INFLUENCIADORDIGITAL Brasiléo2º emconsumo … · 500 novas horas de...

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ab C4 ilustrada H H H SEGUNDA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2016 SEGUNDA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2016 H H H ilustrada C5 ab DA EDITORIA DE TREINAMENTO A cada minuto são geradas 500 novas horas de conteú- do no YouTube mundial. Não se sabe quanto dessa produ- ção é brasileira. O Google, do- no da plataforma, não divul- ga dados regionais, mas in- forma que o país ocupa o se- gundo lugar mundial em tem- po de visualização de vídeos on-line, só atrás dos EUA. Chamados de criadores pe- lo YouTube e de influencia- dores digitais pelo mercado (que inclui também instagra- mers, facebookers e afins), os produtores de conteúdo digi- tal cresceram em número e fama; muitos alcançaram sta- tus de celebridade. O fenômeno ganhou força por aqui há três anos. Segun- do a Snack Intelligence, rede multiplataforma de canais homologada pelo YouTube, há cerca de 310 mil canais de vídeo on-line no país. O Google não confirma o número, mas parece não ha- ver dúvida de que o Brasil é peça importante desse tabu- leiro. Na lista dos 100 canais mais influentes do mundo, 24 são brasileiros, segundo o ranking de outubro (último dado disponível). O país ocupa o segundo e o terceiro lugares, com Whin- dersson Nunes e Felipe Neto. No topo da lista de fama e de faturamente, reina o gamer PewDiePie, sueco que se apresenta em inglês. NA MÃO Um dos fatores responsá- veis pelo sucesso é a popula- rização dos smartphones, que já respondem por mais da me- tade (55%) das horas dedica- das a vídeos na internet, con- forme pesquisa encomenda- da pelo YouTube. O mesmo estudo revela que o tempo médio gasto com es- sa atividade no Brasil passou de 8 para 16 horas semanais nos últimos dois anos. O per- centual de brasileiros que vê mais vídeos on-line do que em outras mídias saltou de 12% para 30%. Outro fator importante é o modo de funcionamento da plataforma. “Como o YouTu- be oferece uma enorme vari- edade de canais e conteúdo, o espectador não fica preso à programação fechada e aos horários que a TV impõe. Ele pode assistir quando for mais conveniente e a partir de di- ferentes dispositivos”, afirma Fábio Utumi, 48, sócio-dire- tor da IQ Agenciamento, pio- neira no gerenciamento de carreira de youtubers no pa- ís. É a mesma lógica que faz o sucesso da Netflix. ÁLBUM DE FIGURINHAS Os números expressivos ajudaram a catapultar os in- fluenciadores além das fron- teiras do digital: eles produ- zem e encenam peças de tea- tro e shows de stand-up, li- cenciam produtos, lançam fil- mes, livros e até figurinhas. Um desses álbuns, o pri- meiro do gênero no mundo, foi lançado em julho com ti- Na lista dos 100 canais mais influentes do mundo, 24 são feitos por brasileiros, segundo ranking de outubro País só perde para os EUA em tempo gasto com visualização no YouTube Brasil é o 2º em consumo de vídeos na internet DA EDITORIA DE TREINAMENTO Os 12 canais mais vistos do YouTube faturaram jun- tos, no período de 12 me- ses encerrado em junho, US$ 70,5 milhões —23% a mais que em 2015—, segun- do levantamento da revis- ta “Forbes” divulgado na última segunda-feira (5). O sueco Felix Avrid Ulf Kjellberg, o popular Pew- DiePie, ocupa o topo da lis- ta pelo segundo ano con- secutivo, com faturamen- to de US$ 15 milhões. Seu canal tem 49,8 milhões de seguidores e acumula 13 bilhões de visualizações. O conteúdo é simples: tu- toriais de games com co- mentários humorísticos. Entre as celebridades mais bem pagas de 2016, estão Lilly Singh, rapper e comediante de stand-up; Rosana Pansino, confeitei- ra nerd que compartilha receitas de bolo inusita- das; Roman Atwood, que filma pegadinhas, e Tyler Oakley, ativista LGBT que fechou contrato com a apresentadora de TV Ellen Degeneres. Cada um em- bolsou valores entre US$ 6 milhões e US$ 8 milhões. Sueco top do ranking faturou US$ 15 milhões DA ENVIADA ESPECIAL A PETROLINA (PE) Whindersson Nunes, 21, está há três horas na van, es- tacionada no pátio do Cam- po Clube Senhor do Bonfim (BA). São 20h, ele viajou nas últimas 14 horas. Na noite an- terior, havia se apresentado em Uberlândia (MG). Suas turnês são assim: uma noite em cada cidade, dias na es- trada e em aviões. O plano de desembarcar no hotel tem que ser abortado, porque fãs o esperam na cal- çada. A van vai direto para o local do evento. No salão-te- atro, faltam segurança e higi- ene. O banheiro do camarim improvisado está entupido e sem papel higiênico. As 1.900 cadeiras de plás- tico estão completamente to- madas. Anunciado, Whin- dersson entra no palco. A pla- teia delira. Ele faz piada com medo de avião, peidos, catar- ros; canta em dois momen- tos: uma lição de embromêi- xon, em que ensina como fin- gir cantar em inglês, e uma imitação de Michael