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O QUE FAZER?
2019-2022
Marcelo S. Portugal UFRGS e CNPq
II FÓRUM FCE - UFRGS
Resumo do Capítulo Anterior
I0 Fórum FCE–UFRGS: Recessão Brasileira: origens, determinantes e
condições de saída.
1. Determinantes da Crise Econômica: “O Estado como Indutor do
Crescimento Econômico”
- Erros de política econômica (macro): fechamento ao exterior
(conteúdo nacional); leniência no combate à inflação; política fiscal
perdulária; excesso de intervenção cambial.
- Erros de regulação (micro): eletricidade (MP 579); petróleo; políticas
setoriais desastrosas (Campeões Nacionais, BNDES, Inovar-Auto,
etc);
2. Condições para a Saída da Crise: decisão em 2018
- Temer é uma “solução temporária” para parar de piorar. A solução
permanente depende das escolhas eleitorais de 2018.
Roteiro da Apresentação: o que fazer?
Ênfase em “o que fazer” e não em “como fazer”
1. Objetivos: aumentar a produtividade da economia e reduzir a pobreza e
a desigualdade
2. Medidas Concretas em várias áreas:
- Previdenciária
- Produtividade do serviço público e Privatização
- Contas Públicas
- Política Monetária, Cambial e Creditícia
- Reforma Tributária
- Governança Política
Reforma da Previdência
- Problema: Em 2017 o déficit total foi de R$ 363 bilhões, sendo 182 bi no
INSS (110 rural e 72 urbano), R$ 86 bilhões do RP da União (sendo 45
civil, 38 militares e 3 de outros)e R$ 95 bilhões em Estados e Municípios. O
Brasil gasta 12% do PIB (R$ cerca de 800 bi) com previdência e tem
apenas 7,5% de população com mais de 65 anos. Há uma mudança na
pirâmide etária torna os déficits crescentes ao longo dos anos.
- Propostas:
- Estabelecer idade mínima de 65 anos para todos e rapidamente.
- Reduzir as diferenças dos benefícios entre trabalhadores do setor
público e privado e entre trabalhadores rurais e urbanos.
- Restringir ou proibir a acumulação de pensões e aposentadorias
públicas.
- Redução do teto previdenciário. A previdência pública deve concentra-
se nos mais pobres que recebem o piso previdenciário.
- Estabelecer um piso e um teto com base no PIB per capta
(31.587/13,3=2.375) e não o salário mínimo.
Produtividade no Serviço Público e Privatização
- Problema: baixa produtividade no serviço públicos e em empresas
estatais.
- Propostas:
- Substituição do RJU pela CLT para funções que não sejam típicas
de Estado. Estrutura salarial no setor público similar a do setor
privado (especialmente com redução de salários de entrada).
- Fim do Estado Empresário: seguir os da Vale, CSN, Embraer,
Telefonia... (há atualmente 146 estatais federais com valor de
mercado de cerca de R$ 500 bilhões). Modelagem cuidadosa (um ou
dois anos) para a privatização em larga escala.
- Separação entre produção e provisão de bens públicos pode gerar
ganhos significativos de produtividade.
- Aumento de produtividade no setor privado: Abertura comercial
unilateral.
Exemplo: Saúde
- O Estado deve prover serviços de saúde a população mais pobre, mas
isso não precisa ser feito diretamente por um hospital estatal. O serviço
púbico não precisa ser produzido por um hospital estatal.
- Os resultados mostram que hospitais “privados” (beneficentes) são mais
produtivos que os hospitais estatais.
Custo de atendimento SUS (2016)
Santa Casa - POA R$ 448 milhões (soma do pagamento do SUS (R$ 130 milhões), do benefício fiscal (R$ 194 milhões) e do prejuízo que é subsidiado pelo
atendimento privado (R$ 124 milhões)).
Hospital de Clínicas R$ 1,6 bilhão
Hospital Conceição R$ 1,5 bilhão
- Exemplos similares devem ser seguidos em outras áreas do setor
publico, tais como: educação básica e ensino superior (o mito da
Universidade Pública e Gratuita), infra-estrutura de transporte (concessão
via menor tarifa para dados serviços com TIR factível).
Contas Públicas
- Problema: Dívida pública cresce de forma explosiva em resposta
ao desequilíbrio fiscal. Temos metas demais (teto de gastos, meta
de superávit primário, regra de ouro) e instrumentos de menos.
- Propostas:
- Desvinculação e Desindexação do Orçamento Público:
fim/redução das vinculações constitucionais com maior
liberdade orçamentária. O processo orçamentário tem de dar
flexibilidade ao gestor (governador ou presidente) para decidir
onde alocar recursos.
- Primário entre 2,5% e 3% do PIB em 2020: interromper a
trajetória explosiva da dívida pública.
Reforma Tributária
- Problema: nosso sistema tributário é injusto (cobra mais dos pobres que
dos ricos), complicado e com muitos benefícios a setores e regiões
específicos (não neutro).
