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INCLUSÃO DOS SABERES NEGROS NO ENSINO DE CIÊNCIAS:
POSSIBILIDADES DE DESCONSTRUIR ESTEREÓTIPOS
Kelly Cristina Caetano Silvai
Universidade Federal de Uberlândia-UFU
“Alguns homens veem as coisas como são e dizem: – Por quê”?
Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo:
- Por que não.”
Bernard Shaw
Resumo
O presente artigo, em meio às discussões que se constroem para o estudo na educação
das relações étnico-raciais e o ensino de ciências sugere uma abordagem que discuta o
conhecimento científico sobre a vida social, a partir de proposição em torno de conhecer
e reconhecer cientistas negros em nossa sociedade, levando em consideração o contexto
histórico. O objetivo do texto é articular a superação de visões estereotipadas e
preconceitos com base em conhecimentos produzidos pelas Ciências Naturais, cujo
mesmo pode promover essa superação de relações de inferioridade e valorizar a
diversidade étnico-racial. Partindo de referenciais teóricos e metodológicos coletados
através de pesquisas bibliográficas foram identificados quatro grupos temáticos que
podem ser abordados no ensino de ciências com o intuito de promover relações étnico-
raciais éticas. E contribuindo com a inserção da lei 10.639 ao ensino de Ciência nas
práticas escolares de construção de aprendizagens e conhecimento relacionado às
relações étnico-raciais, o artigo apresenta como proposta pedagógica o tema: Cientistas
Negros e a Superação dos Estereótipos Presentes nas Profissões. Em que pressupõe que
uma das opções para se ensinar Ciências, é através de sua História. Por meio deste
artigo e das análises discutidas, esperamos contribuir para o fomento do debate e
pesquisa sobre o papel do ensino de ciências na formação de cidadãos. Essa formação
deve contemplar a construção de relações sociais positivas do negro e o engajamento
em lutas por eliminação de quaisquer formas de desigualdade social e de discriminação.
Palavras-chave: Ensino de Ciência, Estereótipo, Relações Étnico-raciais.
Abstract
This article among discussions constructed for the study in education of ethnic-racial
relations and teaching science, suggests an approach to discuss the scientific knowledge
about social life, from the proposition around knowing and recognizing black scientists
in our society, taking into account the historical context. The intention is to articulate
the text to overcome stereotypes and prejudices based on knowledge produced by the
Natural Sciences. This may even promote the overcoming of relationships of inferiority
and valuing ethnic-racial diversity. Starting from theoretical and methodological
references collected through bibliographic searches we have identified four thematic
groups that can be addressed in science education with the aim of promoting ethnic-
racial ethics. Through this article and the analysis discussed, we hope to contribute to
the promotion of debate and research on the role of science education in the formation
of citizens. Such formation should include the construction of positive social
relationships and engagement in the black struggle for elimination of all forms of social
inequality and discrimination.
Keywords: Teaching of Science, Stereotype, Racial -Ethnic Relations.
O presente artigo busca contribuir na educação das relações étnico-raciais e no
Ensino de Ciências enfocando o conceito de estereótipos e a sua construção sobre povos
africanos e afro-brasileiros, e questões articuladas à superação desse estereótipo ao
analisar e refletir valorização da diversidade étnico-racial na área da Ciência presente na
atuação profissional de cientistas negros.
Tendo por objetivo realizar sucinta reflexão a partir da apresentação de algumas
considerações relevantes referente ao processo das relações étnico-racial e Ciência,
estereótipos e cientistas negros, a partir da reflexão de concepções e questões
importantes já discutidas por alguns estudiosos como MUNANGA (2005),
FERNANDES (1978), GOMES (2005), BENTO (1998), GODINHO (2005) e entre
outros.
Consequentemente dar se o início da definição do que seja estereótipoii derivado
do termo de pintores de pratos de um molde (originalmente do grego stereos para
sólidos), a expressão refere-se a uma impressão mental fixa. Segundo Gordon Allport:
A define “uma crença exagerada associada a uma categoria”. Essa definição
implica uma discrepância entre a realidade objetivamente discernível e a
percepção subjetiva dessa realidade. (CASHMORE apud ALLPORT, 1996).
No campo das relações raciais e étnicas, um estereótipo e frequentemente
definido como uma generalização excessiva a respeito do comportamento ou de outras
características de membros de determinados grupos. Os estereótipos étnicos e raciais
podem ser positivos ou negativos, embora sejam, com maior frequência, negativos.
Mesmo os ostensivamente positivos podem comumente implicar uma avaliação
negativa. Assim, dizer que os negros são musicais e tem um bom ritmo aproxima-se do
estereótipo mais abertamente negativo de que eles são infantis e eternamente felizes.
Em outras palavras, estereótipo é uma visão simplificada e carregada de valores
sobre as atitudes de uma pessoa ou um grupo social. Estas visões podem estar baseadas
em culturas sexistas, racistas ou preconceituosas e são altamente resistentes às
mudanças. O estereótipo segundo alguns estudos é mais marcante nos produtos da mídia
de massa, na educação, no trabalho e nos esportes (quando se pretende dirigir os
indivíduos para as atividades considerados apropriados ao grupo estereotipado).
