ILUMINAÇÃO POR DIODO EMISSOR DE LUZ E SUA...

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WALDIRENE BEZERRA BARCOS MORRILL ILUMINAÇÃO POR DIODO EMISSOR DE LUZ E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE RECIFE 2014

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  • WALDIRENE BEZERRA BARCOS MORRILL

    ILUMINAÇÃO POR DIODO EMISSOR DE LUZ E SUA INFLUÊNCIA NA

    PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE

    RECIFE

    2014

  • WALDIRENE BEZERRA BARCOS MORRILL

    ILUMINAÇÃO POR DIODO EMISSOR DE LUZ E SUA INFLUÊNCIA NA

    PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE.

    Tese apresentada à Universidade

    Federal de Rural de Pernambuco,

    como parte das exigências do

    Programa de Pós-Graduação em

    Engenharia Agrícola, para obtenção do

    título de Doutor.

    Orientador: Prof. Dr. HÉLITON PANDORFI

    Coorientador: Prof. Dr.ARTUR DA SILVA GOUVEIA NETO

    RECIFE

    2014

  • ii

    Ficha Catalográfica

    Ficha catalográfica

    M874i Morrill, Waldirene Bezerra Barcos

    Iluminação por diodo emissor de luz e sua influência

    na produção de frangos de corte / Waldirene Bezerra Barcos

    Morrill. – Recife, 2015.

    82 f.

    Orientador(s): Héliton Pandorfi.

    Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) –

    Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento

    de Engenharia Agrícola, Recife, 2015.

    Inclui apêndice(s) e referências.

    1. Indústria avícola 2. Frango de corte 3. Ambiência

    I. Pandorfi, Héliton, orientadora II. Título

    CDD 636.5

    I. Morril, Waldirene Bezerra Barcos.

    II. Título

  • iii

  • iv

    WALDIRENE BEZERRA BARCOS MORRILL

    ILUMINAÇÃO POR DIODO EMISSOR DE LUZ E SUA INFLUÊNCIA NA

    PRODUÇÃO DE FRANGOS DE CORTE.

    Tese defendida e aprovada pela banca examinadora em 31 de julho de 2014

    Orientador:

    __________________________________________

    Prof. Dr. HélitonPandorfi

    Departamento de Engenharia Agrícola– UFRPE

    Examinadores:

    __________________________________________

    Profa. Dra. Silvia Helena Nogueira Turco

    Departamento de Engenharia Agrícola - UNIVASF

    __________________________________________

    Prof. Dr. Artur da Silva Gouveia Neto

    Departamento de Física - UFRPE

    __________________________________________ea

    Prof. Dr. Carlos Bôa-Viagem Rabello

    Departamento de Zootecnia - UFRPE

    __________________________________________

    Prof. Dr. Gledson Luiz Pontes de Almeida

    Departamento de Engenharia Agrícola– UFRPE

  • v

    “Que os vossos esforços desafiem as

    impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes

    coisas do homem foram conquistadas do que

    parecia impossível”.

    Charles Chaplin

    http://pensador.uol.com.br/autor/charles_chaplin/

  • vi

    Aos meus pais, Arnaldo (in memoriam) e

    Florentina, pelo amor, exemplo de força e

    perseverança, que muito contribui para meu

    crescimento intelectual e moral.

    Aos meus irmãos, Pedro, João, Bonifácio e

    Rose, pelo incentivo constante, apesar da

    distância que nos separa.

    Ofereço e dedico

  • vii

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus, que me deu forças a cada momento dessa caminhada.

    À Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), pelo acolhimento em

    toda minha trajetória, fundamental para o meu crescimento pessoal e profissional.

    Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFRPE pela

    oportunidade de realização do Curso de Doutorado.

    À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela

    concessão da bolsa de estudo.

    Ao Professor Dr. HélitonPandorfi pela orientação, ensinamentos, atenção,

    amizade, incentivo e confiança que sempre depositou em mim, durante o doutorado.

    Ao Professor Dr. Artur da Silva Gouveia Neto pela colaboração e ensinamentos.

    À Professora Dra. Cristiane Guiselini pela amizade, paciência, ensinamentos,

    críticas e sugestões.

    Ao Professor Dr. Carlos Bôa-Viagem Rabelo pelas sugestões.

    Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola.

    Ao colega Professor Dr. Gledson Luiz Pontes de Almeida pela amizade e

    valiosas sugestões.

    Ao colega Marcos José Batista dos Santos pela amizade e ajuda.

    Aos colegas do Curso de Doutorado em Engenharia Agrícola e do Grupo de

    Pesquisa em Ambiência (Gpesa) pelo convívio, apoio, amizade sincera e pelos

    momentos de descontração.

    A Brian Morrill pela compreensão, amizade e principalmente por ser um grande

    companheiro e incentivador do meu crescimento pessoal e profissional.

    Aos colegas: Janice Coelho, Tatiana Patrícia Nascimento, Luiz Antônio, Arthur

    Jacob, Alan Cezar, Nicoly Farias pela valiosa contribuição na execução da coleta de

    dados.

    As amigas Nilvanir Duarte, Alexandra Macedo, Bianca Tavares e Fabiana Lopes

    pela amizade e apoio.

    Os meus sinceros agradecimentos

  • viii

    SUMÁRIO

    Pág.

    RESUMO ..................................................................................................................... x

    LISTA DE TABELAS ............................................................................................. xii

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. xiii

    1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................... 16

    2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 19

    2.1 - Avicultura de corte no Brasil .............................................................................. 19

    2.2 - Instalações avícolas ............................................................................................ 20

    2.3 - Ambiência e bem-estar animal ........................................................................... 21

    2.4 - Visão nas aves .................................................................................................... 23

    2.4.1 - Sensibilidade espectral das aves ...................................................................... 25

    2.4.2 - Cones ............................................................................................................... 26

    2.4.3 - Bastonetes ........................................................................................................ 27

    2.5 - Importância da iluminação na avicultura ........................................................... 27

    2.6 - Ação da luz nas aves ........................................................................................... 29

    2.6.1 - Efeito da iluminância nas aves ........................................................................ 30

    2.6.2 - Efeito do comprimento de ondas sobre as aves ............................................... 30

    2.6.3 - Efeitos da luz no comportamento de frangos de corte .................................... 31

    2.7 - Programas de luz ................................................................................................ 32

    2.8 - Utilizações de lâmpadas LED na avicultura brasileira ....................................... 33

    3 - MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 35

    3.1 – Manejo das aves ................................................................................................. 36

    3.2 – Tratamentos ....................................................................................................... 37

    3.3 – Determinação da variabilidade espacial da iluminância .................................... 39

    3.4 - Análise dos sistemas de iluminação e aspectos bioclimáticos ........................... 41

    3.4.1 - Variáveis ambientais ....................................................................................... 41

    3.4.2 - Parâmetros fisiológicos ................................................................................... 43

    3.5 - Variáveis comportamentais ................................................................................ 44

    3.5 – Análise do desempenho produtivo das aves ...................................................... 46

    3.5.1 - Peso de carcaça e partes .................................................................................. 46

    3.6 - Delineamento experimental e análise estatística ................................................ 46

    4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 48

    4.1 – Análise térmica da instalação experimental ....................................................... 48

  • ix

    4.2 – Variabilidade espacial da iluminância ............................................................... 51

    4.3 - Respostas fisiológicas das aves .......................................................................... 57

    4.4 – Avaliação do desempenho produtivo das aves .................................................. 61

    4.4.1 – Avaliação do rendimento de carcaça, partes, vísceras comestíveis e não

    comestíveis .................................................................................................................. 65

    4.5 – Análise do comportamento das aves .................................................................. 67

    5 - CONCLUSÕES .................................................................................................... 73

    6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 74

  • x

    RESUMO

    MORRILL, Waldirene Bezerra Barcos, Dra., Universidade Federal Rural de

    Pernambuco, julho de 2014. Iluminação por diodo emissor de luz e sua influência na

    produção de frangos de corte.Orientador: HélitonPandorfi. Coorientador: Artur da

    Silva Gouveia Neto.

    Esse estudo foi conduzido com o objetivo de analisar aspectos quantitativos e

    qualitativos dos efeitos da iluminação monocromática, dicromática e policromática por

    meio de diodo emissor de luz em diferentes comprimentos de onda, azul (470 nm),

    verde (525 nm), vermelho (660 nm), branco (400-760 nm) e azul e verde (470-525 nm)

    naprodução de frangos de corte, ao longo do ciclo de produção (42 dias).Foram

    utilizados 720 pintos da linhagem Cobb 500, divididos em dois lotes (360 machos e 360

    fêmeas).As aves foram distribuídas nos boxes de produção (18 aves box-1

    ) conforme

    sistema de iluminação e sexagem (machos e fêmeas), com quatro repetições cada, sendo

    quatro boxes para cada sistema de iluminação proposto: T1 – machos x azul/verde (470

    nm, 525 nm); T2 – fêmeas x azul/verde (470 nm, 525 nm);T3 – machos x verde (525

    nm); T4 – fêmeas x verde (525 nm);T5 – machos x azul (470 nm); T6 – fêmeas x azul

    (470 nm);T7 – machos x vermelho (660 nm); T8 – fêmeas x vermelho (660 nm); T9 –

    machos x branco (400-760 nm) e T10 – fêmeas x branco (400-760 nm). Foram

    determinados os indicadores zootécnicos: ganho de peso (GP), conversão alimentar

    (CA), consumo de ração (CR) e peso vivo (PV). As análises comportamentais foram

    realizadas com base no etograma, determinando-se a frequência e a porcentagem do

    tempo de observação em cada comportamento em seus respectivos sistemas de

    iluminação. O delineamento foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 5x2. As

    inferências obtidas foram avaliadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de

    probabilidade. A frequência dos eventos comportamentais e sua probabilidade de

    ocorrência foram analisadas pelo teste Qui-quadrado ( ²). As aves submetidas aos

    comprimentos de onda na faixa do verde, azul e azul/verde foram as que apresentaram

    melhor desempenho produtivo, sendo que as respostas comportamentais convergem

    para a mesma recomendação, com ênfase no atendimento das recentes exigências feitas

    pelos padrões de bem-estar animal.

