IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física...

58
TIAGO TAKEO HASHIMOTO IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR DE PARÂMETROS PARA AUTO-CALIBRAÇÃO DE TRÍADES DE SENSORES MEMS LONDRINA 2011

Transcript of IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física...

Page 1: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

TIAGO TAKEO HASHIMOTO

IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA

ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR DE PARÂMETROS PARA

AUTO-CALIBRAÇÃO DE TRÍADES DE SENSORES

MEMS

LONDRINA

2011

Page 2: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA

ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR DE PARÂMETROS PARA

AUTO-CALIBRAÇÃO DE TRÍADES DE SENSORES

MEMS

Trabalho de conclusão de curso submetido à

Universidade Estadual de Londrina como parte dos requisitos para a obtenção

do grau de Engenheiro Eletricista.

TIAGO TAKEO HASHIMOTO

Londrina, Outubro de 2011.

Page 3: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

Implantação da Forma de Kalman na Estimação Não

Linear de Parâmetros para Auto-Calibração de Tríades de

Sensores MEMS

Tiago Takeo Hashimoto

„Este trabalho foi julgado adequado para a conclusão do curso de engenharia elétrica e

aprovado em sua forma final pela Coordenação do Curso de Engenharia Elétrica da

Universidade Estadual de Londrina‟

Prof. Msc. Osmar Tormena Junior

Orientador

Profa. Maria Bernadete de Morais França

Coordenadora de TCC

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Leonimer Flávio de Melo

Prof. Dr. Marcio Roberto Covacic

Page 4: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

Ao meu pai, minha mãe e meu irmão que sempre me apoiaram.

Aos grandes amigos que encontrei nesta caminhada.

Page 5: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

iv

AGRADECIMENTOS

À minha família, especialmente aos meus pais e meu irmão que sempre me apoiaram em

todos os momentos e souberam compreender as dificuldades que encontrei no curso.

Ao meu orientador Prof. Osmar que teve participação ativa no desenvolvimento deste trabalho

e sempre foi muito coerente e me ajudou a solucionar os problemas que encontrei para

implementar este trabalho.

Aos meus amigos que sempre me apoiaram em momentos complicados e me incentivaram a

continuar firme no curso.

Aos meus colegas do curso que sempre estiveram presentes nos momentos complicados, que

não foram poucos e sempre tentaram me ajudar quando necessitei.

Page 6: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

v

RESUMO

Palavras-chave: 1. Método de Kalman2. Auto-calibração 3.MEMS

A fim de melhorar a eficiência dos parâmetros para a realização da auto-

calibração de sensores MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems) triaxiais para

determinar atitude de um corpo, especificamente acelerômetros e magnetômetros, será

implementada a forma de Kalman como alternativa computacionalmente mais eficaz

na solução de um problema de estimação não-linear dos parâmetros utilizados para a

determinação de atitude. Este método de estimação utiliza cálculos recursivos,

necessitando de uma capacidade computacional muito menor para alcançar os mesmos

resultados obtidos com o método atual de calibração que é visto no trabalho de

TORMENA JR. (2010), que exige cálculos mais robustos, o que justifica este trabalho,

considerando que a maioria dos sistemas de atitude são embarcados e o poder

computacional disponível em tais sistemas é limitado. Neste trabalho será apresentado

um comparativo entre o método proposto e o que foi anteriormente implementado em

TORMENA JR. (2010), expondo a quantidade de cálculos que é realizado em cada um

deles e a memória exigida para tais métodos, bem como o resultado obtido nas duas

situações.

Page 7: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

vi

ABSTRACT

In order to improve the efficiency of the parameters for the process of self-calibration

of triaxials MEMS sensors (Micro-Electro-Mechanical Systems) to determine the attitude of a

body, specifically accelerometers and magnetometers, The Kalman form will be implemented

as a computationally more efficient alternative in solving a problem of non-linear estimation

of the parameters used for attitude determination.This estimation method uses recursive

calculations, requiring a much smaller memory capacity to achieve the same results as with

the current method of calibration seen in the paper of TORMENA JR. (2010) that requires

more robust calculations, which justifies this work, considering that most systems ,to

determine attitude, are embedded and the computing power available in such systems is

limited. In this work it will be presented a comparative between the proposed method and the

previously deployed one, exposing the amount of calculation that is performed on each of

them and the memory required to perform such methods, as well as the results in both

situations

Page 8: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

vii

CONTEÚDO

Lista de Figuras ................................................................................................................................................ viii

Lista de Tabelas .................................................................................................................................................. ix

Lista de Abreviaturas e siglas .............................................................................................................................. x

Convenções e Lista de Símbolos ........................................................................................................................ xi

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................... 1

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................................................... 3

2.1 CALIBRAÇÃO .............................................................................................................................................. 3

2.2 AUTO-CALIBRAÇÃO .................................................................................................................................... 4

2.3 ATITUDE .................................................................................................................................................... 5

2.3.1 Referências de atitude ............................................................................................................................ 6

2.3.2 Representação de atitude ....................................................................................................................... 9

2.3.2.1 Ângulos de Euler ................................................................................................................................ 10

2.3.2.2 Matriz de rotação .............................................................................................................................. 11

2.3.2.3 Quatérnions ....................................................................................................................................... 12

2.4 SENSORES DE ATITUDE ............................................................................................................................ 13

2.5 FILTRO DE KALMAN ................................................................................................................................. 19

DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................................... 21

3.1MODELO MATEMÁTICO GENÉRICO .......................................................................................................... 21

3.2ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS APLICANDO MÍNIMOS QUADRADOS ....................................................... 24

3.3ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS APLICANDO A FORMA DE KALMAN ......................................................... 24

3.4RESOLVENDO OS PARÂMETROS A PARTIR DAS VARIÁVEIS INTERMEDIÁRIAS ............................................ 26

RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................................................................... 28

CONCLUSÕES ........................................................................................................................................................ 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................................. 37

ANEXO A – Intensidade do Campo Geomagnético ........................................................................................... 39

ANEXO B – Declinação do Campo Geomagnético ............................................................................................. 40

ANEXO C – Inclinação do Campo Geomagnético............................................................................................... 41

ANEXO D – Código utilizando a forma de Kalman ............................................................................................. 42

Page 9: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

viii

Lista de Figuras

Figura 2. 1 - Transformação do sistema de coordenadas do corpo (a) para o sistema de coordenadas de referência (b) através da atitude. (TORMENA JR., 2010) ................................................................... 5 Figura 2. 2 - Desvio do valor médio da gravidade, dado em mGal (NGA, 2010) ..................................... 6 Figura 2. 3 - Arranjo entre as placas de um acelerômetro MEMS(TORMENA JR., 2010) ...................... 14 Figura 2. 4 - Desvios de ortogonalidade da tríade sensora(TORMENA JR.,2010) ................................. 16 Figura 2. 5 - Esquemático da estrutura interna de um AMR(TORMENA JR.,2010) ............................... 17 Figura 4.1 - Medidas encontradas para 40 amostras...........................................................................29

Figura 4.2 - Medidas encontradas para 80 amostras...........................................................................30

Figura 4.3 - Medidas encontradas para 120 amostras..........................................................................30

Figura 4.4 - Medidas encontradas para 160 amostras.........................................................................31

Figura 4.5 - Medidas encontradas para 200 amostras.........................................................................31

Page 10: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

ix

Lista de Tabelas

Tabela 4. 1 - Relação de cálculos realizados para algumas operações entre matrizes..............33

Page 11: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

x

Lista de Abreviaturas e siglas

AMR Anisotropic Magnetoresistive – Magneto – resistiva Anisotrópica

AWG Additive White Gaussian – Gaussiano Branco e Aditivo

EGM2008 Earth Gravitational Model 2008 – Modelo Gravitacional Terrestre 2008

LSE Least Squares Estimator – Estimador de Mínimos Quadrados

MEMS Micro – Electro – Mechanical Systems – Sistemas Micro - Eletromecânicos

WMM 2010 World Magnetic Model 2010 - Modelo Magnético Mundial 2010

Page 12: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

xi

Convenções e Lista de Símbolos

a, b e c Sensibilidades dos eixos x,y e z

𝒂𝑖𝑛 Vetor Aceleração

𝒂𝑜𝑢𝑡 Saída Analógica do Acelerômetro

𝐛 𝐫, 𝑡 Campo Geomagnético Total

𝐛𝑐 𝐫, 𝑡 Campo Geomagnético Crustal

𝐛𝑑(𝐫, 𝑡) Campo Geomagnético de Perturbação

𝐛𝑖𝑛 Vetor Campo Magnético

𝐛𝑚 𝐫, 𝑡 Campo Geomagnético Principal

𝐛𝑜𝑢𝑡 Saída Analógica do Magnetômetro

e Eixo de rotação

i, j e k Versores da base ortonormal Euclidiana

𝒐𝒂 Bias do Acelerômetro

𝒐𝒃 Bias ou Erro Hard Iron, do Magnetômetro

𝑞 Quatérnion

𝑞1,𝑞2 e 𝑞3 Componentes Vetoriais do Quatérnion

𝑞4 Componente Escalar do Quatérnion

𝑞 ∗ Quatérnion Conjugado

q Parte Vetorial do Quatérnion

u Vetor da Grandeza Física Genérica

𝑢𝑥 ,𝑢𝑦 e 𝑢𝑧 Componentes da Grandeza Física Genérica

𝑢 𝑥 ,𝑢 𝑦 e 𝑢 𝑧 Componentes da Saída do Sensor Genérico

𝑥𝑜 ,𝑦𝑜 e 𝑧𝑜 Biases dos eixos x, y e z

A – J Variáveis Intermediárias

𝑪𝑚 Matriz de Desalinhamento

𝑪𝑠𝑓 Matriz de Fatores de Escala

𝑪𝑠𝑖 Matriz de Erro Soft Iron

𝐂𝑖 Vetor Estimativa de Covariância

𝐄 𝒊 Vetor de Estado Estimado

𝐊𝑖 Vetor Ganho de Kalman

Page 13: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

xii

𝐑 Matriz de Rotação

𝐑𝝋X Rotação de 𝝋 no eixo x

𝐑𝜽Y Rotação de 𝜽 no eixo y

𝐑𝝍Y Rotação de 𝝍 no eixo z

X Matriz de Medidas

𝐗𝑖 Vetores linhas da Matriz X

𝐘𝑖 Vetor de Medidas

𝜂x , 𝜂y e 𝜂z Ruído para os eixos x,y e z

𝝋,𝜽 e 𝝍 Ângulos de Euler

𝜌,𝜙 e 𝜆 Desvios de Ortogonalidade da Tríade

Page 14: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A calibração de qualquer instrumento é o procedimento mais importante para

determinar que os dados gerados por ele estejam dentro de uma faixa tolerável de erro que

garanta a confiabilidade da medida indicada em questão, ou seja, que o valor indicado pelo

instrumento esteja o mais próximo possível do valor real da grandeza que está sendo

analisada.

Para que se possam corrigir os erros de desvio, a calibração utiliza alguns parâmetros

de referência conhecidos, e neste trabalho, assim como em TORMENA JR. (2010), tais

parâmetros fazem uso do campo gravitacional e campo magnético, pois tais referências são

praticamente constantes na maior parte do globo e por se tratar de sistemas determinadores de

atitude para aplicações terrestres. Desta forma, através de um sistema de coordenadas é

possível encontrar a orientação de um determinado corpo.

