pela escola primária já se podia adivinharque Joaquim Sampaio viria a ser bem sucedido quando sefizesse homem, não só pelo empenho e dedicação que ocaracterizavam, mas pelas elevadas qualidade humanas. Licenciou-se em Engenharia Civil na FEUP a 19 deNovembro de 1948, mantendo-se vinculado a estainstituição desde essa época até Junho de 1994, data da suajubilação. Passou por Paris, onde realizou um estágio em1953, doutorou-se em Engenharia Civil dois anos mais tardee, posteriormente, dedicou-se à investigação – tornando-senum especialista na área de comportamento das peças debetão armado e betões e ligantes hidráulicos –, ao ensino e,a par da carreira académica, desenvolveu actividade na áreada Engenharia Civil. Estes foram alguns dados biográficos do Professor Sampaioreferidos pelos discursantes na sessão de homenagem.Além destes factos, também não foi esquecido o importantepapel que desempenhou no Laboratório de Ensaio deMateriais da FEUP, do qual foi director de 1974 a 1997 – aele ligado mais de 40 anos, tendo tornado as suas visitasmenos assíduas por motivos de saúde – e a sua colaboraçãocomo consultor de empresas como a Tecnopor e Soares daCosta. A cerimónia contou com a presença de inúmeras figuraspúblicas, das quais se destacaram o Secretário de Estadodas Obras Públicas, Engenheiro Jorge Costa, o Reitor daUniversidade do Porto, Professor Novais Barbosa, e oDirector do Departamento de Engenharia Civil e orepresentante do Director da FEUP, Professor José Ferreira

Lemos. A OERN fez-se representar pelo seu Presidente daMesa da Assembleia, Engenheiro Luís Braga da Cruz, o qualtambém proferiu algumas palavras. Na mesa da sessão ainda se encontravam o Presidente doCSOPT, Engenheira Natércia Cabral, o Presidente daAssociação dos Antigos Alunos de Engenharia Civil – FEUP,Engenheiro João Porto, o Presidente da AICCOPN, Rui Viana,o Presidente do IMOPPI, Engenheiro Ponce de Leão, e oProfessor Catedrático jubilado da FEUP, Joaquim Sarmento. Além dos testemunhos de algumas individualidades queconstituíam a mesa – dos quais são apresentados extractosnas páginas seguintes –, ainda discursaram nomes que

O Professor Sampaio foi um especialista na área decomportamento das peças de betões armado e hidráulicos.

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infoPágina 26 DESTAQUE info Página 27DESTAQUE

“O Senhor Professor Joaquim da ConceiçãoSampaio fez parte de uma geração degrandes mestres da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto comquem todos nós muito aprendemos.Geração essa que projectou bem alto quer o

nome da Faculdade quer o curso de Engenharia Civil e quemuito contribuiu para a grande aceitação deste curso porparte da comunidade técnica e científica.(...)Foi um grande impulsionador e um grande promotor doLaboratório de Materiais, que ficará para sempreassociado ao seu nome.Nos anos 90 tive o privilégio de apoiar a organização dasua última lição no exercício das funções que hoje em diadesempenho de novo; pude testemunhar o enormeprestígio que gozava e o grande carinho que o envolveunesse evento que nos deixou grandes recordações.O seu saber, a sua disponibilidade constante e a suaamizade marcaram profundamente diversas gerações denossos alunos e hoje em dia nossos colegas que viamsempre o Professor Sampaio como um mestre e umamigo sempre ao dispor. É assim com grande saudade e emoção que recordo hojeo Senhor Professor Joaquim da Conceição Sampaio,grande personalidade da Engenharia Civil, que durante asua vida académica muito engrandeceu a nossa Faculdadede Engenharia”. Professor Ferreira Lemos, Director do Departamento deEngenharia Civil e representante do director da FEUP

“...Acima de tudo os símbolos dasinstituições, aqueles que dão sentido e queajudam a afirmar-se, os que lhe dão almasão as pessoas e as pessoasfundamentalmente numa escola superiorsão as pessoas. E o Professor Sampaio faz

parte da alma desta Faculdade. (...)Quando se homenageia alguém é costume fazer um apeloàs suas qualidades, às suas qualidades pessoais, às suasqualidades humanas, à dedicação, às causas, aosatributos pessoais de natureza mais evidente: ainteligência, a capacidade de organizar, ao valorpedagógico, a capacidade profissional. Ao ProfessorSampaio era reconhecido tudo isso e é justo hoje invocá-lo, mas além disso havia algo nele que ninguém, aluno,

colega ou engenheiro ou simples amigo podia ficarindiferente. Eu refiro-me particularmente à forma calorosaque sempre nos tirou dúvidas, sendo alunos ou sendomais tarde engenheiros; à sua generosidade, à sua atitudede permanente simplicidade perante a vida e perante asdificuldades técnicas. (...)E finalmente um toque de carácter pessoal. O ProfessorSampaio tinha um respeito por todas as outras pessoas,nomeadamente com as crianças. Recordo-me que àsvezes, quando éramos mais novos, tínhamos de trabalharao sábado e eu às vezes levava os meus filhos maispequenos e uma das minhas filhas com 3 ou 4 anos. Elapara se entreter fazia uns inquéritos para as pessoaspreencherem e o Professor Sampaio viu aquilo esubmeteu-se a preencher o inquérito como se tratasse deuma matéria séria.” Luís Braga da Cruz, Presidente da Mesa da Assembleia daOrdem dos Engenheiros – Região Norte

“Falar de Joaquim Sampaio é como muitobem escreveu o meu companheiro dedirecção, o Engenheiro Reis Campos napublicação editada sobre o homenageado érevisitar a segunda metade do século XX daEngenharia portuguesa, e em particular a

sua acção na Faculdade de Engenharia da Universidade doPorto. (...)Mas Joaquim Sampaio não foi apenas um teórico, umformador de engenheiros de raras qualidades ecapacidades. Ele percebeu desde sempre a importância deligar a universidade às empresas e por isso, ao longo dasua vida, prestou valiosos serviços enquanto consultor amuitas das associadas da AICCOPN. (...)É pois, pelo muito que fez pela Engenharia Civil portuguesa epor todo o sector da construção civil, que o Professor DoutorJoaquim Sampaio nunca poderá ser esquecido. Deverá, issosim, ser uma referência para actuais professores e alunos daFEUP, bem como para todos quantos fazem da construção asua vida e acreditam que, dessa forma, poderão contribuirpara um país mais desenvolvido e consequentemente umasociedade mais feliz. Para concluir apenas quero reforçar a ideia que aAICCOPN, enquanto associação representativa de mais deoito mil empresas de construção civil e obras públicas, se

sente muito honrada em se associar a esta homenagempóstuma ao Professor Doutor Joaquim Sampaio, insigneengenheiro e distinto professor, que ao marcar de formaindelével tantos nossos engenheiros civis, estes nãodeixarão também de continuar a honrar a sua memória naactividade diária das suas empresas”. Rui Viana, Presidente da Associação dos Industriais deConstrução Civil e Obras Públicas do Norte

“Cheguei ao Porto no princípio deNovembro de 1961, para frequentar o 4.ºano do Curso de Engenharia Civil. Foi nessaaltura que conheci o Professor Joaquim daConceição Sampaio, então regente dacadeira de Materiais de Construção.

(...)Mas o meu contacto com o Professor Joaquim Sampaionão se limitou ao período em que fui seu aluno, nem àvivência posterior do dia-a-dia da Faculdade. Na suaactividade profissional, ele participava frequentemente,como projectista de Estruturas, nos projectos deArquitectura do Professor Barbosa de Abreu; a partir domomento em que eu passei a colaborar de formapermanente com este último, passei também a ter oprivilégio de conviver profissionalmente com o primeiro,ainda que em regime intermitente. (...)Sem prejuízo do seu rigor científico, dir-se-ia que a suacaracterística profissional mais marcante era o seuespírito prático, a forma como resolvia os problemas e asegurança com que o fazia. Se tivermos em conta que aEngenharia só se concretiza nas obras, teremos deconcluir que o Professor Joaquim da Conceição Sampaiofoi no mais amplo sentido das palavras um engenheiro decorpo inteiro!”João Porto, Presidente da Associação dos Antigos Alunosde Engenharia Civil – FEUP

