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EditoraDiana NascimentoJornalista Responsável - Mtb 30.867 [email protected]

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ANO 11 - NÚMERO 133NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2011

ESPECIAL Irrigação é sinônimo de cana hidratada e produtiva 6

FÓRUM Quando o Brasil voltará a ser um grande exportador de etanol? 16

TECNOLOGIA INDUSTRIAL Construção e montagem de um campo energético chamado usina sucroalcooleira 18

TECNOLOGIA AGRÍCOLA Importância e funções dos micronutrientes em cana 24 Fardo a peso de ouro 34

POR DENTRO DA USINA 44

GESTÃO Gestão de risco 46

DICAS E NOVIDADES 49

ATUALIDADES JURÍDICAS 52

EXECUTIVO Vida marcada por pioneirismo e sonhos realizados 54

DROPES 58

“Exemplos movem mais do que as palavras.”Ditado latino

“O sucesso tem muitos pais, mas o fracasso é órfão.”John Fitzgerald Kennedy

“O estado da sua vida nada mais é do que o reflexo do estado da sua mente.” Wayne Dyer

“Não tenha medo de dar o seu melhor naquilo que parecem ser pequenas tarefas. De cada vez que conquista uma, fica mais forte. Se faz os pequenos trabalhos bem, os grandes tendem a cuidar de si mesmos.” Dale Carnegie

“O que se passa dentro, manifesta-se fora.” Earl Nightingale

RedaçãoDiana Nascimento [email protected] Natália Cherubin [email protected]

FotografiaDiana NascimentoRogério Soares de Arruda Pinto

Projeto GráficoRogério Pintofone: 11 [email protected]

Diagramação Fernando A. [email protected]

AdministraçãoCarolina Gil [email protected] [email protected]

AssinaturasMikeli Silva [email protected]

IDEANews é lida mensalmente por aproximadamente 35.000 executivos, profissionais e empresários ligados à agroindústria da cana-de-açúcar do Brasil.

CTP e ImpressãoGráfica e Editora Modelo

ISSN 1679-5288

Ricardo Pinto

CONSELHO EDITORIALAilton António Casagrande Alexandre Ismael Elias António Carlos Fernandes António Celso Cavalcanti António Vicente Golfeto Celso Procknor Egyno Trento Filho Geraldo Majela de Andrade Silva Guilherme Menezes de Faria Henrique Vianna de Amorim João Carlos de Figueiredo Ferraz José Ovídio Alves Bessa José Pessoa de Queiroz Bisneto José Velloso Dias Cardoso Luiz Custódio da Cot ta Mar tins Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo Luiz Chaves Ximenes Filho Manoel Carlos Azevedo Or tolan Marcos António Françóia Marcos Guimarães Landell Maurilio Biagi Filho Osvaldo Alonso Paulo Adalber to Zanet ti Ricardo Soares de Arruda Pinto Rogério António Pereira Tomaz Caetano Cannavam Rípoli

Assinatura anual (12 edições): R$ 120,00 - Número avulso: R$ 14,00. Pedidos devem ser enviados ao endereço abaixo, acompanhados de cheque nominal à RICARDO PINTO E ASSOCIADOS CONSULTORIA AGRO INDUSTRIAL LTDA IDEANews não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos ar tigos assinados. Matérias não solicitadas, fotografias e ar tes não serão devol-vidas. É autorizada a reprodução das matérias, desde que citada a fonte

www.revistaideanews.com.br

expedienteeditorial

PROATIVIDADEUm ventríloquo estava se apresentando na escola, rodeado de crianças, dizendo que

conversava com os animais. Num certo momento, ao lado da vaca, o ventríloquo lhe

perguntou:

- Com quem a senhora faz amor?

Ele mesmo, com a voz da vaca, respondeu:

- Muuuu, com o touro, claro.

Depois ele perguntou para a galinha:

- E a senhora, Dona galinha, com quem faz amor?

Do mesmo modo, com voz de galinha, ele respondeu:

- Cocoricó, lógico que com o galo.

Em seguida, chegou perto da cabra e também perguntou:

- E a senhora, Dona cabra, com quem ...

Muito rapidamente, o joãozinho, lá do fundo da turma, gritou:

- Sr. Ventríloquo, não acredite no que esta cabra diz, porque ela é muito mentirosa.

De uma coisa não podemos acusar o esperto Joãozinho: de fal-

ta de proatividade. Ele previu o que podia lhe acontecer e rapidamen-

te tomou a iniciativa, antecedendo-se a uma situação que poderia lhe

prejudicar caso a cabra “falasse” algo que não devia.

Desta forma, podemos entender que proatividade é a competên-

cia pessoal de saber agir antecipadamente para lidar com uma espera-

da dificuldade. Mas não significa somente tomar a iniciativa, como mui-

tos pensam. Afinal, por si só, a iniciativa é uma reação e não uma ação.

Quando adicionamos à iniciativa um questionamento positivo, além do planeja-

mento, aí sim chegamos à proatividade.

A pessoa proativa assume a responsabilidade que ela tem sobre sua própria vi-

da. Seu comportamento é fruto das decisões que toma e não das condições exter-

nas. Ela consegue subordinar seus sentimentos aos seus valores, com iniciativa e

responsabilidade suficientes para fazer com que as coisas aconteçam. Os proativos

costumam ser determinados, inovadores e obstinados, buscando aprender conti-

nuamente com a vivência diária e com a troca de experiências com outras pessoas.

No mundo corporativo, muitos dizem que o funcionário proa-

tivo constantemente procurado pelas empresas, já que lhes agre-

ga muito valor - é aquele que sempre “se vira”, agindo rapidamente e com

inteligência após ter identificado a origem de cada problema. Assim, ele sempre

busca “cortar o mal pela raiz”, mantendo-se ligado, sendo veloz e colocando-se

disponível.

Contudo, contrariamente aos raros funcionários proativos, há muitos que são

reativos. Estes são completamente afetados pelo ambiente ao seu redor. Levados

por circunstâncias, sentimentos, estímulos e condições ambientais, sociais, físicas

e psicológicas, eles costumam reagir constantemente, ficando na defensiva.

É bom saber que a proatividade pode ser desenvolvida. Basta que o candidato

a proativo treine sempre analisar o contexto das situações que se apresentem para

ele, identificando e selecionando alternativas para elas, bem como imaginando os

resultados de cada cenário vislumbrado. Obviamente, nunca há certeza de que os

cenários imaginados ocorrerão, mas com o exercício constante do planejamento,

as chances de sucesso vão crescendo.

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especial

6 + Especial Irrigação

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7 + Especial Irrigação

Segundo a Wikipédia, hidroterapia é

o tratamento pela água sob suas diversas

formas e a temperaturas variáveis. Em nós,

humanos, promove sensação de relaxa-

mento e bem estar, alívio de dores e até

do estresse.

Que a água é um líquido precioso todo

mundo sabe. Imaginar o planeta sem água

é tortura, algo angustiante.

Se estamos com sede, ela é a única que

resolve o problema. Plantas também têm

sede e sua necessidade de água. A cana-de-

-açúcar, por exemplo, adora uma aguinha

fresca, ela é adepta da hidrocanaterapia!

Neologismo à parte, quando a água não

chega até a planta, é preciso levar a água

até ela. Algo que a irrigação pode fazer, e

muito bem.

A cana-de-açúcar é uma planta semi-

-tropical perene e sensível as influências

climáticas no decorrer do ano, ao contrá-

rio de outras culturas. “Por este motivo,

alcançamos uma melhor produção quan-

do temos uma temperatura média anual

em torno de 21°C, e como condições hí-

dricas para o seu cultivo uma distribui-

ção de água uniforme ao longo do ciclo

vegetativo, e não com a precipitação total

durante o ano”, explica Marcelo Pedrozo,

engenheiro agrícola da IrrigaBrasil.

Aderson Soares de Andrade Junior, en-

genheiro agrônomo e pesquisador em Ir-

rigação da Embrapa Meio-Norte, diz que

a irrigação tem importância fundamental

para o sucesso de qualquer cultura agrí-

cola, em regiões onde a oferta hídrica, via

precipitação, for insuficiente para atender

as suas necessidades hídricas. “No caso

específico da cana-de-açúcar, faz-se mui-

to mais importante ainda, por tratar-se de

cultura interanual, mais sujeita e propensa

a variabilidade climática, notadamente da

precipitação pluviométrica, nas principais

regiões produtoras do País. Logicamente,

nas regiões onde o período chuvoso for

insuficiente e/ou irregular, como no caso

da região Nordeste, a adoção da irrigação

é condição primordial para a obtenção de

produtividades satisfatórias”, atesta.

Cada vez mais as expansões, ou seja,

as novas usinas se dão em áreas chamadas

de fronteira, nas quais o déficit hídrico é

bem maior do que nas tradicionais regiões

de cana, principalmente as do Centro-Sul.

De acordo com um estudo dos consul-

tores da RPA Consultoria, Ricardo Pinto,

Alexandre Elias e Egyno Trento, projeta-

-se que as novas usinas e destilarias serão

construídas, em sua grande maioria, nos

estados de Goiás e Mato Grosso do Sul.

Assim, as novas unidades deverão surgir

principalmente em solos de Cerrado que,

via de regra, são menos férteis do que on-

de a maioria dos canaviais paulistas está

instalada.

“Nestas novas áreas, a irrigação é fun-

damental para o desenvolvimento da cana-

-de-açúcar. Em algumas regiões, caso não

seja feito pelo menos a irrigação de salva-

mento, não será possível a produção da

cultura”, ressalta Sérgio Veronez de Sousa,

consultor em irrigação e fertirrigação em

cana-de-açúcar.

Para Marcelo Ferrero, engenheiro agrô-

nomo e diretor Comercial da Raesa Brasil,

a irrigação de cana-de-açúcar passará a ser

um assunto estratégico para as unidades

sucroalcooleiras brasileiras em dois aspec-

tos. Primeiro pela necessidade urgente de

plantio nos próximos anos. “Os canaviais

estão envelhecidos e isto resultou em pio-

ras expressivas nas produtividades, o ex-

cesso de chuvas nos meses tradicionais de

plantio vem impedindo que as unidades

cumpram seus cronogramas e a alternati-

va seria plantar nos meses de seca e, nes-

te caso, a irrigação é indispensável”, diz.

Outro aspecto que deve ser considerado

é a irrigação de cana soca, se a estratégia

de alcançar os níveis de produção de ca-

na-de-açúcar necessários para atender ao

crescente mercado de álcool combustível,

for a de insistir no plantio de variedades

de sequeiro, a área necessária deveria ser

incrementada em mais 4 ou 5 milhões de

ha nos próximos nove anos. “Se as usinas

passassem a irrigar suas canas socas, es-

te incremento de área de plantio poderia

ser reduzido para 1,5 a 2 milhões de ha.

Ressaltando que aproximadamente apenas

2% dos canaviais brasileiros são irrigados

atualmente e se subirmos este número pa-

ra 15%, poderíamos deixar de plantar em

cerca de 3 milhões de ha, obtendo a mes-

ma produção. Existem outros benefícios

de se introduzir a prática de irrigação na

cultura da cana-de-açúcar, como aumen-

to da longevidade dos canaviais, redução

dos custos de plantio mecanizado , melhor

conservação dos solos, pois plantando-se

no período seco, o stand de plantas já es-

tará formado na época das chuvas, prote-

gendo assim os solos, entre muitas outras

vantagens”, enumera.

Marcelo Borges Lopes, diretor-presi-

dente da Valmont, esclarece que, ao ana-

lisar a cultura canavieira como um todo,

a irrigação ainda é incipiente. “Porém em

regiões como o Nordeste, a irrigação é fun-

damental para o setor. Ela viabilizou a

atividade naquela região. Além disso, a

irrigação vem crescendo com a expansão

das lavouras canavieiras para o Centro-

-Oeste do País.”

"Junto com a adoção de outras tecno-

logias, a irrigação tem demonstrado ser

primordial ao crescimento vertical da pro-

dutividade no canavial, reduzindo a ne-

cessidade de incorporação de novas áreas

de fronteira agrícola, contribuindo para

a preservação ambiental e reduzindo os

custos totais de produção", afirma Antonio

Alfredo Teixeira Mendes, gerente geral da

NaanDanJain Brasil.

“Se considerarmos que estamos com

uma demanda maior do que nossa capa-

cidade atual de produção de cana e, con-

sequentemente, de etanol e de açúcar, se

considerarmos que esta situação deve se

perdurar pelo próximos anos e também se

considerarmos que as outras tecnologias

para forte incremento de produção da ca-

deia sucroenergética somente estarão em

largo uso comercial no final desta década,

como cana transgênica e etanol de bagaço,

resta dizer que somente a irrigação pode-

rá incrementar em muito a produção nos

próximos anos, além de se plantar muita

cana”, sintetiza Ricardo.

IRRIGAÇÃO SUSTENTÁVEL Ao contrário do que muita gente pen-

sa, a irrigação pode sim ser sustentável.

Andrade Júnior explica que para que isso

ocorra, é necessário que a irrigação seja

efetuada obedecendo aos critérios técni-

cos, notadamente, os referentes ao adequa-

do manejo da água de irrigação, de forma

a fazer a aplicação da lâmina de irrigação

que propicie o máximo retorno econômico,

sem aplicação excessiva de água. “Dessa

forma, os impactos ambientais decorrentes

da irrigação são minimizados e/ou mes-

Cana irrigada por pivô linear

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Sexto lugar Segundo o Censo Agropecuário de 2006 do IBGE, a cana-de-açúcar estaria em sex to lugar dentre as culturas mais irrigadas do ponto de vista da área ocupada no Brasil. As cinco primeiras culturas são: arroz, soja, milho, feijão e café.

mo eliminados. Para tanto, estudos visan-

do a definição da função de produção ou

função de resposta da cultura à água nas

diferentes regiões produtoras do Brasil é

fundamental”, esclarece.

Com a ajuda da irrigação, o País pode

expandir a sua produção na medida em

que precisa de mais etanol e açúcar. Para

que o País consiga aumentar sua produção

de açúcar e álcool faz-se necessário expan-

dir as áreas de produção para regiões de

expansão como a região dos Cerrados (Goi-

ás, Mato Grosso e Minas Gerais), região

Meio-Norte (Piauí e Maranhão) e Estado

do Tocantins. “Nessas regiões, devido aos

períodos de longa estiagem, a produção

de cana-de-açúcar só é viabilizada com o

uso da irrigação, quer seja ela em caráter

suplementar (quando apenas fração da lâ-

mina de irrigação necessária é aplicada)

ou total (quando toda a lâmina requeri-

da é aplicada)”, completa Andrade Júnior.

Pedrozo afirma que a irrigação pode ser

um fator determinante para a produção.

Nos últimos anos a área plantada teve cres-

cimento em torno de 20%, mas a produção

avançou em apenas 12,5%.

“Com a técnica da irrigação, podemos

ter um melhor aproveitamento dos recursos

hídricos para aumento da produção

com a preservação do meio ambiente,

alcançando um melhor rendimento dentro

da mesma área cultivada, evitando assim

maiores gastos com tratos culturais,

arrendamentos e transporte. Na maioria

das regiões produtoras, há abundância em

chuvas, mas elas são mal distribuídas ao

longo do ano. É comum também épocas

de altas temperaturas e incidência de

insolação com poucas chuvas. Com o uso

da irrigação, temos um cenário totalmente

favorável para ótimas produções”, defende.

SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO É difícil quantificar quantos hectares

de cana irrigados há no Brasil, pois não

existem estatísticas e as informações são

bastante limitadas. Inclusive esse é um dos

objetivos do Projeto Cana Pede Água – le-

vantar dados consistentes sobre a irrigação

em cana-de-açúcar no Brasil.

“Segundo o Censo Agropecuário de

2006 do IBGE, a cana-de-açúcar estaria

em sexto lugar dentre as culturas mais ir-

rigadas do ponto de vista da área ocupada

no Brasil. As cinco primeiras culturas são:

arroz, soja, milho, feijão e café”, informa

Ricardo Pinto.

Mendes confirma que também não há

estatísticas oficiais precisas sobre os siste-

mas mais empregados, porém sabe-se que

todos eles apresentam clara tendência de

crescimento, na medida em que se am-

pliam os projetos de novas usinas no País.

Sousa conta que tempos atrás, o que se

fazia era a irrigação de salvamento, princi-

palmente no Nordeste e também em algu-

mas regiões do Centro-Oeste. “Neste caso o

mais usado é o autopropelido. A irrigação

no período crítico (usando pivôs rebocá-

veis), ou a irrigação plena (pivô ou gote-

jamento) na cana-de-açúcar é algo mais

novo”, esclarece.

Considerando que os principais méto-

dos de irrigação utilizados na cultura da

cana-de-açúcar hoje são a aspersão (alas

móveis, carretel enrolador e pivots circu-

lar e móvel) e a localizada (gotejamento),

pode-se afirmar que cada um dos métodos

citados tem a sua utilidade, tanto em nível

agronômico, como financeiro. “Mas sem-

pre devemos ter em mente que os critérios

para a escolha de um ou outro sistema não

são avaliados somente pelo que ocorre do

solo para cima, ou seja, o investidor estará

cometendo um erro grave se não analisar

primeiro o que ocorre com a água depois

de aplicada ao solo. Se a umidade desejada

não permanecer disponível para o sistema

radicular das plantas, significa que o sis-

tema foi escolhido de maneira errônea”,

observa Ferrero.

Ele orienta que antes da escolha do

equipamento, é preciso proceder a um es-

tudo profundo das características dos solos

e clima da região, conhecer a velocidade

de infiltração de cada solo, colher amos-

tras de solo para determinar a curva de

retenção de água. Desta forma, é possível

implantar baterias de tensiômetros para

observar o teor de umidade nas diferentes

profundidades de solo e o fazer o balan-

ço hídrico entre outros levantamentos de

informações extremamente importantes e

úteis para definir a escolha do sistema de

irrigação a ser implantado. “Isto significa

que um determinado equipamento pode

ser utilizado em uma área, mas não em ou-

tra se as estruturas físicas dos solos forem

diferentes. Portanto, não há uma receita de

bolo”, desmitifica Ferrero.

Lopes esclarece que o método de irriga-

ção será definido em função do ambiente

de produção e da disponibilidade de água,

ou seja é uma decisão técnica. “O primeiro

passo para implantar uma lavoura irrigada

é fazer o projeto, analisar qual o método

de irrigação mais adequado para cada si-

tuação. Analisando o solo, relevo, áreas de

preservação, sistema viário, rede elétrica,

o regime de chuvas, a disponibilidade hí-

drica e a condução da lavoura, os técnicos

têm condições de indicar a melhor alterna-

tiva para irrigar o campo”, diz. Feito isso,

ainda é possível encontrar situações onde

a decisão entre um ou outro método de ir-

rigação é econômica e por vezes até subje-

tiva, de acordo com a linha de pensamento

da empresa e seus técnicos, mas a decisão

não deve começar por critérios subjetivos

ou comparações de custo/benefício entre

os diversos sistemas de irrigação. “Via de

regra não existe um único sistema de irri-

gação capaz de atender a todas as deman-

das e diferentes situações encontradas em

culturas de larga escala como a cana. Uma

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especial

10 + Especial Irrigação

especial

mistura de métodos de irrigação é a melhor

resposta, cada um se adapta melhor a de-

terminadas condições”, analisa.