É essencial que os sistemas utilizados para determinação de atitude (rotação que deve

ser aplicada a um corpo, de maneira que o sistema de coordenadas definido no corpo coincida

com o sistema de coordenadas escolhido como referência), sejam capazes de obter a

informação com o menor erro possível, e os sensores utilizados para medir as grandezas de

referência, ou seja, acelerômetros e magnetômetros devem estar calibrados de forma que

possuam um desvio residual dentro de uma faixa aceitável.

Neste trabalho, será dada especial atenção aos parâmetros a serem calculados que

serão utilizadas na auto-calibração dos sensores MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems –

Sistemas Micro-Eletromecânicos) triaxiais. Tais sensores ganharam mais espaço da indústria

ao longo da última década por serem compactos, leves e eficientes além de possuírem baixo

custo. Atualmente estão sendo amplamente utilizados em veículos como carros, aviões e

satélites, e também em áreas como a robótica, tecnologia de entretenimento, como joysticks,

jogos para celular que utilizam a estimativa de movimento linear e/ou angular como, por

exemplo, o iPhone da Apple.

TORMENA JR. (2010) ressalta que embora tais sensores apresentem todas estas

vantagens, eles exigem uma manutenção constante da calibração, em especial aos parâmetros

de sensibilidade e bias (erros sistemáticos) que são muito sensíveis às variações de

Page 15: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

2

temperatura. O que torna as rotinas de auto-calibração essenciais para que estes sensores

sejam utilizados em aplicações onde seriam exigidos sensores de médio a alto desempenho,

no caso, para determinar atitude de corpos. No caso, as maiores tolerâncias dos parâmetros

dos sensores MEMS são corrigidas pela rotina de auto-calibração, o que eleva o seu grau de

precisão e aplicabilidade. A rotina de auto-calibração que será implementada se destaca dos

modelos mais comuns, que apenas utilizam modelos simplificados para correção de

parâmetros de sensibilidade e bias, pois também leva em consideração o desvio de

ortogonalidade dos sensores MEMS triaxiais, que é da ordem de um grau.

Porém, os cálculos adicionais ao modelo de auto-calibração devido à correção do

desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros não-linear, o que

aumenta a complexidade dos cálculos computacionais. A forma de Kalman tem o objetivo de

facilitar, tais cálculos que até o presente momento possuem certa complexidade e desta forma

garantir que a carga computacional utilizada para realização dos cálculos para determinação

dos parâmetros da calibração seja bem menor, diminuindo o custo de implementação nos

sistemas embarcados.

A rotina de auto-calibração que utiliza a forma de Kalman para determinação das

variáveis intermediárias, para finalmente calcular os parâmetros dos sensores, é implementada

através do software MatLab®.

No segundo capítulo são apresentados em mais detalhes a importância da calibração

e qual o motivo de utilizar a auto-calibração, as referências de atitude, bem como as suas

representações, como os sensores utilizados trabalham e coletam as medidas e a Forma de

Kalman.

No terceiro capítulo é descrito todo o equacionamento que se origina dos sensores

utilizados, considerando os erros de ortogonalidade, sensibilidade e biases, e também a

corrupção por ruído. A partir deste equacionamento, variáveis intermediárias são descritas,

onde dois métodos são analisados, o primeiro através de mínimos quadrados proposto no

trabalho de TORMENA JR. (2010), e o segundo que é a proposta deste trabalho, no caso o

Forma de Kalman. No quarto capítulo, foi comparado os dois métodos, a quantidade de

cálculos utilizados em cada um deles e o resultado final dos dados tratados pela rotina de

auto-calibração.

Page 16: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

3

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CALIBRAÇÃO

A calibração é essencial em qualquer sistema de medida, pois é a única forma de

assegurar que os dados coletados tenham validade e precisão. Mais especificamente é a

relação entre os valores indicados por um instrumento (calibrador) ou sistema de medição e os

valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, ou ainda

os correspondentes valores das grandezas estabelecidas como padrão.

Os métodos de calibração são baseados em comparações com instrumentos padrões

de modo a determinar sua exatidão e verificar se essa exatidão continua dentro de uma faixa

aceitável de erro. Tais métodos também fazem uso de uma ou mais referências conhecidas, de

forma a corrigir os parâmetros que tenham sofrido desvio.

As referências a serem utilizadas e as rotinas para se executar a calibração dependem

do tipo de informação que está sendo tratada e como ela é coletada pelo sistema de aquisição

de dados, sendo ele eletrônico ou não.

TORMENA JR. (2010) ressalta que para que tais sistemas apresentem

confiabilidade, os parâmetros dos sensores devem ser constantemente avaliados, de forma a

corrigir desvios que venham a ocorrer. Desvios estes que podem ser causados por fatores

como: tolerâncias na própria limitação do dispositivo devido a sua construção, grau de

sensibilidade a variações térmicas, desgaste do sensor devido ao tempo de uso, seja um

desgaste natural ou não. Tais desvios acumulados tornam inviável a utilização dos valores

típicos dos parâmetros dos sensores para aplicações onde é exigido certo grau de exatidão.

A grande maioria dos sistemas de aquisição de dados que utilizam sensores, são

calibrados apenas uma vez, ou seja, logo após a sua produção e a calibração não é realizada

novamente. Entretanto, para determinadas aplicações, é necessário realizar testes para

verificar se os seus parâmetros sofreram algum desvio e recalibrá-los sempre que necessário.

O problema é que o tempo entre uma aferição e outra, considera-se que os desvios sofridos

sejam aceitáveis dentro de certo limite. Porém, para aplicações onde é exigida uma alta

precisão, como a que é tratada neste trabalho, que deseja determinar a atitude de um corpo, os

desvios existentes entre duas aferições normalmente ultrapassam a faixa tolerável, causando

Page 17: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

4

um erro maior que o mínimo aceitável. E se tratando de atitude, tais erros podem trazer

conseqüências sérias como um desvio na rota de vôo de uma aeronave por exemplo.

Segundo TORMENA JR. (2010), para casos de satélites artificiais de órbita alta, com

apogeu acima de 36.000 km, um erro de um minuto de grau, causaria um erro de apontamento

de mais de dez quilômetros na superfície da Terra.

Em aplicações como esta, não é possível parar a operação do sistema para se realizar

a aferição, é necessário uma metodologia diferente para se realizar o controle dos parâmetros

a fim de garantir uma confiabilidade aceitável dos dados coletados.

2.2 AUTO-CALIBRAÇÃO

O objetivo da auto-calibração de um sistema é permitir que as aferições sejam

realizadas sem a necessidade de parar a operação normal do sistema e também eliminar a

necessidade de uma intervenção externa, dando autonomia e confiabilidade ao sistema. É um

método muito utilizado para aplicações que envolvam determinação de atitude.

Neste trabalho, assim como em TORMENA JR. (2010), o termo auto-calibração diz

respeito à implementação de um método de aferição autônoma do sistema de atitude,

excluindo a necessidade de um operador externo. Neste modelo, o valor real dos parâmetros

do modelo de medida da tríade sensora são estimados, e os dados obtidos no processamento

são feitos de acordo com tais estimativas.

Muitas metodologias de auto-calibração utilizam os mesmos dados necessários na

obtenção da informação de atitude para realizar sua própria calibração. O lado bom é que a

operação normal do sistema não é interrompida, porém a auto-calibração exige alguns

requisitos mínimos que podem fugir da situação atual do sistema e dependendo dos casos, a

qualidade da calibração cai muito e em casos críticos o erro pode até aumentar dependendo do

momento que a auto-calibração é realizada.

Para evitar tais situações, a rotina de auto-calibração deve saber escolher entre uma

situação oportuna para sua realização e uma condição que possa comprometer todo o processo

de calibração. Esta metodologia de auto-calibração deve saber o momento certo para escolher

o conjunto de medidas e realizar o processo de controle de exatidão do sistema.

Para aplicações terrestres, onde as referências de atitude mais utilizadas são o campo

magnético terrestre e a aceleração da gravidade, a auto-calibração se torna muito prática e

aceitável uma vez que tais referências não variam, ou então variam pouco local e

Page 18: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

5

temporalmente. Na literatura, existem dois modelos muito precisos destas duas grandezas

físicas para toda a superfície do globo, que são: EGM2008 (Earth GravitationModel 2008 –

Modelo Gravitacional Terrestre 2008)(NGA) e o WMM2010 (World MagneticModel 2010 –

Modelo Magnético Mundial 2010)(NGA e DGC). Tais modelos exigem apenas a posição,

altitude e tempo do sistema, informação esta que é facilmente conseguida em aplicações como

navegação por exemplo.

Com estes modelos, é possível determinar os vetores de aceleração da gravidade e o

campo magnético terrestre em qualquer lugar da Terra, que serve de parâmetro de referência

para verificar se os valores aferidos pela tríade de acelerômetros e magnetômetros estão

corretos, ou seja, calibrados. Como tais grandezas físicas utilizadas como referência já são

necessárias para a determinação de atitude, a complexidade do sistema não aumenta, uma vez

que de qualquer forma, tais grandezas precisam estar presentes no sistema de determinação de

atitude.

2.3 ATITUDE

Uma boa definição de atitude de um corpo é o seu estado caracterizado pela rotação

que deve ser aplicada a um corpo de forma a alinhá-lo paralelamente aos eixos do sistema de

coordenadas de referência utilizado. De forma mais prática, é a rotação que deve ser aplicada

a um corpo, de maneira que o sistema de coordenadas definido no corpo coincida com o

sistema de coordenadas escolhido como referência, conforme a Figura 2.1:

Figura 2.1 - Transformação do sistema de coordenadas do corpo (a) para o sistema de coordenadas de referência

(b) através da atitude. (TORMENA JR., 2010)

Page 19: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

6

Para a escolha do sistema de coordenadas de referência é importante ter muita

atenção e normalmente o fator determinante é o ambiente de aplicação do sistema de atitude.

Neste trabalho, o objetivo principal é a auto-calibração de sistemas de atitude em aplicações

terrestres, o sistema de coordenadas mais diretamente aplicável é o Sistema de Coordenadas

Horizontal Local, que utiliza como eixos diretores, o Norte, o Leste e a direção do Zênite, que

é o eixo ortogonal ao plano horizontal local. Os eixos x, y e z podem ser atribuídos aos eixos

diretores arbitrariamente, respeitando a condição de que x, y e z formem uma base dextrógira,

ou seja, que obedeça a regra da mão direita. É importante frisar que o Sistema de

Coordenadas Horizontal Local é dependente da posição sobre o globo.

2.3.1 Referências de atitude

Com o objetivo de resolver a atitude de um sistema, independentemente do método, é

necessário utilizar pelo menos duas referências de atitude. “Para este caso em questão, que é

uma aplicação em ambiente terrestre, as principais referências utilizadas são o campo

gravitacional terrestre e o campo magnético terrestre.” (TORMENA JR; ORMAR, 2010,

p.27).