O Estereótipo cristaliza lugares sociais para as pessoas que dele são vítimas
porque não compreende a ideia de que estas pessoas possam fazer coisas para além do
lugar imaginado. Na escola, indivíduos de determinados grupos são considerados
inteligentes e outros, de outros grupos não recebem a mesmo conceito. Quando um
aluno do grupo estereótipo apresenta desempenho fora do esperado é considerado
exceção da regra. Algumas frases colhidas em pesquisas nas escolas exemplificam
formas de estereótipos: “Ele é negro, mas é esforçado”; “Ela é pobre mas é esperta”,
“Ele é pretinho mas é educado”, “Ele é da família Silva? Ah! Então não tem jeito”. O
estereótipo como bem lembra Bento, “É algo que funciona como um carimbo, a partir
do que a pessoa é vista sempre através de uma marca, pouco importando como
realmente ela seja”.
Segundo Bento (1998), o conceito de estereótipo se refere a uma crença
exagerada associada a uma categoria de pessoas, e é isto, de certa forma a sociedade
brasileira, vem reproduzindo ao longo de sua existência. Os estereótipos a respeito do
negro de seu legado cultural “atrasado” percorreram todo o século XIX e também
grande parte do século XX, pois a crença na superioridade dos “valores civilizatórios
europeus” impediu na prática que pudéssemos enxergar que os negros realizaram
também produção de conhecimento, e, portanto, uma produção científica de caráter
étnico, isto é afro - brasileira e africana, ainda que não atenda aos cânones impostos pela
academia.
A força ideológica dos estereótipos produzido a respeito do negro no Brasil é tão
grande, que mesmo um dos maiores cientistas sociais brasileiros Florestan Fernandes
em certo momento da sua produção acadêmica, assim se referiu a sabedoria africana que
os negros brasileiros herdaram:
Ao se reeducar para o sistema de trabalho livre, o “negro” repudia sua
herança cultural rústica e o ônus que ela envolvia. Vence hábitos, avaliações
e comportamentos pré-capitalistas ou anticapitalistas. E descobre uma
posição que o nivela, material e socialmente, ao “branco” - a que é oferecida
por sua ocupação. (...) Ao mesmo tempo, a conquista de uma situação de
classe real insere o “negro nas reivindicações de classe e nas pugnas
ideológicas que dividem a sociedade. (FERNANDES, 1978 p.154 -155).
Um fato interessante ao verificar na tese de Florestan é a crença na superioridade
técnica e moral do trabalhador europeu e que processo de marginalização que o negro
sofre dentro da sociedade de classes acontece porque este não conseguiu se ajustar as
exigências e as técnicas do trabalho capitalista por causa da permanência de valores
culturais da ordem tradicionalista em suas consciências.
Além disso, estereótipo é um conceito muito próximo do de preconceito, ou seja,
os estereótipos raciais ou étnicos são geralmente expressões de preconceito contra os
grupos em questão. O preconceito é uma opinião preestabelecida, que é imposta pelo
meio, época e educação. Com base em estereótipos, as pessoas julgam as outras. Por
isso o preconceito é um fenômeno psicológico.
O estereótipo é a prática do preconceito. É a sua manifestação
comportamental. O estereótipo objetiva (1) justificar uma suposta
inferioridade; (2) justificar a manutenção do status quo; e (3) legitimar,
aceitar e justificar: a dependência, a subordinação e a desigualdade.
(MUNANGA, 2005 p.65).
Nesse sentido, se faz necessário abordamos a construção do estereótipo na
sociedade a partir de um breve histórico que contribuiu para o imaginário social
estereotipado do negro no Brasil. Nós brasileiros temos o conhecimento que durante três
séculos (XVI-XIX) oficialmente o Brasil foi uma nação escravocrata e que o tráfico
negreiro africano era o principal sustentáculo da economia colonial. É assim que o
negro se insere na sociedade brasileira: através da diáspora africana.
Nesse contexto, ainda na época da colonização com escravidão dos povos
africanos, que no Brasil se constrói as bases do racismo que consequentemente concebe
o preconceito, estereótipo e discriminação. Primeiramente com discurso tão influente
quanto o escolar, dos meios de comunicação e do científico, atuou de uma forma
violentamente eficiente na formação do imaginário negativo sobre o negro: o
pronunciado nos púlpitos eclesiásticos pelos Padres da Companhia de Jesus, os Jesuítas.
Uma das afirmações mais danosas para o imaginário contra o negro, foi sem
dúvida a condenação divina dos negros a escravidão. É a Maldição de Cam, episódio
citado no Antigo Testamento (Gênesis 9: 18-27), de acordo com FILHO (2004),
Maldito seja Canaã! Que ele seja, para seus irmãos, o último dos escravos.
Bendito seja Iahweh, o Deus de Sem e que Canaã seja seu escravo! Que Deus
dilate a Jaffé, que ele habite nas tendas de Sem e que Canaã seja seu
escravo!. (FILHO apud BOSI, 1992 p.57).
Alguns membros da Igreja inferiram e proliferaram a teoria de que os negros
africanos eram descendentes de Cam/Canaã, podendo assim serem escravizados:
“...camitas seriam ao povos escuros da Etiópia, Arábia do Sul, da Núbia, de Trípoli, da
Somáliaiii ...
Tais teorias racistas estabelecem uma hierarquia de raças, colocando o negro
africano como inferior e a escravidão como algo natural.
“Desta forma, foi construída uma visão estereotipada do negro, além de uma
série de mecanismos e políticas de exclusão de descendentes de africanos na
sociedade brasileira, o que percebemos ainda hoje, já que a construção desta
idéia de superioridade da raça branca atinge diretamente autoestima da
população negra, que além de carregar estes estereótipos, sofre com os
reflexos de uma abolição incompleta, que liberta o povo negro da escravidão,
mas, contraditoriamente, o aprisiona, já que o obriga a viver às margens da
sociedade. Isto é melhor compreendido quando consideramos que na
condição de escravo, o negro desempenhava, na maioria das vezes, os
serviços braçais, e, após a libertação, o pensamento escravista não é capaz de
realizar a transferência do negro do campo de escravo para o de trabalhador
assalariado, e assim ele acaba por ser considerado “incapaz” de
desempenhar a função que antes desempenhava, sendo substituídos por
mão-de-obra imigrante, dificultando, assim, a inserção da população negra
neste novo sistema de captação de mão-de-obra”iv.
