Identificando lacunas de conhecimento sobre solo ... · Identificando lacunas de conhecimento sobre...

16
Departamento de Geografia e Meio Ambiente Identificando lacunas de conhecimento sobre solo-reflorestamento na Mata Atlântica Aluno: Maiara Santos Mendes Orientador: Bernardo Baeta Neves Strassburg Co-Orientadora: Agniezska Ewa Latawiec Introdução Mudança do uso e cobertura da terra A intensificação do desmatamento das florestas tropicais a partir de 1970 como consequência de mudanças no uso e cobertura da terra 1 , fez com que estudiosos de diversas ciências ficassem preocupados [1]. A emergência de estudos sobre mudanças de uso e cobertura da terra e o reconhecimento de que existem relações muldimensionais entre o local e global demonstram como essa ciência tem um caráter interdisciplinar [2,1]. Esse campo do saber é cada vez mais amplo pois não analisa somente as causas do desmatamento, além disso busca incluir em suas pesquisas, fatores como: emissões de gases de efeito estufa, perda de biodiversidade, degradação dos solos, dentre outros [1,3]. Segundo[4] uma vasta proporção da superfície terrestre tem sido alterada por atividades de uso da terra, seja em mudanças das práticas de manejo das terras existentes ou pela conversão de paisagens naturais. Essas alterações foram feitas a partir da necessidade de suprir cada vez mais rápido a demanda em crescimento de água pura, madeira, alimento, fibras e combustível. Sabe-se que essas transformações no meio ambiente contribuíram para o desenvolvimento econômico e para o bem-estar humano, entretanto houve uma intensificação dos distúrbios nos ecossistemas terrestres 2 .Estes ecossistemas possuem funções reguladoras, por exemplo: serviços de apoio à biodiversidade, ciclagem de nutrientes, mudanças climáticas, recursos hídricos, alimentação, combustível [2] e esses serviços são determinados justamente pelas mudanças de uso e cobertura da terra, fatores sócio-econômicos dentre outros[2,5]. 1 Uso da terra seriam as funções específicas que o homem estabelece para um determinado espaço (moradias, agricultura, pecuária, indústria, mineração) e o termo cobertura da terra refere-se tanto à superfície terrestre resultante quanto ao tipo de vegetação de uma determinada área, como por exemplo uma floresta em diferentes estágios de regeneração (Latawiec & Strassburg, 2014; Côrtes & D’Antona, 2014). 2 Ecossistema é formado por um conjunto de intererações entre os seres vivos (bióticos) e o meio biótico além das relações destes com o meio e entre si.

Transcript of Identificando lacunas de conhecimento sobre solo ... · Identificando lacunas de conhecimento sobre...

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Identificando lacunas de conhecimento sobre solo-reflorestamento na Mata

Atlântica

Aluno: Maiara Santos Mendes

Orientador: Bernardo Baeta Neves Strassburg

Co-Orientadora: Agniezska Ewa Latawiec

Introdução

Mudança do uso e cobertura da terra

A intensificação do desmatamento das florestas tropicais a partir de 1970 como

consequência de mudanças no uso e cobertura da terra1, fez com que estudiosos de diversas

ciências ficassem preocupados [1]. A emergência de estudos sobre mudanças de uso e

cobertura da terra e o reconhecimento de que existem relações muldimensionais entre o local

e global demonstram como essa ciência tem um caráter interdisciplinar [2,1]. Esse campo do

saber é cada vez mais amplo pois não analisa somente as causas do desmatamento, além disso

busca incluir em suas pesquisas, fatores como: emissões de gases de efeito estufa, perda de

biodiversidade, degradação dos solos, dentre outros [1,3].