Jackson. TUDO TEM H Terceiro filho de Valdeni- ce, 46, e Hidelbrando, 50, o “Lampião do YouTube”, co- mo ele se apresenta em seu canal, nasceu em Palmeira do Piauí (4.973 almas, segun- do o IBGE) e hoje mora em Fortaleza, Ceará. Valdenice conta que o no- me Whindersson foi inspira- do em um jogador de futebol, mas o marido diz que essa história é sobre o nome de ou- tro filho, Hidelvan. Não falta criatividade a es- sa mãe que batizou ainda um Harisson, 25, que administra as finanças do humorista, e a caçula Hagda Kerolayne, 19, estudante de direito. Sobre suas broncas e sur- ras, tema recorrente do filho, ela confirma, rindo, que “é tudo verdade, ele teve que in- ventar pouca coisa”. Ela cri- ou os filhos com rigor. O forte de Whindersson são as paródias. Valdenice conta que, aos 11 anos, o fi- lho frequentava a Assembleia de Deus, contrariando a tra- dição católica da família. “Foi primeiro lugar num concur- so de calouros, ganhou R$ 50. Perdeu a timidez. Se não fos- se a igreja evangélica, não se- ria essa pessoa que é hoje.” TÔ REPROVADO Whindersson estudou in- formática no ensino médio. Após vários fracassos, um dia postou “Alô, vó, tô reprova- do”, paródia de um arrocha. Em uma noite, obteve 5 mi- lhões de visualizações. Era o começo do sucesso. Todo dia caminhava 3 km até a casa de uma amiga que ti- nha câmera boa, filmava, edi- tava e caminhava mais 2 km para postar o vídeo na lan- house, já que não tinha cone- xão de internet em casa. Quatro anos depois, em ou- tubro passado, seu canal ul- trapassou o Porta dos Fundos e atingiu 14 milhões de ins- critos. Seu hit “Qual é a senha do wi-fi”, paródia de “Hello”, de Adele, já foi visto 42,4 mi- lhões de vezes. O número de shows cresce constantemente. Neste ano, serão 179, praticamente um dia sim, outro não. Ocupa desde pequenos lugares no interior à Concha Acústica do Teatro Castro Alves em Salva- dor (BA), com 5.000 lugares. Se fosse contratado hoje pa- ra um show em São Paulo, co- braria R$ 90 mil de cachê. As ações se multiplicam. Faz uma participação em “Pe- netras 2”, de Andrucha Wad- dington; começa um novo fil- me em maio; exibe no canal uma grife pernambucana; pe- de “likes” para um sanduíche do Bob’s. Desde março namo- ra a youtuber gaúcha Luísa Sonza, 18 anos e mais de 1 mi- lhão de inscritos. Lampião encontrou a sua Maria Boni- ta: “Vou casar com ela”. Whindersson, do Piauí para o topo do ranking de celebridades DA EDITORIA DE TREINAMENTO O sonho de infância do pa- ranaense Pedro Afonso Re- zende Posso era ser jogador de futebol. Aos 16, foi contra- tado como goleiro pelo Real Rieti, time italiano profissio- nal de futsal. Quando partiu para a Itá- lia, tinha acabado de criar seu canal, batizado com um mix do seu sobrenome com o tí- tulo do jogo preferido, Resi- dent Evil 5. Treinava de dia e postava à noite. Ainda em Rieti, atin- giu a marca de 300 mil segui- dores. A rivalidade com os co- legas de alojamento foi o em- purrão que faltava para esco- lher que carreira seguir. Voltou ao Brasil, investiu o dinheiro ganho em um com- putador melhor e virou you- tuber profissional, dono de um canal com 160 milhões de visualizações por mês, quase 10 milhões de seguidores. RezendeEvil, 20, ficou co- nhecido pelas séries que ro- teiriza para o jogo Minecraft, como “Minecraft x Pokemon Go”. Faz também vlogs em que ele vence “desafios” co- mo explodir melancias, mer- gulhar em geleca ou destruir uma porta com um martelo. O youtuber planeja tirar fé- rias pela primeira vez em ja- neiro. Vai à Disney, mas quer fazer um diário de viagem. O pai, médico, está frequentan- do um curso de filmagem pa- ra ajudar o filho a não perder tempo na terra do Mickey. RezendeEvil viaja de férias à Disney, mas com o pai filmando DA EDITORIA DE TREINAMENTO “Você vive no Brasil? É jo- vem? É negro? Mora em fave- las ou bairro periféricos? Que- ria ser mais delicado ao dizer isso, mas você tem 25 chan- ces a mais de ser assassinado do que jovens brancos!” Foi assim que Pedro Hen- rique Côrtes Motta, 14, o you- tuber PhCôrtes, 15 mil segui- dores, abriu um de seus víde- os para protestar contra o as- sassinato de cinco jovens ne- gros ocorrido no Rio, em 2015. Pedro vive no Itaim Paulis- ta, periferia leste de São Pau- lo, numa casa simples, com quadros de temática africana e livros de Nelson Mandela. Gosta de fazer vídeos des- de pequeno e, aos 12, criou um canal. Começou falando sobre tudo até que uma ida ao teatro o fez mudar. A peça era “O Topo da Montanha”, sobre a última noite do ativista americano Martin Luther King. Depois do espetáculo, Pedro pediu autógrafos aos atores Lázaro Ramos e Taís Araújo e voltou para casa mexido. O resultado foi o primeiro vídeo da série “Meus Heróis Negros Brasileiros”, sobre Zumbi dos Palmares. A audiência deu um salto. Seus vídeos mais antigos ra- ramente atingiam mil visua- lizações. O de Zumbi