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1 Universidade de Brasília Instituto de Ciência Política Impactos da Rede e Contexto Social para uma decisão de qualidade o voto correto. Brasília DF 2015 André Bello

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Universidade de Brasília

Instituto de Ciência Política

Impactos da Rede e Contexto Social para uma decisão de qualidade – o voto correto.

Brasília – DF 2015

André Bello

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Impactos da Rede e Contexto Social para uma decisão de qualidade – o voto correto.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade de Brasília como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciência Política, sob orientação do Prof. Dr. Lucio Rennó.

Orientador: Prof. Dr. Lucio Rennó

Brasília – DF Fevereiro de 2015

Autor: André Bello Orientador: Lucio Rennó Título: Impactos da Rede e Contexto Social para uma decisão de qualidade – o voto correto.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade de Brasília, na área de concentração “Política e Instituições”, sob a orientação do Prof. Dr. Lucio Rennó.

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Aprovado pela Banca Examinadora em ________/__________/___________

_________________________________________________ Prof. Dr. Lucio Rennó

Orientador

_________________________________________________ Prof. Dr. André Borges

_________________________________________________ Prof. Dr. Wladimir Gramacho

Agradecimentos Em primeiro lugar e acima de tudo, agradeço a minha família pelo apoio e incentivo, de

maneira bem especial a minha avó, Neá Bello de Sá, e a minha esposa, Fernanda Vieira

Bello. Elas sempre acreditaram nesse sonho. Outras pessoas também tiveram um papel

fundamental neste projeto, às quais gostaria de agradecer nominalmente:

Ao meu orientador, Lucio Rennó, que sempre me incentivou, jogou luz nos caminhos e exigiu

mais de mim, acreditando que eu pudesse oferecer um pouco mais.

Ao professor Mathieu Turgeon e Marcelo Medeiros, os primeiros a ensinarem-me o caminho

da ciência política empírica.

Ao meu primo, Ney de Barros Bello, a primeira pessoa a dizer-me que eu deveria fazer um

mestrado em ciência política na UNB.

Aos meus irmãos, Leandro, Nathália e Patricia Bello, peças fundamentais na minha criação e

na pessoa que sou hoje.

Ao meu amigo Peter Black que sempre deu “dicas” valiosas.

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Aos outros amigos que me apoiaram e estiveram comigo nas situações mais difíceis e nas

boas também.

À todos os professores que contribuíram na minha formação acadêmica.

Dedico este trabalho para três pessoas que, de forma muito profunda, modificaram a minha

vida e o meu olhar sobre o mundo: meu avô Raimundo de Sá (in memoriam) e aos meus

filhos Mateus Matos Vieira Bello (in memoriam) e Pedro Matos Vieira Bello, a minha maior

alegria e para quem dedico, ao lado de Fernanda, todo o meu amor e carinho.

Resumo

Esta dissertação trata do papel das interações sociais sobre o voto correto na perspectiva de

avaliar a qualidade da democracia no Brasil. Apoiado nos trabalhos de Lau e Redlawsk

(1997; 2006; 2008), amplio o conceito do voto correto ao analisá-lo em uma eleição

proporcional, definida por um contexto eleitoral complexo (CECs). Analiso também os

determinantes do aprendizado político e proponho que as interações sociais são um canal de

oportunidade para obter informação. Argumento, principalmente, que os atributos das

interações sociais devem ser desagregados e testados de forma independente sobre o voto

correto presidencial, o voto correto proporcional e o aprendizado político. Argumento,

também, que é importante introduzir a categoria dos contextos sociais, que moldam as

interações sociais, nos estudos empíricos sobre o voto correto. Por fim, argumento que o

voto correto pode ser um elo de representação política e responsividade pública, fato que

pode aumentar a qualidade das democracias.

Palavras-chave: redes sociais; contexto social; voto correto; informação qualidade da

democracia.

Abstract

This dissertation considers the role of social interactions on the correct vote in view of

evaluating the quality of democracy in Brazil. Supported by the work of Lau and Redlawsk

(1997, 2006, 2008), I extend the concept of correct vote to analyze it in a proportional

election, defined as a Complex Electoral Context (CECs). I also analyze the determinants of

political learning and I propose that social interactions are an opportunity to obtain political

information. I mainly argue that the category of social contexts should be introduced in the

empirical studies about the correct vote. Finally, I discuss that the correct vote can be a bond

to political representation and public responsiveness, which both may assure the quality of

democracies.

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Keywords: social network, social context, correct vote, political information, quality of

democracies.

Sumário

1. Introdução..........................................................................................................8

1.2 Voto Correto.....................................................................................................12

1.2.1 Avaliação da Competência Eleitoral..........................................................18

1.2.2 Atalhos Cognitivos e Informação Completa..............................................19

1.3 Voto Correto Proporcional...............................................................................22

1.4 Contextos Eleitorais Complexos (CECs).........................................................24

1.5 Aprendizado Político........................................................................................27

2. A lógica social para o comportamento político................................................32

2.1 Origem e Estrutura das Redes Sociais e do Contexto Social...........................33

2.2 Os atributos de Redes Sociais e Contexto Social.............................................36

2.3 Os determinantes dos atributos de Redes Sociais e Contexto Social...............40

2.3.1 Tolerância e Participação Política........................................................41

2.3.2 Informação e Conhecimento................................................................43

2.3.3 Comparecimento as Urnas e o Voto Correto.......................................47

2.4 Brasil como um caso Ideal...............................................................................48

2.5 Hipóteses..........................................................................................................49

2.5.1 Voto Correto Presidencial (1º e 2º turno).............................................50

2.5.2 Voto Correto Proporcional...................................................................51

2.5.3 Aprendizado Político............................................................................52

3. Desenho de Pesquisa, Dados e Método............................................................53

3.1 Operacionalização do Voto Correto no Brasil.................................................57

3.2 Operacionalização do Voto Correto Proporcional...........................................61

3.3 Operacionalização do Aprendizado Político....................................................63

4. Resultados..........................................................................................................65

4.1 Voto Correto Presidencial, primeiro turno.......................................................66

4.1.1 Voto Correto Presidencial, segundo turno....................................................70

4.2 Voto Correto Proporcional...............................................................................72

4.3 Aprendizado Político........................................................................................74

5. Discussão............................................................................................................79

Notas......................................................................................................................84

Referências.............................................................................................................85

Anexo I – Perguntas das variáveis independentes e dependentes..........................94

Anexo II - Tabela Descritiva das Variáveis...........................................................98

Anexo III - Descrição dos comandos STATA…………………………………...99

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1. Introdução O estudo em curso foca na eleição presidencial e de deputado federal e desenvolve-

se com base nos conceitos do correct voting e do social network, provenientes de um longo

debate na Ciência Política sobre sofisticação política e o efeito do uso da informação para as

preferências dos eleitores.

Esta dissertação tem dois principais eixos: 1) a qualidade das novas democracias,

medida pelo voto correto para presidente e para deputado federal; 2) e o efeito das redes

sociais sobre o aprendizado político e o voto correto. Os eixos centrais desdobram-se em

objetivos específicos, os quais, em primeiro lugar, é definir o índice do voto correto

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presidencial e proporcional no Brasil. O segundo objetivo específico é desagregar a variável

redes sociais e testar os efeitos dos distintos atributos das redes sociais sobre o aprendizado

político e o voto correto. O terceiro objetivo específico é reintroduzir na discussão do

comportamento político a ideia de examinar a distribuição da opinião pública pelo contexto

social em que os indivíduos estão localizados (Huckfeldt, 1979; Putnam 1966; McKuen e

Brown, 1987). Nesses termos, é dada a contribuição de discutir sobre a qualidade da

democracia brasileira em uma perspectiva combinada entre redes sociais e o voto correto.

O primeiro eixo refere-se à qualidade da democracia. A universalização democrática

se confirmou (Huntington, 1994), de tal modo que os interesses dos estudiosos da área

voltam-se não mais às transições e consolidações do sistema político. O foco é

definitivamente a qualidade das jovens democracias, em especial dos países da América

Latina. Uma forma de especificar a qualidade democrática é através do “correct voting” (voto

correto) – o eleitor escolhe o candidato que melhor o represente e que irá fornecer os

maiores benefícios (Lau e Redlawsk, 2006). Por definição, o voto correto demanda que os

eleitores estejam minimamente informados sobre as ações dos governantes e dos oponentes

e também aptos para reconhecer e assimilar os próprios valores e interesses políticos.

Nesse sentido, o voto correto liga-se intimamente com a informação e o processo de adquirir

informação torna-se fundamental para a qualidade da escolha eleitoral.

O segundo eixo centra-se exatamente na questão de como os eleitores obtêm

informação e como o processamento de informação afeta o aprendizado político e o voto

correto. A comunicação política é dominada por dois tipos de canal informativo: a mídia

tradicional, incluindo a internet, e as redes interpessoais – amigos, familiares, vizinhos e até

desconhecidos. Para a finalidade dessa dissertação, somente as redes interpessoais serão

analisadas. A ideia por trás da informação mediada por contatos pessoais é que os

indivíduos estão inseridos em estruturais sociais específicas, as quais determinam o fluxo

informacional. As redes sociais e o contexto político condicionam a disponibilidade de

informação e a variação de informação de um indivíduo a outro. Em outras palavras, esses

aspectos das interações sociais podem incentivar ou restringir o aprendizado político e a

condição de realizar uma escolha “correta”.

Assim, coloca-se a questão: as interações individuais são instrumentos que facilitam

o aprendizado político e o “voto correto” do eleitor ou, ao contrário, criam empecilhos e

obstáculos para atingir esse fim? Já que informação é importante para o voto correto e redes

sociais são mecanismos de disseminação de informações, mesmo que contaminadas pelas

preferências daqueles que compõem essas redes, cabe investigar como a rede afeta as

escolhas individuais. Cabe destacar que isso pode ocorrer através de dois mecanismos: o

informacional, já mencionado acima, e o ideológico, no qual as preferências combinadas dos

membros da rede passam a afetar diretamente as escolhas individuais (Baker et al. 2006).

O problema levantado por este trabalho tenta, pela primeira vez, conectar o conceito

do voto correto com o de redes sociais em uma mesma pesquisa desenvolvida na América

Latina, mais precisamente no Brasil. Os estudos que tentam interligar esses dois conceitos

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ainda são raros e quando existem são restritos às eleições norte-americanas (Richey, 2008,

McClurg & Sokhey, 2009; Ryan, 2009). Além disso, esses estudos não exploraram todos os

níveis da comunicação interpessoal, por isso provavelmente os resultados empíricos são

falhos no que diz respeito ao voto correto. O conjunto desses estudos, em síntese, aponta

que a identificação partidária apresenta um peso maior do que as conversas interpessoais.

Existem diferenças institucionais e culturais entre os Estados Unidos e o Brasil, o que

facilmente pode alterar o comportamento político dos indivíduos. Faz-se, nesse sentido, a

necessidade de um estudo comparativo sobre os efeitos das redes sociais para o voto

correto.

O argumento central dessa dissertação defende que os cidadãos, situados em

diferentes ambientes políticos e culturais e regidos por diferentes sistemas políticos,

organizam-se e adquirem informações de forma díspar. Em razão da baixa identidade

partidária no Brasil, o voto correto aqui existe por meio das interações individuais. Ou seja,

existe uma lógica social para o voto correto.

O modelo da lógica social aqui empregado separa as medidas de redes sociais e de

contexto político, transformando-as em dois fatores independentes. Há diferenças

conceituais entre esses dois termos que, a meu ver, não foram mensuradas

apropriadamente nos trabalhos anteriores sobre redes sociais e voto correto. O contexto

político condiciona as oportunidades de interação social, logo a qualidade e o fluxo de

informação. Assim, estudos dessa natureza não podem negligenciar os efeitos do ambiente

em que as pessoas estão inseridas. Ao passo que redes e contexto social são

conceitualmente e metodologicamente dois fatores independentes, o segundo passo é

desagregar os seus respectivos atributos e analisá-los de forma separada. Portanto, os

efeitos dos atributos de redes e de contexto social serão verificados de maneira disjunta

sobre o aprendizado político e o voto correto.

Os atributos analisados aqui se referem à diversidade e ao conflito, tanto para redes

sociais como para o contexto social. O atributo diversidade reflete um cenário rico de

opiniões ou informações, onde os indivíduos dialogam entre si e delibaram suas preferências

políticas. Ou seja, a diversidade tende a favorecer o voto correto. Por outro lado, o atributo

conflito tende a mostrar uma associação negativa com o voto correto, pois um ambiente com

essa característica reduz a sociabilidade social, gera ambivalências e incertezas nos

indivíduos e, por fim, a informação não é tão clara, o que pode confundir o eleitor.

Esse estudo, por entender que as conversas interpessoais afetam o voto correto,

baseia-se na ideia concebida pela Escola de Columbia, conhecida como abordagem

sociológica. Em 1944, Lazarsfeld et al. publicou a obra que viria a ser um marco, The

People’s Choice, e cujos resultados deram origem ao modelo de dois estágios de

comunicação (two-step flow of communication). A noção das redes interpessoais emerge

com a constatação que existe uma mediação entre os veículos de massa e os cidadãos,

desempenhada por membros da comunidade que exercem o papel de líderes de opinião

(Katz, 1957; Katz e Lazarsfeld, 1955; Lazarsfeld et al., 1944).

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Ao mesmo tempo, esse estudo versa com a teoria da escolha racional (Downs,

1957). Diante de um cenário institucional político não consolidado totalmente e com

características que determinam uma escassez de informação – multipartidarismo e

identificação partidária fraca -, os eleitores buscam atalhos informativos com baixo custo e

alto nível de confiança. Os eleitores comportam-se dessa maneira porque querem fazer boas

escolhas eleitorais, não desperdiçando o voto. Para a realidade social e cultural do Brasil,

uma opção razoável é usar os contatos interpessoais como atalhos cognitivos. Portanto, o

foco sobre redes e contexto social é também de ligar aspectos da sociologia com a

racionalidade do voto. É um esforço de unir duas vertentes teóricas, de forma a torná-las

complementares. Além disso, essas análises são realizadas por uma abordagem

comparativa.

Para tal, usaremos um banco de dados de opinião pública que permite avaliar o voto

correto no Brasil em perspectiva comparada entre as eleições majoritária e proporcional. Os

dados foram coletados em Juiz de Fora (MG) e Caxias do Sul (RS) nas eleições de 2002, por

isso as informações contidas nessa pesquisa ajudam a ampliar o conhecimento do

comportamento político a nível local. Como há variações entre essas duas cidades, o

contexto social torna-se uma boa medida de análise também. Os dados aqui trabalhados são

oriundos de uma pesquisa de opinião pública do tipo painel com seis ondas, no entanto, fiz

uma observação transversal das três primeiras ondas e isso desconsidera as características

do painel.

Os resultados indicam que existe o voto correto no Brasil, tanto para a eleição

presidencial como para a eleição proporcional, significando que a qualidade da democracia

aqui está ajustada. Ademais, encontrou-se efeitos robustos dos atributos de redes e contexto

social sobre o voto correto. Esse resultado, portanto, corrobora com a tese de que é

apropriado desagregar as variáveis das interações sociais. Outro resultado importante é que

o aprendizado político sofre uma influência social, isto é, as interações sociais que

favorecem a amplitude do diálogo tende a aumentar o conhecimento político dos cidadãos.

Na próxima secção, eu defino com detalhes o conceito do voto correto, apresento os

principais resultados, incluindo os trabalhos empíricos comparativos, e discuto como o voto

correto pode ser considerado um elo de representatividade e como se relaciona com a

informação. Ademais, trato do voto correto proporcional que é uma extensão do conceito

original do voto correto e explico a sua aplicabilidade em cenários eleitorais complexos

(CECs). Por fim, abordo a variável dependente do aprendizado político para ilustrar a

importância da informação para a escolha “correta” do voto. No capítulo dois, faço a

discussão teórica sobre redes e contextos sociais e os seus potenciais impactos,

diferenciando-os conceitualmente, mostrando os seus atributos e sem perder de vista os

possíveis efeitos para o aprendizado político e o voto correto. No capítulo três, descrevo a

parte metodológica do trabalho. Apresento o banco de dados e a operacionalização das

variáveis usadas. No capítulo quatro, é a parte das análises do trabalho, no qual os testes e

resultados serão apresentados. Por fim, no capítulo 5, é a parte destinada para a discussão

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final do trabalho e onde indicarei as limitações verificadas e a agenda futura. O estudo está

baseado, portanto, em discussão teórica, hipóteses, método, resultados e conclusão.

1.2 Voto Correto

A qualidade democrática exige um governo responsivo com as demandas dos

cidadãos (Diamond e Morlino, 2005; Rennó, 2010; Rennó et al., 2011) e o voto correto tem

potencial de gerar esse elo de responsabilização entre representantes e representados, um

requisito mínimo para o funcionamento da democracia (Dahl, 1989; Dahl et al.,1997;

Berelson, 1952). Isso porque se espera que os cidadãos que votam corretamente estejam

mais atentos e controladores das ações políticas. Ao que tange o outro lado do procedimento

democrático, os governos possuem mais probabilidade de satisfazer as expectativas da

população, isto é, de identificar o que a sociedade deseja e produzir políticas públicas em

consonância com esses interesses e preferências. Nesse sentido, o conceito do voto correto

é alçado a um micro fundamento da qualidade democrática. Mais precisamente, considera-

se o voto correto como uma atitude racional na qual legitima o governo e produz efeitos

inclusive para a responsividade. Em suma, o ato de votar corretamente é uma pré-condição

para uma adequada representação política.

A qualidade da democracia incide essencialmente pela qualidade das eleições e o

voto correto acentua esse fato, pois se trata de uma tomada de decisão eleitoral. Algumas

pistas da condição eleitoral no Brasil foram dadas por Ames et al. (2008). A despeito da

crença que os brasileiros votam mal e são poucos interessados em política, os autores

descobriram que os brasileiros cada vez mais se apoiam em programas governamentais, e

menos nas trocas clientelísticas para decidir o voto. A tônica das eleições reflete eleitores

atentos com as decisões dos governantes e preocupados em tomar decisões racionais. Por

essa análise, há um salto de qualidade na democracia brasileira, embora ainda persistam

traços arcaicos. O estudo sobre o voto correto no Brasil insere-se nesse espaço de

pensamento a fim de avaliar a qualidade da democracia, especialmente a qualidade das

eleições brasileiras.

Como visto, a democracia requer o mínimo de representação e permite que os

indivíduos escolham aquele candidato que melhor represente suas preferências e desejos

pela via eleitoral. Nesse contexto, o voto correto é um indicador da representatividade, isto é,

do cumprimento dos valores democráticos. Trata-se de uma medida binária e como tal

assume-se o seguinte axioma: se os cidadãos escolhem o candidato baseado nos seus

valores e interesses, o eleitor votou corretamente. Do contrário, o eleitor votou

incorretamente.

A partir dessa definição, o voto correto corresponde aos valores, crenças e

preferências dos eleitores em termos de políticas públicas e do candidato. Dito de outra

forma ocorre quando o voto dado a certo candidato corresponde ao que seria esperado

dadas as preferências políticas e valorativas desse eleitor (Lau e Redlawsk, 1997).

Adicionalmente, os autores vinculam a atitude de votar corretamente aos atalhos

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informativos, quando definem o voto correto como uma escolha que teria sido feita por meio

de condições de informações completas (fully informed). É a probabilidade de o eleitor votar

em um candidato caso estivesse totalmente informado sobre esse mesmo candidato (Lau e

Redlawsk, 2008, p. 396).

Os primeiros estudos do voto correto foram realizados nos Estados Unidos, no final

da década de 1990 (Lau e Redlawsk, 1997; Lau Redlawsk, 2006; Lau, Andersen e Redlawsk,

2008). Usando a combinação de um experimento e dados da American National Election

Studies (ANES) entre os anos de 1972 e 2004, Lau e Redlawsk (1997; 2006) indicaram

positivamente a existência do voto correto entre os eleitores norte-americanos. Para dados

do survey, a média do voto correto foi na ordem de 75%, enquanto no experimento esse

índice atingiu 70%. A fim de refinar esses resultados, Lau e Redlawsk (2008) testaram quatro

variáveis como pressupostos do voto correto: motivação política, conhecimento político, o

uso de heurísticas e o volume da campanha política. Os resultados apontaram que todos

esses pressupostos foram estatisticamente positivos sobre o voto correto. Especificamente,

a identificação partidária (usada como heurística) aumentou a probabilidade do voto correto

em 22%.

Conforme os autores preconizaram, o ato de votar corretamente é independente do

nível de informação dos eleitores. Lau e Redlask (1997; 2008) argumentam que a informação

é importante para a decisão do eleitor, porém este mesmo eleitor pode votar corretamente

mesmo se não for totalmente informado. Os atalhos informativos, mais precisamente a

identificação partidária, ajudam o eleitor a tomar a atitude mais “correta” em consonância

com os valores e preferências políticas.

A formulação metodológica do voto correto segue pelo padrão experimental e por

dados de opinião pública com perguntas fechadas. Os autores organizaram três grandes

eixos que permitem estimar se o cidadão americano votou corretamente para presidente: 1)

medidas de preferências do eleitor; 2) o quanto o eleitor se preocupa com cada uma das

questões sobre preferências políticas; 3) medidas acerca do posicionamento de cada

candidato sobre os temas políticos. Por esse esquema, os autores estão interessados na

combinação das preferências dos eleitores com o posicionamento político dos candidatos,

oferecendo pesos diferentes para cada questão. Quando há a combinação perfeita, assume-

se que o eleitor votou corretamente e ao final cria-se um sumário de avaliação. Cada item da

avaliação individual é recodificado e somado, depois então multiplicado pelo peso de

importância e, por fim, calcula-se a média. O voto, se correto, deve ir para o candidato que

receber as maiores notas. A variável dependente é dicotômica, definida como voto correto

para o candidato A ou voto correto para o candidato B em todas as campanhas medidas de

1972 a 2004. Em resumo, em caso de convergência e o voto dado ter sido para o candidato

com o maior número de pontos, assume-se então o voto correto.

As pesquisas sobre o voto correto fora do território americano são escassas, com

raras exceções voltadas para o trabalho de Walgrave et al. (2009), na Bélgica, e o trabalho

comparativo de eleições presidenciais de Lau e seus co-autores (2013) que é realizado em

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33 países, entre eles o Brasil. Esforços desse tipo são válidos uma vez que reforçam o novo

escopo analítico acerca da qualidade e legitimidade das democracias. Portanto, pesquisas

realizadas entre países com diferentes estruturas socioeconômicas, institucionais e culturais

robustecem o padrão do voto correto.

O trabalho de Walgrave et al. utilizou dados da Bélgica, país com problemas

institucionais históricos, sistema multipartidário e baixa identificação partidária.

Diferentemente dos Estados Unidos, o voto é obrigatório na Bélgica. Além disso, a Bélgica é

um emaranhado linguístico o que divide o país em duas regiões basicamente (Frandes, da

língua holandesa; Francófonas, da língua francesa). Esse cenário impõe indiscutivelmente

dificuldades para que os eleitores belgas alcancem o voto correto em contraste com o

cenário institucional dos eleitores norte-americanos.

Os resultados encontrados pelo autor corroboram essa dificuldade, sendo

diametralmente opostos dos achados de Lau e Redlawsk (2006) acerca dos Estados Unidos.

O voto dado na Bélgica é extremamente incorreto, apenas 26% do eleitorado vota

corretamente. Existe possivelmente um problema de mensuração do voto correto, no

entanto. Walgrave e os coautores calcularam a intenção de voto, capturado na véspera da

eleição, e não o voto dado propriamente. Essa medida pode superestimar o índice de voto

incorreto, uma vez que os eleitores tendem na reta final da eleição a mudar de opinião. Na

esteira dessa mudança de voto, os belgas podem alinhar-se corretamente com os seus

candidatos e dessa forma o trabalho de Walgrave não consegue computar o voto correto de

forma precisa.

Com um contorno mais otimista, ainda que o índice de voto correto seja baixo, Lau et

al.(2014) indicaram que 55% dos eleitores belgas votaram corretamente na eleição de 2003.

Os autores registraram o maior índice de voto correto na Romênia (89,9%), no Chile (89,5%)

e nos Estados Unidos (88,4%), enquanto os menores índices registrados são na Polônia

(44%) e na Holanda (50,3%). Ainda segundo Lau et al. (2014), o voto correto no Brasil é de

67% no primeiro turno e de 75,5% no segundo turno. Neste trabalho comparativo, os autores

também estão interessados nas causas do voto correto, assim eles criaram hipóteses para

atributos individuais e mecanismos institucionais.

Nesse sentido, Lau et al. (2014) assumem que a probabilidade do voto correto

aumenta quando os eleitores são mais sofisticados politicamente, são mais experientes e

mais motivados. Em outras palavras, os determinantes individuais do voto correto referem-se

a um somatório de habilidades: conhecimento, nível educacional, relevantes informações

armazenadas, familiaridade com as regras do jogo, a experiência de vivenciar eleições e,

finalmente, a vontade de fazer boas escolhas.

Ao que concerne os determinantes institucionais, o pressuposto é que alguns

arcabouços institucionais turvam as escolhas eleitorais e, assim, diminuem as chances do

voto correto. Os autores encontraram que o sistema político que promove o voto

personalista, e não o partidário, reduz a probabilidade do voto correto. Igualmente, o

aumento de alternativas eleitorais - alto número de partidos/candidatos como opção de voto -

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diminui a possibilidade do voto correto. Em contraste, os autores também encontraram que a

distinção ideológica entre esses partidos/candidatos ajuda a mitigar o efeito da quantidade

de alternativas eleitorais. Por fim, o aumento da previsão do voto correto é condicionado com

a disponibilidade de informação política. Quanto mais informações disponíveis, mais chances

do sujeito votar corretamente.

É possível extrair do conjunto desses trabalhos, em síntese, que as instituições

importam para o voto correto, assim como a informação política. Os primeiros trabalhos de

Lau e os seus colegas indicaram que a identificação partidária exerce nos Estados Unidos

uma força muito grande, independente do nível informativo dos eleitores, pois atuam como

atalhos cognitivos. Como chave para a teorização do voto correto, eleitores com baixo nível

de informação votam de forma similar daqueles totalmente informados. Usando heurísticas,

como o partido político, eleitores não precisam estar totalmente informados. Eles podem

tomar decisões sensatas e eficazes, mesmo com limitações informativas, usando atalhos

cognitivos. Lau e os seus colegas usaram a identificação partidária para apontar o caminho

do voto correto estadunidense.

Alguns estudiosos norte-americanos iniciaram o processo de especificar as possíveis

causas para o voto correto a partir de variáveis independentes relacionadas com a

comunicação interpessoal. Poucos estudos e totalmente restritos aos Estados Unidos

seguem essa abordagem. (Richey, 2008, McClurg & Sokhey, 2009; Ryan, 2009). Richey

(2008) concluiu que as discussões políticas com os líderes de opinião são significativas em

relação ao voto correto. McClurg e Sokhey (2009) confirmaram os primeiros trabalhos de

Lau, existe um predomínio da identificação partidária no ato de votar corretamente. Por fim,

Ryan (2011) concluiu que os eleitores sem vínculos partidários são os mais beneficiados

pelas conversas entre amigos, familiares e vizinhos. Uma vez que não existem laços

partidários desses eleitores, eles buscam outras fontes de informação. Nesse caso, os

canais informativos mais próximos e menos custosos. Eu voltarei a discutir esses trabalhos

no capítulo teórico sobre redes sociais, apresentando mais detalhes.

Algumas limitações acerca do conceito do voto correto surgem e ainda continuam sem

resposta. Por exemplo, a média do voto incorreto nas pesquisas de Lau e Redlawsk (1997;

2006; 2008) é em torno de 30%, índice que os autores defendem como um bom indicador

para a saúde da democracia. De qualquer forma, um terço do eleitorado norte-americano

vota incorretamente. Esse índice, de fato, não prejudica o bom funcionamento da

democracia? Os atalhos cognitivos não funcionam para essa parte do eleitorado? Lau e

Redlawsk não analisam as consequências desse comportamento, traduzido conceitualmente

como “ignorância política” (Bartels, 1996; Gilens, 2001). Ademais, os autores que tratam da

relação do voto correto com a interação social, não desagregam a variável redes sociais.

Como veremos no próximo capítulo, as redes sociais apresentam características

diversificadas e esses atributos devem ser testados de forma independente. O fato de não

desagregar as redes sociais pode estar subestimando o seu efeito sobre o voto correto. Na

literatura do voto correto algumas questões ainda são inconclusivas, como se percebe.

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Uma vez que já sabemos a definição conceitual do voto correto e que a ação de votar

corretamente é condicionada a certos ambientes institucionais e ao processo informativo,

cabe apontar aqui alguns entraves para alcançar o voto correto. No caso do Brasil e de

outros países da América Latina, em razão do histórico social e político, algumas limitações

são mais evidentes: 1) os eleitores variavelmente apresentam problemas na aquisição de

informação, com uma distribuição enviesada da informação; 2) o sistema político é

complexo, com fragmentação dos partidos e baixa identificação partidária; 3) em certas

campanhas não existem distinção entre as propostas dos candidatos. Quando não há

polarização entre as propostas torna-se mais difícil ao eleitor distinguir o que combina mais

com o seu interesse eleitoral; 4) os recursos de campanha não são distribuídos de maneira

equânime e, assim, certos candidatos têm mais chances de aparecer publicamente do que

outros. 5) as eleições são sempre povoadas por muitos candidatos, limitando a aquisição de

informações e consequentemente dificultando a decisão do voto.