Segundo FILHO (2004), a relação negro=escravo< >escravo=negro é
naturalizada pela população e admitida até hoje em conjunto com a culpabilização do
negro pela sua condição de escravo. Da mesma forma a alegada incapacidade biológica
de ação e reação do negro se reflete atualmente na inserção deste no mercado de
trabalho e na aceitação de sua ausência no quadro das profissões de maior
reconhecimento social que possibilita o poder de mandar.
Nessa perspectiva, faz-se necessário resgatar os saberes científicos do povo
negro bem como sua identidade na luta contra a opressão e a marginalização sofrida ao
longo da história.
Breve processo histórico da educação do negro no Brasil
Em uma sociedade econômica e cultural tão díspar como a da sociedade
brasileira faz se necessário um breve relato da história para se compreender a situação
do negro no contexto atual. Afinal, a diferença na forma de tratamento dada às
populações pobres e carentes, em especial às negras, salta aos olhos, e cabe a nós pensar
o negro na História da Educação no Brasil.
Desde o início da colonização a educação tinha por finalidade a catequização
dos nativos, os jesuítas foram assim os primeiros mestres. A opção foi por uma
educação livresca, importada, pautada exclusivamente na religião com o passar dos
tempos surgiram às escolas de “primeira letra” diferenciadas por gêneros e disciplinas,
neste momento surge à educação dualista, uma para os meninos e outras para as
meninas, com ensino diferenciado, mesmo assim não se permitia a presença dos
escravizados como mostra a lei (art.6 da constituição de 1824)v. Com isso, coibia o
ingresso dos escravizados que eram, em larga escala, africanos de nascimento. Como
consta:
“A Reforma Couto Ferraz (Decreto n°1.331, de 17 de fevereiro de 1854)
instituía a obrigatoriedade da escola primária para crianças maiores de 7 anos
e a gratuidade das escolas primárias e secundárias da Corte. Ressaltam-se
dois pontos que denotam a ideologia da interdição: não seriam aceitas
crianças com moléstia contagiosas e nem escravas, e não haveria previsão de
instrução para adultos (ARAÚJO, LUZIO, 2005).”
Técnicas rudimentares de leitura e escrita e a aprendizagem de ofícios que
beneficiariam financeiramente os senhores por meio dos “escravos de aluguéis” e
“escravos de ganho” foram as “possibilidades” educacionais oferecidas aos escravos.
Em contrapartida, formavam sociedades secretas “uma espécie de franco-
maçonaria cuja palavra de ordem era proteção mútua” (GARCIA apud, COSTA, apud
Araújo, 2005). Essa é uma das explicações para o fato de haver preto e pardo
alfabetizados e multilíngue. Apesar das restrições os letrados ensinariam aos outros.
O combate ao analfabetismo e à introdução da formação patriótica por meio do
ensino cívico permite inferir sobre o caráter disciplinador e de controle social, que
empregava as reformas educacionais no início da primeira República. Araújo e Luzio
(2005) destacam a cobrança de taxas e o estabelecimento de exames de admissão a
Reforma Rivadávia Corrêa (1911), visto que suprimia o caráter oficial do ensino e se
articulava a interdição dessas populações negras e de outros segmentos menos
privilegiados.
As oportunidades educacionais para essas populações só serão mais perceptíveis
no início as reivindicações dos movimentos negros na década de 30, surge efeito nos
anos 70com ingresso maior da população de baixa renda a qual é constituído em sua
maioria por negros. No entanto, perceber-se que o aluno negro não se reconhece dentro
do ambiente escolar já que o currículo não valorizava a diversidade cultural.
O currículo escolar geralmente não leva em conta as vivências do aluno,
impondo-se como única forma de saber no interior do processo formar de
educação, acaba por esconder sob sua aparência de universalidade outro
currículo. (MUNANGA, apud MOURA. 2005, p. 72).
Os gráficos a seguir demonstram como a escolar precisam modificar sua prática
educacional:
FONTE: GODINHO, et al ( 2005, p. 97).
FONTE: MEC/INEP/DEAS – ENC/2003.
A obrigatoriedade do ensino de História e da Cultura Africana e Afro-brasileira
em todas as escolas do país representa uma vitória do povo negro e a esperança de se
construir uma educação pautada no respeito e na valorização da diversidade cultural do
Brasil. Bem como aumentar o ingresso e a permanência dos negros em todos os níveis
de ensino rompendo assim, o circulo vicioso de uma educação preconceituosa e elitista.
A lei 10.639/03 no ensino de Ciências Naturais e suas contribuições na sala de aula
Segundo reza as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, o ensino
de Ciências Naturais poderá contribuir para o tratamento adequado dessa matriz
cultural, tão presente no cotidiano dos brasileiros, principalmente os de ascendência
africana.
O ensino de Ciências Naturais tem um papel considerável na promoção das
relações étnico-raciais e por meio da lei 10639/03 e o parecer CNE/CP 003/004 esse
ensino traz à prática educativa um desafio à altura das necessidades de nossa sociedade,
que é o processo de reeducação das relações étnico-raciais vividas no Brasil. Ao fazer
uma análise da legislação vigente pode-se perceber que essa reeducação vai ao encontro
do ensino de Ciências, e todos os componentes curriculares no contexto para a formação
da cidadania.