ultra- passou 43 mil. Seguiram-se outros heróis: o escritor Machado de Assis, o engenheiro André Rebou- ças e a cantora Elza Soares. GLOBO A nova temática atraiu con- vites: para o “Encontro com Fátima Bernardes” (Globo), para o quadro “Click Espe- rança” (Globo), para o You- Tube Black, evento para in- fluenciadores negros. O esquema de produção ainda é caseiro. Pedro grava a si mesmo em seu quarto e edita o vídeo no laptop. “Que- ro quebrar essa ideia de que negro no Brasil só foi escra- vo. As pessoas precisam ad- mirar heróis negros.” A fama cresceu. A mãe, Eg- nalda, 43, largou o telemar- keting para virar agente do fi- lho. Até o ídolo virou fã: “O Ph dá muito sentido ao que fui aprendendo ao longo da vida, sobre como é importan- te a gente contar as nossas histórias”, diz Lázaro Ramos. Aos 14, Ph ganha seguidores ao divulgar heróis brasileiros negros Veja vídeos e reportagem completa em temas.folha.uol.com.br/influenciadores-digitais ragem inicial de 2 milhões de pacotes de figurinhas. Além de aumentar a expo- sição, são essas atividades ex- tras a maior fonte de renda. O ganho com publicidade é mais relevante quando o cri- ador negocia diretamente al- gum tipo de ação, seja em eventos, seja embutida em seu vídeo (merchandising, por exemplo). Nesses casos, o faturamento é todo dele. Já os anúncios antes dos ví- deos são captados pelo Goo- gle, e o canal recebe centavos de dólar por exibição. IRRELEVANTE E PESSOAL Ainda que se dediquem mais a uma determinada re- de social, os criadores costu- mam estar presentes em to- das. Os fãs acompanham o ídolo em postagens que vão do frequentemente irrelevan- te ao absolutamente pessoal. Em outubro, Kéfera contou no Snapchat que a sua tia es- tava com câncer terminal. Sem colocar maquiagem, chorando, com os olhos in- chados e o nariz escorrendo, encarnava duas das caracte- rísticas mais prezadas pelos seguidores on-line: ser “au- têntica” e “verdadeira”. A exposição da vida parti- cular e de sentimentos uni- versais aproxima fãs e ídolos, criando a percepção de “gen- te como a gente”. A suposta horizontalização também alimenta o anseio de que qualquer um pode ser co- mo eles. Não é necessário mais que um smartphone e acesso à internet para ter um canal, e os youtubers estimu- lam seus seguidores a criar conteúdo. São pouquíssimos, no en- tanto, que chegam lá. DA EDITORIA DE TREINAMENTO Visualizações, cliques, cur- tidas, comentários, tempo: critérios não faltam para me- dir o engajamento digital. O problema, dizem profissio- nais da área, é que audiência não é sinônimo de influência. É essencial diferenciar fa- ma de prestígio, dois concei- tos que nem sempre andam juntos. No mundo dos youtu- bers, autenticidade é a carac- terística mais valorizada. “Na TV, o público sabe que a propaganda é um filme em que há um ator. Na internet, a expectativa é de que haja engajamento real do influen- ciador com a marca, que a ex- periência seja verdadeira”, afirma Manoel Fernandes, dono da Bites, empresa de consultoria estratégica para internet. “Enquanto a mídia clássica vende produto, a mí- dia nova vende opinião.” Há empresas como a Bites que fazem rankings de influ- ência e softwares que varrem as redes em busca de infor- mação mais precisa sobre o que se fala, quem fala, para quem e para quantos. O cru- zamento desses dados com critérios como constância de publicação e volume de inte- ração com cada postagem dá pistas mais sólidas do alcan- ce real de um comunicador. Os softwares, contudo, fi- cam devendo no quesito in- terpretação. Não detectam ironia nem percebem quan- do algo negativo está sendo dito sarcasticamente. As maiores plataformas di- gitais têm suas próprias mé- tricas, mas estas são vistas com desconfiança, sobretu- do as do Facebook e do Goo- gle, que comprou o YouTube. Os critérios adotados são mantidos em sigilo, alimen- tando acusações de conflito de interesse: a mesma plata- forma veicula, mede o alcan- ce e cobra por anúncio, sem auditoria independente. Em agosto, o Facebook ad- mitiu erro em cálculo do tem- po gasto com seus vídeos. O algoritmo somava exibições de menos de três segundos, que deveriam ser descarta- das. O erro superestimou a audiência e, por consequên- cia, o valor dos anúncios. A empresa corrigiu o problema. Outros fatores que assom- bram a mídia digital são a vi- sibilidade reduzida dos anún- cios, os bloqueadores de pu- blicidade e as fraudes causa- das por robôs. Na internet, espera-se que haja engajamento real do youtuber com o produto que ele vende, afirma especialista Critério mais importante é a capacidade de modificar comportamentos Audiência, fama e prestígio nem sempre andam juntos Eduardo Anizelli/Folha Imagem Pedro Henrique Côrtes, no seu quarto, no Itaim Paulista Divulgação RezendeEvil, 20 anos e quase 10 milhões de seguidores INFLUENCIADOR DIGITAL DA EDITORIA DE TREINAMENTO