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GRAZYELLE ROCHA PEREIRA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE PROCESSOS BIOQUÍMICOS EM ANTOZOÁRIOS PRESENTES NA REGIÃO SUBTROPICAL DO BRASIL Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Ciências Ambientais como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais, da Universidade do Estado de Santa Catarina. Orientadora: Dra. Indianara Fernanda Barcarolli Coorientadora: Dra. Claudia Guimarães Camargo Campos LAGES, SC 2019

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GRAZYELLE ROCHA PEREIRA

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE PROCESSOS BIOQUÍMICOS EM

ANTOZOÁRIOS PRESENTES NA REGIÃO SUBTROPICAL DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em

Ciências Ambientais como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais, da

Universidade do Estado de Santa Catarina.

Orientadora: Dra. Indianara Fernanda Barcarolli

Coorientadora: Dra. Claudia Guimarães Camargo

Campos

LAGES, SC

2019

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Ficha catalográfica elaborada pelo(a) autor(a), com

auxílio do programa de geração automática da

Biblioteca Setorial do CAV/UDESC

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu pai, por nunca ter falhado a este papel, por sempre estar presente na

minha vida, por todo carinho, amor, amizade e, agora, por estar me guiando lá do céu. Obrigada

por me proteger sempre, meu herói.

À minha mãe, que sempre me apoiou em todos os momentos. Obrigada pelo amparo,

carinho e por todo o amor que foi me dedicado durante toda a minha vida, meu porto seguro.

Ao meu irmão, por todo ensinamento, carinho, amor e amizade. Obrigada por ser o

melhor irmão e me fazer a irmã mais orgulhosa, meu segundo herói.

À minha vó Bel, por todo amor e por toda luz que ilumina meu caminho. Obrigada por

todas as palavras e ensinamentos que me fazem seguir em frente, minha rainha.

Aos meus padrinhos, que sempre estiveram junto comigo em todas as etapas da minha

vida. Obrigada por todo carinho, dedicação e por me amarem e cuidarem como filha.

A todos os integrantes da minha família e amigos que acreditaram no meu potencial.

Ao Dudu, meu eterno namorado, por estar sempre ao meu lado, por todo amor, cuidado,

carinho, companheirismo e, antes de tudo, pela amizade. Obrigada por trazer paz ao meu

coração e me acalmar nos meus momentos de angústias.

À minha orientadora, Indi, por confiar e acreditar sempre em mim, por me apoiar quando

eu quis trabalhar com algo que me apaixonei. Obrigada por estar sempre disposta a me auxiliar

desde a graduação.

Aos membros da banca, professor Gilmar, que me acompanha desde o começo da

graduação, Laís, que de alguma forma foi minha professora sobre os corais, e minha

coorientadora, Claudia, que sempre esteve disposta a me ajudar.

Aos colegas da UFSC, Nadine, por aceitar a parceria, Antonella, Bruna e Marcelo, pelo

árduo trabalho em equipe.

E por fim, ao meu quarteto, Bruna, Muriel e Juliana, que me deu forças e me auxiliou

nesta fase da minha vida.

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RESUMO

O aumento das emissões globais de gases de efeito estufa, resultado das atividades humanas,

aumentou as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera, onde grande parte foi

absorvida pelos oceanos. Com isso, as projeções são de que, até o final deste século, as águas

dos oceanos sofram, no pior cenário projetado, um aumento em sua temperatura de

aproximadamente 4,5 ºC. Como consequência, estima-se que os corais sejam os primeiros a

sofrerem, causando branqueamento dos mesmos. Além dessa ameaça global, os corais

brasileiros estão sofrendo outra forte ameaça com a invasão de espécies exóticas, denominadas

coral sol (Tubastraea coccinea e T. tagusensis), que podem provocar um grave desequilíbrio

no ambiente marinho. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar os efeitos das mudanças

climáticas (aumento da temperatura do oceano) sobre os sistemas antioxidantes enzimáticos da

espécie de coral invasora Tubastraea coccinea e do zoantídeo Palythoa caribaeorum num

sistema de mesocosmo. Para isto, as colônias amostrais foram coletadas na Reserva Biológica

Marinha do Arvoredo, localizada no litoral do estado de Santa Catarina e dispostos nos tanques

do mesocosmo do Laboratório de Ficologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Depois

de um período de aclimatação, foram submetidos a seis tratamentos de temperatura (16 ºC,

19 ºC, 22 ºC, 25 ºC, 28 ºC e 31 ºC), em três diferentes tempos (T0, T1 - 9 dias e T2 - 30 dias).

Após o experimento, os tecidos dos pólipos dos organismos foram extraídos, armazenados e

congelados para a análise da atividade das enzimas catalase e glutationa-s-transferase. Para a

espécie invasora, a investigação contou ainda com a quantificação do MDA, referente a

lipoperoxidação. Observou-se que, após 9 dias de exposição, a atividade de ambas as enzimas

de T. coccinea não variaram estatisticamente entre os tratamentos. No entanto, após 30 dias de

exposição, no tratamento com temperatura de 16 °C a enzima catalase diferiu do tratamento

controle (22 °C), e a enzima glutationa-s-transferase diferiu no tratamento com temperatura de

31 °C. Na comparação de cada um dos tratamentos entre os tempos de coleta, houve uma

diferença na atividade enzimática somente no tratamento de temperatura de 16 °C para ambas

as enzimas analisadas. A quantificação do MDA atestou o estresse oxidativo para T. coccinea

quando exposto à 16 °C. Já para P. caribaeorum, observou-se que, para ambas as enzimas

analisadas, a atividade no tratamento com temperatura de 28 °C diferiu do tratamento controle.

Além disso, verificou-se uma tendência de inibição das enzimas catalase e glutationa-s-

tranferase em exposição à 16 °C, bem como uma alta atividade à 31 °C. Com isso, a espécie T.

coccinea possui alta resistência térmica, sofrendo estresse oxidativo somente em 16 °C, e a P.

caribaeorum apresentando estresse térmico em exposição à 28°C e uma tendência à 16 °C e

31 °C. O aquecimento do oceano possivelmente favorecerá a prevalência do coral sol e a sua

expansão na costa brasileira.

Palavras-chave: Coral sol. Estresse oxidativo. Mudanças climáticas. Aquecimento do oceano.

Mesocosmo.

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ABSTRACT

The increase in global greenhouse gases emissions as a result of human activities has increased

carbon dioxide concentrations in the atmosphere, where much of it has been absorbed by the

oceans. Thus, the projections are that by the end of this century, ocean waters will suffer, in the

worst case scenario, an increase in their temperature of approximately 4,5 ºC. As a consequence,

it is estimated that corals are the first to suffer, causing coral bleaching. In addition to this global

threat, Brazilian corals are suffering another strong threat with the invasion of exotic species

called sun coral (Tubastraea coccinea and T. tagusensis), which can cause a serious imbalance

in the marine environment. Te general objective of this work was to evaluate the effects of

climate changes (ocean temperature increase) on the enzymatic antioxidant systems of the

invasive coral specie Tubastraea coccinea and the zoanthid Palythoa caribaeorum in a

mesocosm system. For this, the sample colonies were collected in the Arvoredo Marine

Biological Reserve, located on the coast of the state of Santa Catarina and arranged in the tanks

of the mesocosm of the Laboratory of Ficology of the Federal University of Santa Catarina.

After a period of acclimation, they were submitted to six temperature treatments (16 ºC, 19 ºC,

22 ºC, 25 ºC, 28 ºC and 31 ºC), in three different times (T0, T1 - 9 days and T2 - 30 days). After

the experiment, tissues from polyps were extracted, stored and frozen for analysis of the activity

of the catalase and glutathione-s-transferase enzymes. For the invasive specie, the investigation

also counted on the quantification of MDA, referring to lipid peroxidation. It was observed that,

after 9 days of exposure, the activity of both enzymes of T. coccinea did not vary statistically

between the treatments. However, after 30 days of exposure, in the treatment at 16 °C the

catalase enzyme differed significantly from the control treatment (22 °C), and the enzyme

glutathione-s-transferase differed in the treatment with temperature of 31 °C. In the comparison

of each of the treatments between the collection times, there was a difference in the enzymatic

activity only in the treatment of temperature of 16 °C for both enzymes analyzed. The MDA

quantification confirmed the oxidative stress for T. coccinea when exposed to 16 °C. For P.

caribaeorum, it was observed that, for both enzymes analyzed, the treatment activity at 28 °C

differed from the control treatment. In addition, there was a tendency of inhibition of the

catalase and glutathione-s-transferase enzymes on exposure at 16 °C was observed, as well as

a high activity at 31 °C. Therefore, the T. coccinea specie has high thermal resistance, suffering

oxidative stress only at 16 °C, and P. caribaeorum presenting thermal stress on exposure at

28 °C and a tendency at 16 °C and 31 °C. Ocean warming is likely to favor the prevalence of

sun coral and its expansion on the Brazilian coast.

Keywords: Sun coral. Oxidative stress. Climate changes. Ocean warming. Mesocosm.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Estrutura de um pólipo antozoário: A) Corte longitudinal, B) Corte transversal ao

nível da faringe e C) Corte transversal abaixo da faringe ........................................................ 29

Figura 2 - Reprodução em antozoários: A) Reprodução assexuada por fissão longitudinal e B)

Ciclo de vida sexuado: o pólipo adulto libera gametas, que se fundem externamente; ou são

liberados ovos fecundados, e os zigotos formam larvas plânulas, que se transforma em jovens

pólipos. ..................................................................................................................................... 30

Figura 3 - Zoantídeo Palythoa caribaeorum recobrindo uma área grande em substratos ....... 31

Figura 4 - O coral hermafrodita Mussismilia harttii, endêmico brasileiro, liberando um bundle

.................................................................................................................................................. 34

Figura 5 - Colônia de Tubastraea coccinea com os tentáculos distendidos ............................. 35

Figura 6 - A) Branqueamento fraco - Siderastrea spp. e B) Branqueamento forte - Montastraea

cavernosa .................................................................................................................................. 39

Figura 7 - Espécies de coral sol: A) Tubastraea tagusensis e B) T. coccinea.......................... 41

Figura 8 - Mapa da ocorrência do coral-sol nos diferentes estados brasileiros (Circulos

vermelhos: Tubastraea coccinea; Circulos amarelos: T. tagusensis; Circulos verdes: T.

coccinea e T. tagusensis): 1 - Acarau (CE); 2 - BTS (BA); 3 - Vitoria (ES); 4 - Guarapari (ES);

5 - Regiao dos Lagos (RJ); 6 - Cagarras (RJ); 7 - Baia de Sepetiba (RJ); 8 - Baia da Ilha Grande

(RJ); 9 - Ilhabela (SP); 10 - Alcatrazes (SP); 11 - Laje de Santos (SP); 12 - Arvoredo (SC). . 43

Figura 9 - Localização da REBIO Marinha do Arvoredo. A) Ilha Galé, B) Ilha do Arvoredo e

C) Ilha Deserta .......................................................................................................................... 49

Figura 10 - Sistema de mesocosmo da UFSC .......................................................................... 50

Figura 11 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 16 °C: A) T0, B) T1 e C) T2. ........................................................................... 57

Figura 12 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 19 °C: A) T0, B) T1 e C) T2. ........................................................................... 58

Figura 13 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 22 °C: A) T0, B) T1 e C) T2. ........................................................................... 58

Figura 14 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 25 °C: A) T0, B) T1 e C) T2. ........................................................................... 59

Figura 15 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 28 °C: A) T0, B) T1 e C) T2. ........................................................................... 59

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Figura 16 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 31 °C: A) T0, B) T1 e C) T2. .......................................................................... 60

Figura 17 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 16 °C: A) T0 e B) T1. ..................................................................................... 60

Figura 18 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 19 °C: A) T0 e B) T2. ..................................................................................... 61

Figura 19 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 22 °C: A) T0 e B) T2. ..................................................................................... 61

Figura 20 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 25 °C: A) T0 e B) T2. ..................................................................................... 61

Figura 21 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 28 °C: A) T0 e B) T2. ..................................................................................... 62

Figura 22 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 31 °C: A) T0 e B) T2. ..................................................................................... 62

Figura 23 - Atividade da catalase nos diferentes tratamentos em T1 para T. coccinea. Os dados

estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra não diferem

estatisticamente entre si. .......................................................................................................... 64

Figura 24 - Atividade da glutationa-s-transferase nos diferentes tratamentos em T1 para T.

coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma

letra não diferem estatisticamente entre si. .............................................................................. 64

Figura 25 - Atividade da catalase nos diferentes tratamentos em T2 para T. coccinea. Os dados

estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra não diferem

estatisticamente entre si. .......................................................................................................... 65

Figura 26 - Atividade da glutationa-s-transferase nos diferentes tratamentos em T2 para T.

coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma

letra não diferem estatisticamente entre si. .............................................................................. 65

Figura 27 – Comparação da atividade da catalase de cada tratamento entre T1 e T2 para T.

coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. * - Apresentou diferença no

mesmo tratamento entre os tempos de aferição. ...................................................................... 66

Figura 28 – Comparação da atividade da glutationa-s-transferase de cada tratamento entre T1 e

T2 para T. coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. * - Apresentou

diferença significativa no mesmo tratamento entre os tempos de aferição. ............................. 67

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Figura 29 – Quantificação do MDA em T2 para T. coccinea. Os dados estão expressos em

média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre

si. .............................................................................................................................................. 68

Figura 30 - Atividade da catalase nos diferentes tratamentos para P. caribaeorum. Os dados

estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra não diferem

estatisticamente entre si. ........................................................................................................... 70

Figura 31 - Atividade da glutationa-s-transferase nos diferentes tratamentos para P.

