INFLUÊNCIA DO TIPO DE BRAQUETE SOBRE A COLONIZAÇÃO ...
Transcript of INFLUÊNCIA DO TIPO DE BRAQUETE SOBRE A COLONIZAÇÃO ...
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ
Patrícia Raszl-Henrique
INFLUÊNCIA DO TIPO DE BRAQUETE SOBRE A COLONIZAÇÃO MICROBIANA E A CONDIÇÃO CLÍNICA GENGIVAL PÓS-PROFILAXIA PROFISSIONAL: estudo
de 3 semanas
Dissertação apresentada para obtenção de título de mestre no Programa de Pós-graduação em Odontologia da Universidade de Taubaté. Subárea: Prótese Dentária Orientadora: Profa. Dra. Sheila Cavalca Cortelli Co-orientadora: Profa. Dra. Ana Christina Claro Neves
Taubaté - SP 2018
2
PATRICIA RASZL-HENRIQUE
Data: ___________________________________
Resultado: ______________________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. _______________________________Universidade de Taubaté
Assinatura: _____________________________
Prof. Dr. _______________________________Universidade ____________________
Assinatura: _____________________________
Prof. Dr. _______________________________Universidade ____________________
Assinatura: _____________________________
Prof. Dr. _______________________________Universidade ____________________
Assinatura: _____________________________
Prof. Dr. _______________________________Universidade ____________________
Assinatura: _____________________________
3
Dedico esse trabalho à minha mãe Ana Lucia Marcondes Raszl que sempre esteve do
meu lado em tudo que decidi. Ao meu pai Alvino José Raszl que plantou a sementinha
da curiosidade em mim e hoje é uma estrela que me guia no céu. Ao meu marido
Demétrius Costa Henrique pelo apoio e suporte. Ao meu filho Davi Raszl Henrique por
deitar a cabeça no meu colo enquanto eu digitava essa dissertação, tenho certeza que
também plantei uma sementinha em você. Aos meus tios Gerval de Almeida, Lúcia
Regina de Souza e Lafaiete José Almeida Marcondes que foram fontes de inspiração.
4
AGRADECIMENTOS
À Deus por me permitir realizar esse sonho. Aos pacientes que dispuseram de seu
tempo e acreditaram nesse estudo.
À Universidade de Taubaté, meu lar desde o ensino médio.
À CAPES, Fapeti e ao CNPq (Bolsa Pibic) que tornaram esse projeto possível.
Ao Prof. Dr. Davi Aquino Romeiro pela elaboração da estatística.
À bibliotecária Elisabete Novaes de Souza pela correção exímia dessa dissertação.
À Prof. Dra. Sheila Cavalca Cortelli por conduzir, orientar, aconselhar e sempre priorizar
o nosso trabalho. Que esse seja o primeiro de muitos trabalhos que faremos juntas.
À Prof. Dra. Ana Christina Claro Neves que me acolhe, orienta e torce por mim desde
que eu era universitária, a amiga que a Odontologia me deu.
Às minhas colegas Mayra de Lima P. Silva e Taís Browne de Miranda que foram o meu
maior presente nesse projeto todo, fazendo o nosso trabalho clínico e laboratorial
sempre leve e divertido.
À Priscila Macedo Máximo, minha amiga de uma vida.
Ao Prof. Dr. José Roberto Cortelli que me acolheu com carinho no seu grupo de
estudos do NUPER, dando todo apoio e suporte que precisei.
Aos professores e amigos da Pós-Graduação que fizeram essa experiência de
mestrado fazer todo sentido.
À coordenadora Adjunta do Programa de Pós-graduação, Profa. Dra. Laís Regiane da
Silva Concílio por ser sempre acessível e atenta às necessidades dos alunos.
À secretária Danielle Duarte por toda delicadeza e eficiência em seu trabalho.
5
Raszl-Henrique P et al. Influência do tipo de braquete sobre a colonização microbiana e a condição clínica gengival pós-profilaxia profissional: estudo de 3 semanas.
Resumo
Hipótese do estudo: Hipotetizou-se que pacientes que utilizam braquetes convencionais têm maior colonização bacteriana e pior condição clínica gengival em relação aos que usam autoligados. Objetivo: Comparar em 3 semanas a influência do tipo de braquete colado após profilaxia profissional sobre os níveis bacterianos e a condição clínica gengival. Métodos: Participaram do estudo 21 estudantes universitários que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão. Cada dente superior anterior (total 126 dentes) recebeu um braquete ortodôntico, selecionado aleatoriamente, dentre os tipos convencional com ligadura elástica (CL), convencional sem ligadura elástica (C) ou braquete autoligado (AL). Após avaliação dos parâmetros clínicos NCI (nível de inserção clínica), IG (índice gengival), PS (profundidade de bolsa) e IP (índice de placa) e profilaxia dentária profissional os braquetes foram colados e os participantes receberam instrução de higiene oral. Os índices foram novamente mensurados 7 e 21 dias após a colagem. Nestes mesmos tempos foram coletadas amostras do sulco gengival e da porção gengival dos braquetes. A carga bacteriana total e os níveis de Aggregatibacter actinomycetemcomitans (A.a), Porphyromonas gingivalis (P.g), Tannerella forsythia (T.f), e Treponema denticola (T.d) foram quantificados por reação da polimerase em cadeia (PCR) em tempo real. Os dados foram estatisticamente analisados ao longo do tempo com o objetivo de verificar possíveis diferenças intragrupo; e em cada tempo experimental para determinar as diferenças entre os tipos de braquetes (p < 0,05). Resultados: A profilaxia e instrução de higiene oral acarretaram reduções bacterianas no sulco gengival. Aos 21 dias os níveis sulculares de P.g e T.d foram maiores no grupo CL. Excetuando-se P.g, o acúmulo de bactérias nos braquetes - carga total, A.a, T.f e T.d – sofreu aumento ao longo do tempo para todos os tipos de braquete. Clinicamente, IG também piorou com o tempo em todos os braquetes enquanto NCI piorou em AL e CL Conclusões: Embora os braquetes convencionais possam ter apresentado piores resultados para alguns parâmetros microbiológicos em relação a condição clínica a influência do convencional com ligadura foi tão negativa quanto a do autoligado. Palavras-chave: Aparelhos ortodônticos; Braquetes ortodônticos; Biofilme dentário; Real time PCR.
6
Raszl-Henrique P et al. Influence of bracket type on microbial colonization and gingival status after dental prophylaxis: a 3-week longitudinal study.
Abstract
Hypothesis of the study: it is hypothesized that patients using conventional brackets have increased bacterial colonization and worse gingival clinical condition in relation to those who use self-ligating. Objective: compare in 3 weeks the influence of the bracket type bonding after professional prophylaxis on the bacterial levels and the gingival clinical condition. Methods: Participated in the study 21 university students who attended the inclusion and exclusion criteria. Each anterior upper tooth (total 126 teeth) received an orthodontic bracket, randomly selected, among the conventional types with elastic ligature (CL), conventional without elastic ligature (C) or self-ligating bracket (AL). After evaluation of clinical parameters NCI (clinical insertion level), IG (gingival index), PS (probing pocket depth) and IP (plaque index) and professional dental prophylaxis the brackets were bonded and the participants received dental hygiene instruction. All of these indexes were again measured 7 and 21 days after the bonding. In these same times, samples of the gingival sulcus and the gingival portion of the brackets were collected. The total bacterial count and levels of Aggregatibacter Actinomycetemcomitans (A.a), Porphyromonas gingivalis (P.g), Tannerella forsythia (T.f), and Treponema denticola (T.d) were quantified by the polymerase chain reaction (PCR) in real time. The statics were analyzed in to verify possible intra differences; And in each experimental time to determine the differences between the types of brackets (p < 0.05). Results: Prophylaxis and instructions on oral hygiene resulted in bacterial reductions in the gingival sulcus. At 21 days the sulculares levels of P.g and T.d were higher in the CL group. Excepting P.g, the accumulation of bacteria in brackets - universal, A.a, T.f and T.d - has increased over time for all kinds of bracket. Clinically, IG also worsened with time in all brackets while NCI worsened in AL and CL. Conclusions: Although conventional brackets may have presented worse results for some microbiological parameters in relation to clinical condition, the Influence of the conventional bracket with elastic ligature was as negative as that of the self-ligating. Keywords: Orthodontic Appliances; Orthodontic brackets; Bacteria; Periodontal Diseases; Real Time PCR.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 9
2. REVISÃO DE LITERATURA 11
3. PROPOSIÇÃO 26
4. MÉTODO 27
4.1 Participantes 27
4.2 Cálculo amostral 27
4.3 Critérios de inclusão 28
4.4 Critérios de exclusão 29
4.5 Desenho experimental 29
4.5.1 Exame clínico e obtenção das amostras 29
4.5.2 Fluxograma 32
4.6 Análise laboratorial 33
4.7 Análise estatística 33
5. RESULTADOS 35
5.1 Parâmetros microbiológicos 35
5.1.1 Comparação Intergrupos 35
5.1.2 Comparação Intragrupos 45
5.2 Parâmetros Clínicos 49
6. DISCUSSÃO 52
7. CONCLUSÕES 57
REFERÊNCIAS 58
9
1 INTRODUÇÃO
Ao procurar tratamento ortodôntico o paciente vislumbra além da melhora da
condição mastigatória, resultados estéticos satisfatórios. O aspecto retentivo dos
braquetes propicia a higienização inadequada que leva ao maior acúmulo de biofilme e
aparecimento de lesões brancas (Tanner et al., 2012; Baka et al., 2013). Em casos mais
severos é possível observar inflamação e hiperplasia gengival e, eventualmente, perda
óssea acometendo o sistema periodontal (Corghi et al., 2014; Gorbunkova et al., 2016;
Guo et al., 2016).
Os braquetes convencionais são associados à uma ligadura, elástica ou metálica,
para manter o arco ortodôntico dentro da ranhura. Tais ligaduras, quase sempre, agem
como fator coadjuvante no acúmulo de microrganismos (Pejda et al., 2013; Jung et al.,
2016).
Os braquetes autoligados têm sido utilizados nos tratamentos ortodônticos e a
grande promessa do seu uso é a redução do tempo de trabalho e de tratamento.
Adicionalmente esse sistema promete outras vantagens tais como menor acúmulo de
biofilme devido ao desenho menos retentivo, maior facilidade de higienização oral e a
eliminação de ligaduras elásticas (Baka et al.,2013; Pejda et al., 2013; Corghi et al, 2014;
Folco et al., 2014) ou metálicas (Jung et al., 2016), visto que essa técnica tem seu próprio
mecanismo para manter o arco em sua ranhura através de um clip metálico.
A associação de Streptococcus mutans com os diversos braquetes tem sido
extensamente estudada na literatura devido ao seu impacto na etiologia da cárie (Souza
et al., 2008; Tanner et al., 2012; Baka et al., 2013; Folco et al., 2014; Freitas et al., 2014;
10
Jung et al., 2016 e Kim et al., 2016). Porém é necessário salientar que o biofilme é
composto por uma microbiota diversa (Baka et al., 2013; Folco et al., 2014) e há mudança
dinâmica da mesma durante o tratamento ortodôntico. A primeira mudança observada é
a quantitativa, com visível aumento da massa do biofilme ao redor das áreas retentivas,
onde a higiene oral, quase sempre, é deficiente. Sucedem então mudanças qualitativas,
onde a proporção de bactérias já presentes no estado de saúde periodontal é alterada,
iniciando assim o estado de doença periodontal (Diaz et al., 2016).
Apenas alguns estudos focam na microbiota subgengival que pode migrar para
a região dos braquetes durante o tratamento e provocar inflamação gengival,
sangramento, hiperplasia, destruição do suporte periodontal e mudanças na superfície
do esmalte (Kim et al., 2012; Freitas et al., 2014; Guo et al., 2016; Jung et al., 2016).
Microrganismos anaeróbios Gram-negativos tipicamente subgengivais, como
Aggregatibacter actinomycetemcomitans (A.a), Fusobacterium nucleatum (F.n),
Porphyromonas gingivalis (P.g), Prevotella intermedia (P.i) e Tannerella forsythia (T.f) são
fortemente relacionados com a inflamação gengival e a progressão da doença
periodontal (Pejda et al., 2013; Guo et al., 2016; Jung et al., 2016; Kim et al., 2016 ) e sua
quantidade pode aumentar após a colocação de braquetes.
Embora supostamente no braquete autoligado ocorra menor retenção de
microrganismo, não há unanimidade na literatura consultada. Visto que a aparatologia
ortodôntica pode ter forte impacto nos parâmetros periodontais, este trabalho avaliou a
influência do tipo de braquete - autoligado e convencional com e sem ligadura elástica –
colado após profilaxia profissional sobre os níveis bacterianos e a condição clínica
gengival em um período de três semanas.
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
A finalidade do tratamento ortodôntico é promover saúde bucal. A correção
ortodôntica promove melhor contorno gengival, distribuição adequada das forças
mastigatórias e ainda introduz maior facilidade nos cuidados com a higienização por meio
do alinhamento dentário (Corghi et al., 2014; Gorbunkova et al., 2016). Porém tais
benefícios são alcançados próximo da finalização do tratamento, durante a fase ativa há
uma ampliação do risco de doenças periodontais e cárie.
