Indisciplina em contexto de sala de aula: Métodos e instrumentos para a gestão eficaz do conflito

Análise Comportamental Aplicada (ACA)

Carlos Fernandes da Silva, PhD

Universidade de Aveiro

COMO ABORDAR E PARADIGMAS

Como abordar?

• Face aos “incidentes críticos” é frequente formular perguntas que começam com “porquê?”.

• Remete para concetualizações, interpretações e especulações.

• Uma abordagem que remete também para a ciência.

• Porém, tecnicamente deve começar-se as questões-chave com “como?” e “para quê?”.

• Remete para a identificação de comportamentos, interesses, objetivos e metas dos envolvidos.

ALGUNS DADOS CIENTÍFICOS PARA REFERÊNCIA

PARA OS EVOLUCIONISTAS PARA OS NÃO EVOLUCIONISTAS

“No princípio Deus criou os céus e a terra (…) E disse Deus: Produza a terra erva verde …árvore frutífera …e foi a tarde e a amanhã o terceiro dia (…) E disse Deus: produzam as águas abundantemente répteis …e voem as aves sobre a face da expansão dos céus … E foi a tarde e a manhã o dia quinto (…) E fez Deus as bestas-feras da terra, conforme a sua espécie, e o gado, e todo o anima movente da terra … E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, e domine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre o gado, e sobre todo o réptil que se move na terra …foi a tarde e a manhã o dia sexto” (Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, Sociedade Bíblica,

Lisboa; Génesis, capítulo 1 e versículos 1, 11, 13, 21, 23, 25, 26 e 31).

Posse, território, violência, aprisionamento

Amabilidade, proteção, tolerância, compaixão, ternura.

Encéfalo de réptil UMA PROGRESSÃO, UM DESENHO

Estudando a evidência estratigráfica, paleontológica, geológica, genética e textos sagrados, encontra-se um desenho: para uns resultado de seleção natural de mutações, para outros um desenho inteligente.Em qualquer das interpretações, há uma evolução progressiva em que estruturas antigas de organismos primevos (já extintos ou ainda entre nós) se mantêm nos seres mais evoluídos (já extintos ou ainda entre nós).

As estruturas mais recentes integram as mais antigas, estabelecendo com elas relações de coordenação.

Por vezes resultam conflitos que nem sempre são geridos do melhor modo.

Encéfalo de humano

Encéfalo humano

Encéfalo humano “transparente”Encéfalo humano de frente

Nota: é como uma noz; há uma fenda entre os

dois hemisférios.Face medial do encéfalo humano (cortando pela fenda entre hemisférios) Hemisfério esquerdo e estruturas

basais do direito

O encéfalo humano é muito mais complexo do que o do tubarão, mas contêm as estruturas do tubarão.

Estas estruturas mais primevas contribuem para as nossas ações, mas moduladas pelas estruturas evolutivamente mais recentes.

Quando não somos treinados (ou não nos treinamos) a usar as mais recentes, serão as mais primitivas que controlarão as nossas ações.

Poderemos ter ações idênticas às de um tubarão. Ex., “fazer sangue e destroçar, mutilar, etc.”.

TEMOS UMA TRINDADE DENTRO DE NÓS

Um “cérebro” reptiliano (complexo R), um cérebro paleomamífero e um cérebro neomamífero.

«Todas as culturas se debatem com os mesmos problemas com que se debatem os outros animais» (Benedict, 1930).

«A matriz animal não desaparece no humano, integra-se na matriz cultural».

Saraiva, R. (1999).

Diencéfalo (tálamo e hipotálamo) regulam o sexo, osono, o apetite, a saciação, a agressão, o prazer e a dor.

Estes aspetos alimentam o PODER, a Posse, o Território e o aprisionamento

Os egípcios já sabiam!

O que fazer?

Desenvolver a auto-regulação.

O que fazer?

Envolver Pais/EE e/ou Treinar competências parentais básicas.

O que fazer?

Se não se envolverem, a ACA assegurará discriminação de contextos.

CONDICIONAMENTO RESPONDENTE

Reflexos condicionais

NS US UR

CS CR

Generalização e discriminação respondente

“VACINAÇÃO COMPORTAMENTAL”

Competências parentais básicas

Primeiros 15 minutos:Quando se reencontram ao fim do dia, durante os

primeiros 15 minutos deixar de fazer seja o que for e atender a criança ou jovem (escuta ativa).

Elogio “técnico”:Apreciar (ex.: “muito bem, fixe, etc”), justificar (ex.: “porque

acabaste os TPC no tempo que te dei”) e incentivar (ex.: “se fizeres como hoje conseguirás fazer em menos tempo”).

Competências parentais básicas

Não desautorizar o outro “cônjuge”.

Coerência e consistência (parental e entre docentes).

Balancear os reforços com as punições:Reforços (atenção, autorização para brincar ou jogar, elogio técnico,

dinheiro, etc.). Punições (restrição de atividade lúdica, repreensão verbal, prescrever tarefa educativa mas desagradável para a criança e jovem).

APRENDIZAGEM OPERANTE

Caixas de Skiner

CURVA DE REFORÇO

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Série1

CURVA DE PUNIÇÃO

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Série1

Tabela de Contingências (S-RC/K)

Consequência

Aplicação/Ganho Remoção/Perda

Probabilidade do comportamento

Aumento R+ R-

Diminuição P+ P-

Extinção operante

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

Série1

O perigo do incremento inicial após remoção do acesso ao reforço

APRENDIZAGEM SOCIAL

Role playing (treinos de

competências sociais e o

“exemplo”) – escolha do

líder.

Role taking (inversão de

papéis)

Aprendizagem social

Processos Cognitivos e Motivação

Memória de Trabalho

Atenção concentrada (cueing, saliência, sopa de letras) e “tela visual”.

Lei de Yerkes-Dodson

Arousal devido à dificuldade da tarefa e “arousal do relógio”.

Abstração

Detetar propriedades comuns para categorizações concretas e formais.

Deteção guiada, representação, categorização e nomeação até generalizar.

Embodied learning

Embodied cognition

A aprendizagem é mais rápida e consolidada se for acompanhada

do envolvimento do maior número de componentes do corpo.

EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

Aplicações 1

•Encadeamento (chaining)

•Controlo de estímulo (SD e SD) - cueing

COM APRESENTAÇÃO DE CASOS

Aplicações

Economia de fichas (token economy)

Tipos de reforçadores: itens, consumíveis, atividades, informação/incentivo, reforços sociais, autorreforço.

Princípio de Premack

Custo de Resposta, Prática positiva e Time-out.