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Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 IDENTIFICAÇÃO DA ENTOMOFAUNDA CO-HABITANTE EM NINHOS DE CUPINS EPÍGEOS DE CAMPINAS E REGIÃO Nina Maria Ornelas Cavalcanti Faculdade de Ciências Biológicas Centro de Ciências da Vida [email protected] Luciane Kern Junqueira Biodiversidade e uso de código de barra de DNA na identificação das espécies de cupins Centro de Ciências da Vida [email protected] Resumo: Existem diversas interações reconhecidas entre cupins e os organismos co-habitantes que compartilham um mesmo ninho, que podem variar de comensalismo, inquilinismo e mutualismo. O presen- te trabalho teve por objetivo Identificar a fauna de cupins em ninhos arborícolas e epígeos em uma área de pastagem em Campinas, São Paulo. Para tanto, em uma área de 10.000 m, em Sousas, Cam- pinas, São Paulo, foram geroreferenciados e coleta- dos 68 ninhos de cupins, totalizando 117 amostras. As amostras foram transferidas para o Laboratório de Ecologia da PUC-Campinas e triadas. Os cupins co- letados foram acondicionados em álcool 80% e iden- tificados de acordo com as chaves dicotômicas dis- poníveis para o grupo na literatura. Dos 68 ninhos amostrados 15% estavam abandonados, 24% conti- nham apenas co-habitantes, 29% apenas cupins e 32% cupins e co-habitantes. Dentre os cupins identi- ficados 40% foram da espécie Cornitermes cumu- lans, 21% do gênero Diversitermes sp., 18% do gê- nero Nasutitermes sp., 7% do gênero Grigiotermes sp., 5% da espécie Rynchotermes nasutissimus, 3% da espécie Heterotermes longilabius, 3% da subfamí- lia Apicotermitinae sp.1, 1% do gênero Subulitermes sp. e 2% de amostras não identificadas Palavras-chave: Cupins, Co-habitantes, Sousas. Área do Conhecimento: Ciências Biológicas - Eco- logia Aplicada - CNPq. 1. INTRODUÇÃO Os cupins são insetos eusociais pertencentes a or- dem Isoptera comumente encontrados em áreas tro- picais e subtropicais sendo a região neotropical a segunda maior riqueza de cupins [4]. Atualmente existem aproximadamente 2.882 espécies de cupins descritas, das quais aproximadamente 300 podem ser encontradas no Brasil [7]. Estes animais tem como hábito a construção de ni- nhos que podem ser em madeira, subterrâneos, de montículos (epígeos) ou em árvores (arborícolas) [2]. Os co-habitantes são aqueles que ocorrem simulta- neamente com outra espécie em um mesmo ninho [10]. Estes por sua vez podem ser divididos em inqui- linos e termitófilos. Inquilinos são outras espécies de cupins, que não os construtores do ninho [4] e termi- tófilos são outros animais encontrados coabitando em cupinzeiros [6]. Estudos realizados por Jaffe, Ramos e Issa [11] já elucidavam a relação entre formigas e cupins quanto a interação entre as espécies em um cupinzeiro. A partir de testes de comportamento realizados com uma espécie de cupim (Nasutitermes corniger) e três espécies de formigas (Azteca sp., Pheidole sp. e Monacis bispinosa) foi possível afirmar que os inse- tos evitam contato fisco, habitando locais distintos do ninho, porém estes locais não eram isolados, permi- tindo, portanto, o contato direto entre os insetos. Em um trabalho realizado por Cristaldo et al. [8] fo- ram analisados os aspectos que geram a co- habitação de termitófilos e inquilinos em ninhos de Constrictotermes cyphergaster. Os autores encontra- ram uma relação positiva entre o volume do ninho e a presença destes co-habitantes. As espécies de inquilinos encontradas foram Inquilinitermes microce- rus e Heterotermes longiceps e os termitófilos foram quatro espécies de estafilinídeos. Florencio et al. [10] estudaram a fauna interna de cupinzeiros de uma região de Minas Gerais próximo à Sete Alagoas. Os autores encontraram duas espé- cies contrutoras, Constrictotermes cyphergaster e Velocitermes heteropterus, ambas da subfamília Na- sutitermitinae. Foram encontrados 29 inquilinos per- tencentes as subfamílias Rhinotermitinae, Termiti- nae, Syntermitinae, Apicotermitinae e outros Nasuti- termitinae. Para Velocitermes heteropterus, foi pos-

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Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178

Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

23 e 24 de setembro de 2014

IDENTIFICAÇÃO DA ENTOMOFAUNDA CO-HABITANTE EM NINHOS DE CUPINS EPÍGEOS DE CAMPINAS E REGIÃO

Nina Maria Ornelas Cavalcanti

Faculdade de Ciências Biológicas Centro de Ciências da Vida [email protected]

Luciane Kern Junqueira Biodiversidade e uso de código de barra de DNA na

identificação das espécies de cupins Centro de Ciências da Vida

[email protected] Resumo: Existem diversas interações reconhecidas entre cupins e os organismos co-habitantes que compartilham um mesmo ninho, que podem variar de comensalismo, inquilinismo e mutualismo. O presen-te trabalho teve por objetivo Identificar a fauna de cupins em ninhos arborícolas e epígeos em uma área de pastagem em Campinas, São Paulo. Para tanto, em uma área de 10.000 m, em Sousas, Cam-pinas, São Paulo, foram geroreferenciados e coleta-dos 68 ninhos de cupins, totalizando 117 amostras. As amostras foram transferidas para o Laboratório de Ecologia da PUC-Campinas e triadas. Os cupins co-letados foram acondicionados em álcool 80% e iden-tificados de acordo com as chaves dicotômicas dis-poníveis para o grupo na literatura. Dos 68 ninhos amostrados 15% estavam abandonados, 24% conti-nham apenas co-habitantes, 29% apenas cupins e 32% cupins e co-habitantes. Dentre os cupins identi-ficados 40% foram da espécie Cornitermes cumu-lans, 21% do gênero Diversitermes sp., 18% do gê-nero Nasutitermes sp., 7% do gênero Grigiotermes sp., 5% da espécie Rynchotermes nasutissimus, 3% da espécie Heterotermes longilabius, 3% da subfamí-lia Apicotermitinae sp.1, 1% do gênero Subulitermes sp. e 2% de amostras não identificadas

Palavras-chave: Cupins, Co-habitantes, Sousas.

Área do Conhecimento: Ciências Biológicas - Eco-logia Aplicada - CNPq.

1. INTRODUÇÃO

Os cupins são insetos eusociais pertencentes a or-dem Isoptera comumente encontrados em áreas tro-picais e subtropicais sendo a região neotropical a segunda maior riqueza de cupins [4]. Atualmente existem aproximadamente 2.882 espécies de cupins descritas, das quais aproximadamente 300 podem ser encontradas no Brasil [7].

Estes animais tem como hábito a construção de ni-nhos que podem ser em madeira, subterrâneos, de montículos (epígeos) ou em árvores (arborícolas) [2].

Os co-habitantes são aqueles que ocorrem simulta-neamente com outra espécie em um mesmo ninho [10]. Estes por sua vez podem ser divididos em inqui-linos e termitófilos. Inquilinos são outras espécies de cupins, que não os construtores do ninho [4] e termi-tófilos são outros animais encontrados coabitando em cupinzeiros [6]. Estudos realizados por Jaffe, Ramos e Issa [11] já elucidavam a relação entre formigas e cupins quanto a interação entre as espécies em um cupinzeiro. A partir de testes de comportamento realizados com uma espécie de cupim (Nasutitermes corniger) e três espécies de formigas (Azteca sp., Pheidole sp. e Monacis bispinosa) foi possível afirmar que os inse-tos evitam contato fisco, habitando locais distintos do ninho, porém estes locais não eram isolados, permi-tindo, portanto, o contato direto entre os insetos.

Em um trabalho realizado por Cristaldo et al. [8] fo-ram analisados os aspectos que geram a co-habitação de termitófilos e inquilinos em ninhos de Constrictotermes cyphergaster. Os autores encontra-ram uma relação positiva entre o volume do ninho e a presença destes co-habitantes. As espécies de inquilinos encontradas foram Inquilinitermes microce-rus e Heterotermes longiceps e os termitófilos foram quatro espécies de estafilinídeos.

Florencio et al. [10] estudaram a fauna interna de cupinzeiros de uma região de Minas Gerais próximo à Sete Alagoas. Os autores encontraram duas espé-cies contrutoras, Constrictotermes cyphergaster e Velocitermes heteropterus, ambas da subfamília Na-sutitermitinae. Foram encontrados 29 inquilinos per-tencentes as subfamílias Rhinotermitinae, Termiti-nae, Syntermitinae, Apicotermitinae e outros Nasuti-termitinae. Para Velocitermes heteropterus, foi pos-

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sível definir diferença no padrão de alimentação en-tre a espécie construtora e a inquilina, permitindo assim, a co-habitação.

Contudo, pode-se sugerir que estudos de co-habitação em ninhos de cupins ainda são reduzidos, mas há fortes indícios de que há relações interespe-cíficas, porém, ainda não estão esclarecidas quais seriam estas relações.

