Indicadores Químicos e Biológicos(1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA CURSO: ODONTOLOGIA DISCIPLINA: BIOSSEGURANÇA INDICADORES QUÍMICOS E BIOLÓGICOS Integrantes: Bruna Philippi Carine Biava Guilherme Baschirotto Milanez Guilherme Figueira Rampelotto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

CURSO: ODONTOLOGIA

DISCIPLINA: BIOSSEGURANÇA

INDICADORES QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

Integrantes:

Bruna Philippi

Carine Biava

Guilherme Baschirotto Milanez

Guilherme Figueira Rampelotto

Manuela Da Luz Fontes Bahr

Professora: Jussara Bernardon

2010

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................3

2. INDICADORES................................................................................................................4

2.1.INDICADORES MECÂNICOS.................................................................................4

2.2.INDICADORES QUÍMICOS.....................................................................................4

2.3.INDICADORES BIOLÓGICOS.................................................................................6

2.3.1. REALIZAÇÃO DO TESTE BIOLÓGICO...................................................8

3. TIPOS E VALORES DE INDICADORES EM FLORIANÓPOLIS...............................9

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................10

5. REFERÊNCIAS..............................................................................................................11

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1. INTRODUÇÃO

Uma característica dominante de nossa época é a preocupação das pessoas em viver

mais e melhor. (LOTTENBERG, 2006). Tal tendência está relacionada ao

desenvolvimento de processos tecnológicos, que possibilitam melhor tratamento de

doenças e manutenção e promoção da saúde. Mas, para que essas mudanças

transcendam a escala individual e se incorporem à sociedade como um patrimônio

coletivo, essas mudanças precisam receber uma abordagem ética. Assim, a fim de

proteger seu paciente, o cirurgião-dentista deve estar sempre atento ao processo de

esterilização e ao controle desse processo.

Um produto estéril é aquele que está livre de microrganismos viáveis. Para se

adquirir este produto utiliza-se os métodos de esterilização para destruir os agentes

microbianos existentes. Na hora de se esterilizar os equipamentos, nunca se tem a

certeza da qualidade do processo. Para se comprovar a efetividade da autoclave, o

Ministério da Saúde estipulou a utilização de indicadores químicos e biológicos. Cada

um destes indicadores possui a sua função e características. Estudos visam determinar a

importância da transmissibilidade de agentes microbianos entre pacientes e profissionais

caso os instrumentos não sofram os procedimentos corretos de esterilização e

desinfecção. Para determinar a eficácia de estufas e autoclaves, utilizam-se indicadores

químicos e biológicos, que serão o enfoque deste trabalho.

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2. INDICADORES

Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) “a esterilização é o

processo que visa destruir ou eliminar todas as formas de vida microbiana presentes, por

meio de processos físicos ou químicos”. Esta medida é realizada através do uso de

autoclaves. Porém o uso desse equipamento por si só não garante a eficácia do

procedimento, por isso é necessário o controle, que é utilizado para avaliar o êxito ou

apontar falhas no processo.

Esse controle da esterilização serve para mostrar que a autoclave foi corretamente

manuseada. Os indicadores que demonstram a eficácia dos métodos de esterilização

podem ser mecânicos, químicos e biológicos.

2.1 Indicadores Mecânicos

São dispositivos presentes nos equipamentos que mostram o seu desempenho dentro

dos parâmetros estabelecidos. Eles nem sempre garantem sua efetividade, por isso há

uma necessidade de uma aferição constante para o preciso funcionamento. Os

indicadores mecânicos controlam o tempo, temperatura, pressão, e eles são:

a) Monovacuometro;

b) Termostato/ Lâmpada piloto;

c) Termômetro.

2.2 Indicadores Químicos

Controlam a qualidade e eficácia do processo. São utilizados indicadores de

processos, como fitas zebradas e indicadores de envelopes. Esses indicadores não

asseguram a esterilização, só evidenciando se o pacote de instrumentos passou ou não

pelo processo. Embora a maioria destes indicadores químicos sejam confiáveis, alguns

são específicos para alguns ciclos. Os indicadores químicos são descritos de acordo com

a ISO 11.140-1: 1995.

