127769526 NBR 12284 1991 Nb 1367 Areas de Vivencia Em Canteiros de Obras PDF
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO: RISCOS E INTERVENÇÕES … · A NBR 12284 define canteiro de obras...
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INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO: RISCOS
E INTERVENÇÕES ERGONÔMICAS
VISANDO AUMENTO NA
PRODUTIVIDADE
Andre Alves de Resende (UFG )
PHILIPPE BARBOSA SILVA (UFG )
A indústria da construção cresce a cada dia e é uma das mais
importantes indústrias do país. Junto com esse crescimento sem o
devido planejamento e cuidado surgem os problemas; cada vez mais
ocorrem acidentes de trabalho e aumento da incidência de lesões
decorrentes de trabalho. Nesse contexto, a ergonomia se põe como
instrumento de aliança entre conforto do trabalhador e produtividade.
Assim, a identificação de riscos ergonômicos são de fundamental
importância, seguido de sua análise, proposição e implementação de
intervenções ergonômicas. Este trabalho faz a revisão dos riscos
ergonômicos impostos aos trabalhadores da construção civil, além de
tratar de como proceder com as intervenções ergonômicas que buscam
sanar os problemas identificados e restabelecer o conforto e bem-estar
do trabalhador, propiciando o favorecimento da produtividade.
Palavras-chaves: Riscos ergonômicos, Produtividade, Construção
civil.
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1. Introdução
As atividades inerentes à construção civil são, majoritariamente, de cunho penoso,
caracterizadas por tarefas braçais e de grande esforço físico. Tais agravantes acrescidos de
fatores tais como, qualificação ineficiente para os postos de trabalho, baixos incentivos à
utilização de equipamentos de segurança, nível de conhecimento reduzido dos trabalhadores e
pouco ou nenhum interesse a qualificar tais profissionais, conduzem a inúmeros casos em que
os operários nem mesmo sabem o que devem executar e dispõem de ferramentas,
equipamentos e demais materiais de trabalho inadequados, ou ainda, de locais de trabalho
com más condições para a execução dos serviços. Esses fatores levam a preocupação com
segurança do trabalho e ergonomia a estar cada vez mais presente e intensificada nos
canteiros de obra.
No mundo, em especial no Brasil, a indústria da construção tem lugar de destaque,
absorvendo considerável porcentagem da mão-de-obra nacional. No entanto,
concomitantemente, tem sido uma indústria que conquista espaço entre os setores mais
problemáticos do ponto de vista de acidentes do trabalho, apresentando 11% dos óbitos totais
decorrentes de acidentes de trabalho em 2006, conforme dados de Zarpelon et al (2008).
Salienta-se também que, segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas e Grau
de Risco de Acidente de Trabalho Associado, a indústria da construção apresenta o mais alto
grau de risco, 3%. Ainda nesse sentido, é também a indústria da construção alvo de severas
críticas com relação ao atraso, reduzidos índices de produtividade e elevados desperdícios de
recursos. Tais problemáticas estão intimamente ligadas.
Dessa forma, constantemente as empresas do setor da construção civil necessitam ampliar a
segurança dos seus trabalhadores e reduzir custos adicionais provenientes de mão-de-obra
ausente e/ou ressarcimento de danos ocasionados a funcionários que não dispõem de
condições adequadas de segurança e ergonomia. Neste sentido, a ergonomia se põe como
ferramenta adequada para definir o espaço e condições adequadas para a execução das
funções do operário com segurança e qualidade.
A primeira definição de ergonomia deu-se em 1857 por Jastrzevowski, que declarou: “a
ergonomia como uma ciência do trabalho requer que entendamos a atividade humana em
termos de esforço, pensamento, relacionamento e dedicação”, tempos depois Leplat (1972)
enunciou que ergonomia trata-se de uma tecnologia e não de uma ciência, e visa a
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organização dos sistemas homem-máquina. Diversos autores definiram distintamente o
conceito de ergonomia, mas o teor de todos é basicamente igual: a ergonomia destina-se a
promover e melhorar a saúde, segurança, conforto e eficiência do trabalho.
