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ANAYS NOUMEH AUST INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE SOBRE A COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PROPRIEDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DE Piper cernuum Itajaí (SC) 2017

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ANAYS NOUMEH AUST

INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE SOBRE A

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PROPRIEDADE

ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DE Piper cernuum

Itajaí (SC)

2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

ANAYS NOUMEH AUST

INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE SOBRE A

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PROPRIEDADE

ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DE Piper cernuum

Dissertação submetida à Universidade do

Vale do Itajaí como parte dos requisitos

para a obtenção do grau de Mestre em

Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Doutor Alexandre Bella Cruz

Co-orientador: Doutora Angela Malheiros

Itajaí (SC)

Agosto, 2017.

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Ficha catalográfica

Bibliotecária Eugenia Berlim Buzzi – CRB- 14/963

A73i

Aust, Anays Noumeh, 1985-

Influência da sazonalidade sobre a composição química e

propriedade antimicrobiana dos extratos de Piper cernuum

[manuscrito] / Anays Noumeh Aust . – Itajaí, SC. 2017.

126 f. ; il. ; tab. ; graf. ; fig.

. Referências: p. 97-113.

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte

dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências

Farmacêuticas.

“ Orientador: Profº. Doutor Alexandre Bella Cruz .”

“ Co-orientador: Doutora Angela Malheiros.”

1. Plantas medicinais. 2. Extratos vegetais 3. Produtos naturais -

Piper cernuum. I. Universidade do Vale do Itajaí. II. Título.

CDU: 615.32

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Dedico esse trabalho as duas estrelas mais lindas do céu, meu pai

e super-herói Imad e ao Tito seu fiel escudeiro, que sempre será

meu filhote de quatro patas.

Amo muito vocês.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu amor, Tiago. Por ter me incentivado desde o

início a ingressar no mestrado, por se fazer presente nos momentos difíceis e

sempre me ajudar a superar qualquer obstáculo. Obrigada por compreender a

minha ausência, por seu carinho e suporte em tudo. Sem você eu não teria ido

tão longe. Te amo.

A minha mãe e jóia mais rara, Zarifi. Por ter me mostrado que o

melhor caminho é o estudo, que tudo na vida vale a pena quando se tem amor

e a família por perto. Por ter me dado o que existe de melhor na vida, valores

e princípios. Obrigada por trazer doçura aos meus dias. Amo você.

Ao meu irmão, Bruno. Obrigada por me mostrar que a vida pode

ser mais simples e leve. Por tantas risadas, por tantas piadas, pela parceria de

sempre. Amo você.

A minha amiga e mãe do meu amor, Regina. Que desde o início

disse para eu acreditar em mim e nos meus sonhos, por fazer parte de

momentos bons e ruins, por ter me acolhido como filha, por ter me dado tanto

amor. Amo você, sogrinha.

A minha filhota de quatro patas, Pepita. Que traduz a forma mais

pura e linda do amor e da alegria. Você enche a vida do papai e da mamãe.

Ao orientador professor Alexandre Bella Cruz. Por ter acreditado

em mim, obrigada por ter sido meu Mestre, por despertar minha curiosidade,

ter me ensinado tudo que sabe. E principalmente por tanta paciência e

compreensão em momentos difíceis.

A co-orientadora professora Angela Malheiros. Obrigada por

dividir comigo seus ensinamentos, por ter dedicado seu tempo a mim e

contribuído de uma maneira muito especial.

Aos membros da banca interna, professor Clóvis Antônio

Rodrigues e Rivaldo Niero pela contribuição ao desenvolvimento e

crescimento do meu trabalho.

Ao Juliano e a Helenise da secretaria do Programa de Pós-

Graduação em Ciências Farmacêuticas. Por ter me dado suporte nos

momentos que mais precisei.

Agradeço principalmente a Deus, por ter colocado as pessoas

certas na minha vida, por dar força, guiar e iluminar meu caminho, me

abençoar com sabedoria e por ter me segurado em momentos que pensei

desabar.

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“ Imagino que uma das mais fortes motivações

para uma obra artística ou científica consiste na vontade de

evasão do cotidiano com seu cruel rigor e monotonia

desesperadora, na necessidade de escapar das cadeias dos desejos

pessoais eternamente instáveis. Causas que impelem os seres

sensíveis a se libertarem da existência pessoal, para procurar o

universo da contemplação e da compreensão objetivas. ”

Albert Einstein

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INFLUÊNCIA DA SAZONALIDADE SOBRE A

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E PROPRIEDADE

ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DE Piper cernuum

Anays Noumeh Aust

Agosto/2017

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz.

Co-orientadora: Profª. Drª. Angela Malheiros.

Área de Concentração: Ciências Biológicas, Ciências da Saúde.

Número de Páginas: 126.

Com o aumento da resistência aos antimicrobianos o desenvolvimento científico vem

sendo direcionado para o descobrimento de novas moléculas provenientes de produtos

naturais. Algumas espécies da família Piperaceae apresentam atividade antibacteriana

e antifúngica, podendo estar diretamente relacionadas a sua constituição química, que

por sua vez pode ser influenciada pela sazonalidade ou parte da planta. O objetivo

deste trabalho foi avaliar a influência da sazonalidade ao final das estações do outono

de 2013 ao verão 2015 e verão de 2016 sobre o conteúdo dos principais constituintes

químicos, determinar a propriedade antimicrobiana dos extratos obtidos dos caules,

folhas e inflorescências de P. cernuum, que foram avaliados através da determinação

da concentração inibitória mínima (CIM) e da concentração microbicida mínima

(CMM). Os extratos foram preparados com etanol 95 ºGL, na proporção de 1:10

(m/v), através da técnica de extração sob agitação mecânica por um período de 6

horas. Os ensaios foram realizados em duplicata e avaliados em função do rendimento

em massa e por cromatografia gasosa. A CIM foi determinada através de uma diluição

seriada em meio de cultura específico para cada micro-organismo testado. A CMM

foi realizada através de subculturas obtidas a partir dos resultados encontrados na

CIM. A bioautografia das amostras foi realizada para indicar o (s) composto (s) ativo

(s) frente ao Staphylococcus aureus. Os melhores rendimentos em massa foram

obtidos para os extratos das folhas (entre 5 e 10%), seguido das inflorescências (entre

3 e 6%) e os menores rendimentos foram observados para os extratos dos caules (entre

3 e 5%). Foram determinadas e identificadas nos extratos das diferentes partes de P.

cernuum dezoito constituintes químicos, sendo os majoritários o trans-

dihidroagarofurano, o β-eudesmol, o cumarato de bornila, a cubebina e a hinoquinina.

Os extratos dos caules foram ativos contra S. aureus (CIM entre 125 e 1000 µg/ml),

B. subtilis (CIM entre 31,25 e 125 µg/ml) e E. coli (CIM entre 500 e 1000 µg/ml). Os

extratos das folhas foram ativos contra S. aureus (CIM entre 500 e 1000 µg/ml), B.

subtilis (CIM entre 250 e 500 µg/ml) e E. coli (CIM entre 500 e 1000 µg/ml). Os

extratos das inflorescências foram ativos contra S. aureus (CIM entre 31,25 e 250

µg/ml), B. subtilis (CIM entre 13,62 e 62,5 µg/ml) e E. coli (CIM entre 31,25 e 250

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µg/ml). Apenas os extratos do caule, da folha e da inflorescência coletados no verão

de 2016 foram ativos contra C. albicans (CIM= 500 µg/ml). Para os fungos

dermatófitos, apresentaram atividade e destacam-se os extratos das folhas e

inflorescências (CIM entre 125 e 1000 µg/ml). Nenhum extrato foi ativo contra

Aspergillus fumigatus e Rhizopus. O estudo da sazonalidade foi um fator determinante

e que influenciou no rendimento, na constituição química e na atividade

antimicrobiana dos extratos testados.

Palavras-chave: Piper cernuum. SAZONALIDADE. ATIVIDADE

ANTIMICROBIANA. Staphylococcus aureus.

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INFLUENCE OF SEASONALITY ON CHEMICAL

COMPOSITION AND PROPERTY OF

ANTIMICROBIAL EXTRACTS OF Piper cernuum

Anays Noumeh Aust

August /2017

Advisor: Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz.

Co-Advisor: Profª. Drª. Angela Malheiros.

Area of Concentration: Life Sciences, Health Sciences.

Number of Pages: 126.

With the increased resistance to antimicrobials, scientific development has been

directed towards the discovery of new molecules from natural products. Some species

of the family Piperaceae present antibacterial and antifungal activity, which may be

directly related to their chemical constitution, which in turn, may be influenced by

seasonality or part of the plant. The objective of this work was to evaluate the

influence of seasonality at the end of the autumn seasons of 2013 to summer 2015 and

summer 2016, on the content of the main chemical constituents, in order to determine

the antimicrobial property of extracts obtained from the stems, leaves and

inflorescences of P. cernuum, which were evaluated by determining the minimum

inhibitory concentration (MIC) and the minimum microbicidal concentration (CMM).

The extracts were prepared with 95°C ethanol at a ratio of 1:10 (m/v), by the extraction

technique under mechanical stirring for 6 hours. The assays were performed in

duplicate and evaluated for mass yield and gas chromatography. The MIC was

determined by serial dilution in specific culture medium for each microorganism

tested. The CMM was performed through subcultures obtained from the results of the

MIC. Bioautography of the samples was performed to indicate the active compound

(s) against Staphylococcus aureus. The best mass yields were obtained for leaf

extracts (between 5% and 10%), followed by the inflorescence extracts (between 3%

and 6%). The lowest yields were observed for stem extracts (between 3% and 5%).

Eighteen chemical constituents were identified and identified in the extracts of the

different parts of P. cernuum, the major ones being trans-dihydroagarofuran, β-

eudesmol, bornyl coumarate, cubebin and hinokinin. The stem extracts were active

against S. aureus (MIC between 125 and 1000 μg/ml), B. subtilis (MIC between 31.25

and 125 μg/ml) and E. coli (MIC between 500 and 1000 μg/ml). The leaf extracts were

active against S. aureus (MIC between 500 and 1000 μg/ml), B. subtilis (MIC between

250 and 500 μg/ml) and E. coli (MIC between 500 and 1000 μg/ml). The inflorescence

extracts were active against S. aureus (MIC between 31.25 and 250 μg/ml), B. subtilis

(MIC between 15.62 and 62.5 μg/ml) and E. coli (MIC between 31.25 and 250 μg/ml).

Only the stem, leaf and inflorescence extracts collected in the summer of 2016 were

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active against C. albicans (MIC = 500 μg/ml). For the dermatophyte fungi, the extracts

of the leaves and inflorescences (MIC between 125 and 1000 μg/ml) were present. No

extract was active against Aspergillus fumigatus and Rhizopus. The study of

seasonality was a determining factor that influenced the yield, the chemical

constitution and the antimicrobial activity of the tested extracts.

Keywords: Piper cernuum. SEASONALITY. ANTIMICROBIAN ACTIVITY.

Staphylococcus aureus.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplos de produtos naturais antimicrobianos (PNAs). 35

Figura 2: Ilustração da parede celular das bactérias Gram-positivas e

Gram-negativas.

36

Figura 3: Ilustração dos principais fatores que podem influenciar na

constituição química de plantas.

41

Figura 4: Foto ilustrativa das partes aéreas de Piper cernuum. 46

Figura 5: Esquema da biossíntese das lignanas. 50

Figura 6: Estruturas moleculares de algumas lignanas identificadas nos

extratos de P. cernuum.

51

Figura 7: Esquema da biossíntese dos terpenóides. 52

Figura 8: Exemplos de sesquiterpenos identificados nos extratos de P.

cernuum.

52

Figura 9: Representação da placa de microtitulação com 96 poços

utilizada no ensaio da microdiluição.

60

Figura 10: Representação do ensaio da determinação da CBM.

61

Figura 11: Rendimento dos extratos em gráfico de colunas. 65

Figura 12: Perfil cromatográfico dos extratos de P. cernuum analisado

no detector ultravioleta a 254 nm.

71

Figura 13: Perfil cromatográfico dos extratos de P. cernuum analisado no

detector ultravioleta a 366 nm.

72

Figura 14: Cromatografia em camada delgada revelada com anisaldeído

sulfúrico dos extratos em comparação com o cumarato de

bornila.

73

Figura 15: Estrutura dos principais constituintes químicos identificados

por CG/EM nas diferentes partes de P. cernuum.

75

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Figura 16: Perfil cromatográfico do extrato de P. cernuum coletados ao

final do verão de 2016, em concentração de 1mg/mL de

diclorometano. a) Caule; b) Folha; c) Inflorescência.

76

Figura 17: Relação da influência da sazonalidade sobre a constituição

química do cumarato de bornila em diferentes partes de P.

cernuum, coletadas ao final das estações do outono de 2013 ao

verão 2015 e verão de 2016.

80

Figura 18: Placas de CCD utilizadas para bioautografia. 82

Figura 19: Análise Cluster de Componentes Hierárquicos (HCA) das

classes dos constituintes dos extratos das diferentes partes de

P. cernuum.

89

Figura 20: Dendograma obtido por análise de agrupamento hierárquico

baseado no método da distância Euclidiana (HCA) entre os

grupos dos extratos das diferentes partes de P. cernuum

coletadas ao final das diferentes estações do outono de 2013

ao verão de 2015 e verão de 2016.

91

Figura 21: Dendograma obtido por análise de agrupamento hierárquico

baseado no método da distância Euclidiana (HCA) da

atividade antibacteriana e antifúngica dos extratos das

diferentes partes de P. cernuum coletadas ao final das

diferentes estações dos anos do outono de 2013 ao verão de

2015 e verão de 2016.

93

Figura 22: Dendograma obtido para correlacionar a HCA da Constituição

química com a HCA da propriedade antmcrobiana dos extratos

de P. cernuum.

94

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Partes da planta e datas de coleta ao final do outono de 2013

ao verão de 2015 e verão de 2016.

54

Tabela 2: Rendimento dos extratos etanólicos de diferentes partes de P.

cernuum obtidos em diferentes estações, entre o final do

outono de 2013 ao final do verão de 2015 e final do verão de

2016.

64

Tabela 3: Dados climatológicos das estações do outono de 2013 ao

verão de 2015 e verão de 2016, para a região Sul do Brasil.

67

Tabela 4: Porcentagens de área dos extratos etanólicos dos caules, folhas

e inflorescências de P. cernuum, coletados ao final das

estações do outono de 2013 ao verão 2015 e verão de 2016.

77

Tabela 5: Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e

Concentração Microbicida Mínima (CMM) dos extratos de P.

cernuum.

84

Tabela 6: Proporção dos contituintes químicos trans-dihidroagarofurano

e β-eudesmol por parte de planta e efeito da sazonalidade.

85

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LISTA DE ABREVIATURAS

ATCC- American Type Culture Collection

CBM - Concentração Bactericida Mínima

CCD - Cromatografia em Camada Delgada

CEREMIC- Centro de Referência Micológica

CFM - Concentração Fungicida Mínima

CG-EM - Cromatografia gasosa acoplada a espectrofotometria de massas

CIM - Concentração Inibitória Mínima

CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute

CMM - Concentração Microbicida Mínima

DMSO – Dimetilsulfóxido

DNA- Ácido desoxirribonucleico

NIST- National Institute of Standarts and Technolgy

PBS - Tampão Fosfato-Salino

TR – Tempo de Retenção

TTC - Cloreto 2,3,5 Trifenil Tetrazólico

YEL - Meio Líquido Completo

YEPD- Meio Sólido Completo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 25

2 OBJETIVOS ...................................................................................... 27 2.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 27 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 27 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................... 28 3.1 Doenças Infecciosas .............................................................................. 28 3.2 Agentes Antimicrobianos e Resistência Microbiana ............................. 30 3.3 Atividade Antimicrobiana ..................................................................... 33 3.4 Produtos Naturais .................................................................................. 38 3.5 Estudos de Sazonalidade ....................................................................... 41 3.6 Gênero Piper ......................................................................................... 43 3.7 Piper cernuum: características botânicas, químicas e farmacológicas .. 45 4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................... 53 4.1 Material Vegetal .................................................................................... 53 4.2 Obtenção dos Extratos Etanólicos ......................................................... 54 4.3 Caracterização dos Extratos Etanólicos ................................................ 54 4.4 Material Microbiológico ....................................................................... 55 4.5 Preparo dos Inóculos ............................................................................. 56

4.5.1 Bactérias...................................................................................... 56 4.5.2 Fungos ......................................................................................... 57

4.6 Atividade Antimicrobiana ..................................................................... 57 4.6.1 Triagem Antimicrobiana ............................................................. 57 4.6.2 Bioautografia............................................................................... 58 4.6.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) .......... 59 4.6.4 Determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM) ..... 61

4.7 Análise Multivariada ............................................................................. 61 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 62 5.1 Análise dos Extratos .............................................................................. 62

5.1.1 Avaliação do Rendimento ........................................................... 62 5.1.2 Avaliação dos Extratos por Cromatografia em Camada Delgada

(CCD) .................................................................................................. 68 5.1.3 Caracterização dos Extratos por CG/EM .................................... 74

5.2 Bioautografia ......................................................................................... 81 5.3 Avaliação da Atividade Antimicrobiana ............................................... 83 5.4 Análise Multivariada ............................................................................. 88

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6 CONCLUSÕES ................................................................................. 95

REFERÊNCIAS ................................................................................... 97

APÊNDICE .............................................................................................. 114

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1 INTRODUÇÃO

Uma das maiores preocupações na área da saúde são as infecções

que podem ser causadas por diferentes micro-organismos patogênicos, sendo

que as bactérias e os fungos são aqueles que mais se destacam. Atualmente

enfrentamos desafios para o controle de diversas doenças infecciosas que

estão em crescimento e atingem a população em âmbito mundial

(LAXMINARAYAN et al., 2014).

A prevalência de doenças microbianas infecciosas e suas

complicações estão continuamente aumentando em todo o mundo,

principalmente devido à resistência microbiana aos fármacos anti-infecciosos

comumente utilizados. A resistência aos antibióticos tornou-se um dos

principais problemas da humanidade desde o final do século XX e pode ser

definida como a capacidade dos micróbios a persistirem, multiplicarem-se e

produzirem virulência apesar da administração de fármacos anti-infecciosos

(GINOVYAN; PETROSYAN; TRCHOUNIAN, 2017; ABDELMOHSEN et

al., 2017).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou em 2015, o

primeiro informe mundial sobre a resistência aos antibióticos, sendo

considerado uma grande ameaça para a saúde pública em todo o mundo, o

que levou mais tarde à publicação de uma lista de bactérias em que o uso de

novos antibióticos são urgentemente necessários, como Staphylococcus

aureus (OMS, 2017).

A necessidade de novos antimicrobianos capazes de lutar contra os

micróbios tem aumentado e os novos medicamentos não apresentam sucesso

suficiente devido ao aparecimento de organismos resistentes, sendo

importante encontrar novas abordagens para a descoberta de novos

compostos antimicrobianos. Os produtos vegetais são uma das fontes mais

promissoras e muitas vezes são considerados mais seguros quando

comparados com os compostos sintéticos. Cerca de um quarto dos

medicamentos antimicrobianos atuais são derivados de compostos de origem

vegetal (SAVOIA, 2012, GINOVYAN; PETROSYAN; TRCHOUNIAN,

2017). Os extratos obtidos de produtos naturais, apresentam diversas

atividades biológicas entre elas atividade antimicrobiana contra bactérias e

fungos (DUARTE et al., 2004; SILVA et al., 2010).