Sousa explica as principais tecnologias

de irrigação aplicadas na cultura, de cana-

-de-açúcar. “Há a irrigação de salvação,

feita após o plantio da cana, somente com

o objetivo de garantir a brotação da muda

em condições de longo período sem chu-

va. Pode ser feita também na soqueira para

garantir boa brotação após o corte. Temos a

irrigação suplementar, ou no período críti-

co, feita com diferentes lâminas nas épo-

cas mais críticas do desenvolvimento, para

atenuar os déficits hídricos nas regiões nos

quais os mesmos são acentuados; e a irri-

gação plena feita ao longo de todo o ciclo,

repondo total ou parcialmente a deficiên-

cia hídrica proporcionada pela falta ou in-

suficiência de chuva”, resume.

Ricardo enumera os nove sistemas de

irrigação de cana usados no Brasil: pivot

fixo, pivot rebocável, sistema linear (pivot

linear), aspersão com alas móveis, asper-

são convencional com canhão, aspersão

convencional com carretel enrolador (ro-

lão), gotejamento superficial, gotejamento

subterrâneo (enterrado) e sulco de infiltra-

ção (inundação). “Como cada sistema de

irrigação foi desenvolvido para situações

específicas, eu não diria que há prós e con-

tras de cada um, mas sim características

específicas para a recomendação de cada

um, como solo, clima, fase fenológica da

cana etc”, avalia.

Dentre as ações estabelecidas pelo Pro-

jeto Cana pede Água está a de efetivamen-

te conhecer como, quando e onde é feita

a irrigação de cana no País. “Por isso que,

há dois meses foi iniciada uma pesquisa

junto a todas as usinas do Brasil sobre o

assunto. Acreditamos que em mais dois

meses teremos os resultados deste profun-

do levantamento que vem contando com a

preciosa colaboração das usinas, que rece-

berão um detalhado relatório deste estu-

do. Preliminarmente, posso adiantar que,

pelos números obtidos até aqui, o sistema

de irrigação por rolão (carretéis) vem se

destacando dos demais”, afirma Ricardo.

SOLUÇÕES EM IRRIGAÇÃOAs várias empresas especializadas em

irrigação oferecem soluções para acabar

com a sede da cana. A Raesa desenvol-

veu um sistema de irrigação denominado

Alas Móveis de Aspersão Convencional.

Este sistema apresenta um baixo investi-

mento inicial e não necessita de mão de

obra especializada, visto que a carência de

pessoal especializado é o grande buraco

negro da agricultura brasileira atualmen-

te. O sistema também é móvel e pode ser

deslocado para irrigação em áreas distintas

durante uma única safra.

Ferrero considera o sistema ideal para

irrigação de plantios de cana, para áreas

recortadas e com declividade, para solos

com baixa velocidade de infiltração de

água, pois o sistema de alas móveis possi-

bilita a aplicação de lâminas de irrigação

baixas (4 mm a 5 mm por hora), seme-

lhante a uma chuva fina e persistente, que

para muitos é considerada a ideal por não

produzir encharcamentos ou erosões de

solos. É indicada ainda para fornecedores

de cana pela facilidade de manejo e baixo

investimento inicial. Outro ponto positivo

a ser destacado em é que como a intensida-

de de aplicação é baixa, torna-se ideal para

solos com textura arenosa, normalmente

mais porosos. "O sistema de Alas Móveis

foi apresentado ao mercado em 2010 e,

apesar do pouco tempo, já foi utilizado em

aproximadamente 20 mil ha de irrigação,

seja de plantio, como de cana soca e com

resultados excelentes", descreve Ferrero.

A Valmont oferece os Pivôs Centrais

(fixos e rebocáveis) e Lineares. Lopes ex-

plica que esses equipamentos são bastante

eficientes e flexíveis, cobrindo necessida-

des desde lâminas menores até a irrigação

plena em áreas de grande déficit hídrico.

“São sistemas que trabalham com pressões

baixas e alta uniformidade de distribuição.

Com isso o custo operacional é baixo e a

qualidade da irrigação alta. Oferecemos

ainda os sistemas de automação para esses

equipamentos reduzindo a necessidade de

mão de obra e disponibilizando uma forma

de monitoramento da operação bastante

simples e confiável. Associados a esses

produtos oferecemos – em parceria com

a Irriger – serviços de gestão e manejo da

irrigação, auxiliando o produtor a definir

quando e quanto irrigar. Com isso quere-

mos garantir o bom uso dos nossos equi-

pamentos.”

A IrrigaBrasil fabrica vários modelos de

Carretel Enrolador Turbomaq (comprimen-

to de mangueira de 150 a 500 m), moto-

bombas diesel e elétrica, tubos e acessórios

em aço zincado ou alumínio, variada linha

de aspersores, carreta para transporte de

tubos e carretas de vivência.

O sistema de aspersão por carretel en-

rolador permite a irrigação e a fertirriga-

ção com vinhaça ou outros resíduos in-

dustriais, além do esterco suíno e bovino

diluído, nas mais variadas culturas e fases

de desenvolvimento.

Segundo Pedrozo, as principais van-

tagens são: mobilidade e versatilidade,

facilidade de operação, menor quanti-

dade de tubos e acessórios, não exige

sistematização da área a ser irrigada, me-, me-

nor perda de áreas com canais, menor

quantidade de mudanças, transporte do

equipamento e motobomba, vida útil do

sistema e da mangueira PEMD (polietile-

no de média densidade) e necessidade de

apenas dois operadores e de um trator de

média potência.

“O sistema de carretel enrolador tem

como principal limitação a maior sensibi-

lidade ao vento, porém podemos amenizar

este efeito com o uso de espaçamentos me-

nores entre os hidrantes.” Ele frisa que o

desempenho de cada sistema de irrigação

está diretamente relacionado ao projeto es-

pecífico para determinada área, ou ainda,

com um Plano Diretor de Irrigação.

A NaanDanJain dispõe de completa

linha de tubogotejadores para utilização

em projetos de gotejamento enterrado, in-

cluindo tubogotejadores de parede delgada

com gotejadores planos não-compensan-

tes, autocompensantes, como dispositivos

anti-sifão e anti-drenante; e vazões, espa-

çamentos entre gotejadores e espessuras

de parede variáveis, conforme definido

no projeto estratégico. "Também dispõe

de cintas de gotejamento com emissor ti-

po labirinto contínuo com vazões, espaça-

mentos entre saídas d’água e espessuras de

parede variáveis", salienta Mendes.

No setor sucroalcooleiro, costuma-se

empregar/avaliar o método de irrigação

conforme a lâmina que se deseja aplicar

na cultura, sempre levando em conside-

ração a relação de custo benefício e efici-

ência de cada sistema. Há inclusive uma

tabela para este caso :

- Irrigação de salvação: entre 40 a 120 mm/

ano;

- Complementar: 250 a 400 mm/ano;

- Irrigação Plena: 500 a 800 mm/ano.

Além de empresas especializadas, em-

presas de tubos também têm o seu espa-

ço no mercado de irrigação. A Tigre, por

exemplo, atende a todas as tecnologias co-

mo pivô central, gotejamento, carretel e as-

persão. “Somos um complemento de todos

os sistemas. No caso de cana, onde se tem

muita adução e distribuição, há muitos

casos em que somos o principal insumo”,

diz Ronaldo Chaquib Assef Filho, gerente

Nacional de Irrigação e Indústria da Tigre.

Ele salienta que na maioria dos casos

é muito mais fácil realizar investimentos

em irrigação do que fazer a compra ou am-

pliar áreas e comprar maiores terrenos. “O

que percebo é que com a entrada de gru-

pos profissionalizados, é perceptível que

a irrigação já é levada em consideração.”

Assef cita que o grande diferencial está

no fato da Tigre ser uma empresa que ofe-

rece todos os produtos: tubos e conexões

de PVC, RPVC e tubos polietileno de mé-

dia densidade, utilizados nos sistemas de

irrigação das usinas.

IRRIGAÇÃO MERECE ATENÇÃO E INVESTIMENTO

A irrigação é estratégica para o setor,

segundo Sousa, visto que o ganho de pro-

dutividade nas áreas já cultivadas e prin-

cipalmente nas novas áreas de expansão

Fronteiras com déficit hídrico

Cada vez mais as expansões, ou seja, as novas usinas se dão em áreas chamadas de fronteira, nas quais o déficit hídrico é bem

maior do que nas tradicionais regiões de cana, principalmente

as do Centro-Sul.

De acordo com Lopes, a irrigação vem crescendo com a expansão das lavouras canavieiras para o Centro-Oeste do País

Para Ferrero, a irrigação de cana-de-açúcar passará a ser um assunto estratégico para as unidades sucroalcooleiras brasileiras

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especial

12 + Especial Irrigação

especial

será fundamental para o sucesso dos pro-

jetos das usinas como um todo. “Cada vez

mais, as usinas estão em busca de cana, e

a irrigação pode suprir esta demanda, tan-

to aumentando a produtividade dos cana-

viais existentes e também possibilitando

a exploração de áreas em que a instalação

de usinas sem irrigação do canavial não é

viável”, acrescenta.

Lopes concorda. “Hoje irrigamos ape-

nas 4,5 milhões de ha, mas temos um po-

tencial irrigável de 30 milhões. Esses nú-

meros mostram o potencial de crescimento

da agricultura irrigada. Apesar de apenas

7% da área ser irrigada, a produção nessas

áreas representa 20% do total e 43% do va-

lor da produção. Fica claro com esses nú-

meros o potencial de aumento da produ-

tividade física e econômica com o uso da

irrigação. De certa forma é isso que se pode

esperar da irrigação na lavoura canavieira.

Já temos casos de sucesso e experimentos

apontando a grande elevação do ATR/ha

nas áreas irrigadas. Além disso, existem

benefícios indiretos como melhor uso da

frota de máquinas e veículos e redução do

custo de gestão das lavouras com menos

área explorada”, pontua.

Sousa diz que os investimentos são

muito variáveis, pois vai depender do ti-

po de irrigação (salvamento, período crí-

tico ou plena) da forma e da distância da

captação até o projeto. “Ou seja, para cada

caso teremos um investimento, que pode

variar de R$ 1 mil até R$ 8 mil por ha.”

“Cada caso de canavial irrigado deman-

dará um sistema específico de irrigação

com seu investimento respectivo. Pode-se

dizer que implantar um projeto de irriga-

ção em cana varia entre R$ 800/ha a até

R$ 6 mil por ha. Também o custo opera-

cional da irrigação será variável conforme

o sistema adotado e sua taxa e frequência

de uso. Como estimativa, é possível con-

siderar que o custo variará entre R$ 300 e

R$ 900 por ha por ano, conforme a lâmina

aplicada varie de 50 a 800 mm irrigados

ao ano”, salienta Ricardo.

Apesar de todas as vantagens, a irriga-

ção ainda encontra entraves. Andrade Jú-

nior enumera que os principais entraves

dizem respeito à carência de estudos locais

para subsidiar um sistema de produção

de cana-de-açúcar sob irrigação, tais co-

mo cultivares mais adaptadas e com po-

tencial de produção sob irrigação e que

também apresentem arquitetura adequa-

da para colheita mecanizada, estudos de

demanda hídrica (como forma de definir

coeficientes de cultivo locais para a cul-

tura), nos diferentes sistemas de irrigação

em operação nas áreas de produção, estu-

dos de definição de manejo de irrigação e

fertirrigação (no caso de irrigação por go-

tejamento subsuperficial), dentre outros.

Ricardo, por sua vez, diz que é neces-

sária a adequada conscientização de diver-

sos públicos, como, por exemplo os téc-

nicos que acreditam que cana irrigada é

inviável economicamente; os leigos que

pensam que se irrigarmos cana no Brasil

faltará água para outros usos e os órgãos

outorgantes que acham não haver neces-

sidade de irrigação para se produzir cana

no Brasil. Ele cita ainda os ambientalistas

que creem que irrigar cana não seja sus-

tentável, os executivos de usinas que ainda

desconsideram a irrigação como alternati-

va de crescimento rápido da sua produção

de cana, que está enfrentando forte quebra

no Centro-Sul nesta safra e, as pessoas que

acham que há produtos mais nobres para

serem irrigados do que a cana.

Sousa destaca que até hoje, no Brasil,

não foi desenvolvida uma variedade de

cana para irrigação. Todos os programas

de melhoramento, trabalharam justamente

o contrário, ou seja, a resistência a seca.

“Na minha opinião, nas novas áreas

de cana, onde a irrigação será fundamen-

tal, seria interessante ter uma variedade

desenvolvida para irrigação.O conceito é

bem simples, se vamos ter que irrigar para

produzir em certas regiões, o melhor seria

irrigar uma variedade desenvolvida para

ser irrigada do que uma que foi desenvol-

vida para ser tolerante a seca”, afirma.

Ferrero defende que a irrigação deve-

ria ser tratada como tema prioritário pelos

governantes brasileiros, principalmente

porque as mudanças climáticas estão afe-

tando de maneira significativa o manejo

das culturas, sejam elas commodities (co-

mo a cana-de-açúcar) ou alimentares. “Es-

tá chovendo em demasia em certos meses

e não chovendo nada nos outros e isto

vem impactando sobre as produtividades.

Os agricultores sabem que adquirindo um

sistema de irrigação e, principalmente,

obtendo licenças para o uso da água, po-

dem diminuir de maneira expressiva o

risco de plantios em épocas de seca, po-

dendo, desta forma, sentirem-se mais se-

guros em investir. Isto é questão de segu-

rança alimentar e, não poderíamos deixar

de dizer, de segurança econômica, pois o

Brasil é exportador de commodities agrí-

colas, sendo que as exportações de soja,

café e açúcar são itens fundamentais no

equilíbrio da balança comercial brasilei-

ra.” Para ele, este tema, irrigação, deve-

ria estar presente em praticamente todos

os ministérios do governo brasileiro, sem

dizer na mesa da presidente Dilma, “pois

alimento barato impacta seriamente sobre

a inflação.”

O governo já deu sinais de que pensa

no assunto. Tanto que, com a reestrutura-

ção do Ministério da Integração Nacional,

foi anunciada a criação da Secretaria Na-

cional de Irrigação - Senir, com políticas

específicas para este setor.

A Senir tem como principal objetivo

configurar um sistema de gestão para a

agricultura irrigada, articulando os vários

órgãos que interagem no setor, apoian-

do sobremaneira a iniciativa privada e

otimizando as áreas públicas como ins-

trumentos de desenvolvimento de regi-

ões menos favorecidas. Além disso, visa

promover a irrigação como instrumento

de eficiência na produção agrícola e pa-

ra erradicar a pobreza com a geração de

emprego e renda.

A ideia da nova Secretaria surgiu du-

rante reunião com a presidente Dilma

Rousseff, em que o ministro da Integração

Nacional, Fernando Bezerra Coelho, res-

saltou a necessidade de reforçar a agricul-

tura irrigada no País. Ainda integram a Se-

nir o Departamento de Irrigação Pública e

o Departamento de Política de Irrigação.

Ricardo comenta que o governo fede-

ral está implantando o PAC 2 com investi-

mentos voltados à irrigação do Semiárido,

mas também prepara o PISAB – Programa

Nacional de Irrigação Pública para o Se-

miárido Brasileiro. “Ambos os programas

almejam aplicar R$ 3,2 bilhões em diver-

sos perímetros irrigados no Semiárido dos

estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Mi-

nas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí e

Rio Grande do Norte. Como o governo,

no passado, implantou 58.528 ha de perí-

metros irrigados e, destes, hoje há 20.346

ha ociosos, houve a pressão por uma mu-

dança no modelo de implantação destes

perímetros. Até então, a sistemática era

de desapropriar as terras, implantar a in-

fraestrutura de irrigação de uso comum,

alienar os lotes agrícolas para os produto-

res e transferir a operação e manutenção

do perímetro para o Distrito de Irrigação,

gerenciado pelos produtores. Agora, com

Irrigar é preciso

Segundo o consultor e diretor da RPA Consultoria, Ricardo Pinto, ao considerar que as outras tecnologias para for te incremento de produção da cadeia sucroenergética somente estarão em largo uso comercial no final desta década, como cana transgênica e etanol de bagaço, resta dizer que somente a irrigação poderá incrementar a produção nos próximos anos, além de se plantar muita cana.

A irrigação pode in-crementar a produção

de cana no País

O Sistema de ALA MÓVEIS é um modelo de irrigação por aspersão móvel indicado para diversos cultivos. Pode ser operado com pouca mão-de-obra e também automatizado em algumas situações. ALAS MÓVEIS é versátil e modular, adaptando-se a diversos formatos e topografias de terrenos.Fabricado em alumínio de alta qualidade proporcionando longa durabilidade ao equi-pamento e alto valor residual.

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14 15

especial

14 + Especial Irrigação

o PISAB, pretende-se que haja a concessão

patrocinada ou administrativa (PPP) da

infraestrutura dos perímetros para o setor

privado por 25 anos, que será remunerado

pela tarifa de irrigação (ganhará a menor

em cada licitação de perímetro) e também

pela contraprestação pública”, explica.

Também deverá haver a Concessão do

Direito Real de Uso (CDRU) de 50 a 100

anos das terras do perímetro através de

licitação. Exige-se como contrapartida a

ocupação de toda a área produtiva do perí-

metro com, no mínimo, 25% do perímetro

sendo para pequenos produtores. Assim,

criou-se o conceito de uma empresa-ân-

cora que pode candidatar-se na licitação

a ocupar o perímetro.

Como ainda existem 20.346 ha a serem

ocupados nos perímetros já implantados

no Semiárido, bem como 70.475 ha em pe-árido, bem como 70.475 ha em pe-, bem como 70.475 ha em pe-

rímetros em fase de conclusão e 116.598

ha em perímetros a serem implantados, a

agroindústria canavieira é uma fortíssima

candidata para viabilizar este novo mode-

lo do governo federal. “A experiência de

sucesso da Agrovale, única usina brasilei-

ra com 100% de seus canaviais irrigados

de forma plena, que ocupa praticamente

95% do perímetro Tourão, em Juazeiro,

na Bahia, onde chove somente 400 mm

por ano, sugere esta estratégia. Penso que,

desta vez, o Brasil poderá colocar seu Se-

miárido como uma das regiões de maior

produtividade de cana do mundo”, vis-

lumbra Ricardo.

Ao avaliar os prós e contras do PAC

da Irrigação, Ricardo acredita que a ne-

cessidade de se ter 25% de terras para

pequenos produtores pode ser um em-

pecilho, afinal as áreas disponíveis em

cada projeto não são tão grandes quanto

demanda hoje a escala de uma nova usina.

“As novas usinas costumam ser projetadas

para processarem de 3 a 4 milhões de t

por ano. Se há perímetros irrigados que

totalizam 20mil ha para uma usina licitar

e se devemos separar 25% desta área para

pequenos produtores, que nem sempre são

comprometidos com as metas de produção

da usina, uma usina com 15 mil ha úteis

produziria ao ano por volta de 1,5 milhão

de t de cana por ano, inviabilizando sua

construção por falta de escala.” Ele tam-

bém acha que as usinas que se arrojarem

a se instalar nos perímetros irrigados de-

mandarão um padrão de financiamento

muito diferenciado dos atuais, haja vista

que farão um investimento em irrigação

em montante quase igual ao da aquisição

da indústria, fato que em outras regiões

do País inexiste.