Assim, proponho a substituição dos canais de informação institucionalizados pelos

canais informais. As conversas interpessoais sobre política funcionam como atalhos

informativos e cognitivos, substituindo os partidos políticos e outros mecanismos

institucionais. Essas interações sociais contribuem para a aquisição de informação devido ao

baixo custo, logo aumentam a probabilidade do voto correto no Brasil. Entretanto, os atalhos

informativos não devem ser vistos como uma panaceia. O acesso às fontes de informação

não é igualitário a todos os cidadãos, o que provoca desigualdade informacional e gera

entraves para as decisões de qualidade (Carpini e Keeter, 1996). Por este motivo, deve

existir uma diferença entre os mais informados e os menos informados em relação ao voto

correto.

Esse é um ponto importante a ser testado neste trabalho, dando ênfase ao fato que

informação política é importante para uma escolha política acertada, mas que o background

dos eleitores também importa. A premissa aqui colocada é que o acúmulo de informação

ajuda a melhorar a competência do cidadão, que passa a articular os interesses,

preferências e valores com a decisão do voto de forma mais transparente e direta. Essa

conexão entre voto e informação qualifica o resultado das eleições.

1.2.1 Avaliação da Competência Eleitoral

A explicação do voto correto deriva da evolução natural do debate teórico e empírico

acerca da competência política dos cidadãos. Isso porque a desconfiança sobre a

capacidade individual dos cidadãos é generalizada nas ciências sociais. Está presente, por

exemplo, no debate clássico entre a teoria democrática pluralista (Pateman, 1992; Dahl,

1997) e a teoria democrática elitista (Shumpeter, 1942). Enquanto os pluralistas advogam a

ampla participação popular, os elitistas defendem uma democracia procedimental, com o

mínimo de participação, devido ao baixo nível de cognição política por parte dos cidadãos.

Essa discussão normativa recebeu suporte das pesquisas empíricas. A agenda do

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empirismo, formulada a mais de meio século, amplamente aceita a ideia da qual os cidadãos

médios são inábeis politicamente e ambivalentes (Converse, 1964). Ao descrever a estrutura

ideológica e das crenças dos eleitores, Converse (1964) encontrou opiniões e atitudes

inconsistentes e incoerentes. A maioria do eleitorado não apresenta atenção e conhecimento

em relação à política, não sabem como o governo funciona e tampouco quem são os

agentes políticos. Somente uma minoria usa categorias ideológicas para avaliar os

candidatos, de forma que a identificação partidária é o único vínculo entre a massa e os

representantes. Ainda assim, essa conexão é formada na infância e por laços familiares; não

se trata de razões políticas (Campbell et al.,1960). Dada essa baixa sofisticação política, os

eleitores tornam-se dependentes das mensagens persuasivas da mídia de massa,

considerada fonte elitista (Zaller, 1992).

Ao longo dos anos, os pesquisadores buscaram explicações para responder a

seguinte contradição: se os eleitores são desinteressados e mal informados, o que pode

explicar as razoáveis tomadas de decisões e, portanto, o funcionamento da democracia? A

resposta a essa pergunta centra-se no debate sobre atalhos cognitivos e de informação

completa, sem ainda um consenso desses dois subcampos do comportamento político.

1.2.2 Atalhos Cognitivos e Informação Completa

Na esteira dessas colocações, uma nova geração de pesquisadores constituiu a

hipótese dos atalhos cognitivos para resgatar a democracia. Centrado no desempenho

cognitivo dos indivíduos e na necessidade de adquirir informação, os autores da Escola

Heurística defendem o uso dos atalhos informativos para compensar o baixo nível de

informação. Assim, os indivíduos empregam os atalhos informativos ou as heurísticas – de

forma passiva ou intencional - a fim de identificar as preferências e votar consistente como

se estivessem totalmente informados (Popkin, 1991; Lupia, 1994; Lau, 2003, Downs, 1957;

Mondak, 1993).

Nesse sentido, as heurísticas são estruturais formais ou informais de ordenamento

das incertezas do campo político por reduzirem o tempo e os esforços empreendidos na

aquisição da informação. As heurísticas são canais que ajudam os sujeitos a realizarem

julgamentos razoavelmente adequados. Teoricamente, portanto, as heurísticas são

derivações da psicologia política e da escolha racional. Entende-se que os atalhos são

esquemas cognitivos que organizam os pensamentos e ajudam o indivíduo a maximizar os

benefícios e diminuir o custo eleitoral.

Para o uso das heurísticas, a clássica formulação é relativa à identificação partidária.

O eleitor usa os rótulos partidários, conhecidos desde a infância, para se posicionar acerca

da decisão do voto e das políticas públicas (Campbell et al.,1960; Rahn, 1993). Por seu

turno, Popkin (1991) introduziu o conceito do “low-information rationality” que reforça a tese

de que não faz sentido para o indivíduo racional se aprofundar em detalhes da política. Com

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essa finalidade, os indivíduos utilizam os atalhos de representatividade, enquadramento da

informação e cálculos de atalhos. O primeiro permite comparações entre novas informações

com cenários e descrições já estabelecidos mentalmente. Por sua vez, o segundo

estabelece pontos de referência que funcionam como uma balança de novas informações,

baseada nos hábitos, atitudes e características próprias do indivíduo. Por último, o indivíduo

também é apto a realizar cálculos que ponderam quais informações são mais adequadas

para determinada decisão.

Sob o mesmo escopo, Lupia (1994) testa os grupos de interesse como atalhos

cognitivos eficazes. De acordo com os achados do autor, bastou que os eleitores soubessem

identificar a posição da indústria automobilística para que pudessem votar de acordo com os

seus objetivos, isto é, contrariamente às propostas da indústria. Não houve a necessidade do

conhecimento aprofundado de todas as propostas, mas sim de pedaços da mensagem mais

sensíveis aos valores desses indivíduos. A heurística da aparência ou traços dos candidatos

é vastamente utilizada pelos indivíduos. A imagem é um atributo bastante difundido,

sobretudo na era moderna, o que coloca essa heurística como uma das mais importantes e

acessíveis. Os resultados obtidos pelos estudiosos das heurísticas apontam para a eficiência

dessa estratégia na realização de votos consistentes com os interesses dos eleitores.

Ademais, atalhos são usados por todos os cidadãos, independente do nível de informação e

do interesse.

O papel dos atalhos cognitivos para o voto, embora demonstrado como relevante por

essas pesquisas empíricas, é colocado em dúvida por uma nova onda de pesquisas

(Kuklinski, Quirk, 2000; Bartels, 1996; Rennó, 2007; Jerit et al.,2006; Kuklinski et al.,2001;

Miller, 2009; Lau e Redlaswk, 2001; Althaus, 1998; Carpini e Keeter, 1996; Gilens, 2001;

Luskin, Fishkin e Jowell, 2002)1. Investigando empiricamente os impactos da ignorância

política sobre seis eleições americanas para presidente, Bartels (1996) simula o

comportamento de hipotéticos eleitores totalmente informados e compara com o voto dado.

Os resultados dessa pesquisa indicaram que as pessoas votariam diferente se fossem

totalmente informadas, assim a quantidade de informação processada pelos eleitores afeta

as decisões eleitorais. Mais especificamente, o partido Democrata e os candidatos a

reeleição seriam prejudicados caso os eleitores fossem mais bem informados.

Outrossim, Gilens (2001) investiga o efeito da falta de informação política específica,

combinando elementos metodológicos do “deliberative poll” e do “fully informed”. Os

resultados demonstraram que a falta de conhecimento específico é generalizada, mesmo

entre as pessoas bem informadas. Em particular, o autor argumenta que os eleitores teriam

atitudes e preferências políticas diferentes caso tivessem informações específicas sobre os

assuntos políticos. Da mesma forma, Luskin et al. (2002) apresentam evidências de que os

eleitores se comportam de forma diferente quando há novas informações disponíveis e

quando há oportunidade deles deliberarem politicamente.

Em um esforço de estender o entendimento sobre os trabalhos da ignorância

política, Althaus (1998) promoveu uma análise acerca da desigualdade distributiva da

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informação política sobre a opinião pública coletiva. Em outras palavras, a desigualdade em

termos de conhecimento político afeta coletivamente a atitude da sociedade. Althaus (1998)

descobriu que a sociedade americana aparenta ser mais progressista em determinados

assuntos e mais conservadora em outros assuntos. Quando, na verdade, esse cenário não

condiz com a realidade se todos os cidadãos fossem igualmente bem informados. Há um

viés ideológico sobre a percepção das preferências da sociedade (Althaus, 1998), assim

como existe desníveis informacionais entre os grupos sociais (Carpini e Keeter, 1996;

Rennó, 2006; 2007).

O primeiro problema e, talvez o mais importante, da falta de informação é o envio

dos cidadãos de mensagens contraditórias para os políticos e formuladores de políticas

públicas. Isso representa a possibilidade de implementações de políticas públicas em

desacordo com as prioridades dos cidadãos, afetando diretamente a qualidade da

democracia. Além disso, a desigualdade informacional afeta em larga medida aqueles

cidadãos historicamente discriminados: mulheres, negros e pobres. (Carpini e Keeter, 1996;

Rennó, 2007). Os indivíduos menos informados são também os menos hábeis de ter atitudes

e escolhas consistentes com as predisposições políticas (Carpini e Keeter, 1996, capítulo 6).

Examinando essa questão no Brasil, Turgeon e Rennó (2010) encontraram

resultados similares aos trabalhos estadunidenses, apontados acima. Dado que o indivíduo

recebe mais informações, as atitudes e as preferências políticas são estruturadas de forma

diferente. Por meio de um experimento, os autores encontraram que os cidadãos preferiram

menos impostos e uma redução nos gastos públicos quando receberam informações sobre

as despesas e as fontes de renda do governo federal.

Em síntese, esses estudiosos, que mantêm vínculos com a Escola Heurística,

argumentam que os eleitores precisam de um mínimo de conhecimento político para uma

tomada de decisão de qualidade, não obstante a eficácia dos atalhos cognitivos. Nesse

contexto, portanto, argumento que o recurso às heurísticas é insuficiente para os eleitores

menos informados emularem o comportamento com aqueles mais sofisticados politicamente.

O voto correto no Brasil segue uma lógica social, baseado nas interações individuais em

substituição a outros mecanismos institucionais. Não obstante, há uma diferença do voto

correto correlacionada com o nível de informação. Aqueles sujeitos com mais informação

votam corretamente mais do que outros com menos nível de informação política. Esse

argumento é uma derivação de um achado de Smith (2010): os mais beneficiados com as

discussões interpessoais são aqueles indivíduos mais sofisticados politicamente, logo a

comunicação interpessoal não atenua a desigualdade de informação e de conhecimento

entre os indivíduos.

Decerto, o voto correto articula-se com a informação e fatores institucionais. Sendo

assim, na próxima secção apontarei que ambientes institucionais distintos afetam de forma

diferente a aquisição de informação. Como resultado, o voto correto pode sofrer alteração de

acordo com as características das eleições.

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1.3 Voto Correto Proporcional

Lau et al. (2014) apontaram para alguns determinantes institucionais sobre o voto

correto, como visto anteriormente. O mais sintomático para a realidade das eleições

brasileiras proporcionais é a correlação entre o aumento de candidatos e a diminuição do

voto correto. A realidade das eleições proporcionais no Brasil expõe uma enormidade de

candidatos, com baixa exposição na mídia e, portanto, com fortes limitações para que os

eleitores adquirem informações e consequentemente dificultando a decisão do voto. Esse é

um forte indicativo de que o voto correto é mais fácil de que seja concretizada em eleições

majoritárias do que nas eleições proporcionais.

O objetivo aqui é analisar o voto correto proporcional a fim de avaliar se o eleitorado,

apesar dos obstáculos institucionais inerentes a esse contexto político, vota corretamente.

Com essa finalidade, eu introduzo nessa dissertação a noção do voto correto proporcional,

cujas perguntas centrais que norteiam essa parte do trabalho são as seguintes: os eleitores

brasileiros votam corretamente para deputado federal? Existe uma diferença do voto correto

entre as duas cidades analisadas, Caxias do Sul e Juiz de Fora? Quais são os determinantes

para o voto correto proporcional? O voto correto proporcional reforça o entendimento acerca

do bom funcionamento da democracia, mais especificamente sobre a qualidade e

legitimidade da democracia, pois amplia o conceito do voto correto estudado nos Estados

Unidos e restrito por ora as eleições presidenciais.

As eleições proporcionais no Brasil ocorrem em um cenário complexo, totalmente

distinto das eleições norte-americanas, onde o voto é binário. O ambiente político no Brasil

para as eleições proporcionais é tido como complexo em razão da quantidade de candidatos

concorrendo a uma cadeira e o alto número de partidos políticos, o que aumenta

significativamente os custos eleitorais e pode até induzir o eleitor à uma imobilidade política.

Ou seja, o eleitor pode não tomar nenhuma decisão quando o custo de se informar é muito

alto (Downs, 1957; Figueiredo, 2008). Dessa forma, as eleições para deputado federal no

Brasil é um cenário perfeito para estender a análise sobre a competência política dos

cidadãos por meio do voto correto.

Nesse caso, levo em consideração as diferenças dos sistemas políticos entre o

Brasil e os Estados Unidos, os contextos sociais e políticos e a informação disponível. No

Brasil, o voto é proporcional de lista aberta para os pleitos de deputados federais, estaduais

e vereadores. Cada estado brasileiro é um distrito e elege um número determinado de

representantes de acordo com a sua população, porém há demonstrações de defasagens a

esse ordenamento institucional (Turgeon e Cavalcante, 2014). Essa regra eleitoral possibilita

o aumento significativo de candidatos e estabelece o multipartidarismo. Nos Estados Unidos,

por outro lado, o voto é distrital simples. Assim, o estado é dividido em vários distritos e cada

distrito elege um deputado por maioria simples. Esse sistema é menos complexo, porém é

fortemente criticado por produzir baixa representação política (Nicolau, 2000).

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Em razão de um sistema político regido por regras díspares entre Brasil e Estados

Unidos, os contextos políticos também são diferentes. As regras eleitorais moldam os

contextos políticos e, assim, afetam também a disponibilidade de informações. Os Estados

Unidos apresentam um quadro eleitoral mais simples em comparação com o Brasil, uma vez

que as informações políticas são mais organizadas e a opção do voto é binária. Por outro

lado, a maior parte dos países da América Latina oferece um sistema eleitoral mais

complexo, sendo que inúmeros candidatos disputam votos em localidades específicas e a

clivagem partidária e ideológica é menor. Em eleições proporcionais os atalhos informativos

tendem a ser mais abstrusos, diminuindo assim a qualidade das informações.

A representação política, o último possível efeito nessa cadeia, também pode ser

afetada se o voto correto proporcional não se concretizar. Uma eleição com mais candidato,

não necessariamente produzirá uma política mais representativa, visto que o voto correto é

uma pré-condição para a representação e a responsividade política. Uma vez que as

eleições proporcionais no Brasil são realizadas em um ambiente complexo, com mais

candidatos e menos informação cristalina, o voto correto tende a ser mais difícil. A

informação passa a ser mais escassa e as opiniões contraditórias.

O Executivo e o Legislativo brasileiro são separados e independentes e,

principalmente, a base eleitoral é própria de cada instituição. Assim, é fundamental estudar o

voto correto de forma separada, tanto para as eleições presidenciais como para as eleições

de deputados federais. Diferentemente dos Estados Unidos, as eleições proporcionais

brasileiras ocorrem em Contextos Eleitorais Complexos (CECs).

1.3.1 Contextos Eleitorais Complexos (CECs)

O conceito de Contexto Eleitoral Complexo (CECs) foi introduzido por Rennó (2006;

2009) com o claro objetivo de analisar o impacto desses ambientes políticos, marcados pela

complexidade e competitividade eleitoral, sobre o comportamento político. As eleições

proporcionais brasileiras é um típico exemplo de um contexto eleitoral complexo devido as

suas regras institucionais, levando a crer que afeta a aquisição de informação e obviamente

a decisão do eleitor. Alguns estudos já trataram desse efeito sobre o fluxo informacional, mas

ainda sabemos muito pouco a respeito do impacto desses contextos sobre as decisões do

voto propriamente.

A discussão acerca da competência político dos cidadãos centra-se inicialmente na

capacidade cognitiva dos eleitores, inaugurando a visão do sujeito minimalista. O sujeito sob

essa condição apresenta baixa habilidade política e atitudes não estruturadas, dificultando a

tomada de uma decisão sensata (Converse, 1964). Em um passo à frente, Sniderman (2000)

condiciona a escolha do voto com as regras institucionais, deslocando o foco dos atributos

individuais dos cidadãos para as características institucionais das escolhas. Em outras

palavras, o autor argumenta que o sistema político norte-americano apresenta escolhas fixas

ao eleitor. A escolha do voto é dada pelas alternativas disponíveis, moldadas pelos partidos

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Republicano e Democrata, logo as opções são simplificadas, organizadas antecipadamente,

dicotômicas e mutuamente exclusivas. Esse cenário é um tanto esquemático, por isso o

próprio Sniderman propõe um estudo em países em que o sistema é multipartidário, as

instituições são um caos e com enfraquecimento ideológico (2000, p. 83).

Em um esforço nessa direção, Lau e Redlask (2001) constroem um experimento

para simular uma eleição primária com quatro candidatos. Os autores encontraram que o

maior número de candidatos diminui o nível informacional e aumenta a demanda por atalhos

cognitivos, dificultando assim a decisão do eleitor. Um contexto político com muitos

concorrentes dificulta a aprendizagem política, portanto. Da mesma forma, Lupia e

McCubbins (1998) observaram problemas quando o ambiente político não é

institucionalizado e quando há muitos concorrentes em uma disputa eleitoral. Em primeiro

lugar, a institucionalidade de um país produz partidos políticos fortes, de maneira que estes

se transformam em eficientes atalhos cognitivos ao produzirem rótulos partidários pelos

quais os cidadãos aprendem sobre a política. Em um segundo argumento, os autores

alegam que a competição eleitoral com muitos candidatos engendra uma carga excessiva de

informações disponíveis e esse fato também dificulta a ampliação do conhecimento político.

Como já mencionado anteriormente, o caso brasileiro é uma oportunidade autêntica

para estudos dessa natureza. Um dos principais componentes do Contexto Eleitoral

Complexo (CECs) é o alto índice de competição eleitoral em uma determinada localidade.

Conforme Rennó (2006), o brasileiro vive o “dilema do rico” a cada eleição para o legislativo,

ou seja, muitas opções de candidatos e apenas uma possível escolha a fazer. Em razão do

multipartidarismo e do sistema de representação proporcional de lista aberta (RPLA), as

eleições para deputado federal sempre apresentam uma enormidade de candidatos. Por

exemplo, nas eleições de 2002 houve em média por bairro entre 1 e 6 candidatos viáveis em

Caxias do Sul e entre 5 e 10 candidatos efetivos em Juiz de Fora (Rennó, 2004).

Ao estudar empiricamente o impacto da competição eleitoral sobre a aprendizagem

política no Brasil, Rennó (2006) apontou para uma perda da capacidade de obter

conhecimento político em cenários mais competitivos. Os resultados dessa análise

assinalaram para uma relação negativa do número de candidatos sobre o nível de

conhecimento do eleitor em relação à eleição da Câmara dos Deputados. Quanto mais

candidatos, mais informações estarão disponíveis e esse fato afeta negativamente o nível de

conhecimento dos indivíduos. Apesar desse resultado não ser estatisticamente significativo -

talvez porque o autor não abrangeu todas as entrevistas disponíveis na amostra -, existe um

indicativo que as eleições mais complexas têm impacto no nível de conhecimento dos

eleitores.

Em outra análise, Rennó (2004) encontrou resultados mais robustos. O autor

identificou que os ambientes políticos promovem oportunidade de aprendizado, assim como

o processo da campanha eleitoral. Contudo, esse efeito é condicionado ao número de

candidatos efetivos. Em um ambiente competitivo, com vários candidatos competindo em

uma localidade específica, é menor a capacidade do eleitor de aprender. Tal ambiente exige

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esforços cognitivos complexos que nem sempre são possíveis para certos eleitores.

Portanto, eleitores inseridos em ambientes complexos aprendem menos do que aqueles

expostos a ambientes mais simples.

Baseado nessas formulações, portanto, assume-se que os Contextos Eleitorais

Complexos (CECs) provocam mudanças na estratégia de aquisição da informação. Assim, o

papel dos atalhos cognitivos sofre alterações. Ao estudar o processo de informação e a

decisão eleitoral para as eleições legislativas, Rennó (2009) mostrou uma eficiência dos

atalhos informativos mesmo em CECs. O cidadão escolhe os candidatos baseado em

heurísticas como apreço, identificação partidária (em especial com o PT) e pelo fato do

candidato ser incumbente. Contudo, a intensidade do impacto é condicionada com o

contexto político. Em ambientes políticos mais institucionalizados, os atalhos partidários e de

apreço têm um efeito maior. Portanto, ambientes políticos distintos afetam de forma diferente

o uso dos atalhos cognitivos.

Ambientes políticos diferentes que impactam a disponibilidade da informação

indistintamente, também podem causar resultados diferentes para o voto correto. Nesse

sentido é que se faz importante uma análise do voto correto entre Caxias do Sul e Juiz de

fora, as duas cidades analisadas aqui. A política praticada em Juiz de Fora é personalista,

embasada na figura de políticos líderes e os partidos são institucionalmente fragilizados. Por

outro lado, a política de Caxias do Sul é fortemente estruturada por aspectos ideológicos.

Historicamente, o cenário político de Caxias do Sul é polarizado pelo PT e o PMDB. Assim,

acredita-se que a probabilidade do voto correto proporcional funcionar é maior em Caxias do

Sul do que em Juiz de Fora. Uma análise do voto correto a nível municipal e

comparativamente reforça a noção que diferentes ambientes políticos impactam na decisão

do voto indistintamente.

Os estudos discutidos até o momento analisaram o papel dos CECs para a aquisição

de informação e a aprendizagem política, não necessariamente para a decisão do voto. Ao

incluir o voto correto nesse escopo, pretendo avaliar como que os CECs – ambientes

políticos pouco institucionalizados, multipartidarismo e alto número de candidatos - afetam

uma decisão de qualidade dos eleitores. Há poucos estudos que concatenam as

características de um ambiente eleitoral competitivo com a decisão do voto. Psicólogos

sociais utilizando técnicas de pesquisa que mostram que as decisões são de baixa qualidade

quando os indivíduos enfrentam uma variedade grande de opções (Iyengar, Wells e

Schwartz, 2006; Iyengar e Kamenica, 2010). Esses estudos, entretanto, não tratam

diretamente do comportamento político, e sim de comportamentos psicológicos inseridos em

outros contextos sociais.

O campo político envolve estratégias específicas e pressupõe ações e pressões

diferentes de outros cenários. Nesse sentido, existe a necessidade de se analisar

exclusivamente o efeito da quantidade de opções disponíveis sobre as decisões políticas. Os

trabalhos dos quais tenho conhecimento é de Cunow (2014) e Lau et al. (2008), onde ambos

tratam exatamente do voto correto. Na pesquisa de Cunow, realizada no Brasil por meio de

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experimentos, o autor argumenta que o incremento de candidatos em disputa eleitoral não

melhora necessariamente a representação política. Isso porque o indivíduo tende a votar

incorretamente quando se confronta com o “dilema do rico”, isto é, quando existem muitos

candidatos concorrendo a uma única vaga. Por sua vez, Lau e seus coautores (2008)

encontraram que um grande número de proposições na cédula de votação pode distrair os

eleitores e diminuir em 11% a probabilidade do voto correto.

No entanto, o estudo em uma eleição real e com candidatos que efetivamente

estavam em disputa nunca foi realizado. As eleições presidenciais e para o legislativo dos

Estados Unidos não oportunizam essa possibilidade, em contraste com o sistema político do

Brasil, em especial as eleições para deputados federais.

A última pergunta acerca do voto correto proporcional é relativa aos seus

determinantes. Na linha do que já fora discutido para o voto correto presidencial, as causas

testadas sobre o voto correto proporcional são atinentes às interações sociais. Desagrega-se

a rede e o contexto social e testa-os de forma distinta sobre a decisão do voto para

deputados federais. Em resumo, há fortes evidências de que os CECs apresentam entraves

para a aquisição de informação e, consequentemente, para o voto correto proporcional.

1.4 Aprendizado Político

A aquisição de informação, segundo Converse, é o principal meio de estruturação

dos sistemas de crenças e ideologia (1964, p. 212). Nesse sentido, adquirir informação leva

ao acúmulo de conhecimento que, por sua vez, é um elemento importante para o voto

correto. Assim, colocam-se as seguintes questões: como os cidadãos aprendem sobre a

política? Particularmente, os atributos das redes sociais e do contexto social favorecem ou

prejudicam o aprendizado político? Essa parte da dissertação centra-se em explicar

exatamente os efeitos dos canais informativos sobre o aprendizado político.

De acordo com Druckman e Lupia (2000), as preferências políticas e as atitudes

formam-se das crenças e avaliações dos cidadãos, influenciadas pela a experiência,

percepção do mundo e a cognição. Esses mecanismos de formação de atitudes, por sua

vez, não são estanques ao longo da vida, pois o ganho informacional as modifica. Esse

dinamismo na formação das atitudes depende de fatores internos, como o armazenamento

de informação na memória, a atualização das preferências de acordo com as novas

informações recebidas (modelo on-line) ou, ainda, a combinação desses dois processos de

informação – o modelo híbrido (Kim e Garret, 2011; Hayes e Turgeon, 2010; Lau e

Redlawsk, 2006; Lodge, Steenbergen e Brau, 1995). Existe também uma dependência

relativa aos fatores externos, concebida a partir das interações individuais com o ambiente.

Portanto, o aprendizado político é influenciado por predisposições individuais e também pelo

ambiente em que os indivíduos estão localizados.

Muito claramente essa discussão quanto aos fatores externos que influenciam o

processamento de informação está ligado ao que Luskin (1990) chamou de oportunidade. O

autor considera que para o cidadão se tornar sofisticado é necessário encontrar certa

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quantidade de informação política, além, é claro, de estar motivado para consumir notícias e

ter habilidade suficiente de organizá-las e usá-las quando necessário (fatores internos).

Nessa perspectiva, o autor considera como oportunidade para o conhecimento a questão da

comunicação de massa e eletrônica, além do local de trabalho – especialmente, os trabalhos

envolvidos diretamente com política. O entendimento de Luskin (1990) para a variável

oportunidade é direcionado para o acesso da informação.

Usando o mesmo modelo “habilidade-motivação-oportunidade”, porém com

pequenas variações nos indicadores, Carpini e Keeter (1996) afirmam que o conhecimento

político está centrado na informação factual da política. A vertente oportunidade é

denominada por Carpini e Keeter (1996) como estrutural e compreende fatores como

educação formal, renda e ocupação, refletindo sobre a motivação em adquirir conhecimento.

Como se percebe, os autores utilizam a variável oportunidade voltada para aspectos

individuais, e não para uma concepção mais ampla da oportunidade quanto ao aprendizado

político.

O argumento formulado aqui, com base no modelo de Luskin (1990), é de que as

interações sociais são oportunidades para a troca de informação, de maneira que os

indivíduos aprendem sobre a política a partir dos contatos com os amigos, familiares e

vizinhos. As redes e os contextos sociais, dentro dessa visão, funcionam como canais de

informação, gerando aprendizado político. Mais especificamente, a variável oportunidade

refere-se às características das redes sociais e dos ambientes políticos em que os indivíduos

estão inseridos. Contudo, o incremento na aprendizagem política por meio da rede e do

contexto social é condicionado aos seus atributos. Diferentes atributos da rede e do contexto

social tendem a impactar o aprendizado político de forma diferente, estimulando ou

reduzindo as oportunidades de obter conhecimento.

O papel do meio social sobre o aprendizado político foi negligenciado até pouco

tempo atrás, quando Smith (2010) testou os efeitos das interações sociais usando como

variáveis preditoras a frequências das conversas e o tamanho da rede social. A autora

descobriu que manter uma constância nas conversas pessoais importa mais do que ter uma

extensa rede social. Falta, entretanto, testar outros atributos das interações sociais sobre o

conhecimento político, algo que proponho nesse espaço. Na mesma linha da discussão

anterior sobre o voto correto, é necessário separar as medidas de redes sociais e do

contexto político e depois tratar de forma distinta os atributos dessas duas variáveis. O foco

da literatura definitivamente não é as interações sociais, tampouco os seus atributos, e sim

questões voltadas para a educação formal e a comunicação de massa.

A literatura despende grande energia para explicar os efeitos dos fatores internos e

das mídias sobre o aprendizado político. (Carpini e Keeter, 1996; Jerit et al., 2006; Fournier,

1997). Por exemplo, Carpini e Keeter (1996) afirmam que existe um efeito causal entre

educação e o conhecimento político, pois os anos de estudo aumentam a motivação para

aprender novas questões, desenvolvem habilidades políticas e promovem mais oportunidade

de socialização e de aprendizagem. Em contrapartida, Luskin (1990) encontrou que a

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educação formal não contribui para aumentar a sofisticação política. O interesse político e a

inteligência sofrem efeitos da educação formal, no entanto. Segundo Highton (2009), o efeito

da educação sobre o conhecimento político é espúrio, uma vez que não existe um controle

sobre os determinantes que estão antes dos indivíduos entrarem na escola ou universidade.