- Propostas:
- IR: redução da tributação sobre as empresas (IRPJ+CSLL) e
aumento da tributação sobre as pessoas (mais alíquotas de 10% a
40%).
- Unificação (novo IVA) dos impostos sobre bens e serviços (ICMS,
IPI, ISS, PIS/Cofins): unificação da legislação com cobrança no
destino e fim cumulatividade.
- Neutralidade tributária com o fim de regimes especiais tipo ZFM (R$
25 bilhões por ano) e regime automotivo do Nordeste, ...
- Fim do FGTS com elevação dos salários dos trabalhadores em 8%.
- Forte restrição a benefícios fiscais. Eventuais subsídios devem ser
dados em dinheiro e via orçamento.
Política Monetária
- Problema: Combate à inflação e gestão do crédito continua excessivamente
politizada e cara. Incentivar a alocação de crédito via mercado.
- Propostas:
- Institucionalização do sistema de Metas de Inflação sem “duplo
mandato” e com autonomia operacional do Banco Central. Mandatos fixos
e desconectados com o presidente da república. A cada 2 anos há
mudança de apenas ¼ dos diretores do BC.
- Medidas para ampliação da competição no mercado de crédito com
regulação favorável a novos entrantes (fintecs, Sociedades de
Empréstimos por Pessoas, Sociedades de Crédito Direto, cooperativas de
crédito, cadastro positivo, duplicata eletrônica, etc).
- Fim da transferência de recursos públicos para o BNDES.
- Redução de compulsórios para níveis internacionais.
- Redução drástica dos créditos direcionados/subsidiados.
- Maior abertura da conta de capitais e mais liberdade no mercado de
câmbio.
Governança Política
- Problema: o Congresso Nacional é excessivamente grande/caro e fragmentado e
com déficit de representação da população.
- A nossa Câmara é muito grande. Os USA, por exemplo, tem 320 milhões de
habitantes e 435 deputados, isso é, um deputado para cada 736 mil habitantes. Nosso
Senado é muito grande (3 por Estados). Novamente, nos USA são 2 senadores por
Estados.
- Propostas:
- Redução do número de Senadores (2 por Estado) e da Câmara, de 513 para 280
deputados.
- Reestabelecimento da proporcionalidade de representação na Câmara.
- Voto Distrital para a Câmara Federal, Assembleias Legislativas e Câmaras
Municipais.
- Antecipação da Clausula de Barreira para funcionamento parlamentar.
Representação Política é Mão Distribuída
65
44 151
142
41
39
179
215
77
73
Bancada Atual
Bancada atualizada para
população atual
Número de Deputados
Federais por Região
482
Número de habitantes por
deputado (em milhares)
382
272
377
382
Norte + Nordeste + Centro Oeste = 51% da Câmara para 44% da população
Fim do Patrimonialismo ou Capitalismo de Compadres
“O capitalismo politicamente orientado — o capitalismo político, ou o
pré-capitalismo —, centro da aventura, da conquista e da colonização
moldou a realidade estatal, sobrevivendo, e incorporando na
sobrevivência o capitalismo moderno, de índole industrial, racional na
técnica e fundado na liberdade do indivíduo — liberdade de negociar, de
contratar, de gerir a propriedade sob a garantia das instituições. A
comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios,
como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos
depois, em linhas que se demarcam gradualmente. O súdito, a sociedade,
se compreendem no âmbito de um aparelhamento a explorar, a
manipular, a tosquiar nos casos extremos. Dessa realidade se projeta, em
florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de
domínio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo
— assim é porque sempre foi.” (Faoro, Raymundo (1958), Os Donos do
Poder: formação do patronato político brasileiro, Editora Globo, Porto
Alegre, pág. 886)
Brasil precisa de um “Choque de Capitalismo”
“Ao capitalismo político sucedeu, em algumas faixas da Terra, o
capitalismo dito moderno, racional e industrial. Na transição de uma
estrutura a outra, (...) o indivíduo, de súdito, passa a cidadão, com a
correspondente mudança de converter-se o Estado de senhor a
servidor, guarda da autonomia do homem livre. A liberdade pessoal,
que compreende o poder de dispor da propriedade, de comerciar e
produzir, de contratar e contestar, assume o primeiro papel, dogma de
direito natural ou da soberania popular, reduzindo o aparelhamento
estatal a um mecanismo de garantia do indivíduo. Somente a lei,
como expressão da vontade geral institucionalizada, (...), legitima as
relações entre os dois setores, agora rigidamente separados,
controláveis pelas leis e pelos juízes. E o que se chamou, em expressão
que fez carreira no mundo jurídico e político, de Estado burguês de
direito, que traduz o esquema de legitimidade do liberalismo
capitalista”. (Faoro, Raymundo (1958), Os Donos do Poder: formação do
patronato político brasileiro, Editora Globo, Porto Alegre, pág. 867)