    Palavras-chave: ambiência, avicultura de corte, suplementação de luz

  • xi

    MORRILL, Waldirene Bezerra Barcos, Dra., Universidade Federal Rural de

    Pernambuco, julho de 2014. Effect of lighting using LED on the

    production of broiler chickens. Adviser: HélitonPandorfi. Co-Adviser:

    Artur da Silva Gouveia Neto.

    This study was conducted aiming to analyze quantitative and qualitative aspects of the

    effects of monochromatic and polychromatic illumination by LED light at different

    wavelengths, blue (470 nm), green (525 nm), red (660 nm) , white (400-760 nm) and

    blue and green (470-525 nm) on the performance and behavior of broilers during the

    production cycle (42 days). 720 Cobb 500 day-old chicks of a commercial hatchery,

    divided into two lots (360 males and 360 females) were acquired. The birds were

    distributed in production pens (18 birds per pen-1

    ) according to the lighting and sexing

    system (only males or females in each pen) with four replications each, four pens for

    each lighting system proposed: T1 - blue and green (470 nm, 525 nm); T2 - green (525

    nm); T3 - blue (470 nm); T4 - red (660 nm) and T5 - white (400-760 nm). Animal

    productivity indicators such as weight gain (WG), feed conversion (FC), feed intake

    (FI), and body weight (BW) were obtained from the relationship between feed intake

    and body weight. Behavioral analyzes were performed based on the ethogram

    determining the frequency and percentage of the observation time of each behavior in

    their respective illumination systems. Data analysis was adopted completely

    randomized in a 5x2 factorial design. The experimental treatments consisted of different

    combinations of factors, lighting and sex. The inferences obtained were evaluated by

    the Tukey test at 5% probability. The frequency of behavioral events and their

    probability of occurrence were analyzed by Chi-square ( ²) test. Birds subjected to

    wavelengths in the range of green, blue and green/blue showed the best productivity,

    and their behavioral responses converge to the same recommendation, with an emphasis

    on meeting the latest demands made by the standards of animal welfare.

    Keywords: ambience, poultry production, supplementary light

  • xii

    LISTA DE TABELAS

    Pág.

    Tabela 1 – Programas de iluminação para frangos de corte utilizados em estudos

    com efeito positivo do fotoperíodo no desempenho das aves. ................. 33

    Tabela 2 – Composição centesimal das rações fornecidas para os frangos de corte,

    de acordo com a idade. ............................................................................. 37

    Tabela 3 - Etograma comportamental para frangos de corte elaborado com base na

    literatura consultada. ................................................................................ 45

    Tabela 4 - Análise estatística descritiva da iluminância (lux) nos sistemas de

    iluminação estudados. .............................................................................. 52

    Tabela 5 - Modelos e parâmetros estimados dos semivariogramas experimentais

    para as médias de iluminância (lux). ........................................................ 54

    Tabela 6 – Variação comportamental das aves (machos) submetidas aos sistemas

    de iluminação monocromáticos e policromático, expressa pela

    frequência e porcentagem das observações. ............................................ 68

    Tabela 7 – Variação comportamental das aves (fêmeas) submetidas aos sistemas

    de iluminação monocromáticos e policromático por meio de diodo

    emissor de luz, expressa pela frequência e porcentagem das

    observações. ............................................................................................. 69

  • xiii

    LISTA DE FIGURAS

    Pág.

    Figura 1 – Evolução da produção brasileira de carne de frango (milhões de ton.).

    Fonte: UBABEF (2014) ........................................................................... 19

    Figura 2 - Mecanismo fotossensível das aves e hormônios reprodutores.

    (Adaptado de ARAUJO et al., 2011) ....................................................... 25

    Figura 3 – Espectro de sensibilidade de humanos e aves. (Adaptado de Prescott &

    Wathes, 2001) .......................................................................................... 26

    Figura 4 – Células fotorreceptoras da retina. .............................................................. 26

    Figura 5 – Vista externa transversal (A) e longitudinal (B) do galpão utilizado

    para o alojamento das aves. ..................................................................... 36

    Figura 6 – Representação esquemática da distribuição dos boxes de criação e seus

    respectivos sistemas de iluminação. ........................................................ 36

    Figura 7 – Vista interior dos boxes de criação e seus respectivos tratamentos

    (iluminação x sexo). ................................................................................. 38

    Figura 8 – Lâmpadas de LED tipo bastão, fixadas longitudinalmente no centro

    geométrico de cada box de produção. ...................................................... 39

    Figura 9 – Malha regular dos pontos de registro da iluminância nos boxes de

    produção. .................................................................................................. 41

    Figura 10 - Detalhe da instrumentação utilizada para o registro das variáveis

    ambientais e obtenção das imagens térmicas, Hobo e globo negro (A),

    abrigo meteorológico (B), câmera termográfica (C) e termo-

    anemômetro (D). ...................................................................................... 42

    Figura 11 – Termômetro utilizado para o registro da temperatura cloacal (A) e

    imagem térmica das aves (B). .................................................................. 43

    Figura 12 – Câmeras instaladas no interior do galpão para o monitoramento

    comportamental das aves (A) e software para gerenciamento das

    imagens (B). ............................................................................................. 44

    Figura 13 – Análise funcional entre a temperatura (A) e a umidade relativa do ar

    (B) interna e externa a instalação experimental. ...................................... 48

    Figura 14 – Variação média horária semanal da temperatura do ar no interior e

    exterior da instalação experimental. ........................................................ 49

  • xiv

    Figura 15 – Variação média horária semanal do índice de temperatura de globo

    negro e umidade (ITGU) no interior e exterior da instalação

    experimental. ............................................................................................ 50

    Figura 16 – Variação média horária semanal da entalpia específica (H) no interior

    e exterior da instalação experimental. ...................................................... 51

    Figura 17 – Semivariogramas experimentais da variável iluminância nos

    comprimentos de onda na faixa do azul/verde (A), verde (B), azul (C),

    vermelho (D) e branco (E). ...................................................................... 53

    Figura 18 - Mapas de krigagem para variável iluminância (lx) para os sistemas de

    iluminação nos comprimentos de onda na faixa do verde/azul (A),

    verde (B), azul (C), vermelho (D) e branco (E). ...................................... 56

    Figura 19 - Efeito do fator sexo (machos e fêmeas) nos valores médios da

    frequência respiratória (A), temperatura cloacal (B) e de superfície das

    aves (C). Médias seguidas das mesmas letras no mesmo horário não

    diferem entre si no nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. .. 58

    Figura 20 – Valores médios da frequência respiratória (A), temperatura cloacal

    (B) e temperatura de superfície das aves (C) submetidas aos sistemas

    de iluminação: azul e verde (470 nm, 525 nm); verde (525 nm); azul

    (470 nm); vermelho (660 nm) e branco (400-760 nm). Médias

    seguidas das mesmas letras no mesmo horário não diferem entre si no

    nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. ................................. 60

    Figura 21 – Relação funcional entre a frequência respiratória e a temperatura do ar

    nas aves submetidas aos respectivos sistemas de iluminação. ................. 61

    Figura 22 - Efeito do fator sexo (machos e fêmeas) no peso vivo (A), ganho de

    peso (B), consumo de ração (C) e conversão alimentar (D). Médias

    seguidas das mesmas letras na mesma semana não diferem entre si no

    nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey .................................. 63

    Figura 23 – Peso vivo (A), ganho de peso (B), consumo de ração (C) e conversão

    alimentar (D) das aves submetidas aos sistemas de iluminação: azul e

    verde (470 nm, 525 nm); verde (525 nm); azul (470 nm); vermelho

    (660 nm) e branco (400-760 nm). ............................................................ 64

    Figura 24 - Efeito do fator sexo (machos e fêmeas) no rendimento pós-abate para

    frangos de corte aos 42 dias de idade. Médias seguidas das mesmas

  • xv

    letras para a mesma parte não diferem entre si no nível de 5% de

    probabilidade pelo teste de Tukey ........................................................... 65

    Figura 25 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos de corte aos 42 dias

    submetidos aos sistemas de iluminação. Médias seguidas das mesmas

    letras para mesma parte não diferem entre si no nível de 5% de

    probabilidade pelo teste de Tukey ........................................................... 66

    Figura 26 - Efeito do fator sexo (machos e fêmeas) no rendimento de vísceras

    comestíveis e não comestíveis. ................................................................ 66

    Figura 27 – Rendimento de vísceras comestíveis e não comestível de frangos de

    corte aos 42 dias submetidos aos sistemas de iluminação. ...................... 67

    Figura 28 – Variação dos comportamentos das aves entre machos e fêmeas

    submetidas aos sistemas de iluminação azul/verde (A), verde (B), azul

    (C), vermelho (D) e branco (E). ............................................................... 72

  • 16

    1 - INTRODUÇÃO

    A produção de frango de corte é um dos seguimentos da agropecuária em franca

    expansão no mundo, por se tratar de uma importante fonte de proteína animal para o

    consumo humano. Nas últimas décadas, com a globalização e abertura dos mercados,

    tem-se observado uma série de mudanças macroeconômicas que impulsionaram

    positivamente o setor. De acordo como Flores (2013) a avicultura industrial é bem

    estruturada no Brasil, responde por 1,5% do PIB, gera quatro milhões de empregos

    diretos e indiretos e contribui de forma significativa à balança comercial, rendendo ao

    Brasil cerca de 3,5 bilhões de dólares em exportações.

    Dados da UBABEF (2014) mostram que o Brasil se mantém em terceiro lugar na

    produção de carne de frango e o primeiro em volume de exportação. Em 2012 foram

    produzidos 12,645 (mil ton.), deste total, 69% foi destinado ao mercado interno e 31%,

    às exportações. Já em 2013, a produção foi equivalente a 12,30 (mil ton.), o que

    representou uma queda de 2,6% em relação à produção de 2012, reflexo do aumento

    dos preços do milho e da soja, que representam os principais custos do setor. O

    consumo interno também teve redução de 7%, motivada pela inflação dos alimentos e

    alto endividamento das famílias, o que também contribuiu para a queda na produção.