Ferrero atenta que somente um aspec-

to deixa-o preocupado: quais critérios

que serão utilizados para a escolha dos

sistemas de irrigação a serem implanta-

dos e quem serão as empresas responsá-

veis pela elaboração dos projetos, sejam

eles hidráulicos, de solos ou de viabi-

lidade econômica. “Minha opinião é a

de que a partir do momento em que se

efetivamente decidir pelo plantio de ca-

na na região do semiárido brasileiro, to-árido brasileiro, to- brasileiro, to-

das as obras de infraestrutura (irrigação

e energia elétrica, principalmente) deve-

rão estar devidamente instaladas, assim

como os estudos dos solos para defini-

ção dos sistemas de irrigação mais apro-

priados. É de fundamental importância

que os critérios a serem utilizados para

a escolha dos sistemas de irrigação se-

jam de conhecimento público para que

haja transparência e, com isso possa ser

devidamente discutido e analisado para

que o sucesso do empreendimento seja

garantido”, ressalta.

Segundo Lopes, o projeto deve ter co-

mo ponto principal o uso de áreas que

hoje estão paradas, com infraestrutura

hídrica instalada. “Isso é um custo mui-“Isso é um custo mui-

to grande para o Brasil, as obras foram

feitas e por diversos problemas de ges-

tão não conseguimos explorar economi-

camente as áreas que têm um enorme po-

tencial produtivo. O que se deve buscar

é um novo modelo de gestão desses pe-

rímetros públicos para que a sociedade

receba os benefícios dos investimentos

que foram feitos”, finaliza.

PROJETO CANAPEDE ÁGUA

Ricardo esclarece que caso o Brasil pretenda atender às demandas doméstica e internacional projetadas para até 2020 de etanol e açúcar, terá duas alternativas. “Ou continua produzindo cana de sequeiro e aumenta seus canaviais em cerca de mais 6 milhões de ha ou, se irrigar apenas 15% de sua cana, poderá diminuir em mais de 50% a incorporação de novas áreas para plantio de cana. Isso porque estima-se que o Brasil irrigue hoje menos de 2% de seus canaviais, ao passo que os demais países produtores de cana que formam com o Brasil o clube dos dez maiores do mundo irrigam em média 30% de seus canaviais”, observa.Ele completa dizendo que justamente devido a magnitude que a irrigação de cana passa a ter para o Brasil neste momento, um grupo de empresas fabricantes de equipamentos para irrigação resolveu montar o Cana pede Água, um projeto sem fins lucrativos com o objetivo único de difundir os benefícios da irrigação da cana no País dentre os agentes do setor sucroenergético e da cadeia produtiva da cana, mostrando aos tomadores de decisão que ela é uma impor tante alternativa tecnológica para incrementar a produção de cana-de-açúcar do Brasil de forma sustentável. Gerenciado pela Consultoria RPA e patrocinado pelas empresas IrrigaBrasil, NaanDanJain, Raesa, Tigre e Valmont, que formam seu comitê gestor, o Projeto Cana pede Água, atuará através de uma agenda positiva com múltiplas ações para fomentar o uso sustentável de irrigação de cana com água no Brasil.

16 17

EM MEADOS DE 2020“Dado o momento atual de quebra de sa-

fra de cana do Centro-Sul e sua recupe-

ração morosa, que demandará pelo me-

nos mais três anos, acredito que o Brasil

deverá atingir o patamar de 3 bilhões de

l anuais de exportação de etanol somente

entre 2015 e 2016, patamar este que já

tinha ultrapassado em 2006. Creio que

este volume crescerá consistentemente

até um patamar próximo a 9 bilhões de

l anuais em 2020, quando então o Pa-

ís terá consolidado seu domínio nesta

commodity. Vale lembrar que o recorde

de exportações brasileiras de etanol, de

5,1 bilhões de l, alcançado em 2008, pe-

las nossas projeções somente será batido

em 2018.”

FROTA FLEX É GRANDE CONSUMIDORA“Acredito que em 2020, quando estiver

sobrando etanol. Acho que não sobra an-

tes porque a frota flex vai absorver boa

parte do etanol produzido no País.”

SEM EXCEDENTES SUFICIENTES“Grande exportador capaz de aproveitar todas as opor-

tunidades que estão surgindo seja no mercado ame-

ricano, seja no restante do mundo, infelizmente vai

demorar um pouco em função da forma como con-

seguimos expandir a produção. Vamos perder um

tempo recuperando nossas áreas agrícolas. Os in-

vestimentos em expansão de unidades existentes já

estão começando a acontecer, porém novos projetos

greenfield, que tem maturação longa, ainda carecem

de um cenário de longo prazo mais claro que dê mais

segurança aos empreendedores. Portanto, a oferta

deve continuar correndo atrás da demanda por vários

anos, não gerando excedentes suficientes para tornar

o Brasil novamente um grande exportador de etanol,

mas temos muita esperança que isto volte a acontecer

no longo prazo.“

FOCO NO MERCADO INTERNO“A exportação de etanol do Brasil é residual. Temos

um mercado interno muito mais importante. Devido

a falta total de transparência do governo, o setor não

cresce e está tendo que importar etanol. Então, eu não

vejo a exportação como um objetivo agora, o foco é o

mercado interno.”

Ricardo Pinto, diretor da RPA Consultoria

Plínio Nastari, consultor e diretor da Datagro

Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA

Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting

56 + Executivo 57 + Feicana – 1 página

fórum

18 19

tec. industrial

16 + Tec. Ind. Montagem de Usinas

Para atender o mercado de açúcar e etanol nos

próximos anos serão necessárias novas usinas.

Uma usina sucroenergética apresenta grandes di-

mensões, e seu processo de montagem e estrutura

merece atenção como qualquer outra construção.

Que o diga o pessoal do Grupo Jalles Machado

que investiu na implantação de uma nova unida-

de. A Unidade Otávio Lage/Codora, inaugurada em

setembro deste ano, em Goianésia, GO, difere-se

das demais por possuir particularidades indus-

triais através da utilização de tecnologias de última

geração. Entre elas, a instalação de desfibrador de

cana vertical alimentado por esteira de borracha e

não metálica; sistema de descarregamento de cana

preparado para limpeza a seco sem mesa alimenta-

dora de 45 graus; fermentação contínua preparada

para limpeza sem interrupção do processo, além

de utilização de sistema inteligente de hibernar

fermento; pré-evaporação com multirreboilers a

placas e processo 100% automatizado.

A Unidade Otávio Lage tem capacidade de moa-

gem de 1,5 milhão de t de cana por safra na primeira

fase (357 tc/h), podendo chegar até 2,5 milhões na

segunda fase (600 tc/h). A capacidade de produção

de álcool hidratado instalada é de 125 mil m³/safra.

A Codora Energia conta com uma capacidade total

instalada de 48 MW e geração de energia na safra

de 147 mil MWh/safra na segunda fase.

O processo de implantação de um empreendi-

mento do porte de uma unidade sucroenergética,

segundo o consultor Tércio Dalla Vecchia, da Reu-

nion Engenharia, deve seguir os mesmos passos

de qualquer projeto de grande porte, como etapa

de pré-implantação, etapa de implantação, etapa

pré-operacional e operação.

A etapa de pré-implantação implica no projeto

conceitual e estudos de pré-viabilidade, definição

do local de implantação, licenças ambientais e

legais e projetos básicos e validação dos estudos

de viabilidade.

“Durante esta etapa, todas as dúvidas e alterna-

tivas de investimentos devem ser criteriosamente

avaliadas e os recursos necessários devem estar

bem estabelecidos e suas fontes garantidas. A ân-

sia de ser rápido nesta fase inicial levou ao insu-

cesso de muitas implantações no passado. Custos

estourados por terem sido mal estudados, fontes

de recursos duvidosos que não se concretizaram

ou definição incorreta do processo de produção

são as maiores causas do insucesso”, alerta.

Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle de doenças/pragas/plantas infestantes (ex.: controle cultural, biológico etc) dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Para maiores informações referentes às recomendações de uso do produto e ao descarte correto de embalagens, leia atentamente o rótulo, a bula e o receituário agronômico do produto. Restrição no Estado do Paraná: uso temporariamente restrito para os alvos Indigofera hirsuta e Emilia sonchifolia. Produto registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob nº 02298.

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20 21

tecnologia industrial

18 + Tec. Ind. Montagem de usinas

tecnologia industrial

Na etapa de implantação deve constar o projeto detalhado,

que envolve todas as disciplinas de engenharia, inicia-se na de-

cisão de levar o projeto em frente e corre durante praticamente

toda a implantação do empreendimento.

A aquisição de equipamentos é uma fase que precisa ser bem

planejada, pois o prazo de entrega e montagem de alguns equi-

pamentos é crítico. “O planejamento das aquisições deve seguir

um cronograma físico financeiro adequado para evitar gastos

excessivos antecipados e para não adiar aquisições que podem

estar no caminho crítico da implantação”, observa.

A etapa de implantação contempla o canteiro de obras, terra-

planagem e acessos, fundações, obras civis e de infraestrutura,

execução dos edifícios industriais, montagem das estruturas me-

tálicas, montagens mecânicas dos equipamentos, montagem das

interligações, montagens elétricas e de automação, construção

das edificações auxiliares (escritórios, refeitórios, ambulatório

etc), acabamentos e pavimentação e paisagismo.

A etapa pré-operacional engloba treinamentos, comissiona-

mento, testes pré-operacionais, sopragem de linhas e testes com

água ou em branco e testes com produtos. Já a operação posta

em marcha acusa a aceitação do projeto.

Todo projeto (no sentido de empreendimento) tem sempre

um começo, um meio e um fim. Depois de aceito, ou seja, após

cumprir os requisitos de desempenho, o projeto é considerado

terminado e inicia-se a atividade operacional.

Durante toda a implantação são necessárias numerosas ativi-

dades que envolvem logística, inspeções, armazenamento, segu-

rança pessoal, patrimonial, ambiental, acompanhamento finan-

ceiro e departamento de recursos humanos ágil e competente.

Marcelo de Carvalho, gerente de Projetos da MJG Engenha-

ria, lembra que o processo inicia-se com estudo do local para

aquisição da área a ser construída e áreas próximas de plantio

de canaviais. “Depois vem o projeto básico executivo que deve

ser apresentado aos órgãos federais e estaduais para que possa

ser concedida a licença ambiental para instalação da nova in-

dústria. Após a liberação dos órgãos competentes dá-se início

aos processos de engenharia e projeto nos âmbitos das constru-

ções civis, mecânica, elétrica e instrumentação necessária para

início das obras”, explica.

No entanto, é necessário dar atenção especial a apresentação

do projeto junto aos órgãos competentes de licença ambiental, e

também estudar sobre a viabilidade do local onde a usina será

implantada. “Esse é o primeiro passo a ser dado”, menciona.

Para Renê Fernando Surjus, diretor da Camoi, é imprescin-

dível ter um bom planejamento da montagem e construção de

uma usina para não ser pego de surpresa no decorrer da obra.

“Quando eu falo bom planejamento é fazer uma boa análise

de solo, para fazer as previsões adequadas de solicitação de

peso e de carga que vão exigir fundações mais fortes ou não.

E isso em todas as etapas. Um bom planejamento é essencial

e evita retrabalho, que é quando se começa a perder tempo e

a atrasar a obra e começa a perder dinheiro”, destaca.

Esse cuidado não deve ser ignorado, pois o mercado pro-

mete. Especificamente em usina de açúcar e álcool existe

uma demanda crescente muito grande, por conta da queda

da barreira comercial americana, no fato de que os EUA pro-

vavelmente são um comprador do etanol brasileiro no futuro,

o que indica que teremos que aumentar a produção de etanol

que hoje está voltada para o mercado interno. Sem falar no

açúcar que está com valor crescente no mercado. “Existem

alguns estudos, sem citar fontes, que até 2020 são necessá-

rias mais de 100 usinas, fora melhoria do processo produtivo

no campo e aumento de produtividade. Na parte de açúcar e

álcool, as perspectivas são muito grandes. O que a gente está

sentindo na Camoi é falta de recurso financeiro por parte das

empresas e dos empresários para fazer as ampliações, não só

em usinas, mas no geral. Parece que o dinheiro está escasso,

o juro está alto. O governo vai ter que dar algum plano de

auxílio para baixar juro e voltar a injetar dinheiro no merca-

do”, reitera Surjus.

Ele salienta ainda que os grandes players vão continuar

a vir para o Brasil. “Há seis anos, as usinas que estavam nas

mãos de grupos estrangeiros eram muito poucas. Acho que

hoje, em termos de moagem, cerca de 50% estão nas mãos de

estrangeiros e a tendência é continuar, as empresas se unindo,

vindo empresas estrangeiras e principalmente as empresas de

petróleo. Elas estão entrando forte, a BP (British Petroleum)

Unidade Otávio Lage e Codora Energia apresentam par ticularidades industriais com tecnologias de última geração

Segundo Carvalho, o processo de montagem de uma usina inicia-se com o estudo do local para aquisição da área a ser construída e áreas próximas para o plantio de canaviais.

O consultor Dalla Vecchia defende que é necessário, na etapa dos projetos conceituais e básicos, esgotar todas as al ternativas, usando-se o tempo que for necessário para definir as Bases do Projeto, na qual a al ternativa defini tiva será elei ta. Isso serve para que não ocorra mudanças traumáticas no projeto.

Sem traumas

entrou, a Petrobrás entrou, a Shell e outras.”

AMPLIAÇÕES Em qualquer estágio pode-se modificar a estrutura de uma

usina, ampliando-a ou diminuindo-a, entrar com novos equi-

pamentos, mudar processos. “Normalmente isso ocorre, mas a

tendência é que ocorra cada vez mais quando o planejamento

não é bem feito. O que acontece é que muitas vezes você tem

que casar equipamentos fabricados por fornecedores diferentes

e não há uma boa sinergia entre essas empresas e existe dificul-

dade de montagem no campo, as ligações entre elas não são de

acordo. Aí começam os retrabalhos por falta de planejamento.

Geralmente quando se faz modificação na planta original, no

processo, é porque não houve um bom planejamento, um bom

acompanhamento”, lembra Surjus.

“Após o início das obras o projeto inicial pode sofrer várias

modificações para atender as necessidades da obra. Quando da

mesma em operação poderá sofrer modificação para aumento

de produtividade sendo realizados ampliações nos diversos se-

tores do processo”, pontua Carvalho.

No entanto, Dalla Vecchia defende que não deve haver mu-

danças. “Se for imprescindível fazê-las, o empreendimento,

com certeza, será prejudicado em custo, prazo e, eventualmen-

te, em qualidade. Por isso é necessário que, na etapa dos proje-

22 23

tecnologia industrial

20 + Tec. Ind. Montagem de usinas

tecnologia industrial

tos conceituais e básicos, se esgotem todas

as alternativas, usando-se o tempo que for

necessário para definir as Bases do Projeto,

na qual a alternativa definitiva será eleita.

Daí para frente, as mudanças serão sempre

traumáticas”, argumenta.

De acordo com Surjus, o tempo de mon-

tagem de uma usina depende do recurso

financeiro. “É possível montar uma usina

no campo, com todos os equipamentos, em

um prazo de seis meses com bastante re-

curso financeiro. Mas um prazo seguro é

entre nove e 12 meses”, diz. Carvalho com-

plementa dizendo que pode levar de 12 a

16 meses , dependendo do porte da usina.

O consultor da Reunion destaca que

existem alguns prazos essenciais em um

empreendimento deste porte. “As licenças

ambientais, sem as quais não se começa

nenhuma intervenção no terreno, podem

demorar mais de um ano, dependendo do

Estado, do local, das exigências do meio

ambiente e outros fatores. Depois das li-

cenças obtidas e dos recursos garantidos, o

prazo normal é de 24 meses. Considerando

apenas as obras, já tivemos casos de usinas

que concluíram todo o trabalho (da terra-

plenagem ao primeiro litro de álcool produzido) em menos

de um ano”, esclarece.

Geralmente, a montagem de uma usina se dá fora do pe-

rímetro urbano da cidade. Sendo assim, a logística para a en-

trega de materiais e equipamentos é um problema bastante

sério porque muitas usinas são instaladas em locais bastante

afastados dos centros produtores de equipamentos. Muitas

vezes os acessos são por estradas de terra de pouca quali-

dade. “O risco de um equipamento ser danificado durante o

transporte é alto e, às vezes, pode comprometer a implantação

quando se tratar de um equipamento chave, como um turbo

gerador. Apenas o seguro do frete não resolve, pois o atraso

causa um prejuízo muito maior do que o valor do equipamen-

to. Daí a importância de ter transportadoras absolutamente

confiáveis para os equipamentos mais caros e importantes.

Um bom almoxarifado bem organizado, seguro e protegido

de intempéries e um ótimo planejamento de suprimentos são

essenciais. Já vi várias vezes um avião decolar rumo a Pira-

cicaba ou Sertãozinho, em SP, para trazer peças que faltaram

em algum lugar crítico”, afirma Dalla Vecchia.

Surjus lembra que os equipamentos são muito caros e pe-

sados. As dificuldades, segundo ele, estão nas movimentações

verticais e horizontais, na execução dos

trabalhos, na execução das soldas, das

inspeções dos serviços, nos alinhamen-

tos de todos os equipamentos. “Isso é um

grande somatório. Se para cada um você

tiver um pequeno erro, é complicado. Na

somatória não se pode ter um erro mui-

to grande.”

CRONOGRAMAO cronograma, de acordo com Dalla

Vecchia, é peça fundamental no controle

de todas as atividades da implantação do

projeto. Para ele, os seguintes passos são

fundamentais:

- Elaboração de um cronograma realista e

exequível: é comum os cronogramas se-

rem apertados apenas para atenderem

uma demanda imposta, mesmo saben-

do que é inexequível;

- Comprometimento de todos os envolvi-

dos no cumprimento do cronograma: as

pessoas precisam acreditar, concordar e

se comprometer com as datas e eventos

assumidos;

- Ações antecipativas: é necessário

dispor de uma análise diária do crono-

grama com medições objetivas (metros instalados, quilos en-

tregues, etc.) do andamento das atividades e poder (recursos)

para adotar medidas para corrigir os rumos antes que se faça

tarde demais. Muitas vezes, a falha é detectada, mas a equipe

não tem poder para tomar atitudes que possam recolocar a

obra nos prazos e, aí, não adianta nada;

- Evitar retrabalhos: fazer da primeira vez de forma correta

é a melhor maneira de evitar atrasos na implantação da

usina. Refazer é ineficiente, caro e normalmente o resul-

tado não é adequado.

Embora muito se fale sobre o aumento de canaviais, o

mercado de montagem e estrutura de usinas deve acom-

panhar o crescimento dos canaviais. Não há sentido inves-

tir no parque industrial se não há cana. “Desta forma, os

planejamentos - agrícola e industrial - devem correr jun-

tos, sendo que o industrial sempre deve ter um atraso em

relação ao agrícola. Hoje há uma busca pela recomposição

dos canaviais e assim espera-se um grande número de ins-

talações (implantações e ampliações que, na nossa lingua-

gem, são chamados de “greenfields” e “revamps”)”, afirma

Dalla Vecchia.

Vale salientar que o principal cuidado ao montar uma

usina é durante a fase de planejamento e projeto. Esta fase

deve ser levada a cabo por gente experiente e competente.

"Alguns investidores trazem empresas de projetos e planeja-

mento fora do setor, acreditando que, pelas suas dimensões,

elas darão conta do recado, o que não é verdade. Na prática,

se vê aumento desnecessário de custos e duvidosa credibi-

lidade nos resultados", lembra.

Carvalho acredita que é preciso levar em conta a sus-

tentabilidade do local, tais como área de plantio, local para

descarte de efluentes, transporte dos produtos instalando-se

perto de hidrovias, ferrovias e rodovias de fácil escoamento

do produto ao mercado.