Propondo controlar esse efeito pelo histórico da família, engajamento político e a sofisticação

antes da entrada na escola e universidade, Highton (2009) encontrou que o efeito da

educação é reduzido quando esses novos elementos são introduzidos.

A respeito do papel da comunicação de massa sobre o conhecimento político, a

literatura apresenta resultados conflitantes. Esse fato ocorre, muito provavelmente, pelas

várias maneiras das quais a variável de conhecimento é tratada. Dados de survey

demonstram correlação inexistente entre mídia e conhecimento (Mondak, 1995). Em

compensação, as análises de experimento apresentam resultados robustos no sentido de

que atenção à mídia afeta o conhecimento político (Gaines et al., 2007). Uma maneira

alternativa para analisar essa associação faz-se ao introduzir a cobertura da mídia nas

análises. Nesse aspecto, Jerit et al.(2006) relatam que quanto maior o nível de cobertura

midiática, maior o impacto sobre o conhecimento. Contudo, esse ganho informacional é

maior entre os mais instruídos. Baseado nesses trabalhos sobre mídia há o entendimento

que os fatores socioeconômicos são os principais determinantes para o aprendizado político.

Essa visão transcorre, de acordo com Barabas e Jerit (2009), porque esses

trabalhos apresentam limitações e não evitam alguns possíveis problemas metodológicos –

baixa confiabilidade nas perguntas, erro de mensuração e variável omitida. Assim, os autores

propõem a inclusão de medidas de conteúdo: volume, amplitude e destaque das notícias,

além de extensas variáveis de controle. O resultado encontrado aponta que não somente o

volume da cobertura, mas também a amplitude e o destaque das notícias apresentam alto

coeficiente explicativo. Mais importante é que essa tríade demonstra mais força do que os

fatores socioeconômicos e as características demográficas.

Os debates políticos, como extensão da campanha política, enfocam também em

aspectos da obtenção de informação dos candidatos. De forma geral, os debates políticos

importam para o conhecimento político, segundo os estudos estadunidenses assinalados a

seguir. Analisando os debates políticos de 1976 a 1996, Holbrook (1999) aponta para duas

nuances: 1) para a aquisição de informação, o primeiro debate sempre é o mais importante;

2) os eleitores absorvem informações mais dos candidatos menos conhecidos do que

daqueles candidatos com altos índices de conhecimento. Contudo, os mais beneficiados com

os debates políticos são aqueles sujeitos já com bom grau de conhecimento. Essas pessoas

estão mais expostas a informação, uma vez que são mais interessadas e engajadas na

política (Zaller, 1992). Por meio de um experimento, Druckman (2003) testa uma velha

compreensão popular na qual Kennedy no debate contra Nixon foi favorecido pela sua

performance (imagem) e, por isso, ganhou a eleição de 1960 que marcou o primeiro debate

presidencial televisado. O resultado desse trabalho sugere que a imagem realmente

importou para o aprendizado político e, portanto, Kennedy pode ter sido beneficiado naquele

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debate presidencial.

Como demonstrado por essa rápida visita a literatura sobre conhecimento político, é

evidente a lacuna teórica voltada para as interações sociais. O trabalho de Smith (2010) não

aborda todos os possíveis atributos das redes sociais, algo que se mostra imprescindível de

acordo com a ideia de que o mínimo de informação é necessário para o indivíduo votar

corretamente. A discussão conceitual da rede e contexto social será vista no próximo

capítulo, apresentando os atributos dessas variáveis e os seus efeitos empíricos sobre o

comportamento político já examinados.

2. A lógica social para o comportamento político

As trocas de informações e de experiências, as deliberações políticas e as

interações sociais modelam as escolhas e as decisões políticas dos indivíduos. O conjunto

dessas ações pode ser visto explicitamente durante o processo eleitoral, assim a eleição

segue por uma lógica social. Se a eleição é indispensável para a democracia e a escolha do

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voto depende, de certa maneira, das redes sociais, pode-se dizer que a democracia é

ancorada igualmente na lógica social (Dahl, 1989; Riker, 1982).

As eleições se enquadram nessa lógica social também por outra característica

elementar da sua própria dinâmica: a persuasão política. As pessoas tentam se influenciar

mutuamente para fazer algo que elas gostariam, demonstrando poder e liderança (Dahl,

1957; McClurg 2010). Para esses casos, a regra é que os indivíduos mais interessados

exerçam uma grande influência sobre outras pessoas menos interessadas (Lazarsfeld e

Sprague, 1995). A questão chave dessa dissertação, aqui dito novamente para reforçar, é se

as relações interdependentes restringem ou ampliam as chances do cidadão de fazer

escolhas eleitorais esclarecidas, que vão ao encontro das preferências políticas e

ideológicas?

O capítulo anterior dedicou-se a explicar as variáveis dependentes dessa dissertação

– voto correto presidencial, proporcional e o aprendizado político. Este capítulo destaca as

variáveis independentes - redes e contexto social - e revisa a literatura existente a fim de

propor uma nova formulação dos efeitos das interações sociais sobre o voto correto e o

aprendizado político. O propósito desse capítulo é, em primeiro lugar, apontar a origem e

conceituar redes sociais com a finalidade de estabelecer uma divisão entre redes e contexto

social. O segundo passo é mostrar os mecanismos ou os atributos das redes e dos contextos

sociais que afetam o comportamento político. A terceira secção analisa as variáveis afetadas

por tais mecanismos: participação, tolerância, informação política, comparecimento às urnas

e o voto correto. Por fim, apresento alguns estudos sobre esse tema fora do território norte-

americano. Ao passo que certas contradições empíricas despontam, o argumento que visa

desagregar a lógica social ganha fôlego próprio.

Por exemplo, os estudos mostram que a deliberação política aumenta a tolerância, a

sofisticação política, o conhecimento e a participação política (Mutz, 2002a; Ames e Smith,

2010; Delli Carpini e Keeter, 1996; Klofstad, 2007 e 2009). Em contrapartida, outros estudos

empíricos demonstram que redes sociais aumentam as chances de ambivalência e

consequentemente diminui a participação política (Mutz 2002b; Mutz 2006). As conclusões

divergentes para a mesma unidade de análise – influência social - pode ser originada pela

forma com que os pesquisadores mensuram esta variável. Por isso, direciono esforços para

analisar não somente a variável da interação social de forma agregada.

2.1 Origem e Estrutura das Redes Sociais e do Contexto Social

A raiz das pesquisas sobre redes sociais é multidisciplinar, sendo que surgiu a partir

da psicologia social, sociologia, antropologia, estatística e teoria dos grafos. O

psicoterapeuta Jacob Moreno desenvolveu de forma pioneira a técnica de sociogramas,

representada por gráficos e diagramas, para entender as relações interpessoais e o bem-

estar. Essa técnica, ainda na década de 30, permitiu visualizar a formação social das

pessoas e identificar líderes e indivíduos isolados (Scott, 2012; Borgatti et al., 2009; Lazer,

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2011). Na década de 70, um grupo de Harvard se formou sob o comando do sociólogo

Harrison White, cuja principal contribuição foi introduzir modelos matemáticos nos estudos de

redes sociais. Essa nova estratégia metodológica, adicionada ao desenvolvimento de

programas computacionais, possibilitou avançar sobre os estudos da psicologia que eram

limitados para interações de nível micro. A escola de Harvard articulou análises de nível

micro com padrões de comportamento de nível macro (Scott, 2012; Lazer, 2011, Prell,

2012)2.

Inspirado nessa nova proposição, Mark Granovetter lançou um dos mais

proeminentes artigos desse campo, “The Strenght of Weak Ties”. Esse artigo popularizou os

estudos de redes sociais ao combinar aspectos da sociologia e da economia. Granovetter

(1973) advogou que as relações sociais (nível micro) apresentam uma eficácia para a

difusão da informação e das oportunidades, de modo que têm impactos para os resultados

econômicos como emprego e produtividade (nível macro). O argumento central defende que

as informações mais novas e diferentes estão disponíveis com aqueles contatos menos

frequentes, cuja relação não é direta. Para adquirir novas informações sobre oportunidade de

emprego, as principais fontes são os chamados conhecidos – os amigos dos amigos –

porque as relações não são coesas e a informação não é redundante. Na estrutura de redes,

os laços fracos são o fenômeno mais importante, pois conectam os diferentes grupos sociais

(Granovetter, 1973).

Em 1983, Granovetter revisitou os argumentos de dez anos antes, apontando o

avanço empírico e conceitual em torno da tese dos laços fracos. Apesar de importantes

progressos, o autor (1983) considerou que ainda faltavam subsídios empíricos para

confirmar a sua proposição.

Essas implicações mais robustas surgiram com o trabalho de Burt (1992) –

obviamente não somente este - no qual ele usa a competição empresarial e a metáfora do

capital social, sob a influência direta de James Coleman (1988), para construir a própria tese

chamada “buracos estruturais”. O maior mérito de Burt foi, talvez, ter inserido o conceito de

redes no arcabouço competitivo das empresas, criando uma rede social de negócios. Assim

como a teoria de laços fracos, a noção de buracos estruturais indica que as redes sociais

podem promover vantagem para o indivíduo melhor posicionado. Ou seja, esse novo modelo

de estrutura de rede é uma oportunidade em termos de acesso e controle à informação. Mais

especificamente, os buracos estruturais significam lacunas (holes) entre dois indivíduos

centrais (egos) e a existência de um terceiro indivíduo central (ego) que conecta esses dois

primeiros, sendo que os recursos, atributos e a informação não são redundantes entre eles.

Nesse caso, esse terceiro indivíduo acumula mais vantagens porque a sua rede é maior e os

contatos pessoais são mais diversos, o que facilita a aquisição de mais oportunidades e

volume de informação. Essa pessoa é conhecida como o intermediário (broker). Há outra

semelhança entre Burt e Granovetter, para ambos as redes sociais muito densas não são

eficientes por produzirem informações redundantes.

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A despeito dessas semelhanças, há uma distinção central nos conceitos de laços

fracos e buracos estruturais. Segundo Burt, para o conceito de buracos estruturais não

importa se a pessoa intermediária (broker) mantém laços fortes ou fracos com os contatos, e

sim se o intermediário é uma ponte que liga aos diferentes subgrupos. Para Burt, o

fenômeno de difusão de oportunidades ocorre independente do nível de intensidade das

relações interpessoais. Nota-se, nesse sentido, que Burt amplia a perspectiva de redes

sociais, pois substitui a importância de laços fracos por sujeitos com interações

complementares ou não redundantes (1992, p. 75).

Os trabalhos de Granovetter (1973; 1983) e Burt (1992) essencialmente mostraram

uma tendência de desdobrar o conceito de redes sociais, assinalando que as relações

interdependentes podem ser diretas ou indiretas. Ao distinguir a estrutura das redes sociais,

os autores estão na verdade preocupados com a oportunidade das pessoas de obterem

informação. Em suma, esses estudos são os primeiros a apontar que as relações

interdependentes não são exclusivamente fontes de informação, mas também canais de

transmissão da informação. Os tipos de relações sociais condicionam esse fluxo de

informação. Dado esse panorama inicial, pode-se definir os conceitos de redes e contextos

sociais para demonstrar as suas diferenças e consequentemente a importância de inclui-los

no modelo de forma separada.

As redes sociais são um conjunto de pessoas ou organizações (nodes) ligadas por

um conjunto de laços (ties). Outra definição de redes sociais, esta mais ampliada, é

imaginada pela figura central (ego) e por outras pessoas que estão ligadas diretamente com

esta figura central (alters) (Knoke e Yang, 2008). A combinação entre os nós (nodes e egos)

e os laços (ties e alters) forma as relações interpessoais. O mecanismo da relação pode ser

direto (um ator é o emissor e ou outro é o receptor) ou indireto (relações recíprocas sem um

ordenamento), determinando as variações no comportamento dos indivíduos (Wald et al.,

2011; Easley e Kleinberg, 2010; Butts, 2009). Em contrapartida, contexto compreende um

espaço geográfico (Huckfeldt e Sprague, 1995) ou uma estrutura institucional, sistema

político ou organização política (Lupia e McCubbins, 1998). O contexto social é uma

estrutura que transcende as relações interdependentes dos indivíduos.

Os estudiosos raramente separam esses dois conceitos, porém essa separação

abriu portas para investigações de alta complexidade e de multi-nível que integram os

cidadãos em seus vários ambientes de informação (Sokhey e Djupe, 2011, p. 55). As redes

não são uma tradução direta dos contextos, embora estejam intimamente conectadas.

Huckfeldt e Sprague (1995) afirmam que as redes são formadas pelas interações sociais

entre os indivíduos que, por sua vez, estão localizados dentro de ambientes particulares. As

características dos contextos sociais, políticos, tempo e espacial - podem ter impacto na

formação das redes sociais, oferecendo oportunidades ou restrições de interações

(Huckfeldt, 2007; Huckfeldt, 1983). Como consequência, a disponibilidade de informação

também sofre alterações.

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Na perspectiva da distribuição sistemática da informação e no impacto do nível de

aprendizado, Huckfeldt e Sprague apontaram para o papel dos “fatores extraindividuais”

(1995, p.10). Especificamente, os autores olharam para os efeitos dos ambientes em que os

indivíduos estão inseridos. Esse ponto de vista propõe que não somente as relações

interdependentes condicionam o nível de informação das pessoas, mas também o contexto

político. Como o comportamento humano é ligado intrinsicamente a informação obtida, as

distintas estruturas de redes dos contextos sociais afetam de forma diferente o

comportamento político.

Os estudos sobre contexto são frequentemente análises desprovidas de detalhes

conceituais da rede social e vice-versa. No entanto, os contextos sociais, políticos ou

espaciais moldam a composição das redes sociais. Nesse sentido, argumento três pontos

principais: 1) estudos de comportamento político, mais especificamente sobre voto correto,

falham quando não incorporam esses dois conceitos nas análises; 2) a exemplo do que

Granovetter e Burt fizeram, é necessário incluir nas análises os diferentes atributos que

compõem as redes sociais; 3) Esse mesmo critério deve ser usado para a variável de

contexto político. Esse enfoque teórico é necessariamente relacional.

2.2 Os atributos de Redes e Contexto Social

A discussão anterior, em especial de Granovetter e Burt, aponta alguns mecanismos

das redes sociais, como laços fortes e fracos e interações complementares ou não

redundantes. Existem outros mecanismos, explorados, sobretudo no campo da ciência

política, a fim de examinar o comportamento dos indivíduos.

Um importante atributo das redes sociais é o de conflito (disagreement), determinado

pelas interações interpessoais com base em opiniões conflitantes. Outro atributo é o de

heterogeneidade, cujas características são parecidas com a noção de laços fracos. Nesse

campo existe uma diversidade de informações, sem necessariamente o conflito de opiniões.

Baseado na teoria da escolha racional (Downs, 1957), estudos mais recentes apontam para

o papel dos especialistas como importantes canais informativos (Ahn et al.,2009; Huckfeldt,

2001). Outros atributos das redes sociais dizem respeito à frequência das conversas entre os

parceiros sociais e o tamanho da rede (Smith, 2010).

Existe, contudo, pelo menos duas visões quanto ao estado de conflito no âmbito das

interações sociais. Mutz e Manin (2001) assinalam que existe baixo conflito nas sociedades

contemporâneas porque a tendência dos cidadãos é cultivar relações homogêneas, evitando

a exposição de opiniões conflituosas e a desarmonia nos relacionamentos. Assim, o nível de

deliberação nas sociedades contemporâneas é decrescente (Mutz, 2006; Putnam, 2000).

Consequentemente, a comunicação de massa3 assume o papel de conectar os cidadãos

com as visões mais amplas acerca das questões públicas da sociedade, aumentando a

responsividade sobre os agentes políticos. As relações interpessoais têm uma influência

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paroquial e uniforme, enquanto a mídia fornece informações mais estruturadas e com

distintos pontos de vista, embora muitas vezes enviesadas (Mutz, 1998).

Em contraste com essa afirmação, estudos afirmam que a própria dinâmica eleitoral

e a estrutura social geram conflito, de maneira que somente poucos indivíduos podem viver

em ambientes homogêneos e protegidos das opiniões divergentes. A diversidade é

resultante do sistema complexo e uma condição sustentável em um longo prazo, persistindo

mesmo entre os parceiros que são próximos (Huckfeldt et al., 2002, 2004a, 2005; Johnson e

Kuckfeldt, 2005). A interação entre indivíduos de opiniões divergentes é inerente à

democracia e ao convívio social, pois não é possível ter controle irrestrito sobre o fluxo

informacional e dos parceiros sociais (Huckfeldt e Sprague, 1995).

Uma rápida excursão pela literatura demonstra que as deliberações públicas ou

interações sociais são uma faca de dois gumes. As conclusões são divergentes, obrigando

os estudiosos a se debruçarem detalhadamente sobre esta questão. Para resolver esse

quebra-cabeça, os estudiosos sugeriram desagregar as redes sociais. Contudo, não há

ainda uma padronização no uso das terminologias e dos métodos utilizados.

A hipótese de “cross-pressure” é a primeira tentativa de explicar os efeitos de um

ambiente inconsistente e conflituoso (Lazarsfeld et al., 1948, cap. 6; Berelson et al., 1954,

cap. 7), porém é um atributo agregado. Nir (2005) recategoriza o conceito de “cross-

pressure” como uma estrutura ambivalente, calculada separadamente pelo nível individual e

pelo nível estrutural da rede social. O objetivo é jogar luz sob os efeitos internos e externos

dessa variável. O nível individual de ambivalência é calculado por um conjunto de medidas

que captura as atitudes e as opiniões (intensidade e disparidade) intraindivíduo. Já o nível

estrutural de ambivalência tem um caráter macro e é medido pelo grau de percepção dos

principais respondentes acerca dos conflitos de opiniões com os parceiros sociais.

Em outro momento, Nir (2011) propõe distinguir o efeito de “cross-pressure” entre

concorrência e oposição levando em consideração três grupos dentro das redes sociais:

apoiadores, opositores e um terceiro grupo combinado entre apoiadores e opositores. A

noção de concorrência refere-se a uma combinação de opiniões divergentes (apoiadores e

opositores na mesma rede social). Já a terminologia oposição denota um conflito entre a

preferência do entrevistado principal (ego) e todos os outros debatedores de uma

determinada rede (alters).

Na mesma linha de argumentação, Brader et al.(2014) apresenta uma nova

abordagem de mensuração de “cross-pressure”. Os autores constroem uma medida de

pressão cruzada entre o apreço partidário e a identificação do indivíduo com diferentes

grupos sociais e testam em um sistema multipartidário. Um indivíduo pertence

frequentemente a diferentes grupos sociais (Lazarsfeld et al. 1948; Brader et al., 2014), por

isso ele recebe naturalmente pressões diversificadas que afetam o comportamento político.

Por sua vez, Eveland et al.(2009) separa o conceito de heterogeneidade em três

partes: “discussões perigosas”, “discussões seguras” e “diversidade das discussões”. A

primeira ocorre quando o indivíduo dialoga politicamente com outras pessoas de opiniões

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diferentes, enquanto a segunda acontece quando, ao contrário, o indivíduo e os seus

parceiros sociais possuem opiniões similares. A diversidade de discussões é composta por

uma combinação de discussões seguras e perigosas.

No caso brasileiro de um sistema partidário fragmentado, Baker et al. (2006)

trabalham com os indicadores de conflito e de heterogeneidade para as categorias de redes

sociais e bairro, reafirmando que esses mecanismos são fenômenos distintos. Esse dado

reitera o potencial de influência social em novas democracias, além de apontar

consequências reais para a mudança da intenção de voto durante a campanha eleitoral.

O conjunto desses estudos, em suma, chega a implicações parecidas: a forma de

desagregar as redes sociais produz diferentes atitudes. As discussões e deliberações

políticas apresentam diferentes aspectos sociais e estruturais, de maneira que essa distinção

determina, conceitualmente e metodologicamente, os efeitos sobre o comportamento

político. Ademais, esses estudos corroboram com a estratégia de adotar multi-níveis para

redes sociais acerca do voto correto.

Adoto, doravante, com base nesses estudos mencionados acima, dois atributos para

redes e contextos sociais: diversidade e conflito de opiniões. Por diversidade, entende-se um

ambiente divergente em termos de opinião, sem necessariamente apresentar conflito. Já

conflito representa visões e opiniões diferentes, em lados opostos. Metodologicamente, o

ponto de partida da variável diversidade é a opinião de todos os membros da rede social.

Calcula-se a quantidade de candidatos endossados pelos diversos integrantes da rede

social. A variável conflito é construída a partir das opiniões entre o principal ator (ego) e os

outros indivíduos da mesma rede social (alters). Diversidade, por exemplo, é

conceitualmente próxima do termo concorrência (Nir, 2011) ou de heterogeneidade (Baker et

al.,2006). Já conflito é, conceitualmente, semelhante a formulação de discussões perigosas

(Eveland., 2009).

A respeito do contexto social, adoto também as mesmas medidas: desagrego o

contexto, mensurado por bairro, em termos de diversidade e conflito de opiniões. A lógica

metodológica é semelhante, usa-se a quantidade de candidatos apoiados no bairro para

obter-se a variável diversidade por bairro e compara-se a intenção de voto do principal

respondente (ego) com os demais moradores do bairro para medir a variável conflito por

bairro.

Os contextos sociais desempenham um relevante papel em explicar o

comportamento dos cidadãos. Até o final da década de 1980, muitos trabalhos surgiram com

base nesse raciocínio. Putnam (1966) sugere que a comunidade, então intermediada pela

socialização dos membros de grupos, modela as atitudes para a identificação partidária. Do

mesmo modo, Huckfeldt (1979) encontra evidências de participação política através do

bairro, outra medida de contexto social. Usando medidas de comunidade e de bairro,

McKuen e Brown (1987) descobrem implicações robustas sobre a mudança de intenção de

voto. O impacto do contexto opera através de uma “comunicação quente” entre vizinhos e

amigos.

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Embora esses resultados tenham fortes evidências, a literatura recente confere

pouca atenção ao impacto do contexto social. Ao analisar os motivos do declínio dos níveis

de participação, confiança e cooperação na sociedade estadunidense, Putnam (2000) aponta

para a expansão urbana e a falta de socialização nos bairros uma das possíveis causas. Por

trás dessa visão se encontra o entendimento que os cidadãos são átomos isolados. O

avanço tecnológico e das comunicações, principalmente o advento da internet, reforçaram a

impressão de falta de conectividade social entre as pessoas. Ademais, existe a sensação de

insegurança que inibe as relações sociais e a realidade de migração habitacional na qual os

indivíduos moram cada vez mais longe do centro das cidades devido ao alto custo.

Há duas visões, uma corrente que imagina os indivíduos isolados socialmente e

outra visão da qual o comportamento dos indivíduos é influenciado pelo ambiente social ou

espaço geográfico em que vivem. Usando dados da década de 1980, quando muitos desses

fenômenos apontados por Putnam ainda eram embrionários, McClurg e BayBeck (2005)

reavaliam as consequências do contexto social para o comportamento político. Os resultados

vão ao encontro da corrente que argumenta positivamente para o efeito geográfico sobre as

atitudes humanas.

Igualmente, Baker et al. (2006) testam a ideia de contexto, desagregada entre

conflito e heterogeneidade, e medida por bairro, para a volatilidade eleitoral. Os resultados

apontaram que as discussões de conflito e a heterogeneidade dentro dos bairros

aumentaram a probabilidade de volatilidade do voto. Uso emprestado essa formulação do

contexto social em dois níveis, medido pelo bairro em que as pessoas vivem, para saber se o

indivíduo é impactado ao tentar conectar suas preferências políticas e ideológicas com a

decisão do voto. Ou seja, se o contexto social impacta de alguma forma no voto correto.

Com base nessas premissas conceituais que envolvem os atributos de rede e

contexto social, acredita-se que o ambiente com diversidade aumenta a probabilidade do

voto correto. O atributo de diversidade, tanto para rede como o contexto social, reflete uma

variedade de informações não redundante, gerando mais deliberação pública e diálogo entre

os indivíduos. Em contraste, o atributo de conflito para rede e contexto social deve engendrar

uma associação negativa com o voto correto, uma vez que esse atributo inibe as conversas

interpessoais e produz dúvidas e ambivalências. Dentro de um ambiente de conflito torna-se

mais difícil conectar o voto com as preferências e os valores políticos.

2.3 Os Impactos dos atributos de Redes e Contexto Social

Decerto, os mecanismos das redes e dos contextos sociais são utilizados pelos

estudiosos com a finalidade de determinar empiricamente os seus efeitos sobre aspectos do

comportamento político. Como já dito, os resultados comumente são contraditórios, gerando

muita confusão e dúvidas normativas e metodológicas. Dividi a discussão dos trabalhos

empíricos pelas variáveis dependentes mais comuns nos estudos dessa literatura:

participação política, informação e conhecimento, comparecimento às urnas e voto correto.

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São as discussões mais ricas e, ao mesmo tempo, particularmente, informação e voto

correto interessa diretamente para esse trabalho.

2.3.1 Tolerância e Participação Política

Sob a terminologia de “cross-cutting4”, Mutz (2002a) encontra que a exposição a

pontos de vista dissimilares impacta na aceitação e legitimidade de opiniões dissonantes e

consequentemente aumenta a tolerância política. O ambiente de trabalho é o local no qual as

opiniões de conflito mais prosperam (Mutz e Mondak, 2006; Huckfeldt e Sprague, 1995). As

pessoas geralmente não escolhem aonde irão trabalhar, tampouco escolhem os colegas de

trabalho e passam o maior tempo de suas vidas trabalhando. Esses fatores provocam alta

oportunidade de encontrar opiniões conflitantes. Nesse sentido, o local de trabalho pode ser

um território fértil para a tolerância política (Mutz e Mondak, 2006).

Essa exposição de visões contraditórias e opiniões conflitantes, por outro lado, gera

ambivalência e ansiedade, dois componentes psicológicos que são prejudiciais para a

participação político (Mutz, 2002b). Esses achados sugerem que o atributo de conflito pode

aumentar a deliberação pública, mas não a participação, portanto, são resultados

contraditórios do ponto de vista da teoria deliberativa.

Como resolver esse dilema então? Considerado um componente explicativo para

medir a qualidade cívica da sociedade, a participação política foi inicialmente pesquisada por

aspectos individuais. A educação e o status socioeconômico são historicamente a referência

mais comum para os estudos sobre participação (Milbrath, 1965). Aos poucos, as

características individuais foram combinadas com a noção do contexto social. Huckfeldt

(1979) afirmou, de forma pioneira, que viver em um bairro cercado por vizinhos de alta

posição social encoraja a participação política. Conforme demonstra Campbell (2013),

propriedades individuais que explicam a participação, como a educação, religião,

conhecimento político e até mesmo o senso de dever cívico, seguem por uma lógica social.

Na moderna literatura, há evidências claras da articulação entre as características

individuais e a dimensão social para explicar o nível de participação (Lake e Huckfeldt, 1998;

Klofstad 2007, 2009; McClurg, 2003, 2006, Nickerson, 2008). Klofstad (2007; 2009) assegura

que os estudantes que discutem civicamente e sobre assuntos atuais com os companheiros

de quarto são recrutados mais facilmente a participarem de atividades cívicas. Contudo, essa

possibilidade é mitigada por falta de predisposições individuais de interesse e experiência em

engajamento cívico. Da mesma forma, McClurg (2003) encontra que as interações sociais

influenciam a participação acima das características individuais. Entre dois indivíduos com o

mesmo perfil socioeconômico (baixa educação, renda e fraco interesse político), participa da

política aquele com maior interação social. Deste modo, a participação política está

condicionada com a quantidade de interações sociais de cada sujeito.

Esses trabalhos versam sobre a composição social, cuja importância já foi

mencionada anteriormente. Para a participação política, Klofstad (2007) e Mutz (2002b)

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encontraram resultados díspares, como visto na discussão acima. De forma implícita,

Klofstad (2007; 2009) considera em sua análise apenas o ambiente social imediato, o que

seria então os laços fortes. Os estudantes da mesma universidade são similares em

múltiplos aspectos, gerando uma homogeneidade na estrutura de opiniões e atitudes. Por

outro lado, Mutz (2002b) investiga o local de trabalho, um ambiente heterogêneo e

normalmente formado por opiniões de conflito. Para explicar esses resultados, deve-se levar

em consideração a composição social em primeiro lugar. O ambiente de dormitório, usado

por Klofstad (2007), tende a ser homogêneo, enquanto Mutz (2002b) investiga o local de

trabalho, um ambiente heterogêneo e normalmente formado por opiniões de conflito.

Adicionalmente, essa discrepância dos resultados do contexto social sobre a

participação política recebe outra explicação, de caráter mais metodológico, e centrada

especialmente nas obras de Mutz (2006) e Huckfeldt et al (2004). Segundo Klofstad et

al.(2013) diferentes medidas do atributo de conflito apresentam distintos efeitos. O

argumento central refere-se ao problema de mensuração do atributo de conflito, além de

problemas sobre viés de seleção, causa espúria e endogeneidade. Os autores apontaram

que Huckfeldt e seus coautores optam na obra “Political Disagreement” por mensurar o

atributo de conflito pelo grau de discordância da preferência eleitoral entre o principal

respondente (ego) e os demais membros da rede social (alters). Com uma abordagem

diferente, Mutz avalia a percepção do nível de conflito entre os parceiros sociais na obra

“Hearing the other side”. Enquanto Mutz cria um índice de conflito, valendo-se de uma

combinação de dados de opinião pública sobre percepção, Huckfeldt e os seus colegas

usam a estratégia ancorada nas preferências do voto presidencial. Como resultado, Mutz

(2006) tende a encontrar fortes níveis de conflito na rede social e, por outro lado, Huckfeldt et

al.(2004) deparam-se com baixas condições de conflito, conforme revela Klofstad et

al.(2011).