Os youtubers ajudaram a aliviar os efeitos da crise no mercado editorial em 2016. Eles venderam 1.021.153 exemplares ou cerca de 4% do total de livros do mercado. O primeiro sucesso foi “Eu fico Loko”, de Christian Fi- gueiredo, que vendeu 137.219 exemplares, e ganhou duas sequências. A maior parte dessa litera- tura pré-adolescente carrega no tom autobiográfico, com a descrição do primeiro bei- jo, do primeiro porre, de er- ros e acertos. Apesar de ter só 14 anos, João Guilherme lançou uma autobiografia pela editora Planeta: “João segundo Jo- ão”, que vendeu, em uma se- mana, 2.174 exemplares. O autor é youtuber, ator, fi- lho do cantor Leonardo e ex- namorado da best-seller La- rissa Manoela, 15. Outra vertente é a dos li- vros sobre jogos. Marco Túlio (“Authentic Games”) e Re- zendeEvil (“Dois Mundos, um Herói”) venderam mais de 100 mil exemplares cada um. Compare: um romance brasi- leiro costuma sair com tira- gem de 3.000 e pode levar anos até esgotar. Publicar dá prestígio. “Al- gumas pessoas irão dizer que eu subi no salto, que devo me achar muito estrela para escre- ver um livro. Bem, talvez seja verdade ”, confessa Felipe Ne- to, em “Não Faz Sentido”. Livros de youtubers ajudam a aliviar crise no mercado editorial INFLUENCIADOR DIGITAL 1 Qualquer pessoa pode criar um canal no YouTube e se cadastrar para exibir publicidade. Para ser monetizado, o conteúdo deve ser 100% original O CAMINHO DA FAMA E DA FORTUNA Grosso do dinheiro vem das ‘ações’ com marcas 2 Quanto maiores a frequência de posts, tempo de visualização e engajamento do público (curtidas, comentários, compartilhamento), maior o ganho 3 Segundo fontes do setor, o YouTube fica com 45% da verba do anúncio e o restante é dividido proporcionalmente com os canais que o exibiram 4 Criadores e YouTube não revelam valores. Outros fatores que definem a remuneração: - CPM (custo por mil exibições do anúncio) - CPC (custo por clique no anúncio) - Conversão (venda ou cadastro no site do anunciante) 5 O pagamento se dá por transferência internacional para a conta bancária do criador. Sobre o valor incidem custos de conversão e imposto sobre renda obtida no exterior 6 A maior parte do faturamento dos mais famosos vem de “ações” ligadas a marcas (merchandising, patrocínios, publicidade direta). Ex.: no caso de PC Siqueira, chega a 90% 7 Para ganhar seguidores, o youtuber participa de várias redes sociais. Fazer uma “collab” (atuar em vídeos de outro youtuber) ajuda a expandir o público 8 Um canal pode se associar a uma network (rede de canais) e receber ajuda de produção e publicidade 9 O criador pode se associar a uma agência que gerencia sua carreira e busca novas oportunidades de negócios 10 Com a popularidade vêm outras fontes de renda e exposição: livros, filmes, produtos licenciados, shows e eventos, atuação em TV, patrocínios, contratos de publicidade etc. Ilustrações Alexandre Affonso FEITO EM CASA Confira como alguns criadores produzem seus vídeos *Número de inscritos e visualizações até 28/11/2016 **Dois canais Seguidores Visualizações Whindersson Nunes, 21 Humor e paródias Continua gravando de modo simples, com câmera GoPro apoiada onde der. Nas paródias mais elaboradas, normal- mente tem equipe de produção Bibi Tatto, 16 Minecraft (game) e temas variados Os fãs gostam de ver a evolução do jogo na tela do jogador, com comen- tários ou narração de história criada com base nas imagens. Requer programa para gravar a tela, mouse e microfone PC Siqueira, 30 Temas variados e culinária Vídeos de opinião são produzidos com equipa- mento profissional em casa; o vlog semanal, quando em casa, é gravado do mesmo modo; em ambientes externos, usa câmera portátil e minitripé flexível Christian Figueiredo, 22 Vlog diário, mundo jovem e adolescente, desafios Usa câmera esportiva na mão para gravar o vlog diário, onde posta vídeos em estilo selfie Camila Coelho, 28 Maquiagem, moda e beleza Usa equipamento e iluminação profissionais para gravar tutoriais de maquiagem olhando para a câmera, como se fosse um espelho 1.018.584.077 268.961.531 323.292.919 814.845.769 234.193.497 14.393.422 2.888.481 3.218.544 10.469.933 2.826.826 xxxx Câmera + Microfone: GoPro Hero4 Programa de edição: Sony Vegas Pro Programa para gravar a tela do jogo: Mirillis Action! Programa de edição: Sony Vegas Pro Programa de edição: um editor monta Programa de edição: um editor monta Programa de edição: Apple Final Cut Pro e Adobe Premiere Câmera: Sony RX100 Mark 4 Câmera: Canon EOS 70D Lente: EF 24mm f/1.4L Microfone: Shotgun tipo Bolinha da marca Rode Câmera + Microfone: Sony Action Cam 4K FDR-X1000V Câmera: Canon EOS Rebel T5i Lente: 24-105mm f/4L Microfone: Shotgun da marca Rode Duas luzes LED redon- das da marca Genaray Ring Light da marca Stellar Lighting Systems Microfone: Blue Yeti Mouse: Mazer E-Blue Tripé Tripé Tripé Epelho redondo

