INCIDÊNCIA DE LOMBALGIA NA MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS...

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO CAMILA DE BEM MINATTO DE SOUZA INCIDÊNCIA DE LOMBALGIA NA MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS NA INDÚSTRIA QUÍMICA DE BASE DE PEQUENO PORTE. CRICIÚMA, AGOSTO DE 2011

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU – ESPECIALIZAÇÃO EM

ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

CAMILA DE BEM MINATTO DE SOUZA

INCIDÊNCIA DE LOMBALGIA NA MOVIMENTAÇÃO

MANUAL DE CARGAS NA INDÚSTRIA QUÍMICA DE BASE DE

PEQUENO PORTE.

CRICIÚMA, AGOSTO DE 2011

CAMILA DE BEM MINATTO DE SOUZA

INCIDÊNCIA DE LOMBALGIA NA MOVIMENTAÇÃO

MANUAL DE CARGAS NA INDÚSTRIA QUÍMICA DE BASE DE

PEQUENO PORTE.

Monografia apresentada à Diretoria de Pós-

graduação da Universidade de Extremo Sul

Catarinense – UNESC, para a obtenção do titulo de

especialista em Engenharia de Segurança do

Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Waldemar Pacheco Junior

CRICIÚMA, AGOSTO DE 2011

RESUMO

Este trabalho tem por desígnio avaliar a ocorrência de lombalgia nos trabalhadores do setor de

fracionamento e expedição de produtos químicos de uma indústria de base de pequeno porte

durante a movimentação manual de cargas. Para tanto foi observada a postura adotada pelos

trabalhadores durante a execução das atividades. A partir destas observações foi possível

aplicar do método OVAKO WORKING POSTURE ANALYSING SYSTEM (OWAS) para

avaliação postural e para verificar a ocorrência de lombalgia foi aplicado a versão resumida

do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, (QNSO) e do Diagrama Corporal

proposto por Corlett e Manenica. Os resultados do método OWAS indicaram que 30% das

atividades não necessitam de medidas corretivas, 30% as necessitam em um futuro próximo,

30% as necessitam tão logo quanto possível e 10% as necessitam imediatamente. Já os

resultados do QNSO e do Diagrama Corporal proposto por Corlett e Manenica indicam que

71% dos trabalhadores sentiram dor, dormência, formigamento, ou desconforto na região

lombar nos últimos 12 meses e 65% do total de queixas de desconforto ou dor relatadas pelos

trabalhadores estão localizadas nas costas, sendo 36% na região lombar e 29% na região

dorsal. Os resultados também indicam que 72% dos trabalhadores atribuíram índice 1 e 2 na

escala de intensidade do desconforto, sendo que 43% atribuíram índice 2 e 29% índice 1. A

partir dos resultados obtidos percebe-se que ações corretivas e preventivas devem ser tomadas

a fim de minimizar ou eliminar os riscos que podem levar a incidência de lombalgia.

Palavras-chaves: Lombalgia. OWAS. QNSO.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Faturamento Líquido da Indústria Química Brasileira ............................................ 8

Figura 2 – Embalagens ...............................................................................................................9

Figura 3 – Lombalgia ...............................................................................................................20

Figura 4 – Formação de uma hérnia de disco ..........................................................................23

Figura 5 – Levantamento de pesos ...........................................................................................25

Figura 6 – Movimentação de cargas ........................................................................................26

Figura 7 – Exemplos de equipamentos para movimentação de cargas ....................................29

Figura 8 – Diagrama de Corlett e Manenica ............................................................................31

Figura 9 – Atividade de segregação e limpeza externa das bombonas ....................................33

Figura 10 – Atividade de rotulagem das bombonas .................................................................33

Figura 11 – Atividade de envase das bombonas ......................................................................34

Figura 12 – Disposição da bombona no palete ........................................................................34

Figura 13 – Disposição do palete na área de expedição ..........................................................34

Figura 14 – Plataforma para o carregamento das bombonas na carroceria dos caminhões ..........36

Figura 15 – Carregamento caminhão A: disposição das bombonas na carroceria ...................36

Figura 16 – Carregamento caminhão A: disposição das bombonas na carroceria ...................36

Figura 17 – Descarga caminhão: parte 1 ..................................................................................37

Figura 18 – Descarga caminhão: parte 2 ..................................................................................37

Figura 19 – Descarga caminhão: parte 3 ..................................................................................38

Figura 20: Classificação postural de acordo com o método OWAS ........................................39

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Categorias de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de forças no

Método OWAS......................................................................................................40

Quadro 2 – Avaliação postural de acordo com o Método OWAS............................................42

Quadro 3 – Categorias de ação.................................................................................................43

Quadro 4 – Resultado do QNSO e do Diagrama Corporal de Corlett e Manenica...................45

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Percentual de atividades que se enquadram em cada categoria de ação..................44

Gráfico 2:Incidência de desconforto corporal...........................................................................50

Gráfico 3: Incidência e intensidade do desconforto..................................................................50

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química

RAC – Relatório de Acompanhamento Conjuntural

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

CID – Classificação Internacional de Doenças

DNRC – Departamento Nacional de Registros de Comércio

NR 17 – Norma Regulamentadora nº. 17

LER/DORT – Lesões por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao

Trabalho

QNSO – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares

OWAS – OVAKO WORKING POSTURE ANALYSING SYSTEM

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8

1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 10

1.2 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 11

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 12

2.1 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL ............................................................... 13

2.2 ERGONOMIA.............................................................................................................. 14

2.3 MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS ........................................................... 16

2.4 SISTEMA OSTEOMUSCULAR ................................................................................. 17

2.5 LOMBALGIAS ............................................................................................................ 19

2.6 ORIENTAÇÕES E CUIDADOS NA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS ................ 24

2.6.1 Técnicas posturais corretas para a movimentação de cargas .................................. 24

2.6.2 Ginástica laboral ....................................................................................................... 27

2.6.3 Equipamentos para movimentação de cargas .......................................................... 28

3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 30

3.1 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES NO SETOR ....................................................... 31

3.1.1 Caracterização das atividades da função de Embalador à Mão .............................. 32

3.1.2 Caracterização das atividades da função de Auxiliar de carga e descarga e

Motorista ............................................................................................................................ 35

3.2 MÉTODO OWAS ........................................................................................................ 38

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 42

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 51

8

1. INTRODUÇÃO

A química está na base do desenvolvimento econômico e tecnológico. Conforme a

Associação Brasileira da Indústria Química – ABIQUIM – não há área ou setor que não

utilize em seus processos ou produtos algum insumo de origem química.

A indústria química é um dos mais importantes e dinâmicos setores da economia

brasileira. A estimativa da ABIQUIM é que o faturamento líquido da indústria química

brasileira em 2009, considerando todos os segmentos que a compõem, tenha alcançado R$

206,7 bilhões (figura 1), sendo que a comercialização dos produtos químicos de uso industrial

corresponde a 47% do total do faturamento líquido.

Figura 1: Faturamento Líquido da Indústria Química Brasileira. Fonte ABIQUIM, 2009.

A crise internacional iniciada entre o final de 2008 e o início de 2009 fez com que

as exportações da indústria química brasileira caíssem, mas de acordo com o Relatório de

Acompanhamento Conjuntural – RAC (ABIQUIM, 2010), desde junho 2009 o segmento vem

recuperando boa parte das perdas, tendo em outubro de 2010 o registro recorde de produção.

A indústria química de base vem investindo no aumento da sua capacidade nos

últimos anos e, de acordo com o RAC (ABIQUIM, 2010), o índice de utilização da

capacidade instalada atingiu 90% em outubro de 2010, com isso, a contratação de mão de

9

obra subiu pelo terceiro mês consecutivo, tendo acumulado, de janeiro a outubro de 2010, alta

de 1,97%.

Assim, como em outras atividades, a produção de produtos químicos envolve

riscos, mas os investimentos em equipamentos de controle, sistemas gerenciais e em

processos modernos estão contribuindo para eliminar ou minimizar os possíveis danos

ambientais e à saúde e segurança dos seus trabalhadores. Entretanto, estes investimentos

variam de acordo com o aporte desses investimentos da empresa e, também, com a

consciência prevencionista que a gerencia tem quanto aos riscos envolvidos no seu processo.

Conforme estudo comparativo realizado pelo SEBRAE (1998), as micro e

pequenas empresas operam com máquinas mais antigas, equipamentos menos sofisticados e

mão-de-obra menos qualificada que as médias e grandes empresas, por isso, podem apresentar

maior probabilidade de acidentes.

Em função da importância dos produtos químicos de uso industrial no mercado

brasileiro, do crescimento expressivo do setor em 2010 e da limitação econômica e

tecnológica que apresentam muitas indústrias de base de pequeno porte, a avaliação dos riscos

é de suma importância, em especial quando afeta os trabalhadores. Assim, no âmbito

ergonômico, busca-se avaliar a incidência de lombalgia nas atividades de movimentação

manual de embalagens (tipo bombonas plásticas), com capacidade para acondicionar 50

quilogramas (figura 2), nas etapas de fracionamento e expedição dos produtos químicos, e

quais medidas podem ser adotadas para eliminar ou minimizar a dor nas costas.

Figura 2: Embalagens. Fonte www.gotaquimica.com.br, 2010.

10

1.1 JUSTIFICATIVA

Com o crescimento industrial e o desenvolvimento de processos produtivos mais

sofisticados, a necessidade de se executar trabalhos físicos pesados tende a ser cada vez

menor. De acordo com Couto (1995 p. 29):

Isto já é quase a realidade da indústria japonesa, mas não a do Brasil, e nem o será

tão cedo. Nosso predomínio ainda é de pequenas empresas, onde o nível de

automação é muito baixo, e nossa realidade é a de um grande contingente de

trabalhadores cuja única habilidade é para o trabalho físico propriamente dito.