2. OBJETIVOS

Identificar a fauna de cupins em ninhos arborícolas e epígeos em uma área de pastagem em Campinas, São Paulo.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de estudo

As coletas foram realizadas no distrito Sousas na cidade de Campinas, São Paulo, em um terreno ín-greme utilizado como área de pastagem para bovi-nos. A área amostral foi definida através do traçado de um polígono com 10.000 m de área interna (Figu-ra 1).

Figura 1. Vista aérea da área amostral onde foram co-

letados os cupinzeiros epígeos e arborícolas no distrito de Sousas, Campinas, São Paulo (Fonte: Google Earth).

3.2. Coletas

As coletas foram realizadas no interior da área amostral demarcada. Todos os ninhos (epígeos e arborícolas) foram numerados, georreferenciados, fotografados e medidos em altura e comprimento da circunferência das porções inferior, média e superior (Figura 2). Em seguida, todos os ninhos foram que-brados nas três diferentes porções e os fragmentos

recolhidos e acondicionados separadamente em sa-cos plásticos, numerados e transportados para o La-boratório de Ecologia da Pontifícia Universidade Ca-tólica de Campinas.

Figura 2. Mensurações realizadas no cupinzeiro representando a altura (h0) e o diâme-tro superior médio e inferior respecti-vamente de acordo com as indicações DS, DM e DI (Foto: www.minhasplantas.com.br).

3.4 Triagens

O material coletado em campo foi transportado para o Laboratório de Ecologia da Pontifícia Univer-sidade Católicas de Campinas para triagem. O con-teúdo referente a cada porção do ninho foi despejado separadamente em uma bandeja e, com pincéis e pinças, os animais presentes foram recolhidos e co-locados em uma placa de petri e depois armazena-dos em frasco de vidro do tipo tampa batoque, am-bos com álcool 80%. O frasco foi identificado exter-namente com uma etiqueta contendo o número do ninho e a porção da amostra (superior, média ou in-ferior) e, internamente, foram colocadas etiquetas de papel vegetal com porção e número do ninho. Todos os frascos, contendo as amostras, foram armazena-dos no freezer para posterior identificação dos ani-mais.

O material já armazenado em frascos no freezer, foi retirado e, em placa de petri, sob estereomicros-cópio, foi novamente analisado. Como cada porção do ninho correspondia aos insetos que estavam ar-

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mazenados em um único vidro, os insetos foram no-vamente triados em placa de petri e separados de acordo com a morfologia. O banco de dados (em planilha Excel) foi organizado em formato digital, com todos os dados obtidos e observações realizadas.

3.6 Identificação

As amostras foram identificadas taxonomicamen-te através do uso de chaves dicotômicas de identifi-cação [2], [3], [4] e [8]. As identificações foram con-firmadas em visitas ao laboratório de Termitologia do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.

4. RESULTADOS

Ao final das coletas em campo, foi possível realizar a contagem de 68 ninhos. Destes 15% estavam aban-donados. Dos ninhos habitados, 24% continham apenas co-habitantes, por exemplo, formigas, besou-ros, aranhas, anelídeos, entre outros. Em 29% dos ninhos foram encontrados apenas cupins e 32% es-tavam presentes cupins e co-habitantes (Figura 3).

Os ninhos arborícolas corresponderam a 9% do total, destes, 66% continham somente cupins em seu inte-rior, 17% somente co-habitantes e 17 % continham cupins e co-habitantes. Não houve ninhos abando-nados. Já os ninhos epígeos corresponderam a 91% do total, destes, 26% continham somente cupins, 24% somente co-habitantes, 34% continham cupins e co-habitantes e 16% estavam abandonados (Figu-ra 3).

Figura 3. Diferentes categorias de ocorrência das es-

pécies encontradas nos ninhos arborícolas em azul, e em ninhos epígeos em vermelho.

As famílias encontradas foram Termitidae e Rinoter-mitidae. Da família Termitidae foram encontradas

três subfamílias: Nasititermitinae, Syntermitinae e Apicotermitinae. Destas, a subfamília Nasutitermiti-nae foi a mais abundante com três gêneros registra-dos, Diversitermes sp., Nasutitermes sp. e Subuli-termes sp.. Na subfamília Syntermitinae foram en-contradas duas espécies, Cornitermes cumulans e Rynchotermes nasutissimus. Para a subfamília Api-cotermitinae foram encontrados o gênero Grigioter-mes sp. e outra espécie que foi denominada como sp.1.

