In heaven

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In Heaven Os seres humanos são surpreendentes de um certo ponto de vista, primeiro eles são formados a partir da união de dois corpos e do chamado prazer – é claro que nem todas as vezes é assim, as vezes apenas um dos envolvidos sente prazer ou nos casos como a criação artificial – depois crescem na maioria das vezes cercado de boas expectativas, planos para o futuro e, por que não, algumas brigas sobre nomes, esportes e preferências de cor. Ele nasce causando dor mas quem o a sente geralmente não se importa mais com tanto sacrifício e sorri ao ouvir o primeiro choro. Com o tempo ele vai crescendo, deixando pessoas a sua volta bancando as idiotas ao presenciar cada pequena evolução, o primeiro dente, a primeira risada, o engatinhar e os tão ansiados primeiros passos e palavras. É, os humanos são surpreendentes. Paro algumas horas do meu dia para somente observá-los, ver como é a vida através dos seus olhos e expressões, todos os dias é a mesma coisa... alguns nascem, outros morrem, alguns poucos se apaixonam pra vida toda, muito por um curto período de tempo e assim segue a vida. Em todo o grande período da minha vida, desde o momento em que tomei consciência da minha existência, que abri as asas pela primeira vez, o momento do voo, desde aquele momento eu já sabia para o que havia sido criada. Sim, sou um anjo. Mais especificamente um anjo cuja voz faz parte do grande coral, gosto da minha função e apesar de ser de natureza um pouco indócil para os padrões humanos me ajusto bem em minha posição; se você está pensando que gosto porque fui criado para isso eu pergunto: você acha que Lúcifer foi criado para ser mal, para aterrorizar os humanos e fazê-los descer até o mais baixo nível? Não, ele e os outros tiveram uma escolha, nós também temos nosso livre-arbítrio, mas te pergunto novamente uma coisa. Você pessoalmente escolheria um poder que não pode controlar, uma glória para o qual não nasceu e não sobreviveria a ela por apenas o prazer de se achar maior que Alguém que é maior? É, eu também não. Agora, como eu poderia me descrever? Vou tentar pelos padrões humanos para melhorar a compreensão, digo tentar porque eu realmente não me importo com isso então vamos lá. Tenho uma boa estatura, os cabelos compridos e negros quase sempre presos por pequenos pingos de ouro e pedras azuis, olhos castanho-

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In Heaven

Os seres humanos são surpreendentes de um certo ponto de vista, primeiro

eles são formados a partir da união de dois corpos e do chamado prazer – é claro

que nem todas as vezes é assim, as vezes apenas um dos envolvidos sente prazer

ou nos casos como a criação artificial – depois crescem na maioria das vezes

cercado de boas expectativas, planos para o futuro e, por que não, algumas brigas

sobre nomes, esportes e preferências de cor. Ele nasce causando dor mas quem o a

sente geralmente não se importa mais com tanto sacrifício e sorri ao ouvir o

primeiro choro. Com o tempo ele vai crescendo, deixando pessoas a sua volta

bancando as idiotas ao presenciar cada pequena evolução, o primeiro dente, a

primeira risada, o engatinhar e os tão ansiados primeiros passos e palavras.

É, os humanos são surpreendentes.

Paro algumas horas do meu dia para somente observá-los, ver como é a vida

através dos seus olhos e expressões, todos os dias é a mesma coisa... alguns nascem,

outros morrem, alguns poucos se apaixonam pra vida toda, muito por um curto

período de tempo e assim segue a vida. Em todo o grande período da minha vida,

desde o momento em que tomei consciência da minha existência, que abri as asas

pela primeira vez, o momento do voo, desde aquele momento eu já sabia para o

que havia sido criada. Sim, sou um anjo.

Mais especificamente um anjo cuja voz faz parte do grande coral, gosto da

minha função e apesar de ser de natureza um pouco indócil para os padrões

humanos me ajusto bem em minha posição; se você está pensando que gosto

porque fui criado para isso eu pergunto: você acha que Lúcifer foi criado para ser

mal, para aterrorizar os humanos e fazê-los descer até o mais baixo nível? Não, ele

e os outros tiveram uma escolha, nós também temos nosso livre-arbítrio, mas te

pergunto novamente uma coisa.

