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Estrutura salarial é melhor nas diretorias do que nos conselhos Fernando Torres e Silvia Fregoni | De São Paulo 01/02/2011 As diretorias das companhias abertas já têm estrutura de salários e compensações mais consolidada, com maior uniformidade entre as empresas, enquanto os conselhos de administração ainda vivem um processo de amadurecimento das boas práticas em remuneração. Essa é uma das conclusões de uma ampla pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), com os dados de 171 empresas, que será divulgada hoje ao mercado. Foram analisadas as companhias listadas nos níveis de governança da BM&FBovespa e as que fazem parte do índice IBrX. As informações foram extraídas dos Formulários de Referência, documento anual que passou ser obrigatório em 2010, no qual a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige a divulgação de políticas e práticas de remuneração. Uma evidência de uma maior uniformidade nos pagamentos recebidos por diretores de diferentes empresas é que a média anual desembolsada, de R$ 1,39 milhão por executivo nas 171 companhias da amostra, não difere muito da mediana, de R$ 1,03 milhão por ano. A média foi obtida pela soma dos salários médios por diretor de cada empresa, dividida pelo número de companhias. A mediana é o número que se encontra no meio da série de remunerações, no caso R$ 1,03 milhão. Ou seja, indica que metade das empresas paga mais do que R$ 1,03 milhão por diretor e metade paga menos que essa quantia. No caso dos conselhos, a remuneração anual média ficou em R$ 229 mil por conselheiro de administração, quase o dobro da mediana, que somou R$ 118 mil (veja quadro acima). Outra diferença relevante constatada pelo estudo refere-se ao peso da parcela fixa nos pagamentos. Enquanto entre os diretores a remuneração fixa representa 63% do total, essa fatia é de 87% para os conselheiros. Outros 9% da remuneração dos conselheiros são pagos como remuneração variável - que inclui participação nos lucros, valor por participação em reuniões, bônus etc - e 4% em ações. Adriane de Almeida, coordenadora do Centro de Pesquisa e Conhecimento do IBGC, diz que isso difere muito do que se verifica nos Estados Unidos, onde 58% da remuneração dos conselheiros é composta por bônus ou incentivos baseados em ações, segundo levantamento feito pela National Association of Corporate Directors (NACD) em 2009. De acordo com Adriane, cada empresa tem suas características e encontra seus próprios incentivos de governança. Mas ela diz que é recomendado que a remuneração do conselheiro tenha uma estrutura mais ligada a resultados de longo prazo do que a dos diretores. "Como o conselho vigia a diretoria, eles não devem ter o mesmo viés", afirma a especialista, acrescentando que algumas empresas estrangeiras chegam a reter o pagamento de conselheiros e só liberar os recursos após atingidos determinados resultados, mesmo após o fim do mandato. "Ele só recebe, por exemplo, cinco anos depois de sair da empresa, quando já se provou que a decisão que ele ajudou a tomar foi eficaz", afirma. Outro ponto identificado pela pesquisa do IBGC é que ainda existem conselheiros não remunerados, ou com salários simbólicos, sendo que o mínimo encontrado foi de R$ 1,5 mil por ano. Isso vai contra o princípio de independência que se exige para um conselheiro e não combina com a disponibilidade de tempo mínima considerada necessária para o bom desempenho da função, diz a pesquisadora do instituto. "Muitas vezes é o http://www.valoronline.com.br/impresso/investimentos/119/377091/estrutura-salarial-e-melhor-nas-di... 1 de 2 7/2/2011 09:42

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Estrutura salarial é melhor nas diretorias do que nos conselhos

Fernando Torres e Silvia Fregoni | De São Paulo01/02/2011

As diretorias das companhias abertas já têm estrutura de salários e compensações mais consolidada, com maior uniformidade entre as empresas, enquanto os conselhos de administração ainda vivem um processo deamadurecimento das boas práticas em remuneração. Essa é uma das conclusões de uma ampla pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), com os dados de 171 empresas, que será divulgadahoje ao mercado.

Foram analisadas as companhias listadas nos níveis de governança da BM&FBovespa e as que fazem parte do índice IBrX. As informações foram extraídas dos Formulários de Referência, documento anual que passou serobrigatório em 2010, no qual a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige a divulgação de políticas e práticas de remuneração.

Uma evidência de uma maior uniformidade nos pagamentos recebidos por diretores de diferentes empresas é que a média anual desembolsada, de R$ 1,39 milhão por executivo nas 171 companhias da amostra, não diferemuito da mediana, de R$ 1,03 milhão por ano.

A média foi obtida pela soma dos salários médios por diretor de cada empresa, dividida pelo número de companhias. A mediana é o número que se encontra no meio da série de remunerações, no caso R$ 1,03 milhão. Ouseja, indica que metade das empresas paga mais do que R$ 1,03 milhão por diretor e metade paga menos que essa quantia.

No caso dos conselhos, a remuneração anual média ficou em R$ 229 mil por conselheiro de administração, quase o dobro da mediana, que somou R$ 118 mil (veja quadro acima).

Outra diferença relevante constatada pelo estudo refere-se ao peso da parcela fixa nos pagamentos. Enquanto entre os diretores a remuneração fixa representa 63% do total, essa fatia é de 87% para os conselheiros. Outros9% da remuneração dos conselheiros são pagos como remuneração variável - que inclui participação nos lucros, valor por participação em reuniões, bônus etc - e 4% em ações.

Adriane de Almeida, coordenadora do Centro de Pesquisa e Conhecimento do IBGC, diz que isso difere muito do que se verifica nos Estados Unidos, onde 58% da remuneração dos conselheiros é composta por bônus ouincentivos baseados em ações, segundo levantamento feito pela National Association of Corporate Directors (NACD) em 2009.

De acordo com Adriane, cada empresa tem suas características e encontra seus próprios incentivos de governança. Mas ela diz que é recomendado que a remuneração do conselheiro tenha uma estrutura mais ligada aresultados de longo prazo do que a dos diretores.

"Como o conselho vigia a diretoria, eles não devem ter o mesmo viés", afirma a especialista, acrescentando que algumas empresas estrangeiras chegam a reter o pagamento de conselheiros e só liberar os recursos apósatingidos determinados resultados, mesmo após o fim do mandato. "Ele só recebe, por exemplo, cinco anos depois de sair da empresa, quando já se provou que a decisão que ele ajudou a tomar foi eficaz", afirma.

Outro ponto identificado pela pesquisa do IBGC é que ainda existem conselheiros não remunerados, ou com salários simbólicos, sendo que o mínimo encontrado foi de R$ 1,5 mil por ano. Isso vai contra o princípio deindependência que se exige para um conselheiro e não combina com a disponibilidade de tempo mínima considerada necessária para o bom desempenho da função, diz a pesquisadora do instituto. "Muitas vezes é o

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representante da família controladora, o próprio dono, o diretor de uma subsidiária", destaca a especialista.

De acordo com a pequisa do IBGC, a empresa que melhor remunerou seus conselheiros em 2009 pagou R$ 2,77 milhões por administrador. Na diretoria, a companhia com maior salário médio desembolsou R$ 10,69 milhõespor executivo.

Embora Adriane diga que durante a pesquisa se observou que há distorções, por vezes relevante, no pagamento de conselheiros e diretores de uma mesma empresa, ela informou que essa pesquisa não analisou esses dadoscom mais detalhes.

A análise dessa distorção também ficaria prejudicada, já que 24% das empresas da amostra usaram liminar para não divulgar a remuneração individual máxima, média e mínima dentro de cada órgão.

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