IMAGEM E SOCIEDADE: A MIDIATIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA E … · a construção social do cotidiano,...

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1 IMAGEM E SOCIEDADE: A MIDIATIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA CRIMINALIDADE; SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA VIDA COTIDIANA 1 ALBINO JOSÉ EUSÉBIO- UFPA/PARÁ KATIA MARLY LEITE MENDONÇA-UFPA/PARÁ Resumo: A violência constitui um elemento contumaz na sociedade brasileira, desde ações criminais comuns até ao crime organizado. A constante disseminação pelas mídias (televisiva ou imprensa) de ações violentas contribui para o surgimento, no seio da sociedade, de um sentimento de insegurança e vulnerabilidade. Baseando-se nas narrativas colhidas em conversas do dia-a-dia que permitiram traçar um panorama sobre a violência e criminalidade no contexto da cidade de Belém, no presente artigo busca-se fazer uma reflexão sobre a influência que a midiatização da criminalidade e da violência tem na construção social da vida cotidiana. Constata-se que a violência e a criminalidade, associado ao processo de midiatização da violência, um fenômeno que faz com que as imagens sobre casos de violência e ações criminais ultrapassem os limites temporais e espaciais, constituem fatores determinantes na construção social da vida cotidiana, desde o simples fato de não puder usar o aparelho celular na rua à noite até o que se denomina de arquitetura do medo evidenciado por casas, pontos comerciais e prédios públicos super guarnecidos. 1 Trabalho apresentado no I Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica, realizado entre os dias 04 e 06 de Novembro de 2014, Belém/PA

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IMAGEM E SOCIEDADE: A MIDIATIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA E DA

CRIMINALIDADE; SUA INFLUÊNCIA NA CONSTRUÇÃO SOCIAL DA VIDA

COTIDIANA1

ALBINO JOSÉ EUSÉBIO- UFPA/PARÁ

KATIA MARLY LEITE MENDONÇA-UFPA/PARÁ

Resumo: A violência constitui um elemento contumaz na sociedade brasileira, desde ações

criminais comuns até ao crime organizado. A constante disseminação pelas mídias

(televisiva ou imprensa) de ações violentas contribui para o surgimento, no seio da

sociedade, de um sentimento de insegurança e vulnerabilidade. Baseando-se nas narrativas

colhidas em conversas do dia-a-dia que permitiram traçar um panorama sobre a violência e

criminalidade no contexto da cidade de Belém, no presente artigo busca-se fazer uma

reflexão sobre a influência que a midiatização da criminalidade e da violência tem na

construção social da vida cotidiana. Constata-se que a violência e a criminalidade,

associado ao processo de midiatização da violência, um fenômeno que faz com que as

imagens sobre casos de violência e ações criminais ultrapassem os limites temporais e

espaciais, constituem fatores determinantes na construção social da vida cotidiana, desde o

simples fato de não puder usar o aparelho celular na rua à noite até o que se denomina de

arquitetura do medo evidenciado por casas, pontos comerciais e prédios públicos super

guarnecidos.

1 Trabalho apresentado no I Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica,

realizado entre os dias 04 e 06 de Novembro de 2014, Belém/PA

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INTRODUÇÃO

Nas sociedades contemporâneas, as imagens ocupam um lugar preponderante na relação

social, pois vivemos numa sociedade onde as relações sociais são mediadas pelas imagens,

e as mídias são os principais veículos dinamizadores do que Debord (1997) denomina de

sociedade do espetáculo.

Não constitui um equívoco afirmar que, as mídias são instituinte de comportamentos

transformando a cultura e a vida cotidiana dos indivíduos; dominando o tempo de lazer;

modelando opiniões políticas e comportamentos sociais; definindo e redefinindo o que é

bom ou mau, negativo ou positivo e moral ou imoral; e fornecendo símbolos, mitos e

recursos que ajudam a construir uma cultura com tendências homogêneas para pessoas de

várias regiões do mundo (DA COSTA, 2004, p. 181) e por isso mesmo, exercem uma

grande influência na construção do imaginário social sobre uma determinada realidade ou

contexto sociocultural.

Ultimamente, regista-se uma maior apropriação de imagens de violência e da criminalidade

no campo televisivo e da informação, sobretudo por programas televisivos de teor policial

(Cidade Alerta, Barra Pesada, Metendo Bronca, Brasil Urgente, Balanço Geral casos de

Polícia, etc.), o que contribui para um sentimento de insegurança e vulnerabilidade entre as

pessoas baseado num imaginário de uma sociedade do medo.

