Idealizacaco Andrea(2)
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Revista Litteris Histria Julho de 2010 Nmero 5
Revista Litteris ISSN 1983 7429 www.revistaliteris.com.br Nmero 5
A idealizao da santidade atravs dos escritos
hagiogrficos no tardo antigo mediterrnico
Andrea Dal Pra de Deus ( UFPR)1
Resumo
As obras hagiogrficas do VII sculo da Hispania revestem-se de uma chave poltica e
histrica, pois, definem a posio das hierarquias eclesisticas e as tenses entre
poderes centrais e locais poderes episcopais, monsticos, e o controle do patrimnio de uns e outros. Esta relao de poderes se deve a aprovao dos comportamentos
individuais dos homens que as hagiografias sancionam. H, por certo, uma difuso
pblica atravs das hagiografias da qualidade de um uir sanctus. Tratar, pois, da
documentao hagiogrfica com a metodologia da pesquisa histrica, propicia uma
pesquisa comprometida em extrair das informaes discorridas no texto sobre a vida
de um homem santo, o alicerce contextual.
PALAVRAS-CHAVES: Hagiografias; Antiguidade Tardia; unidade poltico-religiosa;
santidade; eremitismo
Abstract
The hagiographic works of the seventh century Hispania are of a key political and
historical, because defining the position of the ecclesiastical hierarchy and the tensions
between central and local powers - powers episcopal, monastic, and control of assets
from each other. This relationship of power is due to approval of the individual
behaviors of men who were awarded the hagiographies. There are, of course, a public
dissemination through the hagiographies of the quality of a uir sanctus. The
hagiographic documents must be treat through the history methodology because there
will be a research engaged to extract the information of context.
KEY WORDS: hagiography; Late Antiquity, politico-religious unit; sanctity; eremitic
1 Andrea Dal Pra de Deus, doutoranda em Histria- linha Cultura e Poder- ps graduao em Histria da Universidade Federal do Paran. Desenvolve pesquisas pertinentes ao mbito tardo antigo
mediterrnico desde a graduao (iniciao cientfica) e mestrado (dissertao defendida nesta rea). e-
mail: [email protected]
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A idealizao da santidade atravs dos escritos hagiogrficos no tardo antigo
mediterrnico
Andrea Dal Pra de Deus (UFPR, Curitiba, Brasil)
O VII sculo insere-se numa condio particular dentro do processo de
estruturao social do tardo-antigo, pois, segundo documentaes, podemos nos
referenciar a este sculo como um perodo que espreita o mundo rural, em detrimento
do modelo poltico tradicional, at ento, que concentrava poder no ambiente citadino.
A partir deste stimo sculo, novas relaes de poder, que j estavam em processo e
estruturao desde o III sculo, sobressaem-se, paulatinamente.i
No que concerne poltica, os estudos historiogrficos sobre o perodo
concentram-se em discusses a cerca da necessidade de unidade poltica que neste
momento do reino hispano-visigodo parece esforar-se para, realmente, efetivar.
Preservam-se as teorias polticas unicistas, que convergem a uma centralizao de
poder, a volta da monarquia, como mecanismo de proteo da unidade do reinoii.
Dentro desta construo, terico-poltica, de que a monarquia concentra poderes,
insere-se, no mesmo passo, a tendncia em se focar, tambm, uma unidade religiosa.
Deste modo, um reino que professe uma nica f, o catolicismo niceno, agrega os
sditos ao representante poltico escolhido por Deus, o rei hispano-visigodo. Tal
afirmao, erige-se como prerrogativa da fidelidade do homem Deus, e, portanto, ao
seu reiiii
. De fato, tais pressupostos so construes tericas que contrapostas ao
contexto do perodo, produzem elementos contraditrios.
Os estudos dos aspectos poltico-religiosos que envolvem o desenvolvimento
histrico da sociedade hispano-visigoda so descritos pela historiografia, especialista
no temaiv
, alicerados na discusso sobre o poderv.
A monarquia catlica hispano-visigoda, por exemplo, foi uma instituio que
testemunhou rebelies, usurpaes e conspiraes. Tal evidncia ressalta que na
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prtica mesmo sendo uma instituio divina, a monarquia era alvo de disputas e
dissenses. Da mesma maneira, a prpria f crist no era uma unanimidade. Mesmo
num reino, juridicamente, dito cristo uma srie de prticas pags se perpetuaramvi
.