As plantas têm suas propriedades biológicas diretamente

relacionadas com a composição química, a qual pode ser afetada pelas

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variações ambiental, geográfica e circadiana (CERQUEIRA et al., 2009). A

sazonalidade é definida como sendo a época em que uma determinada planta

é coletada, trata-se de um estudo de extrema importância, tendo em vista que

a quantidade e a natureza dos compostos ativos podem variar durante o ano.

O que é frequentemente observado em praticamente todas as classes de

metabólitos secundários (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Algumas espécies da família Piperaceae apresentam significativa

atividade antimicrobiana, como por exemplo a Piper solmsianum, P.

malacophyllum, P. aduncum, P. amplum (CAMPOS et al, 2005 e 2007;

SANTOS et al., 2012; SANTOS et al., 2014; MÜLLER, 2011 ). Uma espécie

representativa da família Piperaceae é a Piper cernuum. É conhecida como

Pariparoba, João-guarandi-do-grado e Pimenta-de-morcego e tem sido

amplamente utilizada na medicina popular sendo a infusão das suas folhas

empregada como analgésico, especialmente para dores do estômago, contra

problemas do fígado, dos rins e da circulação (MARIOT; MANTOVANI;

REIS, 2003).

De maneira geral as Piperaceas são importantes agentes

antimicrobianos. Portanto, neste trabalho foi avaliado o potencial

antimicrobiano dos extratos de Piper cernuum através de ensaios para a

determinação da concentração inibitória mínima e a concentração

microbicida mínima sobre os organismos–alvo, bactérias, fungos

filamentosos e fungos leveduriformes. Os extratos foram obtidos dos caules,

folhas e inflorescências, coletados ao final das estações do outono de 2013 ao

verão de 2015 e verão de 2016 e submetidos a uma análise da variação

sazonal dos constituintes químicos através da cromatografia gasosa acoplada

à espectrometria de massas.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a influência da sazonalidade no conteúdo dos principais

constituintes químicos e na propriedade antimicrobiana dos extratos obtidos

dos caules, folhas e inflorescências de Piper cernuum.

2.2 Objetivos Específicos

• Obter extratos de caules, folhas e inflorescências de amostras

coletadas ao final das diferentes estações do outono de 2013 ao verão de 2015

e verão de 2016;

• Avaliar os extratos em relação ao rendimento em massa, e a

constituição química por técnicas de cromatografia em camada delgada

(CCD) e cromatografia gasosa acoplada à espectrofotometria de massas;

• Utilizar a bioautografia das amostras para identificar as

substâncias com potencial antimicrobiano;

• Inferir a atividade antibacteriana e antifúngica através da

determinação da concentração inibitória mínima (CIM) e da concentração

microbicida mínima (CMM);

• Mensurar a similaridade da constituição química e da atividade

antimicrobiana das amostras dos extratos através da análise estatística

multivariada.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Doenças Infecciosas

A teoria microbiana das doenças foi baseada nos trabalhos de Louis

Pasteur que demonstrou que a vida não surge espontaneamente da matéria

viva e Robert Koch que estabeleceu etapas para relacionar um micróbio a

uma doença. Essa teoria se desenvolveu ao longo do século XX, com a

identificação e a caracterização de muitos patógenos microbianos, seus

mecanismos patogenéticos e a introdução de agentes antimicrobianos

(GOODMAN; HARDMAN; LIMBIRD, 2005; TORTORA; FUNKE; CASE,

2012).

O final do século XX e início do XXI continuam a ter nas infecções

agenda de prioridades na saúde pública e entre as doenças mais relevantes,

três foram herdadas do século XIX, a hanseníase, a tuberculose e a malária

(PEDROSO; ROCHA, 2009).

As doenças infecciosas continuam a colocar em risco a medicina

moderna nas últimas sete a oito décadas, sendo as principais causas de

morbimortalidade mundial. Nos países de alta renda a mortalidade por

infecções do trato respiratório continua alta, apesar do acesso de qualidade

aos serviços de saúde e a disponibilidade de novos fármacos (ZUMLA et al.,

2016; ABDELMOHSEN et al., 2017).

Uma doença infecciosa é aquela em que patógenos invadem um

hospedeiro suscetível. Nesse processo, o patógeno efetua pelo menos uma

parte do seu ciclo de vida dentro do hospedeiro, o que com frequência resulta

em uma doença. Infecção é a invasão ou colonização do corpo por micro-

organismos patogênicos e a doença ocorre quando uma infecção resulta em

qualquer mudança no estado de saúde do hospedeiro (TORTORA; FUNKE;

CASE, 2012).

Patógenos zoonóticos e a crescente incidência de infecções

resistentes ao tratamento chama a atenção aos limites dos antimicrobianos

utilizados atualmente, que necessita de uma gestão de estratégias urgentes.

Em termos evolutivos, as interações hospedeiro-patógeno são dependentes

do micro-organismo conseguir sobreviver sem causar danos ao hospedeiro.

O hospedeiro, quando está inapto e adaptavelmente imune, mecanismos de

defesa governam se a infecção será contida ou progredirá para uma doença

clínica com recuperação ou morte (ZUMLA et al., 2016).

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A expectativa de erradicação das doenças infecciosas e propiciadas

pelo advento da teoria microbiana e pelo descobrimento da penicilina não se

confirmou, durante algumas décadas acreditou-se que com o descobrimento

dos antibióticos a humanidade venceria a guerra contra seus “inimigos

invisíveis” e teria aumentada a sua expectativa de vida (GRISOTTI, 2010).

Surtos de doenças infecciosas passaram a ter uma incidência

crescente em seres humanos, em um curto período de tempo. Essas doenças

apresentam riscos de aumento progressivo no futuro próximo e introduzem o

conceito de doenças emergentes e re-emergentes, também denominadas de

novas doenças infecciosas. Existem alguns fatores que determinam o

aparecimento das doenças infecciosas emergentes, como por exemplo as

mudanças evolutivas nos organismos existentes, a disseminação de doenças

conhecidas para novas regiões geográficas, o aumento da exposição humana

a agentes infecciosos novos e incomuns e o aumento dos níveis de resistência

a antimicrobianos (MARQUES, 1995; TORTORA; FUNKE; CASE, 2012).

As infecções por fungos oportunistas aumentaram acentuadamente

e hoje contribuem para a morbimortalidade em ambientes hospitalares. Este

crescimento foi em partes um resultado paradoxal dos avanços médicos

incindindo em indivíduos tratados com agentes antifúngicos de largo espectro

ou submetidos a procedimentos invasivos e na supressão imunológica

verificada em pacientes transplantados, na quimioterapia contra o câncer, nos

casos de síndrome de imunodeficiência adquirida, entre outras condições

debilitantes (MARQUES, 1995).

As infecções fúngicas invasivas, aumentaram o número de uso de

imunossupressores na terapêutica, contribuindo com os riscos de infecções

fúngicas oportunistas e invasivas, atingindo anualmente uma incidência de

2.949 casos (DUFRESNE et al., 2016).

As infecções fúngicas invasivas (IFI) estão associadas

criticamente a uma considerável mortalidade. As investigações estão focadas

nas doenças mais frequentes que são a candidíase e a aspergilose em

pacientes não-neutropênicos. Os pacientes criticamente doentes e tratados

atualmente fazem parte de um grupo muito heterogêneo, por este fato através

de estudos foram estabelecidas as definições sobre o que constitui uma IFI,

mas mesmo assim, as definições continuam a evoluir. Atrasos no tratamento

de pacientes críticos impacta negativamente nos resulados e as IFI não são

exceções a essa regra. Atualmente o que há de melhor, é o diagnóstico

precoce seguido de tratamento. A mais nova opção estratégica é a profilaxia

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que tem sido comprovadamente bem sucedida em outros contextos clínicos.

Evitar um sobretratamento em um grande grupo de pacientes doentes, pois

qualquer abordagem profilática necessita de uma população de alto risco, mas

atualmente não está claro como selecionar grupos-alvo adequados

(BASSETTI et al., 2017).

3.2 Agentes Antimicrobianos e Resistência Microbiana

Nas últimas décadas as doenças infecciosas continuam a colocar

em perigo a medicina moderna, em particular o desenvolvimento de fármacos

antimicrobianos. A resistência a fármacos comumente utilizados tornou-se

um dos principais problemas desde o final do século XX (ABDELMOHSEN

et al., 2017; GINOVYAN; PETROSYAN; TRCHOUNIAN, 2017).

Há relatos que desde o século XVII utilizavam-se fármacos para o

tratamento das infecções (como por exemplo a quinina para o paludismo, a

emetina para a amebíase). Porém, a quimioterapia como ciência começou

durante a primeira década do século XX, uma vez que se conheceram os

princípios da toxicidade seletiva, as reações químicas específicas entre os

micro-organismos patógenos e os fármacos, o surgimento da resistência

farmacológica e a participação da terapia combinada (BROOKS et al., 2010).

Os quimioterápicos são substâncias designadas a serem tóxicas aos

micro-organismos patogênicos, porém inócuas para o hospedeiro. O conceito

de agente antimicrobiano, engloba qualquer substância capaz de produzir

alteração nas estruturas de uma célula patogênica que consiga inibir o seu

desenvolvimento, alterando a sua viabilidade ou capacidade de

sobrevivência, de maneira direta ou indireta, o que facilita o funcionamento

dos sistemas de defesa do hospedeiro (VALDÉS, 2005; RANG et al., 2012).

A classificação de um antibiótico segundo Goodman; Hardman;

Limbirt (2005), e de um antimicótico de acordo com Valdés (2005), baseiam-

se segundo critérios relacionados com a sua estrutura química, sendo

derivados de substâncias produzidas por organismos vivos ou de síntese

química, de acordo com seu espectro de ação podendo ser amplo ou

restringido e de acordo com o sítio de ação.

Os micro-organismos têm a capacidade de se adaptar a variações

ambientais de diversas maneiras efetivas e a sua resposta à resistência aos

antibióticos não é uma exceção. Uma consequência inevitável do uso de

agentes antimicrobianos é a seleção de micro-organismos resistentes. O uso

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inapropriado de antibióticos em pacientes propiciou um aumento

significativo na prevalência de patógenos com resistência a múltiplos

fármacos. Os antimicrobianos muitas vezes são utilizados de maneira

inadequada incluindo a prescrição para pacientes que não têm infecções ou

os administram por períodos de tempo prolongado e o uso de múltiplos

fármacos ou de fármacos de amplo espectro quando não há necessidade

(KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014).

Pesquisas apontam que em países de alta renda, as taxas de uso de

antibióticos cotinuam altas, principalmente com a chegada de cepas

resistentes, forçando a mudança para antibióticos de amplo espectro e com

custos muito mais elevados. Já em países de baixa e média renda a utilização

de antibióticos está em ascenção devido o aumento da renda da população, as

altas taxas de hospitalização e a alta prevalência de infecções hospitalares

(LAXMINARAYAN et al., 2014).

Os antibióticos são utilizados principalmente na medicina humana,

mas também são utilizados na medicina veterinária como fator de

crescimento animal. São parte integrante da alimentação de animais que se

tornam alimento para o ser humano, além de serem utilizados para tratar uma

enfermidade, são também utilizados nas áreas de agricultura, aquicultura e

horticultura. Esses usos são os que mais representam fatores que levam a

resistência de muitos micro-organismos. Situação perigosa e mais grave que

o aparecimento de novas doenças. Essa resistência ocorre em velocidade

infinitamente maior do que o aumento da capacidade do complexo industrial

e de pesquisa biomédica em produzir novos agentes antinfecciosos

(PEDROSO; ROCHA, 2009; LAXMINARAYAN et al., 2014).

A resistência surge como consequência de mutações nos micro-

organismos e seleção que o uso de antibióticos proporciona, sendo uma

vantagem competitiva para as cepas que a desenvolvem, ocasionando no

principal problema que ameaça o sucesso continuado dos fármacos

antimicrobianos. Pode ser definida como a capacidade dos micro-organismos

para persistirem, multiplicarem-se e produzirem virulência, apesar da

administração de fármacos anti-infecciosos (LAXMINARAYAN et al.,

2014; ABDELMOHSEN et al., 2017). A suscetibilidade microbiana reflete

nas suas variações fenotípicas, sendo inerentes a processos adaptativos em

geral pelo uso de antimicrobianos e o fator mais comum, que são as alterações

genotípicas ou através da aquisição de novas informações genéticas através

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da codificação de elementos de resistência (ABREU; MCBAIN; SIMÕES,

2012).

O Relatório Global sobre Vigilância da OMS (2014), centrou-se

na resistência aos antibacterianos e antifúngicos e sobre a magnitude deste

problema. Essa informação foi necessária para ações urgentes de saúde

pública. Um importante propósito para esse relatório foi compilar

informações sobre patógenos de grande importância clínica, além de avaliar

e acompanhar a situação da resistência.

Em 2017, a OMS publicou uma lista de bactérias em que o uso de

novos antibióticos são urgentemente necessários, com o objetivo de orientar

e promover o desenvolvimento de novos medicamentos como parte para

enfrentar a crescente resistência global aos anti-infecciosos. A lista destaca

em particular, bactérias resistentes a múltiplos fármacos e que possuem

habilidades para encontrar novas maneiras de resistir ao tratamento, passando

ao seu material genético, permitindo que outras bactérias tornem-se

resistentes também. Algumas bactérias citadas na lista são Staphylococcus

aureus, Helicobacter pylori e Pseudomonas aeruginosa.

Patógenos frequentemente adquirem resistência aos antibióticos a

partir de outras fontes, como por exemplo as bactérias do solo que são

consideradas como um importante reservatório de genes de resistência. Há

relatos de que já foram identificados cerca de 3.000 genes que conferem

resistência a antibióticos e uma fração mínima desses genes é compartilhada

para patógenos humanos. Os genes de resistência são muitas vezes adquiridos

por patógenos de outras fontes, permitindo que bactérias estejam relacionadas

à transferência de genes por ação de bacteriófagos, plasmídeos conjugados

ou pela absorção de DNA livres no ambiente. Todos esses mecanismos são

conhecidos por contribuirem para a resistência em patógenos humanos, mas

a origem dos genes de resistência são clinicamente relevantes e permanecem

indescritíveis (SOMMER, 2014).

A necessidade de novos antimicrobianos capazes de lutar

eficazmente contra os micro-organismos vêm aumentado. As abordagens

tradicionais para encontrar novos fármacos não são suficientes devido ao

desenvolvimento de resistência rápida e por isso torna-se importante

encontrar novas abordagens para o descobrimento de novos compostos

antimicrobianos (GINOVYAN; PETROSYAN; TRCHOUNIAN, 2017).

Diante disso, continuamente desenvolvem-se pesquisas com o

intuito de investigar novos alvos para agentes antimicrobianos. A maioria dos

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antibióticos atuais é produzida por algum micro-organismo. O interesse agora

está focado em antibióticos produzidos por plantas e animais (TORTORA;

FUNKE; CASE, 2012; KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014).

Algumas das substâncias que mais salvaram vidas humanas em toda

a história são as de origem natural. Estas ocupam posição de destaque quando

o assunto é o desenvolvimento de novos fármacos, principalmente na área de

quimioterapia de doenças infecciosas. Outro dado relevante aparece na

análise do número de produtos naturais e seus derivados que figuram na lista

de medicamentos considerados essenciais pela OMS (FERREIRA, 2012).

3.3 Atividade Antimicrobiana

Apesar dos vastos efeitos globais na luta contra as infecções, elas

ainda causam uma em cada quatro mortes em todo o mundo. A continuidade

de epidemias de tuberculose e o aparecimento de novos agentes patogênicos

zoonóticos representam um dos principais desafios de gestão clínica e por

isso novas abordagens para melhorar os resultados do tratamento são reduzir

a morbimortalidade causadas por essas doenças (ZUMLA et al., 2016).

Mesmo antes da penicilina ser introduzida, cepas resistentes de

bactérias já tinham sido detectadas. O uso de antibióticos durante os últimos

75 anos desde que foram introduzidos, fez quase todas as bactérias

causadoras de doenças tornarem-se resistentes a anti-infecciosos comumente

usados. A rápida evolução da resistência bacteriana pode ser observada, pois

cerca de 1.000 β-lactamases relacionadas com a resistência foram

identificadas, dez vezes mais desde antes de 1990. Genes resistentes que

nascem no cromossomo estão sendo transmitidos progressivamente em

elementos extra-cromossomomais. O resultado é a origem de clones

resistentes como S. aureus meticilina resistente (MRSA), E. coli e Klebsiella

(LAXMINARAYAN et al., 2014).

Nos últimos quatro anos, relatórios e declarações de posição

governamentais e de saúde regional e global, reconheceram finalmente a

resistência microbiana aos medicamentos. Foram realizadas discussões

regulares com argumentos bem fundamentados entre a comunidade cietífica

nos últimos 25 anos, sem o reconhecimento aparente do poder legislativo. No

entando, a OMS, os centros de controle e prevenção de doenças, a Cúpula do

G7 e os governantes de vários países têm solicitado mudanças na prática

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clínica e no desenvolvimento de novas abordagens para o controle da

infecção e incentivo à pesquisa básica (WAINWRIGHT et al., 2017).

A idade de ouro da descoberta de antibióticos entre 1929 e 1970

viu mais de 20 novas classes de antibiótico chegar ao mercado. O resultado é

que a descoberta de novas classes de antibióticos ativos contra as bactérias

Gram negativas altamente resistentes é quase nula. No entanto, a situação

para Gram-positivos é melhor porque compostos de duas novas classes têm

sido comercializadas nos últimos 15 anos (linezolida em 2000 e daptomicina

em 2006). Diante disso, se o mundo quiser voltar para a idade de ouro precisa

desenvolver novas classes de antibióticos e terá que lançar 20 novas classes

para chegar ao mercado nos próximos 20-60 anos (LAXMINARAYAN et

al., 2014).

Os produtos naturais são alvo de investigação científica na área de

síntese de medicamentos e modificação estrutural para a descoberta de novos

agentes anti-infecciosos (CRAGG; NEWMAN, 2016). Os extratos obtidos a

partir de plantas medicinais demonstraram-se eficientes no controle de

infecções causadas por fungos, bactérias Gram-negativas e Gram-positivas e

possuem grande importância terapêutica contribuindo para a descoberta e o

desenvovimento de novos fármacos (DUARTE et al., 2004; SIMÕES et al.,

2010; CRAGG; NEWMAN, 2016).

Embora os mecanismos exatos de ação dos produtos naturais

antimicrobianos (PNAs) não estejam bem definidos, alguns métodos já foram

relatados. Estes incluem o rompimento da membrana celular bacteriana,

levando à perda do potencial de membrana, causando a morte celular. Alguns

exemplos, são as propriedades antimicrobianas dos flavonoides, terpenoides

e derivados tais como carvacrol, timol, eugenol e algumas catequinas (Figura

1) que agem interagindo com as proteínas da membrana dos patógenos,

levando a uma maior permeabilidade, perturbação e ruptura da membrana

celular (UPADHYAY et al., 2014).

Propriedades intrínsecas de diferentes patógenos contribuem para

determinar a sua patogenicidade, que é a capacidade de um micro-organismo

em causar doença. A medida da patogenicidade é denominada virulência

(MADIGAN et al., 2016).

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Figura 1. Exemplos de produtos naturais antimicrobianos (PNAs).

Fonte: base de dados NIST (Mass Spectral Library).

