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SIC CLÍNICA MÉDICA INFECTOLOGIA VOL. 2

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Autoria e colaboraçãoDurval Alex Gomes e CostaGraduado em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Especialista em Infectologia pelo Hospital Heliópolis. Doutor em Doenças Infecciosas pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Médico in-fectologista do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Estadual Mário Covas, Santo André. Médico infectologista do Serviço de Moléstias Infecciosas do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.

Carolina dos Santos LázariGraduada em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Ex-preceptora do Programa de Residência Médica em Infectologia da FMUSP. Médica infectologista do Serviço de Extensão ao Atendimento a Pa-cientes com HIV/AIDS da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC-FMUSP no período de 2006 a 2012. Médica assistente da Enfermaria da mesma Divisão.

Carolina Luisa Alves BarbieriGraduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (FMUSP-RP). Especialista em Pediatria e em Infectologia Pediátrica pela FMUSP.

Rodrigo Antônio Brandão NetoGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Clínica Médica, em Emergências Clínicas e em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), onde é médico assistente da disciplina de Emergências Clínicas.

Ralcyon F. A. TeixeiraGraduado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). Especialista em Infectologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Mé-

dico assistente do Hospital Universitário (HMCP) da PUC-Campinas. Médico Infectologista do Hospital Sírio-Libanês.

Assessoria didática

Fabrício Martins Valois

Atualização 2017

Durval Alex Gomes e Costa

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Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

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Índice

Capítulo 1 - Principais antimicrobianos ........ 15

1. Introdução ...................................................................162. Bacterioscopia e sua importância no

tratamento antimicrobiano ....................................163. Antibióticos ................................................................. 174. Antifúngicos ...............................................................375. Antiparasitários ....................................................... 436. Antivirais .....................................................................47Resumo ............................................................................ 49

Capítulo 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ....................................................53

1. Introdução .................................................................. 542. Mordeduras de animais domésticos .................. 543. Tétano acidental ........................................................554. Raiva ............................................................................605. Outras doenças passíveis de imunização

pós-exposição ............................................................ 656. Acidente com material biológico......................... 667. Calendário nacional de vacinação ....................... 698. Profi ssionais de saúde ............................................73Resumo .............................................................................75

Capítulo 3 - Hanseníase ...................................77

1. Introdução .................................................................. 782. Histórico ......................................................................803. Agente etiológico ......................................................814. Imunopatogenia e fatores genéticos ..................815. Classifi cação .............................................................. 826. Diagnóstico ................................................................ 857. Tratamento .................................................................888. Estados reacionais .................................................. 899. Prevenção e vigilância epidemiológica ............. 9210. Hanseníase e gravidez ......................................... 92Resumo .............................................................................93

Capítulo 4 - Dengue ..........................................95

1. Etiologia ....................................................................... 962. Transmissão ............................................................... 963. Epidemiologia ...........................................................97

4. Fisiopatogenia .......................................................... 99

5. Quadro clínico e classifi cação ............................100

6. Avaliação laboratorial e diagnóstico ............... 106

7. Tratamento .............................................................. 107

8. Situações especiais .................................................111

9. Prevenção ................................................................. 113

10. Outras arboviroses de importância crescente no Brasil ............................................... 114

Resumo ........................................................................... 119

Capítulo 5 - Febre amarela ............................ 121

1. Icterícias febris .........................................................122

2. Epidemiologia...........................................................122

3. Ciclo da doença e fi siopatologia .........................124

4. Quadro clínico ..........................................................126

5. Diagnóstico ..............................................................126

6. Tratamento ...............................................................127

7. Profi laxia ....................................................................127

Resumo ...........................................................................129

Capítulo 6 - Hepatites virais ......................... 131

1. Introdução .................................................................132

2. Hepatite A .................................................................132

3. Hepatite B ............................................................... 138

4. Hepatite C ................................................................ 149

5. Hepatite D ................................................................ 158

6. Hepatite E ............................................................... 158

7. Em gestantes ...........................................................159

Resumo .......................................................................... 160