Disputas de poder tambm fizeram parte do ncleo religioso do reino. As
hierarquias eclesisticas disputavam poder entre si. As obras hagiogrficas do VII
sculo da Hispania revestem-se de uma chave poltica e histrica, pois, definem a
posio das hierarquias eclesisticas e as tenses entre poderes centrais e locais
poderes episcopais, monsticos, e o controle do patrimnio de uns e outros. Esta
relao de poderes se deve a aprovao dos comportamentos individuais dos homens
que as hagiografias sancionam. H, por certo, uma difuso pblica atravs das
hagiografias da qualidade de um uir sanctus, que demonstra a idealizao da santidade
difundida no mediterrnico tardo antigo.
Percebemos que h uma tenso entre as hierarquias eclesisticas seculares e os
monges do deserto, que nem sempre se reportavam a organizao eclesisticavii
. Tal
tenso seria um equvoco, uma vez que a doutrina da ecclesia pregoa uma perfeita
conciliao entre a hierarquia secular e os monges.
Apesar de existir uma tradio oral de relatos, a conformao escrita de uma
hagiografia feita por membros da hierarquia eclesistica ou das elites aristocrticas,
o que influencia a presena de acontecimentos histricos no relato. A postura oficial
das hierarquias eclesisticas e/ou aristocrticas ao considerar os requisitos para um
homem ser considerado modelo de emulao e admirao, transforma as obras
hagiogrficas em um produto ideolgico a servio dos segmentos aristocrticos que
projetam uma srie de mensagem que lhes diz respeitoviii
.
Segundo estudos de Frighetto, sobre as fontes do noroeste peninsular, em meados
do sculo VII a Hispania testemunha um surto evangelizador, com forte apelo
ideolgico em relao unio do cristianismo com a instituio monrquica. Alm
disso, atesta que este processo de evangelizao acontece atravs do sincretismo que
visava tornar o cristianismo mais palatvel s populaes rurais paganizadasix. Essa
manifestao no um acontecimento qualquer, mas um ato de induo divina. De
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certa forma, as hagiografias fazem parte deste ministrio de converso, pois so textos
fronteirios, no sentido de que edificam o fiel e divulgam preceitos cristos que
restringiam-se aos homens da ecclesia, para a sociedade em geral, incorporando
elementos do cotidiano da cultura-poltica do stimo sculo.
A vida dos santos e outros documentos histricos, em particular as regras
monsticas, conformam uma tipologia complexa que determinada pelas
circunstncias polticas, sociais, econmicas e culturais, e que se repartem em zonas
geogrficas que seguem o curso dos rios e fundam no ocidente diversos modelos de
vida monsticax. Em cada rea geogrfica h uma combinao entre uma tradio
crist e uma cultura preexistente.
As hagiografias so documentaes de tanta relevncia para o estudo da cultura-
poltica do tardo-antigo quanto os textos jurdicos, as crnicas, os conclios. A
despeito da imagem de textos de natureza fantstica, as hagiografias, pouco a pouco,
dentro da historiografia, so acrescidas de importncia, pois vertem elementos que nos
auxiliam na reconstruo de como a sociedade na qual foram produzidas se
relacionava, no apenas com o espiritual, mas entre si.
As obras hagiogrficas especficas da Hispania visigoda so poucas e singulares
no que concerne a caractersticas formais e contedo. Uma das caractersticas comum
a todas as obras so as implicaes polticas que possuem, seja por seus personagens,
seus autores e a finalidade ou finalidades com que foram escritasxi
.
O eremitismo tem um papel primordial na concepo crist de contemplao a
Deus. Atesta um estranhamento ao mundo; d vazo solido como caminho
introspeco; expe as circunstncias do deserto deserto geogrfico, de gentes, de
alimentos como cenrio propcio a uma experincia espiritual que somente se torna
verdica por meio da ausncia, abrindo espao para uma srie de intervenes divinas
ligadas ao sobrenaturalxii
.