Um fator que pode aumentar a virulência de algumas espécies

bacterianas é a formação de uma cápsula ao redor de sua parede celular, que

resiste às defesas do hospedeiro por impedir a fagocitose (processo de

destruição do micro-organismo), algumas bactérias contem em sua parede

celular substâncias químicas que contribuem para a virulência (TORTORA;

FUNKE; CASE, 2012).

Os PNAs podem inibir as cápsulas bacterianas que é um

importante fator determinante da virulência. Muitas bactérias patogênicas,

incluindo a S. aureus, possuem essa cápsula protegendo-as da fagocitose,

aumentando a sua sobrevivência dentro do hospedeiro e a sua adesão celular

(UPADHYAY et al., 2014).

Os PNAs podem ser utilizados aumentando a suscetibilidade das

bactérias à terapia medicamentosa, revertendo a resistência a múltiplos

fármacos. Esse mecanismo pode ser observado quando há a inibição da

enzima bacteriana, como por exemplo a β-lactamase, responsável pela

degradação do antibiótico. Os PNAs são potentes inibidores e moduladores

da bomba de efluxo contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas,

aumentando a sensibilidade do patógeno (UPADHYAY et al., 2014).

A membrana externa das bactérias Gram-negativas (Figura 2) é

conhecida por apresentar um envelope celular compreendendo uma

membrana externa e uma membrana interna, que é uma sofisticada

macromolécula que protege a célula de qualquer agente externo tóxico. As

proteínas de membrana, denominadas porinas são envolvidas na regulação da

acumulação interna de moléculas hidrofílicas, desempenhando um papel

crucial no fornecimento de uma camada extra de proteção, formando uma

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barreira seletiva e impermeável aos antibióticos (HOLETZ et al., 2002; YAP

et al., 2014).

O lipopolissacarídeo (LPS) é o principal componente da

membrana externa das bactérias Gram-negativas, contribuindo para a

integridade estrutural das bactérias, formando uma barreira de

permeabilidade (YAP et al., 2014). A camada de peptidoglicano das bactérias

Gram-positivas (Figura 2) é formada por macromoléculas entrecruzadas que

recobrem as paredes bacterianas (BROOKS et al., 2010).

Figura 2. Ilustração da parede celular das bactérias Gram-positivas e Gram-

negativas

Fonte: Madigan et al., 2016.

A atenuação do fator de virulência pode controlar as infecções

causadas em seres humanos, sendo um dos principais alvos para intervenções

terapêuticas dos PNAs. O “quórum sensing” controla a expressão de genes

que codificam fatores de virulência em muitos micro-organismos, há

evidências de que as plantas produzem sensores “antiquorum”, desregulando

a expressão de genes de virulência em micróbios (UPADHYAY et al., 2014).

O papel na detecção do “quórum” é bem conhecido na

patogenicidade e resistência aos antibióticos, as bactérias Gram-negativas

utilizam lactonas de homoserina aciladas (AHL) para sinalização e as

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bactérias Gram-positivas utilizam oligopeptídeos modificados (YAP et al.,

2014).

As toxinas microbianas são substâncias químicas críticas para a

virulência e patogênese no hospedeiro, incluem as exotoxinas (secretadas por

bactérias), endotoxinas (liberadas após a lise celular) e as micotoxinas, que

são metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos com diversas

estruturas químicas e biológicas. Há relatos de que os extratos vegetais são

comprovadamente eficazes contra as toxinas produzidas por S. aureus, E. coli

e Aspergillus spp. (UPADHYAY et al., 2014).

Na avaliação da atividade antimicrobiana de extratos podem ser

utilizados diferentes métodos, sendo os mais conhecidos: método por difusão

em ágar e métodos de macrodiluição e microdiluição em caldo, esses são

utilizados para analisar quantitativamente a atividade in vitro de um agente

antimicrobiano. Na determinação da concentração inibitória mínima (CIM)

ou da concentração microbicida mínima (CMM) de extratos vegetais utiliza-

se mais frequentemente o método de microdiluição em caldo, pois o tipo de

micro-organismo, a concentração e a quantidade de cada composto utilizado

no ensaio podem influenciar no resultado final. Além disso, esse sistema de

teste é ideal por ser simples, rápido, com alta reprodutibilidade, baixo custo,

utiliza pouca amostra e lida com um número variado de extratos e frações

(SMÂNIA-Jr. et al., 2007; OSTROSKI et al., 2008; BONA et al., 2014).

A bioautografia é um método útil para a localização de compostos

com ação antimicrobiana em um cromatograma de um extrato obtido de

produtos naturais, o que permite o isolamento “biodirecionado” de compostos

ativos. O ensaio é também chamado de bioautografia por imersão e consiste

na preparação de placas de cromatografia em camada delgada (CCD) com os

extratos ou frações. Após eluição em um sistema de solvente adequado, é

coberta por uma fina camada de meio de cultura sólido fundido inoculado

com o micro-organismo testado. Durante a incubação da placa, os compostos

deverão ultrapassar o meio por difusão e após a incubação pode-se observar

halos de inibição do crescimento microbiano em volta dos componentes

ativos (BELLA CRUZ et al., 2010).

O ensaio com cromatograma pode fornecer informações sobre a

natureza dos compostos ativos. A vantagem do método da bioautografia é a

possibilidade de utilizar diferentes fases móveis contendo solventes com

diferentes polaridades, principalmente na localização de compostos com

matriz complexa (SMÂNIA-Jr. et al., 2007).

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O ensaio do efeito de associação é um outro método utilizado para

verificar as possíveis combinações de agentes antimicrobianos aos testes de

sensibilidade. Os métodos mais utilizados para avaliação da associação entre

agentes antimicrobianos são os de “checkerboard” e de “time kill”. Existem

quatro classificações possíveis na interpretação dos resultados da associação,

sendo indiferente (quando a combinação de agentes antimicrobianos

promove efeitos iguais ao do composto mais ativo), aditivo (quando a

combinação de agentes antimicrobianos é igual ao da soma dos efeitos dos

compostos individuais), sinergismo (quando a combinação de

antimicrobianos exceder a soma dos efeitos dos compostos individuais) e

antagonismo (quando a combinação de antimicrobianos promove uma

redução na ação em comparação com o efeito do composto individual mais

eficiente) (CHANG et al., 2007; ABREU; MCBAIN; SIMÕES, 2012).

3.4 Produtos Naturais

O Brasil possui a maior cobertura de florestas tropicais do mundo e

a mais rica biodiversidade do planeta. As plantas são muito utilizadas para

diversas finalidades, principalmente pela medicina tradicional através do uso

de produtos naturais (CRAGG; GROTHAUS; NEWMAN, 2012; SILVA,

2012; JOUBOUHI et al., 2017).

Cragg e Newman (2016), abordaram a utilização de produtos

naturais e/ou suas novas estruturas, com finalidade de descobrir e

desenvolver a entidade final do fármaco. A área de medicamentos anti-

infecciosos é dependente da influência das estruturas dos produtos naturais,

chamando a atenção para o reconhecimento da rápida evolução de que um

número significativo de medicamentos são produzidos por micróbios e/ou

suas interações com o hospedeiro de onde foi isolado e portanto, a área de

pesquisa em produtos naturais deve ser expandida significativamente.

Cada organismo realiza dentro de si uma rede integrada de reações

com enzimas celulares catalisadoras, cuja soma é considerada metabolismo.

A extensão dessa rede varia de um organismo para outro devido as diferenças

nas características individuais, sendo que, essas reações costituem as vias

metabólicas. De todos os organismos vivos, as plantas são mais eficientes na

elaboração de compostos orgânicos com uma grande diversidade molecular,

iniciada pelo processo da fotossíntese, da qual plantas utilizam-se da luz solar

para produzirem compostos orgânicos, como por exemplo os carboidratos e

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os lipídios. Essas moléculas são essenciais para sustentar a vida e estão em

quase todos os sistemas vivos, e, portanto, são chamados de metabólitos

primários. Uma outra área do metabolismo responsável por formar moléculas

mais complexas, são os metabólitos secundários, que envolvem reações

geneticamente controladas e catalisadas por enzimas. Os produtos resultantes

são de distribuição limitada ou restrita e ocorrem apenas em certos grupos de

organismos, gêneros e espécies de plantas (TALAPATRA, 2015).

Algumas espécies vegetais sintetizam como metabólitos

secundários, substâncias de defesa contra predadores, substâncias que

promovem proteção contra a foto-destruição ocasionada pela radiação ultra-

violeta ou substâncias produzidas pela ação de fatores mecânicos que podem

causar danos à planta. Estes compostos despertam grande interesse pelas

atividades biológicas produzidas, como por exemplo os óleos essenciais que

são derivados do metabolismo secundário das plantas e alguns fatores podem

afetar a produção desses compostos. Para isso, análises do crescimento

vegetal estão sendo amplamente utilizados para determinar a capacidade da

planta em utilizar compostos orgânicos disponíves no ambiente como fatores

que podem influenciar na produção de metabólitos secundários (GOBBO-

NETO; LOPES, 2007; SILVA et al., 2010; AZEVEDO et al., 2016).

Os metabólitos secundários de plantas são muitas vezes,

responsáveis por sua atividade antimicrobiana. Os principais grupos

fitoquímicos que apresentam essas propriedades são os fenóis e polifenóis

(flavonoides, quinonas, taninos, cumarinas), terpenóides, alcalóides, lectinas

e polipeptídeos. Existem vários mecanismos subjacentes à ação

antimicrobiana de compostos derivados de plantas, podem atuar rompendo as

membranas microbianas como o carvacrol, timol e eugenol, ou prejudicando

o metabolismo celular como o cinamaldeído. Eles também podem controlar

a formação de biofilme como o trans-cinamaldeído, carvacrol, timol,

geraniol. Os antimicrobianos vegetais podem inibir a produção de cápsulas

bacterianas e alguns compostos podem atenuar o fator de virulência

controlando o “quorum-sensing”. Outro mecanismo de ação é a redução da

produção de toxina microbiana ou atuando como agentes modificadores de

resistência (RMAs), que atualmente são consideradas como uma das maiores

formas de combater a resistência bacteriana como o nerolidol, bisabolol e

apritone (ABREU; MCBAIN; SIMÕES, 2012; UPADHYAY et al., 2014;

GINOVYAN; PETROSYAN; TRCHOUNIAN, 2017).

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Os extratos são produtos obtidos a partir de matérias-primas vegetais

através de várias metodologias de extração ou dissolução empregando-se

solventes adequados e em qualquer relação de concentração entre a matéria-

prima e o meio líquido. O principal objetivo é a extração de determinados

componentes com a maior especificidade, podendo ser em meio aquoso,

hidroetanólico ou oleosos. Extratos de várias espécies mostraram-se

eficientes no controle de fungos relacionados a infecções da pele, sobre

bactérias patogênicas bucais e sobre uma variedade de bactérias Gram-

negativas e Gram-positivas (DUARTE et al., 2004; SIMÕES et al., 2010).

Extratos líquidos podem ser preparados com a restituição de

produtos secos ou concentrados e deve-se conhecer a relação droga:extrato

de partida que trata-se da concentração da matéria-prima vegetal no produto

a recompor, como por exemplo a indicação de que uma parte do extrato

representa cinco partes da matéria-prima, ou seja, na proporção de 5:1

(COUTO; VITORINO; SILVA, 2010).

O preparo dos extratos brutos das plantas caracteriza-se sendo o

ponto de partida para uma purificação, por isso a escolha do solvente, o

processo para a extração, o uso de plantas secas ou in natura interferem

diretamente na eficiência de extração e nos resultados do estudo

experimental. A escolha do material de acondicionamento também influi na

qualidade do extrato, uma vez que há interação entre o conteúdo e o exterior

da embalagem sendo mais intensas para as formas líquidas, especialmente

tratando-se de extratos hidroalcoólicos pois estão presentes substâncias com

elevada polaridade sendo mais propensas a perdas de constituintes quando

envasados em frascos plásticos (MALHEIROS et al., 2010).

Os processos de fracionamento de extratos vegetais para o

isolamento de substâncias ativas podem ser monitorados por ensaios de

direcionamento para a avaliação de atividade biológica, como por exemplo a

utilização de métodos cromatográficos que direciona as operações para o

isolamento dos compostos com maior interesse (SIMÕES; SANTOS;

FALKENBERG, 2010).

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3.5 Estudos de Sazonalidade

As plantas têm suas propriedades biológicas diretamente

relacionadas com a composição química, a qual pode ser afetada pelas

variações ambiental, geográfica, sazonal e circadiana (Figura 3). É possível

inferir que o regime de chuvas pode influir na concentração de alguns

componentes e não na de outros (CERQUEIRA et al., 2009). A sazonalidade,

ou seja, a época em que uma determinada planta é coletada é de extrema

importância, tendo em vista que a quantidade e, muitas vezes, a natureza dos

compostos ativos pode variar durante o ano. O que é frequentemente

observado em praticamente todas as classes de metabólitos secundários

(GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Figura 3. Ilustração dos principais fatores que podem influenciar na

constituição química de plantas.

Fonte: Gobbo-Neto e Lopes, 2007.

As plantas podem se adaptar a uma faixa considerável de

temperatura, que é uma consequência de outros fatores como a altitude e a

sazonalidade. As variações na temperatura que podem ocorrer anualmente,

mesalmente e diariamente são fatores que podem influenciar a produção de

metabólitos secundários. Outros fatores importantes e que estão atrelados a

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essa variação são a disponibilidade hídrica, que alteram fatores fisiológicos

da planta, estimulando ou suprimindo a produção de determinados

constituintes químicos e a intensidade da radiação ultravioleta que pode

variar de acordo com a estação do ano (GOBBO-NETO; LOPES, 2007).

Além de estabelecer parâmetros farmacognósticos básicos das

plantas e estabelecer uma quantificação analítica de seus contituintes

químicos, para garantir uma padronização completa de um produto

fitoterápico se faz necessário conhecer a influência de outros fatores sobre a

qualidade química da matéria-prima vegetal. Como por exemplo as raízes de

uma planta, que podem apresentar variabilidade ao longo das diversas

estações do ano ou ao serem secas e extraídas de diferentes formas. Um outro

fator a ser considerado durante a colheita é o estágio de desenvolvimento da

planta, pois variações grandes no conteúdo do princípio ativo são

frequentemente observadas quando se varia a época da colheita e de acordo

com as substâncias presentes na planta, existem horários em que sua

concentração é maior (VIGO; NARITA; MARQUES, 2004).

Características de plantas e suas relações com fatores ambientais têm

sido descritas com o objetivo de promover comparações em nível global, pois

as características foliares são citadas como principais indicadores no

relacionamento do uso de recursos, biomassa e funcionamento do

ecossistema por serem de fácil quantificação e estarem diretamente

relacionadas à sua fisiologia (CARVALHO et al., 2007).

Estudos têm procurado observar a ação da sazonalidade sobre o

potencial antimicrobiano de extratos vegetais. Schimidt et al. (2008)

verificaram que o potencial antimicrobiano de extratos etanólicos de

Baccharis trimera não foi alterado expressivamente em função do período de

coleta. Por outro lado, Hess et al. (2007) observaram que extratos produzidos

a partir de partes de aéreas de Elyonurus miticus coletadas na primavera

foram mais efetivos sobre bactérias gram-positivas. No entanto, Cardoso et

al. (2010) verificaram que apesar dos extratos de Aloe arborescens

apresentarem atividade antimicrobiana, a sazonalidade não influenciou o

potencial antimicrobiano do extrato etanólico.

A atividade antibacteriana do extrato etanólico da própolis coletada

através de diferentes métodos e em diferentes estações do ano, foi avaliada

sobre S. aureus e E. coli e os resultados obtidos mostram que a sazonalidade

e o método de coleta afetam significativamente a atividade antimicrobiana do

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extrato contra as duas bactérias testadas, principalmente na estação do

inverno (SOUZA et al., 2014).

A sazonalidade também foi avaliada identificando e quantificando

os principais metabólitos secundários presentes nos extratos etanólicos e

aquosos das folhas de Eremanthus mattogrossensis e verificou-se uma alta

correlação entre a quantidade de metabólitos secundários e a sazonalidade,

indicando que as propriedades ambientais promovem importantes respostas

metabólicas. Foi encontrada uma forte correlação entre as concentrações mais

elevadas de ácidos cafeoilquínicos e flavonoides na estação chuvosa, onde a

temperatura e a radiação UV são mais intensas, o que pode resultar em um

aumento na concentração de compostos fenólicos (GOUVEA et al., 2012).

Gasparetto et al. (2017), demonstraram que a sazonalidade

influenciou na atividade antimicrobiana e na constituição química qualitativa

e quantitativa do óleo essencial das folhas de P. cernuum, porém não

estabeleceu uma correlação direta entre as concentrações dos compostos com

atividade antimicrobiana.

3.6 Gênero Piper

Uma das famílias representativas da floresta Amazônica Brasileira é

a Piperaceae. Conhecida tradicionalmente como aromática é uma das mais

complexas e diversas entre as angiospermas basais, razão pela qual a

definição do número de gêneros e espécies que a compõem. Sua filogenia e

modelo de diversidade floral é, na atualidade, motivo de grandes

controvérsias. Para alguns autores, incluem 14 gêneros e em torno de 1950

espécies, amplamente distribuídas em ambos hemisférios. No Brasil,

encontram-se quatro gêneros, detacando-se os gêneros Peperomia e Piper

(JARAMILLO; MANOS, 2001; POTZERNHEIM; BIZZO; VIEIRA, 2006;

PAREDES et al., 2012).

O gênero Piper está distribuído em ambos hemisférios. Apresentam

um alto valor econômico, comercial e importância medicinal. As espécies de

Piper tem sido amplamente investigadas quanto a sua fitoquímica, levando

ao isolamento de um número de compostos fisiológicamente ativos, como os

alcalóides, as amidas, propenilfenóis, lignanas, neolignanas, terpenos,

esteróides, kawapironas, piperólidas, chalconas, di-hidrochalconas, flavonas

e flavanonas, dentre outros (PARMAR et al., 1997; DANELLUTE et al.,

2005). Algumas espécies produtoras de óleo essencial são a Piper arboreum,

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P. cernuum, P. hispidum, P. regnellii, e P. tuberculatum e são amplamente

utilizadas para fins medicinais (MESQUITA et al., 2005; POTZERNHEIM;

BIZZO; VIEIRA, 2006; GONÇALVES et al., 2014).

Vários estudos vêm sendo desenvolvidos com as espécies de Piper

a fim de identificar os seus componentes químicos. São classificadas

morfologicamente com folhas simples e alternadas, os caules são divididos

por nós largos e salientes e são chamados de Piper “bones” por quebrarem

facilmente. As inflorescências são distintas particularmente, sendo formadas

por dezenas a milhares de minúsculas flores, presas a um pendúculo, assim

que as flores amadurecem, formam-se entre si múltiplos grupos de frutas que

apresentam-se apenas em algumas espécies (YUNCKER, 1958; PALMER;

DYER, 2004; GOGOSZ et al., 2012).

O Piper methysticum é uma planta que se destaca pelas suas

propriedades farmacológicas, tendo efeitos ansiolíticos e indutores de

relaxamento e sono. É conhecida popularmente como kava-kava, sendo usada

na forma de bebida em rituais religiosos por suas propriedades psicoativas.

Sua composição química é caracterizada pela presença de taninos, ácido

benzóico, ácido cinâmico, bornil-cinamato, dentre outros (BARBOSA;

LENARDON; PARTATA, 2013).