    A melhoria nos parâmetros produtivosdo setor avícola é decorrente de uma série

    de fatores, como melhoramento genético, manejo nutricional e sanitário, ambiência,

    bem-estar animal e iluminação artificial. Esse último tem sido amplamente utilizado

    para promover o desempenho produtivo das aves. Estudos apontam que o fotoperíodo, a

    intensidade da iluminação e o comprimento de onda de luz formam os três principais

    componentes que influenciam o crescimento e o bem-estar de frangos de corte

    (OLANREWAJU et al., 2006; DEEP et al., 2010).

    MENDES et al. (2010) relatam que o posicionamento adequado das fontes de luz

    e sua distribuição estimulam as aves a procurar alimento, água e adequação térmica

    durante o ciclo produtivo. Durante a fase de crescimento, a iluminação pode ser útil

    para moderar o ganho de peso e aperfeiçoar a eficiência da produção e a saúde do lote.

    Os gastos e desperdícios de energia elétrica associada à baixa eficiência da

    maioria das lâmpadas estimularam o desenvolvimento de sistemas de iluminação à base

    de diodo emissor de luz (LED). Para a produção avícola as lâmpadas LED apresentam a

  • 17

    versatilidade de emissão de luz monocromática, o que possibilita oferecer as aves

    comprimentos de ondas específicos de acordo com o manejo de produção adotado.

    O espectro de luz afeta o crescimento das aves, alguns estudos demonstraram que

    frangos de corte criados sob iluminação monocromática azul ou verde, tornaram as aves

    significativamente mais pesadas do que àquelas criadas sob luz vermelha ou branca

    (ROZEMNBOIM et al., 1999, 2004a, CAO et al., 2008). Zhang et al. (2012), avaliaram

    a utilização de luz monocromática durante a embriogênese, os resultados encontrados

    sugerem que estímulos da luz verde aumentou o peso corporal pós-nascimento de

    frangos de corte machos, aumentou o crescimento do músculo do peito e melhorou a

    conversão alimentar.

    Jiang et al. (2012), estudando o efeito da cor da luz no crescimento e emissão de

    resíduos em frangos de corte, avaliaram as cores (branco, verde, azul, vermelho,

    amarelo e roxo), os resultados encontrados apontam que a luz na cor amarelo pode

    melhorar o desempenho de crescimento e diminuir a produção de resíduos até 30 dias

    de idade. Firouziet al. (2014), avaliaram a iluminação verde, azul, vermelha e amarela

    no desempenho, resposta imunológica e índices hematológicos em frangos de corte, os

    resultados mostraram que a luz verde foi eficaz na redução da mortalidade total,

    enquanto que a luz amarela foi benéfica para o crescimento das aves.

    Segundo Kristensenet al. (2007), aves expostas a luz com comprimentos de onda

    curtos (400 – 590 nm) apresentaram melhor ganho de peso e eficiência alimentar,

    durante os primeiros dias de criação, a luz de onda curta estimula o crescimento,

    enquanto que, a maturidade sexual é acelerada por onda longa (590 – 750 nm).

    O comportamento das aves é influenciado pela iluminação, com a utilização de

    luz monocromática, tem-se a possibilidade de oferecer comprimentos de ondas que

    evitem à ocorrência de comportamentos que tragam prejuízos a criação de frangos de

    corte. Praytinoet al. (1997) relatam que frangos de corte expostos a luz vermelha são

    mais ativos, o que reduz o aparecimento de problemas locomotores no final da criação.

    Sultana et al. (2013) estudaram o efeito da mistura de cores no comportamento e

    resposta ao medo, os resultados mostraram que a luz vermelha e vermelho-amarelo

    ativaram os movimentos e a resposta de medo em frango de corte, enquanto o azul e o

    verde-azul diminuíram os movimentos e passaram mais tempo sentados.

    Nesse contexto, a avicultura brasileira, impulsionada pela concorrência imposta

    pelo mercado internacional, demanda cada vez mais estudos voltados ao

  • 18

    aperfeiçoamento do atual modelo de exploração comercial de frangos de corte, no

    sentido de proporcionar ampliação da eficiência produtiva e manter o país em posição

    de destaque no setor. Diante disso, inúmeras questões ainda aguardam respostas frente

    ao ajuste fino do sistema de produção, com ênfase na ambiência animal, sendo que o

    sistema de iluminação adequado e adaptado à concepção construtiva dos galpões,

    merecem especial atenção, por apresentar inúmeros apontamentos na literatura

    internacional dos benefícios da iluminação monocromática no desempenho das aves

    (SENARATNA et al., 2011, 2012; ZHANG et al., 2012).

    O presente estudo estabelece relação de associação entre a variável sexo e

    iluminação, em que se espera apontar os efeitos positivos de determinado comprimento

    de onda no desempenho zootécnico e no comportamento de frangos de corte, além da

    caracterização desses efeitos sobre machos e fêmeas.

    Esta pesquisa foi conduzida com o objetivo de analisar aspectos quantitativos e

    qualitativos dos efeitos da iluminação monocromática, dicromática e policromática, por

    meio de diodo emissor de luz em diferentes comprimentos de onda, azul/verde (470 e

    525nm), azul (470 nm), verde (525 nm), vermelho (660 nm) e branco (400-760 nm) no

    desempenho e comportamento de frangos de corte (machos e fêmeas) no decorrer do

    ciclo de produção.

    Além disso, os objetivos específicos foram:

    Mapear a distribuição da iluminância no box de estudo e a temperatura de

    superfície das aves, por meio da termografia infravermelho, com ênfase na

    determinação das condições de conforto e estresse térmico;

    Analisar os efeitos do ambiente de produção sobre as aves, por meio de

    indicadores zootécnicos e parâmetros fisiológicos.

  • 19

    2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

    2.1 - Avicultura de corte no Brasil

    Até 1960, a avicultura de corte era uma atividade realizada de forma artesanal. No

    entanto, com a introdução do modelo de integração entre os anos de 1960 e 1970, no

    sudoeste catarinense, a avicultura brasileira deu seu grande salto, expandindo o setor

    pela adoção de pacote tecnológico que envolveu o controle da indústria no ciclo

    produtivo das aves, o que proporcionou sucessivo crescimento da produtividade

    (LAZZARI, 2004).

    Recentemente, a avicultura tornou-se uma das atividades econômicas que mais se

    desenvolveu no setor agropecuário, em virtude dos enormes avanços ocorridos na

    genética, nutrição, manejo, sanidade e ambiência, alcançando índices de produtividade

    equivalentes aos observados em países mais desenvolvidos (Figura 1).

    Figura 1 – Evolução da produção brasileira de carne de frango (milhões de ton.). Fonte:

    UBABEF (2014)

    De acordo com Pereira et al. (2007) o bom desempenho da avicultura no Brasil se

    deve a vários fatores tais como queda nos preços dos insumos, ganhos internos de

    eficiência na cadeia produtiva, excelentes resultados obtidos na conversão alimentar.

    Além disso, esse resultado pode ser atribuído à obtenção, no mercado internacional, de

    matrizes geneticamente melhoradas e de alto rendimento, que foram adaptadas pelas

    empresas nacionais às condições climáticas do País, nas áreas de manejo, sanidade e

    alimentação.

    http://www.cpt.com.br/cursos/24/avicultura.html

  • 20

    2.2 - Instalações avícolas

    O ambiente interno de galpões avícolas constitui um fator primordial para o

    sucesso da atividade, principalmente em regiões como o Nordeste do Brasil, onde

    predominam altas temperaturas durante o ano todo. Para Silva et al. (1990) mais de 50%

    do investimento na criação de frangos de corte estão concentrados nas instalações, por

    isso, elas devem ser economicamente viáveis e termicamente confortáveis para os

    animais, levando-se em consideração fatores como aptidão climática, materiais e

    técnicas de construção.

    Os galpões devem ser projetados para favorecer o acondicionamento térmico

    natural, sem o uso de equipamentos, para isso têm-se como recursos a adequada locação

    do galpão, a orientação, a ventilação natural e o uso de materiais de grande capacidade

    calorífica, que resistam às mudanças bruscas de temperaturas. Para Lavor et al. (2008)

    dentro de uma instalação avícola, as maiores fontes de calor são provenientes da

    radiação solar, direta ou indireta, do calor que vem das próprias aves e do calor latente

    resultante dos processos fermentativos da cama do aviário e respiração das aves.

    O ambiente de produção exerce papel fundamental na avicultura moderna, que

    busca alcançar alta produtividade, em espaço físico e tempo relativamente reduzido.

    Dentre outros fatores do ambiente, os térmicos, representados pela temperatura,

    umidade, velocidade do ar e radiação são os que mais afetam os animais, pois

    comprometem a função vital mais importante das aves, que é a homeotermia

    (AMARAL et al., 2011).

    A exposição das aves as altas temperaturas causam redução na ingestão de

    alimentos, o que prejudica a taxa de crescimento, o rendimento e a qualidade da carne,

    além de provocar dispêndio de energia de produção para promover a perda de calor

    (DOZIER et al., 2006, LU et al., 2007).

    Os modelos de galpões recentemente utilizados para criação de frango de corte no

    Brasil, tais como darkhouse, blue house, greenhouse e brownhouse oferecem aos

    animais um ambiente que permite as aves exteriorizar o seu potencial genético de

    produção. Os galpões do tipo darkhouse, mostram-se automatizados, o que permite a

    produção de aves com otimização do custo, economia de energia elétrica, ganhos com o

    incremento da densidade de criação (kg m-2

    ), maior ganho de peso, melhor conforto

    térmiconas instalações e redução na condenação de carcaça, devido ao menor estresse

  • 21

    no alojamento das aves. De acordo com Nowickiet al. (2011), as aves criadas em

    darkhouse apresentam melhor conversão alimentar, o que traz benefícios ao produtor,

    tendo em vista a redução nos custos de produção.