Você pessoalmente escolheria um poder que não pode controlar, uma glória

para o qual não nasceu e não sobreviveria a ela por apenas o prazer de se achar

maior que Alguém que é maior? É, eu também não.

Agora, como eu poderia me descrever? Vou tentar pelos padrões humanos

para melhorar a compreensão, digo tentar porque eu realmente não me importo

com isso então vamos lá. Tenho uma boa estatura, os cabelos compridos e negros

quase sempre presos por pequenos pingos de ouro e pedras azuis, olhos castanho-

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claro, cílios espessos, uma boca generosa e belas feições. Assim sou eu ou melhor,

assim é como frequentemente me vêem; deixa que eu explico okay?

Alguns humanos em raros momentos de pureza me vêem passeando em

seus sonhos, não só a mim mas também a outros anjos e por vezes temos a sorte de

que essa pessoa seja um artista, então somos descritos da forma como nos vêem

por pinturas, músicas, estórias de ninar e por ai vai. Então é assim que as pessoas

me vêem, poético não é? Pois é.

Mas a história de verdade começa aqui.

Em mais um dia eu me dedicava a observar a rotina de algumas pessoas,

nesse momento acontecia coisas com essas pessoas a quem eu observava, umas

estavam felizes, outras choravam de desesperança, outras eram agredidas e outras

pessoas estavam no estado que alguns chamam de fall in love e viam o mundo de

um modo cor de rosa com nuances de branco. Era divertido observá-los, nós anjos

temos emoções, sabemos também reconhecer sentimentos, pra nós é fácil saber o

exato momento em que um coração se parte e também quando ele volta não só ao

normal mas também com a capacidade de amar mais.

Foi então que decidi fazer mais um dos vôos a terra para observar aquelas

criaturas mais de perto, observei o sonho das crianças, alguns adolescentes e

muitos adultos; em um deles parei mais que um momento para observar. A pessoa

que sonhava enquanto dormia profundamente não tinha consciência que naquele

momento lágrimas copiosas se derramavam sobre seu travesseiro enquanto

imagens de cinco pessoas passavam por seu inconsciente; cinco vozes unidas, as

risadas, a dor logo depois e então eu me vi no meio daquele sonho. Fiquei curiosa

para saber onde ele havia me visto e vasculhei sua mente em busca da ocasião,

sorri ao recordar.

Era uma noite de natal onde ele ainda criança fora dormir logo após deixar

os biscoitos e o copo de leite para o Papai Noel – pessoalmente eu achava bonita

essa história de alguém que se dedicava a presentear pessoas do mundo baseado

apenas em suas boas atitudes – primeiro o pequeno estava ansioso para receber

seus presentes, mas depois ficou preocupado se talvez algumas crianças pobres

não recebessem nenhum presente como sabia que acontecia algumas vezes. Fiquei

tão tocada com aquele pensamento que me sentei em sua cama e entrei em seus

sonhos, ainda sorria largo ao lembrar daqueles momentos.

“Alguns anos humanos atrás...

-Olá pequeno... – o cumprimentei em meio a seu sonho onde ele passeava

entregando presentes as crianças mais pobres junto com o Papai Noel. Ao me ver

primeiro o garoto ficou boquiaberto se recuperando em seguida e sorrindo pra mim,

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vindo em um súbito gesto me abraçar, receber um abraço tão puro como aquele era

quase a mesma coisa que receber um ínfimo sorriso Dele.

-Um anjo... – ele escondeu o rosto entre meus cabelos e respirou fundo, em seus

pensamentos o cheiro que emanou foi de algodão-doce com leves toques de natureza

pura, gostei daquilo também. – você é tão bonita...

-Obrigada pequeno, agora vejo que seu sonho é muito lindo, posso participar?