A última consideração a respeito dessas discrepâncias empíricas diz respeito a um

fator externo a composição social, que é o sujeito especialista dentro da rede social

(McClurg, 2006, 2009). Em outras palavras, o especialista é um atalho que fornece

informações ordenadas e claras, diminui a ambivalência e aumenta a habilidade e

sofisticação política dos parceiros sociais. Como resultado, os cidadãos sentem-se mais

seguros para participar politicamente mesmo em um ambiente de conflito.

Portanto, há pelos menos três explicações para as contradições dos efeitos do meio

social sobre a participação política: diferentes contextos sociais são considerados, sem uma

explicação prévia e conceitual; há várias estratégias de mensurar as opiniões de conflito,

com carga diferente, que podem ser a percepção de conflito ou a própria intenção de voto;

existe um fator externo, o especialista, que não era considerado nas análises e atua como

atenuante do ambiente de conflito. Os especialistas fortalecem o canal de informação,

passando confiança para que as pessoas participem da política.

2.3.2 Informação e Conhecimento

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Além da participação política, a informação e o conhecimento prosperam como

importantes indicadores da qualidade da democracia. A deliberação política propaga

informação e conhecimento político (Carpini e Keeter, 1996), mas como as deliberações em

termos especificamente das redes sociais disseminam a informação pública e

conhecimento? Inicialmente, as atenções se fixaram exclusivamente para o fluxo da

informação através do líder de opinião e das relações sociais estreitas ou coesas. Em um

segundo momento, visto que as primeiras formulações tornaram-se menos avançadas, as

atenções se voltaram para a justaposição das teorias. As teorias do líder de opinião e dos

grupos sociais homogêneos foram aplicadas aos novos interesses de pesquisa: a informação

enviesada, a assimetria informacional e as consequências do ambiente de conflito para a

disseminação informacional.

As primeiras descrições do fluxo informacional surgem com Lazarsfeld e os seus

colaboradores, no cerne das pesquisas de Columbia, quando esses pensadores teorizaram

acerca da informação de duas etapas (two-step-flow of communication). Por comunicação

de duas etapas, entende-se quando o líder de opinião intermedia a informação entre a mídia

de massa e o restante do público menos interessado nos eventos políticos (Katz e

Lazarsfeld, 1955; Katz, 1957). O líder de opinião contém informações corretas e uma ampla

rede social, características que exerce grande influência social (Berelson et al.,1954). Outra

vertente formulada quanto ao fluxo informacional está centrada nas proposições de Downs

(1957). Mais importante, o autor sugere que o eleitor racional busca informação a partir dos

sujeitos especialistas e os quais detêm orientações políticas similares. Dessa maneira, as

explicações iniciais quanto ao fluxo informacional centram-se no líder de opinião especialista

e no estado de homogeneização do ambiente social.

Na década de 80, um importante avanço ocorreu nos estudos sobre fluxo de

informação com o trabalho de Huckfeldt e Sprague (1987). Este trabalho até certo ponto é

inspirado nos preceitos downssianos, centrados na ideia da homogeneização social: o

indivíduo escolhe o parceiro com quem conversa sobre políticas, reinterpreta as informações

dissonantes e pode deturpar deliberadamente suas preferências, a fim de torná-las mais

agradáveis. O autor testa essas afirmativas e o resultado é intrigante: 1) os relacionamentos

sociais não são exclusivamente construídos em ambientes homogêneos, existe algum nível

de heterogeneidade e conflito entre os parceiros sociais; 2) os grupos de preferência

minoritária dentro do contexto social tendem a perceber corretamente as informações

dissonantes, enquanto os grupos majoritários ignoram esse tipo de informação. Portanto,

existe tanto congruência quanto divergência dentro do mesmo grupo social e esse padrão de

comportamento gera uma assimetria na aquisição de informação, afetando as atitudes e as

escolhas eleitorais dos grupos minoritários5 (Huckfeldt e Sprague, 1987).

O segundo contraponto à visão de homogeneização social é articulada a partir do

entendimento do qual o indivíduo racional é capaz de aprender sobre questões políticas

mesmo em ambientes heterogêneos, dada as chances de identificar os vieses da informação

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(Calvet, 1985). Essas constatações alinharam-se com as postulações concernentes ao grupo

social coeso e laços fracos (Burt, 1987, 2002; Granovetter, 1973). Grupos coesos são

formados por pessoas com intimidade, confiança e intensidade, de forma que a mensagem é

facilmente aceita por todos os integrantes dessa rede social. Contudo, a informação não se

expande além desse grupo fechado, tornando-a redundante a médio prazo. Somente com a

noção de laços fracos que a informação pode ser disseminada de forma abrangente, além do

grupo primário coeso.

Usando essas “normas” teóricas, a literatura mais recente investigou profundamente

a influência da família, considerada socialmente um grupo coeso. O cônjuge ajuda a formar

as opiniões públicas do parceiro, reforçando e modificando as atitudes e as crenças

(Huckfeldt e Sprague, 1995; Stoker e Jennings, 2005; Verba et al.,2005). Observa-se que a

preocupação central é nos efeitos do ambiente social imediato. Havia, no entanto, a

necessidade de investigar os outros mecanismos além da intimidade, densidade e confiança

(Huckfeldt e Sprague, 1995). Nesse contexto, a literatura moderna combina os argumentos

do líder de opinião com o padrão de comunicação que ocorre dentro e fora das redes sociais

usando, sobretudo, experimentos como método. O objetivo ainda é de identificar o fluxo

informacional, embora em um cenário social mais complexo e dinâmico (Ahn et al.2009;

Huclfeldt, 2001; Ahn et a.,2010).

Diante dessa nova perspectiva, descobre-se que o indivíduo dialoga com o outro

quando ele o percebe como um sujeito bem informado, independentemente se as

mensagens forem dissonantes e enviesadas. Quando existe a oportunidade, o sujeito

sempre prefere uma informação mais qualificada (Calvet,1985; Huckfeldt, 2001; Ahn et al.,

2009). O líder de opinião especialista exerce uma grande influência, sobrepondo-se ao

ambiente homogêneo, onde existe uma escassez de especialistas.

O dado negativo é referente a assimetria de informação a respeito dos especialistas.

Os especialistas tendem a ser mais engajados politicamente e por esta razão são os

especialistas. Como resultado, os mais informados, educados e sofisticados reconhecem os

outros especialistas, em contraste com os indivíduos de baixo conhecimento e educação

(Huckfeldt, 2001; Ahn et al.,2010). Essa dinâmica gera desigualdade informacional. O grupo

social desfavorecido tem dupla desvantagem: primeiro, eles não têm acesso fácil à

informação mais qualificada oriunda dos especialistas e depois estão mais susceptíveis a

receber e aceitar informações enviesadas.

A partir do momento em que os indivíduos buscam informações além dos seus

grupos coesos a fim de obter uma informação mais cristalina, essas pessoas estão mais

expostas e susceptíveis aos ruídos da informação. Os cidadãos atuam em um complexo

ambiente político, formado por incertezas e informações enviesadas. Novamente, nesse

ponto, existe uma desvantagem para os que não são especialistas. Os especialistas

possuem opiniões prévias estruturadas e são hábeis para descartar as mensagens

divergentes quando defrontados com elas. Na outra ponta estão os não especialistas, que

sem um estoque de informações pré-existentes, são dependentes das novas informações.

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Sob a influência dos especialistas, que empacotam as mensagens de acordo com os seus

interesses, essas informações são aceitas pelos grupos menos informados. Quase sempre

essas informações são divergentes, provocando decisões não estruturadas (Ahn et al.,2010;

Huckfeldt, Pietryka, Reilly, 2013)6.

Conforme os estudos demonstram, os especialistas têm uma função determinante

no padrão de comunicação. Essa afirmação está exagerada, apontam estudos mais recentes

(Richey, 2008). Existe uma força regressiva na influência social do líder de opinião, assim

como existe para a teoria dos contatos homogêneos (Huckfeldt et al., 2004). Significa que a

influência do líder especialista tem uma força reduzida quando os outros membros da rede

social apresentam um bom estoque de informação também.

Um persistente interesse dessa área é relativo às implicações do ambiente de

conflito para o fluxo de informação. Usando um experimento, McClurg et al. (2011) indicam

que o ambiente de conflito estimula uma extensiva busca por informações (quase sempre de

maneira desordenada) e pode também clarear uma decisão quando usada como atalho

cognitivo. Outrossim, Huckfeldt e Mendez (2008) conseguem atenuar a tensão entre o

ambiente de conflito e a discussão política. Os efeitos do ambiente de conflito não inibem as

discussões políticas, como previsto pelas formulações iniciais. Na verdade, existe uma

simetria entre as deliberações políticas e o ambiente de conflito. Assume-se de forma

indireta que as discussões políticas não cessam, mesmo quando existem mensagens

conflitantes nas redes sociais. Portanto, o potencial de aprendizado político não é reduzido.

Salvo o trabalho de Huckfeldt e Mendez (2008) e de Smith (2010), os estudos que

relacionam redes sociais e informação não estão interessados no aprendizado político

propriamente. Mas sim no fluxo de informação. Smith não trata diretamente dos atributos do

contexto social, mas exclusivamente dos efeitos do tamanho da rede e da frequência das

conversas. Segundo Smith (2010), as conversas estáveis e frequentes ajudam a aumentar o

nível de conhecimento político. Nesse sentido, existe ainda a clara necessidade de investigar

as implicações do meio social sobre o aprendizado político. Particularmente, seria importante

uma investigação sobre a eficiência dos atributos de rede e contexto social sobre o

aprendizado político, da forma como foi mencionada anteriormente.

2.3.3 Comparecimento as Urnas e o Voto Correto

Outro tipo de sofisticação política, além do ganho de conhecimento, é relativo ao

número de pessoas que votam em uma eleição (turnout). Essa é uma agenda permanente

nos Estados Unidos, onde o voto não é obrigatório, sobre a qual os pesquisadores se

interessam em saber o efeito das interações sociais. Mais especificamente, o aspecto

fundamental é centrado na família. Por exemplo, Huckfeldt e Sprague declararam que o

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comparecimento a urna aumenta quando o cônjuge exerce um papel de influência. O

cônjuge tem três vezes mais influência do que os outros tipos de relacionamentos (1995,

p.169). Igualmente, Nickerson (2008) encontra que o comparecimento às urnas é um

mecanismo de contágio dentro das famílias. Usando dados reais de discussão política

interpessoal, Fowler (2005) estende essa visão preliminar do contágio social para a hipótese

do efeito cascata ao comparecimento as urnas. Assim, o autor confirma que existe uma

reação em cadeia da decisão de ir votar por meio das interações sociais dentro da família.

Em um campo de pesquisa paralelo, concernente também à competência eleitoral

dos cidadãos, alguns estudiosos norte-americanos iniciaram o processo de especificar as

possíveis causas para o voto correto. Para relembrar, essa dimensão do voto é

compreendida quando o cidadão seleciona o candidato que apropriadamente representa os

seus interesses, crenças e preferências (Lau & Redlawsk 2006). Com efeito, os autores

exploram as consequências das interações sociais e as suas nuances sobre o voto correto.

Richey (2008) concluiu que as discussões políticas com os líderes de opinião são

significativas em relação ao voto correto. O autor sugere que esse tipo de discussão mais

especializada ajuda os eleitores a obter mais informações (Huckfeldt, 2001) e,

principalmente, os conduzem a uma decisão racional de alta qualidade – o voto correto. Por

outro lado, muito provavelmente devido a construção das variáveis, McClurg e Sokhey

(2009) encontraram que os especialistas apresentam um efeito marginalmente positivo. Mais

importante, no entanto, é o achado referente a um efeito negativo de redes sociais sobre o

voto correto. O efeito das redes sociais é bem menor do que a identificação partidária nos

Estados Unidos, sugerindo que em países com níveis baixos de partidarismo o efeito das

interações sociais seja mais significativo.

Ryan (2011) conseguiu refinar os resultados de McClurg e Sokhey, utilizando

experimentos para obtenção dos dados. Os indivíduos independentes desinformados são os

mais beneficiados com as conversas interpessoais, enquanto que os indivíduos informados e

com fortes identificações partidárias são constantemente prejudicados pelas conversas

interpessoais. Isso ocorre porque os mais informados já possuem um acúmulo de

informação, de maneira que qualquer informação extra tem mais probabilidade de ser

divergente. O autor, portanto, analisa de forma conjunta a identificação partidária e as

conversas interpessoais, e encontra nuances importantes para o estudo na América Latina.

Esses resultados abrem uma perspectiva interessante de pesquisa para os países latinos

americanos, particularmente no Brasil, onde as instituições não são completamente

consolidadas e existe a cultura do não isolamento social.

2.4 Brasil como um caso ideal

Em poucas palavras, os estudos discutidos previamente tratam do comportamento

políticos dos cidadãos norte-americanos, logo surge a dúvida quanto a validação desses

efeitos para outros países ao redor do mundo. Essa incerteza ganha força a partir dos

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resultados que apontam que os japoneses estão expostos a um baixo nível de conflito

(Huckfeldt, Ikeda, Pappi, 2005), visto que os americanos estão sujeitos a constantes opiniões

de conflito (Huckfeldt et al. 2004). Em face da constatação de que níveis culturais distintos

impactam diferentemente o comportamento das pessoas, algumas pesquisas começaram a

surgir em outros países, em especial na Europa e na Ásia.

Na Inglaterra, estudiosos encontraram associação positiva entre as deliberações

públicas de caráter interpessoal com a decisão do voto e a identificação partidária, por

exemplo (Bello e Rolfe, 2011; Zuckerman, 2005). Pesquisas similares têm sido

desenvolvidas também na Ásia. As interações sociais impactam a participação política e a

tolerância no Japão (Ikeda 2010; Ikeda & Richey 2009).

Em um tour pela literatura da América Latina é evidente a escassez de estudos

sobre redes sociais e comportamento político nessa região. Essa dificuldade é devida a

coleta de dados em grande parte, pois requer um esforço hercúleo e grande volumes de

recursos financeiros. No Brasil, em particular, os interesses dos estudiosos não são

conectados com os estudos de redes sociais. Os estudos centram-se, sobretudo, em

assuntos do campo social (Castro et al., 1992; Weffort, 1978, Cintra, 1968), econômico

(Rennó et al.,2006; Nicolau, 2014), bem como a identificação partidária e a ideologia

(Carreirão, 2002; 2007). Mais recentemente, inaugurou-se um debate em torno do “lulismo” e

do programa Bolsa Família (Cabello e Rennó, 2010; Peixoto e Rennó, 2011; Samuels, 2004,

Singer, 2009). Portanto, há também uma motivação menor em pesquisar assuntos referentes

a redes sociais.

Contudo, existem na literatura nacional algumas exceções. Essa agenda incipiente

aponta que as conversas interpessoais afetam o comportamento político dos brasileiros,

inclusive sobre fatores relativos à sofisticação política: participação política, a estrutura

ideológica e o conhecimento (Baker et al.,2006; Ames e Smith, 2010). Ao passo que esses

resultados são compatíveis com a imagem do Brasil de sociabilidade social, o papel do meio

social continua inexplorado em grande medida.

Conforme demonstrado, os estudos de rede e contexto social se expandiram

largamente na esteira do desenvolvimento da ciência política, de forma conceitual e

metodológica, e com claras referências à teoria deliberativa. Há espaço para mais avanços,

demandas que requerem uma atenção especial para fora dos Estados Unidos. A lógica

social não é uniforme nem mesmo dentro do mesmo país, tampouco entre padrões culturais

e institucionais diferentes.

Essa proposta insere-se dentro da agenda de pesquisa conhecida como sofisticação

política e estende-se para uma análise comparativa dos efeitos das redes e contextos sociais

sobre o aprendizado político e o voto correto. Diante de tantas contradições nos resultados

demonstrados é importante o contínuo avanços dessas pesquisas e, em especial, em

cenários culturais e institucionais diferentes dos Estados Unidos. Ademais, em meio à

discussão acerca da qualidade das novas democracias, como é o caso brasileiro, torna-se

importante investigar alguns microfundamentos da qualidade democrática. Nesse caso, é

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central para essa dissertação responder tais perguntas: como os efeitos das conversas

interpessoais importam para o aprendizado político? E qual o papel dessas interações

sociais para o voto correto?

2.5 Hipóteses

2.5.1 Voto Correto Presidencial (1º e 2 º turno)

Ao tocante as relações empíricas entre o voto correto presidencial, redes e contexto

social, estabelecem-se seis hipóteses. A primeira hipótese é uma referência à importância da

informação para o voto correto, porém não tem caráter de causalidade. Da mesma forma, a

segunda hipótese não tem efeito causal e é um indicador de que o número de candidatos

importa para o voto correto. As demais hipóteses tratam especificamente dos atributos da

comunicação interpessoal e são combinadas para o primeiro e o segundo turno das eleições

presidenciais no Brasil.

H1: Há um efeito significativo na diferença entre os informados e não informados sobre o

voto correto. Assim, os eleitores mais informados votam corretamente mais do que os

eleitores menos informados.

H2: A chance de ocorrência do voto correto é maior no segundo turno do que no primeiro,

porque há menos candidatos e a diferença entre eles tende a ficar mais clara.

H3: O atributo de conflito deve gerar uma relação negativa com o voto correto. Isso porque o

conflito de opiniões dentro da rede social produz ambivalências, incertezas e turvam as

escolhas certas.

H4: O atributo de diversidade deve produzir uma relação positiva com o voto correto. A

divergência de preferências políticas não inibe as discussões políticas, assim os indivíduos

deliberam mais entre si o que favorece para que votem corretamente.

H5: A medida Bairro Conflito deve estabelecer uma relação negativa com o voto correto por

sua capacidade de expor os moradores à visões políticas conflituosas.

H6: A medida Bairro Diversidade deve produzir uma relação positiva com o voto correto. A

diversidade de opiniões dentro do bairro pode ser usada como atalhos informativos,

estabelecendo uma direção positiva com o voto correto.

2.5.2 Voto Correto Proporcional

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O voto correto proporcional, como já dito, é outra importante medida para avaliar a

qualidade da democracia no Brasil. Busca-se, inicialmente, aferir o índice de voto correto

proporcional diante da perspectiva que ambientes eleitorais complexos dificultam o fluxo de

informação. A comparação entre Caxias do Sul e Juiz de Fora ajuda a compreender melhor o

efeito de diferentes contextos para uma decisão eleitoral de qualidade, uma vez que essas

cidades são diferentes politicamente e institucionalmente. Mais detalhes dessa questão

serão abordados no capítulo metodológico. As demais hipóteses relacionam-se com os

mecanismos da interação interpessoal sobre o voto correto proporcional, a exemplo do voto

correto presidencial. Sugiro as seguintes hipóteses:

H1: O índice do voto correto é baixo em contextos eleitorais complexos (CECs) devido ao

grande números de candidatos;

H1.1: O índice do voto correto proporcional é maior em Caxias do Sul do que em Juiz de

Fora porque a primeira cidade apresenta uma estruturação política mais sólida e institucional

H2: O atributo de conflito deve gerar uma relação negativa com o voto correto. Isso porque o

conflito de opiniões dentro da rede social produz ambivalências, incertezas e turvam as

escolhas certas.

H3: O atributo de diversidade deve produzir uma relação positiva com o voto correto. A

divergência de preferências políticas não inibe as discussões políticas, assim os indivíduos

deliberam mais entre si o que favorece para que votem corretamente.

H4: A medida Bairro Conflito deve estabelecer uma relação negativa com o voto correto por

sua capacidade de expor os moradores à visões políticas conflituosas.

H5: A medida Bairro Diversidade deve produzir uma relação positiva com o voto correto. A

diversidade de opiniões dentro do bairro pode ser usada como atalhos informativos,

estabelecendo uma direção positiva com o voto correto.

2.5.3 Aprendizado Político

Com base na discussão teórica acerca do aprendizado político pelo meio social, há

quatro hipóteses que ainda não foram testadas pela academia, referentes a desagregação

de redes e contexto social. Assim, sugiro as seguintes hipóteses:

H1: O atributo de conflito deve gerar uma relação negativa com o conhecimento político. Isso

porque o conflito de opiniões dentro da rede social produz ambivalências, incertezas, turvam

as informações e geram menos disposição para o diálogo.

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H2: O atributo de diversidade deve produzir uma relação positiva com o conhecimento

político. Os indivíduos deliberam mais entre si, o que favorece o aumento da disponibilidade

de informação e, por extensão, o conhecimento.

H3: A medida Bairro Conflito deve estabelecer uma relação negativa com o conhecimento

político, pois a informação conflitante inibe a disposição de conversas interpessoais.

H4: A medida Bairro Diversidade deve produzir uma relação positiva com o conhecimento

político, pois as informações são novas e em grande escala.

3. Desenho de Pesquisa, Dados e Método

A inspiração para esse trabalho empírico derivou dos estudos de Carpini e Keeter

(1996), Huckfeldt e Sprague (1995) e, mais recentemente, do trabalho de Baker et al. (2006).

Os dois últimos trabalhos originaram do mesmo corpo conceitual e desenho metodológico,

ambos estão interessados nos efeitos do contexto social e foram estruturados a nível

municipal. Contudo, o trabalho de Baker e seus coautores criaram uma medida comparativa

de variação municipal, pois a pesquisa de opinião pública ocorreu em duas cidades de médio

porte. Já o trabalho de Carpini e Keeter (1996) tem um caráter voltado estritamente para o

nível de conhecimento através da informação factual, um tipo específico de informação que

se baseia nos acontecimentos dado a realidade.

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Outra característica desse trabalho é o uso de dados de opinião pública

caracterizados pelo tempo e o espaço, o que compreende perfeitamente as necessidades

desse trabalho, como a discussão teórica e as hipóteses formuladas demonstram. Faço uma

observação transversal nos dados oriundos de um estudo de painel para três momentos

distintos da campanha eleitoral de 2002 e para duas cidades brasileiras que apresentam

alguns aspectos similares e outros diferentes. Esses dados têm a vantagem de captar com

melhor precisão a dinâmica das mudanças nas variáveis, tornando possível controlar os

efeitos das variáveis não observáveis (Bartels, 1999).

Nesse sentido, um aspecto singular desse conjunto de dados diz respeito à

disponibilidade das variáveis de controle, como: exposição à mídia, ideologia, identificação

partidária e dados demográficos. Outra vantagem é a possibilidade de analisar o ganho

informacional do indivíduo ao longo do tempo, isto é, durante o ano eleitoral. Talvez a

principal vantagem e o motivo pelo qual se adotou esse banco de dados diz respeito da

chance de encontrar informações acerca das variáveis independentes: rede social e contexto

social. E, claro, por se tratar do Brasil porque é a chance de testar o conceito do voto correto

em um cenário eleitoral complexo (CECs), totalmente distinto do cenário político

estadunidense, de maneira que a proposta conceitual do voto correto proporcional ganha

amparo metodológico.

Esse estudo usa dados primários de opinião pública, cujos dados foram coletados

em duas cidades brasileiras, Juiz de Fora (MG) e Caxias do Sul (RS). Essas duas cidades

brasileiras de médio porte favorecem um exame mais detalhado do comportamento do que

uma amostra nacional convencional. Juiz de Fora e Caxias do Sul apresentam diferenças de

ideologia e organização partidária. Por outro lado, as duas cidades apresentam similaridades

por raça, gênero, educação e tamanho do eleitorado. Ao passo que em Caxias do Sul existe

uma forte polarização entre o PT e o PMDB e uma tendência a favor do PSDB em termos

nacionais, em Juiz de Fora os partidos tendem a ser organizados de forma frágil e os

eleitores apoiaram fortemente Lula em 2002 e 2006.

A cidade de Caxias do Sul tem partidos mais coesos, um ambiente político mais

organizado e demonstrações de ativismo político. Além disso, na campanha de 2002 era

bastante evidente a polarização ideológica entre o PMDB e o PT. A institucionalidade da

política de Caxias do Sul descreve um contexto eleitoral mais simples, logo lembra os

ambientes políticos dos Estados Unidos. Ainda assim, há diferenças em termos de

quantidade de candidatos concorrentes na eleição proporcional. Cabe lembrar que nessa

campanha especificamente houve uma média de 1 a 6 candidatos viáveis por bairro nessa

cidade. Já a cidade de Juiz de Fora exerce uma política mais personalista já que as

clivagens partidárias são mais rasas. A proliferação de candidatos é maior e o processo de

informação torna-se mais complexo em comparação a Caxias do Sul. Cabe lembrar que em

Juiz de Fora houve uma média de 5 a 10 candidatos viáveis por bairro, disputando uma vaga

de deputado federal. Essa cidade representa, portanto, um Contexto Eleitoral Complexo

(CECs) puro. Esse desenho de pesquisa favorece a análise de comparar o peso de

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contextos políticos diferentes para a decisão do voto correto, algo que uma amostra nacional

não permitiria de forma tão detalhada (Baker et al., 2006; Renno, 2006 e 2009; Smith, 2010).

Para a finalidade desse projeto, trabalharemos somente com os quatro principais

candidatos da eleição de 2002 – Serra, Lula, Ciro Gomes e Garotinho7- e as três primeiras

ondas de entrevistas que ocorreram durante esse processo eleitoral8. A primeira onda de

entrevistas foi realizada em abril a fim de obter um ponto de referência de informação dos

entrevistados. O segundo ciclo de entrevistas foi realizado em agosto, quando iniciou o

Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE). Por fim, o terceiro ciclo se deu em outubro

de 2002, entre o primeiro e o segundo turno das eleições. O estudo entrevistou 6.970

pessoas, divididas igualmente entre Juiz de Fora e Caxias do Sul (Smith, 2009).

Os entrevistados foram selecionados por meio da técnica de amostragem em múltiplos

estágios, com seleção aleatória em cada um dos quatro estágios: bairro, setor censitário,

domicílios e respondentes. Para as duas cidades, 20 bairros foram aleatoriamente

selecionados. Dentro de cada bairro, cerca de 10 censos foram selecionados de forma

aleatória sendo que cada censo tinha aproximadamente 200 domicílios. Os respondentes,

por sua vez, foram selecionados a cada seis residências de acordo com a proximidade do

aniversário. Para obter as substituições dos entrevistados para as ondas dois e três, decidiu

voltar a última residência da onda anterior e recomeçar então o procedimento das entrevistas

a cada seis casas (Smith, 2009; Baker et al.,2006).

Quanto à construção da variável independente de redes sociais, a série de entrevistas

incluíram perguntas de como os eleitores discutem a política com vizinhos, amigos e

familiares. Assim, os entrevistados foram solicitados que indicassem três parceiros sociais

com quem tinham conversado normalmente sobre política: Você poderia indicar o nome de

três de pessoas com quem você mais conversa sobre política? Depois de responder essa

pergunta, os entrevistados foram perguntados sobre o telefone dessas pessoas

mencionadas e o endereço, caracterizando o processo de snowball. Perguntou-se também

quanto à frequência dessas conversas interpessoais e o tipo de relacionamento entre os

parceiros (esposa/marido, parente, amigo ou conhecido), além da percepção de opiniões

conflitantes, representada pela intenção de voto. Os três componentes citados acima -

nominar os parceiros sociais, frequência e a relação social dos atores – são exigências

mínimas para uma análise de redes interpessoais (Knoke e Yang, 2008). Dessa forma,

portanto, o desenho da pesquisa corresponde aos preceitos que compõem a formação das

redes sociais.

As redes sociais apresentam certos atributos, como demonstrado na discussão

teórica. Metodologicamente, usou-se apenas a terceira onda (outubro) para construir as

variáveis independentes por considerar que a proximidade da eleição potencializa esses

atributos, tanto para redes como contexto social. O atributo de conflito, que visa entender os

efeitos de opiniões conflitantes dentro da própria rede, foi constituído pela comparação da

intenção de voto do principal entrevistado (ego) com as intenções de voto dos demais

debatedores sociais (de 0 a 3). Por sua vez, o atributo de diversidade, medido pela

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heterogeneidade das opiniões, foi composto pela quantidade de diferentes candidatos

presidenciais (de 0 a 3) que receberam o apoio dentro da rede social em outubro.

Para a variável do contexto social, uma medida de bairro foi utilizada a exemplo do

que fez o Huckfeldt (1979) e Baket et al. (2006). Essa medida, em termos de desagregação

dos atributos, é bastante similar com a medida de redes sociais. Para a variável bairro

conflito, mediu-se pela parcela dos residentes no bairro que apresentaram opinião

conflituosa com o principal respondente (ego). Já a variável bairro diversidade é medida pela

preferência do voto de cada principal respondente dos bairros. Quanto mais candidatos

apoiados, maior o índice de diversidade.

