INFLUÊNCIA DOS FATORES SOCIOAMBIENTAIS NA …

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS ALÉCIO MARCELO LIMA DOS SANTOS INFLUÊNCIA DOS FATORES SOCIOAMBIENTAIS NA OCORRÊNCIA DE ACIDENTES ESCORPIÔNICOS EM UM MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO, ALAGOAS, BRASIL MACEIÓ - AL 2020

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

ALÉCIO MARCELO LIMA DOS SANTOS

INFLUÊNCIA DOS FATORES SOCIOAMBIENTAIS NA OCORRÊNCIA DE ACIDENTES ESCORPIÔNICOS EM UM

MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO, ALAGOAS, BRASIL

MACEIÓ - AL 2020

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

ALÉCIO MARCELO LIMA DOS SANTOS

INFLUÊNCIA DOS FATORES SOCIOAMBIENTAIS NA OCORRÊNCIA DE ACIDENTES ESCORPIÔNICOS EM UM

MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO, ALAGOAS, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob

a orientação do Prof. Dr. Thiago José Matos Rocha e coorientação do Prof. Dr. João Gomes da Costa.

MACEIÓ-AL 2020

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ADJUNTA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ANÁLISE DE SISTEMAS AMBIENTAIS

ALÉCIO MARCELO LIMA DOS SANTOS

INFLUÊNCIA DOS FATORES SOCIOAMBIENTAIS NA OCORRÊNCIA DE ACIDENTES ESCORPIÔNICOS EM UM

MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO, ALAGOAS, BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais do Centro Universitário CESMAC, na modalidade Profissional, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob

a orientação do Prof. Dr. Thiago José Matos Rocha e coorientação do Prof. Dr. João Gomes da Costa.

Data da defesa: 25/06/2020 (14h) BANCA EXAMINADORA __________________________________________________________________

Orientador Prof. Dr. Thiago José Matos Rocha (PPGASA/CESMAC) __________________________________________________________________

Coorientador Prof. Dr. João Gomes da Costa (PPGASA/CESMAC)

__________________________________________________________________

Profª. Drª. Adriane Borges Cabral (PPGASA/CESMAC)

__________________________________________________________________

Profª. Drª. Camila Calado de Vasconcelos (MPBiotec/CESMAC)

_________________________________________________________________

Examinador Externo Prof. Dr. Genildo Cavalcante Ferreira (IFAC/AC)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus queridos colegas da turma III do mestrado de

Análise de Sistema Ambiental. Foi um prazer ter passado dois anos da minha vida

junto a esses guerreiros. Obrigado por todos os momentos que passamos juntos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por todos os momentos da minha vida, tanto os de vitória quanto

os de derrota. Todos esses momentos fizeram com que eu aprendesse a dar valor em cada

conquista minha.

Agradeço ainda, a Deus, por ter colocado pessoas do bem em meu caminho, como

foi o caso dos amigos João Gomes, Thiago Rocha, Ivan Guedes, Fábio Gomes, Ricardo

Victor, Mônica Ferreira, Thais Casella, Tia Anita, Ana Lúcia, Lis Moraes e Luane Correia,

que tanto contribuíram para esta pesquisa, e da mesma forma os meus colegas de turma,

em especial aos meus queridos amigos Paully, Maurício e Evilma, simplesmente por serem

os melhores!

Agradeço a minha amada esposa Priscila e a minha amiga/irmã Shymena, que

sempre me encorajaram nos momentos de dificuldade.

Em especial, agradeço de coração a ajuda recebida de meu irmão Alexandre, que

ao longo desta pesquisa me ajudou com os seus conhecimentos da língua portuguesa e de

informática. Obrigado, irmão!

Tudo posso naquele que me fortalece. (Filipenses 4:13)

RESUMO

Um dos problemas cada vez mais recorrentes no Brasil são os acidentes causados pela picada do escorpião. Este animal tem invadido, com mais frequência, os ambientes urbanos. Sabe-se que, ambientes sujos têm colaborado para a proliferação de outros animais que na cadeia alimentar servem de alimentos para o escorpião. Isto posto, terrenos baldios, lixo acumulado e desmatamento devem ser evitados. Em Arapiraca, cidade alagoana, o problema trazido pela invasão dos escorpiões tem preocupado a população. Em razão desta preocupação, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar os fatores socioambientais que influenciam os acidentes escorpiônicos na referida cidade. Para tanto, foi realizado um estudo retrospectivo dos acidentes, levantamento de indicadores do município e a estimativa das correlações existentes entre as variáveis que mais contribuem para os acidentes. Desta forma, realizou-se um estudo descritivo nos bairros urbanos de Arapiraca-AL, onde houve maior incidência dos acidentes em um período de 11 (onze) anos, ou seja, de janeiro de 2008 até dezembro de 2018, com base no total de casos notificados pelo SINAN, também foi utilizado o geoprocessamento com o objetivo de verificar possíveis alterações no ambiente. A correlação de Pearson foi utilizada para verificar os fatores associados à ocorrência de escorpionismo. Com relação aos casos de acidentes escorpiônicos em Arapiraca-AL, durante o período da pesquisa, foram notificados 9330 casos, havendo variação entre 674 (em 2009) a 1144 (em 2018) e média geral de 848 notificações. Os acidentes escorpiônicos ocorreram com mais frequência no ambiente doméstico, sendo a mulher na faixa etária de 20 a 29 anos, a vítima mais comum dos acidentes. Com relação ao local do corpo humano onde as vítimas são picadas, destacaram-se as mãos, os pés, os dedos das mãos e dos pés. No que se diz respeito à influência da sazonalidade, não houve diferença estatística entre os percentuais das estações do ano a 5% de probabilidade pelo teste do Qui-Quadrado. Com relação ao saneamento básico, os bairros de Arapiraca apresentam infraestrutura deficitária, conforme o mapeamento, com 21 bairros caracterizados entre 80 e 100% inadequados, ou seja, 55% dos bairros na área de estudo não possuem fossa séptica ou não estão ligados à rede geral de esgoto. Os dados de notificações de acidentes escorpiônicos por bairro permitiram observar que os bairros Brasília e Primavera apresentaram números bem elevados se comparados aos demais bairros da cidade, pois possuem esgotamento altamente inadequado, bem como a presença de feiras livres no local. O primeiro registrou, em 11 anos, um total de 881 casos, e o segundo apresentou o número de 1228 casos. Permitiu-se concluir que os casos de escorpionismo na cidade de Arapiraca têm aumentado ao longo dos anos. Não obstante, em razão da baixa oscilação térmica, o fator clima não se mostrou ser uma variável importante para os casos ocorridos. Pôde ser constatado que os bairros onde ocorrem feiras livres têm uma tendência maior de acidentes com escorpião, ante a potencialização da sujeira e a péssima condição de saneamento básico da cidade. Por sua vez, a pesquisa ratificou que o município arapiraquense cresce de forma desordenada e que fatores socioambientais podem ser apontados como responsáveis pelo aumento de acidentes por escorpião nos bairros da zona urbana.

PALAVRAS-CHAVE: Acidentes por escorpião. Saneamento básico. Clima. Condição social.

ABSTRACT

In Brazil, one of the increasingly recurring problems is scorpionism, accidents caused by the scorpion’s bite. This animal has more often invaded urban environments. It is known that dirty environments have contributed to the proliferation of other animals that in the food chain serve as food for the scorpion. That being said, wasteland, accumulated garbage and deforestation must be avoided. In Arapiraca, a city of Alagoas, the problem brought by the invasion of scorpions has worried the population. Due to this concern, the present study aimed to characterize the socio-environmental factors that influence scorpionic accidents in the said city. Therefore, a retrospective study of accidents was carried out; the survey of the municipality’s indicators and the estimation of the correlations between the variables that contribute the most to accidents. Thus, a descriptive study was conducted in the urban neighborhoods of Arapiraca-AL, where there was a higher incidence of accidents in a period of 11 (eleven) years, that is from January 2008 to December 2018 based on the total number of cases notified by SINAN. Geoprocessing was also used in order to verifying possible changes in the environment. Pearson's correlation was used to verify the factors associated with the occurrence of scorpionism. Regarding cases of scorpionic accidents in Arapiraca-AL, during the research period, 9,330 cases were reported with a variation between 674 (in 2009) and 1144 (in 2018) and a general average of 848 notifications. The scorpionic accidents occurred more frequently in the domestic environment, and the women aged 20 to 29 years being the most common victim of accidents. With regard to the location of the human body where the victims are bitten, stood out the hands, feet, fingers and toes. Regarding the influence of seasonality, there was no statistical difference between the percentages of the seasons at 5% probability by the Chi-Square test. Regarding basic sanitation, the neighborhoods of Arapiraca have deficient infrastructure, according to the mapping, with 21 neighborhoods characterized between 80 and 100% inadequate, that is, 55% of neighborhoods in the study area do not have septic tank or are not connected to the network general sewage. Geoprocessing analysis allowed us to observe that the combination of the variables was free and absences of sanitary exhaustions enhanced the occurrence of scorpion accidents. The data from notifications of scorpionic accidents by neighborhood allowed us to observe that Brasília and Primavera neighborhoods presented very high numbers compared to the other neighborhoods in the city. The first registered, in 11 years, a total of 881 cases and the second presented the number of 1228 cases. It has been allowed to conclude that cases of scorpionism in the city of Arapiraca have increased over the years. Nevertheless, due to the low thermal oscillation, the climate factor was not an important variable for the cases that occurred. It could be seen that the neighborhoods where open markets occur have a greater tendency of scorpion accidents, due to the potentialization of dirt and the poor condition of basic sanitation in the city. In turn, the research has ratified that the municipality arapiraquense grows disorderly and that socio-environmental factors can be identified as responsible for the increase in scorpion accidents in some neighborhoods of the urban area. KEYWORDS: Scorpion accidents. Sanitation. Climate. Social condition.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Morfologia do escorpião ............................................................................ 21

Figura 2. Filhotes de escorpião no dorso da fêmea .................................................. 22

Figura 3. Espécie T. stigmurus ................................................................................. 23

Figura 4. Resíduos de construção civil. .................................................................... 35

Figura 5. Mapa com a porcentagem de domicílios com esgotamento sanitário

inadequado nos bairros da zona urbana de Arapiraca-AL, no período de 2008 a

2018. ......................................................................................................................... 36

Figura 6. Mapa com a análise dos casos escorpiônicos nos bairros de Arapiraca-AL.

.................................................................................................................................. 37

Figura 7. Saneamento básico em Arapiraca............................................................. 38

Figura 8. Feira do Bairro Brasília. ............................................................................. 38

Figura 9. Bosque das Arapiracas. ............................................................................ 40

Figura 10. Ausência de saneamento do Bosque das Arapiracas. ............................ 41

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2 - Filhotes de escorpião no dorso da fêmea........................................ 21

Figura 3 - Espécie T.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Análise de tendência de escorpionismo em Arapiraca, Alagoas. ............ 29

Gráfico 2. Número de casos de escorpionismo em Arapiraca de acordo com as

estações do ano - 2008 a 2018. ................................................................................ 30

Gráfico 3. Temperatura média mensal do ar de Arapiraca durante 10 anos. ........... 31

Gráfico 4. Percentagem média de incidência por estação do ano. Temperatura

média mensal do ar de Arapiraca durante 10 anos. Umidade relativa média mensal

do ar de Arapiraca durante 10 anos. ......................................................................... 31

Gráfico 5. Precipitação média mensal de Arapiraca durante 10 anos. ..................... 32

GRÁFICOS

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca no período compreendido entre

2008 e 2018. ............................................................................................................. 28

Tabela 2. Percentagem média de incidência por estação do ano. ............................ 30

Tabela 3. Estimativas de correlações (r) entre variáveis climáticas e a incidência de

escorpião no período de 2008 a 2018 em Arapiraca, Alagoas. ................................. 33

Tabela 4. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca por faixa etária em 11 anos. ........ 33

Tabela 5. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca conforme o local da picada no

período de 11 anos. .................................................................................................. 34

Tabela 6. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca de acordo com o sexo da vítima no

período de 11 anos. .................................................................................................. 34

Tabela 7. Notificações média de escorpião por bairro e respectivos percentuais

relativo ao período de 2008 a 2018 em Arapiraca, AL. ............................................. 39

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS

CASAL - Companhia de Saneamento de Alagoas

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

DATASUS - Departamento de informática do SUS

FII - Ficha Individual de Investigação

FIN - Ficha Individual de Notificação

FUNEC - Fundação Educacional do Agreste Alagoano

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMA - Instituto do Meio Ambiente