Hartenbach et al. (2018) observaram clínica e microbiológicamente a evolução
do biofilme em indivíduos saudáveis e com problemas periodontais (ambos sem aparelho
ortodôntico) que abstiveram da escovação dentária por sete dias. Ambos tiveram
reorganização bacteriana similar embora o grupo com saúde periodontal comprometida
tenha ocorrido algumas horas antes. Os autores observaram que esse período é
suficiente para induzir a gengivite de maneira que possa ser observada clinicamente.
Pacientes em tratamento ortodôntico contam ainda com o aspecto retentivo dos
braquetes e a dificuldade em executar higiene oral adequada durante todo tratamento
ativo, sendo, portanto, mais susceptíveis à lesão branca e problema periodontal (Tanner
et al., 2012; Folco et al., 2014; Kim et al., 2016). Porém Jung et al. (2016) não
encontraram associação forte entre o índice de higiene oral e a adesão de patógenos
periodontais em pacientes com aparelho ortodôntico autoligados. Yang et al. (2017)
compilou dados de ensaios clínicos randomizados controlados de braquetes
convencionais e autoligados que associavam a higiene oral através da leitura do índice
de placa. Concluíram que o tipo de braquete não interferiu na higiene oral do paciente,
12
sendo que ambos obtiveram resultados semelhantes estatisticamente.
É sabida a importância da observação dos parâmetros clínicos durante as
consultas periódicas, pois a manutenção da saúde funcional e estética dos tecidos
periodontais em conjunto com a motivação garante menor impacto nos tecidos de
sustentação (Gorbunkova et al., 2016).
Freitas et al. (2014) e Sandić et al. (2014) sugeriram que a maioria dos estudos
que relacionam aparelhos ortodônticos fixos e periodontopatógenos não pode ser
classificado como apresentando alta qualidade metodológica, visto que os períodos
analisados são insuficientes para verificar as alterações da microbiota. Para obter
evidência científica consistente, Freitas et al. (2014) sugeriram a realização de estudo
que relacione higiene oral individual, intervalos menores entre as coletas e métodos de
análise microbiológica mais sensíveis e específicos para melhor veracidade dos
resultados.
Embora por vezes exames radiográficos, mensuração da profundidade de
sondagem e verificação do sangramento sejam feitos periodicamente durante a fase ativa
do tratamento ortodôntico, esses não são suficientes para averiguar o efeito da terapia
ortodôntica sobre a microbiota periodontal (Kim et al., 2012). Faz-se necessário o uso de
métodos microbiológicos para verificação dos patógenos dessa região.
Os meios mais comumente utilizados para identificação de microrganismos é a
cultura celular, o PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) e a análise de anticorpos
específicos (Sandić et al., 2014). O PCR convencional é um método rápido, simples e
acurado para detectar e identificar microrganismos (Kim et al., 2012; Baka et al.,2013;
Kim et al., 2016). Adicionalmente, o PCR em tempo real não apenas detecta, mas
13
quantifica os níveis de microrganismos numa determinada amostra. Esse método é
particularmente eficaz na identificação de patógenos periodontais por ter alta
sensibilidade e menor risco de contaminação quando comparado aos procedimentos
convencionais de cultura (Pejda et al., 2013; Sandić et al., 2014; Jung et al., 2016). Em
nosso estudo o PCR foi utilizado para detectar periodontopatógenos associados à
etiologia e desenvolvimento da doença periodontal, e relacioná-los ao desenho do
braquete convencional e autoligado.
A quantificação do acúmulo de biofilme nos braquetes convencionais e
autoligados tem sido um assunto controverso e alguns estudos associando a qualidade
e quantidade do biofilme com o desenho do sistema do braquete estão disponíveis na
literatura (Pithon et al., 2011; Pejda et al., 2013).
Por muito tempo as ligaduras metálicas e elásticas foram tidas como as maiores
causadoras do acúmulo de biofilme quando associadas com o aspecto retentivo dos
braquetes (Baka et al., 2013; Pejda et al., 2013; Folco et al., 2014; Jung et al., 2016).
Souza et al. (2008) realizaram, por meio de análise PCR, estudo somente com braquete
convencional utilizando ligadura elástica em um hemiarco e ligadura metálica no outro.
Os autores observaram maior acúmulo de biofilme, índice de placa e sangramento
gengival no grupo com ligadura elástica. Garcez et al. (2011) avaliaram o acúmulo de
biofilme em braquete autoligado, convencional com ligadura metálica e elástica in vitro
utilizando tomografia por coerência ótica e análise microbiológica para Streptococcus
mutans (S.m). Os braquetes com ligadura elástica apresentaram maior acúmulo de
biofilme e contagem de S.m, seguido pelo autoligado. O braquete que apresentou melhor
resultado (menor acúmulo) foi o convencional com ligadura metálica.
14
Nalçaci et al. (2014) observaram o efeito do tipo de braquete e ligadura na
halitose, status periodontal e colonização microbiana. Concluíam que os parâmetros
periodontais tiveram seus níveis aumentados nos braquetes convencionais com ligadura
elástica quando comparados com autoligados. Porém quanto à colonização microbiana
não houve diferença estatística entre os grupos.
Forsberg et al. (1991) avaliou a colonização microbiana de 12 pacientes e, na
análise de amostras salivares, encontraram maior número de S.m e lactobacilli após a
instalação de aparelho ortodôntico fixo. Também observaram que nos dentes eleitos para
leitura de índice de placa (incisivos laterais superiores) os que estavam com ligadura
elástica apresentaram maior índice em comparação aos com ligadura metálica.
Corghi et al. (2014) em estudo transversal verificando parâmetros periodontais
observaram menor acúmulo de biofilme nos braquetes autoligados em relação ao
convencional independente da ligadura do aparelho.
De acordo com Condò et al. (2012), as ligaduras metálicas possuem maior
energia livre na superfície, aumentando a força de Van der Waals e favorecendo a
colonização inicial na região. Os autores compararam três tipos de ligaduras elásticas
existentes no mercado e a ligadura metálica. Os pacientes permaneceram com ligaduras
durante 28 dias e após a retirada e análise com espectrofotometria, a ligadura elástica
mostrou menor adesão de biofilme que a metálica.
Sunil et al. (2015) observaram in vivo o acúmulo de biofilme em braquetes
convencionais com ligadura metálica e autoligados durante três semanas com
microscópio de escaneamento eletrônico. Foram selecionados pacientes que fariam
extração de pré-molares e colados braquetes correspondentes aos grupos estudados,
15
assim como o grupo controle. Os autores concluíram que houve maior retenção de placa
nos braquetes convencionais com ligadura metálica que nos autoligados e que, salvo
pacientes que receberam instruções especificas de cuidados de higiene oral, em apenas
uma semana foi possível observar acúmulo de placa em ambos os grupos.
Porém o complexo mecanismo de abertura e fechamento do sistema autoligado
também pode favorecer o acúmulo de biofilme e aderência bacteriana. Outros fatores que
podem afetar quantitativamente o acúmulo de microrganismos em braquetes autoligados
estão relacionados com as discrepâncias encontradas entre as diferentes marcas do
mercado no que diz respeito ao tamanho, material e desenho dos braquetes. Em relação
aos desenhos diferenciados onde há maior complexidade há maior retenção de
microrganismos (Jung et al., 2016).
Van Gastel et al. (2007) observaram, durante sete dias, a evolução clinica e
microbiológica no periodonto de indivíduos que receberam braquete convencional (com
ligadura elástica) e autoligado nos pré-molares. Observaram maior hipertrofia gengival e
quantidade de unidade formadora de colônia de aeróbios e anaeróbios nos braquetes
autoligados, sendo que essa mudança para anaeróbio aconteceu mais cedo no
autoligado também. Concluíram que o desenho do braquete possui impacto significante
nos parâmetros periodontais.
Pithon et al. (2011) também encontraram maior acúmulo de biofilme no braquete
autoligado quando comparado com o convencional, relataram que as diferentes marcas
de braquetes autoligados apresentam por vezes irregularidades da aleta quando
visualizadas em microscópio eletrônico de escaneamento, e essas poderiam ser
promotoras de maior acúmulo nessa região.
16
Em contrapartida alguns estudos creditam o maior acumulo de biofilme apenas
ao potencial retentivo do braquete de forma que o desenho do braquete ou tipo de
ligadura não promoveria resultados diferentes nos parâmetros periodontais do paciente.
Folco et al. (2014), por meio de análise microbiológica, não encontraram diferença no
acúmulo de biofilme entre o braquete convencional e autoligado no dia da colagem, 14,
28 e 56 dias após a colagem. Nos dois tipos de braquetes ocorreu aumento substancial
de microrganismos no décimo quarto dia e resposta gengival semelhante. Também Pejda
et al. (2013) não encontraram relação do desenho do braquete e aumento de
periodontopatógenos quando comparados braquetes autoligado e convencional em um
estudo transversal in vivo usando dos índices periodontais e PCR multiplex.
Cardoso et al. (2015) avaliaram os parâmetros clínicos (índice de placa,
profundidade de bolsa, sangramento gengival) em 16 indivíduos com braquete
convencional com ligadura metálica em um arco e braquete autoligado no outro arco
durante 180 dias após a colagem. Os autores não encontraram diferenças estatísticas
nos parâmetros tanto quando comparados os tempos inicial e final assim quando
comparados o tipo de braquete, o estudo sugere que mediante o controle da higiene oral
adequado, o individuo consegue manter o periodonto saudável e isso independe do
desenho do braquete.
A relação entre braquete e periodontopatógenos parece ser mais complexa
quando analisada do ângulo do microbioma periodontal e a sua relação com os diferentes
tipos de materiais usados na confecção dos braquetes. Jung et al., em 2016, analisaram
quantitativamente, por meio do método de PCR em tempo real, a adesão de patógenos
periodontais em diferentes tipos de braquetes autoligados e a relação com os hábitos de
17
higiene oral. Os autores verificaram que os diferentes tipos de materiais (metálico e
cerâmico) induzem diferentes tipos de absorção de proteínas salivares e que a interação
dessas proteínas com as bactérias favorece a adesão inicial de patógenos periodontais.
Os autores observaram que os braquetes metálicos tem maior potencial de adesão de
A.a, P.g e P.i, pois o aço inoxidável proporciona ambiente favorável à adesão bacteriana
devido à sua alta tensão superficial. Anhoury et al. (2002) também compararam os níveis
totais de bactérias entre braquetes metálico e cerâmico, encontraram maior acúmulo de
Treponema denticola (T.d), A.a, F nucleatum ss vincentii, Streptococcus anginosus e
Eubacterium nodatum em braquetes metálicos e maior contagem de Eikenella corrodens,
Campylobacter showae e Selenomonas noxia em braquetes cerâmicos. Entretanto,
Brandão et al. (2015) compararam braquetes cerâmicos, metálicos e de compósito com
microscópio de escaneamento eletrônico e espectofotometria, encontraram maior
adesão de biofilme nos de compósito e resposta semelhante nos metálicos e cerâmicos.
Outro fator a ser levado em consideração é a região de maior acúmulo de biofilme
e patógenos periodontais em pacientes em tratamento ortodôntico ativo. Jung et al.
(2016) encontraram maior acúmulo de biofilme em braquetes de incisivos centrais
inferiores quando comparados com os incisivos centrais superiores na coleta de biofilme
no dia da retirada do aparelho. Possivelmente isso se deve em decorrência da
proximidade com a glândula salivar mandibular que provê receptores necessários para
adesão bacteriana. Outro fator que pode explicar o maior acúmulo de patógenos
periodontais nessa região é a menor distância entre os braquetes dos incisivos inferiores
e a gengiva marginal, o que dificulta a higienização e facilita a migração das bactérias
presentes na bolsa periodontal para essa local. Kim et al. (2012) também relacionaram a
18
localização dos braquetes com o aumento da prevalência de periodontopatógenos na
região. As maiores mudanças foram observadas na região de banda (primeiros molares
superiores e inferiores). Os autores atribuem esse resultado ao término subgengival das
bandas e ao difícil acesso à escovação dos dentes posteriores quando comparados aos
incisivos inferiores.
Mei et al. (2017) observaram as regiões de maior acúmulo de biofilme em 52
pacientes portadores de aparelho ortodôntico fixo através do Índice de Placa (Silness e
Löe, 1963) e sondagem. Os autores concluíram que os dentes com maior acúmulo de
biofilme são os incisivos laterais e os caninos superiores, esses dentes chegam à
acumular três vezes mais biofilme que os pré-molares inferiores, esse fato se deve à
localização desses dentes na “esquina” do arco, oque faz com que a higienização seja
negligenciada mais facilmente, adicionalmente os ganchos dos braquetes dos caninos
são usualmente utilizados com mais frequência para utilização de elásticos que
aumentam a dificuldade da escovação das áreas subjacentes. Gorbunkova et al. (2016)
ressalta que quando há envolvimento dos dentes anteriores do paciente, há impacto na
sua qualidade de vida devido ao potencial estético.
O crescimento e aparecimento do biofilme se devem a fatores como: hábitos
alimentares, idade, higiene oral, fatores salivares, doenças sistêmicas e fatores do
hospedeiro. Também deve ser levado em consideração para maior retenção de
microrganismos o mal posicionamento dentário (Baka et al.,2013). Zanatta et al. (2014)
e Sunil et al. (2015) ainda ressaltaram que o excesso de resina deixado por descuido ao
redor do braquete durante a colagem tem maior relação com a inflamação gengival e
19
consequente hiperplasia do tecido do que fatores sócio demográficos inerentes ao
paciente.