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Da eDitoria De treinamento

Acadaminutosãogeradas500 novas horas de conteú-donoYouTubemundial.Nãose sabe quanto dessa produ-çãoébrasileira.OGoogle,do-no da plataforma, não divul-ga dados regionais, mas in-forma que o país ocupa o se-gundolugarmundialemtem-po de visualização de vídeoson-line, só atrás dos EUA.Chamadosdecriadorespe-

lo YouTube e de influencia-dores digitais pelo mercado(que inclui tambéminstagra-mers, facebookerseafins),osprodutoresdeconteúdodigi-tal cresceram em número efama;muitosalcançaramsta-tus de celebridade.O fenômeno ganhou força

por aquihá três anos. Segun-doaSnack Intelligence, redemultiplataforma de canaishomologada pelo YouTube,há cercade 310mil canais devídeo on-line no país.O Google não confirma o

número,mas parece não ha-ver dúvida de que o Brasil épeça importante desse tabu-leiro. Na lista dos 100 canaismais influentesdomundo,24são brasileiros, segundo oranking de outubro (últimodado disponível).O país ocupa o segundo e

o terceiro lugares, comWhin-derssonNuneseFelipeNeto.No topo da lista de fama e defaturamente, reina o gamerPewDiePie, sueco que seapresenta em inglês.

NAMÃOUm dos fatores responsá-

veis pelo sucesso é a popula-rizaçãodossmartphones,quejárespondempormaisdame-tade (55%)dashorasdedica-dasavídeosna internet, con-forme pesquisa encomenda-da pelo YouTube.Omesmoestudorevelaque

o tempomédiogasto comes-saatividadenoBrasil passoude 8 para 16 horas semanaisnosúltimosdois anos.Oper-centual de brasileiros que vêmais vídeos on-line do queem outras mídias saltou de12% para 30%.Outro fator importante é o

modo de funcionamento daplataforma. “ComooYouTu-be oferece uma enorme vari-edade de canais e conteúdo,o espectadornão ficapresoàprogramação fechada e aoshorários que a TV impõe. Elepodeassistirquandoformaisconveniente e a partir de di-ferentesdispositivos”,afirmaFábio Utumi, 48, sócio-dire-torda IQAgenciamento,pio-neira no gerenciamento decarreira de youtubers no pa-ís. É a mesma lógica que fazo sucesso da Netflix.

ÁLBUMDE FIGURINHASOs números expressivos

ajudaram a catapultar os in-fluenciadores alémdas fron-teiras do digital: eles produ-zemeencenampeçasde tea-tro e shows de stand-up, li-cenciamprodutos, lançamfil-mes, livros e até figurinhas.Um desses álbuns, o pri-

meiro do gênero no mundo,foi lançado em julho com ti-

Na lista dos 100 canaismais influentes domundo, 24 são feitosporbrasileiros, segundoranking de outubro

País só perde para os EUA em tempogasto comvisualização no YouTube

Brasil é o2ºemconsumodevídeosna internet

Da eDitoria De treinamento

Os 12 canaismais vistosdoYouTubefaturaramjun-tos, no período de 12 me-ses encerrado em junho,US$ 70,5 milhões —23% amaisqueem2015—,segun-do levantamento da revis-ta “Forbes” divulgado naúltima segunda-feira (5).O sueco Felix Avrid Ulf

Kjellberg, o popular Pew-DiePie,ocupaotopodalis-ta pelo segundo ano con-secutivo, com faturamen-to de US$ 15 milhões. Seucanal tem49,8milhões deseguidores e acumula 13bilhões de visualizações.O conteúdo é simples: tu-toriais de games com co-mentários humorísticos.Entre as celebridades

mais bem pagas de 2016,estão Lilly Singh, rapper ecomediante de stand-up;RosanaPansino,confeitei-ra nerd que compartilhareceitas de bolo inusita-das; Roman Atwood, quefilma pegadinhas, e TylerOakley, ativista LGBT quefechou contrato com aapresentadoradeTVEllenDegeneres. Cada um em-bolsouvalores entreUS$6milhões e US$ 8milhões.

Sueco topdoranking faturouUS$ 15milhões

Da enViaDa eSPeCiaL a PetroLina (Pe)

Whindersson Nunes, 21,está há três horas na van, es-tacionada no pátio do Cam-po Clube Senhor do Bonfim(BA). São 20h, ele viajou nasúltimas14horas.Nanoitean-terior, havia se apresentadoem Uberlândia (MG). Suasturnês são assim: uma noiteem cada cidade, dias na es-trada e em aviões.Oplanodedesembarcarno

hotel tem que ser abortado,porque fãs o esperamna cal-çada. A van vai direto para olocal do evento. No salão-te-atro, faltamsegurançaehigi-ene. O banheiro do camarimimprovisado está entupido esem papel higiênico.As 1.900 cadeiras de plás-

ticoestãocompletamente to-madas. Anunciado, Whin-derssonentranopalco.Apla-teia delira. Ele faz piada commedodeavião,peidos, catar-ros; canta em dois momen-tos: uma lição de embromêi-xon,emqueensinacomofin-gir cantar em inglês, e umaimitaçãodeMichael Jackson.