INMET - Instituto Nacional de Meteorologia

PAA - Programa de Aquisição de Alimentos

PIB - Produto Interno Bruto

SES – Secretarias Estaduais de Saúde

SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SUS - Sistema Único de Saúde

SVS - Secretaria de Vigilância à Saúde

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 15

2.1 Arapiraca ............................................................................................................ 15

2.1.1 Localização ...................................................................................................... 15

2.1.2 População ........................................................................................................ 15

2.1.3 Economia ......................................................................................................... 16

2.1.4 Educação ......................................................................................................... 17

2.1.5 Saúde Pública .................................................................................................. 17

2.2 Saneamento ....................................................................................................... 18

2.3 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) ......................... 19

2.4 O escorpião ........................................................................................................ 20

2.4.1 Características do animal ................................................................................. 20

2.4.2 Escorpiões no Brasil ......................................................................................... 22

2.4.3 Gênero Tityus ................................................................................................... 22

2.4.3.1 T. stigmurus ................................................................................................... 23

3 MATERIAL E MÉTODO ......................................................................................... 25

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 28

4.1 Análise descritiva/retrospectiva ...................................................................... 28

4.2 Análise Sazonal e climática .............................................................................. 29

4.3 Análise do perfil da vítima ................................................................................ 33

4.4 Análise do escorpionismo na zona urbana de Arapiraca .............................. 34

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 42

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 46

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47

ANEXOS ................................................................................................................... 52

ANEXO A - NORMAS DE PUBLICAÇÃO DA BRAZILIAN JOURNAL OF BIOLOGY

.................................................................................................................................. 53

ANEXO B - ARTIGO SUBMETIDO A VERISTA BRAZILIAN JOURNAL OF

BIOLOGY .................................................................................................................. 56

13

1 INTRODUÇÃO

O modelo de desenvolvimento social e urbano, que vem sendo utilizado no

Brasil, tem proporcionado padrões de produção e consumo que se baseiam,

principalmente, na marginalização social e política de alguns grupos sociais na

degradação do meio ambiente e no crescimento desordenado dos grandes centros

urbanos (FRACOLLI, 2017). Esta situação favorece a incidência de animais

peçonhentos. Estudos mostram, há muito tempo, que o problema do escorpionismo

está fortemente associado às condições socioeconômicas da população, como esta

ocupa o solo e como a mesma se relaciona com as questões ambientais (BARBOSA;

DE MEDEIROS; COSTA, 2015).

O processo evolutivo permitiu uma ampla adaptação de vários grupos de

escorpiões, possibilitando uma maior disseminação que os levou a ocupar desde

regiões desérticas a centros urbanizados (DABO et al., 2011). As modificações

promovidas nos ecossistemas pelo homem são algumas das razões da invasão

destes animais no ambiente urbano. Estas mudanças alteram as condições

ambientais, favorecendo a presença de alguns grupos de animais enquanto outros

têm perspectivas de sucesso quase que totalmente suprimidas (CARVALHO et al.,

2011).

A invasão de aracnídeos, como o escorpião, ocorre devido fatores como a falta

de saneamento básico e más condições de moradias, principalmente em grandes

centros, sendo indicados dois fatores como as principais causas da ocorrência destes

animais: 1 – os ambientes urbanos oferecem abrigos, locais de difícil acesso para o

homem e predadores naturais, impossibilitando assim um controle biológico; 2 – o

acúmulo de lixo nas cidades traz consigo baratas e outros insetos que são fontes de

alimentação fartas para aranhas e escorpiões (STROPA, 2010).

Os casos de acidentes com animais peçonhentos começaram a ser registrados

a partir de 1988 pelo Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN). Neste

sentido, as lesões causadas por cobras, aranhas e escorpiões passaram a ser

controladas em todo o país (SINAN, 2016).

Estima-se que, anualmente no Brasil, ocorram mais de 100 mil casos de

acidentes por picadas de animais peçonhentos, chegando a ser contabilizada a

quantidade de 200 óbitos por ano, sendo o escorpionismo um dos principais fatores

para a incidência de tais números (CARMO et al., 2016).

14

O Brasil passou a encarar os casos de escorpionismo como problema médico-

sanitário, uma vez que as lesões causadas pelas picadas têm ocasionado quadros

clínicos graves, até com registro de óbitos. Os números têm aumentado em todo o

país, razão pela qual a comunidade científica procura entender os fatores que estão

contribuindo para tal fenômeno (SOUZA; BOCHNER, 2019).

Em Alagoas, a espécie preponderante em todo o estado é a Tityus Stigmurus,

popularmente conhecida como escorpião amarelo, é a única espécie causadora de

acidentes graves. Ela é caracterizada, como o nome indica, pela sua coloração

amarelada e por uma faixa longitudinal de manchas escuras no dorso do mesossoma.

Durante os meses quentes, ocorre um notável crescimento na população dessa

espécie, tendo como consequência um aumento no número de acidentes (SILVA;

TIBURCIO; CORREIA, 2005).

A pesquisa teve por finalidade avaliar a influência dos fatores socioambientais

na ocorrência de acidentes escorpiônicos em bairros da zona urbana de um município

do nordeste brasileiro.

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Arapiraca

O município de Arapiraca, localizado no agreste alagoano, tem registrado

ocorrências de picadas de escorpião tanto na zona urbana da cidade, quanto em sua

zona rural. Este trabalho teve como foco principal os bairros da zona urbana, tendo

como destaque os bairros onde mais têm ocorrido registros das picadas, para

compreender os fatores que estão contribuindo para a ocorrência dos acidentes

escorpiônicos.

2.1.1 Localização

Localizada a 136 km da capital Maceió, o município tem sido reconhecido como

o segundo de maior importância para o estado de Alagoas, que ao todo tem 102

municípios (TENÓRIO FILHO; LIMA, 2018). Geograficamente, está localizado na

parte central do estado, servindo como rota para quem vai ao sertão e ao agreste do

estado.

Com uma área de 345,655 m2, Arapiraca tem como vizinhas as cidades: ao

norte - Craíbas, Igaci e Coité do Nóia; ao sul - Feira Grande, São Sebastião e

Junqueiro; a leste - Limoeiro de Anadia e Junqueiro; a oeste - Lagoa da Canoa e Feira

Grande (SOUZA, 2009).

2.1.2 População

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apontaram que

a população estimada para a cidade de Arapiraca no ano de 2018 foi de 230.417

pessoas. Não obstante, levando-se em consideração o censo de 2010, último censo

oficial realizado pelo governo federal, a população era de 214.006 pessoas. Deste

número, 181.481 pessoas vivem na área urbana da cidade e 32.525 pessoas

moravam na zona rural. Em 2010, a densidade demográfica da cidade era de 600,83

hab/km2 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE,

2010a).

16

Ainda com relação aos números acima mencionados, na zona urbana, as

pessoas com idade entre 25 a 40 anos são aquelas que correspondem a maioria da

população, apresentando números semelhantes na zona rural, onde também tem

prevalecido as pessoas da mesma faixa etária, correspondendo a 22% da população.

No total, há mais mulheres na cidade, sendo elas responsáveis por 52,4% da

população (IBGE, 2010a).

2.1.3 Economia

Como normalmente ocorre com as cidades do interior do Brasil, Arapiraca não

foge à regra. A cidade tem como sua principal fonte de receita, a agricultura.

Historicamente, o município já foi a capital brasileira do fumo. Por sua vez, foi o cultivo

da mandioca que deu início à atividade agrícola na região. A bandeira da cidade

mostra os ramos da folha do fumo e da folha da mandioca, demonstrando a

importância de seus cultivos para a região desde o ano de 1848 (ARAPIRACA, 2015).

O cultivo do fumo sofreu importante crise na década de 90, forçando os

agricultores da região a buscarem alternativas para a crise da monocultura do fumo.

Em 2003, foi implantado o projeto Cinturão Verde, deixando para trás a prática da

monocultura. O plantio de hortaliças, oriundo do projeto, tem gerado bons números

para o município, que tem movimentado valores superiores a 50 milhões de reais por

ano (ARAPIRACA, 2019a).

A agricultura familiar tem sido uma importante parceira nessa alavancada frente

à crise passada pela monocultura do fumo. As famílias estão organizadas em

cooperativas e têm tido ajuda do governo federal com políticas públicas. Um exemplo

de sucesso é o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado em 2003

(ARAPIRACA, 2019b).

O PAA é um programa que ajuda a desburocratização na aquisição de produtos

cultivados pela agricultura familiar. Assim, o foco do programa é ajudar tanto os

agricultores na venda de seus produtos quanto ajudar a população carente em obter

alimentos para a sua subsistência (MENEZES, 2016).

Arapiraca tem sido destaque no que tange a geração de empregos. Em 2015,

a revista Exame destacou o município como a sétima cidade, a nível nacional, que

mais gera emprego, tendo como referência o primeiro semestre daquele ano.

17

Segundo a matéria, foram criadas 2,8 mil novas vagas de empregos (ABRANTES,

2015).

Segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2010a), o Índice de Desenvolvimento Humano é de 0,649, tendo o

município arapiraquense, em 2016, apresentado o Produto Interno Bruto (PIB) per

capita de 17.245,95 reais (IBGE, 2019).

2.1.4 Educação

Somente após 16 anos de sua emancipação, o município de Arapiraca

inaugurava a sua primeira escola primária, o Grupo Escolar Adriano Jorge, fato

ocorrido no ano de 1940. Anos depois, na década de 50, foram inauguradas outras

escolas no município, tendo como destaque o Colégio Nossa Senhora do Bom

Conselho, o Instituto São Luiz e o Colégio São Francisco de Assis, este, inicialmente,

somente para meninas (ARAPIRACA, 2019c).

A demora no processo de escolarização se deu em razão das famílias

arapiraquenses trabalharem em grupo familiar no cultivo da mandioca e do fumo. Mais

tarde, com a necessidade de novos conhecimentos para a propagação de novos

negócios, surgiu a necessidade da qualificação da mão de obra local. Neste sentido,

o ensino superior no município teve como marco inicial a Fundação Educacional do

Agreste Alagoano (Funec), década de 70. Desde então, a cidade vem sendo polo de

várias faculdades públicas e privadas (ARAPIRACA, 2019c).

Embora Arapiraca seja um importante polo educacional em Alagoas, os

números divulgados em 2017 pelo IBGE apontam que o desenvolvimento da

educação básica em escolas públicas não é satisfatório, colocando o município na 34º

posição do estado e na posição 3830º a nível nacional, referente aos alunos dos anos

iniciais. Já com relação aos alunos dos anos finais, o município ocupa a posição 40º

do estado e a posição 3672º a nível nacional (IBGE, 2019).

2.1.5 Saúde Pública

Verificando as condições da saúde pública da cidade, mais precisamente no

que se refere aos casos de mortalidade infantil, vislumbra-se que em 2017 o município

ocupou a posição 71º em Alagoas, no total de 102 municípios, sendo ranqueada a

18

nível nacional na posição 2979º, no total de 5.570 cidades. Foram 10,63 óbitos por mil

pessoas nascidas vivas (IBGE, 2019).

Em 2016, a cidade teve a ocorrência de 2,6 pessoas internadas para cada mil

habitantes, tendo como causa a diarreia, ocupando nacionalmente a posição 1287º e

a 14ª colocação em Alagoas, salientando que apenas 19,1% das residências possuem

esgotamento sanitário adequado (IBGE, 2019).

É justamente pela ausência de infraestrutura e pela falta de saneamento

básico, bem como em razão de questões meteorológicas, que doenças como a

dengue tem sido cada vez mais frequente na cidade. Em 2014 e 2015, de um total de

33.939 casos no estado, Arapiraca teve a ocorrência de 11.409 casos (CORREIA

FILHO, 2017).

Com relação aos acidentes escorpiônicos, todos os casos são encaminhados

para o Hospital de Emergência Dr. Daniel Houly, localizado em Arapiraca. A unidade

atualmente é composta por 41 leitos no setor de internação e 21 leitos no setor de

Unidade de Terapia Intensiva. O hospital tem atendido também, pacientes oriundos

dos estados de Sergipe, Pernambuco e Bahia (ALAGOAS, 2019).

Segundo o site Portal do Cidadão, quando da ocorrência de envenenamento, o

cidadão deve entrar em contato com o número 192 para relatar a ocorrência e já

receber os primeiros serviços médicos durante a ligação. Também informa o portal

que o paciente deverá estar portando os seus documentos de identificação e o cartão

do SUS quando chegar à unidade (ALAGOAS, 2019).

