IGREJA PAROQUIAL DE NOSSA SENHORA DO AMPARO … · Cheia de graça graciosa, Dos pecadores abrigo!...

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IGREJA PAROQUIAL DE NOSSA SENHORA DO AMPARO (Benfica, Lisboa) Irmandade de Nossa Senhora do Amparo NOSSA SENHORA E OS POETAS DE LÍNGUA PORTUGUESA COM RECITAÇÃO DO TERÇO SERÃO MARIANO A APRESENTAR PELA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO AMPARO, À COMUNIDADE PAROQUIAL DE BENFICA 13 DE MAIO DE 2008 VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

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IGREJA PAROQUIAL DE NOSSA SENHORA DO AMPARO

(Benfica, Lisboa)

Irmandade de Nossa Senhora do Amparo

NOSSA SENHORA E OS POETAS DE LÍNGUA PORTUGUESA COM RECITAÇÃO DO TERÇO

SERÃO MARIANO A APRESENTAR PELA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO AMPARO, À COMUNIDADE PAROQUIAL DE BENFICA

13 DE MAIO DE 2008 – VIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

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1 – ORAÇÃO INICIAL TAREFA A CARGO DO SENHOR PRIOR

2 – APRESENTAÇÃO DO TEMA DO ENCONTRO

A CARGO DE TEODORO MENDES

Caríssimos irmãos da Igreja Paroquial de Benfica Uma das atribuições estatutárias da IRMANDADE DE NOSSA

SENHORA DO AMPARO é levar a cabo a exaltação da Mãe de Deus, um facto histórico – porque tem quatro centenas de anos – e que sempre comprometeu as muitas centenas de Órgãos dirigentes que ao longo do tempo têm sido chamados a conduzir os destinos desta antiga Irmandade, que se revê nas terras de Benfica e na sua Igreja Paroquial desde o ano da graça de 1468.

Ciente deste atributo, tão amoroso relativamente à nossa

Padroeira, a actual Mesa da Irmandade, cumpre, hoje, mais uma vez, a honrosa tarefa de lembrar a SENHORA DO SIM, oferecendo-lhe um trabalho em que o amor filial de todos caldeou e resumiu a nossa ternura numa mão cheia de poemas de Amor

mariano, que são, também, contas de um terço singular que lhe dedicaram determinados poetas da Língua Portuguesa, e que vamos recitar, intercalando-os com as verdadeiras contas do Terço que rezamos todos os dias a Nossa Senhora, seja na Igreja ou dentro dos nossos lares.

Trazendo para esta reza do Terço alguns poemas marianos, queremos significar como é sublime o influxo da Graça da Mãe de Deus, porque os poetas – mesmo os que nos parecem indiferentes – tiveram, num dado momento das suas vidas a honra de unir os seus nomes a Nossa Senhora.

Vamos, de seguida, começar a apresentar-vos o serão que vos trazemos. Intervenientes e respectivos cargos na estrutura da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo: Teodoro Antunes Mendes – Juiz João Ferreira – Vice-Juiz Laura Maria da Conceição Ferreira – 1ª Seretária Maria de Fátima dos Santos de Souza – 2ª Secretária Alice da Silva Martins – Tesoureira Abílio da Rosa Ferreira – Procurador da Mesa Mário Miguel Carvalho de Almeida – Procurador da Irmandade Helena de Lourdes de Jesus Costa Martins Mendes – Presidente da Assembleia Geral Ana Teresa Silva S. Carvalho de Almeida – Presidente do Conselho Assessor Maria Luzia Pereira da Silva – Aia de Nossa Senhora

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3 – TEXTO LIDO POR VÁRIOS IRMÃOS (Narrador: Helena Mendes)

Gil Vicente viveu no século XV. É geralmente considerado o primeiro grande

dramaturgo português, além de poeta de renome. Lembrando o episódio da Anunciação do anjo Gabriel a Nossa Senhora, vamos

ler parte do “Auto de Mofina Mendes”, no momento em que Gil Vicente faz entrar em cena o anjo Gabriel. Este “Auto”tem como personagens imateriais que ajudam ao desenrolar da cena,

a Prudência, a Humildade e a Fé, dons que ajudam a entender o poema.

