Imperfeições nas estruturas cerâmicas
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Imperfeições nas estruturas cerâmicas
Introdução
As propriedades dos materiais são
profundamente influenciadas pela presença de
imperfeições.
Assim, é muito importante ter-se um
conhecimento dos tipos de imperfeições que
existem.
Introdução
Um sólido cristalino ideal de um material possui um
ordenamento perfeito na escala atômica.
Entretanto este sólido ideal não existe.
TODOS OS MATERIAIS POSSUEM UM GRANDE
NÚMERO E VÁRIOS TIPOS DE DEFEITOS OU
IMPERFEIÇÕES.
Introdução
As propriedades dos materiais nem sempre são
prejudicialmente influenciadas pelos defeitos.
Características específicas podem ser introduzidas pela
adição controlada de uma determinada imperfeição.
Os materiais semicondutores possuem um alto controle de
concentração das impurezas.
Que são incorporadas a eles em regiões pequenas e
específicas.
Introdução
As imperfeições cristalinas geram irregularidades na
rede em uma ou mais direções
A classificação das imperfeições cristalinas está
relacionada com a dimensão ou a forma destas.
Introdução
Classificação das imperfeições cristalinas em
função da dimensão em que ocorrem:
Imperfeições cristalinas pontuais (0 D)
Discordâncias (1 D)
Defeitos interfaciais ou de fronteira (2 D)
Defeitos em volume (3 D)
1) Imperfeições Cristalinas Pontuais em METAIS.
A imperfeição mais simples é a LACUNA (vazio), ou um
espaço onde não há um átomo na rede cristalina.
Todos os sólidos cristalinos possuem LACUNAS
(vazios, vacâncias).
Não é possível criar tais materiais livres desse tipo de
defeito.
1) Imperfeições Cristalinas Pontuais em METAIS.
Os princípios da termodinâmica explicam a
necessidade da existência desses defeitos.
Na essência, a presença de LACUNAS eleva a entropia
(i.e. aleatoriedade) do cristal.
O número de equilíbrio de LACUNAS (Nv) de uma
determinada quantidade de material é função da
temperatura, conforme a equação:
1) Imperfeições Cristalinas Pontuais em METAIS.
kT
QNN v
v exp
Nv = Número de vazios
N = Número de posições atômicas
Qv = Energia de ativação
T = Temperatura absoluta (K)
k = Constante de Boltzman
1,38x10-23 J/átomo.K ou 8,62x10-5 ev/átomo.K
1) Imperfeições Cristalinas Pontuais em METAIS.
LACUNAINTERSTICIAL (AUTO-INTERSTICIAL)
Vazios
Intersticiais
Su
bsti
tucio
nai
s
• Vazios: sítios atômicos não ocupados na estrutura cristalina
• Intersticiais: átomos extras ocupando posições entre os sítios atômicos
• Substitucionais: átomos de elementos “estranhos” inseridos na rede cristalina
1) Imperfeições Cristalinas Pontuais em METAIS.
Simulação - 5a
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
Os defeitos pontuais ocorrem de maneira
similar aos metais, entretanto os materiais
cerâmicos possuem no mínimo 2 tipos de íons
(cátions e ânions).
Assim, os defeitos pontuais podem aparecer
para cada um desses tipos.
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
Cátion intersticial
Vazio aniônico
Vazio catiônico
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
Eletroneutralidade é o estado que ocorre
quando há um número igual de cargas
positivas e negativas dos íons.
Em conseqüência disso, os defeitos nos
materiais cerâmicos nunca ocorrem sozinhos.
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
DEFEITO FRENKEL é um tipo de defeito que
envolve uma vacância catiônica e um cátion no
intersticio.
DEFEITO SCHOTTKY (ocorre em compostos AX)
é um tipo de defeito causado por um par de
vacâncias (uma vacância catiônica e outra
aniônica).
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
Defeito Schottky
Defeito Frenkel
Simulação 5b
Defeito de Schottky
METAIS CERÂMICOS: par de vacâncias
Ns = Número de vazios
N = Número de posições atômicas
Qs = Energia de ativação
T = Temperatura absoluta (K)
k = Constante de Boltzman
1,38x10-23 J/átomo.K
8,62x10-5 ev/átomo.K
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
Soluções sólidas em compostos cerâmicos
• Se formam da mesma forma que nos metais ou seja de maneira substitucional ou intersticial.
• Para intersticial o raio iônico da impureza deve ser relativamente pequeno
• Para a substitucional a impureza ou o cerâmico da mistura a ser adicionado deve substituir o íon mais parecido do ponto de vista elétrico, ou seja: cátion substitui cátion e ânion substitui ânion.
• Para possuir uma apreciável solubilidade o soluto deve possuir raio iônica e carga semelhante ao íon do solvente que será substituído, além de sistemas cristalinos iguais.
• A eletroneutralidade deve ser mantida no composto
A compensação de carga leva à formação de vazios, para manter o composto neutro.