TUDO TEMHTerceiro filho de Valdeni-

ce, 46, e Hidelbrando, 50, o“Lampião do YouTube”, co-mo ele se apresenta em seucanal, nasceu em PalmeiradoPiauí (4.973almas, segun-do o IBGE) e hoje mora emFortaleza, Ceará.Valdenice conta que o no-

meWhindersson foi inspira-doemumjogadorde futebol,mas o marido diz que essahistóriaésobreonomedeou-tro filho, Hidelvan.Não falta criatividadeaes-

samãequebatizouaindaumHarisson, 25, queadministraas finançasdohumorista, e acaçula Hagda Kerolayne, 19,estudante de direito.Sobre suas broncas e sur-

ras, tema recorrentedo filho,ela confirma, rindo, que “étudoverdade, ele teveque in-ventar pouca coisa”. Ela cri-ou os filhos com rigor.O forte de Whindersson

são as paródias. Valdeniceconta que, aos 11 anos, o fi-lhofrequentavaaAssembleiade Deus, contrariando a tra-diçãocatólicadafamília.“Foiprimeiro lugar num concur-sodecalouros,ganhouR$50.Perdeu a timidez. Se não fos-sea igrejaevangélica,nãose-ria essa pessoa que é hoje.”

Tô REPROVADOWhindersson estudou in-

formática no ensino médio.Apósvários fracassos,umdiapostou “Alô, vó, tô reprova-do”, paródia de um arrocha.Em uma noite, obteve 5 mi-lhões de visualizações.Era o começo do sucesso.

Tododiacaminhava3kmatéa casa de uma amiga que ti-nhacâmeraboa, filmava,edi-tava e caminhava mais 2 kmpara postar o vídeo na lan-house, jáquenão tinhacone-xão de internet em casa.Quatroanosdepois,emou-

tubro passado, seu canal ul-trapassouoPortadosFundose atingiu 14 milhões de ins-critos.Seuhit“Qualéasenhadowi-fi”,paródiade“Hello”,deAdele, já foi visto 42,4mi-lhões de vezes.Onúmerode showscresce

constantemente. Neste ano,serão 179, praticamente umdia sim, outro não. Ocupadesde pequenos lugares nointerioràConchaAcústicadoTeatroCastroAlvesemSalva-dor (BA), com 5.000 lugares.Se fosse contratado hoje pa-raumshowemSãoPaulo,co-braria R$ 90mil de cachê.As ações se multiplicam.

Fazumaparticipaçãoem“Pe-netras 2”, deAndruchaWad-dington;começaumnovo fil-me em maio; exibe no canalumagrifepernambucana;pe-de“likes”paraumsanduíchedoBob’s.Desdemarçonamo-ra a youtuber gaúcha LuísaSonza, 18anosemaisde1mi-lhão de inscritos. Lampiãoencontrou a sua Maria Boni-ta: “Vou casar com ela”.

Whindersson,doPiauí paraotopodo rankingde celebridades

Da eDitoria De treinamento

Osonhode infânciadopa-ranaense Pedro Afonso Re-zende Posso era ser jogadorde futebol.Aos 16, foi contra-tado como goleiro pelo RealRieti, time italiano profissio-nal de futsal.Quando partiu para a Itá-

lia, tinhaacabadodecriarseucanal, batizado com ummixdo seu sobrenome com o tí-tulo do jogo preferido, Resi-dent Evil 5.Treinava de dia e postava

à noite. Ainda emRieti, atin-giuamarcade300mil segui-dores.Arivalidadecomosco-legasdealojamento foi o em-purrãoque faltavaparaesco-lher que carreira seguir.VoltouaoBrasil, investiuo

dinheiro ganho em um com-putador melhor e virou you-tuber profissional, dono deumcanalcom160milhõesdevisualizaçõespormês,quase10milhões de seguidores.RezendeEvil, 20, ficou co-

nhecido pelas séries que ro-teiriza para o jogoMinecraft,como “Minecraft x PokemonGo”. Faz também vlogs emque ele vence “desafios” co-moexplodirmelancias,mer-gulhar emgeleca ou destruiruma porta com ummartelo.Oyoutuberplaneja tirar fé-

rias pela primeira vez em ja-neiro.Vai àDisney,masquerfazer umdiário de viagem. Opai,médico,está frequentan-doumcursode filmagempa-ra ajudar o filhoanãoperdertempo na terra doMickey.

RezendeEvil viaja de férias àDisney,mas comopai filmando

Da eDitoria De treinamento

“Você vive no Brasil? É jo-vem?Énegro?Mora em fave-lasoubairroperiféricos?Que-ria sermaisdelicadoaodizerisso, mas você tem 25 chan-cesamaisdeserassassinadodo que jovens brancos!”Foi assim que Pedro Hen-

riqueCôrtesMotta, 14, oyou-tuber PhCôrtes, 15 mil segui-dores, abriuumdeseusvíde-osparaprotestar contraoas-sassinatodecinco jovensne-grosocorridonoRio,em2015.Pedroviveno ItaimPaulis-

ta, periferia lestedeSãoPau-lo, numa casa simples, comquadrosde temáticaafricanae livros de NelsonMandela.Gosta de fazer vídeos des-

de pequeno e, aos 12, criouum canal. Começou falandosobre tudo até que uma idaao teatro o fez mudar.A peça era “O Topo da

Montanha”, sobre a últimanoite do ativista americanoMartin Luther King. Depoisdo espetáculo, Pedro pediuautógrafos aos atores LázaroRamos eTaísAraújo e voltoupara casamexido.O resultado foi o primeiro

vídeo da série “Meus HeróisNegros Brasileiros”, sobreZumbi dos Palmares.A audiência deu um salto.

Seus vídeos mais antigos ra-ramente atingiammil visua-lizações. O de Zumbi ultra-passou 43mil.Seguiram-seoutrosheróis:

o escritor Machado de Assis,o engenheiro André Rebou-ças e a cantora Elza Soares.