2.3.1.1 Campo gravitacional terrestre

O campo gravitacional terrestre é uma ótima referência de atitude devido à sua

regularidade. Seu valor pode ser considerado com 1g (9,81m/s2) e sua direção é ortogonal ao

plano horizontal local. O módulo da aceleração da gravidade é essencial para o procedimento

de auto-calibração, sendo necessário fazer uso de um modelo que determine a aceleração da

gravidade (NGA), em um determinado ponto na superfície da Terra, corrigida para os efeitos

de rotação e distribuição irregular de sua massa.

Figura 2. 2 - Desvio do valor médio da gravidade, dado em mGal (NGA, 2010)

A Figura 2.2 mostra uma varredura na superfície terrestre, onde a diferença do valor

da gravidade é dada em mGals (𝑥10−5𝑚/𝑠2).

Page 20: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

7

É evidente que a amplitude de variação do campo gravitacional sobre a superfície

terrestre é muito pequena (da ordem de 10−4𝑔) que é a amplitude típica de ruído para

acelerômetros MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems – Sistemas Micro-

Eletromecânicos), não sendo necessário a correção do modelo da gravidade, para fins da

metodologia de calibração.

Outra grande vantagem em se utilizar a gravidade como referência de atitude é

devido a ela estar presente em todo o globo. Como a sua variação é mínima em todo o globo,

seu módulo, direção e sentido são considerados constantes em toda a superfície da Terra, e

não trazem nenhuma perda de precisão para os acelerômetros MEMS, uma vez que a pequena

variação da gravidade acompanha o ruído característico destes sensores em questão.

A única questão que deve ser levada em consideração, é que os acelerômetros não

medem somente a aceleração da gravidade, mas sim qualquer aceleração em que ele está

submetido, ou seja, acelerômetros medem a força de reação e transformam esta informação

em aceleração. O problema é que em um sistema acelerado, é impossível discernir o que é a

gravidade e o que é a outra componente de aceleração, causando erros nas medidas. Desta

forma, é importante lembrar-se desta questão se o sistema em questão estiver em uma situação

dinâmica.

2.3.1.2 Campo magnético terrestre

Deste a Idade Média o campo magnético terrestre vem sendo utilizado como

referência para a navegação, através da bússola. A origem do campo magnético tem relação

com a movimentação do magma terrestre (líquido encontrado no núcleo externo terrestre

constituído por ferro e níquel) que origina um campo elétrico no interior do núcleo terrestre

que por sua vez origina o campo magnético terrestre.

O campo magnético terrestre costuma ser dividido em três partes, que somadas

originam o campo total (os livros de física tradicionalmente utilizam a letra maiúscula B para

representar o campo magnético, mas neste trabalho, por essa grandeza se tratar de um vetor, o

mesmo será dado pela letra minúscula b):

𝐛 𝐫, 𝑡 = 𝐛𝑚 𝐫, 𝑡 + 𝐛𝑐 𝐫, 𝑡 + 𝐛𝑑(𝐫, 𝑡) (2.1)

Sendo que:

Page 21: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

8

𝐛𝑚 𝐫, 𝑡 representa a componente principal do campo, gerada pela

circulação de correntes no núcleo terrestre. Este componente apresenta variações

seculares, ou seja, muda lentamente com o passar dos anos.

𝐛𝑐 𝐫, 𝑡 representa a influência de aglomerações rochosas na crosta

terrestre. Esta influência, embora varie parcialmente, é praticamente constante com o

passar dos anos.

𝐛𝑑(𝐫, 𝑡) representa o campo de perturbação, que é o efeito combinado

de correntes elétricas na alta atmosfera, e correntes induzidas no mar e em terra. Pode

ser considerado como ruído natural no campo magnético.

O vetor campo magnético total, varia espacialmente e temporalmente. Esta

dependência é indicada pelas variáveis 𝐫 e 𝑡 que representam posição e tempo,

respectivamente.

Devido aos fatores citados, o campo magnético não é tão uniforme quanto o campo

gravitacional terrestre. Desta forma, o uso de um modelo magnético para o campo magnético

(NGA e DGC) se torna essencial para que tal grandeza seja utilizada como referência de

atitude, e também para que o seu valor absoluto modelado seja utilizado no procedimento de

auto-calibração.

A caracterização do campo geomagnético para uma determinada localidade a um

determinado tempo é definido por três valores: o módulo do campo, o ângulo de inclinação

magnética e o ângulo de declinação magnética. Onde:

O módulo do campo representa seu valor absoluto e, é muito

importante na metodologia de calibração.

O ângulo de inclinação magnética é o ângulo formado entre o plano

horizontal local e a direção do campo magnético, sendo que um valor positivo indica

que o campo está saindo do plano e um valor negativo indica que o campo está

entrado do plano.

O ângulo de declinação magnética mostra o desvio na direção do

campo em relação ao Norte geográfico, onde um valor positivo indica um desvio a

oeste e um valor negativo indica um desvio a leste.

Os anexos A, B e C contêm as cartas magnéticas mundiais obtidas através do

WMM2010. O Anexo A contém as informações do módulo do campo, o Anexo B contém as

Page 22: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

9

informações de declinação e, finalmente, o Anexo C contém as informações de inclinação do

campo magnético terrestre.

Mesmo com a inconstância do campo geomagnético, em comparação com o campo

gravitacional, é a referência de atitude mais utilizada, desde aplicações terrestres até os mais

robustos satélites artificiais em órbita. Pelo fato dos corpos estarem em queda livre, a

utilização da gravidade terrestre se torna inviável.

Algumas medidas são importantes para a instalação de magnetômetros como: não

estarem próximos de materiais ferromagnéticos, que distorcem o campo local, assim como

fontes de campos de indução, como linhas de potência, bobinas e indutores. Outra condição

muito complicada de se resolver é a dependência do campo magnético com a própria atitude

do sistema, que é composto por diferentes materiais com diferentes permeabilidades

magnéticas, que causam alterações no campo e que são dependentes da direção do campo e da

orientação do corpo onde está o sistema de atitude.

2.3.2 Representação de atitude

Existem diversas formas de representar a informação de atitude. As mais utilizadas

são os Ângulos de Euler, as Matrizes de Rotação e os Quatérnions, que serão descritas neste

trabalho.

A definição de representação global diz que cada rotação possível é determinada por

valores finitos de parâmetros, mas como tais parâmetros não são unicamente definidos, pode

haver singularidades, ou seja, valores infinitos nas derivadas da representação como ocorrem

com os Ângulos de Euler. Em contrapartida, uma representação não-singular tem suas

derivadas bem definidas, porém não é capaz de representar algumas atitudes, como exemplo

existe a representação de Cayley (SHUSTER, 1993).

Existem outras parametrizações que utilizam mais de três elementos, cada uma com

suas particularidades, vantagens e limitações. Por exemplo, a parametrização com quatro

elementos possui a vantagem de levar a equações lineares, com apenas um parâmetro

redundante. Porém, independente da forma que ela é construída, sua representação sempre

será ambígua, surgindo sempre duas representações para a mesma rotação, a exemplo dos

quatérnions. Utilizando agora cinco parâmetros, é a menor representação livre de

ambigüidades e singularidades, entretanto, levará a equações não-lineares e exigirá um poder

computacional considerável para obter a atitude, sendo tal representação a menos explorada

para parametrização de atitude. Já a representação com seis elementos possui todas as

vantagens da representação com cinco elementos, adicionada ao fato de suas equações serem

Page 23: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

10

lineares a atitude ser obtida sem a necessidade de toda a carga computacional exigida na

representação por cinco parâmetros.

2.3.2.1 Ângulos de Euler

Os ângulos de Euler apresentam a forma mais natural de representar rotações. E são

chamados desta forma em homenagem ao seu inventor, Leonhard Euler. Os três ângulos de

Euler indicam as sucessivas rotações em seus eixos coordenados, que o corpo deve ser

submetido, de maneira que seu sistema de coordenada coincida com o sistema de coordenadas

referencial. À medida que a rotação em um dos eixos é executada, os outros dois eixos

acabam mudando de orientação, e desta forma, a próxima rotação deve ser feita sobre esta

nova posição do eixo. Como rotações consecutivas sobre um mesmo eixo podem ser

consideradas como apenas uma única rotação, existem doze possibilidades de seqüência de

rotações sobre eixo que podem ser utilizadas. Não existe vantagem entre as seqüências, mas

para fins de normalização de trabalhos, é comum os autores utilizarem a seqüência zyx,

conhecida como Seqüência Aeroespacial.

As doze seqüências podem ser classificadas como simétricas e assimétricas. Quando

existem duas rotações sobre um eixo (Ex: yxy) são chamadas de seqüência simétricas, e o

outro caso, quando não existe rotação sobre eixos repetidos (Ex: xzy) a seqüência é

assimétrica. E as seqüências possíveis são: XYX, XZX, YXY, YZY, ZXZ, ZYZ, XYZ, XZY,

YZX, YXZ, ZXY, ZYX. Os ângulos de Euler dizem respeito às rotações em torno de cada

eixo, e seguindo a Sequência Aeroespacial, existe a rotação 𝝍 sobre Z, uma rotação𝜽 sobre Y

e uma rotação 𝝋 sobre X. E os limites dos ângulos de Euler são:

0 ≤ 𝝍 < 2𝛑, 0 ≤ 𝜽 ≤ 2π, 0 ≤ 𝝋 < 2𝛑 (2.2)

As grandes vantagens dos ângulos de Euler são a ausência de parâmetros

redundantes (uma rotação pode ser determinada por pelo menos três parâmetros), e

interpretação física clara em muitos casos. Tais ângulos são amplamente utilizados em

estudos analíticos sobre rotações e como entrada e saída de dados em aplicações de atitude.

As limitações dos ângulos de Euler dizem respeito às singularidades na representação e às

funções trigonométricas que surgem, aumentando muito a carga computacional. Além de não

existir uma forma conveniente de realizar o produto de duas rotações sucessivas através desta

representação. Sua utilização é justificada em sistemas de controle de atitude em situações

onde é possível considerar que o ângulo entre duas rotações consecutivas de um corpo será

sempre pequeno, uma vez que as aproximações decorrentes dos ângulos pequenos facilitam

muito sua utilização, computacionalmente.

Page 24: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

11

2.3.2.2 Matriz de rotação

Esta matriz representa os parâmetros de rotação matematicamente mais diretos. Para

representar os sistemas de coordenadas de um corpo e de referência, utiliza-se um vetor (3x1),

e com a ajuda da álgebra linear, utilizando a transformação de base de vetores, é possível

utilizar uma matriz (3x3) para realizar a rotação de um sistema de coordenadas no outro.

𝐰3𝑥1 = 𝐑3𝑥3𝐯3𝑥1 (2.3)

Para R como sendo uma matriz de rotação, w o vetor representado no sistema de

coordenadas do corpo e v o vetor representado no sistema de coordenadas de referência.

As propriedades matemáticas de uma matriz de rotação tridimensional são:

Ortogonalidade: Todas as matrizes de rotação são ortogonais, ou seja,

a operação de inversão é equivalente à transposição da matriz. Tal propriedade é muito

útil, uma vez que a inversão de uma matriz exige uma carga computacional

considerável e o processo de transposição é muito mais simples e pode ser realizado

sem maiores problemas, uma vez que as linhas viram colunas ou vice-versa.

