INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS DE CULTIVO ORGÂNICO E …orgprints.org/24856/1/Lima_Influência.pdf · Ao...
Transcript of INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS DE CULTIVO ORGÂNICO E …orgprints.org/24856/1/Lima_Influência.pdf · Ao...
INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS DE CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL DE ALGODÃO SOBRE A QUALIDADE DO SOLO NO MUNICÍPIO DE TAUÁ - CE
HERDJANIA VERAS DE LIMA
FORTALEZA - CEARÁ
2001
INFLUÊNCIA DOS SISTEMAS DE CULTIVO ORGÂNICO E CONVENCIONAL DE ALGODÃO SOBRE A QUALIDADE DO SOLO NO MUNICÍPIO DE TAUÁ - CE
HERDJANIA VERAS DE LIMA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DO CURSO DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA - ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM
SOLOS E NUTRIÇÃO DE PLANTAS COMO REQUISITO PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FORTALEZA - CEARÁ
2001
FICHA CATALOGRÁFICA
L698s Lima, Herdjania Veras de
2001
Influência dos sistemas de cultivo orgânico e convencional de algodão sobre a qualidade do solo no município de Tauá - CE / Herdjania Veras de Lima - Fortaleza : UFC / Departamento de Ciências do Solo, 2001. 53p.
1. Agricultura familiar. 2. Agroecologia. 3. Agricultura orgânica. I. Título.
CDD 631.8
Esta dissertação foi submetida como parte dos requisitos necessários à
obtenção do Grau de Mestre em Agronomia - Área de Concentração em Solos e
Nutrição de Plantas, outorgado pela Universidade Federal do Ceará. Uma via do
presente estudo encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca de Ciência e
Tecnologia da referida Universidade.
A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que seja
feita de conformidade com as normas da ética científica.
'íKqm ü/ltuú. 'ifjv m d ü Ê )jm oü
Herdjania Veras de Lima
Dissertação aprovada em: 02 / 02 / 2001
Prof. Teógenes Senna de Oliveira, D.Sc. r Orientador da Dissertação
ím .d f i t i h f á j / i c .
Profa. V^nia Felipe Froíre Gomes, Doutora
■uProf. Claudivan Feitosa de Lacerda, D.Sc.
Prof. Lindbergue Araújo Crisóstomo - Ph.D. C N P A T - EMBRAPA
Aos meus pais
E d v a l e A v a n i
E aos meus irmãos
H e r d n a n e J â n io
D E D I C O
AGRADECIMENTOS
A D eus o dom da vida, o conhecim ento , e a força para superar os
obstáculos to rnando tudo possível.
A os m eus avós, tios e primos.
A o P ro fesso r T eógenes Senna de Oliveira, os ensinam entos, o apoio, a
com preensão nos m om entos de d ificu ldade e a orien tação deste trabalho.
A os P rofessores V ânia Felipe Freire G om es, C laudivan Feitosa de
L acerda e Lindbergue A raújo C risóstom o, as sugestões e correções deste
trabalho.
A U niversidade Federal do C eará e, em especial, ao D epartam ento de
C iência de Solo, o acolh im ento , oportun idade e concre tização do títu lo de
M estre em A gronom ia.
A o E S P L A R a d isponib ilidade, a cooperação e a ajuda em todas as
etapas deste trabalho , em especial a Pedro Jorge.
A todos os agricultores de T auá, que gen tilm ente d isponib ilizaram suas
áreas para a realização deste trabalho.
A o P ro fesso r Eduardo Sá M en donça , por d ispor do L aboratório de
M atéria O rgân ica da U FV para a rea lização de algum as determ inações
quím icas.
A G iann e Nunes M artins o apoio em ocional durante o decorrer do
curso.
A A nalice e Nilda a am izade sincera.
A os co legas G uilherm e, U berlando, M elchior, A urélio e José
R oberto o com panheirism o e a am izade.
A os am igos conquistados M ayra, Eduardo, Tânia, S im one, Carol,
A dna, Daniel, Luís G onzaga, Jô, A nicete, U birajara, Roseli, Meire.
A todos os funcionários do D epartam en to de C iências do Solo da UFC.
A todos m uito obrigada.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................... iii
LISTA DE QUADROS..................................................................................................... iv
RESUMO..............................................................................................................................v
SUMMARY......................................................................................................................vii
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.....................................................................................32.1. Qualidade e Sustentabilidade de um Ecossistema............................................... 32.2. Qualidade do Solo...................................................................................................52.3. Biologia e Qualidade do solo..................................................................................62.4. O Algodão no Nordeste Brasileiro........................................................................92.5. A Proposta Agroecológica em Tauá-CE............................................................10
3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................ 133.1. Área de Estudo......................................................................................................133.2. Seleção das Áreas..................................................................................................163.3. Coleta das Amostras............................................................................................. 173.4. Meio Físico Local..................................................................................................183.5. Análises Físicas.....................................................................................................183.6. Análises Químicas.................................................................................................183.7. Análises Biológicas.............................................................................................. 193.8. Delineamento Experimental e Análise Estatística.............................................19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................204.1. Caracterização do Meio Físico.............................................................................204.2. Análises Físicas..................................................................................................... 224.3. Análises Químicas.................................................................................................254.4. Evolução das Áreas com Cultivo Orgânico........................................................3 14.5. Macro e Mesofauna do Solo.................................................................................40
5. CONCLUSÕES........................................................................................................... 46
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 47
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Teores de carbono do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivo orgânico, instaladas por agricultores no município de T a u á -C E ..................................................................................................................33
Figura 2. Teores de fósforo do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivo orgânico, instaladas por agricultores no município de T a u á -C E ..................................................................................................................35
Figura 3. Teores de soma de bases do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivo orgânico instaladas por agricultores no município de Tauá - CE..................................................................................................................37
Figura 4. Valores de pH do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivoorgânico, instaladas por agricultores no município de Tauá - CE.............. 38
Figura 5. Valores da relação C/N do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivo orgânico, instaladas por agricultores no município de Tauá - CE..................................................................................................................40
Figura 6 . Densidades de macro e mesofauna do solo, em amostras coletadas nas profundidades de 0-10 cm, 10-20 cm e 20-30 cm, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional, por agricultores no município de Tauá - CE (abril de 2000)........................................................... 42
Figura 7. Percentagem relativa das principais ordens da comunidade de macro e mesofauna do solo, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional no município de Tauá - CE (abril de 2000)............................43
Figura 8 . Número de indivíduos da comunidade de macro e mesofauna encontrados na serapilheira, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional, por agricultores no município de Tauá - CE (abril de 2000).......................................................................................................... 44
Figura 9. Percentagem relativa das principais ordens da comunidade de macro e mesofauna encontrada na serapilheira, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional no município de Tauá - CE (abril de 2000).......................................................................................................... 45
iv
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Equivalência das classes de solo do Levantamento Exploratório- Reconhecimento de Solos do Estado do Ceará (BRASIL, 1973) e o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999a).......... 15
Quadro 2. Localização, tipo de cultivo e posição geográfica das áreas comcultivo orgânico e convencional no município de T auá-C E ........................ 16
Quadro 3. Descrição das áreas de cultivo orgânico e convencional no municípiode Tauá - C E............................................................................................................ 17
Quadro 4. Caracterização do meio físico nas áreas de cultivo orgânico econvencional no município de T auá-C E ...........................................................21
Quadro 5. Análises físicas de amostras de solo coletadas em áreas de cultivoorgânico e convencional no município de T auá-C E ...................................... 23
Quadro 6 . Propriedades químicas do solo em áreas de cultivo orgânico e convencional coletadas no município de Tauá - CE, nas profundidades de 0-10 cm, 10-20 cm e 20-30 cm ...........................................26
Quadro 7. Propriedades químicas do solo em áreas de cultivo orgânico e convencional coletadas no município de Tauá - CE, nas profundidades de 0-10 cm, 10-20 cm e 20-30 cm ...........................................30
RESUMO
LIMA, Herdjania Veras. Influência dos sistemas de cultivo orgânico e convencional
de algodão sobre a qualidade do solo no município de Tauá - CE, 2001. 53 p.
(Dissertação de Mestrado). Mestre em Agronomia. Área de concentração: Manejo
e Conservação do Solo. UFC, Fortaleza - CE.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar as propriedades e/ou
características físicas, químicas e biológicas, de solos cultivados com algodão por
agricultores do município de Tauá - CE, para testar a hipótese de que o sistema de
cultivo do algodão em bases orgânicas, proporciona uma melhor qualidade do solo
que o cultivo convencional de algodão. Para tanto, foram selecionadas seis áreas de
plantio em bases orgânicas e três áreas de plantio convencional, levando-se em
consideração o tipo de solo e a topografia. Em cada uma das áreas escolhidas, foram
estabelecidas três subparcelas representativas dos consórcios adotados, com
aproximadamente 1 0 0 m 2 cada uma, as quais serviram como repetições dentro de
cada área. Como indicadores da qualidade do solo, foram analisadas propriedades
e/ou características físicas, químicas e biológicas. O experimento foi desenvolvido
utilizando-se um delineamento em blocos ao acaso. Os resultados obtidos foram
submetidos à análise de variância, tendo sido realizada a comparação das médias
pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Os aspectos físicos das áreas
convencionais apresentaram diminuição na porcentagem de agregados e na
porosidade do solo, com relação as orgânicas. Comparando-se as diferentes áreas de
cultivo, observou-se que, as áreas orgânicas 1, 2 e 5, apresentaram níveis de
nutrientes no solo superiores às áreas de cultivo convencionais (7, 8 e 9), e às demais
vi
orgânicas (3, 4 e 6 ). O sistema de cultivo orgânico, durante os anos de 1997 a 2000,
promoveu melhorias nas propriedades químicas analisadas, principalmente nas áreas
em que o sistema de cultivo orgânico foi implantado há mais tempo, e naquelas onde
foram feitas aplicações de esterco animal. Foram obtidos aumentos nos teores de
carbono orgânico, fósforo, soma de bases e diminuição na relação C/N. As condições
do ambiente-solo no sistema orgânico favoreceram a macro e mesofauna do solo,
promovendo maior diversidade de indivíduos nas áreas orgânicas do que nas
convencionais. Este estudo concluiu que as áreas de produção orgânica têm maior
capacidade de promover a qualidade do solo, comparadas com as áreas de produção
convencional, devido principalmente, ao uso de rotação de culturas, à aplicação de
fertilizantes orgânicos e ao menor revolvimento do solo, promovendo assim, o
aumento do conteúdo de matéria orgânica do solo.
VI I
SUMMARY
LIMA, Herdjania Veras. Influence o f conventional and organic cultivation systems
o f cotton in the quality o f soil in Tauá City, State o f Ceará, Brazil, 2001. 53 p.
(MSc. Dissertation). Master in Agriculture. Major Area: Soil Management and
Conservation. UFC, Fortaleza-CE.
This work aimed at evaluating physical, chemical and biological soil
properties/characteristics under cotton cultivation at Tauá-CE to test the hypothesis
that organically managed cotton provides a better soil quality than conventionally
managed cotton. We then selected six organically managed areas and three
conventionally managed areas, with similar soils and topography. In each o f the
chosen areas, we set three sub-plots with the adopted multicrops, approximately 1 0 0
m 2 each sub-plot, which served as replications in each area. Soil quality indicators
analyzed were physical, chemical, and biological properties/characteristics. The
experiment was developed in a randomized blocks design. Results were submitted to
an analysis o f variance, averages were then compared by Tukey’s test, on a 5%
probability levei. Soi! physical aspects under conventional management showed a
decrease in aggregates percentage and porosity when compared to organic
management. When we compared the different areas, we observed that organic areas
1, 2 and 5 showed higher nutrient leveis than conventional areas (7, 8 , and 9) and the
other organic areas (3, 4, and 6 ). Organic management system, from 1997 to 2000,
improved chemical properties analyzed, especially where the system has been
established for a longer time and where manure has been applied. Organic carbon, P
and bases sum were increased and C/N ratio decreased. The conditions o f the soil
environment under organic management favored soil macro and mesofauna,
promoting a greater diversity under organic than under conventional management
system. This survey has concluded that organically managed areas showed greater
ability to improve soil quality as compared to conventional management, especially
due to crop rotation, organic fertilizers application and less soil movement, allowing
an increase in soil organic matter content.
1. INTRODUÇÃO
Os sistemas de cultivo do algodoeiro, em especial do algodão arbóreo,
originário do Seridó Norte Rio Grandense, experimentam desde o início dos anos 80,
a mais séria crise da sua história, com fortes repercussões sobre a economia
nordestina, em especial na região semi-árida. Isso se deu por ocasião da
disseminação do bicudo (Anthonomus grandis Boheman), uma das mais importantes
pragas do algodoeiro, que apesar de não ter sido o principal, nem o único
determinante da crise, inviabilizou quase por completo, a exploração dos sistemas
produtivos do algodoeiro arbóreo. Essa crise atingiu de forma diferenciada os vários
setores envolvidos e penalizou, sobretudo, a agricultura familiar.
A solução encontrada pelos cientistas para o combate ao bicudo
contemplava um conjunto de medidas, as quais incluíam o uso intenso de inseticidas
químicos, o que acarreta problemas ao meio ambiente, contaminando lençóis
freáticos e mananciais, prejudicando dessa forma a saúde do próprio homem. Em
virtude desses problemas, alternativas que reduzam a utilização dos insumos
químicos têm sido propostas. Dentre essas destaca-se o cultivo orgânico, ou seja, um
sistema de produção que evita, ou exclui largamente, o uso de fertilizantes sintéticos,
pesticidas e reguladores de crescimento. Para que a produção orgânica seja
considerada viável, faz-se necessário o uso de rotação de culturas, a incorporação de
resíduos animais e vegetais, o controle biológico de pesticidas para o manejo de solo
e para a produtividade da lavoura, o suprimento de nutrientes para as plantas, o
controle de ervas daninhas e outras pestes.
2
A transição do cultivo convencional para o cultivo orgânico tem sido
acompanhada por alguns estudiosos em outras regiões do mundo (Clark et al., 1998;
Swezey et al., 1999). As mudanças podem ser percebidas através das propriedades
químicas e físicas do solo. Constatam-se, ainda, diferenças quantitativas e
qualitativas no fluxo de nutrientes do solo, após o uso de cobertura morta ou
aplicações de composto, com total eliminação da aplicação de fertilizantes sintéticos
e inseticidas.
Uma das primeiras tentativas para implantar a proposta da agricultura
orgânica no nordeste do Brasil, deu-se no período de 1991-1996 em Tauá - CE.
Agricultores do município juntamente com o ESPLAR - Centro de Pesquisa e
Assessoria, tiveram como objetivo o manejo ecológico do algodoeiro arbóreo,
visando a convivência produtiva com o bicudo.