    As instalações do tipo blue house e greenhouse, utilizam a teoria da cor

    proporcionando maior produtividade às aves, por meio do controle da intensidade de luz

    e cor da cortina. Os sistemas são os mesmos, exceto a cor da cortina e o forro. Nos

    sistemas blue e greenhouse, a cortina e o forro são azuis ou verdes de um lado e

    reflexivos do outro, respectivamente. O sistema Brown house assemelha-se ao

    darkhouse, no entanto, o controle de luz natural na entrada e saída do ar não é eficiente

    e pode ser realizado por meio de quebra luz, confeccionados com tijolos, telhas,

    madeira ou metal (ABREU & ABREUet al., 2011).

    2.3 - Ambiência e bem-estar animal

    A ambiência aplicada à produção animal tem o objetivo de minimizar os efeitos

    adversos dos fatores físicos, químicos, biológicos, sociais e climáticos que interagem

    com o animal, com ênfase na adequação das condições de conforto e do bem-estar

    animal.

    Atualmente, a avicultura está diante de um desafio de manter e melhorar os

    índices de produtividade alcançados, em condições climáticas menos favoráveis, para

    aumentar a produção de carne de frango e atender o aumento da demanda interna e

    externa. Para a avicultura superar esse desafio, deve investir em monitoramento dos

    processos relacionados à ambiência, de modo a melhorar a qualidade da informação de

    suporte à decisão e poder atuar com precisão no controle da ambiência (PEREIRA,

    2011).

    O bem-estar se refere, então, ao estado de um indivíduo do ponto de vista de suas

    tentativas de adaptação ao ambiente. Ou seja, se refere a quanto tem de ser feito para o

    animal conseguir adaptar-se ao ambiente e ao grau de sucesso com que isto está

    acontecendo (HOTZEL & FILHO, 2004).

    São consideradas as bases do bem-estar animal, assegurar-lhe as seguintes

    liberdades:

    1. Liberdade de movimento e de expressar comportamento normal, inerente a sua

    espécie;

  • 22

    2. Liberdade de não passar fome ou sede ou ser mal nutrido;

    3. Liberdade de não passar estresse térmico ou físico;

    4. Liberdade de não estar exposto a doenças e mau trato;

    5. Liberdade de não sentir medo.

    Considerando-se que a temperatura interna das aves oscila entre 41 e 42 °C, a

    temperatura ambiente indicada para frango de corte, poedeiras e matrizes, segundo

    Ferreira (2005), poderá oscilar entre 15 e 28 °C, sendo que nos primeiros dias de vida a

    temperatura deve ficar entre 32 e 34 °C, dependendo da umidade relativa do ar, que

    pode variar de 40 a 80%.

    Entre os fatores ambientais, os elementos meteorológicos representados,

    principalmente, pela temperatura e pela umidade relativa do ar são os que afetam

    diretamente as aves, pois comprometem a manutenção da homeotermia, por meio de

    processos sensível e latentes de transferência de energia (OLIVEIRA et al., 2006).

    Em situações de estresse térmico, além do aumento da temperatura retal das aves,

    também ocorre o aumento da freqüência respiratória (ofegação), com consequente efeito

    no metabolismo para estimular a perda evaporativa de energia e manter o equilíbrio

    térmico corporal (YAHAV et al., 2005).

    Nos últimos anos, novas ferramentas têm sido utilizadas na avicultura a fim de se

    avaliar o ambiente de produção. Dentre elas, tem-se a termografia por infravermelho. A

    termografia é definida como uma técnica não-invasiva de sensoriamento remoto que

    possibilita a medição da temperatura de um corpo e a formação de imagens

    termográficas a partir de radiação de infravermelho.

    Mapas termográficos, ou imagens termográficas são largamente explorados em

    alguns países para determinar a perda de energia em construções urbanas, predizer

    problemas da construção, tais como regiões de maior umidade. Estas imagens permitem

    a observação direta da distribuição de temperatura em uma superfície (KNÍZKOVÁ,

    2007; ZOTTI, 2010), além de auxiliar na compreensão da termorregulação em razão das

    mudanças na temperatura superficial e o impacto das condições ambientais sobre o

    bem-estar animal (KOTRBA et al., 2007). A análise de imagens termográficas tem sido

    utilizada para identificar eventos fisiológicos em animais e humanos (MONTANHOLI

    et al., 2008; BOUZIDA et al., 2009).

  • 23

    A câmera termográfica registra a radiação do objeto em foco e, a temperatura é

    determinada por meio de interpolação da Lei de Stefan-Boltzmann (Eq. 1)

    J/K 10 1,381 -23 , que relaciona energia (E; W m-2

    ) em trânsito (radiação

    infravermelho), emissividade do material alvo (ε) e a quarta potência da temperatura

    (T4; K).

    4TE (1)

    Neste caso, a termometria é uma medida de detecção da radiação de

    infravermelho, geralmente na região de comprimento de onda de 2-5,6 e 8-14 μm

    (AVDELIDIS, 2003). Estas medidas têm como princípio a comparação entre as

    intensidades de radiação provenientes do corpo observado e de uma referência de

    temperatura (VELOSO, 2007).

    Nääset al. (2010), ao utilizarem a termografia por infravermelho para mapear a

    distribuição da temperatura na superfície de frangos de corte concluiram que esta

    ferramenta forneceu uma descrição detalhada da temperatura radiante de frangos de

    corte sem a necessidade de captura da ave, o que teria sido difícil de conseguir com

    sensores convencionais. A relação entre a temperatura irradiada e a da plumagem foi

    significativo, a avaliação em tempo real da plumagem pode ser obtida a partir da

    temperatura média da imagem, subsidiando a tomada de decisão durante o manejo das

    aves no pré-abate.

    2.4 - Visão nas aves

    O desenvolvimento nas aves é fortemente influenciado pelas condições de

    iluminação a que estão expostas. A taxa global de crescimento é controlada pelo ritmo

    diário de liberação de melatonina a partir da glândula pineal via retina (LI &

    HOWLAND, 2006). A visão nas aves é diferente da visão humana em vários aspectos.

    Os humanos possuem visão colorida tricromática, que envolve três tipos de cone

    simples, fotorreceptores na retina com absorção máxima a 420, 530 e 560 nm. Estes são

    comumente referidos como cones sensíveis ao azul, verde e vermelho. Por outro lado,

    as aves possuem quatro tipos distintos de cones simples e um de cone duplo

    (BOWMAKER et al., 1997). O tipo de cone simples adicional na retina das aves faz

    com que as aves apresentem visão tetracromática, isto é, teoricamente são capazes de

    distinguir duas vezes mais cores comparadas aos seres humanos (OSÓRIO, et al.,

  • 24

    1999). Este quarto tipo de cone simples pode ser ultravioleta-sensível (UVS) (MAIER,

    1992), ou violeta-sensível (VS) (HART, 2002). Em ambos os casos, a sensibilidade é

    estendida para comprimentos de onda mais curtos e permite que as aves tenham

    sensibilidade visual próximo ao ultravioleta (UV), ou seja, parte do espectro invisível

    aos seres humanos. As aves usam a visão UV para tomar decisões sobre a escolha do

    companheiro (BENNETT et al., 1996) e forragear (VIITALA et al. 1995). Além de

    diferenças na percepção das cores, as aves também têm mostrado resposta mais rápida

    aos estímulos visuais, devido à menor via neural para detecção desses comprimentos de

    onda (BARBUR et al. 2002).

    A luz também é captada de forma eficiente pela via transcraniana, com influência

    direta no hipotálamo (MENDES et al., 2010). De acordo com Araújo et al. (2011) as

    aves respondem melhor ao estímulo luminoso via transcraniana quando a iluminação é

    produzida por raios do final do espectro, como o roxo e o laranja, produzindo mais

    hormônios reprodutivos. Araújo et al. (2011), relatam que a energia contida nos fótons é

    transformada em estímulo nervoso que regula o ritmo circadiano e coordena eventos

    bioquímicos e comportamentais, com influência no desempenho das aves.

    Nesse caso, a luz é percebida pelas aves por fotorreceptores hipotalâmicos que

    converte o sinal eletromagnético em uma mensagem hormonal, através dos seus efeitos

    nos neurônios hipotalâmicos que secreta o hormônio liberador da gonadotrofina

    (GnRH) que atua na hipófise, produzindo o folículo estimulante (FSH) e o hormônio

    luteinizante (LH), que estimula a produção do androgênio e do estrogênio (Figura 2).

    Dias curtos não estimulam a secreção adequada de gonadotrofinas porque não iluminam

    toda a fase fotossensível. Dias mais longos, entretanto, fazem a estimulação e deste

    modo a produção de LH é iniciada.

  • 25

    Figura 2 - Mecanismo fotossensível das aves e hormônios reprodutores. (Adaptado de

    ARAUJO et al., 2011)

    2.4.1 - Sensibilidade espectral das aves

    Nos seres humanos os olhos são capazes de ver apenas uma parte específica do

    espectro de radiação eletromagnética, conhecida como radiação visível, no entanto, as

    aves têm um espectro mais alargado, devido à singularidade de seus olhos.

    Prescott &Whates (1999b) traçaram as curvas da sensibilidade espectral das aves

    domésticas utilizando um teste comportamental (Figura 3). Quando se compara a curva

    de sensibilidade de humanos com a das aves, nota-se que para as aves a resposta é

    relativamente mais ampla. Isto confere maior abrangência de percepção visual das cores

    por estes animais (PRESCOTT & WATTES, 2001).

  • 26

    Figura 3 – Espectro de sensibilidade de humanos e aves. (Adaptado de Prescott

    &Wathes, 2001)

    As células fotorreceptoras do olho estão localizadas na retina e são denominadas

    de cones e bastonetes (Figura 4).

    Fonte: www.museuescola.ibb.unesp.br

    Figura 4 – Células fotorreceptoras da retina.

    2.4.2 - Cones

    Existem cones simples e duplos.Os cones são encontrados em menor número

    quando comparados aos bastonetes,cada um está ligado a uma única fibra nervosa,

    responsáveis por fornecer níveis muito mais significativos de intensidade luminosa, o

    que produz imagens em alta definição e permite a percepção das cores.