“Como disponho da prerrogativa darepresentação da Universidade do Porto,desejaria nesta qualidade de formalizar ahomenagem sentida desta instituição aoSenhor Professor Doutor Joaquim daConceição Sampaio recordando-o como

académico e como profissional de Engenharia que honrousobremaneira a sua Faculdade e a sua universidade ao

longo de toda uma carreira verdadeiramente exemplar quenem mesmo a implacável imposição legal da jubilaçãologrou interromper. (...)O Senhor Professor Doutor Joaquim Sampaio pautou oseu desempenho por uma intervenção muito acima donormal, que deverá ser salientada como um importantecontributo para que tal meta não se transforme numasimples utopia. E fê-lo mesmo antes de a declaração emcausa, certamente já presente na mente dos seusmelhores, ter sido vertida nos estatutos da Universidadedo Porto.Pretende-se, no entanto, um depoimento pessoaldecorrente de uma convivência de longos anos com oSenhor Professor Doutor Joaquim Sampaio. Período emque se apresentou como Mestre; em que foi conselheiro;em que, para efeitos formais e a partir de certa altura,terei de me atrever a considerar como par; mas em que,acima de tudo, foi um amigo. (...)Estava-me reservado um privilégio ainda maior do que tersido aluno do Engenheiro Sampaio. Foi-me dada aoportunidade de ser colaborador seu e do ProfessorJoaquim Sarmento, em projectos que elaboraram emconjunto no escritório que partilhavam na Rua daAlegria.”José Novais Barbosa, Reitor da Universidade do Porto

“O Engenheiro Sampaio era umapersonalidade pela qual a vaidade não tinhapassado. A sua modéstia era flagrante ereconhecia-se em todas as circunstâncias.Desprovido de preocupações de destaque,quantas vezes se aquietava no silêncio, na

sua modéstia, pois a exibição pessoal não constava doseu processo vital. (...)Depois da aposentação manteve-se ainda umacontribuição muito importante, além de que outrosinteresses científicos continuaram a atrair o seupensamento. Todas as inovações tecnológicas eram porele recebidas com muita curiosidade e despertavampesquisas específicas para o seu esclarecimento. (...)O seu tempo era dividido entre as obrigações e asdevoções. Sem pressas, com a calma que lhe era peculiar.O futebol era uma actividade das suas preferências. Não éverdade que ficasse mal-humorado quando o F.C. Porto

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infoPágina 26 DESTAQUE info Página 27DESTAQUE

“O Senhor Professor Joaquim da ConceiçãoSampaio fez parte de uma geração degrandes mestres da Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto comquem todos nós muito aprendemos.Geração essa que projectou bem alto quer o

nome da Faculdade quer o curso de Engenharia Civil e quemuito contribuiu para a grande aceitação deste curso porparte da comunidade técnica e científica.(...)Foi um grande impulsionador e um grande promotor doLaboratório de Materiais, que ficará para sempreassociado ao seu nome.Nos anos 90 tive o privilégio de apoiar a organização dasua última lição no exercício das funções que hoje em diadesempenho de novo; pude testemunhar o enormeprestígio que gozava e o grande carinho que o envolveunesse evento que nos deixou grandes recordações.O seu saber, a sua disponibilidade constante e a suaamizade marcaram profundamente diversas gerações denossos alunos e hoje em dia nossos colegas que viamsempre o Professor Sampaio como um mestre e umamigo sempre ao dispor. É assim com grande saudade e emoção que recordo hojeo Senhor Professor Joaquim da Conceição Sampaio,grande personalidade da Engenharia Civil, que durante asua vida académica muito engrandeceu a nossa Faculdadede Engenharia”. Professor Ferreira Lemos, Director do Departamento deEngenharia Civil e representante do director da FEUP

“...Acima de tudo os símbolos dasinstituições, aqueles que dão sentido e queajudam a afirmar-se, os que lhe dão almasão as pessoas e as pessoasfundamentalmente numa escola superiorsão as pessoas. E o Professor Sampaio faz

parte da alma desta Faculdade. (...)Quando se homenageia alguém é costume fazer um apeloàs suas qualidades, às suas qualidades pessoais, às suasqualidades humanas, à dedicação, às causas, aosatributos pessoais de natureza mais evidente: ainteligência, a capacidade de organizar, ao valorpedagógico, a capacidade profissional. Ao ProfessorSampaio era reconhecido tudo isso e é justo hoje invocá-lo, mas além disso havia algo nele que ninguém, aluno,

colega ou engenheiro ou simples amigo podia ficarindiferente. Eu refiro-me particularmente à forma calorosaque sempre nos tirou dúvidas, sendo alunos ou sendomais tarde engenheiros; à sua generosidade, à sua atitudede permanente simplicidade perante a vida e perante asdificuldades técnicas. (...)E finalmente um toque de carácter pessoal. O ProfessorSampaio tinha um respeito por todas as outras pessoas,nomeadamente com as crianças. Recordo-me que àsvezes, quando éramos mais novos, tínhamos de trabalharao sábado e eu às vezes levava os meus filhos maispequenos e uma das minhas filhas com 3 ou 4 anos. Elapara se entreter fazia uns inquéritos para as pessoaspreencherem e o Professor Sampaio viu aquilo esubmeteu-se a preencher o inquérito como se tratasse deuma matéria séria.” Luís Braga da Cruz, Presidente da Mesa da Assembleia daOrdem dos Engenheiros – Região Norte

“Falar de Joaquim Sampaio é como muitobem escreveu o meu companheiro dedirecção, o Engenheiro Reis Campos napublicação editada sobre o homenageado érevisitar a segunda metade do século XX daEngenharia portuguesa, e em particular a

sua acção na Faculdade de Engenharia da Universidade doPorto. (...)Mas Joaquim Sampaio não foi apenas um teórico, umformador de engenheiros de raras qualidades ecapacidades. Ele percebeu desde sempre a importância deligar a universidade às empresas e por isso, ao longo dasua vida, prestou valiosos serviços enquanto consultor amuitas das associadas da AICCOPN. (...)É pois, pelo muito que fez pela Engenharia Civil portuguesa epor todo o sector da construção civil, que o Professor DoutorJoaquim Sampaio nunca poderá ser esquecido. Deverá, issosim, ser uma referência para actuais professores e alunos daFEUP, bem como para todos quantos fazem da construção asua vida e acreditam que, dessa forma, poderão contribuirpara um país mais desenvolvido e consequentemente umasociedade mais feliz. Para concluir apenas quero reforçar a ideia que aAICCOPN, enquanto associação representativa de mais deoito mil empresas de construção civil e obras públicas, se

sente muito honrada em se associar a esta homenagempóstuma ao Professor Doutor Joaquim Sampaio, insigneengenheiro e distinto professor, que ao marcar de formaindelével tantos nossos engenheiros civis, estes nãodeixarão também de continuar a honrar a sua memória naactividade diária das suas empresas”. Rui Viana, Presidente da Associação dos Industriais deConstrução Civil e Obras Públicas do Norte

“Cheguei ao Porto no princípio deNovembro de 1961, para frequentar o 4.ºano do Curso de Engenharia Civil. Foi nessaaltura que conheci o Professor Joaquim daConceição Sampaio, então regente dacadeira de Materiais de Construção.

(...)Mas o meu contacto com o Professor Joaquim Sampaionão se limitou ao período em que fui seu aluno, nem àvivência posterior do dia-a-dia da Faculdade. Na suaactividade profissional, ele participava frequentemente,como projectista de Estruturas, nos projectos deArquitectura do Professor Barbosa de Abreu; a partir domomento em que eu passei a colaborar de formapermanente com este último, passei também a ter oprivilégio de conviver profissionalmente com o primeiro,ainda que em regime intermitente. (...)Sem prejuízo do seu rigor científico, dir-se-ia que a suacaracterística profissional mais marcante era o seuespírito prático, a forma como resolvia os problemas e asegurança com que o fazia. Se tivermos em conta que aEngenharia só se concretiza nas obras, teremos deconcluir que o Professor Joaquim da Conceição Sampaiofoi no mais amplo sentido das palavras um engenheiro decorpo inteiro!”João Porto, Presidente da Associação dos Antigos Alunosde Engenharia Civil – FEUP

“Como disponho da prerrogativa darepresentação da Universidade do Porto,desejaria nesta qualidade de formalizar ahomenagem sentida desta instituição aoSenhor Professor Doutor Joaquim daConceição Sampaio recordando-o como

académico e como profissional de Engenharia que honrousobremaneira a sua Faculdade e a sua universidade ao

longo de toda uma carreira verdadeiramente exemplar quenem mesmo a implacável imposição legal da jubilaçãologrou interromper. (...)O Senhor Professor Doutor Joaquim Sampaio pautou oseu desempenho por uma intervenção muito acima donormal, que deverá ser salientada como um importantecontributo para que tal meta não se transforme numasimples utopia. E fê-lo mesmo antes de a declaração emcausa, certamente já presente na mente dos seusmelhores, ter sido vertida nos estatutos da Universidadedo Porto.Pretende-se, no entanto, um depoimento pessoaldecorrente de uma convivência de longos anos com oSenhor Professor Doutor Joaquim Sampaio. Período emque se apresentou como Mestre; em que foi conselheiro;em que, para efeitos formais e a partir de certa altura,terei de me atrever a considerar como par; mas em que,acima de tudo, foi um amigo. (...)Estava-me reservado um privilégio ainda maior do que tersido aluno do Engenheiro Sampaio. Foi-me dada aoportunidade de ser colaborador seu e do ProfessorJoaquim Sarmento, em projectos que elaboraram emconjunto no escritório que partilhavam na Rua daAlegria.”José Novais Barbosa, Reitor da Universidade do Porto

