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Independências: África e Ásia

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Independências: África

e Ásia

Origens do processo Colonizador

Mesmo os países vencedores da II Guerra Mundial não tinham

condições de manter seus exércitos coloniais.

A desmoralização política da Europa abriu espaço para as lutas de

independência das colônias.

A formação da ONU também favoreceu o processo de descolonização

dos continentes dominados.

Dos processos de independência (alguns violentos) surgiram nações

frágeis, que formaram o Terceiro Mundo.

* Para o Economista Alfred Sauvy (1952):

Primeiro Mundo: países capitalistas desenvolvidos.

Segundo Mundo: países socialistas, de economia planificada.

Terceiro Mundo: reunia todos os países subdesenvolvidos.

O colonialismo é uma das expressões do imperialismo e se manifesta

em termos políticos, militares, culturais e econômicos.

Os movimentos de descolonização ganharam forte impulso no pós-

guerra:

Enfraquecimento das antigas potências coloniais;

Imagem do

hoje polêmico

Tintin no Congo

(1931), uma

celebração do

colonialismo

belga.

DOIS MODELOS DE DESCOLONIZAÇÂO

Guerras → Instalação de regimes socialistas.

Ex.: Indonésia, Vietnã do Norte, Argélia, Angola,

Moçambique, etc.

Acordos → Concessão de independência com a

transferência de poder para elites locais e a manutenção de

fortes vínculos e dependência capitalista.

Ex.: Egito, Nigéria, etc.

Casos de exceção → África do Sul, Índia.

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CONFERÊNCIA DE BANDUNG Objetivo: promover a cooperação econômica e

cultural, como forma de resistência a todas as

formas de colonialismo e neocolonialismo.

Ocorreu em

1955 e contou

com a

presença de

29 países

afro-

asiáticos.

Reuniu-se na Indonésia e dela participaram 23 países asiáticos e seis africanos;

Foram lançados os princípios políticos do não-alinhamento (Terceiro Mundismo) → uma postura diplomática e geopolítica de equidistância das superpotências.

Criada a noção de conflito norte-sul.

Apesar do não-alinhamento, todos os países se declararam socialistas;

Em um contexto de Guerra Fria, essa autonomia era difícil de concretizar.

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CONFERÊNCIA DE BANDUNG

1. Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com a Carta da ONU.

2. Respeito à soberania e integridade territorial de todas as nações.

3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e

pequenas.

4. Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro

país. (Autodeterminação dos povos)

5. Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e

coletivamente, de acordo com a Carta da ONU.

6. Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva

destinada a servir aos interesses particulares das superpotências.

7

PRINCÍPIOS DE BANDUNG

7. Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego

da força, contra a integridade territorial ou a independência política

de outro país.

8. Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos,

de acordo com a Carta da ONU.

9. Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.

10. Respeito pela justiça e obrigações internacionais.

O Espírito de Bandung prevaleceu por aproximadamente dez anos, mas não resistiu à ação das superpotências – EUA e URSS – e aos interesses políticos e econômicos de grupos nacionais.

8

ÁSIA

9

• Europeus tinham colônias na Ásia → muitas

foram ocupadas pelos japoneses.

• Tropas coloniais lutaram na II Guerra e,

depois, a luta de Independência de acelera.

• Índia → 1947 → Dividida.

• Israel e Palestina → dois Estados → Decisão

da ONU → 1947 → só um Estado se

constituiu em 1948.

• Vietnã → 1954 → Dividido.

Sukarno líder da

independência da

Indonésia → 1945 →

guerra → contra os

holandeses até 1949.

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Cronologia das Independências das nações

asiáticas.

• Ex-colônia Holandesa.

• 1949: Independência após 4 anos de guerra contra HOL.

o Ahmed Sukarno – líder.

• 1955 – Sede da Conferência de Bandung.

• 1965 – 1998 – Ditadura do Gen. Suharto (pró-capitalismo).