    Os cones simples envolvem a visão de cores fotópicas (luz do dia). Eles são

    sensíveis a uma gama de comprimentos de onda do ultravioleta próximo até a cor

    http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&docid=2DaVzi0cF_l2HM&tbnid=BKd9LZkJNn3X_M:&ved=0CAQQjB0&url=http%3A%2F%2Fwww.museuescola.ibb.unesp.br%2Fsubtopico.php%3Fid%3D2%26pag%3D2%26num%3D2%26sub%3D1&ei=0sIDVJWqDIbIgwTxoYLQCA&bvm=bv.74115972,d.eXY&psig=AFQjCNG9ln9wMfrdYIpbo39g-RAAsY4xNg&ust=1409619018840211

  • 27

    vermelha do espectro (BOWMAKER et al., 1997; HART, 2002). Existem quatro

    classes de cones simples: cones sensíveis a comprimento de onda longa (565 a 570 nm),

    onda média (500 a 510 nm) e onda curta(430 a 460 nm), que são semelhantes em

    diversas espécies de animais. O quarto cone apresenta absorbância de 409 a 418 nm

    (violeta-sensível), em pombos e galinhas (BOWMAKER et al. 1997).

    Os cones duplos são os tipos mais comuns de fotorreceptores na retina das aves,

    que representa de 50 a 60% de todas as células receptoras (BOWMAKER et al., 1997).

    Um cone duplo é formado por dois membros: um membro principal e um acessório.

    Ambos os membros contem pigmentos sensíveis de ondas longas.

    Os segmentos exteriores e interiores da camada nuclear da retina contêm células

    fotorreceptoras, que iniciam o processamento da informação visual ao converter luz em

    potenciais de ação que, então, viajam através de vários inter-neurônios as células

    ganglionares, cujos axônios formam o nervo óptico e posteriormente para o córtex

    visual no cérebro. As duas principais classes de fotorreceptores, cones e bastonetes,

    diferem em estrutura anatômica, bem como na sua capacidade de absorver luz de

    diferentes comprimentos de onda e iluminâncias (OSÓRIO et al. 1999b).

    2.4.3 - Bastonetes

    Os bastonetes possibilitam enxergar em ambientes com pouca luz, são mais

    numerosos e altamente sensíveis e, a imagem produzida por ele é pouco definida,

    devido à grande quantidade de imagens ligadas a uma única fibra nervosa. Entretanto,

    um somatório de estímulos fornece aos bastonetes uma alta sensibilidade, no máximo de

    507 nm (luz azul-verde).

    2.5 - Importância da iluminação na avicultura

    A iluminação apresenta-se como um dos fatores ambientais capazes de promover

    alterações nos processos fisiológicos e comportamentais das aves. É conhecido que a

    diferença na luminosidade, em função das estações do ano, coordena a migração e

    permite a reprodução de animais. Lewis et al. (2004), relatam que a iluminação é um

    dos fatores frequentemente utilizado para manipular o comportamento e a produção de

    aves de corte.

  • 28

    A importância da luz no aviário não está restrita apenas ao período de iluminação,

    mas também a fonte de luz, comprimento de onda, intensidade luminosa, frequência e a

    distribuição espacial das lâmpadas, o que pode afetar os resultados finais em termos de

    qualidade e quantidade da produção (LEWIS et al., 1998).

    No decorrer dos anos muitos trabalhos foram realizados a fim de mostrar os

    efeitos da iluminação. Segundo Mendes (2010) é importante compreender como as aves

    percebem seu ambiente e quantificar os aspectos físicos da iluminação. As principais

    propriedades do ambiente visual são a iluminância e sua variação espacial, a

    temperatura das cores e a oscilação das lâmpadas, a percepção dessas propriedades

    depende da sensibilidade espectral das aves.

    Charles et al., (1992) concluíram em seus estudos que as carcaças de frangos de

    corte apresentaram menor percentual de gordura e maior percentagem de proteína,

    quando submetidos a intensidade da luz alta, comparado as aves expostas a baixa

    intensidade de luz. Estudos realizados por Yahavet al., (2000) mostraram que a luz de

    baixa intensidade (10 lx) melhorou a conversão alimentar de perus e resultaram num

    aumento do peso corporal e diminuição da ingestão de alimentos. Lewis et al. (2004),

    concluíram que um melhor desempenho e bem-estar das aves poderia ser alcançado

    com período de iluminação moderado, com aumento das horas de sono, menor estresse

    e melhor resposta imunológica dos animais. Caoet al. (2008) relatam que o crescimento

    e o desempenho produtivo de frangos de corte foram aumentados quando as aves foram

    criadas sob luz monocromática verde, durante a fase inicial e, luz azul durante a fase

    posterior, a uma intensidade de 15 lx. A luz monocromática azul e verde promoveu o

    crescimento de células musculares devido à estimulação mais eficaz da secreção de

    testosterona em frangos de corte.

    Senaratnaet al. (2011) ao avaliar o efeito de luz monocromática em frango de

    corte, concluíram que a cor da luz durante a criação afeta mais o comportamento do que

    o crescimento; porém, o fornecimento de luz vermelha até 21 dias de idade apresentou

    efeitos benéficos sobre o ganho de peso e outros parâmetros de carcaça. Zhang et al.

    (2012), apontam resultados do efeito da luz monocromática na embriogênese e

    crescimento muscular, composição química e na qualidade da carne do músculo do

    peito em frangos de corte machos. O estímulo da luz monocromática verde (15 lx)

    contínua durante a incubação e a criação sob luz branca (30 lx) após o nascimento,

    aumentou significativamente o ganho de peso, aumento do crescimento muscular do

  • 29

    peito e melhorou conversão alimentar de frangos de corte machos. Este efeito no

    crescimento não causou quaisquer alterações visíveis na composição química do

    músculo do peito ou nas características de qualidade da carne.

    Estudo sobre a preferência dos frangos de corte por diferentes cores em relação à

    idade, período do dia e comportamento, indicou sensibilidade das aves por diferentes

    comprimentos de onda depois dos 21 dias e, que os comportamentos associados

    dependem da idade, período do dia em condições ambientais tropicais. As cores

    vermelho e branco foram mais apreciadas que azul e verde e, no período da noite, o

    vermelho foi a cor preferida (SENARATNA et al., 2012). Rierson (2011) relata que as

    aves tiveram preferência pelas cores branca e vermelha em comparação com azul e

    verde.

    2.6 - Ação da luz nas aves

    Nas aves domésticas, a utilização eficiente de um período de iluminação visa

    maximizar o consumo de alimentos, ganho de peso e eficiência alimentar dos frangos de

    corte (MENDES at al., 2004).

    Existe uma grande diferença na intensidade de luz natural e artificial. Segundo

    Thery (2001), em um dia de sol a iluminância pode atingir 100.000 lx, enquanto que a

    encontrada em aviários no nível da ave pode ser inferior a 5lx (PRESCOTT &

    WATHES, 1999), apesar do Farm Animal WelfareCouncil (FAWC, 1992) citar como

    recomendação pelo menos 20 lx. Outro fator é que o espectro de luz natural contém

    comprimentos de onda entre 350 e 700 nm, enquanto que fontes de luz artificial

    apresentam uma variação marcada em seu espectro emitido em alguns comprimentos de

    ondas e, portanto, diferem na cor (PRESCOTT & WATHES, 1999).

    Segundo Olanrewajuet al. (2006) a luz permite as aves estabelecer ritmicidade e

    sincronizar muitas funções essenciais, incluindo a temperatura do corpo e várias etapas

    metabólicas que facilitam a alimentação e digestão. De igual importância, a luz estimula

    padrões de secreção de vários hormônios que controlam, em grande parte, o

    crescimento, maturação e reprodução. Segundo Moraes et al. (2008) estudos vêm

    mostrando que os programas de luz podem influenciar no desempenho de frangos de

    corte, bem como trazer ganhos em termos de economia elétrica (MENDES et al., 2010;

    LIBONI et al., 2013).

  • 30

    2.6.1 - Efeito da iluminância nas aves

    A intensidade é um dos fatores do período de iluminação, baseia-se no brilho no

    nível dos olhos das aves, não tem relação com o comprimento de onda ou cor, porém

    exerce influência no desenvolvimento, na produtividade e no comportamento dos

    animais. De acordo com Prescott et al. (2004) o manejo da intensidade da luz é um dos

    aspectos que pode ter importante consequência no comportamento, performance e bem-

    estar dos frangos de corte. Para aves poedeiras e perus tradicionalmente é

    disponibilizada uma iluminação de baixa intensidade, visando controlar o alto nível de

    bicagem das penas e canibalismo associados aos animais (JONE et al., 2004).

    A baixa intensidade também tem sido associada à redução na atividade das aves

    (NEWBERY et al., 1988), dificuldade de expressar comportamento social, como

    discriminação (KRISTENSEN et al., 2007), diminuição da sincronia comportamental

    em grupos e melhoria na produtividade (ALVINO et al., 2009). Estudos também

    mostram que a luz de baixa intensidade pode provocar efeitos adversos nos frangos de

    corte, devido a transtornos em sua visão e ritmos comportamentais (PRESCOTT et al.,

    2004; BLANCHFORD et al., 2009).

    A manipulação da intensidade da luz é uma ferramenta de manejo amplamente

    adotada devido ao seu efeito sobre a produção, comportamento e bem-estar de frangos

    de corte. A recomendação mais adotada para intensidade da luz varia de 5 a 10 lx,

    durante o período de crescimento, no entanto, muitos produtores utilizam uma

    intensidade baixa de 1 a 2 lx (LEWIS & MORRIS, 2006).

    2.6.2 - Efeito do comprimento de ondas sobre as aves

    É importante compreender que a luz é composta por comprimentos de onda do

    espectro eletromagnético. Comprimentos de onda diferentes indicam cores no espectro

    visível.Nos olhos humanos, os cones são responsáveis pela radiação eletromagnética,

    entre 400 e 730 nm, com sensibilidade máxima de 555 nm (MENDES et al., 2010). Os

    picos de sensibilidade destes três tipos de cones permitem aos humanos perceberem as

    cores primárias, violeta/azul (450 nm), verde (550 nm) e vermelho (700 nm). Quando

    todas são estimuladas simultaneamente o cérebro registra a luz branca.