É sabido que o periodonto tem íntima relação com o biofilme aderido à superfície
dentária e há uma relação dinâmica entre este e o hospedeiro. Porém, o acúmulo desse
biofilme não é desordenado e aleatório, existem colonizadores primários que se
estabelecem propiciando condições ideais para a subsequente colonização de outros
microrganismos (Hartenbach et al., 2018).
Socransky et al. (1998) estabeleceram cinco complexos microbianos a partir da
análise do biofilme subgengival. As bactérias do complexo vermelho (P.g, T.f e T.d) foram
tidas como as mais agressivas e estariam associadas à periodontite e condições clínicas
como sangramento e profundidade de sondagem. O complexo amarelo e o verde seriam
compostos por estreptococos e bacilos Gram-negativos anaeróbios facultativos que
também estão presentes no sulco gengival de indivíduos sadios, porém a presença
exacerbada desses favoreceria a presença das bactérias do complexo laranja (F.n, P.i e
Campylobacter rectus), que são fortemente relacionadas à remodelação do biofilme
supragengival. O complexo roxo por sua vez, seria composto de Actinomyces
odontolyticus e Vellonella parvula (único Gram-negativo colonizador primário).
Diaz et al. (2016) propuseram um novo sistema de agrupamento das espécies
encontradas em sítios subgengivais onde ter-se-iam três grupos: as espécies
relacionadas à saúde periodontal, as espécies relacionadas à periodontite e as espécies
do “core” (centro). Espécies do core são aquelas que aparecem na maioria dos indivíduos
e não mudam de proporção entre o estado de saúde e doença periodontal. Desta maneira
seria possível encontrar bactérias relacionadas à saúde e à doença periodontal em
20
indivíduos sadios e com periodontite, porém a diferença se daria em suas quantidades
no microbioma. Carvalho & Cabral (2007), observaram em revisão da literatura que as
bactérias mais associadas às doenças periodontais destrutivas eram A.a, P.g e T.f e que
a associação polimicrobiana é a maior causa da destruição do tecido mole e duro, sendo
que o P.g desenvolve inúmeras técnicas moleculares para colonizar o hospedeiro, oque
sugere uma evolução adaptativa deste, tornando-o componente critico no biofilme
patogênico.
Mummolo et al. (2013) observaram que mesmo dentro do período de tratamento
ortodôntico, essa microbiota muda ativamente e o sortimento microbiano mostra
tendências diferentes em braquetes convencionais e autoligados. Os autores observaram
que houve aumento dos níveis de Streptococcus mutans nos primeiros três meses em
ambos aparelhos, principalmente o grupo convencional. Porém após seis meses houve
decréscimo dos níveis de S.m para braquetes convencionais enquanto para autoligados
o nível continuou aumentando. Quanto aos Lactobacillus spp., os níveis foram crescentes
em ambos os grupos ao longo dos seis meses de estudo.
Outra característica que promove o maior crescimento de A.a em pacientes
ortodônticos é que ao contrário dos outros patógenos que crescem bem na presença de
saliva, ele precisa de sítios específicos e a retentividade dos braquetes promove habitat
ideal para seu crescimento (Jung et al., 2016).
Kim et al., em 2012, detectaram, usando PCR convencional, a prevalência de
A.a, T.f, P.g, P.i, T.d, Campylobactor rectus, Eikenella corrodens e Prevotella nigrescens
(P.n) em pacientes com aparelho ortodôntico convencional antes da montagem, uma
semana após, três meses e seis meses depois da colagem das peças. Encontraram baixa
21
prevalência inicial de A.a e P.g, a qual permaneceu sem aumento significante durante os
seis primeiros meses da terapia ortodôntica. Porém os níveis de outros patógenos
periodontais como T.f, Campylobactor rectus e P.n aumentaram, promovendo alto risco
de problemas periodontais. Sandić et al. (2014) observaram, também com o método PCR
convencional, que não houve diferença significante entre a quantidade de A.a, P.i, P.g e
T.f em pacientes com aparelho ortodôntico na leitura inicial comparada com um mês e
três meses após a colagem dos braquetes. Porém nesse experimento houve decréscimo
na quantidade de P.g nas mesmas leituras.
Guo et al. (2016) verificaram, em estudo transversal e utilizando o método de
PCR em tempo real, a presença de P.g, F.n, P.i e T.f em braquetes de incisivos, primeiros
e segundos pré-molares inferiores de crianças e adultos com aparelho convencional. A
porcentagem inicial de patógenos foi significantemente maior em adultos que em
crianças, e, após um mês de tratamento, o número de P.g, F.n, P.i e T.f era maior em
adultos. Entretanto após três meses de tratamento não houve diferença significante na
leitura de patógenos entre adultos e crianças.
Pejda et al. (2013) compararam a presença de A.a, P.g, P.i, T.f e T.d em
pacientes com aparelho convencional e autoligado antes da montagem, seis, 12 e 18
semanas depois da mesma. Os autores encontraram maiores níveis de A.a em pacientes
com aparelho convencional, porém não consideraram relevante para correlacionar a
doença periodontal ao desenho do braquete.
Folco et al. (2014) compararam quantitativa e qualitativamente os
microrganismos presentes em pacientes com aparelho convencional ou autoligado antes
e 14 dias, 28 e 56 dias após a montagem. Na leitura inicial, aos 28 e 56 dias a análise foi
22
compatível com a saúde periodontal. A leitura inicial foi evidenciada por maior número de
Actinomyces, Candida albicans, e cocos, com maior prevalência de Gram-positivos.
Entretanto com 14 dias de observação houve predominância de microbiota compatível
com gengivite em ambos grupos (P.i, P.g, espiroquetas e bastonetes), além de Candida
spp e Candida dubliniensis, com maior predomínio de Gram negativos. Apesar da leitura
com 28 e 56 dias apresentar a mesma microbiota do décimo quarto dia, foi em menor
quantidade, sugerindo compatibilidade com saúde gengival.
Vários estudos creditam o aumento dos patógenos periodontais à fase ativa do
tratamento. Portanto, haveria decréscimo dos mesmos após a retirada do aparelho, ou
seja, a alteração quantitativa desses microrganismos seria temporária e não causaria
danos periodontais permanentes (Kim et al., 2012; Sandić et al., 2014; Jung et al., 2016,
Guo et al., 2016, Guo et al., 2017).
Kim et al. (2016) observaram, através de PCR em tempo real, redução da
quantidade de P.g cinco semanas após a remoção do aparelho ortodôntico e de P.i e T.f
após 13 semanas, provavelmente devido a diminuição de zonas retentivas e maior
facilidade de higienização. Os níveis de A.a e F.n foram mais elevados que os de P.g, P.i
e T.f durante todo experimento e permaneceram inalterados até três meses depois da
retirada dos braquetes.
Liu et al. (2011) observaram, através de PCR em tempo real, que após a retirada
do aparelho ortodôntico ocorreu melhora da condição periodontal dos pacientes e leve
diminuição dos níveis subgengivais de P.g. Entretanto essa quantidade de P.g
subgengival permaneceu inalterada até seis meses após a remoção dos braquetes,
acarretando grande risco de problemas periodontais ao paciente.
23
Pan et al. (2017) avaliaram, clinicamente e com PCR em tempo real,
adolescentes que haviam retirado o aparelho ortodôntico recentemente e um grupo
controle que não havia sido submetido à terapia ortodôntica. Observou que após três
meses da remoção dos braquetes houve redução dos níveis de P.i, P.g e T.f na placa
subgengival com consequente melhora dos parâmetros periodontais. Porém quando
comparado com o grupo controle, o índice de placa e a os níveis de P.i continuaram
elevados mesmo após os três meses, os autores atribuem esse fator às mudanças
fibróticas que ocorrem no tecido conjuntivo gengival que mesmo com a remoção de
fatores de retenção, não consegue voltar ao contorno gengival fisiológico. Portanto as
mudanças provocadas pelo tratamento ortodôntico seriam parcialmente reversíveis.
Koopman et al. (2015) justificaram o uso de adolescentes no estudo por ser a
faixa etária mais comum nos consultórios ortodônticos e por passarem mudanças
comportamentais e hormonais que, por si só, são associadas ao aumento da gengivite.
O estudo acompanhou desde a colagem dos braquetes até 20 semanas após o término
do tratamento ortodôntico onde um grupo usou enxaguante bucal fluoretado e o outro
usou placebo. Concluíram que patógenos periodontais (por exemplo Selenomonas e
Porphyromonas) tiveram seus níveis aumentados durante o tratamento ortodôntico,
todavia patógenos relacionados à saúde (Streptococcus, Rothia e Haemophilus) foram
mais abundantes no final do tratamento ortodôntico e após esse. Quanto ao enxaguante
bucal não foi observada diferença em relação ao grupo placebo.
Souza et al. (2008) compararam, através de análise microbiológica e PCR
convencional, a evolução de periodontopatógenos em pacientes com aparelho
convencional onde em um hemiarco a ligadura era elástica e no outro lado a ligadura era
24
metálica. Na leitura inicial (dia da colagem) houve leitura predominantemente negativa
de periodontopatógenos (A.a, T.f, P.g, P.i e P.n) para ambos grupos. Após seis meses
de tratamento, houve aumento da presença de T.f e P.n principalmente no grupo com
ligadura elástica.
Guo et al. realizaram em 2017 revisão sistemática e meta-análise de casos
clínicos que referenciassem o impacto quantitativo e qualitativo da microbiota
subgengival durante e após o tratamento ortodôntico. Concluíram que houve aumento
quantitativo de A.a, P.g, P.i e T.f durante o tratamento ortodôntico, porém após alguns
meses da retirada do aparelho, os índices de patógenos retornaram aos valores
anteriores ao tratamento.
Para manutenção da saúde oral é extremamente importante o monitoramento
profissional da higiene oral dos pacientes ortodônticos nas visitas sucessivas, mantendo
o equilíbrio entre hospedeiro/microbiota e estimulo da cooperação do paciente (Kim et
al., 2012; Folco et al., 2014; Freitas et al., 2014). Mummolo et al. (2013) sugeriram ainda
testes ambulatoriais nas consultas para monitoramento microbiano do paciente e
prevenção de doenças intraorais mais adequadamente. Mei et al. (2017) ressaltam que
a motivação, própria e familiar, aos hábitos de higiene oral são fundamentais para
observação de menor acúmulo de biofilme. As ações preventivas, educativas e
motivacionais podem ser realizadas por recursos audiovisuais, filmes, materiais
impressos, mas o principal promotor da saúde é a orientação direta (Bardal et al., 2011).
Migliorati et al. (2015) realizaram revisão sistemática de estudos que
relacionassem o acúmulo de biofilme com a profilaxia profissional durante o tratamento
ortodôntico. Observaram diminuição dos valores de índice de placa em pacientes que se
25
submetiam às limpezas profissionais constantes. Os autores propuseram um protocolo
de higiene oral que se inicia três meses antes da colagem do aparelho e se estende até
o final do tratamento, de maneira que os pacientes de baixo, médio e alto risco de
desmineralização recebem tratamentos diferenciados durante a terapia ortodôntica
principalmente após o terceiro mês.
Maia et al. (2011) ainda ressaltam a importância da avaliação do periodontista
para a saúde dos tecidos de sustentação durante o tratamento ortodôntico, essa deve
ser feita até mesmo anteriormente à colagem dos braquetes, por exemplo: em caso onde
há necessidade de vestibularizacão dentária numa região de gengiva pouco
queratinizada e de espessura insuficiente, uma cirurgia pregressa à colagem deve ser
realizada. Também sugerem que o aumento gengival inicial de um tratamento ortodôntico
pode ser revertido pelo periodontista e, com um programa da instrução da higiene oral, o
paciente pode adquirir novo hábitos e dar continuidade por si só nessa condição de
saúde.
26
3 PROPOSIÇÃO
Este trabalho propõe avaliar a influência do tipo de braquete - autoligado e
convencional com e sem ligadura elástica - colado após profilaxia profissional sobre os
níveis bacterianos e a condição clínica gengival em um período de três semanas.
27
4. MÉTODO
4.1 Participantes
O presente projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
UNITAU e aprovado previamente à triagem e inclusão dos participantes (CA.AE
70870017.8.0000.5501).
Foram selecionados 21 participantes (idade média de 29,2 anos) entre os alunos
de diferentes cursos de graduação da Universidade de Taubaté e os mesmos receberam
um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com informações acerca dos
objetivos e metodologia que seria adotada. Os indivíduos que concordaram em participar
do estudo foram submetidos à anamnese para coleta de dados pessoais e verificação da
condição geral da saúde. Esclarecimentos adicionais foram fornecidos verbalmente pelos
pesquisadores. Os participantes puderam sempre contatar os pesquisadores para
eliminar dúvidas.