2.2 Saneamento

No município, segundo o IBGE (2019), apenas 19,1% dos domicílios

apresentam esgotamento sanitário adequado quando comparado a outros municípios

no país, ocupando a posição 3130º do total de 5570º municípios analisados. No

estado, ocupa a posição 24°, e na microrregião, a posição de 2° no ranking. Ainda

segundo o IBGE (2019), desses domicílios, 51.931 possuem abastecimento de água

e 6.345 não são atendidos pelo abastecimento de água. A coleta de lixo atende 10.285

(20,71%) e não atende 39.186 (79,29%). Em relação à pavimentação, 26.045

domicílios possuem pavimentação, (59,84%), e 17.303 não possuem, (39,75%).

Assim, como em relação à drenagem urbana, 30.794 domicílios possuem meio-fio,

19

(71,16%), 12.554 não possuem meio-fio, (28,82%), 6.171 domicílios possuem bueiro

e boca de lobo, (14,58%) e 37.177 não possuem bueiro e boca de lobo, (85,42%).

2.3 Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)

A preocupação com os acidentes escorpiônicos não é algo recente. Estudos

sobre escorpionismo datam o início do século passado, tanto no Brasil quanto no

mundo. Em terras brasileiras, no início da década de 90, surge o Sistema de

Informação de Agravos de Notificação (SINAN), pertencente ao Ministério da Saúde

(SINAN, 2016).

Esclarecendo, a epidemiologia é uma ciência cujo foco principal é o manuseio

de informações. Estas informações serão utilizadas pelos órgãos de vigilância

epidemiológica, que é um ramo da ciência acima citada, estabelecendo assim,

políticas públicas voltadas ao bem-estar da população (SILVA, 1992).

Com a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu o

Departamento de Informática do SUS (DATASUS), sendo responsável pela coleta e

análise dos dados que são recebidos das unidades de saúde de todo o país (ARAUJO;

SILVA, 2015).

O SINAN é um sistema nacional de informação de saúde voltado à vigilância

epidemiológica. Embora tenha sido criado no início da década de 90, a alimentação

dos dados em seu sistema não era obrigatória, fato que tornou a ser com a vigência

da Portaria GM/MS n. 1882 de 18 de dezembro de 1997. A partir de então, todos os

entes da federação eram obrigados a alimentar a base de dados nacional

(BRASIL,1997).

No SINAN NET, criado em 2007, poderá ser encontrado a ficha de notificação

e investigação de acidentes por animais peçonhentos que contém, por exemplo,

dados como as características do paciente, seus dados clínicos e informações do

acidente (FURTADO, 2015).

Na prática funciona assim: se a doença for de notificação obrigatória, segundo

determina a Portaria n. 33 de 14 de julho de 2005, os municípios precisarão informar

o sistema através da Ficha Individual de Notificação (FIN) ou da Ficha Individual de

Investigação (FII) (BRASIL, 2005). Semanalmente, essas fichas são repassadas para

as Secretarias Estaduais de Saúde (SES), que de forma quinzenal comunica à

20

Secretaria de Vigilância à Saúde (SVS) que está vinculada ao Ministério da Saúde

(IBGE, 2019b).

Com relação aos acidentes escorpiônicos, objeto da presente pesquisa, só

entraram na lista de notificação compulsória em 2010 por força da Portaria n. 2.472

de 31 de agosto de 2010, uma vez que, por se tratar de um país tropical, propenso a

acidentes com animais peçonhentos, vislumbrou-se a necessidade de

acompanhamento dos casos em razão do alto número de notificações e,

consequentemente, a busca de estratégias para melhor assistir a população (SINAN,

2016).

Não restam dúvidas quanto à importância do SINAN para a saúde pública

brasileira. Como órgão estratégico, tornou-se peça importante no planejamento e no

combate a várias doenças em território nacional, sendo imprescindível fonte de dados

para os pesquisadores do Brasil e do mundo.

2.4 O escorpião

O Brasil registra por ano uma média de 110.000 acidentes em razão de picadas

de animais peçonhentos. Aranhas, abelhas, cobras e escorpiões são os maiores

responsáveis por tais ocorrências. Um dos principais estudiosos desta área foi o

cientista Vital Brazil Mineiro da Campanha (CARNEIRO et al., 2015).

Vital Brazil realizou estudos tendo como escopo principal a análise dos venenos

produzidos pelos animais, a ação no corpo humano e o soro adequado para o

tratamento (SILVA et al., 2005). Foi a partir de seus estudos que o Governo Federal

começou a dar a devida importância ao tema e, consequentemente, deu-se início a

aquisição e distribuição de antivenenos em todo o país (RECKZIEGEL, 2013).

Carneiro et al. (2015), explica o conceito de animais peçonhentos como

“aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes, ferrões,

ou aguilhões, estruturas por onde o veneno é injetado”.

2.4.1 Características do animal

Entre os animais peçonhentos, encontra-se o escorpião. Ele pertence ao Filo

Arthropoda (arthro: articulado/podos: pés), classe Arachnida (por terem oito patas) e

da ordem Scorpiones, salientando que a palavra escorpião deriva do latim

21

scorpio/scorpionis. A fauna escorpiônica brasileira é composta pelas famílias

Bothriuridae, Chactidae, Liochelidae e Buthidae. A família Buthidae representa 60%

das espécies brasileiras (BRASIL, 2009).

Há registros desse animal que datam 400 milhões de anos. São carnívoros,

tendo como principal fonte de alimentos outros insetos como, por exemplo, baratas,

grilos e aranhas. Neste sentido, podem ser encontrados em locais próximos a lixos

domésticos bem como em entulhos. Possui hábito noturno, motivo pelo qual é comum

que os acidentes escorpiônicos ocorram neste período (GUERRA, 2007).

Os escorpiões são artrópodes, animais com esqueleto externo de quitina e

proteína, apêndices articulados que, juntamente com aranhas, ácaros, carrapatos e

outros animais menos conhecidos, formam o grupo dos aracnídeos, sendo comuns

em regiões tropicais e subtropicais, tendo como uma de suas principais características

a sua boa capacidade adaptativa (SILVA; TIBURCIO; CORREIA, 2005).

Figura 1. Morfologia do escorpião

Fonte: Manual de controle de escorpião (BRASIL, 2009).

É na parte final da cauda do animal, Télson, que há duas glândulas produtoras

do veneno. A composição geral do veneno varia de acordo com a espécie, sendo que

a gravidade do caso será de acordo com os sintomas apresentados pelas vítimas. Os

casos são classificados em leve, moderado ou grave, sendo importante a classificação

para a aplicação correta do soro antiescorpiônico. O veneno pode causar, por

exemplo, dor local, náuseas, vômitos, sudorese e taquicardia (ARAÚJO, 2016).

22

2.4.2 Escorpiões no Brasil

O Brasil contempla 131 espécies de escorpião, destacando-se a pessoa do Dr.

Willson Lourenço como um dos grandes colaboradores no trabalho de descrição de

várias espécies. Somente ele, descreveu 70 espécies entre os anos de 1982 e 2010

(FURTADO, 2015).

O Brasil passou a encarar os casos de escorpionismo como problema médico-

sanitário, uma vez que as lesões causadas pelas picadas têm ocasionado quadros

clínicos graves, até com registro de óbitos, sendo comuns os estudos das espécies

Tityus serrulatus, T. bahiensis e T. stigmurus (BARBOSA, 2016).

2.4.3 Gênero Tityus

Como já mencionado, esse gênero de escorpião ganha importância científica,

uma vez que é responsável pelas ocorrências consideradas graves e por se adaptar

facilmente em ambientes urbanos (BRASIL, 2009).

Figura 2. Filhotes de escorpião no dorso da fêmea

Fonte: Brasil (2009).

Ainda com relação ao gênero Tityus, pertencente à família Buthidae, sabe-se

que seu período de gestação dura três meses e que os filhotes, recém-nascidos, ficam

no dorso da mãe por alguns dias até a realização da primeira troca de pele. Com

23

poucos dias após essa troca, o animal começa a ter vida independente. Percebe-se

assim que são animais vivíparos.

2.4.3.1 T. stigmurus

Em Alagoas, a espécie preponderante em todo o estado é T. stigmurus.

Popularmente conhecida como escorpião amarelo, é uma das espécies causadoras

de acidentes graves (SILVA; TIBURCIO; CORREIA, 2005).

Figura 3. Espécie T. stigmurus

Fonte: Brasil (2009).

A espécie é caracterizada pela sua coloração amarelada e por uma faixa

longitudinal de manchas escuras no dorso do mesossoma. Durante os meses quentes

ocorre um notável crescimento na população dessa espécie, tendo como

consequência um aumento no número de acidentes (SILVA; TIBURCIO; CORREIA,

2005).

Durante o período de 2012 a 2016, os acidentes escorpiônicos foram

responsáveis por 84,5% das notificações no estado de Alagoas. Não obstante,

nenhum caso ocasionou mortalidade. Cerca de 88,6% destes acidentes foram

oriundos da zona urbana, tendo como principais vítimas pessoas na faixa etária de 20

a 39 anos (SOUZA et al., 2017).

24

Ainda com relação às informações acima citadas, Maceió foi a cidade alagoana

que mais sofreu em virtude dos acidentes escorpiônicos. Foram 54,4% dos casos

notificados, sendo a espécie T. stigmurus responsável por quase 100% dos acidentes.

Atribuiu-se a expansão imobiliária, a falta de instrução da população, principalmente

nos bairros periféricos, a falta de saneamento básico e a coleta de lixo deficiente,

como fatores que contribuem para a perfeita condição de habitat do animal (SOUZA

et al., 2017).

25

3 MATERIAL E MÉTODO

Foi realizado um estudo retrospectivo/descritivo dos fatores que corroboram

para a ocorrência do escorpionismo no município de Arapiraca-AL, tendo como foco

bairros do município de Arapiraca com maior ocorrência de acidentes escorpiônicos.

A amostra foi composta pelo total de casos registrados nas Fichas de

Investigação Epidemiológica do Sistema de Informação de Agravos de Notificação

(SINAN) do Ministério da Saúde. Essas fichas são referentes aos acidentes por

animais peçonhentos, sendo selecionados para este estudo, apenas os casos que

tiveram o escorpião como animal envolvido no acidente, e cujas vítimas residiam no

município de Arapiraca-AL, entre os anos de 2008 a 2018.

Dos casos notificados, no período supramencionado, após a verificação de

registros duplicados e verificação de inconsistências, foram excluídas as notificações

que não possuíam endereços para o georreferenciamento.

Também foram utilizados os dados obtidos pelo SINAN como faixa etária, sexo,

bairro e dados climáticos como temperatura, umidade e precipitação, esses oriundos

do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

O geoprocessamento foi utilizado para identificar as possíveis alterações no

ambiente no período do estudo, através de um banco de dados geográficos da área

objeto, construído a partir de imagens de satélites e dados digitais disponibilizados

por órgãos públicos, quais sejam: malha municipal (IBGE, 2010b); drenagem (CPRM,

2007); dados estatísticos de esgotamento sanitário por bairros (IBGE, 2010a); e dados

climáticos (INMET, 2009). Estes dados foram levantados a partir de diversos órgãos

de administração pública, disponibilizados em suas páginas na internet, em formato

shapefile (SHP), ou extraídos de mapas temáticos.

Nesse sentido, para a determinação da relação espacial entre bairros e as

áreas vulneráveis para escorpionismo foi adotado o QGIS, um Sistema Geográfico de

Informação (SGI), licenciado sob a GNU “General Public License”, que suporta vários

formatos vetoriais, raster, de banco de dados e outras funcionalidades (CASELA,

2019).

A partir desse conjunto de dados digitais, foram elaborados mapeamentos

digitais (da evolução urbana da área de estudo, da distribuição do esgotamento

sanitário por bairros, da ocorrência de acidentes escorpiônicos) baseados nos

parâmetros definidos como pertinentes para a identificação dos fenômeno estudados,

26

para a análise e identificação de indicadores e áreas de risco nas diversas regiões do

município, utilizando os dados de incidência por bairro/ano.

Esta etapa do estudo refere-se à conjunção direta entre as variáveis levantadas

para a construção da análise do escorpionismo no município de Arapiraca, onde

relacionou-se as variáveis através do método de codificação Dummy, que indica a

presença ou ausência de atributo, no qual as variáveis originais são transformadas

em artificiais, assumindo valores de 0 ou 1, onde zero indica ausência de atributo e

um, sua presença (GOMES, 2012).

Visto a inviabilidade da análise de correlação quando uma ou mais das

variáveis apresentam tipo categórico nominal, portanto, torna-se necessário

transformar os valores qualitativos em quantitativos.

Seguindo este método, para melhor análise no software, foram selecionadas

as 3 variáveis que apresentaram dados estratificados por bairros e de maior relevância

estatística (casos escorpiônicos, esgotamento sanitário, feiras livres) conforme o

quadro a seguir, onde: 1 – representa presença da característica de interesse; 0 –

representa ausência da característica de interesse.