    Kristensenet al. (2007) afirmam que as aves expostas a comprimento de ondas

    curto apresentam melhor ganho de peso e eficiência alimentar. Mendes et al., (2010)

  • 31

    menciona que durante os primeiros dias da criação, a luz de onda curta estimula o

    crescimento enquanto que a luz de onda longa acelera a maturidade sexual. Os autores

    informam também que as aves exposta a luz azul e verde (ondas curtas) mantêm-se

    mais calmas do que as exposta à luz branca ou vermelha (ondas longas). Os olhos das

    aves têm um tipo adicional de cone na retina com um pico de sensibilidade por volta de

    415 nm (HART et al., 1999) e este cone permite a percepção de radiações abaixo de 400

    nm (PRESCOTT & WATHES, 1999).

    2.6.3 - Efeitos da luz no comportamento de frangos de corte

    O comportamento das aves é influenciado por diversos fatores inerentes ao

    ambiente de produção. Aves submetidas a condições ambientais desfavoráveis

    apresentam comportamento alimentar e físico, característicos (AMARAL et al., 2011).

    A análise comportamental das aves tem se mostrado eficiente para identificar condições

    de bem-estar. Duncan &Mench (1993) propuseram que o comportamento possa ser

    utilizado para identificar estados de sofrimento do animal e, em particular, os estados de

    febre, frustração e dor em vários sistemas de produção animal.

    A atividade animal está intimamente relacionada com o programa de iluminação.

    Em termos da frequência da manifestação de determinados comportamentos pode ser

    influenciada pelas características e condições de alojamento, dentre estas, os estímulos

    luminosos, tais como a intensidade luminosa, cor e programa de luz (LEWIS et al.,

    2009).

    Com relação à influência da iluminação no comportamento das aves, de acordo

    com Prescott et al. (2004), a intensidade é um aspecto do manejo da luz que pode ter

    importantes consequências para o comportamento de frangos de corte, desempenho e

    bem-estar. Estudos como os de Alvinoet al. (2009) e Deep et al. (2012) relatam uma

    redução no comportamento exploratório e de conforto quando os frangos de corte foram

    expostos a uma baixa intensidade luminosa, 5 e 1 lx, respectivamente. Comportamento

    agressivo como canibalismo também podem ser reduzidos com a diminuição da

    intensidade de luz ou com a utilização de diferentes comprimentos de onda, iluminação

    monocromática (OLANREWAJU et al. 2006).

    De acordo com Bessei (2006), o período de iluminação pode ajudar a garantir

    padrões de comportamento e ritmos circadianos normais e saudáveis. Kristensenet al.

  • 32

    (2007) em estudo com frangos de corte, constataram que as aves de 6 semanas de idade

    passaram 61% do tempo descansando sobre a cama, mas este comportamento não foi

    afetado significativamente pela fonte luminosa ou pela iluminância. Porém, os frangos

    demonstraram maior incidência do comportamento de investigar o ambiente em locais

    mais escuros em comparação a ambientes mais claros.

    Os contrastes de intensidade influenciam os ritmos de atividade nas aves, pois de

    acordo com Blatchfordet al. (2009), os frangos de corte são mais ativos quando criados

    com alta intensidade (180-200 lx), em vez de baixa intensidade (5-6 lx). Em outro

    estudo Blatchfordet al. (2012), mencionam que houve pouco efeito do contraste de luz

    (L): escuro (E), (20L: 4E e 16L: 8E), sobre o comportamento e a saúde dos frangos de

    corte, porém houve um forte efeito de contrastes intensidade. A alta intensidade foi

    associada com fortes ritmos diários de comportamento, enquanto que baixa intensidade

    suprimia tais ritmos. A intensidade também teve um efeito sobre a saúde, luz mais

    brilhante foi associada com um pouco menos claudicação e luz fraca associada, com

    olhos maiores e mais pesados.

    2.7 - Programas de luz

    Os programas de luz para frango de corte mudaram muito com o passar do tempo.

    Durante muitos anos, a indústria avícola utilizou programa de luz com duração de 23 a

    24 h de luz diária, com o objetivo de maximizar o consumo de ração e ganho de peso

    dos frangos de corte. Com a evolução da avicultura, o melhoramento genético

    proporcionou ao mercado uma ave diferente, com maior produção de carne. Desta

    forma, surgiram muitos estudos relacionando os efeitos da iluminância com os

    problemas de pernas e redução do bem-estar das aves (DEEP et al. 2012;

    BLATCHFORD et al., 2009; MORAES et al., 2008).

    Um programa de luz bem elaborado de restrição no início do crescimento, em

    geral melhora a conversão alimentar e a sobrevivência, diminuindo ao mesmo tempo,

    patologias como ascite e problemas de pernas. Estes benefícios são relevantes,

    principalmente, quando se considera frangos de corte machos que apresentam uma taxa

    de crescimento mais acelerada em relação às fêmeas (KAWAUCHI et al., 2008).

    Segundo Rutz&Bermudez (2004), os programas de luz são classificados de

    acordo com o iluminância em: contínuo – utiliza-se iluminação de mesmo comprimento

  • 33

    durante todo o ciclo; intermitentes – apresentam ciclos repetidos luz e escuro dentro do

    período de 24 horas; crescente – fornecem uma série de fotoesquemas, nos quais a

    iluminação é aumentada conforme o frango avança a idade.

    A Tabela 1 mostra um levantamento literário sobre a iluminância oferecida para

    as aves em alguns estudos.

    Tabela 1 – Programas de iluminação para frangos de corte utilizados em estudos com

    efeito positivo do fotoperíodo no desempenho das aves.

    Autores

    Período de iluminação

    Horas de luz Horas de escuro

    Prayitno et al. (1997) 23 1

    Rozemboim et al. (2004) 23 1

    Kristensen et al. (2007) 16 8

    Xie et al. (2008) 23 1

    Cao et al. (2008) 23 1

    Alvino et al. (2009) 23 1

    Blatchoford et al. (2009) 16 8

    Deep et al. (2012) 17 7

    Bayraktar et al. (2012) 23 1

    2.8 - Utilizações de lâmpadas LED na avicultura brasileira

    O diodo emissor de luz (LED) foi desenvolvido na década de 60 e devido sua alta

    eficiência luminosa e maior durabilidade, hoje é utilizada no mundo inteiro. Apesar de

    oferecer diversas vantagens, os LEDs ainda apresentam custo elevado, o que reduz o

    numero de produtores avícolas dispostos a substituírem seus sistemas de iluminação.

    Os estudos sobre o efeito da iluminação monocromática na avicultura ainda são

    poucos e a maioria é na avicultura de postura. Paixão et al. (2011), avaliando o

    desempenho produtivo de frangos de corte submetidos a dois tipos de iluminação

    (lâmpada fluorescente compacta e LED branca), observaram que a lâmpada de LED

    branca apresentou o mesmo efeito da lâmpada fluorescente no desempenho produtivo

    das aves (consumo de ração, peso vivo, conversão alimentar e mortalidade), concluindo

    que a substituição seria viável. Em outro estudo, os mesmos autores, testaram a

    preferência de frangos de corte entre os LEDs de cores branco e amarelo, observaram

    que, apesar de a distribuição das aves ser homogênea entre os dois ambientes, aos 21

    dias de idade os frangos se alimentavam mais no ambiente iluminado por LED de cor

    branca.

  • 34

    Mendes et al. (2013) estudando o desempenho de frangos de ambos os sexos

    expostos a LED de cor branca e a lâmpadas florescente compactas (CFL) dos sete aos

    40 dias de idade, observaram que as aves criadas sob exposição a CFL, do sexo

    masculino apresentavam significativamente pesos mais elevados do que os frangos

    vivos do sexo feminino aos 7 e 14 dias de idade. No entanto, o peso vivo não é

    significativamente diferente entre os sexos para o restante das idades e de aves criadas

    sob as lâmpadas LED de cor branca. Sendo que o LED branco resultou em melhor

    conversão alimentar dos 21 aos 28 dias de idade para as fêmeas em comparação com

    aquelas sob CFL.

    Borilleet al. (2013) utilizando aves Isa Brown com idade de 56 semanas sob o

    efeito das cores de LED: azul, amarelo, verde, vermelho, branco e luz incandescente de

    40W, constataram que a produção de ovos foi significativamente diferente entre os

    tratamentos, com os melhores resultados obtidos com LED vermelho, LED branco, e

    fontes de luz incandescentes. O peso do ovo, a ingestão alimentar, e a qualidade interna

    dos ovos (altura do albúmen, gravidade específica, e unidades Haugh) não foram

    influenciados pela fonte de luz.

    Jácome et al. (2012) avaliando os efeitos do uso da tecnologia de LED na

    iluminação artificial de codornas japonesas, com 35 dias de idade, com quatro

    tratamentos (lâmpadas incandescentes 15W, leds: azuis, laranjas e brancos) e quatro

    repetições de 11 aves cada, mostrou que não houve diferenças significativas entre os

    tratamentos para produção de ovos, para peso médio do ovo, consumo de ração, peso da

    casca, espessura de casca e Unidade Haugh.

    Nunes et al. (2013) relatam que a utilização de LEDs para poedeiras podem

    apresentar uma redução em até 70 % no consumo de energia elétrica dos galpões, além

    disso, pode-se considerar que, esta tecnologia apresenta maior vida útil

    (aproximadamente 50.000 horas) quando comparadas com outras fontes de iluminação

    comumente utilizadas (aproximadamente 8.000 horas), os resultados financeiros na

    produção de ovos serão substancialmente melhorados. Pelo fato do diodo emissor de

    luz, apresentar características: reciclável, durável e menor gasto com energia elétrica.

    Dessa forma, a utilização de sistemas de iluminação a base de led na cadeia avícola

    seria um passo à frente quando se refere a sustentabilidade do setor produtivo.

  • 35

    3 - MATERIAL E MÉTODOS

    O experimento foi conduzido no período de março a abril de 2013na Estação

    Experimental de Pequenos Animais (EEPAC/UFRPE), localizada no município de

    Carpina, Estado de Pernambuco, latitude de 7,85º S, longitude de 35,24º O e altitude de

    180 m. O clima da região é caracterizado como megatérmico (As’) com precipitação de

    inverno e estação seca do verão até outono, segundo classificação de Köppen

    (PEREIRA et al., 2002).