caribaeorum. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela

mesma letra não diferem estatisticamente entre si. .................................................................. 70

Figura 32 - Curva de calibração para quantificação do MDA .................................................. 87

Figura 33 - Curva de calibração para quantificação das proteínas totais ................................. 89

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação das atividades enzimáticas de T. coccinea no tratamento controle de

temperatura de 22 °C entre os tempos de aferição. DP - Desvio padrão. As médias seguidas pela

mesma letra não diferem estatisticamente entre si. .................................................................. 63

Tabela 2 - Comparação das atividades enzimáticas de P. caribaeorum no tratamento controle

de temperatura de 22 °C entre os tempos de aferição. DP - Desvio padrão. As médias seguidas

pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. ........................................................... 63

Tabela 3 - Dados para a construção da curva de calibração MDA........................................... 87

Tabela 4 - Dados para a construção da curva de calibração das proteínas totais ..................... 89

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Sistemas antioxidantes enzimáticos conforme sua ação biológica ........................ 45

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABS Absorbância

ANOVA Análise de variância

BSA do inglês, Bovine serum albumin, Albumina de soro bovino

CAT Catalase

EROs Espécies reativas de oxigênio

EDTA do inglês, Ethylenediamine tetraacetic acid, Ácido etilenodiamino tetra-acético

GSH Glutationa

GST Glutationa-s-transferase

HPLC do inglês, High Performance Liquid Chromatography, Cromatografia líquida de

alta performance

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IPCC do inglês, Intergovernmental Panel on Climate Change, Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas

LPO Lipoperoxidação

MDA Malondialdeído

pH Potencial hidrogeniônico

RCPs do inglês, Representative Concentration Pathways, Caminhos Representantivos

de Concentração

REBIO Reserva Biológica

SDS do inglês, Sodium dodecyl sulfate, Dodecil sulfato de sódio

SOD Superóxido dismutase

T0 Tempo de coleta após a aclimatação

T1 Tempo de coleta após 9 dias de experimento

T2 Tempor de coleta após 30 dias de experimento

TBA do inglês, Thiobarbituric acid, Ácido tiobarbitúrico

Tris HCl Tris-cloridrato

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

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LISTA DE SÍMBOLOS

CO2 Dióxido de carbono

CaCO3 Carbonato de cálcio

e- Elétron

H2O Água

H2O2 Peróxido de hidrogênio

H+ Íon hidrogênio

O2 Oxigênio

O2• Radical superóxido

OH• Radical hidroxila

CDNB 1-cloro-2,4-dinitrobenzeno

NaCl Cloreto de sódio

HCl Ácido clorídrico

KOH Hidróxido de potássio

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 25

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 27

1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 27

1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 27

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................. 27

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 29

2.1 ANTOZOÁRIOS ................................................................................................................ 29

2.1.1 Zoantídeos ...................................................................................................................... 31

2.1.2 Scleractineanos .............................................................................................................. 33

2.2 ZOOXANTELAS ............................................................................................................... 36

2.3 AMEAÇAS À FAUNA CORALÍNEA BRASILEIRA ..................................................... 37

2.3.1 Aumento da temperatura do mar ................................................................................ 38

2.3.2 Invasão de espécies exóticas .......................................................................................... 41

2.4 ESTRESSE OXIDATIVO .................................................................................................. 44

2.4.1 Sistema de defesa antioxidante ..................................................................................... 45

2.4.2 Lipoperoxidação ............................................................................................................ 46

2.5 MESOCOSMOS ................................................................................................................. 47

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 49

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE COLETA .............................................................. 49

3.2 COLETA DO MATERIAL DE ESTUDO ......................................................................... 50

3.3 MESOCOSMO DA UFSC ................................................................................................. 50

3.4 CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS..................................................................................... 51

3.5 COLETA DE AMOSTRAS NO MESOCOSMO .............................................................. 51

3.6 ACOMPANHAMENTO DO PERFIL MORFOLÓGICO DAS COLÔNIAS

AMOSTRAIS............................................................................................................................52

3.7 DETERMINAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO .......................................................... 52

3.7.1 Determinação da atividade enzimática ........................................................................ 53

3.7.2 Quantificação de MDA .................................................................................................. 54

3.8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ............................................................................................ 56

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 57

4.1 PERFIL MORFOLÓGICO DAS COLÔNIAS AMOSTRAIS .......................................... 57

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4.2 AVALIAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO.................................................................. 62

4.2.1 Estresse oxidativo em Tubastraea coccinea ................................................................. 63

4.2.2 Estresse oxidativo em Palythoa caribaeorum .............................................................. 69

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 77

APÊNDICE A – CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA A QUANTIFICAÇÃO DO MDA..87

APÊNDICE B – CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA A QUANTIFICAÇÃO DE

PROTEÍNA............................................................................................................................. 89

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1 INTRODUÇÃO

O planeta Terra tem sua superfície composta por, aproximadamente, 70% de água

salgada. As primeiras formas de vida surgiram na água e os oceanos são grandes reservatórios

de organismos, nos quais estão representados praticamente todos os filos existentes. Essa

imensa variedade de seres vivos está diretamente dependente e ligada às condições das águas

em que vivem, pois acabam selecionando muitas características comuns a esses diversos

organismos e muitas vezes funcionando como fator limitante dos mesmos (NYBAKKEN,

1993).

Desde 1958, as concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera já aumentaram

mais de 20%, e cerca de 40% desde 1750. De acordo com o Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas (IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change), em todos os

cenários projetados, as concentrações de CO2 serão maiores em 2100 comparadas aos níveis

atuais, resultado do aumento cumulativo das emissões durante os séculos XX e XXI (IPCC,

2014). De modo consequente, os oceanos absorveram 30% do CO2 antropogênico, resultando

num aquecimento de 0,4-0,8 °C entre 1861 e 2000. O aquecimento das águas oceânicas domina

o aumento da energia armazenada no sistema climático, representando mais de 90% da energia

acumulada entre 1971 e 2010 (IPCC, 2013).

Com isso, as projeções são de que, até o final deste século, as águas dos oceanos sofram

um aumento de aproximadamente 4,5 ºC em sua temperatura (IPCC, 2013). O mais alarmante

é que, mesmo que as emissões de CO2 sejam drasticamente reduzidas, a sua absorção pelos

oceanos continuará a ocorrer por um bom tempo, já que a velocidade de mistura das águas nos

mares é muito baixa (ROWHER; YOULE, 2010).

Esse cenário de mudanças climáticas é resultado das atividades humanas,

principalmente pelo desmatamento e queima de combustíveis fósseis. As ações sem medidas

conscientes de preservação e/ou bom uso dos recursos naturais, acabam afetando seres vivos

mais sensíveis e suscetíveis às consequências ambientais. O aumento da temperatura dos

oceanos tem impactos na fisiologia, no comportamento e na dinâmica populacional dos

organismos, afetando fortemente os ecossistemas marinhos. Com isso, as previsões são de que

os corais sejam os primeiros a sofrerem, causando branqueamento e diminuição nas taxas de

crescimento (IPCC, 2013). As alterações climáticas podem, assim, ser o golpe decisivo para

muitas espécies, pois já se encontram sob estresse devido a estressores locais, como o turismo

desordenado, coleta e comércio de corais clandestinamente.

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Além disso, os corais e demais organismos marinhos brasileiros estão sofrendo outra

forte ameaça com a invasão de espécies de coral sol Tubastraea tagusensis e Tubastraea

coccinea, oriundas do Oceano Pacífico. Colônias de Tubastraea spp. foram registradas pela

primeira vez no Brasil por Castro e Pires (2001), no final dos anos 80, em plataformas

petrolíferas. Desde então, pelo processo de bioinvasão, o coral sol está sendo amplamente

observado em águas tropicais e subtropicais do Atlântico Sul (DE PAULA; CREED, 2004). A

Tubastraea difere dos outros corais, pois não contribui na construção da estrutura recifal. É

conhecido pela sua agressividade com as outras espécies, possuindo estratégias reprodutivas e

rápido crescimento, o que pode fazer deste organismo extremamente eficiente na competição

por espaço. O estabelecimento e expansão geográfica destes corais no Brasil têm resultado em

danos ao coral nativo e endêmico (CREED, 2006; CREED; DE PAULA, 2007).

Tendo em vista tais fatos, ações a fim de compreender as respostas biológicas e

fisiológicas de organismos marinhos frente às mudanças climáticas globais são de suma

importância, e devem ser realizadas para ampliar e elucidar o conhecimento sobre cenários

futuros. Para isso, os sistemas de mesocosmos estão cada vez mais sendo utilizados em

experimentos com contexto de mudanças climáticas (STEWART et al., 2013).

As mudanças globais estão provocando impactos no ecossistema coralino. Faz-se

necessário a compreensão de como o aquecimento global, e consequentemente o aumento da

temperatura do oceano, irá afetar as espécies de corais e quais são seus limites de tolerância,

pois a maioria destes animais vive perto de seus limites térmicos. Assim, mesmo com um

pequeno aumento na temperatura do mar, os corais podem ser afetados (ROHWER; YOULE,

2010; SOARES, 2011). Embora alguns estudos já tenham explorado o efeito do aquecimento

superficial do oceano sobre certos corais, nenhum estudo relevante aborda tais efeitos sobre a

espécie invasora Tubastraea coccinea, tampouco em sistema de mesocosmo. O esclarecimento

desta questão ampliará os horizontes da comunidade científica acerca das consequências das

mudanças climáticas sobre os corais e os ambientes que habitam. Além disso, compreender o

comportamento das espécies exóticas, como o coral T. coccinea, em condições de cenários

futuros é fundamental para auxiliar na tomada de decisão e na implementação das ações de

manejo e mitigação dos impactos, além do monitoramento dessas espécies, visando à

conservação dos ambientes coralíneos.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Avaliar os efeitos das mudanças climáticas (aumento da temperatura do oceano) sobre

os sistemas antioxidantes enzimáticos da espécie de coral invasora Tubastraea coccinea e do

zoantídeo Palythoa caribaeorum.

1.1.2 Objetivos específicos

1) Simular condições de possíveis cenários de temperatura do oceano, em diferentes níveis:

16ºC, 19ºC, 22ºC, 25ºC, 28ºC e 31ºC, no mesocosmo da UFSC, utilizando o coral sol

Tubastraea coccinea e o zoantídeo Palythoa caribaeorum;

2) Avaliar possíveis modificações estruturais das colônias de Tubastraea coccinea e Palythoa

caribaeorum submetidas aos diferentes tratamentos no mesocosmo;

3) Analisar o impacto dos diferentes tratamentos nas atividades das enzimas catalase e

glutationa-S-transferase no coral sol Tubastraea coccinea e no zoantídeo Palythoa

caribaeorum;

4) Analisar a lipoperoxidação pela quantificação de MDA nas colônias de Tubastraea

coccinea;

5) Comparar os efeitos das mudanças climáticas entre o coral invasor Tubastraea coccinea e o

zoantídeo Palythoa caribaeorum;

1.2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A estrutura da dissertação está dividida em cinco seções principais, sendo esta a primeira

seção, que apresenta a introdução da dissertação, com a contextualização do tema, a justificativa

e os objetivos da pesquisa. A segunda seção apresenta a revisão bibliográfica dos principais

assuntos pertinentes à realização deste trabalho, explicando o que são os organismos testados,

as suas ameaças e os possíveis efeitos das mudanças climáticas sobre os mesmos.

Os materiais e métodos utilizados em todas as etapas da pesquisa encontram-se na

terceira seção. Já a quarta seção apresenta os resultados e discussão deste trabalho, elucidada

com gráficos, tabelas e fotos para melhor compreensão. Por fim, a quinta e última seção expõe

as conclusões obtidas durante a realização da pesquisa.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ANTOZOÁRIOS

Membros da classe Anthozoa são invertebrados marinhos taxonomicamente alocados

no filo Cnidaria. De constituição anatômica simples, com estrutura corporal na forma polipoide

(Figura 1), os antozoários possuem uma única abertura, a boca, circundada por tentáculos que

auxiliam na captura de alimentos e defesa. A boca leva ao interior de uma faringe prolongada

por mais da metade de uma cavidade intestinal, referida como celêntero ou cavidade

gastrovascular, por atuar na digestão, bem como na circulação. Essa cavidade é dividida por

septos ou mesentérios longitudinais. A parede corporal consiste de três camadas básicas, a

epiderme (externa), a gastroderme (interna) e uma camada extracelular intermediária, a

mesogleia. O corpo de um pólipo é caracterizado por ser tubular ou cilíndrico, com a boca e os

tentáculos, a extremidade oral, direcionados para cima, enquanto a extremidade oposta

mantém-se fixa. Os antozoários podem possuir um único pólipo, conhecidos como solitários,

ou viverem em colônias (RUPPERT; BARNES, 1996).

Figura 1 - Estrutura de um pólipo antozoário: A) Corte longitudinal, B) Corte transversal ao

nível da faringe e C) Corte transversal abaixo da faringe

Fonte: RUPPERT; BARNES, 1996.

Animais desta classe taxonômica são carnívoros e têm como mecanismo básico de

alimentação a captura de presas. Os tentáculos, quando expandidos e esticados para fora do

corpo, servem como um obstáculo para a presa, que é capturada quando os toca. Dependendo

do tamanho dos pólipos, alimentam-se de presas que variam de zooplânctons até pequenos

peixes. Outro mecanismo de alimentação é por simbiose mutualística com microalgas, as

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zooxantelas. Com isso, podem ser classificados como “zooxantelados”, quando possuem

simbiose com zooxantelas, e “azooxantelados”, quando nao estabelecem simbiose com

zooxantelas (MOREIRA, 2009; RUPPERT; BARNES, 1996).