Quando se enfatiza a interação entre ensino de Ciências e cidadania vale
ressaltar que está sustentada pela legislação educacional e pelos textos normativos que
orientam o ensino de Ciências. Essa centralidade se manifesta nas disposições gerais
para a Educação básica, art.22 da referida lei:
“... A educação básica tem por finalidade desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
progredir no trabalho e em estudos posteriores. (BRASIL,
1996, grifo nosso).
Tendo em vista o intuito de educar para o exercício pleno da cidadania é preciso
que na prática pedagógica do ensino de Ciências os educadores proponham
questionamentos de forma concreta em que esse ensino possa contribuir para a
valorização da história e cultura africana e afro-brasileira. Neste trabalho será abordado
a respeito da superação de estereótipos presente nas profissões bem como da existência
e valorização de cientistas negros.
Dessa forma podemos sugerir abordagens que no ensino de Ciências discutam o
conhecimento científico sobre a vida social quando nos propomos a conhecer e
reconhecer cientistas negros em nossa sociedade, levando em consideração o contexto
histórico. Vale ressaltar ainda que quando nos propomos a conhecer cientistas negros e
superar estereótipos dos mesmos no meio científico, com base em conhecimentos
produzidos pelas Ciências Naturais podemos promover essa superação de inferioridade
e valorizar a diversidade étnico racial. Para tanto podem ser desenvolvidas atividades
que contemplem o conceito biológico de raças humanas além da conceituação do que
seja estereótipo.
A pesquisa deve contar com uma análise crítica pautada em conhecimentos
sólidos das Ciências Naturais em relação a aspectos genéticos, evolução
concomitantemente relacionado às Ciências humanas com aspectos referentes à
sociologia, a antropologia. Nesse sentido questões específicas podem ser apontadas
referentes à evolução humana, como a origem africana da humanidade, a formação dos
grupos étnico raciais, e a evolução de caracteres, a fim de superar visões estereotipadas
sobre as relações étnico-raciais por meio de estímulo à crítica, embasada em
conhecimento científico, às falsas ideias sobre superioridade/inferioridade biológica
intelectual de certos grupos étnico-raciais em relação aos outros. No que tange as
profissões questões estereotipadas serão demonstradas a posteriori que também neste
caso abarcam a ideia de inferioridade.
As Ciências Naturais, explica a vida e ter conhecimento científico é como uma
“uma janela para entender a vida”. Este ensino é importante porque está relacionado
com o mundo, com a vida e com o corpo, e inclusive, pode transformar os alunos em
melhores cidadãos. Além de superar o possível “medo da ciência” e estimular os
estudantes entender que podem ser cientistas.
O professor ensina de forma a fazer com que os alunos compreendam que as
Ciências Naturais devem servir as comunidades. Na sociedade atual muitos dos negros
tem opções de vida limitada e que muitas das vezes só veem a chance de ser traficante
ou jogador de futebol. Com o ensino de Ciências o professor poderá demonstrar aos
alunos outras opções de formação desmistificando questões que delimitam os jovens
negros no mercado de trabalho.
A lei federal 10639/03 vem para desmistificar e romper com os ranços do
passado, contribuindo com os novos paradigmas na construção de uma sociedade mais
igualitária pautada no respeito às diferenças étnico raciais do povo brasileiro.
Uma vez que esta lei traz à sala aula a possibilidade de se conhecer, valorizar e
respeitar a história e a cultura da África e dos Afro-Brasileiros, a qual e rico em
conhecimentos científicos, bem como tecnológicos e agrônomos e pecuaristas, além de
dominarem técnicas do ferro, astronomia, cálculo matemático e da escrita que lhe foram
roubadas ao longo da história.
Por isso, a importância da lei 10639/03 para a implementação da reeducação das
relações entre negros e não-negros.
A desmistificação dos estereótipos no mercado de trabalho
A desigualdade social no Brasil tem raízes profundas do tempo da escravidão,
historicamente a população negra foi excluída, dos diferentes espaços de prestígio tanto
social, econômico e cultural os negros são discriminados no mercado de trabalho,
ficando quase sempre nos setores mais desfavorecido da sociedade
O preconceito ainda que não verbalizado, ocorre constantemente de forma
velada, ainda hoje em nossa sociedade, após 122 anos do fim da escravidão, o mito da
democracia racial permite certa normalidade entre as classes sociais, a qual só é
quebrada quando há uma ascensão profissional do negro ocupando espaços que em um
passado não muito longe só eram ocupados por branco.
Assim se torna mais claro quando percebe- se os incidentes que acontece
envolvendo profissionais negros que exerce cargos ou profissões consideradas
pertencente às classes dominantes, que por sua vez são na maioria branca, os médicos
negros, por exemplo, que muitas vezes são confundidos com auxiliares de enfermagem
ou com outro profissional.
Ao contrário devido a esses estereótipos enraizados na sociedade Brasileira
temos uma vez: “apenas 2% dos negros brasileiros, segundo as estáticas, conseguem
chegar ao curso superior. Desta, uma parcela muito pequena faz medicina, curso em
período integral que exige dedicação exclusiva.
Mesmo assim, ano, após ano, vem aumentando o número de médicos e
médicas negras, e o mais incrível é que depois de superar todas as
dificuldades para conseguir o diploma, eles ainda tem que aprender a
conquistar a clientela que, muitas vezes, olha torto para o “doutor negro”.
(OSWALDO FAUSTIN, Revista Raça, nº. 32, 1999, p.42).