Dalla Vecchia atenta que a seleção dos equipamentos

deve ser feita sempre em base econômica. “Os equipamen-

tos principais devem ser definidos logo no início do proje-

to, pois, do tipo escolhido, dependerão todos os balanços

materiais e energéticos e, portanto, todos os demais itens.

Entretanto, há muita paixão na escolha destes itens. A es-

colha é influenciada pela experiência anterior dos técnicos

envolvidos no projeto, incluindo relacionamento com for-

necedores de equipamentos. O ideal é que a escolha seja

feita numa comparação realista de custos, o que muitas ve-

zes não é fácil”, sugere.

Vários profissionais são envolvidos para a montagem

de uma usina. As equipes são multidisciplinares e alter-

nam-se ao longo da montagem da usina, como também

o contingente de pessoas segue uma curva que aumenta

aos poucos no começo da obra, chega a um pico, e depois

cai lentamente no decorrer dos últimos serviços. “Em

épocas de pico pode-se chegar a ter mais de mil pessoas

trabalhando na obra”, enfatiza Dalla Vecchia.

Operários da construção civil, montadores mecâni-

cos, soldadores, operadores de máquinas e guindastes,

topógrafos e engenheiros são encontrados na obra. As

equipes de apoio, que se encarregam da alimentação,

hospedagem, segurança patrimonial e pessoal, serviços

sociais e assistência médica, permanecem na obra des-

de o início até o final. O pessoal de recursos humanos,

administradores, facilitadores e outros também ficam

perto da obra.

“Equipes de engenharia de campo e de escritório estão

sempre presentes. Geólogos, biólogos, engenheiros de to-

das as modalidades, arquitetos e advogados são envolvidos

na implantação em alguma fase da mesma”, finaliza.

Escolha racional de equipamentos

Os equipamentos principais devem ser definidos logo no início do projeto, pois, do tipo escolhido, dependerão todos os balanços materiais e energéticos e, por tanto, todos os demais i tens. Entretanto, há muita paixão na escolha destes i tens. A escolha é influenciada pela experiência anterior dos técnicos envolvidos no projeto, incluindo relacionamento com fornecedores de equipamentos. O ideal é que a escolha seja fei ta numa comparação realista de custos, o que muitas vezes não é fácil.

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24 25

tec. agrícola

22 + Tec. Agr. Micronutrientes

tecnologia agrícola

Otávio Zurk

Em razão dos baixos teores no

solo de práticas culturais que di-

minuem a sua disponibilidade e

importância na nutrição da cana, o

fornecimento adequado de micro-

nutrientes tornou-se fundamental

para o aumento de produtividade.

As funções que os micronutrien-

tes desempenham justificam esse

aumento de produtividade. Isso

porque participam de funções vi-

tais no metabolismo das plantas,

principalmente como ativadores

enzimáticos de processos metabó-

licos e/ou fenológicos, indutores de

resistência a pragas e doenças e na

qualidade de matéria-prima.

FUNÇÕESBoro (B): O boro é responsável pelo

desenvolvimento de raízes e trans-

porte de açúcares. A função fisio-

lógica do boro difere dos outros mi-

cronutrientes, pois este ânion não

foi identificado em nenhum com-

posto ou enzima específica. Entre

as principais funções atribuídas a

este micronutriente está o metabo-

mente no palmito. Este elemento concen-

tra-se principalmente nos tecidos meris-

temáticos.

Molibdênio (Mo): responsável por au-

mentar a eficiência da nutrição ni-

trogenada e a produção de sacarose.

É essencial para o metabolismo do

nitrogênio em plantas que utilizam

como fonte deste nutriente o nitrato

do solo e/ou nitrogênio atmosférico

proveniente da chamada fixação bio-

lógica por bactérias dizotróficas asso-

ciadas à planta. A cana-de-açúcar, de-

vido à possibilidade de recebimento

das duas fontes de N, conclui-se que o

Mo é fator de produção desta cultura,

pois o seu fornecimento adequado é

necessário para que a elevada deman-

da de N seja atendida.

DEFICIÊNCIASBoro (B): os sintomas leves de defici-

ência deste micronutriente mostram

pequenas estrias cloróticas e aquo-

sas no espaço internerval das folhas

lismo de carboidratos e transporte

de açúcares através de membranas;

síntese de ácidos nucléicos (DNA

e RNA) e de fitohormônios; forma-

ção de paredes celulares e divisão

celular.

Zinco (Zn): O zinco potencializa a

produção do hormônio de cresci-

mento (auxina) devido à sua fun-

ção na ativação das enzimas sin-

tetase do triptofano e metabolismo

de triptamina. É constituinte da ál-

cooldesidrogenase, desidrogenase

glutâmica, anidrase carbônica etc.

Se concentra nas zonas de cresci-

mento devido à maior concentração

auxínica.

Cobre (Cu): O cobre é elemento im-

portante na fotossíntese, atuando

no transporte eletrônico via plas-

tocianina. Na respiração, atua na

oxidação terminal pela oxidase do

citrocromo. Também aumenta a re-

sistência às doenças e age na sín-

tese protéica. Na distribuição do

cobre nos diversos órgãos da cana-

-de-açúcar, observa-se acúmulo

no palmito em quantidades mui-

to maiores que nos demais órgãos.

Evans, 1916, citado por Malavolta

(1980) mostrou que naquele tecido

existe atividade muito alta de poli-

fenoloxidase, uma enzima ativada

pelo Cobre.

Manganês (Mn): O manganês tem

grande importância na fotossínte-

se, por estar envolvido na estrutu-

ra, funcionamento e multiplicação

de cloroplastos, além de realizar

o transporte eletrônico. Realiza

também a ativação enzimática de

algumas desidrogenases, descar-

boxilases, quinases, oxidases e pe-

roxidases. Nota-se grande quanti-

dade de manganês nas zonas de

crescimento da planta, principal-

26 27

tecnologia agrícola

jovens. As áreas cloróticas podem

evoluir para a necrose e o cresci-

mento irregular do limbo foliar ten-

de a causar enrugamento em algu-

mas bandas.

Nos casos mais severos, os sintomas

evoluem para a necrose das folhas,

encurtamento do limbo foliar e ne-

crose do tecido meristemático in-

tercalar, causando os sintomas de

necrose interna de espiral no caule,

próximo ao meristema apical.

Têm-se também folhas torcidas;

lesões translúcidas; plantas novas

com muitos perfilhos; folhas tendem

a ficar quebradiças; folhas do car-

tucho podem ficar cloróticas e mais

tarde necróticas; sintoma da defici-

ência semelhante ao dano causado

por herbicidas; clorose nas pontas e

margens das folhas novas progredin-

do da base para a ponta da lâmina foliar;

por fim, a clorose estende-se às folhas

mais velhas, e torna-se necrose; pontas

das folhas podem ficar severamente quei-

madas.

Zinco (Zn): Em solos deficientes em zin-

co, as plantas de cana-de-açúcar ao ger-

minarem apresentam pequeno alonga-

mento do palmito, com tendência das

folhas saírem todas do vértice foliar na

mesma altura, formando o sintoma de “le-

que”. Em plantas com mais de seis me-

ses, observa-se ligeiro encurtamento nos

entrenós, clorose internerval e amarele-

cimento mais acentuado da margem pa-

ra a nervura central, quando junto a ela

normalmente a lâmina se mantém verde.

Formam-se estrias cloróticas na lâmina

foliar, e uma faixa larga de tecido cloró-

tico de cada lado da nervura central, mas

não se estendendo à margem da folha,

exceto em casos severos de deficiência.

Cobre (Cu): Pequeno desenvolvimento

da planta, encurtamento dos entrenós,

folhas cloróticas e difícil aparecimento

de folhas novas; folhas se curvam para o

solo “topo-caído”, pois colmos e meriste-

mas perdem a turgidez, e em casos mais

agudos ocorre clorose foliar dividida em

pequenos retângulos (não confundir com

28 29

tecnologia agrícola

26 + Tec. Agr. Micronutrientes 27 + CHB – 1 página

sintoma de mosaico da cana).

Nas áreas deficientes, com frequência

formam-se reboleiras de área variável,

com folhas verticiladas, formando o sin-

toma de leque e a presença de manchas

verdes nas folhas. Quando a deficiência

é severa, as folhas descoloridas se tornam

mais finas e enroladas.

Manganês (Mn): as plantas deficientes

desse elemento apresentam clorose in-

ternerval convergente com a nervura cen-

tral. As áreas cloróticas podem evoluir

para estrias necróticas. A clorose tende

a atingir apenas parte do limbo foliar, lo-

calizando-se no ápice ou base da folha, e

a lâmina foliar tende a ser mais estreita.

Molibdênio (Mo): ocorrem pequenas es-

trias cloróticas longitudinais, começando

no terço apical da folha. As folhas mais

velhas secam prematuramente do meio

para as pontas.

FATORES ASSOCIADOS À DEFICIÊNCIA

Tem-se verificado aumento na ocor-

rência de deficiência de micronutrientes

pelos seguintes motivos principais:

- baixo teor original destes nos solos; em

destaque, solos derivados de arenitos

e também com baixos teores de maté-

ria orgânica.

- práticas corretivas: Calagem e adubação

fosfatada diminuem a disponibilida-

de dos micro metálicos, já gessagem

de MoO42-.

- aumento da colheita de cana crua, au-

mentando a palhada, e consequente-

mente a matéria orgânica, a qual for-

ma complexos estáveis com o cobre.

- uso de novas variedades com alto poten-

cial de produtividade e maior extração

de micronutrientes.

FORNECIMENTO ADEQUADO DE MICRONUTRIENTES

Os micronutrientes podem ser forne-

cidos de maneiras diversas, mas a aplica-

ção via solo na formulação sólida N - P2O5

- K2O tem vantagem por ter maior efeito

residual dos micronutrientes, com exce-

ção do B, o qual deve ser aplicado anual-

mente, em função de seus teores no solo.

CANA PLANTA A - Via Solo

a1 - Adubação Sólida

É importante ressaltar que os micro-

nutrientes devem estar agregados à fonte

de P2O5, ou revestindo todos os grânulos

N - P2O5 - K2O. Isso garante maior unifor-

midade na aplicação dos micronutrien-

tes, e maior solubilidade dos mesmos.

Na tabela 2 é possível perceber os re-

sultados da aplicação de zinco na cana-

-de-açúcar.

As quantidades fornecidas de Zn e Cu

são suficientes para cerca de cinco cor-

tes, não sendo necessário a sua aplicação

em cana soca, pois esses nutrientes têm

contato com a raiz por difusão (fixação).

Quanto ao B, o mesmo deve ser aplicado

em todo o corte, uma vez que o mecanis-

mo é por fluxo de massa (alta absorção

e lixiviação), principalmente quando o

solo estiver com teores menores do que

0,6 mg/ dm3.

a2 - Via solo - adubação fluída

No caso de unidades que produzem

30 31

tecnologia agrícola

28 + Tec. Agr. Micronutrientes

tecnologia agrícola

adubos fluidos, os micronutrientes po-

dem ser adicionados às formas de ma-

cronutrientes. Utilizando para B, de-

ve-se usar ácido bórico, e para micros

metálicos sais de sulfato, produtos que-

latizados, fosfitos, ácidos húmicos e fúl-

vicos.

B) Via folha

Quando for aplicado N via foliar, o

Mo deve acompanhá-lo em virtude da

participação de dois sistemas enzimá-

ticos (nitrogenase e redutase do nitra-

to), diretamente ligados ao metabolis-

mo do N.

A dosagem de N é na faixa de 15 a 20

kg/ha e a de Mo na faixa de 150 a 200 g/

ha, podendo-se sugerir, por exemplo, a

formulação 26-00-00 + 0,26% Mo. Ge-

ralmente essas aplicações são realizadas

na produção de mudas ou quando o ca-

navial possui alto potencial produtivo,

em seu fechamento (meses de novem-

bro/dezembro).

C) Via muda (tolete)

É possível realizar a aplicação con-

junta com defensivos (desde que haja a

compatibilidade destes, com as fontes

de micronutrientes na operação de co-

brição da muda. As dosagens e fontes

normalmente utilizadas são de 300 a 350

g/ha de B (ácido bórico), 750 g/ha de Zn

e 400 g/ha de Cu (sais, quelatos, ácidos

húmicos e fúlvicos ou fosfitos).

D) Via Herbicida

Em cana soca aplicar principalmen-

te o boro, devido ao seu mecanismo

de contato com a raiz ser por fluxo de

massa (altamente móvel no solo), sen-

do uma das opções conjuntamente com

o herbicida na dosagem de 0,75 kg/ha

de B, equivalente a 4,5 kg/ha de ácido

bórico.

PARÂMETROS PARA RECOMENDAÇÃO DE MICRONUTRIENTES

Os principais parâmetros para reco-

mendação de micronutrientes na cana-

-de-açúcar são diagnose visual (sinto-

ma de deficiência), diagnose foliar (teor

de nutrientes na folha), análise de solo

(estoque de nutrientes no solo) e po-

tencial de produtividade (necessidades

da planta).

A adubação começa com as análi-

ses de solo e de folha, continua com as

práticas corretivas (calagem, gessagem,

fosfatagem), práticas conservacionis-

tas (adubação verde, manejo do mato),

utilização de co-produtos de indústria,

quando disponíveis, e termina com a

aplicação do fertilizante mineral, sendo

a aplicação de micronutrientes a última

etapa do processo produtivo. Assim, o

uso adequado de micronutrientes po-

tencializa a produtividade, a qualidade

e resistência à pragas e doenças.

APLICAÇÃO DE MICRONUTRIEN-TES EM USINAS

O Laboratório do IAC (Instituto

Agronômico de Campinas), após anali-

sar um grande número de solos de áreas

produtoras de cana-de-açúcar, concluiu

que esses canaviais possuíam teores ex-

tremamente baixos de micronutrientes.

Associado à baixa produtividade do ca-

navial, esse fato motivou o início de

um projeto o qual recebeu o nome de

“Micronutrientes em Cana-de-Açúcar”.

O projeto foi coordenado pelos pes-

quisadores José A. Quaggio e Estevão V.

Mellis, do Centro de Solos e Recursos

Ambientes do IAC, com apoio finan-

ceiro da Fapesp (Fundação de Ampa-

ro a Pesquisa do Estado de São Paulo),

junto com 13 unidades produtoras de

açúcar e álcool do Estado de São Pau-

lo: Usina Branco Peres, Usina Moema,

Usina Batatais, Usina São João, Usina

da Pedra, Usina Nova América, Usina

Cocal, Usina Guaíra, Usina Colorado,

Grupo Virgolino Oliveira (Unidades Jo-

sé Bonifácio e Itapira), Usina Guarani,

Usina Vista Alegre e Grupo Cosan (Uni-

dade Costa Pinto).

O objetivo do projeto foi avaliar a

resposta da cana-de-açúcar à aduba-

ção com micronutrientes em solos de

baixa fertilidade. Foram instalados 15

Segundo Zurk, os micronutrientes par ticipam de funções vitais no metabolismo das plantas

ensaios entre os anos de 2006 e 2008,

utilizando doses mais elevadas, que

seriam suficientes para três a quatro

anos, aplicando fontes solúveis dos

micronutrientes. Os ensaios foram

montados em diferentes ambientes

de produção das regiões canavieiras

do Estado de São Paulo.

Para os micronutrientes cobre,

manganês e zinco foram utilizados

como fonte sulfatos, para o boro foi

utilizado bórax e para o molibdênio,

molibdato de amônio. Os ganhos mais

expressivos de produtividade em cana-

-planta foram para o zinco, molibdênio

e manganês. Para o zinco, proporcio-

nou ganho de produtividade de 17%

em média em relação ao tratamento que

não houve aplicação dos micronutrien-

tes, e para o molibdênio e manganês,

proporcionaram ganhos médios de 14%

e 12%, respectivamente.

A aplicação de zinco no sulco de

plantio proporcionou, em média, lu-

cro de R$ 567 por ha na primeira safra.

Com a agregação do processo indus-

trial, o incremento de receita foi de R$

2455 em açúcar ou de R$ 953 em etanol

por ha de cana plantada. Considerando

os ganhos nos próximos cortes, o retor-

no econômico será ainda mais elevado.

Em relação aos tratamentos de co-

bre e molibdênio, o aumento de pro-

dutividade de cana-planta não apre-

sentou grande lucratividade. Quando o

incremento é estimando a produção de

açúcar e etanol, mostra-se mais vanta-

joso em relação à testemunha. O estudo

afirma a necessidade de mais estudos

com os micronutrientes em cana-de-

-açúcar que possibilitem estabelecer

recomendações de adubação mais pre-

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32 33

tecnologia agrícola

31 + Cana pede água - 1 página

cisas para esses nutrientes.

O ganho de produtividade proporcio-

nado pela aplicação dos micronutrientes

é de importância maior do que a rentabi-

lidade da cultura, pois a demanda eleva-

da por etanol leva ao aumento das áreas

maior eficiência logística de transporte

por unidade de produção.

* Graduando de Engenharia Agronômica na Esalq/USP (Escola Superior de Agricul-tura Luiz de Queiróz da Universidade de São Paulo) e estagiário do Gape (Grupo de Apoio à Pesquisa e Ex tensão).

ocupadas pela cana-de-açúcar. O uso dos

micronutrientes elevando a produtividade

da cana-de-açúcar pode ser uma alterna-

tiva para diminuir a expansão na busca

de suprir a demanda de etanol. A aplica-

ção dessa tecnologia também proporciona

34 35

32 + Tec. Ag. Enfardadoras

tecnologia agrícola

33 + Tec. Ag. Enfardadoras + Movequip ½ página

O que significa mais palha nos canaviais.

No entanto, ela sai da posição de resí-

duo incômodo para a posição de resíduo

ouro e traz a possibilidade de aumento de

capacidade e eficiência energética nas usi-

nas.

Hoje, de toda biomassa produzida por

um canavial, a palha representa 39%. De

acordo com o professor titular da Esalq/

USP (Escola Superior de Agricultura Luis

de Queiroz, da Universidade de São Pau-

lo), Tomaz Caetano Cannavam Ripoli, em

média, 1 ha de cana fornece de 18 a 32 t/

ha de palhiço (base peso úmido) ou de 6

a 11 t/ha com base em peso seco (cerca de

dez dias após colheita mecânica).

“Uma tonelada de palhiço (peso seco)

tem um equivalente energético da ordem

de 1,2 a 2,1 barris de petróleo. Então seria

um absurdo não aproveitar tal potencial.

Há mais de 15 anos preconizo o uso da

palha da cana como agregação de valor. O

palhiço é uma das melhores biomassas pa-

ra cogeração, se comparado com outros re-

síduos de colheita de outras culturas (pa-

lhas de grãos em geral). Sem dúvida, será

um enorme fator de agregação de valor. E

não apenas para cogeração. Com a chega-

da do etanol de segunda geração, será uma

matéria-prima importantíssima, se não for

a principal”, enfatiza.

José Guilherme Perticarrari, coordena-

dor de Engenharia Agrícola do CTC (Cen-

tro de Tecnologia Canavieira) e Marcelo

Almeida Pierossi, especialista em Tecno-

logia Agroindustrial da Coordenadoria de

Engenharia Agrícola do CTC, explicam

que a quantidade de energia em um col-

mo de cana-de-açúcar está disponibiliza-

da da seguinte maneira: aproximadamente

1/3 encontra-se no caldo (convertido em

açúcar ou etanol), 1/3 encontra-se no baga-

ço (convertido em energia térmica para o

processo e/ou geração de energia elétrica)

e 1/3 encontra-se nas folhas que são dei-

xadas no campo após a colheita ou quei-

madas para a colheita manual.