A respeito da variável dependente do voto correto presidencial é bom que se diga que

os dados não foram coletados com o objetivo específico de aferir o voto correto. Por esta

razão houve a necessidade de realizar algumas adaptações quanto ao procedimento

original. Nesse caso, a variável dependente é formada pelas perguntas atinentes às

preferências políticas (reforma agrária, gastos sociais, ideologia e privatizações),

identificação com os grupos sociais (Central Única dos Trabalhadores, Movimento Sem

Terra, Empresários e Evangélicos), identificação partidária e a imagem dos candidatos. Os

entrevistados eram solicitados a dizerem quão favoráveis ou contrários eram sobre as

questões de privatização, gastos sociais e reforma agrária e aos grupos sociais em

destaque, por exemplo. Em seguida, os entrevistados avaliavam, de acordo com as

percepções individuais, a posição política dos candidatos referentes a essas mesmas

perguntas. Em caso de convergência e o voto dado ter sido para o candidato com o maior

número de pontos, assume-se o voto correto.

O modelo probit9 – conhecido como um modelo de probabilidade – foi o método

utilizado para analisar as chances de ocorrência do voto correto (variável binária) a partir das

variáveis independentes dessa amostra. Em modelos de probabilidades é comum o uso do

efeito marginal, funções não-lineares das estimativas dos parâmetros, previsto para a

associação das mudanças da variável dependente sobre as variáveis preditoras (Lima,

1996). Ademais, o modelo inclui duas hipóteses para redes sociais e duas para contexto

social, testadas juntas no mesmo modelo e de forma separada. Todas as hipóteses são

direcionais e o teste unicaudal é o mais apropriado. Em testes preliminares, a

homocedasticidade foi rejeitada e “outliers” foram excluídos da amostra.

3.1 Operacionalização do Voto Correto no Brasil

Esta secção trata diretamente do modelo do voto correto, primeiro o construído por

Lau e Redlawsk (1996; 2007) e depois apresento o modelo construído para esse trabalho

especificamente, levando em conta as informações disponíveis no banco de dados e a

realidade das eleições brasileiras.

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Usando dados de experimento e do American National Election Studies (ANES), os

autores organizaram três grandes eixos que permitem estimar se o cidadão americano votou

corretamente para presidente: 1) medidas de preferências do eleitor; 2) o quanto o eleitor se

preocupa com cada uma das questões sobre preferências políticas; 3) medidas acerca do

posicionamento de cada candidato sobre os temas políticos. O modelo do voto correto

revisitado aqui pretende clarear alguns procedimentos adotados por Lau e Redlawsk nas três

obras sobre o tema (1997; 2006; 2008), de modo que possamos implementá-los na pesquisa

em curso.

O eixo 1 (preferências políticas) é formado por cinco tipos de perguntas: identificação

partidária, questões políticas, identificação com os grupos sociais, personalidades dos

candidatos e a avaliação da performance do presidente. Essas questões tratam de valores e

preferências dos eleitores sobre diferentes assuntos e facilmente os candidatos podem ser

distinguidos. A seguir, a descrição de cada variável que forma esse primeiro eixo:

Identificação Partidária: A escala padrão de sete pontos da identificação partidária foi

recodificada para variar entre -1 (strong Democrat) e +1 (strong Republican).

Questões Políticas: Esse item é relativo à convergência das posições políticas dos eleitores

e dos candidatos. Assim, os respondentes foram solicitados para que se autoposicionassem

e que julgassem também a posição dos candidatos diante dos diferentes temas políticos

pertinentes durante a eleição. Operacionalmente, os autores criaram uma escala de

conhecimento político da posição dos candidatos, incluindo somente as respostas corretas. A

média dessas opiniões corretas foi colocada sobre a mediana da escala de conhecimento

político. Os autores usaram o modelo de Rabinowitz e MacDonald (1989), do qual versa

sobre a direção da opinião, para calcular a posição do candidato e do eleitor. A fórmula da

“teoria direcional” é da seguinte maneira, levando em consideração que as perguntas sobre

temas políticas geralmente são apresentadas em uma escala de sete pontos: (posição do

candidato – ponto neutro) X (posição do eleitor – ponto neutro). Cada item foi recodificado

entre -1 e +1 e, em seguida, adicionado para a avaliação de cada candidato.

Conexões com grupos sociais/políticos: Os respondentes foram perguntados quão próximos

se sentem de 11 diferentes grupos sociais. Os autores executaram uma medida simples de

crosstab entre a resposta de proximidade e o voto dado para um dos candidatos. Para todo

resultado significativo, criou-se o item de conexão grupo-candidato, codificando 0 para as

respostas de baixa proximidade e 1 para as respostas de alta proximidade com os grupos.

Cada item, posteriormente, foi adicionado à avaliação final do candidato.

Personalidade do Candidato: Esse item é medido pela avaliação de cada traço da

personalidade do candidato. Resposta máxima (very well) dentro da escala significa +1,

enquanto a resposta mais negativa (not at all) representa -1.

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Avaliação da performance do presidente: Os entrevistados são perguntados se aprovam ou

desaprovam a forma com que o presidente governa. Mais uma vez, as respostas foram

recodificadas para variar entre -1 e +1.

Por sua vez, o eixo 2 (importância de peso) trata de medidas pelas quais os eleitores

avaliam que a questão é mais ou menos importante. A opinião dada é exclusivamente

pessoal, por isso os autores teorizam que é uma medida considerável para o cálculo da

decisão eleitoral. Nas questões consideradas importantes, os eleitores despenderiam mais

tempo para pensar na melhor decisão. Durante a campanha política, por exemplo, os

aposentados mais do que os universitários buscariam informações sobre o que pensam os

candidatos em relação à previdência social. Em uma escala de 0 a 1, os temas bem

avaliados receberam o peso específico por questão. Contudo, essa foi uma medida difícil de

ser encontrada nos dados ANES e os autores precisaram criar medidas indiretas. A proxy

escolhida foi a vontade dos entrevistados de responderem as questões sobre os candidatos.

Essa medida, por outro lado, foi facilmente construída no modelo de experimento.

Por fim, o eixo 3 (informações do posicionamento dos candidatos) é uma “medida de

determinação semi-objetiva” da percepção dos respondentes sobre a posição política dos

candidatos, segundo Lau e Redlawsk (2008, p.409). Para fazer essa estimativa, os autores

criaram uma escala de conhecimento (somente das respostas corretas) da qual a média das

respostas foi comparada com a mediana da dimensão política da a) posição dos candidatos

em relação as questões/temas políticos, b) dos grupos sociais ligados a cada candidato, c)

quão bem cada traço de personalidade descreve os candidatos e d) quão bem o presidente

em exercício executa o seu trabalho. Os autores utilizaram a “teoria direcional” de Rabinowitz

e MacDonald (1898), cujo objetivo era determinar a atitude política dos candidatos e dos

eleitores. Desse modo, se o respondente estivesse no mesmo lado do candidato a variação

era +1, do contrário era -1.

No que tange a estimação do voto correto, é criado um sumário de avaliações.

Primeiro cada item recodificado de avaliação individual foi somado e então multiplicado pelo

peso de importância e, por fim, a média foi calculada. O voto, se correto, deveria ir para

aquele candidato melhor avaliado. A variável dependente é dicotômica, definida como voto

correto para o candidato A ou voto correto para o candidato B em todas as campanhas

medidas, de 1972 a 2004.

O procedimento adotado para o voto correto no Brasil segue, sempre que possível,

as técnicas originais de Lau e Redlawsk. Entretanto, o projeto Two-City Panel Study (Smith,

2009), realizado em Juiz de Fora e Caxias do Sul, não foi idealizado para medir o voto

correto. Logo existe a necessidade de fazer alguns ajustes. No questionário brasileiro não há

perguntas direcionadas ao eixo 2, isto é, que meçam o grau de importância dos temas

políticas sob o ponto de vista pessoal dos respondentes. Não é possível, também, encontrar

uma proxy para essa categoria como Lau e Redlawsk fizeram. Dessa maneira, a única opção

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é retirar esse eixo 2 das nossas análises. Em resumo, o desenho da pesquisa será reduzido

a dois eixos: a) as preferências políticas dos eleitores; b) a posição política dos candidatos.

Além disso, cabe dizer que o critério de avaliação da performance do candidato fica

comprometido nas eleições brasileiras com mais de dois candidatos. Esse item também foi

retirado da operacionalização do voto correto presidencial no Brasil para que todos os

candidatos tenham a possibilidade de pontuar de forma igual.

O eixo 1 (preferências políticas dos eleitores) é definido pelas seguintes categorias:

identificação partidária, questões políticas, identificação com os grupos sociais e

personalidade dos candidatos. Em razão de ligeira diferença na forma da pergunta e da

unidade de análise é importante descrever cada item que forma esse eixo:

Identificação/Simpatia Partidária: A pergunta sobre esse tema refere-se a simpatia, e não a

identificação como no caso norte-americano. A cada combinação positiva entre a resposta

do entrevistado e o partido dos candidatos considerou-se +1 e para as demais situações -1.

Como sabemos a filiação dos políticos, essa variável não existe para o eixo 2, assim é

simplesmente uma contagem direta entre a resposta do respondente e a realidade.

Questões Políticas: Os temas tratados foram privatização, gastos sociais, ideologia e reforma

agrária e perguntou-se quanto ao autoposicionamento dos entrevistados e suas percepções

quanto à posição dos candidatos a presidente. A estimativa dessa variável é dada pela

comparação entre a posição dos candidatos e dos eleitores. Quando candidato e eleitor

estiverem no mesmo lado político atribui-se + 1 e nas demais situações -1. Cada pergunta

equivale a um item no sumário final de avaliação.

Conexões com grupos sociais/políticos: Em uma escala de 0 a 10 - em que 0 quer dizer que

a pessoa não gosta nada do grupo e a nota 10 indica que a pessoa gosta muito do grupo -,

os entrevistados responderam quão bem se sentem em relação a Central Única dos

Trabalhadores (CUT), ao Movimento dos Sem Terra (MST), aos evangélicos, empresários e

negros. Para todos as respostas acima da média (5) considerou-se 1 e abaixo da média 0.

Após essa primeira codificação, não aplicou-se o crosstab entre a resposta positiva e a

preferência do voto como os autores norte-americanos fizeram. Nesse canso, testou-se a

correlação tetracórica por ser mais fácil de visualizar a direção das opiniões com mais de

duas opções. Para cada combinação significativa, classificou-se como +1; do contrário -1.

Sabe-se claramente que a CUT e o MST têm ligações com o PT, enquanto os evangélicos

têm conexões políticas com o Garotinho.

Personalidade do Candidato: Esse item é medido da mesma forma como previsto no modelo

de Lau e Redlaswk, assim a resposta máxima dentro da escala significa +1, enquanto a

resposta mais negativa representa -1. As características incluídas são inteligência,

honestidade, solidariedade e determinação.

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Por sua vez, o eixo 2 (informações do posicionamento dos candidatos) é um item que

tenta capturar a opinião dos respondentes a respeito da posição política dos candidatos. As

perguntas que compõem esse eixo referem-se à privatização, gastos com os programas

sociais, reforma agrária e de sentimentos em relação aos candidatos. Nota-se também que

existem perguntas de autoposicionamento sobre esses temas, o que favorece saber se os

candidatos e os eleitores compartilham de pensamentos políticos similares. Se ambos

estiverem no mesmo lado político a variação é de +1 e se não estiverem a variação é de -1.

Cada item é um valor que se soma no sumário final da avaliação dos candidatos.

Para o sumário final de avaliação, somou todos os scores de cada candidato, os

empates foram eliminados e tirou-se a média. O empate é quando mais de um candidato

recebeu a mesma pontuação, algo que aconteceu oara o caso Brasil por tratar com quatro

candidatos na base de dados. O candidato com a maior avaliação, ou pontuação, deveria ter

sido o escolhido pelo respondente/eleitor, assim como no modelo de Lau e Redlawsk, para

caracterizar o voto correto. A avaliação do voto correto no Brasil é, em síntese, a

comparação das preferências políticas dos eleitores com as posições dos candidatos. Em

caso de convergência, o voto correto é computado.

3.2 Operacionalização do Voto Correto Proporcional

O processo de estimação do voto correto proporcional não pode ser idêntico ao

modelo de estimação do voto correto para presidente porque as variáveis quanto às

posições políticas dos candidatos a deputado federal não existem. Contudo, a lógica é a

mesma. O objetivo é, na medida do possível, comparar as preferências políticas dos

eleitores com a dos candidatos. Quando isso não for possível, a estratégia é observar e

analisar outros parâmetros, como o sentimento em relação aos apoiadores e o voto dado.

Em razão desses novos parâmetros, os dados locais ganham um novo destaque. Seria

impossível fazer uma avaliação do voto correto proporcional se a pesquisa fosse a nível

nacional.

Por razões metodológicas, o estudo centra-se somente nos dos dois candidatos mais

votados na disputada para deputado federal em cada cidade. Não há perguntas realizadas,

que compõem a variável do voto correto proporcional, para os demais candidatos a deputado

federal. A análise, portanto, restringiu-se aos candidatos Paulo Delgado (PT) e Custódio

Mattos (PSDB) em Juiz de Fora e Ana Corso (PT) e José Ivo Sartori (PMDB) em Caxias do

Sul. Juntos esses candidatos obtiveram 58% dos votos declarados em Caxias do Sul e 47%

em Juiz de Fora (Rennó, 2009).

As variáveis utilizadas nesse processo para medir o voto correto proporcional são a

identificação partidária, avaliação retrospectiva da economia e apreço aos apoiadores

políticos. Apesar de certas limitações, é importante esse esforço inaugural de avaliar o

impacto dos ambientes eleitorais complexos para o voto correto. Assim, esse estudo propõe

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um novo método de mensuração do voto correto, pelo qual acreditamos ser mais factível

para os sistemas políticos da América Latina. Em especial para o voto correto proporcional

uma vez que articula variáveis com caráter personalista, por exemplo, o apreço aos

apoiadores políticos. O item de sentimento partidário é o primeiro componente para a

construção do voto correto proporcional.

Identificação Partidária: essa variável é composta por três fatores. O sentimento a um partido

em uma escala de termômetro de 0 a 10, onde 0 significa sentimentos frios e 10 significa

sentimentos fortes; a própria auto-identificação a um partido político; por fim, o conhecimento

do partido em que o candidato concorreu as eleições. Assume-se o voto correto quando

existe uma combinação perfeita entre essas variáveis. Dito de forma diferente, o voto correto

é computado se o eleitor tem simpatia pelo mesmo partido em que o candidato que ele votou

disputou as eleições. Além disso, o eleitor precisa saber o partido do candidato em que ele

votou para deputado federal.

Apreço aos apoiadores políticos: essa variável trata diretamente das avaliações do

sentimento a respeito dos políticos que apoiaram estes candidatos a deputado federal.

Mede-se o apreço por uma escala de termômetro de 0 a 10 em relação ao seguintes

políticos: Lula, Aécio Neves, Olívio Dutra, Pepe Vargas e Germano Rigotto. Cabe dizer que

em Caxias do Sul, Lula (candidato a presidente), Olívio Dutra (governador) e Pepe Vargas

(prefeito da cidade) apoiaram Ana Corso. Já Germano Rigotto (candidato eleito ao governo)

apoiou Sartori em Caxias do Sul. Em Juiz de Fora, o prefeito era adversário dos dois

candidatos e não tem sentido analisar o seu apoio aqui. Lula apoiou Paulo Delgado,

enquanto Aécio Neves (candidato ao governo) apoiou Custódio Mattos. Valores acima de 5

indicam uma simpatia alta e valores abaixo de 5 indicam baixa estima. Por fim, afere-se o

apreço dos eleitores para os próprios candidatos a deputado federal através da escala de

termômetro. O voto correto só se materializa quando houver a combinação de alto apreço

aos apoiadores dos candidatos, alto apreço do próprio candidato a deputado federal e o voto

neste mesmo candidato. A combinação perfeita recebe +1 e em outros casos -1.

Avaliação retrospectiva da economia: esta é uma medida local, pois a disputa para o cargo a

deputado federal ocorre, muitas vezes, em regiões e bairros específicos. Perguntou-se aos

entrevistados a respeito do nível de satisfação econômica e de sentimento de segurança do

bairro em que moram. Ademais, perguntou-se quanto à situação econômica pessoal e da

cidade nos últimos 12 meses. Os que responderam que estão satisfeito e melhorou (muito ou

pouco) e que votaram no incumbente recebem +1; outras situações recebem -1. Em Juiz de

Fora, os dois candidatos Paulo Delgado e Custódio Mattos concorreram a reeleição. Já em

Caxias do Sul, Ana Corso era suplente de deputada federal, mas era vereadora em exercício

e casada com o prefeito da cidade, Pepe Vargas. Nessa situação, Ana Corso pode ser

avaliada como incumbente. Sartori era deputado estadual concorrendo pela primeira vez ao

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cargo de deputado federal, porém já tinha sido candidato a prefeito de Caxias do Sul e era

altamente conhecido na cidade. Como Sartori fazia oposição a Pepe Vargas, então as

repostas de baixa satisfação (piorou muito e pouco) foram computadas favoravelmente a

este candidato.

A última etapa é criar um sumário de avaliação para estimar o voto correto

proporcional. A lógica é a mesma do voto correto para presidente, criado por Lau e Redlawsk

(1997). Assim, cada item recodificado de avaliação individual sobre o candidato foi somado -

desconsiderando os votantes de outros candidatos - os empates foram eliminados e depois a

média foi calculada. O candidato com a maior “votação”, isto é, com a maior média, foi o

escolhido pelo eleitor. Se o eleitor, no final das contas, votou nesse candidato então o voto

correto pode ser confirmado. Dessa forma, foi possível obter o voto correto proporcional por

cada cidade e em sua totalidade.

3.3 Operacionalização do Aprendizado Político

Como dito antes, a construção da variável de aprendizado político seguiu a

estratégia metodológica do estudo de Carpini e Keeter (1996). Assim, optou-se por avaliar o

nível de conhecimento através da informação factual. As perguntas tratam de uma grande

variedade de temas políticos, baseados em fatos reais. Os temas consistem em questões

sobre partidos, regras políticas e cargos ocupados, desde identificar um país que é membro

do Mercosul até identificar o presidente da Câmara dos Deputados e o partido do presidente

da República. O principal objetivo em comum entre este trabalho e o de Carpini e Keeter é

investigar o volume de informação dos cidadãos, ou melhor, o quão bem os cidadãos estão

informados.

Os dados obtidos quanto ao nível de informação dos indivíduos baseiam-se nas três

ondas, já apresentadas antes, de abril a outubro. A bateria de perguntas caracteriza-se como

um verdadeiro “quiz”, sendo que diferentes questões foram perguntadas para cada onda. O

nível de conhecimento é o somatório total de respostas certas ao longo das três etapas

desse “quiz”, produzindo uma variável escalar de 0 (nenhum acerto) a 100 (total de acerto).

Em um segundo momento, a fim de melhor visualizar o ganho informacional por parte dos

participantes, a variável de conhecimento escalar foi transformada em uma variável ordinal,

dividida em percentil de 25, 50, 75 e 100.

Os dados longitudinais maximizam a visualização do ganho de informação ao longo

do tempo. Pode-se, dessa maneira, saber a quantidade de informação adquirida em

percentual da primeira à terceira onda. Além disso, os dados longitudinais podem controlar

eficientemente os efeitos das variáveis socioeconômicas e demográficas, fatores que

apresentam historicamente grande efeito sobre o nível de conhecimento.

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4. Resultados

Os resultados serão apresentados de acordo com as variáveis dependentes, na

seguinte ordem: voto correto presidencial para o primeiro e segundo turno; voto correto

proporcional; aprendizagem política. Contudo, antes de mostrar os resultados causais,

pertinentes às hipóteses constituídas nesse trabalho, apresento as análises descritivas das

variáveis independentes em um breve relato.

A variável diversidade, como é mostrada na tabela 1, tem quase três mil

observações, dividida pela variação de opiniões heterogêneas que vai de 0 a 3. A grande

maioria dos indivíduos pertence a uma rede social com apenas uma opinião diversificada

(49,65%) e a minoria está inserida em uma rede social com ampla diversidade de opiniões

(1,88%). A hipótese para diversidade declara que o aumento de opiniões diversificadas

dentro da rede social amplia as chances do voto correto.

Tabela 1. Descrição da variável independente “diversidade”

Diversidade Frequência %

0 807 27,07

1 1.480 49,65

2 638 21,4

3 53 1,88

Total 2.981 100

A variável independente conflito, como mostra a tabela 2, apresenta

aproximadamente duas mil e trezentos observações, dividida pela variação de opiniões

divergentes que vai de 0 a 3. Dentro da rede social dos principais entrevistados (ego), o não-

conflito predomina (64,58%). Apenas 3,42% dos principais respondentes se encontram em

uma rede social com alto índice de conflito, determinado por três opiniões divergentes. A

hipótese para conflito declara que o aumento de conflito dentro da rede social restringe as

chances do voto correto.

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Tabela 2. Descrição da variável independente “conflito”

Conflito Frequência %

0 1.473 64,58

1 489 21,44

2 241 10,57

3 78 3,42

Total 2.281 100

A variável independente diversidade bairro é escalar e contém mais de seis mil

observações. Essa variável é representada pelo número efetivo de candidatos a presidente

endossada por cada principal respondente, por bairro. A segunda variável independente

referente ao contexto social é a variável conflito bairro, também escalar, medida pelo grau

em que as opiniões dos residentes dos bairros são conflitantes com a opinião do principal

respondente. Essa variável contém mais de quatro mil observações. Em razão do tamanho

dessas duas variáveis, não seria lógica apresentá-las aqui na forma de tabela.

Cabe ainda repetir que todas as variáveis independentes foram medidas para a última

onda, em outubro, logo após o primeiro turno. Acredita-se que, dessa maneira, em razão da

proximidade da eleição e visando ainda o segundo turno, os atributos de redes e contexto

social estão mais intensos. As eleições ganham, pouco a pouco, contornos dramáticos e

esse fato potencializa as conversas interpessoais e, assim, os atributos de diversidade e de

conflito tendem a se manifestar de forma mais sensível.

4.1 Voto Correto Presidencial, primeiro turno

A tabela 3 mostra o índice de voto correto para o primeiro e segundo turno das

eleições brasileiras de 2002, lembrando que os quatro principais concorrentes eram Lula

(PT), Serra (PSDB), Ciro (PPS) e Garotinho (PMDB). No segundo turno, os candidatos em

disputa eram Lula e Serra. Como esperado, o voto correto é maior no segundo turno do que

no primeiro turno. O motivo muito provavelmente está relacionado com a quantidade de

candidatos e, por extensão, com a clareza e a disponibilidade da informação. A construção

do voto correto no Brasil não seguiu exatamente os mesmos critérios do modelo de Lau e

Redlaskw. Apesar dessa diferença metodológica, nós chegamos a resultados praticamente

iguais para o voto correto do primeiro turno, cerca de 67%.

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Tabela 3. Índice de voto correto para o primeiro e segundo turno das eleições

brasileiras de 2002

Eleição % Voto Correto

1º Turno 67,66%

2º Turno 80,44%

A tabela 4, por sua vez, mostra o índice de voto correto para o primeiro e segundo

turno por cidade. Chama a atenção o fato do voto correto ser maior, para os dois turnos, em

Juiz de Fora do que em Caxias do Sul, cidade mais organizada e institucionalizada

politicamente.

Tabela 4. Índice de voto correto para o primeiro e segundo turno das eleições brasileiras de 2002, por cidade

Cidade Eleição % Voto Correto

Juiz de Fora 1º Turno 68,74%

Caxias do Sul 1º Turno 66,44%

Juiz de Fora 2º Turno 81,03%

Caxias do Sul 2º Turno 79,75%

Um dos objetivos específicos desse trabalho, firmado pelas hipóteses, é testar se há

diferença entre os mais informados e os menos informados quanto ao voto correto. Para

essa análise, usamos o teste não-paramétrico Wilcoxon rank-sum, correspondente ao

famoso teste t (Field, 2009). Esse teste é usado quando a variável dependente não

apresenta uma distribuição normal, como é o caso aqui. A lógica por trás do teste Wilcoxon

rank-sum é que não existe diferença entre os grupos quando são encontrados valores iguais

para as categorias de cada grupo. Conforme esperado, porém, o resultado encontrado

sugere que existe significância estatística para a diferença dos grupos (z= -3.426, p=

0,0006). Os mais informados votam corretamente mais do que os menos informados, o que

pode ser confirmado quando comparamos os valores do “rank sum” (menos informado =

2020120.5; mais informado = 4537510,5). A soma dos valores para os mais informados é

maior do que a soma dos valores para os menos informados.

Tabela 5. Teste Wilcoxon rank-sum. A diferença entre grupos para o voto correto

Observação Rank Sum Esperado

Menos Informados 1171 2020120.5 2120681

Mais Informados 2450 4537510,5 4436950

Combinado 3621 6557631 6557631

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A tabela 6 apresenta os resultados preditos pelo modelo probit, usado para variáveis

binárias, como é o caso da variável do voto correto, e frequentemente estimado pelo efeito

marginal a fim de explicar a probabilidade de ocorrência. O modelo inclui duas hipóteses

para redes sociais e duas para contexto social, cujos atributos são de diversidade e de

conflito. Os testes foram feitos da seguinte maneira: no modelo 1, todas as variáveis foram

testadas juntas. No modelo dois, o teste foi feito somente com as variáveis independentes de

redes sociais. As variáveis de contexto foram retiradas do modelo.

Para o modelo 1, as hipóteses sobre os atributos das redes sociais são confirmadas

parcialmente. Ao passo que a variável de diversidade social não é estatisticamente

significativa, a variável de conflito de opiniões apresentou um efeito significativo, porém

marginal. À medida que a divergência de opiniões aumenta dentro da rede social, gerando

conflito de opiniões a respeito do voto, menor a expectativa do voto correto. As hipóteses

acerca do contexto social, referentes a diversidade e conflito de opiniões dentro do bairro,

apresentam confirmação mais robusta. A diversidade de opinião e de conflito dentro do bairro

apresentam efeitos significativos e, principalmente, na direção preconizada. A diversidade de

opiniões no bairro aumenta as chances do voto correto, enquanto o conflito de opiniões

dentro do bairro reduz as chances do indivíduo de votar corretamente.

Em relação à probabilidade de ocorrência do voto correto por estas variáveis

independentes, o resultado é o seguinte: o conflito de opiniões dentro da rede social reduz

em 3,7% as chances do cidadão de votar corretamente. Isso implica em dizer que quanto

maior a divergência de opiniões entre o principal respondente e os demais parceiros sociais,

o voto correto tem aproximadamente três vezes menos chances de ocorrer. Da mesma

forma, o conflito de opinião dentro do bairro reduz a possibilidade do voto correto em 41,5%.

Por outro lado, a diversidade de opiniões dentro do bairro aumenta em 7,7% a probabilidade

do voto correto. A diversidade de opinião para redes sociais, que se esperava encontrar um

efeito positivo sobre a variável dependente, não opera significativamente.

Algumas variáveis de controle apresentaram efeitos significativos, como: informação

político, mulher e evangélico. Conforme a lógica aponta, a informação política ajuda o

cidadão em escolher o candidato correto de acordo com os valores e interesses políticos

dados. Assim, a informação aumenta em 10,6% as chances do voto correto. A religião

também foi aferida nesse modelo. O voto evangélico é 12,8% mais provável de ser correto

do que o voto dos católicos, dos não religiosos e de outras religiões. Por fim, ser mulher

aumenta a probabilidade de votar corretamente em quase 8%. Esse é um resultado bastante

importante para a discussão de gênero e merece uma atenção especial no futuro.

No modelo 2, no qual as variáveis de contexto são retiradas, o coeficiente da variável

de conflito aumenta. Assim, o conflito de opinião dentro da rede social passa a reduzir a

probabilidade de ocorrência do voto correto em 24% aproximadamente. Outro dado que

merece uma menção diz respeito ao atributo de diversidade, embora não apresente um

efeito significativo. A direção do sinal, como é possível observar, muda quando as variáveis

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56

de contexto são retiradas do modelo. As variáveis de contexto estavam atenuando o efeito

de redes sociais. As demais variáveis não tem mudanças representativas, salvo a variável de

religião que perde o efeito no modelo 2.

Tabela 6. Modelo de probit robusto para avaliar o voto correto do primeiro turno na

eleição de 2002, por redes sociais e contexto social

Modelo 1 (preferido)

Modelo 2

Variáveis Independentes

Coef Prob Coef Prob

Redes Sociais Diversidade de opiniões Conflito de Opiniões

-0,027 (0,066)

-0,100+ (0,060)

-0,010

-0,037

0,031

(0,065)

-0,243*** (0,055)

0,011

-0,090

Contexto Social Bairro - Diversidade de opiniões Bairro - Conflito de opiniões

0,210* (0,097)

-1,120*** (0,097)

0,077

-0,415

Controle Informação Política

0,288+ (0,159)

0,106

0,264+ (0,158)

0,098

Atenção a Campanha Política

0,012 (0,033)

0,004 0,021 (0,033)

0,007

Atenção a Televisão

-0,082 (0,122)

-0,030

-0,087 (0,121)

-0,032

Atenção ao Jornal

-0,059 (0,112)

-0,022

-0,053 (0,109)

-0,019

Mulher

0,212** (0,077)

0,079

0,197**

(0,076)

-0,073

Branco

-0,071 (0,079)

-0,026

-0,088 (0,077)

-0,032

Educação

0,050 (0,046)

0,018

0,052

(0,046)

0,019

Renda

0,000

(0,000)

-0,000

0,000

(0,000)

0,000 Idade

0,000

(0,002)

-0,000

-0,001 (0,002)

-0,000

Evangélico

0,370**

(0,116)

0,128

0,176

(0,112)

0,063 Constant

0,227

0,177

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57

(0,290) (0,194)

Pseudo R2

0,048

0,025

McFadden's R2

0,049

0,025

N

1.327

1.327

+p<.10, *p < 0,05, **p < 0,01, ***p < 0,001 Note: Os valores da tabela são resultados de uma regressão probit robusta. Entre parênteses estão os erros padrões. Na última coluna são os resultados probabilísticos do efeito marginal das variáveis independentes sobre o voto correto.