Como relata o doutor Antônio Ananias Filho pediatra – em entrevista a revista
Raça “ouvi mais de uma vez:”, mas ele é médico? Como pode? Pensei que fosse um
enfermeiro “” ou ainda o doutor Luis Augusto Pereira cirurgião plástico em entrevista a
mesma revista “temos que trabalhar muito mais para obter o mesmo resultado que um
médico branco teria”,
Os negros desde o início da história do Brasil foram destinados a trabalhos
braçais, os quais segundo os portugueses não tinha outra serventia, se não a este fim, é
deste pensamento que advêm à ideia que até hoje é muito presente em nosso meio. É
isto que explica e justifica os estereótipos em cargos que não se via a presença da
população negra, ainda causarem certo espanto.
O negro que conquista alguma mobilidade social e econômica tem a crença de
que são frutos dos esportes e da música, mas especificamente do futebol ou do samba,
do pagode ou coisa do gênero. Este tipo de pensamento reforça a crença que o negro é
inferior e que só tem habilidade com o físico, não sendo possuidor de capacidade
intelectual mais elaborada.
O trabalhador negro vem sofrendo há séculos com a discriminação uma vez que
deste o fim da escravidão não se implantou políticas públicas voltadas para o combate
às desigualdades que envolvem especificamente este grupo étnico racial.
Pesquisa realizada pela DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e
Estudo Socioeconômicos mostra o tratamento desigual que o trabalhador negro recebe
do mercado. Veja o quadro:
(em 1.000 pessoas)
CIDADE POP. TOTAL POP. NEGRA %
SALVADOR 2.790 2.265 81,1%
RECIFE 3.210 2.054 64,0%
BRASÍLIA 1.691 1.078 63,7%
BELO HORIZONTE 3.954 2.048 51,8%
SÃO PAULO 17.039 5.626 33,0%
PORTO ALEGRE 3.491 412 11,8%
“A pesquisa mostra dados duros de uma realidade perversa, doente de
discriminação. Agora temos de trabalhar muito para mudar esse quadro nos
locais de trabalho. Felizmente, algumas empresas já começam a se
sensibilizar com a questão e estão adotando políticas internas contra a
discriminação” (Vicentinho, Revista Raça, nº. 40, 1999, p. 80)
Assim como as empresas, as escolas também têm um papel importante na
construção desta nova sociedade com a implementação da lei 10.639/03, as instituições
de ensino devem implementar em seus currículos e ensinar a História e a Cultura da
África e Afro- brasileira, com isto abre-se um leque de oportunidades para o povo
brasileiro conhecer a verdadeira história sobre os negros que ainda hoje é pouca
conhecida por uma grande parte da sociedade. Os alunos ao estudarem sobre a história
deste povo guerreiro irão se surpreender com os avanços tecnológicos e científicos que
os povos africanos trazem de seus ancestrais, bem como conhecer cientistas negros que
inventaram coisas maravilhosas, e de grande importância para a sociedade do mundo
inteiro. O que sem sombra de dúvidas ajudar a desmistificar os estereótipos a respeito
do povo negro, e a desconstruir o preconceito que ainda perpassa em todos os lugares
que o negro se faz presente.
Construção de Aprendizagens e Conhecimento Relacionado às Relações Étnico-
raciais e Ciência
A reforma da educação e as reformas consequentes foram alheias à questão
étnico racial. Mesmo após criação da lei n° 9.394/96: Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, não se abrange um currículo e questões a uma nova formação para
a educação das relações étnico-racial, foi preciso à criação da Lei n° 10.639/03 que
altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e inclui no currículo oficial da
rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, é preciso ter clareza que o Ar t. 26A acrescido à Lei 9.394/1996 provoca bem
mais do que inclusão de novos conteúdos, exige que se repensem relações étnico-
raciais, sociais, pedagógicas, procedimentos de ensino, condições oferecidas para
aprendizagem, objetivos tácitos e explícitos da educação oferecida pelas escolas. Ou
seja, os estabelecimentos de ensino e os professores, com base neste parecer, deve
estabelecer conteúdos de ensino, unidades de estudos, projetos e programas, abrangendo
os diferentes componentes curriculares.
É importante ressaltar que trabalhar com essa dimensão das relações étnico-
raciais não necessariamente significa transformá-las em conteúdos escolares, mas
compreendê-las como constitutivas da formação humana e presentes no cotidiano
escolar.
Nessa perspectiva, contribuindo com a inserção da lei 10.639 ao ensino de
Ciência nas práticas escolares de construção de aprendizagens e conhecimento
relacionado às relações étnico-raciais, o artigo apresenta como proposta pedagógica o
tema: Cientistas Negros e a Superação dos Estereótipos Presentes nas Profissões.
Em que pressupõe que uma das opções para se ensinar Ciências, é através de sua
História. Além disso, inúmeras são as possibilidades de abordagem que segue como
sugestão de atividades dirigidas.
Têm-se como pressuposto o público-alvo do ensino fundamental do 6º ao 9º
Ano e Ensino médio que irá conhecer diferentes cientistas negros, e ainda, desmistificar
o imaginário social racista perpetuado no meio acadêmico, na qual a população negra é
vista estereotipada, inferiorizada e incapaz de produzir ciência e tecnologia.
O trabalho pedagógico poderá analisar e conhecer quais estereótipos persistentes
no imaginário dos alunos (as), assim a proposta será evidenciada por atividades
dirigidas abaixo citadasvi:
1. Texto: “Curiosidade sobre uma raça – algo a se pensarvii”, planejar com
os alunos (as) aula-pesquisaviii, que abordará a partir da apresentação aos
alunos (as), invenções de cientistas negros afro- americanos. Invenções
estes objetos de uso cotidiano: tábua de passar, escova de cabelo,
elevador, apontador de lápis, ar condicionado, geladeira entre outros.