Apesar de, a violência e a criminalidade constituírem objetos que já vêm sendo bastante

explorados a nível da teoria sociológica, a relação entre a violência, criminalidade, mídia e

a construção social do cotidiano, constitui um objeto que ainda carece de mais discussões e

reflexões sociológicas. Neste sentido, tal como o leitor perceberá, ao longo texto buscamos

fazer uma reflexão sobre a influência que a midiatização da violência e da criminalidade

tem na vida cotidiana dos indivíduos, centrando a nossa pesquisa no contexto da cidade de

Belém.

Desta forma, com o intuito de traçar um panorama sobre a violência e a criminalidade,

trazemos depoimentos de alguns estudantes e moradores de Belém, que embora não possam

ser consideradas representativas do sentimento coletivo, evidenciam o quão o enraizamento

da violência e da criminalidade determina o cotidianos dos indivíduos, depoimentos esses

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que foram colhidos aleatoriamente em conversas do dia a dia. Reconhecemos que, o termo

violência se mostra, logo a priori, como um conceito complexo, pois assume várias

perspectivas de abordagem (violência física ou simbólica, legítima ou não legítima, etc.);

porém tratando-se de uma reflexão sobre a midiatização da violência, buscamos

acompanhar a forma como termo é abordado no campo midiático, onde se centra de um

modo geral na violência física que se manifesta através de ações de fato numa relação

intersubjetiva.

Para facilitar a articulação da abordagem, o artigo está dividido em duas partes: na primeira

parte, discute-se a questão da violência e da criminalidade em Belém enquanto um

fenômeno real na vida cotidiana dos indivíduos e na segunda parte completa-se o debate

fazendo uma relação entre a mídia, violência e o cotidiano, cerne da nossa reflexão, onde se

demonstra que a midiatização acaba sendo um fenômeno catalizador na construção de

imaginário de uma sociedade do medo e um fator determinante na construção social da vida

cotidiana.

CRIME, VIOLÊNCIA E VIDA COTIDIANA

A criminalidade constitui um fenômeno contumaz na sociedade brasileira, desde os crimes

comuns até a violência fatal conectada ao crime organizado (ADORNO, 2000a). Não

constitui um equivoco afirmar que, o Brasil é uma sociedade onde o crime organizado,

concretamente o tráfico de drogas, encontra-se enraizado dentro dos diversos setores da

sociedade.

Se por um lado, a comunidade convive no seu cotidiano com armas e drogas nas “famosas

favelas”, nome que outrora significava casas habitacionais, na sua maioria sem título de

propriedade, resultados de ocupações irregulares, mas com gente humilde, e que hoje é

reflexo duma imagem de violência e insegurança, uma situação que está associada, de certa

forma a uma maior facilidade de obter armas de fogos, com o advento de novas formas de

crime organizado vinculadas ao tráfico de drogas (ZALUAR, 2012, p. 334); por outro lado,

o narcotráfico promove a desorganização das formas tradicionais de sociabilidade entre as

classes populares urbanas, estimula o medo das classes médias e altas e enfraquece de certa

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forma a capacidade do poder público de aplicar a lei e a ordem (ADORNO, 2000a, p. 88).

Qualquer indivíduo pode ser agressor ou vítima de ações criminosas, em qualquer lugar e, a

qualquer momento, tal como destaca Gilberto Velho:

Ninguém mais se sente seguro: nem empresas nem indivíduos. Senadores da

República, ex-governadores, membros da Academia Brasileira de Letras,

diplomatas, empresários e suas famílias engordam as listas de vítimas de roubo,

assalto, sequestro e, eventualmente, assassinato. Elites e classes médias têm suas

casas assaltadas. O que dizer das camadas populares, secularmente vitimizadas?

Nas favelas, nos conjuntos habitacionais, nas periferias, os criminosos fazem

praticamente o que querem, seviciando, estuprando e matando. Não há lugar

protegido. Escolas, igrejas, templos, quartéis, delegacias etc. são frequentemente

invadidos. As pessoas são humilhadas e desrespeitadas de todos os modos (VELHO, 2000a, p. 58).

