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Unidade 6 - Obstetrícia
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Indução do Trabalho de Parto
CAPÍTULO 17
InDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO
1. CONCEITO
Consiste em estimular artiicialmente as contrações uterinas coordenadas e efetivas antes de seu início espontâneo, levando ao desencadeamento do trabalho
de parto em mulheres a partir da 22ª semana de gestação.
Indicações Recomendação Grau de
recomendação
Gestação prolongada Reduz mortalidade perinatal e
síndrome de aspiração meconial.
Não se observou aumento frequência
de cesarianas
A
RUPREMA Reduz risco de corioamnionite,
endometrite e admissão em UTI
neonatal.
A
Diabetes Reduz incidência de macrossomia. A
Pré-eclâmpsia leve a
termo
Fracamente a favor, porém não há
evidências suicientes.D
Pré-eclâmpsia grave
(versus cesariana) Não se observam danos maiores em
relação a cesariana eletiva.
C
Cardiopatia Fracamente a favor, porém sem
evidências suicientes.B
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2. CONTRAINDICAçÕES
Absolutas:
» Placenta prévia centro-total
» Vasa prévia
» Apresentação cómica
» Prolapso de cordão umbilical
» Cesárea clássica anterior e outras cicatrizes uterinas (miomectomias)
» Anormalidade na pelve materna
» Herpes genital ativo
» Tumores prévios (colo ou vagina e mioma em segmento inferior)
» Desproporção cefalopélvica
Relativas:
» Frequência cardíaca fetal não-tranquilizadora
» Macrossomia fetal (peso fetal estimado por USG ≥ 4000g) » Gestação gemelar
» Apresentação pélvica
» Doença cardíaca materna
» Poliidrâmnio
» Grande multiparidade
» Oligoâmnio (ILA <50mm)
» Cesariana anterior (cicatriz transversa): a depender do método escolhido
para indução
3. CONDIçÕES pARA INDUçãO DO pARTO
» Gestação única a termo ou com maturidade pulmonar comprovada
» Apresentação cefálica
» Peso fetal > 2500 g e < 4000 g
» ILA > 50 mm
» Avaliação de vitalidade fetal normal
Riscos relacionados à indução
» Ruptura uterina
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Indução do Trabalho de Parto
» Infecção intracavitária
» Prolapso de cordão umbilical
» Prematuridade iatrogênca
» Sofrimento ou morte fetal
» Falha na indução, com aumento nos índices de cesarianas.
4. MéTODOS pARA INDUçãO DO TRABALHO DE pARTO
Para escolha do método a ser utilizado para indução, utiliza-se o escore de
Bishop modiicado quefundamenta-se nas características do colo uterino e altura da apresentação. Baixos escores cervicais têm sido associados a falha de indução,
ao seu prolongamento e ao elevado índice de cesariana.
BISHOP MODIFICADO
Pontuação 0 1 2 3
Altura da apresentação -3 -2 -1/0 +1/+2
Dilatação do colo (cm) 0 1-2 3-4 >4
Comprimento do colo
(cm)
>2 2 1 <1
Consistência do colo Firme Intermediário Amolecido -
Posição do colo Posterior Intermediário Central -
Métodos
a. Descolamento de membranas ovulares
Tentativa de separação das membranas ovulares da decídua parietal no
segmento inferior uterino, através do toque vaginal. Além de auxiliar na dilatação
do colo, promove liberação de prostaglandinas. Observou-se redução na duração
da gravidez e no número de gestantes que ultrapassam as 41 semanas, sem
aumentar risco materno ou neonatal de infecção.
b. Sonda de Foley
Utilizada nos casos de contraindicação ao uso do misoprostol. A associação
com ocitocina diminui o risco de cesárea em relação ao parto induzido apenas
com ocitocina, parecendo ser tão efetiva quanto o misoprostol.
Técnica: Inserção da sonda de Foley nº 12, enchimento do balão e tração
através da ixação da sonda à perna da gestante.
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c. Ocitocina
Utilizada para estimular as contrações uterinas; ocorre melhor resposta
nas últimas semanas de gestação, pois é dependente dos níveis de estrógeno
circulante (aumento de receptores);
Apesar da ação rápida tanto para início da estimulação quanto da sua
cessação (suspensão da infusão), não é usualmente indicado quando colo ainda é
imaturo (Bishop < 7), sendo associada a percentual elevado de partos prolongados,
intoxicação hídrica (pelo aumento sucessivo das doses) e, consequentemente de
cesáreas.
Apresentação: ampola de 3 unidades internacionais e 5UI.
Técnica recomendada pela ACOG:
» Iniciar com doses de 1 a 2 mUI/min, EV, aumentando 1 a 2 mUI/min a
cada 30 min até desencadeamento do trabalho de parto.
d. Misoprostol
Análogo sintético da prostaglandina E1;
Utilizado quando Bishop < 7, promovendo amadurecimento cervical e
estimulação de contrações uterinas;
Apresentação: comprimidos de 25 mcg e 200 mcg;
Técnica: administração de comprimido via vaginal, em fundo de saco
posterior;
Riscos: maior chance de taquissistolia e hiperestimulação uterina;
» Indução do parto com feto vivo:
• 25mcg as 7h, 12h, 17h – evitar a dose noturna
• Taquissistolia: 5 ou mais contrações em 10 min, detectadas por 2
vezes consecutivas (20 min), sem alteração de FCF;
Conduta:
▪ Remoção de partes não absorvidas do medicamento (não
utilizar irrigação vaginal);
▪ Hidratação materna, 2000 mL SRL EV rápido, pode ser
utilizado, mas não há evidências suicientes de que diminua as contrações;
▪ DLE e oxigenação são também recomendados, porém sem
evidências fortes;
▪ Se não solucionado, faz-se tocólise em dose de ataque
com nifedipina 20 mg VO até cessação ou diminuição das
contraçõesou Sulfato de magnésio 4 a 6 g EV diluído em SG5%.
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Indução do Trabalho de Parto
• Síndrome de hiperestimulação uterina: taquissistolia com alteração
de FCF;
Conduta:
▪ Resolução por via abdominal em um tempo que não ultrapasse
30min.