Determinante unitário: Todas as matrizes de rotação possuem

determinante igual a 1.

É possível separar a matriz de rotação tridimensional em três componentes de

rotação segundo cada um dos eixos. Como o produto de uma ou mais matrizes não é

comutativo, ou seja, a ordem dos produtos importa, será utilizada novamente a Seqüência

Aeroespacial:

𝐑 = 𝐑𝝋X 𝐑𝜽

Y𝐑𝝍Z (2.4)

Sendo que 𝐑𝝋X , 𝐑𝜽

Y e 𝐑𝝍Z representam as rotações de 𝝋,𝜽e 𝝍 sobre os eixos X, Y e Z

respectivamente. E as matrizes de cada componente da matriz tridimensional podem ser

escritas como:

𝐑𝝋X =

1 0 00 cos𝝋 sin𝝋0 − sin𝝋 cos𝝋

𝐑𝜽Y =

cos𝜽 0 −sin𝜽0 1 0

sin𝜽 0 cos𝜽

(2.5)

𝐑𝝍Z =

cos𝝍 𝑠𝑖𝑛𝝍 0−𝑠𝑖𝑛𝝍 𝑐𝑜𝑠𝝍 0

0 0 1

Page 25: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

12

As vantagens em se utilizar a matriz de rotação tridimensional é que não existem

singularidades na representação, não utiliza funções trigonométricas e as sucessivas rotações

podem ser representadas simplesmente pela regra do produto.

O maior problema da matriz de rotação tridimensional é o tamanho da sua

representação, uma vez que uma matriz (3x3) apresenta nove parâmetros, no qual seis deles

são redundantes, tendo uma eficiência de memória muito baixa. Para sistemas que a memória

é limitada esta situação pode ser contornada pelo fato que, para uma matriz de rotação, a

terceira coluna é resultado do produto externo das duas primeiras colunas. Desta forma, é

possível diminuir de nove para seis parâmetros, sendo que os parâmetros restantes podem ser

facilmente obtidos.

2.3.2.3 Quatérnions

Os quatérnions são uma expansão do conjunto dos números complexos, e são

chamados também de números hiper-complexos. Sua utilização se tornou mais freqüente

devido a necessidade de uma representação prática e eficiente de rotações em espaço

tridimensional. O quatérnion pode ser escrito da seguinte forma:

𝑞 = 𝒊𝑞1 + 𝒋𝑞2 + 𝒌𝑞3 + 𝑞4 (2.6)

Sendo 𝑞 a representação do quatérnion, 𝑞1, 𝑞2 𝑒 𝑞3 são as componentes vetoriais do

quatérnion e 𝑞4 sua componente escalar. As letras, i, j e k representam vetores unitários, que

formam a base ortonormal, sendo que 𝒊𝟐 = 𝒋𝟐 = 𝒌𝟐 = 𝒊𝒋𝒌 = −𝟏.

Outra forma de representar o quatérnion, é de forma vetorial:

𝑞 =

𝑞1𝑞2𝑞3𝑞4

= 𝒒𝑞4 (2.7)

Sendo q, a parte vetorial do quatérnion.

De forma mais específica, o quatérnion de rotação pode ser escrito da seguinte

forma:

𝑞 = sin𝜽

2𝒆, cos

𝜽

2 (2.8)

Sendo 𝒆 o vetor unitário que representa o eixo de rotação e 𝜽 neste caso representa o

ângulo de rotação sobre o eixo. Os quatérnions de rotação devem satisfazer a seguinte

restrição:

𝑞12 + 𝑞2

2 + 𝑞32 + 𝑞4

2 = 1 (2.9)

Page 26: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

13

Existe uma representação dos quatérnions que representa a mesma rotação, (q, -q4) e

(-q, q4), tornando tal representação ambígua. Normalmente é utilizada a representação que

apresenta a parte escalar positiva, evitando problemas computacionais.

O operador que aplica a transformação de base, representada pelos quatérnions, sobre

um vetor é:

𝐰 = 𝑞 ∗⨂𝐯 ⨂𝑞 (2.10)

Sendo 𝒒 ∗o quatérnion conjugado, ou seja, com sua parte complexa oposta a original

((𝒒,𝑞4)∗ = (−𝒒,𝑞4)), 𝒗 e 𝒘 são quatérnions puros, ou seja, com a parte escalar nula, são

dados respectivamente por: (v,0) e (w,0). O operador ⨂ indica o produto quaterniônico. Para

entender melhor, considerando dois quatérnions 𝒒 e 𝒑 , o produto quaterniônico pode ser

definido como:

𝑝 ⨂𝑞 = 𝑝4𝑞4 − 𝐩 ∘ 𝐪 + 𝑝4𝐪 + 𝑞4𝐩+ 𝐩 × 𝐪 (2.11)

Sendo os operadores (∘) e (×) as representações do produto interno e externo entre os

vetores, respectivamente.

Uma facilidade do quatérnion é sua simplicidade no processo de inversão. A rotação

inversa para um dado quatérnion é dada simplesmente pelo seu conjugado. Outro ponto

positivo é a ausência de singularidades em sua representação, bem como ausência de funções

trigonométricas, possuindo apenas um parâmetro redundante. Porém, o significado físico dos

quatérnions não é claro. Entretanto, é muito utilizado em sistemas de atitude embarcados

devido a sua característica computacional.

2.4 SENSORES DE ATITUDE

Existem variadas grandezas físicas que podem ser utilizadas como referência para a

atitude. Neste trabalho que trata de um algoritmo para auto-calibração de sensores para

determinação de atitude em ambiente terrestre, as grandezas a serem utilizadas serão o campo

gravitacional terrestre e o campo geomagnético. Desta forma, os sensores que tratam de tais

grandezas serão detalhados a seguir.

2.4.1 Acelerômetros

Diferentemente do que o nome sugere os acelerômetros não medem exatamente a

aceleração de um corpo, mas a força inercial sobre a massa de um elemento sensor, em que,

normalmente, a massa já é conhecida. Existem várias formas de medir esta força, seja através

Page 27: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

14

de uma alteração de tensão sobre uma linha que ela pode proporcionar ou uma distensão de

uma mola por exemplo.

Cada vez mais empregado nos aparelhos eletrônicos portáteis, acelerômetros

possibilitam uma nova interação com a máquina. Um dos exemplos mais famosos é o iPhone,

celular desenvolvido pela Apple®. Outra aplicação é na indústria automobilística, em que os

acelerômetros são utilizados para realizar o controle de estabilidade ao calcular as forças que

o veículo está sendo submetido, além de auxiliar na orientação do GPS. E neste trabalho, tais

sensores possuem grande importância no estudo que envolve a determinação de atitude para

aplicações terrestres.

Considerando os acelerômetros MEMS, que serão utilizados para o desenvolvimento

das rotinas de auto-calibração, seu funcionamento é baseado na variação de capacitância entre

três placas que estão ligadas em série, de forma que a placa do meio é ligada por apenas uma

de suas extremidades e fica livre para oscilar, causando a variação da capacitância, tornando

possível medir a aceleração que o corpo está submetido. O arranjo entre as placas pode ser

visto na Figura 2.3:

Figura 2. 3 - Arranjo entre as placas de um acelerômetro MEMS(TORMENA JR., 2010)

À medida que a placa oscila o valor de 𝑑 é alterado, mudando a capacitância

𝐶1 e 𝐶2. Através da diferença entre estas capacitâncias é possível obter a aceleração, na

direção perpendicular as placas. Para o caso dos acelerômetros MEMS triaxiais, estão

dispostos três estruturas idênticas a Figura 2.3, de forma ortogonal dentro de um CI (Circuito

Integrado), em conjunto com a parte eletrônica responsável por coletar os dados dos três

acelerômetros e disponibilizar os dados de forma coerente na saída do sensor.

Para detalhar como é o modelo de medidas de um acelerômetro, ou seja, a

relação entre a aceleração e o valor de saída do sensor, tal relação pode ser dada, para uma

boa aproximação, pela equação abaixo proposta no trabalho de TORMENA JR. (2010), em

que a corrupção do ruído é omitida por simplicidade:

Page 28: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

15

𝐚𝒐𝒖𝒕 = 𝐂𝑚𝐂𝑠𝑓 𝐚𝑖𝑛𝐨𝑎 (2.12)

Onde 𝑎𝒐𝒖𝒕 é a saída analógica do acelerômetro (3x1), 𝐚𝑖𝑛 é o vetor (3x1) de

aceleração real a que o sensor está submetido, 𝐨𝑎 é o vetor (3x1) que representa os valores de

offset, ou bias, do acelerômetro, 𝐂𝑠𝑓 é a matriz (3x3) dos valores de sensibilidade, ou fatores

de escala, do acelerômetro e por fim 𝐂𝑚 é uma matriz (3x3) que indica o desalinhamento

ortogonal da tríade sensora.

O acelerômetro ilustrado na Figura 2.3 deve ser sensível a acelerações apenas na

direção ortogonal ao plano que contém a placa central, entretanto, em situações onde existe

alguma aceleração em seu eixo sensível criando uma deflexão na placa, uma força de reação

em outro eixo pode causar um torque no ponto de fixação da placa, causando uma deflexão

perturbadora, devido a uma aceleração em outro eixo. Tal efeito é chamado de sensibilidade

cruzada. Considerando tal efeito, a matriz 𝐂𝑠𝑓 vai possuir elementos não nulos fora da

diagonal principal, tornando o modelo de acelerômetro bastante complexo. Entretanto, na

maioria dos acelerômetros MEMS, tal efeito pode ser desprezado, sem causar grandes

variações que possam comprometer a precisão da medida. Desta forma a matriz 𝐂𝑠𝑓 é dada

por:

𝐂𝑠𝑓 =

sxx 0 00 syy 0

0 0 szz

(2.13)

Sendo sxx , syy e szz a sensibilidade nos eixos x,y e z, respectivamente.

A tríade sensora possui desvios de ortogonalidade que podem ser descritos através de

três ângulos, 𝝆,𝝓 e 𝝀, sem perda de generalidade. Sendo que a tríade ortogonal é dada por x,y

e z, ao passo que a tríade real, desalinhada é dada por x´,y´e z´. O eixo x é considerado

perfeitamente alinhado ao eixo x´. O eixo y´ está contido no plano xy, e seu desvio em

relacao a y é dado por 𝝆. E finalmente, os desvios de z´ em relação ao plano xz e yz são dados

por 𝝀e 𝝓, respectivamente. Abaixo, tais desvios estão ilustrados:

Page 29: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

16

Figura 2. 4 - Desvios de ortogonalidade da tríade sensora(TORMENA JR.,2010)

Assim, a matriz 𝑪𝑚 representando a não-ortogonalidade da tríade pode ser dada por:

𝑪𝑚 = 1 0 0

sin ρ cos ρ 0sin ϕ cos λ cos ϕ sin λ cos ϕ cos λ

(2.14)

É necessário dar atenção ao efeito de desalinhamento, uma vez que a tolerância na

ortogonalidade da tríade de um acelerômetro MEMS de três eixos é da ordem de um grau.

2.4.2 Magnetômetros

São instrumentos utilizados para medir intensidade, direção e sentido de campos

magnéticos. São amplamente usados em sistemas de navegação, e sua utilização vem desde o

período das Grandes Navegações.