O uso da ergonomia como instrumento de estudos que objetivam a melhoria da qualidade de
serviços na construção civil é tido como um grande desafio, pois diversos são os obstáculos
que se interpõem. A melhoria das condições de trabalho é um caminho eficiente para obter
altos níveis de qualidade e produtividade.
Como possíveis intervenções para fomentar a melhoria do ambiente de trabalho, pode-se
destacar a conscientização acerca de segurança do trabalho e ergonomia (treinamentos,
palestras, ferramentas educativas/formativas, etc.), a organização do canteiro de obras, análise
ergonômica e proposição de medidas corretoras e qualificação de funcionários.
Nesse sentido, procurou-se fazer uma revisão dos riscos ergonômicos a que estão submetidos
os trabalhadores da construção civil e tornar nítida a importância da incorporação dos
conceitos e intervenções ergonômicas, além de evidenciar a intrínseca relação entre a
melhoria das condições de trabalho e aumento da produtividade.
2. Fundamentação Teórica
Em 1943 foi aprovada por meio do Decreto 5.452 a CLT (Consolidação das Leis do
Trabalho), a qual define-se como o estatuto regulador das relações de capital e trabalho no
Brasil, estabelecendo assim, os direitos e deveres do empregador e do empregado.
Mais tarde, nos anos 70 fez-se necessária a tomada de medidas para inibir e reduzir o elevado
número de acidentes de trabalho, o que se deu por meio da publicação da Lei nº 6.514 de
1977, passando a estabelecer princípios mínimos à Segurança e Medicina do Trabalho.
Para efetivar o atendimento da Lei nº 6.514, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
publica a Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978, dando aprovação à Normas
Regulamentadoras – NR’s relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Nos dias atuais a
referida portaria contempla 34 NR’s .
Em se tratando da indústria da construção civil, tem-se uma NR específica, a NR 18 –
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.
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A NR 18 prenuncia como imprescindível a elaboração e implementação do PCMAT
(Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção), o qual
objetiva assegurar a integridade e saúde dos trabalhadores, observando-se que os riscos devem
ser previstos e controlados no processo de execução de cada fase da obra, conforme Sampaio
(1998).
Nesse contexto, segundo afirmação de Ansell e Wharton (1992, apud ALBERTON, 1996, p.
67), “o risco é uma característica inevitável da existência humana. Nem o homem, nem as
organizações e sociedade às quais pertencem podem sobreviver por um longo período sem a
existência de tarefas perigosas”.
Em relação aos riscos ergonômicos, a NR 18 estabelece que, além de identificados, deve-se
elaborar uma análise ergonômica do trabalho, objetivando a avaliação das condições
ambientais e de organização dos postos de trabalho com as características psicofisiológicas
dos trabalhadores.
Dessa maneira, o ambiente de trabalho deve dispor de segurança e condições adequadas, de
tal forma que evite os Acidentes de Trabalho, conforme sua designação:
Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da
empresa ou ainda, pelo serviço do trabalho de segurados especiais, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da
capacidade para o trabalho, permanente ou temporária. (Lei nº 8.213/1991)
Uma das mais recorrentes consequências advindas dos riscos ergonômicos e condições
inadequadas de trabalho é a ocorrência de DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados
ao Trabalho. Segundo a ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia), tais distúrbios se
constituem num dos mais sérios problemas de saúde pública da economia mundial.
Outra constatação foi realizada por Odebrecht (1995) no que tange a relação entre ergonomia
e produtividade. Ele afirmou que produtividade e qualidade não se obtêm apenas com
treinamento puro e simples de mão-de-obra, mas andam de mãos dadas com critérios
ergonômicos, os quais têm como principal campo de ação a concepção de meios de trabalho
adaptados às características psicológicas e fisiológicas do homem e das atividades
desenvolvidas por ele.