Quadro 1. Variáveis transformadas em binárias.

Variáveis Codificação

1 0

Casos

escorpiônicos

Bairros com mais de 28

acidentes;

Bairros com menos de 28

acidentes;

Esgotamento

sanitário

Bairros com domicílios com

porcentagem maior de 60% de

esgotamento inadequado;

Bairros domicílios com

porcentagem menor de 60% de

esgotamento inadequado;

Feiras Livres Bairros com presença de feiras

livres.

Bairros com ausência de feiras

livres.

Fonte: Dados extraídos e compilados de IBGE (2010a); IBGE (2010b); CPRM (2007).

Por meio da estatística aplicada aos cartogramas de acidentes escorpiônicos e

de esgotamento sanitário, foi possível identificar os valores altos e baixos da

27

ocorrência do fenômeno. Estes valores foram utilizados para definir o ponto de corte

para a geração do cartograma de análise dos casos escorpiônicos.

Foi considerada para o esgotamento sanitário, uma inadequação igual ou

superior a 60%, e para os acidentes escorpiônicos, casos iguais ou superiores a 28,

visto que, em termos operacionais, se adotado outros valores, não seria possível

realizar a análise integrada dos cartogramas ou a aplicação do método Dummy.

Por fim, com o uso do QGIS, as variáveis artificiais foram sobrepostas, gerando

uma base codificada de dados binária, contendo a correlação entre as áreas com

escorpionismo e as áreas com fenômenos relevantes. Cabe ressaltar que as bases

binárias iniciadas com 0 foram agrupadas como áreas com baixa/média concentração

de casos escorpiônicos.

Os dados obtidos foram submetidos à estatística descritiva, estimados os

coeficientes de correlações de Pearson entre as variáveis socioeconômicas e

ambientais com a incidência de escorpião e uma análise de tendência com a série

temporal. Também foi utilizado o teste do Qui-quadrado ao nível de 5% de

probabilidade para comparar os percentuais de incidência entre as estações do ano.

As análises foram realizadas utilizando-se os softwares Genes (CRUZ, 2016) e Action

Stat 3.6.

28

4 RESULTADOS

4.1 Análise descritiva/retrospectiva

No período da pesquisa foram notificados 9330 casos e houve uma variação

entre 674 (em 2009) a 1144 (em 2018) e média geral de 848 notificações (Tabela 1).

Constata-se que tem anos que a incidência reduz um pouco e depois volta a crescer

no ano seguinte como no período que compreende 2008 a 2011. Entretanto, verifica-

se períodos com casos crescentes como entre 2011 e 2014 e entre 2015 e 2018.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 1 e pelo Gráfico 1,

constata-se que há uma tendência de um acentuado acréscimo para os próximos anos

caso providências não sejam tomadas. Assim, como a ocorrência de escorpião está

associada a condições inadequadas de saneamento, devido à proliferação de baratas

(um dos alimentos do escorpião), políticas públicas em relação ao saneamento básico

serão essenciais para que a incidência não aumente nos próximos anos.

Tabela 1. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca no período compreendido entre 2008 e 2018.

Ano de notificação Número de casos % Taxa/100.000 hab

2008 720 7,72

2009 674 7,22

2010 853 9,14 398,59

2011 750 8,04

2012 755 8,09 346,11

2013 872 9,35

2014 927 9,94

2015 813 8,71

2016 833 8,93 358,02

2017 989 10,60

2018 1144 12,26 496,49

Total 9330 100,00

Média 848 9,09

Fonte: Fichas de investigação epidemiológica/Sistema de Informação de Agravos de Notificação/

Ministério da Saúde (SINAN, 2019).

29

Gráfico 1. Análise de tendência de escorpionismo em Arapiraca, Alagoas.

Fonte: autor, 2019.

Os dados mostram que em Arapiraca, as ocorrências de acidentes

escorpiônicos já ultrapassaram mil casos por ano. Comparando-se o período de 2008

a 2013, verifica-se um aumento de 152 casos, o que corresponde a um acréscimo de

21% de ocorrências. O aumento dos casos é ainda mais expressivo quando

comparados os períodos compreendidos entre os anos de 2013 e 2018, devido ao

acréscimo de 272 casos, o que representou em um aumento de 31% de ocorrência.

4.2 Análise Sazonal e climática

Com a finalidade de associar a ocorrência do escorpionismo e as variáveis

climáticas, avaliou-se a incidência entre as estações do ano. Assim, verifica-se que

não houve variações acentuadas entre as estações, evidenciando que, na região do

estudo, o clima não tem influenciado na maior ou menor ocorrência de escorpião

(Gráfico 2 e Tabela 2). Esse resultado difere de outros estudos realizados em outras

regiões, os quais apontam que existe uma tendência de crescimento na população de

30

escorpião nos meses mais quentes do ano (SILVA; TIBURCIO; CORREIA, 2005).

Entretanto, essa hipótese pode não ter sido confirmada pelo fato de que na região de

Arapiraca, a temperatura e outros dados climáticos não apresentam variações muito

acentuadas.

Verifica-se na Tabela 2 que, em geral, os percentuais de ocorrência entre as

estações do ano no período estudado não apresentaram variações significativas entre

elas (p>0,05).

Gráfico 2. Número de casos de escorpionismo em Arapiraca de acordo com as estações do ano - 2008 a 2018.

Fonte: Fichas de investigação epidemiológica/Sistema de Informação de Agravos de Notificação/

Ministério da Saúde.

Tabela 2. Percentagem média de incidência por estação do ano.

Estação % de incidência

Primavera 24,87

Verão 25,71

Outono 25,89

Inverno 23,53

Não houve diferença estatística entre os percentuais das estações do ano a 5% de probabilidade pelo

teste do Qui-Quadrado. Fonte: SINAN (2016).

0

50

100

150

200

250

300

350

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

verão outono inverno primavera

31

O gráfico 3 mostra os dados de temperatura mensal média do ar dos últimos

10 anos. Constata-se que a variação existente entre os meses é muito pequena.

Gráfico 3. Temperatura média mensal do ar de Arapiraca durante 10 anos.

Fonte: Silva (2019).

Da mesma forma da temperatura, a umidade mensal média de Arapiraca, no

período estudado, apresentou pouca variação (GRÁFICO 4). Ressalta-se que o

laboratório que fez o controle do clima do município, iniciou suas atividades em

meados de 2008, bem como apresentou problemas em alguns meses dos anos de

2017, motivo pela qual, para efeitos dessa variável, o período investigado foi de 10

anos (SILVA, 2019).

Gráfico 4. Percentagem média de incidência por estação do ano. Temperatura média mensal do ar de Arapiraca durante 10 anos. Umidade relativa média mensal do ar de Arapiraca durante 10 anos.

Fonte: Silva (2019).

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Máx. 32,8 32,7 33,3 31,8 29,5 28,2 27,0 27,3 29,1 31,2 33,0 33,2

Méd. 26,0 26,0 26,5 25,8 24,4 23,3 22,3 22,1 23,2 24,7 25,7 26,0

Mín. 21,6 21,8 22,1 22,1 21,3 20,2 19,1 18,6 19,2 20,4 20,9 21,4

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

Te

mpera

tura

do A

r (°

C)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Máx. 89,5 90,9 89,8 90,7 93,4 93,8 92,7 92,2 91,0 88,0 86,7 88,3

Méd. 68,7 70,5 70,0 75,0 82,1 83,3 82,1 79,6 75,0 69,2 64,8 66,1

Mín. 36,9 39,4 38,3 45,6 57,0 58,3 57,2 52,5 45,9 38,8 32,9 33,7

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

U.R

. M

édia

do A

r (%

)

32

Ao contrário da temperatura e umidade relativa do ar, a precipitação média

mensal da cidade, ao longo do período estudado, apresentou grandes variações. O

período chuvoso se inicia em meados de abril e se encerra entre agosto e setembro,

como pode ser visto no Gráfico 5.

Gráfico 5. Precipitação média mensal de Arapiraca durante 10 anos.

Fonte: Silva, 2019.

Em nosso trabalho, a pouca variação de precipitação entre os meses pode ser

atribuída às condições climáticas da região estudada, que é caracterizada por uma

temperatura média anual de 28ºC. Além disso, a temperatura nesta região varia pouco

entre o verão e o inverno, especialmente quando comparada com as regiões Sul e

Sudeste. Esta condição climática estável favorece a reprodução de escorpiões,

levando à ocorrência de casos em todo o ano. Assim, as ações preventivas contra

picadas de escorpião devem ser realizadas durante todos os meses do ano.

Com a finalidade de verificar possíveis correlações entre a ocorrência de

escorpionismo e as variáveis climáticas, foram estimadas as correlações de Pearson

como pode ser visto na Tabela 3. Constatou-se que não houve correlação significativa

(p>0,05) entre as variáveis climáticas e a incidência de escorpião. Esses resultados

evidenciam que outras variáveis são responsáveis pela incidência de escorpião na

região.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2009 12,6 61,0 75,0 75,8 289,0 212,8 90,0 204,6 2,2 84,8 5,4 76,0

2010 68,2 76,6 28,0 131,6 72,6 263,4 187,2 81,0 92,6 93,2 1,2 10,8

2011 71,0 28,2 3,6 226,2 174,8 86,0 207,6 77,8 150,0 8,2 68,4 0,8

2012 15,0 139,0 11,6 46,2 76,0 159,6 128,4 50,8 18,8 1,6 3,4

2013 7,6 8,0 17,6 194,0 127,4 80,4 139,6 103,0 22,4 62,0 5,2 89,6

2014 14,2 27,2 17,0 136,2 190,4 116,8 174,4 103,6 63,6 150,0 16,0 6,4

2015 4,2 25,6 81,2 13,6 58,8 225,2 132,2 50,8 29,2 27,6 4,8 50,4

2016 38,2 18,0 59,6 89,2 101,6 104,2 69,0 9,8 1,4 4,4

Média 28,9 48,0 36,7 123,8 132,6 145,6 145,0 107,0 58,7 56,8 13,0 30,2

0,050,0

100,0150,0200,0250,0300,0

Pre

cip

itação (

mm

)

33

Tabela 3. Estimativas de correlações (r) entre variáveis climáticas e a incidência de escorpião no período de 2008 a 2018 em Arapiraca, Alagoas.

Incidência escorpião r

Temperatura média 0,27 Precipitação média -0,13

Umidade do ar -0,24 Amplitude média 0,04

Fonte: autor, 2019.

4.3 Análise do perfil da vítima

No presente tópico foram investigados os acidentes por faixa etária, local da

picada, sexo e ocupação, conforme pode ser observado na Tabela 4.

Tabela 4. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca por faixa etária em 11 anos.

Faixa etária

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total

< 1 0,69 0,74 0,58 1,60 0,79 0,91 1,29 1,35 1,56 1,61 0,26 96

1 a 4 5,27 4,45 4,45 5,60 5,96 5,61 4,42 5,53 4,44 4,34 4,89 464

5 a 9 9,44 7,56 6,09 5,33 6,35 5,96 7,01 5,53 6,48 5,15 6,99 606

10 a 14 10,83 9,05 9,49 9,33 7,81 7,33 7,22 6,76 7,80 7,58 7,69 763

15 a 19 10,69 12,46 11,01 10,80 9,80 9,97 9,16 9,96 9,36 10,61 8,74 946

20 a 29 18,47 19,58 18,87 18,93 20,26 18,80 16,72 12,20 17,52 19,31 18,35 1727

30 a 39 14,0 14,24 15,82 17,20 14,56 15,48 17,90 15,86 15,48 13,85 16,60 1457

40 a 49 12,36 12,01 12,66 11,86 14,43 13,76 12,94 14,51 13,80 13,34 12,67 1226

50 a 59 9,16 7,56 11,95 7,86 7,41 10,66 12,18 11,19 11,04 11,32 9,96 949

60 a 69 4,86 8,45 6,56 7,46 8,47 7,22 6,68 7,25 7,08 6,77 8,21 672

70 a 79 3,47 3,11 1,87 2,93 2,91 3,32 3,99 3,56 3,84 4,14 4,02 320

> 80 0,69 0,74 0,58 1,06 1,19 0,91 0,43 1,23 1,56 1,92 1,57 104

TOTAL 99,93 99,95 99,93 99,96 99,94 99,93 99,94 99,93 99,96 99,94 99,95 9330

Fonte: Fichas de investigação epidemiológica/Sistema de Informação de Agravos de Notificação/ Ministério da Saúde.

Pode ser notado que os maiores números de vítimas estão na faixa etária de

20 a 29 anos. No entanto, a tabela mostra que esses números permanecem altos até

a faixa etária de 50 a 59 anos.