As colônias de antozoários são de modo geral gonocóricas ou hermafroditas, e possuem

reprodução assexuada e sexuada (Figura 2), sendo a última dividida em fecundação interna e

fecundação externa. A reprodução assexuada é comum nos antozoários, e ocorre por fissão

longitudinal ou fragmentação de pólipos e/ou colônias. Fissão longitudinal pode resultar em

grandes colônias de indivíduos geneticamente idênticos. Assim também ocorre na

fragmentação que, a partir do fragmento deixado para trás, origina uma nova colônia ou clones

(BRUSCA; BRUSCA, 2003).

A reprodução sexuada consiste no encontro dos ovócitos (gametas femininos) com os

espermatozoides (gametas masculinos), resultando na formação de uma larva livre-natante, a

plânula, até seu assentamento, após o qual se transforma em recruta. Há dois tipos de

reprodução sexuada que se diferem pelo local da fecundação dos gametas. Na fecundação

interna, gametas masculinos são liberados na água do mar, penetrando nas cavidades bucais de

outros corais que possuem gametas femininos, assim, ocorrendo a fecundação no interior do

animal. Após alcançar o estágio de plânula, essas são liberadas. Esses são conhecidos como

incubadores de larvas. No caso da fecundação externa, ocorre a liberação dos gametas

masculinos e femininos no mar, que se encontram no ambiente externo (HARRISON;

WALLACE, 1990). Os gametas são formados nos tecidos localizados nos septos mesentéricos

da cavidade gastrovascular e liberados pela cavidade bucal (MOREIRA, 2009).

Figura 2 - Reprodução em antozoários: A) Reprodução assexuada por fissão longitudinal e B)

Ciclo de vida sexuado: o pólipo adulto libera gametas, que se fundem

externamente; ou são liberados ovos fecundados, e os zigotos formam larvas

plânulas, que se transforma em jovens pólipos.

Fonte: BRUSCA; BRUSCA, 2003.

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2.1.1 Zoantídeos

Os zoantídeos, pertencentes à ordem Zoanthidea, estão em abundância em ambientes

tropicais de águas rasas, recifes e costas rochosas (RUPPERT; BARNES, 1996). A maioria se

apresenta na forma colonial, com seus pólipos de 1 a 2 cm de diâmetro, com o corpo colunar

mais curto e em forma de botão. Os tentáculos que circundam a extremidade oral são geralmente

pequenos. Sem um esqueleto próprio, a coluna corporal é recoberta por uma cutícula espessa,

que possui uma textura rígida, por incorporar sedimentos na camada tecidual, como areia,

calcita, fragmentos carbonáticos, espículas de esponjas ou detritos (AMARAL et al., 2009;

BRUSCA; BRUSCA, 2003; RUPPERT; BARNES, 1996). Determinados zoantídeos, como a

espécie Palythoa caribaeorum, podem recobrir grandes áreas nos costões rochosos em até cinco

metros de profundidade (SEGAL et al., 2017).

A simbiose com zooxantelas ocorre em algumas espécies de zoantídeos. Além disso,

numa mesma colônia, pode haver machos, fêmeas e hermafroditas. Os gametas são produzidos

na gastroderme, e os óvulos fecundados na cavidade gastrovascular. O desenvolvimento inicial

ocorre em bolsas dentro da cavidade, ou, mais comumente, fora do corpo, no mar (BRUSCA;

BRUSCA, 2003).

2.1.1.1 Palythoa caribaeorum

Palythoa caribaeorum é uma espécie zooxantelada, colonial e se desenvolve em

ambientes rasos sobre substratos consolidados, como mostra a Figura 3 (AMARAL et al.,

2009). Uma única colônia pode ter alguns centímetros ou se estender em uma área de até mais

de 4 m2 (ACOSTA, 2001).

Figura 3 - Zoantídeo Palythoa caribaeorum recobrindo uma área grande em substratos

Fonte: SEGAL et al., 2017.

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Esta espécie é vista mais comumente recobrindo grandes extensões de substratos, em

grandes agregações (AMARAL et al., 2009). A colônia é revestida por um muco viscoso,

chamado popularmente no Brasil como “baba-de-boi” (PÉREZ; VILA-NOVA; SANTOS,

2005). De acordo com Cairns (2007), poderia ser caracterizada como coral, mas em algumas

literaturas já é reconhecida como coral mole.

Este zoantídeo é um dos mais vistos em ambientes rasos por quase toda a costa oeste

atlântica. A distribuição no Brasil vai desde o Ceará até Santa Catarina, limite sul de P.

caribaeorum na costa ocidental (BOUZON; BRANDINI; ROCHA, 2012; MORENO, 1999).

A sua presença está abundante em costões rochosos, recifes areníticos e biogênicos

(MANTELATTO et al., 2013; MONTEIRO et al., 2008). Por isso, é uma espécie bastante

representativa e desempenha um papel importante na comunidade bentônica brasileira.

Palythoa caribaeorum é uma espécie hermafrodita sequencial protogínico, onde uma

única colônia contém gônadas masculinas e femininas (FADLALLAH; KARLSON; SEBENS,

1984). Inicialmente ocorre o desenvolvimento das gônadas femininas, que posteriormente são

substituídas por vesículas seminais (BOSCOLO; SILVEIRA, 2005). Em comparação com

outros zoantídeos, a espécie possui elevado esforço reprodutivo (FADLALLAH; KARLSON;

SEBENS, 1984).

A reprodução assexuada acontece por fragmentação e, mais comumente, por fissão. A

fragmentação é gerada por fatores exógenos, não dependendo da energia da colônia para sua

realização. Já o processo de fissão ocorre por fatores endógenos. Essa forma de reprodução

exerce um papel importante para a conservação entre populações de P. caribaeorum

(ACOSTA; SAMMARCO; DUARTE, 2001).

Em relação a interação com outros organismos bentônicos, esta espécie é considerada

uma forte competidora, com três formas básicas de sobrepujar outros indivíduos: assentamento

pontual, recobrimento e agressão lateral, que gera um halo de necrose na espécie atacada. A

primeira estratégia se dá pela sobreposição, por meio do assentamento sobre organismos já

aderidos ao substrato, possuindo a necessidade de contato com outro organismo. Já as duas

últimas podem ocorrer com ou sem contato direto (RABELO; SOARES; MATTHEWS-

CASCON, 2013). Além disso, a P. caribaeorum possui a mais potente toxina marinha não

proteica conhecida até o momento, a palitoxina, que age causando lise celular no adversário

(MUNDAY, 2011).

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2.1.2 Scleractineanos

Os corais escleractinianos ou pétreos, também conhecidos por corais verdadeiros ou

madreporarianos, constituem a ordem Scleractinia (=Madreporaria), a maior da classe

Anthozoa. Caracterizam-se, na maioria, por viverem em colônias com pequenos pólipos que

variam de 1 a 3 mm de diâmetro, todavia podem tornar-se maiores. Alguns corais são solitários

possuindo pólipos de cerca de 25 cm de diâmetro (RUPPERT; BARNES, 1996). Os pólipos

dos corais coloniais são todos conectados por meio de uma camada tecidual horizontal,

denominada cenossarco, que contém uma extensão da cavidade gastrovascular, bem como uma

camada da gastroderme e epiderme (MARANGONI; MARQUES; BIANCHINI, 2016;

RUPPERT; BARNES, 1996; SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

Os corais depositam carbonato de cálcio (CaCO3) por baixo dos tecidos vivos, formando

um esqueleto rígido. Esse processo de depósito ocorre por tanto tempo quanto a colônia estiver

viva (RUPPERT; BARNES, 1996). O CaCO3, sob a forma de aragonita (SHEPPARD;

DAVEY; PILLING, 2009), é secretado pela camada epidérmica da metade inferior do pólipo.

A densidade do CaCO3 precipitado não é a mesma por todo o ano, com a alteração sendo

governada por fatores abióticos, como a temperatura da água, luminosidade e disponibilidade

de íons carbonáticos. Portanto, as configurações esqueléticas de várias espécies de corais

dependem do padrão de crescimento e do arranjo dos pólipos na colônia. Assim, algumas

espécies são amplas e consistentes, outras pequenas e frágeis. Algumas possuem crescimento

vertical e ramificado, outras são achatadas e redondas. O esqueleto, além de ser um substrato

para o coral fixar-se, serve também para sua proteção. O pólipo pode contrair-se, ficando

somente um pouco acima do esqueleto, diminuindo o seu alcance para os predadores.

(RUPPERT; BARNES, 1996; SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

Algumas espécies de corais hermafroditas fazem a liberação dos gametas (desova),

masculinos e femininos, conjuntamente por meio de pacotes, conhecidos como bundles, que se

desfazem na água circundante (Figura 4). As colônias de corais masculinas e femininas liberam,

respectivamente, espermatozoides e ovocitos na coluna d’água, ocorrendo, então, a fecundação.

Após, origina-se a plânula (HARRISON; WALLACE, 1990). As larvas de corais, nas suas fases

livre-natante, se afastam do local de sua reprodução e se instalam nas proximidades.

Recentemente, têm sido mostrados diferentes espécies de corais que realizam a desova

simultaneamente. Estes eventos podem levar a altos níveis de hibridização entre corais

escleractinianos, podendo explicar a grande variedade de polimorfismo visto em muitas

espécies (BRUSCA; BRUSCA, 2003).

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Figura 4 - O coral hermafrodita Mussismilia harttii, endêmico brasileiro, liberando um bundle

Fonte: CORAL VIVO. Pesquisa e educação pela conservação para o uso sustentável dos recifes de coral.

Programa de Estágio Voluntário: Manual do Estagiário. 2013.

A alimentação dos corais ocorre à noite, a partir da captura de presas pelos tentáculos,

permanecendo contraídos durante o dia. Entretanto, a maioria dos corais recifais de águas rasas

são altamente dependentes da simbiose com as zooxantelas para sua alimentação

(MARANGONI; MARQUES; BIANCHINI, 2016). Cerca da metade das espécies conhecidas

na ordem Scleractinia possuem zooxantelas presentes no seu interior, que são as espécies de

corais hermatípicos (zooxantelados) (BRUSCA; BRUSCA, 2003; RUPPERT; BARNES,

1996).

Os corais ahermatípicos (azooxantelados), embora dependam somente da captura de

presas para nutrição, também retraem os tentáculos durante o dia, assim como os corais

hermatípicos, para sua proteção. No entanto, em locais escuros, podem estendê-los durante o

dia. Como não dependem de luz, requisito para fotossíntese das microalgas, podem ocorrer em

lugares sombrios, em grandes profundidades, até mesmo crescer próximo às regiões polares.

Por isso, não são tão frequentes em recifes rasos tropicais, que são ambientes geralmente

disputados pelas áreas iluminadas. Por outro lado, dominam vertentes, fendas e áreas mal

iluminadas. Esses corais crescem mais lentamente, comparados aos corais zooxantelados ou

construtores de recifes, com muitos sendo solitários ou gerando pequenas colônias. Mas

algumas espécies podem conter esqueletos densos e formar grandes agregações, também

chamadas de recifes (SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

As competições entre as espécies coralinas por espaço nos recifes são frequentes e

ferozes. Muitas espécies são bastante agressivas, matando o coral vizinho. Essas agressões são

observadas quando duas colônias de diferentes espécies crescem perto uma da outra, ou quando

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um coral toca em outra espécie. A intensidade da agressividade depende da espécie

(SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

Existem alguns mecanismos de ataque usados pelos corais. O mais agressivo se dá

quando um coral digere, por meio de filamentos mesentéricos, os tecidos do coral vizinho de

espécie distinta, deixando exposto o esqueleto do coral atacado. Esse método geralmente ocorre

à noite e é de curto alcance, porém rápido. Outra forma de ataque é pelo efeito de substâncias

químicas tóxicas que matam o vizinho, mecanismo comumente utilizado por corais moles

(SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

Contudo, a presença abundante de uma espécie de coral não é definida somente pela

agressão. Aqueles que não apresentam uma vigorosa agressividade, provavelmente utilizam de

outros artifícios para permanecer e lutar por espaços nos recifes, como o crescimento rápido ou

alta fecundidade (SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

2.1.2.1 Tubastraea coccinea

O coral ahermatípico Tubastraea coccinea (Figura 5), popularmente conhecido como

coral sol, é oriundo do Oceano Pacífico e considerado invasor no Oceano Atlântico (DE

PAULA; CREED, 2004). Esta espécie é conhecida pela sua agressividade com os outros corais,

possuindo determinados atributos que potencializam seu sucesso como bioinvasora. Destacam-

se as estratégias reprodutivas e rápido crescimento, assim, sendo eficiente na competição por

espaço (CREED, 2006; CREED; DE PAULA, 2007).

Figura 5 - Colônia de Tubastraea coccinea com os tentáculos distendidos

Fonte: SEGAL et al., 2017.

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Sabe-se que T. coccinea é hermafrodita simultânea e incubadora, reproduzindo-se de

forma sexuada e assexuada. Ambas as formas apresentam alta produção de larvas ao longo do

ciclo de vida, possivelmente com uma maior quantidade de larvas assexuadas. Além disso,

exibem uma idade reprodutiva precoce, com 2 meses para reprodução sexuada e somente 20

dias para as larvas assexuadas, com elevada taxa de crescimento (DE PAULA, 2007; GLYNN

et al., 2008).

Ainda sobre as características reprodutivas, a espécie apresenta duas estações de

reprodução durante o ano (DE PAULA; PIRES; CREED, 2014), podendo liberar de 80 a 300

larvas.cm-2.ano-1 com 1,6 a 2,5 cm de diâmetro. As larvas apresentaram uma viabilidade por até

18 dias em aquário, bem como rápido assentamento em até três dias após a liberação (GLYNN

et al., 2008), em lugares próximos às colônias parentais (DE PAULA; CREED, 2005; DE

PAULA; PIRES; CREED, 2014).