De fato, as hagiografias so documentaes essenciais para se compreender a
difuso do cristianismo dentro de um segmento especfico da sociedade- a ecclesia.
Um aparato didtico que conluia a cultura especfica de uma pocaxiii
, e desenvolve
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um papel social que se estende do fim do imprio romano at, pelo menos, o sculo
Xxiv
.
A cultura poltica do VII sculo na Hispania caracterizada pela descentralizao
poltica oriunda da atomizao do poder poltico em poderes regionais, que se
escoram sob diferentes interesses e produzem disputas de poder poltico e social
conforme a cadncia dos acontecimentos que favorecem ou arrunam determinados
grupos. O cristianismo e sua organizao administrativa possuem dentro de seus
quadros funcionais cises pois a ala de influncia de determinados grupos polticos
atinge tambm os partcipes do clero, que sancionam leis para o reino, atravs dos
conclios, que propiciam amparar suas perspectivas polticas. Dissenses partidrias
postas de lado, as hierarquias eclesisticas esforam-se por manter uma atmosfera de
unidade e coeso, que nem sempre uma realidade. caracterstica deste perodo
histrico a inexistncia de contornos ntidos em conceitos polticos, pois o movimento
de idias, que incorpora elementos de pocas precedentes e recicla-os segundo os
ditames contextuais, bastante saliente. Quanto ao modo de vida de um uir sanctus a
impreciso evidenciada devido s diferentes correntes filosficas no seio da
cristandade. O eremetismo difundido na regio do Bierzo, na antiga gaellecia romana,
inscreveu-se na histria atravs dos escritos hagiogrficos de Valrio. A partir desta
compilao disseminou-se uma perspectiva de prtica asctica testemunha da ecloso
dos uiri sancti.
No stimo sculo percebemos que o paganismo era bastante forte na regio
do norte da pennsula ibricaxv
. O carter carismtico dos evangelizadores que se
disseminavam sobre estas regies repousa sobre uma vida de grande austeridade com
prticas penitenciais, em meio a pobreza, a castidade, e o isolamento. A crena de que
os demnios habitavam os desertos era um estmulo aos monges lanarem-se ao
isolamento destas regies, uma vez que poderiam confrontar sua bagagem de
conhecimento cristo e de prticas espirituais com o desafio extra-sensorial da
persuaso de demnios. Nestas ocasies a admirao da populao rural ao
testemunhar os sacrifcios fsicos e espirituais dos monges suscitava converses e
imitaes. No raro, as notcias de milagres espalhavam-se.
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Num perodo em que a poltica no se desvincula de conceitos religiosos, a
ascenso espiritual manifesta-se com especial interesse poltico. O culto aos homens
santos marcou a vida do tardo-antigo e um fenmeno de produo paralela ainda
vigente em distintas culturasxvi
. A idealizao da santidade, proposta pelos monges
eremitas, repercute na escrita das hagiografias tardo antigas, das quais destaco as
obras de Valrio de Bierzo por contemplar mincias, ainda pouco estudadas pela
historiografia, que congregam um celeiro de virtudes e prticas crists bastante
importantes para o desenvolvimento da conduta crist legitimada atravs da doutrina e
da conduta no mediterrnico tardo antigo e medieval.
As perspectivas eremticas, presentes na compilao hagiogrfica que Valrio
do Bierzo realizou, representam uma auctoritas no mbito scio-poltico tardo-antigo
e, estende-se, talvez, ao medievo. A valorizao moral e religiosa da poltica
inerente ao cenrio que se estrutura a partir do sculo IV. O propsito moralizante e
edificante das hagiografias cristaliza modelos e guias de orientao para os cristos.
possvel que as hagiografias contidas na compilao de Valrio j fossem
conhecidas e suas histrias circulassem em alguma medida. No entanto, o propsito de
Valrio de dedicar-lhes a organizao, atravs da cpia e estruturao documental,
refora o empenho pessoal do monge em criar um registro sobre a histria do
eremitismo, ou, at mesmo, de sua prpria histriaxvii
. Sua autobiografia cumpre em
muito esta funo, mas a compilao hagiogrfica salienta humanidade a trajetria
dos homens santos no tempo, ou seja, pode ser um prottipo da histria da perspectiva
eremtica. Registrar prticas eremticas um meio de valoriz-las. Ao que tudo indica,
Valrio do Bierzo pontua o sagrado para alm da investidura religiosa. A santidade
deslocada da ascenso social s hierarquias eclesisticas que representam a
aristocracia hispano-visigoda, para o homem ad eremi loca.