“Por isso ao utilizarmos a palha esta-

remos disponibilizando uma energia adi-

cional que poderá ser convertida em ener-

gia elétrica sem necessidade de alterações

nas caldeiras atuais de bagaço, necessi-

tando somente de um processamento pa-

ra a adequação do tamanho da partícula”,

afirmam.

PALHA X BAGAÇO Muito ainda se discute a respeito da co-

geração através do palhiço. Alguns ainda

acreditam que acertos deverão ser feitos

a fim de que esta matéria-prima tenha a

mesma eficiência que o bagaço da cana.

Perticarrari e Pierossi explicam que o

O avanço da colheita mecanizada, pro-

piciada pela proibição da queima da cana,

causou mudanças não só no cenário social,

com o fim do corte manual, como também

nos canaviais, com o aumento da quantida-

de de palha disponível no solo. Isso poderia

ser um grande problema ao contribuir com

o aumento de algumas espécies de pragas,

se não fosse a sua utilização para a cogera-

ção de energia.

A atividade de recuperação do palhiço

da cana não é algo novo. Vem crescendo

nos últimos anos e deve continuar com um

crescimento exponencial, segundo alguns

especialistas. Em outros estados brasileiros,

onde projetos de expansão no setor estão

se intensificando, as secretarias ambientais

passaram a exigir, como um dos requisitos

para aprovação dos mesmos, que as plantas

contemplem 100% de colheita mecanizada.

O mercado já oferece ao setor sucroenergético novas tecnologias para enfardamento da palha da cana-de-açúcar, uma das melhores biomassas para cogeração de energia. As máquinas trazem o concei to de tornar o processo mui to mais eficiente e produtivo, garantindo aumento da capacidade energética das usinas

tec. agrícola

36 37

tecnologia agrícola

34 + Tec. Ag. Enfardadoras

tecnologia agrícola

35 + Tec. Ag. Enfardadoras + Anhembi 1/3 página

Figura 1

bagaço queimado atualmente nas caldei-

ras chega a custo zero para as usinas e

por isso não pode ser comparado à palha.

Entretanto, caso a usina necessite de ba-

gaço adicional, que às vezes precisa ser

buscado no mercado, é necessário um es-

tudo individual para verificar qual opção

é a mais viável economicamente. “Neste

estudo deve ser considerado o custo do

bagaço, o seu frete e o poder calorífico da

palha que, por ser seca em condições de

campo, possui uma umidade em torno de

15%, conferindo um poder calorífico de

3.100 kcal/kg contra 1.700 kcal/kg do ba-

gaço com 50% de umidade”, salientam.

Ripoli diz que tem visto nas usinas que

o palhiço é misturado ao bagaço (meio a

meio), a fim de ocorrer melhor eficiência

de queima e evitar contrafogo na caldeira.

“Tanto no bagaço como no palhiço, pre-

domina a celulose, assim, quimicamente

eles são muito parecidos. O importante é

compatibilizar a caldeira para receber tais

materiais.”

Falando em números, o engenheiro

agrônomo e responsável por Produtos da

Kuhn, Jean-Sébastien Salaud, diz que o

custo do bagaço na entrada da caldeira se

torna teoricamente mais barato que o pa-

lhiço, passando pelo recolhimento a cam-

po e o transporte até a usina. “Porém, o

palhiço possui um teor de umidade bai-

xo, o que lhe confere um poder calorífico

superior. Além disso, a retirada da palha

traz uma série de vantagens.”

Samir Fagundes, especialista em Ma-

rketing da New Holland, acredita que as

fontes são diferentes, mas uma não anula

a outra. Dentro do estudo feito pela New

Holland em parceria com o CTC, o custo

para produzir um MW/h com a palha da

cana-de-açúcar é de R$ 45 a R$ 60, varian-

do de acordo com a distância entre o ca-

navial e a usina. “Queremos abaixar para

um valor em torno de R$ 42. De acordo

com a Aneel (Agência Nacional de Energia

Elétrica), o processo de geração de bioele-

tricidade, por exemplo, é R$16,65/MW/h.

Mais barato do que a produção de energia

hidrelétrica.”

Hoje a quantidade de palha restante no

solo por conta da colheita mecânica é, em

média, de 15 t por ha, um grande potencial

que pode ser utilizado pelas usinas.

Mas quanto poderia ser retirado de pa-

lha para cogerar? Ripoli recomenda que se

retire 50%, para que o restante fique sobre

o solo a fim de:

- Melhorar a relação C:N do solo;

-Diminuir a amplitude térmica do solo

(noite e dia);

- Diminuir a evaporação de água;

- Controlar parcialmente ervas daninhas

(menor uso de herbicidas);

- Servir de alimento a biota do solo (ma-

cro e micro);

- Controlar parcialmente o ataque de ci-

garrinhas.

“Basta ver o resultado da figura 1. O

gráfico mostra a diferença de atividade

microbiológica em solo de mata natural e

em solo com cana. Com cana, observamos

que há pelo menos quatro vezes menos ati-

vidade. A baixa atividade microbiológica

dificulta a absorção do fertilizante pela

cultura”, explica.

Perticarrari e Pierossi acreditam que ao

se determinar a quantidade de palha a ser

recolhida ou deixada no campo, devem-

-se levar em conta os aspectos de clima

e solo presentes em cada região. “O CTC

vem desenvolvendo estudos agronômicos

e fitossanitários nesta área desde a déca-

da de 90. Atualmente temos refinado mais

estas pesquisas, uma vez que o interesse

econômico para o aproveitamento energé-

tico da palha pressiona bastante a retirada

da palha do solo”, salientam.

De acordo com Fagundes é indicado re-

colher entre 25% e 50% do total da palha

gerada. A quantidade varia em função das

condições climáticas e do solo, visto que

a palha da cana é de suma importância

para a cultura. “Locais mais secos preci-

sam de mais palha no solo, para manter a

umidade da terra. Solos com menos ma-

téria orgânica também. Em outros casos,

no inverno, muita palha pode atrapalhar

o crescimento da cana.”

Salaud diz que, de acordo com as con-

dições climáticas e o tipo de solo, pode se

retirar de 50% até 80% do palhiço disponí-

vel após a colheita mecanizada. “As usinas

retiram o máximo visando uma operação

de cultivo após o enfardamento entre ruas,

porém quanto maior a quantidade de palha

recolhida, maior será o teor de impurezas

minerais, as quais poderão gerar proble-

mas interiores na caldeira. Recolher uma

quantidade entre 60% e 70% beneficia não

só a cogeração, como também preserva as

vantagens do palhiço no campo (garante

umidade do solo, diminui o crescimento

das plantas daninhas etc).”

DE OLHO NA PRODUÇÃO DE ENERGIA

As fabricantes de máquinas e equipa-

mentos não estiveram somente focadas na

mecanização do plantio e corte de cana.

Também têm se mostrado preocupadas em

oferecer ao mercado, soluções para tornar

Pierossi acredita que o aumento da utilização da palha de cana-de-açúcar na cogeração de energia depende exclusivamente das condições do mercado de energia elétrica, visto que a solução proposta tem viabilidade técnica e econômica

o processo de produção de energia através

da palha mais eficiente e rentável.

A New Holland, empresa especializada

em tratores e colhedoras para grãos desen-

volveu seu primeiro projeto de biomassa

em parceira com o CTC. Segundo Fagun-

des, as pesquisas estão sendo realizadas

há mais de um ano e meio. “Com o CTC,

estamos desenvolvendo um conceito, que

passa pela parte agrícola de transporte e

de geração de energia. A New Holland par-

ticipa do projeto no desenvolvimento do

processo de enfardamento da palha e o

CTC desenvolve, em parceria com outras

empresas, um caminhão para transportar

os fardos de palha e ainda um sistema de

processamento nas caldeiras produtoras

de energia elétrica de biomassa nas usi-

nas”, explica.

Perticarrari e Pierossi contam que a

parceria surgiu após o CTC realizar tes-

tes preliminares que mostraram resulta-

dos promissores que poderiam ser obtidos,

desde que fosse desenvolvido um siste-

ma para o recolhimento da palha de cana

através do enfardamento. Entretanto, este

desenvolvimento deveria ser realizado em

parceria com uma empresa que dominasse

as operações de campo de fenação e forra-

gem, diminuindo assim os custos e tempo

de desenvolvimento.

“Esta parceria conta com forte siner-

gia, visto que o CTC possui domínio da

tecnologia canavieira e a New Holland o

domínio de tecnologia de fenação e for-

ragem. Coube ao CTC os ensaios de cam-

po e desenvolvimento de soluções para o

transporte e processamento de fardos e à

New Holland o desenvolvimento dos equi-

pamentos agrícolas presentes na operação

(aleiradora, enfardadora de fardos retan-

gulares e carreta recolhedora de fardos).”

Fagundes diz que além da perspecti-

va contínua do aumento da produção de

alimentos no Brasil, gerada pela crescen-

te demanda no planeta, o País desponta

no quesito geração de energia. “Com uma

nova marca, a “Clean Energy Leader”, de-

senvolvemos este conceito visando a uti-

lização da BB9080 no processo de enfar-

damento da palha da cana. O projeto tem

um viés de grande importância econômi-

38 39

tecnologia agrícola

36 + Tec. Ag. Enfardadoras 37 + MBF Agribusiness – 1 página

ca dentro das usinas, pois se trata de uma

matriz com menor custo por geração de

MWh. O usineiro completa o ciclo produ-

tivo da cadeia, pois tem aproveitamento

de resíduos, podendo inclusive tornar-se

autossuficiente em energia elétrica e até

mesmo lucrar com o excedente”, destaca.

O Grupo Kuhn lançou, em 2006, o pro-

jeto Kuhn Bioenergy visando oferecer uma

linha de equipamentos voltados ao setor

energético mundial. O Grupo atende as

unidades de produção de biogás e bioe-

lectricidade. Segundo Salaud, a Kuhn do

Brasil passou a oferecer, em 2010, a linha

de enfardadoras para o recolhimento da

biomassa como o palhiço de cana.

Guilherme Bellardo, gerente de Pro-

dutos Forrageiros para a América Latina

da AGCO, grupo fabricante dos produtos

Massey Ferguson e Valtra, diz que a busca

pela sustentabilidade e o aproveitamento

integral de todos os produtos e subprodu-

tos nas lavouras pressupõe que o mercado

esteja atento para a tendência da cogeração

de energia como forma de aumentar seus

rendimentos. “Estes motivos somados ao

nosso know-how para soluções no campo

e experiências positivas em outros países

onde a marca atua, nos inspiram a proje-

tar uma grande procura pela enfardadora.”

TECNOLOGIAS PARA O ENFARDAMENTO

Para que se consiga alcançar maior efici-

ência deste processo, todos os equipamen-

tos envolvidos devem trabalhar juntos.

Cerca de sete a dez dias após a colheita

da cana-de-açúcar a palha já se encontra

com a umidade adequada para o enfarda-

mento (entre 10% a 15%). Pierossi explica

que a primeira operação realizada para re-

tirada de palha é o aleiramento, que con-

siste na formação de leiras que serão re-

colhidas pela enfardadora. “Nas condições

dos nossos canaviais, a largura do aleira-

mento utilizado é de 7,5 m, que possibili-

ta uma quantidade adequada de biomas-

sa para o processamento da enfardadora.”

Para Salaud, o aleiramento é a chave do

sucesso do enfardamento. “De fato, a qua-

lidade de trabalho deste equipamento deve

responder a dois parâmetros essenciais:

respeitar a quantidade de material a ser

recolhido e juntar o mínimo de impureza

mineral possível.” Ele diz que a empresa

tem trabalhado em diversos projetos vol-

tados ao recolhimento do palhiço e que,

até o momento, oferece três grandes tipos

de aleiradores.

A AGCO também oferece ao mercado

seu modelo de enleirador, o MF5130 He-

avy Duty para palha de cana.

Com a leira pronta, a enfardadora entra

para recolher a biomassa transformando-a

em fardos retangulares.

Fagundes explica que a enfardadora

New Holland é equipada com o sistema

de recolhimento Super Sweep, o que ga-

rante boa remoção do material. “A eficiên-

cia é garantida pelos dedos recolhedores

curvos com pequenos espaçamentos que,

combinados com as rodas limitadoras, aju-

dam a limpar o campo mesmo em altas

velocidades. A enfardadora produz fardos

de 120 cm de largura, 90 cm de altura e

até 250 cm de comprimento, que chegam

a 480 kg de palha.”

A máquina possui ainda, sistema de

amarração dupla, que possibilita uma

maior densidade de fardo, menor esfor-

ço sobre o sistema de amarração e maior

confiabilidade nos nós. “Além dos nós du-

plos, seis fios mantêm a integridade do

fardo, mesmo ao produzir fardos de alta

densidade. São equipadas com o monitor

colorido IntelliView III TM, que possibi-

lita visualizar informações completas da

máquina, bem como controlar o sistema

de lubrificação automática de dentro da

cabine, fornecendo informações detalha-

das das condições da colheita, evitando o

processamento de material que ainda não

está pronto”, explica Fagundes.

Os modelos oferecidos pela Kuhn, de

acordo com Salaud, apresentam o exclu-

sivo sistema de Rotor Integral para gran-

des capacidades de recolhimento. “O Ro-

tor Integral garante que a alimentação da

enfardadora seja constante com todos os

tipos de produtos. O sistema possui um

rotor agressivo com grades sem fins de alta

resistência no mesmo eixo, diminuindo os

riscos de embuchamento e reduzindo os

custos com a manutenção.”

O design da câmara de pré-compac-

Grupo DASA/PR: retomando o crescimentoComo muitas outras empresas, em 2007, 2008

e 2009, a DASA - Destilaria Americana S.A. - de Nova

América da Colina, PR, pelo volume de investimentos

realizados visando produzir em escala de mercado,

sofreu os impactos da baixa dos preços do etanol e da

crise mundial de crédito, que reduziu a capacidade de

financiamento do setor.

No entanto, para sair da crise, a DASA buscou

aprimorar ainda mais sua organização. Assessorada por

empresas de destaque no setor, passou a analisar ainda

melhor sua atividade agroindustrial, planejando suas

ações de maneira mais eficaz e adotando correções,

visando antecipar-se aos problemas.

Investiu no aprimoramento da Área de

Controladoria, implementando indicadores de avaliação

de performance e qualidade diários e, em alguns casos

até on line, nas áreas operacionais e administrativas, o

que gera números consistentes para reuniões semanais

entre os gestores das áreas e a diretoria, para análise e

correção do planejamento da safra.

Essas reuniões passaram a ter o suporte de

informações muito mais detalhadas e aprofundadas

para cada um dos segmentos envolvidos.

Uma das empresas que assessorou a DASA

neste processo foi a MBF Agribusiness, de Sertãozinho,

SP. O papel da consultoria foi introduzir uma política de

governança corporativa, preparando os profissionais

da DASA para produzirem e criticarem os resultados

projetados e auferidos. Além disso, a consultoria

implantou a política orçamentária e de custos, gestão

contábil e planejamento financeiro.

O resultado do trabalho foi tão positivo que,

quando a DASA entrou em recuperação judicial no início

do ano, os principais credores indicaram a MBF para

acompanhar o Grupo durante a aplicação e execução

do plano de recuperação judicial, aprovado em outubro,

com alto índice de aceitação, durante assembleia.

O diretor da DASA, Wilson Baggio Jr. explica que

a consultoria “atuou no aperfeiçoamento das operações

de gestão, na preparação e acompanhamento do

plano de recuperação judicial, largamente elogiado

por todos os credores, nas negociações realizadas

e, principalmente, pela credibilidade que emprestou à

DASA e à ANA, garantindo a seriedade e veracidade

das informações com que estávamos trabalhando este

processo”.

Hoje a empresa possui sistemas informatizados

para os controles Administrativos e Áreas Agrícola

e Industrial desenvolvidos com o apoio da MBF

Agribusiness, o que os aprimora e permite maior

agilidade e confiabilidade das operações da Cia.

Com capacidade para moer 1 milhão de t

de cana, a empresa deve processar nessa safra de

aproximadamente 800 mil t até 22 de dezembro,

quando a safra deve ser encerrada.

Situada em uma região com solo que é

considerado um dos mais férteis do País e com

condições edafoclimáticas ideais para o cultivo da

cana-de-açúcar, a DASA atinge uma produtividade

média de 95 t de cana por ha em canaviais com

longevidade muito acima da média nacional.

A empresa fabrica etanol e xarope, com uma

produção de 59.564 mil m³ e 17.290 t, respectivamente.

Mas a DASA está de olho no futuro e, para isso, estuda

a construção de uma fábrica de açúcar, bem como

iniciar o processo de cogeração de energia, tornado-a

uma empresa ainda mais competitiva.

Controles administrativos, agrícolas e industriais desenvolvidos com o apoio da MBF.

informe publicitário

40 41

tecnologia agrícola

38 + Tec. Ag. Enfardadoras 39 + Nutrion – 1 página

tação Power Density garante a formação

de leiras compactas, de alta densidade e

uniformes produzindo sistematicamente

fardos de formato uniforme em todas as

condições. Isto atende a necessidade de

colocar o máximo de palhiço no menor

volume possível, visando uma redução do

custo de logística. “Os fardos compacta-

dos serão atados através do simples, mas

confiável, sistema Twin-Step. A concepção

simples e resistente das máquinas propor- máquinas propor-s propor-

ciona um menor número de peças em mo-

vimento, um incomparável fluxo de pro-

duto, bom desempenho e confiabilidade”,

salienta Salaud.

“Os primeiros trabalhos e o dia-dia,

mostraram que a enfardadora LSB Power

Density da empresa produz fardos de 420

kg a 450 kg por minuto com umidade entre

12% a 15%, ou seja, uma densidade mé-

dia de 175-180 kg/m3 (dimensões do fardo

quadrado 1,2 x 0,9 x 2,20 m). A potência

do trator que pode ser utilizado é de 150

cv, uma das menores potências do merca-ncias do merca-

do, a qual autoriza um custo de óleo diesel

reduzido”, conta.

A Massey Ferguson também lançou em

2011, a enfardadora MF 2170, que atua em

forragem, feno e palha de cana e milho.

De acordo com Bellardo, um dos grandes

diferenciais está na capacidade de alimen-

tação de palha de forma homogênea, ge-

rando um produto final uniforme. Outro

ponto forte e diferencial da máquina é a

alta capacidade de processamento e en-

fardamento, aumentando a eficiência de

campo e trazendo ganhos de ordem ope-

racionais e econômicos.

“O sistema de amarração dos fardos de

nó duplo é também muito avançado. Es-

se sistema possibilita que em uma mes-

ma operação mecânica seja finalizada a

amarração do primeiro fardo e iniciado a

do segundo fardo. Além dessa vantagem, a

limpeza do sistema de nós duplos tem um

conceito tipo turbina acionado hidraulica-

mente garantindo maior limpeza, menor

desgaste e, por consequência, menos pa-

radas para manutenção do equipamento.

Dependendo da quantidade de palha, che-

gamos a produzir um fardo entre 700 kg e

750 kg por minuto com tratores entre 180

cv e 200 cv para palha de cana.”

Com a bandeira Valtra, o Grupo AGCO

também lançou outra opção de enfarda-

dora, que atua tanto em palha de cana,

quanto em feno e forragem.

Bellardo, que também responde pela

Valtra, diz que a máquina tem um sistema

de nós duplos, que faz dois nós - um que

termina o fardo anterior e outro que inicia

o próximo fardo, alcançando índices de

densidade que ultrapassam os 400 kg por

fardo. Outros diferenciais estão também

no sistema de gerenciamento que mede

a carga nos sensores dos pistões e ajus-

ta automaticamente a pressão hidráulica

nas paredes laterais e no trilho superior,

proporcionando fardos homogêneos e si-

métricos.