Portanto saber se as atividades que demandam esforço físico dos trabalhadores

podem ocasionar lombalgia traz muitos benefícios tanto para a empresa quanto para o

trabalhador. Através do gerenciamento destas atividades é possível planejar a prevenção de

acidentes e doenças relacionadas ao sistema osteomuscular. A empresa, além do benefício

financeiro, já que qualquer acidente ou doença do trabalho gera custos significativos, tem o

aumento na produtividade, e o trabalhador ganha motivação, mais qualidade de vida e um

ambiente de trabalho seguro.

A lombalgia representa fator considerável de absenteísmo nas empresas, além de

ser a causa de muitos processos de invalidez permanente ou temporária. Estima-se que o custo

da indústria e do governo relacionado à lombalgia chegue a US$ 50 bilhões por ano.

(TOSCANO e EGYPTO, 2001).

Com base nos dados fornecidos pelo Anuário Estatísticos da Previdência Social,

em 2009 foram registrados:

723,5 mil acidentes do trabalho;

Destes, 48,0% na Indústria;

Dentre os 50 códigos de Classificação Internacional de Doenças (CID), a dor nas costas

apresentou a terceira maior incidência nos acidentes de trabalho, em 6,4 % do total ou 46,6

mil acidentes;

Nas doenças do trabalho, as partes do corpo mais incidentes foram o ombro, o dorso

(incluindo músculos dorsais, coluna e medula espinhal) e os membros superiores (não

informado), com 19,3%, 13,1% e 9,5%, respectivamente.

11

A partir dos dados acima, percebe-se a importância da avaliação postural adotada

pelos trabalhadores, no setor de fracionamento e expedição do estudo de caso, durante a

movimentação manual de cargas, com o intuito de propor mudanças posturais prevenindo a

lombalgia.

1.2 OBJETIVO GERAL

Avaliar a ocorrência de lombalgia nos trabalhadores do setor de fracionamento e

expedição de produtos químicos de uma indústria de base de pequeno porte.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Relatar os processos manuais de movimentação de cargas e os riscos ao sistema

osteomuscular

Descrever as potenciais causas e efeitos de lombalgia na movimentação de cargas

12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A indústria química caracteriza-se por processos de síntese, extração ou

transformação de matérias-primas, naturais ou sintéticas, em produtos que apresentam

características diferentes daquelas que as originaram.

Os produtos químicos podem ser agrupados da seguinte maneira:

Produtos químicos de uso industrial: são aqueles fabricados pela indústria química de base,

também chamada de indústria de bens de produção ou indústria pesada. São considerados

produtos intermediários, utilizados como matéria-prima para outras indústrias. Ex.:

produtos químicos inorgânicos e orgânicos, resinas e elastômeros;

Produtos químicos de uso final: são aqueles cujo processo de fabricação emprega como

matéria-prima os produtos elaborados pela indústria de base e destinam-se ao consumidor

final. Ex.: produtos farmacêuticos, de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, sabões,

detergentes e produtos de limpeza, tintas, esmaltes e vernizes.

Após a crise financeira que atingiu o mercado mundial entre meados de 2008 e

2009, o setor de produtos químicos vem apresentando melhoras consistentes, o que motiva a

ampliação da capacidade produtiva das indústrias e a abertura de novas empresas que buscam

uma fatia deste mercado.

Em 2009 foram abertas cerca de 629 mil empresas no Brasil, 6% a mais em

relação a 2008, segundo levantamento do Departamento Nacional de Registros de Comércio

(DNRC), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. (UOL

ECONOMIA, 2010).

A ABIQUIM estima que em 2010 a produção brasileira das indústrias químicas

tenha sido 5,8% maior que em 2009, sendo que os produtos químicos de uso industrial

registraram o maior faturamento entre os segmentos do setor. (DIÁRIO DE PERNANBUCO,

2010)

Nem sempre o crescimento das empresas é planejado de maneira adequada. O

ambiente competitivo em que as empresas estão inseridas, os recursos humanos e financeiros

13

limitados aliados a falta de consciência da gerencia sobre a importância da segurança no

trabalho podem levar a ocorrência de problemas relacionados com a saúde ocupacional de

seus trabalhadores.

2.1 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL

Pode ser entendida como o conjunto de medidas que visam minimizar os

acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade física e metal

do trabalhador, garantindo a sua qualidade de vida.

A segurança do trabalho preocupa-se com todas as ocorrências que interfiram em

solução de continuidade em qualquer processo produtivo, independente se nele tenha

resultado lesão corporal, perda material, perda de tempo ou a combinação dos três.

(FIESP/CIESP, 2003)

Para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais é necessário que se conheça

os riscos presentes no ambiente de trabalho.

Os riscos ambientais são aqueles que podem causar danos à saúde do trabalhador,

dependendo da sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição. Podem ser

classificados em:

Riscos físicos: são formas de energia a que os trabalhadores possam estar expostos, como

ruído, temperaturas extremas, pressão, radiação entre outros. (FIOCRUZ, 2010)

Riscos químicos: são substâncias, compostos ou produtos que quando absorvidos pelo

organismo do trabalhador podem causar problemas de saúde. São encontrados na forma de

poeiras, gases, fumos, névoas, vapores ou neblinas. A absorção pelo organismo se dá pelas

vias respiratória, cutânea e digestiva.

Riscos biológicos: são microorganismos (fungos, vírus, bactérias, etc) capazes de provocar

doenças.

Riscos de acidentes: são aqueles que colocam o trabalhador em situação vulnerável

podendo afetar a sua integridade física e moral, como máquinas e equipamentos sem

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proteção, probabilidade de incêndio e explosão e arranjo físico inadequado. (FIOCRUZ,

2010)

Riscos ergonômicos: são aqueles que possam interferir nas características psicofisiológicas

do trabalhador, causando desconforto, mal estar e problemas de saúde.

O risco ergonômico está em todos os ambientes laborais, já que muitas vezes

máquinas, ferramentas, dispositivos, utensílios e mobílias não possuem dimensões adequadas

para serem utilizadas pelo homem com o máximo de conforto e segurança. Além disto,

podem ser associados às posturas inadequadas, movimentação, transporte e levantamento de

cargas, trazendo problemas à saúde do trabalhador como fadiga, hérnias, fraturas, torções,

lombalgias entre outros.

De acordo com o Magnago (2007), os distúrbios osteomusculares representam um

dos mais graves problemas no campo da saúde ocupacional, acometendo trabalhadores no

mundo inteiro, ocasionando aumento nos índices de absenteísmo e afastamentos temporários

ou permanentes além dos custos com tratamentos e indenizações.

Para Dul; Weerdmeester (2004 p. 3):

A ergonomia pode contribuir para solucionar um grande número de problemas

sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e eficácia. A probabilidade de

ocorrência dos acidentes pode ser reduzida quando se consideram adequadamente as

capacidades e limitações humanas e as características do ambiente, durante o projeto

de trabalho.

2.2 ERGONOMIA

Durante a Revolução Industrial, as fabricas eram sujas, escuras, perigosas e os

trabalhadores viviam em regime de semi-escravidão, somente em 1912 surge o movimento

conhecido como taylorismo, “que defendia que o trabalho deveria ser analisado com critérios

corretos para cada atividade, com tempo determinado, usando-se ferramentas adequadas”

(PINHEIRO, 2006, p. 2). Em 1915, com a I Guerra Mundial surgiu a Comissão de Saúde dos

Trabalhadores na Indústria de Munições que, através da avaliação de psicólogos e

fisiologistas, resultou em melhorias do trabalho e consequentemente em aumento da produção

de armamentos. Com o fim da guerra a comissão passou a se chamar Instituto de Pesquisa da

Fadiga Industrial, em 1929 esse instituto transformou-se no Instituto de Pesquisa sobre a

Saúde no Trabalho. As pesquisas realizadas sobre postura no trabalho, carga manual,

15

iluminação, e outras, favoreceram para um grande avanço no trabalho interdisciplinar e nos

conhecimentos de fisiologia e psicologia relacionados com o trabalho. Com a II Guerra

Mundial as pesquisas foram redobradas a fim de reduzir a fadiga e os acidentes que ocorreram

com a construção de instrumentos bélicos.

De acordo com Pinheiro (2006) em 1949, na Inglaterra, reuniram-se pela primeira

vez um grupo de pesquisadores e cientistas com o objetivo de investigar o ramo

interdisciplinar da ciência. Na segunda reunião, 1950, foi proposta a palavra ergonomia,

termo este que já havia sido criado pelo polonês Woitej Yastembowsky em 1857.

A ergonomia estuda os aspectos fisiológicos, anatômicos e psicológicos do

homem em seu ambiente de trabalho com o intuito de adaptar a tarefa ao trabalhador.

Couto (1995) define ergonomia como um conjunto de ciências e tecnologias que

busca adaptar o ser humano e o seu trabalho de maneira confortável e produtiva.

A ergonomia está presente em todas as áreas de atuação do ser humano, em

residências, mobílias e automóveis, mas é no ambiente de trabalho que ela apresenta a sua

maior contribuição.

Couto (1995) apresenta cinco áreas da ergonomia aplicadas ao trabalho:

- Área 1 - Ergonomia na Organização do Trabalho Pesado: consiste no planejamento do

sistema de trabalho em atividades fisicamente pesadas de modo que não ocorra fadiga.