“O Engenheiro Sampaio era umapersonalidade pela qual a vaidade não tinhapassado. A sua modéstia era flagrante ereconhecia-se em todas as circunstâncias.Desprovido de preocupações de destaque,quantas vezes se aquietava no silêncio, na

sua modéstia, pois a exibição pessoal não constava doseu processo vital. (...)Depois da aposentação manteve-se ainda umacontribuição muito importante, além de que outrosinteresses científicos continuaram a atrair o seupensamento. Todas as inovações tecnológicas eram porele recebidas com muita curiosidade e despertavampesquisas específicas para o seu esclarecimento. (...)O seu tempo era dividido entre as obrigações e asdevoções. Sem pressas, com a calma que lhe era peculiar.O futebol era uma actividade das suas preferências. Não éverdade que ficasse mal-humorado quando o F.C. Porto

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info Página 29DESTAQUEinfoPágina 28 DESTAQUE

perdia, era superior a essas contingências. Em práticapessoal desportiva, penso que não estava para grandesmaçadas, era mais inclinado para a contemplação e aúnica manifestação muscular, que me lembro, foi numjogo de malha que nós promovemos ao fim da tarde. Oseu swing era convincente. Tinha estilo e vigor. Ele eravencedor. Tentei persuadi-lo para o golfe, assegurando-lheum handicap ganhador. Não o convenci. No quartel das devoções, estava um nobre culto dasvelhas amizades que ele tinha reunido ao longo do seupercurso e como é óbvio os seus desvelos inexcedíveisquanto à família, os componentes de raiz e aqueles queestabeleceu como se fossem seus bons amigos.O padecimento dos seus dois últimos anos foram degrande coragem e resignação como só se encontram nosespíritos superiores”.Joaquim Sarmento, Professor Catedrático Jubilado da FEUP

“Nesta homenagem ao Professor Sampaio,ao Engenheiro Sampaio como nós tratamos,pensei que teria interesse em referir comum certo pormenor um relatório que eleelaborou no Laboratório de Ensaio deMateriais em 1960, que é o relatório 3690,

que é também publicado nas actas desta reunião. Elepreparou com todo o cuidado no Porto esse trabalho queera Ensaio de Carga da Ponte de Serviço da Bemposta (Douro Internacional), que tem muito interesse atéhistórico, porque os ensaios foram feitos em Outubro eNovembro de 1960. Há quase 45 anos. Os trabalhos deensaio “in situ” começaram a 26 de Agosto de 1960 edemoraram 3 dias e tal, aproveitando o fim de semana,porque de facto foram muito bem preparados no Porto. As provas dinâmicas começaram às 19h de sexta-feira, dia26 de Agosto de 1960 e utilizaram-se os camiões dumperque existiam no estaleiro.(...) Nas provas estáticas foramutilizados também três camiões dumper e foi tambémnecessário fazer rapidamente os ensaios, porque a ponteera precisa (...)Um dos aspectos, de que depois vou mostrar algunsslides, que tem muito interesse para mim, queacompanhei os ensaios todos como autor do projecto, foiquando passado dois anos houve uma cheia excepcional.(...) O que eu aprendi com essa cheia é que a ponteresistiu bem, havia uma certa garantia mesmo que

houvesse uma cheia excepcional, superior à de 1909. Álvares Ribeiro, Professor Catedrático Jubilado da FEUP

“Dizia que conheci o Sampaio em 1950, noentanto conclui este Natal que poderia etive oportunidade de o conhecer antes,porque ambos fomos contemporâneos noLiceu Rodrigo de Freitas. Uma filha minhaofereceu-me no Natal Liceus de Portugal,

de Edição Asa, 2003. No livro são apresentadas históriasdos liceus, instalações, etc., e uma rubrica designadaAlunos de que o liceu guardou memória são referidos,entre outros, nas décadas de 40 e 50, nomes de trêscolegas de turma: Casimiro Águeda de Azevedo, Joaquimda Conceição Sampaio e Joaquim Von Haff e o meupróprio, mais novo, por isso já fora deste grupo. Esta referência permitiu-me tirar duas conclusões.Primeiro, fomos contemporâneos. Tive a oportunidade deo conhecer nessa altura e que o Sampaio foi distinto noliceu e na Faculdade. Na Faculdade foi distinto porque foiconvidado e no liceu foi distinto porque fez parte destalista especial.(...)Colaboramos realmente um com o outro numacamaradagem exemplar. Nunca disputamos nada, lugaresou cargos, e sempre nos apoiamos. Acompanhei as suasprovas de doutoramento e o concurso para professorextraordinário e ele as minhas. Posso garantir que nosapreciávamos mutuamente. Ambos ficamos muitos anoscomo primeiros assistentes e professores extraordinário eacedemos na mesma altura à carta para o efeito dedelegamento dos quadros. Aliás houve um período emque o Sampaio e eu fomos os únicos assistentes doprimeiro grupo. Aristides Guedes Coelho, Professor Catedrático Jubiladoda FEUP

“A minha relação com o Professor Sampaio,no princípio da década de 90, fins dadécada de 80, está relacionada com anormalização dos betões. A normalizaçãodos betões estava entregue naquela altura àAssociação Técnica da Indústria de

Cimento, que pediu ao Laboratório um presidente daComissão Técnica e fui indicado então para presidir a essacomissão e aí encontrei o Professor Sampaio. Do Professor Sampaio, uma das notas mais relevantes,

além da sua competência inata, era a sua permanênciaem todas as reuniões.(...)Outro aspecto do meu relacionamento com ele foi assessões de divulgação das normas. A Associação Técnicada Indústria de Cimento realizou diversas reuniões emtodo o país e um dos elementos constante nessas sessõesera o Professor Sampaio. Tinha uma sensibilidadeespecial para falar à audiência, uma sensibilidadeespantosa para perceber qual era o grau de dificuldadeque tinha de dar às suas palavras. Eu tinha vindo de 30anos de fazer ensaios em modelos de barragens eportanto sentia necessidade em explicar porquê que osensaios deviam ser feitos e ele disse-me: “- Ó ProfessorFerreira você já viu a cara das pessoas? Veja se conseguefalar mais amigavelmente”. Manuel Esteves Ferreira, Investigador Coordenador doLNEC e Presidente da CT 104 – Betões

“Conhecemo-nos há mais de 40 anos, doDoutoramento Honoris Causa do EngenheiroManuel Rocha, mas foi em consequência dosmeus filhos e do seu afilhado frequentarem amesma escola que nos aproximámos. Não foiportanto na qualidade de docente desta casa,

onde leccionei durante seis anos duas disciplinas:Organização e Administração e Economia Política, que tive asorte de conhecer mais pessoalmente Joaquim Sampaio.portanto, o meu testemunho não é técnico nem científico,esse foi dado pelos que me antecederam. O meu testemunhoé apenas humano. George Washington disse que uma verdadeira amizade écomo uma planta que se desenvolve lentamente e foi assimque aconteceu no que nos respeita. acabamos por fazer fériase passeios juntos, o que me permitiu reconhecer as suasqualidades como homem. (...)Sampaio revelava em seu qualquer pequeno gesto a suaaguda inteligência e espírito de observação. Era um homemsimples, calmo, equilibrado, mas alegre e sempre pronto adar uma piada e nada interessado em ser projectado para aribalta. A política pouco lhe interessava, para além de temade simples conversação. A sua vida familiar era o centro dosseus interesses, para além do futebol. E infelizmenteestamos habitados a ver homenageados que andam pelasluzes da ribalta. (...)