A classificação dos indicadores químicos tem somente a intenção de assinalar as

características e o uso pretendido para cada tipo de indicador quando for utilizada

conforme a definição do fabricante.

Os indicadores químicos são classificados em:

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a) Indicadores de Processo: são indicados para uso em pacotes e “containers”

individuais. Podem vir na própria embalagem ou na forma de fita adesiva. As

fitas adesivas para autoclave apresentam listras brancas diagonais que se tornam

pretas após a esterilização. Servem para demonstrar que houve exposição ao

processo de esterilização e diferenciar as unidades processadas das não

processadas.

b) Indicadores para o uso de processos específicos: como o de Bowie e Dick, que

serve para testar a eficiência do sistema de remoção de ar das autoclaves, uma

vez que a presença de ar nos pacotes, ou no interior deles pode prejudicar o

processo de esterilização. Este teste pode ser apresentar em folha ou em pacotes-

testes prontos que se adaptam melhor nas autoclaves com câmaras menores.

Apresenta-se como uma folha única impregnada com tinta termoquímica. Esta

folha deve ser colocada no meio de um pacote teste, dobrados em camadas

uniformes, um em cima do outro. O pacote-teste é colocado na porção mais fria

da autoclave, ou seja, próximo ao dreno. A mudança da cor deve ser uniforme.

Alterações na cor indicam a existência de ar residual e o equipamento deve ser

interditado.

c) Indicadores Monoparamétricos: são indicadores de um único parâmetro, a

temperatura. Não é muito indicado.

d) Indicadores Multiparamétricos: utilizado para dois ou mais parâmetros críticos.

É uma tira de papel impregnada com tinta termoquímica, que muda de coloração

quando exposta a condições mínimas necessárias ao processo. Deve ser

colocado em todos os pacotes, principalmente nos locais com maior dificuldade

de penetração do vapor. Também indica se o tempo e a temperatura

padronizados foram atingidos em um determinado momento.

e) Indicadores Integradores: são designados a reagir a todos os parâmetros críticos

dentro de um intervalo específico de ciclos de esterilização. Estes indicadores

têm seus valores especificados, que são aqueles requeridos para atingir uma

inativação. Apresenta um resultado mais confiável que o indicador químico

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multiparamétrico com margem de erro menor. É uma película sensível ao vapor

e temperatura.

f) Indicadores Emuladores: são aqueles que verificam ciclos. Eles reagem a todos

os parâmetros críticos quando 95% do ciclo estiver concluído.

Os indicadores emuladores e integradores são os indicadores de maior

confiabilidade, pois são utilizados vários parâmetros ao mesmo tempo. Embora não

ofereçam contraprova, como os biológicos oferecem, eles conferem a segurança da

efetividade do ciclo.

Estes indicadores químicos também podem ser classificados de acordo com a sua

utilização. Os externos indicam que o vapor entrou em contato com a superfície

exposta, distinguindo os artigos processados dos não processados. Estes devem ser

colocados em todos os pacotes em todos os processos. Os externos são as fitas ou

etiquetas adesivas ou são indicadores impressos, que são resistentes a elevadas

temperaturas, que ao saírem da autoclave estes indicadores devem apresentar mudança

de coloração. A coloração não homogênea pode significar falha no processo.

Os internos indicam que o vapor penetrou no interior da embalagem e monitoram

individualmente cada pacote e devem ser colocados no interior da embalagem. Devem

ser utilizados de forma rotineira, já que a avaliação de falha no processo pode ser

avaliada imediatamente. Exemplos de indicadores são: tiras de papel que ao serem

retiradas da autoclave devem apresentar coloração marrom; integradores químicos que

são liberados à medida que ocorre a combinação entre pressão, umidade e tempo de

exposição.