- Área 2 – Biomecânica Aplicada ao Trabalho: consiste no estudo das diversas posturas no

trabalho, da coluna vertebral, dos membros superiores, a fim de prevenir lombalgias, fadiga,

LER/DORT entre outras complicações;

- Área 3 – Adequação Ergonômica Geral do Posto de Trabalho: consiste em planejar postos

de trabalho através do conhecimento da antropometria;

- Área 4 – Prevenção da Fadiga no Trabalho: consiste em entender por que o trabalhador

apresenta fadiga e com isso propor regras para diminuir ou compensar os fatores de risco;

- Área 5 – Prevenção do Erro Humano: consiste na adoção de medidas para evitar que ocorra

erro humano.

16

A aplicação da ergonomia no ambiente ocupacional é recente e a implantação de

suas medidas vem pouco a pouco introduzindo novos princípios e valores nas empresas, cujos

benefícios são obtidos a curto e médio prazo, como a prevenção de acidentes e doenças de

trabalho, o aumento da produtividade e do conforto, a garantia da integridade física e

psicológica do trabalhador e a melhora no ambiente de trabalho.

Mas a realidade da maioria das empresas ainda é a falta de organização no

trabalho, problemas no gerenciamento, metas inatingíveis e a necessidade da execução de

atividades com esforço físico excessivo, com repetitividade e posturas inadequadas. E entre

muitas atividades que podem resultar nestas situações anti-ergonômicas está a movimentação

manual de cargas.

2.3 MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS

A Agência Européia para a Segurança e Saúde no Trabalho define a

movimentação manual de cargas como sendo o levantamento e o transporte de peso, incluindo

levantar, baixar, sustentar, puxar ou empurrar.

A movimentação manual de cargas pode ser considerada uma das atividades mais

comuns e antigas, sendo responsável por um grande número de lesões e acidentes de trabalho.

É considerado um trabalho físico pesado que exige um esforço muscular muito intenso do

trabalhador podendo levar a distensões músculo-ligamentares, compressão de estruturas

nervosas e fadiga.

O corpo humano apresenta como características para o trabalho pesado baixíssima

potência e rendimento, decaimento da capacidade de trabalho ao longo da jornada,

necessidade de pausas de recuperação e boa adaptação a picos de trabalho intenso, de curta

duração, seguidos de pausas equivalentes. (COUTO, 1995).

A fadiga se caracteriza pelo cansaço e dores na região muscular mais solicitada,

podendo ser aguda ou crônica. A fadiga aguda apresenta os efeitos do excesso de ácido lático

nos tecidos, como dores musculares, câimbras durante o trabalho e endurecimento dos

músculos dias após o trabalho excessivamente pesado. Já a fadiga crônica se manifesta em

17

propensão para distúrbios músculo-ligamentares, como distensão, tendinites e tenossinovites.

(COUTO, 1995).

2.4 SISTEMA OSTEOMUSCULAR

Couto (1995 p. 141) faz a seguinte analogia:

Todas as vezes que colocamos interagindo um segmento rígido, girando sobre um

ponto de apoio ou fulcro, submetido a ação de uma força ou potência que age contra

uma resistência, temos uma alavanca. Pode-se fazer raciocínio semelhante para

interpretar as funções do sistema ostemuscular do ser humano: o segmento rígido é o osso, o ponto de apoio ou fulcro é a articulação, a potência é exercida pelos

músculos e a resistência é o peso de segmento corpóreo, ou mesmo um peso que

esteja sendo levantado.

De acordo com Dul; Weerdmeester (2004) para realizar um movimento são

acionados diversos músculos, ligamentos e articulações do corpo. Os músculos fornecem a

força necessária para o corpo realizar o movimento, os ligamentos auxiliam os músculos e as

articulações permitem um deslocamento de partes do corpo em relação às outras.

O tecido muscular pode ser classificado em três tipos: tecido muscular estriado

esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e tecido muscular liso.

O tecido muscular estriado esquelético constituiu-se de fibras musculares com

terminações nervosas, sendo responsável pela produção de movimentos e manutenção da

postura corporal. Possui como componentes anatômicas o ventre, parte vermelha que se

contrai e se encurta produzindo movimento, o tendão, parte branca que se fixa no osso e

transmite a força da contração do ventre para o osso, a êntese, parte do tendão que se inseri no

osso, e a fáscia muscular, que é a camada do tecido conjuntivo que recobre todo o tecido

muscular. (SOCIEDADE GAÚCHA DE APERFEIÇOAMENTO BIOMÉDICO E

CIÊNCIAS DA SAÚDE, 2011).

Os músculos estriados esqueléticos são os que mais interessam nos estudos

ergométricos, já que são controlados pelo homem e é através deles que é possível realizar as

atividades do dia-a-dia.

Para Pinheiro (2006) os músculos das costas são os mais exigidos no

levantamento de pesos. Posturas e movimentos inadequados causam tensões mecânicas nos

18

músculos, ligamentos e articulações, tendo como conseqüência dores nas costas, ombros,

punhos entre outras partes do sistema músculo-esquelético.

A postura inadequada adotada pelo trabalhador durante longas jornadas faz com

que o músculo fique tenso, tornando a circulação do sangue mais lenta, pois comprime os

vasos sanguíneos no interior das fibras musculares deixando-as sem circulação. Nesse

processo muitas fibras musculares podem se degenerar iniciando um processo inflamatório

que resulta numa reação fibrosa. Esta reação tem como conseqüência o encurtamento

muscular, perda da eficiência do músculo, limitação da função do tendão e a restrição dos

movimentos da articulação. Knoplich (1978, p. 68) chama estas reações de fibrosite, “que

começa a produzir uma incapacidade funcional do músculo, pois limita os movimentos e

aumenta as dores da coluna.”

O corpo humano pode ser dividido em cabeça, tronco e membros. A união entre a

porção superior e a porção inferior é feita pela coluna vertebral, estrutura óssea que permite

ao homem ser ereto.

Segundo Knoplich (1978) a coluna vertebral é o eixo e o centro de gravidade do

corpo, tendo três funções:

- sustentação do organismo, desempenhado pelos ossos da coluna (vértebras e discos

intervertebrais);

- movimentação do corpo realizada pelas articulações e pela musculatura;

- proteção da medula espinhal, que corresponde a um prolongamento do sistema nervoso

central localizado no cérebro.

A coluna vertebral consegue ser ao mesmo tempo uma estrutura rígida, capaz de

sustentar o corpo possibilitando que fique de pé, e uma estrutura móvel, permitindo o

deslocamento para os lados, para frente e para trás. É constituída por 24 vértebras empilhadas

umas sobre as outras, sendo classificadas em vértebras cervicais, torácicas, lombares e osso

sacro. Na região cervical ocorrem os movimentos de flexão, extensão e rotação lateral do

pescoço e na região lombar ocorrem os movimentos que permitem a aproximação do tronco

com o chão. Estas áreas apresentam alta mobilidade e frequentes problemas de desarranjos

funcionais, ao contrario da região torácica que apresenta baixa mobilidade. (COUTO, 1995)

19

Para levantar um objeto do chão um grupo de músculos se contrai enquanto outros

relaxam permitindo que o corpo fique na posição necessária sem cair. Para Knoplich (1978,

p.47) “a cada instante o corpo humano executa seguidamente inúmeros movimentos,

obrigando a coluna (vértebras, discos e articulações) e os músculos a uma ação constante de

equilíbrio.”

Quando a postura adotada pelo ser humano, durante a execução dos movimentos,

não é adequada as estruturas anatômicas sofrem um desgaste precoce criando condições para

que os nervos que saem da coluna, próxima as estruturas desgastadas sejam agredidos,

surgindo as dores nas costas tão incomodas. (KNOPLICH, 1978)

2.5 LOMBALGIAS

A dor localizada na região lombar, ou lombalgia, é o conjunto de manifestações

dolorosas que acontecem na região mais inferior da coluna vertebral, na altura da cintura,

figura 3. De acordo com Couto (1995) a lombalgia constitui a consequência básica das

condições antiergonômicas.

A lombalgia é um sintoma decorrente de problemas na coluna, seja congênito ou

postural, ou pode ocorrer devido a alterações em outros órgãos, mas a postura incorreta e o

esforço muscular intenso e inadequado, típicos na movimentação de cargas, correspondem às

principais causas de lombalgia na população economicamente ativa. Estima-se que a

lombalgia acometa 90% da população adulta em algum momento da vida, sendo que na

maioria das vezes ela incidirá mais de uma vez. (NOVAES 2011).

20

FIGURA 3: Lombalgia. INSTITUTO DE TRATAMENTO DA COLUNA VERTEBRAL DE FORTALEZA,

2010.

Lombalgia é um termo utilizado para se referir as dores na altura da coluna

vertebral lombar, não é uma doença, mas sim um sintoma ocasionado por uma ou várias

patologias da coluna vertebral, que podem ter origem na musculatura, nos ligamentos, nas

articulações ou nos discos intervertebrais. A lombalgia “é um aviso de algo vai mal”, causa

uma sensação desagradável de desconforto e tem como principais causas a insuficiência

muscular, traumas, posições inadequadas, envelhecimento, doenças sistêmicas e tensões

emocionais. (MERCÚRIO, 1997).

A lombalgia pode acometer trabalhadores que executam suas atividades em

posições forçadas ou movimentam pesos, constitui um problema grave que afeta o

trabalhador, que sofre com as dores podendo até se afastar do seu emprego, necessitando de

tratamento demorado, e a empresa, que perde produtividade podendo ainda arcar com o ônus

acarretado pelo afastamento do trabalhador.

Couto (1995) classifica as lombalgias como sendo de origem muscular e

ligamentar, de origem no sistema de mobilidade e estabilidade da coluna, de origem no disco

intervertebral e de origem psíquica. As lombalgias de origem muscular e ligamentar são as

mais frequentes, já as de origem no disco intervertebral aparecem em último lugar em termos

de frequência

a) Lombalgia de origem psíquica: a musculatura da coluna vertebral é uma área do corpo

que pode desenvolver muita tensão quando a pessoa está vivendo situações no seu dia

a dia que lhe causando ansiedade.