O estabelecimento e expansão geográfica destes corais no Brasil têm resultado em danos

ao coral nativo e endêmico (CREED, 2006; CREED; DE PAULA, 2007). No litoral de Santa

Catarina é encontrada na Reserva Biológica (REBIO) Marinha do Arvoredo, nas Ilhas de Galé

e Arvoredo, e possui alto risco potencial para a vida marinha local (SEGAL et al., 2017).

2.2 ZOOXANTELAS

As zooxantelas, assim popularmente conhecidas, são microalgas pertencentes ao gênero

Symbiodinium (filo Dinophyta, ordem Gymnodiniales) (ROHWER; YOULE, 2010;

SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009). Essas algas simbiontes estão presentes em vários

táxons de invertebrados, incluindo os antozoários, como os corais escleractinianos construtores

de recifes (hermatípicos) e os zoantídeos (corais moles). Em ambos os corais duros e moles, as

zooxantelas residem dentro do tecido dos animais, nas células da endoderme (LEÃO, 1999).

Por ser uma simbiose mutualística, os corais e as zooxantelas obtêm diversos benefícios.

As exigências nutritivas dos corais são supridas em parte pelas algas simbiontes, quer na

produção de compostos orgânicos, ou expelindo oxigênio que é absorvido por eles (LEÃO,

1999). Os corais recebem até 95% de seus produtos fotossintéticos, como os açúcares e

aminoácidos (MUSCATINE, 1990 apud HOEGH-GULDBERG, 1999). Portanto, as

zooxantelas têm papel fundamental na nutrição dos corais, aumentando as opções de

alimentação destes animais em um ambiente oligotrófico e com quantidade planctônica limitada

(SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

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A partir da associação, ocorrem processos que aceleram a deposição de carbonato de

cálcio nos esqueletos dos corais pétreos. A microalga utiliza o gás carbônico (CO2) resultante

dos processos metabólicos do coral. O gás é transformado em íons de carbonato e bicarbonato.

Estes se combinam com íons de cálcio bombeados pela epiderme dos corais, formando CaCO3

que é depositado no esqueleto. Portanto, a taxa de deposição é mais rápida em corais

simbióticos que em corais não simbióticos (GATTUSO et al., 1999 apud SHEPPARD;

DAVEY; PILLING, 2009).

Além disso, as zooxantelas dão coloração aos corais. As microalgas contêm clorofilas

A e C, e os pigmentos associados às clorofilas, peridinina e diadinoxantina, que dão coloração

amarelo-amarronzada a marrom-escura às zooxantelas e, portanto, aos seus hospedeiros. Em

troca, as microalgas são beneficiadas com um ambiente protegido, suprimento de CO2 e

nutrientes, posição fixa na coluna de água e com posição de luz favorável à realização da

fotossíntese (SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

Quando o coral realiza reprodução assexuada, as zooxantelas são transferidas pelos

tecidos parentais diretamente para a nova colônia coralínea. No caso de se reproduzirem

sexuadamente, as microalgas são adquiridas na água do mar circundante pelo novo coral

(transmissão horizontal). Outra forma menos usual é pela transmissão vertical, que as

zooxantelas são passadas dos pais para os descendentes nos gametas (SHEPPARD; DAVEY;

PILLING, 2009).

Uma vez estabelecida a simbiose, a estabilidade é mantida pelo hospedeiro em

condições “normais” (SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009). No entanto, situações de

desequilíbrio ambiental, como em casos de elevação do nível de radiação ultravioleta, elevação

de temperaturas, entre outros, podem interromper a simbiose entre as microalgas e os corais

(BROWN, 1997; DOUGLAS, 2003; ROHWER; YOULE, 2010). Porém, o coral pode

recuperar-se caso a condição de estresse não seja prolongada (RUPPERT; BARNES, 1996).

2.3 AMEAÇAS À FAUNA CORALÍNEA BRASILEIRA

A fauna coralínea brasileira é única no mundo devido à sua baixa diversidade e ao

elevado endemismo, possuindo muitas formas arcaicas, remanescentes da fauna Terciária. Há

registros de mais de quarenta espécies de corais no território brasileiro. Dentre essas, vinte se

destacam por serem endêmicas de sua fauna (LEÃO; KIKUCHI; TESTA, 2003).

A principal ameaça global aos corais é o aumento da temperatura da superfície do mar

(TSM), podendo causar seu branqueamento (ROHWER; YOULE, 2010). Em escala local, os

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agentes antropogênicos mais comuns estão relacionados com o desenvolvimento urbano na

zona costeira, o turismo marinho, a sobrepesca, a pesca destrutiva, a coleta e comércio de corais

e a poluição em decorrência da instalação de projetos industriais e a exploração de combustíveis

fósseis (LEÃO, 1999).

Além disso, fatores como doenças, surtos de pragas, ciclones tropicais e outros eventos

naturais também afetam os corais. O impacto de vários fatores estressantes causados pelo

homem pode ter um efeito sobre as espécies coralíneas e os seus ambientes, que por vezes pode

ser irrecuperável. A diminuição do estresse sobre as comunidades de corais é recomendada,

pois os mesmos se tornam menos vulneráveis a alguns tipos de distúrbios naturais e/ou globais

e levam menos tempo para se recuperar (BRYANT et al., 1998).

Em paralelo a estes estressores locais e global, há uma preocupação com a invasão de

espécies exóticas. Devido à crescente globalização, o aumento do comércio internacional vem

contribuindo para a introdução de espécies em locais além da sua distribuição geográfica

natural. As espécies exóticas, ao se estabelecerem numa nova área podem encontrar condições

favoráveis ao seu desenvolvimento, e podem também ser mais eficientes que as espécies nativas

no uso de recursos (TYRREL; BYERS, 2007). As espécies exóticas consideradas invasoras

causam problemas ecológicos, como a morte dos corais nativos, perda da biodiversidade e

alterações nas funções das comunidades e ecossistemas, e consequentemente, um grave

desequilíbrio no ambiente marinho (MOLNAR et al., 2008).

2.3.1 Aumento da temperatura do mar

A concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera está aumentando desde 1750,

mas cerca de metade das emissões ocorreram nos últimos 50 anos. Além disso, cerca de 40%

dessas emissões desde 1750 permaneceram na atmosfera. Como consequência, a temperatura

do ar global está aumentando. Por conseguinte, o oceano absorveu cerca de 30% do CO2

antropogênico emitido (IPCC, 2014).

A temperatura média das águas dos oceanos aumentou 0,4-0,8 °C entre 1861 e 2000.

Porém, o aquecimento na parte superior do oceano (0-700 m) é maior. No período de 1971-

2010, a faixa de profundidade de até 75 m do oceano aqueceu 0,11(0,09 a 0,13) °C e 0,015 °C

até 700 m por década. Com os novos aumentos de CO2 na atmosfera, a temperatura global

continuará a subir e o oceano continuará aquecendo durante o século XXI (IPCC, 2014).

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – Intergovernmental

Panel on Climate Change) fornece periodicamente relatórios de avaliação sobre as mudanças

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climáticas e cenários de emissões, de acordo com modelos climáticos. Em seu quinto relatório

(AR5), último até o momento, relata que as mudanças na temperatura do ar global estão sendo

ocasionadas por atividades humanas, principalmente a partir da combustão de combustíveis

fósseis, produção de cimento e desmatamento (IPCC, 2014). Nesse AR5, propuseram quatro

Trajetórias Representativas de Concentração (RCPs – Representative Concentration

Pathways), isto é, quatro cenários possíveis de emissão e concentração de gases de efeito estufa

(GEE) até 2100. Portanto, de acordo com o cenário mais pessimista (RCP8.5), com emissões

de GEE muito altas, a projeção é de que o oceano superior irá sofrer um aumento de

aproximadamente 4,5 °C de temperatura até o final do século XXI (IPCC, 2013).

Outras projeções apontam um aumento da mortalidade e branqueamento de corais e os

recifes de coral mesoamericanos entrarão em colapso entre 2050 e 2070 (IPCC, 2014). Portanto,

diversos estudos vêm demostrando e alertando sobre os danos causados pelo aumento da

temperatura do mar, com a desassociação da simbiose entre o coral e as suas zooxantelas,

ocasionando no branqueamento e sua consequente morte (CASTRO; PIRES, 1999; HOEGH-

GULDBERG, 1999; REASER; POMERANCE; THOMAS, 2000).

2.2.1.1 Branqueamento dos corais

O branqueamento de um coral é um evento no qual o animal perde ou expulsa suas

zooxantelas e seus pigmentos fotossintetizantes, desestabilizando a relação de simbiose entre o

hospedeiro e as microalgas (BROWN, 1997; DOUGLAS, 2003; ROHWER; YOULE, 2010).

Com isso, o coral perde a sua cor e, como o esqueleto calcário sob o tecido é branco, fica com

aparência branqueada (Figura 6), o que originou o nome branqueamento (LEÃO; KIKUCHI;

OLIVEIRA, 2008).

Figura 6 - A) Branqueamento fraco - Siderastrea spp. e B) Branqueamento forte - Montastraea

cavernosa

Fonte: LEÃO; KIKUCHI; OLIVEIRA, 2008.

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Sem a sua oferta de fotossintatos, os corais não têm os recursos necessários para o

crescimento e reprodução, resultando na diminuição da taxa de calcificação do esqueleto dos

corais, no aumento da mortalidade de várias espécies e, consequentemente, na redução do

desenvolvimento da estrutura recifal (BROWN, 1997; HOEGH-GULDBERG, 1999;

ROHWER; YOULE, 2010). Além disso, a produção de muco é reduzida tornando o coral mais

suscetível a doenças, levando à morte do animal em questão de semanas (ROHWER; YOULE,

2010).

Em diversas partes do mundo, como também no Brasil, o fenômeno de branqueamento

de corais parece coincidir com o aumento da temperatura das águas superficiais durante a

ocorrência de eventos de El Niño, evidenciando que estas variações prejudicam os ecossistemas

tropicais, singularmente os recifes de coral (CASTRO; PIRES, 1999; LEÃO; KIKUCHI;

TESTA, 2003). No Brasil, muitos eventos de branqueamento foram registrados a partir de 1993.

Nos verões de 1994 e 1996 o fenômeno observado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,

Bahia e Pernambuco afetou principalmente o coral endêmico Mussismilia hispida e o zoantídeo

Palythoa caribaeorum. No verão de 1997/1998, período de El Niño de forte intensidade, uma

anomalia térmica de 1 °C na água do mar foi registrada no Litoral Norte da Bahia, com

temperaturas medidas no campo de 29 a 30,5 °C, o que causou branqueamento em 60% dos

corais. Apesar de sofrerem grande estresse na presença do fenômeno El Niño, houve a

recuperação total destes animais (LEÃO; KIKUCHI; OLIVEIRA, 2008).

No entanto, nas últimas décadas, os eventos de branqueamento têm se repetido com

frequência em grande número e em diversas regiões do mundo (ROHWER; YOULE, 2010;

SOARES, 2011). Embora possa ser causado por outros fatores, estudos em localidades onde o

fenômeno de branqueamento ocorre demostram que o principal indutor é o aumento da

temperatura da superfície do mar, responsável pela mortalidade em massa de corais nos recifes

pelo mundo. Ruppert e Barnes (1996) sugeriram que a elevação da temperatura do mar pode

ser uma evidência do aquecimento global. Segundo Hoegh-Guldberg (1999), o aumento na

intensidade do branqueamento de corais é devido ao aumento da TSM, e de acordo com Soares

(2011), o crescimento de anomalias térmicas no oceano está relacionado às mudanças

climáticas globais. Dessa maneira, os recifes de coral têm sido considerados como o primeiro

e maior ecossistema a sofrer impactos significativos devido a essas alterações, e não há dúvidas

das drásticas consequências para os recifes coralinos com o aumento da frequência de eventos

de branqueamento (HOEGH-GULDBERG, 1999).

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2.3.2 Invasão de espécies exóticas

Espécies exóticas, ou não nativas, são aquelas encontradas em locais diferentes da sua

área de distribuição geográfica historicamente conhecida. Geralmente chegam aos novos locais

por meios criados pela ação humana, como exemplo, pela água de lastro dos navios. Os

invasores são espécies exóticas que, após sua chegada, aumentam a densidade e expandem-se

geograficamente. Como resultado do seu estabelecimento, ocorre modificação das

comunidades biológicas receptoras e criação de novas interações ecológicas, podendo competir

com as espécies na comunidade receptora (TYRRELL; BYERS, 2007).

Com isso, há uma preocupação com a introdução de espécies de corais invasores que

são ameaças para os ecossistemas marinhos (CASTRO; PIRES, 2001). Assim, corais

ahermatípicos do gênero Tubastraea (Cnidaria, Anthozoa, Scleractinia, Dendrophylliidae),

conhecidos popularmente como coral sol (sun coral) ou coral tubo (cup coral), apresentam-se

como uma nova ameaça para a biodiversidade marinha brasileira. Esses, oriundos do Oceano

Pacífico e Índico, são considerados cosmopolitas, pois estão distribuídos amplamente em águas

tropicais do Atlântico, Pacífico e Índico devido ao processo de bioinvasão (DE PAULA;

CREED, 2004; _____, 2005).

As espécies Tubastraea tagusensis e Tubastraea coccinea (Figura 7), podem

desenvolver-se em diferentes tipos de substratos: naturais, como madeira e granito, e artificiais,

como cimento, aço e cerâmica. Por isso, de acordo com Creed e De Paula (2007), o coral sol é

generalista, não exigindo substratos específicos para o recrutamento. O que explica seu

comportamento oportunista, com alta fecundidade e dispersando-se rapidamente em áreas com

diferentes materiais.