O mais que pude trazer aqui foi o testemunho de umamigo. Ramón y Cajal disse que os amigos como osdentes: vamos perdendo durante os anos, nem sempresem dor. Este perdemos com grande mágoa”. Conceição Nunes, Professor Catedrático Jubilado da FEC

“Eu fui também aluno do ProfessorSampaio como é sabido, por isso o meugosto reforçado por estar aqui e puderassociar-me a esta iniciativa. (...) Acho quesaímos todos daqui mais ricos por conhecermelhor a vida de um homem que é um

exemplo. Eu penso que não haverá muitas personalidadesrelativamente à vida das quais seja possível durante quaseduas horas prender a atenção da assembleia da forma queaconteceu relativamente ao Professor Sampaio. É bemevidente a vida de exemplo que foi para todos nós. (...)É acima de tudo um acto de justiça homenagear umengenheiro distinto, um professor prestigiado e uminvestigador de grande prestígio nacional e internacionalque marcou indelevelmente várias gerações deengenheiros formados nesta instituição desde os anos 40. (...)A minha presença aqui visa reconhecer o mérito e otrabalho desenvolvido pelo professor Joaquim Sampaio aolongo da sua vida académica e profissional. Entende oGoverno que sendo merecido o destaque deve tambémser devidamente publicitado e dado a conhecer àsociedade em geral para que, apontado como exemplo aseguir, possa constituir a semente que vai gerar oaparecimento de outros que prestigiem a actividade daconstrução em geral e da profissão de engenheiro emparticular, porque o país também beneficia com aquelesque de entre os seus mais se notabilizam.E seguindo os ensinamentos e a atitude de empenho e derigor do Professor Joaquim Sampaio teremos cada vezmais trabalhadores qualificados, empresas modernas ecompetitivas, institutos superiores e universidades degrande qualidade e as cidades portuguesas maisfuncionais e seguras.”Jorge Costa, Secretário de Estado das Obras Públicas

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perdia, era superior a essas contingências. Em práticapessoal desportiva, penso que não estava para grandesmaçadas, era mais inclinado para a contemplação e aúnica manifestação muscular, que me lembro, foi numjogo de malha que nós promovemos ao fim da tarde. Oseu swing era convincente. Tinha estilo e vigor. Ele eravencedor. Tentei persuadi-lo para o golfe, assegurando-lheum handicap ganhador. Não o convenci. No quartel das devoções, estava um nobre culto dasvelhas amizades que ele tinha reunido ao longo do seupercurso e como é óbvio os seus desvelos inexcedíveisquanto à família, os componentes de raiz e aqueles queestabeleceu como se fossem seus bons amigos.O padecimento dos seus dois últimos anos foram degrande coragem e resignação como só se encontram nosespíritos superiores”.Joaquim Sarmento, Professor Catedrático Jubilado da FEUP

“Nesta homenagem ao Professor Sampaio,ao Engenheiro Sampaio como nós tratamos,pensei que teria interesse em referir comum certo pormenor um relatório que eleelaborou no Laboratório de Ensaio deMateriais em 1960, que é o relatório 3690,

que é também publicado nas actas desta reunião. Elepreparou com todo o cuidado no Porto esse trabalho queera Ensaio de Carga da Ponte de Serviço da Bemposta (Douro Internacional), que tem muito interesse atéhistórico, porque os ensaios foram feitos em Outubro eNovembro de 1960. Há quase 45 anos. Os trabalhos deensaio “in situ” começaram a 26 de Agosto de 1960 edemoraram 3 dias e tal, aproveitando o fim de semana,porque de facto foram muito bem preparados no Porto. As provas dinâmicas começaram às 19h de sexta-feira, dia26 de Agosto de 1960 e utilizaram-se os camiões dumperque existiam no estaleiro.(...) Nas provas estáticas foramutilizados também três camiões dumper e foi tambémnecessário fazer rapidamente os ensaios, porque a ponteera precisa (...)Um dos aspectos, de que depois vou mostrar algunsslides, que tem muito interesse para mim, queacompanhei os ensaios todos como autor do projecto, foiquando passado dois anos houve uma cheia excepcional.(...) O que eu aprendi com essa cheia é que a ponteresistiu bem, havia uma certa garantia mesmo que

houvesse uma cheia excepcional, superior à de 1909. Álvares Ribeiro, Professor Catedrático Jubilado da FEUP

“Dizia que conheci o Sampaio em 1950, noentanto conclui este Natal que poderia etive oportunidade de o conhecer antes,porque ambos fomos contemporâneos noLiceu Rodrigo de Freitas. Uma filha minhaofereceu-me no Natal Liceus de Portugal,

de Edição Asa, 2003. No livro são apresentadas históriasdos liceus, instalações, etc., e uma rubrica designadaAlunos de que o liceu guardou memória são referidos,entre outros, nas décadas de 40 e 50, nomes de trêscolegas de turma: Casimiro Águeda de Azevedo, Joaquimda Conceição Sampaio e Joaquim Von Haff e o meupróprio, mais novo, por isso já fora deste grupo. Esta referência permitiu-me tirar duas conclusões.Primeiro, fomos contemporâneos. Tive a oportunidade deo conhecer nessa altura e que o Sampaio foi distinto noliceu e na Faculdade. Na Faculdade foi distinto porque foiconvidado e no liceu foi distinto porque fez parte destalista especial.(...)Colaboramos realmente um com o outro numacamaradagem exemplar. Nunca disputamos nada, lugaresou cargos, e sempre nos apoiamos. Acompanhei as suasprovas de doutoramento e o concurso para professorextraordinário e ele as minhas. Posso garantir que nosapreciávamos mutuamente. Ambos ficamos muitos anoscomo primeiros assistentes e professores extraordinário eacedemos na mesma altura à carta para o efeito dedelegamento dos quadros. Aliás houve um período emque o Sampaio e eu fomos os únicos assistentes doprimeiro grupo. Aristides Guedes Coelho, Professor Catedrático Jubiladoda FEUP

“A minha relação com o Professor Sampaio,no princípio da década de 90, fins dadécada de 80, está relacionada com anormalização dos betões. A normalizaçãodos betões estava entregue naquela altura àAssociação Técnica da Indústria de

Cimento, que pediu ao Laboratório um presidente daComissão Técnica e fui indicado então para presidir a essacomissão e aí encontrei o Professor Sampaio. Do Professor Sampaio, uma das notas mais relevantes,

além da sua competência inata, era a sua permanênciaem todas as reuniões.(...)Outro aspecto do meu relacionamento com ele foi assessões de divulgação das normas. A Associação Técnicada Indústria de Cimento realizou diversas reuniões emtodo o país e um dos elementos constante nessas sessõesera o Professor Sampaio. Tinha uma sensibilidadeespecial para falar à audiência, uma sensibilidadeespantosa para perceber qual era o grau de dificuldadeque tinha de dar às suas palavras. Eu tinha vindo de 30anos de fazer ensaios em modelos de barragens eportanto sentia necessidade em explicar porquê que osensaios deviam ser feitos e ele disse-me: “- Ó ProfessorFerreira você já viu a cara das pessoas? Veja se conseguefalar mais amigavelmente”. Manuel Esteves Ferreira, Investigador Coordenador doLNEC e Presidente da CT 104 – Betões

“Conhecemo-nos há mais de 40 anos, doDoutoramento Honoris Causa do EngenheiroManuel Rocha, mas foi em consequência dosmeus filhos e do seu afilhado frequentarem amesma escola que nos aproximámos. Não foiportanto na qualidade de docente desta casa,

onde leccionei durante seis anos duas disciplinas:Organização e Administração e Economia Política, que tive asorte de conhecer mais pessoalmente Joaquim Sampaio.portanto, o meu testemunho não é técnico nem científico,esse foi dado pelos que me antecederam. O meu testemunhoé apenas humano. George Washington disse que uma verdadeira amizade écomo uma planta que se desenvolve lentamente e foi assimque aconteceu no que nos respeita. acabamos por fazer fériase passeios juntos, o que me permitiu reconhecer as suasqualidades como homem. (...)Sampaio revelava em seu qualquer pequeno gesto a suaaguda inteligência e espírito de observação. Era um homemsimples, calmo, equilibrado, mas alegre e sempre pronto adar uma piada e nada interessado em ser projectado para aribalta. A política pouco lhe interessava, para além de temade simples conversação. A sua vida familiar era o centro dosseus interesses, para além do futebol. E infelizmenteestamos habitados a ver homenageados que andam pelasluzes da ribalta. (...)