4.2 Cálculo Amostral
Para o estabelecimento do número de indivíduos que deveriam ser incluídos no
presente estudo foi realizado um cálculo amostral. Para tanto, foi executado um estudo
piloto, onde amostras microbiológicas foram coletadas de 10 indivíduos e processadas
para os patógenos a serem estudos. O cálculo amostral foi conduzido para todos os
29
4.4 Critérios de exclusão
Além dos indivíduos que não atenderam aos critérios de inclusão, foram
excluídos do estudo aqueles que foram submetidos a tratamento periodontal nos seis
meses anteriores ao início do estudo, que usaram antimicrobianos locais ou sistêmicos,
ou anti-inflamatórios nos três meses que antecederem o estudo, indivíduos que tiverem
diagnóstico de desordem articular, dentes com cáries não tratadas, presença de dentição
mista ou decídua, respiradores bucais, caninos impactados e perda de dentes
permanentes, fumantes e ex-fumantes.
4.5 Desenho experimental
4.5.1 Exame clínico e obtenção das amostras
Primeiramente foram colhidos os parâmetros clínicos dos pacientes (tempo 1). IP
e IG foram mensurados em três pontos das faces vestibulares e palatina dos dentes por
um único examinador previamente treinado e calibrado em relação a um examinador
padrão. Para isso foi utilizada sonda periodontal manual modelo Carolina do Norte (Hu-
Friedy, Chicago, Illinois, EUA). Para calibração intra e inter-examinadores foram
aplicados os testes estatísticos Kappa (K) e correlação intraclasse. O examinador foi
considerado calibrado quando apresentou resultados de K entre 0.8 e 0.95.
Os indicadores da condição clínica gengival foram avaliados da seguinte forma:
30
a) Índice de Placa (IP - Silness & Löe, 1963):
0 = ausência de placa na área gengival
1 = presença de uma fina camada de placa na margem gengival
2 = moderado acúmulo de depósitos na margem gengival
3 = abundante acúmulo de depósitos na margem gengival
b) Índice gengival (IG - Löe & Silness, 1964):
0 = gengiva com ausência de sinais visuais de inflamação
1 = inflamação branda e sem sangramento à sondagem
2 = inflamação moderada e com sangramento à sondagem
3 = inflamação avançada e tendência ao sangramento espontâneo
c) Profundidade de bolsa (PS) e nível de inserção clínica (NCI)
Distância em mm entre a margem gengival e o fundo do sulco gengival ou bolsa
periodontal e, entre a margem gengival e a junção amelocementária, respectivamente.
Terminado o exame clínico, ainda no tempo 1, foram coletadas amostras
sulculares. Após isolamento relativo, remoção do biofilme supragengival e leve secagem
com jatos de ar, as amostras do sulco gengival foram coletadas da face mesio-vestibular
dos dentes experimentais com cones de papel absorvente (no 30 da marca Tanari)
esterilizados que foram mantidos em posição por um minuto (Cortelli et al., 2008). Depois
foi realizada profilaxia profissional para remoção de cálculo, biofilme e manchas em todos
elementos dentários com cureta, escova de Robinson e pasta profilática. Em seguida foi
31
efetuada a colagem e o tipo de braquete para cada dente foi escolhido aleatoriamente
por sorteio simples dentre os tipos possíveis: braquete autoligado (AL), braquete
convencional (C) e convencional com ligadura (CL). Todos braquetes assim como as
ligaduras elásticas eram da marca Morelli (Sorocaba, São Paulo, Brasil) do tipo SLI
(autoligado) ou Roth Max (convencional). Os sítios eleitos para colagem foram o centro
da coroa clínica dos dentes 13, 12, 11, 21, 22 e 23 (Mei et al., 2017) de cada paciente.
O exame clínico foi repetido e amostras adicionais do sulco gengival foram re-
coletadas sete (tempo 2) e 21 dias (tempo 3) após a colagem. Adicionalmente, foram
coletadas amostras da superfície gengival dos braquetes no sétimo e no 21o dia do
estudo, data final onde foram retirados os braquetes e uma nova profilaxia profissional foi
realizada.
As amostras microbiológicas dos braquetes foram coletadas com microbrush
esterilizado, mantido em contato com a superfície gengival do braquete por 20 segundos
(Pires, 2015). Os cones de papel e as pontas cortadas dos microbrushes foram
colocados individualmente em mini tubos secos e congelados a -80ºC.
A instrução de higiene oral (HO) e os kits de escovação padronizados (escova
dental convencional da marca Sanifill e creme dental fluoretado da marca Colgate) foram
distribuídos para todos participantes na consulta de colagem de braquetes (tempo 1).
33
4.6 Análise laboratorial
Posteriormente as amostras foram coletadas e armazenadas em tubos de 1,5 ml
vazios. A extração do DNA genômico das amostras foi realizada através do kit PureLink™
Genomic DNA Purification Kit (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA) de acordo com as
instruções do fabricante.
A quantificação de Porphyromonas gingivalis, Tannerella forsythia,
Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Treponema denticola foi realizada utilizando-
se PCR em tempo real com primers especificamente desenhados (NCBI Nucleotide
Search - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/; software Primer3 - http://frodo.wi.mit.edu/) e
testados quanto à especificidade (NCBI BLAST - http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi)
e sistema de detecção Taq Man®. A quantificação absoluta foi realizada através da
comparação do Ct [ciclo no qual a fluorescência se torna detectável acima da
fluorescência de fundo (background), e é inversamente proporcional ao logaritmo do
número de moléculas iniciais alvo] obtido das amostras com os valores de Ct
determinados de uma curva padrão [101 - 108 ufc/ml, a partir de cepas ATCC fornecidas
gentilmente pelo Instituto Fio Cruz – RJ (INCQS)].
4.7 Análise estatística
Após o completo processamento das amostras por q-PCR e tabulação das
frequências dos patógenos em todos os grupos e tempos do presente estudo, tanto os
dados microbiológicos quanto os dados dos parâmetros clínicos mensurados foram
34
submetidos a um tratamento estatístico específico. Para tanto, adotou-se nível de
significância de 95% (a=0,05) com o auxílio dos Softwares Bio Estat 5.0 e SPSS 13.0.
Para todas as situações analíticas de interesse um banco de dados foi
selecionado e a característica de distribuição amostral foi testada. Como todos
agrupamentos apresentaram distribuição normal, apenas testes estatísticos paramétricos
foram selecionados.
Na apuração dos dados microbiológicos, quando na comparação intergrupo
(nível das bactérias x três grupos de braquete tempo à tempo) a análise teve
característica independente e foi realizada com o teste t de Student. Na comparação
intragrupo (nível das bactérias x três grupos de braquete entre os tempos experimentais)
a análise teve característica dependente e foi realizado com o teste t pareado assim como
a análise microbiológica (parâmetros clínicos x três grupos de braquete entre os tempos).
52
5 DISCUSSÃO
A colagem de braquete é considerada o segundo maior momento da mudança
na microbiota oral depois da erupção dentária promovendo impacto significante na saúde
bucal do paciente (Anhoury et al., 2002; Cardoso et al., 2015). Há certa unanimidade
quanto à alteração dos parâmetros clínicos periodontais após esse impacto, porém tais
mudanças também são acompanhadas de um novo agrupamento do complexo
microbiano no sulco gengival do hospedeiro favorecendo acúmulo de microrganismos
putativos (Jung et al., 2016).
Embora existam mais de 300 espécies de periodontopatógenos identificadas em
indivíduos diferentes somente algumas são associadas fortemente à doença periodontal
(Carvalho & Cabral,2007). No presente estudo quantificamos os mais fortemente
associados às doenças agressivas: A.a, P.g, T.f e T.d, e, para leitura de níveis específicos
dessas bactérias de modo mais sensível e acurado, utilizamos o PCR em tempo real
(Pejda et al., 2013).
Embora a retentividade do braquete , mesmo que indesejada, seja uma
característica, inerente a peça, há evidência que os diferentes desenhos e ligaduras
associadas exerçam respostas diversas nos parâmetros clínicos e microbiológicos (Jung
et al., 2016), nosso estudo visou elucidar o impacto que braquetes convencionais,
convencionais com ligadura e autoligados causam nesses parâmetros e eliminar os
possíveis vieses observados em outros trabalhos.
Na comparação intergrupos observamos que o aumento da colonização de
periodontopatógenos foi predominante no sulco no grupo C e CL quando comparados os
53
três braquetes tempo à tempo, evidenciando que o desenho do braquete teve maior
influencia na colonização do sulco do que na colonização do braquete em si.
Na análise intragrupos (entre os tempos) observamos que a microbiota pré-
existente no sulco dos pacientes teve redução de seus níveis uma semana após a
colagem (tempo2). Esse fato, possivelmente se deve à profilaxia e instrução de higiene
que todos participantes receberam anteriormente à colagem dos braquetes. Embora
nossos resultados sejam consistentes com a maioria dos estudos (Bardal et al., 2011;
Andjelić & Matijević, 2014, Hartenbach et al. 2018), alguns autores (Jung et al., 2016) não
encontraram relação entre o índice de higiene oral e a adesão bacteriana.
Quando comparamos a leitura sulcular de uma e três semanas após a colagem
(tempos 2 e 3), observamos que C e CL acumularam mais periodontopatógenos que AL,
sendo C com aumento de T.f em uma semana e CL com aumento de P.g e T.f em três
semanas. Nosso estudo está em concordância com Guo et al. (2016 e 2017) que
observaram o mesmo aumento após 3 meses de estudo no grupo C e com Souza et al.
(2008) que observaram aumento dos níveis de T.f em CL num período de 6 meses.
Sandić et al. (2014) e Pejda et al. (2013) não encontraram diferença estatística na leitura
do sulco para níveis de T.f, P.g e T.d em tempos superiores a quatro meses, porém
ambos estudos usaram metodologia diferente da nossa em estudo transversal.
Esclarecendo o papel desses dois microrganismos T.f é uma bactéria anaeróbia
Gram-negativa que necessita coexistir com outros patógenos para que possa expressar
apropriadamente sua virulência e para atingir seu potencial de crescimento (Ardila et al.,
2014). Porém P.g é um Gram-negativo anaeróbio estrito e a necessidade de condições
anaeróbias leva ao atraso na colonização deste até que determinados microrganismos
54
tenham reduzido a concentração de oxigênio no local, portanto o aumento do nível de
P.g tende a ser tardio (em nosso trabalho observado somente após três semanas), porém
perigosamente progressivo (Carvalho & Cabral, 2007).
Quando observada a amostra de microbrush dos braquetes entre os tempos,
observamos que AL, C e CL se comportaram de maneira semelhante em todas as
leituras. Houve aumento dos níveis de carga total bacteriana e A.a a partir do tempo 2 e
esse permaneceu sem aumento com relação ao tempo 3 apesar da leitura final ser
somente em três semanas. Nossos resultados são consistentes com Pejda et al. (2013)
e Guo et al. (2017) que observaram aumento de A.a a partir de seis semanas. Porém na
leitura dos níveis de T.d e T.f houve aumento progressivo significante quando
comparados os tempos 1 com o 2 e o 2 com o 3 em todos os grupos de braquetes. Em
nossas amostras utilizamos somente braquetes de metal, o aumento de T.d nos três
grupos pode ser explicado pela afinidade que esse patógeno tem com superfícies
metálicas, a alta tensão superficial desse material favorece a colonização inicial de T.d
nas peças (Anhoury et al.,2002).
É necessário lembrar que os patógenos do “complexo vermelho” (P.g, T.d e T.f)
combinam estratégias para o seu crescimento individual e em conjunto fazendo com que
esse consórcio patogênico aumente significantemente os parâmetros clínicos do
hospedeiro (Holt et al., 2005). Hartenbach et al., (2018) observaram, em apenas uma
semana, quadro clínico de gengivite em pacientes saudáveis com higiene oral
comprometida, nossos pacientes adicionalmente contam com o aspecto retentivo dos
braquetes e a dificuldade que este gera na higiene oral. A alteração dos parâmetros
55
periodontais mostrou-se progressiva e com sólida coerência quando comparadas as
leituras microbiológicas de nosso estudo.
Quando medidos os parâmetros periodontais para todos os braquetes entre os
tempos, NCI e IG aumentaram seus níveis no 21º dia. Quando observados os mesmos
níveis grupo a grupo entre os tempos experimentais, IG também teve os níveis
aumentados de maneira regular nos três grupos de braquetes no tempo 3, assim como o
estudo de Nalçaci et al. (2014) que observaram o mesmo resultado em AL e CL na leitura
de IG.
Vários estudos associam as alterações negativas nos parâmetros periodontais
frente à terapia ortodôntica (Souza et al., 2008; Corghi et al., 2014; Cardoso et al., 2015).
Em nosso estudo o dado mais alarmante foi a perda do nível clinico de inserção em um
curto espaço de tempo nos grupos AL e CL. Já em 1973, Zachrisson & Alnaes
observaram que o aumento de NCI é concomitantemente à intervenção ortodôntica e que
há consequente perda do suporte. É importante ressaltar que nossas amostras foram
coletadas de dentes anteriores e que esse decréscimo de suporte vem acompanhado de
recessão gengival que pode ter impacto significativo na estética do paciente (Gorbunkova
et al., 2016)
Analisando estudos pregressos verificamos que para evidenciarmos alguma
diferença estatística no IP seria necessário período maior que um mês (Liu et al., 2011;
Guo et al.,2016; Mummolo et al., 2013; Yang et al.,2017), em nosso trabalho o
esclarecimento sobre os cuidados com a higiene bucal, o pouco tempo de estudo, as
visitas mais frequentes para as coletas e a motivação intrínseca de cada paciente foram
fatores limitantes para observação de diferença estatística na leitura de IP entre os tempo
56
e braquetes. Pithon et al. (2011) observaram valores maiores de IP em indivíduos com
braquete autoligado quando comparados com o convencional num período de 21 dias.