21

b) Lombalgias de origem muscular e ligamentar:

- Lombalgia por fadiga da musculatura paravertebral: consiste na dor causada pela

contração muscular estática prolongada. É considerada de pouca gravidade, mas se

repetitiva pode ocasionar uma situação de dor crônica com consequente reação

fibrosa e compressão dos discos intervertebrais. Pode ocorrer quando o trabalhador:

Executa suas atividades sentado encurvado excessivamente para a frete;

Tem que trabalhar com a mão atingindo o chão sem poder se agachar;

Tem que encurvar o tronco para que as mãos atinjam os controles da máquina;

Tem que trabalhar de pé ou sentado em uma mesa muito alta;

Tem que trabalhar sentado num assento muito baixo e sem apoio para as

costas.

- Lombalgia por distensão músculo-ligamentar: ocorre ao se levantar pesos excessivos

com o troco fletido ou no manuseio de cargas com flexão e/ou rotação do troco com

frequência, mesmo que a carga não seja muito pesada. Não é considerada das mais

graves, mas pode causar hipertonia crônica dos músculos, com compressão dos

discos intervertebrais e consequente degeneração dos discos.

c) Lombalgias de origem no sistema de mobilidade e estabilidade da coluna:

- Lombalgia por torção da coluna ou por ritmo lombopélvico inadequado: é muito

frequente, ocorre quando a coluna lombar é obrigada a torcer e girar. Isto pode

ocorrer com o trabalhador quando:

Escorrega enquanto caminha;

Se esforça para segurar um objeto que vai cair;

Vai pegar uma carga que está em local inacessível e tem que se colocar ao

lado da mesma para pega-la;

Vai pegar uma carga pesada, que está próxima ao chão, com os joelhos eretos.

22

- Lombalgia por instabilidade articular na coluna vertebral: é uma dor decorrente da

instabilidade na junção lombossacra. Pode ocorrer em trabalhadores que tenham esta

deficiência e permaneçam parados, em pé, por longos períodos em posição de

lordose forçada na coluna lombar ou que carregam cargas e suportam pesos, mesmo

sem curvar o tronco.

d) Lombalgias de origem no disco intervertebral:

- Lombalgia por protusão intradiscal do núcleo pulposo: com o envelhecimento

precoce do disco intervertebral ocorre a redução da capacidade de amortecimento de

cargas e a colagenização das fibras, com isso o núcleo pulposo pode ser empurrado

para o periferia do disco quando o trabalhador:

Pega ou manuseia uma carga pesada aproximando o tronco do chão, sem

dobrar os joelhos;

Pega ou manuseia uma carga com o tronco em flexão lateral ou rotação;

Pega ou manuseia uma carga longe do corpo.

Esta lombalgia é muito intensa, pois quando o núcleo pulposo atinge a parte posterior

do disco estimula o nervo seio-vertebral.

- Hérnia de disco intervertebral: ocorre quando o núcleo pulposo fora de seu lugar

dentro do disco sai podendo comprimir a radícula nervosa causando uma dor

fortíssima, que se irradia ao longo do trajeto do nervo.

Segundo Grandjean (1998) a movimentação de cargas causa o desgaste dos discos

intervertebrais uma vez que em função da sua estrutura, compostas de discos superpostos, a

coluna vertebral tem pouca resistência a forças que não tenham a direção de seu eixo. A carga

sobre a coluna vertebral aumenta de cima para baixo sendo maior nas últimas vértebras da

coluna lombar. Entre as vértebras encontram-se os discos intervertebrais, estruturas em forma

de anel, constituída por tecido cartilaginoso e elástico cuja função é evitar o atrito entre as

vértebras e amortecer o impacto. Quando o trabalhador exerce a atividade de levantamento e

transporte manual de cargas as bordas dos discos intervertebrais são as primeiras a serem

atingidas no caso de lesões, que podem levar a lombalgia até hérnia de disco.

23

Knoplich (1978) descreve os discos intervertebrais como elementos que unem um

corpo vertebral ao outro, sendo formado por um anel fibro-elástico e um núcleo gelatinoso

que funciona como um absorvedor de choques. É constituído por cerca de 80% de água no

início da adolescência e este percentual diminui com a idade e com traumatismos, como

batidas diretas e erros de postura. Com a perda da forma gelatinosa do núcleo a pressão

aumenta sobre o anel, que inicialmente perde elasticidade podendo até romper-se.

De acordo com o Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral de Fortaleça a

hérnia de disco é a extrusão de massa discal que se projeta para o canal medular através de

uma ruptura da parede do anel fibroso, figura 4.

FIGURA 4: Formação de uma hérnia de disco. INSTITUTO DE TRATAMENTO DA COLUNA VERTEBRAL

DE FORTALEZA, 2010.

O levantamento de peso, a torção de tronco e o estiramento da coluna para colocar

objetos em locais altos fazem com que os discos intervertebrais suportem uma carga muito

grande, podendo causar fissuras no anel e o núcleo migrar até sair do perímetro do disco,

comprimindo o nervo causando a hérnia de disco.

24

2.6 ORIENTAÇÕES E CUIDADOS NA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS

A postura adotada e os movimentos executados são determinados pela atividade e

pelo posto de trabalho. Se a postura é inadequada e mantida por longos períodos pode trazer

problemas a saúde do trabalhador, mas “quando se considera adequadamente a capacidade e

as limitações humanas e as características do ambiente a probabilidade de ocorrência de

acidentes pode ser reduzida”. (DUL; WEERDMEESTER , 2004, p.3)

Para Pinheiro (2006, p. 61) na realização de uma postura ou de um movimento são

utilizadas “diversas combinações de contrações musculares, cada uma delas com diferentes

características de velocidade, precisão e movimento”, se estas combinações não forem

utilizadas de maneira eficiente a conseqüência para o trabalhador é a fadiga, podendo chegar à

lombalgia.

As orientações e cuidados na movimentação de cargas visam oferecer conforto,

bem-estar e saúde ao trabalhador, além de evitar acidentes e doenças do trabalho.

2.6.1 Técnicas posturais corretas para a movimentação de cargas

Durante o levantamento bibliográfico deste estudo foi possível verificar que

muitos autores propõem técnicas para a movimentação de cargas, como Dul; Weerdmeester

(2004) e Couto (1995) que sugerem para o levantamento e transporte de cargas:

O ritmo do trabalho deve ser determinado pelo trabalhador;

A frequência dos levantamentos não deve ser superior a um por minuto;

A duração do levantamento não deve ser maior que uma hora;

O trabalhador deve se posicionar em frente à carga com os pés em posição estável.

Aproximar a carga do corpo e elevá-la o mais próximo possível do corpo;

Para levantar a carga o trabalhador deve utilizar a musculatura das pernas e não a da

coluna;

25

O trabalhador deve segurar a carga firmemente com as duas mãos e agarrá-la com as

palmas e não apenas com alguns dedos, para isto as cargas devem ter pegas como

alças ou furos laterais;

As mãos devem permanecer encostadas ao corpo. Quando for possível, o trabalhador

deve movimentar a carga com os membros superiores estendidos, junto ao corpo,

evitando fletir o antebraço sobre o braço;

O trabalhador deve verificar as condições do piso antes de movimentar a carga, este

deve ser duro, aderente e sem desníveis para evitar tropeções e escorregões;

Ao erguer a carga o trabalhador deve respirar fundo e prender a respiração, com isso

aumenta-se a pressão no tórax e diminui-se a pressão nos discos da coluna;

A coluna deve ficar reta de modo que o dorso esteja na vertical e as pernas

flexionadas, conforme figura 5;

FIGURA 5: Levantamento de pesos. DUL; WEERDMEESTER (2004)

26

Evitar a rotação lateral do tronco e a torção da coluna lombar durante a movimentação

da carga. Para movê-la o trabalhador deve girar o corpo com o movimento dos pés

mantendo a coluna reta, figura 6.

FIGURA 6: Movimentação da carga. DUL; WEERDMEESTER (2004)

Para Couto (1995, p. 237) o sistema de trabalho deve ser organizado de tal forma

que toda carga seja movimentada pelo princípio PEPLOSP, ou seja:

P – perto do corpo;

E – elevadas, na altura de 75 cm do piso;

P – pequena distância vertical entre a origem e o destino;

L – leves;

O – ocasionalmente;

S – simetricamente, sem ângulos de rotação do troco;

P – pega adequada para as mãos.

Dul; Weerdmeester (2004, p.31) destacam ainda que “as pessoas envolvidas na

manipulação de cargas devem ser treinadas. Muitas vezes, é difícil mudar hábitos arraigados

de movimentação. Para isso, é necessário promover treinamentos intensivos e repetitivos”.

27

Para Couto (1995) além da orientação ao trabalhador sobre práticas corretas outras

soluções podem ser adotadas pela empresa a fim de minimizar, ou até mesmo eliminar o risco

ergonômico, são elas:

Revezamento entre os trabalhadores na realização das atividades para não causar

sobrecarga em um grupo muscular ou em outras partes do corpo;

Pausas para descanso;

Organização das atividades para evitar a imposição de ritmos excessivos, a realização

de horas extras com freqüência e metas inatingíveis;

Adaptação ao trabalho para os recém contratados, já que são necessários alguns dias

para que o corpo se adapte ao trabalho pesado;

Melhorias no posto de trabalho e no método de trabalho a fim de evitar esforços

desnecessários e propiciar ao trabalhador a adoção de posturas corretas;

Ginástica laboral para alongar, relaxar e aumentar a resistência dos músculos;

Utilização de equipamentos para auxiliar na movimentação de cargas.