A urbanização acelerada, o desenfreado crescimento das cidades, as fortes aspirações de

consumo frustradas, (VELHO, 2000a), as desigualdades sociais, a segregação urbana, a

anomia econômica, a exclusão social, a corrupção, a impunidade (MISSE, 1993;

ADORNO, 2002a; ADORNO, 2002b; MARINO, 2002; FERREIRA, 2011; ZALUAR,

2012), bem como o desmantelamento dos mecanismos tradicionais de socialização juvenil,

o distanciamento entre pais e filhos, o avanço da sociedade de consumo, a diminuição das

oportunidades oferecidas pelo mercado formal de trabalho e o avanço do narcotráfico

(ADORNO, BORDINI e LIMA, 1999) destacam-se como alguns dos fatores que

contribuem para o enraizamento da criminalidade e da violência no contexto brasileiro, um

fato que contribui para o surgimento, no seio dos indivíduos ou dos cidadãos, de um

sentimento de insegurança coletivo e generalizado.

Trata-se de fatores que, tal como afirma Eusébio (2014)2, são próprios de uma forma

capitalista de organização social onde o individualismo e a supremacia da relação eu-isso

(BUBER, 2001) caracterizam a construção social da vida cotidiana (BERGER e

LUCKMANN, 2004). Importa frisar que, se por um lado o individualismo está vinculado à

ideia de liberdade e igualdade, rompendo com a opressão e a rigidez dos sistemas

tradicionais de dominação, por outro, adversativamente esta ligado também a situações de

2 Trata-se de um trabalho onde o autor buscou discutir a importância das abordagens ético-filosóficas de Paul

Ricoeur sobre culpa e culpabilidade na análise sociológica sobre a reincidência criminal, o mesmo foi

apresentado no XXIX Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Sociais (ENECS), Universidade Estadual

de Maranhão (UEMA), São Luís em Maranhão, Brasil.

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degradação e anomias sociais e ao rompimento de valores e redes de reciprocidade e

atuação pública, fato que contribui, tal como destaca Gilberto Velho, para a indiferença, o

narcisismo e o egoísmo que caracterizam a vida nas metrópoles brasileiras (VELHO,

2000b, p. 21).

Há que destacar também como fatores desencadeadores da violência e da criminalidade no

contexto brasileiro, a quebra de valores éticos e morais, característica própria das

sociedades modernas; sociedades essas que de acordo com Mendonça (2009, p. 46), são

“totalmente voltadas para a tecnologia e mercado e que se olvidam dos mais elementares

laços do inter-humano”, bem como o que Eusébio (2014), num trabalho já acima citado,

denominou de eclipse de outro, uma espécie de cegueira ética (ADORNO e

HORKHEIMER, 1985) em que o indivíduo não enxerga o outro ou não tem a consciência

ou não se importa com a consequência dos seus atos no outro em função dos seus interesses

particulares e individualistas.

É uma situação onde, o indivíduo, um sujeito dotado de humanidade, que na

maioria dos casos também é mais uma vítima de um sistema de organização

social que o coloca numa situação desigual, excluída, anômica, opressora,

individualista e de intolerância, não se importa com outro indivíduo, que

também é um sujeito dotado de humanidade, olhando somente para sua vida,

seus interesses particulares e estratégias de sobrevivência (EUSÉBIO, 2014,

p. 7).

A questão da crise dos valores ético-morais como um fator determinante para a

criminalidade e violência no contexto brasileiro já foi destaca por Gilberto Velho, quando

considera que:

Sem dúvida a pobreza, a miséria e a iniquidade social constituem historicamente

um campo altamente propício para a disseminação da violência. No entanto, creio

que não tem sido dada a devida atenção para a dimensão moral, ética e do sistema

de valores como um todo, para a compreensão desse fenômeno. A perda de

credibilidade e de referências simbólicas significativas destrói expectativas de

convivência social elementares. Filósofos, pensadores e cientistas sociais das

mais variadas orientações mostram como a sociedade só é viável mediante um

mínimo de valores e padrões compartilhados. Por exemplo, o ataque físico a

pessoas idosas já se tornou rotina no cotidiano das grandes cidades brasileiras.

Em outros países com alto índice de pobreza, como a Índia, essas cenas são

inimagináveis. Esse tipo de evento era, também, até pouco tempo atrás, muito

raro no próprio Brasil, motivo de escândalo e indignação. Hoje banalizou-se

assim como outras notícias de crueldade contra mulheres, crianças, pessoas

doentes etc. Trata-se, claramente, de uma crise ético-moral. A família, a escola e

a religião não têm sido capazes, por sua vez, de resistir a essa deteriorização de

valores (VELHO, 2000a, p. 58).