Então porque não inserir a esse tema cientistas negros e suas invenções.
Por exemplo, o pai da medicina não foi Hipócrates, mas Imhotepix,
médico negro que viveu dois mil anos antes do médico grego.
2. Música: Negro Drama de Racionais Mc's. Levantar discussões na sala de
aula, relacionada às questões do estereótipo do negro bandido. Já que os
integrantes do movimento hip-hop têm uma visão estereotipada de
serem pessoas “bagunceiras”; negro presidiário e traficantes de drogas.
Daí a necessidade de perceber que não basta apenas ouvir as músicas,
mas fazer uma (re) leitura e interpretação profunda na estrutura das
letras de Rap e Hip Hop. Visto que, o rap é uma forma de crítica de um
sistema social e político, desigual e excludente, onde o tom de revolta é
o que marca o ritmo.
3. Vídeo. A utilização do vídeo como sensibilização e conteúdo de ensino
para introduzir e despertar curiosidade, motivação para novos temas. De
forma direta e/ou indireta, ou seja, forma direta quando informa sobre
um tema especifico orientando sua interpretação e forma indireta,
quando um tema permitir abordagens múltiplas e interdisciplinares.
Vídeos: 3.1- “Heróis de Todo Mundo – A Cor da Cultura”, excelente
recurso didático para desmistificar a cor da pele relacionada com a
capacidade intelectual dos indivíduos. Ressaltar a presença de um
cientista negro afro-brasileiro. 3.2- “Mãos talentosas”, cujo enfoca a
história de um médico negro, que vence todos os preconceitos e
estereótipos para exercer sua profissão. 3.3- “Documentário- Olhos
Azuis” aborda e insere o debate sobre o preconceito, o racismo e o
estereótipo a começar pela cor dos olhos.
Com o objetivo de possibilitar reflexões, discussões e debate crítico sobre a
construção dos estereótipos negativos acerca dos negros (as) na sociedade brasileira;
permitindo desnaturalizar os preconceitos e estereótipos que permeiam as questões raça
e etnia na história da profissão e os estereótipos que afetam os profissionais negros.
Sendo relevante destacar o papel do professor ao tratar as questões étnico-raciais
cabe ao mesmo, pesquisar, (re) planejar, selecionar conteúdos e materiais de acordo
com seus objetivos. Uma vez que desconstruir o aspecto negativo de ser negro é tentar
mostrar que existem outras comparações muito mais positivas e desprovidas de
pejoratividade. Na expectativa da inserção da Lei 10.639/03 juntamente com o ensino
de ciência devemos considerar o contexto social dos (as) alunos (as), e da mesma forma,
os espaços que estes alunos (as) ocupam (família, escola, lazer e religião) como fator
primordial para o êxito do trabalho com a diversidade cultural no âmbito escolar, e, mas
especificamente com a questão racial.
Enfim, contribuir para a construção de uma identidade positiva nos alunos
afrodescendentes e se distanciar dos estereótipos, aos quais, culturalmente, a população
brasileira está acostumada.
Conclusão
Como se procurou mostrar no Ensino de Ciências, assim como todos
componentes curriculares tem papel fundamental na desmistificação de estereótipos
presentes no mercado de trabalho tendo como proposta o reconhecimento de cientistas
negros no meio acadêmico valorizando os saberes na ciência. Pautando-se nas temáticas
e questões apresentadas : Breve processo histórico da educação do negro no Brasil; A
lei 10.639/03 no ensino de Ciências Naturais e suas contribuições na sala de aula; A
desmistificação dos estereótipos no mercado de trabalho; Construção de Aprendizagens
e Conhecimento Relacionado às Relações Étnico-raciais e Ciência, temos embasamento
para a construção de uma prática pedagógica no ensino de ciências mais consciente da
verdadeira história do povo negro, bem como de papel social e reconhecimento na
sociedade.
Por meio deste artigo e das análises discutidas, esperamos contribuir para o
fomento do debate e pesquisa sobre o papel de ensino de ciências na formação de
cidadãos. Essa formação deve contemplar a construção de relações sociais positivas do
negro e o engajamento em lutas por eliminação de quaisquer formas de desigualdade
social e de discriminação.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações étnicorraciais e para o
ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana Orientações e Ações para a
Educação das Relações Étnico-racias, Brasília SECAD, 2006.
BRASIL. Lei Federal nº. 10.639, de 09 de Janeiro de 2003.
Altera a Lei n.º. 394, de 20 de dezembro de 1996 (estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade
da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências).
BENTO, Maria Aparecida S. Cidadania em Preto e Branco: Discutindo as relações
raciais. São Paulo: Editora Ática, 1998.
BOSI, Alfredo – Dialética da Colonização – São Paulo: Companhia das Letras, p.411,
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CASHMORE, Ellis. Dicionário de Relações Étnicas e Raciais. Ed. Selo Negro, 1996.
FERNANDES, Florestan. A Integração do Negro na Sociedade de Classes. 3ª ed. São
Paulo: Ática, 1978.
GARCIA, Renísia Cristina. Identidade fragmentada: um estudo sobre a história do
negro na educação brasileira: 1993-2005. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, 2007.
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pela lei 10.639/03. Brasília. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
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MUNANGA, K. Superando o Racismo na Escola. Brasília, Ministério da Educação,
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Artigo: “Quem Somos? – A Quebra Dos Estereótipos em Busca Da Identidade Afro-
Descendente: Proposta de Educação Anti-Racista”. 2005.