Existem diversas aplicações que utilizam magnetômetros, como a detecção de sítios

arqueológicos, naufrágios e outros objetos enterrados ou submersos, são usados também para

perfurar poços de petróleo e mais recentemente vem sendo utilizados em celulares, como o

iPhone 3G da Apple®, a Motorola Droid [6] e Nokia N97 por exemplo, com aplicativos como

a bússola para indicação de direção.

Existem diversas formas de operação de magnetômetros. Porém, uma das tecnologias

que possibilitam um baixo custo no produto final, e mesmo assim apresentam um

desempenho considerável, é o chamado AMR (Anisotropic Magnetoresistive – Magneto-

resistiva Anisotrópica), onde o sensor é construído utilizando uma liga de ferro-níquel, cuja

resistência elétrica é dependente da presença de campos magnéticos em uma dada direção.

Page 30: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

17

A maneira mais simples de construir um magnetômetro AMR consiste em utilizar

pontes resistivas. Desta forma, cada uma das pontes resistivas esta contida em um dos planos,

em que os três planos são ortogonais entre cada um deles. Em cada plano, a direção

perpendicular ao mesmo é a direção onde o elemento sensor é sensível ao campo magnético.

A Figura 2.5 ilustra melhor a situação:

Figura 2. 5 - Esquemático da estrutura interna de um AMR(TORMENA JR.,2010)

Para este tipo de arranjo, o modelo matemático proposto por TORMENA JR. (2010)

e que também será seguido neste trabalho é dado por:

𝐛𝑜𝑢𝑡 = 𝐂𝑚𝐂𝑠𝑓𝐂𝑠𝑖 𝐛𝑖𝑛𝐨𝒃 (2.15)

É necessário enfatizar que para efeitos práticos, a corrupção do ruído foi omitida.

Sabendo que 𝐛𝑜𝑢𝑡 é um vetor (3x1) que representa a saída analógica do sensor, 𝐛𝑖𝑛 é o vetor

(3x1) que representa o campo magnético presente, 𝒐𝒃 representa o bias ou offset (3x1), que é

conhecido como erros Hard Iron, 𝐂𝑚é uma matriz (3x3) que representa os desvios de

ortogonalidade da tríade sensora do magnetômetro, 𝐂𝑠𝑓 também é uma matriz (3x3) que

representa os valores de sensibilidade , ou fatores de escala, do magnetômetro e, por fim, 𝐂𝑠𝑖

representa os erros conhecidos como Soft Iron (3x3).

Agora, será realizada uma explicação mais aprofundada a respeito dos erros

apresentados pelos magnetômetros AMR, sendo que alguns erros podem ser desprezados, ou

então utilizar alguma aproximação. Para os erros conhecidos como Soft Iron, são perturbações

sobre o campo magnético causados por campos magnéticos induzidos, tais campos induzidos

são originados por materiais que possuem propriedades que interagem com campos

Page 31: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

18

magnéticos externos. Desta forma, o valor de campo geomagnético é distorcido por campos

induzidos pelo próprio campo geomagnético. O maior problema é que este erro varia com a

atitude, porém considerando uma pequena histerese, uma vez que tal fato é válido para a

maioria dos materiais Soft Iron, é possível representar este erro com uma matriz (3x3) para o

caso tridimensional. Para diminuir este erro ao máximo, os magnetômetros são instalados em

locais estratégicos nos sistemas de atitude, sendo possível aproximar a 𝐂𝑠𝑖 para uma matriz

identidade, sem grandes perdas na precisão.

Já os erros conhecidos como Hard Iron são frutos da presença de materiais

ferromagnéticos próximos aos magnetômetros, e tal influência se dá pela própria estrutura que

o magnetômetro está instalado. Tais erros se sobrepõem com o bias do magnetômetro,

gerando erros constantes na saída do sensor. Uma rotina de auto-calibração é necessária uma

vez que o erro de bias varia com a temperatura e no tempo, diferente dos erros Hard Iron que

são invariantes no tempo, mas como eles se sobrepõem, a medida é corrompida e não pode ser

desprezada.

A sensibilidade dos magnetômetros é similar aos acelerômetros, e de igual forma, a

sensibilidade cruzada pode ser desprezada e a definição da matriz 𝐂𝑠𝑓 é a mesma definida

para os acelerômetros, no qual todos os elementos da diagonal principal são nulos. O mesmo

ocorre para a matriz 𝐂𝑚 , que diz respeito aos desvios de ortogonalidade, que pode ser definida

da mesma forma, tanto para acelerômetros e magnetômetros. Outra característica dos sensores

AMR que merece atenção são os seus domínios magnéticos que se deterioram após poucas

medidas. Uma forma de corrigir esta deficiência é com a aplicação de pulsos de corrente com

valor de pico elevado em curtos intervalos de tempo, técnica conhecida como set e reset. O

primeiro pulso faz com que todos os domínios magnéticos se orientem em uma direção, e o

segundo pulso inverte a orientação dos domínios, anulando qualquer influência anterior que

tenha se mantido por histerese do material.

Como a matriz 𝐂𝑠𝑖 que diz respeito aos erros Soft Iron e pode ser considerada uma

matriz identidade, a equação que define o modelo matemático de magnetômetros se torna

idêntica ao modelo matemático dos acelerômetros. Desta forma, a rotina de auto-calibração

desenvolvida para acelerômetros MEMS pode ser utilizada também para os magnetômetros

AMR.

Page 32: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

19

2.5 FILTRO DE KALMAN

Se for tomado pela origem da teoria de seu desenvolvimento, o Filtro de Kalman teve

origem no século XVIII com o uso da teoria dos mínimos quadrados por Gauss no estudo das

órbitas dos planetas. Porém o seu desenvolvimento como método próprio tem origem na

década de sessenta, dentro da área da engenharia elétrica relacionado à teoria do controle de

sistemas, onde foi desenvolvido inicialmente por Rudolph Emil Kalman como uma solução

recursiva para filtragem linear de dados discretos. Sua pesquisa proporcionou contribuições

relevantes ajudando a estabelecer bases teóricas sólidas em varias áreas da engenharia de

sistemas. Em 1960-1961 Kalman desenvolveu, com a colaboração de Richard S. Bucy, a

versão em tempo contínuo do filtro de Kalman, que ficou conhecida como filtro de Kalman-

Bucy. Com o avanço computacional, o filtro de Kalman e suas extensões a problemas não

lineares representam o produto mais largamente utilizado dentro da moderna teoria de

controle.

O filtro de Kalman é um conjunto de equações matemáticas que constitui um

processo recursivo eficiente de estimação, uma vez que o erro quadrático é minimizado.

Através da observação da variável dominada “variável de observação” outra variável, não

observável, denominada “variável de estado” pode ser estimada de forma eficiente. Podem ser

estimados os estados passados, o estado presente e mesmo previstos os estados futuros.

O filtro de Kalman é um procedimento aplicável quando os modelos estão escritos

sob a forma espaço-estado. Além disso, o filtro de Kalman permite a estimação dos

parâmetros desconhecidos do modelo através da maximização da verossimilhança via

decomposição do erro de previsão.

Grewal & Andrews (2001), definem o Filtro de Kalman como um estimador para os

denominados “Problemas quadrático-lineares”, que é o problema de estimação de estados

instantâneos de um sistema linear dinâmico perturbado por um ruído branco (ruído produzido

pela combinação simultânea de sons de todas as freqüências)– através do uso de medidas

lineares relacionadas ao estado, porém corrompidas por ruídos brancos.

Para Welch (2004) um Filtro de Kalman é simplesmente um algoritmo ótimo para

processamento de dados recursivos. A sua otimização provém da incorporação de todas as

informações que estão contidas no sistema. Esse filtro processa todas as medidas disponíveis,

sem se importar com a sua precisão, para estimar valores das variáveis de interesse com o uso

de:

Page 33: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

20

Conhecimentos dos dispositivos dinâmicos do sistema e das medidas.

Descrições estatísticas dos ruídos do sistema, erros de medidas e

incertezas nas dinâmicas dos modelos.

Qualquer informação disponível sobre as condições iniciais das

variáveis de interesse.

Alguns benefícios do Filtro de Kalman são citados por Brookner (1998), são eles:

Fornece dados com precisão de posições preditas de objetos (radares,

satélites, armas, etc.).

Alta precisão de cálculo.

Permite manipulação otimizada de medidas que variam com o tempo

de forma precisa.

Pode ser utilizado com alguns dados perdidos e tempos desiguais entre

as medidas.

Permite o uso ótimo de uma informação a priori se disponível.

Possui alta estabilidade.

2.5.1 Aplicações utilizando o filtro de Kalman

O Filtro de Kalman possui uma vasta aplicação, onde é muito utilizado para a

predição de comportamentos dinâmicos que normalmente não podem ser controlados, como o

fluxo de rios durante uma inundação, a trajetória de corpos celestiais e preços de alguns

produtos de exportação (GREWAL & ANDREWS, 2001).

Alguns exemplos de aplicação que utilizam o filtro de Kalman podem ser elencados

abaixo:

Monitoramento de radar;

Monitoramento de trajetória de mísseis;

Navegação à vela;

Navegação de robôs;

Monitoramento de movimento;

Combinação de medição de diversos sensores;

Combinação de modelos de sistemas;

Dentre eles, a aplicação que é o interesse deste trabalho, que é a estimação de

parâmetros para auto-calibração de sensores MEMS para a determinação de atitude.

Page 34: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

21

CAPÍTULO 3

DESENVOLVIMENTO

Considerando que os instrumentos utilizados para determinação de atitude são

acelerômetros MEMS e magnetômetros AMR e que ambos os sensores podem ser descritos

através de um mesmo modelo matemático, a rotina de auto-calibração a ser aplicada é a

mesma para os sensores em questão. A seguir, será exposto o desenvolvimento da rotina para

determinação dos parâmetros de atitude que são utilizados na auto-calibração de

acelerômetros e magnetômetros MEMS (a tecnologia utilizada para a construção de

magnetômetros AMR triaxiais é a mesma para sensores MEMS) que foi desenvolvido por

Tormena Jr. (2010) e implementado uma nova metodologia para calcular os parâmetros que

vão ser utilizados na determinação das variáveis intermediárias, que por sua vez são utilizadas

para calibrar os sensores determinadores de atitude.

3.1MODELO MATEMÁTICO GENÉRICO

Como foi citado no início do Capítulo dois, acelerômetros e magnetômetros MEMS

apresentam modelos matemáticos idênticos e podem seguir o mesmo raciocínio para ambos

os instrumentos determinadores de atitude.

Com o objetivo de manter o mesmo rigor matemático para representar as diversas

equações que foram utilizadas para desenvolver a rotina de auto-calibração, as equações

matemáticas a serem utilizadas serão as mesmas apresentadas no trabalho de TORMENA JR.

2010, uma vez que este trabalho utiliza a mesma rotina de auto-calibração, divergindo apenas

no método utilizado para calcular os parâmetros a serem utilizados para determinação das

variáveis intermediárias que são fundamentais para a calibração dos sensores.

