Imaculado Amor

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Visão de um adolescente o que é realmente um amor puro.

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Editora Boêmia Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, MG, Brasil)

Silva, Douglas de Alvarenga, 1983 –

Imaculado Amor / Douglas de Alvarenga Silva

Minas Gerais: Editora Boemia, 2001.

ISBN 85-7372-1221-9

1. Estória Brasileira

98-4591 CDD-869.915

Editora Boêmia

e-mail: [email protected]

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Dez anos já se passaram. Minha vida já mudou muito

desde meu primeiro amor. Anos se passaram, mas

continuo lembrando daquele momento nostálgico,

marcante e, por incrível que pareça, engraçado em minha

vida.

Não pense que este momento foi meu primeiro beijo,

porque estará errado. Foi algo muito maior, algo

desconhecido pra mim até hoje.

Hoje, uma década depois, busco em minha memória

lances, amores, tristezas, loucuras...

Era 30 de outubro de 1991. Era meu aniversário.

Fazia 8 anos de idade. Minha mãe estava mais feliz do

que eu, não sei ao certo o porquê disto, mas mesmo assim

fui à escola.

Minha vida era só brincadeira e o estudo. Era

conhecido pela minha alegria, era magro, meio franzino,

amigos tinha aos montes, mas sinceros, como em minha

vida toda, tinha poucos.

Naquele dia, cheguei à escola, estava algo errado,

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ninguém conversava comigo, me senti rejeitado, fiquei

mais triste ainda por nenhum amigo lembrar de meu

aniversário. Mesmo assim, não dei muita bola, pois

naquele dia tinha prova e, por isso, me preocupei mais

com ela.

Com muito custo fiz a prova. Terminando-a veio a

surpresa: a professora tinha preparado uma festa; fiquei

muito feliz pelo acontecido, me senti um reizinho, recebi

muitos abraços e um beijo de Ludmila, uma amiga que

era apaixonada por mim; não liguei muito para ela, deve

ser que não gostava dela.

Naquela época, tinha uma inocência que por si só

falava meu caráter.

Meus pais riam muito das minhas brincadeiras,

queria ser cientista, portanto, fazia experiências que

sempre davam errado. Sabendo de minhas vontades,

meus pais me deram, naquele ano, um microscópio, não

via como agradecer pelo presente.

Quando foram oito horas da noite, outra surpresa.

Meus pais chamaram todos os nossos parentes,

muitos não conhecia como a prima Joana Martins,

menina alta, tinha 10 anos, que por ser criança ainda, não

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dei muita importância a menina.

Outro parente, que ainda não conhecia, era a senhora

Judite, prima de minha mãe. Tinha uma filha que

chegaria mais tarde com seu pai, não liguei muito para a

notícia e fui brincar com meus amigos Rodrigo e

Jorginho.

Chegou um ponto que não agüentava mais de tanto

brincar. Foi quando chegou então a filha de Judite e uma

coisa que até então não conhecia aconteceu; não sei falar

se foi espanto, se foi um momento de loucura, ou um

despertar para o amor.

Fomos devidamente apresentados por intermédio de

nossas mães.

Acho que despertei algo no coração da linda Raquel,

pois a mesma estava risonha, conversando com minhas

outras primas e olhando para mim.

Até à metade da festa ficamos só na troca de olhares;

comecei, aí, a descobrir fantasias e sonhos os quais meu

coração nunca sentiu.

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A festa, depois de um tempo, começa a esquentar.

Nossos pais se distraíam com o jogo do Cruzeiro que

passava na televisão. Minha irmã, mais velha do que eu

quatro anos, estava conversando com meus primos mais

velhos na frente da casa.

Meus amigos decidiram convidar as meninas para

trás de minha casa e, por incrível que pareça, elas

aceitaram; eu estava meio envergonhado, mas fui

também.

Já naquela época morava em Contagem minha casa

tinha um terreno enorme, por isso sempre havia festas lá.

Ao chegar no quintal, de minha casa começaram a

brincar de “caiu no poço”, uma brincadeira normal para

adultos, mas uma perversão para mim uma criança de 8

anos. A princípio não quis brincar, porém quando Raquel

ia escolher alguém entrei na brincadeira, não dei sorte,

ela escolheu outro.

Fiquei triste, porém mais tarde fiquei aliviado ao

saber que ela deu somente um beijo no rosto de meu

amigo.

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Depois disto, não quis saber mais dela, fui assistir ao

final do jogo. Quando este terminou, terminou também a

festa. Meus parentes e conhecidos começaram a ir

embora, pois já passara das onze horas. A família de

Raquel começou a despedir para ir embora, e o

inesperado ocorreu: ela me puxou pelo braço, levou-me

para um beco, que tinha na rua de minha casa e lá me

falou:

- Na brincadeira com seus amigos queria sair com

você.

Fiquei espantado e, por entre meus lábios, saiu a

pergunta que ela queria ouvir.

- Porquê?

Ela não me disse em palavras e sim por um beijo que

eu não esperava, mas que veio doce e cheio de amor, um

amor puro, um amor sincero, um amor que fez explodir

um sentimento maravilhoso dentro de mim, algo novo.

Ela teve que ir embora, entretanto, certifiquei-me e

peguei seu telefone; “sem vacilo nenhum”, iria ligar no

dia seguinte.

Minha irmã soube do acontecido, e sem dúvida

nenhuma me apoiou, afinal Raquel era linda, morena,

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olhos cor de mel, longos cabelos, e o melhor, tinha a

minha idade.