2.6.2 Ginástica laboral

A ginástica laboral se caracteriza pela pratica de atividades físicas antes, durante

ou após a jornada de trabalho. Tem como objetivo prevenir ou minimizar problemas de saúde

causados pela fadiga, postura inadequada, repetições constantes do mesmo movimento, entre

outros. Consiste em exercícios de alongamento, relaxamento muscular, flexibilidade e

reeducação postural.

Dentre os benefícios propostos pela ginástica laboral pode-se citar:

Prevenção de lesões muscoloesqueléticas;

Melhora na coordenação motora;

Aliviar o estresse, a ansiedade e depressão;

28

Redução da fadiga;

Aumento da força e resistência;

Melhora do trabalho em equipe e do bem-estar geral;

Incentivo a pratica de atividades físicas;

Aumento da produtividade.

Segundo artigo da Revista Proteção (2011) “para cada real investido na

implantação da ginástica laboral, pelo menos o dobro retorna para a empresa, considerando

redução de faltas, acidentes de trabalho, encargos sociais, além de fatores relacionados à

saúde que afetam a produtividade”

Apesar de tantos benefícios ainda é um desafio convencer a direção de uma

empresa de que as pausas realizadas para pratica da ginástica laboral não afetarão a

produtividade. Outro desafio é conscientizar os próprios trabalhadores da importância da

adesão aos exercícios.

Para implantação da ginástica laboral a empresa deve contratar um profissional de

fisioterapia ou de educação física, que realizará um estudo sobre o tipo de exigência muscular

de cada atividade e desenvolver um programa de reforço muscular específico para cada

trabalhador. (COUTO, 1995)

2.6.3 Equipamentos para movimentação de cargas

A aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho é um poderoso agente de

prevenção da lombalgia. A norma regulamentadora número 17 (NR17) do Ministério do

Trabalho e Emprego estabelece parâmetros que podem auxiliar nas condições de trabalho,

proporcionando conforto, segurança e eficiência ao colaborador.

Além da implantação de medidas preventivas no ambiente de trabalho a

mecanização das atividades a partir do emprego de carrinhos de transporte, empilhadeiras,

transportadores de correia, polias, etc, podem ser uma solução para minimizar a

movimentação manual de cargas. Dependendo do investimento que a empresa disponibiliza

29

pode ser possível implantar sistemas de automação para eliminar a movimentação manual de

cargas do processo produtivo.

Existem muitos equipamentos que podem auxiliar na movimentação de cargas e

sempre que possível deve-se utilizá-los para aliviar o trabalho humano.

Para o levantamento e o transporte de cargas podem ser utilizados carrinhos e

paletizadores manuais, figura 7. Mas estes equipamentos exigem movimentos corporais como

puxar e empurrar a carga. (DUL; WEERDMEESTER 2004)

FIGURA 7: Exemplos de equipamentos para movimentação de cargas. DUL; WEERDMEESTER

(2004)

Puxar ou empurrar cargas podem provocar tensões nos braços, ombros e costas,

que são minimizadas a partir da escolha adequada dos equipamentos auxiliares. Couto (1995)

apresenta alguns fatores que devem ser considerados:

Carrinhos manuais: o peso máximo a ser empurrado quando o carrinho possui duas

rodas são 115 kg, para três ou quatro rodas, 225 kg. A distância máxima percorrida

empurrando o carrinho são 15 m, para duas ou três rodas, e 30 metros, para quatro

rodas.

Paletizadores manuais: dependendo do tipo de roda, o peso máximo a ser empurrado é

680 kg, e a distância máxima a ser percorrida é 30 metros.

Quanto maior o diâmetro da roda do carrinho ou do paletizador menor será o

esforço realizado pelo trabalhador. O ideal é que as rodas sejam de metal ou borracha

inteiriça, sem ar, estreitas e com estrutura de aros. O cuidado com a manutenção das rodas é

fundamental para garantir que o esforço para puxar ou empurrar o equipamento seja pequeno.

30

3. METODOLOGIA

Este estudo busca analisar a incidência de lombalgia durante a movimentação de

cargas no setor de fracionamento e expedição de embalagens, tipo bombonas plásticas com

capacidade para acondicionar 50 quilogramas contendo produtos químicos, em uma indústria

química de base de pequeno porte, localizada no extremo sul do estado de Santa Catarina.

Para tanto, no âmbito metodológico, propõe-se as etapas seguintes:

Observação direta da postura adotada pelos trabalhadores durante a execução das

atividades, incluindo-se fotografias e filmagens para registro e posterior análise dos

dados;

Aplicação de uma ferramenta de análise postural, para levantamento de dados em

relação a potencial ocorrência de lombalgias nas atividades desenvolvidas pelos

trabalhadores na movimentação de bombonas; e,

Verificação da ocorrência das lombalgias dos trabalhadores do setor através de

aplicação de questionário/checklist, com fins de validação dos dados obtidos na

ferramenta de análise postural.

Após, através da análise dos dados obtidos, em caso de serem identificadas

potenciais lombalgias, deverão ser propostas medidas preventivas visando a mitigação dessas

ocorrências.

A coleta de dados se baseia na aplicação do método OVAKO WORKING

POSTURE ANALYSING SYSTEM (OWAS) para avaliação postural e da aplicação da versão

resumida do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares, (QNSO) e do Diagrama

Corporal proposto por Corlett e Manenica em 1980.

O Método OWAS, criado pela OVAKO OY e o Instituto Finlandês de Saúde

Ocupacional, tem o objetivo de avaliar as posturas adotadas pelos trabalhadores durante a

execução de suas atividades e “classificá-las, atribuindo valores, conforme se encontram

posicionadas as articulações das costas, braços e pernas.” (VOSNIAK, 2010, p. 593)

O QNSO foi desenvolvido por Kuorinka et al em 1987 a fim de identificar a

frequência com que o trabalhador apresenta dor, dormência, formigamento ou desconforto na

31

região cervical, membros superiores, região dorsal, região lombar e membros inferiores nos

últimos 12 meses e nos 7 dias anteriores a aplicação do questionário. (BIFF, 2006)

O diagrama de Corlett e Manenica, figura 8, facilita a indicação das partes do

corpo onde se localizam as dores provocadas por problemas de postura, além de apresentar

um índice de desconforto em escala que vai de 0 a 7, numa variação de confortável a

extremamente desconfortável.(MAIA, 2008)

FIGURA 8: Diagrama de Corlett e Manenica. PINHEIRO (2006)

3.1 DESCRIÇÕES DAS ATIVIDADES NO SETOR

O setor de fracionamento e expedição é composto por sete trabalhadores

distribuídos entre as funções de embalador à mão, auxiliar de carga e descarga e motorista.

Este setor, assim como as demais áreas da indústria, é limpo, organizado, possui

boa sinalização e identificação, piso de concreto nivelado, ventilação natural, paredes de

32

tijolos de cerâmica aparente, iluminação artificial e natural, armação aparente de concreto

coberto com telhas galvanizadas e translúcidas, pé direito de 7 metros, está equipado com

chuveiro e lava-olhos de emergência e extintores.

A observação direta dos trabalhadores durante a execução das atividades, aliada às

entrevistas e aos registros fotográficos, possibilitou a identificação das posturas adotadas.

3.1.1 Caracterização das atividades da função de Embalador à Mão

Função: Embalador à mão

Número de trabalhadores nesta função: 02

Horário de trabalho: 07h45min às 18h00min, de segunda a sexta-feira.

Horário de Intervalos: 09h00min às 09h15min; 12h00min às 13h30min; 16h00min às

16h15min.

Atividades:

Segregação das bombonas vazias, devolvidas pelos clientes, por produto

químico;

Limpeza externa das bombonas com água e com o auxílio de escova;

Rotulagem das bombonas;

Envase dos produtos químicos nas bombonas devidamente limpas e identificadas

com auxílio de balança digital tipo plataforma.

Característica do trabalho:

Os trabalhadores desta função realizam suas atividades em pé, alternando entre

trabalhos estáticos e dinâmicos. O ritmo da atividade é determinado pelo trabalhador,

assim como as pausas para descanso.

Nas atividades de segregação, limpeza externa e rotulagem das bombonas vazias o

trabalhador se desloca várias vezes entre as áreas de estocagem do setor,

33

permanecendo por longos períodos em pé, mas andando e sem a necessidade de

aplicar grandes forças durante a movimentação de cargas.

Na figura 9 é possível perceber que durante a limpeza das bombonas o trabalhador

está com o tronco inclinado para frente, com a coluna dorsal fletida e os braços

estendidos.

Na rotulagem, figura 10, o trabalhador alterna entre a posição em pé, parado, com os

braços estendidos e a posição agachado.

A atividade de envase dos produtos químicos exige a aplicação de grandes forças dos

trabalhadores.

O trabalhador sustenta, com uma das mãos, uma mangueira e com a outra regula o

registro para ajustar a vazão do produto, ao mesmo tempo em que, visualmente,

controla, no visor da balança, o peso da bombona, figura 11. Com a bombona cheia, o

trabalhador a retira de cima da plataforma da balança e a coloca sobre o palet, figura

12, assim que este está completo, com o auxílio de uma paleteira, o dispõe na área de

expedição, figura 13.

FIGURA 9: Atividade de segregação e limpeza externa das bombonas. AUTOR (2011).

FIGURA 10: Atividade de rotulagem das bombonas. AUTOR (2011)

34

Segundo os trabalhadores do setor são envasadas, em média, 100 bombonas por dia,

que corresponde a aproximadamente 2 horas de trabalho, e é feito revezamento na

realização das atividades.

Através da entrevista com o trabalhador e observando a figura 11 se percebe que o

mesmo permanece por alguns períodos em pé e parado, sustentando o peso da

mangueira com as mãos sem apoio.