Tambm, notvel, que, ao explorarmos Valrio e suas hagiografias percorremos
a anlise de seu tempo precedente e, deste modo, acompanhamos o movimento de
idias no seio da intelectualidade crist. A inspirao de Fructuoso de Braga sobre a
personalidade de Valrio refletida em seu influxo ao movimento monsticoxviii
.
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Significativamente, a obra de Martinho de Braga, no sexto sculo, um expoente
deste processo. De correctione rusticorum dirigida aos camponeses e apresenta
como sinnimos as palavras rusticus e paganus, demonstrando, portanto, que a
populao rural era demasiadamente no adepta do cristianismo. Sabemos que o
cristianismo, originariamente, foi uma religio dos ambientes urbanos, mas,
progressivamente foi se expandindo as comunidades rurais. Percebemos que apesar da
historiografia, muitas vezes, compactuar da idia de que o cristianismo foi uma
religio das minorias intelectuais, a conjuntura poltico-social do tardo-antigo aliada
anlise de documentos do perodo, demonstra que mesmo as cidades, especialmente as
mais populosas e com movimento comercial, serem focos da difuso do cristianismo,
o ambiente das montanhas e campos foi abrangido no processo de converso de uma
maneira bastante interessante. Enquanto nas cidades os bispos poderiam pregar o
evangelho segundo mtodos de apostolado individual, como o ensino oral em escolas,
disseminao de obras literrias de carter apologtico e rituais litrgicos como hinos
e cnticos, os monges que se dedicaram a instruir os rusticus desenvolveram
atividades carismticas, que difundiam a pratica da castidade, penitencias e a pobreza,
como maneira de irradiar a nova f a estas populaes. Neste sentido, as hagiografias
de Valrio de Bierzo, configuram-se como um mtodo de evangelizao bastante
significativo, j que implantam tais prticas como santificadoras, por entre a
populao campesina.
O uir sanctus de Valrio um prottipo bastante prximo daquele representado
por S. Martinho de Toursxix
. O modelo de santidade de Valrio submete-se a tradio
eremtica. A Compilao Hagiogrfica de Valrio do Bierzo bastante original,
apresentando o eremita como prottipo de sanctus numa poca em que as normas
conciliares hispano-visigodas apontavam todo o contrrioxx
. Os conclios IV (633) e
VII de Toledo (646) chegam a estipular em seus cnones a submisso dos eremitas ao
bispo de sua diocese, tendo-lhe que prestar obedincia e submissoxxi
. Deste modo a
Compilao Hagiogrfica de Valrio do Bierzo bastante original, na medida em que
apresenta o eremita como prottipo do sanctus numa poca em que as normas
conciliares hispano-visigodas apontavam todo o contrrio. A prtica de uma vida
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eremita exposta como caminho da perfeio elemento agregador de conceitos
noo de vida espiritual e ascenso social durante o tardo-antigo.
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SCHLESINGER, H. & PORTO, H. Dicionrio Enciclopdico das Religies, vol. I.
Petrpolis: Vozes, 1995, p. 1224.
i GARCA MORENO, L.A. El Fin do Reino Visigodo de Toledo. p. 147
ii Vide FRIGUETTO, R. .Religio e poder no reino hispano-visigodo de Toledo: a busca da unidade
poltico-religiosa e a permanncia das prticas pags no sculo VII. Iberia (Logroo), Logroo, v. 2, p.