O mais que pude trazer aqui foi o testemunho de umamigo. Ramón y Cajal disse que os amigos como osdentes: vamos perdendo durante os anos, nem sempresem dor. Este perdemos com grande mágoa”. Conceição Nunes, Professor Catedrático Jubilado da FEC

“Eu fui também aluno do ProfessorSampaio como é sabido, por isso o meugosto reforçado por estar aqui e puderassociar-me a esta iniciativa. (...) Acho quesaímos todos daqui mais ricos por conhecermelhor a vida de um homem que é um

exemplo. Eu penso que não haverá muitas personalidadesrelativamente à vida das quais seja possível durante quaseduas horas prender a atenção da assembleia da forma queaconteceu relativamente ao Professor Sampaio. É bemevidente a vida de exemplo que foi para todos nós. (...)É acima de tudo um acto de justiça homenagear umengenheiro distinto, um professor prestigiado e uminvestigador de grande prestígio nacional e internacionalque marcou indelevelmente várias gerações deengenheiros formados nesta instituição desde os anos 40. (...)A minha presença aqui visa reconhecer o mérito e otrabalho desenvolvido pelo professor Joaquim Sampaio aolongo da sua vida académica e profissional. Entende oGoverno que sendo merecido o destaque deve tambémser devidamente publicitado e dado a conhecer àsociedade em geral para que, apontado como exemplo aseguir, possa constituir a semente que vai gerar oaparecimento de outros que prestigiem a actividade daconstrução em geral e da profissão de engenheiro emparticular, porque o país também beneficia com aquelesque de entre os seus mais se notabilizam.E seguindo os ensinamentos e a atitude de empenho e derigor do Professor Joaquim Sampaio teremos cada vezmais trabalhadores qualificados, empresas modernas ecompetitivas, institutos superiores e universidades degrande qualidade e as cidades portuguesas maisfuncionais e seguras.”Jorge Costa, Secretário de Estado das Obras Públicas

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info Página 31VIDA ASSOCIATIVA

Texto de João Baptista

infoPágina 30 VIDA ASSOCIATIVA

Engenheiros queremobras vigiadas

Mais segurança é uma das conclusões aque os engenheiros do Norte chegaramno 5º Colóquio Internacional sobreHigiene e Segurança no Trabalho, quedurante dois dias teve como pontocentral a sinistralidade laboral emPortugal, particularmente na construçãocivil.Segundo dados oficiais, a sinistralidadelaboral no país é quase o dobro damédia europeia e o sector da construçãocivil é o mais atingido, com 30 por centodos acidentes mortais (83 casos em2004).Face a estes números, torna-se urgente aalteração das normas vigentes,sobretudo no que refere à legislaçãoactual, que em muitos casos está“dispersa, descoordenada econtraditória”. Alfredo Soeiro, presidente do colóquio,considera que todos os agentesenvolvidos em práticas com maior riscode sinistralidade devem participar naalteração dessas leis, “e não apenas emfase de debate público”. A obrigatoriedade dos responsáveis nasobras aliarem conhecimentos sobre

sinistralidade laboral a uma formaçãoem construção civil é a “trave-mestra”que se pretende colocar em prática nofuturo. De acordo com a legislaçãoactual exige-se apenas que oscoordenadores de segurança de obrastenham uma formação na área deHigiene e Segurança no Trabalho.Para Gerardo Saraiva, presidente daOrdem dos Engenheiros – Região Norte,para se obterem resultados nadiminuição da sinistralidade éfundamental que um licenciado passe a“dominar técnicas de construção demodo a melhor prevenir acidentes detrabalho”, e que seja incentivada umamentalidade de segurança. Promover a transparência no sector daconstrução e agilizar o processo delicenciamento foram outros pontosdebatidos durante o colóquio. “Há um descrédito generalizado dosutentes em relação aos nossos produtosfinais”, sendo preciso reforçar aconfiança que deve existir em torno daconstrução. Esta afirmação foi feita peloprofessor Hipólito Sousa, que aindasalientou que “Higiene e Segurança nãoé um domínio menor” e, por isso, deveser tratado da mesma forma que asoutras questões colocadas ao sector. A Info no próximo número integrará

artigos de fundo sobre as conclusõesdeste colóquio.

Plano de FormaçãoProfissional Financiada

A Ordem dos Engenheiros devecertificar perante a Sociedade acompetência profissional dos seusmembros, através de uma rigorosa eexigente Qualificação Profissional etambém contribuir para uma melhorformação e actualização dosEngenheiros.A Ordem tem assim como propósitofundamental contribuir para o progressoda engenharia, estimulando os esforçose competências dos seus associadosnos domínios científico, profissional esocial, bem como, o cumprimentoescrupuloso das regras de éticaprofissional.Um dos objectivos principais daOrdem dos Engenheiros é promover onível de qualificação dos activosempregados ou em risco dedesemprego, que carecem dereciclagem ou de actualização das suascompetências, fase à iminenteobsolescência dos seusconhecimentos, assim como, daquelesque necessitam de umaprofundamento dessas competências,numa perspectiva de inovaçãoorganizacional ou de adaptação anovos equipamentos, métodos oucontextos de trabalho inerentes aodesenvolvimento empresarial.Neste contexto, e na sequência dumacandidatura apresentada ao ProgramaOperacional Emprego, Formação eDesenvolvimento Social (POEFDS), aOrdem dos Engenheiros Região Norteleva a cabo durante o ano de 2005 umPlano de Formação ProfissionalFinanciada destinado especificamenteaos seus membros.

5º ColóquioInternacional sobre Segurança e Higiene do Trabalho

Realizou-se nos dias 24 e 25 de Fevereirode 2005, no Auditório da FEUP, noPorto, o 5º Colóquio Internacional sobreSegurança e Higiene do Trabalho.Este colóquio foi organizadoconjuntamente pela Ordem dosEngenheiros – Região Norte, a FEUP –Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto e a APSET –Associação Portuguesa de Segurança eHigiene do Trabalho e contou com apresença, na sessão de abertura, de SuaExcelência, o Bastonário da Ordem dosEngenheiros, Eng. Fernando Santo.O programa científico integrou cinco

sessões proferidas por alguns dosmelhores especialistas reconhecidos nosdiferentes domínios, 20 comunicaçõesorais divididas por cinco sessõescientíficas:

A formação de profissionais de SHSTcomo pilar fundamental da prevençãode riscos;O impacto da legislação de SHST nasempresas e na actividade dosprofissionais de SHST;Análise dos acidentes de trabalho e dasdoenças profissionais;A abordagem da SHST através dosequipamentos de trabalho;Boas práticas na prevenção de riscosprofissionais.

Este programa contou ainda com arealização de uma mesa redondadedicada ao tema “Qualificação de

Coordenadores de Segurança noTrabalho da Construção”, que foibastante participada, uma vez que estetema está na ordem do dia.Os temas a abordados reflectiram,assim, pela sua actualidade, as grandesquestões que hoje se colocam à SHT,em particular na União Europeia e emPortugal.A organização registou com agrado ointeresse e o sucesso desta iniciativa,uma vez que o número de participantessuperou as expectativas, cerca de 400participantes.A acrescentar a este facto, e porque aactualidade do tema assim o merece, oPresidente do Conselho Directivo daRegião Norte da Ordem dosEngenheiros, Eng. Gerardo Saraiva,lançou o desafio, na sessão deencerramento, para que no próximoano se repita este colóquio.

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Texto de João Baptista

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Engenheiros queremobras vigiadas

Mais segurança é uma das conclusões aque os engenheiros do Norte chegaramno 5º Colóquio Internacional sobreHigiene e Segurança no Trabalho, quedurante dois dias teve como pontocentral a sinistralidade laboral emPortugal, particularmente na construçãocivil.Segundo dados oficiais, a sinistralidadelaboral no país é quase o dobro damédia europeia e o sector da construçãocivil é o mais atingido, com 30 por centodos acidentes mortais (83 casos em2004).Face a estes números, torna-se urgente aalteração das normas vigentes,sobretudo no que refere à legislaçãoactual, que em muitos casos está“dispersa, descoordenada econtraditória”. Alfredo Soeiro, presidente do colóquio,considera que todos os agentesenvolvidos em práticas com maior riscode sinistralidade devem participar naalteração dessas leis, “e não apenas emfase de debate público”. A obrigatoriedade dos responsáveis nasobras aliarem conhecimentos sobre

sinistralidade laboral a uma formaçãoem construção civil é a “trave-mestra”que se pretende colocar em prática nofuturo. De acordo com a legislaçãoactual exige-se apenas que oscoordenadores de segurança de obrastenham uma formação na área deHigiene e Segurança no Trabalho.Para Gerardo Saraiva, presidente daOrdem dos Engenheiros – Região Norte,para se obterem resultados nadiminuição da sinistralidade éfundamental que um licenciado passe a“dominar técnicas de construção demodo a melhor prevenir acidentes detrabalho”, e que seja incentivada umamentalidade de segurança. Promover a transparência no sector daconstrução e agilizar o processo delicenciamento foram outros pontosdebatidos durante o colóquio. “Há um descrédito generalizado dosutentes em relação aos nossos produtosfinais”, sendo preciso reforçar aconfiança que deve existir em torno daconstrução. Esta afirmação foi feita peloprofessor Hipólito Sousa, que aindasalientou que “Higiene e Segurança nãoé um domínio menor” e, por isso, deveser tratado da mesma forma que asoutras questões colocadas ao sector. A Info no próximo número integrará

artigos de fundo sobre as conclusõesdeste colóquio.