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A criminalidade e a violência são fenômenos presentes em todas as cidades brasileiras com

as devidas particularidades que são inerentes às diferenças socioculturais. O enraizamento

da criminalidade na cidade de Belém, tal como veremos nos depoimentos a seguir que

traçam através de fatos particulares um panorama geral sobre a violência e a criminalidade,

contribui para o surgimento nos moradores, de um sentimento generalizado de insegurança

e vulnerabilidade.

Sair de casa ir para determinado lugar aqui em Belém é sempre arriscar e

depender da sorte, a gente vive uma insegurança, hoje tu não sabes e não

consegue identificar quem pode ser o criminoso, quem pode ser o teu possível

agressor, qualquer pessoa pode ser o um possível agressor, não sabe donde pode

vir o perigo, onde pode ser agredido, estamos vulneráveis. Hoje são “n” pessoas

que podem te fazer mal, alguns tu olha e eram pessoas que aparentemente são

pessoas legais e que num determinado momento cometem atos de violência que a

gente não consegue explicar... (Estudante, Residente no bairro da

Marambaia).

A palavra “sorte” evidenciada nesse depoimento é a expressão usada para justificar o fato

de alguém, no seu cotidiano, não ter sido alvo de uma ação criminal na cidade de Belém,

cidade em que a expressão “arriscar” também presente no mesmo depoimento, caracteriza a

realidade da vida cotidiana dos cidadãos. Está patente no depoimento uma espécie de

desespero, que se fundamenta na constatação da fragilidade da vida diante de fatos

imprevisíveis (VELHO, 2013).

Eu já vi muitas pessoas sendo assaltadas e já sofri tentativas de assaltos na via

pública que não chegaram ser violentas, mas também já me deparei com um

monte situações que se eu estivesse a andar um pouco mais rápido eu acho que

teria sido a vítima. Foi uma questão assim de sorte de Deus. Uma dessas vezes

foi na 1° de Dezembro, eu estava vindo do cursinho desci na parada e uma moça

que também estava no mesmo ônibus desceu comigo e seguimos na mesma

calçada, não era tão tarde era aproximadamente 21 horas, e tinha bastante gente

na rua, de repente dois rapazes que estavam bicicleta se aproximaram dela e o

que na garupa tentou pegar a bolsa da moça, quando vi me assustei eu gritei, a

moça olhou atrás e percebeu que ia ser assaltada, e nesse momento os dois

rapazes talvez porque era tanta gente que estava no local puseram-se em fuga.

Não sei se estivéssemos juntas teríamos sido as duas ou se eu estivesse na frente

seria eu, mas foi muito próximo assim a distância entre mim e ela era mínima,

mínima mesmo. Doutra vez eu estava caminhando na João Paulo II, num horário

também de movimento, eram aproximadamente 19 horas estava acontecendo um

grande evento religioso, então tinha bastante gente, até policiamento próximo, eu

estava vindo de casa para esse evento religioso, de repente um rapaz se

aproximou de mim, muito educado por sinal, não expressou agressividade em

nenhum momento, não gritou, me chamou num tom baixo, como se estivesse

conversando comigo, tentando criar a impressão de que me conhecia para outras

pessoas que passavam no local, e anunciou o assalto, só que eu acabei reagindo

e como tinha muita gente e muito movimento ele desistiu e pôs se em fuga, foi

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sorte que ele não estava armado. A minha irmã não teve a mesma sorte foi algo

até muito traumático para ela, foi um assalto à mão armada mesmo, o cara

apontou uma arma na direção da cabeça dela, isso na rua da minha casa, ela

também estava vindo do cursinho, era uma pessoa assim mais madura, acho que

por ai uns 30 anos talvez, bem vestido social, aparentava estar vindo do

trabalho, eles estavam no mesmo ônibus e desceram na mesma parada e estavam

indo pela mesma rua, quando chegaram próximo dum paredão duma escola que

fica normalmente deserto, apontou a arma na cabeça dela anunciou o assalto

levou bolsa dela. Como minha irmã relatou era uma pessoa que não demostrava

que ia assaltar ou não parecia que era assaltante, estava bem vestido,

aparentava estar vindo do trabalho, um pouco mais para frente havia bastante

movimento de gente tudo mais, mas talvez por causa da arma, ele tenha tido mais

coragem... (Idem).