– pedi e como resposta ele se afastou um pouco e pegando uma caixa pequena

colocou-a na palma da mão esquerda e com a direita segurou em minha mão. Fomos

atrás de Papai Noel enquanto ele distribuía os presentes e mesmo não querendo

perguntar eu queria saber para quem era aquele pequeno presente que ele levava na

mão.

As crianças do sonho tinham seus rostos iluminados tanto ao ver Papai Noel

quanto ao ver um anjo com as brancas asas abertas e andando de mãos dadas com

uma criança envolta em alto grau de pureza. Enfim, aquela noite foi uma das mais

bonitas que presenciei e como presente eu deixei aquele sonho gravado na mente de

todos que participaram daquele sonho, até se o Bom Velhinho realmente existisse o

sonho estaria na mente e no coração dele.”

Como naquela outra vez me sentei em uma ponta da cama e mergulhei em

seu sonho, ele não era um dos mais bonitos ao contrário, nele pingava dor e raiva

em todos os cantos e fiquei a observá-lo atravessar um grande túnel, através dos

olhos dele o fim do túnel se tornava mais distante a cada passo e as forças estavam

acabando. Vi o momento em que ele caiu de joelhos sobre o chão, a dor registrada

em seu rosto com aquele gesto e soube que precisava fazer algo.

Me postei as suas costas e respirando fundo estiquei minhas asas ao

máximo, comecei a movimentá-las formando um vento suave mas ao mesmo

tempo forte, que o impulsionou para frente, assustado ele olhou para trás e tive o

prazer de ver sua expressão passar de aterrorizada para um poderoso

reconhecimento. Se levantando rapidamente para me abraçar seu rosto se mostrou

confuso ao ver uma das minhas mãos estendida em sua direção formulando o sinal

de “pare”.

-Por quê? – ele me perguntou com uma expressão sofrida e abrindo um

sorriso respondi.

-Se vier até mim estará retrocedendo e não é isso que queremos não é? – ele

acenou negativamente, os olhos não se desviando dos meus. – então estarei te

esperando após a luz tudo bem?

-Certeza? – ele perguntou mas seu coração gritava “você me promete?”,

sorri mais e assenti, como prova alcei voo e parei alguns metros a sua frente com

as mãos estendidas.

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Um sorriso lhe dominou o rosto e ainda lutando contra tudo ele veio em

minha direção, sorri ao senti-lo segurar em minha mão e o resto do caminho fomos

andando de mãos dadas, o deixei aos pés da Luz e entrei nela, não olhei pra trás

porque sabia que ele me seguiria.

Agora eu o via abrir os olhos e se sentar na cama, os lençóis foram chutados

para os pés da cama e as costas repousaram sobre a cabeceira da cama, de repente

soluços invadiram o quarto e lágrimas tão puras quanto antes – quanto no tempo

da infância - foram derramadas; ainda fiquei um tempo o observando e depois

abrindo as asas voltei as alturas.

Estava quase chegando ao meu lugar no coral quando ouvi uma voz

melodiosa digna das primeiras fileiras do grande coral, comecei a voar sobre o

primeiro céu procurando o detentor daquele som e entrei por uma janela aberta

em direção ao nascer do sol, o ambiente era composto por uma pequena cama,

mesinha de cabeceira, guarda-roupa e uma grande cama de cachorro.

A voz que cantava pertencia a uma garota que cantarolava uma música.

“You’re my melody... norurl yonju rarke (on & on) norlnna nore neesa

soundtrack.

Irlsin deh mudeh pakyun junnu norurl saranghae norlnna nore”

Fiquei observando e mesmo sem usar minha quase ilimitada inteligência

rapidamente me dei conta de que a garota que cantava aquela música com voz tão

suave era cega, me sentei ao seu lado e passei de leve as mãos sobre os cabelos que

estavam espalhados sobre o travesseiro enquanto o magro corpo se concentrava

envolto em si próprio no meio do pequeno colchão. Pequenas lágrimas escapavam

de seus olhos e abrindo uma das minhas asas a repousei sobre ela, que respirou

fundo, abriu um pequeno sorriso e voltou a cantar.