Artigo: A Questão do Negro no Curso de Formação em Serviço Social da Universidade
Federal Fluminense. José Barbosa da Silva Filho Niterói – RJ, p. 32-42, 2004.
REVISTA RAÇA-ANO 4 N°32, Editora Símbolo, Abril, 1999.
REVISTA RAÇA-ANO 4 N°40, Editora Símbolo, Dezembro1999.
Sites
• www.africaeafricanidades.com
• www.inep.gov.br
• www.acordacultura.org.br
ANEXOS ATIVIDADES DIRIGIDAS
• TEXTO: Curiosidade sobre uma raça
Curiosidade sobre uma raça Algo a se pensar... Essa é a história de um garoto chamado Theo que acordou um dia e perguntou a sua mãe:
"Mãe, o que aconteceria se não existissem pessoas negras no mundo?” Sua mãe pensou por um
momento e então falou: "Filho, siga-me hoje e vamos ver como seria se não houvesse pessoas
negras no mundo". E, então, disse: "Agora vá se vestir e nós começaremos". Theo correu para
seu quarto e colocou suas roupas e sapatos. Sua mãe deu uma olhada nele e disse: "Theo, onde
estão seus sapatos? E suas roupas estão amassadas, filho, preciso passá-las".
Mas quando ela procurou pela tábua de passar, ela não estava mais lá. Veja, Sarah Boone, uma
mulher negra, inventou a TÁBUA DE PASSAR ROUPA. E Jan E. Matzelinger, um homem
negro, inventou a MÁQUINA DE COLOCAR SOLAS NOS SAPATOS.
"Então... - ela falou - Por favor vá e faça algo em seu cabelo." Theo decidiu apenas escovar seu
cabelo, mas a escova havia desaparecido. Veja Lydia O. Newman, uma mulher negra inventou
a ESCOVA.
Ora, essa foi uma visão... nada de sapatos, roupas amassadas, cabelos desarrumados. Mesmo o
cabelo da mãe, sem as INVENÇÕES PARA CUIDAR DO CABELO feitas por Madame C.J.
Walker. Bem vocês podem vislumbrar.
A mãe disse a Theo: "Vamos fazer nossos trabalhos domésticos e, então, iremos ao mercado". A
tarefa de Theo era varrer o chão. Ele varreu, varreu e varreu. Quando ele procurou pela pá de lixo, ela não estava lá. Lloyde P.
Ray, um homem negro, inventou a PÁ DE LIXO. Ele decidiu, então, esfregar o chão, mas o
esfregão tinha desaparecido.
Thomas W. Stewart, um homem negro, inventou o ESFREGÃO. Theo gritou para sua mãe:
“Não estou tendo nenhuma sorte!
"Bem, filho, deixe-me terminar de lavar estas roupas e prepararemos a lista do mercado".
Quando a lavagem estava finalizada, ela foi colocar as roupas na secadora, mas ela não estava
lá. Acontece que George T. Samon, um homem negro, inventou a SECADORA DE ROUPAS.
A mãe pediu a Theo que pegasse papel e lápis para fazerem a lista do mercado. Theo correu
para buscá-los, mas percebeu que a ponta do lápis estava quebrada.
Bem... ele estava sem sorte, porque John Love, um homem negro, inventou o APONTADOR
DE LÁPIS. A mãe procurou por uma caneta, mas ela não estava lá, porque William Purvis, um
homem negro, inventou a caneta-tinteiro.
Além disso, Lee Burridge inventou a MÁQUINA DE DATILOGRAFIA e W. A. Lovette, a
prensa de impressão avançada. Theo e sua mãe decidiram, então, ir direto para o mercado. Ao
abrir a porta, Theo percebeu que a grama estava muito alta. De fato, a MÁQUINA DE
CORTAR GRAMA foi inventada por um homem negro, John Burr.
Eles se dirigiram para o carro, mas notaram que ele simplesmente não sairia do lugar. Isso
porque Richard Spikes, um homem negro, inventou a MUDANÇA AUTOMÁTICA DE
MARCHAS e Joseph Gammel inventou o SISTEMA DE SUPERCARGA PARA OS
MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA.
Eles perceberam que os poucos carros que estavam circulando, batiam uns contra os outros, pois
não havia sinais de trânsito. Garret A. Morgan, um homem negro, foi o inventor do
SEMÁFORO. Estava ficando tarde e eles, então, caminharam para o mercado, pegaram suas
compras e voltaram para casa. Quando eles iriam guardar o leite, os ovos e a manteiga, eles
notaram que a geladeira havia desaparecido. É que John Standard, um homem negro, inventou
a GELADEIRA.
Colocaram, assim, as compras sobre o balcão. A essa hora Theo começou a sentir bastante frio.
Sua mãe foi ligar o aquecimento. Acontece que Alice Parker, uma mulher negra, inventou a
FORNALHA DE AQUECIMENTO. Mesmo no verão eles não teriam sorte, pois Frederick
Jones, um homem negro, inventou o AR CONDICIONADO. Já era quase a hora em que o pai de Theo costumava chegar em casa.Ele normalmente voltava
de ônibus. Não havia, porém, nenhum ônibus, pois seu precursor, o BONDE ELÉTRICO, foi
inventado por outro homem negro, Elbert R. Robinson.
Ele usualmente pegava o elevador para descer de seu escritório, no vigésimo andar do prédio,
mas não havia nenhum elevador, porque um homem negro, Alexander Miles, foi o inventor do
ELEVADOR. Ele costumava deixar a correspondência do escritório em uma caixa de correio
próxima ao seu trabalho, mas ela não estava mais lá, uma vez que foi Philip Downing, um
homem negro, o inventor da CAIXA DE CORREIO para a colocação de cartas e William
Berry inventou a máquina de CARIMBO E DE CANCELAMENTO POSTAL.