A partir do início do ano de 1998, o ESPLAR dispôs de elementos
suficientes para a difusão dessa proposta agroecológica, contribuindo assim para a
ampliação do número de interessados em produzir algodão em bases orgânicas no
município de Tauá, com a participação de 78 agricultores até o final do ano de 1997,
aumentando para 100 em dezembro de 1998. O crescente interesse deu-se, em parte,
pelo sucesso obtido na comercialização do pequeno volume de algodão colhido em
1997 e 1998, o qual foi certificado como orgânico, recebendo preços 30% superiores
aos do algodão cultivado em bases convencionais (ESPLAR, 1998).
O presente trabalho teve por objeto avaliar as propriedades e/ou
características físicas, químicas e biológicas, em solos cultivados com algodão, por
agricultores do município de Tauá-CE, visando testar a hipótese de que o sistema de
cultivo do algodão em bases orgânicas, proporciona uma melhor qualidade do solo,
quando comparado as áreas cultivadas em bases convencionais.
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1. Qualidade e Sustentabilidade de um Ecossistema
Dois critérios básicos têm sido propostos, de acordo com Correia (1997),
para que se considere como sustentável, a longo prazo, um sistema agrícola: 1 . uma
redução na utilização de recursos não renováveis; e 2. a proteção do ambiente. Além
disso, há que se considerar o fator econômico, ou seja, a viabilidade de uma
agricultura sustentável. De modo simplificado, pode-se dizer que um sistema
sustentável deve igualar-se, o máximo possível, a um sistema natural, no qual a
interferência humana seja a mínima necessária, facilitando a ocorrência de uma
ciclagem de nutrientes, incluindo a água, e de mecanismos de regulação internos, tais
como controle de pragas e ervas daninhas.
Avaliar se um sistema de produção é sustentável ou não, ou qual o grau de
sustentabilidade desse sistema é algo extremamente complexo, já que envolve uma
grande variedade de processos. Duas abordagens em relação a essa avaliação têm
sido propostas: a primeira consiste no estabelecimento de um índice geral de
qualidade do solo, incluindo fatores relativos à produtividade e às características
físicas, químicas e biológicas do solo em questão (Doran & Parkin, 1994); a segunda
abordagem consiste no isolamento de um processo que seja relevante para o sistema,
passando a considerá-lo como indicador do comportamento do conjunto, em relação
a impactos específicos (Correia, 1997).
O desenvolvimento de um índice de qualidade do solo foi estimulado pela
percepção de que saúde e bem-estar estão associados à qualidade do solo
4
(Haberern, 1992). Porém, definir e avaliar a qualidade do solo, torna-se complicado,
pela necessidade de serem consideradas as múltiplas funções do solo, mantendo a
produtividade e o bem-estar ambiental (Papendick & Parr, 1992; Rodale Institute,
1991).
A maioria dos pesquisadores reconhece que manter a qualidade do solo
deveria ser uma meta principal para uma sociedade sustentável. Porém, a estratégia
de manter a qualidade e de concluir as metas de sustentabilidade é difícil pela
necessidade da definição de qualidade do solo e dos seus indicadores, pelos quais a
m esma pode ser medida claramente. A qualidade do solo está largamente definida
através de parâmetros do solo, que representam uma combinação do meio físico,
químico e biológico, proporcionando um crescimento médio para a planta e para a
atividade biológica; regulando e dividindo o fluxo e armazenamento de água no solo
e, servindo como um protetor ambiental na formação e destruição do meio ambiente
(Larson & Pierce, 1994)
A qualidade do solo é pensada, freqüentemente, como uma característica
abstrata que não pode ser definida porque depende de fatores externos como, uso do
solo e práticas de administração do ecossistema, interações ambientais, prioridades
sócio-econômicas e políticas, e assim por diante. Percepções do que constitui uma
“terra boa” variam e dependem das prioridades individuais do solo e do uso
planejado da terra. Porém, administrar e manter o solo em um estado aceitável para
gerações futuras, deve ser definido pela qualidade do solo e, essa definição deve ser
larga o bastante para cercar as múltiplas funções do solo (Karlen et al., 1997).
De acordo com Doran & Parkin (1994), perspectivas do uso da organização
de comunidades do solo, como indicadora de modificações ambientais deve obedecer
aos seguintes critérios: 1 . estar associado aos grandes processos do ecossistema; 2 .
integrar propriedades físicas, químicas e biológicas; 3. ser acessível a muitos
usuários e aplicável a condições de campo; 4. ser sensível a variações no manejo e no
clim a e, 5. quando possível, fazer parte de bancos de dados.
5
2.2. Qualidade do Solo
A definição mais detalhada da qualidade do solo foi proposta no ano de
1995 pela Soil Science Society o f America (SSSA, 1995), a qual cita que: “a
qualidade do solo é a capacidade que o solo tem para especificar suas funções,
dentro dos limites de um ecossistema natural ou manejado, para sustentar a
produtividade da planta e animal, mantendo e aumentando a qualidade do ar e da
água e suportando a habitação e a saúde humana Esta definição é similar à
proposta por Doran et al. (1996), na qual a qualidade do solo é a “capacidade de
funcionamento de um solo, dentro de um ecossistema e do limite de uso da terra,
para sustentar a produtividade biológica, mantendo a qualidade do meio ambiente e
promovendo a saúde das plantas, dos animais e do homem ”.
Com base nas definições anteriores, Santana & Bahia Filho (1999),
definiram a qualidade do solo como “a capacidade ou especificidade do solo de
exercer várias funções, dentro dos limites do uso da terra e do ecossistema, para
sustentar a produtividade biológica, manter ou melhorar a qualidade ambiental e
contribuir para a saúde das plantas, dos animais e humana Ainda conforme os
mesmos autores, a idéia de qualidade do ar ou da água, que tem padrões definidos,
não é difícil de ser visualizada. Contudo, definir e, principalmente, qualificar e
quantificar a qualidade do solo não é tarefa fácil. A dificuldade advém do fato de que
a qualidade do solo depende de suas características intrínsecas, de interações do
ecossistema, do uso e do manejo, e de propriedades sócio-econômicas e políticas.
O interesse pela qualidade do solo foi estimulado através de recente
consciência de que o solo é vital na produção de alimentos e fibras, como também na
sustentação do ecossistema global. A qualidade do solo pode ser definida
amplamente como a capacidade que o solo vivo tem para funcionar, sustentar a
planta e a produtividade animal, manter ou aumentar o volume de água e a qualidade
do ar promovendo assim a saúde da planta e do animal, dentro de um meio natural ou
dentro dos limites fixados pelo ecossistema (Doran et al., 1996).
A qualidade do solo pode mudar com o passar do tempo devido a eventos
naturais ou ao uso humano. O solo é usado indevidamente de forma que as suas
funções múltiplas, acabam sendo prejudicadas por decisões que só focalizam como
6
única função, a produtividade e a colheita. Critérios para indicadores de qualidade do
solo relacionam principalmente à utilidade do mesmo, definindo ecossistema como a
integração do meio físico, químico e biológico (Doran, 1997). Indicadores adicionais
incluem o pH do solo, a capacidade de retenção de água, a densidade do solo e a
capacidade de retenção de nutrientes. Porém, os efeitos específicos da lavoura,
administração de resíduo, produtividade e qualidade ambiental, variam
consideravelmente em relação ao clima, aos padrões de tempo sazonais, aos tipos de
solo e às paisagens (Doran et al., 1993).
As populações humanas crescentes, os recursos decrescentes, a instabilidade
social e econômica e a degradação ambiental causam ameaças sérias aos processos
naturais que sustentam o ecossistema global e a vida na Terra. Deve-se considerar
que toda prática agrícola é produto da interação entre o homem e a terra, e o
estabelecimento agrícola, como unidade de análise, deve ser considerado não como
uma unidade de gestão econômica e manipulação físico-química, mas sim como um
ecossistema. Esse estabelecimento deve ser descrito como uma unidade ambiental
que integra processos geológicos, físico-químicos e biológicos, através de fluxos e
ciclos de matéria e energia, que ocorrem entre organismos vivos e entre estes e seu
aporte ambiental (Navarro, 1994).
2.3. Biologia e Qualidade do solo
O solo é um ambiente extremamente dinâmico, onde comunidades
microbianas variadas interagem e sofrem a ação de fatores bióticos e abióticos.
Entretanto, devido à grande importância dos microorganismos, em diversos
processos fundamentais, como por exemplo: formação de húmus, ciclagem de
nutrientes, entre outros, diversas metodologias vêm sendo utilizadas para estudar a
diversidade de microorganismos do solo (Rosado, 1999). Portanto, proteger a
diversidade da biomassa microbiana pode significar garantir o funcionamento e a
sustentabilidade dos agroecossistemas.
De acordo com Colozzi Filho (1999), os microorganismos do solo são
importantes componentes da biosfera. Atuam como agentes transformadores no fluxo
7
de energia e da matéria orgânica, promovendo a reciclagem de nutrientes, com
efeitos sobre outros componentes físico-químicos e biológicos da interface solo-
planta, sobre a fertilidade dos solos e, consequentemente, sobre o funcionamento dos
agroecossistemas. A mineralização de substratos orgânicos, e a liberação de
nutrientes para a solução do solo, resultam da atividade heterotrófíca de uma grande
variedade de microorganismos, genericamente denominada de biomassa microbiana.
Conceitualmente a biomassa microbiana do solo corresponde à parte viva da
matéria orgânica do solo, excluindo as raízes e os animais maiores que
aproximadamente 5000 |am3. É composta por bactérias, fungos, actinomicetos, algas
e protozoários, que convivem no solo, formando uma comunidade extremamente
diversa em seus componentes e nas suas funções, além da alta complexidade nas suas
relações. Os valores da biomassa, em solos cultivados com pastagem, apresentam-se
intermediários quando comparados com a mata tropical e com lavouras cultivadas
convencionalmente (Colozzi Filho, 1999).
As interações da comunidade bióticas com o solo têm um papel vital na
produção e manutenção da qualidade do solo. Por isso, seus organismos representam
um elemento-chave no déSêlWolvimento da agricultura sustentável. A matéria
orgânica do solo entra nesse cenário como atributo de particular significância,
principalmente como fonte básica de nutrientes para as plantas e, conseqüentemente,
também como fonte de matéria, energia e abrigo para a biota do solo. O manejo
orgânico, geralmente possibilita maior biomassa, abundância e número de espécies,
comparado ao sistema convencional (Aquino, 1999).
Além da biomassa microbiana, pode-se destacar a ocorrência nos solos da
meso e macrofauna. O tamanho desses invertebrados encontrados no solo define a
extensão na qual a atividade dos mesmos (alimentação e escavação), pode modificar
as propriedades do solo e influenciar nas práticas de manejo. Por exemplo, a
mesofauna habita os espaços porosos do solo e não é capaz de criar sua própria
galeria, assim, é particularmente afetada pela compactação do solo (Aquino, 1999).
Já os componentes da macrofauna têm o corpo em tamanho suficiente para romper as
estruturas dos horizontes minerais e orgânicos do solo ao se alimentar, movimentar e
construir galerias (Anderson, 1988). Dentre os componentes da macrofauna, as
minhocas, formigas e cupins, são considerados como “engenheiros do ecossistema”,
influenciando os processos do solo através da escavação e/ou ingestão e transporte de
material mineral e orgânico do solo. De acordo com Miklós (1995), as minhocas
favorecem os processos de humificação contribuindo na fragmentação dos resíduos
vegetais e na sua incorporação ao solo, sendo as mesmas, extremamente competentes
na incorporação da serapilheira. Os cupins e as formigas modificam fisicamente o
solo através da seleção, transporte e rearranjamento de suas partículas (Aquino,
1999).
Segundo Gregorich et al. (1997), a fauna do solo compreende uma larga
variedade de organismos que se agrupam de acordo com o seu tamanho, microfauna
(< 1 0 0 pm de largura; ex: protozoa e nematóides), mesofauna ( 1 0 0 a 2 0 0 0 pm de
largura) e macrofauna (> 2 0 0 pm de largura; ex: minhocas e formigas).
Coletivamente esses organismos são os maiores determinantes dos processos que
afetam a fertilidade e a estrutura dos solos, contribuindo para a sustentabilidade e
para o poder de recuperação do solo, bem como, com a sua capacidade para suportar
o crescimento das plantas.
A microfauna do solo compreende organismos existentes em filmes de água,
nas partículas superficiais do solo, e, por causa do seu pequeno tamanho possuem
habilidade limitada para modificar diretamente as estruturas do solo, afetando a
disponibilidade de nutrientes para as plantas (Ingram et al., 1985). Protozoas e certos
nematóides de vida livre consomem bactérias e fungos do solo, dependendo da
intensidade da sua alimentação, podem afetar significativamente o número de
microorganismos da biomassa microbiana, afetando ainda a mineralização da matéria
orgânica e a disponibilidade de nutrientes (Gregorich et al., 1997).
Os organismos que compõem a mesofauna do solo, tais como, collembolas e
ácaros têm um papel importante na predominância de fungos e populações da
microfauna no solo, como também ajudam na fragmentação de resíduos orgânicos,
na porosidade e agregação do solo pela produção de dejetos fecais (Lee & Foster,
1991). A mesofauna é responsável pela decomposição parcial dos resíduos orgânicos
depositados no solo, os quais sofrem posteriormente a ação decompositora dos
microorganismos (Bayer & Mielniczuk, 1999).
A macrofauna influencia diretamente as propriedades do solo, redistribuindo
os resíduos orgânicos no perfil do solo, e aumentando a disponibilidade de substratos
9
orgânicos para a atividade dos microorganismos. Certos grupos em particular, como
as formigas e minhocas, podem modificar substancialmente a estrutura do solo pela
formação de macroporos e agregados (Lee & Foster, 1991). Esses efeitos podem
influenciar a taxa de infiltração de água no solo e a lixiviação de solutos (Fraser,
1994).
2.4. O Algodão no Nordeste Brasileiro
No nordeste brasileiro existe ampla documentação estabelecendo limites
físicos para a exploração do algodoeiro arbóreo (Gossypium hirsutum L.r. marie
galante Hutch.) e herbáceo (G. hirsutum L. r. latifolium Hutch.). No entanto, a
inexistência de informações edafoclimáticas, sociais e de aptidões varietais precisas,
têm impedido a utilização dessa cultura em áreas adequadas. Esse fato se acentuou
com a introdução e o estabelecimento definitivo do bicudo (Anthonomus grandis
Boheman), quando então os cultivos simultâneos desses algodoeiros se tornaram
incompatíveis, devido principalmente, aos seus diferentes ciclos (EMBRAPA, 1981).
O algodoeiro (Gossypium sp.), como planta originária de regiões tropicais e
subtropicais, apesar de apresentar metabolismo C 3 , é extremamente heliófílo,
necessitando para produzir economicamente, de pouca ou nenhuma nebulosidade,
isto é, dias bem ensolarados, especialmente na fase de maturação e abertura dos
frutos. Além disso, essa cultura requer precipitação pluvial média acima de 450 mm,
bem distribuída, e temperatura média do ar superior a 20 °C (EMBRAPA, 1981).