Plano de FormaçãoProfissional Financiada

A Ordem dos Engenheiros devecertificar perante a Sociedade acompetência profissional dos seusmembros, através de uma rigorosa eexigente Qualificação Profissional etambém contribuir para uma melhorformação e actualização dosEngenheiros.A Ordem tem assim como propósitofundamental contribuir para o progressoda engenharia, estimulando os esforçose competências dos seus associadosnos domínios científico, profissional esocial, bem como, o cumprimentoescrupuloso das regras de éticaprofissional.Um dos objectivos principais daOrdem dos Engenheiros é promover onível de qualificação dos activosempregados ou em risco dedesemprego, que carecem dereciclagem ou de actualização das suascompetências, fase à iminenteobsolescência dos seusconhecimentos, assim como, daquelesque necessitam de umaprofundamento dessas competências,numa perspectiva de inovaçãoorganizacional ou de adaptação anovos equipamentos, métodos oucontextos de trabalho inerentes aodesenvolvimento empresarial.Neste contexto, e na sequência dumacandidatura apresentada ao ProgramaOperacional Emprego, Formação eDesenvolvimento Social (POEFDS), aOrdem dos Engenheiros Região Norteleva a cabo durante o ano de 2005 umPlano de Formação ProfissionalFinanciada destinado especificamenteaos seus membros.

5º ColóquioInternacional sobre Segurança e Higiene do Trabalho

Realizou-se nos dias 24 e 25 de Fevereirode 2005, no Auditório da FEUP, noPorto, o 5º Colóquio Internacional sobreSegurança e Higiene do Trabalho.Este colóquio foi organizadoconjuntamente pela Ordem dosEngenheiros – Região Norte, a FEUP –Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto e a APSET –Associação Portuguesa de Segurança eHigiene do Trabalho e contou com apresença, na sessão de abertura, de SuaExcelência, o Bastonário da Ordem dosEngenheiros, Eng. Fernando Santo.O programa científico integrou cinco

sessões proferidas por alguns dosmelhores especialistas reconhecidos nosdiferentes domínios, 20 comunicaçõesorais divididas por cinco sessõescientíficas:

A formação de profissionais de SHSTcomo pilar fundamental da prevençãode riscos;O impacto da legislação de SHST nasempresas e na actividade dosprofissionais de SHST;Análise dos acidentes de trabalho e dasdoenças profissionais;A abordagem da SHST através dosequipamentos de trabalho;Boas práticas na prevenção de riscosprofissionais.

Este programa contou ainda com arealização de uma mesa redondadedicada ao tema “Qualificação de

Coordenadores de Segurança noTrabalho da Construção”, que foibastante participada, uma vez que estetema está na ordem do dia.Os temas a abordados reflectiram,assim, pela sua actualidade, as grandesquestões que hoje se colocam à SHT,em particular na União Europeia e emPortugal.A organização registou com agrado ointeresse e o sucesso desta iniciativa,uma vez que o número de participantessuperou as expectativas, cerca de 400participantes.A acrescentar a este facto, e porque aactualidade do tema assim o merece, oPresidente do Conselho Directivo daRegião Norte da Ordem dosEngenheiros, Eng. Gerardo Saraiva,lançou o desafio, na sessão deencerramento, para que no próximoano se repita este colóquio.

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ENCONTROS

17 MARÇOLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNASSEMBLEIA REGIONAL NORTE DA ORDEM DOS ENGENHEIROS

21 MAIO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUPDIA DA GRADUAÇÃOA Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto tem jáagendada para 21 de Maio de 2005 a cerimónia festiva do Diada Graduação. Neste dia entregamos as cartas de Doutoramento, deMestrado e de Licenciatura aos Doutores, Mestres eLicenciados, que obtiveram o seu grau no ano civil anterior. É também nesta ocasião que homenageamos os que porjubilação ou aposentação se retiraram do serviço activodurante o ano de 2004. Todos os anos uma figura de relevo da universidade, dainvestigação, do mundo empresarial ou da sociedadeportuguesa em geral, é convidada a participar neste evento.

CONGRESSOS E SEMINÁRIOS

28 DE FEVEREIRO A 5 MARÇO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUPSEMANA ABERTA FEUP 2005A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto recebede 28 de Fevereiro a 5 de Março de 2005 a Semana Aberta2005.A iniciativa abre assim as portas da FEUP aos jovens doensino secundário por forma a cativá-los para a Engenharia epara as inúmeras potencialidades dos cursos de Engenharia.À semelhança do que aconteceu em anos anteriores espera-sea visita de várias escolas do país.Conferências e visitas guiadas são algumas das propostas quea apresentar.

16 MARÇO E 20 ABRILLOCAL: Auditório da sede da OERNORGANIZAÇÃO: Colégio de Engenharia Geográfica - OERNPALESTRAS COLÉGIO DE ENGENHARIAGEOGRÁFICAO Colégio Regional de Engenharia Geográfica promove duaspalestras técnicas sobre aplicações de Sistemas de InformaçãoGeográfica, cujos temas deverão ser de interesse para diversasespecialidades de Engenharia.16 DE MARÇO - Os Sistemas de Informação Geográfica nagestão dos sistemas multimodais de transporte

Eng. Rui Sequeira, da empresa SIG2000 20 DE ABRIL - Sistemas de Informação Geográfica e GPS na gestão de situações críticas.Dr. Hugo Dias, da empresa PH-InformáticaAs palestras realizam-se no Auditório da sede da OERN, às18h, e são abertas ao público em geral.

13 A 17 JUNHO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUP e Department of Information Systemand Computation of the Polytechnic University of Valencia.17TH CONFERENCE ON ADVANCEDINFORMATION SYSTEMS ENGINEERING(CAISE’05)Realiza-se entre 13 a 17 de Junho de 2005, na Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto, a 17th Conference onAdvanced Information Systems Enginnering (CAiSE’05). A conferência pretende ser um fórum de discussão,apresentação e troca de resultados e experiências na área dainvestigação de “Information Systems Engineering”, que iráreunir entre 300 a 400 investigadores oriundos de todo omundo. O evento é organizado pela FEUP em parceira com oDepartment of Information System and Computation of thePolytechnic University of Valencia.Mais informações em:http://gnomo.fe.up.pt/~caise/index.php

21 A 23 JUNHO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUP e Sociedad Española para la Defensadel Patrimonio Geológico y MineroSIMPÓSIO SOBRE MINERAÇÃO E METALURGIAA Sociedad Española para la Defensa del PatrimonioGeológico y Minero, em parceira com uma equipa de trabalhoque envolve elementos da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto, realiza o Simpósio sobre Mineração eMetalurgia, de 21 a 23 de Junho de 2005. Este evento visadinamizar e congregar esforços no sentido da promoção dainvestigação e preservação dos patrimónios mineiro emetalúrgico antigos no sudoeste europeu.A 3ª edição deste simpósio será realizado na cidade do Porto,nas instalações da FEUP.O objectivo da iniciativa, marcada por uma colaboração entreinstituições Ibéricas, é permitir um desenvolvimento futuro dedinâmicas conducentes a uma melhor identificação epreservação das raízes mineiras e metalúrgicas que marcaramo passado da actividade humana na Península Ibérica.Mais informações em:http://www.ippar.pt/conferencias/simposio2005

info Página 33AGENDA

25 A 28 JULHOLOCAL: UTADORGANIZAÇÃO: COLÉGIO DE ELECTROTECNIA DA OERNEFITA/WCCA 2005 JOINT CONFERENCEA conferência conjunta EFITA/WCCA 2005 constituirá umfórum privilegiado onde investigadores e profissionaispoderão trocar informação sobre os desenvolvimentos eaplicações das Tecnologias da Informação na agricultura. Os principais objectivos que se esperam alcançar com arealização deste evento são a promoção do uso das novastecnologias, a divulgação do estado da arte no uso deferramentas de software, o estabelecimento de contactos e decolaboração entre as Instituições de Investigação, de Ensino eos Produtores, iniciar projectos de educação e treino eapresentar planos inovadores com vista a criar novasempresas.Os trabalhos da conferência serão organizados em sessõesplenárias, tutorais, workshops e posters cobrindo diversostemas: Agricultura de Precisão, Automação e Controlo,Desenvolvimento Rural, eAgBusiness, Gestão de Recursos,Modelação Ambiental e Científica, Produção Animal, RedesSensoriais, Segurança Alimentar, Sistemas de Apoio àDecisão, Sistemas de Informação Geográfica,Sustentabilidade, entre outros. A organização deste evento está a cargo da Universidade deTrás-os-Montes e Alto Douro, da Federação Europeia para asTecnologias da Informação na Agricultura (EFITA), daAssociação Portuguesa para o Desenvolvimento dasTecnologias da Informação na Agricultura (APDTICA) e contacom o apoio da Ordem dos Engenheiros.A submissão de trabalhos terminou no dia 11 de Janeiro de2005, tendo sido recebidos 263 trabalhos de autoresprovenientes de 51 países. É de referir que pela primeira vez nahistória da realização deste congresso serão atribuídos doisprémios de investigação, Júnior e Sénior, e será efectuada umaselecção dos melhores trabalhos para publicação em revistascientíficas de reconhecido mérito internacional.Mais informações em:http://www.agriculturadigital.org/efitaandwcca2005 [email protected]