Os autores atribuem o fato às irregularidades microscópicas das aletas. Utilizando a
mesma linha de raciocínio, a leitura de PS também não demonstrou diferença estatística
devido ao curto tempo de estudo, Corghi et al. (2014) encontraram alterações relativas à
PS, porém quando comparados coletas longínquas em estudo transversal.
Não há consenso quanto à reversibilidade do impacto do aparelho ortodôntico
quando da sua retirada. Freitas et al. (2014) e Guo et al. (2017) observaram que os níveis
de periodontopatógenos voltam à normalidade, dependendo obviamente da higiene oral
do paciente. Porém alguns autores (Liu et al., 2011 e Kim et al., 2016) afirmaram que
apesar da redução da microbiota subgengival, os níveis dos periodontopatógenos mais
agressivos remanescentes (P.g, A.a e T.f) ainda podem ser críticos para o periodonto.
Os parâmetros clínicos também podem sofrer alterações irreversíveis e a gengiva tornar-
se mais fibróticas necessitando de um recontorno cirúrgico para voltar ao aspecto natural
(Pan et al., 2017).
Portanto o conhecimento sobre a influência que o aparelho ortodôntico e os
diferentes tipos de braquetes exercem sobre o periodonto, e mais especificamente sobre
os periodontopatógenos, é fundamental que a seleção do material e técnica seja
adequada a cada paciente. Reforços mensais quanto a higiene oral e o trabalho
conjugado com um periodontista, principalmente nos casos de maior risco, são
imprescindíveis para que não haja comprometimento do elemento de suporte dentário.
57
6. CONCLUSÕES
Embora os braquetes convencionais possam ter apresentado piores resultados
para alguns parâmetros microbiológicos em relação a condição clínica, a influência do
convencional com ligadura foi tão negativa quanto a do autoligado. Portanto a hipótese a
qual pacientes que utilizam braquetes convencionais têm maior colonização bacteriana e
pior condição clínica gengival em relação aos que usam autoligados foi rejeitada.
58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Tanner ACR, Sonis AL, Lif Holgerson P, Starr JR, Nunez Y, Kressirer CA, Paster BJ,
Johansson I. White-spot lesions and Gingivitis Microbiotas in Orthodontic Patients. J
Dent Res 2012; 91(9): 853-858.
2. Baka ZM, Basciftci FA, Arslan U. Effects of 2 bracket and ligation types on plaque
retention: A quantitative micobiologic analysis with real-time polymerase chain
reaction. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2013; 144: 260-267.
3. Corghi RG, Malavazi DF, Quintela MM, Aquino DR, Silva HG, Roman-Torres CVG.
Avaliação clínica periodontal de indivíduos portadores de aparelhos ortodônticos com
braquetes convencionais e autoligáveis. R Periodontia 2014; 24:30-34.
4. Guo L, Feng Y, Guo HG, Liu BW, Zhang Y. Consequences of orthodontic treatment in
maloclusion patients: Clinical and microbial effects in adults and children. BMC Oral
Health 2016; 16:112.
5. Gorbunkova A, Pagni G, Brizhak A, Farronato G, Rasperini G. Impact of Orthodontic
Treatment on Periodontal Tissues: A Narrative Review of Multidisciplinary Literature.
International Journal of Dentistry vol. 2016, Article ID 4723589, 9 pages, 2016.
6. Pejda S, Varga ML, Milosevic SA, Mestrovic S, Slaj M, Repic D, Bosnjak A. Clinical and
microbiological parameters in patients with self- ligating and conventional brackets
during early phase of orthodontic treatments. Angle Orthod. 2013; 83: 133-139.
7. Jung W, Kim K, Cho S, Ahn S. Adhesion of periodontal pathogens to self-ligating
orthodontic brackets: Na in-vivo prospective study. Am J Orthod Dentofacial Orthop
2016; 150:457-475.
59
8. Folco A.A, Benítez-Rogé SC, Iglesias M, Calabrese D, Pelizardi C, Rosa A,
Brusca MI, Hecht P, Mateu ME. Gingival response in orthodontic patients. Comparative
study between self-ligating and conventional brackets. Acta Odontol. Latinoam. 2014;
27 (3): 120-124.
9. Souza RA, Magnani MBA, Darcy Flávio Nouer, Silva CO, Klein MI, Sallum EA, RB
Gonçalves. Periodontal and microbiologic evaluation of 2 methods of archwire ligation:
Ligature wires and elastomeric rings. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2008; 134: 506-
512.
10. Freitas AOA, Marquezan M, Nojima MCG, Alviano DS, Maia LC. The influence of
orthodontic fixed appliances on the oral microbiota: A systematic review. Dental Press
J Orthod. 2014;19(2):46-55.
11. Kim K; Jung W; Cho S; Ahn S. Changes in salivary periodontal pathogens after
orthodontic treatment: An in vivo prospective study. Angle Orthod. 2016; 86: 998-1003.
12. Diaz PI, Hoare A, Hong BY. Subgingival Microbiome Shifts and Community Dynamics
in Periodontal Diseases. CDA Journal 2016; 44 (7): 421- 435.
13. Hartenbach FARR, Silva-Boghossian CM e Colombo APV. The effect of supragingival
biofilm re-development on the subgingival microbiota in chronic periodontitis. Archieves
of Oral Biology 2018; 85, 51-57.
14. Yang X, Su N, Shi Z, Xiang Z, He Y, Han X, Bai D. Effects of self-ligating brackets on
oral hygiene and discomfort: a systematic review and meta- analysis of randomized
controlled clinical trials. Int J Dent Hygiene 2017; 15: 16-22.
60
15. Sandić MŽ, Popović B, Čarkić J, Nikolić N, Glišić B. Changes in Subgingival Microflora
after Placement and Removal of Fixed Orthodontic Appliances. Srp Arh Celok Lek.
2014;142(5-6):301-305.
16. Kim S; Choi D, Jang I, Cha B, Jost-Brinkmann P, Song J. Microbiologic changes in
subgengival plaque before and during the early period of orthodontic treatment. Angle
Orthodontist 2012; 82: 254-260.
17. Pithon MM, Santos RL, Nascimento LE, Ayres AO, Alviano D e Bolognese AM. Do self-
ligating brackets favor greater bacterial aggregation? Braz J Oral Sci. July | September
2011; 10(3):208-212.
18. Garcez AG, Suzuki SS, Ribeiro SS, Mada EY, Freitas AZ, Suzuki H. Biofilm retention
by 3 methods of ligation on orthodontic brackets: A microbiologic and optical coherence
tomography analysis. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2011;140: 193-198.
19. Nalçaci R, Özat Y, Çokakoglu S, Türkkahraman H, Önal S, Kaya S. Effect of bracket
type on halitosis, periodontal status, and microbial colonization. Angle Orthod. 2014;
84: 479-485.
20. Forsberg CM, Brasttström V, Malmberg E, Nord CE. Ligature wires and elastomeric
rings: two methods of ligation and their association with microbial colonization of
Streptococcus mutans and lactobacilli. Eur J Orthod. 1991;13(5):416-420.
21. Condò R, Casaglia A, Condò SG, Cerroni L. Plaque retention on elastomeric ligatures.
An in vivo study. Oral & Implantology 2012; 4: 92-99.
22. Sunil PC, Micheal T, Raju AS, Paul RK, Mamatha J, Ebin TM. Evaluation of micro-
organism in ligated metal and self-ligating brackets using scanning electron
microscopy: An in vivo study. J Int Oral Health 2015;7(7):58-62.
61
23. Van Gastel J, Quirynen M, Teughels W, Coucke W, Carels C. Influence of bracket
design on microbial and periodontal parameters in vivo. J Clin Periodontol 2007; 34:
423-431.
24. Cardoso MA, Saraiva PP, Maltagliati LA, Rhoden FK, Costa CCA, Normando D,
Capelozza Filho L. Alterations in plaque accumulation and gingival inflammation
promoted by treatment with self-ligating and conventional orthodontic brackets. Dental
Press J Orthod. 2015 Mar-Apr;20(2):35-41.
25. Anhoury P, Nathanson D, Hughes CV, Socransky S, Feres M, Chou LL. Microbial
Profile on Metallic and Ceramic Bracket Materials. Angle Orthod 2002; 72: 338-343.
26. Brandão GM, Pereira AC, Brandão AM, de Almeida HA, Motta RL. Does the bracket
composition material influence initial biofilm formation? Indian J Dent Res 2015; 26:
148-51.
27. Mei L, Chieng J, Wong C, Benic G, Farella M. Factors affecting dental biofilme in
patients wearing Fixed orthodontic appliances. Progress in Orthodontics. 2017; 18:4.
28. Silness J & Löe H. Periodontal Disease in Pregnancy I. Prevalence and Severity, Acta
Odontologica Scandinavica. 1963; 21:6, 533-551.
29. Zanatta FB, Ardenghi TM, Antoniazzi RP, Pinto TMP, Rösing CK. Association between
gingivitis and anterior gingival enlargement in subjects undergoing fixed orthodontic
treatment. Dental Press J Orthod. 2014 May- June; 19(3): 59-66.
30. Socransky SS, Haffajee AD, Cugini MA, Smith C, Kent RL Jr. Microbial complexes in
subgingival plaque. J Clin Periodontol. 1998; 25(2): 134-44.
31. Carvalho C, Cabral CT. Papel da Porphyromonas Gingivalis na Doença Periodontal.
Rev Port Estomatol Cir Maxilofac. 2007; 48: 167-171.
62
32. Mummolo S, Marchetti E, Giuca MR, Gallusi G, Tecco S, Gatto R, Marzo G. In-office
bacteria test for a microbial monitoring during the conventional and self-ligating
orthodontic treatment. Head & Face Medicine. 2013; 9:7.
33. Guo R, Lin Y, Zheng Y, Li W. The microbial changes in subgingival plaques of
orthodontic patients: a systematic review and meta-analysis of clinical trials. BMC Oral
Health. 2017; 17: 90.
34. Liu H, Sun J, Dong Y, Lu H, Zhou H, Hansen BF, Song X. Periodontal health and
relative quantity of subgingival Porphyromonas gingivalis during orthodontic treatment.
Angle Orthod. 2011; 81: 609-615.
35. Pan S, Liu Y, Zhang L, Li S, Zhang Y, Liu J, et al. Profiling of subgingival plaque biofilm
microbiota in adolescents after completion of orthodontic therapy. PLoS ONE 2017;
12(2): e0171550.
36. Koopman JE, Van der KA.aij NCW, Buijs MJ, Elyassi Y, Van der Veen MH, CrielA.ard
W, et al. The Effect of Fixed Orthodontic Appliances and Fluoride Mouthwash on the
Oral Microbiome of Adolescents – A Randomized Controlled Clinical Trial. PLoS ONE
2015; 10(9): e0137318.
37. Bardal PAP, Olympio KPK, Bastos JRM, Henriques JFC, Buzalaf MAR. Educação e
motivação em saúde bucal – prevenindo doenças e promovendo saúde em pacientes
sob tratamento ortodôntico. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):95-102.
38. Migliorati M, Isaia L, Cassaro A, Rivetti A, Silvestrini-Biavati F, Gastaldo L, Piccardo I,
Dalessandri D, Silvestrini-Biavati A. Efficacy of professional hygiene and prophylaxis
on preventing plaque increase in orthodontic patients with multibracket appliances: a
systematic review. European Journal of Orthodontics, 2015, 297–307.
63
39. Maia LP, Novaes Jr AB, de Souza SLS, Palioto DB, Taba Jr M, Grisi MFM. Ortodontia
e Periodontia – Parte I: alterações periodontais após instalação do aparelho
ortodôntico. Braz J Periodontol. 2011; 21(3):40-45.
40. Cortelli JR, Aquino DR; Cortelli SC, Fernandes CB, Carvalho-Filho J, Franco GCN,
Costa FO, Kawai. Etiological analysis of initial colonization of periodontal pathogens in
oral cavity. Journal of Clinical Microbiology 2008; 46: 1322-1329.
41. Löe H & Silness J. Periodontal Disease in Pregnancy II. Correlation Between Oral
Hygiene and Periodontal Condition, Acta Odontologica Scandinavica. 1964; 22:1, 121-
135.
42. Pires JPM. Eficácia antimicrobiana da aplicação local de minociclina na
descontaminação de implantes afetados por peri-implantite: estudo piloto [Tese de
mestrado]. Coimbra: Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2015. 38p.
43. Andjelić J & Matijević S. Condition of periodontium in patients with fixed orthodontic
appliances. Vojnosanit Pregl. 2014; 71(10): 915–919.
44. Ardila MC M, Salazar CL, Gusmán ZIC. Clinical and microbiological characterization of
patients with generalized aggressive periodontitis. Int. J. Odontostomat. 2014;
8(3):371-376.
45. Holt SC, Ebersole JL. Porphyromonas gingivalis, Treponema denticola,
and Tannerella forsythia: the” red complex”, a prototype polybacterial pathogenic
consortium in periodontitis. Periodontology 2000. 2005; 38: 72–122.
46. Zachrisson BU, Alnaes L (1973) Periodontal Condition in Orthodontically Treated and
Untreated Individuals I. Loss of Attachment, Gingival Pocket Depth and Clinical Crown
Height. The Angle Orthodontist: October 1973 ;43(4):402-411.