Tanto no caso do algodoeiro arbóreo quanto no herbáceo, para obtenção de
produtividades elevadas, há necessidade de solos bem drenados, pois são plantas
extremam ente sensíveis à deficiência, mesmo que temporária, de oxigênio nas raízes.
Os solos devem apresentar boa capacidade de retenção de água, porque essa
malvácea é uma planta de elevada taxa de transpiração, chegando a utilizar mais de
10 m m /dia (100m 3 FLO/ha/dia) no período de floração, além de gastar quase 1,0 kg
de água para formar um grama de fítomassa. O atendimento dos critérios
anteriormente mencionados reduzirá a ocorrência de pragas e doenças do algodoeiro,
obtendo-se melhores produtividades com menores custos de produção, desde que as
tecnologias recomendadas pela pesquisa e difundidas pela assistência técnica sejam
10
adotadas com coerência, seriedade e, principalmente, com realismo (Beltrão &
Azevêdo, 1993).
O município de Tauá, entre outras cidades circunvizinhas, foi a primeira
área no nordeste a implantar o cultivo de algodão em bases orgânicas. Porém esse
fato já vem ocorrendo em outras partes do mundo, onde o algodão também atua
como uma expressiva fonte de renda. Como exemplo, pode-se citar o Vale de São
Joaquim, na Califórnia, onde foram encontradas diferenças significativas com
relação aos benefícios dos insetos nas áreas de cultivo com algodão orgânico
(Swezey et al., 1999).
2.5. A Proposta Agroecológica em Tauá-CE
Os sistemas de cultivo do algodoeiro arbóreo ocuparam, até o início dos
anos 80, um papel de suma importância na economia cearense, já que o algodão foi
durante vários anos o principal produto agrícola com elevada participação na
formação do valor bruto da produção agropecuária. Nesse período o Ceará
destacava-se no Nordeste, como o principal produtor de algodão. Essa malvácea era,
via de regra, cultivada em consórcio com milho e feijão e sempre esteve
estreitamente ligada à pecuária. Após a colheita os campos cultivados com algodão
serviam de pasto para os animais.
A elevada qualidade da fibra do algodoeiro arbóreo fazia com que esse tipo
de algodão se equiparasse aos melhores algodões do mundo.
A disseminação do bicudo na cultura do algodoeiro, trouxe fortes
repercussões sobre a economia nordestina, em especial da região semi-árida. Essa
praga, apesar de não ter sido o principal nem o único determinante da crise,
inviabilizou, quase por completo, a exploração dos sistemas produtivos do
algodoeiro arbóreo. A crise que atingiu de forma diferenciada, os vários setores
envolvidos, penalizou, sobretudo, a agricultura familiar cearense. A exploração dos
sistemas de cultivo do algodoeiro arbóreo era uma das principais fontes de renda do
Estado.
Devido à crise, muitos agricultores deixaram de plantar o algodão arbóreo,
abandonando as suas áreas. Porém, no ano de 1989, no município de Madalena - CE,
os agricultores que antes cultivavam algodão na região, notaram que o algodão
conseguia florescer mesmo após ataque do bicudo. Com base nessa observação, e
com o intuito de encontrar soluções para essa crise e atender a uma demanda
continuamente apresentada pelos agricultores familiares dos municípios de Tauá e
Madalena, o ESPLAR - Centro de Pesquisa e Assessoria, a partir de 1990,
empenhou-se na realização de um projeto de caráter participativo, testando,
juntamente com estes agricultores, a proposta de um sistema de produção de algodão
arbóreo em bases agroecológicas.
O primeiro projeto teve início no ano de 1991, tendo como título : “Manejo
ecológico do algodoeiro arbóreo (Gossypium hirsutum Marie Galante Hutch),
visando a convivência produtiva com o bicudo” foi finalizado no ano de 1996. O
mesmo abrangeu sete municípios, com 33 experimentos, sendo 8 acompanhados pelo
ESPLAR e o restante por pequenos agricultores da região. Foram enfatizados dois
pontos básicos: 1 . a conservação do solo e a recuperação da sua fertilidade; 2 . a
melhoria da qualidade da semente utilizada nos plantios (Lima & Joca, 1990). A
implantação efetiva desse projeto enfrentou grandes dificuldades, concernente à
aplicação plena do conjunto de técnicas de manejo por parte dos agricultores-
pesquisadores. Contudo, em fevereiro de 1994 foram implantados 250 ha de
consórcio, sendo executado por 153 agricultores familiares.
As propostas testadas envolveram sistemas de cultivo nos quais o
algodoeiro foi consorciado com culturas anuais como milho, feijão e gergelim, além
de leguminosas arbóreas como leucena e guandu, obedecendo a um conjunto de
técnicas de manejo que excluem inteiramente qualquer uso de insumos químicos.
Foram enfatizadas as técnicas de conservação do solo, o plantio em faixas, a
adubação com esterco, a adubação foliar à base de produtos naturais e o uso de
cobertura morta. O manejo de pragas, em especial do bicudo, envolveu o emprego de
técnicas de controle mecânico, biológico, cultural, além do uso de macerados de
diferentes partes de plantas nativas, aplicados através de pulverizações (ESPLAR,
1996).
12
Após a implantação, as áreas de cultivo passaram por vários problemas,
sendo o mais comprometedor deles o ataque fulminante do bicudo, como também, o
gasto de mão-de-obra para manutenção dos tratos culturais. Por causa desses
problemas, alguns agricultores desistiram das suas áreas e o projeto que se estendeu
até o ano de 1996, contou com um número limitado de agricultores, os quais foram
pouco a pouco abandonando as áreas já implantadas.
Tendo como referência os conhecimentos e as informações produzidas
durante a primeira fase da pesquisa (1990/1996), um novo projeto foi implantado em
1997, (devendo ser encerrado no ano de 2001). Esse projeto tem como título:
“Pesquisa & desenvolvimento de sistemas agroecológicos de cultivo do
algodoeiro (Gossypium hirsutum), com agricultores familiares do semi-árido
cearense” (ESPLAR, 1998), seguindo as mesmas bases agroecológicas propostas na
primeira fase da pesquisa, porém, sendo cultivado o algodão herbáceo e o arbóreo.
Em 1997, apenas quatro agricultores, dos dez programados, aceitaram
reiniciar o cultivo do algodão em bases agroecológicas no município de Tauá,
enquanto que, em 1998 esse total foi ampliado para dezesseis, quando o programado
era também de dez agricultores. Dos quatro agricultores que reiniciaram o projeto em
1997, dois já tinham experiência em consórcios de algodão e os outros dois haviam
participado do projeto anterior.
A partir do início do ano de 1998, o ESPLAR dispôs de elementos
suficientes para a difusão da proposta agroecológica, contribuindo assim para a
ampliação do número de interessados em produzir algodão em bases orgânicas no
município de Tauá, com a participação de 78 agricultores até o final do ano de 1997,
aumentando para 100 em dezembro de 1998. O crescente interesse foi obtido pelo
sucesso na comercialização do pequeno volume de algodão colhido nos anos de 1997
e 1998, parte do qual foi certificado como orgânico, recebendo preços 30%
superiores aos do algodão cultivado em bases convencionais (ESPLAR, 1998).
Vários estudiosos no mundo inteiros vêm se dedicando ao estudo do cultivo
de diversas culturas em bases orgânicas, com o objetivo de descobrir os reais
benefícios desse tipo de cultivo no solo, na saúde humana e no bem estar do
ecossistema (Clark et al., 1998, Liebig & Doran, 1999, Doran, 1997, Souza, 2000).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3. 1. Área de Estudo
Este trabalho foi conduzido no município de Tauá, situado a sudoeste do
Estado do Ceará, na microrregião geográfica Sertão dos Inhamuns (072).
Geograficamente encontra-se localizado a 6 o 00’ de latitude sul e 40° 18’ de
longitude a oeste de Greenwich, com a altitude variando de 400 a 500 m (nos pontos
mais altos). Abrange uma área de 4.306 km 2 (2,93 % do território cearense), estando
320 km distante da capital Fortaleza (Sampaio & Xavier, 1994).
Apresenta o clima 4aTh (tropical quente de seca atenuada e seca de inverno)
pela classificação de Gaussen, com 7 a 8 meses secos, índice xerotérmico entre 200 a
150 e, pela classificação de Kõppen, tipo de clima BSw’h ’ (clima quente e semi-
árido, com estação chuvosa podendo atrasar para o outono), com temperaturas
superiores a 18 °C no mês mais frio. O município apresenta precipitação pluvial
média anual em torno de 550 a 650 mm. O relevo na região apresenta-se plano, suave
ondulado e ondulado (BRASIL, 1973).
A vegetação predominante na região é a caatinga hiperxerófila, ocupando a
maior parte do município e alto grau de xerofitismo; é predominantemente arbustiva,
menos densa, com indivíduos de baixo porte, espinhentos e cujas folhas caem
totalmente na época seca. Dentre as espécies encontradas, tem-se: Mimosa sp.
(unha-de-gato) - Leguminosae, Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) -
Apocynaceae, Jatropha sp. (pinhão) Cnidoscolus phyllancathus Hoffm. -
Euphorbiaceae, Cereus squamosus Guerke. (facheiro), Melocatus spp. (Coroa-de-
14
frade) - Cactaceae, Bromelia laciniosa Mart. (macambira) - Bromeliaceae e
Pilocereus gounellei Weber. (xique-xique) - Cactaceae (BRASIL, 1973).
De acordo com BRASIL (1973), no município de Tauá foram encontradas
as seguintes unidades de mapeamento: PE37, Re26, Re 18, Re6 , Red6 , NC10, NC3,
PL7. PE 11 e PE 20, sendo as mais abundantes na região, as descritas a seguir :
PE11 - Associação de: Podzólico Vermelho Amarelo
Equivalente Eutrófico A fraco e moderado textura argilosa fase
relevo forte ondulado e montanhoso + Terra Roxa Estruturada
Similar Eutrófíca podzólico A moderado textura argilosa fase
relevo plano e suave ondulado + Solos Litólicos Eutróficos A
moderado e chernozênico textura média e argilosa fase
pedregosa e rochosa relevo forte ondulado e montanhoso
substrato gnaisse e granito, todos fase floresta/caatinga.
PL7 - Associação de: Planosol Solódico textura arenosa/média e
argilosa fase pedregosa relevo plano e suave ondulado +
Solonetz Solodizado textura arenosa/média e argilosa fase
pedregosa relevo plano + Bruno não Cálcico textura argilosa
fase pedregosa relevo plano e suave ondulado + Solos Litólicos
Eutróficos textura arenosa e média fase pedregosa e rochosa
relevo suave ondulado substrato gnaisse e granito, todos A fraco
fase caatinga hiperxerófila.
NC3 - Associação de: Bruno não Cálcico textura argilosa fase
pedregosa relevo suave ondulado + Planosol Solódico textura
arenosa/média e argilosa fase pedregosa relevo plano e suave
ondulado + Solos Litólicos Eutróficos textura arenosa e média
fase pedregosa e rochosa relevo suave ondulado e ondulado
substrato gnaisse e granito + Solonetz Solodizado textura
arenosa/média e argilosa fase pedregosa relevo plano, todos A
fraco fase caatinga hiperxerófila.
15
NC10 - Associação de: Bruno não Cálcico vértico textura
argilosa fase pedregosa relevo plano e suave ondulado + Solos
Litólicos Eutrófícos textura arenosa e média fase pedregosa e
rochosa relevo suave ondulado substrato gnaisse e granito +
Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico raso
textura argilosa cascalhenta fase relevo plano e suave ondulado
+ Solonetz Solodizado textura arenosa/média e argilosa fase
pedregosa relevo plano, todos A fraco fase caatinga
hiperxerófila.
Re 18 - Associação de: Solos Litólicos Eutrófícos textura
arenosa e média fase pedregosa e rochosa relevo suave ondulado
e ondulado substrato gnaisse e granito + Brunos não Cálcicos
Indiscriminados fase pedregosa relevo suave ondulado +
Planosol Solódico textura arenosa/média e argilosa fase
pedregosa relevo plano e suave ondulado + Solonetz Solodizado
textura arenosa/média e argilosa fase pedregosa relevo plano,
todos A fraco fase caatinga hiperxerófila.
De acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA,
1999a) foram estabelecidas algumas modificações quanto à nomenclatura
taxonômica no Sistema de Classificação dos Solos Brasileiros (Quadro 1).
Quadro 1. Equivalência das classes de solo do Levantamento Exploratório- Reconhecimento de Solos do Estado do Ceará (BRASIL, 1973) e o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999a)
BRASIL (1973) EMBRAPA (1999a)
• Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico
• Luvissolos
• Terra Roxa Estruturada Similar Eutrófica • Argissolos
• Solos Litólicos Eutróficos • Neossolos Litólicos
• Planosol Solódico • Planossolos
• Solonetz Solodizado • Planossolos
• Bruno não Cálcico • Luvissolos
16
3.2. Seleção das Áreas
Para o desenvolvimento do presente trabalho foram selecionadas seis áreas
de plantio em bases orgânicas e três áreas de plantio em bases convencionais
(Quadro 2), levando-se em consideração o tipo de solo e a topografia. Em cada uma
das áreas escolhidas, foram estabelecidas três parcelas representativas dos consórcios
adotados, com aproximadamente 1 0 0 m , os quais serviram como repetições dentro
de cada área, permitindo assim a coleta de solos e a determinação da composição dos
consórcios. A localização geográfica em cada área foi feita utilizando equipamento
de posicionamento global (GPS).
Quadro 2. Localização, tipo de cultivo e posição geográfica das áreas com cultivo orgânico e convencional no município de Tauá-CE
Á re a A g ric u lto r L o ca l T ip o d e C u ltiv o P o s iç ã oL a titu d e
Sul
G e o g rá f ic aL o n g itu d e
O este
1 Jo sé E d u a rd o S o b rin h o B a ix a s - M a rre c a s O rg â n ic o 6 o 1 8 ’ 2 6 ,4 ” 4 0 ° 2 9 ’ 5 7 ,1 ”
2 Jo ã o A lv es Z ac a ria s O rg â n ic o 5 ° 5 4 ’ 3 0 ” 4 0 ° 0 1 ’ 3 3 ,4 ”
3 R a im u n d o V a len tim Ju á O rg â n ic o 6 o 2 8 ’ 2 6 ,4 ” 4 0 ° 2 1 ’ 4 2 ,3 ”
4 Jo sé V e lo so Ja rd im / T ric i O rg â n ic o 5 o 5 5 ’ 0 ,8 ” 4 0 ° 2 8 ’ 5 3 ,1 ”
5 Jo sé M a rtin s Q u e im a d a s O rg â n ic o 5 o 5 7 ’ 3 2 ” 4 0 ° 3 0 ’ 3 8 ,5 ”
6 A n tô n io Jú lio F. d e S o u sa A lta m ira O rg â n ic o 5° 45, 2T , 4 0 ° 0 4 ’ 0 6 ,8 ”
7 A n tô n io P e re ira F a z en d a V a ca ria C o n v e n c io n a l 5 o 4 7 ’ 5 3 ,4 ” 4 0 ° 10 ’ 1 9 ,7 ”
8 R a im u n d o R u fino - C o n v e n c io n a l 5 o 4 5 ’ 2 0 ,5 ” 4 0 ° 0 6 ’ 0 1 ,8 ”
9 A n ilso n C a ra c a s P e d ra d ’á g u a C o n v e n c io n a l 6 o 10 ’ 1 4 ,6 ” 4 0 ° 2 4 ’ 3 4 ,2 ”
De acordo com informações dos próprios agricultores e dados fornecidos
pelo ESPLAR (tipo de consórcio, época de plantio, aspectos da plantação e
precipitação), foi elaborada uma descrição das áreas orgânicas e convencionais, com
seus respectivos consórcios (Quadro 3).