“Além disso, a LB34B possui um siste-

ma de ventilação para a limpeza do me-

canismo de nós que garante menor des-

gaste e menos paradas para manutenção

do equipamento. Ela produz um fardo gi-

gante por minuto a 4km/h e recolhe, por

dia, entre 490 a 500 fardos de 320 Kg cada

(120 t a 130 t por dia), totalizando 9 t/ha

(28 fardos).

Fardos prontos é hora de uma carreta

recolhedora fazer a sua parte através de

uma pinça localizada na lateral da carreta,

empilhando-se em pilhas de 2 x 6 fardos

que são transportadas até o carreador on-

de são descarregadas. “Utilizando-se um

sistema de carregamento frontal montado

em um trator, os fardos são transferidos ao

equipamento rodoviário que os transporta

até a usina”, enfatiza Pierossi.

Para Salaud, a agilidade da máquina

para recolher os fardos e a sua concepção

estrutural para reduzir o pisoteio são con-

dições elementares para os projetos volta-

dos ao setor sucroenergético.

Fagundes diz que os outros equipamen-

tos envolvidos no processo estão sendo de-

senvolvidos em parceria com as pesquisas

que a empresa está fazendo com o CTC,

mas não será vendido pela empresa. “O

fornecimento da recolhedora está sendo

desenvolvido por outra empresa, em par-

ceria com o CTC. Dentro deste projeto, a

New Holland oferece o trator e a enfarda-

dora da série BB9000, que acaba sendo o

coração do processo, que se divide em uma

série de etapas, começando pelo acúmulo

da palha gerada após a colheita mecaniza-

da da cana-de-açúcar.”

“Em parceria com o CTC também es-

tamos estudando o tipo de fio adequado

para a amarração do fardo, pois um fio

inadequado pode arrebentar e, se for muito

forte, pode dificultar a trituração do mate-

rial antes da queima nas caldeiras”, des-

taca Fagundes.

Ao chegarem na usina, os fardos são

descarregados e desenfardados, operação

que faz uma pré-trituração facilitando a

separação das impurezas minerais (terra)

da palha em uma peneira rotativa. Perti-

carrari e Pierossi explicam que após esta

limpeza, a palha já desenfardada é levada

ao triturador onde, após sua trituração, en-

contra-se do tamanho ideal para a queima

nas caldeiras de bagaço sem a necessida-

de de alteração das caldeiras atuais. E da

palha faz-se energia.

Ripoli alerta sobre outra opção de re-

colhimento de palhiço: a colheita inte-

42 43

tecnologia agrícola

40 + Tec. Ag. Enfardadoras 41 + Sucronor - 1 página

gral (sistemas de limpeza desligados da

colhedora). “O que exige uma estação de

pré-limpeza a seco (a Equipav e a Qua-

tá já possuem). Apesar de se diminuir,

em média, 10% a densidade de carga, a

colheita integral tem a vantagem de levar

duas matérias-primas de uma só vez,

eliminando custos de aleiramento, enfar-aleiramento, enfar-

damento, carregamento, transporte e des-

carregamento dos fardos, na usina. É uma

opção viável, mas dependerá do grau de

envolvimento da usina com a agregação

de valor via palhiço.”

MERCADO Fagundes conta que a empresa tem feito

testes há mais de um ano e meio em usinas

com a participação do CTC e garante: “os

resultados são economicamente viáveis.”

A expectativa é de que até 2020/2021

quase 100% da palha da cana-de-açúcar

apta para retirada já esteja sendo utiliza-

da, em função da proibição da queima da

cana-de-açúcar e necessidade da mecani-

zação da colheita.

“Os projetos continuam em desenvolvi-

mento e sabemos que a palha poderá ainda

ser utilizada para produção de etanol de

segunda geração ou mesmo de gases. Além

disso, a New Holland desenvolve outros

projetos para aproveitamento de outros

materiais, como as biomassas florestais e

de palha de arroz”, diz Fagundes.

Bellardo explica que a Massey Fergu-

son já comercializa a enfardadora MF 2170

em sua rede de concessionárias. “Como se

trata da primeira investida da marca no

segmento, uma expectativa de vendas em

um número exato não expressaria nossa

capacidade de suprir a demanda atual do

mercado. Mesmo assim, temos metas oti-

mistas e acreditamos no crescimento con-

tínuo de interesse nesta máquina. Já temos

uma máquina Massey Ferguson operando

em um cliente e o desempenho tem sido

muito satisfatório.”

Salaud afirma que a empresa já tem

mais de 20 máquinas trabalhando com bio-

massa no Brasil. Os produtos que estão

sendo recolhidos são o palhiço de cana,

palha de bracharia, resíduos de cereais e

miscanthus, entre outros.

“Vale ressaltar que o Grupo Kuhn le-

vou suas enfardadoras LSB em alguns pa-

íses do continente Africano para recolher

o palhiço de cana. De acordo com nossos

clientes e parceiros dos projetos voltados

a produção de bioenergia, o desempenho

das enfardadoras está de acordo com as

necessidades do campo e cada vez mais

adaptadas às condições de trabalhos difí-

ceis e intensivas.”

A expectativa do mercado é muito boa,

segundo Salaud. “Hoje em dia, a procura

por energia renovável é uma vontade das

sociedades de consumo. No entanto, o pre-

ço da energia deverá ser revisto para que

todos os grandes projetos de bioenergia

possam integrar o papel multifuncional

da agricultura brasileira e global”, opina.

Usinas da região de Lençóis Paulista,

no interior de São Paulo, já estão utili-

zando a enfardadora Valtra e produzin-

do até um fardo por minuto, segundo

Bellardo.

“A enfardadora Challenger LB34B

está sendo comercializada nas conces-

sionárias Valtra. Já temos muitas máqui-

nas vendidas, o produto tem tido uma

boa aceitação no mercado. A expectati-

va quanto ao crescimento nas vendas é

grande, justamente pelo crescimento da

produção de biomassa.”

FUTURO DA PALHA NA COGERAÇÃO

A bioeletricidade traz uma série de

vantagens. Isso é fato. Além de ser um

recurso renovável, que polui menos, tem

risco e prazo de execução menor e maior

facilidade de estimativa de energia a ser

gerada, diversificando, mais ainda, a ma-

triz energética nacional.

No entanto, a produção e comerciali-

zação de bioenergia ainda dependem de

alguns fatores. Pierossi acredita que o

aumento da utilização da palha de cana-

-de-açúcar na cogeração de energia de-

pende exclusivamente das condições do

mercado de energia elétrica, visto que a

solução proposta tem viabilidade técnica

e econômica

“O Brasil hoje é um ator no palco

internacional em fornecer alimentos e

possui o potencial para se tornar o gran-

de elo mundial da cadeia produtiva de

bioenergia através da palha de cana. A

necessidade de desenvolver equipamen-

tos voltados à cogeração de energia se

inscreve diretamente neste papel multi-

funcional da agricultura brasileira, on-

de a proteção do meio ambiente e novas

práticas agrícolas representam os pila-

res de um novo ciclo do agronegócio”,

conclui Salaud.

Figura 2 (Ripoli & Molina Jr. (1998))

44 45

42 + Por dentro da usina

44

por dentro da usina por dentro da usina

USINAS OBTÊM BONSUCROA Copersucar, comercializadora de açúcar e etanol, obteve a

certificação Bonsucro para cinco de suas usinas associadas. O

selo internacional é uma exigência da União Europeia para ex-

portações dos produtos. Ele garante que o processo de produção

cumpre normas de sustentabilidade indispensáveis no mundo

corporativo de hoje - critérios ambientais, sociais e trabalhistas.

Foram certificadas parte da produção das usinas Quatá, São

Manoel, Santa Adélia, Barra Grande e São José, todas no inte-

rior paulista. Juntas, elas somam 7,8 milhões de t de cana-de-

-açúcar certificada, sendo 470 mil t de açúcar e 345 milhões

de l de etanol. Trata-se do maior volume já certificado no País.

Segundo Paulo Roberto de Souza, presidente-executivo da

Copersucar, não foram necessários investimentos nessas uni-

dades para adequação às normas. Para a safra 2012/13, outras

12 usinas associadas deverão ganhar a certificação, o que ele-

varia o total de cana certificada do grupo para 14 milhões de t,

sendo 900 mil t de açúcar.

SÃO MARTINHO COMPR A 32% DA SANTA CRUZO grupo São Martinho anunciou um significativo passo que

poderá atender sua meta de aumentar a moagem de cana-de-

-açúcar no Estado de São Paulo.

A empresa comprou por R$ 187,4 milhões uma participação

de 32,1% das ações da Santa Cruz Açúcar e Álcool e de 17,9%

das ações da Agropecuária Boa Vista, ambas localizadas em

Américo Brasiliense, SP. Como a Santa Cruz tem ações da Boa

Vista, a São Martinho passou a deter uma participação total

(direta e indireta) de 32,5% na agropecuária.

Com a operação, a São Martinho elevou em cerca de 1,5

milhão de t sua capacidade de moagem em São Paulo, um ca-

minho já percorrido no objetivo de agregar entre 5 milhões a

6 milhões de t em sua moagem paulista nos próximos anos.

"Nosso desafio de crescer em São Paulo significa aquisições e

não é possível determinar o tempo em que isso vai acontecer",

diz o presidente da Companhia, Fábio Venturelli.

A Santa Cruz, que tem 90% de cana própria, sendo 42%

em terras próprias, tem capacidade para moer 4 milhões de t

de cana-de-açúcar por safra e uma flexibilidade industrial que

permite destinar até 60% do caldo da cana para produzir açúcar

ou etanol. A unidade também tem cogeração de 240 mil MWh,

dos quais 175 mil MWh já foram vendidos em contratos de 15

anos ao valor de R$ 169 por MWh.

INFINITY-BIOENERGY INICIA OPER AÇÃOA Infinity-Bioenergy, empresa em recuperação judicial,

começou no final de outubro, a operação de processamen-

to de cana-de-açúcar na usina Ibirálcool (Destilaria de Ál-

cool Ibirapuã), localizada em Ibirapuã, no Sul da Bahia.

A empresa informou que foram investidos R$ 150 milhões nes-

sa nova unidade, que vai moer na primeira fase 1,2 milhão de

t de cana por safra. O plano da empresa, pertencente ao gru-

po Bertin, prevê a aplicação de mais R$ 400 milhões para tri-

plicar a capacidade de moagem nos próximos quatro anos.

A Infinity pretende implantar ainda na unidade baiana, a ope-

ração de cogeração de energia com bagaço de cana. De acordo

RENUK A INVESTE EM CAPACITAÇÃO Na primeira quinzena do mês de outubro, o Grupo Re-

nuka do Brasil deu início ao Programa de Capacitação RenovAção, em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar).

Os cursos oferecidos aos colaboradores das unidades Equipav e Revati são: Motorista Canavieiro, Eletricista de Manutenção e Mecânico de Manutenção Automotiva. Na primeira semana de aulas, os resultados se mostraram surpreendentes. O colaborador Henrique Meirelles, da Equipav, está estudando para atuar como Eletricista. “As continhas me lembraram a quar ta série. O professor é muito atencioso, discute os assuntos em sala e tem paci-ência. Estou adorando”, disse.

Para os colaboradores da unidade Revati, o curso de Motorista Canavieiro aborda assuntos de interesse ge-ral como liderança, trabalho em equipe e ética. “Gostei

da iniciativa da empresa! Quando meu líder me ofereceu, pensei: não posso perder essa oportunidade”, afirma Fábio Leandro Cardoso, da Equipe 11. De acordo com Claudinéia Frioli da Silva, instrutora do Senai, a matéria em sala de aula foca as atividades do negócio, explorando processos desde o plantio até o produto final.

Colaboradores em sala de aula

com a empresa, com a entrada da Ibiralcool, a Infinity atingirá

uma capacidade total de moagem de 9,7 milhões de t de cana em

todas as usinas do grupo.

MAIS DE 100 USINAS BR ASILEIR AS JÁ PODEM EXPORTAR ETANOL

Desde o início de outubro, 107 usinas sucroenergéticas bra-

sileiras já conseguiram o registro necessário junto à Agência de

Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency - EPA) dos

EUA, para exportar etanol para aquele País.

O cadastramento e aprovação de usinas que pretendem expor-

tar seu produto para os EUA faz parte das exigências do Renewa-

ble Fuel Standard (RFS), um conjunto de normas que regula a

produção e a utilização de biocombustíveis no território ameri-biocombustíveis no território ameri-

cano. “A EPA já reconhece o etanol brasileiro como um biocom- “A EPA já reconhece o etanol brasileiro como um biocom-biocom-

bustível avançado, por reduzir em até 91% a emissão de gases

que causam o efeito estufa. Este reconhecimento faz do etanol

produzido a partir da cana, um produto demandado no merca-

do americano, o que torna importante que as usinas brasileiras

estejam prontas para esta oportunidade,” afirma Leticia Phillips,

representante da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar)

na América do Norte.

USINA PRODUZIRÁ ETANOL CELULÓSICO NO BR ASIL

O etanol celulósico poderá se tornar uma realidade no Bra-

sil. Isto porque, a primeira planta a ser instalada no País para

produzir o chamado etanol de segunda geração, deve entrar em

operação em 2013. O projeto, estimado em US$ 75 milhões, é re-

sultado de uma parceria entre a brasileira GraalBio e a Chemtex,

empresa que faz parte do grupo italiano Mossi & Ghisolfi (M&G).

Para Alfred Szwarc, consultor de Emissões e Tecnologia da

Unica, a novidade anunciada é peculiar porque pode acelerar

o processo da fabricação do etanol celulósico a partir do baga-

ço e da palha de cana-de-açúcar. Neste sistema, enzimas são

utilizadas para transformar a celulose em açúcares, que depois

passam por fermentação e são convertidos em etanol. “Caso as

projeções de produção do etanol derivado do uso de biomassa

se concretizem, o País poderá ser um dos primeiros no mundo

a operar esse tipo de tecnologia em escala comercial,” destaca

o consultor da Unica.

Segundo Szwarc, esse tipo de tecnologia pode aumen-

tar a produtividade média de uma unidade produtora de

etanol convencional em 30% a 40%, em função da disponi-

bilidade da matéria-prima.

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gestão

44 + Gestão

gestão

45 + Gestão

Rodrigo Thadeu de Araújo

Sabemos que risco faz parte de nossas vidas.

Existe um grande número de definições e en-

tendimentos para esta palavra, porém para es-

te texto elegemos a definição com base em um

dos padrões mais antigos e aceitos no âmbito

do gerenciamento de risco que é a norma AS/

NZS 4360, que fundamentou a ISO 31000 que

versa sobre Gerenciamento de Riscos.

Antes de explanarmos gerenciamento de ris-

cos, é importante reconhecer onde ele está in-

serido no campo da boa administração, relem-

brando alguns princípios fundamentais:

• realizar um bom negócio - incluindo a gestão

de áreas como relações com o cliente, finan-

ças transparente, recursos e gestão de pessoal;

• resultados de qualidade - assegurando que os

produtos desenvolvidos ou os serviços pres-

tados pela empresa sejam de alta qualidade

e padrão;

• conformidade - garantindo que o negócio es-

teja em conformidade com todos os regula-

mentos necessários (legislação e normas em

uma base contínua);

• gestão de riscos - proteger o negócio de pos-

síveis ocorrências negativas, bem como re-

conhecer as oportunidades e capitalizá-las

quando surgirem.

momento certo, pois decisões sobre alto

risco são tomadas visando maiores ganhos,

ou então não há propósito na assunção

destes riscos. Ao utilizar o gerenciamento

de riscos para avaliar quais serão assumi-

dos, transferidos, diminuídos ou mesmo

eliminados, tem-se um controle maior so-

bre as decisões.

Cada organização, independente do

segmento, cultura ou forma pela qual é

dirigida, deve definir sua estratégia para

lidar com os riscos.

TIPOS DE RISCOCada risco tem sua própria característica

distinta, que requer uma gestão específica

ou análise.

A maioria das pessoas irá reconhecer o

óbvio, ou mais evidente: o risco que eles

estão enfrentando. Um conceito emergente

na gestão de risco é que existem três tipos

de riscos:

• Risco baseado na incerteza;

• Risco baseado na oportunidade;

• Risco baseado no perigo.

OPORTUNIDADE BASEADA EM RISCO

Há dois aspectos principais na oportuni-

dade baseada em riscos. O primeiro aspecto

é relacionado a não aceitar uma oportunida-

de e o segundo é relacionado com aceitação

de uma oportunidade.

Este último é uma decisão consciente

para aceitar os riscos identificados associa-

dos com uma oportunidade e, em seguida,

para implementar processos para minimi-

zar os impactos negativos e maximizar os

ganhos.

DEFINIÇÃO E GESTÃO DE RISCOSQualquer coisa que tenha o risco é ineren-

te à vida. Tudo o que fazemos envolve riscos.

Qualquer alteração nos objetivos propostos

pela instituição pode ser considerada como

risco.

Um executivo opta por assumir riscos to-

dos os dias. Muitas vezes, contam com experi-

ência e intuição para gerir o risco. No entanto,

quanto mais complexo o negócio, mais impor-

tante torna-se a identificação dos riscos que

podem impedir uma empresa de realizar seu

potencial, a fim de minimizar os resultados

adversos e maximizar os resultados positivos.

Conforme a padronização neozeolandesa e

australiana AS/NZS 4360, que fundamentou

a ISO 31000, risco é definido como a possi-

bilidade de alteração ou impacto nos objeti-

vos propostos. Riscos podem ter resultados

positivos ou negativos, culminando na falta

de uma oportunidade ou em uma perda para

um negócio.

A gerência de riscos através de ferramen-

tas objetivas e subjetivas fornece elementos

ao executivo em sua tomada de decisão nas

condições que envolvam diminuição de risco,

assunção de riscos, transferência de riscos ou

mesmo, quando possível, na eliminação

dos mesmos.

Existem situações que não são passí-

veis de controle, por exemplo, aconteci-

mentos naturais como descargas atmos-

féricas, tornados nas regiões interiores do

Brasil, enchentes de proporções não es-

peradas, baixa umidade do ar, entre ou-

tros. São exemplos de riscos que, mesmo

se sabendo que não há como ter influência

direta em não deixá-los acontecer, é pos-

sível que haja condição de ter ciência dos

efeitos adversos e estar preparado para tais

efeitos, evitando assim o fator surpresa.

A análise das ameaças é trabalhosa e é

preciso analisar fatos de relevante impac-

to ao negócio. Com isso, pode-se deixar

de lado decisões corriqueiras, para evitar

cair no velho paradigma da estagnação por

análise, ou seja, analisa, analisa, analisa e

quando vai tomar a decisão sobre a ame-

aça, já ocorreu ou a oportunidade deixou

de existir

O entendimento da harmonia entre ris-

co, controle e a performance do negócio é

importante para a tomada de decisão no

Araújo: “Um executivo opta por assumir riscos todos os dias”

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dica

s e

nov

idad

es

CESTARI E WEG ANUNCIAM JOINT VENTURE A Cestari e a WEG anunciaram em outubro, a assinatura do

acordo para a formação de joint venture para o desenvolvimento,

a fabricação e comercialização de redutores e motorredutores.

A joint venture entre as empresas vai combinar as soluções

de motores elétricos e sistemas de automação industrial ofere-

cidas pela Weg e os redutores de velocidade e motorredutores

desenvolvidos pela Cestari em pacotes de soluções integradas.