A amida natural piperina está presente em diferentes espécies do

gênero Piper e exibe propriedades biológicas relevantes, como por exemplo:

atividade amebicida, antidepressiva, antifúngica, inibição da resistência

bacteriana, leishmanicida (GOSHAL; PRASAD; LAKSHMI, 1996;

JURCEVIC, 2015; CAMPOS et al., 2005; SANGWAN et al., 2008;

FERREIRA, 2012).

Em estudos de avaliação da composição química e da atividade

biológica do óleo essencial de P. malacophyllum, foram identificados 28

componentes de natureza terpênica, sendo a cânfora o constituinte

majoritário. Os resultados obtidos para a avaliação da atividade

antibacteriana do óleo essencial de P. malacophyllum sugerem uma

classificação para esta atividade, definindo como forte para os óleos que

possuem CIM até 500 µg/mL, moderada para CIM de 600 a 1500 µg/mL e

fraca para CIM acima de 1500 µg/mL. O óleo apresentou atividade

antibacteriana classificada como fraca contra todas as bactérias testadas.

Também foram obtidos resultados da avaliação antifúngica, apresentando

atividade fraca a moderada contra os fungos testados (SANTOS et al., 2012).

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Santin et al. (2011) não observaram toxicidade nos ensaios com

doses fixas do extrato etanólico das folhas e caules de P. aduncum. O

potencial genotóxico não foi observado nos ensaios em que células de medula

óssea foram empregadas e o potencial mutagênico foi avaliado através de

ensaios empregando-se a levedura Saccharomyces cerevisae, onde não houve

danos ao DNA, confirmando baixa mutagenicidade.

Campos et al. (2005 e 2007) verificou que o extrato metanólico de

P. solmsianum, apresentou atividade antimicrobiana contra fungos e bactérias

Gram-positivas.

3.7 Piper cernuum: características botânicas, químicas e farmacológicas

Piper cernuum, é uma espécie representativa da família Piperaceae

caracterizada por apresentar um arbusto com até 6 m de altura com folhas

grandes de até 40 cm de comprimento (Figura 4). Suas flores estão inseridas

em uma espiga, formando uma inflorescência de até 60 cm de comprimento.

É conhecida como Pariparoba, João-guarandi-do-grado e Pimenta-de-

morcego e tem sido amplamente utilizada na medicina popular sendo a

infusão das suas folhas empregada como analgésico, especialmente para

dores do estômago, contra problemas do fígado, dos rins e da circulação

(GUIMARÃES; VALENTE, 2001; DI STASI et al., 2002; MARIOT;

MANTOVANI; REIS, 2003).

Esta espécie possui preferência em áreas que possuem clareiras ou

beira de regatos e locais com solos úmidos. Ocorre na Mata Atlântica, com

predominância nos estados de Amazonas, Ceará, Bahia, Espírito Santo, Rio

de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina onde é uma

espécie muito comum na floresta Ombrófila Densa, a grande densidade que

essa espécie apresenta nas florestas primárias do Vale do Itajaí até as

proximidades da Serra do Tabuleiro, sendo estes seu limite austral, uma vez

que não há registros da mesma mais ao sul (GUIMARÃES; VALENTE,

2001; MARIOT; MANTOVANI; REIS, 2003).

A luz solar foi definida como o fator de maior influência na

distribuição demográfica de P. cernuum, mas vários outros fatores podem

determinar sua distribuição, como por exemplo o modo de dispersão das

sementes, a sua fisiologia e a interação com patógenos e predadores. A sua

exploração geralmente é predatória e ilegal e ações para conservação desses

ecossistemas como fonte de recursos terapêuticos e econômicos tornam- se

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importantes para o desenvolvimento de estratégias de manejo sustentável

(MARIOT; MANTOVANI; REIS, 2003; MARIOT et al., 2007).

Figura 4. Foto ilustrativa das partes aéreas de Piper cernuum.

Fonte: Malheiros, 2014.

Alguns estudos com a P. cernuum envolvem a investigação de

moléculas bioativas relacionadas com os processos regulatórios do

metabolismo secundário. Foi descrita a ocorrência de quatro derivados do

ácido cinâmico, juntamente com a lignana cubebina nas folhas

(DANELLUTE et al., 2005). Nas análises realizadas com o óleo volátil foram

identificados derivados de origem monoterpênicas e sesquiterpênicas

(CAPELLO et al., 2014). O perfil metabólico baseado em análises

multivariadas dos dados de espectrometria de massas com ionização

electrospray e de ressonância magnética nuclear de extratos brutos de P.

cernuum foi caracterizado pela produção de lignanas (YAMAGUCHI et al.,

2011).

Estudos com a P. cernuum foram realizados por pesquisadores do

grupo Núcleo de investigações Químico-Farmacêuticas da Univali com

resultados promissores. A atividade antimicrobiana do óleo essencial foi

avaliada contra bactérias e fungos. Foram obtidos bons resultados para os

dermatófitos testados, com atividade mais pronunciada contra Microsporum

canis, Trichophyton mentagrophytis e uma atividade moderada contra

Epidermophyton flocosum. Por outro lado, o extrato etanólico apresentou

atividade apenas contra um dos fungos leveduriformes testados, o

Cryptococcus neoformans (SCHMIT; RIFFEL, 2010).

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Em estudos realizados através de ensaios de bioautografia, Müller

(2011), obsevou a formação de um halo de inibição de crescimento do S.

aureus correspondente ao extrato etanólico bruto das partes aéreas de P.

cernuum, revelando que possui substâncias em sua composição com

atividade antibacteriana. Ensaios foram realizados para avaliar o potencial

citotóxico e mutagênico dos extratos. O ensaio de micronúcleo demonstrou

que o extrato não foi capaz de induzir mutagenicidade e no ensaio sobre a

levedura Sacharomyces cerevisae observou-se que não houve indução de

mutagenicidade até a dose máxima testada de 500 µg/mL.

Santos (2014) caracterizou o teor de flavonoides e de fenólicos totais

de extratos etanólicos a 70º GL e 90º GL. Os resultados obtidos

demonstraram que na solução de 70º GL há predominância de flavonoides,

porém na solução de 90º GL há predominância de fenólicos. Neste mesmo

estudo, as soluções extrativas foram avaliadas quanto a sua atividade

antioxidante, demonstrando que o aumento no teor de fenólicos resultou no

aumento do potencial antioxidante, sendo o maior potencial antioxidante para

P. cernuum quando comparado com o extrato das outras espécies de Piper

analisadas.

Jurcevic (2015) analisou os extratos das folhas e dos caules de P.

cernuum quanto ao seu perfil fitoquímico e observou que a composição

química varia por parte da planta e que diferem- se entre si em relação a sua

concentração. Nos extratos das folhas destacam-se as lignanas e nos caules

os derivados de ácidos cinâmicos. Os resultados do estudo do potencial

antidepressivo das folhas foi de considerável importância pois sugere efeito

tipo-antidepressivo que pode ser explicado pela presença das lignanas.

Maia (2016) avaliou o mecanismo de ação da atividade

antidepressiva do extrato etanólico das folhas de P. cernuum e observou que

a lignana cubebina está presente em maior concentração que sugere

apresentar um efeito tipo-antidepressivo, assim como o trans-

dihidroagarofurano, um sesquiterpeno que apresenta efeito tipo-

antidepressivo.

O extrato hidroalcoólico das folhas de P. cernuum foi submetido ao

ensaio cometa in vitro sendo caracterizado por ser um teste que avalia a

genotoxicidade capaz de detectar danos ao DNA. Foram avaliadas diferentes

concentrações do extrato em leucócitos do sangue periférico. Os resultados

demonstram que em nenhuma das concentrações testadas resultaram em

aumento significativo de dano ao DNA, ou seja, não houve genotoxicidade

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quando comparado ao controle de tampão fosfato-salino (PBS) (GUOLLO;

TRAVESSINI; VITORINO, 2016).

Gon e Schaeffer (2016), identificaram nos extratos dos caules os

constituintes químicos trans-dihidroagarofurano, elemol, guaiol, β-eudesmol,

éster do ácido palmítico, aldol, ácido linoleico, éster etílico do ácido linoleico,

fitol, cumarato de bornila, ferulato de bornila, hinoquinina, cubebina e

sesamina. Sendo que isolaram os compostos trans-dihidroagarofurano,

cumarato de bornila, α-cubebina e β-cubebina como mistura. No mesmo

estudo, através do ensaio de bioautografia dos extratos dos caules e

inflorescências observou-se a formação de halo de inibição de crescimento

bacteriano frente ao S. aureus. Sugeriu-se que o constituinte responsável por

essa ação seja o cumarato de bornila. Este foi o único dos compostos testados

que apresentou atividade antibacteriana, porém o extrato das folhas não foi

ativo frente ao mesmo micro-organismo testado, por não conter o cumarato

de bornila em sua composição.

Outros trabalhos encontrados na literatura citam o isolamento dos

metabólitos secundários das folhas de P. cernuum, derivados de ácidos

cinâmicos como 3,4-dimetoxi-diidrocinamato de metila, ácido 3,4-dimetoxi-

diidrocinâmico, 3,5-dimetoxi-4-hidroxi-diidrocinamato de metila e 3,5-

dimetoxi-4-hidroxicinamato de metila, além da identificação de lignanas da

classe das cubebinas. Através da análise do extrato obtido e em suspensão de

cultura dos caules obteve-se a presença de dois componentes majoritários que

foram isolados e identificados como as feniletilaminas, tiramina e dopamina

(DANELLUTE et al., 2005).

Capello et al. (2015) analisaram o fracionamento do extrato

metanólico das folhas e identificaram seis derivados de fenilpropanóides: o

ácido 3,4-dimetoxidihidrocinâmico, piplaróxido, metil 4-hidroxi-3,5-

dimetoxi cinamato, ácido 3,4,5-trimetoxidihidrocinâmico, dihidropiplartina e

piplartina. Foram identificados no óleo essencial derivados terpenóides,

sendo considerados constituintes majoritários.

A atividade antimicrobiana do extrato hidroalcoólico bruto das

folhas foi avaliado através do método de microdiluição em caldo contra três

espécies de molicutes, sendo: Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum

e Mycoplasma arginini. A determinação da Concentração Inibitória Mínima

(CIM) apresentou resultados com concentrações do extrato bruto de 2,5

mg/mL para M. arginini, resultados maiores de 5,0 mg/mL para M. hominis

e resultado igual a 5,0 mg/mL para U. urealyticum. O valores de CIM

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apresentaram variação de 5000 a 1250 ppm. A partir desses resultados,

conclui-se que o extrato supracitado apresenta atividade que inibe o

crescimento bacteriano (CORDOVA et al., 2010).

Foram identificados nos óleos essenciais das folhas de P.cernuum o

α- e β- pineno, biciclogermacreno, β-cariofileno, espatulenil e germacreno D.

O óleo demonstrou significativa atividade antimicrobiana frente ao S. aureus

e C. albicans, porém foram inativos frente a P. aeruginosa (COSTANTIN

et al., 2001).

Os óleos essenciais das folhas de P. cernnum obtidos por Gasparetto

et al. (2017), apresentaram atividade contra as bactérias Gram positivas, B.

subtilis, S. pyogenes e S. aureus. Além desses micro-organismos o óleo

apresentou atividade contra o fungo dermatófito Cryptococcus neoformans.

No mesmo estudo, identificou-se nos óleos essenciais 27 substâncias, sendo

os majoritários trans-dihidroagarofurano (30 a 36,7%), 4-epi-cis-

dihidroagarofurano (11,2 a 13,4%), γ-eudesmol (7,64 a 11,65%), β-

cariofileno (5,94 a 8,69%), elemol (5,89 a 9,15%), α-pineno (2,63 a 5,43%)

e canfeno (2,16 a 4,55%). Dados que diferem dos estudos comparativos dos

óleos voláteis de algumas espécies de Piperaceae feitos por Mesquita et al.

(2005), onde foi possível comparar amostras obtidas de duas coletas de P.

cernuum efetuadas nos anos de 1999 e 2001. As diferentes datas de coleta

interferiram no rendimento do óleo essencial obtido das folhas de P. cernuum,

sendo 1,7% e 0,6%, respectivamente.

Identificaram-se no óleo 32 constituintes químicos com diminuição

na proporção dos sesquiterpenos oxigenados de 1999 para 2001. O composto

majoritário observado nas duas coletas foi o trans-dihidroagarofurano, porém

em teores diferentes em cada ano de coleta: 22,4% (1999) e 13,9% (2001).

Outro composto caracterizado foi o 10-epi-γ-eudesmol: 16,8% (1999) e 8,3%

(2001). Esses resultados diferem bastante daqueles encontrados por

Constantin et al. (2001) para esta espécie, sendo os compostos majoritários

biciclogermacreno, β-cariofileno e α-pineno (MESQUITA et al., 2005).

Observou-se também a presença de mono e sesquiterpenos no óleo

volátil bruto de P. cernuum,dos quais -elemeno, biciclogermacreno,

germacreno D e (E)-cariofileno são os principais, nenhum deles apresentou

atividade citotóxica superior à detectada para o controle positivo cisplatina

(CAPELLO et al., 2014).

O termo lignana é designado para compostos fenilpropanóides

diméricos, a unidade monomérica fenilpropanóide é gerada a partir do ácido

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cinâmico que é formado a partir da via do ácido chiquímico. O ácido

cinâmico sofre reações sequenciais de hidroxilação e metilação, formando

padrões de substituição típicos dos metabólitos da via do chiquimato. Os

ácidos cinâmicos são convertidos em álcoois cinamílicos, e os grupos podem

ser hidroxilados, metilados ou metilenodioxilados antes de entrar na

formação do esqueleto da lignana (Figura 5). Estas são formadas através do

acoplamento oxidativo dos álcoois cinamílicos entre si ou destes com ácidos

cinâmicos (TALAPATRA, 2015).

A L-fenilalanina e a L-tirosina são precursores de uma ampla gama

de produtos naturais para a via metabólica dos ésteres do ácido cinâmico, que

também podem ser obtidos através de reações sequenciais de hidroxilação e

metilação originando padrões típicos de substituição de metabólitos

derivados do chiquimato. Os ésteres e aldeídos também podem ser substratos

para essas reações sequenciais através da redução dos ácidos cinâmicos pela

coenzima A dos ésteres e aldeídos, levando aos álcoois correspondentes e

precursores das lignanas (DEWICK, 2009).

Os diferentes álcoois cinâmicos sofrem acoplamentos oxidativos

fenólicos, para formar as mais abundantes ligninas, que são substâncias

presentes nas paredes celulares dos vegetais e conferem-lhes rigidez. Os

derivados de seu metabolismo secundário são micromoléculas responsáveis

por suas atividades biológicas. Lignóide é uma designação genérica que

caracteriza as micromoléculas com esqueleto formado apenas pelo grupo

fenilpropânico (C6-C3)n e subdividem-se em grupos que diferem-se entre si

quanto a sua estrutura (SIMÕES et al.; 2010; TALAPATRA, 2015).

Figura 5. Esquema da biossíntese das lignanas.

Fonte: a autora.

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A biossíntese dos lignóides envolve os metabólitos primários finais

da via metabólica do chiquimato. O caminho biossintético dos

arilpropanóides, precursores primários dos lignóides, desenvolve-se a partir

da fenilalanina ou da tirosina onde há a formação de ácidos cinâmicos,

aldeídos cinâmicos e álcoois cinamílicos. Quatro monômeros estão

envolvidos no acoplamento oxidativo do processo biogenético dos lignóides:

ácido cinâmico, álcool cinamílico, propenilfenóis e alilfenóis. A biogênese

das lignanas pode ser explicada pelo acoplamento oxidativo entre unidades

monoméricas radicalares, que podem apresentar várias estruturas canônicas

de ressonância. Dependendo desse acoplamento nas diferentes posições,

origina-se o lignóide de determinado tipo estrutural (SIMÕES et al.; 2010).

A cubebina, a hinoquinina e a sesamina (Figura 6) pertencem ao

grupo das lignanas e são amplamente distribuídas no reino vegetal, foram

investigadas por vários pesquisadores por suas diferentes atividades

biológicas. Os produtos naturais obtidos em programas de rastreio são

promissores para o desenvolvimento de novos fármacos (SILVA et al., 2005).

Figura 6. Estruturas moleculares de algumas lignanas identificadas nos

extratos de P. cernuum.

Fonte: base de dados NIST (Mass Spectral Library).

Os terpenóides (Figura 7) formam uma grande e diversificada

estrutura da família dos produtos naturais derivadas de unidades do isopreno

C5, que juntas formam a esturura dos sesquiterpenos (C15). O isopreno era

conhecido por ser um produto de decomposição de vários hidrocarbonetos

cíclicos naturais e são sugeridos como sendo o alicerce fundamental para

estes compostos, também conhecidos como isoprenóides. Muitos produtos

naturais contém terpenóides em suas moléculas em combinação com

esqueletos de carbono derivados de outras fontes, como a via do chiquimato

(DEWICK, 2009).

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Figura 7. Esquema da biossíntese dos terpenóides.

Fonte: Dewick, 2009.

As prováveis rotas biossintéticas de vários sesquiterpenos bicíclicos

possuem esqueletos diferentes, como por exemplo o cariofileno, o β-

eudesmol e o guaiol. A quantidade de carbonos presentes nos monoterpenos

foi tomada como referência para a classificação dos terpenóides como os

sesquiterpenos (Figura 8), que são formados pela interação de três unidades

C5-isopreno. “Sesqui” em latim significa “uma metade a mais”, uma vez que

o monoterpeno contém uma cadeia alongada C10, a cadeia seguinte terá C15

(C10 + C5), esse carbono terá uma metade a mais quando comparado ao

monoterpeno, e portanto, o prefixo “sesqui” é usado para C15-terpenóides

(TALAPATRA, 2015).

Figura 8. Exemplos de sesquiterpenos identificados nos extratos de P.

cernuum.

Fonte: base de dados NIST (Mass Spectral Library).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material Vegetal

Os caules, folhas e inflorescências de Piper cernuum foram

coletados no município de Blumenau, (latitude: 26°97’69,66” S, longitude:

49/06’24,31”), Santa Catarina, Brasil ao final de cada uma das estações dos

anos entre o final do outono de 2013 ao final do verão de 2015 e final do

verão de 2016, como está apresentado na Tabela 1.

O material vegetal foi desidratado em sala de secagem com

temperatura ambiente e umidade controlada. As exsicatas foram preparadas

e enviadas para o Herbário Dr. Roberto Miguel Klein da Universidade

Regional de Blumenau, sendo classificadas pelo botânico André Luis de

Gasper e depositadas sob o número 41606.

As coletas foram realizadas ao final das estações do ano, pois a

sazonalidade é um parâmetro melhor avaliado após a planta passar por todas

as variações climáticas que ocorreram ao longo de cada estação. Por isso,

foram utilizados parâmetros de variação entre as estações de temperatura e

índice pluviométrico. Esses fatores foram escolhidos pois podem influenciar

na constituição química e propriedade antimicrobiana dos extratos etanólicos.

Os dados foram obtidos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos

Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e

pelo Climate- Data.org.

As datas escolhidas para coleta compreendem um período de dois

anos consecutivos para comparação entre as estações (outono de 2013 a verão

de 2015), e a estação do verão de 2016, que foi escolhida para comparar as

variáveis do estudo com o verão de 2014 e de 2015.