17
Quadro 3. Descrição das áreas de cultivo orgânico e convencional no município de Tauá - CE
Área Tipo de Cultivo
Área
(m2)
Início Descrição das áreas
1 O rgânico 3.298 1998Consórcio adotado: algodão (CNPA 7MH)\ milho, gergelim, guandu; aplicação de biofertilizante e inseticida natural; adubação orgânica com esterco animal; aração. Antes da implantação do cultivo em bases agroecológicas a área era cultivada com palma forrageira, ficando em pousio durante 6 anos.
2 Orgânico 3.000 1997Consórcio adotado: algodão (CNPA 7H)2, milho, gergelim, leucena; aplicação de biofertilizante; adubação orgânica com esterco animal; enleiramento dos restos culturais em curva de nível. Área localizada em encosta e com grande declividade
3 Orgânico 2.000 1998Consórcio adotado: algodão (CNPA 7H), milho, gergelim, guandu, feijão; aplicação de biofertilizante. Realização de tratos culturais.
4 O rgânico 3.220 1998Consórcio adotado: algodão (CNPA 7H), milho, gergelim, guandu, feijão; aplicação de biofertilizante; aração. O guandu e o feijão foram incorporados ao consórcio a partir do ano de 1999.
5 O rgânico 3.240 1997Consórcio adotado: algodão (CNPA 7H), milho, gergelim, guandu, feijão; aplicação de biofertilizante e inseticida natural; aração. O feijão não fazia parte do consórcio no ano de 1998.
6 O rgânico 3.600 1998Consórcio adotado: algodão (CNPA 7H), milho, feijão; aplicação de biofertilizante. Em 1998 era cultivado o gergelim ao invés do feijão. Realização de pequena queimada no início da implantação da área.
7 C onvencional 10.000 _Consórcio adotado: algodão (CNPA 7H), milho; aplicação de inseticida, herbicida e fungicida; gradagem.
8 C onvencional 10.000 -Monocultivo do algodão (CNPA 7MH); aplicação de inseticida, herbicida e fungicida. Há 15 anos que era cultivado milho nesta área, esse foi o 12 ano com o cultivo do algodão; gradagem
9
I •
C onvencional 40.000 -Monocultivo do algodão (CNPA 7H); aplicação de inseticida, herbicida e fungicida. Há 12 anos que esta área não era cultivada. Antes desses 12 anos, era cultivado feijão e este é o 12 ano com o cultivo do algodão; gradagem e queima dos restos vegetais.
, , 5 " ■---------------H íb rid o in te r ra c ia l a rb ó re o x h e rb áceo , de c ic lo p lu r ia n u a l;
3.3. Coleta das Amostras
Em cada parcela demarcada foram coletadas amostras de solo entre 0 e 30
cm de profundidade, divididas em três subcamadas: 0 - 1 0 cm, 1 0 - 2 0 cm e a última
de 20 - 30 cm, no período de 24 a 28 de abril de 2000. Essas amostras foram
preparadas para a obtenção de TFSA e analisadas conforme EMBRAPA (1997).
3.4. Meio Físico Local
A caracterização do meio físico em cada área selecionada, foi feita com a
ajuda de um formulário específico, conforme Lemos & Santos (1996), avaliando-se:
pedregosidade, rochosidade, relevo, erosão, drenagem, declividade, vegetação
primária, época de plantio, aspectos da plantação e precipitação.
3.5. Análises Físicas
As análises físicas de densidade do solo foram realizadas pelo método do
anel volumétrico; micro e macroporosidade usando o funil de Haines; granulometria
pelo método da pipeta; condutividade hidráulica através de permeâmetro de carga
constante; estabilidade dos agregados com tamisagem de peneiras (EMBRAPA,
1997). A resistência à penetração foi determinada no campo usando penetrômetro de
anel, modelo Soiltest CN-970, diâmetro da base do cone de 2,50 cm2. Em cada local
de amostragem foram realizadas 1 0 leituras de resistência à penetração, com coleta
de amostras de solo para determinação da umidade (EMBRAPA, 1997).
3.6. Análises Químicas
As análises químicas de pH em água (1:2,5), carbono orgânico, bases
trocáveis (Ca++, Mg ++), P assimilável, capacidade de troca de cátions (CTC), acidez
potencial (H+ + Al3+) e soma de bases (valor SB), foram determinadas conforme
EMBRAPA (1997). As determinações de nitrato (NO ' 3 - N) e amônio (NH% - N) do
solo foram feitas utilizando extrato de 1:10 solo: KC1 (1 M), repouso, destilação para
extração de vapores e titulação com H2 SO4 0,005 M, conforme EMBRAPA (1999b).
Foram utilizados também, dados de análises químicas das áreas de cultivo
orgânico dos anos de 1997, 1998, 1999, fornecidos pelo ESPLAR, com o objetivo de
avaliar a evolução das características químicas desses solos ao longo dos anos. Essas
análises foram realizadas conforme EMBRAPA (1997). Não existe registro de
análises físicas e químicas dessas áreas, anterior a implantação do cultivo orgânico.
19
As áreas de cultivo convencional foram estudadas apenas no ano 2000 para efeito de
comparação.
3.7. Análises Biológicas
A macrofauna e mesofauna do solo foi determinada em monólitos de solo
com as dimensões de 20 cm x 20 cm x 30 cm, através de coleta e classificação de
todo invertebrado presente no solo, conservando-os em formaldeído a 4 %. O
monólito foi dividido em três camadas, 0-10 cm, 10-20 cm e 20-30 cm, sendo
coletada também toda a serapilheira presente numa área de 1 m 2 acima da superfície
onde foram coletados os monólitos (Aquino et al., 2000). Os números de
invertebrados foram determinados e registrados a nível de ordem, de acordo com as
subdivisões taxonômicas, conforme Anderson & Ingram (1993).
3.8. Delineamento Experimental e Análise Estatística
O experimento foi realizado utilizando-se o delineamento em blocos ao
acaso, com três repetições. Foram analisadas seis áreas de cultivo orgânico e três de
cultivo convencional. Os dados resultantes foram submetidos à análise de variância,
tendo sido realizada a comparação das médias pelo teste de Tukey, a 5 % de
probabilidade.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização do Meio Físico
A erosão laminar nas áreas de cultivo orgânico, variou de não aparente a
ligeira (Quadro 4). Conforme Lemos & Santos (1996), na classe de erosão não
aparente, o solo não apresenta sinais perceptíveis de erosão laminar ou em sulcos. Já
na classe ligeira, o solo apresenta menos de 25 % do horizonte A removido. Quanto à
freqüência, a erosão em sulcos apresentou-se ocasional, e quanto à profundidade,
esses foram superficiais.
A gravidade da evolução da erosão não aparente para a classe ligeira não
deve ser subestimada, mesmo nas áreas de cultivo orgânico, pois a inexistência de
sulcos, ou a presença de sulcos superficiais e ocasionais, pode criar no agricultor uma
falsa impressão (Lima, 1999), não o sensibilizando para a problemática do caso.
Pode-se afirmar que a constatação de formas dominantes de erosão, deverá ser
motivo também de preocupação quanto a sustentabilidade desses ecossistemas, tendo
em vista que, a falta de cobertura e a exposição desses solos a enxurradas,
favorecerão a evolução da erosão laminar para situações mais complexas, inclusive
sulcos, como já constatado nas áreas 4, 5 e 6 (Quadro 4).
21
Quadro 4. Caracterização do meio físico nas áreas de cultivo orgânico e convencional no município de Tauá-CE
Área Tipo de
Cultivo
Posição Relativa
no Relevo
Relevo
Local
Erosão Pedregosidade Rochosidade
1 O rgânico chapada plano L: fi aparente n pedregosa lg rochosa
2 Orgânico encosta ondulado L : ligeira n pedregosa n rochosa
3 Orgânico chapada plano L: ii aparente n pedregosa n rochosa
4 Orgânico baixio plano L: ligeira; S: ocas. e superficiais
n pedregosa n rochosa
5 Orgânico chapada plano L: ligeira; S: ocas. e superficiais
fí pedregosa n rochosa
6 O rgânico suaveondulado
L: ligeira; S: ocas. e superficiais
lg pedregosa n rochosa
7 Convencional baixio “ L: m oderada; S: ocas. e superf. e rasos
n pedregosa ri rochosa
8 Convencional baixio plano L: ligeira; S: ocas. e superf. e rasos
n pedregosa n rochosa
9 Convencional encosta ~ L: m oderada; S: freq., superf. e rasos
lg pedregosa n rochosa
L = L am in a r, S = S u lc o s , n = n ão , l g - l ig e ira m e n te , o c as . = o c a s io n a is , su p e rf .= su p e rf ic ia is , freq .=
freq ü e n te s .
Nas áreas de cultivo convencional a erosão mostrou-se mais acentuada,
variando de ligeira a moderada, com presenças de sulcos ocasionais e freqüentes, e
rasos quanto à profundidade (Quadro 4). Nessas áreas de cultivo, a falta de proteção
e a constante exposição do solo, bem como o uso intensivo de monocultura, podem
ter favorecido a intensificação da erosão (Silva, 2000).
Quanto à pedregosidade, as áreas estudadas não apresentaram calhaus e/ou
matacões na superfície, e/ou na massa do solo (Quadro 4). No entanto, as áreas 5, 6 e
9 apresentaram superfície ligeiramente pedregosa, com ocorrência de calhaus, e/ou
matacões, espaçosamente distribuídos, ocupando 0 , 0 1 a 0 , 1 % da massa do solo, e/ou
da superfície do terreno (distanciando-se por 10 a 30 m). Nessas áreas, o grau de
pedregosidade pode acarretar interferência na aração e em outras práticas agrícolas,
sendo, entretanto, perfeitamente viáveis os cultivos entre as pedras
(Lemos & Santos, 1996).
22
4.2. Análises Físicas
Levando-se em consideração o sistema de cultivo orgânico, as áreas 1 e 4
mostraram, de acordo com dados propostos por Salassier (1995), níveis moderados
de condutividade hidráulica, seguindo-se as áreas 3 e 5 com níveis moderadamente
altos. Apesar dos diferentes níveis de condutividade, as áreas citadas anteriormente,
não apresentaram diferenças estatísticas significativas entre si, com exceção das
áreas 2 e 6 que obtiveram níveis moderadamente baixos de condutividade hidráulica
(Quadro 5).
A alta taxa de condutividade hidráulica registrada na área 3, pode ter sido
influenciada pela maior percentagem de agregados e pela porosidade total do solo
(Quadro 5), como também, pela textura franco arenosa, a qual possui 50 - 70 % de
areia e 2 0 % de argila em sua constituição.
A área 5 apesar de possuir solos com textura franco argila arenosa, com teor
de argila em torno de 35 %, apresentou uma taxa de condutividade hidráulica maior
que as demais áreas. Sabe-se que, quanto mais elevado o teor de argila em um solo,
maior a sua resistência à infiltração, com o favorecimento do escorrimento
superficial (Brady & Weil, 1999). É possível que nesse caso, a estruturação das
partículas do solo, associada ao alto índice de estabilidade, possa ter possibilitado a
argila comportar-se como areia, do ponto de vista hidráulico, favorecendo, desse
modo, uma maior drenagem do solo. De acordo com Hillel (1972) a condutividade
hidráulica depende das propriedades de fluido e do material poroso, sendo esses
fatores afetados pela estabilidade dos agregados.
Nas áreas com o sistema de cultivo convencional, os mais altos níveis de
condutividade foram encontrados nas áreas 7 e 9 (Quadro 5). Esses valores podem
estar associados ao alto conteúdo de areia (70 - 90 %) desses solos, com a classe
textural variando de franco arenoso a areia franca, e aos processos de aração e
gradagem.
Quadro 5. Análises físicas de amostras de solo coletadas em áreas de cultivo orgânico e convencional no município de Tauá-CE
Área Tipo de Cultivo
C ondutiv idadeHidráulica
D ensidade do Solo
Estabilidade de A gregados
M a cro p o ro s M icroporos PorosidadeTotal
Resistência a P enetração
U m idade Textura
cm h ' ' g c m ' 3 % ------cm cm "3 — M p a g g '1 O rg . 5 ,4 3 8 ab 1,26 a 5 3 ,6 6 a 0 ,1 7 7 a 0 ,4 0 7 a 0 ,5 2 3 a 1 ,90 cd 35 ,5 3 F ra n c o a ren o so2 O rg . 1 ,427 b 1,47 a 4 4 ,3 5 ab 0 ,0 7 5 a 0 ,3 7 0 ab 0 ,4 4 6 a 3 ,1 4 b 7 ,4 7 F ra n c o a ren o so3 O rg . 8 ,2 8 3 ab 1,51 a 6 3 ,3 0 a 0 ,0 8 4 a 0 ,3 4 5 ab 0 ,4 2 9 a 4 ,7 7 a 2 ,9 5 F ra n c o a ren o so4 O rg . 4 ,8 3 3 ab 1,56 a 4 3 ,9 6 ab 0 ,1 0 5 a 0 ,3 2 2 ab 0 ,4 1 2 a 1,39 cd e 7 ,5 4 F ra n c o a ren o so5 O rg . 7 ,4 0 7 ab 1,53 a 5 6 ,9 8 a 0 ,1 0 5 a 0 ,3 1 7 ab 0 ,4 2 2 a 2 ,1 6 c 16 ,77 Franco argila arenoso6 O rg . 0 ,8 7 6 b 1,58 a 19 ,57 bc 0 ,0 1 4 a 0,399 a 0 ,4 0 3 a 0 ,8 6 e 2 5 ,7 3 F ra n c o a re n o so7 C o n v . 1 2 ,7 8 9 ab 1 ,59 a 15,11 c 0 ,0 8 5 a 0 ,3 4 6 ab 0 ,3 9 9 a 1,19 de 16 ,20 A re ia fran c a8 C o n v . 3 ,6 1 7 b 1,57 a 2 4 ,0 2 bc 0 ,0 7 8 a 0 ,3 8 3 a 0 ,4 0 9 a 3 ,8 0 b 4 ,9 9 F ra n c o a re n o so9 C o n v . 2 4 ,2 9 3 a 1,53 a 2 3 ,9 0 bc 0 ,1 7 9 a 0 ,2 4 3 b 0 ,4 2 2 a 1,05 de 6 ,7 0 A re ia fran c a
M é d ia s se g u id a s de m e s m a le tra , n a s c o lu n a s , n ã o d ife re m e n tre si p e lo te s te d e T u k ey , a 5 % d e p ro b a b ilid a d e . O rg . = c u ltiv o o rg â n ic o e C o n v . = c u ltiv o
tou>
24
Os valores da densidade do solo nas áreas com cultivo orgânico e
convencional não mostraram diferenças significativas ao nível de 5 % pelo teste de
Tukey (Quadro 5). No entanto, o valor médio nas áreas de cultivo orgânico (1,49 g
cm’3), foi menor do que nas áreas convencionais (1,56 g cm '3), sendo ambos
superiores a 1,40 g cm"3, limite superior sugerido para solos arenosos (Kiehl, 1979).