Capítulo 7 - Leptospirose .............................. 161

1. Introdução .................................................................162

2. Ciclo de vida e fi siopatologia ...............................162

3. Quadro clínico e formas ....................................... 164

4. Diagnóstico .............................................................. 166

5. Tratamento ...............................................................167

6. Profi laxia e medidas de controle ...................... 168

Resumo ...........................................................................169

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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Capítulo 8 - Malária ........................................ 171

1. Introdução .................................................................1722. Ciclo de vida e fisiopatologia ...............................1733. Quadro clínico .........................................................1764. Diagnóstico ..............................................................1795. Tratamento .............................................................. 1806. Profilaxia e vacina ..................................................185Resumo .......................................................................... 186

Capítulo 9 - Febre tifoide ..............................187

1. Introdução ................................................................ 1882. Ciclo e transmissão ............................................... 1883. Quadro clínico ......................................................... 1894. Diagnóstico .............................................................. 1905. Tratamento .............................................................. 1906. Profilaxia ................................................................... 191Resumo ...........................................................................192

Capítulo 10 - Ebola ..........................................193

1. Introdução ................................................................ 194

2. Conhecendo o vírus ................................................195

3. Período de transmissão ........................................195

4. Ciclo de ação e fisiopatologia ..............................195

5. Sinais e sintomas.....................................................196

6. Diagnóstico ...............................................................197

7. Tratamento ................................................................197

8. Profilaxia de novos casos e vacina ....................197

Resumo .......................................................................... 198

Capítulo 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) ...................................................199

1. Introdução – riquetsioses ................................... 200

2. Vetor da FMB ......................................................... 200

3. Transmissão da FMB ............................................. 201

4. Quadro clínico e patogenia .................................203

5. Exames .....................................................................205

6. Diagnóstico diferencial ........................................206

7. Tratamento ...............................................................206

8. Profilaxia ..................................................................207

Resumo ......................................................................... 208

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Principais antimicrobianos

Rodrigo Antônio Brandão NetoRalcyon F. A. TeixeiraDurval A. G. CostaCarolina dos Santos Lázari

Este capítulo aborda os principais representantes das classes medicamentosas de antibióticos, antifúngicos, antiparasitários e antivirais. Dentre os antibióticos, há aqueles com efeitos bacteriostáticos (macrolídeos), bactericidas (como os betalactâmicos) ou ambos (aminoglicosídeos), dependendo do local de ação na estrutura bacteriana. Os antifúngicos, em geral, apre-sentam hepatotoxicidade e, por isso, são utilizados na sua composição oral, em casos de infecções fúngicas mais graves, de difícil tratamento por outros meios e nos casos de infecções sistêmicas. Dentre os antiparasi-tários, há 21 opções de medicações para um tratamento adequado da moléstia em questão, destacando-se albendazol, mebendazol, ivermectina e praziquantel, e, no caso dos antivirais, os principais são aciclovir e osel-tamivir, utilizados, respectivamente, para o tratamento de infecções virais por herpes-simples (HSV), varicela--zóster (VZV) e influenza (H1N1).

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sic infectologia16

1. IntroduçãoAo se considerar o uso de antimicrobiano, existe muita dúvida sobre qual utilizar e, normalmente, o médico simplesmente decora os usos mais frequentes. Assim, para uma pneumonia comunitária que tem ne-cessidade de internação, o tratamento padrão é com “ceftriaxona e cla-ritromicina”. Da mesma maneira, o “decoreba” indica que é bom usar “oxacilina” para erisipela bolhosa. Mas o entendimento maior é voltado para o perfil da bactéria, vírus ou fungo que se quer tratar. Isto facilita o entendimento e evita “decoreba”, pois as opções antimicrobianas se-rão direcionadas de maneira clara e objetiva.