Gabriel: (João)

Oh! Deus te salve, Maria, Cheia de graça graciosa, Dos pecadores abrigo! Goza-te com alegria, Humana e divina rosa, Porque o Senhor é contigo.

Virgem: (Laura) Prudência, que dizeis vós? Que eu muito turbada sou; Porque tal saudação Não se costuma entre nós.

Prudência: (Fátima) Pois que é auto do Senhor, Senhora, não estai turbada;

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Tornai em vossa color Que, segundo o embaixador, Tal se espera a embaixada.

Gabriel: (João)

Ó Virgem, se ouvir me queres, Mais te quero inda dizer. Benta és tu em mereceres, Mais que todas as mulheres, Nascidas e por nascer.

Virgem: (Laura)

Que dizeis vós, Humildade; Que este verso vai mui fundo, Porque eu tenho por verdade Ser em minha qualidade A menos cousa do mundo?

Humildade: (Mário)

O anjo, que dá o recado, Sabe bem disso a certeza. Diz David no seu tratado, Qu’esse sp’rito assim humilhado É cousa que Deus mais preza.

Gabriel: (João)

Alta senhora, sab’rás Que tua santa humildade Te deu tanta dignidade, Que um filho conceberás Da divina Eternidade. Seu nome, será chamado Jesus e Filho de Deus; E o teu ventre sagrado Ficará horto cerrado; E tu — Princesa dos Céus.

Virgem: (Laura)

Que direi, Prudência minha? A vós quero por espelho.

Prudência: (Fátima) Segundo o caso caminha, Deveis, Senhora Rainha, Tomar com o Anjo conselho.

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Virgem: (Laura)

Porque eu dei minha pureza Ao Senhor, e meu poder, Com toda minha firmeza.

Gabriel: (João)

E a virtude do Altíssimo, Senhora, te cobrirá; Porque seu filho será, E teu ventre sacratíssimo Por graça conceberá.

Virgem: (Laura) Fé, dizei-me vosso intento, Que este passo a vós convêm. Cuidemos nisto mui bem, Porque a meu consentimento Grandes dúvidas lhe vem. Justo é que imagine eu, E que esteja muito turbada. Querer quem o mundo é seu, Sem merecimento meu, Entrar em minha morada; E uma suma perfeição, De resplendor guarnecido, Tomar para seu vestido Sangue do meu coração, Indigno de ser nascido! E aquele que ocupa o mar, Enche os céus e as profundezas, Os orbes e redondezas; Em tão pequeno lugar Como poderá estar A grandeza das grandezas!

Gabriel: (João)

Porque tanto isto não peses, Nem duvides de querer Tua prima Elizabeth É prenhe, e de seis meses. E tu, Senhora, hás de crer, Que tudo a Deus é possível, E o que é mais impossível, Lhe é o menos de fazer.

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Virgem: (Laura)

Anjo, perdoai-me vós, Que com a Fé quero falar. Pedirei sinal dos Céus.

Fé: (Abílio) Senhora, o poder de Deus Não se há-de examinar. Nem deveis duvidar, Pois sois dele tão querida.

Gabriel: (João) E d’abinício escolhida: E manda-vos convidar; Para madre vos convida.

Virgem: (Laura) Faça-se sua vontade No que sua Divindade Mandar que seja de mim E de minha liberdade.

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1º MISTÉRIO DO TERÇO

CÂNTICO

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4 – MARIA LUZIA (Narrador: João Ferreira)

Gomes Leal nasceu em Lisboa em 1848. Poeta polémico, em 1881, a publicação de “A Traição e O Herege” provocou um

escândalo que tornou o seu nome célebre, ao atacar a Coroa, a Igreja e a burguesia. Por fim, o Poeta converte-se ao catolicismo no ano de 1910, tendo publicado em

1883 uma “História de Jesus”. É deste livro o poema dedicado à VIRGEM DA GALILEIA

Era uma vez uma Virgem Em Nazaré, branca aldeia, Que tinha um noivo da origem Dos velhos reis da Judeia. ………………………………… Vinham as pombas, em bando, Sobre as suas mãos pousar, Quando fiava, cantando, Sentada, à porta do lar. ……………………………………. Toda a tarde um rouxinol Cantava à flor do espinheiro: - Que lindo rosto trigueiro! - Que cantos cheios de Sol! ……………………………… Ora uma vez que fiava Cantando ao pé do espinheiro, À porta do lar pousava Um singular mensageiro.