Ao todo foram geradas 117 amostras das quais 40% representam a espécie Cornitermes cumulans, 21% o gênero Diversitermes sp., 18% o gênero Nasuti-termes sp., 7% o gênero Grigiotermes sp., 5% a es-pécie Rynchotermes nasutissimus, 3% a espécie Heterotermes longilabius, 3% a subfamília Apicoter-mitinae sp.1, 1% o gênero Subulitermes sp. e 2% de amostras não identificadas (Figuras 4 e 5).

Figura 4. Riqueza e abundância das espécies de cu-

pins coletados no Distrito de Sousas na ci-dade de Campinas, São Paulo.

Somente cupins

Somente co-habitantes

Cupins e co-habitantes

Ninhos aban-donados

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Figura 5. Imagens da riqueza de cupins encontrados

na área de Sousas. a) Apicotermitinae sp.1, b) Grigiotermes sp., c) Cornitermes cumu-lans, d) Diversitermes sp., e) Heterotermes longilabius, f) Nasutitermes sp., g) Ryncho-termes nasutissimus e h) Subulitermes sp. (Fotos: Nina Cavalcanti).

6. DICUSSÃO As pastagens são comuns no Brasil, no entanto a maioria é implantada em solos pobres e sem ne-nhuma manutenção, facilitando a ocorrência de pra-gas, como por exemplo, os cupins. Estes insetos são comuns nas pastagens e se caracterizam pela arqui-tetura de seus ninhos de montículos ou epígeos [11].

Como a área de pastagem estudada possui troncos de árvores cortadas, puderam ser observados tam-bém ninhos arborícolas, sugerindo-se que a área em questão pode ter sido ocupada por cupins devido ao desequilíbrio gerado pelo desmatamento da mesma.

As amostras encontradas pertencem a duas famílias de cupins mais comuns no Brasil [1]. A espécie mais abundante foi Cornitermes cumulans, que é comum nas regiões de florestas tropicais e cerrados da Amé-

rica do Sul, destacando que o gênero Cornitermes sp. é o mais comum em ambientes de pastagem, mas também podem ser encontrados outros gêneros como Nasutitermes sp. [11].

A espécie Cornitermes cumulans foi encontrada em 20 ninhos diferentes dos quais 17 continham somen-te cupins desta espécie e os outros três compartilha-dos com os gêneros Nasutitermes sp., Diversitermes sp. e os táxons Apicotermitinae sp.1, Heterotermes longiceps e Rynchotermes nasutissimus. Estas in-formações podem sugerir que a espécie Cornitermes cumulans é muito eficiente na defesa do território.

O segundo gênero mais abundante foi Diversitermes sp., que ocorre na América do sul e é normalmente encontrado em ninhos de outros cupins [4], no entan-to foi possível observar que este gênero foi encon-trado em dez ninhos diferentes, sendo que em seis ninhos foram exclusivos. Nos quatro restantes, com-partilhavam o ninho com outros cupins tais como, Grigiotermes sp., Apicotermitinae sp.1, Heterotermes longiceps, Rynchotermes nasutissimus, Cornitermes cumulans e Subulitermes sp..

As amostras do gênero Nasutiermes sp. foram en-contradas em sete ninhos sendo que cinco deles foram arborícolas e dois epígeos. Em quatro dos cin-co ninhos arborícolas foram encontrados somente indivíduos de Nasutitermes sp., sugerindo que este gênero pode ter comportamento territorialista em ninhos arborícolas. Nos ninhos epígeos e arboríco-las, ocorreu uma baixa frequência deste gênero, al-gumas vezes compartilhando o ninho com outras espécies. tais como Cornitermes cumulans e Hetero-termes longiceps. Este gênero é comum em vários habitats brasileiros e os ninhos são geralmente ar-borícolas, porém podem ser epígeos em regiões de cerrado [4].

Os representantes do gênero Grigiotermes sp. foram encontrados em cinco ninhos diferentes, um deles continha apenas cupins deste gênero e nos outros quatro o ninho era compartilhado com, Apicotermiti-nae sp1, Diversitermes sp., Heterotermes longiceps e Rynchotermes nasutissimus. Estas informações corroboram o relatado por Constantino [4], que diz que o gênero Grigiotermes sp. pode ser encontrado em ninhos de outros cupins mas também constrói seu próprio ninho.

A espécie Rynchotermes nasutissimus foi encontra-da em três ninhos, mas nunca sozinha. Os indivíduos desta espécie foram encontrados compartilhando o ninho com Cornitermes cumulans, Grigiotermes sp., Apicotermitinae sp.1, Diversitermes sp. e Heteroter-

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mes longiceps. De acordo com Constantini [3], a es-pécie Rynchotermes nasutissimus tem ampla distri-buição no estado de São Paulo. Apesar de ser uma espécie monomórfica, é possível ocorrer variações entre os soldados de uma mesma amostra, tais vari-ações podem são registradas na parte interna da mandíbula ou no formato da cabeça.