Na figura 12 se observa que o trabalhador manuseia a bombona cheia afastada do

corpo, inclina o tronco em vez de usar a musculatura das pernas, torce a coluna

lombar e faz rotação lateral do tronco.

FIGURA 11: Atividade de envase das bombonas. AUTOR (2011)

FIGURA 12: Disposição da bombona no palete. AUTOR (2011)

35

3.1.2 Caracterização das atividades da função de Auxiliar de carga e descarga e

Motorista

Função: Auxiliar de carga e descarga e Motorista

Número de trabalhadores nesta função: 02 Auxiliares de carga e descarga;

03 Motoristas

Horário de trabalho: 07h45min às 18h00min de segunda a sexta-feira.

Intervalos: são definidos diariamente pelo motorista e auxiliar de carga e descarga de

acordo com logística das entregas.

Atividades do Auxiliar de carga e descarga:

Efetuar o carregamento das bombonas com os produtos químicos de acordo com o

especificado pelo departamento de vendas, acompanhar os motoristas nas entregas

e auxiliá-los na descarga do produto.

Atividades do Motorista:

Efetuar o carregamento das bombonas com os produtos químicos de acordo com o

especificado pelo departamento de vendas,

Conduzir o veículo até os clientes e auxiliar na descarga do produto.

FIGURA 13: Disposição do palete na área de expedição. AUTOR (2011).

36

Característica do trabalho:

O motorista estaciona o caminhão na lateral da edificação próximo a uma plataforma

que interligará a área de expedição com a carroceria do caminhão. Através desta

plataforma o motorista e o auxiliar de carga e descarga levam, com o paletizador, os

paletes com as bombonas para cima da carroceria, figura 14. Uma a uma as bombonas

são retiradas do palete e dispostas na carroceria, figura 15e 16.

FIGURA 14: Plataforma para o carregamento das bombonas na carroceria dos caminhões. AUTOR (2011).

FIGURA 15: Carregamento Caminhão A: Disposição das bombonas na carroceria AUTOR (2011).

FIGURA 16: Carregamento Caminhão B: Disposição das bombonas na carroceria AUTOR (2011).

37

Através da observação “in loco” (figuras 15 e 16) é possível perceber que durante o

carregamento do caminhão os trabalhadores arrastam a carga com uma das mãos,

manipulam a carga afastada do corpo, não se posicionam em frente à carga antes de

movimentá-la, não matem o tronco reto, não utilizam a musculatura das pernas no

levantamento da carga e fazem rotação do tronco.

Durante a descarga no cliente, os trabalhadores utilizam uma prancha de madeira para

“escorregar” as bombonas da carroceria até o chão, figuras 17 e 18, e com o auxilio

de um carrinho levam as bombonas até a área de descarga, figura 19. De acordo com

os trabalhadores estas atividades são executadas em conjunto pelo motorista e pelo

ajudante. São eles que determinam o ritmo da descarga e os intervalos de descanso.

FIGURA 17: Descarga do Caminhão: Parte1. AUTOR (2011).

FIGURA 18: Descarga do Caminhão: Parte 2. AUTOR (2011).

38

Através das figuras 17, 18 e 19 e da observação dos trabalhadores durante a execução

das atividades percebe-se que os mesmos movimentam a carga com o tronco

inclinado, com apenas uma das mãos, afastada do corpo e não utilizam a musculatura

das pernas para o seu levantamento.

3.2 MÉTODO OWAS

As atividades executadas pelos trabalhadores do setor de expedição e transporte

foram observadas durante as visitas realizadas a empresa e por meio de registros fotográficos

foram analisadas de acordo com o método OWAS.

Durante a observação direta e dos registros fotográficos foram avaliadas as

posturas relacionadas às costas, braços, pernas e ao uso de força em cada fase das atividades,

sendo atribuídos valores de tal modo que formasse um código de quatro dígitos. O primeiro

dígito do código indica a posição das costas, o segundo, posição dos braços, o terceiro, das

pernas, o quarto indica levantamento de carga ou uso de força

FIGURA 19: Descarga do Caminhão: Parte 3. AUTOR (2011).

39

As posições foram classificadas de acordo com a figura 20, onde:

Através do quadro 1 e da combinação das posições das costas, braços, pernas e

esforço, identificadas na observação das atividades, foi possível categorizar níveis de ação.

FIGURA 20: Classificação postural de acordo com o método OWAS. ZENI (2011).

40

Quadro 1: Categorias de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força no

método OWAS

Costas Braços

1 2 3 4 5 6 7 Pernas

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 Força

1 1

2

3

1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1

1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1

1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 3 2 2 3 1 1 1 1 2

2 1

2

3

2 2 3 2 2 3 2 2 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 3 3

2 2 3 2 2 3 2 3 3 3 4 4 3 4 4 3 3 4 2 3 4

3 3 4 2 2 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4

3 1

2

3

1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 3 3 4 4 4 1 1 1 1 1 1

2 2 3 1 1 1 1 1 2 4 4 4 4 4 4 3 3 3 1 1 1

2 2 3 1 1 1 2 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 1 1 1

4 1

23

2 3 3 2 2 3 2 2 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4

3 3 4 2 3 4 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4

4 4 4 2 3 4 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 4

CATEGORIAS DE AÇÃO

1 – Não são necessárias medidas corretivas

2 - São necessárias medidas corretivas em um futuro próximo

3 - São necessárias correções tão logo quanto possível

4 - São necessárias correções imediatas

Fonte: ZENI (2011).

3.3 QUESTIONÁRIO NÓRDICO DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES (QNSO) e

DIAGRAMA CORPORAL DE CORLETT E MANENICA

Para a avaliação da incidência de lombalgia nos trabalhadores do setor de

expedição e transporte será utilizado o QNSO (Anexo A), “que apesar das limitações

inerentes a este tipo de instrumento, apresenta bons índices de confiabilidade e simplicidade

de preenchimento”. (BIFF, 2006, p.39).

Para auxiliar na identificação das áreas dolorosas e na intensidade da dor foi

utilizado o Diagrama Corporal de Corlett e Manenica.

41

O questionário foi preenchido por todos os funcionários do setor de expedição e

transporte ao fim da jornada de trabalho. A orientação sobre o preenchimento do questionário

foi realizada individualmente antes da aplicação, que foi feita juntamente com o trabalhador.

Em função do pequeno número de trabalhadores a aplicação individual do

questionário se tornou viável em relação ao tempo disponibilizado pela empresa e para

garantir maior confiabilidade dos dados obtidos, uma vez que esclarecimentos e correções

foram feitos durante o preenchimento do questionário.

42

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O método OWAS foi aplicado nas posturas adotadas pelos trabalhadores do setor

de expedição e transporte durante a movimentação de cargas. No quadro 2 está disposto as

atividades avaliadas e os respectivos dígitos atribuídos as posturas conforme figura 20. No

quadro 3 estão as categorias de ação, segundo a posição das costas, braços, pernas e uso de

força, para cada código encontrado no quadro 2. As categorias de ação foram determinadas de

acordo com o quadro 1.

Quadro 2: Avaliação postural de acordo com o Método OWAS.

Atividade Dígito da

Postura

das Costas

Dígito da

Postura

dos

Braços

Dígito da

Postura

das Pernas

Dígito

do

Esforço

Código

da

Postura

Segregação das bombonas 2 1 7 1 2-1-7-1

Limpeza externa das

bombonas 2 1 2 1 2-1-2-1

Rotulagem das bombonas 2 1 4 1 2-1-4-1

Envase das bombonas 1 1 2 1 1-1-2-1

Disposição da bombona no

palete 4 1 3 3 4-1-3-3

Disposição do palete na área

de expedição 1 1 7 1 1-1-7-1

Disposição do palete sobre a

carroceria dos caminhões 2 1 7 1 2-1-7-1

Carregamento das bombonas

na carroceria dos caminhões 4 1 7 3 4-1-7-3

Descarga das bombonas

(Trabalhador em cima da

carroceria do caminhão)

2 1 4 3 2-1-4-3

Descarga das bombonas

(Trabalhador no chão) 1 1 7 3 1-1-7-3

Fonte: Dados da Pesquisa (2011).

43

Quadro 3: Categorias de ação.

Atividade Código da Postura Categoria de Ação

Segregação das bombonas 2-1-7-1 2 – São necessárias medidas corretivas

em um futuro próximo.

Limpeza externa das

bombonas 2-1-2-1

2 – São necessárias medidas corretivas

em um futuro próximo.

Rotulagem das bombonas 2-1-4-1 3 – São necessárias correções tão logo

quanto possível.

Envase das bombonas 1-1-2-1 1 – Não são necessárias medidas

corretivas.

Disposição da bombona

no palete 4-1-3-3

3 – São necessárias correções tão logo

quanto possível.

Disposição do palete na

área de expedição 1-1-7-1

1 – Não são necessárias medidas

corretivas.

Disposição do palete sobre a

carroceria dos caminhões 2-1-7-1

2 – São necessárias medidas corretivas

em um futuro próximo.

Carregamento das

bombonas na carroceria

dos caminhões

4-1-7-3 4 – São necessárias correções imediatas.

Descarga das bombonas

(Trabalhador em cima da

carroceria do caminhão

2-1-4-3 3 – São necessárias correções tão logo

quanto possível

Descarga das bombonas

(Trabalhador no chão) 1-1-7-3

1 – Não são necessárias medidas

corretivas.

Fonte: Dados da Pesquisa (2011).