• 1975 – Invasão do Timor Leste (independente em 1999).

• Maior população muçulmana do mundo.

ÍNDONÉSIA

A Guerra Civil em Timor Leste

Colônia portuguesa até 1975. Com a saída dos portugueses, as

tropas indonésias invadiram a região, iniciando uma ocupação

longa e sangrenta.

Contra a presença indonésia, lutavam a Frente Revolucionária de

Timor Leste e as Forças Armadas de Libertação do Timor

Leste.

No final do século XX, a população decidiu libertar-se da Indonésia.

Contudo, grupo paramilitares armados pela Indonésia invadiram o

Timor Leste e mataram centenas de pessoas.

A resistência timorense, apoiada internacionalmente, derrotou os

indonésios. Xanana Gusmão foi eleito presidente em 2002.

ÍNDIA (1947)

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• A Independência da Índia foi um

processo longo.

• O seu maior líder, Mahatma Gandhi,

focou nos valores tradicionais, na

resistência pacífica e na não violência.

• Uniu temporariamente hindus (Partido

do Congresso) e muçulmanos

(Irmandade Muçulmana).

• Por fim, os britânicos cederam, porém...

Mahatma

Gandhi

(2/10/1869-

30/01/1948)

Na Índia Britânica, a maior parte da população seguia o

hinduísmo, havendo, contudo, uma minoria muçulmana.

O movimento de resistência (entre 1920 e 30) ficou sob o

controle de dois partidos: Partido do Congresso (hindu)

e a Liga Muçulmana.

Um dos principais líderes da luta pela independência foi

Mohandas Karamchand Gandhi, advogado de formação

britânica.

Os métodos pacíficos de luta contra o colonialismo

incluíam jejuns, longas marchas e boicote aos produtos

ingleses.

A Partilha da Índia

A minoria muçulmana, temendo o domínio dos hindus,

passou a reivindicar um Estado independente.

As disputas violentas entre hindus e muçulmanos fez com

que Gandhi, Nehru e Patel aceitassem a divisão da Índia.

A ideia de separação deu origem ao Paquistão,

Bangladesh, Ceilão e Birmânia.

Em 17 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado por

um nacionalista hindu fanático.

Cronologia

das

Independência

das nações

Africanas.

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A descolonização da África

Ao desenhar o mapa da África, as potências dividiram o

território segundo seus interesses políticos e econômicos.

Desconsideravam as características históricas, étnicas e

culturais dos povos que o habitavam.

As metrópoles reuniram inimigos no mesmo território.

Os europeus fizeram isso para manter os africanos

divididos. Essas medidas produziam tensões que

transformariam a África em um verdadeiro barril de

pólvora.

O Pan-africanismo

Um dos primeiros movimentos de libertação da África foi

o pan-africanismo, surgido no final do século XIX.

Defendia a união dos povos africanos como forma de

fortalecer o continente no contexto internacional.

O movimento, popular entre as diversas etnias locais,

contribui para a criação da Organização para a Unidade

Africana, 1963.

“Resolvemos ser livres. Povos colonizados e subjugados

do mundo, uni-vos” (V Congresso Pan-Africano).

ARGÉLIA X FRANÇA

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Guerra de independência se estendeu de 1954-1962 → ações da Front

Libérale Nationale (FLN) → formada por muçulmanos nacionalistas →

começam em 1945.

Batalha do Argel -1957: maior confronto.

1962 - Armistício de Evian: França reconhece a independência da Argélia

sob o comando da FLN (Ben Bella – líder).

Franceses resistem → esquadrões da morte, tropas formais → número de

mortos argelinos entre 400 mil e 1 milhão de argelinos.

Acelera-se a migração →

“pied noir” e “harkis” →

França reconhece a ação

como guerra em 1999 e a

colocou em seus livros

didáticos de história.

COMUNIDADE FRANCESA

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• Em 1956, o presidente francês promete às colônias francesas direito de voto.