Segundo[4] uma vasta proporção da superfície terrestre tem sido alterada por

atividades de uso da terra, seja em mudanças das práticas de manejo das terras existentes ou

pela conversão de paisagens naturais. Essas alterações foram feitas a partir da necessidade de

suprir cada vez mais rápido a demanda em crescimento de água pura, madeira, alimento,

fibras e combustível. Sabe-se que essas transformações no meio ambiente contribuíram para o

desenvolvimento econômico e para o bem-estar humano, entretanto houve uma intensificação

dos distúrbios nos ecossistemas terrestres2.Estes ecossistemas possuem funções reguladoras,

por exemplo: serviços de apoio à biodiversidade, ciclagem de nutrientes, mudanças

climáticas, recursos hídricos, alimentação, combustível [2] e esses serviços são determinados

justamente pelas mudanças de uso e cobertura da terra, fatores sócio-econômicos dentre

outros[2,5].

1 Uso da terra seriam as funções específicas que o homem estabelece para um determinado espaço (moradias,

agricultura, pecuária, indústria, mineração) e o termo cobertura da terra refere-se tanto à superfície terrestre

resultante quanto ao tipo de vegetação de uma determinada área, como por exemplo uma floresta em diferentes

estágios de regeneração (Latawiec & Strassburg, 2014; Côrtes & D’Antona, 2014). 2 Ecossistema é formado por um conjunto de intererações entre os seres vivos (bióticos) e o meio biótico além

das relações destes com o meio e entre si.

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Sendo assim, os ecossistemas do planeta possuem a capacidade de fornecer serviços

ecossistêmicos para a humanidade que segundo definição da Avaliação Ecossistêmica do

Milênio [6] é a de que as pessoas obtêm benefícios vindos dos ecossistemas. O aumento da

apropriação dos recursos do planeta faz com que haja um esgotamento da capacidade dos

ecossistemas de fornecerem variedades de serviços ecossistêmicos pois há uma diminuição da

capacidade de resiliência3.

Ao longo de várias décadas pesquisas tem indicado que os diferentes usos da terra ao

redor do globo têm contribuído para a degradação do meio ambiente [4]. Os mesmos autores

citam alguns exemplos de mudanças de uso e cobertura da terra que tem provocado impactos,

são esses: (1) desmatamento;(2) sobrepastoreio;(3) má gestão agrícola, (4)urbanização que

levam a degradação física e química do solo causado pela erosão da água, do vento; (5) perda

,fragmentação e modificação de habitats e declínio da biodiversidade e a superexploração de

espécies nativas (6) salinização e aumento de sódio no solo, contribuintes significativos da

degradação da terra e perda da produção da agricultura [4,2,7].

O mapeamento elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE)[8]da cobertura do Estado do Rio de Janeiro (Figura 1) mostrou a predominância de

áreas de pastagens, que ocupam quase metade do território (47,2%). Além disso o mapa

apresenta a cobertura florestal que em sua totalidade é composta pelo Bioma Mata Atlântica, a

qual ocupa um terço do território fluminense (33,1%) (Tabela 1) e são predominantemente

encontradas nas áreas de serras.

3 Capacidade de um ecossistema se recuperar e voltar as condições normais após algum tipo de distúrbio

(enchentes, queimadas, seca, etc).

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Figura 1: Mapeamento do uso e cobertura da terra no Estado do Rio de Janeiro 2016.

Fonte:IBGE

Representando dessa maneira um fator de extrema importância para conservação da

biodiversidade do país, especialmente em um estado com elevada taxa de urbanização

(97,3%) e alta densidade demográfica (378 hab/km2)[9].

Tabela 1: Percentuais dos principais tipos de coberturas e usos da terra em relação à área do

estado do Rio de Janeiro.

Fonte:IBGE

Práticas de uso da terra tem desempenhado um papel na mudança global do ciclo do

carbono, sendo que ambos afetam regional e globalmente o clima- através das alterações na

energia da superfície com maior incidência de radiação solar líquida e calor latente e

variações balanço hídrico [2,4,3].

Mata Atlântica

O bioma Mata Atlântica é um hotspot de biodiversidade, porém é altamente

fragmentado e desmatado. Devido ao seu elevado valor em biodiversidade e da prestação dos

serviços ecossistêmicos locais e globais a região é uma prioridade para programas de

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

restauração. Atualmente, existem cerca de 12% e 16% [10] da área original do bioma (Figura

2), que se estende do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul [11].