4.1.1 Voto Correto Presidencial, segundo turno

Para o modelo do voto correto do segundo turno, optou-se também por uma

regressão probit e o efeito marginal para relatar os resultados encontrados. As hipóteses

testadas são as mesmas, não há razão teórica para mudar a direção delas. Como se

observa na tabela 7, especificamente para o modelo 1, os resultados indicam que somente a

variável de conflito bairro opera estatisticamente sobre o voto correto. As chances de

ocorrência de o indivíduo votar corretamente são reduzidas em aproximadamente 27%

quando há opiniões divergentes dentro do bairro. Encontrou-se, também, um efeito marginal

da variável cor sobre o voto correto. Os brancos têm 4,7% mais chances de votar

corretamente do que os não-brancos.

O modelo 2, quando retira-se as variáveis independentes de contexto social,

evidencia os efeitos das variáveis de rede social. A diversidade de opinião aumenta em 3,8%

a probabilidade de ocorrência do voto correto, enquanto o conflito de opiniões restringe as

chances do voto correto em 6,6%. Esses dois atributos de redes sociais apresentam os seus

efeitos na direção preconizada pelas hipóteses. Ademais, o efeito de ser evangélico opera

negativamente sobre o voto correto do segundo turno, reduzindo as chances do voto correto

em quase 7%. Os candidatos Lula e Serra não receberam apoio político desse grupo social.

Tabela 7. Modelo de probit robusto para avaliar o voto correto do segundo turno na

eleição de 2002, por redes sociais e contexto social

Modelo 1 (preferido)

Modelo 2

Variáveis Independentes

Coef Prob Coef Prob

Redes Sociais Diversidade de opiniões Conflito de Opiniões

0,093

(0,079)

-0,114 (0,072)

0,024

-0,029

0,144+ (0,077)

-0,251***

(0,064)

0,038

-0,066

Contexto Social Bairro - Diversidade de opiniões

0,147

(0,114)

0,038

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Bairro - Conflito de opiniões

-1,030*** (0,209)

-0,269

Controle Informação Política

0,078

(0,188)

0,020

0,060

(0,186)

0,015

Atenção a Campanha Política

0,022 (0,040)

0,005 0,029 (0,040)

0,007

Atenção a Televisão

0,165

(0,147)

0,043

0,177

(0,145)

0,047

Atenção ao Jornal

0,037 (0,138)

0,009

0,022 (0,109)

0,005

Mulher

0,097 (0,093)

0,025

0,072

(0,091)

0,019

Branco

0,177+ (0,096)

0,047

0,153+ (0,077)

0,041

Educação

0,026

(0,057)

0,006

0,037

(0,057)

0,009

Renda

-0,000

(0,000)

-0,000

-0,000

(0,000)

-0,000

Idade

-0,000 (0,003)

-0,000

-0,001 (0,002)

-0,000

Evangélico

-0,076

(0,133)

-0,020

-0,241+

(0,127)

-0,069

Constant

0,756*

(0,343)

0,575* (0,230)

Pseudo R2

0,050

0,027

McFadden's R2

0,049

0,027

N

1.147

1.151

+p<.10, *p < 0,05, **p < 0,01, ***p < 0,001 Note: Os valores da tabela são resultados de uma regressão probit robusta. Entre parênteses estão os erros padrões. Na última coluna são os resultados probabilísticos do efeito marginal das variáveis independentes sobre o voto correto.

4.2 Voto Correto Proporcional

O índice do voto correto proporcional para a eleição brasileira de 2002, como

demonstra a tabela 8, foi de 75,22%, o que contradiz a hipótese. Esperava-se uma taxa

baixa, pois o contexto eleitoral de campanha proporcional é bastante complexo, com uma

grande quantidade de candidatos e baixa disponibilidade de informação. As possíveis

explicações para esse resultado da taxa do voto correto proporcional serão discutidas no

próximo capítulo, destinado à conclusão do trabalho.

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59

Em relação ao voto correto proporcional nas duas cidades pesquisadas, Juiz de Fora

e Caxias do Sul, encontrou-se resultados condizentes com a hipótese. Como se observa no

gráfico 1, o índice do voto correto proporcional foi de 93,67% em Caxias do Sul e de 58,58%

em Juiz de Fora. Como dito antes, Caxias do Sul apresenta um cenário político menos

complexo e mais institucionalizado, o que facilita o fluxo de informação e o consequente voto

correto.

Tabela 8. Índice do voto correto proporcional

Varável Freq. %

Voto Incorreto 1,436 24,78

Voto Correto 4,360 75,22

Total 5,796 100

Gráfico 1. Voto Correto Proporcional, por cidade

Outras quatro hipóteses, referentes a discussão acerca dos atributos de redes e

contexto social, foram construídas teoricamente. Os coeficientes foram estimados utilizando

o modelo probit e usou-se o efeito marginal a fim de explicar a probabilidade de ocorrência

do voto correto proporcional. Para o teste do voto correto proporcional, não houve mudança

estatística sobre as variáveis independentes de redes sociais quando foram retiradas as

variáveis de contexto social. Assim, a tabela 9 apresenta apenas o modelo 1, que representa

o teste com todas as variáveis independentes juntas.

Nessa perspectiva, os resultados apontam para um efeito estatístico significativo

para o atributo de conflito dentro das redes sociais, assim como para os atributos de

diversidade e conflito dentro do bairro. Condizente com a hipótese, o atributo de conflito para

redes sociais gerou uma relação negativa com o voto correto. Em termos de probabilidade, o

indivíduo que se depara com as opiniões divergentes dentro do seu círculo social tem menos

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Caxias do Sul Juiz de For a

Voto Correto

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60

0,4% de chances de votar corretamente.

Os resultados dos atributos de contexto social mostraram-se estatisticamente

significativos, porém a direção do efeito para conflito bairro está trocado. Esperava-se uma

correlação negativa com o voto correto; no entanto, o efeito é positivo. O atributo de conflito

bairro, contrariando os preceitos teóricos apresentados aqui e a hipótese formulada,

aumenta as chances de sucesso do voto correto proporcional em cerca de 34%. Inobstante a

esse resultado, a diversidade bairro apresenta um aumento na probabilidade de ocorrência

do voto correto proporcional em 44%.

Há igualmente um efeito positivo de informação política sobre o voto correto

proporcional. O ganho de informação, no curso da campanha eleitoral, amplia a possibilidade

do indivíduo escolher corretamente o deputado federal em 14,4%.

Tabela 9. Modelo de probit robusto para avaliar o voto correto proporcional na eleição

de 2002, por redes sociais e contexto social

Variáveis Independentes

Coef Prob

Redes Sociais Diversidade de opiniões Conflito de Opiniões

-0,014 (0,068)

-0,121* (0,061)

-0,004

-0,042

Contexto Social Bairro - Diversidade de opiniões Bairro - Conflito de opiniões

1,249*** (0,111)

0,958*** (0,176)

0,444

0,341

Controle Informação Política

0,405* (0,161)

0,144

Atenção a Campanha Política

-0,028 (0,038)

-0,010

Atenção a Televisão

0,065

(0,123)

0,023

Atenção ao Jornal

0,099 (0,117)

0,035

Mulher

0,109

(0,077)

0,039

Branco

0,007

(0,079)

0,002

Educação

-0,051 (0,048)

-0,018

Renda

-0,000

-0,000

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61

(0,000)

Idade

0,002

(0,002)

0,000

Evangélico

-0,095 (0,115)

-0,034

Constant

-2,85*** (0,312)

Pseudo R2

0,145

McFadden's R2

0,145

N

1.598

+p<.10, *p < 0,05, **p < 0,01, ***p < 0,001 Note: Os valores da tabela são resultados de uma regressão probit robusta. Entre parênteses estão os erros padrões. Na última coluna são os resultados probabilísticos do efeito marginal das variáveis independentes sobre o voto correto.

4.3 Aprendizado Político

As análises preliminares da variável dependente aprendizagem política apontaram

que houve um acréscimo de conhecimento por parte dos cidadãos. A tabela 10 mostra que o

número de respostas corretas, que afere o nível de conhecimento das pessoas, aumentou ao

longo da campanha eleitoral. Em abril, antes de a campanha eleitoral ter começado, o

percentil 25 (até 25% de respostas corretas) era de 28%, enquanto que esse número para

outubro é de apenas 6,39%. Na outra ponta, observa-se que o percentil 100 (até 100% de

respostas corretas) era de 23% em abril e pulou para quase 50% em outubro, quando a

campanha chega ao seu ápice.

Tabela 10. Conhecimento político: número de respostas corretas, por percentil

Abril Agosto Outubro

Percentil 25 28,03% 26,74% 6,39%

percentil 50 25,82% 22,87% 10,78%

percentil 75 22,83% 22,67% 34,70%

percentil 100 23,33% 27,70% 48,14%

A visualização do ganho informação fica mais clara a partir do somatório de todas as

respostas corretas para as três ondas, traduzidas na variável ordinal por percentil. O gráfico

2 mostra, comparando o percentil 25 e 100, que os indivíduos acertaram mais respostas ao

final do teste de conhecimento político. Houve, portanto, ao longo da campanha, um nítido

ganho informacional.

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62

Gráfico 2. A soma de conhecimento pelo percentil da variável ordinal

Uma vez que houve aprendizado político no curso da campanha e de forma gradual,

o próximo passo é encontrar os possíveis efeitos para essa ocorrência. Postulou-se que

existe uma lógica social, representada pelos atributos de redes e contextos sociais, para o

ganho de conhecimento. Outras variáveis, relativas a mídia e a certas características

individuais, fartamente já exploradas pela literatura, também foram incluídas no modelo.

Optou-se pelo modelo ordinal logístico para realizar os testes estatísticos, pois a variável

dependente de aprendizado político é uma ordinal, com quatro faixas diferentes de nível de

conhecimento (25%;50%;75%;100%). Ou seja, a variável dependente possui uma

ordenação. Neste artigo, os coeficientes obtidos com os modelos propostos foram usados

como estimativas das razões de chance (odds ratios) para cada uma das variáveis

independentes.

Conforme a tabela 11 demonstra, há um efeito estatisticamente significativo do

atributo de diversidade para redes sociais sobre o aprendizado político. O aumento na

diversidade de opiniões dentro da rede social eleva em 1,2 vezes as chances de o indivíduo

ganhar informação, controlando por todas as variáveis no modelo. As variáveis de controle,

salvo o fato de ser evangélico, são estatisticamente significativas para o aprendizado político.

Quanto mais exposição a mídia, como acompanhar a campanha eleitoral, ler jornais e

assistir televisão, mais as chances do cidadão de ganhar informação. Os brancos têm 1,4

vezes mais chances de obter informação do que os negros, mantendo as demais variáveis

constantes. Por outro lado, ser mulher diminui as oportunidades de ganhar informação 0,3

vezes em comparação com os homens. Os coeficientes estimados para educação e idade

são estatisticamente significativos sobre o conhecimento político. Quanto mais educado o

indivíduo, as chances para majorar o nível de informação são de 2,2. Da mesma forma, as

chances do aumento de informação são maiores quando as pessoas tornam-se mais velhas.

Usando o modelo de Luskin (1990), entende-se que os indivíduos apresentam

capacidade (variáveis demográficas), motivação (variáveis relativas à mídia) e oportunidade

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

Percentil 25 Percentil 50 Percentil 75 Percentil 100

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63

(redes sociais) para aprender sobre política. A diversidade de opiniões dentro das redes

sociais é um canal de oportunidade para o ganho de informação. As características pessoais,

como as condições de riqueza, cor, idade e educação, aumentam a capacidade individual

das pessoas de obter informação. Por fim, a motivação dos indivíduos em aprender sobre

política é captada pelo interesse e atenção à campanha política e ao noticiário da televisão e

dos jornais.

Tabela 11. Modelo ordinal logístico para avaliar o aprendizado político na eleição de

2002, por redes sociais e contexto social

Aprendizagem Política

Odds Ratio Erro Padrão Z P>|Z|

Redes Sociais

Diversidade de opiniões

1,216 0,109 2,18 0,030

Conflito de Opiniões

0,985

0,078

-0,19

0,851

Contexto Social

Bairro - Diversidade de opiniões

0,841 0,108 -1,33 0,182

Bairro – Conflito de

opiniões

1,069

0,257

0,28

0,782

Controle

Atenção a

Campanha Política

1,616

0,073

10,53

0,000

Atenção a Televisão

1,734

0,283

3,37

0,001

Atenção ao Jornal

2,31

0,347

5,57

0,000

Mulher

0,392

0,039

-9,36

0,000

Branco

1,467

0,156

3,61

0,000

Educação

2,282

0,141

13,33

0,000

Renda

1,000

0,000

1,89

0,059

Idade

1,022

0,002

7,89

0,000

Evangélico

0,845

0,128

-1,10

0,270

Cut 1

3,268

0,395

Cut 2 4,938 0,408

Cut 3 6,420 0,420

LR chi2(13) = 876,22 Prob > chi2 = 0.0000 Pseudo R2= 0,1981

Note: Os valores da tabela são resultados de uma regressão ordinal logística da razão de chance (Odds Ratio). O N é de 1.598 observações.

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64

5. Discussão

As evidências indicam que as interações individuais determinam o voto correto no

Brasil, corroborando com a hipótese central do estudo. O conjunto desses resultados

fortalece a afirmação de que existe uma lógica social para o voto correto. Os entraves

institucionais, como a fragmentação partidária, baixa identidade partidária, extensa lista de

candidatos e a desigualdade informacional, não são obstáculos intransponíveis. Apesar das

instituições “disfuncionais” (Ames, 2002), os brasileiros encontraram, através das conversas

interpessoais, um caminho para votar corretamente. O voto correto para o primeiro turno no

Brasil atingiu 67%, mais da metade dos brasileiros convergem o voto dado com os valores,

interesses e preferências políticas. O voto correto no segundo turno se mostrou também

viável e alcançou um índice ainda maior (80%), conforme preconizado pela hipótese. Com

menos candidatos e já com um acúmulo de informação decorrido do primeiro turno, ampliam-

se as chances do cidadão votar corretamente.

Esse trabalho demonstrou também a viabilidade de incluir a questão do contexto

social na discussão empírica dos trabalhos sobre redes sociais e voto correto. O ato de votar

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65

corretamente sofre uma influência do contexto em que as pessoas se encontram, no caso

testado do bairro. Cabe também ressaltar que sem as variáveis de contexto social, alguns

efeitos dos atributos de redes sociais surgiram ou, quando já houve certo efeito, o coeficiente

aumentou. Além disso, desagregar as variáveis de redes e contexto social, usando os

atributos de diversidade e de conflito, demonstrou ser uma estratégia apropriada já que

resultados empíricos robustos foram encontrados. Assim, os estudos relacionados com as

interações sociais e o voto correto devem, doravante, desagregar as variáveis de redes e

contexto social e testar os respectivos atributos de forma separada sobre o voto correto.

Nessa esteira, outros atributos devem ser incluídos também como, por exemplo, a frequência

das conversas com os diversos segmentos sociais. Ainda há um campo totalmente

inexplorado nessa direção. Diante desses fatos, espera-se que a discussão acerca do voto

correto ganhe um novo contorno, demonstrando que é factível desagregar os atributos do

meio social.

Os atributos de redes e contexto social testados foram de diversidade e de conflito.

O primeiro implica no aumento das discussões políticas e da disponibilidade de informação,

favorecendo o voto correto. Já o atributo de conflito provoca uma retração ao diálogo ou

deliberação pública por parte dos indivíduos, pois no geral as pessoas evitam o embate

social, reduzindo as chances do voto correto. Os resultados encontrados pelos testes

probabilísticos confirmaram essas teses. Os efeitos do atributo de diversidade –

independente se é para redes ou contexto social – são positivos em relação ao voto correto.

Por sua vez, a relação é negativa entre o atributo de conflito e o voto correto, independente

se é para a variável de redes ou de contexto social. Essas afirmações são válidas para o

voto correto do primeiro e do segundo turno; no entanto, a direção do efeito do atributo de

conflito para contexto social sobre o voto correto é positivo quando, na verdade, pela lógica

da teoria, deveria ser negativo. Esse resultado merece um novo tratamento a posteriori. Está

claro que os padrões de comunicação entre amigos, familiares e vizinhos impactam de forma

diferente o comportamento político. As conversas interpessoais têm atributos diferentes e,

igualmente, efeitos distintos sobre o voto correto.

Esse trabalho provocou um debate inicial para estender o conceito do voto correto,

que ainda é muito restrito ao cenário político e institucional dos Estados Unidos e de alguns

países da Europa. Testou-se a existência do voto correto em um cenário eleitoral complexo

(CECs) que corresponde as eleições proporcionais do Brasil. Esse cenário, marcado pela

complexidade e competitividade eleitoral, deveria reduzir as chances do voto correto. No

entanto, conforme constatado, o voto correto proporcional no Brasil foi da ordem de 75%

para a eleição de 2002, maior do que o voto correto presidencial do primeiro turno. As

possíveis explicações para esse índice fora da expectativa estão situadas na parte conceitual

e na parte metodológica.

Do ponto de vista conceitual, o eleitor sabe usar os atalhos cognitivos e informativos

de forma eficiente, proporcionando-lhe encontrar o candidato correto de acordo com os seus

valores, interesses e preferências. Por meio dos atalhos informativos, o eleitor vota como se

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66

estivesse totalmente informado. Essa justificativa centra-se no achado de Rennó (2009)

acerca do uso eficiente dos atalhos informativos em contexto eleitoral complexo (CECs). O

voto correto proporcional foi construído baseado em dados como a identificação partidária,

avaliação retrospectiva da economia e apreço aos apoiadores dos candidatos ao legislativo.

Esses elementos são considerados atalhos informativos pela literatura. Nesse sentido, pode

ser que os eleitores votaram corretamente usando tais atalhos, o que não deixa de ser um

fator metodológico de aferição da variável dependente.

Metodologicamente, a mensuração do voto correto proporcional adotada nesse

estudo não se mostrou a mais realística ou mais compatível com o processo de escolha dos

eleitores em um sistema multipartidário. Ao optar, por limitações metodológicas, por avaliar

apenas os dois candidatos mais votados nas duas cidades, mesmo que isso representasse

quase que 50% dos votos, eliminam-se as chances de aferir o voto correto para os outros

candidatos. Por outro lado, a variável dependente se tornaria não mais dicotômica, e sim

com várias categorias. Essa análise torna-se muito complexa e com poucas chances de ter

ganho substancial para o objetivo inicial do trabalho que é saber se existe o voto correto

proporcional em contextos eleitorais complexos (CECs). Enfim, parece que a variável

dependente construída com dois candidatos exclusivamente não condiz com a realidade de

uma eleição proporcional no Brasil, onde existe uma grande quantidade de candidato

concorrendo a uma vaga somente. Ao mesmo tempo, avaliar o voto correto por meio de uma

variável que não é dicotômica mostra-se pouco factível.

Apesar dessa limitação inicial do ponto de vista metodológico, alguns resultados

revelaram-se interessantes. Existe uma diferença de mais de 30% do voto correto

proporcional entre Juiz de Fora e Caxias do Sul. Esse achado mostra-se coerente, uma vez

que, como já foi dito anteriormente, Caxias do Sul tem uma tradição partidária e institucional

muito mais forte. E esse cenário favorece o voto correto.

Por fim, como esperado pela teoria, a informação se mostrou um elemento

indispensável para o voto correto. Em primeiro lugar, as evidências indicam que os eleitores

com mais informação política são mais competentes, pois articulam corretamente o voto

dado com as suas preferências e interesses políticos. Há uma diferença entre os mais

informados e os menos informados em relação ao voto correto, sendo que os mais

informados são os favorecidos. Portanto, a informação afeta distintamente as atitudes e as

decisões políticas dos indivíduos. Cabe ainda ressaltar que se verificou um efeito da

informação política para o voto correto do primeiro turno e, especialmente, para o voto

correto proporcional. A informação política se apresentou como uma importante conexão

entre as preferências dos cidadãos e o voto dado nos candidatos. Entender o quão os

indivíduos são bem informados e se as atitudes são estruturas constituem os grandes

questionamentos da literatura sobre comportamento político e opinião pública.

Com base nessa persecução teórica, buscou-se entender se as interações sociais

representam alguma oportunidade de aprendizado político, usando como alicerce teórico o

modelo de Luskin (1990) que é formado pelos eixos habilidade-oportunidade-motivação. O

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meio social exerce o papel eficaz de aumentar as chances de obter informação. Mais

especificamente, o atributo de diversidade de opiniões dentro da rede social aumenta a

oportunidade do indivíduo de obter informação.

Os resultados da pesquisa demonstraram que os fatores demográficos, como

condições de riqueza, educação, gênero, raça e idade são fortes categorias para o aumento

da habilidade do indivíduo em aprender sobre político. Da mesma forma, a atenção dos

indivíduos na campanha política e nas notícias advindas da televisão e do rádio são fatores

que afetam a motivação e, por consequente, o aprendizado político durante a campanha

eleitoral.

Por trás do interesse em entender o impacto das interações sociais sobre o voto

correto, encontra-se a qualidade das novas democracias como um elemento central nesse

trabalho. Isso porque, conforme teorizado, o voto correto pode ser alçado a um micro-

fundamento da qualidade democrática, já que pode significar um elo para a representação

política e a responsividade pública. Em outras palavras, postula-se que o indivíduo que vota

corretamente está mais apto a entender o jogo político e cobrar das autoridades públicas.

Por outro lado, os políticos tem um entendimento mais amplo dos desejos da população e

com isso podem implementar políticas públicas condizentes à essas preferências. Essa tese

continua válida e ganhou vigor com o resulto de 67% (primeiro turno) e 80% (segundo turno)

de voto correto aproximadamente no Brasil. Contudo, não se pode asseverar essa

proposição com esses resultados aqui apresentados. Diante dessa limitação assertiva,

pretende-se, em uma agenda futura, pesquisar o nível de convergência entre a opinião

pública e as promessas dos governantes relativas às políticas públicas durante a eleição. Da

mesma forma, pretende-se investigar o nível de convergência entre a opinião pública e as

ações dos governantes durante o mandato. Para confirmar a existência da representação

política e que o voto correto é um componente dessa engrenagem, é importante entender o

comportamento dos políticos candidatos e dos eleitos diante das preferências públicas dos

cidadãos. Investigar se os candidatos propõem políticas públicas em consonância com os

anseios da sociedade demonstrados durante a eleição parece ser um bom caminho para

avaliar a qualidade das novas democracias. Assim como, se as políticas “combinadas”, em

uma espécie de contrato entre os candidatos e os eleitores, são executadas já durante o

mandato eleitoral. Por ora, sabemos apenas que o voto correto, que inclui em sua

formatação um índice sobre avaliação das políticas públicas, existe no Brasil em uma

quantidade próxima de 70%.

Resta saber, contudo, se esses índices encontrados são o suficiente para o bom

funcionamento da democracia brasileira. Essa é uma pergunta ainda sem resposta. Se os

eleitores que votaram incorretamente tivessem mais informações e assim votassem

corretamente, o resultado da eleição mudaria? Como elemento central dessa pergunta está a

linha de pesquisa de Bartels (1996), Althaus (1998) e tantos outros, chamada de “ignorância

política”. É necessário avançar sob esse aspecto, porém os dados aqui usados não são

satisfatórios para responder essas indagações.

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Essas formulações reforçariam os estudos sobre a qualidade das novas

democracias e testariam se existe, de fato, uma evolução qualitativa no Brasil e em outros

países da América Latina. Estender esse projeto para todo o país, analisando a

representação política pelas campanhas presidenciais, de governador e de prefeito, e para a

América Latina está no escopo dos futuros trabalhos. Este trabalho apenas pode afirmar que

existe o voto correto no Brasil e esse dado pode ser uma condição para a qualidade da

democracia, englobando a representação política.

Espera-se, por fim, que o conceito do voto correto e os seus determinantes oriundos

das interações interdependentes entre na agenda empírica da América Latina partindo do

entendimento, visto nessa dissertação, que a informação política é o maior insumo para as

decisões de qualidade dos indivíduos.

Notas:

1. Para uma visão contrária, ver estudos de Christopher Wlezien e Soroka (2008; 2010)

que utilizam a regra do “milagre da agregação”.

2. Para entender a história completa da origem de redes sociais, ver Scott (2013) e

Prell (2012, capítulo I).

3. Não há, no entanto, um consenso nem mesmo sobre o desempenho da mídia. Para

Putnam (1995), a televisão é a causa do declínio do capital social – confiança nas

pessoas e o engajamento cívico. Norris (1996), por outro lado, atacou

diametralmente essa afirmação.

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4. O termo cross-cutting usado por Mutz foi primeiro usado por Glukman (1940) com os

mesmos objetivos de encontrar conflitos de interesse dentro das redes sociais dos

indivíduos (Prell, 2012).

5. A implicação política é que esses grupos minoritárias tornam-se ainda mais fechados

e isolados, evitando novas experiências sociais. De um lado, esse comportamento

gera lealdade, reciprocidade e identidade grupal. De outro lado, cria-se grande

antagonismo, escassez de oportunidade e informação (Putnam, 2000).

6. Os cidadãos preocupam-se com o volume de informação existente, por isso buscam

preferencialmente os parceiros que eles reconhecem que têm preferências

convergentes. Essa estratégia ajuda a minimizar o impacto das informações

enviesadas. Eles também são céticos particularmente das novas informações

oriundas dos não especialistas por não confiarem nos julgamentos dessas pessoas.

Contudo, o especialista é um sujeito raro dentro das redes, o que obriga os cidadãos

a procurarem informações além das redes primárias coesas.

7. Não há informação sobre os demais candidatos a president no banco de dados,

dessa maneira a análise se restringiu somente aos quarto principais candidatos e

aqueles eleitores que votaram em outros candidatos foram retirados da amostra.

8. O banco de dados foi transformado para o formato wide.

9. O modelo multinível, também conhecido como “modelo hierárquico linear”, poderia

ser utilizado para trabalhar com esse banco de dados em razão da disposição das

informações coletadas.

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presidencial, voto correto proporcional e aprendizagem político) e independentes (atributos

de rede e contexto social):

1. Voto Correto Presidencial

Eixo 1: PREFERÊNCIAS POLÍTICAS

Identificação Partidária

Você simpatiza com algum partido político? Qual?

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Agora eu gostaria que você desse notas de 0 a 10 para avaliar os seguintes partidos: PSDB; PT; PMDB; PSB;

Identificação com os grupos sociais

Vou mencionar alguns grupos de pessoas e gostaria que você desse uma nota de 0 a 10 para esse grupo indicando o quanto você gosta dele. Nota zero (0) quer dizer que você não gosta nada do grupo. A nota dez (10) indica que você gosta muito do grupo. Você pode dar notas usando valores entre 0 e 10. CUT – Central Única dos Trabalhadores Movimento dos Sem Terra - MST Evangélicos Empresários

Atributos dos Candidatos

Gostaria que você desse notas para avaliar os seguintes políticos: Lula; Ciro Gomes; Garotinho; José Serra Você acha que o Lula/Serra/Ciro/Garotinho é uma pessoa muito inteligente, inteligente, pouco inteligente ou nada inteligente? Você acha que o Lula/Serra/Ciro/Garotinho é uma pessoa muito honesta, honesta, pouco honesta ou nada honesta? Você acha que o Lula/Serra/Ciro/Garotinho é uma pessoa muito decidida, decidida, pouco decidida, ou nada decidida? Você acha que o Lula/Serra/Ciro/Garotinho é uma pessoa muito solidária, solidária, pouco solidária ou nada solidária?

Questões Políticas

Nos últimos dez anos, empresas estatais, que eram dirigidas pelo governo, foram vendidas para empresas particulares, num processo chamado de privatização. Com qual das seguintes afirmações sobre privatização você concorda mais? “A privatização é uma coisa boa,” ou “a privatização é uma coisa ruim.” Com qual afirmação você concorda mais. “Para ajudar os pobres, o governo deve gastar mais com programas sociais, tipo o bolsa escola ou renda mínima”. Ou “o governo não deve aumentar gastos com programas sociais para não ficar mais endividado.” Outro importante tema político no Brasil é a reforma agrária. Com qual das seguintes afirmações você concorda mais? “O governo deve dar terras de grandes fazendas para os trabalhadores rurais sem terra.” Ou “o governo não deve dar terras de grandes fazendas para trabalhadores rurais sem terra.” Em relação ao seu posicionamento político, você se considera de esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, ou de direita?

Decisão do Voto

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A última eleição para Presidente da República ocorreu em outubro de 2002. Em quem você votou para presidente no primeiro turno daquela eleição? Ciro Gomes, Lula, José Serra, Anthony Garotinho, algum outro candidato ou não votou em ninguém? Em que candidato você votou [deputado federal]? Se você não se lembra do nome do

candidato, lembra do seu número?