66
APÊNDICE A - TCLE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O Sr. (a) está sendo convidado (a) a participar do estudo “COLONIZAÇÃO DE PERIODONTOPATÓGENOS EM BRAQUETES CONVENCIONAL E AUTOLIGADO: ANÁLISE QUANTITATIVA COM PCR REAL TIME.”. Abaixo, o Sr. (a) irá encontrar os procedimentos que serão realizados como parte da “METODOLOGIA” do estudo. 1) Exame bucal: a dentista irá avaliar a condição de seus dentes e gengivas por exame clínico. Se você tiver problemas na gengiva você não poderá fazer parte da pesquisa, mas será encaminhando para tratamento na clínica da faculdade. O mesmo vai acontecer se você tiver dentes cariados ou outros problemas bucais. 2) Colagem de braquetes: dois braquetes de formato diferente serão colados temporariamente em dois dentes da frente escolhidos por sorteio. Eles permanecerão colocados por apenas 21 dias. O dentista vai te mostrar as peças antes da colagem nos dentes. Sobre o braquete de tipo convencional será colocada uma borracha elástica de cor neutra ou colorida à sua escolha. Nenhum arco metálico será colocado não havendo, portanto, movimentação de seus dentes. 3) Exame da placa dental: a dentista vai coletar com uma tira de papel um pouco do material acumulado entre seus dentes para avaliar a quantidade e os tipos de germes no laboratório. Ao final do estudo você poderá ver esses resultados. As coletas serão feitas desde uma semana antes até uma semana depois da retirada dos braquetes, ou seja, na 4a e última semana do estudo. 4) Exame do braquete: do mesmo jeito que coletou material acumulado entre os dentes, a dentista vai coletar com uma escova muito pequena um pouco de material acumulado sobre seus braquetes para avaliar a quantidade e os tipos de germes no laboratório. As coletas serão feitas 7 dias, 14 dias e 21 dias após a colagem do braquete. Ao final do estudo você poderá ver esses resultados 5) Exame da gengiva: durante todo o mês de estudo a dentista vai examinar a cada semana sua gengiva para verificar sua cor, espessura e posição em relação aos dentes. Você será informado dessas condições após cada consulta. 6) Tratamento: depois dos primeiros exames e antes da colagem dos braquetes você vai receber a limpeza profissional com um aparelho chamado ultrassom para remoção de tártaro, placa e manchas, seguida do uso de instrumentos manuais. A profilaxia será finalizada com taça de borracha e pasta profilática. A dentista também vai te ensinar a escovar os dentes e passar o fio dental corretamente. Você receberá uma escova de dentes, uma pasta de dentes e instruções para o uso. 7) Número de consultas: No total você terá 6 consultas. Apenas a consulta de tratamento e colagem dos braquetes será um pouco mais demorada com duração de cerca de 45 a 60 minutos. As demais consultas de exames (para monitorar a condição de seus dentes e gengivas) e coletas (de material acumulado nos dentes e braquetes) serão mais rápidas. Todas as consultas ocorrerão em horários previamente agendados. 8) Local da coleta: as consultas serão realizadas na Clínica de Pós-Graduação do Departamento de Odontologia na Universidade de Taubaté. “RISCOS” Todos os aparelhos e produtos dessa pesquisa já estão a venda em vários países inclusive no Brasil. Por isso o uso desses produtos não traz risco significativo para você, para a saúde de seu corpo ou de sua boca. Devido ao curto tempo de permanência dos braquetes e a ausência de colocação de arcos, mesmo os riscos comuns ao uso de aparelhos ortodônticos, que são inflamação da gengiva e aparecimento de manchas brancas ao redor dos braquetes, são praticamente inexistentes. Sua ida a todas as consultas e o seguimento das recomendações de higiene bucal garantirão sua saúde bucal nesse mês. Não haverá risco de
67
movimentação dentária e mudança da posição dentária indesejadas já que não haverá ativação do aparelho ortodôntico. “BENEFÍCIOS” Seu maior benefício será cuidar de seus dentes e suas gengivas. Se você pretende usar aparelho fixo no futuro já saberá se seu risco de ter problemas é aumentado ou não de desenvolver cárie e/ou inflamação na gengiva com base na quantidade e tipo de germes que habitam sua boca. A profilaxia profissional e as visitas de manutenção periódica são sem dúvida a base da boa saúde bucal. Assim, o tratamento proposto nessa pesquisa trará o benefício do controle periódico de um especialista em problemas na gengiva e uma higiene bucal mais completa. Além disso, se houver necessidade de outros tratamentos dentários que você precisar (canal, extrações e obturações) você será encaminhado para o curso de odontologia da UNITAU. Será realizada nova profilaxia ao final do mês de estudo. “RESSARCIMENTO”. Como as consultas terão duração de cerca de 1 hora ou menos não haverá ressarcimento de alimentação. Para participar deste estudo o Sr (a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Terá o esclarecimento sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para recusar-se a participar. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador, que tratará a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão. O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar desse estudo. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 (cinco) anos, e após esse tempo serão destruídos. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, e a outra será fornecida ao senhor. Em caso de dúvidas, o paciente poderá fazer ligação (inclusive à cobrar) para qualquer esclarecimento adicional no telefone do pesquisador responsável. Patricia Raszl Henrique Pesquisadora responsável TELEFONE 12 981225227 EMAIL [email protected]
Eu, _____________________________________________, portador do documento de Identidade ____________________ fui informado (a) dos objetivos da pesquisa
“COLONIZAÇÃO DE PERIODONTOPATÓGENOS EM BRAQUETES CONVENCIONAL E AUTOLIGADO: ANÁLISE QUANTITATIVA COM PCR REAL TIME.”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordo em participar. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. __________, _________ de __________________________ de 20 17. ____________________________________ ____________________________________ Assinatura do (a) participante Assinatura do Pesquisador
68
APÊNDICE B - Artigo publicado
28 An oficial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393
Braz J Periodontol - Março 2018 - volume 28 - issue 01
INFLUÊNCIA DOS BRAQUETES CONVENCIONAIS OU AUTOLIGADOS NOS PARÂMETROS PERIODONTAIS – REVISÃO DE LITERATURA Influence of conventional or self-ligated brackets on periodontal parameters - literature review
Patrícia Raszl-Henrique1, Priscila de Macedo Máximo2, Mayra Lima Paschoal Silva3, José Roberto Cortelli4, Sheila Cavalca Cortelli5
1 Mestranda em Prótese Dentária, do programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de Taubaté-SP-Brasil
2 Doutoranda em Periodontia, do programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de Taubaté-SP-Brasil
3 Graduanda em Odontologia, Universidade de Taubaté-SP-Brasil
4 Professor Assistente IV, Universidade de Taubaté-SP-Brasil
5 Professor Assistente IV, Universidade de Taubaté-SP-Brasil
Recebimento: 04/07/17 - Correção: 31/08/17 - Aceite: 03/10/17
RESUMO
O aspecto retentivo dos braquetes promove alterações na microbiota bucal podendo causar danos, às vezes
irreversíveis, ao periodonto de sustentação. Há uma controvérsia quanto à associação do desenho dos braquetes com
o aumento quantitativo e as alterações qualitativas no microbioma periodontal. Braquetes autoligados supostamente
acumulariam menor quantidade de biofilme que os braquetes convencionais devido à ausência das ligaduras elásticas.
Mas, existem outras variáveis que intercedem na retenção do biofilme. Assim, o presente estudo teve como objetivo
revisar a literatura sobre as alterações microbiológicas que se associam ao uso de braquetes convencionais ou autoligados.
A literatura analisada mostrou que para entender o perfil microbiológico e suas alterações deve-se além de comparar o
desenho dos braquetes, considerar o tipo de material, a retentividade dos sítios onde os braquetes estão instalados e
o padrão de higiene bucal. Ainda não está claro se as alterações microbiológicas observadas se restringem ao período
de tratamento ortodôntico ativo ou se elas permanecem mesmo após a remoção dos braquetes. É possivel concluir
que a presença de braquetes ortodônticos aumenta a quantidade de biofilme e induz alterações da microbiota, que
podem, em alguns casos, serem apenas transitórias. Porém ainda não está claro quais são as reais diferenças entre
braquetes convecionais e autoligados no que se refere à colonização microbiana.
UNITERMOS: Aparelhos Ortodônticos; Braquetes Ortodônticos; Bactérias; Doenças Periodontais. R Periodontia
2018; 28: 28-34.
INTRODUÇÃO
A preocupação com a estética dentária sempre foi
uma cobrança da sociedade. Há relatos do primeiro
alinhador ortodôntico feito por Plínio, “o velho” entre
23 e 79 a.C. (Wahl, 2005). Ao procurar um tratamento
ortodôntico o paciente vislumbra resultados estéticos
satisfatórios, porém este deve ser associado com a
melhora da condição mastigatória e da saúde bucal.
O aspecto retentivo dos braquetes favorece a má
higienização e contribui para o maior acúmulo de
biofilme e aparecimento de lesões brancas (Tanner et al., 2012; Baka et al., 2013). Adicionalmente, contribui para a
ocorrência de inflamação gengival e, em casos mais graves,
é possível observar aumento gengival e, eventualmente,
perda óssea (Guo et al., 2016). Além do desenho retentivo,
para os braquetes convencionais uma ligadura, elástica ou
metálica, é necessária para manter o arco ortodôntico dentro
da ranhura. Tais ligaduras, quase sempre, agem como fator
coadjuvante no acúmulo de microrganismos (Pejda et al., 2013; Jung et al., 2016).
Os braquetes autoligados têm sido introduzidos nos
69
Braz J Periodontol - Março 2018 - volume 28 - issue 01 - 28(1):28-34
29An oficial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393
tratamentos ortodônticos sobretudo em função da redução
dos tempos de trabalho e de tratamento. Com um mecanismo
próprio de manutenção do arco em sua ranhura essa técnica
mais recente parece exibir outras vantagens embora muitas
ainda requeiram comprovação científica. Elas incluiriam um
menor acúmulo de biofilme devido a:
a) desenho menos retentivo;
b) menor complexidade do sistema;
c) maior facilidade de higienização bucal e
d) eliminação de ligaduras elásticas (Baka et al.,2013;
Pejda et al., 2013; Folco et al., 2014) ou metálicas (Jung et
al., 2016).
A associação de Streptococcus mutans com os diversos
braquetes têm sido extensamente estudada devido ao seu
impacto na etiologia da cárie (Souza et al., 2008; Tanner et
al., 2012; Baka et al., 2013; Folco et al., 2014; Freitas et al.,
2014; Jung et al., 2016, Kim et al., 2016). Porém, é necessário
salientar que o biofilme é composto por uma microbiota
diversa e há uma mudança dinâmica da mesma durante o
tratamento ortodôntico (Baka et al., 2013; Folco et al., 2014).
A primeira mudança observada tem natureza quantitativa,
onde fica visível o aumento da massa do biofilme ao redor das
áreas retentivas e de higiene deficiente. Subsequentemente,
ocorrem mudanças qualitativas, onde os níveis e as proporções
de bactérias patogênicas ao periodonto são alteradas. Assim,
bactérias comensais têm seus números absolutos reduzidos
enquanto as patogênicas passam a representar grandes
proporções da microbiota. Essa disbiose se associa ao estágios
iniciais de doença no periodonto (Diaz et al., 2016)
O biofilme supragengival exerce grande influência
sobre o desenvolvimento das comunidades microbianas no
ambiente subgengival. Entretanto, apenas alguns estudos
focaram na microbiota subgengival mesmo considerando-
se que bactérias possam migrar da região dos braquetes
durante o tratamento e provocar inflamação, sangramento
e crescimento gengivais, destruição do suporte periodontal e
mudanças na superfície do esmalte (Kim et al., 2012; Freitas
et al., 2014; Jung et al., 2016; Guo et al., 2016).
As contagens de microrganismos anaeróbios Gram-
negativos, como Aggregatibacter actinomycetemcomitans
(Aa), Fusobacterium nucleatum (Fn), Porphyromonas gingivalis
(Pg), Prevotella intermedia (Pi) e Tannerella forsythia (Tf) podem
aumentar após a colocação de braquetes (Kim et al., 2012;
Freitas et al., 2014). Além disso, tais espécies bacterianas
têm se mostrado fortemente relacionadas com a inflamação
gengival e a progressão da doença periodontal em usuários
de aparelho ortodôntico (Pejda et al., 2013; Kim et al., 2016;
Jung et al., 2016, Guo et al., 2016).
A relação entre a microbiota periodontal e os diferentes
tipos de braquetes ainda não foi completamente elucidada.
Entretanto, como o aparato ortodôntico parece influenciar
diretamente o padrão de higiene bucal e a quantidade de
biofilme acumulado esse conhecimento é necessário para
a tomada de decisão conjunta com o envolvimento do
paciente, ortodontista e do periodontista. Há necessidade
de suprir o profissional com informações que lhe permitam
decidir qual desenho de braquete promove o alinhamento
sem comprometer o periodonto. Sendo assim esse trabalho
tem como objetivo revisar a literatura sobre as alterações
microbiológicas que se associam ao uso de braquetes
convencionais e autoligados.
REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO
Controlar o acúmulo de biofilme tem sido um grande
desafio para os ortodontistas, já que é possível observar
incidência de novas lesões cariosas em 45,8% dos pacientes
em tratamento ativo (Sundararaj et al., 2015). Esse acúmulo
de biofilme também se associa ao processo inflamatório
gengival. Embora se inicie nos tecidos de proteção pode haver
extensão para os tecidos de suporte do dente onde a área
subgengival promove um ambiente favorável à colonização
microbiana, migração apical do epitélio juncional e formação
de uma bolsa periodontal. Com o aprofundamento do sulco
gengival, aumento do fluxo do fluido crevicular gengival
e do pH há o aporte de nutrientes para bactérias Gram-
negativas anaeróbias. Sucede então a diminuição de bactérias
relacionadas à saúde periodontal, como Streptococcus, e
aumento de bactérias associadas à periodontite como Pg e
Tf (Diaz et al., 2016).
A quantificação do acúmulo de biofilme nos braquetes
convencionais ou autoligados têm sido um assunto
controverso e vários resultados associando a qualidade
e quantidade do biofilme com o desenho do sistema do
braquete estão disponíveis na literatura. Listamos abaixo
as principais variáveis comumente relacionadas à doença
periodontal em pacientes sob tratamento ortodôntico ativo.
2.1. Ligadura do braquete convencional vs. Clipe
do braquete autoligado
Por muito tempo as ligaduras metálicas e elásticas,
utilizadas para manter o arco no interior da ranhura dos
braquetes convencionais, foram tidas como grandes
causadoras do acúmulo de biofilme quando associadas com
o aspecto retentivo dos braquetes (Baka et al, 2013; Folco et
al., 2014; Jung et al., 2016, Pejda et al., 2013).
Souza et al. (2008) compararam, através de análise
microbiológica por PCR (reação de polimerase em cadeia)
70
Braz J Periodontol - Março 2018 - volume 28 - issue 01 - 28(1):28-34
30 An oficial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393
convencional, a frequência de periodontopatógenos em
pacientes com aparelho convencional, usando em um
hemiarco a ligadura elástica e em outra ligadura metálica. Na
leitura inicial (dia da colagem dos braquetes) predominou a
ausência de periodontopatógenos (Aa, Tf, Pg, Pi e P. nigrescens)
para ambos os grupos. Após seis meses de tratamento, houve
aumento da presença de Tf e Pn principalmente no grupo
com ligadura elástica.
O sistema de braquete autoligado, que não necessita
de ligaduras, possui um complexo mecanismo de abertura e
fechamento através de um clipe metálico que segundo Jung
et al., (2016) também pode favorecer o acúmulo de biofilme
e a aderência bacteriana. Garcez et al. (2011), através de
tomografia e análise microbiológica, compararam a retenção
de biofilme em braquetes autoligados e convencionais (com
ligadura metálica e ligadura elástica) e também observaram
maior acúmulo no braquete convencional com ligadura
elástica, seguido do braquete autoligado. O braquete de
menor acúmulo de biofilme foi o convencional com ligadura
metálica.
2.2. Desenho do braquete
Como o próprio nome diz, o braquete autoligado contém
o arco fixado dentro da ranhura do braquete, porém esse
conceito tido como inovador na verdade é antigo. Em 1935
Russell Lock desenvolveu seu primeiro precursor, onde ao
invés do atual clipe metálico havia um sistema de porca e
parafuso, porém seu uso somente se popularizou a partir
de 1972 com o modelo Edgelok, desenvolvido por Wildman
(Franzão et al., 2014).
Em linhas gerais sugere-se que o desenho e o tamanho do
braquete influenciam o acúmulo de biofilme (Jung et al., 2016).
Nesse contexto, quanto maior a complexidade do desenho
maior a retenção de microrganismos. Comparativamente,
o desenho do braquete convencional é mais simples que
o do autoligado (Jung et al., 2016). Entretanto, ao revisar
a literatura disponível esse fato não parece se confirmar
claramente. Embora Corghi et al. (2014) tenham observado
menor acúmulo de biofilme em braquetes autoligados
comparativamente aos convencionais, Folco et al. (2014) não
encontraram diferenças nas contagens microbianas entre
esses dois tipos de braquetes na pré-colagem, nem aos 14, 28
e 56 dias após a colagem. Tanto em braquetes convencionais
quanto nos autoligados observou-se aumento substancial de
microrganismos no 14º dia e resposta gengival semelhante.
Também Pejda et al. (2013) não encontraram relação do
desenho do braquete e aumento de periodontopatógenos
ao comparar braquetes autoligados com convencionais em
um estudo transversal in vivo com PCR multiplex.
Intrinsecamente, nos braquetes convencionais há
acúmulo maior de biofilme ao redor da ligadura elástica e
na ranhura, enquanto nos braquetes autoligados o acúmulo
é maior principalmente na ranhura e abaixo do clipe de
fechamento (Garcez et al., 2011).
2.3. Materiais de confecção
Outro fator que pode afetar quantitativamente o
acúmulo de microrganismos em braquetes autoligados é o
material de confecção dos braquetes (Jung et al., 2016). Por
muito tempo os braquetes metálicos convencionais foram a
única opção e ainda hoje são os mais comumente usados.
Mas, ao longo dos anos alguns pacientes mostraram-se
reticentes quanto ao seu uso devido ao aspecto pouco
estético. Para suprir essa necessidade foram então lançados
no mercado os braquetes confeccionados com cerâmica e
compósitos.
Brandão et al., em 2015, compararam in situ a formação
do biofilme em braquetes metálico, cerâmico ou de
compósito através de espectrofotometria, para quantificação
da aderência bacteriana, e microscópio eletrônico de
escaneamento, para verificar o acúmulo de biofilme em
cada um dos três materiais. Os autores observaram maior
acúmulo de biofilme nos braquetes de compósito. Por outro
lado, braquetes metálicos e cerâmicos acumularam entre
si quantidades semelhantes de biofilme embora inferiores
àquelas acumuladas pelo de compósito.
Jung et al. (2016) analisaram quantitativamente, por
meio do método de PCR em tempo real, a adesão de
patógenos periodontais em braquetes autoligados cerâmico
e metálico estabelecendo ainda sua relação com o hábito
de higiene bucal. Os autores verificaram que os diferentes
tipos de materiais induziram diferentes tipos de absorção
de proteínas salivares e que a interação dessas proteínas
com as bactérias favoreceu a adesão inicial de patógenos
periodontais. Braquetes metálicos exibiram maior potencial
de adesão de Aa, Pg e Pi, provavelmente pela alta tensão
superficial do aço inoxidável que proporciona ambiente
favorável à adesão bacteriana.
Anhoury et al. (2002) não encontraram um padrão
de colonização bacteriana em função do material quando
comparados braquetes metálico e cerâmico. Porém,
verificaram maiores contagens médias de Treponema
denticola (Td), Aa, Fusobacterium nucleatum ss vincentii,
Streptococcus anginosus e Eubacterium nodatum em
braquetes metálicos. Em contrapartida, os maiores níveis
de Eikenella corrodens (EC), Campylobacter showae e
Selenomonas noxia foram observados nos braquetes
cerâmicos.
71
Braz J Periodontol - Março 2018 - volume 28 - issue 01 - 28(1):28-34
31An oficial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393
2.4. Sítios dentários de maior retentividade
Finalmente, a região intrabucal parece influenciar as
alterações microbiológicas observadas em portadores de
aparelhos ortodônticos. Por isso, durante as consultas de
manutenção periodontal de pacientes em tratamento
ortodôntico ativo é necessário que se identifique as regiões de
maior acúmulo de biofilme e especificamente de patógenos
periodontais, pois essas podem requerer procedimentos
adicionais. Jung et al. (2016) encontraram maior acúmulo
de biofilme em braquetes autoligados de incisivos centrais
inferiores quando comparados com os incisivos centrais
superiores na coleta que antecedeu a retirada do aparelho.
Os autores atribuíram esse achado à maior proximidade com
a glândula salivar mandibular que provê fatores necessários
para adesão bacteriana. Outro fator que pode explicar o
maior acúmulo de patógenos periodontais nessa região é a
menor distância entre os braquetes dos incisivos inferiores e
a gengiva marginal, o que dificulta a higienização e facilita a
migração de bactérias. Kim et al. (2012) também relacionaram
a localização dos braquetes com o aumento da prevalência
de periodontopatógenos. As maiores mudanças foram
observadas na região dos primeiros molares superiores e
inferiores devido ao término subgengival das bandas e ao
difícil acesso à escovação dos dentes posteriores quando
comparados aos incisivos inferiores.
Mei et al. (2017) relataram que a distribuição de biofilme
está intimamente relacionada com a distribuição da gengivite.
Encontraram maior acúmulo nos incisivos laterais e caninos
superiores particularmente na região gengival e atribuíram
esse fato à localização na curvatura do arco, e aos ganchos
e elásticos serem fartamente utilizados nessa área.
Independente do caráter de retentividade inerente ao
sítio, o crescimento do biofilme sofre influência de vários
outros fatores como: hábitos alimentares, idade, doenças
sistêmicas e fatores do hospedeiro. Também deve ser levado
em consideração o mal posicionamento dentário inicial do
paciente, pois esse representa um fator associado à maior
retenção de microrganismos, que pode agravar o acúmulo
de biofilme (Baka et al., 2013).
2.5. Alterações qualitativas e quantitativas de
periodontopatógenos
É sabido que o periodonto tem íntima relação com
o biofilme aderido à superfície dentária e há uma relação
dinâmica entre este e o hospedeiro. Porém, esse acúmulo não
é desordenado e aleatório, existem colonizadores primários
que se estabelecem propiciando condições ideais para a
subsequente colonização de outros microrganismos.
Socransky et al. (1998), estabeleceram cinco complexos
microbianos a partir da análise do biofilme subgengival.
As bactérias do complexo vermelho (Pg, Tf e Td ) foram
tidas como as mais agressivas e estariam associadas à
periodontite e condições clínicas como sangramento e
profundidade de sondagem. O complexo amarelo e o verde,
compostos por estreptococos e bacilos Gram-negativos
anaeróbios facultativos, estão presentes no sulco gengival
de indivíduos sadios, porém a presença exacerbada desses
favorece a presença das bactérias do complexo laranja ( Fn,
Pi e Campylobacter rectus ), que são fortes precursores do
complexo vermelho e, portanto, relacionadas à maturação do
biofilme supragengival. O complexo roxo por sua vez, seria
composto de Actinomyces odontolyticus e Vellonella parvula
(única bactéria Gram-negativa dentre os colonizadores
primários).
Diaz et al. (2016) propuseram um novo sistema de
agrupamento das espécies encontradas em sítios subgengivais
onde ter-se-iam três grupos: as espécies relacionadas à saúde
periodontal, as espécies relacionadas à periodontite e as
espécies do “core” (centro). Espécies do core são aquelas
que aparecem na maioria dos indivíduos e não mudam de
proporção entre os estado de saúde e doença periodontal.
Desta maneira seria possível encontrar bactérias relacionadas
à saúde e à doença periodontal em indivíduos sadios e com
periodontite, porém a diferença se daria em suas quantidades
no microbioma. Mummolo et al. (2013) observaram ainda
que mesmo dentro do período de tratamento ortodôntico,
essa microbiota muda ativamente e o sortimento microbiano
mostra tendências diferentes em braquetes convencionais e
autoligados.
Kim et al., em 2012, detectaram, usando PCR convencional,
a prevalência de Aa, Tf, Cr, Ec, Pg, Pi, Prevotella nigrescens e
Td, em pacientes com aparelho ortodôntico convencional
antes da montagem, uma semana, 3 meses e 6 meses
depois da colagem das peças. Encontraram baixa prevalência
inicial de Aa e Pg, e o nível de ambos permaneceu sem
aumento significativo durante os 6 primeiros meses da
terapia ortodôntica. Porém, os níveis de outros patógenos
periodontais como Tf, Cr e Pn aumentaram, promovendo
alto risco de problemas periodontais. Sandić et al. (2014)
observaram, também com o método PCR convencional,
que não houve diferença significante entre a presença de
Aa, Pi, Pg e Tf em pacientes com aparelho ortodôntico na
leitura inicial comparada com um ou três meses após a
colagem dos braquetes. Um dado interessante desse estudo
foi o decréscimo da ocorrência de Pg nas mesmas leituras
sugerindo que, na presença de aparelho ortodôntico, outras
espécies poderiam estar envolvidas na doença periodontal.
Guo et al. (2016), em estudo transversal utilizando o
72
Braz J Periodontol - Março 2018 - volume 28 - issue 01 - 28(1):28-34
32 An oficial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393
método de PCR em tempo real, quantificaram Pg, Fn, Pi e Tf
em braquetes de incisivos, primeiro e segundos pre-molares
inferiores de crianças e adultos com aparelho convencional. A
porcentagem inicial de patógenos foi significantemente maior
em adultos que em crianças, e, após 1 mês de tratamento,
os números de Pg, Fn, Pi e Tf permaneceram maiores em
adultos. Entretanto, após três meses de tratamento adultos e
crianças apresentaram níveis similares de patógenos sugerindo
que crianças podem experenciar alterações microbiológicas
de magnitude ainda maior do que adultos. Esse fato pode
ser ainda mais preocupante considerando-se que de acordo
com Jung et al., (2016) existe maior crescimento de Aa em
pacientes ortodônticos, patógeno esse com estreita relação
com a doença periodontal de adolescentes e adultos jovens.