190-205, 2000.
iii
Vide DAL PRA DE DEUS, A. Para o Bem-Comum: a idia de fidelitas nas Sentenas de Isidoro de
Sevilha (HISPANIA, sc. VII), Dissertao de Mestrado UFPR, Curitiba, 2009
iv AHERNE, C.M.; BERMEJO GARCIA, E. ; BRUYNE, D.; CODNER MERINO, C.; CORULLN,
I.; DIAZ Y DIAZ, M.C; DAZ MARTINEZ.; DELEHAYE, H.; DURANY CASTRILLO, M.;
FERNANDEZ POUSA, R.; FERNANDEZ ALONSO, J.; FONTAN, A.; FRIGHETTO, R.; GARCA
MORENO, L.A.; GARCA VILLADA, Z.; GRCIA RODRIGUEZ.; GONZLEZ ECHEGARAY, J.;
MARTIN HERNANDEZ, F.; ORLANDIS, J.; RODRIGUEZ GONZALEZ.
v Cf. FRIGUETTO, R. . A Relao entre Cultura e Poder Na Antigidade Tardia: O Caso da Hispania
Visigoda. Histria. Questes e Debates, Curitiba-Paran, v. 14, p. 219-230, 1998; Poder e sociedade na
Hispania romana e visigoda na antiguidade tardia. Revista de Cincias Humanas (Curitiba), Curitiba, v.
10, p. 173-183, 2003; Algumas consideraes: o poder poltico na Antiguidade Clssica e na Antiguidade
Tardia. Stylos (Buenos Aires), Buenos Aires, v. 13, p. 37-47, 2004.
vi Com efeito, a existncia do paganismo e de suas permanncias na sociedade hispano-visigoda do
sculo VII so, de fato, muito significativas. In: FRIGHETTO, R. Religio e Poder no Reino Hispano-visigodo de Toledo: a busca da unidade poltico-religiosa e a permanncia das prticas pags no sculo
VII. In: Iberia Revista de La Antigedad, n 2, 1999, p. 134 vii
Observamos que a vida anacortica/eremtica passou a ser considerada pelos padres conciliares hispano-visigodos como ilegtima e, conseqentemente, no reconhecida. Sinal disso so os cnones 52
do IV Conc. De Toledo de 633 e o 5 do VII Conc. Toledo de 646. Em ambos o termo uagi encontra-se
associado todos aqueles que vivem de forma solitria fora de comunidades cenobticas reconhecidas. Ou
seja, os anacoretas e eremitas passaram a ser considerados pelas hierarquias episcopais hispano-visigodas
como verdadeiras ameaas ao monacato cenobtico e em ultima instancia ao modelo hierrquico
eclesistico pois seu exemplo inquieto, irresponsvel e averso obedincia hierrquica poderia provocar
insubordinao e conflitos eclesisticos. In: FRIGHETTO, R. A valorizao da vida eremtica na compilao hagiogrfica de Valrio do Bierzo (s. VII). SBPH- Anais da XXII Reunio. Rio de Janeiro,
2002, p. 118
viii
VELZQUEZ, I. Hagiografia Y Culto a los Santos em La Hispania Visigoda: Aproximacin a SUS
manifestaciones literrias. Mrida: Museo Nacional de Arte Romano, Cuadernos Emeritenses 32, 1995, p. 157.
ix
FRIGHETTO, R. Religio e Poder no reino hispano-visigodo de Toledo; a busca da unidade poltico-
religiosa e a permanncia das prticas pags no sculo VII. In: Iberia, 1999, p. 149
x LECLERQ, J. Monachisme, Sacerdoce et Missions au moyen Age. In: Studia Monastica. Barcelona,
23-1, 1981, p.308
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xi
VELZQUEZ, I. Hagiografa Y Culto a los Santos em La Hispania Visigoda: aproximacin a SUS
manifestaciones literrias. In: Cuadernos Emeritenses- 32. Mrida: Museo nacional de Arte Romano,
1995, p. 150-151
xii
No isolamento social o individuo consegue entrar em consonncia com o Deus cristo. Um Deus que
repetidamente aparece nas escrituras como mostrando seu desejo por meio de aes naturais incomuns,
que ocorrem, exatamente, nessas reas vazias. Passagens com Gneses, xodo no Velho testamento so
recuperadas quando, no Novo testamento, Jesus prope o mesmo tipo de isolamento. N do A
xiii Gregrio de Tours em Liber Vitae Patrum expressa que melhor falar sobre a vida de um homem
santo do que as vidas dos homens santos, pois o destaque da vida de um, entre aqueles que servem a
Deus, sustenta a vida de todos os outros. Essa utilizao de modelos caracterstica da instruo
eclesistica do tardo-antigo. Os modelos bblicos so recorrentes nos mais variados escritos. Se
analisarmos obras como as de Isidoro de Sevilha, notaremos Davi sendo exposto como modelo de rei para
a monarquia hispano-visigoda. In: ISIDORO DE SEVILHA. Sentencias. ed. CAMPOS, J. e ROCA, I.