Figura 7 - Espécies de coral sol: A) Tubastraea tagusensis e B) T. coccinea

Fonte: SAMPAIO et al., 2012.

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T. tagusensis e T. coccinea foram os primeiros corais escleractinianos a invadirem o

Antlântico Ocidental. No Brasil, são amplamente observados na zona costeira em costões

rochosos e recifes de coral e em ambientes artificiais, como plataformas de petróleo, píeres e

boias (CREED et al., 2016), bem como decks e cais (MANGELLI; CREED, 2012). Os

primeiros registros no país ocorreram no final dos anos 80, por Castro e Pires (2001), em

plataformas petrolíferas, no norte do estado do Rio de Janeiro, em Campos. De Paula e Creed

(2004) foram os primeiros a relatar Tubastraea spp. em dois locais na Ilha Grande, Rio de

Janeiro, observadas sobre plataformas de petróleo e gás em águas brasileiras.

No ano seguinte, De Paula e Creed (2005) relataram o gênero em 31 localidades em

costas rochosas na mesma região, mas não identificaram a espécie. Porém, evidenciaram que

as plataformas de petróleo e gás foram os vetores responsáveis pela introdução das duas

espécies na Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Em 2008, o coral Tubastraea spp. foi visto pela

primeira vez no estado da Bahia, na Baía de Todos os Santos (BTS), no naufrágio Cavo

Artemidi, e após três anos foi visto num recife de coral, em uma Área de Proteção Ambienta

(APA), na Ilha de Itaparica. Esse foi o primeiro relato do coral invasor em recifes coralíneos

brasileiros (SAMPAIO et al., 2012).

Em Santa Catarina, a espécie Tubastraea coccinea foi observada pela primeira vez em

2012, nos costões rochosos da Ilha do Arvoredo (CAPEL, 2012; MANTELATTO, 2012), em

área externa da REBIO Marinha do Arvoredo. Em 2014, foi registrado o primeiro foco dentro

da Reserva Biológica, com 374 colônias de coral sol, ainda na Ilha do Arvoredo, no ponto

conhecido como Rancho Norte (SEGAL et al., 2017).

Atualmente, há registros de invasão de pelo menos uma espécie de coral sol nos

seguintes estados brasileiros (Figura 8): Rio de Janeiro (DE PAULA; CREED, 2004;

MANTELATTO, 2012), São Paulo (CAPEL et al., 2014), Espírito Santo (COSTA et al., 2014),

Santa Catarina (CAPEL, 2012; MANTELATTO, 2012), Ceará e Sergipe (CREED et al., 2016).

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Figura 8 - Mapa da ocorrência do coral-sol nos diferentes estados brasileiros (Circulos

vermelhos: Tubastraea coccinea; Circulos amarelos: T. tagusensis; Circulos

verdes: T. coccinea e T. tagusensis): 1 - Acarau (CE); 2 - BTS (BA); 3 - Vitoria

(ES); 4 - Guarapari (ES); 5 - Regiao dos Lagos (RJ); 6 - Cagarras (RJ); 7 - Baia

de Sepetiba (RJ); 8 - Baia da Ilha Grande (RJ); 9 - Ilhabela (SP); 10 - Alcatrazes

(SP); 11 - Laje de Santos (SP); 12 - Arvoredo (SC).

Fonte: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Diagnóstico sobre a invasão do coral-

sol (Tubastraea spp.) no Brasil. Brasília: MMA/Ibama/ICMBio, 2018.

A partir de estudos de modelagem de distribuição e de nicho ecológico, a zona costeira

brasileira é um ambiente adequado para a ocorrência do coral sol. A radiação elevada, o

oxigênio dissolvido, a salinidade e o pH são fatores que possivelmente limitam a presença de

organismos no ambiente marinho, porém não apresentam efeitos principalmente sobre a espécie

T. coccinea, que vive em grande amplitude de condições ambientais (CARLOS-JÚNIOR et al.,

2015).

A invasão do coral sol na costa brasileira vem causando danos potenciais e efetivos nas

populações bentônicas nativas (LAGES et al., 2011). Sua superioridade é observada em relação

a outras espécies, como sobre uma importante espécie endêmica, a Mussismilia hispida, apesar

de possuírem mecanismos similares de defesa química. As espécies invasoras liberam

substâncias alelopáticas causando necrose em outros organismos (CREED, 2006; DE PAULA,

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2007; LAGES et al., 2012). A produção de filamentos mesentéricos também é um aliado na

defesa e ataque da Tubastraea (SANTOS et al., 2013).

Além de tudo, a presença abundante dessas espécies pode modificar a disponibilidade

de alimento para outros organismos, visto que a nutrição de corais zooxantelados é baseada em

zooplâncton (RUPPERT; BARNES, 1996). A mudança na ciclagem de nutrientes pode ser

outro efeito danoso, já que os corais utilizam cálcio retirado do ambiente para a construção do

seu esqueleto (SHEPPARD; DAVEY; PILLING, 2009).

2.4 ESTRESSE OXIDATIVO

A oxidação é um processo fundamental da vida aeróbica e do metabolismo celular,

gerando continuamente radicais livres de forma natural ou por uma disfunção biológica. Estes

radicais livres atuam como mediadores para a transferência de elétrons nas várias reações

bioquímicas durante os processos metabólicos. Além disso, em proporções adequadas,

possibilitam a produção de ATP (fonte de energia), regularizam o crescimento celular, ativam

genes e participam da imunidade e defesa celular (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006;

FERREIRA; MATSUBARA, 1997; OLIVEIRA; SCHOFFEN, 2010).

Os mecanismos de geração de radicais livres ocorrem, naturalmente, nas mitocôndrias,

membranas celulares e no citoplasma, sendo a mitocôndria a principal fonte geradora, por meio

da cadeia transportadora de elétrons (BARBOSA et al., 2010). Nesta, as células aeróbias

adquirem energia por meio da respiração celular ou a oxidação enzimática de nutrientes pelo

oxigênio (O2). O O2 é consumido em 85 a 90%, sofrendo redução tetravalente, com aceitação

de quatro elétrons, resultando na formação de água, conforme a reação (1):

O2 + 4H+ + 4e- → 2H2O (1)

No entanto, cerca de 2% a 5% do oxigênio metabolizado nas mitocôndrias são desviados

para outra via metabólica, e reduzidos de forma univalente, formando radicais tóxicos, os

radicais livres, sendo os principais: superóxido (O2•), hidroxila (OH•) e, ainda, peróxido de

hidrogênio (H2O2) (FERREIRA; MATSUBARA, 1997; SCHNEIDER; OLIVEIRA, 2004),

chamados de espécies reativas de oxigênio (EROs). No entanto, a produção excessiva destes

radicais pode conduzir a danos oxidativos, como a lipoperoxidação, fragmentação de DNA e

oxidação de diferentes moléculas, levando à morte celular (BARREIROS; DAVID; DAVID,

2006; FERREIRA; MATSUBARA, 1997; OLIVEIRA; SCHOFFEN, 2010).

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Como mecanismo de defesa contra a geração excessiva de radicais livres, o organismo

possui um complexo sistema de proteção antioxidante. O desequilíbrio entre os sistemas

oxidante e antioxidante, com predomínio da ação oxidante, é denominado de estresse oxidativo

(MACHADO et al., 2009).

2.4.1 Sistema de defesa antioxidante

O sistema de defesa antioxidante tem o objetivo de manter o processo oxidativo dentro

dos limites fisiológicos e passíveis de regulação, inibindo e/ou reduzindo os danos oxidativos

causados pela ação deletéria dos radicais livres, culminados em danos sistêmicos irreparáveis.

Os sistemas antioxidantes são divididos em enzimáticos e não enzimáticos. As principais

defesas do sistema antioxidante enzimático são a superóxido dismutase (SOD), a catalase

(CAT) e a glutationa-S-transferase (GST). O sistema antioxidante não enzimático é constituído

por grande variedade de substâncias antioxidantes, que podem ter origem endógena ou dietética.

Os antioxidantes que podem ser congregados em compostos produzidos in vivo são a glutationa,

da ubiquinona e do ácido úrico, e os compostos obtidos diretamente da dieta incluem a-tocoferol

(vitamina E), β-caroteno (pró-vitamina A), ácido ascórbico (vitamina C), e compostos fenólicos

onde se destacam os flavonoides e poliflavonoides (BARBOSA et al., 2010).

2.4.1.1 Sistema enzimático

As enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD), glutationa (GSH) e a catalase

(CAT) são responsáveis pela remoção do ânion superóxido (O2-•), hidroperoxidos orgânicos e

peróxido de hidrogênio (H2O2), respectivamente. Essas fazem parte de sistemas antioxidantes

enzimáticos conforme sua ação biológica no organismo, como mostra o Quadro 1:

Quadro 1 - Sistemas antioxidantes enzimáticos conforme sua ação biológica

Enzimas (sigla) Ação

SOD

SOD-Cu/Zn (citoplasma), SOD-Mn (mitocôndria). Catalisa a

dismutação do radical superóxido (O2•) em peroxido de

hidrogênio (H2O2)

CAT Catalisa a conversão de H2O2 em O2 e H2O

GSH Catalisa a redução do H2O2 a H2O, sendo que a glutationa opera

em ciclos entre a sua forma oxidada e a sua forma reduzida Fonte: Adaptado de Oliveira e Schoffen, 2010.

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O primeiro sistema enzimático antioxidante é formado pelas enzimas SOD, que podem

ser encontradas em duas formas: a SOD-Cu/Zn e a SOD-Mn. A primeira contém Cu2+ e Zn2+,

e ocorre no citoplasma, sendo que sua atividade não é afetada pelo estresse oxidativo. Porém,

a SOD-Mn, contém Mn2+, ocorre na mitocôndria, e sua atividade aumenta com o estresse

oxidativo. Estas enzimas catalisam a conversão do radical superóxido (O2•), radical mais

potente na indução de dano celular, em peróxido de hidrogênio, espécie que é menos reativa e

pode ser degradada por outras enzimas (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006; OLIVEIRA;

SCHOFFEN, 2010).

O segundo sistema é composto pelas enzimas CAT, que catalisam a dismutação do

peróxido de hidrogênio convertendo-o em oxigênio e água, conforme reação (2):

2H2O2 → O2 + 2H2O (2)

O terceiro sistema enzimático inclui a glutationa (GSH) em conjunto com duas enzimas,

a GSH-Px (glutationa-peroxidase) e a GSH-Rd (glutationa-redutase). Este sistema também

catalisa a conversão do H2O2 em água e oxigênio, além de peróxidos orgânicos para o seu álcool

correspondente, sendo que a glutationa opera em ciclos entre a sua forma oxidada e a sua forma

reduzida (BARREIROS; DAVID; DAVID, 2006).

A GSH é o cofator para a glutationa-S-tranferase (GST), a qual está entre as enzimas

detoxificantes mais estudadas em diferentes organismos (CHELVANAYAGAM; PARKER;

BOARD, 2001; PAPADOPOULOS et al., 2004). São enzimas multifuncionais que catalisam a

conjugação da molécula de glutationa a várias outras moléculas. Fundamentais para o

mecanismo de detoxificação intracelular, são responsáveis pela biotransformação e eliminação

de endo e xenobióticos, evitando o estresse oxidativo (CHELVANAYAGAM; PARKER;

BOARD, 2001).

2.4.2 Lipoperoxidação

A lipoperoxidação (LPO), ou peroxidação lipídica, é uma reação em cadeia iniciada

pelos radicais livres sobre os ácidos graxos polinsaturados dos fosfolipídios membranares. É

uma reação de auto-oxidação, representada pelas etapas de iniciação (fase lenta), propagação

(fase rápida) e terminação, que deteriora os lipídios polinsaturados. A LPO é um processo

cíclico, catalisado, na maioria das vezes, por metais de transição, que só termina por ação de

antioxidantes ou se ocorrer um rearranjo molecular na cadeia lateral dos ácidos graxos. Cada

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término de ciclo leva a formação de hidroperóxidos lipídicos e peróxidos cíclicos, que juntos

são chamados de peróxidos lipídicos. Os antioxidantes são o principal mecanismo de inibição

da lipoperoxidação. Portanto, quando ocorre um desequilíbrio entre os pró-oxidantes e os

antioxidantes, em favor dos pró-oxidantes, o organismo encontra-se em estresse oxidativo,

sendo a LPO um dos danos mais conhecidos (BARBER; HARRIS, 1994; BENZIE, 1996;

MATIAS; CREPPY, 1998b).

Apesar dos demais elementos celulares estarem suscetíveis a ação dos radicais livres, a

membrana é um dos mais lesionados pela LPO. Como consequência, ocorre a destruição na

estrutura, levando à permeabilidade, aumentando o fluxo iônico e de outras substâncias, o que

resulta na falência dos mecanismos de troca de metabólitos e na perda da seletividade para

entrada e/ou saída de nutrientes e tóxicos. Além disso, ocorre alterações na respiração celular e

no DNA, há formação de produtos citotóxicos e, em condição extrema, a morte celular.

Portanto, a lipoperoxidação pode ser o evento citotóxico primário que desencadeia uma

sequência de lesões à célula (BARBER; HARRIS, 1994; BENZIE, 1996; FERREIRA;

MATSUBARA, 1997).

Os produtos citotóxicos formados no processo de peroxidação lipídica incluem os gases

hidrocarbonetos pentano, etano e etileno, compostos carbonílicos e aldeídos, como

malondialdeído (MDA) e 4-hydroxynonenal (HNE) (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 1989

apud BENZIE, 1996). O MDA é um dos últimos a serem produzidos e, em uma avaliação

toxicológica, é um biomarcador usado para indicar estresse oxidativo nas células expostas a

xenobióticos. Assim, a sua quantificação pode evidenciar o desequilíbrio entre o sistema de

defesa antioxidante e de ataque por radicais livres (MATIAS et al., 1999).