Então, com voz grave, cheia De uma inefável poesia, À Virgem da Galileia Saudou-a “Ave-Maria”! Ave, ó lírio impoluto! Cheio de graça ante os céus. Bento em teu ventre é o fruto. Convosco é o Senhor Deus

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5 – MÁRIO CARVALHO DE ALMEIDA (Narrador: Ana Teresa)

Monsenhor Moreira das Neves foi um grande Poeta e dedicado cantor de Nossa Senhora. Recebeu a ordenação presbiteral, em 1929. Em 1934 veio para Lisboa para

Chefe de Redacção do Jornal «Novidades», onde esteve perto de 50 anos. Em 1946 foi nomeado presidente nacional da Obra de Protecção aos

Leprosos e elaborou imensos trabalhos na secção «Letras e Artes» do jornal «Novidades». Faleceu a 31 de Março de 1992.

No livro “A Tarde e o Céu” escreve este soneto à

SENHORA DE FÁTIMA Porta do Céu, Estrela da Alegria, Que das alturas sobre nós desceste E a três anjos da terra apareceste, Na Cova Sacratíssima da Iria:

Fátima é sempre tua. – Ave Maria! Ilumina, Senhora, a terra agreste Que vestida de sol já percorreste Na mais formosa e airosa romaria. Volve os teus olhos para o nosso olhar! São diamantes a arder no teu altar As nossas lágrimas que nada estanca.

Escuta o mundo que te implora a paz E, peregrino, te procura e traz Nas mãos erguidas uma pomba branca.

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2º MISTÉRIO DO TERÇO

CÂNTICO

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6 – MARIA DE FÁTIMA (Narrador: Mário Carvalho de Almeida)

Auta de Souza é uma poetisa nascida em 1876 em Macaíba, Brasil. Estudou no Colégio São Vicente de Paula, em Pernambuco, dirigido pelas irmãs

de caridade. Escreveu, apenas, um livro que intitulou: "HORTO", publicado em 1900. Desse livro vamos ler um soneto dedicado a Nossa Senhora, a que chamou:

RAINHA DO MARTÍRIO “Regina Martyrum)

Lírio do Céu, sagrada criatura, Mãe das crianças e dos pecadores. Alma divina como a luz e as flores Das virgens castas a mais casta e pura;

Do Azul imenso, dessa imensa altura Para onde voam nossas grandes dores, Desce os teus olhos cheios de fulgores Sobre os meus olhos cheios de amargura. Na dor sem termo pela negra estrada Vou caminhando, a sós, desatinada, - Ai! pobre cega sem amparo ou guia! Sê tu a mão que me conduza ao porto. Ó doce mãe da luz e do conforto Ilumina o terror desta agonia

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7 – HELENA MENDES (Narrador: Teodoro Mendes)

Augusto Gil formou-se em Direito em Coimbra e exerceu advocacia em

Lisboa. Na sua poesia mística existe um profundo amor por Nossa Senhora para a qual escreveu o livro “Alba Plena”, dedicando-o a todos que amam e crêem em Deus, num coração ou numa ideia… Falando sobre a Natividade, cita um pensamento muito feliz: A natividade da

Virgem é a última noite do mundo antigo. No poema, Anunciação, que vamos dizer, é exímio no modo como escreve.

Era de manhã. Após a reza, Nossa Senhora sentou-se à porta de casa a dobar linho e a cantar… E o poeta, vai tingindo de matizes vivos o quadro que acontecia ao redor, ante o olhar da Virgem. Passa de ânfora ao ombro uma mulher e, de seguida, surge um rebanho balindo, levando à frente o

pastor Nathan, que achando muito linda a manhã, ao olhar a Virgem à porta de casa, lhe diz um piropo: Mas tu, Maria, ainda és mais linda… e depõe-lhe aos pés o ramo da amendoeira que levava. E vem, depois, outro pastor, Acaz. Passa por Nossa Senhora e profetiza: Louvada serás em toda a terra e no céu… Entretanto, a Virgem recolhe a sua casa para acender o lume.