    O galpão experimental apresentava dimensões de 9,5 m de largura por 33,0 m de

    comprimento, pé-direito de 2,8 m, sem a presença de forro, mureta de alvenaria com 0,4

    m de altura e fechamento com tela de polietileno (22 mm) em todo perímetro da

    instalação, associado à cortina de polipropileno na cor azul, que foram manejadas de

    acordo com a necessidade térmica das aves no decorrer do ciclo de produção.A forma

    elementar do telhado era duas águas, coberto com telhas de fibrocimento de 6 mm,

    beiral 1,5 m, com presença de lanternim e orientação Leste-Oeste (Figura 5 A e B).

    As aves foram distribuídas em 40 boxes de produção, divididos por muretas de

    alvenaria com 20 cm de altura e tela de polietileno (22 mm), piso de concreto e cama de

    maravalha.

    A.

  • 36

    Figura 5 – Vista externa transversal (A) e longitudinal (B) do galpão utilizado para o

    alojamento das aves.

    Todos os boxes apresentaram dimensões 1,35 m de largura por 2 m de

    comprimento (Figura 6), com 18 aves por box(7 aves m-2

    ).

    Figura 6 – Representação esquemática da distribuição dos boxes de criação e seus

    respectivos sistemas de iluminação.

    3.1 – Manejo das aves

    Foram utilizados720 pintos da linhagem Cobb 500, provenientes de incubatório

    comercial, divididos em dois lotes (360 machos e 360 fêmeas). As aves foram

    submetidas a todas as recomendações de vacinação na fase inicial (Marek, Gumboro,

    Newcastle e Bronquite). Nos boxes de contenção as aves foram expostas a fonte de

    aquecimento por lâmpadas incandescentes de 100 W, instaladas a altura de 0,50 m do

    piso e manejadas conforme o perfil de distribuição das aves, nas duas primeiras

    semanas do ciclo de produção. As lâmpadas eram acionadas apenas a noite, nesta fase

    as cortinas permaneceram fechadas.

    B.

  • 37

    A alimentação e a água foram fornecidas a vontade em comedouros e bebedouros

    próprios para a fase de criação. O período de criação se estendeu até os 42 dias de idade,

    de acordo com o manual da linhagem estudada. Na fase de 1 a 7 dias de idade das aves

    foi fornecida ração comercial pré-inicial, de 8 a 28 dias ração inicial e de 29 a 42 dias

    foi fornecida ração de crescimento. A composição básica das rações foi farelo de soja,

    milho moído, sorgo moído, farelo de trigo, farinha de peixe, farinha de ossos, calcário,

    sal moído, premix vitamínico, premix minerais e aditivos. As composições centesimais

    das rações estão dispostas na Tabela 2.

    Tabela 2 – Composição centesimal das rações fornecidas para os frangos de corte, de

    acordo com a idade.

    Componentes (%) Pré-inicial Inicial Crescimento

    Proteína Bruta 22,00 21,50 19,50

    Extrato Etéreo 2,50 3,00 3,00

    Matéria Fibrosa 6,00 6,00 6,00

    Matéria Mineral 7,50 7,50 7,00

    Cálcio (máx.) 1,30 1,30 1,30

    Fósforo (min.) 0,45 0,45 0,45

    Umidade (máx.) 12,50 12,50 12,50

    3.2 – Tratamentos

    Os tratamentos foram compostos pela interação dos fatores iluminação

    (azul/verde, verde, azul, vermelho e branco) e sexo (machos e fêmeas).

    As aves foram distribuídas nos boxes de produção conforme sistema de

    iluminação e sexagem, com quatro repetições cada, sendo quatro boxes para cada

    sistema de iluminação proposto (Figura 7): T1 – machos x azul/verde (470 nm, 525

    nm); T2 – fêmeas x azul/verde (470 nm, 525 nm);T3 – machos x verde (525 nm); T4 –

    fêmeas x verde (525 nm);T5 – machos x azul (470 nm); T6 – fêmeas x azul (470

    nm);T7 – machos x vermelho (660 nm); T8 – fêmeas x vermelho (660 nm); T9 –

    machos x branco (400-760 nm) e T10 – fêmeas x branco (400-760 nm).

    T1.

    T2.

    T2.

  • 38

    Figura 7– Vista interior dos boxes de criação e seus respectivos tratamentos (iluminação

    x sexo).

    Foram instaladas lâmpadas de diodo emissor de luz (LED) tipo bastão, com 52 cm

    de comprimento em todos osbox de criação. Cada lâmpada contava com 36 leds, com

    exceção daquelas que promoviam a iluminação na faixa do vermelho que foram

    equipadas com 45 Leds. A distância entre as lâmpadas foi de 6 cm. Estas lâmpadas

    T3. T4.

    T5. T6.

    T7. T8.

    T9. T10.

  • 39

    foram fixadas em tubo de PVC e colocadas a 70 cm do piso (Figura 8). A alimentação

    das lâmpadas foi ajustada por meio da mudança de tensão e corrente por um

    transformador, conforme metodologia estabelecida por (Eret al, 2007). Suas tensões

    foram de 12 V para azul/verde, verde, azul, branco e 24 V para vermelho. A iluminância

    foi registrada no nível das aves por meio de luxímetro e sua variabilidade espacial

    determinada pela geoestatística. As fontes de luz foram ajustadas para um programa de

    iluminação diária de 23 h de luz e 1 h de escuro (23L:1E).Para evitar a influência dos

    sistemas de iluminação entre tratamentos foram utilizadas lonas plásticas pretasjunto à

    tela de polietileno (22 mm).

    Figura 8 – Lâmpadas de LED tipo bastão, fixadas longitudinalmente no centro

    geométrico de cada box de produção.

    3.3 – Determinação da variabilidade espacial da iluminância

    Para determinaçãoda variabilidade espacial da iluminância (lx) promovida pelo

    sistema de iluminação, os dados foram registrados por meio de luxímetro, compondo

    malha de 40 pontos, distribuídos uniformemente sob o piso dos boxes, em seus

    respectivos sistemas de iluminação, com espaçamento de 0,27 x 0,25 m entre

    cadaponto. Considerando-se o efeito da bordadura, a malha apresentou as seguintes

    dimensões: 1,08 m de largura e 1,75 m de comprimento (Figura 9).

    As iluminâncias foram analisadas pela estatística descritiva, calculando-se a

    média, a mediana, o coeficiente de variação, o coeficiente de assimetria e o coeficiente

    de curtose. A hipótese de normalidade dos dados foi testada pelo teste de Kolmogorov-

    Smirnov a 1% de probabilidade.

  • 40

    Foi verificado se a média e a covariância dos valores não apresentaram tendência,

    ou seja, se existe estacionaridade. O motivo desta análise se deve ao fato de que os

    dados devem satisfazer a condição de estacionaridade; no entanto não ocorreu essa

    condição, sendo necessária a filtragem da tendência dos dados e para isso, utilizou-se o

    método de regressão polinomial do programa computacional SURFER(demo).

    A dependência espacial foi verificada por meio de ajustes de semivariogramas

    (VIEIRA, 2000), com base na pressuposição de estacionaridade da hipótese intrínseca, a

    qual é estimada por:

    2)(

    1

    )()()(2

    1)(

    hN

    i

    hxiZxiZhN

    h (2)

    em que, N (h) é o número de pares experimentais de observações Z(xi) e Z (xi + h)

    separados por uma distância h. O semivariograma é representado graficamente por )(h

    versus h. Do ajuste de um modelo matemático aos valores calculados de )(h foram

    estimados os coeficientes do modelo teórico para o semivariograma (o efeito pepita, C0;

    patamar, C0+C1; e o alcance, a).

    Para analisar o grau da dependência espacial da iluminância, utilizou-se a

    classificação de Cambardellaet al. (1994), em que foram considerados de dependência

    espacial forte os semivariogramascomrelação efeito pepita (C0) / ( C0 + C1) < 25% do

    patamar, moderada entre 25 e 75% e fraca > 75%.

    Os modelos de semivariogramas considerados foram esférico e o exponencial,

    sendo ajustados por meio do programa GS+ e, posteriormente, utilizados no

    desenvolvimento de mapas de isolinhas (krigagem). Em caso de dúvida entre mais de

    um modelo para o mesmo semivariograma, considerou-se o maior valor do coeficiente

    de correlação obtido pelo método de validação cruzada pelo programa GEO-EAS, em

    que se observou a média próxima a “zero” e o desvio padrão próximo a “um”.

  • 41

    Figura 9 – Malha regular dos pontos de registro da iluminância nos boxes de produção.

    3.4 - Análise dos sistemas de iluminação e aspectos bioclimáticos

    3.4.1 - Variáveis ambientais

    As variáveis meteorológicas foram registradas no centro geométrico do box de

    produção, sendo um por tratamento , por meio de dataloggers, modelo HOBO U12-12

    (Onset Computer Corporation Bourne, MA, USA) para registrar a temperatura do ar

    (Ta, oC), umidade relativa do ar (UR, %), temperatura de globo negro (Tg,

    oC), o que

    permitiu a caracterização da eficiência térmica no alojamento das aves (Figura 10A).

    Na área externa a instalação o datalogger foi instalado a 1,5 m de altura da

    superfície do solo, no interior de um abrigo meteorológico (Figura 10B), representando

    o microclima do local.

    Em toda a pesquisa foi utilizada uma câmera termográfica, FLIR®, modelo i60

    (Figura 10C), para obtenção das imagens térmicas das aves em diversos pontos do

    corpo, nos horários das 6, 9, 12, 15 e 18 h, em duas avaliações semanais. Os parâmetros

    de ajuste prévio da câmera para cadaanimal em estudo foram: emissividade da

    superfície corporal das aves 0,95 (NÄÄS et al., 2010; BARACHO et al., 2011;

    NASCIMENTO et al., 2011), condição termo-higrométrica no instante do registro da

    imagem e a distância entre a câmera termográfica e o objeto alvo (1,5 m).