GLOBOAnovatemáticaatraiucon-

vites: para o “Encontro comFátima Bernardes” (Globo),para o quadro “Click Espe-rança” (Globo), para o You-Tube Black, evento para in-fluenciadores negros.O esquema de produção

ainda é caseiro. Pedro gravaa si mesmo em seu quarto eeditaovídeonolaptop.“Que-ro quebrar essa ideia de quenegro no Brasil só foi escra-vo. As pessoas precisam ad-mirar heróis negros.”A famacresceu.Amãe,Eg-

nalda, 43, largou o telemar-ketingparaviraragentedo fi-lho. Até o ídolo virou fã: “OPh dá muito sentido ao quefui aprendendo ao longo davida, sobrecomoé importan-te a gente contar as nossashistórias”,dizLázaroRamos.

Aos 14, Phganhaseguidores aodivulgarheróisbrasileirosnegros

Veja vídeos e reportagem completa em temas.folha.uol.com.br/influenciadores-digitais

ragem inicial de 2milhõesdepacotes de figurinhas.Alémde aumentar a expo-

sição,sãoessasatividadesex-tras a maior fonte de renda.O ganho com publicidade émais relevante quando o cri-adornegociadiretamenteal-gum tipo de ação, seja emeventos, seja embutida emseu vídeo (merchandising,por exemplo). Nesses casos,o faturamento é todo dele.Jáosanúnciosantesdosví-

deos são captados pelo Goo-gle, eocanal recebecentavosde dólar por exibição.

IRRELEVANTEEPESSOALAinda que se dediquem

mais a uma determinada re-de social, os criadores costu-mam estar presentes em to-das. Os fãs acompanham oídolo em postagens que vãodofrequentemente irrelevan-teaoabsolutamentepessoal.Emoutubro,Kéferacontou

noSnapchat quea sua tia es-tava com câncer terminal.Sem colocar maquiagem,chorando, com os olhos in-chados e o nariz escorrendo,encarnava duas das caracte-rísticas mais prezadas pelosseguidores on-line: ser “au-têntica” e “verdadeira”.A exposição da vida parti-

cular e de sentimentos uni-versaisaproximafãse ídolos,criandoapercepçãode“gen-te como a gente”.Asupostahorizontalização

tambémalimentaoanseiodequequalquerumpodeserco-mo eles. Não é necessáriomais que um smartphone eacesso à internet para ter umcanal, eosyoutubersestimu-lam seus seguidores a criarconteúdo.São pouquíssimos, no en-

tanto, que chegam lá.

Da eDitoria De treinamento

Visualizações,cliques,cur-tidas, comentários, tempo:critériosnão faltamparame-dir o engajamento digital. Oproblema, dizem profissio-naisdaárea, équeaudiêncianãoésinônimode influência.É essencial diferenciar fa-

ma de prestígio, dois concei-tos que nem sempre andamjuntos.Nomundodosyoutu-

bers, autenticidadeéacarac-terística mais valorizada.“NaTV,opúblico sabeque

a propaganda é um filme emque há um ator. Na internet,a expectativa é de que hajaengajamento realdo influen-ciadorcomamarca,queaex-periência seja verdadeira”,afirma Manoel Fernandes,dono da Bites, empresa deconsultoria estratégica parainternet. “Enquanto a mídiaclássicavendeproduto, amí-dia nova vende opinião.”Há empresas como a Bites

que fazem rankings de influ-ência e softwaresquevarremas redes em busca de infor-mação mais precisa sobre oque se fala, quem fala, para

quem e para quantos. O cru-zamento desses dados comcritérios como constância depublicação e volumede inte-raçãocomcadapostagemdápistasmais sólidas do alcan-ce real de um comunicador.Os softwares, contudo, fi-

cam devendo no quesito in-terpretação. Não detectamironia nem percebem quan-do algo negativo está sendodito sarcasticamente.Asmaioresplataformasdi-

gitais têm suas próprias mé-tricas, mas estas são vistascom desconfiança, sobretu-do as do Facebook e do Goo-gle,quecomprouoYouTube.Os critérios adotados sãomantidos em sigilo, alimen-

tando acusações de conflitode interesse: amesma plata-formaveicula,medeoalcan-ce e cobra por anúncio, semauditoria independente.Emagosto, oFacebookad-

mitiuerroemcálculodo tem-po gasto com seus vídeos. Oalgoritmo somava exibiçõesde menos de três segundos,que deveriam ser descarta-das. O erro superestimou aaudiência e, por consequên-cia, o valor dos anúncios. Aempresacorrigiuoproblema.Outros fatores que assom-

bramamídia digital são a vi-sibilidadereduzidadosanún-cios, os bloqueadores de pu-blicidade e as fraudes causa-das por robôs.