Na prática diária, existem medicamentos (de uso hospitalar ou domici-liar) com o mesmo composto químico, mas de fabricantes diferentes e que são divididos em 3 tipos: - Medicamento de referência: geralmente é o primeiro medicamento licenciado com aquele princípio ativo e muitas vezes o nome fanta-sia é mais conhecido que o do princípio ativo. Exemplos: Novalgina® (dipirona), Tazocin® (piperacilina-tazobactam), Rocefin® (ceftriaxona); - Genérico: são medicamentos criados após a lei dos genéricos, com supervisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para quebra ou expiração de patentes e com isto diminuição no custo de produção. Obrigatoriamente apresentam a letra “G” na caixa, indi-cando este tipo de licença para produção. O nome escrito será sem-pre o da substância ativa (nunca o nome fantasia); - Similar: são medicamentos que tem o mesmo princípio ativo que o medicamento de referência, mas podem ter outros nomes fantasia, assim como diferentes datas de validade. Segundo a Anvisa, se um medicamento é prescrito com nome de um similar não pode ser tro-cado por um medicamento de referência.

2. Bacterioscopia e sua importância no tra-tamento antimicrobiano

O uso de antimicrobianos passa diretamente pelo agente que se quer tratar. Ainda que muitas vezes o tratamento seja empírico, quando disponível, a análise da bactéria direciona o antimicrobiano utilizado e diminui risco de mortalidade e de efeitos colaterais de múltiplos anti-bióticos ao mesmo tempo.

Exemplo clássico desta aplicação são casos de meningite bacteriana. Ao puncionar um liquor, mesmo sabendo que a cultura demora 2 dias para ficar pronta, a bacterioscopia indica a melhor cobertura de uma doença grave, que pode matar. Se é dito a presença de um diplococo Gram nega-tivo (provável N. meningitidis), o tratamento será diferente de um bacilo Gram positivo (provável Listeria). Por isso a coloração de Gram tem apli-cação importante na seleção do antimicrobiano a ser utilizado.

A coloração de Gram (ou técnica de Gram) considera basicamente a es-trutura das bactérias. Todas elas têm parede celular, mas a membrana lipídica é diferente entre Gram positivas e Gram negativas. Essa mem-brana é mais espessa em Gram positivas, por isso, quando essas bac-térias são tratadas com determinada substância, não há liberação de corante quando se tenta removê-lo. A técnica utiliza basicamente cris-tal violeta (corante), lugol (fixador) e etanol acetona (solvente). As Figu-ras 1 e 2 exemplificam bactérias coradas pelo Gram.

Figura 1 - Gram positivo: notar a coloração mais roxa. Neste caso, trata-se de cocos Gram positivos aos pares (Staphylococcus)

Figura 2 - No caso do Gram negativo, a co-loração é mais clara e avermelhada. Neste caso, a morfologia demonstra bacilos Gram negativos (E. coli)

ImportanteA metodologia de Gram

não identifica a bactéria. Para isso, são necessários outros métodos químicos,

classificando-a até a identificação, ou mesmo

a cultura. O exame é importante porque o

tratamento pode ser di-recionado para o grupo de

bactérias que tem aquele tipo de estrutura, ainda

que não identificada a espécie.

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Hanseníase

Carolina BarbieriDurval A. G. CostaCarolina dos Santos Lázari

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, causada pela Mycobacterium leprae, de evolução lenta e que des-trói, principalmente, fibras nervosas, causando lesões permanentes. É uma doença de notificação compulsó-ria no Brasil, diagnosticada com base em 1 ou mais das seguintes alterações: presença de lesões de pele com alteração da sensibilidade, presença de espessamento neural e/ou baciloscopia positiva. Suas formas clínicas dependem do estado imunológico, podendo ser pauci-bacilar ou multibacilar, que determinam o tratamento a ser feito (esquema de poliquimioterapia com o uso de pelo menos 2 drogas, incluindo rifampicina, bactericida, e outra droga, que pode ser dapsona e/ou clofazimina).