O longo depoimento, apesar de evidenciar um caso particular, pode constituir o espelho de

uma realidade geral vivida no cotidiano dos moradores e fundamenta-se na vulnerabilidade

que as pessoas se encontram face ao enraizamento da violência e da criminalidade. Há que

destacar no depoimento, primeiro a questão das circunstâncias locais onde as ações

criminais podem ocorrer, a presença de “bastante gente” já não serve como um fator

dissuasor e segundo, a identidade de quem pode ser um potencial assaltante, que se

fundamenta na crença, diga-se coletiva, de que o assaltante é sempre um indivíduo de

posição social desfavorecida, daí o espanto quando quem assalta é um indivíduo “bem

vestido a social”.

Não se pode negar que o cotidiano dos indivíduos é de certa forma, caracterizado por uma

insegurança generalizada, onde qualquer pessoa seja jovem ou adulta, aparentemente de

bom comportamento aos olhos de gente humilde da comunidade ou do bairro, esteja de

bicicleta ou a pé, bem vestido ou o inverso, pode ser o um agente ativo das ações criminais

e de violência, até mesmo integrantes das torcidas organizadas, em clássicos ou não de

futebol paraense, tal como evidencia o depoimento a seguir,

... foi uma situação difícil para mim, um dia para esquecer, eu estava voltando do

Shopping Boulevard onde tinha ido fazer umas compras estava com a minha

namorada, eram aproximadamente 22 horas, eu não sabia que tinha um jogo do

Remo e Paysandu, quando desci na parada para entrar no conjunto de casa vi na

passarela muitos jovens da torcida vindo, subi a passadeira e logo na descida

estavam muitos desses jovens subindo logo a frente, senti naquele momento que

não seria fácil passar sobre todos eles, a minha namorada já estava preocupada,

mas não tinha como voltar atrás porque também doutro lado estava cheio de

jovens da mesma torcida, quando tentei descer a passadeira fui segurando com o

jovens e me arrastaram tudo ate me tiraram tênis e deram-me um soco na cara,

foi uma situação difícil, evito sair de casa nos dias do jogo de Remo e Paysandu. (Estudante, Residente no bairro Sousa).

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Na mesma perspectiva, é possível constatar nos dois depoimentos que as ações criminosas e

de violência vão ao encontro de todos os domínios do espaço cotidiano dos indivíduos, seja

na passarela da avenida, na residência, na calçada, nas escolas e principalmente nas paradas

dos ônibus e nos próprios ônibus, tal como demostram os depoimentos abaixo,

...quando eram umas 6h30 por ai cheguei no primeiro portão fiquei a espera de

ônibus, tinha muita galera, do nada apareceram um 5 moleques,(adolescentes)

acompanhados de cara assim adulto que estava com uma arma, ai ele tirou a

arma e anunciou o assalto e foram recolhendo as mochilas, batendo nas pessoas,

eu fiquei de boa, o cara chegou perto de mim e disse mano passa a mochila, eu

calei e fiquei olhando para ele e do nada ele foi embora, foi muita sorte não

consigo explicar. Na segunda vez foi na parada do segundo portão, também á

noite, apareceram dois caras de bicicleta tiraram a arma e recolheram as

mochilas e celulares das pessoas que estavam ai, eles passaram por mim e foram

embora, entraram no bairro Guamá, graças a Deus não levaram nada meu, mas

é sinistro mano, imagina o cara faz uma manobra com a arma e ela dispara...

(Estudante, Residente no bairro São Brás).

...depois de ter tido aulas na UFPA até às 8 horas da noite, na saída peguei

ônibus cidade nova seis que vai pela perimetral, numa parada depois da UFRA

entraram dois caras um pelo portão de entrada outro pelo de saída, um trazia

uma arma enorme, recolheu o dinheiro do cobrador e o outro começou a

recolher as bolsas, carteiras e celulares, eu peguei meu celular coloquei nas

minhas meias, o cara veio e pediu o celular eu disse que não tinha, e ele

perguntou como não tem porque te vi a falar a pouco tempo, fiquei com medo, eu

insisti que não tinha celular, e disse a ele que tinha dinheiro na carteira, ele

pegou o dinheiro e foram embora ... o que achei estranho ele insiste como se o

objeto fosse dele cara... (Estudante, Residente no bairro Sousa).

Os depoimentos acima apresentados demonstram, na sua totalidade, uma parte das várias

situações que evidenciam que vivemos numa sociedade do medo, ou segundo Beck, (1986)

de risco, caracterizado, neste contexto e tal como afirmamos acima, por uma insegurança e

vulnerabilidade que ocupa todos os domínios da vida das pessoas e que exerce influência na

construção social da sua vida cotidiana (BERGER e LUCKMANN, 2004).