Fiquei cantando baixinho junto com ela até o sol nascer e quando a grande

bola ascendeu sobre o nascente eu voava em direção ao grande coral para saudar a

Ele como fazíamos todos os dias, após presenciar tanta pureza minha voz estava

contagiada em todas as notas e me sentia mais e mais feliz a medida que O exaltava.

Recebi um sorriso e foi como se meu mundo explodisse, sorri de volta e continuei a

cantar.

Dimensões abaixo...

-Bom dia JunSu. – JaeJong me cumprimentou enquanto me via entrar na

cozinha e ir direto até a geladeira pegar uma garrafa de água.

-Bom dia Jae... – respondi andando pela cozinha e me sentando na cadeira

que estava virada para a mesa em frente as grandes janelas. – bom dia Chunnie.

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-Bom dia JunSu... – Yoochun me cumprimentou distraindo-se passando

geléia em uma torrada, ainda distraído ele olhou pra mim e sua boca se abriu de

repente. – o que aconteceu com você?

-Comigo? – perguntei sem entender enquanto Chunnie cutucava Jae, que lia

o jornal muito concentrado. – o que tem de errado?

-O que foi Yoochun? – Jae ergueu os olhos do jornal e olhou pra mim após

Yoochun ainda daquele modo esquisito apontar pra mim. – o que tem de errado?

-Você não está vendo? Essa mesma luz eu... – fechando os olhos ele balançou

a cabeça e respirou fundo – desculpem, acho que pirei por um momento.

-Espera... – Jae segurou em seu braço no exato momento em que Chunnie ia

deixando a mesa. – você está falando dessa luz ali?

E apontou mais uma vez pra mim. Agora eu não estava entendendo mais

nada, os dois pareciam dois bobocas olhando e apontando para o meu rosto.

-O que foi gente? – perguntei já aflito e passei a mão pelo rosto tentando ver

o que era. – pelo amor de Deus, o que tem aqui?

-Eu já vi esse tipo de luz antes e foi a muito tempo... – Jae comentou se

aproximando de mim enquanto Chunnie fazia o mesmo.

-Eu também. – parecendo hipnotizado também Chunnie comentou.

-Tá pessoal, se isso é um tipo de brincadeira já perdeu a graça e não estou

gostando nada disso... – falei mais aflito a cada momento.

-Aquele anjo... – os dois falaram juntos e travei olhando para os dois.

-Anjo?

-Sim. – primeiro Jae respondeu olhando fixamente para o meu rosto e

depois Chunnie. – aquele anjo.

-Não me digam... – comecei e os dois olharam pra mim com expectativa no

olhar – que vocês também já viram o anjo?

-Foi a muito tempo, acho que nem era para eu lembrar. – Jae falou se

encolhendo e voltando a se sentar. – mas foi inesquecível de uma forma que ainda

me sinto criança com essas lembranças.

-Aquela foi uma noite inesquecível pra mim... – Chunnie comentou

encostando a cabeça no tampo da mesa.

-Alguém quer me contar como foi essa noite? – pedi e a cada palavra

completada contada por um e completada pelo outro foi me deixando mais

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boquiaberto. – então vocês eram duas das crianças daquele sonho... meu Deus, que

coisa louca!

-Nunca contei isso pra ninguém... talvez me achassem louco ou algo do tipo

e naquela época era tudo que precisava pra minha vida acabar de vez. – Chunnie

comentou sorrindo de leve.

-Eu não vivia em uma situação muito boa também. – Jae admitiu sorrindo

menos – o que guardo daquela fase da vida foi aquele sonho, o meu melhor natal.