3. Processo produtivo de edificações
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A execução de edifícios demanda um processo produtivo vasto e complexo, compondo-se de
diversas etapas, podendo a execução entre elas ser concomitante ou não, a depender das
etapas específicas.
As principais, de forma genérica, são: limpeza e movimentação de terra, fundação, estrutura,
elevação, cobertura e acabamento.
A primeira etapa é a limpeza do terreno, onde retira-se toda vegetação e entulho existente. A
posteriori faz-se a movimentação de terra, se necessário, buscando conformar o terreno de
acordo com o tipo da obra, podendo ocorrer corte ou aterro, ou ainda os dois processos.
Depois segue-se com a locação da obra e constituição do canteiro de obras.
A seguir inicia-se a fundação, sendo esta estruturalmente responsável pela transmissão dos
esforços atuantes na superestrutura ao solo. Concluída a fundação, pode-se dar início a
execução da estrutura. Para edificações utiliza-se normalmente, estruturas de concreto
armado, compreendendo os elementos estruturais básicos: pilares, vigas e lajes.
Anterior a concretagem, deve-se providenciar a execução das formas e armaduras, conforme
especificações estabelecidas no projeto estrutural. Na sequência, inserem-se os condutos e as
caixas de passagem constantes no projeto elétrico. Nessa altura, o armador e o eletricista
devem trabalhar simultaneamente.
Concluída as etapas anteriores pode-se prosseguir com a concretagem, atentando-se sempre
para os cuidados com a vibração e adensamento do concreto.
Após a cura e desforma do concreto, inicia-se a elevação. Tal processo corresponde ao
levantamento de paredes, que podem ter ou não comportamento estrutural. Pode-se também
utilizar diversos materiais, não só a alvenaria convencional.
A cobertura é a execução do telhado; a utilização do tipo de telha é definido em projeto e deve
melhor se adequar às características da obra.
A última etapa é o acabamento, sendo habitualmente a etapa mais delongada. Esta pode se
dividir nas fases: instalações elétricas, hidrossanitárias, de gás e telefônica, recobrimento das
paredes, revestimentos, pisos, esquadrias, aparelhos sanitários e instalações, e pintura.
As tubulações (elétrica, hidrossanitária, de gás e telefônica) são embutidas e fixadas na parede
para o recobrimento. No recobrimento das paredes, aplica-se o chapisco, em seguida o
emboço e o reboco.
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Após o assentamento do piso inicia-se a montagem das esquadrias. Simultaneamente ou não,
são instalados os aparelhos sanitários (bacias, lavatórios, banheiras, pias de cozinha) e suas
instalações (torneiras, registros, etc.). Por fim, dá-se início a pintura, devendo dar o
acabamento final das portas, forros, janelas, paredes, madeiramento exposto e outros. Feito
isso basta proceder com a limpeza geral e está concluída a obra.
4. Análise ergonômica na construção civil
Como estabelecido pela NR 18, visando avaliar a adaptação do trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, faz-se preciso a realização de uma análise ergonômica do
posto de trabalho. Essa avaliação pode se realizar por diversos meios, tais como: medidas do
ambiente físico (umidade, iluminação, ruído, vibração, temperatura, etc.), coleta de dados
sobre posto de trabalho, observação direta e registro de variáveis psicofisiológicas do
trabalhador. Nesse processo, é imprescindível a participação ativa dos trabalhadores.
Em termos de legislação, tem-se ainda a NR 17 – Ergonomia, norma que trata especialmente
da regulamentação das condições ergonômicas de trabalho, prescrevendo condições
adequadas do ponto de vista ergonômico para diversos tipos de atividade.
A NBR 12284 define canteiro de obras como “conjunto de áreas destinadas à execução e
apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de
vivência”. Já a NR 18 enuncia o canteiro de obras como “área de trabalho fixa e temporária
onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra”.