Depois de ter presenciado essas todas tentativas eu sou muito atenta a

movimentos, as pessoas que passam por mim, evito falar ao telefone na rua, ficar

mexendo na bolsa, evito até estar com uma bolsa que chame bastante atenção em

determinados horários, dou preferência por ruas mais claras com mais

movimento isso acaba me dando uma maior segurança, eu sei que isso não

necessariamente evita totalmente o assalto, mas acho que diminui

consideravelmente. Eu até deixo de ir para um determinado lugar por questões

de segurança, por temer voltar muito tarde até prefiro não ir. O conjunto onde

eu moro até não é tão perigoso, mas outra rua ou outro bairro onde eu morei, eu

evitava chegar acima das 10, das 22 em diante eu normalmente já estava em

casa. (Estudante, Residente no bairro Marambaia).

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Como pode se constatar nesse depoimento a vida cotidiana das pessoas acaba sendo

caracterizada, de certa forma, por estratégias e técnicas de sobrevivência diante da

vulnerabilidade eminente, que vão desde o simples fato de não sair de casa acima das 22

horas, não mexer o celular na rua, não ficar na universidade até às 8 horas e se for

imprescindível sair sempre com amigos, optar em ficar em casa no dia de Remo e

Paysandu, evitar pegar ônibus que vai pela Av. Perimetral no período noturno, até o que

Tavares (2014) denomina de arquitetura do medo, caracterizada por uma paisagem de

casas, pontos comerciais e prédios públicos guarnecidos, o tempo inteiro, por elementos

como grades e cercas elétricas.

Trata-se de estratégias e técnicas próprias de uma sociedade onde o medo caracteriza o

cotidiano dos indivíduos, medo esse que, se por um lado, acreditamos ser motivado por

ações concretas e riscos eminentes de violência em que, tal como demostram os

depoimentos acima discutidos, os moradores de Belém estão sujeitos, por outro, não

descartamos a influência que a midiatização da violência e da criminalidade tem, enquanto

um elemento “catalizador”, nesse processo de construção do sentimento coletivo e

generalizado de insegurança e vulnerabilidade fator determinante na construção social da

vida cotidiana, tal como buscamos analisar a seguir.

MÍDIA, IMAGENS DE VIOLÊNCIA E A VIDA COTIDIANA

A relação entre a mídia e a sociedade é uma questão que já vem sendo discutida a nível da

teoria social, com maior destaque para as contribuições de grandes pesquisadores da Escola

de Frankfurt. No livro, “A dialética do esclarecimento”, concretamente no capitulo “A

indústria cultural o esclarecimento como uma mistificação das massas”, Adorno e

Horkheimer (1985) demostram, de um modo geral, que as mídias, ou como eles

denominam a indústria cultural, constituem um instrumento de alienação e dominação

dentro de uma sociedade de consumo. Para os autores,

o cinema e o radio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade e que

não passam de um negocio, eles a utilizam como ideologia destinada a legitimar o

lixo que propositalmente produzem. Eles se definem a si mesmo como indústrias,

e as cifras publicadas dos rendimentos de seus diretores gerais suprimem toda

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dúvida quanto a necessidade social de seus produtos (ADORNO e

HORKHEIMER, 1985, p. 100).

Acreditamos que as reflexões dos autores, vão ao encontro da realidade atual no que

concerne a mídia televisiva ou impressa, pois segue os anseios de uma racionalidade

técnica instrumental baseada numa perspectiva capitalista de organização social onde os

indivíduos são reduzidos a meros consumidores impondo de certa forma padrões que “até

mesmo os distraídos vão consumi-los alertamente” (Id. 2004, p. 105). Embora possa se

questionar atualmente a ideia de uma sociedade alienada: Até que ponto as pessoas são

alienadas pelo sistema ou pela mídia? Seriam as pessoas seres indefesas perante as

imposições de uma sociedade de consumo? Trata-se de duas questões complexas que

evidenciam uma diversidade de concepções dentro de um campo democrático de análise.