34

Tabela 5. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca conforme o local da picada no período de 11 anos.

Local da picada

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total

Ign*/Em branco

15,97 11,12 9,73 14,53 8,60 6,88 9,06 8,85 17,88 14,86 13,28 1111

Cabeça 1,52 1,63 1,17 3,73 3,57 2,63 3,45 2,70 1,56 2,32 2,18 225

Braço 2,91 4,89 3,75 2,26 3,04 3,44 2,80 2,46 3,60 3,53 3,84 311

Antebraço 1,94 3,11 2,81 1,46 3,31 2,40 2,91 2,33 1,56 1,31 1,31 203

Mão 19,58 14,39 17,58 14,6 11,65 15,71 12,72 13,53 13,44 13,95 12,32 1342

Dedo da mão 11,94 18,24 16,99 17,06 16,68 16,74 18,66 17,09 12,96 13,95 14,33 1476

Tronco 4,72 5,34 3,98 3,46 4,50 4,93 5,28 4,67 4,44 7,28 7,60 490

Coxa 2,63 2,22 2,11 2,93 1,98 2,40 4,20 3,93 3,0 3,23 3,32 276

Perna 4,58 5,78 4,45 3,33 4,50 4,01 4,53 3,32 3,72 2,83 4,28 381

Pé 27,36 23,73 27,54 28,93 31,71 30,96 27,29 35,0 30,97 29,82 29,98 2760

Dedo do pé 6,80 9,49 9,84 7,60 9,40 9,86 9,06 6,02 6,84 6,87 7,51 755

Fonte: Fichas de investigação epidemiológica/Sistema de Informação de Agravos de Notificação/ Ministério da Saúde (*Ignorado).

Os adultos em atividade laboral têm sido as principais vítimas, uma vez que

tem prevalecido como local da picada do escorpião no corpo humano as mãos, os

pés, os dedos das mãos e os dedos dos pés.

Quanto ao sexo, as mulheres são as mais acidentadas, com aproximadamente

61% das ocorrências.

Tabela 6. Acidentes escorpiônicos em Arapiraca de acordo com o sexo da vítima no período de 11 anos.

Sexo 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 Total

Masculino 38,61 40,35 39,03 36.93 39,86 38,87 37,54 37,63 39,37 39,83 40,90 3644

Feminino 61,38 59,64 60,96 63,03 60,13 61,12 62,45 62,36 60,62 60,16 59,09 5686

Fonte: Fichas de investigação epidemiológica/Sistema de Informação de Agravos de Notificação/ Ministério da Saúde.

4.4 Análise do escorpionismo na zona urbana de Arapiraca

Não restam dúvidas que Arapiraca tem sido uma das cidades brasileiras que

mais tem se destacado no aspecto crescimento econômico. O que parecia ser uma

boa notícia, aparentemente, tem sido um problema de ordem socioambiental.

35

Figura 4. Resíduos de construção civil.

Fonte: o autor, 2019.

A figura mostra uma realidade muito comum nas ruas da cidade. Principalmente

nos bairros próximos ao centro da cidade, onde é normal se deparar com novos pontos

comerciais, ou seja, o acúmulo de resíduos oriundos de reformas é constante.

Na figura 5, encontra-se o mapa com os principais bairros de Arapiraca e a

percentagem de saneamento básico deles. Verifica-se que a maior parte dos bairros

apresentam condições inadequadas de saneamento. Esse mapa evidencia que a

elevada ocorrência de escorpionismo em Arapiraca deve-se a falta de saneamento

básico, o que gera a presença de baratas e consequentemente atrai os escorpiões.

Os bairros de Arapiraca apresentam infraestrutura deficitária, conforme o

mapeamento, com 21 bairros caracterizados entre 80 e 100% de esgotamento

sanitário inadequado, ou seja, 55% dos bairros na área de estudo não possuem fossa

séptica ou não estão ligados à rede geral de esgoto, portanto, o despejo dos resíduos

são realizados em valas, lagoas e rios ou em fossas rudimentares (FIGURA 7).

Os dados do IBGE (2010a) demonstraram que a cidade possui apenas 20% de

saneamento básico. Ressalta-se que somente 2 bairros, Manoel Teles e Verdes

Campos, corresponderam a 20-40% de esgotamento sanitário inadequado.

36

Figura 5. Mapa com a porcentagem de domicílios com esgotamento sanitário inadequado nos bairros da zona urbana de Arapiraca-AL, no período de 2008 a 2018.

Fonte: autor, 2019.

37

Figura 6. Mapa com a análise dos casos escorpiônicos nos bairros de Arapiraca-AL.

Fonte: autor, 2019.

A figura 6 mostra que a junção das variáveis: feira livre e ausência de

esgotamento sanitário potencializam a ocorrência de acidentes escorpiônicos.

38

Importante destacar que outros bairros também apresentaram alta concentração dos

casos, sendo eles os bairros Caititus, Canafistula e o Centro da cidade. Em comum a

todos eles é o fato da realização de feiras livres (FIGURA 8), atividade econômica

importante para a cidade, não obstante, sem as devidas condições de higiene. Foi

possível verificar esgoto perto dos produtos comercializados, bem como resíduos

sólidos espalhados pelas ruas e calçadas da cidade, destacando sangue e restos dos

animais (carne e peixe) abatidos.

Figura 7. Saneamento básico em Arapiraca

Fonte: autor, 2019.

Figura 8. Feira do Bairro Brasília.

Fonte: autor, 2019.

Os dados de notificações de acidentes escorpiônicos por bairro encontram-se

na Tabela 7. Verificou-se que os bairros Brasília e Primavera têm apresentados

39

números bem elevados se comparados aos demais bairros da cidade. O primeiro

registrou, em 10 anos, um total de 881 casos, e o segundo apresentou o número de

1228 casos.

Tabela 7. Notificações média de escorpião por bairro e respectivos percentuais relativo ao período de 2008 a 2018 em Arapiraca, AL.

Bairro NA %

Primavera 147,30 17,37** Brasília 105,66 12,46** Cacimbas 56,82 6,70 * Centro 44,01 5,19 Canafistula 41,21 4,86 Alto do Cruzeiro 37,82 4,46 Baixão 36,29 4,28 Cavaco 31,21 3,68 Baixa Grande 26,88 3,17 Jardim Planalto 26,71 3,15 Caititus 26,12 3,08 Manoel Teles 23,66 2,79 Jardim Esperança 22,39 2,64 São Luiz 22,05 2,60 Eldorado 20,61 2,43 Boa Vista 17,38 2,05 Nova Esperança 15,43 1,82 Ouro Preto 15,43 1,82 Santa Esmeralda 14,75 1,74 Jardim Tropical 13,40 1,58 Caititus2 13,23 1,56 Guaribas 10,18 1,20 Capiatã 8,65 1,02 Novo Horizonte 8,39 0,99 Itapoã 8,39 0,99 Brasiliana 7,89 0,93 Nilo Coelho 7,21 0,85 Santa Esmeralda 6,61 0,78 Arnon de Melo 6,19 0,73 Verdes Campos 5,17 0,61 Capiatã 2 4,58 0,54 Brasiliana 2 4,07 0,48 Rosa Cruz 3,14 0,37 Teotônio Vilela 2,63 0,31 Jardim Paineiras 2,37 0,28 Poço Frio 1,78 0,21 Rosa Cruz 2 0,93 0,11 Jardim Planalto 0,68 0,08

Total 848 100

Média 22,32 2,63 *,** Significativo a 5% e 1%, respectivamente pelo teste do Qui-Quadrado. NA=Número de acidentes.

40

Em dias de feira livre, a depender dos bairros, muitos resíduos são produzidos

oriundos desta atividade econômica. São restos de animais e de comida que se

espalham ao longo das feiras. Informações contidas no site da prefeitura de Arapiraca

mostram os bairros que realizam a mencionada atividade, são: Centro; Baixão;

Brasília; Primavera; Itapuã; Senador Teotônio Vilela; Jardim Esperança e Canafistula

(ARAPIRACA, 2019d).

O bairro Brasília já registrou mais de 100 casos de acidentes por ano, sendo

eles nos anos de 2012, 2014 e 2018. Já o bairro Primavera tem registrado mais de

100 ocorrências por ano desde 2010, mantendo um padrão elevado em seus números

(SINAN, 2018).

Agrava a situação o fato destes resíduos permanecerem nas ruas por longos

períodos de tempo. Além disso, a coleta dos resíduos domésticos não é realizada

diariamente, sendo realizada por dias, turnos e zoneamento (urbana/rural), de forma

alternada, a depender da localização dos bairros (ARAPIRACA, 2019c).

Mas não é somente o poder público que tem sido omisso quanto às suas

responsabilidades no quesito limpeza. O Bosque das Arapiracas, parque onde

normalmente ocorrem os principais eventos, localizado no centro da cidade, é um

exemplo negativo do comportamento antrópico da população arapiraquense; foi feita

a análise por meio de visita ao local com registro de imagens (FIGURAS 9 e 10).

Figura 9. Bosque das Arapiracas.

Fonte: o autor, 2019.

41

Figura 10. Ausência de saneamento do Bosque das Arapiracas.

Fonte: o autor.

As figuras inseridas demonstraram a falta de educação da população bem

como o descaso da prefeitura municipal. Observou-se que a coleta de lixo não é diária

e que não há incentivos à coleta seletiva de resíduos sólidos, alarmando, ainda, as

péssimas condições de saneamento básico em toda a cidade.

42

5 DISCUSSÃO

No munícipio de Arapiraca-AL, os acidentes escorpiônicos, no período de 2008

a 2018, apresentaram uma média geral de 848 notificações. Considerando-se a taxa

de ocorrência por 100.000 habitantes, verificou-se que os dados são muito elevados

em relação a outras regiões como as relatadas por Mesquita et al. (2015) para o

período entre 2002 a 2012, que foram da ordem de 5,13 a 31,58.

Furtado (2015) comenta que no Ceará também houve aumento durante o

período de 2007 a 2013, tendo uma incidência média anual de 18,57 casos/100.000

habitantes. Para ele, o aumento pode ser explicado por vários motivos como, por

exemplo, o crescimento desordenado das cidades, a boa capacidade de adaptação

dos escorpiões em áreas urbanas, a melhoria do sistema de notificação e o maior

conhecimento da população sobre a necessidade da notificação do acidente no

hospital credenciado para o atendimento e a maior degradação ambiental próximas

das cidades.

As péssimas condições de saneamento básico de Arapiraca podem ser

verificadas, também, em todo o estado de Alagoas. Ribeiro (2014) demonstra que no

Nordeste, Alagoas só está à frente dos estados do Maranhão e Piauí no quesito

esgotamento sanitário. No estado alagoano, em 2008, somente 9,6% dos domicílios

possuía rede de esgoto. Para o autor, esse pode ser o fator que fez com que Alagoas

se tornasse o estado do Nordeste com mais ocorrência de escorpionismo no período

de 2000 a 2009, tendo a incidência média de 82,5/100.000 hab.

Lira da Silva et al. (2009) investigaram casos de acidentes escorpiônicos na

cidade de Salvador, tendo a pesquisa compreendido o período de 1982 a 2000.

Perceberam que a espécie mais comum foi a T. stigmurus com 64,1% dos casos,

destacando a boa capacidade adaptativa da espécie ao ambiente urbano. Notou um

crescimento dos números de picadas na década de 90, atribuindo ao aumento três

fatores: 1 - crescimento urbano desorganizado da cidade de Salvador; 2 - baixas

condições socioeconômicas de alguns bairros; 3 - o maior conhecimento da população

referente ao serviço de coleta de dados.

Mesquita et al. (2015) entendem que o crescente aumento do número de

notificações no estado de Sergipe pode estar relacionado com a forma de coleta dos

dados, sendo que o aumento começou a partir do ano de 2008, defendendo, também,

43

que o aumento pode estar ocorrendo em virtude do crescimento desordenado das

áreas urbanas, associado às precárias condições de moradia e saneamento básico.

A cidade arapiraquense tem passado por um processo de verticalização, sendo

muito comum encontrar, nos bairros próximos ao centro, resíduos sólidos oriundos de

reformas. Sabe-se que tais entulhos contribuem para o aumento de temperatura,

aliado ao fato da escassa arborização do município e das residências não serem

adequadas para a circulação do ar. Além disso, Arapiraca é caracterizada por ser uma

cidade horizontal de sombreamento precário (SILVA, 2019).

Os dados obtidos mostram que as variáveis climáticas na região Nordeste não

é fator preponderante para o escorpionismo, destacando que nas regiões onde as

estações são mais definidas é possível notar uma variação maior no número de casos.

Estudos corroboram os resultados obtidos como os Barbosa (2004); Barros et al.