Pejda et al. (2013) compararam a presença de Aa, Pg, Pi, Tf
e Td em pacientes com braquetes convencional e autoligado
antes da montagem, 6, 12 e 18 semanas depois da mesma.
Apesar da prevalência de Aa ter sido maior nos pacientes com
aparelho convencional, os autores não encontraram diferença
significante entre os dois tipos de braquetes.
Folco et al. (2014) compararam quantitativa e
qualitativamente os microrganismos presentes em pacientes
com braquetes convencional ou autoligado antes da colagem,
14, 28 e 56 dias após a montagem. Na leitura inicial, aos 28
e 56 dias a análise foi compatível com a saúde periodontal. A
leitura inicial foi evidenciada por maior número de Actinomyces, Candida albicans, e cocos, com maior prevalência de Gram-
positivos. Entretanto, com 14 dias de observação houve
predominância de microbiota compatível com gengivite em
ambos grupos (Pi, Pg, espiroquetas e bastonetes), além de Candida spp e Candida dubliniensis, com maior predomínio
de Gram-negativos. O padrão observado no 14o se manteve
até o 56o com algum decréscimo quantitativo.
2.6. Retirada do aparelho e periodontopatógenos
Vários estudos creditam o aumento dos patógenos
periodontais à fase ativa do tratamento. Portanto, haveria
decréscimo dos mesmos após a retirada do aparelho, ou
seja, a alteração quantitativa desses microrganismos seria
temporária e não causaria danos periodontais permanentes
(Kim et al., 2012; Sandić et al., 2014; Jung et al., 2016). Freitas
et al. (2014) ressaltam que, além de transitórias, as alterações
são dependentes da higiene bucal que restabelece o equilibrio
hospedeiro/paciente.
Kim et al. (2016) observaram, através de PCR em tempo
real, redução da quantidade de Pg cinco semanas após a
remoção de três tipos de aparelhos ortodônticos autoligados
(um metálico e dois cerâmicos), e de Pi e Tf após 13 semanas,
provavelmente devido a diminuição de zonas retentivas e
maior facilidade de higienização. Os níveis de Aa e Fn foram
mais elevados que os de Pg, Pi e Tf durante todo experimento
e permaneceram inalterados até 3 meses depois da retirada
dos braquetes.
Liu et al. (2011) observaram, através de PCR em tempo
real, que após a retirada do aparelho ortodôntico convencional
ocorreu melhora da condição periodontal dos pacientes e
diminuição dos níveis subgengivais de Pg que eram altos no
período final do tratamento. Entretanto, a quantidade de Pg
subgengival não sofreu redução até níveis que pudessem ser
considerados dentro da normaildade no período de 6 meses
após a remoção dos braquetes, acarretando grande risco de
problemas periodontais ao paciente.
2.2. Higiene bucal
Há unanimidade entre os autores quanto à associação de
qualquer tipo de tratamento ortodôntico e a correta higiene
bucal para promoção da saúde bucal. A correção ortodôntica
promove melhor contorno gengival, distribuição adequada
das forças mastigatórias e ainda introduz maior facilidade
nos cuidados com a higienização por meio do alinhamento
dentário (Corghi et al., 2014). Porém, tais benefícios são
alcançados apenas próximo da finalização do tratamento.
Ao contrário, durante a fase ativa há uma ampliação do risco
de doenças periodontais e lesão branca devido ao aspecto
retentivo dos braquetes e impacto negativo sobre o padrão
de higiene bucal (Tanner et al., 2012; Folco et al., 2014; Kim
et al., 2016).
Infelizmente toda movimentação ortodôntica, mesmo
que adequada, promove algum tipo de alteração transitória
nos tecidos periodontais. É imprescindível atenção ao
exame clínico inicial do paciente e anamnese detalhada para
identificar pacientes de risco precocemente (Corghi et al., 2014).
Nalçaci et al. (2014), avaliaram o hálito, a condição
periodontal e a colonização microbiana em pacientes com
braquetes autoligado e convencional com ligadura elástica
antes da colagem, 1 semana após e 5 semanas depois da
colagem de braquetes. Apesar de não ter havido diferença
significante quanto à colonização bacteriana em ambos
os grupos os autores verificaram piores resultados para
parâmetros clínicos periodontais e ocorrência de halitose em
braquetes convencionais e sugeriram o uso de braquetes
autoligados para promover uma melhora da higiene bucal
durante o tratamento ortodôntico.
Assim, para a manutenção da saúde bucal é extremamente
importante o monitoramento profissional da higiene bucal
dos pacientes ortodônticos nas visitas sucessivas, mantendo
o equilíbrio entre hospedeiro/microbiota e estimulando a
73
Braz J Periodontol - Março 2018 - volume 28 - issue 01 - 28(1):28-34
33An oficial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393
cooperação do paciente (Kim et al., 2012; Folco et al., 2014;
Freitas et al., 2014). Mei et al. (2017) relataram ainda a
importância da motivação familiar nesse processo de cuidado
com a escovação em crianças (principalmente meninos)
para evitar o maior acúmulo de biofilme. Mummolo et al.
(2013) sugeriram testes ambulatoriais para monitoramento
microbiano do paciente e prevenção de doenças intraorais
mais adequadamente.
O conhecimento sobre a influência que o aparelho
ortodôntico e os diferentes tipos de braquetes exercem
sobre o periodonto, e mais especificamente sobre os
periodontopatógenos é fundamental para que a prescrição
do material seja adequada a cada paciente. Reforços mensais
quanto a higiene bucal e o trabalho conjugado com um
periodontista, principalmente nos casos de maior risco, são
imprescindíveis para que não haja comprometimento dos
elementos de suporte dentário (Gorbunkova et al., 2016).
CONCLUSÕES
O uso de aparelhos fixos e a presença de braquetes
aumenta a quantidade de biofilme e induz alterações da
microbiota, que, em alguns casos, parecem ser apenas
transitórias.
Ainda não está claro quais são as reais diferenças entre
braquetes convecionais e autoligados no que se refere à
colonização microbiana.
ABSTRACT
The retentive bracket design promotes changes in the
oral microbiome and it can cause damage, sometimes
irreversible, to periodontal supportive tissues. The association
between bracket design with qualitative changes and
quantitative bacterial increase in periodontal microbiome
is controversial. Self-ligating brackets would supposedly
accumulate less biofilm then conventional brackets due to
the absence of elastic ligature. However, other variables could
influence biofilm retention. Thus, the present study aimed at
reviewing the literature on microbiological changes associated
with the use of conventional or self - ligating brackets. The
analyzed literature showed that the understandingregarding
microbiological profile and related changesrequires evaluation
of material type, retentive nature of sites where the brackets
are installed, oral hygiene pattern in adittion to bracket design.
It is not clear if observed microbiological changes are restricted
to the period of active orthodontic treatment or if they remain
even after bracketsremoval. It is possible to conclude that
the presence of orthodontic brackets increases the amount
of biofilm and promotes changes in microbiome, which may
in some cases be only transitory. However, it is still not clear
what are the real differences between conventional and self-
ligating brackets regarding microbial colonization.
UNITERMS: Orthodontic Appliances;Orthodontic
brackets; Bacteria; Periodontal Diseases.
AGRADECIMENTO
Bolsa de iniciação científica PIBIC CNPq/UNITAU.
74
Braz J Periodontol - Março 2018 - volume 28 - issue 01 - 28(1):28-34
34 An oficial publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Wahl N. Orthodontics in 3 Millennia. Chapter 1: Antiquity to the
mid-19th century. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2005; 127:255-9.
2- Tanner ACR, Sonis AL, Lif Holgerson P, Starr JR, Nunez Y, Kressirer
CA et al.White-spot lesions and Gingivitis Microbiotas in Orthodontic
Patients. J Dent Res 91(9): 853-858, 2012.
3- Baka ZM, Basciftci FA, Arslan U. Effects of 2 bracket and ligation
types on plaque retention: A quantitative micobiologic analysis with
real-time polymerase chain reaction.Am J Orthod Dentofacial Orthop
2013; 144: 260-7.
4- Guo L, Feng Y, Guo HG, Liu BW, Zhang Y. Consequences of orthodontic
treatment in maloclusion patients: Clinical and microbial effects in
adults and children. BMC Oral Health.2016;16:112.
5- Pejda S, Varga ML, Milosevic SA, Mestrovic S, Slaj M, Repic D et
al. Clinical and microbiological parameters in patients with self-
ligating and conventional brackets during early phase of orthodontic
treatments. Angle Orthod. 2013; 83: 133-139.
6- Jung W,Kim K, Cho S, Ahn S. Adhesion of periodontal pathogens to
self-ligating orthodontic brackets: An in-vivo prospective study. Am J
Orthod Dentofacial Orthop 2016;150: 467-75.
7- Folco AA, Benítez-Rogé SC, Iglesias M, Calabrese D, Pelizardi C,
Rosa A et al. Gingival response in orthodontic patients. Comparative
study between self-ligating and conventional brackets. Acta Odontol.
Latinoam 2014; 27 (3): 120-124.
8- Souza RA, Magnani MBA,Darcy Flávio Nouer, Silva CO, Klein MI, Sallum
EA et al.Periodontal and microbiologic evaluation of 2 methods of
archwire ligation: Ligature wires and elastomeric rings. Am J Orthod
Dentofacial Orthop 2008; 134: 506-512.
9- Freitas AOA, Marquezan M, Nojima MCG, Alviano DS, Maia LC. The
inluence of orthodontic ixed appliances on the oral microbiota: A
systematic review. Dental Press J Orthod. 2014;19(2):46-55.
10- Kim K, Jung W, Cho S, Ahn S. Changes in salivary periodontal
pathogens after orthodontic treatment: An in vivo prospective study.
Angle Orthod. 2016; 86: 998-1003.
11- Diaz PI, Hoare A, Hong BY. Subgingival Microbiome Shifts and
Community Dynamics in Periodontal Diseases. CDA Journal 2016;
44 (7): 421- 435.
12- Kim S, Choi D, Jang I, Cha B, Jost-Brinkmann P, Song J. Microbiologic
changes in subgengival plaque before and during the early period of
orthodontic treatment. Angle Orthodontist 2012; 82: 254-260.
13- Sundararaj D, Venkatachalapathy S, Tandon A, Pereira A. Critical
evaluation of incidence and prevalence of white spot lesions during
ixed orthodontic appliance treatment: A meta-analysis. J Int Soc
Prevent Communit Dent [serial online] 2015 [cited 2017 Apr 28]; 5:
433-9.
14- Garcez AS, Suzuki SS,Ribeiro MS,Mada EY,Freitas AZ,Suzuki H.Bioilm
retention by 3 methods of ligation on orthodontic brackets: A
microbiologic and optical coherence tomography analysis Am J Orthod
Dentofacial Orthop 2011; 140: 193-198.
15- Franzão BF, Castro AGB, Piau CGBC, Dobranski A. Aparelhos
autoligados e convencionais: Uma análise crítica. R Odontol Planal
Cent. 2014, Jan-Jun; 4(1):15-22.
16- Corghi RG, Malavazi DF, Quintela MM, Aquino DR, Silva HG, Roman-
Torres CVG.Avaliação clínica periodontal de indivíduos portadores de
aparelhos ortodônticos com braquetes convencionais e autoligáveis.
R Periodontia 2014; 24:30-34.
17- Brandão GM, Pereira AC, Brandão AM, de Almeida HA, Motta
RL. Does the bracket composition material inluence initial bioilm
formation? Indian J Dent Res 2015; 26: 148-51.
18- Anhoury P, Nathanson D, Hughes CV, Socransky S, Feres M, Chou
LL. Microbial Proile on Metallic and Ceramic Bracket Materials. Angle
Orthod 2002; 72: 338–343.
19- Socransky SS, Haffajee AD, Cugini MA, Smith C, Kent RL Jr. Microbial
complexes in subgingival plaque. J Clin Periodontol 1998; 25(2):
134-44.
20- Mummolo S, Marchetti E, Giuca MR, Gallusi G, Tecco S, Gatto R
et al. In-ofice bacteria test for a microbial monitoring during the
conventional and self-ligating orthodontic treatment. Head & Face
Medicine 2013 9:7.
21- Sandi MŽ, Popovi B, arki J, Nikoli N, Gliši B. Changes in
Subgingival Microflora after Placement and Removal of Fixed
Orthodontic Appliances. Srp Arh Celok Lek. 2014;142(5-6):301-305.
22- Liu H, Sun J, Dong Y, Lu H, Zhou H, Hansen BF et al. Periodontal health
and relative quantity of subgingival Porphyromonas gingivalis during
orthodontic treatment. Angle Orthod 2011; 81: 609-615.
23- Nalçacı R, Yener Özat Y, Çokakoglu S, Türkkahraman H, Önal S, Kaya
S.Effect of bracket type on halitosis, periodontal status, and microbial
colonization Angle Orthod 2014; 84: 479-485.
24- Mei L, Chieng J, Wong C, Benic G, Farella M. Factors affecting dental
bioilm in patients wearing ixed orthodontic appliances Progress in
Orthodontics 2017; 18:4.
Endereço para correspondência:
Patrícia Raszl-Henrique
Tel: 55 12 98122-5227
E-mail: [email protected]