Na Mata Atlântica, o processo de fragmentação (um tipo de ação antrópica que

modifica um ambiente) é devastadora para os ecossistemas. Costuma acontecer geralmente

devido a conversão de áreas em que antes haviam florestas em áreas agrícolas, industriais e

urbanas. Extensas áreas hoje são cobertas por pastagens, em sua maioria manejadas

inadequadamente, ou mesmo abandonadas, significando uma drástica redução na fertilidade

do solo [12] e também comprometendo a capacidade de resiliência natural dessas áreas. De

acordo com os planos do governo brasileiro, quase 6 milhões de hectares de Mata Atlântica

serão reflorestados.

O atlas elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica[13] e o Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (INPE) apontaram em seu estudo o desmatamento de 18.267 hectares

(ha), ou 183 Km², de remanescentes florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica no período de

2013 a 2014, o que equivale a 18 mil campos de futebol, constituindo, porém, uma queda de

24% em relação ao período anterior (2012-2013), que registrou 23.948 ha.

Figura 2: Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica 2013-2014.

Fonte:SOS Mata Atlântica

Embora existam várias iniciativas que estão sendo desenvolvidas, pouco se sabe sobre

os efeitos do processo de restauração nas características químicas e físicas do solo. Além

disso, poucos são os estudos que investigam o efeito do solo sobre a restauração e vice-versa,

como os serviços de ecossistema impactam a restauração do solo.

Indicadores de Solo

Poucos são os trabalhos que buscam mostrar os processos de recuperação dos atributos

físicos e químicos de solo quando uma área é submetida ao processo de reflorestamento. Para

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

avaliar se os projetos de restauração florestal são viáveis é de fundamental importância o

monitoramento da qualidade ambiental[14].

São muitos os parâmetros que podem ser utilizados para monitorar a qualidade

ambiental, como por exemplo a qualidade do solo [15] e mesurações do componente

arbóreo[16] no caso para avaliar a estrutura da vegetação.

No caso de qualidade do solo [17] fazem uma revisão da literatura acerca do conceito

e dizem que a “ QS é a integração das propriedades biológicas, físicas e químicas do solo, que

o habilita a exercer suas funções na plenitude”. Em outras palavras, o conceito de qualidade

do solo pode ser entendido como a capacidade de melhorar a qualidade ambiental, contribuir

para a saúde das plantas, animais e humana, além de sustentar a produtividade biológica[18].

Sendo assim para o melhor entendimento de como está qualidade do solo em

determinada área é necessário a seleção de atributos do solo ou indicadores de solo.

[19]afirma que os indicadores do solo a serem analisados podem ser físicos e químicos.

Foi elaborada uma revisão sistemática da literatura com a finalidade de se avaliar as

lacunas de conhecimento acerca da relação entre o solo-reflorestamento em áreas do Bioma

Mata Atlântica. Devido à falta de trabalhos científicos comparando ou mesmo relacionando a

prática de restauração com as propriedades físicas e químicas do solo. Em se tratando de

projetos de restauração a ênfase normalmente é da dada na estrutura da vegetação

(composição, altura, diversidade), sendo o solo ainda pouco pesquisado e não é incluído, com

frequência nos modelos, mas mesmo assim é um dos fatores de fundamental importância para

o sucesso da restauração.

Objetivos

O estudo visa proporcionar uma etapa-mudança no entendimento sobre como os

diferentes tipos de restauração (passivo ou ativo) impactam os serviços ecossistêmicos

fornecidos pela Floresta Atlântica. O objetivo do estudo foi quantificar a diferença de dados

de solo em projetos de restauração.