Esse aspecto do solo pode revelar níveis de compactação, ou um aumento da sua
susceptibilidade à compactação, aumentando por outro lado, a resistência mecânica a
ser vencida pelo sistema radicular das culturas, com conseqüente redução na
produtividade, e aumento na erosão hídrica, principalmente quando associado à
pequena quantidade de macroporos existentes nessas áreas (Quadro 5).
A maior distribuição percentual de agregados estáveis ocorreu nas áreas
cultivadas em bases orgânicas, com exceção da área 6 (Quadro 5). A adição de
resíduos orgânicos e a diminuição no revolvimento do solo podem ter contribuído de
forma significativa para a melhoria das condições físicas do solo, favorecendo a
estabilidade dos agregados, como também a diminuição da erodibilidade
(Quadro 3 e 4).
De acordo com Brady & Weil (1999), a matéria orgânica, juntamente com a
argila, são os dois agentes cimentantes que mais contribuem para a agregação do
solo. A menor percentagem de estabilidade dos agregados, nas áreas de cultivo
convencional, quando relacionado com as áreas com cultivo orgânico (Quadro 5),
pode evidenciar os efeitos da ação antrópica na diminuição do tamanho dos
agregados ou o uso de gradagens freqüentes, causando a destruição dos agregados
maiores (Palmeira et al., 1999), aumentando dessa forma a percentagem de
agregados menores. De acordo com o mesmo autor, a maior concentração de
agregados estáveis, ocorre nos sistemas de cultivo com mínima mobilização do solo,
corroborando com os dados obtidos nas áreas orgânicas (Quadro 5).
Todas as áreas obtiveram valores de microporosidade superiores aos da
macroporosidade, sendo que os da macroporosidade não apresentaram diferenças
estatísticas significativas. O volume de microporos foi mais elevado nas áreas 1 , 6 e
8 , concordando com os dados da densidade do solo (Quadro 5). A porosidade está
intimamente relacionada com o tamanho dos agregados do solo, com a densidade do
solo e com sua resistência à penetração (Libardi, 2000). Para um mesmo solo, quanto
25
mais compacto ou menos poroso ele for, maior será a sua resistência mecânica, sendo
considerado o solo ideal, aquele que apresenta um terço de macroporos para dois
terços de microporos.
O maior valor de resistência à penetração foi encontrado na área 3, seguido
das áreas 8 e 2. Sabe-se que o resultado da resistência à penetração é proporcional a
umidade do solo no momento da amostragem, fato aparentemente comprovado neste
estudo (Quadro 5). Esses resultados podem estar associados à alta estabilidade dos
agregados, mostrando uma compactação existente que não foi detectada pela
densidade do solo. Segundo Pabin et al. (1998), o máximo que a raiz pode esforçar-
se para penetrar no solo está em torno de 0,9 M Pa a 1,3 MPa, dependendo do tipo de
solo e da espécie de planta, enquanto que o crescimento da raiz é impedido em solos
com resistência à penetração, em tomo de 0,8 a 5,0 MPa. De acordo com esses
dados, todas as áreas orgânicas com exceção da área 6 , apresentam alta resistência à
penetração das raízes no solo.
4.3. Análises Químicas
Os valores do pH não apresentaram variações significativas entre as
diferentes áreas de cultivo (Quadro 6 ). No entanto, quando foram avaliadas as
profundidades dentro de cada área, observou-se que nas áreas 2 e 4 o pH aumentou,
sendo essa uma condição natural do solo (Tomé Jr., 1997), associada a lixiviação de
bases. O pH em todas as áreas está dentro da faixa de neutralidade não apresentando
níveis de acidez. Pode-se esperar que a determinação do pH em soluções salinas
diminua esse resultado, porém essa diminuição não chega a ser preocupante, sendo a
diferença média cerca de 0,6 unidades de pH (Raij, 1991). Faz-se necessária a
medida do pH nas diferentes épocas do ano, devido a existência de quantidades
variáveis de sais no solo que, mesmo em pequenos teores, deprimem o valor do pH.
Quadro 6 . Propriedades químicas do solo em áreas de cultivo orgânico e convencional coletadas no município de Tauá - CE, nas profundidades de 0-10 cm, 10-20 cm e 20-30 cm
A rea1 PH P K+ Na+ Ca2+ M g2+ h + a i3+ SB CTC VH20 1: 2,5 mg kg'1 %
0-10 cm1 7,5 a A 364 a A 0,87 a A 0,15 a A 1 1 ,6 a A 2,9 a A 0,33 a A 15,5 a A 15,9 a A 98 a A2 7,1 a B 222 a A 0,25 b A 0,12 ab B 10,4 ab A 2,8 a A 0,82 a A 13,6 ab A 14,4 ab A 94 a A3 7,0 a A 7 a A 0,54 ab A 0,09 d A 3,3 bc A 1,1 a A 0,93 a A 5,0 bc A 5,9 c A 84 a A4 6,8 a B 8 a A 0,27 b A 0,08 d A 2,7 c A 1,3 a A 0,55 a A 4,3 c A 4,9 c A 89 a A5 7,3 a A 77 a A 0,49 ab A 0,12 b A 8,5 abc A 1,5 a A 0,44 a A 10,5 abc A 11,0 abc A 94 a A6 6,8 a A 9 a A 0,33 b A 0,10 bcdA 4,2 abc A 1,5 a A 0,82 a A 6,1 bc A 6,9 bc A 88 a A7 7,4 a A 158 a A 0,41 ab A 0,10 bcdA 5,7 abc A 1,4 a A 0,33 a A 7,6 abc A 7,9 abc A 95 a A8 7,5 a A 97 a A 0,51 ab A 0,12 bc A 7,6 abc A 2,2 a A 0,22 a A 10,4 abc A 10,6 abc A 98 a A9 7,4 a A 54 a A 0,31 b A 0,09 cd A 5,8 abc A
10-20 cm1,2 a A 0,55 a A 7,3 abc A 7,9 abc A 92 a A
1 7,4 a A 112 ab A 0,64 a A 0,13 a A 9,1 abc A 2,3 ab A 0,38 a A 12,1 ab A 12,5 ab A 96 a A2 7,1 a AB 107 ab A 0,18 a A 0,15 a AB 12,4 a A 3,0 a A 0,99 a A 15,8 a A 16,7 a A 94 a A3 6,5 a A 3 b A 0,51 a A 0,10 a A 3,1 cd A 1,3 bc A 0,32 a A 5,1 bc A 6,4 bc A 80 a A4 7.1 a AB 7 ab A 0,16 a A 0,08 a A 3,6 b cd A 1,3 bc A 0,60 a A 5,2 bc A 5,8 bc A 91 a A5 7,0 a A 13 ab A 0,37 a A 0,11 a A 5,8 bcd A 1,3 bc A 0,82 a A 7,6 bc A 8,5 bc A 90 a A6 6.4 a A 5 ab AB 0,18 a B 0,08 a A 3,4 cd A 1,2 bc A 1,04 a A 4,8 c B 5,9 bc B 82 a A7 7.4 a A 140 a A 0,24 a B 0.12 a A 7,7 abcd A 0,9 c A 0,27 a A 9,0 abc A 9,2 bc A 96 a A8 7.4 a A 25 ab B 0.28 a B 0,13 a A 9,7 ab A 1,9 abc A 0,33 a A 12,0 a b A 12,3 a b A 97 a A9 7,2 a A 9 ab A 0,21 a A 0,06 a B 1,7 d A
20-30 cm
1,0 bc A 0,55 a A 3,0 c AB 3,6 c A B 89 a A
1 7,3 a A 75 a A 0,59 a A 0,14 a A 8,7 ab A 2,1 a A 0,55 a A 11,5 a b A 12,0 abc A 95 a A2 7,4 a A 103 a A 0,14 a A 0,16 a A 12,5 a A 3,2 a A 0,66 a A 16,0 a A 16,7 a A 96 a A3 6,6 a A 4 a A 0,36 a A 0,09 a A 2,4 bc A 1,6 a A 1,10 a A 4,4 bc A 5,5 bc A 81 a A4 7,5 a A 5 a A 0,12 a A 0,07 a A 3,1 bc A 1,0 a A 0,27 a A 4,3 bc A 4,6 c A 94 a A5 7,1 a A 46 a A 0,35 a A 0,12 a A 6,2 abc A 1,6 ab A 0,88 a A 8,3 abc A 9,2 abc A 90 a A6 6,1 a A 4 a B 0,13 a B 0,09 a A 3,5 bc A 1,4 a b A 1,26 a A 5,1 bc B 6,4 bc B 81 a A7 7.2 a A 122 a A 0,20 a C 0,15 a A 6,8 abc A 1,8 ab A 0 ,1 6 a A 8,9 abc A 9,1 abc A 98 a A8 7,3 a A 45 a AB 0,23 a B 0,16 a A 10,7 a A 2,9 ab A 0,49 a A 14,0 a A 14,5 a b A 97 a A9 7,2 a A 6 a A 0,22 a A 0,05 a B 1,2 c A 0,3 ab A 0,49 a A 2,4 c B 2,9 c B 85 a A
1 Áreas de 1 a 6 cultivo orgânico e de 7 a 9 cultivo convencional. Letras m inúsculas nas colunas com param diferenças entre as profundidades de cada área e letras m aiúsculas, tam bém nas colunas, com param a diferença entre as áreas, tendo como referencial a m esm a profundidade, ao nível de 5 % pelo teste de Tukey.
N)Os
27
A camada superficial em ambas as condições de cultivo, apresentou
variação nos teores dc P, tendo as camadas inferiores apresentado valores
ligeiramente menores. Os teores de P entre as áreas, só variou na camada de 10-20
cm, sendo o valor mais alto encontrado na área 7 (Quadro 6 ). Todas as áreas
apresentaram teores muito elevados de P, sendo os teores normalmente encontrados
na solução do solo da ordem de 0,1 mg/kg (Raij, 1991). Este fato pode estar
associado ao método de extração utilizado, a aplicação de fosfato natural nas áreas
orgânicas e fertilizantes fosfatados nas áreas convencionais, e em último caso, ao
material de origem. Outro fato importante, é a existência de uma relação de grandeza
entre o conteúdo de matéria orgânica do solo e a liberação de P para a solução do
solo, podendo atribuir os altos teores de P nas áreas 1 e 2 a essa relação. Contudo, a
quantidade de resíduos orgânicos aplicados e os valores de matéria orgânica
encontrados nessas áreas, não confirmam este fato.
Os valores de potássio (K+) mostraram significância entre as áreas na
camada de 0-10 cm. Todas as áreas, com exceção das áreas 2 e 4 apresentaram altos
teores de K+ na camada de 0 - 1 0 cm, de acordo com os limites propostos por Kiehl
(1979). Avaliando-se as profundidades dentro de cada área, observa-se que as áreas
6 , 7 e 8 apresentaram diferenças estatísticas, diminuindo o teor de K+ com a
profundidade (Quadro 6 ).
Os teores de sódio (Na+) mostraram significância entre as áreas, apenas na
camada de 0-10 cm, sendo o valor mais alto encontrado na área 1 (Quadro 6 ).
Analisando o teor de Na+, dentre as profundidades de cada área, nota-se que houve
variação nas áreas 2, 7 e 8 , onde o teor de Na+ aumentou de acordo com a
profundidade. Nas demais áreas não houve significância.
A determinação de Na+ no solo, torna-se necessária em regiões de
ocorrência de solos com excesso de salinidade, o que não é o caso das áreas em
estudo, apesar da região semi-árida do nordeste brasileiro, em virtude das
características de clima, relevo, geologia e drenagem apresentar condições favoráveis
à ocorrência de solos afetados por excesso de sódio ou sais (Mota & Oliveira, 1999).
Esse fato comprova a importância do monitoramento dos teores de sais nas áreas em
estudo, evitando dessa forma a acidificação do solo.
28
De acordo com os limites propostos por Fernandes et al. (1993), todas as
áreas apresentaram níveis de Ca2 "1 no solo variando de médios (1,6 - 4,0 cmolc k g '1) a
altos (> 4,0 cmolc kg"1). Na camada de 0-10 cm o teor mais elevado de Ca2+ foi
encontrado na área 1, não havendo variação entre as áreas convencionais. Já na
camada de 10-20 cm o teor mais elevado de Ca2+ foi encontrado na área 2 e de 20-30
cm nas áreas 2 e 8 (Quadro 6 ).
Os teores de Mg2+ no solo também apresentaram níveis variando de médios
(0,6 - 1,0 cmolc kg '1) a altos (> 1,0 cm olc k g '1) (Fernandes et al., 1993), não diferindo
entre as áreas de cultivo na camada de 0-10 cm. Na camada de 10-20 cm o teor mais
elevado de Mg2+ foi encontrado na área 2, e na camada de 20-30 cm nas áreas 1, 2, 3
e 4, não havendo variação entre as profundidades dentro de cada área. Os teores de
Ca2+ e Mg2+ estão estreitamente relacionados com o nível de acidez do solo. Quando
estão baixos, o solo estará também com excesso de acidez (Tomé Jr., 1997).
Os valores de soma de bases (SB) e de capacidade de troca de cátions
(CTC) apresentaram variações, tanto entre as áreas, como entre as profundidades de
cada área. Entre as áreas, houve variação nas três profundidades em estudo. Na
camada de 0-10 cm, o maior valor de SB, foi encontrado na área 1 , não havendo
variação entre as áreas convencionais. Na camada de 10-20 cm, o valor mais elevado
foi encontrado na área 2 , sendo os valores mais baixos encontrados nas áreas 6 e
9(Quadro 6 ).
A quantidade de matéria orgânica aplicada em algumas áreas (Quadro 3),
não foi suficiente para influenciar a CTC que se apresenta baixa, já que os solos em
estudo têm grande quantidade de areia na sua constituição, com predominância de
quartzo, o qual possui baixa CTC. Bayer & Mielniczuk (1999), mostram que com o
aumento da CTC o solo adquire maior poder tampão e maior capacidade de retenção
de cátions. O aumento dos teores de matéria orgânica é fundamental na retenção dos
nutrientes e na diminuição da sua lixiviação.