• Os colonos decidiriam a independência e manteriam laços culturais e comerciais privilegiados com a metrópole.

• O objetivo era evitar uma nova Argélia.

• A Guiné foi a única a recusar. A Comunidade foi formada com países como Madagascar, Costa do Marfim, Mali, etc.

21/09/2018

Charles de Gaulle

(1890-1970), governou

de 1958-69.

manifestação a favor da independência

argelina em 1960

O General de Gaulle no meio da

multidão em 9 de Dezembro de 1960

CONGO BELGA

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“Chegará um dia

quando a História irá

falar... A África

escreverá a sua

própria história e será

uma história de glória

e dignidade.”

Colônia belga.

• Rica em diamantes, ouro, cobre

e outros minerais

• 1960: Bélgica concede a

independência (pressões

populares)

• Presidente: Joseph Kasavubu;

• Primeiro Ministro: Patrice Lumunba

(Movimento Nacional Congolês).

• Guerra civil: Katanga e Kasai movimento

separatista. (províncias ricas em minerais

financiados por belgas).

• 1961: É assassinado Patrice Lumunba .

• 1965: General Mobuto Sese Seko (pró-

EUA) torna-se ditador, e o país muda de

nome para República do Zaire.

• 1997: Laurent Kabila depõe Mobuto e o

país voltou a adotar o nome de

República Democrática do Congo.

KASAI

KATANGA

MOBUTO

ÁFRICA PORTUGUESA

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• Portugal usou de toda a força para impedir a

independência de suas colônias.

• A queda do regime Salazarista com a Revolução

dos Cravos (1974) precipitou os reconhecimentos

de independência (1974/75) e a

redemocratização da antiga metrópole.

• A década de 1950 marca o início dos movimentos

separatistas em Angola (caso mais dramático),

Moçambique e Guiné portuguesa.

30

Fotos da

Revolução

dos

Cravos –

25 de abril

de 1974. 21/09/2018

O Exército foi

fundamental

para a

derrubada da

ditadura.

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• A independência de Moçambique foi liderada pela FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) → em 1960 começou como guerrilha → guerra de independência de 1964-74. Entre 1977-92 → guerra civil entre a FRELIMO e a RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), anti-comunista e apoiada pela África do Sul.

• Em 1956 é fundado o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) → No ano de 1974 foi reconhecida a independência da Guiné e em 1975 do Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.

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• Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA), comunista, foi criado em 1956 → guerra civil de 1961-74 → posteriormente surgem a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com o apoio do Zaire, e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), esta última recebe apoio dos EUA e da África do Sul.

• Independência é firmada no Acordo de Alvor/1975) → guerra civil → 1974-2002 → tropas brasileiras participam das missões da ONU de pacificação.

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Pelo Acordo de Alvor (15/01/1975), Portugal

reconhecia a independência de Angola e cabia ao

MPLA, FNLA e UNITA partilharem o poder.

A colonização portuguesa transformou a região em

fornecedora de escravos para o Ocidente.

Calcula-se que 3 milhões de angolanos foram enviados

como escravos para o Brasil.

Formação de três grupos que resistiam ao domínio

português: MPLA (Movimento Popular de Libertação de

Angola), FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola)

e UNITA (União Nacional de Independência Total de

Angola).

Angola

Tratado de Alvor (1975): previa a formação de um

governo provisório entre as três facções angolanas.

O desacordo entre os grupos provocou uma sangrenta

guerra civil, levando a população a migrar para outros

países.

Em 1975, tropas sul-africanas ajudaram a UNITA e tropas

cubanas o MPLA.

Agostinho Neto, líder do MPLA, ascendeu à presidência

da república, tornando Angola um país socialista.

Mesmo com a posse de Agostinho, a UNITA continua a

luta armada apoiada pelos EUA e a África do Sul.