2.5 MESOCOSMOS

Os mesocosmos são sistemas com equipamentos específicos que permitem controlar e

variar as condições experimentais. Assim, o sistema tenta reproduzir a dinâmica de variações

naturais no ambiente, reduzindo o estresse experimental nos organismos testados, e, portanto,

aproximando os resultados obtidos da realidade (STEWART et al., 2013). O termo mesocosmo

é utilizado por ser um sistema intermediário entre os microcosmos de laboratório e os

macrocosmos do completo mundo real (ODUM, 1984).

Estes sistemas fornecem um grau de realismo que não é possível em microcosmo e

podem, ainda, ser replicados. Além disso, possibilita simultaneidade de várias pesquisas

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(ODUM, 1984). Experimentos realizados em mesocosmos preenchem a lacuna entre

experimentos laboratoriais e dados de campo.

Com a necessidade de reproduzir condições futuras, os mesocosmos estão sendo vistos

como uma ferramenta essencial no contexto de mudanças climáticas. Segundo Stewart et al.

(2013), grande parte do conhecimento deve ser proveniente de experimentos manipulativos

controlados, apesar de que ainda há poucos artigos publicados que contemplam esse sistema.

Portanto, o potencial de mesocosmo para pesquisas futuras é pertinente, visto que prever efeitos

futuros nos organismos é difícil em estudos de campo e pouco realista em laboratórios. Com

isso, espera-se que a comunidade científica forneça projeções sobre as consequências

ecológicas das mudanças climáticas, uma vez que o conhecimento atual é limitado e incerto

(HOEGH-GULDBERG, 2014; STEWART et al., 2013).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE COLETA

A Reserva Biológica (REBIO) Marinha do Arvoredo está localizada no litoral do estado

de Santa Catarina, entre os municípios de Florianópolis e Bombinhas. É uma Unidade de

Conservação federal criada pelo Decreto nº 99.142, de 12 de março de 1990, e está sendo

administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A

REBIO Marinha do Arvoredo abrange uma área de 17.600 hectares, sendo que 98% da área

está sob as águas, e apenas 2% são de terras emersas que formam as Ilhas do Arvoredo, Deserta

e Galé (Figura 9). A Reserva não é aberta para a visitação e a sua criação teve como principal

objetivo a conservação integral do patrimônio natural. A grande importância da reserva deve-

se por seus fatores que incluem sua arqueologia, ecologia, ordem social e estratégia além da

presença de Mata Atlântica bem preservada (SEGAL et al., 2017).

Figura 9 - Localização da REBIO Marinha do Arvoredo. A) Ilha Galé, B) Ilha do Arvoredo e

C) Ilha Deserta

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

A área de coleta compreendeu somente a Ilha do Arvoredo. Essa ilha está situada a

27°17’ de latitude sul e 48°22’ de longitude oeste, abrangendo uma área de 270 hectares, que é

composta por costões rochosos em toda sua volta, não havendo praias arenosas (SEGAL et al.,

2017).

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3.2 COLETA DO MATERIAL DE ESTUDO

Foram realizadas duas saídas de campo para a coleta dos materiais de estudo. A primeira

ocorreu em 17 de janeiro de 2018, com a coleta de colônias de Tubastraea coccinea. A segunda

consistiu na coleta de colônias de Palythoa caribaeorum no dia 16 de fevereiro de 2018. Em

cada coleta, as colônias foram retiradas manualmente utilizando uma ponteira e marreta e

armazenadas em sacos plásticos com fecho Zip Lock, para T. coccinea, ou em caixotes, para P.

caribaeorum. Em seguida, as colônias permaneceram em refrigeradores, devidamente aerados,

até serem transferidas para o sistema de mesocosmo do Laboratório de Ficologia (LAFIC) da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ressalta-se que as coletas foram realizadas

por pesquisadores e mergulhadores da UFSC e ICMBio, com a autorização do Istituto, por meio

de um procedimento padrão de coleta de modo a provocar o mínimo de prejuízo possível ao

tecido do animal.

3.3 MESOCOSMO DA UFSC

O sistema mesocosmo do Laboratório de Ficologia (LAFIC) da UFSC está localizado

em Florianópolis, dentro das dependências da Universidade Federal de Santa Catarina, na ala

do Centro de Ciências Biológicas (CCB). O sistema (Figura 10) é fechado e formado por seis

tanques de 100 litros, cada um equipado com uma bomba elevatória para a circulação interna

da água, a qual a temperatura é controlada por chillers (Radical 1 HP, Brasil), aquecedores e

um controlador de temperatura. Em cada tanque haviam aeradores e 10 recipientes de 550 mL

contendo água do mar, a qual era trocada a cada dois dias.

Figura 10 - Sistema de mesocosmo da UFSC

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Os cenários de mudanças climáticas projetados foram simulados no mesocosmo. O

aumento da temperatura e seu controle deu-se por meio dos chillers, aquecedores, controladores

de temperatura e dataloggers, que registrava a temperatura a cada 40 minutos.

3.4 CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS

Foram realizadas duas rodadas de experimentos no mesocosmo. A primeira consistiu no

experimento piloto, que serviu para aprimorar e ajustar a segunda que foi o experimento

principal.

Para cada um dos seis tanques do sistema foi disposto um tratamento de temperatura

(16 ºC, 19 ºC, 22 ºC, 25 ºC, 28 ºC e 31 ºC). Dentro de cada tanque, nos 10 recipientes foram

postas as colônias coletadas. Em cada um de 5 recipientes foi colocada 1 colônia de Palythoa

caribaeorum, e em cada um dos outros 5 recipientes foram dispostas 2 colônias de T. coccinea.

Sendo assim, em cada tanque de tratamento haviam 5 colônias de P. caribaeorum e 10 de T.

coccinea. O tratamento com temperatura de 22 °C foi determinado como o tratamento controle,

visto que no local da coleta do material de estudo a temperatura da água do mar estava em 22°C.

Portanto, somente no tanque com temperatura de 22 °C (controle) foram colocadas 5 colônias

a mais de cada espécie estudada.

As colônias amostrais, desde a coleta e disposição no mesocosmo, passaram por um

processo de aclimatação durante 63 dias, para T. coccinea, e 33 dias, para P. caribaeorum.

Nesse processo, ajustaram-se às condições dos tanques, condicionados apenas em água marinha

em condições similares às condições naturais, com a temperatura controlada em 22 °C.

Após esse período, foi realizado o ajuste da temperatura dos tratamentos com o aumento

ou diminuição em 0,5 °C por dia, até alcançar as temperaturas desejadas para o experimento.

Com isso, os animais foram submetidos aos tratamentos ficando expostos durante 30 dias.

A alimentação foi efetuada a cada 2 dias (um dia sim e um dia não), durante o período

de aclimatação e experimento. O alimento utilizado foi o crustáceo artêmia (5 g para 800 mL

de água salgada).

3.5 COLETA DE AMOSTRAS NO MESOCOSMO

As coletas das amostras submetidas aos diferentes tipos de tratamentos foram realizadas

em três etapas: 1) Após o período de aclimatação com os ajustes das temperaturas, considerado

o primeiro dia de experimento (T0); 2) Após 9 dias de exposição nos tanques submetidos aos

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diferentes tratamentos (T1); 3) Após 30 dias de exposição nos tanques submetidos aos

diferentes tratamentos, considerado o último dia de experimento (T2).

Na primeira coleta (T0), foram retiradas 5 colônias de T. coccinea e de Palythoa

caribaeorum, somente do tanque com temperatura de 22 °C, servindo como controle e para

comparação com os demais tempos. Em T1, 5 colônias de T. coccinea foram retiradas de cada

tratamento, além de 5 colônias de P. caribaeorum somente do tratamento com temperatura de

16 °C, com a suposição de que essas não sobreviveriam até o próximo tempo. Para o T2, foram

retiradas 5 colônias de T. coccinea e de P. caribaeorum de cada tratamento, com exceção das

amostras de P. caribaeorum expostas na temperatura 16 °C que foram retiradas no tempo

anterior.

Após cada coleta, os tecidos dos pólipos das colônias amostrais foram extraídos, com

auxílio de pinças, para T. coccinea, e cadinho e pistilo, para P. caribaeorum. As amostras

extraídas foram armazenadas e posteriormente congeladas em ultrafreezer (-80 ºC).

3.6 ACOMPANHAMENTO DO PERFIL MORFOLÓGICO DAS COLÔNIAS AMOSTRAIS

Ao longo do experimento, o perfil morfológico das colônias amostrais do coral T.

coccinea e do zoantídeo P. caribaeorum foi acompanhado por meio de registro fotográfico.

Portanto, no primeiro dia do experimento (T0) todas as colônias expostas foram fotografadas.

Após 9 dias (T1), colônias de T. coccinea de todos os tratamentos e colônias de P. caribaeorum

do tratamento com temperatura de 16 °C foram registradas. E no final do experimento (T2), as

demais colônias restantes no experimento foram fotografadas. Este acompanhamento

fotográfico teve a finalidade de verificar possíveis modificações morfológicas devido à

exposição aos tratamentos.

3.7 DETERMINAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO

A determinação do estresse oxidativo das colônias de Tubastraea coccinea e Palythoa

caribaeorum submetidas aos diferentes tratamentos foi realizada por meio da leitura da

atividade das enzimas catalase e glutationa-s-transferase. Para as colônias de T. coccinea, a

investigação contou ainda com a quantificação do MDA, que pode indicar a lipoperoxidação.

Para as análises, as amostras passaram pelo processo de diluição e homogeneização com tampão

de acordo com cada procedimento.

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53

3.7.1 Determinação da atividade enzimática

As amostras para a determinação da atividade enzimática foram homogeneizadas com

Tampão Fosfato de Potássio 0,1 M em pH 7 (composto por 400 mL de água ultrapura, 3,4 g de

Fosfato de Potássio Monobásico e 4,35 g de Fosfato de Potássio Dibásico, para 500 mL). Os

procedimentos foram realizados de acordo com protocolos específicos de cada enzima no

Laboratório de Toxicologia da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), localizado

no município de Lages, SC, sendo a leitura da atividade das enzimas realizadas em

espectrofotômetro (Biomete 3, Thermo Eletron Corporation, Massachusetts, EUA).

3.7.1.1 Atividade da catalase

A atividade da CAT foi determinada pela taxa de remoção do H2O2, baseada na

metodologia descrita por Beutler (1975). A absorbância (ABS) diminui à medida que o H2O2 é

convertido em oxigênio e água. Para a leitura da atividade, a uma absorbância de 240 nm,

utilizou-se como substrato o H2O2 (290 µL em 10 mL de água ultrapura). Portanto, para a

leitura, foram adicionados em cubetas de quartzo, obedecendo a ordem: 2 mL de tampão, 20

µL de amostra e 10 µL de H2O2. O tampão foi utilizado como um controle positivo a fim de

calibrar as leituras. Para cada amostra, foram realizadas cinco leituras em 1 em 1 minuto. A

atividade da CAT, expressa em relação ao teor de proteína da amostra, em µmol H2O2

metabolizado.min-1.mg de proteina-1, foi determinada pela equação (1):

∆ABS amostra/(proteína x 0,071 x 0,01) (1)

3.7.1.2 Atividade da glutationa-s-transferase

A atividade da GST, medida pelo aumento na absorbância, foi determinada de acordo

como a metodologia descrita por Keen, Habig e Jakoby (1976). Os substratos utilizados foram

o 1-cloro-2,4-dinitrobenzeno (0,020 g de CDNB para 1000 µL de álcool 100%) e GSH

(0,030 g de GSH-glutationa reduzida para 1000 µL de Tampão de Fosfato de Potássio)

preparados na hora da leitura, realizada a uma absorbância de 340 nm. Portanto, para a leitura,

foram adicionados em cubetas de quartzo, obedecendo à ordem: 2 mL de tampão, 10 µL de

amostra, 10 µL de CDNB e 10 µL de GSH. O tampão foi utilizado como um controle positivo

a fim de calibrar as leituras. Para cada amostra, foram realizadas cinco leituras em 1 em 1

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minuto. Com isso, a atividade enzimática da GST, expressa em relação ao teor de proteína da

amostra, em nmol CDNB conjugado.min-1.mg de proteína-1, foi determinada pela equação (2):

[(proteína x 9,6/∆ABS amostra) x 100] x 1000 (2)

3.7.1.3 Proteínas totais

Para a determinação da atividade enzimática foram necessárias as análises de proteínas

totais de cada amostra. Com isso, foi utilizado um kit comercial de reagentes, que contém o

reagente biureto e padrão 4,0 g/dL (Labtest Diagnóstica S.A., Lagoa Santa, MG), de acordo

com o método de biureto. Para a leitura, realizada a uma absorbância de 545 nm, foram

adicionados em cubetas de polipropileno: 2 mL do reagente biureto e 50 µL de amostra

homogeneizada em tampão de fosfato, ou 50 µL de água destilada/Miliq (para a amostra de

referência), ou 50 µL do padrão (para o padrão). A quantidade de proteínas totais em cada

amostra foi determinada pela equação (3):

(∆ABS amostra/∆ABS padrão) x 40 (3)

3.7.2 Quantificação de MDA

As amostras para a quantificação de MDA foram homogeneizadas com 150 µL de

tampão SET (NaCl 0,1 M; EDTA 20 mM; Tris-HCl 50 mM, pH 8). Separaram-se 20 µL para

posterior dosagem da proteína. A quantificação de MDA foi realizada de acordo com Matias e

Creppy (1998a), com modificações, no Laboratório de Toxicologia Ambiental (LabTox) da

UFSC, Florianópolis, SC. A curva de calibração de MDA (APÊNDICE A) foi preparada a partir

de oito soluções de padrão MDA SIGMA [6x109]:

• P1 [6x107] – 10 µL do padrão + 990 µL de tampão SET;

• P2 [6x105] – 10 µL do P1 + 990 µL de tampão SET;

• P3 [6x103] – 10 µL do P2 + 990 µL de tampão SET;

• P4 [120] – 20 µL do P3 + 980 µL de tampão SET;

• P5 [60] – 10 µL do P3 + 990 µL de tampão SET;

• P6 [30] – 500 µL do P5 + 500 µL de tampão SET;

• P7 [15] – 500 µL do P5 + 500 µL de tampão SET;

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• P8 [7,5] – 500 µL do P5 + 500 µL de tampão SET.