(2014); Lira da Silva et al. (2009). Nesses estudos, verificou-se que os casos foram

bem distribuídos ao longo dos anos, sem variações significantes entre os meses.

Neste trabalho, a pouca variação entre os meses pode ser atribuída às

condições climáticas da região estudada, que é caracterizada por uma temperatura

média anual de 28ºC. Além disso, a temperatura nesta região varia pouco entre o

verão e o inverno, especialmente quando comparada com as regiões Sul e Sudeste.

Esta condição climática estável favorece a reprodução de escorpiões, levando à

ocorrência de casos em todo o ano. Assim, as ações preventivas contra picadas de

escorpião devem ser realizadas durante todos os meses do ano.

No que diz respeito aos acidentes escorpiônicos em nosso estudo, a mulher na

faixa etária de 20 a 29 anos é a vítima mais comum dos acidentes. Em uma pesquisa

realizada na cidade de Belo Horizonte, durante os anos de 1993 e 1996, mostrou que

o perfil das vítimas de acidentes escorpiônicos pertencia à faixa etária de 25 a 49 anos

(138 casos, 39,2%), sendo destacado que a gravidade dos acidentes é maior na faixa

etária < 15 anos e > 60 anos, uma vez que nestes casos há risco de morte (NUNES;

BEVILACQUA, JARDIM, 2000).

As mãos e os pés também foram as partes do corpo humano mais vulneráveis

aos ataques do escorpião em pesquisa ocorrida na cidade de Salvador durante os

anos de 1999 e 2000. Outro ponto em comum foi a constatação do ambiente

doméstico, como o local mais frequente para os acidentes (BARBOSA, 2003).

Furtado (2015) entende que o risco de escorpionismo é inerente às atividades

domésticas rotineiras, com impacto significativo sobre as crianças, que apresentam

44

maior risco de morte do que os adultos. Explica também, que em alguns países, a

maioria dos casos de escorpionismo ocorrem na zona rural, como acontece no Irã e

no México, mostrando que há diferença na zona de ocorrência dos acidentes entre o

Brasil e outros países.

É comum encontrar lixos espalhados por toda sua área verde, principalmente

em dias de eventos culturais, mesmo existindo lixeiras públicas disponíveis à

população. Os resíduos ficam espalhados por dias até que a prefeitura realize a

limpeza do local. A falta de educação ambiental dos munícipes tem contribuído para

o agravamento da poluição da cidade.

Para Philippi Junior et al. (2014) é preciso investir na educação ambiental da

população, sendo esta a chave para uma eficaz gestão ambiental, tanto nas áreas

urbanas quantos nas áreas rurais, pois é preciso elevar o grau de educação da

população local para que tal eficácia ocorra. Acrescenta que os conceitos de saúde,

saúde pública, saneamento e meio ambiente estão interligados. Por isso, tais ciências,

atualmente, são estudadas conjuntamente, formando novos ramos do conhecimento

humano. O somatório desses conhecimentos originou o termo saúde ambiental, uma

vez que as atividades humanas e os fatores ligados às condições socioeconômicas e

ambientais podem potencializar os casos de doenças, mortes e lesões, principalmente

entre os grupos vulneráveis como populações carentes, mulheres e crianças.

Corroborando com o entendimento de Philippi Junior et al. (2014), Guedes e

Guedes (2007) salientaram a necessidade da gestão pública destinar atenção aos

fatores de saneamento básico, tratamento de água e esgoto, drenagem de águas

pluviais e a coleta de resíduos sólidos. Explicam que disposição de resíduos em locais

não apropriados podem trazer epidemias como historicamente a pulga do rato fora

responsável pela peste bubônica durante a Idade Média.

Por todas as razões levantadas, é compreensível entender o porquê do

aumento dos acidentes escorpiônicos no município. Fatores antrópicos e a omissão

do poder público, destacando-se a falta de políticas públicas voltadas à limpeza da

cidade e conscientização da população, têm contribuído para perfeitas condições de

habitats para o escorpião, seja pela sujeira acumulada, seja em inúmeros terrenos

baldios existentes em toda a cidade.

A análise do escorpionismo no município de Arapiraca, através dos dados de

esgotamento sanitário inadequado e da presença de feiras livres, considerou iterações

45

possíveis entre essas variáveis por bairros, de forma a destacar somente as

vulnerabilidades existentes na região em questão.

Apesar de ser um polo do ensino superior na região, as informações obtidas no

IBGE demonstraram que o indicador educação básica não é satisfatório. Constatou-

se que a cidade é uma das piores a nível nacional, quando o foco são as escolas

públicas. Se comparada com outras cidades alagoanas, sua posição é a 40º no

estado.

A população e o próprio poder público também são responsáveis pela elevação

do aumento de casos escorpionismo, sendo observado lixo espalhado pelas ruas e

praças da cidade, mesmo havendo lixeiras para o depósito de tais materiais.

46

6 CONCLUSÃO

Em relação aos casos de acidentes escorpiônicos, o munícipio de Arapiraca-

AL registrou elevado número de casos nos últimos 11 anos, tendo uma tendência de

aumento dos casos apresentados. Ficou evidente que durante o período de estudo

não existiu relação estatística quando se correlacionou fatores climáticos aos

acidentes escorpiônicos. Por sua vez, ao verificar os resultados da análise de

geoprocessamento foi visto que fatores antrópicos têm sido motivadores da

potencialização da ocorrência desses acidentes, possivelmente devida à falta de

educação ambiental associada à falta de políticas públicas. Desta forma, existe a

necessidade da realização de campanhas de educação ambiental voltadas para

diminuição no registro do número de acidentes escorpiônicos no município de

Arapiraca-AL.

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52

ANEXOS

53

ANEXO A – NORMAS DE PUBLICAÇÃO DA BRAZILIAN JOURNAL OF BIOLOGY

Preparação de originais

O trabalho a ser considerado para publicação deve obedecer às seguintes recomendações gerais:

Ser digitado e impresso em um só lado do papel tipo A4 e em espaço duplo com uma margem de 3 cm à esquerda e 2 cm à direita, sem preocupação de que as linhas terminem alinhadas e sem dividir palavras no final da linha. Palavras a serem impressas em itálico podem ser sublinhadas.

O título deve dar uma idéia precisa do conteúdo e ser o mais curto possível. Um título abreviado deve ser fornecido para impressão nas cabeças de página.

Nomes dos autores – As indicações Júnior, Filho, Neto, Sobrinho etc. devem ser sempre antecedidas por um hífen. Exemplo: J. Pereira-Neto. Usar também hífen para nomes compostos (exemplos: C. Azevedo-Ramos, M. L. López-Rulf). Os nomes dos autores devem constar sempre na sua ordem correta, sem inversões. Não usar nunca, como autor ou co-autor nomes como Pereira-Neto J. Usar e, y, and, et em vez de & para ligar o último co-autor aos antecedentes.

TODOS OS AUTORES DEVERÃO INFORMAR O ORCID, INCLUÍ-LOS NO ARQUIVO DO ARTIGO.

Os trabalhos devem ser redigidos de forma concisa, com a exatidão e a clareza necessárias para sua fiel compreensão. Sua redação deve ser definitiva a fim de evitar modificações nas provas de impressão, muito onerosas e cujo pagamento ficará sempre a cargo do autor. Os trabalhos (incluindo ilustração e tabelas) devem ser submetidos através da interface de administração do sistema “Submission da SciELO” cujo endereço www.scielo.br/bjb (SUBMISSÃO - ONLINE).

Serão considerados para publicação apenas os artigos redigidos em inglês. Todos os trabalhos deverão ter resumos em inglês e português. Esses resumos deverão constar no início do trabalho e iniciar com o título traduzido para o idioma correspondente. O Abstract e o Resumo devem conter as mesmas informações e sempre sumariar resultados e conclusões.

Em linhas gerais, as diferentes partes dos artigos devem ter a seguinte seriação:

1ª página – Título do trabalho. Nome(s) do(s) autor(es). Instituição ou instituições, com endereço. Indicação do número de figuras existentes no trabalho. Palavras-chave em português e inglês (no máximo 5). Título abreviado para cabeça das páginas. Rodapé: nome do autor correspondente e endereço atual (se for o caso).

2ª página e seguintes – Abstract (sem título). Resumo: em português (com título); Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Agradecimentos.

Em separado - Referências, Legendas das figuras, Tabelas e Figuras.

As seguintes informações devem acompanhar todas as espécies citadas no artigo:

54

• Para zoologia, o nome do autor e da data de publicação da descrição original deve ser dada a primeira vez que a espécie é citada nos trabalhos;

• Para botânica e ecologia, somente o nome do autor que fez a descrição deve ser dada a primeira vez que a espécie é citada nos trabalhos.

O trabalho deverá ter, no máximo, 25 páginas, incluindo tabelas e figuras, em caso de Notes and Comments limitar-se a 4 páginas.

A seriação dos itens de Introducão e Agradecimentos só se aplicam, obviamente, a trabalhos capazes de adotá-la. Os demais artigos (como os de Sistemática) devem ser redigidos de acordo com critérios geralmente aceitos na área.

Referências Bibliográficas:

1. Citação no texto: Use o nome e o ano de publicação: Reis (1980); (Reis, 1980); (Zaluar and Rocha, 2000); Zaluar and Rocha (2000). Se houver mais de dois autores, usar “et al.”

2. Citações na lista de referências devem estar em conformidade com a norma ISO 690/2010.

No texto, será usado o sistema autor-ano para citações bibliográficas (estritamente o necessário), utilizando-se “and” no caso de 2 autores. As referências, digitadas em folha separada, devem constar em ordem alfabética. Nas referências de artigos de periódicos deverão conter nome(s) e iniciais do(s) autor(es), ano, título por extenso, nome da revista (por extenso e em itálico), volume, número, primeira e última páginas. Referências de livros e monografias deverão também incluir a editora e, conforme citação, referir o capítulo do livro. Deve(m) também ser referido(s) nome(s) do(s) organizador(es) da coletânea. Exemplos:

Livro: LOMINADZE, D.G., 1981. Cyclotron waves in plasma. 2nd ed. Oxford: Pergamon Press. 206 p. International series in natural philosophy, no. 3.

Capítulo de livro:

WRIGLEY, E.A., 1968. Parish registers and the historian. In: D. J. STEEL, ed. National index of parish registers. London: Society of Genealogists, pp. 15-167.

Artigo de periódico:

CYRINO, J.E. and MULVANEY, D.R., 1999. Mitogenic activity of fetal bovine serum, fish fry extract, insulin-like growth factor-I, and fibroblast growth factor on brown bullhead catfish cells--BB line. Revista Brasileira de Biologia = Brazilian Journal of Biology, vol. 59, no. 3, pp. 517-525. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71081999000300017. PMid: 10765463.

Dissertação ou tese:

LIMA, P.R.S., 2004. Dinâmica populacional da Serra Scomberomorus brasiliensis (Osteichthyes; Scombridae), no litoral ocidental do Maranhã-Brasil. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco, 45 p. Dissertação de Mestrado em Recursos Pesqueiros e Aquicultura.

55

Trabalho apresentado em evento:

RANDALL, D.J., HUNG, C.Y. and POON, W.L., 2004. Response of aquatic vertebrates to hypoxia. In: Proceedings of the Eighth International Symposium on Fish Physiology, Toxicology and Water Quality, October 12-14, Chongqing, China. Athens, Georgia, USA: EPA, 2006, pp. 1-10.

Referência disponível online: AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA, 2013 [viewed 4 February 2013]. Hidro Web: Sistema de Informações hidrológicas [online]. Available from: http://hidroweb.ana.gov.br/

A Revista publicará um Índice inteiramente em inglês, para uso das revistas internacionais de referência.

As provas serão enviadas aos autores para uma revisão final (restrita a erros e composição) e deverão ser devolvidas imediatamente. As provas que não forem devolvidas no tempo solicitado - 5 dias - terão sua publicação postergada para uma próxima oportunidade, dependendo de espaço.

Material Ilustrativo – Os autores deverão limitar as tabelas e as figuras (ambas numeradas em arábicos) ao estritamente necessário. No texto do manuscrito, o autor indicará os locais onde elas deverão ser intercaladas.

As tabelas deverão ter seu próprio título e, em rodapé, as demais informações explicativas. Símbolos e abreviaturas devem ser definidos no texto principal e/ou legendas.

Na preparação do material ilustrativo e das tabelas, deve-se ter em mente o tamanho da página útil da REVISTA (22 cm x 15,0 cm); (coluna: 7 cm) e a idéia de conservar o sentido vertical. Desenhos e fotografias exageradamente grandes poderão perder muito em nitidez quando forem reduzidos às dimensões da página útil. As pranchas deverão ter no máximo 30 cm de altura por 25 cm de largura e incluir barra(s) de calibração.