As soluções Power Transmission, que integram motor elétrico, in-

versor de frequência e redutor de velocidade, são cada vez mais

demandadas pelo mercado. “Acreditamos que a joint venture com

a Cestari, por sua tradição e reconhecimento de marca, irá con-

tribuir significativamente para nosso crescimento no segmento

de Power Transmission”, afirmou o diretor Superintendente da

WEG Motores, Siegfried Kreutzfeld.

Segundo Alcides Cestari Neto, diretor Superintendente da

Cestari, “com a união das duas empresas, teremos um player

muito forte no mercado de Power Transmission. Esta joint ven-

ture vai permitir aumentar nossa presença de mercado, com a

rede de representantes e distribuição da WEG, ampliando nossos

canais de venda.”

BONFIGLIOLI JÁ ATENDE TODO O PAÍS COM CENTROS DE SERVIÇOS AUTORIZADOS

A unidade brasileira do Grupo Bonfiglioli dá mais um passo

ao firmar parcerias estratégicas com as empresas Transmiservi-

ce e Comambor/Mecanizza para a execução dos serviços de as-

sistência técnica de toda a linha de redutores de velocidade da

marca. Os dois Centros de Serviços Autorizados estão capacita-

dos para atendimento 24 horas em todo o Território Nacional.

Na sede da TransmiService, em Sertãozinho, SP, são realiza-

dos serviços completos como, desmontagem dos redutores, ava-

liação dos componentes, substituição das peças, pintura, entre

outros. Os clientes também podem ser atendidos em campo, onde

são feitos laudos e peritagem de equipamentos, acompanhamen-

to de start-up, testes de funcionamento e ensaios não destrutivos

dos produtos. E no Centro de Serviço Comanbor/Mecanizza, os

técnicos executam o monitoramento de fluído, ou seja, o con-

trole de contaminação em sistema de óleo hidráulico, com apa-

relhos de avançada tecnologia como o contador de partículas a

laser, utilizados nos produtos Trasmital Mobile da Bonfiglioli.

Técnicos da Transmiservice e da Comanbor/Mecanizza já

participaram de um treinamento com a equipe da Bonfiglioli

do Brasil para conhecer todas as especificações dos produtos.

PROJETO FOCOTão importante quanto iniciar um projeto cultural é conside-

rar que ele precisa ser concluído com êxito, por isso, aconteceu

no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a terceira e última edi-

ção de 2011 do Projeto Foco, idealizado pela Santiago & Cintra.

Depois do sucesso das duas primeiras etapas, o projeto foi en-

cerrado com o tema “Precisão”. Especialistas de mercado foram

escolhidos a dedo para discorrer sobre o assunto, de acordo com

sua área de atuação. A palestra que abriu o evento foi ministra-

da pelo empresário Victor Campanelli, que iniciou o programa

com uma introdução ao conceito de “Agricultura de Precisão” e

o impacto desta forma de produção na economia e na vida co-

tidiana, a partir de sua experiência com geotecnologias no País.

A terceira edição foi marcada pela participação especial do

jornalista, crítico de gastronomia e também apresentador do pro-

grama O Guia, do canal National Geographic, Josimar Melo, que

abordou a relação entre comida e cultura partindo da culinária

contemporânea de alta precisão, a chamada “cozinha molecular”.

O evento encerrou com o agricultor Hatsu Ono, que falou sobre

a importância da cultivação. Ono contou um pouco da sua his-

tória de pequeno agricultor, para em seguida abordar a relação

de precisão com a terra.

SHINER AY ANUNCIA MOTOS FLEX A montadora chinesa Shineray Motorcycles promete dispu-

tar com a Honda o mercado nacional de motocicletas flex fuel

a partir de 2013, quando concluir a construção de uma fábrica

no Complexo Portuário de Suape, PE. A novidade foi anunciada

oficialmente pela montadora durante a 11ª edição do Salão Duas

Rodas, realizado em São Paulo no mês de outubro.

“O Brasil representa uma oportunidade de negócio sustentável

no segmento de duas rodas, já que atualmente cerca de metade

das motos vendidas no País são flex. E a chegada de mais uma

marca ilustra bem este quadro,” comenta o consultor de Emissões

e Tecnologia da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar),

Alfred Szwarc.

gestão

46 + Gestão

Oportunidades baseadas em risco po-

dem ou não ser visíveis ou fisicamente

aparentes. São muitas vezes aspectos fi-

nanceiros, que podem ter um resultado po-

sitivo ou negativo, de curto e longo prazo.

INCERTEZA BASEADA EM RISCOA incerteza baseada em risco está asso-

ciada a eventos desconhecidos, inespera-

dos e extremamente difíceis de quantificar.

Está intimamente ligada a eventos na-

turais em que não se tem controle direto

ou influência, esperando com isso o de-

senvolvimento de planos de emergências

e planos de continuidade de negócios.

Como exemplo desta categoria, tem-se

os efeitos sobre os empreendimentos na

região serrana no Estado do Rio de Janei-

ro. Pela sua própria natureza, o desastre e

o inesperado são imprevisíveis. Espera-se

de um executivo ações de planejamento

adequado para minimizar as perdas e ga-

rantir a continuidade do negócio.

RISCO BASEADO NO PERIGO É relacionado com uma fonte de perigo

potencial ou uma situação com potencial

para causar danos. Este é o mais comum

associado com gestão de riscos empresa-

riais, sendo tratado pelos departamentos

de Saúde, Meio Ambiente e Segurança.

Nessa categoria, encontra-se:

• Riscos de fogo/explosão;

• Riscos de emergências químicas;

• Riscos de acidentes ambientais;

• Riscos patrimoniais, como invasões, rou-

bos, fraudes, desvios, entre outros;

• Riscos ergonômicos;

• Riscos de atividades perigosas, como tra-

balhos em espaços confinados, alta ten-

são, abastecimento de inflamáveis;

• Riscos jurídicos, como o crescimento de

passivos trabalhistas, entre outros.

Tais riscos podem ser matriciados com

maior facilidade, levando em consideração

o impacto financeiro e a probabilidade de

acontecimento. Após isso, torna-se mais efi-

caz a confecção de políticas de segurança,

protocolos, normas para se minimizar ou

excluir tais riscos.

POR QUE GERENCIAR RISCOS?A gestão de riscos possui vários benefí-

cios transcritos a seguir:

• melhoria das relações com as partes inte-

ressadas, como acionistas, clientes, cola-

boradores, fornecedores e governo;

• maior planejamento de negócios, alinhado

à realização de objetivos ;

• maior vantagem competitiva;

• melhora na qualidade do produto ou ser-

viço;

• maior eficiência e produtividade;

• adequação de orçamento para riscos conhe-

cidos;

• maior transparência na gestão financeira;

• a confiança pessoal é reforçada em um am-

biente de trabalho seguro e protegido;

• a proteção dos ativos e da viabilidade de

longo prazo do negócio;

• alinhamento às legislações.

LIMITAÇÕES DA GESTÃO DE RISCOSAs limitações da gestão de risco, como em

qualquer processo de gestão, devem ser clara-

mente reconhecidas pelos executivos e suas

equipes.

Não cabe à gestão de risco a tomada de

decisão no negócio. Ela é uma ferramenta. Po-

de ajudar um executivo a tomar decisões. No

entanto, essas decisões serão limitadas pela

profundidade da pesquisa e análise de risco,

pelos indivíduos envolvidos na avaliação de

risco, levando em consideração a técnica e a

experiência, pelas mudanças rápidas e ines-

peradas de cenários, entre outros.

A gestão de riscos não garante que os aci-

dentes não acontecerão. Errar é humano e

onde os seres humanos estão envolvidos há

sempre a possibilidade de acontecimentos ad-

versos. Cabe minimizar estas possibilidades

de falha.

O gerenciamento de riscos através da aná-

lise deve tentar identificar todos os riscos sig-

nificativos, mas será limitado pelos recursos

disponíveis, incluindo as informações em

mãos, o envolvimento das partes interessa-

das, tempo e orçamento.

Como explanado acima, um bom siste-

ma de gerenciamento de risco é dependen-

te de um grande volume de informações de

diversos setores do negócio, informações e

análise do ambiente interno empresarial e

também do ambiente externo.

* Oficial do Corpo de Bombeiros e Professor Mestre na Disciplina Gestão de Riscos da Uniseb COC ([email protected])

Três tipos de riscoCada risco tem sua própria

característica distinta, que requer

uma gestão específica ou análise. A

maioria das pessoas irá reconhecer

o óbvio, ou mais evidente: o risco

que eles estão enfrentando. Um

conceito emergente na gestão de

risco é que existem três tipos de

riscos:

risco baseado na incer teza;

risco baseado na opor tunidade;

risco baseado no perigo.

Minimizar adversidades, maximizar pontos positivosQuanto mais complexo o negócio,

mais impor tante torna-se a

identificação dos riscos que

podem impedir uma empresa de

realizar seu potencial, a fim de

minimizar os resultados adversos e

maximizar os resultados positivos.

dicas e novidades

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50 51

48 + Dicas e Novidades

dicas e novidades

56 + Dicas e Novidades

dicas e novidades

dicas e novidades dicas e novidades

BRUMAZI PARTICIPA DO SEMINÁRIO BR ASILEIRO AGROINDUSTRIAL

No final do mês de outubro, a Brumazi participou do

12º Seminário Brasileiro Agroindustrial, que esse ano teve

como tema a Usina com Sustentabilidade.

Na ocasião, o diretor técnico da Solyvent do Brasil, par-

ceira da Brumazi, José Tadeu de Oliveira, falou sobre a alta

eficiência em exaustão e ventilação para caldeiras. “Efici-

ência em um ventilador é todo o conjunto da máquina, isto

é, não só o baixo consumo de energia. Quando seleciona-

mos um ventilador tentamos buscar seu ponto máximo de

eficiência”, diz Oliveira.

Ele ainda enfatizou a importância da análise e aplicação

correta de cada ventilador ou exaustor para cada aplicação

na caldeira, o tipo de controle, a estabilidade e a confiabi-

lidade no processo, baixa manutenção e baixo ruído.

CAMINHÃO A ETANOLA Scania, empresa que já vende ônibus movidos a eta-

nol, passa a fabricar no Brasil veículos para o segmento de

distribuição.

O modelo reduz 90% das emissões de carbono, segun-

do Christopher Podgorski, vice-presidente da empresa na

América Latina. “Nosso cliente, o transportador, começa a

receber demanda de seus clientes, do setor farmacêutico,

supermercadista e outros, por soluções ambientalmente

responsáveis. É uma demanda crescente”, diz.

A empresa irá fazer também um lançamento mundial de

outros motores que atendem às novas regulamentações de

emissão de poluentes no País. “O Brasil ganhou importân-

cia nas operações da empresa. Cerca de 25% dos resultados

estão atrelados à America Latina hoje", disse Podgorski.

ESPECIALISTAS DEBATEM QUALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA

Cerca de 120 profissionais do setor sucroenergético se

reuniram no início do mês de novembro na cidade de Ribei-

rão Preto, SP, a convite da DuPont. A companhia patrocinou

a vinda de especialistas para tratar da produção de matéria-

-prima de qualidade nas lavouras de cana-de-açúcar.

O evento contou com a presença do consultor Luis Car-

los Corrêa de Carvalho (Caio), da Canaplan. Ele coordenou

uma apresentação intitulada "Perspectivas, ameaças e opor-

tunidades ao setor sucroenergético". O especialista Rudimar

Cherubim, da empresa Fermentec, focalizou a qualidade da

matéria-prima cana-de-açúcar tendo em vista as projeções

para o setor sucroenergético na safra 2012/13, com ênfase

principal no processo produtivo de açúcar, etanol e ener-

gia em "Qualidade da matéria-prima e impacto no processo

industrial na safra 2012/13". Já o professor da ESALQ/USP

(Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Paulo Cen-

telhas, conduziu o painel "Monitoramento agroclimático e

tomadas de decisões na cultura da cana-de-açúcar".

No encerramento do evento, a equipe da DuPont Pro-

dutos Agrícolas abordou a tecnologia de seu maturador e

gerenciador de colheita Curavial. “Temos um compromisso

com a qualidade da matéria-prima produzida nos canaviais

brasileiros e uma sólida parceria com as empresas do setor

sucroenergético”, ressaltou Manoel Pedrosa, gerente de Ma-

rketing da DuPont para cana-de-açúcar.

FMC É A MAIS NOVA PARCEIR A DO PROJETO RENOVAÇÃO

A FMC, fabricante de inseticidas, herbicidas e fungicidas

é a mais nova integrante do Projeto RenovAção, iniciativa

desenvolvida pela Unica (União da Indústria de Cana-de-

-açúcar) e a Feraesp (Federação dos Trabalhadores Rurais

Assalariados do Estado de São Paulo) para requalificar cor-

tadores de cana em função do avanço da colheita mecani-

zada da cana.

“Participar deste projeto é uma grande honra para a FMC,

por ser um trabalho totalmente alinhado com o principal

objetivo da empresa, que é ser uma grande parceira das usi-

nas, ajudando nossos clientes a produzir mais e melhor,”

afirma João Gonçalves, gerente para Marketing de Cana da

FMC. Com a adesão ao RenovAção, a FMC intensifica suas

atividades junto ao setor sucroenergético, já que a empresa

também está entre as oito empresas e 11 entidades que par-

ticipam do Projeto Agora.

José Tadeu de Oliveira, diretor técnico da Soly vent do Brasil, parceira da Brumazi, falou sobre a alta eficiência em exaustão e ventilação para caldeiras.

AMYRIS FECHA ACORDO COM ETHA norte-americana Amyris fechou um acordo com a bra-

sileira ETH Bioenergia, empresa de etanol do grupo Ode-

brecht, para a produção de um químico renovável que pode

servir de matéria-prima para óleo diesel. De acordo com di-

vulgação feita pelas empresas, a joint venture formada pelas

empresas terá acesso a um volume de moagem de 2 milhões

de t de cana por ano em uma das unidades greenfield que a

ETH está construindo no Brasil.

O objetivo da iniciativa é a produção, a partir do caldo da

cana-de-açúcar, do Biofene, nome dado pela Amyris para o

farneseno renovável, matéria-prima que pode ser utilizada

para a produção de cosméticos, lubrificantes, combustível

de aviação, óleo diesel, entre outros usos.

A joint venture será controlada pela ETH e a Amyris e

terá direitos exclusivos sobre a comercialização do farne-

seno a ser produzido. "Por meio desta joint venture com a

ETH, e com outros acordos já fechados no Brasil, a Amyris

tem agora acesso a 15 milhões de t de moagem de cana pa-

ra alimentar nossa produção", afirmou no comunicado John

Melo, presidente-executivo da empresa.

ACIDENTES DE TR ABALHO TÊM REDUÇÃO Segundo o último levantamento realizado pela Previdên-

cia Social, o número de acidentes de trabalho em 2010 caiu

em relação a 2009, passando de 733.365 para 701.496. No en-

tanto, o número de mortes aumentou de 2.560 para 2.712 em

2010. E os acidentes de trabalho de trajeto, que ocorrem nos

deslocamentos do trabalhador, tiveram aumento e passaram

de 90 mil para aproximadamente 94 mil em 2010.

De acordo com Luis Augusto de Bruin, advogado especia-

lista em Direito do Trabalho e palestrante sobre segurança do

trabalho para a marca Bracol, fabricante de equipamentos de

proteção individual da holding BSB, os números refletem di-

minuição na frequência dos acidentes que, em contrapartida,

ocorreram com maior gravidade. “Medidas têm sido tomadas

para reduzir pequenas ocorrências do cotidiano, mas é pre-

ciso atenção as grandes também, que têm aumentado. Há a

necessidade de investimentos maiores”, avalia.

Em 2012, a Bracol continua a promover palestras com tra-

balhadores e técnicos de segurança do trabalho. O tema será

“A gestão do Fator Acidentário de Prevenção e do Nexo Técni-

co Epidemiológico para a redução do passivo acidentário”.

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atualidades jurídicas atualidades jurídicas

50 + Atualidades

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52+Atualidades

atualidades jurídicas atualidades jurídicasatualidades jurídicasatualidades jurídicas

52

EMPREGADA É DEMITIDA POR UTILIZAR DOCUMENTOS SIGILOSOS EM AÇÃO TRABALHISTAEmpregado que tira cópias de prontuários médicos de pacientes

do hospital em que trabalha a fim de utilizá-los como prova em pro-

cesso judicial pode ser demitido por justa causa. Essa foi a decisão

da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

No caso, uma ex-funcionária de um hospital usou cópias de

prontuários para demonstrar os tipos de doenças com as quais man-

tinha contato no local de prestação de serviço e, assim, justificar seu

pedido de recebimento de adicional de insalubridade em grau má-

ximo na Justiça do Trabalho. Por isso, foi demitida por justa causa

e buscou indenização por danos morais.

Em primeira instância, foi confirmada a validade da justa causa

e negou-se a indenização por danos morais requerida pela trabalha-

dora. Ao contrário do alegado pela empregada, o juiz considerou

desnecessária a realização de sindicância, na medida em que havia

prova bastante da conduta faltosa da profissional. O Tribunal Regio-

nal do Trabalho da 4ª Região, RS, também manteve a decisão, con-

DIREITO DO TR ABALHO

cluindo que as provas existentes nos autos eram suficientes

para manutenção da dispensa por justa causa.

Inconformada com o resultado, a trabalhadora entrou

com um agravo de instrumento no TST para tentar rediscutir

a questão por meio de um recurso de revista que havia sido

barrado no Regional. Disse que tirara as cópias dos prontu-

ários apenas para exemplificar para a advogada as tarefas

que desempenhava no setor, e não imaginava que seriam

utilizadas como prova documental no processo judicial em

que requereu o pagamento de adicional de insalubridade.

Durante o julgamento o TST observou que os fatos des-

critos pelo Regional corroboravam a existência de falta gra-

ve cometida pela trabalhadora. Segundo o entendimento, a

empregada poderia ter utilizado prova pericial para demons-

trar o seu direito ao adicional, sem necessidade de divulgar

documentos sigilosos. Por fim, a Sexta Turma, em decisão

unânime, negou provimento ao agravo de instrumento da

empregada.

PACOTE DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL SIMPLIFICA TRÂMITES

Foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) um pacote de

regras e novos prazos para simplificar o processo de licenciamento

ambiental de obras de infraestrutura.

A partir de agora, quatro órgãos frequentemente ouvidos no li-

cenciamento de obras (o Ministério da Saúde, a Funai, o Iphan e a

Fundação Palmares) terão prazo de 60 dias para se manifestar sobre

os estudos de impacto ambiental enviados pelos empreendedores.

O próprio Ibama, com as novas medidas, só poderá pedir com-

SUDESTE CONCENTR A MAIOR NÚMERO DE INTERESSADOS EM ADOTAR UMA CRIANÇA

Grande parte das cerca de 26 mil pessoas interessadas em

adotar no Brasil reside na Região Sudeste, é casada e tem renda

superior a três salários mínimos. É o que mostra o levantamen-

to do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), realizado no mês de

outubro.

O banco de dados foi criado pelo Conselho Nacional de Justiça

(CNJ) para reunir informações sobre as crianças e adolescentes

disponíveis para adoção, assim como dados sobre os pretendes.

O objetivo é traçar o perfil dos cadastrados, possibilitar um raio-

-X do sistema de adoção no País, permitir políticas públicas na

área e agilizar os processos judiciais.