A correta montagem e organização do canteiro de obras são pontos importantes para o
sucesso do trabalho desenvolvido pelos operários. Pode-se iniciar a análise ergonômica de
uma obra partindo-se da organização do canteiro. Assim, cada vez mais exige-se
planejamento na disposição e localização de cada elemento constituinte do canteiro,
atentando-se para o fluxo de materiais e pessoas e para as condições de higiene e segurança,
sempre obedecendo as prescrições das normas vigentes.
O canteiro de obras sempre deve se encontrar organizado, limpo e sem impedimento ao fluxo
de materiais e pessoas. Deve-se proceder com a remoção de restos de materiais ou entulho de
forma periódica, devendo-se ainda, tomar as devidas medidas para evitar a formação de riscos
durante os processos.
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Visando a qualidade e produtividade, deve-se preparar com antecedência os postos de
trabalho adequados, atendendo aos requisitos de limpeza, fornecimento de ferramentas,
eliminação de interferências, materiais e equipamentos disponíveis em quantidade e tempo
adequados, condições ergonomicamente favoráveis e outros.
As condições ambientais da indústria da construção civil são desfavoráveis, o trabalho
desempenhado é penoso e tem alta exigência de esforço físico, além de os trabalhadores
estarem expostos a agentes físicos e químicos, como por exemplo ruídos, vibrações, poeira e
calor. Tais agentes provocam consequências relevantes na velhice e adoecimento dos
profissionais. Medidas mitigadoras que visam reduzir os riscos e desconforto dos operários
são difíceis de serem executadas por se tratar de um ambiente provisório e dinâmico – muda
de acordo com cada fase de execução – mas devem ser realizadas.
A indústria da construção civil é recordista em termos de acidentes de trabalho, um dado
preocupante, uma vez que, segundo dados do INSS e FETICOM-SP (2008), do total de
503980 acidentes de trabalho registrado no ano de 2006, 31529 acidentes ocorreram na
indústria da construção, configurando-se assim como um dos setores com maior índice de
ocorrência de acidentes de trabalho. Entre os principais fatores que levam a isso, destaca-se:
treinamento ineficiente, falha no manuseio de equipamentos e materiais, planejamento
inadequado, erro na execução, inabilidade em utilizar equipamentos de segurança, alta
rotatividade de operários, más condições de trabalho, entre outros.
Para garantir a segurança do trabalho deve-se dispensar atenção especial para a prevenção de
acidentes e higiene do trabalho, evitando o afastamento temporário do trabalhador e o efeito
psicológico dele sobre os outros trabalhadores. A segurança do canteiro é parte estruturante
do planejamento de uma obra e devem seguir as diretrizes estabelecidas na NR 18, em
especial com a implementação do PCMAT, salienta-se ainda que, as prescrições da NBR
12284 também são válidas.
5. Riscos ergonômicos nos principais postos de trabalho
Recorre-se primeiramente a conceituação de risco ergonômico, o qual é definido por ser
qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador,
causando desconforto ou afetando sua saúde.
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Os postos de trabalhos a serem abordados são: pedreiro, servente, armador e carpinteiro. As
tabelas (1), (2), (3) e (4) descrevem cada função e os riscos inerentes a cada uma,
respectivamente.
Tabela 1 – Riscos ergonômicos e consequências da função “pedreiro”
Fonte: Adaptado de Mesquita et al. (1997)
Tabela 2 – Riscos ergonômicos e consequências da função “servente”
Fonte: Adaptado de Mesquita et al. (1997)
Tabela 3 – Riscos ergonômicos e consequências da função “armador”
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Fonte: Adaptado de Mesquita et al. (1997)
Tabela 3 – Riscos ergonômicos e consequências da função “carpinteiro”
Fonte: Adaptado de Mesquita et al. (1997)
Constata-se então, a existência de diversos riscos ergonômicos em todos os postos de trabalho
abordados. Tornando nítida a necessidade de medidas e ações que preservem a saúde e o bem-
estar dos operários.