As ilustrações devem ser agrupadas, sempre que possível. A Comissão Editorial reserva-se o direito de dispor esse material do modo mais econômico, sem prejudicar sua apresentação.

Disquete – Os autores são encorajados a enviar a versão final (e somente a final), já aceita, de seus manuscritos em disquete. Textos devem ser preparados em Word for Windows e acompanhados de uma cópia idêntica em papel.

Recomendações Finais: Antes de remeter seu trabalho, preparado de acordo com as instruções anteriores, deve o autor relê-lo cuidadosamente, dando atenção aos seguintes itens: correção gramatical, correção datilográfica (apenas uma leitura sílaba por sílaba a garantirá), correspondência entre os trabalhos citados no texto e os referidos na bibliografia, tabelas e figuras em arábicos, correspondência entre os números de tabelas e figuras citadas no texto e os referidos em cada um e posição correta das legendas.

56

ANEXO B – ARTIGO SUBMETIDO A VERISTA BRAZILIAN JOURNAL OF

BIOLOGY

Epidemiological aspects of scorpionic accidents in a city in Brazil’s

northeastern Running title: Scorpion accidents

A. M. L. Santos a, P. K. A. Magalhãesa, L. C. C. Jesusa, E. N. Araújoa, L. M. Araújoa, M. S. Correiaa, J. R. S.

Ferreirac, D. M. Araújoc, J. G. Costaa, M. A. Souzaa, S. A. Fonsecaa, J. M. S. J. Pavãoa, A. F. Santosa,b and T. J.

Matos-Rocha a,c*

aCentro Universitário Cesmac, Maceió, AL, Brasil. bUniversidade Estadual de Alagoas, Arapiraca, AL, Brasil.

cUniversidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas, Maceió, AL, Brasil.

*e-mail: [email protected]

(With 4 figures)

ABSTRACT

Scorpionic accidents are a major public health problem due to the high occurrence with potential seriousness. In this manner,

the research aimed to analyze the occurrence of scorpionic accidents in a city in the northeastern of Brazil. An exploratory,

descriptive study was made, with a quantitative approach, using secondary data which was gotten from the Notifiable Diseases

Information System (SINAN), from 2008 to 2018. Data such as neighborhood, presence of street markets were also used, and

the existence of sanitation and climatic data such as temperature and season. Geoprocessing was used to identify possible

changes in the environment. In the analyzed period, 9,330 cases of scorpion accidents were recorded, with an average of 848

annual notifications. Scorpionic accidents occurred more frequently in women (5,686; 60.94%). Individuals aged 20 to 29 years

(1.727; 18.51%) were more frequent to scorpion bites. Regarding the body parts where the bites were made, the highlights were

on the foot (3.515; 37.67%) followed by the hand (2.818; 30.20%). No statistically significant relation was observed between

climatic factors and scorpionic acidentes. However, the high number of cases of scorpionic accidents was observed in the last

11 years studied. It was evident that during the study period there was no statistical relationship when climatic factors were

correlated to scorpionic accidents. On its turn, when it was verified the results of the geoprocessing analysis, it was seen that

anthropic factors have been motivating the potentiation of the occurrence of these accidents.

Keywords: scorpions, scorpion sting, human poisoning.

Aspectos epidemiológicos dos acidentes escorpiônicos em um munícipio do nordeste

brasileiro

Resumo

Os acidentes escorpiônicos apresenta-se como um grande problema de saúde pública em virtude da grande ocorrência com

potencial gravidade. Nesse sentido, o trabalho teve como objetivo analisar a ocorrência de acidentes escorpiônicos em um

município do nordeste brasileiro. Foi realizado um estudo descritivo, de caráter exploratório, com abordagem quantitativa em

que se utilizou dados secundários obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2008

a 2018. Também foram utilizados dados como bairro, presença de feiras livres e a existência de saneamento básico e dados

climáticos como temperatura e estação do ano. O geoprocessamento foi utilizado para identificar as possíveis alterações no

ambiente. In the analyzed period, 9,330 cases of scorpion accidents were recorded, with an average of 848 annual notifications.

Os acidentes escorpiônicos ocorreram com mais frequência em mulheres (5,686; 60,94%). Os indivíduos na faixa etária de 20

a 29 anos (1,727; 18,51%) foram mais frequentes a picada de escorpião. Com relação ao local das picadas destacaram-se no pé

(3,515; 37,67%) seguido da mão (2,818; 30,20%). Não foi observada relação estatisticamente significativa entre os fatores

clímáticos e os acidentes escorpiônicos, no entanto. Foi observado elevado número de casos de acidentes escorpiônicos nos

últimos 11 anos estudados. Ficou evidente que durante o período de estudo não existiu relação estatística quando se

correlacionou fatores climáticos aos acidentes escorpiônicos. Por sua vez, ao verificar os resultados da análise de

geoprocessamento foi visto que fatores antrópicos têm sido motivadores da potencialização da ocorrência desses acidentes.

Palavras-chave: escorpiões, picada de escorpiões, envenenamento humano.

INTRODUCTION

Scorpionic accidents caused by the inoculation of the toxin through the telson located at the tail of the arthropod, is

a neglected condition associated with the conditions of poverty, environmental imbalance and disinformation. The bitten

individuals can evolve to decease or sequelae causing temporary disability for habitual activities (Fracolli , 2017).

57

The degradation of the environment and disorderly growth in large urban centers, has favored the incidence of

scorpionic accidents. Studies have long shown that the problem of scorpionism is strongly associated with the socioeconomic

conditions of the population, as it occupies the soil and it is also related to environmental issues (Barbosa et al., 2015).

The evolutionary process allowed a wide adaptation of many Scorpions groups, allowing a greater dissemination that

led them to occupy from desert regions to urbanized centers (Dabo et al., 2011). The modifications promoted in ecosystems by

man is one of the reasons for the invasion of these animals in the urban environment. These changes change the environmental

conditions favoring the presence of some groups of these animals while another has its possibility of success is almost

completely suppressed (Carvalhho et al., 2011).

The increase in the number of cases of scorpianism occurs due to factors such as lack of sanitation and poor housing

conditions, especially in the big cities, with two factors being indicated as the main causes of the occurrence of these animals:

1 - urban environments offer hideaway, places that are difficult to access for man and natural predators, making biological

control impossible; 2 - the accumulation of garbage in cities brings roaches and other insects that are abundant food sources

for spiders and scorpions (Stropa, 2010).

The cases of accidents with venomous animals started to be registered in 1988 on the Diseases Information and

Notification System (SINAN). In this manner, injuries caused by snakes, spiders and scorpions started to be controlled

throughout the country (Brazil, 2019). Since then, it is estimated that annually, in Brazil, more than 100 thousand cases of

accidents due to venomous animal stings occur, reaching the number of 200 deaths per year, with scorpionism being one of the

main factors for the incidence of such numbers (Carmo et al., 2016).

In this regard, Brazil has come to regard the cases of scorpionism as a medical-sanitary problem since the injuries

caused by the bites have caused serious clinical conditions, which can even lead to death. The numbers have been increasing

across the country, which is why the scientific community seeks to understand the factors that are contributing to this

phenomenon (Souza & Bochner, 2019).

In the past couple years, there has been an increase in the prevalence of scorpionic accidents, in this sense, the updated

epidemiological knowledge is relevant, mainly due to socio-environmental changes in the last decades, in addition, there are

only a few studies with this subject in the state of Alagoas. In this manner, the present study aimed to assess the factors involved

in the occurrence of these accidents in Arapiraca city.

MATERIALS AND METHODS

An analytical, descriptive, observational-retrospective study was made that aimed to analyze the factors that

corroborate the occurrence of scorpionism in Arapiraca, focusing on neighborhoods with the highest occurrence of scorpionic

accidents. The sample consisted of the total number of cases registered directly from the Ministry of Health's Epidemiological

Investigation Forms of the Notifiable Diseases Information System (SINAN). These files refer to accidents involving venomous

animals, which, since 1988, have been mandatory notification in Brazil. For this study, only the cases that had the scorpion as

an animal involved in the accident and whose victims lived in Arapiraca, between the 2008 to 2018 were selected. From the

cases notified, in the aforementioned period, after checking duplicate records and checking for inconsistencies, notifications

that did not have addresses for georeferencing were excluded. The data obtained were also used by SINAN as age group,

gender, neighborhood and climatic data such as temperature, humidity, precipitation, those from the National Meteorological

Institute (INMET).

Geoprocessing was used to identify possible changes in the environment during the study period, using a geographic

database of the object area, built from satellite images and digital data made available by public agencies, namely: Municipal

network (Brazil, 2017a); Drainage (Brazil, 2017b); Statistical data on sanitary sewage by neighborhood (Brasil, 2017a) and

Climatic data (Brasil, 2016). These data were collected from various public administration bodies and they made them available

on their internet pages, in shapefile format (SHP), or extracted from thematic maps (Brasil, 2016).

In this manner, to determine the site relation among neighborhoods and vunerable áreas to the scorpionism the QGIS,

a Geographic Information System (SGI), was adopted and licensed under the “GNU General Public License”, to support many

stes formats, raster, of database and other functionalities (Casela, 2019).

From this set of digital data, digital mappings (of the urban evolution of the study area, of the distribution of sanitary

sewage by neighborhood, of the occurrence of scorpionic accidents) were elaborated based on the parameters defined as

relevant to the studied phenomenon identification, for the analysis and identification of risk indicators and areas in the different

regions of the city, using the incidence data by neighborhood/year.

This stage of the study refers to the direct conjunction between the variables raised for the construction of the analysis

of scorpionism in the municipality of Arapiraca, where the variables were related through the Dummy coding method, which

indicates the presence or absence of an attribute, in which the original variables are transformed into artificial ones assuming

values of 0 or 1, where zero indicates the absence of an attribute and one, its presence (Gomes, 2012).

In view of the infeasibility of the correlation analysis when one or more of the variables has a nominal categorical

type, therefore, it becomes necessary to transform the qualitative values into quantitative ones. Following this method, for

better analysis in the software, we selected the 3 variables that presented data stratified by neighborhoods and of greater

statistical relevance (Scorpionic cases, Sanitary sewage, Free Fairs) according to the table below, where: 1 - represents the

presence of the characteristic of interest; 0 - represents the absence of the characteristic of interest. In this case, scorpionic

accidents: 1 - Neighborhoods with more than 28 accidents; 0 - Neighborhoods with less than 28 accidents; Sewage: 1 -

Neighborhoods with households with a percentage greater than 60% of inadequate sewage; 0 - Neighborhoods with less than

60% of inadequate sewage; Free Fairs: 1 - Neighborhoods with the presence of free fairs; 0 - Neighborhoods with no free fairs.

Finally, with the use of QGIS, the artificial variables were superimposed, generating a coded database of binary data containing

the correlation between areas with Scopianism and areas with relevant phenomena. It should be noted that the binary bases

starting with 0 were grouped as areas with low/medium concentration of scorpionic cases.

The data obtained were subjected to descriptive statistics, Pearson's correlation coefficients were estimated between

socioeconomic and environmental variables with the incidence of scorpions and an analysis of the trend with the time series.

58

The Chi-square test at the level of 5% probability was also used to compare the percentages of incidence between the seasons.

The analyzes were performed using the software Genes and ActionStat 3.6 (Cruz, 2016). Values of p <0.05 were considered

significant.

RESULTS

In the period between January 2008 and December 2018, 9,330 cases were notified, with an annual variation between

674 (in 2009) to 1,144 (in 2018) and an overall average of 848 notifications. The occurrence of cases was not increasing during

all years, in some periods there was a decrease on the incidence followed by an increase, as in the period between 2008 and

2011. However, there were periods with increasing cases such as between 2011 and 2014 and between 2015 and 2018.

The data shows that in Arapiraca-AL the occurrence of scorpionic accidents has already exceeded one thousand cases

per year. Comparing the period from 2008 to 2013, there is an increase of 152 cases, which corresponds to an increase of 21%

of occurrences. The increase in cases is even more expressive when comparing the periods between the years 2013 and 2018,

due to the increase of 272 cases, which represented an increase of 31% in occurrence (Table 1).

Table 1: Scorpionic accidents that occurred from 2008 to 2018 in Arapiraca-AL.