A saturação por bases (V) expressa a parte da CTC ocupada por Ca2+, Mg2+
e K+, apresentando uma relação direta com o pH do solo (Quadro 6 ). A saturação por
bases é utilizada como fator para determinação da necessidade de calagem nos solos
com V menor que 60% (Raij, 1991).
29
Os valores de carbono orgânico e matéria orgânica, não apresentaram
diferenças significativas entre as áreas de cultivo (Quadro 7). No entanto, os teores
de carbono e matéria orgânica decresceram com a profundidade, notadamente nas
áreas 1, 2, 6 e 9. Nas áreas convencionais esse fato pode estar associado à utilização
de métodos de preparo de solo e a culturas anuais, provocando normalmente, redução
nos teores de carbono orgânico no solo, resultante do aumento da taxa de
decomposição anual, ou redução da taxa de adição do material orgânico (Marchiori
Júnior & Melo, 1999).
Observa-se que a área 9 apresentou teores de matéria orgânica bem
elevados, quando comparado com outras áreas (Quadro 7). Porém deve-se levar em
consideração que a área foi mantida em pousio durante 12 anos (Quadro 3), tempo
esse considerado bastante significativo para a sua recuperação. Porém o teor de
matéria orgânica do solo é muito sensível em relação às práticas de manejo, onde,
nos primeiros anos de cultivo, mais de 50% da matéria orgânica previamente
acumulada, é perdida por diversos processos, entre esses, a decomposição
microbiana e a erosão (Mielniczuk, 1999).
As características apfèsentadas pelo teor de nitrogênio (N) no solo,
evidenciam uma estreita ligação entre o teor de N e a matéria orgânica do solo,
observando-se uma mesma tendência de variação (Quadro 7). A relação C/N não
apresentou diferenças estatísticas entre as áreas em estudo, com valores que variaram
de 9:1 a 10:1 (Quadro 7). Supõe-se que a matéria orgânica dessas áreas não estava
completamente humificada ou foram realizadas adições recentes de restos vegetais
verdes. Vale ressaltar que, todas as áreas com cultivo orgânico têm na composição
dos seus consórcios, leguminosas como o guandu, a leucena e o feijão, que são
fixadoras de N 2 . As leguminosas são utilizadas, de maneira geral, como plantas de
cobertura do solo, graças à sua rápida germinação em rotação ou sucessão de
culturas, ou mesmo isoladamente, visando não somente o controle da erosão, mas
também a melhoria físico-química-biológica do solo (Nascimento & Lombardi Neto,
1999)
Quadro 7. Propriedades químicas do solo em áreas de cultivo orgânico e convencional coletadas no município de Tauá - CE, nasprofundidades de 0-10 cm, 10-20 cm e 20-30 cm
Área1 C M .O . N C /N n h 4+ N 0 3‘
----------- g k g '1
0-10 cm— m g k g '1-
1 11,0 a A 19,0 a A 1,1 a A 1 0 a A 104,1 a A 107,8 a A2 7,5 a A 13,0 a A 0,8 a A 10 a A 104,3 a A 104,8 a A3 6,5 a A 11,3 a A 0,7 a A 10 a A 104,2 a A 105,0 a A4 4,6 a A 7,9 a A 0,5 a A 10 a A 104,2 a A 105,7 a A5 10,1 a A 17,3 a A 1,0 a A 10 a A 104,0 a A 107,8 a A6 7,4 a A 12,8 a A 0,7 a A 10 a A 116,0 a A 104,5 a A7 3,9 a A 6,6 a A 0,4 a A 10 a A 103,9 a A 104,7 a A8 5,1 a A 8,7 a A 0,5 a A 10 a A 103,8 a A 104,2 a A9 9,7 a A 16.8 a A 1,0 a A
10-20 cm9 a A 104,1 a A 106,0 a A
1 7,5 a AB 13,0 a AB 0,8 a AB 10 a A 104,1 a A 105,0 a A2 4,9 a B 8,4 a B 0,5 a B 10 a A 104,4 a A 104,6 a A3 6,2 a A 10,6 a A 0,6 a A 1 0 a A 104,1 a A 104,8 a A4 4,8 a A 8,3 a A 0,5 a A 10 a A 104,0 a A 105,1 a A5 6,6 a A 11,4 a A 0,7 a A 10 a A 104,0 a A 104,7 a B6 4,2 a AB 7,3 a AB 0,4 a AB 9 a A 104,1 a A 104,5 a A7 3,8 a A 6,5 a A 0,4 a A 10 a A 103,8 a A 104,6 a A8 5,4 a A 9,3 a A 0,5 a A 10 a A 103,9 a A 104,1 a A9 4,6 a B 7,9 a B 0,5 a B
20-30 cm10 a A 104,0 a A 104,8 a A
1 4,7 a B 8,1 a B 0,5 a B 9 a A 104,1 a A 104,5 a A2 4,0 a B 6,9 a B 0,4 a B 1 0 a A 105,9 a A 105,9 a A3 4,2 a A 7,3 a A 0,5 a A 1 0 a A 103,9 a A 104,6 a A4 3,0 a A 5,2 a A 0,3 a A 10 a A 104,0 a A 104,8 a A5 6,6 a A 11,3 a A 0,7 a A 10 a A 104,1 a A 104,2 a B6 3,0 a B 5,1 a B 0,3 a B 10 a A 104,0 a A 104,2 a A7 2,6 a A 4,5 a A 0,3 a A 9 a A 103,9 a A 105,2 a A8 4,8 a A 8,2 a A 0,5 a A 10 a A 104,0 a A 103,9 a B9 2,3 a B 4,0 a B 0,2 a B 10 a A 104,0 a A 104,3 a A
1 Areas de 1 a 6 cultivo orgânico e de 7 a 9 cultivo convencional. Letras minúsculas nas colunas comparam diferenças entre as profundidades de cada área e letras maiúsculas, também nas colunas, comparam a diferença entre as áreas, tendo como referencial a mesma profundidade, ao nível de 5 % pelo teste de Tukey.
31
Os teores de amônio (NH4+) e nitrato (NO 3 '), não apresentaram variação
entre as diferentes áreas de cultivo (Quadro 7), com exceção das profundidades entre
as áreas 5 e 8 .
Pode-se observar de modo geral, que as áreas 1, 2 e 5 apresentaram níveis
de nutrientes no solo superiores aos encontrados nas áreas 3, 4 e 6 (Quadros 6 e 7).
Essas diferenças podem estar associadas ao tempo de cultivo e aos materiais
orgânicos aplicados. De acordo com Clark et al. (1998) a quantificação dos
nutrientes em áreas de cultivo orgânico recém implantadas, nem sempre é fácil, pois
o teor de matéria orgânica no solo aumenta lentamente, podendo levar anos para ser
percebido.
4.4. Evolução das Áreas com Cultivo Orgânico
Num estudo da evolução dos teores de carbono sob as áreas com cultivo
orgânico, nota-se na área 2 , que os níveis de carbono orgânico apresentaram uma
elevação significativa entre os anos de 1997 a 1999, declinando no ano de 2000
(Figura 1). O aumento do carbono orgânico foi mais significativo na camada
superficial do solo, sendo que esse pode estar relacionado com o maior acúmulo de
material orgânico na superfície do solo, e consequentemente, com a maior atividade
de microorganismos, os quais são afetados pelas condições de umidade, aeração e
temperatura (Kiehl, 1979).
A perturbação antrópica do sistema estável, normalmente causa mais perdas
do que ganhos de carbono, implicando na redução do seu teor ao longo do tempo e
na degradação da qualidade do solo (Doran, 1997). Apesar da área 1 não dispor de
dados anteriores, a mesma apresentou elevados teores de matéria orgânica no ano de
2000 (Quadro 7).
Na área 3 os níveis de carbono não variaram nas camadas de 0-10 cm e de
20-30 cm, apresentando uma pequena elevação na camada intermediária (10-20 cm),
que foi de 5,2 g kg ' 1 em 1999 para 6,2 g kg ' 1 em 2000 (Figura 1). Os solos que não
receberam aplicações de esterco, como é o caso da área 3, 0 carbono orgânico pode
32
ser adicionado através da degradação de raízes e dos resíduos vegetais que retomam
ao solo anualmente (Allison, 1973). As áreas 4 e 6 , apresentaram redução no teor de
carbono orgânico, entre os anos de 1999 a 2000 em decorrência da não incorporação
de resíduos orgânicos (Figura 1).
A área 5 apresentou um melhor comportamento em relação ao nível de
carbono orgânico (Figura 1). Em 1997, época de implantação do cultivo orgânico, a
área apresentava baixos níveis, ou ausência de carbono. No ano de 1999, os níveis de
carbono encontrados foram de 6,3 g kg ' 1 de solo, aumentando para 6 , 6 g kg ' 1 no ano
de 2000, representando um aumento relativo de 30 % ao ano.
É importante destacar que, embora os níveis de carbono orgânico no solo
tenham aumentado consideravelmente na área 5, ainda são considerados baixos
(Fernandes et al., 1993). Porém, conhecendo-se os benefícios que pequenas frações
desse componente do solo, representa para o sistema produtivo, pode-se afirmar que
essa elevação no teor de carbono orgânico, e conseqüentemente de matéria orgânica,
pode propiciar a manutenção e a melhoria da fertilidade do solo. De acordo com
Bayer et al. (2000) as alterações no teor de matéria orgânica são lentas, o que,
associado a curtos períodos de tempo, dificulta a visualização do seu comportamento
em médio prazo.
33
Área 2
ooc<njO)
ocO■Qk_roO
O)jíO)
14121086420
1997 1999
Anos
2000
Area 3
oo’c<ro
E? vO cnS tOnL_(D
O
14 12 10 8
6 4 2 0
1999 2000
Anos
Area 4 Area 5
oo’c• roO) t- *- | O o)
oJDk_reO
14121086420
oo'c
E1-O oiS to
X2L.mO
1999 2000Anos
Area 6
oO‘EO) ̂O O)
onl_roO
14121086420
—♦-----0 a 10 cm• - -10 a 20 cm ▲ 20 a 30 cm
1999 2000Anos
1997 1999 2000
Anos
Figura 1. T eores de carbono do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivo
orgânico, instaladas por agricultores no m unicíp io de Tauá - CE.
34
Souza (2000), em estudo realizado com cultivo orgânico no Estado de Santa
Catarina, mostrou que os teores de matéria orgânica tiveram um aumento relativo de
71 % ao longo de 9 anos. Segundo Andreola et al. (2000), quando a cobertura do solo
é incorporada pelo sistema convencional de preparo do solo, ocorre distribuição da
matéria orgânica na camada arável, e não se verifica acúmulo significativo de
carbono orgânico no solo pois, apenas os restos culturais e a cobertura produzida na
área são incorporados.
O declínio da matéria orgânica ou do carbono orgânico no solo, ao longo do
tempo, pode indicar erro no sistema de manejo adotado, tais como: baixa fertilidade,
baixa incorporação de resíduos, excesso de revolvimento, erosão acelerada, etc. A
persistência no erro, inevitavelmente conduzirá a exploração agrícola a uma situação
insustentável do ponto de vista econômico ou ambiental (M ielniczuk, 1999).
Segundo Stevenson (1982), a diminuição do teor de matéria orgânica no
solo sob cultivo não se deve unicamente à redução da quantidade de resíduos
adicionados, mas também ao aumento da atividade microbiana, causada por
melhores condições de aeração, temperaturas mais elevadas e alternâncias mais
freqüentes de umedecimento e secagem do solo.
Os níveis de P no solo, ao longo do tempo, aumentaram nas áreas 1, 2 e 5, e
diminuíram nas áreas 3, 4 e 6 , notadamente na camada de 0-10 cm (Figura 2). Nota-
se na área 1, que a elevação nos teores de P na camada de 0-10 cm, entre os anos de
1998 a 2000, proporcionou um aumento significativo de 403%, podendo ser
considerado suficiente para atender às necessidades nutricionais das culturas
estudadas. A área 2 obteve 235 mg dm "3 de P, no ano de 1997, diminuindo para 139
mg dm "3 em 1998, aumentando aproximadamente 200 % em 2000, na camada de
0-10 cm (Figura 2). Em geral, os baixos teores de P podem estar associados a anos de
seca. Isso porque a alta temperatura, e a baixa umidade do solo, não favorecem a
decomposição dos resíduos orgânicos.
1998 2000
Anos
2000
Anos
•E 20 ■oD) 15 E 10o 5 </>:? o
Are a 3
1998 2000
Anos
Are a 4
'E■DD)Eoi—o*4—WO
150
1 0 0
50
Anos
Área 5 Area 6
^ 150T3
100
§ 50 *♦- </>o n
E 150 ■a® 100
2 50 o **-w n -O 0
-♦— 0a 10crv * --1 0 a 20 o k 20 a 30 q
1997 1998 2000 Anos
1998 2000Anos
Figura 2. Teores de fósforo do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivo
orgânico, instaladas por agricultores no município de Tauá - CE.
De acordo com Souza (2000), os níveis médios de P em solos submetidos a
manejo orgânico durante 10 anos, aumentaram em até 390 %. Segundo o mesmo
autor, as contribuições para o aumento dos teores citados de P no solo, podem ser
atribuídas a três fatores principais: à utilização de fosfato natural na confecção de
compostos orgânicos, ao P componente da matéria orgânica e à solubilização de P
pela ação de ácidos húmicos e microorganismos.
36
A área 5, também apresentou um aumento expressivo no teor de P, entre os
anos de 1998 a 2000, de 16 mg dm 3 para 118 mg dm3, na camada de 0-10 cm (Figura
2). Supõe-se que o aumento dos teores de P nas áreas 1, 2 e 5, ocorreu devido à
incorporação de resíduos vegetais e animais ao solo (áreas 1 e 2 ), e ao tempo de
cultivo em bases orgânicas (áreas 2 e 5).
As áreas 3, 4 e 6 , apresentaram uma queda relativa nos teores de P, entre os
anos de 1998 a 2000, sendo mais acentuada nas áreas 4 e 6 . Percebe-se pelos dados
apresentados na Figura 2 que, as áreas 4 e 6 , não apresentaram bons resultados,
quando comparados com as demais áreas. Os dados disponíveis do ESPLAR (2000),
não mostram uma possível causa para esse quadro, o que pode servir como alerta
para posteriores estudos.
Sans (2000) mostrou que os indicadores do solo podem ser utilizados em
áreas distintas, independente da diversidade de situações que prevaleçam entre
diferentes locais, ou seja, os indicadores do solo funcionam como um pacote fixo,
independente das condições diferentes entre propriedades. Porém, é importante fazer
com que o produtor, pelo manejo da cultura no campo, tenha percepção direta dos
dados, ou seja, da interpretação e do compromisso com a aplicação dos dados
escolhidos. Daí a importância da escolha dos indicadores que mais se adaptem ao
produtor e à propriedade.