Theo e sua mãe sentaram-se na mesa da cozinha com as mãos na cabeça. Quando o pai chegou,
perguntou-lhes: "Por que vocês estão sentados no escuro?". A razão disso? Pois, Lewis Howard
Latimer, um homem negro, inventou o FILAMENTO DE DENTRO DA LÂMPADA
ELÉTRICA.
Theo havia aprendido rapidamente como seria o mundo se não existissem as pessoas negras.
Isso para não mencionar o caso de que pudesse ficar doente e necessitar de sangue. Charles
Drew, um cientista negro, encontrou uma Forma Para Preservar e Estocar O Sangue, o que o
levou a implantar o primeiro banco de sangue do mundo. E se um membro da família precisasse
de uma cirurgia cardíaca? Isso não seria possível sem o Dr. Daniel Hale Williams, um médico
negro, que executou a primeira CIRURGIA ABERTA DE CORAÇÃO. Então, se você um dia imaginar como Theo, onde estaríamos agora sem os Negros? Bem, é relativamente fácil de ver. Nós ainda estaríamos na ESCURIDÃO. Autor desconhecido ou ignorado
• MÚSICA : Negro Dama de Racionais MC´s. Negro Drama é uma canção
do grupo de rap brasileiro Racionais MC's, lançada no álbum Nada como
um Dia após o Outro Dia, em 2002. Com quase sete minutos de duração,
"Negro drama" é uma reflexão crítica de Edi Rock e Mano Brown, sobre
o sucesso que o grupo atingiu ao longo dos anos, em um país no qual os
negros brasileiros, mais especificamente os da periferia de São Paulo,
que são alvo de exclusão socioeconômica.
VÍDEOS: 1. filme: Mãos Talentosas SINOPSE: Ben Carson (Cuba
Gooding Jr.) era um menino pobre de Detroit, desmotivado, que tirava
más notas na escola. Entretanto aos 33 anos, ele se tornou o diretor do
Centro de Neurologia Pediátrica do Hospital Universitário Johns
Hopkins, em Baltimore, EUA. Em 1987, o Dr. Carson alcançou renome
mundial por seu desempenho na bem-sucedida separação de dois gêmeos
siameses, unidos pela parte posterior da cabeça - uma operação complexa
e delicada que exigiu cinco meses de preparativos e vinte e duas horas de
cirurgia. Sua história, profundamente humana, descreve o papel vital que
a mãe, uma senhora de pouca cultura, mas muito inteligente,
desempenhou na metamorfose do filho, de menino de rua a um dos mais
respeitados neurocirurgiões do mundo. 2. Documentário: “Olhos azuis”.
SINOPSE: Através da coragem e determinação de uma mulher, a
professora aposentada, Jane Elliott, o racismo e as diferenças sociais nos
Estados Unidos são expostos de forma impactante. A professora
americana, em seu workshop, questiona, discute e instiga os espectadores
a despertar para a dura realidade em uma sociedade vista como livre e
justa. Toda a experiência, denominada The Eyes of Storm (Os Olhos da
Tempestade), ela mostra sem qualquer constrangimento as injustiças e
hipocrisias cometidas ao longo de décadas e que se refere também a
qualquer nação do mundo. Toda a lógica de seu depoimento causa certa
apreensão para questões até então esquecidas ou ignoradas. Até para
aqueles com um mínimo de sensibilidade, não há como não se emocionar
com seus relatos de perseguição, intolerância, e superação e talvez até se
identificar com seus próprios conceitos. E se depois de assistir os noventa
minutos do documentário ficar alheio ao mesmo, significa que não sabe o
que é o respeito ao próximo. 3. Documentário: Heróis de todo mundo
é uma série de Inter programas que quer mostrar ao público comum que
aqui mesmo, no Brasil, existem Heróis. Heróis porque quebraram
barreiras, que venceram apesar dos enormes obstáculos enfrentados, que
lutaram por uma vida melhor para todos. Ah! E são negros.
iEspecialização em História e Cultura Afro-brasileira e Africana-UFU. ii Dicionário das Relações Étnicas e Raciais, p. 193-195. iii (FILHO apud BOSI, 1992, p.257) iv Artigo: “Quem Somos? – A Quebra Dos Estereótipos em Busca Da Identidade Afro-
Descendente: Proposta de Educação Anti-Racista”. v Lei complementar a Constituição de 1824: pela legislação do império, os negros foram
impedidos de frequentar as escolas, pois eram considerados doentes de moléstias. vi Anexos atividades dirigidas. vii Ver em Anexo. viii Recurso a ser utilizada a Internet a partir do texto “Curiosidade sobre uma raça – algo a se
pensar”, em que os (as) alunos (as) em grupo, pesquisarão sobre vida e invenções dos cientistas
negros. ix Imhotep foi um misto de médico e mago. Os antigos egípcios o colocaram no plano de um
Deus, identificando-o como Asclépios (ou Asclépio ou Esculápio), deus da medicina. O
estudioso britânico Sir. William Osler (séc. XIX) disse sobre Imhotep: a primeira figura de um
médico a surgir claramente das névoas da antiguidade. Vale ressaltar que Hipócrates
considerado o fundador da medicina pelos europeus, atuava por volta de 460 a.C. na Grécia,
responsável pela convenção do chamado juramento hipocrático como compromisso profissional
do médico. Fazendo pouca ou nenhuma alusão a Imhotep em seus registros científicos.