Passamos a manhã inteira falando sobre aquele estranho e mágico evento

de nossa infância e no final ninguém soube chegar a uma resposta de o porquê

termos participado dos mesmos sonhos. Quase na hora do almoço recebemos um

telefonema do manager da C-Jes pedindo uma reunião urgente e mais que

depressa saímos pra empresa. Chegando lá descobrimos que os advogados da SM

haviam tentando mais uma vez um acordo, visto que era certa a nossa vitória

naquele longo processo, recusamos o pedido e na hora de irmos embora a

recepcionista nos viu e pediu com um discreto aceno que nos aproximássemos.

-Pediram para que eu entregasse esse bilhete para um de vocês, que bom

que os encontrei. – estendendo um envelope pequeno e branco a moça sorriu e

voltou a digitar alguma coisa em seu computador.

Fomos andando em direção ao carro no estacionamento e Jae segurava o

envelope na mão, como era caso de urgência todos viemos no meu carro e

enquanto assumia a direção Chunnie e Jae se sentavam nos outros espaços do

carro.

-O que é isso? – perguntei lançando um breve olhar na direção do envelope

ainda fechado. – vai esperar chegar em casa pra abrir?

-Desculpem, mas minha curiosidade não agüenta tanto. – Chunnie reclamou

sentado no banco de trás e Jae assentiu enquanto revirava o envelope na mão.

-Então vamos ver o que tem... – ao falar ele quebrou o selo que tinha no

envelope e retirou de lá um pequeno bilhete. Jae leu em silêncio e somente quando

Yoochun ameaçou puxar o papel de suas mãos que ele reagiu. – aqui diz; “hyungs,

tudo bem? Por favor, reservem um lugar para nós dois na próxima apresentação de

vocês? Vamos aparecer.”

-Quem mandou? – perguntei e quem me respondeu foi Yoochun.

-Yunho e ChangMin.

Dimensões acima...

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É irrelevante dizer quantos dias se passaram após aquela noite, mas hoje

alho muito importante ia acontecer. Hoje eu conduziria alguém até as grandes

alturas e nada me pararia porque eu seguia ordens.

Em um voo rápido e certeiro fui atravessando cada dimensão em direção a

terra, atravessava coisas sem nenhuma dificuldade e pousei com graciosidade no

meio de um grande espaço onde uma grande equipe trabalhava em conjunto para

realizar os últimos acertos para o grande projeto. Passeei entre todos eles, olhando

de um lado para o outro e com o passar das horas o trabalho ficou pronto e após

um sinal os portões principais foram abertos e o local começou a encher de

pessoas com alta capacidade de gritos, plaquinhas com nome em neon eram

visíveis em todos os lugares e câmeras de TV passeavam por todos os lugares.

Mais algumas horas e tudo escureceu, vozes foram ouvidas e os gritos

começaram, pelo que os cartazes divulgavam aquela era uma das grandes

apresentações de JYJ. Dominando o palco os três cantavam mais e mais músicas e

assim se passaram as horas que para muitos e muitas não pareceram ter durado

nem cinco minutos, assim que a última canção do setlist foi cantada o local se

encheu com o som de gritos, choro e pedidos de bis. Foi então que o espaço

explodiu em gritos que com certeza a cidade toda pôde ouvir, mais duas pessoas

apareceram para cantar e o palco quase veio a baixo quando esses dois foram

identificados.

E após a primeira música mais e mais foram cantadas e era possível ver

lágrimas em todos os rostos, inclusive nos daqueles que estavam no palco; eu

podia dizer que estava bem no local que ocupava; um pouco acima da cabeça das

pessoas eu estava sob um tipo de elevação e com os joelhos dobrados como se

estivesse sentada eu observava tudo, parei para olhar fixamente quando naquele

enorme mar de rostos identifiquei a dona da voz de madrugadas atrás. Sua

felicidade era tanta que mesmo não podendo sentir as mesmas emoções que ela

acabei tendo uma vaga noção, os cinco cantavam muito bem, tinham quase a

harmonia dos anjos.