Year Number of cases % Rate/100.000 hab

2008 720 7.72

2009 674 7.22

2010 853 9.14 398.59

2011 750 8.04

2012 755 8.09 346.11

2013 872 9.35

2014 927 9.94

2015 813 8.71

2016 833 8.93 358.02

2017 989 10.60

2018 1144 12.26 496.49

Total 9330 100.00

Avg 848 9.09

Source: Epidemiological investigation forms / Information System for Notifiable Diseases / Ministry of Health17

During the analyzed period, it was seen that the victims were predominantly female (n = 5,686; 60.94%) compared

to male (n = 3,644; 39.06%). In terms of age group, the following results were obtained: age group <1 year (n = 96; 0.98%), 1

to 4 years old (464; 4.97%), 5 to 9 years old(606; 6 , 49%), 10 to 14 years old(763; 8.17%), 15 to 19 years old (n = 946;

10.13%), 40 to 49 years old(n = 1.226; 13.14%), 50 to 59 years old (n = 949; 10.70%), 60 to 69 years old (n = 672; 7.20%) and

70 to 79 years old(n = 320; 3.42%). The highest frequency of bites was found in individuals between 20 and 29 years old (n =

1,727; 18.51%), followed by the age group between 30-39 years old (n = 1,457; 15.29%). The lowest frequency was observed

in individuals over 80 years old (n = 104; 1.11%), for both gender. According to the Bady parts which were bitten, there was

mainly foot (n = 3.515; 37.67%), followed by the hand (n = 2.818; 30.20%), head (n = 225; 2.41%), arm (n = 311; 3.33%),

forearm (n = 203; 2.17%), chest (n = 490; 5.26%), thigh (n = 276; 2.96%), leg (n = 381 ; 4.09%), without description of the

location of the bite (n = 1.111; 11.90%).

In order to associate the occurrence of scorpionism and the climatic variables, the incidence between the seasons was

evaluated. In this manner, it was observed that there were no marked variations between seasons, showing that, in the study

area, the climate has not influenced the greater or lesser occurrence of scorpions. In general, the occurrence percentages between

the seasons in the period studied did not show significant variations between them, with autumn being the season with the

59

highest number of cases 25.89% and winter with 23.53% being the season with the lowest number of cases. There was no

statistical difference between the percentages of the seasons at 5% probability by the chi-square test.

Data on notifications of scorpionic accidents by neighborhood are shown in table 2, with the Brasília and Primavera

neighborhoods standing out for having presented high numbers when compared to the other neighborhoods in the city. The

first registered, in 10 years, a total of 881 cases and the second presented the number of 1228 cases. On street market days,

depending on the neighborhoods, a lot of trash is produced from this economic activity. They are remains of animals and food

that are scattered throughout the fairs. The information contained at Arapiraca city hall website shows the neighborhoods that

made the mentioned activity are: Downtown; Baixão; Brasilia; Primavera; Itapuã; Senador Teotônio Vilela; Jardim Esperança

and Canafístula (Brazil, 2019).

TABLE 2: Average scorpion notifications by neighborhood and respective percentages for the period 2008 to 2018 in

Arapiraca-AL.

Neighborhood NA %

Primavera 147.30 17.37**

Brasília 105.66 12.46**

Cacimbas 56.82 6.70 *

Downtown 44.01 5.19

Canafístula 41.21 4.86

Alto do Cruzeiro 37.82 4.46

Baixão 36.29 4.28

Cavaco 31.21 3.68

Baixa Grande 26.88 3.17

Jardim Planalto 26.71 3.15

Caititus 26.12 3.08

Manoel Teles 23.66 2.79

Jardim Esperança 22.39 2.64

São Luiz 22.05 2.60

Eldorado 20.61 2.43

Boa Vista 17.38 2.05

Nova Esperança 15.43 1.82

Ouro Preto 15.43 1.82

Santa Esmeralda 14.75 1.74

Jardim Tropical 13.40 1.58

Caititus2 13.23 1.56

Guaribas 10.18 1.20

Capiatã 8.65 1.02

Novo Horizonte 8.39 0.99

Itapoã 8.39 0.99

Brasiliana 7.89 0.93

Nilo Coelho 7.21 0.85

60

Santa Esmeralda 6.61 0.78

Arnon de Melo 6.19 0.73

Verdes Campos 5.17 0.61

Capiatã2 4.58 0.54

Brasiliana 2 4.07 0.48

Rosa Cruz 3.14 0.37

Teotônio Vilela 2.63 0.31

Jardim Paineiras 2.37 0.28

Poço Frio 1.78 0.21

Rosa Cruz 2 0.93 0.11

Jardim Planalto 0.68 0.08

Total 848 100

Avg. 22.32 2.63

*, ** Significant at 5% and 1%, respectively by the Chi-Square test. NA = Number of accidents.

Brasília neighborhood has already registered more than 100 cases of accidents per year, being them in the years of

2012, 2014 and 2018. The Primavera neighborhood has registered more than 100 occurrences per year since 2010, maintaining

a high standard in its numbers. The situation is aggravated by the fact that these residues remain on the streets for long periods

of time. In addition, the collection of domestic garbage is not done daily, being carried out for days, shifts and zoning

(urban/rural), alternately, depending on the location of the neighborhoods (Arapiraca, 2019).

Figure 1 shows the map with the main neighborhoods of Arapiraca and their percentage of sanitation. It appears that

most neighborhoods have inadequate sanitation conditions. This map shows that the high occurrence of scorpions in Arapiraca

is due to the lack of basic sanitation, which generates the presence of roaches and consequently attracts scorpions.

FIGURE 1: Percentage of households with inadequate sanitation in neighborhoods in the urban area of Arapiraca-AL, from

2008 to 2018.

The neighborhoods of Arapiraca have deficient infrastructure, according to the mapping, with 21 neighborhoods

characterized between 80 and 100% of inadequate sanitation, that is, 55% of the neighborhoods in the study area do not have

a septic tank or are not connected to the general sewerage network , so the waste is dumped in ditches, ponds and rivers or in

rudimentary cesspools. The city has only 20% of basic sanitation. It is noteworthy that only 2 neighborhoods, Manoel Teles

and Verdes Campos, corresponded to 20-40% of inadequate sanitation (Brasil, 2009).

61

Figure 2 shows that the combination of the variables street market and the absence of sewage increases the occurrence

of scorpionic accidents. It is important to highlight that other neighborhoods also had a high concentration of cases. In common

to all of them, the fact that open fairs are held, an important economic activity for the city, however, without proper hygiene

conditions. It was possible to check sewage close to the commercialized products as well as solid waste scattered on the streets

and sidewalks of the city, highlighting blood and remains of the slaughtered animals (meat and fish).

FIGURE 2: Analysis of scorpionic accidents between the years 2008 to 2018 in the neighborhoods of Arapiraca-AL.

DISCUSSION

In the city of Arapiraca-AL, scorpion accidents, in the period from 2008 to 2018, presented an overall average of 848

notifications. Considering the occurrence rate per 100,000 inhabitants, it was found that the data are very high in relation to

other regions such as those reported by Mesquita et al. (2015) for the period between 2002 to 2012 that were in the range of

5.13 to 31.58. Furtado (2015) comments that in Ceará there was also an increase during the period from 2007 to 2013, with an

average annual incidence of 18.57 cases / 100,000 inhabitants. For him, the raise can be explained by several reasons such as,

for example, the disordered growth of cities, the good adaptability of scorpions in urban areas, the improvement of the

notification system, and the greater environmental degradation close to cities.

The terrible conditions of sanitation in Arapiraca can also be verified throughout the State of Alagoas. Ribeiro (2014)

demonstrates that in the Northeast, Alagoas is only ahead of the states of Maranhão and Piauí in terms of sanitary sewage. In

the state of Alagoas, in 2008, only 9.6% of households had a sewage system. For the author, this may be the factor that made

Alagoas the state of the Northeast with the highest occurrence of scorpianism in the period from 2000 to 2009, with an average

incidence of 82.5 / 100,000 inhabitants.

Lira da Silva et al. (2009) investigated cases of scorpionic accidents in the city of Salvador, with the research covering

the period from 1982 to 2000. They realized that the most common species was T. stigmurus with 64.1% of the cases,

highlighting the good adaptive capacity of the species to the urban environment. He noticed an increase in the number of bites

in the 90s, attributing three factors to the increase: 1- disorganized urban growth in the city of Salvador; 2- low socioeconomic

conditions in some neighborhoods; 3- the greater knowledge of the population regarding the data collection service.

Mesquita et al. (2015) who evaluated this reality in the state of Sergipe, found that in this location the increasing

number of cases may be related to the way of data collection, with the increase starting in 2008, also arguing that the The

increase may be occurring due to the disorderly growth of urban areas, associated with poor housing conditions and basic

sanitation.

Arapaira has undergone a verticalization process and it is very common to find, in neighborhoods close to the center,

solid residues from reforms. It is known that such debris contributes to the increase in temperature, coupled with the fact that

the city's sparse afforestation and residences are not suitable for air circulation. In addition, Arapiraca is characterized by being

a horizontal city with precarious shading (Silva, 2009).

The data obtained show that the climatic variables, in the Northeast region, are not a major factor for scorpionism,

highlighting that in the regions where the seasons are more defined, it is possible to notice a greater variation in the number of

cases. Studies corroborate the results obtained in the studies by Lira-da-Silva et al. (2009) and Abroug et al. (2015). In these

62

studies it was found that the cases were well distributed over the years, with small variations between months. The influence

of climatic variations and seasons interfere more in the South and Southeast regions as highlighted (Lourenço, 2016).

In our research, the little variation between months can be attributed to the climatic conditions of the studied region,

which is characterized by an average annual temperature of 28ºC. In addition, the temperature in this region varies little between

summer and winter, especially when compared to the South and Southeast regions. This stable climatic condition favors the

reproduction of scorpions, leading to the occurrence of cases throughout the year. So, preventive actions against scorpion bites

must be carried out during all months of the year.

Furtado (2015) understands that the risk of scorpionism is inherent to routine domestic activities, with a significant

impact on children, who are at higher risk of death than adults. It also explains that in some countries most cases of scorpionism

occur in rural areas, as in Iran and Mexico, showing that there is a difference in the area where accidents occur between Brazil

and other countries.

It is common to find garbage scattered throughout its green area, especially on days of cultural events, even though

there are public dumpsters available to the population. The residues are spread for days until the city hall cleans the place. The

lack of environmental education of residents has contributed to the worsening of the city's pollution.

For Philippi Junior et al. (2014) it is necessary to invest in the population's environmental education, which is the key

to an effective environmental management, both in urban and rural areas, as it is necessary to raise the level of education of the

local population for such effectiveness to occur. He adds that the concepts of health, public health, sanitation and the

environment are linked. That is why these sciences are currently studied together, forming new branches of human knowledge.

The sum of this knowledge originated the term environmental health, since human activities and factors linked to

socioeconomic and environmental conditions can potentiate the cases of diseases, deaths and injuries, especially among

vulnerable groups such as needy populations, women and children.

Corroborating with the understanding of Philippi Junior et al. (2014) highlight the need for public management to

devote attention to basic sanitation factors, water and sewage treatment, rainwater drainage and solid waste collection. They

explain that disposal of waste in inappropriate places can bring epidemics as historically the rat flea was responsible for bubonic

plague during the Middle Ages.

For all the reasons raised, it is understandable to understand why the increase in scorpion accidents in the

municipality. Anthropic factors and the omission of public power, highlighting the lack of public policies aimed at cleaning

the city and raising public awareness, have contributed to perfect habitat conditions for the scorpion, whether due to the

accumulated dirt in wasteland existing throughout the city. .

The analysis of scorpionism in the municipality of Arapiraca, through data on inadequate sanitation and the presence

of open markets, considered possible iterations between these variables by neighborhoods, in order to highlight only the

vulnerabilities existing in the region in question. The research brought a lot of information about the arapiraquense city and

how it is propitious for cases of scorpionism. There is no doubt about its importance to the state's economy. Nevertheless,

important data were analyzed in order to demonstrate that the municipality needs to create mechanisms to become sustainable,

since it grows in a disorganized manner.

The research object was to understand which socio-environmental factors are contributing to the occurrence of

scorpionism in the city in the period of 10 years, 2008 to 2018, using SINAN as the source of the data. The population and the

government itself are also responsible for the increase in the increase in scorpion cases. Garbage could be seen scattered on the

streets and squares of the city, even though there were garbage dumps for the deposit of such materials.

In conclusion, regarding the cases of scorpionic accidents, the Arapiraca-AL municipality registered a high number

of cases in the last 11 years. It was evident that during the study period there was no statistical relationship when climatic

factors were correlated to scorpionic accidents. In turn, when verifying the results of the geoprocessing analysis, it was seen

that anthropic factors have been motivating the potential for the occurrence of these accidents, possibly due to the lack of

environmental education associated with the lack of public policies. Finally, there is a need to carry out environmental education

campaigns aimed at reducing the number of scorpion accidents in Arapiraca-AL.

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