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1. IntroduçãoA hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução lenta, cau-sada pelo Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen), capaz de deter-minar incapacidades permanentes e estigmatizantes se não tratada precocemente. O M. leprae é do mesmo gênero do Mycobacterium tu-berculosis, sendo espécies que possuem características semelhantes (como crescimento lento, doença insidiosa, contágio semelhante e in-fectividade parecidas). Isto implica nas drogas utilizadas para trata-mento, algumas com ação entre as 2 espécies. A hanseníase se difere da tuberculose, no entanto, por crescimento ainda mais lento da sua micobactéria e predileção por nervos, o que a micobactéria da tuber-culose raramente causa.

Nacionalmente, a hanseníase continua a ser um problema de saúde pú-blica, com prevalência variável nas diferentes regiões brasileiras, onde são caracterizadas desde áreas não endêmicas, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, até hiperendêmicas, como as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A taxa de prevalência de hanseníase caiu 68% nos últimos 10 anos no Brasil, passando de 4,52, em 2003, para 1,42 por 10.000 habitantes, em 2013. A queda é resultado das ações voltadas para a eliminação da doença, intensificada nos últimos anos.

Figura 1 - Taxas de prevalência da hanseníase no mundo: os países com cores vermelhas indicam os países com maior prevalência da doença. Observe que o Brasil está entre estesFonte: Organização Mundial da Saúde.

DicaA hanseníase é uma

doença de evolução lenta, causada pelo Mycobac-terium leprae (bacilo de

Hansen) e que possui predileção por nervos, por

isso causa deformações e incapacidades perma-

nentes se não tratada precocemente.

Foram divulgados, no início de 2013, dados de que o Brasil mantém uma média entre 30 e 33.000 casos por ano, desde 2010. O país ainda é o 2º no mundo em número de casos novos, perdendo apenas para a Índia (que em 2011 teve mais de 150.000 casos novos). Entretanto, o coeficiente de prevalência é o método utilizado mundialmente para estabelecer limiares e definir extinção de doença. No Brasil, a preva-lência da hanseníase caiu para 1/3 do que era há 10 anos. Enquanto em 2003 o coeficiente de prevalência era de 4,52 por 10.000 habitantes, em 2013 foi de 1,42 por 10.000 habitantes.

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QUESTÕES

Cap. 1 - Principais antimicrobianos ................................ 5

Cap. 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ...........8

Cap. 3 - Hanseníase ............................................................. 9

Cap. 4 - Dengue ...................................................................12

Cap. 5 - Febre amarela ......................................................15

Cap. 6 - Hepatites virais ................................................... 16

Cap. 7 - Leptospirose ........................................................22

Cap. 8 - Malária ...................................................................25

Cap. 9 - Febre tifoide ........................................................26

Cap. 10 - Ebola .....................................................................26

Cap. 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) .....27

COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Principais antimicrobianos ..............................29

Cap. 2 - Imunizações e terapia pós-exposição ......... 31

Cap. 3 - Hanseníase ...........................................................33

Cap. 4 - Dengue .................................................................. 37

Cap. 5 - Febre amarela .....................................................39

Cap. 6 - Hepatites virais .................................................. 40

Cap. 7 - Leptospirose ........................................................46

Cap. 8 - Malária ...................................................................49

Cap. 9 - Febre tifoide ........................................................50

Cap. 10 - Ebola .....................................................................50