6. Distúrbios causados em decorrência dos riscos ergonômicos
Os riscos ergonômicos são capazes de causar diversas lesões e consequências ao trabalhador,
as mais conhecidas são as LER/DORT, que vem tomando grande espaço e incidem cada vez
mais.
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As lesões por esforços repetitivos – LER, hoje conhecidas como distúrbios osteomusculares
relacionado ao trabalho – DORT, são problemas inerentes à execução do trabalho. DORT é
conceituado pela Instrução Normativa nº 98 do INSS (Instituto Nacional de Seguridade
Social) de 2003, como sendo uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela
ocorrência de diversos sintomas simultaneamente ou não, tais como: sensação de peso,
parestesia, dor, fadiga de aparecimento vagaroso. Pode-se ter ainda problemas neuro-
ortopédicos, como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos e síndromes
miofaciais.
Os fatores preponderantes presentes nas atividades do trabalhador que culminam em lesões
ou sensações de desconforto, segundo descrição de Ergoweb (2005), são posturas
inadequadas, repetitividade, duração, tempo de recuperação, esforço dinâmico pesado e
vibração localizada, necessidade de aplicação de força, velocidade e aceleração do
movimento. Tais condições atreladas às características ambientais como umidade, frio, calor,
ruído e iluminação e associado ainda a fatores adicionais como estresse, organização e
pressão do trabalhador tornam as ocorrências das LER/DORT ainda maiores.
As estatísticas revelam que no Brasil desde 1986 a incidência das LER/DORT vem
aumentando, tendo o número de doenças ocupacionais passado de 5.025 em 1988 para 20.886
no ano de 2002, segundo o BEAT (2002). Há diversas explicações para tal fenômeno, um
deles é a imposição de movimentos monótonos e repetitivos decorrentes da modernização e
automação de processos produtivos em diversos setores econômicos; outro fator é o
reconhecimento do INSS de tais lesões como sendo doença profissional.
Nos canteiros de obras identificam-se também patologias tão graves e ameaçadoras quanto as
LER/DORT, trata-se das patologias da coluna. Nesse aspecto, o carregamento de materiais,
postura inadequada e trabalhos em altura são fatores relevantes nos traumas vertebrais. No
carregamento de materiais, por exemplo, tem-se, corriqueiramente, postura inadequada e
excesso de peso, uma combinação perigosa. Nos casos de trabalhos em altura o impacto em
caso de queda leva a traumatismos gravíssimos ou mesmo a morte.
Mesmo com a ocorrência e graves prejuízos, os problemas de coluna não tem lugar de
destaque nas discussões de ergonomia e segurança do trabalho nos canteiros de obra.
7. Intervenções ergonômicas
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Percebe-se então que, a relação entre ergonomia e produtividade é intrínseca e diretamente
relacionada. Se o ambiente de trabalho dispõe de condições adequadas e é ergonomicamente
favorável, certamente haverá satisfatória e produtividade.
Segundo Scheneider (1995), a intervenção ergonômica na construção civil é mais difícil e
complexa do que nas outras indústrias. Diversos fatores contribuem para tal fato: o local de
trabalho é mudado todo dia e há grande rotatividade dos trabalhadores.
A primeira medida a se tomar deve ser a prevenção através de cursos ou treinamentos,
partindo-se da avaliação de riscos de cada posto de trabalho, podendo-se assim adotar
medidas eficazes de prevenção, de acordo com a especificidade das condições de trabalho e
do trabalhador. Os treinamentos/cursos devem ser formativos e informativos, dando aos
trabalhadores a compreensão real dos riscos existentes e do papel-chave de cada um para
manter o ambiente de trabalho seguro e confortável para todos.
Outro ponto-chave é o planejamento das instalações, esse investimento em melhorias das
instalações e processos produtivos, aliado a preocupação ergonômica, gera maior
produtividade e eficiência no serviço executado, revertendo o capital investido. Além de
propiciar a melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores.