Foi com o apoio de minha irmã Janaína, que fiquei

sabendo de detalhes de meu primeiro amor.

Pena que aquele beijo durou pouco, mas uma coisa

duraria mais ainda...

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Na manhã do dia seguinte, ao tomar café com minha

família, ainda entusiasmado, prestes a contar o

acontecido ao meu pai, que sempre foi meu melhor

amigo, fico sabendo da melhor notícia que um dia

poderia ter sonhado em escutar.

Minha mãe falava com minha avó que a família de

Raquel iria alugar a casa da esquina de minha rua; já

tinham acertado tudo e se mudariam na segunda.

Meu coração disparou, não consegui segurar a alegria

da notícia dentro de mim, o que despertou a atenção de

todos.

Minha irmã começou a rir de mim, pois sabia de

tudo. Não liguei muito; fui à escola, renovado,

passarinhos verdes cantavam perto de mim.

O dia foi maravilhoso. Tudo que fazia pensava em

Raquel.

O frio da chuva que caía não me esfriou, pois

lembrava do calor do corpo de minha paixão. A gripe que

sofria há semanas, como um passe de mágica, sumiu.

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Comecei a preocupar mais com a minha aparência, o

que fez despertar o interesse de outras meninas. No

entanto, nem ligava, porque pensava exclusivamente

nela, em seus lábios macios, em sua fala carinhosa,

enfim, onde passava, brotava flores; meu caminho era a

felicidade de amar alguém.

Finalmente, Raquel chegou. Eu, e muito menos ela,

não contivemos alegria do reencontro. À essa altura,

nossos pais já sabiam de nossa paixão imatura, porém

pura.

Com o passar do tempo, vimos que um completava o

outro; que um se sentia perfeito ao lado do outro; o amor

para nós já era muito mais do que beijos e abraços.

Raquel começou a estudar em minha sala, o que

apimentou mais nosso amor. Éramos inseparáveis.

Crescemos juntos. Não existia problema para mim

quando estava ao seu lado; era a mulher perfeita.

O tempo ia passando, no entanto, não o sentia passar,

porque, apesar da idade, eu vivia intensamente o meu

amor com ela. Nosso relacionamento começou a ficar

sério, afinal, já se passara três anos desde o primeiro

beijo. Amadureci bastante; comecei a compreender

realmente o que sentia por Raquel.

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Sabia também que esse amor era recíproco, o que me

fazia esquecer a idéia de um dia me separar dela.

Meu coração ficou pequeno para tanto amor, pena

que o dela ficou mais do que o meu...

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Um dia, acordei com um choro na sala, achei

esquisito. Era Judite, mãe de Raquel, que chorava.

Perguntei para ela o que acontecera e, para minha

tristeza, ela disse:

- Raquel esta internada no hospital; o médico falou

que ela está com um problema grave no coração.

Fiquei estático. Entrei em estado de choque. Depois

que voltei a mim, chorei, esperneie, clamava pela volta

do meu amor eterno, tudo em vão.

No primeiro momento que pude, fui visitá-la no

hospital; tinha melhorado um pouco.

Quando a vi, não segurei as lágrimas represadas em

meus olhos. Que tristeza! O meu amor estava

irreconhecível. Achava que eles a estavam maltratando;

estava toda cheia de fios, mal podia ver seus olhos, a sua

boca. No entanto, ela me reconheceu e me disse:

- Meu amor, não se preocupe, estou bem. Não vejo a

hora de voltar pra casa, e te ter de novo ao meu lado.

Não acreditava em suas palavras. Sentia o sofrimento

em sua boca. Mesmo assim, fiz juras de amor, prometi

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que, enquanto vivesse, iria pensar nela, que o meu amor

por ela seria eterno, nem a navalha na minha carne, nem

a falta de alimento, nem o frio mais intenso me fariam eu

esquecer o seu amor.

A tristeza que sentia, pressentindo o pior, corroía o

meu peito, mas, mesmo assim, o fogo de nossa paixão

continuou aceso, pois ainda existia esperança de sua

volta.

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Raquel morreu um dia depois de minha ida ao

hospital.

O ódio tomou conta do meu corpo. Daí, então, não

enxergo mais razão para vida.

Raquel foi a primeira e a única paixão de toda minha

vida, e não vejo a necessidade de outra mulher, porque

ela era a única que me completava, era a única que me

desejou, portanto, acho uma traição pensar em outra

senão em Raquel.

Parece que passou um ladrão em minha casa, roubou

meus sonhos e transformou os que sobraram em

pesadelos.

Queria envelhecer ao seu lado Raquel. Queria morrer

ao seu lado. Queria sentir o prazer de te amar por inteiro,

escrever um romance lindo e não um trágico.

Agora, só espero uma coisa nessa vida medíocre que

o destino me fez traçar, a sua volta: volte, e me busque,

porque a morte é a única solução para acabar com uma

vida curta, porém sofrida de não poder dizer ao menos

adeus.

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O suicídio seria a prova do meu amor, mas não seria

a garantia de nosso reencontro.

Já passaram dez anos desde a primeira vez que te vi.

Seu sorriso permanece vivo em mim, mas seu sofrimento

ao pé da morte me faz sentir o medo de nunca mais te

encontrar.

Será que estou doido? Será que encontrarei de novo

meu amor? Resposta para estas perguntas não as tenho,

mas tenho preservado o amor que sentia por Raquel. É o

mais imaculado amor que alguém já sentiu por outra

pessoa, o que faz imaginar a sua volta.