De acordo com o CNA, chega a 26.936 o número de pretenden-

tes em todo o País. Esse número é bem maior que o de crianças

ou adolescentes disponíveis – 4.900 no total, segundo o último

levantamento.

O CNA também evidencia que as exigências dos pretendentes

ainda consistem nos principais empecilhos para a recolocação

das crianças e adolescentes disponíveis no Cadastro em uma no-

va família. De acordo com o CNA, apenas 33,7% dos cadastrados

plementações dos estudos ambientais uma única vez. Os em-

preendedores também terão uma única oportunidade para

responder. Depois disso, o Ibama deverá aprovar ou indeferir

a licença, mas sem novas trocas de documentos.

O Ibama tem hoje 1.829 processos de licenciamento am-

biental em diferentes fases (licença prévia, de instalação e de

operação). Até outubro, havia 414 licenças dadas em 2011. É

uma média de 2,2 licenças por dia útil. O órgão tem hoje 382

analistas trabalhando na área, 60% dos quais têm especiali-

zação, mestrado ou doutorado.

aceitam crianças negras, por exemplo. Das 4.900 crianças cadas-

tradas, no entanto, 2.272 (ou 46,3%) são pardas. Outras 916 (ou

18,6%) são negras, 35 (ou 0,7%) amarelas e 29 (0,5%) indígenas.

Brancos somam 1.657 (ou 33,8%).

A maior parte também se recusa a adotar grupos de irmãos

(82,9% dos cadastrados querem apenas uma criança). Outra res-

trição está relacionada à idade. O interesse por crianças com mais

de seis anos cai consideravelmente, de acordo com o cadastro,

ficando abaixo dos 3% segundo o Cadastro Nacional de Adoção.

O DESPERTAR AGROINDUSTRIAL PARA A INOVAÇÃO, MAS NÃO PARA A PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE

INTELECTUALProjetos relacionados às áreas agrícola, industrial e de aplicação

de produtos derivados da cana ganham notoriedade no Prêmio TOP

Etanol 2012. A iniciativa é do Projeto AGORA que desde 2009 re-

conhece e incentiva as pesquisas, o desenvolvimento e a inovação

que agreguem valor ao setor sucroenergético.

O 3º Prêmio TOP Etanol receberá inscrições até o dia 29 de

fevereiro de 2012 e com três modalidades previstas em seu regu-

lamento: Energia Industrial, Insumo Industrial para Produção de

Bioplásticos e Transportes.

Iniciativas como esta alinham duas tendências globais: a da

sustentabilidade e da inovação. Entretanto, é importante ressaltar

DIREITO CIVIL

DIREITO AMBIENTAL

PROPRIEDADE INTELECTUAL

que dentre estes projetos inovadores que serão submetidos

podem estar presentes produtos ou processos passíveis de

privilégio invenção, seja a patente, o modelo de utilidade

ou mesmo um diferencial competitivo protegido pelo “tra-

de secret”.

De acordo com o artigo 8º. da Lei 9.279/96, três são os re-

quisitos básicos para a concessão da exclusividade: novida-

de, atividade inventiva e aplicação industrial. Isso significa

que qualquer publicação antes do depósito do pedido preju-

dica a patente. Por isso, recomenda-se primeiro a proteção e

depois a publicação ou divulgação da inovação tecnológica.

O regulamento do Prêmio pode ser encontrado no ende-

reço eletrônico: http://www.projetoagora.com.br/premioto-

petanol/regulamento-inovacao-tecnologica.php

54 55

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52 + Executivo

executivo

JOÃO NICOLAU PETRONI

Idade80 anos

Estado CivilCasado há 59 anos e tem quatro filhos

Naturalidade Birigui, SP

CargoDiretor Presidente da Usina Barralcool

HobbiesJogar baralho com os amigos

Filosofia de vidaFoco no trabalho e dedicação à família

A história de vida deste executivo certamente daria um bom

livro. Segundo ele mesmo, sua trajetória só foi possível com “mui-

to suor, trabalho e dedicação.”

João Nicolau Petroni, diretor presidente da Usina Barralcool,

tem uma vida marcada pelo pioneirismo. Começou sua vida pro-

fissional trabalhando com algodão em terras arrendadas em São

Paulo. Mas, em busca de novas possibilidades, decidiu desbra-

var novas terras. Foi para o Mato Grosso e, com os incentivos do

Proálcool, tomou frente de um novo negócio.

Reuniu alguns amigos da região de Barra do Bugres e incenti-

vou-os a fazer parte de seu sonho: produzir etanol. Petroni conta

que sempre teve em mente que o álcool era o primo

do petróleo e via nele grandes possibilidades.

Em uma espécie de cooperativa, em 1980,

Petroni e outros empresários fundavam a Usi-

na Barralcool em Barra do Bugres, MT. “Éra-

mos empresários que acreditavam no setor.

Tínhamos perspectivas de geração de divisas e

empregos para o município.”

Com muito empenho, em 1983, foram

usina de biodiesel do mundo integrada a uma unidade sucroal-

cooleira. Segundo Petroni, o investimento efetuado pela Barral-

cool foi possível porque a empresa acreditava na evolução dos

biocombustíveis.

“O Projeto Biodiesel Barralcool começou bem antes do mar-

co regulatório do início do programa, que começou em 2005. Se

deu através da empresa Ecomat, localizada em Cuiabá, MT. Os

estudos foram iniciados no ano de 2000. No começo, a pesquisa

e os testes estavam sendo realizados com um aditivo que permi-

moídas as primeiras canas da usina. “A primeira safra tinha ca-

pacidade instalada de produção de 180 mil l de etanol/dia, com

moagem total de 35 mil t de cana-de-açúcar, produzindo no pe-

ríodo 2, 4 milhões l de álcool hidratado. Em 1994 iniciávamos a

nossa produção de açúcar cristal.”

Vinte e três anos depois da primeira moagem de cana-de-

-açúcar do Grupo, um novo sonho se tornou realidade. E mais

uma vez, o pioneirismo marcou a nova conquista da empresa.

Em novembro de 2006 entrou em funcionamento a primeira

Petroni ao lado do então presidente Lula durante inauguração da Fábrica de Biodiesel da Usina Barralcool em 2007

Recebendo, pelo terceiro ano consecutivo, o cer tificado de Responsabilidade Social pelo Governo do Estado do Mato Grosso

Petroni: “Consegui além do que esperava. Eu tenho vários projetos a longo prazo. Minha idade não prende meus sonhos!”

executivo

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tia o uso da mistura de álcool ao diesel de petróleo. Mas, logo

após a academia começar a falar em biodiesel, a Ecomat fez as

primeiras experiências com este produto em laboratório. Como

a empresa era formada por mais sócios e a Barralcool, sendo que

os mesmos não quiseram fazer investimentos para adequação da

produção para aumentar a capacidade de biodiesel para dar via-

bilidade à mesma, a Barralcool tomou a decisão de investir com

a integração de uma unidade de produção de biodiesel a uma

usina de álcool e açúcar”, conta o executivo.

A unidade foi implantada pela empresa Dedini e conta com

tecnologia de ponta, desenvolvida pela empresa italiana Balestra.

A planta de biodiesel tem uma série de características inovado-

ras e conceito completo, com o tratamento das matérias-primas,

podendo utilizar qualquer tipo de óleo vegetal e gordura animal,

aproveitando da melhor forma os subprodutos como é o caso do

tratamento da glicerina.

A fabricação de biodiesel pode ser efetuada com o processo

de transesterificação e esterificação. A unidade segue padrões

internacionais de segurança e tem capacidade de produção de

194 m³ de biodiesel/dia. "Nós acreditamos no Programa Nacio-

nal de Biocombustíveis e, imbuídos de idealismo, passamos a

ser mais um elo da corrente que busca sustentar a batalha alter-

nativa ao petróleo.”

A empresa possui o Selo Social do Biodiesel do MDA (Minis-

tério do Desenvolvimento Agrário), em função do trabalho que

vem realizando junto a agricultura familiar do Estado, prestando

assistência técnica e garantia de compra de produtos.

“Estamos produzindo atualmente em torno de 28 mil m³/

ano. A expectativa é que o mercado de biocombustíveis avance

e substitua em um maior número a demanda por combustíveis

derivados de petróleo pelas questões ambientais visando o bem

da população atual e das futuras gerações. Para que isso ocorra

com o biodiesel é preciso que o governo, através das políticas

públicas para o setor de biocombustíveis, dê um direcionamento

a longo prazo, com a instituição de marcos regulatórios que vis-

lumbrem o crescimento do setor ao longo do tempo. Hoje o Brasil

tem mais que o dobro de capacidade de produção em relação a

demanda que está em torno de 2,6 bilhões /ano”, destaca Petroni.

A perspectiva do grupo é fechar a safra atual com 3,2 milhões

t de cana e atingir na próxima safra (2012/2013), 2,4 milhões de

t de cana.

“Este ano tivemos uma redução quanto a matéria-prima por

fatores climáticos, mas ao mesmo tempo tivemos um melhor re-

torno do mercado em relação a última safra. Para os próximos

anos, queremos melhorar a retirada de palha da cana do processo

industrial, secar, picar e produzir energia para agregar valor ao

nosso produto. Hoje, a usina tem uma cogeração anual de 100

mil MW/ ano.”

Dois mil e onze foi um ano de muita comemoração. Não só

dos 80 anos de vida completados por Petroni, como também de

mais de 28 anos de investimentos em desenvolvimento, melho-

rias nos serviços, equipamentos, produtos e capital humano.

“As nossas atividades são pautadas na honestidade e no com-

prometimento, na defesa pelos princípios de respeito à vida hu-

mana, em respeito às leis, estatutos, regulamentações e adoções

de práticas de proteção ao bem-estar das pessoas e do meio am-

biente”, comemora o executivo.

CRESCER COM SUSTENTABILIDADE Atualmente a Barralcool tem seu processo agrícola 70% me-

canizado, desde o plantio até a colheita. A preocupação em tocar

projetos ambientais dentro da usina parece ser um dos principais

focos da empresa.

Petroni destaca o PGRSI (Programa de Gerenciamento de Resí-

duos Sólidos Industriais), um programa que orienta sobre a clas-

sificação e quantificação dos resíduos sólidos gerados em cada

etapa do processo, englobando atividades principais e de apoio.

“Tornando o manejo rigoroso, reduzindo o desperdício e es-

timulando a agregação de valor, são mantidas parcerias com em-

presas de reciclagem de embalagens plásticas e materiais que não

podem ser dispostos de maneira convencional. Eles são encami-

nhados para usinas de co-processamento em fornos de clínquer

(cimenteiras) licenciadas fora do Estado. A Barralcool é a única

no segmento, dentro do Estado de Mato de Grosso, que possui

MTR (Manifesto de Transporte de Resíduos) entre Estados, já

autorizado pela Sema (Secretaria Estadual do Meio Ambiente),

para aquisição do primeiro certificado de destruição térmica de

resíduos perigosos”, salienta.

A fertirrigação de canaviais é outra ação levada a sério pelo

Grupo. “Com a fertirrigação foi possível a substituição total ou

parcial da adubação mineral convencional, aproveitando o gran-

de potencial fertilizante da vinhaça para realizar a reciclagem de

nutrientes. Tivemos aumento médio de 2 a 5 t/ha da produtivi-

dade agrícola das socarias de cana-de-açúcar, em função disso.”

Em 1983 nascia a Barralcool

Atualmente, além dos cuidados com o solo durante o plantio,

a usina produz em seu viveiro espécies para reflorestamento. Já

foi realizado o plantio de mais de 800 mil mudas nativas nas ma-

tas ciliares. “Os projetos ambientais e a parceria com a comuni-

dade caminham juntos na empresa. Temos parcerias com escolas,

o que nos incentiva sempre a buscar inovações para esta área.

Crescer com sustentabilidade é nosso foco”, enfatiza Petroni.

OITENTA ANOS DE MUITA ENERGIA Muitas pessoas que vivem na “melhor idade” dizem que o se-

gredo para se manter com um espírito jovem e ativo é estar com

a mente sempre ocupada e disposta.

Para Petroni, o que lhe faz rejuvenescer a cada dia é estar

envolvido com seu trabalho na usina e ter o poder de tomar de-

cisões. “Sempre acordo às quatro e meia da manhã, tomo café,

passo para dar uma olhada na fazenda e em seguida parto para

as lavouras. Faço questão de conversar com nossos colaborado-

res, pois quem está na linha de frente tem uma outra visão para

nos passar. Depois, vou para usina e lá passo o dia envolvido em

compromissos da diretoria e na tomada de decisões. Isso me faz

rejuvenescer”, revela.

Mesmo quando sobra um tempo, ele aproveita para continu-

ar exercitando a mente. Para relaxar a cabeça, Petroni conta que

adora jogar com os amigos um jogo de baralho chamado “pon-

tinho”. Além da companhia dos amigos, gosta muito de andar a

cavalo. Mas, relembrando o passado, revela que seus passatempos

prediletos eram jogar futebol e dançar. “Além disso, gosto muito

de viajar. Já fui ao Chile, Cuba, Estados Unidos. Agora pretendo

conhecer a Itália”, diz.

Foco no trabalho e dedicação a família é o que preconiza a

trajetória de vida deste executivo que se diz ser um homem re-

alizado. “Consegui além do que esperava. E ainda tenho vários

projetos a longo prazo. Minha idade não prende meus sonhos!

O importante na vida e no trabalho não é ser, ter ou aparecer. O

importante é fazer, construir e desenvolver com coragem, ener-

gia, confiança, otimismo e fé em Deus”, declara.

Ele faz questão de deixar um recado ao colegas que, certamen-

te, têm um caminho longo pela frente. “Há 30 anos, falávamos

que o álcool era o primo do petróleo e hoje vemos que a cana-de-

açúcar é capaz de gerar itens que até então eram impensáveis;

garrafa pet, celular, osso para implante de globo ocular, entre

outras milhares de possibilidades. Vejo um mercado crescente

e favorável para nosso setor, portanto temos que ter coragem de

arriscar e seguir em frente, pois a demanda que temos a aten-

der é visivelmente crescente. Muito trabalho e dedicação é o

que desejo a todos”, conclui.

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58 + Dropes 59 + Areva/Koblitz – 1 página

NOVAS ESPÉCIES PARA O CULTIVOO IAC (Instituto Agronômico de Campinas) tem

levado a ciência para a plantação ao interferir em

cruzamentos genéticos para criar novas espécies. O ob-os para criar novas espécies. O ob-

jetivo, de acordo com o pesquisador e coordenador do

Programa Cana do IAC, Marcos Landell, é desenvolver

outros tipos de cana-de-açúcar mais adaptados às ne-

cessidades atuais e futuras, como maior resistência ao

clima ou mais biomassa. Segundo Landell, neste ano,

serão produzidos 400 mil tipos de cana diferentes a

partir de cruzamentos feitos na nova área de pesquisa

do instituto na Bahia.

Pesquisas feitas há mais de dez anos permitiram que

fossem desenvolvidos tipos de cana que produziam mais

álcool por hectare - de 60 l para cerca de 100 l do com-

bustível, segundo Landell. O esforço é desenvolver no-

vos tipos para se adaptar ao clima seco.

DOW E MITSUI CONCLUEM JOINT VENTURE A norte-americana Dow Chemical e a japonesa Mit-

sui obtiveram todas as autorizações regulatórias neces-

sárias e concluíram a formação de uma joint venture em

uma plataforma de biopolímeros no Brasil para aplica-

ções nas áreas de medicina, higiene e embalagens.

De acordo com a Dow Chemical, a Mitsui terá uma

participação de 50% na operação da empresa norte-

-americana localizada em Santa Vitória, MS. O alcance

inicial da joint venture, anunciada originalmente em ju-

lho, inclui a produção de etanol de cana-de-açúcar para

uso como fonte de matéria-prima de biomassa renová-

vel. A expectativa é que as operações tenham início no

segundo trimestre de 2013.

USINAS JÁ DETÊM SELO PARA EXPORTAR À UE

A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar)

informou que sete usinas de açúcar e álcool do Centro-álcool do Centro- do Centro-

-Sul já receberam a certificação mundial da Bonsucro

(Better Sugarcane Initiative). O selo é uma exigência da

União Europeia ao importar esses produtos e garante que

o processo de produção cumpre critérios de sustentabi-

lidade ambientais, sociais e trabalhistas.

O selo foi lançado há cerca de

quatro meses e já certifica a pro-

dução das usinas Quatá, São Jo-

sé, Barra Grande, que compõem

o Grupo Zilor; Usina Maracaí, do

Grupo Raízen; Usina Equipav, do

Grupo Renuka; Usinas São Mano-

el e Santa Adélia. O processo de

certificação foi criado para estabe-

lecer princípios e critérios socio-

ambientais nas regiões de cultivo

de cana em todo o mundo.

ETANOL CHEGA À ANTÁRTICA No início de novembro chegaram os primeiros carregamentos

de etanol, fornecido pela Petrobras, para a produção de energia

elétrica na Estação Antártica Comandante Ferraz, na Antártica.

O etanol e o motogerador da Vale Soluções em Energia (VSE)

- que vai gerar a energia a partir do etanol - partiram do Bra-

sil em outubro. Com a chegada do material, terá início um

programa científico que tornará o Brasil o primeiro País do

mundo a utilizar biocombustível para produção de energia

no continente antártico. A iniciativa faz parte do acordo de

cooperação científico-tecnológico entre a Petrobras, a VSE e

a Marinha do Brasil. A empresa fornecerá os 350 mil l de eta-

nol necessários à operação e, por meio de acompanhamento

tecnológico, validará a utilização do etanol em condições de

baixa temperatura.

TAILÂNDIA USA ÔNIBUS A ETANOLApós uma série de testes bem sucedidos com ônibus movi-

dos a etanol, o governo da Tailândia deve adotar oficialmente

o combustível renovável em sua frota de veículos urbanos,

algo inédito na Ásia, embora ainda sem data definida para

implementação.

O consultor de Emissões e Tecnologia da Unica (União

da indústria de Cana-de-Açúcar), Alfred Szwarc explica que,

em comparação com a gasolina e o diesel, o etanol renovável

pode diminuir em 70% a 80% a quantidade de dióxido de

carbono gerada pela combustão em veículos pesados. A ado-

ção definitiva do etanol na frota de ônibus tailandesa ainda

deverá demorar alguns meses até ser aprovada pelo governo

do País. O projeto está previsto para a capital, Bancoc.

51% PARA PRODUÇÃO DE ETANOLA Unica estima que 51,8% da cana projetada para a sa-

fra 2011/2012 serão utilizados para produção de etanol, e

48,1% terão como destino a produção de açúcar. Com isso, a

produção de açúcar deverá atingir 30,8 milhões de t, queda

de 8% em relação aos 33,5 milhões de t produzidas na safra

2010/2011. Os dados foram divulgados pela entidade durante

balanço promovido pela instituição.

Já a produção de etanol, deverá totalizar 20,3 bilhões de

l, queda de 19,6% sobre os 25,3 bilhões de l da safra anterior.

Do total a ser produzido nesta safra, 7,8 bilhões de l serão

de etanol anidro e 12,5 bilhões de hidratado. De acordo com

o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, a

evolução da produção está sendo acompanhada de perto por

todos os agentes e existe consenso de que, mantida a tendên-

cia de vendas, os valores projetados, em especial para o etanol

anidro, são suficientes para atender plenamente o mercado

doméstico até o início da próxima safra.

ERRATANa edição 131, na página 06 da matéria especial “Plantar

ou Plantar” foi publicado erroneamente o nome do Grupo

Jalles Machado, quando o correto é Usinas Itamarati.

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