Na internet, espera-sequehaja engajamentoreal do youtuber comoproduto que ele vende,afirma especialista

Critériomais importante é a capacidade demodificar comportamentos

Audiência, famaeprestígionemsempreandamjuntos

eduardo anizelli/Folha imagem

Pedro Henrique Côrtes,no seu quarto, no

Itaim Paulista

Divulgação

RezendeEvil, 20 anose quase 10milhõesde seguidores

INFLUENCIADOR DIGITAL

Da eDitoria De treinamento

Os youtubers ajudaram aaliviar os efeitos da crise nomercado editorial em 2016.Eles venderam 1.021.153exemplares ou cerca de 4%dototalde livrosdomercado.Oprimeiro sucesso foi “Eu

fico Loko”, de Christian Fi-gueiredo, quevendeu137.219exemplares, e ganhou duassequências.Amaior parte dessa litera-

turapré-adolescente carregano tom autobiográfico, coma descrição do primeiro bei-jo, do primeiro porre, de er-ros e acertos.Apesar de ter só 14 anos,

João Guilherme lançou umaautobiografia pela editoraPlaneta: “João segundo Jo-

ão”, quevendeu, emumase-mana, 2.174 exemplares.Oautor éyoutuber, ator, fi-

lho do cantor Leonardo e ex-namorado da best-seller La-rissa Manoela, 15.Outra vertente é a dos li-

vros sobre jogos.MarcoTúlio(“Authentic Games”) e Re-zendeEvil (“DoisMundos,umHerói”) venderam mais de100mil exemplarescadaum.Compare:umromancebrasi-leiro costuma sair com tira-gem de 3.000 e pode levaranos até esgotar.Publicar dá prestígio. “Al-

gumas pessoas irão dizer queeu subi no salto, quedevomeacharmuitoestrelaparaescre-ver um livro. Bem, talvez sejaverdade”,confessaFelipeNe-to, em“NãoFaz Sentido”.

Livrosde youtubers ajudamaaliviar crisenomercadoeditorial

INFLUENCIADOR DIGITAL

1Qualquer pessoa podecriar um canal no

YouTube e se cadastrar paraexibir publicidade. Para sermonetizado, o conteúdodeve ser 100%original

O caminhO dafama e da fOrtunaGrosso do dinheiro vemdas ‘ações’ commarcas

2Quanto maiores afrequência de posts,

tempo de visualização eengajamento do público(curtidas, comentários,compartilhamento),maior o ganho

3Segundo fontes do setor, oYouTube fica com 45%da

verba do anúncio e o restanteé dividido proporcionalmentecom os canais que o exibiram

4Criadores e YouTubenão revelam valores.

Outros fatores quedefinem a remuneração:- CPM (custo por milexibições do anúncio)- CPC (custo por cliqueno anúncio)- Conversão (vendaou cadastro no sitedo anunciante)

5O pagamentose dá por

transferênciainternacional paraa conta bancáriado criador. Sobre ovalor incidem custosde conversão eimposto sobre rendaobtida no exterior

6Amaior parte dofaturamento dos

mais famosos vem de“ações” ligadasamarcas(merchandising,patrocínios, publicidadedireta). Ex.: no casode PC Siqueira,chega a 90%

7Para ganharseguidores,

o youtuberparticipa de váriasredes sociais.Fazer uma “collab”(atuar em vídeosde outro youtuber)ajuda a expandiro público

8Um canalpode se

associar auma network(rede decanais) ereceberajuda deprodução epublicidade

9O criadorpode

se associara umaagência quegerencia suacarreira ebusca novasoportunidadesde negócios

10Com apopularidade

vêm outras fontes derenda e exposição:livros, filmes, produtoslicenciados, showse eventos, atuaçãoem TV, patrocínios,contratos depublicidade etc.

ilustrações alexandre affonso

FEITO EM CASAConfira como alguns criadores produzem seus vídeos

*Número de inscritos evisualizações até 28/11/2016**Dois canais

Seguidores Visualizações

WhinderssonNunes, 21Humor e paródias

Continua gravando demodo simples, comcâmera GoPro apoiadaonde der. Nas paródiasmais elaboradas, normal-mente tem equipe deprodução

Bibi Tatto, 16Minecraft (game)e temas variados

Os fãs gostam de ver aevolução do jogo na telado jogador, com comen-tários ou narração dehistória criada com basenas imagens. Requerprograma para gravar atela, mouse e microfone

PC Siqueira, 30Temas variados e culinária

Vídeos de opinião sãoproduzidos com equipa-mento profissional emcasa; o vlog semanal,quando em casa, égravado domesmomodo;em ambientes externos,usa câmera portátil eminitripé flexível

ChristianFigueiredo, 22Vlog diário, mundo joveme adolescente, desafios

Usa câmera esportiva namão para gravar o vlogdiário, onde posta vídeosem estilo selfie

Camila Coelho, 28Maquiagem, moda e beleza

Usa equipamento eiluminação profissionaispara gravar tutoriais demaquiagem olhandopara a câmera, comose fosse um espelho

1.018.584.077

268.961.531

323.292.919

814.845.769

234.193.497

14.393.422

2.888.481

3.218.544

10.469.933

2.826.826

xxxx

Câmera +Microfone:GoPro Hero4

Programade edição:Sony Vegas Pro

Programapara gravara tela dojogo: MirillisAction!Programa deedição: SonyVegas Pro

Programade edição:um editormonta

Programade edição:um editormonta

Programa de edição:Apple Final Cut Proe Adobe Premiere

Câmera: SonyRX100Mark 4

Câmera: CanonEOS 70DLente: EF24mm f/1.4LMicrofone:Shotgun tipoBolinha damarca Rode

Câmera +Microfone:Sony Action Cam 4KFDR-X1000V

Câmera: Canon EOSRebel T5iLente: 24-105mm f/4LMicrofone: Shotgunda marca Rode

Duas luzes LED redon-das da marca Genaray

Ring Light damarca StellarLighting Systems

Microfone:Blue Yeti

Mouse:Mazer E-Blue

Tripé

Tripé

Tripé

Epelhoredondo