Kazarian (1989) e Kotschevar (1985) enunciam incisivamente acerca de produtividade e
ressaltam que o caminho mais favorável para alcançar a produtividade é por meio do
planejamento das áreas e postos de trabalhos, de maneira que os trabalhadores não utilizem
sua máxima capacidade de trabalho, pois caso as limitações e capacidades do trabalhador
sejam respeitadas em sua atividade, isso proporcionará um desempenho mais inteligente e
criativo.
Segundo Deliberato (2002) a abordagem ergonômica classifica-se em quatro grupos:
Ergonomia de conscientização (baseia-se na execução de treinamento, palestras, cursos
formativos e de aprimoramento); Ergonomia de correção (quando o diagnóstico baseia-se em
fadiga, falta de segurança, presença de distúrbios ou redução da produtividade); Ergonomia de
concepção (promove o estudo e a criação de um produto, máquina ou ambiente antes do
relacionamento do trabalhador com tais); Ergonomia participativa (envolve representantes da
empresa e dos funcionários presentes num órgão deliberativo, o Comitê Interno de
Ergonomia).
Dessa maneira, deve-se iniciar uma intervenção ergonômica, identificando-se os riscos
ergonômicos a qual cada posto de trabalho está exposto, podendo nessa etapa obter o auxílio e
exploração de métodos existentes, tais como Método OWAS – Ovako Working Posture
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Analysis System e o Métedo de Rula, dispondo-se ainda de softwares, inclusive livres, para
tal finalidade.
Mas, para além da identificação dos riscos ergonômicos, deve-se tecer uma análise
ergonômica do trabalho, visando avaliar as condições ambientais e de organização dos postos
de trabalho com compatibilidade com as características psicofisiológicas dos trabalhadores.
Destarte, devem ser propostas adequações e correções ergonômicas específicas para a
realidade de cada caso em análise e que atendam a todas as necessidades constatadas. E
ninguém melhor que o afetado, o trabalhador, para fazê-lo.
8. Considerações finais
A ergonomia surgiu da necessidade de se aliar o conforto e bem-estar do trabalhador com a
execução eficiente do serviço, tendo como resultado secundário o aumento da produtividade.
Não se pode então, abrir mão dessa importante ferramenta. A indústria da construção deve dar
destaque a procedimentos de melhoria contínua das condições ergonômicas de seus
trabalhadores, assim como da segurança do trabalho e demais condições de trabalho que estão
interligadas.
É de suma importância a detecção dos riscos ergonômicos a que cada posto de trabalho está
submetido. É importante que se analise individualmente cada posto, já que cada um apresenta
uma realidade distinta, o que exige intervenções e adequações ergonômicas específicas e
direcionadas. Não se pode idealizar adequações genéricas para diferentes postos de trabalho,
devem ser respeitadas as características e especificidades de cada um.
Detectados os riscos ergonômicos, deve-se partir para as intervenções, buscando sanar os
riscos encontrados e restabelecer a segurança e bem-estar do trabalhador, gerando por
conseguinte eficiência na produtividade. O trabalhador tem então parcela significativa na
responsabilidade de melhoria, devendo ser pró-ativo, detectar os riscos ergonômicos e propor
intervenções que realmente impactem positivamente na problemática identificada.
Para assegurar ao trabalhador condições adequadas de trabalho, tratar de maneira
individualizada, analisando suas condições, necessidades, capacidades e restrições,
promovendo ainda conforto e produtividade, surgiu a ergonomia. Percebe-se então que, a
relação entre ergonomia e produtividade é intrínseca e diretamente relacionada. Se o ambiente
de trabalho dispõe de condições adequadas e é ergonomicamente favorável, certamente
haverá satisfatória e produtividade.
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9. Agradecimentos
Ao CNPq, pela bolsa SWG concedida.
REFERÊNCIAS
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levantamento e transporte de cargas. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 1996. 36 p.
(Seminário, Mestrado em Engenharia de Produção).
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Dissertação Mestrado – Uni Federal de Santa Catarina – Florianópolis, 1998.
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