Metodologia

A revisão bibliográfica é o passo inicial para qualquer pesquisa científica. A partir dela

foi elaborada uma revisão sistemática da literatura na qual consistia em uma revisão

estruturada para responder a uma pergunta chave, utilizando métodos evidentes e sistemáticos

para selecionar, avaliar e identificar criticamente os estudos, e dessa maneira coletar e analisar

os dados destes estudos que foram incluídos na revisão [20]. Gil[21] diz que é possível

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

resgatar informações de base em material já elaborado como teses, artigos e livros, e

complementa falando que com a pesquisa bibliográfica é possível se familiarizar com a

problemática e desenvolver as ideias. Quando se tratam de pesquisas de caráter avançado, em

que são exigidas originalidade na contribuição, a revisão bibliográfica deve ser feita de forma

bastante rigorosa [20]. E esse fato é reforçado a seguir:

“Por isso, conduzi-la de forma sistemática e rigorosa, contribui para o

desenvolvimento de uma base sólida de conhecimento, facilitando o

desenvolvimento da teoria em áreas onde já existem pesquisas, e também,

identificando áreas onde há oportunidades para novas pesquisas”[22].

Este tipo de análise permitirá que outros pesquisadores e profissionais possam fazer uso

desses resultados com maior confiabilidade, possibilitando reutilizar estudos já finalizados,

focando apenas no tópico em que se deseja pesquisar. Conboy [23] acaba destacando que a as

análises e estratégias adotadas na condução de uma revisão bibliográfica não tem recebido a

devida atenção, em especial nos temas que são considerados emergentes como o elaborado

neste estudo sobre a lacuna da relação solo-reflorestamento.

Segundo Castro [20] esta permitirá que outros pesquisadores possam fazer uso desses

resultados com maior confiabilidade, possibilitando reutilizar estudos já finalizados, focando

apenas no tópico em que se deseja pesquisar.Adontando uma forma sistemática é possível

obter uma maior rigor e melhores níveis de confiabilidade em uma revisão sistemática.

Deve ser clara a importância do estudo de revisão sistemática pois muitas vezes é com

ela que são feitos o desenvolvimento de projetos, pois são identificados os métodos de

pesquisa utilizados em determinada área e determinam muitas vezes o direcionamento de

investigações futuras.

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Figura 3: Descrição de como é feito o processo de revisão sistemática

Fonte: Sampaio&Mancini ,2007

Foi realizada a revisão da literatura para reunir os dados existentes entre as interações

solo-restauração no Bioma Mata Atlântica, seguindo-se uma lista de critérios a serem

analisados para inclusão dos estudos na tabela da meta-análise, sendo alguns dos critérios:

relação solo-restauração ( estudos que possuíam dados sobre as variáveis de solo), se possível

uma área de referência e a área de estudo na Mata Atlântica. Foram pesquisados bases de

dados , tais como: Web of Science, Scopus , Scielo, Capes e Google Scholar , bem como

depósitos de teses. Foram revisados 95 teses em Português e 57 artigos focados na restauração

da Mata Atlântica e descobriu-se que apenas 41,61% dos estudos (62 de 149 ) relataram

quaisquer dados sobre o solo . O total de teses e artigos foi de 66, mas 4 teses foram

descontadas pois haviam sido publicadas e já se encontravam na tabela de revisão dos artigos.

Ao final de uma revisão sistemática, podem ou não ser utilizados métodos estatísticos,

como a meta-análise, para fazer a síntese dos resultados dos estudos que foram incluídos na

revisão[20].

A meta-análise, estatístico utilizado na revisão sistemática para integrar os resultados

dos estudos incluídos. Castro [20] comenta que o termo também é utilizado para se referir a

revisões sistemáticas que utilizam meta-análise.

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

A seguir serão apresentados de forma detalhada a quantidade de artigos e teses

revisados e as principais variáveis extraídas sobre solo e aspectos florestais:

1) Artigos revisados

Artigos

Português sem dados Solo 9

Português com dados Solo 13

Inglês sem dados Solo 18

Inglês com dados solo 17

total de artigos que entraram na tabela 30

2) Teses e Dissertações revisadas

Teses e Dissestações

Total de teses revisadas 95

Sem dados de solo 59

Com dados de solo 36

Para cada estudo foram extraídas as seguintes informações:

Variáveis

Solo Floresta

Carbono Tipos de espécies

pH Área Basal

Nitrogênio

Riqueza de

espécies

Fósforo Diversidade

Potássio Altura

Retenção de Água Restauração Ativa

CTC

Restauração

Passiva

Argila

Total de área

restaurada

Silte Idade

Areia

Alumínio

Ferro

Fauna

Banco de sementes

C/N

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Resultados e Discussões

Para analisar e avaliar de forma rigorosa uma revisão bibliográfica é preciso Como o

processo de revisão sistemática precisa respeitar um rigor nas informações. Serão

apresentados a seguir alguns dos resultados da quantificação das variáveis encontradas nas

teses. Os artigos estão em processo de validação dos dados (nova revisão), para verificar se

faltou inserir alguma variável. A seguir serão

3) Análises de solo encontradas nas teses

Tiveram estudos que não mostravam dados de análises de solos ( sendo que em alguns

trabalhos as análises foram plotadas em um gráfico e as análises físicas e químicas não foram

disponibilizadas numericamente em tabelas

Variáveis

Em teses (N =32 )

Solo

Carbono 16

pH 22

Nitrogênio 8

Fósforo 21

Potássio 24

Retenção de água 2

CTC 11

Argila 8

silte 11

areia 7

Alumínio 20

Ferro 5

Fauna 5

Banco de sementes

no solo

C/N 4

4) Análise dos aspectos florestas encontradas nas teses

Variáveis Em teses ( N=32)

Floresta

Tipos de espécie

(expandir)

27

Área Basal 16

Riqueza de

Espécies

25

Diversidade 12

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Altura 16

Tipo de

restauração (ativa)

*

18

Passiva* 9

Total da área

restaurada

22

Outras variáveis 14

5) Quantificação da correção dos solos nas teses

O número total de teses em que foram mencionados práticas de correção do solo foi de 10,

sendo NPK o que teve maior relevância. Às vezes em uma tese era comum aparecer mais de

um composto para corrigir o solo.

Correção de solo Tese (N=10)

NPK 6

calcário dolomítico 3

Fosfato triplo 1

composto de micronutrientes (Zn,Cu, Mn,B) 1

calcário dolomítico + composto dos

micronutrientes

1

Fosfato de rocha 1

Sulfato de potássio 1

fósforo 1

Calagem e adubação 2

Fosfato solúvel 1

Nitrogênio 1

Fosfato de Arad 1

6) Tipos de solos

O número total de teses em que foram mencionados os tipos de solo nas áreas

de estudo foi de 23. O solo mais comum encontrado foi o Latossolo. Às vezes em uma

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

mesma tese era comum aparecer mais de uma tipo de solo, principalmente nas áreas

em que comparavam a área em restauração com uma área de referência (área modelo)

Tipos de solos Teses

(N=23)

Latossolos 11

Argissolos, 9

Cambissolos 9

Nitossolos 4

Gleissolos 2

Neossolos 1

litossolo -

Podzólico -

Regossolo 1

7) Coleta do solo

O número total de teses que disponibilizaram alguma informação sobre quando foi

realizada a coleta de amostras de solo foi de 15.

Teses (N=15)

Tem informação

sobre quando foi

feita a colheita de

solo

Quantas tem no inicio 4

Coleta no fim

Varias vezes/durante 9

Não especificado 4

8) Lugar da restauração

O número de teses que disponibilizaram informações sobre aonde foi realizado os

experimentos de restauração ou regeneração natural foi de 32.A maior parte dos trabalhos

foram na região sudeste do Brasil.

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

Lugar da restauração Teses ( N=32)

Rio de Janeiro 12

São Paulo 11

Minas Gerais 3

Espírito Santo 1

Santa Catarina 1

Divisa -Mato Grosso

do Sul/

Paraná

2

Rio Grande do Sul 2

9) Uso anterior da terra

A Mata Atlântica é um dos biomas que mais sofreu com o processo mudanças no uso da

terra, com essa tabela nota-se alguns exemplos de usos mais comuns encontradas nas teses.