E enquanto sopra ao lume, vê acesa, Em vez de lenha, uma alumbrante estrela… Volta-se a Virgem surpresa E vê um anjo ao pé dela! Os seus cabelos eram de sol desfiado,

Eram seus olhos opalinos céus; No sorriso iluminado Ardia o Verbo de Deus! E rezou docemente: Ave Maria Cheia de graça! O Senhor é contigo. Nossa Senhora tremia Como a folhinha do trigo. …………………… Eu sou o mensageiro do Senhor E alegre novidade o céu te envia. Olhou-te Deus com amor, Vais ter um filho, Maria! ………………………

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Cobriu-te Deus com a sua sombra amada Sombra que encera toda a luz dos Céus. Por isso serás fecundada, Teu filho é filho de Deus! …………………………… Faça-se em mim conforme o que disseste; Eu sou a humilde escrava do Senhor! E o mensageiro celeste, (Como um perfume de flor que a aragem traz e leva) Foi-se, voou… Não há frinchas nos muros, nem no chão… Pela porta não passou… E por cima também não!

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3º MISTÉRIO DO TERÇO

CÂNTICO

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8 – JOÃO FERREIRA (Narrador: Alice Martins)

Bocage, devido à sua vida desbragada, parecer-nos-ia incapaz de dedicar um

poema a Nossa Senhora. Vivendo no tempo em quechegavam de França as novas ideias, Bocage, na

degradação da vida nacional deu aso a uma boémia, onde, para além da poesia lírica, compôs poemas de carácter satírico a que não faltaram críticas ao clero. Teve, no entanto, a virtude de não esquecer Nossa Senhora, a quem dedicou

o soneto muito belo, a que chamou: À VIRGEM

Tu, por Deus entre todas escolhida, Virgem das Virgens, tu, que do assanhado Tartáreo monstro com teu pé sagrado Esmagaste a cabeça entumecida: Doce abrigo, santíssima guarida De quem te busca em lágrimas banhado, Corrente com que as nódoas do pecado Lava uma alma, que geme arrependida. Virgem, de estrelas nítidas coroada Do Espírito, do Pai, do Filho eterno Mãe, filha, esposa, e mais que tudo amada: Valha-me o teu poder e amor materno; Guia este cego, arranca-me da estrada Que vai parar ao tenebroso inferno.

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9 – LAURA FERREIRA (Narrador: João Ferreira)

João de Deus, quem o não conhece? Os mais velhos ainda se lembram de estudar as primeiras letras pelo

método da sua “Cartilha Maternal”. Em 1895, recebe uma homenagem nacional. Era tão grande a admiração

por este Poeta, que quando o seu filho João de Deus Ramos ingressou na Universidade de Coimbra, ao contrário do que era - e é costume - foi-lhe reservada uma invulgar recepção, pelo facto dele ser filho do grande poeta e pedagogo. Crente, não esqueceu Nossa Senhora a quem dedicou poemas, como este

MARIA Quantas mágoas, quantas dores Tendes vós aliviado, Ó Mãe do Crucificado, Refúgio dos pecadores! Quem ouve os nossos clamores, Quem acode aos nossos gritos, Senão vós, olhos benditos, Senhora da piedade! Vós chamada com verdade Consolação dos aflitos!