Cap. 11 - Febre maculosa brasileira (riquetsioses) .... 50

Índice

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QuestõesInfectologia

Principais antimicrobianos

2016 - UERJ - CLÍNICA MÉDICA1. Nos últimos anos, têm sido descritos casos de infec-ções comunitárias provocadas por Staphylococcus au-reus resistente a vancomicina (VRSA). Em geral, esses casos têm sido provocados por estafi lococcias de foco cutâneo, apesar de já haver relatos no Brasil de pneu-monias comunitárias provocadas por tal agente. Para o tratamento de um paciente com infecção cutânea por VRSA, com elevado grau de resistência a vancomicina (MIC >8µg/mL), decorrente da expressão do gene VanA, uma alternativa antibiótica adequada é: a) tigeciclinab) daptomicinac) clindamicinad) sulfametoxazol-trimetoprima

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2016 - UEPA - CLÍNICA MÉDICA2. A resistência microbiana aos antibióticos tem recebi-do cada vez mais a atenção do sistema público de saúde devido aos altos índices presentes em ambientes hospi-talares brasileiros. A determinação da sensibilidade de bactérias aos antimicrobianos é uma das principais fun-ções do médico clínico. Vários tipos de exames podem ser solicitados ao laboratório para auxiliar a escolha terapêutica, a saber:I - Antibiograma de difusão em discoII - Concentração mínima inibitória do antibióticoIII - Poder bactericida do soro do paciente, durante o tratamentoAnalise a situação clínica de cada paciente a seguir e in-dique o exame adequado:A - Paciente com osteomielite crônica fazendo uso de antibióticos nefrotóxicosB - Paciente ambulatorial, mulher jovem, com 1ª infec-ção urináriaC - Paciente com infecção hospitalar por bactéria mul-tirresistenteA sequência que indica o exame laboratorial mais ade-quado para cada situação clínica proposta é:a) I-A, II-B, III-Cb) I-A, II-C, III-B

c) I-B, II-C, III-Ad) I-C, II-A, III-Be) I-C, II-B, III-A

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2015 - PUC-RS - CLÍNICA MÉDICA3. Com relação aos antibióticos betalactâmicos, consi-dere as seguintes afi rmativas:I - A amoxicilina-clavulanato apresenta atividade contra Staphylococcus aureus, uma vez que inibe a penicilinase produzida pela bactéria.II - Cefalosporinas de 1ª geração têm boa atividade con-tra Gram positivos, podendo ser usadas em infecções por Staphylococcus aureus resistente a oxacilina.III - Ceftriaxona tem melhor atividade contra Gram negativos, mas não é efetiva para infecções por bacté-rias Gram positivas como Streptococcus pneumoniae e Staph ylococcus aureus.Está(ão) correta(s):a) I, apenasb) II, apenasc) III, apenasd) I, II e) I, II, III

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2014 - UNICAMP - CLÍNICA MÉDICA4. Com relação às infecções provocadas pelo S. Aureus Adquiridas na Comunidade (SA-AC), assinale a alterna-tiva incorreta:a) há, hoje em dia, frequência elevada de isolados de

SA-AC meticilinorresistentes, originados no ambiente hospitalar

b) as pneumonias que se seguem a infecções pelo vírus da infl uenza e que evoluem com insufi ciência respiratória podem ser causadas pelo SA-AC meticilinorresistente

c) para o tratamento de infecções de pele e partes mo-les, podem-se usar antimicrobianos como sulfameto-xazol-trimetoprima ou clindamicina

d) o tratamento do abscesso de pele e partes moles cau-sado pelo SA-AC em pacientes sem comorbidades e sem doença sistêmica deve ser feito apenas com inci-são e drenagem

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Page 13: INFECTOLOGIA VOL. 2 - Amazon S3 › medcel.admin... · das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Ex-preceptora do Programa de Residência Médica