  • 42

    As imagens termográficas foram medidas discretas dentro do período de análise,

    em diferentes níveis de conforto e estresse térmico. As imagens foram convertidas em

    matrizes numéricas pelo software da câmera termográfica, sendo possível assim uma

    análise posterior dos dados. Correções de valores de temperaturas das superfícies,

    devido aos possíveis problemas gerados por radiações difusas foram realizadas pela

    técnica citada por Datcuet al. (2005), ou seja, a execução de medidas de energia radiante

    em espelhos e outros corpos de referência dispostos nas paredes das construções a

    serem medidas, o que elimina o efeito de radiação de reflexão e isotropia.

    O registro da velocidade instantânea do ar (m/s) foi realizado no decorrer da

    pesquisa no galpão experimental e no ambiente externo, nos horários coincidentes ao

    registro das imagens termográficas, por meio de um termo-anemômetro, AZ

    Instrumentos®, modelo 8908 (Figura 10D).

    Figura 10 - Detalhe da instrumentação utilizada para o registro das variáveis ambientais

    e obtenção das imagens térmicas, Hobo e globo negro (A), abrigo meteorológico (B),

    câmera termográfica (C) e termo-anemômetro (D).

    A determinação da eficiência térmica foi realizada por meio dos índices de

    temperatura de globo e umidade (ITGU) proposto por Buffingtonet al. (1981) e a

    A. B.

    C. D.

  • 43

    entalpia específica (H; kJ kg ar seco-1

    ) proposta por Rodrigues et al. (2011), tendo as

    seguintes equações:

    330,080,36TpoTgITGU (3)

    em que: Tg = temperatura de globo negro (K); Tpo = temperatura de ponto de orvalho

    (K).

    ( )Tbs52,0+28,7110P

    UR+Tbs006,1=H

    Tbs+3,237

    Tbs5,7

    atm

    (4)

    em que: Tbs - temperatura de bulbo seco (oC); UR - umidade relativa (%); Patm -

    pressão atmosférica local (mmHg).

    3.4.2 - Parâmetros fisiológicos

    Para avaliação dos parâmetros fisiológicos foram registradasa frequência

    respiratória (mov. min-1

    ), por meio da contagem do número de movimentos abdominais

    realizados pela ave por 1 min, temperatura da superfície das aves (oC) e a temperatura

    cloacal (oC). Os dados de temperatura da superfície do animal foram obtidos por meio

    do termovisor, sendo que no momento da obtenção das imagens térmicas foi tomada a

    temperatura cloacal, por meio de termômetro clínico digital, escala de 32 a 44 oC,

    resolução 0,1 oC e erro máximo de ± 0,2

    oC. A determinação destes parâmetros foi

    realizada em intervalos de 3 h, às 6, 9, 12, 15 e 18 h, em uma avaliaçãosemanal. As aves

    foram escolhidas aleatoriamente, uma por repetição, em todos os boxes de produção,

    totalizando 40 aves, devidamente identificadas, de maneira a permanecerem fixas

    durante o dia selecionado para o acompanhamento (Figura 11 A e B).

    Figura 11 – Termômetro utilizado para o registro da temperatura cloacal (A) e imagem

    térmica das aves (B).

    A. B.

  • 44

    3.5 - Variáveis comportamentais

    O registro das filmagens foi realizado por meio de 5microcâmeras coloridas com

    lente de 3,6 mm, estrategicamente distribuídas no galpão, de forma que permitisse o

    monitoramento das aves (machos e fêmeas) em seus respectivos sistemas de iluminação

    (Figura 12A). As imagens foram registradas por 24 h, duas vezes por semana, no

    decorrer do ciclo de produção, sendo gerenciadas pelo software TOPWAY®,

    armazenando as informações num banco de dados para posterior análise, de acordo com

    metodologia proposta porRudkin& Stuart(2003) (Figura 12B).

    Figura 12 – Câmeras instaladas no interior do galpão para o monitoramento

    comportamental das aves (A) e software para gerenciamento das imagens (B).

    A.

    B.

    Câmeras de vídeo

  • 45

    As aves foram devidamente identificadas com violeta genciana, na cabeça, no

    dorso e nas asas, para facilitar a visualização do observador. Foram avaliadas três aves

    por tratamento, possibilitando o monitoramento de 30 aves no total.

    As variáveis referentes às reações comportamentais observadas nos tratamentos

    estudados foram quantificadas com base no etograma comportamental descrito na

    Tabela 3, de acordo com estudos realizados por Nazareno et al. (2009); Mollenhorst et

    al. (2005); Barbosa Filho (2005); Alves et al. (2004); Rudkin& Stewart (2003); Jendral

    (2002) e Taylor et al. (2001). As análises comportamentais das aves foram realizadas

    determinando-se a frequência e a porcentagem do tempo de observação em cada

    comportamento listado no etograma em seus respectivos tratamentos.

    Tabela 3 -Etograma comportamental para frangos de corte elaborado com base na

    literatura consultada.

    Comportamentos Descrição

    Sentada Comportamento caracterizado quando o corpo das aves

    está em contato com o solo, piso ou cama.

    Comendo Consumindo ou bicando alimento do comedouro.

    Bebendo Consumindoágua do bebedouro.

    Explorandopenas Explorando o empenamento com o bico, tanto para

    manutenção, quanto para investigação.

    Bicagemnãoagressiva Bicando levemente outras aves, geralmente na região

    inferior ventral do pescoço, dorso, base e ponta da

    cauda ou abdômen.

    Bicagemagressiva Bicagem forte de outra ave provocando reação

    agressiva ou defensiva, geralmente direcionada à região

    superior da cabeça e crista ou na região inferior dorsal

    do pescoço.

    Bicagem de objetos Bicagem direcionada a objetos ou partes do box, com

    exceção ao comedouro e bebedouro.

    Movimentosde conforto Movimentos de esticar as asas e pernas do mesmo lado

    do corpo simultaneamente, sacudir e ruflar as penas,

    levantar parte de ambas as asas próximo ao corpo ou

    estender as pontas das asas e/ou bater asas.

    Ciscando Quando a ave explora seu território com seus pés e

    bico, direcionados ao piso.

    Banho de “areia” Revolvendo-se no substrato de cama ou no solo na área

    do piquete, espalhando-o pelo corpo.

    Parada Comportamento caracterizado quando a ave não

    apresenta nenhum movimento, ou aparentemente não se

    enquadra em nenhum dos comportamentos anteriores.

    Empé Comportamento caracterizado quando a ave está em

    repouso sobre os pés.

  • 46

    3.5 – Análise do desempenho produtivo das aves

    O levantamento dos indicadores zootécnicos para posterior análise de

    desempenho das aves foram: ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA), consumo

    de ração (CR), peso vivo (PV), característica de carcaça e cortes (pós-abate).

    O consumo de ração foideterminado pela pesagem diária do alimento fornecido e

    das sobras de cada comedouro, indicando a quantidade de ração consumida. Para o

    cálculo do ganho de peso, todos os animais foram pesados semanalmente, o que

    permitiu determinar o ganho de peso médio das aves para o período avaliado.

    3.5.1 - Pesode carcaça e partes

    Aos 42 dias de idade foram feitas às pesagens das aves dentro de cada repetição,

    obtendo-se a média de peso vivo, selecionando-se 1 ave para abate em cada repetição,

    para avaliação do peso dacarcaça e dos cortes, perfazendo amostra de 40 animais. As

    aves foram abatidas, depenadas, evisceradas e realizados os devidos cortes. Com isso,

    foram obtidos o peso das partes, cortes e vísceras no Abatedouro da Estação

    Experimental de Pequenos Animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco

    (UFRPE), seguindo-se padrões convencionais de abate estabelecidos pela legislação do

    MAPA (INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 3, de 17 de janeiro de 2000).

    Após o abate das aves foram obtidas as seguintes características: peso da carcaça

    eviscerada (sem víscera, cabeça, pescoço, pé e gordura abdominal), peso das vísceras

    comestíveis (fígado, moela e coração), peso das vísceras de graxaria (intestinos e

    gordura) e peso dos cortes, peito, asas, coxas, sobrecoxas e dorso.

    3.6 - Delineamento experimental e análise estatística

    Para análise dos dados foi adotado delineamento inteiramente casualizado em

    esquema fatorial 5x2. Os dados foram analisados por meio do seguinte modelo

    estatístico (Eq. 5):

    Ŷijk = μ + Ii + Sj + (I x S)ij + eijk (5)

  • 47

    em que:Ŷijk- é a i-ésima observação de uma das variáveis;μ - é a média geral;Ii - é o

    efeito fixo da iluminação;Sj - é o efeito fixo do sexo;(A x S)ij - é o efeito da interação

    entre iluminação e sexo;eijk - é o erro aleatório.

    A análise estatística foi realizada pelo programa computacional StatistcalAnalysis

    System (SAS, 1997) e as inferências obtidas foram avaliadas pelo teste de Tukey(p <

    0,05).

    As variáveis comportamentais das aves foram determinadas pela frequência dos

    eventos e sua probabilidade de ocorrência pelo teste Qui-quadrado (X²).

  • 48

    4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

    4.1 – Análise térmica da instalação experimental

    Na Figura 13 A, observa-se a partir da equação gerada, que a temperatura do ar no

    interior da instalação sofreu acréscimo de aproximadamente 5% em relação à

    temperatura do ar no ambiente externo, mostrando a necessidade de um manejo mais

    adequado dos equipamentos de controle, assim como o melhor aproveitamento da

    climatização natural; para que o microclima no interior da instalação se mantivesse

    dentro de limites de conforto aceitáveis ao longo do ciclo de produção e permitisseas

    aves condições de expressar sua capacidade produtiva (BAÊTA & SOUZA, 2010).

    Nota-se coeficiente de determinação de 0,9359, que indica boa associação linear entre

    os valores de temperaturas internas e externas à instalação.

    Os valores de umidade relativa do ar (Figura 13 B)apontouacréscimo de

    aproximadamente 2% no interior da instalação em relação ao ambiente externo, devido