44

A partir da avaliação postural realizada nos trabalhadores foi possível verificar

que:

50% das atividades analisadas são executadas com as costas inclinadas,

30% com as costas eretas e 20% com as costas inclinadas e torcidas;

Em 100% das atividades os trabalhadores estão com os braços abaixo dos

ombros;

Todas as atividades são executadas em pé, sendo 50% delas com os

trabalhadores em movimento (andando ou se movendo), 20% com ambas

as pernas esticadas, 20% de pé ou agachado com ambos os joelhos

flexionados e 10% com o peso de uma das pernas esticadas;

40% das atividades são executadas com os trabalhadores sustentando,

levantando ou movendo cargas com 50 kg. Em 60% das atividades o

esforço é inferior a 10 kg;

O gráfico 1 demonstra o percentual de atividades que se enquadra em

cada categoria de ação, onde 30% das atividades se enquadraram na

Categoria 1, 30% na Categoria 2, 30% na Categoria 3 e 10% na Categoria

4.

GRÁFICO 1: Percentual de atividades que se enquadram em cada categoria de ação. AUTOR (2011).

De acordo com o método OWAS a atividade de carregamento das bombonas na

carroceria dos caminhões requer correções imediatas. As atividades de rotulagem das

bombonas, disposição das bombonas no palete e descarga das bombonas com o trabalhador

45

em cima da carroceria do caminhão requerem correções logo que possível. As atividades de

segregação das bombonas, limpeza externa das bombonas e disposição do palete sobre a

carroceria dos caminhões requerem correções em um futuro próximo e as atividades de

envase das bombonas, disposição do palete na área de expedição e descarga das bombonas

com o trabalhador no chão não necessitam de medidas corretivas.

Através da aplicação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares

(QNSO) e do Diagrama Corporal de Corlett e Manenica foi possível verificar, para cada

trabalhador, os seguintes resultados:

Quadro 4: Resultado do QNSO e do Diagrama Corporal de Corlett e Manenica

Função: Embalador à mão

Nº de trabalhadores: 2

Identificação do trabalhador Resultados

Trabalhador A

Sexo masculino;

32 anos de idade;

Há um ano e oito meses exercendo as atividades de

embalador à mão;

Sentiu desconforto nos últimos 12 meses somente na

região lombar;

Não sentiu desconforto em nenhuma região do corpo nos

últimos 7 dias;

Nos últimos 12 meses não foi impedido de realizar suas

atividades normalmente em função de dor, dormência,

formigamento ou desconforto em alguma parte do corpo.

Nem mesmo quando sentiu desconforto na região lombar,

visto que, segundo o próprio trabalhador ocorreram com

baixa frequência e intensidade, atribuindo índice 1 na

escala de intensidade do desconforto.

46

Atribuiu índice 1 na escala de desconforto para o braço

esquerdo. Este desconforto ocorre quando o mesmo

manipula sozinho as bombonas de 50 kg.

Tabalhador B

Sexo masculino;

22 anos de idade;

Há nove meses exercendo as atividades de embalador à

mão;

Neste período sentiu pequeno desconforto na região

dorsal e lombar, ao qual atribuiu grau 2 na escala de

intensidade do desconforto;

Nos últimos sete dias não sentiu desconforto em nenhuma

região do corpo, e nunca foi impedido de realizar suas

atividades normalmente devido dor, dormência,

formigamento ou desconforto em alguma parte do corpo.

Função: Auxiliar de carga e descarga

Nº de trabalhadores: 2

Identificação do trabalhador Resultados

Trabalhador C

Sexo masculino;

22 anos de idade;

Há dois meses exercendo as atividades de auxiliar de

carga e descarga;

Não sentiu desconforto em nenhuma região do corpo

neste período, nem nos últimos sete dias, não sendo

impedido de realizar suas atividades normalmente devido

dor, dormência, formigamento ou desconforto em alguma

parte do corpo;

Atribuiu índice zero na escala de intensidade do

47

desconforto para todas as partes do corpo.

Trabalhador D

Sexo masculino;

33 anos de idade;

Há um ano exercendo as atividades de auxiliar de carga e

descarga;

Nos últimos doze meses sentiu pequeno desconforto na

região dorsal devido levantamento das bombonas. A este

desconforto o trabalhador atribuiu índice 2 na escala

intensidade do desconforto;

Nos últimos sete dias não sentiu desconforto em nenhuma

região do corpo;

Não foi impedido de realizar suas atividades normalmente

devido dor, dormência, formigamento ou desconforto em

alguma parte do corpo nos últimos doze meses.

Função: Motorista

Nº de trabalhadores: 3

Identificação do trabalhador Resultados

Trabalhador E

Sexo masculino;

48 anos de idade;

Há seis anos exercendo as atividades de motorista;

Nos últimos 12 meses sentiu desconforto na região dorsal,

lombar e em ambos os ombros;

Nos últimos 7 dias não sentiu dor, dormência,

formigamento ou desconforto em alguma parte do corpo,

e nunca foi impedido de realizar suas atividades

normalmente devido dor, dormência, formigamento ou

48

desconforto em alguma parte do corpo;

Atribuiu índice 2 na escala de intensidade do desconforto

para as regiões dorsal, lombar e ombro direto e esquerdo.

Segundo o trabalhador o desconforto que sente no ombro

ocorre quando o mesmo dirige por longos períodos sem

pausa.

Trabalhador F

Sexo masculino;

35 anos de idade;

Há dois anos e nove meses exercendo as atividades de

motorista;

Nos últimos doze meses e nos últimos sete dias sentiu dor

na região lombar, atribuindo índice 7 na escala de

intensidade do desconforto;

Segundo o trabalhador nunca precisou se afastar das suas

atividades, mas em determinados momentos foi impedido

de realizar suas atividades normalmente devido dor,

dormência, formigamento ou desconforto na região

lombar.

Trabalhador G

Sexo masculino;

51 anos de idade;

Há um ano e nove meses exercendo as atividades de

motorista;

Nos últimos doze meses sentiu desconforto no pescoço,

ombros, região dorsal, lombar e joelhos;

Nos últimos 7 dias não sentiu desconforto em alguma

parte do corpo, e nunca foi impedido de realizar suas

atividades normalmente devido dor, dormência,

49

formigamento ou desconforto em alguma parte do corpo;

Atribuiu índice 3 na escala de intensidade do desconforto

para o pescoço, ombros, e joelhos e índice 1 para a região

dorsal e lombar. Segundo o trabalhador o desconforto no

pescoço, ombros, e joelhos estão relacionados com o

tempo que dirige sem pausas para descanso.

Fonte: Dados da Pesquisa (2011).

Os trabalhadores avaliados estão dentro de uma faixa etária de 22 a 51 anos, com

idade média de 34,7 anos.

Com base nos resultados obtidos com a aplicação do QNSO e do Diagrama

Corporal de Corlett e Manenica percebe-se que:

71% dos trabalhadores sentiram dor, dormência, formigamento, ou

desconforto na região lombar nos últimos 12 meses, ou seja, 5 dos 7

trabalhadores avaliados, sendo que um destes sentiu dor dormência,

formigamento, ou desconforto na região lombar nos últimos 7 dias;

40% destes trabalhadores atribuíram índice 1 a intensidade do desconforto

que sentiram na região lombar, 40% atribuíram índice 2 e 20% atribuíram

índice 7; ou seja, dos 5 trabalhadores que relataram sentir desconforto na

região lombar, 2 atribuíram índice 1, 2 atribuíram índice 2 e 1 índice 7;

57% dos trabalhadores sentiram dor, dormência, formigamento, ou

desconforto na região dorsal nos últimos 12 meses, ou seja, 4 dos 7

trabalhadores avaliados, sendo que nenhum destes sentiu dor dormência,

formigamento, ou desconforto na região dorsal nos últimos 7 dias;

75% destes trabalhadores atribuíram índice 2 a intensidade do desconforto

que sentiram na região dorsal e 25% atribuíram índice 1;

14% dos trabalhadores sentiram dor, dormência, formigamento, ou

desconforto no pescoço, joelhos e braço esquerdo nos últimos 12 meses,

atribuindo índice 3 na escala de intensidade do desconforto para o pescoço

e joelhos e 1 para braço esquerdo;

50

28% dos trabalhadores sentiram dor, dormência, formigamento, ou

desconforto nos ombros nos últimos 12 meses, sendo atribuído índice 2 e 3

na escala de intensidade do desconforto.

O gráfico 2 indica o percentual de queixas de dor, dormência, formigamento ou

desconforto que os trabalhadores relataram sentir nos últimos 12 meses. A partir destes

resultados percebe-se que do total de queixas 65% estão localizadas nas costas, sendo 36% na

região lombar e 29% na região dorsal, 14% nos ombros, 7% no pescoço, 7% nos joelhos e 7%

no braço esquerdo.

GRÁFICO 2:Incidência de desconforto corporal. AUTOR (2011).

O gráfico 3 apresenta o percentual dos índices de intensidade do desconforto que

os trabalhadores atribuíram as regiões do corpo que sentiram dor, dormência, formigamento,

ou desconforto nos ombros nos últimos 12 meses. Os resultados indicam que 43% dos índices

atribuídos na escala de intensidade do desconforto estão no nível 2, 29% estão no nível 1,

21% no nível 3 e 7% no nível 7.

GRÁFICO 3: Incidência e intensidade do desconforto. AUTOR (2011).

51

5. CONCLUSÃO

Este estudo foi desenvolvido a partir dos dados coletados em uma indústria

química de base de pequeno porte localizada no extremo sul do estado de Santa Catarina,

onde através da observação direta dos trabalhadores durante a execução de suas atividades no

setor de fracionamento e expedição foi possível utilizar o método OWAS para analise postural

e aplicar o QNSO e o Diagrama Corporal de Corlett e Manenica para verificar a ocorrência de

lombalgias.

No setor analisado a movimentação de cargas, neste caso bombonas plásticas com

capacidade para armazenar 50 kg de produtos químicos, é realizada com frequência pelos

trabalhadores, cujo esforço físico e adoção de posturas inadequadas evidenciam o risco

ergonômico a que estão expostos.