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Tabela 1. Partes da planta e datas de coleta ao final do outono de 2013 ao

verão de 2015 e verão de 2016. ESTAÇÕES DATA CAULES FOLHAS INFLORESCÊNCIAS

FINAL OUTONO 2013 - - x

FINAL INVERNO 2013 x x x

FINAL PRIMAVERA 2013 x x -

FINAL VERÃO 2014 x x -

FINAL OUTONO 2014 x x x

FINAL INVERNO 2014 x x x

FINAL PRIMAVERA 2014 x x -

FINAL VERÃO 2015 x x -

FINAL VERÃO 2016 x x x

Legenda: Não houve coleta nesta época (-).

4.2 Obtenção dos Extratos Etanólicos

O material vegetal (caules, folhas e inflorescências) obtido de cada

coleta foi processado separadamente em um moinho de facas e submetido a

extração por método de agitação magnética com etanol 95º GL, a temperatura

ambiente por 6 horas. A proporção planta/solvente utilizada foi de 1:10 (m/v).

O etanol utilizado como solvente extrator foi escolhido baseando-

se nos ensaios farmacológicos de Jurcevic (2015), pois dentre todos os

solventes testados, o extrato com etanol 100º GL foi o único que demonstrou

atividade biológica, além de permitir a identificação e a extração dos

fitoconstituintes de P. cernuum.

Posteriormente, os extratos foram filtrados e concentrados até

secura. Os extratos foram preparados em duplicata e avaliados em função do

rendimento em massa.

4.3 Caracterização dos Extratos Etanólicos

Os extratos obtidos foram submetidos a análise qualitativa por

cromatografia em camada delgada (CCD) realizada em placas de sílica gel

60 GF 254 (Merck), com 20 µm de espessura, dispostas sobre folhas de

alumínio. Posteriormente as placas foram eluídas com sistemas de solventes

previamente estabelecidos, utilizando uma mistura de hexano:acetato de etila

na proporção de 6:4. O perfil cromatográfico das amostras foi comparado ao

padrão cumarato de bornila previamente isolado por Gon e Schaeffer (2016),

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pois foi este constituinte químico que demonstrou atividade antimicrobiana

no ensaio de bioautografia realizado por Gon e Schaeffer (2016).

As placas de CCD foram visualizadas através de lâmpada

ultravioleta (UV) nos comprimentos de onda de 254 nm e 366 nm e

posteriormente borrifadas com anisaldeído sulfúrico, específico para

revelação dos esteroides e/ou terpenoides.

A análise da composição química quantitativa dos extratos

etanólicos de P. cernuum foi realizada através de cromatografia gasosa

acoplada a espectrômetro de massas (Shimadzu GCMS-QP2010S) com

coluna capilar Rtx-1 (100% metilpolisilocsano, 30 m X 0,25 mm X 0,10 µm).

Gás Hélio foi utilizado como carreador em um fluxo de 0,8 mL/min, a uma

temperatura de 300º C no modo de injeção Split.

Os extratos brutos foram pesados e dissolvidos em diclorometano

a uma concentração de 1 mg/mL, o volume injetado foi 1 µL e as amostras

foram analisadas em espectrômetro de massas a 70 eV.

O software GCMS Postrum Analysis foi utilizado para registrar os

cromatogramas e fazer uma comparação direta das áreas dos picos. Os

constituintes químicos foram identificados comparando-se seus espectros de

massas com as bases de dados NIST (Mass Spectral Library) ou com padrões

previamente isolados (GON; SCHAEFFER, 2016).

4.4 Material Microbiológico

Todas as cepas utilizadas foram padronizadas a partir do American

Type Culture Collection (ATCC).

As cepas utilizadas para a avaliação antibacteriana foram: Bacillus

subtilis (ATCC 23858), Escherichia coli (ATCC 11775), Staphylococcus

aureus (ATCC 25923).

A cepa de fungo leveduriforme utilizada foi fornecida pela Fundação

Oswaldo Cruz (Fiocruz) Manguinhos, RJ, sendo: Candida albicans (ATCC

10231).

Os fungos filamentosos utilizados para a avaliação antifúngica

foram fornecidos pelo Centro de Referência Micológica (CEREMIC),

Facultad de Ciencias Bioquimicas y Farmacéuticas, Suipacha, Rosario,

Argentina, sendo os fungos filamentosos: Microsporum gypseum (C115),

Trichophyton mentagrophytes (ATCC 9972), Trichophyton rubrum (C137),

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Epidermophyton flocosum (C114), Aspergillus fumigatus (ATCC 26934),

Rhizopus sp (C135).

As bactérias foram mantidas em ágar Mueller Hinton e o fungo

leveduriforme em ágar Sabouraud dextrosado, conservados sob refrigeração

(4 °C) no Laboratório de Pesquisa em Microbiologia dos Cursos de Farmácia

e Biomedicina da UNIVALI, campus de Itajaí, Santa Catarina, sendo

repicadas em intervalos de 15 a 30 dias para manter a viabilidade das colônias

microbianas.

Os fungos filamentosos foram armazenados em ágar Sabouraud

dextrosado, conservados sob temperatura ambiente na micoteca do mesmo

Laboratório acima citado, sendo repicados em intervalos de 15 a 30 dias para

manter a viabilidade das colônias microbianas e prevenir transformações

pleomórficas.

4.5 Preparo dos Inóculos

4.5.1 Bactérias

As bactérias foram transferidas do meio de manutenção para o

meio ágar Mueller-Hinton e incubadas a 37 ºC por 24 horas, para ativação

das culturas. Foram selecionadas de 4 a 5 colônias da bactéria ativada em

ágar Mueller-Hinton, estas foram transferidas para um tubo de ensaio com 5

mL de solução de NaCl 0,86% estéril, seguido de homogeneização em

agitador de tubos por 20 segundos. A densidade do inóculo foi ajustada por

espectrofotometria a 520 nm, utilizando-se a escala de McFarland como fator

comparativo. O inóculo final utilizado para os ensaios foi obtido através da

diluição da suspensão contendo as culturas bacterianas, atingindo uma

concentração de aproximadamente 1,5 x 106 células/mL para o método da

diluição em ágar e em caldo. Cada frasco foi inoculado com alça calibrada de

1µL para a macrodiluição e com uma pipeta multicanais de 50µL para a

microdiluição (1-5 x 105 células) (CLSI, 2009).

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4.5.2 Fungos

A levedura foi cultivada em ágar Sabouraud dextrosado, para

assegurar a viabilidade das culturas de 24 a 48 horas a 37 ºC. Cinco colônias

de leveduras foram selecionadas, com aproximadamente 1 mm de diâmetro e

estas foram suspensas em solução de NaCl 0,85% estéril e homogeneizadas

em agitador de tubos por 20 segundos. A densidade do inóculo foi ajustada

por espectrofotometria a 520 nm, obtendo-se uma concentração final entre

1,5 x 106 células/mL. Cada frasco foi inoculado com uma alça calibrada de 1

µL (1-5 x 105 células) (ESPINEL-INGROFF E PFALLER, 1995).

Os fungos filamentosos foram cultivados em ágar Sabouraud

dextrosado à temperatura ambiente por um período de 7 a 10 dias para

obtenção de cultura jovem. Posteriormente os fungos foram coletados através

de raspagem com auxílio de alça sendo transferido para um tubo contendo 10

mL de água estéril e homogeneizado em agitador de tubos por 20 segundos.

Essa suspensão foi filtrada para a remoção das hifas e a suspensão ajustada

para 1 x 106 conídeos/mL através da determinação do número de conídeos

com auxílio da câmara de Neubauer (LLOP et al., 2000).

4.6 Atividade Antimicrobiana

4.6.1 Triagem Antimicrobiana

A triagem antimicrobiana é um procedimento preliminar

importante para prospecção fitoquímica dos extratos que inibiram o

crescimento microbiano. A técnica utilizada foi do ensaio de microdiluição

com o objetivo de descobrir os compostos candidatos para o desenvolvimento

de novos agentes anti-infecciosos.

A triagem consistiu na dissolução de uma quantidade fixa de

amostra em meio líquido (40 mg/mL de extrato em dimetilsulfóxido), após a

diluição receberam os inóculos das cepas dos microrganismos selecionados.

Através deste ensaio foi possível realizar a determinação da concentração

inibitória mínima (CIM) e da concentração microbicida mínima (CMM)

(BELLA CRUZ et al., 2003; DUARTE, 2006).

A determinação da CIM e da CMM dos extratos de P. cernuum foi

realizada através do método de diluição em ágar e da diluição em caldo

(microdiluição), que consiste em proceder diluições duplas seriadas dos

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extratos, em meio de cultura apropriados, para bactéria ou fungo, seguida por

incubação e posterior verificação da menor concentração que inibiu o

crescimento microbiano (KALEMBA; KUNICKA, 2003; OSTROSKY et al.,

2008).

A atividade antimicrobiana dos extratos foi classificada segundo

os critérios de acordo com os valores da determinação da CIM. Valores entre

10 e 100 µg/mL (boa atividade), CIM entre 100 e 500 µg/mL (atividade

moderada) e CIM entre 500 e 1000 µg/mL (atividade fraca). Valores maiores

do que 1000 µg/mL na determinação da CIM, pode-se considerar que os

extratos etanólicos analisados não foram capazes de inibir o crescimento

microbiano nesta concentração testada, os ensaios do presente estudo não

foram realizados em concentrações acima de 1000 µg/mL (BELLA CRUZ et

al., 2010; HOLETZ et al., 2002).

4.6.2 Bioautografia

Para o direcionamento das pesquisas quanto à localização dos

compostos bioativos foi realizado o ensaio de bioautografia

(HAMBURGUER; CORDEEL, 1987; RAHALISON et al., 1994).

Neste aspecto, os extratos foram dissolvidos em etanol e aplicados

em placas de CCD (sílica gel 60). Em seguida, as cromatoplacas foram

submetidas a eluição em diferentes sistemas de solventes para a escolha da

melhor resolução (hexano:acetato de etila na proporção de 6:4).

Para o perfil cromatográfico dos extratos foi aplicado nas

cromatoplacas o padrão cumarato de bornila previamente isolado por Gon e

Schaeffer (2016), onde demonstrou significativa inibição contra a bactéria S.

aureus testada na bioautografia. Este padrão foi escolhido para realizar o

ensaio do presente estudo, para confirmar a atividade antibacteriana do

constituinte químico e posteriormente realizar os outros ensaios de atividade

antimicrobiana.

As cromatoplacas utilizadas para a bioautografia não foram

reveladas com anisaldeído sulfúrico, pois a utilização deste reagente inibe o

crescimento da bactéria utilizada no ensaio, demonstrando um resultado falso

positivo. As amostras do extrato foram aplicadas em concentração e

quantidade conhecidas (0,32 mg/20 µl) para melhor visualização dos halos

de inibição.

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Após a eluição e eliminação total dos resíduos dos solventes foi

distribuída sobre a cromatoplaca uma fina camada de meio de cultura

contendo inóculo microbiano susceptível (106 células/mL), as placas foram

incubadas a 35°C por 18 a 24 horas. Após o período de incubação, foi

borrifado nas placas uma solução aquosa (20 mg/mL) de cloreto 2,3,5 trifenil

tetrazólico (TTC) e estas foram novamente incubadas a 35°C por mais 4

horas. Este reagente é aplicado nas cromatoplacas contendo o inóculo

bacteriano, pois é um indicativo de respiração celular. O surgimento de

coloração rosa na superfície do meio de cultura, demonstra crescimento

bacteriano. O critério empregado para a interpretação dos resultados de

bioautografia foi através do aparecimento de zonas claras ao redor dos

compostos indicando atividade antimicrobiana (RAHALISON et al., 1994).

4.6.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

O método da determinação da CIM consistiu na preparação de

diluições seriadas das amostras testadas, em meios de cultura líquidos ou

sólidos, semeados com bactéria ou fungo em estudo. Verificou-se a menor

concentração da amostra que inibiu o crescimento do micro-organismo

utilizado no ensaio. Os meios de cultura utilizados foram ágar Sabouraud

dextrosado para fungos filamentosos (macrodiluição) e em caldo Mueller

Hinton para as bactérias e fungo leveduriforme (microdiluição), empregando

a metodologia descrita por CLSI (2009) com modificações. Para realização

do ensaio, todos os extratos foram dissolvidos em solução de

dimetilsulfóxido (DMSO) e água destilada na proporção de 4:6.

O ensaio realizado em ágar com os fungos filamentosos, os

extratos dissolvidos foram adicionados em séries de 5 frascos com

capacidade para 5 mL em diferentes concentrações (1000 a 62,5 g/mL). Em

seguida, a cada frasco foi adicionado 1 mL de ágar Sabouraud dextrosado,

seguido por imediata homogeneização da mistura. Após a solidificação dos

meios de cultura, os micro-organismos, previamente ativados, foram

inoculados nas séries correspondentes, com auxílio de alça calibrada de 1L

em cada frasco (meio de cultivo), correspondendo a uma quantidade de 1,5 x

104 conídios (CLSI, 2009).

Posteriormente os frascos foram incubados a temperatura ambiente

(25 °C) por 5 a 15 dias para os fungos filamentosos. Decorrido o período de

incubação, foram realizadas leituras da CIM através da verificação visual do

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crescimento microbiano. Para a interpretação dos resultados foi considerada

CIM a inibição total do crescimento microbiano. Durante os testes foram

utilizados controles de meio de cultura e de micro-organismo. A leitura dos

resultados foi considerada válida somente quando houve crescimento

microbiano nos controles. Os ensaios foram realizados em duplicata.

A microdiluição em caldo com as bactérias e o fungo

leveduriforme, os extratos dissolvidos foram adicionados juntamente com 50

L de caldo Mueller Hinton para as bactérias e 50 L de caldo Sabouraud

para o fungo leveduriforme, em placas de microtitulação de 96 poços (Figura

9) com capacidade para 200 L em cada pocinho em diferentes concentrações

(1000 a 0,48 g/mL). Após a diluição seriada, os micro-organismos,

previamente ativados, foram inoculados com auxílio de pipeta multicanal e

adicionados 50 L do inóculo do micro-organismo em cada pocinho da placa

de microtitulação, correspondendo a uma quantidade de 1,5 x 105 células

bacterianas e fúngica leveduriforme (CLSI, 2009).

As placas de microtitulação foram incubadas a 35 °C por 18 a 24

horas para as bactérias e de 24 a 48 horas a 30 ºC para o fungo leveduriforme.

Decorrido o período de incubação, foram realizadas leituras da CIM através

da verificação visual do crescimento microbiano. Para a interpretação dos

resultados foi considerada CIM a inibição total do crescimento microbiano.

Durante os testes foram utilizados controles de meio de cultura e de micro-

organismo. A leitura dos resultados foi considerada válida somente quando

houve crescimento microbiano nos controles. Os ensaios foram realizados em

duplicata.

Figura 9. Representação da placa de microtitulação com 96 poços utilizada

no ensaio da microdiluição.

Fonte: a autora.

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4.6.4 Determinação da Concentração Bactericida Mínima (CBM)

A concentração bactericida mínima (Figura 10), foi determinada

através da seleção das culturas que apresentaram inibição do

desenvolvimento bacteriano no ensaio da CIM, utilizou-se caldo Mueller

Hinton. As subculturas foram posteriormente incubadas a 35 °C por 18 a 24

horas.

Decorrido o período de incubação, as culturas foram inspecionadas

para a verificação visual do crescimento microbiano. A interpretação dos

resultados foi considerada através da inibição no ensaio de CIM, onde o

crescimento do micro-organismo na subcultura significou ação

bacteriostática e a ausência do crescimento na subcultura significou ação

bactericida (BARON, 1990).

Figura 10. Representação do ensaio da determinação da CBM.

Legenda: CBM- concentração bactericida mínima.

Fonte: a autora.

4.7 Análise Multivariada

Para investigar as similaridades das amostras na distribuição dos

constituintes químicos dos extratos e para estabelecer uma correlação entre a

atividade antimicrobiana e metabólitos secundários a Análise de

Componentes Hierárquicos (ACH) foi realizada utilizando o software

Statistica v. 12.0 (StatSoft®). Para mensurar a similaridade foi utilizada a

distância Euclidiana e o método hierárquico aglomerativo (método completo

de ligação).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise dos Extratos

5.1.1 Avaliação do Rendimento

Amostras dos caules, folhas e inflorescências foram coletados ao

final de cada estação (Tabela 1 da parte experimental) entre os períodos do

outono de 2013 a verão de 2015 e verão de 2016, foram submetidas à extração

por maceração dinâmica, onde a droga vegetal e o solvente são mantidos em

movimentos constantes por um agitador magnético em rotação. A eficiência

desse processo depende muitas vezes da agitação que faz com que a

renovação do solvente extrator entre em contato com o material vegetal,

alcançando um novo ponto de equilíbrio de saturação e aumentando o

rendimento. As desvantagens são a demora do processo e a possibilidade de

não alcançar o esgotamento total da amostra. Por isso o processo de moagem

tem por finalidade reduzir mecanicamente o material vegetal a fragmentos de

pequenas dimensões, preparando as amostras para o processo extrativo. O

aumento da área de contato entre o material vegetal e o líquido extrator torna

mais eficiente a operação, além da escolha das dimensões apropriadas que

depende também da textura do material vegetal (MARQUES; VIGO, 2009;

MENTZ; BORDIGNON, 2010).

Portanto, antes do procedimento de extração foi determinada a

granulometria durante a pulverização da droga vegetal, por este fato, utilizou-

se as malhas acopladas ao moinho de facas, sendo de 10 mesh (1,7 mm) para

as folhas e de 20 mesh (0,85 mm) para os caules e inflorescências. A

determinação da granulometria foi importante para obter homogeneidade

entre as partículas, levando a um processo de extração mais eficiente.

Na Tabela 2 estão apresentadas as massas dos extratos obtidas nos

procedimentos extrativos realizados com as diferentes partes da planta

analisadas. Os melhores rendimentos foram obtidos para os extratos das

folhas e ficaram entre 5 e 10%. Dentre estes o maior rendimento foi para a

amostra coletada no final da primavera de 2013 (10,08%) e o menor

rendimento foi para a amostra coletada no final do verão de 2014 (5,08%).

Os extratos dos caules tiveram rendimento entre 3 e 5% onde o

maior rendimento foi obtido para a amostra coletada no final do outono de

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2014 (5,66%) e o menor rendimento foi para a amostra coletada no final do

verão de 2014 (3,54%).

Quando comparados aos extratos obtidos sob as mesmas

condições de extração por Jurcevic (2015), sendo os rendimentos para o

extrato das folhas (5,09%), ou seja, valor semelhante ao menor rendimento

dos extratos do presente estudo e para os caules o rendimento foi bem menor

(1,34%).

Da mesma forma, os rendimentos das inflorescências ficaram entre

3 e 6%, sendo o maior para a amostra do final do outono de 2013 (6,51%) e

o menor para a amostra do final do inverno de 2014 (3,07%). Para uma

melhor visualização, os dados estão expressos na figura 11.

A estrutura histológica das diversas partes de uma planta é bastante

heterogênea, como por exemplo, os caules possuem tecidos compactados

(xilema). O contrário pode ser observado nas folhas e inflorescências, onde

os tecidos apresentam uma textura delicada e por este fato, sempre

apresentam maior rendimento em relação aos caules. Quanto mais rígido for

o material vegetal, menor deverá ser a granulometria para se obter um melhor

rendimento. O poder de penetração dos solventes, além de depender de

fatores de consistência dos tecidos vegetais, também deve ser muito bem

escolhido, com seletividade para extrair os constituintes químicos desejados

ou em maior quantidade o que depende da polaridade do grupo de

constituintes que se deseja extrair (SIMÕES; SANTOS; FALKENBERG,

2010).