E válido ressaltar novamente, a importância da incorporação de resíduos de
origem vegetal e animal, já que as áreas que apresentaram teores mais elevados de P
(áreas 1 e 2), fazem uso desses compostos. Vê-se também, a importância de
especificar níveis críticos, ou indicadores críticos em cada propriedade, tentando
transformar os indicadores do solo, em índices de sustentabilidade, conservando os
recursos naturais e satisfazendo as necessidades do produtor.
Os valores de soma de bases (SB) aumentaram de 9,1 para 15,5 cmolc kg " 1
de solo, na área 1 , tendo sido observada, também, uma tendência de aumento nas
áreas 2 e 5 (Figura 3). O aumento nos valores de SB nas áreas 1 e 5, mostraram-se
uniformes para as três profundidades em estudo. A área 2, apresentou a maior
evolução de SB, na camada inferior (20-30 cm). O incremento de Ca2+ e Mg2+ na
constituição da matéria orgânica, pode ter favorecido o aumento nos valores de SB
37
nessas áreas. De acordo com Souza (2000), a evolução dos teores de Ca2+ e Mg2+ em
solos submetidos a manejo orgânico durante 10 anos, foi de 3,4 cmolc kg ’ 1 e 0,7
cmolc kg’1, respectivamente. As áreas 3, 4 e 6 apresentaram diminuição nos valores
de SB, sendo mais significativo nas áreas 4 e 6 . Esses baixos valores de SB, podem
estar associados a perdas ou lixiviação de nutrientes como Ca2+, Mg2+ e K+.
Area 1 Area 2
</> 2 0Otf) -ro O) 15CQ j*cd"D Oro E E o o CO
10
1998 2000
Anos
s 20™ u> 15
CG <D T3 õ 10
E O 5
0
1997 1998
Anos
2000
Area 3
(/)<1> 20tf)<UCQ U ) 150■o õ 10(TJ E 5E Oo
( / ) 01998 2000
Anos
Area 4
O)md) _u■o o« E E o o (O
20
1510
1999 2000
Anos
Area 5 Area 6
</>0) 20*/)«3
CQ O)X
15o
~o õ 10«J EE o 5o<0 0
•----
1997 1998
Anos
2000
</) 20Q)tf)ro
CQ o 15<D
T3 õ 10ro EE o 5o</>
-♦ — 0 a 10 cm * - -10 a 20 cm ▲ 20 a 30 cm
1998 2000Anos
Figura 3. Teores de soma de bases do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de
cultivo orgânico instaladas por agricultores no município de Tauá - CE.
38
7.5 7
Í . 6,5 6
5.5 5
Area 1
1998 2000
Anos
Area 3
1998 2000
Anos
Area 2
7.5 7
5. 6 -5 6
5.5 5
1997 1998
Anos
2000
Área 4
6
5 I1999 2000
Anos
Figura 4. Valores de pH do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de cultivo
orgânico, instaladas por agricultores no município de Tauá - CE.
As áreas 1 e 3 apresentaram elevação do pH, principalmente na camada de
0-10 cm (Figura 4). Os valores de pH referentes à área 2 na camada de 0-10 cm,
diminuíram de 7,6 em 1997 para 7,1 (próximo à neutralidade) no ano 2000, tendo
essa tendência sido observada também na camada de 10-20 cm (Figura 4). Já a
camada de 20-30 cm, teve um comportamento inverso, aumentando de 7,0 no ano de
1998 para 7,4 em 2000. Pode-se atribuir esse fato ao teor de bases do solo encontrado
na camada de 20-30 cm (Quadro 6 ).
39
As áreas 4 e 5 apresentaram pequena variação no valor do pH, e a área 6
mostrou uma queda apenas na camada superficial. Em geral, as variações nos valores
do pH do solo podem estar associadas a outras características químicas do solo,
como o teor de matéria orgânica (Tomé Jr., 1997), e os conteúdos de Ca2+ e Mg2+ no
solo (Kiehl, 1979), e, também a outras características do ambiente, como a
intensidade de chuvas (Hernani et al., 1999). Segundo Raij (1991), a decomposição
aeróbica da matéria orgânica adicionada ao solo, inicialmente, pode provocar uma
alcalinização (aumento do pH), sendo, porém, esse efeito temporário.
Os valores da relação C/N referem-se somente às áreas 2 e 5 (Figura 5),
devido à falta de informações sobre essa variável nas demais áreas, nos anos
anteriores a 2000. As duas áreas apresentaram diminuição na relação C/N, entre os
anos de 1997 e 2000 (Figura 5). Uma relação C/N alta processará sobre a matéria
orgânica uma decomposição lenta, provocada pelo maior índice de carbono do que
de nitrogênio. A queda na relação C/N nas duas áreas pode estar associada, também,
aos tipos de consórcios utilizados, com a presença de leguminosas (Quadro 3), o que
pode ter favorecido o aumento de nitrogênio no solo.
Em geral as áreas 1, 2 e 5 apresentaram aumento nos teores de carbono
orgânico, fósforo e de bases trocáveis ao longo dos anos, tendo o inverso sido
observado nas áreas 4 e 6 , que apresentaram características químicas desfavoráveis
em relação às outras áreas. Trabalhos citados por diversos autores (Souza, 2000;
Clark et al., 1998) mostram que só foram encontrados dados significativos, em áreas
de cultivo orgânico, após 9 ou 10 anos de cultivo.
Segundo Sans (2000), interpretar as medidas obtidas a partir de um
indicador, para avaliar as tendências de mudanças periódicas ou ao acaso, tem sido o
maior desafio para pesquisadores e manejadores do solo.
40
Área 2 Área 5
— ♦— O a 10 cm - - ■ ■ -10 a 20 cm
A 20 a 30 cm
Figura 5. Valores da relação C/N do solo, no período de 1997 a 2000, nas áreas de
cultivo orgânico, instaladas por agricultores no município de Tauá - CE.
De acordo com Reijntjef et al. (1993), os problemas da agricultura no
mundo, referem-se fundamentalmente, aos aspectos econômicos e ecológicos, sendo
que esses problemas advêm da exploração excessiva da terra, da ampliação das áreas
cultivadas e do desmatamento, podendo ainda, ocasionar problemas ambientais com
o uso crescente de pesticidas e fertilizantes químicos. Daí a importância do estudo de
áreas cultivadas em bases agroecológicas no Estado do Ceará, proporcionando ao
pequeno agricultor formas de manejar o solo sem agredir o meio ambiente.
4.5. Macro e Mesofauna do Solo
A diversidade da macro e mesofauna do solo também foi utilizada neste
trabalho como indicador da qualidade do solo, em áreas com cultivo de algodão
orgânico e convencional. A identificação dos invertebrados representantes da macro
e mesofauna foi realizada a nível de ordem, com diferenciação entre formas jovens e
adultas. Compreende-se por mesofauna os indivíduos invertebrados de tamanho
médio entre 0,2-10 mm. Já a macrofauna agrupa invertebrados maiores que 1 cm
(Aquino, 1999).
41
É evidente, pelos dados apresentados, que as áreas sob cultivo orgânico com
números totais de indivíduos m ' 3 de solo iguais a 40.250 (Área 3), 38.750 (Área 5),
10.750 (Área 1), 10.500 (Área 4), 4.500 (Área 2) e 4.000 (Área 6 ), considerando as
três profundidades de solo estudadas, foram bem superiores às áreas sob cultivor 3convencional, onde foram encontrados 2.500, 1.250 e 1.250 indivíduos m" de solo,
nas áreas 7, 9 e 8 , respectivamente (Figura 6 ). Esses dados estão de acordo com
observações feita por outros autores (Aquino et al., 2000).
Nas áreas sob cultivo orgânico, cerca de 80 % de toda a fauna ocorreu na
profundidade de 0 a 1 0 cm, possivelmente devido às melhores condições de aeração
e disponibilidade de alimento. Entre as áreas de cultivo orgânico, as que mais se
destacaram foram as áreas 5 e 3. Percebe-se que há uma possível correlação entre a
área que apresentou o maior número de indivíduos (área 5), e o tempo que a mesma
vem sendo trabalhada de forma orgânica. Contudo, a área 2 que também vem sendo
cultivada em bases orgânicas desde de 1997, não apresentou os mesmos resultados,
devido ao uso de práticas de manejo como, aração e gradagem. De acordo com Bayer
& Mielniczuk (1999), o revolvimento do solo reduz em 85 % o teor de matéria
orgânica.
Entre as áreas convencionais, foi encontrada uma pequena quantidade de
indivíduos, que se fizeram mais presentes na camada intermediária do solo, que varia
de 10 a 20 cm (Figura 6 ), podendo, estar associado ao uso de produtos químicos
(Quadro 3).
42
35000
* 30000
00 a 10 cm D 10 a 20 cm
>■- 15000Q)"D§ 10000Ez 5000 i
0
2 3 4 5 6 7 8 9
Áreas
Figura 6 . Densidades de macro e mesofauna do solo, em amostras coletadas nas profundidades de 0-10 cm, 10-20 cm e 20-30 cm, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional, por agricultores no município de Tauá - CE (abril de 2 0 0 0 ).
Em áreas com sistema de cultivo orgânico e convencional praticamente
metade da comunidade encontrada foi de indivíduos na forma jovem (larvas) (69.250
ind. m '3). No sistema de cultivo orgânico as ordens de indivíduos adultos que
apresentaram maior densidade, em ordem decrescente foram, hymenoptera ( 1 1 . 0 0 0
ind. m‘3), isoptera (9.500 ind. m '3), anelídeo (8.750 ind. m '3) e coleóptero (6.750 ind.
m '3). No sistema convencional a ordem de indivíduos adultos com maior densidade
foi a de coleópteros (1.500 ind. m‘3), seguido pela hymenoptera (500 ind. m"3) e a
isoptera (250 ind. irf3), não sendo encontrada a ordem anelídea (Figura 6 ).
Observa-se que a maior concentração de cupins (isoptera), formigas
(hymenoptera) e anelídeos foram encontrados nas áreas orgânicas (Figura 7). Mais
de 50% de anelídeos foram encontrados na área 1 e em tomo de 10% na área 2 e 6 .
Já na área 3, foi detectada apenas a presença de coleópteros e larvas. No que diz
respeito à gênese do solo, as ordens isopteras, hymenopteras e anelídeos são as
principais responsáveis pela formação da estrutura do solo, sendo esses indivíduos
também, os responsáveis pela transferência de material orgânico da superfície para o
interior do solo, contudo, não se sabe até que ponto a presença desses indivíduos é
benéfica. As áreas convencionais apresentaram predominância de larvas e
coleópteros.
■ A n e líd e o
□ Coleóptero□ Hymenoptera■ isoptera□ Larvas■ Outros
4 « a
3 I i w r . '
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Percentagem do número de ordens
Figura 7. Percentagem relativa das principais ordens da comunidade de macro e mesofauna do solo, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional no município de Tauá - CE (abril de 2000).
Com base nos dados obtidos, vê-se que as condições do ambiente-solo, nos
sistemas orgânicos favoreceram a macro e mesofauna do solo, mas não promoveram
maior biodiversidade. O papel desses indivíduos no solo, merece estudos mais
aprofundados, uma vez que já foi evidenciada, em certos casos, que o excesso de
atividade pode provocar danos severos à cultura.
Conforme estudos realizados nessa área, no ano de 1997 (Lima et al., 1997),
as áreas orgânicas apresentavam uma expressiva diversidade biótica, tanto no que se
refere às plantas cultivadas como às nativas e à fauna benéfica, essa última
estimulada pela total ausência de agrotóxicos, sendo constatadas presenças
abundantes de organismos pertencentes à macro e mesofauna do solo.
Na serapilheira (Figura 8 ), observa-se que não foi apresentado o mesmo
comportamento identificado no solo. Deve-se ressaltar que a área orgânica com
maior número de invertebrados, foi à área 5, seguida das áreas 1, 4, 2, 3 e 6 . A área
5, vem sendo cultivada em bases orgânicas desde do ano de 1997, o que pode ser
indicativo das condições favoráveis desse sistema à uma maior diversidade de
invertebrados. Em média o número de indivíduos na serapilheira das áreas orgânicas
foi bem superior ao das áreas convencionais, conseqüência da maior quantidade de
44
cobertura vegetal encontrada nas áreas orgânicas. Entretanto, essa diferença foi
pequena quando refere-se á densidade de indivíduos encontrados na área 9, já que a
mesma permaneceu em pousio durante 1 2 anos.
Nota-se que nas áreas que apresentaram o maior número de indivíduos na
serapilheira, há também uma maior variabilidade quanto ao número de ordens
encontradas (Figura 9). A importância da macro e mesofauna na serapilheira advém
do fato desses indivíduos influenciarem nos processos do solo, através da escavação,
e/ou ingestão e transporte do material mineral e orgânico do solo.
Grande parte dos indivíduos encontrados na serapilheira das áreas orgânicas e
convencionais, enquadram-se dentro da categoria epigeicas (espécies que vivem e se
alimentam na superfície do solo), tendo como principais representantes as ordens de
coleópteros e isopteros, as quais, vivem e se alimentam da serapilheira (Aquino,
1999).
V 3000
g. 2500(/>§ 2000
I 1500c■g 1000oaí 500 E2 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Á reas
Figura 8 . Número de indivíduos da comunidade de macro e mesofauna encontrados na serapilheira, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional, por agricultores no município de Tauá - CE (abril de 2000).
45
■ Diptera□ Aracnídeo□ Coleóptero■ Embioptera□ Isoptera■ Larvas□ Corrodentia■ Homoptera B Outros
Percentagem
Figura 9. Percentagem relativa das principais ordens da comunidade de macro e mesofauna encontrada na serapilheira, em áreas com cultivo de algodão orgânico e convencional no município de Tauá - CE (abril de 2000).
A percentagem relativa de ordens encontradas na serapilheira, diferiu entre
as áreas com cultivo orgânico e convencional. Nota-se que a área orgânica
apresentou maior diversidade de indivíduos (Figura 9). E importante destacar que o
maior representante da ordem dos coleópteros, nos dois tipos de cultivo, é o bicudo,
praga do algodoeiro. De acordo com dados do ESPLAR (1998) as áreas de cultivo
orgânico fazem o controle biológico do curuquerê, através de liberações inundativas
da micro vespa ( Trichogramma sp).
A maior abundância de indivíduos foram encontradas nas áreas orgânicas
(Figura 9) confirmando, de acordo com os dados de diversidade biótica expressiva,
encontrada por Lima et al., (1997) nessa mesma área, um crescimento constante da
diversidade da fauna, tanto no solo como na serapilheira. Esse fato é de extrema
importância para que seja estabelecido um equilíbrio nesse ecossistema, já que a
produção orgânica de algodão esbarra em alguns problemas, como o controle
biológico de pragas do algodoeiro. Dados publicados por Swezey et al. (1999)
mostram a abundância e o benefício de insetos predadores, em áreas de cultivo
orgânico, quando relacionadas a áreas convencionais.
i8 I •: ...'.'i T ” . ' • .