Contudo, importa em primeiro lugar afirmar que, não se pode negar que a mídia impõe

padrões, sendo assim, não se pode descartar a influência que ela tem na transformação da

cultura e na vida cotidiana dos indivíduos dominando o tempo de lazer; modelando

opiniões políticas e comportamento sociais; definição e redefinição do que é bom ou mau,

negativo ou positivo e moral ou imoral; fornecimentos de símbolos, mitos e recursos que

ajudam a construir uma cultura com tendências homogêneas, apesar das resistências que

existem, para pessoas de várias regiões do mundo (DA COSTA, 2004, p. 181).

Segundo, não se pode negar que a mídia exerce uma influência na construção de um

imaginário social sobre uma determinada realidade sociocultural, em função das imagens

disseminadas em relação a essa realidade sociocultural, importa citar, a partir das

experiências cotidianas, como exemplo a imagem que se tem, de um modo geral, em

Moçambique sobre o Brasil, onde, se por um lado a banalização, isso na nossa percepção,

das imagens do corpo da mulher brasileira fazem com que jovens adolescentes

moçambicanos sonhem em um dia na vida conhecer o “paraíso” Brasil, por outro, a

superexposição das imagens de violência urbana e barbárie, principalmente nas favelas do

Rio de Janeiro, faz com que as mães sintam um “frio na barriga” quando escutam seus

filhos dizerem que vão ao Brasil e as palavras “mas porque logo o Brasil” demonstram a

preocupação por elas sentidas.

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Trata-se nesse caso de imaginários construídos através das informações e imagens

disseminadas por programas que enquanto uns têm a espetacularização e a banalização do

corpo da mulher como “atrativo” principal para a audiência, outros encontram esse

“atrativo” na violência cotidiana e nas ações policiais de combate ao tráfico de drogas, etc.

O mesmo pode-se constatar no cenário local, no que concerne ao imaginário construído,

por exemplo, sobre um determinado bairro (Sacramenta, Terra Firme, Guamá, Telegrafo,

etc.) em função da superexposição das imagens de violência - embora se admita que sejam

bairros que apresentam, de acordo com percepção geral, um histórico criminal elevado -

vezes sem conta destorcidas em relação a esse respetivo bairro.

Terceiro, que através da superexposição midiática dos eventos marcados pela violência

(MENDONÇA, 2013), a mídia contribui para a construção de imaginário de uma sociedade

do medo que se manifesta pelo surgimento e “enraizamento” no seu dos indivíduos de um

sentimento generalizado de insegurança e vulnerabilidade.

Atualmente, a realidade mostra que em Belém os moradores estão reduzidos no seu

cotidiano a meros consumidores de imagens de violência, barbárie e de ações criminosas

disseminadas através de programas televisivos tais como Metendo Bronca, Cidade Alerta,

Barra Pesada, Balanço Geral casos de polícia, Brasil Urgente, pertencentes a grandes redes

de televisão (Rede Record, Rede Bandeirante, Rede Globo, incluindo as suas filiares

regionais, tais como RBA, TV Liberal), e em páginas de jornais impressos e online (Jornal

O Liberal, Jornal Diário, só para citar alguns). Trata-se de programas que se dizem de teor

investigativo, mas,

restringem a sua atuação em grande parte em pequenos delitos ou fatos cotidianos

sem trabalhar conteúdos investigativos (....) até porque as matérias não recebem

tratamento jornalístico mais apurado e interpretativo que permitisse uma análise

mais contextualizada da problemática da sociedade (DA COSTA, 2004,

177).

Não se pode negar que estamos numa situação onde a violência e as ações criminais são

vistas como uma forma de entretenimento, apesar de não ser uma questão nova, pois a

história mostra-nos casos semelhantes na Roma antiga, porém se outrora existia o “coliseu”

e as diversas “arenas” onde as pessoas se deslocavam ao encontro de espetáculos de

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violência, hoje o espetáculo da violência desloca-se ao encontro das pessoas, quase que

permanentemente, através da cotidiana superexposição midiática das ações criminais.

Num estudo, intitulado “Televisão: da profusão de imagens à cegueira ética”, Mendonça

(2013) considera que a superexposição das imagens da violência no campo televisivo, este

visto pela autora como o suporte material e tecnológico da sociedade-espetáculo, constitui

um fator que,

impede a reflexão dos sujeitos mergulhados na cultura choqueiforme. a

velocidade e o choque de imagens estão materialmente na base de nossa cegueira

ética; impede a escuta e a visão éticas do outro na mesma medida em que

regridem os sentidos diante das imagens e dos sons espetaculares; reproduz, na

esteira da ausência de reflexão e da precessão de simulacros, comportamentos

violentos veiculados pelas imagens; afasta o homem do real em favor de uma

vida de substituição daquele pelo imaginário televisivo; banaliza a morte a partir

da sua superexposição; aprofunda o vazio ético, o vazio existencial do homem

contemporâneo; aprofunda os estados de impessoalidade e de

incomunicabilidade... (MENDONÇA 2013, p. 188).