Analisando a constituição química da planta e visando a

otimização da solubilidade dos grupos ativos presentes no processo extrativo,

o etanol 95º GL foi escolhido com base nos resultados dos testes

farmacológicos obtidos por Jurcevic (2015), o qual extraiu a maioria das

classes dos constituintes químicos presentes na P. cernuum, como os

sesquiterpenos, lignanas, ácidos cinâmicos e alcaloides. Podemos inferir que

o rendimento dos extratos do presente estudo, está diretamente ligado na

escolha adequada do solvente, que depende da estrutura química dos

constituintes do material vegetal e da parte da planta (MARQUES; VIGO,

2009).

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Tabela 2. Rendimento dos extratos etanólicos de diferentes partes de P. cernuum obtidos em diferentes estações, entre o final

do outono de 2013 ao final do verão de 2015 e final do verão de 2016.

Legenda: Amostras não coletadas (*).

# Percentual em relação à massa de material vegetal seco.

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Figura 11. Rendimento dos extratos em gráfico de colunas.

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Os extratos dos caules apresentaram um rendimento de 3 a 4% e

das folhas de 6 a 8% nas coletas realizadas ao final do inverno, sendo o

período de maior índice pluviométrico. Esses rendimentos foram menores

quando comparados ao rendimento dos extratos obtidos nas coletas do final

da primavera, onde o regime de chuvas foi mais escasso (caules 5% e folhas

7 a 10%) e do outono, com déficit no índice de chuvas ou um pouco mais

intensas (caules 5% e folhas 7%). Para todas as amostras coletadas ao final

do verão, os rendimentos foram menores para os caules (3 a 5%), quando

comparados com os extratos das folhas (5 a 8%). As inflorescências

apresentaram rendimentos entre 3 a 6% para todas as coletas do final do

outono, inverno e verão de 2016.

A sazonalidade é a época do ano em que a planta foi coletada, sendo

que no presente estudo, a coleta foi realizada sempre no mesmo local.

Todavia, observou-se que existem fatores ambientais diretamente ligados à

sazonalidade e que também interferem no conteúdo de metabólitos

secundários produzidos pela planta. Esses fatores variam de acordo com a

estação do ano e podem ser atribuídos principalmente a variações de

temperatura e regime de chuvas (CERQUEIRA et al., 2009; GOBBO-NETO;

LOPES, 2007).

Parâmetros de sazonalidade foram analisados para correlacionar a

influência das variações climáticas que ocorreram nas diferentes estações dos

anos de coleta de P. cernuum. Todas as amostras da planta foram coletadas

no município de Blumenau, localizado no nordeste de Santa Catarina, no

chamado Médio Vale do Itajaí, pertencendo à zona climática do tipo Cfa,

segundo a classificação do clima de Kӧppen, ou seja, um clima subtropical

úmido com ocorrência de pluviosidade significativa em todos os meses do

ano. A temperatura média anual é de cerca de 20º C, sendo o mês de fevereiro

o mais chuvoso e julho o mais seco. A média do mês mais quente é de 26º C

e a média do mês mais frio é 16º C. Os verões são quentes com temperaturas

podendo alcançar os 40º C e os invernos entre amenos a frios (CLIMATE-

DATA.ORG, 2017).

O boletim Climanálise do CPTEC informou as características gerais

das estações do outono de 2013 ao verão de 2015 e verão de 2016 (Tabela 3).

Observou-se que a sazonalidade influenciou no rendimento dos extratos de

acordo com a parte da planta utilizada.

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Tabela 3. Dados climatológicos das estações do outono de 2013 ao verão de 2015 e verão de 2016, para a região Sul do

Brasil.

Fonte: Boletim Climanálise (INPE- CPTEC, 2017).

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Outros autores, como Nascimento (2008), observou que a

sazonalidade interferiu no rendimento dos extratos de Allamanda schottii

obtidos de diferentes partes da planta. As folhas coletadas na primavera

apresentaram o melhor rendimento (13%) quando comparado ao rendimento

das demais estações (7 a 9%). Nos caules, a coleta do verão (2%) apresentou

praticamente metade do rendimento das outras estações (3 a 5%). As raízes

apresentaram rendimentos similares (3 a 4%) para todas as estações.

Os extratos das folhas de P. cernuum do presente estudo

apresentaram maior rendimento quando comparados aos extratos dos caules,

resultados semelhantes foram obtidos por Brito et al. (2015), sendo que o

extrato hexânico das folhas de Arrabidaea chica, obteve maiores rendimentos

que os extratos dos caules.

A sazonalidade também foi analisada por Gasparetto et al. (2017).

Os autores observaram maior rendimento do óleo na coleta realizada ao final

do outono de 2013 (4%) e menor rendimento na coleta do final da primavera

de 2012 (2%), já no verão e no inverno o rendimento foi de 3%. Em estudo

realizado por Perigo et al. (2016) o óleo essencial de P. aduncum apresentou

maior rendimento (1,19 %) quando comparado com o óleo de P. cernuum

(1,10%). Todavia, constatou-se que houve influência de fatores exógenos

pois as amostras foram coletadas em diferentes regiões.

5.1.2 Avaliação dos Extratos por Cromatografia em Camada Delgada

(CCD)

Os extratos foram submetidos a análise por CCD. Após eluição as

cromatoplacas foram visualizadas através de lâmpada ultravioleta (UV) nos

comprimentos de onda de 254 nm e 366 nm e borrifadas com solução de

anisaldeído sulfúrico para revelação dos constituintes químicos das classes

dos esteróides e/ou terpenóides.

Os perfis cromatográficos das Figuras 12, 13 e 14, demonstram

que os extratos apresentam similaridade de perfil químico, principalmente

para as mesmas partes da planta, com diferenças apenas na intensidade de

coloração das manchas, o que pode indicar diferentes concentrações dos

constituintes químicos, uma vez que os extratos foram aplicados em

concentração e quantidade conhecidas (0,32 mg/20 µl).

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O cromatograma apresentado na Figura 12 foi analisado no

detector ultravioleta a 254 nm. Observa-se a formação de manchas escuras,

pois nessa região o analito absorve a luz (não há fluorescência) e por este

motivo foram marcados à lápis com a finalidade de observá-los em outros

ensaios, como o de bioautografia. Os analitos que não aparecem na revelação

a 254 nm, podem ser visualizados no comprimento de onda de 366 nm

(Figura 13), onde os aparecem os compostos naturalmente fluorescentes. Os

terpenos apresentam-se em machas mais claras e rosadas, assim como o

cumarato de bornila, mais presente nos caules e inflorescências.

Os resultados da revelação com anisaldeído sulfúrico (Figura 14),

revela a presença de esteroides e/ou terpenos, que apresentam- se em

manchas com tom rosa/arroxeado. Usualmente, para a revelação do cumarato

de bornila utiliza-se o cloreto férrico como solução reveladora, porém este

constituinte químico foi nitidamente visualizado com anisaldeído sulfúrico

através da formação de manchas azul-esverdeadas devido a presença de uma

hidroxila fenólica em sua estrutura.

Quando comparado com o padrão cumarato de bornila

previamente isolado por Gon e Schaeffer (2016), os extratos dos caules e das

inflorescências apresentaram similaridade (Rf= 0,8), que é visivelmente

identificado nas amostras (Figura 12), apresentando-se apenas em diferentes

concentrações. Porém, o mesmo não pode ser visualizado no perfil

cromatográfico das folhas, uma vez que a maioria dos extratos não apresenta

esse constituinte químico em sua composição, alguns extratos apresentam

uma concentração muito baixa do cumarato de bornila.

Nas amostras dos extratos das folhas observa-se a presença de

compostos mais apolares (Rf= 0,9) o que pode indicar a presença de

monoterpenos. Nas amostras dos caules e das folhas observa-se compostos

com características mais polares ou de média polaridade (Rf= 0,5) o que

sugere a presença de sesquiterpenos (Figura 12).

O valor de Rf do cumarato de bornila, foi comparado ao

encontrado para o padrão isolado por Gon e Schaeffer (2016) e os valores de

Rf dos terpenos foram comparados aos encontrados por Gasparetto et al.

(2017).

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Não se conhece a totalidade dos constituintes químicos

pertencentes ao extrato etanólico analisado, porém, os que foram

identificados e considerados majoritários foram usados para a caracterização,

mesmo não estando relacionados com a atividade do extrato, ou no caso de

existir alguma evidência de que um composto seja responsável pela atividade

biológica, este pode ser tomado para análise (NIERO et al., 2003).

Através da técnica utilizada para obtenção da CCD do presente

estudo, onde os extratos foram aplicados nas cromatoplacas em concentração

e quantidade conhecidas, além da análise qualitativa é possível fazer uma

análise de controle de qualidade de preparações vegetais como um método

quantitativo de análise, sobre a camada adsorvente ou retirando da placa a

área que contenha o constituinte químico de interesse, que é então eluído e

quantificado (LOPES, 1997).

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Figura 12. Perfil cromatográfico dos extratos de P. cernuum analisado no

detector ultravioleta a 254 nm.

Legenda: 1. C. ver/14; 2. C. out/14; 3. C. inv/14; 4. C. ver/15; 5. C. inv/13;

6. C. pri/13; 7. F. inv/13; 8. F. pri/13; 9. F. out/14; 10. F. ver/14; 11. F. pri/14;

12. F. inv/14; 13. F. ver/15; 14. C. pri/14; 15. C. ver/16; 16. F. ver/16; 17. I.

ver/16; 18. I. out/13; 19. I. inv/13; 20. I. out/14; 21. I. inv/14; P. Padrão

cumarato de bornila. C: caules; F: folhas; I: inflorescências.

Rf= 0,9

Rf= 0,9

Rf= 0,8

Rf= 0,8

Rf= 0,8

Rf= 0,5

Rf= 0,5

Rf= 0,8

Rf= 0,5

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Figura 13. Perfil cromatográfico dos extratos de P. cernuum analisado no detector ultravioleta a 366 nm.

Legenda: 1. C. ver/14; 2. C. out/14; 3. C. inv/14; 4. C. ver/15; 5. C. inv/13; 6. C. pri/13; 7. C. pri/14; 8. C. ver/16; 9. F.

inv/13; 10. F. pri/13; 11. F. out/14; 12. F. ver/14; 13. F. pri/14; 14. F. inv/14; 15. F. ver/15; 16. F. ver/16; 17. I. ver/16; 18. I.

out/13; 19. I. inv/13; 20. I. out/14; 21. I. inv/ 14; P. Padrão cumarato de bornila. C: caules; F: folhas; I: inflorescên

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Figura 14.Cromatografia em camada delgada revelada com anisaldeído sulfúrico dos extratos em comparação com o

cumarato de bornila.

Legenda: 1. C. ver/14; 2. C. out/14; 3. C. inv/14; 4. C. ver/15; 5. C. inv/13; 6. C. prim/13; 7. F. inv/13; 8. F. prim/13; 9. F.

out/14; 10. F. ver/14; 11. F. prim/14; 12. F. inv/14; 13. F. ver/15; 14. C. prim/14; P. Padrão cumarato de bornila. C: caules;

F: folhas; I: inflorescências.

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5.1.3 Caracterização dos Extratos por CG/EM

A composição química dos extratos de P. cernuum coletados nas

diferentes estações dos anos foi avaliada em função da parte da planta através

da técnica de cromatografia gasosa acoplada a espectrofotometria de massas

(CG-EM). A análise dos constituintes químicos foi determinada através da

área relativa dos picos cromatográficos e a identificação foi realizada através

de seus espectros de massas em comparação aos da base de dados NIST

(Mass Spectral Library) ou por padrões previamente isolados por Gon e

Schaeffer, (2016).

Baseado nesta análise, foram identificados nos extratos etanólicos

de P. cernuum dezoito constituintes químicos, sendo eles: o trans-

dihidroagarofurano (TR 3,25 ), elemol (TR 3,34), óxido de cariofileno (TR

3,55), guaiol (TR 3,73), β-eudesmol (TR 3,82), pentadecanona (TR 4,68),

palmitato de isopropila (TR 5,80), heptadecanol (TR 6,18), aldol (TR 6,19),

fitol (TR 6,40), octilftalato (TR 8,51), cumarato de bornila (TR 8,74), ferulato

de bornila (TR 9,20), tricaprilato de glicerol (TR 10,30), cubebina (TR

10,56), hinoquinina (TR 10,87), sesamina (TR 11,48) e estigmasterol (TR

12,74). As estruturas estão apresentadas na Figura 15.

As porcentagens de área dos constituintes químicos estão

apresentadas na Tabela 4, organizada de acordo com a parte da planta

utilizada e a estação do ano em que foi coletada.

A variação na constituição química dos extratos, está

exemplificada na Figura 16 e somente os picos cromatográficos obtidos das

diferentes partes coletadas ao final da estação do verão de 2016. Como pode

ser observado, os extratos dos caules, folhas e inflorescências apresentaram

poucas diferenças na composição, porém significativas diferenças na

concentração dos constituintes químicos considerados majoritários. O trans-

dihidroagarofurano está presente no caule, folha e inflorescência em

diferentes concentrações, sendo 29,44%, 31,99%, e 22,79% respectivamente.

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Figura 15. Estrutura dos principais constituintes químicos identificados por CG/EM nas diferentes partes de P. cernuum.

Fonte: MASS SPECTRAL LIBRARY (NIST); PUBCHEM, 2016; GON e SCHAEFFER, 2016.

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Figura 16. Perfil cromatográfico do extrato de P. cernuum coletados ao final

do verão de 2016, em concentração de 1mg/mL de diclorometano. a) Caule;

b) Folha; c) Inflorescência.

a)

c)

b)

Cumarato de bornila

Cumarato de bornila

Trans-dihidroagarofurano

Trans-dihidroagarofurano

Trans-dihidroagarofurano

Lignanas

Lignanas

Lignanas

Cumarato

de bornila

Sesquiterpenos

Sesquiterpenos

Sesquiterpenos

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Tabela 4. Porcentagens de área dos extratos etanólicos dos caules, folhas e inflorescências de P. cernuum, coletados ao final das estações do outono de 2013 ao verão 2015 e

verão de 2016.

Legenda. Inv.: inverno; Prim.: primavera; Ver.: verão; Outo: outono.

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Por outro lado, o cumarato de bornila foi identificado apenas nos

caules e inflorescências na coleta do verão de 2016, porém em maior

quantidade nos caules (37,89%) e nas inflorescências (13,32%), já as folhas

não apresentaram esse constituinte químico. Esses resultados se assemelham

aos de Gon e Schaeffer (2016) que na fração diclorometano do extrato do

caule identificaram o cumarato de bornila com 15,32%.

Os extratos do presente estudo apresentaram concentrações de

cubebina (folhas-7,14%), ferulato de bornila (caules-5,07% e inflorescências-

2,04%) foram maiores nas amostras do presente estudo quando comparadas

às concentrações encontradas nos caules por Gon e Schaeffer (2016), sendo

a cubebina (0,82%) e o ferulato de bornila (0,85%). A diferença na

concentração dos constituintes químicos identificados por ambos autores,

pode ser atribuída pela influência da sazonalidade.

A maioria dos constituintes químicos das folhas de P. cernuum foram

identificados como sendo derivados de ácidos cinâmicos e di-hidrocinâmicos

que também foram registradas em outras espécies de Piper como por exemplo

a P. lhotzkyanum, onde a cubebina é comumente encontrada (DANELUTTE

et al., 2005).

A hinoquinina está presente em maior quantidade na folha

(10,08%), seguida pela inflorescência (7,65%) e em menor quantidade no

caule (2,47%), enquanto que na amostra do caule identificada por Gon e

Schaeffer (2016) está em maior quantidade, 2,83%. A sesamina está presente

apenas no extrato etanólico do caule (1,97%) que quando comparada a fração

de diclorometano identificada por Gon e Schaeffer (2016), está em menor

quantidade, 1,06%. Nos extratos das folhas do presente estudo foi

identificado o óxido de cariofileno (0,46 a 1,55%), que também foi

identificado no extrato bruto em estudo realizado por Potzernheim (2006) que

analisou a P. arboreum (10,1%), P. dilatatum (5,3%).

A variação na concentração dos constituintes químicos dos

extratos de P. cernuum pode ser observada nos cromatogramas através do

tamanho da área dos constituintes químicos, quanto maior a área, maior a

concentração. A constituição química varia de acordo com a parte da planta

utilizada de acordo com a época de coleta da planta em diferentes estações

do ano (sazonalidade), tendo em vista que a quantidade e a natureza dos

compostos ativos pode variar durante o ano, sendo observado em

praticamente todas as classes de metabólitos secundários (GOBBO-NETO;

LOPES, 2007).

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Parâmetros de sazonalidade sobre a constituição química também

foram analisados por Perigo et al. (2016), que identificaram a presença de

mono e sesquiterpenos nas amostras de P. aduncum e não identificaram esses

constituintes químicos nas amostras de P. cernuum. Neste caso, as condições

ambientais e a sazonalidade influenciaram diretamente na composição

química das plantas do estudo, uma vez que foram coletadas em diferentes

regiões do Brasil.

Nos extratos do presente estudo foram identificados o trans-

dihidroagarofurano como sendo um dos constituintes majoritários (1,10 a

33,02%) e o elemol, presente apenas no caule coletado ao final do inverno de

2014 (2,05%), onde as chuvas ocorreram em uma categoria acima do normal.

Constituintes químicos que também foram identificados no óleo essencial de

P. cernuum obtido por Gasparetto et al. (2017), sendo o trans-

dihidroagarofurano (30,03 a 36,68%) e o elemol (5,89 a 9,15%).

A relação entre a sazonalidade e a constituição química é de

extrema importância, considerando que o cumarato de bornila é um dos

principais componentes majoritários do extrato de P. cernuum, apresentando

as maiores concentrações quando comparado aos outros constituintes

considerados majoritários. Além disso, está associado ao potencial

antimicrobiano dos extratos, resultados que foram confirmados no presente

estudo, através do ensaio de bioautografia que também foi realizado por Gon

e Schaeffer (2016).

A figura 17 apresenta uma correlação entre influência da

sazonalidade sobre a concentração do cumarato de bornila nos extratos das

diferentes partes de P. cernuum, coletadas ao final das estações dos anos de

2013 a 2015 e verão de 2016. Onde pode ser observado que o cumarato de

bornila está presente em maior concentração nas amostras dos caules e das

inflorescências e praticamente não aparece na constituição química das

folhas.

A parte da planta que apresentou maior concentração do cumarato

de bornila foram os caules coletados ao final da primavera de 2014 (60,83%),

onde o índice de chuvas foi menor e com temperaturas mais amenas e a menor

concentração foi na coleta do final do verão de 2016 (37,89%), onde os

índices pluviométricos ficaram acima da média histórica e com temperatura

mais alta.

Para as inflorescências, a amostra que apresentou a maior

concentração do cumarato de bornila foi a coletada ao final do inverno de

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2013 (41,70%), caracterizado pela presença de excesso de chuvas, a menor

concentração foi na coleta do final do inverno de 2014 (11,20%), onde as

chuvas ocorreram acima da faixa normal, a temperatura nas duas estações

apresentou valores abaixo de 0º C.

Apenas seis das oito amostras das folhas apresentaram o cumarato

de bornila em sua constituição química, em concentrações extremamente

baixas quando comparadas aos caules e inflorescências (0,10 a 1,96%).

Figura 17. Relação da influência da sazonalidade sobre a constituição

química do cumarato de bornila em diferentes partes de P. cernuum, coletadas

ao final das estações do outono de 2013 ao verão 2015 e verão de 2016.