Eixo 2: INFORMAÇÕES DO POSICIONAMENTO DOS CANDIDATOS

Questões Políticas

Agora gostaria de fazer algumas perguntas sobre os candidatos a presidente da República. Você acha que o Lula/Serra/Ciro/Garotinho é um político da esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, ou de direita? Baseado no que você sabe, para o Lula/Serra/Ciro/Garotinho a privatização é uma coisa boa ou ruim? Baseado no que você sabe, para o Lula/Serra/Ciro/Garotinho o governo deve aumentar gastos com programas sociais ou não deve aumentar gastos com programas sociais? Baseado no que você, o Lula/Serra/Ciro/Garotinho pensa que o governo deve dar terras de grandes fazendas para trabalhadores rurais sem terra ou que o governo não deve dar terras.

2. Voto Correto Proporcional

Identificação Partidária

Você simpatiza com algum partido político? Qual? Agora eu gostaria que você desse notas de 0 a 10 para avaliar os seguintes partidos: PSDB; PT; PMDB; PSB; Qual o partido do candidato em quem você votou para Deputado Federal?

Voto Retrospectivo (Avaliações do bairro/cidade)

Você diria que está muito satisfeito (a), satisfeito (a), insatisfeito (a) ou muito insatisfeito (a) com a vida no seu bairro? Você se sente muito seguro (a), seguro (a), pouco seguro (a), ou nada seguro (a) quando anda de noite pelas ruas do seu bairro?

E a situação econômica do seu bairro nos últimos 12 meses? Você diria que ela melhorou muito, melhorou pouco, ficou igual, piorou pouco ou piorou muito?

Com relação à sua situação econômica pessoal, nos últimos 12 meses você acha que ela melhorou muito, melhorou pouco, ficou igual, piorou pouco ou piorou muito? E quanto à Caxias do Sul/Juiz de Fora? Você diria que a situação econômica melhorou muito, melhorou pouco, ficou igual, piorou pouco ou piorou muito nos últimos 12 meses?

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Apreço aos Apoiadores

Agora eu gostaria que você desse notas para avaliar os seguintes políticos: Lula; Olívio Dutra; Germano Rigotto; Aécio; Pepe Vargas; Agora eu gostaria que você desse notas para avaliar os seguintes candidatos a deputado federal: Ana Corso e José Ivó Sartori; Custodio Mattos e Julio Delgado

3. Aprendizado Político

Para terminar nossa entrevista, temos algumas perguntas específicas sobre conhecimento político. Nem todo mundo sabe as respostas de cada uma das perguntas. Caso você não tenha certeza da resposta, nos dê seu melhor palpite.

Qual é o cargo da Ana Corso? Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal, ou Senador? Qual é o cargo do Paulo Delgado? Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal, ou Senador?

Qual é o cargo do José Sartori? Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal, ou Senador?

Quem é o presidente da Câmara dos Deputados? Roberto Jefferson, José Genuíno, Aécio Neves ou Miro Teixeira?

Quem é, atualmente, o prefeito da cidade? Ana Corso, Germano Rigotto, José Sartori, ou Pepe Vargas?

Quem é, atualmente, o prefeito da cidade? Alberto Bejani, Newton Cardoso, Custódio Mattos, ou Tarcísio Delgado?

Qual destes é um senador do estado do Rio Grande do Sul? José Fogaça/Paulo Paím, Saturnino Braga, Eduardo Suplicy ou Lindbergh Cury?

Qual destes é um senador do estado de Minas Gerais? José Alencar/Hélio Costa, Saturnino Braga, Eduardo Suplicy ou Lindbergh Cury?

Qual dos seguintes países é membro do Mercosul? Estados Unidos, Argentina, Colômbia ou Peru?

A qual partido pertence Fernando Henrique Cardoso? PTB, PMDB, PSDB ou PFL?

Quem é o Vice-presidente do Brasil? Inocêncio de Oliveira, Marco Maciel, Íris Resende, ou Marcello Alencar? 4. Variável Independente (Atributos de Redes e Contexto Social) Você pode, por favor, indicar o nome das três (3) pessoas com quem você mais conversa

sobre política?

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Qual a sua relação com essa pessoa?

Se a eleição para presidente fosse hoje, em quais desses candidatos você acha que ele/ela

votaria? Anthony Garotinho, Ciro Gomes, José Serra, Lula, ou algum outro candidato?

Bairro em que os indivíduos moram

Anexo II – Tabela Descritiva com as Variáveis Independentes e Dependentes

Variável Observação Média Desvio

Padrão

Mínimo Máximo

Voto Correto Presidencial 3621 0,68 0,46 0 1

Voto Correto Proporcional 2270 0,80 0,39 0 1

Aprendizado Político 5796 0,75 0,43 0 1

Diversidade – Redes Sociais 2981 0,98 0,75 0 3

Conflito – Redes Sociais 2281 0,53 0,82 0 3

Diversidade - Bairro 6818 2,30 0,44 1 3,07

Conflito – Bairro 4343 0,55 0,23 0 0,97

Campanha 3940 2,64 1,28 0 4

Televisão 6818 0,53 0,43 0 1

Jornal 6818 0,21 0,34 0 1

Mulher 3940 2,64 1,28 0 4

Branco 4162 0,64 0,48 1 1

Educação 3641 2,56 1,12 1 4

Renda 3751 2,54 2,03 1 4

Idade 4857 52,6 20,3 1 4

Evangélico 4180 0,12 0,33 0 1

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Anexo III – Descrição dos comandos STATA. Variáveis Independentes e Dependentes

1. Variáveis Independentes:

1.1 Criar Variável Diversiadade (outubro) /* This variable is the number (from zero to three) of different presidential candidates supported in the main respondent's discussant network in October*/ mvdecode v74c_disc1presvote3 v75c_disc2presvote3 v76c_disc3presvote3, mv(17) mvdecode v74c_disc1presvote3 v75c_disc2presvote3 v76c_disc3presvote3, mv(18) mvdecode v74c_disc1presvote3 v75c_disc2presvote3 v76c_disc3presvote3, mv(19) egen nomiss_3=robs(v74c_disc1presvote3 v75c_disc2presvote3 v76c_disc3presvote3) gen diversidade3=0 replace diversidade3=1 if nomiss_3==1 replace diversidade3=1 if nomiss_3==2 & v74c_disc1presvote3==v75c_disc2presvote3 & v76c_disc3presvote3==. replace diversidade3=1 if nomiss_3==2 & v74c_disc1presvote3==v76c_disc3presvote3 & v75c_disc2presvote3==. replace diversidade3=1 if nomiss_3==2 & v75c_disc2presvote3==v76c_disc3presvote3 & v74c_disc1presvote3==. replace diversidade3=2 if nomiss_3==2 & v74c_disc1presvote3~=v75c_disc2presvote3 & v76c_disc3presvote3==. replace diversidade3=2 if nomiss_3==2 & v74c_disc1presvote3~=v76c_disc3presvote3 & v75c_disc2presvote3==. replace diversidade3=2 if nomiss_3==2 & v75c_disc2presvote3~=v76c_disc3presvote3 & v74c_disc1presvote3==. replace diversidade3=1 if nomiss_3==3 & v74c_disc1presvote3==v75c_disc2presvote3 & v76c_disc3presvote3==v75c_disc2presvote3 & v74c_disc1presvote3==v76c_disc3presvote3 replace diversidade3=2 if nomiss_3==3 & diversidade3==0 replace diversidade3=3 if nomiss_3==3 & v74c_disc1presvote3~=v75c_disc2presvote3 & v76c_disc3presvote3~=v75c_disc2presvote3 & v74c_disc1presvote3~=v76c_disc3presvote3 recode diversidade3 .=0 replace diversidade3=. if responsepattern3wave~=7 gen nodiscussants3x=0 replace nodiscussants3=1 if v74a1_disc1firstname3=="" & v74_disc1fullname3=="" replace diversidaderate2x=0 if diversidade3==0 gen diversidadezero2x1=0 replace diversidadezero2x1=1 if diversidade3==0

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egen nomiss33=robs(v74c_disc1presvote3 v75c_disc2presvote3 v76c_disc3presvote3)

1.2 Criar Variável Conflito

/* this variable is formed by counting the number of discussants (from zero to three) in each main respondent's network who had a vote preference in October differing from the main respondent's August preference. August discussant preferences are measured using main respondets'perception of them */ gen temp1=0 gen temp2=0 gen temp3=0 replace temp1=1 if v74c_disc1presvote3~= v22c_presvote3 & v74c_disc1presvote3~=. & v74c_disc1presvote3<16 & v22c_presvote3~=. & v22c_presvote3<16 replace temp2=1 if v75c_disc2presvote3~= v22c_presvote3 & v75c_disc2presvote3~=. & v75c_disc2presvote3<16 & v22c_presvote3~=. & v22c_presvote3<16 replace temp3=1 if v76c_disc3presvote3~= v22c_presvote3 & v76c_disc3presvote3~=. & v76c_disc3presvote3<16 & v22c_presvote3~=. & v22c_presvote3<16 egen numberdisagree3b=rsum(temp1 temp2 temp3) gen numberdisagree3=numberdisagree3b replace numberdisagree3=. if changed23presvote==. replace numberdisagree3=. if responsepattern3wave~=7 drop temp* rename numberdisagree3 conflito 1.3 Criar Variável Diversidade Bairro (AMOB Neighborhood) /* It is the effective number of presidential candidates supported by each neighborhood's main respondents in October*/ gen v22c_presvote3ciro=0 replace v22c_presvote3ciro=1 if v22c_presvote3==1 gen v22c_presvote3lula=0 replace v22c_presvote3lula=1 if v22c_presvote3==2 gen v22c_presvote3serra=0 replace v22c_presvote3serra=1 if v22c_presvote3==4 gen v22c_presvote3garo=0 replace v22c_presvote3garo=1 if v22c_presvote3==5 gen v22c_presvote3total=0 replace v22c_presvote3total=1 if v22c_presvote3<6 & v22c_presvote3~=3 & v22c_presvote3~=. egen v22c_presvote3cirosum=sum(v22c_presvote3ciro), by(bairroamob1) egen v22c_presvote3lulasum=sum(v22c_presvote3lula), by(bairroamob1) egen v22c_presvote3serrasum=sum(v22c_presvote3serra), by(bairroamob1) egen v22c_presvote3garosum=sum(v22c_presvote3garo), by(bairroamob1) egen v22c_presvote3totalsum=sum(v22c_presvote3total), by(bairroamob1) gen v22c_presvote3ciroprop= v22c_presvote3cirosum/v22c_presvote3totalsum gen v22c_presvote3lulaprop= v22c_presvote3lulasum/v22c_presvote3totalsum gen v22c_presvote3serraprop= v22c_presvote3serrasum/v22c_presvote3totalsum gen v22c_presvote3garoprop= v22c_presvote3garosum/v22c_presvote3totalsum gen effcands3bairroamob=1/(v22c_presvote3ciroprop^2+v22c_presvote3lulaprop^2+v22c_presvote3serraprop^2+v22c_presvote3garoprop^2) gen v22c_presvote3cirosumnomr=v22c_presvote3cirosum replace v22c_presvote3cirosumnomr=v22c_presvote3cirosum-1 if v22c_presvote3==1 gen v22c_presvote3lulasumnomr=v22c_presvote3lulasum

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replace v22c_presvote3lulasumnomr=v22c_presvote3lulasum-1 if v22c_presvote3==1 gen v22c_presvote3serrasumnomr=v22c_presvote3serrasum replace v22c_presvote3serrasumnomr=v22c_presvote3serrasum-1 if v22c_presvote3==4 gen v22c_presvote3garosumnomr=v22c_presvote3garosum replace v22c_presvote3garosumnomr=v22c_presvote3garosum-1 if v22c_presvote3==5 gen v22c_presvote3totalsumnomr=v22c_presvote3totalsum replace v22c_presvote3totalsumnomr=v22c_presvote3totalsum-1 if v22c_presvote3<6 & v22c_presvote3~=3 & v22c_presvote3~=. gen v22c_presvote3ciropropnomr=v22c_presvote3cirosumnomr/v22c_presvote3totalsumnomr gen v22c_presvote3lulapropnomr=v22c_presvote3lulasumnomr/v22c_presvote3totalsumnomr gen v22c_presvote3serrapropnomr=v22c_presvote3serrasumnomr/v22c_presvote3totalsumnomr gen v22c_presvote3garopropnomr=v22c_presvote3garosumnomr/v22c_presvote3totalsumnomr rename effcands3bairroamob diversidade_bairro 1.4 Criar Variável Conflito Bairro (AMOB Neighborhood) /* This variable is measured by the extent to which the balance of neighborhood opinion countervailed the respondent in October. This variable is the share of neighborhood residents that disagree with the main respondent in october */ egen temp=rmax(v22c_presvote3ciroprop v22c_presvote3lulaprop v22c_presvote3serraprop v22c_presvote3garoprop) gen lulamax=0 replace lulamax=1 if temp==v22c_presvote3lulaprop gen ciromax=0 replace ciromax=1 if temp==v22c_presvote3ciroprop gen serramax=0 replace serramax=1 if temp==v22c_presvote3serraprop gen garomax=0 replace garomax=1 if temp==v22c_presvote3garoprop egen templulamax=rmax(v22c_presvote3ciroprop v22c_presvote3serraprop v22c_presvote3garoprop) if lulamax==1 egen tempciromax=rmax(v22c_presvote3lulaprop v22c_presvote3serraprop v22c_presvote3garoprop) if ciromax==1 egen tempserramax=rmax(v22c_presvote3ciroprop v22c_presvote3lulaprop v22c_presvote3garoprop) if serramax==1 egen tempgaromax=rmax(v22c_presvote3ciroprop v22c_presvote3lulaprop v22c_presvote3serraprop) if garomax==1 gen lulamost=v22c_presvote3lulaprop-templulamax gen ciromost=v22c_presvote3ciroprop-tempciromax gen serramost=v22c_presvote3serraprop-tempserramax gen garomost=v22c_presvote3garoprop-tempgaromax gen bairroamobdisagreeold3=. replace bairroamobdisagreeold3=temp-v22c_presvote3lulaprop if v22c_presvote3==2 replace bairroamobdisagreeold3=temp-v22c_presvote3ciroprop if v22c_presvote3==1 replace bairroamobdisagreeold3=temp-v22c_presvote3serraprop if v22c_presvote3==4 replace bairroamobdisagreeold3=temp-v22c_presvote3garoprop if v22c_presvote3==5 replace bairroamobdisagreeold3=-lulamost if v22c_presvote3==2 & bairroamobdisagreeold==0

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replace bairroamobdisagreeold3=-ciromost if v22c_presvote3==1 & bairroamobdisagreeold==0 replace bairroamobdisagreeold3=-serramost if v22c_presvote3==4 & bairroamobdisagreeold==0 replace bairroamobdisagreeold3=-garomost if v22c_presvote3==5 & bairroamobdisagreeold==0 replace bairroamobdisagreeold3=bairroamobdisagreeold*100 gen conflito_bairro=1-v22c_presvote3ciroprop if v22c_presvote3==1 replace conflito_bairro=1-v22c_presvote3lulaprop if v22c_presvote3==2 replace conflito_bairro=1-v22c_presvote3serraprop if v22c_presvote3==4 replace conflito_bairro=1-v22c_presvote3garoprop if v22c_presvote3==5

2. Variáveis Dependentes 2.1 Voto Correto Presidencial

*Em quem o eleitor votou? recode v22c_presvote3 (.=0) //Falta de resposta significa que o eleitor não votou naquele candidato tab v22c_presvote3, generate(prevoto) drop prevoto1 prevoto6-prevoto9 rename prevoto2 ciro rename prevoto3 lula rename prevoto4 serra rename prevoto5 garotinho *a) Identificação partidária egen v43a_pidyesorno=rowmin(v43a_pidyesorno1 v43a_pidyesorno2 v43a_pidyesorno3) recode v43a_pidyesorno (2=0) (8 9 =.), generate(simnaopart) //Essa variável não é problema, existem poucos DK e NR egen v43b_pidparty=rowmin(v43b_pidparty1 v43b_pidparty2 v43b_pidparty3) recode v43b_pidparty (29 28 =.), generate(idpart) recode idpart (.=0) if simnaopart==0 // considerei os missings como zero tabulate idpart, generate(idpart) drop idpart1 idpart3 idpart6-idpart13 idpart15-idpart20 //considerei: 0 = não possui simpatia por nenhum partido; -1 = possui simpatia por outro partido; 1 = possui simpatia pelo partido em questão recode idpart2 (0=-1) recode idpart2 (-1=0) if idpart==0 //PMDB --> Garotinho rename idpart2 garopart recode idpart4 (0=-1) recode idpart4 (-1=0) if idpart==0 //PSDB --> Serra rename idpart4 serrapart recode idpart5 (0=-1) recode idpart5 (-1=0) if idpart==0 //PT -> Lula rename idpart5 lulapart recode idpart14 (0=-1)

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recode idpart14 (-1=0) if idpart==0 //PPS --> Ciro rename idpart14 ciropart *b) Temas polÌticos *Considerando as dimensões a favor (+1); contra (-1) e depende; missing, NR e DK (0) *b1) Privatização egen v63a_issuespriv=rowmin(v63a_issuespriv1 v63a_issuespriv2 v63a_issuespriv3) recode v63a_issuespriv (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(privatizacao) egen v63b_issuesprivlula=rowmin(v63b_issuesprivlula1 v63b_issuesprivlula2 v63b_issuesprivlula3) recode v63b_issuesprivlula (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(privlula) egen v63c_issuesprivserra=rowmin(v63c_issuesprivserra1 v63c_issuesprivserra2 v63c_issuesprivserra3) recode v63c_issuesprivserra (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(privserra) egen v63e_issuesprivciro=rowmin(v63e_issuesprivciro1 v63e_issuesprivciro2 v63e_issuesprivciro3) recode v63e_issuesprivciro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(privciro) egen v63f_issuesprivgaro=rowmin(v63f_issuesprivgaro1 v63f_issuesprivgaro2 v63f_issuesprivgaro3) recode v63f_issuesprivgaro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(privgaro) egen lulapriv = diff(privatizacao privlula) recode lulapriv (0=1) (1=-1) //Lula egen serrapriv = diff(privatizacao privserra) recode serrapriv (0=1) (1=-1) //Serra egen ciropriv = diff(privatizacao privciro) recode ciropriv (0=1) (1=-1) //Ciro egen garopriv = diff(privatizacao privgaro) recode garopriv (0=1) (1=-1) //Garotinho *b2) Gastos sociais egen v69a_issuessocialspend=rowmin(v69a_issuessocialspend1 v69a_issuessocialspend2 v69a_issuessocialspend3) recode v69a_issuessocialspend (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(gastosocial) egen v69b_issuessocialspendlula=rowmin(v69b_issuessocialspendlula1 v69b_issuessocialspendlula2 v69b_issuessocialspendlula3) recode v69b_issuessocialspendlula (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(gastolula) egen v69c_issuessocialspendserra=rowmin(v69c_issuessocialspendserra1 v69c_issuessocialspendserra2 v69c_issuessocialspendserra3) recode v69c_issuessocialspendserra (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(gastoserra) egen v69e_issuessocialspendciro=rowmin(v69e_issuessocialspendciro1 v69e_issuessocialspendciro2 v69e_issuessocialspendciro3) recode v69e_issuessocialspendciro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(gastociro) egen v69f_issuessocialspendgaro=rowmin(v69f_issuessocialspendgaro1 v69f_issuessocialspendgaro2 v69f_issuessocialspendgaro3) recode v69f_issuessocialspendgaro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(gastogaro) egen lulagast = diff(gastosocial gastolula) recode lulagast (0=1) (1=-1) //Lula egen serragast = diff(gastosocial gastoserra) recode serragast (0=1) (1=-1) //Serra egen cirogast = diff(gastosocial gastociro) recode cirogast (0=1) (1=-1) //Ciro egen garogast = diff(gastosocial gastogaro) recode garogast (0=1) (1=-1) //Garotinho

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*b3) Reforma agrária egen v70a_issueslandreform=rowmin(v70a_issueslandreform1 v70a_issueslandreform2 v70a_issueslandreform3) recode v70a_issueslandreform (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(reformaagraria) egen v70b_issueslandreformlula=rowmin(v70b_issueslandreformlula1 v70b_issueslandreformlula2 v70b_issueslandreformlula3) recode v70b_issueslandreformlula (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(reforlula) egen v70c_issueslandreformserra=rowmin(v70c_issueslandreformserra1 v70c_issueslandreformserra2 v70c_issueslandreformserra3) recode v70c_issueslandreformserra (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(reforserra) egen v70e_issueslandreformciro=rowmin(v70e_issueslandreformciro1 v70e_issueslandreformciro2 v70e_issueslandreformciro3) recode v70e_issueslandreformciro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(reforciro) egen v70f_issueslandreformgaro=rowmin(v70f_issueslandreformgaro1 v70f_issueslandreformgaro2 v70f_issueslandreformgaro3) recode v70f_issueslandreformgaro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(reforgaro) egen lularefor = diff(reformaagraria reforlula) recode lularefor (0=1) (1=-1) //Lula egen serrarefor = diff(reformaagraria reforserra) recode serrarefor (0=1) (1=-1) //Serra egen cirorefor = diff(reformaagraria reforciro) recode cirorefor (0=1) (1=-1) //Ciro egen garorefor = diff(reformaagraria reforgaro) recode garorefor (0=1) (1=-1) //Garotinho *b4) Ideologia egen v50_ideology=rowmin(v50_ideology1 v50_ideology2 v50_ideology3) recode v50_ideology (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1)(6 8 9 . = 0), generate(ideologia) egen v61a_candsideologylula=rowmin(v61a_candsideologylula1 v61a_candsideologylula2 v61a_candsideologylula3) recode v61a_candsideologylula (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(ideolula) egen v61b_candsideologyserra=rowmin(v61b_candsideologyserra1 v61b_candsideologyserra2 v61b_candsideologyserra3) recode v61b_candsideologyserra (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(ideoserra) egen v61d_candsideologyciro=rowmin(v61d_candsideologyciro1 v61d_candsideologyciro2 v61d_candsideologyciro3) recode v61d_candsideologyciro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(ideociro) egen v61e_candsideologygaro=rowmin(v61e_candsideologygaro1 v61e_candsideologygaro2 v61e_candsideologygaro3) recode v61e_candsideologygaro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(ideogaro) egen lulaideo = diff(ideologia ideolula) recode lulaideo (0=1) (1=-1) //Lula egen serraideo = diff(ideologia ideoserra) recode serraideo (0=1) (1=-1) //Serra egen ciroideo = diff(ideologia ideociro) recode ciroideo (0=1) (1=-1) //Ciro egen garoideo = diff(ideologia ideogaro) recode garoideo (0=1) (1=-1) //Garo **Resumo dos scores dos temas *Total //Matriz completa

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egen cirotema = rowtotal(ciropriv cirogast cirorefor ciroideo) egen lulatema = rowtotal(lulapriv lulagast lularefor lulaideo) egen serratema = rowtotal(serrapriv serragast serrarefor serraideo) egen garotema = rowtotal(garopriv garogast garorefor garoideo) *Médio egen cirotemam = rowmean(ciropriv cirogast cirorefor ciroideo) egen lulatemam = rowmean(lulapriv lulagast lularefor lulaideo) egen serratemam = rowmean(serrapriv serragast serrarefor serraideo) egen garotemam = rowmean(garopriv garogast garorefor garoideo) *c) Identificação com grupos sociais egen v40b_thermCUT=rowmin(v40b_thermCUT1 v40b_thermCUT2 v40b_thermCUT3) gen cut=1 if v40b_thermCUT > 5 & v40b_thermCUT!=18 & v40b_thermCUT!=19 & v40b_thermCUT!=. replace cut=0 if v40b_thermCUT < 5 & v40b_thermCUT!=18 & v40b_thermCUT!=19 & v40b_thermCUT!=. egen v40i_thermMST=rowmin(v40i_thermMST1 v40i_thermMST2 v40i_thermMST3) gen mst=1 if v40i_thermMST > 5 & v40i_thermMST!=18 & v40i_thermMST!=19 & v40i_thermMST!=. replace mst=0 if v40i_thermMST < 5 & v40i_thermMST!=18 & v40i_thermMST!=19 & v40i_thermMST!=. egen v40g_thermevangelicals=rowmin(v40g_thermevangelicals1 v40g_thermevangelicals2 v40g_thermevangelicals3) gen evangelico=1 if v40g_thermevangelicals > 5 & v40g_thermevangelicals!=18 & v40g_thermevangelicals!=19 & v40g_thermevangelicals!=. replace evangelico=0 if v40g_thermevangelicals < 5 & v40g_thermevangelicals!=18 & v40g_thermevangelicals!=19 & v40g_thermevangelicals!=. egen v40h_thermafrobrazilians=rowmin(v40h_thermafrobrazilians1 v40h_thermafrobrazilians2 v40h_thermafrobrazilians3) gen negros=1 if v40h_thermafrobrazilians > 5 & v40h_thermafrobrazilians!=18 & v40h_thermafrobrazilians!=19 & v40h_thermafrobrazilians!=. replace negros=0 if v40h_thermafrobrazilians < 5 & v40h_thermafrobrazilians!=18 & v40h_thermafrobrazilians!=19 & v40h_thermafrobrazilians!=. egen v40d_thermbusiness=rowmin(v40d_thermbusiness1 v40d_thermbusiness2 v40d_thermbusiness3) gen empresario=1 if v40d_thermbusiness > 5 & v40d_thermbusiness!=18 & v40d_thermbusiness!=19 & v40d_thermbusiness!=. replace empresario=0 if v40d_thermbusiness < 5 & v40d_thermbusiness!=18 & v40d_thermbusiness!=19 & v40d_thermbusiness!=. *Cruzamentos //Correlação Tetracórica para variáveis binárias (melhor para vizualizar a convergência de opinião) *CUT tetrachoric ciro cut //- Grupo nãoo endossa o candidato (-1) tetrachoric lula cut //+ Grupo endossa o candidato (+1) tetrachoric serra cut //- Grupo nãoo endossa o candidato (-1) tetrachoric garotinho cut //Não Sig. Nãoo existe relação entre o grupo e o candidato (0) *MST tetrachoric ciro mst //- tetrachoric lula mst //+ tetrachoric serra mst //- tetrachoric garotinho mst //Não Sig. *Evangelicos tetrachoric ciro evangelico //Não Sig. tetrachoric lula evangelico //-

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tetrachoric serra evangelico //- tetrachoric garotinho evangelico //+ *Negros //A nova abordagem para a mensuração de quem o eleitor votou acarretou pequenas diferenças nessa relação. Retirar da análise essa variável. tetrachoric ciro negros //N„o Sig. tetrachoric lula negros //N„o Sig. (quase a 10%) tetrachoric serra negros //N„o Sig. tetrachoric garotinho negros //+ (marginalmente a 10%) *Empresários tetrachoric ciro empresario //+ tetrachoric lula empresario //- tetrachoric serra empresario //+ tetrachoric garotinho empresario //Não Sig. *Construção das variáveis identificação com grupos sociais //Considerei missings, DK e NR como o ponto neutro (=5) recode v40b_thermCUT (18 19 .=5), generate(scorecut) recode v40i_thermMST (18 19 .=5), generate(scoremst) recode v40g_thermevangelicals (18 19 .=5), generate(scoreevangelico) recode v40h_thermafrobrazilians (18 19 .=5), generate(scorenegros) recode v40d_thermbusiness (18 19 .=5), generate(scoreempresario) egen scoregrupo=rowmean(scorecut scoremst scoreevangelico scorenegros scoreempresario) //Escore total individual dos grupos *CUT gen cirocut=-1 if scorecut>5 & scorecut>scoregrupo //Cut nãoo endossa o Ciro replace cirocut=0 if scorecut==5 replace cirocut=1 if scorecut<5 & scorecut<scoregrupo gen lulacut=1 if scorecut>5 & scorecut>scoregrupo //Cut endossa o Lula replace lulacut=0 if scorecut==5 replace lulacut=-1 if scorecut<5 & scorecut<scoregrupo gen serracut=-1 if scorecut>5 & scorecut>scoregrupo //Cut nãoo endossa o Serra replace serracut=0 if scorecut==5 replace serracut=1 if scorecut<5 & scorecut<scoregrupo gen garocut=0 //Cut indiferente Garotinho *MST gen ciromst=-1 if scoremst>5 & scoremst>scoregrupo //mst nãoo endossa o Cirro replace ciromst=0 if scoremst==5 replace ciromst=1 if scoremst<5 & scoremst<scoregrupo gen lulamst=1 if scoremst>5 & scoremst>scoregrupo //mst endossa o Lula replace lulamst=0 if scoremst==5 replace lulamst=-1 if scoremst<5 & scoremst<scoregrupo gen serramst=-1 if scoremst>5 & scoremst>scoregrupo //mst não endossa o Serra replace serramst=0 if scoremst==5 replace serramst=1 if scoremst<5 & scoremst<scoregrupo gen garomst=0 //mst indiferente Garotinho *Evangelicos gen ciroevangelico=0 //Evangelico indiferente Ciro gen lulaevangelico=-1 if scoreevangelico>5 & scoreevangelico>scoregrupo //Evangelicos não endossam o Lula replace lulaevangelico=0 if scoreevangelico==5 replace lulaevangelico=1 if scoreevangelico<5 & scoreevangelico<scoregrupo gen serraevangelico=-1 if scoreevangelico>5 & scoreevangelico>scoregrupo //Evangelicos não endossam o Serra replace serraevangelico=0 if scoreevangelico==5 replace serraevangelico=1 if scoreevangelico<5 & scoreevangelico<scoregrupo