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4º MISTÉRIO DO TERÇO

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10 – TEODORO MENDES (Narrador: Maria Luzia)

António Nobre é o Poeta da saudade. Matriculou-se em Direito, em Coimbra.. Reprovado, partiu para Paris,

onde se diplomou em Ciências Políticas e Direito, na Sorbonne, em 1894. É citado no livro “Poesia e Teologia” de Mons. António de Azevedo Pires,

que do Poeta retira uma linda composição, configurando uma Ladainha. Dirige-a a Nossa Senhora, e diz, assim:

Ó mística mulher, nascida na Judeia. Imperatriz do Céu, que para além se alteia, A Nação de que a Terra é uma pequena aldeia, E simples lugarejo a Estrela-da-manhã! Morena aldeã dos arredores de Belém! Mãe admirável! Mãe do sofrimento humano! Mãe das campinas! Mãe da Lua! Mãe do Oceano! Ó Mãe de todos nós! Ó Mãe da minha mãe! Vela do Altar! Casa de Oiro! Arca da Aliança! Rede do Pescador! Lanterna do ceguinho! Ó meu primeiro Amor! Minha última Esperança! Amparo de quem vem pela existência, e cansa! Oblação pura! Silva de ais! Vela do moinho! Meu Sete-Estrelo! Mar de leite! Meu Tesoiro! Palácio de David! Ó Torre de Marfim! Anjo da Perfeição, cujo cabelo loiro, Caído para trás, lembra uma vinha de oiro, Que eu desejava ver aos cachos sobre mim… Grão das searas! Sol de Abril! Luar de Janeiro! Luar que ruge os cravos, Sol que faz corar a vide… Alimento dos Bons! Farinha do moleiro! Porta do Céu! Glória da casa de David! Sol dos Sóis! Âncora ebúrnea! Águia do Imenso! Vinho de Unção! Pão de Luz!

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Trigo dos Eleitos! Ideal, por quem, a esta hora, em todo o Mundo, eu penso. No ar se ergue em espirais, um nevoeiro de incenso, E desgraçados, aos milhões, batem nos peitos. Ó Fonte de Bondade. Ó Fonte dos meus dias! Vaso de insigne Devoção! Asa das cotovias! Ogiva ideal! Causa das nossas alegrias! Ó Choupo Santo! Ó Flor de linho! Ó nuvem do Ar! Carne de Cristo! Cidadela de altos muros! Santuário da Fé! Lancha da Salvação! Alma do Mundo! Avó dos séculos futuros! Fortaleza da Paz! Via-Láctea dos Puros! Monte de Jaspe! Rosa mística! Alvo Pão! Sangue do leal Jesus! Cadeira da Verdade! Vime celeste! Água do Mar! Pérola Única! Mulher com vinte séculos de idade E sempre linda mocidade! Pelas ruas do Céu, passas, cingindo a túnica… Cesto de flores, Advogada Nossa! Escada de Jacob! Sol da Sabedoria! Rainha dos Mundos! Pão Nosso de cada dia! Ó véu das noivas! Ó Farol dos navegantes! Ó leme da Arca-Santa! Ó cruz dos sítios ermos! Toalha de linho! Hóstia de Luz! Cálix da Missa! Modelo de Pureza! Espelho da Justiça! Estrela da manhã! Saúde dos enfermos! Ó Virgem Poderosa! Ó Virgem Clementíssima! Ó Virgem Sofredora! Ó Virgem Protectora! Ó Virgem Piedosa! Ó Virgem Perfeitíssima! Virgem das Virgens! Minha Mãe! Nossa Senhora!

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11 – ALICE MARTINS (Narrador: Abílio Ferreira)

António Feijó, foi poeta e diplomata Nasceu em Ponte de Lima em 1859. Estudou Direito em Coimbra.. O município de Ponte de Lima erigiu-lhe um monumento inaugurado em 1938. É um poeta natural, de poesia melodiosa e saudosista, onde não faltaram

alusões à religiosidade do povo português, como fez no soneto “Estrela da Manhã” dedicado a Nossa Senhora.

O coração que chora resignado, Tendo perdido as ilusões da vida, Como pássaro em busca de guarida Acolhe-se ao teu seio imaculado. És como um rio azul, rio sagrado, Em cuja transparência adormecida, Transforma-se a vida pervertida E se lavam as manchas do pecado. Bendita sejas tu, cuja bondade Tem sorrisos de paz e redenção Para os tristes que choram na orfandade. Para a dor que não tem consolação, Bendita sejas tu, que és a Piedade Conduzindo a Miséria pela mão.