Madrid, 1971. Antes, disto, Leandro de Sevilha no III conclio de Toledo de 589 j comparava o rei
Recaredo com o modelo bblico do novo testamento no homem novo, aquele que se batizava e ressurgia
com nova vida. Enfim, fazia parte da justificao da poca, a utilizao de modelos do passado como
instrutores do comportamento do presente. N do A.
xiv
O uir sanctus da poca romana somente teve sua vida compilada sob a forma de hagiografia a partir do
V sculo e mais adiante. Por isso, no devemos subestimar a variedade de formas de escrita hagiogrfica,
entrementes, pois a suposta similaridade de textos resultado destes serem conformados depois da poca
de sua produo e, possivelmente, alterados sem sua forma original. Vide WOOD, I & CHRYSOS, E.
(org) East and West: modes of communication. Proceedings of the first plenary Conference of Merida WOOD, I. "The use and abuse of latin hagiography in the early medieval west Leiden: Brill, 1999 xv
Segundo registros dos conclios episcopais de 681, 683, 693 , 694 e a legislao civil de 654 o
paganismo presente na Hispania, entre as classes mais baixas e at mesmo dentro do clero subsistem
crenas pags.N do A.
xvi
MALDONADO, Pedro Castillo. Los Mrtires Hispanorromanos y su culto em La Hispania de La
Antugedad tardia. Granada: editorial Universidad de granada, 1999, p.9
xvii
Segundo Daz y Daz a Compilao hagiogrfica de Valrio apresenta um prlogo copiado de Rufino
quando este escreve historia monachorum e apresenta s vidas de Joo, Paulo, Antnio, Hilrio, Germano
e Paulino. H ainda trechos extrados de Cassiano, alguns enxertos de texto de Valrio mesclados a
alguns pequenos ragmentos de textos de Sulpcio Severo. Tal fato denota que Valrio teve acesso a uma
biblioteca rica, que ele conhece bem o seu ofcio haja vista que os clssicos textos sobre monasticismo so de seu conhecimento e que soube produzir um conhecimento que instrui os monges. In: DIAZ Y DIAZ, M.C. La Vida de S. Fructuoso de Braga. Braga: 1974, p. 89, n. 3
xviii
Vide DIAZ Y DIAZ, M.C. La Vida de S. Fructuoso de Braga. Braga: 1974, p. 89, n. 3
xix
So Martinho de Tours. Bispo de tours. Pai do monasticismo na Glia, Martinho era filho de pais
pagos, tendo nascido na Pania e servido no exercito romano at sua converso ao Cristianismo. Depois
de viver como um recluso, fundou uma comunidade de Eremitas em Linug, perto de Poitiers, que se
torna o primeiro mosteiro de toda a Glia. Depois fundou Marmoutier, nos arredores de Tours, antes de
aceitar com reluntncia o bispado em Tours, por volta de 372. Seu discpulo Sulpcio Severo, descreveu a
obra missionria e os milagres de Martinha em De vita Beati Martini (c 410). Martinho morreu em
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Revista Litteris Histria Julho de 2010 Nmero 5
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novembro 397 em Caudes e foi sepultado em Tours, onde sua Igreja se tornou um centro de peregrinao.
N do A xx
Valrio apresenta na sua compilao hagiogrfica a figura do eremita como uir sanctus, diferindo,
portanto, dos relatos hagiogrficos oficiais, que colocavam o uir sanctus como aquele que atingia a
plenitude de seu status com a dignidade episcopal. Vide FRIGHETTO, R. A Valorizao da Vida
Eremtica na Compilao Hagiogrfica de Valrio do Bierzo (sculo VII). Rio de janeiro: SBPH,
Anais da XXII reunio, 2002, p. 117-123
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FERNNDEZ, J. Sobre La autobiografia de San Valrio Y Su Ascetismo. Hispania Sacra 2.1949 p.
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