2.3 Indicadores Biológicos

Estes tipos de indicadores são um preparado padronizado que contém

microrganismos vivos e viáveis, que crescem em temperaturas nas quais as proteínas

são desnaturadas, encontrados usualmente na forma de tiras ou ampolas, na qual os

esporos bacterianos estão alocados. São testes que têm como objetivo monitorar o

processo de esterilização, e demonstrar se as condições do esterilizador estão adequadas

para produzir a esterilização. Estes testes mostram que a esterilização foi efetiva através

da inativação de indicadores com contagem prévia de esporos viáveis conhecida.

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O sistema de ampolas é chamado de ”autocontido” por conterem no mesmo frasco

esporos bacterianos e meio de cultura. A tira contendo esporos é armazenada em uma

ampola plástica que também acondiciona uma ampola de vidro contendo o caldo

nutriente próprio para o cultivo dos microrganismos, e é fechada por uma tampa com

orifícios para a penetração do vapor.

Os indicadores biológicos integram todos os parâmetros necessários, de tempo,

temperatura, potencial letalidade, embalagem apropriada e configuração do lote. A

construção de um indicador biológico obedece a Norma ISO11138-8.

O monitoramento biológico é o que mais comprova a esterilização, proporcionando

um controle mais rigoroso do processo, pois são os únicos indicadores capazes de

certificar a morte efetiva dos microrganismos.

Os indicadores biológicos são classificados em:

a) Primeira Geração: são tiras de esporos, usado em indústrias. É uma técnica

asséptica para incubação. Este tipo de indicador requer uma incubação durante 7

dias.Um exemplo de microrganismo utilizados é o Bacillus atropheus var niger.

b) Segunda Geração: são frascos plásticos contendo uma ampola de vidro com tiras

de papel impregnados de esporos Bacillus stearothermophilus, em meio de

cultura. Bacillus stearothermophilus (ou Geobacillus stearothermophilus) é uma

bactéria em forma de bastonete, Gram-positivos e um membro da divisão

Firmicutes. A bactéria é um termófilas e é amplamente distribuída no solo,

águas termais, os sedimentos do oceano, e é uma das causas de deterioração em

produtos alimentares. Ela vai crescer dentro de uma faixa de temperatura de 30-

75 graus Celsius.O teste com indicador biológico de segunda geração apresenta

resultado final em 48 horas em incubadora própria(Bacillus stearothermophilus -

vapor 55 a 60°C) junto a um indicador biológico controle (que não foi para a

autoclave). O controle normalmente apresenta mudança de coloração depois de

24 a 48 horas de incubação, passando de roxo para amarelo. Caso todos os

esporos tenham sido eliminados, a coloração permanece roxa e o resultado do

teste é negativo.

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c) Terceira Geração: neste tem-se na ampola um evidenciador da atividade

enzimática de microrganismos. Esta atividade de fluorescência é lida com um

equipamento especial e pode ser detectado em três horas em ciclos

convencionais. A ausência dessa fluorescência indica que as condições de

esterilização foram atingidas. Se for mantido incubado, no final de 48 horas tem-

se o resultado visual, como o de segunda geração.

Na leitura final observa-se a mudança de cor visual, com a resposta final de 24 a 48

horas após a incubação, para esterilização em vapor; e também é observada a

fluorescência, com uma leitura rápida.

O Ministério da saúde determina que a monitorização com indicadores biológicos

deve ser feita com freqüência mínima de 7 dias, porém cada instituição deverá,

complementarmente, estabelecer a rotina de monitorização de suas autoclaves, como o

objetivo de detectar falhas nos equipamentos e no processo. Para hospitais,

preferencialmente, a monitorização deve ser diária.

2.3.1 Realização do teste biológico

Coloca-se o teste dentro de um pacote que irá passar pelo ciclo de esterilização da

autoclave. Colocar este pacote na bandeja superior, na parte frontal (junto à porta) ou na

vertical no meio da câmara, pontos mais frios, em função da localização das

resistências.

Terminando o ciclo, abre-se o pacote, recuperando-se o tubo plástico, e aguarda-se

15 minutos para resfriamento da ampola. Aperta-se a ampola plástica teste, para

ativação, e consequentemente se quebra a ampola de vidro interna, expondo os esporos

ao meio de cultura, repete- se o processo com o indicador controle. Coloca-se para

incubar o indicador teste, que passou por esterilização, em incubadora própria junto com

outro indicador dito controle, que não vai para a autoclave. A sua finalidade é testar

tanto a viabilidade dos esporos como verificar se a incubadora está funcionando

corretamente.