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gen garoevangelico=1 if scoreevangelico>5 & scoreevangelico>scoregrupo //Evangelicos endossam o Garotinho replace garoevangelico=0 if scoreevangelico==5 replace garoevangelico=-1 if scoreevangelico<5 & scoreevangelico<scoregrupo *Empresários gen ciroempresario=1 if scoreempresario>5 & scoreempresario>scoregrupo //Empresarios endossam o Cirro replace ciroempresario=0 if scoreempresario==5 replace ciroempresario=-1 if scoreempresario<5 & scoreempresario<scoregrupo gen lulaempresario=-1 if scoreempresario>5 & scoreempresario>scoregrupo //Empresarios não endossam o Lula replace lulaempresario=0 if scoreempresario==5 replace lulaempresario=1 if scoreempresario<5 & scoreempresario<scoregrupo gen serraempresario=1 if scoreempresario>5 & scoreempresario>scoregrupo //Empresarios endossam o Serra replace serraempresario=0 if scoreempresario==5 replace serraempresario=-1 if scoreempresario<5 & scoreempresario<scoregrupo gen garoempresario=0 //Empresarios são indiferentes ao Garotinho **Resumo dos scores dos grupos *Total --> Matriz completa egen cirogrupo=rowtotal(cirocut ciromst ciroevangelico ciroempresario) egen lulagrupo=rowtotal(lulacut lulamst lulaevangelico lulaempresario) egen serragrupo=rowtotal(serracut serramst serraevangelico serraempresario) egen garogrupo=rowtotal(garocut garomst garoevangelico garoempresario) *Médio egen cirogrupom=rowmean(cirocut ciromst ciroevangelico ciroempresario) egen lulagrupom=rowmean(lulacut lulamst lulaevangelico lulaempresario) egen serragrupom=rowmean(serracut serramst serraevangelico serraempresario) egen garogrupom=rowmean(garocut garomst garoevangelico garoempresario) *d) Imagem dos candidatos //Considerei NR, DK e missing como zero *Inteligência egen v57a_candsintelligentlula=rowmin(v57a_candsintelligentlula1 v57a_candsintelligentlula2 v57a_candsintelligentlula3) recode v57a_candsintelligentlula (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(intellula) egen v57b_candsintelligentserra=rowmin(v57b_candsintelligentserra1 v57b_candsintelligentserra2 v57b_candsintelligentserra3) recode v57b_candsintelligentserra (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(intelserra) egen v57d_candsintelligentciro=rowmin(v57d_candsintelligentciro1 v57d_candsintelligentciro2 v57d_candsintelligentciro3) recode v57d_candsintelligentciro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(intelciro) egen v57e_candsintelligentgaro=rowmin(v57e_candsintelligentgaro1 v57e_candsintelligentgaro2 v57e_candsintelligentgaro3) recode v57e_candsintelligentgaro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(intelgaro) *Liderança egen v58a_candsstrongleaderlula=rowmin(v58a_candsstrongleaderlula1 v58a_candsstrongleaderlula2 v58a_candsstrongleaderlula3) recode v58a_candsstrongleaderlula (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(lidlula) egen v58b_candsstrongleaderserra=rowmin(v58b_candsstrongleaderserra1 v58b_candsstrongleaderserra2 v58b_candsstrongleaderserra3) recode v58b_candsstrongleaderserra (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(lidserra) egen v58d_candsstrongleaderciro=rowmin(v58d_candsstrongleaderciro1 v58d_candsstrongleaderciro2 v58d_candsstrongleaderciro3) recode v58d_candsstrongleaderciro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(lidciro) egen v58e_candsstrongleadergaro=rowmin(v58e_candsstrongleadergaro1

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v58e_candsstrongleadergaro2 v58e_candsstrongleadergaro3) recode v58e_candsstrongleadergaro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(lidgaro) *Honestidade egen v59a_candshonestlula=rowmin(v59a_candshonestlula1 v59a_candshonestlula2 v59a_candshonestlula3) recode v59a_candshonestlula (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(honeslula) egen v59b_candshonestserra=rowmin(v59b_candshonestserra1 v59b_candshonestserra2 v59b_candshonestserra3) recode v59b_candshonestserra (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(honesserra) egen v59d_candshonestciro=rowmin(v59d_candshonestciro1 v59d_candshonestciro2 v59d_candshonestciro3) recode v59d_candshonestciro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(honesciro) egen v59e_candshonestgaro=rowmin(v59e_candshonestgaro1 v59e_candshonestgaro2 v59e_candshonestgaro3) recode v59e_candshonestgaro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(honesgaro) *Solidário egen v60a_candscompassionlula=rowmin(v60a_candscompassionlula1 v60a_candscompassionlula2 v60a_candscompassionlula3) recode v60a_candscompassionlula (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(sollula) egen v60b_candscompassionserra=rowmin(v60b_candscompassionserra1 v60b_candscompassionserra2 v60b_candscompassionserra3) recode v60b_candscompassionserra (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(solserra) egen v60d_candscompassionciro=rowmin(v60d_candscompassionciro1 v60d_candscompassionciro2 v60d_candscompassionciro3) recode v60d_candscompassionciro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(solciro) egen v60e_candscompassiongaro=rowmin(v60e_candscompassiongaro1 v60e_candscompassiongaro2 v60e_candscompassiongaro3) recode v60e_candscompassiongaro (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . =0), generate(solgaro) *Resumo dos scores da imagem *Total --> Matriz completa egen lulaimage=rowtotal(intellula lidlula honeslula sollula) egen serraimage=rowtotal(intelserra lidserra honesserra solserra) egen ciroimage=rowtotal(intelciro lidciro honesciro solciro) egen garoimage=rowtotal(intelgaro lidgaro honesgaro solgaro) *Total egen lulaimagem=rowmean(intellula lidlula honeslula sollula) egen serraimagem=rowmean(intelserra lidserra honesserra solserra) egen ciroimagem=rowmean(intelciro lidciro honesciro solciro) egen garoimagem=rowmean(intelgaro lidgaro honesgaro solgaro) *Escore total dos candidatos //Mais confiável do que o escore médio pois os "zeros" não impactam os resultados egen lulascore=rowtotal(lulapart lulatema lulagrupo lulaimage) egen serrascore=rowtotal(serrapart serratema serragrupo serraimage) egen ciroscore=rowtotal(ciropart cirotema cirogrupo ciroimage) egen garoscore=rowtotal(garopart garotema garogrupo garoimage) *Escore médio dos candidatos //Esse poderia ser seu sumário, cuja nota de cada candidato pode variar entre -1 e 1, no entanto, tenha em mente que os "zeros" impactam os resultados egen lulascorem=rowmean(lulapart lulatemam lulagrupom lulaimagem) egen serrascorem=rowmean(serrapart serratemam serragrupom serraimagem) egen ciroscorem=rowmean(ciropart cirotemam cirogrupom ciroimagem) egen garoscorem=rowmean(garopart garotemam garogrupom garoimagem) **Definição das preferências dos indivíduos** egen scoremax=rowmax(lulascore serrascore ciroscore garoscore)

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egen scorelula=diff(lulascore scoremax) // (=0) Individuos que preferem o Lula egen scoreserra=diff(serrascore scoremax) // (=0) Individuos que preferem o Serra egen scoreciro=diff(ciroscore scoremax) // (=0) Individuos que preferem o Ciro egen scoregaro=diff(garoscore scoremax) // (=0) Individuos que preferem o Garotinho //Análise dos empates gen scoresoma=scorelula+scoreserra+scoreciro+scoregaro //Para não haver empate a soma tem que ser 3 //Nesse caso temos 19% de empates (1, 2 ou 3 empates) *Através dos z scores //minimizar a questão dos empates *Construção dos z scores egen lulascoresd=rowsd(lulapart lulapriv lulagast lularefor lulacut lulamst lulaevangelico lulaempresario intellula lidlula honeslula sollula) egen serrascoresd=rowsd(serrapart serrapriv serragast serrarefor serracut serramst serraevangelico serraempresario intelserra lidserra honesserra solserra) egen ciroscoresd=rowsd(ciropart ciropriv cirogast cirorefor cirocut ciromst ciroevangelico ciroempresario intelciro lidciro honesciro solciro) egen garoscoresd=rowsd(garopart garopriv garogast garorefor garocut garomst garoevangelico garoempresario intelgaro lidgaro honesgaro solgaro) gen lulascorez=lulascorem/lulascoresd gen serrascorez=serrascorem/serrascoresd gen ciroscorez=ciroscorem/ciroscoresd gen garoscorez=garoscorem/garoscoresd egen scoremaxz=rowmax(lulascorez serrascorez ciroscorez garoscorez) egen scorelulaz=diff(lulascorez scoremaxz) // (=0) Individuos que preferem o Lula egen scoreserraz=diff(serrascorez scoremaxz) // (=0) Individuos que preferem o Serra egen scoreciroz=diff(ciroscorez scoremaxz) // (=0) Individuos que preferem o Ciro egen scoregaroz=diff(garoscorez scoremaxz) // (=0) Individuos que preferem o Garotinho //Análise dos empates gen scoresomaz=scorelulaz+scoreserraz+scoreciroz+scoregaroz //Para não haver empate a soma tem que ser 3 //Os empates foram reduzidos para 7% **Voto correto** * A amostra é reduzida substancialmente porque não há como considerar os indivíduos que votaram em outros candidatos *Considerando os z-scores e desconsiderando os empates** gen outros=lula+ciro+serra+garotinho //=0 --> individuo que votou em outro candidato ou missing egen vclulaz=diff(lula scorelulaz) if scoresomaz==3 & outros==1 //=1 --> Voto correto egen vcserraz=diff(serra scoreserraz) if scoresomaz==3 & outros==1 egen vcciroz=diff(ciro scoreciroz) if scoresomaz==3 & outros==1 egen vcgaroz=diff(garotinho scoregaroz) if scoresomaz==3 & outros==1 gen votocorretoz=vclulaz+vcserraz+vcciroz+vcgaroz recode votocorretoz (2=0) (4=1) **Considerando os scores totais e desconsiderando os empates** egen vclula=diff(lula scorelula) if scoresoma==3 & outros==1 //=1 --> Voto correto egen vcserra=diff(serra scoreserra) if scoresoma==3 & outros==1 egen vcciro=diff(ciro scoreciro) if scoresoma==3 & outros==1 egen vcgaro=diff(garotinho scoregaro) if scoresoma==3 & outros==1 gen votocorreto=vclula+vcserra+vcciro+vcgaro recode votocorreto (2=0) (4=1)

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2.2 Voto Correto Proporcional

* Variavel do voto egen v25cjf_feddepvote=rowfirst(v25cjf_feddepvote3 v25cjf_feddepvote2) tab v25cjf_feddepvote, generate(vcdepjf) rename vcdepjf1 delgado rename vcdepjf2 mattos drop vcdepjf* egen v25ccs_feddepvote=rowfirst(v25ccs_feddepvote3 v25ccs_feddepvote2) tab v25ccs_feddepvote, generate(vcdepcs) rename vcdepcs1 corso rename vcdepcs2 sartori drop vcdepcs* * Identificação Partidária /* O voto correto se concretiza quando há a combinação do voto, da identificação e do sentimento partidário, além do fato do indivíduo saber o partido do candidato Assim, codifica-se como +1 e as combinações negativas -1. */ tab v43a_pidyesorno // Você simpatiza com algum partido político? tab v43b_pidparty // Qual? tab v42a_pidthermpsdb // //Agora eu gostaria que você desse notas de 0 a 10 para avaliar os seguintes partidos: PSDB; PT; PMDB; tab v42c_pidthermpt tab v42d_pidthermpmdb tab v25h_feddepvoteparty3 // Qual o partido do candidato em quem você votou para Deputado Federal? egen v42a_pidthermpsdb=rowmin(v42a_pidthermpsdb1 v42a_pidthermpsdb2 v42a_pidthermpsdb3 v42a_pidthermpsdb4 v42a_pidthermpsdb5 v42a_pidthermpsdb6) recode v42a_pidthermpsdb (18 19 =.), generate(psdbscore) egen v42c_pidthermpt=rowmin(v42c_pidthermpt1 v42c_pidthermpt2 v42c_pidthermpt3 v42c_pidthermpt4 v42c_pidthermpt5 v42c_pidthermpt6) recode v42c_pidthermpt (18 19 =.), generate(ptscore) egen v42d_pidthermpmdb=rowmin(v42d_pidthermpmdb1 v42d_pidthermpmdb2 v42d_pidthermpmdb3 v42d_pidthermpmdb4 v42d_pidthermpmdb5 v42d_pidthermpmdb6) recode v42d_pidthermpmdb (18 19 =.), generate(pmdbscore) egen maxscorepart=rowmax(psdbscore ptscore pmdbscore) egen psdbpref=diff(maxscorepart psdbscore) recode psdbpref (1=-1)(0=1) recode psdbpref (1 -1 = 0) if psdbscore==. egen ptpref=diff(maxscorepart ptscore) recode ptpref (1=-1)(0=1) recode ptpref (1 -1 = 0) if ptscore==. egen pmdbpref=diff(maxscorepart pmdbscore) recode pmdbpref (1=-1)(0=1) recode pmdbpref (1 -1 = 0) if pmdbscore==. gen sartoriaval=pmdbpref gen mattosaval=psdbpref

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gen delgadoaval=ptpref gen corsoaval=ptpref *Escore total da identificação partidária //Missing=0 egen sartoripartt = rowtotal(sartoripart sartoriaval) egen mattospartt = rowtotal(mattospart mattosaval) egen delgadopartt = rowtotal(delgadopart delgadoaval) egen corsopartt = rowtotal(corsopart corsoaval) * Avaliaçcao Retrospectiva (indecisão/missing/DK/NR=0) // situação econômica pessoal nos ultimos 12 meses --> Se piorou ponto negativo para os candidatos incumbentes egen v5a_econpastego=rowmin(v5a_econpastego1 v5a_econpastego2 v5a_econpastego) recode v5a_econpastego (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(sitpessoal) gen delgadositpes=sitpessoal gen mattossitpes=sitpessoal gen corsositpes=sitpessoal gen sartorisitpes=sitpessoal recode sartorisitpes (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Sartori não é um candidato incumbente!! // situação econômica do bairro nos ultimos 12 meses --> Se piorou ponto negativo para os candidatos incumbentes egen v5b_econpastbairro=rowmin(v5b_econpastbairro1 v5b_econpastbairro2 v5b_econpastbairro3) recode v5b_econpastbairro (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(sitbairro) gen delgadositbar=sitbairro gen mattossitbar=sitbairro gen corsositbar=sitbairro gen sartorisitbar=sitbairro recode sartorisitbar (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Sartori não é um candidato incumbente!! // situação econômica da cidade nos últimos 12 meses --> Se piorou ponto negativo para os candidatos incumbentes egen v5c_econpastcity=rowmin(v5c_econpastcity1 v5c_econpastcity2 v5c_econpastcity3) recode v5c_econpastcity (1 2 = 1) (3 = 0) (4 5 = -1) (8 9 . = 0), generate(sitcity) gen delgadositcity=sitcity gen mattossitcity=sitcity gen corsositcity=sitcity gen sartorisitcity=sitcity recode sartorisitcity (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Sartori não é um candidato incumbente!! // sentimento de segurança no bairro (não existe indecisão. muito seguro e seguro = +1 e pouco seguro e nada seguro = -1) --> mas considerei os missing/DK/NR = 0 // --> Se pouco seguro e nada seguro ponto negativo para os candidatos incumbentes egen v2_bairrosafe=rowmin(v2_bairrosafe1 v2_bairrosafe2) recode v2_bairrosafe (1 2 = 1) (3 4 = -1) (8 9 . = 0), generate(safebairro) gen delgadosafe=safebairro gen mattossafe=safebairro gen corsosafe=safebairro gen sartorisafe=safebairro recode sartorisafe (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Sartori não é um candidato incumbente!!

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*Escore total da avaliação retrospectiva //Missing=0 egen sartorisit = rowtotal(sartorisitpes sartorisitbar sartorisitcity sartorisafe) egen mattossit = rowtotal(mattossitpes mattossitbar mattossitcity mattossafe) egen delgadosit = rowtotal(delgadositpes delgadositbar delgadositcity delgadosafe) egen corsosit = rowtotal(corsositpes corsositbar corsositcity corsosafe) * Apreço aos Apoiadores //Considerei os missing/DK/NR/Indecisão = 0 // Lula candidato apoiu a Ana Corso e Paulo Delgado egen v41a_thermlula=rowmin(v41a_thermlula1 v41a_thermlula2 v41a_thermlula3) recode v41a_thermlula (18 19 .=5), generate(lulanota) replace lulanota=-1 if lulanota < 5 replace lulanota=1 if lulanota > 5 replace lulanota=0 if lulanota==5 gen delgadolula=lulanota gen mattoslula=lulanota gen corsolula=lulanota gen sartorilula=lulanota recode mattoslula (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Mattos não é apoiado pelo Lula recode sartorilula (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Sartori não é apoiado pelo Lula // FHC Presidente até 2002 --> Apoiou a Custodio Mattos egen v41b_thermfhc=rowmin(v41b_thermfhc1 v41b_thermfhc2 v41b_thermfhc3) recode v41b_thermfhc (18 19 .=5), generate(fhcnota) replace fhcnota=-1 if fhcnota < 5 replace fhcnota=1 if fhcnota > 5 replace fhcnota=0 if fhcnota==5 gen delgadofhc=fhcnota gen mattosfhc=fhcnota recode delgadofhc (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Delgado não é apoiado pelo FHC *Caxias do Sul // Olivio Dutra Governador do RS --> Apoiou a Ana Corso //Essa variável pode ser problema devido os baixos valores de respostas nas ondas egen v41kcs_thermolivio=rowmin(v41kcs_thermolivio1 v41kcs_thermolivio2 v41kcs_thermolivio3) recode v41kcs_thermolivio (18 19 .=5), generate(dutranota) replace dutranota=-1 if dutranota < 5 replace dutranota=1 if dutranota > 5 replace dutranota=0 if dutranota==5 gen corsodutra=dutranota gen sartoridutra=dutranota recode sartoridutra (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Sartori não é apoiado pelo Dutra // Rigotto Candidato eleito ao governo do RS em 2002 --> Apoiou a Sartori egen v41pcs_thermrigotto=rowmin(v41pcs_thermrigotto2 v41pcs_thermrigotto3) recode v41pcs_thermrigotto (18 19 .=5), generate(rigottonota) replace rigottonota=-1 if rigottonota < 5 replace rigottonota=1 if rigottonota > 5 replace rigottonota=0 if rigottonota==5 gen corsorigotto=rigottonota gen sartoririgotto=rigottonota recode corsorigotto (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Ana Corso não é apoiada pelo Rigotto

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// Pepe Prefeito de Caxias do Sul é marido da candidata Ana Corso --> Apoiou a Ana Corso egen v41ocs_thermpepe=rowmin(v41ocs_thermpepe1 v41ocs_thermpepe2 v41ocs_thermpepe3) recode v41ocs_thermpepe (18 19 .=5), generate(pepenota) replace pepenota=-1 if pepenota < 5 replace pepenota=1 if pepenota > 5 replace pepenota=0 if pepenota==5 gen corsopepe=pepenota gen sartoripepe=pepenota recode sartoripepe (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Sartori não é apoiado pelo Pepe * Juiz de Fora // Aécio Candidato eleito ao governo de MG em 2002 (altamente popular) --> Apoio a Custódio Mattos egen v41mjf_thermaecio=rowmin(v41mjf_thermaecio2 v41mjf_thermaecio3) recode v41mjf_thermaecio (18 19 .=5), generate(aecionota) replace aecionota=-1 if aecionota < 5 replace aecionota=1 if aecionota > 5 replace aecionota=0 if aecionota==5 gen delgadoaecio=aecionota gen mattosaecio=aecionota recode delgadoaecio (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Delgado não é apoiado pelo Aécio //Tarcisio Prefeito de Juiz de Fora --> O prefeito é inimigo dos dois principais candidatos da cidade, Custodio Mattos e Paulo Delgado egen v41ojf_thermtarcisio=rowmin(v41ojf_thermtarcisio1 v41ojf_thermtarcisio2 v41ojf_thermtarcisio3 recode v41ojf_thermtarcisio (18 19 .=5), generate(tarcisionota) replace tarcisionota=-1 if tarcisionota < 5 replace tarcisionota=1 if tarcisionota > 5 replace tarcisionota=0 if tarcisionota==5 gen delgadotarcisio=tarcisionota gen mattostarcisio=tarcisionota recode delgadotarcisio (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Delgado não é apoiado pelo Tarcisio recode mattostarcisio (-1=1) (1=-1) //Inversão dos sinais pois Mattos não é apoiado pelo Tarcisio *Escore total do apreço egen sartoriapreco = rowtotal(sartorilula sartoridutra sartoririgotto sartoripepe) egen corsoapreco = rowtotal(corsolula corsodutra corsorigotto corsopepe) egen mattosapreco = rowtotal(mattoslula mattosfhc mattosaecio mattostarcisio) egen delgadoapreco = rowtotal(delgadolula delgadofhc delgadoaecio delgadotarcisio) *Avaliação dos candidatos //Considerei os missing/DK/NR/Indecisão = 0 egen v41tcs_thermanacorso=rowmin(v41tcs_thermanacorso2 v41tcs_thermanacorso3) recode v41tcs_thermanacorso (18 19 .=5), generate(corsonota) replace corsonota=-1 if corsonota < 5 replace corsonota=1 if corsonota > 5 replace corsonota=0 if corsonota==5 egen v41vcs_thermsartori=rowmin(v41vcs_thermsartori2 v41vcs_thermsartori3

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recode v41vcs_thermsartori (18 19 .=5), generate(sartorinota) replace sartorinota=-1 if sartorinota < 5 replace sartorinota=1 if sartorinota > 5 replace sartorinota=0 if sartorinota==5 egen v41tjf_thermcustodiomattos=rowmin(v41tjf_thermcustodiomattos2 v41tjf_thermcustodiomattos3) recode v41tjf_thermcustodiomattos (18 19 .=5), generate(mattosnota) replace mattosnota=-1 if mattosnota < 5 replace mattosnota=1 if mattosnota > 5 replace mattosnota=0 if mattosnota==5 egen v41rjf_thermpaulodelgado=rowmin(v41rjf_thermpaulodelgado2 v41rjf_thermpaulodelgado3) recode v41rjf_thermpaulodelgado (18 19 .=5), generate(delgadonota) replace delgadonota=-1 if delgadonota < 5 replace delgadonota=1 if delgadonota > 5 replace delgadonota=0 if delgadonota==5 *Escore total do total egen sartoriscore = rowtotal(sartoripartt sartorisit sartoriapreco sartorinota) egen corsoscore = rowtotal(corsopartt corsosit corsoapreco corsonota) egen mattosscore = rowtotal(mattospartt mattossit mattosapreco mattosnota) egen delgadoscore = rowtotal(delgadopartt delgadosit delgadoapreco delgadonota) **Definição das preferências dos indivíduos** *Através dos scores médios //Juiz de Fora egen scoremaxjf=rowmax(delgadoscore mattosscore) egen delgadopref=diff(delgadoscore scoremaxjf) // (=0) Indivíduos que preferem o Delgado egen mattospref=diff(mattosscore scoremaxjf) // (=0) Indivíduos que preferem o Mattos //Caxias do Sul egen scoremaxcs=rowmax(corsoscore sartoriscore) egen corsopref=diff(corsoscore scoremaxcs) // (=0) Indivíduos que preferem Ana Carso egen sartoripref=diff(sartoriscore scoremaxcs) // (=0) Indivíduos que preferem o Sartori //Análise dos empates gen prefjf=delgadopref+mattospref //Juiz de Fora --> //Nesse caso temos 16,82% de empates/missing gen prefcs=corsopref+sartoripref //Caxias do Sul --> //Nesse caso temos 9,62% de empates//missing **Voto correto** // Considerando os score totais e desconsiderando os empates** // Desconsiderando todos os indivíduos que votaram em outros candidatos egen outrosdep=rowtotal(delgado corso sartori mattos) //=0 --> indivíduos que votaram em outros candidatos ou missing //Juiz de Fora egen vcjf=diff(delgado delgadopref) if outrosdep==1 & prefjf==1 //=1 --> Voto correto egen vcjfcheck=diff(mattos mattospref) if outrosdep==1 & prefjf==1 //=1 --> Voto correto //Caxias do Sul egen vccs=diff(sartori sartoripref) if outrosdep==1 & prefcs==1 //1= --> Voto correto egen vccscheck=diff(corso corsopref) if outrosdep==1 & prefcs==1 //1= --> Voto correto //Voto correto total (deputado federal) egen vcdep=rowmin(vcjf vccs) **Voto correto** // Considerando os score totais e desconsiderando os empates** // Considerando todos os individuos que votaram em outros candidatos //Juiz de Fora

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egen vcjf2=diff(delgado delgadopref) if prefjf==1 //=1 --> Voto correto egen vcjfcheck2=diff(mattos mattospref) if prefjf==1 //=1 --> Voto correto //Caxias do Sul egen vccs2=diff(sartori sartoripref) if outrosdep==1 & prefcs==1 //1= --> Voto correto egen vccscheck2=diff(corso corsopref) if prefcs==1 //1= --> Voto correto //Voto correto total (deputado federal) egen vcdep2=rowmin(vcjf2 vccs2)

2.3 Aprendizado Político gen correct1=0 // Wave 1 replace correct1=1 if s14acs_know1cargo1==1 * I'm giving half a point to people who said Ana Corso was a Fed. Dep. because she was a suplente for 8 months replace correct1= .5 if s14acs_know1cargo1==2 replace correct1=1 if s14ajf_know1cargo1==2 gen correct2=0 replace correct2=1 if s14b_know2vicepres1==2 gen correct3=0 replace correct3=1 if s14c_know3fhcparty1==3 gen correct4=0 replace correct4=1 if s14d_know4mercosul1==2 gen correct5=0 replace correct5=1 if s14ecs_know5senator1==1 replace correct5=1 if s14ejf_know5senator1==1 gen correct6=0 replace correct6=1 if s14f_know6preschamber1==3 gen correct7=0 replace correct7=1 if v22b1_prescandsknowciro1==1 gen correct8=0 replace correct8=1 if v22b2_prescandsknowlula1==1 gen correct9=0 replace correct9=1 if v22b4_prescandsknowserra1==1 gen correct10=0 replace correct10=1 if v22b5_prescandsknowgaro1==1 egen aware1= rsum(correct1-correct10) replace aware1=aware1/10 replace aware1=. if respond1==0 drop correct* gen correct1=0 // Wave 2 replace correct1=1 if s14acs_know1cargo2==1 * I'm giving half a point to people who said Ana Corso was a Fed. Dep. because she was a suplente for 8 months replace correct1=.5 if s14acs_know1cargo2==2 replace correct1=1 if s14ajf_know1cargo2==2 gen correct2=0 replace correct2=1 if s14b_know2vicepres2==2 gen correct3=0 replace correct3=1 if s14c_know3fhcparty2==3 gen correct4=0 replace correct4=1 if s14d_know4mercosul2==2 gen correct5=0 replace correct5=1 if s14ecs_know5senator2==1 replace correct5=1 if s14ejf_know5senator2==1 gen correct6=0 replace correct6=1 if s14f_know6preschamber2==3 gen correct7=0

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replace correct7=1 if v22b1_prescandsknowciro2==1 gen correct8=0 replace correct8=1 if v22b2_prescandsknowlula2==1 gen correct9=0 replace correct9=1 if v22b4_prescandsknowserra2==1 gen correct10=0 replace correct10=1 if v22b5_prescandsknowgaro2==1 egen aware2=rsum(correct1-correct10) replace aware2=aware2/10 replace aware2=. if responsepattern3wave==1 | responsepattern3wave==3 | responsepattern3wave==5 | responsepattern3wave==6 | responsepattern3wave==7 drop correct* gen correct2=0 // Wave 3 replace correct2=1 if s14b_know2vicepres3==2 gen correct3=0 replace correct3=1 if s14c_know3fhcparty3==3 gen correct4=0 replace correct4=1 if s14d_know4mercosul3==2 gen correct5=0 replace correct5=1 if v22b1_prescandsknowciro3==1 gen correct6=0 replace correct6=1 if v22b2_prescandsknowlula3==1 gen correct7=0 replace correct7=1 if v22b4_prescandsknowserra3==1 gen correct8=0 replace correct8=1 if v22b5_prescandsknowgaro3==1 egen aware3=rsum(correct2-correct8) replace aware3=aware3/7 replace aware3=. if responsepattern3wave~=3 drop correct* egen aware=rmax(aware1 aware2 aware3) // Containing the maximum within an observation (z y x) summ aware, d tab aware egen maware1 = mean(aware1) egen maware2 = mean(aware2) egen maware3 = mean(aware3) tab1 maware1 maware2 maware3 egen awarediff = diff(aware1-aware3) // Diferença das médias entre a var aware3-aware1 // Não está certo gen aware_experts=0 replace aware_experts=1 if aware >= .75 // grupo que acertou 75% ou mais do 'quiz' tab aware_experts gen aware_per = recode(aware,(.25),(.50),(.75),(1)) tab aware_per hist aware1 gr7 aware1, hist xlabel ylabel bin(10) normal freq