Industrialização São Bernardo Do Campo
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Notas e notícias
8. Industrialização
A pioneira indústria de móveis de São Bernardo teve origem nas serrarias criadas no século 19 . João
Ballotim criou a primeira, em 1881, em Capivari. Foi acompanhado por Rodolfo Primitz. Assim, numa região que partiu da exploração da indústria extrativa vegetal de lenha e madeira, seria de se esperar que a primeira instalação industrial fosse desse setor de produção.
Em 1909 a cidade tinha uma única fábrica de cadei-ras, a pioneira fábrica de móveis, pertencente a João
Basso. Existiam também várias oficinas de carpintaria, que daria origem a outras fábricas de móveis, como a de Guilherme Bellinghausen, a de Ângelo Colombo.
Ìtalo Setti tinha uma fábrica de charutos, Gusta-vo Rathsan uma fábrica de cerveja e licores, idem
Carlos Prugner e Filho.
Em 1910 o destaque em São Bernardo era a pro-dução de carvão vegetal, em especial nos nú-
cleos coloniais.
O desenrolar das décadas de 1920 e 1930 viria dar a São Bernardo a sua vocação total, com as fábri-
cas de móveis e tecelagens. É deste período a abertura de um poço artesiano na Rua Municipal, onde fun-cionaria pelas décadas afora a Fábrica de Móveis São Luiz. A água foi servida à cidade durante muitos anos, até a década de 1980.
1939. Acidente do trabalho mata Antonio Marson, o Tonin. Ele trabalhava na fábrica de móveis São Ber-
nardo e foi prensado quando descarregava um caminhão com madeira. Uma tora rolou e prensou o trabalhador. A morte foi instantânea.
1904. Funcionários da fábrica “A Delícia”, de cha-
rutos. Ao centro, o dono, Ítalo Setti. Predomina a
mão-de-obra feminina e infantil. Acervo: Elexina e
Vicente D’Angelo
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Notas e notícias
21 de junho, Dia de São Luiz. Havia chopada na fábri-ca, reunindo funcionários e diretores.
Na fábrica São Bernardo, o mesmo. A primeira festa pública dedicada ao santo padroeiro – 20 de agos-
to – ocorreu em 1953. Antes, a fábrica já marcava a festa.
O mesmo se repetia nas demais indústrias: Santa Terezinha e São Bento, por exemplo. Fábricas que
nasceram de cooperativas – os operários uniam-se em cotas e punham as indústrias a funcionar.
A primeira – Cooperativa de Móveis São Bernardo – nasceu de uma greve dos trabalhadores. A greve se
estendeu. Não se chegava a um acordo. Daí a proposta dos antigos padrões para que os empregados assumis-sem a empresa. Foi o que ocorreu.
Eram 200 fábricas de móveis no Centro e nos arredo-res. Hoje, no espaço das antigas fábricas, funcionam
centros de serviço ou condomínios.
A unidade local das Lojas Americana situa-se no es-paço da São Bernardo; na São Luiz, dois prédios
de particulares; na São Bento, um estacionamento; na
Santa Terezinha, um condomínio. E assim por diante.
A fábrica de móveis Irmãos Corazza resistiu até poucos anos atrás. Fundada em 1919, foi a úl-
tima, do Centro, a fechar as portas. Luiz, Bruno, Nelson Corazza, os irmãos, herdeiros do pioneiro Manoel Corazza.
Até o fim, a Irmãos Corazza preservou máquinas e equipamentos, num verdadeiro ecomuseu. Um
dos equipamentos trazia a seguinte inscrição: “Carreta transportadora das primeiras ‘locomoves’ da estação de trem de Santo André a São Bernardo. Início da indus-trialização de São Bernardo. 1926”.
A Via Anchieta passou a atrair as grandes montado-ras de automóveis.
As duas primeiras não vingaram como montado-ras de automóveis: foram a Varam Motores, que
montou carros e caminhões Nash, e a Brasmotor, que montou os primeiros modelos Volkswagen. A partir dos anos 50 forma-se o atual parque automotivo, com a Willys Overland (hoje Ford), Mercedes-Benz, Volkswa-gen, Karmann-Ghia, Toyota e Scania.
““A gente vê um carro saindo da fábrica com a esperança de que vá para alguém que saiba tratá-lo. O carro é como um filho que sai pelo mundo”.Cf. João Silvério (o Ponce), funcionário da indústria automobilís-tica de São Bernardo, centroavante do time da Chrysler, tricampeão da indústria automo-bilística, em entrevista à revista Realidade: dezembro, 1970.
1936. Operários da Fábrica de Móveis Corazza, em 1936: ao fundo, Vila Duzzi. Acervo: Mario Medice (em memória)