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ComentáriosInfectologia

Principais antimicrobianos

Questão 1. Analisando as alternativas:a) Incorreta. A tigeciclina é uma glicilciclina derivada das tetraciclinas que tem ação contra MRSA e possivelmente VRSA, com boa penetração em pele, mas com risco de falha em infecções graves quando usada isoladamente. Não é boa opção, apesar de poder ser utilizada.b) Correta. Daptomicina é um lipopeptídio que age em lo-cal diferente do dos glicopeptídios, por isso é boa opção para pele e corrente sanguínea em S. aureus é resistente a vancomicina. Só não pode ser usado no pulmão. c) e d) Incorretas. Clindamicina é uma lincosamida , que costuma não agir quando um S. aureus é resistente a vancomicina, assim como sulfametoxazol-trimetoprima.Gabarito = B

Questão 2. Analisando as alternativas:I - Antibiograma em difusão em disco é um exame sujeito a erros, principalmente por não determinar Concentra-ção Inibitória Mínima (CIM). Isso quer dizer que poderia ser usada para uma situação de uma infecção leve, como a de uma paciente com primeira infecção urinária, am-bulatorial.II - A CIM de um antimicrobiano é importante em infec-ções em que o nível de antibiótico pode salvar a vida de um paciente. Isso é o caso de um indivíduo com bactéria multirresistente, em que essa concentração deveria ser avaliada. III - Se um antimicrobiano é nefrotóxico, é muito im-portante avaliar o poder bactericida, pois há chance de tratar infecções em locais de difícil concentração (como numa osteomielite, por exemplo) sem piorar a função renal. Gabarito = C

Questão 3. Analisando as afi rmativas: I - Correta. O clavulanato associado à amoxicilina faz o papel de inibidor da betalactamase chamada penicilina-se. Por esse motivo, tal associação trata S. aureus. II - Incorreta. S. aureus resistente a oxacilina também é resistente a cefalosporinas de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª gerações. São chamados de meticilinorresistentes (MRSAs).III - Incorreta. A ceftriaxona é uma cefalosporina de 3ª geração que tem ação contra Gram positivos e Gram ne-

gativos. Faz tratamento contra Streptococcus pneumo-niae (por isso é droga de escolha para o tratamento de pneumonias comunitárias que têm necessidade de inter-nação). Também faz tratamento contra S. aureus, desde que não sejam MRSA. Gabarito = A

Questão 4. O Staphylococcus aureus adquirido na comu-nidade ganhou notoriedade nos Estados Unidos após surtos comunitários de S. aureus meticilinorresistente de comunidade (em inglês, o termo conhecido é o CA--MRSA). Este Staphylococcus provavelmente é derivado de cepas hospitalares, mas com boa sobreposição no meio não hospitalar (comunidade). Por isso, a melhor resposta é a alternativa “a”. Analisando as demais alter-nativas:b) Correta. As pneumonias hospitalares que se seguem a infecções pelo vírus infl uenza quando causadas por Staph ylococcus o são por MRSA hospitalares de origem não comunitária.c) Correta. O AS-AC muitas vezes é resistente a sulfas e lincosaminas. Não é recomendado o uso empírico na suspeita de infecção por esta bactéria, a menos que seja cultura dirigida.d) Correta. A incisão e a drenagem são passos essenciais no tratamento do abscesso de pele por esta bactéria. Entretanto, o tratamento essencialmente passa pelo uso de antimicrobianos, pelo alto risco de infecção na cor-rente sanguínea. Gabarito = A

Questão 5. Os estafi lococos resistentes a meticilina (MRSA) são bactérias que normalmente causam muitas infecções entre internados. Quando meticilinorresisten-tes, indicam resistência a todas as penicilinas, cefalos-porinas e aztreonam. Os carbapenêmicos são derivados betalactâmicos, por isso também não podem ser utili-zados. Dentre as opções, a melhor é a vancomicina. Em alguns casos, a clindamicina também pode ser utilizada (embora não exista essa alternativa). Gabarito = E

Questão 6. Os glicopeptídios são uma classe de antimi-crobianos que fazem tratamento para bactérias Gram positivas meticilinorresistentes, como o estafi lococo. São amplamente utilizados para esse fi m em pacientes com internação e infecção. As 2 drogas mais represen-