Uso anterior da terra Teses

pastagem 15

agricultura 11

cultura da cana-de-

açúcar

9

cultura do café 9

ocupação humana 3

carvoarias 1

pecuária 3

Cultivo de críticos 3

Foram disponibilizados dados de temperatura. Nem todos os trabalhos foi fácil de

identificar quando foram feitas as coletas de amostras de solo. Os trabalhos que especificaram

com clareza, mostraram que as as coletas foram feitas antes de montar o experimento e em

outros a coleta foi feita no momento da instalação do experimento.Nem todos os trabalhos

foram feitos analisando a fauna edáfica. Poucos foram os trabalhos que tiveram dados da

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

relação C/N. Também tiveram dados disponibilizados do relevo das áreas de estudo (relevo

ondulado, plano, suavemente ondulado, mar de morros,altitude, acidentado, etc.).

Será possível verificar com mais clareza os dados assim que for realizada a

quantificação das variáveis encontradas nos artigos científicos.

Conclusões

Apesar de não terem sido feitas as análises quantitativas dos artigos que foram incluídos

na revisão, os resultados demonstram uma lacuna de conhecimento significativo sobre

feedbacks solo- restauração, devido à subnotificação dos dados do solo. Identificar as lacunas

permite que outros pesquisadores possam explorar mais essa área do saber. No entanto, esses

dados são fundamentais do ponto de vista da análise apropriada de prestação de serviços

ambientais, tais como serviços de carbono e água. Além da lacuna de conhecimento, será

apresentado os resultados da meta-análise sobre os impactos do solo sobre a restauração

usando indicadores como pH do solo, capacidade de troca catiônica e macronutrientes.

Os estudos publicados que relataram dados do solo, incluíram essencialmente apenas

dados sobre o pH (48 estudos) e macronutrientes , tais como: Fósforo ( 46 estudos ) e potássio

(40 estudos) . Poucos estudos (<5 ) apresentaram dados sobre a fauna do solo e características

da água do solo (capacidade de retenção de água ou de retenção de água).

Saber como se devenvolve o processo de revisão sistemática permite auxiliar o leitor a

compreender a importância desse tipo de estudo. Porém, deve-se ter uma leitura crítica para se

avaliar a qualidade e o melhor método a ser utilizado sobre revisão sobre o mesmo tema.

Devido a crescente globalização e facilidade de acesso a tecnologia boas revisões

sistemáticas são recursos de extrema importância. Esses estudos ajudam a sintetizar a

evidência disponível na literatura sobre uma intervenção, podendo auxiliar pesquisadores no

seu cotidiano de trabalho e profissionais de diversas áreas .[24]

Referências

1-Côrtes, J. C., & D’Antona, Á. de O. (2014). Dinâmicas no uso e cobertura da terra:

perspectivas e desafios da Demografia. Revista Brasileira de Estatística Populacional,

31(1), 191–210. http://doi.org/10.1590/S0102-30982014000100011

2- LATAWIEC, Agnieszka Ewa; STRASSBURG, Bernardo BN. Land-Use Impacts on

Ecosystem Services. Sustainability Science and Technology: An Introduction, p. 79, 2014.

3-Lambin E.F., Geist, H. (2006) Land-use and land-cover change. Local Processes and Global

Impacts. Springer-Verlag Berlin Heidelberg.

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

4- Foley J.A., DeFries, R., Asner, G.P., Barford, C, Bonan, G., Carpenter, S.R., Chapin, S.F.,

Coe, M.T., Daily, G.C., Gibbs, H., Helkowski,J.H., Holloway,T., Howard,E.A., Kucharik,C.,

Monfreda, C, Patz, J.A., Prentice, C., Ramankutty, N., Snyder, P.K. (2005) Global

Consequences of Land Use. Science 309, 570

5-Metzger, M.J., Rounsevell, M.D.A., Acosta-Michlik, L., Leemans, R., Schroter, D. (2006)

The vulnerability of ecosystem services to land use change. Agriculture, Ecosystems and

Environment 114 pp. 69–85

6- MEA. Ecosystems and Human Well-Being: Current State and Trends, Volume 1 New

York, U.S.A., Island Press (2005)

7- FAO (2009) Advances in the assessment and monitoring of salinization and status of

biosaline agriculture. Report of an expert consultation held in Dubai, United Arab Emirates,

26-29 November 2007. World Soil Resources Reports 104. Rome.