Os indivíduos de Apicotermitinae sp.1 são provavel-mente do gênero Anoplotermes sp. no entanto, esta subfamília apresenta sérios problemas de classifica-ção, pois muitos cupins da subfamília Apicotermiti-nae são colocados erroneamente neste gênero, sen-do portanto, uma área carente de estudos e revisões. Estes cupins foram encontrados em quatro ninhos diferentes, mas nunca sozinhos, eles compartilha-vam o ninho com Rynchotermes nasutissimus, Corni-termes cumulans, Grigiotermes sp., Diversitermes sp. e Heterotermes longiceps.

A espécie Heterotermes longiceps ocorre em todas as regiões do Brasil, em ninhos na madeira ou no solo [3]. As amostras desta espécie foram registra-das em três ninhos compartilhados com Rynchoter-mes nasutissimus, Cornitermes cumulans, Grigioter-mes sp., Diversitermes sp., Apicotermitinae sp.1 e uma espécie não identificada devido à ausência de soldados.

O gênero Subulitermes sp. Foi registrado em um úni-co ninho compartilhado com Diversitermes sp.. Estes cupins são descritos em literatura como inquilinos, podendo viver também no solo [3]

AGRADECIMENTOS Agradecemos à Pontifícia Universidade Católica de Campinas pela bolsa concedida e ao laboratório de Termitologia do Museu da Universidade de São Pau-lo pelo auxílio na identificação das amostras.

REFERÊNCIAS

[1] Bandeira, A. G. (1979), Ecologia de cupins (Insec-ta: Isoptera) da Amazônia Central: efeitos do des-matamento sobre as populações, ACTA AMAZONICA, vol. 3, n. 9, p. 481-499.

[2] Bignell, D. E.; Eggleton, P. (2000), Termites: Evo-lution, Sociality, Symbioses, Ecology. 1 rd ed., Klu-wer Academic Publishers, Netherlands.

[3] Constantini, J. P. (2013), Revisão taxonômica do gênero Rynchotermes HOLMGREN 1912 (ISOPTERA, TERMITIDAE SYNTERMITINAE), Tese de Mestrado, Museu de Zoologia da Universidade de SãoPaulo, Brasil.

[4] Constantino, R. (1999). Chave ilustrada para iden-tificação dos gêneros de cupins (insecta: isoptera) que ocorrem no Brasil. São Paulo: Papéis avulsos de zoologia, v.40, n.25, p.389-448.

[5] Constantino, R. (2001). Key to the soldiers os South American Heterotermes with a new species from Brazil (Isoptera: Rhinotermitidae).Insect Syste-matics & Evolution. Copenhagen, vol. 31 p.463-472.

[6] Constantino, R.; Acioli, A.N.S. (2006). Termite Diversity in Brazil, In: Moreira, F.M.S., Siqueira, J.O, Brussaard, L. (org.). Soil Biodiversity in Amazonian and other Brazilian Ecosystems. Wallingford: CABI publishing. p. 117-128.

[7] Constantino, R., Site Termitologia UNB, capturado online em 18/06/2014 de <www.termitologia.unb.br>.

[8] Cristaldo, P. F. Rosa C. S.; Florencio, D. F.; Mar-tins, A.; De Souza, O.(2012), Termitarium volume as a determinat of invasioon by obligatory termitophiles and inquilines in nests of Constrictotermes cypher-gaster (Termitidae, Nasutitermitinae), Insectes Soci-aux.

[9] Emerson, A. E. (1952). The Neotropical Genera Procornitermes and Cornitermes (Isoptera, Termiti-dae). Bulletin of the American Museum of Natural History, New York, USA, vol. 99, n. 8.

[10] Florencio, D. F.; Martins, A.; Rosa, C. S.; Cristal-do, P. F.;Araújo, P. A.; Silva, O. R.; De Souza, O. (2013). Diet Segregation between Cohabiting Builder and Inquiline Termite Species. Plos one, vol.8, n. 6, p. 1-9.

[11] Fontes, L. R.; Filho, E. B.(1998). Cupins, o desa-fio do conhecimento. 1rd ed., Goiás, Brasil.

[12] Jaffe, K.; Ramos, C.; Issa, S.(1995), Trophic In-teractions Between Ants and Termites that Share Commom Nests. Ecology and Population Bioloy. Ve-nezuela.