Para manter uma generalidade, a metodologia de auto-calibração a ser explicada neste

Capítulo será dado em termos da grandeza física genérica, 𝐮 = (𝑢x ,𝑢y , 𝑢z)𝑇

Utilizando os mesmos modelos dados pelas Eqs. (2.12) e (2.15), as componentes da

grandeza genérica u podem ser escritas como:

𝑢 x = 𝑎𝑢x + 𝑥0 + 𝜂x (3.1)

Page 35: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

22

𝑢 y = 𝑏(𝑢x sin𝜌 + 𝑢y cos 𝜌) + 𝑦0 + 𝜂y (3.2)

𝑢 z = 𝑐(𝑢x sin𝜙 cos 𝜆 + 𝑢y cos𝜙 sin 𝜆 + 𝑢z cos𝜙 cos 𝜆) + 𝑧0 + 𝜂z (3.3)

considerando que 𝑢 x ,𝑢 y e 𝑢 z as saídas corrompidas do sensor, para o eixo x, y e z,

respectivamente. Os valores 𝑢x ,𝑢y e 𝑢z são os valores reais dos componentes da grandeza

física u, a, b e csão os fatores de escala dos eixos x, y e z respectivamente. E finalmente os

valores 𝑥0 ,𝑦0 e 𝑧0 são os erros sistemáticos (bias) dos eixos x, y e z.

Os valores 𝜂x , 𝜂y e 𝜂z representam a corrupção por ruído nas medidas em cada um dos

eixos x, y e z. Uma boa aproximação é considerar o ruído AWG (Additive White Gaussian-

Gaussiano Branco e Aditivo) com média zero. Considerando que acelerômetros e

magnetômetros MEMS possuem uma variância de ruído na ordem de 10−6a10−8do valor do

fundo de escala (ANDREJASIC, 2008).

Têm-se também que os ângulos 𝜌,𝜙 e 𝜆 que são os ângulos de desalinhamento

ortogonal da tríade sensora. Sendo que o ângulo 𝜌 é o desvio do eixo y real (chamado y‟) para

o eixo y perfeitamente ortogonal, dentro do plano xy. Os ângulos 𝜙 e 𝜆 são os desvios de z‟

para o plano zx e zy, respectivamente. A Figura 2.4 representa de forma mais clara a relação

da tríade ortogonal e a não-ortogonal contendo os ângulos citados.

Para aplicar o algoritmo de auto-calibração proposto por TORMENA JR(2010), é

necessário conhecer o módulo da grandeza física de referência, desta forma é encontrada a

seguinte equação:

𝐮 2 = 𝑢x2 + 𝑢y

2 + 𝑢z2 (3.4)

Finalmente reescrevendo as Eqs.(3.1), (3.2) e (3.3) têm-se:

𝑢x =(𝑢 x−𝑥0)

𝑎 (3.5)

𝑢y =−𝑏 sin 𝜌 𝑢 x−𝑥0 +𝑎(𝑢 y−𝑦0)

𝑎𝑏 cos 𝜌 (3.6)

𝑢z =𝑏𝑐 sin 𝜌 cos 𝜙 sin 𝜆 𝑢 x−𝑥0 −𝑎𝑐 cos 𝜙 sin 𝜆 𝑢y−𝑦0 +𝑎𝑏 cos 𝜌(𝑢z−𝑧0)

𝑎𝑏𝑐 cos 𝜌 cos 𝜙 cos 𝜆 (3.7)

Agora aplicando as Eqs. (3.5), (3.6) e (3.7) na Eq. (3.4) é possível obter uma equação

na seguinte forma:

Page 36: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

23

𝐴𝑢 x2 + 𝐵𝑢 x𝑢 y + 𝐶𝑢 x𝑢 z + 𝐷𝑢 y

2 + 𝐸𝑢 y𝑢 z + 𝐹𝑢 z2 + 𝐺𝑢 x + 𝐻𝑢 y + 𝐼𝑢 z + 𝐽 = 0 (3.8)

Os coeficientes A, B, C, D, E, F, G, H, I e J são funções não-lineares dos parâmetros

de calibração. A Eq. (3.8) é não-linear em termos dos parâmetros de calibração, porém é

linear em termos de A-J. Desta forma, serão utilizadas as letras A-J para representar as

variáveis intermediárias lineares.

Por não ser o objetivo principal apresentar os cálculos detalhados da rotina de auto-

calibração, e sim mostrar a diferença nos dois métodos utilizados para estimar os parâmetros

para calcular as variáveis intermediárias, o desenvolvimento completo das funções não-

lineares não será exposto neste trabalho, mas pode ser visto com mais rigor no trabalho de

TORMENA JR. (2010).

E reescrevendo a Eq. (3.8) de forma mais conveniente para facilitar os cálculos temos:

𝐴𝑢 x2

𝐹𝑢 z2

+𝐵𝑢 x𝑢 y

𝐹𝑢 z2

+𝐶𝑢 x𝑢 z

𝐹𝑢 z2

+𝐷𝑢 y

2

𝐹𝑢 z2

+𝐸𝑢 y𝑢 z

𝐹𝑢 z2

+𝐺𝑢 x

𝐹𝑢 z2

+𝐻𝑢 y

𝐹𝑢 z2

+𝐼𝑢 z

𝐹𝑢 z2

+𝐽

𝐹𝑢 z2

= −1 (3.9)

O fator 𝐹𝑢 z2 foi escolhido como denominador comum por apresentar a solução mais

fácil entre as funções não-lineares (A-J) e que vai ajudar na manipulação posterior das

equações.

Em notação matricial, a Eq. (3.9) fica da seguinte forma:

Sendo que a matriz X é a matriz de amostras, com dimensão (nx9), em que n é o

número de amostras utilizadas, com a exigência de ter 𝑛 ≥ 9. O vetor k representa os

coeficientes da Eq. (3.9) e o vetor p possui elementos unitários negativos.

Page 37: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

24

3.2ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS APLICANDO MÍNIMOS QUADRADOS

Para realizar o cálculo representado pela Eq. (3.10) é necessário isolar o vetor k para

se obter as variáveis intermediárias para realizar a auto-calibração. Assim, desenvolvendo a

equação matricial de forma a isolar o vetor k:

𝐗𝐤 = 𝐩

𝐗𝐓𝐗𝐤 = 𝐗𝐓𝐩

𝐗𝐓𝐗 −1𝐗𝐓𝐗𝐤 = 𝐗𝐓𝐗 −1𝐗𝐓𝐩

𝐈𝐤 = 𝐗𝐓𝐗 −1𝐗𝐓𝐩

𝐤 = 𝐗†𝐩 (3.11)

Sendo 𝐗† = 𝐗𝐓𝐗 −1𝐗𝐓que é conhecida como Pseudo-Inversa de Moore-Penrose, e

que para um valor de n>9, possui um desenvolvimento matemático equivalente a um

estimador de mínimos quadrados (LSE). Note que 𝐤 representa o valor estimado do vetor k.

Note que este método de estimação do vetor k que utiliza a Pseudo Inversa exige uma

carga computacional considerável, considerando que é necessário realizar a inversão de uma

matriz (9x9). Os cálculos necessários para a obtenção do vetor k será apresentado no próximo

Capítulo realizando um comparativo entre este método e o que é proposto neste trabalho.

3.3ESTIMAÇÃO DOS PARÂMETROS APLICANDO A FORMA DE KALMAN

Uma outra forma de resolver equações similares à Eq. (3.10) é a forma de Kalman. A

grande diferença entre os dois métodos de estimação é que a forma de Kalman possui a

característica recursiva, que é muito apropriada para programação que envolva sistemas

embarcados, considerando que as matrizes utilizadas para os cálculos são menores e, desta

forma, a memória exigida para a execução do algoritmo é bem menor.

Como o tratamento pode ser feito após cada amostra, sem a necessidade de recolher

todas para executar o algoritmo de estimação a carga computacional diminui bastante. Outra

vantagem é que este método evita a inversão da matriz (9x9) exigida no LSE.

Page 38: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

25

O formulário do estimador de Kalman pode ser visualizado a seguir:

𝐊𝐢 = 𝐂𝐢−𝟏.𝐗𝐢𝐓. 𝐗𝐢.𝐂𝐢−𝟏.𝐗𝐢

𝐓 + 1 −1

(3.12)

𝐂𝐢 = (𝐈 − 𝐊𝐢.𝐗𝐢).𝐂𝐢−𝟏 (3.13)

𝐄 𝐢 = 𝐄 𝐢−𝟏 + 𝐊𝐢. (𝐘𝐢 − 𝐗𝐢. 𝐄 𝐢−𝟏) (3.14)

Onde os vetores 𝐗𝐢, são linhas de matriz X como pode ser visto abaixo, o Y é o vetor

de medidas que é sempre constante e igual a 1. A matriz K é o ganho de Kalman. A matriz C

é a estimativa de covariância e o vetor Ê é o estado estimado.

𝑢 x 1

2

𝑢 z12

𝑢 x1𝑢 y 1

𝑢 z12 …

1

𝑢 z12

⋮ ⋱ ⋮𝑢 x n

2

𝑢 zn2

𝑢 x n𝑢 y n

𝑢 zn2 …

1

𝑢 zn2

= 𝐗1

⋮𝐗n

(3.15)

É necessário ter os valores iniciais para processar o algoritmo recursivamente. Uma

estimativa inicial para o algoritmo devem ser conforme mostrado nas equações que seguem:

C 0 = 𝐗1T … 𝐗n

T . 𝐗1

⋮𝐗n

−1

(3.16)

E 0 = C 0 𝐗1T … 𝐗n

T . 1⋮1 (3.17)

Este método exige apenas valores iniciais para começar, e no caso em questão, serão

utilizados nove valores iniciais que vão ser utilizados para calcular as variáveis intermediárias

para determinar os parâmetros que serão utilizados no algoritmo de calibração dos sensores

MEMS.

Note que o primeiramente é necessário calcular o valor de C 0 que representa a

covariância inicial e que utiliza a matriz de medidas, que é a própria matriz X. Em seguida, é

calculado a estimativa inicial dos parâmetros representado por E 0. Estes dois valores iniciais

são suficientes para implementar o estimador de Kalman definido pelas Eqs. (3.12), (3.13) e

(3.14) e após calcular de forma recursiva todos os parâmetros, é possível calcular as variáveis

intermediárias que será explicitada a seguir.

Embora este método processa uma amostra por vez, o resultado obtido depois de

processar todas as amostras deve ser exatamente o mesmo que um lote utilizando Mínimos

Quadrados.