Trata-se de consequências que evidenciam a influência que a midiatização da violência tem

no comportamento ou na maneira de ser e estar dos indivíduos. Seguindo a mesma

perspectiva acreditamos que superexposição midiática da violência, fenômeno que tal como

referimos acima, caracteriza o cotidiano dos moradores de Belém, contribui para a

construção do imaginário de uma sociedade de medo e reforça o sentimento generalizado

de insegurança e vulnerabilidade.

Este fato torna a midiatização da violência - um processo que constitui para que imagens de

violência e de ações criminais ultrapassem o contexto espacial e temporal, fazendo, por

exemplo, com que um caso que ocorre num determinando contexto sócio espacial local

seja, através do que chamaríamos de superespetacularização, sentido num contexto mais

global e universal - um fenômeno determinante na construção social da vida cotidiana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Importa a partir das palavras de Debord (1997) dizer que as relações sociais nas sociedades

contemporâneas são, acima de tudo, mediadas pelas imagens e o espetáculo (das imagens)

constitui o modelo presente da vida dominante. A ampla apropriação das imagens de

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violência e da criminalidade no campo televisivo e jornalístico, o que denominamos de

midiatização da violência provoca consequências muito bem evidenciadas por Mendonça

(2013), tais como a cegueira ética; o impedimento da escuta e a visão ética do outro; a

reprodução na esteira da ausência de reflexão de comportamentos violentos veiculados

pelas imagens; o afastamento do homem do real em substituição do imaginário televisivo; a

banalização da morte a partir da sua superexposição; o aprofundamento do vazio ético e o

vazio existencial do homem contemporâneo, entre outros.

Ao longo do texto, buscamos demostrar em primeiro lugar que, se por um lado a violência

em Belém é real, por outro ela é midiática, baseada na superexposição ou

supermidiatização das ações reais de violência e da criminalidade. Dito de outro modo, não

se pode negar, tal como evidenciaram os depoimentos de alguns moradores, que a violência

e a criminalidade são fenômenos concretos e eminentes na cidade de Belém, onde se por

um lado, vão encontro de todos os domínios espaciais da vida cotidiana dos indivíduos, seja

na rua, em casa, nas escolas, nas universidades, passarelas, paradas dos transportes

públicos, nos transportes públicos, entre outros, por outro, qualquer pessoa pode ser um

agente ativo de ações violentas, seja jovem ou adulto, bem vestido ou inverso, membro

duma torcida organizada, de bicicleta ou a pé, fato que provoca um sentimento

generalizado de insegurança e de vulnerabilidade.

Contudo o processo de midiatização da violência que, não só, provoca uma banalização do

sofrimento alheio através da exposição permanente, por exemplo, do choro e desespero das

vítimas e dos seus entes queridos; da morte através da exposição dos corpos da vitimas em

casos de homicídios e assassinatos, dentre outras “crueldades”, como também, contribui

para que as imagens de violência ultrapassem o contexto espacial e temporal, reforça,

através da construção de um imaginário de uma sociedade do medo, o sentimento

generalizado de insegurança e de vulnerabilidade.

E em segundo lugar, que o sentimento de insegurança e de vulnerabilidade, seja ele

fundamentado pela violência concreta que caracteriza o cotidiano dos moradores ou pelo

processo de midiatização da violência e da criminalidade através de programas televisivos e

jornalísticos, exerce uma influência na vida cotidiana dos indivíduos que passa a ser

caracterizada por um conjunto de estratégias e técnicas de sobrevivência que vão, tal como

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referimos acima, desde o simples fato de não usar o telefone celular na rua, até a uma

arquitetura do medo caracterizada por residências, lojas comerciais, condomínios fechados

e superguarnecidos por medidas ativas –seguranças armados – e passivas – grades, cercas

elétricas etc. – de segurança.

Com isso queremos, afirmar que a midiatização da violência e da criminalidade, um

fenômeno contumaz nas sociedades contemporâneas, como é o caso do Brasil e

concretamente de Belém, constitui um fator determinante na construção social da vida

cotidiana.

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