HISTORIAL DO CONGRESSOA EFITA - Federação Europeia para as Tecnologias daInformação na Agricultura tem organizado com umaperiodicidade bianual os congressos:1th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Copenhaga,Dinamarca, 19972th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Bona,Alemanha, 19993th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Montpellier,

França, 20014th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Montpellier,Debrecen, Hungria, 2003A ASAE – American Society of Agricultural Engineers temvindo a organizar com uma periodicidade bianual oscongressos: 1th INTERNATIONAL CONFERENCE, USA, 19862th INTERNATIONAL CONFERENCE, USA, 19883th INTERNATIONAL CONFERENCE, USA, 19904th INTERNATIONAL CONFERENCE, University of Florida,USA, 19925th INTERNATIONAL CONFERENCE, Joseph MI, USA, 19946th INTERNATIONAL CONFERENCE, Cancun, México, 19967th INTERNATIONAL CONFERENCE, Orlando, USA, 1998WCCA- World Congress of Computers in Agriculture andNatural Resources, Brasil, Março, 2002WCCA- World Congress of Computers in Agriculture andNatural Resources, Tailândia, Agosto, 2004No seguimento de um protocolo assinado em 2003 naHungria pelas Instituições EFITA e ASAE, estes dois eventosirão ser realizados pela primeira vez em simultâneo e emPortugal, sendo a sua designação abreviada EFITA/WCCA2005 Joint Conference.PARTICIPANTESTendo em conta a experiência de congressos anteriores, e queo número de trabalhos submetido é de 263 de 51 países,espera-se um número de participantes entre 300 a 350, sendocerca de 60 alunos de doutoramento. Estes são na suamaioria oriundos de países Europeus e dos Estados Unidosda América, contando-se ainda com participantes da AméricaLatina, Ásia e África, por esta ordem de importância.DIVULGAÇÃOO congresso EFITA/WCCA 2005 tem vindo a ser divulgadodesde Agosto de 2004 por todo o mundo de variados modos:em revistas científicas da área, imprensa, cartazes ebrochuras, convocatórias e anúncios enviados por correionormal e electrónico, website, etc.. É de referir que asconvocatórias foram distribuídas em formato electrónico acerca de 15000 investigadores e profissionais da área graças àcolaboração de Instituições Parceiras que acederam a ajudar aorganização na divulgação deste congresso, bem como narealização de algumas sessões técnicas, como sejam a ISHS,ASAE, CIGR, FAO, Comissão Europeia, entre outras.PROGRAMA TÉCNICO DO CONGRESSOO programa do congresso será constituído por uma sessão deabertura e de encerramento, 5 sessões técnicas a decorrer emparalelo durante 4 dias, 5 sessões tutorais, workshops,sessões de posters, reuniões dos membros dos comités e dasorganizações presentes, visitas técnicas e exposições quecomeçarão a ser definidas após o dia 28 de Fevereiro de 2005,data limite para a conclusão do processo de revisão dostrabalhos submetidos e das propostas de realização de

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ENCONTROS

17 MARÇOLOCAL: PORTOORGANIZAÇÃO: OERNASSEMBLEIA REGIONAL NORTE DA ORDEM DOS ENGENHEIROS

21 MAIO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUPDIA DA GRADUAÇÃOA Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto tem jáagendada para 21 de Maio de 2005 a cerimónia festiva do Diada Graduação. Neste dia entregamos as cartas de Doutoramento, deMestrado e de Licenciatura aos Doutores, Mestres eLicenciados, que obtiveram o seu grau no ano civil anterior. É também nesta ocasião que homenageamos os que porjubilação ou aposentação se retiraram do serviço activodurante o ano de 2004. Todos os anos uma figura de relevo da universidade, dainvestigação, do mundo empresarial ou da sociedadeportuguesa em geral, é convidada a participar neste evento.

CONGRESSOS E SEMINÁRIOS

28 DE FEVEREIRO A 5 MARÇO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUPSEMANA ABERTA FEUP 2005A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto recebede 28 de Fevereiro a 5 de Março de 2005 a Semana Aberta2005.A iniciativa abre assim as portas da FEUP aos jovens doensino secundário por forma a cativá-los para a Engenharia epara as inúmeras potencialidades dos cursos de Engenharia.À semelhança do que aconteceu em anos anteriores espera-sea visita de várias escolas do país.Conferências e visitas guiadas são algumas das propostas quea apresentar.

16 MARÇO E 20 ABRILLOCAL: Auditório da sede da OERNORGANIZAÇÃO: Colégio de Engenharia Geográfica - OERNPALESTRAS COLÉGIO DE ENGENHARIAGEOGRÁFICAO Colégio Regional de Engenharia Geográfica promove duaspalestras técnicas sobre aplicações de Sistemas de InformaçãoGeográfica, cujos temas deverão ser de interesse para diversasespecialidades de Engenharia.16 DE MARÇO - Os Sistemas de Informação Geográfica nagestão dos sistemas multimodais de transporte

Eng. Rui Sequeira, da empresa SIG2000 20 DE ABRIL - Sistemas de Informação Geográfica e GPS na gestão de situações críticas.Dr. Hugo Dias, da empresa PH-InformáticaAs palestras realizam-se no Auditório da sede da OERN, às18h, e são abertas ao público em geral.

13 A 17 JUNHO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUP e Department of Information Systemand Computation of the Polytechnic University of Valencia.17TH CONFERENCE ON ADVANCEDINFORMATION SYSTEMS ENGINEERING(CAISE’05)Realiza-se entre 13 a 17 de Junho de 2005, na Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto, a 17th Conference onAdvanced Information Systems Enginnering (CAiSE’05). A conferência pretende ser um fórum de discussão,apresentação e troca de resultados e experiências na área dainvestigação de “Information Systems Engineering”, que iráreunir entre 300 a 400 investigadores oriundos de todo omundo. O evento é organizado pela FEUP em parceira com oDepartment of Information System and Computation of thePolytechnic University of Valencia.Mais informações em:http://gnomo.fe.up.pt/~caise/index.php

21 A 23 JUNHO LOCAL: FEUPORGANIZAÇÃO: FEUP e Sociedad Española para la Defensadel Patrimonio Geológico y MineroSIMPÓSIO SOBRE MINERAÇÃO E METALURGIAA Sociedad Española para la Defensa del PatrimonioGeológico y Minero, em parceira com uma equipa de trabalhoque envolve elementos da Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto, realiza o Simpósio sobre Mineração eMetalurgia, de 21 a 23 de Junho de 2005. Este evento visadinamizar e congregar esforços no sentido da promoção dainvestigação e preservação dos patrimónios mineiro emetalúrgico antigos no sudoeste europeu.A 3ª edição deste simpósio será realizado na cidade do Porto,nas instalações da FEUP.O objectivo da iniciativa, marcada por uma colaboração entreinstituições Ibéricas, é permitir um desenvolvimento futuro dedinâmicas conducentes a uma melhor identificação epreservação das raízes mineiras e metalúrgicas que marcaramo passado da actividade humana na Península Ibérica.Mais informações em:http://www.ippar.pt/conferencias/simposio2005

info Página 33AGENDA

25 A 28 JULHOLOCAL: UTADORGANIZAÇÃO: COLÉGIO DE ELECTROTECNIA DA OERNEFITA/WCCA 2005 JOINT CONFERENCEA conferência conjunta EFITA/WCCA 2005 constituirá umfórum privilegiado onde investigadores e profissionaispoderão trocar informação sobre os desenvolvimentos eaplicações das Tecnologias da Informação na agricultura. Os principais objectivos que se esperam alcançar com arealização deste evento são a promoção do uso das novastecnologias, a divulgação do estado da arte no uso deferramentas de software, o estabelecimento de contactos e decolaboração entre as Instituições de Investigação, de Ensino eos Produtores, iniciar projectos de educação e treino eapresentar planos inovadores com vista a criar novasempresas.Os trabalhos da conferência serão organizados em sessõesplenárias, tutorais, workshops e posters cobrindo diversostemas: Agricultura de Precisão, Automação e Controlo,Desenvolvimento Rural, eAgBusiness, Gestão de Recursos,Modelação Ambiental e Científica, Produção Animal, RedesSensoriais, Segurança Alimentar, Sistemas de Apoio àDecisão, Sistemas de Informação Geográfica,Sustentabilidade, entre outros. A organização deste evento está a cargo da Universidade deTrás-os-Montes e Alto Douro, da Federação Europeia para asTecnologias da Informação na Agricultura (EFITA), daAssociação Portuguesa para o Desenvolvimento dasTecnologias da Informação na Agricultura (APDTICA) e contacom o apoio da Ordem dos Engenheiros.A submissão de trabalhos terminou no dia 11 de Janeiro de2005, tendo sido recebidos 263 trabalhos de autoresprovenientes de 51 países. É de referir que pela primeira vez nahistória da realização deste congresso serão atribuídos doisprémios de investigação, Júnior e Sénior, e será efectuada umaselecção dos melhores trabalhos para publicação em revistascientíficas de reconhecido mérito internacional.Mais informações em:http://www.agriculturadigital.org/efitaandwcca2005 [email protected]