Page 39: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

26

3.4RESOLVENDO OS PARÂMETROS A PARTIR DAS VARIÁVEIS

INTERMEDIÁRIAS

Após a estimação das variáveis intermediárias utilizando a Pseudo Inversa de Moore-

Penrose ou então pela forma de Kalman, é possível finalmente calcular os parâmetros a serem

utilizados no algoritmo de auto-calibração. Para facilitar a representação de tais parâmetros os

valores de A/Fa J/F foram reescritos da seguinte forma:

𝛼 = −𝐴

𝐹 𝛽 = −

𝐵

𝐹 𝛾 = −

𝐶

𝐹

𝛿 = −𝐷

𝐹 휀 = −

𝐸

𝐹 𝜒 = −

𝐺

𝐹 (3.18)

𝜇 = −𝐻

𝐹 𝜄 = −

𝐼

𝐹 𝜅 = −

𝐽

𝐹

Para realizar o cálculo algébrico dos parâmetros da calibração é utilizada uma

aproximação que considera que acelerômetros e magnetômetros MEMS possuem um desvio

de ortogonalidade que é menor que um grau, e desta forma, é válido utilizar a aproximação

para pequenos ângulos das funções trigonométricas, ou seja, cos 𝜃 ≈ 1 e 𝑠𝑒𝑛 𝜃 ≈ 𝜃 para

𝜃 ≤ 5∘. Desta forma, as equações que definem os parâmetros de calibração ficam:

𝑥 0 = −휀2𝜒 − 2𝛽𝜇 + 4𝛿𝜒 − 𝛽휀𝜄 + 2𝛾𝛿𝜄 − 𝛾휀𝜇

−2𝛽2 − 2𝛽𝜇휀 + 2𝛿𝛾2 + 2𝛼휀2 + 8𝛼𝛿 (3.19)

𝑦 0 = −𝛾2𝜇 + 4𝛼𝜇 − 2𝛽𝜒 − 𝛽𝛾𝜄+ 2𝛼휀𝜄 − 𝛾휀𝜒

−2𝛽2 − 2𝛽𝜇휀 + 2𝛿𝛾2 + 2𝛼휀2 + 8𝛼𝛿 (3.20)

𝑧 0 = −𝛽2𝜄 − 𝛽𝛾𝜇 − 4𝛼𝛿𝜄 − 2𝛼휀𝜇 − 𝛽휀𝜒 + 2𝛾𝛿𝜒

−2𝛽2 − 2𝛽𝜇휀 + 2𝛿𝛾2 + 2𝛼휀2 + 8𝛼𝛿 (3.21)

𝑐 =1

𝐮 𝜅 − 𝛼𝑥 0

2 − 𝛽𝑥 0𝑦 0 − 𝛾𝑥 0𝑧 0 − 𝛿𝑦 02 − 휀𝑦 0𝑧 0 + 𝑧 0

2 (3.22)

𝑏 =𝑐

−𝛿 (3.23)

𝑎 = 2𝑐 2 1− 𝜆 2 −1

2𝛼𝑐 2 1− 𝜆 2 2− 𝛽𝑏 𝜆 + 𝛾𝑐 𝜆 2 𝛽𝑏 𝜆 + 𝛾𝑐

(3.24)

𝜌 =𝑎 𝛽𝑏 + 𝛾𝑐 𝜆

2𝑐 2 1 − 𝜆 2 (3.25)

𝜙 =𝑎 𝛽𝑏 𝜆 + 𝛾𝑐

2𝑐 2 1 − 𝜆 2 (3.26)

Page 40: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

27

𝜆 =휀

2 −𝛿 (3.27)

Desta forma, todas os parâmetros necessários para realizar a calibração são

estimados e é possível tratar os dados que foram inicialmente corrompidos pelos ruídos e

desvios no início da rotina de calibração, como forma de simular uma situação real.

Page 41: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

28

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desenvolvimento proposto foi implementado através de um algorítmo de auto-

calibração e em seguida foi realizada a simulação utilizando o software Matlab®, e o código

utilizado está disponível no anexo D. Para esta simulação, foram utilizadas inicialmente 40

amostras (n = 40), em seguida aumentou-se para 50 amostras e estes valores foram

aumentando até chegar a 200 amostras no total. Fica evidente a grande melhora nos resultados

ao passo que as amostras aumentam, porém a memória exigida também aumenta

evidentemente. A primeira simulação com apenas 20 amostras, considera que com este espaço

amostral já são possíveis encontrar resultados satisfatórios com a rotina de calibração.

A metodologia utilizada neste algorítmo utiliza o mesmo raciocínio desenvolvido por

TORMENA JR. (2010) para a auto-calibração, divergindo apenas no cálculo para estimar os

parâmetros que serão utilizados no cálculo das variáveis intermediárias. Desta forma, todos os

passos até este ponto é o mesmo e a rotina de calibração considera os seguintes aspectos:

Foi criado uma dispersão de pontos sobre uma esfera unitária objetivando

gerar dados para a simulação. Tais pontos foram gerados através de

dispersões uniformes dos parâmetros de elevação e azimute das coordenadas

esféricas;

Os pontos criados foram corrompidos aplicando erros de calibração e ruído

Gaussiano com desvio padrão de 10−3 criando amostras que podem ser

definidas pelas Eqs. (3.1), (3.2) e (3.3);

É realizado o cálculo utilizando as equações de Kalman que podem ser vistos

nas Eqs. (3.12), (3.13) e (3.14);

Após realizar o cálculo recursivo da Forma de Kalman, e encontrar as

variáveis intermediárias (𝛼,𝛽, 𝛾, 𝛿, 휀,𝜒, 𝜇, 𝜄,𝜅), foi calculado o valor de todos

os parâmetros de calibração que são representados pelas Eqs. (3.19)-(3.27).

Após a simulação do algoritmo de calibração utilizando a estimativa de Kalman, o

resultado obtido foi idêntico ao encontrado pelo método que utiliza o cálculo da Pseudo-

Inversa de Moore-Penrose. A grande diferença é a quantidade de cálculos realizados que é

Page 42: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

29

menor. A seguir, temos o gráfico encontrado aplicando a forma de Kalman, inicialmente para

40 amostras, até o máximo de 200 amostras.

Figura 4. 1 - Medidas encontradas para 40 amostras

Observa-se que para esta primeira simulação, as amostras após a auto-calibração estão

praticamente em cima dos valores reais antes de serem corrompidos, provando que a rotina

implementada aplicando a forma de Kalman também gera ótimos resultados, uma vez que a

figura encontrada utilizando Mínimos Quadrados forneceu uma figura idêntica.

A seguir, será mostrado mais alguns gráficos em que as amostras vão aumentando aos

poucos, a fim de provar como os dados tratados ficam próximos dos valores reais antes de

serem corrompidos.

Page 43: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

30

Figura 4. 2 - Medidas encontradas para 80 amostras

Figura 4. 3 - Medidas encontradas para 120 amostras

Page 44: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

31

Figura 4. 4- Medidas encontradas para 160 amostras

Figura 4. 5 - Medidas encontradas para 200 amostras

Page 45: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

32

Finalmente será realizado um comparativo entre a quantidade de cálculos utilizando

cada um dos métodos em questão. Logo abaixo temos a tabela que mostra a relação entre

algumas operações entre as matrizes e os passos que envolvem tais cálculos matemáticos:

Considerando que temos as seguintes matrizes: 𝐴(𝑀𝑥𝑁),𝐵 𝑁𝑥𝐿 𝑒 𝐶(𝑁𝑥𝑁), d (valor

escalar)

Tabela 4. 2 - Relação de calculos realizados para algumas operações entre matrizes

Expressão Operação Produto Soma Total

AB

Produto de

duas

matrizes

MLN ML(N-1) 2MNL-

ML

𝐶−1 Matriz

inversa

𝑁3

2+

3𝑁2

2

𝑁3

2−𝑁2

2

𝑁3

+𝑁2

+𝑁

dA

Produto de

um escalar

por uma

matriz

MN - MN

Através desta tabela é possível calcular a quantidade de passos que são realizados em

cada um dos métodos, e conseqüentemente a relação entre a memória que é utilizada em cada

um deles.

Considerando que o cálculo da Pseudo-Inversa de Moore-Penrose a equação que

devem ser resolvida pelo Matlab® é a Eq. (3.11) e resolvendo os cálculos segundo a Tab.

(4.1) têm-se:

(9 1) (9 9) (9 9) (9 9) (9 1)

3 2

3 2 3 2 2

ˆ

2(2 ) 2

2(2.9 9 ) 9 9 9 2.9 .1 9.1 3726

x x x x x

MNL ML N N N MNL ML

T -1 Tk = (x x ) x p

Page 46: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

33

Agora, considerando as Eqs. (3.12), (3.13) e (3.14) que são as 3 equações recursivas

da forma de Kalman, a quantidade de operações realizadas foi de:

E fazendo a razão entre os dois métodos, encontramos o valor de 0,51. Ou seja,

utilizando a forma de Kalman, a quantidade de operações realizadas se reduz para pelo menos

a metade do valor encontrado pelo método de Mínimos Quadrados.

Agora, fazendo uma breve análise para valores de N amostras, têm-se as seguintes

relações:

Cálculo da Pseudo-Inversa:

(9 1) (9 1) (1 9) (9 9) (9 1)(9 9)

(9 9) (9 9) (9 1) (1 9) (9 9)

2

2 2 2 1 1 9

2.9 .1 9.1 2.1.9.9 1.9 2.1.9.1 1.1 1 1 9 345

81 2 2

81 2.9.1.9 9.9 2.9

x x x x xx

X X X X X

MNL ML MNL ML MNL ML

MNL ML MNL ML

-1T T

i i-1 i i i-1 i

i i i i-1

K = C X X C X +1

C = I - K X C

(9 1) (9 1) (9 1)(9 1) (1 9)

.9.9 9.9 1539

9 9 1 2.

19 2.1.9.1 1.1 36

:1910

X X XX X

MLN ML

Total

i i-1 i-1i i iE = E + K Y - X E

( 1) ( ) ( ) ( ) ( 1)

3 2

3 2 3 2 2 3 2

ˆ

2(2 ) 2

2(2. ) 2. .1 .1 5

Nx NxN NxN NxN Nx

MNL ML N N N MNL ML

N N N N N N N N N

T -1 Tk = (x x ) x p

Page 47: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

34

Forma de Kalman:

Analisando para um número de 50 amostras, temos a seguinte relação entre os dois métodos:

Pela Pseudo Inversa: 5𝑁3 + 𝑁2 = 5. 503 + 502= 627500 operações;

Forma de Kalman: 2𝑁3 + 5𝑁2 + 5𝑁 + 2 = 2. 503 + 5. 502 + 5.50 + 2 =

262800 operações

Razão entre os métodos: 0,41.

Analisando agora para um número de 100 amostras, temos a seguinte relação entre os dois

métodos:

Pela Pseudo Inversa: 5𝑁3 + 𝑁2 = 5. 1003 + 1002= 5010000 operações;

Forma de Kalman: 2𝑁3 + 5𝑁2 + 5𝑁 + 2 = 2. 1003 + 5. 1002 + 5.100 + 2 =

2051000 operações

Razão entre os métodos: 0,409

Para um número maior de amostras a razão entre os dois métodos diminui cada vez mais, e

têm-se também que após um número elevado de amostras, 1000 por exemplo, o ganho de

Kalman se torma constante e seu cálculo não se faz mais necessário. O que contribui ainda

mais para diminuição da quantidade de operações aritméticas.

( 1) ( 1) (1 ) ( ) ( 1)( )

( ) ( ) ( 1) (1 ) ( )

2 2

2

2 2 2 1 1 9

2. .1 .1 2.1. . 1. 2.1. .1 1.1 1 1 4 1

2 2

2. .1. .

Nx Nx xN NxN NxNxN

NXN NXN NX XN NXN

MNL ML MNL ML MNL ML

N N N N N N N N N

NN MNL ML MNL ML

N N N N N

-1T T

i i-1 i i i-1 i

i i i i-1

K = C X X C X +1

C = I - K X C

( 1) ( 1) ( 1)( 1) (1 )

3 2

3 2

2. . . . 2

1 2.