Para cada amostra e para cada padrão da curva foram adicionados 25 µL SDS 7%,

300 µL HCl 0,1 M, 40 µL Ácido Fosfotungístico 1% e 300 µL Ácido Tiobarbitúrico 0,67%. Os

frascos foram agitados em vortex por cerca de 30 s, após mantidos no escuro, a 90 °C por 1

hora. O complexo TBA-MDA formado foi extraído acrescentando 300 µL de n-butanol em

cada eppendorf e agitados no vortex novamente. A fase butanólica com o complexo TBA-MDA

foi separada e analisada por um sistema de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC)

(Agilent 1220 Infinity LC, Califórnia, EUA). A fase móvel consistiu em uma mistura

metanol:água 4:6 (v/v) com pH 8,3 ajustado com KOH 0,5 M, a um fluxo de 0,5 mL.min-1, e o

volume de injeção de 90 µL. Os comprimentos de onda de excitação e emissão foram de 515 e

553 nm, respectivamente. Com isso, a quantificação do MDA, expressa em relação ao teor de

proteína da amostra, em nM.mg de proteína-1, foi determinada pela equação (4):

(concentração de MDA/proteína) x 1000 (4)

3.7.2.1 Proteínas totais

Para a normalização dos dados de MDA, foi necessário determinar a concentração de

proteínas totais, realizada de acordo com Bradford (1976). Para a curva de calibração

(APÊNDICE B) foi necessária uma solução mãe de Albumina 100 µL/mL (50 mg de BSA;

500 mL de água ultrapura), com soluções com diluições de 100% (P1), 50% (P2), 25% (P3),

12,5% (P4), 6,25% (P5), 3,125% (P6):

• P2 – 500 µL de BSA + 500 µL de água ultrapura;

• P3 – 500 µL de P2 + 500 µL de água ultrapura;

• P4 – 500 µL de P3 + 500 µL de água ultrapura;

• P5 – 500 µL de P4 + 500 µL de água ultrapura;

• P6 – 500 µL de BSA + 500 µL de água ultrapura.

De cada solução, foram retirados 100 µL e colocados em outro eppendorf com 900 µL

de Reativo de Biorad® (Bio-Rad, Califórnia, EUA) diluído em água ultrapura 1:4 (v/v). Para

definição da proteína nas amostras, foram adicionadas 980 µL de reativo, diluído na proporção

1/4, em 20 µL de amostra. As leituras foram realizadas em cubetas de plásticos em

espectrofotômetro (Global Trade Technology, Monte Alto, SP) em 595 nm. A quantidade de

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proteínas totais em cada amostra foi normalizada e corrigida, com base em Flohr (2011), a partir

da equação (5).

Quantidade de proteína x 50 x 0,23 (5)

3.8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Diferenças estatísticas entre os tratamentos no mesmo período amostral foram

determinadas e as médias comparadas por meio de uma análise de variância (ANOVA), seguida

pelo teste de Tukey. O teste t de Student foi utilizado para comparar as médias dos mesmos

tratamentos entre os períodos amostrais. Para todos os testes, foi atribuído o nível de

significância α = 0,05. As análises foram realizadas no programa Sisvar (FERREIRA, 1998).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PERFIL MORFOLÓGICO DAS COLÔNIAS AMOSTRAIS

O perfil morfológico das colônias de Tubastraea coccinea e de Palythoa caribaeorum

expostas aos diferentes tratamentos foi acompanhado ao longo do experimento principal por

meio de registro fotográfico. As colônias de T. coccinea aparentaram-se saudáveis após os 30

dias de exposição (Figuras 11 a 16), apenas com leve esbranquiçamento no tecido nas bordas

dos pólipos nas temperaturas mais elevadas (28 e 31 °C). Os animais dessa espécie expostos ao

tratamento de temperatura de 16 °C foram as exceções, apresentando-se com a coloração mais

escura ou esbranquiçada em comparação ao início do experimento. Por não possuírem

zooxantelas, o seu branqueamento aparentemente se dá pela necrose do tecido, com uma

coloração mais escura, seguido pela perda do tecido, ficando com o esqueleto branco aparente.

Figura 11 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 16 °C: A) T0, B) T1 e C) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 12 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 19 °C: A) T0, B) T1 e C) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 13 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 22 °C: A) T0, B) T1 e C) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 14 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 25 °C: A) T0, B) T1 e C) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 15 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 28 °C: A) T0, B) T1 e C) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 16 - Perfil morfológico das colônias de T. coccinea submetidas ao tratamento de

temperatura de 31 °C: A) T0, B) T1 e C) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Para P. caribaeorum, as colônias expostas aos tratamentos com temperatura de 16 °C e

31 °C aparentavam-se afetadas com branqueamento severo. Esta análise se deu pelo fato de que

esses animais apresentaram uma coloração esbranquiçada ao final do experimento (Figuras 17

a 22). Entretanto, a partir da temperatura de 25 °C observou-se um início de comprometimento

desta espécie.

Figura 17 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 16 °C: A) T0 e B) T1.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 18 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 19 °C: A) T0 e B) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 19 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 22 °C: A) T0 e B) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 20 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 25 °C: A) T0 e B) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 21 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 28 °C: A) T0 e B) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 22 - Perfil morfológico das colônias de P. caribaeorum submetidas ao tratamento de

temperatura de 31 °C: A) T0 e B) T2.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

4.2 AVALIAÇÃO DO ESTRESSE OXIDATIVO

A comparação das atividades enzimáticas entre a temperatura controle (22 °C) nos

tempos de coleta (T0, T1 e/ou T2) foi realizada a fim de verificar uma diferença estatística que

poderia ser oriunda do estresse causado pela exposição no mesocosmo. Pôde-se observar que

não houve variação estatisticamente significativa nas atividades das enzimas catalase e

glutationa-s-transferase para o tratamento controle entre os tempos de aferição, para ambos os

animais estudados: Tubastraea coccinea (Tabela 1) e Palythoa caribaeorum (Tabela 2).

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Tabela 1 – Comparação das atividades enzimáticas de T. coccinea no tratamento controle de

temperatura de 22 °C entre os tempos de aferição. DP - Desvio padrão. As médias

seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

Tempo de

aferição

CAT (μmol.min1.mg de proteína-1)

(±DP)

GST (nmol.min-1.mg de proteína-1)

(±DP)

T0 22 °C 140,9177 (±20,1062) a 14732,7358 (±4890,5659) a

T1 22 °C 104,4695 (±44,0913) a 15791,6685 (±3034,3197) a

T2 22 °C 179,0699 (±65,0026) a 16453,1929 (±878,4002) a Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Tabela 2 - Comparação das atividades enzimáticas de P. caribaeorum no tratamento controle

de temperatura de 22 °C entre os tempos de aferição. DP - Desvio padrão. As

médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

Tempo de

aferição

CAT (μmol.min1.mg de proteína-1)

(±DP)

GST (nmol.min-1.mg de proteína-1)

(±DP)

T0 22 °C 31,1948 (±10,7226) a 5072,4588 (±2032,7610) a

T2 22 °C 40,1702 (±18,7394) a 6040,4355 (±1179,3200) a Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Com isso, a avaliação do estresse oxidativo foi realizada com a determinação das

atividades enzimáticas de amostras referentes ao T1 e T2 para T. coccinea, e somente T2 para

P. caribaeorum. Para T. coccinea também foi realizada a quantificação do MDA.

4.2.1 Estresse oxidativo em Tubastraea coccinea

No momento de coleta T1, após 9 dias de exposição aos diferentes tratamentos, as

atividades das enzimas catalase e glutationa-s-transferase não variaram estatisticamente entre

os tratamentos (ANOVA, p<0,05), como pode ser observado nas Figuras 23 e 24.

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Figura 23 - Atividade da catalase nos diferentes tratamentos em T1 para T. coccinea. Os dados

estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra

não diferem estatisticamente entre si.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 24 - Atividade da glutationa-s-transferase nos diferentes tratamentos em T1 para T.

coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas

pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

No segundo momento de coleta (T2), no final do experimento, após 30 dias de

exposição, as atividades das enzimas analisadas apresentaram variação entre os tratamentos

(ANOVA, p<0,05). Pode-se observar na Figura 25 que, para a atividade da enzima catalase, o

tratamento com temperatura de 16 °C diferiu do tratamento controle (22 °C). Assim, a enzima

catalase sofreu uma inibição relevante quando exposta à temperatura de 16 °C.

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Figura 25 - Atividade da catalase nos diferentes tratamentos em T2 para T. coccinea. Os dados

estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra

não diferem estatisticamente entre si.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Já para a enzima glutationa-s-transferase, observou-se uma diferença no tratamento com

temperatura de 31 °C em comparação com a temperatura controle (22 °C), como pode ser visto

na Figura 26. Assim, houve uma indução expressiva da atividade no tratamento de temperatura

de 31 °C, além de uma possível indução na temperatura de 16 °C, que já estava sendo inibida

quando houve a medição em T2. Isso se deu pelo fato de que a atividade da GST nas

temperaturas de 16 °C e 31 °C não diferiram estatisticamente entre si.

Figura 26 - Atividade da glutationa-s-transferase nos diferentes tratamentos em T2 para T.

coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas

pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Cada um dos seis diferentes tratamentos foi comparado entre os tempos de aferição (T1

e T2). Houve uma diferença na atividade enzimática somente no tratamento de temperatura de

16 °C para ambas as enzimas analisadas (Teste T-F, p<0,05). Para todos os outros tratamentos,

a variação da atividade das enzimas de T1 para T2 não foi expressiva, não apresentando uma

grande inibição ou ativação da catalase ou da glutationa-s-transferase., como pode ser

observado nas Figuras 27 e 28.

Figura 27 – Comparação da atividade da catalase de cada tratamento entre T1 e T2 para T.

coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. * - Apresentou

diferença no mesmo tratamento entre os tempos de aferição.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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Figura 28 – Comparação da atividade da glutationa-s-transferase de cada tratamento entre T1 e

T2 para T. coccinea. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. * -

Apresentou diferença significativa no mesmo tratamento entre os tempos de

aferição.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

4.2.1.1 Lipoperoxidação: Quantificação do MDA

A quantificação do MDA para T. coccinea foi realizada após os 30 dias de exposição

aos tratamentos (T2). Observou-se que o tratamento com temperatura 16 °C apresentou

diferença comparado ao tratamento controle (22 °C) (ANOVA, p<0,05). Isso indica que para

esse tratamento, o sistema antioxidante das colônias amostrais não conseguiu inibir a produção

excessiva de radicais tóxicos, causando um desequilíbrio entre o sistema de defesa antioxidante

e de ataque por radicais livres, em favor dos radicais livres. Como consequência, o organismo

apresenta estresse oxidativo (BARBER; HARRIS, 1994; BENZIE, 1996), causando

lipoperixidação e a produção do produto citotóxico, o MDA. A quantificação do MDA

evidencia esse desequilíbrio (MATIAS et al., 1999).

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Figura 29 – Quantificação do MDA em T2 para T. coccinea. Os dados estão expressos em

média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra não diferem

estatisticamente entre si.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

A quantificação do MDA foi realizada somente em Tubastraea coccinea por se tratar

de uma espécie exótica e por não haver registros científicos sobre o comportamento de defesa

antioxidante. Portanto, houve a necessidade de uma maior investigação para a avaliação do

estresse oxidativo nesse animal.

Todos os resultados obtidos nas análises realizadas para o coral sol T. coccinea

corroboram entre si. O perfil morfológico indicou um comprometimento severo das colônias

expostas à temperatura de 16 °C e um leve comprometimento para as expostas à 31 °C. A

avaliação do estresse oxidativo indicou que os organismos, ao final do experimento, expostos

ao tratamento de 16 °C encontravam-se em estresse oxidativo, com a inibição da atividade de

catalase e uma tendência de inibição de glutationa-s-transferase. Somente em GST, também

ocorreu uma grande ativação da enzima exposta em 31 °C. A quantificação do MDA evidenciou

e afirmou o estresse oxidativo para os organismos expostos a 16 °C. Bem como a comparação

de cada tratamento entre os diferentes tempos de aferição, que demonstrou possuir diferença

somente na temperatura de 16 °C. Portanto, observou-se que, para a Tubastraea coccinea, a

temperatura de 16 °C causa um severo estresse oxidativo nesta espécie, com um possível

comprometimento futuro na temperatura de 31 °C.

Isso demostra que a espécie invasora possui uma grande resistência à variação de

temperatura e pode sobreviver numa grande faixa de temperatura. Explica-se, portanto, a sua

presença em toda a costa brasileira, presente em três regiões litorâneas, Nordeste, Sudeste e Sul

(CREED et al., 2016). Portanto, a partir dos resultados desse trabalho, o coral sol da espécie

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Tubastraea coccinea poderá suportar as mudanças climáticas no pior cenário projetado, com o

aumento de 4,5 °C na temperatura da superfície do mar. Isso pode implicar na sua expansão

mais para o sul, visto que o limite sul conhecido atualmente é em Santa Catarina, na Ilha do

Arvoredo (MANTELATTO, 2012).