HISTORIAL DO CONGRESSOA EFITA - Federação Europeia para as Tecnologias daInformação na Agricultura tem organizado com umaperiodicidade bianual os congressos:1th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Copenhaga,Dinamarca, 19972th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Bona,Alemanha, 19993th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Montpellier,

França, 20014th Conference of the European Federation for InformationTechnology in Agriculture, Food and Environment, Montpellier,Debrecen, Hungria, 2003A ASAE – American Society of Agricultural Engineers temvindo a organizar com uma periodicidade bianual oscongressos: 1th INTERNATIONAL CONFERENCE, USA, 19862th INTERNATIONAL CONFERENCE, USA, 19883th INTERNATIONAL CONFERENCE, USA, 19904th INTERNATIONAL CONFERENCE, University of Florida,USA, 19925th INTERNATIONAL CONFERENCE, Joseph MI, USA, 19946th INTERNATIONAL CONFERENCE, Cancun, México, 19967th INTERNATIONAL CONFERENCE, Orlando, USA, 1998WCCA- World Congress of Computers in Agriculture andNatural Resources, Brasil, Março, 2002WCCA- World Congress of Computers in Agriculture andNatural Resources, Tailândia, Agosto, 2004No seguimento de um protocolo assinado em 2003 naHungria pelas Instituições EFITA e ASAE, estes dois eventosirão ser realizados pela primeira vez em simultâneo e emPortugal, sendo a sua designação abreviada EFITA/WCCA2005 Joint Conference.PARTICIPANTESTendo em conta a experiência de congressos anteriores, e queo número de trabalhos submetido é de 263 de 51 países,espera-se um número de participantes entre 300 a 350, sendocerca de 60 alunos de doutoramento. Estes são na suamaioria oriundos de países Europeus e dos Estados Unidosda América, contando-se ainda com participantes da AméricaLatina, Ásia e África, por esta ordem de importância.DIVULGAÇÃOO congresso EFITA/WCCA 2005 tem vindo a ser divulgadodesde Agosto de 2004 por todo o mundo de variados modos:em revistas científicas da área, imprensa, cartazes ebrochuras, convocatórias e anúncios enviados por correionormal e electrónico, website, etc.. É de referir que asconvocatórias foram distribuídas em formato electrónico acerca de 15000 investigadores e profissionais da área graças àcolaboração de Instituições Parceiras que acederam a ajudar aorganização na divulgação deste congresso, bem como narealização de algumas sessões técnicas, como sejam a ISHS,ASAE, CIGR, FAO, Comissão Europeia, entre outras.PROGRAMA TÉCNICO DO CONGRESSOO programa do congresso será constituído por uma sessão deabertura e de encerramento, 5 sessões técnicas a decorrer emparalelo durante 4 dias, 5 sessões tutorais, workshops,sessões de posters, reuniões dos membros dos comités e dasorganizações presentes, visitas técnicas e exposições quecomeçarão a ser definidas após o dia 28 de Fevereiro de 2005,data limite para a conclusão do processo de revisão dostrabalhos submetidos e das propostas de realização de

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sessões técnicas. O programa será publicado no website docongresso (uma primeira versão provisória em Abril de 2005 euma versão definitiva em Junho de 2005).

27 A 29 JULHO LOCAL: Campus de Ponta Delgada da Universidade dos AçoresORGANIZAÇÃO: APAET 6º CONGRESSO NACIONAL DE MECÂNICAEXPERIMENTALA APAET – Associação Portuguesa de Análise Experimental deTensões, com os apoios da FEUP e do INEGI, vai organizar oseu 6º Congresso Nacional de Mecânica Experimental.O objectivo principal deste congresso é a realização de umfórum para a discussão e divulgação das descobertas maisrecentes nas áreas da Análise Experimental de Tensões e daMecânica Experimental, quer nas aplicações a problemas deEngenharia quer na investigação que decorre nos diversosramos da ciência. O evento decorrerá no Campus de Ponta Delgada daUniversidade dos Açores, Ilha de São Miguel, durante os dias27 a 29 de Julho de 2005.Mais informações em: http://paginas.fe.up.pt/apaet6/

DEBATE

7 ABRILLOCAL: OERNORGANIZAÇÃO: COLÉGIO DE ELECTROTECNIA DA OERNO ENGENHEIRO ELECTROTÉCNICO E O EXERCÍCIO DA PROFISSÃONo dia 7 de Abril, pelas 18h, realiza-se o debate “O EngenheiroElectrotécnico e o Exercício da Profissão”. Participantes já confirmados:Abertura : Eng. António Machado e Moura, coordenador doColégio da Especialidade de Electrotecnia.Moderação: Eng. J. Neves dos Santos (Professor Universitáriono DEEC da FEUP).Perspectiva de um Técnico: Eng. José Manuel Freitas (CâmaraMunicipal de Matosinhos)Perspectiva da Entidade Fiscalizadora (5ª Categoria) na RegiãoNorte: Eng. Armando Lima ou Eng.ª Maria José Ribeiro (IEP).Perspectiva da Entidade Fiscalizadora (Outras Categorias) naRegião Norte: Eng. Vilela Pinto (DRME).Perspectiva da Entidade Fiscalizadora (Instalações deTelecomunicações): Eng. Pedrosa Barros (ANACOM).Aspectos Legislativos : Eng. Vilela Pinto ( DRME )Cada intervenção(informal) com 15 a 20 minutos. No fimhaverá um tempo para debate.

FORMAÇÃO

2 E 9 ABRIL/18 E 25 JUNHOLOCAL: OERNORGANIZAÇÃO: OERN20º E 21º CURSOS DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONALA OERN tem vindo a promover Cursos de Formação em Éticae Deontologia Profissional com o objectivo de transmitirconhecimentos e divulgar casos de reconhecida importânciapara o exercício da profissão de Engenheiro, designadamenteno tocante aos valores e princípios a ela inerentes.A duração destes Cursos é de 10 horas, a funcionar das 10h30às 13h e das 14h30 às 17h.O número de participantes por curso é limitado, sendo asinscrições consideradas por ordem de recepção na OERN.Para efectuar a inscrição deverá enviar a ficha de inscrição eproceder ao pagamento de 25,00 euros (inclui: documentação)Mais informações em: www.norte.ordemdosengenheiros.pt

VISITAS TÉCNICAS

4 MARÇOLOCAL: IP9/A27 e IC1/A28ORGANIZAÇÃO: OERNVISITA ÀS OBRAS DE CONSTRUÇÃO DO IP9/A27 E IC1/A28Visita às Obras de Construção do IP9/A27 e IC1/A28, Ponte deLima, Viana do Castelo, Caminha, no dia 4 de Março, entre as9h30 e as 17h. O custo da inscrição é 10 euros e o número máximo departicipantes é 25. As inscrições devem ser feitas através de:Telefone: 258823522 (entre as 18h00 e as 19h30);Telemóvel: 964020524; Fax: 258823522; E-mail [email protected]

CULTURA E LAZER

8 ABRILLOCAL: Sala de Convívio da OERNORGANIZAÇÃO: OERNINAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURADE JORGE BARROCAJorge Barroca nasceu no Porto em 1955. Cedo demonstrougosto e talento pelas artes, nomeadamente na área dajoalharia e ouriversaria. Frequentou um curso de pintura em1997 no atelier do pintor Hélder Bandarra em Vila Nova deGaia, onde adquiriu conhecimentos de variadas técnicas egéneros de pintura.A inauguração da exposição está marcada para as 17h e estarápatente até ao dia 29 de Abril.