1 2.1. .1 1.1 4

: 2 5 5 2

NX NX NXNX XN

N N N N N N N

N N MLN ML

N N N N

Total N N N

i i-1 i-1i i iE = E + K Y - X E

Page 48: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

35

A carga computacional utilizada segue a mesma linha de raciocínio, uma vez que

uma quantidade menor de cálculos exige da ULA(Unidade Lógica Aritmética) de um

processador um valor menor de carga computacional para a realização dos cálculos,

justificando a motivação deste trabalho.

Page 49: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

36

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Após realizar a simulação que utiliza o algoritmo para auto-calibração de sensores

MEMS, mais especificamente acelerômetros e magnetômetros, utilizando a forma de Kalman

e obtendo o mesmo resultado quando se aplicou a estimativa de Mínimos Quadrados ficou

provado que a estimação recursiva de Kalman é totalmente implementável e garante os

mesmos resultados que os métodos mais tradicionais de estimação de parâmetros.

A forma recursiva de Kalman trabalha com uma quantidade menor de amostras por

vez o que possibilita a utilização de uma carga computacional menor, o que justifica a sua

implementação. Após realizar os cálculos que mostram a quantidade de passos para realização

de cada método de estimação de parâmetros para a calibração, provou-se que a razão entre o

método de Kalman e o método de estimação por Minimos Quadrados é aproximadamente

0,51 para apenas nove amostras, e tal valor cai a medida que a quantidade de amostras

aumenta, ou seja, a carga computacional necessária para realizar a auto-calibração cai

consideravelmente.

Com esta redução considerável da carga computacional necessária, fica evidente que

tal método é mais eficiente e para aplicações que envolvem sistemas embarcados, que é o

caso deste trabalho, o algoritmo mais indicado é o que utiliza o estimador recursivo de

Kalman.

Como sugestão para próximos trabalhos, fica a idéia de se implementar este

algoritmo de auto-calibração nos sensores, e realizar a montagem de sistemas embarcados

para possível comercialização do produto.

Page 50: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREJASIC, M. MEMS Accelerometers. Universidade de Ljubljana, Março 2008.

17p.

GRANZIERA JR., F.,”Self Calibration of Mems Sensors Arranged in Triads Using

Kalman Filter Estimator”, 21st Brazilian Congress of Mechanical Engineering, 2011,

Brasil (emInglês).

GREWAL & ANDREWS, Kalman Filtering: Theory and Practice Using MATLAB,

P.116-126, 2001.

NATIONAL GEOSPATIAL-INTELLIGENCE AGENCY (US). Earth Gravitational

Model EGM2008. Disponível em: http://earth-

info.nga.mil/GandG/wgs84/gravitymod/index.html.

NATIONAL GEOSPATIAL-INTELLIGENCE AGENCY (US) AND DEFENCE

GEOGRAPHIC CENTRE (UK). The World Magnetic Model WMM2010.

Disponível em:<http://www.ngdc.noaa.gov/geomag/WMM/DoDWMM.shtml>.

TORMENA JR., O., "Método de Auto-Calibração para Tríades de Sensores utilizados

em aplicações de Estimação de Atitude ", Dissertação de Mestrado, Departamento de

Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Londrina, 2010 (em Português).

http://diy-contractor.com/pt/wiki/tool/19873.html?task=view

SHUSTER, M. D. A survey of attitude representation. The Journal of the

Astronautical Science, v. 41, n. 4, p. 439-517, Outubro-Dezembro 1993.

STUELPNAGEL, J. On the parametrization of the three-dimensional rotation group.

SIAM Review, v.6, n.4, p. 422-430, Outubro 1964.

Page 51: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

38

HUNGER, R., “Floating Point Operation in Matrix-Vector Calculus”, Technical

Report, Technische Universitad Munchen, 2007.

Page 52: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

39

ANEXO A – Intensidade do Campo Geomagnético

Page 53: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

40

ANEXO B – Declinação do Campo Geomagnético

Page 54: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

41

ANEXO C – Inclinação do Campo Geomagnético

Page 55: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

42

ANEXO D – Código utilizando a forma de Kalman

% Teste Nova Calibração:

close all

clear all

clc

% Parâmetros dos sensores:

at = 1.05; %Fator de escala eixo x

bt = 1; %Fator de escala eixo y

ct = 0.9; %Fator de escala eixo z

x0t = 0.5; %Offset eixo x

y0t = -0.7; %Offset eixo y

z0t = 0.3; %Offset eixo z

rhot = 2*pi/180; %Desalinhamento yy'

phit = -pi/180; %Desalinhamento z para o plano xz

lambdat = 1.5*pi/180; %Desalinhamento z para o plano yz

%Gerando dados:

u2 = 1;

psy = linspace(pi/9,7*pi/18,10);

theta = linspace(0,2*pi,20);

k = 1;

for i = 1:length(psy),

for j = 1:length(theta),

u(1,k) = cos(theta(j))*sin(psy(i));

u(2,k) = sin(theta(j))*sin(psy(i));

u(3,k) = cos(psy(i));

k = k + 1;

end

end

%Inserindo erros de medida:

%Gerando Ruído

nx = 1e-3*randn(1,length(u(1,:)));

ny = 1e-3*randn(1,length(u(1,:)));

Page 56: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

43

nz = 1e-3*randn(1,length(u(1,:)));

%Medida = Dados + Erros de parâmetros + Ruído

ux = at*u(1,:) + x0t + nx;

uy = bt*(u(2,:)*cos(rhot) + u(1,:)*sin(rhot)) + y0t + ny;

uz = ct*(u(3,:)*cos(phit)*cos(lambdat) + u(1,:)*sin(phit)*cos(lambdat) +

u(2,:)*cos(phit)*sin(lambdat)) +z0t + nz;

%Matriz de medidas

for i = 1:length(u(1,:)),

X(i,:) = [(ux(i)^2)/(uz(i)^2) ux(i)*uy(i)/(uz(i)^2) ux(i)*uz(i)/(uz(i)^2) (uy(i)^2)/(uz(i)^2) ...

uy(i)*uz(i)/(uz(i)^2) ux(i)/(uz(i)^2) uy(i)/(uz(i)^2) uz(i)/(uz(i)^2) 1/(uz(i)^2)];

end

%Estimação de Parâmetros através da Pseudo-Inversa

%P_est = pinv(X)*ones(length(u(1,:)),1);

% Estimação via Filtro de Kalman

% Covariância inicial

P0 = inv([X(1,:)' X(2,:)' X(3,:)' X(4,:)' X(5,:)' X(6,:)' X(7,:)' X(8,:)'

X(9,:)']*[X(1,:);X(2,:);X(3,:);X(4,:);X(5,:);X(6,:);X(7,:);X(8,:);X(9,:)]);

P(:,:,1) = P0;

% Estimativa inicial dos parâmetros

e0 = P0*[X(1,:)' X(2,:)' X(3,:)' X(4,:)' X(5,:)' X(6,:)' X(7,:)' X(8,:)' X(9,:)']*ones(9,1);

e(:,1) = e0;

k = zeros(9,length(u(1,:)));

% Kalman

for i=1:length(u(1,:)),

k(:,i) = P(:,:,i)*X(i,:)'*inv(X(i,:)*P(:,:,i)*X(i,:)' + 1);

P(:,:,i+1) = (eye(9) - k(:,i)*X(i,:))*P(:,:,i);

e(:,i+1) = e(:,i) + k(:,i)*(1 - X(i,:)*e(:,i));

end

% Definição das variávies intermediárias.

alpha = e(1,length(u(1,:)));

beta = e(2,length(u(1,:)));

gamma = e(3,length(u(1,:)));

delta = e(4,length(u(1,:)));

epsilon = e(5,length(u(1,:)));

Page 57: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

44

chi = e(6,length(u(1,:)));

mu = e(7,length(u(1,:)));

iota = e(8,length(u(1,:)));

kappa = e(9,length(u(1,:)));

%Parâmetros:

lambda = epsilon/(2*sqrt(-delta));

x0 = -(epsilon^2*chi - 2*beta*mu + 4*delta*chi - beta*epsilon*iota + 2*gamma*delta*iota -

gamma*epsilon*mu)/(- 2*beta^2 - 2*beta*gamma*epsilon + 2*delta*gamma^2 +

2*alpha*epsilon^2 + 8*alpha*delta);

y0 = -(gamma^2*mu + 4*alpha*mu - 2*beta*chi - beta*gamma*iota + 2*alpha*epsilon*iota -

gamma*epsilon*chi)/(- 2*beta^2 - 2*beta*gamma*epsilon + 2*delta*gamma^2 +

2*alpha*epsilon^2 + 8*alpha*delta);

z0 = -(beta^2*iota - beta*gamma*mu - 4*alpha*delta*iota + 2*alpha*epsilon*mu -

beta*epsilon*chi + 2*gamma*delta*chi)/(- 2*beta^2 - 2*beta*gamma*epsilon +

2*delta*gamma^2 + 2*alpha*epsilon^2 + 8*alpha*delta);

c = (1/sqrt(u2))*sqrt(kappa-alpha*x0^2-beta*x0*y0-gamma*x0*z0-delta*y0^2-

epsilon*y0*z0+z0^2);

b = c/sqrt(-delta);

a = sqrt(2)*c^2*(1-lambda^2)*sqrt(-1/(2*alpha*c^2*(1-lambda^2)^2-

(beta*b*lambda+gamma*c*lambda^2)*(beta*b*lambda+gamma*c)));

rho = (a*(beta*b+gamma*c*lambda))/(2*c^2*(1-lambda^2));

phi = (a*(beta*b*lambda+gamma*c))/(2*c^2*(1-lambda^2));

% Erros em %

a_erro = at-a

b_erro = bt-b

c_erro = ct-c

x0_erro = x0t-x0

y0_erro = y0t-y0

z0_erro = z0t-z0

rho_erro = rhot-rho

phi_erro = phit-phi

lambda_erro = lambdat-lambda

ux_cor = (ux - x0)/a;

uy_cor = ((-b*sin(rho)*(ux-x0))+(a*(uy-y0)))/(a*b*cos(rho));

uz_cor = ((b*c*(sin(rho)*cos(phi)*sin(lambda)-cos(rho)*sin(phi)*cos(lambda)))*(ux-x0)-

(a*c*cos(phi)*sin(lambda))*(uy-y0)...

+(a*b*cos(rho))*(uz-z0))/(a*b*c*cos(rho)*cos(phi)*cos(lambda));

%Plots

figure(1)

Page 58: IMPLANTAÇÃO DA FORMA DE KALMAN NA ESTIMAÇÃO NÃO LINEAR … · Componentes da Grandeza Física Genérica ... desvio de ortogonalidade destes sensores torna a estimação dos parâmetros

45

plot3(u(1,:),u(2,:),u(3,:),'k:')

hold on

plot3(ux,uy,uz,'r.')

plot3(ux_cor,uy_cor,uz_cor,'b.'),grid

xlabel ('Eixo X');

ylabel ('Eixo Y');

zlabel ('Eixo Z');