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5.2 Bioautografia

A bioautografia é um ensaio realizado para a localização e

identificação dos constituintes químicos bioativos que apresentam atividade

antimicrobiana, para o ensaio do presente estudo foi utilizada a bactéria

Gram-positiva Staphylococcus aureus.

Para a eluição das placas de CCD foi escolhida como fase móvel

o sistema de solventes hexano e acetato de etila na proporção 6:4 por ter

apresentado o melhor perfil de separação dos constituintes químicos dos

extratos de P. cernuum. As mesmas foram utilizadas para o ensaio de

bioautografia, que separa os constituintes químicos de acordo com a sua

polaridade, que separados podem apresentar atividade antibacteriana mais

pronunciada quando comparados com os extratos que possuem diferentes

constituintes químicos em sua composição.

Foi observado no ensaio de bioautografia (Figura 18) a formação

halo de inibição ao redor dos constituintes químicos responsáveis pela

atividade antibacteriana, assim como em estudo realizado por Gon e

Schaeffer (2016) que demonstraram atividade antibacteriana para o cumarato

de bornila que foi testado frente ao S. aureus.

Os resultados obtidos no ensaio de bioautografia foram

satisfatórios, uma vez que as amostras dos extratos foram aplicadas nas placas

de CCD em concentração e quantidade conhecidas (0,32 mg/20 µl), o que

facilitou a formação e visualização dos halos de inibição. Para que isso

ocorra, os constituintes químicos separados pela CCD precisam se difundir

no ágar para alcançar o inóculo bacteriano em estudo, para que se forme o

halo na superfície do ágar. A atividade antimicrobiana dos extratos está

associada pela presença de uma ou mais substâncias presentes nas diferentes

partes da planta.

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Gasparetto et al. (2017) também analisaram o óleo essencial de P.

cernuum em ensaios de bioautografia e associaram a atividade antibacteriana

ao mono- e sesquiterpenos que fazem parte da sua constituição química e que

foram os responsáveis pela formação do halo de inibição.

Figura 18. Placas de CCD utilizadas para bioautografia.

Legenda: 1. Extrato caules verão/14; 2. Extrato caules outono/14; 3. Extrato

caules inverno/14; 4. Extrato caules verão/15; 5. Extrato caules inverno/13;

6. Extrato caules primavera/13; 7. Extrato folhas inverno/13; 8. Extrato folhas

primavera/13; 9. Extrato folhas outono/14; 10. Extrato folhas verão/14; 11.

Extrato folhas primavera/14; 12. Extrato folhas inverno/14; 13. Extrato folhas

verão/15; 14. Extrato caules primavera/14; 15. Extrato caules verão/16; 16.

Extrato folhas verão/16; 17. Extrato inflorescências verão/16; 18. Extrato

inflorescências outono/13; 19. Extrato inflorescências inverno/13; 20.

Extrato inflorescências outono/14; 21. Extrato inflorescências inverno/14; P.

Padrão cumarato de bornila.

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5.3 Avaliação da Atividade Antimicrobiana

Os resultados da avaliação da atividade antimicrobiana estão

apresentados na Tabela 5. Os melhores resultados obtidos para S. aureus

podem ser observados nas estações de outono, inverno e verão. Todos os

extratos obtidos das inflorescências, apresentaram atividade antibacteriana,

principalmente para os extratos das estações do outono e inverno, com

menores valores de CIM, portanto, demonstrando-se mais ativos. Esses

resultados podem ser comparados com os obtidos da triagem preliminar e da

bioautografia, que apresentaram atividade contra S. aureus para todas as

amostras.

Esses resultados corroboram com os encontrados para o óleo

essencial de P. cernuum que foi avaliado contra S. aureus e observou-se como

no presente estudo, que os melhores resultados foram principalmente nas

estações do inverno, verão e outono quando comparados com os óleos de P.

amplum, que também demonstrou atividade antibacteriana, mas com maiores

concentrações na determinação da CIM (GASPARETTO et al., 2017).

Todos os extratos apresentaram atividade contra as bactérias

Gram-positivas S. aureus e B. subtillis testadas. Podemos fazer uma

comparação entre os extratos das folhas do final do verão de 2014 que

apresenta em sua composição o trans-dihidroagarofurano (3,20%) e o β-

eudesmol (5,21%) e das folhas da primavera de 2014 que não possui trans-

dihidroagarofurano em sua composição e o β-eudesmol (3,93%). Os extratos

dessas duas coletas não foram ativos até a concentração de 1000 µg/mL

contra B. subtillis, o que pode ser explicado pelas menores concentrações de

trans-dihidroagarofurano (6,53 a 31,99%) e β-eudesmol (7,48 a 14,16%),

quando comparados aos demais extratos testados.

Resultados extremamente importantes foram observados contra B.

subtillis, as estações de inverno e verão apresentaram valores de CIM que

caracterizam uma atividade antibacteriana forte, entre 31,25 a 125 µg/mL,

para os caules e 13,62 a 62,5 µg/mL para as inflorescências. Por outro lado,

os extratos das folhas apresentaram valores de 250 a 500 µg/mL,

caracterizando atividade moderada.

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Tabela 5. Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Microbicida Mínima (CMM) dos extratos

de P. cernuum.

Legenda: Staphylococcus aureus (S.aureus); Bacillus subtilis (B.subtilis); Escherichia coli (E.coli); Candida albicans

(C.albicans); Microsporum gypseum (M. gypseum); Trichophyton rubrum (T.rubrum); Trichophyton mentagrophytis

(T.mentagrophytis); Epidermophyton flocosum (E.flocosum); Aspergillus fumigatus (A.fumigatus); Rhizopus; microgramas

por mililitro (µg/ml); Não realizado (NR).

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Os resultados obtidos para a determinação da CIM contra a

bactéria E. coli, demonstram que os extratos apresentam uma atividade

antibacteriana fraca para os extratos dos caules e inflorescências. Já para os

extratos das folhas, apenas as estações de inverno de 2013 e verão de 2015 e

2016 apresentaram atividade. Esses resultados são importantes por tratar-se

de uma bactéria Gram-negativa, a qual apresenta uma membrana externa que

protege a célula de qualquer agente externo tóxico e os extratos do presente

estudo foram capazes de inibir o seu crescimento.

Um dado relevante que deve ser levado em consideração é a

presença de elevada concentração de dois constituintes majoritários (trans-

dihidroagarofurano e β-eudesmol). Estes compostos podem estar

relacionados com a atividade antibacteriana mais pronunciada dos extratos

das folhas e dos caules, especialmente ao final das estações do verão de 2015

e 2016 e o inverno de 2013 (Tabela 6).

Tabela 6. Proporção dos contituintes químicos trans-dihidroagarofurano e β-

eudesmol por parte de planta e efeito da sazonalidade.

O β-eudesmol já foi encontrado no óleo essencial de Machilus

zuihoensis e foi testado contra bactérias e fungos e demonstrou uma elevada

atividade na supressão do crescimento antimicrobiano (HO; LIAO; SU,

2012).

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De acordo com as evidências encontradas no presente estudo, o

trans-dihidroagarofurano é um constituinte químico o qual apresenta

atividade antimicrobiana intrínseca, resultados que corroboram com relatos

na literatura, de que vários ésteres de dihidroagarofurano possuem atividade

como agentes reversores de resistência a múltiplos fármacos (RMF), sendo

eficazes tanto para células cancerosas quanto para bactérias (LEE;

FLOREANCIG, 2004).

Os resultados obtidos corroboram com os estudos acima citados

com os extratos etanólicos dos caules e das folhas de P. cernuum, coletados

em diferentes estações, que também apresentaram resultados promissores

para a atividade antibacteriana.

Podemos inferir que existe uma relação entre a concentração do

cumarato de bornila, os extratos de diferentes partes da planta e os efeitos da

sazonalidade na proporção do constituinte químico, correlacionando esses

aspectos com a atividade antibacteriana dos extratos contra S. aureus. Estes

resultados podem ser comparados com o ensaio de bioautografia realizados

por Gon e Schaeffer (2016), onde o extrato de P. cernuum demonstrou

inibição no crescimento de S. aureus através da formação de um halo de

inibição ao redor do cumarato de bornila.

Os extratos dos caules apresentaram atividade antifúngica contra

Trichophyton rubrum (CIM 500-1000 µg/mL), para o fungo Trichophyton

mentagrophytis somente para o extrato do final do verão/2016 apresentou

atividade, apenas os extratos do inverno/2014, primavera/2014 e verão/2016

(CIM 1000 µg/mL) apresentaram atividade contra Epidermophyton

flocosum, o extrato do verão/2016 foi o único que apresentou atividade contra

Microsporum gypseum (CIM 1000 µg/mL).

Os extratos das folhas apresentaram atividade antifúngica contra

T. rubrum (CIM 125-500 µg/mL), T. mentagrophytis (CIM 500-1000

µg/mL), sendo que apenas o extrato da primavera/2013 apresentou (CIM ˃

1000 µg/mL), E. flocosum (CIM 500-1000 µg/mL), M. gypseum (CIM 500-

1000 µg/mL).

Apenas os extratos das inflorescências da coleta do inverno/2013

apresentaram atividade contra T. rubrum (CIM 125-500 µg/mL), T.

mentagrophytis (CIM 500-1000 µg/mL) e M. gypseum (CIM 500-1000

µg/mL), todos os extratos (caules, folhas e inflorescências) apresentaram

atividade contra E. flocosum (CIM 500-1000 µg/mL).

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Os extratos dos caules, folhas e inflorescências do verão/2016

foram os únicos ativos contra C. albicans (CIM 500 µg/mL).

Todos os extratos do presente estudo apresentaram valores de CIM

maiores do que 1000 µg/mL contra os fungos Aspergillus fumigatus e

Rhizopus. Deve ser levado em consideração que os ensaios foram realizados

até a concentração máxima de 1000 µg/mL, ou seja, não houve atividade

demonstrada até essa concentração testada.

O extrato dos caules coletados no verão de 2016 foi o único que

apresentou atividade antimicrobiana contra o M. gypseum. Para as folhas

destacam-se todas as coletas do ano de 2014, com exceção da amostra do

extrato das inflorescências do inverno de 2013 não apresentou atividade.

O extrato dos caules do verão/2016 apresentou atividade contra T.

mentagrophytes, assim como todos os extratos das folhas e das

inflorescências, com exceção apenas para a coleta das folhas da

primavera/2013 e inflorescência do inverno/2013.

Os extratos dos caules coletados na primavera de 2013 e outono

de 2014 não apresentaram atividade antifúngica contra T. rubrum.

As amostras dos caules coletados ao final do inverno e da

primavera de 2014 e a amostra do verão de 2016 apresentaram atividade

contra E. flocosum. Todas as amostras das folhas e das inflorescências

apresentaram atividade, destacando-se as estações do verão e primavera para

as folhas e as estações do outono e inverno para as inflorescências.

Considerando a parte da planta analisada, todos os extratos dos

caules de P. cernuum demonstraram atividade considerada fraca ou não

apresentaram atividade para a maioria dos fungos filamentosos testados. Os

extratos das folhas e das inflorescências apresentaram atividade considerada

fraca ou moderada. Nenhum dos extratos de P. cernuum apresentaram

atividade contra os fungos Aspergillus fumigatus e Rhizopus.

O óleo de P. cernuum, demonstrou atividade antifúngica contra o

M. gypseum e T. mentagrophytesonde, onde destacaram-se as estações do

verão, primavera e inverno. Contra T. rubrum, destacou-se a estação do

inverno. Contra E. flocosum, destacaram-se as estações da primavera, verão

e outono, mas a melhor atividade foi observada nos óleos do verão e

primavera (GASPARETTO et al., 2017). Os óleos essenciais de P. regnelli e

P. solmsianum, exibiram atividade antifúngica contra C. albicans, mas

somente o óleo de P. solmsianum apresentou atividade contra todos os fungos

dermatófitos testados (CAMPOS et al., 2005; COSTANTIN et al., 2011).

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Foram observados resultados semelhantes do presente estudo com

a atividade antifúngica do óleo essencial das folhas frescas de P.

malacophylum apresentou atividade antifúngica considerada fraca ou

moderada para os fungos testados (SANTOS et al., 2012).

A comparação da atividade antifúngica dos extratos de P. cernuum

com o óleo essencial de outras espécies de Piper foi realizado baseando-se

na similaridade entre a constituição química dos extratos com os óleos.

Estudos fitoquímicos identificaram nos óleos a presença de hidrocarbonetos,

monoterpenos, sesquiterpenos, arilpropanoides, lignanas e neolignanas que

podem ser responsáveis por sua atividade antifúngica (MOREIRA;

KAPLAN; GUIMARÃES, 1995; MARTINS et al., 2000; COSTANTIN et

al., 2011).

5.4 Análise Multivariada

A Análise Cluster de Componentes Hierárquicos (HCA) tem como

objetivo separar os extratos de P. cernuum em grupos similares, sendo

necessário conhecer as características dos elementos resultantes de uma ou

mais variáveis. Essa técnica teve por finalidade reunir os elementos

verificados em que exista homogeneidade dentro dos grupos e

heterogeneidade entre os grupos.

Para mensurar a similaridade entre as amostras foi utilizada a

distância Euclidiana e o método hierárquico aglomerativo, onde todas as

amostras fazem parte de um único grupo.

O dendograma representa uma síntese gráfica da pesquisa

desenvolvida, que permitiu a classificação em três tipos principais de

amostras dos extratos de P. cernnum (Figura 19). Pode-se observar dois

clusters distintos, o que significa que há consistência e heterogeneidade em

cada grupo. A escala vertical indica o nível de similaridade da constituição

química e no eixo horizontal são marcados os indivíduos, que possuem altura

correspondente ao nível em que são considerados semelhantes por ordem

decrescente (ELAISSI et al., 2012; GASPARETTO et al., 2017).

O Cluster I compreende as amostras das folhas e das inflorescências,

que apresentam similaridade entre si por apresentarem o trans-

dihidroagarofurano, elemol, β-eudesmol, cumarato de bornila, cubebina,

hinoquinina e sesamina como constituintes químicos em comum. O cluster II

é representado pela amostra dos caules, que apresenta similaridade menor

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quando comparado às folhas e às inflorescências, pois além de apresentar os

constituintes químicos citados acima, é a única amostra que apresenta esteróis

em sua composição.

Figura 19. Análise Cluster de Componentes Hierárquicos (HCA) das classes

dos constituintes dos extratos das diferentes partes de P. cernuum.

O dendograma baseado na distância Euclidiana, indica quatro

grupos dos extratos das diferentes partes de P. cernuum, sendo identificados

pela presença de constituintes químicos em comum (Figura 20). Os grupos

foram definidos pelo traçado de uma linha denominada “Linha de Fenon” que

representa a distância Euclidiana de ligação entre as variáveis, é representada

por um corte na região de 37,0. Na Figura 21, a “Linha de Fenon” localiza-

se na região de 1500.

Observa-se nos dendogramas das figuras 20 e 21 a esquerda da

linha, uma homogeneidade entre os grupos A, B, C e D, pois são semelhantes

entre si. A direita da linha, localizam-se grupos distintos entre si devido a

diferença na constituição química ou propriedade antimicrobiana por parte da

planta e pela sazonalidade, sendo, portanto heterogêneos.

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O grupo A inclui as amostras dos extratos do caule final do inverno

de 2013, caule final do verão de 2014, caule final do verão de 2015, caule

final do outono de 2014, caule final da primavera de 2013, caule final do

inverno de 2014, inflorescência final do inverno de 2013 e caule final da

primavera de 2014. Estas são caracterizadas pela menor porcentagem de

elemol (0,85% a 3,94%) quando comparada às amostras do grupo C e D, nível

moderado de β-eudesmol (4,38% a 10,21%), as maiores porcentagens de

cumarato de bornila (39,25% a 60,83%) e ferulato de bornila (2,41% a

6,04%) quando comparado ao grupo B e porcentagem média de hinoquinina

(3,72% a 14,72%).

O grupo B inclui as amostras dos extratos do caule final do verão

2016, inflorescência final do outono de 2013 e inflorescência final do outono

de 2014, são caracterizadas pela presença de elevados níveis de trans-

dihidroagarofurano (2,25% a 29,44%) o que também pode ser observado no

grupo D, porém em menor quantidade, a maior porcentagem de β-eudesmol

(7,09% a 20,24%) de todos os grupos, porcentagem relativamente alta de

cumarato de bornila (25,62% a 37,89%) e ferulato de bornila (3,57% a

5,07%) e porcentagem média de hinoquinina (2,47% a 13,45%).

O grupo C inclui as amostras dos extratos da folha final do inverno

de 2013, folha final do outono de 2014, folha final do verão de 2014, folha

final da primavera de 2013, folha final do inverno de 2014, folha final do

verão de 2015 e folha final da primavera de 2014, são caracterizadas por

apresentarem níveis baixos de elemol (1,65% a 4,35%), teor moderado de β-

eudesmol (3,93% a 14,16%), é o único grupo que apresenta porcentagem

relativamente alta de cubebina (7,17% a 11,20%) e apresenta níveis altos de

hinoquinina (12,92% a 26,99%) quando comparado aos demais grupos.

O grupo D inclui as amostras dos extratos da folha final do verão

de 2016, inflorescência final do inverno de 2014 e inflorescência final do

verão de 2016, caracterizam-se por apresentarem os níveis mais elevados de

trans-dihidroagarofurano (22,79% a 33,72%) e elemol (1,44% a 8,40%)

quando comparados aos demais grupos, nível moderado de β-eudesmol

(8,39% a 11,60%) e de hinoquinina (7,65% a 11,43%).

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Figura 20. Dendograma obtido por análise de agrupamento hierárquico baseado no método da distância Euclidiana (HCA)

entre os grupos dos extratos das diferentes partes de P. cernuum coletadas ao final das diferentes estações do outono de 2013

ao verão de 2015 e verão de 2016.

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A análise Cluster de Componentes Hierárquicos (HCA) também

foi realizada para a atividade antimicrobiana, permitindo a identificação de

quatro grupos principais A, B, C e D (Figura 21).

O grupo A é caracterizado por apresentar atividade forte contra B.

subtilis, fraca contra S. aureus e E. coli, atividade fraca ou não inibe T.

rubrum e E. flocosum e não inibe o crescimento de C. albicans, M. gypseum

e T. mentagrophytis. Os constituintes químicos que os extratos desse grupo

apresentam em comum são o elemol, β-eudesmol, cumarato de bornila,

ferulato de bornila e hinoquinina o que caracteriza uma influência da

constituição química em uma atividade antimicrobiana considerada forte.

O grupo B apresenta é caracterizado por apresentar atividade forte

contra B. subtilis, atividade moderada a fraca contra S. aureus e T. rubrum,

atividade fraca contra E. coli e E. flocosum e não inibe o crescimento de C.

albicans, M. gypseum e T. mentagrophytis. O grupo B apresenta os mesmos

constituintes químicos do grupo A, que explica a sua atividade considerada

de forte a moderada.

O grupo C é caracterizado por apresentar atividade forte a

moderada contra B. subtilis, atividade moderada a fraca contra S. aureus e T.

rubrum, atividade moderada contra E. coli, atividade fraca contra M.

gypseum, T. mentagrophytis e E. flocosum e atividade fraca ou não inibe o

crescimento de C. albicans. Os constituintes químicos que esse grupo

apresenta em comum são o trans-dihidroagarofurano, β-eudesmol e

hinoquinina, o que também caracteriza a atividade considerada forte a

moderada.