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5º MISTÉRIO DO TERÇO

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12 – ABÍLIO FERREIRA (Narrador: Maria de Fátima)

Teófilo Braga nasceu em Ponta Delgada em 1843. Publicou aos quinze anos em Ponta Delgada um volume de versos, intitulado

Folhas Verdes. Em Coimbra, embrenhado na grande ebulição literária que agitava então a Academia, publicou em 1864, a Visão dos Tempos. Republicano militante, em 1910 é convidado para presidente do Governo

Provisório, tendo sido mais tarde eleito Presidente da República em 1915.. Dedicou-se à história da literatura portuguesa e aos estudos etnográficos.

São do seu livro “Lyra Sacra” as seguintes quadras dedicadas a Nossa Senhora:

Ave! ó cecém mimosa, Maria, Mãe de Jesus. És da pureza o escudo, És do mundo aurora e luz. Oh, bendita entre as mulheres, Firme tronco de Jessé, Desprendeu-se dos teus braços O fruto da nossa fé. Ave! rainha das Virgens, Flor dos vales de Judá. Tens no seio o perfume Dos incensos de Sabá. Maria, nome de Graça, Ave! eleita do Senhor! Com teu azulado manto Amparas o pecador.

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13 – ANA TERESA (Narrador: Laura Ferreira)

António Quadros nasceu em Lisboa em 1923. Foi poeta, ficcionista, crítico e

pensador. O ideal franciscano foi uma característica que o acompanhou na sua busca

espiritual radicada em Santo Antonio de Lisboa. No oitavo centenário do nascimento de S. Francisco de Assis, fez uma análise da

trajectória humana e espiritual do Santo, que representa “a odisséia de uma vida radicalmente ofertada” em contraste com a mediocridade da maior parte dos humanos que lutam por ligeiras satisfações.

No seu livro “Imitação do Homem” deixou-nos este lindo poema sobre a Mãe de Deus:

És, Senhora, a Mãe que se ultrapassa, a filha fiel em cada hora, a irmã a quem tudo se confia, a mulher que só dá e nada pede… Toda a desarmonia é o teu esquecimento. Onde surgem desamor ou indiferença falta a tua presença. Naquilo que criamos és a matriz, naquilo que negamos és lamento. Sorris connosco na bondade e choras por nós na fealdade. Em todo o fazer és a matéria generosa, em todo o desfazer és resistência, és apelo, és impulso, és salvação. Ó Senhora Imaculada, Senhora da Conceição, Senhora da Graça, da Assunção, Senhora das Mercês, do Socorro, Senhora de todas as nossas dores… Quisera, Senhora, amar-te por toda a tua vida, desde que um dia Deus te visitou até que em oração me visitaste e da esperança, a essência me ensinaste! Mas o meu coração é pobre, mesquinho, o meu amor é frágil e terrestre, não sabe transcender o corpo e a carne. ………………………………………..

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E só por isso posso ajoelhar-me aos pés da tua Imagem e rogar-te que fiques sempre em nossa companhia consolando a nossa dor e a nossa cobardia.

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14 - – CÃNTICO FINAL HINO DE NOSSA SENHORA DO AMPARO CANTADO NA IGREJA PAROQUIAL DE BENFICA JOÃO FERREIRA E TODOS

Senhora do Amparo Com o teu olhar de Mãe

Aponta às nossas almas A Pátria do Além.

Vela por nós, filhos teus Mãe de Jesus, nossa Mãe. Tu podes: és Mãe de Deus ! E deves: és nossa Mãe! Senhora do Amparo, Terna Mãe de Jesus: Da nossa humilde vida Sede conforto e Luz!

Vela por nós, filhos teus. Mãe de Jesus, nossa Mãe.

Tu podes: és Mãe de Deus ! E deves: és nos

Imagem de Nossa Senhora do Amparo, venerada na Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Amparo Benfica, Lisboa

15 – PALAVRAS DE ENCERRAMENTO DA REUNIÃO E ORAÇÕES

FINAIS (A CARGOS DOS REVERENDOS SACERDOTES)

Mesa da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo

Benfica, Lisboa

Refrão

Refrão