Segundo De Paula e Creed (2005), Tubastraea spp. são altamente resistentes a elevadas

temperaturas e à dessecação, ficando muitas vezes expostos ao ar. Observaram diversas

colônias em uma extensão geográfica de 25 km em Ilha Grande, Brasil, na qual a temperatura

da água varia, ao longo do ano, de 21 a 32 °C. Batista et al. (2017) verificou o limite inferior

de temperatura para T. coccinea, que é de 12,5 °C. Esses autores citam que as alterações

fisiológicas nessa espécie podem ocorrer de acordo com alterações dos parâmetros físico-

químicos. Além disso, constataram uma maior densidade de colônias e recrutas desses

organismos em áreas com temperaturas maiores que 20 °C, sugerindo que as águas frias limitam

a distribuição de T. coccinea.

Moreira, Ribeiro e Creed (2014) investigaram o uso de baixa salinidade como fator de

morte para os corais Tubastraea, invasores do Atlântico Ocidente. Somente após o período de

2 horas de exposição à água doce, ocorreu a morte de 100% das amostras de T. coccinea.

Portanto, pode-se esperar que o coral ahermatípico T. coccinea, ao contrário dos demais corais

hermatípicos, irá se beneficiar com as mudanças climáticas, por possuir uma alta resistência à

variação de temperatura, sobrevivendo em uma ampla faixa, com um forte indício de adaptação

em diferentes condições ambientais.

4.2.2 Estresse oxidativo em Palythoa caribaeorum

As atividades das enzimas catalase e glutationa-s-transferase das colônias amostrais de

Palythoa caribaeorum foram analisadas após 30 dias de exposição, no final do experimento

(T2). Observou-se que, para ambas as enzimas analisadas, a atividade no tratamento com

temperatura de 28 °C diferiu do tratamento controle (22 °C) (ANOVA, p<0,05), como pode ser

visto nas Figuras 30 e 31.

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Figura 30 - Atividade da catalase nos diferentes tratamentos para P. caribaeorum. Os dados

estão expressos em média e desvio padrão. As médias seguidas pela mesma letra

não diferem estatisticamente entre si.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Figura 31 - Atividade da glutationa-s-transferase nos diferentes tratamentos para P.

caribaeorum. Os dados estão expressos em média e desvio padrão. As médias

seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si.

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

Entretanto pôde-se observar uma tendência de inibição da enzima catalase quando

exposta às temperaturas de 16 °C e 19 °C, e uma ativação quando exposta à 28 °C e 31 °C. Para

a enzima glutationa-s-transferase verificou-se uma tendência de inibição em exposição à 16 °C,

bem como uma alta atividade à 19 °C, 28 °C e 31 °C. Com isso, observou-se que os organismos

expostos à temperatura de 16 °C encontravam-se em estresse oxidativo, pois ambas as enzimas

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tenderam estar inibidas, ou seja, o sistema antioxidante enzimático possivelmente não

conseguiu conter o ataque dos radicais livres. Pode-se dizer que os organismos expostos às

temperaturas de 28 °C e de 31 °C também se encontravam em estresse oxidativo. Visto que

para temperatura de 28 °C, a atividade de ambas as enzimas, diferiu quando comparada ao

tratamento controle (22 °C), mas não diferiu estatisticamente da atividade relacionada à

temperatura de 31 °C. Ressalta-se que as análises para as amostras referentes ao tratamento de

temperatura de 16 °C foram realizadas em T1, somente após 9 dias de exposição. Isso mostra

que essa espécie não tolera temperaturas baixas.

Mesmo estando presente em ambientes rasos com águas quentes em quase toda a costa

brasileira (MORENO, 1999), observou-se com a avaliação de estresse oxidativo e com o perfil

morfológico, que P. caribaeorum não suporta uma grande variação de temperatura, uma vez

que a partir da exposição à 25 °C apresentou-se comprometida. Esse resultado corrobora com

Durante, Cruz e Lotufo (2018), que disserta sobre o habitat atual de P. caribaeorum, que é

caracterizado por alta salinidade e uma pequena variação de temperatura.

Em relação às mudanças climáticas, a partir do presente estudo, pode-se dizer que o

zoantídeo Palythoa caribaeorum possivelmente não sobreviverá no cenário previsto (+4,5 °C),

uma vez que a partir de 25 °C já sofre danos aparentes. Porém, pela razão de que esta espécie

está presente em grande parte do litoral brasileiro, numa ampla faixa de temperatura, e segundo

Durante, Cruz e Lotufo (2018), apresenta alta tolerância ambiental, deve-se levar em

consideração que no experimento ocorreu uma mudança rápida de temperatura, o que não

ocorreria no oceano, no seu habitat natural. Portanto, é possível que P. caribaeorum seja mais

resistente quando não for exposta à uma rápida variação de temperatura.

No entanto, as enzimas catalase e glutationa-s-transferase apresentaram-se com alta

atividade nas elevadas temperaturas (28 e 31 °C), ocorrendo como consequência o

branqueamento, com a perda de suas zooxantelas. Esse fato reforça o estudo de Lesser (1990),

que analisou a relação entre o aumento da temperatura e a perda significativa do número de

zooxantelas por pólipo de P. caribaeorum. Verificou uma alta atividade da enzima catalase

tanto no hospedeiro como nas zooxantelas. Para as microalgas, as atividades de todas as

enzimas analisadas pelo autor mostraram-se significativa à exposição da temperatura.

Assim, apesar da espécie Palythoa caribaeorum não ser considerada um coral

verdadeiro, ela possui um comportamento similar quando exposta a altas temperaturas, com a

perda das zooxantelas. O que pode comprometê-la com as mudanças climáticas, uma vez que,

ao perder as zooxantelas, o organismo fica sem uma grande fonte de nutrientes, podendo

enfraquecer e levar à morte. Segundo Durante, Cruz e Lotufo (2018), a distribuição espacial de

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P. caribaeorum provavelmente mudará até o ano 2100. É possível que, para o cenário previsto

com maiores impactos (RCP 8.5), metade da população desta espécie atualmente no Oceano

Atlântico ocidental seja devastada.

A avaliação do estresse oxidativo, segundo Lesser (2006), é uma ferramenta importante

para a resposta do estresse em organismos marinhos expostos a uma variação na condição

ambiental, como estresse térmico, exposição à radiação ultravioleta, radiação, ou à poluição. O

mesmo autor informa que o estresse oxidativo vem surgindo como um tema ligado aos impactos

das mudanças climáticas globais, como o aquecimento global, nos ecossistemas naturais em

todos os níveis tróficos.

Lesser et al. (1990) verificaram que o fenômeno de branqueamento nos corais e outros

cnidários é precedido pela produção de espécies reativas de oxigênios, causando danos às

celulas e expulsão das zooxantelas. O papel do estresse oxidativo no branqueamento foi desde

então testemunhado por diversos estudos em organismos simbióticos (DOWNS et al., 2002;

FLORES-RAMÍREZ; LIÑÁN-CABELLO, 2007; LESSER, 1996, 1997; RICHIER et al.,

2008).

Episódios de branqueamento de corais em massa começaram a ocorrer a partir de 1979,

em condições mais quentes que o normal. A frequência e severidade do branqueamento seguido

de morte dos corais aumentaram nos últimos 40 anos coincidentemente com o aumento da

temperatura do oceano (HOEGH-GULDBERG et al., 2007). Esta ameaça global em conjunto

com os efeitos antrópicos locais colocam em risco os corais e seus ambientes marinhos. Essa

combinação de fatores reduziu a resiliência dos ambientes coralíneos. Com isso, diversos

estudos mostram que os recifes de corais estão em declínio (HOEGH-GULDBERG, 2014).

Hoegh-Guldberg (1999) já havia projetado que uma pequena variação na temperatura

da superfície do mar irá exceder a resiliência de corais com branqueamento e mortalidade em

massa até 2030-2050. Como consequência desse cenário, já está sendo observado uma

substituição dos recifes coralíneos por recifes sem cobertura de coral. Com a escassez de corais,

as estruturas dos recifes tornar-se-ão cada vez mais frágeis e propensas a danos em tempestades

(HOEGH-GULDBERG, 2014). Com isso, poderá ocorrer uma redução na biodiversidade e no

habitat de espécies-chave em todo o mundo (HOEGH-GULDBERG et al., 2007), além da

movimentação de organismos para latitudes mais altas. Os danos podem se estender

socialmente, uma vez que os seres humanos utilizam há muito tempo os recifes de corais que

provêm alimento, recursos e renda (HOEGH-GULDBERG, 2014).

Em contrapartida, espera-se que as espécies invasoras sejam mais resistentes do que as

nativas, à medida que o oceano aqueça com as mudanças climáticas. O estudo de Zerebecki e

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Sorte (2011) mostrou as diferenças entre espécies nativas e invasoras em relação às tolerâncias

de temperatura. Os invasores tenderam a habitar faixas mais amplas de temperatura de habitat

e de temperatura máxima. Desse modo, a invasão de espécies e as mudanças globais são

consideradas duas das maiores ameaças à biodiversidade. Ambas as ameaças causam,

individualmente, impactos negativos sobre a distribuição, abundância e interações de espécies,

resultando em extinções locais (RUIZ; FOFONOFF; HINES, 1999; VITOUSEK et al., 1997).

Além disso, a interação desses dois fenômenos pode favorecer a prevalência de invasores

(DUKES; MOONEY, 1999).

O presente estudo examinou e demonstrou o sucesso diferencial da espécie invasora

Tubastraea coccinea em relação à variação de temperatura sobre a espécie Palythoa

caribaeorum. No Brasil, algumas pesquisas vêm mostrando que as espécies nativas e endêmicas

podem não sobreviver às mudanças climáticas globais, com um alto grau de branqueamento

(MACHADO, 2016). Portanto, com as espécies invasoras sendo mais termotolerantes do que

as nativas, é possível afirmar que, com o aumento da temperatura do oceano, resultará num

aumento desproporcional dos invasores e em uma redução das espécies nativas. Com isso, a

espécie invasora em estudo, T. coccinea, tem grandes chances de dominar os ambientes

marinhos em toda costa brasileira, além de aumentar sua expansão atual, paralelamente com as

mudanças climáticas.

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5 CONCLUSÃO

As respostas das enzimas antioxidantes analisadas indicaram que a espécie invasora

Tubastraea coccinea possui alta resistência ao estresse térmico, com exceção quando exposto

ao tratamento de temperatura de 16 °C, no qual sofreu estresse oxidativo. Já a espécie Palythoa

caribaeorum manifestou-se suscetível ao estresse térmico, não tolerando uma grande variação

de temperatura, sofrendo estresse oxidativo no tratamento de 28 °C e uma tendência à 16 °C e

31 °C.

O acompanhamento do perfil morfológico das colônias submetidas aos diferentes

tratamentos de temperatura ao logo do experimento, indicou que, de fato, a espécie P.

caribaeorum foi mais comprometida que o invasor, que se apresentou comprometido apenas na

temperatura mais baixa. A quantificação do MDA atestou o estresse oxidativo nos organismos

de T. coccinea expostos ao tratamento de temperatura de 16 °C.

Em relação às mudanças climática globais, o presente estudo avaliou que a espécie

invasora é mais termotolerante que a espécie P. caribaeorum, podendo sobreviver numa grande

faixa de temperatura. O coral sol demonstrou sucesso diferencial em relação à variação de

temperatura. Ou seja, no pior cenário projetado com o aumento de 4,5 °C na temperatura do

oceano, a Palythoa caribaeorum possivelmente não suportará o branqueamento que enfrentará

e o coral sol resistirá. Portanto, o aquecimento do oceano pode favorecer a prevalência do coral

sol sobre as espécies nativas. Além disso, pode implicar na sua expansão na costa brasileira.

A pesquisa fornece subsídios para comunidade científica acerca das consequências do

aquecimento do oceano sobre uma espécie invasora. A compreensão do comportamento de um

invasor em condições de cenários futuros auxiliará no manejo e monitoramento dessas espécies,

visando mitigar os impactos para conservar as espécies nativas e os ambientes marinhos.

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APÊNDICE A – Curva de calibração para a quantificação do MDA

Para a construção da curva de calibração do MDA foram utilizadas 5 diluições do

padrão. Os valores apresentados das áreas dos picos de injeção estão apresentados na Tabela 3

a seguir:

Tabela 3 - Dados para a construção da curva de calibração MDA

Concentração de MDA (nM) Área do pico (μV.S)

7,5 139,80

15 151,40

30 172,65

60 192,64

120 240,13 Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

A partir disso, construiu-se a curva de calibração exibida na Figura 32. Dessa curva,

obteve-se a equação da linha de tendência, que foi empregada para o cálculo da quantificação

do MDA nas amostras.

Figura 32 - Curva de calibração para quantificação do MDA

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

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APÊNDICE B – Curva de calibração para a quantificação de proteína

Para a construção da curva de calibração da dosagem de proteína foram definidos 6

pontos de concentrações. Os valores de absorbância (ABS) obtidos pela leitura em

espectofotômetro a 595nm estão apresentados na Tabela 4 a seguir:

Tabela 4 - Dados para a construção da curva de calibração das proteínas totais

Concentração de BSA (μg/mL) ABS (595nm)

3,125 0,4646

6,25 0,4617

12,5 0,5042

25 0,5117

50 0,5621

100 0,6131 Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

A partir disso, construiu-se a curva de calibração exibida na Figura 33. Dessa curva,

obteve-se a equação da linha de tendência, que foi empregada para o cálculo da quantificação

das proteínas totais nas amostras.

Figura 33 - Curva de calibração para quantificação das proteínas totais

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.