O grupo D é caracterizado por apresentar atividade moderada a

fraca contra T. rubrum, atividade fraca contra S aureus, B. subtilis, M.

gypseum, T. mentagrophytis e E. flocosum e não inibe o crescimento de C.

albicans e E. coli. É o único grupo que apresenta como constituinte químico

a cubebina, além do elemol, β-eudesmol e hinoquina. O grupo é considerado

com atividade antimicrobiana fraca, pois os extratos apresentam uma

concentração baixa desses constituintes químicos, podendo ser os

responsáveis pela atividade biológica.

Nenhum dos extratos apresentou atividade antifúngica contra A.

fumigatus e Rhizopus.

Para facilitar o entendimento, as análises multivariadas da

constituição química e da atividade antimicrobina foram sobrepostas e

correlacionadas (Figura 22).

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Figura 21. Dendograma obtido por análise de agrupamento hierárquico baseado no método da distância Euclidiana (HCA)

da atividade antibacteriana e antifúngica dos extratos das diferentes partes de P. cernuum coletadas ao final das diferentes

estações do outono de 2013 ao verão de 2015 e verão de 2016.

Legenda: (+++): atividade forte, (++): atividade moderada, (+): atividade fraca, (NI): não inibe.

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Figura 22. Dendograma obtido para correlacionar a HCA da Constituição química com a HCA da propriedade

antimicrobiana dos extratos de P. cernuum.

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6 CONCLUSÕES

• A sazonalidade influenciou no rendimento, na composição

química e na atividade antimicrobiana dos extratos analisados;

• Foram identificados por CG-EM os seguintes constituintes

químicos: trans-dihidroagarofurano, elemol, óxido de cariofileno, guaiol, β-

eudesmol, pentadecanona, palmitato de isopropila, heptadecanol, aldol, fitol,

octilftalato, cumarato de bornila, ferulato de bornila, tricaprilato de glicerol,

cubebina, hinoquinina, sesamina e estigmasterol;

• Alguns constituintes químicos apresentaram-se em maiores

concentrações e portanto considerados majoritários, o trans-

dihidroagarofurano, β-eudesmol, cumarato de bornila e hinoquinina;

• Os extratos foram ativos contra as bactérias e os fungos

analisados com significativas diferenças entre as partes da planta;

• Os extratos dos caules foram ativos contra S. aureus (CIM entre

125 e 1000 µg/ml), B. subtillis (CIM entre 31,25 e 125 µg/ml) e E. coli (CIM

entre 500 e 1000 µg/ml);

• Os extratos das folhas foram ativos contra S. aureus (CIM entre

500 e 1000 µg/ml), B. subtillis (CIM entre 250 e 500 µg/ml) e E. coli (CIM

entre 500 e 1000 µg/ml);

• Os extratos das inflorescências foram ativos contra S. aureus

(CIM entre 31,25 e 250 µg/ml), B. subtillis (CIM entre 15,62 e 62,5 µg/ml) e

E. coli (CIM entre 31,25 e 250 µg/ml);

• Apenas os extratos do caule, da folha e da inflorescência

coletados no verão de 2016 foram ativos contra C. albicans (CIM= 500

µg/ml);

• Para os fungos dermatófitos, apresentaram atividade e destacam-

se os extratos das folhas e inflorescências (CIM entre 125 e 1000 µg/ml);

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• Nenhum extrato foi ativo contra Aspergillus fumigatus e

Rhizopus;

• Observou-se uma significativa influência da sazonalidade sobre

a composição química dos extratos obtidos de diferentes partes da planta,

fatores que juntos influenciaram na determinação da atividade

antimicrobiana;

• Os resultados obtidos na análise multivariada, permitiram

analisar a similaridade das amostras dos extratos em sua constituição química

e atividade antimicrobiana, fazendo uma correlação entre os dois parâmetros

de estudo.

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APÊNDICE

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Valores de porcentagens de área dos extratos etanólicos dos caules de P. cernuum, coletados ao final das estações dos anos

de 2013 a 2016.

PICO TR

(min)

CAULES

CONSTITUINTE

QUÍMICO INV/2013 PRIM/2013 VER/2014 OUT/2014 INV/2014 PRIM/2014 VER/2015 VER/2016

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

1 2,224 − − − − 1,06 − − −

2 3,185 − − − − − − − −

3 3,260 2,04 6,70 4,04 6,00 − 1,10 4,24 29,44 TRANS-

DIHIDROAGAROFURANO

4 3,337 1,61 1,85 2,04 1,35 3,94 1,01 1,06 − CICLOHEXANO-

METANOL

5 3,341 − − − − 2,05 − − − ELEMOL

6 3,415 − − − − 0,32 − − −

7 3,460 − − − − − − − −

8 3,514 − − − − 0,31 − − −

9 3,557 − − − − − − − − ÓXIDO DE CARIOFILENO

10 3,654 − − − − − − − −

11 3,661 − − − − − − − −

12 3,688 − − − − − − − −

13 3,736 − − − − 0,70 − − − GUAIOL

14 3,757 − − − − − − − −

15 3,820 5,95 7,38 4,66 5,46 8,29 7,30 4,38 7,09 β-EUDESMOL

16 3,890 − − − − − − − −

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116

17 3,966 − − − − − − − −

18 4,156 − 0,38 − − − − − −

19 4,288 − 0,29 − − − − − 0,54

20 4,410 − 1,10 0,71 0,84 − 0,41 0,87 −

21 4,510 − − − − − − − −

22 4,570 − − − − − − − −

23 4,614 2,45 2,06 2,29 1,87 2,76 1,84 1,44 −

24 4,679 1,10 0,81 − 1,20 1,40 0,29 − −

25 4,684 − − 1,13 − − − − − PENTADECANONA

26 4,720 1,23 0,56 − 1,48 2,12 0,16 2,16 −

27 4,800 − − − − − − − −

28 4,936 − − − − − − − −

29 5,004 − − − − − − − −

30 5,300 8,58 11,16 11,50 12,06 14,90 9,48 10,29 6,48

31 5,450 − − − − − − − −

32 5,519 − 0,19 − − − − − −

33 5,561 − 0,33 − − − − − −

34 5,805 − − − − − − − − PALMITATO DE

ISOPROPILA

35 5,810 − − − − − − − −

36 5,855 − − − − − − − −

37 6,164 − − − − − − − −

38 6,188 − − − − 0,88 − − − HEPTADECANOL

39 6,192 − 0,36 0,61 − − − − − ALDOL

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117

40 6,311 − − − − − − − −

41 6,334 − − − − − − − −

42 6,385 − − − − − − − −

43 6,409 − − − − − − − − FITOL

44 6,549 − 0,16 − − − − − −

45 6,584 − − − − − − − −

46 6,611 − 0,53 − − 0,45 − − −

47 6,850 − − − − − − − −

48 7,046 − − − − − − − −

49 7,206 − − − − − − − −

50 7,689 − − − − − − − −

51 8,010 2,91 1,64 2,05 1,44 1,81 1,63 1,40 −

52 8,092 1,62 0,95 0,88 0,70 0,85 − 0,79 −

53 8,326 − 0,38 − − 0,33 − 0,31 −

54 8,393 − 0,24 − − − − − −

55 8,516 − 0,29 − − 0,57 − 0,35 −

56 8,519 − − 0,89 − − − − − OCTILFTALATO

57 8,545 − − − − − − − 2,92

58 8,715 − 0,45 − 1,44 0,24 − 0,66 −

59 8,744 49,83 39,25

47,66 46,16 41,83

60,83 49,72 37,89 CUMARATO

DE BORNILA

60 9,207 2,92 3,75

2,41 3,81 2,83

5,19 3,44 5,07 FERULATO

DE BORNILA

61 9,415 − − − − − − − 1,11

62 9,678 4,53 4,79 5,12 3,65 2,86 4,62 4,38 3,18

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118

63 9,786 − − − 0,43 − − − −

64 9,848 − − − 0,24 − − − −

65 9,974 − − − 0,33 − − − −

66 10,124 − − − − − − − −

67 10,280 − − 0,53 − 0,42 0,60 − −

68 10,305 − − − − − − − − TRICAPRILATO DE

GLICEROL

69 10,355 − − − − − − − −

70 10,559 1,61 1,59 1,21 1,07 1,18 − 1,36 0,09

71 10,567 − − − − − − − − CUBEBINA

72 10,697 − − − − − − − −

73 10,765 − − − − − − − −

74 10,878 7,21 6,21 6,38 4,90 3,76 3,72 5,05 2,47 HINOQUININA

75 11,056 0,98 − 0,38 0,30 − − − −

76 11,100 − − 0,08 − − − − −

77 11,410 − − 0,76 − 0,29 − − −

78 11,484 2,40 3,18 3,01 2,23 2,00 1,27 4,40 1,97 SESAMINA

79 11,598 − − − − − − − −

80 11,752 1,63 1,45 1,29 1,11 1,08 − 1,72 −

81 12,499 − − − 0,25 − − − −

82 12,744 − − − 1,66 − − − − ESTIGMASTEROL

83 12,750 1,39 1,97 0,36 − 0,76 0,52 1,98 1,75

84 12,847 − − − − − − − −

85 13,271 − − − − − − − −

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Valores de porcentagens de área dos extratos etanólicos das folhas de P. cernuum, coletadas ao final das estações dos anos

de 2013 a 2016.

PICO TR

(min)

FOLHAS

CONSITUINTE

QUÍMICO INV/2013 PRIM/2013 VER/2014 OUT/2014 INV/2014 PRIM/2014 VER/2015 VER/2016

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

ÁREA

(%)

1 2,224 − − − − − − − 1,49

2 3,185 − − − 0,40 − − − −

3 3,260 10,49 6,53 3,20 12,49 8,38 − 8,01 31,99 TRANS-

DIHIDROAGAROFURANO

4 3,337 4,35 4,11 2,65 3,32 3,40 1,65 2,75 8,40 CICLOHEXANO-METANOL

5 3,341 − − − − − − − − ELEMOL

6 3,415 0,72 − 0,35 0,72 − − − 1,10

7 3,460 0,40 − − − − − − −

8 3,514 0,78 0,47 0,46 1,17 0,37 − − −

9 3,557 1,47 0,87 0,42 1,55 0,46 − − − ÓXIDO DE

CARIOFILENO

10 3,654 1,40 − 0,81 − 0,30 − − −

11 3,661 − − − 1,54 − − − −

12 3,688 − − − 0,25 − − − 5,89

13 3,736 − − 0,49 1,45 0,59 − 0,90 − GUAIOL

14 3,757 3,36 − 0,79 1,86 0,31 0,28 1,22 0,64

15 3,820 7,48 7,88 5,21 8,35 8,85 3,93 14,16 8,96 β-EUDESMOL

16 3,890 0,86 − 0,54 0,93 − − − −

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17 3,966 1,14 0,90 0,88 0,80 0,25 − − −

18 4,156 0,56 0,67 0,47 − 0,14 0,23 − −

19 4,288 − − − 0,27 − − 0,64 1,25

20 4,410 1,07 1,42 1,64 1,76 2,29 0,91 2,03 −

21 4,510 − − 0,99 − − − − −

22 4,570 − − 0,77 − 0,49 0,37 − −

23 4,614 1,99 3,14 3,08 2,50 2,35 2,54 3,28 2,17

24 4,679 0,58 1,07 1,32 − − − − −

25 4,684 − − − − − − − − PENTADECANONA

26 4,720 1,57 1,90 2,57 2,33 3,10 − 1,61 1,94

27 4,800 1,38 − 2,24 − − − − 1,13

28 4,936 1,14 − 0,64 − − 0,33 − −

29 5,004 − − 0,90 0,50 0,32 − 1,34 1,57

30 5,300 9,74 10,73 13,90 8,07 14,13 18,19 11,83 4,39

31 5,450 0,32 0,33 0,30 − − 0,15 − −

32 5,519 − − − − − − − −

33 5,561 − 0,33 − − − 0,26 − −

34 5,805 − − − 0,99 − − − − PALMITATO DE

ISOPROPILA

35 5,810 − 0,34 − − − 3,98 − −

36 5,855 0,69 0,70 0,47 − 0,30 − − −

37 6,164 − − − − − 0,19 − −

38 6,188 − − − − − − − − HEPTADECANOL

39 6,192 0,48 0,52 1,52 0,60 0,20 0,05 − − ALDOL

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40 6,311 0,17 0,35 0,83 − 0,23 0,09 − −

41 6,334 0,03 − 0,39 − − − − −

42 6,385 − − 0,19 − − − − −

43 6,409 0,23 − − 0,32 − − − − FITOL

44 6,549 − − − − − − − −

45 6,584 − 0,08 − − − − − −

46 6,611 − − − − − − − −

47 6,850 0,06 0,05 − − − − − −

48 7,046 0,04 − − − − − − −

49 7,206 0,13 0,18 − − − − − −

50 7,689 0,07 0,07 − − − 0,08 − −

51 8,010 0,21 0,09 − − − 0,13 − −

52 8,092 0,33 0,11 0,24 − − 0,19 − −

53 8,326 0,06 − − − − 0,39 − −

54 8,393 − − − − − − − −

55 8,516 0,19 0,28 − − − 0,82 0,63 −

56 8,519 − − − − − − − − OCTILFTALATO

57 8,545 − − − − − − − −

58 8,715 − − − 0,23 1,29 1,18 0,98 0,38

59 8,744 1,96 0,10 1,09 0,47 − 0,54 − − CUMARATO

DE BORNILA

60 9,207 0,24 0,10 0,38 0,10 − − − − FERULATO

DE BORNILA

61 9,415 − − − − − 0,63 − −

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122

62 9,678 8,36 10,75 15,12 9,69 14,89 13,72 15,55 8,26

63 9,786 1,72 1,85 2,12 1,62 1,21 2,17 1,05 1,13

64 9,848 1,36 1,37 2,08 1,43 1,17 0,63 1,04 0,99

65 9,974 1,26 1,76 − 0,34 − − − −

66 10,124 0,32 0,57 − − − 0,70 − −

67 10,280 − − − − 0,88 − − −

68 10,305 1,36 2,07 − − − 4,13 − − TRICAPRILATO DE

GLICEROL

69 10,355 0,48 − − − − − − −

70 10,559 − − 0,36 − − − − −

71 10,567 7,66 8,92 7,41 10,08 9,92 7,17 11,20 7,14 CUBEBINA

72 10,697 0,19 − 0,37 0,13 − − − −

73 10,765 0,48 0,42 0,48 0,77 − − − −

74 10,878 12,92 17,70 16,98 17,09 21,65 26,99 19,73 10,08 HINOQUININA

75 11,056 1,78 2,06 2,23 2,36 2,53 3,15 1,53 1,09

76 11,100 − − − − − − − −

77 11,410 2,63 3,23 0,17 − − 3,93 0,47 −

78 11,484 0,49 0,55 1,01 0,72 − − − − SESAMINA

79 11,598 − 0,30 − − − − − −

80 11,752 0,92 1,09 1,54 1,27 − − − −

81 12,499 0,06 − − 0,23 − − − −

82 12,744 − − − − − − − − ESTIGMASTEROL

83 12,750 0,44 0,50 0,27 0,43 − − − −

84 12,847 1,32 1,09 − − − − − −

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85 13,271 0,53 0,44 0,14 0,29 − − − −

Valores de porcentagens de área dos extratos etanólicos das inflorescências de P. cernuum, coletadas ao final das estações

dos anos de 2013 a 2016.

PICO TR (min)

INFLORESCÊNCIAS CONSTITUINTE

QUÍMICO OUT/2013 INV/2013 OUT/2014 INV/2014 VER/2016

ÁREA (%) ÁREA (%) ÁREA (%) ÁREA (%) ÁREA (%)

1 2,224 − − − 1,06 0,78

2 3,185 0,44 − 0,60 1,11 −

3 3,260 2,25 3,87 14,63 33,72 22,79 TRANS-DIHIDROAGAROFURANO

4 3,337 1,15 0,85 2,03 1,44 3,97 CICLOHEXANOMETANOL

5 3,341 − − − − − ELEMOL

6 3,415 − − − 0,43 −

7 3,460 − − − − −

8 3,514 − − − − −

9 3,557 − − − − − ÓXIDO DE CARIOFILENO

10 3,654 0,16 − − − −

11 3,661 0,34 − − − −

12 3,688 − 1,68 − − −

13 3,736 3,73 − 2,03 1,22 2,09 GUAIOL

14 3,757 − − 0,92 0,35 −

15 3,820 20,24 10,21 7,30 8,39 11,60 β-EUDESMOL

16 3,890 − − − − −

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17 3,966 − − 0,76 1,53 0,87

18 4,156 − − − − −

19 4,288 0,20 − 0,43 − 0,46

20 4,410 0,66 − 0,64 0,22 0,57

21 4,510 0,28 − − − −

22 4,570 − − − 0,59 −

23 4,614 2,28 1,33 1,11 − 1,29

24 4,679 0,10 − − 0,83 1,27

25 4,684 − − − − − PENTADECANONA

26 4,720 0,51 − 0,76 0,35 −

27 4,800 − − − 0,56 −

28 4,936 − − − − −

29 5,004 − − − 0,33 −

30 5,300 7,05 3,08 7,30 6,94 7,24

31 5,450 − − − − −

32 5,519 − − − − −

33 5,561 − − − 0,51 −

34 5,805 − − − − − PALMITATO DE ISOPROPILA

35 5,810 − − − − −

36 5,855 − − − − −

37 6,164 − − − − −

38 6,188 − − − − − HEPTADECANOL

39 6,192 − − − − − ALDOL

40 6,311 − − − − −

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41 6,334 − − − − −

42 6,385 − − − − −

43 6,409 − − − − − FITOL

44 6,549 − − − − −

45 6,584 − − − − −

46 6,611 − − − − −

47 6,850 − − − − −

48 7,046 − − − − −

49 7,206 − − − − −

50 7,689 − − − − −

51 8,010 − − − − −

52 8,092 − − − − −

53 8,326 − − − − −

54 8,393 − − − − −

55 8,516 − − − − −

56 8,519 − − − − − OCTILFTALATO

57 8,545 − − − − −

58 8,715 − − − − −

59 8,744 25,62 41,70 28,78 11,20 13,32 CUMARATO DE BORNILA

60 9,207 3,91 6,04 3,57 3,12 2,04 FERULATO DE BORNILA

61 9,415 1,81 1,47 1,49 1,34 1,12

62 9,678 7,74 7,42 6,65 7,11 4,27

63 9,786 1,42 1,23 0,86 0,73 0,64

64 9,848 0,29 0,45 0,16 0,25 −

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65 9,974 − − − − −

66 10,124 − − − − −

67 10,280 − − − − −

68 10,305 − − − − 4,40 TRICAPRILATO DE GLICEROL

69 10,355 − − − − −

70 10,559 − − − − 3,01

71 10,567 4,97 4,51 5,58 4,42 − CUBEBINA

72 10,697 − − − − −

73 10,765 − − − − −

74 10,878 13,45 14,72 13,00 11,43 7,65 HINOQUININA

75 11,056 1,36 1,44 1,40 0,82 0,84

76 11,100 − − − − −

77 11,410 − − − − 7,64

78 11,484 − − − − − SESAMINA

79 11,598 − − − − −

80 11,752 − − − − −

81 12,499 − − − − −

82 12,744 − − − − − ESTIGMASTEROL

83 12,750 − − − − 2,15

84 12,847 − − − − −

85 13,271 − − − − −