Foi então que começaram a andar na direção do palco principal, os cinco

vindo de cada ponta dos palcos secundários e rindo um para o outro, houve mais

gritos quando os cinco se encontraram e deram as mãos iniciando uma nova

música. Identifiquei as palavras daquela música, começando a acompanhar com

apenas um mover de lábios. Sorri quando as últimas palavras ficaram ecoando no

local e um pequeno toque vindo de cima me lembrou de meu trabalho; abrindo as

asas me coloquei no caminho para a saída do palco principal e fiquei parada lá com

as asas recolhidas.

Ele vinha ainda de mãos dadas com os outros quatro e o sorriso enorme em

seu rosto era imitado sinceramente pelos outros e então... veio o baque.

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Coloque a música para tocar “Insa”

De repente ele caiu de joelhos e no susto todos o acompanharam, tentou

respirar, pensar, qualquer coisa... mas a cabeça já estava perdendo o poder sobre o

corpo. os batimentos ficaram fracos, a respiração curta e ao seu redor mãos

preocupadas o sacudiam, pediam espaço, gritavam e não controlavam mais suas

próprias lágrimas.

O tempo parou para muitos naquele momento, foi como os humanos viam

em filmes, a ausência de som além do baque de mãos sobre um peito na tentativa

de reanimar, respiração artificial e o som longínquo de sirenes; depois tudo voltou

em um turbilhão e os sons subiam como se alguém perverso houvesse ligado tudo

no máximo volume.

Houve uma instabilidade e no meio de toda aquela confusão ele se levantou

ainda desorientado, olhou ao redor e não pareceu entender o motivo de tanta

confusão.

Ainda longe dele abri as asas e as movimentei provocando uma brisa que

acabou chamando a atenção dos cinco, todos olharam pra mim e pareceram

congelar; olhei cada um com atenção e já conhecendo Ele não fiquei surpresa ao

reconhecer os cinco daquele sonho de anos humanos atrás. Os cinco olhavam pra

mim que com o bater das asas já começava a levantar alguns centímetros do chão,

forcei meus pés a irem para a frente e recolhendo as asas toquei o chão novamente

estendendo a mão em seguida.

-Vamos? – estendi a mão para ele, que me olhava sem um pingo de medo.

-Por que ele tem que ir agora? – um deles me perguntei e desviei os olhos do

meu alvo para olhar para outro, quem havia falado tinha o rosto sofrido e grossas

lágrimas caiam de seus olhos, em sua expressão e olhos eu via a sincera pergunta e

reconheci a liderança – por que não podemos ficar juntos mais um tempo? Só mais

um pouco?

-Não foi minha escolha. – respondi apenas isso e estendi novamente a mão.

– o tempo dele acabou aqui, procurem entender.

-Entender? – perguntaram os quatro chorando – como podemos entender

que ele está indo embora? Agora que ia ficar tudo bem? Logo agora?

-Você... – olhei para ele que falava comigo ainda parecendo um pouco

perdido – tem certeza que eu preciso ir? Certeza?

-Tenho certeza – estendi novamente a mão e olhando longamente pra mim

por algum tempo ele suspirou e se levantou, dando alguns passos ele finalmente

me alcançou colocando a mão macia sobre a minha.

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Os quatro ainda nos olhavam com lágrimas cada vez mais copiosas se

derramando, eu nunca havia visto dor tão grande e igual em quatro olhares

diferentes, ainda segurando a mão dele dei um passo atrás e mais outro, ele me

acompanhou. Então foi como se uma parede de vidro se colocasse entre nós e eles,

os sons terrenos sumiram e apenas os sons celestes eram ouvidos agora, senti um

aperto em minha mão e olhei para ele que me fitava agora com um tímido sorriso

pairando nos lábios.

-Então é assim que é estar no céu? Esse doce som?

-Sim – respondi e olhei para os quatro que nos olhavam ainda chorando mas

talvez por um momento até eles tenham ouvido o som dos céus – sempre esse

lindo som.

-É bom aqui, é tão cheio de paz... – agora o sorriso estava maior e seu toque

era mais firme sobre minha mão. Então ele olhou para os quatro atrás do vidro –

eles vão ficar bem?