Em 1991, um acordo entre MPLA e UNITA promoveu

eleições para tentar acabar com a guerra civil.

Não reconhecendo a derrota nas eleições de 1992, a

UNITA continuou a guerra civil.

O Acordo de Lusaka (1994) e o cessar-fogo de 2002

colocaram fim ao conflito entre o MPLA e a UNITA.

• Moçambique (1975):

o 1975: Independência (Acordo de Lusaka)

o 1975 – 1992: Guerra civil

• FRELIMO (socialista) X RENAMO* (capitalista)

o Samora Machel – líder da FRELIMO.

o Guerra civil devasta o país.

o Saída de mão de obra qualificada.

o Esgotamento da economia.

o Epidemias de fome, tifo e cólera.

Símbolo da FRELIMO

* Resistência Nacional Moçambicana (maior partido de Moçambique)

NIGÉRIA

• Ex-colônia inglesa.

• 1960: independência concedida.

o Crescimento do nacionalismo.

• 1967 – 1970: Guerra de BIAFRA.

o Movimento separatista.

o Província rica (petróleo).

o Rivalidades étnicas:

• IBOS (Biafra) X HAUSSAS (etnia majoritária nigeriana)*.

• Aproximadamente 2 milhões de mortos.

• Unidade política precária prejudicada por rivalidades étnicas.

Na chegada dos europeus, a região era habitada por

diversos grupos como os bosquímanos (san), os

hotentotes (khoi), os xhosas e os zulus.

A região foi ocupada por holandeses, franceses e

alemães. Eram denominados bôeres ou africandêres e

tinha uma língua própria, o africâner.

A partir de 1913, a minoria branca promulgou leis que

consolidaram o domínio sobre a maioria negra.

Com a chegada ao poder do Partido Nacional (PN),

basicamente afrincânder, foi implantada uma política

segregacionista, o apartheid.

ÁFRICA DO SUL - EXCEÇÃO

O apartheid impediu o acesso aos negros à propriedade

da terra e à participação política.

Obrigava a maioria negra a viver em zonas residenciais

separadas dos brancos. Também os casamentos e as

relações sexuais entre brancos e negros eram ilegais.

O Congresso Nacional Africano (CNA, 1912) combateu

o apartheid.

No Massacre de Sharpeville, bairro negro, 67 pessoas

foram mortas pela polícia do governo. Em 1967, o líder do

CNA, Nelson Mandela, foi preso e condenado à prisão

pérpetua.

O Apartheid

Entre os anos de 1958 e 1978, a política do apartheid se

agravou, classificando os negros em diferentes grupos

étnicos e linguísticos.

Criação dos bantustões, territórios tribais

“independentes” onde os negros viviam em condições

precárias.

Em 1984, uma revolta contra o apartheid levou o governo

a decretar a lei marcial. A comunidade internacional e a

ONU declararam sanções à África do Sul como forma de

pressão contra o apartheid.

Em 1990, Nelson Mandela é libertado e o CNA recuperou

a legalidade. Será eleito presidente em 1995 (até 1999).

O governo revogou as leis raciais.

1993: primeira eleição multirracial do país.

1994: o parlamento aprovou a Lei de Direitos sobre a

Terra, restituindo propriedades às famílias negras.

Comissão de Reconciliação e Verdade (CRV): criada

para investigar, esclarecer, julgar e anistiar crimes contra

os direitos humanos durante o apartheid.

A descolonização pouco alterou a estrutura econômica de

muitas nações da África e Ásia.

Na África, as constantes guerras civis e tribais,

contribuíram para destruir países e afastar os

investimentos necessários para os avanços científicos e

tecnológicos.

A África do Sul tenta transformar-se num país em

desenvolvimento, ao lado de Brasil, Índia e Rússia.

Recentemente, uma onda de revoltas no Norte da

África contribuiu para aumentar a instabilidade política de

um continente já com muitos problemas.

O legado do colonialismo