O resultado esperado é que a ampola controle mude da cor de roxo para amarelo,

mudança que ocorre devido a alteração de pH da solução que resulta da atividade

microbiana. O indicador teste não deve mudar de cor, pois se espera que os

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microrganismos tenham sido destruídos. A leitura final é feita após 24 a 48 horas de

incubação dos indicadores.

Após a leitura dos testes deve-se retirar a etiqueta das ampolas e colar em um livro

registro ou nas instruções de uso do próprio indicador, anotando e interpretando os

resultados, deve-se manter neste mesmo livro de registros os resultado com indicadores

químicos complementares a monitorização. Será este livro de registros que será

averiguado pela Vigilância Sanitária em uma vistoria ao consultório odontológico.

3. TIPOS E VALORES DE INDICADORES EM FLORIANÓPOLIS

Foram pesquisadas dentais pela região de Florianópolis/SC, onde possuam

indicadores químicos e/ou biológicos, e tendo como objetivos averiguar seus tipos e

valores nas mesmas. A seguir, segue uma tabela com os resultados obtidos:

DENTAIS Indicadores

Químicos R$ Biológicos R$

Dental Center 3M

50 cápsulas 426,00

Cristófile

10 ampolas

50 ampolas

108,00

428,00

*Mini Incubadora para indicador biológico VH 228,10

Ilha Dental Ltda Medsteril

50 cápsulas 84,00

Medsteril

8 ampolas 81,20

Odonto Shop Emulador TST Browne

25 cápsulas 77,50

Clean-Test

10 ampolas 88,00

*Mini Incubadora para indicador biológico Cristófile 425,00

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A qualidade e manutenção dos resultados dos processos de esterilização estão

intimamente relacionados com a qualidade das embalagens utilizadas, bem como a

disposição dos pacotes no interior da câmara de esterilização. Pacotes apertados que

dificultem a circulação do vapor e caixas metálicas abarrotadas de instrumentos e que

não conduzem bem o calor comprometem os resultados de avaliação dos

procedimentos.

Além disso, o pós-esterilização também deve ser monitorado. Segundo a ANVISA,

o instrumental deve ser armazenado em local exclusivo, fechado, sem poeira e umidade,

a uma distância mínima de 20 cm do chão, 50 cm do teto e 5 cm da parede, além de ser

limpo periodicamente.

Os indicadores químicos e biológicos são de grande importância para a vida

cotidiana de um cirurgião dentista, prevenindo a saúde do paciente e do profissional ao

mostrar a eficácia de esterilização de autoclaves por métodos seguros, variados e

eficazes.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDO, F. M. N. Utilização dos indicadores químicos e biológicos para

esterilização. Ribeirão Preto, 2008.

ANVISA. Serviços odontológicos: prevenção e controle de riscos. Brasília, 2006.

Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/manual_odonto.pdf.

Acessado em: 31 de mar. 2010.

DABI. Esterilização. Ribeirão Preto, 2007. Disponível em: www.dabi.com.br.

Acessado em: 31 de mar. 2010

DONATELLI, Liliana Junqueira de P. Monitorização química e biológica em

autoclaves, como fazê-lo? Cristófoli Biossegurança. Disponível em:

http://www.cristofoli.com/cristofoli/pt/?pg=biosseguranca&p=informativo_desc&id=7.

Acessado em: 25 de abril de 2010.

ROMANO, Juliana Capellazzo; QUELHAS, Maria Cristina Ferreira. Monitoramento

dos métodos de esterilização. UNICAMP, Campinas, 1997. Disponível em:

http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/testes.html. Acessado em: 27 de abril

2010.

RUTALA, W A. Disinfection and Sterilization of patient-care items. Infect Control

hosp epidemiol. 1996; 17: 377-384. Disponível em:

http://www.cih.com.br/esterilizacao.htm#l10. Acessado em: 31 de mar. 2010.