Os resultados obtidos a partir da aplicação do método OWAS indicaram as

atividades que requerem maior atenção e exigem ações corretivas imediatas, uma vez que

podem contribuir para o surgimento de lesões osteomusculares nos trabalhadores que às

executam. Entre as atividades pode-se citar o carregamento das bombonas na carroceria dos

caminhões como a mais crítica, classificada na categoria 4, seguida pelas atividades de

rotulagem das bombonas, disposição das bombonas no palete e descarga das bombonas com o

trabalhador em cima da carroceria do caminhão, classificadas na categoria 3.

A aplicação do questionário nórdico de sintomas osteomusculares, (QNSO), e do

diagrama corporal proposto por Corlett e Manenica permitiu avaliar a incidência de lombalgia

a partir das queixas de dor, dormência, formigamento ou desconforto que os trabalhadores

relataram sentir nos últimos 12 meses e nos últimos 7 dias durante a jornada de trabalho.

Do total de trabalhadores avaliados 71% relataram ter sentido dor, dormência,

formigamento, ou desconforto na região lombar nos últimos 12 meses, ou seja, 5 dos 7

trabalhadores avaliados. Um destes trabalhadores relatou sentir com freqüência dor na região

lombar, atribuindo índice 7 na escala de intensidade do desconforto.

Uma investigação médica, a pedido da empresa, foi realizada neste trabalhador

onde foi detectada uma pequena lesão em uma vértebra da coluna lombar. O trabalhador foi

52

medicado e, a pedido do médico do trabalho, sua função na empresa foi modificada de modo

que não seja necessário realizar a movimentação de carga em suas atividades.

Com a mudança de função a integridade física do trabalhador está preservada,

uma vez que as causas desta lesão podem estar associadas a vários fatores, entre eles genético,

já que, segundo o trabalhador, problemas relacionados à coluna vertebral ocorrem com

frequência em seus familiares próximos, além disto, o mesmo também relatou que já sentiu

dores na região lombar em outras ocasiões antes de trabalhar na empresa. A decisão da

empresa em mudar a função deste trabalhador elimina o risco de uma nova lesão relacionada

ao trabalho.

Quanto aos demais trabalhadores destaca-se que os mesmos consideraram o

desconforto que sentiram na região lombar e em outras regiões do corpo como algo que não

os importune ou prejudique. Os resultados obtidos pela aplicação do QNSO e do diagrama

corporal de Corlett e Manenica indicam que 72% dos trabalhadores atribuíram índice 1 e 2 na

escala de intensidade do desconforto, sendo que 43% atribuíram índice 2 e 29% índice 1. Mas

estes resultados não diminuem a atenção que deve ser dada aos trabalhadores e ao ambiente

de trabalho a fim de minimizar ou eliminar os riscos que podem levar a lombalgia.

Como medidas preventivas visando à mitigação de ocorrências de lombalgias e

buscando melhorar o bem-estar, o conforto e a saúde dos trabalhadores sugere-se:

Exames médicos admissionais que avaliem a capacidade física do

trabalhador para funções onde há a movimentação de cargas;

Exames médicos periódicos que avaliem a saúde dos trabalhadores que

estão sujeitos a movimentação de cargas, com o objetivo de prevenir

futuras lesões na coluna vertebral e em outras partes do corpo;

Realização de treinamentos periódicos com profissionais especializados a

fim de conscientizar os trabalhadores do risco ergonômico existente em

sua função e da postura correta que deve ser adotada durante a execução

de suas atividades;

Manter em perfeito estado de conservação carrinhos e paleteiras utilizadas

na movimentação de cargas;

53

Orientar os trabalhadores para que um auxilie o outro na execução de

atividades que exigem grande esforço físico, além de fazê-los

compreender a importância das pausas para descanso e do rodízio de

atividades;

Os setores de vendas, produção e logística devem gerenciar suas

atividades de tal maneira que o setor de fracionamento e expedição não

opere sob pressão, o que pode levar os trabalhadores ao excesso de esforço

em função do tempo de trabalho e ao descuido com a postura;

Avaliar constantemente as atividades buscando soluções, que na sua

maioria são simples e de baixo custo, que possam melhorar o trabalho

durante a movimentação de cargas. Isto pode ser feito com auxilio dos

próprios trabalhadores do setor e com fabricantes de equipamentos que

auxiliam na movimentação de cargas;

Talvez a automação do setor seja um investimento alto para o atual porte

da empresa, mas deve estar entre uma das prioridades para o futuro.

Portanto pode-se concluir que a execução das atividades de movimentação de

cargas no setor de fracionamento e expedição da indústria química de base pode levar a

incidência de lombalgia, e que ações corretivas e principalmente preventivas devem ser

adotadas para minimizar ou se possível eliminar o risco de lesão dos trabalhadores.

54

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riscos associados à movimentação manual de cargas no local de trabalho. Disponível em:

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Estatística. Relatório de Acompanhamento Conjural. Disponível em:

<http://www.abiquim.org.br>. Acesso em: 01 dezembro 2010 às 11:00.

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osteomusculares em trabalhadores de uma indústria de materiais elétricos de Caxias do

Sul, RS. São Leopoldo. 2006.

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<http://www.fiesp.com.br>. Acesso em: 11 de março 2011 às 09:30.

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<http://www.fiocruz.br>. Acesso em: 11 de março 2011 às 10:00.

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<http://www.gotaquimica.com.br>. Acesso em: 13 dezembro 2010 às 11:08.

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INDÚSTRIA química deve crescer quase 30% este ano. Diário de Pernambuco. Pernambuco.

10 dezembro 2010. Disponível em: <http://www.permanbuco.com.br>. Acesso em: 14

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<http://www.herniadedisco.com.br>. Acesso em: 08 dezembro 2010 às 10:48.

55

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em: 18 junho de 2011 às 11:00.

56

ANEXO A - Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares e Diagrama Corporal

de Corlett e Manenica

Nome:.................................................................... Função:........................................

Data de nascimento: ..../..../.... Contratado nesta função desde:...............................

1. Nos últimos 12 meses você sentiu dor, dormência, formigamento, ou desconforto nas

seguintes regiões do corpo:

1. Pescoço ( ) Não

( ) Sim

2. Ombros ( ) Não

( ) Sim, no ombro direito

( ) Sim, no ombro esquerdo

( ) Sim, em ambos

3. Cotovelos ( ) Não

( ) Sim, no cotovelo direito

( ) Sim, no cotovelo esquerdo

( ) Sim, em ambos

4. Pulsos/ Mãos ( ) Não

( ) Sim, no pulso/mão direito

( ) Sim, no pulso/mão esquerdo

( ) Sim, em ambos

5. Costas (Região Dorsal) ( ) Não

( ) Sim

6. Costas (Região Lombar) ( ) Não

( ) Sim

7. Quadris/Coxas ( ) Não

( ) Sim

8. Joelhos ( ) Não

( ) Sim

9. Tornozelos/Pés ( ) Não

( ) Sim

57

2. Se alguma de suas respostas, na questão 1, foi “Sim” responda:

a) Nos últimos 7 dias você sentiu dor, dormência, formigamento, ou desconforto nas

seguintes regiões do corpo:

1 Pescoço ( ) Não

( ) Sim

2 Ombros ( ) Não

( ) Sim, no ombro direito

( ) Sim, no ombro esquerdo

( ) Sim, em ambos

3 Cotovelos ( ) Não

( ) Sim, no cotovelo direito

( ) Sim, no cotovelo esquerdo

( ) Sim, em ambos

4 Pulsos/ Mãos ( ) Não

( ) Sim, no pulso/mão direito

( ) Sim, no pulso/mão esquerdo

( ) Sim, em ambos

5 Costas (Região Dorsal) ( ) Não

( ) Sim

6 Costas (Região Lombar) ( ) Não

( ) Sim

7 Quadris/Coxas ( ) Não

( ) Sim

8 Joelhos ( ) Não

( ) Sim

9 Tornozelos/Pés ( ) Não

( ) Sim

58

b) Nos últimos 12 meses você foi impedido de realizar o seu trabalho normal por

sentir dor, dormência, formigamento, ou desconforto em alguma parte do corpo?

1 Pescoço ( ) Não

( ) Sim

1 Ombros ( ) Não

( ) Sim, no ombro direito

( ) Sim, no ombro esquerdo

( ) Sim, em ambos

2 Cotovelos ( ) Não

( ) Sim, no cotovelo direito

( ) Sim, no cotovelo esquerdo

( ) Sim, em ambos

3 Pulsos/ Mãos ( ) Não

( ) Sim, no pulso/mão direito

( ) Sim, no pulso/mão esquerdo

( ) Sim, em ambos

4 Costas (Região Dorsal) ( ) Não

( ) Sim

5 Costas (Região Lombar) ( ) Não

( ) Sim

6 Quadris/Coxas ( ) Não

( ) Sim

7 Joelhos ( ) Não

( ) Sim

8 Tornozelos/Pés ( ) Não

( ) Sim

59

c) De acordo com a figura abaixo, identifique a área do corpo onde sente desconforto

e assinale a intensidade do desconforto, sendo 0 confortável e 7 extremamente

desconfortável.

Vista de Costas

Partes do Corpo Nº Desconforto

0 1 2 3 4 5 6 7

Pescoço 1

Costa superior 2

Costa média 3

Costa inferior 4

Bacia 5

Ombro direito 6

Braço direito 7

Antebraço direito 8

Punho direito 9

Mão direita 10

Ombro esquerdo 11

Braço esquerdo 12

Antebraço esquerdo 13

Punho esquerdo 14

Mão esquerda 15

Coxa direita 16

Perna direita 17

Tornozelo e pé direito

18

Coxa esquerda 19

Perna esquerda 20

Tornozelo e pé esquerdo

21