0% 20% 40% 60% 80% 100%
5. CONCLUSÕES
A partir dos dados obtidos, pôde-se concluir que :
1. As áreas orgânicas 1, 2 e 5 apresentaram níveis de nutrientes no solo
superiores às áreas de cultivo convencionais (7, 8 e 9), e às demais orgânicas
(3, 4 e 6 ).
2. O sistema de cultivo orgânico, durante os anos de 1997 a 2000, promoveu
melhorias nas propriedades químicas analisadas, principalmente, nas áreas em que o
sistema de cultivo orgânico foi implantado há mais tempo e onde foram feitas
aplicações de esterco animal, sendo obtidos aumentos nos teores de carbono
orgânico, fósforo, soma de bases c diminuição na relação C/N.
3. As condições do ambiente-solo, no sistema orgânico favoreceram a
macrofauna e mesofauna do solo, promovendo maior diversidade de indivíduos nas
áreas orgânicas do que nas convencionais, e na serapilheira do que no solo.
Este estudo indicou que as áreas de produção orgânicas têm maior
capacidade de promover uma melhor qualidade do solo, comparadas com as áreas de
produção convencional, principalmente pelo uso de rotação de culturas, aplicação de
fertilizantes orgânicos, redução de tratos culturais, promovendo desta forma, o
aumento do conteúdo de matéria orgânica do solo.
6. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA
ALLISON, F.E. The organic matter content o f soils. In: Soil organic matter and its
role in crop production. New York, Elsevier, 1973. p .120-33.
ANDERSON, J.M. & INGRAM, J.S.I. Tropical soil biology and fertility: a
handbook o f methods. ISSS, 1993. p. 16-18.
ANDERSON, J.M. Invertebrate-mediated transport process in soils. Agric. Ecosyst.
Environ., 24:5-14, 1988.
ANDREOLA, F.; COSTA, L.M.; MENDONÇA, E.S. & OLSZEVSKI, N.
Propriedades químicas de uma terra roxa estruturada influenciadas pela cobertura
vegetal de inverno e pela adubação orgânica e mineral. R. Bras. Ci. Solo, 24:
609-620, 2000.
AQUINO, A.M. Meso e macrofauna do solo e sustentabilidade agrícola perspectivas
e desafios para o século. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO
SOLO, 27., Brasília, 1999. Anais. Brasília, SBCS, 1999.(CD-ROM).
AQUINO, A.M.; RICCI, M.S. & PINHEIRO, A.S.P. Avaliação da macrofauna do
solo em café orgânico e convencional utilizando um método modificado do
TSBF. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E
NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 25. REUNIÃO BRSILEIRA SOBRE
MICORRIZAS, 8 . SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA DO
SOLO, 6 . REUNIÃO BRASILEIRA DE BIOLOGIA DO SOLO, 3., Santa
Maria, 2000. Anais, Santa Maria, UFSM /SBCS, 2000. (CD-ROM).
48
BAYER, C. & MIELNICZUK, J. Dinâmica e função da matéria orgânica. In:
Fundamentos da matéria orgânica do solo - sistemas tropicais e subtropicais.
Porto Alegre, 1999. p.9-25.
BAYER, C.; MIELNICZUK, J. & MARTINL-NETO, L. Efeito de sistemas de
preparo e de cultura na dinâmica da matéria orgânica e na mitigação das
emissões de CO 2 . R. Bras. Ci. Solo, 24: 599-607, 2000.
BELTRÃO, N.E.M. & AZEVEDO, D.M.P. Defasagem entre as produtividades reais
e potencial do algodoeiro herbáceo: limitações morfológicas, fisiológicas e
ambientais. EMBRAPA-CNPA, Campina Grande, 1993. 108p. (EMBRAPA-
CNPA. Documentos, 39).
BRADY, N.C. & WEIL, R.R. The nature and properties o f soils. 12 ed. New Jersey,
Prentice Hall, 1999. 881 p.
BRASIL, Ministério da Agricultura. Levantamento Exploratório Reconhecimento de
Solos do Ceará,1. Recife, 1973. (MA, Boletim Técnico, 28. Série Pedologia, 16).
CLARK, M.S.; HORWATH, W.R.; SHENNAN C. & SCOW, K.M. Changes in soil
chemical properties resulting from organic and low-input farming practices.
Agronomy Journal, 90:662-67, 1998.
COLOZZI FILHO, Arnaldo. Biomassa microbiana do solo. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 27., Brasília, 1999. Anais. Brasília,
SBCS, 1999.(CD-ROM).
CORREIA, M.E.F. Organização de comunidades da fauna de solo. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26., Rio de Janeiro,
1997. Anais. Rio de Janeiro, SBCS, 1997.(CD-ROM).
DORAN, J.W. & PARKIN, T.B. Defining and assessing soil quality. In: DORAN,
J.W.; COLEMAN, D.C.; BEZDICEK, D.F. & STEWART, B.A. Defining soil
quality for a sustainable environment. SSSA, 35:3-21, 1994.
DORAN, J.W. Soil quality and sustainability. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
CIÊNCIA DO SOLO, 26.. Rio de Janeiro, 1997. Palestra. Rio de Janeiro, SBCS,
1997.(CD-ROM).
49
DORAN, J.W.; SARRANTONIO, M. & LIEBIG, M. Soil health and sustainability.
In: SPARKS, D. L. Advances in Agronomy, 56:1-54, 1996.
DORAN, J.W.; VARVEL, G.E. & CULLEY, J.B.L. Tillage and residue management
effects on soil quality and sustainable land management. In: INTERNATIONAL
WORKSHOP ON SUSTAINABLE LAND MANAGEMENT. LETHBRIDGE,
Canada, 1993. p. 15-24.
EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Algodão. A cultura do algodoeiro
arbóreo. Campina Grande, EMBRAPA-CNPA, 1981. 12p. (EMBRAPA-CNPA.
Circular Técnica, 3).
EM BRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos e análise de
solo. 2. ed. Rio de Janeiro - RJ, 1997. 212p. (EMBRAPA-CNPS. Documento, 1).
EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de
classificação de solos. Rio de Janeiro, EMBRAPA Solos, 1999a. 412p.
EMBRAPA. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Brasília.
1999b. 370p.
ESPLAR, Pesquisa & desenvolvimento de propostas agroecológicos de cultivo do
algodoeiro (Gossypium hirsutum), com agricultores familiares do nordeste semi-
árido. (Proposta de pesquisa). ESPLAR.Fortaleza, 1996.
ESPLAR, Pesquisa & desenvolvimento de sistemas agroecológicos de cultivo do
algodoeiro (Gossypium hirsutum), com agricultores familiares do semi-árido
cearense. Relatório de Andamento das Atividades. ESPLAR. Fortaleza, 2000.
ESPLAR, Pesquisa & desenvolvimento de sistemas agroecológicos de cultivo do
algodoeiro (Gossypium hirsutum), com agricultores familiares do semi-árido
cearense. Relatório de Andamento das Atividades. ESPLAR. Fortaleza, 1998.
FERNANDES, V.L.B. Recomendações de adubação e calagem para o Estado do
Ceará. Fortaleza, UFC, 1993. 247p.
FRASER, P.M. The impact o f soil and crop management practices on soil
macrofauna In: PANKHURST, C. E., DOUBE, B. M., GRUPTA, V. V. S. R.
Soil biota: management in sustainable farming systems. Melbourne, CSIRO
Press, 1994. p.125-132
50
GREGORICH, E.G.; CARTER, M.R.; DORAN, J.W.; PANKHURST, C.E. &
DWYER, L.M. Biological attributes o f soil quality In: GREGORICH, E.G. &
CARTER, M.R. Soil quality for crop production and ecossistem health.
Amsterdam, Elsevier, 1997. p.81-113.
HABERERN, J. A soil health index. Journal o f Soil and Water Conservation,
47(1):6, 1992.
HERNANI, L.C.; KURIHARA, C.H. & SILVA, W.M. Sistemas de manejo de solo e
perdas de nutrientes e matéria orgânica por erosão. R. Bras. Ci. Solo, 23:145-
154, 1999.
HILLEL D. Soil and water physical principies and processes. 3.ed. New York:
Academic Press, 1972. 288p.
INGRAM, R.E.; TROFYMOW, J.A.; INGRAM, E.R. & COLEMAN, D.C.
Interactions o f bactéria, fungi and their nematode grazers: Effects on nutrient
cycling and plant growth. Ecol. Monogr. 55:119-140, 1985.
KARLEN, D.L.; MAUSBACH, M.J.; DORAN, J.W.; CLINE, R.G.; HARRIS, R.F.
& SCHUMAN, G. E. Soil quality. A concept, definition, and framework for
evaluation. SSSA, 61:4-10, 1997.
KIEHL, E. J. Manual de edafologia. São Paulo, Agronômica Ceres, 1979. 262p.
LARSON, W.E. & PIERCE, F.J. The dynamics o f soil quality as a measure o f
sustainable management. In: DORAN, J.W., COLEMAN, D.C., BEZDICEK,
D.F. & STEWART, B.A. Defming soil quality for the sustainable environment.
SSSA, 35:37-51, 1994.
LEE, K.E. & FOSTER, R.C. Soil fauna and soil structure. Aust. J. Soil Res., 29:745-
775, 1991.
LEMOS, R.C. & SANTOS, R.D. Manual de descrição e coleta de solo no campo.
3.ed. Campinas, SBCS, 1996. 84p.
LIBARDI, P.L. Dinâmica da água no solo. 2ed. Piracicaba, 2000. 509p.
LIEBIG, M.A. & DORAN J.W. Impact o f organic production practices on soil
quality indicators. J. Environ. Qual., 28:1601-1609, 1999.
51
LIMA, H.V. Contribuição à regionalização do ensino da pedologia em microrregião
afetada pela desertificação. Areia, Universidade Federal da Paraíba, 1999. 38p.
(Monografia).
LIMA, P.B.F. & JOCA, T.H.P. Manejo ecológico do algodoeiro mocó (Gossypium
hirsutum Marie Galante Hutch.) visando a convivência produtiva com o bicudo
(Anthonomus grandis Boheman), ESPLAR. Fortaleza, 1990. 20p (Projeto de
Pesquisa).
LIMA, P.J.B.F.; OLIVEIRA, T.S. & ARAÚJO, L.H. P&D de propostas
agroecológicas para o algodoeiro (Gossypium hirsutum ), com agricultores
familiares do semi-árido cearense - resultados preliminares. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ALGODÃO, 1., Fortaleza, 1997. Anais. Campina Grande,
EMBRAPA-CNPA, 1997. p.8-11.
MARCHIORI JÚNIOR, M. & MELO, W.J. Carbono, carbono da biomassa
microbiana e atividade enzimática em um solo sob mata natural, pastagem e
cultura do algodoeiro. R. Bras. Ci. Solo, 23:257-263, 1999.
MIELN1CZUK, J. Matéria orgânica e a sustentabilidade de sistemas agrícolas. In:
Fundamentos da matéria orgânica do solo - sistemas tropicais e subtropicais.
Porto Alegre, 1999. p.2-8.
MIKLÓS, A.A.W. Conceito ecológico do solo: o papel da biodiversidade na
organização e dinâmica da cobertura pedológica. Curso de agricultura ecológica,
I. Campinas, CTAE/SAA, 1995. p.41-54.
MOTA, F.O.B. & OLIVEIRA, J.B. M ineralogia de solos com excesso de sódio no
Estado do Ceará. R. Bras. Ci. Solo, 23:799-806, 1999.
NASCIMENTO, P.C. & LOMBARDI NETO, F. Razão de perdas de solo sob cultivo
de três leguminosas. R. Bras. Ci. Solo, 23:121-125, 1999.
NAVARRO, M.G.M. Agroecologia: bases teóricas para uma história agrária
alternativa. In: Agroecologia e desenvolvimento. Ano II n.2, 1994 (ASPTA).
PABIN, J.; LIPIEC, J.; WLODEK, S.; BISKUPSKI, A. & KAUS, A. Criticai soil
bulk density and strength for pea seedling root growth as related to other soil
factors. Soil Tillage Res., 46:203-208, 1998.
52
PALMEIRA, P.R.T.; PAULETTO, E.A.; TEIXEIRA, C.F.A.; GOMES, A.S. &
SILVA, J.B. Agregação de um planossolo submetido a diferentes sistemas de
cultivo. R. Bras. Ci. Solo, 23:189-195, 1999.
PAPENDICK, R.I. & PARR, J.F. Soil quality: the key to a sustainable agriculture.
American Journal o f Alternative Agriculture, 7:2-3, 1992.
RAIJ, B.van. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba, Agronômica Ceres, 1991.
343p.
REIJNTJEF, C.; HAVERKORT, B. & BAYER, A.W. Agricultura para o futuro.
ASPTA, Rio de Janeiro, 1993. 324p.
RODALE INSTITUTE. INTERNATIONAL CONFERENCE ON THE
ASSESSMENT AND MONITORING OF SOIL QUALITY, Emmaus, 1991.
Rodale Press, 1991. p.l 1-13.
ROSADO, A.S. Diversidade microbiana e qualidade do solo In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 27., Brasília, 1999. Anais. Brasília,
SBCS, 1999.(CD-ROM).
SALASSIER, B. Manual de irrigação. 6 ed. Viçosa, UFV, 1995. 657p.
SAMPAIO, D. & XAVIER, R.P. Municípios do Ceará. Fortaleza, 1994.
SANS, L.M.A. Avaliação da qualidade do solo. In: OLIVEIRA, T.S.; ASSIS JR.
R.N.; ROMERO, R.E. & SIFVA, J.R.C. Agricultura sustentabilidade e o semi-
árido. Fortaleza, UFC, Viçosa: SBCS, 2000. p. 170-213.
SANTANA, D.P. & BAHIA FILHO, A.F.C. Indicadores da qualidade do solo. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 27., Brasília, 1999.
Anais. Brasília, SBCS, 1999.(CD-ROM).
SILVA, J.R.C. Erosão e produtividade do solo no semi-árido. In: OLIVEIRA, T.S.;
ASSIS JR. R.N.; ROMERO, R.E. & SILVA, J.R.C. Agricultura sustentabilidade
e o semi-árido. Fortaleza, UFC, Viçosa: SBCS, 2000. p .170-213.
SOIL SCIENCE SOCIETY OF AMERICA (SSSA). Statement on soil quality.
Agronomy News, 1995.
SOUZA, J.L.A. fertilidade de solos sob manejo orgânico. Boletim Informativo -
SBCS. 25:14-16, 2000.
53
STEVENSON, F.J. Húmus chemistry, gênesis, composition, reaction. New York,
John Wiley & Sons, 1982. 443p.
SW EZEY, S.L.; GOLDMAN, P.; JERGENS, R & VARGAS, R. Preliminary studies
show yield and quality potential o f organic cotton. Califórnia Agriculture,
53(4):9-16, 1999.
TOM E JR., J.B. Manual para interpretação de análise de solo. Agropecuária. Guaíba,
1997. 247p.