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
Eletroneutralidade
• Substitutional cation impurity
without impurity Ca 2+ impurity with impurity
Ca 2+
Na +
Na +
Ca 2+
cation vacancy
Substitutional anion impurity
without impurity O 2- impurity
O 2-
Cl -
an ion vacancy
Cl -
with impurity
EXEMPLO DE GERAÇÃO DE DEFEITOS DE PONTO EM MISTURAS CERÂMICAS
Se a eletroneutralidade deve ser mantida, quais defeitos de ponto são possíveis no NaCl quando um íon Ca+2 substitui um íon Na+? Quantos desses defeitos existem para cada substituição?
Resposta:
A substituição de um íon Na+ por um íon Ca+2 introduz uma carga positiva extra. Eletroneutralidade do composto é mantida quando tanto uma única carga positiva é eliminada como uma carga negativa adicionada. A remoção de uma carga positiva é acompanhada pela formação de um vazio de Na+ . Por outro lado um cloro intersticial supriria uma carga negativa adicional compensando o efeito da carga adicional introduzida pelo Ca+2. Contudo, como já comentado, pelo tamanho dos ânions, a formação desse defeito é muito improvável.
EXEMPLO DE GERAÇÃO DE DEFEITOS DE PONTO EM MISTURAS CERÂMICAS
Quais os defeitos de ponto que aparecem na estrutura da alumina Al2O3 quando se adiciona como soluto o MgO?
Resposta: Como o Al tem valência +3 e o Mg valência +2 , cada magnésio que substituir um alumínio na rede deixará o composto com uma carga positiva a menos ou uma negativa (-1) a mais. Logo como o ânion é o oxigênio que tem valência -2 cada dois magnésios adicionados (duas cargas negativas a mais) será gerado um vazio de ânion (de oxigênio). Outro defeito possível será a presença de um magnésio intersticial para cada 2 magnésios que substituem dois alumínios na rede (duas cargas positivas extras presente no interstício que equilibrariam as duas negativas geradas)
2) Imperfeições Cristalinas Pontuais em CERÂMICOS.
A não-estequimetria pode alterar
eletroneutralidade do material.
Ela ocorre quando um íon possui mais de
uma valência e gera um excesso de cargas
elétricas localizadas, podendo causar algum
tipo de defeito.
• Discordâncias
Defeito em uma dimensão ao redor do qual alguns átomos encontram-se desalinhados;
Translação incompleta de uma das partes da rede em relação às outras.
• Classificação
Discordância em aresta
Discordância em hélice
Discordância combinada
Os cerâmicos possuem discordâncias como os metais, mas em menor quantidade, no entanto elas não podem se mover devido à rigidez das ligações químicas, conferindo aos cerâmicos grande fragilidade
4) Imperfeições Cristalinas em Linha -Discordâncias em cerâmicos
Linha da
discordância
de aresta
O vetor de Burgers ḃ é perpendicular à linha de discordância em uma discordância de aresta.
4) Imperfeições Cristalinas em Linha
Simulação 5g
(a) (b) (c)Linha de
discordância
Vetor de Burgers b
a) Um cristal perfeito;
b) e c) Deslocamento de uma secção transversal da ordem de um espaçamento atômico.
O vetor de Burgers b é paralelo à linha de discordância em uma discordância em hélice.
4) Imperfeições Cristalinas em Linha -Discordâncias em Hélice
A deformação plástica em materiais cerâmicos é muito difícil pois o escorregamento causa a aproximação das coroas eletrônicas que são repelidas impedindo a deformação plástica.
Além disso possuem poucos planos de escorregamento
As poucas cerâmicas que possuem escorregamento, são monocristais o escorregamento ocorre a curta distância logo refazendo a ordem cristalina e são em cerâmicas tipo sal de rocha ou tipo fluorita, com pouca importância em aplicações estruturais
Defeitos de superfície e de volume
Os defeitos de superfície se resumem aos contornos de grão . O tamanho médio dos grãos muitas vezes se relacionam com o tamanho da partícula primária do pó. No entanto quando há crescimento de grão devido a altas temperaturas ou tempos de sinterização, os grãos menores desaparecem em prol dos grãos maiores. Quanto menores as partículas de pó utilizadas na fabricação dos cerâmicos menores os tamanhos de grão, melhorando a resistência mecânica
E relacionado aos defeitos de volume, que são em geral muito maiores em relação aos estudados até aqui, pode-se citar:
Poros (sempre presentes, degrada as propriedades mecânicas, no entanto para isolamento térmico, ou para filtros cerâmicos em fundição são desejáveis)
Fissuras
Inclusões (impurezas) “externas”
Outra fase (por exemplo: fase vitrea, presente em muitos cerâmicos, para remoção de porosidades no processamento
. Abaixo , óxido de alumínio fabricado por sinterização apresentando alto teor de porosidade.