8- IBGE.Estado do Rio de Janeiro cobertura e uso da terra 2016.Disponível em:

<ftp://geoftp.ibge.gov.br/informacoes_ambientais/cobertura_e_uso_da_terra/uso_atual/mapas

/unidades_da_federacao/rj_uso.pdf.> Acesso em 28 de julho de 2016

9-IBGE. IBGE mapeia a cobertura e o uso da terra no estado do Rio de Janeiro.

Comunicação Social .Disponível em:

<http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&idnoticia=3220&busca=1.>

Acesso em 28 de julho de 2016.

10-Ribeiro, M.C., Metzger, J.P., Martensen, A.C., Ponzoni, F., Hirota, M.M., 2009. Brazilian

Atlantic forest: how much is left and how is the remaining forest distributed?

Implications for conservation. Biological Conservation 142, 1141–1153.

11– RODRIGUES,R.R.; BRANCOLIN,P.H.S.; ISERNHAGEN,I. Pacto pela restauração da

Mata Atlântica: referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. LERF/ESALQ:

Instituto BioAtlântica, São Paulo,SP. 266p. 2009.

12–AIDE,T.M.;ZIMMERMAN,J.K.;ROSARIO,M.; MARCANO,H.. Forest recovery in

abandoned cattle pastures along an elevational gradient in northeastern Puerto Rico.

Biotropica,28: 537-548. 1996.

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

13-SOS Mata Atlântica. Fundação divulga novos dados sobre a situação da Mata Atlântica.

Disponível em: <https://www.sosma.org.br/103045/fundacao-divulga-novos-dados-sobre-

situacao-da-mata-atlantica/.> Acesso em 05 de julho de 2016.

14-Rocha, J.H.T; Santos, A.J.M; Diogo, F.A; Melo, A.G.C; Borelli, K; Godinho, T.O.

Reflorestamento e Recuperação de atributos químicos e físicos do solo. Floresta e Ambiente

2015; 22(3):299-306

15-D’Andréa AF, Silva MLN, Curi N, Siqueira JO, Carneiro MAC. Atributos biológicos

indicadores da qualidade do solo em sistemas de manejo na região do cerrado no sul do estado

de Goiás. Revista Brasileira de Ciencia do Solo 2002; 26(4): 913-923.

http://dx.doi.org/10.1590/S0100- 06832002000400008.

16-Melo ACG, Miranda DLC, Durigan G. Cobertura de copas como indicador de

desenvolvimento estrutural de reflorestamentos de restauração de matas ciliares no médio vale

do Paranapanema, SP, Brasil. Revista Árvore 2007; 31(2): 321-328.

http://dx.doi.org/10.1590/S0100- 67622007000200015

17-Vezzani, F.M; Mielniczuk,J. Revisão de literatura uma visão sobre qualidade do solo.

Revista Brasileira de Ciencia do Solo, 33:743-755,2009

18-Brady NC, Weil RR. The Nature and properties of soils. 13. ed. New Jersey: Prentice Hall

Upper Saddle River; 2002.

19-Gomes, A. F. 2006. Indicadores físicos e químicos de qualidade de solo de interesse

agrícola. Embrapa. 8p.

20-Castro, A.A., 2001. Revisão Sistemática e Meta-análise. Metodologia.org, 3(1), pp.1–11.

Available at: http://metodologia.org/wp-content/uploads/2010/08/meta1.PDF.

21- Gil,A. Como elaborar projetos de pesquisa.Atlas:São Paulo,2007.

22- Webster,J.;Watson,J.T.Analysing the past to prepare for the future:writing a literature

review. MIS Quaterly & The Society for information Management,v.26,n2,pp.13-23,2002;

23- Conboy,K . Agility from first principles: reconstructing the concept of agility in

information system development. Information System Research, v.20, n.3, pp.329-354,2009.

Departamento de Geografia e Meio Ambiente

24-Sampaio, R., & Mancini, M. (janeiro/fevereiro de 2007). Estudos de revisão sistemática:

um guia para síntese criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de

Fisioterapia, 11(1), 83-89.