-Vão, tenha a certeza disso. – respondi e o sofrimento nublou a face dele por

um momento que deu um passo a frente e colocou a mão no vidro, lágrimas saiam

de seus olhos.

-Eu amo vocês – ele disse com a voz quase inaudível e mesmo assim tenho

certeza que eles ouviram. Virando-se pra mim ele me olhou em dúvida – vamos

agora?

-Ainda precisamos fazer uma última coisa, vem comigo. – segurando-lhe a

mão com firmeza o levei até onde a garota estava perto, era possível ver um corpo

frágil recebendo atendimento médico apesar do tumulto lá na frente.

-Ela vem com a gente? – ele perguntou em dúvida e sorri antes de negar

com a cabeça e o impulsionar até o vidro. Me olhando sem entender ele apenas

ficou me olhando. – escreve algo pra ela.

-Mas...

-Você simplesmente vai saber o que tem que escrever. – esclareci pra ele

que respirou e uma nova luz brilhou em seus olhos. Soltando minha mão ele se

dirigiu até o vidro e com a ponta dos dedos começou a escrever algo, escrevia com

rapidez e não podendo conter um sorriso fui até ele e toquei em seu ombro. – com

mais calma, ela precisa captar a mensagem.

-Desculpe – foi o que ele disse continuando a escrever, agora mais devagar.

O espírito da garota observava tudo, cada palavra que ia surgindo através do vidro;

sim ela poderia ser cega no plano físico mas no plano espiritual todos éramos

perfeitos e não havia barreiras de entendimento. Uma canção ia surgindo dali,

palavras de amor e força iam surgindo.

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Em questão de minutos ele terminou e mesmo sem eu pedir ele me segurou

a mão ficando de pé, andamos até o local de inicio e paramos, falando mais uma vez

“eu amo vocês” ele ficou ao meu lado.

-Diga adeus... – falei pra ele que sorriu um sorriso triste e depois olhou pra

cima ao ouvir o coral cantando, mesmo desconhecendo a forma de sentir dos

humanos eu rapidamente identifiquei a felicidade sem limites passando por sua

face.

-Amo vocês. – ele falou – estarei esperando mas não se apressem, esperem

para ouvir esse som de forma natural e não tentem adiantar, os anos podem passar

mas sempre amarei vocês, sempre.

-Sentiremos saudades... – falou o primeiro.

-Amamos você. – falou o segundo.

-Seremos felizes e permaneceremos juntos por você. – falou o terceiro.

-Um dia nos encontraremos JunSu. – o líder completou e mais uma lágrima

desceu.

Segurei na mão de JunSu e o som celestial se tornou mais forte, mais

presente e então abri minhas asas, a gravidade perdeu seu poder sobre nós e

começamos a subir, o rufar de minha asas agitou o local e quem me viu soube

explicar depois mesmo preferindo não fazê-lo, aquela experiência fora única.

Fomos subindo, passando estágios, atravessando coisas, ultrapassando

dimensões para finalmente estarmos in heaven.

N/A: Com toda a certeza da minha vida essa one foi a coisa mais difícil de

escrever em todo esse pouco tempo que escrevo, nem minha primeira fanfic que

foi escrita num dos tempos em que fui mais feliz teve tanto efeito sobre mim.

Agradeço por vocês não poderem me ver agora porque meu rosto está inchado,

parei diversas vezes pra chorar, aterrorizei a Becka e acabei com minha caixa de

lenços com cheiro de menta. Enfim consegui, não sei ainda qual foi/será a reação

de vocês ao terminar de ler, mas só digo que definitivamente “In Heaven” foi a

coisa mais difícil que escrevi, era uma emoção tão pura, desconhecida que até

agora não sei/consigo explicar; e pensar que metade da ideia veio de um sonho

que tive no domingo...

Meu muito obrigada a quem leu, seja essa semana, esse mês, esse ano ou

nos próximos, apenas meu muito obrigada por ter lido, não sei se pra você vai

significar tanto quanto foi pra mim, mas apenas obrigada.